atrai cientistas 2020-03-07 · bacalhau com grÃo >bacalhau >gr3o >1 datata >hortaliça...

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NA ÁREA DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA, PORTUGAL ESTÁ NO TOPO DA EUROPA ASTRONOMIA ATRAI CIENTISTAS NACIONAIS ¦ A Astronomia é a área da Ciência que mais conhecimento produz em Portu- gal, sendo seguida pela Biologia Mole- cular e Genética e pela Neurologia e Comportamento, de acordo com um estudo recentemente levado a cabo pelo Ministério da Ciência, que contabi- lizou o número de citações por artigo publicado. De acordo com o estudo, a produção de Ciência aumentou 68 por cento, no geral, sendo publicados mais de 626 artigos por cada milhão de habitantes, o que corresponde a 72 por cento da média da União Europeia, o que signifi- ca que Portugal atingiu um elevado ní- vel de qualidade e competitividade. A nível mundial são as chamadas Ciên- cias do Espaço que lideram a produção de conhecimento científico, logo segui- das da Física, da Medicina Clínica e das Ciências Agrícolas. V.F.

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NA ÁREA DAINVESTIGAÇÃOCIENTÍFICA,PORTUGAL ESTÁ NOTOPO DA EUROPA

ASTRONOMIAATRAICIENTISTASNACIONAIS

¦ A Astronomia é a área da Ciência quemais conhecimento produz em Portu-

gal, sendo seguida pela Biologia Mole-cular e Genética e pela Neurologia e

Comportamento, de acordo com umestudo recentemente levado a cabo

pelo Ministério da Ciência, que contabi-lizou o número de citações por artigopublicado.De acordo com o estudo, a produçãode Ciência aumentou 68 por cento, no

geral, sendo publicados mais de 626artigos por cada milhão de habitantes,o que corresponde a 72 por cento damédia da União Europeia, o que signifi-ca que Portugal atingiu um elevado ní-

vel de qualidade e competitividade.A nível mundial são as chamadas Ciên-cias do Espaço que lideram a produçãode conhecimento científico, logo segui-das da Física, da Medicina Clínica e dasCiências Agrícolas. V.F.

Investigadora DISTINGUIDA EM ROMA

Mais umpasso naGeometriaAlgébricaA INVESTIGAÇÃO TEÓRICA REALIZADAPARAASUATESE DE DOUTORAMENTOVALEU LHE O PRÉMIO MICHELE CUOZZO,NO VALOR DE 12 MIL EUROS

A os 13 anos a matemática já era uma/ \ paixão consolidada em cada pro-/ \blema por solucionar proposto pe -

las Olimpíadas em que participou de for-ma activa. Aos 18 anos foi a primeira mu-lher a representar o País além-fronteiras,nas Olimpíadas Internacionais de Mate-mática, em Taiwan. Dos dias que o tempoconsumiu relembra os estágios de fim-- de - semana em departamentos da espe -

cialidade e o constante entusiasmo emadquirir novos conhecimentos, com a

certeza de que aquela era a sua "verdadei-

ra vocação" A licenciatura em Matemáti-ca pura e o mestrado com especializaçãoem Geometria Algébrica, na Universida-de de Coimbra, foram os passos traçadospela investigadora, que não hesitou emrealizar o seu doutoramento também emGeometria Algébrica na Universidade de

Roma Tre, em Itália, cuja investigação foirecentemente galardoada com o prémioMichele Cuozzo, no valor de 12 mil euros,instituído pela Università degli Studi di

Roma Tor Vergata; em Itália.Reconhecida como um passo impor-

tante na persecução de respostas a ques-tões problemáticas na área da Matemá-tica, a sua investigação partiu do "estu-do das curvas algébricas, instrumentos

matemáticos usados na criptologia mo-derna" que permitem a codificação da in-formação. "A construção de novos espa-ços que parametrizem certas classes de

objectos com significado algébrico per-mite mostrar teoremas que têm implica-ções para a Física", esclarece.

A docência é hoje um constante desafio,onde só o pouco interesse dos alunos con-trasta. "É um pouco frustrante" diz. ¦

Questionário¦ FORMAÇÃO ACADÉMICADoutorada em Geometria Algébricapela Universidade de Roma Tre.

¦ PROFISSÃO DOS PAIS Mãe era

professora primária e o pai industrial.

¦ LIVRO QUE ESTÁ A LER Está

tudo Iluminado', de Jonathan S. Foer.

¦ INSPIRAÇÃO "A luz do dia. Gosto

muito de acordar com a luz do Sol".

¦ PROJECTOS "Conseguir realizartantas ideias que tenho para pôr emprática na investigação e no dep. deMatemática da Univ. de Coimbra".

/ ideia de que tudo o quesabe bem faz mal e vi-/ ce-versaéfalsa.Comer

-^^— —_^k^. de uma forma saudá-vel e equilibrada do ponto de vista nutricio-nal não tem de ser um sacrifício, pelo con-trário, deve ser um prazer, porque só assimteremos vontade de repetir a experiência efazer dela um regime diário. A surpresa é

que não é preciso ir muito longe nem puxarmuito pela cabeça para encontrar receitasem que o casamento entre o sabor e os be-nefícios para a saúde seja perfeito. Segun-do Pedro Moreira, nutricionista e profes-sor da Faculdade de Ciências da Nutrição eda Alimentação da Universidade do Porto(FCNAUP), a gastronomia nacional temuma oferta muito generosa neste sentido.«Existem muitos exemplos da riqueza da

gastronomia nacional em termos de ofertade alimentos saborosos e saudáveis, mas é

preciso adaptá-la aos tempos modernos.

Hoje, as necessidades de energia não são as

mesmas do passado, porque as actividadesdas pessoas são muito mais sedentárias.Portanto, é necessário reinventar a tradi-

ção e, mantendo os mesmos sabores e prin-cípios de combinação dos alimentos, reti-rar energia ao resultado final.» Com ener-gia, o professor da FCNAUP quer dizergordura, e não é difícil seguir o seu conse-lho. Basta, por exemplo, substituir as car-nes gordas por carnes mais magras e as

gorduras animais, como a banha ou o tou-

cinho, por gorduras vegetais, como o azei-te, limitando as quantidades. «Claro quenão podemos ser radicais. Fazer um cozi-do à portuguesa sem enchidos seria mataro cozido à portuguesa.» Pois, um dia nãosão dias e este é um prato para ocasiões es-

peciais. O que comemos diariamente é queimporta e é precisamente aí que se encon-tra a riqueza da tradição nacional, forte-mente influenciada pela dieta mediter-rânica, em que estão muito presentes o

peixe, o azeite, os hortifrutícolas e as legu-minosas, por exemplo. «Cozinhamos commuito alho, cebola, vinho, tomate, azeite,ervas de cheiro e essa é a melhor estratégiapara ir buscar sabor sem ter de recorrer aosal e à gordura», afiança Pedro Moreira.O segredo está, então, na forma como co-zinhamos. Não podemos deixar que o pro-cessamento dos alimentos estrague tudo e

para isso o professor tem algumas reco-mendações importantes [ver caixa: Cozi-nha saudável].

Saúde com saborMas mais do que falar da necessidade da pre-sença de fibras, vitaminas, minerais, anti-oxidantes, fitoquímicos, compostos fenóli-

cos, organossulfurados e outros palavrõesque tais, na alimentação do dia-a-dia o es-sencial é oferecer alternativas em que esteselementos estejam presentes na forma dealimentos reconhecíveis por todos. Pedi-mos ajuda a Pedro Moreira, que escolheu al-

gumas receitas. Não foi uma escolha qual-quer, a maioria faz parte de um projecto,coordenado cientificamente pelo professorEmílio Peres e pelo professor Pedro Morei-ra elevado acabo juntamente com aCâma-ra Municipal de Loures, em 1994, que tinhacomo objectivo recuperar a gastronomiacomo património cultural, realçando a im-portância de uma alimentação saudável.«É interessante perceber que podemos de-senvolver estratégias de alimentação sau-dável com as quais as pessoas se identifi-cam. Para além das questões mais científi-cas, a comida tem esta parte hedonista, quetem que ver com o que as pessoas sentem e

pensam quando comem - o patrimóniocultural dos alimentos, a sabedoria empíri-ca que lhe está associada, é muito impor-tante na educação alimentar.»

Das várias receitas que partilhou connos-

co, escolhemos quatro: sardinhas saloias,bacalhau com grão, rancho e feijão comovos escalfados. «O que me fez escolher es-

tes pratos foi verificar que são convergen-tes com as recomendações alimentares pa-ra prevenir as doenças que mais matam emPortugal e cujas principais causas são ali-mentares: sal e gordura em excesso e escas-

sez de hortaliças e legumes. Os exemplosque escolhi têm muitos hortícolas e legumi-nosas, o que permite reduzir a carne, e alémdisso recorrem a muitos cheiros, o quesubstitui perfeitamente o sal.»

Ora experimente.

Denada servirá escolher

os alimentos certos parao regime alimentar se a

culinária - a última fase de

processamento dos alimentos -os modificar significativamentedo ponto de vista nutricional,nomeadamente pela adição

exagerada de gordura e

aumento do valor energético.Para uma prática culináriasaudável são Importantesvários factores como: consumirmenos gorduras de adição:consumir menos alimentos ricos

em gordura; cozinhar apenascom a quantidade de gorduranecessária: utilizar azeite; e

privilegiar o consumo de peixe e

aves, não fritos nem assados

com gordura, sem peles e gordu-ras visíveis. A preparaçãoculinária, para além de aumentara eficácia da mastigação e

salivação, melhora o sabor e o

odor da comida pela associaçãode aromas, molhos e especia-rias, o que pode acrescentarprazer a uma culinária que deveevitar a utilização de gorduras.Diversificar as formas, cores e

apresentaçSes renova a satisfa-

ção e permite alternar e bene-

ficiar de efeitos sinérgicos decomplementaridade entrealimentos que fazem o todo mais

importante do que a ingestãoindividual do alimento.

Nos cozidos, a adição de alho,

cebola, salsa ou coentros, e uma

pequena quantidade de azeite,pode melhorar bastante o saborfinal de produtos hortícolas cozi-

dos. Alho, cebola, salsa ou coen-tros transmitem os seus fortessabores sem que seja necessá-rio adicionar gordura.Outra possibilidade Importante é

a de desengordurar o preparadoculinário ainda antes do final da

sua preparação; quando está

quase pronto, retlra-se do calore delxa-se arrefecer; posterior-mente, recolhe-se a gordura quesobrenada à superfície e

termlna-se a preparação ao

calor. Este método permitetambém desengordurar uma

feijoada preparada com partesgordas de carnes que perdem

para o caldo grande quantidadede gordura.Para promover a passagem de

componentes adicionados ao

líquido de cozedura para o

alimento sólido, podem utllizar--se caldos com aromas Intensos,como vinho, alho, cebola,

tomate, cenoura, salsa, colorau,

louro, estragão, manjericão,funcho, ou outros a gosto, queaumentam conslderavelmente o

sabor dos alimentos evitando o

recurso ao sal e ã gordura.Nos guisados, a utilização deervas aromáticas e especiariaspode melhorar substancial-mente o seu gosto: são bons

exemplos o açafrão, alecrim,

alho, cebola-brava, cebolinho.

BACALHAU COM GRÃO

>Bacalhau>Gr3o

>1 Datata

>Hortaliça>1 cenoura>1 cebola

>1 tomate>Azeite

>Arroz ou massinha

Lavar bem as postas de bacalhau necessá-

rias, se possível nem muito grossas nemdas mais finas, e demolhá-las durantedois dias, mudando a água três ou quatrovezes no primeiro dia. No segundo dia,pôr de molho o grão, depois de bem lava-do, na água em que o bacalhau continua ademolhar. Cozer o grão, na água em quedemolhou, com um fio de azeite, uma ce-noura cortada em pedaços, uma batata

grande cortada em cubos, uma cebola in-teira e um tomate pelado com as semen-tes aos pedacinhos.Cozer o bacalhau à parte.Da panela, retirar o grão necessário paraacompanhar o bacalhau.Com o grão e o caldo que sobrou prepararuma sopa, acrescentando hortaliças a gos-to e uns grãos de arroz ou um pouco de

massinhas.Em Ementas Saudáveis úo Município de Loures.

Câmara Municipal de Loures. 1994.

coentros, colorau, estragão,hortelã-pimenta, funcno, louro,

manjericão, orégãos, pimentão,

poejo, salsa, sálvla, segurelhaoutomimo.

Multas vezes as caldeiradas e as

Jardineiras dispensam ou reque-rem quantidade mínima de

gordura, podendo utlllzar-se rala

ou peixes sem espinha Ccomo o

cação ou o tamboril], batata,tomate, coentros, pimento e

louro. Os peixes ou as carnespodem ser colocados emcamadas alternadas com cebola,

pimento, alho ou tomate, e aroma-tizados com vinho; pode tambémacrescentar-se salsa, louro

e temperar com pimentaoucravinho.

Nos estufados, pode optar-sepor refogar a cebola, em

quantidade generosa, numa

mistura de água e pouca gordura,acrescentando-se sempre mais

água. 0 aquecimento prévio de

carnes, peixes e aves gordospodem libertar gorduras pararejeitar. Nos cozinhados, podeutlllzar-se alhos esmagados,salsa, louro, pimenta, noz--moscada ou outros temperosa gosto, que podem regar-secom pequenas quantidades decaldos concentrados ou vinhos.

Aos alimentos a estufar pode

juntar-se ervilhas ou castanhas,que fornecem energia saudável

proveniente de hidratosde carbono.

Nos assados, se as carnes forem

magras, pode utilizar-se um

pouco de gordura Cazelte, por

exemplo). Outra solução commenor valor energético, por

dispensar gordura, consiste em

assar os alimentos Ccosteletas,

carapaus, lombos de palmeta,douradas e outros) com as suas

próprias marlnadas de vinho ou

limão, salsa, alho, polpa de

tomate, plmentão-doce, louro,

estragão, funcho ou outroscondimentos. Enorme ajuda na

preparação de assados é a

utilização de ervas como rosma-ninho, orégãos. sálvia e louro, ou

alho, cebola e tomilho. Além das

ervas, pode usar-se especiarias:plmenta-branca ou preta, canela.

cravinho. noz-moscada,plmentão-doce e gengibre. Pode

Juntar as ervas ao alimento na

primeira fase do cozinhado, paraque este absorva os aromas, mascom o cuidado de não usar uma

dose excessiva. Se as ervasdevem Juntar-se no Inicio da coze-dura, sucede o Inverso com as

especiarias que, se sofrem uma

longa exposição ao calor, perdemtodo o seu perfume e caracterís-ticas, devendo por Isso seradicionadas no fim do tempo de

confecção, quinze ou vinte minu-

tos antes de terminar a cozedura.(Fonte: Obesidade -Muito Peso.

varias Meaiaas. Pedro Moreira.

Colecção Compreender a Doença,

AmDar.2oosJ

Amanhar, retirar cabeças e lavar as sardi-

nhas; deixá-las durante duas a três horas

temperadas com vinagre ou sumo delimão (0,5 dl por cada dúzia), pimenta e sal.

Untar com azeite o fundo de uni tabuleirode ir ao forno e forrá-lo com rodelas finasde cebola; dispor as sardinhas, depois deenvolvidas com a seguinte mistura: alho,cebola, chouriço de carne sem tripa e salsa,

tudo muito bem picado, e pão ralado.Vão a forno bem quente, ficam prontas emvinte minutos; é necessário regar as sardi-nhas de vez em quando com o molho quese vai juntando no tabuleiro. Servir combatatas cozidas ou puré, e uma salada.

Em Ementas Saudáveis úo Município úe Loures.

Câmara Municipal de Loures, 1994

Descascar a cebola. Lavá-la e picá-la fina-mente para um tacho.

Lavar, descascar, partir o tomate aos peda-ços e juntá-los à cebola.Juntar o azeite, a água e deixar refogarum pouco.Adicionar a folha de louro lavada c o feijãocozido. Deixar levantar fervura.Adicionar os ovos ao feijão, deixando-osescalfar em lume brando.

Sugere-se que este prato seja acompanha-do com arroz simples.Receita adaptada por Patrícia Padrão (nutricio-

nista da FCNAUP) e utilizada em cursos dirigidos ã

comunidade.

SARDINHAS SALOIAS

>Sardinhas

>Chouriço>Batatas>Salada>Cebola

>Salsa

>Aiho

>Llmão ou vinagre>Plmenta>sai>Azeite>Pão ralado

FEIJÃO COM OVOS ESCALFADOS

>280 g f eiiSo vermelho cozido>TomatQ maduro (3 a 4 unidadQS)

>1 cebola pequena>2 ovos

>ic.sopadQazeitQ>Ic. sopa de água>ifolna de louro

>Pim9ntaq.D.

RANCHO

>280 g de grão-de-Dico cozido

>Massa de cotovelos q.d.

>Brócoios ou couve q D.

>120 g de carne magra>V 4salplcSo>1 cebola

>Tomate maduro (4 unidades)>1 a 2 cenouras>2 folhas de louro

>Salsaq.D.

>Água q.b

>vmnoDrancoq.D.

Lavar as cenouras, as cebolas e o tomate e

descascá-los.

Lavar o louro e a salsa.

Lavar a carne e parti-la em cubos. Lavar o

salpicão, descascá-lo e parti-lo às rodelas.Picar a cebola para um tacho. Juntar o to-mate e a cenoura aos cubos, o louro e o ra-mo de salsa. Juntar a carne e o salpicão.Acrescentar água e vinho branco.Cozer tudo junto, de preferência na pane-la de pressão, cerca de vinte minutos, de-

pois de ferver.Acrescentar o grão, os brócolos ou a cou-ve e a massa. Voltar a fechar a panela e

deixar cozer 15 minutos.Rectificar os temperos no final.Receita adaptada por Patrícia Padrão [nutricio-

nista da FCNAUP) e utilizada em cursos dirigidos

â comunidade.

Ao longo do tempoHá cerca de dez mH anoso homem começa aseleccionar e mais tardea cruzar as plantas e os

animais, a fim de

memorá-las para usoe consumo.

EmiB6somongeaustríaco Gregor Mendel

descobre as leis da

transmissão de caracte-rísticas de uma geraçãopara a seguinte esta-belecendo as basesda genética.Emi9s3aestruturamolecular do ADNé

descrita pelo norte-amencano JamesWatsone pelo inglês

cncKFrancis.

possibllltandoonascimento e o

desenvolvimento da

moderna biotecnologia.Em 1972 o bioquímico Paul

Bergconseguecomblnarduas moléculas de ADN

em laboratório, criando a

técnica do ADN recombl-

nante.Em 1978 cientistas nos

Estados Unidos são bem

sucedidos na produçãode Insulina humana emlaboratório com

microrganismos geneti-camente modificados.Em 1983 trêsgruposdecientistas em simultâneo

tiveram sucesso numa

transgénese- Introduzi-

ram os genes de umabactéria em plantas -.desenvolvendo assim as

primeiras plantas trans-génicas.Em 1994 a primeira Intro-

dução comercial deuma planta

geneticamente modifi-cada - uma variedadede tomate com matura-ção retardada - tem

lugar nos EstadosUnidos.

Actualmente 25 paísesproduzem plantas GM

(entre eles. o Brasil e

Portugal]; 29 paísesImportam produtos GM.

Além da agricultura, a

biotecnologia ê

utilizada na medicina,indústria farmacêutica,indústria alimentar, na

criação de gado e naindústria de artigosde higiene.CFonteXß. Conselho

de informaçõQS soDre

Biotecnologia, Brasil)

A polémica mais recenteA Comissão Europeiaacaba de autorizar a

colocação no mercadoda batata Amf lora. um

tipo de batata GM. o quevelo reavivar a

controvérsia sobre os

transgénlcos.Opresidente do Centro de

informação de Biotecno-

logia, em Lisboa, emitiuum comunicado, quepublicamos, paraarrefecer os ânimos edescansar osconsumi-dores: «A finalidade da

modificação genéticaIntroduzida ê a

obtenção de um amido

que depois de

processado nãogeliflca.podendo ser utilizado na

produção de papel e decolas. Apôs

processamento, os

subprodutos destabatata poderão ser

utilizados para raçõespara gado. As

variedades vegetaismelhoradas com

recurso ã tecnologia do

ADN recomblnante

ocuparam no ano de2009 cerca de dez porcento do solo arávelmundial (134 milhões de

hectares) em 25 países,crescendo a sua utiliza-

ção ao ritmo de cerca de

dez por cento ao ano.

Calcula-se que cemmiinões de refeiçõestenham sido confeccio-nadas com produtosprovenientes destasvariedades vegetais e

em Portugal a grandemaioria das rações paragalinhas, porcos e

vacas contêm farinhasde variedades OGM demuno e soja. como não ê

possível provar a toxici-

dade ou a alerge-nicidade dos produtosdesta tecnologia,porque não são de factonocivos, os movimentos

antltransgénlcos dizem

agora, na sequência da

aprovação desta batatatransgénica, que podeaumentar a resistênciaaos antibióticos. Que

por Isso pode aumentara Incidência da tubercu-

lose. É um facto que,para se seleccionar estabatata transgénica foi

utilizado um gene quecodifica uma proteínaque degrada um anti-biótico denominadocanamlcina. Mas

vejamos setem algumsentido dizer que estaestratégia vai aumentara resistência ã canaml-cina em bactérias pato-

gênlcas- a batata agora »

nal, os produtores, os investigadores da área,os ambientalistas e até o Movimento dosSem Terra. Quando o assunto é engenhariagenética aplicada na agricultura, no Brasil

ou em qualquer parte do mundo, só se podeter uma de duas posições: ou se é contra ouse é a favor; a indiferença ou o meio-termonão tem lugar nesta discussão que há anosalimenta polémicas e incendeia ânimos. Ex-

cepções à parte, regra geral o tema colocacientistas e agricultores de um lado, am-bientalistas do outro. Roberto recorda-sedesse impasse como se tivesse acontecidoontem e ficou satisfeito quando o cultivo de

soja transgénica no Paraná teve luz verde

para avançar.Depois da plantação de soja, leva-nos a

ver o campo de milho. Abre uma espiga, ex-pondo a maçaroca para vermos que «está

limpa», sem lagarta. «Quando tinha milhoconvencional, não podia mostrar-lhe umaespiga assim. Esta tem mais grãos do que as

espigas de milho convencional, porque temmais fileiras \percorre-as com um dedo para as

contar] c é por essa razão também que o Bt

produz mais.» Enquanto calcorreamos a

plantação de milho Bt, o agricultor apontapara lá do milharal, para um local que os

olhos não alcançam. «Mais à frente tenho o

refúgio». «No caso da soja transgénica não é

preciso, uma vez que não há risco de polini-zação, mas para o milho transgénico é acon-selhável, é a melhor maneira de reduzir orisco de as pragas ganharem resistência ao

Bt». Traduzindo: no caso específico do mi-lho Bt, os insectos naturalmente resistentes

podem sobreviver e transmitir a resistência

a gerações futuras de insectos, mas esse ris-

co, esclarecem os investigadores na área,

«pode ser minimizado se se adoptarem me-didas adequadas», entre as quais o refúgio.Este é um problema sério e real com que da-

qui a uns anos poderão confrontar-se os

agricultores que usam as variedades trans-

génicas, assim como já acontece com as va-riedades convencionais, «caso não usemmanejo adequado». Marcelo Gravina deMoraes é investigador em Fitopatologia e

Biologia Molecular Vegetal e professor daFaculdade de Agronomia da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, e em declara-

ções à nm reforçou «a importância do refú-

gio nos casos em que são necessários», co-mo o do milho Bt. Também em Portugal, os

produtores de variedades de milho Bt (Mon810) - o único autorizado para cultivo emPortugal e na Europa- devem semearzonasde refúgio com variedades convencionaisde pelo menos vinte por cento da área totaldo campo semeado com a variedade geneti-camente modificada - por exemplo, numaexploração de dez hectares, oito podem serde milho Bt e dois de refúgio com milho con-vencional. O refúgio deve ser semeado jun-to ao milho Bt, com uma variedade conven-cional de ciclo (mesma data de floração) e

data de sementeira similar e nunca a mais de

750 metros (Decreto-Lei n.° 160/2005 de 21

de Setembro).Sehápaíses,comoo Brasil e Portugal, que

tentam acautelar problemas futuros, no ca-so da China desconhece-se o que pretendefazer com o arroz Bt, a primeira variedadede arroz transgénico aprovada no país e cu-

ja produção em grande escala deverá ter iní-cio dentro de dois ou três anos. Se não fizer

refugio, «mais cedo ou mais tarde, irá deba-

ter-se com a resistência dos insectos ao Bt»,adverte Marcelo Gravina de Moraes.

O agricultor Roberto Fróes é o que no Bra-sil se considera um grande produtor de se-

mentes. Toda a produção encontra escoa-mento no mercado interno. Os seus clientes

são agricultores brasileiros que produzempara bens alimentares e processamento. As

sementes de soja que não têm qualidade su-ficiente para comercializar, transforma-asem óleo alimentar. É num grande armazém

que guarda os grãos, em sacos feitos de ummaterial próprio para os manter nas melho-res condições. Os sacos amontoam-se emblocos, uns em cima dos outros quase até ao

tecto, formando corredores com a configu-ração de ruas, como se fossem quarteirões.Pelas suas contas, estarão aqui uns 120 mil

sacos, de quarenta quilos cada um.

Refugiotransgénica não é

preciso. No milho, orefúgio é a melhor

maneira de reduzir3 risco de as pragas

ganharemresistência ao Bt. »

Antes de serem comercializados, os grãossão «submetidos a testes e análises para, en-tre outros parâmetros, aferir a percentagemde germinação (obrigatório um mínimo deoitenta por cento) e se não contêm mistu-ras». Segue-se a certificação e a aprovaçãopara irem para o mercado. Pelo uso da sojaRoundup Ready, os produtores pagam royal-ties às multinacionais que desenvolvem a

tecnologia, no caso a Monsanto. Por quilo de

semente obtida na colheita, as empresas de

sementes, de agrobiotecnologia ou de agro--químicos recebem R$ 0,44. A cobrança po-deria encarecer o custo de produção, tendo

impacte na rendibilidade final, mas Rober-to Fróes explica que também tem de pagarroyalties pela soja convencional, o que, emsua opinião «vai dar ao mesmo». Este agri-cultor de Londrina está conformado e é dos

que não fazem «onda na hora de pagar»,mas o pagamento de royalties às multinacio-nais como a Monsanto, nas mãos de quemestá a esmagadora percentagem das paten-tes de sementes, não é pacífica. Muitos pro-dutores, sobretudo do estado do Rio Grandedo Sul, questionam a legitimidade da co-

brança e reclamam o «direito de reservaremsementes de soj a transgénica para replantá-las e revenderem a produção sem terem de,

por isso, pagar à multinacional». Esta quês-

aprovada não é paraalimentação humana; se

fosse, não seria consu-mida crua e a sua

confecção degradaria o

ADN nela contido; e sefosse consumida crua.os processosdigestivos degradariama sequência de ADN quecodifica a proteína queconfere a resistência ao

antibiótico Ccomo de

resto faz a todo o ADN

que todos os dias

consumimos); seporventura algum ADN

contendo a sequênciaIntacta do geneconseguisse chegarao nosso intestino, a

proDaDiiidade de serincorporado por algumabactéria do nossotracto intestinal seriaínfima; se fosse Incorpo-rado em algumabactéria seria multo

provavelmente

degradado pelo sistemabactenano que previnea Incorporação de ADN

estranho no seu

genoma; se mesmoassim conseguisse serIntegrado no genomabacterlano.ogenedificilmente seria lido

pelo metabolismo bacte-nano.já que a sua leiturasó se pode fazer em

plantas: é ainda precisoter em conta que cercade cinquenta por centodas bactérias têmjámarcas de resistênciaã canamlclna; a canaml-cinaé raramenteutilizada porque tem

efeitos secundários

complicados. É verdade

que ê considerada comoantibiótico de segundaimna no tratamento da

tuberculose, mas é

também verdade queexistem estirpes debacilos da tuberculoseresistentes à

canamlclna.Não têm. portanto,qualquer sentido as

posições públicastomadas por activistas

pouco sérios quandoreferem que esta batatatransgénica é um risco

para a saúde humana.Não existe também qual-

quer sentido em falar no

perigo da dispersão do

pólen e numa hipotéticaperda de blodlversldade.visto o pólen da batatanão se dispersar, e vistoa colheita ser. em geral,feita antes da floração.Por estes motivos a

aprovação pelacomissão Europeia não

cria nenhum risco acres-cido nem para as

populações, nem parao ambiente. De resto,é uma aprovaçãobaseada em parecerescientíficos,nomeadamenteos emitidos peiaAutoridade Europeia de

Segurança Alimentar

CEFSAí, que reiterama segurança destavariedade de batata e da

construção genéticanela Inserida.»

Todos os dias,à nossa mesaHá mais de duasdécadas que bactérias,leveduras e fungosgeneticamentemodificados têm vindo

a ser utilizados directa-mente nos processos

de fermentação, con-

servação e desenvolvi-mento de sabores e

aromas em muitos dos

produtos alimentares

que consumimos diaria-

mente, tais como

logurtes, queijos,saisicnas e carnes frias,

legumes em conserva,pão. massas, cerveja,vinho, sumos de frutas,adoçantes, óleos

alimentares, ketchups...

As maravilhasde que fala a ciênciaA modificação genéticade piantasjã permite:> Fruta e verduras quelevam mais tempo paraamadurecer, reduzindo

perdas de deterioração.> Plantas com valornutrlclonal enriquecido,

como o arroz que contém

prõ-vitamlnaA.

> Plantas que estão mais

bem adaptadas âscondl-

çSes ambientais

adversas, como a seca ou

oexcessodesannidaoedossoios.

> Plantas resistentesa Insectos e a vírus e tole-

rantes a herblcidas:

> Até agora, em anos de

investigação e aplicaçãoda biotecnologia, não exis-

tem dados científicos que

provemque as plantas GM

fazem mais mal ã saúde eao ambiente do que asplantas produzidas em

agricultura convencionai

Cou seja, com recurso a

químicos de síntese).

tao apenas se coloca para a soja, porque e

uma planta que se autopoliniza e, portanto,as sementes mantêm as características de

geração para geração; no caso do milho oudo algodão, isso não acontece.

Showroom de tecnologiaA quatrocentos quilómetros de Londrina,em Cascavel, decorre o evento mais espera-do pelos agricultores brasileiros. A Feira da

Coopavel, Cooperativa Agroindustrial, é

uma feira rural que se realiza há 22 anos e à

qual se deslocam milhares de pessoas de to-do o Brasil, sobretudo produtores, para sa-

berem o que de novo a tecnologia pode fazer

pela agropecuária, não só em máquinas mastambém em biotecnologia. E para que não

restem dúvidas sobre o efeito da aplicaçãoda tecnologia nas plantas, as empresas que adesenvolvem - algumas também aqui estão

presentes - têm lotes de milho e de sojatransgénicos, cada um com uma placa ondeidentificam a variedade exposta.

Uma coisa é certa: independentementedos argumentos pró e contraos transgénicos,

para os agricultores aqui presentes a utiliza-

ção de sementes geneticamente modificadastraz-lhes mais vantagens económicas do queas variedades convencionais. Isso testemu-nha Eudices Capeleto, proprietário de umafazenda de 330 hectares, onde produz soja emilho. «Com a introdução das variedades

transgénicas (soja RR e milho Bt), reduzimuito a aplicação de insecticida e de herbici-da. Chegava a perder cinquenta por cento dasafra de milho convencional por causa da la-

garta do cartucho e para evitar essa perda ti-nha de fazer oito a dez pulverizações de pro-duto químico para a matar. Agora isso aca-bou.» Carlos Zuqueto também produz sojaemilho transgénicos numa área de 725 hecta-res. Em 32 anos de trabalho na lavoura, «nun-ca tive tanta produção como agora». Dá o

exemplo da soja: «O mato não deixava a sojadesenvolver-se. Aqui no Paraná o mato dá-se

muito bem.éuma praga, eparaocontrolarti-nha de fazer várias aplicações de herbicida.Com o glifosato, não tenho mais esse proble-ma» [o glifosato c o herbicida para controlodas ervas daninhas, ao qual a soja RR é tole-

rante] . Arnaud Dresh tem 280 hectares e Re-natoCarvalhotem apenas cinquenta, ambos

produzem soja e milho transgénicos e trigoconvencional e também eles salientam as

vantagens das culturas transgénicas para o

agricultor. Os argumentos não diferem: di-zem que conseguiram reduzir entre quatro edez as aplicações de herbicida e de insectici-

da, sendo que quando as fazem «o princípioactivo é menos agressivo e a dosagem é me-nor» («logo, é mais benéfico para o ambien-

te»), consomem «menos água» c gastam«menos combustível». Os agricultores nãovêm a hora de surgirem no mercado as varie-dades resistentes à seca e a doenças, que porenquanto estão em fase de experimentação.

Prova«Até ao momento,

em 15 anos de OGMem produtos

alimentares, não hánenhuma evidência

de que façammal à saúde e ao

ambiente.»

Se as vantagens económicas para os agri-cultores não levantam muitas dúvidas, pelomenos para os próprios, o mesmo não acon-tece no que se refere à saúde humana e ao

ambiente. A sua produção prejudica ou não

a biodiversidade? Se ingerirmos um produ-to alimentar que contém derivados geneti-camente modificados (GM) ou a carne de

um animal alimentado com rações que con-têm farinhas de variedade GM, faz-nos malà saúde ou não? São questões tão complexas

que exigem respostas minuciosas, impossí-veis de caber em meia dúzia de linhas. Masem síntese, o que os cientistas que investi-

gam e desenvolvem plantas geneticamentemodificadas - e não nos referimos aos quetrabalham para as empresas multinacio-nais, sob o risco de defenderem exclusiva-mente os interesses económicos de quemlhes paga o salário, como a Monsanto, a

Bayer, a Syngenta, a Dow, a BASF e aDuPont(destas, a Monsanto é a que possui mais de

noventa por cento de todo o mercado de se-mentes transgénicas) , estamos a referir- nos

a cientistas que fazem investigação no âmbi-to das universidades - é que «até ao momen-to, em 15 anos de OGM em produtos alimen-

tares, não há nenhuma evidência de que te-nham impactes negativos nasaúde humanae no ambiente». No Brasil, não são só as em-presas privadas que fazem investigação emengenharia genética na agricultura, um sec-tor com um enorme peso económico nopaís. A Escola Superior de Agricultura LuizQueiroz - ESALQ, da Universidade de São

Paulo, tem uma vasta equipa de professores

investigadores que desenvolvem projectosnos mais diversos domínios, entre os quais a

engenharia genética de plantas.Alda Lerayer dirige o Conselho de Infor-

mações sobre Biotecnologia (CIB/Brasil),foi professora na ESALQ, dedicou-se duran-te anos à investigação nesta área e não en-tende por que razão os OGM ainda são alvode tanta controvérsia no mundo. «Não so-mos nós, cientistas, também consumidores?Não estamos nós também interessados emcomer alimentos que não nos façam mal à

saúde? Não queremos nós, cientistas, quea natureza não seja prejudicada? E não são

os agricultores os primeiros consumidoresdo que produzem?». Numa sala de confe-rências na Feira Coopavel, Alda explica tin-tim por tintim todo o processo de melhora-mento genético de uma planta: «Primeiro, o

geneticista procura o gene, a característica

que quer utilizar para melhorar a planta e

criar, desta forma, uma nova variedade»...e por aí fora. «Não somos uns loucos que es-tão abrincar com a saúde das pessoas, fazen-do de conta que somos cientistas. O trabalho

que está a ser feito é sério, tem fundamentoscientíficos.» Recordao passado: «Se pensar-mos nas técnicas primitivas aplicadas a

plantas, vemos que a biotecnologia - a base

para as culturas geneticamente modificadas- é um campo de conhecimento que remon-ta há milhares de anos ou mesmo aos tem-pos pré-históricos. Mesmo antes da desco-berta dagenética, nos processos de fermen-

tação utilizados na produção de queijos,vinhos, pão e iogurte já se aplicavam formasrudimentares de biotecnologia.» Paraa pre-sidente do CIB/Brasil, «as culturas GM são

nada mais que a evolução das técnicas de hámilénios». A Greenpeace, por seu lado, lem-bra o Protocolo de Cartagena sobre Biosse-

gurança, alegando que «a sua assinatura sig-nifica o reconhecimento de que a engenha-ria genética pode trazer danos ao meioambiente e à saúde humana, necessitando,

portanto, de ser controlada». O Protocolo é

um tratado, aprovado em Janeiro de 2000 eem vigor desde Setembro de 2003, criado

para «ajudar a garantir um nível adequadode protecção no domínio da transferência,da manipulação e da utilização de organis-mos vivos modificados resultantes da bio-tecnologiamoderna». Entre os países signa-tários, estão o Brasil e Portugal.

Um dos argumentos contra os transgéni-cos e com peso na opinião pública é o da pro-va não provada. Alegam os movimentos an-ti-OGM que «não existem provas inequívo-cas de que os transgénicos são cem porcento seguros», apesar de, até hoje, depoisde anos de utilização da tecnologia, «não te-rem surgido problemas para a saúde e parao ambiente». A comunidade científica quetrabalha na área não garante risco zero, por-que «em ciência não há risco zero», daí a

obrigatoriedade de seguir os protocolos de

biossegurança elaborados pela OrganizaçãoMundial de Saúde; o que garante é que os

transgénicos «não são mais nocivos do queos produtos da agricultura convencional».Em todo o caso, o princípio da precaução, sa-lientaAlda Lerayer, dita que «em caso de dú-

vida, a variedade transgénica não entra nomercado». «Os opositores dizem que pelofacto de não haver evidências de efeitos ne-gativos não significa que não existam. Per-

gunto quantos mais anos terão de passar pa-ra a tecnologia ser considerada segura, see-la já está há 25 anos no nosso dia-a-dia?A análise de biossegurança é feita caso a ca-

so, analisa-se individualmente cada evento

geneticamente modificado. E, antes mesmodisso, a escolha do gene a ser trabalhado é

feita com base em histórico seguro de con-

sumo, ou seja, os estudos consideram genes

que já estão incorporados na alimentação».Em todo o caso, algum crédito terão entida-

des como a Organização Mundial de Saúde,

que preparou uma lista de perguntas e res-

postas sobre a natureza e asegurançados pro-dutos alimentares geneticamente modifica-dos (www.cibpt.org/docs/faqs2oqtsalimcn-tosgm-oms-2004.pdf). Ou como a EFSA,Autoridade Europeia para a Segurança Ali-mentar, que tem, entre outros, um painel decientistas específico para analisar OGM, e

que também responde a algumas das pergun-tas mais frequentes relativamente a legisla-

ção e a avaliação dos riscos (www.cibpt.org/docs/faq-efsa-gmo-risk-assessment.pdf).Oucomo a FAO, Organização das Nações Unidas

para aAgricultura e aAlimentação, que não se

cansade emitir esclarecimentos com o fim dedescansar os consumidores.

No caso particular do Brasil, é a Lei de

Biossegurança que determina as regras pa-ra a autorização de novos transgénicos. Pa-

ra ser cultivada com fins comerciais e vendi-da aos consumidores c agricultores, uma no-va variedade precisa da aprovação de duasinstâncias públicas: a Comissão Técnica Na-cional de Biossegurança e o Conselho Na-cional de Biossegurança.

As variedades transgénicas actualmente

disponíveis são para a resistência ainsectos,tolerância a herbicidas e resistência a vírus

(papaia no Havai e courgettes nos EUA), mas

no futuro o objectivo da ciência é conseguirmelhorar muitas mais características numaplanta, por exemplo, torná-la resistente à se-

ca, ao excesso de salinidade, a metais pesa-dos no solo, controlar o seu amadurecimen-to. Ou produzir plantas que acumulam de-terminadas substâncias (por exemplo a

pró-vitaminaA) ouque acumulam menoresconteúdos de substâncias alergénicas (co-mo o glúten). As possibilidades são muitas e

a engenharia genética, diz quem com elatrabalha, é uma das tecnologias disponíveis

parao melhoramento vegetal, no sentido deobter produtos de qualidade». Isto, se forbem utilizada.«

Dieta Barriga Zero é o nome de um livro mas tam-bém é um plano alimentar que já convenceu milhõesde pessoas e que promete continuar a conquistar adep -

tos. —i O sucesso do programa de 32 dias assenta na

confecção dos pratos e na escolha dos ingredientesque permitem perder peso, volume e gordura ab-dominal. —

i O segredo das receitas que redefinema cintura e promovem a saúde está nos ácidos gor-dos monoinsaturados. —

i Por exemplo, o chocolate.—

i Ora saboreie com atenção.

H—^^ egue numa simples fitaH métrica a meça o seu pe-H rímetro abdominal. Mais

—^^L— de 102 centímetros nohomem e 88 na mulher e o diagnóstico estáfeito: obesidade abdominal. Grave? Sim!Feio? Também! Perturbador? Muito! Claro

que ninguém gosta de sentir a barriga volu-mosa e inchada. Pior, vencer a batalha do fe-cho éclair e conseguir enfiar-se dentro de

umas calças é um acto de heroísmo que nãodá qualquer prazer. Como se não bastasse, de

há uns tempos a esta parte, médicos e inves-

tigadores desataram a apregoar os perigos da

gordura abdominal, subcutânea e visceral.E se a primeira não agrada a ninguém por-que é deselegante - vê- se nos chamados

pneus -, a segunda não se vê mas é traiçoei-ra - envolve os órgãos nobres do abdómen

(pâncreas, intestino, fígado), altera o meta-bolismo das gorduras e do açúcar e predis-põe ao aparecimento de doenças cardiovas-

culares, diabetes tipo 11, cancro e demência.Se chegou até aqui, não entre em pâni-

co. Pelo contrário, aguente-se pois vamosfalar-lhe de um agradável plano alimen-tar que lhe permite eliminar a obesidadeabdominal e que, simultaneamente, lheredefine a silhueta. Acredite, pois a nm sa-be do que fala.

Uma estrela chamada MUFA

Já ouviu falar de um plano alimentar de ema-grecimento focado sobretudo na zona da

barriga? É provável que não, mas ele existe,é real, e integra refeições completas, gratifi-cantes e muito saborosas. O principal perigoda Dieta Barriga Zero, um regime alimentare título de um livro que foi recentemente lan-

çado, é querer continuar a comer assim parasempre e o seu grande segredo assenta na in-

gestão dagordura certa - os MUFA (a sigla da

tradução inglesa monounsaturatedfatty acids,

que em língua portuguesa significa ácidos

gordos monoinsaturados).Embora os MUFA sejam conhecidos de

toda a gente - agordura que se encontra noazeite e óleos vegetais, frutos secos e se-

mentes, abacate e chocolate preto - só re-

centemente foram comprovados os seusefeitos na redução e na prevenção do au-mento da gordura abdominal: o primeiroestudo que confirmou o poder «miraculo-so» dos MUFA foi publicado em 2007, narevista médicaD/abetes Care mas entretan-to muitos outros vieram atestar o mesmo.Por exemplo, «investigadores australianosescolheram aleatoriamente homens comexcesso de peso para várias dietas de qua-tro semanas, com o mesmo nível de calo-rias e diferentes quantidades de gordurasaturada, monoinsaturadae polinsaturada.A dieta rica em MUFA resultou numa re-dução do peso total do corpo e da gorduracorporal. Os autores concluíram que umadieta rica em MUFA pode induzir uma per-da significativa de peso corporal e da mas-

VJJOJaILLi cl Ou é deselegante outraiçoeira Aumenta o risco de vir adesenvolver doenças cardiovasculares,diabetes tipo 11, cancro e demência.

Emagrecer a ler

Keprogramara menteÉ através da hlpnoterapla quePaul Mckenna, um nutricionistanorte-amerlcano, prometerevolucionar o mundo dasdietas. Aliás, o autor acha que o

principal obstáculo â perda de

peso são precisamente as

dietas-' «Só se revelam eficazesem dez por cento das pessoasque as praticam e, destas, amaioria volta a engordar.»Assim, a proposta deste espe-cialista é um convite «a fazer

algo completamentediferente». Quer reprogramar a

mente? Se a Ideia se afiguratentadora, fique desde Jã a

saber que o livro é vendido com

um «CD de programação da

mente para perda de peso» quegarante arrastar qualquerpessoa «para um estado de

relaxamento natural quepermite reprogramar o seu

computador -o seuinconsciente - para que mude a

sua forma de pensar na comida

e se sinta melhor consigopróprio.» Paul Mckenna

promete fazer-mesugestSesque o ajudarão a mudar o seu

comportamento, a comermelhor, a acelerar o

metabolismo e a fugir da

fixação pela comida.

0 CD não pode ser ouvido

enquanto se está a conduzirou a operar máquinaspesadas e pessoas com

epilepsia ou depressãotambém não devem escutá-lo

sem recomendação médica

expressa, se não for esseoseu caso. fique a saber quepara iniciar este tratamentode perda de peso deve ter pelomenos mela hora disponível

para ouvir o CD. Quanto maisvezes o ouvir mais aprendesobre técnicas psicológicas

diversas que lhe facultarão osinstrumentos necessáriospara controlar a mente a seu

bei-prazereemagrecer.Quemo garante é o autor.Eu Consigo puc você

Emagreça. Paul Mckenna. Lua

de Papel C€ 12.60)

Verdade ouconsequência?Neste livro, o médico FernandoPóvoas explica porque é que a

força de vontade é o grandealento de quem quer

emagrecer, desmistlflcaideias sobre obesidade,

alimentação e dietas e ensinaa perder peso e a manter o

peso. o especialista em

nutrição diz que os obesos

sa gorda sem alterar a ingestão total de ca-lorias ou gordura.»

E ao quarto dia...A Dieta Barriga Zero faz-se durante 32 dias

-os primeiros quatro constituem uma espé-cie de plano de ataque ao inchaço abdomi-nal. São os mais restritivos mas, conforme as

características individuais de cada pessoa,permitem perder algum peso e vários centí-metros de volume. Com os resultados à vis-

ta, Liz Vaccariello, a autora do livro, diz quese pretende «originar um crescendo de mo-tivação e energia que predispõe a levar este

programa até ao fim com sucesso.»

E de facto, aquela «receita» gera deter-

minação: «Não há nada mais gratificantee que faça aumentar mais a confiançaquando se inicia um novo plano dieta do

que conseguir ver - quase imediatamente- as calças a ficarem mais largas, os ossosdos maxilares mais visíveis, os músculosdefinidos. Isso promove o desejo e o em-penho de ser bem sucedido. E é isso quequero que este livro lhe traga, mais do quequalquer outra coisa.»

O plano de quatro dias inclui quatro re-feições diárias, mais pequenas e menos ca-lóricas (1200 quilocalorias) do que aque-las que fazemos habitualmente e do que as

devem emagrecer para seremmais felizes, saudáveis,

bonitos, confiantes e competi-tivos. Ou mesmo para serem

exemplo a seguir pelos filhos.

Numa viagem à volta do mundo.

Fernando Póvoas aponta ascausas do aumento daobesidade e reflecte sobre assuas consequências para osdoentes e para as nações.Numa escrita acessível e infor-

mativa, o médico decifra o pesodas determinantes sociais e da

herança genética, avalia os

prós e os contras dosdiferentes tipos de dieta epropõe a sua. Ea dieta deFernando Póvoas baseia-se,conforme ele mesmo diz, «noconsumo de todo o tipo de

nutrientes, na liberdade umavez por semana, num dia â

escolha; no controlo do emagre-cimento pela roupa e não pela

balança». Um livro gueenstnaeainda oferece truques, dicas e

receitas apetitosas e nutricio-

nalmente equilibradas.Emagrecer com sucesso.Fernando Póvoas, Esfera dosLivros C€ 11,703

Aprendera boa formaDas dietas da moda ao Ql alimen-

tar, das calorias ao diferencial

energético. Comer para Ficar naLlnhaê um gula sobre alimenta-

ção saudável queaponta várioscamlnhosem busca de umadieta equilibrada. Joanna Hall.

uma especialista britânica em

fltness. dieta e estilo de vida.ensina a consumir os carboidra-tos. a fazer uma lista de

comprase a ler os rótulos dosaumentos. Munidos de

pequenos truques que podem

fazer a diferença, temos mais

capacidade para fazer boasescolhas no supermercado e

para preparar refeições mais

apetitosas, saudáveis e menoscalôrlcas. 0 que comer, como

comer e quando comer, num

livro fácil de ler e de usar e comreceitas para toda a família.

Comer para Ficar na Linha.

Joanna Hall. Booksmlle Ce 8,99)

que se seguem na Dieta Barriga Zero(1600 quilocalorias). Ao contrário do quepossa pensar, estes quatro dias não são umsuplício. Longe disso. As refeições indica-das saciam completamente e ainda disci-

plinam o organismo para a rotina das qua-tro refeições diárias que a autora promove.

No livro encontra uma lista de compraspara este plano alimentar de ataque e re-ceitas das diferentes refeições, que deve

cumprir à risca - vá lá, toda a gente convi-ve com uma disciplina férrea só por quatrodias e, além disso, as receitas constituemuma agradável surpresa. Atente só nalguns

EstranhoPara perder

gordura abdominaldeve comer chocola-

te preto, bolos defrutos secos e outras

iguarias ricas emácidos gordos

monoinsaturados.

dos ingredientes: tomate, batatas, courget-tes, pepinos, cogumelos, mirtilos, moran-gos, pêras, pêssegos, arroz e massa inte-gral, sementes de girassol, uvas-passas,ameixas secas, fiambre de peru/frango, ba-calhau, peito de frango, atum ao natural,leite magro, queijo light (por exemplo, mv-zarella fresca) cornflakes sem açúcar, flocosde aveia, azeite, vinagre balsâmico, ervasaromáticas várias (manjericão, rosmani-nho, hortelã) e pimenta, gengibre e oré-gãos. Nestes quatro dias não deverá usar sal

e deve beber bastante água.No livro, Liz Vaccariello explica tudo o

que deve fazer de forma muito simples e

divertida, incluindo o modo de confecçãodas refeições. E nestes quatro dias, quemfala em refeições, fala, por exemplo, numjantar de bacalhau grelhado com feijãoverde e batatas cozidas ou num bife de

frango grelhado, com arroz integral e co-gumelos salteados. Já o lanche varia entreum batido de mirtilos com sementes de gi-rassol ou um batido de pêssego com se-mentes de abóbora. Para o almoço deve

preparar cem gramas de fiambre de peruou uma lata de atum ao natural, um triân-gulo de queijo e uma salada de tomate. Demanhã, o dia pode começar com cereais

integrais sem açúcar, aos quais adicionasementes de girassol ou de abóbora, uvas-

-passas e leite magro. Em vez das passaspode optar por ameixas secas ou comeruma peça de fruta, por exemplo uma pêraou uma rodela de ananás.

Livre-se da gordura para semprePassados quatro dias já se sente c vê a mu-dança no corpo c quem experimenta estadieta quer tudo menos parar. Pelo contrá-rio, vai pensar nos disparates que são pro-metidos por dietas que recorrem a méto-dos extravagantes e vai lembrar-se que es-ta só afiança menos barriga abdominal.Entretanto, confirme que todo o corpoperdeu volume e prepare a despensa e a

arca frigorífica para as quatro semanasque se seguem.

Agora que entrou no período da liberda-de, acredite que vai comer muito bem. Ounão lhe apetece um linguado estufadocom limão acompanhado com batatas as-sadas e salada? Ou um arroz salteado de

vegetais com carne de vaca? E se for um bi-fe grelhado com molho balsâmico e pi-mentos grelhados? Abre o apetite, não é?

Mas o que ainda não sabe mas precisa desaber é que pode comer chocolate preto,bolos de frutos secos e outras iguarias. Bas-

ta que respeite o limite de quatrocentasquilocalorias por refeição, que nunca pas-se mais de quatro horas sem comer e quecoma um MUFA a cada refeição. As razões

para seguir estas regras estão no livro, as-sim como o cardápio das receitas a confec-rinnnr Difíril é só escolher «

Programa gourmetVoltar a ter cintura é algoao alcance de qualquer um.

Mas para isso tem de comer

azeitonas, chocolate, nozes,abacate ou outro alimentorico em ácidos gordosmonoinsaturados a todas as

refeições. Dieta Barriga Zeroé um livro mas também é um

plano alimentar que me permiteperder peso, volumee obesidade abdominal. Quem

perde em barriga ganha emsaúde e a nm garante-lhe queaté sabe bem perder um quilosacomer assim.Dieta Barriga Zero, de Llz

Vaccariello, uma edição Cardeno (€13,50)

O estilo de vida, nomeada-mente os hábitos alimenta-

res, têm uma influência mar-cante no aparecimento ou no agrava-mento das doenças crónicas nãotransmissíveis. «A obesidade, o aci-dente vascular cerebral, o enfarte do

miocárdio, as dislipidemias, a diabe-tes e alguns tipos de cancro são pato-logias com maior prevalência em

pessoas com uma alimentação dese-

quilibrada, rica em energia, produtosde origem animal, gordura, açúcar esal e pobre em legumes, fruta, peixee cereais completos», sublinha ElsaFeliciano, nutricionista da Associa-

ção Portuguesa dos Nutricionistas(APN). Além da alimentação, o se-dentarismo, o tabaco, o stress e o con-sumo excessivo de álcool tambémcontribuem para o seu incremento.Para evitar as doenças crónicas nãotransmissíveis, as medidas a tomarsão simples: aliar bons hábitos ali-mentares a uma actividade física re-gular. «Outra regra importante é agirquando o peso começa a aumentar,não deixando que se instalem muitosquilinhos, mais difíceis de perder»,aconselha a nutricionista.

O local de trabalho pode ser o inimi-go número um deste tipo de cuidados.E porquê? Porque é conhecido o stress

em que todos vivemos diariamente e o

pouco tempo que algumas profissõesdeixam para que a hora de alimenta-

ção continue a ser sagrada. Elsa Feli-ciano apresenta algumas sugestõespara minimizar este problema, suge-rindo que os bares e refeitórios das

empresas disponham de alimentos e

refeições mais equilibradas. «Algu-

mas empresas actualmente dispõemde ginásios para os trabalhadores po-derem praticar actividade física, ou-tras têm circuitos de manutenção nos

espaços exteriores ou celebram pro-tocolos com ginásios que garantemdescontos para os seus trabalhado-res», diz-nos.

A DESNUTRIÇÃOA deficiência de energia de um ou maisnutrientes é intitulada desnutrição.Como causas mais comuns para este

problema de saúde podemos referir «o

consumo alimentar e o acesso aos ali-mentos inadequados, a pobreza, a die-ta inapropriada e a redução voluntáriado consumo alimentar, devido a facto-res psicológicos», salienta a nutricio-nista Alexandra Bento. Como conse-

quência de tais comportamentos ali-mentares, pode verificar-se umaperda de peso involuntária, igual ou

superior a dez por cento, num espaçode seis meses, «pele seca, fadiga, irrita-bilidade, diminuição da actividade fí-sica e diminuição da resposta imune»,refere a presidente da APN.

Os idosos e as pessoas hospitalizadassão as que apresentam maiores riscosde desenvolverem estados de desnutri-

ção. «Um estudo realizado em Portu-

gal, pela professora Teresa Amaral, daFaculdade de Ciências da Nutrição e

Alimentação da Universidade do Por-to, verificou que entre 33 c 72 por cen-to dos doentes já se encontravam des-

nutridos no momento em que eram in-ternados no hospital e que muitosdeles pioravam o seu estado nutricio-nal durante o tempo de internamen-to», adianta Alexandra Bento.

> Aumente o aporteproteico Curti ovocozido por dia. carne,peixe, leite e derivados,assim como legumino-sas secas e frescas,que são excelentesfornecedores de pro-teínas vegetais).> Os hidratos de carbo-no. pouco refinados,devem fornecer pelomenos cinquenta porcento do total das calo-

rias diárias Carroz. mas-sas e pão de mistura

devem ser consumidosdiariamente).> Deve preferir azeite,õleos vegetais, mantei-

ga sem sal e gordurasprovenientes de peixes

gordos e de frutos olea-

ginosos como avelãs,nozes e amêndoas.> ingerir diariamente

hortaliças, legumes e

frutos, nomeadamenteos mais coloridos.

> A couve branca/repo-Iho. a cebola, o alho. as

malaguetas e o picante

podem dar um saborIntenso ao leite, o quepode desagradarao bebé.

> Beber agua C1.5 a 2litros por dia) e ingerir«pratos» ricos em águae fibras, como as sopas.> Não consumir bebidas

alcoólicas e reduzirou eliminar alimentos

multo processados e

ricos em aditivos, café,chá preto e outrasbebidas estimulantese/ou ricas em cafeína.

PESO A MAISTer excesso de peso também é si-

nónimo de um regime alimentarmenos correcto. Inclusive nosmais pequenos. Por isso, «os paisdevem dar o exemplo e adoptarum padrão alimentar saudável- obviamente, será difícil con-vencer uma criança a comer fru-ta à sobremesa se mais ninguémlá em casa o fizer», fundamentaClara Matos, nutricionista doCentro Hospitalar de Trás-os-- Montes e Alto Douro.

Umaalimentaçãosaudávelco-meça naprimeira refeição do dia.

«A jornada deve principiar comum pequeno-almoço equilibra-do e completo. Depois, ao longodo dia, é fundamental não estarmais do que três a quatro horas

sem comer, por fim, devemos as-

segurar que o jejum nocturnonão ultrapasse as dez horas»,aconselha Clara Matos. Paraalém de escolher conveniente-mente os alimentos, é importan-te saber escolher os métodos ctécnicas culinárias mais saudá-

veis. «As refeições devem ser pla-neadas com antecedência, pro-curando receitas de alimentaçãosaudável, com uma culináriasimples e agradável, dando pre-ferência aos cozidos, grelhados,estufados em cru sem refogadoprévio, ou assados simples, empapel de alumínio, com limão, to-mate e ervas aromáticas. Devemser evitadas, sempre que possí-vel, confecções culinárias muito

exigentes em gordura, como os

fritos, refogados, assados no for-

no», adianta a nutricionista.

A TODAS AS REFEIÇÕESAs refeições do almoço e do jan-tar devem começar sempre com

uma sopa de legumes. Mas paraalém de serem ingeridos na so-

pa, os legumes devem tambémconstituir metade do prato prin-cipal. «A carne e o peixe devem

ser consumidos na quantidadeindispensável, e nada mais do

que isso, e dando preferência ao

peixe e às carnes brancas. Rela-tivamente ao pão, batata, arroz,massa e leguminosas secas, po-dem e devem estar presentes na

alimentação. Quanto à fruta,cerca de três peças por dia, quepodem ser comidas à sobremesa

ou nas refeições intercalares»,explica Clara Matos. A regra de

ouro passa por variar o mais

possível de alimentos, não co-mer sempre as mesmas hortali-

ças, os mesmos legumes, os

mesmos frutos, as mesmas car-nes ou os mesmos peixes.

Os maus comportamentos ali-mentares têm como sentença aobesidade que, actualmente, «jáultrapassou largamente o pro-blema da subnutrição a nívelmundial, e é já considerada pelaOrganização Mundial de Saúde

como a epidemia global do sécu-

lo xxi, estimando-se que em2025 mais de cinquenta por cen-to da população mundial seráobesa», aleita Clara Matos. As es-

tatísticas não deixam margempara dúvidas: «A obesidade defi-nitivamente cruzou fronteiras edeixou de ser uma realidade queaté há pouco tempo apenas os

EUA e poucos outros países co-nheciam de perto. Aliás, Portu-

gal está entre os países europeuscom maior número de criançasobesas e com excesso de peso»,acrescenta a nutricionista.

A indústria alimentar pode ser

um parceiro importante na luta

«E fundamentalnãoestarmaisdoque três a quatrohoras sem comer

e devemosassegurar que

ojejum nocturnonão ultrapassaas dez horas.»

contra a obesidade infantil. «Tor-na-se obviamente necessárioacabar com os brindes nos pro-dutos alimentares destinados a

crianças e, acima de tudo, dever--se-á inovar eapostarnuma nova

formulação dos produtos ali-mentares, de forma a termosofertas saborosas e mais saudá-

veis», fundamenta Clara Matos.

à MESA NO FEMININO

As mulheres devem preocupar--se constantemente com a sua

alimentação. Não que o tenham

de fazer maioritariamentequando comparadas com os

homens, mas porque passampor fases decisivas em ter-mos de escolhas nutricionais.Referimo-nos à gravidez e à

amamentação. «Uma nutri-ção adequada é fundamen-tal para uma gestação semsobressaltos», explica NunoNunes, nutricionista noCentro Hospitalar de Setú-bal. O ácido fólico assume o

protagonismo ao ser consi-derado essencial para «o de-senvolvimento do tubo neu-ral, que é precursor do siste-

ma nervoso do bebé. A suacarência, nas primeiras oitosemanas de gestação, podeprovocar lesões irreversí-veis no futuro ser».

São também as mulheres

que mais aderem às famosasdietas da moda que podemtrazer graves consequênciasà sua saúde. «Muitas delassão desequilibradas, poden-do causar carências alimen-tares c nutricionais de váriaordem.» Se está a pensar fa-zer uma dieta, Nuno Nunesaconselha: «Deve procurarum nutricionista para a aju-dar a seguir uma dieta ade-

quada às suas particularida-des e necessidades pessoais.»

Por outro lado, são conhe-cidos os benefícios de algunsnutrientes (vitaminas, mi-nerais, aminoácidos, ácidos

gordos) no contributo paraos padrões de beleza femini-nos. «Estes nutrientes têmpropriedades potenciadorasdo desenvolvimento capilare cutâneo, com efeito anti-oxidante e antienvelheci-mento precoce, assim comooutros efeitos considerados

promotores e estimuladoresde ideais de belezaque se de-

sejam atingir», explica o nu-tricionista.

Uma alimentação saudá-vel, equilibrada e integradanum estilo de vida saudável,sem stress, tabaco, álcool eoutras substâncias tóxicas,pode contribuir decisiva-mente paraamanutenção de

um bom estado de saúde, o

que potência abeleza naturalde cada mulher. A mesma re-gra aplica-se aos homens!«

Espanha e a mudançade regime em PortugalNa Faculdade de Letras do Porto,

António Ventura vai falar sobre

escritores e jornalistas espanhóis

perante a mudança de regime em

Portugal. Quinta-feira, 18 horas.

ECONOMIA. 28

Procura do I.° empregopesa mais no NortePortugal tem 57,5 mil pessoas à

procura do primeiro emprego.Só no Norte estão 30,4 mil.

Procura do primeiro empregopesa mais na Região NorteRegião de Lisboa tem três vezes menos registos pelo INE e menos de metade pelo lEFP

PEDRO ARAÚ|[email protected]

No território continental, há 575 milha-

res de pessoas à procura do primeiro

emprego, sendo 30,4 milhares do Nor-

te e 8700 de Lisboa e Vale do Tejo. A

desproporção é coerente com os regis-tos nos centros de emprego: Norte tem19 192 contra 7485 da Região de Lisboa.

Segundo Pedro Portugal - es-

pecialista em economia do traba-lho, consultor do Banco de Por-tugal e professor da UniversidadeNova de Lisboa -, o peso da Re-gião Norte na procura de primei-ro emprego tem de ser relativiza-da com o peso da população jo-vem nas regiões em análise. De

acordo com os últimos dados doInstituto Nacional de Estatística,há 458 624 jovens na faixa etáriados 15-24 anos a residir no Norte,mais 171 121 do que na Região deLisboa e Vale do Tejo.

Há também que ter em conta o

peso das insolvências no Norte,factor que tem efeitos directos naoferta de primeiros (ou novos)empregos. Três distritos do Nor-te (Porto, Braga e Aveiro) repre-sentaram metade das 4450 acçõesde insolvência de 2009, de acordocom os dados da CofaceMope.

De qualquer forma, os núme-ros do INE e do Instituto de Em-prego e Formação Profissional

(lEFP) mostram bem o fosso quesepara as regiões do Norte e deLisboa. Cingindo-nos aos núme-ros do continente, o INE dá conta57 500 activos à procura do pri-meiro emprego (mais 1400 do

que em 2008), 52,8% dos quais es-tão no Norte e apenas 15,1% na re-gião da capital. Uma distância en-tre as duas regiões de 37,7 pontospercentuais. No lEFP, o universodo continente é de 37 556, estando19 192 no Norte e apenas 7485 emLisboa e Vale do Tejo. Um fossode 31 pontos percentuais.

Os números do lEFP, relativos a

2009, confirmam a preponderân-cia dos jovens na procura do pri-

meiro emprego. Na faixa etáriados menores de 25 anos, há 25 449à procura de primeiro emprego,isto é, 67,7% do universo (37 556).Igualmente interessante é o factode 34,8% de todos aqueles queprocuram uma primeira "oportu-nidade" (13 102) terem formaçãouniversitária, 7153 dos quais me-nores de 25 anos e 5809 na faixados 25-34 anos. Ao contrário do

que estes indicadores fazem su-

por, os números do INE relativosao quarto trimestre de 2009, pu-blicados na última quarta-feira,mostraram que o número de li-cenciados desempregados passoude 58 mil, em 2008, para 55 mil. O

peso maior desta categoria de for-mados nos centros de emprego só

pode ser lida como sendo o resul-tado de uma atitude mais pró-ac-tiva dos licenciados.

Por outro lado, nem todos oscandidatos a um primeiro empre-go procuram os centros de em-prego. Um jovem que tenha aca-

bado a sua formação não se con-sidera logo um desempregado e

poderá não ver qualquer vanta-gem imediata em procurar o lEFP,ao contrário do que sucede comquem procura um novo trabalho,quanto mais não seja para teracesso ao subsídio de desempre-go concedido pela Segurança So-cial. Daí que o número de pessoasà procura de emprego seja supe-rior em 19 944 no INE relativa-mente ao lEFP (comparação só

com números do continente).É óbvio que a procura de novo

emprego assume, em ambos os

casos, uma proporção muitomaior - a procura do primeiroemprego representa, no lEFP,apenas 7,4% do desemprego e

10,5% no INE, utilizando só os da-dos do continente.

Sendo um assunto menos tra-tado, a procura do primeiro em-prego é um dos problemas sociais

que mais preocupa os jovens e

respectivas famílias. De acordo

com um estudo divulgado em Ou-tubro, os jovens à procura do pri-meiro emprego constituem a ca-

tegoria mais consensualmenteapontada como estando em riscosério de pobreza em Portugal.

"Quanto ao inquérito desenvol-vido pela Rede Europeia Anti-Po-breza e pela Amnistia Internacio-nal, ao qual o ISEG se associou, os

jovens à procura de primeiro em-prego são o grupo que, quer naedição do inquérito em 2004 querem 2009, foi considerado por umagrande maioria (cerca de 88%) daamostra como um grupo vulnerá-vel à pobreza", sublinha RaquelRego, investigadora do ISEG e

coordenadora do inquérito. ¦Inquérito coloca os jovens

à procura de primeiro

emprego como classe

em risco de pobreza

Grande parteda formaçãoé para jovensOs centros de emprego estão menosvocacionados para ajudar os jovensna procura do primeiro emprego?

Não concordo. Uma grande parte das

medidas de formação são dirigidas a

jovens, ocupando mesmo percenta-gens de volume de formação muito

acima do seu peso percentual no

desemprego. Por outro lado, os

vários programas de estágios profis-sionais envolvem quase três deze-

nas de jovens só no lEFP, a que se

juntam apoios à criação do próprio

emprego, com milhares deles a

serem ajudados através de isençõesde contribuições à Segurança Social.

Considera que a procura de primeiro

emprego deve ser na realidademuito superior ao número daqueles

que se dirigem ao centro de

emprego?As pessoas que procuram o primeiro

emprego, registadas nos centros de

emprego e aferidos pelo Inquérito ao

Emprego do INE,têm uma diferença,embora não significativa. Nos

centros de emprego, em Dezembro,estavam registados, com menos de

25 anos 67 8 mil e nos últimos dadosdo INE 88,8 mil.

Há programas de formação mais

vocacionados para quem nunca teve

emprego?Há. Os chamados programas de

formação inicial são especifica-mente dirigidos a quem nunca teveum emprego qualificante. No caso

do lEFP temos os chamados Cursos

de Aprendizagem, com uma grande

componente prática, os de Educaçãode Jovens (equivalentes aos cursos

profissionais) e ainda os de recon-versão de licenciados.

Procura trabalhohá seis anosMarlene Paiva está inscrita no centro de empregoe já tentou de tudo, mas começa a desanimar

EDUARDO PINTO

[email protected]

Marlene

Paiva viveno Peso da Régua,tem 25 anos, e háseis que anda à

procura de em-prego. Em vão.

Apesar de estar inscrita no centrode emprego e de lhe terem surgi-do algumas propostas que nãoeram consistentes, mantém-se de-

sempregada e sem direito a sub-sídio.

Com a morte do pai e paraacompanhar a mãe, deixou de es-tudar durante o dia e acabou o 12. s

ano à noite. Tinha 19 anos. Inscre-veu-se no centro de emprego da

Régua e realizou um curso profis-sional na escola da AssociaçãoEmpresarial de Vila Real, NER-VIR, para melhorar as suas quali-ficações. Ainda estagiou numaempresa mas depois de sair nãoviu outras portas abertas. Por en-quanto, a carteira profissional docurso de técnica administrativa de

pouco lhe valeu.

Chamada para entrevistas

"Têm-me chamado para entrevis-tas em cabeleireiras, mas não te-nho qualquer experiência na área.

Já fiz limpezas, tentei também nos

hipermercados e nas Caldas deMoledo, mas não há forma de se

arranjar um emprego fixo", la-menta-se Marlene. Lembra-se deter sido recomendada a uma em-presa de Lamego, mas "como era

à comissão" decidiu não aceitar. Eainda de ter ido a uma entrevista,no Porto, no âmbito de selecçãode pessoal para prestar serviço noCentro Oncológico de Vila Real,em que se disponibilizou, até, para

oa:o

trabalhar na morgue. "Disse quenão me importava, o que eu que-ria era trabalhar, e mesmo assimnão consegui".

Entretanto, Marlene casou e jáestá à espera de um filho. Numaaltura em que precisava de algu-ma estabilidade, continua insegu-ra sem saber o que o futuro lhe re-serva. "Agora vai ser mais compli-cado arranjar trabalho", assume,sem ver no futuro grandes possi-bilidades. "A cidade não evolui.

Há muitos cafés e restaurantes,mas não há grandes empresas,pelo que vai ser muito difícil".

Com o passar dos anos, Marle-ne começa a desanimar. Sair para

o estrangeiro ou para o Litoralnão é opção. Pelo menos por ago-ra. O marido trabalha num hotelperto da Régua e sair de lá seriaduplicar o problema. O remédioé "continuar à procura". Apesarde preferir arranjar trabalho na

sua área de formação, está dispo-nível para qualquer outra ofertade emprego. Só lhe resta conti-nuar a esperar. ¦Sair para o estrangeiro ou

para o Litoral não é opção.

Orna rido trabalha num

hotel perto da Régua

Licenciatura semsaída no mercadoFlávio Morais formou-se em Relações Internacionais

em 2008/9, mas ainda não lhe surgiu qualquer oferta

GLORIA LOPES

[email protected]

Quando

há quatro anosi decidiu enveredar pelaI licenciatura em Lín-I guas e Relações Inter-'

nacionais da Escola Su-

perior de Educação deFlávio Morais, 21 anos, es-

tava longe de imaginar que uma car-reira naquela área seria tão difícil.Quando se inscreveu, fê-lo apensarno futuro, "para ter uma entradamais facilitada no mercado de tra-balho", confessa. Gostava mais daárea do Desporto, mas julgou queseria difícil conseguir emprego e,

por esse motivo, optou pelas Rela-

ções Internacionais. Em termos desaídas profissionais, a escolha estáa revelar-se uma decepção. Tam-bém já constatou que será quase im-possível conseguir o primeiro em-prego na região, e que se quiser tra-balhar em Relações Internacionaisterá forçosamente de partir.

Mal terminou o curso em2008/9, inscreveu-se no centro de

emprego na tentativa de arranjartrabalho, mas até agora não apare-ceu nada e na altura da inscrição foi

logo informado de que é uma área

complicada e que na região trans-

montana não há ofertas. "Disse-ram-me que ali dificilmente pode-ria arranjar algo e que seria melhorser eu próprio a esforçar-me paraconseguir, enviando currículos e

sugerindo estágios profissionais às

empresas", contou o jovem. Já en-viou dezenas de currículos. Sem su-cesso. 'Algumas entidades nem se

dignam a responder, outras respon-dem dizendo que de momento nãohá nada", admitiu Flávio Morais.

Para atenuar a dependência dos

pais, com quem ainda vive, arran-jou umas horas a leccionar Inglêsno âmbito das Actividades Extra-curriculares em aldeias do conce-lho de Vila Real, a cerca de 140 kmde Bragança. "Estou em condiçõesprecárias, trabalho oito horas sema-nais, a recibos verdes", explicou,acrescentando que só aceitou "parater algum tempo ocupado, para ten-tar atenuar um pouco a dependên-cia económica que tenho dos meuspais, e para tentar ter experiênciaem alguma coisa".

Critica a feita de

acompanhamentodos alunos no final

do Ensino Secundário

Flávio Morais considera que nofinal do ensino secundário existeuma falha no sistema, uma vez queos alunos não têm acompanha-mento nem informações sobre os

cursos e as instituições disponíveis."Era um aspecto a melhorar, as uni-versidades e institutos politécnicosdeviam ser mais abertos, e seremeles próprios a divulgarem nas es-colas secundárias os cursos e as saí-das profissionais associadas". ¦

Especialistaexplica paraque serve ananotecnologia

PoderemosconstruirhumanosCientista portuense da Universidade doTexas perspectiva revolução nanotecnológica

A s nanotecnologias estão a in-

/^k trometer-se no discurso ho-

/ dierno na proporção do avan-/ ço da investigação que abre,¦*¦ _m^)or exemplo, novas portas à

resolução de problemas da Saúde. Mas as

nanotecnologias têm aplicação vasta, abar-cando todos os sectores, controlando a ma-téria, seguindo as leis da Natureza. PauloFerreira, professor na Universidade do Te-xas, EUA, lançou um livro que desmistifi-ca a nanotecnologia.Como caracteriza a nanotecnologia e a suavisão prática do Mundo?

Nano significa anão em grego e representaum bilionésimo da unidade. A nanotecno-logia é, assim, a tecnologia relacionada comestas pequeníssimas dimensões. Imagineque dissocia um corpo humano, nos seusblocos de construção fundamentais - tería-mos parte considerável de gases (azoto, hi-

drogénio, oxigénio); de carbono e de cál-cio; pequenas fracções de vários metais(ferro, magnésio e zinco); e ténues níveisde muitos outros elementos químicos. Porincrível que pareça, o custo total destes ma-teriais seria menor do que o de um bom parde sapatos. O ser humano vale tão pouco? Éóbvio que não, principalmente porque é a

disposição desses elementos e a formacomo se ligam que permite aos humanoscomer, falar, pensar, e sonhar. Assim, podía-mos perguntar: poder-se-ia seguir a Natu-

reza e construir objectos, inclusive sereshumanos, átomo a átomo e/ou molécula amolécula? É esta a ideia da nanotecnologia.Em que assenta a investigação na área dasnanotecnologias?

No facto de podermos manipular os ele-mentos da tabela periódica, átomo a átomo,molécula a molécula. Estes elementos são

os mesmos na Terra ou em qualquer localdo Universo. A diferença está na distribui-ção e proporção desses elementos e na for-ma como se ligam e arranjam.Estamos a desmistificar um paradigma emque assentava a investigação científica?

Até há pouco, embora a teoria de materiaisse focasse nas estruturas atómicas e mole-culares, na prática os materiais/objectos fei-tos pelo Homem eram sempre feitos decima para baixo. Mas, na Natureza, os ob-jectos constroem-se sempre de baixo paracima, isto é, átomo a átomo, molécula a mo-lécula. A ideia da nanotecnologia é conse-

guir controlar a matéria a esse nível. Nestecontexto, no futuro, poder-se-á fazer tele-transporte. A pessoa está em Portugal e

aparece, por exemplo, no Japão. O que temde acontecer é só copiar no destino o arran-jo dos átomos no corpo humano. Como se

fosse uma clonagem. Já se fazem experiên-cias nesse campo e não é nada irrealista.Para além destes projectos, há mais expe-riências que possam romper com a formaclássica como idealizamos o Mundo?

Em termos teóricos, as leis da Natureza são

as mesmas. Mas a nanotecnologia permite,pela primeira vez, o controlo da matéria àescala atómica/molecular. Por outro lado,permite fazer a ponte entre as ciências físi-cas e as biológicas. Por exemplo, podemos li-

gar silício (usado como transistor nos mi-croprocessadores) a um vírus, permitindoassim explorar aplicações completamenteinovadoras.

É na área da Saúde e investigação clínica

que se depositam as maiores expectativasrelativamente à nanotecnologia...

É, de facto, uma das áreas que mais benefi-ciará. A Biologia sempre se manifestou às

escalas micro/nano. Só que, até muito re-centemente, era extremamente difícil con-trolar a comunicação entre o nosso mundo,macroscópico, e o mundo biológico. Comos nanomateriais, podemos agora orientar a

comunicação entre material inorgânico -por exemplo, uma partícula de prata e mate-rial biológico, como um anticorpo. Este sis-

tema partícula/anticorpo pode, depois, serinserido no corpo humano para se ligar auma célula cancerígena e proceder à sua re-

paração. Num futuro próximo, a ideia de im-plantes não será uma perna ou um braço,mas componentes a nível celular.0 Instituto Ibérico de Nanotecnologias (INL),em Braga, é um dos maiores desafios dacomunidade científica, ibérica e mundial, acurto prazo. Àluz da experiência americana,como se deve desenvolver o projecto?

É fundamental o investimento constante,recrutar investigadores de excelência e ga-

rantir a adesão do te-cido empresarial.Isso exige a interac-ção entre as universi-dades, o INL e as em-presas. Em Portugal,ainda há uma barrei-ra grande entre o queé feito ao nível deciência e o que é

transposto para a in-dústria. A solução é

criar um Institutoque contribua a mé-dio prazo para des-envolver a economia.Que áreas de investi-

gação podem serdesenvolvidas numinstituto como o INL?

À partida, as que se

quiserem - é umaquestão de estraté-

gia. A meu ver, é im-portante apostar em

áreas onde há massa crítica em Portugal,tanto de recursos humanos qualificadoscomo de empresas. No fundo, é essencialcriar ideias inovadoras transferíveis para as

empresas, para que exportem produtos dealta tecnologia.Mas ainda estamos muito agarrados àindústria tradicional...

Na apresentação do relatório de MichaelPorter, houve quem o visse como um insul-to, por alertar para o cariz artesanal de mui-ta da nossa indústria. Mas ele alegava que aexperiência da nossa indústria tradicional é

importante. O que falta é injectar, nessas in-dústrias ditas tradicionais, tecnologia de pon-ta. Por exemplo, uma corticeira pode conti-nuar a produzir rolhas, mas em paralelo podee deve apostar em projectos inovadores de

ponta que possam trazer valor acrescenta-do. A mentalidade que terá que existir cada

vez mais em Portugal é a de fazer produtosúnicos no mundo e liderar mercados.

PEDRO VILA-CHÃ

[email protected]

Q Perfil

Paulo JorgeFerreiraPROFESSOR NA UNIVERSIDADE

DE AUSTIN, TEXAS (EUA)

Investigador

portuense de Ciên-

cia de Materiais e

Engenharia no MIT,

membro do Colégiode Engenharia da

Universidade do

Texas, Austin, acaba

de lançar o livro

Nanomateriais, as

nanotecnologias e

design. Com chan-

cela da Elsevier, o

livro foi escrito em

parceria com outros

cinco cientistas.

O que mudavana cidade?

Raquel Seruca,investigadora

É preciso terpolíticas de inclusãoQual o meu papel como cientistado Porto? É fazer boa ciência,

reconhecida internacionalmente.Só assim serei capaz de atrairoutros. Porque o que realmenteatrai um cientista ao Porto é aciência que aqui se faz, disse-me uma vez o Mário Barbosa,do INEB, cheiinho de razão.Mas se também queremosque o Porto se constitua umpólo de atracção devemoster políticas locais/regionaisque permitam conservar estepotencial humano, reforçá-loe explorá-lo plenamente. Paratal, as instituições do Porto e aprópria cidade devem preocupar-se pelas condições de (bem

viver) que a cidade proporcionaaos seus cientistas. A nossacomunidade e a nossa cidadenão nos podem ignorar. Asnossas instituições devem tercondições de trabalho atraentestanto para investigadores novoscomo para investigadoresexperientes. Devem preocupar-se em promover a fácilintegração sociocultural destesinvestigadores e dos seusfamiliares. Passa por teremacordos com a Universidade/escolas para aprender a nossalíngua. Passa também porsabermos identificar onde

podemos conhecer gentes,as gentes da cidade cultural,da cidade viva, da cidadeacolhedora. Por termosverdadeiros pólos activos nãosó de ciência mas também devivência. Para tal, a cidadeprecisa de disponibilizarequipamentos, rasgar murose fomentar o intercâmbio pelapartilha de espaços comuns emelhorar a acessibilidade entreos vários pólos através de redesde transporte. É preciso terpolíticas de inclusão.

Santa Justa e PiasValongo oferece ao Grande Portouma área protegida na serraFundo de mar há 500 milhões de anos, as serras que hoje se erguem até 300 metros acimado solo, no Sul de Valongo, estão em vias de classificação, depois de décadas em que o

município tentou, sem sucesso, criar um parque com Gondomar e Paredes. Por Abel Coentrão• Valongo cansou-se de esperar.Trinta e cinco anos depois dos

primeiros contactos para a

criação de uma área protegidaque salvaguardasse e valorizasseo património ambiental, cultural

e geológico das serras que se

estendem pelo Sul do concelho aos

municípios vizinhos, a autarquiaaproveitou uma mudança recentena legislação para criar uma área

protegida local. Um parque que,quando Gondomar e Paredes

quiserem, poderá ter o âmbitometropolitano próximo do que o

Estado, em 1975, lhe augurava.O período de discussão pública

terminou esta semana. Pela frentehá ainda um regulamento e um

plano de gestão para fazer, mas osinal está dado. A Área Protegidadas Serras de Santa Justa e Pias éirreversível. "Às vezes é precisoatirar uma pedrada ao charco paraque algo se mova. Estamos a fazero nosso trabalho e esperamosque as ondas de choque cheguemonde têm que chegar", explicouao Cidades o vice-presidente daCâmara de Valongo que, chegadohá pouco ao executivo, nãodesconhece o longo historial deste

processo, pejado de propostasparlamentares e tentativas de

negociação com os organismosda administração central para a

criação de um parque no grandepulmão verde do interior doGrande Porto.

Se o passado se descreve comcansaço, a persistência é o outrosubstantivo desta história. Desdeo início da década de 90 do século

passado, o município encetouem paralelo uma colaboraçãocom a Faculdade de Ciênciasda Universidade do Porto, hojecentrada em vários cursos do

Departamento de Geociências,Ambiente e Ordenamento doTerritório para o estudo destaárea. Um dos resultados visíveisdesta cooperação, elogiada, pelasua raridade como iniciativaautárquica, por Helena Couto,docente de Paleontologia, é o

Parque Paleozóico, criado em1994. Uma estrutura de apoio aoestudo e visitação de uma serrarica em fósseis e reconhecidainternacionalmente não tanto pelosseus nomes populares mas comoparte do anticlinal de Valongo,uma grande dobra na crosta

terrestre que chega até CastroDaire, provocada por movimentostectónicos ocorridos há menos de400 milhões de anos.

Antes disso, e por duas vezes,pelo menos, este lugar estevedebaixo de um mar. E algureshá 480 milhões de anos, essefundo era habitado pelas mesmastrilobites e outras formas de vidarudimentar que, fossilizadas noxisto, deram fama, mais a sul, àPedreira do Valério, em Arouca.

A evolução geológica do planetaditou-lhe a forma, com a ajuda, emValongo, dos rios Simão e Ferreira.

E o homem, esse ser tardio nos4600 milhões de anos do planeta,aproveitou-lhe as riquezas.

Já na nossa era, os romanosesburacaram a serra à procura deouro. A mineração, que prosseguiujá nos séculos mais recentes nabusca de outros metais, comoo volfrâmio e o antimónio, e a

extracção de lousa, marcaram aeconomia mas também a paisagem,quase tanto quanto os moinhos quepontuam o vale e que nos séculosXVIII e XIX asseguravam farinhapara o pão que alimentava o Porto.Património que chega até nós,parte degradado, parte visitável,como as galerias mineiras de hádois mil anos, e que é uma dasmais-valias desta área protegida jáfamosa entre os espeleólogos e osamantes dos desportos radicais.

As minas e a salamandraVítor Gandra, que por aqui fundoua associação Alto Relevo e está

empenhado em ajudar a autarquiana criação deste parque, nãoduvida das potencialidades do

local, onde já existem quatro trilhosmarcados. Um deles é o corredorecológico que em nove quilómetroslineares liga Valongo a Couce,memória de aldeia à beira rio, comos seus lameiros ainda cultivados,protegida pela crista de Santa Justado betão de que, a oeste, se faz isso

a que chamamos o Grande Porto.Quem percorrer distraído

qualquer um dos percursos jámarcados ao longo destes poucomais de mil hectares pensará,dada a profusão de eucaliptos,que é pouco o valor ambientaldeste território. Mas a verdadeé que a mancha dessa árvoreaustraliana que a indústria de papelnaturalizou esconde ecossistemas(ou o que resta deles) com espéciesde fauna e flora cuja preservaçãoesteve na origem da integração daárea na Rede Natura. São os casosde duas plantas insectívoras, algunsfetos e da salamandra-lusitânica,endémica da Pensínsula Ibérica e

agradecida aos romanos, que lhe

deixaram os fojos (minas), em cuja

penumbra húmida nidifica.O mar andou por aqui. Povos

castrejos, romanos e outrosmineiros mais recentes, também.Agora, as serras de Santa Justa ePias almejam outro futuro e outrosfrequentadores. Para uma das suasencostas está já licenciado umcentro hípico, e a autarquia esperaque, melhoradas as condiçõespara usufruto "sustentado" do

espaço, ele possa gerar riquezaeconómica, pela via do lazer edo turismo, sector que poderáaproveitar as ruínas de moinhose de antigas casas de Couce paraedificar, às portas da cidade, umrefúgio que mais parece do Portugalprofundo. A edilidade conta coma colaboração da Portucel que,explorando 400 dos mil hectares daárea protegida, se mostra, segundoo autarca João Paulo Baltazar, muitointeressada em colaborar neste

esforço, que passará também,em algumas zonas, por acçõesde reflorestação com espéciesautóctones.

Quanto aos concelhos vizinhos,que detêm 1500 dos 2500 hectaresdo Sítio Valongo da Rede Natura2000 (ver infografia), o autarcaadmite que, a seu tempo, acabarão

por fazer o seu caminho, abrindoportas para uma classificaçãomais ampla deste território ondeos riscos, como o fogo, vinca,"não têm fronteiras políticas".O Cidades tentou, sem sucesso,ouvir responsáveis das autarquiasde Gondomar e Paredes, parasaber em que ponto do caminhoestarão. Já a investigadora HelenaCouto defende que, do ponto devista geológico, o argumento deJoão Paulo Baltazar é tambémaplicável, frisando as vantagens da

classificação da zona a sul e oestede Santa Justa e Pias para a suaárea de trabalho. Os ambientalistasda associação Campo Abertoacreditam que Valongo está a ser a"lebre" do processo. "O que estãoa fazer é muito importante paraa Área Metropolitana do Porto",assinala o activista Jaime Prata.

[email protected]