atividade de recuperaÇÃo contÍnua 2º perÍodo · 1 a 4 aula 2: produÇÃo de texto conto...

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1 ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO ABRIL SEMANA PROGRAMAÇÃO 23 a 27 AULA 1: ENTENDIMENTO DE TEXTO Estrelas de joias” MAIO SEMANA PROGRAMAÇÃO 1 a 4 AULA 2: PRODUÇÃO DE TEXTO Conto maravilhoso: modificação de desfecho. 7 A 11 AULA 3: GRAMÁTICA Substantivo e Adjetivo 14 a 18 AULA 4: PRODUÇÃO DE TEXTO Relato pessoal 21 a 25 AULA 5: ENTENDIMENTO DE TEXTO De Pedro para Ana28 a 31 AULA 6: PRODUÇÃO DE TEXTO Relato pessoal. Ensino Fundamental Nível II LÍNGUA PORTUGUESA NOME: GABARITO NÚMERO: ___/___/2012 F-6_______ JUNHO SEMANA PROGRAMAÇÃO 1º a 8 AULA 7:GRAMÁTICA Variedades linguísticas, classes gramaticais (pronomes, numerais, substantivos, artigos) 11 a 15 AULA 8: PRODUÇÃO DE TEXTO A) Relato Pessoal B) Da carta para o relato pessoal 18 a 22 AULA 9: ENTENDIMENTO DE TEXTO Pés-de-moleque25 a 29 AULA 10: GRAMÁTICA Revisão Geral

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1

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO

ABRIL

SEMANA PROGRAMAÇÃO

23 a 27 AULA 1: ENTENDIMENTO DE TEXTO “Estrelas de joias”

MAIO

SEMANA PROGRAMAÇÃO

1 a 4 AULA 2: PRODUÇÃO DE TEXTO Conto maravilhoso: modificação de desfecho.

7 A 11 AULA 3: GRAMÁTICA Substantivo e Adjetivo

14 a 18 AULA 4: PRODUÇÃO DE TEXTO Relato pessoal

21 a 25 AULA 5: ENTENDIMENTO DE TEXTO “De Pedro para Ana”

28 a 31 AULA 6: PRODUÇÃO DE TEXTO Relato pessoal.

Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

JUNHO

SEMANA PROGRAMAÇÃO

1º a 8 AULA 7:GRAMÁTICA Variedades linguísticas, classes gramaticais (pronomes, numerais, substantivos, artigos)

11 a 15 AULA 8: PRODUÇÃO DE TEXTO A) Relato Pessoal

B) Da carta para o relato pessoal

18 a 22 AULA 9: ENTENDIMENTO DE TEXTO “Pés-de-moleque”

25 a 29 AULA 10: GRAMÁTICA Revisão Geral

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ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 1

Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

Estrelas de joias

Era uma vez uma menina que morava com sua avó numa cabana perto da floresta. Eram tão pobres que

mal tinham o que comer e o que vestir.

– Não se preocupe, vovó – dizia a menina – quando eu crescer, vou trabalhar e ganhar dinheiro para

comprar tudo que precisamos e ainda ajudar os pobres.

Um dia, a menina saiu para catar lenha na floresta. Esperava ganhar um dinheirinho vendendo os

gravetos na vila que havia detrás do morro. Como ia ficar fora o dia inteiro, levou no bolso um pedaço de pão e

embrulhou-se num xale, pois era inverno e o ar estava gelado.

Andava bem depressa para espantar o frio e já sentia um pouquinho de fome, mas guardou o pão para

comer depois de catar os gravetos. Chegando à borda da floresta, a menina viu um garotinho menor do que ela,

chorando amargamente, acocorado debaixo de uma árvore. Perguntou ao menino por que ele chorava tanto e ele

respondeu:

– Estou chorando porque estou com fome.

– Você não comeu nada hoje? – perguntou.

– Não tinha nada para comer. Estou morrendo de fome e nem sei onde arranjar comida.

– Deve estar com mais fome que eu – disse a menina com um suspiro e, tirando o pão do bolso, deu-o

para o menino.

Seguiu apressada seu caminho para a floresta, mas um pouco adiante encontrou uma menininha ainda

mais miserável que o garoto, esfarrapada, quase congelando. Por entre os trapos que a cobriam, via-se a pele

azulada pelo frio, e ela tremia tanto que mal conseguia falar:

– Ah, se eu tivesse um vestido quentinho como o seu. Ajude-me, por favor, senão vou morrer de frio.

A menina encheu-se de piedade e pensou: “Não é justo eu ter um vestido e um xale e ela não ter nada,

coitadinha.” Tirou o vestido e deu-o para a menininha. Embrulhou-se de novo no xale, fingindo que não sentia

muito frio e continuou a andar. Já estava perto da clareira onde havia lenha e consolou-se pensando que cataria

um feixe bem grande e depois voltaria correndo para casa.

Apressou o passo, mas quando chegou à clareira viu que já havia alguém lá, catando os galhos do chão.

Era uma velhinha, tão enrugadinha, tão curvadinha, tão pobrezinha que a menina sentiu um aperto no coração.

3

– Ai, ai! – gemia a velha – Meus velhos ossos doem tanto! Se eu tivesse um xale para me agasalhar não

sentiria tanta dor.

A menina pensou nas dores que a avó dela sentia e ficou com muita pena da velhinha.

– Tome meu xale – disse ela, tirando o xale dos ombros e dando-o à pobre velha.

A menina então ficou só com o aventalzinho, em plena floresta. O vento soprava, mas ela não sentia

frio. Não tinha comido, mas não sentia fome. Alimentada e agasalhada pela própria generosidade, catou um

feixe de gravetos e se pôs a caminho de casa. De repente, um velho apareceu diante dela, dizendo:

– Dê-me essa lenha. Meu coração está frio e estou muito velho, não tenho forças para buscar lenha na

floresta.

A menina suspirou. Se desse os gravetos a ele, teria de voltar para apanhar mais. Mas não conseguiu

negar.

– Tome – disse ela, entregando-lhe o feixe. No mesmo instante, o velho desapareceu e em seu lugar

surgiu um anjo reluzente, que lhe disse:

– Você alimentou quem tinha fome, vestiu quem tinha frio e ajudou quem a pediu. Terá o prêmio que

merece. Veja! Na mesma hora, uma luz brilhou em toda a floresta, como se todas as estrelas do céu escorressem

por entre os galhos das árvores nuas. Mas não eram estrelas; eram diamantes, rubis, esmeraldas, pedras

preciosas que cobriam o chão. E o anjo disse:

– Pegue, menina, são suas.

Ela recolheu quantas conseguiu juntar no aventalzinho e, quando olhou novamente, o anjo tinha

desaparecido. A menina correu para casa, doida para mostrar o tesouro à avó. Com toda aquela riqueza

puderam satisfazer todos os seus desejos e ainda dar para os pobres. Viveram felizes, pois, além do tesouro,

tinham o amor de todos que as conheciam.

BENNETT, W. J. O livro das virtudes II – O compasso moral. Editora Nova Fronteira.

1) A qual gênero textual pertence esse texto? Justifique com três elementos do texto. É UM CONTO MARAVILHOSO. COMEÇA COM ‘ERA UMA VEZ’, UMA SITUAÇÃO

MÁGICA E UM ENSINAMENTO. 2) Você aprendeu que esse tipo de texto sempre traz um ensinamento que, na maioria das

vezes, está implícito. Qual seria o que o texto “Estrelas de joias” traz? Assinale as alternativas corretas.

( X ) Faça o bem sem olhar a quem. ( X ) É dando que se recebe. ( ) Não devemos dar aos outros o que nos fará falta. 3) Que a menina planejava fazer quando crescesse?

4

A MENINA PLANEJAVA AJUDAR A AVÓ. 4) Cite duas providências tomadas pela menina antes que fosse catar lenha na floresta. Como ia ficar fora o dia inteiro, levou no bolso um pedaço de pão e embrulhou-se num xale, pois

era inverno e o ar estava gelado. 5) Que fato complicava ainda mais a situação do menino encontrado? ELE NÃO SABIA COMO ARRANJAR COMIDA. 6) Identifique e copie do texto um trecho que comprove a situação difícil que a “menininha”

vivia com a vó. ERAM TÃO POBRES QUE MAL TINHAM O QUE COMER E O QUE VESTIR.

7) Que fez com que a menina tivesse piedade da velhinha? ELA SE LEMBROU DA PRÓPRIA AVÓ. 8) “O vento soprava mas ela não sentia frio. Não tinha comido, mas não sentia fome.”

Segundo o texto, por que isso acontecia?

PELO FATO DE ESTAR SENDO GENEROSA, PENSANDO NOS OUTROS, ELA NÃO TINHA TEMPO DE PENSAR EM SI E SENTIR FOME OU FRIO.

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Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 2

Releia o trecho do texto lido “Estrelas de joias”

A menina suspirou. Se desse os gravetos a ele, teria de voltar para apanhar mais. Mas não

conseguiu negar.

– Tome – disse ela, entregando-lhe o feixe. No mesmo instante, o velho desapareceu e em

seu lugar surgiu um anjo reluzente, que lhe disse:

Escreva um novo final para a história, considerando as características do conto maravilhoso.

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Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 3

Estrelas de joias

Era uma vez uma menina que morava com sua avó numa cabana perto da floresta. Eram tão pobres que

mal tinham o que comer e o que vestir.

– Não se preocupe, vovó – dizia a menina – quando eu crescer, vou trabalhar e ganhar dinheiro para

comprar tudo que precisamos e ainda ajudar os pobres.

Um dia, a menina saiu para catar lenha na floresta. Esperava ganhar um dinheirinho vendendo os

gravetos na vila que havia detrás do morro. Como ia ficar fora o dia inteiro, levou no bolso um pedaço de pão e

embrulhou-se num xale, pois era inverno e o ar estava gelado.

Andava bem depressa para espantar o frio e já sentia um pouquinho de fome, mas guardou o pão para

comer depois de catar os gravetos. Chegando à borda da floresta, a menina viu um garotinho menor do que ela,

chorando amargamente, acocorado debaixo de uma árvore. Perguntou ao menino por que ele chorava tanto e ele

respondeu:

– Estou chorando porque estou com fome.

– Você não comeu nada hoje? – perguntou.

– Não tinha nada para comer. Estou morrendo de fome e nem sei onde arranjar comida.

– Deve estar com mais fome que eu – disse a menina com um suspiro e, tirando o pão do bolso, deu-o

para o menino.

Seguiu apressada seu caminho para a floresta, mas um pouco adiante encontrou uma menininha ainda

mais miserável que o garoto, esfarrapada, quase congelando. Por entre os trapos que a cobriam, via-se a pele

azulada pelo frio, e ela tremia tanto que mal conseguia falar:

– Ah, se eu tivesse um vestido quentinho como o seu. Ajude-me, por favor, senão vou morrer de frio.

A menina encheu-se de piedade e pensou: “Não é justo eu ter um vestido e um xale e ela não ter nada,

coitadinha.” Tirou o vestido e deu-o para a menininha. Embrulhou-se de novo no xale, fingindo que não sentia

muito frio e continuou a andar. Já estava perto da clareira onde havia lenha e consolou-se pensando que cataria

um feixe bem grande e depois voltaria correndo para casa.

Apressou o passo, mas quando chegou à clareira viu que já havia alguém lá, catando os galhos do chão.

Era uma velhinha, tão enrugadinha, tão curvadinha, tão pobrezinha que a menina sentiu um aperto no coração.

7

– Ai, ai! – gemia a velha – Meus velhos ossos doem tanto! Se eu tivesse um xale para me agasalhar não

sentiria tanta dor.

A menina pensou nas dores que a avó dela sentia e ficou com muita pena da velhinha.

– Tome meu xale – disse ela, tirando o xale dos ombros e dando-o à pobre velha.

A menina então ficou só com o aventalzinho, em plena floresta. O vento soprava, mas ela não sentia

frio. Não tinha comido, mas não sentia fome. Alimentada e agasalhada pela própria generosidade, catou um

feixe de gravetos e se pôs a caminho de casa. De repente, um velho apareceu diante dela, dizendo:

– Dê-me essa lenha. Meu coração está frio e estou muito velho, não tenho forças para buscar lenha na

floresta.

A menina suspirou. Se desse os gravetos a ele, teria de voltar para apanhar mais. Mas não conseguiu

negar.

– Tome – disse ela, entregando-lhe o feixe. No mesmo instante, o velho desapareceu e em seu lugar

surgiu um anjo reluzente, que lhe disse:

– Você alimentou quem tinha fome, vestiu quem tinha frio e ajudou quem a pediu. Terá o prêmio que

merece. Veja! Na mesma hora, uma luz brilhou em toda a floresta, como se todas as estrelas do céu escorressem

por entre os galhos das árvores nuas. Mas não eram estrelas; eram diamantes, rubis, esmeraldas, pedras

preciosas que cobriam o chão. E o anjo disse:

– Pegue, menina, são suas.

Ela recolheu quantas conseguiu juntar no aventalzinho e, quando olhou novamente, o anjo tinha

desaparecido. A menina correu para casa, doida para mostrar o tesouro à avó. Com toda aquela riqueza

puderam satisfazer todos os seus desejos e ainda dar para os pobres. Viveram felizes, pois, além do tesouro,

tinham o amor de todos que as conheciam.

1)Escreva um substantivo abstrato que demonstre a interpretação que a menina fez de sua

situação em comparação com a da menininha que encontrou:

Piedade, justiça

2) Transcreva do texto três adjetivos que foram usados para caracterizar:

a) A menininha:

MISERÁVEL

2) ESFARRAPADA

3) DE PELE AZULADA ( AZULADA DE FRIO), CONGELANDO

8

b) A velhinha

1) ENRUGADINHA

2)CURVADINHA

3)POBREZINHA

c) Todos esses adjetivos são classificados como simples

3) Releia o trecho abaixo e identifique os substantivos, completando o quadro abaixo:

“A menina encheu-se de piedade e pensou: “Não é justo eu ter um vestido e um xale e ela

não ter nada, coitadinha.” Tirou o vestido e deu-o para a menininha. Embrulhou-se de novo no xale,

fingindo que não sentia muito frio e continuou a andar. Já estava perto da clareira onde havia lenha

e consolou-se pensando que cataria um feixe bem grande e depois voltaria correndo para casa.”

SUBSTANTIVO CLASSIFICAÇÃO

FEIXE Coletivo

MENINA, PIEDADE,VESTIDO, XALE Simples

PIEDADE Abstrato

CLAREIRA Derivado

4) Flexione em número as palavras abaixo:

a) Luz: luzes_____________________________________

b) Céu: céus_____________________________________

c) Menormenores:___________________________________

d) Pão:pães_____________________________________

5) Assinale as alternativas que indicam as regras de flexão de número, existentes em nossa

língua, que você usou no exercício anterior.

( X ) Palavras terminadas em r e z fazem plural com es.

( ) Palavras que no singular terminam em i, no plural terminam em is.

( ) Palavras terminadas em ão sempre fazem plural com ães.

( X) Palavras que no singular terminam em u, no plural, terminam em us.

6) Reescreva o trecho abaixo, flexionando em gênero o que for possível e trocando a palavra

em negrito pela indicada entre parênteses:

A menina pensou nas dores que a avó sentia e ficou com muita pena (dó) da velhinha.

9

R: O menino pensou nas dores que o avô sentia e ficou com muito dó do velhinho.

7) Baseando-se no texto, crie frases com os substantivos do quadro abaixo, conforme a

indicação:

inglês simplicidade mãe

constelação casebre

a) substantivo abstrato (grife o substantivo utilizado):

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b) substantivo concreto (grife o substantivo utilizado):

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c) substantivo derivado (grife o substantivo utilizado):

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d) substantivo coletivo (grife o substantivo utilizado):

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e) adjetivo pátrio (grife o adjetivo utilizado):

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Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 4

Escreva um parágrafo de relato pessoal em que relate uma situação em que teve a oportunidade de ajudar a alguém.

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Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 5

DE PEDRO PARA ANA

Ana, meu abraço!

Li a sua carta mil vezes. Ela não sai de meu bolso. O envelope já está um farrapo e as palavras

amassadas.

Quando sua carta chegou, todos ficaram curiosos. Clara, minha irmã menor, não saiu do meu pé.

Toda hora me perguntava quem era Ana. Como responder se nem eu mesmo sei quem é Ana? Tive

de fugir de todos. Fui gastar ruas.

À noite, quando já estava pegando no sono, apareceu mamãe querendo saber de Ana. Menti.

Falei que Ana era invenção de Clara, ou será que é invenção minha? A carta que recebera era da

Biblioteca do Colégio me cobrando um livro emprestado. Minha mãe não engoliu minha história e

disse pra eu tomar cuidado com cartas de desconhecidas. Mãe é mãe e é vidente e você sabe disso.

Caí no sono e a primeira pessoa que apareceu foi você. Estava de biquíni e em Cabo Frio, só

que não havia mar, havia montanhas e montanhas. Um mar de montanhas e você era a única

mulher do pedaço. As outras pessoas eram vendedores de picolé, coco, peixe. Quando me

aproximei de você, a montanha virou mar de novo e inundou toda a praia.

Não consigo me lembrar de seu rosto, de seu corpo. Só lembro-me da água virando montanha de

novo e de uma flor falando meu nome. A flor era você, certamente.

Acordei sobressaltado. Suava. Tentei recompor o sono. Nada. (Em tempo: não conheço o mar,

nem Cabo Frio. Só sei que mar é um mundão de água escorrendo pelo planeta Terra).

A água lavou meus olhos e o sono viajou pro mar. Lembrei de sua carta. Fui ao banheiro,

tranquei a porta. Era madrugada. E enquanto o dia não clareava, pude beber suas palavras ao som

de passarinhos madrugadores. Mas uma dúvida me assaltou. Sou desconfiado, matreiro, mineiro e

me perguntei: “Será que Ana existe de verdade ou é gozação de algum sacana?”.

Matutei bastante. Até cocei a cabeça e pus a mão no queixo como os filósofos gregos. E resolvi e

resolvo bancar esse jogo. E digo pra mim: “Sou brinquedo nesta dança, barbante neste pião e quero

12

ser feliz”. E em paz comigo, faço de conta que tudo é verdade e entro de asas abertas nesta

aventura. Neste enredo.

Malu é uma querida maluca que tem mania de me achar baixinho. Na verdade, não sou alto,

talvez nem serei. Malu é grandona e acha que todo mundo deve ser do seu tamanho. Coisa de

gente grande. Já minha mãe acha que esse negócio de altura é competição de gente besta. Diz pra

todo mundo ouvir: “Homem não se mede com régua. Não é arranha-céu, Corcovado, ponte Rio –

Niterói. Homem tem que ser honesto, trabalhador, o resto é conversa fiada.” Aí tenho que concordar

com ela. E mãe é mãe e você sabe disso.

Você pergunta se gosto de alguma coisa (olhe que estou embarcando em sua viagem. Se você

for de mentira, juro que te mato). Gosto de muitas coisas e detesto outras tantas. Sou vidrado em

futebol. Gosto de futebol como se gosta de sorvete e de beijo no escuro do cinema. Futebol é a

minha paixão. Qualquer dia desses arranjo coragem e vou treinar no meu Atlético Mineiro. Chego lá

todo posudo e digo pro Zé das Camisas, o “treineiro”: “Me dá a camisa 9 e teremos gols pro resto da

vida”. Sonhar é bom e travesseiro é barato.

Afinal tudo é sonho, tudo é mel.

Os outros segredos içam para o futuro. A sua existência ainda é mistério.

Na incerteza de sua resposta fica o meu abraço e meu adeus,

Pedro.

(Viviana de Assis e Ronald Claver. Ana e Pedro: cartas. São Paulo, Atual 1990.).

1- Cite quatro elementos do texto que comprovam ser ele uma carta. R: Os elementos são: remetente, destinatário, local, assunto particular, uso do vocativo.

2- Como Pedro reage à chegada da carta de Ana? Justifique com uma expressão do texto. R: Pedro reage com entusiasmo, conforme trecho: “Li sua carta mil vezes”.

3- “Mãe é mãe e é vidente e você sabe disso.” Por que Pedro chega a essa conclusão?

A mãe de Pedro não “engole” a histórias quando Pedro diz que recebera a carta da biblioteca do

colégio. Assim, Pedro sabe que a mãe está sentido algo diferente, que sabe algo a mais, como a

carta de alguém e não do colégio.

4- Que comparações são feitas por Pedro para demonstrar seu gosto por futebol?

R: Compara futebol com sorvete e com beijo no escuro do cinema.

5- Pedro demonstra ter certeza da existência de Ana? Justifique sua resposta com um trecho do

texto.

R: Não demonstra. O garoto parece duvidar, pois diz “Se você for de mentira, juro que te mato.”

6- Que diferenças podemos estabelecer entre o gênero carta pessoal e o relato pessoal?

A carta apresenta vocativo, despedida, assinatura e, apesar deste texto ter, não deve ter título.

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ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 6

Escreva um parágrafo de relato pessoal em que Pedro relate como foi o dia em que conheceu

Ana.

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NOME: GABARITO NÚMERO:

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Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 7

DE PEDRO PARA ANA

Ana, meu abraço!

Li a sua carta mil vezes. Ela não sai de meu bolso. O envelope já está um farrapo e as palavras

amassadas.

Quando sua carta chegou, todos ficaram curiosos. Clara, minha irmã menor, não saiu do meu pé.

Toda hora me perguntava quem era Ana. Como responder se nem eu mesmo sei quem é Ana? Tive

de fugir de todos. Fui gastar ruas.

À noite, quando já estava pegando no sono, apareceu mamãe querendo saber de Ana. Menti.

Falei que Ana era invenção de Clara, ou será que é invenção minha? A carta que recebera era da

Biblioteca do Colégio me cobrando um livro emprestado. Minha mãe não engoliu minha história e

disse pra eu tomar cuidado com cartas de desconhecidas. Mãe é mãe e é vidente e você sabe disso.

Caí no sono e a primeira pessoa que apareceu foi você. Estava de biquíni e em Cabo Frio, só

que não havia mar, havia montanhas e montanhas. Um mar de montanhas e você era a única

mulher do pedaço. As outras pessoas eram vendedores de picolé, coco, peixe. Quando me

aproximei de você, a montanha virou mar de novo e inundou toda a praia.

Não consigo me lembrar de seu rosto, de seu corpo. Só lembro-me da água virando montanha de

novo e de uma flor falando meu nome. A flor era você, certamente.

Acordei sobressaltado. Suava. Tentei recompor o sono. Nada. (Em tempo: não conheço o mar,

nem Cabo Frio. Só sei que mar é um mundão de água escorrendo pelo planeta Terra).

A água lavou meus olhos e o sono viajou pro mar. Lembrei de sua carta. Fui ao banheiro,

tranquei a porta. Era madrugada. E enquanto o dia não clareava, pude beber suas palavras ao som

de passarinhos madrugadores. Mas uma dúvida me assaltou. Sou desconfiado, matreiro, mineiro e

me perguntei: “Será que Ana existe de verdade ou é gozação de algum sacana?”.

Matutei bastante. Até cocei a cabeça e pus a mão no queixo como os filósofos gregos. E resolvi e

resolvo bancar esse jogo. E digo pra mim: “Sou brinquedo nesta dança, barbante neste pião e quero

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ser feliz”. E em paz comigo, faço de conta que tudo é verdade e entro de asas abertas nesta

aventura. Neste enredo.

Malu é uma querida maluca que tem mania de me achar baixinho. Na verdade, não sou alto,

talvez nem serei. Malu é grandona e acha que todo mundo deve ser do seu tamanho. Coisa de

gente grande. Já minha mãe acha que esse negócio de altura é competição de gente besta. Diz pra

todo mundo ouvir: “Homem não se mede com régua. Não é arranha-céu, Corcovado, ponte Rio –

Niterói. Homem tem que ser honesto, trabalhador, o resto é conversa fiada.” Aí tenho que concordar

com ela. E mãe é mãe e você sabe disso.

Você pergunta se gosto de alguma coisa (olhe que estou embarcando em sua viagem. Se você

for de mentira, juro que te mato). Gosto de muitas coisas e detesto outras tantas. Sou vidrado em

futebol. Gosto de futebol como se gosta de sorvete e de beijo no escuro do cinema. Futebol é a

minha paixão. Qualquer dia desses arranjo coragem e vou treinar no meu Atlético Mineiro. Chego lá

todo posudo e digo pro Zé das Camisas, o “treineiro”: “Me dá a camisa 9 e teremos gols pro resto da

vida”. Sonhar é bom e travesseiro é barato.

Afinal tudo é sonho, tudo é mel.

Os outros segredos içam para o futuro. A sua existência ainda é mistério.

Na incerteza de sua resposta fica o meu abraço e meu adeus,

Pedro.

(Viviana de Assis e Ronald Claver. Ana e Pedro: cartas. São Paulo, Atual 1990.).

1- O texto apresenta, quanto às variedades linguísticas:

( ) linguagem padrão formal.

( x ) linguagem padrão informal.

( ) linguagem não padrão.

2- Leia o trecho seguinte:

“Quando sua carta chegou, todos ficaram curiosos. Clara, minha irmã menor, não saiu do meu pé.

Toda hora me perguntava quem era Ana. Como responder, se nem eu mesmo sei quem é Ana? Tive

de fugir de todos. Fui gastar ruas.”

a) Retire desse trecho as duas expressões que caracterizam a linguagem padrão informal.

R: “ Saiu do meu pé” , “Fui gastar rua”

b) Transforme essas expressões, utilizando a linguagem padrão formal.

16

R: Não me deu sossego, saí andando pela rua.

3- Releia o trecho abaixo:

“Minha mãe não engoliu minha história e disse pra eu tomar cuidado com cartas de

desconhecidas. Mãe é mãe e é vidente e você sabe disso.”

a) Qual é a classe gramatical das palavras em negrito? Classifique-as.

Pronome possessivo, pronome pessoal reto, pronome de tratamento.

b) Como as pessoas costumam usar, erroneamente, a segunda palavra. Reescreva o trecho em

que ela aparece.

...disse para mim tomar cuidado.

4- Indique a classe gramatical das palavras abaixo e classifique-as. Elas aparecem no texto.

Primeira: numeral ordinal

Mil: numeral cardinal

Nove: numeral cardinal

5- Retire do texto 3 substantivos próprios. Qual é a dica para saber que um substantivo

recebe essa classificação?

6- Pedro, Ana, Niterói. A letra maiúscula.

7- Escreva um substantivo derivado da palavra “flor”.

Floricultura, florista.

Artigos: uso e reflexão

1- Leia o texto a seguir e complete

com o artigo adequado ao contexto:

Atenção, detetive!

[...]

Se você for detetive, faça UM bom trabalho:

me encontre O dentista que arrancou

UM dente do alho e UMA vassoura

sabida que deixou UMA louca varrida.

Se você for detetive, UM último lembrete:

onde foi que esconderam AS mangas

do colete e quem matou OS piolhos

da cabeça do alfinete?

PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo, Ática, 1990. p. 6.

17

a) Você percebeu que alguns substantivos exigiram artigos indefinidos? Tente explicar o porquê.

PORQUE AINDA NÃO HAVIAM SIDO CITADOS, ERAM DESCONHECIDOS DO LEITOR

OU NÃO ERA ALGO ESPECÍFICO.

2- Leia este poema de Paulo Leminski, observando o emprego do artigo.

amar é um elo

Entre o azul

E o amarelo.

LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo, Brasiliense, 1983. p. 129.

a) Qualquer palavra ou expressão antecedida de artigo torna-se um substantivo. Identifique no

poema de Paulo Leminski um exemplo que comprove essa informação.

AZUL E AMARELO.

b) “Elo significa ligação, união. Se misturarmos as cores propostas no texto, qual cor seria a

“definição” para “amar”?

SERIA O VERDE.

Artigos: efeitos de sentido

3- Nas situações de comunicação a seguir, observe o emprego do artigo e faça o proposto para

cada uma.

a) Se você fosse o falante, qual frase empregaria para que o interlocutor se sentisse mais

confortado? Por quê?

EMPREGARIA A SEGUNDA SITUAÇÃO, POR SER UM MÉDICO CONHECIDO.

NÃO SE PREOCUPE, EU JÁ CHAMEI UM

MÉDICO.

NÃO SE PREOCUPE, EU

JÁ CHAMEI O MÉDICO.

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b) Comente a resposta do vendedor, observando o tipo de artigo

utilizado e a posição que o vendedor ocupa na loja.

– Eu comprei este jogo de botões nesta loja, mas quando fui brincar

percebi que faltavam algumas peças. Posso trocar?

– Fale com o gerente da loja, pois eu sou apenas um funcionário.

O GERENTE SERIA ALGUÉM MAIS IMPORTATE NO CONTEXTO EM

OPOSIÇÃO AO FUNCIONÁRIO QUE SERIA UMA PESSOA

QUALQUER COM MENOS POSSIBILIDADE DE AJUDAR.

c) Qual a intenção do emissor ao empregar os artigos o e um para a palavra amigo?

O AMIGO DÁ IDEIA DE ALGUÉM DE VALOR, VALORIZADO PARA O OUTRO E UM AMIGO

TERIA MENOS VALOR.

4- Nas frases abaixo, o artigo não determina nem indetermina o substantivo a que se refere. Tente

explicar qual é a função dele, então.

É uma maravilha de menino!

É um doce de criança!

Hoje está um calor infernal!

Esse seu tênis tem um cheiro...

A FUNÇÃO DO ARTIGO NESSES CASOS É ENFATIZAR O VALOR DO SUBSTANTIVO.

5- Indique as possíveis diferenças de sentido entre as frases de cada par, considerando a presença

ou a ausência de artigo da palavra destacada.

a) O Ricardo ainda tem o rosto coberto por espinhas.

Ricardo ainda tem o rosto coberto por espinhas.

COM O USO DO ARTIGO, O TRATAMENTO FICA MAIS INFORMAL. ALÉM DISSO, INDICA

MAIOR CONHECIMENTO.

Pati,

Pensei que eu

fosse o amigo,

mas sou só um

amigo a mais.

Que pena!

Rafa.

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b) Toda a rua estava enfeitada para o Natal.

Toda rua estava enfeitada para o Natal.

NO PRIMEIRO CASO, TRATA-SE DE UMA RUA ESPECÍFICA E, NO SEGUNDO CASO, HÁ

GENERALIZAÇÃO.

6- O que o locutor de futebol realmente quis dizer na segunda frase abaixo?

PROMETE SER TÃO BOM QUANTO. PROMETE SER MUITO BOM JOGADOR.

OLHA QUE DRIBLE! ESSE RAPAZ PROMETE

SER UM NEYMAR OU UM MESSI.

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Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 8

Relato Pessoal

Busque em sua memória um fato que tenha marcado sua vida. Por exemplo, pode ser algo

engraçado, o primeiro dia de aula, um acidente, um aniversário, uma travessura, um castigo

recebido, uma briga, o momento em que conheceu alguém que seria seu amigo(a)...

Produza um parágrafo de um Relato Pessoal no qual você narre o que tenha vivido.

Crie um título.

Conte o que aconteceu, quando, em que lugar.

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Escreva uma carta para um amigo ou amiga, contando algo especial que aconteceu com você.

Não se esqueça de considerar todos os elementos que uma carta deve ter.

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Ensino Fundamental Nível II – LÍNGUA PORTUGUESA

NOME: GABARITO NÚMERO:

___/___/2012 F-6_______

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO CONTÍNUA 2º PERÍODO AULA 9

Pés de-moleque

─ Fortunata, venha cá. Subito!

Esse era o chamado frequente de minha mãe, desde que eu viera morar com ela no Brasil.

Uma espécie de campainha de serviço, a que eu devia responder ligeira. Mas não era tanto a

perspectiva de trabalho o que me incomodava ao ouvi-la. Era mais o meu nome FORTUNATA!

Gritado assim, em voz altíssima, com todos os efes, erres e enes e tês, ele me parecia o de uma

pessoa desconhecida, à qual eu ainda não me acostumara. Onde ficara a Fortunatella da

Saracena?... Ninguém do Brasil usava o diminutivo do meu nome para me chamar. E, com a perda

do apelido carinhoso, era como se eu também tivesse perdido a menina que a ele respondia.

─ Fortunata, venha cá. Subito!

Um dia, o grito de minha mãe não foi para me encarregar de tarefa alguma. Foi para me

apresentar às filhas dos patrícios que moravam na rua Tamandaré, meninas da minha idade, já

nascidas aqui na América, e que tanto sabiam falar a língua dos pais quanto a língua do país. Com

elas por mestras e intérpretes, seria bem mais fácil eu aprender o português e me fazer entender em

italiano.

Duas dessas meninas, com as quais logo simpatizei ─ a Gianna e a Savéria ─ ficaram minhas

amigas. Por isso, assim que tive mais intimidade com elas, fui logo dizendo que não gostava do meu

nome, sem coragem, porém, de lhes pedir que me chamassem de Fortunatella, tratamento que me

parecia reservado para meu irmão Caetaninho, espécie de segredo de infância entre nós.

─ Então, que tal chamarmos você de Nata? ... ─ sugeriu Gianna.

Savéria caiu na gargalhada.

─ Você não conhece a meninada desta rua? ... Com essa pele tão clara, vão logo caçoar e

dizer que ela caiu no leite...

Gianna ainda arriscou Fortu, Fortuná, Ná e alguns outros apelidos, que fui descartando, por

me parecerem mais feios do que o nome de nascença. Apelidos não se inventavam, nasciam. E

Fortunatella tinha nascido na Itália do amor que meus avós tinham por mim.

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Assim foi que, no Brasil, cheguei como Fortunata e como Fortunata fiquei para uso de todos:

meus pais, meus irmãozinhos brasileiros e minhas amigas. Estas, já que não tinham conseguido

mudar meu nome, resolveram mudar meu penteado.

─ Vamos dar um jeito em você. Hoje é dia de passeio ─ anunciou Savéria num domingo

ensolarado, depois do almoço em família.

─ Isso mesmo! ─ confirmou Gianna. ─ A gente tem de ficar bonita pra poder casar...

─ Mas eu não quero casar! ─ protestei, sacudindo a cabeça debaixo do grosso pente

empunhado por Savéria.

─ Não agora, sua boba! Mais tarde! ─ balbuciou Gianna, através dos dois grampos seguros

pela boca.

E, sem mais discussões, as tranças da minha infância foram desmanchadas e os meus

cabelos, soltos mas presos atrás das orelhas, foram enfeitados no alto por um laçarote colorido

combinando com a cor do meu vestido novo. Eu já não parecia uma singela camponesa de aldeia,

mas uma mocinha chique de cidade grande. Em traje de passeio.

1- O título do texto não é explicado nesse trecho retirado de um capítulo maior.

a) Trabalhe com hipótese: que aconteceria depois que pudesse justificar esse título?

b) Crie um novo título que seja coerente a esse trecho de texto. Justifique sua escolha.

2- Que incomodava Fortunata quando a mãe a chamava?

Era mais o seu nome FORTUNATA! Gritado assim, em voz altíssima, com todos os efes,

erres e enes e tês, ele lhe parecia o de uma pessoa desconhecida, à qual eu ainda não me

acostumara.

3- Qual a relação que Fortunata faz com a perda do apelido? Que ela pensa sobre os apelidos?

Com a perda do apelido carinhoso, era como se ela também tivesse perdido a menina

que a ele respondia.

4- Dessa vez a mãe de Fortunata não a chamou para pedir-lhe que fizesse algum trabalho. Qual

era o objetivo principal de apresentar-lhe as meninas também italianas? Que duas delas se

tornaram depois?

O grito de sua mãe não foi para encarregá-la de tarefa alguma. Foi para apresentá-la às

filhas dos patrícios que moravam na rua Tamandaré, meninas da sua idade, já nascidas aqui

na América, e que tanto sabiam falar a língua dos pais quanto a língua do país. Com elas por

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mestras e intérpretes, seria bem mais fácil Fortunata aprender o português e se fazer

entender em italiano.

Duas dessas meninas, com as quais logo simpatizou ─ a Gianna e a Savéria ─ ficaram suas amigas.

5- Fortunata relata dois motivos pelos quais tinha com o apelido uma relação emocional.

Escreva-os.

1- Foi logo dizendo que não gostava do seu nome, sem coragem, porém, de lhes pedir

que a chamassem de Fortunatella, tratamento que lhe parecia reservado para seu

irmão Caetaninho, espécie de segredo de infância entre eles.

2- Apelidos não se inventavam, nasciam. E Fortunatella tinha nascido na Itália do amor

que seus avós tinham por ela.

6- Escreva três características que comprovem ser este texto um relato pessoal.

1- Relata episódios marcantes da vida de quem escreve. 2- Escrito em primeira pessoa. 3- O narrador é protagonista. 4- Apresenta tempo e espaço bem-definidos. 5- Predomina nele o tempo passado. 6- Apresenta trechos descritivos.

7- Assinale as alternativas que indicam os temas abordados no capítulo lido.

( x ) A saudade que Fortunata tinha do irmão, Caetaninho.

( x ) O início de amizades.

( x ) Sua transformação de menina em moça.

( ) O tratamento que recebia da mãe.