auditoria aplicada À engenharia-errata-publicada
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AUDITORIA APLICADA ENGENHARIA contedo interativo Blog Oficial do livro Auditoria Aplicada Engenharia: como auditar obras de engenharia, do autor Marcio
Soares da Rocha
ERRATA Preo Inexequvel Publicado em outubro 24, 2013por Marcio Soares da Rocha
Preo Inexequvel (pginas 121 e 122 do livro Auditoria Aplicada
Engenharia)
b) Verificao de preo global inexequvel
A Lei no 9.648/98 alterou o art. 48 da Lei 8.666/93, acrescentando-lhe trs pargrafos
que tratam de como se verificar e classificar um preo global de determinada proposta
como inexequvel.
Segundo o citado artigo, em sua nova redao, ser inexequvel a proposta cujo valor
seja inferior a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
a) Preo orado pela entidade contratante;
b) Mdia aritmtica das propostas superiores a 50% do preo orado pela entidade
contratante.
Exemplo prtico:
Determinada administrao pblica orou o preo bsico de uma obra para uma
licitao em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Da licitao, participaram cinco
proponentes, cujas propostas se apresentaram da seguinte forma:
Proposta (preo) do primeiro proponente: R$ 250.000,00;
Proposta (preo) do segundo proponente: R$ 208.000,00;
Proposta (preo) do terceiro proponente: R$ 285.000,00;
Proposta (preo) do quarto proponente: R$ 275.000,0;
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Proposta (preo) do quinto proponente: R$ 248.000,00.
Soluo:
1) Valor (a): 70% do valor orado = 0,70 x 300.000 = R$ 210.000,00
2) Valor (b): 70% da mdia aritmtica das propostas acima de 50% do valor orado.
No exemplo, todas as propostas esto acima de 50% do valor orado pela
administrao. Assim, a mdia a calcular ser a mdia de todas as propostas.
Mdia = (250.000 + 208.000 + 285.000 + 275.000 + 248.000) / 5
Mdia = R$ 253.200,00
Valor (b) = 0,70 x 253.200 = R$ 177.240,00
3) Preo mnimo (o menor entre a e b) = R$ 177.240,00
Resposta: No caso no h propostas com preos inexequveis, pelos critrios do art.
48 da Lei 8.666/93.
Marcio Soares da Rocha Engenheiro Civil pela Universidade de Fortaleza,
Especialista em Gesto Pblica pela Universidade Estadual Vale do Acara, Mestre
em Gesto Pblica pela Universidade Internacional de Lisboa; Presidente do Instituto
Brasileiro de Auditoria de Engenharia (IBRAENG), Diretor Regional do Instituto
Brasileiro de Engenharia de Custos (IBEC) no Cear e autor dos livros Auditoria
Aplicada Engenharia e Controle Gerencial de Obras Pblicas Municipais os
quais podem ser adquiridos online pela loja da Editora PINI (http://construcao-
engenharia-
arquitetura.lojapini.com.br/pini/vitrines/produtos/produto5463.asp; http://construc
ao-engenharia-
arquitetura.lojapini.com.br/pini/vitrines/detalhes/Detalhe42140.asp) e pela loja
online Bookstant (http://www.bookstant.com.br/loja/).
Novos parmetros de referncia para os BDIs de obras pblicas executadas com verbas federais o Acrdo 2622/2013-TCU-Plenrio Publicado em outubro 16, 2013por Marcio Soares da Rocha
O Tribunal de Contas da Unio (TCU) publicou aos 25 de setembro de 2013 o Acrdo
2622/2013-Ata37-Plenrio que trata de novos parmetros para anlise das taxas de
BDI (Benefcio e Despesas Indiretas) de obras pblicas executadas com recursos
federais por parte daquela Corte, em substituio ao Acrdo 2369/2011. Esse
Acrdo reveste-se de grande importncia para a engenharia nacional, pois embora os
parmetros foram definidos objetivando as auditorias dos profissionais de engenharia
do prprio TCU, os rgos pblicos contratantes das diversas esferas da
Administrao Pblica nacional (principalmente federal) tendero a adot-los em
suas licitaes, com receio de sofrerem acusaes de superfaturamento por parte dos
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Tribunais de Contas. E isso culminar em uma influncia direta no mercado da
construo civil.
Os novos parmetros foram inferidos de um estudo estatstico que contou com uma
base populacional de 10.002 contratos de obras distribudas entre os seguintes tipos:
Edificao Reforma (2.707); Rodovirias (2.257); Saneamento Ambiental (2.082);
Edificao Construo (2.011); Linha de Transmisso/Distribuio de Energia
(390); Hdricas/Irrigao, Barragem e Canal (369); Ferrovirias (51); Aeroporturias
Ptio e Pista (50); Aeroporturias Terminal (35); Porturias Estrutura Porturia
(31) e Porturias Derrocamento e Dragagem (19).
Os dados foram selecionados de contratos administrativos cujas assinaturas se deram
a partir de 1 de janeiro de 2007, dentro do perodo de 2007 a 2011, e que foram
obtidos com ajuda da Diretoria de Gesto de Informaes do TCU, por meio de
consulta s trs bases de dados no mbito da Administrao Pblica Federal: Sistema
Integrado de Administrao Financeira do Governo Federal (Siafi), Sistema Integrado
de Administrao de Servios Gerais (Siasg) e Sistema de Gesto de Convnios e
Contratos de Repasse (Siconv).
A partir dessa populao foi obtida uma amostra aleatria estratificada de 744
elementos, conforme a tabela seguinte extrada do prprio Acrdo:
Nem todas as obras da amostra puderam ter os seus BDIs analisados, principalmente
devido falta de detalhamento do BDI em alguns contratos, como consta em trecho
do Acrdo:
Na anlise da documentao dos contratos selecionados nessa tabela, verificou-se
que em 68,26% do total da amostra havia informaes sobre a taxa de BDI para
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utilizao nas anlises estatsticas, sendo que para 22,32% desses contratos no
constavam dados sobre o BDI e para 9,42% no foi enviada a documentao
completa para este Tribunal.
Diante dessas dificuldades, restaram, ao final da coleta de dados, 529 contratos
administrativos com dados disponveis sobre o BDI para a composio da amostra.
Enfatizam-se aqui as principais mudanas trazidas neste estudo, comparadas aos
parmetros do Acrdo 2369/2011 o que mudou e o que permaneceu, sendo que
algumas delas so comentadas por este autor.
PRINCIPAIS MUDANAS COM RELAO AO ESTUDO ANTERIOR
Tipos de obras
Os tipos de obras adotados no estudo que resultou no Acrdo 2622/2013 foram
adotados segundo a Classificao Nacional de Atividades Econmicas (CNAE 2.0,
verso mais atual), aprovada pela Comisso Nacional de Classificao CONCLA
rgo subordinado ao Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto. Dentre os
diversos tipos que constam no CNAE, foram considerados de interesse no estudo
sobre BDI os constantes na tabela seguinte:
Desconsiderao do preo global da obra como fator de influncia do
valor do BDI
A amostra analisada pelo TCU nesse novo estudo no apresentou tendncia que
pudesse justificar a variao dos valores de BDI em funo dos preos globais das
obras, como tem sido o consenso tcnico entre os engenheiros de custos. Os novos
parmetros de anlise das taxas totais de BDI de obras pblicas executadas com
recursos federais do TCU consideram apenas os diversos tipos de obras, segundo o
Quadro 13 do Acrdo, apresentado a seguir:
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Os dados da amostra no apontaram uma tendncia de variao dos BDIs em funo
dos preos globais das obras, porm, sabe-se que o custo direto total (soma de todos
os custos diretos de uma obra) o principal elemento de referncia no clculo do BDI.
Praticamente todos os seus elementos componentes (Administrao central,
Garantias, Seguros, Riscos, Encargos financeiros, e Lucro) so calculados
percentualmente em funo do custo direto total da obra. E se cada elemento depende
do custo direto total, a taxa total tambm varia em funo do custo direto total. A
lgica, portanto, que o BDI varia sim em funo do custo direto total e
consequentemente em funo do preo global de uma obra. Ento, o que explica a
amostra desse estudo do TCU no ter detectado a influncia do custo/preo global na
taxa de BDI de uma obra? possvel que essa concluso do estudo do TCU esteja
refletindo um fato conhecido de muitos estudiosos da engenharia de custos: que
grande parte dos BDIs de obras pblicas no efetivamente calculada a partir de
estimativas das despesas previstas para a obra e para a empresa, mas os BDIs so
arbitrados subjetivamente. Alm disso, muitas empreiteiras adotam uma nica taxa
de BDI como se fosse um padro para as suas diversas obras, independente dos
respectivos valores. Na opinio deste autor, essas devem ter sido as causas do estudo
do TCU ter apontado um resultado que vai de encontro lgica da prpria tcnica e
das equaes de clculo do BDI.
Limites mximos e mnimos de BDI
Outra novidade desse estudo foi a adoo do primeiro e terceiro quartis estatsticos
amostrais como parmetros mnimos e mximos das taxas totais de BDI,
respectivamente. Considera-se que esse critrio de adotar os quartis adequado, pois
os mesmos definem uma amplitude intervalar maior do que os intervalos de confiana
das mdias. O Acrdo enfatiza, entretanto, que os valores que melhor representam o
mercado so os mdios o que tambm est de acordo com o senso da maioria dos
analistas de mercado (e tambm da populao em geral), de que os valores mdios de
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um dado mercado so os que melhor representam o preo de mercado na regio e no
perodo analisado.
Parmetros referenciais para os elementos de clculo do BDI
O Acrdo recomenda que os auditores do TCU verifiquem inicialmente o valor total
da taxa aplicada no oramento da obra em anlise, e, caso este esteja acima dos
parmetros apontados no estudo, que analisem cada elemento de clculo para
verificar as suas adequaes.
O novo estudo apontou os parmetros para os elementos de clculo do BDI segundo o
Quadro 15 do prprio Acrdo 2622/2013, apresentado a seguir:
Parmetros referenciais para as despesas com Administrao da obra
(Administrao local) como custo direto na planilha oramentria
O estudo tambm apontou, com base na amostra selecionada, parmetros para
anlise de despesas com a Administrao da obra (Administrao local) quando
detalhadas nas planilhas oramentrias como custos diretos. Tais parmetros so
considerados provisrios, uma vez que restou determinado no Acrdo (item 6.b) que
o Ministrio do Oramento Planejamento e Gesto (MPOG) realize um estudo para
melhor embasar os valores referenciais percentuais deste item oramentrio. Os
parmetros provisrios publicados no Acrdo so conforme a tabela a seguir:
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Tambm para essa concluso cabe uma anlise crtica. A experincia deste autor na
elaborao e na anlise de oramentos de obras aponta na direo de que o percentual
relativo s despesas de Administrao da Obra varia em funo do porte da empresa e
custo direto total da obra. Em obras de menor custo, o percentual pode ser muito
maior do que os apontados no estudo do TCU (variando entre 10% a 23% do custo
direto total). J nas obras de maior custo, os percentuais tendem a ser menores. Na
realidade, quando se computam todas as despesas para administrar uma obra (mo
de obra indireta, construo e manuteno do canteiro de obras, controle tecnolgico,
transporte de equipes, equipamentos de proteo individual, alimentao,
ferramentas, taxas, emolumentos, e outras), o percentual relativo frao dessas
despesas no custo direto total da obra tem surpreendido muitos construtores e
engenheiros de custos.
Antes do Acrdo 325/2007-TCU a Administrao da obra (Administrao local) era
usualmente inserida no BDI das obras pblicas como um percentual e muitos rgos
pblicos contratantes e muitas empreiteiras arbitravam o valor percentual deste
elemento, ento componente do BDI, de forma subjetiva, de modo que em muitos
casos os percentuais adotados eram insuficientes para cobrir as despesas reais. Este
autor j constatou, mesmo depois da publicao do Acrdo 325/2007, BDIs de
rgos pblicos onde o percentual de Administrao da obra adotado era de 2,0%.
Tambm j constatou percentuais adotados (subjetivamente) por construtoras em
suas propostas da ordem de 2,5 a 4%, quando, estimando as despesas de forma
detalhada nos casos concretos, os percentuais para administrao de tais obras
deveriam ter sido bem mais altos. Diga-se de passagem que alguns oramentistas de
rgos pblicos e muitos empreiteiros tm que fazer o que eles chamam de conta de
chegada visando compatibilizar (artificialmente) a composio dos BDIs taxas
adotadas por meio de portarias de rgos pblicos e/ou de decretos governamentais,
ou de taxas de BDI s vezes publicadas em editais de obras pblicas, ou at para
adequ-las aos parmetros referenciais dos estudos anteriores do TCU.
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Apesar de toda a contribuio que organizaes como o TCU, o Instituto Brasileiro de
Engenharia de Custos (IBEC), o Instituto de Engenharia de So Paulo, o Instituto
Brasileiro de Auditoria de Obras Pblicas (IBRAOP), a Editora PINI e outras tm
dado nos ltimos anos ao correto entendimento do significado do BDI e do seu clculo
adequado, bem como s tcnicas de oramentao de obras pblicas, possvel que o
estudo a ser realizado pelo MPOG acerca dos percentuais praticados nos oramentos a
ttulo de Administrao local venha a apontar como resultado valores bem menores
dos que correspondem s reais despesas de uma obra. Isto porque provvel que os
valores dos contratos de obras pblicas desde 2007 at hoje ainda no reflitam o
adequado conhecimento da engenharia de custos por parte dos rgos pblicos e dos
empreiteiros de obras pblicas. Fica-se na expectativa e na torcida para que a previso
pessimista deste autor no se confirme.
O QUE PERMANECE NESTE NOVO ESTUDO, COM RELAO AO ACRDO
2369/2011
Os itens Administrao Local (Administrao da obra), Canteiro de Obras e
Mobilizao e Desmobilizao devem continuar a no compor os BDIs e a
serem detalhados nas planilhas oramentrias como custos diretos;
Os tributos Imposto de Renda da Pessoa Jurdica (IRPJ) e a Contribuio
Social sobre o Lucro Lquido (CSLL) no devem ser includos na composio do
BDI;
A frmula de clculo do BDI a mesma do Acrdo 2369 (O IBEC tambm
adotou esta frmula em sua Orientao Tcnica 004/2013 Elaborao de
Estimativas de Custos de Referncias de Obras Pblicas: Verso para rgos
Contratantes, e considera-se que ela dever se consolidar como padro para o
clculo):
Onde:
BDI = Benefcio e Despesas Indiretas;
AC = Administrao Central;
R = Riscos;
S = Seguros;
G = Garantias;
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DF = Despesas Financeiras;
L = Lucro
T = Tributos.
O TCU continua com a sua tese de BDI Diferenciado para materiais de mero
fornecimento e de valor relevante no oramento. Apresenta neste novo estudo
os seguintes parmetros referenciais:
Dos pontos que permanecem neste novo estudo, considera-se importante comentar
apenas o BDI Diferenciado.
A princpio, esta tcnica de BDI Diferenciado para materiais parece ser incompatvel
com a tcnica do BDI na Engenharia. Tal tcnica (BDI Diferenciado) no consta, at
onde conhece este autor, entre as tcnicas da Engenharia de Custos internacional, e
no ensinada em nenhuma escola de engenharia do pas (que este autor tenha
conhecimento) e nem consta em nenhum livro tcnico do conhecimento deste autor, a
no ser os dos ilustres autores Andr Baeta e Andr Mendes ambos Auditores do
TCU.
correto o entendimento daquela colenda Corte de que alguns materiais
(industrializados ou premoldados) utilizados em uma obra de engenharia no so
produzidos/fabricados no prprio canteiro (a exemplo dos materiais betuminosos e
dos tubos de pvc), mas so adquiridos pela empresa construtora no comrcio local ou
diretamente no fabricante/distribuidor. Porm, tais materiais fazem parte da obra
como produto da indstria da construo civil. No deveriam ser considerados mero
fornecimento, pois o construtor no um mero fornecedor. um industrial, que se
utiliza de diversos insumos para produzir um produto a ser entregue, que no caso da
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construo civil uma benfeitoria. O construtor adquire alguns materiais
industrializados ou premoldados, estoca-os e instala-os na obra. E o que ele vende so
materiais instalados, e no os materiais em si. Os materiais de construo so
insumos e no produtos. O construtor no revende materiais; ele vende produtos que
utilizam certos materiais como insumos de produo.
A taxa do BDI de obras de Engenharia calculada com relao ao somatrio de todos
os custos diretos de uma obra (CD) e o seu preo de venda encontrado com a
expresso:
PV = CD x (1+%BDI)
Onde:
PV = Preo de Venda;
CD = Custo Direto Total; e
BDI = Benefcio e Despesas Indiretas.
O CD (somatrio de todas as despesas diretas de uma obra) inclui todos os materiais
de construo, portanto, o clculo do BDI global e abrangente.
Quando, depois de calculado o BDI geral de uma obra ou servio de engenharia,
passa-se a calcular BDIs Diferenciados para certos itens ou materiais da obra, o que
se est fazendo anulando o clculo realizado. Aquele BDI calculado inicialmente no
mais o BDI da obra, que passa ento a ter vrios BDIs o que
tecnicamente/matematicamente errneo, considerando a frmula do clculo do preo
de venda, que s contm um BDI.
Na opinio deste autor, alguns itens cujos custos forem relevantes no oramento e que
no forem produzidos no canteiro de obras poderiam ser licitados parte e fornecidos
pelo contratante ao construtor. Dessa forma, o custo de aquisio de tais materiais
no integrariam as composies unitrias dos oramentos das obras, as quais
continuariam a ter (corretamente) apenas um BDI. Mesmo assim, cabe a aplicao do
princpio da razoabilidade nessa questo. Enquanto que os materiais betuminosos
para a construo de vias pblicas ou os elevadores em um edifcio vertical poderiam
ser considerados exemplos de materiais de mero fornecimento pelas suas
caractersticas peculiares de aquisio e transporte, os tubos de pvc ou de outro
material para as obras hdricas so itens de prateleira na construo civil e na
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construo pesada. No se vislumbra como o fornecimento em separado de tais
materiais poderia promover a economicidade, uma vez que as despesas com estoque e
instalao permanecero, e, sobre tais despesas incide o BDI geral da obra. No
importa se o custo desses materiais relevante no oramento. Eles so materiais
tpicos de obras de engenharia, no sendo fornecidos por empresa de ramo diferente.
Alm disso, afirmar que os custos da Administrao central, o lucro e os tributos so
menores nas aquisies dos materiais mais financeiramente relevantes nos
oramentos no faz sentido. Os custos da sede da empresa construtora no mudam
(ou mudam insignificantemente) ms a ms, a menos que haja uma alterao
significativa no porte da empresa ou no seu quadro de pessoal. Da mesma forma,
afirmar que o lucro do fornecimento de produtos industrializados menor do que o
lucro praticado na construo civil carece de evidncias. O que se percebe no comrcio
so lucros de 50% para cima, enquanto que na construo civil o lucro gira
(usualmente) em torno de 10% (dependendo do preo global das obras). O ISS
(Imposto Sobre Servios de Qualquer Natureza) normalmente no incide sobre os
materiais de construo de uma obra ou servio de engenharia; incide apenas sobre a
mo de obra. Assim, no produz qualquer efeito sobre o fornecimento de alguns
materiais. Ento, no justifica reduzir BDI de alguns materiais, a menos que eles
sejam licitados em separado do oramento da obra. O preo de venda das obras (como
fica claro pela prpria frmula de clculo) calculado em funo do somatrio dos
custos diretos e do seu BDI (nico).
Finaliza-se enfatizando o que o prprio texto do Acrdo aqui citado e comentado
afirma. Que o preo das obras pblicas deve ser analisado nas auditorias levando em
considerao todos os seus elementos de custos, e no apenas o BDI. O BDI de uma
obra pode estar mais alto do que o parmetro referencial mximo estabelecido pelo
TCU e mesmo assim a obra pode no estar superfaturada por ter os seus custos
diretos mais baixos do que os praticados no mercado local, compensando a majorao
do BDI. Da mesma forma, um ou outro elemento componente do BDI pode estar mais
alto dos que o parmetro referencial e a taxa final de BDI pode no estar acima do
parmetro mximo. E ainda: um BDI pode estar mais alto do que o limite superior do
estudo do TCU e ser perfeitamente justificvel no contexto da obra em anlise. Cada
caso um caso.
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Importante destacar, contudo, que no cumpre ao TCU estipular percentuais fixos
para cada item que compe a taxa de BDI, ignorando as peculiaridades da estrutura
gerencial de cada empresa que contrata com a Administrao Pblica. O papel da
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Corte de Contas impedir que sejam pagos valores abusivos ou injustificadamente
elevados e por isso importante obter valores de referncia, mas pela prpria
logstica das empresas natural que ocorram certas flutuaes de valores nas
previses das despesas indiretas e da margem de lucro a ser obtida.
144. Como essa anlise dos itens que compem o BDI deve ser feita em conjunto, a
adoo de um percentual muito acima da faixa de referncia para determinado
componente no necessariamente constitui irregularidade, pois, em contrapartida,
outras despesas indiretas, ou ainda, o lucro podem estar cotados em patamares
inferiores ao esperado.
()
149. A adequabilidade da taxa de BDI tem sempre que ser analisada,
pontualmente, em situao especfica, pois h sempre a possibilidade de as tabelas
referenciais no traduzirem a justa remunerao para alguns contratos de obras
pblicas.
(Acrdo 2622/2013-TCU-Plenrio).
Marcio Soares da Rocha Engenheiro Civil pela Universidade de Fortaleza,
Especialista em Gesto Pblica pela Universidade Estadual Vale do Acara, Mestre
em Gesto Pblica pela Universidade Internacional de Lisboa; Presidente do Instituto
Brasileiro de Auditoria de Engenharia (IBRAENG), Diretor Regional do Instituto
Brasileiro de Engenharia de Custos (IBEC) no Cear e autor dos livros Auditoria
Aplicada Engenharia e Controle Gerencial de Obras Pblicas Municipais os
quais podem ser adquiridos online pela loja da Editora PINI (http://construcao-
engenharia-arquitetura.lojapini.com.br/pini/vitrines/produtos/produto5463.asp) e
pela loja online Bookstant (http://www.bookstant.com.br/loja/). Publicado em Uncategorized | Marcado com Auditoria de Engenharia, Auditoria de Obras Pblicas, BDI de obras pblicas, BDI do TCU, BDI; BDI de obras pblicas; BDI do TCU; Auditoria de Obras Pblicas; Auditoria de Engenharia, Custos de Obras Pblicas, Engenharia de Custos
ERRATA Clculo de Reajustes de Preos de Obras Pblicas Publicado em setembro 24, 2013por Marcio Soares da Rocha
Clculo de reajustes de parcelas de obras pblicas (errata do Livro
Auditoria Aplicada Engenharia, pp. 243 a 246).
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Com relao data inicial (marco zero) para os clculos dos reajustes de obras
pblicas, a jurisprudncia dos tribunais de contas tem definido que esta deve ser a
data limite estipulada no edital para apresentao das propostas, ou a data do
oramento da empresa vencedora da licitao, como se v no Acrdo 1.707/2003-
Plenrio:
()
9.2.1 estabelea j a partir dos editais de licitao e em seus contratos, de forma
clara, se a periodicidade dos reajustes ter como base a data limite para
apresentao da proposta ou a data do oramento, observando-se o seguinte:
9.2.1.1 se for adotada a data-limite para apresentao da proposta, o reajuste ser
aplicvel a partir do mesmo dia e ms do ano seguinte;
9.2.1.2 se for adotada a data do oramento, o reajuste ser aplicvel a partir do
mesmo dia e ms do ano seguinte se o oramento se referir a um dia especfico, ou do
primeiro dia do mesmo ms do ano seguinte caso o oramento se refira a
determinado ms;
9.2.2 para o reajustamento dos contratos, observe que a contagem do perodo de um
ano para a aplicao do reajustamento deve ser feita a partir da data base
completa, na forma descrita no item 9.1.1, de modo a dar cumprimento ao disposto
na Lei n 10.192/2001, em seus arts. 2 e 3, e na Lei n 8.666/93, em seu art. 40,
inciso XI.
A data-marco final para o clculo do primeiro reajuste o dcimo terceiro ms
contado a partir da data-marco inicial. Os ndices a adotar no clculo de
reajustamentos devem ser relativos s datas-marco iniciais e finais. No antes e nem
depois.
Consequentemente, as parcelas do contrato pagas desde a data do oramento ou da
data da apresentao das propostas da licitao at o dcimo segundo ms depois
desta data no podero sofrer reajustes. A partir do dcimo terceiro ms contado
desde a data do oramento ou da apresentao das propostas da licitao, calculado
o ndice de reajuste das parcelas que sero pagas at o fim dos prximos doze meses
do contrato.
Os reajustes so calculados com base em ndices econmicos, sendo que o mais
adotado na construo civil o ndice Nacional de Custos da Construo Civil (INCC),
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calculado e publicado mensalmente pela Fundao Getlio Vargas. Para obras mais
complexas e de maior porte, podem ser usados diversos ndices econmicos, em vez
de somente um, que se adequem melhor aos itens e servios do oramento da obra.
Como exemplo de utilizao de vrios ndices para reajuste de grupos de servios,
pode-se citar a Instruo de Servio/DG/DNIT 2/2002, publicada pelo DNIT.
Segundo essa norma, aplicvel a todos os contratos e obras rodovirias, os
reajustamentos de preos devem ser realizados utilizando nove ndices de variao
de preos, referentes a diferentes grupos de servios, a saber: (i) terraplenagem; (ii)
drenagem; (iii) sinalizao; (iv) pavimentao; (v) pavimentao de concreto de
cimento Portland; (vi) conservao; (vii) obras de arte especiais; (viii) consultoria; e
(ix) ligantes betuminosos. (Tribunal de Contas da Unio. Roteiro de Auditoria de
Obras Pblicas. 2012. P. 97).
O primeiro ndice de reajustamento calculado com a seguinte equao:
IR = (I1 Io) / Io
Onde:
IR o ndice de reajustamento;
I1 o valor do indicador econmico no dcimo terceiro ms contado a partir da data
do oramento ou da data da abertura das propostas da licitao;
Io o valor do indicador econmico na data do oramento ou na data-limite para
apresentao das propostas, estipulada na licitao.
O valor do reajuste de cada parcela ser:
R = V x IR
Onde:
R o valor do reajuste da parcela;
V o valor da parcela a reajustar;
IR o ndice de reajustamento das parcelas a serem pagas.
E o valor de cada parcela reajustada (PR) se obtm pela soma do valor da parcela (V)
com o valor de seu reajuste (R).
PR = V + R
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Veja-se o exemplo numrico a seguir.
Dados:
Preo global da obra: R$ 7.000.000,00
Prazo contratual: 28 meses
Data do oramento: setembro de 2005
Soma dos pagamentos realizados nos primeiros doze meses contados a partir
da data do oramento: R$ 4.000.000,00
Parcelas a pagar, aps 12 meses contados a partir da data do oramento:
R$ 1.000.000,00 em novembro de 2006;
R$ 800.000,00 em fevereiro de 2007;
R$ 1.200.000,00 em janeiro de 2008.
Pede-se calcular os reajustes da obra.
Soluo:
1) Datas-marco e valores de indicadores econmicos a adotar no clculo:
Io = INCC setembro/2005: 324,164
I1 = INCC setembro/2006: 340,670
I2 = INCC setembro/2007: 359,276
2) Clculo do Reajuste (R1) da parcela de R$ 1.000.000,00, a ser paga em novembro
de 2006:
IR1 = (INCCset-2006 INCCset-2005)/INCCset-2005
IR1 = ( 340,670 324,164)/324,164 = 0,050
R1 = V x IR
R1 = 1.000.000 x 0,050 = R$ 50.000,00
Parcela reajustada: 1.000.000 + 50.000 = R$ 1.050.000,00
3) Clculo do reajuste (R2) da parcela de R$ 800.000,00, a ser paga em fevereiro de
2007:
A data do pagamento desta parcela no ocorre depois de doze meses a partir da data
do primeiro reajuste, portanto, o seu IR ser o mesmo IR1.
IR1 = 0,050
-
R2 = V x IR1
R2 = 800.000 x 0,050 = R$ 40.000,00
Parcela reajustada: 800.000 + 40.000 = R$ 840.000,00
4) Clculo do reajuste (R3) da parcela de R$ 1.200.000,00, a ser paga em janeiro de
2008:
A data do pagamento desta parcela ocorre depois de doze meses a partir da data do
primeiro reajuste, portanto, o seu IR ser:
IR2 = (INCCset-2007 INCCset-2005)/INCCset-2005
IR2 = ( 359,276 324,164)/324,164 = 0,108
E o seu R ser:
R3 = V x IR2
R3 = 1.200.000 x 0,108 = R$ 129.600,00
Parcela reajustada: 1.200.000 + 129.600 = R$ 1.329.600,00.