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Auditoria Pública Halcima Melo Batista Tecnólogo em Gestão Pública

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  • Auditoria Pblica

    Halcima Melo Batista

    Tecnlogo em Gesto Pblica

  • Auditoria Pblica

  • Natal RN, 2015

    Tecnlogo em Gesto Pblica

    Halcima Melo Batista

    Auditoria Pblica

  • Catalogao da publicao na fonte. Bibliotecria Vernica Pinheiro da Silva.

    FICHA TCNICA

    Governo Federal

    Presidenta da RepblicaDilma Vana Rousseff

    Vice-Presidente da RepblicaMichel Miguel Elias Temer Lulia

    Ministro da EducaoAloizio Mercadante Oliva

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN

    Reitorangela Maria Paiva Cruz

    Vice-ReitoraMaria de Ftima Freire Melo Ximenes

    Secretaria de Educao a Distncia (SEDIS)

    Secretria de Educao a DistnciaMaria Carmem Freire Digenes Rgo

    Secretria Adjunta de Educao a DistnciaIone Rodrigues Diniz Morais

    Todas as imagens utilizadas nesta publicao tiveram suas informaes cromticas originais alteradas a fim de adaptarem-se aos parmetros do projeto grfico. Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande

    do Norte EDUFRN. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorizao expressa do Ministrio da Educao MEC

    COORDENAO DE PRODUO DE MATERIAIS DIDTICOS Marcos Aurlio Felipe

    COORDENAO DE REVISO Maria da Penha Casado Alves

    COORDENAO DE DESIGN GRFICO Ivana Lima

    GESTO DO PROCESSO DE REVISO Rosilene Alves de Paiva

    GESTO DO PROCESSO DE DESIGN GRFICO Dickson de Oliveira Tavares

    PROJETO GRFICOIvana Lima

    REVISO DE MATERIAISAilson Alexandre Cmara de MedeirosAndreia Maria Braz da SilvaBruna Rafaelle de Jesus LopesCamila Maria GomesCristiane Severo da SilvaCristinara Ferreira dos SantosEdneide da Silva Marques Emanuelle Pereira de Lima DinizEugenio Tavares BorgesFabiola Barreto GonalvesJulianny de Lima Dantas SimioLisane Maridne Melo de PaivaMargareth Pereira DiasOrlando Brando Meza UcellaPriscilla Xavier de MacedoVernica Pinheiro da Silva

    Reviso de estrutura e linguagemCamila Maria Gomes

    Reviso de lngua portuguesaFabiola Barreto GonalvesLisane Maridne Melo de PaivaOrlando Brando Meza Ucella

    Reviso de normas da ABNTEdineide da Silva Marques

    DiagramaoLuciana Melo de Lacerda

    Criao e edio de imagensAnderson Gomes do NascimentoCarolina Costa de OliveiraLuciana Melo de Lacerda

    Reviso tipogrficaLeticia Torres

    Pr-impressoLuciana Melo de Lacerda

    EDITORAO DE MATERIAISAlessandro de Oliveira PaulaAmanda DuarteAnderson Gomes do NascimentoCarolina Aires MayerCarolina Costa de OliveiraLeticia TorresLuciana Melo de LacerdaMauricio da Silva Oliveira Junior

  • Sumrio

    Apresentao institucional 5

    Apresentao da disciplina 7

    Unidade 1 Auditoria: conceitos, evoluo, tipos e sua relao com o controle 9

    Unidade 2 Controle social, transparncia pblica e controle externo 45

    Unidade 3 Controle interno e auditoria interna 87

    Perfil da autora 135

  • Apresentao institucional

    A Secretaria de Educao a Distncia SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no mbito local, das Polticas Nacionais de Educao a Distncia em parceira com a Secretaria de Educao a Distncia SEED, o Ministrio da Educao MEC e a Universidade Aberta do Brasil UAB/CAPES. Duas linhas de atuao tm caracterizado o esforo em EaD desta instituio: a primeira est voltada para a Formao Continuada de Professores do Ensino Bsico, sendo implementados cursos de licenciatura e ps-graduao lato e stricto sensu; a segunda volta-se para a Formao de Gestores Pblicos, atravs da oferta de bacharelados e especia-lizaes em Administrao Pblica e Administrao Pblica Municipal.

    Para dar suporte oferta dos cursos de EaD, a SEDIS tem disponibilizado um conjunto de meios didticos e pedaggicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que so elaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto grfico para atender s necessidades de um aluno que aprende a distn-cia. O contedo elaborado por profissionais qualificados e que tm experin-cia relevante na rea, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material impresso a referncia primria para o aluno, sendo indicadas outras mdias, como videoaulas, livros, textos, filmes, videoconferncias, materiais digitais e interativos e webconferncias, que possibilitam ampliar os contedos e a inte-rao entre os sujeitos do processo de aprendizagem.

    Assim, a UFRN atravs da SEDIS se integra ao grupo de instituies que assumiram o desafio de contribuir com a formao desse capital humano e incorporou a EaD como modalidade capaz de superar as barreiras espaciais e polticas que tornaram cada vez mais seleto o acesso graduao e ps-graduao no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN est presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regies, ofertando cursos de graduao, aperfeioamento, especializao e mestrado, interiorizando e tornando o Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenas regionais e transformar o conhecimento em uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.

    Nesse sentido, este material que voc recebe resultado de um investimento intelectual e econmico assumido por diversas instituies que se comprometeram com a Educao e com a reverso da seletividade do espao quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAO A DISTNCIA como modalidade estratgica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil.

    Secretaria de Educao a Distncia SEDIS/UFRN

    5

  • Apresentao da disciplina

    Bem-vindo disciplina Auditoria Pblica!O curso Tecnlogo em Gesto Pblica objetiva contribuir para o desenvolvi-

    mento da interdisciplinaridade, conhecimentos na rea de contabilidade, direito, economia, estatstica e outras, bem como prover conhecimentos acerca da le-gislao pblica, trmite de processos e resolues. Por essa razo, voc precisa iniciar o estudo desta disciplina.

    A Auditoria Pblica tem a finalidade de conhecer a regularidade das finanas pblicas e seus resultados, de acordo com seus programas e aes de governo. Para isso necessrio utilizar procedimentos e tcnicas adequadas para alcanar esse fim.

    Para entender melhor essa rea, so necessrios os conhecimentos bsicos adquiridos em Fundamentos da Gesto Pblica, Contabilidade Pblica, bem como noes de oramento pblico e controladoria pblica, que so os contedos ministrados no mesmo semestre da nossa disciplina.

    Desse modo, o objetivo dessa disciplina capacitar o aluno no aprendizado sobre Auditoria Pblica, seus conceitos, caractersticas e normatizaes, como tambm o entendimento de sua relevncia e aplicabilidade.

    Para realizao desses objetivos, sero abordados elementos de auditoria e seus conceitos, evoluo e tipos de auditoria. Ser destacado o conceito de auditoria pblica e sua contextualizao na auditoria geral. Posteriormente, sero apresentados conceitos de controle, sua importncia no contexto dessa disciplina e sua relao com a auditoria. Para tanto, sero descritas as suas prin-cipais classificaes, com destaque para os controles externo e interno. Sero apresentados, ainda, a transparncia e o controle social, como acontece o controle externo e o controle interno e sua relao com a auditoria. Sero estudados os conceitos principais, objetivos, princpios e rgos de controle interno e externo. O Sistema de Controle Interno ser apresentado e finalizar com o entendimento da Auditoria Governamental e sua importncia no contexto da Administrao Pblica, com destaque para a Auditoria Interna.

    Voc perceber que a Auditoria Pblica tem como papel principal informar aos interessados quanto boa aplicao dos recursos pblicos, assim como complementar a disciplina Controladoria Pblica.

    Bons estudos!

    Professora Halcima Melo Batista

    7

  • Auditoria: conceitos, evoluo, tipos e sua relao

    com o controle

    1Unidade

  • 11

    1

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    2

    Unidade 1 Auditoria Pblica

    Apresentao

    Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade da nossa disciplina voc ir conhe-cer conceitos de auditoria, entendendo o contexto em que ela est inserida. Ao longo desta unidade, iremos estudar a sua evoluo. Posteriormente, descreveremos os principais tipos de auditoria a fim de preparar o estudante para entender a auditoria pblica. Aprenderemos, ainda, o conceito de audito-ria pblica e sua contextualizao na auditoria geral. Para tanto, sero trazidos conceitos de administrao pblica e os seus princpios fundamentais. A unidade finaliza com o entendimento do conceito de controle, sua importncia no contex-to dessa disciplina e sua relao com a auditoria. Para tanto, sero descritas as suas principais classificaes, com destaque para os controles externo e interno. Por fim, importante lembrarmos que a nossa disciplina tem a finalidade de informar aos interessados quanto boa aplicao dos recursos pblicos. Tenho certeza de que, com a sua dedicao, voc ter excelente resultado nesta ao educacional. Ento, vamos l!

    Objetivos

    Estabelecer um conceito de auditoria.

    Conhecer a perspectiva histrica da auditoria e sua evoluo.

    Identificar os tipos de auditoria.

    Conceituar a auditoria pblica.

    Entender a administrao pblica e seus prin-cpios.

    Contextualizar controle e a sua relao com a auditoria.

    Reconhecer o controle na administrao pblica.

    Distinguir os tipos de controle existentes, com nfase para os controles internos e externos.

  • Disponvel em: .

    Acesso em: 5 mar. 2014

    Unidade 1 Auditoria Pblica 13

    Introduo auditoriaQuando voc escuta ou l a palavra auditoria certamente vm tona inme-

    ras atividades ou entendimentos sobre esse tema. Porm, os mais curiosos, ao ouvir esse termo, tendero a fazer uma busca na internet, em endereos espec-ficos de busca, e encontraro um conceito no to oficial, pela fonte, porm que semeia a ideia de que a auditoria:

    [...] um exame cuidadoso e sistemtico das atividades desenvolvidas em determinadaempresaou setor, cujo objetivo averiguar se elas esto de acordo com as disposies planejadas e/ou estabelecidas previamente, se foram implementadas com eficcia e se esto adequadas (em con-formidade) consecuo dos objetivos (WIKIPDIA, 2014, [documento on-line, no paginado]).

    Ento, poderamos afirmar que auditoria a verificao da adequao de qualquer atividade desenvolvida. No deixa de ser um conceito, mas ser que isso que estamos pretendendo com a nossa disciplina? Nesse sentido, a melhor forma de confirmar o seu entendimento buscando autores que j comprovaram cientificamente o conceito de auditoria. A esse respeito, Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 30) apresentam a seguinte definio de auditoria:

    O Report of the Committee on Basic Auditing Concepts of the American Ac-counting Association (Accounting Review, v.47) define auditoria como um processo sistemtico de obteno e avaliao objetivas de evidncias sobre afirmaes a respeito de aes e eventos econmicos, para aquilatao do grau de correspondncia entre as afirmaes e critrios estabelecidos, e de comunicao dos resultados a usurios interessados.

    Os principais termos da definio apresentada merecem comentrios espe-ciais, em forma de resumo:

    Processo sistemtico: significa que o planejamento da auditoria deve ser feito com base em uma fundamentao lgica de conceitos, normas e procedimentos de auditoria que, por estarem interligados entre si, conduzem o auditor a decises cabveis ao longo de seu trabalho.

    Objetividade na obteno e avaliao de evidncias: significa que os proce-dimentos de auditoria (exame, inspeo, confirmao, observao, averiguao e comparao) devem ser considerados, a fim de que o auditor, de forma objetiva, possa amparar sua opinio sobre o trabalho executado.

    Aes e eventos econmicos: referem-se ao universo quantificvel das infor-maes a ser identificadas, sem as quais a auditoria no seria possvel.

    Grau de correspondncia entre as afirmaes e critrios estabelecidos: significa a conformidade existente entre as normas que serviram de base para a mensurao das informaes e as condies encontradas e que permitiram, por julgamentos extrados das informaes examinadas, os juzos obtidos.

  • Unidade 1 Auditoria Pblica14

    Comunicar os resultados aos usurios interessados: significa que as con-cluses do auditor sobre os achados de auditoria devem ser evidenciadas em relatrios aos usurios interessados, interpretando seus significados.

    Considerando os conceitos de auditoria descritos por Castro (2011, p. 371), podemos destacar que:

    A palavra auditoria tem sua origem no latim audire, que significa ouvir. Segundo Aurlio Buarque de Holanda, auditoria significa exame analtico e pericial que segue o desenvolvimento das operaes contbeis, desde o incio at o balano; auditagem.

    Logo, podemos afirmar que a auditoria um processo de observao e levan-tamento de evidncias com o objetivo de identificar se as atividades desenvol-vidas esto de acordo com os critrios estabelecidos, resultando na emisso de opinio sobre a situao encontrada.

    Alm disso, saber quando comeou a histria da auditoria muito difcil. No h registros que comprovem essa data, tendo em vista que qualquer pessoa que fosse contratada para verificar a legitimidade de algum registro econmico-financeiro e prestasse contas para quem o contratou podia ser chamado de auditor. Em 2.600 a.C., na Sumria, j existiam registros com esse fim, porm, a partir do sculo XV que passou a ter destaque, com o objetivo de identificar erros e falhas.

    Castro (2011) relata que o rei Eduardo I, na Inglaterra, por ato do Parlamen-to dava direito aos bares de contratarem profissionais para a conferncia de bens e testamentos. Desse modo, os relatrios emitidos por esses profissio-nais consistem nos primeiros relatrios de auditoria, denominados probatur sobre as contas. O relato fala ainda sobre o perodo do Brasil Colnia, em que existia a figura do juiz colonial, destacado pela Coroa portuguesa para reprimir e punir fraudes.

    Entretanto, Jund (2004) afirma que a Revoluo Industrial, na Inglaterra no sculo XVIII, criou problemas contbeis mais complexos, fazendo com que o papel do auditor mudasse. Dessa maneira, ele passou a fazer um exame do sistema e testes de evidncias e no apenas a buscar erros e confirmao da exatido do balano, a fim de emitir um parecer sobre a fidedignidade de todas as demonstraes financeiras. Isso refora que o bero da moderna auditoria foi a Inglaterra, que a exportou para outros pases, inclusive para o Brasil (JUND, 2004, p. 4).

    No Brasil, no so conhecidas pesquisas que destaquem quando a audi-toria passou a ser realizada. Entretanto, h registros de que as firmas Artur Andersen S/C (j extinta) e Price Waterhouse Coopers j mantinham estabe-lecimentos no Rio de Janeiro com outras denominaes, desde 1909 e 1915, respectivamente (JUND, 2004, p. 5).

    O registro que se tem da primeira obrigatoriedade da auditoria contbil data do incio dos anos 1930 (aps a crise econmica americana), em que foi criado o Comit May, que estabeleceu regras para as empresas que tivessem aes cota-

  • Unidade 1 Auditoria Pblica 15

    das em bolsa, sendo obrigatria auditoria independente em seus demonstrativos financeiros (CASTRO, 2011). A profissionalizao da auditoria no Brasil s se deu em 1972, com a criao das Normas de Auditoria Geralmente Aceitas, por ato conjunto do Banco Central do Brasil (BACEN), do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IAIB, atual IBRACON) e do Conselho Federal de Con-tabilidade (CFC), conforme relata Jund (2004).

    Para que a auditoria independente ou externa seja bem realizada, faz-se ne-cessrio o acesso aos documentos e s informaes do funcionamento e fatos da empresa a ser auditada. Inicialmente, para realizar essa auditoria, foram desig-nados empregados das prprias empresas que necessitavam ser auditadas, pois no havia quem tivesse tal conhecimento. Surge, ento, o embrio da auditoria interna, pois esses empregados foram aprendendo as tcnicas e desenvolvendo--as dentro da prpria empresa.

    As empresas comearam a perceber a importncia de empregados que fizes-sem a conferncia e reviso continuamente, reduzindo os custos com auditoria externa. A criao de equipes internas com esse fim introduziu as auditorias internas nas empresas. Entretanto, foi fundado o Institute of Internal Auditors, em Nova Iorque, dando uma nova definio para as auditorias internas. Assim, elas passaram a ser vistas como assessoramento, com subordinao direta alta administrao, com o objetivo de avaliar a eficcia, a eficincia e a efetividade da aplicao dos controles internos (CASTRO, 2011).

    J que comeamos a falar em auditoria interna e externa, cabe destacar aqui alguns conceitos que melhor expliquem essas auditorias.

    Auditoria externa ou independenteA auditoria externa ou independente realizada por pessoa que no faz

    parte da empresa com o objetivo de examinar a escriturao e demonstraes contbeis, a fim de confirmar sua adequao. Dessa forma, a auditoria externa aperfeioa a utilidade das informaes fornecidas e d credibilidade contabi-lidade, valorizando seus objetivos (JUND, 2004, p. 26).

    O auditor independente, alm de emitir a sua opinio ou parecer sobre as demonstraes contbeis, emite tambm um relatrio-comentrio contendo su-gestes para solucionar os problemas da empresa (ALMEIDA, 1996).

    A esse respeito, a Resoluo CFC n. 1.203, de 27 de novembro de 2009, aprovou a NBC TA 200, alterada pela Resoluo CFC n. 1.329, de 18 de maro de 2011, que estabelece os objetivos gerais do auditor independente e a con-duo da auditoria em conformidade com as normas de auditoria. Segundo a NBC TA 200, so requisitos do auditor independente: requisitos ticos relacio-nados com a auditoria das demonstraes contbeis; ceticismo profissional; julgamento profissional; obteno de evidncia apropriada e suficiente e risco de auditoria; e conduo da auditoria em conformidade com as Normas Bra-sileiras de Contabilidade (NBC).

  • Unidade 1 Auditoria Pblica16

    Auditoria internaA auditoria interna consiste num mecanismo de controle, na medida em

    que revisa e avalia a eficincia e adequao dos outros controles existentes e auxilia a alta administrao na tomada de decises (CASTRO, 2011, p. 372). Nessa perspectiva, a alta administrao precisa ter conscincia dos benefcios do trabalho desempenhado pela auditoria interna. Em con-trapartida, o auditor deve fornecer subsdios que possam agregar valores para a tomada de decises e assim garantir resultados satisfatrios para o dirigente (CASTRO, 2011, p. 373).

    A Resoluo CFC n. 986, de 21 de novembro de 2002, aprovou a NBC TI 01, alterada pela Resoluo CFC n. 1.329, de 18 de maro de 2011, que estabelece as regras de procedimentos tcnicos a ser observadas quando da realizao de trabalhos de auditoria interna. Segundo a NBC TI 01,

    12.1.1.3 A Auditoria Interna compreende os exames, anlises, avaliaes, levantamentos e comprovaes, metodologicamente estruturados para a avaliao da integridade, adequao, eficcia, eficincia e economicidade dos processos, dos sistemas de informaes e de controles internos inte-grados ao ambiente, e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir administrao da entidade no cumprimento de seus objetivos.

    A auditoria interna extremamente necessria, pois contribui eficazmente para o sucesso da organizao a que pertence, medida que aponta os riscos, os erros e os desvios eventualmente encontrados e prope medidas adequa-das para corrigir os atos de gesto. Nesse sentido, importante destacar que a auditoria interna no parte da gesto, porm deve agregar valor a ela, ou seja, acompanhar, orientar e fazer recomendaes pertinentes e tempestivas, visando a melhorias dessa gesto.

    Auditoria interna x auditoria externa ou independenteA auditoria interna sempre teve muitas semelhanas com a auditoria

    externa/independente, pois foi derivada desta. Entretanto, as diferenas de objetivos e a natureza dos servios prestados por cada uma delas so bastante significativas, sendo praticamente impossvel substituir uma ati-vidade pela outra.

    O esquema a seguir apresenta com mais detalhes essas diferenas.

  • Auditoriaexterna/independente

    realizada atravs da contratao de um prossional independente.

    A reviso das operaes e do controle interno principalmente realizada para determinar a extenso do exame e a dedignidade das informaes contbeis.

    O auditor se preocupa incidentalmente com a intercepoe preveno de fraude, a noser que haja possibilidade de substancialmente afetar as demonstraes contbeis.

    O trabalho subdividido em relao s principais contas do balano e da demonstrao de resultado.

    O auditor deve ser independente em relao administrao contbil.

    O exame das informaes comprobatrias das demonstraes peridica, geralmente anual.

    Auditoria interna

    realizada por um empregado da empresa auditada.

    O trabalho subdividido em relao s reas operacionais e s linhas de responsabilidade administrativa.

    O auditor se preocupa diretamente com a intercepo e preveno de fraude.

    A reviso das atividades contnua.

    O auditor deve ser independenteem relao s pessoas cujo trabalho ele examina, porm subordinado s necessidades e desejos da alta administrao.

    A reviso das operaes e do controle interno principalmente realizada para desenvolver aperfeioamento e para induzir ao cumprimento de polticas e normas; sem estar restrito aos assuntos nanceiros.

    O objetivo principal atender as necessidades

    da administrao.

    Unidade 1 Auditoria Pblica 17

    Figura 1 Caractersticas que diferenciam a auditoria interna da externa/independente.

    Fonte: Adaptado de Ranha (2013). Ilustrado por Carol Costa.

  • 1Atividade

    Unidade 1 Auditoria Pblica18

    Agora que j viu alguns conceitos de auditoria, que tal formu-lar um conceito seu do que entendeu por auditoria? Faa uma pes-quisa de conceitos formulados por outros autores para subsidiar a construo do seu conceito.

  • Compliance Compliance do termo ingls

    comply significa o ato ou

    procedimento para assegurar o

    cumprimento das normas regu-

    ladoras de determinado setor

    (BOTTINI, 2014, p. 1).

    Unidade 1 Auditoria Pblica 19

    Tipos de auditoriaAgora que voc j entendeu melhor o que auditoria, importante saber que

    ela pode ser realizada de vrias maneiras e para diversos pblicos. Entretanto, necessrio conhecer os tipos de auditoria existentes. A esse respeito, os autores Boynton, Johnson e Kell (2002) detalham os seguintes tipos de auditoria: audito-ria de demonstraes contbeis, auditoria de compliance e auditoria operacional.

    Auditoria de demonstraes contbeis: como estudado por voc em conta-bilidade pblica, as demonstraes contbeis so os relatrios fornecidos pela contabilidade que refletem a situao patrimonial e financeira de uma entidade. A auditoria dessas demonstraes vai verificar a sua veracidade e, posteriormen-te, emitir um parecer conclusivo contendo sua opinio acerca dos resultados obtidos com essa verificao. Pelo fato de ser desenvolvida sobre as demons-traes contbeis, essa auditoria deve ser realizada por contador (profissional da contabilidade), que tem habilitao para esse fim. Caso essa auditoria seja independente (externa), alm do parecer, os auditores elaboram um relatrio para o conselho de administrao da entidade auditada, abordando aspectos re-lacionados com controles internos e com descobertas da auditoria (BOYNTON; JOHNSON; KELL, 2002, p. 32).

    Auditoria de compliance: essa auditoria tambm conhecida como auditoria de conformidade, porque verifica se os padres adotados esto de acordo com os critrios estabelecidos ou pela legislao vigente aplicada, ou pelos regulamentos e normas da entidade auditada. Tem por objetivo verificar a legalidade, a legitimi-dade e os indcios de fraudes. Os relatrios de auditoria de compliance geralmente contm informaes, constataes e recomendaes e so dirigidos autoridade responsvel pelo cumprimento desses critrios. Para um melhor entendimento, um exemplo dessa auditoria a auditoria dos almoxarifados: de acordo com a legisla-o, verifica-se a forma com que se recebem os materiais, como so armazenados e como so entregues ao usurio final. Alm disso, necessrio que o estoque fsico seja igual ao do estoque existente no sistema de controle do almoxarifado. Caso exista diferena, considera-se um achado de auditoria.

    Auditoria operacional: esse tipo de auditoria no acontece constantemente, por ser mais complexa, visto que envolve obteno e avaliao de evidncias a respeito da eficincia e eficcia das atividades operacionais de uma entidade, em comparao com objetivos estabelecidos (BOYNTON; JOHNSON; KELL, 2002, p. 32). Dessa forma, ela est mais relacionada com o desempenho da entidade auditada.

    Esse tipo de auditoria incorporou diversas tcnicas de anlise e resoluo de problemas administrativos, tais como: benchmarking, anlise SWOT, grupo focal, entre outras, aproximando, por vezes, o trabalho de auditoria com o de consultoria. A probabilidade de trazer retorno imediato entidade auditada muito grande, tendo em vista que trata diretamente dos resultados alcanados, analisando a economicidade, a eficincia, a eficcia e a efetividade. Seu relatrio traz reco-mendaes para aperfeioamento das atividades executadas, com a finalidade de melhorar o desempenho. Um exemplo de auditoria operacional a verificao do cumprimento das metas estabelecidas no planejamento de uma entidade.

  • Unidade 1 Auditoria Pblica20

    Administrao pblicaA administrao pblica pode ser conceituada de duas formas, dependendo

    de como escrita. Se for iniciada por letras maisculas, ou seja, Adminis-trao Pblica, tem o sentido organizacional, pois indica o complexo de rgos responsveis por funes administrativas. Se for iniciada por letras minsculas, passa a ter o sentido funcional, ou seja, a administrao pblica significa a atividade administrativa propriamente dita. Refere-se ao conjunto de atividades concretas e imediatas desenvolvidas pelo Estado, na forma da lei (CASTRO, 2011, p. 18).

    muito comum explicar a diferena entre a administrao pblica e a administrao privada ao destacar que nesta, tudo permitido, desde que no haja proibio na lei. J na administrao pblica nada pode, exceto o especificado em lei. Muitos gestores assumem cargos na administrao pbli-ca sem o devido preparo e, vez por outra, deparam-se com situaes que os controles internos e/ou externos identificam como irregulares. Nesses casos, normalmente eles perguntam onde est dizendo que eles no podem agir daquela forma, comprovando seu total despreparo para assumir tal funo, visto que na administrao pblica s se pode fazer aquilo que est devida-mente escrito e aprovado.

    Para ficar mais claro o que pode e o que no pode na administrao pblica federal, convido voc para um estudo mais aprofundado a partir da leitura do Decreto-Lei n 200, de 25 de fevereiro de 1967. Ele explica detalhadamente que a administrao federal compreende a administrao direta e indireta, as quais possuem estruturas diferenciadas.

    Art. 4 A Administrao Federal compreende:

    I - A Administrao Direta, que se constitui dos servios integrados na es-trutura administrativa da Presidncia da Repblica e dos Ministrios.

    II - A Administrao Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurdica prpria:

    a) Autarquias;

    b) Empresas Pblicas;

    c) Sociedades de Economia Mista.

    d) Fundaes pblicas.

    Pargrafo nico. As entidades compreendidas na Administrao Indireta vinculam-se ao Ministrio em cuja rea de competncia estiver enquadrada sua principal atividade (BRASIL, 1967, [documento on-line, no paginado]).

  • Importante

    Administrao direta

    Trs poderes:Executivo, Legislativo

    e Judicirio

    rgos integrados na estrutura administrativa da Unio e dos

    Ministrios

    Administrao indireta

    Autarquias

    Empresas Pblicas

    Sociedades de Economia Mista

    Fundaes pblicas

    X

    Unidade 1 Auditoria Pblica 21

    Figura 2 Administrao direta X Administrao indireta.

    Fonte: Adaptado de Castro (2011). Ilustrado por Carol Costa.

    Logo, fica mais fcil entender que:

    A estrutura da administrao indireta foi criada com o objetivo de dar mais eficincia gesto governamental. Ela compreende as seguintes categorias de entidades: autarquias, empresas pblicas, sociedades de economia mista e fundaes pblicas.

    O Art. 5 do Decreto-Lei n 200, de 25 de fevereiro de 1967 explica cada uma dessas entidades:

    Art. 5 Para os fins desta lei considera-se:

    I - Autarquia - o servio autnomo, criado por lei, com personalidade ju-rdica, patrimnio e receita prprios, para executar atividades tpicas da Administrao Pblica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gesto administrativa e financeira descentralizada.

    II - Empresa Pblica - a entidade dotada de personalidade jurdica de direito privado, com patrimnio prprio e capital exclusivo da Unio, criado por lei para a explorao de atividade econmica que o Governo seja levado a exercer por fora de contingncia ou de convenincia administrativa poden-do revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redao dada pelo Decreto-Lei n 900, de 1969)

  • Unidade 1 Auditoria Pblica22

    III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurdica de direito privado, criada por lei para a explorao de atividade econmica, sob a forma de sociedade annima, cujas aes com direito a voto pertenam em sua maioria Unio ou a entidade da Administrao Indireta. (Redao dada pelo Decreto-Lei n 900, de 1969)

    IV - Fundao Pblica - a entidade dotada de personalidade jurdica de direi-to privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorizao legislativa, para o desenvolvimento de atividades que no exijam execuo por rgos ou entidades de direito pblico, com autonomia administrativa, patrimnio prprio gerido pelos respectivos rgos de direo, e funcionamento cus-teado por recursos da Unio e de outras fontes (Includo pela Lei n 7.596, de 1987) (BRASIL, 1967, [documento on-line, no paginado]).

    Com base no exposto no Art. 5, podemos afirmar que:Autarquias: so entidades criadas por lei, com personalidade jurdica, receita

    e patrimnio prprios. Executam atividades tpicas da administrao pblica, porm com gesto administrativa e financeira descentralizada, o que lhes d autonomia. Segundo Castro (2011), as autarquias podem ser classificadas em fundacionais ou de regime especial. Fundacionais: possuem finalidades prprias, qualificadas pelo Estado. Ex.: universidades e institutos federais. Regime espe-cial: possuem privilgios especficos conferidos em lei, com mais autonomia, porm sem infringir os preceitos constitucionais. Ex.: Banco Central do Brasil, Comisso Nacional de Energia Nuclear e outras.

    Empresas pblicas ou estatais: so entidades com personalidade jurdica de direito privado, com patrimnio prprio e capital exclusivo da Unio. So criadas por lei para a explorao de atividade econmica que o Governo entende que so convenientes aos objetivos do Estado. Seu capital exclusivamente pblico. Ex.: Caixa Econmica Federal (CAIXA), Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT), Servio Federal de Processamento de Dados (SERPRO) e outras.

    Sociedades de economia mista: so entidades com personalidade jurdica de direito privado, com participao do poder pblico e de particulares em seu capital e em sua administrao (CASTRO, 2011, p. 20). So criadas por lei para a explora-o de atividades econmicas, sob a forma de sociedade annima. A maioria das aes com direito a voto pertence Unio ou entidade da administrao indireta. Ainda segundo Castro (2011, p. 20), essas entidades podem ter seus bens penho-rados e so submetidas ao mesmo regime tributrio e sujeitas aos princpios e normas falimentares das empresas privadas. Ex.: Banco do Brasil S.A. e Petrobrs.

    Fundaes pblicas: so entidades com personalidade jurdica de direito privado e sem fins lucrativos. So criadas em virtude de autorizao legislativa (lei especfica) e estruturadas por decreto. Desenvolvem atividades que no exi-jam execuo por rgos ou entidades de direito pblico. Seu funcionamento custeado por recursos da Unio e de outras fontes. As fundaes mais comuns atuam nas reas de educao, pesquisa e cultura. Ex.: FIOCRUZ Fundao Osvaldo Cruz, FUNASA Fundao Nacional de Sade, FUNPEC Fundao Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura ( a fundao de apoio da UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

  • 2Atividade

    Unidade 1 Auditoria Pblica 23

    Aps conhecer as quatro categorias de entidades que formam a administrao indireta, faa uma pesquisa e relacione aqui pelo menos um exemplo de cada uma delas. Mos obra!

  • Unidade 1 Auditoria Pblica24

    Princpios da administrao pblicaO que foi estudado at aqui acerca da estrutura da administrao pblica

    instigou a necessidade de conhecer seus princpios, isto , as regras bsicas obri-gatrias para o seu desenvolvimento. A Constituio Federal, de 5 de outubro de 1988, determina a obedincia a cinco princpios fundamentais:

    Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficin-cia. [...] (BRASIL, 1988, [documento on-line, no paginado]).

    Para os estudantes, esses cinco princpios ficaram conhecidos como LIMPE, ou seja, Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficincia, tor-nando-se de fcil memorizao e lembrana.

    Por causa dessa sigla, algumas brincadeiras so feitas em forma de frases: LIMPE a administrao pblica; Se deseja uma boa administrao pblica, LIMPE!.

    Discorreremos, a seguir, acerca de cada um desses princpios para um melhor entendimento de cada um deles.

    Legalidade: no setor pblico, tudo proibido, a no ser que esteja expres-samente definida a sua permisso. Isso significa que um servidor pblico s pode fazer aquilo que est definido em lei ou norma da instituio a que pertence. Caso um gestor pblico precise realizar um ato de gesto que no esteja normatizado, ele s poder faz-lo por meio de um parecer jurdico que ampare o seu ato, pois estar sujeito responsabilizao disciplinar e at civil ou criminal, dependendo da situao.

    Impessoalidade: a administrao pblica atua independentemente de preju-dicar ou beneficiar pessoas. Ela precisa acontecer pelo interesse pblico, ou seja, o administrador no pode fazer sua prpria promoo, tendo em vista seu cargo, pois esse atua em nome do interesse pblico. Para comprovar essa afirmao, segue a transcrio do 1 do art.37 da Constituio Federal, de 5 de outubro de 1988:

    1 A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracte-rizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos (grifo nosso) (BRASIL, 1988, [documento on-line, no paginado]).

    Logo, a administrao pblica deve atuar sem identificar a imagem do seu administrador, lembrando ainda que vedado privilegiar quaisquer pessoas, ou seja, todos devem ser tratados igualmente.

  • Unidade 1 Auditoria Pblica 25

    Moralidade: esse princpio preza pela moral e os bons costumes, ou seja, ele desobedecido quando o comportamento da administrao fugir aos princ-pios de justia, equidade, honestidade e tica, mesmo em consonncia com a lei (CASTRO, 2011). Nesse caso, a probidade administrativa uma forma de moralidade e consiste no dever de o funcionrio servir Administrao com honestidade, procedendo no exerccio das suas funes, sem aprovei-tar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer (CASTRO, 2011, p. 22). O 4 do Art. 37 da Constituio Federal, de 5 de outubro de 1988, destaca as penalidades s quais o servidor pblico estar sujeito caso execute atos considerados de improbidade administrativa, ou seja, atos imorais e/ou desonestos.

    4 Os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio, na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo da ao penal cabvel (BRASIL, 1988, [documento on-line, no paginado]).

    Um exemplo muito comum de um ato imoral seria uma obra pblica realizada por um governo municipal, em que uma propriedade particular de um parente do prefeito fosse beneficiada de alguma forma, no havendo uma verdadeira finalidade pblica para essa construo. Mesmo que a obra tenha sido feita de acordo com a legislao vigente, ou seja, sem quaisquer vcios, fica claro o desvio de finalidade, porm no de fcil comprovao.

    Publicidade: publicar assuntos relacionados com a administrao pblica contribui tanto para o administrador quanto para o pblico, alm de auxiliar na fiscalizao. O objetivo da publicidade deve ser o de controle social, pois h quem a utilize de forma errada, fazendo da publicidade administrativa uma propaganda pessoal. Isso no o que preconiza esse princpio ferindo, ainda, o princpio da impessoalidade.

    Eficincia: esse princpio afirma que o administrador tem o dever de fazer uma boa gesto. Ele deve fazer acontecer, porm com racionalidade. Para os administradores, eficincia a otimizao de meios. Recorde-se que o administrador pblico obrigado a agir tendo como parmetro o melhor re-sultado (CASTRO, 2011, p. 23). Logo, podemos afirmar que a administrao pblica deve produzir resultados rpidos e precisos de forma a satisfazer aos anseios da populao. Carli ([2014]) afirma que a lentido, o descaso, a ne-gligncia e a omisso so caractersticas habituais da administrao pblica brasileira, com raras excees, o que se contrape eficincia.

    Diante de tudo o que foi exposto acerca dos princpios da administrao p-blica e as suas implicaes, certamente facilitar o entendimento da auditoria sob a tica da administrao pblica, que o prximo tpico que estudaremos.

  • Unidade 1 Auditoria Pblica26

    Auditoria pblicaO surgimento da auditoria pblica (governamental) est associado prti-

    ca que a administrao pblica exercia no controle da arrecadao de tributos (BELM, 2008, p.1).

    Entretanto, no Brasil, o primeiro amparo legal para a realizao da auditoria se deu com a emisso da Lei n 4.728, de 14 de julho de 1965, que disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvimento. O artigo 50, que se refere aos fundos em condomnios de ttulos ou valores mobilirios, criou a obrigatoriedade da auditoria pblica no Brasil quando, em seu pargra-fo 3 explicitou que: Ser obrigatrio aos fundos em condomnio a auditoria realizada por auditor independente, registrado no Banco Central (grifo nosso).

    Por sua vez, a Lei orgnica do Tribunal de Contas da Unio, Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992, em seu Art. 38, prev a realizao de auditoria governamen-tal quando for de iniciativa da Cmara dos Deputados, do Senado Federal ou de comisso tcnica ou de inqurito, conforme transcrito a seguir:

    Art. 38. Compete, ainda, ao Tribunal:

    I realizar por iniciativa da Cmara dos Deputados, do Senado Federal, de comisso tcnica ou de inqurito, inspees e auditorias de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial nas unida-des administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio e nas entidades da administrao indireta, includas as fundaes e sociedades institudas e mantidas pelo poder pblico federal (BRASIL, 1992, [docu-mento on-line, no paginado]).

    De acordo com a Instruo Normativa n 01, de 06 de abril de 2001, da Secretaria Federal de Controle, Seo II:

    A auditoria o conjunto de tcnicas que visa avaliar a gesto pblica, pelos processos e resultados gerenciais, e a aplicao de recursos pblicos por entidades de direito pblico e privado, mediante a confrontao entre uma situao encontrada com um determinado critrio tcnico, operacional ou legal. Trata-se de uma importante tcnica de controle do Estado na bus-ca da melhor alocao de seus recursos, no s atuando para corrigir os desperdcios, a improbidade, a negligncia e a omisso e, principalmente, antecipando-se a essas ocorrncias, buscando garantir os resultados preten-didos, alm de destacar os impactos e benefcios sociais advindos (BRASIL, 2001, [documento on-line, no paginado]).

    Com base no conceito dado pela Secretaria Federal de Controle (BELM, 2008, p. 2) afirma que:

    [...] a Auditoria Governamental visa avaliar a gesto e, para chegar a esta avaliao, feita a confrontao da situao atual com os resultados alcan-ados anteriormente. Da surgem indicativos para um planejamento com maior segurana, tudo isso obedecendo a critrios tcnicos e legais.

  • Unidade 1 Auditoria Pblica 27

    Logo, cabe ressaltar que, para se realizar uma auditoria governamental, neces-srio identificar os critrios tcnicos a fim de compar-los com a situao encontra-da e, assim, caso estejam divergentes, propor medidas para sanar esse problema.

    A auditoria governamental ou pblica uma especializao dentro do campo da auditoria. Segundo S (2002, p. 44), ela segue todos os princpios tcnicos bsicos, bem como as normas; entretanto, apresenta peculiaridades na sua apli-cao e uma sistemtica especfica. Exemplo dessas especificidades a necessi-dade de todos os rgos/entes que utilizem, arrecadem, guardem, gerenciem ou administrem dinheiros, bens e valores pblicos prestarem contas dessa gesto.

    A esse respeito, os autores Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 943) destacam que auditorias de organizaes governamentais tm como principal premissa o conceito de que executivos e empregados que administram fundos pblicos tm que prestar contas sociedade. Ademais, um novo conceito para auditoria pblica, descrito por Costa (2013, p. 8), diz que:

    Auditoria Pblica a aplicao de um conjunto de metodologias, procedi-mentos, tcnicas e mtodos de reviso, avaliao, aferio e anlise com a finalidade de obteno de informao ou conhecimento acerca da regulari-dade (regularity) ou dos resultados (performance) das finanas, atividades, projetos, programas, polticas e rgos governamentais.

    Mais um conceito, agora definido por Santana (2009, p. 2), declara que:

    [...] a auditoria governamental constitui-se num importante instrumento de controle, medida que possibilita uma melhor alocao de recursos pblicos, contribuindo para detectar e propor correo dos desperdcios de recursos, da improbidade administrativa, a negligncia e a omisso e, principalmente antecipando-se a essas ocorrncias, procurando garantir a observncia de normas que regulamentam a aplicao destes recursos, bem como na busca de garantir os resultados pretendidos, em consonncia com as boas prticas de transparncia da administrao pblica.

    Conforme Belm (2008), se a auditoria objetiva garantir os resultados ope-racionais na gerncia da coisa pblica como ferramenta de controle, ento ela indispensvel na gesto pblica, no s como auditoria investigativa, mas principalmente como auditoria de gesto, ou seja, aquela que realiza o acom-panhamento dos atos e fatos relevantes ocorridos durante a gesto do perodo auditado, a fim de que o gestor tenha uma viso global da administrao pblica e no apenas de determinados setores dessa administrao.

    Podemos afirmar, ento, que a auditoria pblica uma ramificao da audi-toria geral que, com base em normas especficas, analisa a prestao de contas dos gestores pblicos, bem como a forma com que o recurso pblico est sendo aplicado e, caso os resultados no sejam adequados, prope aes corretivas para eliminar os desperdcios e garantir a observncia das normas regulamentadoras.

    Considerando os tipos de auditoria estudados, no setor pblico, a fuso da auditoria das demonstraes contbeis com a auditoria de compliance ori-ginou o conceito genrico de auditoria de legalidade, ou regularity audit nos termos da definio da INTOSAI, entidade internacional que congrega as Entidades Fiscalizadoras Superiores EFS.

  • AICPA American Institute of Certified

    Public Accountants, Inc. Tradu-

    zindo para o portugus seria o

    Instituto Americano de Contado-

    res Pblicos Certificados. Mais

    detalhes podem ser encontrados

    no endereo eletrnico deste

    instituto: .

    (BOTTINI, 2014, p. 1).

    Unidade 1 Auditoria Pblica28

    Entretanto, no Brasil, prevalece a auditoria de conformidade no plano federal, pois desde a implantao do Sistema Integrado de Administrao Financeira do Governo Federal SIAFI, em 1987, a Administrao Direta eliminou a necessidade da auditoria das demonstraes contbeis, restringindo sua necessidade s empresas estatais.

    Nesse caso, a conformidade exigida no plano federal faz com que a auditoria pblica examine, principalmente, os documentos que possam ajudar a aferir a regularidade das contas, ou seja, o relatrio de gesto emitido pela instituio e sua prestao de contas, alm de assuntos de interesse pblico.

    Entretanto, outro tipo de auditoria pblica definido nas normas de auditoria pblica (Government Auditing Standards, Captulos 6 e 7) a auditoria de de-sempenho, que segundo Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 944):

    [...] um exame objetivo e sistemtico de evidncias que permitam ava-liao independente do desempenho de uma organizao, programa, ativi-dade ou funo pblica, para fornecimento de informaes que melhorem a responsabilizao pblica e facilitem a tomada de deciso pelas partes responsveis pela superviso ou deflagrao de medidas corretivas.

    As normas de auditoria pblica geralmente aceitas, estabelecidas pelo U. S. General Accounting Office (GAO), de acordo com Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 944), so aplicadas na auditoria de organizaes, programas, atividades e funes pblicas e auditoria de fundos pblicos recebidos por organizaes no governamentais. Essas normas abrangem os aspectos gerais e o trabalho de campo e de parecer definidas pelo AICPA.

    O auditor pblico, para exercer bem a sua atividade, deve conhecer e seguir as normas aplicadas ao seu trabalho, principalmente no que diz respeito sua inde-pendncia, ao cuidado profissional que se deve ter na conduo dos trabalhos de auditoria, na avaliao dos riscos de controle e na comunicao com a rea auditada.

    Alm disso, deve conhecer bem o sistema de controle interno do governo federal a fim de posicionar-se adequadamente no cumprimento das suas atri-buies. A abordagem desse sistema ser feita na Unidade 3.

  • 3Atividade

    Unidade 1 Auditoria Pblica 29

    O que voc entende por auditoria governamental ou pblica? Justifique sua resposta.

    At aqui discorremos sobre auditoria e seus principais tipos. Porm, dentro dos conceitos mais tradicionais de auditoria, foram abordados, em alguns momentos, a palavra controle, pois a auditoria verifica controles, seus mecanismos, sua ade-quao, enfim, no se conseguiu falar em auditoria sem falar em controle.

    Ento...O que controle?

  • Unidade 1 Auditoria Pblica30

    ControleTodo mundo sabe o que controle, pois uma palavra que est presente

    cotidianamente. Isso significa que entender o seu significado no difcil para ningum. Entretanto, a tica que interessa nossa disciplina parte do conceito tradicional, encontrado no minidicionrio Aurlio, que diz:

    1. Ato ou poder de controlar. 2. Fiscalizao exercida sobre atividades de pessoas, rgos, etc. para que no se desviem das normas preestabelecidas. 3. Domnio fsico e psquico de si mesmo (FERREIRA, 1993, p.145).

    Na lngua inglesa, controle quer dizer domnio. Em alemo, o significado mais abrangente, pois se refere fiscalizao, vistoria, reviso e inspeo. Fa-zendo uma fuso dos conceitos, possvel afirmar que o controle a fiscalizao exercida sobre uma atividade, por meio de inspeo que abrange uma vistoria e uma reviso, a fim de se ter domnio da atividade analisada.

    Conforme Rocha e Quintiere (2009), a origem do controle como funo ad-ministrativa vem desde a criao dos primeiros Estados, com registros de um sistema de controle da arrecadao na unificao dos dois Egitos, no reino de Me-ns I, 3.200 a.C.. medida que os Estados cresciam em tamanho e importncia, crescia, tambm, a necessidade de entidades de controle administrativo. Assim, comearam a ser criadas estruturas de controle em praticamente todos os reinos.

    A palavra controle pode ter uma conotao positiva ou negativa, dependendo da forma com que utilizada. Torna-se positiva quando se entende por controle a capa-cidade de fazer com que as coisas ocorram exatamente como foram planejadas; por sua vez, considerada negativa quando impede que as coisas aconteam ou que as pessoas ajam conforme desejam, sendo considerada uma superviso ou fiscalizao.

    Nesse sentido, Vieira e De Holanda (2009) apresentaram duas ticas de con-trole relacionadas com a informao contbil que auxiliam no entendimento dos tipos de controle. A primeira tica diz respeito ao controle como procedimento administrativo das organizaes. Esse tipo de controle est diretamente ligado gesto da organizao e refere-se ao conjunto de procedimentos diversos que fazem com que ela alcance seus objetivos ou impea que se desvie deles. Possi-bilitam ainda que as informaes sejam ntegras e completas.

    J a segunda tica diz respeito ao controle como sistema de instituies e or-ganizaes fiscalizadoras. Esse tipo de controle atua por meio de procedimentos que fazem com que outras organizaes ou alcancem seus objetivos, ou fiquem impedidas de desviar-se deles. Essa viso presta credibilidade e confiabilidade s informaes. Alm disso, o controle e a auditoria esto no mesmo barco, pois ambos tm ao fiscalizadora. Entretanto, possuem diferenas em sua essncia.

    Silva, afirma que:

    bom administrador aquele que sabe tirar proveito do controle, pois atra-vs dele obtm informaes sobre o plano organizacional, quanto sua dinmica e eficcia; sobre a execuo dos projetos e atividades, se est de

  • ACTION PLAN

    DOCHECK

    Atue no processo em funo dos resultados

    Estabelea as metas

    Eduquee treine

    Executeo trabalho

    Determineos mtodos

    para alcanar as metas

    Veriqueos efeitosdo trabalho executado

    A P

    C D

    Unidade 1 Auditoria Pblica 31

    conformidade, ou no com o planejamento; sobre o comportamento dos agentes e promotores da execuo de projetos e de atividades, e do seu grau de adeso s polticas da Administrao; sobre o comportamento da ao executiva e do nvel de consecuo das metas estabelecidas; e sobre os re-sultados obtidos, em confronto com as metas planejadas (2014, [documento on-line, no paginado]).

    Logo, o controle pode fornecer diversas informaes importantes para o ad-ministrador exercer bem a sua funo. Isso leva a crer que o controle parte integrante das funes bsicas da administrao. De acordo com Costa (2013, p. 2), as funes bsicas de administrao que orientam o gestor no desenvolvi-mento do seu trabalho so: planejar, organizar, dirigir e controlar.

    Planejar: Funo administrativa que determina, antecipadamente, quais os objetivos a atingir e como se deve fazer para alcan-los.

    Organizar: Estruturar e integrar os recursos e os responsveis por sua admi-nistrao, estabelecer as relaes entre eles e as atribuies de cada um.

    Dirigir: Est relacionada com o comando, com o colocar-se em marcha, e est muito ligada gesto de pessoas.

    Controlar: O controle a quarta funo administrativa. Sua finalidade as-segurar que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido se ajustem aos objetivos previamente estabelecidos.

    Por sua vez, o PDCA um ciclo de desenvolvimento que tem foco na melhoria contnua das administraes e tem por princpio tornar mais claros e geis os processos envolvidos na gesto. aplicado para se atingirem resultados dentro de um sistema de gesto e pode ser utilizado em qualquer organizao como forma de garantir o xito nos negcios, independentemente da rea de atuao (COSTA, 2013, p. 2).

    Figura 3 PDCA: Mtodo de Controle de Processos.

    Fonte: Campos (1996, p. 266). Adaptado por Carol Costa.

  • Unidade 1 Auditoria Pblica32

    O planejamento o incio desse ciclo, seguido da execuo das aes pla-nejadas. Posteriormente, verificado se o executado estava de acordo com o planejado, de forma cclica, ou seja, constante e repetidamente. Caso seja iden-tificado defeito no produto ou na execuo, imediatamente so tomadas atitudes para sanar esse defeito. Ainda segundo Costa (2013, p. 3), os passos a adotar no intuito de atender ao ciclo PDCA so:

    1) Planejamento (Plan) estabelecer uma meta ou identificar o problema; analisar os dados referentes ao problema; analisar o processo em busca das causas fundamentais dos problemas; e elaborar um plano de ao.

    2) Execuo (Do) realizar, executar as atividades conforme o plano de ao.

    3) Verificao (Check) monitorar e avaliar periodicamente os resultados. Confrontar o planejado com o executado e elaborar relatrios, caso necessrio.

    4) Ao (Action) agir de acordo com o avaliado e de acordo com os relat-rios. Elaborar novos planos de ao, caso necessrio, para corrigir eventuais falhas e melhorar a qualidade, a eficincia e a eficcia.

    Assim, pela conceituao apresentada por Costa (2013) acerca de controle e sua explanao do passo de verificao (check) do ciclo PDCA, podemos concluir que o controle est presente nas atividades de gesto para a realizao de uma boa administrao.

    O controle na administrao pblicaO controle na administrao pblica definido por Di Pietro (2002, p. 435)

    como o poder de fiscalizao e correo que sobre ela exercem os rgos dos poderes Judicirio, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a confor-midade de sua atuao com os princpios que so impostos pelo ordenamento jurdico.

    Seguindo a linha conceitual de controle administrativo, os autores Alexandrino e Paulo (2011, p. 791) conceituam como:

    [...] o conjunto de instrumentos que o ordenamento jurdico estabelece a fim de que a prpria administrao pblica, os Poderes Judicirio, Legis-lativo, e ainda o povo, diretamente ou por meio de rgos especializados, possam exercer o poder de fiscalizao, orientao e reviso da atuao administrativa de todos os rgos, entidades e agentes pblicos, em todas as esferas de Poder.

    A esse respeito, Albuquerque, Medeiros e Silva (2013, p. 383) explicam que o oramento pblico, desde a sua origem, foi considerado um instrumento de controle parlamentar sobre as atividades desempenhadas pelo chefe do Poder

  • Unidade 1 Auditoria Pblica 33

    Executivo. Como no havia exigncias quanto a esse controle, ele se limitava elaborao da pea oramentria.

    Ainda segundo Albuquerque, Medeiros e Silva (2013), com a evoluo da economia fez-se necessria, tambm, a evoluo dos controles, com a instituio de um instrumento formal de prestao de contas a ser apresentado pelo Poder Executivo para o Poder Legislativo. O passo seguinte foi a criao dos Tribunais de Contas com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo a avaliar e julgar esses atos apresentados pelo Poder Executivo.

    Algumas perguntas soam em nossas mentes quando pensamos nesses assuntos:Quem exerce controle? Quem realiza esses controles? Para que servem os

    controles? O cidado comum pode fazer algum tipo de controle? O Decreto-Lei n 200, de 25 de fevereiro de 1967, que dispe sobre a organiza-

    o da Administrao Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e d outras providncias, em seu Captulo V trata especificamente do controle. Nessa perspectiva, importante o entendimento do que consta neste captulo para comearmos a encontrar respostas a essas perguntas:

    Art. 13. O controle das atividades da Administrao Federal dever exercer-se em todos os nveis e em todos os rgos, compreendendo, particularmente:

    a) o controle, pela chefia competente, da execuo dos programas e da observncia das normas que governam a atividade especfica do rgo controlado;

    b) o controle, pelos rgos prprios de cada sistema, da observncia das normas gerais que regulam o exerccio das atividades auxiliares;

    c) o controle da aplicao dos dinheiros pblicos e da guarda dos bens da Unio pelos rgos prprios do sistema de contabilidade e auditoria.

    Art. 14. O trabalho administrativo ser racionalizado mediante simplificao de processos e supresso de controles que se evidenciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco (BRASIL, 1967, [documento on-line, no paginado]).

    Por esse decreto, entendemos que os controles so exercidos em todos os nveis e em todos os rgos. Eles so realizados pela chefia competente na execuo dos programas e observncia das normas reguladoras das atividades especficas; pelos rgos prprios de cada sistema, na observncia das normas gerais das atividades auxiliares; e pelos rgos de contabilidade e auditoria, na aplicao dos dinheiros pblicos e guarda dos bens.

    Ao se analisar os conceitos apresentados, observamos que todos falam no controle como fiscalizao, sendo que a definio de Alexandrino e Paulo (2011) est um pouco mais completa, pois inclui o povo como capacitado para exercer o controle, o que se denomina controle social, que integra a nossa Constituio Federal, de 05 de outubro de 1988, pois seu artigo 74 demonstra que o cidado parte legtima na denncia de irregularidades e ilegalidades:

  • Accountability O exerccio da accountability

    se d mediante o controle que

    os poderes exercem uns sobre

    os outros, conhecido como

    accountability horizontal, mas,

    principalmente necessidade

    que os representantes tm de

    prestar contas e submeter-se

    ao veredicto da populao

    (accountability vertical)

    (MIGUEL, 2005, p. 1).

    Unidade 1 Auditoria Pblica34

    Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio mantero, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

    [...]

    IV - apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional.

    1 - Os responsveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela daro cincia ao Tribunal de Contas da Unio, sob pena de responsabilidade solidria.

    2 - Qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato parte legtima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da Unio (BRASIL, 1988, [documento on-line, no paginado]).

    de conhecimento pblico que o governo federal tem envidado esforos no sentido de aumentar esse controle social. Para tanto, vrios mecanismos foram criados como as ouvidorias, portais de denncias, alm da ampla divulgao da importncia das informaes contidas no Portal da Transparncia. muito falado, tambm, o termo accountability, que traz tona o desempenho dos governan-tes, ou seja, como esto gerindo os recursos pblicos, por meio da prestao de contas das suas realizaes.

    Alm disso, a partir de 16 de maio de 2012, quando entrou em vigor a Lei de Acesso Informao (Lei n 12.527, de 18 de novembro de 2011), foi introduzida uma mudana de cultura para que o agente pblico entendesse a importncia da transparncia e passasse a adot-la como regra em seu a dia a dia, considerando o sigilo uma exceo. Como qualquer mudana, isso no aconteceu da noite para o dia! Ainda est acontecendo essa transio, pois em algumas instituies necessrio redesenhar processos e rotinas.

    A Lei de Acesso Informao trouxe tambm uma verdadeira mudana de paradigmas, uma vez que objetiva fazer com que o agente pblico no s compre-enda e siga essa lei, mas tambm a divulgue em seu ambiente de trabalho. Logo, podemos entender que o controle na Administrao Pblica a possibilidade de fiscalizao, de inspeo, de exame, de orientao e de reviso pela prpria Ad-ministrao, por outros Poderes ou por qualquer cidado, da gesto de um Poder, rgo ou autoridade, a fim de garantir que o que foi planejado seja alcanado.

    Entretanto, no h como falar em controle sem tratar de sua classificao como internos e externos. Por essa razo, precisamos discutir essa classificao, com base na definio de alguns autores e luz da legislao, a fim de fixarmos o nosso entendimento. O artigo 70 da Constituio Federal, de 05 de outubro de 1988, destaca:

    Art. 70. A fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta, quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas, ser exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder (BRASIL, 1988, [documento on-line, no paginado]).

  • Unidade 1 Auditoria Pblica 35

    Fica claro, ento, que os controles externo e interno servem para fazer a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas.

    Costa (2013, p. 4) trata os controles externo e interno como uma classifica-o definida pela localizao do controlador. Nesse caso, o controle interno quando exercido pela prpria administrao sobre seus rgos e entidades descentralizadas que lhe esto vinculadas e externo quando efetuado por rgo, ente ou instituio exterior estrutura da Administrao ou externo ao poder do qual emanou o ato.

    Mello (2009, p. 930) entende que o controle assume somente duas formas: controle interno e controle externo. O primeiro realizado pela prpria Admi-nistrao e o segundo, exercido pelos Poderes Legislativo e Judicirio e, tambm, pelo Tribunal de Contas.

    Para Di Pietro (2002, p. 436), o controle exercido pela administrao direta sobre as entidades da administrao indireta seria tambm classificado como controle externo. Contudo, Mello (2009, p. 929) defende que o controle interno refere-se a todo e qualquer controle exercido no mbito de um mesmo Poder, ainda que entre pessoas jurdicas diferentes.

    O controle interno tambm pode ser entendido como aquele exercido pe-las chefias sobre os atos dos seus subordinados ou, ainda, o que exercido dentro de um mesmo Poder. Nessa mesma linha, entende-se que o controle externo exercido por um Poder sobre os atos administrativos praticados por outro Poder.

    Entretanto, Di Pietro (2002, p. 436), alm das classificaes em interno e externo, classifica tambm o controle quanto ao rgo, podendo ser admi-nistrativo, legislativo ou judicial; quanto ao momento, podendo ser prvio, concomitante ou posterior; e quanto ao aspecto da atividade, podendo ser de legalidade ou de mrito.

    Para essa classificao apresentada por Di Pietro (2002) quanto ao rgo, Costa (2013, p. 5) explica que o controle administrativo exercido diretamente pelos responsveis pela execuo dos atos administrativos e pelos rgos de controle interno; o controle legislativo exercido pelos rgos do Poder Legis-lativo na sua misso de mandatrios do povo. Por exemplo: CPIs, julgamento das contas do Presidente, Governadores e Prefeitos. Por fim, explica que o controle judicirio exercido pelo Poder Judicirio na resoluo de conflitos entre o interesse pblico e os atos praticados pela Administrao Pblica.

    Para a classificao apresentada por Di Pietro (2002) quanto ao momento, Alexandrino e Paulo (2011) explicam que o controle prvio aquele que ocorre antes do incio da sua execuo, ou seja, antes da concluso do ato administra-tivo; j o concomitante aquele exercido, como o prprio nome j est dizendo, concomitantemente realizao do ato; e, finalmente, o posterior que o controle exercido depois que o ato administrativo estiver concludo.

  • Unidade 1 Auditoria Pblica36

    Ainda quanto ao momento em que se efetua o controle, Costa (2013, p. 5) destaca que o controle prvio aquele que antecede a concluso ou operativi-dade do ato, como requisito para sua eficcia e d como exemplos: liquidao da despesa e autorizao do Senado para a contrao de emprstimo externo.

    Dando continuidade a essa classificao, Costa (2013, p. 5) destaca, ainda, que o controle concomitante aquele que acompanha a realizao do ato para acompanhar a sua regularidade e d como exemplos as auditorias opera-cionais e de acompanhamento da gesto. Por fim, mostra o controle posterior como aquele efetuado aps a ocorrncia do ato visando corrigi-lo, declarar nulidade ou homolog-lo e d como exemplos: julgamento das contas dos gestores pblicos pelos tribunais de contas e auditoria anual de contas, dos gestores pblicos federais, realizada pela CGU, conforme definido em portaria do Tribunal de Contas da Unio.

    Silva (2004) nomeia o controle prvio como controle a priori e destaca que ele acontece antes da ocorrncia do evento ou do fato que se pretende con-trolar. O objetivo o de prevenir ou impedir que ocorram erros, desperdcios ou irregularidades. Destaca ainda que, como o controle concomitante acon-tece no momento da ocorrncia do erro, desperdcio ou irregularidade, tem como principal vantagem abortar um ato irregular durante sua ocorrncia, impedindo que ocorram mais prejuzos. Conclui explicando que o controle a posteriori aprecia o ato aps a sua consumao, o que no permite ao corretiva imediata, mas sim propostas para aes futuras, de forma a no acontecer novamente.

    J quanto ao aspecto da atividade, Alexandrino e Paulo (2011) destacam que o controle de legalidade permite confirmar a validade de atos praticados em con-formidade com o ordenamento jurdico ou anular os atos administrativos ilegais. Destacam, ainda, que o controle de mrito objetiva verificar a oportunidade e a convenincia administrativas do ato que est sendo controlado.

    Ainda quanto ao aspecto da atividade, Costa (2013, p. 4) afirma que o con-trole de legalidade objetiva verificar a conformao do ato ou do procedimento administrativo com as leis e regulamentos que o regem e o controle de mrito todo aquele que visa comprovao da eficincia, eficcia, economicidade e efetividade da gesto, alm da convenincia ou oportunidade dos atos ou pro-cedimentos controlados.

    Pelo exposto, foi possvel identificar a importncia de se conhecer as mais variadas classificaes de controle, a fim de melhor entender seus conceitos e formas de atuao. Em uma organizao, comum que os dirigentes tenham uma opinio sobre o conceito de controle semelhante ao conceito de audi-toria. Diante de tudo o que foi estudado at aqui, voc j tem uma opinio formada acerca de controle interno e auditoria? A atividade a seguir objetiva que voc forme essa opinio!

  • 4Atividade

    Unidade 1 Auditoria Pblica 37

    Responda ao questionamento a seguir: atividades de controle interno e de auditoria so sinnimos? com voc!

  • Unidade 1 Auditoria Pblica38

    Em todos os controles apresentados, segundo afirma Costa (2013), esto presentes cinco elementos fundamentais, relacionados entre si, a fim de que a funo administrativa seja bem sucedida:

    1) Critrio e padro So representados pelas normas que guiam as decises. So balizamentos que proporcionam meios para se estabelecer o que se deve fazer. Os padres representam o desempenho desejado (COSTA, 2013, p. 3).

    2) Procedimentos Consistem em atividades realizadas com o intuito de verificar se a conduta do agente est em conformidade com os padres e critrios predefinidos (COSTA, 2013, p. 4).

    3) Informao e comunicao o meio pelo qual os fatos relevantes apontados pelo sistema de controle so informados aos gerentes responsveis pelas aes corretivas. Essa in-formao em uma organizao deve ser clere e fluir em todas as direes (COSTA, 2013, p. 4).

    4) Ao corretiva So as providncias adotadas pelos gerentes para corrigir, em tempo h-bil, as falhas apontadas na informao fornecida pelo sistema de controle (COSTA, 2013, p. 4).

    5) Monitoramento a avaliao da adoo de aes corretivas ou, quando essas aes so ado-tadas, se os resultados alcanados por essa adoo so os desejados.

    Conclui-se que, quando observamos esses cinco elementos fundamentais, como gestores pblicos, certamente executaremos melhor a funo administrativa, tendo em vista que aes corretivas sero adotadas para que as falhas apontadas pelas auditorias ou pelos sistemas de controle sejam sanadas no menor tempo possvel e/ou sero monitoradas, caso no seja possvel san-las imediatamente.

  • Resumo

    Unidade 1 Auditoria Pblica 39

    Nesta unidade, voc estudou sobre o que auditoria, sua tipologia e como aplicada ao setor pblico. Vimos que a auditoria depende do entendimento que se tem sobre o controle para ser corretamente executada. Vimos, ainda um pouco sobre a administrao pblica, com enfoque nos seus princpios constitucionais. Na classificao geral do controle, entendemos que, tanto a auditoria, quanto o controle podem ser internos ou externos. Alm disso, estudamos que o controle pode ser classificado, ainda, quanto ao rgo, ao momento e ao aspecto da atividade. Nesse entendimento, identificamos que o controle pode ser administrativo, legislativo ou judicial; prvio, concomitante ou posterior; e de legalidade ou de mrito. Conclumos a unidade com o estudo dos elementos fundamentais para que a funo administrativa seja bem sucedida.

    Atividades de aprendizagemLeia o trecho seguinte e responda ao que se pede.

    A auditoria o conjunto de tcnicas que visa avaliar a gesto pbli-ca, pelos processos e resultados gerenciais, e a aplicao de recursos pblicos por entidades de direito pblico e privado, mediante a con-frontao entre uma situao encontrada com um determinado critrio tcnico, operacional ou legal. Trata-se de uma importante tcnica de controle do Estado na busca da melhor alocao de seus recursos, no s atuando para corrigir os desperdcios, a improbidade, a negligncia e a omisso mas principalmente antecipando-se a essas ocorrncias, buscando garantir os resultados pretendidos, alm de destacar os im-pactos e benefcios sociais advindos.

    Fonte: Instruo Normativa n 01, de 06 de abril de 2001, da Secretaria Federal de Controle, Seo II.

    Voc concorda que a auditoria uma importante tcnica de controle? Justifique.

  • Unidade 1 Auditoria Pblica40

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  • Unidade 1 Auditoria Pblica 43

    Anotaes

  • Unidade 1 Auditoria Pblica44

    Anotaes

  • Controle social, transparncia pblica e controle externo

    2Unidade

  • 47

    1

    3

    4

    5

    6

    7

    2

    Unidade 2 Auditoria Pblica

    Apresentao

    Caro(a) aluno(a), voc aprendeu, na Unidade 1, as principais diferenas entre controle e auditoria e identificou a sua aplicao na administrao pblica. Nesta segunda Unidade da nossa disciplina, voc ir conhecer um pouco mais sobre transparncia e controle social e como acontece o con-trole externo. Ao longo desta unidade, iremos estudar tambm os instrumentos de controle social, o que facilitar a sua compreenso acerca da importncia da transparncia pblica. Posteriormente, descreveremos conceitos de controle externo, a fim de que voc esteja preparado(a) para entender os responsveis pela sua execuo. Com esse entendimento, voc conseguir identificar o seu papel dentro da organizao do controle externo na Unio nos estados e nos municpios. A Unidade finaliza com a contextualizao do Tribunal de Contas da Unio como controle externo. Para tanto, sero descritas a sua jurisdio, sua estrutura, como acontece o julgamento das contas e quais so as suas principais formas de deliberao. Tenho certeza de que, nesta Unidade, voc alcanar um resultado ainda melhor que na primeira. Voc ser brilhante!

    Bons estudos!

    Objetivos

    Entender a importncia da transparncia pblica.

    Conceituar controle social.

    Conhecer os instrumentos de controle social.

    Estabelecer um conceito de controle externo.

    Identificar os responsveis pela execuo do controle externo no Brasil.

    Compreender como est organizado o controle externo na Unio, nos estados e nos municpios.

    Contextualizar o Tribunal de Contas da Unio como controle externo.

  • Unidade 2 Auditoria Pblica 49

    Transparncia e controle social Conforme estudamos na Unidade 1, as mais importantes formas de controle

    administrativo so o controle externo, o controle interno e o controle social. Muito se escuta acerca do controle social, mas, efetivamente, poucos conhecem o seu conceito e utilidade. Controle Social uma maneira de estabelecer um compromisso entre o poder pblico e a sociedade com a finalidade de encontrar sada para os problemas econmicos e sociais (FONSECA, 2009, [documento on-line, no paginado]).

    A essncia do controle social buscar a soluo dos problemas da adminis-trao pblica com a participao dos cidados. Esse controle possibilita que o cidado acompanhe com transparncia como esto sendo geridos os recursos pblicos. Isso se tornou possvel a partir do interesse da sociedade em sair da indignao e partir para a ao. J a transparncia pblica, segundo Belm (2008, [documento on-line, no paginado]), o ato de mostrar o que est sendo feito com os recursos que foram arrecadados dos contribuintes e o que est retornando em forma de benefcios aos cidados brasileiros.

    Ainda nos reportando Unidade 1, quando estudamos os cinco princpios da administrao pblica, destacamos que o princpio da publicidade contribui com a transparncia pblica, porm objetivando o controle social; permite tambm o acesso aos registros pblicos, pelo cidado. Podemos afirmar, ento, que esse princpio contribui efetivamente com a cidadania. Mas o que cidadania?

    Conforme Santana (2014, [documento on-line, no paginado]),

    [...] um referencial de conquista da humanidade, atravs daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias indivi-duais e coletivas, e no se conformam frente s dominaes arrogantes, seja do prprio Estado ou de outras instituies ou pessoas que no desistem de privilgios, de opresso e de injustias contra uma maioria desassistida e que no se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, no ser obstada.

    Nesse sentido, lutar pela justia social e buscar os direitos da coletividade, bem como procurar desenvolver a regio em que reside, caracteriza o exerccio da cidadania! A esse respeito, Cruz (2012, p. 71) complementa:

    Ser cidado participar da vida do local onde vivemos; lutar pelo desen-volvimento desse local; saber escolher os governantes; se organizar em sociedade e exigir de seus representantes uma aplicao de recursos respon-svel, buscando interesses comuns, comprometida com o desenvolvimento da cidade. Um complemento para exercer a cidadania dispor de forma didtica do acesso aos dados e interagir diante do Estado.

    Agora que entendemos o princpio da publicidade e como ele est diretamen-te ligado ao exerccio da cidadania, compreendemos melhor a importncia da transparncia no uso dos recursos pblicos por parte dos seus gestores. Nesse

  • Unidade 2 Auditoria Pblica50

    cenrio, os gestores pblicos so escolhidos, de forma democrtica, por meio do voto. Por essa razo, o cidado deve exigir a prestao de contas da sua atuao na aplicao dos recursos pblicos. Para tanto, a Constituio Federal, de 5 de outubro de 1988, garante que a sociedade no s participe da formulao das polticas pblicas mas tambm realize uma fiscalizao permanente e denuncie irregularidades e ilegalidades.

    Art. 74.

    [...]

    2- Qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato parte legtima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da Unio (BRASIL, 1988, [documento on-line, no paginado]).

    Tomando por base essa garantia institucional, podemos afirmar que o cidado, alm do direito de escolher seus representantes, tem direito, tambm, de acompa-nhar e avaliar as decises administrativas durante o mandato. Essa tarefa precisa ser assumida pela populao: o controle social na utilizao do dinheiro pblico.

    Devido importncia desse controle social que foi desenvolvido o Portal da Transparncia do Governo Federal. Seu objetivo o de facilitar a verificao da aplicao dos recursos pblicos, sendo considerado um importante mecanismo para inibir a corrupo e qualquer outro tipo de irregularidade.

    O desenvolvimento do Portal da Transparncia do Governo Federal teve como base legal o Decreto n 5.482, de 30 de junho de 2005. Esse decreto dispe sobre a divulgao de dados e informaes pelos rgos e entidades da administrao pblica federal, por meio da Rede Mundial de Computadores Internet. O Art. 1 assim define:

    Art. 1 O Portal da Transparncia do Poder Executivo Federal, stio eletrnico disposio na Rede Mundial de Computadores Internet, tem por finalidade veicular dados e informaes detalhados sobre a execuo oramentria e fi-nanceira da Unio, compreendendo, entre outros, os seguintes procedimentos:

    I gastos efetuados por rgos e entidades da administrao pblica federal;

    II repasses de recursos federais aos Estados, Distrito Federal e Municpios;

    III operaes de descentralizao de recursos oramentrios em favor de pes-soas naturais ou de organizaes no-governamentais de qualquer natureza; e

    IV operaes de crdito realizadas por instituies financeiras oficiais de fomento.

    1 A Controladoria-Geral da Unio, como rgo central do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, fica incumbida da gesto do Portal da Transparncia.

    [...]

    (BRASIL, 2005, [documento on-line, no paginado]).

  • Unidade 2 Auditoria Pblica 51

    Podemos afirmar, ento, que o Portal da Transparncia contm informaes sobre todos os gastos realizados pelos rgos e entidades da administrao p-blica federal, bem como sobre os recursos federais repassados pelo Governo Federal aos estados, ao Distrito Federal e aos municpios. Nessa perspectiva, Belm (2008, [documento on-line, no paginado]) destaca que

    Ao acessar informaes como essas, o cidado fica sabendo como o dinheiro pblico est sendo utilizado e passa a ser um fiscal da correta aplicao do mesmo. O cidado pode acompanhar, sobretudo, de que forma os recursos pblicos esto sendo usados no municpio onde mora, ampliando as condi-es de controle desse dinheiro, que, por sua vez, gerado pelo pagamento de impostos. Atravs deste site, podemos acompanhar as verbas destinadas s entidades municipais, estaduais ou privadas, o andamento das atividades realizadas com recursos federais repassados via convnio.

    Vale destacar, ainda, que a gesto do Portal da Transparncia est a cargo da Controladoria-Geral da Unio CGU.

    Figura 1 Portal da transparncia do Governo Federal.

    Fonte: Portal da Transparncia. Disponvel em: . Acesso em: 6 fev. 2015.

    Segundo o Portal da Transparncia do Governo Federal (BRASIL, 2014, [do-cumento on-line, no paginado]),

    A Controladoria-Geral da Unio (CGU) um dos rgos de controle da correta aplicao dos recursos federais repassados a estados, municpios e Distrito Federal. No entanto, devido s dimenses do Estado Brasileiro e do nmero muito grande de municpios que possui (5.560), a CGU conta com participao dos cidados para que o controle dos recursos seja feito de maneira ainda mais eficaz.

  • Saiba mais

    CGU Fonte: Controladoria-Geral da

    Unio. Disponvel em:

    .

    Acesso em: 6 fev. 20 15.

    Fonte: Amigos Associados

    de Ribeiro Bonito Brasil.

    Disponvel em:

    .

    Acesso em: 6 fev. 2015.

    Unidade 2 Auditoria Pblica52

    A Controladoria-Geral da Unio CGU (BRASIL, 2014) destaca a grande importncia da sociedade na tarefa de participar efetivamente do controle so-cial do gasto pblico, de maneira que alcance os resultados esperados, ou seja, com eficincia e eficcia. Nesse sentido, o apoio da sociedade no controle que a CGU no consegue fazer indispensvel na garantia de que o dinheiro pblico seja bem aplicado e controlado adequadamente. Entretanto, muitos j fazem o controle individualmente, que pode ser realizado por qualquer cidado, ou por um grupo organizado de pessoas.

    A Amigos Associados de Ribeiro Bonito Brasil (AMARRIBO) um exemplo de grupo organizado de pessoas que se reuniram por estar interessadas em oferecer voluntariamente seu tempo, talento, competncias e habilidades para contribuir no desenvolvimento da cidade. Essa reunio de amigos de Ribeiro Bonito/SP comeou em 1999. Segundo seu portal,

    [...] uma organizao sem fins lucrativos, com ttulo de OSCIP (organiza-o da sociedade civil de interesse pblico) pioneira no combate corrupo no pas, que atua em sinergia com a sociedade civil, a administrao pblica, lideranas polticas e a iniciativa privada, para acompanhar a gesto dos bens pblicos, promover a probidade, a tica e a transparncia (BRASIL, 2014, [documento on-line, no paginado]).

    Nos primeiros anos, muitas denncias chegaram sede da AMARRIBO, com fortes indcios de desvio de recursos pblicos. A equipe coletou provas e efetuou denncias junto Cmara Municipal, Promotoria de Justia da cidade e ao Tri-bunal de Contas do Estado. Desse modo, a organizao aderiu luta no combate corrupo e utilizou meios de comunicao para mobilizar e envolver toda a sociedade de Ribeiro Bonito. Esse trabalho resultou na cassao de sete polticos corruptos da cidade. Esse caso teve repercusso nacional e muitos cidados do Brasil demonstraram interesse em formar ONGs com o mesmo objetivo em seus munic-pios. Por esse motivo, a AMARRIBO lanou o livro O Combate Corrupo nas Prefeituras do Brasil para disseminar sua histria e ferramentas de controle social.

    Para conhecer toda a histria e mais detalhes sobre a AMARRIBO, leia em . Acesso em: 6 fev. 2015.

    A AMARRIBO promove periodicamente treinamentos sobre como fiscalizar os gastos pblicos, para que a cidade ganhe dezenas de fiscais que possam se revezar na anlise de documentos ou pagamentos. O caso da AMARRIBO nos leva aos seguintes questionamentos: ser que quem realiza o controle social sabe

  • 1Atividade

    Unidade 2 Auditoria Pblica 53

    o que fazer quando identifica alguma irregularidade? Os fiscais cidados esto preparados para realizar esse controle?

    Em caso negativo, o que fazer para resolver? Que providncias devero ser adotadas? A orientao a ser dada populao a de que busque conhecer todos os instrumentos de controle social.

    Voc j sabe o que controle social? Explique com suas pala-vras e apresente pelo menos um exemplo.

  • CGU Fonte: Portal da Controladoria-

    -Geral da Unio. Disponvel em:

    . Acesso

    em: 6 fev. 2015.

    Unidade 2 Auditoria Pblica54

    Instrumentos de controle social 1) A primeira medida a ser tomada para a realizao do controle social que

    os cidados se capacitem para fazer esse controle, iniciando pelos cursos a distncia oferecidos pela CGU, disponveis no portal da CGU.

    Figura 2 Portal da Controladoria-Geral da Unio.

    Fonte: Portal da CGU. Disponvel em: . Acesso em: 6 fev. 2015.

    2) A segunda medida para a realizao do controle social acompanhar os atos de gesto da prefeitura por meio de participao em conselhos munici-pais. Voc j ouviu falar nesses conselhos municipais? Existe algum perto de voc? O papel desses conselhos o de fortalecer a participao democrtica da populao, funcionando como canais efetivos para que o cidado exera sua cidadania.

    O Portal da Transparncia do Governo Federal traz explicaes e orientaes sobre o controle social. Quanto a esse controle por meio dos conselhos, o portal explica:

    Os conselhos so espaos pblicos de composio plural e paritria entre Estado e sociedade civil, de natureza deliberativa e consultiva, cuja fun-o formular e controlar a execuo das polticas pblicas setoriais. Os conselhos so o principal canal de participao popular encontrada nas trs instncias de governo (federal, estadual e municipal) (BRASIL, 2014, [documento on-line, no paginado]).

    Os conselhos que realizam o controle social so: Conselho de Alimentao Escolar, Conselho Municipal de Sade, Conselho de Controle Social do Bolsa Famlia, Conselho do Fundef e Conselho de Assistncia Social.

  • Fonte: Prefeitura Municial do

    Natal. Disponvel em: .

    Acesso em: 6 fev. 2015.

    Unidade 2 Auditoria Pblica 55

    Conselho de alimentao escolarO principal objetivo desse conselho o de controlar o dinheiro que destinado

    para a merenda escolar, sendo que parte do recurso vem do Governo Federal e a outra parte, da prefeitura.

    Para realizar esse controle, o conselho verifica, inicialmente, se as escolas esto recebendo a merenda da prefeitura; posteriormente, verificam a qualidade da me-renda que chega s escolas e a forma com que esto sendo preparadas e guardadas.

    A pgina eletrnica da Prefeitura de Natal destaca conceitos e respon-sabilidades do seu conselho de alimentao