atitude empreendedora e suas dimensoes

54
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO - FACE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA Atitude empreendedora e suas dimensões: Um estudo em micro e pequenas empresas. Christine Naome Saito Muniz Brasília 2008

Upload: pptvzc

Post on 07-Nov-2015

38 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Empreendedorismo

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA - UnBFACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, CONTABILIDADE

    E CINCIA DA INFORMAO E DOCUMENTAO - FACEPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO PPGA

    Atitude empreendedora e suas dimenses:

    Um estudo em micro e pequenas empresas.

    Christine Naome Saito Muniz

    Braslia

    2008

  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA - UnBFACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, CONTABILIDADE

    E CINCIA DA INFORMAO E DOCUMENTAO - FACEPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO PPGA

    Atitude empreendedora e suas dimenses:

    um estudo em micro e pequenas empresas.

    Christine Naome Saito Muniz

    Dissertao apresentada ao Programa de ps-graduao em Administrao da Universidade de Braslia como requisito parcial obteno do titulo de Mestre em Administrao.

    Orientadora: Prof Cristina Castro Lucas de Souza Depieri

    Braslia

    2008

  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA - UnBFACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, CONTABILIDADE

    E CINCIA DA INFORMAO E DOCUMENTAO - FACEPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO PPGA

    Atitude empreendedora e suas dimenses:

    um estudo em micro e pequenas empresas.

    Christine Naome Saito Muniz

    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________________________________________________________

    Orientadora: Prof Cristina Castro Lucas de Souza Depieri

    Universidade de Braslia- UnB/ FACE

    Braslia, 2008.

  • Aos meus pais e irm pelo amor, carinho e

    incentivo que contriburam de uma forma muito

    especial para execuo deste trabalho.

  • AGRADECIMENTOS

    minha famlia pelo apoio compreenso, amor, pacincia e incentivo que me proporcionou condies favorveis para a realizao deste trabalho.

    professora, Doutora Eda Castro Lucas de Souza, que atravs de seus conhecimentos me ensinou e despertou o interesse pelo assunto abordado neste trabalho.

    Ao meu namorado Rafael, que alm de ter contribudo para a elaborao deste trabalho, foi muito compreensivo, e um grande amigo.

    professora Cristina Castro Lucas de Souza Depieri, pelo carinho, dedicao, sabedoria e orientao, que me estimulou e me deu condies de para ampliar meus conhecimentos.

    professora Doutora Ftima Bruno, que sempre esteve presente nos momentos em que mais precisei, contribuindo de forma significativa para este estudo.

    Ao professor Pedro Meneses, pelas contribuies importantes, conhecimentos e incentivos.

    A todos os amigos do curso de Ps-Graduao, pelas agradveis horas de convivncia que me proporcionaram durante essa caminhada.

  • "A maior descoberta da minha gerao que

    qualquer ser humano pode mudar de vida,

    mudando de atitude". (William James)

  • RESUMO

    O presente estudo tem como objetivo principal identificar a atitude empreendedora do

    micro e pequeno empresrio frente ao seu negcio. Para tal, este trabalho, foi realizado a

    partir de reviso de literatura, onde procurou-se compreender o conceito de

    empreendedorismo, sua evoluo conceitual e as principais caractersticas das micro e

    pequenas empresas. Sabendo que essas empresas, hoje, so responsveis por grande parte dos

    empregos gerados e mantidos no Brasil e acreditando que o empreendedor possui certas

    caractersticas que ao serem bem trabalhadas so capazes de manter suas empresas no

    mercado por mais tempo, optou-se pela elaborao de um trabalho cujo objetivo medir as

    dimenses da atitude empreendedora. Para operacionalizao desta pesquisa foi utilizado um

    questionrio, validado, construdo e desenvolvido por Souza e Lopez (2005) denominado

    Instrumento de Medida de Atitude Empreendedora IMAE. Este instrumento composto por

    36 itens, divididos em quatro dimenses: Realizao, Planejamento, Poder e Inovao, atravs

    do qual, pretendeu-se medir a freqncia com que a atitude empreendedora percebida nos

    micro e pequenos empresrios. Este trabalho contou com uma amostra de 18 micro e

    pequenas empresas do ramo de alimentao, localizadas em Braslia Distrito Federal,

    totalizando 30 indivduos. As respostas dos candidatos foram registradas em um programa de

    coleta de dados denominado SPSS (Statistical Package for the Social Science), verso 14.0.

    Na mdia, as respostas dos pesquisadores mostraram-se favorveis presena de atitude

    empreendedora, porm, ao analisar os resultados obtidos, concluiu-se que existem alguns

    aspectos da atitude empreendedora que podem ser melhoradas, a fim de torn-los

    profissionais ainda mais empreendedores.

    Palavras - chave: Atitude empreendedora, empreendedorismo, micro e pequenas empresas.

  • SUMRIO

    1- Introduo ............................................................................................................12

    2- Referencial Terico...............................................................................................15

    2.1- Empreendedorismo........................................................................................15

    2.1.1- Origem e evoluo do termo empreendedorismo...........................15

    2.1.2- O conceito de empreendedorismo..................................................17

    2.1.3- O Empreendedor.............................................................................18

    2.1.3.1- Diferenas conceituais.....................................................22

    2.1.3.2- Mitos sobre empreendedores ..........................................24

    2.1.4- Micro e Pequenas empresas...........................................................25

    2.2- Atitude ..........................................................................................................28

    2.2.1 - Atitude empreendedora...................................................................29

    3- Mtodo .................................................................................................................33

    Populao e amostra..................................................................................33

    Instrumento................................................................................................34

    Coleta e Anlise de dados..........................................................................35

    4- Resultados e Discusso..........................................................................................36

    5- Concluso...............................................................................................................42

    Referncias...................................................................................................................46

    Anexos

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 - Empreendedores iniciais por pases (2006)..........................................................20

    Grfico 2 - Evoluo da taxa de empreendedores por motivao no Brasil 2001 a

    2006.........................................................................................................................................21

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1- Classificao quanto ao porte da empresa......................................................26

    Tabela 2. Taxa de Mortalidade por Regio e Brasil (2000 2002)................................27

    Tabela 3- Distribuio dos itens segundo suas dimenses..............................................35

    Tabela 4- Realizao........................................................................................................36

    Tabela 5- Planejamento...................................................................................................37

    Tabela 6- Poder...............................................................................................................39

    Tabela 7- Inovao..........................................................................................................40

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1-Matriz de Caractersticas de empreendedor e empreendedorismo..................18

    Quadro 2- Diferenas nos sistemas de atividades de gerentes e empreendedores...........21

    Quadro 3- Diferenas bsicas entre as formaes gerenciais e empreendedoras.............21

    Quadro 4- Mitos e realidades sobre os empreendedores...................................................22

  • 12

    1- INTRODUO

    No cenrio atual, de rpidas mudanas, e uma economia globalizada o desafio dos

    empresrios incrementar a produtividade e a competitividade de suas empresas. Para tal, o

    desafio no apenas criar uma empresa, mas sim, torn-la sustentvel, demandando bem mais

    do que tcnicas e infra-estrutura, mas maneiras de pensar e agir comprometidas com a

    inovao.

    No passado os conhecimentos empricos adquiridos eram suficientes para manterem as

    empresas no mercado, porm, atualmente, conforme citam Souza (2006), a atividade

    empreendedora demanda competncias e atitudes diferenciadas dos atores nela envolvidas,

    pois, consideram que o principal ativo das empresas so as pessoas.

    De acordo com Lopes (2005) na compreenso de alguns autores como Schumpeter

    (1982) e McClelland (1972) o empreendedorismo visto como um dos principais agentes

    causadores do crescimento econmico de um pas.

    Shumpeter (1982, apud Fuzetti;Salazar, 2007) associa o empreendedorismo a novas

    combinaes de elementos. Segundo o autor, existem pelo menos cinco arranjos possveis

    capazes de caracterizar o empreendedor, so eles: criao de um novo produto ou qualidade

    do produto; desenvolvimento de um novo processo de produo ou comercializao do

    produto; identificao de novos nichos de mercado; descoberta de novos fornecedores de

    matria prima ou de bens semifaturados, e, por fim, abertura de uma nova empresa capaz de

    comercializar as novidades apresentadas.

    Souza (2006, p.8) refere-se ao indivduo empreendedor como sendo uma espcie de

    lder estratgico integrador das polticas humanistas gesto estratgica, envolvendo o

    comprometimento dos indivduos com a organizao, estando ele inserido em um ambiente

    flexvel e favorvel a criao e a inovao.

    A globalizao estimulou diversas empresas a buscarem diferentes alternativas a fim

    de adaptarem-se a nova realidade econmica. A competitividade entre as empresas tornou-se

    muito grande, o que fez com que as empresas se vissem obrigadas a elevar a qualidade de

    seus produtos e aumentar a produtividade de seus processos de fabricao.

    Diante deste contexto e conhecendo as dificuldades enfrentadas pelas empresas em

    sobreviver a esse mercado altamente competitivo, mostra-se muito importante levantar

    algumas questes relacionadas s micro e pequenas empresas.

  • 13

    A escolha dessas empresas se deu pelo fato das micro e pequenas empresas, em

    conjunto, representarem em 2002, 99,2% do nmero total das empresas formais no Brasil,

    57,2% dos empregos totais e 26,0% da massa salarial (SEBRAE,2005).Essas empresas so

    importantes na reduo da desigualdade regional, gerao de emprego e renda,

    desenvolvimento de inovaes tecnolgicas e, alm disso, apresentam significativos impactos

    no desenvolvimento econmico e social do Brasil. (CNI, 2006).

    Se por um lado elas so tidas como fonte de oportunidades para criao de um nmero

    crescente de novos negcios, por outro, vivenciam dificuldades relacionadas manuteno e

    sobrevivncia de seus negcios, que vem sendo constantemente obrigados a inovar para

    manterem-se no mercado. Porm, sem condies suficientes para faz-lo, pois, alm de faltar

    recursos financeiros e preparo de seu criador, muitas vezes, apresentam concorrncia desleal

    por parte das grandes empresas.

    Enquanto as grandes empresas utilizam, constantemente, inovaes tecnolgicas, seja

    atravs de uma estrutura prpria de pesquisa, desenvolvimento ou da aquisio de tecnologia

    desenvolvida por outras empresas; as micro e pequenas empresas apresentam restries

    financeiras para arcar com os custos da inovao. Muitas dessas empresas optam por se unir e

    promover parcerias para ter acesso inovao e fazer frente ao mercado global, procurando

    manter-se competitiva ou mesmo sobreviver ao mercado.

    Diante destes fatores, verifica-se que importante que micro e pequenas empresas

    busquem alternativas capazes de sustent-las no mercado. Uma alternativa capacit-las para

    um comportamento inovador e empreendedor.

    No caso das micro e pequenas empresas, o empreendedor visto como o indivduo

    tomador das decises em relao inovao e assume a responsabilidade pelos resultados

    alcanados. Sendo assim, necessrio conhecer as caractersticas pessoas do indivduo capaz

    de levar a companhia a sustentabilidade e ao desenvolvimento.

    A partir da, as questes que surgem so: o que so atitudes empreendedoras? Micro e

    pequenas empresas, hoje, preocupam-se em desenvolver tais atitudes?

    Diante dessas questes tem-se que o objetivo geral deste trabalho identificar a

    atitude empreendedora do micro e pequeno empresrio do ramo de alimentao, do Distrito

    Federal, frente ao seu negcio, e como objetivos especficos:

    Compreender o conceito de empreendedorismo e sua evoluo conceitual; Identificar as principais caractersticas do empreendedor; Descrever as micro e pequenas empresas.

  • 14

    Assim, este trabalho foi desenvolvido com o intuito de medir a atitude empreendedora,

    por acreditar que, a partir dessa anlise, ser possvel avaliar quo empreendedor o

    empresrio de hoje. Verificando dentre as quatro caractersticas utilizadas na elaborao deste

    trabalho: Planejamento, Poder, Inovao e Realizao, quais quelas que o empresrio

    empreendedor desenvolve com maior ou menor intensidade.

    Visto que, cada indivduo possui meios e caractersticas singulares capazes de conduzir

    suas empresas ao sucesso, este estudo procura identificar quais so as caractersticas,

    freqentemente, apresentadas por aqueles indivduos capazes de desenvolver suas

    organizaes e conduzi-las ao sucesso.

    Para Filion (1998, p.9 apud FILION, 1991) a pesquisa sobre empreendedores bem-

    sucedidos permite aos empreendedores em potencial e aos empreendedores de fato identificar

    as caractersticas que devem ser aperfeioadas para obterem sucesso.

    A escolha das micro e pequenas empresas se deu pelo fato de estarem ocupando um papel

    cada vez mais importante no Brasil. Como fora mencionado, essas empresas corresponderam,

    em 2002, a 99,2% do nmero total das empresas, e so responsveis por uma parcela

    significativa da mo de obra empregada no Brasil.

  • 15

    2- Referencial Terico

    2.1- Empreendedorismo

    2.1.1- Origem e evoluo do termo empreendedorismo

    A origem do termo empreendedorismo est ligada ao desenvolvimento da palavra

    francesa entre-preneur, que data da Idade Mdia e referia-se pessoa que detinha a

    responsabilidade de coordenao de uma operao militar (VERIN, 1982 apud FILION,

    1999).

    O termo empreendedorismo foi citado pela primeira vez em 1734, pelo escritor e

    economista Cantillon, que procurava diferenciar o empreendedor, ou seja, aquele cidado que

    assume o risco, do capitalista, indivduo que fornecia o capital.

    Em seu livro Pionner of Economic Theory, Cantillon (1734) explicava que em um

    sistema de mercado, para que algo fosse vendido, era necessrio, primeiramente, que o

    produto fosse fabricado, transportado e estocado; e para isso, era necessrio, que algum

    assumisse os riscos destas operaes (apud SOARES, D.J et. Al, 2007).

    Nascia assim, o comrcio. O tradicional sistema econmico rural e corporativo dava

    lugar a um novo tipo de regime, onde se tornava necessrio a figura de um intermediador

    entre as relaes de compra e venda de mercadorias (SOUZA, 2006).

    Com o passar dos anos, o termo empreendedorismo ganhou novos significados para o

    campo econmico. No sculo XVIII, o Capitalista e o Empreendedor foram finalmente

    diferenciados, certamente em funo do incio da Industrializao, atravs da Revoluo

    Industrial. A nova concepo compreendia o indivduo assumindo riscos, planejando,

    supervisionando e organizando (FILION, 1998).

    Em 1803, o economista francs Say descreveu o empreendedor como sendo um

    cidado que transfere recursos econmicos de um setor de produtividade mais baixa para um

    setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento, uma pessoa de viso, capaz de

    obter lucro a partir das oportunidades vislumbradas e assumindo os riscos do negcio.(apud

    SOARES, D.J et. al, 2007).

    A partir do sculo XX estabeleceu-se um importante marco conceitual para o

    empreendedorismo, atravs das obras do economista Schumpeter (1883-1950), que concebe o

    empreendedor como sendo um agente de mudanas, adotando o termo de destruio

    criadora e diferenciando os conceitos de empresrio do empreendedor.

  • 16

    O termo destruio criativa foi utilizado para descrever a evoluo tecnolgica e as

    mudanas industriais que estavam ocorrendo. Schumpeter (1997, apud Souza, p. 9)

    acreditava que o progresso era resultado de um processo de destruio criativa, atravs do

    qual, o desenvolvimento de novas tecnologias, os novos processos e os novos produtos,

    acabavam destruindo os antigos sistemas, tornando ultrapassados, os produtos que existiam.

    Atravs de seus estudos, Filion (1998) demonstrou que apesar de alguns economistas,

    como Smith (1776), Higgins (1959) e Oxenfeldt (1943) demonstrarem interesse pelo tema

    empreendedorismo, considerando o empreendedor como sendo o motor do sistema

    econmico, buscando novas oportunidades no mercado e assumindo riscos, foi Schumpeter

    quem disseminou o termo empreendedorismo, ao associ-lo, claramente, a inovao.

    O final do sculo XX foi marcado por estudiosos da corrente de pensamento

    comportamentalista como Max Weber, David C. McClelland, Brockhaus, Lorrain, Dussauet e

    Filion.

    Apesar dos estudos realizados pelos comportamentalistas, no h evidencias

    cientficas, suficientes, capazes de traar um perfil definitivo da personalidade

    empreendedora. Entretanto, existem algumas caractersticas comuns queles indivduos

    empreendedores, como: criatividade, inovao, liderana, assuno de riscos moderados,

    flexibilidade nas decises, necessidade de realizao, iniciativa, envolvimento a longo prazo e

    sensibilidade (FILION, 2000).

    Do ponto de vista comportamental, o empreendedorismo parece ser um fenmeno

    regional. Segundo esses estudiosos, as culturas, as necessidades e os hbitos de uma regio

    influenciam o comportamento do indivduo, refletindo, assim, na maneira de gerir seus

    negcios e conduzir sua empresa (SOUZA, 2006).

    Nos anos 80, o campo do empreendedorismo cresceu e espalhou-se por inmeras

    cincias humanas e gerenciais. A transio foi marcada por 2 eventos: a publicao da

    primeira enciclopdia contendo o que havia de melhor e mais moderno sobre o assunto e a

    primeira grande conferncia anual (a conferncia de Babson) dedicada ao estudo deste novo

    campo (FILION, 1998).

    Segundo Filion (1999) o estudo do empreendedorismo tornou-se presente em

    praticamente todas as reas do conhecimento. O nmero de pesquisadores nessa rea

    grande, e cada indivduo trabalha suas pesquisas de uma forma diferente, utilizando-se de

    variadas metodologias de estudo, lgicas distintas, apresentando uma diversidade cultural

    muito grande.

  • 17

    2.1.2 O conceito de empreendedorismo

    O empreendedorismo um fenmeno global decorrente de profundas mudanas nas

    relaes internacionais entre naes e empresas, entre o modo de produo, os mercados de

    trabalho e a formao profissional.

    Existem inmeras concepes ainda no consolidadas sobre o tema, o que leva a uma

    confuso conceitual muito grande. Alm disso, trata-se de um assunto relativamente novo,

    principalmente, no Brasil, onde se tornou mais conhecido por volta da dcada de 90

    (SOARES, D. J,et al., 2007).

    Uma das mais antigas conceituaes, ainda hoje utilizada, pertence ao economista

    Schumpeter (1912, apud SOUZA, 2006) que estudou o empreendedorismo como sendo um

    fator de desenvolvimento econmico, ressaltando a importncia do papel do empreendedor na

    economia devido introduo de novas combinaes no mercado.

    Para este autor, o empreendedorismo a busca de novas direes, do diferencial

    competitivo e de novas conquistas, associadas inovao, na medida em que sua essncia est

    na percepo e aproveitamento de oportunidades de negcios, no desejo de fundar

    empreendimentos, de utilizar recursos de uma nova forma, na alegria de criar, de fazer as

    coisas e de exercitar a energia e a engenhosidade. (SCHUMPETER, 1997, apud SOUZA,

    2006),

    J Gimenez et al. (2000, p.10) define empreendedorismo como sendo o estudo da

    criao e da administrao de negcios novos, pequenos e familiares, e das caractersticas e

    problemas especiais dos empreendedores, ou seja, para esses autores o empreendedorismo

    tido como sendo busca de oportunidades e o domnio efetivo dos ativos tangveis.

    A pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) realizada em 31 pases no ano

    de 2003 refora a idia de Schumpeter sobre o empreendedorismo, destacando:

    Qualquer tentativa de criao de um novo negcio ou novo empreendimento, como por exemplo uma atividade autnoma, uma nova empresa, ou a expanso de um empreendimento existente, por um indivduo, grupos de indivduos ou por empresas j estabelecidas (GEM, 2003, p.5).

    Segundo o professor Robert Menezes (2007), o Empreendedorismo trata-se do

    aprendizado individual, que ao ser estimulado gera motivao e criatividade que leva o

    indivduo a buscar novas maneiras de construir um projeto de vida, aproveitando as

    oportunidades que surgem. um movimento educacional capaz de enriquecer indivduos que

    demonstram atitudes empreendedoras e mentes planejadoras.

  • 18

    2.1.3 O empreendedor

    Os empreendedores so pessoas muitas determinadas, anseiam por conquistar novos

    espaos, desenvolver novos produtos e criar novos procedimentos, desejam o sucesso e o

    poder. So apaixonadas pelo que fazem e utilizam sua criatividade, suas habilidades

    gerenciais e seus conhecimentos com o intuito de descobrir novas formas de inovar capazes

    de trazer vantagens competitivas a seu negcio (DORNELAS, 2003).

    Segundo Drucker (1986, apud SOUZA, 2006) os empreendedores buscam,

    constantemente, a mudana, a inovao, concentram-se em explorar oportunidades, que nem

    sempre so vistas pelos demais. Preocupam-se em mensurar os riscos, lidar com as incertezas

    e exploram todo o seu conhecimento em prol da criao de novos produtos e novas maneiras

    de utilizar os recursos disponveis, descobrindo assim, novas maneiras de gerar riquezas.

    Dessa forma, Souza (2006, p. 8) explica que:

    O indivduo empreendedor seria, portanto, um lder com competncias especiais para: tratar a complexidade das atividades cotidianas, advindas da necessidade de atender a altos nveis de qualidade e de satisfao da sociedade; canalizar as atividades cotidianas em direo o sucesso estratgico da empresa: aceitar e promover, dentro do enfoque de responsabilidade social, a tica e os princpios morais e ecolgicos para todos os membros da empresa, como fator de competitividade e sucesso.

    Para Filion (1999, p.6) interessante observar que o tema Empreendedorismo

    estudado por pessoas de formaes acadmicas variadas. Segundo ele:

    interessante notar que o desenvolvimento do empreendedorismo como uma disciplina no segue o padro de outras disciplinas [...] a assimilao e integrao do empreendedorismo pelas outras disciplinas, especialmente nas cincias sociais e administrao, impar como fenmeno, e nunca tinha antes ocorrido em tamanha extenso na construo paradigmtica em disciplinas dessas cincias.

    Alguns desses inmeros estudiosos do Empreendedorismo foram citados no trabalho

    de Souza (2006), atravs de uma matriz de caractersticas de empreendedor e

    empreendedorismo onde a autora desenvolveu um cruzamento de informaes constando

    algumas das principais caractersticas do empreendedor, segundo diversos autores estudados

    por ela, e indicando os respectivos autores que apontaram cada uma das caractersticas

    indicadas. Segue abaixo a matriz desenvolvida por Souza (2006, p.17):

  • 19

    Autores

    Caractersticas

    J.S

    chum

    pete

    r

    D.M

    c.C

    lell

    and

    M.W

    eber

    L.J

    .Fil

    ion

    R.E

    .McD

    onal

    d

    R.D

    egen

    P.D

    ruck

    er

    R.L

    alka

    la

    I.D

    utra

    Bar

    ros

    e P

    rate

    s

    H.M

    intz

    berg

    E.A

    ngel

    o

    Log

    enec

    ker

    et a

    l.

    E. L

    eite

    Car

    land

    et a

    l.

    Fre

    se e

    t al.

    TO

    TA

    L

    Buscar Oportunidades X X X X X X X X X X X 11

    Conhecimento de Mercado X X X X X 5

    Conhecimento de Produto X X X X X 5

    Correr Riscos X X X X X X X X X X 10

    Criatividade X X X X X X X X X 9

    Iniciativa X X X X X X 6

    Inovao X X X X X X X X X X X X X X X X 16

    Liderana X X X X X X X 7

    Necessidade de Realizao X X X X X 5

    Proatividade X X X X X 5

    Visionariedade X X X X X 5

    Quadro 1: Matriz de Caractersticas de empreendedor e empreendedorismoFonte: Souza (2006)

    Atravs desta matriz, Souza (2006) procurou demonstrar que dentre as vrias

    caractersticas estudadas pelos autores, a nica que aparece em 100% dos trabalhos dos 16

    autores estudados a competncia Inovao. Percebe-se, assim, que essa uma caracterstica

    muito importante para o empreendedor.

    Para Heilbroboner (1996) s haver inovao se existir um inovador, ou seja, algum

    capaz de introduzir inovaes tecnolgicas ou organizacionais, caracterizando-se como

    modos novos ou formas mais baratas de produzir coisas ou maneiras de fabricar

    completamente diferentes.

    Em seu livro Heilbroboner (1996, p.273) procura explicar o significado do processo de

    inovar:

    Um novo processo permite que um capitalista inovador produza as mesmas mercadorias que seus competidores, porm, a um custo mais baixo, exatamente como as terras mais frteis, mais produtivas permitem que seu proprietrio produza colheitas melhores e, portanto mais barata do que as de outros proprietrios que possuem terras menos generosas. Mais uma vez, exatamente como o proprietrio afortunado, o capitalista inovador recebe um rendimento pelo diferencial em seu custo. Mas este rendimento no deriva de vantagens dadas por Deus em localizao ou fertilidade. Vem da vontade e inteligncia do inovador e desaparecer assim que outros capitalistas aprenderem os truques do pioneiro.

  • 20

    Segundo Filion (1999, p.19), o empreendedor um indivduo dotado de imaginao e

    criatividade, que se destaca pela sua capacidade de estabelecer objetivos e sua determinao

    para atingi-los. uma pessoa consciente do ambiente em que vive, com grande capacidade

    para detectar oportunidades, assume riscos moderados, procura minimizar as incertezas

    relacionadas aos seus negcios e busca, continuamente, informaes sobre o seu

    empreendimento. Atravs de um estudo contnuo sobre seu contexto empresarial,

    vislumbrando oportunidades de negcios, e aes capazes de explorar tais alternativas, esses

    indivduos conseguiro manter seu papel de empreendedor.

    - O Empreendedorismo no Brasil

    De acordo com as pesquisas realizadas pela Global Entrepreneurship Monitor- GEM

    (2007), que considerada a maior pesquisa realizada sobre a atividade empreendedora,

    analisando cerca de 50 pases, que representam 90% do PIB e 2/3 da populao mundial, o

    Brasil foi considerado em 2006, o dcimo pas mais empreendedor do mundo. Como pode ser

    verificado no Grfico 1:

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    45%

    Bel

    gica

    -(B

    E)

    Japa

    o-(J

    P)

    Sue

    cia-

    (SE

    )Ita

    lia-(

    IT)

    Em

    irado

    s A

    rabe

    s-(A

    E)

    Ale

    man

    ha-(

    DE

    )fr

    ana

    -(F

    R)

    Esl

    oven

    ia-(

    SI)

    Cin

    gapu

    ra-(

    SG

    )R

    ussi

    a-(R

    U)

    Fin

    land

    ia-(

    FI)

    Mex

    ico-

    (MX

    )A

    fric

    a do

    Sul

    -(S

    A)

    Din

    amar

    ca-(

    DK

    )H

    olan

    da-(

    NL)

    Rei

    no U

    nido

    -(U

    K)

    Hun

    gria

    -(H

    U)

    Tur

    quia

    -(T

    R)

    Leto

    ania

    -(LV

    )C

    anad

    ar-(

    CA

    )E

    span

    ha-(

    ES

    )Ir

    land

    a-(I

    E)

    Rep

    ublic

    a T

    chec

    a(C

    Z)

    Gre

    cia(

    GR

    )C

    roac

    ia(H

    R)

    Nor

    uega

    -(N

    O)

    Chi

    le-(

    CL)

    Est

    ados

    Uni

    dos(

    US

    )A

    rgen

    tina(

    AR

    )In

    dia(

    IN)

    Mal

    asia

    -(M

    Y)

    Isla

    ndia

    -(IS

    )B

    rasi

    l-(B

    R)

    Aus

    tral

    ia-(

    AU

    )U

    rugu

    ai-(

    UY

    )T

    aila

    ndia

    -(T

    H)

    Chi

    na-(

    CN

    )In

    done

    sia-

    (ID

    )Ja

    mai

    ca-(

    JN)

    Filip

    inas

    -(P

    H)

    Col

    ombi

    a-(C

    O)

    Per

    u-(P

    E)

    Grfico 1. Empreendedores iniciais por pases (2006).Fonte: GEM (2007)

  • 21

    Apesar de ocupar uma posio favorvel em relao aos demais pases, percebe-se que

    no Brasil, muitos indivduos abrem negcios por necessidade, e no por oportunidade.

    Atravs do Grfico 2, verifica-se que em 2006, o Brasil apresentou uma taxa de 6% de

    empreendedores por oportunidade, enquanto que esse valor foi de 5,6% em

    empreendedorismo por necessidade.

    5,7% 5,5%6,2%

    5,3% 5,6%

    8,5%

    6,8% 7,0%6,0% 6,0%

    7,5%

    5,8%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    2001 2002 2003 2004 2005 2006Necessidade

    Oportunidade

    Grfico 2- Evoluo da taxa de empreendedores por motivao no Brasil 2001 a 2006Fonte: GEM (2007)

    De acordo com a GEM (2007, p.5) a motivao para empreender o fato que melhor

    distingue a dinmica empreendedora em pases de renda mdia, dos pases considerados

    ricos. No ano de 2006, enquanto os pases de renda mdia apresentaram 3,3 empreendedores

    por oportunidades para cada empreendedor um por necessidade, nos pases ricos esses ndices

    foram de 8,9. Percebe-se assim, que em pases de renda mdia, h mais empreendedores por

    necessidade do que por oportunidade.

    Nesta pesquisa, verificou-se, que a maioria das atividades empreendedoras estavam

    relacionadas ao comercio varejista, tais como: comerciantes ambulantes de bebidas e

    alimentos, vendedores de bebidas, artigos de vesturio, cosmticos e produtos de beleza.

    Diante desses dados, nota-se a necessidade de aumentar o nmero de empreendedores

    capazes de gerar valor economia, atravs de novos produtos, novos processos, que ao invs

    de utilizarem-se da tecnologia desenvolvida por outros pases comecem a desenvolver sua

    prpria tecnologia, aumentando assim, o nmero de empregos mais duradouros e empresas

    mais empreendedoras.

  • 22

    2.1.3.1 Diferenas conceituais

    - Diferenas entre empresrio e empreendedor

    Existem, na literatura, inmeras idias do que vem a ser o empreendedor, porm

    verifica-se que confuses em torno do conceito de empresrio e empreendedor so freqentes.

    O empreendedor no necessariamente tem que ser empresrio e o empresrio

    obrigatoriamente precisa ser empreendedor, porm, sem as caractersticas de empreendedor, o

    empresrio dificilmente conseguir manter-se no mercado.

    Drucker (1985, apud DORNELAS, 2003, p. 18) acredita que a inovao o

    instrumento especfico do esprito empreendedor, ou seja, os empreendedores so dotados de

    caractersticas inovadoras, independentes das relaes existentes com as organizaes;

    diferente daquela observada no perfil dos empresrios.

    O empreendedor um homem inovador com iniciativa, que busca constantemente

    oportunidades para poder realizar negcios. J o empresrio um mantenedor, responsvel

    pela organizao da empresa, administrao dos negcios e coordenao da estrutura

    organizacional. Um empresrio pode ser dotado com traos de personalidade que o faam

    conduzir uma empresa, mas se no buscar ter atitude empreendedora, o seu negcio poder

    fracassar.

    O empreendedor precisa ser criativo, no somente quando abre uma empresa, mas

    durante toda sua existncia. Ele considera que uma companhia no um projeto morto, mas

    tem a possibilidade de vida eterna. E, por isso, acredita que logo aps abri-la, preciso

    renovar, sendo assim, necessrio que este seja inovador, algum capaz de demonstrar novas

    idias, agregando valor social.

    Por um outro lado, o empresrio detm uma empresa porque montou, comprou ou

    herdou, e sua atuao limita-se a administr-la. Ele est mais preocupado em gerenciar o

    negcio e atingir seus objetivos pessoais do que inovar e faze-lo crescer.

    - Diferenas entre gerente e empreendedor

    Segundo Fillion (2000, p.2) os gerentes perseguem os objetivos fazendo uso efetivo e

    eficiente dos recursos. Eles, normalmente, trabalham dentro de uma estrutura previamente

    definida por outras pessoas. De acordo com Rodrigues (1998, p.19) gerentes podem ser

    empreendedores, tambm, mas essa possibilidade torna-se mais remota se a organizao em

  • 23

    que trabalham no lhes outorga o poder necessrio para isso, percebe-se que a estrutura

    organizacional, composta de regras, processos, polticas, diretrizes e estrutura, pode contribuir

    ou no para o surgimento da ao gerencial inovativa.

    Rodrigues (1998, p.19) vai alm e afirma que o gerente inovador para se sentir

    motivado a realizar mudanas precisa de Poder para fazer aquilo que almeja, necessita de

    informaes, suporte e recursos para viabilizar seu projeto,valoriza mais os dados do que os

    recursos financeiros, propriamente ditos, vai alm das expectativas. E risco para ele torna-se

    um estmulo.

    Em 2000, Fillion desenvolveu um quadro (Quadro2) demonstrando uma anlise do

    sistema de atividades dos gerentes e dos empreendedores, ressaltando que os primeiros esto

    associados razo, enquanto os empreendedores utilizam-se mais de sua intuio.

    GERENTES EMPREENDEDORES

    * Trabalham com a eficincia e o uso efetivo dos

    recursos para atingir metas e objetivos

    *Estabelecem uma viso e objetivos e

    identificam os recursos para torn-los realidade.

    * A chave adaptar-se s mudanas * A chave iniciar as mudanas.

    * O padro de trabalho implica anlise racional * O padro de trabalho implica imaginao e

    criatividade

    * Operam dentro da estrutura de trabalho existente *Definem tarefas e funes que criam uma

    estrutura de trabalho.

    *Trabalho centrado em processos que levam em

    considerao o meio em que ele se desenvolve.

    *Trabalho centrado na criao de processos

    resultantes de uma viso diferenciada do meio.

    Quadro 2- Diferenas nos sistemas de atividades de gerentes e empreendedores Fonte: Filion (2000)

    Em outro quadro (Quadro 3), Filion (2000, p. 3) demonstrava as diferenas bsicas

    entre a formao do gerente e do empreendedor.

    FORMAO GERENCIAL FORMAO EMPREENDEDORA

    *Baseada em cultura da afiliao * Baseada em cultura de liderana

    * Centrada em trabalho de grupo e comunicao de grupo * Centrada na progresso individual

    *Trabalha no desenvolvimento de ambos os lados do

    crebro, com nfase no lado esquerdo.

    * Trabalha no desenvolvimento de ambos os

    lados do crebro, com nfase no lado direito

    * Desenvolve padres que buscam regras gerais e

    abstratas.

    * Desenvolve padres que buscam aplicaes

    especificas e concretas

    * Baseada no desenvolvimento do autoconhecimento com

    nfase na adaptabilidade.

    * Baseada no desenvolvimento do

    autoconhecimento (conceito de si) com

    nfase na perseverana.

  • 24

    *Voltada para a aquisio de know-how em

    gerenciamento de recursos e na prpria rea de

    especializao.

    * Voltada para a aquisio de know-how

    direcionado para a definio de contextos

    que levem a ocupao de um lugar no

    mercado

    Quadro 3- Diferenas bsicas entre as formaes gerencial e empreendedora Fonte: Filion (2000)

    Atravs destas informaes possvel dizer que o gerente e o empreendedor esto

    submetidos a foras semelhantes: a orientao para o negcio e o cumprimento de objetivos,

    porm, fazem uso de aparatos diferentes de solues, ou seja, no existem gerentes que no

    usem de intuio e, da mesma forma, empreendedores que no usem a razo, acontece que

    existem tendncias e comportamentos diferenciados, conforme os estudos acima

    mencionados.

    2.1.3.2 - Mitos sobre empreendedores

    Ao estudar o empreendedorismo verifica-se que existem alguns mitos criados a

    respeito da realidade do empreendedor. Antes de prosseguir com os estudos a cerca das

    atitudes dos empreendedores importante deixar claro que existem incoerncias a respeito

    dessa realidade.

    Timmons (apud GREATTI e SENHORINI, 2000, p. 21) descreve no Quadro 4 alguns

    mitos e as respectivas realidades observadas em seus estudos a cerca do empreendedor.

    MITOS REALIDADES

    *O indivduo empreendedor nasce

    com o perfil empreendedor, no se

    pode ensinar algum a ser

    empreendedor.

    *Apesar da vontade de criar e a energia para

    trabalhar, a capacidade criativa de identificar e

    aproveitar as oportunidades do empreendedor

    aparecem, somente, aps alguns anos de experincia,

    dependendo das habilidades adquiridas, tais como:

    Know- how, experincias e contatos.

    *Qualquer cidado pode comear um

    empreendimento.

    * Pode, porm, manter-se no mercado competitivo,

    atualmente, difcil. Empreendedores que

    compreendem a diferena entre idia e oportunidade

    e so capazes de enxergar alm tm maiores chances

    de sucesso.

    *Empreendedores so jogadores. * Empreendedores de sucesso assumem riscos

    calculados, procuram minimizar os riscos e tentam

    influenciar a sorte.

  • 25

    *Empreendedores querem o

    espetculo s para si.

    * Os empreendedores, geralmente, sabem construir

    uma equipe, uma organizao , uma companhia.

    Entendem que difcil conduzir um negcio de alto

    potencial sozinho.

    *Comear um negcio arriscado e

    geralmente leva a falncia.

    * Os empreendedores talentosos e experientes

    freqentemente alcanam o sucesso, pois sabem

    identificar e agarrar oportunidades e atrair recursos

    financeiros.

    *Empreendedores devem ser jovens e

    cheios de energia.

    * Essas caractersticas podem ajudar, mas idade no

    obstculo. Em geral, os empreendedores

    apresentam idade media de 35 anos, porm, h

    inmeros exemplos de empreendedores aos 60 anos.

    O importante possuir conhecimento relevante,

    experincia e contatos que facilitam identificar e

    aproveitar a oportunidade.

    *Empreendedores buscam poder e

    controle sobre terceiros.

    * O empreendedor busca responsabilidade,

    realizao e resultados.

    Quadro 4-Mitos e realidades sobre os empreendedores Fonte : Greatti e Senhorini ( 2000,p.21).

    Diferentes estudiosos compartilham as observaes realizadas por Timmons. Segundo

    Filion (2000) pesquisas realizadas mostraram que os modelos de influncia so de grande

    relevncia para explicar o comportamento dos empreendedores, visto que, grande parte dos

    indivduos empreendedores, tornaram-se empreendedores por influncia de um modelo no seu

    meio familiar ou prximo a ele. Tratando-se, portanto, de um comportamento que pode ser

    apreendido.

    De acordo com Degen (1989, p.13 apud BETIM et al, 2004) o indivduo estar bem

    preparado para iniciar um novo negcio quando conhecer as tarefas necessrias para o seu

    crescimento, apresentar capacidade gerencial, viso empreendedora e domnio sobre a

    complexidade do negcio. Atualmente, observa-se que esses requisitos so muito importantes

    para a prosperidade dos negcios, visto que a concorrncia muito grande.

    2.1.4- Micro e Pequenas empresas

    - Classificao

    A classificao das empresas quanto s categorias de micro, pequeno, mdio e grande

    porte, pode se dar de acordo com vrios critrios, os quais so arbitrrios e variam de acordo

  • 26

    com a finalidade e os objetivos das instituies que promovem seu enquadramento. No Brasil,

    em geral, adota-se o critrio do valor do faturamento bruto ou do nmero de funcionrios.

    (PINTO, 2007).

    O estatuto da Micro e Pequena empresa, de 1999, utiliza o critrio de classificao

    segundo a receita bruta anual. O regime simplificado de tributao SIMPLES utiliza os

    limites previstos na Medida Provisria 275/05 (RECEITA FEDERAL, 2007). Por sua vez, o

    SEBRAE, classifica o porte das empresas segundo o nmero de funcionrios que compem

    sua estrutura, conforme apresentada na Tabela1 (SEBRAE, 2008).

    Tabela 1-Classificao quanto ao porte da empresa.Classificao Micro Empresa Pequena EmpresaReceita Bruta Anual

    SIMPLES At R$ 240.000,00 Superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00

    Estatuto da MPE At R$ 433.755,14 Superior a R$ 433.755,14 e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00

    Nmero de Funcionrios SEBRAE - Comrcio e Servios

    At 9 funcionrios 10 a 49 funcionrios

    SEBRAE - Indstria e Construo

    At 19 funcionrios 20 a 99 funcionrios

    Fonte: SEBRAE (2008)

    Diante dessas informaes, optou-se por realizar um trabalho onde a micro e pequena

    empresa classificada de acordo com os critrios estabelecidos pelo Sebrae, ou seja, quanto

    ao nmero de funcionrios, pois tal informao mais fcil de ser obtida uma vez comparada

    ao critrio da receita bruta.

    - Quantidade de MPE no Brasil

    Estudos realizados pelo Sebrae (2005) revelaram que, entre os anos de 1996 e 2002, a

    quantidade de micro e pequenas empresas no Brasil cresceram. As micro empresas

    apresentaram um crescimento acumulado de 55,8%, passando de 2.956.749 para 4.605.607

    de empresas; enquanto que, as pequenas empresas obtiveram um crescimento de 51,3%,

    passando de 181.115 para 274.009 de empresas.

    Em 2002, as micro e pequenas empresas representavam 99,2 % do nmero total de

    empresas formais, 57,2% dos empregos totais e 26,0 % da massa salarial.

  • 27

    De acordo com as pesquisas apresentadas pelo BNDES (2005) 60% dos empregos

    gerados e mantidos no Brasil so fruto dos esforos das micro e pequenas empresas, alm

    disso, a presena desse tipo de empresa auxilia o equilbrio da economia de mercado,

    dificultando a penetrao de cartis, monoplios e oligoplios, melhorando e inovando

    produtos e processos.

    - Mortalidade

    Pesquisas realizadas pelo Sebrae (2004) revelaram que apesar do crescente nmero de

    novos negcios no Brasil, mant-los continua sendo uma rdua tarefa.

    A partir dos dados cadastrais obtidos por meio das Juntas Comerciais Estaduais, o

    Sebrae coletou informaes sobre micro e pequenas empresas constitudas e registradas nos

    anos de 2000, 2001 e 2002. Atravs desses dados, procurou avaliar a taxa de mortalidade

    dessas empresas, e concluiu que em micro e pequenas empresas com at 2 anos de existncia

    a taxa de mortalidade era de 49,4% (2002); em empresas com at 3 anos de existncia (2001)

    essa taxa aumentou para 56,4%, e em empresas com at 4 anos de existncia essa

    percentagem era de 59,9% (2000). (Tabela 2)

    Tabela 2. Taxa de Mortalidade por Regio e Brasil (2000 2002)RegiesAno de

    Constituio Sudeste Sul Nordeste Norte Centro Oeste

    Brasil

    2002 48,9 % 52,9 % 46,7 % 47,5 % 49,4 % 49,4 %

    2001 56,7 % 60,1 % 53,4 % 51,6 % 54,6 % 56,4 %

    2000 61,10 % 58,9 % 62,7 % 53,4 % 53,9 % 59,9 %

    Fonte: Sebrae, 2004.

    Aps o levantamento dessas estatsticas, o Sebrae procurou identificar, na opinio dos

    empresrios, quais foram os principais motivos que levaram as empresas ao encerramento de

    suas atividades. A pesquisa demonstrou que os principais motivos foram:

    1- Falhas gerncias, que podem ser traduzidas como sendo falta de capital de

    giro, problemas financeiros e o local inadequado;

    2- Causas econmicas conjunturais, que decorrem, principalmente, da falta de

    conhecimentos gerncias, falta de clientes, inadimplncia de terceiros,

    recesso econmica do pas;

  • 28

    3- Logstica Operacional, ou seja, instalao inadequada, falta de profissionais

    qualificados para o trabalho e dificuldade em obter crditos bancrios;

    4- Polticas Pblicas e arcabouo legal que refere-se a falta de crditos

    bancrios, problemas com fiscalizao, carga tributria elevada e outras

    razes.

    Baseado nessas informaes, percebe-se a fragilidade das micro e pequenas empresas.

    As dificuldades enfrentadas por essas empresas so muitas, frente s grandes corporaes, por

    isso, importante verificar a atitude empreendedora de micro e pequenos empresrios e

    conscientiz-los das inmeras dificuldades existentes desde a abertura continuidade do seu

    negcio. No se pode esquecer que as MPE detm certas vantagens, que ao serem bem

    trabalhadas, so capazes de mant-las no mercado por muito tempo.

    Neste trabalho, o diferencial competitivo observado em micro e pequenas empresas

    ser o capital humano, mais especificadamente, o empreendedor. Por isso, a importncia em

    elaborar um trabalho cujo objetivo demonstrar a percepo do empreendedor de micro e

    pequenas empresas sobre a atitude empreendedora, pois acredita-se que atravs desta anlise

    ser possvel proporcionar um nvel adequado de informao aos empresrios, tornando-os

    mais aptos a identificar e solucionar problemas, conscientizando-os de suas fraquezas e

    trabalhando-as, de forma a alcanar o objetivo esperado.

    2.2- Atitude

    Atitude uma palavra derivada do latim e significa maneira organizada e coerente de

    pensar, sentir e reagir.Trata-se da predisposio apreendida pelo indivduo por meio de

    experincias e informaes capazes de influenciar a maneira de agir em relao a qualquer

    estmulo ou situao. (FISHBEIN, 1967, p.257, apud LOPEZ, 2005).

    De acordo com Rodrigues (1972, apud LOPEZ, 2005, p. 45), a atitude composta por

    trs elementos bsicos e inter-relacionados, sendo eles: o componente cognitivo - pensamento

    e crenas, relacionado ao aprendizado e experincia do indivduo; o afetivo - sentimentos e

    emoes, reflete o grau de aceitao e as preferncias do indivduo em relao aos objetos em

    questo; e por ltimo, tem-se o componente comportamental relacionado tendncia do

    indivduo em reagir, afeto com relao aos objetos sociais.

    A atitude apresenta certa instabilidade visto que suas intenes podem variar de

    acordo com as circunstncias, as perspectivas e demais fatores contextuais. Espera-se que a

    atitude seja capaz de prever e explicar o comportamento humano. (LOPEZ, 2005).

  • 29

    A atitude quando combinada a uma situao especfica desencadeia um resultado

    denominado comportamento. O comportamento tido como a maneira que os indivduos

    conduzem suas aes. No se trata, apenas, daquilo que as pessoas acreditam ser correto, mas

    sim, a maneira que a sociedade espera que o indivduo se comporte diante de uma dada

    circunstncia. Refere-se mudana, movimento, reao de qualquer entidade ou sistema em

    relao a seu ambiente ou situao.

    Sendo assim, tem-se que a atitude a inteno de se comportar enquanto que o

    comportamento a ao, propriamente dita.

    2.2.1- Atitude empreendedora

    Para ser empreendedor deve-se conhecer bem a atividade em que atua, introduzindo

    inovaes em uma organizao, provocando o surgimento de valores adicionais e buscando

    traduzir seus pensamentos em aes. tido como aquele que faz as coisas acontecerem,

    antecipa-se aos fatos e apresenta uma viso futura da organizao, seja na forma de

    administrar, vender, fabricar, distribuir ou, ainda, na maneira de fazer propaganda, agregando

    novos valores aos produtos ou servios prestados.

    Segundo Peacock (2000, p. 3 apud SOUZA-DEPIERI, 2005, p. 25) no h um

    conjunto de caractersticas corretas ou imprescindveis que possa predizer se uma pessoa ou

    no empreendedora, porm, pode-se verificar que pessoas empreendedoras apresentam

    algumas caractersticas similares.

    McClelland (1972, apud LOPEZ, 2005) concentrou seus estudos na tentativa de

    identificar quais caractersticas do comportamento empreendedor so, freqentemente,

    apresentadas em indivduos com elevado desempenho profissional e alto grau de realizao.

    Em seus estudos, ele identificou algumas das principais caractersticas e as agrupou em trs

    dimenses: Realizao, Planejamento e Poder.

    Essas trs dimenses, aliadas inovao sero as caractersticas da atitude

    empreendedora utilizadas na elaborao deste trabalho. Sendo assim, faz-se necessrio

    analisar cada uma dessas caractersticas de modo a dar maior credibilidade realizao deste

    estudo.

  • 30

    - Realizao

    O campo da Realizao compe-se da busca de oportunidades e iniciativas;

    persistncia; assumir riscos calculados; exigncias de qualidade e eficincia; e

    comprometimento.

    Essa dimenso est relacionada disposio do indivduo na realizao das tarefas, s

    novas formas encontradas de fazer as coisas - de forma mais rpida e com um menor custo, a

    busca por novos produtos e expanso dos negcios. Refere-se a preocupao, constante, com

    a alta qualidade e eficincia. Analisa os riscos envolvidos nos negcios, calculando os

    resultados esperados, buscando as melhores as alternativas para alcanar os objetivos

    desejados. (LOPEZ, 2005).

    - Planejamento

    A dimenso Planejamento engloba o estabelecimento de metas, a busca de

    informao, o planejamento e o monitoramento sistemtico. (SOUZA-DEPIERI, 2005).

    Essa dimenso busca organizar e gerenciar os negcios, definindo objetivos e metas,

    buscando informaes de clientes, concorrentes e fornecedores (LOPEZ, 2005, p.30). Dessa

    forma, o conhecimento do indivduo a cerca do empreendimento aumenta, contribuindo para

    que a empresa consiga se manter mais tempo no mercado.

    - Poder

    O conjunto Poder compreende a persuaso e redes de contato e a independncia e

    autoconfiana. Refere-se a capacidade do empreendedor de influenciar os resultados em

    beneficio prprio. (LOPEZ, 2005, p.33).

    A autoconfiana, a responsabilidade dos empreendedores diante dos riscos enfrentados

    no negcio e a autonomia nas decises so caractersticas que auxiliam o empreendedor a

    mobilizar as pessoas em prol da conquista dos objetivos esperados. Segundo David (2004,

    p.35) Os empreendedores so otimistas e criativos e, desta forma, obtm a confiana e o

    apoio das pessoas com as quais mantm relaes comerciais.

    - Inovao

    A dimenso Inovao est dividida em criatividade e inovao. Segundo Dornelas

    (2003) a inovao refere-se a mudanas, realizar tarefas de forma diferenciada, criando algo

    novo, transformando o meio ao seu redor.

  • 31

    De acordo com Drucker (1986 apud, OLIVEIRA, 2001, p.7) a inovao deve ser

    difundida na organizao como sendo um fator importante sobrevivncia no mercado. Os

    integrantes da empresa devem se conscientizar da necessidade da inovao tanto nas

    atitudes como nos processos e da importncia do planejamento da inovao nas

    organizaes, esclarecendo etapas e objetivos especficos concretizao desse planejamento.

    Para Cruz (2005, p.17) :

    Inovao pode ser definida como mudanas empreendidas e adotadas pelas empresas em busca de vantagens que lhes permitam obter maiores retornos econmicos. Ressalta-se que o conceito aqui aplicado configura a inovao como a inveno aplicada em algo comercializvel (produto ou servio), ou seja, algo que permita o estabelecimento de demanda de produtos ou servios que geram ou ampliam a ao de uma empresa. Tudo isto coloca o empreendedor como mola propulsora deste novo mercado, desta nova realidade.

    Schumpeter (1997, apud DORNELAS, 2001, p. 37) refere-se ao empreendedor como

    sendo aquele que destri a ordem econmica existente pela introduo de novos produtos e

    servios, pela criao de novas formas de organizao ou pela explorao de novos recursos

    em materiais. aquele que ao detectar uma oportunidade, analisa os riscos envolvidos no

    empreendimento e procura desenvolver um negcio lucrativo, buscando satisfazer seus

    anseios atravs do trabalho, tanto a nvel individual quanto coletivo, inovando, e buscando

    novas oportunidades de negcios.

    A figura do empreendedor essencial para que as idias configurem-se em inovaes,

    pois o empreendedor o responsvel pelos riscos de um negcio atravs de suas aes e

    criatividade.

    Segundo Parkhursta (1999 apud FARIA, 2003) a Criatividade refere-se a habilidade

    que o indivduo demonstra de desenvolver novas maneiras capazes de solucionar problemas

    distintos ou de criar novos produtos.

    Para Barron e Harrington (1981 apud SHANKINS et al, 2003) a criatividade

    contempla-se de duas maneiras, a primeira delas apresenta-se pelo seu carter de

    originalidade, ou seja, algo novo, e a segunda de fazer sentido aos outros. No basta apenas

    ser novo necessrio que seja til e tenha uma finalidade. Seguindo um raciocnio muito

    prximo, tem-se Csikszentmimihalti (1996 apud FARIA, 2005) que observa a criatividade

    como composta de trs elementos e no apenas de dois como Skankins, segundo

    Csikszentmimihalti a criatividade se faz atravs de uma cultura composta de regras

    simblicas, de um indivduo que possui a novidade e, por fim, de um especialista que

    reconhece e valida a inovao.

  • 32

    A busca de oportunidades, a criatividade e o risco so conceitos muito interligados,

    pois o processo de identificao de uma oportunidade relaciona-se a um comportamento

    criativo latente aplicado no momento certo avaliando o risco envolvido quela

    situao.Sendo assim, pode-se dizer que uma atitude no est necessariamente ligada a uma

    nica caracterstica, mas sim a um conjunto de comportamentos (PASSARELA, 1995 apud

    CRUZ, 2005, P.112).

    Buscando aprofundar os estudos sobre o tema empreendedorismo, prope-se realizar

    um estudo de caso, onde o principal objetivo analisar a atitude empreendedora de

    proprietrios e gerentes de 18 restaurantes em Braslia, identificando quais as caractersticas

    da atitude empreendedora so observadas e como esses indivduos percebem tais atitudes.

  • 33

    3- Mtodo

    No intuito de alcanar o objetivo proposto que identificar a atitude empreendedora

    do micro e pequeno empresrio do ramo de alimentao, e de dar subsdios para elaborao

    deste estudo, foi realizada uma pesquisa descritiva, com escala quantitativa. considerada

    descritiva, porque observa, registra, analisa, classifica e interpreta as caractersticas de

    determinada populao ou fenmeno, estabelecendo correlaes entre variveis e definindo

    sua natureza. Quantitativa, pois utilizou-se do Instrumento de Medida da Atitude

    Empreendedora IMAE, que permitiu traduzir em nmeros a opinio dos entrevistados,

    podendo dessa forma, classific-las e analis-las.

    Quanto aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como explicativa, pois visa identificar

    a percepo dos empresrios sobre as atitudes empreendedoras, entendidas atravs de 4

    dimenses: Planejamento, Realizao, Poder e Inovao, realizadas em micro e pequenas

    empresas do ramo de alimentao, do Distrito Federal.

    Neste captulo sero descritas: a populao estuda, a amostra utilizada, o instrumento

    de medida aplicado, os procedimentos de coleta e a anlise estatstica dos dados.

    Populao e amostra

    Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi considerada uma populao composta por

    proprietrios e gerentes de micro e pequenas empresas do ramo de alimentao - restaurante,

    ou seja, organizaes comerciais com at 49 funcionrios, localizados em Braslia, Distrito

    Federal.

    O estudo foi realizado junto a uma amostra de 18 empresas, totalizando 30

    empreendedores de micro e pequena empresa. A amostra envolveu empreendedores

    selecionados por convenincia, pois sua coleta ocorreu de acordo com a facilidade de contato

    da pesquisadora com os voluntrios.

    Foram coletadas informaes relativas a sexo, idade, escolaridade, cargo ocupado na

    empresa, tempo de servio e se o participante j teve experincia como autnomo.

    Nas empresas pesquisadas, 80% dos respondentes so homens, a mdia de idade

    encontrada foi de 34,03 anos, dentre eles 36,7% apresentaram grau de instruo como sendo

    3 grau completo. Em mdia, os participantes encontram-se trabalhando na empresa atual h

    7,32 anos, e 53,3% dos respondentes afirmaram terem tido experincia como autnomo.

  • 34

    Instrumento

    Para operacionalizao desta pesquisa foi utilizado um instrumento para coleta de

    dados desenvolvido por Souza e Lopez (2005) denominado Instrumento de Medida de Atitude

    Empreendedora- IMAE, cujo objetivo de analisar a atitude empreendedora. Por meio deste

    instrumento (Anexo A) pretende-se descrever e analisar as atitudes empreendedoras de

    proprietrios e gestores de micro e pequenas empresas do ramo de alimentao, mais

    precisamente, restaurantes.

    Este instrumento foi validado por seis juzes pesquisadores do tema e de temas

    correlatos, sendo quatro doutores e dois doutorandos. Inicialmente o instrumento era

    constitudo por 54 itens que aps a analise de validao foram reduzidos para 36.Para validar

    este instrumento foi utilizada uma amostra de 290 respondentes.

    A anlise fatorial realizada apresentou um fator geral de varivel relativas atitude

    empreendedora (Alpha de Cronback = 0,93) e ofereceu uma segunda opo ao considerar a

    existncia de dois fatores: Prospeco e Inovao (consistncia interna = 0,89) e Gesto e Persistncia (consistncia interna = 0,87). Para ambas as anlises fatoriais apontadas (unifatorial e bidimensional) os resultados obtidos receberam ndices estatisticamente

    confiveis e vlidos.

    Optou-se pelo estudo unifatorial, pois o grau de validade deste fator mostrou-se

    superior ao dos demais fatores apresentados, sendo assim, este estudo foi realizado a partir do

    conceito de Atitude Empreendedora e suas 4 dimenses.

    Para o desenvolvimento do IMAE, os autores dividiram os 36 itens que compem o

    questionrio em quatro dimenses: Realizao, Planejamento, Poder e Inovao. Sendo que,

    as dimenses Realizao, Planejamento e Poder foram utilizadas neste instrumento por terem

    sido mencionadas na pesquisa Treinamento Empresarial e Fortalecimento do Desempenho

    Empresarial da Management Systems International, e a dimenso Inovao foi adotada por

    ter sido citada em 95% dos trabalhos estudados pelo pesquisador Kornijeznk ao elaborar a

    matriz de caractersticas do comportamento empreendedor (LOPEZ, 2005, p.57).

    Este questionrio constitudo por uma srie ordenada de itens, que deveriam ser

    julgados a partir de uma escala Likert de 9 pontos, na qual 1 significa nunca e 10

    freqentemente. A Tabela 3 elucida a quantidade de itens abordados para cada dimenso

    deste instrumento.

  • 35

    Tabela 3. Distribuio dos itens segundo suas dimenses.

    Dimenso Itens

    Realizao 2, 4, 8, 13, 17, 18, 20, 27,30.

    Planejamento 3, 5, 6, 9, 12, 15, 16, 19, 22, 29, 32, 33,34.

    Poder 7, 10, 14, 24, 25, 26, 35,36.

    Inovao 1, 11, 21, 23, 28,31.

    Fonte: Lopez, 2005.p.59

    Coleta e anlise de dados

    Os questionrios foram entregues presencialmente aos voluntrios. Alm disso, nas

    empresas que no viabilizaram o acompanhamento do pesquisador na aplicao do

    instrumento, foi entregue uma carta, com explicaes e recomendaes, sendo frisado o

    objetivo da pesquisa e garantindo ao respondente o sigilo quanto a sua identificao.

    As respostas dos participantes foram registradas em um arquivo de dados eletrnicos

    denominado SPSS (Statistical Package for the Social Science), verso 14.0, para que dessa

    forma pudessem ser analisadas. Na primeira etapa, foram realizadas anlises descritivas e

    exploratrias para investigar a exatido da entrada dos dados, distribuio dos casos omissos e

    o tamanho da amostra.

    Em seguida, foram realizadas anlises descritivas das variveis utilizadas, a partir do

    calculo das mdias, desvio padro e moda, a fim de identificar com que freqncia

    proprietrios e gerentes de restaurantes apresentam atitudes empreendedoras. Os resultados

    destas anlises sero descritos na prxima seo.

  • 36

    4- Resultados e Discusso

    Neste captulo so apresentados os resultados descritivos de cada varivel do presente

    estudo, e a discusso do valor referente mdia, desvio padro e moda das respostas dos

    participantes. A fim de facilitar a compreenso dos resultados, foram elaboradas 4 tabelas,

    divididas segundo as 4 dimenses estudadas neste trabalho: Realizao, Planejamento, Poder

    e Inovao.

    A primeira anlise realizada foi com a dimenso Realizao. Ao registrar as respostas

    dos participantes, foram observados 2 casos omissos, uma na questo 18, relacionada a

    postura do respondente diante dos objetivos pretendidos e a outra na questo 30 que refere-se

    a forma que o indivduo administra a questo risco com a finalidade de superar a

    concorrncia.

    Conforme os resultados apresentados na Tabela 4, observa-se que, de forma geral, os

    itens que compem a dimenso Realizao foram avaliados de forma positiva, pois a mdia

    geral encontrada foi de 8, 39, o desvio - padro geral foi de 1, 63, e a moda foi de 10.

    Tabela 4. Realizao.

    MdiaDesvio Padro Moda

    2- Exploro novas oportunidades de negcio. 8,0667 1,87420 10,00

    4- Assumo riscos para expandir meu negcio. 7,5333 2,33021 10,00

    8- Responsabilizo-me pela concluso dos trabalhos nos prazos estipulados.

    9,2000 1,15669 10,00

    13- Junto-me aos empregados nas tarefas para cumprir os prazos.

    8,7667 1,85106 10,00

    17- Fao sacrifcios pessoais para concluir tarefas. 9,0667 1,36289 10,00

    18- Mantenho meus objetivos mesmo diante de resultados que no so satisfatrios inicialmente.

    8,3448 1,28940 8,00

    20- Renovo meus esforos para superar obstculos. 8,6000 1,47625 10,00

    27- Emprego esforos extras para a concluso de tarefas programadas.

    9,0000 1,08278 9,00

    30- Assumo riscos com o intuito de superar a concorrncia.

    6,9655 2,24377 7,00

    Resultados Gerais 8.39374 1,62969 10

  • 37

    De acordo com a Tabela 4, a questo 8, que se refere responsabilidade sobre a

    concluso dos trabalhos em prazo estipulado, destacou-se favoravelmente, pois apresentou a

    maior mdia (M= 9,2), que significa maior concordncia entre os respondentes sobre tal

    atitude, e um dos menores desvios-padro (DP= 1,15), um resultado bom, que implica dizer

    que as respostas dos entrevistados foram muito similares, no havendo grande disperso entre

    elas. Por outro lado, o item 30, que trata dos riscos com o intuito de superar a concorrncia,

    teve a menor mdia (M= 6,96) e um dos maiores desvios - padro (DP= 2,24), que apesar de

    serem valores favorveis, significa que existe um valor mdio razovel (M= 6,96) de atitude

    empreendedora relacionada a risco, e que esta atitude apresentou um desvio - padro, atravs

    do qual pode-se inferir que houve grande disperso das respostas.

    As questes 8 (M= 9,2), 17(M= 9,06) e 27 (M= 9,0) apresentaram valores referentes

    as suas mdias superiores a 9, e tiveram seus desvios-padro calculados respectivamente:

    (DP= 1,15), (DP= 1,36) e (DP= 1,08) o que indica que tais atitudes so mais freqentemente

    apresentadas pelos respondentes do que as atitudes listadas nos itens 4 (M = 7,53) e 30 (M =

    6,96) que tiveram seus desvios-padro calculados em 4 (DP =2,33) e 30 (DP = 2,24).

    Ao analisar a dimenso Realizao constata-se que os indivduos empreendedores

    apresentam elevada disposio em realizar tarefas, e encarregar-se de seu cumprimento, e que

    para isso, so capazes de realizar sacrifcios pessoais em prol da concluso de trabalhos

    previamente definidos. Observa-se, ainda, que os candidatos apresentam certo receio quanto

    ao quesito risco. Para eles, assumir riscos ainda uma tarefa muito difcil, mesmo que seja

    com o intuito de expandir seus negcios ou superar a concorrncia. Pelo que tudo indica, tais

    profissionais preferem dedicar-se tarefas, realizando sacrifcios pessoais e trabalhando

    arduamente em prol do alcance de suas metas.

    Ao realizar o levantamento de dados da dimenso Planejamento no foi constatado

    respostas omissas. De acordo com os resultados da Tabela 5, est dimenso foi bem avaliada,

    visto que foi calculadas uma mdia de 8, 05, um desvio-padro de 1, 901, e uma moda de 9.

    Tabela 5. Planejamento.

    MdiaDesvio Padro Moda

    3- Mudo de estratgia, se necessrio, para alcanar uma meta.

    8,2333 2,11209 10,00

    5- Defino Metas de longo prazo, claras e especficas. 7,6667 2,38289 9,00

  • 38

    6- Adoto procedimentos para assegurar que o trabalho atenda padres de qualidade previamente estipulados.

    9,0333 0,99943 9,00

    9- Busco obter informaes sobre possveis clientes. 7,8667 2,70036 10,00

    12- Fao projees claras para o futuro de meu negcio.

    7,8333 1,91335 9,00

    15- Reviso continuamente objetivos de curto prazo. 8,3000 1,62205 10,00

    16- Busco informaes sobre meu ramo de negcio em diferentes fontes.

    9,2333 0,97143 10,00

    19- Consulto meus registros de controle antes de tomar decises.

    7,9000 2,45441 10,00

    22- Planejo as atividades do meu negcio subdividindo tarefas de grande porte em subtarefas.

    7,8333 1,76329 7,00

    29-Defino continuamente objetivos de curto prazo. 7,1333 1,99540 7,00

    32-Ajo antes de ser pressionado pelas circunstncias.

    7,8000 1,80803 9,00

    33- Costumo calcular o risco envolvido nos negcios que fao.

    7,6667 2,18669 8,00

    34- Calculo os riscos antes de novos investimentos. 8,1333 1,81437 9,00

    Resultados Gerais8,04870 1,90183 9,00

    Atravs desta tabela, verifica-se que as melhores avaliaes encontradas foram nas

    questes 16, que trata da busca de informaes sobre o ramo de negcios, cujos valores

    calculados foram de: mdia (M =9,23) e desvio padro (DP =0,9714) e na questo 6,

    relacionada a utilizao de procedimentos que visam melhorar a qualidade do trabalho, cujos

    resultados foram de: mdia (M =9,03) e desvio padro (DP =0,99). As avaliaes com

    resultados mais desfavorveis foram nas questes 5,19 e 29, cujos valores encontrados foram:

    item 5 (M= 7,13) e (DP =2,38), item 19 (M= 7,9) e (DP =2,45) e item 29 (M= 7,66) e (DP

    =1,99), ou seja, valores mdios razoveis e desvios-padro elevados.

    Diante das demais respostas apresentadas neste trabalho, pode-se concluir que os

    indivduos empreendedores apresentaram bons resultados na dimenso planejamento, porm

    percebe-se que estes no demonstram tanto empenho em algumas atividades relacionadas ao

    planejamento, como nas respostas da questo 5 e 29, cujos resultados demonstram menos

  • 39

    dedicao no planejamento de tarefas de curto e longo prazo e na questo 22, relacionada ao

    planejamento de tarefas.

    No que diz respeito ao preenchimento das questes relacionadas dimenso Poder

    houve, apenas 1 caso de resposta omissa, que foi na questo 10, que se refere confiana do

    respondente para superar desafios. De uma maneira geral, os resultados obtidos nesta

    dimenso foram em sua grande maioria favorveis, sendo a mdia geral de 8,44, o desvio-

    padro encontrado no foi to alto, sendo ele de 1,62 e a moda foi de 10.

    Tabela 6. Poder.

    MdiaDesvio Padro Moda

    7- Utilizo contatos pessoais para atingir meus objetivos. 8,3333 1,91785 10,00

    10- Confio na minha capacidade de superar desafios.

    9,2414 0,91242 10,00

    14- Utilizo estratgias deliberadas para influenciar pessoas.

    7,2000 1,93694 7,00

    24- Assumo a responsabilidade pela resoluo de problemas que possam prejudicar o desempenho do meu negcio.

    8,3000 2,21515 10,00

    25- Considero-me principal responsvel pelo desempenho do meu negcio.

    7,5333 2,60944 10,00

    26- Confio na minha competncia como fonte do sucesso do meu negcio.

    8,6667 1,15470 10,00

    35- Estimulo o esprito de equipe entre meus funcionrios.

    9,2333 1,07265 10,00

    36- Estimulo a participao dos funcionrios na busca pela soluo de um problema.

    9,0000 1,14470 10,00

    Resultados Gerais8,4385 1,62048 10,00

    Dentre as questes analisadas, destaca-se como favorvel questo 10,que se refere a

    credibilidade da capacidade do empreendedor em superar desafios, pois apresentou a maior

    mdia de (M= 9,24) e o menor desvio padro de (DP =0,912), e a questo 14 que refere-se a

    utilizao de mecanismos distintos para influenciar pessoas, foi desfavorvel, pois apresentou

    a menor mdia de (M= 7,2) e o maior desvio-padro de (DP =1,93).

  • 40

    De acordo com as resultados acima apresentados, pode-se verificar que os indivduos

    que responderam aos questionrios, de uma maneira geral, apresentaram com maior

    freqncia atitude empreendedora ligada a dimenso Poder. Das perguntadas respondidas,

    trs delas tiveram seu resultado prximo ao descrito como freqentemente, sendo elas: a

    questo 10 cuja mdia de (M= 9,24) e um desvio padro de (DP =0,912), a questo 35, cuja

    mdia (M= 9,233) e um desvio padro de (DP =1,07), e a questo 36, cujos valores

    encontrados foram de mdia (M= 9,00) e um desvio padro de (DP =1,14). Nesta pesquisa

    duas questes mostraram-se menos freqentes a atitude empreendedora analisada, foram elas

    a questo 14, cuja mdia encontrada foi (M= 7,2) e um desvio padro de (DP =1,93) e a

    questo 25, que teve seus resultados como mdia de (M= 7,533) e um desvio padro de (DP

    =2,60).

    A partir desses dados, pode-se concluir que os candidatos procuram desempenhar

    atitudes empreendedoras ligadas dimenso Poder. Dentro do possvel, utilizam-se de

    contatos pessoais a fim de alcanar os objetivos pretendidos, procuram estimular o esprito de

    equipe e a participao dos mesmos na realizao de tarefas, alm disso, apresentam muita

    confiana na sua capacidade de superar desafios.

    A ltima dimenso analisada neste estudo foi Inovao. Nesta dimenso no foi

    constatada resposta omissa. Todos os resultados apresentados foram superiores a 8, isso

    significa que tais atitudes empreendedoras so percebidas com maior freqncia nos

    empresrios empreendedores avaliados. A mdia geral calculada nesta dimenso foi de 8, 522,

    o desvio padro foi de 1, 484, e a moda foi 10.

    Tabela 7. Inovao.

    MdiaDesvio Padro Moda

    1- Implemento novas idias com o objetivo de melhorar a qualidade do meu negcio 8,5000 1,52564 10,00

    11- Busco novas maneiras de realizar tarefas. 8,2667 1,81817 10,00

    21- Busco novas solues para atender necessidade de clientes.

    9,2333 1,10433 10,00

    23- Procuro criar novos servios. 8,1000 1,76850 9,00

    28- Desenvolvo idias novas para a soluo de problemas. 8,5333 1,30604 10,00

  • 41

    31- Crio novas rotinas, objetivando a melhoria do desempenho do meu negcio.

    8,5000 1,38340 10,00

    Resultados Gerais8,5222 1,48434 10

    Nessa dimenso a questo 21 , busca de novas solues para atender clientes,

    apresentou os melhores resultados, tendo a maior mdia (M= 9,233) e o menor desvio-

    padro (DP =1,10) e o item que demonstrou a menor freqncia foi a questo 23, relacionada

    criao de novos mecanismos para atender a demanda dos clientes, cujos valores obtidos

    foram de mdia (M= 8,10) e um desvio padro de (DP =1,76), nessa questo os valores

    apresentados demonstram menor freqncia dessas atitudes empreendedoras, porm, deve-se

    ressaltar, que os valores apresentados neste item continuam sendo valores favorveis.

    Entre os resultados obtidos, a Inovao foi dimenso que recebeu as melhores notas.

    Percebeu-se, neste estudo, que os indivduos demonstram com maior freqncia atitudes

    ligadas a busca por novidades, demonstram interesse em procurar novas maneiras de realizar

    uma mesma produo, implementam novas idias com o intuito de melhor a qualidade do

    negocio, enfim, o indivduo empreendedor demonstra interesse em melhorar o seu produto ou

    o seu servio, atravs de inovao.

  • 42

    5- Concluso

    Atravs dos resultados obtidos foi possvel alcanar os objetivos propostos na

    elaborao deste trabalho. Com o auxilio do Instrumento de Medida da Atitude

    empreendedora- IMAE, foi medida a atitude empreendedora de gerentes e proprietrios de

    micro e pequenas empresas, do ramo de alimentao, de restaurantes, localizados em Braslia,

    Distrito Federal.

    Ao analisar as respostas dos indivduos, verificou-se que dentre as 4 dimenses

    estudadas (Realizao, Planejamento, Poder e Inovao) a que recebeu a melhor avaliao foi

    a Inovao.Pode-se inferir que este resultado reflexo de um trabalho realizado com

    empresas, que de uma forma geral, encontram-se h mais de trs anos no mercado, cujo nvel

    de escolaridade de seus proprietrios e gerentes, em sua grande maioria so de terceiro grau

    completo e incompleto, e que boa parte dessas pessoas j atuaram como autnomas, o que

    implica dizer que conhecem algumas das dificuldades envolvidas no negcio.

    possvel concluir que estes empreendedores preocupam-se em buscar novos

    produtos, novos servios, melhorar os processos e a qualidade do servio, pois, acredita-se

    que o fato de apresentarem maior grau de instruo os diferenciam daqueles, dos pases

    mdios, que a GEM (2007) considerou como sendo empreendedores por necessidade,

    colocando-os em uma posio de empreendedores por oportunidade, o que significa dizer que

    so pessoas mais preparadas e instrudas, capazes de identificar uma oportunidade, abrir um

    novo mercado, inovar nos servios e nos produtos que oferecem.

    Acredita-se que esses indivduos tenham noo da grande concorrncia do mundo

    globalizado, do acelerado desenvolvimento tecnolgico e da grande exigncia de mercado,

    por isso, que essas pessoas apresentaram uma postura pr-ativa, buscando continuamente o

    aprendizado, com o intuito de adquirir novos conhecimentos capazes de gerar novas solues

    que levaro inovao, requisito que, hoje, torna-se indispensvel para o crescimento e o

    progresso de uma empresa.

    Em seguida, a dimenso que aparece de forma mais representativa foi a do Poder. Sua

    mdia geral foi de 8,44, e o seu desvio padro foi de 1,62, o que significa dizer que a atitude

    empreendedora ligada ao Poder aparece com freqncia nos indivduos analisados. Nessa

    dimenso, os respondentes atriburam notas favorveis a questes relacionadas superao de

    desafios, competncia individual e poder de motivar sua equipe de trabalho, por outro lado,

    receberam notas razoveis nas questes relacionadas ao uso de estratgias deliberadas para

  • 43

    influenciar pessoas e crena na idia de que ele o principal responsvel pelo desempenho de

    seu negcio.

    Na dimenso Poder, a atitudes do empreendedor muito importante. Em um pas

    como o Brasil, onde as pesquisas realizadas pelo Sebrae (2004) demonstraram que a taxa de

    mortalidade de micro e pequenas empresas nos trs primeiros anos grande, faz-se necessrio

    que essas empresas torne-se cada vez mais empreendedoras buscando diferentes alternativas

    capazes de mant-las por mais tempo no mercado. Para isso, uma dessas alternativas,

    trabalhar o capital intelectual das empresas, no apenas o do seu gestor, mas tambm de sua

    mo de obra. Diante deste contexto, o empreendedor assume um papel essencial, pois ele

    capaz de influenciar sua equipe, estimulando a participao de seus funcionrios na concluso

    de trabalhos, e incentivando o esprito de equipe, atravs da motivao dos empregados e do

    apoio de uma rede de contatos influente, a probabilidade de obter resultados favorveis em

    seu empreendimento grande.

    A dimenso Realizao foi avaliada em terceiro lugar. De acordo com os seus

    resultados, infere-se que os indivduos avaliados empregam esforos extras para concluso de

    tarefas programadas e encontram nos obstculos um desafio que ao ser solucionado gera

    grande satisfao, ou seja, o reconhecimento de seu esforo. Entretanto, os mesmos, no

    demonstram com tanta freqncia atitudes relacionadas assuno de riscos, seja para

    expandir seus negcios ou em prol da superao da concorrncia. Percebe-se, assim, a

    necessidade de conscientizar o empreendedor sobre questes relacionadas aos riscos do

    negcio. Espera-se que o indivduo seja capaz de avaliar e discutir alternativas, buscando

    informaes capazes de auxili-lo na mensurao dos riscos, gerando vantagens competitivas,

    reduzindo os riscos, diminuindo, assim, as possibilidades de fracasso.

    As questes que receberam as menores notas foram da dimenso Planejamento.

    Observou-se que o empreendedor busca informaes sobre seu ramo de negcios e preocupa-

    se com a qualidade de seu servio ou produto, porm, percebe-se que existem inmeras

    questes relacionadas ao Planejamento que poderiam ser melhor estudadas.

    O Planejamento uma rea muito importante dentre de uma empresa, se no houver

    um planejamento adequado, dificilmente essas empresas conseguiro manter-se por muito

    tempo no mercado. O Sebrae (2004) apontou como uma das principais causas da mortalidade

    de micro e pequenas empresas no Brasil, aspectos relacionados falhas gerenciais, por isso,

    importante conscientizar o empreendedor da necessidade de dividir tarefas, de rever

    resultados, de mensurar riscos, definir metas de curto e longo prazo, buscar informaes sobre

    clientes, diviso de tarefas e mensurar os riscos envolvidos no negcio.

  • 44

    No Brasil, muitos indivduos abrem seus prprios negcios, buscando maior

    independncia, liberdade e uma maior rentabilidade, porm, especialistas da GEM (2007)

    afirmaram que a maioria dessas pessoas que inicia um novo negcio, no sabem administr-

    lo. Esses indivduos acreditam que atitudes pessoais aliadas criatividade e capacidade

    empreendedora so aspectos suficientes para ter seu prprio empreendimento, ignorando a

    falta de preparo, de conhecimentos especficos e tcnicos sobre o novo negcio.

    Nesses casos, seria interessante que estes profissionais buscassem informaes

    adicionais a respeito de seus clientes, concorrncia, processo produtivo e elaborassem planos

    de negcios, a fim de aumentar seus conhecimentos, melhorando sua percepo sobre seu

    ambiente de trabalho, de modo a aumentar sua viso empreendedora, permitindo, assim, que

    essas novas empresas se mantenham por mais tempo no mercado.

    Diante deste mercado de trabalho extremamente competitivo, e inconstante, sabe-se

    que no existe uma nica maneira, ou a forma ideal de realizar um negcio lucrativo. Por

    isso, importante que o empreendedor estude constantemente o seu ambiente de trabalho e

    acompanhando as modificaes que ocorrem, para que dessa forma, ele seja capaz de

    aproveitar da melhor forma possvel, as oportunidades, as condies ambientais e sendo capaz

    de inovar. Lembrando que uma empresa no se trata de um projeto morto, e sim de um

    trabalho continuo de mudanas constantes.

    Pretendeu-se neste estudo, verificar quais atitudes empreendedoras aparecem com

    maior ou menor freqncias nos empreendedores, para que dessa forma, seja possvel

    identificar em quais dimenses o indivduo apresenta maior deficincia, buscando meios de

    desenvolver mecanismos capazes de melhorar o potencial empreendedor, capacitando o

    empresrio e tornando-o um profissional mais qualificado, capaz de desenvolver sua empresa

    e mant-la por muito tempo no mercado.

    Espera-se que o esforo desta pesquisa venha contribuir para o avano de trabalhos e

    pesquisas sobre empreendedorismo, bem como auxiliar futuros empresrios, quanto s

    habilidades e conhecimentos que precisam desenvolver, para que dessa forma, seja possvel

    iniciar um negcio ou dar continuidade a um empreendimento com maiores possibilidades de

    sucesso.

    Considerando os resultados obtidos neste trabalho, recomenda-se a elaborao de um

    estudo a partir de outros segmentos produtivos, tais como bebidas, calados, vesturio e

    farmacutico, buscando identificar como se comportam tais atitudes empreendedoras nos

    diversos ramos. Alm disso, seria interessante ampliar essa pesquisa, a fim de verificar como

    elas se comportam em funo do sexo, idade, escolaridade e tempo de servio, identificando

  • 45

    se existe alguma relao entre essas variveis (sexo, idade, tempo de servio e escolaridade) e

    as 4 dimenses da atitude empreendedora estudadas neste trabalho.

  • 46

    REFERNCIAS

    BNDES - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONMICO E SOCIAL.

    Disponvel em: . Acesso em

    26/02/2008

    BERNARDI, L. A. Manual de empreendedorismo e gesto: fundamentos estratgicos e

    dinmicos. SP: Atlas, 2003.

    BETIM, L. ; REIS, D.. ; RESENDE, L. . Mitos e realidades do empreendedor: Viso de

    proprietrios de MPEs. In: I EPEGE - Encontro Paranaense de Empreendedorismo e Gesto

    Empresarial, 2004, Ponta Grossa. Anais do I EPEGE - Encontro Paranaense de

    Empreendedorismo e Gesto Empresarial. Ponta Grossa : UEPG, 2004. v. 1. p. 1-8..

    BRUNO-FARIA, M.F. Criatividade, Inovao e Mudana Organizacional. In: LIMA,

    S.M.V. (org.), Mudana Organizacional: Teoria e Gesto.Rio de Janeiro: FGV, 2003, p.111-

    142.

    BRUNO-FARIA, M.F. Contribuies da Teoria da Subjetividade e da Epistemologia

    Qualitativa para a Compreenso do Processo Criativo no Contexto Organizacional. In:

    Fernando Gonzlez Rey. (Org.). Subjetividade, Complexidade e Pesquisa em Psicologia. 1 ed.

    So Paulo: Editora Pioneira Thompson Learning, 2005, v., p. 155-189.

    CNI-CONFEDERAO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI). Indicadores de

    competitividade na industria brasileira: micro e pequenas empresas .CNI; SEBRAE-

    Braslia: CNI, 2006.

    CRUZ, R. Valores dos empreendedores e inovatividade em pequenas empresas de base

    tecnolgica. Tese de doutorado apresentado ao programa de ps graduao em administrao

    da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.

    DAVID, D. E. H.;. Intra-Empreendedorismo Social: Perspectivas para o

    Desenvolvimento Social nas Organizaes. Tese de doutorado Universidade Federal de

    Santa Catarina Florianpolis, 2004.

  • 47

    DEPIERI, C. C. L. . Atitude Empreendedora e Cultura: Um estudo em organizaes

    brasileiras. 2005. 102 f. Dissertao (Mestrado em Administrao) - Universidade de

    Braslia,

    DORNELAS. J. C. A. Empreendedorismo: Transformando idias em negcios. Rio de

    Janeiro.Editora Campus, 2001.

    DORNELAS. J. C. A. Empreendedorismo Corporativo: Como ser empreendedor, Inovar e

    se diferenciar em organizaes estabelecidas. Rio de Janeiro.Editora Campus, 2003.

    DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo, transformando idias em negcios. 1. ed. Rio

    de Janeiro. Editora Campus, 2001.

    FILION, L. J. Empreendedorismo e gerenciamento: processos distintos, porm

    complementares. RAE Light. V.7. n. 3, p.2-7, Jul./Set.2000.

    FILION, L. J. O empreendedorismo como tema de estudos superiores. Texto publicado

    em: Empreendedorismo: cincia, tcnica e arte / Instituto Euvaldo Lodi. Braslia: CNI. IEL

    Nacional, 2000.

    FILION, L. J. Empreendedorismo: empreendedores e proprietrios-gerentes de

    pequenos negcios. Revista de Administrao - USP, So Paulo, v. 34, n. 2, p. 5-28, abr./jun.

    1999.

    FILION, L. J. Do Empreendedorismo Empreendedologia. Montreal: Journal of

    Enterprising Culture, V.6, 1998. Traduo e adaptao Jovino Moreira da Silva, M. Sc.

    Vitria da Conquista

    FUZETTI, D. L. K. ; SALAZAR, J. N. A. . Empreendedorismo: Evidencias Conceituais e

    Praticas na viso econmica e administrativa: Extr@to (Piracicaba), v. 5, p. 01-28, 2007.

    GEM - GLOBAL ENTREPREURSHIP MONITOR: Empreendedorismo no Brasil: 2006.

    Relatrio executivo. IBPQ e SEBRAE.Curitiba, 2007.

  • 48

    GIMENEZ, F. A. P.; JUNIOR, E. I.; SUNSIN, L. A. S. B. Uma investigao sobre a

    tendncia do comportamento empreendedor. In: SOUZA, Eda C. Lucas de (org)

    Empreendedorismo: Competncia Essencial para Pequenas e Mdias Empresas. Braslia:

    ANPROTEC. 2000.

    GREATTI, L.; SENHORINI, V. M.. Empreendedorismo: uma viso comportamentalista.

    In: I encontro de estudos sobre empreendedorismo e gesto de pequenas empresas.

    Maring, 2000.

    HEILBROBONER, R. A historia do pensamento econmico.Editora Nova Cultura ltda. SP.

    1996.6 edio.

    LEITE, E.F. O Fenmeno do empreendedorismo: Criando riquezas. Recife: Bagao.

    2002. 564 pgs.

    LOPEZ JR., G. S. Atitude Empreendedora em Proprietrios-Gerentes de Pequenas

    Empresas de varejo. Construo de um Instrumento de Medida. Dissertao (Mestrado em

    Administrao)- faculdade de Administrao, Universidade de Braslia, 2005.

    MENEZES, Robert. Comportamento empreendedor. Disponvel em:

    acesso em: 25/01/2008

    OLIVEIRA, J. A, MEDEIROS, A. D. A formao da cultura empreendedora: uma

    reflexo sobre sua origem nas organizaes. Revista Administrao & Sociedade. Sumar -

    SP, v.2, n.2, p.167 - 174, 2001.

    RECEITA FEDERAL. Resoluo CGSN n 4, de 30 de maio de 2007. Disponvel em:

    -

    Acesso em 23 de Fevereiro de 2008.

    RODRIGUES, J. R.. O Empreendedor e o Franchising. So Paulo: Ed. rica. 1998. 111 p.

  • 49

    SEBRAE - SERVIO DE BRASILEIRO DE APOIO S MICRO E PEQUENAS

    EMPRESAS. Boletim estatstico de micro e pequenas empresas. Observatrio SEBRAE. 1

    semestre. 2005. Disponvel em :.Acesso em: 29 de Janeiro de

    2008.

    SEBRAE. Servio de Brasileiro de A