ata nº 06, de 09 de marÇo de 1999 · 2018. 2. 23. · tribunal de contas da união secretaria das...
TRANSCRIPT
Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ATA Nº 17, DE 18 DE MAIO DE 2016
- SESSÃO ORDINÁRIA -
PLENÁRIO
APROVADA EM 24 DE MAIO DE 2016
PUBLICADA EM 25 DE MAIO DE 2016
ACÓRDÃOS Nºs 1194 a 1255
2 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ATA Nº 17, DE 18 DE MAIO DE 2016
(Sessão Ordinária do Plenário)
Presidente: Ministro Raimundo Carreiro
Representante do Ministério Público: Procurador-Geral, em exercício, Lucas Rocha Furtado
Secretário das Sessões: AUFC Luiz Henrique Pochyly da Costa
Subsecretária do Plenário: AUFC Marcia Paula Sartori
À hora regimental, o Presidente declarou aberta a sessão ordinária do Plenário, com a presença dos
Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana
Arraes, Bruno Dantas, dos Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti (convocado para substituir
o Ministro Vital do Rêgo), Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho e do Procurador-Geral,
em exercício, Lucas Rocha Furtado. Ausentes o Presidente Aroldo Cedraz, em missão oficial; o Ministro
Vital do Rêgo, para tratamento de saúde, e o Ministro-Substituto Weder de Oliveira, em férias.
HOMOLOGAÇÃO DE ATA
O Tribunal Pleno homologou a Ata nº 16, referente à sessão ordinária realizada em 11 de maio
(Regimento Interno, artigo 101).
PUBLICAÇÃO DA ATA NA INTERNET
Os anexos desta ata, de acordo com a Resolução nº 184/2005, estão publicados na página do
Tribunal de Contas da União na Internet (www.tcu.gov.br).
COMUNICAÇÕES (v. inteiro teor no Anexo I a esta Ata)
Da Presidência:
Estágio da implementação das medidas aprovadas pela Resolução TCU nº 276/2016, que dispõe
sobre o acesso a peças de processos de controle externo no âmbito dos gabinetes de autoridades;
Celebração de Acordo de Cooperação com a Escola de Administração Fazendária para participação
de 4 servidores da Secex-SP no Curso de Pós-Graduação lato sensu em “Controle, Detecção e Repressão
a Desvios de Recursos Públicos”, com contrapartida financeira do TCU de R$ 34.275,34. Proposta
aprovada pelo Plenário;
Lançamento do ambiente virtual Comunidade TCU-Educação; e
Presença, em Plenário, de alunos do Curso de Direito da Faculdade da Serra Gaúcha, de Caxias do
Sul/RS.
Do Ministro Walton Alencar Rodrigues:
Proposta, aprovada pelo Plenário, para realização de fiscalização dos atos de concessão de
“quarentenas” pela Comissão de Ética Pública e pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e
Controle.
Do Ministro Augusto Nardes:
Realização do 1º Congresso Internacional e 6º Nacional dos Auditores do TCU, com o tema “O
TCU e a sociedade – Qual o papel dos Auditores?”.
3 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA (v. inteiro teor no Anexo II a esta Ata)
O Plenário referendou, nos termos do disposto no § 1º do art. 276 do Regimento Interno deste
Tribunal, a concessão da medida cautelar exarada no processo nº TC-012.179/2016-7, pelo Ministro
Walton Alencar Rodrigues, para que a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, o Fundo de
Investimento do Nordeste, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, o Fundo de
Desenvolvimento do Nordeste, o BNDES e o BNDES Participações S.A. se abstenham de destinar recursos
para as obras de construção da ferrovia Transnordestina (Malha II).
SORTEIO ELETRÔNICO DE RELATOR DE PROCESSOS
De acordo com o parágrafo único do artigo 28 do Regimento Interno e nos termos da Portaria da
Presidência nº 9/2011, entre os dias 11 e 17 de maio, foi realizado sorteio eletrônico dos seguintes processos:
Processo: 010.489/2004-5
Interessado: COORDENAÇÃO-GERAL DE ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE -
MinC
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 135, parágrafo único, do CPC, c/c o Art. 151, par. único do RI.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro ANA ARRAES
Processo: 018.153/2010-0
Interessado: Identidade preservada (art. 55, § 1º, da Lei nº 8.443/92 c/c art. 66, § 4º, da Resolução nº
136/2000 - TCU).
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 135, parágrafo único, do CPC, c/c o Art. 151, par. único do RI.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro ANA ARRAES
Processo: 013.390/2011-2
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Revisão de ofício - questão de ordem - Ata 33/2006-P
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Recurso: 005.974/2007-3/R001
Recorrente: José Sérgio Pinheiro Diógenes
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: BRUNO DANTAS
Recurso: 012.735/2007-4/R003
Recorrente: SERGIO RICARDO COSTA CARIBÉ - Procurador
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Recurso: 011.462/2009-7/R001
Recorrente: Julio Atila Batista de Azevedo
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 011.462/2009-7/R002
4 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Recorrente: José Simões Chacon
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 011.462/2009-7/R004
Recorrente: Eduardo Roberto de Souza Trindade
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 028.419/2009-1/R001
Recorrente: Antônio Cezar Cruz Fortes
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Recurso: 024.962/2010-4/R002
Recorrente: FUNDAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - FUNPAR
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 032.631/2010-3/R001
Recorrente: José Arão Marizê Lopes
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 012.537/2011-0/R003
Recorrente: Fernando Antônio Menezes da Silva
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 028.432/2011-8/R001
Recorrente: João Eudes Machado Tenório
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 036.059/2011-0/R001
Recorrente: Nânio Tadeu Gonçalves/ACILON PEREIRA DE ANDRADE
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO
Recurso: 027.140/2012-1/R001
Recorrente: Lineu da Silva Facundes
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BRUNO DANTAS
Recurso: 039.947/2012-2/R001
Recorrente: Gabriela Martins Cordeiro de Farias
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 039.947/2012-2/R002
5 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Recorrente: Pettersson Márcio de Souza
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 039.947/2012-2/R003
Recorrente: Juliana Bicalho Messeder de Castro Barbosa
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 039.947/2012-2/R004
Recorrente: Valdenberto Cassiano Alves
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 003.997/2013-8/R002
Recorrente: SERGIO RICARDO COSTA CARIBÉ - Procurador
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 010.227/2013-0/R002
Recorrente: SERGIO RICARDO COSTA CARIBÉ - Procurador
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: ANA ARRAES
Recurso: 024.895/2013-0/R001
Recorrente: Rogério Lúcio Soares da Silva
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Recurso: 025.453/2013-0/R001
Recorrente: Maria Lúcia Cardoso
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: ANA ARRAES
Recurso: 026.107/2013-9/R001
Recorrente: Maria Lúcia Cardoso
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO
Recurso: 026.183/2013-7/R001
Recorrente: Fharmedy Dist. de Prod. Farm. Hosp. Odont. Ltda.
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 000.150/2014-2/R001
Recorrente: Odair Ruiz
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 003.993/2014-0/R005
6 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Recorrente: SERGIO RICARDO COSTA CARIBÉ - Procurador
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Recurso: 010.956/2014-0/R002
Recorrente: CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINARIA - CFMV
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 019.549/2014-8/R001
Recorrente: Márcia Helena Kenner
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 027.870/2014-6/R003
Recorrente: ANGEL´S SERVIÇOS TECNICOS LTDA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Recurso: 030.550/2014-9/R001
Recorrente: IDENTIDADE PRESERVADA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES
Recurso: 000.701/2015-7/R001
Recorrente: Valdeci Raposo e Silva
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES
Recurso: 001.373/2015-3/R001
Recorrente: Rildo Carvalho da Cunha
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BRUNO DANTAS
Recurso: 002.071/2015-0/R001
Recorrente: Edmundo Rodrigues Júnior
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES
Recurso: 008.209/2015-4/R001
Recorrente: FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA FAMILIAR DA
REGIÃO SUL/ Altemir Antônio Tortelli
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BRUNO DANTAS
Recurso: 025.755/2015-3/R001
Recorrente: MARIA AROLIZA FURTADO COSTA CARVALHO
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO
7 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Recurso: 029.050/2015-4/R001
Recorrente: ROSELI PIZZIGATTI KLEIN
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO
PROSSEGUIMENTO DE VOTAÇÃO
Nos termos do § 3º do art. 119 do Regimento Interno, deu-se prosseguimento à votação do processo
nº TC-003.330/2015-0 (Ata nº 16/2016) e o Tribunal aprovou, por unanimidade, o Acórdão nº 1220.
ALTERNÂNCIA NA PRESIDÊNCIA
O Ministro Walton Alencar Rodrigues assumiu a Presidência dos trabalhos durante a apreciação dos
processos nºs TC-013.664/2010-7, TC-017.592/2011-9, TC-019.724/2015-2, TC-025.222/2015-5 e TC-
031.633/2013-7.
PROCESSOS TRANSFERIDOS DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE CARÁTER
RESERVADO
Foram transferidos da pauta da sessão extraordinária de caráter reservado realizada nesta data os
processos nºs:
TC-022.591/2015-0, cujo relator é o Ministro Walton Alencar Rodrigues,
TC-027.793/2006-6, cujo relator é o Ministro Benjamin Zymler; e
TC-022.596/2013-5, cujo relator é o Ministro Bruno Dantas.
PROCESSOS EXCLUÍDOS DE PAUTA
Foram excluídos de pauta, nos termos do artigo 142 do Regimento Interno, os seguintes processos:
TC-024.962/2010-4, cujo relator é o Ministro Walton Alencar Rodrigues;
TC-008.313/2015-6, cujo relator é o Ministro Walton Alencar Rodrigues, a pedido da revisora
(art.119) Ministra Ana Arraes;
TC-012.140/2016-3 e TC-037.944/2011-8, cujo relator é o Ministro Benjamin Zymler;
TC-020.625/2004-2 e TC-030.790/2015-8, cujo relator é o Ministro Raimundo Carreiro;
TC-032.849/2010-9, cujo relator é o Ministro José Múcio Monteiro;
TC-012.432/2016-4 e TC-019.152/2015-9, cuja relatora é a Ministra Ana Arraes;
TC-028.331/2009-0, cujo relator é o Ministro Bruno Dantas;
TC-001.637/2014-2, TC-005.097/2015-0, TC-007.870/2016-7, TC-007.872/2016-0, TC-
007.875/2016-9, TC-007.877/2016-1, TC-007.879/2016-4, TC-007.880/2016-2, TC-007.881/2016-9, TC-
007.883/2016-1, TC-008.486/2016-6, TC-011.206/2015-2, TC-011.566/2016-7, TC-011.652/2016-0, TC-
013.715/2014-3, TC-013.716/2014-0, TC-016.838/2009-6, TC-019.247/2010-9, TC-020.977/2014-0, TC-
025.604/2013-9, TC-026.114/2015-1, TC-031.270/2015-8, TC-039.083/2012-8 e TC-043.389/2012-0,
cujo relator é o Ministro Vital do Rêgo;
TC-005.213/2014-2 e TC-032.064/2015-2, cujo relator é o Ministro-Substituto Augusto Sherman
Cavalcanti; e
TC-011.689/2016-1 e TC-013.345/2015-0, cujo relator é o Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
PROCESSOS APRECIADOS POR RELAÇÃO
8 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
O Tribunal Pleno aprovou as relações de processos a seguir transcritas e proferiu os Acórdãos de
nºs 1194 a 1218.
RELAÇÃO Nº 20/2016 – Plenário
Relator – Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
ACÓRDÃO Nº 1194/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso III, e 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, em
autorizar a prorrogação da vigência do contrato originado do processo licitatório 21221.001621/2012-28,
até 31/12/2016, adiando, assim, o cumprimento do item 1.8 do Acórdão 1.380/2015 do Plenário, bem
como exarar a determinação a seguir consignada, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:
1. Processo TC-022.591/2015-0 (MONITORAMENTO)
1.1. Entidade: Companhia Nacional de Abastecimento
1.2. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (Secex/PE)
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinar à Companhia Nacional de Abastecimento/PB que envie a esta Corte de Contas, até
15/1/2017, evidências do encerramento do contrato originado do processo licitatório 21221.001621/2012-
28.
ACÓRDÃO Nº 1195/2016 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, “a”, 169, inciso V, 235, 237, inciso I, e 250,
inciso I, do Regimento Interno/TCU, em conhecer da representação TC-003.486/2014-1, apensada a este
processo, para, no mérito, considerá-la improcedente, e considerar cumpridas as determinações do
Acórdão 1.979/2013-TCU-Plenário, dando ciência desta deliberação e da instrução de peça 138 à
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária e aos Procuradores da República Athayde Ribeiro
Costa e Victor Riccely Lins Santos, promovendo-se, em seguida, o arquivamento dos autos, de acordo
com o parecer da SeinfraTel:
1. Processo TC-007.432/2013-5 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.1. Apensos: 024.355/2015-1 (SOLICITAÇÃO); 020.692/2015-3 (SOLICITAÇÃO);
025.733/2014-1 (SOLICITAÇÃO); 003.486/2014-1 (REPRESENTAÇÃO)
1.2. Responsável: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (00.352.294/0001-10)
1.3. Interessado: Congresso Nacional (vinculador)
1.4. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
1.5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.6. Representante do Ministério Público: não atuou
1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura de Aviação Civil e
Comunicações (SeinfraTel).
1.8. Representação legal: Márcia Uchôa de Oliveira da Rocha e outros, representando Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária.
1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1196/2016 - TCU – Plenário
9 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Considerando tratar-se de pedido de reexame (R001, peça 22) interposto pela empresa Gemelo do
Brasil S/A contra o Acórdão 333/2016-TCU-Plenário (peça 13), que conheceu da representação
formulada pela recorrente, e, no mérito, considerou-a improcedente, e indeferiu tanto o requerimento de
medida cautelar solicitado pela representante, tendo em vista a inexistência dos pressupostos necessários
para sua concessão, como o seu pedido para ingresso como parte interessada no processo;
Considerando que não se verifica na deliberação recorrida qualquer prejuízo causado diretamente
pelo Tribunal à recorrente, a ensejar seu interesse recursal;
Considerando a proposta da Serur, pelo não conhecimento do recurso, em razão de ausência de
legitimidade da representante para atuar nesta seara recursal, nos termos do artigo 48 da Lei 8.443/92 c/c
os arts. 146 e 282 do RI/TCU;
Os Ministros do Tribunal de Contas, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, c/c os
arts. 143, inciso IV, “b”, do Regimento Interno/TCU, em não conhecer do pedido de reexame, em virtude
da ausência de legitimidade e de interesse recursal da representante, a empresa Gemelo do Brasil S/A, nos
termos do art. 282 do Regimento Interno/TCU, dar ciência desta deliberação à recorrente, acompanhada
de cópia do exame de admissibilidade de peça 23.
1. Processo TC-001.620/2016-9 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Recorrente: Gemelo do Brasil, Engenharia, Comércio e Serviços Ltda (03.888.247/0001-84)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região/CE
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo
1.6. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo de
Aquisições Logísticas (Selog).
1.7. Representação legal: Ana Carolina Dias Malta (42875/OAB-DF) e outros, representando
Gemelo do Brasil, Engenharia, Comércio e Serviços Ltda.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1197/2016 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso III, e 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, em
fazer as seguintes determinações e adotar a seguinte medida, de acordo com o parecer da Secex/AC.
1. Processo TC-024.597/2008-7 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Apensos: 000.419/2011-7 (SOLICITAÇÃO)
1.2. Responsáveis: Ethiene Maria Gouveia Viana (183.213.562-49); Falbernandes Mendes de Farias
(138.136.092-00); Francisco Antonio Saraiva de Farias (045.644.802-00); Francisco Souza de Alencar
(153.999.902-53); Fundação Universidade Federal do Acre (04.071.106/0001-37); Jaider Moreira de
Almeida (196.180.002-06); Jonas Pereira de Souza Filho (058.733.712-53); Maria Carvalho da Silva
(129.519.602-63); Maria Dalva Barbosa da Silva (078.746.932-72); Olinda Batista Assmar (041.331.707-
25); Pedro Ferreira Calvalcante Filho (138.130.212-20); Rosemary de Almeida Gomes (215.885.622-04);
Rosemir Santana de Andrade Lima (308.631.712-49); Zuila de Mendonça Correia (091.120.062-20)
1.3. Interessados: Advocacia-geral da União (26.994.558/0001-23); Controladoria Geral da Uniao -
Cgu (05.914.685/0001-03); Fundação Universidade Federal do Acre (04.071.106/0001-37); Marcus
Vinicius Aguiar Macedo (383.722.580-15); Ministério Público Federal (); Ministério da Educação
10 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(vinculador) (); Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (vinculador) (); Secretaria de Controle
Externo do TCU No Estado do Ceará (00.414.607/0006-22)
1.4. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Acre
1.5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Acre (SECEX-AC).
1.8. Representação legal: Marcia Cristhiny Costa Barbosa (2525/OAB-AC), representando Maria
Carvalho da Silva e Maria Dalva Barbosa da Silva; Patricia Pontes de Moura (3191/OAB-AC),
representando Francisco Antonio Saraiva de Farias; Cláudia Maria da Fontoura Messias Sabino
(3191/OAB-AC), representando Rosemir Santana de Andrade Lima; Carlos Gelio Alves de Souza
(13761/OAB-AC), representando Olinda Batista Assmar.
1.9. Determinar à Universidade Federal do Acre (Ufac) que:
1.9.1. quando da realização de desconto na remuneração de seus servidores, de forma parcelada,
motivada por débitos e multas oriundos de decisões do Tribunal de Contas da União, nos moldes do art.
45 da Lei 8.112/90 c/c art. 28, inciso I, da Lei 8.443/92, realize a devida atualização monetária dos
valores, conforme determina o art. 26 da Lei 8.443/1992;
1.9.2. realize a atualização monetária do valor da multa imposta ao servidor Jonas Pereira de Souza
Filho pelo Acórdão 1652/2010-Plenário, bem como a compensação dos valores até então descontados,
promovendo o devido desconto em folha de pagamento dos valores residuais, se houver, conforme
determinado pelos itens. 9.4., 9.6. e 9.7. do referido Acórdão;
1.10. Medida: dar ciência à Ufac que a rotina administrativa de solicitação de autorização de
servidor, como requisito necessário para promover o desconto em sua remuneração de débitos oriundos
de condenação pelo Tribunal de Contas da União, não encontra amparo nas Leis 8.112/1990 e
8.443/1992, e contraria a jurisprudência desta Corte de Contas e do Supremo Tribunal Federal (MS
25.643/DF e MS 24.544/DF).
ACÓRDÃO Nº 1198/2016 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no art. 143, incisos III e V, “a”, do Regimento Interno do TCU, e art. 62
da Resolução TCU 259/2014, em conhecer da solicitação, ante o preenchimento dos requisitos de
admissibilidade pertinentes, adotar as seguintes medidas, promovendo-se, em seguida, o apensamento
destes autos, em definitivo, ao TC-012.762/2012-1, de acordo com o parecer da Semag:
1. Processo TC-019.776/2015-2 (SOLICITAÇÃO)
1.1. Interessado: Procuradoria da República/DF - MPF/MPU (26.989.715/0012-65)
1.2. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (SEMAG).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Medidas:
1.6.1. encaminhar cópias das peças eletrônicas 2 a 14 dos presentes autos à Procuradoria da
República no Distrito Federal, referentes aos documentos apresentados pelos órgãos vinculados ao
Ministério da Saúde, à íntegra da instrução e dos despachos que subsidiaram o Acórdão 1.376/2015-TCU-
Plenário, assim como aos estudos realizados no âmbito da Procuradoria-Geral da República sobre a
natureza jurídica das transferências fundo a fundo previstas na Lei Complementar 141/2012;
1.6.2. recomendar à Secretaria-Geral de Controle Externo que avalie a conveniência e a
oportunidade de realizar, por meio da Secretaria de Macroavaliação Governamental, isolada ou
conjuntamente com outras unidades técnicas que entender necessárias, acompanhamento sobre as rotinas
11 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
dos sistemas eletrônicos federais necessários à plena exequibilidade da Lei Complementar 141/2012, com
fulcro no inciso II do art. 241 do Regimento Interno do TCU;
1.6.3. dar ciência à Procuradoria da República no Distrito Federal de que a compatibilidade das
rotinas dos sistemas eletrônicos federais necessários à plena exequibilidade da Lei Complementar
141/2012, notadamente no que tange aos §§ 2º e 4º do art. 13 e arts. 32, 36 e 39, deverá ser objeto de
acompanhamento futuro por parte deste Tribunal, oportunidade em que também será avaliada a necessária
regulamentação da matéria;
1.6.4. dar ciência desta deliberação à Secretaria de Controle Externo da Saúde e à Secretaria de
Fiscalização de Tecnologia da Informação.
RELAÇÃO Nº 14/2016 – Plenário
Relator – Ministro BENJAMIN ZYMLER
ACÓRDÃO Nº 1199/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 235, 237, parágrafo único, do Regimento Interno do Tribunal de
Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado, em não conhecer da representação, ante o não
preenchimento dos requisitos de admissibilidade exigidos, de acordo com os pareceres emitidos nos
autos, nos termos abaixo:
1. Processo TC-008.648/2016-6 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Poconé – MT
1.2. Representantes: Manoel Messias Ramalho Neves (856.630.421-72) e Tribunal de Contas do
Estado de Mato Grosso
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso (SECEX-MT).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada da instrução técnica inserta à peça 6,
aos representantes; e
1.7.2. arquivar os presentes autos, com fulcro no art. 169, inciso III, do RITCU.
ACÓRDÃO Nº 1200/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso II, e 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 143,
inciso III, 237, parágrafo único, e 250, inciso I, do Regimento Interno, quanto ao processo a seguir
relacionado, em não conhecer da representação, e, consequentemente, indeferir o pedido de adoção de
medida cautelar; fazer a seguinte determinação e determinar o arquivamento, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos:
1. Processo TC-012.534/2016-1 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Nova Esperança - PR
1.2. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Santa Catarina (Secex-SC).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações:
12 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.6.1. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como dos pareceres que o fundamentam, ao Município
de Nova Esperança/PR e à empresa representante.
ACÓRDÃO Nº 1201/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no art. 143, incisos III e V, alínea "a", do Regimento Interno do TCU, em
considerar cumprido o subitem 9.2 do Acórdão 2962/2015-Plenário, em dar ciência da presente
deliberação ao autor da representação, ao interessado, à Fundação Nacional de Saúde e ao Município de
Novo Horizonte do Norte/MT, e em arquivar o processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:
1. Processo TC-019.168/2015-2 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Interessado: Coel - Companhia de Obras de Engenharia - EPP (03.571.257/0001-91)
1.2. Representantes: PPO Pavimentação e Obras Ltda. (14.811.429/0001-73)
1.3. Entidades: Fundação Nacional de Saúde e Município de Novo Horizonte do Norte/MT.
1.4. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Goiás (SECEX-GO).
1.7. Representação legal:
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 14/2016 – Plenário
Relator – Ministro AUGUSTO NARDES
ACÓRDÃO Nº 1202/2016 - TCU - Plenário
Os ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, em consonância com a proposta da unidade técnica (peça 24), em apensar
os presentes autos ao TC 014.364/2015-8, nos termos do art. 36 da Resolução TCU 259/2014, por se
tratar do mesmo contrato, do mesmo objeto e por racionalidade administrativa.
1. Processo TC-004.063/2015-5 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Responsável: Constran S/A - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90)
1.2. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária
(SeinfraHid).
1.5. Representação legal: Silvia Regina Schmitt (58372/OAB-RS) e outros, representando Valec -
Engenharia, Construções e Ferrovias S/A.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1203/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts.
143, inciso III, 169, inciso V, do Regimento Interno, em considerar cumpridos os itens 9.2 do Acórdão
1.317/2013-TCU-Plenário, e item 1.5.1 do Acórdão 1.756/2015–TCU-Plenário; comunicar o teor desta
deliberação à Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento; e arquivar o presente processo de
acordo com os pareceres uniformes emitidos nos autos.
13 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1. Processo TC-016.783/2013-1 (MONITORAMENTO)
1.1. Unidade jurisdicionada: Secretaria de Política Econômica – Ministério da Fazenda
1.2. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1204/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts.
143, inciso III, 169, inciso V, do Regimento Interno, em considerar cumprida a determinação contida do
item 9.1 do Acórdão 548/2014-TCU-Plenário; considerar implementadas as recomendações constantes do
item 9.3 do Acórdão 548/2014-TCU-Plenário; e arquivar o presente processo de acordo com os pareceres
uniformes emitidos nos autos.
1. Processo TC-017.251/2014-1 (RELATÓRIO DE MONITORAMENTO)
1.1. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Aviação Civil; Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária
1.2. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura de Aviação Civil e
Comunicações (SeinfraTel).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1205/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, alínea a, 169, III, 235 e 237, inciso VII, do
Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução 155/2002, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, e
com o art. 7º da Resolução-TCU 265/2014, de conformidade com a proposta da unidade técnica (peça
20), referendada pelas instâncias superiores (peças 21 e 22), em conhecer da Representação, visto
preenchidos os requisitos de admissibilidade cabíveis à espécie, para, no mérito, considerá-la
parcialmente procedente, indeferir o pedido de medida cautelar formulado pela representante Daniel de
Oliveira Paiva - MEI ante a inexistência dos pressupostos necessários a sua concessão, e em promover o
arquivamento os autos, após o envio de cópia deste Acórdão e da instrução técnica (peça 20) à
representante, por meio dos seus procuradores, e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), sem prejuízo das seguintes providências:
1. Processo TC-003.235/2016-5 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Órgão/Entidade: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (vinculador)
1.2. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: Hugo Medeiros Gallo da Silva (37027/OAB-DF) e outros, representando
Daniel de Oliveira Paiva - MEI.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações:
14 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.6.1. dar ciência ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) acerca das
seguintes falhas constatadas na condução do Pregão Eletrônico SRP 1/2016, para que sejam adotadas
medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras semelhantes:
1.6.1.1. ausência de requisitos e funcionalidades para o software a ser desenvolvido, em
descumprimento ao art. 3º, II, da Lei 10.520/2002 c/c o art. 9º, I, do Decreto 5.450/2005 (item 6.2 da
instrução técnica);
1.6.1.2. ausência de critérios objetivos para a aceitação dos serviços prestados pelos fornecedores,
em desacordo com o art. 9º, §2º, do Decreto 5.450/2005 (item 6.3 da instrução técnica);
1.6.1.3. ausência de comprovação de perda de economia de escala para justificar a não aplicação da
Súmula - TCU 247/2004, a fim de estipular o critério de julgamento do pregão em tela como menor preço
global (item 6.1 da instrução técnica);
1.6.1.4. não detalhamento suficiente dos bens e serviços a serem adquiridos na pesquisa de preços,
em desacordo com o art. 9º, § 2º, do Decreto 5.450/2005 (item 7.2 da instrução técnica).
ACÓRDÃO Nº 1206/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts.
143, inciso III, 169, inciso V, do Regimento Interno, em considerar cumprido o item 1.6.2 do Acórdão
217/2016-TCU-Plenário, e arquivar o presente processo de acordo com os pareceres uniformes emitidos
nos autos.
1. Processo TC-026.110/2015-6 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
1.2. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: Thiago Lelis de Freitas (48.856/OAB-DF) e outros, representando N.p.
Eventos e Serviços Ltda.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1207/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea “e”, do Regimento Interno,
e, nos termos do art. 15, § 2º e 3º, da Resolução-TCU 215/2008, em autorizar a prorrogação de prazo, por
90 dias, para atendimento da presente Solicitação do Congresso Nacional, em virtude da necessidade de
aprofundar as informações já obtidas; dar ciência desta deliberação à Comissão de Agricultura, Pecuária,
Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, findo o qual a Comissão será
informada dos resultados das análises ora em andamento relativos à aplicação de recursos arrecadados
pelo Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM).
1. Processo TC-020.958/2015-3 (SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL)
1.1. Interessado: Câmara dos Deputados (vinculador)
1.2. Órgão/Entidade: Departamento do Fundo da Marinha Mercante; Ministério dos Transportes
(vinculador)
1.3. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária
(SeinfraHid).
15 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.6. Representação legal:
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 18/2016 – Plenário
Relator – Ministro RAIMUNDO CARREIRO
ACÓRDÃO Nº 1208/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea "d", do
Regimento Interno/TCU, c/c o enunciado nº 145 da Súmula da Jurisprudência predominante do Tribunal
de Contas da União, ACORDAM, por unanimidade, em retificar, por inexatidão material o do Acórdão
1707/2014-TCU-Plenário, para que onde se lê “José Mesquita Huet Machado”, leia-se “Jorge Mesquita
Huet Machado”; com fundamento no RITCU, art. 146, habilitar o Sr. Jorge Mesquita Huet Machado
(CPF 754.555.107-97) como interessado nos presentes autos; e manter os demais termos do Acórdão ora
retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos pela SecexSaúde e pelo Ministério Público
junto a este Tribunal.
1. Processo TC-012.462/2014-4 (MONITORAMENTO)
1.1. Órgão/Unidade: Ex-Coordenação- Geral de Recursos Logísticos, atual Departamento de
Logística em Saúde do Ministério da Saúde (DELOG/MS)
1.2. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
1.3. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Saúde (SecexSaude).
1.5. Representação legal: não há.
RELAÇÃO Nº 17/2016 – Plenário
Relator – Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
ACÓRDÃO Nº 1209/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, quanto ao processo
a seguir relacionado, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992 c/c os arts. 143, inciso III,
243 e 250, inciso I, do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em considerar atendida a determinação
constante no item 9.3 do Acórdão 3326/2015 – Plenário, autorizando, em consequência, o arquivamento
dos autos:
1. Processo TC-027.577/2015-5 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Representante: Connectcom Teleinformática Comércio e Serviços Ltda. (00.308.141/0009-23)
1.2. Unidade: Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Estado de São
Paulo (DPF/SP)
1.3. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 17/2016 – Plenário
Relatora – Ministra ANA ARRAES
ACÓRDÃO Nº 1210/2016 - TCU - Plenário
16 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 218 do Regimento Interno, e na
forma da Portaria Segecex/Segedam 1/2014, ante o recolhimento integral, o recolhimento a maior ou a
insubsistência das multas anteriormente imputadas neste feito, em ratificar a quitação para os gestores
indicados no subitem 1.8.1 deste acórdão; em reconhecer a existência de crédito perante a Fazenda
Pública aos responsáveis assinalados nos subitens 1.9.2 e 1.9.3 deste acórdão; e em expedir a
determinação consignada no subitem 1.9.4 deste acórdão à Secretaria de Controle Externo no Estado do
Ceará (Secex-CE), tudo nos termos dos pareceres uníssonos emitidos nos autos.
1. Processo TC-012.253/2000-8 (PRESTAÇÃO DE CONTAS - Exercício: 1999)
1.1. Apensos: 010.684/2013-1 (SOLICITAÇÃO)
1.2. Classe de Assunto: II.
1.3. Responsáveis: Adalberto Felinto da Cruz Júnior (CPF 317.224.071-15), Carlos Alberto Santos
Silva (CPF 273.372.515-72), Carlos Antônio de Moraes Cruz (CPF 132.611.423-91), Edilson Carlos
Bartolomeu de Souza (CPF 004.759.985-53), Enildo Lemos Correia Vasconcelos (CPF 273.336.804-44),
Jenner Guimarães do Rego (CPF 168.807.904-10), Jose Ilo Rogerio Holanda (CPF 202.261.793-20),
Manoel Messias Teixeira (CPF 079.960.125-04) e Sergio Luis do Nascimento Melo (CPF 265.668.857-
49).
1.4. Unidade: Banco do Nordeste do Brasil S.A.
1.5. Relatora: ministra Ana Arraes.
1.6. Representante do Ministério Público: procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex-CE).
1.8. Representação legal: Célia Maria Rufino de Sousa e outros, representando Banco do Nordeste
do Brasil S.A.; José Diógenes Rocha Silva (6702/OAB-CE), representando Byron Costa de Queiroz,
Raimundo Nonato Carneiro Sobrinho, Carlos Alberto de Menezes, Maria Rita da Silva Valente, Ernani
Jose Varela de Melo, Osmundo Evangelista Rebouças, Marcelo Pelagio da Costa Bomfim e Antonio
Arnaldo de Menezes; Anna Carolina Miranda Dantas (11.756-E/OAB-DF) e outros, representando Mauro
Sérgio Bogéa Soares.
1.9. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.9.1. ratificar a quitação dos responsáveis Adalberto Felinto da Cruz Júnior, Carlos Antônio de
Moraes Cruz e Edilson Carlos Bartolomeu de Souza, ante o recolhimento integral da multa que lhes fora
aplicada pelo acórdão 3.249/2011-Plenário e mantida pelo acórdão 180/2016-Plenário;
1.9.2. reconhecer a existência de crédito perante a Fazenda Pública dos responsáveis a seguir
listados, em razão do recolhimento de multa tornada insubsistente por meio do acórdão 180/2016-
Plenário:
Responsável Crédito Data do crédito
Carlos Alberto Santos Silva R$ 6.321,36 12/4/2016
Enildo Lemos Correia Vasconcelos R$ 5.678,38 12/4/2016
Jenner Guimarães do Rêgo R$ 5.874,50 12/4/2016
José Ilo Rogério Holanda R$ 5.728,84 12/4/2016
Manoel Messias Teixeira R$ 5.729,95 12/4/2016
Sérgio Luiz do Nascimento de Melo R$ 5.729,27 12/4/2016
1.9.3. reconhecer a existência de crédito perante a Fazenda Pública dos responsáveis a seguir
listados em razão do recolhimento a maior de multa imputada por meio do acórdão 3.249/2011-Plenário e
mantida por meio do acórdão 180/2016-Plenário, conforme especificado:
Responsável Crédito Data do crédito
Adalberto Felinto da Cruz Júnior R$ 854,94 12/4/2016
Edilson Carlos Bartolomeu de R$ 433,75 12/4/2016
17 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Souza
1.9.4. determinar à Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex-CE) que, consoante o
art. 2º da Portaria Conjunta Segecex/Segedam 1/2014, informe aos responsáveis indicados nos subitens
anteriores a existência de crédito perante a fazenda pública.
ACÓRDÃO Nº 1211/2016 - TCU - Plenário
Considerando que o recorrente abaixo indicado ingressou com recurso de reconsideração contra o
acórdão 1.690/2010-Plenário, prolatado nesta tomada de contas especial;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, por
unanimidade, nos termos do artigo 32, parágrafo único e inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o artigo 285,
caput e §2º, do Regimento Interno; em não conhecer deste recurso de reconsideração, por ser
intempestivo e não apresentar fatos novos; e em dar ciência às partes e à unidade interessada do teor desta
deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica.
1. Processo TC-020.584/2004-8 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Classe de Assunto: I.
1.2. Responsáveis: Carmina Carmen Lima Barroso Moura (CPF 055.517.223-68); Construssonda
Construções Ltda. (CNPJ 01.600.175/0001-00); Eliseu Barroso de Carvalho Moura (CPF 054.829.413-
53); Francisco de Assis Sousa (CPF 308.937.043-34); Gilmar Sales Ribeiro (CPF 507.833.783-00); Joao
Araujo da Silva Filho (CPF 128.676.753-91); Joao da Silva Neto (CPF 239.914.963-72); Jose Olivan de
Carvalho Moura (CPF 159.567.413-68); José Orlando Rodrigues Aquino (CPF 028.094.243-57); Maurie
Anne Mendes Moura (CPF 854.498.064-34); Walter Pinho Lisboa Filho (CPF 074.646.653-68);
Wellington Manoel da Silva Moura (CPF 170.199.582-49).
1.3. Recorrente: José Orlando Rodrigues Aquino (CPF 028.094.243-57).
1.4. Unidade: município de Pirapemas - MA.
1.5. Relatora: ministra Ana Arraes.
1.6. Representante do Ministério Público: procurador-geral Paulo Soares Bugarin.
1.7. Relator da deliberação recorrida: ministro-substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no Estado
do Maranhão (Secex-MA).
1.9. Representação legal: Victorio de Oliveira Ricci (900/OAB-MA), representando José Orlando
Rodrigues Aquino.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1212/2016 - TCU - Plenário
Considerando que o recorrente abaixo indicado ingressou com pedido de reconsideração contra o
acórdão 3.179/2010-Plenário, prolatado nesta tomada de contas especial;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, por
unanimidade e nos termos do artigo 32, parágrafo único e inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o artigo 285,
caput e §2º, do Regimento Interno; em não conhecer deste recurso de reconsideração, por ser
intempestivo e não apresentar fatos novos; e em dar ciência às partes e à unidade interessada do teor desta
deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica.
1. Processo TC-020.620/2004-6 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Classe de Assunto: I.
1.2. Recorrente: José Orlando Rodrigues Aquino (CPF 028.094.243-57).
1.3. Responsáveis: Carmina Carmen Lima Barroso Moura (CPF 055.517.223-68); Construssonda
Construções Ltda. (CNPJ 01.600.175/0001-00); Eliseu Barroso de Carvalho Moura (CPF 054.829.413-
18 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
53); Francisco de Assis Sousa (CPF 308.937.043-34); Gilmar Sales Ribeiro (CPF 507.833.783-00); Joao
Araujo da Silva Filho (CPF 128.676.753-91); Joao da Silva Neto (CPF 239.914.963-72); José Orlando
Rodrigues Aquino (CPF 028.094.243-57); Maurie Anne Mendes Moura (CPF 854.498.064-34); N C
Construções, Perfurações e Comércio Ltda. (CNPJ 02.355.977/0001-57); Walter Pinho Lisboa Filho (CPF
074.646.653-68); Wellington Manoel da Silva Moura (CPF 170.199.582-49).
1.4. Unidade: município de Pirapemas - MA.
1.5. Relatora: ministra Ana Arraes.
1.6. Representante do Ministério Público: procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
1.7. Relator da deliberação recorrida: ministro-substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no Estado
do Maranhão (Secex-MA).
1.9. Representação legal: Victorio de Oliveira Ricci (900/OAB-MA), representando José Orlando
Rodrigues Aquino.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1213/2016 - TCU - Plenário
Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em apensar o TC-020.833/2014-8 a este
processo, nos termos do art. 36 da Resolução TCU 259/2014; e em comunicar o apensamento à Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República.
1. Processo TC-004.297/2015-6 (MONITORAMENTO)
1.1. Apenso: 028.291/2013-1 (DENÚNCIA).
1.2. Classe de Assunto: V.
1.3. Unidade: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
1.4. Relatora: ministra Ana Arraes.
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevi).
1.7. Representação legal: não há.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 19/2016 – Plenário
Relator – Ministro-Substituto AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
ACÓRDÃO Nº 1214/2016 - TCU - Plenário
VISTOS, relatados e relacionados estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo então
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (atual Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes) em atendimento à Decisão 397/1995 – TCU – Plenário, que determinara apuração dos fatos,
identificação dos responsáveis e quantificação dos danos causados por obras paralisadas ou inacabadas,
entre as quais a da ponte sobre o rio Parnaíba no trecho que liga a cidade de Timon-MA à de Teresina-PI,
em que ora se aprecia instrução de saneamento dos autos e proposta de reconhecimento dos comprovantes
de recolhimento dos responsáveis Srs. Francisco de Assis Barros Carvalho e Antônio Delfino Guimarães,
em atendimento ao item 9.4 do Acórdão 1581/2015 – TCU – Plenário,
Considerando que, ao apreciar o feito em destaque, este Tribunal, via Acórdão 1357/2008 – TCU –
Plenário, deliberou por, entre outras medidas, julgar irregulares as contas do Sr. Antônio Delfino
Guimarães e aplicar-lhe multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
19 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Considerando que, em nova apreciação destes autos, esta Corte de Contas, por intermédio do
Acórdão 1470/2011 – TCU – Plenário, deliberou por, entre outras providências, julgar irregulares as
contas do Sr. Francisco de Assis Barros Carvalho e aplicar-lhe multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais);
Considerando que, em outra manifestação sobre este feito, esta Casa, por meio do Acórdão
1581/2015 – TCU – Plenário, deliberou por, entre outros aspectos, julgar irregulares as contas do Estado
do Maranhão e condená-lo ao pagamento de débitos apurados nesta Tomada de Contas Especial,
igualmente se determinando, na mesma oportunidade, que a Secex/MA examinasse recente documentação
acostada atinente à comprovação do recolhimento de multas aplicadas a responsáveis arrolados nestes
autos;
Considerando os registros da Secex/MA (peça nº 71) de que, consoante as verificações inseridas nas
peças nºs 68/70, os documentos constantes das peças nºs 36 e 37 podem ser acolhidos como
comprovantes de recolhimento das multas aplicadas, neste feito, aos Srs. Francisco de Assis Barros
Carvalho e Antônio Defino Guimarães;
Considerando, no entanto, a observação daquela unidade instrutiva de que os recolhimentos em
questão foram realizados já no âmbito da cobrança judicial das dívidas (processos da Justiça Federal nº
14474-17.2010.4.01.3700 – Sr. Antônio Delfino Guimarães – e nº 44545-31.2012.4.01.3700 – Sr.
Francisco de Assis Barros Carvalho) e de que, nessa hipótese, de acordo com o disposto no art. 218 do
Regimento Interno, a respectiva quitação não mais deve ser expedida por este Tribunal, devendo ser
emitida no âmbito do processo judicial instaurado;
Considerando que, consoante comunicado pela Consultoria Jurídica desta Casa, o Estado do
Maranhão obteve, no âmbito da Ação Cautelar 4.059/MA, impetrada junto ao Supremo Tribunal Federal,
decisão liminar no sentido de, enquanto não apreciado o mérito envolvido naquele feito, coibir sua
inscrição nos “cadastros federais CAUC, CADIN, SIAFI e outros cadastros que envolvam os fatos aqui
mencionados ou sustada a inscrição em relação àquelas que já constam dos referidos cadastros, tendo em
vista a responsabilidade dos ex-gestores”, assim como de “obstar a ordem de devolução pelo Estado do
valor de R$ 38.965.111,16”;
Considerando os registros da unidade instrutiva de que, após as verificações e comunicações por ela
promovidas acerca das eventuais inscrições do Estado do Maranhão em cadastros de responsabilidade,
restaria a este Tribunal, em especial diante da determinação de se “obstar a ordem de devolução pelo
Estado do valor de R$ 38.965.111,16”, sobrestar este feito, nos termos do art. 157 do Regimento Interno;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, por
unanimidade, em:
a) reconhecer a documentação acostada pelos responsáveis Srs. Francisco de Assis Barros Carvalho
e Antônio Delfino Guimarães como comprovantes de recolhimentos das multas a eles imputadas por esta
Corte de Contas, sem, no entanto, expedir-lhes quitação, por falta de amparo legal ou regulamentar para
tanto, tendo em vista já se haverem iniciado os processos judiciais de cobrança de tais dívidas;
b) considerar cumprida a determinação constante do item 9.4 do Acórdão 1581/2015 – TCU –
Plenário;
c) determinar o sobrestamento deste feito, nos termos do art. 157 do Regimento Interno desta Casa,
em virtude da decisão judicial liminar proferida, pelo Supremo Tribunal Federal, sobre a Ação Cautelar
4.059/MA, proposta pelo Estado do Maranhão em face do Acórdão 1581/2015 – TCU – Plenário, até que
se decida definitivamente naquele processo;
d) deixar autorizado, desde já, o levantamento do sobrestamento dos autos, tão logo ocorra decisão
superveniente apreciando o mérito da Ação Cautelar 4.059/MA ou retirando a liminar ali concedida, para
que a Secex/MA adote as providências pertinentes;
e) determinar o encaminhamento de cópia deste Acórdão, assim como da instrução constante da
peça nº 71 e dos demais elementos julgados pertinentes, à Procuradoria da União no Estado do Maranhão,
esclarecendo tratar-se de referente aos processos da Justiça Federal nºs 14474-17.2010.4.01.3700 e
44545-31.2012.4.01.3700.
20 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1. Processo TC-350.361/1996-7 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Apensos: 013.404/2009-2 (COBRANÇA EXECUTIVA); 350.241/1996-1 (RELATÓRIO DE
AUDITORIA); 006.593/2003-9 (RELATÓRIO DE AUDITORIA); 350.055/1998-0 (SOLICITAÇÃO);
037.346/2011-3 (COBRANÇA EXECUTIVA)
1.2. Responsáveis: Antônio Delfino Guimarães, CPF 192.473.384-68; Francisco de Assis Barros
Carvalho, CPF 004.423.993-91; Estado do Maranhão, CNPJ 06.354.468/0001-60.
1.3. Órgão/Entidade/Unidade: 18ª Superintendência de Polícia Rodoviária Federal/MA.
1.4. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.5. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.6. Unidade Técnica: Secex/MA
1.7. Representação legal: Gustavo Brandão de Lima, OAB/MA 8.421; José Henrique Cabral
Coaracy, OAB/MA 912; José Ribamar Serra, OAB/MA 4.374; Miguel Ribeiro Pereira (Procurador do
Estado do Maranhão).
ACÓRDÃO Nº 1215/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, quanto ao processo
a seguir relacionado, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea "d", do Regimento Interno, c/c o
Enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante no Tribunal de Contas da União, ACORDAM,
por unanimidade, em retificar, por inexatidão material, os itens 4 e 9 do Acórdão nº 868/2016-TCU-
Plenário, como a seguir:
- onde se lê "Conselho Federal de Medicina Veterinária do DF (CRMV/DF)"
- leia-se "Conselho Regional de Medicina Veterinária do DF (CRMV/DF)"
1. Processo TC-004.890/2014-0 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Apensos: 016.349/2014-8 (REPRESENTAÇÃO)
1.2. Responsáveis: Aderlan Francisco dos Santos (011.897.151-47); Roberto Gomes Carneiro
(010.426.567-11); Sérgio Luís Dória Paraíso (777.512.306-06)
1.3. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho Regional de Medicina Veterinária do DF (CRMV/DF)
1.4. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.7. Representação legal: Nelson Wilians Fratoni Rodrigues - OAB/SP 128.341 e Rafael Rodrigues
de Oliveira - OAB/DF 26.962.
ACÓRDÃO Nº 1216/2016 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenário, quanto ao processo a
seguir relacionado, com fundamento nos arts. 15, 143, inciso III, 169, inciso IV, 232, todos do Regimento
Interno, ACORDAM, por unanimidade, em não conhecer da solicitação, uma vez que não atende os
requisitos legais para o recebimento por este Tribunal, e ante os motivos expostos pela unidade técnica à
peça 2, arquivando-se os autos após ciência ao solicitante.
1. Processo TC-010.759/2016-6 (SOLICITAÇÃO)
1.1. Interessado: Ministério Público do Estado do Espírito Santo (02.304.470/0001-74)
1.2. Órgão/Entidade/Unidade: Entidades/órgãos do Governo do Estado do Espírito Santo
1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
21 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (SECEX-ES).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 20/2016 – Plenário
Relator – Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO
ACÓRDÃO Nº 1217/2016 - TCU - Plenário
Considerando que a presente tomada de contas especial foi autuada como apartado do
TC 021.480/2009-9, em atendimento ao item 9.1 do Acórdão 2.163/2015-TCU-Plenário, com o objetivo
de analisar especificamente as informações relativas ao Contrato 0800.0032558.07-2 (CT 107), celebrado
pela Petróleo Brasileiro S.A. com a empresa Azevedo & Travassos Engenharia Ltda., para a execução das
obras relativas ao projeto de modernização e adequação do sistema de produção da Refinaria Presidente
Getúlio Vargas (Repar);
Considerando que, por meio do item 9.4 do aludido Acórdão 2.163/2015, o Plenário deste Tribunal
autorizou que a SeinfraPetróleo promovesse as diligências necessárias com vistas a obter elementos
“reais” dos custos dos materiais e bens “tagueados” adquiridos no âmbito de cada um dos contratos
tratados nos processos indicados no item 9.1 da referida deliberação, aí incluídas as diligências destinadas
a obter as notas fiscais de aquisição obtidas pela Justiça Federal do Paraná no âmbito da Operação “Lava
Jato”;
Considerando que, para viabilizar a efetividade desta tomada de contas especial com a devida
reparação do dano ao erário, a unidade técnica demonstrou, na instrução acostada à Peça nº 89, ser
necessário que se obtenha junto à Receita Federal do Brasil (RFB) o compartilhamento do sigilo fiscal da
empresa Azevedo & Travassos Engenharia Ltda.;
Considerando, enfim, que a unidade técnica demonstrou, ainda, com fundamento no art. 198, § 1º,
inciso II, do Código Tributário Nacional, a necessidade de se requisitar, diretamente à Fazenda Pública, o
envio de informações fiscais relacionadas com a aludida empresa, por restar comprovada a instauração
regular de processo administrativo no TCU com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se
referem as correspondentes informações, diante da prática de infração administrativa;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea “c”, do Regimento Interno do TCU, aprovado
pela Resolução nº 246/2011, em fazer a determinação abaixo indicada, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos:
1. Processo TC-024.183/2015-6 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Apenso: TC-021.480/2009-9 (RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO).
1.2. Responsáveis: Azevedo & Travassos Engenharia Ltda. (CNPJ 57.259.392/0001-25); Clarice
Regina Czarnik Coelho Martins (CPF 916.571.999-91); César Arantes Sobral (CPF 941.593.008-04);
Estefano Lapkousky Neto (CPF 402.175.409-10); Fernando Almeida Biato (CPF 329.803.107-00); José
Paulo Assis (CPF 167.249.849-04); José Sérgio Gabrielli de Azevedo (CPF 042.750.395-72); Marco
Tullio Jennings (CPF 069.177.677-60); Maria Emilia Guimarães Lovato (CPF 508.894.199-49); Pedro
José Barusco Filho (CPF 987.145.708-15); Renato de Souza Duque (CPF 510.515.167-49); Sandoval
Dias Aragão (CPF 229.203.586-34); Sérgio de Araújo Costa (CPF 174.345.217-91) e Sérgio dos Santos
Arantes (CPF 335.417.367-04).
1.3. Órgão/Entidade: Petróleo Brasileiro S.A.
1.4. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.6. Unidade Técnica: Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura
(SeinfraOperações).
22 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.7. Representação legal: Carlos Roberto de Siqueira Castro (20.015/OAB-DF) e outros,
representando César Arantes Sobral, Marco Tullio Jennings, Sérgio dos Santos Arantes, José Sérgio
Gabrielli de Azevedo e Sérgio de Araújo Costa; Benedicto Pereira Porto Neto (88465/OAB-SP) e outros,
representando Azevedo & Travassos Engenharia Ltda.; Rodrigo Alexander Calazans Macedo
(123.041/OAB-RJ) e outros, representando César Arantes Sobral, José Sérgio Gabrielli de Azevedo,
Sérgio de Araújo Costa, Sandoval Dias Aragão, José Paulo Assis, Fernando Almeida Biato, Clarice
Regina Czarnik Coelho Martins e Maria Emilia Guimarães Lovato; Hélio Siqueira Júnior (62929/OAB-
RJ) e outros, representando Petróleo Brasileiro S.A..
1.8. Determinar à SeinfraOperações que promova diligência junto aos membros da Secretaria da
Receita Federal do Brasil, com vistas a requisitar o compartilhamento das Declarações do Imposto de
Renda Retido na Fonte (Dirf), bem como das Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) disponíveis, emitidas por
fornecedores contra a empresa Azevedo & Travassos Engenharia Ltda. (CNPJ 57.259.392/0001-25) e
ainda as emitidas pela própria empresa Azevedo & Travassos Engenharia Ltda. em favor da Petrobras,
para a execução de obras na Refinaria Getúlio Vargas, no Paraná.
ACÓRDÃO Nº 1218/2016 - TCU - Plenário
Considerando que os presentes autos tratam de solicitação apresentada pelo Sr. Odair José Ferreira
Viana, Presidente do Conselho Municipal de Alimentação Escolar de Palmas/TO (CMAE – Palmas), por
meio da qual é requerida a “instauração de auditoria financeira em uma das unidades educacionais da
Rede Municipal de Educação de Palmas, a saber, a Escola de Tempo Integral Caroline Campelo Cruz e
Silva”;
Considerando que o solicitante justifica o seu pedido, alegando que identificou irregularidades na
operacionalização do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) na Escola de Tempo Integral
Caroline Campelo Cruz e Silva e que “a ingerência dos recursos financeiros provocou dívidas crescentes
na instituição, que têm impactado a qualidade da alimentação e outros efeitos danosos ao erário”,
informando, ainda, que a aludida escola passa, atualmente, por uma sindicância que foi instaurada em
novembro de 2015 pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), por solicitação do Conselho
Municipal de Alimentação Escolar e do Conselho Municipal de Educação;
Considerando que a unidade técnica verificou que, no intuito de instruir o TC 012.824/2014-3, foi
realizada inspeção na Prefeitura Municipal de Palmas/TO para averiguar a regularidade e a
operacionalização das ações relativas à merenda escolar no âmbito do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE), a qual resultou no Acórdão 316/2015-TCU-2ª Câmara, por meio do qual a citada
municipalidade foi cientificada sobre várias falhas verificadas na referida fiscalização;
Considerando, enfim, que, conquanto a autoridade solicitante não se encontre elencada no exaustivo
rol dos legitimados para solicitar fiscalizações ao TCU, nos termos do art. 71, inciso IV, da Constituição
de 1988 e do art. 38, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, mostra-se indicado determinar à Secretaria Municipal
de Educação de Palmas que, ao término dos trabalhos da sindicância que se encontra em curso na Escola
de Tempo Integral Caroline Campelo Cruz e Silva, remeta à Secretaria de Controle Externo no Tocantins
a cópia integral do relatório conclusivo da fiscalização, para ciência e adoção das providências
pertinentes;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea “a”, 169, inciso V, e 232, § 2º, do
Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, em não conhecer da presente
solicitação de auditoria, diante da falta de legitimidade do solicitante, nos termos do art. 232, § 2º do
RITCU, e fazer as determinações abaixo indicadas, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:
1. Processo TC-011.688/2016-5 (SOLICITAÇÃO)
1.1. Interessado: Sr. Odair José Ferreira Viana, Presidente do Conselho Municipal de Alimentação
Escolar de Palmas/TO (CMAE – Palmas).
23 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.2. Órgão/Entidade: Município de Palmas/TO.
1.3. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Tocantins (Secex/TO).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinar à Secex/TO que:
1.7.1. promova a devida diligência junto à Secretaria Municipal de Educação de Palmas para que,
ao término dos trabalhos da sindicância que se encontra em curso na Escola de Tempo Integral Caroline
Campelo Cruz e Silva, ela remeta à aludida unidade técnica a cópia integral do relatório conclusivo da
fiscalização, para ciência e adoção das providências cabíveis;
1.7.2. envie cópia do presente Acórdão, acompanhada de cópia do parecer da unidade técnica, ao
solicitante; e
1.7.3. arquive os presentes autos.
PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA
Por meio de apreciação unitária de processos, o Plenário proferiu os Acórdãos de nºs 1219 a 1255, a
seguir transcritos e incluídos no Anexo III desta Ata, juntamente com os relatórios e votos em que se
fundamentaram.
ACÓRDÃO Nº 1219/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 035.784/2015-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Representante: EBN Comércio, Importação e Exportação S.A.
4. Unidade: Comando Logístico do Exército (Colog).
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal:
8.1. Humberto Barbosa da Silva Leite (OAB/DF 35.074) e Raíssa Fernandes Barbosa Leite
(OAB/DF 44.375), representando a EBN Comércio, Importação e Exportação S.A.
8.2. Carlos Alberto Silva de Melo (OAB/PB 12.381), representando a Ricol Têxtil Indústria e
Comércio Ltda.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de cautelar suspensiva,
formulada pela empresa EBN Comércio, Importação e Exportação S.A. sobre possíveis irregularidades no
Pregão Eletrônico nº 4/2015 conduzido pelo Comando Logístico do Exército (Colog) para o registro de
preços em eventual aquisição de material de intendência (item 1: conjunto camuflado – modelo 2009);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos
arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666, de 1993, para
prosseguir com o saneamento dos autos;
9.2. revogar a medida cautelar deferida nestes autos pelo Plenário do TCU, em 20/1/2016, e, assim,
autorizar o Comando Logístico do Exército a dar prosseguimento à contratação proveniente do Pregão
Eletrônico nº 4/2015, condicionando, todavia, o aludido prosseguimento da contratação à obtenção pelo
Colog da devida negociação de preços com os licitantes, na ordem de classificação do certame, de sorte a
reduzir o preço vencedor do PE nº 4/2015 à mais vantajosa proposta de preço ofertada no PE nº 6/2015;
24 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.3. determinar à Secretaria de Controle Externo das Aquisições Logísticas (Selog) que:
9.3.1. promova a oitiva complementar das empresas Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda. e
Rafael Indústria e Confecções Ltda. (Raicon), para que, no prazo de 15 (quinze) dias, se pronunciem
especificamente a respeito dos indícios de atuação combinada e da suposta simulação de competição no
âmbito do Pregão Eletrônico nº 4/2015, conforme apurado pela unidade técnica na instrução à Peça 80
dos presentes autos;
9.3.2. após a análise da resposta às oitivas determinadas pelo item 9.3.1 deste Acórdão, emita o seu
pronunciamento de mérito a respeito da aplicação da penalidade prevista no art. 46 da Lei nº 8.443, de
1992;
9.4. determinar que, nos termos do art. 43, II, da Lei 8.443, de 1992, e do art. 250, IV, do
Regimento Interno do TCU, a Selog promova a audiência do Sr. João Wayner da Costa Ribas, como
ordenador de despesas do Colog, entre outros responsáveis a serem devidamente identificados pela
unidade técnica, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem as suas razões de justificativa em
relação às seguintes ocorrências:
9.4.1. realização de duas licitações (PE 4/2015-Colog e PE 6/2015-11º D Sup) para o mesmo objeto,
sendo uma para o registro de preços e outra para a compra imediata;
9.4.2. realização do PE 4/2015-Colog para o registro de preços quase ao final do exercício,
salientando que o item adquirido (fardamento) demanda contratações certas e frequentes, por ser
absolutamente indispensável para as Forças Armadas;
9.4.3. lançamento do PE 6/2015-11º D Sup somente em 30/11/2015 e realização da sessão em
10/12/2015, sabendo-se que o prazo seria exíguo para a finalização de todo o procedimento licitatório e
para a respectiva emissão do empenho ainda em 2015;
9.4.4. não monitoramento do andamento dos dois pregões eletrônicos (PE 4/2015-Colog e PE
6/2015-11º D Sup), e de seus resultados, e não anulação do empenho emitido pelo Colog para a Ricol,
com o posterior remanejamento dos créditos orçamentários para o 11º D Sup com vistas à efetivação de
novo empenho junto à EBN; e
9.5. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamenta, à EBN
Comércio, Importação e Exportação S.A. (representante), ao Comando Logístico do Exército, ao 11°
Departamento de Suprimento do Exército e às empresas Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda., Rafael
Indústria e Confecções Ltda., Marina Del Rey Confecções de Roupas Ltda. e Navy Stone Confecções de
Roupas Ltda.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1219-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho
(Relator).
ACÓRDÃO Nº 1220/2016 - TCU - Plenário
1. Processo nº TC 003.330/2015-0.
2. Grupo I - Classe de Assunto: VII - Acompanhamento.
3. Interessados: Caixa Participações S/A (10.744.073/0001-41); CPM Braxis S/A
(65.599.953/0001-63); Capgemini Latin America (12.561.847/0001-24).
4. Entidade: Caixa Econômica Federal.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
25 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5.1. Revisor: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Fazenda Nacional (SecexFazenda).
8. Representação legal:
8.1. Jailton Zanon da Silveira (OAB-RJ 77.366) e outros, representando Caixa Econômica Federal e
Caixa Participações S/A.
8.2. Alexandre Castello da Costa (OAB-RJ 82.900) e outros, representando CPM Braxis S/A.
8.3. Carlos Geraldo Egydio Rameh (OAB-SP 101.939), com substabelecimento, representando
Capgemini Latin America.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento com o fito de analisar
especificamente a legalidade e a legitimidade da aquisição de participação acionária pela Caixa
Participações S/A, subsidiária integral da Caixa Econômica Federal, na empresa CPM Braxis S/A,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:
9.1. com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, c/c art. 45 da Lei 8.443/1992,
c/c arts. 2º, inciso I, e 4º da Resolução-TCU 265/2014, assinar prazo de 90 (noventa) dias para que a
Caixa Econômica Federal e a Caixa Participações S/A apresentem plano de ação contemplando as
medidas necessárias ao desfazimento dos atos relativos à aquisição de participação acionária na empresa
CPM Braxis S/A, ante o vício relativo ao motivo, haja vista a indicação de fundamentos jurídicos
inadequados (desconsiderando que a contratação da empresa investida está necessariamente sujeita ao
procedimento público vinculante da Lei 8.666/1993), em afronta ao princípio do motivo determinante, ao
art. 37, inciso XXI, da CF/1988, aos arts. 24, inciso XXIII, e 25 da Lei 8.666/1993, e aos Acórdãos 894 e
1.985/2015-TCU-Plenário;
9.2. esclarecer às unidades jurisdicionadas que o plano de ação acima referenciado deve conter, no
mínimo, as medidas a serem adotadas, os responsáveis pelas ações e o prazo previsto para a sua
implementação;
9.3. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo do TCU que dê ciência das concepções
adotadas nesta deliberação às suas unidades subordinadas, a fim de balizar as futuras ações de
fiscalização a cargo desta Corte sobre o assunto;
9.4. determinar ao Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que, em face das competências estatuídas no art. 8º do
Anexo I do Decreto 8.578/2015, dê ciência das concepções adotadas nesta deliberação às entidades sob
sua esfera de atuação, bem assim leve-as em consideração ao desempenhar as atividades de sua
competência;
9.5. em atendimento ao disposto no art. 169, § 1º, do Regimento Interno do TCU, enviar cópia do
inteiro teor da presente deliberação à Caixa Econômica Federal, às empresas interessadas, ao
Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão e à Advocacia-Geral da União;
9.6. encerrar o presente processo, com fundamento no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do
TCU.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1220-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministros que não participaram da votação: Walton Alencar Rodrigues e Ana Arraes.
26 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.3. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Revisor) e André Luís de
Carvalho.
13.4. Ministro-Substituto presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACÓRDÃO Nº 1221/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 004.440/2014-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Pedido de reexame (Monitoramento).
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessados: Agência Nacional de Transportes Aquaviários (04.903.587/0001-08); Augusto
Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20); Secretaria de Portos (08.855.874/0001-32)
3.2. Recorrente: Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20).
4. Órgãos/Entidades: Agência Nacional de Transportes Aquaviários; Secretaria de Portos.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
5.1. Relatora da deliberação recorrida: Ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura
Portuária, Hídrica e Ferroviária (SeinfraHid).
8. Representação legal:
8.1. Mariana Valentim de Moraes Silva, representando Secretaria de Portos.
8.2. Apuam Carvalho da Costa (32322/OAB-DF), representando Augusto Rodrigues Coutinho de
Melo.
9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido o pedido de reexame interposto pelo Deputado Federal Augusto
Rodrigues Coutinho de Melo, contra o Acórdão 1.555/2014-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, 33 e 48 da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 286 do
Regimento Interno do TCU, em:
9.1. conhecer do pedido de reexame e considerar prejudicado seu objeto, visto que a matéria foi
tratada no Acórdão 2.413/2015 - Plenário;
9.2. dar ciência deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam ao recorrente.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1221-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues
(Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1222/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 027.419/2012-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I Embargos de declaração (Desestatização)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessados: Companhia Docas do Estado de São Paulo (44.837.524/0001-07); Transitaria
Brasileira Ltda. — Transbrasa (45.557.022/0001-95)
3.2. Recorrente: Transitaria Brasileira Ltda. — Transbrasa (45.557.022/0001-95).
27 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Transportes Aquaviários.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária
(SeinfraHid).
8. Representação legal:
8.1. Amanda Barros Seabra Pereira e outros, representando Transitaria Brasileira Ltda. —
Transbrasa e Transitaria Brasileira Ltda. — Transbrasa;
8.2. Daiane Prates Goulart e outros, representando Companhia Docas do Estado de São Paulo.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam embargos de declaração opostos por
Transitaria Brasileira Ltda. em face do Acórdão 650/2016-TCU-Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, e ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no artigo 34 da Lei 8.443/1992, conhecer dos embargos de declaração para,
no mérito, negar-lhes provimento; e
9.2. dar ciência desta deliberação à Prefeitura Municipal de Santos, à empresa Transitária Brasileira
Ltda. (Transbrasa), à Companhia Docas de São Paulo (Codesp), à Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq) e à Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR).
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1222-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues
(Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1223/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 027.793/2006-6.
1.1. Apensos: 029.371/2010-4; 029.372/2010-0
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de revisão (Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei 8.443/1992)
3.2. Responsável: Dulce Dirclair Huf Bais (255.224.859-49).
3.3. Recorrente: Dulce Dirclair Huf Bais (255.224.859-49).
4. Órgão/Entidade: Conselho Federal de Enfermagem.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo da Fazenda
Nacional (SecexFazen).
8. Representação legal: Reilos Monteiro (22.612/OAB-DF) e outros.
9. Acórdão:
28 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial em fase de recurso de
revisão interposto pela Sra. Dulce Dirclair Huf Bais contra o Acórdão 1.059/2010-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente recurso de revisão, com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35, inciso
III, da Lei 8.443/1992;
9.2. quanto ao mérito, dar-lhe provimento parcial para reformar os itens 9.1 a 9.2 do Acórdão
1.059/2010-Plenário, conferindo-lhe a seguinte redação:
“9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas b e c, 19, caput, e 23, inciso III,
da Lei n. 8.443/1992, julgar irregulares as contas da Sra. Dulce Dirclair Huf Bais, condenando-a ao
pagamento das quantias originais, abaixo discriminadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar
da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (artigo 214, inciso III, alínea a do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, atualizada
monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas indicadas, até a data do
efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
Valor Data-base
R$ 480,36 12/04/2006
R$ 1.947,52 24/05/2006
R$ 1.217,76 25/07/2006
R$ 978,16 02/08/2006
R$ 1.467,24 09/08/2006
R$ 978,16 16/08/2006
R$ 1.467,24 23/08/2006
R$ 512,65 28/08/2006
R$ 978,16 13/09/2006
R$ 978,16 20/09/2006
R$ 1.342,70 27/09/2006
R$ 1.467,24 04/10/2006
R$ 1.025,31 25/10/2006
R$ 1.467,24 01/11/2006
R$ 978,16 09/11/2006
R$ 512,65 15/11/2006
R$ 978,16 23/11/2006
R$ 1.467,24 29/11/2006
R$ 1.467,24 13/12/2006
R$ 1.537,96 20/12/2006
R$ 978,16 27/12/2006
R$ 978,16 03/01/2007
R$ 512,65 10/01/2007
R$ 1.467,24 17/01/2007
R$ 1.467,24 24/01/2007
R$ 1.467,24 07/02/2007
R$ 1.467,24 14/02/2007
R$ 1.467,24 21/02/2007
R$ 508,72 28/02/2007
R$ 1.666,33 14/03/2007
R$ 1.975,38 21/03/2007
R$ 1.666,33 28/03/2007
R$ 1.799,49 04/04/2007
29 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
R$ 669,83 11/04/2007
R$ 1.799,49 18/04/2007
R$ 632,40 25/04/2007
R$ 1.199,66 09/05/2007
R$ 1.799,49 16/05/2007
9.2. aplicar à Sra. Dulce Dirclair Huf Bais a multa prevista no art. 57 da Lei n. 8.443/1992, c/c o
art. 267 do Regimento Interno/TCU, no valor de R$ 5.500,00 (cinco mil e quinhentos reais), fixando-lhe o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (artigo 214,
inciso III, alínea a, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga
após o vencimento, na forma da legislação em vigor;”
9.3. dar ciência e remeter cópia do presente acórdão, bem como do relatório e voto que o
fundamentam, à recorrente, ao Conselho Federal de Enfermagem e à Procuradoria da República no
Distrito Federal.
9.4. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a
fundamentam, à Universidade Federal do Paraná, para que adote as medidas que entender cabíveis acerca
da suposta incompatibilidade entre a opção pelo regime de dedicação exclusiva realizado pela servidora
Dulce Dirclair Huf Bais, matrícula Siape 1145163, com o exercício concomitante do cargo de Presidente
do Conselho Federal de Enfermagem, e informe as medidas adotadas ao TCU, no prazo de 30 (trinta)
dias;
9.5. determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip), que monitore em processo apartado
o cumprimento da medida disposta no subitem anterior.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1223-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1224/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 033.737/2012-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Alcinea Silva de Oliveira (309.806.667-91); Alicinia Brevilato (357.334.547-
68); Analia de Castro Macieira (100.693.827-35); Angela Maria Ribeiro Costa (091.335.505-49); Antonio
Pereira Covas Neto (127.135.207-97); Aurelio Goncalves Filho (164.283.237-53); Carlos Tavares Pereira
(051.711.347-31); Damiao da Silva Bobeda (006.372.347-66); Eci dos Santos Ferreira (197.011.797-49);
Fernando Augusto Albrunhosa Machado (242.795.107-25); Francisco Blanco Turnes (191.307.327-00);
Geraldo Carolino de Lima (563.302.867-87); Geraldo de Almeida Franca (191.572.587-91); Gilza
Huguenin de Araujo (344.020.987-34); Iza Farias Caraciolo (370.306.552-49); Jair Gonçalves de
Almeida Filho (710.295.087-04); Jeanete Thereza Calabria da Costa (539.735.507-00); Joao Barbosa de
Oliveira (346.345.417-34); Jonas Breitman (334.934.647-20); Jorge Guimaraes Mattos (373.714.367-68);
Jorge dos Santos Barata (308.965.417-20); Jose Nunes da Costa (052.603.457-20); Jose Octacilio Vieira
(346.003.297-91); João Batista Brandão (272.845.817-00); Maria do Carmo Batista de Almeida
(304.397.797-15).
30 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4. Órgão/Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em razão da
concessão irregular de benefícios previdenciários,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator em:
9.1. excluir da relação processual os segurados Alcinea Barbosa de Oliveira (CPF 309.806.667-91);
Alicínia Brevilato (CPF 357.334.547-68); Anália de Castro Macieira (CPF 100.693.827-35); Ângela
Maria Ribeiro Costa (CPF 091.335.505- 49); Antônio Pereira Covas Neto (CPF 127.135.207-97); Aurélio
Gonçalves Filho (CPF 164.283.237-53); Carlos Tavares Pereira (CPF 051.711.347-31); Dayse de
Almeida Canas (CPF 336.110.767-91); Damião da Silva Bobeda (CPF 006.372.347-66); Domitila de
Jesus Alves (sem CPF); Eci dos Santos Ferreira (CPF 197.011.797- 49); Fernando Augusto Abrunhosa
Machado (CPF 242.795.107-25); Francisco Blanco Turnes (CPF 191.307.327-00); Geraldo Carolino de
Lima (CPF 563.302.867-87); Geraldo de Almeida Franca (falecido, CPF 191.572.587-91); Gilza
Huguenin de Araújo (CPF 344.020.987-34); Iza Farias Caraciolo (CPF 370.306.552-49); Jeanete Thereza
Calabria da Costa (CPF 539.735.507- 00); João Barbosa de Oliveira (CPF 346.345.417- 34); João Batista
Brandão (CPF 272.845.817-00); Jonas Breitman (falecido, CPF 334.934.647-20); Jorge dos Santos Barata
(falecido, CPF 308.965.417-20); Jorge Guimarães Mattos (CPF 373.714.367-68); José Nunes da Costa
(CPF 052.603.457-20); e José Octacílio Vieira (CPF 346.003.297-91);
9.2. julgar irregulares as contas dos ex-servidores do INSS Maria do Carmo Batista de Almeida
(CPF 304.397.797-15) e Jair Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04), com fundamento nos
arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da
mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, e §§ 1º e 5º, 210 e 214, inciso III, do Regimento
Interno, e condená-los, solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação
do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o TCU (art. 214, inciso III,
alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional do Seguro
Social, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas
discriminadas, até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, em virtude de
fraude na concessão de benefícios previdenciários, ocasionando prejuízo aos cofres públicos, segundo os
pagamentos efetuados aos seguintes segurados:
a) Alcinea Silva de Oliveira (CPF 309.806.667-91)
b) Alcínia Brevilato (CPF 357.334.547-68)
Data Valor (R$)
14/11/1996 2.387,77
14/11/1996 884,36
13/12/1996 1.326,54
16/1/1997 884,36
18/2/1997 886,13
14/3/1997 886,13
14/4/1997 886,13
16/5/1997 886,13
17/6/1997 886,13
15/7/1997 943,97
31 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Data Valor (R$)
13/11/1996 1.995,09
13/11/1996 831,29
12/12/1996 1.177,66
14/1/1997 831,29
17/2/1997 832,95
13/3/1997 832,95
11/4/1997 832,95
15/5/1997 832,95
11/8/2000 515,19
11/8/2000 1.030,34
15/9/2000 1.030,34
13/10/2000 1.030,34
14/11/2000 1.030,34
13/12/2000 2.060,68
12/1/2001 1.030,34
15/2/2001 1.030,34
14/3/2001 1.030,34
12/4/2001 1.031,15
14/5/2001 1.031,15
13/6/2001 1.031,15
12/7/2001 1.110,10
13/8/2001 1.110,10
14/9/2001 1.110,10
11/10/2001 1.110,10
14/11/2001 1.110,10
13/12/2001 2.220,16
14/1/2002 1.110,10
18/2/2002 1.110,10
19/3/2002 1.110,37
11/4/2002 1.110,19
14/5/2002 1.110,19
24/6/2002 1.110,19
15/7/2002 1.212,27
15/8/2002 1.212,27
12/9/2002 1.212,27
11/10/2002 1.212,27
14/11/2002 1.212,27
12/12/2002 2.424,51
14/1/2003 1.212,27
17/2/2003 1.212,27
18/3/2003 1.212,27
22/4/2003 1.212,35
20/5/2003 1212,35
16/6/2003 1.215,10
c) Anália de Castro Macieira (CPF 100.693.827-35)
Data Valor (R$)
13/11/1996 884,36
13/11/1996 1.995,28
32 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/12/1996 1.326,54
14/1/1997 884,36
17/2/1997 886,13
13/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
14/5/1997 886,13
18/9/1997 943,96
14/10/1997 943,96
13/11/1997 943,96
11/12/1997 1.884,18
14/1/1998 947,71
12/2/1998 943,96
28/4/2000 28.845,85
12/5/2000 1.036,77
13/6/2000 1.036,77
13/7/2000 1.096,12
11/8/2000 1.096,12
14/9/2000 1.096,12
13/10/2000 1.096,12
14/11/2000 1.096,12
13/12/2000 2.192,24
12/1/2001 1.096,12
13/2/2001 1.096,12
13/3/2001 1.096,12
12/4/2001 1.096,97
14/5/2001 1.096,97
13/6/2001 1.096,97
12/7/2001 1.180,96
13/8/2001 1.180,96
14/9/2001 1.180,96
11/10/2001 1.180,96
14/11/2001 1.180,96
13/12/2001 2.361,90
14/1/2002 1.180,96
15/2/2002 1.180,96
13/3/2002 1.181,23
11/4/2002 1.181,05
14/5/2002 1.181,05
13/6/2002 1.181,05
11/7/2002 1.289,64
13/8/2002 1.289,64
12/9/2002 1.289,64
11/10/2002 1.289,64
13/11/2002 1.289,64
12/12/2002 2.579,26
14/1/2003 1.289,64
13/2/2003 1.289,64
17/3/2003 1.289,64
11/4/2003 1.289,64
14/5/2003 1.289,64
33 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/6/2003 1.289,64
11/7/2003 1.543,70
13/8/2003 1.543,70
11/9/2003 1.543,70
13/10/2003 1.543,70
13/11/2003 1.543,70
11/12/2003 3.087,38
14/1/2004 1.543,70
12/2/2004 1.543,70
11/3/2004 1.546,81
d) Angela Maria Ribeiro Costa (CPF 091.335.505-49)
Data Valor (R$)
19/11/1996 1.674,49
19/11/1996 897,05
12/12/1996 1.270,82
13/1/1997 897,05
13/2/1997 898,84
11/3/1997 898,84
9/4/1997 898,84
12/5/1997 898,84
10/6/1997 898,84
10/7/1997 952,03
11/8/1997 952,03
e) Antônio Pereira Covas Neto (CPF 127.135.207-97)
Data Valor (R$)
21/10/1996 1.377,82
21/10/1996 725,17
8/11/1996 725,17
9/12/1996 1.087,75
9/1/1997 725,17
13/2/1997 726,62
10/3/1997 726,62
8/4/1997 726,62
12/5/1997 726,62
f) Aurélio Gonçalves Filho (CPF 164.283.237-53)
Data Valor (R$)
6/11/1996 2.078,22
6/11/1996 831,29
5/12/1996 1.246,93
7/1/1997 831,29
6/2/1997 832,95
6/3/1997 832,95
4/4/1997 832,95
7/5/1997 832,95
5/6/1997 832,95
4/7/1997 887,34
7/1/1998 3.512,64
34 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
7/1/1998 887,31
5/2/1998 887,31
5/3/1998 887,31
6/4/1998 887,31
7/5/1998 887,31
4/6/1998 887,31
6/7/1998 929,98
6/8/1998 929,98
5/12/2002 4.106,35
5/12/2002 2.424,54
7/1/2003 1.212,27
6/2/2003 1.212,27
10/3/2003 1.212,27
4/4/2003 1.212,27
7/5/2003 1.212,27
g) Carlos Tavares Pereira (CPF 051.711.347-31)
Data Valor (R$)
3/12/1996 1.270,82
3/12/1996 897,05
3/12/1996 1.794,10
3/1/1997 897,05
3/2/1997 898,84
3/3/1997 898,84
4/4/1997 898,84
h) Damião da Silva Bobeda (CPF 006.372.347-66)
Data Valor (R$)
29/10/1996 884,36
29/10/1996 1.768,72
14/11/1996 884,36
13/12/1996 884,36
13/12/1996 442,18
16/1/1997 884,36
26/2/1997 886,13
12/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
i)Domitila de Jesus Alves (sem CPF)
Data Valor (R$)
30/10/1996 2.446,72
7/11/1996 884,36
6/12/1996 884,36
6/12/1996 442,18
13/1/1997 884,36
28/2/1997 886,13
6/3/1997 886,13
4/4/1997 886,13
j) Eci dos Santos Ferreira (CPF 197.011.797-49)
35 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Data Valor (R$)
18/11/1996 664,99
3/12/1996 923,60
3/1/1997 738,88
4/2/1997 740,36
4/3/1997 740,36
1/4/1997 740,36
5/5/1997 740,36
k) Fernando Augusto Abrunhosa Machado (CPF 242.795.107-25)
Data Valor (R$)
12/11/1996 884,36
12/11/1996 1.827,67
12/12/1996 1.252,84
13/1/1997 884,36
14/2/1997 886,13
13/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
13/5/1997 886,13
11/6/1997 886,13
11/7/1997 943,97
13/8/1997 943,97
11/9/1997 943,97
13/10/1997 943,97
13/11/1997 943,97
11/12/1997 1.884,20
14/1/1998 947,72
12/2/1998 943,97
12/3/1998 943,97
14/4/1998 943,97
14/5/1998 943,97
12/6/1998 943,97
13/7/1998 989,36
12/8/1998 989,38
11/9/1998 989,38
13/10/1998 989,38
12/11/1998 989,38
10/12/1998 1.978,72
13/1/1999 989,38
10/2/1999 987,41
10/3/1999 987,41
14/4/1999 987,41
12/5/1999 987,41
11/6/1999 987,41
12/7/1999 1.036,77
11/8/1999 1.036,78
13/9/1999 1.036,78
13/10/1999 1.036,78
11/11/1999 1.036,78
10/12/1999 2.073,56
36 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/1/2000 1.036,78
10/2/2000 1.036,78
14/3/2000 1.036,78
12/4/2000 1.036,78
11/5/2000 1.036,78
12/6/2000 1.036,78
12/7/2000 1.096,13
10/8/2000 1.096,13
13/9/2000 1.096,13
11/10/2000 1.096,13
13/11/2000 1.096,13
12/12/2000 2.192,26
12/1/2001 1.096,13
12/2/2001 1.096,13
12/3/2001 1.096,13
11/4/2001 1.096,98
11/5/2001 1.096,98
12/6/2001 1.096,98
11/7/2001 1.180,97
10/8/2001 1.180,97
13/9/2001 1.180,97
10/10/2001 1.180,97
13/11/2001 1.180,97
12/12/2001 2.361,92
11/1/2002 1.180,97
14/2/2002 1.180,97
12/3/2002 1.181,24
10/4/2002 1.181,06
13/5/2002 1.181,06
12/6/2002 1.181,06
10/7/2002 1.289,66
12/8/2002 1.289,66
11/9/2002 1.289,66
10/10/2002 1.289,66
12/11/2002 1.289,66
11/12/2002 2.579,30
13/1/2003 1.289,66
12/2/2003 1.289,66
14/3/2003 1.289,66
10/4/2003 1.289,66
13/5/2003 1.289,66
11/6/2003 1.289,66
10/7/2003 1.543,73
12/8/2003 1.543,73
10/9/2003 1.543,73
10/10/2003 1.543,73
12/11/2003 1.543,73
10/12/2003 3.087,45
13/1/2004 1.543,73
11/2/2004 1.543,73
37 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/3/2004 1.543,73
29/4/2005 21.242,03
4/5/2005 1.613,68
3/6/2005 1.716,18
5/7/2005 1.716,18
3/8/2005 1.716,18
5/9/2005 1.716,18
5/10/2005 1.716,18
4/11/2005 1.716,18
5/12/2005 3.432,37
4/1/2006 1.716,18
3/2/2006 1.716,18
3/3/2006 1.716,18
5/4/2006 1.716,34
4/5/2006 1.802,00
5/6/2006 1.802,00
5/7/2006 1.802,00
3/8/2006 1.802,00
5/9/2006 2.703,16
4/10/2006 1.802,00
6/11/2006 1.802,18
5/12/2006 3.601,24
l) Francisco Blanco Turnes (CPF 191.307.327-00)
Data Valor (R$)
11/10/1996 1.834,72
11/10/1996 764,47
12/11/1996 764,47
11/12/1996 1.146,70
14/1/1997 764,47
18/2/1997 766,00
20/3/1997 766,00
14/4/1997 766,00
16/5/1997 766,00
12/1/2001 1.900,18
12/1/2001 952,92
14/2/2001 952,92
13/3/2001 952,92
16/4/2001 953,68
14/5/2001 953,68
2/7/2001 953,68
11/7/2001 1.026,69
16/8/2001 1.026,69
19/9/2001 1.026,69
18/10/2001 1.026,69
14/11/2001 1.026,69
18/12/2001 2.053,36
16/1/2002 1.026,69
19/2/2002 1.026,69
19/3/2002 1.026,90
38 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
17/4/2002 1.026,76
16/5/2002 1.026,76
12/6/2002 1.026,76
12/7/2002 1.121,18
15/8/2002 1.121,18
14/10/2002 1.121,18
14/10/2002 1.121,18
19/11/2002 1.121,18
17/12/2002 2.242,34
16/1/2003 1.121,18
19/2/2003 1.121,18
18/3/2003 1.121,18
17/4/2003 1.121,18
15/5/2003 1.121,18
17/6/2003 1.121,18
17/7/2003 1.342,05
19/8/2003 1.342,05
11/9/2003 1.342,05
16/10/2003 1.342,05
18/11/2003 1.342,05
10/12/2003 2.684,06
13/1/2004 1.342,05
11/2/2004 1.342,05
10/3/2004 1.342,05
5/4/2004 1.342,05
5/5/2004 1.342,05
3/6/2004 1.402,81
5/7/2004 1.402,81
4/8/2004 1.402,81
3/9/2004 1.402,81
25/10/2010 772,70
3/12/2010 3.863,52
5/1/2011 1.931,76
3/2/2011 2.055,58
3/3/2011 2.055,58
5/4/2011 2.055,58
4/5/2011 2.055,58
3/6/2011 2.055,58
5/7/2011 2.055,58
3/8/2011 2.055,58
m) Geraldo Carolino de Lima (CPF 563.302.867-87)
Data Valor (R$)
11/11/1996 2.328,81
11/11/1996 884,36
9/12/1996 1.326,54
9/1/1997 884,36
13/2/1997 886,13
10/3/1997 886,13
8/4/1997 886,13
39 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9/5/1997 886,13
9/6/1997 886,13
n) Geraldo de Almeida Franca (falecido sem bens, CPF 191.572.587-91)
Data Valor (R$)
22/10/1996 1.687,61
22/10/1996 816,59
5/11/1996 816,59
3/12/1996 1.224,88
3/1/1997 816,59
4/2/1997 818,22
4/3/1997 818,22
2/4/1997 818,22
o) Gilza Huguenin de Araujo (CPF 344.020.987-34)
Data Valor (R$)
21/10/1996 712,35
21/10/1996 1.448,44
7/11/1996 712,35
5/12/1996 1.068,52
6/1/1997 712,35
5/2/1997 713,77
5/3/1997 713,77
4/4/1997 713,77
6/5/1997 713,77
12/12/2003 9.381,73
6/1/2004 1.250,71
4/2/2004 1.250,71
3/3/2004 1.250,71
5/4/2004 1.250,71
5/5/2004 1.250,71
3/6/2004 1.307,33
5/7/2004 1.307,33
4/8/2004 1.307,33
3/9/2004 1.307,33
5/10/2004 1.307,51
4/11/2004 1.307,39
3/12/2004 2.614,78
5/1/2005 1.307,39
3/2/2005 1.307,40
3/3/2005 1.307,39
5/4/2005 1.307,39
4/5/2005 1.307,39
3/6/2005 1.390,44
5/7/2005 1.390,44
3/8/2005 140,53
3/8/2005 1.530,08
5/9/2005 1.529,51
5/10/2005 1.529,51
4/11/2005 1.529,24
40 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5/12/2005 3.059,29
4/1/2006 1.529,24
3/2/2006 1.529,24
3/3/2006 1.529,24
p) Iza Frias Caraciolo (CPF 370.306.552-49)
Data Valor (R$)
21/10/1996 1.461,86
21/10/1996 730,93
18/11/1996 730,93
10/12/1996 1.096,39
13/1/1997 730,93
13/2/1997 732,39
11/3/1997 732,39
9/4/1997 732,39
9/10/1997 2.854,97
11/11/1997 780,19
9/12/1997 1.557,26
12/1/1998 783,31
10/2/1998 780,19
10/3/1998 780,19
13/4/1998 780,19
12/5/1998 780,19
9/6/1998 780,19
9/7/1998 817,71
11/8/1998 817,71
9/3/1999 816,08
13/4/1999 816,08
15/4/1999 816,08
26/4/1999 4.080,40
11/5/1999 816,08
10/6/1999 816,08
9/7/1999 856,95
10/8/1999 856,96
10/9/1999 856,95
11/10/1999 856,95
10/11/1999 856,95
9/12/1999 1.713,91
11/1/2000 856,95
9/2/2000 856,95
13/3/2000 856,95
11/4/2000 856,95
10/5/2000 856,95
9/6/2000 856,95
11/7/2000 906,00
9/8/2000 906,00
12/9/2000 906,00
10/10/2000 906,00
10/11/2000 906,00
11/12/2000 1.811,99
41 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/1/2001 906,00
9/2/2001 906,00
9/3/2001 906,00
10/4/2001 906,73
10/5/2001 906,73
11/6/2001 906,73
10/7/2001 976,14
9/8/2001 976,14
12/9/2001 976,14
9/10/2001 976,14
12/11/2001 976,14
11/12/2001 1.952,29
10/1/2002 976,14
13/2/2002 976,14
q) Jeanete Thereza Calabria da Costa (CPF 539.735.507-00)
Data Valor (R$)
31/10/1996 2.387,77
7/11/1996 884,36
6/12/1996 1.326,54
8/1/1997 884,36
7/2/1997 886,13
7/3/1997 886,13
7/4/1997 886,13
8/5/1997 886,13
r) João Barbosa de Oliveira (CPF 346.345.417-34)
Data Valor (R$)
12/11/1996 1.801,12
12/11/1996 831,29
4/12/1996 1.177,66
3/1/1997 831,29
4/2/1997 832,95
5/3/1997 832,95
2/4/1997 832,95
5/5/1997 832,95
3/6/1997 832,95
2/7/1997 887,34
4/8/1997 887,34
2/9/1997 887,34
4/6/1999 928,13
4/6/1999 3.279,39
4/6/1999 928,13
2/7/1999 974,56
4/8/1999 974,57
2/9/1999 974,57
4/10/1999 974,57
4/11/1999 974,57
2/12/1999 1.949,14
4/1/2000 974,57
42 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
2/2/2000 974,57
2/3/2000 974,57
4/4/2000 974,57
3/5/2000 974,57
2/6/2000 974,57
4/7/2000 1.030,34
2/8/2000 1.030,34
4/9/2000 1.030,34
3/10/2000 1.030,34
3/11/2000 1.030,34
4/12/2000 2.060,68
3/1/2001 1.030,34
2/2/2001 1.030,34
2/3/2001 1.030,34
3/4/2001 1.031,15
3/5/2001 1.031,15
4/6/2001 1.031,15
3/7/2001 1.110,10
2/8/2001 1.110,10
4/9/2001 1.110,10
3/10/2001 1.110,10
5/11/2001 1.110,10
4/12/2001 2.220,16
3/1/2002 1.110,10
5/2/2002 1.110,10
5/3/2002 1.110,37
2/4/2002 1.110,19
3/5/2002 1.110,19
4/6/2002 1.110,19
3/7/2002 1.212,27
6/8/2002 1.212,27
4/9/2002 1.212,27
3/10/2002 1.212,27
5/11/2002 1.212,27
3/12/2002 2.424,51
3/1/2003 1.212,27
4/2/2003 1.212,27
6/3/2003 1.212,27
2/4/2003 1.212,27
5/5/2003 1.212,27
3/6/2003 1.212,27
2/7/2003 1.451,08
5/8/2003 1.451,08
2/9/2003 1.451,08
2/10/2003 1.451,08
4/11/2003 1.451,08
2/12/2003 2.902,14
5/1/2004 1.451,08
3/2/2004 1.451,08
2/3/2004 1.451,08
43 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
s) João Batista Brandão (CPF 272.845.817-00)
Data Valor (R$)
11/11/1996 1.366,62
11/11/1996 672,11
10/12/1996 952,15
10/1/1997 672,11
17/2/1997 673,45
11/3/1997 673,45
9/4/1997 673,45
t) Jonas Breitman (falecido, CPF 334.934.647-20)
Data Valor (R$)
14/10/1996 1.709,64
14/10/1996 712,35
13/11/1996 712,35
12/12/1996 1.068,52
14/1/1997 712,35
17/2/1997 713,77
13/3/1997 713,77
11/4/1997 713,77
u) Jorge dos Santos Barata (falecido, CPF 308.965.417-20)
Data Valor (R$)
6/11/1996 2.122,46
7/11/1996 884,36
6/12/1996 1.252,84
13/1/1997 884,36
17/2/1997 886,13
14/3/1997 886,13
7/4/1997 886,13
8/5/1997 886,13
6/6/1997 886,13
v) Jorge Guimarães Mattos (CPF 373.714.367-68)
Data Valor (R$)
23/10/1996 707,49
23/10/1996 1.277,60
14/11/1996 707,49
13/12/1996 1.061,23
15/1/1997 707,49
18/2/1997 708,90
14/3/1997 708,90
5/4/1997 708,90
15/5/1997 708,90
w) José Nunes da Costa (CPF 052.603.457-20)
Data Valor (R$)
20/11/1996 897,05
20/11/1996 1.794,10
44 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6/12/1996 1.270,82
8/1/1997 897,05
13/2/1997 898,84
7/3/1997 898,84
7/4/1997 898,84
8/5/1997 898,84
x) José Octacílio Vieira (CPF 346.003.297-91)
Data Valor (R$)
14/11/1996 884,36
14/11/1996 2.122,46
16/12/1996 1.252,84
15/1/1997 884,36
20/2/1997 886,13
17/3/1997 886,13
16/4/1997 886,13
15/5/1997 886,13
y) Dayse de Almeida Canas (CPF 336.110.767-91)
Data Valor (R$)
15/10/1996 2.095,91
15/10/1996 816,59
6/11/1996 816,59
3/12/1996 1.292,93
3/1/1997 816,59
5/2/1997 818,22
4/3/1997 818,22
2/4/1997 818,22
9/1/2001 1.017,82
5/2/2001 1.017,82
2/3/2001 1.017,82
3/4/2001 1.018,62
4/5/2001 1.001,80
24/4/2001 38.138,93
5/6/2001 1.001,80
3/7/2001 1.096,60
2/8/2001 1.068,05
4/9/2001 1.068,05
2/10/2001 1.068,05
5/11/2001 1.068,05
4/12/2001 2.193,20
4/1/2002 1.068,05
5/2/2002 1.068,05
4/3/2002 1.139,32
24/4/2001 38.138,93
3/7/2001 1.096,60
4/12/2001 2.193,20
4/3/2002 1.096,87
2/4/2002 1.096,69
3/5/2002 1.197,53
45 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4/6/2002 1.092,14
3/7/2002 1.197,53
2/8/2002 1.177,47
3/9/2002 1.177,47
2/10/2002 1.177,47
4/11/2002 1.177,47
3/12/2002 2.395,05
3/1/2003 1.177,47
4/2/2003 1.177,47
7/3/2003 1.177,47
2/4/2003 1.177,47
5/5/2003 1.177,47
3/6/2003 1.177,47
2/7/2003 1.433,44
4/8/2003 1.378,23
2/9/2003 1.378,23
3/10/2003 1.378,23
4/11/2003 1.428,21
2/12/2003 2.866,87
5/1/2004 1.377,91
3/2/2004 1.377,91
2/3/2004 1.377,91
2/7/2003 1.433,44
4/11/2003 1.428,21
2/12/2003 2.866,87
2/4/2004 1.377,91
4/5/2004 1.377,91
2/6/2004 1.498,34
2/7/2004 1.433,11
3/8/2004 1.019,71
2/9/2004 1.496,77
9.3. aplicar aos Srs. Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF 304.397.797-15) e ao Sr. Jair
Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04), individualmente, multa no valor de R$ 70.000,00
(setenta mil reais), com fulcro no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, com a
fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o TCU (art. 214,
inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a dos efetivos
recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.5. inabilitar, pelo período de 5 (cinco) anos, a Sra. Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF
304.397.797-15) e o Sr. Jair Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04) para o exercício de cargo
em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei
8.443/1992;
9.6. encaminhar cópia desta deliberação, bem como do relatório e do voto que a fundamentaram, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, nos termos do art. 16, § 3º,
da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que
entender cabíveis;
46 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.7. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal –
PGF que a decisão indicada no item 9.1 não impede a adoção de providências administrativas e/ou
judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos aos segurados ali referidos, em
razão da concessão indevida de benefício previdenciário.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1224-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1225/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 007.141/2012-2.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Pedido de reexame (Monitoramento).
3. Recorrente: José Inácio Sodré Rodrigues (475.545.093-49)
4. Unidade: Superintendência Regional do Incra no Estado do Maranhão.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
5.1. Relatora da deliberação recorrida: Ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Paulo Jorge Saba Neto (12.443/OAB-MA).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam pedido de reexame interposto pelo
Sr. José Inácio Sodré Rodrigues em face do Acórdão 2.705/2014 – TCU – Plenário, que não conheceu de
seu anterior pedido de reexame contra o Acórdão 935/2014 – TCU – Plenário (peça 44),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer ao presente apelo recursal como mera petição, para anular o Acórdão 2.705/2014-
TCU-Plenário;
9.2. conhecer, com fundamento no art. 48, caput e parágrafo único, da Lei nº 8.443/1992 c/c o art.
286 do RI/TCU, do pedido de reexame interposto contra o Acórdão 935/2014-TCU-Plenário para negar-
lhe provimento; e
9.3. dar ciência desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, ao recorrente.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1225-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1226/2016 – TCU – Plenário
47 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 009.969/2013-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Gerência Executiva do INSS - Santo André/SP - INSS/MPS (29.979.036/0362-50)
3.2. Responsáveis: Cármen Martinez Tedeschi (050.717.898-09); José Damásio Correia
(448.579.268-49); e Maria dos Prazeres Marinho (881.702.768-53).
4. Órgão/Entidade: Ministério da Previdência Social (vinculador).
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (SECEX-SP).
8. Representação legal:
8.1. Victor Simoni Morgado (129.155/OAB-SP) e outros, representando Márcia Regina Martinez
Tedeschi.
8.2. Ronaldo Ferreira Lima (171364/OAB-SP), representando Maria dos Prazeres Marinho.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada pelo Instituto
Nacional do Seguro Social em SP, no âmbito da Gerência Executiva de Santo André/SP, em virtude de
prejuízo causado pela ex-servidora Sra. Maria dos Prazeres Marinho, em razão da análise e da concessão
de benefícios de aposentadoria através de cômputo de períodos comprovadamente fraudulentos aos
beneficiários José Damásio Correia (falecido) e Carmen Martinez Tedeschi (falecida).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alínea d; 19, caput;
23, inciso III; e 57 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. reconhecer, de ofício, a nulidade do Acórdão 2.917/2014-TCU-Plenário, para torná-lo
insubsistente;
9.2. excluir da presente relação processual os Srs. José Damásio Correia e Carmen Martinez
Tedeschi;
9.3. julgar irregulares as contas da Sra. Maria dos Prazeres Marinho, condenando-a ao pagamento
das importâncias a seguir indicadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora,
calculados a partir das datas indicadas, até a data dos efetivos recolhimentos, fixando-lhe o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea a do
Regimento Interno), o recolhimento dos débitos aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), na forma prevista na legislação em vigor, em decorrência da concessão irregular de benefícios
previdenciários, ocasionando prejuízo aos cofres públicos, segundo os pagamentos efetuados aos
seguintes segurados:
9.2.1. Damásio Correia (CPF: 448.579.268-49):
Valores em Cruzeiros (Cr$)
4/4/1984 1.680.370,00
8/5/1984 334.587,00
9/6/1984 546.248,00
9/7/1984 546.248,00
8/8/1984 546.248,00
11/9/1984 546.248,00
8/10/1984 546.248,00
9/11/1984 1.470.518,00
10/12/1984 930.742,00
9/1/1985 930.742,00
11/2/1985 930.742,00
8/3/1985 930.742,00
48 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9/4/1985 930.742,00
9/5/1985 930.742,00
11/6/1985 1.759.102,00
8/7/1985 1.759.102,00
8/8/1985 1.759.102,00
9/9/1985 1.759.102,00
8/10/1985 1.759.102,00
8/11/1985 1.759.102,00
9/12/1985 4.684.840,00
9/1/1986 2.995.750,00
13/2/1986 2.995.750,00
Valores em Cruzados (Cz$)
10/3/1986 2.995,75
8/4/1986 3.796,51
9/5/1986 3.796,51
9/6/1986 3.796,51
8/7/1986 3.796,51
8/8/1986 3.796,51
8/9/1986 3.796,51
8/10/1986 3.796,51
10/11/1986 3.796,51
8/12/1986 7.459,56
9/1/1987 3.796,51
9/2/1987 4.555,81
12/3/1987 4.555,81
8/4/1987 6.459,68
11/5/1987 6.645,98
8/6/1987 7.975,17
8/7/1987 9.570,20
10/8/1987 9.570,20
9/9/1987 9.570,20
8/10/1987 10.305,19
9/11/1987 11.096,62
8/12/1987 20.754,95
11/1/1988 13.419,74
8/2/1988 15.071,70
8/3/1988 16.927,02
11/4/1988 31.975,13
9/5/1988 37.151,90
9/6/1988 43.166,79
8/7/1988 50.798,67
8/8/1988 59.779,87
9/9/1988 70.348,95
10/10/1988 85.396,59
8/11/1988 103.662,92
8/12/1988 192.397,47
9/1/1989 158.616,79
Valores em Cruzados Novos (NCz$)
49 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/2/1989 199,92
8/3/1989 220,65
10/4/1989 226,01
9/5/1989 374,45
8/6/1989 477,00
10/7/1989 477,00
8/8/1989 877,82
11/9/1989 1.130,27
9/10/1989 1.461,89
9/11/1989 2.236,93
8/12/1989 4.563,16
9/1/1990 4.618,73
8/2/1990 7.523,94
8/3/1990 11.745,60
Valores em Cruzeiros (Cr$)
9/4/1990 21.529,99
9/5/1990 21.529,99
8/6/1990 21.529,99
9/7/1990 22.606,47
8/8/1990 28.741,89
11/9/1990 30.492,27
8/10/1990 35.489,97
9/11/1990 37.651,32
10/12/1990 100.594,92
9/1/1991 51.783,76
8/2/1991 72.228,01
8/3/1991 93.147,39
8/4/1991 99.620,00
9/5/1991 99.620,00
10/6/1991 110.159,80
8/7/1991 110.159,80
8/8/1991 110.159,80
9/9/1991 154.012,52
8/10/1991 246.121,17
8/11/1991 246.121,17
9/12/1991 492.242,34
9/1/1992 246.121,17
10/2/1992 541.031,97
12/3/1992 541.031,97
8/4/1992 541.031,97
11/5/1992 541.031,97
8/6/1992 1.246.329,90
8/7/1992 1.246.329,90
10/8/1992 1.246.329,90
9/9/1992 1.246.329,90
8/10/1992 2.801.586,34
10/11/1992 2.801.586,34
8/12/1992 5.603.172,68
50 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11/1/1993 2.801.586,34
8/2/1993 6.757.784,85
8/3/1993 6.757.784,85
8/4/1993 9.235.864,55
10/5/1993 9.235.864,55
8/6/1993 17.705.835,79
8/7/1993 17.705.835,79
Valores em Cruzeiros Reais (CR$)
9/8/1993 24.869,43
9/9/1993 29.659,28
8/10/1993 50.639,15
8/11/1993 63.385,02
8/12/1993 178.069,16
10/1/1994 98.888,60
8/2/1994 173.335,99
8/3/1994 225.770,12
11/4/1994 349.740,37
9/5/1994 490.438,48
9/6/1994 711.329,11
Valores em Reais (R$)
12/7/1994 341,55
8/8/1994 341,55
9/9/1994 341,55
10/10/1994 341,55
9/11/1994 341,55
8/12/1994 683,10
9/1/1995 341,55
8/2/1995 356,55
8/3/1995 341,55
10/4/1995 341,55
9/5/1995 341,55
8/6/1995 487,92
10/7/1995 487,92
11/8/1995 487,92
12/9/1995 487,92
9/10/1995 487,92
9/11/1995 487,92
8/12/1995 975,84
9/1/1996 487,92
9/2/1996 487,92
9.2.1. Carmen Martinez Tedeschi (CPF: 050.717.898-09):
Valores em Cruzeiros (Cr$)
12/6/1985 856.800,00
10/7/1985 918.001,00
12/8/1985 918.001,00
11/9/1985 918.001,00
10/10/1985 918.001,00
51 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/11/1985 918.001,00
11/12/1985 2.277.814,00
13/1/1986 1.563.355,00
14/2/1986 1.563.355,00
Valores em Cruzados (Cz$)
12/3/1986 1.563,35
10/4/1986 1.981,23
13/5/1986 1.981,23
11/6/1986 1.981,23
10/7/1986 1.981,23
12/8/1986 1.981,23
10/9/1986 1.981,23
10/10/1986 1.981,23
12/11/1986 1.981,23
10/12/1986 3.892,81
13/1/1987 1.981,23
11/2/1987 2.377,47
13/3/1987 2.377,47
10/4/1987 3.371,01
13/5/1987 3.371,01
10/6/1987 4.045,21
10/7/1987 4.854,25
12/8/1987 4.854,25
10/9/1987 4.854,25
13/10/1987 5.227,05
12/11/1987 5.628,48
10/12/1987 10.546,40
13/1/1988 6.806,81
10/2/1988 7.644,72
10/3/1988 8.585,78
13/4/1988 16.218,60
11/5/1988 18.844,39
13/6/1988 21.895,29
12/7/1988 25.766,37
10/8/1988 30.321,86
13/9/1988 35.682,76
13/10/1988 43.315,30
11/11/1988 52.580,44
12/12/1988 97.588,83
11/1/1989 80.454,42
Valores em Cruzados Novos (NCz$)
14/2/1989 101,40
10/3/1989 111,91
12/4/1989 114,62
11/5/1989 176,36
12/6/1989 224,66
12/7/1989 224,66
10/8/1989 413,44
52 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/9/1989 532,24
11/10/1989 688,53
13/11/1989 1.053,57
12/12/1989 2.151,15
11/1/1990 2.175,37
12/2/1990 3.543,70
12/3/1990 5.532,06
Valores em Cruzeiros (Cr$)
11/4/1990 10.140,40
10/5/1990 10.140,40
12/6/1990 10.140,40
11/7/1990 10.647,31
10/8/1990 13.537,13
13/9/1990 17.361,54
10/10/1990 16.715,41
13/11/1990 17.733,38
12/12/1990 47.379,17
11/1/1991 24.389,62
14/2/1991 34.018,65
12/3/1991 43.871,16
10/4/1991 46.920,00
13/5/1991 46.920,00
12/6/1991 51.884,14
10/7/1991 51.884,14
12/8/1991 51.884,14
11/9/1991 72.538,32
10/10/1991 115.920,55
12/11/1991 115.920,55
11/12/1991 231.841,10
13/1/1992 115.920,55
12/2/1992 254.820,51
13/3/1992 254.820,51
10/4/1992 254.820,51
13/5/1992 254.820,51
10/6/1992 587.008,60
10/7/1992 587.008,60
12/8/1992 587.008,60
11/9/1992 587.008,60
13/10/1992 1.319.518,43
12/11/1992 1.319.518,43
10/12/1992 2.639.036,86
13/1/1993 1.319.518,43
10/2/1993 3.182.847,35
10/3/1993 3.182.847,35
12/4/1993 4.349.997,47
12/5/1993 4.349.997,47
11/6/1993 8.339.267,04
12/7/1993 8.339.267,04
53 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Valores em Cruzeiros Reais (CR$)
11/8/1993 11.713,25
13/9/1993 13.969,22
13/10/1993 23.850,52
11/11/1993 29.853,69
10/12/1993 83.868,72
12/1/1994 46.575,50
10/2/1994 81.639,44
10/3/1994 106.335.37
13/4/1994 171.106,78
11/5/1994 238.759,67
13/6/1994 347.100,49
Valores em Reais (R$)
13/7/1994 160,86
10/8/1994 160,86
13/9/1994 160,86
14/10/1994 160,86
11/11/1994 160,86
12/12/1994 321,72
11/1/1995 160,86
10/2/1995 175,86
10/3/1995 160,86
12/4/1995 160,86
11/5/1995 160,86
12/6/1995 229,80
12/7/1995 229,80
10/8/1995 229,80
13/9/1995 229,80
11/10/1995 229,80
13/11/1995 229,80
12/12/1995 459,60
11/1/1996 229,80
12/2/1996 229,80
12/3/1996 229,80
12/4/1996 229,80
13/5/1996 229,80
13/6/1996 264,27
10/7/1996 264,27
12/8/1996 264,27
11/9/1996 264,27
11/10/1996 264,27
12/11/1996 264,27
12/12/1996 528,54
13/1/1997 264,27
14/2/1997 264,27
12/3/1997 264,27
10/4/1997 264,27
54 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/5/1997 264,27
11/6/1997 264,27
9.6 aplicar à Sra. Maria dos Prazeres Marinho a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o
art. 267 do Regimento Interno, no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), e fixar o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o TCU (art. 214, inciso III, alínea "a",
do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data de prolação deste acórdão até a dos efetivos recolhimentos, se for paga após
o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.7 autorizar, caso requerido pela responsável, o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento
Interno, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar,
perante o Tribunal, o recolhimento da primeira parcela, e de 30 (trinta) dias, a contar da parcela anterior,
para comprovar os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal,
atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
9.8. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.9. inabilitar a Sra. Maria dos Prazeres Marinho, por 5 (cinco) anos, para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, consoante o art. 60 da Lei
8.443/1992;
9.10. encaminhar cópia do presente acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o
fundamentam, ao INSS e à Procuradoria-Geral Federal (PGF), comunicando-os que a decisão de excluir
os beneficiários não impede a adoção de providências administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver
valores que eventualmente foram pagos a estes, em virtude da concessão indevida de benefício
previdenciário (aposentadoria por tempo de serviço).
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1226-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1227/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 010.227/2014-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Francisco Fernandes Albrecht (639.116.477-00); Ivan Leandres Lima
(180.327.107-87); Leda Nunes Vieira (036.803.447-08); Luiz Carvalho Linhares (298.883.107-63); e
Maria da Conceição Martins Ferreira (494.102.377-34).
4. Entidade: Gerência Executiva do INSS - NITERÓI/RJ - INSS/MPS.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
55 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em decorrência
da concessão irregular de benefícios previdenciários, no âmbito da Gerência Executiva do INSS, em
Niterói/RJ,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:
9.1. excluir da relação processual a segurada Regina Maria Slama Gardel;
9.2. considerar revéis os responsáveis Luiz Carvalho Linhares (298.883.107-63), Francisco
Fernandes Albrecht (639.116.477-00), Ivan Leandres Lima (180.327.107-87) e Leda Nunes Vieira
(036.803.447-08), nos termos do art. 12, §3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992;
9.3. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea “d”, e § 2º da Lei nº 8.443,
de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 202, § 6º, 209, inciso IV, e
210 e 214, inciso III do Regimento Interno do TCU, irregulares as contas dos responsáveis Luiz Carvalho
Linhares (CPF 298.883.107-63) e Sr. Francisco Fernandes Albrecht (CPF 639.116.477-00), e condená-
los, solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze
dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”,
do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social,
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas,
até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular
de aposentadoria por tempo de contribuição:
9.3.1. ao segurado Francisco Fernandes Albrecht (CPF 639.116.477-00):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
29/9/1997 787,33
29/9/1997 761,94
13/10/1997 761,94
14/11/1997 761,94
19/12/1997 761,94
19/12/1997 380,97
16/1/1998 761,94
13/2/1998 761,94
13/3/1998 761,94
17/4/1998 761,94
15/5/1998 761,94
12/6/1998 761,94
16/7/1998 798,58
14/8/1998 798,58
15/9/1998 798,58
15/10/1998 798,58
13/11/1998 798,58
16/12/1998 798,58
16/12/1998 798,58
20/1/1999 798,58
12/2/1999 798,58
12/3/1999 798,58
15/4/1999 798,58
14/5/1999 798,58
14/6/1999 798,58
16/7/1999 835,39
13/8/1999 835,39
14/9/1999 835,39
56 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
15/10/1999 835,39
12/11/1999 835,39
13/12/1999 835,39
13/12/1999 835,39
13/1/2000 835,39
11/2/2000 835,39
15/3/2000 835,39
13/4/2000 835,39
12/5/2000 835,39
13/6/2000 835,39
13/7/2000 883,92
11/8/2000 883,92
14/9/2000 883,92
13/10/2000 883,92
14/11/2000 883,92
13/12/2000 883,92
13/12/2000 883,92
12/1/2001 883,92
13/2/2001 883,92
13/3/2001 883,92
12/4/2001 883,92
14/5/2001 883,92
9.4. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e §§ 1º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno, irregulares as contas dos responsáveis Luiz Carvalho Linhares
(CPF 298.883.107-63) e Ivan Leandres Lima (CPF 180.327.107-87), e condená-los, solidariamente, ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos
recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular de
aposentadoria por tempo de contribuição:
9.4.1. ao segurado Ivan Leandres Lima (CPF 180.327.107-87):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
15/10/1997 799,45
15/10/1997 2.424,84
14/11/1997 799,45
11/12/1997 1.265,79
14/1/1998 801,98
12/2/1998 799,45
12/3/1998 799,45
15/4/1998 799,45
14/5/1998 799,45
12/6/1998 799,45
13/7/1998 837,90
13/8/1998 837,90
14/9/1998 837,90
57 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
14/10/1998 837,90
13/11/1998 837,90
11/12/1998 1.675,80
14/1/1999 837,90
11/2/1999 837,90
11/3/1999 837,90
15/4/1999 837,90
13/5/1999 837,90
14/6/1999 837,90
13/7/1999 876,52
12/8/1999 876,52
14/9/1999 876,52
14/10/1999 876,52
12/11/1999 876,52
13/12/1999 1.753,04
13/1/2000 876,52
11/2/2000 876,52
15/3/2000 876,52
13/4/2000 876,52
12/5/2000 876,52
13/6/2000 876,52
13/7/2000 927,44
11/8/2000 927,44
14/9/2000 927,44
13/10/2000 927,44
14/11/2000 927,44
13/12/2000 1.854,88
12/1/2001 927,44
13/2/2001 927,44
13/3/2001 927,44
12/4/2001 927,44
14/5/2001 927,44
13/6/2001 927,44
12/7/2001 998,48
13/8/2001 998,48
14/9/2001 998,48
11/10/2001 998,48
14/11/2001 998,48
13/12/2001 1.996,96
14/1/2002 998,48
15/2/2002 998,48
13/3/2002 998,48
11/4/2002 998,48
14/5/2002 998,48
13/6/2002 998,48
11/7/2002 1.090,34
9.5. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e §§ 1º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e
58 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
214, inciso III, do Regimento Interno, irregulares as contas dos responsáveis Luiz Carvalho Linhares
(CPF 298.883.107-63) e Leda Nunes Vieira (CPF 036.803.447-08), e condená-los, solidariamente, ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos
recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular de
aposentadoria por tempo de contribuição:
9.5.1. à segurada Leda Nunes Vieira (CPF 036.803.447-08):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
25/8/1997 525,27
5/9/1997 926,96
7/10/1997 926,96
10/11/1997 926,96
5/12/1997 926,96
5/12/1997 463,48
8/1/1998 926,96
6/2/1998 926,96
6/3/1998 926,96
7/4/1998 926,96
8/5/1998 926,96
5/6/1998 926,96
7/7/1998 967,74
7/8/1998 967,74
11/9/1998 967,74
13/10/1998 967,74
12/11/1998 967,74
15/12/1998 967,74
15/12/1998 967,74
12/1/1999 967,74
19/2/1999 967,74
15/3/1999 967,74
15/4/1999 967,74
13/5/1999 967,74
15/6/1999 967,74
13/7/1999 1.012,35
13/8/1999 1.012,35
14/9/1999 1.012,35
14/10/1999 1.012,35
17/11/1999 1.012,35
10/12/1999 1.012,35
10/12/1999 1.012,35
12/1/2000 1.012,35
10/2/2000 1.012,35
14/2/2000 1.012,35
14/3/2000 1.012,35
12/4/2000 1.012,35
12/5/2000 1.012,35
59 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/6/2000 1.012,35
12/7/2000 1.071,16
10/8/2000 1.071,16
14/9/2000 1.071,16
6/10/2000 1.071,16
13/11/2000 1.071,16
12/12/2000 1.071,16
12/12/2000 1.071,16
11/1/2001 1.071,16
13/2/2001 1.071,16
12/3/2001 1.071,16
11/4/2001 1.071,16
11/5/2001 1.071,16
12/6/2001 1.071,16
11/7/2001 1.153,21
10/8/2001 1.153,21
13/9/2001 1.153,21
10/10/2001 1.153,21
13/11/2001 1.153,21
12/12/2001 1.153,21
12/12/2001 1.153,21
11/1/2002 1.153,21
15/2/2002 1.153,21
15/3/2002 1.153,21
10/4/2002 1.153,21
14/5/2002 1.153,21
13/6/2002 1.153,21
11/7/2002 1.259,30
14/8/2002 1.259,30
11/9/2002 1.259,30
11/10/2002 1.259,30
13/11/2002 1.259,30
13/12/2002 1.259,30
13/12/2002 1.259,30
16/1/2003 1.259,30
13/2/2003 1.259,30
13/3/2003 1.259,30
14/4/2003 1.259,30
13/5/2003 1.259,30
12/6/2003 1.259,30
10/7/2003 1.507,50
15/8/2003 1.507,30
12/9/2003 1.507,50
13/10/2003 1.507,50
13/11/2003 1.507,50
5/12/2003 1.507,50
5/12/2003 1.507,50
8/1/2004 1.507,50
60 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5/2/2004 1.507,50
5/3/2004 1.507,50
7/4/2004 1.507,50
7/5/2004 1.507,50
7/6/2004 1.575,78
7/7/2004 1.575,78
6/8/2004 1.575,78
8/9/2004 1.575,78
7/10/2004 1.575,78
8/11/2004 1.575,78
7/12/2004 1.575,78
7/12/2004 1.575,78
7/1/2005 1.575,78
9/2/2005 1.575,78
7/3/2005 1.575,78
7/4/2005 1.575,78
6/5/2005 1.575,78
7/6/2005 1.675,92
7/7/2005 1.675,92
5/8/2005 1.675,92
8/9/2005 1.675,92
7/10/2005 1.675,92
8/11/2005 1.675,92
7/12/2005 1.675,92
7/12/2005 1.675,92
6/1/2006 1.675,92
9.6. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d” e §§ 1º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno, irregulares as contas dos responsáveis Luiz Carvalho Linhares
(CPF 298.883.107-63) e Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34), e condená-los,
solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias,
a contar das notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social,
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas,
até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular
de aposentadoria por tempo de contribuição à segurada:
9.6.1. Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
17/12/1996 3.030,78
17/12/1996 841,88
9/1/1997 505,13
13/2/1997 505,13
10/3/1997 505,13
8/4/1997 505,13
9/5/1997 505,13
9/6/1997 505,13
8/7/1997 544,32
61 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8/8/1997 544,32
11/9/1997 544,32
8/10/1997 544,32
11/11/1997 544,32
8/12/1997 1.088,64
9/1/1998 544,32
9/2/1998 544,32
9/3/1998 544,32
8/4/1998 544,32
11/5/1998 544,32
8/6/1998 544,32
8/7/1998 570,50
10/8/1998 570,50
9/9/1998 570,50
8/10/1998 570,50
10/11/1998 570,50
8/12/1998 1.141,00
11/1/1999 570,50
8/2/1999 570,50
8/3/1999 570,50
12/4/1999 570,50
10/5/1999 570,50
9/6/1999 570,50
8/7/1999 596,80
9/8/1999 596,80
9/9/1999 596,80
8/10/1999 596,80
9/11/1999 596,80
8/12/1999 1.193,60
12/1/2000 596,80
8/2/2000 596,80
10/3/2000 596,80
10/4/2000 596,80
10/5/2000 596,80
8/6/2000 596,80
10/7/2000 631,47
8/8/2000 631,47
11/9/2000 631,47
9/10/2000 631,47
9/11/2000 631,47
8/12/2000 1.262,94
9/1/2001 631,47
8/2/2001 632,00
8/3/2001 632,00
9/4/2001 632,00
9/5/2001 632,00
8/6/2001 632,00
9/7/2001 680,00
62 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8/8/2001 680,00
11/9/2001 680,00
8/10/2001 680,00
9/11/2001 680,00
10/12/2001 1.357,00
9/1/2002 680,00
8/2/2002 680,00
8/3/2002 680,00
8/4/2002 680,00
9/5/2002 680,00
10/6/2002 680,00
8/7/2002 743,00
8/8/2002 743,00
9/9/2002 743,00
8/10/2002 743,00
9.7. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e §§ 1º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno, irregulares as contas do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF
298.883.107-63) e condená-lo ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo
de quinze dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea
“a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social,
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas,
até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, segundo os pagamentos efetuados
à segurada:
9.7.1. Regina Maria Slama Rangel (CPF 413.949.927-34):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
23/7/1997 202,53
12/8/1997 868,00
10/9/1997 868,00
10/10/1997 868,00
12/11/1997 868,00
10/12/1997 1.302,00
14/1/1998 870,59
11/2/1998 868,00
11/3/1998 868,00
14/4/1998 868,00
13/5/1998 868,00
10/6/1998 868,00
10/7/1998 909,75
12/8/1998 909,75
11/9/1998 909,75
13/10/1998 909,75
12/11/1998 909,75
10/12/1998 1.819,50
13/1/1999 909,75
10/2/1999 909,75
10/3/1999 909,75
63 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
14/4/1999 909,75
12/5/1999 909,75
11/6/1999 909,75
12/7/1999 951,68
11/8/1999 951,68
13/9/1999 951,68
13/10/1999 951,68
11/11/1999 951,68
10/12/1999 951,68
10/12/1999 951,68
12/1/2000 951,68
10/2/2000 951,68
14/3/2000 951,68
12/4/2000 951,68
11/5/2000 951,68
12/6/2000 951,68
12/7/2000 1.006,97
10/8/2000 1.006,97
13/9/2000 1.006,97
11/10/2000 1.006,97
13/11/2000 1.006,97
12/12/2000 2.013,94
11/1/2001 1.006,97
12/2/2001 1.006,97
12/3/2001 1.006,97
11/4/2001 1.006,97
9.8. aplicar ao responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) a multa prevista no art.
57 da Lei nº 8.443, de 1992, no valor de R$ 154.000,00 ( cento e cinquenta e quatro mil reais), aos
segurados Francisco Fernandes Albrecht, Ivan Leandres Lima, Leda Nunes Vieira e Maria da Conceição
Martins Ferreira, nos valores de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais), R$
57.000,00 (cinquenta e sete mil reais) e R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), respectivamente, fixando-
lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal (art. 23,
inciso III, alínea “a” da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 214, inciso III, alínea “a” do RI/TCU) o recolhimento
da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, a contar da data deste Acórdão até
a data do efetivo recolhimento, caso não seja paga no prazo estabelecido, na forma da legislação em
vigor;
9.9. solicitar, com base no art. 61 da Lei nº 8.443, de 1992, e no art. 275 do Regimento Interno do
TCU, à Advocacia-Geral da União, por intermédio do Ministério Público junto ao TCU, a adoção das
medidas necessárias ao arresto dos bens do responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) e
dos segurados Francisco Fernandes Albrecht (639.116.477-00), Ivan Leandres Lima (180.327.107-87),
Leda Nunes Vieira (036.803.447-08) e Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34), caso
não haja, dentro do prazo estabelecido, a comprovação do recolhimento das dívidas, devendo este
Tribunal ser ouvido quanto à liberação dos bens arrestados e à sua restituição;
9.10. autorizar, desde logo, com amparo no art. 28, inciso II da Lei nº 8.443, de 1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.11. aplicar ao responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) e aos segurados
Francisco Fernandes Albrecht (639.116.477-00), Ivan Leandres Lima (180.327.107-87), Leda Nunes
Vieira (036.803.447-08) e Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34), tendo em vista a
64 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
gravidade da infração cometida, a penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo
prazo de 8 (oito) anos;
9.12. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à
responsável, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria da República no Estado do Rio de
Janeiro, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443, de 1992;
9.13. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria da República no Estado do
Rio de Janeiro que a decisão contida no subitem 9.1. deste acórdão não impedirá a adoção de
providências administrativas e/ou judiciais contra a beneficiária dos pagamentos previdenciários
inquinados, com vistas à recuperação dos valores indevidamente pagos.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1227-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1228/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 011.055/2014-6.
2. Grupo II – Classe IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Deocléa da Penha Cavalcante (falecida, CPF 735.391.807-10), Iolanda Cunha
Pereira (CPF 541.950.717-04), José Carlos Lopes de Oliveira; (CPF 036.567.567-91) e Manoel Eleutério
Neto (CPF 296.775.137-53).
4. Unidade: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secex/RJ.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em decorrência
da concessão irregular de benefícios previdenciários, no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. excluir da presente relação processual os segurados Iolanda Cunha Pereira (CPF 541.950.717-
04), José Carlos Lopes de Oliveira (CPF 036.567.567-91) e Manoel Eleutério Neto (CPF 296.775.137-
53);
9.2. considerar revéis, para todos os efeitos, o espólio da ex-servidora Deocléa da Penha
Cavalcante, nas pessoas de seus sucessores, Sr. Alexandre Cavalcante Martins (filho, CPF 000.735.757-
55), Sra. Luciana Cavalcante Martins (filha, CPF 089.952.407-92) e Sra. Cristiane Cavalcante Pereira
(filha, CPF 051.959.047-31), dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei
8.443, de 1992;
9.3. julgar irregulares as contas da Sra. Deocléa da Penha Cavalcante – falecida, com fundamento
nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea "d", e § 2º da Lei 8.443, de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso
III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 202, § 6º, 209, inciso IV, e 210 e 214, inciso III do Regimento
Interno do TCU;
65 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.4. condenar o espólio da Sra. Deocléa da Penha Cavalcante ou seus herdeiros legais, caso tenha
havido a partilha de bens, até o limite do valor do patrimônio transferido, ao pagamento das quantias
abaixo relacionadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos
cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora
devidos, calculados a partir da correspondente data até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em
vigor, ante a concessão irregular de benefícios previdenciários aos seguintes segurados:
9.4.1. Iolanda Cunha Pereira (CPF: 541.950.717-04) - (peça 2, fl. 56)
Data da ocorrência Valor original (R$)
29/12/1997 2.608,41
12/1/1998 1.288,10
11/2/1998 966,08
10/3/1998 966,08
13/4/1998 966,08
13/5/1998 966,08
13/3/2000 1.046,80
14/4/2000 1.291,05
12/5/2000 1.046,80
9/6/2000 1.046,80
20/6/2000 1.640,00
11/7/2000 1.107,61
9/8/2000 1.107,61
14/9/2000 1.107,61
10/10/2000 1.107,61
10/11/2000 1.107,61
12/12/2000 2.215,22
12/1/2001 1.107,61
13/2/2001 1.108,14
9/3/2001 1.108,14
10/4/2001 1.108,14
11/5/2001 1.108,14
11/6/2001 1.108,14
10/7/2001 1.192,86
13/8/2001 1.192,86
13/9/2001 1.192,86
9/10/2001 1.192,86
12/11/2001 1.192,86
11/12/2001 2.385,42
10/1/2002 1.192,86
14/2/2002 1.192,86
13/3/2002 1.192,76
9/4/2002 1.193,16
10/5/2002 1.193,16
11/6/2002 1.192,45
9/7/2002 1.302,15
9/8/2002 1.302,15
10/9/2002 1.302,15
9/10/2002 1.302,15
11/11/2002 1.302,15
66 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/12/2002 2.604,30
10/1/2003 1.302,15
11/2/2003 1.302,15
12/3/2003 1.302,15
9/4/2003 1.302,15
12/5/2003 1.302,15
10/6/2003 1.302,15
9/7/2003 1.558,80
11/8/2003 1.558,80
9/9/2003 1.558,80
9/10/2003 1.558,80
11/11/2003 1.558,80
9/12/2003 3.117,60
12/1/2004 1.558,80
10/2/2004 1.558,80
10/3/2001 1.558,80
12/4/2004 1.558,80
4/5/2004 1.558,80
2/6/2004 1.629,41
2/7/2004 1.629,41
3/8/2004 1.629,41
2/9/2004 1.629,41
4/10/2004 1.629,41
3/11/2004 1.629,41
2/12/2004 3.258,82
9.4.2. José Carlos Lopes de Oliveira (CPF: 036.567.567-91) - (peça 2, fl. 58)
Data da ocorrência Valor original (R$)
30/12/1997 3.050,41
2/1/1998 1.284,38
2/2/1998 963,29
2/3/1998 963,29
1/4/1998 963,29
4/5/1998 963,29
3/4/2000 1.047,84
2/5/2000 1.047,84
1/6/2000 1.047,84
3/7/2000 1.108,71
1/8/2000 1.108,71
1/9/2000 1.108,71
4/9/2000 3.632,51
2/10/2000 2.086,69
1/11/2000 1.108,71
1/12/2000 2.217,42
2/1/2001 1.108,71
1/2/2001 1.109,30
1/3/2001 1.109,30
2/4/2001 1.109,30
2/5/2001 1.109,30
67 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1/6/2001 1.109,30
2/7/2001 1.194,04
1/8/2001 1.194,04
3/9/2001 1.194,04
1/10/2001 1.194,04
1/11/2001 1.194,04
3/12/2001 2.388,08
2/1/2002 1.194,04
1/2/2002 1.194,04
1/3/2002 1.193,94
1/4/2002 1.194,34
2/5/2002 1.194,34
3/6/2002 1.194,34
1/7/2002 1.303,81
9.4.3. Manoel Eleutério Neto (CPF: 296.775.137-53) - (peça 2, fl. 60)
Data da ocorrência Valor original (R$)
13/1/1998 2.606,47
9/2/1998 734,22
9/3/1998 734,22
8/4/1998 734,22
11/5/1998 734,22
8/3/2001 7.521,72
9/4/2001 842,00
10/5/2001 842,00
8/6/2001 842,00
9/7/2001 906,93
8/8/2001 906,93
11/9/2001 906,93
9/10/2001 906,93
9/11/2001 906,93
10/12/2001 1.812,81
9/1/2002 906,93
11/2/2002 906,93
11/3/2002 907,14
8/4/2002 906,26
9/5/2002 906,26
10/6/2002 906,26
8/7/2002 989,63
8/8/2002 989,63
9/9/2002 989,63
8/10/2002 989,63
8/11/2002 989,63
9/12/2002 1.979,26
9/1/2003 989,63
10/2/2003 989,63
11/3/2003 989,63
8/4/2003 989,63
9/5/2003 989,63
68 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9/6/2003 989,63
8/7/2003 1.184,68
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, com
amparo no art. 28, inciso II da Lei 8.443, de 1992;
9.6. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, aos
responsáveis, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria da República no Estado do Rio de
Janeiro, nos termos do art. 16, § 3º da Lei 8.443, de 1992;
9.7. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria da República no Estado do
Rio de Janeiro que a decisão contida no subitem 9.1 deste acórdão não impedirá a adoção de providências
administrativas e/ou judiciais contra os beneficiários dos pagamentos previdenciários inquinados, com
vistas à recuperação dos valores indevidamente pagos.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1228-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1229/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 026.099/2013-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V - Monitoramento
3. Interessados/Responsáveis:
3.1 Interessados: Luciana de Andrade Gallan (856.860.181-20); Valdir Mendes Barranco
(616.746.301-82); Willian César Sampaio (378.780.001-82).
3.2 Responsáveis: Luciana de Andrade Gallan (856.860.181-20); Valdir Mendes Barranco
(616.746.301-82); Willian César Sampaio (378.780.001-82).
4. Órgão/Entidade: Superintendência Regional do Incra no Estado de Mato Grosso.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso (SECEX-MT).
8. Advogado constituído nos autos: Elvis Antônio Klauk Júnior (OAB/MT 15.462).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Monitoramento com o objetivo de verificar o
cumprimento do disposto nos itens 9.8.1 a 9.8.4 do Acórdão 3.080/2010-TCU-Plenário, nos termos de
autorização contida no Acórdão 1.472/2013-TCU-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, de acordo com o art. 243 do Regimento Interno do TCU, em:
9.1considerar revel o Sr. Willian César Sampaio, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
9.2rejeitar as razões de justificativas apresentadas pelo Sr. Valdir Mendes Barranco e pela Sra.
Luciana de Andrade Gallan;
9.3aplicar a multa prevista no art. 58, III, da Lei 8.443/1992, c/c art. 268, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, ao Sr. Willian César Sampaio, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhe o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da
69 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a
do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4aplicar a multa prevista no art. 58, III, da Lei 8.443/1992, c/c art. 268, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, ao Sr. Valdir Mendes Barranco, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), fixando-lhe o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da
dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a
do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5aplicar a multa prevista no art. 58, III, da Lei 8.443/1992, c/c art. 268, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, à Sra. Luciana de Andrade Gallan, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), fixando-lhe
o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da
dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a
do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.6.autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992, caso não atendidas às notificações;
9.7determinar à Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária no estado de Mato Grosso – Incra/MT, com base no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, que:
9.7.1 - priorize as providências para que os postos de saúde sejam colocados à disposição da
comunidade, visto que sua não utilização desde 2009, apesar de concluídos, configura grave dano à
coletividade, realizando, se necessário, as intervenções na obra eventualmente imprescindíveis à sua
utilização segura, sem prejuízo da adoção das medidas com vistas ao ressarcimento ao erário em razão
dos defeitos da obra não corrigidos pela empreiteira contratada;
9.7.2 - subsidiariamente, caso se verifique, por qualquer motivo, a definitiva inviabilidade das
medidas para colocar os postos em funcionamento, providencie a instauração da tomada de contas
especial pelo valor integral dos recursos do convênio despendidos na obra;
9.7.3 - informe, no relatório de gestão do próximo processo de contas anuais:
9.7.3.1. a situação das providências adotadas com vistas ao atendimento do item 9.7.1 deste
Acórdão;
9.7.3.2. a situação das obras das 5 escolas objeto do Convênio 56/2006 (Siafi 569538);
9.7.3.3. a situação das providências em relação ao valor de R$ 102.680,36 retidos pela Justiça do
Trabalho da quantia sequestrada do Convênio 56/2006 (Siafi 569538), inclusive quanto às medidas
eventualmente adotadas com vistas ao ressarcimento pela empresa responsável pela dívida, caso a
retenção tenha se tornado irreversível;
9.8determinar à Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso que monitore as
determinações supramencionadas no âmbito do processo de contas do Incra/MT;
9.9determinar à Controladoria-Geral da União no Estado de Mato Grosso – CGU/MT que se
manifeste a respeito do cumprimento das determinações no relatório de auditoria de gestão referente ao
próximo processo de contas, com vistas a subsidiar o monitoramento das providências adotadas pelo
Incra/MT;
9.10dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamenta, aos responsáveis
e demais interessados;
9.11determinar o encerramento deste processo e do TC 033.650/2010-1, nos termos e observados os
preceitos do art. 169, II, do Regimento Interno do TCU.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1229-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
70 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1230/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 014.043/2012-2
2. Grupo I – Classe de Assunto: I Pedido de Reexame (em Auditoria)
3. Recorrentes: Alexandre Perez Marques (CPF: 353.956.807-72), presidente da CPL; Jonas de
Jesus Ribeiro (CPF: 810.796.727-53), Procurador Federal; Mário Augusto Ronconi (CPF: 830.965.668-
87), Superintendente de Arquitetura, Engenharia e Patrimônio; Chan Sao Heng (CPF: 546.745.067-00) e
Orlando Celso Longo (CPF: 267.715.607-59), fiscais de contrato
4. Unidade: Universidade Federal Fluminense (UFF)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidades Técnicas: Serur e Secex/RJ
8. Advogados constituídos nos autos: Walter Carlos da Conceição (OAB/RJ 102.064), Vinícius
Nogueira Costa (OAB/RJ 117.662) e outros
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria, em que se apreciam, nesta fase processual,
pedidos de reexame interpostos por Alexandre Perez Marques, Chan Sao Heng, Jonas de Jesus Ribeiro,
Mário Augusto Ronconi e Orlando Celso Longo contra o Acórdão 2.257/2015 – Plenário, que, dentre
outras medidas, determinou a conversão dos autos em tomada de contas especial e aplicou multa a este
último por ter recebido e encaminhado à Universidade o projeto básico da obra do Instituto de Arte e
Comunicação Social sem os relatórios de sondagem e levantamentos planialtimétricos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, e com base nos arts. 32, parágrafo único, 33 e 48 da Lei 8.443/1992 c/c o
art. 279 do RI/TCU, em:
9.1 conhecer do pedido de reexame interposto por Orlando Celso Longo para, no mérito, negar-lhe
provimento;
9.2. não conhecer do recurso apresentado por Alexandre Perez Marques, Chan Sao Heng, Jonas de
Jesus Ribeiro e Mário Augusto Ronconi, devendo a peça por eles apresentada ser oportunamente
analisada como elementos complementares de defesa na tomada de contas especial a ser instaurada;
9.3. encaminhar os autos à Secex/RJ para que dê prosseguimento à instrução do feito e proceda à
notificação dos recorrentes.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1230-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1231/2016 – TCU – Plenário
1. Processo: TC 016.658/2015-9
2. Grupo II - Classe I - Embargos de Declaração (em Solicitação do Congresso Nacional)
71 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3. Embargante: Energia Sustentável do Brasil S/A - ESBR (CNPJ 09.029.666/0001-47)
4. Unidades: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e Energia (MME)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1 Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: não atuou
8. Advogados constituídos nos autos: Giuseppe Giamundo Neto (OAB/SP 234.412), Thays
Chrystina Munhoz de Freitas (OAB/SP 251.382) e Philippe Ambrosio Castro e Silva (OAB/SP 279.767)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional, em fase de
embargos de declaração opostos por Energia Sustentável do Brasil S/A ao Acórdão 946/2016 - Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos por Energia Sustentável do Brasil S/A ao Acórdão
946/2016 - Plenário para, no mérito, rejeitá-los;
9.2. notificar a embargante.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1231-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1232/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 017.061/2005-2
2. Grupo I - Classe I – Embargos de Declaração (em Recurso de Reconsideração)
3. Embargante: Neudo Ribeiro Campos (CPF 021.097.782-53), ex-Governador do Estado de
Roraima
4. Unidades: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit e Governo do Estado
de Roraima
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Serur
8. Advogados constituídos nos autos: Cynthia Póvoa de Aragão (OAB/DF 22.298), Jaques
Fernando Reolon (OAB/DF 22.885), Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546) e Murilo Queiroz
Melo Jacoby Fernandes (OAB/DF 41.796)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, que tratam, nesta fase, de embargos de declaração
opostos por Neudo Ribeiro Campos ao Acórdão 2.206/2015 - Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração para, no mérito, rejeitá-los;
9.2. notificar o embargante.
72 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1232-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1233/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 037.835/2012-2
2. Grupo I – Classe I – Pedido de Reexame (em Relatório de Inspeção)
3. Recorrente: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (CNPJ
04.892.707/0001-00)
4. Unidade: Superintendência Regional do DNIT no Estado de Mato Grosso
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidades Técnicas: Serur e SeinfraRod
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Relatório de Inspeção, em fase de Pedido
de Reexame contra o Acórdão 2.350/2015 – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, com base nos arts. 33 e 48 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do presente pedido de reexame para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. alterar, de ofício, a redação das determinações contidas nos subitens 1.7.2.1 e 1.7.2.2 do
Acórdão 2.350/2015 – TCU – Plenário, conforme segue:
“1.7.2.1. reexamine a prestação de contas do Convênio TT-294/2007 (Siafi 630497) bem como a
condicione à verificação direta por meio de levantamentos topográficos, ou indiretamente por meio de
fator de compactação, baseado em ensaios de compactação nas jazidas e no aterro, dos quantitativos
efetivamente realizados nos serviços de escavação, carga e transporte de materiais de primeira categoria
nos Contratos 350/2008 e 351/2008, haja vista as inconsistências observadas neste processo, que
contrariam as especificações de serviço do DNIT 106/2009-ES e 107/2009-ES, instaurando, se for o
caso, tomada de contas especial, nos termos da IN-TCU 71/2012;
1.7.2.2. demonstre o cumprimento da determinação supracitada na prestação de contas anual do
exercício de 2016.”
9.3. notificar o DNIT e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana do Estado de Mato
Grosso do teor deste acórdão.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1233-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
73 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1234/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 000.538/2003-0.
1.1. Apensos: TC 031.732/2013-5, TC 031.733/2013-1 e TC 031.734/2013-8.
2. Grupo II – Classe I – Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Especial).
3. Recorrente: Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72), substituído por seus herdeiros, Tânia
Borges Ferraz (CPF 345.971.581-20), Ana Maria Borges Ferraz (CPF 356.172.761-15), Carlos Augusto
Borges Ferraz (CPF 593.567.071-20), Ivana Maria Borges Ferraz (CPF 567.881.341-20) e Maria Cristina
Borges Ferraz (CPF 329.047.381-34).
4. Unidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER - 11º Distrito/MT (extinto) /
Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do
Mato Grosso – Dnit/MT.
5. Relatora: Ministra Ana Arraes.
5.1. Relator da deliberação recorrida: ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: subprocuradora-geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos – Serur.
8. Representação legal: Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar (OAB/MT 2.906) e Carlos Roberto
de Aguiar (OAB/MT 5.668).
9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido este recurso de revisão interposto por Alter Alves Ferraz, substituído
por seus herdeiros, contra o acórdão 342/2007-Plenário, que julgou irregulares as contas especiais do
recorrente, condenou-o, solidariamente com outros gestores, ao recolhimento de débito e aplicou-lhe
multa pela autorização de pagamento, sem o devido embasamento legal, de indenização relativa a
desapropriação.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante
das razões expostas pela relatora e com fundamento nos artigos 1º, inciso I; 16, inciso I; 17; 32, inciso III,
e 35 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão e dar-lhe provimento;
9.2. julgar regulares as contas de Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira, Alter
Alves Ferraz e Arthur Henrique Barbosa de Sousa e dar-lhes quitação plena; e
9.3. remeter cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentaram, aos
herdeiros do recorrente, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit e aos
responsáveis mencionados no subitem anterior.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1234-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1235/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 010.900/2013-6.
74 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.1. Apensos: TC 033.261/2014-8, TC 025.746/2014-6, TC 024.883/2014-0, TC 019.674/2013-9 e
TC 017.374/2013-8.
2. Grupo II – Classe I – Embargos de Declaração.
3. Embargante: Ministério das Cidades, representado pela Advocacia-Geral da União.
4. Unidade: Ministério das Cidades.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
5.1. Relatora da deliberação recorrida: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Representação legal: Rafaelo Abritta (OAB/DF 15.200) e outros.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes embargos de declaração opostos pelo Ministério das Cidades,
representado pela Advocacia-Geral da União, contra o acórdão 360/2016-Plenário.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pela relatora e com fulcro nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração e rejeitá-los;
9.2. dar ciência desta deliberação à Advocacia-Geral da União e ao Ministério das Cidades.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1235-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1236/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 013.269/2005-3.
1.1. Apensos: TC 011.315/2014-8, TC 011.316/2014-4 e TC 011.317/2014-0.
2. Grupo II – Classe I – Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Especial).
3. Recorrente: Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72), substituído por seus herdeiros, Tânia
Borges Ferraz (CPF 345.971.581-20), Ana Maria Borges Ferraz (CPF 356.172.761-15), Carlos Augusto
Borges Ferraz (CPF 593.567.071-20), Ivana Maria Borges Ferraz (CPF 567.881.341-20) e Maria Cristina
Borges Ferraz (CPF 329.047.381-34).
4.Unidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER - 11º Distrito/MT (extinto) /
Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do
Mato Grosso – Dnit/MT.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
5.1. Relator da deliberação recorrida: ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos – Serur.
8. Representação legal: Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar (OAB/MT 2.906) e Carlos Roberto
de Aguiar (OAB/MT 5.668).
9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido este recurso de revisão interposto por Alter Alves Ferraz, substituído
por seus herdeiros, contra o acórdão 2.099/2007-1ª Câmara.
75 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante
das razões expostas pela relatora e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso I; 17 e 35, inciso III,
da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão e dar-lhe provimento;
9.2. tornar insubsistente o acórdão 2.099/2007-1ª Câmara;
9.3. julgar regulares as contas de Alter Alves Ferraz, Gilton Andrade Santos e Francisco Campos de
Oliveira e dar-lhes quitação plena; e
9.4. dar conhecimento desta deliberação ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
– Dnit, aos herdeiros do recorrente e aos demais interessados.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1236-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1237/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 033.604/2015-0.
2. Grupo I – Classe I – Agravo (Representação).
3. Representante: Apecê Serviços Gerais Ltda. (CNPJ 00.087.163/0001-53).
4. Unidade: Fundação Universidade de Brasília – FUB.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
5.1. Relatora da deliberação recorrida: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog.
8. Representação legal: Dalmo Rogério Souza de Albuquerque (OAB/DF 10.010) e outros,
representando Apecê Serviços Gerais Ltda.
9. Acórdão:
VISTA, relatada e discutida esta representação da empresa Apecê Serviços Gerais Ltda. acerca de
possíveis irregularidades no pregão eletrônico 16/2015, realizado pela Fundação Universidade de Brasília
para contratação de serviços continuados de limpeza.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pela relatora e com base no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 237, inciso VII,
e 277, inciso V, do Regimento Interno, em:
9.1. conhecer da representação e considerá-la parcialmente procedente;
9.2. indeferir o pedido de cautelar formulado pela autora;
9.3. indeferir os pedidos da autora de ingresso nos autos como parte interessada;
9.4. não conhecer do agravo impetrado ante a ausência de legitimidade;
9.5. determinar à Fundação Universidade Brasília que:
9.5.1. condicione a continuidade da vigência do contrato 200/2015, firmado com a empresa RCA
Produtos e Serviços Ltda. (CNPJ 69.207.850/0001-61), à celebração de aditamento com o fito de:
9.5.1.1. expurgar a diferença do adicional de insalubridade indevidamente calculado pela empresa
sobre o salário normativo da categoria, quando o correto seria sobre o salário mínimo, à luz do art. 192 da
CLT, considerando, inclusive, seus reflexos sobre encargos trabalhistas, custos indiretos, tributos e lucro;
76 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.5.1.2. alterar os itens “custos indiretos” e “lucros” da proposta de preço daquela empresa, sem
modificação de seu valor total, de forma a corresponderem a percentuais similares para todos os cargos
envolvidos no contrato; e
9.5.1.3. modificar o quantitativo de encarregados na proposta de preço da RCA, sem alteração de
seu valor global, para que constem 21 profissionais, de forma a corresponder ao cálculo do índice mínimo
de produtividade previsto no subitem 8.7 do termo de referência, c/c o art. 44, § 1º, da IN SLTI/MPOG
2/2008;
9.5.2. observe possível alteração no cálculo referente à alínea 9.5.1.1 deste acórdão, em razão do
impacto provocado pelo reajuste do salário mínimo e de eventual celebração de nova convenção coletiva
no transcorrer do ano de 2016;
9.5.3. exija a restituição ou promova glosas em faturas vincendas da RCA Produtos e Serviços Ltda.
(CNPJ 69.207.850/0001-61), no âmbito do contrato 200/2015, referentes:
9.5.3.1. à diferença apurada nos pagamentos já realizados, em decorrência da alteração do método
de cálculo do adicional de insalubridade; e
9.5.3.2. ao custo de um encarregado que deveria prestar serviços desde o início da vigência
contratual;
9.5.4. informe ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, as medidas adotadas;
9.6. dar ciência deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentaram, à
representante; e
9.7. arquivar os autos, sem prejuízo do monitoramento do cumprimento das determinações acima
pela Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1237-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1238/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 035.988/2015-0.
2. Grupo I – Classe VII – Representação.
3. Representante/Interessada:
3.1. Representante: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará – Secex/CE.
3.2. Interessada: Engemil - Engenharia, Empreendimentos, Manutenção e Instalações Ltda. (CNPJ
04.768.702/0001-70).
4. Unidade: Universidade Federal do Ceará – UFC.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará – Secex/CE.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTA, relatada e discutida esta representação, com pedido de cautelar, acerca de possível
irregularidade no edital do Pregão Eletrônico 211/2015, promovido pela Universidade Federal do Ceará
para contratação de serviço continuado de manutenção predial, preventiva e corretiva, dos bens móveis e
imóveis.
77 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pela relatora e com fundamento nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno, em:
9.1. conhecer da representação e considerá-la parcialmente procedente;
9.2. determinar à Universidade Federal do Ceará que:
9.2.1. não prorrogue o contrato assinado com a empresa Engemil Engenharia, Empreendimentos,
Manutenção e Instalações Ltda., proveniente do Pregão Eletrônico 211/2015, ao término da vigência
atual, e realize nova licitação para contratação de serviços de manutenção predial, tendo em vista a
ausência de amparo legal para a contratação sem licitação dos materiais;
9.2.2. nos termos do art. 65, inciso II, da Lei 8.666/1993, assine termo aditivo com a contratada
prevendo que o mesmo desconto obtido na licitação para a prestação dos serviços seja aplicado, também,
aos materiais;
9.2.3. no caso de utilização de material que não faça parte da tabela Sinapi, a exemplo do item 4, do
anexo I, do Termo de Referência do Pregão Eletrônico 211/2015, realize pesquisa junto a três
fornecedores com o objetivo de confirmar se o preço proposto pela contratada está de acordo com o
praticado pelo mercado e sobre o preço acordado incida o mesmo desconto aplicado aos preços da tabela
Sinapi;
9.2.4. utilize a tabela do Sinapi do mês da licitação quando da realização dos pagamentos ao longo
da vigência do contrato e só utilize uma nova tabela após decorridos 12 meses;
9.3. sugerir à Presidência desta Corte que avalie a conveniência e a oportunidade de determinar à
Secretaria-Geral de Administração – Segedam que promova estudos, em conjunto com a Secretaria de
Logística e Tecnologia de Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão –
SLTI/MPOG e outros órgãos/entidades interessados, com o objetivo de fixar critérios e padrões para
contratação de serviços de manutenção, com o fornecimento de material, a exemplo de elevadores e ar-
condicionado;
9.4. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentaram, à
representante e à Universidade Federal do Ceará; e
9.5. arquivar este processo.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1238-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1239/2016 - TCU - Plenário
1. Processo nº TC 001.159/2013-5.
2. Grupo I - Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Representante: IBEG Engenharia e Construção Ltda. (33.0607.565/0001-90).
4. Entidade: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
8. Representação legal: Daysival Antônio Ferreira Mendonça (OAB/RJ 90.288), representando
IBEG Engenharia e Construção Ltda.
9. Acórdão:
78 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação protocolizada pela empresa IBEG
Engenharia e Construção Ltda. em face possíveis irregularidades cometidas pela Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UniRio) no âmbito do contrato 1/2012, firmado entre a empresa e a
Universidade, o qual tem por objeto a execução de obra de construção de um novo prédio para o Centro
de Ciências Humanas e Sociais, em conformidade com o edital da concorrência pública 5/2011,
Considerando que este processo já foi objeto de apreciação pelo Acórdão 573/2013-TCU-Plenário,
por meio do qual esta Corte conheceu da presente representação, adotou medida cautelar a fim de
suspender a execução do contrato 1/2012 e determinou a adoção de outras medidas saneadoras,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. no mérito, considerar procedente a presente representação;
9.2. com fulcro no art. 71, inciso IX, da CF/1988, c/c art. 45 da Lei 8.443/1992, assinar prazo de 15
(quinze) dias para que a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro adote as providências cabíveis
com vistas a anular a concorrência pública 5/2011, bem como todos os atos posteriores dela decorrentes,
inclusive o contrato 1/2012, nos termos do art. 49, § 2º, da Lei 8.6661/1993, uma vez que a licitação
baseou-se em projeto básico com graves deficiências, em afronta aos arts. 6º, inciso IX, e 47 da Lei
8.666/1993, informando a este Tribunal, no mesmo prazo, as medidas adotadas;
9.3. com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art. 250, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, c/c art. 2º da Resolução-TCU 265/2014, determinar à Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro que instaure, no prazo de 60 (sessenta) dias, se ainda não o fez, procedimento
administrativo para apurar as responsabilidades pela falha na fiscalização e no recebimento do objeto do
contrato 10/2010, pela realização da concorrência pública 5/2011 com base em projeto inconsistente e por
eventual prejuízo ao erário caso ocorra o dever de indenização pela Administração, nos termos do art. 59,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, informando a este Tribunal, no mesmo prazo, as medidas adotadas,
sem prejuízo de alertar que a inércia do gestor pode resultar em sua responsabilização pessoal;
9.4. comunicar o inteiro teor desta deliberação à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
e à empresa IBEG Engenharia e Construção Ltda., à luz do art. 169, § 1º, do Regimento Interno do TCU;
9.5. arquivar os presentes autos, com base no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do TCU, sem
prejuízo do monitoramento pela unidade instrutiva.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1239-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1240/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 009.026/2009-1.
1.1. Apensos: 017.022/2015-0; 023.268/2006-8.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Pedido de Reexame (Relatório de Auditoria).
3. Recorrentes: Joelcimar Sampaio da Silva (192.029.202/06), Silas Antônio Rosa
(206.976.608/00), Fabiano Souza (238.178.602/34), Nilton Gonçalves de Lima Júnior (272.214.901/04) e
Ascler Oliveira Ximenes (320.405.392/04).
4. Órgãos: Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho (Semusa) e Secretaria de Estado de Saúde
de Rondônia (Sesau/RO).
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
79 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no Estado
de Rondônia (SECEX-RO).
8. Representação legal: Marcelo Lessa Pereira OAB/RO 1501, e outros, representando Ascler
Oliveira Ximenes e Fabiano Souza;
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam pedidos de reexame interpostos por
Joelcimar Sampaio da Silva, Silas Antônio Rosa, Fabiano Souza, Nilton Gonçalves de Lima Júnior e
Ascler Oliveira Ximenes contra o Acórdão 720/2014 – TCU – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 48, combinado com os arts. 32 e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer dos
presentes pedidos de reexame, para, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo inalterado o Acórdão
720/2014 – TCU – Plenário;
9.2. dar ciência desta deliberação aos recorrentes.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1240-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1241/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 021.761/2011-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração (Recurso de Reconsideração em
Tomada de Contas Especial)
3. Embargante: Leda de Vasconcellos Lima (361.688.157-91).
4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no Estado
do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal: Luiz Claudio Camargo Samoglia, OAB/RJ 74.347, representando Leda de
Vasconcellos Lima.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam embargos de declaração opostos por
Leda de Vasconcellos Lima, em face do Acórdão 3.341/2015-TCU-Plenário, que apreciou recurso de
reconsideração contra o julgamento pela irregularidade das contas da responsável por suposta fraude na
concessão de benefícios previdenciários.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
80 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei 8.443/1992, conhecer dos presentes embargos de declaração,
para, no mérito, rejeitá-los, mantendo-se inalterados os termos do Acórdão 3.341/2015-TCU-Plenário;
9.2. dar ciência desta deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentam, à
embargante.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1241-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1242/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 022.596/2013-5.
1.1. Apenso: 001.421/2015-8
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de declaração (em Denúncia)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessado: Identidade Preservada (art. 55, caput, da Lei n. 8.443/1992)
3.2. Responsáveis: Luiz Carlos da Silva (171.801.209-87); Paulo Roberto Rocha Kruger
(186.859.949-34); Zaki Akel Sobrinho (359.063.759-53); Álvaro Pereira de Souza (600.130.019-49)
3.3. Embargantes: Paulo Roberto Rocha Kruger (186.859.949-34); Luiz Carlos da Silva
(171.801.209-87).
4. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Paraná (Secex-PR).
8. Representação legal:
8.1. Fausto Pereira de Lacerda Filho (5491/OAB-PR) e outros, representando Luiz Carlos da Silva e
Paulo Roberto Rocha Kruger.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes embargos de declaração opostos por Paulo Roberto Rocha
Krüger e Luiz Carlos da Silva em face do Acórdão 2.665/2015-TCU-Plenário, que julgou parcialmente
procedente denúncia a respeito de irregularidades praticadas na Prefeitura da Cidade Universitária (PCU)
da Universidade Federal do Paraná (UFPR) relativas aos procedimentos de licitação e de execução
contratual dos serviços de construções/ampliações e reforma em unidades dos campi da Universidade e
aplicou multa aos responsáveis.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante os
motivos expostos pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração para, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2. enviar os autos à Secretaria de Recursos para análise do pedido de reexame constante à peça
138.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1242-17/16-P.
81 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1243/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 027.716/2014-7.
1.1. Apenso: 004.887/2011-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16).
3.2. Responsáveis: América Construções e Serviços Ltda. (05.492.161/0001-63); Antonio Porcino
Sobrinho (espólio) (084.278.101-30); Construtora Mavil Ltda. (04.925.612/0001-46); Djaci Farias
Brasileiro (078.677.864-49); Elias da Mota Lopes (034.232.317-26); Jussara Pereira Porcino
(032.225.234-28); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa
(488.768.364-20); Paulo Pereira de Sousa (020.745.484-19).
4. Órgão: Prefeitura Municipal de Itaporanga/PB.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba (Secex-PB).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, resultante de conversão de
representação formulada pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB), em que se noticiaram
irregularidades em convênios firmados entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o município de
Itaporanga/PB.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revéis, para todos os efeitos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, o
espólio de Antonio Porcino Sobrinho, ex-Prefeito de Itaporanga/PB, representado por Michel de Almeida
Porcino, as empresas Construtora Mavil Ltda. e América Construções e Serviços Ltda., Marcos Tadeu
Silva, sócio de fato dessas empresas, Elias da Mota Lopes, sócio de direito da América Construções e
Serviços Ltda., Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de
Sousa, membros da comissão municipal de licitação;
9.2. julgar irregulares, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, 19, caput, e
23, inciso III da Lei 8.443/92, as contas de Antonio Porcino Sobrinho, Djaci Farias Brasileiro, Paulo
Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa, Marcos Tadeu
Silva e das empresas Construtora Mavil Ltda. e América Construções e Serviços Ltda., condenando-os ao
pagamento das quantias abaixo discriminadas, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a” do
Regimento Interno do TCU, o recolhimento aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora devidos, calculados a partir das respectivas datas até a
data do efetivo recolhimento, nos termos da legislação em vigor:
Convênio
Valor
Histórico
(R$)
Data de
pagamento Responsáveis solidários
2290/2006 175.000,00 05/11/2007 Espólio de Antonio Porcino Sobrinho, América
82 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(Siafi
571399) 101.000,00 18/12/2007
Construções e Serviços Ltda., Marcos Tadeu Silva,
Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e
Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa.
68.800,00 10/08/2009
Djaci Farias Brasileiro, América Construções e
Serviços Ltda., Marcos Tadeu Silva, Paulo Pereira
de Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete
Brasilino Leite Mendes de Sousa.
679/2005
(Siafi
558715)
199.000,00 21/11/2006 Espólio de Antonio Porcino Sobrinho, Construtora
Mavil Ltda., Marcos Tadeu Silva, Paulo Pereira de
Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete
Brasilino Leite Mendes de Sousa.
40.100,00 24/11/2006
180.000,00 05/01/2007
60.000,00 23/01/2007
1440/2005
(Siafi
556613)
119.900,00 24/11/2006
110.000,00 23/01/2007
9.3. aplicar aos responsáveis abaixo indicados, individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante
o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao
Tesouro Nacional, sob pena de cobrança judicial do valor atualizado monetariamente, na forma da
legislação em vigor, desde a data do presente acórdão até o dia do efetivo pagamento:
Responsável Valor (R$)
América Construções e Serviços Ltda. 57.000,00
Construtora Mavil Ltda. 125.000,00
Marcos Tadeu Silva 182.000,00
Paulo Pereira de Sousa 182.000,00
Jussara Pereira Porcino 182.000,00
Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa 182.000,00
Djaci Farias Brasileiro 16.000,00
9.4. autorizar, desde logo, o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e
consecutivas, nos termos do art. 217 do Regimento Interno, caso solicitado pelos responsáveis, fixando o
vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a
cada trinta dias, devendo incidir, sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na forma prevista na
legislação em vigor;
9.5. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela
importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento
Interno deste Tribunal;
9.6. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
9.7. considerar graves as infrações cometidas por Marcos Tadeu Silva, Djaci Farias Brasileiro,
Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa e inabilitá-
los, pelo período de oito anos, para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito
da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;
9.8. declarar inidôneas as empresas Construtora Mavil Ltda. e América Construções e Serviços
Ltda. para participar, por cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, nos termos do art. 46
da Lei 8.443/1992;
9.9. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do art. 209, § 7º, do
Regimento Interno do TCU, para ajuizamento das ações cabíveis.
83 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.10. dar ciência do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à
Funasa e à Prefeitura Municipal de Itaporanga/PB;
9.11. arquivar os presentes autos.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1243-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1244/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC-000.882/2016-0
2. Grupo: I – Classe: V – Assunto: Auditoria
3. Responsáveis: Sueo Numazawa (CPF 049.002.862-49), Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues
(CPF 228.369.182-68), Kedson Raul de Souza Lima (CPF 616.086.451-34) e Carlos Afonso de Lima
Pinheiro (CPF 246.555.542-15).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Pará (Secex/PA).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria de conformidade integrante do
conjunto de auditorias executadas sob a sistemática de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC),
com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir
de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados, destinando-se o
trabalho ora em foco a verificar a regularidade dos procedimentos adotados pela Universidade Federal
Rural da Amazônia – UFRA para contratações da empresa Servi San Ltda.,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. realizar audiência, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, do Sr. Sueo
Numazawa (CPF 049.002.862-49), reitor da UFRA, para que, no prazo de quinze dias, apresente razões
de justificativa por celebrar o Contrato 7/2011 sem que houvesse parecer jurídico prévio emitido pela
Procuradoria Federal junto à UFRA, com infração aos artigos 37, caput, da Constituição Federal, e 38,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, conforme item 3.3 reproduzido no relatório;
9.2. realizar audiência, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, do Sr. Kedson Raul
de Souza Lima (CPF 616.086.451-34), pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA, para que, no prazo
de quinze dias, apresente razões de justificativa por autorizar indevidamente o pagamento de notas fiscais
constantes dos processos relacionados, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964:
9.2.1. processos 23084.0001403/2011-03, 23084.0001404/2011-40, 23084.002499/2011-73,
23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e 23084.006884/2011-90, discriminados na Tabela 1
(Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 17/2010), reproduzida no relatório, sem
atentar para a liquidação irregular da despesa no valor total original de R$ 61.783,26;
84 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.2.2. processos 23084.012090/2011-65 e 23084.012979/2011-65, discriminados na Tabela 6
(Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 10/2011), reproduzida no relatório, sem
atentar para a liquidação irregular da despesa no valor total original de R$ 14.751,44;
9.2.3. processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 (Faltas apontadas nas Folhas
de Pagamento 2013 do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, sem atentar para a liquidação irregular
da despesa no valor total original de R$ 9.286,29;
9.2.4. notas fiscais 1567, 1574, 1570, 1568, 1571, 1569, 1631, 1632, 1601, 1599, 1600, 1670,
1644,1642,1640,1643 e 1641, discriminadas na Tabela 7 (Liquidação irregular e antecipação de
pagamento do Contrato 10/2011), reproduzida no relatório, haja vista a atestação antecipada e a não
comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade;
9.2.5. notas fiscais 1207, 1205, 1206, 1210, 1209, 1208, 1282, 1287, 1285, 1283, 1286, 1284, 1365,
1363, 1366 e 1364, discriminadas na Tabela 2 (Liquidação irregular e antecipação de pagamento do
Contrato 7/2011), reproduzida no relatório, haja vista a atestação antecipada e a não comprovação da
prestação dos serviços em sua totalidade;
9.2.6. processos 23084.0001403/2011-03 e 23084.007358/2011-47, sem a devida pesquisa no
SICAF, com infração aos artigos 29, inciso III, e 54, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, conforme item 3.5
reproduzido no relatório;
9.2.7. processo 23084.007358/2011-47, sem as cópias autenticadas da Guia de Recolhimento do
FGTS – GRF e da Guia de Previdência Social – GPS, competência do mês de maio/2011, e a retenção do
ISSQN relativo à nota fiscal 1208, a crédito da Prefeitura Municipal de Capitão Poço/PA, com infração
aos artigos 66, da Lei 8.666/1993, 3º e 6º da Lei Complementar 116/2003, conforme item 3.7 reproduzido
no relatório;
9.2.8. processos 23084.004854/2013-19, 23084.004869/2013-79, 23084.006754/2013-19,
23084.007989/2013-28, 23084.009799/2013-45, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60, 23084.017418/2013-00 e 23084.018302/2013-80, a despeito de estarem ausentes
diversos documentos discriminados na Tabela 5 (Irregularidades em liberação de pagamentos do Contrato
6/2013), reproduzida no relatório, com infração aos artigos 55, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993;
9.2.9. processos 23084.012090/2011-65, 23084.015921/2011-51 e 23084.014726/2011-11, a
despeito de estarem ausentes os comprovantes autenticados de recolhimento da Guia de Recolhimento do
FGTS – GRF e Guia de Previdência Social – GPS, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993, conforme
item 3.13 reproduzido no relatório;
9.3. realizar audiência, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, do Sr. Edmilson
Antônio Nogueira Rodrigues (CPF 228.369.182-68), prefeito da UFRA, para que, no prazo de quinze
dias, apresente razões de justificativa por:
9.3.1. atestar indevidamente a execução de serviços das notas fiscais constantes dos processos
relacionados, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964:
9.3.1.1. processos 23084.002499/2011-73, 23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e
23084.006884/2011-90, discriminados na Tabela 1 (Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do
Contrato 17/2010), reproduzida no relatório, dando causa a pagamento por serviços não prestados no
valor total original de R$ 4.315,00;
9.3.1.2. processos 23084.012090/2011-65 e 23084.012979/2011-65, discriminados na Tabela 6
(Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 10/2011), reproduzida no relatório, dando
causa a pagamento por serviços não prestados no valor total original de R$ 14.751,44;
9.3.1.3. notas fiscais 3277, 3278, 3279, 3280, 3281, 3282 e 3283, haja vista a atestação antecipada e
a não comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 3
(Liquidação irregular do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório;
9.3.1.4. notas fiscais 1567, 1574, 1570, 1568, 1571, 1569, 1631, 1632, 1601, 1599, 1600, 1670,
1644,1642,1640,1643 e 1641, haja vista a atestação antecipada e a não comprovação da prestação dos
85 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
serviços em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 7 (Liquidação irregular e antecipação de
pagamento do Contrato 10/2011), reproduzida no relatório;
9.3.1.5. notas fiscais 1207, 1205, 1206, 1210, 1209, 1208, 1362, 1367, 1365, 1363, 1366 e 1364,
haja vista a atestação antecipada e a não comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade,
conforme caracterizado na Tabela 2 (Liquidação irregular e antecipação de pagamento do Contrato
7/2011), reproduzida no relatório;
9.3.1.6. processos 23084.0001403/2011-03, 23084.007358/2011-47, 23084.0001404/2011-40,
23084.002499/2011-73, 23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e 23084.006884/2011-90, haja
vista a não apresentação dos documentos constantes dos subitens 14.1.1 e 14.2.4 do Termo de Referência
das Dispensas de Licitação 2567/2010 e 3/2011 e da subcláusula 4.3.2.5 dos Contratos 17/2010 e 7/2011,
conforme item 3.5 reproduzido no relatório, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993;
9.3.2. emitir solicitações de pagamento para faturas cujos serviços não haviam sido prestados,
conforme processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 (Faltas apontadas nas Folhas
de Pagamento 2013 do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, dando causa a pagamentos por
serviços não prestados no valor total original de R$ 9.286,29, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei
4.320/1964;
9.3.3. não caracterizar devidamente a urgência de atendimento de situação que pudesse ocasionar
prejuízo ou comprometesse a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, para a
realização das contratações emergenciais mediante as Dispensas de Licitação 2567/2010, 3/2011 e
2042/2013; bem como retardar indevidamente o início de procedimento licitatório com vistas a contratar
serviços de atividades auxiliares e apoio administrativo em vias de extinção (Contratos 18/2007, 17/2010
e 11/2011), com infração aos artigos 37, caput e inciso XXI, da Constituição Federal, 24, inciso IV, e 26,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, conforme item 3.2 reproduzido no relatório;
9.3.4. propor a celebração ilegal de contrato emergencial (Contrato 7/2011) decorrente de outro
ajuste emergencial (Contrato 17/2010), bem como a prorrogação ilegal por sessenta dias de contrato
emergencial (Contrato 6/2013), com infração aos artigos 37, caput, da Constituição Federal, e 24, inciso
IV, da Lei 8.666/1993, conforme item 3.3 reproduzido no relatório;
9.3.5. não designar o fiscal dos Contratos 17/2010 e 7/2011 conforme determinado na subcláusula
10.1 dos referidos ajustes, com infração ao art. 67 da Lei 8.666/1993;
9.3.6. solicitar autorização de pagamento de faturas sem que constassem dos processos de
pagamento:
9.3.6.1. os documentos exigidos nas subcláusulas 4.3.1, 4.3.2, 4.3.2.1, 4.3.2.3 a 4.3.2.5 do Contrato
6/2013 e no subitem 14.2.4 do Termo de Referência da Dispensa de Licitação 2042/2013, conforme
processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-
60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 5 (Irregularidades em liberação de pagamentos do
Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, com infração aos artigos 55, inciso XIII, e 66 da Lei
8.666/1993;
9.3.6.2. cópias autenticadas da Guia de Recolhimento do FGTS – GRF e Guia de Previdência Social
– GPS, como observado nos processos 23084.012090/2011-65, 23084.015921/2011-51 e
23084.014726/2011-11, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993, conforme item 3.13 reproduzido no
relatório;
9.4. realizar audiência, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, do Sr. Carlos
Afonso de Lima Pinheiro (CPF 246.555.542-15), gerente da Seção de Eletricidade, para que, no prazo de
quinze dias, apresente razões de justificativa por atestar indevidamente as notas fiscais constantes dos
processos a seguir relacionados, ora na condição de prefeito substituto da UFRA, ora na condição de
fiscal de contrato, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964:
9.4.1. processos 23084.0001403/2011-03 e 23084.0001404/2011-40, discriminados na Tabela 1
(Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 17/2010), reproduzida no relatório, dando
causa a pagamento por serviços não prestados no valor total original de R$ 57.468,27;
86 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.4.2. processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 (Faltas apontadas nas Folhas
de Pagamento 2013 do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, dando causa a pagamento por serviços
não prestados no valor total original de R$ 9.286,29;
9.4.3. notas fiscais 2714, 2722, 2716, 2720, 2718, 2789, 2793, 2790, 2792, 2791, 2812, 2813, 2814,
2815, 2816, 2907, 2908, 2909, 2910, 2923, 2924, 2925, 2983, 2984, 2985, 2986, 2987, 2988, 2989, 3094,
3095, 3096, 3097, 3098, 3099, 3100 e 3199 3200, 3201, 3202, 3203, 3204, 3205, haja vista a atestação
antecipada e a não comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade, conforme caracterizado na
Tabela 3 (Liquidação irregular do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório;
9.4.4. notas fiscais 1282, 1287, 1285, 1283, 1286 e 1284, haja vista a atestação antecipada e a não
comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 2
(Liquidação irregular e antecipação de pagamento do Contrato 7/2011), reproduzida no relatório;
9.4.5. processos de pagamento 23084.004854/2013-19, 23084.004869/2013-79,
23084.006754/2013-19, 23084.007989/2013-28, 23084.009799/2013-45, 23084.011551/2013-44,
23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60, 23084.017418/2013-00 e 23084.018302/2013-80, a
despeito de estarem ausentes diversos documentos discriminados na Tabela 5 (Irregularidades em
liberação de pagamentos do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, dando causa a pagamentos
indevidos;
9.5. determinar à Secex/PA que, ao analisar as razões de justificativa eventualmente apresentadas
pelos responsáveis, avalie a ocorrência de prejuízo decorrente do superfaturamento apontado nos
Contratos 17/2010, 10/2011 e 6/2013, para, se for o caso, propor as medidas destinadas à recomposição
ao erário;
9.6. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada das peças que a fundamentam, bem
como do relatório de fiscalização (peça 80) aos responsáveis
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1244-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1245/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC-030.236/2015-0.
2. Grupo: I – Classe: II - Assunto– Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessado: Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da
Câmara dos Deputados.
4. Órgão/Entidade/Unidade: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/PA.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional oriunda da
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos
87 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Deputados, por meio da qual encaminha Proposta de Fiscalização e Controle 51/2015, da autoria do
deputado Irajá Abreu,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Solicitação do Congresso Nacional, considerada a presença dos requisitos
estabelecidos no art. 232 do Regimento Interno do TCU e no art. 4º da Resolução/TCU 215/2008;
9.2. comunicar à Presidência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural que não foi constatada irregularidade, ilegalidade ou abuso nos atos praticados
pelo Ministério do Desenvolvimento agrário e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
no âmbito dos processos 56426.001965/2012-15, 56426.000019/2012-51, 56426.001964/2012-71,
56426.000028/2012-42, 56462.000011/2012-95 e 56462.000010/2012-41, que tratam de regularização
fundiária de áreas do Complexo Divino Pai Eterno, no Município de São Felix do Xingu, no Estado do
Pará;
9.3. encaminhar cópia deste acórdão, bem como das peças que o fundamentam à Presidência da
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados;
e
9.4. considerar a Solicitação integralmente atendida e arquivar o presente processo, nos termos do
art. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU e art. 17 da Resolução/TCU 215/2008.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1245-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO 1246/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 006.612/2016-4.
2. Grupo II; Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Representante: Connectcom Teleinformática Comércio e Serviços Ltda. (CNPJ.308.141/0009-
23).
4. Unidade Jurisdicionada: Agência Nacional do Cinema – Ancine.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ.
8. Representação Legal: Pedro Henrique Pereira (CPF 130.250.178-05).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representação formulada pela Connectcom
Teleinformática Comércio e Serviços Ltda., a respeito de supostas irregularidades no Edital do Pregão
Eletrônico 6/2016, promovido pela Agência Nacional do Cinema – Ancine.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Representação, uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade
estabelecidos nos arts. 235 e 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno/TCU c/c o art. 113,
§ 1º, da Lei 8.666/1993, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. autorizar, excepcionalmente, a celebração do contrato resultante do Pregão eletrônico 6/2016;
88 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.3. determinar à Agência Nacional do Cinema que:
9.3.1. adote providências para realizar novo certame, com vistas a substituir o contrato celebrado
em razão do pregão eletrônico 6/2016, em consonância com a legislação e a jurisprudência do TCU,
sintetizada na Súmula TCU 269, sendo permitida, no período de doze meses, coincidentes com a vigência
do contrato a ser firmado, a obtenção das informações necessárias para que a remuneração dos serviços a
serem contratados esteja vinculada a resultados ou ao atendimento de níveis de serviço;
9.3.2. caso opte por prorrogar o contrato que vier a ser firmado em decorrência do Pregão eletrônico
6/2016, o faça pelo prazo estritamente necessário à finalização de novo processo licitatório, observado um
máximo de doze meses de prorrogação contratual;
9.3.3. informe ao TCU, por meio da Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro –
Secex/RJ, no prazo de 30 dias do término da vigência original do contrato que vier a ser firmado, as
providências adotadas pertinentes à realização de novo certame;
9.4. dar ciência à Agência Nacional do Cinema de que:
9.4.1. a exigência de habilitação constante dos itens 12.2.6 e 12.2.7 do termo de referência,
concernente na demonstração pela licitante de que se encontra na condição de empresa certificada junto a
programas de parceria da Oracle (Oracle Gold ou superior) e da Microsoft (Microsoft Certified Silver
Partner ou superior) de alto nível, não está prevista no rol taxativo do art. 30 da Lei 8.666/1993, onera
indevidamente os licitantes e é irrelevante para o específico objeto do contrato;
9.4.2. a modelagem da contratação objeto do pregão é inadequada para a remuneração dos serviços
de informática, por estar em dissonância com o preconizado na Instrução Normativa 4 de 11/9/2014 da
Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação – SLTI e a jurisprudência desta Corte de Contas,
consolidada no enunciado da Súmula 269;
9.5. determinar à Secex/RJ que monitore o cumprimento das providências constantes dos subitens
9.3.1 e 9.3.2., nos termos do art. 35 da Resolução TCU 259/2014;
9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, do Relatório e da Proposta de Deliberação que o sustentam, à
Ancine e à representante;
9.7. arquivar esta Representação, nos termo do art. 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1246-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa (Relator) e André Luís de
Carvalho.
ACÓRDÃO 1247/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 010.163/2015-3.
2. Grupo: I; Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.
3. Entidade: Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz.
4. Responsáveis: Fernando José Marques de Carvalho (353.393.577-91), Leonardo Ribeiro de
Lacerda (023.648.367-60).
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana – SeinfraUrbana.
8. Advogados constituídos nos autos: Anderson Laurentino de Medeiros, OAB/CE 20.615.
89 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatório da Auditoria realizada pela Secretaria de
Fiscalização de Infraestrutura Urbana – SeinfraUrbana na Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, no período
de 11 a 29/05/2015, com o objetivo de fiscalizar a construção do Complexo de Pesquisa e
Desenvolvimento em Saúde e Produção de Imunobiológicos localizada no Município de Euzébio/CE.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, com fundamento no art. 250, inciso II, do
Regimento Interno do TCU, que, no prazo de 30 (trinta) dias, adote as seguintes providências com relação
aos Contratos 1/2014 e 56/2014, firmados com a empresa C.G. Construções Ltda.:
9.1.1. formalize, mediante termos aditivos, a modificação das composições das respectivas
administrações locais, de modo que o somatório dos itens que as integram seja compatível com o
percentual de 8,87% (terceiro quartil) apurado para as obras de construções de edificações, conforme
consta do subitem 9.2.2 do Acórdão 2.622/2013-TCU-Plenário, aplicado sobre os valores contratuais
ajustados (R$ 42.887.624,98 para o Contrato 1/2014, até o segundo termo aditivo, e R$ 29.709.977,16
para o Contrato 56/2014, até o primeiro termo aditivo);
9.1.2. reveja os cronogramas físico-financeiros dos ajustes em questão, de forma que os itens
componentes da administração local sejam medidos e pagos proporcionalmente ao percentual de
execução da obra, conforme o subitem 9.3.2.2 do Acórdão 2.622/2013-TCU-Plenário; e
9.1.3. efetue a glosa, nos pagamentos a serem realizados até o final da execução dos contratos, dos
superfaturamentos identificados a título de administração local, levando em consideração o valor devido,
na forma do subitem 9.1.1, vinculado ao percentual de execução física das obras, conforme o subitem
9.1.2;
9.1.4. encaminhe a esta Corte documentação comprobatória das providências adotadas;
9.2. dar ciência à Fiocruz de que a alteração do tipo de fundação prevista no Contrato 56/2014
constituiu ofensa ao disposto no art. 3º da Lei 8.666/1993.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1247-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa (Relator) e André Luís de
Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1248/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 019.042/2013-2 (Apenso: TC 029.095/2011-5)
2. Grupo: II; Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração.
3. Embargante: Lérida Maria dos Santos Vieira (CPF 450.617.344-91).
4. Entidade: Conselho Federal de Farmácia – CFF.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
5.1.Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e Assistência
Social – SecexPrevi.
8. Advogados constituídos nos autos: Elísio de Azevedo Freitas, OAB/DF 18.596; Bruno Silva
Campos, OAB/DF 17.509.
90 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes Embargos de Declaração opostos pela Sra. Lérida Maria dos
Santos Vieira ao Acórdão 43/2016 – Plenário, por meio do qual, dentre outras medidas adotadas, as
contas da embargante foram julgadas irregulares, com a condenação solidária ao pagamento do débito
apurado, imposição individual da multa pertinente e inabilitação ao exercício de cargo em comissão ou
função de confiança na Administração Pública.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, conhecer dos Embargos de
Declaração opostos pela Sra. Lérida Maria dos Santos Vieira, e, no mérito, rejeitá-los, mantendo-se
inalterado o Acórdão 43/2016 – Plenário;
9.2. dar ciência deste Acórdão à embargante;
9.3. encaminhar os autos à Secretaria de Recursos – Serur para adoção das providências pertinentes
aos recursos de reconsideração constantes das Peças 76, 78 e 80 deste processo.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1248-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa (Relator) e André Luís de
Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1249/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 002.222/2007-5.
1.1. Apensos: TC 028.673/2014-0; TC 003.453/2005-0; TC 000.017/2016-7
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de declaração (Tomada de Contas Especial).
3. Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Adelmo Vendramini Campos (CFP 162.965.321-72); Adeuvaldo Pereira Jorge
(CPF 095.367.871-72); Ataíde de Oliveira (CPF 258.528.506-59); Carlos Henrique Carrato
(CPF 005.489.879-04); Dirceu Cesar Façanha (CPF 178.409.617-20); Egesa Engenharia S.A. (CNPJ
17.186.461/0001-01); Italo Mazzoni da Silva (CPF 290.214.217-04); Jesus de Brito Pinheiro (CPF
003.449.313-15); Jose Edmar Brito Miranda (CPF 011.030.161-72); Jose Gilvan Pires de Sá (CPF
215.560.598-68); José Francisco dos Santos (CPF 040.700.386-04); José Henrique Coelho Sadok de Sá
(CPF 160.199.387-00); José Roberto Paixão (CPF 211.829.657-68); Maciste Granha de Mello Filho (CPF
337.065.577-20); Manoel das Graças Barbosa da Costa (CPF 019.511.732-87); Maurício Hasenclever
Borges (CPF 006.996.756-34); Romulo do Carmo Ferreira Neto (CPF 288.906.631-20); Rômulo
Fontenelle Morbach (CPF 000.110.882-49); Wolney Wagner de Siqueira (CPF 020.432.201-44).
3.2. Interessado: Wolney Wagner de Siqueira (CPF 020.432.201-44).
4. Órgãos/Entidades: Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Tocantins;
Entidades/órgãos do Governo do Estado de Tocantins; Secretaria de Infra Estrutura do Estado do
Tocantins; Superintendência Regional do Dnit No Estado do Tocantins - DNIT/MT.
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária (SeinfraRod).
91 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8. Representação legal:
8.1. Stéfany Cristina da Silva (6019/OAB-TO), representando Adeuvaldo Pereira Jorge.
8.2. Wellington Cristiano da Fonseca e outros, representando Egesa Engenharia S.A.
8.3. Rebecca Sampaio Bellaguarda e outros, representando José Roberto Paixão.
8.4. David Levistone da Silva e Souza (11.750/OAB-GO) e outros, representando Wolney Wagner
de Siqueira.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo Sr. Wolney
Wagner de Siqueira em face do Acórdão 726/2016-Plenário por meio do qual o TCU rejeitou os
embargos de declaração anteriormente opostos em face do Acórdão 2515/2015-Plenário, que havia
julgado irregulares as contas do ora embargante e de outros responsáveis, para condená-los em débito e
em multa, diante de irregularidades apuradas nas obras para a construção da BR-230, no Estado do
Tocantins;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443, de
16 de julho de 1992, para, no mérito, rejeitá-los; e
9.2. enviar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o
fundamenta, ao interessado.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1249-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho
(Relator).
ACÓRDÃO Nº 1250/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 012.420/2014-0.
2. Grupo I – Classe IV – Assunto: Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Cássio Ramon Pereira Fontes (CPF 907.241.355-53); Francisco Airton Felix
(CPF 095.031.615-68); Jorge José Durval (CPF 400.690.105-44); Oscip Tercon Brasil
(CNPJ 05.138.035/0001-05).
4. Órgão/Entidade: Estado do Ceará e Ministério do Esporte.
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex/CE).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério
do Esporte em desfavor da Oscip Tercon Brasil e do seu presidente, Sr. Cassio Ramon Pereira Fontes,
diante da omissão no dever de prestar contas do Convênio nº 748065/2010 destinado ao
“desenvolvimento de atividades recreativas e de lazer para crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos
e portadores de deficiência”;
92 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revéis os Srs. Cássio Ramon Pereira Fontes, Francisco Airton Felix e Jorge José
Durval, além da Oscip Tercon Brasil, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei nº 8.443, de 1992;
9.2. julgar irregulares as contas dos Srs. Cássio Ramon Pereira Fontes, Francisco Airton Felix e
Jorge José Durval, bem como da Oscip Tercon Brasil, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso
III, alíneas “a” e “c”, e 19, caput, da Lei nº 8.443, de 1992, para condená-los, solidariamente, ao
pagamento da quantia de R$ 2.100.000,00 (dois milhões e cem mil reais), atualizada monetariamente e
acrescida de juros de mora, calculados desde 30/12/2010 até o efetivo recolhimento, fixando-lhes o prazo
de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento da
referida importância aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da
citada lei c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU (RITCU);
9.3. aplicar aos Srs. Cássio Ramon Pereira Fontes, Francisco Airton Felix e Jorge José Durval, bem
como à Oscip Tercon Brasil, individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443, de 1992, no
valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde já, com amparo no art. 26 da Lei nº 8.443, de 1992, e no art. 217 do RITCU, o
parcelamento das dívidas constantes deste Acórdão em até 36 (trinta e seis) prestações mensais e
sucessivas, caso requerido, esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela
importará no vencimento antecipado do saldo devedor (art. 217, § 2º, do RITCU);
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas constantes deste Acórdão, nos termos do
art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992, caso não atendidas as notificações;
9.6. solicitar à Advocacia-Geral da União, por intermédio do Ministério Público junto ao TCU, com
base no art. 61 da Lei 8.443, de 1992, e no art. 275 do RITCU, que promova as medidas necessárias ao
arresto dos bens do Srs. Cássio Ramon Pereira Fontes, Francisco Airton Felix e Jorge José Durval, além
da Oscip Tercon Brasil, caso não haja, dentro do prazo estabelecido, a comprovação do recolhimento
integral ou parcelado das dívidas constantes deste Acórdão.
9.7. determinar à Secex/CE que, no âmbito de processo apartado autuado por cópia do presente
processo, promova a audiência dos gestores responsáveis pela celebração de convênios com a Oscip
Tercon Brasil, no âmbito do Ministério do Turismo, do então Ministério do Trabalho e Emprego e do
Ministério do Esporte, para que apresentem as suas razões de justificativa para a celebração de tantos
convênios com referida oscip em curto interregno de tempo, sem que nenhuma medida preventiva de
dano tivesse sido adotada tempestivamente, sobretudo se considerada a recorrente situação de
inadimplência dessa entidade em convênios anteriormente celebrados, destacando a existência de quatro
acórdãos condenatórios e de cinco tomadas de contas especiais em tramitação no âmbito do TCU;
9.8. recomendar à Segecex que avalie a conveniência e a oportunidade de promover fiscalização
com mais amplo escopo, em nível nacional, com a utilização de ferramentas informatizadas, visando ao
cruzamento de dados e à identificação de fraudes, além de oportunidades de melhoria na governança,
sobre os recursos federais destinados à Oscip Tercon Brasil, entre outras organizações da sociedade civil;
e
9.9. enviar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamenta, à
Procuradoria da República no Estado do Ceará, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443, de 1992, para
o ajuizamento das ações penais e civis cabíveis, e ao Departamento de Polícia Federal.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1250-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
93 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho
(Relator).
ACÓRDÃO Nº 1251/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 013.664/2010-7.
2. Grupo II – Classe de Assunto II: Tomada de Contas Especial
3. Responsáveis: Enio Luiz de Almeida Souza (196.464.296-53); GPC-Gerenciamento Projetos e
Construções Ltda. (02.085.936/0001-98); Ricardo Faustini Poltronieri (261.158.756-68); Ronaldo Gontijo
de Oliveira (129.216.026-87).
4. Entidade: Prefeitura Municipal de Estrela do Indaiá (MG).
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais (Secex-MG).
8. Advogado constituído nos autos: Orlando Teixera Campos (OAB/MG nº 59.946); Maurício
Vinhal Neto (OAB/MG nº 39.715); Nestor Henrique Mendes (OAB/MG nº 129.819); Thiago Oliveira
Vinhal (OAB/MG nº 117.564); Guilherme Lopes Mair (OAB/DF n.º 32.261); Jailton Zanon da Silveira
(OAB/RJ n.º 77.366).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial de responsabilidade do
Sr. Ênio Luiz de Almeida Souza, ex-Prefeito do Município de Estrela do Indaiá (MG), da empresa GPC-
Gerenciamento Projetos e Construções Ltda., responsável pela obra, Ricardo Faustini Poltronieri, sócio da
empresa, Ronaldo Gontijo de Oliveira, responsável pelo projeto da obra, instaurada pela Caixa
Econômica Federal (Caixa) em razão de perda de parte das obras executadas no âmbito do Contrato de
Repasse nº 0110323-13/2000/Indesp/Caixa, que teve por objeto a implantação de infraestrutura esportiva
em comunidades carentes com a construção de ginásio poliesportivo,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenáro, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1 arquivar, sem julgamento de mérito, em razão da ausência de pressupostos válidos de
desenvolvimento processual, nos termos do art. 212 do Regimento Interno, c/c o art. 6.º, inciso II, e o art.
19, da Instrução Normativa nº 71, de 28 de novembro de 2012.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1251-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), Benjamin Zymler,
Raimundo Carreiro (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1252/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 017.592/2011-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria
3. Interessados/Responsáveis:
94 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3.1.Responsáveis: Elisabete França (CPF 456.854.019-49), Elton Santa Fé Zacarias (CPF
063.908.078-21), Jorge da Fonseca Osório (CPF 086.351.128-73), Luís Henrique Tibiriçá Ramos (CPF
936.794.918-91), Paulo César Lopes Barsi (CPF 153.755.363-15).
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal; Prefeitura Municipal de São Paulo - SP; Secretaria
Executiva do Ministério das Cidades.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
8. Representação legal:
8.1. Ana Claudia Scalioni Louro (350934/OAB-SP) e outros, representando Consórcio Paez de
Lima / Simétrica.
8.2. Marcelo Bruto da Costa Correia (23119/OAB-PE), representando Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (vinculador).
8.3. Guilherme Lopes Mair e outros, representando Caixa Econômica Federal.
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos que tratam de Relatório de Auditoria nas obras do
Programa de Urbanização de Favelas em São Paulo – Heliópolis (Gleba K).
Acordam os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Caixa Econômica Federal, com fundamento no art. 250, II, do Regimento Interno
do TCU, que não destine recursos federais para o pagamento de serviços de “apoio habitacional”, assim
como que providencie o ressarcimento caso haja pagamentos desses serviços com recursos da União, no
âmbito Contrato 25/2010/SEHAB - Termo de Compromisso n. 0218.844-05/2008/MCidades/Caixa -, por
estar em desacordo com o disposto na alínea “b”, do item 2, do capítulo II, da Portaria n. 21/2014, do
Ministério das Cidades, enviando ao TCU, no prazo de 15 dias após a prestação de contas final desse
termo de compromisso, a documentação comprobatória das medidas adotadas;
9.2.dar ciência à Prefeitura Municipal de São Paulo/SP sobre as seguintes irregularidades, para que
sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência semelhantes quando utilizados
recursos federais:
9.2.1.inclusão de serviços relativos à “apoio habitacional” no procedimento licitatório para
contratação das obras públicas de engenharia, identificada no Edital de Concorrência 06/2010-SEHAB, o
que afronta o disposto na alínea “e”, do item 3, do capítulo II, da Portaria 21/2014, do Ministério das
Cidades;
9.2.2.adoção de preços fixos no orçamento-base da licitação, não permitindo a apresentação de
descontos por parte dos licitantes, identificada no Edital da Concorrência 06/2010-SEHAB, o que afronta
o art. 40, da Lei 8.666/1993 e a jurisprudência do TCU (Acórdãos 775/2007-2ª Câmara, 818/2008-2ª
Câmara, 87/2008-Plenário, 1.891/2006-Plenário, 963/2004-Plenário);
9.2.3.vedação de uma mesma licitante vencer mais de uma das concorrências subsequentes à pré-
qualificação, o que afronta os arts. 5º, 37, e 70, da Constituição Federal de 1988, o art. 3º, da Lei
8.666/1993, e a jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.801/2008, 2.373/2013, 1.223/2013, todos do
Plenário);
9.2.4.exigência de atestados de qualificação técnica para serviços executados especificamente em
obras de urbanização de comunidades, identificada no Edital de Pré-Qualificação CH-06/15/2009-
SEHAB, o que afronta os arts. 3º, e 30, inciso II, e § 5º, da Lei 8.666/1993, os arts. 5º, 37, e 70, da
Constituição Federal de 1988, e a jurisprudência do TCU, conforme Acórdãos 855/2009, 2.373/2013,
842/2010, 1.148/2011, 1.978/2009, 2.368/2007, todos do Plenário;
9.2.5.exigência de atestados em um único contrato, ou em contratos simultâneos, para 18 serviços,
nem todos com relevância técnica e financeira, identificada no Edital de Pré-Qualificação CH-
06/15/2009-SEHAB, o que afronta o art. 3º, §1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;
95 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.2.6.exigência de comprovação de execução de quantitativos mínimos em obras para fins de
demonstração da capacidade técnico-operacional e profissional em percentuais superiores à 50% do
quantitativo previsto no orçamento, sem justificativa para tanto, identificada no Edital de Pré-
Qualificação CH-06/15/2009-SEHAB, o que afronta o art. 3º, §1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, e a
jurisprudência do TCU (Acórdãos 2.088/2004 e 1.284/2003, ambos do Plenário);
9.2.7.exigência de comprovação de execução de serviços sem relevância financeira na qualificação
técnico-profissional e técnico-operacional, identificada no Edital de Pré-Qualificação CH-06/15/2009-
SEHAB, o que afronta o art. 3º, §1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, além da jurisprudência do TCU (Súmula
263/2011); e
9.2.8.falta de justificativas técnicas fundamentadas para a adoção de índices contábeis econômico-
financeiros mais elevados que os usuais para obras semelhantes, identificada no Edital de Pré-
Qualificação CH-06/15/2009-SEHAB, o que afronta o art. 31, §5º, da Lei 8.666/1993;
9.3.alertar o Ministério das Cidades de que, em casos semelhantes ao tratado nestes autos, em que o
Termo de Compromisso, envolvendo transferência de recursos federais para projetos executados por
outro ente da federação, foi celebrado após a realização da licitação pelo ente federativo, o Ministério
deve se certificar antecipadamente da adequação dos preços contratados, confrontando-os com os preços
do Sinapi, ou outros sistemas oficiais de registro de preços;
9.4.encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do relatório e do voto que o
fundamentam, ao Tribunal de Contas do Município de São Paulo e aos demais Tribunais de Contas de
estados e municípios e ao Ministério das Cidades para ciência, em especial do subitem 9.2;
9.5. determinar à SeinfraUrb que acompanhe junto ao Tribunal de Contas do Município de São
Paulo desdobramentos porventura existentes acerca da execução do contrato tratado neste processo,
representando a este Tribunal no caso de ocorrências de irregularidades envolvendo recursos federais;
9.6.arquivar o presente processo, após a realização das devidas comunicações, nos termos do art.
169, V, do Regimento Interno do TCU.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1252-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), Benjamin Zymler,
Raimundo Carreiro (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1253/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 019.724/2015-2.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VII – Monitoramento
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgãos/Entidades: Agência Nacional de Energia Elétrica; Ministério de Minas e Energia
(vinculador).
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Elétrica (SeinfraElétrica).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento decorrente do Acórdão 3.492/2012-
TCU-Plenário, em que este Tribunal considerou procedente denúncia de irregularidades pertinentes à
96 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ação fiscalizadora da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel - sobre a Usina Hidrelétrica Eng.
Sérgio Motta (conhecida como UHE Porto Primavera), gerida pela Companhia Energética de São Paulo -
Cesp -, em que se apurou desconformidade entre a cota operacional máxima da represa (257 metros) e a
cota máxima prevista no respectivo projeto (259 metros), ensejando redução na energia assegurada real da
usina, além de deficiências no gerenciamento de concessões.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das
razões expostas pelo Relator, em:
9.1 nos termos do art. 243 do Regimento Interno deste Tribunal, considerar, em relação às
determinações e recomendações expedidas no Acórdão 3.492/2012-TCU-Plenário:
9.1.1 atendidas as determinações descritas nos seus subitens 9.5 e 9.6, no que tange à obrigação de
remessa de informações a este Tribunal, pela Agência Nacional de Energia Elétrica e pelo Ministério das
Minas e Energia, sobre as providências adotadas;
9.1.2 em fase de cumprimento as determinações expressas nos respectivos subitens 9.2 e 9.4;
9.1.3 pendentes de implementação as recomendações descritas nos seus subitens 9.3.1 e 9.3.2;
9.2 com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar à Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que:
9.2.1 com base nas atribuições definidas no art. 2º e inciso IV do art. 3º da Lei 9.427/1996 e em
conformidade com as condições pactuadas na Subcláusula Quinta da Cláusula Terceira e no Anexo 3 do
Contrato de Concessão 003/2004-ANEEL-CESP, adote as providências de sua alçada, no prazo de 30
(trinta) dias, a contar da ciência desta deliberação, para exigir da Companhia Energética de São Paulo –
Cesp – a adoção de medidas de adequação da capacidade operacional da UHE Porto Primavera às
condições pactuadas no contrato de concessão, especialmente no que tange à busca do licenciamento
ambiental, nos termos das Resoluções Conama 6/1986 e 237/1997, necessário ao atingimento da cota 259
m prevista no projeto básico da usina; sem prejuízo de aplicar as sanções cabíveis, caso verifique omissão
da Cesp no cumprimento das obrigações inerentes à concessão;
9.2.2 informe a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência desta deliberação,
sobre as providências adotadas e resultados alcançados em atendimento à determinação descrita no
subitem 9.2.1;
9.3 nos termos do art. 250, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar ao Ministério
de Minas e Energia que:
9.3.1 informe a este Tribunal, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência desta deliberação,
sobre o estágio atual dos trabalhos previstos na Portaria-MME 681/2014, especialmente no que tange à
UHE Porto Primavera;
9.3.2 reavalie, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da ciência desta deliberação, a garantia física
da UHE Porto Primavera, ajustando-a a sua cota operacional máxima real de 257 metros, dando ciência a
este Tribunal, ao fim do prazo assinalado, sobre as medidas adotadas e respectivos resultados;
9.4 determinar à SeinfraElétrica que dê continuidade, neste processo, ao monitoramento dos
subitens 9.2, 9.3.1, 9.3.2 e 9.4 do Acórdão 3.492/2012-TCU-Plenário, bem como dos subitens 9.2 e 9.3 da
presente deliberação, no que tange à UHE Porto Primavera;
9.5 determinar a juntada de cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o
fundamentam, ao TC 019.228/2014-7, para subsidiar a respectiva instrução;
9.6 dar ciência deste Acórdão, bem com o do Relatório e Voto que o fundamentam, ao Ministério
das Minas Energia e à Agência Nacional de Energia Elétrica.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1253-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), Benjamin Zymler,
Raimundo Carreiro (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
97 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1254/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 025.222/2015-5.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Entidade: Secretaria da Receita Federal do Brasil.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (SEMAG).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de Solicitação do Congresso Nacional
formulada por meio do Of. Pres. nº 282/15 - CDEIC, de 16/9/2015 (peça 1), por meio do qual o Exmo. Sr.
Deputado Júlio César, presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da
Câmara dos Deputados encaminha o Requerimento 43/2015, de sua autoria, que requer do TCU a
realização de fiscalização na Secretaria da Receita Federal do Brasil, “com vistas à imediata classificação
dos recursos provenientes dos REFIS e consequentes transferências”.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Solicitação, por estarem preenchidos os requisitos de admissibilidade
previstos nos artigos 38, inciso II, da Lei 8.443/1992, 232, inciso III, do Regimento Interno do TCU e 4º,
inciso I, alínea “b” da Resolução - TCU 215/2008;
9.2. informar ao Exmo. Sr. Júlio César, presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico,
Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, autor do Requerimento 43/2015 – que requer do TCU a
realização de fiscalização na Secretaria da Receita Federal do Brasil, “com vistas à imediata classificação
dos recursos provenientes dos REFIS e consequentes transferências” –, que foram analisados os
procedimentos de classificação por estimativa promovidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil
(RFB) no período compreendido entre janeiro de 2014 e abril de 2016, não tendo sido constatadas
irregularidades, observando-se que:
9.2.1. cada classificação por estimativa é fundamentada por uma nota técnica, cuja utilização
encontra amparo no art. 2° e no Anexo I da Portaria RFB 1.098, de 8/8/2013;
9.2.2. apesar de não haver critério definido na Portaria MF 232, de 20/5/2009, para iniciar o
procedimento de classificação por estimativa, a RFB considera fatores como a dinâmica da arrecadação,
inclusive se houve o estabelecimento de novos parcelamentos especiais, a disponibilidade técnica do
Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) em atender à solicitação (demanda ao prestador de
serviço) e o fluxo de caixa do Tesouro Nacional;
9.2.3. desde a publicação da citada portaria, em 2009, até a presente data, foram realizadas 21
classificações pela RFB, numa média de três classificações por ano;
9.2.4. no período compreendido entre 2014 e 2016, até a presente data, foram realizadas cinco
classificações pela RFB, formalizadas pelas notas técnicas Nota Codac/Codar 002/2014, de 3/1/2014 (17ª
classificação), Nota Codac/Codar/Divar 218, de 18/12/2014 (18ª classificação), Nota Codac/Codar/Divar
38, de 21/5/2015 (19ª classificação), Nota Codac/Codar/Divar 99, de 16/10/2015 (20ª classificação) e
Nota Codac/Codar/Divar 13, de 20/1/2016 (21ª classificação), relacionadas a um ou mais dos seguintes
parcelamentos: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das
Empresas de Pequeno Porte (Simples), parcelamento de arrematação da Dívida Ativa, Timemania,
parcelamento para ingresso no Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições
98 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (ingresso no Simples Nacional), Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies), parcelamentos estabelecidos pela Medida Provisória 470/2009,
parcelamentos instituídos pela Lei 12.865/2013 (incluindo os relativos à reabertura da Lei 11.941/2009) e
parcelamento instituído pela Lei 12.996/2014;
9.2.5. no referido período foi arrecadado nesses parcelamentos o montante de
R$ 49.773.369.432,90, tendo sido classificados R$ 13.610.339.769,57 de IR e R$ 1.495.379.340,51 de
IPI, esclarecendo-se que os percentuais para decomposição dos valores arrecadados nos tributos IR e IPI
são definidos para cada parcelamento, preferencialmente, com base em perfil de composição de
arrecadação de período passado, conforme estabelecido na citada Portaria MF 232/2009;
9.2.6. em relação aos saldos nas contas 8.2.4.4.4.16.00, 8.2.4.1.4.17.00, 8.2.4.1.4.27.00,
8.2.4.1.4.28.00 e 8.2.4.1.4.29.00 do Siafi, essas são contas de controle que exibem os valores dos saldos
dos respectivos parcelamentos, e esses valores aumentam quando há arrecadação e diminuem quando há a
classificação. No entanto, deve-se considerar que nem todo o saldo da arrecadação do parcelamento é
classificado em IR e IPI, já que são aplicados percentuais para a decomposição da arrecadação nesses
tributos. Assim, por exemplo, do valor da arrecadação do parcelamento da MP 470/2009, contido na
conta 8.2.4.1.4.17.00 do Siafi, 26,22% são classificados em IR e 5,87% em IPI. O restante continua
fazendo parte do saldo da referida conta. Portanto, como essas contas do Siafi exibem tanto valores
arrecadados e ainda não classificados, quanto valores que restaram após a classificação, por não serem
relativos a IR ou IPI, não é possível inferir, com base nos saldos, que esses valores correspondem ao total
pendente de classificação para repasse aos fundos constitucionais;
9.2.7. conforme as notas técnicas elaboradas pela RFB e os mapas demonstrativos das distribuições
elaborados pela STN, constantes dos autos, pode-se concluir que foram distribuídos todos os recursos
arrecadados que englobassem o IR ou o IPI no período analisado, restando pendentes de classificação
apenas valores não relativos a IR ou IPI, bem como o saldo das arrecadações posteriores à última
classificação;
9.3. encaminhar ao Solicitante, em complemento, cópias das peças 17 a 26, 37, 38, 39, 40 e 41 dos
autos;
9.4. encaminhar cópia do presente Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o
fundamentam, ao Exmo. Sr. Deputado Júlio César, presidente da Comissão de Desenvolvimento
Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados;
9.5. considerar a solicitação integralmente atendida e arquivar o presente processo, nos termos dos
arts. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU e 17, inciso II, da Resolução - TCU 215/2008.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1254-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), Benjamin Zymler, Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1255/2016 – TCU – Plenário
1. Processo: TC 031.633/2013-7
2. Grupo I, Classe de Assunto VII – Representação
3. Representante: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog)
4. Órgão/Entidade/Unidade: Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde
(Sesai/MS)
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
99 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Selog
8. Representação Legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos Representação formulada pela Secretaria de Controle
Externo de Aquisições Logísticas (Selog) em decorrência de denúncia apócrifa contra a Secretaria
Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai/MS), a qual versa sobre possíveis
irregularidades em diversas licitações finalizadas e nos contratos derivados desses certames,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Representação, nos termos dos arts. 235 e 237, inciso VI, do Regimento
Interno do TCU c/c o art. 113, § 1o, da Lei 8.666/93;
9.2. determinar ao Ministério da Saúde, em atenção ao caput do art. 197 do Regimento Interno do
TCU c/c o art. 8º, caput, da lei 8.443/1992, que a autoridade administrativa competente, sob pena de
responsabilidade solidária, adote as providências imediatas com vistas à instauração de tomada de contas
especial para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano apontado no
relatório 00190.002501/2014-44, da Controladoria-Geral da União, que trata do pregão presencial 7/2013
e do contrato 13/2013 (Dsei/BA);
9.3. determinar ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), com
fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que atualize o plano de ação das auditorias
realizadas nos contratos dos órgãos aderentes à ata de registro de preços decorrente do pregão presencial
7/2013 (Dsei/BA), fazendo constar nele, além das informações já prestadas ao TCU, as etapas do
planejamento, evidenciando cada ação, indicando o setor, os responsáveis (com nome, telefone e e-mail
de contato) pela etapa do processo, e cronograma com a data para o término e início de cada evento
previsto, até a conclusão dos trabalhos, a exemplo do modelo a seguir:
Unidade Contrato Auditoria Status
Maranhão 10/2013 14966 Etapa:
Setor:
Identificação do Responsável (nome, CPF, e-mail, telefone):
Data de início:
Data de término:
Observações:
Etapa:
Setor:
Identificação do Responsável (nome, CPF, e-mail, telefone):
Data de início:
Data de término:
Observações:
Tocantins 16/2013 14963 Etapa:
Setor:
Identificação do Responsável (nome, CPF, e-mail, telefone):
Data de início:
Data de término:
Observações:
100 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Etapa:
Setor:
Identificação do Responsável (nome, CPF, e-mail, telefone):
Data de início:
Data de término:
Observações:
9.4. solicitar ao Ministério da Saúde e ao Denasus que informem, no prazo de quinze dias, as
providências adotadas para dar cumprimento às determinações supra (itens 9.2 e 9.3);
9.5. diligenciar, nos termos do art. 11 da Lei 8.443/1992 c/c o §1º do art. 157 do Regimento
Interno/TCU, o Ministério da Saúde, para que, no prazo de quinze dias, encaminhe ao Tribunal os
seguintes documentos:
9.5.1. em relação aos contratos firmados entre os órgãos aderentes, integrantes do Ministério da
Saúde, e a empresa Arena Distribuidora Comercial Ltda.- ME (CNPJ 05.836.297/0001-43) em
decorrência do Pregão Eletrônico 11/2013:
9.5.1.1. cópias dos contratos assinados e de todas as alterações deles decorrentes, tais como termos
aditivos, reequilíbrios, reajustes, repactuações, prorrogações e apostilamentos e seus anexos, bem como
dos pareceres jurídicos e técnicos produzidos desde a data da assinatura dos contratos até hoje;
9.5.1.2. comprovações de eventuais variações de custos nos insumos e/ou nos encargos das
contratadas que possam ter ensejado as alterações supra;
9.5.1.3. na hipótese de prorrogações dos contratos já consumadas ou na iminência delas ocorrerem,
pesquisas de mercado e/ou explicitações dos índices de reajustes, caso haja, utilizados como base para
eventuais alterações dos preços originalmente contratados;
9.5.1.4. quaisquer documentos adicionais que entender necessários em relação aos referidos
contratos.
9.5.2. cópia integral do(s) processo(s) administrativo(s), contratações e termos aditivos (do órgão
gerenciador e dos participantes) que trata(m) do Pregão Eletrônico 21/2013 (Dsei Manaus) e seus
desdobramentos, firmados com a empresa Heringer Taxi Aéreo Ltda. (CNPJ 06.933.485/0001-52);
9.6. diligenciar, nos termos do art. 11 da Lei 8.443/1992 c/c o §1º do art. 157 do Regimento
Interno/TCU, Controladoria-Geral da União (CGU), atual Ministério da Transparência, Fiscalização e
Controle, para que encaminhe a íntegra do relatório de auditoria, bem como do respectivo processo,
referente ao pregão eletrônico 21/2013 (Dsei Manaus) e das contratações dele decorrentes;
9.7. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, ao
Ministério da Saúde, à Secretaria Especial de Saúde Indígena, ao Departamento Nacional de Auditoria do
Sistema Único de Saúde e à Controladoria-Geral da União (CGU), atual Ministério da Transparência,
Fiscalização e Controle, para subsidiar as manifestações.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1255-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), Benjamin Zymler, Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro que alegou impedimento na Sessão: Benjamin Zymler.
13.3. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.4. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ENCERRAMENTO
101 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Às 15 horas e 54 minutos, a Presidência encerrou a sessão, da qual foi lavrada esta ata, a ser
aprovada pelo Presidente e homologada pelo Plenário.
MARCIA PAULA SARTORI
Subsecretária do Plenário
Aprovada em 24 de maio de 2016.
RAIMUNDO CARREIRO
Vice-Presidente, no exercício da Presidência
102 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ANEXO I DA ATA Nº 17, DE 18 DE MAIO DE 2016
(Sessão Ordinária do Plenário)
COMUNICAÇÕES
Comunicações proferidas pela Presidência.
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhora Ministra,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Na Sessão do Plenário de 17/2/2016, foi aprovada, por meio do Acórdão nº 260/2016, a Resolução
TCU nº 276/2016, que dispõe sobre o acesso a peças de processos de controle externo no âmbito dos
gabinetes de autoridades, bem como expedida determinação às Secretarias-Gerais de Controle Externo e
da Presidência para que apresentassem a este Colegiado Plano de Ação para a implementação do disposto
na referida norma.
Em cumprimento à deliberação do Plenário, foram promovidos, pelas unidades técnicas
responsáveis, o levantamento dos requisitos e o registro das informações necessárias à completa
caracterização da solução técnica e ao dimensionamento da demanda e designados os interlocutores tanto
na área de tecnologia quanto na Secretaria das Sessões.
Informo que estão concluídos e encontram-se em homologação a criação do perfil de acesso a
qualquer peça pública ou restrita de processos de controle externo, a possibilidade de extensão desse
acesso a servidores, terceirizados e estagiários indicados pelos chefes dos gabinetes das autoridades e o
acesso de Membro do Ministério Público junto ao TCU a processo originador de cobrança executiva.
Ainda no decorrer do presente mês, parte significativa das novas regras definidas pela Resolução
estará implementada, e o atendimento às demais disposições ocorrerá no prazo fixado na mencionada
norma.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 18 de maio de 2016.
RAIMUNDO CARREIRO
Vice-Presidente, no exercício da Presidência
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhora Ministra,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Comunico a Vossas Excelências que o Tribunal de Contas da União e a Escola de Administração
Fazendária (ESAF) irão firmar Acordo de Cooperação, por meio de Termo de Execução Descentralizada
(TED), tendo por objeto a participação de 4 (quatro) servidores da Secretaria de Controle Externo no
Estado de São Paulo no Curso de Pós-Graduação lato sensu em “Controle, Detecção e Repressão a
Desvios de Recursos Públicos”, sendo a Universidade Federal de Lavras (UFLA) a entidade responsável
pela coordenação do curso e a expedição de diploma.
103 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
O curso busca, de forma customizada, o aperfeiçoamento e a capacitação dos auditores para atuação
em ações de controle nas áreas de obras públicas, contratação de serviços de publicidade, eventos, saúde,
educação e suprimento de bens e serviços.
A referida capacitação exige a contrapartida financeira do TCU, no total de R$ 34.275,34 (trinta e
quatro mil, duzentos e setenta e cinco reais e trinta e quatro centavos), via emissão de nota de empenho,
ao custo de R$ 8.568,84 por participante.
Assim, em atendimento ao disposto no § 1º do art. 4º da Resolução-TCU nº 211/2008, submeto à
apreciação deste Plenário a minuta do Acordo de Cooperação.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 18 de maio de 2016.
RAIMUNDO CARREIRO
Vice-Presidente, no exercício da Presidência
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhora Ministra,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Com grande satisfação, comunico a Vossas Excelências o lançamento, neste dia, da Comunidade
TCU-Educação.
A Comunidade TCU-Educação é um ambiente virtual, criado a partir de uma nova plataforma
tecnológica, que propiciará o compartilhamento, o registro e a geração de conhecimentos sobre o tema
Educação, facilitando o acesso a informações e incentivando o uso do conhecimento armazenado para
tomada de decisões.
Esse espaço virtual está aberto e é de livre inscrição para todos os servidores que realizem trabalhos
ou que tenham interesse na área da Educação, estejam eles lotados nas unidades da Segecex, na sede e
nos estados, nos gabinetes das autoridades, bem assim em quaisquer das demais unidades básicas desta
Corte.
Os participantes contarão com utilitários, tais como: fóruns, repositório de documentos, wiki e blog,
que darão suporte aos objetivos específicos da comunidade, como, por exemplo, o compartilhamento de
dúvidas e de trabalhos, auditorias e instruções processuais das diversas secretarias.
Espera-se que a Comunidade TCU-Educação seja uma ferramenta dinâmica de gestão do
conhecimento, representando um espaço de construção coletiva para todos os interessados e, com isso,
possa contribuir para o aperfeiçoamento do Controle Externo da Educação.
Em função disso, quero parabenizar a Segecex e a Cosocial, por intermédio da SecexEducação, que
atuou em cooperação com o Centro de Documentação do ISC (Cedoc) e com a Secretaria de
Infraestrutura de TI (Setic), pela inovadora e auspiciosa iniciativa.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, 18 de maio de 2016.
RAIMUNDO CARREIO
Vice-Presidente, no exercício da Presidência
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhora Ministra,
104 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Registro a presença, neste Plenário, de um grupo de alunos do Curso de Direito da Faculdade da
Serra Gaúcha, de Caxias do Sul/RS. Eles estão aqui para conhecer a história, a estrutura e o
funcionamento do Tribunal de Contas da União.
O grupo assistirá a parte desta sessão, bem como à apresentação “Conhecendo o TCU”, além de
visitar as instalações desta Casa. Essa iniciativa integra o Programa “Visite o TCU”, coordenada pela
Assessoria de Cerimonial e Relações Institucionais.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 18 de maio de 2016.
RAIMUNDO CARREIRO
Vice-Presidente, no exercício da Presidência
Comunicação proferida pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues.
COMUNICAÇÃO AO PLENÁRIO
Senhor Presidente,
Senhora Ministra,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Notícia publicada na edição eletrônica da Folha de São Paulo, intitulada “Comissão de Ética
concede quarentena remunerada a Cardozo e Navarro”, informa que, nos dois dias úteis seguintes ao
afastamento temporário da Sr.ª Presidente da República, em razão da abertura do processo de
impeachment, pelo Senado Federal, a Comissão de Ética Pública, vinculada à Presidência da República,
recebeu 66 (sessenta e seis) pedidos de “quarentena remunerada” formulados por ex-integrantes do
Governo Federal.
Nos termos da legislação em vigor, compete à Comissão de Ética Pública e à então Controladoria-
Geral da União (atual Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle), conforme o caso,
“manifestar-se sobre a existência ou não de conflito de interesse nas consultas a elas submetidas” (art. 8º,
inciso IV, da Lei 12.813/2013).
Subordinam-se à avaliação da Comissão de Ética Pública os casos que envolvam os agentes
públicos indicados no art. 2º, incisos I a IV, da Lei 12.813/20131 e à então CGU os casos apresentados
pelos “ocupantes de cargos ou empregos cujo exercício proporcione acesso a informação privilegiada
capaz de trazer vantagem econômica ou financeira para o agente público ou para terceiro” (Nota de
Orientação 1/2014).
Subordinam-se tais avaliações ao que dispõem a Lei 12.813/2013 e o Decreto 4.187/2002.
O deferimento da “quarentena”, pela Administração, resulta em despesa para o Estado, porque os
agentes públicos em situação de conflito de interesse continuam a perceber a remuneração do cargo nos 6
(seis) meses subsequentes à exoneração (arts. 4º do Decreto 4.187/2002 e 6º, inciso II, da Lei
12.813/2013).
Inequívoca, portanto, a competência do Tribunal para apreciar a legalidade e a legitimidade dos atos
de concessão das chamadas “quarentenas”.
1 Ocupantes de cargos e empregos de ministro de Estado; de natureza especial ou equivalente, de presidente, vice-presidente e
diretor, ou equivalentes, de autarquias, fundações públicas, empresas públicas ou sociedades de economia mista; e do Grupo-
Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6 e 5 ou equivalentes.
105 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
O expressivo crescimento de pedidos dessa natureza, em face da transição havida no Governo
Federal, impõe que o Tribunal examine a legalidade e a legitimidade dos atos concedidos pela Comissão
de Ética Pública e pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
Em face do exposto, submeto à consideração do Plenário proposta de realização de fiscalização,
pelas unidades técnicas competentes, em regime de urgência, dos atos de concessão de “quarentenas”,
pela Comissão de Ética Pública e pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, a partir de 2
de maio de 2016, com vistas a avaliar a legalidade e a legitimidade desses atos.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 18 de maio de 2016.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Ministro
Comunicação proferida pelo Ministro Augusto Nardes.
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhora Ministra,
Senhor Procurador-Geral,
Nos próximos dias 23 a 25 de maio, em Maceió, Alagoas, será realizado o 1º Congresso
Internacional e 6º Nacional dos Auditores do TCU, com o macro tema “O TCU e a sociedade – Qual o
papel dos Auditores?”, com o objetivo de debater e discutir assuntos afetos ao controle externo e sobre a
importância dos Auditores para o aprimoramento do Tribunal de Contas da União.
Entre as discussões técnicas que ocorrerão durante o encontro, estão: Estratégias de Cooperação
Internacional; o Futuro da Previdência no Brasil; Governança Pública; Repercussões dos Acordos de
Leniência na esfera do Controle Externo; a carreira de Auditor, entre outros.
O evento, organizado pela União dos Auditores Federais de Controle Externo (AUDITAR), registra
mais de 150 Auditores do TCU inscritos e conta com a presença inédita de representantes das 26
Regionais do TCU.
Quero enfatizar a importância deste evento para as atividades de controle externo, parabenizando a
AUDITAR, na pessoa do seu Presidente, Auditor Federal de Controle Externo, Paulo Martins pela
iniciativa de realizar esse congresso com temas tão atuais e relevantes.
AUGUSTO NARDES
Ministro
106 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ANEXO II DA ATA Nº 17, DE 18 DE MAIO DE 2016
(Sessão Ordinária do Plenário)
MEDIDA CAUTELAR
Comunicação sobre despacho exarado pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues.
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Comunico a Vossas Excelências que, no dia 16/5/2016, adotei medida cautelar, nos autos do TC
012.179/2016-7, referente à Representação formulada pelo Ministério Público de Contas, relatando
indícios de irregularidades graves cometidas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT,
que resultaram na celebração de contratos, sem prévia licitação, para construção e exploração da ferrovia
Transnordestina, com aproximadamente 1.728 Km de extensão.
A execução do contrato relativo à ferrovia em questão havia sido objeto de auditoria específica,
consubstanciada no TC 010.453/2014-8, no qual foram identificadas diversas irregularidades graves, mas
não se chegou a examinar a legalidade da concessão.
O MP/TCU ao apreciar referida auditoria, houve por bem oferecer representação, ante a série de
atos irregulares praticados por diversas entidades públicas que estariam a permitir ilegalmente a
construção da ferrovia, custeada majoritariamente com recursos públicos, com graves indícios de
desperdício de verbas federais.
Em breve síntese, a ANTT, em 2005, autorizou que a concessionária da Malha Nordeste projetasse
e construísse nova ferrovia, a “Nova Transnordestina”, com aproximadamente 1.728 Km de extensão, a
título de construção, alargamento, remodelação e modernização de ramais (Resolução
1.210/2005/ANTT).
Com base nessa resolução, em 2005, a concessionária Companhia Ferroviária do Nordeste - CFN, a
Transnordestina S/A, a Taquari participações S/A, Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, a União, a
Agência de Desenvolvimento do Nordeste - Adene (atual Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste - Sudene), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte - Dnit, o Banco do
Nordeste do Brasil - BNB e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES
firmaram documento denominado “Protocolo de Intenções” para a realização do projeto de infraestrutura
denominado "Nova Transnordestina".
Em 2008, após a CFN mudar sua razão social para Transnordestina Logística S.A. – TLSA, a
ANTT começou a autorizar a efetiva realização das obras antes mesmo de aprovar os projetos do
empreendimento e sem verificar a consistência dos respectivos orçamentos.
Segundo o relato do MP, “Dos dez lotes de obras iniciados pela concessionária, entre dezembro de
2009 e junho de 2011, cinco deles começaram antes mesmo de a TLSA ter entregue as novas versões dos
projetos à ANTT, o que somente ocorreu em abril de 2010; a ANTT, até a data de produção do Relatório
de Fiscalização (16/12/2014), desconhecia o custo do empreendimento”.
Paralelamente a esse processo, em 2012, foi aberto um procedimento de declaração de caducidade
da concessão da TLSA, seguindo a orientação da AGU, haja vista o reiterado descumprimento de
obrigações atinentes à operação da Malha Nordeste, notadamente em relação às metas de produção e
segurança.
Na sequência, em 2013, atendendo a pedidos da TLSA, a ANTT, por meio das Resoluções-ANTT
4.042/2013 e 4.041/201, incluiu no contrato de concessão da Malha Nordeste as obras relativas à “Nova
107 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Transnordestina” e, pasmem, prorrogou esse contrato por mais 30 anos, com previsão de término
para 2057, mesmo ciente de que havia processo de declaração de caducidade.
A ANTT ainda autorizou, na ocasião, a cisão da concessão para criar as chamadas Malha I (antiga
Malha Nordeste) e Malha II (projeto Nova Transnordestina), assim como definiu os grupos controladores
de cada malha. Para a Malha I, permaneceu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Taquari
Participações como controladores, e a Malha II tem os seguintes controladores: CSN, Fundo de
Desenvolvimento do Nordeste - FDNE, Valec e BNDES (Resolução-ANTT 4.042/2013).
Criou-se, assim, novo contrato de concessão, com novo objeto, com novo concessionário, no qual
passaram a participar entidades estatais sem que houvesse clara permissão para tanto, sem realização de
procedimento licitatório, sem estudos de viabilidade econômico-financeiro e ambiental, sem passar pelo
crivo do TCU, em absoluto descompasso com a legislação pertinente.
Destacou o MP que as obras de construção da Malha II têm sido custeadas com recursos do
Orçamento Geral da União, do Fundo de Investimentos do Nordeste - Finor, além de financiamentos
provenientes do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, do BNDES e do Fundo Constitucional de
Financiamento do Nordeste – FNE.
Apontou ainda o Parquet diversas irregularidades atinentes à execução da construção, tais como
vícios construtivos e descompasso entre execução física e financeira.
Excelências, é por deveras grave a situação relatada pelo Ministério Público, pois evidencia
condução informal, improvisada, atabalhoada, negligente e absolutamente ilegal de processo de
desestatização, incompatível com o rigor necessário à concessão de serviços por meio de contratos
complexos e de longa duração.
As concessões demandam a realização de investimentos em grande monta, necessários e urgentes,
razão pela qual são exigidos estudos profundos, planejamento, fundamentação das definições atinentes ao
serviço a ser concedido. Esse processo não pode ser conduzido de forma tão primária. Sobretudo não se
pode admitir que, por meios transversos, sem licitação, seja outorgada nova concessão a empresa que já
havia demonstrado ser ineficiente, inadequada, e que estava em vias de ter declarada a caducidade de sua
concessão.
Em audiência pública ocorrida na Câmara dos Deputados, o Sr. Mario Rodrigues Júnior, Diretor-
Presidente da Valec, esclareceu que até dezembro de 2015 já haviam sido aportados cerca de R$ 6,14
bilhões na Transnordestina, e que a Valec teria sido obrigada pelo Governo Federal a aportar ainda
mais recursos em 2016, mesmo sem que a empresa tivesse recursos suficientes para a execução das
obras públicas sob sua responsabilidade, a saber, a Ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia de Integração Oeste-
Leste ou mesmo sem que houvesse um estudo de viabilidade por parte da própria Valec quanto aos
riscos e possibilidades concretas de retorno do investimento a ser realizado, o que é impensável do
ponto de vista empresarial.
Eis a irresponsabilidade com que a matéria vinha sendo tratada pelo Poder Executivo.
Entendi presente o fumus boni iuris, decorrente dos atos ilegais anteriormente citados, bem como
entendi configurado o periculum in mora, ante o risco de ampliação do desperdício de recursos públicos,
já em parte verificado, tendo em vista a notícia de que o então Ministro da Integração Nacional, Gilberto
Occhi, ter assinado Portaria que facilitaria a liberação de recursos dos fundos públicos federais Finor,
FNE e FDNE para as obras da Transnordestina.
Assim, acolhendo em parte a proposta do MP/TCU, e acompanhando a proposta da Unidade
Técnica, determinei, com fulcro no art. 276 do RITCU, à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, ao
Fundo de Investimento do Nordeste — Finor, ao Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste —
FNE, ao Fundo de Desenvolvimento do Nordeste — FDNE, ao Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social - BNDES e ao BNDES Participações S.A. — BNDESPar que se abstenham de
destinar recursos para as obras de construção da ferrovia Transnordestina (Malha II).
São essas as considerações com as quais submeto ao Plenário a medida cautelar adotada.
Sala da Sessões, em 18 de maio de 2016.
108 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Walton Alencar Rodrigues
Ministro-Relator
TC 012.179/2016-7 Natureza: Representação
Unidades Jurisdicionadas: Agência Nacional de Transportes Terrestres; Ministério dos
Transportes (vinculador); Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
Assunto: Transnordestina
DESPACHO
Trata-se de Representação, com proposta de medida cautelar, apresentada pelo Ministério Público
de Contas, relatando indícios de irregularidades graves cometidas pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres – ANTT, que resultaram na celebração de contratos, sem prévia licitação, para construção e
exploração da ferrovia Transnordestina, com aproximadamente 1.728 Km de extensão, ligando os portos
de Pecém (CE) e Suape (PE) ao município de Eliseu Martins (PI).
A SeinfraHidroFerrovia, após propugnar pelo conhecimento da representação, assim resume os
fatos narrados na Representação:
“EXAME TÉCNICO
I. Fundamentos da Representação
1. Inicialmente, o Representante aduz que, após analisar os achados de auditoria apresentados
no Relatório de Auditoria realizada em 2014, que avaliou a conformidade da execução contratual da
concessão da ferrovia Transnordestina (TC 010.453/2014-8), verificou a necessidade de representar
sobre a ocorrência de graves vícios não enfrentados pela fiscalização naquela ocasião.
2. Em síntese, o parquet sustenta a propositura da presente representação com base nos
seguintes fatos e fundamentos:
- a exploração da Malha Nordeste, com extensão de 4.238 Km, foi concedida em 1997 ao
Consórcio Manor, por meio de leilão; esse consórcio constituiu a Companhia Ferroviária do Nordeste
CFN para execução do contrato (em 2008, a concessionária passou a ser denominada Transnordestina
Logística S.A.);
- a ANTT, por meio de mera resolução (Resolução ANTT 1.210/2005), sem prévia licitação, em
resposta a singelo pedido da concessionária que explorava a Malha Nordeste, forneceu autorização para
que as obras de construção da ferrovia Transnordestina, com 1.753 Km, fossem realizadas;
- em janeiro de 2006, a concessionária apresentou à Agência os primeiros projetos do
empreendimento; em 2009, a ANTT, antes mesmo de aprovar os projetos do empreendimento e verificar
a consistência dos respectivos orçamentos, autorizou o início das obras;
- as obras estão sendo custeadas majoritariamente com recursos de origem pública;
- a estimativa inicial do valor da obra foi amplamente superada;
- apurou-se importante descompasso entre as execuções física e financeira do empreendimento;
- vários vícios construtivos foram identificados na execução do empreendimento, como a baixa
qualidade dos trilhos e trincas na plataforma de aterros;
- a construção de 1.753km da ferrovia e a exploração desse novo objeto no contrato de concessão
da Malha Nordeste deu-se sem prévia licitação, com violação aos comandos contidos no art. 175 da
Constituição Federal e a diversos comandos da Lei 8.987/1995, em especial, arts. 2°, incisos II e III, 14,
18, incisos II, III, VII, XV;
- os atos praticados no âmbito da ANTT e os instrumentos contratuais que disciplinam a
construção e exploração da ferrovia Transnordestina são nulos de pleno direito;
- os elementos apurados naquela auditoria indicam a ocorrência de dano ao erário, que pode ser
109 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
majorado, se a obra tiver seguimento;
3. Em seguida, o Representante destaca trechos do referido Relatório de Auditoria (TC
010.453/2014-8) para apresentar os diversos vícios identificados no contrato em questão. Dentre os
trechos apontados na representação, ressaltam-se ainda os seguintes, além dos que já foram acima
dispostos:
- Quanto aos recursos necessários para conclusão do empreendimento, as obras de construção da
Malha II possuem recursos diretos do OGU e recursos do Fundo de Investimentos do Nordeste - FINOR,
além de financiamentos provenientes do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, do BNDES e do Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
- A União vem investindo diretamente no empreendimento por meio da realização das
desapropriações e da participação no Capital Social da empresa, que já soma R$ 564.600.000,00.
Somente entre o final de dezembro de 2013 e o início de 2014, a Valec aportou R$ 400 milhões na
Transnordestina Logística S.A. com a finalidade de aumentar o capital da empresa, pela aquisição de
7.278.020 ações do tipo preferencial nominativa (PN).
- quanto às metas contratuais de desempenho, verificou-se que os níveis de produção alcançados
pela concessionária ultimamente revelam um decrescimento contínuo de sua produção, em contraponto
ao necessário e almejado desenvolvimento do setor ferroviário.
- os dados analisados revelam o descumprimento recorrente das metas de desempenho e de
redução do índice de acidentes pela TLSA. Os níveis de produção alcançados nos últimos anos, por
exemplo, se encontram no mesmo patamar das metas propostas para 1998, ano em que a produção de
referência ainda era proveniente da RFFSA.
- a atuação da ANTT quanto a aplicação das penalidades previstas nos normativos internos, no
contrato de concessão e na lei não tem sido efetiva. As irregularidades apresentadas na gestão
contratual da concessão remetem a inclusão de dívidas já aplicadas em Termos de Ajustamento de
Conduta (TAC), a falta de cobrança das multas em parcelas autorizadas no TAC e o sobrestamento, sem
a devida fundamentação, do processo administrativo para apuração das irregularidades que poderiam
ensejar a caducidade da concessão.
- quanto aos procedimentos de autorização e fiscalização da implantação do empreendimento,
constatou-se que ressalvas apontadas em autorizações de projeto emitidas pela diretoria da ANTT para
os trechos EMT (Eliseu Martins-Trindade), MVP (Missão Velha-Pecém) e SPS (Salgueiro-Porto de
Suape) foram irregularmente consideradas suprimidas pela unidade técnica da Agência, que permitiu o
início das obras nos trechos citados sem que as ressalvas estabelecidas pela diretoria estivessem sido de
fato suprimidas.
- Em seguida, evidenciou-se que, logo após as condicionantes terem sido consideradas
irregularmente supridas, os projetos desses mesmos trechos foram alterados de forma significativa pela
concessionária. Embora essas alterações tenham sido consideradas regulares pela unidade técnica, até a
presente data, os novos projetos não foram submetidos à deliberação da diretoria da ANTT, a quem cabe
a responsabilidade por decidir a respeito de autorizar ou não o investimento. Desse modo, verificou-se
que a análise completa dos projetos de engenharia elaborados pela concessionária para os trechos EMT,
MVP e SPS, restavam pendentes de autorização da diretoria da ANTT e de análise dos respectivos
orçamentos.
- a concessionária TLSA desrespeitou o prazo, o custo e a qualidade das obras de construção do
projeto Nova Transnordestina pactuadas. Em que pese a concessionária ter se comprometido a concluir
a ferrovia em 2010 por R$ 4,2 bilhões com o padrão de qualidade que permitiriam maiores velocidades
operacionais das composições, passados 8 anos, apenas 39% da obra foi concluída e cerca de 83% dos
recursos previstos já teriam sido aplicados. Além disso, o custo aumentou mesmo com a redução na
capacidade operacional da via em decorrência das alterações nas características geométricas da via.
- quanto à qualidade das obras, apesar de não terem sido feitas verificações `in loco', com base em
documentos analisados, há indícios de que diversos serviços foram executados com qualidade deficiente.
- a intensa participação de recursos públicos no empreendimento é um fator que deve ser levado
110 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
em conta. O total dos financiamentos públicos, por exemplo, remete à cifra de R$ 4,281 bilhões (valores
de abril/2012). Há risco significativo de que os recursos públicos utilizados para financiar o
empreendimento estejam sendo mal geridos e, consequentemente, impactem nos objetivos dos órgãos
públicos que participam dessa empreitada e do interesse público.
- o novo contrato de concessão foi firmado à margem de estudos que justifiquem o interesse público
e que comprovem a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Constatou-se que
diversas cláusulas do novo contrato são responsáveis pela ampliação do objeto avençado, pela inclusão
de obrigações de construção sem avaliação dos custos do empreendimento, pela prorrogação antecipada
da concessão, pela exclusão do risco de demanda do concessionário e pelo desconhecimento da
capacidade operacional da nova ferrovia.
- a assinatura do Protocolo de Intenções juntamente com autorização contida na Resolução
1.210/2005, na visão da ANTT, garantiria o direito da concessionária construir novos trechos
ferroviários, utilizando-se para isso diversas fontes de recursos públicos, sem, contudo, haver
contrapartida da concessionária quanto ao prazo, valor e qualidade da obra. Tal interpretação resultou
no descontrole da concessão da Malha Nordeste quanto ao descumprimento dos prazos de conclusão, ao
incremento de custo das obras e à redução de qualidade da ferrovia.
- o novo Contrato de Concessão da Malha II, cujo escopo e prazo foram ampliados em relação à
avença inicial, positivou as alterações promovidas desde a assinatura do referido protocolo de intenções
sem a realização de estudos que comprovassem o interesse público e a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro contratual.”
Prossegue o representante discorrendo sobre a impossibilidade de considerar que o contrato
original de concessão da Malha Nordeste, celebrado em 31/12/1997, contivesse cláusula capaz de
justificar a inserção da ferrovia Transnordestina no objeto da concessão original. Alega que a construção
e exploração de trecho, com extensão de 1.753 Km de ferrovia, implicou total desfiguração da equação
econômico financeira da concessão inicial. Aduz que a nova malha deveria ter sido tratada como novo
objeto, distinto do objeto leiloado em 1997, razão bastante para que a concessão dependesse de realização
de licitação.
Ter-se-ia configurado, assim, delegação ou contratação da realização de obra pública para a
construção de 1.753 km de ferrovias sem licitação, em afronta às normas constitucionais e aos princípios
da legalidade, moralidade, publicidade e igualdade, bem como à regra insculpida no art. 175 da
Constituição Federal, que demanda a realização de licitação para a concessão de serviços públicos.
Em síntese, na visão do Representante, a inserção da construção e exploração da ferrovia
Transnordestina, sem licitação, no objeto do contrato de concessão original da Malha Nordeste, celebrado
em 1997, afronta o ordenamento jurídico vigente. Todos os atos praticados pela ANTT, entre os quais se
destacam a Resolução 1.210/2005/ANTT, que conferiu autorização para início das obras concedida pela
SUCAR, a edição das Resoluções-ANTT 4.042/2013 e 4.041/2013, assim como a assinatura do Termo
Aditivo ao primeiro contrato de concessão para a prestação dos serviços relativos à Malha I (antiga malha
Nordeste) e o novo contrato de concessão para a construção e exploração da Malha II (Transnordestina)
padecem de vício insanável.
O Representante destaca, ainda, irregularidades relacionadas a possíveis danos ao Erário e à
qualidade da obra, notadamente o descompasso entre a execução física e a financeira.
O Representante reitera que não há contrato válido que ampare a realização das obras da ferrovia
Transnordestina, muito menos sua posterior exploração pela Transnordestina Logística S.A., razão pela
qual requer (i) a suspensão cautelar da execução das obras de construção da ferrovia Transnordestina e
(ii) que, também cautelarmente, a Valec, o FINOR, o FNE, o FDNE, o BNDES e o BNDESPar se
abstenham de destinar recursos para as obras de construção da ferrovia Transnordestina.
A Unidade Técnica manifesta-se favoravelmente à suspensão cautelar do repasse dos recursos
financeiros, por entender, nesse caso, estarem configurados a fumaça do bom direito e o perigo na
demora.
111 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Sustenta que o fumus boni iuris é evidenciado pela verossimilhança das alegações do parquet, que
aponta para a existência de vícios gravíssimos que maculam o contrato entre o Poder Concedente e a
TLSA, o que implica dizer que os recursos financeiros remetidos pela Valec, pelo Finor, pelo FNE, pelo
FDNE, pelo BNDES e pelo BNDESPar, que são recursos públicos, estão sendo empregados de forma
indevida. O periculum in mora, por sua vez, encontra-se no risco concreto de dano ao Erário decorrente
da liberação de novos recursos, notadamente quando sequer é sabido ao certo o valor real do
investimento necessário para concluir a construção da Malha II.
Em relação à paralização das obras, porém, entende que, em tese, o contrato pode ser executado
com recursos privados ou com os recursos já recebidos, para compatibilizar a execução física com a
execução financeira, e sustenta não haver periculum in mora porque as obras já se encontram em ritmo
análogo ao de uma paralisação.
O Representante ainda pede, por fim, a realização de oitiva da ANTT, da TLSA e da FTL, acerca
das ilicitudes apontadas, bem como, caso confirmadas as ilegalidades, a declaração de nulidade dos atos
praticados. Pede, ainda, realização de auditoria nas obras executadas para verificar a existência de dano
ao erário.
A unidade técnica propõe que a análise dessas questões seja realizada no processo de Solicitação do
Congresso Nacional autuado posteriormente à presente Representação.
Passo a decidir.
Preliminarmente, conheço da representação, uma vez preenchidos todos os requisitos atinentes à
espécie.
Quanto às cautelares, entendo absolutamente necessária e urgente a adoção de medida visando à
suspensão de repasses de recursos destinados à construção da Transnordestina. A situação fiscal do país
não permite a liberação de recursos públicos para empreendimentos que não estão claramente atendendo
ao interesse público, nem para os que apresentam alto risco de não conclusão ou de conclusão a custos
antieconômicos. Nesse sentido, conforme apontado no TC 010.453/2014-8, não há estudos mínimos que
justifiquem a aplicação dos recursos públicos nesse empreendimento, nem existem elementos que
permitam aferir o custo real da obra.
Deixo de acolher, porém, a proposta de suspensão da execução das obras, até mesmo porque a
TLSA tem o dever de promover a continuidade do empreendimento para adequar o cronograma físico-
financeiro, sob o risco de ter que devolver os recursos já recebidos.
No restante, acolho a análise da unidade instrutiva, que incorporo às razões de decidir, sem prejuízo
das considerações e ressalvas a seguir.
Em relação às comunicações decorrentes da medida cautelar adotada, devem ser objeto de oitiva
todos os órgãos, entidades e empresas atingidos pela tutela de urgência, abrindo-se prazo para que se
manifestem tão somente sobre a cautelar.
Após o exame dessas manifestações, não sendo caso de alteração da medida liminar, deve
prosseguir a unidade técnica na instrução do feito, identificando todos os responsáveis por cada um dos
atos tidos como irregulares, promovendo as respectivas audiências pela prática dos atos inquinados, bem
como a oitiva das empresas envolvidas, alertando-as para a possível declaração de nulidade dos ajustes
firmados.
Nas audiências e oitivas referidas no parágrafo anterior, deverão estar incluídas, sem prejuízo da
adição de outras falhas que a unidade técnica entenda existentes, as seguintes irregularidades:
a) autorização para execução de obras de construção da ferrovia Transnordestina sem realização de
certame licitatório para a escolha da empresa responsável pela execução do empreendimento;
b) autorização para execução de obras de construção da ferrovia Transnordestina sem que os
projetos apresentados fossem aprovados pelo órgão competente;
c) assinatura de Protocolo de Intenções relacionados à execução do projeto “Nova Transnordestina”
em que se admitia a construção e o financiamento das obras de construção da ferrovia sem que tenha
havido licitação para a escolha da empresa responsável pela execução do projeto;
d) alteração, ampliação e prorrogação indevida do contrato de concessão da Malha Nordeste;
112 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
e) cisão do contrato de concessão da Malha Nordeste e sua outorga à pessoa jurídica estranha ao
contrato original;
f) participação de entidades da administração pública federal, sem autorização legal, na formação da
pessoa jurídica a quem foi outorgada a construção e exploração da ferrovia Transnordestina;
g) assinatura de termos aditivos e outros instrumentos voltados à irregular modificação dos aspectos
contratuais da concessão da Malha Nordeste;
h) realização de aportes financeiros destinados à ferrovia Transnordestina por parte de diversas
entidades e órgãos da administração sem que houvesse estudos de viabilidade, projetos e orçamentos
adequados;
Faço, porém, observação importante em relação às irregularidades tratadas nestes autos. Muito
embora a questão central deste processo diga respeito à alteração indevida do contrato de concessão da
Malha Nordeste, não houve menção aos termos específicos do contrato original.
Examinando os termos do instrumento contratual firmado, bem como os termos do edital de 1997
(DOU de 2/5/97, pg. 953 e seguintes), ambos obtidos no sítio eletrônico da ANTT, verifica-se haver
expressa previsão contratual e editalícia para a inclusão da exploração da ferrovia Transnordestina no
contrato de concessão da Malha Nordeste, conforme reprodução a seguir:
Em que pese a possibilidade de concessão do “serviço público de Transporte Ferroviário” no trecho
denominado ferrovia “Transnordestina”, a que se refere o contrato acima, não se pode considerar que tal
previsão seja capaz de comportar a construção e exploração da nova malha que está sendo construída e
recebeu, inicialmente, denominação distinta de “Nova Transnordestina”.
Em dezembro de 2003, em razão da disposição contratual acima, o Dnit, em parceria com os
estados de Pernambuco e Ceará, começou a preparar os projetos de engenharia de dois trechos
ferroviários na região nordeste (trecho I e trecho II), que totalizavam 637km.
O trecho seguinte, extraído do portal do TCU, que reúne informações sobre obras públicas revela a
desfiguração do objeto pactuado segundo sua concepção original
(ttps://contas.tcu.gov.br/wikice/index.php?title=Ferrovia_Transnordestina):
“(...)
Infraestrutura ferroviária
O contrato de concessão firmado em 1997 tem por objeto a exploração do transporte ferroviário de
cargas da MALHA NORDESTE, constituída pelas Superintendências Regionais de Recife (SR-1),
Fortaleza (SR-11) e São Luiz (SR-12) da extinta RFFSA. Além desses trechos, o Parágrafo 2º também
113 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
incluiu o direito de exploração do transporte ferroviário de cargas à concessionária em novos trechos que
viriam a ser construídos pela Concedente, dentro dos projetos denominados Ferrovia Transnordestina e
Acesso Ferroviário ao Complexo Portuário do Pecém, conforme Figura 1, a seguir:
Figura 1: Mapa da malha concedida inicialmente à CFN (Fonte: adaptado do anexo I do Contrato de
concessão com informações do RIMA de implantação da Transnordestina).
A partir do mapa é possível observar que as linhas contínuas constituem a Malha Nordeste
proveniente da RFFSA e que as linhas pontilhadas representavam até 2005 o traçado do projeto da
ferrovia Transnordestina. Assim como descrito no RIMA produzido pelo DNIT (peça 7, p. 17), a ferrovia
Transnordestina era composta por dois trechos: Trecho I que ligava Petrolina (PE) - Salgueiro (PE) -
Missão Velha (CE) e o Trecho II que ligava Crateús (CE) - Piquet-Carneiro (CE).
O projeto, porém, veio a ser completamente modificado e ampliado no ano de 2005, ocasião em que
a CFN, a União, a Adene, o Dnit, o BNB e o Bndes firmaram o já mencionado protocolo de intenções
para realizar o projeto de infraestrutura denominado “Nova Transnordestina”, atribuído à concessionária
da Malha Nordeste em desacordo com a legislação e sem qualquer amparo efetivo nas disposições
contratuais.
Resta bem claro que a construção da ferrovia original seria de responsabilidade da União e o único
direito da concessionária seria aceitar ou não o preço que o Poder Concedente viesse a estabelecer para a
outorga do novo trecho, não existindo previsão nem permissão para que a construção da ferrovia fosse
atribuída à concessionária da Malha Nordeste.
Ainda que houvesse permissivo para tanto, a concessionária não estava sequer cumprindo as metas
de produção e redução de acidentes originalmente pactuadas para a Malha Nordeste, o que deveria ter
acarretado a caducidade da concessão, não sua prorrogação e ampliação.
Essas questões, porém, deverão ser melhor examinadas pela unidade técnica por ocasião da
instrução de mérito.
Ante o exposto, decido:
I) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts.
235 e 237 do Regimento Interno deste Tribunal;
II) indeferir o pedido de medida cautelar formulado pelo MPTCU no que se refere à adoção de
providências por parte da ANTT para a suspensão cautelar da execução das obras de construção da
ferrovia Transnordestina;
III) deferir o pedido de medida cautelar formulado pelo MPTCU, determinando, com fulcro no art.
276 do RI/TCU, à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, ao Fundo de Investimento do Nordeste -
Finor, ao Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE, ao Fundo de Desenvolvimento do
Nordeste - FDNE, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES e ao BNDES
114 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Participações S.A. - BNDESPar que se abstenham de destinar recursos, a qualquer título, para as obras de
construção da ferrovia Transnordestina (Malha II) ou para a respectiva concessionária;
IV) realizar, com fulcro no §3º do art. 276 do RITCU, a oitiva da ANTT, bem como das
concessionárias Transnordestina Logística S.A. (TLSA), da Ferrovia Transnordestina Logística S.A.
(FTL), bem como das demais entidades mencionadas no item anterior, para que se pronunciem, no prazo
de quinze dias, se assim desejarem, acerca dos elementos que amparam a cautelar adotada, conforme
descritos na presente representação;
V) determinar à SeinfraHidroFerrovia o prosseguimento da instrução deste feito, bem como a
adoção das demais medidas mencionadas nesta decisão.
VI) autorizar a SeinfraHidroFerrovia a realizar diligências, audiências e demais medidas saneadoras
que entenderem necessárias ao deslinde do feito.
À SeinfraHidroFerrovia, para as providências.
Brasília, 17 de maio de 2016.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
115 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ANEXO III DA ATA Nº 17, DE 18 DE MAIO DE 2016
(Sessão Ordinária do Plenário)
PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA
Relatórios e Votos emitidos pelo respectivo relator, bem como os Acórdãos de nºs 1219 a 1255,
aprovados pelo Plenário.
GRUPO II – CLASSE VII – Plenário
TC 035.784/2015-6
Natureza: Representação.
Representante: EBN Comércio, Importação e Exportação S.A.
Unidade: Comando Logístico do Exército (Colog).
Representação legal:
- Humberto Barbosa da Silva Leite (OAB/DF 35.074) e Raíssa Fernandes Barbosa Leite (OAB/DF
44.375), representando a EBN Comércio, Importação e Exportação S.A.
- Carlos Alberto Silva de Melo (OAB/PB 12.381), representando a Ricol Têxtil Indústria e
Comércio Ltda.
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. PREGÃO ELETRÔNICO. INDÍCIOS DE FRAUDE À
LICITAÇÃO. DOIS PREGÕES ELETRÔNICOS EM UNIDADES GESTORES DISTINTAS COM O
MESMO OBJETO. CONCESSÃO DE CAUTELAR SUSPENSIVA SOBRE O ANDAMENTO DO
CERTAME NO COLOG. OITIVAS. INDÍCIOS DE CONLUIO ENTRE EMPRESAS DO MESMO
GRUPO ECONÔMICO POR MEIO DE SÓCIOS COM RELAÇÃO DE PARENTESCO.
CONHECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO. PERIGO NA DEMORA REVERSO. REVOGAÇÃO DA
CAUTELAR SUSPENSIVA CONDICIONADA À RENEGOCIAÇÃO DO PREÇO. NECESSIDADE
DE SANEAMENTO DOS AUTOS. NOVA OITIVA DAS LICITANTES. AUDIÊNCIAS DOS
GESTORES RESPONSÁVEIS. PROSSEGUIMENTO DO FEITO.
RELATÓRIO
Trata-se de representação, com pedido de cautelar suspensiva, formulada pela empresa EBN
Comércio, Importação e Exportação S.A. sobre possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico nº 4/2015
conduzido pelo Comando Logístico do Exército (Colog) para o registro de preços em eventual aquisição
de material de intendência (item 1: conjunto camuflado – modelo 2009).
2.Pelo que consta dos autos, o referido certame foi realizado em 12/11/2015, salientando que a
adjudicação do objeto à empresa vencedora (Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda.) e a respectiva
homologação se deram em 14/12/2015.
3.Em sua manifestação à Peça nº 1, a ora representante apresentou os seguintes questionamentos em
relação ao Pregão Eletrônico nº 4/2015:
a)as empresas Rafael Indústria e Confecções Ltda. (Raicon) e Ricol Têxtil Indústria e Comércio
Ltda., que participaram da disputa do aludido certame, pertencem ao mesmo grupo econômico, o que
ofenderia a isonomia, a competitividade e a escolha da proposta mais vantajosa;
b)na fase de lances, a empresa ora representante foi a primeira colocada, a Raicon, a segunda e a
Ricol, a terceira, destacando que essa última pôde ofertar o lance final e terminou como vencedora, por
estar enquadrada na Lei Complementar nº 123/2006;
c)haveria relação de parentesco entre os sócios das empresas Ricol e Raicon e, ainda, relação de
parentesco entre eles e os sócios de duas empresas que apresentaram atestados de capacidade técnica em
favor da Ricol (Vince Indústria e Comércio Ltda. e Indústria de Confecções Rota’s);
116 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
d)os atestados de capacidade técnica emitidos, também em favor da Ricol, pelas empresas Marina
Del Rey e Navy Stone apresentariam o mesmo endereço (Rua Fábia, 1030, Vila Romana, em SP) e teriam
sido assinados pela mesma pessoa (Marileide Ferreira);
e)se excluídos os atestados emitidos pela empresas do mesmo grupo (Vince e Rotas’s) e os emitidos
pelas empresas Marina Del Rey e Navy Stone, o somatório dos quantitativos dos atestados remanescentes
não alcançaria o mínimo indicado no item 9.1.6.2 do edital como requisito para a qualificação técnica
(50%, que correspondem a 150.000 unidades);
f)o enquadramento da empresa Ricol como microempresa ou empresa de pequeno porte seria
indevido, visto que o seu faturamento seria maior que o previsto na Lei Complementar nº 147/2014,
conforme os empenhos emitidos pela própria administração pública;
g)o patrimônio líquido da empresa Ricol seria insuficiente para cobrir os prejuízos para
administração pública, no caso de problemas na execução contratual;
h)o Exército teria realizado outra licitação com o mesmo objeto e com o mesmo quantitativo
(Pregão Eletrônico nº 6/2015 do 11º Departamento de Suprimento – D Sup), destacando que, no referido
certame, a EBN sagrou-se vencedora pelo valor de R$ 95,00 a unidade, o que representaria, no total, a
economia de quase R$ 5 milhões, em comparação com o Pregão Eletrônico nº 4/2015 do Colog.
4.Após analisar o feito na instrução à Peça nº 19, a Selog concluiu pela existência de indícios de
antieconomicidade no Pregão Eletrônico nº 4/2015 e, ainda, de indícios de conluio e fraude à licitação,
caracterizados, em especial, pela relação de parentesco em primeiro grau dos sócios das empresas Ricol e
Raicon e, também, pela relação de parentesco entre os sócios da Ricol e os sócios das empresas Vince e
Rota’s, que emitiram atestados de capacidade técnica em favor da vencedora do certame.
5.Os elementos dos autos enfeixaram indícios suficientes à formação de convicção sobre a
existência dos pressupostos autorizadores da cautela pleiteada (fumus boni juris e periculum in mora),
de modo que, por meio do despacho à Peça nº 21, o expediente apresentado pela empresa EBN Comércio,
Importação e Exportação S.A. foi conhecido como representação e, nos termos do caput do art. 276 do
Regimento Interno do TCU, foi concedida a medida cautelar pleiteada, determinando ao Colog que
suspendesse o andamento do Pregão nº 4/2015 até a ulterior deliberação deste Tribunal, tendo sido
autorizada, ainda, na mesma oportunidade, a oitiva da referida unidade jurisdicionada, do 11º
Departamento de Suprimento e das empresas Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda., Rafael Indústria e
Confecções Ltda., Marina Del Rey Confecções de Roupas Ltda. e Navy Stone Confecções de Roupas
Ltda., para que se manifestassem sobre as falhas apontadas na representação.
6.Após a adoção das aludidas medidas pela Selog, a auditora federal lançou a sua instrução de
mérito à Peça 80, com a anuência dos dirigentes da unidade técnica, nos seguintes termos:
“(...) 3. A representante questionou a habilitação da empresa Ricol no Pregão Eletrônico 4/2015 do
Colog em razão da participação no certame de empresas do mesmo grupo econômico e familiar
(empresa Rafael Indústria e Confecções Ltda. - Raicon); de terem sido apresentados atestados de
capacidade técnica de empresas do mesmo grupo familiar e econômico (empresas Rafael Indústria e
Confecções Ltda., Vince Indústria e Comércio Ltda. - Vince e Indústria de Confecções Rota’s - Rota’s);
de dois dos atestados emitidos por empresas diferentes apresentarem o mesmo endereço e a assinatura
da mesma pessoa (Marina Del Rey e Navy Stone).
4. Alegou, também, que a empresa Ricol não atendia aos requisitos previstos na Lei Complementar
123/2006, alterada pela Lei 147/2014, no que se refere ao seu enquadramento como microempresa ou
empresa de pequeno porte; que o Exército teria realizado outra licitação com o mesmo objeto e mesmo
quantitativo por meio do 11º Depósito de Suprimentos – 11º D Sup (Pregão Eletrônico 6/2015); e que o
resultado desta licitação foi um preço menor do que o decorrente da licitação do Colog.
5. Por meio de despacho (peça 21), o Ministro-Relator determinou a suspensão cautelar do
certame e as oitivas do Colog, do 11º D Sup, das empresas Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda.-ME -
Ricol, Rafael Indústria e Confecções Ltda. - Raicon, Marina Del Rey Confecções de Roupas Ltda. e Navy
Stone Confecções de Roupas Ltda. com o intuito de elucidar os fatos apontados na instrução inicial (peça
19).
117 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6. O Colog manifestou-se por meio do ofício 1-Cmdo Log/Colog (EB: 0068349.00001430/2016-
28), de 5/2/2016 (peça 58), e o 11º D Sup, por meio dos ofícios 2 e 3-Subchefia/Chefia, de 18/1/2016 e
5/2/2016 (peças 42 e 57). As empresas Ricol e Raicon apresentaram suas respostas, conforme peças 53 e
52, respectivamente. As empresas Marina Del Rey e Navy Stone não se manifestaram e as confirmações
de recebimento de suas comunicações constam das peças 54 e 55. Além disso, a empresa EBN
apresentou informações adicionais (peça 56).
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
7. A representação atendeu aos requisitos de admissibilidade previstos nos art. 235 e 237, VII, do
Regimento Interno do TCU, c/c o art. 113, §1º, da Lei 8.666/1993, e foi conhecida pelo Relator (peça 21).
EXAME TÉCNICO
Manifestação da empresa Rafael Indústria e Confecções Ltda. - Raicon (peça 52)
8. A empresa Raicon informou que a sua participação se deu no seu estrito interesse na licitação,
que o quadro social, endereço, quadro de empregados e instalações são diversos das informações
referentes à empresa Ricol. Esclareceu que os sócios da empresa não realizaram nenhum ajuste junto à
Ricol.
Manifestação da empresa Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda.-ME (peça 53)
9. A empresa informou que na Lei 10.520/2002 não consta vedação expressa ou implícita à
participação de empresas com sócios parentes entre si na mesma licitação; e que, no Acórdão-TCU
1.448/2013-Plenário, o Tribunal se manifestou no sentido de não haver óbice à participação de empresas
com sócios parentes entre si, exceto quando houver prova da prática de atos contrários aos princípios
que regem a Lei de Licitações (peça 53, p. 2).
10. Informou que as empresas apresentaram preços diversos, que a representante não faz menção,
nem comprovação, à utilização comum de recursos materiais, tecnológicos ou humanos por essas
empresas que pertenceriam ao mesmo grupo econômico (peça 53, p. 3).
11. A Ricol esclareceu que é uma empresa autônoma; que não possui acordo para utilizar pessoal
ou maquinário de outra empresa ou que outra empresa se utilize dos seus recursos; que ela e a empresa
Raicon são pessoas jurídicas distintas, com autonomia própria, quadro societário e sedes distintas.
Alegou que as sócias da empresa Ricol não participam, nem mesmo como sócias cotistas, de qualquer
outra empresa do ramo de indústria de confecções, que tal fato pode ser verificado junto à Junta
Comercial do Estado da Paraíba e que não houve conluio ou fraude comprovada que justificasse sua
desclassificação (peça 53, p. 3-5 e 12-16).
12. Quanto aos atestados das empresas Vince e Rota’s, alegou que as empresas possuem
personalidades jurídicas distintas, sócios distintos, que inexiste vedação no edital e na Lei de Licitações
quanto ao presente caso. Apresentou trecho do Acórdão-TCU 2.241/2012-Plenário, que estabelece que
empresas do mesmo grupo econômico podem emitir atestados de capacidade técnica visto que não há
vedação na lei ou no edital e que essas empresas possuem personalidade e patrimônio distintos, assim
suas transações não se misturariam (peça 53, p. 5 e 6).
13. A empresa esclareceu que os atestados emitidos pelas empresas Marina Del Rey e Navy Stone
foram assinados pela mesma pessoa, mas em períodos diversos (2007 e 2012); que os serviços foram
prestados e anexou as cópias das notas fiscais (peça 53, p. 6 e 18-26).
14. Por fim, alegou que houve economicidade no certame visto que o material da EBN seria
produzido na China e os da Ricol no Brasil, desse modo, caso fosse aplicada a margem de preferência
prevista no art. 3° da Lei 8.666/1993 c/c o art. 1° e o Anexo I do Decreto 7.756/2012 (margem de 20% no
preço do produto estrangeiro ao ser comparado com o produto nacional), o valor ofertado seria
considerado mais vantajoso. Além disso, informou que já firmou contrato de seguro, o que corroboraria
a ausência de risco de prejuízo aos cofres públicos (peça 53, p. 7-9 e 29-30).
Manifestação do 11º Depósito de Suprimento do Exército – 11º D Sup (peças 42 e 57)
15. O 11º D Sup informou que realizou o Pregão Eletrônico 6/2015 por determinação constante no
documento DIEx 6940-SGLFE/D Abast, de 5 de outubro de 2015, da Diretoria de Abastecimento do
Comando Logístico do Exército (peça 57, p. 1).
118 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
16. No documento mencionado, consta determinação ao 11º D Sup para abertura de processo
licitatório para adquirir itens ‘conjunto camuflado’ no total de 300.000 unidades. A justificativa, no
ofício, para que a aquisição se desse por esta organização foi que ‘a experiência ao longo dos anos tem
mostrado que resultados eficazes vêm sendo obtidos por meio da aquisição descentralizada de alguns
itens, particularmente, no que se refere à qualidade do material e rapidez na execução dos processos
licitatórios’. A aquisição visava atender ao efetivo do ano de 2017 (peça 57, p. 5 e 6).
Manifestação do Comando Logístico do Exército – Colog (peça 58)
17. O Colog informou que suspendeu o Pregão Eletrônico 4/2015; que durante o certame não foi
identificada relação de parentesco entre os sócios das empresas Ricol e Raicon; e também que não havia
registro dessa informação no Comprasnet. Além disso, não foi verificado que houve benefício, visto que
elas figuraram em primeiro e terceiro lugares (a EBN ficou em segundo) ao final do certame. Apresentou
o trecho do Acórdão-TCU 1.448/2013-Plenário que estabelece a inexistência de vedação legal à
participação de empresas cujos sócios tenham relação de parentesco entre si, exceto em caso de indícios
de conluio (peça 58, p. 2-3).
18. Esclareceu que a empresa EBN não venceu o certame em razão do dispositivo legal que
privilegia as micro e pequenas empresas, visto que participaram 19 empresas; que a empresa EBN
ofertou 27 lances, a Ricol, 19 e a Raicon, 20. A fase de lances permaneceu aberta por 1h23, a menor
proposta foi da empresa EBN no valor de R$ 115,48, a Ricol foi chamada na condição de ME/EPP e
reduziu o valor do lance para R$ 115,47 e, após negociação, ofertou o preço de R$ 111,29. Com isso, o
Exército não identificou nenhum fato que indicasse conluio, relação de parentesco ou violação ao sigilo
das propostas (peça 58, p. 3-4).
19. Quanto aos atestados das empresas Marina Del Rey e Navy Stone, informou que realizou
diligência por telefone junto à Sra. Marileide Ferreira, sendo que esta ratificou a autenticidade dos
atestados e remeteu cópia das notas fiscais. No contato, foi esclarecido que a Sra. Marileide trabalhava
na empresa Navy Stone em 2007 e que esta foi adquirida pela empresa Marina Del Rey e ela foi admitida
no quadro de funcionários. O atestado apresentaria o mesmo endereço porque a empresa Marina Del
Rey, com a aquisição, também se apropriou das instalações físicas da Navy Stone (peça 58, p. 4 e 95-
102).
20. A aceitação dos atestados da empresa Raicon deveu-se ao fato de terem sido encaminhados
todos os documentos fiscais que comprovaram as transações comerciais realizadas entre as empresas e
não foi identificado, pelo Exército, nenhuma relação econômica ou familiar entre os integrantes da
empresa Ricol e Raicon, tampouco houve qualquer alerta do Comprasnet quanto a esse aspecto.
Informou que os endereços constantes dos atestados eram distintos e que a vistoria visou apenas a
verificar a capacidade técnica da empresa Ricol (peça 58, p. 4-5).
21. A realização do Pregão Eletrônico 6/2015 do 11º D Sup com o mesmo objeto e quantitativo
deveu-se à decisão do Diretor de Abastecimento do Exército com o intuito de evitar a falta do
fardamento. A interposição de recursos no âmbito do Pregão Eletrônico 4/2015 do Colog colocaria em
risco a aquisição, visto que a data-limite para movimentação e empenho de créditos era 18/12/2015.
Assim, a aquisição por meio do 11º D Sup seria uma linha alternativa. Porém, em razão dos recursos
interpostos, não foi possível homologar o Pregão 6/2015 em tempo hábil. Com isso, a licitação do 11º D
Sup visava apenas a se precaver dos possíveis atrasos na licitação do Colog e não a adquirir fardamento
em quantidades acima das necessidades do Exército (peça 58, p. 5-6).
22. Quanto à alegação de antieconomicidade, o Colog informou que o pregão do 11º D Sup não foi
concluído em 2015 em razão dos recursos interpostos, caso tivesse sido finalizado a tempo, a contratação
se daria por meio do Pregão Eletrônico 6/2015. Acrescentou que o pregão do Colog era registro de
preços, logo o preço deveria ser mantido por doze meses e o do 11º D Sup era para aquisição imediata,
assim a licitação para aquisição imediata teria preço mais vantajoso (peça 58, p. 6).
23. Por fim, o Colog argumentou que foi realizado empenho de R$ 23.953.000,00 em 2015 (LOA
2015) e, no caso de manutenção da suspensão ou anulação do Pregão Eletrônico 4/2015, ocorrerá a
perda do recurso. Tal fato, adicionado às severas restrições orçamentárias impostas ao órgão, teria um
119 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
forte impacto negativo no planejamento da utilização dos créditos em 2016, gerando, ainda, a duplicação
dos custos na aquisição de uniforme no exercício financeiro vigente. A interrupção da licitação
questionada também afetará a futura distribuição dos uniformes por todo o território nacional, visto que
o fardamento adquirido no final de 2015 tem o objetivo de atender às necessidades do exercício de 2017
(peça 58, p. 6-7).
Novos elementos apresentados – EBN Comércio, Importação e Exportação S/A (peça 56)
24. A EBN acrescentou que foi a vencedora do fornecimento de fardamento para o Exército nos
últimos cinco anos e que, com base nos seus cálculos e no conhecimento mínimo das unidades licitadas e
do quantitativo de militares que ingressam anualmente, concluiu que o exército possui fardamento
suficiente até o final de 2017. Porém, a empresa diz que não é capaz de produzir prova do alegado, mas
tal fato poderia ser diligenciado pelo TCU junto ao Exército. A EBN anexou a relação dos depósitos do
Exército, endereço, telefone e email de cada um.
Análise
25. A empresa Raicon apenas declarou a independência da sua proposta e que o quadro social,
endereço, quadro de empregados e instalações são diferentes da Ricol. A Ricol alegou inexistência de
vedação legal à participação em licitação de empresas com sócios parentes; que os preços ofertados
foram diversos da Raicon; que utiliza recursos tecnológicos e humanos próprios; e que não possui
acordo com outras empresas para que se utilizem dos seus recursos.
26. Alegou, ainda, que os sócios da Ricol não participam de outras sociedades empresariais e que,
conforme a empresa, não houve conluio ou fraude comprovada. Os atestados fornecidos pelas empresas
Vince e Rota’s referem-se a personalidades jurídicas distintas e não havia vedação quanto à
apresentação de atestados de capacidade técnica por empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico
no edital e nem na Lei de Licitações.
27. Quanto aos atestados emitidos pelas empresas Marina Del Rey e Navy Stone, apresentou os
documentos fiscais pertinentes que evidenciam a efetivação do fornecimento do material objeto dos
atestados. Além disso, as referidas empresas possuem sócias em comum (peças 76 e 77), evidenciando a
relação de aquisição alegada.
28. Informou sobre a economicidade do seu preço, visto que o produto seria fabricado no Brasil,
ao passo que o da EBN (vencedora no Pregão Eletrônico 6/2015 do 11º D Sup) teria o fardamento
fabricado na China, logo, se fosse aplicada a margem de preferência prevista no art. 3° da Lei
8.666/1993 c/c o art. 1° e o Anexo I do Decreto 7.756/2012 (margem de 20% no preço do produto
estrangeiro ao ser comparado com o produto nacional), o valor ofertado seria considerado mais
vantajoso.
29. O Acórdão-TCU 1.448/2013-Plenário – Relator Ministro Walton Alencar – efetivamente trata
da possibilidade de participação de empresas com sócios parentes e esclarece a necessidade de indícios
relevantes e fundamentados documentalmente que possam ensejar a aplicação de penalidades. O
Acórdão-TCU 2.241/2012-Plenário – Relator Ministro José Múcio – trata da emissão de atestados de
capacidade técnica por empresas de mesmo grupo econômico e também acrescenta que esse fato,
isoladamente, não seria suficiente para caracterizar a irregularidade.
30. As relações societárias e de parentesco foram apresentadas na instrução anterior (peça 19, p.
3). As empresas Raicon e Ricol não abordaram o fato de seus sócios majoritários (Sra. Maria José de
Lucena Aguiar detentora de 98% do capital da Ricol e Sr. João Rafael de Aguiar, 90% do capital da
Raicon) residirem no mesmo endereço, ou seja, se utilizarem pessoalmente do mesmo patrimônio. Além
disso, o Sr. João Rafael é pai dos filhos da Sra. Maria José, logo se pode deduzir que eles mantêm
relação familiar e conjugal, são sócios majoritários de empresas distintas, atuantes no mesmo ramo e
participaram de um mesmo certame.
31. A Diretora Industrial da Ricol (peça 5, p. 161) é Jaberlly Cristina de Aguiar Amorim que é filha
de Maria José, sócia da Ricol, e detém 50% do capital da Vince. O Diretor Comercial da Ricol (peça 5,
p. 161) é Jarbas de Lucena Aguiar, filho de Maria José e detém 10% do capital da Raicon. As relações
de parentesco foram identificadas pelas informações cadastradas em sistemas de informação da
120 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
administração pública. O atestado emitido pela empresa Marina Del Rey, menciona o nome da Ricol,
mas o endereço é o cadastrado da Receita Federal pela empresa Raicon, Via Perimetral 1 Lote 4 e 5
Quadra 3 Galpão 1e 2, e constante do próprio documento de resposta encaminhado pela Raicon (peça 5,
p. 187 e peça 52, p. 1).
32. Algumas coincidências de endereço também já foram mencionadas anteriormente (item 19 da
instrução anterior, peça 19). Para reforçar as argumentações iniciais, outras situações coincidentes
foram verificadas: nos atestados e notas fiscais apresentados (peça 6, p. 11 e 12), a Ricol e a Raicon
apresentam o mesmo endereço; os atestados e notas fiscais emitidos pela Raicon e Ricol apresentam o
mesmo número de telefone para contato, (83) 3271-4104 (peças 6, p. 11 e 12).
33. Essas identidades podem ser verificadas nas diversas notas fiscais apresentadas pela Raicon
como suporte aos atestados de capacidade técnica emitidos (peça 6, p. 1-9,13, 17-20, 25). Além disso,
ainda consta a foto do Sr. João Rafael, sócio majoritário da Raicon, entre os documentos de vistoria das
instalações da Ricol (peça 6, p. 66), conforme já mencionado na instrução anterior (peça 19, item 33).
34. Em busca no sítio do Comprasnet, com o intuito de evidenciar os achados anteriores, foi
verificado nos pregões eletrônicos 12, 13 e 30, todos de 2015, da Subdiretoria de Abastecimento da
Aeronáutica – SDAB (UG 120100), documentos emitidos pela empresa Raicon com o email de contato da
empresa Ricol, [email protected], propostas de preços num mesmo certame com os mesmos
endereços para as duas empresas, mesmos telefones, conforme cabeçalhos dos documentos (peças 64-
75). Logo, pode-se concluir que as empresas Raicon e Ricol atuaram de forma conjunta e têm
participado dessa mesma forma em outros certames da Administração Pública, com isso, há quebra dos
princípios da legalidade, moralidade, isonomia, competitividade e sigilo da proposta.
35. No Pregão Eletrônico 4/2015 - Colog, durante o período aleatório, a Raicon ofertou 16 lances
e a Ricol, 13 lances, o aleatório durou catorze minutos. A empresa Nayr permaneceu 4 segundos como
líder, a Mobile, 32 segundos, o restante dos 13 minutos foi dominado pela EBN e pela Raicon. A Ricol
não deu o melhor lance em nenhum momento, permanecendo em segundo ou terceiro lugares no certame
(peça 63), evidenciando o seu desinteresse em ficar em primeiro lugar.
36. A manutenção no segundo lugar ou terceiro lugar é possível, visto que o sistema disponibiliza
para o fornecedor os cinco melhores lances do momento. Apesar da possibilidade de utilização indevida
da ferramenta, essa visibilidade é permitida para que as empresas possam se posicionar melhor no
certame quando não detêm a menor proposta. Na licitação, é possível afirmar que a competitividade não
foi afetada em sua totalidade, visto que a EBN permaneceu dando lances até o final.
37. A atuação de duas empresas com interesse único num certame gera o aumento significativo de
chances de obter o melhor resultado. Quando a primeira colocada não é uma micro ou pequena empresa
e a segunda colocada se encontra nessa condição, essa última poderá usufruir do benefício da Lei
Complementar 123/2006 (dependendo do valor ofertado), e com isso, a chance de êxito aumenta ainda
mais, aproximando-se dos 100%. Conforme mencionado na instrução anterior, a empresa Ricol estava
na condição de micro e pequena empresa (peça 18, p. 3), assim teve a opção de ofertar mais um lance e,
com isso, foi sagrada a vencedora do certame. Caso a empresa Ricol não tivesse tido essa opção, a
empresa EBN teria sido a vencedora.
38. A propósito, quanto à qualificação como micro e pequena da empresa Ricol, foram efetuados
pagamentos em 2014 pelo Comando da Marinha e da Aeronáutica no total de R$ 1.714.161,08 e em
2015, R$ 1.757.623,99 (peça 19, p. 5). Assim, com base nesses valores, a Ricol continuaria a receber
tratamento diferenciado em licitações porque estaria dentro do limite previsto para as empresas de
pequeno porte (Lei Complementar 123/2006).
39. Dadas as informações acima, há evidências documentais de que as empresas Raicon e Ricol,
apesar de distintas, representam um único grupo (familiar e econômico), patrimônio compartilhado,
atuaram de forma conjunta no certame e somente obtiveram o melhor resultado por se utilizarem da
condição de micro/pequena empresa de uma delas. A relação da Ricol e da Vince também pode indicar
fraude, item 31 desta instrução e 21 e 22 da instrução anterior (peça 19), com isso o atestado emitido
pela Vince também deveria ser desconsiderado.
121 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
40. O fato de o atestado emitido pela empresa Marina Del Rey conter no seu corpo o endereço da
empresa Raicon, mas se referir a fornecimentos efetuados pela empresa Ricol, também deveria ser
motivo para sua eliminação. Apesar da relação de parentesco fraternal entre a sócia da empresa Ricol e
o sócio da empresa Rota’s (peça 19, itens 21 e 22), não foi encontrado, nos autos, nenhum outro vínculo
ou ajuste entre essas empresas, logo o seu atestado poderia ser considerado válido.
41. A desconsideração dos atestados das empresas Raicon, Vince e Marina Del Rey faria com que
apenas os atestados emitidos pela Aeronáutica, Navy Stone e Rota’s (peças 5, p. 185, 186, 188 e peça 6,
p. 21 e 24) permanecessem válidos. O somatório dos atestados válidos demonstraria o fornecimento de
129.428 unidades do objeto. Esses documentos não atenderiam ao disposto no item 9.1.6.2 do certame
(peça 4, p. 243), que define o quantitativo de 50% do estimado para o item licitado, ou seja, 150.000
unidades.
42. A margem de preferência (art. 3° da Lei 8.666/1993 c/c o art. 1° e o Anexo I do Decreto
7.756/2012) alegada pela Ricol, com o intuito de evidenciar a economicidade do preço, não é cabível,
visto que ela deve ser utilizada no mesmo certame e não em comparação entre diferentes licitações.
43. Além disso, o Decreto prevê no art. 2°, §2°, inciso II, que, junto com os documentos de
habilitação, seja apresentado o formulário de declaração de cumprimento da regra de origem conforme
modelo publicado em ato do Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, logo, somente
seria válido com a apresentação desse documento.
44. No Pregão Eletrônico 4/2015-Colog, o preço apresentado pela Ricol efetivamente
correspondeu ao menor preço no certame, logo a margem não seria aplicável. Quanto à assinatura de
contrato de seguro pela Ricol, apesar de garantir a execução dos serviços, não a exime das
irregularidades identificadas no certame.
45. As alegações da Ricol e da Raicon não foram suficientes para afastar as irregularidades
identificadas na licitação, desse modo, propõe-se a aplicação da penalidade de declaração de
inidoneidade prevista nos termos do art. 46 da Lei 8.443/1992, em virtude de prática fraudulenta
comprovada no pregão eletrônico 4/2015-Colog.
46. A proposta de penalidade decorre do fato de as empresas pertencerem a um mesmo grupo
familiar e econômico, apresentarem composição societária inconstante, com pessoas da mesma família
se alternando como sócios nessas empresas (peça 19, item 23), atuarem de forma conjunta nas licitações
e se utilizarem da condição de micro/pequena empresa para garantir o melhor resultado na licitação.
Considerando os fatos relatados, pode-se concluir que representam interesse único e se beneficiam de um
único patrimônio, desse modo a conduta das empresas atenta contra os princípios da legalidade,
moralidade, isonomia, competitividade e seleção da proposta mais vantajosa.
47. O 11º D Sup informou que a realização do Pregão Eletrônico 6/2015 decorreu de determinação
do Comando Logístico do Exército – Colog, conforme DIEx 6940-SGLFE/D Abast, de 5 de outubro de
2015, com isso o órgão apenas atendeu a determinação superior.
48. O Colog informou que, durante o Pregão Eletrônico 4/2015, não foi identificado vínculo de
parentesco entre os sócios das empresas Ricol e Raicon e o sistema Comprasnet não emitiu nenhum
alerta. De fato, em caso de parentesco, o sistema não emite alerta e também não é possível visualizar o
histórico societário das empresas. Ao final do certame, elas estavam em terceiro e primeiro lugares,
conforme o Colog, mas, na verdade estavam em terceiro e segundo lugares, respectivamente, e após o
desempate de ME/EPP, a Ricol passou a ser a primeira colocada no certame.
49. O Exército afirmou que não identificou conluio, visto que houve disputa, e também não teria
havido violação da proposta, uma vez que as empresas não tiveram conhecimento da autoria das
propostas dos demais licitantes.
50. Quanto aos atestados da Marina Del Rey e Navy Stone, o órgão informou que realizou
diligência junto à Sra. Marileide Ferreira, e que esta ratificou a autenticidade dos atestados e remeteu
cópia das notas fiscais. Os documentos foram enviados pelo Colog e efetivamente comprovam a
prestação dos serviços. Com a digitalização, a visibilidade das notas fiscais ficou prejudicada, no
122 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
entanto, a consulta da documentação em meio físico, encaminhada ao TCU, confirma a veracidade das
informações (peça 58, p. 95-102).
51. O Colog informou que a aceitação das notas fiscais da empresa Raicon deveu-se à
apresentação dos documentos fiscais que comprovaram as transações comerciais realizadas entre as
empresas, que não identificou nenhuma relação econômica ou familiar entre os seus integrantes, pois os
endereços eram distintos, e que a vistoria visou apenas a verificar a capacidade técnica da empresa
Ricol.
52. Ainda, é necessário rememorar que aparecem três endereços distintos relativos à empresa
Ricol nos documentos do certame: Rua Floriano Peixoto, 38, na Procuração (peça 5, p. 153), Via
Perimetral 1, Lote 4 e 5, Quadra 3, no documento com a identificação dos documentos de habilitação da
empresa (peça 5, p. 152) e Rua Floriano Peixoto, 50, no Certificado do FGTS (peça 5, p. 178).
53. Quanto a foto de João Rafael, sócio da Raicon, durante a realização da vistoria, não houve
justificativa adequada para o fato. Apesar da ausência de justificativa plausível, deve ser considerada a
não identificação imediata de vínculos entre os sócios das empresas, a ausência de alerta no
Comprasnet, a diligência do gestor em solicitar as notas fiscais da Marina Del Rey e Navy Stone e a
diversidade de endereços nos documentos. Dessa forma, não era exigível conduta diversa do pregoeiro
na condução do certame, razão pela qual se deixa de propor qualquer medida em relação ao agente
público do Colog.
54. Quanto à duplicidade de licitações, deve-se destacar que o ofício para o 11º D Sup foi datado
de 5/10/2015, o edital do Pregão 4/2015-Colog foi lançado em 30/10/2015, realizado em 12/11/2015
(peça 5, p. 92 e peça 9), concluída habilitação em 17/11/2015 e ingresso de recurso pela EBN em
19/11/2015 (peça 7, p. 8-25). A Ricol apresentou suas contrarrazões em 23/11/2015 (peça 7, p. 55-58 e
66), a EBN apresentou novo recurso datado de 26/11/2015 (peça 7, p. 109-115). Em 3/12/2015, foi
reaberto prazo para recurso (peça 8, p. 86-87) e a EBN apresentou pedido de cópia e vista dos autos
(peça 8, p. 93).
55. A licitação 6/2015 do 11º D Sup (UG 160072) foi lançada em 30/11/2015, conforme pesquisa
no Comprasnet. Desse modo, até o lançamento da licitação pelo 11º D Sup ainda não havia sido
concluído o procedimento do Pregão 4/2015-Colog. A realização de duas licitações com o mesmo objeto
não é uma medida adequada e razoável quando há possibilidade de o gestor escolher por qual licitação
realizar a despesa sem atrelar a escolha ao menor valor obtido para o objeto, em desacordo com os
princípios da economicidade e da impessoalidade.
56. No presente caso, a licitação do 11º D Sup foi lançada durante a fase de recursos da licitação
do Colog e a abertura da sessão do pregão eletrônico 6/2015 se deu em 10/12/2015 mesmo tendo
recebido o documento autorizando a licitação em 5/10/2015. Na data da abertura do certame ainda não
havia sido concluído o julgamento do último recurso impetrado pela EBN em 3/12/2015. A data de
julgamento dos recursos e homologação do pregão eletrônico 4/2015-Colog foi 14/12/2015 (peça 8, p.
104 e 108).
57. Assim, nesse caso concreto, há justificativa para realização de nova licitação, visto que o prazo
para emissão de empenho no exercício de 2015 se encerraria em 18/12/2015 e a nova licitação seria uma
alternativa, conforme alegado pelo Exército, o que não se justifica é a escolha pelo certame que não
retornou o melhor resultado financeiro para a Administração, visto que o prazo final para emissão de
empenho para toda a Administração Pública foi 31/12/2015. Por essa razão não será realizada
audiência dos agentes públicos envolvidos, porém deve ser dada ciência ao órgão quanto a essa
irregularidade.
58. Também não fica claro quais as razões para o pregão eletrônico do Colog consistir em registro
de preço e o do 11º D Sup, com o mesmo objeto, em compra imediata, visto que as duas licitações tinham
o mesmo objetivo (atender à demanda do Exército para 2017). Tal fato poderia explicar a diferença de
preço entre as duas licitações, visto que no registro de preços o valor deve ser mantido por doze meses,
tendendo a se elevar, mas não explica as razões de o Exército ter realizado a segunda licitação para a
compra imediata.
123 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
59. A não aquisição por meio da licitação do 11º D Sup foi justificada pela interposição de
recursos e, com isso, não teria havido possibilidade de homologar o Pregão 6/2015 em tempo hábil.
Conforme consulta ao Comprasnet, nesse certame a empresa Raicon impetrou recurso em 18/12/2015 e a
EBN apresentou as contrarrazões em 23/12/2015. O resultado do julgamento se deu em 30/12/2015.
Conforme decisão do pregoeiro, o recurso da empresa Raicon foi negado e a empresa EBN venceu o
certame, porém o item teve de ser cancelado em razão da data limite de emissão de empenho ter sido
18/12/2015 (peça 58, p. 135). Não consta dos autos se a data para a emissão de empenho foi postergada
dentro do órgão, porém o prazo final para emissão de empenho para a Administração Pública foi
31/12/2015.
60. O Colog informou, ainda, que empenhou o valor de R$ 23.953.000,00 em 2015 (LOA 2015),
que a anulação do certame, Pregão Eletrônico 4/2015, ocasionaria a perda do recurso e que,
considerando a severa restrição orçamentária de 2016, o órgão teria um grande impacto negativo nos
créditos de 2016 com atrasos na distribuição dos uniformes no território nacional.
61. Nesse ponto, é importante ressaltar que, na disputa do pregão, houve irregularidades e que as
empresas Ricol e Raicon atentaram quanto aos princípios da legalidade, moralidade, isonomia,
competitividade e sigilo da proposta, o que leva à necessidade de declaração de inidoneidade dessas
empresas.
62. O valor definido como estimado foi o mesmo ofertado, ao final da negociação, pela empresa
Ricol, R$ 111,29 (peça 9, p. 1). A pesquisa de preços do órgão foi realizada com base em três
orçamentos de empresas e no valor final do pregão realizado em 2013 com o mesmo objeto (peça 4, p.
196-203, 210, 217, 220, 222-224). A definição do estimativo se deu com base na média dos menores
valores (valor da ata de 2013 e do menor orçamento das empresas).
63. Desse modo, com o intuito de verificar a economicidade do valor licitado pelo Colog, foi
verificado que, no pregão eletrônico 6/2015- 11º D Sup, a EBN ofertou R$ 95,00, a Raicon, R$ 114,05 e
a Nayr, R$ 114,36 (peça 11, p. 9-11). Os preços das segunda e terceira colocadas foram bem maiores
que o valor ofertado pela vencedora da licitação, EBN. Logo, apesar de ser verificado que a pesquisa de
preços foi adequada e que o preço da Ricol se encontra compatível com o valor de mercado, o valor
ofertado pela EBN seria muito mais vantajoso para a administração.
64. Em razão de o valor obtido no pregão eletrônico 6/2015-11º D Sup ter sido de R$ 95,00, o que
geraria uma economia de 4,8 milhões aos cofres públicos em relação ao resultado do pregão 4/2015-
Colog, e do prazo de realização de empenho para a Administração Pública ter findado somente em
31/12/2015, o ordenador de despesas do Colog deveria ter informado aos seus superiores quanto à
economia na compra de fardamento, caso ela fosse realizada por meio do 11º D Sup.
65. Desse modo, o agente público deve justificar as razões pelo não monitoramento do andamento
dos dois pregões eletrônicos (4/2015-Colog e 6/2015-11º D Sup) e dos seus resultados e o porquê da não
anulação do empenho emitido pelo Colog para a Ricol e posterior remanejamento dos créditos para o
11º D Sup para a efetivação do empenho junto à EBN, excepcionalizando a regra da emissão até o dia
18/12/2015 em função dos resultados obtidos, o que representaria uma economia de quase cinco milhões
de reais à Administração.
66. Apesar de, no caso concreto, não estar caracterizada, até o momento, má-fé do pregoeiro na
condução do certame; de a anulação do certame resultar na perda do crédito; de a economia do País se
encontrar em recessão e não se vislumbrar acréscimo nos créditos orçamentários, a declaração de
inidoneidade tem como consequência lógica a anulação do certame e do respectivo empenho emitido
pelo Colog à empresa Ricol.
67. Além disso, com o intuito de reforçar a necessidade de anulação do certame, deve ser frisado
que somente parte dos atestados apresentados pela Ricol foram considerados válidos. O somatório dos
atestados, por não alcançar o percentual de 50% em relação ao objeto, não comprova a capacidade
técnica da empresa exigida no pregão eletrônico 4/2015-Colog, conforme item 41 desta instrução, o que
resultaria na sua inabilitação.
124 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
68. Dessa forma, o órgão deve, caso ainda tenha interesse em adquirir o fardamento, promover
nova licitação. Além disso, deve ser recomendado que as licitações anuais de compra de fardamento
sejam realizadas no primeiro semestre do exercício com o intuito de garantir a conclusão do certame
dentro do exercício, visto que a aquisição desse objeto deve ser planejada anualmente.
69. Quanto à alegação da EBN de que o quantitativo de fardamento existente no Exército seria
suficiente para 2017 e que o TCU deveria verificar a afirmação, esclarece-se que o fornecimento de
fardamento é anual e é obrigação do Exército, com isso, é razoável supor que o órgão conheça suas
necessidades de atendimento da demanda em todo o território, não sendo da alçada do TCU fazer juízo
de valor quanto a esse fato. Tal informação atenderia ao interesse particular em detrimento do interesse
público, afastada, com isso, a atuação do TCU conforme solicitação da EBN.
CONCLUSÃO
70. As manifestações da Ricol e Raicon buscaram esclarecer que essas empresas são autônomas;
que possuem quadro social, endereço, quadro de empregados e instalações diferentes; e que não houve
conluio. A Ricol acrescentou a ausência de vedação legal quanto aos atestados fornecidos pelas
empresas Vince e Rota’s e apresentou os documentos fiscais quanto aos serviços prestados às empresas
Marina Del Rey e Navy Stone (itens 25-27).
71. Considerando as relações societárias e de parentesco mencionadas na instrução anterior (peça
19), nenhuma das duas empresas apresentaram argumentos capazes de afastar essas relações e, apesar
da declaração de que são autônomas, Ricol e Raicon não são empresas independentes, visto que, além
das sucessivas alternâncias societárias, foram verificados documentos com o mesmo endereço, mesmo
número de telefone e foto do Sr. João Rafael como Diretor do grupo (itens 30-33).
72. A atuação no certame de duas empresas com interesse conjunto representa a ampliação
considerável de chances de obter o melhor resultado, vantagem indevida e afronta à Lei de Licitações.
Quando uma delas ainda conta com os benefícios da Lei Complementar 123/2006, na condição de
empresa de pequeno porte, as chances de obter o melhor resultado na licitação se aproximam dos 100%.
Considerando as possibilidades do sistema de visualizar os cinco melhores lances, a empresa pode ter se
utilizado indevidamente da ferramenta, o que possibilitou o êxito mesmo não obtendo o melhor preço na
fase de lances. Além disso, com o intuito de reforçar os achados anteriormente verificados (peça 19),
foram identificadas outras licitações de 2015, com documentos da Raicon e email de contato da Ricol
(itens 34-39).
73. Em decorrência desse fato e dos elementos constantes nos autos, os atestados de capacidade
técnica foram analisados e constatou-se que os documentos emitidos pelas empresas Raicon, Vince, e
Marina Del Rey não deveriam ter sido considerados por conterem vícios. Desse modo, somados os
atestados válidos, a empresa Ricol seria desclassificada por não atender ao disposto no item 9.1.6.2 do
Pregão Eletrônico 4/2015-Colog (itens 39-41).
74. Informou a Ricol que seu preço era vantajoso; que a produção é nacional e, ao se aplicar o art.
3° da Lei 8.666/1993 c/c o art. 1° e o Anexo I do Decreto 7.756/2012, que o seu preço estaria dentro da
margem de preferência de 20%, visto que o produto da EBN não seria fabricado no Brasil. A margem de
preferência mencionada não se aplica ao caso, visto que a comparação deve ser realizada dentro de um
mesmo certame. O contrato de seguro contratado para garantir o fornecimento do fardamento também
não exime as ilegalidades detectadas (itens 28, 42-44).
75. Verifica-se que essas empresas atuaram de forma conjunta, logo, as condutas verificadas estão
em desacordo com os princípios da legalidade, moralidade, isonomia, competitividade e sigilo da
proposta. Desse modo, deve ser declarada a inidoneidade das empresas Ricol e Raicon (itens 39, 45-46).
76. O 11º D Sup informou que realizou a licitação em razão de determinação superior, conforme
documento anexado à resposta. O Colog informou que: não identificou vínculo de parentesco entre os
sócios das empresas Ricol e Raicon; o sistema Comprasnet não emitiu nenhum alerta; houve disputa;
comprovou, por meio de notas fiscais, a prestação de serviços para as empresas Raicon, Marina Del Rey
e Navy Stone; e a vistoria na sede da Ricol visou apenas a verificar a capacidade da empresa, desse
modo não foi possível configurar má-fé do pregoeiro (itens 47-53).
125 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
77. O pregão eletrônico 6/2015 do 11º D Sup (UG 160072) foi lançado em 30/11/2015, logo, até o
lançamento dessa licitação ainda não havia sido concluído o procedimento do Pregão 4/2015-Colog. A
realização de duas licitações com o mesmo objeto não é adequada quando há possibilidade de o gestor
escolher por qual licitação realizar a despesa sem atrelar a escolha ao menor valor obtido para o objeto,
em desacordo com os princípios da economicidade e da impessoalidade. No caso em análise, não foi
identificado indício de má-fé na realização das duas licitações pelo Exército. Assim, apesar de ser
considerada justificada a realização de nova licitação, deve ser dada ciência ao órgão quanto a essa
irregularidade. (itens 47 e 54-57).
78. Em razão de a conclusão do julgamento do pregão eletrônico 6/2015-11º D Sup ter sido em
30/12/2015, não teria havido, se considerada a regra interna de emissão de empenho até 18/12/2015,
tempo hábil para utilização desse. O preço final do pregão do Colog coincidiu com o valor estimado e a
estimativa de preços foi realizada de forma adequada (itens 59, 62-63).
79. Contudo, considerando-se o valor obtido no pregão eletrônico 6/2015-11º D Sup de R$ 95,00, o
que geraria uma economia de 4,8 milhões aos cofres públicos em relação à contratação pelo pregão
4/2015-Colog, e em função do prazo final de realização de empenho para a Administração Pública ter
sido 31/12/2015, o ordenador de despesas do Colog, Sr. João Wayner da Costa Ribas (CPF 568.696.737-
72), deveria ter comunicado às autoridades superiores sobre o resultado da licitação do 11º D Sup
(item63).
80. Logo, o agente público deve justificar as razões pelo não monitoramento do andamento dos
dois pregões eletrônicos (4/2015-Colog e 6/2015-11º D Sup) e dos seus resultados e o porquê da não
anulação do empenho emitido pelo Colog para a Ricol e posterior remanejamento dos créditos para o
11º D Sup para a efetivação do empenho junto à EBN, o que representaria uma economia de quase cinco
milhões de reais à Administração (item 64), fato esse que se caracteriza como ato de gestão
antieconômico (item 63-65)
81. No caso concreto, não ficou configurada a má-fé do pregoeiro, porém a declaração de
inidoneidade tem como consequência lógica a anulação do certame em razão da fraude realizada pelas
empresas Ricol e Raicon. A perda do crédito e a restrição orçamentária atual não são suficientes para
mitigar a fraude ocorrida. Dessa forma, o Exército deve promover nova licitação para aquisição do
fardamento caso ainda tenha interesse na aquisição (itens 60-61 e 66-67).
82. Além disso, recomenda-se que as licitações anuais de compra de fardamento sejam realizadas
no primeiro semestre do exercício, com o intuito de garantir a conclusão do certame dentro do exercício
corrente e evitar situações como a ora observadas (item 68).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
83. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
83.1. conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos
arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993;
83.2. revogar a medida cautelar adotada;
83.3. considerar, no mérito, procedente a presente representação;
83.4. assinar prazo de 15 dias, nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal c/c art. 45,
caput, da Lei 8.443/1992 e o art. 251, caput, do Regimento Interno/TCU, para que o Comando Logístico
do Exército adote as providências necessárias com vistas à anulação do pregão eletrônico 4/2015-Colog
e dos atos dele decorrentes, em razão da ocorrência de prática fraudulenta prevista no art. 88, II, da Lei
8.666/1993;
83.5. determinar, nos termos do art. 250, II, do Regimento Interno/TCU, ao Comando Logístico do
Exército, tendo em vista a afronta aos princípios da legalidade, moralidade, isonomia, competitividade e
sigilo da proposta, previstos no art. 37 da Constituição Federal, art. 3°, caput, § 1°, inciso I e § 3°, da
Lei 8.666/1993 que, caso ainda tenha interesse na aquisição do fardamento para 2017, adote as
providências cabíveis para a realização de nova licitação;
83.6. recomendar, nos termos do art. 250, III, do Regimento Interno/TCU, ao Comando Logístico
do Exército, que verifique a possibilidade de realizar as licitações anuais de compra de fardamento no
126 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
primeiro semestre do exercício com o intuito de garantir a conclusão do certame dentro do exercício
corrente e evitar situações de prazo exíguo para a emissão de empenho, como a ora observada;
83.7. informar ao Tribunal, no prazo de trinta dias, as medidas adotadas com vistas ao
cumprimento das determinações e da recomendação supra;
83.8. declarar a inidoneidade das empresas Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda.-ME
(05.160.408/0001-44) e Rafael Indústria e Confecções Ltda. (09.211.871/0001-29) para participarem de
licitação na Administração Pública Federal, nos termos do art. 46 da Lei 8.443/1992, em virtude de
prática fraudulenta comprovada no pregão eletrônico 4/2015 do Comando Logístico do Exército prevista
no art. 88, II, da Lei 8.666/1993;
83.9. realizar, nos termos do art. 43, II, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, IV, do Regimento
Interno/TCU, a audiência do Sr. João Wayner da Costa Ribas (CPF 568.696.737-72), Ordenador de
Despesas do Colog, para que, no prazo de quinze dias, apresente suas razões de justificativa em relação
ao não monitoramento do andamento dos dois pregões eletrônicos (4/2015-Colog e 6/2015-11º D Sup) e
dos seus resultados e pela não anulação do empenho emitido pelo Colog para a Ricol e posterior
remanejamento dos créditos para o 11º D Sup para a efetivação de novo empenho junto à EBN,
excepcionalizando a regra da emissão até o dia 18/12/2015 em função dos resultados obtidos, o que
representaria uma economia de quase cinco milhões de reais à Administração, o que caracteriza ato de
gestão antieconômico;
83.10. dar ciência ao Comando Logístico do Exército de que a realização de duas licitações
(Pregão Eletrônico 4/2015-Colog e Pregão Eletrônico 6/2015-11º D Sup) com o mesmo objeto, quando
há possibilidade de o gestor escolher por qual licitação realizar a despesa sem atrelar a escolha ao
menor valor obtido para o objeto, afronta os princípios da seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração e da impessoalidade, insculpidos no art. 3° da Lei 8.666/1993; e
83.11. encaminhar cópia desta instrução e da decisão que vier a ser prolatada à representante, ao
Comando Logístico do Exército, ao 11º Departamento de Suprimento do Exército, às empresas Ricol
Têxtil Indústria e Comércio Ltda.-ME, Rafael Indústria e Confecções Ltda., Marina Del Rey Confecções
de Roupas Ltda. e Navy Stone Confecções de Roupas Ltda.”.
É o Relatório.
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
Trata-se de representação, com pedido de cautelar suspensiva, formulada pela empresa EBN
Comércio, Importação e Exportação S.A. sobre possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico nº 4/2015
conduzido pelo Comando Logístico do Exército (Colog) para o registro de preços em eventual aquisição
de material de intendência (item 1: conjunto camuflado – modelo 2009).
2.Preliminarmente, entendo que o TCU deve conhecer da presente representação, por atender aos
requisitos de admissibilidade previstos no art. 237, inciso VII e parágrafo único, do RITCU e no art. 113,
§ 1º, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
3.No mérito, observa-se que a Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda. sagrou-se vencedora na
referida licitação, tendo a adjudicação do objeto e a respectiva homologação do certame ocorrido em
14/12/2015.
4. Em resumo, com relação ao Pregão Eletrônico nº 4/2015, a ora representante apresentou ao TCU
os seguintes questionamentos: (a) as empresas Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda. (vencedora) e
Rafael Indústria e Confecções Ltda. (Raicon) pertenceriam ao mesmo grupo econômico e os seus sócios
teriam relação de parentesco; (b) parte dos atestados apresentados pela vencedora não poderia ser aceita
para fins de comprovação de capacidade técnica, já que emitidos por empresas cujos sócios teriam relação
de parentesco com os sócios da Ricol ou, ainda, assinados por uma única pessoa e emitidos por empresas
distintas que teriam, porém, o mesmo endereço; (c) o enquadramento da empresa Ricol como
microempresa ou empresa de pequeno porte seria indevido, visto que o seu faturamento seria maior que o
127 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
previsto na Lei Complementar nº 147/2014; (d) o Exército teria realizado outra licitação com o mesmo
objeto e com o mesmo quantitativo (Pregão Eletrônico nº 6/2015 do 11º Departamento de Suprimento – D
Sup), destacando que, no referido certame, a EBN sagrou-se vencedora pelo valor de R$ 95,00 a unidade.
5.Diante dos indícios de irregularidades suscitados pela representante e considerando que já haviam
ocorrido a adjudicação do objeto e a homologação do Pregão nº 4/2015, o então Presidente em exercício
do TCU concedeu, em 6/1/2016, a medida cautelar pleiteada e determinou ao Colog que suspendesse o
andamento do referido certame, até a ulterior deliberação deste Tribunal, autorizando, ainda, na mesma
oportunidade, a oitiva do Colog, do 11º D Sup e das empresas Ricol, Raicon, Marina Del Rey e Navy
Stone, para que se manifestassem sobre as falhas apontadas nesta representação.
6.Regularmente notificados, o Colog, o 11º D Sup e as empresas empresas Ricol e Raicon
manifestaram-se nos autos, tendo a auditora federal da Selog, com a anuência dos titulares da unidade
técnica, proposto a procedência da presente representação e a assinatura de prazo para que o Colog adote
as providências com vistas a anular o Pregão Eletrônico nº 4/2015, além da audiência dos gestores
envolvidos nas irregularidades indicadas nos autos e da declaração de inidoneidade das empresas Ricol e
Raicon para participarem de licitação na administração federal, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.443, de
1992, em virtude da fraude comprovada à licitação.
7.Peço licença para divergir da proposta da Selog, por entender que o presente feito ainda não deve
ser julgado no mérito, dependendo do devido saneamento dos autos, pelas razões que passo a expor.
8.Como registrou a unidade técnica, a Ricol alegou, em resposta à oitiva, que: (a) os seus sócios não
participam de outras sociedades empresariais; (b) inexiste vedação legal à participação em licitação de
empresas com sócios parentes; (c) os preços que ofertou foram diferentes dos ofertados pela empresa
Raicon; (d) a empresa utiliza recursos tecnológicos e humanos próprios; (e) a empresa não possui acordo
com outras empresas para que se utilizem dos seus recursos.
9.Com relação aos atestados fornecidos pelas empresas Vince e Rota’s, a Ricol alegou que se
referem a pessoas jurídicas distintas e que não havia no edital, assim como não há na Lei de Licitações e
Contratos, vedação quanto à apresentação de atestados de capacidade técnica emitidos por empresas
pertencentes ao mesmo grupo econômico; ao tempo em que, quanto aos atestados emitidos pelas
empresas Marina Del Rey e Navy Stone, a Ricol apresentou os documentos fiscais aptos a comprovar o
fornecimento do material indicado nos atestados.
10.Já a empresa Raicon, na manifestação encaminhada ao TCU, declarou a independência de sua
proposta em relação à da Ricol e, ainda, a existência de diferenças no quadro social, no endereço e no
quadro de empregados dessas duas empresas.
11.Por seu turno, o Colog informou, em resposta à oitiva, que: i) durante o Pregão Eletrônico
nº 4/2015, não identificou qualquer vínculo de parentesco entre os sócios das empresas Ricol e Raicon;
ii) o sistema Comprasnet não emitiu nenhum alerta; iii) não se identificou conluio, visto que houve
disputa no certame; iv) não teria havido violação da proposta, vez que as empresas não tiveram
conhecimento da autoria das propostas dos demais licitantes.
12.De todo modo, quanto aos atestados emitidos pelas empresas Marina Del Rey e Navy Stone, o
Colog informou que realizou diligência junto à Sra. Marileide Ferreira e que ela ratificou a autenticidade
dos atestados e remeteu cópia das respectivas notas fiscais, comprovando efetivamente o fornecimento
objeto dos atestados.
13.A respeito da aceitação das notas fiscais da empresa Raicon, o Colog alegou que houve a
apresentação dos respectivos documentos fiscais que comprovaram as transações comerciais realizadas
entre as empresas e que não identificou nenhuma relação econômica ou familiar entre os seus integrantes,
pois os endereços informados eram distintos; ao tempo em que, com relação à realização de vistoria nas
instalações da empresa, o Colog informou que visou à verificação da capacidade técnica da empresa
Ricol.
14.Ao examinar a manifestação das empresas Ricol e Raicon, além de ponderar que elas não teriam
abordado o fato de seus sócios majoritários residirem no mesmo endereço e de manterem relação de
parentesco (supostamente conjugal), a unidade técnica apontou as coincidências de endereços das
128 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
referidas empresas em atestados e notas fiscais apresentados no âmbito do Pregão Eletrônico nº 4/2015 e,
ainda, em documentos apresentados pela empresa Raicon no âmbito de pregões realizados pela
Subdiretoria de Abastecimento da Aeronáutica – SDAB.
15.A unidade técnica observou, ainda, que a empresa Ricol não ofertou o melhor lance em nenhum
momento durante a fase de lances do Pregão Eletrônico nº 4/2015, permanecendo em segundo ou terceiro
lugar, o que evidenciaria o seu desinteresse em ficar em primeiro lugar.
16.Por essa linha, a unidade técnica concluiu pela existência de “evidências documentais de que as
empresas Raicon e Ricol, apesar de distintas, representam um único grupo (familiar e econômico),
patrimônio compartilhado, atuaram de forma conjunta no certame e somente obtiveram o melhor
resultado por se utilizarem da condição de micro/pequena empresa de uma delas”.
17.A unidade técnica aduziu, ainda, que “a atuação de duas empresas com interesse único num
certame gera o aumento significativo de chances de obter o melhor resultado”, de modo que, “quando a
primeira colocada não é uma micro ou pequena empresa e a segunda colocada se encontra nessa
condição, essa última poderá usufruir do benefício da Lei Complementar 123/2006 (dependendo do valor
ofertado) e, com isso, a chance de êxito aumenta ainda mais, aproximando-se dos 100%”.
18.De todo modo, no caso concreto, a unidade técnica afastou os indícios suscitados pela
representante de que a Ricol não poderia ser enquadrada como empresa de pequeno porte, reconhecendo
que, por ter ficado em situação de empate com a primeira colocada no certame (EBN), a referida empresa
teve a opção de ofertar mais um lance, na forma do art. 44 da Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006, sagrando-se, assim, vencedora do certame, tendo ponderado, contudo, que, caso a
empresa Ricol não tivesse tido essa opção, a empresa EBN teria sido a vencedora do certame.
19.Diante dessas circunstâncias, a unidade técnica propôs a aplicação da pena de inidoneidade às
empresas Ricol e Raicon fundamentalmente em razão de “as [referidas] empresas pertencerem a um
mesmo grupo familiar e econômico, apresentarem composição societária inconstante, com pessoas da
mesma família se alternando como sócios nessas empresas [situação apontada na primeira instrução dos
autos] (...), atuarem de forma conjunta nas licitações e se utilizarem da condição de micro/pequena
empresa para garantir o melhor resultado na licitação”.
20.Concordo com a unidade técnica no sentido de que os elementos constantes dos autos tendem a
caracterizar que as empresas Ricol e Raicon pertencem ao mesmo grupo econômico e que os seus sócios
guardam relação de parentesco, muito embora essas circunstâncias não sejam, a priori, indicativas da
ocorrência de fraude ao certame, vez que inexiste vedação legal para a participação, em licitações, de
empresas nessas condições.
21.Ocorre, contudo, que, no âmbito do Pregão Eletrônico nº 4/2015, há indícios de que as referidas
empresas teriam atuado de forma combinada, visto que, durante a fase de lances, a Ricol não cobriu, com
exceção de uma única vez, os lances da Raicon, o que poderia sugerir que tenha havido a simulação de
competição ou mesmo a ausência de competição entre essas duas empresas.
22.Como observou a unidade técnica, durante o período aleatório do aludido pregão (que durou
cerca de 14 minutos), a Ricol, apesar de ter ofertado 13 lances, não deu o melhor lance em nenhum
momento, permanecendo, todo o tempo, em segundo ou terceiro lugar – e sempre atrás da empresa
Raicon – cobrindo apenas uma única vez o lance desta empresa, tendo a unidade técnica apurado, ainda,
que, durante o período aleatório, a empresa Nayr permaneceu 4 segundos como líder, a Mobile, 32
segundos, salientando que no restante dos 13 minutos o certame foi dominado pela EBN e pela Raicon.
23.Ocorre, porém, que as empresas Ricol e Raicon não foram demandadas a se pronunciar, nestes
autos, especificamente a respeito desses indícios mais concretos de atuação combinada e da suposta
simulação de competição no âmbito do Pregão Eletrônico nº 4/2015, com vistas à aplicação da penalidade
prevista no art. 46 da Lei nº 8.443, de 1992, vez que foram chamadas a se pronunciar basicamente com
relação à existência de relação de parentesco entre os seus sócios, o que, em tese, configuraria indícios de
atuação conluio e burla às regras da licitação (ofícios às peças nos 29 e 30).
24.Constata-se, portanto, que o presente processo merece voltar à unidade técnica para que ela
promova a específica oitiva das referidas empresas em relação a esses indícios mais concretos de atuação
129 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
combinada e para que, em seguida, ela emita o seu novo pronunciamento de mérito a respeito da
aplicação da penalidade prevista no art. 46 da Lei nº 8.443, de 1992.
25.O segundo ponto que foi tratado na representação diz respeito aos atestados apresentados pela
empresa vencedora da licitação, os quais estariam eivados de vícios e não poderiam ser admitidos para a
sua habilitação.
26.Especificamente com relação aos atestados emitidos por empresas do mesmo grupo econômico,
vê-se que esse fato, isoladamente, não é suficiente para configurar irregularidade, vez que, no caso
concreto, foram apresentados os respectivos documentos fiscais comprobatórios das transações
comerciais realizadas.
27.Demais disso, quanto aos atestados emitidos pelas empresas Marina Del Rey e Navy Stone, o
próprio Colog informou que realizou diligência por telefone junto à Sra. Marileide Ferreira (responsável
pela assinatura dos atestados das duas empresas) e que ela ratificou a sua autenticidade e remeteu cópia
das respectivas notas fiscais; salientando-se que, no aludido contato, foi esclarecido que a Sra. Marileide
trabalhava na empresa Navy Stone em 2007 e que esta empresa foi adquirida pela Marina Del Rey, tendo
a referida funcionária sido admitida no quadro da firma adquirente.
28.Como terceiro ponto debatido nesta representação, vê-se que o Exército teria realizado,
simultaneamente, duas licitações com o mesmo objeto: o Pregão Eletrônico nº 4/2015, pelo Colog, e o
Pregão Eletrônico nº 6/2015, pelo 11º D Sup.
29.A esse respeito, a justificativa do Colog foi bem resumida pela unidade técnica, nos seguintes
termos:
“(...) A realização do Pregão Eletrônico nº 6/2015 do 11º D Sup com o mesmo objeto e quantitativo
deveu-se à decisão do Diretor de Abastecimento do Exército com o intuito de evitar a falta do
fardamento. A interposição de recursos no âmbito do Pregão Eletrônico nº 4/2015 do Colog colocaria
em risco a aquisição, visto que a data-limite para movimentação e empenho de créditos era 18/12/2015.
Assim, a aquisição por meio do 11º D Sup seria uma linha alternativa. Porém, em razão dos recursos
interpostos, não foi possível homologar o Pregão 6/2015 em tempo hábil. Com isso, a licitação do 11º D
Sup visava apenas a se precaver dos possíveis atrasos na licitação do Colog e não a adquirir fardamento
em quantidades acima das necessidades do Exército (peça 58, p. 5-6).”
30.Por sua vez, em sua manifestação nos autos, o 11º D Sup confirmou que a realização do Pregão
Eletrônico nº 6/2015 se deu por determinação da Diretoria de Abastecimento do Comando Logístico do
Exército, consubstanciada no documento DIEx 6940-SGLFE/D Abast, de 5/10/2015.
31.Observo que o Pregão Eletrônico nº 6/2015 somente foi lançado em 30/11/2015, ou seja, durante
a fase de recursos da licitação do Colog, salientando que, na data da abertura do segundo pregão, ainda
não havia sido concluído o julgamento do último recurso interposto pela EBN no primeiro certame.
32.Conforme justificado em resposta à oitiva e demonstrado na cronologia dos pregões apresentada
à fl. 136 da Peça nº 58, não foi possível homologar o resultado do Pregão Eletrônico nº 6/2015 ainda no
exercício de 2015, em razão da interposição de recursos também no âmbito desse certame, tendo sido,
então, promovida a sua anulação.
33.Ao examinar esse ponto da representação, a unidade técnica sugeriu que, no caso concreto,
houve justificativa para a realização da segunda licitação, visto que o prazo para a emissão de empenho
no exercício de 2015 se encerrava em 18/12/2015 e a nova licitação (Pregão Eletrônico nº 6/2015)
consistia em alternativa para evitar a falta do fardamento. A unidade técnica ponderou, porém, que não se
justificaria a escolha pelo certame que não retornou o melhor resultado financeiro para a administração,
haja vista que o prazo final para a emissão de empenho para toda a administração pública expiraria em
31/12/2015 e que também não estariam claras as razões para o pregão eletrônico do Colog consistir em
registro de preço e o do 11º D Sup, com o mesmo objeto, consistir em compra imediata, visto que as duas
licitações tinham o mesmo objetivo.
34.Por conseguinte, diante da suposta ocorrência de ato de gestão antieconômico (em razão de não
ter sido escolhido o pregão que traria o melhor resultado financeiro para a administração), a unidade
técnica propôs a realização de audiência do ordenador de despesas do Colog para que apresente as suas
130 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
razões de justificativa em relação ao não monitoramento do andamento dos dois pregões eletrônicos (PE
4/2015-Colog e PE 6/2015-11° D Sup), e de seus resultados, e à falta de anulação do empenho emitido
pelo Colog para a Ricol, com o posterior remanejamento interno dos créditos orçamentários para o 11º D
Sup para a efetivação de novo empenho junto à EBN, superando, assim, a regra da emissão até o dia
18/12/2015 em função dos resultados obtidos.
35.Concordo que, diante da situação precária de tempo em que se encontrava o Exército e do
evidente transtorno que poderia se estabelecer em razão da falta de fardamento, havia alguma justificativa
concreta para que o Diretor de Abastecimento solicitasse a abertura do segundo certame. Como já
registrei, os gestores do 11º D Sup lançaram o edital do Pregão Eletrônico nº 6/2015 durante a fase de
recursos do Pregão Eletrônico nº 4/2015, permitindo concluir que buscavam uma alternativa para não
perder os recursos orçamentários de 2015 destinados à compra de fardamento.
36.Ocorre que alguns fatos chamam a atenção no presente caso concreto: em primeiro lugar, a
realização de duas licitações para o mesmo objeto, sendo uma para o registro de preços e outra para a
compra imediata; em segundo lugar, a realização de um pregão para o registro de preços quase ao final do
exercício, salientando que o item adquirido (fardamento) demanda contratações certas e frequentes, por
ser absolutamente indispensável para as Forças Armadas; e em terceiro lugar, o fato de o segundo pregão
ter sido lançado somente em 30/11/2015 e a sessão ter ocorrido em 10/12/2015, sabendo-se que o prazo
seria exíguo para a finalização de todo o procedimento licitatório e para a respectiva emissão do empenho
ainda em 2015.
37.Diante dessas circunstâncias, tendo em vista, especialmente, a necessidade de melhor apurar as
falhas no PE nº 4/2015 em relação ao PE nº 6/2015, considero pertinente promover a audiência do
ordenador de despesas do Colog, entre outros responsáveis a serem devidamente identificados pela
unidade técnica, para que apresentem as suas razões de justificativa em relação especificamente a esses
três aspectos, além da audiência proposta pela unidade técnica com os ajustes que considero pertinentes,
destacando-se que, por todas essas razões, não se mostra adequado o imediato envio de determinações à
Diretoria de Abastecimento do Exército.
38.Enfim, no caso específico do Pregão Eletrônico nº 4/2015, que está suspenso por força de
medida cautelar adotada por este Tribunal, observa-se que, apesar dos indícios de conluio por parte das
licitantes, a unidade técnica concluiu que a competitividade do certame não teria sido afetada em sua
totalidade e, mais ainda, que o valor do item adjudicado à vencedora teria chegado, após a negociação, ao
estimado pelo Colog para o item objeto da contratação, afastando, com isso, a possibilidade de efetivo
prejuízo aos cofres públicos. Verifica-se, porém, que, a despeito do reduzido interregno de tempo, o preço
ofertado no PE nº 4/2015 mostrou-se significativamente superior ao preço praticado no PE nº 6/2015.
39.Nessas circunstâncias, entendo que a decisão mais apropriada para o presente momento consiste
em revogar a cautelar suspensiva que foi concedida no presente processo, com fundamento no art. 276, §
5º, do Regimento Interno do TCU, para permitir, em caráter excepcional, o prosseguimento do Pregão
Eletrônico nº 4/2015, condicionando, contudo, o aludido prosseguimento da contratação à obtenção pelo
Colog da devida negociação de preços com vistas a reduzir o preço vencedor do PE nº 4/2015 à proposta
de preço vencedora no PE nº 6/2015. E essa medida se justifica pela caracterização, no caso concreto, do
periculum in mora reverso, ante as informações trazidas pelo Colog no sentido de que a falta dos
conjuntos camuflados se torna iminente e que isso pode resultar em evidente prejuízo à logística da Força
Terrestre.
40. Por tudo isso, pugno pela revogação da medida cautelar concedida nestes autos para autorizar o
Comando Logístico do Exército a dar seguimento à contratação resultante do Pregão Eletrônico nº
4/2015, condicionando-a, todavia, à aludida negociação de preços, sem prejuízo de prosseguir com o
saneamento dos presentes autos, especialmente no que diz respeito à audiência dos gestores responsáveis
e às novas oitivas das empresas Ricol e Raicon.
Pelo exposto, proponho que seja prolatado o Acórdão que ora submeto a este Plenário.
131 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ACÓRDÃO Nº 1219/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 035.784/2015-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Representante: EBN Comércio, Importação e Exportação S.A.
4. Unidade: Comando Logístico do Exército (Colog).
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal:
8.1. Humberto Barbosa da Silva Leite (OAB/DF 35.074) e Raíssa Fernandes Barbosa Leite
(OAB/DF 44.375), representando a EBN Comércio, Importação e Exportação S.A.
8.2. Carlos Alberto Silva de Melo (OAB/PB 12.381), representando a Ricol Têxtil Indústria e
Comércio Ltda.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de cautelar suspensiva,
formulada pela empresa EBN Comércio, Importação e Exportação S.A. sobre possíveis irregularidades no
Pregão Eletrônico nº 4/2015 conduzido pelo Comando Logístico do Exército (Colog) para o registro de
preços em eventual aquisição de material de intendência (item 1: conjunto camuflado – modelo 2009);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos
arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666, de 1993, para
prosseguir com o saneamento dos autos;
9.2. revogar a medida cautelar deferida nestes autos pelo Plenário do TCU, em 20/1/2016, e, assim,
autorizar o Comando Logístico do Exército a dar prosseguimento à contratação proveniente do Pregão
Eletrônico nº 4/2015, condicionando, todavia, o aludido prosseguimento da contratação à obtenção pelo
Colog da devida negociação de preços com os licitantes, na ordem de classificação do certame, de sorte a
reduzir o preço vencedor do PE nº 4/2015 à mais vantajosa proposta de preço ofertada no PE nº 6/2015;
9.3. determinar à Secretaria de Controle Externo das Aquisições Logísticas (Selog) que:
9.3.1. promova a oitiva complementar das empresas Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda. e
Rafael Indústria e Confecções Ltda. (Raicon), para que, no prazo de 15 (quinze) dias, se pronunciem
especificamente a respeito dos indícios de atuação combinada e da suposta simulação de competição no
âmbito do Pregão Eletrônico nº 4/2015, conforme apurado pela unidade técnica na instrução à Peça 80
dos presentes autos;
9.3.2. após a análise da resposta às oitivas determinadas pelo item 9.3.1 deste Acórdão, emita o seu
pronunciamento de mérito a respeito da aplicação da penalidade prevista no art. 46 da Lei nº 8.443, de
1992;
9.4. determinar que, nos termos do art. 43, II, da Lei 8.443, de 1992, e do art. 250, IV, do
Regimento Interno do TCU, a Selog promova a audiência do Sr. João Wayner da Costa Ribas, como
ordenador de despesas do Colog, entre outros responsáveis a serem devidamente identificados pela
unidade técnica, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem as suas razões de justificativa em
relação às seguintes ocorrências:
9.4.1. realização de duas licitações (PE 4/2015-Colog e PE 6/2015-11º D Sup) para o mesmo objeto,
sendo uma para o registro de preços e outra para a compra imediata;
9.4.2. realização do PE 4/2015-Colog para o registro de preços quase ao final do exercício,
salientando que o item adquirido (fardamento) demanda contratações certas e frequentes, por ser
absolutamente indispensável para as Forças Armadas;
132 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.4.3. lançamento do PE 6/2015-11º D Sup somente em 30/11/2015 e realização da sessão em
10/12/2015, sabendo-se que o prazo seria exíguo para a finalização de todo o procedimento licitatório e
para a respectiva emissão do empenho ainda em 2015;
9.4.4. não monitoramento do andamento dos dois pregões eletrônicos (PE 4/2015-Colog e PE
6/2015-11º D Sup), e de seus resultados, e não anulação do empenho emitido pelo Colog para a Ricol,
com o posterior remanejamento dos créditos orçamentários para o 11º D Sup com vistas à efetivação de
novo empenho junto à EBN; e
9.5. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamenta, à EBN
Comércio, Importação e Exportação S.A. (representante), ao Comando Logístico do Exército, ao 11°
Departamento de Suprimento do Exército e às empresas Ricol Têxtil Indústria e Comércio Ltda., Rafael
Indústria e Confecções Ltda., Marina Del Rey Confecções de Roupas Ltda. e Navy Stone Confecções de
Roupas Ltda.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1219-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho
(Relator).
GRUPO I - CLASSE VII - Plenário
TC 003.330/2015-0
Natureza: Acompanhamento
Entidade: Caixa Econômica Federal
Interessados: Caixa Participações S/A (10.744.073/0001-41); CPM Braxis S/A (65.599.953/0001-
63); Capgemini Latin America (12.561.847/0001-24)
Representação legal: Jailton Zanon da Silveira (OAB-RJ 77.366) e outros, representando Caixa
Econômica Federal e Caixa Participações S/A (peça 30); Alexandre Castello da Costa (OAB-RJ 82.900) e
outros, representando CPM Braxis S/A (peças 42 e 59); Carlos Geraldo Egydio Rameh (OAB-SP
101.939), com substabelecimento, representando Capgemini Latin America (peças 60 e 61)
SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO. AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA EM
EMPRESA PRIVADA. IMPOSSIBILIDADE DE CONTRATAÇÃO DIRETA DE EMPRESA COM
PARTICIPAÇÃO ESTATAL MINORITÁRIA CONTROLADA POR ACORDO DE ACIONISTAS.
VÍCIO NO MOTIVO. ASSINATURA DE PRAZO PARA ANULAÇÃO DA AQUISIÇÃO.
1. O poder de controle em uma empresa não decorre apenas da propriedade das ações. O indicativo
essencial de exercício de poder no interior da empresa diz respeito à preponderância no exercício do
poder de controle (poder para eleger a maioria dos administradores ou o domínio nas deliberações
sociais).
2. Historicamente, o acordo de acionistas é utilizado como um instrumento aglutinador dos
acionistas minoritários. O poder de controle somente é exercido se e enquanto os membros eleitos pelo
grupo votam de modo uniforme. Ou seja, o grupo age como se fosse uma só pessoa. O panorama é
diferente, por exemplo, nas situações em que dois sócios celebram um acordo de acionistas, sendo que um
dos sócios é o acionista majoritário, que mantem para si os atributos do controle.
133 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3. Ao celebrar um acordo de acionistas, o Estado poderá integrar o grupo de controle e, nesse
sentido, exercerá uma parcela de controle na sociedade. Para o sócio estatal, o acordo de acionistas tem o
objetivo precípuo de prover determinado nível de influência sobre algumas decisões (possibilidade de
indicação de certos diretores, voto de qualidade sobre determinadas matérias, direito de veto a certas
deliberações).
4. O exercício pelo Estado da preponderância do poder de controle numa empresa público-privada
importa na sua caracterização como uma sociedade de economia mista de fato. O Estado não pode adotar
técnicas societárias com a finalidade de burlar o regime constitucional aplicável às empresas estatais.
5. Para fins de aplicação do art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993, entende-se por controlada a
empresa em que a União, direta ou indiretamente, detenha a preponderância do poder de controle (seja
pela propriedade da maioria do capital social com direito a voto ou pela titularidade de direitos de sócio
que que lhe asseguram o domínio nas deliberações sociais ou o poder de eleger a maioria dos
administradores).
6. Para os fins do art. 25 da Lei 8.666/1993, a situação de inexigibilidade de licitação não está
associada de forma perene à participação acionária ou ao quadro societário, mas sim a fatores de
inviabilidade de competição que devem ser avaliados em cada contratação isoladamente, de acordo com
as peculiaridades a ela atinentes.
RELATÓRIO
Por retratar com propriedade as principais ocorrências havidas nestes autos, transcrevo, com
fundamento no art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei 8.443/1992, e com os ajustes necessários, a última instrução
lavrada pela Secretaria de Controle Externo da Fazenda Nacional - SecexFazenda (peça 63), e que contou
com a anuência do corpo diretivo daquela unidade (peça 64):
“INTRODUÇÃO
1. Este processo examina a legalidade do processo de aquisição de 22% das participações acionárias
da CPMBraxis Capgemini S.A. (CPMBraxis), empresa que atua no ramo de Tecnologia da Informação
(TI), pela Caixa Participações S.A (Caixapar), pelo valor de R$ 321,66 milhões, em maio de 2012,
segundo autorização dada pela Lei 11.908/2009.
HISTÓRICO 2. O presente acompanhamento se origina de representação (TC 033.668/2012-4), que analisou a
legalidade da aquisição das ações, pela Caixapar, de outras duas empresas: MGHSPE Empreendimentos e
Participações S.A. (MGH), atualmente conhecida como Branes Negócios e Serviços S/A e MROSPE
Empreendimentos e Participações S.A. (MRO), atualmente conhecida como Habitar Negócios e Serviços
S.A.
3. Naquele processo, decidiu-se que o exame da compra das ações da CPMBraxis pela Caixapar
seria feito em processo apartado, uma vez que a modelagem da operação foi diferente da estabelecida
para a Branes, nos termos do Voto do Ministro Relator, Bruno Dantas (peça 104, item 5, TC
033.668/2012-4):
‘5. Enquanto a Caixapar comprou diretamente as participações acionárias de companhia já existente
e atuante no mercado, portanto operacional (CPMBraxis Capgemini), o processo de aquisição das ações
da MGH e MRO pela subsidiária estatal foi mediada pela participação de Fundos de Investimentos. Por
esta razão, autorizei, mediante despacho (peça 47), que a análise da regularidade dos procedimentos
de aquisição de ações da CPMBraxis Capgemini fosse feita em processo apartado - TC
003.330/2015-0, em instrução na unidade técnica.’
4. Portanto, esta análise objetiva cumprir a determinação do Ministro Relator Bruno Dantas de
analisar a regularidade da compra das participações acionárias da CPMBraxis pela Caixapar, nos
termos da autorização dada pela Lei 11.908/2009, em processo apartado.
5. Embora a operação firmada com a CPMBraxis possua caracteristicas exclusivas, distintas
daquela firmada com a empresa Branes, existem similaridades entre esses negócios firmados com a
134 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Caixa/Caixapar: após a compra de participações acionárias minoritárias (portanto, abaixo de 51%) em
empresas do ramo de Tecnologia da Informação, pela Caixapar, nos termos da autorização dada pela Lei
11.908/2009, a Caixa Econômica Federal (Caixa) decidiu contratar os serviços prestados por essas
empresas, por dispensa ou inexigibilidade de licitação. No entender da SecexFazenda, a manobra não
encontra respaldo no ordenamento jurídico pátrio, por se tratar de dupla ilegalidade: contraria tanto o
disposto no artigo 2º, caput, da Lei 11.908/2009, quanto o disposto no artigo 24, inciso XXIII da Lei
8.666/93.
6. Para fins de vislumbrar como funciona a operação como um todo, é importante estabelecer dois
momentos distintos: o primeiro, que consiste na aquisição minoritária de ações de empresas do ramo de
Tecnologia da Informação pela Caixapar (subsidiária da Caixa); e o segundo, que consiste em contratar
serviços dessas empresas, por dispensa ou inexigibilidade. O primeiro momento, aquisição de
participações acionárias, tem sido analisado pela SecexFazenda. Já o segundo momento, por se tratar de
contratações na área de Tecnologia da Informação, tem sido objeto de análise de unidades técnicas
especializadas do TCU, como a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog) e a
Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefti). Especificamente, os contratos celebrados
pela Caixa com a CPMBraxis estão sendo analisados no âmbito do TC 008.837/2013-9, de relatoria do
Ministro José Múcio.
7. Vale frisar que a divisão em dois momentos distintos é meramente didática. Aliás, é bom que se
tenha em mente a interconexão entre ambos os momentos e, principalmente, o aspecto temporal de toda a
operação, pois, como se verá no exame técnico abaixo, a compra minoritária das ações de uma
empresa de Tecnologia da Informação (CPMBraxis) pela Caixapar detinha o propósito único de
prestar serviços desse ramo à Caixa Econômica Federal, por dispensa ou inexigibilidade, o que
contraria o artigo 24, inciso XXIII da Lei 8.666/93.
8. Com relação aos processos que tramitam nesta Corte relativos ao ‘primeiro’ momento, é
oportuno registrar que o Tribunal considerou ilegal a compra das ações da Branes pela Caixapar
(Acórdão 894/2015-TCU-Plenário) e determinou o desfazimento do negócio, no âmbito da já mencionada
representação, TC 033.668/2012-4, peça 103:
‘ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das
razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 1º, inciso II, da Lei 8.443/1992, e no art. 1º,
inciso XXVI, c/c o art. 237, inciso VI e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, em:
9.1. conhecer da presente representação para, no mérito, considerá- la procedente;
9.2. com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, c/c o art. 45 da Lei
8.443/1992 e com a Resolução-TCU 265/2014, assinar o prazo de 15 (quinze) dias para que a Caixa
Econômica Federal e a Caixa Participações S.A. apresentem plano de ação com vistas ao exato
cumprimento do art. 2º, caput, da Lei 11.908/2009, contemplando as medidas necessárias ao
desfazimento dos atos relativos à aquisição de participação acionária, pela Caixapar, na empresa
MGHSPE Empreendimentos e Participações S.A. (atual Branes Negócios e Serviços S.A.);
9.2.1 esclarecer à Caixa Econômica Federal e à Caixa Participações S.A. que o plano de ação acima
referenciado deverá especificar, no mínimo: I - as ações a serem adotadas para dar cumprimento à
determinação; II - os responsáveis pelas ações; III - os prazos para implementação.’
8.1 Ressalte-se que as partes entraram com recurso contra a deliberação acima, ainda pendente de
deliberação de mérito.
9. No que se refere ao ‘segundo’ momento, há também posições desfavoráveis emanadas dessa
Corte: 1) a contratação direta de serviços da Branes pela Caixa no valor de R$ 1,2 bilhão foi considerada
ilegal pelo TCU, em sede de cautelar, no âmbito de representação da Selog, TC 029.884/2012-8; e 2) a
contratação direta de serviços da CPMBraxis pela Caixa no valor de R$ 704.347.366,71 (até agora
identificado), também foi considerada ilegal pelo TCU, no âmbito do TC 008.837/2013-9, em sede de
cautelar. Ambos os contratos (Branes e CPMBraxis) se encontram atualmente suspensos.
10. Esse tipo de operação, que envolve aquisição minoritária de ações de empresa privada para
contratá-las diretamente, na sequência, por dispensa ou inexigibilidade, é manobra ilegal já bastante
135 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
difundida na Administração Pública, segundo o Ministro relator Bruno Dantas (peça 104,
TC 033.668/2012-4):
‘51. Observo que tal estratégia tem sido largamente difundida, no sentido de as empresas
estatais utilizarem-se de empresas privadas (sejam sociedades empresariais anteriormente ou
recém constituídas, sejam sociedades de propósito específico - SPE) para alcançarem parte de seus
objetivos. Ocorre que essa sistemática vem levantando questionamentos acerca não só de sua
viabilidade, como também de sua aderência ao ordenamento jurídico, devido aos riscos intrínsecos à
espécie, por exemplo, o risco de descontrole das contratações diretas no âmbito das empresas estatais, em
clara afronta aos princípios da supremacia e da indisponibilidade do interesse público, e o risco de
responsabilização da entidade estatal pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder no
âmbito da empresa em que detêm participação acionária, nos termos do art. 117 da Lei 6.404/1976. (...).
54. Em síntese, creio estarmos diante da prática de ato administrativo contrário à legislação
que rege a matéria, cabendo a adoção de providências que compõem a esfera de atribuições
institucionais do Tribunal de Contas da União, de forma a conferir efetividade ao exercício das
competências que lhe foram diretamente outorgadas pelo Texto Constitucional.’
11. Realizada a instrução preliminar (peça 25) deste processo, esta secretaria concluiu que a
aquisição da CPMBraxis pela Caixapar é ilegal, já que não serviu ao quesito de complementaridade
que exige a lei, e, portanto, não cumpriu a finalidade da norma (item 66 da instrução). A unidade técnica
também concluiu que o chamado controle compartilhado da Caixapar na CPMBraxis é limitado e
restrito (item 67 da instrução), pois embora a Caixapar detenha algum grau de administração e
governança, esta não possui efetivamente o status de controladora do negócio, e portanto, não dispõe
de meios tangíveis para exercer o poder de veto ou decidir conclusivamente no futuro da empresa.
Tal qual ocorreu no âmbito do TC 033.668/2012-4 (negócio Branes), a compra minoritária de ações da
CPMBraxis pela Caixapar não detinha o propósito de desenvolver atividade complementar à do
setor financeiro, nos termos da Lei 11.908/2009, mas de mera prestação de serviços de Tecnologia
da Informação sem a realização do devido processo licitatório.
12. Diante de um eventual desfazimento do negócio decorrente da conclusão pela ilegalidade,
decidiu-se, preliminarmente, chamar as partes interessadas em oitiva para se manifestarem sobre os
efeitos que uma eventual decisão nesse sentido poderia causar sobre a sociedade e sobre os contratos de
prestação de serviços vigentes.
13. A CPMBraxis respondeu então à solicitação dessa Corte (peça 62), cuja análise da
SecexFazenda segue no exame técnico abaixo, após a relação dos processos conexos.
PROCESSOS CONEXOS
14. TC 033.668/2012-4 (relator Ministro Bruno Dantas): representação que examina o processo de
aquisição da empresa MGHSPE Empreendimentos e Participações S.A. (MGH), atualmente conhecida
como Branes Negócios e Serviços S/A, pela Caixa Participações S.A. (Caixapar), no exercício de 2012,
segundo autorização dada pela Lei 11.908/2009. O Plenário do TCU considerou ilegal a operação
(Acórdão 894/2015 - TCU - Plenário) e assinou prazo de 15 dias para apresentação de plano de ação para
cumprir a referida lei. As partes entraram com pedido de reexame (relator Ministro Walton Alencar), mas
o recurso ainda não foi apreciado pelo Plenário do TCU.
15. TC 029.884/2012-8 (relator Ministro Bruno Dantas): representação proposta pela extinta 2ª
Secex, cujo foco é o exame de momento posterior ao da aquisição de empresas pela Caixapar com base na
Lei 11.908/2009 (leia-se: segundo momento), isto é, a análise da legalidade da contratação direta pela
Caixa Econômica Federal da empresa MGH, mediante dispensa de licitação, com o objetivo de
desenvolver uma solução de TI para otimizar a área de originação e processamento de crédito imobiliário,
fundamentada no art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993, ao valor estimado de R$ 1.194.497.164,05. Em
sede de cautelar, o relator determinou que a Caixa se abstivesse de adotar quaisquer atos relativos ao
contrato firmado, até que o Tribunal delibere sobre o mérito do processo. Os autos encontram-se
aguardando o pronunciamento do gabinete do Ministro.
136 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
16. TC 008.837/2013-9 (relator Ministro José Múcio): representação em que se analisa a legalidade
da contratação direta da CPMBraxis pela Caixa Econômica Federal. Após instrução da unidade técnica e
parecer do Ministério Público junto ao TCU, o Ministro relator determinou a) oitiva da Caixa e da
CPMBraxis no prazo de 10 dias úteis para que se manifestem acerca dos apontamentos feitos pela
unidade técnica e b) retorno dos autos à Sefti para análise de um contrato quanto a compatibilidade de
preços com o mercado (peça 63, TC 008.837/2013-9). Após a apresentação da resposta à oitiva pelas
empresas e a conclusão do estudo de preços pela Sefti, o processo retornou ao Plenário para julgamento.
Tal qual ocorreu no caso Branes, o Tribunal, mediante o Acórdão 3.019/2015-TCU-Plenário, também
determinou que a Caixa se abstivesse de adotar quaisquer atos relativos aos contratos firmados, até que o
Tribunal delibere sobre o mérito do processo.
17. TC 017.417/2015-5 (relator Ministro Raimundo Carreiro): processo apartado constituído a
partir do TC 033.668/2012-4, conforme determinação do item 9.3.1 do Acórdão 894/2015-TCU-Plenário,
para analisar a regularidade da aquisição da empresa MROSPE Empreendimentos e Participações S.A.
(MRO), pela Caixapar, nos termos da Lei 11.908/2009. O processo já foi instruído no mérito e encontra-
se aguardando pronunciamento do Ministro Relator.
EXAME TÉCNICO
18. Em resposta arrolada à peça 62, a CPMBraxis reproduziu o manifesto à oitiva em quatro partes,
a saber: I) da suposta ilegalidade do investimento feito pela Caixapar na CPMBraxis, II) do controle
compartilhado entre Caixapar e Capgemini na CPMBraxis, III) das contratações feitas pela Caixa junto à
CPMBraxis e, finalmente, IV) as consequências de eventual desfazimento da parceria entre CPMBraxis e
Caixapar, em que se passa agora ao exame de cada uma, separadamente:
I - Da suposta ilegalidade do investimento feito pela Caixapar na CPMBraxis
19. A CPMBraxis alega que a interpretação da SecexFazenda com relação ao artigo 2º da Lei
11.908/2009 é mais restritiva do que a própria norma. Afirma também que esta secretaria enfatizou que a
norma não permitiria investimentos em outras organizações que não sejam aquelas do setor financeiro,
pois, ‘na visão dos i. Auditores, somente instituições que sejam do ramo financeiro seriam passíveis de
receber os investimentos em questão’.
20. Na instrução arrolada à peça 25, em nenhum momento esta secretaria afirmou que somente
instituições do ramo financeiro seriam passíveis de receber os recursos em questão. O que se firmou
foi que a lei abre indiscutivelmente duas possibilidades de destino para os recursos das estatais
financeiras: em empresas do ramo financeiro ou naquelas que atuam em setor complementar ao
financeiro. Ou seja, em se tratando da segunda possibilidade, a empresa a receber os recursos em questão
não pode ser de qualquer ramo/área, mas de um setor que seja complementar ao dos bancos (setor
financeiro).
21. Segue a reprodução do exposto pela SecexFazenda (instrução à peça 25, item 17), com
comentários em parênteses (grifo nosso):
‘17. Pela redação da lei, fica claro que a autorização temporária concedida ao Banco do Brasil S.A
(BB) e à Caixa Econômica Federal para a compra de participações acionárias (ações) deverá incidir sobre
empresas inerentemente do ramo (leia-se: instituições financeiras) ou afetas ao setor financeiro (leia-se:
complementares a este)’
22. Inclusive, houve citação por parte desta secretaria de algumas instituições financeiras e de
outras empresas que pertencem ao ramo complementar ao do financeiro, adquiridas ou incorporadas
à Caixapar, com base na mesma lei (instrução à peça 25, itens 18 e 19), reproduzida abaixo:
‘18. Ao analisar as empresas cujas participações a Caixapar detém, percebe-se uma categoria de
empresas que, ou fazem parte do setor financeiro, ou são inegavelmente complementares a esse. No
perfil da carteira atual, existem empresas seguradoras (Caixa (Seguradora S.A.), empresas de
securitização (Companhia Brasileira de Securitização, CIBRASEC), duas empresas de cartões de crédito
(Cielo S.A. e Elo Serviços S.A.), e pelo menos um banco (PanAmericano S.A.), nos termos da peça 1, p.
114. Observe-se também que a lista está em integral consonância com a principal competência da
137 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Caixapar: adquirir e alienar participações societárias em instituições financeiras públicas ou privadas
sediadas no Brasil, segundo o art. 6º, inciso I do Estatuto Social.
19. Diferentemente destas, que inegavelmente são do setor financeiro ou complementar a este,
para fins de aplicação da Lei 11/908/2009, a Caixapar adquiriu participações acionárias em outras duas
empresas: Branes e CPMBraxis. Ambas são de Tecnologia da Informação, ramo invariavelmente distinto
da área econômico-financeira.’ (grifo nosso)
23. Tem-se, pois, que o argumento trazido aos autos pelos i. advogados (itens 7 a 17) não
corresponde ao entendimento desta secretaria já evidenciado nos autos: o de que a atividade de
Tecnologia da Informação, embora constitua elemento primordial ao exercício da atividade bancária, é
serviço que não pertence a ramo complementar do setor financeiro, para fins de aplicação da Lei
11.908/2009, tais como as empresas seguradoras (Caixa Seguradora S.A.), as empresas de
securitização (Companhia Brasileira de Securitização, CIBRASEC), as empresas de cartões de crédito
(Cielo S.A. e Elo Serviços S.A.), por exemplo. E, em se tratando da atividade de Tecnologia da
Informação, as leis brasileiras não permitem que esse serviço seja prestado de forma direta entre estatais e
suas empresas controladas caso a estatal não goze do status de controladora do negócio, como é o caso.
24. Em outra parte (item 18), os advogados argumentaram que a abrangência do artigo 2º da Lei
11.908/2009 é simples de entender, mas ao exemplificarem sobre as bases redacionais da norma,
acabaram suscitando notória contradição ao caso ora examinado. Segundo os juristas, uma empresa
privada, do ramo complementar ao setor financeiro que preste serviço para diversas instituições
financeiras, caso estivesse na eminência de falência devido à inadimplência de uma cliente (um Banco),
poderia atingir outras instituições financeiras saudáveis, de forma sistêmica, em efeito dominó. Tal
alegação é procedente somente quando a empresa privada em questão detém inegável capilaridadade ou
ligação com o setor financeiro. Se não há vínculo com o ramo, o dito ‘risco sistêmico’, com possibilidade
de efeito dominó fica esvaziado. No caso ora examinado, a empresa privada é do ramo da Tecnologia da
Informação, não atuante do mercado bancário (embora seja prestadora de serviços para o ramo), não
participa como agente segurador, de crédito ou securitizador de ativos, como os bancos e demais
instituições ligadas ao sistema financeiro o fazem. Portanto, difícil, sim, é imaginar que uma empresa
privada de Tecnologia da Informação, como é o caso da CPMBraxis, caso entrasse em falência pela
inamplência de uma de suas clientes, poderia causar a falência de outras instituições financeiras devido ao
suposto efeito dominó.
25. Devido à interconectividade presente nas operações entre agentes e atores que efetivamente
participam direta ou indiretamente do Sistema Financeiro Nacional, a repercussão da quebra ou falência
de um deles para as demais instituições financeiras que compõem o sistema financeiro (ou instituições
que sejam ligadas a esse sistema) é realmente, como bem asseverou os i. advogados, simples de se
enxergar. O mesmo não acontece com um ente ou organização que não faz farte do ramo ou não detém
conexão com este, como é o caso da uma empresa que presta serviços de Tecnologia da Informação. O
exemplo de aplicação dada pelos ilustres juristas reforça o já exposto por esta secretaria em instrução
anterior: a referida norma surgiu para fins puramente macroeconômicos, com o objetivo de
normalizar e regular o mercado financeiro diante dos potencias efeitos da crise de 2008 (peça 25,
itens 28 a 29). Abaixo, seguem a reflexões desta Secretaria sobre o assunto:
‘28. Está bastante explícito, portanto, que tal concessão partiu da conjuntura de desprovimento
de recursos financeiros das instituições financeiras à frente do premente cenário de crise. Nesse
contexto, de agrura financeira, é evidente que a concessão do legislador, direcionada tão somente ao
Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal, tinha como escopo a proteção do mercado financeiro
por meio da injeção de recursos dessas estatais, sentido que pode ser extraído da redação da já
mencionada EM Interministerial 175/2008 do Ministério da Fazenda, do Planejamento e do Banco
Central (peça 9):
2. A forte retração internacional do crédito observada nas últimas semanas levou o Governo Federal
a adotar algumas medidas para ampliar a oferta de divisas, expandir a liquidez no mercado
138 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
interbancário e incentivar a compra de carteiras de crédito de instituições bancárias de pequeno e
médio porte.
29. Em outras palavras: para fins de atender a aplicação da Lei 11.908/2009, não seria admissível
sequer ponderar que a aquisição de uma empresa de Tecnologia da Informação (CPMBraxis) pela
Caixapar teria o condão de salvaguardar a necessidade de crédito do setor financeiro brasileiro, nos
termos estipulados pela citada lei. Afinal, pergunta-se, qual outra interpretação, silogismo ou reflexão
jurídica seria cabível no citado parágrafo, que expôs a razão de ser da norma? Nenhum (a). Diante da
variedade das transações possíveis entre instituições do Sistema Financeiro Nacional, não há dúvidas de
que o trecho utilizado pelo legislador ‘além dos ramos de atividades complementares às do setor
financeiro’ detinha um único propósito, o de abarcar todas as instituições do mercado interbancário.
Se o vocábulo utilizado pelo legislador fosse unicamente ‘instituição financeira’ ou ‘bancos’, certamente
não haveria dúvidas por parte do intérprete da lei que a aplicação da nova lei seria exclusiva para esse tipo
de instituição. Nesse caso, o efeito potencial da aplicação da lei sobre o mercado seria esvaziado, pois não
envolveria as demais instituições do mercado financeiro que suplementam à atividade bancária. Tal
efeito não é apenas indesejado como também é paradoxal: em situação de crise econômica, o que se busca
é ampliar o alcance das medidas de regulação econômica e não restringi-las. Nessa linha, fez bem o
legislador ao admitir a possibilidade de aquisição, pelo Banco do Brasil e Caixa, de outras empresas do
setor financeiro que suplementam a atividade bancária.’
26. As peticionárias terminam a exposição referente à primeira parte da resposta à oitiva (da suposta
ilegalidade do investimento feito pela Caixapar na CPMBraxis), refutando todo e qualquer tipo de
comparação com o caso Branes: ‘são situações totalmente diversas’ (peça 62, item 28); ‘tomar o caso
Branes como parâmetro para o caso em tela seria uma simplificação maniqueísta e inadequada’ (peça 62,
item 37). Mais uma vez, procuram rabiscar a posição desta secretaria sobre o tema, expresso de maneira
clara em instrução arrolada à peça 25: a que, de fato, existem particularidades na operação de aquisição
das participações acionárias das empresas Branes (TC 033.668/2012-4), CPMBraxis (TC 003.330/2015-
0), pela Caixapar. Exatamente por levar em conta as especificidades de cada caso, o TCU decidiu, por
meio de proposta desta unidade técnica, separar os processos para cuidar das questões exclusivas
de cada um, de forma individualizada. Por outro lado, reitera-se mais uma vez que não há qualquer
incerteza, imprecisão ou dúvida por parte desta secretaria de que as operações com as empresas Branes e
CPMBraxis também apresentam similaridades entre si: todas foram consumadas por intermédio da
aquisição minoritária de ações de empresas privadas pela Caixapar, nos termos da Lei 11.908/2009, para
que essas mesmas companhias pudessem prestar serviços para a Caixa Econômica Federal, pela via da
contratação direta, e de forma ilegal, conforme trechos da instrução arrolada à peça 25, abaixo.
‘HISTÓRICO
2. O presente acompanhamento se origina de representação (TC 033.668/2012-4), que analisou a
legalidade da aquisição das ações, pela Caixapar, de outra empresa, a MGHSPE Empreendimentos e
Participações S.A. (MGH), atualmente conhecida como Branes Negócios e Serviços S/A.
3. Naquele processo, decidiu-se que o exame da compra das ações da CPMBraxis pela
Caixapar seria feito em processo apartado, uma vez que a modelagem da operação foi diferente da
estabelecida para a Branes, nos termos do Voto do Ministro Relator, Bruno Dantas (peça 104, item 5,
TC 033.668/2012-4):
5. Enquanto a Caixapar comprou diretamente as participações acionárias de companhia já existente
e atuante no mercado, portanto operacional (CPMBraxis Capgemini), o processo de aquisição das ações
da MGH e MRO pela subsidiária estatal foi mediada pela participação de Fundos de Investimentos. Por
esta razão, autorizei, mediante despacho (peça 47), que a análise da regularidade dos procedimentos
de aquisição de ações da CPMBraxis Capgemini fosse feita em processo apartado - TC
003.330/2015-0, em instrução na unidade técnica.
4. Portanto, esta análise objetiva cumprir a determinação do Ministro Relator Bruno Dantas de
analisar a regularidade da compra das participações acionárias da CPMBraxis pela Caixapar, nos termos
da autorização dada pela Lei 11.908/2009, em processo apartado.
139 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5. Embora a operação firmada com a CPMBraxis possua caracteristicas exclusivas, distintas
daquela firmada com a empresa Branes, existem similaridades entre esses negócios firmados com a
Caixa/Caixapar: após a compra de participações acionárias minoritárias (portanto, abaixo de 51%) em
empresas do ramo de Tecnologia da Informação, pela Caixapar, nos termos da autorização dada pela Lei
11.908/2009, a Caixa Econômica Federal (Caixa) decidiu contratar os serviços prestados por essas
empresas, por dispensa ou inexigibilidade de licitação. No entender da SecexFazenda, a manobra não
encontra respaldo no ordenamento jurídico pátrio, por se tratar de dupla ilegalidade: contraria tanto o
disposto no artigo 2º, caput, da Lei 11.908/2009, quanto o disposto no artigo 24, inciso XXIII da Lei
8.666/93.’
27. A par das análises, entende-se que a aquisição da CPMBraxis não serviu ao quesito de
complementaridade que exige a lei, não cumpriu a finalidade da norma, e, portanto, trata-se de
operação ilegal. Para ser considerada uma atividade complementar, para fins de enquadramento na Lei
11.908/2009, entende-se que tanto a empresa adquirente das ações quanto a adquirida devem operar no
mercado financeiro em conjunto, atuando como um conglomerado, fornecendo (ambas as empresas)
produtos e serviços de natureza econômico-financeira que se somam, se completam, agregando valor às
partes. No presente caso, em que a companhia adquirida não atua diretamente no mercado financeiro,
trata-se de mera prestação de serviço de Tecnologia da Informação (ramo cuja natureza não é
efetivamente complementar ao setor financeiro, para fins de aplicação da Lei 11.908/2009), a ser
contratada mediante o devido processo licitatório.
II - Do controle compartilhado entre Caixapar e Capgemini
28. O argumento central das partes em sede de oitiva quanto ao item, expresso nos itens 38 a 68 da
peça 62, é o de que a SecexFazenda não reconhece a existência de controle compartilhado da
Caixapar no negócio CPMBraxis. Com as devidas vênias, ao contrário do alegado pelos advogados,
esta secretaria reconheceu a administração compartilhada do negócio entre Caixapar a CPMBraxis e sabe
que a lei dispõe sobre esta possibilidade no artigo 116 da Lei 6.404/76. O que a lei não admite (e por
conseguinte, a SecexFazenda/TCU) é considerar que a gestão compartilhada de uma empresa privada sem
que haja, simultaneamente, a posse da maioria das ações com direito a voto, garante à Caixapar o status
de acionista controlador, para fins de aplicação da Lei 8.666/93. Ademais, ainda que se considerasse o
conceito de acionista controlador presente no art. 116 da Lei 6.404/76 - o qual não se aplica na
verificação da hipótese de dispensa presente no art. 24, XXIII da Lei 8.666/93 - a Caixapar não conseguiu
demonstrar que detém, de modo permanente, a titularidade de direitos que lhe assegurem a maioria dos
votos nas deliberações e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia. Segue a síntese
das conclusões da SecexFazenda sobre o assunto do ‘controle compartilhado’ em instrução arrolada à
peça 25, item 48:
‘48. Em conclusão, nota-se que a participação da Caixapar no comando da CPMBraxis é bastante
limitada e restrita. Por essas razões, entende-se que a Caixapar, apesar de participar na administração
e gerência do negócio, não possui efetivamente o status de controladora da CPMBraxis, e, por
conseguinte, não dispõe de meios tangíveis para exercer o poder de veto ou decidir conclusivamente
no futuro da empresa. Na condição de acionista minoritária, a subsidiária da Caixa ainda está sujeita às
deliberações sempre uniformes, em bloco, nas reuniões e assembleias de acionistas minoritários.’
29. Diante do reconhecimento desta secretaria da existência da gestão compartilhada (leia-se:
participação da Caixapar na administração e gerência do negócio) entre Caixapar e CPMBraxis, qualquer
discussão a respeito da existência de controle compartilhado é infrutífera para fins do deslinde processual
desses autos. Não há evidência por parte da Caixapar/CPMBraxis de cumprimento integral do artigo 116
da Lei 6.404/76 ou do artigo 24, inciso XXIII da Lei 8.666/93, que permite a contratação direta de
produtos e serviços entre empresas estatais controladoras e suas controladas e/ou subsidiárias. A simples
existência de grupo de pessoas, conforme alegaram os juristas (itens 38 a 68 da peça 62), vinculadas por
acordo de voto ou controle comum, não transforma os acionistas minoritários participantes em
controladores natos, mas apenas compartilha entre as partes a decisão de determinados assuntos da
organização. No presente caso, o que se tem é tão somente uma empresa privada em que um dos
140 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
sócios minoritários é uma entidade estatal. Mesmo com acordo, os minoritários continuam minoritários
e os majoritários continuam majoritários. Se o mero acordo envolvendo a compra de ações minoritárias
tornasse a Caixapar controladora-nata, como defendem os ilustres advogados, a CPMBraxis seria hoje
uma empresa de natureza pública, devendo realizar concurso público para a contratação de pessoal e
prestar contas a essa Corte, conforme manda a Constituição Federal. Como se sabe, não é o caso.
30. Diante do não cumprimento dos requisitos legais, conforme exposto, embora a estatal participe
de alguns assuntos (sem poder de veto) na condução do negócio, nota-se que a Caixa não goza do status
de controladora do negócio. O fato de o sócio estatal exercer parte da administração no negócio, sem
poder de veto, não transforma ele em figura majoritária, controladora do negócio. A outra acionista
da Caixapar, CPMBraxis Capgemini S.A, é quem de fato exerce o controle do negócio, já que é ela que
detém a maioria das ações com direito a voto e o poder de veto nas instâncias deliberativas da companhia.
III) Das contratações feitas pela Caixa junto à CPMBraxis
31. Os advogados da CPMBraxis proclamam, ainda, que a Caixa não é um banco comum, mas uma
agência de fomento, com um pé no ‘Público’ e outro no ‘Privado’, focado no avanço das políticas sociais
e governamentais, além do objetivo do lucro. Nessa linha, argumentam os advogados que não é legítimo
não permitir a Caixa de se modernizar diante da arena competitiva em que se encontra o banco (peça 62,
item 71). E completam:
‘72. No parecer da Tendências (Doc 04) fica evidente o desafio: ‘No período recente,
principalmente desde a crise de 2009, a CEF vem empreendendo uma política de concessões de
crédito bastante ativa, seguindo diretrizes de seu controlador, o governo federal. DDe 2003 a 2014,
a carteira de crédito total da instituição passou de R$ 26,1 Bilhões para R$576,4 Bilhões, fazendo
com que a Caixa passasse a ser o terceiro maior banco nacional em ativos em 2014’ (grifamos)
73. Continuam os pareceristas: ‘Em paralelo a CEF é o agente governamental responsável por
garantir o pagamento de importantes programas de benefícios social, com destaque para o Bolsa-
Familia, programa que conta com 14 milhões de famílias beneficiárias’ (grifamos)
74. Claro está então que, sem a utilização de tecnologia de informação e, mais precisamente sem
uma parceria estratégia que permita-lhe cumprir com sua função de forma ágil e cirúrgica, a Caixa
enfrentará dificuldades quase que intransponíveis para cumprir com sua missão econômica e
social.’
32. Apesar do contorno de obviedade, nunca é demais lembrar a questão legal do presente caso
(especialmente para um órgão de controle). Assim, é importante frisar que a SecexFazenda/TCU não faz
juízo algum de mérito sobre os negócios da CPMBraxis e tampouco sobre a decisão da Caixa de se
aparelhar a fim de atender os desafios crescentes. Por outro lado, esta secretaria não pode permitir que
avanços institucionais sejam feitos de forma ilegal, ao arrepio da lei. Que o cerne discutido nos autos não
seja desviado e nem recaia sobre a aptidão, competência ou capacidade operacional da empresa
prestadora de serviços no campo da Tecnologia da Informação, CPMBraxis, e, muito menos, sobre a
decisão da Caixa Econômica Federal de buscar meios, desde que legalmente viáveis, para se modernizar.
33. Os ilustres juristas retomam ainda antiga discussão sobre a suposta confusão que a
SecexFazenda estaria fazendo com o termo ‘controlada’ e ‘subsidiária’, expressos no artigo 24, inciso
XXIII da Lei 8.666/93, já exaustivamente debatida em processos do TCU (TC 029.884/2012-8, peça 51,
p. 8-9 e TC 008.837/2013-9, peça 63, p. 22), cujos trechos seguem abaixo:
TC 029.884/2012-8, Selog/TCU
‘10.18. Não há dúvidas de que a vontade legislativa [para os fins de direito público regulados
pela Lei 8.666/1993] foi dispensar o procedimento licitatório somente entre entes da Administração
nos quais o Estado detém a titularidade da maioria do capital votante , a fim de dar atendimento aos
interesses públicos, transcendentes aos meramente privados. Não foi dispensada a licitação entre as
empresas estatais e suas coligadas, pois, ainda que a participação societária seja significativa e o controle
compartilhado, a influência estatal é, de todo modo, minoritária e não representa uma finalidade pública
fundada em imperativos de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, como reza o art. 173 da
CF/1988.
141 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10.21. O art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993, ao tornar dispensável a licitação na contratação
realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas,
sabidamente excluiu as coligadas, independentemente de haver ou não controle compartilhado entre a
empresa estatal e sua parceira privada.
10.22. Tanto é assim que a grande maioria das normas de direito público, na parte em que tratam de
aspectos específicos da Administração indireta e/ou das empresas estatais, sempre faz menção às suas
empresas ‘controladas e subsidiárias’, raramente às ‘coligadas’, que são na maior parte das vezes afetas
ao direito privado.
10.23. Daí o alinhamento com a lição de Marçal Justen Filho transcrita no parágrafo 10.9 supra. A
participação estatal minoritária não transforma a sociedade em controlada pela Administração
Pública [para fins de licitação/contratação]. Trata-se de uma empresa privada como qualquer outra, com
uma única peculiaridade: entre seus sócios minoritários, está uma entidade estatal. Por esse motivo, é
descabida sua contratação direta.
10.24. E não poderia ser diferente, pois, a prevalecer entendimento diverso, haveria o risco de que
fosse encerrada a realização de licitações, passando a Administração a adquirir bens e serviços
diretamente por intermédio de empresas privadas dos mais diversos setores em que houvesse participação
societária estatal minoritária, ainda que, repita-se, haja controle compartilhado (...).
10.25. Deste modo, refuta-se a hipótese supracitada e reafirma-se em caráter peremptório que para
a caracterização de sociedade puramente controlada pelo Estado [para fins de licitação/contratação] é
necessária a propriedade pelo Estado da maioria das ações com direto a voto da companhia
[considerando que a definição do termo ‘controlada’ para os fins de direito público regulados pela
Lei 8.666/1993 (licitações e contratos da Administração Pública) deve ser a mesma que apresenta em
outras normas jurídicas de natureza pública, como, por exemplo, o art. 2º, inciso II, da Lei Complementar
101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF), ao passo que o termo ‘controlada’ para os fins de
direito privado (constituição e atuação empresarial de sociedades privadas) tem, nesse contexto, a acepção
da legislação própria para tais fins, como o art. 116 da Lei 6.404/1976 (Le i das SA’s) e o art. 1.098 da
Lei 10.406/2002 (Código Civil)].’
TC 008.837/2013-9, Sefti/TCU
‘143. Embora a CPM Braxis seja uma empresa controlada pela Caixa de forma
compartilhada, de acordo com a legislação de direito privado, o controle obtido pela estatal não é
da mesma intensidade exigida em normas de direito administrativo, as quais requerem que a União
detenha a maior parte do capital votante da empresa privada. Como foi exposto anteriormente, a
Caixa não detém a maioria do capital votante da CPM Braxis, de modo que não se cumpre requisito
indispensável para considerá-la como uma empresa controlada no âmbito do direito administrativo.’
34. A questão, portanto, independe se a Caixapar for ‘subsidiária’ ou ‘controlada’. Em ambos os
casos é necessária a propriedade pelo Estado da maioria das ações, pois ainda que a participação
societária seja significativa e o controle compartilhado, a influência estatal é, de todo modo,
minoritária e não representa uma finalidade pública fundada em imperativos de segurança
nacional ou relevante interesse coletivo, como reza o art. 173 da CF/1988.
35. O assunto das contratações entre Caixa e CPMBraxis depende inexoravelmente do cumprimento
do artigo 24, inciso XXIII da Lei 8.666/93. Ou seja, só é permitida a dispensa de licitação entre estatal
e sua controladora caso a primeira detenha o status de controladora da segunda, o que, para fins do
direito público, somente se dá mediante participação acionária majoritária. Como exposto
anteriormente, a Caixa não detém o status de controladora do negócio, pois não é proprietária da maioria
das ações com direito a voto, embora participe de alguns pontos da administração da CPMBraxis como
parceira minoritária do negócio, sem inclusive fruir do poder de veto. Como a Caixapar não é acionista
controladora da CPMBraxis, não há que se falar em contratação direta entre ela e a Caixa Econômica
Federal. Sem gozar do status de controladora para a consecução de contratos por dispensa entre a estatal
federal e a sua sócia, esta secretaria entende que os atuais contratos de serviços da Caixa Econômica
Federal firmados com a CPMBraxis são ilegais, por descumprimento ao artigo 24, inciso XXIII da Lei
142 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8.666/93. Esse entendimento, inclusive, foi reforçado em recente deliberação do Plenário (Acórdão
3.019/2015 TCU/Plenário), no âmbito do TC 008.837/2013-9.
36. Em suma, o que se extrai desta representação é que a aquisição das participações acionárias da
CPMBraxis pela Caixapar não sobreveio para atender o quesito da complementaridade exigido pelo art.
2º, caput da Lei 11.908/09, mas para a empresa (CPMBraxis) ser contratada pela Caixa Econômica
Federal por dispensa de licitação. No entender da SecexFazenda, a manobra não encontra respaldo no
ordenamento jurídico, por se tratar de dupla ilegalidade: contraria tanto o disposto no artigo 2º, caput, da
Lei 11.908/2009, quanto o disposto no artigo 24, inciso XXIII da Lei 8.666/93.
IV) Das consequências de eventual desfazimento da parceria entre CPMBraxis e Caixapar
37. Sendo ilegais tanto a aquisição das participações acionárias da CPMBraxis pela Caixapar quanto
a contratação direta dos serviços da empresa pela Caixa Ecônomica Federal, o caminho jurídico natural é
o desfazimento do negócio.
38. Com relação ao tema, alude a CPMBraxis que a Caixa terá prejuízos consideráveis caso
quaisquer dos contratos em vigor forem interrompidos, vez que não serão facilmente continuados ou
retomados por terceiros através de processos licitatórios, dada a complexidade e a natureza estratégica dos
mesmos (peça 62, item 150). Afirma ainda que uma eventual interrupção desses serviços acarretará um
impacto imediato e irrecuperável para a Caixa, seus clientes, os beneficiários dos programas sociais do
Estado, bem como para CPMBraxis (peça 62, item 154), sem contar a ocorrência de atrasos substanciais à
agenda de programas sociais, o que prejudicaria a competitividade do banco (peça 62, item 155).
39. Diante do potencial impacto que a interrupção repentina dos contratos causaria às partes
envolvidas no negócio e a terceiros beneficiários, propõe-se que o desfazimento do negócio seja feito
após o cumprimento do prazos contratuais vigentes. Assim, terminado o prazo original dos atuais
contratatos de Tecnologia da Informação firmados entre Caixa e CPMBrasis, finda-se os mesmos sem a
possibilidade de prorrogação. Ficam então as partes interessadas (Caixa, Caixapar e CPMBraxis)
responsáveis por elaborar, no prazo de 90 dias, plano de ação para o desfazimento /anulação da operação
de aquisição de ações da Caixapar pela CPMBraxis.
CONCLUSÃO
40. Os investimentos realizados pela Caixapar na CPMBraxis não atenderam o disposto no artigo 2º
da Lei 11.908/2009, cuja redação exige que a empresa recebedora dos investimentos pertença ao setor
financeiro ou, pelo menos, seja de ramo complementar a este, como é o caso de outras empresas que
compõem a carteira de investimentos da Caixapar: empresas seguradoras (Caixa Seguradora S.A.),
empresas de securitização (Companhia Brasileira de Securitização, CIBRASEC) e empresas de cartões
de crédito (Cielo S.A. e Elo Serviços S.A.). Para ser considerada uma atividade complementar, para fins
de enquadramento na Lei 11.908/2009, entende-se que tanto a empresa adquirente das ações quanto a
adquirida devem operar no mercado financeiro em conjunto, atuando como um conglomerado,
fornecendo (ambas as empresas) produtos e serviços de natureza econômico-financeira que se somam,
se completam, agregando valor às partes. No presente caso, em que a companhia adquirida não atua
diretamente no mercado financeiro, trata-se de mera prestação de serviço de Tecnologia da Informação
(ramo cuja natureza não é efetivamente complementar ao setor financeiro, para fins de aplicação da Lei
11.908/2009), a ser contratada mediante o devido processo licitatório (itens 19 a 27).
41. Verificou-se também que a Caixa não goza do status de controladora do negócio, embora a
estatal participe de alguns assuntos (sem poder de veto) na condução do negócio. O fato da sócia estatal
exercer parte da administração no negócio, sem poder de veto, não transforma ela em figura
majoritária, controladora do negócio. A outra acionista da Caixapar, CPMBraxis Capgemini S.A, é
quem de fato exerce o controle do negócio, dando cumprimento aos requisitos expressos na Lei 6.404/76
(itens 28 a 30).
42. No que tange aos serviços de TI prestados pela CPMBraxis para a Caixa Econômica Federal,
viu-se que as contratações dependem inexoravelmente do cumprimento do artigo 24, inciso XXIII da Lei
8.666/93. Ou seja, só é permitida a dispensa de licitação entre estatal e sua controladora caso a
primeira detenha o status de controladora da segunda. Como a Caixapar não é acionista-controladora
143 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
da CPMBraxis, não há que se falar em contratação direta entre ela e a Caixa Econômica Federal. Sem
gozar do status de controladora para a consecução de contratos por dispensa entre a estatal federal e a sua
sócia, esta secretaria entende que os atuais contratos de serviços da Caixa Econômica Federal firmados
com a CPMBraxis são ilegais, por descumprimento ao artigo 24, inciso XXIII da Lei 8.666/93. Em suma,
o que se extrai desta representação é que a aquisição das participações acionárias da CPMBraxis pela
Caixapar não sobreveio para atender o quesito da complementaridade exigido pelo art. 2º, caput da Lei
11.908/09, mas para a empresa (CPMBraxis) ser contratada pela Caixa Econômica Federal por dispensa
de licitação. No entender da SecexFazenda, a manobra não encontra respaldo no ordenamento jurídico,
por se tratar de dupla ilegalidade: contraria tanto o disposto no artigo 2º, caput, da Lei 11.908/2009,
quanto o disposto no artigo 24, inciso XXIII da Lei 8.666/93(itens 31 a 35).
43. Diante do potencial impacto que a interrupção repentina dos contratos causaria às partes
envolvidas no negócio e a terceiros beneficiários, propõe-se que o desfazimento do negócio seja feito
após o cumprimento do prazos contratuais vigentes. Assim, terminado o prazo original dos atuais
contratos de Tecnologia da Informação firmados entre Caixa e CPMBraxis, finda-se os mesmos sem a
possibilidade de prorrogação. Ficam então as partes interessadas (Caixa, Caixapar e CPMBraxis)
responsáveis por elaborar plano de ação para o desfazimento do negócio no prazo de 90 dias a contar da
decisão dessa Corte (itens 36 a 38).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
44. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts.
235 e 237, inciso VI do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la procedente;
b) nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal c/c art. 45 da Lei Orgânica do TCU,
assinar prazo de 90 dias para que a Caixa Econômica Federal e a Caixa Participações S.A. apresentem
plano de ação com vistas ao exato cumprimento do art. 2º, caput, da Lei 11.908/2009, contemplando as
medidas necessárias ao desfazimento dos atos relativos à aquisição de participação acionária, pela
Caixapar, na empresa CPMBraxis Capgemini S.A. (CPMBraxis), a ser ultimado ao término dos contratos
de serviços vigentes entre a Caixa Econômica Federal e a CPMBraxis, sem possibilidade de prorrogação.
c) esclarecer à Caixa Econômica Federal e à Caixa Participações S.A. que o plano de ação acima
referenciado deverá especificar, no mínimo: I - as ações a serem adotadas para dar cumprimento à
determinação; II - os responsáveis pelas ações; III - os prazos para implementação.
d) encaminhar a cópia do Acórdão que sobrevier, assim como do Relatório e Voto que o
fundamentarem à CPMBraxis Capgemini S.A, à Caixapar e à Caixa Econômica Federal;
e) arquivar o presente processo, nos termos do art. 169, V do Regimento Interno deste Tribunal.”
É o relatório.
VOTO
Conforme visto no relatório precedente, cuidam os autos de acompanhamento com o fito de analisar
especificamente a legalidade e a legitimidade da aquisição de participação acionária pela Caixa
Participações S/A (CaixaPar), subsidiária integral da Caixa Econômica Federal, na empresa CPM Braxis
S/A, conforme proposta formulada pela unidade instrutiva em 6/2/2015 e por mim autorizada (TC
033.668/2012-4, peças 41 e 47).
2.O presente acompanhamento insere-se no âmbito de uma série de processos autuados nesta Corte
com o propósito de analisar a aquisição de participações acionárias minoritárias pela CaixaPar com
suposto amparo na Lei 11.908/2009, que “autoriza o Banco do Brasil S/A e a Caixa Econômica Federal a
constituírem subsidiárias e a adquirirem participação em instituições financeiras sediadas no Brasil”.
3.Nessa esteira, a CaixaPar adquiriu participações acionárias em duas empresas, Branes Negócios e
Serviços S/A e CPM Braxis S/A, que atuam na área de tecnologia da informação (TI). O modelo de
144 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
negócio pensado para essas duas empresas consistia, basicamente, em formar sociedades com companhias
especializadas no ramo de TI, por intermédio de participações acionárias minoritárias, para que, em
seguida, as referidas empresas prestassem serviços para a Caixa Econômica Federal, mediante
contratação direta, de tal modo que, a meu ver, é impossível dissociar as análises de ambos os casos.
***
4.A Branes Negócios e Serviços S/A apresenta-se como uma joint venture idealizada pela IBM e
pela Caixa, com a intermediação de um fundo de investimento em participação (FIP). No âmbito dessa
organização societária, a IBM ficou com 51% das ações, a Funcef com 11,75% e a CaixaPar com 2%, de
forma direta, e 35,25%, de forma indireta (por meio do FIP), totalizando uma participação de 37,25% no
capital da companhia.
5.A fim de fiscalizar os negócios atinentes à Branes Negócios e Serviços S/A, foram autuados os
TC’s 029.884/2012-8 e 033.668/2012-4 para tratarem, respectivamente, da contratação direta da empresa
e da sua constituição.
6.Destaco que a divisão em dois processos serve apenas para fins de organização processual. Aliás,
é bom frisar a interconexão entre ambos os momentos e o aspecto temporal das operações, pois, como
dito, a aquisição de participação acionária em empresas de TI aparentemente ocorreu com o propósito
único de servir de pretexto para a contratação direta dessas empresas, por dispensa ou inexigibilidade de
licitação, para a prestação de serviços desse ramo à Caixa Econômica Federal.
7.No primeiro processo (TC 029.884/2012-8), foi adotada medida cautelar determinando à Caixa
Econômica Federal que se abstivesse de adotar quaisquer atos relativos ao contrato firmado com a
empresa, por considerar, em juízo de cognição sumária e não exauriente, a existência de elementos a
indicar que ela não se enquadra no conceito de controlada para fins de subsunção ao disposto no art. 24,
inciso XXIII, da Lei 8.666/1993, estando pendente de julgamento de mérito.
8.O segundo processo (TC 033.668/2012-4) foi julgado por meio do Acórdão 894/2015-TCU-
Plenário, tendo o Tribunal assinado prazo para adoção das medidas necessárias ao desfazimento dos atos
relativos à aquisição de participação acionária pela CaixaPar na Branes Negócios e Serviços S/A, estando,
atualmente, em fase recursal.
***
9.Da mesma forma, em relação à CPM Braxis S/A, foram autuados o TC 008.837/2013-9 e o
presente processo, versando, respectivamente, sobre as contratações diretas já efetuadas e sobre a
aquisição de participação.
10.No processo que trata das contratações (TC 008.837/2013-9), por meio do Acórdão 3.019/2015-
TCU-Plenário, também foi adotada medida cautelar determinando à Caixa Econômica Federal que
“abstenha-se de efetuar novas contratações com a CPM Braxis S/A, (...) bem como de aditar
quantitativos ou valores aos contratos em execução, salvo para alterações pontuais de adequação que,
justificadamente, sejam necessárias à conclusão dos serviços”.
11.No bojo deste TC 003.330/2015-0, consta que a CaixaPar adquiriu participação societária de
22% do capital social, equivalente a 24,4% do capital votante, da CPM Braxis S/A, pelo valor total de R$
321,66 milhões. Eis como teria ficado a estrutura acionária da empresa investida, de acordo com
informação produzida em 21/5/2012 (peça 8, p. 5):
145 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12.Em 30/7/2015, exarei despacho determinando a oitiva das empresas interessadas para
manifestarem-se, no mérito, sobre todos os fatos em análise no processo (peça 32). A Caixa Econômica
Federal e a CaixaPar apresentarem resposta conjunta (peça 58), bem assim a CPM Braxis S/A e a
Capgemini Latin America (peça 62).
13.Feito esse breve introito, passo ao exame de mérito.
***
I.Do alcance do permissivo instituído pela Lei 11.908/2009, do enquadramento da atividade
exercida pela CPM Braxis S/A e da superveniência da Lei 13.262/2016
14.De início, transcrevo o dispositivo da Lei 11.908/2009 que, em tese, conferiu suporte à aquisição
de participação acionária na CPM Braxis S/A pela CaixaPar:
“Art. 2º O Banco do Brasil S.A. e a Caixa Econômica Federal, diretamente ou por intermédio de
suas subsidiárias, poderão adquirir participação em instituições financeiras, públicas ou privadas, sediadas
no Brasil, incluindo empresas dos ramos securitário, previdenciário, de capitalização e demais ramos
descritos nos arts. 17 e 18 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, além dos ramos de atividades
complementares às do setor financeiro, com ou sem o controle do capital social, observado o disposto
no inciso X do caput do art. 10 daquela Lei. (Vide Decreto nº 7.509, de 2011)”
15.No voto condutor do Acórdão 894/2015-TCU-Plenário, sustentei que a Lei 11.908/2009
(resultante da conversão da Medida Provisória 443/2008) teve como objetivo principal fomentar o
mercado de crédito nacional, em um cenário de severo estrangulamento decorrente da crise imobiliária
que se iniciara nos Estados Unidos em meados de 2008, conforme se extrai da exposição de motivos que
acompanhou a apresentação da medida. Em outras palavras, a norma foi editada em virtude da contração
de liquidez decorrente da crise internacional de crédito.
16.Para tanto, a nova legislação ampliou, temporariamente, os mecanismos de intervenção estatal na
economia, com o intuito de impulsionar o crédito, e, por conseguinte, o mercado, por meio da
participação de instituições estatais em empresas que exercessem atividades inerentes ou complementares
à do setor financeiro. Tal concessão partiu da conjuntura de desprovimento de recursos de empresas do
setor financeiro diante do premente cenário de crise, tendo como foco a expansão do setor naquele
contexto de dificuldades econômicas.
17.Por certo, as empresas que atuam no ramo de TI não exercem atividade inerentemente afeta ao
setor financeiro. A dúvida, então, residia em definir se, para os fins da Lei 11.908/2009, o ramo de TI era
uma atividade complementar à do setor financeiro.
18.Por ocasião do Acórdão 894/2015-TCU-Plenário, defendi que determinada empresa, para
exercer uma atividade considerada como complementar à do setor financeiro para os fins daquela norma,
deveria operar em conjunto com o banco estatal no mercado, “ambas atuando como um conglomerado,
146 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
fornecendo produtos e serviços que se somassem, completassem, agregando valor às duas partes”. Do
contrário, tratar-se-ia de simples contratação, com prestação de serviços e contraprestação remuneratória.
19.Muito embora inegável a relevância dos serviços de TI para a operacionalização das atividades
bancárias, destaquei que não era a importância dessa atividade que estava em discussão, não havendo
qualquer interferência dessa questão no alcance dos comandos contidos na Lei 11.809/2009. Para melhor
compreensão, julgo pertinente transcrever meu raciocínio:
“37. Se, por um lado, o serviço de TI sustenta o ciclo operacional das instituições financeiras, por
outro, ele não pode ser considerado complementar ao exercício da atividade destas instituições, porque a
prestação de serviços de tecnologia não compõe tipo de operação que se preste a atender a demanda e
oferta de recursos financeiros no mercado e nem mesmo a intermediação ou troca de moeda, atividade de
mercado, esta sim, verdadeiramente complementar e inerente ao setor financeiro, consoante dispõe o
artigo 2º, caput, da Lei 11.908/2009.
38. Para suportar a premissa de que, para os fins daquele dispositivo, o serviço de TI é
complementar ao setor financeiro, então todo o espectro de serviços que meramente alimenta o
funcionamento de uma empresa também o será. Por essa ótica, qualquer serviço que não seja de TI mas
que auxilie a operacionalização de uma determinada empresa (e.g. segurança, limpeza, manutenção)
também serviria a tal propósito, o que evidentemente extrapolaria qualquer limite aceitável de aplicação
da norma em comento.”
20.Assim, a aquisição de participação acionária em uma empresa privada para a mera prestação de
serviços de TI não teria o condão de reverter a situação de retração internacional do crédito, ampliar a
oferta de divisas ou expandir a liquidez no mercado interbancário, salvaguardando as necessidades do
setor financeiro nacional. Ao fim, concluí que os serviços de TI não possuiriam qualquer característica
singular que possibilitasse seu enquadramento como complementar às atividades do setor financeiro, à luz
da Lei 11.908/2009.
21.No tocante a estes autos, que tratam da aquisição de participação acionária minoritária na CPM
Braxis S/A pela CaixaPar, mantenho na íntegra o entendimento que expressei no voto condutor do
Acórdão 894/2015-TCU-Plenário, plenamente aplicável ao presente caso, motivo pelo qual não hesitaria
em, desde já, reconhecer a ilegalidade da referida aquisição.
***
22.Ocorre que, recentemente, foi publicada a Lei 13.262/2016 (resultante da conversão da Medida
Provisória 695/2015), com a seguinte disposição:
“Art. 1º O Banco do Brasil S.A. e a Caixa Econômica Federal, diretamente ou por intermédio de
suas subsidiárias, poderão constituir ou adquirir participação em empresas, inclusive no ramo de
tecnologia da informação, nos termos e condições previstos no art. 2º da Lei nº 11.908, de 3 de março de
2009.
§ 1º A autorização prevista no caput é válida até 31 de dezembro de 2018.”
23.Como se vê, o novo diploma retomou a proposta anterior, mais uma vez autorizando o Banco do
Brasil e a Caixa Econômica Federal a adquirirem participação nos termos e condições previstos no art. 2º
da Lei 11.908/2009, desta feita até 31/12/2018.
24.À vista disso, gostaria de destacar dois aspectos que chamaram a minha atenção: a motivação da
nova norma legal e a menção explícita ao ramo de TI.
25.Em primeiro lugar, o contexto que levou à edição da nova medida em 2015 não se assemelha
àquele que pairava em 2008. E nem poderia ser diferente, uma vez que os efeitos deletérios da
instabilidade econômica derivada da crise internacional de 2008 já se consolidaram no tempo, ainda que
por ventura possam estar relacionados às sucessivas crises que frequentemente abalam o cenário
econômico mundial. Na realidade, creio que, em 2015, as recentes complicações no ambiente político e
social influenciam mais a conjuntura econômica brasileira do que os fatores internacionais.
26.É por isso que a exposição de motivos da Medida Provisória 443/2008 possui conotação
nitidamente diversa da apresentada em relação à Medida Provisória 695/2015. A primeira, como já dito,
visava a reverter a situação de retração internacional do crédito, ampliar a oferta de divisas e expandir a
147 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
liquidez no mercado interbancário. Já a segunda tem o objetivo de “igualar as condições de concorrência
dos bancos públicos com instituições privadas”:
“A proposta objetiva fortalecer o Banco do Brasil S.A - BB e a Caixa Econômica Federal - CEF,
principais bancos públicos federais do País que exploram atividade econômica, ao capacitá-los para
concorrer em igualdade de condições com instituições financeiras privadas (...).”
27.O segundo aspecto diz respeito à ampliação das empresas que poderão ser constituídas ou ter
participação adquirida, nos termos da recente Lei 13.262/2016. A meu ver, tal situação apenas corrobora
o posicionamento adotado no Acórdão 894/2015-TCU-Plenário, no sentido de que a atividade de TI é sim
estratégica para a atuação das instituições bancárias, mas definitivamente não é uma atividade inerente ou
complementar à do setor financeiro, conforme era exigido pela Lei 11.908/2009. Assim, a menção
explícita ao ramo de TI na Lei 13.262/2016 expande o rol das empresas que podem ser objeto da
permissão temporária.
28.Em face do exposto, creio que se encontra superada a questão da autorização para aquisição de
participação acionária em empresa do ramo de TI, em face do advento da Lei 13.262/2016, motivo pelo
qual este Tribunal poderia convalidar a aquisição de participação minoritária na CPM Braxis S/A pela
CaixaPar, caso não existissem outras dúvidas sobre a operação, mormente no tocante ao nível de controle
da estatal na sociedade privada e ao motivo da aquisição.
***
II.Da definição de empresa público-privada, do critério para identificar o acionista
controlador, da diferença entre empresa controlada e participada, do regime jurídico aplicável a
cada tipo e da impossibilidade de exercício pelo Estado da preponderância do poder de controle
numa empresa público-privada.
29.Antes de prosseguir, devo tecer algumas considerações preliminares sobre as chamadas
empresas público-privadas ou semiestatais ou paraestatais.
30.Adotarei neste voto o termo “empresas público-privadas”, introduzido com mais minúcias pelo
jurista Alexandre Santos de Aragão, em 2009, e com o qual coadunam os autores de outros estudos
recentes sobre o assunto, como, por exemplo, Carolina Barros Fidalgo (O Estado empresário: das
sociedades estatais às sociedades privadas com participação minoritária do Estado; no prelo) e Rafael
Wallbach Schwind (Participação estatal em empresas privadas: as “empresas público-privadas”; tese de
doutorado em direito; São Paulo: USP, 2014).
31.Nas palavras de Alexandre Santos de Aragão, “empresas público-privadas seriam, assim, as
sociedades comerciais privadas com participação estatal, direta ou indireta, minoritária com vistas à
realização de determinado objetivo público incumbido pelo ordenamento jurídico ao Estado”.
32.Diga-se de passagem, de acordo com essa definição, a sociedade de propósito específico (SPE) é
uma espécie do gênero empresas público-privadas, que se distingue pela aplicação do modelo de project
finance (também chamado de financiamento estruturado), como as SPE’s previstas na Lei de Parcerias
Público-Privadas e na Lei de Inovação Tecnológica. Mas não trata este processo de SPE’s, e sim da
aquisição de participação acionária minoritária na CPM Braxis S/A pela CaixaPar, motivo pelo qual não
se debaterá as características específicas do referido modelo.
33.Já disse em outras assentadas que a temática em discussão é nova, propensa a controvérsias e
sujeita a evoluções. É também um assunto que possui infinitas nuances e peculiaridades, cujo estudo
poderia abordar o desenvolvimento do intervencionismo do Estado brasileiro no domínio econômico, as
características e finalidades da Administração Indireta e da descentralização administrativa, o histórico
dos problemas ocorridos na atuação das empresas estatais federais, a existência de empresas atuando
como meros órgãos administrativos, os ajustes promovidos pela CF/1988 reduzindo a atuação do Estado
como agente na esfera da atividade econômica e estabelecendo em seu art. 173 as hipóteses para tal, a
aplicabilidade dos princípios da livre iniciativa e da subsidiariedade que regem a intervenção do Estado
na economia, a finalidade da participação do Estado como sócio minoritário de empresas privadas, os
critérios e a forma de escolha do parceiro societário, as características e a formalização da parceria (p.ex.,
148 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
garantia de certos poderes por meio de acordo de acionistas), a definição das estruturas de controle
aplicáveis, a forma de controle externo passível de ser exercido pelo TCU, etc.
34.Conforme assinalei no voto condutor do Acórdão 2.734/2015-TCU-Plenário, não é preciso muito
esforço imaginativo para verificar que a utilização pelo Estado tanto de empresas privadas com
participação estatal quanto de empresas públicas com personalidade jurídica de direito privado tem lugar
especialmente em função das prerrogativas que lhe são intrínsecas. No meu sentir, tal forma de ação
deve-se muito mais à busca de maior libertação dos grilhões do regime do direito público do que à
necessidade (real ou eventual) de adequação do regime jurídico de tais empresas às atividades que por
elas são executadas. Busca-se liberar determinadas áreas ou atividades dos procedimentos burocráticos e
formais impostos de forma geral aos órgãos e entidades da Administração, mas sem quaisquer garantias
de que tais empresas sejam geridas para atender os princípios que devem pautar a intervenção do Estado
na economia ou que atinjam os objetivos de eficiência e agilidade pretendidos.
35.Nesse sentido, merece atenção o alerta de Carolina Fidalgo (obra citada) no sentido de que não é
muito profícuo especular se o Estado forte é bom ou necessário, ou se o chamado capitalismo estatal é ou
não inevitável, uma vez que a escolha pela intervenção na economia já foi adotada pela Constituição.
Continua a autora:
“É evidente, contudo, que essa escolha será submetida a alguns limites constitucionais, como o
princípio da proporcionalidade e da eficiência, muito fluidos, contudo, para permitir uma enumeração
completa dos casos em que o Estado pode intervir na economia e quais instrumentos deverá utilizar para
cada hipótese.
Mas, de toda forma, o Direito possui um importante papel nesse processo de escolha: se não é
possível enumerar de antemão e de forma exaustiva por que e como o Estado deve intervir na economia,
cabe ao Direito impedir que os (reais) motivos da intervenção sejam inconstitucionais (e, por isso, as
teorias do interesse privado são importantes), impor que a escolha da forma de intervenção seja
fundamentada e considere os seus riscos e possíveis alternativas (como que em uma análise de impactos
da intervenção), bem como determinar uma avaliação, pelo Estado, da eficiência dos meios por ele
escolhidos para o atendimento dos fins almejados, a fim de evitar o desperdício de recursos públicos.”
36.Obviamente, não tenho (e nem poderia ter) a pretensão de esgotar o assunto nesta feita. Logo, o
posicionamento que expressarei pode, naturalmente, ser reconsiderado no futuro em função da presumível
progressão da matéria. E a fim de que este voto não se estenda o equivalente a uma tese de doutorado,
tentarei manter o foco apenas nas questões mais relevantes para o deslinde destes autos. Os demais
aspectos poderão ser interpelados em outros processos (ou fases processuais) que requeiram o seu
desdobramento.
***
37.De fato, esta Corte tem se deparado com diversos processos que enfrentam situações nas quais
empresas estatais figuram como sócias minoritárias em empresas privadas e com elas mantêm (ou
pretendem manter) alguma relação contratual, a exemplo dos recentes Acórdãos 894, 1.344, 1.602 e
1.985/2015, todos do Plenário, em relação aos quais atuei como relator ou revisor da matéria.
38.O cerne da discussão está no regime jurídico aplicável às empresas público-privadas. Para
resolver a polêmica, é necessário perquirir como se configura o poder de controle na nova companhia, em
que medida essas novas empresas são controladas pelo Estado e quais os efeitos da parcela de controle
exercido. Tudo isso para aquilatar se tais empresas integram ou não a Administração Pública, ou seja, se
sobre elas incidem mecanismos de direito público ou privado e quais as implicações do regime jurídico
cabível.
39.Embora tenha muitas ressalvas ao expansionismo estatal, relacionadas aos motivos acima
delineados, não abordarei neste voto as origens do novo modelo e as razões pelas quais tem se alastrado.
Por ora, basta dizer que, segundo consta em instruções no âmbito do TC 029.884/2012-8, com base em
parecer emitido por Marçal Justen Filho, a constituição de uma empresa público-privada é medida de
fomento estatal para incentivar a iniciativa privada a adotar as condutas desejadas a fim de obter, de modo
indireto, a finalidade buscada pela Administração. A criação de uma empresa público-privada caracteriza-
149 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
se não como uma modalidade clássica de fomento, onde o Estado desempenha uma função passiva,
editando regras ou prevendo benefícios, mas sim como uma medida extraordinária, cuja vantagem
essencial é o aporte pelo Estado de uma parcela dos recursos necessários ao empreendimento, que será
desenvolvido por uma sociedade privada subordinada ao respectivo regime.
40.Parte da doutrina assevera que a atividade de fomento possui, como limite jurídico, o princípio
da isonomia. Sobre isso, pertinente transcrever:
“Em seu nunca suficientemente elogiado O conteúdo jurídico do princípio da igualdade, Celso
Antônio Bandeira de Mello desvelou com precisão o princípio constitucional da isonomia (....). Para o
autor, para que seja compatível com o princípio da isonomia, o tratamento desigual deve estar fundado
em critério diferencial que não singularize de modo absoluto o indivíduo que será tratado de forma
peculiar, pois do contrário ‘corresponderia ou à imposição de um gravame incidente sobre um só
indivíduo ou à atribuição de um benefício a uma única pessoa’, situações incompatíveis com a ideia de
igualdade. (...) Respeitadas tais orientações, qualquer traço diferencial pode ser invocado como razão de
ser de um tratamento jurídico desigual, o que não significa, contudo, que tal tratamento desigual seja
válido à luz do princípio da isonomia. (...)
Não é difícil perceber que a atividade de fomento oferece um vasto campo para que a
Administração Pública atue ao arrepio do princípio da isonomia. Afinal, trata-se de uma atividade
marcada pela concessão de vantagens e benefícios aos particulares que ajam em conformidade com o
desejo estatal, que por conta de sua escolha recebem um tratamento especial, eventualmente prejudicial
aos que não sucumbem aos incentivos oferecidos pelo Estado (...).
O maior risco à isonomia é que os benefícios e privilégios sejam distribuídos sem qualquer
critério racional que justifique o tratamento diferenciado. (....) O exercício da atividade de fomento
sem controles jurídicos pode levar a um ‘Estado de amiguismo’, obviamente incompatível com o Estado
de Direito.
A palavra-chave, aqui, é transparência: o Estado precisa definir os critérios objetivos que deverão
ser preenchidos para que os interessados possam ser beneficiados por medidas de fomento. (...) Estando
bem definidos os critérios objetivos que serão utilizados para a escolha dos beneficiários, o princípio da
isonomia exige que todos os que preencham as condições definidas pela Administração sejam
contemplados pela medida de fomento. Caso isso não seja possível, em situações em que haja escassez
de recursos, a escolha dos beneficiários deve se dar através de um procedimento competitivo, também
fundado na objetividade (...).
E não se olvide da relevância da motivação dos atos administrativos, exigência que pode
impedir que a atividade administrativa de fomento seja exercida sem observância ao princípio da
isonomia, ao obrigar o agente administrativo a expor as razões de fato e de direito que o levaram a
conceder tal e qual benefício a esse ou aquele particular. (...) Não se tratasse de um princípio que deriva
da própria ideia de Estado Democrático de Direito, a motivação em tais casos seria indispensável para
impedir que recursos públicos fossem mal utilizados, como adverte Celso Antônio Bandeira de Mello
em passagem feita sob medida para o fecho do presente trabalho: ‘em País no qual a Administração
frequentemente pratica favoritismos ou liberalidades com recursos públicos a motivação é extremamente
necessária em atos ampliativos de direito’.” (MELLO, Rafael Munhoz de; Atividade de fomento e o
princípio da isonomia; Salvador: Redae, 2011)
41.Ao fim, após mencionar que, por vezes, a Administração Pública atinge a esfera jurídica dos
particulares com medidas de cunho negativo, o autor conclui que “a situação é pior no exercício da
atividade de fomento, em que as medidas administrativas geram benefícios e não restrições, o que leva a
Administração a agir como se estivesse livre de quaisquer amarras jurídicas, distribuindo favores a quem
lhe parecer conveniente, algo de todo incompatível com a ideia de Estado de Direito”.
42.Tais ponderações são em tudo aplicáveis à disciplina das empresas público-privadas, não apenas
em relação à forma e à motivação dos atos que resultaram na escolha do sócio privado, como também na
relação das empresas estatais com as empresas público-privadas. O Estado deve se cercar de todos os
150 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
cuidados possíveis para que o fomento de operações societárias não ocasione concentração de mercado,
ofensa ao princípio da isonomia ou prejuízo à livre concorrência.
43.As características fundamentais na atuação de empresas público-privadas residem na ausência de
integração no âmbito da Administração Pública, na inexistência de desempenho de função estatal de
qualquer natureza e na não aplicação dos princípios próprios do direito público. Assim, é da natureza da
constituição de uma empresa público-privada que essa se baseie exclusivamente na existência de um
empreendimento privado. Todos os benefícios a serem produzidos dependem do seu enquadramento no
regime de direito privado.
44.Se a participação de um sócio estatal afetasse a natureza privada da nova companhia e causasse
sua sujeição ao regime de direito público, sua atuação seria malograda. A aplicação do regime de direito
público também ocasionaria a desnaturação da empresa público-privada e colocaria em xeque sua própria
necessidade e existência. Diga-se de passagem, é muito provável que o parceiro particular se recusasse a
participar ou a continuar no empreendimento se a existência de recursos públicos acarretasse a submissão
da nova empresa a todos os atributos do regime de direito público.
45.Sendo lícito à Administração constituir empresas público-privadas com todos os privilégios
intrínsecos à espécie, deve-se reconhecer, na outra mão, o necessário contrapeso. É por isso que Marçal
Justen Filho conclui, no precitado parecer, que, se a empresa público-privada possui natureza
essencialmente privada e não se subordina a quaisquer das características próprias das entidades
administrativas, também não se admitirá que ela seja beneficiária de qualquer vantagem decorrente da
qualidade do sócio estatal, ou seja, a participação do sócio estatal não produz qualquer efeito jurídico
relativamente às relações jurídicas de que participa a nova empresa, produzindo-se uma imunização dos
atributos dos sócios.
46.A essa mesma conclusão chegou Rafael Schwind (obra citada):
“Já a empresa público-privada desempenha um empreendimento privado - ainda que haja algum
interesse estatal na sua atuação. A forma jurídica adotada volta-se especificamente para a finalidade de se
desempenhar um empreendimento privado. Mesmo nos casos em que a empresa público-privada preste
um serviço público, para ela a atividade desempenhada será um empreendimento privado, como ocorre,
por exemplo, com qualquer empresa privada que seja concessionária de um serviço público.
Se a simples participação de um ente estatal comprometesse a configuração privada da sociedade e
a submetesse, ainda que parcialmente, ao regime jurídico de direito público, a própria constituição da
empresa estaria frustrada. Outra forma jurídica - possivelmente a de uma empresa estatal, integrante da
Administração - deveria ser adotada.
O fato é que, se as contratações da empresa público-privada fossem submetidas a licitação, se os
seus empregados somente pudessem ser contratados mediante a realização de concursos públicos, se a
criação de cargos dependesse de lei e se houvesse a adoção das demais decorrências da incidência do
regime de direito público, seria mais lógico que se constituísse uma empresa estatal. Não faz sentido
prever a participação estatal em empresas privadas como uma modalidade específica de intervenção do
Estado na economia se ela se equiparasse em tudo às empresas estatais.
Na realidade, não há lógica na aplicação do regime de direito público às empresas aqui
denominadas de público-privadas. Esse tipo de associação empresarial do poder público com particulares
somente faz sentido se for submetida ao regime de direito privado.
Na empresa público-privada, a entidade administrativa que a integra assumirá uma posição jurídica
equivalente à de um sujeito privado. Serão assegurados a ela todos os direitos, poderes e deveres previstos
para qualquer sócio privado, sem nenhuma diferença essencial em relação ao que ocorre em qualquer
relacionamento societário em empresas privadas.
A entidade da Administração não poderá exercer os seus poderes de sócio para conduzir a empresa
à realização de funções administrativas públicas. A empresa público-privada é uma entidade privada que
não integra a Administração Pública. O sócio estatal deve compreender adequadamente essa circunstância
e observar tais parâmetros. Caberá a ele submeter-se a todos os limites que se aplicam a qualquer sócio
privado de um empreendimento desse tipo.
151 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Isso significa que o sócio público não dispõe de prerrogativas públicas no âmbito interno da
empresa público-privada. Existirá uma paridade no vínculo associativo entre os sócios, o que significa a
ausência de poderes jurídicos diferenciados do sócio público em face do sócio privado.
Os poderes de que dispõe a entidade da Administração no âmbito interno da empresa são aqueles
que a condição de sócio lhe conferiu na definição da modelagem concreta utilizada. (...) Eles decorrem da
posição de sócio detida pelo ente estatal, e não pelo simples fato de o ente em questão integrar a
Administração Pública. Tanto é que esses mecanismos de exercício do controle societário podem ser
utilizados de modo geral em qualquer empresa privada que não conte com nenhuma participação estatal.”
47.Assim, penso não haver maiores dúvidas de que, pelo menos inicialmente, as empresas público-
privadas, devido ao fato de terem personalidade jurídica de direito privado e de o Estado ter participação
apenas minoritária, não integram a Administração Indireta, estando adstritas ao regime jurídico de direito
privado.
48.A mera participação minoritária, sem que o poder de controle seja exercido pelo Estado, não é
capaz de atrair para as empresas público-privadas as regras de direito público que tornam híbrido o
regime aplicável às empresas estatais integrantes da Administração Indireta.
49.De acordo com a doutrina, emprega-se a expressão poder de controle no direito empresarial
como aptidão para comandar em última instância as atividades empresariais, impondo-lhe os rumos,
diretivas e orientações.
50.Ponto praticamente pacífico na doutrina é que o poder de controle em uma empresa não decorre
apenas da propriedade das ações. Nas palavras de Rafael Schwind:
“(...) o exercício do poder de controle interno de uma empresa não deriva apenas da propriedade
acionária. Ainda que ela seja um elemento relevante para a definição do controle societário, não se trata
do único pressuposto para o exercício de poder no interior de uma sociedade comercial. Existe uma série
de outros fatores que condicionam o exercício do poder de controle, e que podem levar a que sócios
minoritários exerçam o poder de comando da empresa, ainda que detenham uma parcela muito pequena
do seu capital social.”
51.É por isso que, ao participar de uma empresa público-privada, o sócio estatal deve, em regra,
viabilizar mecanismos para que tenha condições de influenciar os rumos da nova companhia, a fim de que
ela atinja os objetivos que serviram de fundamento para que o Estado se associasse ao empreendimento.
Usualmente, utiliza-se o acordo de acionistas previsto no art. 118 da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades
Anônimas - LSA). Segundo Rafael Schwind:
“Tais mecanismos serão, em regra, o direito de eleger determinados conselheiros, a previsão de que
deverá haver unanimidade em torno da aprovação de certas matérias - o que equivale a conceder ao
Estado um direito de veto -, bem como a previsão de certas restrições à circulação de ações. (...)
Assim, o acordo de acionistas firmado entre o sócio estatal e o sócio privado garantirá que o Estado,
mesmo não tendo preponderância no controle da empresa, irá dispor de condições para influenciar
determinadas decisões. Ainda que se trate de um instrumento de direito societário, terá objetivos
nitidamente regulatórios. As prerrogativas previstas em favor do sócio estatal no acordo de acionistas são
ao mesmo tempo mecanismos para o cumprimento de objetivos buscados pelo Estado e decorrência do
apoio institucional aplicado pelo Estado no empreendimento. (...)
Em termos teóricos, a utilização de um acordo de acionistas no âmbito de uma empresa público-
privada reforça a constatação de que se trata de uma verdadeira parceria público-privada, de natureza
societária, entre o Estado e a iniciativa privada, que se associam em torno de um empreendimento
comum. Em vez de se valer de mecanismos impositivos, o Estado, em uma empresa público-privada,
deverá negociar suas posições com o sócio privado.
Esse relacionamento de natureza societária se dará exatamente nos mesmos termos que ocorre em
qualquer empresa privada. Nem poderia ser diferente, uma vez que a empresa público-privada não integra
a estrutura estatal, e o Estado não tem preponderância no exercício do controle societário da companhia.
Ao optar pela constituição de uma empresa público-privada em lugar de outros possíveis arranjos de
intervenção na ordem econômica, o Estado faz uma opção consciente pelos mecanismos de direito
152 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
privado, o que significa abrir mão de uma série de prerrogativas que eventualmente teria por outros
meios.”
52.A celebração de um acordo de acionistas representa um compartilhamento do poder de controle.
Para Carolina Fidalgo, o controle compartilhado é aquele no qual os atributos do controle (maioria de
votos nas deliberações sociais e poder de eleger a maioria dos administradores) são exercidos por bloco
de controle composto por sócios independentes. A autora menciona que:
“(...) somente há que se falar em controle conjunto ou compartilhado quando o grupo de controle
exerce as prerrogativas e as responsabilidades que incumbem ao acionista controlador de forma coletiva,
e quando as pessoas que constituem tal grupo agem e respondem como se fossem uma só pessoa, sem
que, cada uma, por si só, possa ser caracterizada como acionista controlador.”
53.Historicamente, o acordo de acionista é utilizado como um instrumento aglutinador dos
acionistas minoritários, que organiza o exercício de seus direitos de acionistas a fim de defender os seus
interesses diante do acionista controlador. Ou seja, a minoria constitui um grupo que age como se fosse
uma só pessoa. O panorama é diferente, por exemplo, nas situações em que dois sócios celebram um
acordo de acionistas, sendo que um dos sócios é o acionista majoritário e mantem para si os atributos do
controle, caso em que deve ser caracterizado como acionista controlador, servindo o acordo, em tais
situações, somente para garantir algumas prerrogativas para o outro sócio.
54.Sobre a necessidade de o grupo de controle agir de maneira uniforme para configuração do poder
de controle, vale citar:
“Se a companhia tem Conselho de Administração e os membros do grupo controlador têm direito
de indicar os conselheiros, o poder de controle somente é exercido se e enquanto os Conselheiros
eleitos pelo grupo votam de modo uniforme. Por isso, é requisito usual do acordo de grupo
controlador que seus membros se obriguem a fazer com que as pessoas por eles indicadas para o
Conselho votem em bloco, segundo as decisões do grupo.
(...) Quando os membros do grupo controlador repartem entre si a atribuição de indicar membros do
Conselhos de Administração de controlada e o grupo elege apenas a maioria, e não a totalidade, dos seus
membros (porque há conselheiros que representam acionistas minoritários), o acordo do grupo
controlador requer estipulações que assegurem a reprodução, no Conselho de Administração da
controlada, da condição essencial para a existência do grupo, que é o voto uniforme de seus membros.
Daí a estipulação usual de que todos os membros indicados pelo grupo devem votar em bloco, segundo as
decisões do grupo: se o voto não for uniforme, ou seja, se alguns dos conselheiros eleitos pelo grupo
controlador votarem com o sócio minoritário, o grupo controlador perde o controle.” (PEDREIRA, José
Luiz Bulhões; Acordo de acionistas sobre controle de grupo de sociedades; In: Doutrinas Essenciais de
Direito Empresarial; São Paulo: RT, 2010)
55.Passa-se, então, a um ponto de suma importância. A empresa público-privada na qual foi
celebrado um acordo de acionistas enquadra-se no conceito de “controlada” pelo Estado? Ou, então, será
que o compartilhamento de parcela do poder de controle, por meio de acordo de acionistas, tem o condão
de alterar o regime aplicável a tal empresa? A meu ver, dois caminhos são possíveis, ambos relacionados
aos critérios que devem balizar a definição de empresa controlada.
56.Em 2007, foi constituída uma comissão de juristas a fim de elaborar um anteprojeto de lei para a
nova organização da Administração Pública Federal. De acordo com a minuta do anteprojeto, entregue
em 2009, eis as propostas dos juristas sobre o assunto:
“Art. 9º. As entidades estatais podem ter subsidiárias, que se integram à administração indireta,
devendo sua instituição observar o disposto nos incisos XIX e XX do art. 37 da Constituição.
§ 1º São subsidiárias: (...)
II ‐ das empresas estatais, as empresas estatais e fundações estatais por elas controladas;
Art. 10. As entidades estatais podem:
I ‐ participar, quando autorizadas por lei específica, do capital de empresa não estatal, desde que
isso não lhes confira, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais ou poder para eleger
a maioria dos administradores; (...)
153 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
§ 2º As empresas ou entidades com participação estatal a que se refere este artigo não integram a
administração indireta e estão sujeitas ao regime jurídico que lhes é próprio, segundo sua legislação de
regência, não lhes sendo aplicáveis o regime e os controles a que se submetem as entidades estatais.
Art. 15. (...)
§ 1º Controlada por entidade estatal é a empresa em que esta é titular de direitos que lhe asseguram,
de modo permanente, preponderância nas deliberações ou o poder de eleger a maioria dos
administradores.”
57.Em linha de consonância com a precitada minuta, Carolina Fidalgo afirma que algumas formas
de intervenção societária não necessariamente conferem a seu titular o poder de controle da companhia, já
que não atendem à exigência de preponderância na tomada de decisões sobre a atividade da empresa. No
dizer da autora:
“O direito de veto, por si só, não confere, necessariamente, uma influência preponderante. Isso
dependerá, logicamente, das matérias com relação às quais esse direito de veto poderá ser exercido. O
direito de nomear membros dos órgãos da administração, por sua vez, só denota preponderância se for
relativo à maioria desses membros.
A detenção do poder de controle pelo Estado em uma sociedade privada só seria legítima se
realizada a título provisório, a fim de cumprir um objetivo específico e transparente previsto na lei, já que
o controle permanente importa na caracterização da sociedade como uma sociedade de economia mista de
fato, ensejando a responsabilização daqueles que tiverem concorrido para a manutenção dessa situação.
O Estado não pode, a nosso ver, adotar técnicas societárias com a finalidade de burlar o regime
constitucional aplicável às empresas estatais. Não nos parece legítimo que o Estado controle uma
companhia senão através da constituição de uma sociedade de economia mista e da aplicação do regime
previsto nos arts. 37 e 173 da Constituição Federal. (...)
Se o controle do Estado sobre uma sociedade privada não for transitório, haverá duas
possibilidades: (i) ou se transforma a sociedade em sociedade de economia mista, mediante autorização
legal específica para tanto; (ii) ou o Estado deverá se desfazer das ações e/ou direitos que lhe garantem o
controle da sociedade.”
58.Do mesmo modo, Rafael Schwind assevera que, para a configuração de uma empresa público-
privada, o essencial é que a preponderância do poder de controle não esteja de modo permanente com o
Estado. Prossegue o autor:
“Fala-se aqui em ‘preponderância’ no exercício do poder de controle porque o Estado, ainda que
minoritário, poderá integrar o bloco de controle e, nesse sentido, também exercerá poder de controle
interno na sociedade.
Além disso, para a identificação de uma empresa público-privada, mencionou-se que o Estado não
deve possuir ‘de modo permanente’ a preponderância no exercício do poder de controle interno. Com a
menção à questão da permanência, procura-se tratar de situações em que o Estado, de modo transitório,
possa adquirir de algum modo essa preponderância. Caso se trate de uma situação passageira, não
permanente, não estará necessariamente descaracterizada a empresa público-privada. Entretanto, caberá
definir se o Estado passará a ter tal preponderância de modo permanente ou não - o que poderá resultar,
eventualmente, na própria estatização da empresa.
A identificação do poder de controle numa empresa público-privada será realizada por meio dos
critérios previstos no artigo 116 da Lei nº 6.404 - os quais inclusive foram acolhidos pelo anteprojeto de
lei da nova organização administrativa. Assim, entende-se por controlador aquele que é titular de direitos
de sócio que lhe assegurem, de modo permanente a maioria de votos nas deliberações e o poder de eleger
a maioria dos administradores, e utiliza efetivamente os seus poderes para dirigir as atividades sociais.
Portanto, caberá ao particular o domínio do poder de controle da empresa público-privada. O sócio
não estatal disporá, portanto, do poder de eleger a maioria dos administradores e de exercer a maioria dos
votos nas tomadas de decisão.”
154 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
59.Rafael Schwind reputa que o indicativo essencial de exercício de poder no interior da empresa
diz respeito à preponderância no exercício do poder de controle interno. O critério proposto é certamente
menos objetivo do que o do percentual de participação acionária. Sobre isso, o autor alerta:
“Basta verificar a quantidade de estudos e discussões existentes sobre o exercício do poder de
controle nas sociedades empresariais. O tema é altamente complexo. Discute-se o conteúdo do poder de
controle e quando há o seu exercício ou o seu compartilhamento entre os sócios. Como o poder de
controle é modulável, determinadas situações geram certa perplexidade por não haver uma certeza
absoluta sobre se determinado sócio é ou não controlador.”
60.Alguns doutrinadores aferram-se ao atributo da permanência como o caracterizador do controle
acionário. Para esses, tal atributo indica que o poder de controle deve ser dotado de estabilidade, ou seja,
basear-se em uma posição estrutural, de modo a não confundi-lo com situações conjunturais, esporádicas,
fortuitas ou eventuais. Nesse sentido, Eduardo Munhoz (Aquisição de controle na sociedade anônima;
São Paulo: Saraiva, 2013). O problema reside na ausência de definição legal de permanência, motivo pelo
qual parte da doutrina continua usando o critério das “três últimas assembleias”, previsto nas antigas
Resolução-CMN 401/1976 e Instrução-CVM 229/1995, ambas revogadas em 2002.
61.Outra linha de escritores defende que o critério de permanência para caracterização do poder de
controle deve ser objeto de reinterpretação. Nessa direção, Erik Oioli (Regime jurídico do capital disperso
na Lei das S/A; São Paulo: Almedina, 2014). Para ele, a expressão “de modo permanente” gera a ilusão
de que o controle é um fenômeno estático, não sujeito a constantes mudanças na vida societária, quando
na realidade é justamente o contrário. Conclui o autor:
“As teorias organizativas da empresa hoje se ocupam da adequada alocação de poder e riscos entre
os diversos agentes relacionados à empresa, conferindo menor importância à dicotomia entre acionistas
controladores e minoritários. O poder de controle, ao longo da vida empresarial, pode flutuar entre os
referidos agentes em função da própria dinâmica que lhe é particular.”
62.Em suma, a proposta de Rafael Schwind é no sentido de definir as empresas público-privadas
como sendo as sociedades comerciais privadas, não integrantes da Administração Pública, em que o
Estado, por meio de um ente estatal, participa como sócio e se vale de instrumentos societários destinados
a direcionar o comportamento da empresa para a realização de determinados objetivos públicos previstos
no ordenamento jurídico, mas sem possuir, de modo permanente, preponderância no exercício do poder
de controle. No interior das empresas público-privadas, o Estado atua como genuíno sócio sem
preponderância no poder de controle, o que diferencia tais empresas das sociedades de economia mista.
***
63.De tudo quanto explanado até esse ponto, passo a sintetizar as conclusões que merecem nosso
acolhimento. A ideia básica é que se impõem à empresa público-privada todos os instrumentos privados
de incentivo à eficiência. A empresa deverá adotar os procedimentos mais eficientes e se orientará à
obtenção de lucro. Isso quer dizer que a empresa estará direcionada a oferecer o maior rendimento
possível para os recursos nela investidos. Para tanto, o desempenho das atividades da empresa público-
privada deve se dar sob regime de direito privado, não se aplicando os princípios próprios do direito
público.
64.Entende-se por acionista controlador aquele que é titular de direitos de sócio que lhe assegurem,
de modo permanente, a maioria de votos nas deliberações e o poder de eleger a maioria dos
administradores, e que utiliza efetivamente os seus poderes para dirigir as atividades sociais. Um bloco de
controle, constituído por um grupo de sócios, deve agir de forma coletiva como se fosse uma só pessoa
para ser caracterizado como acionista controlador. Nas situações em que o acionista majoritário celebra
um acordo de acionistas, mas mantem para si os atributos do controle (maioria de votos nas deliberações
sociais e poder de eleger a maioria dos administradores), deve continuar sendo considerado o acionista
controlador.
65.O acordo de acionistas, do ponto de vista do sócio estatal que tem participação minoritária em
uma empresa público-privada, tem o objetivo precípuo de prover determinado nível de influência sobre
algumas decisões. As prerrogativas previstas em favor do sócio estatal no acordo de acionistas podem ser
155 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
vistas tanto como mecanismos para o cumprimento de objetivos buscados pelo Estado quanto decorrência
do apoio institucional aplicado pelo Estado no empreendimento. Embora o acordo de acionistas confira
uma parcela de controle compartilhado ao sócio estatal, não o torna controlador da empresa público-
privada e nem torna ela controlada por ele.
66.Portanto, não se trata de verificar tão somente a simples celebração do acordo de acionistas, por
si só, para definir se uma empresa privada com participação do Estado é controlada ou não pelo sócio
estatal. A questão vai além. Em cada caso, devem-se analisar as particularidades do acordo de acionistas e
verificar qual sócio exerce o poder de controle de forma predominante.
67.Aplicando os critérios previstos no art. 116 da LSA (também usados na minuta da Nova Lei
Orgânica da Administração), creio ser defensável o entendimento de que acionista controlador é aquele
sócio titular de direitos que lhe asseguram a preponderância nas deliberações sociais (maioria de
votos nas assembleias) ou o poder de eleger a maioria dos administradores. Em face da ausência de
definição legal ou normativa, aliada à inexistência de consenso sobre o assunto, deixo de propor a
aplicação do requisito da permanência.
68.Assim, se o sócio estatal for titular de tais direitos, está-se a falar de empresa controlada, sobre
a qual deve incidir o mesmo regime híbrido atualmente aplicável às empresas estatais, em especial as
regras e contrições do direito público, sendo necessária a sua adequação; caso contrário, trata-se de
empresa participada, não integrante da Administração Indireta, sujeita unicamente ao regime de direito
privado, aqui sim a empresa público-privada stricto sensu.
69.Como visto, o poder de controle em uma empresa não decorre apenas da propriedade das ações.
Ao propor a utilização do critério da preponderância do poder de controle para identificar o sócio
controlador, evoluo meu entendimento de forma sutil, mas relevante, considerando que, a priori, as
empresas privadas controladas pelo Estado (repita-se: aquelas em que o sócio estatal exerce a
preponderância do poder de controle por meio de direitos que lhe asseguram o domínio nas deliberações
sociais ou o poder de eleger a maioria dos administradores) funcionarão tais quais as empresas em que o
Estado detém a maioria do capital social com direito a voto.
70.Ou seja, o exercício pelo Estado da preponderância do poder de controle numa empresa
público-privada importa na sua caracterização como uma sociedade de economia mista de fato. O
Estado não pode adotar técnicas societárias com a finalidade de burlar o regime constitucional
aplicável às empresas estatais. Não quer me parecer legítimo que o Estado controle uma companhia
privada senão através da constituição de uma sociedade de economia mista e da aplicação do
regime previsto nos arts. 37 e 173 da CF/1988.
71.Na realidade, penso que tal constatação guarda consonância com o que restou decidido no
julgamento do Acórdão 1.344/2015-TCU-Plenário, quando esta Corte assentou de forma contundente que
os fatos jurídicos efetivamente realizados no plano da existência é que devem servir de norte para a real
aplicação da norma jurídica, não podendo ser afastados pelo mero uso formal de uma sutil engenharia
jurídico-financeira, mormente quando dentre os propósitos figura o de tentar afastar o exercício
constitucional pelo TCU do controle externo sobre a administração da coisa pública.
72.Se o Estado vier a ser caracterizado como o controlador de uma empresa público-privada, haverá
duas possibilidades: 1) ou se transforma a empresa público-privada em sociedade de economia mista,
mediante autorização legal específica para tanto e aquisição da maioria das ações com direito a voto, nos
termos do art. 5º, inciso III, do Decreto-Lei 200/1967; ou 2) o Estado deverá se desfazer das ações e/ou
direitos que lhe garantem a preponderância do poder de controle na empresa. Parece-me plausível que o
prazo para cumprimento da segunda condição, na ausência de implemento da primeira, seja o mesmo que
o anteprojeto da Nova Lei Orgânica da Administração propõe para situações similares: ao fim do
exercício subsequente ao da assunção do controle (arts. 15, § 2º, e 18, § 3º).
***
III. Da prestação de serviços pela empresa público-privada para o sócio estatal mediante
contratação direta com fundamento no art. 24, inciso XXIII (licitação dispensável), ou no art. 25
(licitação inexigível) da Lei 8.666/1993.
156 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
73.De se examinar, então, as implicações das conclusões acima no relacionamento entre as
empresas estatais e as empresas público-privadas, especialmente no tocante à possibilidade de contratação
direta das segundas para a prestação de serviços às primeiras.
74.Vale repisar que, apesar de ter como sócio um ente integrante da Administração Pública e de
existirem recursos de origem pública no seu capital, a empresa público-privada não se subordina ao
regime de direito público. Nem sequer integra a Administração Indireta, sendo que o sócio estatal não tem
preponderância no seu controle. O simples fato de haver participação estatal na empresa público-privada
não conferirá à sociedade qualquer vantagem perante o poder público. Na qualidade de pessoa jurídica de
direito privado que não integra a Administração Pública, a empresa privada com participação estatal deve
atuar em pé de igualdade com toda a iniciativa privada.
75.Outra é a situação na qual o Estado almeja exercer um certo nível de controle na empresa
público-privada. Aplicando o critério da predominância do poder de controle, a empresa público-privada
stricto sensu é aquela em que, independentemente de haver a celebração de acordo de acionistas, o sócio
estatal não seja titular de direitos que lhe garanta a preponderância nas deliberações sociais ou o poder de
eleger a maioria dos administradores. Trata-se, neste caso, de empresa meramente participada, não
integrante da Administração Indireta, que permanece sujeita somente ao regime de direito privado.
76.Por outro lado, se o sócio estatal for titular de tais direitos, está-se a falar de empresa controlada,
com funcionamento similar a uma empresa pública ou sociedade de economia mista em que o Estado
detém a maioria do capital social com direito a voto, sobre a qual deve incidir o mesmo regime híbrido
aplicável às empresas estatais, em especial as regras e contrições do direito público, sendo necessária a
sua adequação.
77.No tocante à questão da contratação direta, essa necessária distinção entre empresas participadas
e controladas aplica-se, nos dizeres de Marçal Justen Filho, tanto em face de encargos e restrições quanto
de vantagens e benefícios. Daí decorre que a mera participação acionária numa empresa público-privada,
por si só, não autoriza sua contratação direta pela Administração. De outra parte, caso o ente estatal adote
uma solução com características próprias das entidades administrativas, pode, aí sim, usufruir
pacificamente da exceção albergada no art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993. E, como é inerente à
natureza das coisas, tal liberalidade é compensada por outras limitações.
78.Chego a essa conclusão, sobretudo, por entender que as empresas público-privadas em que o
Estado não exerce a preponderância do poder de controle (ou seja, as empresas meramente participadas, e
não as controladas) devem concorrer em condições de igualdade com as demais empresas do setor
privado, sob o risco de afronta ao princípio da isonomia.
79.Esse é o mesmo desenlace a que chegam outros autores:
“A interpretação mais adequada para o inciso XXIII do artigo 24 da Lei nº 8.666 é a de que o
dispositivo pretende alcançar as empresas que integram a estrutura estatal e, portanto, sejam controladas
de modo preponderante por uma empresa pública ou sociedade de economia mista. Assim, se uma
empresa estatal constituiu outra empresa, subsidiária, que integra a Administração Pública, esta última
poderá ser contratada pela primeira, com dispensa de licitação, observados os preços de mercado. Já se a
empresa estatal apenas integra o capital de uma empresa privada, ainda que com alguma participação no
seu controle, esta última não poderá ser contratada diretamente com fundamento no inciso XXIII do
artigo 24 da Lei nº 8.666. Atribuir um tratamento privilegiado a uma empresa privada, controlada
preponderantemente pelo sócio privado, apenas pelo fato de uma estatal integrar o seu quadro de
acionistas, seria ofensivo à isonomia.
Nesse sentido, Marçal Justen Filho afirma que ‘a participação estatal minoritária não transforma a
empresa em integrante da Administração Pública. Trata-se de uma empresa privada como qualquer outra.
Ora, como justificar, especialmente em face do princípio da isonomia, que essa empresa privada fosse
privilegiada com contratação direta por parte da Administração? Isso significaria discriminar outras
empresas que não tivessem o privilégio de contar, em seus quadros societários, com uma participação
minoritária estatal’.
157 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Note-se que a integração de uma empresa estatal como sócia de uma empresa privada não ocorre
com o objetivo de viabilizar contratações diretas entre essas sociedades. A constituição de empresas
público-privadas pode se prestar a uma série de objetivos diversos. Assim, deve-se afastar o argumento
segundo o qual de nada adiantaria uma empresa estatal integrar o quadro de sócios de uma empresa
privada se não pudesse atribuir a ela um tratamento diferenciado.
Há ainda o risco de se instituir um privilégio ao sócio privado, que, titular de parcela relevante,
normalmente majoritária, do capital da empresa público-privada, seria o beneficiado pela contratação
direta por parte de seu sócio estatal. (...)
Portanto, a solução de ser [dispensável] a licitação para contratação da empresa público-privada em
virtude da existência de participação estatal é incompatível com a natureza essencialmente privada da
empresa, que não se subordina às características que são próprias dos entes que integram a Administração
Pública. O fato de a empresa público-privada não integrar a Administração Pública torna impossível a
consideração dos atributos dos seus sócios como um fator determinante da concessão de benefícios
estatais.” (SCHWIND, Rafael; obra citada)
“Conferir tratamento privilegiado a uma empresa privada, sob controle efetivamente privado,
implicaria quebrar o suposto de isonomia, que é uma das pedras de toque do regime licitatório, bem como
concorrencial. Embora seja absolutamente lícito que empresas estatais para desenvolver seu objeto
venham a firmar parcerias societárias com parceiros estratégicos, esse modo de atuação não pode servir
para desnivelar as empresas privadas no que tange ao acesso ao mercado público.” (GUIMARÃES,
Bernardo; A participação de empresas estatais no capital de empresas controladas pela iniciativa privada:
algumas reflexões, 2013; In: SCHWIND, Rafael; obra citada)
“A Lei não o estabelece, mas também não parece necessário -, a entidade pública participante não
pode fazer adjudicações às sociedades comerciais participadas, sem observância das regras da contratação
pública.” (GONÇALVES, Pedro; Regime jurídico da atividade empresarial local, 2012; In: SCHWIND,
Rafael; obra citada).
80.Diga-se de passagem, é nesse sentido o desfecho uníssono de três diferentes unidades técnicas
deste TCU (Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas, Secretaria de Fiscalização de
Tecnologia da Informação e Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura de Aviação Civil e
Comunicações) que, desde 2012, debruçam-se sobre processos desta natureza. Desse modo, permito-me
resgatar a essência das asserções que consignei no voto condutor do Acórdão 1.985/2015-TCU-Plenário.
81.Com efeito, a empresa privada em que há a participação estatal não se confunde com a empresa
estatal que detém a participação. Trata-se de universos jurídicos diametralmente distintos, em espaços
com regimes de direito inteiramente diferentes, lidando com pessoas de naturezas jurídicas absolutamente
diversas. Nas sociedades de economia mista, por exemplo, é o capital privado que vai ao setor público; já
nos casos das empresas público-privadas, é o capital público que vai ao setor privado, subjugando-se,
pois, ao regime jurídico desse. Por óbvio, o Estado não torna público ou administrativo tudo aquilo de que
venha a participar.
82.Estando atualmente em voga uma estratégia da Administração no sentido de adquirir
participação acionária minoritária em empresas privadas buscando todos os privilégios intrínsecos à
espécie, deve-se reconhecer, na outra mão, o necessário contrapeso: se, por um lado, é inconteste que a
empresa público-privada stricto sensu não se subordina a quaisquer das características próprias das
entidades administrativas e que sobre ela não incidem as restrições típicas do direito público, por outro,
não se permitirá que essa mesma empresa seja beneficiária de qualquer vantagem decorrente da qualidade
do sócio estatal, o que forçosamente atinge a pactuação de contratos privilegiados com a Administração
Pública, vedando-se, notadamente, sua contratação direta, sem licitação.
83.Tal situação realça, de modo bastante peculiar, uma grave incongruência presente nas alegações
daqueles que defendem a possibilidade de contratação direta das empresas público-privadas stricto sensu.
Em seu art. 1º, parágrafo único, a Lei 8.666/1993 estipula que se subordinam ao seu regime as empresas
públicas e as sociedades de economia mista, incluindo suas controladas. Mais adiante, no art. 24, inciso
158 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
XXIII, afirma que a licitação é dispensável na contratação realizada por empresa estatal com essas
controladas.
84.Não me afigura plausível a tese de que uma empresa investida com participação estatal
minoritária não deseje ser controlada para certos fins (como os do art. 1º, parágrafo único, da Lei
8.666/1993, o que causaria sua subordinação às normas de licitações e contratos administrativos), mas
que se pretenda controlada para outros (tal qual os do art. 24, inciso XXIII, da mesmíssima Lei, o que
dispensaria a licitação para a sua contratação). Reputo mais crível que o sentido do termo controlada seja
interpretado de forma mais homogênea.
85.Pensar em uma definição do conceito de controlada como uma aplicação mesclada que atenda
casuisticamente aos interesses das empresas envolvidas (tanto a estatal quanto a público-privada) é, como
professa o dito popular, querer “o melhor de dois mundos”, com todos os bônus e sem nenhum ônus, o
que não pode ser convalidado por esta Corte. Ou a nova companhia é controlada para todos os efeitos ou
não é.
86.Não tenho dúvidas que a vontade legislativa para os fins da Lei 8.666/1993 foi dispensar o
procedimento licitatório somente para entes da Administração nos quais o Estado detém e exerce, de fato
e efetivamente, o poder de controle. Não foi dispensada a licitação nas contratações entre as entidades
estatais e as empresas nas quais o sócio estatal não exerce o poder de controle de forma preponderante,
pois, nestes casos específicos, ainda que a participação societária seja significativa e o controle
compartilhado, a presença do Estado com mera participação acionária não pode propiciar regalias para as
empresas público-privadas em detrimento das demais empresas do setor privado, sob pena de ofensa ao
princípio da isonomia.
87.Não pretendo, com o entendimento expresso neste Voto, obstar o poder das entidades
administrativas de constituir ou adquirir participação em empresas ou tampouco impedir a legítima
utilização do mecanismo de dispensa licitatória facultada pelo art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993.
Espero, isso sim, alcançar a aplicação mais justa da referida norma.
88.Uma eventual ampliação dos casos de contratação direta pelas empresas estatais só seria possível
mediante nova lei federal que definisse outras exceções às atuais hipóteses, o que pode ocorrer quando for
aprovado o estatuto mencionado no art. 173, § 1º, da CF/1988, impondo uma linha evolutiva sobre o
tema. Na presente conjuntura, a Administração deve valer-se dos instrumentos próprios e adequados para
cada finalidade.
***
89.Um último ponto ainda sobre o art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993, diz respeito à alegação
dos defensores da contratação direta no sentido de que seria necessário fazer uma distinção entre
subsidiárias e controladas, uma vez que a lei não conteria palavras inúteis (verba cum effectu sunt
accipienda). Assim, a única interpretação possível derivada da utilização dos dois termos pela norma
seria a de que as subsidiárias são empresas estatais, e as controladas seriam empresas público-privadas de
qualquer espécie.
90.Todavia, parece-me que a precitada regra de hermenêutica pode conduzir a diversas
interpretações dos termos contidos no dispositivo em discussão. Por exemplo, é possível entender que
subsidiárias seriam as subsidiárias das empresas estatais, ao passo que as controladas seriam as próprias
empresas estatais. Outra interpretação plausível é que as subsidiárias sejam as empresas em que o Estado
detenha maioria do capital social com direito a voto e que as controladas sejam aquelas em que o Estado,
embora com participação minoritária, exerçam o domínio do poder de controle.
91.Para além disso, alguns autores consideram que a regra invocada não se aplica ao caso:
“De modo geral, interpreta-se ‘sociedade subsidiária’ como sinônimo de ‘sociedade controlada’.
Aplicam-se os critérios da Lei das S.A. para identificar o conceito. Sob esse ângulo, não há como
diferenciar sociedade controlada e subsidiária, o que conduziria a excesso linguístico na redação do
dispositivo ora comentado.” (JUSTEN FILHO, Marçal; Comentários à lei de licitações e contratos
administrativos, 2012; In: SCHWIND, Rafael; obra citada)
159 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
“A concepção segundo a qual a lei não contém palavras inúteis deve ser rejeitada. Por vezes,
observa-se que as normas contemplam excessos linguísticos que precisam ser desprezados. Ainda que o
intérprete procure algum sentido lógico na utilização de certas expressões, em certos casos isso não é
possível. Nessas situações, deve-se privilegiar a coerência da norma com o ordenamento, concluindo-se
que ela contém, sim, expressões inúteis. Assim, deve-se rejeitar a noção de que o inciso XXIII do artigo
24 da Lei nº 8.666 pretendia abranger duas situações distintas ao fazer uso das expressões ‘subsidiárias’ e
‘controladas’.” (SCHWIND, Rafael; obra citada)
92.Destarte, não merece guarida a alegação de que haveria apenas uma única interpretação possível.
A um, porque o princípio segundo o qual a lei não conteria palavras inúteis não é absoluto, havendo
dissenso na doutrina acerca de sua aplicação ao art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993. E a dois, porque
a interpretação pretendida pelos defensores da contratação direta, embora adaptável, não é a mais
coerente, havendo outras interpretações mais apropriadas para o referido dispositivo.
***
93.O argumento central dos autores que sustentam que as empresas público-privadas poderiam ser
beneficiadas pela hipótese de inexigibilidade de licitação reside no fato de que existe uma especial
sinergia entre contratante e contratada, um vínculo societário especial, que poderia proporcionar
benefícios singulares às empresas estatais que são suas sócias. Ou seja, a defesa baseia-se na qualificação
da empresa público-privada, mas exclusivamente pelo seu quadro societário, e não por causa de eventuais
qualidades singulares como fornecedora ou prestadora de serviço.
94.Em outras palavras, tais autores alegam que seria contraditório que a empresa estatal tivesse que
submeter as companhias que constituíram à disputa em licitação com terceiros que não têm o mesmo
compromisso de cooperação, uma vez que a affectio societatis seria uma característica de cunho
inteiramente subjetivo, não sendo passível de aferição via critérios objetivos.
95.De uma parte, é possível reconhecer que a empresa público-privada poderá sim ser contratada
por inexigibilidade de licitação pela empresa estatal que detém participação acionária. Ocorre que o
simples fato de haver participação societária de uma na outra não é permissivo suficiente para tanto. A
contratação por inexigibilidade só poderá ocorrer se o caso concreto enquadrar-se nas hipóteses gerais do
art. 25 da Lei 8.666/1993, exatamente da mesma forma que ocorre, em tese, com qualquer outra empresa
privada que não tenha nenhum tipo de participação estatal.
96.No voto do Acórdão 3.019/2015-TCU-Plenário, que adotou medida cautelar para suspender
novas contratações entre a Caixa Econômica Federal e a CPM Braxis S/A, restou consignado o seguinte:
“Não seria admissível a contratação por inexigibilidade de licitação, com fundamento no art. 25,
caput, da Lei 8.666/1993. Os argumentos utilizados pela Caixa para justificar a inexigibilidade (a
sinergia, o retorno econômico via distribuição de dividendos e a compatibilidade de objetos sociais) não
levam à inviabilidade de licitação, já que o mercado da área de TI conta com diversas empresas capazes
de atender às eventuais demandas.”
97.Concordo não ser plausível que a contratação prevista no art. 25 da Lei 8.666/1993 possa ter
como arrimo atributos que decorrem, única e exclusivamente, da relação societária entre a empresa estatal
e a sociedade na qual detém participação acionária.
98.Tal relação, por si só, não caracteriza a inexigibilidade de licitação pela inviabilidade de
competição, pois não retira a aptidão de outras empresas fornecerem determinado produto/serviço nos
exatos termos pretendidos. Uma coisa (a participação acionária numa empresa) não interfere na outra
(capacidade de fornecimento de outras empresas). É indiferente.
99.Já a affectio societatis é definida, por exemplo, como uma “relação de afinidade entre as partes
para a realização de um objetivo comum”, ou uma “colaboração voluntária e ativa, interessada e
igualitária”, ou uma ideia composta de dois elementos, “a união entre os sócios e a aceitação de áleas
comuns”. Vê-se, com isso, que o conceito de affectio societatis, por ser meramente descritivo, não
fornece nenhum instrumento útil para lidar com as questões que se relacionam ao vínculo que une o sócio
à sociedade.
100.Sobre o assunto, eis os apontamentos de Carolina Fidalgo:
160 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
“A noção de affectio societatis, contudo, vem sendo discutida pela doutrina juscomercialista, tanto
no que tange à sua conceituação, quanto no que diz respeito à sua utilidade e, ainda, no que toca à sua
aplicabilidade às sociedades anônimas. Além de controversa, a affectio também comprovadamente não se
encontra presente em todos os laços societários. Por isso, o afastamento da regra da licitação não pode
ser, a nosso ver, fundamentado em argumentos genéricos relacionados à existência dessa afeição
societária.
Além disso, mesmo elementos como a confiança e a lealdade recíprocas não justificam, por si sós,
pelo menos não para a totalidade dos casos, a inexigibilidade de licitação. A existência prévia desses
elementos não nos parece, com efeito, ser necessária em todos os casos e, de qualquer forma, ela poderia
ser aferida através de critérios objetivos de avaliação. É possível cogitar a existência de quesitos como (i)
contratos anteriores entre a Administração e determinada empresa; (ii) qualidade da execução de
contratos anteriormente celebrados; (iii) quantidade e natureza de penalidades já cominadas; (iv)
exigência de capacidade financeira mínima; etc. Apenas quando a escolha tiver que ser necessariamente
pautada por critérios subjetivos, em virtude da ausência de critérios objetivos para tanto, é que a licitação
se tornaria inexigível.
Dessa forma, parece-nos que a affectio só poderia ser fundamento da inexigibilidade quando
consistir, no caso concreto, um requisito para o atendimento do interesse público, a única forma de obter
uma parceria satisfatória.”
101.Levantamento realizado por Rafael Schwind indica que a noção de affectio societatis e a sua
previsão como elemento constitutivo e caracterizador do contrato de sociedade são praticamente
ignoradas nos sistemas jurídicos mais modernos, tratando-se de um conceito desprezado pelas obras de
direito societário mais conhecidas da Itália, Espanha e Portugal. É uma noção praticamente abandonada
também na Alemanha e na Suíça. Apenas na França ainda se encontram maiores referências à affectio
societatis, ainda assim, mais por força da jurisprudência. Conclui o autor:
“Entretanto, a doutrina que vem se dedicando a estudar o tema tem conferido cada vez menor
importância ao conceito de affectio societatis, reconhecendo-se que se trata de noção equívoca. A
expressão, na realidade, é destituída de conteúdo, uma vez que o elemento voluntário existe em qualquer
espécie de contrato. Ademais, traduzida literalmente, acaba por definir a sociedade pelo ‘ânimo de
constituir uma sociedade’, caracterizando verdadeiro círculo vicioso que em nada contribui para a
compreensão dos arranjos societários. (...)
A ideia de affectio societatis como fundamento geral para se defender a impossibilidade de seleção
objetiva do sócio em uma empresa público-privada deve ser rejeitada. A própria noção de affectio
societatis é criticável justamente devido à sua imprecisão - o que faz com que sua aplicação acrítica e
desmedida se revele incompatível com a evolução da ciência jurídica. Além disso, a ideia de affectio
societatis, ainda que fosse aceitável na prática do direito societário atual, é absolutamente despropositada
para servir de critério seguro para a prática da técnica acionária pelo Estado. A invocação do conceito -
impreciso, vazio e altamente subjetivo - de affectio societatis é incompatível com os princípios que regem
a Administração Pública.”
102.Portanto, há sérias divergências sobre a afeição societária. Tal conceito não deve servir de
fundamento nem mesmo para a escolha do parceiro privado com o qual a empresa estatal fará um acordo
societário e, com muito mais razão, também não pode ser invocado como fundamento para a
inexigibilidade da licitação.
103.Também não é inteiramente válida a justificativa que a escolha pela inexigibilidade deveria ser
compatibilizada com o poder discricionário conferido à Administração Pública. Sobre isso, Marçal Justen
Filho, ao comentar o art. 25 da Lei 8.666/1993, presta os seguintes esclarecimentos:
“(...) É evidente que discricionariedade não se confunde com arbitrariedade. A discricionariedade
consiste numa autonomia de escolha exercitada sob a égide da Lei e nos limites do Direito. Isso significa
que a discricionariedade não pode traduzir um exercício prepotente de competências. Não autoriza a
faculdade de escolher ao bel-prazer, por liberalidade ou para satisfação de interesses secundários ou
reprováveis. (...) Justamente por ser vontade sob o Direito, admite limitações e controle, de acordo com
161 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
os instrumentos jurídicos tradicionalmente desenvolvidos para controle da atuação administrativa (...).”
(JUSTEN FILHO, Marçal; Comentários à lei de licitações e contratos administrativos; 13ª edição; São
Paulo: Dialética, 2009)
104.Indubitavelmente, a temática da inexigibilidade de licitação é objeto de sérias divergências
doutrinárias e jurisprudenciais. Nessa conformidade, pertinente mencionar o paradigmático Acórdão
550/2004-TCU-Plenário, no qual foram tecidas várias reflexões acerca da inexigibilidade de licitação e
em cujo relatório restou consignado o seguinte magistério de Celso Antônio Bandeira de Mello:
“Somente depois de definir o objeto que pretende contratar é que a Administração Pública deverá
buscar o profissional para executá-lo. Nunca, em hipótese nenhuma, procede-se de forma inversa. Aqui, a
ordem dos fatores altera a equação, pois quando se parte da definição do profissional, certamente se
agregam ao objeto características que individualizam o executor do serviço.”
105.O certo é que a inexigibilidade de licitação deriva da inviabilidade de competição, sendo
impossível enumerar todos os eventos que podem conduzir a esta situação. Para fins de estudo e
sistematização, a doutrina tenta organizar tais possibilidades, tomando por base o modelo exemplificativo
fornecido pelos incisos do art. 25 da Lei 8.666/1993, da seguinte forma:
105.1.Ausência de alternativas (ou ausência de pluralidade de soluções). Nesse caso, existe apenas
um único produto/fornecedor em condições de atender a demanda formulada pela Administração, como,
por exemplo, uma única solução técnica (devido a direitos autorais ou de propriedade industrial),
representante exclusivo, monopólio e padronização.
105.2.Ausência de mercado concorrencial. Esse contexto se configura quando os particulares em
condições de executar a prestação não competem entre si formulando proposta. Nessa conformidade, a
inexistência de mercado concorrencial está relacionada à carência de ofertantes para disputar entre si, ou
seja, à ausência de competição direta e formal.
105.3.Impossibilidade de definição objetiva da prestação a ser executada. Em tal circunstância, o
conteúdo das obrigações somente se define ao longo da própria execução, ou seja, as variáveis da
prestação são determinadas em função de fatos futuros, não havendo possibilidade de definir previamente
as prestações exatas e precisas a serem executadas ao longo do contrato.
105.4.Impossibilidade de seleção objetiva da prestação a ser executada. Nessa situação, a avaliação
é basicamente subjetiva, tanto por causa da natureza da prestação quanto da natureza personalíssima da
atuação do particular. Em outras palavras, para que a licitação seja inexigível pela impossibilidade de
seleção objetiva da melhor prestação, devem estar plenamente caracterizadas a singularidade dos serviços
e a notória especialização do fornecedor a ser contratado.
106.Assim, não é possível afirmar, de antemão, que as contratações realizadas entre empresas
estatais e empresas público-privadas nas quais detém participação são dotadas do atributo de
inexigibilidade, pois tal situação possui várias nuances, devendo ser avaliada individualmente, de acordo
com as peculiaridades atinentes a cada caso concreto. É possível apenas (re)afirmar que a inexigibilidade
não pode ter como arrimo atributos que decorrem, única e exclusivamente, da relação societária entre a
empresa estatal e a sociedade na qual detém participação acionária.
107.A prevalecer entendimento diverso, além de malferir os princípios que guiam a intervenção do
Estado no domínio econômico (principalmente isonomia e livre concorrência), haveria ainda o risco de
descontrole sobre as contratações sem licitação (por dispensa ou inexigibilidade), passando a
Administração a adquirir bens e serviços diretamente por intermédio de empresas privadas dos mais
diversos setores em que houvesse participação societária estatal minoritária, aumentando a possibilidade
de desvios de conduta, direcionamentos e favorecimentos indevidos. Veja-se o escólio de Marçal Justen
Filho:
“Imagine-se que uma sociedade de economia mista, para aplicar recursos financeiros disponíveis,
adquirisse participação societária irrisória em uma montadora de veículos. A interpretação ampliativa
conduziria ao resultado despropositado de que aquele Estado poderia adquirir veículos automotores de um
específico fabricante, sem necessidade de licitação. Ou seja, criar-se-ia vantagem para as entidades não
estatais que nem sequer se cogita como constitucional em face das próprias sociedades de economia
162 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
mista.” (JUSTEN FILHO, Marçal; Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, 2012; In:
SCHWIND, Rafael; obra citada)
108.Interessante mencionar, de passagem, o caso da ADI 4.829, ajuizada no STF em 9/8/2012, em
face dos arts. 67 e 68 da Lei 12.249/2010, que altera a Lei 5.615/1970, criando nova hipótese de para
contratação direta do Serpro. No sítio do STF, foi publicada uma nota sobre a ADI informando que a
requerente sustenta que a Lei 12.249/2010 representaria intervenção excessiva do Estado na atividade
econômica, uma vez que a nova legislação concederia privilégios indevidos à empresa pública e faria
cativo o mercado representado pela União.
109.Ora, independentemente do mérito da ADI, ainda não julgada pelo STF, se o mercado privado
de TI expressa tamanho desconforto com a ampliação das possibilidades de contratação sem licitação de
uma empresa pública, integrante da própria Administração, penso que deve ser obtemperada, com mais
cuidado ainda, a permissividade de contratação direta de uma empresa público-privada, não integrante da
Administração, para que o fomento de operações societárias não ocasione concentração de mercado,
ofensa ao princípio da isonomia ou prejuízo à livre concorrência.
***
IV. Da não caracterização da CPM Braxis S/A como controlada pela CaixaPar e do vício no
motivo para a aquisição da participação acionária.
110.Consignado todo o escorço teórico que julguei imprescindível para melhor entendimento da
questão posta nos autos, volto a enfrentar o caso específico da aquisição de participação acionária na
CPM Braxis S/A pela CaixaPar. Para deslinde do processo, é necessário definir se a CPM Braxis S/A é
controlada ou não pela CaixaPar e avaliar o motivo da aquisição. Os dois aspectos estão intimamente
ligados.
111.Segundo consta nos autos, a CaixaPar adquiriu participação societária de 22% do capital social
da CPM Braxis S/A, equivalente a 24,4% do capital votante. Mas, como dito, o poder de controle em uma
empresa não decorre apenas da propriedade das ações, sendo necessário verificar se o sócio estatal exerce
a preponderância do poder de controle por meio de direitos que lhe asseguram o domínio nas deliberações
sociais ou o poder de eleger a maioria dos administradores.
112.O acordo de acionistas no âmbito da CPM Braxis S/A foi celebrado em 28/6/2012 (peça 10).
De acordo com a seção 2.3 do instrumento, o conselho de diretores da empresa é composto por nove
membros, divididos na seguinte proporção: cinco indicados pela Capgemini, dois pela CaixaPar e dois
pelos chamados acionistas originais.
113.Adicionalmente, o acordo de acionistas não possui qualquer cláusula, notadamente em sua
seção 2.8 (princípios orientadores), estabelecendo que seus membros se obriguem a fazer com que as
pessoas por eles indicadas para o conselho votem em bloco, segundo as decisões do grupo. Ou seja, o
grupo não age como se fosse uma só pessoa.
114.Assim sendo, salta aos olhos que a Capgemini é titular de direitos de sócio que lhe asseguram o
poder de eleger a maioria dos administradores e a maioria de votos nas deliberações, e utiliza
efetivamente os seus poderes para dirigir as atividades sociais da CPM Braxis S/A.
115.A seu turno, a CaixaPar participa da CPM Braxis S/A como sócia e se vale do acordo de
acionistas para ter assegurados determinados poderes no âmbito da empresa (como a possibilidade de
indicação de certos diretores, o voto de qualidade sobre determinadas matérias, o direito de veto a certas
deliberações), mas, definitivamente, sem possuir a preponderância no exercício do poder de controle, uma
vez que não elege a maioria dos administradores, nem domina as deliberações sociais.
116.Trata-se, portanto, de uma verdadeira empresa público-privada sujeita exclusivamente ao
regime jurídico de direito privado, segundo a definição adotada neste voto.
117.Como visto, o Estado não pode adotar técnicas societárias com a finalidade de burlar o regime
constitucional aplicável às empresas estatais. Daí porque, no interior das empresas público-privadas, o
Estado atua como um sócio que não exerce a preponderância no poder de controle, o que diferencia tais
empresas das sociedades de economia mista. O exercício pelo Estado da preponderância do poder de
163 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
controle numa empresa público-privada importa na sua caracterização como uma sociedade de economia
mista de fato, resultando na sua estatização.
118.Portanto, a mera participação no bloco de controle, por meio da celebração de acordo com o
acionista majoritário, conferindo uma parcela de controle compartilhado à CaixaPar, não a torna
controladora da CPM Braxis S/A e nem torna a empresa privada controlada pela estatal.
119.Por outro lado, se a CaixaPar fosse titular de tais direitos, a CPM Braxis S/A poderia ser
classificada como uma empresa controlada, mas daí seu funcionamento seria similar a uma sociedade de
economia mista (em que o Estado detém a maioria do capital social com direito a voto), motivo pelo qual
incidiria sobre a CPM Braxis S/A o mesmo regime híbrido aplicável às empresas estatais, em especial as
regras e contrições do direito público. Deixo de esmiuçar as demais consequências dessa eventual
conjuntura por não ser a hipótese que ora se apresenta neste caso concreto.
120.De todo modo, o que precisa restar esclarecido de uma vez por todas é que, independentemente
do critério utilizado, a caracterização de uma empresa como controlada por um ente estatal acarreta bônus
e ônus, em qualquer caso, sem exceção, conforme tenho reiterado em votos anteriores.
121.No presente caso, ou a CPM Braxis S/A é controlada para todos os efeitos ou não é. Pensar em
uma aplicação mesclada que atenda casuisticamente aos interesses das empresas envolvidas (tanto a
estatal quanto a privada) é, como professa o dito popular, querer “o melhor de dois mundos”, com todos
os bônus e sem nenhum ônus, o que não pode ser convalidado por esta Corte.
122.Então, se a participação da CaixaPar na CPM Braxis S/A, nos moldes acima delineados, não
faz com que a empresa investida seja controlada pelo Estado e, consequentemente, nem esteja sujeita a
quaisquer das restrições peculiares ao direito público, também não se pode admitir que a mera presença
do sócio estatal atraia para a empresa participada regalias típicas de entidades sujeitas ao regime jurídico
de direito público. Os resultados esperados da participação estatal no empreendimento devem advir do
necessário enquadramento da empresa investida no regime de direito privado.
***
123.Resta, assim, avaliar a questão do motivo, pois, conforme defendido neste voto, a integração de
uma empresa estatal como sócia de uma empresa privada não pode ocorrer única e exclusivamente com o
objetivo de viabilizar contratações diretas entre essas sociedades. Atribuir um tratamento privilegiado a
uma empresa privada, controlada preponderantemente pelo sócio privado, apenas pelo fato de uma estatal
integrar o seu quadro de acionistas, seria ofensivo à isonomia.
124.Compulsando os principais documentos constantes nos autos produzidos pela CaixaPar, NT DE
Novas Aquisições 20/2012 (peça 8, p. 39-66) e PR DINOV 14/2012 (peça 8, p. 1-13), e pela Caixa
Econômica Federal, PJ GN Atendimento Jurídico 147/2012 (peça 5, p. 9-21) e Resolução do Conselho
Diretor 5.944/2012 (peça 5, p. 1-8), para subsidiar a participação acionária na CPM Braxis S/A, verifico
alguns pontos relevantes, que merecem ser analisados.
125.Consta na NT DE Novas Aquisições 20/2012 da CaixaPar (e também nos documentos
subsequentes) que a Caixa Econômica Federal relatou uma situação de dependência tecnológica em
relação às empresas de TI terceirizadas. Daí porque a definição da participação societária na nova
companhia teria sido pautada em dois parâmetros: “manter a CPMBraxis como uma empresa privada e
garantir a qualidade de Governança necessária para contratação direta dos serviços da Companhia”.
O acordo operacional é o documento que visa a consubstanciar tal estratégia. Sobre isso, eis o que
prescreveu o referido documento (peça 8, p. 49-56):
“4.12 Acordo Operacional
4.12.1 O acordo operacional, elaborado em conjunto entre a CPMBraxis e a DETEC, rege a relação
comercial entre a CAIXA e a CPMBraxis, que será contratada para prestar serviços de TI.
4.12.2 O acordo tem por objetivo formalizar o compromisso das Partes em envidar seus melhores
esforços para que a CPMBraxis possa expandir a sua capacidade operacional e maximizar o seu resultado,
possibilitando o atendimento das demandas estratégicas de TI da CAIXA para os mercados bancários,
financeiros e de seguros em geral.
164 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4.12.3 Assim, para alcançar esse objetivo, a CAIXA se compromete a envidar seus melhores
esforços para direcionar para a Companhia o atendimento de sua demanda pelos Serviços e Soluções,
observada a capacidade operacional da Companhia e a compatibilidade aos preços de mercado. O
cumprimento desse objetivo não deverá prejudicar o direito da CAIXA de ter as suas demandas de
serviços devidamente atendidas pela companhia, a qual deverá envidar seus melhores esforços para
promover a prestação de serviços e soluções voltados para o atendimento das necessidades técnicas e
operacionais apresentadas.
4.12.3.1 As partes acordam que a contratação da Companhia pela CAIXA nunca será feita em
caráter exclusivo, ficando tanto a CAIXA, e ainda a CAIXAPAR, livres para contratar a prestação de
serviços com terceiros
4.12.4 As contratações deverão seguir os procedimentos e princípios previstos na Lei 8.666/93,
devendo ser realizadas a preço de mercado. Não será permitida a subcontratação de terceiros por parte da
companhia, exceto quando expressamente autorizado pela CAIXA. (...)
6 SINERGIAS DO NEGÓCIO
6.1 O principal objetivo que se busca com a parceria é atender a grande demanda por
desenvolvimento de novas soluções e a atualização das soluções já em ambiente produtivo,
acrescentando-se também a essa necessidade a integração e internalização de soluções de mercado
adquiridas nos últimos anos.
6.2 Os contratos potenciais foram quantificados pela DETEC em um gasto anual de R$ 309
milhões, divididos em diferentes categorias. É importante observar que não se deve considerar
imediatamente, por razões diversas, o aporte da totalidade das carteiras de negócios na nova empresa da
qual teremos participação.
6.2.1 É crítico que se busque o interesse estratégico dos negócios da CAIXA, mas tendo em
consideração em quais carteiras de negócios se entende que seja possível obter máxima produtividade.
Esta é, portanto, a consideração fundamental que se deve avaliar para a formação de uma proposição das
propostas de contratação direta.”
126.Em adição, a seção 4.6 do precitado acordo de acionistas (peça 10, p. 47-48) prevê que a
CaixaPar e a Capgemini estão autorizadas, respectivamente, à opção de venda (put) e de compra (call), no
caso de ocorrer um desencadeador legal. As circunstâncias desencadeadoras dizem respeito a mudança
normativa ou decisão exequível que cause um provável “efeito material adverso”. Segundo o acordo de
acionistas:
“Para os fins desta Seção 4.6, ‘Efeito Material Adverso’ significa que (i) se a qualquer momento, a
partir da data deste, a Caixa Federal ou quaisquer das suas Afiliadas não forem mais capazes de obter,
sem estar sujeitas a procedimentos públicos vinculantes, no mínimo o mesmo nível ou volume de
serviço da Empresa e/ou suas Afiliadas como os prevalecentes antes da ocorrência do Desencadeador
Legal, ou a Caixa Federal ou quaisquer das suas Afiliadas são capazes de fazê-lo, mas sob termos e
condições não equivalentes àqueles que prevaleceram antes do Desencadeador Legal (...).”
127.Em resposta à oitiva por mim determinada, a Caixa Econômica Federal ressalta que “o
planejamento da área de operações tecnológica da CAIXA, para cumprir a estratégia definida, prevê a
transferência gradual dos serviços para a CPM BRAXIS S/A, ao término da vigência dos contratos em
vigor, de forma a se ter todos os serviços de operação e suporte dos ambientes operacionais contratados
por meio da parceira estratégica” (peça 58, p. 11).
128.No direito positivo, a imprescindibilidade da motivação à validade do ato administrativo
remonta à Lei 4.717/1965, que regula a ação popular. Mais recentemente, o princípio da motivação foi
ratificado na Lei 9.784/1999, que estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Federal Direta e Indireta.
129.De acordo com as concepções adotadas neste voto, não se admite que uma empresa estatal
decida ad nutum pela contratação direta de uma empresa público-privada stricto sensu (aquela em que o
sócio estatal não exerce a preponderância do poder de controle), como é o caso da CPM Braxis S/A, seja
com fulcro no art. 24, inciso XXIII (licitação dispensável), justamente por não ser controlada pelo Estado,
165 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ou no art. 25 da Lei 8.666/1993 (licitação inexigível), visto que a situação de inexigibilidade não está
associada de forma perene à mera participação acionária na empresa, mas sim a fatores que devem ser
avaliados em cada contratação isoladamente.
130.Para além do rito procedimental, a submissão à Lei 8.666/1993 destina-se sobretudo a “garantir
a observância do princípio constitucional da isonomia” (art. 3º). Vale repisar que a presença do Estado
não pode propiciar regalias para as empresas público-privadas em detrimento das demais empresas do
setor privado: ambas devem conviver e concorrer em condições de igualdade. A participação acionária
estatal, por si só, não pode servir para desnivelar as empresas privadas no que tange ao acesso ao mercado
público. Em suma, o fomento de operações societárias não pode ocasionar concentração de mercado,
ofensa ao princípio da isonomia ou prejuízo à livre concorrência, sendo necessário tecer algumas
considerações sobre tais aspectos.
131.Consta na NT DE Novas Aquisições 20/2012 da CaixaPar relatório da área tecnológica da
Caixa Econômica Federal revelando que tem “praticamente absoluta dependência de força de trabalho
terceirizada onde hoje se apresentam os principais desafios para a manutenção da competitividade da
empresa no mercado” (peça 8, p. 40).
132.E em sua mais recente manifestação, a Caixa Econômica Federal aduz (peça 58, p. 12-13):
“19. A área de Tecnologia da CAIXA entende que a contratação da CPM BRAXIS S/A reduz o
risco de gestão devido às prerrogativas de governança que a CAIXA detém sobre a Controlada e
possibilita que as equipes técnicas da CAIXA disponham de serviço especializado que auxiliam na
operação do Datacenter e CTC com maior estabilidade, face a relação firmada entre a CAIXA e a
parceira, diferente de qualquer contratação oriunda de procedimento licitatório, onde não seria possível
realizar esse tipo de gestão sobre o eventual vencedor. (...)
22. Essa abordagem seria inviável com uma empresa comum do mercado frente ao risco da CAIXA
ter os serviços de operações e suporte dependentes de um único fornecedor.”
133.Ambas as justificativas (diminuição da dependência tecnológica e relação diferenciada) não
merecem guarida pelo mesmo motivo: a empresa estatal não se mescla com a empresa público-privada na
qual detém participação, são pessoas absolutamente distintas.
134.Como visto, a Capgemini é titular de direitos de sócio que lhe asseguram o poder de eleger a
maioria dos administradores e a maioria de votos nas deliberações, e utiliza efetivamente os seus poderes
para dirigir as atividades sociais da CPM Braxis S/A. Logo, é a controladora.
135.As prerrogativas de governança que a CaixaPar detém na CPM Braxis S/A asseguram
determinados poderes no âmbito da empresa (como a possibilidade de indicação de dois diretores, o voto
de qualidade sobre determinadas matérias, o direito de veto a certas deliberações). Em tese, não
possibilita (ou não deveria possibilitar) que as equipes técnicas da Caixa Econômica Federal executem
operações em bens e serviços sob responsabilidade da CPM Braxis S/A. Portanto, tal tipo de interferência
não distingue (ou não deveria distinguir) a empresa participada de qualquer outra empresa contratada
mediante licitação.
136.Além disso, continua presente o risco de a Caixa Econômica Federal ter os serviços
dependentes de um único fornecedor. Na realidade, caso todos os serviços de operação e suporte dos
ambientes operacionais sejam transferidos para a empresa investida, é certo que a estatal se verá em um
contexto de absoluta dependência tecnológica, desta feita em relação à CPM Braxis S/A. Tal situação
deveria ser de conhecimento da Caixa Econômica Federal, pois foi explicitamente alertado no PJ GN
Atendimento Jurídico 147/2012 (peça 5, p. 16):
“7.3. Outro ponto a ser avaliado diz respeito à discricionariedade no direito de drag along e no
exercício da call após 10 anos, conforme previstos no voto. É que, na forma como prevista, poderá
colocar a CAIXA em uma posição de desvantagem em relação à possibilidade de esta empresa pública ser
compelida a contratar a companhia para a prestação dos serviços mesmo após a saída da CAIXAPAR, em
razão de eventualmente ela ter passado a deter um conhecimento tão específico e profundo das
necessidades da CAIXA que, a depender do tipo de serviço, não haveria nenhuma outra empresa capaz de
prestar os serviços na forma necessitada.”
166 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
137.Então, parece estar havendo uma certa confusão por parte da Caixa Econômica Federal. O nível
de controle aparentemente desejado pela estatal só é possível em uma empresa onde o sócio público
exerce a preponderância do poder de controle, elegendo a maioria dos administradores ou dominando as
deliberações sociais. Esse é o caso, por exemplo, da Cobra Tecnologia S/A (cujo nome de fantasia atual é
BB Tecnologia e Serviços), que é controlada pelo Banco do Brasil, o que faz incidir sobre a empresa de
TI o mesmo regime híbrido aplicável à sua controladora.
138.Diga-se de passagem, a NT DE Novas Aquisições 20/2012, ao analisar o mercado bancário
brasileiro, menciona que alguns bancos possuem uma empresa de TI pertencente ao conglomerado
prestando serviços à instituição. Ocorre que os bancos particulares citados (Bradesco, Itaú e Santander)
sujeitam-se exclusivamente ao regime jurídico de direito privado, com os típicos convenientes e
inconvenientes dessa condição. Já o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal são empresas estatais,
integrantes da Administração Indireta, o que também acarreta vantagens e desvantagens. Assim, a
exemplo do Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal deve valer-se dos instrumentos próprios e
adequados para cada finalidade.
139.Ainda de acordo com a NT DE Novas Aquisições 20/2012, os contratos potenciais foram
quantificados pela Caixa Econômica Federal em R$ 309 milhões. Hoje, de acordo com informações
constantes no relatório do Acórdão 3.019/2015-TCU-Plenário, “somando-se os gastos iniciais em dois
anos (sem considerar aditivos que tenham aumentado os valores), o total identificado nessa
representação foi de R$ 704.347.366,71”. Tal materialidade demonstra um nítido alargamento do
horizonte de serviços que seriam demandados à CPM Braxis S/A.
140.Soma-se a isso o fato de que a seção 4.2 do acordo de acionistas prevê um outro desencadeador,
de receita, que permite a Capgemini exercer a opção de compra (call) caso o volume de receita dos
contratos de TI entre a Caixa Econômica Federal e a CPM Braxis S/A, no período 2012-2018, fique
abaixo de R$ 1,58 bilhões, sendo R$ 650 milhões exigíveis no período 2012-2015 e R$ 930 milhões no
período 2015-2018 (peça 10, p. 40-41).
141.Esta situação também foi tratada no PJ GN Atendimento Jurídico 147/2012 (peça 5, p. 19):
“12.2. Não obstante, vale registrar que na negociação entabulada o volume de contratações
estimado é considerado como uma das hipóteses ensejadoras do exercício de direto de call pela acionista
majoritária, devendo ser avaliado, portanto, a efetiva possibilidade de serem atingidos tais volumes de
contratação de forma a evitar tal hipótese em princípio indesejada.”
142.A estratégia exposta no sentido de transferir para a CPM Braxis S/A todos os serviços de
operação e suporte dos ambientes operacionais (peça 58, p. 11) serve, inclusive, para mitigar tal risco.
Ocorre que a Caixa Econômica Federal faz isso ao arrepio da lei, conferindo privilégios e reservando a
prestação de serviços de TI para uma empresa privada da qual é sócia (e não controladora) e,
consequentemente, alijando do seu mercado uma série de empresas que, em tese, poderiam ser aptas ao
fornecimento, conforme sugere a plêiade de empresas mencionadas na NT DE Novas Aquisições 20/2012
(IBM, Accenture, HP, Tivit, Stefanini e Indra), apenas para ficar dentre as maiores.
143.É praticamente a mesma conclusão emitida no voto do Acórdão 3.019/2015-TCU-Plenário, já
transcrita acima, mas que merece ser repetida aqui:
“Os argumentos utilizados pela Caixa para justificar a inexigibilidade (a sinergia, o retorno
econômico via distribuição de dividendos e a compatibilidade de objetos sociais) não levam à
inviabilidade de licitação, já que o mercado da área de TI conta com diversas empresas capazes de
atender às eventuais demandas. Considerando que o objeto social da CPM Braxis é bastante genérico, é
provável que qualquer contratação de TI da Caixa possa ser compatibilizada com ele, havendo, por
conseguinte, o risco de convergência de todas contratações futuras e presentes da Caixa na área de TI para
a CPM Braxis.”
144.Assim sendo, extraio dos documentos acima que a contratação direta da CPM Braxis S/A pela
Caixa Econômica Federal (“ou quaisquer das suas afiliadas”) foi, de fato e efetivamente, o motivo que
levou à aquisição de participação acionária pela entidade pública na companhia privada. Além das várias
167 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
declarações nesse sentido, a principal constatação reside, a meu ver, no significado de “efeito material
adverso” para os fins da seção 4.6 do acordo de acionistas supratranscrito.
145.Em sentido contrário, a solução ora proposta neste voto sujeita a contratação da CPM Braxis
S/A pela Caixa Econômica Federal ao “procedimento público vinculante” da Lei 8.666/1993, em
observância do princípio constitucional da isonomia, alterando os “termos e condições que prevaleciam”
antes da celebração do acordo de acionistas, que se fundavam na possibilidade de contratação direta. Tal
entendimento, de tão adverso às motivações dos acionistas da CPM Braxis S/A, suscita o desencadeador
legal que autoriza CaixaPar e Capgemini a exercerem, respectivamente, a opção de venda (put) e de
compra (call), à luz da seção 4.6 do referido acordo.
146.Portanto, não obstante o suposto esteio em pareceres encomendados a renomados juristas,
entendo que o processo de aquisição de participação acionária pela CaixaPar na CPM Braxis S/A padece
de vício relativo ao motivo, uma vez que, em face de tudo quanto explanado neste voto, não merecem
prosperar os fundamentos jurídicos invocados nos referidos pareceres.
147.Por conseguinte, concluo que o Tribunal, com fulcro no art. 71, inciso IX, da CF/1988, c/c art.
45 da Lei 8.443/1992, deve assinar prazo para que a Caixa Econômica Federal anule o processo de
aquisição de participação acionária na empresa CPM Braxis S/A, ante o vício relativo ao motivo, haja
vista a indicação de fundamentos jurídicos inadequados (desconsiderando que a contratação da empresa
investida está necessariamente sujeita ao procedimento público vinculante da Lei 8.666/1993), em afronta
ao princípio do motivo determinante, ao art. 37, inciso XXI, da CF/1988, aos arts. 24, inciso XXIII, e 25
da Lei 8.666/1993, e aos Acórdãos 894 e 1.985/2015-TCU-Plenário.
148.Por se tratar de situação bastante complexa, considero adequado estabelecer um prazo dilatado
para apresentação de plano de ação com vistas a sanear o problema verificado. As ações a serem adotadas
devem ser ultimadas em prazo razoável, não necessariamente coincidente com as contratações já
efetivadas entre as empresas. A unidade técnica deverá monitorar as ações constantes do plano de ação a
ser encaminhado ao Tribunal.
149.Adicionalmente, parece-me oportuno determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo do
TCU que dê ciência às unidades subordinadas das concepções adotadas neste voto, a fim de balizar as
futuras ações de fiscalização sobre o assunto. Determinação similar deve ser expedida para o
Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, uma vez que compete ao órgão promover a articulação e a integração das políticas
das empresas estatais, propondo diretrizes e parâmetros de atuação, bem como manifestar-se sobre
assuntos relacionados ao controle acionário e às participações societárias da União. Enfim, julgo
producente enviar cópia desta deliberação à Advocacia-Geral da União, para os fins cabíveis.
150.Ante o exposto, pedindo vênias pela extensão deste voto, conclamo meus pares a aprovarem o
Acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1220/2016 - TCU - Plenário
1. Processo nº TC 003.330/2015-0.
2. Grupo I - Classe de Assunto: VII - Acompanhamento.
3. Interessados: Caixa Participações S/A (10.744.073/0001-41); CPM Braxis S/A
(65.599.953/0001-63); Capgemini Latin America (12.561.847/0001-24).
4. Entidade: Caixa Econômica Federal.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
5.1. Revisor: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Fazenda Nacional (SecexFazenda).
8. Representação legal:
8.1. Jailton Zanon da Silveira (OAB-RJ 77.366) e outros, representando Caixa Econômica Federal e
Caixa Participações S/A.
168 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8.2. Alexandre Castello da Costa (OAB-RJ 82.900) e outros, representando CPM Braxis S/A.
8.3. Carlos Geraldo Egydio Rameh (OAB-SP 101.939), com substabelecimento, representando
Capgemini Latin America.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento com o fito de analisar
especificamente a legalidade e a legitimidade da aquisição de participação acionária pela Caixa
Participações S/A, subsidiária integral da Caixa Econômica Federal, na empresa CPM Braxis S/A,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:
9.1. com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, c/c art. 45 da Lei 8.443/1992,
c/c arts. 2º, inciso I, e 4º da Resolução-TCU 265/2014, assinar prazo de 90 (noventa) dias para que a
Caixa Econômica Federal e a Caixa Participações S/A apresentem plano de ação contemplando as
medidas necessárias ao desfazimento dos atos relativos à aquisição de participação acionária na empresa
CPM Braxis S/A, ante o vício relativo ao motivo, haja vista a indicação de fundamentos jurídicos
inadequados (desconsiderando que a contratação da empresa investida está necessariamente sujeita ao
procedimento público vinculante da Lei 8.666/1993), em afronta ao princípio do motivo determinante, ao
art. 37, inciso XXI, da CF/1988, aos arts. 24, inciso XXIII, e 25 da Lei 8.666/1993, e aos Acórdãos 894 e
1.985/2015-TCU-Plenário;
9.2. esclarecer às unidades jurisdicionadas que o plano de ação acima referenciado deve conter, no
mínimo, as medidas a serem adotadas, os responsáveis pelas ações e o prazo previsto para a sua
implementação;
9.3. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo do TCU que dê ciência das concepções
adotadas nesta deliberação às suas unidades subordinadas, a fim de balizar as futuras ações de
fiscalização a cargo desta Corte sobre o assunto;
9.4. determinar ao Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que, em face das competências estatuídas no art. 8º do
Anexo I do Decreto 8.578/2015, dê ciência das concepções adotadas nesta deliberação às entidades sob
sua esfera de atuação, bem assim leve-as em consideração ao desempenhar as atividades de sua
competência;
9.5. em atendimento ao disposto no art. 169, § 1º, do Regimento Interno do TCU, enviar cópia do
inteiro teor da presente deliberação à Caixa Econômica Federal, às empresas interessadas, ao
Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão e à Advocacia-Geral da União;
9.6. encerrar o presente processo, com fundamento no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do
TCU.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1220-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministros que não participaram da votação: Walton Alencar Rodrigues e Ana Arraes.
13.3. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Revisor) e André Luís de
Carvalho.
13.4. Ministro-Substituto presente: Marcos Bemquerer Costa.
GRUPO II – CLASSE ___ – Plenário
169 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
TC 004.440/2014-5
Natureza: Pedido de Reexame (em Monitoramento)
Órgãos/Entidades: Agência Nacional de Transportes Aquaviários; Secretaria de Portos
Interessados: Agência Nacional de Transportes Aquaviários (04.903.587/0001-08); Augusto
Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20); Secretaria de Portos (08.855.874/0001-32)
Representação legal: Mariana Valentim de Moraes Silva, representando Secretaria de Portos;
Apuam Carvalho da Costa (32322/OAB-DF), representando Augusto Rodrigues Coutinho de Melo.
SUMÁRIO: PEDIDO DE REEXAME. MATÉRIA TRATADA NO ACÓRDÃO 2.413/2015-
PLENÁRIO. PERDA DE OBJETO. CIÊNCIA.
RELATÓRIO
Adoto como Relatório a instrução elaborada por auditor da Secretaria de Recursos, vazada nos
termos a seguir transcritos, com a qual anuíram dos dirigentes da unidade técnica:
1.Trata-se de pedido de reexame interposto por Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (R003-Peças
56 e 68), por meio do qual se insurge contra o Acórdão 1.555/2014, mantido pelos Acórdãos 3.134/2014
(Peça 34) e 828/2015 (Peça 52), todos do Plenário do TCU. O Acórdão recorrido foi prolatado na sessão
de julgamento do dia 11/6/2014-Ordinária e inserto na Ata 21/2014-TCU-Plenário (Peça 17).
1.1.A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento do cumprimento das providências
deliberadas pelo acórdão 3.661/2013 – Plenário, exarado no TC 029.083/2013-3, que tratou da
desestatização de áreas e instalações portuárias localizadas nos portos organizados de Santos, Belém,
Santarém e Vila do Conde e nos terminais de Outeiro e Miramar, inseridas no primeiro bloco de
licitações previsto na Portaria 38/2013 da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR).
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pela relatora e com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art. 250,
inciso III, e 258, inciso II, do Regimento Interno, em:
9.1. considerar prejudicadas as condicionantes constantes dos itens 9.1.4 e 9.1.18 do acórdão
3.661/2013 – Plenário;
9.2. considerar cumpridas as condicionantes constantes dos itens 9.1.1, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.5, 9.1.6,
9.1.7, 9.1.8, 9.1.9, 9.1.10, 9.1.11, 9.1.12, 9.1.16 e 9.1.19 do acórdão 3.661/2013 – Plenário;
9.3. considerar parcialmente cumprida a condicionante constante do item 9.1.13 do acórdão
3.661/2013 – Plenário, especificamente no que se refere à parte da redação não recorrida;
9.4. alertar a Secretaria de Portos da Presidência da República e a Agência Nacional de
Transportes Aquaviários que, em face da ausência de uma avaliação sistemática e consistente de
indicadores de performance de portos internacionais de notória eficiência, os estudos de viabilidade não
são capazes de assegurar que o setor portuário brasileiro apresentará desempenho que o situe em nível
competitivo no cenário internacional e tampouco evidenciam que as melhorias nos portos nacionais,
apesar de existentes, se darão em patamar compatível com a eficiência delineada para o sistema
portuário, consoante exigido pelo novo arcabouço normativo;
9.5. determinar à Secretaria de Portos da Presidência da República e à Agência Nacional de
Transportes Aquaviários que:
9.5.1. fixem a produtividade de movimentação de veículos do terminal STS10 a partir de uma
análise histórica do mix de veículos movimentados naquele terminal e de suas projeções futuras,
ponderando os respectivos tempos médios de movimentação e aplicando sobre tais resultados as
produtividades médias internacionais “roll-on, roll-off” obtidas pela agência;
9.5.2. façam constar dos documentos que comporão as licitações todas as explicações
encaminhadas a esta Corte sobre os quantitativos dos projetos, de forma a que os licitantes venham a ter
170 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
informações mais completas sobre o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental
desenvolvido pelo poder público;
9.5.3. envidem esforços para coleta de parâmetros de desempenho apresentados em portos
internacionais e elabore base de dados que possibilite comparação dos indicadores de portos brasileiros
com aqueles correntes no cenário mundial, celebrando, para tanto, se necessário, convênios e acordos
com agências internacionais congêneres e outras instituições de pesquisa;
9.6. dar à Casa Civil, à Secretaria de Portos da Presidência da República e à Agência Nacional de
Transportes Aquaviários ciência de que:
9.6.1. por meio do Aviso 9/2012/SEP/PR, de 24/1/2014, foram encaminhados a este Tribunal
documentos sem timbre, data ou assinatura da equipe que os produziu, em afronta ao item 9.4 do
acórdão 3.661/2013-Plenário;
9.6.2. foram autuados neste Tribunal os processos 007.001/2013-4, 031.834/2013-2, 032.891/2013-
0, 033.518/2013-0, 032.950/2013-6, 029.596/2013-0 e 002.988/2014-3, pendentes de apreciação por esta
Corte, que tratam de irregularidades concernentes a legalidade, legitimidade, eficiência e economicidade
das concessões e que podem impactar na realização dos processos de outorga;
9.7. apensar os autos ao TC 029.083/2013-3, nos termos do art. 36, caput, da Resolução TCU
259/2014. (ênfases acrescidas)
HISTÓRICO
2.Trata-se de monitoramento do cumprimento das providências deliberadas pelo Acórdão
3.661/2013-TCU-Plenário (Peça 1), exarado no TC 029.083/2013-3, que tratou da desestatização de
áreas e instalações portuárias localizadas nos portos organizados de Santos, de Belém, de Santarém e de
Vila do Conde e nos terminais de Outeiro e de Miramar, inseridas no primeiro bloco de licitações
previsto na Portaria 38/2013 da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR), in verbis:
ACÓRDÃO 3.661/2013-TCU-Plenário
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento do 1° estágio da concessão dos
arrendamentos de áreas e instalações portuárias nos portos organizados de Santos, Belém, Santarém,
Vila do Conde e Terminais de Outeiro e Miramar, a serem realizados sob a égide da Lei 12.815/2013.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão extraordinária do
Plenário, ante as razões expostas pela relatora e com fundamento nos arts. 43, inciso I, da Lei
8.443/1992 c/c arts. 1°, inciso XV, e 250, incisos II e III, do Regimento Interno e art. 7°, inciso I, da IN-
TCU 27/1998, em:
9.1. condicionar a publicação dos editais das licitações para a concessão dos arrendamentos de
áreas e instalações portuárias nos portos organizados de Santos, Belém, Santarém, Vila do Conde e
Terminais de Outeiro e Miramar, constantes do primeiro bloco daqueles previstos na Portaria 38/2013,
emitida pela Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR), à adoção das seguintes
providências:
9.1.1. realização das alterações necessárias no texto do estudo de demanda, de modo a
compatibilizar a previsão da navegabilidade do complexo Araguaia-Tocantins em relação ao que prevê o
Plano Hidroviário Estratégico e as planilhas de cálculo da demanda, ou seja, que se trata de hipótese de
longo prazo;
9.1.2. uniformização dos seguintes dados do estudo de demanda e das planilhas dos EVTEAs, de
forma a eliminar as discrepâncias observadas: i) STS04: capacidade em 2016 de 1,8 milhões de
toneladas; ii) VDC04: início das operações em 2017 e alcance da capacidade plena em 2019; e iii)
VDC29: início das operações em 2019;
9.1.3. ajuste das projeções de demanda relativas ao terminal VDC29, de forma que os volumes
projetados para cada um dos novos terminais de grãos sólidos vegetais da região norte, somados, não
ultrapassem a projeção da captura de carga futura destinada aos portos daquela região, estabelecida em
36% nos EVTEAs;
9.1.4. finalização dos estudos determinados pelo acórdão 2.896/2009 – Plenário e incorporação
dos estudos de concorrência inter e intraportos na modelagem dos terminais, em observância ao art. 7º,
171 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
inciso III, da Lei 8.987/1995, ao art. 3º, caput e inciso V, da Lei 12.815/2013, com vistas à promoção da
modicidade tarifária, em respeito ao art. 6º, caput e § 1º, da Lei 8.987/1995, e ao art. 3º, inciso II, da Lei
12.815/2013;
9.1.5. apresentação de elementos suficientes à aferição dos quantitativos estimados em projeto,
detalhando informações técnicas que permitam exata vinculação entre os projetos conceituais e as
quantidades e preços dos itens que o compõe, de modo a fundamentar a projeção total de investimentos;
9.1.6. exclusão da parcela de 14,25% referente a “taxas de construção locais” incidente sobre os
preços de cada serviço previsto nos projetos conceituais dos arrendamentos (com exceção dos
equipamentos), por acarretar sobreinvestimento decorrente da aplicação, em duplicidade, de rubrica já
embutida nas amostras que serviram de base para a obtenção dos preços referenciais;
9.1.7. realização do levantamento dos valores de mercado dos equipamentos referidos nos estudos
de viabilidade, de preferência cotados em moeda nacional, justificando fundamentadamente a incidência
ou não de impostos e outros adicionais aos preços cotados, bem como os casos em que, dado o alto grau
de especificidade do equipamento, seja inviável a realização de pesquisa de mercado e revisão das
projeções de gastos com equipamentos dos arrendamentos, se for o caso;
9.1.8. elaboração de metodologia clara e objetiva para definir a forma de levantamento dos bens
reversíveis existentes nas áreas consideradas brownfield a serem licitadas, de suas condições de
conservação e de definição de seus valores, motivando de forma adequada, inclusive, a opção de não
efetuar diagnóstico de todos os bens, se for o caso;
9.1.9. realização do levantamento referido no subitem anterior e revisão das projeções de novos
investimentos e de custos operacionais dos projetos a serem licitados, de forma a atualizar o valor dos
aluguéis das áreas e as tarifas resultantes do fluxo de caixa, nos casos em que houver tal necessidade;
9.1.10. cômputo do valor de ressarcimento do EVTEA de cada terminal como item de investimento
(CapEx-projetos), dentro do primeiro ano de arrendamento, de modo que o fluxo de caixa esteja
compatível com a obrigação, contida na Minuta do Edital, de o vencedor do leilão arcar com essa
despesa previamente à celebração do contrato;
9.1.11. revisão das projeções de despesas com pessoal administrativo do VDC12, com base em
metodologia prevista no modelo, e efetivação dos ajustes necessários no fluxo de caixa do projeto;
9.1.12. fundamentação dos custos do componente F04 - Geral e Administrativa, indicando
referências e fontes de informação utilizadas, de forma que seja demonstrada a razoabilidade da
metodologia e dos valores empregados;
9.1.13. justificação das tarifas e fundamentação, de maneira consistente, da metodologia de coleta
das tarifas utilizadas na alimentação dos fluxos de caixa, sem olvidar as pesquisas técnicas contratadas
junto à USP oriundas do Convênio de Cooperação Técnica 1/2010, firmado com aquela instituição,
objetivando dar cumprimento à determinação contida no item 9.1.3.1 do acórdão 1.904/2009 – Plenário;
9.1.14. estabelecimento de um teto tarifário para todos os estudos de viabilidade constantes de
concessões portuárias;
9.1.15. revisão da modelagem empregada no STS13, de forma que as tarifas estabelecidas sejam
devidamente fundamentadas a fim de refletir a variedade de cargas movimentadas no terminal;
9.1.16. ajuste dos valores das tarifas adotadas nos terminais VDC29, OUT01, OUT02, OUT03 e
STM01, de modo que fiquem compatíveis com as premissas adotadas para definição de tais valores, sem
o artifício de aumentá- las para tornar viável o fluxo de caixa dos projetos;
9.1.17. inclusão em todos os contratos de arrendamentos portuários de cláusula de revisão
tarifária periódica, que contemple a definição da tarifa-teto, observando a metodologia a ser definida
pela Antaq, de forma a manter a modicidade tarifária e o equilíbrio do contrato;
9.1.18. realização das alterações que se farão necessárias, relativamente ao Porto de Santos, em
decorrência da edição da Lei Complementar 813/2013, do Município de Santos, inclusive quanto aos
eventuais ajustes nas projeções de demanda, caso ocorra a realocação do terminal STS04;
172 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.1.19. apresentação de estudos consistentes para a definição dos parâmetros de desempenho
atribuídos a cada terminal, demonstrando seu alinhamento ao objetivo de incremento dos resultados e
sua compatibilidade com indicadores de eficiência adotados por portos de excelência, em nível mundial;
9.2. determinar à Secretaria de Portos da Presidência da República que:
9.2.1. para os próximos blocos de arrendamento, ajuste os textos dos estudos de demanda para que
descrevam claramente quais premissas estão implícitas em outros estudos utilizados como base para as
projeções e que hipóteses são, de fato, utilizadas nas planilhas para os cálculos que fundamentam os
valores envolvidos nos projetos de arrendamentos portuários, de modo que a coerência entre
fundamentação e fórmulas/valores possa ser devidamente avaliada;
9.3. determinar à Agência Nacional de Transportes Aquaviários que:
9.3.1. para os próximos blocos das licitações constantes da Portaria-SEP 38/2013, coloque em
discussão, nas audiências públicas, as informações técnicas, econômico- financeiras e jurídicas
constantes dos estudos de viabilidade dos projetos, disponibilizando ao público documentos que
permitam identificar claramente as metodologias, premissas e estimat ivas aferidas, calculadas e
utilizadas na tomada de decisão do Poder Público;
9.3.2. estruture e implemente banco de dados que agregue as informações necessárias para a
elaboração dos estudos de demanda do setor portuário que são de sua competência, conforme preconiza
o artigo 27, inciso I, da Lei 10.233/2001, enviando ao Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias,
documentação que comprove as medidas adotadas para o cumprimento desta deliberação, incluindo
plano de ação com cronograma das atividades a serem desenvolvidas;
9.4. determinar à Secretaria de Portos da Presidência da República e à Agência Nacional de
Transportes Aquaviários que apenas encaminhem a este tribunal Estudos de Viabilidade Técnica,
Econômico-Financeira e Ambiental (EVTEA) acompanhados de termos de referência/relatórios/notas
técnicas que permitam identificar o órgão/empresa responsável por sua elaboração e a data de sua
produção, bem como que contenha informações detalhadas, em português, das premissas e metodologias
utilizadas nos estudos, das fontes de informações e de dados consultadas, especialmente no que tange aos
quantitativos, preços e custos de obras, equipamentos e despesas operacionais; às variáveis que
permitiram estimar a demanda, a receita, os parâmetros de desempenho e as tarifas de entrada; à
tributação; ao critério de julgamento da licitação; e à partição e mecanismos de mitigação de riscos.
9.5. recomendar à Secretaria de Portos da Presidência da República que:
9.5.1. avalie, na qualidade de Poder Concedente, o benefício de promover as consultas ao Poder
Municipal exigidas pelo art. 14 da Lei 12.815/2013 na fase interna da licitação, mais especificamente, no
desenvolvimento dos estudos de viabilidade;
9.5.2. adote, em futuras licitações do setor portuário, metodologia para estimativa de despesas com
pessoal de manutenção e operacional baseadas em parâmetros que busquem maximizar a eficiência
operacional dos terminais;
9.5.3. adote o valor médio entre as amostras de preço coletadas para o serviço UP12 – Ground
Improvement (Melhoria de Terreno) como preço referencial nos projetos conceituais de arrendamentos
portuários em que o serviço estiver presente;
9.5.4. adote, no modelo conceitual de formação de preços dos arrendamentos portuários, como
parâmetro de atualização, os índices próprios de obras portuárias publicados pela Fundação Getúlio
Vargas – FGV;
9.6. recomendar à Agência Nacional de Transportes Aquaviários que:
9.6.1. promova estudos para embasar o nível de eficiência mínimo, lato sensu, a ser exigido dos
terminais portuários brasileiros;
9.6.2. edite, com fulcro no art. 27, incisos IV e XIV, da Lei 10.233/2001, no prazo de 180 (cento e
oitenta) dias, norma que regulamente os procedimentos e os prazos para atuação da Agência de forma a
garantir o acesso de terceiros interessados a cadeias verticalizadas;
9.7. dar ciência à Casa Civil, à SEP/PR e à Antaq de que:
173 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.7.1. foram autuados neste Tribunal os processos TC’s 007.001/2013-4, 031.834/2013-2,
032.891/2013-0, 032.950/2013-6, 032.891/2013-0, 029.596/2013-0 e 032.950/2013-6, pendentes de
apreciação por esta Corte, que tratam de irregularidades concernentes à legalidade, legitimidade,
eficiência e economicidade das concessões e que podem impactar na realização dos processos de
outorga;
9.7.2. as questões tratadas no TC 012.687/2013-8, que cuida de representação acerca de possíveis
irregularidades na escolha da Estruturadora Brasileira de Projetos S.A. – EBP para desenvolver os
estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e operacional, têm o potencial de comprometer a
continuidade do processo de concessão;
9.7.3. caso ocorram modificações significativas nas definições que constarão do processo
licitatório, em decorrência dos ajustes referidos no item 9.1 deste acórdão, as questões deverão ser
submetidas a nova audiência pública;
9.8. determinar à SefidTransporte que avalie as medidas e os fundamentos adotados para
cumprimento das providências assinaladas no subitem 9.1. retro e, se necessário, represente
imediatamente ao tribunal;
9.9. enviar cópia do inteiro teor desta deliberação:
9.9.1. à Casa Civil da Presidência da República;
9.9.2. ao Conselho Nacional de Desestatização;
9.9.3. à Secretaria de Portos da Presidência da República;
9.9.4. à Agência Nacional de Transportes Aquaviários.
2.1.Na ocasião, a Secretaria de Fiscalização de Desestatização e Regulação de Transportes-
SefidTransporte concluiu que a maioria das determinações foram cumpridas, conquanto os subitens 9.1.4
e 9.1.18 tenham sido considerados prejudicados e o subitem 9.1.13 parcialmente cumprido pela unidade
jurisdicionada, o que a motivou a propor novas determinações (Peça 18).
2.2.A Relatora a quo, Exma. Ministra Ana Arraes, alvitrou, portanto, acolher o encaminhamento
sugerido nos autos, no sentido de prolatar novas determinações, constantes do item 9.5 do Acórdão
recorrido, no que foi acompanhado pelos demais Membros do Colegiado desta Corte de Contas.
2.3.Em seguida, a Advocacia Geral da União-AGU interpôs Agravo (R002-Peça 31), os quais
foram conhecidos e não providos por meio do Acórdão 3.143/2014-TCU-Plenário (Peça 34), e o
recorrente opôs embargos de declaração (R001-Peças 27 e 49), os quais foram conhecidos e rejeitados
por meio do Acórdão 828/2015-TCU-Plenário (Peça 52).
2.4.Irresignado, o deputado federal interpôs o presente pedido de reexame, que se fundamenta nos
fatos que, adiante, passar-se-á a relatar.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
3.Após o exame preliminar de admissibilidade efetuado por esta Secretaria (Peça 61), o recorrente
colacionou novas informações à Peça 68. Em virtude destes novos questionamentos, o Relator ad quem,
Exmo. Ministro Walton Alencar Rodrigues, solicitou nova análise da Secretaria de Recursos-Serur (Peça
69). Em novo exame preliminar de admissibilidade esta Secretaria concluiu pelo conhecimento do pedido
de reexame, nos termos do art. 48, da Lei 8.443/1992, c/c os art. 285, caput, e 286, do RI/TCU,
suspendendo-se os efeitos do inteiro teor do Acórdão recorrido (Peça 71), posição ratificada pelo
Ministro Relator ad quem à Peça 73.
EXAME DE MÉRITO
4.Delimitação
4.1.Constitui objeto do presente recurso definir se é cabível a emissão de nova determinação à
SEP/PR para a imediata revisão dos estudos de viabilidade relativos ao arrendamento do Bloco 1.
5.Da revisão dos estudos de viabilidade.
5.1.Requer “a reforma da decisão recorrida” para determinar “à SEP/PR a imediata revisão dos
estudos de viabilidade relativos ao arrendamento do Bloco 1, no intuito de afastar premissas de ordem
econômico-financeiras já defasadas, e que não se prestam à consecução do certame objetivado”, com
base nos seguintes argumentos (págs. 5-19 da Peça 56):
174 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a) alega que as informações, que lastreiam os respectivos Estudos de Viabilidade Técnica,
Econômica e Sócio-ambiental-EVTEA, estão defasadas, uma vez que as premissas econômicas foram
apuradas em março de 2013 (Portaria SEP 38/2013);
b) informa que a instrução técnica do TCU concluiu para as seguintes alterações: investimento
previsto nessas áreas de R$ 2,9 bilhões para R$ 2,4 bilhões; custos operacionais de R$ 6,3 bilhões para
R$ 5,9 bilhões; projeção de receitas de R$ 18,7 bilhões para R$ 17,2 bilhões; e o único item que
“apresentou um aumento foi a estimativa de pagamentos anuais às Autoridades Portuárias, que passou
de R$ 102 milhões para R$ 115 milhões”;
c) apresenta excertos de reportagens relacionadas ao tema;
d) entende que “a jurisprudência desta Corte de Contas” “reconhece que sempre que a demora na
realização de licitação e contratação superar 18 (dezoito) meses desde a realização dos estudos ou da
avaliação anterior, haverá necessidade de revisão do estudo de viabilidade, particularmente no tocante à
atualidade de premissas financeiras”, cita e reproduz excertos dos Acórdãos 2.104/2008, 682, 683 e
3.079/2010, todos do Plenário.
Análise: 5.2.Note-se que o processo de monitoramento é o instrumento de fiscalização utilizado pelo
Tribunal para verificar o cumprimento de suas deliberações e os resultados delas advindos, nos termos
do art. 243 do Regimento Interno.
5.3.Cabe observar que, na análise dos embargos de declaração opostos pelo recorrente, a Ministra
Ana Arraes já havia pontuado de forma clara, em relação a questionamento idêntico, que a imediata
revisão dos EVTEA deveria ser tratada no TC 029.083/2013-3, o qual analisa de forma ampla as
desestatizações portuárias desse primeiro bloco, asseverando, outrossim, que o Acórdão recorrido tem
por único objetivo monitorar as providências deliberadas pelo Acórdão 3.661/2013-TCU-Plenário (Peça
50):
10. Em tempo, registro que no dia 08/04/2015 o deputado federal Augusto Coutinho remeteu novo
expediente ao tribunal, dessa feita discorrendo sobre o lapso temporal decorrido desde a elaboração dos
estudos de viabilidade que instruem essas desestatizações e pleiteando “que seja determinada à SER/PR
e ANTAQ, a imediata revisão dos estudos (EVTEAs) elaborados pela EBP e aprovados ANTAQ
(Resolução ANTAQ n°. 3021/2013), de modo que as licitações retratem com transparência e fidelidade o
atual cenário econômico nacional, bem como as interferências dos mercados externos, especialmente em
relação à vertiginosa queda de nossa balança comercial, por ser essa a medida que melhor atende ao
interesse público e à coletividade".
11. Não obstante ter sido inserida nestes autos, a peça deve ser tratada no âmbito do TC
029.083/2013-3, que analisa de forma ampla as desestatizações portuárias desse primeiro bloco, uma vez
que este TC 004.440/2014-5 tem por único objetivo monitorar as providências deliberadas pelo acórdão
3.661/2013 – Plenário. (ênfase acrescida)
5.4.Corroborando o entendimento da Ministra Relatora, o Pleno desta Corte de Contas determinou
por meio do item 9.2. do Acórdão 828/2015-TCU-Plenário (Peça 52): “juntar cópia do expediente
remetido pelo deputado federal Augusto Rodrigues Coutinho, constante da peça 49, ao TC-
029.083/2013-3, para que seja analisada no âmbito daquele processo”.
5.5.Ao mesmo tempo em que apresentou o presente recurso, o ora recorrente interpôs
questionamento idêntico no âmbito do TC 029.083/2013-3 em 10/3/2015 (Peça 209 do TC 029.083/2013-
3). Em seguida, o Tribunal debateu intensamente as premissas que norteariam as desestatizações
portuárias desse primeiro bloco, tendo sido promulgado o Acórdão 1.077/2015-TCU-Plenário, o qual
contou com 4 Votos Revisores e 2 Votos Complementares (Peças 216-223 do TC 029.083/2013-3).
5.6.Naqueles autos, o ora recorrente opôs embargos de declaração novamente com
questionamentos idênticos aos que ora se analisam, os quais não foram conhecidos por falta de interesse
recursal, por meio do Acórdão 2.193/2015-TCU-Plenário (Peças 241, 244 e 258 do TC 029.083/2013-3).
A decisão que consignou a ausência de legitimidade foi, em seguida, questionada pelo ora recorrente e
175 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
afastada pelo Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa (Peças 261, 266 e 269 do TC 029.083/2013-
3).
5.7.Em seguida, ainda no âmbito do TC 029.083/2013-3 (Peça 276), foram colacionados
esclarecimentos “complementares, frente aos questionamentos efetuados pelo Tribunal de Contas da
União (TCU), através da SeinfraHidroFerrovias, em correspondência eletrônica encaminhada em 31 de
julho de 2015 à SEP/PR, acerca dos novos estudos que ampararam o Bloco 1, Fase 1, dos
arrendamentos portuários”, em 23/9/2015, o que afasta a premissa de que os estudos contam com mais
de 18 meses de defasagem. Tratativas que se seguiram e foram colacionadas às Peças 277-282 do TC
029.083/2013-3, além de culminar com a instrução de mérito da Secretaria de Fiscalização de
Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária (Peça 284 daquela TC) e com a prolação do Acórdão
2.413/2015-TCU-Plenário, cujo debate contou com a Declaração de Voto do Ministro Raimundo
Carreiro (Peças 293-296 do TC 029.083/2013-3), e no qual ficou assente no item 9.1 que:
9.1. considerar cumpridas as determinações dos subitens 9.1.13, 9.1.14 e 9.1.17 do acórdão
3.661/2013-Plenário, posteriormente alteradas pelo acórdão 1.077/2015-Plenário, e do item 9.5 do
acórdão 1.077/2015-Plenário no que se refere ao Bloco 1, Fase 1, do programa de arrendamentos
portuários.
5.8.Note-se primeiramente que a referida decisão é posterior ao presente pedido de reexame,
interposto em 11/5/2015, e, precipuamente, que o Voto da Ministra Relatora, naquela oportunidade, em
30/9/2015, fundamentou-se em apresentação de novo EVTEA (Peça 295 do TC 029.083/2013-3).
5.9.Insta ressalvar que o Acórdão monitorado (Acórdão 3.661/2013-TCU-Plenário) pelo Acórdão
recorrido em questão (Acórdão 1.555/2014-TCU-Plenário), já havia sido inclusive alterado em data
posterior, ao presente pedido de reexame, pelo Acórdão 1.077/2015-TCU-Plenário, o qual, como
analisado alhures, já debatera intensamente as premissas que norteariam as desestatizações portuárias
desse primeiro bloco, ora questionadas pelo recorrente, e contara com 4 Votos Revisores e 2 Votos
Complementares.
5.10.O recorrente, em seguida, interpôs agravo aos termos do despacho decisório que afastara sua
legitimidade, o qual foi conhecido e negado provimento, e, em seguida, novos embargos de declaração,
desta feita questionando o Acórdão 2.413/2015-TCU-Plenário, os quais ainda não foram julgados (Peças
292 e 302 do TC 029.083/2013-3).
5.11.Nesse sentido, o Aviso encaminhado à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da
Câmara dos Deputados, que contém o Acórdão 1.211/2015-TCU-Plenário, proferido no âmbito do TC
007.703/2015-5 (Peça 66), reafirmou este entendimento por meio de seu subitem 9.3.4, in literis:
9.3.4. os estudos de viabilidade já foram apreciados pelo Acórdão 3.661/2013-TCU Plenário, que
tratou do 1º estágio de acompanhamento da concessão de que trata o art. 7º, inciso I, da IN TCU
27/1998, e que por ocasião da prolação do Acórdão 1.077/2015-TCU-Plenário a discussão estava
limitada ao efeito devolutivo do pedido de reexame. Assim, eventual necessidade de atualização dos
estudos deverá ser debatida em momento oportuno, nos próximos estágios de acompanhamento da
licitação, como já destacado pela Exma. Ministra-Relatora Ana Arraes no Voto que embasou o Acórdão
828/2015-TCU-Plenário;
5.12.Destarte, uma vez que as questões suscitadas pelo recorrente já foram saneadas por meio do
Acórdão 2.413/2015-TCU-Plenário, proferido no âmbito do TC 029.083/2013-3, o qual contou,
inclusive, com a apresentação de novo EVTEA, e que o monitoramento é o instrumento de fiscalização
utilizado pelo Tribunal para verificar o cumprimento de suas deliberações e os resultados delas
advindos, os quais já foram inclusive suplantados por diversas decisões posteriores, é desnecessária e a
emissão de nova determinação à SEP/PR.
CONCLUSÃO
6. Da análise anterior, conclui-se que é desnecessária e a emissão de nova determinação à
SEP/PR, precipuamente em virtude de os EVTEA trem sido recentemente revistos.
6.1.Ante o exposto, não foi trazido aos autos nenhum argumento que detenha o condão de
modificar o julgado de origem, Acórdão 1.555/2014, mantido pelos Acórdãos 3.134/2014 e 828/2015,
176 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
todos do Plenário do TCU, motivo por que este não está a merecer reforma, devendo ser, por
consequência, prestigiado e mantido.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
7.Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se, com fundamento no
art. 48, da Lei 8.443/1992, c/c os art. 285, caput, e 286, do RI/TCU:
a) conhecer do pedido de reexame interposto por Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (CPF
331.556.234-20) e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) dar conhecimento às entidades/órgãos interessados e ao recorrente da deliberação que vier a
ser proferida.
É o relatório.
VOTO
Conheço do pedido de reexame interposto pelo Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de
Melo, contra o Acórdão 1.555/2014 - Plenário, por atender aos requisitos atinentes à espécie.
Por meio da decisão recorrida, foi apreciado o monitoramento das determinações exaradas no
Acórdão 3.661/2013 - Plenário, ao apreciar os procedimentos destinados à desestatização de áreas e
instalações portuárias localizadas nos portos organizados de Santos, Belém, Santarém, e Vila do Conde e
nos terminais de Outeiro e Miramar, inseridas no primeiro bloco de licitações previsto na Portaria
38/2013, da Secretaria de Portos da Presidência da República-SEP/PR.
O recorrente, mediante expediente datado de 7/5/2015, requer que esta Corte de Contas reexamine a
questão, com vistas ao seu aperfeiçoamento, bem assim que seja determinado à Secretaria de Portos da
Presidência da República a imediata revisão dos estudos de viabilidade relativos ao arrendamento do
Bloco 1.
Conforme mencionado na instrução da Secretaria de Recursos, transcrita no relatório, a relatora do
acórdão recorrido considerou pertinente que análise da revisão dos EVTEA fosse realizada nos autos do
TC 029.083/2013-3, no qual seriam analisados, de forma ampla, as desestatizações portuárias do aludido
primeiro bloco de licitações. No voto condutor Acórdão 828/2015-Plenário, exarado em 15/4/2015, a
Ministra Ana Arraes posicionou-se nos seguintes termos:
10. Em tempo, registro que no dia 08/04/2015 o deputado federal Augusto Coutinho remeteu novo
expediente ao tribunal, dessa feita discorrendo sobre o lapso temporal decorrido desde a elaboração dos
estudos de viabilidade que instruem essas desestatizações e pleiteando “que seja determinada à SER/PR
e ANTAQ, a imediata revisão dos estudos (EVTEAs) elaborados pela EBP e aprovados ANTAQ
(Resolução ANTAQ n°. 3021/2013), de modo que as licitações retratem com transparência e fidelidade o
atual cenário econômico nacional, bem como as interferências dos mercados externos, especialmente em
relação à vertiginosa queda de nossa balança comercial, por ser essa a medida que melhor atende ao
interesse público e à coletividade".
11. Não obstante ter sido inserida nestes autos, a peça deve ser tratada no âmbito do TC
029.083/2013-3, que analisa de forma ampla as desestatizações portuárias desse primeiro bloco, uma vez
que este TC 004.440/2014-5 tem por único objetivo monitorar as providências deliberadas pelo acórdão
3.661/2013 – Plenário.
No âmbito daqueles autos, tal como pleiteado pelo recorrente, foi apresentado, em 17/7/2015, novo
EVTEA, relativo às concessões de instalações portuárias da Fase 1 do Bloco, cujos elementos foram
apreciados por este Colegiado, dando ensejo ao Acórdão 2.413/2015-Plenário, de 30/9/2015. Naquela
oportunidade, ao resumir a documentação apresentada pela SEP/PR, a relatora consignou:
O escopo da atual rodada de licitações, denominada fase 1, foi significativamente reduzido,
abrangendo apenas 8 dos 29 terminais inseridos no primeiro bloco de concessões portuárias.
O novo EVTEA manteve diversas das premissas adotadas nos estudos já examinados pelo TCU,
mas trouxe algumas alterações significativas, em especial nos projetos de investimentos. No plano
177 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
financeiro, atualizou-se a taxa de desconto, que passou de 8% a.a. para 10% a.a., com base em cálculos
da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE),
ambas do Ministério da Fazenda.
A presente análise teve, essencialmente, o objetivo de avaliar três pontos principais: (i) a alteração
do critério de julgamento dos certames; (ii) o cumprimento das determinações do TCU afetas aos
terminais incluídos na primeira fase de licitações; e (iii) as alterações técnicas no novo EVTEA e sua
compatibilidade com as premissas adotadas na versão anterior.
Em relação ao primeiro aspecto, com fundamento nas novas regras introduzidas pelo Decreto
8.464/2015 e diante da compatibilidade das disposições com as normas da Lei Geral de Portos, há que se
concluir que o critério de julgamento pelo maior valor de outorga é regular.
No que importa aos terminais incluídos na atual fase de concessões, as deliberações do TCU
consignadas nos acórdãos 3.661/2013, 1.555/2014 e 1.077/2015, todos do Plenário, também foram
cumpridas.
Por último, embora possam ser consideradas devidamente justificadas as alterações e atualizações
promovidas nos atuais estudos de viabilidade, duas determinações foram consignadas neste exame.
A primeira, relacionada aos terminais OUT01, OUT02 e OUT03, diz respeito à comprovação, no
segundo estágio das concessões, da inserção de cláusula de sanção para o inadimplemento da obrigação
de realizar os investimentos que foram atribuídos aos três arrendatários em regime de
corresponsabilidade, em proporções equivalentes. O objetivo dessa medida é evitar prejuízos à operação
nos terminais em decorrência da eventual falta de um dos concessionários no cumprimento de sua
contraparte nos investimentos e atividades elencados como de responsabilidade solidária.
Com vistas à proteção da livre concorrência no setor, propõe-se também determinar à SEP/PR e à
Antaq que, para os próximos blocos do programa de concessões portuárias, apresente fundamentação
consistente para a adoção ou não de regras de vedação à adjudicação de mais de um terminal a um
mesmo proponente.
Ante todo o exposto, ao acolher, na essência, as conclusões da SeinfraHidroFerrovia, proponho
comunicar à SEP/PR e à Agência Nacional de Transportes Aquaviários que, dentro do escopo delimitado
para o 1º estágio de fiscalização de concessões pela IN TCU 27/1998, que abrange os estudos de
viabilidade técnica, econômica e ambiental, não foram detectadas irregularidades ou impropriedades
que desaconselhem o regular prosseguimento do processo concessório do Bloco 1, Fase 1, do programa
de arrendamentos portuários.
Isto posto, declaro prejudicado o objeto do presente recurso, razão pela qual voto no sentido de que
o Tribunal acolha a minuta de Acórdão que submeto à deliberação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1221/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 004.440/2014-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Pedido de reexame (Monitoramento).
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessados: Agência Nacional de Transportes Aquaviários (04.903.587/0001-08); Augusto
Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20); Secretaria de Portos (08.855.874/0001-32)
3.2. Recorrente: Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20).
4. Órgãos/Entidades: Agência Nacional de Transportes Aquaviários; Secretaria de Portos.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
5.1. Relatora da deliberação recorrida: Ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura
Portuária, Hídrica e Ferroviária (SeinfraHid).
8. Representação legal:
8.1. Mariana Valentim de Moraes Silva, representando Secretaria de Portos.
178 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8.2. Apuam Carvalho da Costa (32322/OAB-DF), representando Augusto Rodrigues Coutinho de
Melo.
9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido o pedido de reexame interposto pelo Deputado Federal Augusto
Rodrigues Coutinho de Melo, contra o Acórdão 1.555/2014-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, 33 e 48 da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 286 do
Regimento Interno do TCU, em:
9.1. conhecer do pedido de reexame e considerar prejudicado seu objeto, visto que a matéria foi
tratada no Acórdão 2.413/2015 - Plenário;
9.2. dar ciência deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam ao recorrente.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1221-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues
(Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 027.419/2012-6
Natureza(s): Embargos de Declaração (em Desestatização)
Órgão/Entidade: Agência Nacional de Transportes Aquaviários
Interessados: Companhia Docas do Estado de São Paulo (44.837.524/0001-07); Transitaria
Brasileira Ltda. - Transbrasa (45.557.022/0001-95)
Representação legal: Amanda Barros Seabra Pereira e outros, representando Transitaria Brasileira
Ltda. - transbrasa e Transitaria Brasileira Ltda. - Transbrasa; Daiane Prates Goulart e outros,
representando Companhia Docas do Estado de São Paulo.
SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NA
DELIBERAÇÃO EMBARGADA. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DO MÉRITO.
IMPOSSIBILIDADE. REFORMATIO IN PEJUS. INEXISTÊNCIA. NEGATIVA DE PROVIMENTO.
1. Os embargos de declaração prestam-se tão somente a aclarar ou corrigir vícios de contradição,
obscuridade ou omissão internos à decisão embargada, não sendo possível, nessa via, o reexame de
questões de mérito, a discussão de novas teses jurídicas nem a apreciação de eventual divergência entre o
julgamento proferido e qualquer outra deliberação ou entendimento, seja do Poder Judiciário, seja deste
Tribunal.
2. A contradição apta a ser sanada pela oposição dos embargos declaratórios é a que se estabelece
entre os termos da própria decisão e não a que porventura exista entre as razões de decidir e os fatos
alegados, a doutrina, a jurisprudência ou a interpretação do ordenamento jurídico que o recorrente
entenda adequada.
3. A existência de votos divergentes proferidos por ocasião da apreciação do processo no colegiado
competente não caracteriza a existência de contradição, obscuridade ou omissão passível de ser atacada
pela estreita via dos embargos declaratórios.
179 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
RELATÓRIO
Trata-se de embargos de declaração opostos pela empresa Transitária Brasileira Ltda. – Transbrasa,
em face do Acórdão nº 650/2016-TCU-Plenário.
Sustenta a embargante que, por meio do Acórdão nº 648/2014-TCU-Plenário, lhe teria sido
assegurada a prorrogação do seu Contrato de Arrendamento 007/91 pelo período de 5 (cinco) anos, nos
termos do item 9.1.2 da referida decisão, transcrita a seguir:
9.1.1. a renovação do Contrato de Arrendamento CA 007/91, firmado entre a empresa Transitária
Brasileira Ltda. (Transbrasa) e a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) contraria os
artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 e a Lei Complementar 730/2011 do Município de
Santos;
9.1.2. a SEP/PR, no uso de suas competências previstas no art. 16 da Lei 12.815/2013 e no art. 2º,
incisos I e II, do Decreto 8.033/2013 pode, excepcionalmente, prorrogar o Contrato de Arrendamento CA
007/91 pelo prazo estritamente necessário à definição do local e à realização do certame para
arrendamento portuário, observado um máximo de cinco anos, caso entenda pertinente dar continuidade
às atividades hoje desempenhadas pela empresa Transbrasa em área permitida pela Lei Complementar
730/2011 do Município de Santos;(grifou-se).
Irresignada com essa deliberação, a ora embargante interpôs pedido de reexame para que o prazo
máximo permitido para a prorrogação fosse de 10 (dez) anos.
Por meio do Acórdão nº 650/2016-TCU-Plenário este Tribunal negou provimento ao pedido de
reexame e conferiu a seguinte redação ao Acórdão nº 648/2014-TCU-Plenário:
9.1. com fundamento no art. 48, caput e parágrafo único, da Lei nº 8.443, de 1992, conhecer do
recurso interposto pela empresa Transitária Brasileira Ltda. – Transbrasa para, no mérito negar-lhe
provimento, conferindo-se a seguinte redação ao item 9.1 e seus subitens 9.1.1 e 9.1.2 do Acórdão nº
648/2014-Plenário:
“9.1. dar ciência à Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) de que:
9.1.1. a renovação do Contrato de Arrendamento CA 007/91, firmado entre a empresa Transitária
Brasileira Ltda. (Transbrasa) e a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) contraria o artigo
175 da Constituição Federal de 1988, de forma que novo ajuste somente pode ocorrer após regular
certame licitatório de arrendamento portuário ou equivalente;
9.1.2. a SEP/PR, no uso de suas competências previstas no art. 16 da Lei 12.815/2013 e no art. 2º,
incisos I e II, do Decreto 8.033/2013 pode, excepcionalmente, prorrogar o Contrato de Arrendamento CA
007/91 pelo prazo estritamente necessário à realização do certame para novo arrendamento portuário,
cujo início dos procedimentos deverá ser imediato;”
Inconformada, a Tranbrasa, em seus embargos, aduz que o prazo anterior, de 5 anos, não permitiria
a amortização de investimentos que se fariam necessário, razão pela qual pleiteara a extensão para 10
anos.
Ressalta que a unidade instrutiva, em sua análise do recurso, entendera ser possível eventual
“prorrogação” do Contrato 007/91 por meio de contratação por inexigibilidade de licitação.
Aduz que o relator do recurso, Min. Augusto Nardes, acompanhou o entendimento da unidade
técnica, por entender que a situação factual se enquadrava ao disposto no art. 25 da Lei de Licitações, a
caracterizar situação de inexigibilidade de licitação, uma vez que a Lei Complementar 730/2011 do
Município de Santos somente admitira a permanência das empresas que já tivessem licença municipal
vigente antes de sua edição, circunstância em que se encontrava a empresa Embargante.
Ressalta que, após pedido de vistas, o Min. Walton Alencar Rodrigues, em voto revisor, entendera
não ser possível a contratação por inexigibilidade uma vez que o Município de Santos não poderia limitar,
mediante legislação local, o exercício de serviço público federal.
180 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Prosseguindo, o embargante assevera que o Min. Augusto Nardes ratificara seu voto, mantendo
entendimento anterior e discordando das razões apresentadas pelo revisor.
Depois de transcrever trechos extensos de todas as manifestações apresentadas nos autos, o
embargante questiona a possibilidade de acolhimento da tese vencedora, por entender que a decisão
representaria “elemento de incerteza” no processo, ante as posições da unidade técnica e do relator no
sentido oposto, que entende ser mais adequada aos interesses de todos os envolvidos.
Sustenta, também, que a decisão proferida em sede do pedido de reexame lhe seria mais gravosa, o
que não estaria de acordo com o princípio da proibição do reformatio in pejus.
Por fim, aduz tese a respeito da “Relativização do controle de constitucionalidade exercido pela
Corte de Contas em face de lei municipal” questionando a Súmula 347 do STF com base em decisão
liminar, monocrática e isolada do Min. Gilmar Mendes, no âmbito do MS 25.888, razão pela qual pugna
que esta Corte se abstenha de apreciar a constitucionalidade
Após asseverar que o Acórdão embargado é vicioso, contrário ao princípio do non reformatio in
pejus e que a divergência entre os votos proferidos caracterizara contradição, omissão e obscuridade em
relação ao voto vencedor, a embargante pede que sejam admitidos e julgados procedentes os embargos,
para o fim de reformar o Acórdão 650/2016-TCU-Plenário, atribuindo efeitos infringentes ao recurso,
uma vez que não haveria ofensa à legislação municipal, tampouco à Constituição Federal, reconhecendo-
se a possibilidade excepcional de contratação direta entre a empresa Transitária Brasileira Ltda.
(Transbrasa), por inexigibilidade de licitação, pelo prazo de 10 (dez) anos.
É o Relatório.
VOTO
Os embargos de declaração foram opostos por interessado com legitimidade para fazê-lo e dentro
do prazo estabelecido para esse tipo de recurso. Deles conheço, portanto, por adequado ao disposto nos
arts. 32, inciso II e 34, § 1º, da Lei 8.443/92 e art. 287 do Regimento Interno.
Alega o embargante a existência de vícios na deliberação recorrida, a ocorrência de reformatio in
pejus e, ainda, a existência de discordâncias entre os votos divergentes a implicar, em seu juízo,
contradições, omissões e obscuridades.
Com as devidas vênias, nenhuma das questões suscitadas pelo recorrente é passível de apreciação
em embargos declaratórios.
Ressalto, preliminarmente, que os embargos de declaração, quando regularmente utilizados,
destinam-se a sanar obscuridades, a esclarecer contradições e a suprir omissões que porventura tenham
sido verificadas no acórdão.
É de todo incabível a utilização desse recurso com a finalidade de instaurar, indevidamente, nova
discussão sobre as matérias já decididas pelo Tribunal. Os embargos de declaração não se prestam a
renovar a discussão de provas, de teses jurídicas, de jurisprudência ou de outras questões de mérito já
devidamente apreciadas pelo acórdão recorrido.
José Carlos Barbosa Moreira (Comentário ao Código de Processo Civil, vol. 5. Rio de Janeiro:
Forense, 2003, pp. 550-551) enuncia algumas hipóteses de cabimento de embargos de declaração nos
quais é alegada contradição:
“Verifica-se este defeito quando no acórdão se incluem proposições entre si inconciliáveis. Pode
haver contradição entre proposições contidas na motivação (exemplo: a mesma prova ora é dita
convincente, ora inconvincente), ou entre proposições da parte decisória, isto é, incompatibilidade entre
capítulos do acórdão: v.g., anula-se a sentença definitiva apelada e, em seguida, julga-se o mérito da
causa, quando logicamente se deveria determinar a restituição ao órgão inferior, para sentenciar de
novo; ou declara-se inexistente a relação jurídica prejudicial (deduzida em reconvenção ou em ação
declaratória incidental), mas condena-se o réu a cumprir obrigação que dela necessariamente dependia;
e assim por diante. Também pode ocorrer contradição entre alguma proposição enunciada nas razões de
181 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
decidir e o dispositivo: por exemplo, se na motivação se reconhece como fundada alguma defesa bastante
para tolher a pretensão do autor, e no entanto se julga procedente o pedido.”
Da lição do eminente processualista, pode-se concluir que a contradição deve estar contida nos
termos do decisum atacado. Não cabe alegação de contradição entre o acórdão embargado e “doutrina”,
“jurisprudência” ou deliberações monocráticas proferidas em sede de liminar.
Daí não ser cabível a pretensão de reexame dos autos, em sede de embargos, sob a alegação de
contradição entre os fundamentos da decisão embargada e as demais manifestações opinativas constantes
dos autos.
Causa espécie a pretensão de ver sanadas, em embargos declaratórios, as contradições entre as
razões expostas do voto vencedor e as razões contidas no voto vencido. O entendimento majoritário do
Plenário, firmado pelo voto condutor do julgado, proferido pelo Ministro Redator, é divergente da
corrente minoritária, capitaneada pelo Relator original, vencida na assentada, sendo os fundamentos
adotados por ambos, necessariamente, divergentes e contraditórios, não surgindo daí nenhum vício que
possa ser sanado pelos aclaratórios.
Como é cediço, a obscuridade, a omissão ou a contradição, que enseja o acolhimento dos embargos
de declaração, é aquela existente entre os fundamentos do julgado - no caso, do voto vencedor - e a sua
própria conclusão, retratada na parte dispositiva do Acórdão, jamais com outro entendimento ou outra
decisão proferida, ainda que no próprio processo, como no caso dos votos vencidos.
Ora, sequer as divergências entre votos vencedores enseja a oposição de embargos declaratórios,
conforme a posição doutrinária de Vicente Miranda (apud Sandro Marcelo Kozikoski, Embargos de
Declaração: Teoria geral e efeitos infringentes. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004, pp. 99-100):
“Vicente Miranda aponta, exemplificativamente, algumas situações colhidas da jurisprudência
onde não é possível vislumbrar a ocorrência de contradição. De acordo com o autor: a) inexiste
contradição embargável, se esta se manifesta entre o acórdão e a lei; b) não há contradição se esta
existir entre a prova colhida e o que se disse na sentença (nesses casos, o erro de julgamento deve ser
corrigido por outra via recursal própria; c) não é embargável a contradição com julgado anterior (ou,
por outras palavras, é necessário que as proposições contrárias ou contraditórias se encontrem no bojo
da decisão a ser embargada); d) a fundamentação diferente entre votos vencedores não enseja os
embargos declaratórios, desde que não haja nenhuma divergência na conclusão; e) não enseja o
recurso a contradição existente entre a ementa e o corpo do acórdão, se o julgado não contém nenhuma
contradição, pois, segundo ele, as imprecisões da ementa não contaminam o resultado do julgamento, se
este vale pelo acórdão e pelos votos nos quais se enuncia (a função da ementa é basicamente servir de
súmula daquilo que se decidiu, sem que, todavia, represente o conteúdo dispositivo da decisão).” [grifou-
se]
Nesse mister, e apenas a título exemplificativo, trago decisão do STJ que restou assim ementada:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ORDINÁRIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA. ART. 535, I E II, DO CPC. OMISSÕES E CONTRADIÇÕES
INEXISTENTES. NÃO OCORRÊNCIA DE CONTRADIÇÃO, A ENSEJAR O ACOLHIMENTO DOS
DECLARATÓRIOS, ENTRE VOTOS DIVERGENTES, NA MESMA ASSENTADA. INCONFORMISMO.
PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. REJEIÇÃO DOS EMBARGOS
DECLARATÓRIOS.
I. Inexistindo, no acórdão embargado, as alegadas omissões e contradições, nos termos do art.
535, I e II, do CPC, não merecem ser acolhidos os embargos de declaração
II. O entendimento majoritário, firmado pelo voto condutor do julgado, proferido pelo Relator, é
divergente da corrente minoritária, vencida na assentada, sendo os fundamentos adotados por ambas,
portanto, contraditórios entre si.
III. No entanto, a contradição, que enseja o acolhimento dos Embargos de Declaração, é aquela
existente entre os fundamentos do julgado – no caso, do voto vencedor – e a sua própria conclusão,
jamais com outro entendimento ou outra decisão proferida, mesmo que no próprio processo, como no
caso dos votos vencidos.
182 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
IV. Os embargos de declaração não constituem veículo próprio para o exame das razões atinentes
ao inconformismo da parte, tampouco meio de revisão, rediscussão e reforma de matéria já decidida.
V. Segundo o entendimento deste Tribunal, o prequestionamento da matéria, para fins de
interposição de recurso extraordinário, não se mostra cabível em embargos de declaração, se não
ocorrerem os pressupostos de obscuridade, contradição ou omissão no acórdão embargado. Ademais,
não cabe ao STJ apreciar alegação de ofensa a dispositivo constitucional, ainda que a título de
prequestionamento, sob pena de usurpação da competência do STF. Precedentes do STJ. VI. Embargos
de Declaração rejeitados. (EDcl no RMS 20.718 – SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, 6ª Turma do
STJ, DJe de 14/05/2013).
Em verdade a embargante intenta tão somente rediscutir o mérito da decisão proferida sem apontar,
de fato, qualquer vício passível de apreciação em sede de embargos de declaração. O recorrente limita-se
a demonstrar seu inconformismo com as razões e os fundamentos da decisão proferida que são
discrepantes das teses de sua particular preferência, sem que daí seja possível extrair qualquer vício a
ensejar o acolhimento dos embargos de declaração.
Entendo pertinente, porém, apenas a título de esclarecimento, afastar a alegação de violação à
proibição de reformatio in pejus.
O mero confronto entre a decisão veiculada no decisum original, Acórdão 648/2014-TCU-Plenário,
e o teor que lhe foi conferido pela decisão embargada, Acórdão 650/2016-TCU-Plenário, evidencia a
inexistência de qualquer prejuízo ao recorrente.
Na decisão original, deliberou o TCU pela ilegalidade e inconstitucionalidade da renovação do
Contrato de Arrendamento CA 007/91 (item 9.1.1) e admitiu sua prorrogação pelo prazo estritamente
necessário à identificação de local e à realização de nova licitação (item 9.1.2)
9.1.1. a renovação do Contrato de Arrendamento CA 007/91, firmado entre a empresa Transitária
Brasileira Ltda. (Transbrasa) e a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) contraria os
artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 e a Lei Complementar 730/2011 do Município de
Santos;
9.1.2. a SEP/PR, no uso de suas competências previstas no art. 16 da Lei 12.815/2013 e no art. 2º,
incisos I e II, do Decreto 8.033/2013 pode, excepcionalmente, prorrogar o Contrato de Arrendamento CA
007/91 pelo prazo estritamente necessário à definição do local e à realização do certame para
arrendamento portuário, observado um máximo de cinco anos, caso entenda pertinente dar continuidade
às atividades hoje desempenhadas pela empresa Transbrasa em área permitida pela Lei Complementar
730/2011 do Município de Santos;(grifou-se).
Note-se que o prazo de 5 (cinco) anos não foi concedido à Transbrasa. Não se autorizou a
prorrogação do contrato de arrendamento por 5 anos. A continuidade do ajuste foi tolerada apenas pelo
prazo estritamente necessário à realização de novo certame, aí incluído o prazo para identificar uma nova
área em que poderiam ser realizadas as atividades. O prazo de 5 anos foi direcionado à Codesp, pois
caberia a ela realizar de forma mais rápida possível a licitação desse arrendamento.
Basta ver que se em 6 (seis) meses a Codesp encontrasse uma área adequada, deveria ela dar início
imediato à licitação, não existindo qualquer direito à Transbrasa de ter seu contrato prorrogado por prazo
maior.
Com a interposição do pedido de reexame, e em face do efeito devolutivo atinente à espécie
recursal, a questão da legalidade da prorrogação foi novamente submetida à apreciação do Plenário que,
por outros fundamentos, manteve o mesmo entendimento: deliberou o TCU pela ilegalidade e
inconstitucionalidade da renovação do Contrato de Arrendamento CA 007/91 (item 9.1.1) e admitiu sua
prorrogação pelo prazo estritamente necessário à identificação de local e à realização de nova licitação
(item 9.1.2)
Basta ver redação dos itens 9.1.1 e 9.1.2 do acordão original com a redação conferida pelo Acórdão
650/2016-TCU-Plenário:
9.1.1. a renovação do Contrato de Arrendamento CA 007/91, firmado entre a empresa Transitária
Brasileira Ltda. (Transbrasa) e a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) contraria o artigo
183 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
175 da Constituição Federal de 1988, de forma que novo ajuste somente pode ocorrer após regular
certame licitatório de arrendamento portuário ou equivalente;
9.1.2. a SEP/PR, no uso de suas competências previstas no art. 16 da Lei 12.815/2013 e no art. 2º,
incisos I e II, do Decreto 8.033/2013 pode, excepcionalmente, prorrogar o Contrato de Arrendamento CA
007/91 pelo prazo estritamente necessário à realização do certame para novo arrendamento portuário,
cujo início dos procedimentos deverá ser imediato;”
Verifica-se, assim, que no item 9.1.1 foi mantida a inconstitucionalidade da renovação do Contrato
de Arrendamento CA 007/91. No item 9.1.1, por sua vez, foi mantida a possibilidade de prorrogação
excepcional do contrato pelo prazo estritamente necessário à realização do certame licitatório, exatamente
como constou da redação anterior.
A única diferença diz respeito ao prazo fornecido à Codesp para que encontrasse novo local para o
desempenho dessas atividades. Reconheceu o TCU a viabilidade de realização de licitação de novo
arrendamento na área em que atualmente essa atividade é desenvolvida, tendo-se rejeitado a tese da
inviabilidade de competição. Em não havendo mais necessidade de buscar-se novo local para o
arrendamento, deixou de haver razão para conceder-se à Codesp prazo para definição do local, não
havendo qualquer razão lógica a sustentar a manutenção de qualquer outro prazo que não o estritamente
necessário à realização do certame.
A deliberação que julgou o pedido de reexame nada mais fez que reconhecer a desnecessidade de
definição de novo local a ser afetado para o arrendamento, do que resultou no reconhecimento de que se
fazia imperiosa a adoção imediata das medidas necessárias à realização do certame.
Uma vez que jamais foi concedido ou reconhecido à Tranbrasa o direito a ter seu contrato
prorrogado pelo prazo de cinco anos, não procedem as alegações de reformatio in pejus.
Ante o exposto, nego provimento aos embargos e voto porque o Tribunal adote o Acórdão que ora
submeto à apreciação do Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1222/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 027.419/2012-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I Embargos de declaração (Desestatização)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessados: Companhia Docas do Estado de São Paulo (44.837.524/0001-07); Transitaria
Brasileira Ltda. — Transbrasa (45.557.022/0001-95)
3.2. Recorrente: Transitaria Brasileira Ltda. — Transbrasa (45.557.022/0001-95).
4. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Transportes Aquaviários.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária
(SeinfraHid).
8. Representação legal:
8.1. Amanda Barros Seabra Pereira e outros, representando Transitaria Brasileira Ltda. —
Transbrasa e Transitaria Brasileira Ltda. — Transbrasa;
8.2. Daiane Prates Goulart e outros, representando Companhia Docas do Estado de São Paulo.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam embargos de declaração opostos por
Transitaria Brasileira Ltda. em face do Acórdão 650/2016-TCU-Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, e ante
as razões expostas pelo Relator, em:
184 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.1. com fundamento no artigo 34 da Lei 8.443/1992, conhecer dos embargos de declaração para,
no mérito, negar-lhes provimento; e
9.2. dar ciência desta deliberação à Prefeitura Municipal de Santos, à empresa Transitária Brasileira
Ltda. (Transbrasa), à Companhia Docas de São Paulo (Codesp), à Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq) e à Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR).
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1222-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues
(Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE ___ – Plenário
TC 027.793/2006-6 [Apensos: TC 029.371/2010-4, TC 029.372/2010-0]
Natureza: Tomada de Contas Especial
Órgão/Entidade: Conselho Federal de Enfermagem
Responsável: Dulce Dirclair Huf Bais (255.224.859-49).
Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei 8.443/1992)
Representação legal: Reilos Monteiro (22.612/OAB-DF) e outros.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL DECORRENTE DE DENÚNCIA.
RECEBIMENTO INDEVIDO DE DIÁRIAS E AUXÍLIO-TRANSPORTE. NÃO COMPROVAÇÃO
DA BOA E REGULAR APLICAÇÃO DOS RECURSOS. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO.
MULTA. RECURSO DE REVISÃO. CONHECIMENTO. PROVIMENTO PARCIAL.
RELATÓRIO
Reproduzo a instrução elaborada no âmbito da Secretaria de Recursos deste Tribunal (peça 31), que
contou com a anuência do corpo diretivo da unidade (peças 32 e 33):
“INTRODUÇÃO
1.Trata-se de recurso de revisão interposto por Dulce Dirclair Huf Bais (peças 12 e 13), à época
presidente do Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, contra o Acórdão 1.059/2010 – TCU - Plenário
(peça 7, p. 17), proferido na Sessão de 12/5/2010, Ata 15/2010, com o seguinte teor:
9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas b e c, 19, caput, e 23, inciso III, da
Lei n. 8.443/1992, julgar irregulares as contas da Sra. Dulce Dirclair Huf Bais, condenando-a ao
pagamento das quantias originais, abaixo discriminadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar
da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (artigo 214, inciso III, alínea a do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, atualizada
monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas indicadas, até a data do
efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
Valor Data
R$ 960,72 12/04/2006
R$ 228,00 16/05/2006
185 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
R$ 1.947,52 24/05/2006
R$ 1.217,76 25/07/2006
R$ 978,16 02/08/2006
R$ 1.467,24 09/08/2006
R$ 1.467,24 16/08/2006
R$ 1.467,24 23/08/2006
R$ 1.537,96 30/08/2006
R$ 1.467,24 13/09/2006
R$ 1.467,24 20/09/2006
R$ 1.342,70 27/09/2006
R$ 1.467,24 04/10/2006
R$ 1.537,96 25/10/2006
R$ 1.467,24 1º/11/2006
R$ 1.467,24 09/11/2006
R$ 1.537,96 15/11/2006
R$ 978,16 23/11/2006
R$ 1.467,24 29/11/2006
R$ 1.467,24 13/12/2006
R$ 1.537,96 20/12/2006
R$ 978,16 27/12/2006
R$ 978,16 03/01/2007
R$ 1.537,96 10/01/2007
R$ 1.467,24 17/01/2007
R$ 1.467,24 24/01/2007
R$ 1.467,24 07/02/2007
R$ 1.467,24 14/02/2007
R$ 1.467,24 21/02/2007
R$ 508,72 28/02/2007
R$ 2.499,49 14/03/2007
R$ 1.975,38 21/03/2007
R$ 2.499,49 28/03/2007
R$ 1.799,49 04/04/2007
R$ 2.009,49 11/04/2007
R$ 1.799,49 18/04/2007
R$ 1.897,21 25/04/2007
R$ 716,50 02/05/2007
R$ 1.799,49 09/05/2007
186 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
R$ 1.799,49 16/05/2007
9.2. aplicar à Sra. Dulce Dirclair Huf Bais a multa prevista no art. 57 da Lei n. 8.443/1992, c/c o
art. 267 do Regimento Interno/TCU, no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), fixando-lhe o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (artigo 214, inciso III,
alínea a, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do artigo 28, inciso II, da
Lei n. 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
9.4. encaminhar cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentam à
Procuradoria da República no Distrito Federal, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei n. 8.443/1992, bem
como ao denunciante e ao Conselho Federal de Enfermagem, para conhecimento;
9.5. levantar a chancela de sigiloso dos presentes autos;
9.6. arquivar o processo.
HISTÓRICO
2.Trata-se de tomada de contas especial decorrente de conversão de denúncia, por meio do
Acórdão 1.583/2009 – Plenário, versando sobre irregularidades praticadas pela então presidente do
Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, Sra. Dulce Dirclair Huf Bais, concernentes ao recebimento
indevido de diárias, passagens, auxílio-transporte e utilização de suprimento de fundos.
2.1.As irregularidades enfrentadas nos autos e que deram ensejo à condenação da ora recorrente
foram:
a) pagamento indevido de diárias e auxílio-transporte, referente aos dias da semana (segunda a
quarta-feira) em que a Sra. Dulce Dirclair Huf Bais lecionou como docente da Universidade Federal do
Paraná, com dedicação exclusiva, e não se encontrava na sede do Cofen, atuando como presidente
daquela entidade;
b) pagamento, em duplicidade, de gastos relacionados à viagem realizada à cidade de Buenos
Aires, para participação em evento internacional, no período de 14 a 18/06/2006, tendo em vista que
foram concedidas diárias e auxílio-transporte à Sra. Dulce Dirclair Huf Bais, no total de R$ 2.434,40,
apesar de ter sido adquirido pelo Cofen, junto à agência de viagens, empresa Naja Turismo Ltda.,
pacote, em nome da mesma beneficiária, no valor de R$ 1.214,76, que já contemplava hospedagem e
traslado;
c) prejuízo aos cofres do Cofen decorrente do denominado no show, ou seja, reserva efetuada no
Hotel Vila Galé, localizado em Salvador/BA, no nome da Sra. Dulce Dirclair Huf Bais, no período de 04
a 05/05/2006, que não foi cancelada tempestivamente, tendo a entidade arcado com despesas de diárias
sem que a hospedagem tenha efetivamente ocorrido.
2.2.Tendo sido a ora recorrente revel, o Tribunal decidiu, por meio do Acórdão 1.059/2010-TCU –
Plenário transcrito anteriormente julgar irregulares as contas da Srª. Dulce Dirclair Huf Bais,
condenando-a ao ressarcimento do débito e pagamento de multa.
2.3.Não satisfeita com o julgado, a responsável Dulce Dirclair Huf Bais interpôs recurso de
revisão (peças 12 e 13), objeto do presente exame.
ADMISSIBILIDADE
3.Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peça 27), ratificado pelo então Ministro-
Relator (peça 30), que concluiu pelo conhecimento do recurso, sem efeito suspensivo do Acórdão
1.059/2010-TCU – Plenário, por falta de amparo legal, eis que preenchidos os requisitos processuais
aplicáveis à espécie.
MÉRITO
187 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4.Delimitação
4.1.Constituem objetos do recurso as seguintes questões:
a) Se aplica o instituto da prescrição aos procedimentos objeto da presente tomada de contas
especial (peça 12, p. 5);
b) Se é aplicável a inversão do ônus da prova (peça 12, p. 6);
c) Se a responsabilidade subjetiva é condição para a configuração da conduta do agente e, por
consequência, caracterizar o ato ilícito administrativo (peça 12, p. 11);
d) Se a documentação apresentada comprova a regularidade no recebimento das diárias e auxílio
transporte (peças 12 e 13).
5.Da aplicação do instituto da prescrição aos procedimentos de tomada de contas especial (peça
12, p. 5)
5.1.A recorrente contesta o valor do débito que lhe foi imputado tendo em vista os seguintes
argumentos:
a)Os fatos geradores do recebimento das diárias ocorreram no período de abril de 2006 a maio de
2007. A citação da acusada feita anos depois (19/11/2010) dos fatos reputados como ilícitos, além de
abalar o princípio da segurança jurídica, ofende o princípio da ampla defesa, uma vez que,
indiscutivelmente, limitado ficará seu direito de defesa, devido a maior dificuldade de produção de prova
documental (hoje a mais valorada nos processos do TCU);
b)Ao arguir a prescrição em sua defesa, ela o faz tendo por objeto não a pretensão de cobrança
dessa dívida, mas o direito à confecção de sua defesa para a constituição do convencimento do julgador;
c)A prescrição documental pode ser determinada em esparsos artigos dentro do ordenamento
jurídico, dentre eles temos o art. 76, §2° c/c o art. 901, ambos do Decreto 3.000/99, o qual afirma que o
contribuinte tem o dever de resguardar documentação idônea pelo prazo de cinco anos;
d)Isto posto, requer desde já que seja reconhecida a prescrição como matéria de fato e de direito,
decorrente de documentos estarem em posse do Cofen e, no mérito dar-lhe provimento, para excluir da
condenação a pretensão desenvolvida na peça propedêutica.
Análise
5.2.Não assiste razão à recorrente. A questão central dos argumentos do responsável se refere ao
respeito ao devido processo legal, avaliação que se faz nesta assentada.
5.3.A Constituição Federal traz, por meio do § 5º do art. 37, norma que explicitamente ressalva as
ações de ressarcimento ao erário de prazo prescricional. Assim, no caso de condenação de gestor
público ao pagamento de débito, com vistas à recomposição do dano ao erário, a regra é a
imprescritibilidade.
5.4.Esta Corte de Contas, por meio do Acórdão 2709-50/2008-Plenário, manteve entendimento no
tocante à parte final do § 5º do art. 37 da Constituição Federal de que as ações de ressarcimento são
imprescritíveis. Esse posicionamento encontra amparo em deliberação do Supremo Tribunal Federal,
proferida em sede de Mandado de Segurança (MS 26.210-9/DF). O eminente Relator, Ministro Ricardo
Lewandowski, destacou:
“No que tange à alegada ocorrência de prescrição, incide, na espécie, o disposto no art. 37, § 5º
da Constituição de 1988, segundo o qual:
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
Considerando ser a Tomada de Contas Especial um processo administrativo que visa a identificar
responsáveis por danos causados ao erário, e determinar o ressarcimento do prejuízo apurado, entendo
aplicável ao caso sob exame a parte final do referido dispositivo constitucional.
Nesse sentido é a lição do Professor José Afonso da Silva:
(...) ‘A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento’. Vê-
se, porém, que há uma ressalva ao princípio. Nem tudo prescreverá. Apenas a apuração e punição do
ilícito, não, porém, o direito da Administração ao ressarcimento, à indenização, do prejuízo causado ao
188 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
erário. É uma ressalva constitucional e, pois, inafastável, mas, por certo, destoante dos princípios
jurídicos, que não socorrem quem fica inerte (dormientibus non sucurrit ius)”.
5.5.Cabe destacar que, ainda que fosse aplicável o instituto da prescrição na situação ora
contestada, não haveria a cessação da obrigação da responsável em comprovar a regularidade dos
recursos que lhe foram confiados, uma vez que, no caso concreto, a citação da recorrente ocorrera antes
dos alegados 5 anos.
5.6.Assim, conclui-se que não se aplica aos procedimentos de apuração e recomposição de dano ao
erário o instituto da prescrição.
6.Inversão do ônus da prova (peça 12, p.6)
6.1.A recorrente contesta o fato de ter que provar a regularidade de seus atos tendo em vista os
seguintes argumentos:
a)Os documentos que estavam em posse do Cofen são elementos probatórios de defesa da ex-
presidente, produzindo reflexo a inversão do ônus da prova;
b)Como todo direito se sustenta em fatos, aquele que alega possuir um direito deve, antes de mais
nada, demonstrar a existência dos fatos em que tal direito se alicerça. A simples alegação de que a ré
transcorreu em diversas improbidades não pode sustentar uma condenação, sob pena de ofender o
princípio da presunção de inocência;
c)Mesmo sendo ônus da recorrente provar quanto a existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor (artigo 333, II do CPC), sua defesa é cerceada em virtude da perda de
alguns documentos comprobatórios;
d)O caso em tela caracteriza o que a doutrina denomina de prova diabólica, quando a parte
encontra-se em situação desigual, em desvantagem na produção da credibilidade da prova, uma vez que
o fato ou documento posto em questão no processo é difícil ou impossível de se provar, por várias razões,
que se diferencia no caso concreto;
e)Apesar de possuir alguns canhotos de passagens utilizadas no período citado em inicial - e é de
total interesse da ré a disponibilização destes para contestar valores alegados - muitos se perderam no
tempo;
f)O mais justo é basear a produção das provas pelo princípio da razoabilidade, amoldando a
realidade e flexibilizando as regras do ônus da prova, com a finalidade de admitir a distribuição deste
ônus. O propósito é garantir o resguardo dos direitos fundamentais (ampla defesa e contraditório),
alicerce da estrutura do ordenamento jurídico, considerando a ré hipossuficiente em relação à produção
de provas;
g)Desta forma requeremos a inversão do ônus da prova para esclarecer os fatos e na dúvida,
aplica-se o princípio da presunção de inocência ou in dubio pro reo, considerando a ré inocentada.
Análise
6.2.Não assiste razão à recorrente, pois esta era Presidente do Conselho Federal de Enfermagem e,
portanto, se auto concedeu pagamentos de diárias e passagens, na qualidade de beneficiária e gestora de
recursos públicos.
6.3.Frise-se que incide sobre o gestor o ônus de provar a aplicação regular dos recursos públicos
repassados. Por força do que dispõe o art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal, bem assim o
art. 93 do Decreto-lei 200/1967 c/c o art. 66 do Decreto 93.872/1986, compete ao gestor comprovar a
boa e regular aplicação dos recursos públicos, isto é, cabe ao gestor o ônus da prova. O Tribunal firmou
jurisprudência nesse sentido, conforme se verifica nos acórdãos 903/2007–1ª Câmara, 1.445/2007–
2ª Câmara e 1.656/2006–Plenário.
6.4.Cabe ainda destacar decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em sede de Mandado de
Segurança (MS 20.335/DF, de 13/10/1982, relator Ministro Moreira Alves), cuja ementa transcreve-se a
seguir:
“MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. CONTAS
JULGADAS IRREGULARES. APLICACÃO DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53 DO DECRETO-LEI
199/67. A MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53 DO DECRETO-LEI 199/67 NÃO TEM NATUREZA DE
189 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
SANÇÃO DISCIPLINAR. IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES RELATIVAS A CERCEAMENTO DE
DEFESA. EM DIREITO FINANCEIRO, CABE AO ORDENADOR DE DESPESAS PROVAR QUE NÃO
É RESPONSÁVEL PELAS INFRAÇÕES, QUE LHE SÃO IMPUTADAS, DAS LEIS E REGULAMENTOS
NA APLICAÇÃO DO DINHEIRO PÚBLICO. COINCIDÊNCIA, AO CONTRÁRIO DO QUE FOI
ALEGADO, ENTRE A ACUSAÇÃO E A CONDENAÇÃO, NO TOCANTE À IRREGULARIDADE DA
LICITAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA INDEFERIDO” (grifos acrescidos).
6.5.A recorrente teve prazo suficiente para apresentar as alegações de defesa acerca das
irregularidades apontadas (peça 5, p. 47-49), porém, apesar de solicitar prorrogação de prazo (peça 6,
p. 49), optou pela inércia, não comprovando a correta aplicação dos recursos públicos a ela confiados.
6.6.Diante desse contexto, conclui-se que, não há que suscitar a inversão do ônus da prova, pois
cabe ao gestor o ônus de provar a aplicação regular dos recursos públicos repassados.
7.Da responsabilidade subjetiva (peça 12, p. 11)
7.1.A recorrente contesta o fato de se caracterizar ato de improbidade sem a devida comprovação
do dolo por parte do agente tendo em vista os seguintes argumentos:
a)A regra em nosso sistema jurídico é a responsabilidade subjetiva, fundada na teoria da culpa,
enquanto que a responsabilidade objetiva é a exceção, somente podendo ser aplicada as teorias do risco
quando expressamente previstas em lei. É nesse sentido que o art. 186 do atual Código Civil se
posiciona;
b)A luz da natureza sancionatória da Lei nº 8.429/1992, para aplicação de uma punição, é
imprescindível que haja a comprovação do dolo, culpa ou, no mínimo, da má-fé para a caracterização do
ato de improbidade administrativa, o que não ocorreu. Para formar seu convencimento, o julgador não
deve considerar acusações genéricas e que não houve demonstração do elemento subjetivo da conduta;
c)O Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que é indispensável a demonstração de má-intenção
para que o ato ilegal e improbo adquira status de improbidade;
d)O objetivo da lei de improbidade é punir o administrador público desonesto, não o inábil. Ou, em
outras palavras, para que se enquadre o agente público na Lei de Improbidade é necessário que haja o
dolo, a culpa e o prejuízo ao ente público, caracterizado pela ação ou omissão do administrador público;
e)Logo, é imperativo, para configuração do ato improbo, que haja a culpa ou o dolo do agente, não
podendo ele ser punido apenas pelo agir equivocado, muitas vezes decorrente do próprio risco da
atividade de gestor da coisa pública;
f)Assim, requer que seja julgado improcedente a acusação de ter transcorrido nos moldes da lei de
improbidade, uma vez que os elementos subjetivos para a caracterização da mesma não encontram-se
presentes.
Análise
7.2.Não assiste razão a recorrente. A questão central dos argumentos do responsável se refere ao
respeito ao devido processo legal, avaliação que se faz nesta assentada.
7.3.No âmbito dos processos de contas, a responsabilização do administrador público está ligada a
elementos de natureza subjetiva, dos quais advêm da conduta comissiva ou omissiva do agente, dolosa ou
culposa.
7.4.Nesse sentido, convém reproduzir elucidativo excerto do voto que conduziu ao Acórdão
1247/2006 - Primeira Câmara, in verbis:
'De início, registre-se que assiste inteira razão ao Ministério Público quanto à aferição
da responsabilidade no âmbito deste Tribunal. Deveras, o dolo e ao menos a culpa afiguram-se como
pressupostos indispensáveis à responsabilização do gestor por qualquer ilícito praticado. O fato de o
ônus de provar a correta aplicação dos recursos caber ao administrador público (art. 93 do Decreto-lei
n.º 200/1967) não faz com que a responsabilidade deixe de ser subjetiva e torne-se objetiva'.
7.5Assim, não prospera a assertiva da recorrente de que é necessária a demonstração, por parte do
Tribunal, da intenção de caracterizar o ato o ilícito. Presume-se a culpa porém, permite-se ao gestor
comprovar que aplicou corretamente os recursos públicos a ele confiados, o que o conduziria à isenção
de responsabilização com consequente aprovação e julgamento pela regularidade de suas contas.
190 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
7.6.Conforme a firme jurisprudência do TCU, a imputação das sanções do art. 57 e 58 da Lei
8.443/1992, assim como do débito, exige apenas a verificação da ocorrência de culpa, em qualquer uma
de suas modalidades, o que restou evidenciado, no presente caso concreto, diante da conduta da Sra.
Dulce Dirclair Huf Bais de receber indevidamente diárias e auxílio transporte.
8.Da comprovação da regularidade no recebimento de diárias e auxílio transporte (peças 12 e 13)
8.1.A recorrente Dulce Dirclair Huf Bais argui que a documentação comprova que as diárias e
auxílios de transporte foram usados devidamente, tendo em vista os seguintes argumentos:
a)Na viagem a Buenos Aires, a recorrente foi convocada a proferir uma conferência no Congresso
Argentino de Enfermagem, promovida pela Federação Argentina de Enfermagem, na cidade de Buenos
Aires. A empresa de turismo Naja Turismo emitiu erroneamente bilhete Varig, sendo posteriormente,
cancelado, a pedido da recorrente;
b)Devido ao voo estar lotado, a ré não teve condições de substituir o bilhete cancelado por um de
reserva e, assim sendo, a requerida foi obrigada a arcar com as despesas e posteriormente foi
reembolsada pelo Cofen. Tal fato pode ser constatado em recibo datado em 28 de junho de 2006,
adquirido no acervo do próprio Conselho;
c)Em anexo constam recibos das passagens e da hospedagem no hotel Bauen com os respectivos
valores, além de comprovantes com alimentação. Desta forma, comprova-se que a ré não se enriqueceu
ilicitamente destes valores, usando-os para custear toda a viagem em favor do Cofen;
d)No tocante à viagem a Salvador, a recorrente foi acompanhar as atividades de estruturação e
obras do Museu Nacional de Enfermagem Anna Nery, localizado na Rua João de Deus, nº5, centro
histórico do Pelourinho representando o Cofen em datas de 4 e 5 de maio de 2006, donde extraímos NF
082354/1, expedida pelo Hotel Vila Galé;
e)Conforme documentos em anexo, a recorrente esteve nas datas dos eventos, recebeu diárias, e
por via reflexa, devolveu os valores ao Cofen mediante recibo do Cofen, eis que naquele momento, estava
sendo caracterizado recebimento em duplicidade;
f)Vale observar que, em recibo de ressarcimento disponibilizado pelo próprio Cofen, o mesmo
firma quitação e destaca que nada mais poderia ser reclamado;
g)Concernente ao recebimento de diárias apesar da dedicação exclusiva junto à Universidade
Federal do Paraná, a resolução do Cofen 213/1998 (vigente na época) dispõe o seguinte sobre
custeamento das diárias destinadas às despesas de alimentação e à hospedagem concedidas por dia de
afastamento da localidade de sua residência, mais auxílio transporte:
Art. 2 - As diárias destinadas a despesas de alimentação e hospedagem, serão concedidas por dia
de afastamento da localidade de residência, e corresponderão a R$ 98,86 (noventa e oito reais, oitenta e
seis centavos).
[ ... ]
§ 2º - As diárias concedidas aos dirigentes para custeio de despesas no exterior, seguirão o
estatuído no Art. 22 do Decreto 1656, publicado no DOU nº 191, de 04.10.95, constantes do Anexo III,
daquele ato.
§ 3° - Nos casos de deslocamentos para outra(s) unidade(s) da Federação, diferente de sua
residência, haverá um acréscimo de 35% (trinta e cinco por cento) sobre o valor da diária básica.
Art. 3º - O valor para auxílio transporte em perímetro urbano corresponde, por localidade, a até
100% (cem por cento) do valor original da diária básica.
Art. 4°, § 1º - Cada Conselho Regional fixará, mediante ato decisório, o valor das diárias e do
auxílio transporte que concederá, observados as hipóteses e os limites estipulados nesta Resolução,
levando em conta, além de suas condições orçamentária e financeira, as variações dos custos regionais
relativos a transporte, alimentação e pousada.
h)Conclui que, com base nos fundamentos acima, a requerida agiu dentro das regulamentações
previstas em normas internas e ao princípio da boa - fé.
i)Em ordem cronológica acoplou-se a este recurso cópias de canhotos de passagens aéreas que
demonstram o constante deslocamento da recorrente à sede, além de recibos que comprovam a presença
191 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
da mesma em eventos em favor do Cofen, não ficando com nenhum valor para si e automaticamente não
enriquecendo-se ilicitamente como alega a acusação;
j)Nestes documentos também é possível constatar que a recorrente não necessariamente
comparecia à sede somente nas quintas e sextas como alegado, mas também em diferentes dias da
semana, quando assim necessitava;
k)Conforme calendário explicativo, rebate-se vários valores com base nos documentos do acervo
da recorrente e alguns disponibilizados pelo próprio Cofen. O presente esclarecimento visa combater a
alegação de que a ré utilizava dos benefícios recebidos sem prestar serviços para o Conselho, conforme
visualizado a seguir:
12 de abril de 2006 - atividades em Porto Seguro;
23 e 24 de abril de 2006 - deslocamento entre Curitiba e Rio de Janeiro;
25 a 30 de malo de 2006 - deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
02 de junho de 2006— deslocamento Rio de Janeiro a Curitiba;
07 de julho de 2006— atividades no Rio de Janeiro;
23 a 28 de julho de 2006— deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
03 e 04 de agosto de 2006— deslocamento entre Curitiba e Rio de Janeiro;
10 e 11 de agosto de 2006 - deslocamento entre Curitiba e Rio de Janeiro;
16 e 17 de agosto de 2006 - deslocamento entre Curitiba e Rio de Janeiro;
25 de agosto de 2006 - deslocamento de Rio de Janeiro para Curitiba;
29 de agosto a 02 de setembro de 2006 - atividades no Rio de Janeiro;
13 a 16 de setembro de 2006 - atividades em Palmas/TO;
20 a 21 de setembro de 2006 - deslocamentos entre Curitiba, Rio de Janeiro,
Porto Seguro e Salvador e atividades em Porto Seguro;
06 de outubro de 2006 - deslocamento entre Rio de Janeiro e Curitiba;
11 a 19 de outubro de 2006— atividades em Lisboa;
25 a 29 de outubro de 2006 - deslocamentos e atividades entre Curitiba, Campo
Grande e Rio de Janeiro;
08 a 10 de novembro de 2006 - deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
14 a 17 de novembro de 2006 - deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
09 a 11 de janeiro de 2007 - deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
25 a 27 de janeiro de 2007 - atividades em João Pessoa;
01 de marco de 2007 - deslocamento no exterior custeado pela Sabra Viagens e Turismo;
01 de marco de 2007 - deslocamento Rio de Janeiro a Curitiba;
14 de marco de 2007 - deslocamento Curitiba a Brasilia;
23 de marco de 2007 - reunião de membros da COFEN;
28 a 30 de Janeiro de 2007 - atividades no Rio de Janeiro;
10 a 13 de abril de 2007 - atividades no Rio de Janeiro;
24 a 28 de abril de 2007 - atividades em Brasilia e Goiás;
02 e 03 de maio de 2007 - atividades em Salvador;
09 de maio de 2007 - deslocamento entre Curitiba a São Paulo;
24 de maio a 03 de junho de 2007 - atividades no Japão.
Análise
8.2.A recorrente logrou êxito em contestar as irregularidades a ela atribuídas. De fato foram
comprovadas parte das despesas aqui contestadas.
8.3.Em análise decorrente de inspeção realizada por esta Corte de Contas em relação à viagem a
Buenos Aires, foi identificado o pagamento à recorrente no valor de R$ 2.434,4 referente a diárias e
auxílio transporte no período de 14 a 18 de junho. Constatou-se, ainda, o pagamento no valor de R$
1.217,76 à empresa Naja turismo (peça 1, p. 41-48).
192 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8.4.A recorrente, então, acresce que, devido ao cancelamento por parte da empresa de turismo do
bilhete aéreo para Buenos Aires, recebeu reembolso do Conselho no valor de R$ 902,54 referente a
pagamento por ela realizado de nova passagem aérea (peça 12, p. 47).
8.5.Ora, se a empresa Naja Turismo cancelou o bilhete aéreo, como informado pela recorrente, a
empresa recebeu indevidamente a quantia paga pelo Cofen de R$ 1.217,76, uma vez que não prestou os
serviços.
8.6.Destarte, partindo do pressuposto de que a recorrente, ora Presidente do Cofen, era
responsável pela autorização dos pagamentos efetuados, cabe a ela restituir aos cofres do Cofen o valor
pago indevidamente à empresa Naja Turismo no valor de R$ 1.217,76.
8.7.Concernente ao valor devido em decorrência do no show no hotel Vila Galé em Salvador, a
recorrente comprovou, por meio de recibo de quitação expedido pelo Cofen, juntamente com cópia do
depósito efetuado no valor de R$ 228,00 (peça 12, p.54), que o conselho foi devidamente reembolsado
pela despesa gerada indevidamente pela recorrente.
8.8.No tocante às diárias recebidas em dias supostamente não trabalhados no conselho, a
recorrente comprovou, por meio de alguns comprovantes de hospedagem, passagens aéreas, viagens ao
exterior e a diferentes estados do Brasil (peça 12, p. 55-90) que, apesar de trabalhar como docente na
Universidade Federal do Paraná, atuava junto ao Conselho em diferentes dias da semana, e não somente
às quintas e sextas como considerado nos autos da denúncia.
8.9.Destaca-se, contudo, que apesar de os elementos comprobatórios não elidirem em sua
totalidade o valor do débito identificado no relatório que fundamentou o Acórdão, constata-se que não é
possível afirmar que durante o período entre 23/4/2006 e 31/5/2007 a recorrente não tenha atuado em
suas atribuições como presidente do conselho durante as segundas, terças e quartas feiras, uma vez que
boa parte da documentação refere-se a tais dias da semana, a exemplo da participação do terceiro
encontro internacional de enfermagem dos países de língua portuguesa (peça 12, p. 70 e 77) e sua
atuação como representante do conselho na conferência internacional do CIE no Japão (peça 12, p. 89 e
90). Em decorrência, entende-se que a premissa utilizada para a condenação ao ressarcimento das
diárias e auxílio transporte torna-se ineficaz, uma vez que a recorrente consegue comprovar constantes
deslocamentos à sede do Conselho nos diferentes dias da semana.
8.10.Registre-se, por relevante, que suscita análise posterior a possível incompatibilidade entre as
funções exercidas pela recorrente como docente da Universidade Federal do Paraná com jornada de
trabalho de dedicação exclusiva e as atribuições exercidas na qualidade de presidente do Conselho
Federal de Enfermagem com sede, à época, no Rio de Janeiro, uma vez que, mesmo sendo remunerada
para trabalhar com exclusividade para a Universidade, ela despendia parte de seus dias nas atividades
de presidente de conselho, e recebendo diárias para isso.
8.11.Ora, de acordo com o art. 6º da Resolução 34/12 do Centro de Ensino Pesquisa e Extensão da
Universidade Federal do Paraná o professor das carreiras do magistério superior e da educação básica,
técnica e tecnológica submetido ao regime de trabalho com dedicação exclusiva, com obrigação de
prestar 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, em turnos diários, são impedidos do exercício de
outras atividades, sejam públicas ou privadas (inclusive autônomas), excetuando-se a percepção de
direitos autorais ou correlatos.
8.12.Assim, conclui-se que assiste razão à recorrente no tocante ao cancelamento dos débitos a ela
imputados em virtude do no show ao hotel em Salvador e ao recebimento de diárias por dias
supostamente não trabalhados no Cofen. Porém, não assiste razão à recorrente na imputação do débito
referente ao pagamento em duplicidade de gastos relacionados à viagem a Buenos Aires.
CONCLUSÃO
9.Em face das análises anteriores, conclui-se que:
a) não incide sobre os procedimentos de tomada de contas especial o instituto da prescrição;
b) Cabe ao gestor o ônus de provar a aplicação regular dos recursos públicos repassados;
193 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
c) a responsabilidade perante esta Corte de Contas é de natureza subjetiva, originando-se de
conduta comissiva ou omissiva do agente, dolosa ou culposa;
d) a recorrente elidiu parte do débito a ela imputado, uma vez que o foi possível estabelecer o nexo
causal entre os comprovantes de despesas apresentados e o período de exercício como presidente do
Conselho.
9.1.Assim, os elementos apresentados pela recorrente têm o condão de modificar a deliberação
recorrida no tocante ao débito que passa a ser de R$ 1.217,76. Com relação à multa e à irregularidade
das contas, os elementos apresentados pela recorrente não têm o condão de modificar a deliberação
recorrida, devendo-se mantê-las.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
10.Diante do exposto, com fundamento nos artigos 32, inciso III, e 35 da Lei 8.443/1992,
submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se:
a)conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para reduzir o valor apurado do
débito aplicado à recorrente pelo item 9.1 do acórdão recorrido, atribuindo-se a seguinte composição à
dívida remanescente:
Valor Original (R$) Data da Ocorrência
1.217,76 25/7/2006
b)comunicar ao recorrente, ao Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, ao Ministério Público
junto ao TCU e aos demais interessados a deliberação que vier a ser proferida por esta Corte”.
2.O d. representante do Ministério Público junto ao TCU dissentiu parcialmente do posicionamento
da Secretária de Recursos, exarando Parecer nos seguintes termos (peça 34):
“Cuida-se de recurso de revisão interposto pela Sra. Dulce Dirclair Huf Bais (peças 12 e 13), ex-
presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), contra o Acórdão nº 1059/2010-Plenário (peça
7, p. 17), que julgou irregulares suas contas, a condenou ao ressarcimento de prejuízos aos cofres do
Cofen e, por fim, impôs o pagamento de multa com fundamento no art. 57 da Lei nº 8.443/92.
2.As irregularidades que ensejaram a referida deliberação, conforme bem destaca a Secretaria de
Recursos, consistiram em:
- pagamento do denominado “no show”, ou seja, reserva efetuada no Hotel Vila Galé, localizado
em Salvador/BA, em nome da responsável, que não foi cancelada tempestivamente, tendo a entidade
arcado com despesas (R$ 228,00) sem que a hospedagem tenha efetivamente ocorrido;
- pagamento, em duplicidade, de gastos (R$ 1.214,76) relacionados à viagem realizada à cidade de
Buenos Aires, para participação em evento internacional; e
- pagamento indevido de diárias e auxílio-transporte (R$ 105.164,06), referente aos dias da
semana (segunda a quarta-feira) em que a Sra. Dulce Dirclair Huf Bais lecionou como docente da
Universidade Federal do Paraná, com dedicação exclusiva.
3.Devidamente citada, a responsável deixou de exercitar seu direito de defesa, quedando-se revel.
Assim, adveio-lhe a condenação veiculada pelo Acórdão nº 1059/2010-Plenário, nos termos do
parágrafo inicial deste parecer.
4.A diligente Secretaria de Recursos assim organiza as razões recursais trazidas pela Sra. Dulce
Dirclair Huf Bais (peça 31, p. 4):
- teria havido prescrição do objeto da tomada de contas especial;
- seria inaplicável a ‘inversão do ônus da prova’ de que malversou recursos públicos;
- faltaria, nos autos, a demonstração de dolo de sua parte, requisito que seria essencial à
responsabilidade subjetiva; e
- restaria parcialmente demonstrado, à luz dos documentos que instruem o presente recurso (peça
12, p. 47 e ss.), a lisura dos gastos imputados à responsável.
5.Ao cabo, a Sra. Dulce Dirclair Huf Bais pugna por que (peça 12, p. 16):
194 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
- o recurso “seja julgado procedente pela diferença de R$ 52.270,81 (cinquenta e dois mil e
duzentos e setenta reais e oitenta e um centavos), no qual foi comprovado o recebimento lícito”;
- a parcela restante do débito (i.e. R$ 52.893,25) seja “excluída da condenação”, em face da
suposta prescrição quinquenal;
- seja considerada insubsistente a alegação de duplicidade de pagamento do pacote de viagem a
Buenos Aires, diante do “abatimento de R$ 1.217,76 (...) no montante da acusação”;
- o dano relativo ao “no show” seja considerado insubsistente, “com o devido abatimento de R$
228,00”; e
- seja julgada improcedente a alegação de improbidade administrativa.
6.Convicta de que apenas o débito referente ao pagamento em duplicidade (viagem a Buenos Aires)
restaria pendente, a Serur propõe o conhecimento e provimento parcial do recurso, minorando-se o dano
apurado para R$ 1.217,76. Os dirigentes da unidade aderem, sem reservas, a esse entendimento (peças
32 e 33).
7.Em que pese ao respeitável entendimento da unidade técnica, cumpre-me tecer reparos ao
encaminhamento proposto. Passo, doravante, à reanálise das três alegações que pesam em desfavor da
responsável.
II
8.Quanto à restituição da taxa hoteleira por “no show”, a recorrente traz recibo (peça 12, p. 54),
parcialmente superposto por comprovante de depósito bancário, em que a Assessoria Contábil e
Financeira do Cofen declara ter recebido a quantia de R$ 228,00 a título de ressarcimento pela reserva
efetuada, porém não usufruída. A esse respeito, acompanho a unidade técnica, opinando pela dedução do
respectivo montante nos cálculos do débito.
9.Com referência ao evento realizado em Buenos Aires, nota-se claramente que a irregularidade
apontada consistiu no duplo desembolso, por parte do Cofen, de recursos para custear “deslocamentos
de taxi, alimentação e hotelaria” (objeto de diárias, cf. art. 2º da Resolução Cofen nº 213/98) durante a
estadia da responsável em Buenos Aires. Isto é, ao tempo em que o conselho adquiriu “pacote de
viagem” contemplando essas despesas, indenizou a recorrente pelos mesmos gastos.
10.A Sra. Dulce Dirclair Huf Bais não trouxe, em seu recurso, qualquer elemento que pudesse
infirmar o simultâneo gasto com “pacote de viagem” e diárias, de modo que assiste razão à secretaria
da Casa quando propõe a manutenção do valor de R$ 1.217,76 no cômputo do dano ocasionado ao
Cofen.
III
11.Por fim, resta examinar a controvérsia de maior materialidade: diárias indevidamente
concedidas em dias da semana em que a responsável lecionava, em regime de dedicação exclusiva, na
Universidade Federal do Paraná. Nessa seara, primeiramente sublinho que, conforme já transcrito
acima, a recorrente postula o provimento de seu recurso “pela diferença de R$ 52.270,81 (cinquenta e
dois mil e duzentos e setenta reais e oitenta e um centavos), no qual foi comprovado o recebimento lícito”
(peça 12, p. 16).
12.É dizer, a responsável reconhece que a documentação carreada ao processo apenas abona
parcela do prejuízo a ela imputado. Quanto ao restante do débito, requer que “Em face da prescrição,
(...) seja excluída da condenação em virtude de já ter transcorrido o prazo de 05 anos de sua
obrigatoriedade de guarda” (peça 12, p. 16).
13.Em vista das assertivas acima, a unidade técnica aquiesce à alegação de que os documentos
trazidos comprovam, como devidas, somente parte das diárias inquinadas. Contudo, a secretaria
extrapola as razões do recurso para asserir que (peça 32, p. 11, grifei):
195 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
“(...) apesar de os elementos comprobatórios não elidirem em sua totalidade o valor do débito
identificado no relatório que fundamentou o Acórdão, constata-se que não é possível afirmar que durante
o período entre 23/4/2006 e 31/5/2007 a recorrente não tenha atuado em suas atribuições como
presidente do conselho durante as segundas, terças e quartas feiras.”
14.Em vista dessas conjecturas, e entendendo que “a recorrente consegue comprovar constantes
deslocamentos à sede do Conselho nos diferentes dias da semana” (peça 32, p. 11), a equipe técnica
conclui que:
“(...) a premissa utilizada para a condenação ao ressarcimento das diárias e auxílio transporte
torna-se ineficaz, uma vez que a recorrente consegue comprovar constantes deslocamentos à sede do
Conselho nos diferentes dias da semana.” (peça 32, p. 11)
15.Nesse ponto, peço venias para dissentir do entendimento da unidade técnica. Invoco, para tanto,
razões de ordem processual e de fundo de direito.
16.Como é cediço, comungam os recursos do chamado ‘efeito devolutivo’, que confere ao Tribunal
novo conhecimento da matéria julgada. Em regra, tal efeito limita-se, em sua profundidade ou
“dimensão vertical”, aos fundamentos alinhavados nos autos, quer nas razões de defesa (neste caso, não
ofertadas), quer em grau recursal.
17.Evocando a Súmula TCU nº 103/1976 (“Na falta de normas legais regimentais específicas,
aplicam-se, analógica e subsidiariamente, no que couber, a juízo do Tribunal de Contas da União, as
disposições do Código de Processo Civil”), permito-me transcrever o art. 515, §§ 1º e 2º, do morrediço
Código de Processo Civil de 1973:
“Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a
apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.”
18.A inteligência dos dispositivos transcritos, segundo o celebrado processualista José Carlos
Barbosa Moreira (Comentários ao Código de Processo Civil – volume 5), indica que o efeito devolutivo
restringir-se-á ao conjunto de fundamentos presentes nos autos, ainda que não tenham sido considerados
decisivos para prolação da decisão inicial.
19.Em termos chãos, inadmite-se que, para produção de novo decisum, o magistrado evoque
alegações inteiramente novas (salvo as cognoscíveis ex officio, como a prescrição), estranhas às
alegações de defesa e ao próprio recurso.
20.Nesse contexto, as ponderações da unidade técnica – no sentido de que “não é possível afirmar
que (...) a recorrente não tenha atuado em suas atribuições como presidente do conselho durante as
segundas, terças e quartas feiras” – não se prestam à revisão do julgado, porquanto não foram
suscitadas ou discutidas em momento algum do feito.
21.Reforçando o entendimento de que o efeito devolutivo é amplo, porém não é ilimitado, trago à
colação o seguinte escólio de José Carlos Barbosa Moreira (idem, p. 445, grifei):
“Estão aí compreendidas [entre as questões englobadas pelo efeito devolutivo]:
a) as questões examináveis de ofício, a cujo respeito o órgão a quo não se manifestou – v.g., a da
nulidade do ato jurídico de que se teria originado o suposto direito do autor, e em geral as quaestiones
iuris;
b) as questões que, não sendo examináveis de ofício (ex: compensação), deixaram de ser
apreciadas, a despeito de haverem sido suscitadas e discutidas pelas partes.”
22.Observo, assim, que o argumento trazido pela secretaria técnica desborda das hipóteses acima,
indevidamente inovando em matéria de defesa e inabilitando-o como causa de decidir.
23.No mérito, o argumento de que “a premissa utilizada para a condenação ao ressarcimento das
diárias e auxílio transporte torna-se ineficaz”, consoante formulado pela unidade instrutiva, não se
sustenta.
196 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
24.A toda evidência, a responsável lecionava na Universidade Federal do Paraná e representava o
Conselho de Enfermagem em eventos. Tais fatos são incontestes, tendo ainda a Sra. Dulce Dirclair Huf
Bais confirmado que só se encontrava na sede do Conselho às quintas e sextas-feiras (peça 5, p. 12).
25.Os documentos recém acostados aos autos demonstram, todavia, a participação em eventos
classistas, justificando a concessão de diárias naquelas ocasiões. Assim sendo, reconheço como cabível a
afirmativa de que o recurso pode ser considerado “procedente pela diferença de R$ 52.270,81
(cinquenta e dois mil e duzentos e setenta reais e oitenta e um centavos), no qual foi comprovado o
recebimento lícito”.
26.Contudo, quanto aos demais desencaixes – que perfazem R$ 52.893,25 e sobre os quais a
responsável indevidamente alega prescrição –, opino por que o Tribunal persevere na condenação em
débito, uma vez que subsiste a constatação que motivou a conversão da denúncia vestibular na presente
TCE pelo Acórdão nº 1538/2009-Plenário, conforme registra o voto condutor da decisão ora recorrida
(peça 7, p. 15-16):
“(...) mais da metade desse pagamento de diárias e auxílio-transporte refere-se a dias em que a
presidente da aludida entidade estava lecionando na UFPR e, portanto, não fazia jus a receber esses
valores.”
IV
27.Ante o exposto, este representante do Ministério Público manifesta-se parcialmente acorde com
a proposta formulada pela unidade técnica, opinando por que o Tribunal conheça do recurso e a ele
conceda provimento parcial, expurgando as despesas justificadas (“no show” e diárias correspondentes
a eventos comprovados) do dano computado pelo item 9.1 do Acórdão nº 1059/2010-Plenário, mantendo-
se inalteradas as demais disposições daquela deliberação”.
É o Relatório.
VOTO
Nesta etapa processual aprecia-se recurso de revisão interposto pelo Sra. Dulce Dirclair Huf Bais,
ex-presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), contra o Acórdão 1.059/2010-Plenário, que
apreciou o mérito de tomada de contas especial julgando irregulares as contas da responsável, imputando-
lhe débitos no valor histórico de R$ 58.611,98, bem como aplicando-lhe a multa capitulada no art. 57 da
Lei 8.443/1992, no valor de R$ 7.000,00.
2.A tomada de contas especial foi instaurada por força do Acórdão 1.583/2009-Plenário, que
apreciou processo de denúncia tratando de irregularidades praticadas no referido Conselho de Classe a
seguir sintetizadas:
a) pagamento indevido de diárias e auxílio-transporte, no importe total de R$ 57.166,22, referente
aos dias da semana (segunda a quarta-feira) em que a Sra. Dulce Dirclair Huf Bais lecionou como docente
da Universidade Federal do Paraná, com regime de dedicação exclusiva, e não se encontrava na sede do
Cofen, atuando como presidente daquela entidade;
b) pagamento, em duplicidade, de gastos relacionados à viagem realizada à cidade de Buenos Aires,
para participação em evento internacional, no período de 14 a 18/6/2006, tendo em vista que foram
concedidas diárias e auxílio-transporte à Sra. Dulce Dirclair Huf Bais, apesar de ter sido adquirido pelo
Cofen, junto à agência de viagens, empresa Naja Turismo Ltda., pacote, em nome da mesma beneficiária,
no valor de R$ 1.217,76, que já contemplava hospedagem e traslado;
c) prejuízo aos cofres do Cofen de R$ 228,00, decorrente de reserva efetuada no Hotel Vila Galé,
localizado em Salvador/BA, no período de 4 a 5/5/2006, que não foi cancelada tempestivamente pela
recorrente, o que ocasionou na assunção pela entidade de despesas com diárias, sem que a hospedagem de
sua ex-presidente tivesse efetivamente ocorrido.
197 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3.Inconformada com sua condenação, a recorrente interpôs o recurso de revisão que ora se aprecia,
apresentando argumentos acerca da ocorrência da prescrição do objeto desta tomada de contas especial,
da aplicação da “inversão do ônus da prova” de que malversou os recursos públicos e da necessidade de
responsabilização subjetiva como condição para a caracterização de ilícito administrativo. Em particular,
a Sra. Dulce apresentou documentação com a intenção de comprovar a regularidade no recebimento das
diárias e auxílio transporte totalizando a importância de R$ 52.270,81, bem como de afastar os demais
débitos que lhe foram imputados.
4.A recorrente requereu também que uma suposta diferença de R$ 52.893,25 fosse excluída da
condenação em virtude de já haver transcorrido o prazo de cinco anos da obrigatoriedade de guarda dos
documentos.
5.No exame da matéria, a Serur, em pronunciamento uníssono, entendeu que a recorrente elidiu
parte do débito a ela imputado, reduzindo-o para R$ 1.217,76, uma vez que seria possível estabelecer o
nexo causal entre os comprovantes de despesas apresentados e o período de exercício como presidente do
Conselho. O reduzido débito que remanesceu depois do exame da unidade instrutiva seria referente ao
pagamento em duplicidade da viagem a Buenos Aires. No entender da unidade técnica, com relação à
multa e à irregularidade das contas, os elementos apresentados pela recorrente não teriam o condão de
modificar a deliberação recorrida. Assim, propôs conhecer do presente recurso de revisão, conferindo-lhe
provimento parcial para a redução do débito imputado.
6.O Parquet, por sua vez, se manifestou parcialmente de acordo com a proposta formulada pela
unidade técnica, opinando por que o Tribunal conhecesse do recurso e a ele concedesse provimento
parcial, expurgando do débito apenas as despesas justificadas (no-show e diárias correspondentes a
eventos comprovados, no valor de R$ 52.270,81). Entretanto, entendeu que os débitos oriundos da
viagem para Buenos Aires (R$ 1.217,76) e das diárias não comprovadas (R$ 52.893,25) deveriam ser
mantidos.
7.Para dissentir da unidade técnica quanto a esse ponto, o Ministério Público de Contas invocou
razões de ordem processual, pois a Serur teria extrapolado as razões do recurso, enquanto o efeito
devolutivo do recurso deveria restringir-se ao conjunto de fundamentos presentes nos autos, ainda que
não tenham sido considerados decisivos para prolação da decisão inicial.
II
8.Após essa síntese dos fatos, considero atendido o requisito específico de admissibilidade do
recurso de revisão insculpido no inciso III, do art. 35 da Lei 8443/1992, razão pela qual o apelo deve ser
conhecido.
9.Antes de adentrar no exame dos argumentos recursais, considero cabível tecer algumas
considerações sobre o cálculo do débito imputado à recorrente, que se equivocou, juntamente com a Serur
e com o MP/TCU, sobre o real valor do dano. Todas as manifestações coligidas nos autos, além da peça
recursal propriamente dita, se referiram a um suposto prejuízo de R$ 105.164,06, decorrente de
pagamentos indevidos de diárias e auxílio-transporte nos dias da semana nas quais a recorrente lecionou
como docente na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
10.Infiro que tal equívoco se originou da tabela que foi apresentada no relatório que fundamentou o
Acórdão 1.583/2009-Plenário (sigiloso), reproduzida a seguir, com ajustes de forma (peça 5, fls. 19/22):
Data Assunto Diárias
(Qtde)
Transp
.
(Qtde)
Valor
(R$)
11 a 15/04/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.401,80
08 e 09/05 e 23 a
27/05/2006
Atividades exercidas na sede do
Cofen
7 7 3.408,16
03 a 07/07/2006 Atividades exercidas na sede do 5 5 2.434.40
198 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Cofen
10 a 14/07/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.434.40
17 a 21/07/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
31/07 a 04/08/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
07 a 11/08/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
14 a 18/08/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
21 a 25/08/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
28/08 a 01/09/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.563,26
10 a 16/09/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
18 a 20/09/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
3 3 1.467,24
21 a 30/09/2006 Atividades exercidas em Porto
Seguro
10 10 4.475.66
02 a 06/10/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
04 a 06/10/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
3 3 1.467,24
23 a 27/10/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.563,26
30 a 01/11/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
3 3 1.467,24
06 a 10/11/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
13 a 17/11/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.563,26
21 a 24/11/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
4 4 1.956,32
27/11 a 01/12/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
07 a 08/12/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
11 a 15/12/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
18 a 22/12/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.563,26
26 a 29/12/2006 Atividades exercidas na sede do
Cofen
4 4 1.956,32
02 a 05/01/2007 Atividades exercidas na sede do
Cofen
4 4 1.956,32
08 a 12/01/2007 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.563,26
15 a 1901/2007 Atividades exercidas na sede do 5 5 2.445,40
199 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Cofen
21 a 27/01/2007 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
05 a 09/02/2007 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
12 a 16/02/2007 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 2.445,40
19 a 23/02/2007 Atividades exercidas na sede do
Cofen
4 4 1.956,32
28/02 a 03/03/2007 Atividades exercidas na sede do
Cofen
6 6 3.052,34
09 a 11/03/2007 Atividades exercidas em outras
cidades
3 3 2.499,49
12 a 16/03/2007 Ativid. Exerc. regionais e sede 3 3 2.499,49
19 a 23/03/2007 Atividades exercidas na sede do
Cofen
5 5 3.292,30
26 a 30/03/2007 Ativid. Exerc. regionais e sede 3 3 2.499,49
02 a 07/04/2007 Atividades exercidas em regionais 6 6 3.598,98
09 a 13/04/2007 Atividades exercidas em outras
cidades
5 5 3.349,15
16 a 20/04/2007 Atividades exercidas em regionais 5 5 2.999,15
21 a 29/04/2007 Atividades exercidas em outras
cidades
9 9 5.691,62
02 a 04/05/2007 Atividades exercidas em regionais 3 3 2.149,49
07 a 09/05/2007 Ativid. Exerc. regionais e sede 5 5 2.999,15
14 a 18/05/2007 Ativid. Exerc. regionais e sede 5 5 2.999,15
Total 105.164,0
6
11.É de se observar que a tabela acima contém um erro em sua totalização, cujo valor correto é de
R$ 114.508,52, e não R$ 105.164,06.
12.Ocorre que esse montante não corresponde ao débito pelo qual a responsável foi citada, pois este
considerou apenas os pagamentos indevidos de segunda a quarta-feira, período em que a responsável
exercia o cargo de docente da Universidade Federal do Paraná em regime de dedicação exclusiva.
13.Nesse sentido, o Ofício Circular Cofen-GAB nº 074/2006, de 24/4/2006 (peça 12, fl. 95),
comunicava que no primeiro semestre de 2006 a Sra. Dulce estaria presente na sede do Cofen no Rio de
Janeiro apenas às quintas e sextas-feiras.
14.Portanto, não houve impugnação pelo TCU de nenhum valor a título de diária ou auxílio
transporte nas quintas e sextas-feiras durante o biênio 2006 e 2007. Foram questionados apenas os
recebimentos indevidos dessas verbas indenizatórias nos dias da semana de segunda a quarta-feira, nos
quais a Sra. Dulce lecionava na UFPR, em regime de dedicação exclusiva, e não se encontrava na sede do
Cofen atuando como presidente daquela entidade.
15.A instrução inserta à peça 5, fls. 42/45, de lavra da então Secex-5, propôs a citação da recorrente
pelos seguintes valores, relacionados a essa irregularidade, os quais totalizam R$ 57.166,22:
Débito Data-base Débito Data-base Débito Data-base
R$ 960,72 12/04/2006 R$ 1.467,24 09/11/2006 R$ 1.467,24 21/02/2007
R$ 1.947,52 24/05/2006 R$ 1.537,96 15/11/2006 R$ 508,72 28/02/2007
R$ 978,16 02/08/2006 R$ 978,16 23/11/2006 R$ 2.499,49 14/03/2007
R$ 1.467,24 09/08/2006 R$ 1.467,24 29/11/2006 R$ 1.975,38 21/03/2007
R$ 1.467,24 16/08/2006 R$ 1.467,24 13/12/2006 R$ 2.499,49 28/03/2007
R$ 1.467,24 23/08/2006 R$ 1.537,96 20/12/2006 R$ 1.799,49 04/04/2007
200 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
R$ 1.537,96 30/08/2006 R$ 978,16 27/12/2006 R$ 2.009,49 11/04/2007
R$ 1.467,24 13/09/2006 R$ 978,16 03/01/2007 R$ 1.799,49 18/04/2007
R$ 1.467,24 20/09/2006 R$ 1.537,96 10/01/2007 R$ 1.897,21 25/04/2007
R$ 1.342,70 27/09/2006 R$ 1.467,24 17/01/2007 R$ 716,50 02/05/2007
R$ 1.467,24 04/10/2006 R$ 1.467,24 24/01/2007 R$ 1.799,49 09/05/2007
R$ 1.537,96 25/10/2006 R$ 1.467,24 07/02/2007 R$ 1.799,49 16/05/2007
R$ 1.467,24 1º/11/2006 R$ 1.467,24 14/02/2007
16.O Acórdão 1.059/2010-Plenário acolheu a quantificação do débito promovida pela então Secex-
5 e condenou a recorrente ao ressarcimento do dano ao erário pelas parcelas relacionadas acima,
juntamente com os débitos oriundos das demais irregularidades tratadas neste processo.
17.O detalhamento das despesas impugnadas se encontra no demonstrativo elaborado pela Secex-
5(peça 5, fls. 39/42), reproduzido de forma simplificada a seguir:
Valores de diária e auxílio transporte impugnados pelo Acórdão
1.059/2010-Plenário
Período
Diárias
(quant.)
Auxílio
Transporte
(quant.) Valor do débito
11 e 12/4/2006 2 2 R$ 960,72
8 e 9/5 e 23 e 24/5/2006 4 4 R$ 1.947,52
1 e 2/8/2006 2 2 R$ 978,16
7 a 9/8/2006 3 3 R$ 1.467,24
14 a 16/8/2006 3 3 R$ 1.467,24
21 a 23/8/2006 3 3 R$ 1.467,24
28 a 30/8/2006 3 3 R$ 1.537,96
11 a 13/9/2006 3 3 R$ 1.467,24
18 a 20/9/2006 3 3 R$ 1.467,24
25 a 27/9/2006 3 3 R$ 1.342,70
02 a 04/10/2006 3 3 R$ 1.467,24
23 a 25/10/2006 3 3 R$ 1.537,96
30/10 a 01/11/2006 3 3 R$ 1.467,24
06 a 08/11 3 3 R$ 1.467,24
13 a 15/11/2006 3 3 R$ 1.537,96
21 e 23/11/2006 2 2 R$ 978,16
27 a 29/11/2006 3 3 R$ 1.467,24
11 a 13/12/2006 3 3 R$ 1.467,24
18 a 20/12/2006 3 3 R$ 1.537,96
26 a 27/12/2006 2 2 R$ 978,16
02 e 03/01/2007 2 2 R$ 978,16
08 a 10/01/2007 3 3 R$ 1.537,96
15 a 17/01/2007 3 3 R$ 1.467,24
22 a 24/01/2007 3 3 R$ 1.467,24
05 a 07/02/2007 3 3 R$ 1.467,24
12 a 14/02/2007 3 3 R$ 1.467,24
19 a 21/02/2007 3 3 R$ 1.467,24
28/2/2007 1 1 R$ 508,72
12 a 14/03/2007 3 3 R$ 2.499,49
201 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
19 a 21/03/2007 3 3 R$ 1.975,38
26 a 28/03/2007 3 3 R$ 2.499,49
02 a 04/04/2007 3 3 R$ 1.799,49
09 a 11/04/2007 3 3 R$ 2.009,49
16 a 18/04/2007 3 3 R$ 1.799,49
23 a 25/04/2007 3 3 R$ 1.897,21
2/5/2007 1 1 R$ 716,50
7 a 9/5/2007 3 3 R$ 1.799,49
14 a 16/5/2007 3 3 R$ 1.799,49
Total R$ 57.166,22
III
18.Os comprovantes das despesas juntados aos autos pela responsável (peça 12, fls. 58/90), em
particular cópias de cartões de embarque e de notas fiscais/recibos de despesas efetuadas, foram
consolidados em um calendário explicativo (peça 12, fls. 91/93), sintetizado a seguir:
- atividades em Porto Seguro;
- deslocamento entre Curitiba e Rio de Janeiro;
- deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
— deslocamento Rio de Janeiro a Curitiba;
— atividades no Rio de Janeiro;
— deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
— deslocamento entre Curitiba e Rio de Janeiro;
- deslocamento entre Curitiba e Rio de Janeiro;
- deslocamento entre Curitiba e Rio de Janeiro;
- deslocamento de Rio de Janeiro para Curitiba;
- atividades no Rio de Janeiro;
mbro de 2006 - atividades em Palmas/TO;
- deslocamentos entre Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Seguro e
Salvador e atividades em Porto Seguro;
- deslocamento entre Rio de Janeiro e Curitiba;
utubro de 2006— atividades em Lisboa;
- deslocamentos e atividades entre Curitiba, Campo Grande e Rio de
Janeiro;
- deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
- deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
- deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro;
- atividades em João Pessoa;
- deslocamento no exterior custeado pela Sabra Viagens e Turismo;
- deslocamento Rio de Janeiro a Curitiba;
- deslocamento Curitiba a Brasilia;
- reunião de membros da COFEN;
- atividades no Rio de Janeiro;
e 2007 - atividades no Rio de Janeiro;
- atividades em Brasilia e Goiás;
- atividades em Salvador;
- deslocamento entre Curitiba a São Paulo;
- atividades no Japão.
19.No que tange ao exame de tais comprovantes, a Serur e o MP/TCU concluíram no sentido que a
recorrente teria comprovado que, apesar de trabalhar como docente na Universidade Federal do Paraná,
atuava junto ao Conselho em diferentes dias da semana, e não somente às quintas e sextas, conforme
202 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
informado nos autos da denúncia. Assim, deveria ser abatido do débito o valor total de R$ 52.270,81. O
Parquet e a unidade técnica divergiram somente no tratamento a ser dado ao saldo remanescente do
débito imputado por conta da irregularidade em apreciação.
20.A unidade instrutiva ponderou que, embora os elementos comprobatórios não elidissem em sua
totalidade o valor do débito identificado no relatório que fundamentou o Acórdão, não seria possível
afirmar que durante o período observado a recorrente não tenha atuado em suas atribuições como
presidente do conselho durante as segundas, terças e quartas feiras, uma vez que boa parte da
documentação refere-se a tais dias da semana. Em decorrência, entendeu que a premissa utilizada para a
condenação ao ressarcimento das diárias e auxílio transporte tornar-se-ia ineficaz, uma vez que a
recorrente demonstrou constantes deslocamentos à sede do Cofen nos diferentes dias da semana.
21.Com as vênias de estilo, deixo de acompanhar o exame procedido pela Serur e acolhido pelo d.
representante do MP/TCU quanto aos comprovantes apresentados, pois a maioria dos documentos se
refere ao pagamento de diárias em dias distintos dos que originaram o débito.
22.Por outro lado, a documentação apresentada demonstra que a recorrente estava viajando nos dias
12/4/2006, 16/8/2006, 28/8/2006, 30/8/2006, 13/9/2006, 20/9/2006, 25/10/2006, 8/11/2006, 14/11/2006,
15/11/2006, 9/1/2007, 10/1/2007, 14/3/2007, 28/3/2007, 10/4/2007, 11/4/2007, 24/4/2007, 25/4/2007,
2/5/2007 e 9/5/2007. Portanto, o valor das diárias e auxílio transporte custeados pelo Cofen nesses dias
são legítimos, na medida em que a apelante encontrava-se fora do seu domicílio em Curitiba.
23.Ao contrário da posição defendida pela Serur, muitos outros comprovantes, caso confrontados
com a relação de diárias custeadas pelo Cofen (tabela reproduzida no décimo paragrafo deste voto),
demonstram de maneira inequívoca que a recorrente percebeu as referidas verbas indenizatórias em dias
que efetivamente estava em Curitiba. Por exemplo, os cartões de embarque evidenciam que a Sra. Dulce
se deslocou no dia 10/11/2006 de Curitiba para o Rio de Janeiro, embora tenha recebido diárias nos dias 7
a 9/11/2006. Conclusão semelhante é cabível em todos os dias da semana que precederam outros
deslocamentos entre Curitiba e Rio de Janeiro comprovados pela documentação carreada pela recorrente.
24.Portanto, a tabela a seguir sintetiza os ajustes pertinentes no valor do débito, já considerados os
documentos apresentados pela recorrente, indicando que remanesce um dano ao erário atinente ao
pagamento indevido de diárias e auxílio transporte no valor de R$ 45.553,84:
Valores de diária e auxílio transporte não comprovadas pela
recorrente.
Período
Diárias
(quant.)
Auxílio
Transporte
(quant.) Valor do débito
11/4/2006 1 1 R$ 480,36
8 e 9/5 e 23 e 24/5/2006 4 4 R$ 1.947,52
1 e 2/8/2006 2 2 R$ 978,16
7 a 9/8/2006 3 3 R$ 1.467,24
14 a 15/8/2006 2 2 R$ 978,16
21 a 23/8/2006 3 3 R$ 1.467,24
28/8/2006 1 1 R$ 512,65
11 a 12/9/2006 2 2 R$ 978,16
18 a 19/9/2006 2 2 R$ 978,16
25 a 27/9/2006 3 3 R$ 1.342,70
02 a 04/10/2006 3 3 R$ 1.467,24
23 a 24/10/2006 2 2 R$ 1.025,31
30/10 a 01/11/2006 3 3 R$ 1.467,24
06 a 07/11/2006 2 2 R$ 978,16
13/11/2006 1 1 R$ 512,65
203 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
21 e 23/11/2006 2 2 R$ 978,16
27 a 29/11/2006 3 3 R$ 1.467,24
11 a 13/12/2006 3 3 R$ 1.467,24
18 a 20/12/2006 3 3 R$ 1.537,96
26 a 27/12/2006 2 2 R$ 978,16
02 e 03/01/2007 2 2 R$ 978,16
08/01/2007 1 1 R$ 512,65
15 a 17/01/2007 3 3 R$ 1.467,24
22 a 24/01/2007 3 3 R$ 1.467,24
05 a 07/02/2007 3 3 R$ 1.467,24
12 a 14/02/2007 3 3 R$ 1.467,24
19 a 21/02/2007 3 3 R$ 1.467,24
28/2/2007 1 1 R$ 508,72
12 a 13/03/2007 2 2 R$ 1.666,33
19 a 21/03/2007 3 3 R$ 1.975,38
26 a 27/03/2007 2 2 R$ 1.666,33
02 a 04/04/2007 3 3 R$ 1.799,49
09/04/2007 1 1 R$ 669,83
16 a 18/04/2007 3 3 R$ 1.799,49
23/04/2007 1 1 R$ 632,40
2/5/2007 - - R$ -
7 a 8/5/2007 2 2 R$ 1.199,66
14 a 16/5/2007 3 3 R$ 1.799,49
Total R$ 45.553,84
25.Os conselhos de fiscalização profissional, dentre os quais se enquadra o Cofen, após a edição da
Lei 11.000/2004, não mais se submetem à observância do Decreto 5.992/2006, que regulamentou a
concessão de diárias no âmbito da Administração Pública Federal. Tais entidades podem editar
normativos regulamentando o pagamento de diárias, fixando o valor máximo para todos os Conselhos
Regionais.
26.Contudo, não é possível que tais entidades adotem valores desarrazoados, assim entendidos os
que injustificadamente excedem aqueles praticados por outros órgãos e entidades da administração
pública federal. Considero também que os conselhos de fiscalização profissional estão submetidos aos
princípios que regem a atuação da Administração Pública, em especial aos princípios da moralidade e da
impessoalidade, evitando a ocorrência de favorecimento de pessoas que porventura venham a exercer
cargos diretivos ou funções de confiança nessas autarquias especiais. Nesse sentido, foi o posicionamento
que apresentei no voto condutor do Acórdão 570/2007-Plenário:
“Penso que não se afigura plausível restringir o alcance do dispositivo legal em comento, para
impor obediência, ainda que parcialmente, aos ditames de uma norma de hierarquia inferior, no caso, ao
decreto supramencionado. Se o legislador foi omisso no tocante ao estabelecimento de parâmetros para
fixação de valores das diárias é porque conferiu discricionariedade para que essa questão fosse
regulamentada no âmbito dos Conselhos.
A título ilustrativo, oportuno anotar a lição da Prof.ª Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que ao
discorrer sobre o âmbito de aplicação de discricionariedade, preleciona que “a fonte da
discricionariedade é a própria lei; aquela só existe nos espaços deixados por esta. Nesses espaços, a
atuação livre da Administração é previamente legitimada pelo legislador.” (In Direito Administrativo,
18ª ed., 2005, Editora Atlas, São Paulo-SP, p. 207).
204 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Necessário deixar assente que isso não significa que os Conselhos, ao normatizarem a concessão
de diárias, não se submetam a qualquer restrição, a ponto de possibilitar a fixação de valores tidos como
exorbitantes. Isso porque, por integrarem a Administração Pública, e pelo fato de os recursos geridos
possuírem natureza pública, os atos de gestão de seus dirigentes submetem-se aos princípios que lhes são
correlatos, a exemplo da moralidade, da razoabilidade, do atendimento ao interesse público e da
economicidade dos atos de gestão, dentre outros.
Nesse aspecto, mais uma vez, com arrimo nos ensinamentos da Profª Maria Sylvia, importa
destacar, dentre esses princípios, a relevância do princípio da razoabilidade como uma das formas de se
impor limitações à discricionariedade administrativa. Sobre o tema, a renomada autora faz alusão às
obras de Diogo de Figueiredo Moreira Neto e de Lúcia Valle Figueiredo, no sentido de que, verbis:
(...) “a razoabilidade, agindo como um limite à discrição na avaliação dos motivos, exige que
sejam eles adequáveis, compatíveis e proporcionais, de modo a que um ao atenda a sua finalidade
pública específica; agindo também como um limite à discrição na escolha do objeto, exige que ele se
conforme fielmente à finalidade e contribua eficientemente para que ela seja atendida.”(....)(...) “a
discricionariedade é a competência-dever de o administrador, no caso concreto, após a interpretação,
valorar, dentro de um critério de razoabilidade, e afastado de seus próprios standards ou ideologias,
portanto, dentro do critério de razoabilidade geral, qual a melhor maneira de concretizar a utilidade
pública postulada pela norma”. Grifos no original.” (in Direito Administrativo, 18ª ed., 2005, Editora
Atlas, São Paulo-SP, p. 81).Dessa forma, no caso vertente, entendo restar implícito que a fixação dos
valores das diárias necessariamente deve ser pautada nos referidos princípios, o que impõe, de plano,
uma atitude comedida ao gestor público. Por conseguinte, evidente que, em se constatando a ocorrência
de dispêndios abusivos e/ou incompatíveis com o interesse público, enseja-se a aplicação de sanção aos
responsáveis, não só por via administrativa, por meio dos órgãos de controle, assim como, por via
judicial, mediante, por exemplo, os instrumentos da ação popular ou de improbidade administrativa,
quando for o caso”.
27.Conforme demonstrado nos autos, a recorrente praticou impropriedades que ensejam a sua
responsabilização relacionada ao recebimento de diárias e auxílio transporte como se estivesse
trabalhando na sede do Cofen, quando efetivamente estava exercendo atividades docentes na UFPR.
28. Assim, não há dúvida acerca da incompatibilidade entre a jornada de trabalho da recorrente na
Universidade e o recebimento das diárias pagas pelo referido Conselho, o que propiciou um
enriquecimento sem causa da Sra. Dulce.
29.Quanto às demais alegações relacionadas à irregularidade em tela, acolho o exame procedido
pela Serur, que as refutou, adotando-o como razões de decidir. No entanto, considero pertinente
complementar o exame acerca de um dos argumentos aduzidos pela recorrente, que contesta o fato de se
caracterizar ato de improbidade sem a devida comprovação do dolo por parte do agente.
30.Nesse caso em particular, não se pode cogitar que a recorrente não tenha plena consciência da
ilicitude de sua conduta, pois, como Presidente da entidade, não tinha como ignorar o fato de estar
recebendo diárias e auxílio transporte nos dias em que não dava expediente na sede do Cofen.
31.Também é extremamente grave a questão agora suscitada pela Serur acerca da possível
incompatibilidade entre as funções exercidas pela recorrente como docente da Universidade Federal do
Paraná, com jornada de trabalho de dedicação exclusiva, e as atribuições exercidas na qualidade de
presidente do Conselho Federal de Enfermagem com sede, à época, no Rio de Janeiro, uma vez que,
mesmo sendo remunerada para trabalhar com exclusividade para a Universidade, ela despendia parte de
seus dias nas atividades de presidente de conselho, e recebendo diárias para isso.
32.Entendeu a unidade técnica que, de acordo com o art. 6º da Resolução 34/12 do Centro de
Ensino Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Paraná, o professor das carreiras do magistério
superior e da educação básica, técnica e tecnológica submetido ao regime de trabalho com dedicação
exclusiva, com obrigação de prestar 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, em turnos diários, são
impedidos do exercício de outras atividades, sejam públicas ou privadas (inclusive autônomas),
excetuando-se a percepção de direitos autorais ou correlatos.
205 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
33.Ante tal informação, pedi que minha assessoria consultasse a situação funcional da recorrente no
Siape à época dos fatos, confirmando o regime de dedicação exclusiva da servidora.
34.Consoante remansosa jurisprudência desta Corte de Contas, tendo o servidor optado pelo regime
de dedicação exclusiva, é vedado o exercício simultâneo do magistério público superior com outra
atividade remunerada.
35. O regime de dedicação exclusiva distingue-se do de tempo integral (embora a jornada de
trabalho semanal de ambos seja restrita a 40 horas) pela natureza participativa do primeiro, em relação ao
qual se exige maior envolvimento do professor com a instituição de ensino, principalmente no que tange à
realização de atividades extraclasse, como a pesquisa, razão pela qual o professor que se dedica
exclusivamente ao magistério percebe uma remuneração maior do que aquele submetido a outro regime
de trabalho, ainda que de jornada de 40 horas semanais. O adicional remuneratório visa retribuir a
privação a que se sujeita o professor de não poder se ocupar de outra atividade, mesmo no setor privado.
36. Percebe-se, assim, que o regime de dedicação exclusiva é um pacto feito entre a Administração
e o servidor, cabendo à primeira o pagamento da remuneração nessa condição e ao professor a renúncia
ao exercício de qualquer cargo ou emprego, de natureza pública ou privada.
37.Dessa forma, encaminho cópia da presente deliberação, acompanhada do relatório e do voto que
a fundamentam, à Universidade Federal do Paraná, órgão no qual a Sra. Dulce ainda é vinculada, para que
adote as providências cabíveis e informe as medidas adotadas ao TCU, no prazo de trinta dias.
IV
38.Acolho os exames empreendidos pela Serur quanto ao débito de R$ 228,00, relativo ao valor
cobrado pelo hotel Vila Galé em Salvador devido ao não-cancelamento da reserva da recorrente. Com
efeito, a Sra. Dulce apresentou recibo de quitação expedido pelo Cofen, juntamente com cópia do
depósito efetuado no valor de R$ 228,00 (peça 12, p.54). Assim, o referido conselho foi devidamente
reembolsado pela despesa gerada indevidamente pela recorrente. Esse posicionamento contou com a
anuência do Parquet especializado em sua manifestação regimental.
39.Também adoto como razões de decidir os pronunciamentos uníssonos da Serur e do MP/TCU
quanto ao débito no valor de R$ 1.217,76, relacionado à viagem a Buenos Aires. Tal valor foi pago à
empresa Naja Turismo pelo Cofen para um pacote em nome da recorrente, já contemplando hospedagem
e translado. Ocorre que houve pagamento à recorrente no valor de R$ 2.434,4 referente a diárias e auxílio
transporte no período da viagem. Portanto, considero que deve ser mantido o débito imputado à
recorrente.
40.Portanto, o presente recurso de revisão deve, no mérito, ser parcialmente provido, reduzindo o
valor do débito imputado à Sra. Dulce Dirclair Huf Bais, de R$ 58.611,98 para R$ 46.771,60, conforme
exposto nesta proposta de deliberação.
41.Por conseguinte, a multa imposta à recorrente, com fulcro no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor
de R$ 7.000,00, deve ser reduzida na mesma proporção do débito, o que resulta em novo valor de
penalidade pecuniária no montante de R$ 5.500,00.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal dê provimento parcial ao presente recurso de
revisão e adote a deliberação que ora submeto à apreciação deste Plenário.
ACÓRDÃO Nº 1223/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 027.793/2006-6.
1.1. Apensos: 029.371/2010-4; 029.372/2010-0
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de revisão (Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei 8.443/1992)
3.2. Responsável: Dulce Dirclair Huf Bais (255.224.859-49).
3.3. Recorrente: Dulce Dirclair Huf Bais (255.224.859-49).
206 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4. Órgão/Entidade: Conselho Federal de Enfermagem.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo da Fazenda
Nacional (SecexFazen).
8. Representação legal: Reilos Monteiro (22.612/OAB-DF) e outros.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial em fase de recurso de
revisão interposto pela Sra. Dulce Dirclair Huf Bais contra o Acórdão 1.059/2010-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente recurso de revisão, com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35, inciso
III, da Lei 8.443/1992;
9.2. quanto ao mérito, dar-lhe provimento parcial para reformar os itens 9.1 a 9.2 do Acórdão
1.059/2010-Plenário, conferindo-lhe a seguinte redação:
“9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas b e c, 19, caput, e 23, inciso III,
da Lei n. 8.443/1992, julgar irregulares as contas da Sra. Dulce Dirclair Huf Bais, condenando-a ao
pagamento das quantias originais, abaixo discriminadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar
da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (artigo 214, inciso III, alínea a do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, atualizada
monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas indicadas, até a data do
efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
Valor Data-base
R$ 480,36 12/04/2006
R$ 1.947,52 24/05/2006
R$ 1.217,76 25/07/2006
R$ 978,16 02/08/2006
R$ 1.467,24 09/08/2006
R$ 978,16 16/08/2006
R$ 1.467,24 23/08/2006
R$ 512,65 28/08/2006
R$ 978,16 13/09/2006
R$ 978,16 20/09/2006
R$ 1.342,70 27/09/2006
R$ 1.467,24 04/10/2006
R$ 1.025,31 25/10/2006
R$ 1.467,24 01/11/2006
R$ 978,16 09/11/2006
R$ 512,65 15/11/2006
R$ 978,16 23/11/2006
R$ 1.467,24 29/11/2006
R$ 1.467,24 13/12/2006
R$ 1.537,96 20/12/2006
R$ 978,16 27/12/2006
R$ 978,16 03/01/2007
R$ 512,65 10/01/2007
R$ 1.467,24 17/01/2007
207 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
R$ 1.467,24 24/01/2007
R$ 1.467,24 07/02/2007
R$ 1.467,24 14/02/2007
R$ 1.467,24 21/02/2007
R$ 508,72 28/02/2007
R$ 1.666,33 14/03/2007
R$ 1.975,38 21/03/2007
R$ 1.666,33 28/03/2007
R$ 1.799,49 04/04/2007
R$ 669,83 11/04/2007
R$ 1.799,49 18/04/2007
R$ 632,40 25/04/2007
R$ 1.199,66 09/05/2007
R$ 1.799,49 16/05/2007
9.2. aplicar à Sra. Dulce Dirclair Huf Bais a multa prevista no art. 57 da Lei n. 8.443/1992, c/c o
art. 267 do Regimento Interno/TCU, no valor de R$ 5.500,00 (cinco mil e quinhentos reais), fixando-lhe o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (artigo 214,
inciso III, alínea a, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga
após o vencimento, na forma da legislação em vigor;”
9.3. dar ciência e remeter cópia do presente acórdão, bem como do relatório e voto que o
fundamentam, à recorrente, ao Conselho Federal de Enfermagem e à Procuradoria da República no
Distrito Federal.
9.4. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a
fundamentam, à Universidade Federal do Paraná, para que adote as medidas que entender cabíveis acerca
da suposta incompatibilidade entre a opção pelo regime de dedicação exclusiva realizado pela servidora
Dulce Dirclair Huf Bais, matrícula Siape 1145163, com o exercício concomitante do cargo de Presidente
do Conselho Federal de Enfermagem, e informe as medidas adotadas ao TCU, no prazo de 30 (trinta)
dias;
9.5. determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip), que monitore em processo apartado
o cumprimento da medida disposta no subitem anterior.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1223-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE IV – Plenário
TC 033.737/2012-6
Natureza(s): Tomada de Contas Especial
Órgão/Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social
Responsáveis: Alcinea Silva de Oliveira (309.806.667-91); Alicinia Brevilato (357.334.547-68);
Analia de Castro Macieira (100.693.827-35); Angela Maria Ribeiro Costa (091.335.505-49); Antonio
208 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Pereira Covas Neto (127.135.207-97); Aurelio Goncalves Filho (164.283.237-53); Carlos Tavares Pereira
(051.711.347-31); Damiao da Silva Bobeda (006.372.347-66); Eci dos Santos Ferreira (197.011.797-49);
Fernando Augusto Albrunhosa Machado (242.795.107-25); Francisco Blanco Turnes (191.307.327-00);
Geraldo Carolino de Lima (563.302.867-87); Geraldo de Almeida Franca (191.572.587-91); Gilza
Huguenin de Araujo (344.020.987-34); Iza Farias Caraciolo (370.306.552-49); Jair Gonçalves de
Almeida Filho (710.295.087-04); Jeanete Thereza Calabria da Costa (539.735.507-00); Joao Barbosa de
Oliveira (346.345.417-34); Jonas Breitman (334.934.647-20); Jorge Guimaraes Mattos (373.714.367-68);
Jorge dos Santos Barata (308.965.417-20); Jose Nunes da Costa (052.603.457-20); Jose Octacilio Vieira
(346.003.297-91); João Batista Brandão (272.845.817-00); Maria do Carmo Batista de Almeida
(304.397.797-15)
Representação legal: não há
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONCESSÃO IRREGULAR DE
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. CITAÇÃO. REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO.
MULTA
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secretaria de Controle Externo no Estado
do Rio de Janeiro (peça 66), cuja proposta de encaminhamento contou com a anuência dos dirigentes da
unidade técnica (peças 67 e 68) e do representante do Ministério Público (peça 69):
“Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), em relação aos ex-servidores Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF 304.397.797-15) e Jair
Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04) por fraudes previdenciárias resultantes em
habilitações ilícitas e pagamentos de benefícios ilegais. Estes fatos irregulares ocorreram nas agências
subordinadas à antiga Gerência Regional do Seguro Social da Penha, no município do Rio de Janeiro,
gerando prejuízo ao erário principalmente entre outubro de 1996 e setembro de 2008, quando seu valor
atualizado e acrescido de juros de mora ultrapassou a cifra de R$ 2.500.000,00 (peça 1, p. 11, item 1, e
p. 363-369; peça 8, p. 258-260 e 266).
HISTÓRICO
A. Fase interna da TCE
2.Com base no "Relatório final da missão extraordinária Rio de Janeiro realizada junto à Gerência
Penha", de 28/8/1997 (peça 1, p. 11-21), a Superintendência do INSS nesse estado instaurou Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) conclusivo no sentido de que Maria do Carmo Batista de Almeida e
Jair Gonçalves de Almeida Filho, então servidores dessa autarquia, cadastraram, no sistema de
benefícios, "servidores fantasmas" cujas matrículas foram usadas para a concessão irregular de
aposentadorias por tempo de serviço a 24 segurados, mediante inserções, em sistema previdenciário
federal, sem o devido cuidado e supervisão, de informações incorretas sobre recolhimentos e vínculos
empregatícios posteriormente não comprovados, tudo resultando em habilitações ilícitas e pagamentos
de benefícios ilegais (vide referências no item 1 desta instrução).
3.Consequentemente, essa autarquia aplicou penalidade de demissão e demais providências
sugeridas em relatório do PAD (peça 1, 189-213) e parecer da Consultoria Jurídica do Ministério da
Previdência Social (peça 1, p. 189-213). Assim, Maria do Carmo Batista de Almeida e Jair Gonçalves de
Almeida Filho foram demitidos por se valerem do cargo para lograr proveito pessoal e de outrem, em
detrimento da dignidade da função pública, improbidade administrativa, lesão aos cofres públicos e
dilapidação do patrimônio nacional (peça 1, p. 183-323, 327-339, 373-377; peça 8, p. 266-270; peça 13,
p. 329).
4.O "Relatório conclusivo" da Comissão Permanente de TCE da Gerência Executiva do Rio de
Janeiro - Norte, com fundamento em evidências documentais e em relatórios individualizados por
beneficiário, opinou pela responsabilização dos ex-servidores Maria do Carmo Batista de Almeida e Jair
209 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Gonçalves de Almeida Filho solidariamente aos 23 segurados contemplados pelos benefícios fraudados
por ambos (vide peça 1, p. 5, peça 3, p. 57-59, peça 7, p. 56-58 e 62-65, peça 8, p. 266-282 e 288-290,
peça 14, item 4).
5.Relatório de auditoria documental feita pela Controladoria-Geral da União confirmou a
responsabilização dos ex-servidores solidariamente com os segurados (peça 13, p. 329-337). Após a
emissão do Certificado de auditoria e do Parecer do dirigente do órgão de controle interno, ambos com
manifestação pela irregularidade das contas, bem como do devido pronunciamento de conhecimento
ministerial, o processo foi encaminhado para o TCU, para fins de julgamento (peça 13, p. 339-343).
B. Fase externa da TCE
B.1. Buscas usuais de responsáveis
6.Adotaram-se as tentativas de praxe para a localização dos ex-servidores responsabilizados nesta
TCE (vide despachos nas peças 20, 23, 31 e 34), porém, não se obteve sucesso, motivo pelo qual se
efetuou a citação editalícia de ambos, como se segue (peça 34):
ResponsáveisEditais (Peças)Publicações em DOURespostas
Maria do Carmo Batista de Almeida25, 6/5/14 (29)13/5/14 (30)-
Jair Gonçalves de Almeida Filho35, 2/6/14 (32)4/6/14 (33)-
7.Os responsáveis não atenderam à citação e não se manifestaram quanto às irregularidades
verificadas.
B.2. Novos débitos identificados
8.Comunicação eletrônica do INSS encaminhou arquivos informando e comprovando novos débitos
relativos ao segurado Francisco Blanco Turnes (CPF 191.307.327-00 - peça 36), com valor atualizado
até 22/8/2014 de R$ 25.524,96 (peça 36), que poderiam ser adicionados aos débitos já atribuídos
anteriormente aos mencionados responsáveis solidários Jair Gonçalves de Almeida Filho e Maria do
Carmo Batista de Almeida (peça 14, p. 19-20, 29 (item 52, n. 1), e 35), como se segue:
Data Valor (R$)
25/10/2010 772,70
3/12/2010 3.863,52
5/1/2011 1.931,76
3/2/2011 2.055,58
3/3/2011 2.055,58
5/4/2011 2.055,58
4/5/2011 2.055,58
3/6/2011 2.055,58
5/7/2011 2.055,58
3/8/2011 2.055,58
B.3. Citações com novos endereços e com débitos revisados
9.Diversas pesquisas e análises adicionais foram realizadas para localização dos envolvidos (vide
peça 38, p. 3-5).
10.Por fim, consoante dados da 8ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal no Rio de Janeiro, a
atual localização dos responsáveis é nos respectivos locais onde eles estão custodiados (peça 37). A esse
respeito, o Código Civil (Lei 10.406/2002) estipula que o domicílio do preso é o lugar onde ele cumpre a
sentença (art. 76, parágrafo único).
11.Nesse quadro, o que se afigurou como saneamento mais adequado ao presente processo foi a
citação postal dos envolvidos, endereçada às respectivas unidades prisionais. Procedeu-se, portanto, ao
envio de ofícios de citação aos responsáveis, conforme proposto na instrução de peça 14, item 52, com
acréscimo dos débitos descritos na instrução de peça 38, item 10, por intermédio dos respectivos
diretores de presídio, para que devolvessem ao TCU contrafé com ciência pessoal de recebimento da
pessoa custodiada, e aos quais foram feitas também solicitações adicionais, úteis à condução do atual
210 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
processo (exemplo: decisão sobre se e em qual endereço fazer comunicação processual), no sentido de
informar, caso a pessoa destinatária não estivesse mais ali custodiada.
12.Esta Unidade Técnica obteve o seguinte resultado em relação às tentativas de citação dos
responsáveis recolhidos à prisão (peças 38-39):
ResponsávelOfício/edital (Peça)Ciência (peça)Resposta
Jair Gonçalves de Almeida Filho2.322/2014 (40)
131/2014 (48)Não há
Publ. 24/11/14
Não há
Itamar Engel de Almeida
Diretor Penitenciária Vieira Ferreira Neto2.325/2014 (41)
3.488/2014 (50)44
52Não há
Maria do Carmo Batista de Almeida2.324/2014 (42)46Vide abaixo
Mirene Moura da Silva
Diretora Penitenciária Joaquim Ferreira de Souza2.326/2014 (43)45
13.Assim, exauridas as possibilidades de citação em todos os endereços conhecidos, inclusive em
presídio onde estaria localizado mais recentemente, o Sr. Jair Gonçalves de Almeida Filho foi citado por
edital.
14.Por não ter respondido à citação tampouco recolhido o débito que lhe é imputado, ele deve ser
considerado revel para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao feito, consoante o disposto no art.
12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
15.A Sra. Maria do Carmo Batista de Almeida, por sua vez, acusou ter tomado ciência da citação
em 28/10/2014, afirmando não ter advogado e desejando ser assistida por defensor público (peça 45, p.
22).
16.O Auditor que assina a instrução inserida à peça 57, com vistas a assegurar a observância dos
princípios do contraditório e da ampla defesa em toda sua plenitude, propôs a renovação da citação da
responsável, só que, desta feita, o ofício deveria ser endereçado à Defensoria Pública da União no
Estado do Rio de Janeiro - DPU/RJ, tendo em vista a informação constante dos autos de que o citado
órgão de assistência jurídica havia promovido a defesa da ex-servidora perante o Poder Judiciário
(parágrafo 19 da instrução de peça 57).
17.A instrução também cogitou haver a participação de outras pessoas no esquema de fraudes
previdenciárias nos postos do INSS investigados pela auditoria da entidade, com possível atuação em
benefício de agente político e do partido ao qual pertencia à época dos fatos, razão porque se propôs a
realização de diligências junto ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, com a finalidade de colher
indícios de envolvimento nas fraudes daqueles sujeitos que o Auditor entendia que deveriam figurar no
polo passivo desta TCE (peça 57).
18.O Diretor desta Secex/RJ, no que foi acompanhado pela Secretária substituta, considerou
desnecessárias as providências saneadoras propostas na instrução, com vistas à identificação de novos
responsáveis, alegando, entre outras razões, o transcurso de quase vinte anos da ocorrência dos fatos,
como também a circunstância de que cópia da ação penal onde se faz menção à interferência de agente
político na prática das fraudes foi encaminhada para a Procuradoria-Geral da República, contudo, não
haveria informações de que o órgão ministerial instaurou procedimento investigativo ou ajuizou ação
criminal para apurar o envolvimento do referido agente público (peças 58/59). Dessa forma, no que se
refere à apuração de responsabilidades, o Diretor anuiu apenas à proposta de renovação da citação da
ex-servidora Maria do Carmo Batista de Almeida, por intermédio de sua potencial representante legal, a
Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro; entendimento que contou com a concordância do
Relator, conforme se verifica do despacho à peça 61.
211 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
EXAME TÉCNICO
B.4 Caracterização da revelia
19.Efetivou-se a comunicação processual por meio do Ofício 2190/2015-TCU/Secex-RJ, de
16/7/2015 (peça 62), endereçada à Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro-DPU/RJ, na pessoa
do Defensor Público-Chefe Romeu César Ferreira Fontes. A aposição de ciência ao AR ocorreu em
27/11/2015, conforme faz prova documento de peça 64. No entanto, transcorrido o prazo regimental
previsto para apresentação de alegações de defesa, a DPU/RJ, até o momento, não ofereceu qualquer
manifestação.
20.Na verdade, a revelia da Sra. Maria do Carmo Batista de Almeida configurou-se quando a
responsável, em resposta à citação que lhe foi dirigida, isto é, ciente das irregularidades que lhe estão
sendo atribuídas nos autos, não se dispôs a apresentar seus esclarecimentos sobre os fatos que deram
origem à constituição desta tomada de contas especial. Na oportunidade, limitou-se a informar que não
possuía advogado e que desejava ser assistida por um defensor público (peça 45, p. 22). Como se sabe, o
exercício do contraditório e da ampla defesa no âmbito do TCU não depende de defesa técnica por
profissional habilitado (advogado), de modo que a própria acusada poderia ter oferecido a sua versão
sobre as ocorrências descritas no ofício de citação, mas não o fez, caracterizando, portanto, a revelia de
que trata o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
B.5 Responsabilização do segurados
21.Em instrução anterior, esta Unidade Técnica teceu considerações sobre a possibilidade de
exclusão dos segurados da relação processual, conforme entendimento firmado pela jurisprudência do
Tribunal em casos semelhantes. Aliás, não faz sentido instá-los a integrar a TCE, quando, na análise
preliminar, já for possível concluir pela ausência de provas capazes de demonstrar que eles agiram em
conluio com os autores das fraudes (peça 14, itens 7-39).
22.Conforme a tese que vem prevalecendo no TCU, a permanência dos segurados na relação
processual da tomada de contas especial dependerá da comprovação de que, seja por dolo ou culpa,
concorreram para a prática do ato fraudulento. Na condição de terceiro desvinculado da Administração
e sem o dever legar de prestar contas, a submissão do segurado à jurisdição do TCU exigirá prova de
que ele tenha contribuído de modo decisivo e em concurso com o agente público para a produção do
dano. Do contrário, a jurisdição de contas não os alcançará, de acordo com o disposto no art. 16, § 2º,
da Lei 8.443/92.
23.Do acervo jurisprudencial do Tribunal, colhe-se uma série de decisões nas quais a Corte,
fundada na ausência de elementos capazes de atribuir aos segurados efetiva participação nas fraudes,
entendeu por bem excluí-los da relação processual, a exemplo do que se decidiu nos Acórdãos TCU –
Plenário 859/2013, 2.369/2013, 2.449/2013, 2.553/2013, 3.038/2013, 3.112/2013 e 3.626/2013. Não é
por outra razão que se propõe, ao final, idêntico desfecho para o caso concreto.
24.As conclusões e provas constantes do Relatório da Comissão de Processo Administrativo
Disciplinar que se encontra à peça 1 destes autos eletrônicos são suficientes para atribuir à Sra. Ana
Glória a responsabilidade pelo débito apurado nos autos, haja vista que a apuração de responsabilidade
funcional da ex-servidora, que resultou na aplicação da pena de cassação de aposentadoria, funda-se em
elementos substanciosos quanto à materialidade e autoria dos ilícitos que lhes foram imputados (p. 88-
126).
25.Cabe aqui abrir um parêntese para esclarecer que a proposta de exclusão dos segurados da
relação processual não tem o condão de obstaculizar eventual cobrança administrativa e/ou judicial de
iniciativa do INSS quanto a valores recebidos indevidamente pelos beneficiários. Explica-se.
26.Não obstante o art. 16, § 2º, da Lei 8.443/92 e a jurisprudência do TCU citada no item 23 desta
instrução erijam a demonstração de culpa ou dolo como pressuposto indispensável para que a conduta
do particular (estranho à Administração) esteja submetida à jurisdição do TCU, claro está que pode
haver casos em que o segurado se beneficiou da fraude sem que dela tivesse conhecimento, ou seja, sem
agir de maneira dolosa ou culposa.
212 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
27.As inúmeras tomadas de contas especiais resultantes da concessão irregular de benefícios
previdenciários revelam que o comportamento dos segurados pode variar em cada caso a depender das
provas que forem carreadas aos autos acerca da sua efetiva contribuição para a consecução do ilícito,
bem como da circunstância de terem consciência ou não de que o benefício recebido era irregular.
Sobre o assunto, convém transcrever as observações insertas na sentença absolutória exarada pelo juízo
da 8ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, nos autos da Ação Penal n.
2001.5101513802-3, in verbis (peça 6, p. 14-30, TC 034.248/2013-7):
Investigações realizadas em processos que tramitam nesta Justiça Federal dão conta de que
quadrilhas muito bem organizadas atuam na concessão de benefícios fraudulentos em determinados
períodos, contando não apenas com a participação de servidores como também de despachantes e até
advogados. Por vezes, os segurados aproveitam-se de tal situação para obter, conscientemente,
benefícios a que não fazem jus. Em outras, acreditando terem direito ao benefício, são ludibriados por
estas pessoas.
28.Ressalta-se aqui a situação dos segurados que acreditavam fazer jus ao benefício, muitas vezes
iludidos por intermediários (despachantes e advogados) ou até por prepostos do INSS e a estas pessoas
confiaram seus documentos, com vistas à obtenção do benefício previdenciário. Em situações como essa,
a fraude ocorre no interior da instituição, por meio de lançamentos incorretos nos sistemas
informatizados da previdência relacionados a vínculos empregatícios, contagem de tempo de serviço,
valores de salários de contribuição, entre outras fraudes que ocasionam pagamento de benefícios aos
quais os segurados não têm direito.
29.Nesse quadro, embora o concerto fraudatório envolva servidores da Autarquia e possíveis
intermediários, sem que o segurado tenha consciência do ilícito, é inegável que a percepção de valores
pagos indevidamente, pois que não preenchidos os pressupostos legais para a concessão do benefício,
gera, para o beneficiário, o dever de ressarcir a Previdência Social, sob pena de enriquecimento sem
causa, a teor do que dispõe o art. 884 do Código Civil.
30.Em outras palavras, a ausência de elementos que comprovem a participação dos segurados na
prática do ato ilícito, quanto a terem agido de má-fé, adulterado documentos ou emitido declarações
falsas, por exemplo, é suficiente para retirá-los do polo passivo da TCE, pois sobre eles não incidirá a
jurisdição da Corte de Contas, segundo já observado. No entanto, no âmbito administrativo, se houver a
constatação de que segurados receberam benefícios que não lhe eram devidos (o que pode ocorrer
independentemente de dolo ou culpa), tendo havido ou não a suspensão do pagamento, a decisão do
Tribunal pela exclusão desses segurados da relação processual não impede a adoção de providências
administrativas e/ou judiciais que a entidade prejudicada entender como cabíveis, com o objetivo de
reaver aquilo que foi pago sem justa causa, ou seja, à míngua de fundamento jurídico.
31.Destarte, caso seja ratificado o posicionamento de que os segurados arrolados nesta TCE
devem ser excluídos da relação processual, considera-se oportuno comunicar ao Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal – PGF que a mencionada decisão não impede a
adoção de providências administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente
foram pagos aos referidos beneficiários, em virtude da concessão indevida de benefício previdenciário.
CONCLUSÃO
32.Considerando que o alcance da jurisdição do Tribunal de Contas da União sobre terceiros
estranhos à Administração Pública depende da comprovação de que tenham agindo com dolo ou culpa.
Considerando que, no caso concreto, não há elementos que indiquem cabalmente a participação dos
beneficiários no conluio para a prática dos atos fraudulentos apurados pela auditoria interna do INSS.
Conclui-se, portanto, que a atribuição de responsabilidade apenas aos ex-servidores Maria do Carmo
Batista de Almeida (CPF 304.397.797-15) e Jair Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04) com
a exclusão dos segurados da relação processual, é medida que melhor se coaduna com os ditames da
culpabilidade e dos princípios da racionalidade processual e da efetividade da jurisdição de contas, nos
termos dos argumentos apresentados na instrução preliminar (peça 14).
213 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
33.Diante da revelia de Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF 304.397.797-15) e Jair
Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04) e inexistindo nos autos elementos que permitam
concluir pela ocorrência de boa-fé ou de excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que
suas contas sejam julgadas irregulares e que os responsáveis sejam condenados em débito, bem como
que lhes seja aplicada a multa do art. 57 da Lei 8.443/1992. Pertinente, ainda, dada a gravidade da
infração cometida pelos responsáveis, propor a aplicação da penalidade de inabilitação para o exercício
de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60
da Lei 8.443/1992 (itens 14 e 20 desta instrução).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
34.Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
I) excluir da relação processual os segurados Alcinea Barbosa de Oliveira (CPF 309.806.667-91);
Alicínia Brevilato (CPF 357.334.547-68); Anália de Castro Macieira (CPF 100.693.827-35); Ângela
Maria Ribeiro Costa (CPF 091.335.505- 49); Antônio Pereira Covas Neto (CPF 127.135.207-97);
Aurélio Gonçalves Filho (CPF 164.283.237-53); Carlos Tavares Pereira (CPF 051.711.347-31); Dayse
de Almeida Canas (CPF 336.110.767-91); Damião da Silva Bobeda (CPF 006.372.347-66); Domitila de
Jesus Alves (sem CPF); Eci dos Santos Ferreira (CPF 197.011.797- 49); Fernando Augusto Abrunhosa
Machado (CPF 242.795.107-25); Francisco Blanco Turnes (CPF 191.307.327-00); Geraldo Carolino de
Lima (CPF 563.302.867-87); Geraldo de Almeida Franca (falecido, CPF 191.572.587-91); Gilza
Huguenin de Araújo (CPF 344.020.987-34); Iza Farias Caraciolo (CPF 370.306.552-49); Jeanete
Thereza Calabria da Costa (CPF 539.735.507- 00); João Barbosa de Oliveira (CPF 346.345.417- 34);
João Batista Brandão (CPF 272.845.817-00); Jonas Breitman (falecido, CPF 334.934.647-20); Jorge
dos Santos Barata (falecido, CPF 308.965.417-20); Jorge Guimarães Mattos (CPF 373.714.367-68);
José Nunes da Costa (CPF 052.603.457-20); e José Octacílio Vieira (CPF 346.003.297-91);
II) considerar revéis os Srs. Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF 304.397.797-15) e Jair
Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04), consoante o disposto no art. 12, § 3º, da Lei
8.443/1992,
III) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992
c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, e §§ 1º e 5º, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas dos ex-servidores do
INSS Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF 304.397.797-15) e Jair Gonçalves de Almeida Filho
(CPF 710.295.087-04), como também condenados solidariamente ao pagamento das quantias a seguir
especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o
TCU (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do
Instituto Nacional do Seguro Social, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora,
calculados a partir das datas discriminadas, até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na
legislação em vigor, em virtude de fraude na concessão de benefícios previdenciários, ocasionando
prejuízo aos cofres públicos, segundo os pagamentos efetuados aos seguintes segurados:
a) Alcinea Silva de Oliveira (CPF 309.806.667-91)
Data Valor (R$)
14/11/1996 2.387,77
14/11/1996 884,36
13/12/1996 1.326,54
16/1/1997 884,36
18/2/1997 886,13
14/3/1997 886,13
14/4/1997 886,13
16/5/1997 886,13
17/6/1997 886,13
15/7/1997 943,97
214 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
b) Alcínia Brevilato (CPF 357.334.547-68)
Data Valor (R$)
13/11/1996 1.995,09
13/11/1996 831,29
12/12/1996 1.177,66
14/1/1997 831,29
17/2/1997 832,95
13/3/1997 832,95
11/4/1997 832,95
15/5/1997 832,95
11/8/2000 515,19
11/8/2000 1.030,34
15/9/2000 1.030,34
13/10/2000 1.030,34
14/11/2000 1.030,34
13/12/2000 2.060,68
12/1/2001 1.030,34
15/2/2001 1.030,34
14/3/2001 1.030,34
12/4/2001 1.031,15
14/5/2001 1.031,15
13/6/2001 1.031,15
12/7/2001 1.110,10
13/8/2001 1.110,10
14/9/2001 1.110,10
11/10/2001 1.110,10
14/11/2001 1.110,10
13/12/2001 2.220,16
14/1/2002 1.110,10
18/2/2002 1.110,10
19/3/2002 1.110,37
11/4/2002 1.110,19
14/5/2002 1.110,19
24/6/2002 1.110,19
15/7/2002 1.212,27
15/8/2002 1.212,27
12/9/2002 1.212,27
11/10/2002 1.212,27
14/11/2002 1.212,27
12/12/2002 2.424,51
14/1/2003 1.212,27
17/2/2003 1.212,27
18/3/2003 1.212,27
22/4/2003 1.212,35
20/5/2003 1212,35
16/6/2003 1.215,10
c) Anália de Castro Macieira (CPF 100.693.827-35)
215 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Data Valor (R$)
13/11/1996 884,36
13/11/1996 1.995,28
12/12/1996 1.326,54
14/1/1997 884,36
17/2/1997 886,13
13/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
14/5/1997 886,13
18/9/1997 943,96
14/10/1997 943,96
13/11/1997 943,96
11/12/1997 1.884,18
14/1/1998 947,71
12/2/1998 943,96
28/4/2000 28.845,85
12/5/2000 1.036,77
13/6/2000 1.036,77
13/7/2000 1.096,12
11/8/2000 1.096,12
14/9/2000 1.096,12
13/10/2000 1.096,12
14/11/2000 1.096,12
13/12/2000 2.192,24
12/1/2001 1.096,12
13/2/2001 1.096,12
13/3/2001 1.096,12
12/4/2001 1.096,97
14/5/2001 1.096,97
13/6/2001 1.096,97
12/7/2001 1.180,96
13/8/2001 1.180,96
14/9/2001 1.180,96
11/10/2001 1.180,96
14/11/2001 1.180,96
13/12/2001 2.361,90
14/1/2002 1.180,96
15/2/2002 1.180,96
13/3/2002 1.181,23
11/4/2002 1.181,05
14/5/2002 1.181,05
13/6/2002 1.181,05
11/7/2002 1.289,64
13/8/2002 1.289,64
12/9/2002 1.289,64
11/10/2002 1.289,64
13/11/2002 1.289,64
12/12/2002 2.579,26
14/1/2003 1.289,64
13/2/2003 1.289,64
216 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
17/3/2003 1.289,64
11/4/2003 1.289,64
14/5/2003 1.289,64
12/6/2003 1.289,64
11/7/2003 1.543,70
13/8/2003 1.543,70
11/9/2003 1.543,70
13/10/2003 1.543,70
13/11/2003 1.543,70
11/12/2003 3.087,38
14/1/2004 1.543,70
12/2/2004 1.543,70
11/3/2004 1.546,81
d) Angela Maria Ribeiro Costa (CPF 091.335.505-49)
Data Valor (R$)
19/11/1996 1.674,49
19/11/1996 897,05
12/12/1996 1.270,82
13/1/1997 897,05
13/2/1997 898,84
11/3/1997 898,84
9/4/1997 898,84
12/5/1997 898,84
10/6/1997 898,84
10/7/1997 952,03
11/8/1997 952,03
e) Antônio Pereira Covas Neto (CPF 127.135.207-97)
Data Valor (R$)
21/10/1996 1.377,82
21/10/1996 725,17
8/11/1996 725,17
9/12/1996 1.087,75
9/1/1997 725,17
13/2/1997 726,62
10/3/1997 726,62
8/4/1997 726,62
12/5/1997 726,62
f) Aurélio Gonçalves Filho (CPF 164.283.237-53)
Data Valor (R$)
6/11/1996 2.078,22
6/11/1996 831,29
5/12/1996 1.246,93
7/1/1997 831,29
6/2/1997 832,95
6/3/1997 832,95
4/4/1997 832,95
7/5/1997 832,95
217 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5/6/1997 832,95
4/7/1997 887,34
7/1/1998 3.512,64
7/1/1998 887,31
5/2/1998 887,31
5/3/1998 887,31
6/4/1998 887,31
7/5/1998 887,31
4/6/1998 887,31
6/7/1998 929,98
6/8/1998 929,98
5/12/2002 4.106,35
5/12/2002 2.424,54
7/1/2003 1.212,27
6/2/2003 1.212,27
10/3/2003 1.212,27
4/4/2003 1.212,27
7/5/2003 1.212,27
g) Carlos Tavares Pereira (CPF 051.711.347-31)
Data Valor (R$)
3/12/1996 1.270,82
3/12/1996 897,05
3/12/1996 1.794,10
3/1/1997 897,05
3/2/1997 898,84
3/3/1997 898,84
4/4/1997 898,84
h) Damião da Silva Bobeda (CPF 006.372.347-66)
Data Valor (R$)
29/10/1996 884,36
29/10/1996 1.768,72
14/11/1996 884,36
13/12/1996 884,36
13/12/1996 442,18
16/1/1997 884,36
26/2/1997 886,13
12/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
i)Domitila de Jesus Alves (sem CPF)
Data Valor (R$)
30/10/1996 2.446,72
7/11/1996 884,36
6/12/1996 884,36
6/12/1996 442,18
13/1/1997 884,36
28/2/1997 886,13
6/3/1997 886,13
218 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4/4/1997 886,13
j) Eci dos Santos Ferreira (CPF 197.011.797-49)
Data Valor (R$)
18/11/1996 664,99
3/12/1996 923,60
3/1/1997 738,88
4/2/1997 740,36
4/3/1997 740,36
1/4/1997 740,36
5/5/1997 740,36
k) Fernando Augusto Abrunhosa Machado (CPF 242.795.107-25)
Data Valor (R$)
12/11/1996 884,36
12/11/1996 1.827,67
12/12/1996 1.252,84
13/1/1997 884,36
14/2/1997 886,13
13/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
13/5/1997 886,13
11/6/1997 886,13
11/7/1997 943,97
13/8/1997 943,97
11/9/1997 943,97
13/10/1997 943,97
13/11/1997 943,97
11/12/1997 1.884,20
14/1/1998 947,72
12/2/1998 943,97
12/3/1998 943,97
14/4/1998 943,97
14/5/1998 943,97
12/6/1998 943,97
13/7/1998 989,36
12/8/1998 989,38
11/9/1998 989,38
13/10/1998 989,38
12/11/1998 989,38
10/12/1998 1.978,72
13/1/1999 989,38
10/2/1999 987,41
10/3/1999 987,41
14/4/1999 987,41
12/5/1999 987,41
11/6/1999 987,41
12/7/1999 1.036,77
11/8/1999 1.036,78
13/9/1999 1.036,78
219 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/10/1999 1.036,78
11/11/1999 1.036,78
10/12/1999 2.073,56
12/1/2000 1.036,78
10/2/2000 1.036,78
14/3/2000 1.036,78
12/4/2000 1.036,78
11/5/2000 1.036,78
12/6/2000 1.036,78
12/7/2000 1.096,13
10/8/2000 1.096,13
13/9/2000 1.096,13
11/10/2000 1.096,13
13/11/2000 1.096,13
12/12/2000 2.192,26
12/1/2001 1.096,13
12/2/2001 1.096,13
12/3/2001 1.096,13
11/4/2001 1.096,98
11/5/2001 1.096,98
12/6/2001 1.096,98
11/7/2001 1.180,97
10/8/2001 1.180,97
13/9/2001 1.180,97
10/10/2001 1.180,97
13/11/2001 1.180,97
12/12/2001 2.361,92
11/1/2002 1.180,97
14/2/2002 1.180,97
12/3/2002 1.181,24
10/4/2002 1.181,06
13/5/2002 1.181,06
12/6/2002 1.181,06
10/7/2002 1.289,66
12/8/2002 1.289,66
11/9/2002 1.289,66
10/10/2002 1.289,66
12/11/2002 1.289,66
11/12/2002 2.579,30
13/1/2003 1.289,66
12/2/2003 1.289,66
14/3/2003 1.289,66
10/4/2003 1.289,66
13/5/2003 1.289,66
11/6/2003 1.289,66
10/7/2003 1.543,73
12/8/2003 1.543,73
10/9/2003 1.543,73
10/10/2003 1.543,73
12/11/2003 1.543,73
220 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/12/2003 3.087,45
13/1/2004 1.543,73
11/2/2004 1.543,73
10/3/2004 1.543,73
29/4/2005 21.242,03
4/5/2005 1.613,68
3/6/2005 1.716,18
5/7/2005 1.716,18
3/8/2005 1.716,18
5/9/2005 1.716,18
5/10/2005 1.716,18
4/11/2005 1.716,18
5/12/2005 3.432,37
4/1/2006 1.716,18
3/2/2006 1.716,18
3/3/2006 1.716,18
5/4/2006 1.716,34
4/5/2006 1.802,00
5/6/2006 1.802,00
5/7/2006 1.802,00
3/8/2006 1.802,00
5/9/2006 2.703,16
4/10/2006 1.802,00
6/11/2006 1.802,18
5/12/2006 3.601,24
l) Francisco Blanco Turnes (CPF 191.307.327-00)
Data Valor (R$)
11/10/1996 1.834,72
11/10/1996 764,47
12/11/1996 764,47
11/12/1996 1.146,70
14/1/1997 764,47
18/2/1997 766,00
20/3/1997 766,00
14/4/1997 766,00
16/5/1997 766,00
12/1/2001 1.900,18
12/1/2001 952,92
14/2/2001 952,92
13/3/2001 952,92
16/4/2001 953,68
14/5/2001 953,68
2/7/2001 953,68
11/7/2001 1.026,69
16/8/2001 1.026,69
19/9/2001 1.026,69
18/10/2001 1.026,69
14/11/2001 1.026,69
18/12/2001 2.053,36
221 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
16/1/2002 1.026,69
19/2/2002 1.026,69
19/3/2002 1.026,90
17/4/2002 1.026,76
16/5/2002 1.026,76
12/6/2002 1.026,76
12/7/2002 1.121,18
15/8/2002 1.121,18
14/10/2002 1.121,18
14/10/2002 1.121,18
19/11/2002 1.121,18
17/12/2002 2.242,34
16/1/2003 1.121,18
19/2/2003 1.121,18
18/3/2003 1.121,18
17/4/2003 1.121,18
15/5/2003 1.121,18
17/6/2003 1.121,18
17/7/2003 1.342,05
19/8/2003 1.342,05
11/9/2003 1.342,05
16/10/2003 1.342,05
18/11/2003 1.342,05
10/12/2003 2.684,06
13/1/2004 1.342,05
11/2/2004 1.342,05
10/3/2004 1.342,05
5/4/2004 1.342,05
5/5/2004 1.342,05
3/6/2004 1.402,81
5/7/2004 1.402,81
4/8/2004 1.402,81
3/9/2004 1.402,81
25/10/2010 772,70
3/12/2010 3.863,52
5/1/2011 1.931,76
3/2/2011 2.055,58
3/3/2011 2.055,58
5/4/2011 2.055,58
4/5/2011 2.055,58
3/6/2011 2.055,58
5/7/2011 2.055,58
3/8/2011 2.055,58
m) Geraldo Carolino de Lima (CPF 563.302.867-87)
Data Valor (R$)
11/11/1996 2.328,81
11/11/1996 884,36
9/12/1996 1.326,54
9/1/1997 884,36
222 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/2/1997 886,13
10/3/1997 886,13
8/4/1997 886,13
9/5/1997 886,13
9/6/1997 886,13
n) Geraldo de Almeida Franca (falecido sem bens, CPF 191.572.587-91)
Data Valor (R$)
22/10/1996 1.687,61
22/10/1996 816,59
5/11/1996 816,59
3/12/1996 1.224,88
3/1/1997 816,59
4/2/1997 818,22
4/3/1997 818,22
2/4/1997 818,22
o) Gilza Huguenin de Araujo (CPF 344.020.987-34)
Data Valor (R$)
21/10/1996 712,35
21/10/1996 1.448,44
7/11/1996 712,35
5/12/1996 1.068,52
6/1/1997 712,35
5/2/1997 713,77
5/3/1997 713,77
4/4/1997 713,77
6/5/1997 713,77
12/12/2003 9.381,73
6/1/2004 1.250,71
4/2/2004 1.250,71
3/3/2004 1.250,71
5/4/2004 1.250,71
5/5/2004 1.250,71
3/6/2004 1.307,33
5/7/2004 1.307,33
4/8/2004 1.307,33
3/9/2004 1.307,33
5/10/2004 1.307,51
4/11/2004 1.307,39
3/12/2004 2.614,78
5/1/2005 1.307,39
3/2/2005 1.307,40
3/3/2005 1.307,39
5/4/2005 1.307,39
4/5/2005 1.307,39
3/6/2005 1.390,44
5/7/2005 1.390,44
3/8/2005 140,53
3/8/2005 1.530,08
223 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5/9/2005 1.529,51
5/10/2005 1.529,51
4/11/2005 1.529,24
5/12/2005 3.059,29
4/1/2006 1.529,24
3/2/2006 1.529,24
3/3/2006 1.529,24
p) Iza Frias Caraciolo (CPF 370.306.552-49)
Data Valor (R$)
21/10/1996 1.461,86
21/10/1996 730,93
18/11/1996 730,93
10/12/1996 1.096,39
13/1/1997 730,93
13/2/1997 732,39
11/3/1997 732,39
9/4/1997 732,39
9/10/1997 2.854,97
11/11/1997 780,19
9/12/1997 1.557,26
12/1/1998 783,31
10/2/1998 780,19
10/3/1998 780,19
13/4/1998 780,19
12/5/1998 780,19
9/6/1998 780,19
9/7/1998 817,71
11/8/1998 817,71
9/3/1999 816,08
13/4/1999 816,08
15/4/1999 816,08
26/4/1999 4.080,40
11/5/1999 816,08
10/6/1999 816,08
9/7/1999 856,95
10/8/1999 856,96
10/9/1999 856,95
11/10/1999 856,95
10/11/1999 856,95
9/12/1999 1.713,91
11/1/2000 856,95
9/2/2000 856,95
13/3/2000 856,95
11/4/2000 856,95
10/5/2000 856,95
9/6/2000 856,95
11/7/2000 906,00
9/8/2000 906,00
12/9/2000 906,00
224 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/10/2000 906,00
10/11/2000 906,00
11/12/2000 1.811,99
10/1/2001 906,00
9/2/2001 906,00
9/3/2001 906,00
10/4/2001 906,73
10/5/2001 906,73
11/6/2001 906,73
10/7/2001 976,14
9/8/2001 976,14
12/9/2001 976,14
9/10/2001 976,14
12/11/2001 976,14
11/12/2001 1.952,29
10/1/2002 976,14
13/2/2002 976,14
q) Jeanete Thereza Calabria da Costa (CPF 539.735.507-00)
Data Valor (R$)
31/10/1996 2.387,77
7/11/1996 884,36
6/12/1996 1.326,54
8/1/1997 884,36
7/2/1997 886,13
7/3/1997 886,13
7/4/1997 886,13
8/5/1997 886,13
r) João Barbosa de Oliveira (CPF 346.345.417-34)
Data Valor (R$)
12/11/1996 1.801,12
12/11/1996 831,29
4/12/1996 1.177,66
3/1/1997 831,29
4/2/1997 832,95
5/3/1997 832,95
2/4/1997 832,95
5/5/1997 832,95
3/6/1997 832,95
2/7/1997 887,34
4/8/1997 887,34
2/9/1997 887,34
4/6/1999 928,13
4/6/1999 3.279,39
4/6/1999 928,13
2/7/1999 974,56
4/8/1999 974,57
2/9/1999 974,57
4/10/1999 974,57
225 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4/11/1999 974,57
2/12/1999 1.949,14
4/1/2000 974,57
2/2/2000 974,57
2/3/2000 974,57
4/4/2000 974,57
3/5/2000 974,57
2/6/2000 974,57
4/7/2000 1.030,34
2/8/2000 1.030,34
4/9/2000 1.030,34
3/10/2000 1.030,34
3/11/2000 1.030,34
4/12/2000 2.060,68
3/1/2001 1.030,34
2/2/2001 1.030,34
2/3/2001 1.030,34
3/4/2001 1.031,15
3/5/2001 1.031,15
4/6/2001 1.031,15
3/7/2001 1.110,10
2/8/2001 1.110,10
4/9/2001 1.110,10
3/10/2001 1.110,10
5/11/2001 1.110,10
4/12/2001 2.220,16
3/1/2002 1.110,10
5/2/2002 1.110,10
5/3/2002 1.110,37
2/4/2002 1.110,19
3/5/2002 1.110,19
4/6/2002 1.110,19
3/7/2002 1.212,27
6/8/2002 1.212,27
4/9/2002 1.212,27
3/10/2002 1.212,27
5/11/2002 1.212,27
3/12/2002 2.424,51
3/1/2003 1.212,27
4/2/2003 1.212,27
6/3/2003 1.212,27
2/4/2003 1.212,27
5/5/2003 1.212,27
3/6/2003 1.212,27
2/7/2003 1.451,08
5/8/2003 1.451,08
2/9/2003 1.451,08
2/10/2003 1.451,08
4/11/2003 1.451,08
2/12/2003 2.902,14
226 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5/1/2004 1.451,08
3/2/2004 1.451,08
2/3/2004 1.451,08
s) João Batista Brandão (CPF 272.845.817-00)
Data Valor (R$)
11/11/1996 1.366,62
11/11/1996 672,11
10/12/1996 952,15
10/1/1997 672,11
17/2/1997 673,45
11/3/1997 673,45
9/4/1997 673,45
t) Jonas Breitman (falecido, CPF 334.934.647-20)
Data Valor (R$)
14/10/1996 1.709,64
14/10/1996 712,35
13/11/1996 712,35
12/12/1996 1.068,52
14/1/1997 712,35
17/2/1997 713,77
13/3/1997 713,77
11/4/1997 713,77
u) Jorge dos Santos Barata (falecido, CPF 308.965.417-20)
Data Valor (R$)
6/11/1996 2.122,46
7/11/1996 884,36
6/12/1996 1.252,84
13/1/1997 884,36
17/2/1997 886,13
14/3/1997 886,13
7/4/1997 886,13
8/5/1997 886,13
6/6/1997 886,13
v) Jorge Guimarães Mattos (CPF 373.714.367-68)
Data Valor (R$)
23/10/1996 707,49
23/10/1996 1.277,60
14/11/1996 707,49
13/12/1996 1.061,23
15/1/1997 707,49
18/2/1997 708,90
14/3/1997 708,90
5/4/1997 708,90
15/5/1997 708,90
w) José Nunes da Costa (CPF 052.603.457-20)
227 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Data Valor (R$)
20/11/1996 897,05
20/11/1996 1.794,10
6/12/1996 1.270,82
8/1/1997 897,05
13/2/1997 898,84
7/3/1997 898,84
7/4/1997 898,84
8/5/1997 898,84
x) José Octacílio Vieira (CPF 346.003.297-91)
Data Valor (R$)
14/11/1996 884,36
14/11/1996 2.122,46
16/12/1996 1.252,84
15/1/1997 884,36
20/2/1997 886,13
17/3/1997 886,13
16/4/1997 886,13
15/5/1997 886,13
y) Dayse de Almeida Canas (CPF 336.110.767-91)
Data Valor (R$)
15/10/1996 2.095,91
15/10/1996 816,59
6/11/1996 816,59
3/12/1996 1.292,93
3/1/1997 816,59
5/2/1997 818,22
4/3/1997 818,22
2/4/1997 818,22
9/1/2001 1.017,82
5/2/2001 1.017,82
2/3/2001 1.017,82
3/4/2001 1.018,62
4/5/2001 1.001,80
24/4/2001 38.138,93
5/6/2001 1.001,80
3/7/2001 1.096,60
2/8/2001 1.068,05
4/9/2001 1.068,05
2/10/2001 1.068,05
5/11/2001 1.068,05
4/12/2001 2.193,20
4/1/2002 1.068,05
5/2/2002 1.068,05
4/3/2002 1.139,32
24/4/2001 38.138,93
3/7/2001 1.096,60
4/12/2001 2.193,20
228 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4/3/2002 1.096,87
2/4/2002 1.096,69
3/5/2002 1.197,53
4/6/2002 1.092,14
3/7/2002 1.197,53
2/8/2002 1.177,47
3/9/2002 1.177,47
2/10/2002 1.177,47
4/11/2002 1.177,47
3/12/2002 2.395,05
3/1/2003 1.177,47
4/2/2003 1.177,47
7/3/2003 1.177,47
2/4/2003 1.177,47
5/5/2003 1.177,47
3/6/2003 1.177,47
2/7/2003 1.433,44
4/8/2003 1.378,23
2/9/2003 1.378,23
3/10/2003 1.378,23
4/11/2003 1.428,21
2/12/2003 2.866,87
5/1/2004 1.377,91
3/2/2004 1.377,91
2/3/2004 1.377,91
2/7/2003 1.433,44
4/11/2003 1.428,21
2/12/2003 2.866,87
2/4/2004 1.377,91
4/5/2004 1.377,91
2/6/2004 1.498,34
2/7/2004 1.433,11
3/8/2004 1.019,71
2/9/2004 1.496,77
IV) aplicar aos Srs. Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF 304.397.797-15) e Jair Gonçalves
de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04) a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do
Regimento Interno, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovar,
perante o TCU (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser
proferido até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em
vigor;
V) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendidas as notificações;
VI) tendo em vista a gravidade da infração cometida, aplicar aos Srs. Maria do Carmo Batista de
Almeida (CPF 304.397.797-15) e Jair Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04) a penalidade
de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da
Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992;
VII) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto
que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro,
229 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para
adoção das medidas que entender cabíveis;
VII) comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal –
PGF que decisão indicada na alínea “a” acima não impede a adoção de providências administrativas
e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos aos segurados ali referidos
(alínea “a”), em razão da concessão indevida de benefício previdenciário.”
É o relatório.
VOTO
Cuidam os autos de tomada de contas especial, instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro Social
– INSS, em virtude de prejuízo causado pelos ex-servidores Maria do Carmo Batista de Almeida e Jair
Gonçalves de Almeida Filho concernente à concessão irregular de benefícios previdenciários.
2.Esses benefícios impugnados ocorreram em favor de 25 segurados e provocaram prejuízos aos
cofres do INSS, em valores atualizados, da ordem de R$ 2.000.000,00 (peça 48).
3.Regularmente citados, por via postal ou editalícia, após inúmeras tentativas de notificação,
inclusive nos presídios em que se encontravam custodiados, optaram por permanecer silentes. Dessa
forma, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, resta caracterizada a revelia dos responsáveis,
cabendo dar prosseguimento ao processo.
4.Os beneficiários, por sua vez, não foram chamados a integrar a presente relação processual.
Conforme consignou a unidade técnica, tal posicionamento está alinhado com a jurisprudência desta
Corte no sentido de que a responsabilização dos segurados “dependerá da comprovação de que, seja por
dolo ou culpa, concorreram para a prática do ato fraudulento”.
5.Transcrevo a seguir trechos do voto condutor do Acórdão 1.715/2015-Plenário que esclarece a
tese jurisprudencial adotada por este Tribunal:
“[Mediante] ... o voto condutor do Acórdão 859/2013-Plenário, ... foi tratada situação semelhante
e afastou-se a responsabilidade dos segurados:
‘De forma geral, a despeito de constarem como beneficiários das aposentadorias e pensões, não há
elementos nos autos que demonstrem a ação em conluio com os servidores do INSS ou mesmo que
tenham recebido, de fato, valores referentes a essas concessões. Os elementos disponíveis permitem
apenas caracterizar a participação dos agentes da autarquia e a utilização de documentação incompleta
apresentada pelos segurados para efetivar os ilícitos.’
13. Naqueles autos, o Ministério Público junto ao TCU efetuou as seguintes ponderações:
‘19. Veja-se que o simples fato de solicitar a aposentadoria sem ter tempo suficiente para tanto não
é irregularidade de per si, nem configura fraude por parte do peticionário, pois cabe ao INSS examinar a
documentação apresentada e indeferir o benefício quando não satisfeitos os requisitos legais. Caso
estivesse comprovada a participação desse grupo de pessoas, seja pela forja da documentação, seja pelo
pagamento aos servidores do INSS para a inclusão de tempo de serviço inexistente, ou qualquer outra
hipótese de fraude, poderiam e deveriam ser incluídos como responsáveis solidários na TCE. Não é,
todavia, o que se apurou neste processo, não havendo elementos outros senão única e exclusivamente a
inadequação dos respectivos tempos de serviços para a obtenção das aposentadorias, o que não se
afigura suficiente para torná-los responsáveis perante o TCU.’
...
16. Em suma, o que se verifica é que, na ausência de elementos descritivos da conduta dos
beneficiários, não estão presentes os pressupostos para atrair a jurisdição desta Corte de Contas sobre
esses particulares (§ 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992). Ademais, esses particulares não estão sujeitos ao
regime jurídico administrativo, como estão aqueles que celebram contratos com a administração pública.
17. Tal entendimento também foi adotado mediante os Acórdãos Plenário 2.449/2013, 2.553/2013,
3.038/2013, 3.112/2013, 3.626/2013, 3627/2013 e 3628/2013.
230 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
18. Não é demais lembrar que se está a tratar aqui apenas do ressarcimento das importâncias
recebidas indevidamente, pois o benefício previdenciário em si já foi suspenso pelo INSS. Também não se
está a afirmar que não deve haver a devolução por parte dos beneficiários das importâncias impugnadas,
mas sim que essa busca de ressarcimento deve ocorrer nas instâncias adequadas, em regra, mediante a
competente ação de ressarcimento perante o Poder Judiciário.
19. Ademais, para realçar a necessidade de avaliação da conduta dos beneficiários, rememoro que
esta Corte de Contas vem se deparando com as mais diversas situações envolvendo a participação desses
particulares em fraudes previdenciárias. Desses casos, pode-se extrair a conclusão de que a fraude em
nome do beneficiário não necessariamente implica que ele tenha participado de qualquer esquema de
ilicitude ou até mesmo se beneficiado dos recursos. Como exemplo, cito as situações apuradas mediante
os Acórdãos Plenário 325/2013, 509/2013, 2.158/2013, 3.400/2013 e 3.651/2013, quando se verificou a
utilização indevida de nomes dos beneficiários sem que eles sequer tivessem tido conhecimento do fato.
20. Não há óbices, por certo, para que esta Corte de Contas responsabilize os segurados quando
houver elementos comprobatórios de que eles incorreram na prática de condutas ilícitas, como ocorreu
mediante os Acórdãos Plenário 859/2013, 2.299/2013 e 725/2014.
21. Mesmo que assim não fosse, ou seja, que se entenda haver jurisdição desta Corte na espécie,
não se pode deixar de observar que, quando o TCU aprecia as concessões de reforma, aposentadoria e
pensão, de acordo com o Enunciado de Súmula 106, dispensa a devolução das importâncias recebidas
indevidamente de boa-fé. Ou seja, mediante interpretação analógica dessa jurisprudência, até porque
ambos os casos tratam de alimentos, caberia apreciar a boa-fé dos beneficiários para se aferir a
pertinência de ser determinada a devolução dos valores questionados.
22. Essa análise resta, contudo, prejudicada nos presentes autos ante a ausência de elementos
descritivos da conduta desses beneficiários. A possibilidade de saneamento dos autos, por sua vez,
restaria não recomendada ante o grande espaço de tempo já transcorrido - cerca de 11 anos - e as
previsíveis dificuldades para tanto e poucas possibilidades de sucesso. Até porque o levantamento das
condutas desses beneficiários, no mais das vezes, somente seria possível mediante prova testemunhal
(inaplicável perante o TCU), pois se vislumbra serem raros os casos em que se poderão obter
documentos diversos daqueles já constantes dos autos.
23. Registro, outrossim, que o INSS vem adotando medidas administrativas e judiciais para a
recuperação dos valores pagos indevidamente a título de benefícios previdenciários. No âmbito judicial,
com a possibilidade de produção de prova testemunhal e outros meios de prova não aplicáveis no âmbito
desta Corte, crê-se que haverá maiores condições para se averiguar a pertinência de se responsabilizar
os beneficiários.”
II
6.Conforme consignou a unidade técnica, mediante Procedimento Administrativo Disciplinar -
PAD, verificou-se que os responsáveis:
“cadastraram, no sistema de benefícios, ‘servidores fantasmas’ cujas matrículas foram usadas
para a concessão irregular de aposentadorias por tempo de serviço a 24 segurados, mediante inserções,
em sistema previdenciário federal, sem o devido cuidado e supervisão, de informações incorretas sobre
recolhimentos e vínculos empregatícios posteriormente não comprovados, tudo resultando em
habilitações ilícitas e pagamentos de benefícios ilegais”.
7.Em assim sendo, entendo que os responsáveis devem ser condenados em débito pelas quantias
objeto das citações e ter as suas contas julgadas irregulares com fundamento no art. 16, inciso III, alínea
"c", da Lei 8.443/1992.
8.Há de se ressaltar a inexistência de elementos que possam configurar a boa-fé da responsável, o
que sugere o imediato julgamento das presentes contas, a teor do art. 202, § 6º, do Regimento Interno do
TCU.
9.No tocante à proposta de aplicação de sanções, observo que a jurisprudência até aqui
predominante é pela aplicação da regra geral de prescrição em dez anos a partir do fato – consoante o art.
231 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
205 do Código Civil –, interrompendo-se a contagem do prazo prescricional com a citação válida do
responsável, nos termos do que dispõe o art. 219 do Código Processual Civil.
10.No presente caso, os pagamentos irregulares dos benefícios ocorreram no período de 11/10/1996
a 3/8/2011, ou seja, parte à época da vigência do Código Civil de 1916 e parte já na vigência do novo
Código Civil. Sendo assim, com a vigência do novo código a partir de 11/1/2003, deve-se recorrer à regra
intertemporal do art. 2.028 da referida lei, que assim dispõe: “serão os da lei anterior os prazos, quando
reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade
do tempo estabelecido na lei revogada”.
11.Assim, no caso dos pagamentos irregulares que ocorreram antes da vigência do novo código,
uma vez que se deram em período menor que a metade do prazo prescricional de vinte anos previsto no
código anterior, o termo inicial deve ser 11/1/2003, de forma que a pretensão punitiva desta Corte
prescreveria em 11/1/2013. Como a citação da Sra. Maria do Carmo Batista de Almeida ocorreu em
28/10/2014 e a do Sr. Jair Gonçalves de Almeida Filho, em 24/11/2014, conclui-se que houve a perda do
direito sancionatório desta Corte em relação a esses pagamentos.
12.Da mesma forma, ocorreu a prescrição da pretensão punitiva relativa aos pagamentos realizados
até 28/10/2004 e 24/11/2004 no que se refere, respectivamente, à Sra. Maria do Carmo Batista de
Almeida e ao Sr. Jair Gonçalves de Almeida Filho. Por outro lado, em relação aos pagamentos que
ocorreram após essas datas não se observa o instituto da prescrição, o que enseja a aplicação da multa do
art. 57 da Lei 8.443/1992 e, em face da gravidade das infrações cometidas, a inabilitação dos responsáveis
para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública,
consoante o art. 60 da citada norma.
Ante o exposto, acolho na essência os pareceres precedentes, cujos fundamentos incorporo como
razões de decidir, e voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação deste
Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1224/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 033.737/2012-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Alcinea Silva de Oliveira (309.806.667-91); Alicinia Brevilato (357.334.547-
68); Analia de Castro Macieira (100.693.827-35); Angela Maria Ribeiro Costa (091.335.505-49); Antonio
Pereira Covas Neto (127.135.207-97); Aurelio Goncalves Filho (164.283.237-53); Carlos Tavares Pereira
(051.711.347-31); Damiao da Silva Bobeda (006.372.347-66); Eci dos Santos Ferreira (197.011.797-49);
Fernando Augusto Albrunhosa Machado (242.795.107-25); Francisco Blanco Turnes (191.307.327-00);
Geraldo Carolino de Lima (563.302.867-87); Geraldo de Almeida Franca (191.572.587-91); Gilza
Huguenin de Araujo (344.020.987-34); Iza Farias Caraciolo (370.306.552-49); Jair Gonçalves de
Almeida Filho (710.295.087-04); Jeanete Thereza Calabria da Costa (539.735.507-00); Joao Barbosa de
Oliveira (346.345.417-34); Jonas Breitman (334.934.647-20); Jorge Guimaraes Mattos (373.714.367-68);
Jorge dos Santos Barata (308.965.417-20); Jose Nunes da Costa (052.603.457-20); Jose Octacilio Vieira
(346.003.297-91); João Batista Brandão (272.845.817-00); Maria do Carmo Batista de Almeida
(304.397.797-15).
4. Órgão/Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
232 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em razão da
concessão irregular de benefícios previdenciários,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator em:
9.1. excluir da relação processual os segurados Alcinea Barbosa de Oliveira (CPF 309.806.667-91);
Alicínia Brevilato (CPF 357.334.547-68); Anália de Castro Macieira (CPF 100.693.827-35); Ângela
Maria Ribeiro Costa (CPF 091.335.505- 49); Antônio Pereira Covas Neto (CPF 127.135.207-97); Aurélio
Gonçalves Filho (CPF 164.283.237-53); Carlos Tavares Pereira (CPF 051.711.347-31); Dayse de
Almeida Canas (CPF 336.110.767-91); Damião da Silva Bobeda (CPF 006.372.347-66); Domitila de
Jesus Alves (sem CPF); Eci dos Santos Ferreira (CPF 197.011.797- 49); Fernando Augusto Abrunhosa
Machado (CPF 242.795.107-25); Francisco Blanco Turnes (CPF 191.307.327-00); Geraldo Carolino de
Lima (CPF 563.302.867-87); Geraldo de Almeida Franca (falecido, CPF 191.572.587-91); Gilza
Huguenin de Araújo (CPF 344.020.987-34); Iza Farias Caraciolo (CPF 370.306.552-49); Jeanete Thereza
Calabria da Costa (CPF 539.735.507- 00); João Barbosa de Oliveira (CPF 346.345.417- 34); João Batista
Brandão (CPF 272.845.817-00); Jonas Breitman (falecido, CPF 334.934.647-20); Jorge dos Santos Barata
(falecido, CPF 308.965.417-20); Jorge Guimarães Mattos (CPF 373.714.367-68); José Nunes da Costa
(CPF 052.603.457-20); e José Octacílio Vieira (CPF 346.003.297-91);
9.2. julgar irregulares as contas dos ex-servidores do INSS Maria do Carmo Batista de Almeida
(CPF 304.397.797-15) e Jair Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04), com fundamento nos
arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da
mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, e §§ 1º e 5º, 210 e 214, inciso III, do Regimento
Interno, e condená-los, solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação
do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o TCU (art. 214, inciso III,
alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional do Seguro
Social, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas
discriminadas, até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, em virtude de
fraude na concessão de benefícios previdenciários, ocasionando prejuízo aos cofres públicos, segundo os
pagamentos efetuados aos seguintes segurados:
a) Alcinea Silva de Oliveira (CPF 309.806.667-91)
b) Alcínia Brevilato (CPF 357.334.547-68)
Data Valor (R$)
13/11/1996 1.995,09
13/11/1996 831,29
12/12/1996 1.177,66
14/1/1997 831,29
17/2/1997 832,95
Data Valor (R$)
14/11/1996 2.387,77
14/11/1996 884,36
13/12/1996 1.326,54
16/1/1997 884,36
18/2/1997 886,13
14/3/1997 886,13
14/4/1997 886,13
16/5/1997 886,13
17/6/1997 886,13
15/7/1997 943,97
233 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/3/1997 832,95
11/4/1997 832,95
15/5/1997 832,95
11/8/2000 515,19
11/8/2000 1.030,34
15/9/2000 1.030,34
13/10/2000 1.030,34
14/11/2000 1.030,34
13/12/2000 2.060,68
12/1/2001 1.030,34
15/2/2001 1.030,34
14/3/2001 1.030,34
12/4/2001 1.031,15
14/5/2001 1.031,15
13/6/2001 1.031,15
12/7/2001 1.110,10
13/8/2001 1.110,10
14/9/2001 1.110,10
11/10/2001 1.110,10
14/11/2001 1.110,10
13/12/2001 2.220,16
14/1/2002 1.110,10
18/2/2002 1.110,10
19/3/2002 1.110,37
11/4/2002 1.110,19
14/5/2002 1.110,19
24/6/2002 1.110,19
15/7/2002 1.212,27
15/8/2002 1.212,27
12/9/2002 1.212,27
11/10/2002 1.212,27
14/11/2002 1.212,27
12/12/2002 2.424,51
14/1/2003 1.212,27
17/2/2003 1.212,27
18/3/2003 1.212,27
22/4/2003 1.212,35
20/5/2003 1212,35
16/6/2003 1.215,10
c) Anália de Castro Macieira (CPF 100.693.827-35)
Data Valor (R$)
13/11/1996 884,36
13/11/1996 1.995,28
12/12/1996 1.326,54
14/1/1997 884,36
17/2/1997 886,13
13/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
14/5/1997 886,13
234 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
18/9/1997 943,96
14/10/1997 943,96
13/11/1997 943,96
11/12/1997 1.884,18
14/1/1998 947,71
12/2/1998 943,96
28/4/2000 28.845,85
12/5/2000 1.036,77
13/6/2000 1.036,77
13/7/2000 1.096,12
11/8/2000 1.096,12
14/9/2000 1.096,12
13/10/2000 1.096,12
14/11/2000 1.096,12
13/12/2000 2.192,24
12/1/2001 1.096,12
13/2/2001 1.096,12
13/3/2001 1.096,12
12/4/2001 1.096,97
14/5/2001 1.096,97
13/6/2001 1.096,97
12/7/2001 1.180,96
13/8/2001 1.180,96
14/9/2001 1.180,96
11/10/2001 1.180,96
14/11/2001 1.180,96
13/12/2001 2.361,90
14/1/2002 1.180,96
15/2/2002 1.180,96
13/3/2002 1.181,23
11/4/2002 1.181,05
14/5/2002 1.181,05
13/6/2002 1.181,05
11/7/2002 1.289,64
13/8/2002 1.289,64
12/9/2002 1.289,64
11/10/2002 1.289,64
13/11/2002 1.289,64
12/12/2002 2.579,26
14/1/2003 1.289,64
13/2/2003 1.289,64
17/3/2003 1.289,64
11/4/2003 1.289,64
14/5/2003 1.289,64
12/6/2003 1.289,64
11/7/2003 1.543,70
13/8/2003 1.543,70
11/9/2003 1.543,70
13/10/2003 1.543,70
13/11/2003 1.543,70
235 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11/12/2003 3.087,38
14/1/2004 1.543,70
12/2/2004 1.543,70
11/3/2004 1.546,81
d) Angela Maria Ribeiro Costa (CPF 091.335.505-49)
Data Valor (R$)
19/11/1996 1.674,49
19/11/1996 897,05
12/12/1996 1.270,82
13/1/1997 897,05
13/2/1997 898,84
11/3/1997 898,84
9/4/1997 898,84
12/5/1997 898,84
10/6/1997 898,84
10/7/1997 952,03
11/8/1997 952,03
e) Antônio Pereira Covas Neto (CPF 127.135.207-97)
Data Valor (R$)
21/10/1996 1.377,82
21/10/1996 725,17
8/11/1996 725,17
9/12/1996 1.087,75
9/1/1997 725,17
13/2/1997 726,62
10/3/1997 726,62
8/4/1997 726,62
12/5/1997 726,62
f) Aurélio Gonçalves Filho (CPF 164.283.237-53)
Data Valor (R$)
6/11/1996 2.078,22
6/11/1996 831,29
5/12/1996 1.246,93
7/1/1997 831,29
6/2/1997 832,95
6/3/1997 832,95
4/4/1997 832,95
7/5/1997 832,95
5/6/1997 832,95
4/7/1997 887,34
7/1/1998 3.512,64
7/1/1998 887,31
5/2/1998 887,31
5/3/1998 887,31
6/4/1998 887,31
7/5/1998 887,31
4/6/1998 887,31
236 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6/7/1998 929,98
6/8/1998 929,98
5/12/2002 4.106,35
5/12/2002 2.424,54
7/1/2003 1.212,27
6/2/2003 1.212,27
10/3/2003 1.212,27
4/4/2003 1.212,27
7/5/2003 1.212,27
g) Carlos Tavares Pereira (CPF 051.711.347-31)
Data Valor (R$)
3/12/1996 1.270,82
3/12/1996 897,05
3/12/1996 1.794,10
3/1/1997 897,05
3/2/1997 898,84
3/3/1997 898,84
4/4/1997 898,84
h) Damião da Silva Bobeda (CPF 006.372.347-66)
Data Valor (R$)
29/10/1996 884,36
29/10/1996 1.768,72
14/11/1996 884,36
13/12/1996 884,36
13/12/1996 442,18
16/1/1997 884,36
26/2/1997 886,13
12/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
i)Domitila de Jesus Alves (sem CPF)
Data Valor (R$)
30/10/1996 2.446,72
7/11/1996 884,36
6/12/1996 884,36
6/12/1996 442,18
13/1/1997 884,36
28/2/1997 886,13
6/3/1997 886,13
4/4/1997 886,13
j) Eci dos Santos Ferreira (CPF 197.011.797-49)
Data Valor (R$)
18/11/1996 664,99
3/12/1996 923,60
3/1/1997 738,88
4/2/1997 740,36
4/3/1997 740,36
237 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1/4/1997 740,36
5/5/1997 740,36
k) Fernando Augusto Abrunhosa Machado (CPF 242.795.107-25)
Data Valor (R$)
12/11/1996 884,36
12/11/1996 1.827,67
12/12/1996 1.252,84
13/1/1997 884,36
14/2/1997 886,13
13/3/1997 886,13
11/4/1997 886,13
13/5/1997 886,13
11/6/1997 886,13
11/7/1997 943,97
13/8/1997 943,97
11/9/1997 943,97
13/10/1997 943,97
13/11/1997 943,97
11/12/1997 1.884,20
14/1/1998 947,72
12/2/1998 943,97
12/3/1998 943,97
14/4/1998 943,97
14/5/1998 943,97
12/6/1998 943,97
13/7/1998 989,36
12/8/1998 989,38
11/9/1998 989,38
13/10/1998 989,38
12/11/1998 989,38
10/12/1998 1.978,72
13/1/1999 989,38
10/2/1999 987,41
10/3/1999 987,41
14/4/1999 987,41
12/5/1999 987,41
11/6/1999 987,41
12/7/1999 1.036,77
11/8/1999 1.036,78
13/9/1999 1.036,78
13/10/1999 1.036,78
11/11/1999 1.036,78
10/12/1999 2.073,56
12/1/2000 1.036,78
10/2/2000 1.036,78
14/3/2000 1.036,78
12/4/2000 1.036,78
11/5/2000 1.036,78
12/6/2000 1.036,78
238 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/7/2000 1.096,13
10/8/2000 1.096,13
13/9/2000 1.096,13
11/10/2000 1.096,13
13/11/2000 1.096,13
12/12/2000 2.192,26
12/1/2001 1.096,13
12/2/2001 1.096,13
12/3/2001 1.096,13
11/4/2001 1.096,98
11/5/2001 1.096,98
12/6/2001 1.096,98
11/7/2001 1.180,97
10/8/2001 1.180,97
13/9/2001 1.180,97
10/10/2001 1.180,97
13/11/2001 1.180,97
12/12/2001 2.361,92
11/1/2002 1.180,97
14/2/2002 1.180,97
12/3/2002 1.181,24
10/4/2002 1.181,06
13/5/2002 1.181,06
12/6/2002 1.181,06
10/7/2002 1.289,66
12/8/2002 1.289,66
11/9/2002 1.289,66
10/10/2002 1.289,66
12/11/2002 1.289,66
11/12/2002 2.579,30
13/1/2003 1.289,66
12/2/2003 1.289,66
14/3/2003 1.289,66
10/4/2003 1.289,66
13/5/2003 1.289,66
11/6/2003 1.289,66
10/7/2003 1.543,73
12/8/2003 1.543,73
10/9/2003 1.543,73
10/10/2003 1.543,73
12/11/2003 1.543,73
10/12/2003 3.087,45
13/1/2004 1.543,73
11/2/2004 1.543,73
10/3/2004 1.543,73
29/4/2005 21.242,03
4/5/2005 1.613,68
3/6/2005 1.716,18
5/7/2005 1.716,18
3/8/2005 1.716,18
239 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5/9/2005 1.716,18
5/10/2005 1.716,18
4/11/2005 1.716,18
5/12/2005 3.432,37
4/1/2006 1.716,18
3/2/2006 1.716,18
3/3/2006 1.716,18
5/4/2006 1.716,34
4/5/2006 1.802,00
5/6/2006 1.802,00
5/7/2006 1.802,00
3/8/2006 1.802,00
5/9/2006 2.703,16
4/10/2006 1.802,00
6/11/2006 1.802,18
5/12/2006 3.601,24
l) Francisco Blanco Turnes (CPF 191.307.327-00)
Data Valor (R$)
11/10/1996 1.834,72
11/10/1996 764,47
12/11/1996 764,47
11/12/1996 1.146,70
14/1/1997 764,47
18/2/1997 766,00
20/3/1997 766,00
14/4/1997 766,00
16/5/1997 766,00
12/1/2001 1.900,18
12/1/2001 952,92
14/2/2001 952,92
13/3/2001 952,92
16/4/2001 953,68
14/5/2001 953,68
2/7/2001 953,68
11/7/2001 1.026,69
16/8/2001 1.026,69
19/9/2001 1.026,69
18/10/2001 1.026,69
14/11/2001 1.026,69
18/12/2001 2.053,36
16/1/2002 1.026,69
19/2/2002 1.026,69
19/3/2002 1.026,90
17/4/2002 1.026,76
16/5/2002 1.026,76
12/6/2002 1.026,76
12/7/2002 1.121,18
15/8/2002 1.121,18
14/10/2002 1.121,18
240 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
14/10/2002 1.121,18
19/11/2002 1.121,18
17/12/2002 2.242,34
16/1/2003 1.121,18
19/2/2003 1.121,18
18/3/2003 1.121,18
17/4/2003 1.121,18
15/5/2003 1.121,18
17/6/2003 1.121,18
17/7/2003 1.342,05
19/8/2003 1.342,05
11/9/2003 1.342,05
16/10/2003 1.342,05
18/11/2003 1.342,05
10/12/2003 2.684,06
13/1/2004 1.342,05
11/2/2004 1.342,05
10/3/2004 1.342,05
5/4/2004 1.342,05
5/5/2004 1.342,05
3/6/2004 1.402,81
5/7/2004 1.402,81
4/8/2004 1.402,81
3/9/2004 1.402,81
25/10/2010 772,70
3/12/2010 3.863,52
5/1/2011 1.931,76
3/2/2011 2.055,58
3/3/2011 2.055,58
5/4/2011 2.055,58
4/5/2011 2.055,58
3/6/2011 2.055,58
5/7/2011 2.055,58
3/8/2011 2.055,58
m) Geraldo Carolino de Lima (CPF 563.302.867-87)
Data Valor (R$)
11/11/1996 2.328,81
11/11/1996 884,36
9/12/1996 1.326,54
9/1/1997 884,36
13/2/1997 886,13
10/3/1997 886,13
8/4/1997 886,13
9/5/1997 886,13
9/6/1997 886,13
n) Geraldo de Almeida Franca (falecido sem bens, CPF 191.572.587-91)
Data Valor (R$)
22/10/1996 1.687,61
241 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
22/10/1996 816,59
5/11/1996 816,59
3/12/1996 1.224,88
3/1/1997 816,59
4/2/1997 818,22
4/3/1997 818,22
2/4/1997 818,22
o) Gilza Huguenin de Araujo (CPF 344.020.987-34)
Data Valor (R$)
21/10/1996 712,35
21/10/1996 1.448,44
7/11/1996 712,35
5/12/1996 1.068,52
6/1/1997 712,35
5/2/1997 713,77
5/3/1997 713,77
4/4/1997 713,77
6/5/1997 713,77
12/12/2003 9.381,73
6/1/2004 1.250,71
4/2/2004 1.250,71
3/3/2004 1.250,71
5/4/2004 1.250,71
5/5/2004 1.250,71
3/6/2004 1.307,33
5/7/2004 1.307,33
4/8/2004 1.307,33
3/9/2004 1.307,33
5/10/2004 1.307,51
4/11/2004 1.307,39
3/12/2004 2.614,78
5/1/2005 1.307,39
3/2/2005 1.307,40
3/3/2005 1.307,39
5/4/2005 1.307,39
4/5/2005 1.307,39
3/6/2005 1.390,44
5/7/2005 1.390,44
3/8/2005 140,53
3/8/2005 1.530,08
5/9/2005 1.529,51
5/10/2005 1.529,51
4/11/2005 1.529,24
5/12/2005 3.059,29
4/1/2006 1.529,24
3/2/2006 1.529,24
3/3/2006 1.529,24
p) Iza Frias Caraciolo (CPF 370.306.552-49)
242 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Data Valor (R$)
21/10/1996 1.461,86
21/10/1996 730,93
18/11/1996 730,93
10/12/1996 1.096,39
13/1/1997 730,93
13/2/1997 732,39
11/3/1997 732,39
9/4/1997 732,39
9/10/1997 2.854,97
11/11/1997 780,19
9/12/1997 1.557,26
12/1/1998 783,31
10/2/1998 780,19
10/3/1998 780,19
13/4/1998 780,19
12/5/1998 780,19
9/6/1998 780,19
9/7/1998 817,71
11/8/1998 817,71
9/3/1999 816,08
13/4/1999 816,08
15/4/1999 816,08
26/4/1999 4.080,40
11/5/1999 816,08
10/6/1999 816,08
9/7/1999 856,95
10/8/1999 856,96
10/9/1999 856,95
11/10/1999 856,95
10/11/1999 856,95
9/12/1999 1.713,91
11/1/2000 856,95
9/2/2000 856,95
13/3/2000 856,95
11/4/2000 856,95
10/5/2000 856,95
9/6/2000 856,95
11/7/2000 906,00
9/8/2000 906,00
12/9/2000 906,00
10/10/2000 906,00
10/11/2000 906,00
11/12/2000 1.811,99
10/1/2001 906,00
9/2/2001 906,00
9/3/2001 906,00
10/4/2001 906,73
10/5/2001 906,73
11/6/2001 906,73
243 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/7/2001 976,14
9/8/2001 976,14
12/9/2001 976,14
9/10/2001 976,14
12/11/2001 976,14
11/12/2001 1.952,29
10/1/2002 976,14
13/2/2002 976,14
q) Jeanete Thereza Calabria da Costa (CPF 539.735.507-00)
Data Valor (R$)
31/10/1996 2.387,77
7/11/1996 884,36
6/12/1996 1.326,54
8/1/1997 884,36
7/2/1997 886,13
7/3/1997 886,13
7/4/1997 886,13
8/5/1997 886,13
r) João Barbosa de Oliveira (CPF 346.345.417-34)
Data Valor (R$)
12/11/1996 1.801,12
12/11/1996 831,29
4/12/1996 1.177,66
3/1/1997 831,29
4/2/1997 832,95
5/3/1997 832,95
2/4/1997 832,95
5/5/1997 832,95
3/6/1997 832,95
2/7/1997 887,34
4/8/1997 887,34
2/9/1997 887,34
4/6/1999 928,13
4/6/1999 3.279,39
4/6/1999 928,13
2/7/1999 974,56
4/8/1999 974,57
2/9/1999 974,57
4/10/1999 974,57
4/11/1999 974,57
2/12/1999 1.949,14
4/1/2000 974,57
2/2/2000 974,57
2/3/2000 974,57
4/4/2000 974,57
3/5/2000 974,57
2/6/2000 974,57
4/7/2000 1.030,34
244 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
2/8/2000 1.030,34
4/9/2000 1.030,34
3/10/2000 1.030,34
3/11/2000 1.030,34
4/12/2000 2.060,68
3/1/2001 1.030,34
2/2/2001 1.030,34
2/3/2001 1.030,34
3/4/2001 1.031,15
3/5/2001 1.031,15
4/6/2001 1.031,15
3/7/2001 1.110,10
2/8/2001 1.110,10
4/9/2001 1.110,10
3/10/2001 1.110,10
5/11/2001 1.110,10
4/12/2001 2.220,16
3/1/2002 1.110,10
5/2/2002 1.110,10
5/3/2002 1.110,37
2/4/2002 1.110,19
3/5/2002 1.110,19
4/6/2002 1.110,19
3/7/2002 1.212,27
6/8/2002 1.212,27
4/9/2002 1.212,27
3/10/2002 1.212,27
5/11/2002 1.212,27
3/12/2002 2.424,51
3/1/2003 1.212,27
4/2/2003 1.212,27
6/3/2003 1.212,27
2/4/2003 1.212,27
5/5/2003 1.212,27
3/6/2003 1.212,27
2/7/2003 1.451,08
5/8/2003 1.451,08
2/9/2003 1.451,08
2/10/2003 1.451,08
4/11/2003 1.451,08
2/12/2003 2.902,14
5/1/2004 1.451,08
3/2/2004 1.451,08
2/3/2004 1.451,08
s) João Batista Brandão (CPF 272.845.817-00)
Data Valor (R$)
11/11/1996 1.366,62
11/11/1996 672,11
10/12/1996 952,15
245 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/1/1997 672,11
17/2/1997 673,45
11/3/1997 673,45
9/4/1997 673,45
t) Jonas Breitman (falecido, CPF 334.934.647-20)
Data Valor (R$)
14/10/1996 1.709,64
14/10/1996 712,35
13/11/1996 712,35
12/12/1996 1.068,52
14/1/1997 712,35
17/2/1997 713,77
13/3/1997 713,77
11/4/1997 713,77
u) Jorge dos Santos Barata (falecido, CPF 308.965.417-20)
Data Valor (R$)
6/11/1996 2.122,46
7/11/1996 884,36
6/12/1996 1.252,84
13/1/1997 884,36
17/2/1997 886,13
14/3/1997 886,13
7/4/1997 886,13
8/5/1997 886,13
6/6/1997 886,13
v) Jorge Guimarães Mattos (CPF 373.714.367-68)
Data Valor (R$)
23/10/1996 707,49
23/10/1996 1.277,60
14/11/1996 707,49
13/12/1996 1.061,23
15/1/1997 707,49
18/2/1997 708,90
14/3/1997 708,90
5/4/1997 708,90
15/5/1997 708,90
w) José Nunes da Costa (CPF 052.603.457-20)
Data Valor (R$)
20/11/1996 897,05
20/11/1996 1.794,10
6/12/1996 1.270,82
8/1/1997 897,05
13/2/1997 898,84
7/3/1997 898,84
7/4/1997 898,84
8/5/1997 898,84
246 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
x) José Octacílio Vieira (CPF 346.003.297-91)
Data Valor (R$)
14/11/1996 884,36
14/11/1996 2.122,46
16/12/1996 1.252,84
15/1/1997 884,36
20/2/1997 886,13
17/3/1997 886,13
16/4/1997 886,13
15/5/1997 886,13
y) Dayse de Almeida Canas (CPF 336.110.767-91)
Data Valor (R$)
15/10/1996 2.095,91
15/10/1996 816,59
6/11/1996 816,59
3/12/1996 1.292,93
3/1/1997 816,59
5/2/1997 818,22
4/3/1997 818,22
2/4/1997 818,22
9/1/2001 1.017,82
5/2/2001 1.017,82
2/3/2001 1.017,82
3/4/2001 1.018,62
4/5/2001 1.001,80
24/4/2001 38.138,93
5/6/2001 1.001,80
3/7/2001 1.096,60
2/8/2001 1.068,05
4/9/2001 1.068,05
2/10/2001 1.068,05
5/11/2001 1.068,05
4/12/2001 2.193,20
4/1/2002 1.068,05
5/2/2002 1.068,05
4/3/2002 1.139,32
24/4/2001 38.138,93
3/7/2001 1.096,60
4/12/2001 2.193,20
4/3/2002 1.096,87
2/4/2002 1.096,69
3/5/2002 1.197,53
4/6/2002 1.092,14
3/7/2002 1.197,53
2/8/2002 1.177,47
3/9/2002 1.177,47
2/10/2002 1.177,47
4/11/2002 1.177,47
247 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3/12/2002 2.395,05
3/1/2003 1.177,47
4/2/2003 1.177,47
7/3/2003 1.177,47
2/4/2003 1.177,47
5/5/2003 1.177,47
3/6/2003 1.177,47
2/7/2003 1.433,44
4/8/2003 1.378,23
2/9/2003 1.378,23
3/10/2003 1.378,23
4/11/2003 1.428,21
2/12/2003 2.866,87
5/1/2004 1.377,91
3/2/2004 1.377,91
2/3/2004 1.377,91
2/7/2003 1.433,44
4/11/2003 1.428,21
2/12/2003 2.866,87
2/4/2004 1.377,91
4/5/2004 1.377,91
2/6/2004 1.498,34
2/7/2004 1.433,11
3/8/2004 1.019,71
2/9/2004 1.496,77
9.3. aplicar aos Srs. Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF 304.397.797-15) e ao Sr. Jair
Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04), individualmente, multa no valor de R$ 70.000,00
(setenta mil reais), com fulcro no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, com a
fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o TCU (art. 214,
inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a dos efetivos
recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.5. inabilitar, pelo período de 5 (cinco) anos, a Sra. Maria do Carmo Batista de Almeida (CPF
304.397.797-15) e o Sr. Jair Gonçalves de Almeida Filho (CPF 710.295.087-04) para o exercício de cargo
em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei
8.443/1992;
9.6. encaminhar cópia desta deliberação, bem como do relatório e do voto que a fundamentaram, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, nos termos do art. 16, § 3º,
da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que
entender cabíveis;
9.7. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal –
PGF que a decisão indicada no item 9.1 não impede a adoção de providências administrativas e/ou
judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos aos segurados ali referidos, em
razão da concessão indevida de benefício previdenciário.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
248 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1224-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE I – Plenário
TC 007.141/2012-2
Natureza: Pedido de Reexame em Monitoramento
Unidade: Superintendência Regional do Incra no Estado do Maranhão
Recorrente: José Inácio Sodré Rodrigues (475.545.093-49)
Interessado: Caixa Econômica Federal (00.360.305/0001-74)
Representação legal: Paulo Jorge Saba Neto (12.443/OAB-MA), representando José Inácio Sodré
Rodrigues.
SUMÁRIO: MONITORAMENTO DE REPRESENTAÇÃO. MULTA PELO NÃO
ATENDIMENTO INJUSTIFICADO A DILIGÊNCIA EM PROCESSO DE MONITORAMENTO.
POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA SANÇÃO SEM A NECESSIDADE DE AUDIÊNCIA.
PEDIDO DE REEXAME NÃO CONHECIDO POR INTEMPESTIVO. NOVO PEDIDO DE
REEXAME CONHECIDO COMO MERA PETIÇÃO. ANULAÇÃO DO ACÓRDÃO ANTERIOR.
CONHECIMENTO E ANÁLISE DO MÉRITO DO PRIMEIRO PEDIDO DE REEXAME. NÃO
PROVIMENTO. CIÊNCIA AO RECORRENTE.
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução inserta à peça 87, produzida no âmbito da Secretaria de Recursos
(Serur) do Tribunal de Contas da União (TCU), a qual transcrevo a seguir com os ajustes de forma que
julgo pertinentes, e cujo encaminhamento contou com a anuência do corpo diretivo daquela unidade
técnica (peças 88 e 89):
“INTRODUÇÃO
Cuidam os autos de pedido de reexame interposto por José Inácio Sodré Rodrigues,
superintendente Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Maranhão
(peça 54), em face do Acórdão 2.705/2014 – TCU – Plenário (peça 63), que não conheceu de seu
anterior pedido de reexame contra o Acórdão 935/2014 – TCU – Plenário (peça 44).
2. A deliberação recorrida tem o seguinte teor (peça 63):
‘Excerto da Relação 26/2014 – TCU – Plenário
Relator - Ministro AROLDO CEDRAZ
ACÓRDÃO Nº 2705/2014 – TCU – Plenário
Trata-se de pedido de reexame interposto pelo Sr. José Inácio Sodré Rodrigues contra os termos do
Acórdão 935/2014 – TCU – Plenário, prolatado na sessão de 9/4/2014 (Ata 11/2014 – Plenário).
considerando que o interessado acima nominado foi notificado da deliberação recorrida na data de
19/5/2014, e somente compareceu ao Tribunal para apresentar recurso em 1/7/2014;
considerando que o prazo para a interposição de pedido de reexame é de quinze dias, nos termos
do art. 48, parágrafo único, c/c o art. 33, da Lei 8.443/92;
considerando, que a peça recursal não apresenta fatos novos supervenientes, para que venha a ser
admitida nos termos do parágrafo único do art. 32 da Lei 8.443/92, c/c o art. 285, § 2º, e 286 do
Regimento Interno;
249 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
considerando, ainda, os pareceres uniformes da Secretaria de Recursos e do Ministério Público
junto ao TCU, no sentido do não-conhecimento do presente recurso, ante a intempestividade verificada;
Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 32, 33 e 48 da Lei 8.443/92, c/c os arts. 143, inciso IV, alínea ‘b’
e § 3º; 285 e 286 do Regimento Interno do TCU, em não conhecer do pedido de reexame interposto por
José Inácio Sodré Rodrigues, e enviar ao recorrente cópia desta deliberação, bem como do exame de
admissibilidade efetuado pela Secretaria de Recursos.
3. O exame de admissibilidade efetuado pela Serur, por sua vez, fundamentou-se, em síntese, nos
seguintes argumentos para justificar o não-conhecimento do recurso interposto (peça 56 – grifado no
original):
2.2. TEMPESTIVIDADE
O pedido de reexame foi interposto dentro do prazo previsto na Lei Orgânica e no Regimento
Interno do TCU?
NOME DO RECORRENTE NOTIFICAÇÃO INTERPOSIÇ
ÃO RESPOSTA
José Inácio Sodré
Rodrigues
19/05/2014 –
MA
(Peça 52)
01/07/2014
- MA Não
*Inicialmente, é possível afirmar que o recorrente foi devidamente notificado em seu domicílio
legal, conforme peça 52, e de acordo com o disposto no art. 179, II, do RI/TCU c/c art. 76 do Código
Civil.
Assim, considerando que ‘a data de início do prazo é contada a partir do primeiro dia em que
houver expediente no Tribunal’, nos termos do art. 19, §3°, da Resolução/TCU 170/2004, o termo a quo
para análise da tempestividade foi o dia 20/05/2014, concluindo-se, portanto, pela intempestividade deste
recurso, pois o termo final para sua interposição foi o dia 03/06/2014.
2.2.1. Em sendo intempestivo, houve superveniência de fatos novos? Não.
Para análise do presente requisito, verifica-se oportuno a realização de breve histórico dos autos.
Trata-se de monitoramento do cumprimento das determinações dos seguintes itens do acórdão
118/2012 TCU- Plenário (peça 1), que apreciou relatório de auditoria realizada no Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - Superintendência Regional no Estado do Maranhão - Incra/MA e na
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão - Fetaema para
verificar a execução do Projeto de Crédito Fundiário e Combate à Pobreza Rural/Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar.
Por meio do Acórdão 935/2014-TCU-Plenário (peça 44), este Tribunal aplicou ao recorrente,
multa no valor de R$ 4.000,00, pelo não atendimento às diligências do TCU, com fundamento no art. 58,
inciso IV, da Lei 8.443/1992.
Em essência, restou configurado nos autos que duas das diligências encaminhadas para apurar a
situação do exame da prestação de contas do convênio CRT/MA 6.000/2004 não obtiveram qualquer
resposta por parte do Incra/MA, embora os expedientes tenham sido entregues na entidade em 29/5 e
29/11/2013, como comprovam as peças 24 e 36.
Devidamente notificado, o recorrente interpõe a presente peça recursal intempestiva.
Preliminarmente, faz-se mister ressaltar que o artigo 32, parágrafo único, da Lei 8.443/1992,
estatui que ‘não se conhecerá de recurso interposto fora do prazo, salvo em razão de superveniência de
fatos novos, na forma do Regimento Interno’.
Regulamentando esse dispositivo, o artigo 285, § 2°, do RI/TCU dispõe que ‘Não se conhecerá de
recurso de reconsideração quando intempestivo, salvo em razão de superveniência de fatos novos e
dentro do período de cento e oitenta dias contado do término do prazo indicado no caput, caso em que
não terá efeito suspensivo’. Tal dispositivo aplica-se também ao pedido de reexame, com fulcro no artigo
286, parágrafo único, do RI/TCU.
250 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Dessa forma, para que o presente recurso possa ser conhecido, uma vez interposto dentro do
período de cento e oitenta dias, torna-se necessária a superveniência de fatos novos.
Nesse aspecto, impende esclarecer que compete ao recorrente apontar qual seria o fato novo a
ensejar o conhecimento da peça recursal intempestiva. Não caberia a este TCU deduzir quais, dentre os
argumentos ou documentos apresentados, possuiria tal condição.
Nesse sentido, inclusive, é válido citar o excerto do voto condutor do Acórdão 3278/2012 - TCU -
Plenário:
16. Ora, não cabe a este Tribunal inferir qual o fato novo trazido pelo recorrente para o
conhecimento do recurso interposto fora do prazo legal, o ônus de apontar e demonstrar que o fato é
novo é do recorrente. Caso ele não alegue e nem comprove se tratar de fato ainda não considerado na
deliberação, não é dever do Tribunal, de ofício, inferir, ou mesmo buscar, entre os inúmeros argumentos,
alegações, e não raro, documentos trazidos, qual o fato novo com eficácia sobre a prova produzida a ser
considerado para o conhecimento do recurso.
E outro entendimento não seria possível. A mera existência de um conjunto de argumentos ou
documentos, sem referência a um fato novo apto a, em sede preliminar, viabilizar o conhecimento do
recurso intempestivo, pressupõe o intuito de rediscutir o mérito do acórdão recorrido. Tal procedimento
somente seria permitido caso fosse cumprido o prazo legal para a interposição do recurso adequado.
Conforme consignado no precedente transcrito, não cabe a este Tribunal inferir qual o fato novo
trazido pelo recorrente para conhecer do recurso interposto fora do prazo legal. O ônus de apontar e
demonstrar que o fato seria novo é do recorrente. Caso ele não alegue e nem comprove este pressuposto,
não é dever do Tribunal, de ofício, deduzir, ou mesmo buscar, entre os inúmeros argumentos ou até
mesmo documentos trazidos, qual o fato novo com eficácia sobre a prova produzida a ser considerado.
Na peça ora em exame, o recorrente não atende tal pressuposto e limita-se a apresentar os
seguintes argumentos:
a) a aplicação de multa não foi precedida de audiência (peça 54, p. 2-4); e
b) o voto condutor do acórdão recorrido não apresenta a necessária fundamentação (peça 54, p. 4-
5).
Isto posto, preliminarmente, não cabe conhecer do presente recurso, pois não há apontamento de
qual seria o fato novo a ensejar o conhecimento da presente peça recursal intempestiva. Conforme
examinado acima, não cabe a este Tribunal, de ofício, deduzir, ou mesmo buscar, entre os inúmeros
argumentos ou até mesmo documentos trazidos, qual o fato novo com eficácia sobre a prova produzida a
ser considerado.
Caso superado tal óbice, faz-se necessário tecer as seguintes considerações acerca do presente
recurso.
O recorrente busca afastar a sua responsabilidade por meio de argumentos e teses jurídicas que,
ainda que inéditos, não são considerados fatos novos por este Tribunal, conforme consolidada
jurisprudência desta Corte (Acórdão 923/2010 - TCU - Plenário, Acórdãos 6989/2009 e 323/2010,
ambos da 1a Câmara, e Acórdão 1285/2011 - TCU - 2a Câmara).
Com efeito, novas linhas argumentativas representariam elementos ordinários que somente
justificariam o seu exame na hipótese de interposição tempestiva do recurso. Entendimento diverso
estenderia para cento e oitenta dias, em todos os casos, o prazo para interposição dos recursos de
reconsideração e pedido de reexame, tornando letra morta o disposto no artigo 33 da Lei 8.443/1992,
que estabelece período de quinze dias para apresentação destes apelos.
A tentativa de se provocar a pura e simples rediscussão de deliberações do TCU com base em
discordância com as conclusões deste Tribunal não se constitui em fato ensejador do conhecimento do
recurso fora do prazo legal.
Não há que se falar em nulidade no procedimento, hipótese em que a questão poderia ser
reconhecida de ofício por este Tribunal. A possibilidade de aplicação de multa por descumprimento da
diligência requerida constou efetivamente dos expedientes encaminhados ao gestor (peças 22 e 31),
251 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
prescindindo, dessa forma, de nova audiência para sua aplicação, conforme autorizado pelo art. 268, §
3°, do Regimento Interno deste Tribunal.
Não procede, igualmente, a argumentação do recorrente de que a decisão guerreada carece de
argumentação. Verifica-se, a teor do voto que precedeu o acórdão combatido, que a apenação impingida
ao responsável está devidamente amparada em dispositivos que regulam o processo no âmbito desta
Corte de Contas, in verbis:
Assim, considerando que: (i) o prazo fixado para atendimento da deliberação foi de 90 dias; (ii)
decorreu grande lapso de tempo desde as comunicações; e (iii) houve, nos ofícios expedidos (peças 22 e
31), advertência de que o não cumprimento à diligência deste Tribunal, no prazo fixado, sem causa
justificada, poderia ensejar a aplicação da multa do art. 58, incisos IV, da Lei 8.443/1992, bem como de
que a penalidade ‘prescinde de realização de prévia audiência, nos termos do art. 268, inciso IV e § 3°,
do Regimento Interno do TCU’, cabe, ao invés de realizar audiência do gestor, como proposto pela
unidade técnica, aplicar, desde já, a referida sanção, sem prejuízo da realização de determinação para
obter as informações faltantes.
Esse desfecho encontra precedentes em deliberações do Tribunal, a exemplo dos acórdãos
404/2006, 1.236/2008 e 104/2012 do Plenário e 1.217/2013 da 2a Câmara, entre outros.
Por todo o exposto, preliminarmente não há como conhecer o expediente recursal intempestivo que
não aponta fato novo, nos termos do artigo 32, parágrafo único, da Lei 8.443/1992. Superado este ponto,
também não há que se falar na existência de fatos novos no presente expediente recursal, motivo pelo
qual a impugnação não merece ser conhecida.
4. O Acórdão 935/2014 – TCU – Plenário, por sua vez, tem a seguinte redação, no que interessa ao
objeto da presente irresignação do recorrente (peça 44):
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pela relatora e com fundamento nos artigos 24 a 26; 28 e 58, inciso IV, da Lei
8.443/1992, c/c os artigos 215 a 217; 219; e 268, inciso IV e § 3º, do Regimento Interno, em:
9.1. considerar cumprido o subitem 9.5 do acórdão 118/2012 – Plenário;
9.2. ante o não atendimento às diligências do Tribunal, aplicar a José Inácio Sodré Rodrigues,
superintendente regional do Incra no Maranhão, multa de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), a ser recolhida
ao Tesouro Nacional, com incidência de encargos legais, calculados da data deste acórdão até a data do
pagamento, se este for efetuado após o vencimento do prazo abaixo estipulado;
9.3. fixar prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovação, perante o
Tribunal, do recolhimento da dívida acima imputada;
9.4. autorizar o desconto integral ou parcelado da dívida na remuneração do responsável,
observado o percentual mínimo estabelecido no art. 46 da Lei 8.112/1990;
9.5. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação e não seja possível a
adoção da medida do subitem anterior;
9.6. autorizar o pagamento da dívida em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais consecutivas, caso
venha a ser solicitado pelo responsável antes do envio do processo para cobrança judicial;
9.7. fixar o vencimento da primeira parcela em 15 (quinze) dias a contar do recebimento da
notificação e o das demais a cada 30 (trinta) dias, com incidência de encargos legais sobre o valor de
cada parcela;
9.8. alertar ao responsável que a inadimplência de qualquer parcela acarretará vencimento
antecipado do saldo devedor;
9.9. determinar à Superintendência Regional do Incra no Estado do Maranhão que, no prazo de 15
(quinze) dias, a contar da ciência desta deliberação, informe conclusivamente ao Tribunal o resultado
das medidas adotadas para cumprir o subitem 9.4 do acórdão 118/2012 – Plenário, relativo à análise da
prestação de contas e, se for o caso, à instauração de tomada de contas especial referente ao convênio
CRT/MA 6.000/2004 (Siafi 518019), celebrado com a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na
Agricultura do Estado do Maranhão – Fetaema; e
252 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.10. determinar à Secex/MA que prossiga no monitoramento objeto deste processo no que diz
respeito às medidas para cumprir o subitem 9.4 do acórdão 118/2012 – Plenário.
HISTÓRICO
5. Cuidam os autos de monitoramento do cumprimento do Acórdão 118/2012 – Plenário, que
apreciou relatório de auditoria realizada no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –
Superintendência Regional no Estado do Maranhão – Incra/MA e na Federação dos Trabalhadores e
Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão – Fetaema para verificar a execução do Projeto
de Crédito Fundiário e Combate à Pobreza Rural/Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (peça 1).
6. Por meio do subitem 9.4 do supracitado Acórdão 118/2012 – Plenário, determinou-se à
Superintendência Regional do Incra no Estado do Maranhão que adotasse providências para a prestação
de contas do Convênio CRT/MA 6.000/2004 (Siafi 518019), celebrado com a Federação dos
Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão – Fetaema e, quando de sua
análise, considerasse as irregularidades constatadas na auditoria objeto dos presentes autos,
instaurando, se for o caso, tomada de contas especial e encaminhando o respectivo processo a este
Tribunal no prazo máximo de 90 (noventa) dias contados da ciência desta deliberação.
7. Na mesma assentada, por meio do subitem 9.5, determinou-se à Superintendência Regional da
Caixa Econômica Federal no Estado do Maranhão que adotasse providências para encaminhar a este
Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da ciência da deliberação, os resultados da tomada de
contas especial instaurada em razão de impropriedade na execução do Contrato de Repasse 0169476-
05/2004 (Siafi 515724), celebrado com a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura
do Estado do Maranhão – Fetaema.
8. Todavia, os órgãos destinatários das diligências empreendidas pelo Tribunal não atenderam
plenamente às determinações, consoante ressaltou a unidade técnica, merecendo o seguinte excerto da
instrução então elaborada, reproduzida parcialmente no Relatório do Acórdão recorrido (peça 46, p. 1-2
– grifado no original):
‘2. De acordo com recentes extratos do módulo processus (peça 38), verifica-se que, até o
momento, não chegaram à Secex/MA as tomadas de contas especiais ordenadas no acórdão 118/2012 do
Pleno, quer associadas à Fetaema (CNPJ 06.062.327/0001-74) ou às pessoas naturais Domingos
Albuquerque Paz (CPF 251.279.343-53) e Francisco Sales de Oliveira (CPF 054.856.653-49), quer ao
convênio CRT/MA 6.000/2004 (Siafi 518019) ou ao contrato de repasse 0169476-05/2004 (Siafi 515724).
3. Avulta, também, a inobservância dos chamamentos do TCU pelo Incra/MA, assim como a
vagueza da resposta da CEF-MA, que se cingiu a reprisar anterior expediente, e a oriunda da CGU-MA
dando conta de engano, da parte desta regional de Controle Externo, no endereçar da diligência.
4. Com relação ao Incra/MA, tradicionalmente avesso a materializar as ordens desta Seccional do
TCU, cabe audiência prévia do respectivo superintendente, a fim de que justifique as razões que o
levaram a descumprir o item 9.4 do acórdão 118/2012- Plenário e, na sequência, a calar-se diante das
diligências instrumentalizadas por meio dos ofícios 863 e 2819/2013.
5. No tocante à CEF/MA e ao Controle Interno, o melhor a fazer consiste em enviar a este, mais
exatamente ao órgão especializado a que alude o ofício 36231/2013, comunicação processual com
requisição de informações sobre as exatas providências para abertura – e posterior remessa à Secex/MA
– da TCE relativa ao contrato de repasse 169476-05/2004 (Siafi 515724).
6. Nesse contexto, e em alinhamento com as propostas lançadas no quadro acima, sugere-se:
a) com fulcro na delegação de competência inscrita no art. 1.°, II, da Portaria Min-AA 1/2011, e
nos arts. 10, § 1.°, e 11 da LOTCU c/c os arts. 157, § 1.°, e 201, § 1.°, do RITCU, a audiência de José
Inácio Rodrigues Sodré, superintendente Regional do Incra no Maranhão, para que, no prazo de quinze
dias, ofereça razões de justificativa com relação ao descumprimento das diligências formalizadas por
intermédio dos ofícios 863 e 2819/2013 (docs. 1 e 2), esta e aquela referentes às medidas adotadas pela
mencionada autarquia federal para, in concreto, dar atendimento ao item 9.4 do acórdão 118/2012-
Plenário (doc. 3), abaixo transcrito:
253 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(omissis)
b) com base na delegação de competência insculpida no art. 1.°, I, da Portaria Min-AA 1/2011,
diligência, com prazo inextensível de 15 (quinze) dias ou outro que se entenda mais adequado arbitrar,
considerando a extrapolação do prazo inserto na deliberação do TCU, à Coordenação Geral de
Auditoria da Área de Pessoal e Benefícios e de Tomada de Contas Especial, para que, nos termos do art.
38, III, da Portaria 570/2007 (Regimento Interno da CGU), informe, diante do que se consignou no ofício
36231/2013-CGU-REGIONAL/MA-GAB e no memorando 8324/2013-CGU-Regional/MA, os dois de
28/11/2013 (doc. 1) e originários da Controladoria Regional da União no Estado do Maranhão, a
situação da tomada de contas especial instaurada em homenagem ao subitem 9.5 do acórdão 118/2012-
TCU-Plenário (doc. 2), assim redigido:
(omissis)’
9. O encaminhamento proposto, embora tendo contado com o aval dos dirigentes da unidade
técnica (peças 40 e 41), não foi acatado totalmente pelo relator a quo, com base no seguinte
entendimento (peça 45):
2. Das três diligências realizadas para apurar a situação atual do exame da prestação de contas do
convênio CRT/MA 6.000/2004, as duas últimas não obtiveram qualquer resposta por parte do Incra/MA,
embora os expedientes tenham sido entregues na entidade em 29/5 e 29/11/2013, como comprovam as
peças 24 e 36.
3. Assim, considerando que: (i) o prazo fixado para atendimento da deliberação foi de 90 dias; (ii)
decorreu grande lapso de tempo desde as comunicações; e (iii) houve, nos ofícios expedidos (peças 22 e
31), advertência de que o não cumprimento à diligência deste Tribunal, no prazo fixado, sem causa
justificada, poderia ensejar a aplicação da multa do art. 58, incisos IV, da Lei 8.443/1992, bem como de
que a penalidade ‘prescinde de realização de prévia audiência, nos termos do art. 268, inciso IV e § 3º,
do Regimento Interno do TCU’, cabe, ao invés de realizar audiência do gestor, como proposto pela
unidade técnica, aplicar, desde já, a referida sanção, sem prejuízo da realização de determinação para
obter as informações faltantes.
4. Esse desfecho encontra precedentes em deliberações do Tribunal, a exemplo dos acórdãos
404/2006, 1.236/2008 e 104/2012 do Plenário e 1.217/2013 da 2ª Câmara, entre outros.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
10. O pedido de reexame foi conhecido pelo relator ad quem, nos termos do artigo 48 da Lei
8.443/1992, c/c os artigos 285 e 286, parágrafo único, do RI/TCU, suspendendo-se os efeitos dos itens
9.2, 9.3, 9.4 e 9.5 do Acórdão 935/2014 – Plenário em relação ao recorrente, anuindo à análise da Serur
(peça 82), assim redigida no essencial (peça 78, grifado no original):
Trata-se de ‘Pedido de Reexame’ interposto por José Inácio Sodré Rodrigues em face do Acórdão
2705/2014-Plenário (Peça 63), que não conheceu de seu anterior pedido de reexame, por restar
intempestivo e não apresentar fatos novos.
Neste momento, o responsável ingressa com o expediente que ora se analisa, com o objetivo de
impugnar os termos da deliberação que apreciou o seu recurso anterior, em especial o exame de
tempestividade realizado por esta SERUR.
Argumenta que, à época da notificação do Acórdão 935/2014-Plenário (peça 44), comunicação
esta enviada ao INCRA, não era mais servidor do Instituto Nacional de Colonização Agrária -
Superintendência Regional no Estado do Maranhão - Incra/MA. Para tanto, anexa em sua peça recursal,
cópia do DOU com a sua respectiva exoneração, ocorrida em 04/04/2014 (peça 74).
Compulsando os autos, verifica-se que a respectiva notificação do Acórdão 935/2014 – Plenário
(peça 44) foi recebida no endereço do Incra/MA no dia 19/05/2014 (peça 52), portanto em data em que o
Sr. José Inácio Sodré Rodrigues não mais exercia função no respectivo ente federal.
Dessa forma, entende-se que não foi atendido o disposto do art. 179, II do RI/TCU, restando
prejudicado, a nosso ver, a notificação do responsável, razão pela qual propõe-se a retificação da
Instrução de Admissibilidade de Recursos de peça 56, no sentido de tornar prejudicada o exame de
tempestividade, com o respectivo conhecimento do recurso de peça 54, nos seguintes termos:
254 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3.1 conhecer do pedido de reexame interposto por José Inácio Sodré Rodrigues (peça 54), nos
termos do artigo 48 da Lei 8.443/1992, c/c os artigos 285 e 286, parágrafo único, do RI/TCU,
suspendendo-se os efeitos dos itens 9.2, 9.3, 9.4 e 9.5 do Acórdão 935/2014-Plenário em relação ao
recorrente;
11. Desse modo, propõe-se dar integral provimento ao presente apelo recursal, para anular o
Acórdão 2705/2014 – TCU – Plenário (peça 63), que não conheceu de seu anterior pedido de reexame
contra o Acórdão 935/2014 – TCU – Plenário (peça 44), por error in procedendo.
12. Impõe-se, consequentemente, apreciar o mérito do pedido de exame anteriormente interposto
contra o Acórdão 935/2014 – TCU – Plenário (peça 44).
EXAME DE MÉRITO
13. Delimitação
13.1. Constitui objeto do presente exame verificar se:
a) a aplicação de multa não foi precedida de audiência (peça 54, p. 2-4); e
b) o Voto condutor do Acórdão recorrido não apresenta a necessária fundamentação (peça 54, p.
4-5).
14. Da suposta nulidade da aplicação de multa, por ausência de prévia audiência.
Argumentos
14.1. Alega o recorrente suposta existência de vício na sanção que lhe foi imposta, fundamentando-
se nas seguintes teses defensivas (peça 56, p. 2-4):
a) pontua que ao receber o Oficio de Notificação 1344/2014 (peça 48), em 16/6/2014, ‘contendo
referida decisão, foi tomado pela surpresa diante da total ausência de defesa, elemento essencial a
rebater o dito não atendimento das diligências requeridas por parte dos auditores’;
b) diz ter-lhe causado espécie a’ forma sumária como foi aplicada a multa, sem, reitera-se, permitir
que fosse apresentado nenhum argumento justificador do referido atraso no cumprimento das
diligências, contrariando o Regimento Interno do próprio Tribunal, a Carta Magna, o Relatório e a
instrução do Auditor’;
c) cita o art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União, Lei 8.443/1992, o
qual, segundo o seu entendimento, ‘é bem claro quando determina que deverá conter essencialmente no
relatório do Ministro-Relator, o relatório do técnico responsável pela análise do processo (...)’;
d) na esteira desse entendimento, cita o item 5 da instrução da unidade técnica (peça 38), que
havia proposto prévia audiência do então gestor para aplicação da multa que, posteriormente, lhe foi
imposta;
e) cita, ainda, o item 6 do Relatório da Relatora do processo (peça 46), que reproduz a proposta da
unidade técnica;
f) acrescenta, ainda, art. 268, inciso IV, § 3º, do Regimento Interno do Tribunal, que prevê,
segundo o recorrente, ‘ser imprescindível a audiência prévia do responsável em caso de multa (...)’. Aduz
que esse dispositivo prescreve ‘que haverá audiência prévia desde que conste a possibilidade de
aplicação de multa na comunicação do expediente, no que mencionamos o item 2 do Oficio de Diligência
n.° 2819/2013, peça 31, endereçado ao Recorrente, onde consta tal determinação (...)’ (grifo nosso);
g) assevera que ‘não conceder audiência prévia e aplicar, reitera-se, multa, sumariamente, ao ora
Recorrente é violar a própria norma interna da casa, bem como incorrer-se em gravíssima violação à
ordem constitucional vigente, tão duramente conquistada’; e
h) ressalta, por fim, que o inciso LV do art. 5º da Constituição Federal de 1988 ‘é bem explícito no
que pertine aos princípios da ampla defesa e contraditório (...)’.
Análise
13.2. Sem razão o recorrente. De fato, a despeito da proposta da unidade técnica em sentido
contrário, o Voto condutor do Acórdão recorrido foi claro ao ressaltar que o não cumprimento à
diligência deste Tribunal, no prazo fixado, sem causa justificada, pode ensejar a aplicação da multa do
art. 58, incisos IV, da Lei 8.443/1992, bem como de que essa penalidade prescinde, ou seja, não precisa
de realização de prévia audiência, nos termos do art. 268, inciso IV e § 3º, do Regimento Interno do
255 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
TCU. Assim, ao invés de realizar audiência do gestor, como proposto pela unidade técnica, a norma
interna desta Corte permite aplicar a sanção, eis que a própria notificação abre espaço ao destinatário
para, se for o caso, exercer o seu direito de defesa.
13.3. [omissis].
13.4. Desse modo, ratificando a análise anterior desta unidade (cf. item 3, retro), propugna-se pela
rejeição dos argumentos encetados.
14. Da suposta ausência de fundamentação no Voto condutor do Acórdão recorrido.
Argumentos
14.1. Assevera o recorrente que o Voto condutor do Acórdão recorrido não apresenta a necessária
fundamentação, assentando-se nas seguintes premissas (peça 54, p. 4-5):
a) afirma que o inciso II, § 3°, art. 1° da Lei 8.443/1992, estabelece que a decisão do Tribunal
deverá estar devidamente fundamentada (...)’;
b) pondera que o item 3 do Voto condutor do Acórdão recorrido (peça 45), ‘encontra-se, data
vênia, eivado de ausência de fundamentação, e tal dispositivo além de confrontar a lei orgânica,
confronta também os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório (...)’. Aduz que para a
demonstração da ‘inadequação da multa, prevista no § 2º, art. 268, do Regimento Interno dessa Corte,
seria preciso que se permitisse a realização da audiência prévia, o que, efetivamente, não aconteceu,
sendo, portanto, a presente decisão, no tocante ao item 9.2 do acórdão guerreado totalmente nula’; e
c) requer o recorrente, por conseguinte, o recebimento do presente recurso e seu reexame, para, no
mérito, ‘anular o item 9.2, do Acórdão 935/2014, que lhe aplicou multa de R$ 4.000,00 (quatro mil
reais), com base no art. 58, inciso IV, da lei orgânica do TCU, por cerceamento de defesa e ausência de
fundamentação legal’.
Análise
14.2. Sem razão o recorrente, pois, como demonstrado nos itens 13.2 a 13.4, retro, não há que se
falar em ausência de fundamentação legal no Voto condutor do Acórdão recorrido, eis que os seus
fundamentos estão lastreados no RI/TCU.
14.3. Desse modo, opina-se pela rejeição dos argumentos encetados.
CONCLUSÃO
15. Das análises anteriores, conclui-se que deve ser negado provimento ao recurso interposto, pois
a aplicação de multa observou o devido processo legal, encontrando-se o Voto condutor do Acórdão
recorrido suficientemente fundamentado.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
16. Ante o exposto, submete-se à consideração superior a presente análise do pedido de reexame
interposto contra o Acórdão 2.705/2014 – TCU – Plenário, nos termos do art. 48 da Lei 8.443/1992,
propondo-se:
a) conhecer e dar integral provimento ao presente apelo recursal, para anular o Acórdão
2.705/2014 – TCU – Plenário, por error in procedendo; e
b) no mérito, conhecer de seu anterior pedido de reexame contra o Acórdão 935/2014 – TCU –
Plenário para negar-lhe provimento; e
c) dar ciência ao recorrente e aos demais interessados do acórdão que vier a ser proferido.”
É o relatório.
VOTO
Cuidam os autos de pedido de reexame interposto pelo Sr. José Inácio Sodré Rodrigues,
superintendente Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Maranhão
(peça 54), em face do Acórdão 2.705/2014 – TCU – Plenário (peça 63), por meio do qual este Tribunal
não conheceu de seu anterior pedido de reexame contra o Acórdão 935/2014 – TCU – Plenário (peça 44).
256 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
2.Embora o presente recurso não possa ser conhecido como pedido de reexame, reconheço que as
ponderações recursais são legítimas, razão pela qual acolho a peça como mera petição e acompanho a
proposta da unidade técnica de anular de ofício o Acórdão 2.705/2014-TCU-Plenário. Restou
comprovado que a intempestividade verificada na ocasião do não conhecimento do recurso anterior foi
motivada pela exoneração do servidor do Incra, em data anterior à remessa da notificação do TCU a
respeito da decisão exarada no Acórdão 935/2014-TCU-Plenário.
3.Avançando, desse modo, por economia processual, no mérito do pedido de reexame original,
interposto contra este último acórdão, estou de acordo ainda com as análises da Serur no sentido de
rejeitar as alegações da peça recursal.
4.De fato, o Voto condutor do Acórdão 935/2014-TCU-Plenário foi claro ao ressaltar que o não
cumprimento à diligência deste Tribunal, no prazo fixado, sem causa justificada, enseja a aplicação da
multa prevista no art. 58, incisos IV, da Lei 8.443/1992, sem a necessidade de realização de prévia
audiência dos responsáveis, conforme preconiza o art. 268, inciso IV, c/c o § 3º, do Regimento Interno do
TCU, desde que tenha sido feita, como o foi, advertência quanto a esse fato nos ofícios expedidos.
5.Assim, não procedem as principais alegações do recorrente de que: o voto condutor do acórdão
combatido teria sido omisso em sua fundamentação; a ausência de prévia audiência implicaria a nulidade
da aplicação da multa; e teria havido contrariedade a normas e à Carta Magna.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que este Tribunal aprove a minuta de acórdão que submeto à
apreciação.
ACÓRDÃO Nº 1225/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 007.141/2012-2.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Pedido de reexame (Monitoramento).
3. Recorrente: José Inácio Sodré Rodrigues (475.545.093-49)
4. Unidade: Superintendência Regional do Incra no Estado do Maranhão.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
5.1. Relatora da deliberação recorrida: Ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Paulo Jorge Saba Neto (12.443/OAB-MA).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam pedido de reexame interposto pelo
Sr. José Inácio Sodré Rodrigues em face do Acórdão 2.705/2014 – TCU – Plenário, que não conheceu de
seu anterior pedido de reexame contra o Acórdão 935/2014 – TCU – Plenário (peça 44),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer ao presente apelo recursal como mera petição, para anular o Acórdão 2.705/2014-
TCU-Plenário;
9.2. conhecer, com fundamento no art. 48, caput e parágrafo único, da Lei nº 8.443/1992 c/c o art.
286 do RI/TCU, do pedido de reexame interposto contra o Acórdão 935/2014-TCU-Plenário para negar-
lhe provimento; e
9.3. dar ciência desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, ao recorrente.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1225-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
257 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II CLASSE IV – Plenário
TC 009.969/2013-6
Natureza: Tomada de Contas Especial
Entidade: Ministério da Previdência Social (vinculador).
Responsáveis: Cármen Martinez Tedeschi (050.717.898-09); José Damásio Correia (448.579.268-
49); e Maria dos Prazeres Marinho (881.702.768-53).
Interessado: Gerência Executiva do INSS - Santo André/SP.
Representação legal: Victor Simoni Morgado (129.155/OAB-SP) e outros, representando Márcia
Regina Martinez Tedeschi; Ronaldo Ferreira Lima (171364/OAB-SP), representando Maria dos Prazeres
Marinho.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS DE
APOSENTADORIA INDEVIDOS. PROLAÇÃO DO ACÓRDÃO 2.917/2014 – TCU – PLENÁRIO.
RECONHECIMENTO DE VÍCIO NA DECISÃO. AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO DO NOME DOS
ADVOGADOS NA PAUTA. NOVO JULGAMENTO. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.
INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO PÚBLICA NO
ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial-TCE instaurada pelo Instituto Nacional do
Seguro Social em SP, no âmbito da Gerência Executiva de Santo André/SP, em virtude de prejuízo
causado pela ex-servidora Maria dos Prazeres Marinho, em razão da análise e da concessão de benefícios
de aposentadoria através de cômputo de períodos comprovadamente fraudulentos aos beneficiários José
Damásio Correia (falecido) e Carmen Martinez Tedeschi (falecida).
2.Mediante o Acórdão 2.917/2014-TCU-Plenário, este Tribunal julgou irregulares as contas da
responsável, condenou-a em débito e lhe aplicou a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, em
conjunto com a penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança
no âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei nº 8.443/1992.
Entretanto, identificou-se vício insanável na referida decisão conforme detalhado pela Secex-SP
(peça 70) no trecho que transcrevo a seguir com ajustes de forma pertinentes:
“3.Da análise da supracitada deliberação (peça 53), foi identificada a ausência do nome de
advogados devidamente constituídos nos autos, incorreção esta também verificada na pauta da
correspondente sessão em que foi prolatado o Acórdão, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1,
de 27/10/2014 (peça 69), consoante excerto da pauta a seguir reproduzido:
TC-009.969/2013-6
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Unidade: Instituto Nacional do Seguro Social em São Paulo (INSS/SP)
Responsáveis: Maria dos Prazeres Marinho, José Damásio Correia, Carmen Martinez Tedeschi.
Advogados constituídos nos autos: não há.
4.A despeito disso, compulsando os autos, constata-se a existência dos seguintes advogados
constituídos no presente processo, previamente à data da referida publicação:
258 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a) Ronaldo F. Lima (OAB/SP 171.364), procurador da Sra. Maria dos Prazeres Marinho, com
instrumento de procuração juntado aos autos na data de 16/1/2014 (peça 38);
b) Victor Simoni Morgado (OAB/SP 129.155), Cristiane Morgado (OAB/SP 121.490), Clóvis
Simoni Morgado (OAB/SP 173.603), e Vitorino Augusto do Nascimento Morgado (OAB/SP 35.755),
procuradores da Sra. Marcia Regina Martinez Tedeschi, na qualidade de inventariante ou
administradora provisória do espólio da Sra. Carmen Martinez Tedeschi, com instrumento de
procuração juntado aos autos na data de 10/2/2014 (peça 42).”
3. A representante do Ministério Público de Contas (MP/TCU) anuiu à proposta da unidade
técnica (peça 72).
4. Diante da viabilidade de nova apreciação da matéria, transcrevo, a seguir, a instrução
elaborada pela Secex/SP (peça 48), a qual enfrentou o mérito da questão e cuja proposta contou com a
anuência do Parquet especializado (peça 51):
“HISTÓRICO
1.Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro
Social em SP, no âmbito da Gerencia Executiva de Santo André/SP, em desfavor dos Srs. Maria dos
Prazeres Marinho, José Damásio Correia (falecido), e Carmen Martinez Tedeschi (falecida), em razão
do prejuízo causado pela Sra. Maria dos Prazeres Marinho, servidora da entidade na Agência da
Previdência Social em Santo André/SP à época da ocorrência das irregularidades.
2.Segundo os resultados apurados no Processo Administrativo Disciplinar (PAD)
35366.003643/2000-51 (relatório à peça 1, p. 70-118) e no item IV do Relatório de TCE (peça 2, p. 344),
as irregularidades consistiram na concessão indevida de benefícios previdenciários pela então servidora
Maria dos Prazeres Marinho a 2 (dois) segurados: José Damásio Correia e Carmen Martinez Tedeschi.
Os fatos geradores do prejuízo ao erário datam do período de abril/1984 a junho/1997, consistindo em
protocolo, análise e concessão de benefícios de aposentadoria através de cômputo de períodos
comprovadamente fraudulentos: tempo de serviço da segurada Carmen para a empresa Plásticos Hévea
Ltda., de 10/2/1961 a 17/2/1966, não confirmados pela empresa e sem registro na Carteira Profissional;
e data de registro na Carteira Profissional do primeiro vínculo empregatício do segurado José Damásio,
anterior à data de emissão da mesma, a qual possuía vícios mas não foi objeto de investigação por parte
da servidora Maria dos Prazeres Marinho.
3.Consta na instrução inicial (peça 3), que o responsável José Damásio Correia faleceu em
5/7/2000 sem deixar bens, e a responsável Carmen Martinez Tedeschi faleceu em 18/1/2011, sem deixar
bens e testamento, conforme Certidões de Óbito à peça 1, p. 170-171 e peça 2, p. 274, respectivamente.
4.Verificamos que as peças a seguir relacionadas que integram os autos, encontram-se revestidas
das exigências legais, em conformidade com o disposto na Instrução Normativa TCU nº 56, de
5/12/2007:
- Fichas de qualificação dos responsáveis (peça 1 p. 305, 307, 311 e 313);
- Demonstrativos Financeiros dos Débitos (peça 2. p. 4 - 238);
- Relatório do Tomador de Contas, Despacho e Parecer de Auditoria (peça 2–p. 336 -356);
- Cópias das notificações expedidas aos responsáveis (peça 2 – p 242 - 244);
- Inscrições de responsabilidade (peça 2 – p. 362-364); e
- Relatório de PAD (peça 1 – p. 60 – 118)
5.Consta na peça 1 as seguintes informações:
5.1a servidora Maria dos Prazeres Marinho foi denunciada nos autos de Processo Penal n°
2000.61.81.004978-9 (atual 0004978-82.2000.4.03.6181) e condenada em primeira instância. Ocorre
que, em sede de apelação, o Tribunal Regional Federal da Terceira Região reconheceu a prescrição e os
referidos autos encontram-se arquivados desde 10/1/2008 na 3ª Vara Federal da Subseção Judiciária de
Santo André;
5.2em consulta ao SICAU, com relação ao segurado José Damásio Correia consta processo de nº
0064241-28.2000.4.03.0399 da 2ª VF Criminal de São Paulo, no qual Maria dos Prazeres Marinho foi
259 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
condenada, por decisão transitada em julgado, como incursa nas penas do art. 171, § 3° c/c art. 61, II, g,
ambos do Código Penal Brasileiro. Posteriormente, houve declaração da extinção da punibilidade.
6.A última instrução desta Secex/SP à peça 23, observou que:
6.1o dirigente do Órgão de Controle Interno, em seu parecer de 5/10/2012, concluiu pela
irregularidade das presentes contas (peça 5 – p. 125);
6.2o Sr. Ministro de Estado da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, atestou em 31/10/2012
haver tomado conhecimento das conclusões contidas no Relatório de Auditoria, bem como do Parecer da
Secretaria Federal de Controle Interno da Controladoria-Geral da União da Presidência da República
(peça 5 – p.131);
6.3foi proposta a realização a citação da responsável Maria dos Prazeres Marinho, bem como dos
espólios (por enquanto sem bens a inventariar) de José Damásio Correia e Carmen Martinez Tedeschi,
para apresentarem alegações de defesa e/ou recolherem aos cofres do INSS os respectivos débitos, pelas
fraudes em concessões de aposentadorias realizadas nos períodos de abril/1984 a junho/1996, quando a
ex-servidora estava lotada na Agencia do INSS em Santo André/SP (peça 1, p. 70-118).
EXAME TÉCNICO
7.Verificamos inicialmente que foram realizadas as referidas citações por meio dos ofícios às peças
27 a 29, todos desta Secex/SP, emitidos em 3/12/2013, respectivamente, aos Srs. Carmen Martinez
Tedeschi, José Damásio Correia e Maria dos Prazeres Marinho.
8.Decorrido o prazo concedido nas notificações de citação, foram apresentadas alegações de
defesa pela Sra. Marcia Regina Martinez Tedeschi, na qualidade de inventariante ou administradora
provisória do espólio da Sra. Carmen Martinez Tedeschi, à peça 41, e Sra. Maria dos Prazeres Marinho,
por meio de advogado, à peça 47. Verifica-se que o Sr. José Damásio Correia, apesar de ter sido
regularmente citado à peça 28 e constar à peça 34 que houve ciência da notificação no endereço do
responsável, permaneceu silente, devendo ser considerado revel, dando-se prosseguimento ao processo,
de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
9.Assim, dando prosseguimento ao exame técnico, importa registrar que a ex-servidora Maria dos
Prazeres Marinho, à peça 47, encaminhou suas alegações de defesa restringindo-se, em síntese, a alegar
o seguinte:
9.1que a Sra. Maria dos Prazeres Marinho foi excluída do serviço público há anos; sendo que este
procedimento lhe causou grandes prejuízos não só financeiros mas também psicológicos pois nunca
admitiu a injusta responsabilidade que lhe foi atribuída;
9.2que a Sra. Maria dos Prazeres Marinho mal tem condições de manter-se, quanto mais pagar o
mínimo possível do que querem lhe cobrar;
9.3o autor bem poderia ter evidenciado as mínimas condições para suprimir eventual débito e não
o fez; se não o fez, há de se reconhecer a impossibilidade de cumprimento da obrigação, caso
eventualmente venha ser reconhecido tal direito a cobrança;
9.4pela total falta de demonstração de condições ao pagamento de eventual obrigação, resta claro
e evidente a falta de interesse de agir do autor, devendo o procedimento ser arquivado, evitando-se com
isto, mais gastos de dinheiro público sobre um procedimento que não alcançará qualquer resultado
positivo em favor da União;
9.5merece atenção desse Tribunal o argumento defensivo de prescrição, especialmente porque, em
todos os demais procedimentos especialmente os criminais direcionados contra a Sra. Maria dos
Prazeres Marinho foi reconhecida a prescrição. Para se ter esta certeza, basta determinar que se junte
certidões referente a tais procedimentos;
9.6a Sra. Maria dos Prazeres Marinho, insiste, resiste e não pretende recuar um só degrau das
defesas que sempre apresentou, qual seja, ausência de responsabilidade sobre suposto evento danoso ao
erário;
9.7não agiu com dolo nas supostas fraudes e não se provou em momento algum que tenha agido
com dolo, portanto, se houve algum erro na concessão dos dois benefícios, estes foram em razão do
excesso de trabalho;
260 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.8basta verificar que num universo de centenas de benefícios, nos quais a Sra. Maria dos Prazeres
Marinho de alguma forma tenha participado de sua concessão, apurassem a prática de fraude em
somente 2 (dois), ou seja, questiona qual seria efetivamente o ganho da Sra. Maria dos Prazeres Marinho
com a concessão fraudulenta de dois benefícios;
9.9no mérito, requer seja reconhecida a ausência de responsabilidade da Sra. Maria dos Prazeres
Marinho, determinando-se o arquivamento do procedimento, por questão de Justiça.
Análise:
10.Verifica-se que em sua argumentação o advogado da ex-servidora Maria dos Prazeres Marinho
não procurou com argumentos consistentes e documentação comprobatória demonstrar que a sua cliente
não pode ser responsabilizada pelos atos que resultaram em concessões irregulares de benefícios da
Previdência Social, conforme apuração consignada no Relatório Final da Comissão de Processo
Administrativo Disciplinar.
11.Em outras palavras, o advogado da ex-servidora não trouxe aos presentes autos fatos novos ou
documentos comprobatórios que pudessem afastar a sua responsabilidade nas irregularidades
perpetradas no âmbito da Agência da Previdência Social em Santo André/SP.
12.Analisando as alegações do advogado da Sra. Maria dos Prazeres Marinho, importa esclarecer
o seguinte:
12.1que não se tratou de apenas dois casos isolados, onde a ex-servidora poderia ter cometido
falhas normais, mas sim de 21 processos em que a Sra. Maria dos Prazeres Marinho, quando no
exercício de suas atribuições, na qualidade de concessora de benefícios, incorreu em falta disciplinar
quando atuou nos processos (peça 1, p. 32-36), sendo que destes não foi acusada em 10 processos (peça
1, p. 96-98), tendo em vista que apesar de constar a sua assinatura para formalização do processo, a
Comissão Permanente de TCE entendeu que não significava que o processo havia sido conferido;
12.2inclusive a Procuradoria Federal Especializada do INSS informou à peça 2, p. 318, que dado o
grande número de processos localizados em nome de Maria dos Prazeres Marinho e a impossibilidade de
ser verificado de forma apropriada o respectivo objeto, solicitou informação ao MPF/SBC em
conformidade com o que foi questionado pela Comissão Permanente de TCE;
12.3confirma-se também à peça 2, p. 318 e 332-334, que em consulta ao SICAU, com relação ao
segurado José Damásio Correia consta processo de nº. 0064241-28.2000.4.03.0399 da 2ª VF Criminal
de São Paulo, no qual Maria dos Prazeres Marinho foi condenada, por decisão transitada em julgado,
como incursa nas penas do art. 171, § 3°. c/c art. 61, II, g, ambos do Código Penal Brasileiro, sendo que,
posteriormente, houve declaração da extinção da punibilidade;
12.4dessa forma, restou comprovado conforme parecer da Divisão de Auditoria em Gestão Interna,
em 19/03/2012, à peça 2, p. 412-416, que foram causados prejuízos aos cofres do INSS pela Sra. Maria
dos Prazeres Marinho, atualizados até 30/3/2011, no montante de R$ 629.023,57 (seiscentos e vinte e
nove mil, vinte e três reais e cinquenta e sete centavos);
13.Especificamente quanto à alegação do advogado da ex-servidora de que quanto aos
procedimentos, especialmente os criminais, direcionados contra a Sra. Maria dos Prazeres Marinho foi
reconhecida a prescrição na Justiça Federal, entendemos que este fato não exime a ex-servidora de
responder pelo débito de sua responsabilidade apurado na presente TCE, considerando, como se extrai
do subitem 5.52 do relatório do TC 021.161/2010-0, que este Tribunal de Contas possui jurisdição e
competência próprias estabelecidas pela Constituição Federal e sua Lei Orgânica (Lei 8.443/1992), não
existindo óbice a sua atuação o fato de tramitar, no âmbito do Poder Judiciário, ação penal ou civil,
versando sobre o mesmo assunto, dada a independência das instâncias, conforme reiterada
jurisprudência (a exemplo das seguintes deliberações: Acórdão 436/1994-TCU-1ª Câmara, Decisão
278/1994-TCU-2ª Câmara, Decisão 66/1994- TCU-2ª Câmara, Decisão 97/1996-TCU- 2ª Câmara,
Acórdão 406/1999-TCU-2ª Câmara, Decisão 251/2001-TCU Plenário, Decisão 1.499/2002-TCU
Plenário).
261 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
14.Quanto à alegação de que o processo deve ser arquivado por efeito da prescrição, refutamos tal
argumento, pois conforme entendimento firmado por este Tribunal não há prescrição para débitos dessa
natureza (Acórdão 2.709/2008- Plenário).
15.Com relação à defesa apresentada pela Sra. Marcia Regina Martinez Tedeschi, na qualidade de
inventariante ou administradora provisória do espólio da Sra. Carmen Martinez Tedeschi, à peça 41, em
resumo apresenta o seguinte teor:
15.1que a presente cobrança encontra-se totalmente prescrita, tendo em vista que foi efetuada
cobrança de quantias dos idos de 1989 à 1997, ou seja, há mais de 17 (dezessete) anos;
15.2a cobrança efetuada em face da ora contestante, não deve ser tida como correta, em vista de
que trata-se de crédito pessoal e intransferível e que se a Sra. Carmen Martinez, teria supostamente
auferido rendimentos previdenciários indevidos, a autora deveria ter cobrado aludidas quantias da
mesma quando em vida, e nunca de seu espólio como o faz neste momento, posto que totalmente
indevido.
Análise
16.Com relação à defesa resumida acima (peça 41), devemos considerar que em situações
análogas, nas quais também não restou comprovada nos respectivos inquéritos administrativos a má-fé
dos beneficiários ou a sua participação na fraude, o Tribunal tem adotado medidas como a exclusão de
sua responsabilidade, deixando de proceder ao julgamento de suas contas (Acórdão nº 13/1993 - TCU -
Segunda Câmara), ou mesmo o julgamento pela regularidade, com ressalva, das contas dos responsáveis
(Acórdãos nºs. 219/1997 e 137/1998, ambos do Plenário). Tal entendimento também foi adotado
mediante os Acórdãos Plenário 2.449/2013, 2.553/2013, 3.038/2013 e 3.112/2013.
17.Com relação à revelia do segurado José Damasio Correia, CPF no 448.579.268-49 (falecido),
devemos considerar ainda as ponderações constantes do voto condutor do Acórdão 2.415/2004-1ª
Câmara, destacando daquele voto o entendimento de que essa posição não é afetada pelo fato de alguns
dos beneficiários terem sido revéis, pois, nos processos perante o TCU, a revelia não leva à presunção de
que são verdadeiras as imputações atribuídas aos arrolados nos autos, diferentemente do que ocorre no
processo civil, quando a revelia do réu opera a presunção da verdade dos fatos narrados pelo autor. Em
outras palavras, os efeitos da revelia de que trata o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992 não afastam a
necessidade de que as responsabilizações efetuadas por esta Corte ocorram de acordo com os elementos
constantes dos autos.
18.Assim, quantos aos segurados beneficiários Srs. José Damasio Correia, CPF 448.579.268-49 e
Carmen Martinez Tedeschi – CPF: 050.717.898-09, entendemos que não se encontram nos autos
documentos suficientes para atribuir participação nas fraudes cometidas contra o INSS, para com isso
atraí-los ao polo passivo desta TCE, devendo ser excluídos da presente relação processual.
CONCLUSÃO
19.Em relação às específicas concessões impugnadas, as condutas ilícitas da responsável foram
descritas em relatório efetuado pela Gerencia Executiva do INSS de Santo André/SP (peça 1, p. 32-34 e
52-54; peça 2, p. 338-340)
20.Em face da análise promovida nos itens 10/13 e 16/18 da seção “Exame Técnico” desta
instrução, propõe-se rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Maria dos Prazeres
Marinho, uma vez que não foram suficientes para sanear as irregularidades a ela atribuídas.
21.Os argumentos de defesa tampouco lograram afastar o débito imputado à responsável Maria
dos Prazeres Marinho. Ademais, inexistem nos autos elementos que demonstrem a boa-fé da responsável
ou a ocorrência de outros excludentes de culpabilidade. Desse modo, suas contas devem, desde logo, ser
julgadas irregulares, nos termos do art. 202, § 6º, do Regimento Interno/TCU, procedendo-se à sua
condenação em débito e à aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
22.Em respeito à jurisprudência deste Tribunal (v.g. Acórdãos Plenário 1.201/2011, 1.852/2012,
859/2103, 2.299/2013, 2.449/2013 e 3.112/2013) e tendo em vista a gravidade das infrações cometidas,
propomos ainda a aplicação da pena de inabilitação, da ex-servidora Maria dos Prazeres Marinho, para
262 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública,
consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992.
23.Concluímos também que os beneficiários Srs. José Damásio Correia, CPF 448.579.268-49 e
Carmen Martinez Tedeschi – CPF: 050.717.898-09, devem ser excluídos da presente tomada de contas
especial, considerando que não restou comprovado nas apurações realizadas no âmbito do INSS que a
conduta comissiva ou omissiva por parte dos beneficiários foi decisiva para o cometimento do ilícito,
restando ainda caracterizado que os referidos segurados são pessoas estranhas ao serviço público e
aparecem como responsáveis única e exclusivamente por terem sido favorecidos com as aposentadorias
indevidas, sem que se tenha apurado a correspondente participação de cada qual na fraude em foco.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
29.Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) excluir os Srs. José Damásio Correia, CPF 448.579.268-49 e Carmen Martinez Tedeschi – CPF:
050.717.898-09 da presente tomada de contas especial, ante os entendimentos firmados nos Acórdãos nº
13/1993 - TCU - Segunda Câmara e 2.415/2004-1ª Câmara;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas c e d e § 2º, da Lei 8.443/1992 c/c os
arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV e § 5º, 210 e 214, inciso III,
do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas da Sra. Maria dos Prazeres Marinho –
CPF: 881.702.768-53, na condição de servidora da Previdência Social, por descumprimento dos deveres
previstos no inciso IV — artigo 49 da Resolução n° INPS-602.20, de 7/7/1971, combinado com o inciso
III — artigo 116 da Lei 8.112/1990, inciso V — artigo 55 — da Resolução n° INPS-602.20, de 7/7/1971,
combinado com o inciso XV do artigo 117 da Lei 8.112/1990, ao habilitar e conceder benefícios
irregulares quando no exercício do cargo de Chefe do Setor de Concessão de Benefícios, na Agência de
Santo André/SP, condenando-a, ao pagamento das quantias especificadas adiante, com a fixação do
prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III,
alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional do Seguro
Social, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas
discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, abatendo-se, na
oportunidade, os valores eventualmente já ressarcidos;
c) aplicar à Sra. Maria dos Prazeres Marinho – CPF: 881.702.768-53, individualmente, a multa
prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, com a fixação do prazo de
quinze dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o Tribunal, conforme art. 214, inciso III,
alínea a, do Regimento Interno, o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a dos efetivos recolhimentos, se
forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
d) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendidas às notificações;
e) autorizar o pagamento das dívidas da Sra. Maria dos Prazeres Marinho – CPF: 881.702.768-53,
em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do
Regimento Interno, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para
comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela
anterior, para comprovar os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor
mensal, atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
f) seja a responsável, Sra. Maria dos Prazeres Marinho – CPF: 881.702.768-53, inabilitada para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal,
nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992 e do art. 270 do Regimento Interno/TCU;
g) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que
a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em São Paulo, nos termos do § 3º
do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das
medidas que entender cabíveis.
263 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Irregularidade: prejuízo causado por fraude na concessão/manutenção de benefícios
previdenciários, sendo que no benefício 42/079.541.298-3, seg. Carmen Martinez Tedeschi, infringiu o
inciso V - artigo 46 - da Resolução Conjunta n° 75, IAPAS/INAMPS/INPS, de 13/3/1985, combinado com
o inciso XV do artigo 117 da Lei 8.112/1990; e no benefício 42/077.888.526-7, seg. José Damasio
Correia, transgrediu o inciso IV — artigo 49 da Resolução n° INPS-602.20, de 7/7/1971, combinado com
o inciso III — artigo 116 da Lei 8.112/1990 e infringiu o inciso V — artigo 55 — da Resolução n° INPS-
602.20, de 7/7/1971, combinado com o inciso XV do artigo 117 da Lei 8.112/1990.
Relação de Débitos dos Proventos de Aposentadoria à peça 2, p. 344, p. 4-238.
Valor do débito atualizado até 25/3/2014: R$ 823.254,09.
Maria dos Prazeres Marinho – CPF:
881.702.768-53 pela concessão indevida de benefício de
aposentadoria ao Sr. José Damásio Correia – CPF:
448.579.268-49
Valores em Cruzeiros (Cr$)
4/4/1984 1.680.370,00
8/5/1984 334.587,00
9/6/1984 546.248,00
9/7/1984 546.248,00
8/8/1984 546.248,00
11/9/1984 546.248,00
8/10/1984 546.248,00
9/11/1984 1.470.518,00
10/12/1984 930.742,00
9/1/1985 930.742,00
11/2/1985 930.742,00
8/3/1985 930.742,00
9/4/1985 930.742,00
9/5/1985 930.742,00
11/6/1985 1.759.102,00
8/7/1985 1.759.102,00
8/8/1985 1.759.102,00
9/9/1985 1.759.102,00
8/10/1985 1.759.102,00
8/11/1985 1.759.102,00
9/12/1985 4.684.840,00
9/1/1986 2.995.750,00
13/2/1986 2.995.750,00
Valores em Cruzados (Cz$)
10/3/1986 2.995,75
8/4/1986 3.796,51
9/5/1986 3.796,51
9/6/1986 3.796,51
8/7/1986 3.796,51
8/8/1986 3.796,51
8/9/1986 3.796,51
8/10/1986 3.796,51
10/11/1986 3.796,51
8/12/1986 7.459,56
264 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9/1/1987 3.796,51
9/2/1987 4.555,81
12/3/1987 4.555,81
8/4/1987 6.459,68
11/5/1987 6.645,98
8/6/1987 7.975,17
8/7/1987 9.570,20
10/8/1987 9.570,20
9/9/1987 9.570,20
8/10/1987 10.305,19
9/11/1987 11.096,62
8/12/1987 20.754,95
11/1/1988 13.419,74
8/2/1988 15.071,70
8/3/1988 16.927,02
11/4/1988 31.975,13
9/5/1988 37.151,90
9/6/1988 43.166,79
8/7/1988 50.798,67
8/8/1988 59.779,87
9/9/1988 70.348,95
10/10/1988 85.396,59
8/11/1988 103.662,92
8/12/1988 192.397,47
9/1/1989 158.616,79
Valores em Cruzados Novos (NCz$)
13/2/1989 199,92
8/3/1989 220,65
10/4/1989 226,01
9/5/1989 374,45
8/6/1989 477,00
10/7/1989 477,00
8/8/1989 877,82
11/9/1989 1.130,27
9/10/1989 1.461,89
9/11/1989 2.236,93
8/12/1989 4.563,16
9/1/1990 4.618,73
8/2/1990 7.523,94
8/3/1990 11.745,60
Valores em Cruzeiros (Cr$)
9/4/1990 21.529,99
9/5/1990 21.529,99
8/6/1990 21.529,99
9/7/1990 22.606,47
8/8/1990 28.741,89
11/9/1990 30.492,27
8/10/1990 35.489,97
265 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9/11/1990 37.651,32
10/12/1990 100.594,92
9/1/1991 51.783,76
8/2/1991 72.228,01
8/3/1991 93.147,39
8/4/1991 99.620,00
9/5/1991 99.620,00
10/6/1991 110.159,80
8/7/1991 110.159,80
8/8/1991 110.159,80
9/9/1991 154.012,52
8/10/1991 246.121,17
8/11/1991 246.121,17
9/12/1991 492.242,34
9/1/1992 246.121,17
10/2/1992 541.031,97
12/3/1992 541.031,97
8/4/1992 541.031,97
11/5/1992 541.031,97
8/6/1992 1.246.329,90
8/7/1992 1.246.329,90
10/8/1992 1.246.329,90
9/9/1992 1.246.329,90
8/10/1992 2.801.586,34
10/11/1992 2.801.586,34
8/12/1992 5.603.172,68
11/1/1993 2.801.586,34
8/2/1993 6.757.784,85
8/3/1993 6.757.784,85
8/4/1993 9.235.864,55
10/5/1993 9.235.864,55
8/6/1993 17.705.835,79
8/7/1993 17.705.835,79
Valores em Cruzeiros Reais (CR$)
9/8/1993 24.869,43
9/9/1993 29.659,28
8/10/1993 50.639,15
8/11/1993 63.385,02
8/12/1993 178.069,16
10/1/1994 98.888,60
8/2/1994 173.335,99
8/3/1994 225.770,12
11/4/1994 349.740,37
9/5/1994 490.438,48
9/6/1994 711.329,11
Valores em Reais (R$)
12/7/1994 341,55
8/8/1994 341,55
266 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9/9/1994 341,55
10/10/1994 341,55
9/11/1994 341,55
8/12/1994 683,10
9/1/1995 341,55
8/2/1995 356,55
8/3/1995 341,55
10/4/1995 341,55
9/5/1995 341,55
8/6/1995 487,92
10/7/1995 487,92
11/8/1995 487,92
12/9/1995 487,92
9/10/1995 487,92
9/11/1995 487,92
8/12/1995 975,84
9/1/1996 487,92
9/2/1996 487,92
Maria dos Prazeres Marinho – CPF:
881.702.768-53 pela concessão indevida de benefício de
aposentadoria à Sra. Carmen Martinez Tedeschi –
CPF: 050.717.898-09
Valores em Cruzeiros (Cr$)
12/6/1985 856.800,00
10/7/1985 918.001,00
12/8/1985 918.001,00
11/9/1985 918.001,00
10/10/1985 918.001,00
12/11/1985 918.001,00
11/12/1985 2.277.814,00
13/1/1986 1.563.355,00
14/2/1986 1.563.355,00
Valores em Cruzados (Cz$)
12/3/1986 1.563,35
10/4/1986 1.981,23
13/5/1986 1.981,23
11/6/1986 1.981,23
10/7/1986 1.981,23
12/8/1986 1.981,23
10/9/1986 1.981,23
10/10/1986 1.981,23
12/11/1986 1.981,23
10/12/1986 3.892,81
13/1/1987 1.981,23
11/2/1987 2.377,47
13/3/1987 2.377,47
10/4/1987 3.371,01
267 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/5/1987 3.371,01
10/6/1987 4.045,21
10/7/1987 4.854,25
12/8/1987 4.854,25
10/9/1987 4.854,25
13/10/1987 5.227,05
12/11/1987 5.628,48
10/12/1987 10.546,40
13/1/1988 6.806,81
10/2/1988 7.644,72
10/3/1988 8.585,78
13/4/1988 16.218,60
11/5/1988 18.844,39
13/6/1988 21.895,29
12/7/1988 25.766,37
10/8/1988 30.321,86
13/9/1988 35.682,76
13/10/1988 43.315,30
11/11/1988 52.580,44
12/12/1988 97.588,83
11/1/1989 80.454,42
Valores em Cruzados Novos (NCz$)
14/2/1989 101,40
10/3/1989 111,91
12/4/1989 114,62
11/5/1989 176,36
12/6/1989 224,66
12/7/1989 224,66
10/8/1989 413,44
13/9/1989 532,24
11/10/1989 688,53
13/11/1989 1.053,57
12/12/1989 2.151,15
11/1/1990 2.175,37
12/2/1990 3.543,70
12/3/1990 5.532,06
Valores em Cruzeiros (Cr$)
11/4/1990 10.140,40
10/5/1990 10.140,40
12/6/1990 10.140,40
11/7/1990 10.647,31
10/8/1990 13.537,13
13/9/1990 17.361,54
10/10/1990 16.715,41
13/11/1990 17.733,38
12/12/1990 47.379,17
11/1/1991 24.389,62
14/2/1991 34.018,65
268 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/3/1991 43.871,16
10/4/1991 46.920,00
13/5/1991 46.920,00
12/6/1991 51.884,14
10/7/1991 51.884,14
12/8/1991 51.884,14
11/9/1991 72.538,32
10/10/1991 115.920,55
12/11/1991 115.920,55
11/12/1991 231.841,10
13/1/1992 115.920,55
12/2/1992 254.820,51
13/3/1992 254.820,51
10/4/1992 254.820,51
13/5/1992 254.820,51
10/6/1992 587.008,60
10/7/1992 587.008,60
12/8/1992 587.008,60
11/9/1992 587.008,60
13/10/1992 1.319.518,43
12/11/1992 1.319.518,43
10/12/1992 2.639.036,86
13/1/1993 1.319.518,43
10/2/1993 3.182.847,35
10/3/1993 3.182.847,35
12/4/1993 4.349.997,47
12/5/1993 4.349.997,47
11/6/1993 8.339.267,04
12/7/1993 8.339.267,04
Valores em Cruzeiros Reais (CR$)
11/8/1993 11.713,25
13/9/1993 13.969,22
13/10/1993 23.850,52
11/11/1993 29.853,69
10/12/1993 83.868,72
12/1/1994 46.575,50
10/2/1994 81.639,44
10/3/1994 106.335.37
13/4/1994 171.106,78
11/5/1994 238.759,67
13/6/1994 347.100,49
Valores em Reais (R$)
13/7/1994 160,86
10/8/1994 160,86
13/9/1994 160,86
14/10/1994 160,86
11/11/1994 160,86
12/12/1994 321,72
269 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11/1/1995 160,86
10/2/1995 175,86
10/3/1995 160,86
12/4/1995 160,86
11/5/1995 160,86
12/6/1995 229,80
12/7/1995 229,80
10/8/1995 229,80
13/9/1995 229,80
11/10/1995 229,80
13/11/1995 229,80
12/12/1995 459,60
11/1/1996 229,80
12/2/1996 229,80
12/3/1996 229,80
12/4/1996 229,80
13/5/1996 229,80
13/6/1996 264,27
10/7/1996 264,27
12/8/1996 264,27
11/9/1996 264,27
11/10/1996 264,27
12/11/1996 264,27
12/12/1996 528,54
13/1/1997 264,27
14/2/1997 264,27
12/3/1997 264,27
10/4/1997 264,27
13/5/1997 264,27
11/6/1997 264,27
É o relatório.
VOTO
Conforme detalhado no relatório que acompanha este voto, o Acórdão 2.917/2014-TCU-Plenário
apresenta vício insanável caracterizado pela ausência, na pauta de julgamento da deliberação recorrida, do
nome dos advogados constituídos nos autos.
2. A análise da peça 53 revela que não constaram da pauta da Sessão Ordinária do Plenário de
29/10/2014 (peça 69) as informações sobre os advogados, desconsiderando-se, portanto, as procurações
acostadas às peças 38 e 42.
3.Além de violar os dispositivos pertinentes, a omissão dos nomes de advogados legalmente
constituídos na publicação da pauta representa prejuízo ao exercício da ampla defesa e do contraditório,
vez que o responsável fica tolhido em seu direito de requerer sustentação oral e de apresentar memoriais
previamente à sessão.
4.Em situações similares, a jurisprudência do Tribunal é pela declaração de nulidade absoluta da
decisão (Acórdãos 354/2015, 3.438/2014, 449/2014 e 407/2013, todos do Plenário).
5.Manifesto-me, portanto, de acordo com a proposta da unidade instrutiva, acompanhada pelo
MP/TCU. Reconhecida, de ofício, a nulidade, impõe-se que o caso seja novamente levado à apreciação do
270 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Plenário – o que faço nesta mesma oportunidade, conforme precedentes (Acórdão 2.680/2015-TCU-2ª
Câmara).
6.Sobre o mérito da questão, compartilho da mesma percepção explicitada no voto condutor do
Acórdão 1.734/2014-TCU-Plenário, ora tornado insubsistente, o qual obteve anuência deste colegiado
naquela ocasião.
7.Considero pertinente resgatar os fundamentos utilizados pelo relator daquela decisão, Ministro
Aroldo Cedraz:
“A unidade técnica analisou, nos itens 10/13 e 16/18 da instrução transcrita no Relatório
precedente, as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Maria dos Prazeres Marinho e considerou que
os argumentos trazidos não foram suficientes para sanear as irregularidades a ela atribuídas. Ademais,
por considerar inexistirem nos autos elementos que demonstrem a boa-fé da responsável ou a ocorrência
de outros excludentes de culpabilidade, propôs julgar, desde logo, as suas contas irregulares com
imputação de débito e aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
7.Quanto aos Senhores José Damásio Correia e Carmen Martinez Tedeschi, a Secex/SP ressaltou,
em sua análise, que, apesar de terem sido beneficiados com a concessão indevida das aposentadorias,
não há elementos nos autos que demonstrem que atuaram em conluio com a servidora do INSS visando à
obtenção de aposentadoria às quais não tinham direito. Os elementos disponíveis permitem apenas
caracterizar as infrações cometidas pela Senhora Maria dos Prazeres Marinho.
8.Assim, em análise alinhada à jurisprudência consolidada do TCU sobre a questão, a unidade
técnica propõe a exclusão dos espólios dos Senhores José Damásio Correia e Carmen Martinez Tedeschi
da presente relação processual.
9.O Ministério Público junto a este Tribunal manifesta concordância com o encaminhamento
alvitrado pela unidade técnica, apresentando argumentos que, por percucientes, incorporo às minhas
razões de decidir neste processo.
10.A ex-servidora Maria dos Prazeres Marinho não trouxe aos presentes autos fatos novos ou
documentos comprobatórios que pudessem afastar a sua responsabilidade nas irregularidades
perpetradas no âmbito da Agência da Previdência Social em Santo André/SP.
11.No que tange aos procedimentos criminais nos quais foi reconhecida a prescrição, entendo que
este fato não exime a ex-servidora de responder pelo débito na presente TCE, vez que este Tribunal de
Contas firmou jurisprudência no sentido de não existir óbice à sua atuação o fato de tramitar, no âmbito
do Poder Judiciário, ação penal ou civil, por força do princípio da independência das instâncias.
12.Quanto à alegação de que o processo deve ser arquivado por efeito da prescrição, este Tribunal
firmou entendimento no sentido de que é imprescritível a pretensão do Estado de promover ações de
ressarcimento contra quem o tenha causado dano ao Erário, nos termos do art. 37, §5º, da Constituição
da República.
13.Presentes, portanto, todos os elementos necessários para o julgamento pela irregularidade das
contas da Sra. Maria dos Prazeres Marinho, condenando-a em débito pelos valores apurados neste
processo.
14.Mencione-se a gravidade da conduta da responsável, que implicou em sua demissão do quadro
de pessoal do INSS, no âmbito do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) 35366.003643/2000-51
(Peça 1, p. 70-118).
15.Ante isso, considero, ainda, apropriada a aplicação, à responsável, da multa prevista nos arts.
19, caput, in fine, e 57 da Lei 8.443/1992, cujo valor, em face do montante atualizado do débito, fixo em
R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).
16.Entendo adequado autorizar, antecipadamente, caso venha a ser solicitado, o pagamento das
dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais sucessivas, a primeira a vencer em 15 (quinze) dias
após a notificação e as demais a cada 30 (trinta) dias, com a incidência dos devidos encargos legais
sobre cada uma delas e com o alerta de que a falta de comprovação de recolhimento de qualquer parcela
acarretará vencimento antecipado do saldo devedor.
271 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
17.Também, em função da gravidade dos atos por ela praticados, concordo com a proposta do
Ministério Público junto a este Tribunal de inabilitá-la para o exercício de cargo em comissão ou função
de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo
período de 5 (cinco) anos.
18.No que tange aos segurados José Damásio Correia e Carmen Martinez Tedeschi, depreendo
que, apesar de terem sido beneficiados com a concessão indevida das aposentadorias, não há elementos
nos autos que demonstrem que esses Senhores atuaram em conluio com a ex-servidora do INSS visando à
obtenção de aposentadoria às quais não tinham direito. Os elementos disponíveis permitem apenas
caracterizar as infrações cometidas pela Senhora Maria dos Prazeres Marinho. É nesse sentido a firme
jurisprudência do TCU sobre a questão (Acórdãos 859/2013, 2.449/2013, 3.038/2013, 3.626/2013,
1.663/2014, todos do Plenário).
19.Por fim, entendo apropriado comunicar ao INSS e à Procuradoria-Geral Federal (PGF) que a
decisão de excluir os beneficiários não impede a adoção de providências administrativas e/ou judiciais,
com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos a estes, em virtude da concessão indevida de
benefício previdenciário (aposentadoria por tempo de serviço).”
8.Concordo com essas conclusões, endossadas pelo Plenário, razão por que as incorporo às minhas
razões de decidir.
Ante o exposto, acompanhando os fundamentos dos pareceres e dos pronunciamentos precedentes
(em especial os acostados às peças 48, 50, 52 e 78-82), Voto no sentido de que o Tribunal adote o acórdão
que ora submeto à apreciação deste Plenário.
ACÓRDÃO Nº 1226/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 009.969/2013-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Gerência Executiva do INSS - Santo André/SP - INSS/MPS (29.979.036/0362-50)
3.2. Responsáveis: Cármen Martinez Tedeschi (050.717.898-09); José Damásio Correia
(448.579.268-49); e Maria dos Prazeres Marinho (881.702.768-53).
4. Órgão/Entidade: Ministério da Previdência Social (vinculador).
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (SECEX-SP).
8. Representação legal:
8.1. Victor Simoni Morgado (129.155/OAB-SP) e outros, representando Márcia Regina Martinez
Tedeschi.
8.2. Ronaldo Ferreira Lima (171364/OAB-SP), representando Maria dos Prazeres Marinho.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada pelo Instituto
Nacional do Seguro Social em SP, no âmbito da Gerência Executiva de Santo André/SP, em virtude de
prejuízo causado pela ex-servidora Sra. Maria dos Prazeres Marinho, em razão da análise e da concessão
de benefícios de aposentadoria através de cômputo de períodos comprovadamente fraudulentos aos
beneficiários José Damásio Correia (falecido) e Carmen Martinez Tedeschi (falecida).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alínea d; 19, caput;
23, inciso III; e 57 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. reconhecer, de ofício, a nulidade do Acórdão 2.917/2014-TCU-Plenário, para torná-lo
insubsistente;
272 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.2. excluir da presente relação processual os Srs. José Damásio Correia e Carmen Martinez
Tedeschi;
9.3. julgar irregulares as contas da Sra. Maria dos Prazeres Marinho, condenando-a ao pagamento
das importâncias a seguir indicadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora,
calculados a partir das datas indicadas, até a data dos efetivos recolhimentos, fixando-lhe o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea a do
Regimento Interno), o recolhimento dos débitos aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), na forma prevista na legislação em vigor, em decorrência da concessão irregular de benefícios
previdenciários, ocasionando prejuízo aos cofres públicos, segundo os pagamentos efetuados aos
seguintes segurados:
9.2.1. Damásio Correia (CPF: 448.579.268-49):
Valores em Cruzeiros (Cr$)
4/4/1984 1.680.370,00
8/5/1984 334.587,00
9/6/1984 546.248,00
9/7/1984 546.248,00
8/8/1984 546.248,00
11/9/1984 546.248,00
8/10/1984 546.248,00
9/11/1984 1.470.518,00
10/12/1984 930.742,00
9/1/1985 930.742,00
11/2/1985 930.742,00
8/3/1985 930.742,00
9/4/1985 930.742,00
9/5/1985 930.742,00
11/6/1985 1.759.102,00
8/7/1985 1.759.102,00
8/8/1985 1.759.102,00
9/9/1985 1.759.102,00
8/10/1985 1.759.102,00
8/11/1985 1.759.102,00
9/12/1985 4.684.840,00
9/1/1986 2.995.750,00
13/2/1986 2.995.750,00
Valores em Cruzados (Cz$)
10/3/1986 2.995,75
8/4/1986 3.796,51
9/5/1986 3.796,51
9/6/1986 3.796,51
8/7/1986 3.796,51
8/8/1986 3.796,51
8/9/1986 3.796,51
8/10/1986 3.796,51
10/11/1986 3.796,51
8/12/1986 7.459,56
9/1/1987 3.796,51
9/2/1987 4.555,81
12/3/1987 4.555,81
273 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8/4/1987 6.459,68
11/5/1987 6.645,98
8/6/1987 7.975,17
8/7/1987 9.570,20
10/8/1987 9.570,20
9/9/1987 9.570,20
8/10/1987 10.305,19
9/11/1987 11.096,62
8/12/1987 20.754,95
11/1/1988 13.419,74
8/2/1988 15.071,70
8/3/1988 16.927,02
11/4/1988 31.975,13
9/5/1988 37.151,90
9/6/1988 43.166,79
8/7/1988 50.798,67
8/8/1988 59.779,87
9/9/1988 70.348,95
10/10/1988 85.396,59
8/11/1988 103.662,92
8/12/1988 192.397,47
9/1/1989 158.616,79
Valores em Cruzados Novos (NCz$)
13/2/1989 199,92
8/3/1989 220,65
10/4/1989 226,01
9/5/1989 374,45
8/6/1989 477,00
10/7/1989 477,00
8/8/1989 877,82
11/9/1989 1.130,27
9/10/1989 1.461,89
9/11/1989 2.236,93
8/12/1989 4.563,16
9/1/1990 4.618,73
8/2/1990 7.523,94
8/3/1990 11.745,60
Valores em Cruzeiros (Cr$)
9/4/1990 21.529,99
9/5/1990 21.529,99
8/6/1990 21.529,99
9/7/1990 22.606,47
8/8/1990 28.741,89
11/9/1990 30.492,27
8/10/1990 35.489,97
9/11/1990 37.651,32
10/12/1990 100.594,92
9/1/1991 51.783,76
274 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8/2/1991 72.228,01
8/3/1991 93.147,39
8/4/1991 99.620,00
9/5/1991 99.620,00
10/6/1991 110.159,80
8/7/1991 110.159,80
8/8/1991 110.159,80
9/9/1991 154.012,52
8/10/1991 246.121,17
8/11/1991 246.121,17
9/12/1991 492.242,34
9/1/1992 246.121,17
10/2/1992 541.031,97
12/3/1992 541.031,97
8/4/1992 541.031,97
11/5/1992 541.031,97
8/6/1992 1.246.329,90
8/7/1992 1.246.329,90
10/8/1992 1.246.329,90
9/9/1992 1.246.329,90
8/10/1992 2.801.586,34
10/11/1992 2.801.586,34
8/12/1992 5.603.172,68
11/1/1993 2.801.586,34
8/2/1993 6.757.784,85
8/3/1993 6.757.784,85
8/4/1993 9.235.864,55
10/5/1993 9.235.864,55
8/6/1993 17.705.835,79
8/7/1993 17.705.835,79
Valores em Cruzeiros Reais (CR$)
9/8/1993 24.869,43
9/9/1993 29.659,28
8/10/1993 50.639,15
8/11/1993 63.385,02
8/12/1993 178.069,16
10/1/1994 98.888,60
8/2/1994 173.335,99
8/3/1994 225.770,12
11/4/1994 349.740,37
9/5/1994 490.438,48
9/6/1994 711.329,11
Valores em Reais (R$)
12/7/1994 341,55
8/8/1994 341,55
9/9/1994 341,55
10/10/1994 341,55
9/11/1994 341,55
275 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8/12/1994 683,10
9/1/1995 341,55
8/2/1995 356,55
8/3/1995 341,55
10/4/1995 341,55
9/5/1995 341,55
8/6/1995 487,92
10/7/1995 487,92
11/8/1995 487,92
12/9/1995 487,92
9/10/1995 487,92
9/11/1995 487,92
8/12/1995 975,84
9/1/1996 487,92
9/2/1996 487,92
9.2.1. Carmen Martinez Tedeschi (CPF: 050.717.898-09):
Valores em Cruzeiros (Cr$)
12/6/1985 856.800,00
10/7/1985 918.001,00
12/8/1985 918.001,00
11/9/1985 918.001,00
10/10/1985 918.001,00
12/11/1985 918.001,00
11/12/1985 2.277.814,00
13/1/1986 1.563.355,00
14/2/1986 1.563.355,00
Valores em Cruzados (Cz$)
12/3/1986 1.563,35
10/4/1986 1.981,23
13/5/1986 1.981,23
11/6/1986 1.981,23
10/7/1986 1.981,23
12/8/1986 1.981,23
10/9/1986 1.981,23
10/10/1986 1.981,23
12/11/1986 1.981,23
10/12/1986 3.892,81
13/1/1987 1.981,23
11/2/1987 2.377,47
13/3/1987 2.377,47
10/4/1987 3.371,01
13/5/1987 3.371,01
10/6/1987 4.045,21
10/7/1987 4.854,25
12/8/1987 4.854,25
10/9/1987 4.854,25
13/10/1987 5.227,05
276 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/11/1987 5.628,48
10/12/1987 10.546,40
13/1/1988 6.806,81
10/2/1988 7.644,72
10/3/1988 8.585,78
13/4/1988 16.218,60
11/5/1988 18.844,39
13/6/1988 21.895,29
12/7/1988 25.766,37
10/8/1988 30.321,86
13/9/1988 35.682,76
13/10/1988 43.315,30
11/11/1988 52.580,44
12/12/1988 97.588,83
11/1/1989 80.454,42
Valores em Cruzados Novos (NCz$)
14/2/1989 101,40
10/3/1989 111,91
12/4/1989 114,62
11/5/1989 176,36
12/6/1989 224,66
12/7/1989 224,66
10/8/1989 413,44
13/9/1989 532,24
11/10/1989 688,53
13/11/1989 1.053,57
12/12/1989 2.151,15
11/1/1990 2.175,37
12/2/1990 3.543,70
12/3/1990 5.532,06
Valores em Cruzeiros (Cr$)
11/4/1990 10.140,40
10/5/1990 10.140,40
12/6/1990 10.140,40
11/7/1990 10.647,31
10/8/1990 13.537,13
13/9/1990 17.361,54
10/10/1990 16.715,41
13/11/1990 17.733,38
12/12/1990 47.379,17
11/1/1991 24.389,62
14/2/1991 34.018,65
12/3/1991 43.871,16
10/4/1991 46.920,00
13/5/1991 46.920,00
12/6/1991 51.884,14
10/7/1991 51.884,14
12/8/1991 51.884,14
277 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11/9/1991 72.538,32
10/10/1991 115.920,55
12/11/1991 115.920,55
11/12/1991 231.841,10
13/1/1992 115.920,55
12/2/1992 254.820,51
13/3/1992 254.820,51
10/4/1992 254.820,51
13/5/1992 254.820,51
10/6/1992 587.008,60
10/7/1992 587.008,60
12/8/1992 587.008,60
11/9/1992 587.008,60
13/10/1992 1.319.518,43
12/11/1992 1.319.518,43
10/12/1992 2.639.036,86
13/1/1993 1.319.518,43
10/2/1993 3.182.847,35
10/3/1993 3.182.847,35
12/4/1993 4.349.997,47
12/5/1993 4.349.997,47
11/6/1993 8.339.267,04
12/7/1993 8.339.267,04
Valores em Cruzeiros Reais (CR$)
11/8/1993 11.713,25
13/9/1993 13.969,22
13/10/1993 23.850,52
11/11/1993 29.853,69
10/12/1993 83.868,72
12/1/1994 46.575,50
10/2/1994 81.639,44
10/3/1994 106.335.37
13/4/1994 171.106,78
11/5/1994 238.759,67
13/6/1994 347.100,49
Valores em Reais (R$)
13/7/1994 160,86
10/8/1994 160,86
13/9/1994 160,86
14/10/1994 160,86
11/11/1994 160,86
12/12/1994 321,72
11/1/1995 160,86
10/2/1995 175,86
10/3/1995 160,86
12/4/1995 160,86
11/5/1995 160,86
12/6/1995 229,80
278 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/7/1995 229,80
10/8/1995 229,80
13/9/1995 229,80
11/10/1995 229,80
13/11/1995 229,80
12/12/1995 459,60
11/1/1996 229,80
12/2/1996 229,80
12/3/1996 229,80
12/4/1996 229,80
13/5/1996 229,80
13/6/1996 264,27
10/7/1996 264,27
12/8/1996 264,27
11/9/1996 264,27
11/10/1996 264,27
12/11/1996 264,27
12/12/1996 528,54
13/1/1997 264,27
14/2/1997 264,27
12/3/1997 264,27
10/4/1997 264,27
13/5/1997 264,27
11/6/1997 264,27
9.6 aplicar à Sra. Maria dos Prazeres Marinho a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o
art. 267 do Regimento Interno, no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), e fixar o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o TCU (art. 214, inciso III, alínea "a",
do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data de prolação deste acórdão até a dos efetivos recolhimentos, se for paga após
o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.7 autorizar, caso requerido pela responsável, o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento
Interno, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar,
perante o Tribunal, o recolhimento da primeira parcela, e de 30 (trinta) dias, a contar da parcela anterior,
para comprovar os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal,
atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
9.8. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.9. inabilitar a Sra. Maria dos Prazeres Marinho, por 5 (cinco) anos, para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, consoante o art. 60 da Lei
8.443/1992;
9.10. encaminhar cópia do presente acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o
fundamentam, ao INSS e à Procuradoria-Geral Federal (PGF), comunicando-os que a decisão de excluir
os beneficiários não impede a adoção de providências administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver
valores que eventualmente foram pagos a estes, em virtude da concessão indevida de benefício
previdenciário (aposentadoria por tempo de serviço).
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
279 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1226-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE IV – Plenário
TC 010.227/2014-8
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Órgão: Gerência Executiva do INSS - NITERÓI/RJ - INSS/MPS
Responsáveis: Francisco Fernandes Albrecht (639.116.477-00); Ivan Leandres Lima (180.327.107-
87); Leda Nunes Vieira (036.803.447-08); Luiz Carvalho Linhares (298.883.107-63) e Maria da
Conceição Martins Ferreira (494.102.377-34).
Representação legal: Jefferson Albernaz Ferreira Ferraz (167734/RJ-OAB), representando Maria da
Conceição Martins Ferreira.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FRAUDE CONFIGURADA PELA
CONCESSÃO IRREGULAR DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. EXCLUSÃO DE SEGURADA
DA RELAÇÃO PROCESSUAL. REVELIA. REJEIÇÃO DE ALEGAÇÕES DE DEFESA. CONTAS
IRREGULARES DE EX-SERVIDORES E SEGURADOS DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO AO EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU
FUNÇÃO DE CONFIANÇA. SOLICITAÇÃO DE ARRESTO DE BENS À ADVOCACIA-GERAL DA
UNIÃO.
RELATÓRIO
Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS,
visando à apuração de irregularidades supostamente cometidas pelo servidor Luiz Carvalho Linhares,
referentes à concessão de benefícios previdenciários.
2.A Controladoria-Geral da União emitiu o Relatório de Auditoria, o Certificado de Auditoria e o
Parecer do Dirigente do Órgão de Controle Interno, todos de nº 60/2014, com entendimento pela
irregularidade das contas, os quais foram conhecidos pelo Ministro de Estado da Previdência Social (peça
3, fls. 209-217).
3.A unidade técnica deste Tribunal elaborou a instrução a seguir reproduzida (peça 37), com ajustes
de forma que reputo pertinentes, a qual contou com a anuência do representante do Ministério Público
especializado (peça 41):
“INTRODUÇÃO
Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS motivada pela concessão irregular de benefícios previdenciários de aposentadorias por
tempo de contribuição pelo servidor Luiz Carvalho Linhares, no âmbito da Agência da Previdência
Social no município de São Gonçalo/RJ, causando graves prejuízos aos cofres do Instituto Nacional do
Seguro Social.
HISTÓRICO
2.Conforme o exposto na instrução antecedente (peça 5), a Comissão de Processo Administrativo
Disciplinar, em seu Relatório Final, ref. ao PAD 35301.007497/2005-08 (peça 1, p. 26, itens 26.1.1,
280 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
26.1.2, 26.1.3), decidiu pelo indiciamento do então servidor Luiz Carvalho Linhares, e apontou, de forma
individualizada, as ações, atos e irregularidades por ele cometidas, que, em essência, consistiram:
a) habilitou e/ou concedeu 42 aposentadorias irregulares, todas com inserção de vínculos
trabalhistas falsos e sem comprovação de que os vínculos foram apresentados em Carteiras de Trabalho
e/ou outros documentos de prova plena, conforme demonstrado nas Auditorias de Benefícios (peça 1, p.
26-28);
b) em razão dos atos praticados, o ex-servidor causou grande prejuízo ao INSS, beneficiando com
as suas atitudes os segurados, que durante mais de quatro anos, em média, continuaram recebendo seus
benefícios irregulares, sem que tivessem contribuído para esse objetivo;
c) atuou de forma displicente na concessão dos benefícios, não formalizando de maneira correta os
processos concessórios, deixando de numerar e rubricar as folhas, não extratando ou anexando cópias
das Carteiras de Trabalhos dos segurados com os respectivos vínculos empregatícios que contribuíram
para o cômputo do tempo de serviço total;
d) aceitou como provas de residência documentos duvidosos; contou como tempo de serviço duas
declarações de vínculos empregatícios de empresas que não possuem projeção nacional, sendo esses os
únicos documentos que comprovavam o vínculo, não realizando solicitações de pesquisa.
3.Em decorrência das irregularidades consubstanciadas no PAD e o Parecer/MPS/CJ n. 109/2007
(peça 1, p. 62-71), o Sr. Ministro de Estado da Previdência Social, por meio da Portaria 195, de
18/5/2007, publicada em 21/5/2007, no Diário Oficial da União (peça 1, p. 73), resolveu demitir o
servidor Luiz Carvalho Linhares.
4.Esgotadas as medidas administrativas internas sem a recomposição de dano ao erário, o
responsável pela cobrança da equipe de Monitoramento de Benefícios-MOB, do Serviço de Benefícios da
GEXNIT, encaminhou o processo à Gerente Executiva de Niterói/RJ, que determinou a instauração de
processo de Tomada de Contas Especial.
5.O Relatório de TCE n. 17-023.003/06/2013 da Comissão Permanente de Tomada de Contas
Especial da Gerência Executiva de Niterói, Processo TCE 353018001335/2013-89, concluiu pela
responsabilização do ex-servidor Luiz Carvalho Linhares solidariamente aos cinco segurados
identificados nos autos, pelo valor original do débito, no total de R$ 324.270,20 (peça 3, p. 165-172):
Ivan Leandres Lima, Maria da Conceição Martins Ferreira, Regina Maria Slama Gardel, Francisco
Fernandes Albrecht e Leda Maria Vieira.
6.O processo de TCE 53018001335/2013-89 foi encaminhado à Controladoria Geral da União
que, após o exame das irregularidades apontadas naqueles autos, emitiu o Relatório 60/2014, onde se
concluiu a responsabilidade solidário do Sr. Luiz Carvalho Linhares e dos favorecidos pelas concessões
indevidas de benefícios previdenciários, relacionados no Anexo I (peça 3, p. 212), em débito com a
Fazenda Nacional pelas importâncias informadas no Anexo II (peça 3, p. 213).
7.Posteriormente, a TCE instaurada pela Gerência Executiva do INSS em Niterói/RJ foi remetida a
este Tribunal de Contas.
7.1.No âmbito deste Tribunal, o TC 010.227/2014-8 trata-se do exame de irregularidades
praticadas pelo responsável Luiz Carvalho Linhares ao conceder benefícios previdenciários aos cinco
segurados, já identificados nos autos.
8. Na instrução anterior foi proposta a citação do Sr. Luiz Carvalho Linhares solidariamente
com os segurados Francisco Fernandes Albrecht, Ivan Leandres Lima, Leda Nunes Vieira e Maria da
Conceição Martins Ferreira em função da concessão irregular de benefícios de aposentadoria por tempo
de contribuição.
8.1.Quanto à segurada Regina Maria Slama Gardel, consoante o exposto na análise precedente,
não faz sentido realizar a citação daquela segurada, quando, em análise preliminar, já for possível
identificar a ausência de provas capazes de evidenciar que ela agiu em conluio com os autores das
fraudes, ocasionando prejuízo aos cofres públicos (peça 5, p. 12, item 34).
8.2.Quanto à citação do Sr. Luiz Carvalho Linhares, foi encaminhado, na primeira tentativa, o
Ofício 3091/2014-TCU/SECEX-RJ, de 27/10/2014 (peça 8), constando no envelope o endereço Rua
281 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Washington Luiz, n. 318, Gradim, São Gonçalo/RJ; o Aviso de Recebimento foi devolvido pelos Correios,
em 11/11/2014, com a informação que o responsável mudou-se (peça 16).
8.3.Com vistas à citação do Sr. Luiz Carvalho Linhares, foi encaminhado o Ofício 3551/2014 (peça
24) ao endereço Rua Francisca Mendes, 27, Gradim, São Gonçalo, endereço constante da intimação do
responsável efetivado pelo juízo da 2ª Vara Federal de São Gonçalo/RJ (peça 17); no entanto, o ofício de
citação foi devolvido pelos correios, pois não foi encontrado o número da residência (peças 26 e 28). Foi
encaminhado o Ofício 4114/2014 (peça 29) ao mesmo endereço, dessa vez constando a informação
‘próximo à padaria Fruta Pão e junto à rua Cornélio Ribeiro; o Aviso de Recebimento foi devolvido
pelos Correios tendo em vista que não existe o número indicado (peça 30).
8.4.Por fim, após sucessivas tentativas, deu-se a citação do Sr. Luiz Carvalho Linhares por meio do
Ofício 118/2015, de 27/1/2015 (peça 33), ao endereço constante do Mandado de Intimação da 2ªVara
Federal de Niterói/RJ (peça 32); o respectivo Aviso de Recebimento, com ciência em 2/2/2015, consta à
peça 34.
8.5.A citação da Sra. Leda Nunes Vieira foi promovida por meio do Ofício 3090/2014-
TCU/SECEX-RJ, de 27/10/2014 (peça 9), com ciência em 10/11/2014 (AR, peça 12). Porém, a
responsável não apresentou alegações de defesa, nem recolheu o débito que lhe fora imputado; portanto,
será considerada revel.
8.6 A citação do Sr. Ivan Leandres Lima foi promovida por meio do 3089/2014-TCU/SECEX-RJ, de
27/10/2014 (peça 10), com ciência em 10/11/2014 (AR à peça 13). No entanto, não apresentou defesa,
nem recolheu o débito que lhe foi imputado; será considerado revel.
8.7. Quanto ao Sr. Francisco Fernandes Albrecht, após tentativa frustrada por meio do Ofício
3088/2014 (peça 11) devolvido pelos Correios (peça 15); foi reiterada nova citação, por meio de
Despacho (peça 20); foi efetivada a citação regular, por meio do Ofício 3550/2014-TCU/SECEX-RJ, de
25/11/2014 (peça 23). O responsável tomou ciência da citação, em 4/12/2014 (peça 25); no entanto, não
apresentou defesa, nem recolheu o débito que lhe foi imputado; será considerado revel.
8.8.A citação da Sra. Maria da Conceição Martins Ferreira foi promovida por meio do Ofício
3092/2014-TCU/SECEX-RJ, de 27/10/2014 (peça 7), tendo ciência de recebimento em 24/11/2014 (peça
14); em 26/11/014, apresentou suas alegações de defesa (peça 21).
Alegações de defesa – Sra. Maria da Conceição Martins Ferreira
9.A Sra. Maria da Conceição Martins Ferreira, por meio do seu advogado, informa
preliminarmente que foi aposentada por tempo de contribuição em 1º/5/1996 na Agência da Previdência
Social em São Gonçalo/RJ, e teve cancelado o benefício em 8/10/2002, pela auditoria do INSS, que
constatou irregularidades na concessão dos benefícios.
9.1.No que se refere aos vínculos empregatícios, a auditoria do INSS constatou que o período de
18/3/1991 a 30/4/1996, laborados pela Sra. Maria da Conceição Martins Ferreira junto à empresa
Navitec Reparos Navais Ltda., não se confirmou, apesar de ter sido juntada carteira de trabalho com as
respectivas anotações comprovando o aludido vínculo.
9.2.Quando requereu o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a segurada juntou
toda a documentação pertinente, a fim de obter o benefício, alegando convicção de já ter alcançado o
tempo mínimo exigido pela lei. Dessa forma, o benefício foi habilitado pelo servidor Carlos Eduardo
Pontes Quitete, e concedido pelo também responsável no processo, o ex-servidor Luiz Carvalho
Linhares.
9.3.A responsável afirma que sofreu as consequências pela falta de eficiência na prestação do
serviço público, prestados pelos servidores supramencionados, pois, se os mesmos tivessem agido com
presteza e cautela, não teriam concedido o benefício, se tivessem examinado todos os documentos com
mais cautela, provavelmente indefeririam o benefício.
9.4.Ademais, fora penalizada criminalmente, sendo-lhe impostas penas pecuniárias e prestação de
serviço à comunidade durante toda a execução penal, consoante documentação acostada, estando quites
com a justiça criminal.
282 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.5.Resta dirimir a pendência financeira com o INSS, no valor de R$ 49.171,05, que atualizados em
24/11/2014, segundo a responsável, corresponde ao montante de R$ 265.707,91, que ainda não foram
pagos.
9.6.A responsável informa que não tem a menor condição de esse débito ser adimplido por ela, por
falta de recursos financeiros, em virtude do expressivo montante. No que se refere às condições
financeiras atuais, esclarece que contribui como autônoma, por meio de guia de recolhimento da
previdência social, no valor mínimo, conforme documentação em anexo (peça 21, p. 14); além disso,
encontra-se desempregada, com 56 anos, fora do mercado de trabalho, e sem expectativas de conseguir
emprego formal, devido a idade; assim, a dívida com o INSS é inviável de ser adimplida, pois é pessoa
pobre na acepção jurídica do termo, não tem condições de pagar o débito, não tem dinheiro, nem bens
imóveis que pudessem servir de pagamento, a fim de extinguir o crédito.
9.7.A responsável anexou a Declaração de Hipossuficiência Econômica, datada de 25/3/2013, na
qual afirma, para os devidos fins de processo judicial ou administrativo, que é pessoa pobre na acepção
jurídica do termo, conforme a Lei 1.060/1950, e não dispõe de condições financeiras para arcar com as
custas de qualquer ordem e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família
(peça 21, p. 9).
9.8.Para respaldar a defesa, invoca a aplicação do princípio de irrepetibilidade de alimentos, e o
entendimento consagrado na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça, sendo pacífica no sentido de prestigiar a boa-fé e o princípio da irrepetibilidade: (STF, AI
849529 AgR/SC, Primeira Turma, Rela. Min. Luiz Fux). Segundo a jurisprudência dos citados Tribunais
Superiores, os valores provenientes de benefícios previdenciários possuem caráter alimentar, servindo
para a manutenção da sobrevivência do indivíduo; por consequência, considerando que as verbas
previdenciárias se constituem em valores de natureza alimentar, e a doutrina e jurisprudência pátrias
consolidaram o entendimento de que os valores alimentares percebidos pelo segurado da Previdência
Social, ainda que recebidos indevidamente, não devem ser restituídos aos cofres públicos, desde que
ausente a má-fé do beneficiário e presente o erro administrativo da autarquia federal.
9.9.Ante o exposto, requer o cancelamento da cobrança de R$123.164,68, em razão dos fatos e
fundamentos jurídicos invocados para respaldar a defesa, e que o débito seja cobrado em face dos
servidores públicos Carlos Eduardo Pontes Quitete e Luiz Carvalho Linhares, pois foram eles que deram
azo ao erro administrativo.
Análise das alegações de defesa
10. Consta do sítio da justiça federal do Rio de Janeiro na internet, referente à Execução Penal
processo 000326-70.2009.4.02.5102, tramitado na 2ª Vara Federal de São Gonçalo, que em decorrência
de denúncia do Ministério Público Federal devido às irregularidades no processo de aposentadoria por
tempo de contribuição, tendo a responsável declarado tempo de serviço fictício, foi aplicada as seguintes
penas: foi condenada a um ano e quatro meses de reclusão, e treze dias multa de 1/3 do salário mínimo
vigente à época dos fatos, devidamente atualizado à época do efetivo pagamento; a pena privativa de
liberdade foi substituída por duas penas restritivas de direito, consistentes em prestação de serviços à
comunidade no mesmo prazo da pena restritiva de liberdade imposta, e prestação pecuniária no valor de
1/6 do salário mínimo (peça 36).
11.No tocante à jurisprudência invocada pela responsável, de fato, o Poder Judiciário tem se
pronunciado quanto à não devolução dos benefícios indevidamente recebidos, em face do princípio da
irrepetibilidade dos alimentos. Ademais, a jurisprudência STF e o STJ se manifesta no sentido da
impossibilidade de repetição dos valores recebidos, desde que configurada a boa-fé do segurado.
12.Quanto ao tempo de contribuição necessário à obtenção do benefício previdenciário, a Ação de
Auditoria Extraordinária/INSS/MAGER/RJ, de 27/11/2002, constatou que não foram localizados vínculos
computados no cálculo de tempo de contribuição; por intermédio de pesquisa ao Cadastro Nacional de
Informações Sociais-CNIS-Contribuinte Individual, revelou-se que a segurada não comprovou, na data
de entrada do requerimento (DER) todos os vínculos informados para a concessão do benefício;
ademais, a auditoria do INSS apurou, por meio de diligência 50/2000, que não se confirmou a existência
283 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
do vínculo empregatício junto à empresa Navitec Reparos Navais Ltda., no período de 18/3/1991 a
30/4/1996.
13Devido às constatações da auditoria do INSS no tocante ao benefício concedido à Sra. Maria da
Conceição Martins Ferreira, não restou comprovada a boa-fé da responsável, uma vez que não se
confirmou o vínculo empregatício junto à empresa Navitec Reparos Navais Ltda.
14..Portanto, os argumentos apresentados pela responsável não são suficientes para afastar o
débito que lhe é imposto, em decorrência das irregularidades na concessão do benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição.
CONCLUSÃO
15.Os responsáveis Luiz Carvalho Linhares, Francisco Fernandes Albrecht, Ivan Leandres Lima e
Leda Nunes Vieira foram regularmente citados, contudo, não apresentaram alegações de defesa, razão
pela qual propõe-se que sejam considerados revéis, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
16.Não restou comprovada a boa-fé da responsável Sra. Maria da Conceição Martins Ferreira,
uma vez que declarou vínculo empregatício fictício junto à empresa Navitec Reparos Navais Ltda.
17. Ademais, a responsável foi ré em processo criminal de estelionato e outras fraudes contra a
previdência social, movido pelo Ministério Público Federal, pois declarou vínculo empregatício
inexistente para a obtenção de benefício previdenciário; a sentença proferida nos autos do processo
criminal determinou a aplicação de penas restritivas de liberdade e multa.
17.1.Conforme o exposto na Instrução precedente, os segurados Francisco Fernandes Albrecht,
Ivan Leandres Lima e Leda Vieira da Costa foram condenados pela prática de crime de estelionato
contra a Previdência Social, no âmbito da Justiça Federal do Estado do Rio de Janeiro e foram alvos de
apelação criminal, no âmbito do Tribunal Regional Federal-2ª Região: a saber:
a) segurado Francisco Fernandes Albrecht, Apelação Criminal TRF-2, Processo
201151170010152, trânsito em julgado em 14/8/2012;
b) segurado Ivan Leandres Lima, Apelação Criminal TRF-2, Processo 2004.51.02.004225-6,
trânsito em julgado em 14/8/2012; e
c) segurada Leda Vieira da Costa, Apelação Criminal TRF-2, Processo 2006.51.02.004505-0,
trânsito em julgado em 14/8/2012.
18.Considerando que não consta dos autos elementos que permitam concluir pela ocorrência de
boa-fé dos responsáveis, propõe-se que as contas do Sr. Luiz Carvalho Linhares. Francisco Fernandes,
Sr. Ivan Leandres Lima, Sra. Leda Nunes Vieira e a Sra. Maria da Conceição Martins Ferreira sejam
julgadas irregulares e que os responsáveis sejam condenados em débito.
19.No tocante aos recursos financeiros disponíveis para liquidar o débito, importa ressaltar que a
responsável Sra. Maria da Conceição Martins Ferreira anexou a Declaração de Hipossuficiência
Econômica, datada de 25/3/2013, na qual afirma que é pessoa pobre na acepção jurídica do termo,
conforme a Lei 1060/50, e não dispõe de condições financeiras para arcar com as custas de qualquer
ordem e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.
19.1. Cabe esclarecer que é direito da responsável requerer o parcelamento da importância devida
em até trinta e seis parcelas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/92 c/c o art. 217 do Regimento Interno
do TCU, desde que o processo não tenha sido remetido para cobrança judicial.
19.2.Ademais, a jurisprudência deste Tribunal não vem admitindo a situação econômico-financeira
desfavorável do agente como fundamento para se afastar sua responsabilidade ou para desconstituir o
débito ou, ainda, para diminuir o valor da multa. No sentido de que a hipossuficiência econômica não
constitui motivo para a redução do valor da multa aplicada nos termos da LO/TCU, (Acórdãos
3270/2012-Plenário, 622/2013-2ª Câmara, 6045/2012-1ª Câmara, 1769/2011-1ª Câmara e 1591/2011-1ª
Câmara; Acórdão 6045/2012-1ª Câmara)
19.3.A aplicação de sanções, na sistemática processual desta Corte de Contas, guarda relação com
a materialidade dos fatos e a culpabilidade dos responsáveis, não com sua a capacidade financeira em
quitar a dívida. Ainda, de acordo com jurisprudência deste Tribunal, não há cobrança de custas no
284 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
âmbito dos processos autuados nesta Corte de Contas, de modo que a eventual declaração de pobreza,
nos termos da Lei 1060/1950, não possui qualquer efeito prático perante este Tribunal, diante da
absoluta falta de taxas, emolumentos e demais despesas relativas ao desenvolvimento do processo (AC
3775/2014-P; AC 1790/2014-Plenário, AC 2385/2014-P; AC 6045/2012-1ª C).
20.No tocante a Sra. Regina Maria Slama Gardel, não foi proposta a citação daquela segurada,
uma vez que, na análise preliminar, foi possível identificar a ausência de provas capazes de evidenciar
que ela agiu em conluio com autores das fraudes, conforme o exposto na Instrução anterior. Por
conseguinte, propõe-se a exclusão da Regina Maria Slama Gardel da presente relação processual (peça
5, p. 12, itens 34 e 39.3).
BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE
21.Entre os benefícios do exame desta Tomada de Contas Especial pode-se mencionar a proposta
de imputação de débito pelo Tribunal e multa, indicados nos itens 42.1 e 42.2.1, do anexo da Portaria -
Segecex 10/2012.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 22.Face ao exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se o envio dos autos
ao gabinete do Exmo. Sr. Ministro Relator, Augusto Nardes, com as seguintes propostas:
a) excluir da relação processual a segurada Regina Maria Slama Gardel (CPF: 413.949.927-34);
b) rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Maria da Conceição Martins Ferreira;
c) considerar revéis Luiz Carvalho Linhares, Francisco Fernandes Albrecht, Ivan Leandres Lima e
Leda Nunes Vieira, dando-se prosseguimento ao processo, consoante o disposto no art. 12, § 3º, da Lei
8.443/1992;
d) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992 c/c
os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com os arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III,
do Regimento Interno, julgar irregulares as contas do responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF
298.883.107-63), e do Sr. Francisco Fernandes Albrecht (CPF 639.116.477-00), e condená-los,
solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze
dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’,
do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social,
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas,
até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular
de aposentadoria por tempo de contribuição, que ocasionou prejuízos aos cofres do INSS:
d.1) Francisco Fernandes Albrecht (CPF 639.116.477-00)
Data do lançamento Valor Tipo
29/9/1997 787,33 D
29/9/1997 761,94 D
13/10/1997 761,94 D
14/11/1997 761,94 D
19/12/1997 761,94 D
19/12/1997 380,97 D
16/1/1998 761,94 D
13/2/1998 761,94 D
13/3/1998 761,94 D
17/4/1998 761,94 D
15/5/1998 761,94 D
12/6/1998 761,94 D
16/7/1998 798,58 D
14/8/1998 798,58 D
15/9/1998 798,58 D
15/10/1998 798,58 D
285 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/11/1998 798,58 D
16/12/1998 798,58 D
16/12/1998 798,58 D
20/1/1999 798,58 D
12/2/1999 798,58 D
12/3/1999 798,58 D
15/4/1999 798,58 D
14/5/1999 798,58 D
14/6/1999 798,58 D
16/7/1999 835,39 D
13/8/1999 835,39 D
14/9/1999 835,39 D
15/10/1999 835,39 D
12/11/1999 835,39 D
13/12/1999 835,39 D
13/12/1999 835,39 D
13/1/2000 835,39 D
11/2/2000 835,39 D
15/3/2000 835,39 D
13/4/2000 835,39 D
12/5/2000 835,39 D
13/6/2000 835,39 D
13/7/2000 883,92 D
11/8/2000 883,92 D
14/9/2000 883,92 D
13/10/2000 883,92 D
14/11/2000 883,92 D
13/12/2000 883,92 D
13/12/2000 883,92 D
12/1/2001 883,92 D
13/2/2001 883,92 D
13/3/2001 883,92 D
12/4/2001 883,92 D
14/5/2001 883,92 D
Valor atualizado em 243/2015: R$ 271.026,13
e) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992
c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III,
do Regimento Interno, julgar irregulares as contas do responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF
298.883.107-63), e Ivan Leandres Lima (CPF 180.327.107-87), e condená-los, solidariamente, ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento
Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data
dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular de
aposentadoria por tempo de contribuição, que ocasionou prejuízos aos cofres do INSS:
e.1) Ivan Leandres Lima (CPF 180.327.107-87)
Data do lançamento Valor Tipo
286 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
15/10/1997 799,45 D
15/10/1997 2.424,84 D
14/11/1997 799,45 D
11/12/1997 1.265,79 D
14/1/1998 801,98 D
12/2/1998 799,45 D
12/3/1998 799,45 D
15/4/1998 799,45 D
14/5/1998 799,45 D
12/6/1998 799,45 D
13/7/1998 837,90 D
13/8/1998 837,90 D
14/9/1998 837,90 D
14/10/1998 837,90 D
13/11/1998 837,90 D
11/12/1998 1.675,80 D
14/1/1999 837,90 D
11/2/1999 837,90 D
11/3/1999 837,90 D
15/4/1999 837,90 D
13/5/1999 837,90 D
14/6/1999 837,90 D
13/7/1999 876,52 D
12/8/1999 876,52 D
14/9/1999 876,52 D
14/10/1999 876,52 D
12/11/1999 876,52 D
13/12/1999 1.753,04 D
13/1/2000 876,52 D
11/2/2000 876,52 D
15/3/2000 876,52 D
13/4/2000 876,52 D
12/5/2000 876,52 D
13/6/2000 876,52 D
13/7/2000 927,44 D
11/8/2000 927,44 D
14/9/2000 927,44 D
13/10/2000 927,44 D
14/11/2000 927,44 D
13/12/2000 1.854,88 D
12/1/2001 927,44 D
13/2/2001 927,44 D
13/3/2001 927,44 D
12/4/2001 927,44 D
14/5/2001 927,44 D
13/6/2001 927,44 D
12/7/2001 998,48 D
13/8/2001 998,48 D
287 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
14/9/2001 998,48 D
11/10/2001 998,48 D
14/11/2001 998,48 D
13/12/2001 1.996,96 D
14/1/2002 998,48 D
15/2/2002 998,48 D
13/3/2002 998,48 D
11/4/2002 998,48 D
14/5/2002 998,48 D
13/6/2002 998,48 D
11/7/2002 1.090,34 D
Valor atualizado do débito: R$ 367.816,65
f) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992 c/c
os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do
Regimento Interno, julgar irregulares as contas do responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF
298.883.107-63), e Leda Nunes Vieira (CPF 036.803.447-08), e condená-los, solidariamente, ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento
Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data
dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular de
aposentadoria por tempo de contribuição, que ocasionou prejuízos aos cofres do INSS:
f.1) Leda Nunes Vieira (CPF 036.803.447-08)
Data do lançamento Valor Tipo
25/8/1997 525,27 D
5/9/1997 926,96 D
7/10/1997 926,96 D
10/11/1997 926,96 D
5/12/1997 926,96 D
5/12/1997 463,48 D
8/1/1998 926,96 D
6/2/1998 926,96 D
6/3/1998 926,96 D
7/4/1998 926,96 D
8/5/1998 926,96 D
5/6/1998 926,96 D
7/7/1998 967,74 D
7/8/1998 967,74 D
11/9/1998 967,74 D
13/10/1998 967,74 D
12/11/1998 967,74 D
15/12/1998 967,74 D
15/12/1998 967,74 D
12/1/1999 967,74 D
19/2/1999 967,74 D
15/3/1999 967,74 D
15/4/1999 967,74 D
288 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/5/1999 967,74 D
15/6/1999 967,74 D
13/7/1999 1.012,35 D
13/8/1999 1.012,35 D
14/9/1999 1.012,35 D
14/10/1999 1.012,35 D
17/11/1999 1.012,35 D
10/12/1999 1.012,35 D
10/12/1999 1.012,35 D
12/1/2000 1.012,35 D
10/2/2000 1.012,35 D
14/2/2000 1.012,35 D
14/3/2000 1.012,35 D
12/4/2000 1.012,35 D
12/5/2000 1.012,35 D
12/6/2000 1.012,35 D
12/7/2000 1.071,16 D
10/8/2000 1.071,16 D
14/9/2000 1.071,16 D
6/10/2000 1.071,16 D
13/11/2000 1.071,16 D
12/12/2000 1.071,16 D
12/12/2000 1.071,16 D
11/1/2001 1.071,16 D
13/2/2001 1.071,16 D
12/3/2001 1.071,16 D
11/4/2001 1.071,16 D
11/5/2001 1.071,16 D
12/6/2001 1.071,16 D
11/7/2001 1.153,21 D
10/8/2001 1.153,21 D
13/9/2001 1.153,21 D
10/10/2001 1.153,21 D
13/11/2001 1.153,21 D
12/12/2001 1.153,21 D
12/12/2001 1.153,21 D
11/1/2002 1.153,21 D
15/2/2002 1.153,21 D
15/3/2002 1.153,21 D
10/4/2002 1.153,21 D
14/5/2002 1.153,21 D
13/6/2002 1.153,21 D
11/7/2002 1.259,30 D
14/8/2002 1.259,30 D
11/9/2002 1.259,30 D
11/10/2002 1.259,30 D
13/11/2002 1.259,30 D
13/12/2002 1.259,30 D
289 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/12/2002 1.259,30 D
16/1/2003 1.259,30 D
13/2/2003 1.259,30 D
13/3/2003 1.259,30 D
14/4/2003 1.259,30 D
13/5/2003 1.259,30 D
12/6/2003 1.259,30 D
10/7/2003 1.507,50 D
15/8/2003 1.507,30 D
12/9/2003 1.507,50 D
13/10/2003 1.507,50 D
13/11/2003 1.507,50 D
5/12/2003 1.507,50 D
5/12/2003 1.507,50 D
8/1/2004 1.507,50 D
5/2/2004 1.507,50 D
5/3/2004 1.507,50 D
7/4/2004 1.507,50 D
7/5/2004 1.507,50 D
7/6/2004 1.575,78 D
7/7/2004 1.575,78 D
6/8/2004 1.575,78 D
8/9/2004 1.575,78 D
7/10/2004 1.575,78 D
8/11/2004 1.575,78 D
7/12/2004 1.575,78 D
7/12/2004 1.575,78 D
7/1/2005 1.575,78 D
9/2/2005 1.575,78 D
7/3/2005 1.575,78 D
7/4/2005 1.575,78 D
6/5/2005 1.575,78 D
7/6/2005 1.675,92 D
7/7/2005 1.675,92 D
5/8/2005 1.675,92 D
8/9/2005 1.675,92 D
7/10/2005 1.675,92 D
8/11/2005 1.675,92 D
7/12/2005 1.675,92 D
7/12/2005 1.675,92 D
6/1/2006 1.675,92 D
Valor atualizado em 24/3/2015: R$ 662.909,62
g) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992 c/c
os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do
Regimento Interno, julgar irregulares as contas do responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF
298.883.107-63), e Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34), e condená-los,
solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze
dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’,
do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social,
290 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas,
até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular
de aposentadoria por tempo de contribuição, que ocasionou prejuízos aos cofres do INSS:
g.1) Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34)
Data do lançamento Valor Tipo
17/12/1996 3.030,78 D
17/12/1996 841,88 D
9/1/1997 505,13 D
13/2/1997 505,13 D
10/3/1997 505,13 D
8/4/1997 505,13 D
9/5/1997 505,13 D
9/6/1997 505,13 D
8/7/1997 544,32 D
8/8/1997 544,32 D
11/9/1997 544,32 D
8/10/1997 544,32 D
11/11/1997 544,32 D
8/12/1997 1.088,64 D
9/1/1998 544,32 D
9/2/1998 544,32 D
9/3/1998 544,32 D
8/4/1998 544,32 D
11/5/1998 544,32 D
8/6/1998 544,32 D
8/7/1998 570,50 D
10/8/1998 570,50 D
9/9/1998 570,50 D
8/10/1998 570,50 D
10/11/1998 570,50 D
8/12/1998 1.141,00 D
11/1/1999 570,50 D
8/2/1999 570,50 D
8/3/1999 570,50 D
12/4/1999 570,50 D
10/5/1999 570,50 D
9/6/1999 570,50 D
8/7/1999 596,80 D
9/8/1999 596,80 D
9/9/1999 596,80 D
8/10/1999 596,80 D
9/11/1999 596,80 D
8/12/1999 1.193,60 D
12/1/2000 596,80 D
8/2/2000 596,80 D
10/3/2000 596,80 D
10/4/2000 596,80 D
291 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/5/2000 596,80 D
8/6/2000 596,80 D
10/7/2000 631,47 D
8/8/2000 631,47 D
11/9/2000 631,47 D
9/10/2000 631,47 D
9/11/2000 631,47 D
8/12/2000 1.262,94 D
9/1/2001 631,47 D
8/2/2001 632,00 D
8/3/2001 632,00 D
9/4/2001 632,00 D
9/5/2001 632,00 D
8/6/2001 632,00 D
9/7/2001 680,00 D
8/8/2001 680,00 D
11/9/2001 680,00 D
8/10/2001 680,00 D
9/11/2001 680,00 D
10/12/2001 1.357,00 D
9/1/2002 680,00 D
8/2/2002 680,00 D
8/3/2002 680,00 D
8/4/2002 680,00 D
9/5/2002 680,00 D
10/6/2002 680,00 D
8/7/2002 743,00 D
8/8/2002 743,00 D
9/9/2002 743,00 D
8/10/2002 743,00 D
Valor atualizado em 24/3/2015: R$ 319.812,99
h) julgar irregulares as contas do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) e condená-lo
ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento
Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data
dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, segundo os pagamentos efetuados à
seguinte segurada:
h.1) Regina Maria Slama Rangel (CPF 413.949.927-34)
Data do lançamento Valor Tipo
23/7/1997 202,53 D
12/8/1997 868,00 D
10/9/1997 868,00 D
10/10/1997 868,00 D
12/11/1997 868,00 D
10/12/1997 1.302,00 D
14/1/1998 870,59 D
11/2/1998 868,00 D
292 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11/3/1998 868,00 D
14/4/1998 868,00 D
13/5/1998 868,00 D
10/6/1998 868,00 D
10/7/1998 909,75 D
12/8/1998 909,75 D
11/9/1998 909,75 D
13/10/1998 909,75 D
12/11/1998 909,75 D
10/12/1998 1.819,50 D
13/1/1999 909,75 D
10/2/1999 909,75 D
10/3/1999 909,75 D
14/4/1999 909,75 D
12/5/1999 909,75 D
11/6/1999 909,75 D
12/7/1999 951,68 D
11/8/1999 951,68 D
13/9/1999 951,68 D
13/10/1999 951,68 D
11/11/1999 951,68 D
10/12/1999 951,68 D
10/12/1999 951,68 D
12/1/2000 951,68 D
10/2/2000 951,68 D
14/3/2000 951,68 D
12/4/2000 951,68 D
11/5/2000 951,68 D
12/6/2000 951,68 D
12/7/2000 1.006,97 D
10/8/2000 1.006,97 D
13/9/2000 1.006,97 D
11/10/2000 1.006,97 D
13/11/2000 1.006,97 D
12/12/2000 2.013,94 D
11/1/2001 1.006,97 D
12/2/2001 1.006,97 D
12/3/2001 1.006,97 D
11/4/2001 1.006,97 D
Valor atualizado em 24/3/2015: R$ 304.594,06
i) aplicar ao Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovar perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a
data do acórdão que vier a ser proferido até a data do efetivo recolhimento;
j) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
293 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
k) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que
a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, nos
termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para
adoção das medidas que entender cabíveis.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se da tomada de contas especial instaurada em decorrência de concessões irregulares de
benefícios previdenciários, no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
2.A Controladoria-Geral da União emitiu o Relatório de Auditoria, o Certificado de Auditoria e o
Parecer do Dirigente do Órgão de Controle Interno, todos de nº 60/2014, com entendimento pela
irregularidade das contas, os quais foram conhecidos pelo Ministro de Estado da Previdência Social (peça
3, p. 215-218).
3.Nesta Corte, foram arrolados como responsável o ex-servidor Luiz Carvalho Linhares e os
segurados Francisco Fernandes Albrecht, Ivan Leandres Lima, Maria da Conceição Martins Ferreira e
Leda Vieira da Costa, vez que não consta dos autos elementos suficientes que permitam concluir pela
ocorrência de boa-fé.
4.Diferentemente, a beneficiária Regina Maria Slama Gardel deve ser excluída da relação
processual, no âmbito deste Tribunal, por inexistirem, nos autos, provas convincentes de que a segurada
agiu em conluio com o autor das fraudes em exame, na mesma linha adotada nos Acórdãos nºs
1.201/2011, 427/2012, 789/2012, 2.580/2012, 325/2013, 509/2013, 859/2013, 2.369/2013, 3.626/2013,
235/2015, 237/2015, 337/2015, 339/2015 e 737/2015, todos do Plenário.
5. Regularmente citados (peças 8 a 11), os responsáveis Luiz Carvalho Linhares, Francisco
Fernandes Albrecht, Ivan Leandres Lima e Leda Vieira da Costa não apresentaram alegações de defesa e
não se manifestaram quanto às irregularidades verificadas. Assim, por serem revéis prossegue-se o
processo conforme previsto no art. 12, § 3º da Lei nº 8.443, de 1992. Por sua vez, Maria da Conceição
Martins Ferreira (citada peça 7) apresentou suas alegações de defesa na peça 21.
6. Diante disso, a unidade técnica, com a concordância do Parquet, propõe a irregularidade das
contas dos responsáveis; a condenação em débito pelos montantes especificados no relatório precedente; a
aplicação de multa; a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações de cobrança; e o
envio de cópia da deliberação a ser proferida à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro,
com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alínea “d”, §§ 2º e 3º; 19 e 23, inciso III, alínea “a”;
28, inciso II; 57; e 60 da Lei nº 8.443, de 1992.
7. De fato, incorporando às minhas razões de decidir os fundamentos expendidos na instrução da
unidade técnica (peça 37), não é possível reconhecer a boa-fé na conduta do ex-servidor e segurados
arrolados, o que permite, desde logo, julgar irregulares as presentes contas, com fundamento nos arts. 1º,
inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “d”, 19 e 23, inciso III da Lei nº 8.443, de 1992.
8. Afinal, as conclusões e provas constantes do Relatório da Comissão de TCE (peça 3) são
suficientes para lhes atribuir os débitos em apuração, haja vista que fundadas em elementos substanciosos
quanto à materialidade e autoria dos ilícitos investigados.
9.Compreendo que, considerando a gravidade dessas condutas, também ser medida necessária
aplicar a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443, de 1992, bem como, adicionalmente, declarar a
inabilitação dos responsáveis para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da
Administração Pública, com fundamento no art. 60 da Lei 8.443, de 1992 e em respeito à jurisprudência
deste Tribunal (Acórdãos Plenário nºs 1.201/2011, 1.852/2012, 859/2013, 2.299/2013, 2.449/2013,
3.112/2013, 235/2015, 236/2015, 237/2015; 337/2015, 339/2015 e 737/2015).
10.Ainda, seguindo a jurisprudência da Corte (Acórdãos Plenário nºs 3.626/2013, 3.627/2013,
3.628/2013, 3.651/2013, 53/2014, 235/2015, 236/2015, 237/2015; 337/2015, 339/2015 e 737/2015), em
294 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
face da extensão do prejuízo causado aos cofres do INSS e a fim de salvaguardar a recomposição ao
erário dos recursos desviados, é oportuno solicitar à Advocacia-Geral da União, por intermédio do
Ministério Público junto ao TCU, a adoção das medidas necessárias ao arresto dos bens do responsável
nos termos do art. 61 da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 275 do Regimento Interno/TCU.
11.Também pertinente autorizar a cobrança judicial das dívidas, conforme previsto no art. 28, inciso
II, da Lei nº 8.443, de 1992, caso não atendidas as notificações, e determinar o encaminhamento de cópia
da deliberação que vier a ser proferida ao INSS e à Procuradoria da República no estado do Rio de
Janeiro, com fundamento no § 3º do art. 16 da Lei nº 8.443, de 1992.
12.Por fim relembro que, conforme visto no item 4 deste Voto, no âmbito desta Corte de Contas foi
excluída da relação processual a beneficiária Regina Maria Slama Gardel, por inexistirem provas
convincentes de que os segurados agiram em conluio com a autora das fraudes.
13.Entretanto, no âmbito administrativo, caso haja constatação de que recebeu benefícios indevidos
(o que pode ocorrer independentemente de dolo ou culpa), tendo havido ou não a suspensão do
pagamento, a decisão do Tribunal pela exclusão dessa segurada da relação processual não impede a
adoção de providências administrativas e/ou judiciais que a entidade prejudicada entender como cabíveis,
com o objetivo de reaver aquilo que foi pago sem justa causa, ou seja, à míngua de fundamento jurídico.
Pelas razões expostas, VOTO no sentido de que seja adotado o acórdão que ora submeto à
apreciação deste colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1227/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 010.227/2014-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Francisco Fernandes Albrecht (639.116.477-00); Ivan Leandres Lima
(180.327.107-87); Leda Nunes Vieira (036.803.447-08); Luiz Carvalho Linhares (298.883.107-63); e
Maria da Conceição Martins Ferreira (494.102.377-34).
4. Entidade: Gerência Executiva do INSS - NITERÓI/RJ - INSS/MPS.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em decorrência
da concessão irregular de benefícios previdenciários, no âmbito da Gerência Executiva do INSS, em
Niterói/RJ,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:
9.1. excluir da relação processual a segurada Regina Maria Slama Gardel;
9.2. considerar revéis os responsáveis Luiz Carvalho Linhares (298.883.107-63), Francisco
Fernandes Albrecht (639.116.477-00), Ivan Leandres Lima (180.327.107-87) e Leda Nunes Vieira
(036.803.447-08), nos termos do art. 12, §3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992;
9.3. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea “d”, e § 2º da Lei nº 8.443,
de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 202, § 6º, 209, inciso IV, e
210 e 214, inciso III do Regimento Interno do TCU, irregulares as contas dos responsáveis Luiz Carvalho
Linhares (CPF 298.883.107-63) e Sr. Francisco Fernandes Albrecht (CPF 639.116.477-00), e condená-
los, solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze
dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”,
do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social,
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas,
até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular
295 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
de aposentadoria por tempo de contribuição:
9.3.1. ao segurado Francisco Fernandes Albrecht (CPF 639.116.477-00):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
29/9/1997 787,33
29/9/1997 761,94
13/10/1997 761,94
14/11/1997 761,94
19/12/1997 761,94
19/12/1997 380,97
16/1/1998 761,94
13/2/1998 761,94
13/3/1998 761,94
17/4/1998 761,94
15/5/1998 761,94
12/6/1998 761,94
16/7/1998 798,58
14/8/1998 798,58
15/9/1998 798,58
15/10/1998 798,58
13/11/1998 798,58
16/12/1998 798,58
16/12/1998 798,58
20/1/1999 798,58
12/2/1999 798,58
12/3/1999 798,58
15/4/1999 798,58
14/5/1999 798,58
14/6/1999 798,58
16/7/1999 835,39
13/8/1999 835,39
14/9/1999 835,39
15/10/1999 835,39
12/11/1999 835,39
13/12/1999 835,39
13/12/1999 835,39
13/1/2000 835,39
11/2/2000 835,39
15/3/2000 835,39
13/4/2000 835,39
12/5/2000 835,39
13/6/2000 835,39
13/7/2000 883,92
11/8/2000 883,92
14/9/2000 883,92
13/10/2000 883,92
14/11/2000 883,92
13/12/2000 883,92
296 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/12/2000 883,92
12/1/2001 883,92
13/2/2001 883,92
13/3/2001 883,92
12/4/2001 883,92
14/5/2001 883,92
9.4. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e §§ 1º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno, irregulares as contas dos responsáveis Luiz Carvalho Linhares
(CPF 298.883.107-63) e Ivan Leandres Lima (CPF 180.327.107-87), e condená-los, solidariamente, ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos
recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular de
aposentadoria por tempo de contribuição:
9.4.1. ao segurado Ivan Leandres Lima (CPF 180.327.107-87):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
15/10/1997 799,45
15/10/1997 2.424,84
14/11/1997 799,45
11/12/1997 1.265,79
14/1/1998 801,98
12/2/1998 799,45
12/3/1998 799,45
15/4/1998 799,45
14/5/1998 799,45
12/6/1998 799,45
13/7/1998 837,90
13/8/1998 837,90
14/9/1998 837,90
14/10/1998 837,90
13/11/1998 837,90
11/12/1998 1.675,80
14/1/1999 837,90
11/2/1999 837,90
11/3/1999 837,90
15/4/1999 837,90
13/5/1999 837,90
14/6/1999 837,90
13/7/1999 876,52
12/8/1999 876,52
14/9/1999 876,52
14/10/1999 876,52
12/11/1999 876,52
13/12/1999 1.753,04
13/1/2000 876,52
297 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11/2/2000 876,52
15/3/2000 876,52
13/4/2000 876,52
12/5/2000 876,52
13/6/2000 876,52
13/7/2000 927,44
11/8/2000 927,44
14/9/2000 927,44
13/10/2000 927,44
14/11/2000 927,44
13/12/2000 1.854,88
12/1/2001 927,44
13/2/2001 927,44
13/3/2001 927,44
12/4/2001 927,44
14/5/2001 927,44
13/6/2001 927,44
12/7/2001 998,48
13/8/2001 998,48
14/9/2001 998,48
11/10/2001 998,48
14/11/2001 998,48
13/12/2001 1.996,96
14/1/2002 998,48
15/2/2002 998,48
13/3/2002 998,48
11/4/2002 998,48
14/5/2002 998,48
13/6/2002 998,48
11/7/2002 1.090,34
9.5. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e §§ 1º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno, irregulares as contas dos responsáveis Luiz Carvalho Linhares
(CPF 298.883.107-63) e Leda Nunes Vieira (CPF 036.803.447-08), e condená-los, solidariamente, ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos
recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular de
aposentadoria por tempo de contribuição:
9.5.1. à segurada Leda Nunes Vieira (CPF 036.803.447-08):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
25/8/1997 525,27
5/9/1997 926,96
7/10/1997 926,96
10/11/1997 926,96
5/12/1997 926,96
298 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5/12/1997 463,48
8/1/1998 926,96
6/2/1998 926,96
6/3/1998 926,96
7/4/1998 926,96
8/5/1998 926,96
5/6/1998 926,96
7/7/1998 967,74
7/8/1998 967,74
11/9/1998 967,74
13/10/1998 967,74
12/11/1998 967,74
15/12/1998 967,74
15/12/1998 967,74
12/1/1999 967,74
19/2/1999 967,74
15/3/1999 967,74
15/4/1999 967,74
13/5/1999 967,74
15/6/1999 967,74
13/7/1999 1.012,35
13/8/1999 1.012,35
14/9/1999 1.012,35
14/10/1999 1.012,35
17/11/1999 1.012,35
10/12/1999 1.012,35
10/12/1999 1.012,35
12/1/2000 1.012,35
10/2/2000 1.012,35
14/2/2000 1.012,35
14/3/2000 1.012,35
12/4/2000 1.012,35
12/5/2000 1.012,35
12/6/2000 1.012,35
12/7/2000 1.071,16
10/8/2000 1.071,16
14/9/2000 1.071,16
6/10/2000 1.071,16
13/11/2000 1.071,16
12/12/2000 1.071,16
12/12/2000 1.071,16
11/1/2001 1.071,16
13/2/2001 1.071,16
12/3/2001 1.071,16
11/4/2001 1.071,16
11/5/2001 1.071,16
12/6/2001 1.071,16
11/7/2001 1.153,21
299 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/8/2001 1.153,21
13/9/2001 1.153,21
10/10/2001 1.153,21
13/11/2001 1.153,21
12/12/2001 1.153,21
12/12/2001 1.153,21
11/1/2002 1.153,21
15/2/2002 1.153,21
15/3/2002 1.153,21
10/4/2002 1.153,21
14/5/2002 1.153,21
13/6/2002 1.153,21
11/7/2002 1.259,30
14/8/2002 1.259,30
11/9/2002 1.259,30
11/10/2002 1.259,30
13/11/2002 1.259,30
13/12/2002 1.259,30
13/12/2002 1.259,30
16/1/2003 1.259,30
13/2/2003 1.259,30
13/3/2003 1.259,30
14/4/2003 1.259,30
13/5/2003 1.259,30
12/6/2003 1.259,30
10/7/2003 1.507,50
15/8/2003 1.507,30
12/9/2003 1.507,50
13/10/2003 1.507,50
13/11/2003 1.507,50
5/12/2003 1.507,50
5/12/2003 1.507,50
8/1/2004 1.507,50
5/2/2004 1.507,50
5/3/2004 1.507,50
7/4/2004 1.507,50
7/5/2004 1.507,50
7/6/2004 1.575,78
7/7/2004 1.575,78
6/8/2004 1.575,78
8/9/2004 1.575,78
7/10/2004 1.575,78
8/11/2004 1.575,78
7/12/2004 1.575,78
7/12/2004 1.575,78
7/1/2005 1.575,78
9/2/2005 1.575,78
7/3/2005 1.575,78
300 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
7/4/2005 1.575,78
6/5/2005 1.575,78
7/6/2005 1.675,92
7/7/2005 1.675,92
5/8/2005 1.675,92
8/9/2005 1.675,92
7/10/2005 1.675,92
8/11/2005 1.675,92
7/12/2005 1.675,92
7/12/2005 1.675,92
6/1/2006 1.675,92
9.6. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d” e §§ 1º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno, irregulares as contas dos responsáveis Luiz Carvalho Linhares
(CPF 298.883.107-63) e Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34), e condená-los,
solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias,
a contar das notificações, para comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social,
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas,
até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, em razão da concessão irregular
de aposentadoria por tempo de contribuição à segurada:
9.6.1. Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
17/12/1996 3.030,78
17/12/1996 841,88
9/1/1997 505,13
13/2/1997 505,13
10/3/1997 505,13
8/4/1997 505,13
9/5/1997 505,13
9/6/1997 505,13
8/7/1997 544,32
8/8/1997 544,32
11/9/1997 544,32
8/10/1997 544,32
11/11/1997 544,32
8/12/1997 1.088,64
9/1/1998 544,32
9/2/1998 544,32
9/3/1998 544,32
8/4/1998 544,32
11/5/1998 544,32
8/6/1998 544,32
8/7/1998 570,50
10/8/1998 570,50
9/9/1998 570,50
8/10/1998 570,50
301 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/11/1998 570,50
8/12/1998 1.141,00
11/1/1999 570,50
8/2/1999 570,50
8/3/1999 570,50
12/4/1999 570,50
10/5/1999 570,50
9/6/1999 570,50
8/7/1999 596,80
9/8/1999 596,80
9/9/1999 596,80
8/10/1999 596,80
9/11/1999 596,80
8/12/1999 1.193,60
12/1/2000 596,80
8/2/2000 596,80
10/3/2000 596,80
10/4/2000 596,80
10/5/2000 596,80
8/6/2000 596,80
10/7/2000 631,47
8/8/2000 631,47
11/9/2000 631,47
9/10/2000 631,47
9/11/2000 631,47
8/12/2000 1.262,94
9/1/2001 631,47
8/2/2001 632,00
8/3/2001 632,00
9/4/2001 632,00
9/5/2001 632,00
8/6/2001 632,00
9/7/2001 680,00
8/8/2001 680,00
11/9/2001 680,00
8/10/2001 680,00
9/11/2001 680,00
10/12/2001 1.357,00
9/1/2002 680,00
8/2/2002 680,00
8/3/2002 680,00
8/4/2002 680,00
9/5/2002 680,00
10/6/2002 680,00
8/7/2002 743,00
8/8/2002 743,00
9/9/2002 743,00
8/10/2002 743,00
302 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.7. julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e §§ 1º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno, irregulares as contas do Sr. Luiz Carvalho Linhares (CPF
298.883.107-63) e condená-lo ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo
de quinze dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea
“a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social,
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas,
até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor, segundo os pagamentos efetuados
à segurada:
9.7.1. Regina Maria Slama Rangel (CPF 413.949.927-34):
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
23/7/1997 202,53
12/8/1997 868,00
10/9/1997 868,00
10/10/1997 868,00
12/11/1997 868,00
10/12/1997 1.302,00
14/1/1998 870,59
11/2/1998 868,00
11/3/1998 868,00
14/4/1998 868,00
13/5/1998 868,00
10/6/1998 868,00
10/7/1998 909,75
12/8/1998 909,75
11/9/1998 909,75
13/10/1998 909,75
12/11/1998 909,75
10/12/1998 1.819,50
13/1/1999 909,75
10/2/1999 909,75
10/3/1999 909,75
14/4/1999 909,75
12/5/1999 909,75
11/6/1999 909,75
12/7/1999 951,68
11/8/1999 951,68
13/9/1999 951,68
13/10/1999 951,68
11/11/1999 951,68
10/12/1999 951,68
10/12/1999 951,68
12/1/2000 951,68
10/2/2000 951,68
14/3/2000 951,68
12/4/2000 951,68
11/5/2000 951,68
12/6/2000 951,68
303 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/7/2000 1.006,97
10/8/2000 1.006,97
13/9/2000 1.006,97
11/10/2000 1.006,97
13/11/2000 1.006,97
12/12/2000 2.013,94
11/1/2001 1.006,97
12/2/2001 1.006,97
12/3/2001 1.006,97
11/4/2001 1.006,97
9.8. aplicar ao responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) a multa prevista no art.
57 da Lei nº 8.443, de 1992, no valor de R$ 154.000,00 ( cento e cinquenta e quatro mil reais), aos
segurados Francisco Fernandes Albrecht, Ivan Leandres Lima, Leda Nunes Vieira e Maria da Conceição
Martins Ferreira, nos valores de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais), R$
57.000,00 (cinquenta e sete mil reais) e R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), respectivamente, fixando-
lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal (art. 23,
inciso III, alínea “a” da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 214, inciso III, alínea “a” do RI/TCU) o recolhimento
da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, a contar da data deste Acórdão até
a data do efetivo recolhimento, caso não seja paga no prazo estabelecido, na forma da legislação em
vigor;
9.9. solicitar, com base no art. 61 da Lei nº 8.443, de 1992, e no art. 275 do Regimento Interno do
TCU, à Advocacia-Geral da União, por intermédio do Ministério Público junto ao TCU, a adoção das
medidas necessárias ao arresto dos bens do responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) e
dos segurados Francisco Fernandes Albrecht (639.116.477-00), Ivan Leandres Lima (180.327.107-87),
Leda Nunes Vieira (036.803.447-08) e Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34), caso
não haja, dentro do prazo estabelecido, a comprovação do recolhimento das dívidas, devendo este
Tribunal ser ouvido quanto à liberação dos bens arrestados e à sua restituição;
9.10. autorizar, desde logo, com amparo no art. 28, inciso II da Lei nº 8.443, de 1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.11. aplicar ao responsável Luiz Carvalho Linhares (CPF 298.883.107-63) e aos segurados
Francisco Fernandes Albrecht (639.116.477-00), Ivan Leandres Lima (180.327.107-87), Leda Nunes
Vieira (036.803.447-08) e Maria da Conceição Martins Ferreira (CPF 494.102.377-34), tendo em vista a
gravidade da infração cometida, a penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo
prazo de 8 (oito) anos;
9.12. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à
responsável, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria da República no Estado do Rio de
Janeiro, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443, de 1992;
9.13. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria da República no Estado do
Rio de Janeiro que a decisão contida no subitem 9.1. deste acórdão não impedirá a adoção de
providências administrativas e/ou judiciais contra a beneficiária dos pagamentos previdenciários
inquinados, com vistas à recuperação dos valores indevidamente pagos.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1227-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
304 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE IV – Plenário
TC 011.055/2014-6
Natureza: Tomada de Contas Especial
Unidade: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
Responsáveis: Deocléa da Penha Cavalcante (falecida, CPF 735.391.807-10), Iolanda Cunha
Pereira (CPF 541.950.717-04), José Carlos Lopes de Oliveira; (CPF 036.567.567-91) e Manoel Eleutério
Neto (CPF 296.775.137-53).
Representação legal: não há.
Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FRAUDE CONFIGURADA PELA
CONCESSÃO IRREGULAR DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. EXCLUSÃO DE SEGURADOS
DA RELAÇÃO PROCESSUAL. CONTAS IRREGULARES DE EX-SERVIDORA DO INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. DÉBITO.
RELATÓRIO
Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS,
visando à apuração de irregularidades supostamente cometidas pela ex-servidora Deocléa da Penha
Cavalcante, referentes à concessão de benefícios previdenciários.
2.A Controladoria-Geral da União emitiu o Relatório de Auditoria, o Certificado de Auditoria e o
Parecer do Dirigente do Órgão de Controle Interno, todos de nº 263/2014, com entendimento pela
irregularidade das contas, os quais foram conhecidos pelo Ministro de Estado da Previdência Social (peça
2, fls. 283/293).
3.O auditor da unidade técnica deste Tribunal elaborou a instrução a seguir reproduzida (peça 44),
com ajustes de forma que reputo pertinentes, a qual contou com a anuência dos dirigentes:
“INTRODUÇÃO
Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro Social em
razão dos prejuízos causados pela ex-servidora Deocléa da Penha Cavalcante, decorrentes da concessão
irregular de benefícios de aposentadorias por tempo de contribuição, ocorridos no âmbito da agência da
Previdência Social Praça Seca, Rio de Janeiro.
1.1.A instauração desta Tomada de Contas Especial ocorreu em 9/10/2013 (peça 1, p. 3), no
âmbito da Gerência Executiva do INSS Rio de Janeiro-Centro, autorizada por intermédio da Portaria
69/INSS/DIROFL, de 8/12/2006 (peça 1, p. 7), a fim de apurar as responsabilidades e quantificação dos
danos causados à Fazenda Pública, conforme registrou o Processo Administrativo Disciplinar n.
35301.017942/1998-68.
1.2.As irregularidades apuradas resumem-se, em essência, à não comprovação de vínculo
empregatício, à majoração indevida de tempo de serviço e à aplicação incorreta da conversão de tempo
de serviço especial para comum, em virtude do não enquadramento correto das atividades nos
dispositivos legais (peça 1, p. 35). Quando lotada no PSS-Praça Seca, a servidora Deocléa da Penha
Cavalcante concedeu benefícios de aposentadoria irregularmente, ao arrepio da Consolidação dos Atos
Normativos de Benefícios e do então vigente Decreto 2172/97, uma vez que atribuiu aos mesmos Renda
Mensal a maior do que efetivamente faziam jus os segurados; não observou as normas de transformação
de tempo de serviço de especial para comum, e incluiu no cálculo de tempo de serviço períodos que não
vieram a ser comprovados pela Auditoria do INSS (peça 1, p. 55).
305 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.3.A Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência e Assistência Social emitiu o
Parecer/CJ/n. 2120/2000, de 9/6/2000 (peça 1, p. 75), acolheu o Relatório Final da Comissão de
Inquérito, e opinou pela aplicação da pena de demissão do cargo de agente de portaria do quadro de
pessoal do Instituto Nacional do Seguro Social, por se valer do cargo para lograr proveito de outrem em
detrimento da dignidade da função pública (peça 1, p. 83, item 19).
1.4.Nos termos do Extrato de Parecer em Processo Administrativo Disciplinar, como já ocorrera a
demissão da indiciada através da Portaria n. 6.441, de 30/5/2000, publicada no Diário Oficial da União,
de 1/6/2000, foi sugerido apenas o registro nos assentamentos funcionais da Sra. Deocléa da Penha
Cavalcante da aplicação daquela penalidade, por valer-se do cargo para lograr proveito de outrem em
detrimento da dignidade da função pública (peça 1, p. 85).
As irregularidades na concessão e manutenção dos benefícios previdenciários aos segurados,
abaixo relacionados, foram apuradas pela Missão de Auditoria Extraordinária na Superintendência
Estadual do INSS no Rio de Janeiro e Divisão de Auditoria em Benefícios/Auditoria Regional III/RJ, a
saber:
segurada Iolanda Cunha Pereira, N/B 42/108.014.877-6 (peça 1, p. 11, itens 1 e 2): esse benefício
foi requerido em 4/12/1997, com Data de Início de Benefício - DIB fixada em 10/9/1997, tendo sido
computado o tempo de contribuição de 43 anos e cinco dias; em decorrência de constatação de indícios
de irregularidades, o benefício foi suspenso em 1/9/1998; após a suspensão, a interessada impetrou
Mandado de Segurança n. 99.0074928-6, 35ª V.F., e obteve o restabelecimento de seu benefício;
a.1) a Auditoria do INSS deu prosseguimento às investigações relativas às suspeitas de
irregularidade na concessão do benefício dentro das normas que regem o devido processo legal, pois
alguns vínculos empregatícios não constavam no Cadastro Nacional de Informações Sociais-CNIS:
Santana Gomes e Cia Ltda.; Finco S/A- Crédito Financiamento e Investimento; Panorama
Empreendimentos e Construções Ltda., Colégio Guanabara Ltda., e Escola Montessoriana Sendo Ltda.;
a.2) foram emitidas inúmeras pesquisas e diligências visando a confirmação dos vínculos
empregatícios da segurada com as empresas acima relacionadas; conforme a conclusão da Solicitação
de Pesquisa n. 49/98, a Auditoria do INSS verificou que não foi confirmado o vínculo empregatício da
interessada com o Colégio Guanabara Ltda., no período de 1/3/1987 a 31/12/1992, no total de cinco
anos e dez meses (peça 1, p. 11- 13, item 5);
a.3) por meio da Requisição de Diligência n. 004/04, verificou-se que também não foi confirmado o
vínculo empregatício com a Escola Montessoriana Sendo Ltda., no período de 4/3/1993 a 10/9/1997, no
total de quatro anos, seis meses e sete dias (peça 1, p. 13, item 6);
a.4) foram solicitadas à Junta Comercial do Rio de Janeiro informações acerca da empresa
Panorama Empreendimentos e Construções Ltda., que não havia sido localizada. A partir das
informações fornecidas, foi constatado que a empresa iniciou suas atividades somente a partir de
19/4/1985, logo a interessada não poderia ter trabalhado na mesma, no período de 3/10/1975 a
31/12/1986 (peça 1, p. 13, itens 7 e 8);
a.5) a Auditoria do INSS concluiu que permaneceram as irregularidades na documentação que
embasou a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição da segurada Iolanda
Cunha Pereira, N/B 42/108.014.877-6, ou seja, não foram comprovados os vínculos empregatícios com
as empresas: Colégio Guanabara Ltda., no período de 1/3/1987 a 31/12/1992 (cinco anos e dez meses);
Panorama Empreendimentos e Construções Ltda., no período de 3/10/1975 a 31/12/1986 (onze anos,
dois meses e 28 dias); Escola Montessoriana Sendo Ltda., no período de 4/3/1993 a 10/9/1997 ( quatro
anos, seis meses e sete dias); e os trinta e seis últimos Salários de Contribuição utilizados para o cálculo
da renda mensal do benefício (peça 1, p. 15, item 12);
a.6) com a exclusão dos períodos não comprovados, a interessada não possuía, na Data de
Entrada do Requerimento-DER, em 4/12/1997, o tempo mínimo necessário para a obtenção do benefício,
de acordo com o artigo 52, da Lei 8.231/91;
a.7) portanto, a Auditoria do INSS recomendou, em 12/11/04, a suspensão do benefício pelo
módulo AUDIT/SUSBEN, do Sistema Único de Benefícios (peça 1, p. 15, item 13 e 14);
306 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a.8) de acordo com as informações contidas no formulário de ‘Auditoria de Benefício’, a Auditoria
do INSS concluiu que o benefício em questão foi habilitado e concedido pela servidora Deocléa da Penha
Cavalcante (peça 1, p. 17, item 17).
b) segurado Jose Carlos Lopes de Oliveira, N/B 42/108.014.741-9: a equipe técnica em Missão de
Auditoria Extraordinária, realizada no Posto do Seguro Social Praça Seca, para apuração de
irregularidades na concessão de benefícios da espécie 42, constituiu o processo 108.014.741-9 a partir
de elementos extraídos na base local do Prisma- Projeto de Regionalização e Informação de Sistemas e
do SUB - Sistema Único de Benefícios, em virtude da não localização do processo concessórios original
no Posto do INSS Praça Seca (peça 1, p. 21 item 1);
b.1) visando apurar a autenticidade dos elementos que embasaram a concessão do benefício, a
Auditoria do INSS realizou pesquisas junto ao CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais e/ou
CNISCI - Cadastro Nacional de Informações Sociais/Contribuinte Individual (peça 1, p. 21 itens 3 e 3.1);
não foram confirmados os vínculos com as empresas Milbanco Corretora de Câmbio e Valores S/A (no
período de 20/7/1978 a 22/4/1994), e M.M. Decorações Ltda. (no período de 25/4/1994 a 26/8/1997);
b.2) a Auditoria do INSS concluiu que o benefício em questão foi habilitado e concedido pela
servidora Deocléa da Penha Cavalcante (peça 1, p. 23, item 10).
c) segurado Manoel Eleutério Neto, N/B 42/108.268.706-2 (peça 1, p. 27 item 1): a equipe de
auditores, em Missão de Auditoria Extraordinária, realizada no Posto Praça Seca, para apuração de
irregularidades na concessão de benefícios da espécie 42, constituiu o processo 108.268.706-2 a partir
de elementos extraídos na base local do Prisma - Projeto de Regionalização e Informação de Sistemas e
do SUB - Sistema Único de Benefícios, em virtude da não localização do processo concessórios original
no Posto do INSS Praça Seca;
c.1) visando apurar a autenticidade dos elementos que embasaram a concessão do benefício, a
Auditoria do INSS realizou pesquisas junto ao CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais e/ou
CNISCI - Cadastro Nacional de Informações Sociais/Contribuinte Individual, que revelou trabalhador
inexistente (peça 1, p. 27 itens 3 e 3.1);
c.2) no PBC (Período Básico de Cálculo) para determinação da renda mensal do benefício, os
vencimentos foram computados ao limite máximo do salário de contribuição de 9/94 a 8/97, referente ao
empregador Poder Imobiliários Ltda., cujo vínculo não constou no CNIS (peça 1, p. 27 itens 3.3.);
c.4) o benefício em questão foi habilitado e concedido pela servidora Deocléa da Penha
Cavalcante (peça 1, p. 29, item 10).
A Comissão Permanente de Tomada de Contas Especial da Gerência Executiva do Rio de Janeiro-
Centro concluiu, em seu Relatório de TCE n. 011/2013, que os fatos apurados nesta TCE indicaram a
ocorrência de prejuízos ao Erário oriundo de concessão irregular de benefícios na APS Praça Seca, pela
ex-servidora Deocléa da Penha Cavalcante aos segurados Iolanda Cunha Pereira (CPF 541.950.717-
04), Jose Carlos Lopes de Oliveira (CPF 036.567.567-91); Manoel Eleutério Neto (CPF 296.775.137-
53), no montante original de R$ 181.023,11, importância atualizada monetariamente e acrescidas de
juros de mora, no período de 29/12/1997 até 29/1/2013, correspondeu ao prejuízo de R$ 918.184,50,
fatos que motivaram a instauração do processo de TCE (peça 2, p. 219 e 227).
O registro de responsabilidade no Sistema Siafi foi realizado em conta Diversos Responsáveis
Apurados, n. 112291500, por intermédio da Nota de Lançamento 2013NL401641, de 21/11/2013, em
decorrência de pagamentos indevidos de benefícios previdenciários, entre outros o desta tomada de
contas especial (peça 2, p. 209).
Remetidos os autos à Controladoria-Geral da União, foi elaborado o Relatório de Auditoria
263/2014, por meio do qual se confirmou a responsabilização da ex-servidora, solidariamente com os
segurados (peça 2, p. 283-286).
5.1.Após a emissão do Certificado de Auditoria e do Parecer do Dirigente de Controle Interno,
ambos com parecer pela irregularidade das contas, e o Pronunciamento Ministerial, o processo foi
encaminhado para este Tribunal de Contas para fins de julgamento (peça 2, p. 288-293).
307 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6.Devido ao óbito da ex-servidora Deocléa da Penha Cavalcante, esta Secretaria de Controle
Externo solicitou à Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por meio de
diligência, conforme o Ofício 1260/2014, de 27/5/2014 (peça 6), que encaminhasse documentos e
informações sobre registro de instauração de inventário, judicial ou extrajudicial, ou de arrolamento de
bens da responsável.
6.1.Em 10/7/2014, a Diretora do Departamento de Suporte Operacional encaminhou certidão de
óbito da ex-servidora, (peça 16, p. 2), onde consta que a mesma deixou dois filhos maiores. A diligência
ao TJ-RJ foi renovada por meio do Ofício 1504/2014, de 27/6/2014, nos mesmos termos da solicitação
anterior (peça 20). Em 28/8/2014, o TJ/RJ encaminha pesquisas realizadas junto a ofícios de distribuição
que demonstram que não há registro da partilha de bens, de inventário, judicial ou extrajudicial, ou de
arrolamento de bens da de cujus.
6.2.Foram encaminhadas diligências aos cartórios de registro de distribuição, a saber: 6º Ofício de
Registro de Distribuição (Ofício 1262/2014, peça 7); 5º Ofício de Registro de Distribuição (Ofício
1506/2014, peça 14).
6.3.O Cartório do 6º Ofício de Registro de Distribuição encaminhou resposta, em 5/6/2014, e
informou que nada consta em nome de Deocléa da Penha Cavalcante (peça 9).
6.4.O Cartório do 5º Ofício de Registro de Distribuição informou, por meio do Ofício n. 512/2014,
de 21/7/2014, que nada consta em nome de Deocléa da Penha Cavalcante, relativamente a inventário
extrajudicial (peça 17).
6.5.Em consulta à base de dados disponível do Tribunal, no tocante a prováveis parentescos entre
pessoas físicas, apurou-se a existência dos prováveis herdeiros da Sra. Deocléa da Penha Cavalcante
(CPF: 735.391.807-10): Alexandre Cavalcante Martins (CPF: 000.735.757-55), Luciana Cavalcante
Pereira (CPF: 089.952.407-92) e Cristiane Cavalcante Pereira (CPF: 051.959.047-31).
EXAME TÉCNICO
7.Na instrução preliminar inserida à peça 23 destes autos eletrônicos, concluiu-se que apenas a ex-
servidora Deocléa da Penha Cavalcante deveria figurar no polo passivo da presente TCE. Da citada
manifestação é possível extrair toda linha de argumentação que respalda a orientação seguida por esta
Unidade Instrutiva no sentido de não promover a citação dos segurados.
8.Conforme a tese ali exposta, em apertada síntese, a permanência dos segurados na relação
processual da tomada de contas especial dependerá da comprovação de que, seja por dolo ou culpa,
concorreram para a prática do ato fraudulento. Na condição de terceiro desvinculado da Administração
e sem o dever legar de prestar contas, a submissão do segurado à jurisdição do TCU exigirá prova de
que ele tenha contribuído de modo decisivo e em concurso com o agente público para a produção do
dano. Do contrário, a jurisdição do TCU não os alcançará, nos termos do art. 16, § 2º, da Lei 8.443/92.
9.Na referida instrução, colheu-se uma série de deliberações nas quais a Corte, ressentindo-se da
presença de elementos capazes de atribuir aos segurados efetiva participação na fraude, entendeu por
bem excluí-los da relação processual, a exemplo do que se decidiu nos Acórdãos TCU – Plenário
859/2013, 2.369/2013, 2.449/2013, 2.553/2013, 3.038/2013, 3.112/2013 e 3.626/2013.
10.-se que, por meio do Acórdão 859/2013 – TCU – Plenário, esse Tribunal apreciou ocorrências
semelhantes às descritas no caso concreto, tendo decidido naquela assentada pela exclusão de 24 (vinte e
quatro) segurados da relação processual, também sob a alegação de ausência de provas capazes de
evidenciar o envolvimento deles na fraude (itens 11 a 19 da instrução inserta à peça 23).
11.Dessa forma, não faria sentido determinar a citação dos beneficiários, quando, na análise
preliminar, já fosse possível identificar a ausência de provas aptas a demonstrar que eles agiram em
conluio com os autores das fraudes, tal como ocorreu no caso vertente. Assim, procedeu-se à citação
unicamente da ex-servidora Deocléa da Penha Cavalcante, deixando-se para decidir formalmente sobre
a exclusão dos segurados da relação processual para quando da deliberação de mérito.
12.Assim, em cumprimento ao proposto na instrução à peça 23 dos autos, foi promovida a citação
da responsável, nas pessoas de seus prováveis herdeiros, filhos maiores da Sra. Deocléa da Penha
Cavalcante.
308 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.A citação do Sr. Alexandre Cavalcante Martins foi promovida mediante o Ofício 0089/2015-
TCU/SECEX-RJ, de 23/1/2015 (peça 33), com ciência em 6/2/15, conforme AR (peça 35). Por sua vez, a
citação da Sra. Luciana Cavalcante Martins foi realizada por meio do Ofício 0091/2015-TCU/SECEX-
RJ, de 23/1/2015 (peça 34), com ciência em 4/2/15, conforme AR (peça 36). Não houve manifestação de
ambos os sucessores.
14.A citação da Sra. Cristiane Cavalcante Pereira foi promovida mediante o Edital 0078/2015-
TCU/SECEX-RJ, de 3/9/2015, publicado no DOU de 9/9/2015 (peças 41 e 42). A Sra. Cristiane
Cavalcante Pereira não atendeu à citação e não se manifestou quanto às irregularidades verificadas.
Destaca-se que antes da citação por edital foram adotadas providências que esgotaram as tentativas de
localização da responsável, conforme se depreende à peça 40.
15,Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inerte os sucessores da responsável, sem
apresentar alegações nem recolher o débito apurado, pode, assim, ser considerada revel, dando-se
prosseguimento ao processo, de acordo com o previsto no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
16.Em 21/9/2015 o Serviço de Administração de Processos (SAProc) desta secretaria ratificou
informação (peça 43) no sentido de que os referidos herdeiros obtiveram ciência dos expedientes
citatórios, respectivamente, em 6/2/2015 (peça 35), 4/2/2015 (peça 36), e 9/9/2015 (peça 42) e mesmo
assim ainda não haviam respondido até o presente momento às solicitações contidas no mencionado
Ofício 89/2015-TCU-RJ (peça 33), Ofício 91/2015-TCU-RJ e Edital 78/2015-TCU/SECEX-RJ (peça 41).
17.As conclusões e provas constantes do Relatório da Comissão de Processo Administrativo
Disciplinar que se encontra à peça 1 destes autos eletrônicos são suficientes para atribuir à Sra. Deocléa
da Penha Cavalcante a responsabilidade pelo débito apurado nos autos, haja vista que a apuração de
responsabilidade funcional da ex-servidora, que resultou na aplicação da pena de demissão, funda-se em
elementos substanciosos quanto à materialidade e autoria dos ilícitos que lhes foram imputados (p. 35-
83).
18.No que se refere às específicas concessões impugnadas, as condutas ilícitas da responsável
foram descritas em relatórios individuais de auditagem, nos termos dos dossiês acostados à peça 1 (p.
11-29).
19. aqui abrir um parêntese para esclarecer que a proposta de exclusão dos segurados da relação
processual não tem o condão de obstaculizar eventual cobrança administrativa e/ou judicial de iniciativa
do INSS quanto a valores recebidos indevidamente pelos beneficiários. Explica-se.
20.Não obstante o art. 16, § 2º, da Lei 8.443/92 e a jurisprudência do TCU citada no item 9 desta
instrução erijam a demonstração de culpa ou dolo como pressuposto indispensável para que a conduta
do particular (estranho à Administração) esteja submetida à jurisdição do TCU, claro está que pode
haver casos em que o segurado se beneficiou da fraude sem que dela tivesse conhecimento, ou seja, sem
agir de maneira dolosa ou culposa.
21.As inúmeras tomadas de contas especiais resultantes da concessão irregular de benefícios
previdenciários revelam que o comportamento dos segurados pode variar em cada caso a depender das
provas que forem carreadas aos autos acerca da sua efetiva contribuição para a consecução do ilícito,
bem como da circunstância de terem consciência ou não de que o benefício recebido era irregular.
Sobre o assunto, convém transcrever as observações insertas na sentença absolutória exarada pelo juízo
da 8ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, nos autos da Ação Penal n.
2001.5101513802-3, in verbis (peça 6, p. 14-30, TC 034.248/2013-7).
22.Ressalta-se aqui a situação dos segurados que acreditavam fazer jus ao benefício, muitas vezes
iludidos por intermediários (despachantes e advogados) ou até por prepostos do INSS e a estas pessoas
confiaram seus documentos, com vistas à obtenção do benefício previdenciário. Em situações como essa,
a fraude ocorre no interior da instituição, por meio de lançamentos incorretos nos sistemas
informatizados da previdência relacionados a vínculos empregatícios, contagem de tempo de serviço,
valores de salários de contribuição, entre outras fraudes que ocasionam pagamento de benefícios aos
quais os segurados não têm direito.
309 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
23.Nesse quadro, embora o concerto fraudatório envolva servidores da Autarquia e possíveis
intermediários, sem que o segurado tenha consciência do ilícito, é inegável que a percepção de valores
pagos indevidamente, pois que não preenchidos os pressupostos legais para a concessão do benefício,
gera, para o beneficiário, o dever de ressarcir a Previdência Social, sob pena de enriquecimento sem
causa, a teor do que dispõe o art. 884 do Código Civil.
24.Em outras palavras, a ausência de elementos que comprovem a participação dos segurados na
prática do ato ilícito, quanto a terem agido de má-fé, adulterado documentos ou emitido declarações
falsas, por exemplo, é suficiente para retirá-los do polo passivo da TCE, pois sobre eles não incidirá a
jurisdição da Corte de Contas, segundo já observado. No entanto, no âmbito administrativo, se houver a
constatação de que segurados receberam benefícios que não lhe eram devidos (o que pode ocorrer
independentemente de dolo ou culpa), tendo havido ou não a suspensão do pagamento, a decisão do
Tribunal pela exclusão desses segurados da relação processual não impede a adoção de providências
administrativas e/ou judiciais que a entidade prejudicada entender como cabíveis, com o objetivo de
reaver aquilo que foi pago sem justa causa, ou seja, à míngua de fundamento jurídico.
25.Destarte, caso seja ratificado o posicionamento de que os segurados arrolados nesta TCE
devem ser excluídos da relação processual, considera-se oportuno comunicar ao Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal – PGF que a mencionada decisão não impede a
adoção de providências administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente
foram pagos aos referidos beneficiários, em virtude da concessão indevida de benefício previdenciário
(aposentadoria por tempo de serviço).
CONCLUSÃO
26.Considerando que o alcance da jurisdição do Tribunal de Contas da União sobre terceiros
estranhos à Administração Pública depende da comprovação de que tenham agindo com dolo ou culpa.
27.Considerando que, no caso concreto, não há elementos que indiquem cabalmente a
participação dos beneficiários no conluio para a prática dos atos fraudulentos apurados pela auditoria
interna do INSS.
28.Conclui-se, portanto que a atribuição de responsabilidade apenas à ex-servidora Deocléa da
Penha Cavalcanti, com a exclusão dos segurados da relação processual, é medida que melhor se
coaduna com os ditames da culpabilidade e dos princípios da racionalidade processual e da efetividade
da jurisdição de contas, conforme os argumentos apresentados na instrução preliminar (peça 23).
29.Diante da revelia dos sucessores da Sra. Deocléa da Penha Cavalcante e inexistindo nos autos
elementos que permitam concluir pela ocorrência de boa-fé ou de excludentes de culpabilidade em sua
conduta, propõe-se que suas contas sejam julgadas irregulares e que a responsável seja condenada em
débito, bem como que lhe seja aplicada a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
30.Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, com as seguintes
propostas:
a) excluir da relação processual os segurados Iolanda Cunha Pereira (CPF 541.950.717-04); José
Carlos Lopes de Oliveira (CPF 036.567.567-91); Manoel Eleutério Neto (CPF 296.775.137-53);
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘d’, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992 c/c
os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, e §§ 1º e 5º, 210 e 214,
inciso III, do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas da Sra. Deocléa da Penha
Cavalcante (CPF 735.391.807-10), ex-servidora do INSS (agente administrativa), e condenar o seu
espólio, nas pessoas de seus prováveis herdeiros, Srs. Alexandre Cavalcante Martins (CPF: 000.735.757-
55), Luciana Cavalcante Pereira (CPF: 089.952.407-92) e Cristiane Cavalcante Pereira
(CPF:051.959.047-31), filhos da referida responsável, ao pagamento das quantias a seguir
especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o
TCU (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora,
calculados a partir das datas discriminadas, até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação
310 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
em vigor, em decorrência da concessão irregular de aposentadorias por tempo de serviço, ocasionando
prejuízo aos cofres públicos, segundo os pagamentos efetuados aos seguintes segurados:
b.1) Iolanda Cunha Pereira (CPF: 541.950.717-04) - (peça 2, p. 56)
Data Valor Tipo
29/12/1997 2.608,41 D
12/1/1998 1.288,10 D
11/2/1998 966,08 D
10/3/1998 966,08 D
13/4/1998 966,08 D
13/5/1998 966,08 D
13/3/2000 1.046,80 D
14/4/2000 1.291,05 D
12/5/2000 1.046,80 D
9/6/2000 1.046,80 D
20/6/2000 1.640,00 D
11/7/2000 1.107,61 D
9/8/2000 1.107,61 D
14/9/2000 1.107,61 D
10/10/2000 1.107,61 D
10/11/2000 1.107,61 D
12/12/2000 2.215,22 D
12/1/2001 1.107,61 D
13/2/2001 1.108,14 D
9/3/2001 1.108,14 D
10/4/2001 1.108,14 D
11/5/2001 1.108,14 D
11/6/2001 1.108,14 D
10/7/2001 1.192,86 D
13/8/2001 1.192,86 D
13/9/2001 1.192,86 D
9/10/2001 1.192,86 D
12/11/2001 1.192,86 D
11/12/2001 2.385,42 D
10/1/2002 1.192,86 D
14/2/2002 1.192,86 D
13/3/2002 1.192,76 D
9/4/2002 1.193,16 D
10/5/2002 1.193,16 D
11/6/2002 1.192,45 D
9/7/2002 1.302,15 D
9/8/2002 1.302,15 D
10/9/2002 1.302,15 D
9/10/2002 1.302,15 D
11/11/2002 1.302,15 D
10/12/2002 2.604,30 D
10/1/2003 1.302,15 D
11/2/2003 1.302,15 D
12/3/2003 1.302,15 D
9/4/2003 1.302,15 D
311 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12/5/2003 1.302,15 D
10/6/2003 1.302,15 D
9/7/2003 1.558,80 D
11/8/2003 1.558,80 D
9/9/2003 1.558,80 D
9/10/2003 1.558,80 D
11/11/2003 1.558,80 D
9/12/2003 3.117,60 D
12/1/2004 1.558,80 D
10/2/2004 1.558,80 D
10/3/2001 1.558,80 D
12/4/2004 1.558,80 D
4/5/2004 1.558,80 D
2/6/2004 1.629,41 D
2/7/2004 1.629,41 D
3/8/2004 1.629,41 D
2/9/2004 1.629,41 D
4/10/2004 1.629,41 D
3/11/2004 1.629,41 D
2/12/2004 3.258,82 D
b.2) José Carlos Lopes de Oliveira (CPF: 036.567.567-91) - (peça 2, p. 58)
Data Valor Tipo
30/12/1997 3.050,41 D
2/1/1998 1.284,38 D
2/2/1998 963,29 D
2/3/1998 963,29 D
1/4/1998 963,29 D
4/5/1998 963,29 D
3/4/2000 1.047,84 D
2/5/2000 1.047,84 D
1/6/2000 1.047,84 D
3/7/2000 1.108,71 D
1/8/2000 1.108,71 D
1/9/2000 1.108,71 D
4/9/2000 3.632,51 D
2/10/2000 2.086,69 D
1/11/2000 1.108,71 D
1/12/2000 2.217,42 D
2/1/2001 1.108,71 D
1/2/2001 1.109,30 D
1/3/2001 1.109,30 D
2/4/2001 1.109,30 D
2/5/2001 1.109,30 D
1/6/2001 1.109,30 D
2/7/2001 1.194,04 D
1/8/2001 1.194,04 D
3/9/2001 1.194,04 D
1/10/2001 1.194,04 D
312 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1/11/2001 1.194,04 D
3/12/2001 2.388,08 D
2/1/2002 1.194,04 D
1/2/2002 1.194,04 D
1/3/2002 1.193,94 D
1/4/2002 1.194,34 D
2/5/2002 1.194,34 D
3/6/2002 1.194,34 D
1/7/2002 1.303,81 D
b.3) Manoel Eleutério Neto (CPF: 296.775.137-53) - (peça 2, p. 60)
Data Valor Tipo
13/1/1998 2.606,47 D
9/2/1998 734,22 D
9/3/1998 734,22 D
8/4/1998 734,22 D
11/5/1998 734,22 D
8/3/2001 7.521,72 D
9/4/2001 842,00 D
10/5/2001 842,00 D
8/6/2001 842,00 D
9/7/2001 906,93 D
8/8/2001 906,93 D
11/9/2001 906,93 D
9/10/2001 906,93 D
9/11/2001 906,93 D
10/12/2001 1.812,81 D
9/1/2002 906,93 D
11/2/2002 906,93 D
11/3/2002 907,14 D
8/4/2002 906,26 D
9/5/2002 906,26 D
10/6/2002 906,26 D
8/7/2002 989,63 D
8/8/2002 989,63 D
9/9/2002 989,63 D
8/10/2002 989,63 D
8/11/2002 989,63 D
9/12/2002 1.979,26 D
9/1/2003 989,63 D
10/2/2003 989,63 D
11/3/2003 989,63 D
8/4/2003 989,63 D
9/5/2003 989,63 D
9/6/2003 989,63 D
8/7/2003 1.184,68 D
a) informar aos Srs. Alexandre Cavalcante Martins (CPF: 000.735.757-55), Luciana Cavalcante
Pereira (CPF: 089.952.407-92) e Cristiane Cavalcante Pereira (CPF: 051.959.047-31) que, caso ocorra
313 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a condenação do espólio pelo Tribunal, para efetuar o ressarcimento apontado, os débitos ora apurados
serão acrescidos de juros de mora, nos termos do art. 202, § 1º, do Regimento Interno/TCU;
b) autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do art.
28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
c) remeter cópia desta deliberação à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, em
cumprimento ao disposto no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992.”
4.O representante do Ministério Público especializado junto ao TCU, Procurador Sergio Ricardo
Costa Caribé, discordou da proposta acima, conforme parecer a seguir transcrito (peça 46):
“Trata-se de tomada de contas especial (TCE) instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) em desfavor do ex-servidora Deocléa da Penha Cavalcante e dos segurados Iolanda Cunha
Pereira, José Carlos Lopes de Oliveira e Manoel Eleutério Neto, em razão de irregularidades na
concessão de benefícios previdenciários (aposentadoria por tempo de contribuição) na Agência da
Previdência Social Praça Seca – RJ (peças 1-3).
2. O relatório da Comissão de Tomada de Contas Especial (CTCE) concluiu pela existência de
débito no valor original de R$ 181.023,11 e considerou que, além da ex-servidora, deveriam ser
responsabilizados pelo débito os segurados cujos benefícios foram concedidos irregularmente (peça 2, p.
233).
3. No âmbito do TCU, a unidade técnica entendeu que caberia a responsabilização da Sra. Deocléa
da Penha Cavalcante pela totalidade dos valores, afastando a responsabilidade dos segurados, em
consonância com a jurisprudência desta Corte (acórdãos 859/2013 e 3626/2013, ambos do Plenário
deste Tribunal), uma vez que não foram identificados nos autos evidências de que tenham concorrido
para as concessões irregulares (peças 23-24).
4. Tendo em vista o óbito da responsável em 22/2/2009 (peça 16, p.2), e após pesquisas realizadas
junto a ofícios de distribuição que demonstraram não haver registro da partilha, de inventário ou de
arrolamento de bens, a Secex-RJ promoveu a citação da responsável na pessoa de seus prováveis
herdeiros, Alexandre Cavalcante Martins, Luciana Cavalcante Martins e Cristiane Cavalcante Pereira
(peças 33-36 e 41-42). No entanto, os sucessores da responsável permaneceram silentes (peça 44, p. 5)
5. Diante da revelia, a Secex-RJ, em pareceres uniformes, concluiu pela responsabilidade da ex-
servidora, propondo o julgamento pela irregularidade, com condenação em débito de seu espólio (peças
44-45). Apesar de a instrução da unidade técnica mencionar em sua conclusão a aplicação da multa
prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, verifica-se que esta proposta não consta da proposta de
encaminhamento (peça 44, p. 6-10).
6. De minha parte, peço vênias para divergir do encaminhamento sugerido, com base nos
argumentos a seguir expostos.
7. De fato, os documentos constantes dos autos, dentre eles os relatórios gerados nas apurações
internas realizadas pelo INSS, elencam uma série de problemas detectados na documentação utilizada
para a concessão de benefícios, caracterizando a falta de comprovação do atendimento dos requisitos
legais para as referidas concessões (peça 1, p. 55, 83, 99, 105-113, 223, 279). A conduta da responsável
foi apurada ainda em Processo Administrativo Disciplinar (PAD 35301.017942/1998-68), que culminou
com sua demissão (peça 1, p. 33-59 e peça 85). De acordo com o relatório da CTCE, além do presente
processo que trata de três benefícios concedidos irregularmente, há outras tomadas de contas especiais
instauradas em desfavor da Sra. Deocléa da Penha Cavalcante, já que o PAD 35301.017942/1998-68
analisou um total de 112 benefícios com suspeitas de irregularidades (peça 2, p. 225). Em consulta aos
sistemas informatizados do Tribunal, constato a existência do TC 010.081/2014-3, que também tem como
responsável a Sra. Deocléa, ainda pendente de julgamento.
8. Apesar desse contexto, é oportuno ressaltar a demora da Administração em instaurar a tomada
de contas especial. Os benefícios examinados no presente processo foram concedidos em dezembro de
1997 (peça 1, p. 99, 223 e 279) e o processo administrativo disciplinar contra a servidora foi constituído
314 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
em 1998, com relatório final em dezembro de 1999 (peça 1, p 33-59). Todavia, verifica-se que a TCE foi
instaurada apenas em 9/10/2013 (peça 1, p. 3), passados quase dezesseis anos da ocorrência dos fatos.
9. Outro fato que chama a atenção é que, durante a fase interna da TCE, apesar de já haver sido
constatado o óbito da responsável, ocorrido em 20/2/2009, e não tendo sido constatado inventário aberto
(peça 2, p. 223; peça 16, p. 2), não houve qualquer notificação de seus possíveis herdeiros. Como se
observa do item 11 do relatório da Comissão de TCE (peça 2, p. 227), apenas os segurados foram
notificados.
10. Assim, os três prováveis herdeiros da responsável foram notificados apenas em fevereiro de
2015 (peças 33-36) e setembro de 2015 (peças 41-42), mais de dezessete anos após a ocorrência dos
fatos irregulares. Todos foram revéis no processo.
11. Em face do grande lapso temporal entre os fatos e a notificação dos possíveis herdeiros,
considero estar significativamente prejudicado o exercício da ampla defesa e do contraditório,
inviabilizando o pronunciamento quanto ao mérito do presente processo.
12. Nos termos do art. 212 do Regimento Interno do Tribunal, deve ser arquivada a tomada de
contas especial, sem julgamento de mérito, por ausência de pressuposto de desenvolvimento válido e
regular do processo. Entendo que a hipótese está configurada, já que o exercício do contraditório e da
ampla defesa está prejudicado em virtude do longo decurso de tempo entre os fatos geradores da TCE e
a primeira notificação dos responsáveis. São nesse sentido os acórdãos 2287/2014-TCU-1ª Câmara e
587/2010-TCU-2ª Câmara.
13. Diante do exposto, este membro do Ministério Público de Contas manifesta-se no sentido de,
com fundamento no art. 212 do Regimento Interno do Tribunal, arquivar as presentes contas, sem
julgamento de mérito, ante a ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e
regular do processo.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se da tomada de contas especial instaurada em decorrência de concessões irregulares de
benefícios previdenciários, no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
2.Nesta Corte, foram arrolados como responsáveis apenas a ex-servidora do INSS, Sra. Deocléa da
Penha Cavalcante, por inexistirem, nos autos, provas convincentes de que os segurados indicados no
relatório precedente agiram em conluio com a autora das fraudes em exame, na mesma linha adotada nos
Acórdãos 1.201/2011, 2.580/2012, 859/2013, 2.369/2013, 3.626/2013, 339/2015 e 737/2015, todos do
Plenário. Assim, os segurados serão excluídos da relação processual, no âmbito deste Tribunal.
3.Regularmente citado o espólio da ex-servidora Deocléa da Penha Cavalcante (peças 33, 34, 35,
36, 41 e 42), nas pessoas de seus sucessores, Sr. Alexandre Cavalcante Martins (filho, CPF 000.735.757-
55), Sra. Luciana Cavalcante Martins (filha, CPF 089.952.407-92) e Sra. Cristiane Cavalcante Pereira
(filha, CPF 051.959.047-31), não apresentaram alegações de defesa, prosseguindo-se o processo, nos
termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443, de 1992.
4.Diante disso, a unidade técnica propõe a irregularidade das contas da responsável; a condenação
em débito pelos montantes especificados no relatório precedente; a cobrança judicial das dívidas, caso
não atendidas as notificações de cobrança; e o envio de cópia da deliberação a ser proferida à
Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso
III, alínea “d”, §§ 2º e 3º; 19, e 23, inciso III, alínea “a”; 28, inciso II, da Lei 8.443, de 1992.
5.O representante do Ministério Público especializado discorda do encaminhamento sugerido pela
unidade técnica, por considerar que os benefícios irregulares foram concedidos em 1997, o processo
administrativo disciplinar contra a ex-servidora foi constituído em 1998 e a presente TCE foi instaurada
apenas em 2013. Ademais, os possíveis herdeiros da responsável, já falecida, somente foram notificados
deste processo em 2015, o que prejudica o exercício do contraditório.
315 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6.Em face disso, o Parquet propõe, nos termos do art. 212 do Regimento Interno do Tribunal,
arquivar a presente tomada de contas especial, sem julgamento de mérito, por ausência de pressuposto de
desenvolvimento válido e regular do processo.
7.Pedindo vênias ao MP/TCU, incorporo às minhas razões de decidir os fundamentos expendidos
na instrução da unidade técnica (peças 23 e 44), por não ser possível reconhecer a boa-fé na conduta da
ex-servidora, o que permite julgar irregulares as presentes contas, com fundamento nos arts. 1º, inciso I,
16, inciso III, alínea “d”, 19 e 23, inciso III da Lei 8.443, de 1992, e 202, §6º do Regimento Interno/TCU.
8.Acerca da questão temporal de oitiva dos sucessores da responsável, no âmbito do TC-
010.081/2014-3 (Acórdão 33/2016-TCU-Plenário), que tem a mesma Sra. Deocléa da Penha Cavalcante
como investigada por irregularidades idênticas às ora em análise (mudam apenas os segurados, por
questão procedimental do INSS, que dividiu as diversas TCEs instauradas em determinado número de
benefícios previdenciários irregulares, no total de 114 – peça 1, fl. 77), o Exmo. Procurador-Geral Paulo
Soares Bugarin manifestou concordância ao encaminhamento da unidade técnica naqueles autos, que é
exatamente igual ao deste processo, pela condenação em débito dessa responsável. Em resumo, não há
que falar em arquivamento dos autos sem julgamento do mérito.
9.Ademais, acaso procedente a tese do Parquet nestes autos, no limite o Tribunal teria que anular
inúmeras deliberações das lavras dos Excelentíssimos Ministros Aroldo Cedraz (Acórdão 2.752/2014-
Plenário), Benjamin Zymler (v.g. 2.610 e 1.715/2015-Plenário), Vital do Rego (v.g. 2.534 e 2.736/2015-
Plenário) e de minha relatoria (alguns citados neste Voto), vez que as situações de tomadas de contas de
especiais tais quais a em exame contém diversos responsáveis (ex-servidores), que cometeram
irregularidades em 1997/1998/1999 e somente foram citados em 2014/2015. Ora, por questão de justiça,
esses responsáveis deveriam merecer tratamento idêntico aos dos sucessores destes autos, o que não se
admite, até porque, dentre outros motivos, é sabida e consabida a imprescritibilidade das ações de
ressarcimento em favor do erário, no caso de prática de atos irregulares, com base no art. 37, § 5º, da
Constituição Federal, garantida a ampla defesa, que nestes autos foi respeitada, afinal os sucessores foram
devidamente citados mas preferiram o silêncio.
10.Enfim, efetivamente, restam comprovadas diversas fraudes de autoria da ex-servidora,
concernentes na transgressão aos deveres funcionais inscritos no art. 116, incisos I, III e IX, bem como
por incursão no art. 117, incisos IX e XV, e 132, inciso XIII, todos da Lei 8.112, de 1990, ao conceder
benefícios previdenciários de forma irregular, mediante atuação dolosa, valendo-se do cargo para lograr
proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública.
11.Quando em atividade, a ex-servidora Deocléa da Penha Cavalcante concedeu benefícios de
aposentadoria irregularmente, ao arrepio da Consolidação dos Atos Normativos de Benefícios e do então
vigente Decreto 2.172/1997, uma vez que atribuiu a diversos segurados Renda Mensal a maior do que
efetivamente faziam jus; não observou as normas de transformação de tempo de serviço de especial para
comum; e incluiu no cálculo de tempo de serviço períodos que não vieram a ser comprovados pela
Auditoria do INSS (peça 1, fls. 35 e 55, e item 2 do relatório precedente detalham as irregularidades).
12.Tais ocorrências, quanto à autoria e materialidade, restam objetivamente demonstradas na
documentação constante desta TCE (em especial, peça 1, fls. 33-59, 75, 83 e 85), o que resultou na
penalidade de demissão da ex-servidora pelo Ministro da Previdência e Assistência Social.
13.Também pertinente autorizar a cobrança judicial das dívidas, conforme previsto no art. 28, inciso
II da Lei 8.443, de 1992, caso não atendidas as notificações, e determinar o encaminhamento de cópia da
deliberação que vier a ser proferida ao INSS e à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro,
com fundamento no § 3º do art. 16 da Lei 8.443, de 1992.
14.Conforme visto nos itens 2 e 3 deste Voto, no âmbito desta Corte de Contas foi arrolada como
responsável apenas a ex-servidora, por inexistirem provas convincentes de que os segurados agiram em
conluio com a autora das irregularidades.
15.Entretanto, no âmbito administrativo, caso haja constatação de que receberam benefícios
indevidos (o que pode ocorrer independentemente de dolo ou culpa), tendo havido ou não a suspensão do
pagamento, a decisão do Tribunal pela exclusão desses segurados da relação processual não impede a
316 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
adoção de providências administrativas e/ou judiciais que a entidade prejudicada entender como cabíveis,
com o objetivo de reaver aquilo que foi pago sem justa causa, ou seja, à míngua de fundamento jurídico.
Pelas razões expostas, VOTO no sentido de que seja adotado o acórdão que ora submeto à
apreciação deste colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1228/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 011.055/2014-6.
2. Grupo II – Classe IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Deocléa da Penha Cavalcante (falecida, CPF 735.391.807-10), Iolanda Cunha
Pereira (CPF 541.950.717-04), José Carlos Lopes de Oliveira; (CPF 036.567.567-91) e Manoel Eleutério
Neto (CPF 296.775.137-53).
4. Unidade: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secex/RJ.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em decorrência
da concessão irregular de benefícios previdenciários, no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. excluir da presente relação processual os segurados Iolanda Cunha Pereira (CPF 541.950.717-
04), José Carlos Lopes de Oliveira (CPF 036.567.567-91) e Manoel Eleutério Neto (CPF 296.775.137-
53);
9.2. considerar revéis, para todos os efeitos, o espólio da ex-servidora Deocléa da Penha
Cavalcante, nas pessoas de seus sucessores, Sr. Alexandre Cavalcante Martins (filho, CPF 000.735.757-
55), Sra. Luciana Cavalcante Martins (filha, CPF 089.952.407-92) e Sra. Cristiane Cavalcante Pereira
(filha, CPF 051.959.047-31), dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei
8.443, de 1992;
9.3. julgar irregulares as contas da Sra. Deocléa da Penha Cavalcante – falecida, com fundamento
nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea "d", e § 2º da Lei 8.443, de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso
III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 202, § 6º, 209, inciso IV, e 210 e 214, inciso III do Regimento
Interno do TCU;
9.4. condenar o espólio da Sra. Deocléa da Penha Cavalcante ou seus herdeiros legais, caso tenha
havido a partilha de bens, até o limite do valor do patrimônio transferido, ao pagamento das quantias
abaixo relacionadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos
cofres do Instituto Nacional do Seguro Social, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora
devidos, calculados a partir da correspondente data até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em
vigor, ante a concessão irregular de benefícios previdenciários aos seguintes segurados:
9.4.1. Iolanda Cunha Pereira (CPF: 541.950.717-04) - (peça 2, fl. 56)
Data da ocorrência Valor original (R$)
29/12/1997 2.608,41
12/1/1998 1.288,10
11/2/1998 966,08
10/3/1998 966,08
13/4/1998 966,08
13/5/1998 966,08
317 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13/3/2000 1.046,80
14/4/2000 1.291,05
12/5/2000 1.046,80
9/6/2000 1.046,80
20/6/2000 1.640,00
11/7/2000 1.107,61
9/8/2000 1.107,61
14/9/2000 1.107,61
10/10/2000 1.107,61
10/11/2000 1.107,61
12/12/2000 2.215,22
12/1/2001 1.107,61
13/2/2001 1.108,14
9/3/2001 1.108,14
10/4/2001 1.108,14
11/5/2001 1.108,14
11/6/2001 1.108,14
10/7/2001 1.192,86
13/8/2001 1.192,86
13/9/2001 1.192,86
9/10/2001 1.192,86
12/11/2001 1.192,86
11/12/2001 2.385,42
10/1/2002 1.192,86
14/2/2002 1.192,86
13/3/2002 1.192,76
9/4/2002 1.193,16
10/5/2002 1.193,16
11/6/2002 1.192,45
9/7/2002 1.302,15
9/8/2002 1.302,15
10/9/2002 1.302,15
9/10/2002 1.302,15
11/11/2002 1.302,15
10/12/2002 2.604,30
10/1/2003 1.302,15
11/2/2003 1.302,15
12/3/2003 1.302,15
9/4/2003 1.302,15
12/5/2003 1.302,15
10/6/2003 1.302,15
9/7/2003 1.558,80
11/8/2003 1.558,80
9/9/2003 1.558,80
9/10/2003 1.558,80
11/11/2003 1.558,80
9/12/2003 3.117,60
12/1/2004 1.558,80
318 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10/2/2004 1.558,80
10/3/2001 1.558,80
12/4/2004 1.558,80
4/5/2004 1.558,80
2/6/2004 1.629,41
2/7/2004 1.629,41
3/8/2004 1.629,41
2/9/2004 1.629,41
4/10/2004 1.629,41
3/11/2004 1.629,41
2/12/2004 3.258,82
9.4.2. José Carlos Lopes de Oliveira (CPF: 036.567.567-91) - (peça 2, fl. 58)
Data da ocorrência Valor original (R$)
30/12/1997 3.050,41
2/1/1998 1.284,38
2/2/1998 963,29
2/3/1998 963,29
1/4/1998 963,29
4/5/1998 963,29
3/4/2000 1.047,84
2/5/2000 1.047,84
1/6/2000 1.047,84
3/7/2000 1.108,71
1/8/2000 1.108,71
1/9/2000 1.108,71
4/9/2000 3.632,51
2/10/2000 2.086,69
1/11/2000 1.108,71
1/12/2000 2.217,42
2/1/2001 1.108,71
1/2/2001 1.109,30
1/3/2001 1.109,30
2/4/2001 1.109,30
2/5/2001 1.109,30
1/6/2001 1.109,30
2/7/2001 1.194,04
1/8/2001 1.194,04
3/9/2001 1.194,04
1/10/2001 1.194,04
1/11/2001 1.194,04
3/12/2001 2.388,08
2/1/2002 1.194,04
1/2/2002 1.194,04
1/3/2002 1.193,94
1/4/2002 1.194,34
2/5/2002 1.194,34
3/6/2002 1.194,34
1/7/2002 1.303,81
319 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.4.3. Manoel Eleutério Neto (CPF: 296.775.137-53) - (peça 2, fl. 60)
Data da ocorrência Valor original (R$)
13/1/1998 2.606,47
9/2/1998 734,22
9/3/1998 734,22
8/4/1998 734,22
11/5/1998 734,22
8/3/2001 7.521,72
9/4/2001 842,00
10/5/2001 842,00
8/6/2001 842,00
9/7/2001 906,93
8/8/2001 906,93
11/9/2001 906,93
9/10/2001 906,93
9/11/2001 906,93
10/12/2001 1.812,81
9/1/2002 906,93
11/2/2002 906,93
11/3/2002 907,14
8/4/2002 906,26
9/5/2002 906,26
10/6/2002 906,26
8/7/2002 989,63
8/8/2002 989,63
9/9/2002 989,63
8/10/2002 989,63
8/11/2002 989,63
9/12/2002 1.979,26
9/1/2003 989,63
10/2/2003 989,63
11/3/2003 989,63
8/4/2003 989,63
9/5/2003 989,63
9/6/2003 989,63
8/7/2003 1.184,68
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, com
amparo no art. 28, inciso II da Lei 8.443, de 1992;
9.6. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, aos
responsáveis, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria da República no Estado do Rio de
Janeiro, nos termos do art. 16, § 3º da Lei 8.443, de 1992;
9.7. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria da República no Estado do
Rio de Janeiro que a decisão contida no subitem 9.1 deste acórdão não impedirá a adoção de providências
administrativas e/ou judiciais contra os beneficiários dos pagamentos previdenciários inquinados, com
vistas à recuperação dos valores indevidamente pagos.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
320 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1228-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE V – Plenário
TC 026.099/2013-6
Natureza: Relatório de Monitoramento
Órgão/Entidade: Superintendência Regional do Incra no Estado de Mato Grosso.
Responsáveis: Luciana de Andrade Gallan (856.860.181-20); Valdir Mendes Barranco
(616.746.301-82); Willian César Sampaio (378.780.001-82).
Advogado constituído nos autos: Elvis Antônio Klauk Júnior (OAB/MT 15.462 - peça 41).
SUMÁRIO: MONITORAMENTO DOS ITENS 9.8.1 A 9.8.4 DO ACÓRDÃO 3080/2010-TCU-
PLENÁRIO. IRREGULARIDADES. AUDIÊNCIA. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA.
MULTA.
RELATÓRIO
Cuidam os presentes autos de monitoramento decorrente de autorização contida no Acórdão
1.472/2013-TCU-Plenário, com o objetivo de verificar o cumprimento do disposto nos itens 9.8.1 a 9.8.4
do Acórdão 3.080/2010-TCU-Plenário, a seguir transcrito:
“9.8 determinar ao Incra - Superintendência Regional do Mato Grosso que:
9.8.1. autorize a realização dos pagamentos a fornecedores de bens ou serviços, após análise de
laudos técnicos e medições realizadas pela Associação dos Pequenos Produtores Rurais dos Setores
Palmeiras e Belo Horizonte, em especial aqueles relativos aos serviços já prestados pela Construtora
Ambiental EPP, efetuando os pagamentos, conforme disposto na Cláusula Décima Primeira do termo do
convênio;
9.8.2 avalie a legalidade e a conveniência de alterar ou rescindir o convênio, com vistas a
promover alteração em seus partícipes;
9.8.3 adote, em até 60 (sessenta) dias, medidas com vistas a verificar a adequabilidade dos serviços
prestados e dos pagamentos realizados, o nexo de causalidade entre a aplicação dos recursos e a
prestação dos serviços, além de realizar a análise da prestação de contas, sob o aspecto físico e
financeiro, apurando, se for o caso, eventuais danos e atribuindo responsabilidades aqueles que lhes
deram causa;
9.8.4 informe a este Tribunal sobre todas as medidas que vierem a ser tomadas no âmbito do
convênio.”
2.Adoto como parte integrante deste Relatório excerto da instrução contida à peça 47, que obteve a
anuência dos dirigentes da Secex-MT (peças 48 e 49), in verbis:
“II - HISTÓRICO
3. Na instrução precedente (peça 23), formulou-se proposta de audiência dos responsáveis do
Incra/MT, que fora devidamente autorizada por despacho do Ministro-Relator (peça 26). Em
consequência, foram encaminhados os seguintes ofícios aos gestores: Ofício 0037/2015-TCU/SECEX-
MT, de 29/1/2015, Ofício 0149/2015-TCU/SECEX-MT, de 24/2/2015 e Ofício 0050/2015-TCU/SECEX-
MT, de 5/2/2015 (peças 29, 39 e 30, respectivamente).
321 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4. Os responsáveis tomaram ciência dos ofícios que lhe foram remetidos, conforme documentos
constantes das peças 31, 36 e 43. Com exceção do Sr. Willian César Sampaio, os demais gestores
apresentaram, tempestivamente, suas razões de justificativa, conforme documentação integrante das
peças 40, 45 e 46, as quais serão reproduzidas adiante, de forma sumária, seguidas das respectivas
análises.
5. Haja vista que o Sr. Willian, apesar de ter recebido regulamente a audiência, não compareceu
aos autos, operaram-se os efeitos da revelia, dando-se prosseguimento ao processo, nos termos do art.
12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
6. O efeito da revelia não se restringe ao prosseguimento dos atos processuais, como erroneamente
se pode inferir do teor do mencionado dispositivo legal, vez que esse seguimento constitui decorrência
lógica na estipulação legal dos prazos para que as partes produzam os atos de seu interesse. O próprio
dispositivo legal citado vai mais além ao dizer que o seguimento dos atos, uma vez configurada a revelia,
se dará para todos os efeitos.
7. Nos processos do TCU, a revelia não leva à presunção de que seriam verdadeiras todas as
imputações levantadas contra os responsáveis, diferentemente do que ocorre no processo civil, em que a
revelia do réu opera a presunção da verdade dos fatos narrados pelo autor. Dessa forma, a avaliação da
responsabilidade do agente não pode prescindir da prova existente no processo ou para ele carreada.
8. Ao não apresentar sua defesa, o responsável deixou de produzir prova da regular aplicação dos
recursos sob sua responsabilidade, em afronta às normas que impõem aos gestores públicos a obrigação
legal de, sempre que demandados pelos órgãos de controle, apresentar os documentos que demonstrem a
correta utilização das verbas públicas, a exemplo do contido no art. 93 do Decreto-Lei 200/67: “Quem
quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na conformidade das
leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas competentes.”
9. A despeito da aplicação da revelia, devem ser considerados, no entanto, os elementos já
constantes dos autos, os quais podem, inclusive, levar a um juízo favorável ao responsável revel.
10. Assim, independente da revelia, a avaliação da responsabilidade do agente nos processos desta
Corte não prescinde dos elementos existentes nos autos ou para ele carreados, uma vez que são regidos
pelo Princípio da Verdade Material (Acórdãos 1.128/2011-TCU-Plenário, 1.737/2011-TCU-Plenário,
341/2010-TCU-2ª Câmara, 1.732/2009-TCU-2ª Câmara, 1.308/2008-TCU-2ª Câmara e 2.117/2008-
TCU-1ª Câmara).
III – EXAME TÉCNICO
Willian César Sampaio (CPF 378.780.001-82), na qualidade de Superintendente Regional do
Incra em Mato Grosso (peça 46):
Ocorrências:
Irregularidade 1: autorização para pagamento integral das obras dos postos de saúde no âmbito
do Convênio PAC 56/2006, as quais apresentaram defeitos de construção, sem que fosse realizada a
vistoria técnica, sem que houvessem sido corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a
retenção, da parcela a ser paga ou da garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções,
caracterizando descumprimento do dever de supervisão/fiscalização do convênio, previsto no art. 23 da
IN STN 01/1997 e no art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Conduta: ter autorizado o pagamento da última parcela do contrato referente à construção dos
postos de saúde no âmbito do Convênio PAC 56/2006 sem que fosse realizada a vistoria técnica, sem que
houvessem sido corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a retenção, da parcela a ser
paga ou da garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções.
Nexo causal: sob a perspectiva da autuação do superintendente, a irregularidade em questão
independe de resultado, visto que a autorização de pagamento sem as cautelas exigíveis caracteriza
descumprimento do dever de fiscalização/supervisão do convênio.
Critérios normativos: art. 23 da IN STN 01/1997 e art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Culpabilidade: quando da autorização do pagamento, já constava dos autos do processo do
convênio o relatório do Instituto Creatio que apontava falhas de execução na obra. Além disso, o
322 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
responsável sabia, ou deveria saber, que estava pendente a realização de vistoria pela equipe técnica,
pois tal informação constava da manifestação da chefe da Divisão de Desenvolvimento, a qual
fundamentou seu ato de autorização. Assim, a fim de resguardar o erário de prejuízos com o pagamento
por serviços defeituosos, o responsável somente deveria ter autorizado o pagamento após a vistoria
técnica ter constatado a adequação dos serviços, ou após a retenção do valor correspondente ao preço
da correção dos serviços defeituosos. Era, portanto, exigível conduta diversa.
Irregularidade 2: não adoção de providências para que a obra dos postos de saúde, após concluída
e integralmente paga, fosse colocada à disposição da coletividade, exigindo-se da convenente e da
empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu recebimento pelo Incra, ou o
ressarcimento ao erário do valor correspondente, o que caracterizou deficiente exercício da função de
supervisão/fiscalização prevista no art. 23 da IN STN 01/1997 e no art. 10, §6º, do Decreto-Lei
200/1967.
Conduta: ter se omitido em determinar a adoção de providências para que a obra dos postos de
saúde, após concluída e integralmente paga, fosse colocada à disposição da coletividade, exigindo-se da
convenente e da empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu recebimento pelo Incra,
ou o ressarcimento ao erário do valor correspondente.
Nexo causal: sob a perspectiva da autuação do superintendente, a irregularidade em questão
independe de resultado, visto que a omissão em determinar a adoção de providências caracteriza
descumprimento do dever de fiscalização/supervisão do convênio.
Critérios normativos: art. 23 da IN STN 01/1997 e art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Culpabilidade: o pagamento da última parcela da obra em questão havia ocorrido em 8/7/2009,
por autorização do próprio responsável, mas, até a data em que deixou o cargo (21/8/2011), a obra não
havia sido recebida em razão das falhas de execução apontadas em relatório de 25/8/2009. Assim, na
qualidade de dirigente máximo do Incra-MT, não se mostra escusável o desconhecimento do problema,
tampouco a ausência de providências em cerca de dois anos. Era, portanto, exigível conduta diversa.
Justificativas e análise:
11. O Sr. Willian César Sampaio, na qualidade de superintendente do Incra-MT, autorizou o
pagamento da última parcela do convênio, sem que fosse realizada a vistoria técnica, sem que houvessem
sido corrigidas os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a retenção, da parcela a ser paga ou
da garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções.
12. Além disso, deveria ter determinado a adoção de providências para que a obra dos postos de
saúde, após concluída e integralmente paga, fosse colocada à disposição da coletividade, exigindo-se da
convenente e da empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu recebimento pelo Incra,
ou o ressarcimento ao erário do valor correspondente.
13. Mesmo atuando em nível gerencial, era exigível do superintendente ao menos conhecimento das
pendências que obstavam o recebimento das obras e a determinação das providências cabíveis.
Conforme rol de responsáveis extraído das contas do Incra de 2011 (peça 21), o responsável permaneceu
no cargo até 21/8/2011.
14. Por fim, cumpre registrar que os elementos juntados aos autos pelos demais responsáveis em
nada aproveitam à defesa do Sr. Willian, inexistindo outros elementos que permitam concluir pela
ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em sua conduta.
15. Portanto, subsiste a imputação de irregularidade ao responsável, cabendo a formulação de
proposta de aplicação da sanção prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992.
Valdir Mendes Barranco (CPF 616.746.301-82), na qualidade de Superintendente Regional do
Incra/MT (peça 40):
Ocorrência:
Irregularidade 3: Omissão em determinar o prosseguimento das providências para que a obra dos
postos de saúde, já concluída e integralmente paga, fosse colocada à disposição da coletividade, bem
como para se exigir da convenente e da empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu
recebimento pelo Incra, ou o ressarcimento ao erário do valor correspondente, o que caracterizou
323 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
deficiente exercício da função de supervisão/fiscalização prevista no art. 23 da IN STN 01/1997 e no art.
10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Conduta: ter se omitido, desde as notificações realizadas em março de 2012, em determinar o
prosseguimento da adoção de providências para que a obra dos postos de saúde do Convênio 056/2006,
já concluída e integralmente paga desde 2009, fosse colocada à disposição da coletividade, bem como
para se exigir da convenente e da empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu
recebimento pelo Incra, ou o ressarcimento ao erário do valor correspondente.
Nexo causal: sob a perspectiva da atuação do superintendente, a irregularidade em questão
independe de resultado, visto que a omissão em determinar a adoção de providências caracteriza
descumprimento do dever de fiscalização/supervisão do convênio.
Critérios normativos: art. 23 da IN STN 01/1997 e art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Culpabilidade: o pagamento da última parcela da obra em questão havia ocorrido em 8/7/2009,
mas a obra permanece sem recebimento pelo Incra/MT. O responsável foi investido no cargo de
Superintendente em 22/8/2011. O Incra/MT informou como providências para instar os responsáveis a
sanar as pendências, ou a ressarcir ao erário, apenas as notificações em março de 2012. Considerando
que a obra não foi recebida, não se mostra escusável, na qualidade de dirigente máximo do Incra-MT, o
desconhecimento do problema, tampouco a ausência de providências em cerca de dois anos. Era,
portanto, exigível conduta diversa.
Justificativas:
16. Principiou, alegando que tomou posse no cargo de Superintendente do Incra/MT, em
22/8/2011, cerca de dois anos após a realização de pagamento da última parcela da obra relativa ao
Convênio 56/2006, que teria ocorrido em 8/7/2009 (peça 40, p. 1).
17. Aduziu, em adição, que teria tomado todas as providências cabíveis para que a convenente e a
empresa responsável realizassem as correções necessárias com vistas ao recebimento da obra pelo
Incra/MT, asseverando que foram realizadas diversas reuniões com a convenente e com a empresa
responsável, a exemplo de alguns eventos constantes dos elementos comprobatórios acostados aos autos
(peça 40, p. 2-7).
Análise:
18. De acordo com o responsável, foram tomadas todas as providências possíveis para saneamento
das irregularidades referentes à construção dos postos de saúde. Contudo, compulsando o conjunto
probatório juntado aos autos pelo responsável, verifica-se que as únicas medidas adotadas pelo ex-
gestor com vistas ao saneamento das pendências correspondentes às referidas obras consistiram na
realização de reunião, em 16/3/2012, quando se discutiu o assunto com o presidente da associação
convenente, o prefeito de Confresa/MT, dentre outros partícipes (peça 40, p. 4-5) e o encaminhamento de
ofícios de notificação, em 29/3/2012, ao presidente da mencionada associação e ao prefeito municipal
(peça 40, p. 6-7).
19. No entanto, não há notícias de que, no período de quase dois anos em que o responsável esteve
à frente do Incra/MT (de 29/3/2012 a 31/12/2013), as medidas com vistas à correção dos defeitos ou ao
ressarcimento tenham prosseguido.
20. Vale ressaltar que a Lei 8.666/1993 autoriza, em caso de descumprimento das cláusulas
contratuais, a rescisão do contrato e a execução da garantia contratual, bem como a retenção de
créditos, a fim de indenizar os prejuízos causados à Administração (art. 80, I, c/c art. 79, I, e art. 78, I e
II, da Lei de Licitações). De igual modo, o gestor deveria adotar as providências com vistas à
instauração de tomada de contas especial para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e
quantificação do dano, caso as medidas administrativas não lograssem êxito em promover o respectivo
ressarcimento.
21. Ora, o administrador público, desde o momento em que aceita o encargo de gerir um órgão
público, tem que ter sempre, como principal norte de sua administração, o rigoroso e tempestivo
cumprimento das leis e dos princípios pertinentes. Isso porque, em Estado Democrático de Direito, a
324 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
obediência à lei não é escolha discricionária do gestor, mas sim, um ato vinculado que o sujeita às
penalidades em razão da afronta ao ordenamento jurídico.
22. Portanto, resta caracterizada a inércia do gestor em tomar providências de sua competência,
devendo suas razões de justificativa serem rejeitadas, impondo-se ao Sr. Valdir a sanção prevista no art.
58, inciso II, da Lei 8.443/1992.
Luciana Andrade Gallan (CPF 856.860.181-20), na qualidade de Chefe da Divisão de
Desenvolvimento do Incra/MT (peça 45):
Ocorrência:
Irregularidade 1: autorização para pagamento integral das obras dos postos de saúde no âmbito
do Convênio PAC 56/2006, as quais apresentaram defeitos de construção, sem que fosse realizada a
vistoria técnica, sem que houvessem sido corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a
retenção, da parcela a ser paga ou da garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções,
caracterizando descumprimento do dever de supervisão/fiscalização do convênio, previsto no art. 23 da
IN STN 01/1997 e no art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Conduta: ter emitido manifestação favorável à autorização do pagamento da última parcela do
contrato referente à construção dos postos de saúde no âmbito do Convênio PAC 56/2006, sem que fosse
realizada a vistoria técnica, sem que houvessem sido corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto
Creatio e sem a retenção, da parcela a ser paga ou da garantia contratual, do valor dos serviços para
tais correções.
Nexo causal: a manifestação favorável fundamentou a autorização de pagamento pelo
superintendente do Incra-MT, sem a qual a irregularidade não teria ocorrido.
Critérios normativos: art. 23 da IN STN 01/1997 e art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Culpabilidade: quando da emissão da manifestação favorável à autorização do pagamento, já
constava dos autos do processo do convênio o relatório do Instituto Creatio que apontava falhas de
execução na obra. Além disso, já havia previsão de vistoria por equipe técnica do Incra-MT. Assim, a fim
de resguardar o erário de prejuízos com o pagamento por serviços defeituosos, a responsável somente
deveria ter se manifestado favoravelmente ao pagamento após a vistoria técnica ter constatado a
adequação dos serviços, ou após a retenção do valor correspondente ao preço da correção dos serviços
defeituosos. Era, portanto, exigível conduta diversa.
Justificativas:
23. A responsável ressaltou que teria autorizado apenas o último pagamento realizado à empresa
Construcom – Contruções e Empreendimentos Ltda. ME, em 7/7/2009, aduzindo, ainda, que a referida
autorização teria seguido os seguintes protocolos institucionais:
23.1) a associação realizava as medições por meio do Instituto Creatio, o qual lhe prestava
assistência técnica e jurídica; essas medições eram recebidas pela comissão de fiscalização, que, por sua
vez, encaminhava as medições juntamente com a solicitação de pagamento ao Incra/MT;
23.2) no Incra/MT, os documentos encaminhados pela Associação eram recebidos pelo setor
responsável pelo acompanhamento do PAC, que, até o ano de 2008, era ligado diretamente ao gabinete
do Superintendente; contudo, a partir de 2009, esse setor passou a ser subordinado à Divisão de
Desenvolvimento de Assentamentos;
23.3) a equipe do PAC analisava toda a documentação e elaborava o ofício com a autorização de
pagamento que seria assinado pelo superintendente; tal análise seria subsidiada pelo pedido de
pagamento enviado pela associação, que recebia as medições do engenheiro do Instituto Creatio, que
assinava em conjunto como comissão de fiscalização; segundo a responsável, o monitoramento in loco
da execução do Convênio 56/2006 também era de competência do setor de acompanhamento do PAC,
que visitava o Município de Confresa/MT e elaborava relatórios periódicos de monitoramento para
subsidiar as autorizações de pagamento pelo superintendente;
23.4) a partir de 2009, os ofícios com autorizações de pagamento, os relatórios periódicos de
monitoramento, além de todos os documentos referentes aos convênios do PAC passaram a tramitar pela
Chefia da Divisão de Desenvolvimento.
325 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
24. Desse modo, a responsável alega que todos os procedimentos tomados para o pagamento da
última parcela das obras dos postos de saúde seguiram o protocolo preestabelecido no termo de
convênio e já existente na superintendência, que fora elaborado por servidores que a antecederam na
chefia do setor e na superintendência, sustentando, ainda, que o convênio foi assinado no exercício de
2006 e que sua posse ocorrera em janeiro de 2007.
25. Prosseguindo em sua defesa, a ex-gestora afirmou que sua manifestação favorável ao
pagamento da última parcela fundamentou-se no Relatório Periódico de maio de 2009, elaborado pela
equipe do PAC, o qual teria atestado: “a execução e conclusão de todos os postos de saúde, restando
uma vistoria final por parte do setor de engenharia para posterior recebimento dos postos de saúde”.
Registrou, ainda, que o referido relatório teria atestado o recebimento dos projetos complementares que
estariam pendentes e solicitado informação quanto à entrega da garantia contratual de 5%.
26. A Associação de Pequenos Produtores Rurais das Comunidades Palmeiras e Belo Horizonte,
segundo a defendente, teria emitido um termo de recebimento provisório das obras dos postos de saúde,
os quais foram assinados por todos os membros da comissão fiscalizadora e pelo engenheiro responsável
do Instituto Creatio.
27. Alegou que a vistoria da equipe de engenharia era necessária para recebimento da obra pelo
Incra e não para autorização do pagamento da fatura.
28. Por fim, noticiou a realização de duas vistorias nos postos de saúde. A primeira, efetuada pela
equipe de engenharia do Incra, que teria se deslocado até o Município de Confresa/MT, em agosto de
2009, cuja conclusão registra que as obras dos postos de saúde teriam sido executadas dentro dos
padrões previstos no projeto preliminar e que deveriam ser recebidas após o atendimento das
observações citadas nos relatórios.
29. Os servidores do Incra teriam realizado uma segunda vistoria, na qual, segundo a responsável,
concluiu-se que as mencionadas obras estariam 100% executadas, ficando pendente para a Associação,
por meio da sua contratada, a empresa Construcom, a realização das adequações necessárias para o
recebimento da obra.
Análise:
30. Com relação ao argumento da responsável de que estaria seguindo um protocolo
preestabelecido de procedimentos, temos que o gestor tem o poder-dever de alterar todas as condutas,
dentro das suas competências, que não atendam ao interesse público ou que possam causar algum
prejuízo ao erário. Ou seja, o administrador não deve guardar observância a procedimentos apenas por
comodidade ou por se tratar de rotina já instituída. Os gestores da coisa pública devem exercer a sua
função com o máximo de zelo profissional e cautela, sobretudo quando suas ações envolverem dispêndio
de recursos públicos. Portanto, esses argumentos não merecem acolhimento.
31. Quanto à alegação de que o convênio fora assinado no exercício de 2006 e que sua posse
ocorrera em janeiro de 2007, cabe ressaltar que o chamamento aos autos da responsável está levando
em conta somente o pagamento da última parcela das obras, cuja autorização foi assinada pela ex-
gestora.
32. Compulsando o Relatório Periódico de maio de 2009, o qual, segundo a responsável, teria
fundamentado sua manifestação favorável ao pagamento da última parcela das obras, constata-se que o
referido instrumento consignou que fora verificada a conclusão de todos os postos de saúde, restando
realizar a medição final por parte do engenheiro responsável e a vistoria final por parte do setor de
engenharia do Incra-MT para posterior recebimento da obra (peça 45, p. 40).
33. Importante destacar, ainda, que o mencionado relatório registrou uma ressalva concernente ao
alcance do trabalho realizado, no sentido de que sua finalidade foi “a constatação in loco de um ponto
de vista mais visual, no caso de execução de serviços, principalmente no caso específico da construção
de escolas e postos de saúde”, sendo que a responsabilidade técnica pela medição permanece na esfera
do responsável técnico (engenheiro civil) da obra em questão” (peça 45, p. 36). Acrescentou-se, nas
considerações finais, que os postos de saúde “a princípio” tinham sido executados a contento, mas se
fazia premente a vistoria final por parte do setor de engenharia do Incra-MT (peça 45, p. 45).
326 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
34. Desse modo, depreende-se do aludido relatório que o signatário registrou dois importantes
alertas para a então chefe da Divisão de Desenvolvimento. Primeiro, que seu trabalho consistia em uma
constatação visual, ou seja, não se tratava de uma análise técnica da execução das obras. E, segundo,
que ainda seria necessária a realização da vistoria final pelos engenheiros do Incra-MT.
35. Por seu turno, o relatório da equipe do PAC, que também fora citado pela responsável como
fundamento para sua manifestação favorável para pagamento da última parcela, informa que, de fato, os
projetos técnicos complementares dos postos de saúde teriam sido recebidos. Contudo, registrou que a
entrega destes documentos era uma das ressalvas informadas no despacho do Engenheiro do Incra/MT
(peça 45, p. 54).
36.Compulsando o mencionado instrumento, verifica-se que a outra ressalva consistia, justamente,
em alerta à então chefe da Divisão de Desenvolvimento com relação à ausência nos autos da garantia,
nos seguintes termos: “No entanto, como não consta nos autos documento que comprove a apresentação
da referida garantia, entendemos ser prudente confirmar à entidade convenente se a garantia foi
apresentada” (peça 17, p. 11).
37. Assim, se por um lado a responsável tomava ciência do saneamento de um problema, por outro,
o texto deixava claro que existia outra pendência a ser resolvida. E mais, o referido relatório também
noticiou que foi enviado à Associação convenente um oficio solicitando confirmação a respeito da
entrega da garantia contratual de 5% do valor do contrato, o que revela que nesse momento a
responsável ainda não sabia se a garantia contratual estava ou não retida.
38. No tocante ao recebimento da obra pela comissão fiscalizadora, impende mencionar que o
recebimento provisório consiste na simples transferência da posse do bem para a Administração, não
significando que a prestação foi executada corretamente, cabendo ao gestor determinar o exame do
objeto para verificar sua adequação com as especificações do termo de referência.
39. Após a realização dos exames, testes e verificações necessários, a Administração promoverá o
recebimento definitivo da obra, por meio de servidor ou comissão designada pela autoridade competente,
após o término do prazo de observação, ou vistoria, que comprove adequação do objeto aos termos
contratuais, devendo-se lavrar termo circunstanciado assinado pelas partes.
40. Contudo, no caso vertente, o pagamento da última parcela, no valor de R$ 157.652,96, não
poderia ter sido efetuado apenas com a emissão do termo de recebimento provisório, haja vista que,
consoante disciplinado pelo art. 36, § 2º, alínea “d”, do Decreto 93.872/1986, a liquidação da despesa,
que é fase anterior ao pagamento, terá por base, dentre outros documentos, termo circunstanciado de
recebimento definitivo, no caso de obra ou serviço de valor igual ou superior R$ 80.000,00 (valor
atualizado).
41. Portanto, verifica-se que as justificativas da ex-gestora não devem ser acolhidas, porquanto
não lograram elidir sua responsabilidade pela autorização do pagamento da última parcela das obras
dos postos de saúde, expondo, injustificadamente, a execução do convênio a prejuízos, haja vista que: i)
não levou em consideração as falhas de execução apontadas no relatório do Instituto Creatio, embora o
referido relatório já constasse do processo do convênio; ii) baseou-se no “relatório de constatação”,
cujo autor expressamente ressalvou que sua visita no local não tinha por finalidade avaliação técnica da
obra, e que deveria ser realizada vistoria final por parte do setor de engenharia do Incra-MT; iii) não
aguardou a vistoria final pela equipe de engenharia do Incra-MT, embora já estivesse agendada para
data próxima. Essa vistoria veio a ratificar as falhas apontadas pelo Instituto Creatio e a constatar
outras, as quais vêm impedindo o recebimento da obra e sua utilização no objeto do convênio; e iv) não
aguardou comprovação da retenção da garantia contratual, pois se menciona apenas o envio de ofício à
convenente sobre o assunto. Segundo informado nos autos (peça 17, p. 11), a contratada deveria ter
prestado garantia de 5% do valor do contrato, a qual somente seria devolvida com a emissão do termo
de recebimento definitivo da obra.
V – OUTROS ENCAMINHAMENTOS
327 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
42. Na instrução técnica precedente (peça 23), evidenciou-se a necessidade de apreciação de
algumas questões que ora trazemos a lume com vistas a agregá-las à proposta de encaminhamento de
mérito deste processo:
43. Nesse sentido, haja vista o grave prejuízo à coletividade em razão da ausência de utilização dos
postos de saúde, construídos há mais de cinco anos, propõe-se determinar ao Incra/MT que priorize as
providências para que os postos de saúde sejam colocados à disposição da comunidade, visto que sua
conclusão e não utilização desde 2009 configura grave dano à coletividade, realizando, se necessário, as
intervenções na obra eventualmente imprescindíveis à sua utilização segura, sem prejuízo da adoção das
medidas com vistas ao ressarcimento ao erário em razão dos defeitos da obra não corrigidos pela
empreiteira contratada. Subsidiariamente, caso se verifique, por qualquer motivo, a definitiva
inviabilidade das medidas para colocar os postos em funcionamento, providencie a instauração da
tomada de contas especial pelo valor integral da obra.
44. De igual modo, efetuou-se, durante a instrução técnica anterior, contato telefônico com o setor
do Incra-MT responsável pelos convênios do PAC, obtendo-se a informação de que as obras persistem
paralisadas, mas que já foi concluído projeto para a realização dos serviços pendentes, os quais, após
aprovação pelo setor de engenharia do Incra-MT, seriam executados pelo município de Confresa-MT
com recursos remanescentes do convênio.
45. Assim, conquanto as informações disponíveis não indiquem a ocorrência de irregularidade que
demande a atuação imediata do TCU, propõe-se, tendo em vista as dificuldades que o Incra/MT expôs
para concluir as obras, determinar que a autarquia informe a situação das obras das escolas no próximo
processo de contas.
46. Outro assunto referente a essas obras diz respeito à observação, na primeira instrução técnica
(peça 12), de que restava pendente à restituição de R$ 102.680,36 dos R$ 2.000.000,00 sequestrados pela
Justiça do Trabalho. Na ocasião, requereu-se ao Incra-MT que informasse se a retenção desse valor
havia se tornado definitiva e, nesse caso, as providências adotadas para obtenção do ressarcimento da
empresa responsável pela dívida.
47. Sobre a questão, o Incra-MT respondeu que a retenção ainda não era definitiva e que o caso foi
encaminhado à Procuradoria-Geral do Incra para ajuizamento de ação por descumprimento de preceito
fundamental nos moldes da ADPF 114.
48. Considerando a baixa materialidade do valor pendente de restituição, considerou-se suficiente
determinar ao Incra-MT que informe no próximo processo de contas a situação das providências em
relação ao valor de R$ 102.680,36 retidos pela Justiça do Trabalho, inclusive das medidas adotadas com
vistas ao ressarcimento pela empresa responsável pela dívida, caso a retenção tenha se tornado
irreversível (peça 23).
49. Nesse contexto, verifica-se oportuno trazer a lume importante análise efetuada inerente ao
correto encaminhamento de mérito deste processo, conforme excerto abaixo reproduzido (peça 23):
V – OUTROS ASSUNTOS
70. Informa-se que o Sr. William César Sampaio teve as contas de 2009, 2010 e 2011 julgadas por
meio dos Acórdãos 2.146/2014-TCU-1ª Câmara, 7.535/2013-TCU-1ª Câmara e 5.508/2014-TCU-2ª
Câmara, respectivamente. Considerando que os julgamentos foram realizados sob vigência da atual
redação do art. 206 do RI/TCU (vigência a partir de 1º/1/2012), e que as ocorrências examinadas neste
feito não foram contempladas no referido processo de contas, o citado acórdão não constitui óbice a
eventual imputação de multa. O Sr. Valdir Mendes Barranco, por sua vez, é responsável nas contas de
2012 e 2013 do Incra/MT, autuadas nos TC 021.348/2013-8 e 020.203/2014-4, ainda não julgadas.
Considerando o baixo potencial de impacto das falhas objeto das audiências ora propostas sobre toda a
gestão do Incra/MT, bem como a inexistência de óbice à eventual aplicação de multa após o julgamento
de contas ordinárias, entende-se desnecessário sobrestar os referidos processos.
71. Observa-se, ainda, que o presente processo foi originalmente autuado como fiscalização do tipo
“Relatório de Monitoramento – RMON”, em atendimento ao Acórdão 1.472/2013-TCU-Plenário. Ao
final da fase de planejamento, relatada na instrução de peça 12, propôs-se autorizar as fases de
328 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
planejamento e de execução, com cinco dias cada, iniciando-se a execução após o recebimento da
documentação requisitada ao Incra/MT. Contudo, considerando que a documentação encaminhada pelo
Incra/MT foi suficiente para a análise da determinação monitorada, efetuada na presente instrução,
deve-se considerar a referida fiscalização (Fiscalis 672/2013) encerrada.
VI – CONCLUSÃO
50. Em face da análise promovida nos itens 16 a 41 desta instrução, propõe-se rejeitar as razões de
justificativa apresentadas pelos Srs. Valdir Mendes Barranco e Luciana Andrade Gallan, uma vez que
não foram suficientes para sanear as irregularidades a eles atribuídas. Desse modo, será proposta a
aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992.
51. Com relação ao Sr. Willian César Sampaio, apesar de ter recebido regularmente a audiência, o
responsável não compareceu aos autos, operando-se os efeitos da revelia, dando-se prosseguimento ao
processo, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992 (itens 11 a 15).
52. No que concerne aos demais encaminhamentos, cabe trazer a lume as propostas formuladas no
âmbito da instrução precedente (peça 23), conforme excerto reproduzido abaixo:
59. O presente processo teve por finalidade monitorar os itens 9.8.1 a 9.8.4 do Acórdão
3.080/2010-Plenário.
60. Com efeito, conforme exposto, considera-se cumprida a determinação contida no item 9.8.2,
tendo em vista a celebração do 5º termo aditivo ao convênio, que atribuiu sua execução à Prefeitura
Municipal de Confresa/MT, em lugar da associação de assentados (parágrafo 6).
61. A determinação contida no item 9.8.4 disse respeito ao fornecimento de informações,
dispensando análise na presente instrução.
62. As determinações contidas nos itens 9.8.1 e 9.8.3 buscaram, essencialmente, garantir que a
execução financeira do convênio fosse compatível com sua execução física.
63. Nesse ponto, convém esclarecer que o convênio compreendia quatro objetos independentes:
construção de postos de saúde; construção de escolas; construção de estradas; e serviços de assistência
técnica.
64. Os postos de saúde foram concluídos e integralmente pagos em 2009. Contudo, falhas de
execução das obras vêm impedindo seu recebimento. Como o último pagamento foi anterior ao acórdão
monitorado, não se pode afirmar que a deliberação foi descumprida. Não obstante, entende-se que a
autorização de pagamento sem que houvesse visita técnica ou correção das falhas até então apontadas,
bem como a ausência de informações sobre providências posteriores com vistas a disponibilizar os
postos à comunidade, ensejam a realização de audiências da Sra. Luciana Andrade Gallan, então chefe
da Divisão de Desenvolvimento, e dos Srs. Willian César Sampaio e Valdir Mendes Barranco, então
superintendentes do Incra-MT (parágrafos 17 a 42).
65. Em relação aos demais objetos, (construção de escolas; construção de estradas; e serviços de
assistência técnica), observou-se, a partir de relatórios de verificações no local por equipes do Incra-MT,
razoável compatibilidade entre os pagamentos efetuados e as medições realizadas (parágrafos 47, 54 e
58). Além disso, foi realizada prestação de contas parcial do convênio (peça 7, p. 6-30). Assim,
consideram-se cumpridas as determinações contidas nos itens 9.8.1 e 9.8.3 do Acórdão 3.080/2010-
Plenário.
66. Desse modo, quando da análise de mérito das audiências ora propostas, a deliberação
monitorada poderá ser considerada cumprida.
67. Adicionalmente, diante de possíveis falhas não relacionadas diretamente ao cumprimento do
acórdão monitorado, propõe-se, quando do exame do mérito, determinar ao Incra-MT que, em relação
ao Convênio PAC 056/2006 (parágrafos 44, 50 e 53):
a) priorize as providências para que os postos de saúde sejam colocados à disposição da
comunidade, visto que sua conclusão e não utilização desde 2009 configura grave dano à coletividade,
realizando, se necessário, as intervenções na obra eventualmente imprescindíveis à sua utilização
segura, sem prejuízo da adoção das medidas com vistas ao ressarcimento ao erário em razão dos defeitos
da obra não corrigidos pela empreiteira contratada. Subsidiariamente, caso se verifique, por qualquer
329 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
motivo, a definitiva inviabilidade das medidas para colocar os postos em funcionamento, providencie a
instauração da tomada de contas especial pelo valor integral dos recursos do convênio despendidos na
obra;
b) informe, no relatório de gestão do próximo processo de contas anuais:
b1) a situação das providências adotadas com vistas ao atendimento do item “a”;
b2) a situação das obras das escolas;
b3) a situação das providências em relação ao valor de R$ 102.680,36 retidos pela Justiça do
Trabalho da quantia sequestrada do convênio, inclusive quanto às medidas eventualmente adotadas com
vistas ao ressarcimento pela empresa responsável pela dívida, caso a retenção tenha se tornado
irreversível.
68. Propõe-se, ainda, quando do exame de mérito, determinar à Secex-MT que monitore as
determinações por ocasião da instrução do próximo processo de contas do Incra-MT. Adicionalmente,
considerando que os processos de contas são instruídos com relatório de auditoria da CGU, propõe-se,
para subsidiar o monitoramento, determinar ao órgão de controle interno que se manifeste a respeito do
cumprimento das citadas determinações no relatório de auditoria de gestão referente ao próximo
processo de contas.
69. Por fim, também quando do encaminhamento de mérito, deverá ser proposto o apensamento
deste processo e do TC 033.650/2010-1 ao TC 025.170/2009-4, conforme sugerido na instrução
precedente (peça 12, p. 9).
(...)
VI – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
54. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo-se ao Tribunal
que:
a) sejam rejeitadas as razões de justificativas apresentadas pelo Sr. Valdir Mendes Barranco (CPF
616.746.301-82), na qualidade de Superintendente Regional do Incra/MT à época dos fatos; e pela Sra.
Luciana Andrade Gallan (CPF 856.860.181-20), ex-Chefe da Divisão de Desenvolvimento do Incra/MT;
b) seja considerado revel, com fundamento no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, o Sr. Willian César
Sampaio (CPF 378.780.001-82), na qualidade de Superintendente Regional do Incra/MT à época dos
fatos, dando-se prosseguimento ao processo para todos os efeitos;
c) seja aplicada aos Srs. Willian César Sampaio (CPF 378.780.001-82) e Valdir Mendes Barranco
(CPF 616.746.301-82), ambos na qualidade de Superintendente Regional do Incra/MT à época dos fatos;
e Luciana Andrade Gallan (CPF 856.860.181-20), ex-Chefe da Divisão de Desenvolvimento do
Incra/MT, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, inciso
II, do Regimento Interno do TCU, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações,
para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a dos efetivos recolhimentos, se forem
pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor, em razão das condutas abaixo detalhadas:
I) Willian César Sampaio (CPF 378.780.001-82), na qualidade de Superintendente Regional do
Incra em Mato Grosso:
Irregularidade 1: autorização para pagamento integral das obras dos postos de saúde no âmbito
do Convênio PAC 56/2006, as quais apresentaram defeitos de construção, sem que fosse realizada a
vistoria técnica, sem que houvessem sido corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a
retenção, da parcela a ser paga ou da garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções,
caracterizando descumprimento do dever de supervisão/fiscalização do convênio, previsto no art. 23 da
IN STN 01/1997 e no art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Conduta: ter autorizado o pagamento da última parcela do contrato referente à construção dos
postos de saúde no âmbito do Convênio PAC 56/2006 sem que fosse realizada a vistoria técnica, sem que
houvessem sido corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a retenção, da parcela a ser
paga ou da garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções.
330 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Nexo causal: sob a perspectiva da autuação do superintendente, a irregularidade em questão
independe de resultado, visto que a autorização de pagamento sem as cautelas exigíveis caracteriza
descumprimento do dever de fiscalização/supervisão do convênio.
Critérios normativos: art. 23 da IN STN 01/1997 e art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Culpabilidade: quando da autorização do pagamento, já constava dos autos do processo do
convênio o relatório do Instituto Creatio que apontava falhas de execução na obra. Além disso, o
responsável sabia, ou deveria saber, que estava pendente a realização de vistoria pela equipe técnica,
pois tal informação constava da manifestação da chefe da Divisão de Desenvolvimento, a qual
fundamentou seu ato de autorização. Assim, a fim de resguardar o erário de prejuízos com o pagamento
por serviços defeituosos, o responsável somente deveria ter autorizado o pagamento após a vistoria
técnica ter constatado a adequação dos serviços, ou após a retenção do valor correspondente ao preço
da correção dos serviços defeituosos. Era, portanto, exigível conduta diversa.
Irregularidade 2: não adoção de providências para que a obra dos postos de saúde, após concluída
e integralmente paga, fosse colocada à disposição da coletividade, exigindo-se da convenente e da
empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu recebimento pelo Incra, ou o
ressarcimento ao erário do valor correspondente, o que caracterizou deficiente exercício da função de
supervisão/fiscalização prevista no art. 23 da IN STN 01/1997 e no art. 10, §6º, do Decreto-Lei
200/1967.
Conduta: ter se omitido em determinar a adoção de providências para que a obra dos postos de
saúde, após concluída e integralmente paga, fosse colocada à disposição da coletividade, exigindo-se da
convenente e da empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu recebimento pelo Incra,
ou o ressarcimento ao erário do valor correspondente.
Nexo causal: sob a perspectiva da autuação do superintendente, a irregularidade em questão
independe de resultado, visto que a omissão em determinar a adoção de providências caracteriza
descumprimento do dever de fiscalização/supervisão do convênio.
Critérios normativos: art. 23 da IN STN 01/1997 e art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Culpabilidade: o pagamento da última parcela da obra em questão havia ocorrido em 8/7/2009,
por autorização do próprio responsável, mas, até a data em que deixou o cargo (21/8/2011), a obra não
havia sido recebida em razão das falhas de execução apontadas em relatório de 25/8/2009. Assim, na
qualidade de dirigente máximo do Incra-MT, não se mostra escusável o desconhecimento do problema,
tampouco a ausência de providências em cerca de dois anos. Era, portanto, exigível conduta diversa.
II) Valdir Mendes Barranco (CPF 616.746.301-82), na qualidade de Superintendente Regional
do Incra em Mato Grosso:
Irregularidade 3: omissão em determinar o prosseguimento das providências para que a obra dos
postos de saúde, já concluída e integralmente paga, fosse colocada à disposição da coletividade, bem
como para se exigir da convenente e da empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu
recebimento pelo Incra, ou o ressarcimento ao erário do valor correspondente, o que caracterizou
deficiente exercício da função de supervisão/fiscalização prevista no art. 23 da IN STN 01/1997 e no art.
10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Conduta: ter se omitido, desde as notificações realizadas em março de 2012, em determinar o
prosseguimento da adoção de providências para que a obra dos postos de saúde do Convênio 056/2006,
já concluída e integralmente paga desde 2009, fosse colocada à disposição da coletividade, bem como
para se exigir da convenente e da empresa contratada a correção dos defeitos que impediam seu
recebimento pelo Incra, ou o ressarcimento ao erário do valor correspondente.
Nexo causal: sob a perspectiva da atuação do superintendente, a irregularidade em questão
independe de resultado, visto que a omissão em determinar a adoção de providências caracteriza
descumprimento do dever de fiscalização/supervisão do convênio.
Critérios normativos: art. 23 da IN STN 01/1997 e art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967, art. 63, §
2º, da Lei nº 4.320/1964 e art. 36, §2º e 42 do Decreto nº 93.872/1986.
331 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Culpabilidade: o pagamento da última parcela da obra em questão havia ocorrido em 8/7/2009,
mas a obra permanece sem recebimento pelo Incra/MT. O responsável foi investido no cargo de
Superintendente em 22/8/2011. O Incra/MT informou como providências para instar os responsáveis a
sanar as pendências, ou a ressarcir ao erário, apenas as notificações em março de 2012. Considerando
que a obra não foi recebida, não se mostra escusável, na qualidade de dirigente máximo do Incra-MT, o
desconhecimento do problema, tampouco a ausência de providências em cerca de dois anos. Era,
portanto, exigível conduta diversa.
III) Luciana Andrade Gallan (CPF 856.860.181-20), na qualidade de chefe Divisão de
Desenvolvimento da Superintendência Regional do Incra em Mato Grosso:
Irregularidade 1: autorização para pagamento integral das obras dos postos de saúde no âmbito
do Convênio PAC 56/2006, as quais apresentaram defeitos de construção, sem que fosse realizada a
vistoria técnica, sem que houvessem sido corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a
retenção, da parcela a ser paga ou da garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções,
caracterizando descumprimento do dever de supervisão/fiscalização do convênio, previsto no art. 23 da
IN STN 01/1997 e no art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Conduta: ter emitido manifestação favorável à autorização do pagamento da última parcela do
contrato referente à construção dos postos de saúde no âmbito do Convênio PAC 56/2006, sem que fosse
realizada a vistoria técnica, sem que houvessem sido corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto
Creatio e sem a retenção, da parcela a ser paga ou da garantia contratual, do valor dos serviços para
tais correções.
Nexo causal: a manifestação favorável fundamentou a autorização de pagamento pelo
superintendente do Incra-MT, sem a qual a irregularidade não teria ocorrido.
Critérios normativos: art. 23 da IN STN 01/1997 e art. 10, §6º, do Decreto-Lei 200/1967.
Culpabilidade: quando da emissão da manifestação favorável à autorização do pagamento, já
constava dos autos do processo do convênio o relatório do Instituto Creatio que apontava falhas de
execução na obra. Além disso, já havia previsão de vistoria por equipe técnica do Incra-MT. Assim, a fim
de resguardar o erário de prejuízos com o pagamento por serviços defeituosos, a responsável somente
deveria ter se manifestado favoravelmente ao pagamento após a vistoria técnica ter constatado a
adequação dos serviços, ou após a retenção do valor correspondente ao preço da correção dos serviços
defeituosos. Era, portanto, exigível conduta diversa.
d) dar conhecimento ao Exmo. Sr. Ministro-Relator Augusto Nardes da análise empreendida sobre
os elementos carreados aos autos pela Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária no estado de Mato Grosso – Incra/MT, dando-se por cumprida, por parte desta
Unidade Técnica, a determinação que lhe foi dirigida, por meio do item 9.9 do Acórdão 3.080/2010 –
TCU – Plenário, haja vista que a documentação enviada pela mencionada autarquia foi suficiente para
análise das determinações monitoradas;
e) seja determinada à Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária no estado de Mato Grosso – Incra/MT, com base no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, a promoção das seguintes medidas:
e.1) priorize as providências para que os postos de saúde sejam colocados à disposição da
comunidade, visto que sua conclusão e não utilização desde 2009 configura grave dano à coletividade,
realizando, se necessário, as intervenções na obra eventualmente imprescindíveis à sua utilização
segura, sem prejuízo da adoção das medidas com vistas ao ressarcimento ao erário em razão dos defeitos
da obra não corrigidos pela empreiteira contratada. Subsidiariamente, caso se verifique, por qualquer
motivo, a definitiva inviabilidade das medidas para colocar os postos em funcionamento, providencie a
instauração da tomada de contas especial pelo valor integral dos recursos do convênio despendidos na
obra;
e.2) informe, no relatório de gestão do próximo processo de contas anuais:
I. a situação das providências adotadas com vistas ao atendimento do item “e.1”;
II. a situação das obras das 5 escolas objeto do Convênio 56/2006 (Siafi 569538);
332 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
III. a situação das providências em relação ao valor de R$ 102.680,36 retidos pela Justiça do
Trabalho da quantia sequestrada do Convênio 56/2006 (Siafi 569538), inclusive quanto às medidas
eventualmente adotadas com vistas ao ressarcimento pela empresa responsável pela dívida, caso a
retenção tenha se tornado irreversível.
f) seja determinado à Secretaria de Controle Externo no estado de Mato Grosso que monitore as
determinações supramencionadas no âmbito do processo de contas do Incra/MT;
g) seja determinado à Controladoria-Geral da União no estado de Mato Grosso – CGU/MT que se
manifeste a respeito do cumprimento das determinações no relatório de auditoria de gestão referente ao
próximo processo de contas, com vistas a subsidiar o monitoramento das providências adotadas pelo
Incra/MT;
h) seja determinado o apensamento deste processo e do TC 033.650/2010-1 ao TC 025.170/2009-4,
com fulcro no art. 169, inciso I, do Regimento Interno do TCU.”
É o Relatório.
VOTO
Versa a espécie sobre monitoramento decorrente de autorização contida no Acórdão 1.472/2013-
TCU-Plenário, com o objetivo de verificar o cumprimento do disposto nos itens 9.8.1 a 9.8.4 do Acórdão
3.080/2010-TCU-Plenário.
2.Este Acórdão foi proferido nos autos do TC 025.170/2009-4, que tratava de Representação
formulada pela então 8ª Secretaria de Controle Externo do TCU sobre possíveis irregularidades em
convênios celebrados entre a Superintendência Nacional de colonização Agrária no estado de Mato
Grosso (INCRA-MT) e a Associação dos Pequenos Produtores Rurais dos Setores Palmeiras e Belo
Horizonte, atuando como interveniente o município de Confresa/MT, cujos valores originalmente
previstos alcançavam R$ 22.952.314,56 de responsabilidade do concedente e R$ 6.096.221,13 a título de
contrapartida.
3.Foram realizadas audiências dos responsáveis abaixo relacionados, em razão dos seguintes fatos:
a) Sr. Willian César Sampaio (Superintendente Regional do Incra em Mato Grosso): i) autorização
para pagamento integral das obras dos postos de saúde no âmbito do Convênio PAC 56/2006, as quais
apresentaram defeitos de construção, sem que fosse realizada a vistoria técnica, sem que houvessem sido
corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a retenção, da parcela a ser paga ou da
garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções, caracterizando descumprimento do dever de
supervisão/fiscalização do convênio, previsto no art. 23 da IN STN 01/1997 e no art. 10, § 6º, do Decreto-
Lei 200/1967; ii) não adoção de providências para que a obra dos postos de saúde, após concluída e
integralmente paga, fosse colocada à disposição da coletividade, exigindo-se da convenente e da empresa
contratada a correção dos defeitos que impediam seu recebimento pelo Incra, ou o ressarcimento ao erário
do valor correspondente, o que caracterizou deficiente exercício da função de supervisão/fiscalização
prevista no art. 23 da IN STN 01/1997 e no art. 10, § 6º, do Decreto-Lei 200/1967;
b) Valdir Mendes Barranco (Superintendente Regional do Incra/MT): Omissão em determinar o
prosseguimento das providências para que a obra dos postos de saúde, já concluída e integralmente paga,
fosse colocada à disposição da coletividade, bem como para se exigir da convenente e da empresa
contratada a correção dos defeitos que impediam seu recebimento pelo Incra, ou o ressarcimento ao erário
do valor correspondente, o que caracterizou deficiente exercício da função de supervisão/fiscalização
prevista no art. 23 da IN STN 01/1997 e no art. 10, § 6º, do Decreto-Lei 200/1967;
c) Luciana Andrade Gallan (Chefe da Divisão de Desenvolvimento do Incra/MT): autorização para
pagamento integral das obras dos postos de saúde no âmbito do Convênio PAC 56/2006, as quais
apresentaram defeitos de construção, sem que fosse realizada a vistoria técnica, sem que houvessem sido
corrigidos os defeitos apontados pelo Instituto Creatio e sem a retenção, da parcela a ser paga ou da
garantia contratual, do valor dos serviços para tais correções, caracterizando descumprimento do dever de
333 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
supervisão/fiscalização do convênio, previsto no art. 23 da IN STN 01/1997 e no art. 10, § 6º, do Decreto-
Lei 200/1967.
4.O Sr. Willian César Sampaio foi notificado por meio do ofício 0038/2015-TCU/SECEX-MT
(peça 28), conforme demonstra o Aviso de Recebimento de peça 43. Entretanto, permaneceu silente,
motivo por que deve ser considerado revel, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8443/1992, dando-se
prosseguimento ao feito.
5.O Senhor Valdir Mendes Barranco, devidamente notificado, apresentou as razões de justificativa
contidas na peça 40, cujo cerne consiste no argumento de que tomou posse como Superintendente do
Incra-MT em 22.8.2011, ou seja, aproximadamente dois anos depois da realização do último pagamento
do Convênio 56/2006, ocorrido em 8.7.2009. Ademais, argumentou que teria adotado as providências
necessárias, a fim de que “a convenente e a empresa contratada fizessem as correções necessárias para
que o Incra pudesse receber a obra”. Para justificar seu argumento, colacionou cópia do Ofício
INCRA/SR-13/G/Nº 0729/29.3.2012, em que solicita ao Presidente da Associação dos Pequenos
Produtores Rurais dos Setores Palmeiras e Belo Horizonte que resolvesse as pendências identificadas pela
área técnica, conforme especificado no documento (peça 40, p. 6). Também juntou cópia do Ofício
INCRA/SR-13/G/Nº 0728/29.3.2012, em que notifica o Prefeito do município de Confresa - MT sobre as
pendências no multicitado Convênio, que são exatamente as mesmas mencionadas Ofício anterior.
6.Assiste razão parcial ao responsável, que não é apta a elidir o fundamento de sua audiência, senão
vejamos.
7.De fato, os documentos juntados pelo Sr. Valdir Mendes Barranco demonstram iniciativa no
sentido de fazer as notificações necessárias acerca das pendências e irregularidades na consecução do
mencionado Convênio. Entretanto, embora tenha adotado essa iniciativa, não restou comprovada a
efetividade apta a elidir os fatos que lhe são imputados. Não demonstrou o responsável, por exemplo, que
as pendências tenham sido resolvidas, que houve instauração de tomada de contas especial para apurar os
fatos, identificar os responsáveis e quantificar o débito, ou outro ato que inequivocamente se tenha
demonstrado eficaz e eficiente para que a obra do posto de saúde do Convênio 056/2006 fosse colocada à
disposição da sociedade. Esse fato não restou elidido, motivo por que, na linha da proposta formulada
pela Unidade Técnica, devem ser rejeitadas das razões de justificativas em análise.
8.A Sra. Luciana Andrade Gallan, Chefe da Divisão de Desenvolvimento do Incra-MT apresentou
suas razões de justificativa nos termos da peça 45. A Responsável alegou que teria autorizado o
pagamento apenas da última parcela, a qual teria observado os protocolos institucionais, quais sejam: as
medições eram realizadas pelo Instituto Creatio, que as encaminhava com a solicitação de pagamento ao
Incra/MT; os documentos eram remetidos ao Gabinete do Superintendente do Incra, que, a partir de 2009,
passaram a ser enviados à Divisão de Desenvolvimento de Assentamento; houve a observância de todos
os protocolos do Incra/MT; houve emissão de termo de recebimento provisório das obras dos postos de
saúde pelo Associação de Pequenos Produtores Rurais das Comunidades Palmeiras e Belo Horizonte; a
vistoria da equipe de engenharia seria necessária para recebimento e não para pagamento da fatura;
servidores do Incra teriam atestado a execução de 100% da obra, ficando pendente para a associação as
adequações necessárias para o recebimento da obra.
9.Inicialmente, deve ser enfatizado que a responsável foi ouvida em audiência para apresentar
razões de justificativa tão-somente em razão de haver autorizado o pagamento da última parcela do
convênio em análise.
10.A observância de protocolo interno do órgão não pode sobrepor-se ou afastar preceito legal que
vincula e se impõe perante a Administração Pública. O pagamento das despesas realizadas pela
Administração deve ocorre somente após a regular liquidação das despesas, ou seja, depois da verificação
do crédito mediante os documentos, que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor em face
dos títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, nos termos dos arts. 62 e 63 da Lei
4.320/1964. A liquidação da despesa visa a identificar o credor, a origem e o objeto do que se deve pagar
bem como o valor exato, de acordo, inclusive, com os comprovantes da prestação efetiva do serviço.
334 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Integra a liquidação da despesa o recebimento definitivo do bem ou serviço, sem o qual não poderá ser
efetuado o pagamento ao suposto credor.
11.Embora conste recebimento provisório dos serviços, não há confundi-lo com o definitivo,
imprescindível no caso concreto para que ocorra o pagamento, nos termos da alínea “d”, § 2º, art. 36, do
Decreto 93872/1986.
12.Portanto, adotando como razão de decidir a análise contida no Relatório que antecede este Voto,
entendo que não restou justificado o móvel da audiência sob exame.
13.No que tange à proposta de apensar estes autos e o TC 033.650/2010-1 ao TC 025.170/2009-4,
embora este também trate de irregularidades no mencionado Convênio, deixo de acolhê-la, em razão de
envolver agentes públicos diversos dos ora responsáveis. Entretanto, nos termos e observados os preceitos
do art. 169, II, do Regimento Interno do TCU, devem esses processos ser encerrados. Quanto às
determinações sugeridas pela Unidade Técnica, acolho-as com os ajustes julgados pertinentes.
14.Dessa forma, devem ser rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Valdir Mendes
Barranco e pela Sra. Luciana Andrade Gallan, sendo aplicadas multas individuais a estes e ao Sr. Willian
César Sampaio, que foi considerado revel, levando-se em consideração, na dosimetria da multa, os fatos
individualmente analisados e as condutas dos agentes públicos envolvidos.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1229/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 026.099/2013-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V - Monitoramento
3. Interessados/Responsáveis:
3.1 Interessados: Luciana de Andrade Gallan (856.860.181-20); Valdir Mendes Barranco
(616.746.301-82); Willian César Sampaio (378.780.001-82).
3.2 Responsáveis: Luciana de Andrade Gallan (856.860.181-20); Valdir Mendes Barranco
(616.746.301-82); Willian César Sampaio (378.780.001-82).
4. Órgão/Entidade: Superintendência Regional do Incra no Estado de Mato Grosso.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso (SECEX-MT).
8. Advogado constituído nos autos: Elvis Antônio Klauk Júnior (OAB/MT 15.462).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Monitoramento com o objetivo de verificar o
cumprimento do disposto nos itens 9.8.1 a 9.8.4 do Acórdão 3.080/2010-TCU-Plenário, nos termos de
autorização contida no Acórdão 1.472/2013-TCU-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, de acordo com o art. 243 do Regimento Interno do TCU, em:
9.1considerar revel o Sr. Willian César Sampaio, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
9.2rejeitar as razões de justificativas apresentadas pelo Sr. Valdir Mendes Barranco e pela Sra.
Luciana de Andrade Gallan;
9.3aplicar a multa prevista no art. 58, III, da Lei 8.443/1992, c/c art. 268, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, ao Sr. Willian César Sampaio, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhe o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da
dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a
do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4aplicar a multa prevista no art. 58, III, da Lei 8.443/1992, c/c art. 268, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, ao Sr. Valdir Mendes Barranco, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), fixando-lhe o
335 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da
dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a
do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5aplicar a multa prevista no art. 58, III, da Lei 8.443/1992, c/c art. 268, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, à Sra. Luciana de Andrade Gallan, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), fixando-lhe
o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da
dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a
do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.6.autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992, caso não atendidas às notificações;
9.7determinar à Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária no estado de Mato Grosso – Incra/MT, com base no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, que:
9.7.1 - priorize as providências para que os postos de saúde sejam colocados à disposição da
comunidade, visto que sua não utilização desde 2009, apesar de concluídos, configura grave dano à
coletividade, realizando, se necessário, as intervenções na obra eventualmente imprescindíveis à sua
utilização segura, sem prejuízo da adoção das medidas com vistas ao ressarcimento ao erário em razão
dos defeitos da obra não corrigidos pela empreiteira contratada;
9.7.2 - subsidiariamente, caso se verifique, por qualquer motivo, a definitiva inviabilidade das
medidas para colocar os postos em funcionamento, providencie a instauração da tomada de contas
especial pelo valor integral dos recursos do convênio despendidos na obra;
9.7.3 - informe, no relatório de gestão do próximo processo de contas anuais:
9.7.3.1. a situação das providências adotadas com vistas ao atendimento do item 9.7.1 deste
Acórdão;
9.7.3.2. a situação das obras das 5 escolas objeto do Convênio 56/2006 (Siafi 569538);
9.7.3.3. a situação das providências em relação ao valor de R$ 102.680,36 retidos pela Justiça do
Trabalho da quantia sequestrada do Convênio 56/2006 (Siafi 569538), inclusive quanto às medidas
eventualmente adotadas com vistas ao ressarcimento pela empresa responsável pela dívida, caso a
retenção tenha se tornado irreversível;
9.8determinar à Secretaria de Controle Externo no Estado de Mato Grosso que monitore as
determinações supramencionadas no âmbito do processo de contas do Incra/MT;
9.9determinar à Controladoria-Geral da União no Estado de Mato Grosso – CGU/MT que se
manifeste a respeito do cumprimento das determinações no relatório de auditoria de gestão referente ao
próximo processo de contas, com vistas a subsidiar o monitoramento das providências adotadas pelo
Incra/MT;
9.10dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamenta, aos responsáveis
e demais interessados;
9.11determinar o encerramento deste processo e do TC 033.650/2010-1, nos termos e observados os
preceitos do art. 169, II, do Regimento Interno do TCU.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1229-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
336 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
GRUPO I – CLASSE I – Plenário
TC 014.043/2012-2
Natureza: Pedido de Reexame (em Auditoria)
Recorrentes: Alexandre Perez Marques, presidente da CPL; Jonas de Jesus Ribeiro, Procurador
Federal; Mário Augusto Ronconi, Superintendente de Arquitetura, Engenharia e Patrimônio; Chan Sao
Heng e Orlando Celso Longo, fiscais de contrato
Unidade: Universidade Federal Fluminense (UFF)
SUMÁRIO: PEDIDO DE REEXAME. AUDITORIA. OBRAS DE EXPANSÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. ELABORAÇÃO DE PROJETO BÁSICO SEM A
DEVIDA SONDAGEM DO TERRENO E LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO. MULTA.
CONHECIMENTO DO RECURSO. NÃO APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS FALTANTES.
IMPROVIMENTO. NÃO CONHECIMENTO DOS RECURSOS INTERPOSTOS CONTRA O
DISPOSITIVO QUE DETERMINOU A CONVERSÃO DOS AUTOS EM TOMADA DE CONTAS
ESPECIAL PARA APURAÇÃO DE EVENTUAL SOBREPREÇO. ACOLHIMENTO DOS
ARGUMENTOS COMO ELEMENTOS ADICIONAIS DE DEFESA. REMESSA DO PROCESSO À
UNIDADE TÉCNICA PARA DAR CONTINUIDADE À SUA ANÁLISE.
RELATÓRIO
Trata-se de pedido de reexame interposto por Orlando Celso Longo, fiscal da Fundação Euclides da
Cunha (FEC), responsável pelo projeto básico do Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade
Federal Fluminense (IACS/UFF), contra o Acórdão 2.257/2015 – Plenário, que lhe aplicou multa por ter
recebido e encaminhado à Universidade o projeto básico da obra sem os relatórios de sondagem e
levantamentos planialtimétricos.
2. Na mesma peça, os corresponsáveis Alexandre Perez Marques, Chan Sao Heng, Jonas de Jesus
Ribeiro e Mário Augusto Ronconi insurgiram-se contra os elementos que levaram o Tribunal a deliberar
pela conversão dos autos em tomada de contas especial para apurar eventual sobrepreço.
3. Para melhor compreensão do assunto, reproduzo, abaixo, o teor do acórdão recorrido:
“9.1. acolher parcialmente as razões de justificativas apresentadas por Elisabete Aiko Hagiwara da
Silva, engenheira civil da Superintendência de Arquitetura, Engenharia e Patrimônio da UFF;
9.2. rejeitar as razões de justificativa apresentadas por Chan Sao Heng, fiscal do Contrato 13/2010
- Instituto de Biologia, por Orlando Celso Longo, fiscal do contrato de elaboração do projeto básico do
IACS, por Alexandre Perez Marques, então presidente da Comissão Permanente de Licitação da UFF e
por Mário Augusto Ronconi, Superintendente de Administração, Engenharia e Patrimônio da UFF;
9.3. determinar à Secretaria de Controle Externo do Rio de Janeiro (Secex/RJ) que recalcule o
valor do débito apontado no Contrato 13/2010 - Instituto de Biologia, relativo ao pagamento indevido de
meses adicionais de ‘administração local’, o qual deverá contemplar apenas o período relativo à
alteração da superestrutura;
9.4. converter os presentes autos em tomada de contas especial, com fundamento no art. 47 da Lei
8.443/1992, e citar, com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art.
202, incisos I e II, do RI/TCU, solidariamente:
9.5. Mário Augusto Ronconi, Superintendente de Administração, Engenharia e Patrimônio da UFF
e Alexandre Perez Marques, então presidente da Comissão Permanente de Licitação da UFF, e a
empresa ATPeng Engenharia e Empreendimentos SA, em decorrência dos indícios de superfaturamento
de R$ 2.265.433,11 (dez/2009) no Contrato 25/2010 - Instituto de Química, para que, no prazo de quinze
dias, contados do recebimento da notificação, apresentem alegações de defesa ou comprovem perante o
Tribunal o recolhimento do valor do débito apurado aos cofres da Universidade Federal Fluminense
337 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(UFF), atualizado monetariamente e acrescidos de juros de mora, na forma da legislação em vigor, a
partir de sua origem, até a data do efetivo pagamento;
9.5.1. Chan Sao Heng, fiscal do Contrato 13/2010 - Instituto de Biologia, e a empresa ATPeng
Engenharia e Empreendimentos SA, pelo prejuízo a ser apurado pela Secex/RJ, causado por pagamento
indevido de meses adicionais de ‘administração local’, para que, no prazo de quinze dias, contados do
recebimento da notificação, apresentem alegações de defesa ou comprovem perante o Tribunal o
recolhimento do valor do débito apurado aos cofres da Universidade Federal Fluminense (UFF),
atualizado monetariamente e acrescidos de juros de mora, na forma da legislação em vigor, a partir de
sua origem, até a data do efetivo pagamento;
9.6. encaminhar as razões de justificativa de Jonas de Jesus Ribeiro, apresentadas por não ter
alertado, em seus pareceres, acerca da ausência de critério de aceitabilidade de preços unitários
máximos nos Editais 08, 09 e 10/2009/DAS, em descumprimento ao inciso X do art. 40 da Lei
8.666/1993, para análise conjunta com as alegações de defesa de Alexandre Perez Marques e Mário
Augusto Ronconi, a serem trazidas no âmbito da TCE a ser constituída;
9.7. aplicar, individualmente, a Orlando Celso Longo, fiscal do contrato de elaboração do projeto
básico do Instituto de Arte e Comunicação Social, a multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) prevista no
art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, e no art. 268, inciso II, c/c o art. 209, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, por ter recebido e encaminhado à UFF o projeto básico da obra sem os relatórios de
sondagem e sem os levantamentos planialtimétricos, em desacordo com o inciso IX do art. 6º da Lei
8.666/1993, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprove, perante
o Tribunal, nos termos do art. 25 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea ‘a’ do RI/TCU, o
recolhimento do referido valor ao Tesouro Nacional, atualizado monetariamente a partir do dia seguinte
ao término do prazo ora fixado, até a data do efetivo pagamento, se for paga após o vencimento, na
forma da legislação em vigor;
9.8. determinar à Universidade Federal Fluminense, nos termos do art. 28, inciso I, da Lei
8.443/1992, que, se for o caso, efetue o desconto integral ou parcelado da dívida nos vencimentos,
salários ou proventos dos responsável, observados os limites previstos na legislação pertinente, e
proceda ao correspondente recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, comunicando a esta Casa as
providências adotadas em 30 (trinta) dias;
9.9. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas caso não atendidas as notificações;
9.10. autorizar, caso requerido e se o processo não tiver sido remetido para cobrança judicial, o
parcelamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26
da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira
parcela em 15 dias, a contar do recebimento da notificação, e os das demais a cada 30 dias, devendo
incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação
em vigor;
9.11. esclarecer ao responsável que, em caso de parcelamento da dívida, a falta de pagamento de
qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (art. 217, § 2º, do RI/TCU), sem
prejuízo das demais medidas legais; e
9.12. encaminhar cópia da presente deliberação, bem como do relatório e do voto que a
fundamentam, ao Exmo. Ministro da Educação, nos termos do art. 198, parágrafo único, do Regimento
Interno do TCU.”
4. Transcrevo, a seguir, excerto do parecer elaborado pela Serur que apreciou a matéria:
“ADMISSIBILIDADE
3. O exame preliminar de admissibilidade à peça 213 – acolhido pelo Relator ad quem em
despacho à peça 217 – concluiu por conhecer do recurso de Orlando Celso Longo, suspendendo-se o
efeito dos itens 9.7, 9.8 e 9.9 do acórdão recorrido.
3.1. No tocante aos demais responsáveis mencionados no recurso, em relação aos quais foi
determinada a instauração de tomada de contas especial, o art. 279 do Regimento Interno/TCU dispõe:
338 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
‘Art. 279. Não cabe recurso de decisão que converter processo em tomada de contas especial, ou
determinar a sua instauração, ou ainda que determinar a realização de citação, audiência, diligência,
inspeção ou auditoria.
Parágrafo único. Se a parte intentar o recurso, a documentação encaminhada será aproveitada
como defesa, sempre que possível, sem prejuízo da realização da citação ou da audiência, quando for
obrigatória.’
3.2. Nesse sentido, as alegações dos demais responsáveis serão consideradas como elementos
complementares de defesa nas tomadas de contas especiais a serem instauradas em cumprimento aos
itens 9.4, 9.5 e 9.5.1 do acórdão recorrido (...).
MÉRITO
4. Constitui objeto do recurso examinar se resta comprovado que, no projeto básico referente à
licitação promovida pelo IACS da UFF, constavam estudos do subsolo e levantamentos planialtimétricos.
5. Deficiência do projeto básico - ausência de estudos do subsolo e de levantamentos
planialtimétricos
5.1. O recorrente alega não ser procedente a apontada ausência de elementos básicos do projeto
básico da obra (estudos do subsolo e levantamentos planialtimétricos). Nesse sentido, alega que:
a) os relatórios de sondagem e os levantamentos planialtimétricos precedem a licitação da fase de
execução e, considerando que ao tempo da fiscalização a obra encontrava-se com as etapas de infra e
supraestrutura e alvenaria em fase de acabamento, aqueles elementos básicos de um projeto de
engenharia civil estiveram presentes; (peça 209, p. 24)
b) não é o recorrente que possui a obrigatoriedade de guarda, mas sim a Universidade Federal
Fluminense (UFF) e a Fundação Euclides da Cunha de Apoio à Universidade Federal Fluminense
(UFF), as quais não foram instadas a apresentá-los, e que deveriam manter sob guarda e posse todos os
elementos aptos a justificar a evolução das obras; (peça 209, p. 24)
c) todavia, considerando a boa-fé do recorrente, este apresenta nesta oportunidade o levantamento
planialtimétrico cadastral; (peça 209, p. 24)
d) sob estes aspectos, notadamente sobre a inafastável prova de que os relatórios de sondagem e os
levantamentos planialtimétricos estiveram presentes ao projeto do Instituto de Arte e Comunicação
Social, bem como a [responsabilidade pela] guarda e posse não ser do ora recorrente, requer seja
afastada a multa aplicada, dando-se quitação. (peça 209, p. 24)
Análise
5. Importa inicialmente registrar que a multa imposta ao recorrente se deveu à suposta ausência,
em projeto básico elaborado por ele, de relatórios de sondagem e de levantamentos planialtimétricos.
5.1. Para suprir a omissão, e assim elidir o motivo determinante para a sanção, o responsável
encaminha uma série de documentos tendentes a comprovar a elaboração dos documentos apontados
como faltantes. Tal documentação compõe-se de:
Diários de obra peça 209, pp. 26-350
Relatório fotográfico peça 210, pp. 1-40
Processo administrativo peça 210, pp. 41-94
Processo judicial peça 210, pp. 95-327
Processo judicial peça 210, pp. 328-341
Parecer da Procuradoria Geral do Rio Grande do
Sul
peça 210, pp. 342-357
Planilha – valores subfaturados peça 210, pp. 358-361
Levantamento planialtimétrico cadastral peça 210, pp. 362-363
5.2. Contudo, na documentação encaminhada não se identificam relatórios de sondagem ou
levantamentos planialtimétricos. Apenas, com relação a esse último, consta à peça 210, p. 363,
documento de uma única folha em que consta a menção a ‘levantamento planialtimétrico cadastral’, sem
quaisquer outras especificações, e por isso insuficiente para suprir a apontada omissão de
‘levantamentos planialtimétricos’.
339 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5.3. Competiria ao ora recorrente comprovar tanto a elaboração dos estudos do subsolo e dos
levantamentos planialtimétricos, quanto comprovar que tais documentos integravam o projeto básico
encaminhado à UFF. Os documentos ora encaminhados pelo recorrente não comprovam nem uma coisa
nem outra, sendo, portanto, insuficientes para elidir a irregularidade de que decorreu a multa a ele
aplicada.
5.4. Ante o exposto, deve-se rejeitar a alegação e, nesse sentido, negar provimento ao recurso.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
6. Ante o exposto, submete-se o assunto à consideração superior, propondo-se, com fundamento no
art. 48 da Lei 8.443/1992:
a) conhecer do recurso em relação ao recorrente Orlando Celso Longo e, no mérito, negar-lhe
provimento;
b) receber como mera petição a peça de Alexandre Perez Marques, Jonas de Jesus Ribeiro, Mário
Augusto Ronconi e Chan Sao Heng em razão do não cabimento de recurso, devendo ser oportunamente
apreciada no âmbito do juízo a quo, sem prejuízo das devidas citações e audiências, nos termos do art.
279 do RI/TCU;
c) dar ciência da decisão aos recorrentes e demais interessados.”
É o relatório.
VOTO
Originalmente, este processo tratou de fiscalização nas obras de expansão dos Institutos de
Química, Biologia e de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF).
2. Entre os achados de auditoria, identificou-se a realização de licitação pelo Instituto de Arte e
Comunicação Social (IACS) sem que no projeto básico constassem o relatório de sondagem e o
levantamento planialtimétrico, sendo responsabilizado pelo fato o fiscal Orlando Celso Longo, razão pela
qual lhe foi aplicada multa de R$ 5.000,00 pelo Acórdão 2.257/2015 – Plenário.
3. Inconformado, o responsável interpôs o presente pedido de reexame, que deve ser conhecido por
atender aos requisitos previstos nos art. 48 c/c os arts. 32 e 33 da Lei 8.443/1992.
4. O recorrente alega, em síntese, que os estudos foram elaborados, mas que o dever de guarda do
material é da Universidade e não dele. Mesmo assim, anexa, para comprovar o afirmado, imagem do
carimbo do que seria a planta de levantamento planialtimétrico (peça 210, p. 363).
5. Apesar de haver indícios de que o documento apresentado possa se referir à topografia do terreno
onde foi edificada a obra, não há como certificar-se do seu conteúdo, uma vez que a imagem fornecida
restringe-se ao carimbo da planta, onde estão registrados apenas o nome do projeto, o autor e a data, e não
os desenhos.
6. Por outro lado, existem, nos autos, evidências de que a licitação foi conduzida sem a devida
caracterização do terreno e de seu subsolo. Tal ressalva foi feita por arquiteta da UFF no curso do
processo licitatório (peça 102) e pode ter sido preponderante na alteração posterior da fundação.
7. Nesse sentido, recordo que o projeto básico previa a utilização de estacas hélice, contudo, a
empresa contratada realizou furos de sondagem no terreno e propôs alterar a fundação para o tipo
superficial, com sapatas de concreto armado. A mudança foi acatada sem que no processo constasse
análise técnica que indicasse a vantagem ou a impossibilidade de adoção de uma solução em detrimento
da outra, o que demonstra a ausência ou fragilidade da documentação que embasou o certame.
8. Assim, uma vez que Orlando Celso Longo foi incapaz de comprovar que os estudos foram
efetivamente elaborados, falhando, portanto, na tentativa de demonstrar ter atuado diligentemente como
fiscal do contrato, deve ser negado provimento ao seu recurso.
9. Anoto, por fim, que os corresponsáveis Alexandre Perez Marques, Chan Sao Heng, Jonas de
Jesus Ribeiro e Mário Augusto Ronconi também integram a peça recursal e alegam serem improcedentes
340 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
as suposições que levaram o Tribunal a deliberar pela conversão dos autos em tomada de contas especial
para apurar eventual sobrepreço nas obras de construção dos Institutos de Química e Biologia.
10. Uma vez que, à luz do disposto no art. 279 do Regimento Interno, não é cabível recurso sobre
decisão que instaura, diretamente ou por conversão, tomada de contas especial, o expediente por eles
apresentado não deve ser conhecido.
11. Contudo, os argumentos aduzidos poderão ser oportunamente aproveitados como elementos
complementares de defesa no processo a ser instaurado, conforme preceitua o parágrafo único do
dispositivo mencionado.
Ante o exposto, manifesto-me de acordo com a proposta de encaminhamento formulada pela
unidade técnica e voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação do Plenário.
ACÓRDÃO Nº 1230/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 014.043/2012-2
2. Grupo I – Classe de Assunto: I Pedido de Reexame (em Auditoria)
3. Recorrentes: Alexandre Perez Marques (CPF: 353.956.807-72), presidente da CPL; Jonas de
Jesus Ribeiro (CPF: 810.796.727-53), Procurador Federal; Mário Augusto Ronconi (CPF: 830.965.668-
87), Superintendente de Arquitetura, Engenharia e Patrimônio; Chan Sao Heng (CPF: 546.745.067-00) e
Orlando Celso Longo (CPF: 267.715.607-59), fiscais de contrato
4. Unidade: Universidade Federal Fluminense (UFF)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidades Técnicas: Serur e Secex/RJ
8. Advogados constituídos nos autos: Walter Carlos da Conceição (OAB/RJ 102.064), Vinícius
Nogueira Costa (OAB/RJ 117.662) e outros
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria, em que se apreciam, nesta fase processual,
pedidos de reexame interpostos por Alexandre Perez Marques, Chan Sao Heng, Jonas de Jesus Ribeiro,
Mário Augusto Ronconi e Orlando Celso Longo contra o Acórdão 2.257/2015 – Plenário, que, dentre
outras medidas, determinou a conversão dos autos em tomada de contas especial e aplicou multa a este
último por ter recebido e encaminhado à Universidade o projeto básico da obra do Instituto de Arte e
Comunicação Social sem os relatórios de sondagem e levantamentos planialtimétricos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, e com base nos arts. 32, parágrafo único, 33 e 48 da Lei 8.443/1992 c/c o
art. 279 do RI/TCU, em:
9.1 conhecer do pedido de reexame interposto por Orlando Celso Longo para, no mérito, negar-lhe
provimento;
9.2. não conhecer do recurso apresentado por Alexandre Perez Marques, Chan Sao Heng, Jonas de
Jesus Ribeiro e Mário Augusto Ronconi, devendo a peça por eles apresentada ser oportunamente
analisada como elementos complementares de defesa na tomada de contas especial a ser instaurada;
9.3. encaminhar os autos à Secex/RJ para que dê prosseguimento à instrução do feito e proceda à
notificação dos recorrentes.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1230-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
341 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II - CLASSE I - PLENÁRIO
TC 016.658/2015-9
Natureza: Embargos de Declaração (em Solicitação do Congresso Nacional)
Embargante: Energia Sustentável do Brasil S.A. - ESBR
Unidades: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e Energia (MME)
Sumário: EMBARGOS DE DECLARÇÃO. SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL
ORIGINÁRIA DA COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, PARA
QUE O TCU FISCALIZE OS ATRASOS OCORRIDOS NAS OBRAS DAS USINAS
HIDRELÉTRICAS (UHES) DE BELO MONTE, JIRAU E SANTO ANTÔNIO. CONHECIMENTO.
AUTORIZAÇÃO DA AÇÃO DE CONTROLE. ACÓRDÃO 3.321/2015 - PLENÁRIO. INSPEÇÃO NA
ANEEL. FORNECIMENTO À COMISSÃO DE INFORMAÇÕES ATUALIZADAS SOBRE A
ATUAÇÃO DA AGÊNCIA REGULADORA NOS PEDIDOS DE EXCLUSÃO DE
RESPONSABILIDADE DAS CONCESSIONÁRIAS POR ATRASOS NA IMPLANTAÇÃO DAS
UHES. DETERMINAÇÕES À ANEEL E AO MME. SOLICITAÇÃO INTEGRALMENTE
ATENDIDA. ARQUIVAMENTO. ACÓRDÃO 946/2016 – PLENÁRIO. CONHECIMENTO DOS
EMBARGOS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OU NULIDADE. REJEIÇÃO.
RELATÓRIO
Em exame embargos de declaração opostos por Energia Sustentável do Brasil S/A - ESBR, empresa
concessionária da Usina Hidroelétrica de Jirau (peça 92), ao Acórdão 946/2016 - Plenário, prolatado com
o seguinte teor:
“VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional, encaminhada a
este Tribunal por meio do Ofício 204/2015 do Presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara
dos Deputados, para a realização de ação de controle quanto à atuação da Agência Nacional de Energia
Elétrica frente aos atrasos das obras das Usinas Hidroelétricas de Santo Antônio, Belo Monte e Jirau,
conforme Proposta de Fiscalização e Controle 33/2015 de parlamentar dessa Comissão.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos artigos 1º, inciso II; e 38, inciso I, da Lei
8.443/1992; 232, inciso III; e 250, inciso II, do Regimento Interno; 3º, inciso I , 4º, inciso I, alínea ‘b’, e
14, inciso IV, da Resolução TCU 215/2008, em:
9.1. conhecer da presente solicitação;
9.2. informar ao Presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados que:
9.2.1 até o momento, não foram identificadas pelo TCU irregularidades no que diz respeito aos
processos decisórios da Aneel acerca dos pedidos de exclusão de responsabilidade das concessionárias
por atrasos na implantação das Usinas Hidroelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio;
9.2.2 o Tribunal irá monitorar o cumprimento das determinações abaixo e, tão logo possível, dará
ciência a essa Comissão sobre as providências adotadas pelo MME e pela Aneel;
9.3. determinar ao Ministério de Minas e Energia que defina um cronograma para o deslinde da
questão do pedido de exclusão de responsabilidade da Norte Energia S/A, referente às obras da Usina
Hidroelétrica de Belo Monte, informando ao TCU, no prazo de 30 (trinta) dias;
342 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.4. determinar à Aneel que, no prazo de 30 (trinta) dias, informe ao TCU a situação detalhada do
processo referente à Ação sob o Rito Ordinário 10426-71.2013.4.01.4100/RO e encaminhe as respectivas
deliberações de mérito proferidas sobre a decisão tomada por essa agência quanto à concatenação entre
a data de entrada em operação comercial da Usina Hidroelétrica de Jirau e a da disponibilização do
respectivo sistema de transmissão;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentam,
bem como da íntegra da instrução da unidade técnica (peça 72), à Comissão de Minas e Energia da
Câmara dos Deputados, à Agência Nacional de Energia Elétrica e ao Ministério de Minas e Energia;
9.6. considerar a presente solicitação integralmente atendida e retornar o processo à unidade
técnica para o monitoramento das determinações acima e demais providências pertinentes.”
2.Na sua peça embargatória, a ESBR solicita ao Tribunal:
“O acolhimento destes embargos de declaração, com naturais efeitos infringentes, a fim de se
reconhecer a omissão do acórdão embargado por não se ter concedido à embargante a
oportunidade de apresentar seus esclarecimentos após a proposta da SeinfraElétrica (fls.
1295/1325), anulando-se, consequentemente, acórdão ora embargado e reabrindo-se a fase de
instrução para que a embargante possa exercer as garantias do contraditório e da ampla defesa
antes de se firmar qualquer deliberação acerca da solicitação formulada pelo Congresso Nacional.
Subsidiariamente, na remota hipótese do pedido anterior não ser acolhido, requer-se o acolhimento
destes declaratórios para que seja sanada a omissão do acórdão embargado no que tange à
necessidade de constar expressamente que a embargante terá garantida a oportunidade de exercer
o contraditório e a ampla defesa ao longo de referido monitoramento, em respeito aos preceitos
constitucionais do devido processo legal.”
3. No intuito de embasar seu pleito, a embargante expõe, em essência, os seguintes
argumentos:
“Após o pronunciamento da SeinfraElétrica (fls. 1295/1325), a habilitação da embargante no
processo foi deferida em 18/04/2016 (fl. 1341) e, dois dias depois, o procedimento foi julgado em
sessão realizada em 20/04/2016. O acórdão embargado de fls. 1343/1371 limitou-se a acolher
integralmente o pronunciamento e as propostas da SeinfraElétrica, concluindo que ‘até o momento,
não foram identificadas pelo TCU irregularidades no que diz respeito aos processos decisórios da
Aneel acerca dos pedidos de exclusão de responsabilidade das concessionárias por atrasos na
implantação das Usinas Hidroelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio’. Em relação à UHE
Jirau, o acórdão embargado determinou ‘à Aneel que, no prazo de 30 (trinta) dias, informe ao TCU
a situação detalhada do processo referente à Ação sob o Rito Ordinário 10426-
71.2013.4.01.4100/RO e encaminhe as respectivas deliberações de mérito proferidas sobre a
decisão tomada por essa agência quanto à concatenação entre a data de entrada em operação
comercial da Usina Hidroelétrica de Jirau e a da disponibilização do respectivo sistema de
transmissão’. Por fim, dentre outras deliberações, o acórdão embargado considerou a solicitação
do Congresso Nacional ‘integralmente atendida’ e ordenou o retorno do ‘processo à unidade
técnica para o monitoramento das determinações acima e demais providências pertinentes.’
Registre-se que, apesar de a habilitação da Embargante ter sido deferida sob a justificativa
apresentada pela SeinfraElétrica à fl. 1295 de que este procedimento cuida do ‘exame sobre atos
capazes de modificar as relações jurídicas das concessionárias desses empreendimentos’ e, ainda,
de a mesma SeinfraElétrica ter apontado que a Aneel teria resolvido a controvérsia da
concatenação em favor da embargante supostamente ‘sem respaldo normativo’, não se concedeu à
embargante a oportunidade de se manifestar nem de apresentar esclarecimentos antes de o
procedimento ser julgado pelo colegiado de Ministros desse Tribunal. Resta caracterizado o vício
de omissão no acórdão embargado, autorizando o manejo destes embargos de declaração, em razão
de o aresto haver deixado de oportunizar à embargante o exercício das garantias constitucionais da
ampla defesa e do contraditório. A omissão ora apontada fica ainda mais evidente quando se
verifica que o acórdão embargado: (i) adentrou significativamente no mérito da aludida
343 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
concatenação de datas, tecendo juízos de valor a esse respeito; (ii) imputou à Aneel a prática de
conduta teoricamente ‘sem respaldo normativo’; e (iii) indicou que, em função disto, a embargante
teria sido ‘isentada de arcar com um custo de cerca de R$ 388,5 milhões’. Ou seja, mesmo depois
de ter reconhecido que os atos em exame nestes autos são capazes de modificar a relação jurídica
da embargante, o que, por si só, já ensejaria a necessidade de abertura do contraditório antes de se
proferir qualquer deliberação, o acórdão embargado chegou a todas aquelas conclusões que podem
afetar diretamente a embargante em decisões futuras a serem proferidas por essa própria Corte e
também pela Aneel, sem sequer considerar os esclarecimentos que a embargante poderia apresentar
a esse Tribunal antes de qualquer deliberação.
Ainda na mesma linha da omissão acima comentada, o acórdão embargado também incidiu
em uma segunda omissão, consistente no fato de que acolheu a proposta da SeinfraElétrica quanto à
‘necessidade de monitorar os efeitos da decisão definitiva tomada pela Agência a respeito da
concatenação de datas entre a data de entrada em operação comercial da UHE Jirau e a
disponibilização do respectivo sistema de transmissão’, sem nada ter constado, no entanto, acerca
da oportunidade a ser concedida à embargante para se manifestar ao longo de referido
monitoramento.
Assim sendo, passa-se ao enfrentamento dos vícios acima comentados, que estão a permitir a
oposição destes declaratórios.
RAZÕES PARA O ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
1. A nulidade do acórdão embargado em razão da omissão quanto à necessidade de se
oportunizar à embargante o exercício da ampla defesa e do contraditório antes da deliberação final
do processo
Conforme destacado anteriormente, esse Tribunal de Contas da União apreciou solicitação do
Congresso Nacional de realização de auditoria operacional na atuação da Aneel, frente aos atrasos
das obras das usinas hidrelétricas de Santo Antônio, Belo Monte e Jirau. Acerca da UHE Jirau, da
qual a embargante é concessionária, o acórdão embargado decidiu que a decisão administrativa da
Aneel que realizou a concatenação das datas de início da operação comercial da usina e da linha de
transmissão Porto Velho - Araraquara representaria ‘riscos ainda não avaliados pelo órgão
regulador, inclusive com impactos financeiros’, sem se esquecer, ainda, do pronunciamento da
SeinfraElétrica sobre o tema.
A deliberação alcançada no acórdão embargado, por si só, tem o condão de afetar a Embargante,
mediante revisitação de orientações já fixadas pela Aneel, bem como no âmbito deste próprio
procedimento, ao longo do monitoramento dos "efeitos da decisão definitiva tomada pela Agência a
respeito da concatenação de datas entre a data de entrada em operação comercial da UHE Jirau e a
disponibilização do respectivo sistema de transmissão estimados em R$ 388,5 milhões".
Diante disso, o acórdão embargado, ao se olvidar de conceder a oportunidade para a
embargante se manifestar anteriormente à deliberação nele contida, incorreu no vício de omissão,
sobretudo porque consta do próprio acórdão embargado que o pedido de habilitação da
embargante foi deferido 2 (dois) dias antes da sessão de julgamento no plenário dessa Corte de
Contas.
O vício de omissão, portanto, deriva da inobservância das garantias constitucionais à ampla
defesa e ao contraditório (art. 5º, inc. LV, da Constituição), as quais sabidamente aplicam-se aos
processos administrativos, conforme preceitua o art. 2º da Lei Federal nº 9.784/1999, o que
acaba por se desdobrar na violação do princípio do devido processo legal pelo acórdão
embargado.
Acerca das garantias constitucionais ora em comento, calha a transcrição do escólio do
constitucionalista Alexandre De Moraes:
‘O devido processo legal tem como corolários a ampla defesa e o contraditório, que deverão
ser assegurados aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral,
conforme o texto constitucional expresso (art. 5º, LV). Assim, embora no campo administrativo, não
344 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
exista necessidade de tipificação estrita que subsuma rigorosamente a conduta à norma, a
capitulação do ilícito administrativo não pode ser tão aberta a ponto de impossibilitar o direito de
defesa, pois nenhuma penalidade poderá ser imposta, tanto no campo judicial, quanto nos campos
administrativos ou disciplinares, sem a necessária amplitude de defesa. Por ampla defesa, entende-
se o asseguramento [sic] que é dado ao réu de condições que lhe possibilitem trazer para o processo
todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade ou mesmo de omitir-se ou calar-se, se
entender necessário, enquanto o contraditória e a própria exteriorização da ampla defesa, impondo
a condução dialética do processo (par conditio), pois a todo ato produzido pela acusação, caberá
igual direito da defesa de opor sê-lhe ou de dar-lhe a versão que melhor lhe apresente, ou, ainda, de
fornecer uma interpretação jurídica diversa daquela feita pelo autor. Salienta Nelson Nery Júnior,
que: ‘o princípio do contraditório, além de fundamentalmente constituir-se em manifestação do
princípio do Estado de Direito, tem íntima ligação com o da igualdade das partes e o do direito de
ação, pois o texto constitucional, ao garantir aos litigantes o contraditório e a ampla defesa, quer
significar que tanto o direito de ação, quanto o direito de defesa são manifestação do princípio do
contraditório’
Nesse contexto, não se pode deixar aqui de repetir que a própria SeinfraElétrica reconheceu à
fl. 1295 que o presente processo versa sobre o ‘exame de atos capazes de modificar as relações
jurídicas das concessionárias desses empreendimentos, havendo razão legítima da requerente para
intervir no feito’.
Consequentemente, considerando-se que, com a proposta da SeinfraElétrica (fls. 1295/1325),
surgiram elementos que poderão eventualmente ter reflexos nas relações jurídicas mantidas pela
embargante, as quais apoiadas nas orientações da Aneel, depreende-se que as garantias
constitucionais da ampla defesa e do contraditório implicavam no efetivo e real dever deste
Tribunal levar em consideração os elementos que a embargante poderia trazer aos autos antes de se
deliberar acerca da proposta da SeinfraElétrica, o que, no entanto, não foi oportunizado pelo
acórdão embargado. A esse respeito, por oportuno, já decidiu o Supremo Tribunal Federal:
‘Sobre o direito de ver os seus argumentos contemplados pelo órgão julgador (...), que
corresponde, obviamente, ao dever do juiz ou da Administração de a eles conferir atenção (...),
pode-se afirmar que envolve não só o dever de tomar conhecimento (...), como também o de
considerar, séria e detidamente, as razões apresentadas (...) É da obrigação de considerar as razões
apresentadas que deriva o dever de fundamentar as decisões. (...). Dessa perspectiva não se afastou
a Lei 9.784, de 29.1.1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração
Pública Federal. O art. 2º desse diploma legal determina, expressamente, que a Administração
Pública obedecerá aos princípios da ampla defesa e do contraditório. O parágrafo único desse
dispositivo estabelece que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios
de ‘observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados’ (inciso VIII)
e de ‘garantia dos direitos à comunicação’ (inciso X).
Não me parece de acolher-se, na espécie, a distinção enunciada por Velloso sobre a aplicação
do direito de defesa e do contraditório apenas aos procedimentos que envolvam questão de fato.
Tenho para mim que o texto constitucional não autoriza semelhante redução teleológica (CF, art.
5º, LV). Portanto, esse fundamento - o da não observância do contraditório e da ampla defesa -
afigura-se-me suficiente para concessão da segurança. (...).
Em relação à prévia atuação no processo, Marçal Justen Filho sintetiza que o princípio da
ampla defesa ficaria frustrado caso a audiência ‘do particular fosse posterior à prática do ato
estatal. Não existe ampla defesa quando apenas se assegura a garantia do recurso, sem
oportunidade para manifestação prévia. Ou seja, a participação do interessado tem de ser efetiva e
real.’
Por conseguinte, mantidas as vênias para com esse Tribunal e para com o Ministro-Relator,
conclui-se que o acórdão embargado, diante da omissão ora apontada, encontra-se eivado de
345 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
nulidade à luz da pacífica jurisprudência do Col. Supremo Tribunal Federal sobre o tema, que já se
encontra, inclusive, sumulado no enunciado da Súmula Vinculante nº 3, que assim dispõe:
‘Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão.’
Como se vê, o preceito acima se aplica inteiramente ao caso em apreço, no qual não se
permitiu à Embargante se manifestar após a proposta da SeinfraElétrica (fls. 1295/1325) e, por
óbvio, antes da deliberação final desse Col. Tribunal de Contas da União, em razão dos eventuais
efeitos externos que poderá resultar, consoante leciona Pedro Roberto Decomain:
‘Apenas depois de facultada a sua manifestação é que cumpre proferir o Tribunal ou Conselho
o seu parecer prévio ou a sua decisão acerca do assunto. A não se proceder desse modo, poderá a
decisão tornar-se passível de anulação por defeito formal, em decorrência de cerceamento do
direito de defesa, assegurado constitucionalmente a todo aquele que esteja diante da possibilidade
de sofrer sanção, inclusive administrativa, como decorrência direta e imediata do procedimento em
que se acha envolvido. Bem de ver que, nos processos em tramitação perante os Tribunais de
Contas, relacionados com apreciação das contas dos administradores públicos, poderão não existir
litigantes, no sentido técnico-processual do termo, e poderá também não existir ainda um acusado.
Sem embargo, o dispositivo constitucional antes lembrado, que assegura ampla defesa a litigantes e
acusados, inclusive em processo administrativo, deve ser interpretado de modo abrangente. (...)
Mesmo admitindo-se sejam os atos da Administração Pública por ela mesma anulados, quando
neles haja ilegalidade, o que inclusive já forma objeto do Enunciado nº 473, da Súmula da
jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, não menos certo é que, mesmo nesta
hipótese, estando-se diante de ato que possa gerar efeitos externos à Administração, isto é, atos que
hajam influído na situação jurídica de particulares, a estes deve ser facultada a oportunidade de
defender a validade de tais atos, antes que seja proclamada a sua nulidade ou seja ordenada a
sustação dos seus efeitos.’
Diante disso, tendo em vista que a deliberação contida no acórdão embargado tem o condão
de afetar a embargante, consoante anteriormente delineado - sobretudo porque acórdão embargado
cogitou inapropriadamente, data maxima venia, acerca de supostos e vultosos impactos financeiros
decorrentes daquela medida -, conclui-se pela incidência do vício de omissão do aresto ora
embargado e também pela sua consequente nulidade.
Assim sendo, requer-se o acolhimento destes embargos de declaração, com naturais efeitos
infringentes, a fim de anular o acórdão ora embargado, reabrindo-se, consequentemente, a fase de
instrução para que a embargante possa exercer as garantias do contraditório e da ampla defesa
antes de se firmar qualquer deliberação acerca da solicitação formulada pelo Congresso Nacional.
2. A omissão do acórdão embargado ao determinar a realização de monitoramento dos
efeitos da decisão definitiva tomada pela Aneel a respeito da concatenação sem consignar a
oportunidade para a embargante de apresentar seus esclarecimentos sobre o tema
A segunda omissão do acórdão embargado reside no fato de que acolheu a proposta da
SeinfraElétrica quanto à ‘ necessidade de monitorar os efeitos da decisão definitiva tomada pela
Agência a respeito da concatenação de datas entre a data de entrada em operação comercial da UHE
e Jirau e a disponibilização do respectivo sistema de transmissão’, sem nada ter constado, no entanto,
acerca da oportunidade a ser concedida à embargante para se manifestar ao longo de referido
monitoramento.
Diante disso, considerando que (i) a dilação das datas de início de operação comercial
das unidades geradoras da UHE Jirau está judicializada - Processo nº 10426-71-
2013.4.01.4100 - e, ainda, que (ii) o monitoramento determinado no acórdão embargado acerca
da decisão definitiva tomada pela Aneel envolverá diretamente direitos da embargante debatidos
em juízo, faz-se necessário constar expressamente do acórdão embargado que a embargante
346 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
terá garantida a oportunidade de exercer o contraditório e a ampla defesa ao longo de
referido monitoramento, em respeito aos preceitos constitucionais do devido processo legal.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de solicitação do Congresso Nacional, originária da Comissão de Minas e Energia da
Câmara dos Deputados, para que o Tribunal realize ação de controle nos atrasos ocorridos nas obras das
Usinas Hidrelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.
2.Nesta fase, examinam-se embargos de declaração opostos por Energia Sustentável do Brasil S/A -
ESBR (peça 92) ao Acórdão 946/2016 - Plenário, prolatado, em essência, com o seguinte teor:
“(...)
9.1. conhecer da presente solicitação;
9.2. informar ao Presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados que:
9.2.1 até o momento, não foram identificadas pelo TCU irregularidades no que diz respeito aos
processos decisórios da Aneel acerca dos pedidos de exclusão de responsabilidade das concessionárias
por atrasos na implantação das Usinas Hidroelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio;
9.2.2 o Tribunal irá monitorar o cumprimento das determinações abaixo e, tão logo possível, dará
ciência a essa Comissão sobre as providências adotadas pelo MME e pela Aneel;
9.3. determinar ao Ministério de Minas e Energia que defina um cronograma para o deslinde da
questão do pedido de exclusão de responsabilidade da Norte Energia S/A, referente às obras da Usina
Hidroelétrica de Belo Monte, informando ao TCU, no prazo de 30 (trinta) dias;
9.4. determinar à Aneel que, no prazo de 30 (trinta) dias, informe ao TCU a situação detalhada do
processo referente à Ação sob o Rito Ordinário 10426-71.2013.4.01.4100/RO e encaminhe as respectivas
deliberações de mérito proferidas sobre a decisão tomada por essa agência quanto à concatenação entre
a data de entrada em operação comercial da Usina Hidroelétrica de Jirau e a da disponibilização do
respectivo sistema de transmissão;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentam,
bem como da íntegra da instrução da unidade técnica (peça 72), à Comissão de Minas e Energia da
Câmara dos Deputados, à Agência Nacional de Energia Elétrica e ao Ministério de Minas e Energia;
9.6. considerar a presente solicitação integralmente atendida e retornar o processo à unidade
técnica para o monitoramento das determinações acima e demais providências pertinentes.”
3.Os presentes embargos podem ser conhecidos, uma vez que, de forma geral, foram atendidos os
requisitos do art. 34, § 1º, da Lei Orgânica do Tribunal, c/c o art. 287 do Regimento Interno desta Corte.
Porém, como na decisão não se evidencia obscuridade, omissão ou contradição, pelas razões que abaixo
explicitarei, devem eles ser rejeitados.
4.No expediente acostado à peça 92, que foi transcrito no relatório acima, a ESBR, por intermédio
dos seus advogados constituídos, solicita ao Tribunal, em resumo: (i) o acolhimento dos embargos de
declaração, com efeitos infringentes, a fim de se reconhecer a omissão do Acórdão 946/2016 -
Plenário por não se ter concedido à embargante a oportunidade de apresentar seus esclarecimentos
após a proposta da SeinfraElétrica; (ii) a anulação da referida decisão, reabrindo-se a fase de
instrução para que a embargante possa exercer as garantias do contraditório e da ampla defesa
antes de se firmar qualquer deliberação acerca da solicitação formulada pelo Congresso Nacional;
(ii) na hipótese de o pedido anterior não ser atendido, o acolhimento destes embargos para que seja
sanada a omissão no que tange à necessidade de constar expressamente que a embargante terá
garantida a oportunidade de exercer o contraditório e a ampla defesa ao longo do monitoramento,
determinado no item 9.6 do acórdão, em respeito aos preceitos constitucionais do devido processo
legal.
347 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5.Este processo é de interesse originário do Congresso Nacional, que, mediante a Comissão de
Minas e Energia da Câmara dos Deputados, solicitou ao Tribunal a realização de ação de controle quanto
à atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica frente aos atrasos nas obras das Usinas Hidroelétricas
de Santo Antônio, Belo Monte e Jirau. Os autos envolvem as seguintes unidades jurisdicionadas: Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e Energia (MME).
6.A empresa Energia Sustentável do Brasil S/A - ESBR é a concessionária responsável pela UHE
de Jirau e o Acórdão 946/2016 - Plenário não lhe gerou qualquer tipo de sucumbência.
7.Com efeito, tal decisão informou ao Congresso Nacional que, por enquanto, “não foram
identificadas pelo TCU irregularidades no que diz respeito aos processos decisórios da Aneel acerca dos
pedidos de exclusão de responsabilidade das concessionárias por atrasos na implantação das Usinas
Hidroelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio” (grifei).
8.Ademais, no que se refere à UHE de Jirau, o acórdão, no seu item o item 9.4, limitou-se a
“determinar à Aneel que, no prazo de 30 (trinta) dias, informe ao TCU a situação detalhada do processo
referente à Ação sob o Rito Ordinário 10426-71.2013.4.01.4100/RO e encaminhe as respectivas
deliberações de mérito proferidas sobre a decisão tomada por essa agência quanto à concatenação entre
a data de entrada em operação comercial da Usina Hidroelétrica de Jirau e a da disponibilização do
respectivo sistema de transmissão” (grifos acrescidos).
9.Essa determinação constou da proposta da SeinfraElétrica e foi por mim recepcionada pelas
seguintes considerações, que expus no meu voto condutor do referido acórdão:
“No caso da UHE de Jirau, a Aneel decidiu revisar o cronograma do empreendimento
concatenando as datas de entrada em operação comercial da usina com a da efetiva entrada em
operação do sistema de transmissão necessário para escoar a sua energia. Tal deliberação da agência
mais uma vez não teve efeitos práticos, porquanto foi anulada por meio de sentença proferida nos autos
de ação impetrada na Justiça de Rondônia, que atualizou o cronograma de suprimento em 535 dias, por
eventos reconhecidos na via judicial como excludentes de responsabilidade, superando a revisão de
prazos concedida pela agência. Em todo caso, a SeinfraElétrica entende que ‘a decisão de considerar
atrasos na rede de transmissão como mais um dos motivos que afastam a responsabilidade do gerador
pelos atrasos verificados em seu empreendimento abre um precedente que pode representar riscos contra
o sistema elétrico que ainda não foram devidamente avaliados’. De fato, essa questão precisa ser melhor
esquadrinhada e, portanto, concordo com a unidade técnica sobre a necessidade de monitorar os efeitos
da decisão definitiva e que, para tanto, seja feita determinação à Aneel para informe ao TCU sobre o
desfecho do problema, conforme sugerido no item ‘d’ da sua proposta.”
10.A decisão do Tribunal foi devidamente fundamentada com os elementos que constam dos autos,
considerados necessários e suficientes para dar-lhe o devido supedâneo técnico e legal, não necessitando
fazer oitivas prévias dos órgãos públicos envolvidos muito menos das empresas concessionárias. Note-se
que a determinação do supratranscrito item 9.4 apenas solicita que a Aneel informe ao Tribunal sobre um
processo que tramita na Justiça de Rondônia e sobre as decisões dessa agência reguladora acerca da
concatenação entre a data de entrada em operação comercial da Usina Hidroelétrica de Jirau e a da
disponibilização do respectivo sistema de transmissão.
11.Portanto, diferentemente do que alegam os causídicos da ESBR, o fato de o Tribunal ter
prolatado a decisão sem ter ouvido essa empresa não representa qualquer omissão ou nulidade do
acórdão. Ou seja, é totalmente equivocado o raciocínio da embargante expresso nos seguintes termos:
“Mesmo depois de ter reconhecido que os atos em exame nestes autos são capazes de modificar a
relação jurídica da embargante, o que, por si só, já ensejaria a necessidade de abertura do
contraditório antes de se proferir qualquer deliberação, o acórdão embargado chegou a todas
aquelas conclusões, que podem afetar diretamente a embargante em decisões futuras a serem
proferidas por essa própria Corte e também pela Aneel, sem sequer considerar os esclarecimentos
que a embargante poderia apresentar a esse Tribunal antes de qualquer deliberação”. Tal
argumento, segundo os advogados da Energia Sustentável do Brasil S/A, teria sido a primeira omissão.
348 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12.A segunda omissão, conforme alegam, seria a seguinte: “O acórdão embargado (...) acolheu a
proposta da SeinfraElétrica quanto à ‘necessidade de monitorar os efeitos da decisão definitiva
tomada pela Agência a respeito da concatenação de datas entre a data de entrada em operação
comercial da UHE Jirau e a disponibilização do respectivo sistema de transmissão’, sem nada ter
constado, no entanto, acerca da oportunidade a ser concedida à embargante para se manifestar ao
longo de referido monitoramento”.
13.Mais uma vez, verifica-se um raciocínio deveras equivocado por parte dos causídicos quando
asseveram que o Tribunal, expressamente, teria de consignar no acórdão que a ESBR deveria se
manifestar previamente no processo na fase de monitoramento de um item da decisão que diz respeito,
precipuamente, às ações e informações de responsabilidade da Aneel.
14.Nesse ponto, deve-se esclarecer que, em qualquer fase, e, obviamente, na de monitoramento, se,
para sanear os autos, a SeinfraElétrica chegar à conclusão sobre a necessidade de se fazerem oitivas e
diligências ou tomarem outras providências pertinentes e convenientes ao saneamento do processo ela irá
submeter tais propostas ao crivo do Relator a quem cabe, nos termos do Regimento Interno desta Corte,
de ofício ou por provocação da unidade de instrução ou do Ministério Público junto ao Tribunal,
determiná-las.
15.Até o momento, reitero, os presentes autos foram devidamente instruídos com as informações e
documentos suficientes para lastrear as decisões do Relator e do Plenário, sendo despiciendo, irrazoável e
sem qualquer fundamento legal ou regimental que o Tribunal antecipe um hipotético e improvável juízo
acerca da oitiva prévia da empresa embargante.
16.A ESBR também argui que houve ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, o
que ensejaria a nulidade do acórdão.
17.Acolhendo proposta da SeinfraElétrica, deferi, mediante despacho (peça 82), o pleito dessa
empresa (peça 70) para ingresso como interessada nos autos e concessão de vista e cópia do processo.
18.A embargante assevera que, ao propor o deferimento do seu pedido, a unidade técnica ponderou
que “o presente processo versa sobre o exame de atos capazes de modificar as relações jurídicas das
concessionárias desses empreendimentos, havendo razão legítima da requerente para intervir no
feito”.
19.Nesse ponto, a ESBR confunde sua faculdade de se expressar no processo, o que fica a seu
alvitre, mas dentro dos condicionantes estabelecidos no Regimento Interno do Tribunal, com uma
provável necessidade de sua oitiva prévia, o que é um juízo a ser feito pelo Relator, conforme explicado
no item 14, acima.
20.Ou seja, a habilitação da empresa como interessada nos autos não implica a exigência de que ela
seja ouvida antes de qualquer decisão que o Relator ou o Plenário do Tribunal venha a tomar. Para
defender essa equivocada relação e tentar macular o acórdão com o vício de omissão, que levaria à sua
nulidade, os advogados da ESBR citam leis, doutrinadores, acórdãos e súmulas do STF que em nada se
aplicam ao caso em discussão, a exemplo do seguinte excerto da sua peça embargatória:
“Por conseguinte, mantidas as vênias para com esse Tribunal e para com o Ministro-Relator,
conclui-se que o acórdão embargado, diante da omissão ora apontada, encontra-se eivado de nulidade à
luz da pacífica jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, que já se encontra, inclusive,
sumulada no enunciado da Súmula Vinculante nº 3, que assim dispõe: ‘Nos processos perante o Tribunal
de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
legalidade ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão’.”
21.Como acima esclarecido, nestes autos, não há nenhum vício processual que enseje a anulação do
acórdão prolatado, ainda mais por suposta violação aos fundamentais princípios do contraditório e da
ampla defesa.
22.Por fim, ressalto que os embargos de declaração são uma modalidade recursal que objetiva
expungir da decisão embargada o vício da fundamentação, entendida como aquela advinda do próprio
349 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
julgado e prejudicial à compreensão da causa, e não a que entenda a embargante, ainda mais como meio
transverso, a impugnar o acórdão original.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que submeto ao Plenário.
ACÓRDÃO Nº 1231/2016 – TCU – Plenário
1. Processo: TC 016.658/2015-9
2. Grupo II - Classe I - Embargos de Declaração (em Solicitação do Congresso Nacional)
3. Embargante: Energia Sustentável do Brasil S/A - ESBR (CNPJ 09.029.666/0001-47)
4. Unidades: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e Energia (MME)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1 Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: não atuou
8. Advogados constituídos nos autos: Giuseppe Giamundo Neto (OAB/SP 234.412), Thays
Chrystina Munhoz de Freitas (OAB/SP 251.382) e Philippe Ambrosio Castro e Silva (OAB/SP 279.767)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional, em fase de
embargos de declaração opostos por Energia Sustentável do Brasil S/A ao Acórdão 946/2016 - Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos por Energia Sustentável do Brasil S/A ao Acórdão
946/2016 - Plenário para, no mérito, rejeitá-los;
9.2. notificar a embargante.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1231-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I - CLASSE I - Plenário
TC 017.061/2005-2
Natureza: Embargos de Declaração (em Recurso de Reconsideração)
Embargante: Neudo Ribeiro Campos, ex-Governador do Estado de Roraima
Unidades: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit e Governo do Estado de
Roraima
Sumário: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO EM
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. OBRA EM RODOVIA. TRANSFERÊNCIA DOS
RECURSOS FEDERAIS PARA CONTA BANCÁRIA NÃO ESPECÍFICA. IMPOSSIBILIDADE DE
ESTABELECER NEXO CAUSAL ENTRE OS RECURSOS TRANSFERIDOS E A OBRA
ALEGADAMENTE REALIZADA. NÃO COMPROVAÇÃO DA EXECUÇÃO DA OBRA
AVENÇADA. SUPOSTA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TRANSFERIDOS PARA PAGAR
350 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
PESSOAL DO DER/RR. NÃO COMPROVAÇÃO DESSA ALEGAÇÃO. CONTAS IRREGULARES.
DÉBITO. MULTA. ACÓRDÃO 1.225/2013 - PLENÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
REJEITADOS. ACÓRDÃO 2.443/2014 - PLENÁRIO. CONHECIMENTO DOS RECURSOS DE
RECONSIDERAÇÃO. PROVIMENTO PARA UM RECORRENTE. CONTAS REGULARES.
EXCLUSÃO DA MULTA. NÃO PROVIMENTO PARA O OUTRO. ACÓRDÃO 2.206/2015 -
PLENÁRIO. CONHECIMENTO DOS EMBARGOS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE E
CONTRADIÇÃO. REJEIÇÃO.
1.Os embargos de declaração devem ser conhecidos quando atendidos os requisitos gerais do art.
34, § 1º, da Lei 8.443/1992, observando-se a singularidade, a tempestividade, a adequação do documento,
a legitimidade do recorrente e o interesse em recorrer.
2.Verificada a inexistência das omissões, obscuridades e contradições alegadas, devem ser
rejeitados os embargos de declaração.
3.Não cabe, em sede de embargos de declaração, a rediscussão da matéria decidida, para modificar
o julgado em sua essência ou substância.
RELATÓRIO
Em exame embargos de declaração opostos por Neudo Ribeiro Campos, ex-Governador do Estado
de Roraima, ao Acórdão 2.206/2015 - Plenário, exarado em sede de apreciação de recursos de
reconsideração contra o Acórdão 1.225/2013 - Plenário.
2.Preenchidos os requisitos de admissibilidade dos embargos, o auditor da Serur providenciou a
instrução de mérito (peça 115), concluindo, com a anuência dos seus dirigentes (peças 116 e 117), pelo
conhecimento e rejeição, nos termos do parecer que segue transcrito abaixo:
“INTRODUÇÃO 1.Trata-se de embargos de declaração opostos por Neudo Ribeiro Campos contra o Acórdão
2206/2015-TCU-Plenário (peça 90), que negou provimento a recurso de reconsideração interposto
contra o Acórdão 1225/2013-TCU-Plenário (peça 22), por meio do qual o embargante foi condenado em
débito e multa.
1.1.A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor:
‘9.1. conhecer dos presentes recursos de reconsideração;
9.2. negar provimento ao recurso de Neudo Ribeiro Campos;
9.3 dar provimento ao recurso de Roosevelt Campos da Rocha, tornando insubsistente o item 9.8
do Acórdão 1.225/2013 - Plenário e alterando-se os itens 9.1, 9.2 e 9.6 dessa mesma decisão, para que
passem a constar com o seguinte teor:
‘9.1. acolher as alegações de defesa apresentadas pelos Srs. Roosevelt Campos da Rocha (CPF
018.318.602-87), Edson Moreira Cavalcante (CPF 064.127.002-00) e Wellington Lins de Albuquerque
(CPF 048.452.692-87) e pelo Departamento de Estradas e Rodagem do Estado de Roraima (CNPJ
84.037.761/0001-08), esse último por meio de seu representante legal;
9.2. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Neudo Ribeiro Campos (CPF
021.097.782-53);
9.6. com fundamento nos artigos 1º, inc. I; 16, inc. I; e 17 da Lei 8.443/1992, julgar regulares as
contas de Roosevelt Campos da Rocha, dando-lhe quitação plena;’
9.4. notificar os recorrentes.’
HISTÓRICO
2.A presente Tomada de Contas Especial - TCE foi instaurada em razão do não atingimento do
objeto do Convênio PG 232/99-00, celebrado pelo extinto Departamento Nacional de Estradas de
Rodagem - Dner e pelo Governo do Estado de Roraima, tendo como interveniente/executor o
Departamento Estadual de Estradas de Rodagem de Roraima - DER/RR. Este convênio teve por objeto a
execução dos serviços necessários para eliminar pontos críticos na Rodovia BR-174/RR, no trecho
Surumu-Fronteira BR/VE, no Município de Pacaraima/RR.
351 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
2.1.No âmbito deste Tribunal, após o exame preliminar dos autos, a 7ª Secretaria de Controle
Externo - 7ª Secex propôs ao Relator a quo, Ministro Augusto Nardes, que promovesse as seguintes
citações:
a) Carlos Eduardo Levischi: inexecução da obra prevista no Convênio PG-232/99 e não
comprovação da boa e regular aplicação dos recursos referentes ao aludido convênio;
b) Neudo Ribeiro Campos: inexecução da obra prevista no Convênio PG-232/99 e não
comprovação da boa e regular aplicação dos recursos referentes ao aludido convênio;
c) Roosevelt Campos da Rocha: emissão de parecer no sentido de que os serviços discriminados na
prestação de contas do Convênio PG-232/99 foram realizados plenamente e em consonância com as
normas técnicas do Dner, em contradição com o que restou apurado nos relatórios de inspeção
elaborados pela Controladoria-Geral da União e pelo Departamento de Polícia Federal, segundo os
quais não houve a execução da obra prevista no citado convênio;
d) Edson Moreira Cavalcante: concordância e encaminhamento do parecer no sentido de que os
serviços discriminados na prestação de contas do Convênio PG-232/99 foram realizados plenamente e
em consonância com as normas técnicas do Dner, em contradição com o que restou apurado nos
relatórios de inspeção elaborados pela Controladoria-Geral da União e pelo Departamento de Polícia
Federal, segundo os quais não houve a execução da obra prevista no citado convênio;
e) Wellington Lins de Albuquerque: concordância e encaminhamento do parecer no sentido de que
os serviços discriminados na prestação de contas do Convênio PG-232/99 foram realizados plenamente e
em consonância com as normas técnicas do Dner, em contradição com o que restou apurado nos
relatórios de inspeção elaborados pela Controladoria-Geral da União e pelo Departamento de Polícia
Federal, segundo os quais não houve a execução da obra prevista no citado convênio;
f) Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Roraima (DER/RR), na pessoa de seu
representante legal, Liquidante/Inventariante, Sr. Francisco Wellington Souza Sales: transferência de R$
246.400,00 (duzentos e quarenta e seis mil e quatrocentos reais), oriundos de repasses feitos sob a égide
do Convênio PG-232/99, da conta corrente nº 51.588-4 (CON Dner PG 059 97 0) para a conta corrente
nº 31.679-2, do próprio DER/RR, em 18/01/2000, para pagamento da folha de pessoal da referida
autarquia, restando comprovado o seu benefício.
2.2.Da análise das alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis, à exceção de Carlos
Eduardo Levischi, que permaneceu revel, o Relator a quo, Ministro Benjamin Zymler, após minucioso
exame, acolheu as alegações defesa de Edson Moreira Cavalcante, Wellington Lins de Albuquerque e do
DER/RR, afastando o eventual beneficiamento do DER/RR, conquanto não tenha acolhido as dos demais
responsáveis (peça 21). Proposta esta que foi encampada pelos demais Membros do Pleno desta Corte de
Contas, dando origem ao Acórdão 1225/2013-TCU-Plenário, cuja parte dispositiva, no que importa ao
deslinde da questão em apreço, assim restou redigida:
‘9.2. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Neudo Ribeiro Campos (CPF nº
021.097.782-53) e pelo Sr. Roosevelt Campos da Rocha (CPF nº 018.318.602-87);
(...)
9.5. com fundamento nos artigos 1º, I; 16, III, ‘b’ e ‘d’; 19, caput, e 23, III, da Lei nº 8.443/1992,
julgar irregulares as contas dos Srs. Neudo Ribeiro Campos (CPF nº 021.097.782-53) e Carlos Eduardo
Levischi (CPF nº 291.321.008-25), condenando-os solidariamente ao pagamento da quantia de R$
246.400,00 (duzentos e quarenta e seis mil e quatrocentos reais), fixando o prazo de quinze dias, a contar
da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (artigo 214, III, ‘a’, do Regimento Interno do
TCU), o recolhimento da dívida aos cofres do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes
(DNIT), atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora, calculados a partir de 27/12/1999 até
a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;
(...)
9.7. aplicar aos Srs. Neudo Ribeiro Campos (CPF nº 021.097.782-53) e Carlos Eduardo Levischi
(CPF nº 291.321.008-25) a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992, no valor individual de R$
100.000,00 (cem mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para
352 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, desde a data do Acórdão até a do efetivo
recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
(...)
9.9. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não sejam atendidas as notificações.’
2.3.A decisão foi mantida por meio do Acórdão 2443/2014-TCU-Plenário (peça 58), no qual foram
rejeitados os embargos de declaração opostos por Neudo Ribeiro Campos (peça 47).
2.4.Inconformados com o julgamento, os gestores responsabilizados pelas irregularidades
apuradas nos presentes autos interpuseram recursos de reconsideração que, apreciados pelo Tribunal,
por meio do Acórdão 2206/2015-TCU-Plenário, foram conhecidos para dar provimento parcial no
sentido de julgar regulares as contas de Roosevelt Campos da Rocha e manter a condenação do ora
embargante.
2.5.Contra esse último acórdão foram opostos os embargos de declaração que ora se analisa.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
3.Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peça 107), pendente de análise por parte do
Ministro-Relator.
EXAME TÉCNICO
4.Delimitação do recurso.
4.1.Constitui objeto dos recursos examinar se há omissão e/ou contradição no acórdão embargado
em relação a:
a) a exigência de depósito dos recursos em conta específica;
b) o fato de a execução dos serviços ter sido realizada pelo DER/RR;
c) a participação do recorrente nos atos relativos ao convênio;
d) o entendimento desta Corte sobre a responsabilização de agentes políticos.
5.Depósito dos recursos em conta específica.
5.1.Alega o recorrente que não havia obrigação de os recursos serem mantidos em conta
específica, argumentando que, dada a especificidade do convênio em tela, em que os pagamentos
ocorriam com recursos próprios do DER/RR e, posteriormente, eram realizados os reembolsos, não há
que se falar em manutenção dos recursos em conta específica, pois à medida que o Dner aceitava e
aprovava as despesas havidas, os recursos federais eram repassados pelo órgão federal à conta
específica junto ao Governo Estadual, que, tão logo os recebia, o Governo os repassava ao órgão
estadual, haja vista que os gastos já haviam sido executados e aprovados.
Análise
5.2.Não se vislumbra nos argumentos recursais, a não ser genericamente, a existência de qualquer
omissão ou contradição no decisum atacado.
5.3.A questão da manutenção dos recursos em conta específica foi enfrentada pelo Tribunal na fase
processual anterior, ocasião em que assim se manifestou o Relator no Relatório que fundamenta a
deliberação embargada (peça 92):
‘5.2. A responsabilidade do ex-governador, ora recorrente, advém da transferência dos valores
diretamente da conta específica do convênio para conta do DER/RR, fato que o recorrente não contesta,
pelo contrário, reafirma ter sido responsável direto pela emissão da ordem bancária, na qual autorizou a
saída dos recursos da conta específica do convênio (conta 51.593-0), cujo titular era o Governo do
Estado de Roraima, para a conta 51.588-4 do Banco do Brasil, de titularidade do DER/RR (pág. 38 da
peça 4).
5.3. A movimentação de recursos federais fora da conta bancária específica do respectivo convênio
era prática disseminada na administração do Estado durante os dois mandatos do ora recorrente. Tal
prática gerou a imputação de sanções e a expedição de determinações ao Governo daquela unidade
federada, conforme se constata, por exemplo, nos Acórdãos 125/2000, 126/2000 e 1.691/2003, todos do
Plenário.
353 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5.4. Diversamente do alegado, independentemente dos pagamentos terem sido realizados diante de
suposta dinâmica de repasse, o art. 21 da Instrução Normativa 01/1997, a legislação à qual o referido
gestor público deve obediência, determina que os recursos transferidos sejam mantidos em conta
bancária específica, elencando, exaustivamente, as situações em que o saque destes valores será
permitido, entre estas hipóteses, por certo, não figura eventuais mecanismos que venham a ser adotados
pelos entes federados ou quaisquer outros convenentes.
5.5. A legislação brasileira determina que, a despeito das teorias adotadas pelos gestores públicos,
a despesa somente poderá ser realizada mediante saque de sua conta específica, nas formas
determinadas pela norma, seja por meio de ordem bancária ou cheque nominal, que contenha todos os
elementos para comprovar o devido nexo entre a despesa e o objeto do ajuste.
5.6. Por consectário lógico, o parágrafo 2º do art. 21 da IN 01/1997 previu que, nos casos em que
a liberação dos recursos ‘ocorrer em 3 (três) ou mais parcelas, a terceira ficará condicionada à
apresentação de prestação de contas parcial referente à primeira parcela liberada’, o que, por sua vez,
demonstra a preocupação do legislador brasileiro em prever, para os casos em que a execução do objeto
conveniado seja mais complexo e se prolongue no tempo, que o gestor público somente receberá o
repasse dos valores subsequentes mediante a comprovação parcial da regular aplicação da primeira
parcela liberada.
5.7. Observa-se que, de igual forma, não se abre exceção para a utilização de outras contas que
não a específica do ajuste.
5.8. Outrossim, em se entendendo que o sistema de indenização tenha sido utilizado, nota-se que
permanece a irregularidade quanto à ausência de nexo de causalidade entre os valores transferidos para
a conta do DER/RR e os repasses realizados pela União, pois após a suposta comprovação da execução
de determinada parcela pelo DER/RR ao Dner o recurso seria transferido, entretanto, permaneceria a
determinação legal de realizar o devido liame entre a ordem bancária, conforme determinação legal, e o
fundamento deste saque, sendo por indenização ou pagamento direto, o que não se comprova pela
análise da farta documentação acostada aos autos.
5.9. Ressalte-se, portanto, que o sistema de indenização não inviabilizaria a manutenção dos
valores na conta específica do referido convênio, como pressupõe a defesa, pelo contrário, por
consequente, não impediria que o gestor, cioso de suas responsabilidades, estabelecesse o devido e
regular nexo de causalidade no momento da transferência dos valores repassados.
5.10. É relevante consignar, novamente, que, diversamente de outras circunstâncias encontradas
em outros convênios, no caso ora sob exame, as circunstâncias são diversas, na ordem bancária
mediante a qual os recursos foram transferidos pelo Governo do Estado de Roraima para o DER/RR, não
consta qualquer referência ao Convênio PG 232/99-00.
5.11. Ademais, o parágrafo quarto da Cláusula Quinta DO REPASSE do Termo do Convênio, a
mesma citada pela defesa e firmado pelo recorrente (págs. 16 e 17 da peça 1), estabelecia de forma
expressa que os recursos deveriam ser mantidos em conta específica e que sua movimentação observará
o disposto no Decreto nº 93.872/86 e na Instrução Normativa 1/STN, de 15/1/97, independentemente da
utilização de sistema de reembolso, o que reafirma que o convênio devia obediência a estes dois
comandos contratuais de forma harmônica.
5.12. Ilegalidade percebida pelo próprio Diretor-Geral do DER/RR, ainda no ano 2000, como ficou
registrado na nota explicativa por ele redigida à pág. 35 da peça 4.
5.13. Somente atuando nos exatos ditames legais haverá a aplicação dos recursos públicos com a
devida transparência e publicidade, princípios inerentes a esta atividade, do contrário o controle destes
recursos estará sendo burlado, abrindo-se, assim, inúmeras possibilidades de desvio e malversação dos
valores que deveriam ser utilizados em benefício do bem comum.
5.14. Ademais, apenas para refutar a suposta diferença do ‘sistema de reembolso’ para a
sistemática de pagamento dos serviços contratados pela Administração Pública, observa-se que todo
pagamento realizado por ela só é feito com a saída dos recursos públicos da conta específica após a
devida liquidação do direito adquirido pelo credor, a qual somente ocorre, dentre outras comprovações,
354 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
após a comprovação da prestação do serviço, ou seja, não há qualquer divergência do sistema
apresentado pelo recorrente, o que existe é uma simples mudança de nomenclatura, onde a defesa trata
como reembolso, existe, na verdade, a liquidação daquela despesa.
5.15. Enfim, e concluindo a análise, à vista dos documentos trazidos, não poderia o ex-governador
transferir, incondicionalmente, os valores repassados à conta específica do Convênio PG 232/99-00 para
a conta do DER/RR, contrariando as normas vigentes, o contrato do ajuste e a determinação expressa
desta Corte de Contas prolatada na Decisão 529/2000-TCU-Plenário, independentemente, de ter
adotado este ou aquele sistema de concessão de recursos.’
5.4.Embora tal posicionamento diga respeito à instrução desta Unidade Técnica em relação aos
pedidos de reexame interpostos pelo ora embargante e por outro responsável, cuidou o Relator de anuir
a tal posicionamento em seu voto (peça 91):
‘8. Ao cotejar os argumentos ora trazidos pelo ex-governador com os apresentados em atenção à
citação ocorrida na fase anterior do processo, os quais foram detidamente examinados nos itens 20 a 38
do voto do Relator original, verifico que eles são, em essência, os mesmos. As ilações recursais de Neudo
Ribeiro Campos em nada inovam, tampouco são lastreadas com elementos capazes de levar esta Corte a
alterar a decisão recorrida. O exame da Serur, que, como de praxe, respeitou integralmente o efeito
devolutivo do recurso de reconsideração, não merece reparos, razão pela qual tem minha plena
anuência, não carecendo de acessórias considerações.’
5.5.Destarte, não há qualquer omissão ou mesmo contradição no corpo da deliberação combatida,
cuidando os embargos, em verdade, em tentativa de rediscussão de mérito, o que não é cabível na via
eleita.
6.Da execução dos serviços pelo DER/RR.
6.1.Aponta o embargante que é fato incontroverso nos presentes autos que a execução dos serviços
era de responsabilidade do DER/RR, sendo este órgão o legítimo responsável pelo fiel cumprimento do
objeto conveniado.
6.2.Ademais, tal órgão estadual era quem demonstrava a regularidade dos gastos e prestava contas
ao Dner, sendo responsável também pelos pedidos de reembolso das despesas executadas.
6.3.Outrossim, mesmo considerando a responsabilidade do embargante em fiscalizar a execução do
convênio, seria desarrazoado exigir-lhe que soubesse da inexecução das obras, haja vista que o próprio
Dner emitiu parecer no sentido de que os serviços discriminados nas prestações de contas teriam sido
realizados plenamente e em consonância com suas normas técnicas.
6.4.Destarte, da mesma forma que esta Corte afastou a responsabilidade de Edson Moreira
Cavalcante e Wellington Lins de Albuquerque pelo fato de que não era atribuição desses fiscalizarem a
efetiva realização das obras e porque eles se pautaram em parecer, deve ser dado o mesmo tratamento
ao embargante, afastando sua responsabilidade.
Análise
6.5.Novamente o embargante não logra sequer apontar qualquer vício a macular o acórdão
embargado. Demonstra com seu arrazoado, tão somente, sua irresignação com o mérito da questão
debatida, apontando suposta contradição desta Corte na responsabilização dos agentes ocorrida em
julgados distintos, o que afasta o cabimento dos embargos de declaração, via recursal apta a debater a
existência de omissões, contradições ou obscuridades no corpo de uma decisão, e não de sua
adequabilidade com outros julgados.
7.Participação do embargante nos atos relativos ao convênio.
7.1.Alega que não teria participado de qualquer ato relativo à execução do convênio em tela,
firmado na modalidade de reembolso, sendo, dessa forma, executado pelo DER/RR e custeado com
recursos repassados pelo Dner, via conta específica mantida pelo Governo do Estado.
7.2.Assim, afirma que somente poderia ser responsabilizado pelo Tribunal em caso de dolo ou
culpa, já que as duas entidades, federal e estadual, é que seriam as gestoras dos recursos federais,
citando dois julgados desta Corte sobre a questão dos convênios firmados em sistema de reembolso.
Análise
355 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
7.3.Mais uma vez equivoca-se o recorrente em eleger a via dos embargos de declaração para
questionar os fatos da forma como o faz. Constando das próprias razões recursais a alegada divergência
entre o julgado em apreço e outras decisões adotadas pelo Tribunal, afasta-se o cabimento dos embargos
pelos motivos já delineados na presente instrução.
8.Responsabilização de agente político.
8.1.Sustenta o recorrente, ex-Governador do Estado de Roraima, que não é correta a afirmação
contida no decisum embargado no sentido de que, ao assinar o termo de convênio, teria assumido a
posição de gestor da avença.
8.2.Tal posicionamento, adotado nos presentes autos, iria de encontro a diversos acórdãos
prolatados por esta Corte em outros casos, inclusive um em que figura no polo passivo, de que não cabe
a responsabilização do agente político que atua na captação de recursos, apenas assinando o termo de
convênio.
Análise
8.3.Também nesse caso a suposta omissão ou contradição não ocorre no corpo da decisão, mas de
seus termos com o que restou decidido pelo Tribunal em outros processos, sendo incabível, portanto, sua
adequação aos limites impostos pelos embargos de declaração.
8.4.Ademais, é bom que se frise, a questão da responsabilização do recorrente, na qualidade de
Governador de Estado à época dos fatos, vem sendo tratada pelo Tribunal nos presentes autos em todas
as suas fases.
8.5.No acórdão originário, em que também se alegou ter agido na qualidade de agente político, a
questão mereceu o seguinte pronunciamento (Acórdão 1225/2013-TCU-Plenário, peça 21):
‘28. Também é importante ressaltar que, no presente caso, ao contrário do que foi alegado pela
defesa, houve a participação direta do ex-Governador nas irregularidades apontadas. Por meio da
Ordem Bancária anexada à fl. 97 do TC nº 012.356/2005-6, que foi apensado a este processo, o Sr.
Neudo Campos autorizou a saída dos recursos da conta específica do convênio (nº 51.593-0), cujo titular
era o Governo do Estado de Roraima, para a conta nº 51.588-4, de titularidade do DER/RR.’
8.6.Por força de embargos de declaração opostos pelo ex-Governador, foi proferido o Acórdão
2443/2014-TCU-Plenário (peça 59), no qual a responsabilidade do embargante foi assim tratada:
‘15. A responsabilidade pelo cumprimento da avença era primariamente do Governo do Estado de
Roraima, na condição de delegado pelo convênio, sob gestão do Sr. Neudo Ribeiro Campos. O DER/RR,
como órgão rodoviário estadual, foi designado como instância executora das obras que permitiria ao
governo estadual a consecução do objeto.
16. A participação do DER/RR, contudo, não exime de responsabilidade o governo estadual, que,
dentre outras obrigações, deveria garantir que os projetos de engenharia e o edital padrão do Dner
fossem observados, submeter as planilhas de quantidades e preços unitários ao órgão concedente
previamente à licitação, bem como fiscalizar as obras, por meios próprios ou por intermédio de
supervisão contratada, que teria que apresentar relatórios trimestrais e prestar contas dos recursos
recebidos ao Dner.
17. Esse conjunto de obrigações contraídas pelo Governo do Estado de Roraima evidencia que o
recorrente, ao celebrar o Convênio PG 232/99-00, como destaquei no item 24 do voto condutor do
acórdão recorrido, assumiu a posição de gestor da avença, de modo que lhe competia providenciar para
que os recursos recebidos tivessem boa e regular aplicação.
18. Tal posição afasta a pretensão do recorrente no sentido de que seja qualificado somente como
agente político, o que poderia eximi-lo de responsabilidade, conforme jurisprudência desta Corte de
Contas aplicada à matéria, colacionada em vários momentos aos embargos declaratórios apresentados.’
8.7.Posteriormente foi prolatado o Acórdão 2206/2015-TCU-Plenário, ora embargado, no qual
também se questionou a possibilidade de responsabilização do ex-Governador, alegando-se que teria
agido na qualidade de agente político, merecendo profunda e percuciente análise por parte desta
Unidade Técnica, tendo o Relator declarado em seu voto anuência à instrução:
356 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
‘6.1. O recorrente Neudo Campos objeta que não pode ser responsabilizado pela irregularidade,
uma vez que teria atuado como agente político, interlocutor na captação dos recursos destinados ao
desenvolvimento de seu Estado, sem envolvimento direto com os atos impugnados. Cita o Acórdão
1.511/2010-TCU-Plenário (págs. 3-8 da peça 72).
Análise:
6.2. No tocante ao recorrente Neudo Campos, à época, Governador do Estado de Roraima, a
aplicação da multa fundamentou-se na perda de rendimentos financeiros ocasionada por saques
indevidos da conta específica. A análise empreendida firmou o entendimento de que ele, como signatário
do Convênio 232/99-00 e Chefe do Poder Executivo estadual, deveria ter implementado ações para que o
termo de convênio celebrado fosse fielmente executado, zelando pela manutenção dos recursos
financeiros na conta bancária do ajuste, enquanto esses não fossem utilizados para o pagamento de
despesas pactuadas, o que não ocorreu.
6.3. Insta ressalvar, uma vez mais, que, no caso concreto, a responsabilidade do ex-governador,
ora recorrente, advém da transferência dos valores diretamente da conta específica do convênio para
conta do DER/RR, fato que o recorrente não contesta. Pelo contrário, reafirma ter sido responsável
direto pela emissão da ordem bancária, na qual autorizou a saída dos recursos da conta específica do
convênio (51.593-0), cujo titular era o Governo do Estado de Roraima, para a conta 51.588-4, de
titularidade do DER/RR.
6.4. Destaca-se que a jurisprudência desta Corte de Contas consolidou-se no sentido de que não
seria razoável responsabilizar os agentes políticos por irregularidades de natureza meramente
operacional. A imputação de responsabilidade a tais autoridades, contudo, seria possível, razoável e
necessária nos casos de ‘irregularidades grosseiras, avaliadas sob enfoque amplo, ocorridas na
condução de assuntos de sua competência’, nos termos do voto condutor do Acórdão 213/2002-TCU-
Plenário, da lavra do eminente Ministro Benjamin Zymler.
6.5. Percebe-se, portanto, que o fato de alguém ser agente político não implica, de per si, sua
isenção de qualquer responsabilidade por irregularidades perpetradas em sua gestão. Pelo contrário, é
perfeitamente possível essa responsabilização, desde que comprovado que o agente tenha contribuído de
alguma forma para as irregularidades, ou que delas teve conhecimento, ou, ainda, que houve alguma
omissão grave de sua parte (v.g. Acórdãos 961/2003 e 2.391/2004, ambos da 2ª Câmara, 468/2007,
1.132/2007, 1.467/2007, 1.063/2007, 1.232/2008 e 1.464/2008, todos do Plenário do TCU).
6.6. Advirta-se, outrossim, que a Decisão 180/1998-TCU-1ª Câmara, paradigma nesta Corte de
Contas a divisar a atuação política daquela gerencial, ao ser aplicada a determinados agentes políticos
não pode se furtar a adentrar no caso concreto.
6.7. Destarte, o TCU, ao se debruçar sobre os fatos encontrados, tem a obrigação de colher os
indícios existentes e esmiuçá-los, a fim de separar as situações em que o mandatário, apesar de não ter
firmado os atos ilegais, tenha sobre eles influência decisiva.
6.8. Nesse sentido, o afastamento da responsabilidade de determinado agente público, sob o manto
da caracterização de sua atuação como agente político, ocorre sob a ótica da excepcionalidade e da
impossibilidade de se estabelecer a correlação entre a prática de ato omissivo ou comissivo de sua parte
e o dano causado ao Erário, precipuamente pela dificuldade administrativa que o cargo ocupado pelo
agente impõe no enfretamento diário das questões operacionais de sua gestão.
6.9. Situação diversa da encontrada no caso concreto, na qual o recorrente institui como política
durante toda a sua gestão a prática ilegal de retirada das respectivas contas específicas daqueles
recursos federais repassados. Atuação administrativa que contraria a legislação pátria, a qual, como
agravante, foi reiteradamente admoestada por esta Corte de Contas, inclusive, por meio de decisão
anterior a assinatura deste Convênio e as retiradas ilegais apuradas nestes autos, conforme se observa
do Acórdão 126/2000, mantido pelo Acórdão 358/2002, ambos do Plenário do TCU.
6.10. Evidencia-se no conjunto probatório que a prática ilegal de romper com o nexo causal
precípuo dos repasses financeiros, encontrada pela auditoria, era recorrente e já havia sido admoestada
357 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
por esta Corte de Contas, por mais de uma vez na gestão do recorrente, v.g., Decisões 886/2002,
529/2000 e o Acórdão 126/2000, todos do Pleno do TCU.
6.11. A necessidade de se manter os recursos em conta específica mereceu exame minucioso do
eminente Ministro emérito desta Casa, Ubiratan Aguiar, em sua obra ‘Convênios e Tomadas de Contas
Especiais’, que se configura em prestimoso alerta ao incauto gestor público:
‘4.1 Do depósito e movimentação dos recursos em conta específica.
É importante destacar que é exigida uma conta para cada convênio. Assim, deverão ser abertas
tantas contas quanto forem os convênios existentes. A exigência de conta específica é de significativa
importância para os órgãos de controle e, em última instância, para o próprio gestor, visto que é dele o
ônus da prova da regular aplicação dos recursos. Deve-se ter em mente que o exame da prestação de
contas, assim como as auditorias eventualmente realizadas para verificação da correta aplicação das
verbas transferidas, não se dá concomitante e simultaneamente à execução do convênio. Sempre, ou
quase sempre, ocorre em momento posterior. Nesses casos, a verificação da legalidade dos
procedimentos adotados se dá, em grande parte, por meio do exame da documentação pertinente em
confronto com o extrato bancário da conta específica. Significa dizer que os créditos efetivados na conta
específica devem corresponder exatamente ao valor total daquele convênio. Da mesma forma, os débitos
nela lançados devem ter exata correspondência com os valores das notas fiscais e recibos concernentes
às despesas realizadas, além de ocorrerem, é claro, em período de sua vigência. Esse é o chamado nexo
causal que deve existir entre os créditos, os saques e o objeto realizado. A ausência de nexo entre o
débito consignado no extrato bancário e o documento de despesa poderá resultar na responsabilização
do gestor. Aconselha-se, portanto, ao gestor que não realize qualquer movimentação na conta específica
que seja estranha ao objeto do convênio. Os recursos não devem ser transferidos nem mesmo para a
conta geral da entidade, visto que esse fato pode dificultar ou mesmo impossibilitar a comprovação da
correta execução do convênio, levando os órgãos de controle a se manifestar pela irregularidade da
despesa e pela responsabilização pessoal do gestor. Os recursos da conta específica não podem ser
transferidos para a conta geral da entidade convenente. Todo débito na conta específica deve
corresponder a um documento de despesa de mesmo valor – ou à soma de documentos de despesa -,
emitido pelo contratado.
(...)
Também sobre a existência do nexo causal, faz-se importante destacar que a simples demonstração
da existência física do objeto pactuado não é suficiente para comprovar a boa aplicação dos recursos
conveniados. É que somente por meio da existência da boa documentação bancária e contábil é que se
poderá ter certeza de que o objeto apresentado pelo gestor foi efetivamente realizado com os recursos do
convênio, e não por meio da utilização de outras fontes de custeio. Não sendo possível comprovar o nexo
existente entre a movimentação da conta e os documentos de despesas, por certo haverá impugnação
total dos valores repassados, sob a premissa de desvio de recurso público.’ (In Convênios e Tomadas de
Contas Especiais: manual prático, 3ª ed. rev. e ampl., Ubiratan Aguiar et. al. Belo Horizonte: Fórum,
2008, p.34 a 38)’
6.12. Do contrário, ter-se-ia a esdrúxula situação em que os diversos órgãos jurisdicionados
poderiam criar situações específicas para seus órgãos administrativos através de adequação
administrativa própria, a fim de retirar do chefe do poder executivo ou daquela autoridade máxima as
responsabilidades legais e contratuais existentes. Situação que impossibilitaria aos órgãos de controle a
realização de suas obrigações constitucionais, inviabilizando a devida fiscalização da aplicação dos
recursos federais repassados e a responsabilização correta daqueles que deram causa a malversação dos
recursos públicos ou de se utilização em desacordo com as normas legais vigentes.
6.13. O precedente suscitado pela defesa, Acórdão 1.511/2010-TCU-Plenário, não representa a
jurisprudência pacífica desta Corte de Contas, mas tão somente decisão na qual foram sopesadas as
circunstâncias fático-jurídicas encontradas quando se entendeu que não estava presente a correlação
necessária entre a atuação do recorrente e as irregularidades naquele momento questionadas, a fim de
responsabilizá-lo.
358 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6.14. Em recente julgado, Acórdão 2.136/2013-TCU-Plenário, prevaleceu a tese da maioria de que
a atuação do recorrente foi decisiva para a instrumentalização, operacionalização e execução ilegítima
daquele convênio, no qual os recursos foram igualmente sacados da conta específica. Na oportunidade, o
TCU reafirmou o entendimento de que a atuação destes agentes públicos deve ser avaliada em cada
situação específica de sua gestão.
6.15. Destarte, nestes autos resta incontroverso que a participação do recorrente suplantou em
muito a de um agente político no cumprimento de suas atribuições, não se limitando a simplesmente
firmar o convênio em questão, tendo tido papel fundamental para a ocorrência dos desvios encontrados e
contribuído de forma intrínseca para o dano ao Erário apurado.
6.16. Cabe rememorar o pano de fundo das injustificadas transferências das contas específicas dos
convênios firmados pela Administração Pública Estadual. Revelado ao público, ainda no ano de 2004,
com a deflagração pela Polícia Federal da Operação Gafanhoto, a qual, reafirma-se, não serviu de
fundamentação a condenação, mas ilumina o palanque estadual e permite vislumbrar quão deletérias ao
Erário foram as práticas adotadas pela gestão do ora recorrente. Cenário descortinado desde o
Relatório e o Voto que acompanham o Acórdão 1.088/2004-Plenário, in litteris:
‘5.2.1 Com efeito, o Decreto Estadual n° 4524 - E de 14/01/2002 (cópias às fls. 09/10 - Vol. 2)
prevê a descentralização da gestão orçamentária e financeira do Governo do Estado de Roraima,
atribuindo ao Secretário de Estado da Fazenda a função de ‘ordenador de despesas e autorizador de
pagamentos com a interveniência dos Titulares das Secretarias, órgãos diretamente ligados ao
Governador’.
5.2.2 Por outro lado, a Constituição do Estado de Roraima prevê, dentre as atribuições privativas
do Governador, a nomeação e a exoneração dos Secretários de Estado (art. 62, inciso I), os quais são
seus auxiliares diretos de confiança. Além disso, impõe a existência de controle interno no âmbito de
cada poder (art. 49).
(...)
5.2.3 Além disso, independentemente da delegação de atribuições a seus auxiliares diretos,
incumbe ao Governador o dever de escolher bem seus empregados e o dever de vigilância em relação às
pessoas que estão sob sua direção.
5.2.4 No caso em tela, ocorre que o atual Secretário de Estado da Fazenda, Sr. Jorci Mendes de
Almeida, foi Secretário Adjunto de Fazenda na gestão do governo anterior, tendo sido multado por este
Tribunal justamente em razão de irregularidades decorrentes da inobservância do disposto no art. 20 da
IN/STN 01/1997, que obriga a manutenção de recursos oriundos federais em conta bancária específica
(Acórdão 126/2000, in Ata 26/2000 - Plenário, TC 825.056/1997-7). Embora tenha interposto recurso, o
teor do supracitado Acórdão foi mantido na íntegra (Acórdão 358/2002, in Ata 37/2002 - Plenário).
5.2.5 Ademais, cabe registrar a existência de seguidas determinações deste Tribunal feitas ao
Governo do Estado de Roraima, no sentido de exigir o cumprimento do art. 20 da IN/STN 01/1997 nos
convênios firmados com entes federais, proferidas nos processos TC 825.056/1997-7 (Decisão 529/2000,
in Ata 26/2000 - Plenário) e TC 003.747/2001-7 (Decisão 373/2002, in Ata 30/2002 - Primeira Câmara).
5.2.6 Ainda é de se ressaltar que, por ocasião da auditoria, já havia sido fartamente divulgada pela
imprensa nacional e local, denúncia sobre irregularidades na folha de pagamentos de pessoal do
Governo do Estado, conhecida vulgarmente como ‘escândalo dos gafanhotos’ (pagamento a funcionários
fantasmas), em cujas investigações, conduzidas por atuação conjunta da Polícia Federal com o
Ministério Público Federal e Estadual (força-tarefa), constatou-se o desvio de recursos federais na
fraude (matéria tratada no processo de representação TC 019.619/2003-4). A título de informação, o
Ministério Público Federal já ajuizou as ações penais cabíveis, nas quais figuram, dentre os réus, o ex-
Governador do Estado de Roraima, Sr. Neudo Ribeiro Campos.’
6.17. Sobressai, portanto, no presente caso concreto, que somente atuando nos exatos ditames
legais haverá a aplicação dos recursos públicos com a devida transparência e publicidade, princípios
inerentes a esta atividade pública. Do contrário, o controle dos recursos estará sendo burlado,
359 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
escancarando, assim, inúmeras possibilidades de desvio e malversação dos valores que deveriam ser
utilizados única e exclusivamente em benefício do bem comum.’
8.8.Ou seja, não há que se falar em qualquer vício a macular o acórdão embargado por ausência
de omissões, contradições ou obscuridades, haja vista que os argumentos trazidos na fase processual
anterior foram não só devidamente enfrentados, mas refutados com base em pareceres uníssonos
constantes dos autos e de forma clara.
CONCLUSÃO
9.Dessa forma, não se vislumbra no acórdão embargado qualquer dos vícios citados pelo
embargante que supostamente demandariam o acolhimento dos embargos de declaração, mas simples
inconformismo com o mérito da questão tratada cuja discussão é incabível na estreita via dos embargos.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
10.Ante o exposto, submete-se à consideração superior a presente análise dos embargos de
declaração opostos por Neudo Ribeiro Campos contra o Acórdão 2206/2015-TCU-Plenário, propondo-
se, com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34, da Lei 8.443/1992:
a) conhecer dos embargos e, no mérito, rejeitá-los;
b) comunicar o teor da decisão que vier a ser proferida ao embargante e aos demais interessados.”
É o relatório.
VOTO
Em exame embargos de declaração opostos por Neudo Ribeiro Campos, ex-Governador do Estado
de Roraima, ao Acórdão 2.206/2015 - Plenário, exarado em sede de apreciação de recursos de
reconsideração contra o Acórdão 1.225/2013 - Plenário, que foram conhecidos e, no que se refere ao ora
recorrente, tiveram provimento negado. Essa decisão de 2013 foi prolatada em tomada de contas especial,
que julgou irregulares as contas do embargante, condenando-o ao pagamento da quantia de R$
246.400,00 e aplicando-lhe multa proporcional de R$ 100.000,00, em razão da inexecução do objeto e da
não comprovação da aplicação dos recursos repassados pelo Convênio PG 232/99-00, celebrado entre o
extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem e o Governo do Estado de Roraima, os quais
foram indevidamente transferidos da conta específica da avença para outra conta corrente.
2.Instada a emitir parecer sobre o recurso desta fase, a Serur, na instrução da peça 115, que consta
do relatório prévio, propõe conhecer dos embargos e rejeitá-los por entender que: “não há que se falar em
qualquer vício a macular o acórdão embargado por ausência de omissões, contradições ou obscuridades,
haja vista que os argumentos trazidos na fase processual anterior foram não só devidamente enfrentados,
mas refutados com base em pareceres uníssonos constantes dos autos e de forma clara; não se vislumbra
no acórdão embargado qualquer dos vícios citados pelo embargante que supostamente demandariam o
acolhimento dos embargos de declaração, mas simples inconformismo com o mérito da questão tratada
cuja discussão é incabível na estreita via dos embargos”.
3.Os presentes embargos podem ser conhecidos, uma vez que, de forma geral, foram atendidos os
requisitos do art. 34, § 1º, da Lei Orgânica do Tribunal, c/c o art. 287 do Regimento Interno desta Corte.
4.O embargante alega que não havia obrigação de os recursos serem mantidos em conta específica.
Essa questão foi exaustivamente tratada no relatório que fundamentou a decisão embargada, conforme
subitens 5.2 a 5.15 da instrução da unidade técnica. Ademais, no meu voto, ao corroborar o exame da
Serur, ressaltei que as objeções do ex-governador sobre a obrigatoriedade de se manterem os recursos em
conta destacada já tinham sido detidamente examinadas nos itens 20 a 38 do voto do Relator original.
Portanto, quanto a esse ponto, não há qualquer omissão ou contradição no corpo da deliberação
combatida. O que se denota, em verdade, é a tentativa de rediscussão de mérito, o que não é cabível na
via eleita.
5.Nesta fase, o recorrente argumenta que: a execução dos serviços era de responsabilidade do
Departamento de Estradas de Rodagem de Roraima, sendo este órgão o legítimo responsável pelo fiel
360 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
cumprimento do objeto conveniado; seria desarrazoado exigir-lhe que soubesse da inexecução das obras;
assim como o Tribunal afastou a responsabilidade de outros responsáveis, pelo fato de que não era
atribuição deles fiscalizarem a efetiva realização das obras e porque eles se pautaram em parecer, deveria
ser dado o mesmo tratamento ao embargante. Novamente, o responsável sequer aponta onde estaria o
vício a macular o acórdão embargado, mas, tão somente, demonstra irresignação com o mérito de uma
questão já debatida, inclusive em julgados distintos, o que conduz à conclusão inexorável de rejeição dos
elementos contestados, porquanto não fundamentados em suposta omissão, contradição ou obscuridade
no corpo da decisão que se intenta embargar.
6.Nessa mesma linha de altercação, o ex-governador, citando dois julgados desta Corte sobre a
questão dos convênios firmados em sistema de reembolso, argui que somente poderia ser
responsabilizado pelo Tribunal em caso de dolo ou culpa, já que as duas entidades, federal e estadual, é
que seriam as gestoras dos recursos. Incorre o recorrente, mais uma vez, no equívoco de invocar, como
fundamento para os embargos, divergência entre a decisão sob exame e outras adotadas pelo Tribunal, o
que, sabidamente, não é cabível.
7.Por fim, o ex-governador volta a repisar o problema da responsabilização do agente político,
insistindo na tese de que não é correta a afirmação contida no acórdão embargado no sentido de que, ao
assinar o termo de convênio, teria assumido a posição de gestor da avença. Ora, essa questão também já
foi sobejamente tratada nos autos, tanto na fase de julgamento da TCE quanto na de apreciação do recurso
de reconsideração, que ora se pretende embargar, não havendo, pois, que se falar que nele possa existir
omissão, obscuridade ou contradição. Aliás, o recorrente não aponta onde estariam, na decisão combalida,
tais supostos vícios, o que confirma a ilação da Serur de que há um mero inconformismo com o mérito do
acórdão que confirmou sua condenação.
8.Verifico que, nestes embargos, está bem nítida a tentativa de rediscutir a matéria, pois todos os
elementos que o responsável aborda foram, direta ou indiretamente, discutidos nas fases anteriores destes
autos. Assim, ao insistir nas teses já apresentadas e debatidas, ainda que sob outros pretextos, o que ele de
fato ele pretende é que o Tribunal faça, novamente, uma releitura delas, o que não é cabível na
modalidade recursal apresentada.
9.Assim, como no Acórdão 2.206/2015 - Plenário não se evidencia obscuridade, omissão ou
contradição, pelas razões explicitadas no parecer da Secretaria de Recursos e pelas que acima aduzi,
devem os presentes embargos ser rejeitados.
Ante o exposto, voto no sentido de que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação
deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1232/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 017.061/2005-2
2. Grupo I - Classe I – Embargos de Declaração (em Recurso de Reconsideração)
3. Embargante: Neudo Ribeiro Campos (CPF 021.097.782-53), ex-Governador do Estado de
Roraima
4. Unidades: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit e Governo do Estado
de Roraima
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Serur
8. Advogados constituídos nos autos: Cynthia Póvoa de Aragão (OAB/DF 22.298), Jaques
Fernando Reolon (OAB/DF 22.885), Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546) e Murilo Queiroz
Melo Jacoby Fernandes (OAB/DF 41.796)
9. Acórdão:
361 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, que tratam, nesta fase, de embargos de declaração
opostos por Neudo Ribeiro Campos ao Acórdão 2.206/2015 - Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração para, no mérito, rejeitá-los;
9.2. notificar o embargante.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1232-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE I – Plenário
TC 037.835/2012-2
Natureza: Pedido de Reexame (em Relatório de Inspeção)
Recorrente: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit
Superintendência Regional do DNIT no Estado de Mato Grosso
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE INSPEÇÃO. DETERMINAÇÃO. FISCALIZAÇÃO NO OBJETO
DO CONVÊNIO. PEDIDO DE REEXAME. CONHECIMENTO. PRESTAÇÃO DE CONTAS JÁ
EXAMINADA. IRRELEVÂNCIA. NEGATIVA DE PROVIMENTO. ALTERAÇÃO DE OFÍCIO DO
ACÓRDÃO.
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução de peça 84, aprovada pelos dirigentes da unidade técnica:
“INTRODUÇÃO
1.1.Trata-se de pedido de reexame (peça 74) interposto pelo Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – Dnit contra o Acórdão 2.350/2015 - TCU - Plenário (peça 67).
1.2.A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor:
1. Processo TC-037.835/2012-2 (RELATÓRIO DE INSPEÇÃO) 1.1. Responsável: Vilceu Francisco Marcheti (169.031.969-00)
1.2. Órgão/Entidade: Secretaria de Estado de Infra-estrutura do Estado de Mato Grosso;
Superintendência Regional do DNIT no Estado de Mato Grosso - DNIT/MT
1.3. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária (SeinfraRod).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. considerar descaracterizado o sobrepreço em relação à referência inicialmente apontado nos
Contrato 893/2009, 350/2008 e 351/2008 em razão de não ter se confirmado a vantagem global indevida
nesses contratos
1.7.2. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), com
fundamento Art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, que:
362 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1.7.2.1. condicione a aprovação da prestação de contas do Convênio TT-294/2007 (Siafi 630497) à
verificação direta por meio de levantamentos topográficos, ou indiretamente por meio de fator de
compactação, baseado em ensaios de compactação nas jazidas e no aterro, dos quantitativos
efetivamente realizados nos serviços de escavação, carga e transporte de materiais de primeira categoria
nos Contratos 350/2008 e 351/2008, haja vista as inconsistências observadas neste processo, que
contrariam as especificações de serviço do DNIT 106/2009-ES e 107/2009-ES, instaurando, se for o
caso, tomada de contas especial, nos termos da IN-TCU 71/2012;
1.7.2.2. demonstre o cumprimento da determinação supracitada na prestação de contas anual do
exercício de 2015.
1.7.3. dar ciência da deliberação que vier a ser proferida ao Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT) e à Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana do Estado de
Mato Grosso (ex-Sinfra/MT), bem como aos responsáveis;
1.7.4. arquivar os presentes autos com base no art. 169, inciso V do RI/TCU.
HISTÓRICO
2.Em exame processo apartado de Inspeção (RI) constituído a partir do processo
TC 010.138/2009-0, por força do item 9.4 do Acórdão 1.232/2012-TCU-Plenário para ‘avaliação da
responsabilidade dos gestores quanto aos sobrepreços indicados nos Contratos 350/08, 351/08 e 893/09’
(peça 3).
2.1.Os Contratos 350/2008 e 351/2008, já concluídos, tiveram como objetivo a construção e
pavimentação da rodovia BR-364/MT, entre o km 994,80 e o km 1101,29. Essas obras tiveram como
contratante a Secretaria de Infraestrutura do Mato Grosso (atualmente denominada Secretaria de
Transporte e Pavimentação Urbana do Estado de Mato Grosso), a partir de recursos oriundos da União,
mediante convênio (Siafi 630497) firmado com o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT), cujos recursos liberados alcançaram o montante de R$ 154.418.731,91. O Contrato
893/2009, também concluído, é de responsabilidade direta do DNIT, e teve como objetivo a construção e
pavimentação da rodovia BR-364/MT, entre o km 720,0 e o km 799,30, no valor de R$ 149.924.132,45
(ref. maio/2008).
2.2.Após análise dos achados de auditoria, restaram descaracterizados indícios de sobrepreço
(peça 64, p. 10,item 63). Já em relação ao indício de superestimativa de quantitativos nos serviços de
escavação, carga e transporte de materiais de jazida (ECT), observou-se que, após a conclusão dos
serviços de terraplenagem, os coeficientes de compactação foram 1,40 e 1,71 nos Contratos 350/2008 e
351/2008, respectivamente. Porém, para determinação do real fator de compactação e quantificação do
volume efetivo de ECT executado, é necessário realizar ensaios de densidade específica in natura e de
compactação nos materiais das jazidas utilizadas.
2.3.Nesse sentido, proferiram-se as determinações contidas no subitem 1.7.2 do Acórdão
2.350/2015 - TCU - Plenário (Peça 67), contra as quais se recorre.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
3.Reitera-se o exame de admissibilidade contido na peça 76, em que se propôs o conhecimento do
recurso, suspendendo os efeitos do subitem 1.7.2 do Acórdão 2.350/2015 - TCU - Plenário. O recurso foi
admitido pelo Relator, Ministro José Mucio Monteiro (despacho de peça 80), em 16/11/2015, que
determinou a instrução de mérito.
EXAME TÉCNICO
4.Delimitação
4.1.Constitui objeto do presente recurso avaliar a necessidade e adequação da determinação
proferida pela decisão recorrida.
5.Necessidade e adequação da determinação
5.1.O recorrente defende não ser possível cumprir a determinação proferida no âmbito do subitem
1.7.2 do Acórdão 2.350/2015 - TCU - Plenário (Peça 67), com base nos seguintes argumentos (peça 74):
363 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a) a prestação de contas do Convênio 294/2007 foi aprovada e homologada pelo Dnit em
abril/2015; nessa linha, a seu ver, houve perda de objeto diante da superveniência da decisão recorrida;
e
b) o Dnit não pode ser responsabilizado por questões que extrapolam sua competência ou que não
se relacionam com suas atribuições:
b.1) a fiscalização da obra compete ao convenente;
b.2) segundo a IN 1/1997 concedente é o órgão responsável pela transferência dos recursos; e
b.3) o Parecer 895/2014/Consultoria/PFE/Dnit faculta ao Dnit promover a fiscalização da
execução dos contratos celebrados com terceiros pelo órgão ou entidade beneficiado.
Análise:
5.2.Não assiste razão ao recorrente.
5.3.Informe-se, desde já, que a superveniência da decisão recorrida em relação à aprovação das
contas do Convênio 294/2007 impõe ajuste de ofício da determinação exarada para que seja viabilizada
sua execução, na medida em que esta Corte de Contas apenas tomou ciência da aprovação das contas
neste momento, ou seja, após o julgamento do Relatório de Inspeção. Explica-se.
5.4.Inicialmente, ressalva-se que o Dnit estava ciente da inspeção que esta Corte empreendeu no
âmbito do Convênio 294/2007, tendo em vista as diligências realizadas por comando do Acórdão
1232/2012-TCU-Plenário, senão veja-se excerto do referido julgado (peça 64, p. 3 – grifos acrescidos):
‘9.5. autorizar à Secob- 2, que promova, com fundamento no art. 11 da Lei 8.443 de 1992, no
âmbito do processo apartado, diligência à Sinfra/MT e ao Dnit/MT para que, no prazo de 15 (quinze)
dias, os órgãos apresentem ao Tribunal os seguintes documentos/informações:
9.5.1. medições completas ainda não enviadas a este Tribunal dos contratos 350/08, 351/08 e
893/09, com termos aditivos das respectivas avenças;
9.5.2. termos aditivos ainda não enviados a este Tribunal dos contratos 350/08, 351/08 e 893/09,
acompanhados dos respectivos memoriais, documentos e planilhas que os motivaram;
9.5.3. termos de recebimento provisório e definitivo dos contratos 350/08, 351/08 e 893/09;
9.5.4. mapa de distribuição da obra e ensaios que indiquem o fator de compactação do solo que
basearam as medições.
9.6. autorizar à Secob-2 que promova, com o auxílio da Secex/MT, as inspeções e possíveis
diligências adicionais que se fizerem necessárias para se apurar o real quantitativo executado nas obras,
a real DMT e o real fator de compactação dos materiais utilizados na obra, para se precisar o dano ao
erário.’
5.5.Ademais, quando da aprovação das contas do Convênio 294/2007, em abril/2015, ainda não
havia julgamento acerca do Relatório de Inspeção. Cabia, então, ao gestor diligente pedir vista e cópia
deste processo antes da aprovação das contas do ajuste, quando seria possível verificar a proposta de
encaminhamento do relatório de inspeção datado de dezembro/2014 (peça 64). Isto porque a publicação
do relatório antecedeu a aprovação das contas, e lá constava proposta no sentido de condicionar a
aprovação das contas à verificação de indícios de dano ao Erário. Diante das diligências realizadas no
âmbito do Dnit neste processo, dever-se-ia aguardar o posicionamento da Corte de Contas. Mas, assim
não procederam e aprovaram as contas do Convênio 294/2007 antes da decisão do TCU.
5.6.Contudo, a superveniência da decisão em relação à aprovação das contas do ajuste não impede
o cumprimento da determinação, bastando para tanto que se suspenda a aprovação das contas do
Convênio 294/2007 (peça 63, p. 4-10) e se proceda à verificação determinada. Viabiliza-se, assim, o
cumprimento da decisão.
5.7.Destacou-se da jurisprudência desta Corte, a título de exemplo, o Acórdão 1424/2016 –
Segunda Câmara, que traz a seguinte notícia:
‘Tendo em vista as irregularidades verificadas, a Secretaria Federal de Controle Interno, em
21/9/2001, propôs a suspensão da aprovação da prestação de contas do convênio e a realização de
análise minuciosa por parte da convenente, a SPPE, sobre todos os contratos, com eventual instauração
de Tomada de Contas Especial (peça 1, p. 100 e 101).’
364 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5.8.Cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal – STF, ao apreciar o Mandado de
Segurança 26.210-9/DF, deu à parte final do § 5º do art. 37 da Constituição Federal a interpretação de
que as ações de ressarcimento por atos ilícitos são imprescritíveis. Nesse sentido, o Dnit deve proceder
da mesma forma que a Secretaria Federal de Controle, ou seja, suspender a aprovação das contas do
Convênio 294/2007, pois está diante de indícios de dano ao Erário averiguados em sede de inspeção pelo
TCU para, se for o caso, instaurar a devida Tomada de Contas Especial.
5.9.Não se verificou, assim, a aventada perda de objeto, bastando ajustar, de ofício, a
determinação para que reflita o contexto atual das contas do ajuste.
5.10.No que tange à competência do Dnit para execução da determinação, é preciso destacar que o
Dnit é o órgão concedente do ajuste em análise e no ordenamento jurídico pátrio há previsão para que o
concedente fiscalize indícios de irregularidade na execução dos objetos conveniados mediante recursos
por ele repassados e em seguida, caso necessário, instaure a Tomada de Contas Especial, senão vejam-
se (grifos acrescidos):
IN 1/1997/STN
‘Art. 23. A função gerencial fiscalizadora será exercida pelo concedente, dentro do prazo
regulamentar de execução/prestação de contas do convênio, ficando assegurado a seus agentes
qualificados o poder discricionário de reorientar ações e de acatar, ou não, justificativas com relação às
disfunções porventura havidas na execução. Redação alterada p/ IN 2/2002’
IN 71/2012/TCU
‘Art. 3º Diante da omissão no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação de
recursos repassados pela União mediante convênio, contrato de repasse, ou instrumento congênere, da
ocorrência de desfalque, alcance, desvio ou desaparecimento de dinheiro, bens ou valores públicos, ou
da prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao Erário, a autoridade
competente deve imediatamente, antes da instauração da tomada de contas especial, adotar medidas
administrativas para caracterização ou elisão do dano, observados os princípios norteadores dos
processos administrativos.’
5.11.Atente-se que a IN 1/1997/STN, em seu art. 23, esclarece que a competência gerencial
fiscalizadora, no presente caso em concreto, é do Dnit, já que foi o órgão concedente no âmbito do
convênio em questão. Dessa forma, cumpre ao Dnit adotar as medidas administrativas para
caracterização ou elisão do dano, conforme art. 3º da IN 71/2012/TCU. Nesse sentido, não é possível
delegar, como alega que o Parecer 895/2014/Consultoria/PFE/Dnit autoriza, à entidade convenente a
competência fiscalizatória do cumprimento do objeto que coube a ela executar.
5.12.Destaque-se a necessidade de averiguar o indício de superestimativa de quantitativos nos
serviços de escavação, carga e transporte de materiais de jazida (ECT). Isto porque se observou que
após a conclusão dos serviços de terraplenagem, os coeficientes de compactação foram 1,40 e 1,71 nos
Contratos 350/2008 e 351/2008, respectivamente. Porém, para determinação do real fator de
compactação e quantificação do volume efetivo de ECT executado, é necessário realizar ensaios de
densidade específica in natura e de compactação nos materiais das jazidas utilizadas.
5.13.Nesse sentido, tem-se que os Contratos 350/2008 e 351/2008 foram firmados pela Sinfra/MT
em decorrência do Convênio 294/2007 (peça 63, pp. 4-10); a gestão fiscalizadora do convênio cabe à
concedente (DNIT), conforme art. 23 da IN 1/1997/STN; e o art. 3º da IN 71/2012/TCU atribui à
autoridade competente o dever de adotar medidas administrativas para caracterização ou elisão de
eventual dano antes da instauração da tomada de contas especial.
5.14.Dessa forma, cumpre manter a determinação ora contestada em face da sua adequação e
necessidade, com ajustes de ofício diante da notícia de que as contas do convênio sob análise foram
aprovadas antes do julgamento do presente processo. Nessa linha, deve-se constar do seu teor a
necessidade de suspensão da referida aprovação até que se proceda às verificações necessárias para
saneamento dos indícios de irregularidade verificados pela inspeção realizada pelo TCU. Nesse sentido,
cumpre alterar também o prazo para demonstração da execução da determinação para que conste da
365 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
prestação de contas anual do Dnit referente ao exercício de 2016, tendo em vista a suspensão dos efeitos
da determinação em face do atual recurso.
CONCLUSÃO 6.Das análises anteriores, conclui-se ser o Dnit competente para execução da determinação
proferida pelo Acórdão 2350/2015 - TCU – Plenário na qualidade de concedente, conforme autorizam os
art. 23 da IN 1/1997/STN e art. 3º da IN 71/2012/TCU.
6.1.Com base nessas conclusões, propõe-se o não provimento do recurso.
6.2.De ofício, cumpre alterar a redação das determinações para expressar a realidade dos fatos
que esta Corte somente tomou ciência no presente momento. Nesse sentido, cumpre, antes de proceder à
verificação do fator de compactação, suspender a aprovação das contas realizada em abril de 2015, bem
como alterar o prazo para demonstração da execução da determinação para que conste da prestação de
contas anual do Dnit referente ao exercício de 2016.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
7.Ante o exposto, submete-se à consideração superior a presente análise do pedido de reexame
interposto pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit contra o Acórdão
2350/2015 - TCU - Plenário, propondo-se, com fundamento no art. 48 c/c os arts. 32 e 33 da Lei
8.443/1992:
a)conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) de ofício, alterar a redação das determinações contidas nos subitens 1.7.2.1 e 1.7.2.2 do
Acórdão 2.350/2015 – TCU – Plenário:
1.7.2.1. suspenda a aprovação da prestação de contas do Convênio TT-294/2007 (Siafi 630497)
bem como a condicione à verificação direta por meio de levantamentos topográficos, ou indiretamente
por meio de fator de compactação, baseado em ensaios de compactação nas jazidas e no aterro, dos
quantitativos efetivamente realizados nos serviços de escavação, carga e transporte de materiais de
primeira categoria nos Contratos 350/2008 e 351/2008, haja vista as inconsistências observadas neste
processo, que contrariam as especificações de serviço do DNIT 106/2009-ES e 107/2009-ES,
instaurando, se for o caso, tomada de contas especial, nos termos da IN-TCU 71/2012;
1.7.2.2. demonstre o cumprimento da determinação supracitada na prestação de contas anual do
exercício de 2016.
c) dar ciência da deliberação à Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana do Estado de
Mato Grosso (ex-Sinfra/MT), ao recorrente bem como aos demais interessados.”
É o relatório
VOTO
Trata-se de pedido de reexame interposto pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes – Dnit contra o Acórdão 2.350/2015 – Plenário, por meio do qual o Tribunal fez a seguinte
determinação àquela autarquia:
“1.7.2.1. condicione a aprovação da prestação de contas do Convênio TT-294/2007 (Siafi 630497)
à verificação direta por meio de levantamentos topográficos, ou indiretamente por meio de fator de
compactação, baseado em ensaios de compactação nas jazidas e no aterro, dos quantitativos
efetivamente realizados nos serviços de escavação, carga e transporte de materiais de primeira categoria
nos Contratos 350/2008 e 351/2008, haja vista as inconsistências observadas neste processo, que
contrariam as especificações de serviço do DNIT 106/2009-ES e 107/2009-ES, instaurando, se for o
caso, tomada de contas especial, nos termos da IN-TCU 71/2012;”
2.O DNIT alega impossibilidade de cumprimento da determinação, porquanto a prestação de contas
do Convênio TT-294/2007 está aprovada e homologada desde 13/4/2015. Afirma ainda “que o DNIT não
pode ser responsabilizado por questões que extrapolam sua competência ou que não se relacionam com
suas atribuições”. Isso porque a fiscalização da obra competiria ao convenente. Ademais, ainda segundo
366 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a autarquia, o Parecer 00895/2014/Consultoria/PFE/DNIT “concluiu que o DNIT tem o poder-dever de
acompanhar e fiscalizar o cumprimento do objeto do convênio, termo de cooperação ou termo de
execução descentralizada, sendo facultado ao DNIT promover também a fiscalização da execução dos
contratos celebrados com terceiros pelo órgão ou entidade beneficiado.”
3.O pedido de reexame pode ser conhecido, ante o preenchimento dos requisitos de admissibilidade
previstos no art. 48 da Lei 8.443/92.
4.No mérito, deve ser improvido.
5.Conforme o art. 23 da IN/STN 1/1997, norma disciplinadora do convênio em exame, o órgão
concedente é responsável pela fiscalização da execução do ajuste, nos termos transcritos a seguir:
“Art. 23. A função gerencial fiscalizadora será exercida pelo concedente, dentro do prazo
regulamentar de execução/prestação de contas do convênio, ficando assegurado a seus agentes
qualificados o poder discricionário de reorientar ações e de acatar, ou não, justificativas com relação às
disfunções porventura havidas na execução.”
6.Além disso, a Cláusula Quarta do Convênio 294/2007 prevê, de forma expressa, a obrigação do
DNIT de fiscalizar a execução dos serviços, senão vejamos:
“CLÁUSULA QUARTA
DAS OBRIGAÇÕES
São obrigações dos partícipes:
1 - DO CONCEDENTE (DNIT)
(...)
III. Supervisionar e fiscalizar a execução dos serviços, objeto do presente Convênio, em
conformidade com o Projeto de Engenharia e respectivas revisões apresentadas;
(...)”
7.Afasto, portanto, a alegação de que a fiscalização do objeto do convênio não é da competência do
DNIT.
8.Também não se sustenta a alegação de que a prestação de contas já foi examinada. É que não é
possível conferir ao ato que a examinou, no âmbito do órgão concedente, o status de imutável ou
definitivo. A jurisprudência do TCU é tranquila quanto à possibilidade de se determinar que o órgão
concedente reexamine prestações de contas de recursos federais repassados a entes públicos ou privados.
Vejamos alguns precedentes:
- Acórdão 3.216/2016 – 2ª Câmara (Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer)
“1.7. Determinações:
1.7.1. ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE que, no prazo de 90 (noventa)
dias, a contar do recebimento desta deliberação:
1.7.1.1. reexamine a prestação de contas do exercício de 2014, relativa aos repasses automáticos
do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE, transferidos à Prefeitura Municipal de Santa
Quitéria/CE, com a devida consideração das irregularidades apontadas neste processo, inclusive com a
realização de vistoria in loco se necessário, e informando a este Tribunal os resultados obtidos ou, se for
o caso, encaminhando a correspondente tomada de contas especial;
“1.7.1.2. realize nova análise da prestação de contas do exercício de 2013, relativa aos repasses
automáticos do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – Pnate, transferidos à Prefeitura
Municipal de Santa Quitéria/CE, com a devida consideração das irregularidades apontadas neste
processo, inclusive com a realização de vistoria in loco se necessário, e informando a este Tribunal os
resultados obtidos ou, se for o caso, encaminhando a correspondente tomada de contas especial.”
- Acórdão 2.832/2015 – 2ª Câmara (Relator Ministro Augusto Nardes)
“9.2. determinar à Fundação Nacional de Saúde/RN que, no prazo de noventa dias, reexamine a
prestação de contas do Convênio n. TC/PAC 0160/2007 (Siafi 632923) , uma vez que a fiscalização deste
TCU, realizada no período de 17/2 a 12/4/2012, sobre as obras do sistema de abastecimento de água do
Município de Taboleiro Grande, detectou sobrepreço de R$ 42.716,72, conforme subitem 3.2.1 do
relatório de fiscalização, a ser enviado por cópia, junto com a peça 2, p. 12-17; e as peças 5, 6 e 7.”
367 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
- Acórdão 2.075/2007 – Plenário (Relator Ministro Raimundo Carreiro)
“9.1. determinar à Fundação Nacional de Saúde que:
9.1.10. reavalie as prestações de contas dos convênios a seguir relacionados, tendo em vista as
impropriedades e/ou irregularidades discriminadas no relatório da equipe de auditoria da 4ª Secex,
detectadas nas respectivas prestações de contas, bem como em relatórios de fiscalização, auditoria e
supervisão financeira elaborados pela Funasa.”
9.Assim, diante da notícia de que a análise da prestação de contas já foi concluída, a redação do
item 1.7.2.1 do acórdão recorrido deve ser alterada, determinando-se ao DNIT que reexamine a prestação
de contas do Convênio TT-294/2007.
10.Por fim, o recorrente alega que o Parecer 00895/2014/Consultoria/PFE/DNIT (Peça 87) conclui
que “o DNIT tem o poder-dever de acompanhar e fiscalizar o cumprimento do objeto do convênio, termo
de cooperação ou termos de execução descentralizada, sendo facultado ao DNIT promover também a
fiscalização da execução dos contratos celebrados com terceiros pelo órgão ou entidade beneficiado”.
11.Com efeito, o referido parecer chegou a esta conclusão, que, a meu juízo, está em perfeita
consonância com a determinação contida no Acórdão 2.350/2015 – Plenário. Ainda de acordo com o
parecer:
“O órgão/entidade federal repassador dos recursos terá sempre ampla prerrogativa de, a
qualquer tempo, verificar a regularidade da utilização desses valores, mediante qualquer uma das
formas de fiscalização previstas, em decorrência da manutenção da natureza federal dos recursos
descentralizados. Tal faculdade, entretanto, não significa a obrigação de fiscalizar os contratos
celebrados com terceiros pelo ente federado beneficiado, pois, se tal medida fosse obrigatória, perderia o
sentido a adoção de quaisquer das medidas descentralizadoras ora tratadas, em que o objetivo é
justamente o repasse de recursos da Administração Pública Federal para entes públicos ou privados,
para que estes promovam a execução de programas, projetos e atividades de interesse recíproco”.
12.O órgão repassador possui, portanto, a prerrogativa de fiscalizar a execução dos ajustes por ele
celebrados. Dessa forma, também sob esse prisma, não há razão para tornar insubsistente a determinação
do item 1.7.2.1 da deliberação recorrida.
13.Portanto, acolhendo, em parte, a proposta da unidade técnica, nego provimento ao pedido de
reexame, alterando, de ofício, os itens 1.7.2.1 e 1.7.2.2 do Acórdão 2.350/2015 – Plenário, que passarão a
ter a seguinte redação:
“1.7.2.1. reexamine a prestação de contas do Convênio TT-294/2007 (Siafi 630497) bem como a
condicione à verificação direta por meio de levantamentos topográficos, ou indiretamente por meio de
fator de compactação, baseado em ensaios de compactação nas jazidas e no aterro, dos quantitativos
efetivamente realizados nos serviços de escavação, carga e transporte de materiais de primeira categoria
nos Contratos 350/2008 e 351/2008, haja vista as inconsistências observadas neste processo, que
contrariam as especificações de serviço do DNIT 106/2009-ES e 107/2009-ES, instaurando, se for o
caso, tomada de contas especial, nos termos da IN-TCU 71/2012;
1.7.2.2. demonstre o cumprimento da determinação supracitada na prestação de contas anual do
exercício de 2016.”
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.
ACÓRDÃO Nº 1233/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 037.835/2012-2
2. Grupo I – Classe I – Pedido de Reexame (em Relatório de Inspeção)
3. Recorrente: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (CNPJ
04.892.707/0001-00)
4. Unidade: Superintendência Regional do DNIT no Estado de Mato Grosso
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes
368 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidades Técnicas: Serur e SeinfraRod
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Relatório de Inspeção, em fase de Pedido
de Reexame contra o Acórdão 2.350/2015 – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, com base nos arts. 33 e 48 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do presente pedido de reexame para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. alterar, de ofício, a redação das determinações contidas nos subitens 1.7.2.1 e 1.7.2.2 do
Acórdão 2.350/2015 – TCU – Plenário, conforme segue:
“1.7.2.1. reexamine a prestação de contas do Convênio TT-294/2007 (Siafi 630497) bem como a
condicione à verificação direta por meio de levantamentos topográficos, ou indiretamente por meio de
fator de compactação, baseado em ensaios de compactação nas jazidas e no aterro, dos quantitativos
efetivamente realizados nos serviços de escavação, carga e transporte de materiais de primeira categoria
nos Contratos 350/2008 e 351/2008, haja vista as inconsistências observadas neste processo, que
contrariam as especificações de serviço do DNIT 106/2009-ES e 107/2009-ES, instaurando, se for o
caso, tomada de contas especial, nos termos da IN-TCU 71/2012;
1.7.2.2. demonstre o cumprimento da determinação supracitada na prestação de contas anual do
exercício de 2016.”
9.3. notificar o DNIT e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana do Estado de Mato
Grosso do teor deste acórdão.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1233-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro (Relator), Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE I – PLENÁRIO
TC 000.538/2003-0
Apensos: TC 031.732/2013-5
TC 031.733/2013-1
TC 031.734/2013-8
Natureza: Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Especial).
Unidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER - 11º Distrito/MT (extinto) /
Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do
Mato Grosso – Dnit/MT.
Recorrente: Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72), substituído por seus herdeiros, Tânia Borges
Ferraz (CPF 345.971.581-20), Ana Maria Borges Ferraz (CPF 356.172.761-15), Carlos Augusto Borges
Ferraz (CPF 593.567.071-20), Ivana Maria Borges Ferraz (CPF 567.881.341-20) e Maria Cristina Borges
Ferraz (CPF 329.047.381-34).
Representação legal: Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar (OAB/MT 2.906) e Carlos Roberto de
Aguiar (OAB/MT 5.668).
369 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
SUMÁRIO: RECURSO DE REVISÃO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO A PRETEXTO DE DESAPROPRIAÇÃO CONSENSUAL POR FAIXA DE
PROPRIEDADE ATINGIDA PELA CONSTRUÇÃO DE RODOVIA FEDERAL. PRESCRIÇÃO
VINTENÁRIA. ÁREA JÁ USUCAPIDA PELA UNIÃO. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO E
MULTA. DOCUMENTOS NOVOS. PROVIMENTO. CONTAS REGULARES. QUITAÇÃO PLENA.
RELATÓRIO
Adoto como parte do relatório a instrução elaborada na Secretaria de Recursos – Serur (peça 149),
cuja proposta foi acolhida pelo diretor (peça 150) e pelo secretário (peça 151):
“INTRODUÇÃO
1.Trata-se de recurso de revisão contra o Acórdão 342/2007 – TCU – Plenário (peça 10, p. 4),
interposto por Alter Alves Ferraz, substituído por seus herdeiros (peças 140 e 141).
2.A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor:
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelos Srs. Gilton Andrade Santos, Francisco
Campos de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Arthur Henrique Barbosa de Sousa;
9.2. com fulcro nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alíneas "b" e "d" e § 2º; e 19, caput, todos da Lei
n.º 8.443/92, julgar as presentes contas irregulares e condenar os responsáveis Gilton Andrade Santos,
Francisco Campos de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Arthur Henrique Barbosa de Sousa, solidariamente,
ao pagamento do débito de R$ 20.170,40 (vinte mil, cento e setenta reais e quarenta centavos), atualizado
monetariamente e acrescido dos juros de mora, calculados a partir de 21/12/1996 até a efetiva quitação,
na forma da legislação em vigor, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que
comprovem perante este Tribunal o recolhimento da quantia aos cofres do Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, nos termos do art. 23, inciso III, alínea "a", da Lei nº 8.443/92 e
do art. 216 do Regimento Interno do TCU;
9.3. aplicar, individualmente, aos responsáveis Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de
Oliveira e Alter Alves Ferraz, a multa prevista no art. 57 da Lei n° 8.443/92, no valor de R$ 3.000,00 (três
mil reais), fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem perante este
Tribunal, nos termos do art. 23, inciso III, alínea "a", da Lei nº 8.443/92 e do art. 216 do Regimento
Interno do TCU, o recolhimento das quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir do dia seguinte ao do término do prazo estabelecido até a data do efetivo
recolhimento, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n°
8.443/92, caso não atendidas as notificações;
9.5. levar ao conhecimento da Procuradoria da República no Estado do Mato Grosso o inteiro teor
desta deliberação, conforme prevê o § 3° do art. 16 da Lei n° 8.443/92;
9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, Relatório e Voto, ao Delegado da Polícia Federal Eduardo
Rogério Rodrigues dos Santos, da Superintendência Regional em Mato Grosso.
HISTÓRICO
3.O processo cuida de tomada de contas especial instaurada pelo inventariante do extinto
Departamento Nacional de Estradas e Rodagem – DNER e concluída pelo Ministério dos Transportes, em
decorrência de pagamento indevido de indenização referente à desapropriação consensual de terras no
âmbito do 11º Distrito Rodoviário federal, no estado do Mato Grosso (peça 9, p. 44).
4.A instauração da TCE decorreu de fiscalização procedida pela Secretaria Federal de Controle
Interno – SFC, registrada no Relatório de Auditoria Especial 72398, em cumprimento ao item 8.3.1 da
Decisão 850/2000 – TCU – Plenário (peça 1, p. 13/20 e 78/80).
370 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5.A Decisão 850/2000 – TCU – Plenário refere-se aos autos do TC 425.021/1998-0, sobre auditoria
realizada na 11ª Unidade de Infraestrutura Terrestre do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes - 11ª Unit/Dnit, com a finalidade, entre outras, de verificar a legalidade, legitimidade e
economicidade nos processos de desapropriação administrativa/consensual de imóveis para fins
rodoviários, nos exercícios de 1995 a 2000, efetuados pelo então 11º Distrito Rodoviário Federal em
Mato Grosso - 11º DRF/MT.
6.O item 8.3.1 da Decisão determinou à SFC que efetuasse revisão em todos os pagamentos
efetuados no programa de desapropriação consensual pelo 11º Distrito Rodoviário Federal de Mato
Grosso, no período de 1995 a 2000, e, caso constatasse irregularidades, adotasse medidas com vistas à
instauração de tomada de contas especial (peça 9, p. 50).
7.Cabe ressaltar que foram instaurados neste Tribunal, ao todo, quarenta e sete processos de
tomadas de contas especiais, fruto da fiscalização efetuada no referido distrito por força da Decisão
850/2000 –TCU – Plenário. Nesses processos, identificou-se a emissão de quarenta e duas ordens
bancárias pagas pelo 11° DRF, no valor de R$ 8.188.888,03, bem como de onze ordens bancárias,
emitidas diretamente pela administração central do extinto DNER, no valor de R$ 6.738.805,17, a título
de indenizações por desapropriação consensual.
8.No caso ora sob exame, instaurou-se a presente TCE em decorrência das constatações da SFC de
que teria havido pagamento indevido de indenização relativa à “desapropriação consensual” referente ao
processo 20111.000.637/84-47, relativo ao imóvel denominado “Fazenda Princesa do Vale”, no
Município de Pontes e Lacerda, no valor de R$ 20.170,40, paga por intermédio da ordem bancária
96OB02317, de 20/12/1996, tendo por beneficiário o sr. Arthur Henrique Barbosa de Souza (peça 9, p.
50).
9.O Relatório do Tomador das Contas – Ministério dos Transportes identificou a cadeia de
responsáveis pelo ato irregular, quais sejam Gilton Andrade Santos, na qualidade de Procurador
Autárquico, Francisco Campos de Oliveira, então Chefe do 11º DRF, Alter Alves Ferraz, Chefe Distrital
Substituto (peça 1, p. 22). O sr. Francisco Campos de Oliveira, ex-chefe do 11º DPR, autorizou o
pagamento sem o devido embasamento legal, face à caducidade, prescrição quinquenária e vintenária do
direito da ação, por parte do beneficiário (peça 3, p. 27/31).
10.Na mesma linha, concluiu a Secretaria Federal de Controle Interno, conforme certificação e
emissão de parecer pela irregularidade das contas dos responsáveis à peça 1, p. 225/226.
11.No âmbito desta Corte de Contas, a instrução preliminar do processo identificou a cadeia de
responsáveis pelo ato irregular, quais sejam Gilton Andrade Santos, na qualidade de Procurador
Autárquico, Francisco Campos de Oliveira, então Chefe do 11º DRF, Alter Alves Ferraz, Chefe Distrital
Substituto, Arthur Henrique Barbosa de Sousa, beneficiário da indenização acordada em âmbito
administrativo. Devidamente citados e coligidas as defesas produzidas, por meio do Acórdão 342/2007 –
TCU – Plenário, esta Casa condenou os responsáveis, entre outras medidas, ao recolhimento de débito
solidário aos cofres do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) (peça 10, p. 4).
12.Inconformados, os responsáveis interpuseram recursos de reconsideração contra o Acórdão
342/2007 – TCU – Plenário, conhecidos e não providos, nos termos do Acórdão 1595/2010 – TCU –
Plenário (peça 10, p. 52).
13.Na sequência, o sr. Gilton Andrade Santos opôs embargos de declaração em face do Acórdão
1595/2010 – TCU – Plenário, conhecidos e rejeitados, conforme se extrai do Acórdão 2795/2010 – TCU
– Plenário (peças 11, p. 32/39).
14.Ainda insatisfeito, o sr. Gilton Andrade Santos, interpôs recurso de revisão, não conhecido,
consoante os termos do Acórdão 960/2011 – TCU – Plenário (peça 12, p. 8/16). De tal decisão, o
recorrente opôs embargos de declaração conhecidos e rejeitados conforme o Acórdão 1463/2011 – TCU –
Plenário (peça 12, p. 26/28). Por fim, agravou a decisão do TCU (Acórdão 960/2011 – TCU – Plenário),
não tendo obtido êxito, como se extrai do Acórdão 2899/2011 – TCU – Plenário (peça 12, p. 49).
371 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
15.Em revisão de ofício, dado o falecimento do sr. Alter Alves Ferraz em momento anterior ao
trânsito em julgado do acórdão condenatório, esta Corte de Contas, por meio do Acórdão 248/2013 - TCU
– Plenário tornou insubsistente a multa que lhe fora aplicada (peça 35).
16.Por fim, por meio do Acórdão 2111/2013 – TCU – Plenário, retificou-se, por inexatidão
material, os subitens 9.1 e 9.2 do Acórdão 884/2007 – TCU – 1ª Câmara, para que o recolhimento das
quantias cobradas fosse destinado aos cofres do Tesouro Nacional, e não do DNIT, mantendo-se os
demais termos da deliberação retificada (peça 69).
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
17.Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peças 144 e 145), acolhido por despacho da
Exma. Relatora, Ministra Ana Arraes, que conheceu do recurso, sem efeito suspensivo (peça 148).
EXAME TÉCNICO
18.A questão central do recurso de revisão refere-se a avaliar se os fatos novos colacionados aos
autos atestam a regularidade da conduta do sr. Alter Alves Ferraz e por consequência afasta a tese da
existência do débito.
19.Para os substitutos processuais, a conduta do ex-gestor seria regular e sustentam sua conclusão
em teses resistivas no sentido de que: i) a má-fé, a culpa ou o dolo na conduta do responsável não
restaram caracterizados; ii) a justiça federal, ao destacar a ausência de dolo, má-fé ou culpa em relação às
condutas dos agentes envolvidos, julgou improcedentes as ações de improbidade administrativa ajuizadas
pelo Ministério Público Federal sobre os casos de desapropriações consensuais em Mato Grosso.
20.Segundo os substitutos processuais ao recorrente, como chefe substituto do distrito, cabia-lhe
apenas apor a sua assinatura na ordem de pagamento, uma vez que todo o procedimento relativo às
indenizações continha despacho prévio e favorável por parte do Procurador-Chefe do 11º Distrito e a
verba era efetivamente liberada pela Diretoria e pela Procuradoria-Geral do DNER (peça 140, p. 7).
21.Ademais, suas ações teriam se pautado no estrito cumprimento do dever funcional (peça 140, p.
6).
22.Arguiram que os pagamentos eram selecionados pela Procuradoria-Geral, autorizados pela
Diretoria-Geral e pagos pelos Distritos Estaduais do DNER, não cabendo a estes questionar a sua
conformidade/destinação (peça 140, p. 10).
23.Em resumo, nos processos desapropriatórios consensuais, concluíram que a participação do
recorrente teria se limitado a efetuar o pagamento de acordo com os pareceres emanados pelo Procurador-
Chefe Distrital, Gilton Andrade Santos, após a apreciação da Procuradoria-Geral do DNER (peça 140, p.
12).
24.Como elemento de prova do asseverado, informaram que os procedimentos administrativos
instaurados para apurar as irregularidades relativas aos processos de indenização das desapropriações não
puniram o recorrente, tanto que sua aposentadoria não teria sido cassada (peça 140, p. 11).
25.Colacionaram cópias de decisões judiciais a respeito de ações de improbidade ajuizadas pelo
Ministério Público em que o recorrente teve sua responsabilização afastada (peça 141).
Análise
26.Assiste razão parcial aos substitutos processuais.
27.Antes de mais nada, vale relembrar que a responsabilização de agentes tratada no âmbito de
processos de controle externo tem natureza subjetiva. Assim, no caso presente, deve-se perquirir se os
fatos novos acrescidos em sede revisional são capazes de afastar os requisitos para a imputação de débito
e de penalidade ao agente público, quais sejam: conduta do agente (comissiva ou omissiva); dano efetivo
(ato concreto/ilícito/prejuízo); e nexo de causalidade entre o dano e a conduta do agente (Acórdão
678/2015 – TCU – 1ª Câmara).
28.Portanto, a título didático, o exame foi dissociado nas circunstâncias que envolvem a conduta do
recorrente e aquelas relativas ao dano.
Da conduta do recorrente
372 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
29.Sobre a conduta do agente, no que tange aos argumentos suscitados, cabe destacar que todos
aqueles que, de alguma forma, contribuem direta ou indiretamente para o resultado, devem responder por
eventuais danos ocasionados, na medida de sua culpabilidade.
30.Complementarmente, vale relembrar que, em que pese a responsabilidade, no âmbito do TCU,
deter natureza subjetiva, afigura-se dispensável a caracterização do elemento volitivo – dolo ou culpa
strictu sensu – bastando apenas a configuração da culpa in latu sensu (Acórdão 2.067/2015 – TCU –
Plenário; Acórdão 5217/2015 – TCU – 2ª Câmara; Acórdão 1455/2015 – TCU – 2ª Câmara).
31.Nesse sentido, a responsabilização pessoal do gestor é pacífica no âmbito desta Corte de Contas
e o dever de ressarcir o prejuízo causado aos cofres públicos recai sobre os responsáveis por desvios e
locupletamentos, bem como sobre aqueles que, agindo com culpa in lato sensu, aplicam mal o dinheiro
público, ainda que não reste demonstrada a existência de dolo, má-fé ou aproveitamento do recurso em
interesse próprio (Acórdão 195/2014 – TCU – Plenário).
32.No caso sob exame, não havia previsão legal que emprestasse legalidade e conferisse
legitimidade à figura ‘desapropriação consensual’ e os servidores envolvidos não detinham competência
para celebrar o acordo extrajudicial sob análise nos moldes ajustados.
33.Convém reviçar que a Lei 9.469/1997 e a Lei 8.197/1991 outorgavam competência para o
dirigente máximo das autarquias federais promoverem acordos ou transações com vistas a resolver
questões litigiosas, porém, em juízo.
34.Por consequência, o órgão jurídico e o dirigente máximo do DNER não se encontravam aptos a
efetuarem acordos extrajudiciais para colocar fim a lides inexistentes, nem estavam autorizados a
renunciar à resistência à pretensão, quanto mais a advogarem a favor dos proprietários dos imóveis
esbulhados (parecer do MP/TCU – Acórdão 1180/2010 – TCU – Plenário).
35.Refrise-se que o procedimento das denominadas ‘desapropriações consensuais’ não se
encontrava agasalhado pelo art. 5º, XXIV, da Constituição Federal; não se enquadrava na hipótese
aventada pelo Decreto-lei 3.365/1941; não se restava autorizado pelo Decreto-lei 512/1969, nem
tampouco pelos normativos internos do DNER e nem sequer se configurava como um processo de
desapropriação, e sim, apenas, o pagamento administrativo de indenização por perdas e danos (art. 35 do
Decreto-lei 3.365/1941 - parecer do MP/TCU – Acórdão 1180/2010 – TCU – Plenário).
36.Convém reviçar que, quando da protocolização do processo de indenização por parte do
beneficiário, na data de 2/3/1984, a Portaria 36/DES, de 20/4/1976, encontrava-se já sem efeito,
caducada, eis que decorridos oito anos contados da data de sua expedição, nos termos do art. 10 do
Decreto-Lei 3.365/1941 (peça 1, p. 81/82).
37.Sob esse prisma, de acordo com o Decreto-Lei 3.365/1941, a desapropriação, mediante acordo
administrativo ou processo judicial, teria por prazo máximo o período de cinco anos a contar da
expedição do decreto de utilidade. Portanto, a Portaria 36/DES não poderia mais servir de fundamento ao
procedimento de desapropriação, regulado pelo Decreto-Lei 3.365/1941 e pelo Decreto 512/1969, que
trata especificamente das desapropriações levadas a efeito pelo extinto DNER.
38.Nesse contexto, como ressaltado, os atos administrativos são nulos (art. 145, III e IV, do Código
Civil de 1916), eis que não revestidos da forma prescrita e preterida a solenidade considerada essencial
pela lei para a sua validade (parecer do MP/TCU – Acórdão 1180/2010 – TCU – Plenário).
39.Assim, independentemente da cadeia hierárquica de competências e das ações praticadas pelos
demais agentes, o recorrente emitiu e subscreveu a ordem de pagamento, na condição de Chefe Substituto
– ordenador de despesa, embora o ato não se revestisse da legalidade necessária.
40.Ora, conforme visto, a ordem bancária para pagamento de um procedimento de indenização em
desacordo com as normas aplicáveis ao caso detém potencial de concretizar um dano ao erário (peça 2 p.
22), restando inafastável/inquestionável a culpa do recorrente pelo ato (peça 2, p. 22).
41.Portanto, contrariamente ao argumento esposado pelos substitutos processuais do recorrente, o
pagamento em questão era passível de questionamento quanto à sua legalidade e à legitimidade, ainda que
provido de autorização prévia por parte de autoridades superiores, uma vez que se tratava de ato ilegal,
em desacordo com as normas vigentes à época dos fatos.
373 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
42.Ainda como prova da regularidade da conduta do recorrente, os substitutos processuais
colacionam aos autos cópias de deliberações de dezesseis processos judiciais em que a Justiça Federal
teria julgado improcedentes ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo Ministério Público
Federal que tiveram por objeto desapropriações consensuais de imóveis para a passagem de rodovias
federais em Mato Grosso (peça 141, p. 4-5).
43.De acordo com os documentos, as ações tinham como partes Francisco Campos de Oliveira (ex-
Chefe e ordenador de despesas do 11º DRF/DNER/MT) e Gilton Andrade Santos (ex-Procurador-Chefe
do 11º DRF/DNER) – ou seus espólios – e outros.
Das cópias dos julgados colacionadas, destacam-se os Processos 3078.15.2011.4.01.3601 (peça
141, p. 18); 2002.36.00.003159-7 (peça 141, p. 31), 3678.36.2011.4.01.3601 (peça 141, p. 42), e
2009.38.00.008893-9 (peça 141, p. 150).
44.Em todos os processos acima mencionados, o juízo concluiu pela inexistência de prova quanto
ao dolo ou má-fé dos réus com o objetivo de causar prejuízo ao erário ou beneficiar terceiros, elemento
necessário para a tipificação da conduta prevista nos arts. 10, I e XII e art. 11 da Lei 8.429/1992.
45.De pronto, esclareça-se que tal conclusão não tem influência no julgamento do presente processo
no âmbito desta Corte de Contas, eis que nos julgamentos dos processos de controle externo basta a
demonstração da conduta culposa, em sentido amplo, para a responsabilização com vistas ao
ressarcimento de danos ao erário.
46.Complementarmente, sobre a aventada vinculação entre as decisões proferidas pelo judiciário e o
julgamento desta Corte de Contas, no ordenamento jurídico brasileiro vigora o princípio da independência
das instâncias, em razão do qual podem ocorrer condenações simultâneas nas diferentes esferas – cível,
criminal e administrativa.
47.Conforme preconiza o artigo 12 da própria Lei 8.429/1992, que dispõe sobre a Ação Civil
Pública, o responsável pelo ato de improbidade está sujeito às cominações ali previstas
“independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas na legislação específica”. A
condenação no âmbito do Poder Judiciário obedece a requisitos diversos dos necessários para a
condenação do TCU, cujo fundamento é consectário do inarredável dogma republicano da prestação de
contas, segundo o qual todos os gestores têm de comprovar a lisura de sua administração.
48.Ademais, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o ajuizamento de ação civil pública não
retira a competência do Tribunal de Contas da União para instaurar e julgar tomada de contas especial e
condenar o responsável a ressarcir ao erário os valores indevidamente percebidos, prevista no artigo 71,
inc. II, da Constituição Federal (MS 25.880).
49.Conclui-se que as decisões proferidas nas ações civis públicas invocadas pelo recorrente não
vinculam este Tribunal.
50.Finaliza-se o exame sob o ponto, com a conclusão de que a conduta irregular do recorrente
encontra-se perfeitamente delimitada nos elementos de prova constantes dos autos e não foram afastadas
pelos fatos novos acrescidos em sede revisional.
Do Dano
51.No que concerne à existência/inexistência do dano, conforme visto, quando da protocolização do
processo de indenização por parte do beneficiário, na data de 2/3/1984, a Portaria 36/DES, de 20/4/1976,
encontrava-se já sem efeito, caducada, eis que decorridos oito anos contados da data de sua expedição,
nos termos do art. 10 do Decreto-Lei 3.365/1941 (peça 1, p. 81/82).
52.Sob esse prisma, de acordo com o Decreto-Lei 3.365/1941, a desapropriação, mediante acordo
administrativo ou processo judicial, teria por prazo máximo o período de cinco anos a contar da
expedição do decreto de utilidade. Portanto, a Portaria 87/DES não poderia mais servir de fundamento ao
procedimento de desapropriação, regulado pelo Decreto-Lei 3.365/1941 e pelo Decreto 512/1969, que
trata especificamente das desapropriações levadas a efeito pelo extinto DNER.
53.Entretanto, no caso em comento, trata-se de desapropriação indireta, esbulho, sem qualquer
registro de declaração de utilidade ou intenção de indenização, no qual não se aplicam as regras do
decreto, mas as disposições do Código Civil de 1916, vigentes à época.
374 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
54.De acordo com o art. 177 do Código Civil de 1916, a desapropriação indireta, quanto à sua
natureza, trata de ação real, prescrevendo, portanto, em vinte anos, o direito da parte prejudicada. Demais
disso, o caput do art. 172 do CC de 1916 não limitava o número de vezes que a prescrição poderia ser
interrompida.
55.Nessa toada, nos idos de 1998, o Superior Tribunal de Justiça – STJ firmou a orientação de que a
ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos (Enunciado STJ 119).
56.No que se refere à ação do prazo prescricional, de forma uníssona, em todos os processos
colacionados aos autos pelos substitutos processuais, os juízos de cognição consideraram que os direitos
dos beneficiários dos processos de indenização não se encontravam corroídos pela ação da prescrição
vintenária prevista no Código Civil.
57.Complementarmente, também consideraram insuficientes as provas de que as estradas
encontravam-se acabadas em período anterior à expedição das portarias de desapropriação, com base
exclusivamente nas informações concedidas pela Controladoria Geral da União. Demais disso,
concluíram que as portarias e a expedição de atos administrativos relacionados ao procedimento da
desapropriação interromperam os efeitos da prescrição.
58.Diante de normas e entendimentos controversos sobre a matéria, instaurou-se, no âmbito desta
Casa, incidente de uniformização de jurisprudência, julgado pelo Acórdão 1180/2010 –TCU – Plenário,
por meio do qual se fixou parâmetros para o julgamento dos casos de pagamento irregular de indenização
por motivo de “desapropriação consensual” de imóveis para construção de rodovias sob a jurisdição do
11º Distrito Rodoviário Federal do antigo DNER, hoje DNIT, localizado em Mato Grosso.
59.Consoante a ementa do julgado, naquela oportunidade decidiu-se que:
Nas tomadas de contas especiais instauradas por força da Decisão 850/2000-TCU-Plenário, a
ocorrência da prescrição vintenária, a teor da Súmula 119 do STJ, tem presunção juris tantum, admitindo-
se prova em contrário por meio de documentação idônea, hipótese em que o ônus recairá sobre os
interessados arrolados nos processos de desapropriação para construção/ampliação de rodovias federais
no Estado de Mato Grosso.
Na hipótese do item anterior, o ex-proprietário responderá pelo débito, solidariamente com os ex-
gestores, apenas se restar comprovado que houve má-fé no procedimento de avaliação do valor do
imóvel, ou em falsidade do título de propriedade ou de qualquer outro documento/comprovante que
suportou o pagamento da indenização.
Nos casos em que tenha ocorrido a prescrição vintenária, tendo o ex-proprietário recebido a
indenização de boa-fé, não cabe a repetição do indébito, em face do que prescreve o art. 882 do Código
Civil, devendo responder pelo débito apenas os agentes públicos que causaram prejuízo ao erário.
Ex-proprietários de terras esbulhadas pela União, em processo de desapropriação indireta, podem
ser indenizados por iniciativa da administração, de ofício ou por provocação de terceiros, desde que
respeitados os comandos constitucionais, os princípios jurídicos cabíveis e as regras aplicáveis.
Caso o direito ao recebimento de indenização se realize por meio de processos administrativos de
desapropriação indireta, e o valor da indenização devida seja consenso entre o ex-proprietário e a
administração, não lhe são aplicáveis as regras da Lei 9.469/1997, que alterou a Lei 8.197/1991, pois não
há litígio e não há a necessidade de renúncia de quaisquer direitos por parte da administração para que se
efetive a indenização.
A emissão de decreto ou de portaria declaratória de utilidade pública interrompe a contagem do
prazo prescricional.
60.Em sintonia com os parâmetros definidos pelo TCU e pelo Poder Judiciário, forçoso reconhecer
que a emissão de portaria reconhecendo a utilidade do imóvel interrompe o escoamento da prescrição
vintenária.
61.A partir de tal conclusão, resta avaliar a contagem do prazo transcorrido para efeito de avaliação
se operou o prazo prescricional a favor da União. Nesse sentido, uma vez que o requerimento com vistas
à indenização restou protocolado em 2/3/1984 (peça 1, p. 81), oito anos após a edição da Portaria 36/DES,
375 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
de 1976, ainda não havia decorrido o período de vinte anos e, portanto, o pagamento da indenização não
se defronta com qualquer óbice temporal, sendo perfeitamente legal.
62.Contudo, o requerimento de desapropriação não se referia corretamente à área que viria a ser
desapropriada, conforme constatações da Secretaria Federal de Controle Interno. Logo, tal documento não
interrompeu o escoamento do prazo prescricional.
63.De toda forma, consta dos autos laudo de avaliação da área desapropriada, subscrito por técnico
do DNER, de 17/7/1995. O laudo demonstra o inequívoco reconhecimento por parte do Estado do direito
à indenização do beneficiário. Desta forma, uma nova interrupção da prescrição ocorreu em 1995, antes
da consumação da prescrição vintenária contada a partir da Portaria 36/DES, de 1976.
64.Assim, a indenização paga ao beneficiário não pode ser considerada ilegal, ainda que pendentes
irregularidades de outra ordem em relação ao procedimento do pagamento efetuado em 20/12/1996, a
exemplo de inconsistências quanto à área a ser desapropriada e a falta do registro de escritura do terreno
desapropriado.
65.À vista disso e pelo conjunto probatório nos autos, sobretudo pelas 42 tomadas de contas
especiais instauradas em razão da auditoria da CGU, conclui-se por deficiências no procedimento da
desapropriação em tela, mas que não maculam ou excluem o direito à indenização por parte do
beneficiário, e, portanto, que não contem o condão de sustentar a imputação de um débito.
66.Afastado o dano, não há que se falar em condenação em débito. E uma vez que se trata de
circunstância objetiva, tal conclusão deve ser estendida aos demais responsáveis.
67.De toda sorte, as irregularidades relatadas mostram-se suficientes a manter o julgamento pela
irregularidade das contas do recorrente e dos demais responsáveis.
68.Ainda, deve-se considerar que as irregularidades relacionadas ao procedimento administrativo da
desapropriação em comento, são graves e demonstram a reprovabilidade da conduta dos agentes, em
especial do recorrente, que subscreveu e autorizou o pagamento de indenização, ainda que o
procedimento administrativo se encontrasse em desacordo com as normas.
69.Todavia, dado o falecimento do sr. Alter Alves Ferraz em momento anterior ao trânsito em
julgado do acórdão condenatório, esta Corte de Contas, por meio do Acórdão 849/2013 - TCU – 1ª
Câmara, tornou insubsistente a multa que lhe fora aplicada consoante se extrai do Acórdão 1323/2007 –
TCU – 1ª Câmara (peça 32).
70.A respeito da multa aplicada aos demais responsáveis, caso a tese do afastamento do débito seja
adotada, o fundamento legal da penalidade aplicada deverá ser alterado do art. 57 para o art. 58, inciso I,
da Lei 8.443/1992.
71.Em conclusão, ainda por consequência do afastamento do débito, deve-se alterar o fundamento
do julgamento das contas de todos os responsáveis arrolados na presente TCE para o art. 16, inciso III,
alínea “b”, da Lei 8.443/1992.
CONCLUSÃO
72.Das análises anteriores, conclui-se que:
a) o Tribunal pode responsabilizar solidariamente aqueles que causarem prejuízo ao erário, sem a
necessidade de demonstrar que atuaram com dolo ou má-fé. Por se tratar de responsabilidade subjetiva,
basta que esteja presente o elemento culpa, existam a ação e o resultado danoso e haja nexo de
causalidade entre os dois últimos.
b) o ordenamento jurídico brasileiro tem por princípio a independência das instâncias, em razão do
qual podem ocorrer condenações simultâneas nas diferentes esferas – cível, criminal e administrativa;
c) o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o ajuizamento de ação civil pública não retira a
competência do Tribunal de Contas da União para instaurar e julgar tomada de contas especial, prevista
na Constituição Federal;
d) a emissão de decreto ou portaria que reconheça o direito inequívoco do credor interrompe o
prazo prescricional, nas ações de desapropriação indireta;
376 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
e) as disposições do Enunciado STJ 116/1998 e o art. 177 do Código de 1916 aplicam-se à matéria
em questão, dada a época dos fatos tratados nos presentes autos;
f) o reconhecimento do direito do credor por parte do estado gera o dever de indenizar e afasta a
tese do débito, porém as irregularidades relacionadas ao procedimento de desapropriação justificam a
irregularidade das contas e a aplicação de multa, apenas alterando-se os fundamentos legais do
julgamento procedido;
g) o falecimento do responsável antes do trânsito em julgado obriga o afastamento da penalidade de
multa aplicada.
73.Com base nessas conclusões, propõe-se o conhecimento do recurso interposto para que lhe seja
concedido provimento parcial, e assim afastado o débito imputado ao recorrente, porém mantendo-se
irregulares suas contas, com fundamento na alínea “b” do inciso III do art. 16 da Lei 8.443/1992.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
74.Ante o exposto, submete-se à consideração superior a presente análise do recurso de revisão
interposto por Alter Alves Ferraz, substituído por seus herdeiros, contra o Acórdão 1323/2007-TCU-1ª
Câmara, propondo-se, com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992 c/c o
art. 288, inciso III, do RI/TCU:
a) conhecer do recurso e, no mérito, conceder-lhe provimento parcial para afastar o débito do
recorrente e dos demais agentes arrolados na presente TCE, mantendo-se o julgamento pela irregularidade
das contas de todos os responsáveis, com supedâneo no art. 16, inciso III, alínea “b” da Lei 8.443/1992, e,
alterando-se, o fundamento da multa do art. 57, para o art. 58, inciso I, da mesma lei;
b) dar conhecimento aos herdeiros do recorrente e aos demais interessados da decisão que vier a ser
prolatada.”
2.O parecer do Ministério Público junto ao TCU – MPTCU (peça 152), acompanhou, em parte, a
proposta da unidade técnica nos seguintes termos:
“Trata-se de Recurso de Revisão interposto pelos herdeiros do Senhor Alter Alves Ferraz em face
do Acórdão n.º 342/2007 – Plenário (peça n.º 10, pp. 4/5), por meio do qual o Tribunal condenou o
aludido responsável ao pagamento do débito de R$ 20.170,40, solidariamente com os Senhores Gilton
Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira e Arthur Henrique Barbosa de Sousa, e aplicou-lhes
multa no valor de R$ 3.000,00, em razão de desapropriação por via administrativa referente a área já
usucapida pela União.
2.Referido decisum foi parcialmente modificado mediante o Acórdão n.º 1.595/2010 – Plenário, o
qual deu provimento parcial apenas ao Recurso manejado pelo Senhor Arthur Henrique Barbosa de
Sousa, para fins de afastar a sua condenação em débito, mantendo-se, no entanto, os demais termos do
acórdão recorrido (peça n.º 10, p. 52). Por sua vez, o Acórdão n.º 248/2013 – Plenário tornou
insubsistente a multa aplicada ao Senhor Alter Alves Ferraz, ante o seu falecimento anterior ao trânsito
em julgado do acórdão condenatório (peça n.º 35).
3.A Serur, em sua derradeira manifestação, considera insubsistente o débito inicialmente apurado
pelo Tribunal, sob o fundamento de que, em sintonia com os parâmetros traçados no acórdão proferido
em sede de Uniformização de Jurisprudência (Acórdão n.º 1.180/2010 – Plenário), a emissão de portaria
reconhecendo a utilidade do imóvel interrompeu o escoamento da prescrição vintenária, o que redundaria
na inexistência de ilegalidade no procedimento de pagamento efetuado em 20/12/1996 e, por conseguinte,
na insubsistência do próprio débito dele decorrente.
4.Nesse sentido, apesar de algumas deficiências nos procedimentos de desapropriação efetivados
pelos agentes do DNER – 11.º Distrito, restaria afastado o dano, razão pela qual a Unidade Instrutiva
propõe o conhecimento do revisional, para fins de lhe dar provimento e afastar a condenação em débito
dos responsáveis, mantendo-se, contudo, a irregularidade das contas e as multas anteriormente aplicadas
(peças n.ºs 149, 150 e 151).
5.Embora concordemos com a análise meritória empreendida pela Serur, entendemos que as
eventuais máculas remanescentes nos procedimentos de desapropriação promovidos pelo extinto
377 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER – 11.º Distrito/MT, além de não terem sido
objeto de chamamento específico dos responsáveis, não ensejaram dano ao erário e nem mesmo
representaram ilegalidade do procedimento em si, motivos pelos quais não se prestam à manutenção do
juízo pela irregularidade destas contas especiais.
6.A propósito, registre-se que em recente julgado da lavra da eminente Ministra Ana Arraes,
tratando de situação de todo semelhante à ora tratada, o Tribunal deu provimento ao Recurso de Revisão
interposto pelo mesmo responsável, Senhor Alter Alves Ferraz (substituído pelos seus herdeiros), para
fins de julgar regulares as contas de todos os responsáveis (Acórdão n.º 536/2016 – Plenário), desfecho
que deve ser também conferido a este processo, dada a identidade do contexto fático.
7.Com essas breves considerações, esta representante do Ministério Público se manifesta em
consonância com a análise de mérito desenvolvida pela Serur, sugerindo, no entanto, o conhecimento do
Recurso de Revisão, para, no mérito, dar-lhe provimento, com o fito de se julgar regulares as contas dos
responsáveis e lhes dar quitação, fazendo-se as comunicações de praxe e arquivando-se o feito.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de recurso de revisão contra o acórdão 342/2007-Plenário, interposto por Alter Alves
Ferraz, substituído por seus herdeiros. A deliberação recorrida julgou irregulares as contas especiais do
recorrente, condenou-o, solidariamente com outros gestores, ao recolhimento de débito e aplicou-lhe
multa pela autorização de pagamento, sem o devido embasamento legal, de indenização relativa a
desapropriação.
2.Reitero o exame preliminar de admissibilidade que conheceu do recurso, sem efeito suspensivo,
na forma do art. 35 da Lei 8.443/1992.
3.No mérito, os recorrentes trouxeram, basicamente, os argumentos de que não houve dolo, má-fé
ou culpa na conduta de Alter Alves Ferraz e de que haveria repercussão, no âmbito desta Corte de Contas,
de decisões da Justiça Federal que abordaram matéria semelhante à tratada nestes autos.
4.Nessa linha, alegou-se que, nos processos de desapropriação que deram base a sua
responsabilização, a participação do recorrente limitou-se a efetuar o pagamento, de acordo com
pareceres da Procuradoria do antigo DNER. Dessa forma, como chefe-substituto do distrito, cabia-lhe
apenas apor sua assinatura na ordem de pagamento, uma vez que, como todo procedimento e as verbas
correspondentes eram efetivamente concebidos e liberados por instâncias superiores, deveria seguir essa
orientação.
5.A Serur contrapôs a essa argumentação que: (i) por se tratar de responsabilidade subjetiva, basta
que esteja presente o elemento culpa, existam a ação e o resultado danoso e haja nexo de causalidade
entre estes dois últimos; (ii) tais elementos estão presentes no caso concreto; e (iii) no ordenamento
jurídico brasileiro, vigora o princípio da independência das instâncias, e o Supremo Tribunal Federal já
decidiu que o ajuizamento de ação civil pública não retira a competência do Tribunal de Contas da União.
6.Todavia, no caso concreto, constatou a instrução técnica que, “em sintonia com os parâmetros
definidos pelo TCU e pelo Poder Judiciário, forçoso reconhecer que a emissão de portaria reconhecendo a
utilidade do imóvel interrompe o escoamento da prescrição vintenária. A partir de tal conclusão, resta
avaliar a contagem do prazo transcorrido para efeito de avaliação se operou o prazo prescricional a favor
da União. Nesse sentido, uma vez que o requerimento com vistas à indenização restou protocolado em
2/3/1984 (peça 1, p. 81), oito anos após a edição da Portaria 36/DES, de 1976, ainda não havia decorrido
o período de vinte anos e, portanto, o pagamento da indenização não se defronta com qualquer óbice
temporal, sendo perfeitamente legal.”
7.Acrescentou a unidade técnica que, “à vista disso e pelo conjunto probatório nos autos, sobretudo
pelas 42 tomadas de contas especiais instauradas em razão da auditoria da CGU, conclui-se por
deficiências no procedimento da desapropriação em tela, mas que não maculam ou excluem o direito à
378 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
indenização por parte do beneficiário, e, portanto, que não contem o condão de sustentar a imputação de
um débito.”
8.Com esse quadro, a conclusão a que chegou a unidade técnica em seu parecer, transcrito
integralmente no relatório que antecedeu este voto, foi pelo conhecimento do recurso de revisão e
provimento parcial para afastar o débito do recorrente e dos demais agentes arrolados na presente TCE,
mantido o julgamento pela irregularidade das contas de todos os responsáveis, com fundamento no art.
16, inciso III, alínea “b” da Lei 8.443/1992, e alterando-se o fundamento da multa do art. 57 para o art.
58, inciso I, da mesma lei.
9.A proposta de manutenção do julgamento pela irregularidade tem como suporte as irregularidades
remanescentes do procedimento administrativo de desapropriação.
10.O Parquet especializado acompanhou o exame de mérito da Serur, propondo, entretanto, o
julgamento das contas pela regularidade, uma vez que as máculas remanescentes nos procedimentos de
desapropriação realizados pelo extinto DNER, “além de não terem sido objeto de chamamento específico
dos responsáveis, não ensejaram dano ao erário e nem mesmo representaram ilegalidade do procedimento
em si, motivos pelos quais não se prestam à manutenção do juízo pela irregularidade destas contas
especiais.”
11.Acompanho o posicionamento do Ministério Público.
12.De fato, a defesa dos responsáveis arrolados nestes autos teve como foco a descaracterização do
dano a eles imputados, uma vez que esse foi o motivo das citações. Não configurado o dano e inexistindo
outras irregularidades de gravidade relevante e que não foram submetidas ao crivo do contraditório, as
presentes contas devam ser julgadas regulares.
13. Lembro que este foi o desfecho que defendi e que foi acolhido pelo Plenário desta Casa ao
apreciar processo que tratou de situação semelhante a destes autos (TC 018.640/2003-3, acórdão
536/2016), envolvendo o mesmo recorrente Alter Alves Ferraz, substituído por seus herdeiros.
14.Por derradeiro, por se tratar de circunstâncias objetivas, o recurso de revisão ora em debate
aproveitará a todos os demais responsáveis arrolados neste processo, nos termos do art. 281 do Regimento
Interno.
Voto, pois, por que o Tribunal adote a deliberação que submeto à sua consideração.
ACÓRDÃO Nº 1234/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 000.538/2003-0.
1.1. Apensos: TC 031.732/2013-5, TC 031.733/2013-1 e TC 031.734/2013-8.
2. Grupo II – Classe I – Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Especial).
3. Recorrente: Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72), substituído por seus herdeiros, Tânia
Borges Ferraz (CPF 345.971.581-20), Ana Maria Borges Ferraz (CPF 356.172.761-15), Carlos Augusto
Borges Ferraz (CPF 593.567.071-20), Ivana Maria Borges Ferraz (CPF 567.881.341-20) e Maria Cristina
Borges Ferraz (CPF 329.047.381-34).
4. Unidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER - 11º Distrito/MT (extinto) /
Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do
Mato Grosso – Dnit/MT.
5. Relatora: Ministra Ana Arraes.
5.1. Relator da deliberação recorrida: ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: subprocuradora-geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos – Serur.
8. Representação legal: Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar (OAB/MT 2.906) e Carlos Roberto
de Aguiar (OAB/MT 5.668).
9. Acórdão:
379 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
VISTO, relatado e discutido este recurso de revisão interposto por Alter Alves Ferraz, substituído
por seus herdeiros, contra o acórdão 342/2007-Plenário, que julgou irregulares as contas especiais do
recorrente, condenou-o, solidariamente com outros gestores, ao recolhimento de débito e aplicou-lhe
multa pela autorização de pagamento, sem o devido embasamento legal, de indenização relativa a
desapropriação.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante
das razões expostas pela relatora e com fundamento nos artigos 1º, inciso I; 16, inciso I; 17; 32, inciso III,
e 35 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão e dar-lhe provimento;
9.2. julgar regulares as contas de Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira, Alter
Alves Ferraz e Arthur Henrique Barbosa de Sousa e dar-lhes quitação plena; e
9.3. remeter cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentaram, aos
herdeiros do recorrente, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit e aos
responsáveis mencionados no subitem anterior.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1234-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 010.900/2013-6
Apensos: TC 033.261/2014-8
TC 025.746/2014-6
TC 024.883/2014-0
TC 019.674/2013-9
TC 017.374/2013-8
Natureza: Embargos de Declaração.
Unidade: Ministério das Cidades.
Embargante: Ministério das Cidades, representado pela Advocacia-Geral da União.
Representação legal: Rafaelo Abritta (OAB/DF 15.200) e outros.
SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROVIMENTO PARCIAL A PEDIDO DE
REEXAME. MANUTENÇÃO DE DETERMINAÇÕES PARA ADOÇÃO DE PROVIDÊNCIAS NO
PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA VERTENTE SUB 50. SUPOSTAS
CONTRADIÇÕES E OMISSÕES. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFEITOS NA
DELIBERAÇÃO EMBARGADA. REJEIÇÃO. CIÊNCIA.
RELATÓRIO
Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Ministério das Cidades, representado pela
Advocacia-Geral da União, contra o acórdão 360/2016-Plenário, que, ao dar provimento apenas parcial a
pedido de reexame interposto em face do acórdão 2.255/2014-Plenário, manteve a quase totalidade das
determinações expedidas ao Ministério das Cidades para adoção de providências relacionadas ao
380 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Programa Minha Casa, Minha Vida, na vertente que atende a famílias com renda mensal de até
R$ 1.600,00 (um mil e seiscentos reais), residentes em municípios com população limitada a 50
(cinquenta) mil habitantes – PMCVM Sub50..
2.A embargante apontou possíveis vícios na deliberação, conforme excerto a seguir reproduzido:
“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
em face do Acórdão n° 360/2016-Plenário, eis que afigura-se presente, nos termos do art. 34 caput
da Lei n° 8.443, de 1992, contradição e omissão, corno adiante se demonstra.
Trata-se da decisão que apreciou o pedido de reexame interposto pela Advocacia-Geral da União
contra o acórdão 2.255/2014-Plenário, o qual tratou de relatório de auditoria de conformidade realizada
no Programa Minha Casa, Minha Vida, na vertente que atende a famílias com renda mensal de até R$
1.600,00, residentes em municípios com população limitada a 50 mil habitantes (PMCMV Sub50).
O recurso pugnou por tornar insubsistentes as determinações dirigidas ao Ministério das Cidades no
item 9.1 e subitens, que contam com a seguinte redação:
9.1. determinar ao Ministério das Cidades, na qualidade de gestor Programa Minha Casa, Minha
Vida, na vertente que atua em municípios que atende a famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00
(um mil e seiscentos reais), residentes em municípios com população limitada a 50 (cinquenta) mil
habitantes, COM fundamento no art. 43, I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, II, do RI/TCU, que, no prazo
máximo de 60 (sessenta) dias:
9.1.1. realize avaliação da atuação das instituições ,financeiras e agentes financeiros já
contratadas para operar no PMCMV Sub50, em especial no que se refere ao acompanhamento da
execução das obras, remetendo a este Tribunal documento no qual conste o método empregado na
avaliação e os resultados obtidos, acompanhado de parecer conclusivo sobre a continuidade da
participação de cada unia das entidades no programa, em consonância, dentre outros, COM o disposto
na Lei 11.977/2009, art. 6°.-B„2' e na Portaria Interministerial 152/2012, item 4.2 do Anexo 1 (achados
3.1 e 3.2);
9.1.2. ao realizar a avaliação de que trata o subitem anterior, leve em consideração a capacidade
técnica e financeira e a regularidade ,fiscal e jurídica de empresas subcontratadas pelas instituições
financeiras e agentes financeiros (achados 3.1 e 3.2);
9.1.3. apresente a este Tribunal plano de ação composto de cronograma de implantação de
medidas destinadas à:
9.1.3.1. verificação da qualidade da execução e da funcionalidade das unidades habitacionais
entregues pelo PMCMV Sub50, por meio da realização de vistorias em amostra estatisticamente
representativa, devendo, preferencialmente, ser prevista a realização de inspeção em 100% das moradias
construídas por empresas com vínculos com a .RCA Assessoria em Controle de Obras e Serviços (CNPJ
07.677.868/0001- 70) - (achado 3.4);
9.1.3.2. adoção de providências efetivas para corrigir, no que se refere às obras construídas e em
andamento, as falhas apontadas 17O relatório de .fiscalização 614/2013, detalhadas no anexo 1 do
citado relatório (consolidação das auditorias executadas com foco na qualidade das moradias entregues
pelo PMCMV Sub50 — TC 017.374/2013-8) — (achado 3.4);
9.1.3.3. regularização da situação fundiária das unidades habitacionais entregues ou a entregar na
.1’ e 2' ofertas públicas do .PMCMV Sub50, mediante procedimentos que assegurem aos beneficiários o
recebimento de título de propriedade ou instrumento de legitimação de posse juridicamente válidos, em
consonância com as disposições legais, ente elas o art. 59 da Lei 11.977/2009; (achado 3.5);
9.1.4. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 15 (quinze) dias, relativamente às falhas estruturais
verificadas nas unidades habitacionais construídas no município de Irará/BA (TC 019.674/2013-9,
apensado a este processo), comprovação da implementação das medidas corretivas mencionadas na
Nota Técnica 1058/20 .13/DHAB/SNH/MCIDADES e Ofício 34/2014/AECl/GM/MCIDADES) — (achado
3.4):
9.1.5. divulgue e mantenha atualizadas, em página da internei, em consonância com os artigos 7° e
8° da Lei 12.527/2011, informações relativas à execução do PIVICMV Sub50, com detalhamento sobre
381 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
as obras, contendo no mínimo: município e unidade da federação, número de unidades habitacionais,
empresa contratada para execução da obra, responsável técnico, valor do contrato, instituição
.financeira ou agente .financeiro do Sistema Financeiro de Habitação responsável e empresa
terceirizada atuante (achado 3.4)
A Secretaria de Recursos (Serur) exarou manifestação propondo tornar insubsistentes os subitens
9.1.2, 9.1.3.1, 9.1.3.2 e 9.1.3.3, por falta de fundamento jurídico. Foi registrada divergência pontual do
titular da unidade técnica, que entendeu haver obrigação implícita do Ministério das Cidades em relação
ao item 9.1.3.1.
Na sequência, a Exma. Ministra Relatora solicitou a manifestação do MP/TCU acerca dos aspectos
jurídicos da matéria, com destaque para: a interpretação da Lei 11.977/2009 feita pelo TCU para expedir
as determinações questionadas; a hipossuficiência dos beneficiários do programa; e a forma como o
PMCMV Sub50 foi inserido na citada lei, visto que não constava da Medida Provisória 459/2009, editada
pelo Poder Executivo.
O MP/TCU, por sua vez, manifestou-se no sentido de que ‘escapa à competência da Corte de
Contas a emissão das determinações questionadas pela recorrente. A abordagem a ser conferida em
situações como as investigadas nestes autos deve se limitar à expedição de recomendações, quando
verificadas oportunidades de melhoria de desempenho — como é o caso dos autos — nos exatos termos
do art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU’.
O Parecer do MP/TCU consignou que:
Ao optar por expedir as determinações recorridas, o TCU atuou como legislador positivo, criando
obrigações não previstas em lei e acarretando maiores custos financeiros ao destinatário dos comandos,
opção que, a meu ver, não encontra respaldo nas atribuições constitucionais e legais da Corte de Contas.
Entendo assistir razão à recorrente quando aduz que, em situações como a versada no presente
processo, e partindo da premissa de omissão regulamentar que deveria ser emitida pela Administração,
o TCU não deve determinar como essa mesma Administração deverá proceder. Ou seja, atuar corno
produtor normativo, uma vez identificadas lacunas que deveriam ser colmatadas.
Mostra-se, assim, adequada a reforma parcial da decisão recorrida, no intuito de alterar para
‘recomendação’ as providências alvitradas pelo TCU para aperfeiçoamento da gestão sobre o PMCMV
Sub50. Deve ser ressaltada que a própria recorrente já se mostra receptiva a esse tipo de intervenção
pedagógica, ao assinalar em seu recurso que: ‘O Ministério das Cidades entende que não há a referida
omissão, e que a regulamentação existente é a que se adequa à execução do Programa, sem prejuízo de
aperfeiçoamento dessa disciplina a partir das considerações do TCU.’ (Grifei). E, ao finalizar sua peça
recursal, admite, corno pedido alternativo, seja reformada a decisão para alinhar a decisão do TCU às
premissas constantes do Acórdão n° 525/2014, que resultaram em recomendações na execução de outras
modalidades do Programa Minha Casa Minha Vida (cf. peça 71, pág. 11) (Grifo nosso).
Destaque para o que expressou o ilustre Procurador Lucas Rocha Furtado nas seguintes assertivas:
‘Entendo assistir razão à recorrente quando aduz que, em situações como a versada no presente
processo (...) o TCU não deve determinar como essa mesma Administração deverá proceder’ e ‘Mostra-
se, assim, adequada a reforma parcial da decisão recorrida, no intuito de alterar para ‘recomendação’
as providências alvitradas pelo TCU para aperfeiçoamento da gestão sobre o PMCMV Sub50. Deve ser
ressaltada que a própria recorrente já se mostra receptiva a esse tipo de intervenção pedagógica’.
O parquet asseverou que: a) no caso, corno é o dos autos, o TCU não deve determinar como a
Administração deve proceder; b) mostra-se adequada a reforma parcial da decisão no sentido de alterar
para ‘recomendação’ as providências alvitradas pelo TCU para aperfeiçoamento da gestão sobre o
PMCMV Sub50; e c) a recorrente já se mostra receptiva a esse tipo de intervenção pedagógica.
Deflui do Parecer que no caso dos autos o TCU não deve expedir Determinações à Administração,
porém, é adequada; é cabível e aceitável, do ponto de vista da Administração; que as Determinações que
foram expedidas sejam alteradas para Recomendações. Em outras palavras, o TCU não pode criar um
comando para gestão da Administração, mas pode sugerir, recomendar, que a Administração proceda da
forma que o TCU vislumbra ser melhor.
382 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Contudo, surge a primeira contradição em termos no v. Voto, quando há referência ao Parecer em
destaque, pois, no item III.1 1 do Voto foi consignado pela Exma. Min. Relatora que ‘o Parquet
considerou incabível simplesmente tornar insubsistentes os itens recorridos sob o argumento de que as
determinações do Tribunal não encontrariam ressonância no ordenamento jurídico. Em nenhum
momento o MP/TCU fez tal ilação. Pelo contrário, a manifestação foi lavrada no sentido de que assiste
‘razão à recorrente quando aduz que, em situações como a versada no presente processo, e partindo da
premissa de omissão regulamentar que deveria ser emitida pela Administração, o TCU não deve
determinar como essa mesma Administração deverá proceder’.
Há, sim, a possibilidade jurídica de simplesmente tornar insubsistentes os itens recorridos. Aliás, tal
viés – segundo decorre da fundamentação do Ministério Público e da Serur – coaduna-se mais com a
legitimação atribuída ao Egrégio TCU do que deixar permanecer no mundo jurídico os comandos
positivos que foram criados com as Determinações recorridas.
Em outra passagem, o Parecer reforça o entendimento de que a orientação do TCU é viável nos
autos ‘desde que sejam direcionadas ao Ministério das Cidades a título de recomendação’ (negrito no
original!). Assim, a peça jurídica é finalizada com a conclusão que sugere nova redação para o acórdão
recorrido, no qual constam apenas Recomendações, e nenhuma Determinação.
O v. Voto, porém, embora não tenha esvaziado o conteúdo jurídico fundamentado no Parecer do
MP/TCU e na Instrução da Unidade Técnica, é concluído nos itens 54 a 56 com redação que caminha no
sentido contrário ao proposto pelo parquet e pela Serur:
54. Ante todo o exposto, acolho parcialmente o pedido de reexame interposto pela Advocacia-Geral
da União para proceder a alteração pontual no item 9.1 e tornar insubsistente o subitem 9.1.3.3 do
acórdão 2.255/2014-Plenário.
55. No primeiro caso, ante a complexidade e extensão das ações exigidas, o prazo de 60 dias para
cumprimento ficaria estendido para 120 dias.
56. Em relação ao subitem 9.1.3.3, em substituição à determinação anteriormente exarada, acolho
a proposta do MPTCU e proponho recomendar ao Ministério das Cidades que oriente Estados e
Municípios quanto às providências a cargo desses entes a serem adotadas para efetivar a regularização
da situação fundiária das unidades habitacionais entregues ou a entregar na 1 a e 2’ ofertas públicas do
PMCMV Sub50, nos termos da Lei 11.977/2009, além da adoção de mecanismos para monitoramento
das medidas adotadas.
Assim, VOTO por que o Tribunal adote a minuta de acórdão que trago à deliberação deste
colegiado.
Assim procedendo, a decisão eivou-se de contradição na fundamentação em que se baseou, bem
como em omissão quanto à analise relativa à ausência de competência do TCU para expedir
Determinações em casos como o dos autos.
Com todo o respeito, o v. Voto, caso não acolhesse a opinião técnico-jurídica da Serur e a arguição
do MP afeta à incompetência institucional para o TCU atuar como legislador positivo no caso, os
argumentos postos na instrução deveriam ser criticados, o que não ocorreu.
Desse modo, requer-se o acolhimento dos presentes embargos para que a decisão seja alinhada com
a instrução técnica e o parecer jurídico: i) tornando insubsistentes os subitens 9.1.2, 9.1.3.1 e 9.1.3.2; e ii)
adequando a redação dos demais comandos dirigidos ao Ministério das Cidades, com a alteração do
imperativo ‘determinar’ para ‘recomendar’.”
É o relatório.
VOTO
Presentes os requisitos de admissibilidade do art. 34 da Lei 8.443/1992, bem como do art. 287 do
Regimento Interno, os embargos de declaração opostos pelo Ministério das Cidades, representado pela
Advocacia-Geral da União, contra o acórdão 360/2016-Plenário, devem ser conhecidos.
383 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
2.A deliberação embargada, ao dar provimento apenas parcial a pedido de reexame interposto em
face do acórdão 2.255/2014-Plenário, manteve a quase totalidade das determinações expedidas ao
Ministério das Cidades para adoção de providências relacionadas ao Programa Minha Casa, Minha Vida,
na vertente que atende a famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00 (um mil e seiscentos reais),
residentes em municípios com população limitada a 50 (cinquenta) mil habitantes – PMCVM Sub50.
3.As falhas arguidas pela embargante dizem respeito, essencialmente, a supostas contradições entre
a decisão recorrida e os pareceres que a precederam, exarados pelo Ministério Público junto ao TCU e
pela Secretaria de Recursos. Com destaque, a recorrente sustentou a necessidade de adoção das
conclusões postas no parecer do MPTCU, que opinou pela conversão em recomendações das
determinações expedidas pelo acórdão 2.255/2014-Plenário.
4.Essa constatação, de pronto, levaria à rejeição do recurso, posto que a contradição passível de
embargos é aquela contida na deliberação atacada. Não há contradição a ser sanada por
meio de embargos de declaração em eventual divergência entre o disposto nas análises efetuadas pela
unidade técnica ou pelo Ministério Público – transcritas no relatório – e o voto apresentado pelo relator,
porquanto tais manifestações não vinculam o relator do processo.
5.Além de inviável a retomada da discussão de mérito por meio dos embargos declaratórios, a
exemplo do que restou decidido na etapa precedente, nessa fase processual não há elementos que
conduzam à insubsistência das determinações proferidas pelo acórdão 360/2016-Plenário. A discordância
da proposta do MPTCU de converter as exigências em recomendações foi extensamente registrada no
voto e, para afastar quaisquer contestações, é pertinente a transcrição de trechos selecionados, com o
acréscimo dos destaques agora necessários:
14.De início, é necessário notar que as determinações prolatadas pelo TCU não abrangem
indicações voltadas à simples melhoria das ações governamentais, comumente associadas à função
pedagógica do TCU, típicas das auditorias de natureza operacional. São, de outra forma, medidas
imperativas para alcance dos objetivos do programa, para efetividade dos gastos governamentais e
para proteção dos valores públicos geridos.
(...)
19.Destarte, conquanto seja inconteste que o Tribunal não deve substituir o gestor no exercício das
funções atribuídas a este último, nota-se que, no acórdão 2.255/2014-Plenário, o TCU determinou a
adoção de medidas de caráter amplo, perfeitamente enquadradas nas competências da unidade
jurisdicionada e que, no nível operacional, deverão ser delineadas pelo próprio MCidades.
(...)
36.De igual forma, o item 9.1.3 e os subitens 9.1.3.1 e 9.1.3.2 abrangem determinações que
demandam ações alinhadas à competência do MCidades, exaradas no exercício estrito da função
fiscalizatória do TCU. (...)
41.Neste aspecto, a deliberação do Tribunal deve ser mantida, porquanto, ao exigir a formulação
de plano de trabalho nos termos propostos, induz à efetividade da política pública e preserva a
competência da unidade jurisdicionada de modelar as ações a serem implementadas.
6.Ficam evidentes, portanto, os fundamentos expressos para sustentar, de um lado, a competência
do TCU para expedir as determinações e, de outro lado, o dever do Ministério das Cidades de cumpri-las.
7.A embargante também rebateu trecho do voto que aduziu que “O Parquet considerou incabível
simplesmente tornar insubsistentes os itens recorridos sob o argumento de que as determinações do
Tribunal não encontrariam ressonância no ordenamento jurídico.”. Alegou que “Em nenhum momento o
MP/TCU fez tal ilação.”.
8.Para demonstrar a improcedência da contestação, sem necessidade de qualquer esforço
argumentativo, basta reproduzir, ipsis litteris, trecho do parecer do MPTCU transcrito no relatório que
subsidiou a prolação do acórdão 360/2016-Plenário:
384 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
“Incabível, assim, simplesmente tornar insubsistentes os itens recorridos, como pretende a
recorrente em seu pedido principal, sob o argumento de que as exortações do Tribunal não encontrariam
ressonância no ordenamento jurídico.”
9.Ante o exposto, são improcedentes as contradições e omissões suscitadas e, portanto, é forçoso
concluir que não há qualquer defeito na deliberação recorrida que justifique o provimento dos embargos
de declaração.
Assim, ao manter na íntegra o acórdão 360/2016-Plenário, VOTO por que o Tribunal adote o
acórdão que submeto à consideração deste colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1235/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 010.900/2013-6.
1.1. Apensos: TC 033.261/2014-8, TC 025.746/2014-6, TC 024.883/2014-0, TC 019.674/2013-9 e
TC 017.374/2013-8.
2. Grupo II – Classe I – Embargos de Declaração.
3. Embargante: Ministério das Cidades, representado pela Advocacia-Geral da União.
4. Unidade: Ministério das Cidades.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
5.1. Relatora da deliberação recorrida: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Representação legal: Rafaelo Abritta (OAB/DF 15.200) e outros.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes embargos de declaração opostos pelo Ministério das Cidades,
representado pela Advocacia-Geral da União, contra o acórdão 360/2016-Plenário.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pela relatora e com fulcro nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração e rejeitá-los;
9.2. dar ciência desta deliberação à Advocacia-Geral da União e ao Ministério das Cidades.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1235-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE I – PLENÁRIO
TC 013.269/2005-3
Apensos: TC 011.315/2014-8
TC 011.316/2014-4
TC 011.317/2014-0
Natureza: Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Especial).
Unidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER - 11º Distrito/MT (EXTINTO)
/ Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do
385 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Mato Grosso.
Recorrente: Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72), substituído por seus herdeiros, Tânia Borges
Ferraz (CPF 345.971.581-20), Ana Maria Borges Ferraz (CPF 356.172.761-15), Carlos Augusto Borges
Ferraz (CPF 593.567.071-20), Ivana Maria Borges Ferraz (CPF 567.881.341-20) e Maria Cristina Borges
Ferraz (CPF 329.047.381-34).
Representação legal: Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar (OAB/MT 2.906) e Carlos Roberto de
Aguiar (OAB/MT 5.668).
SUMÁRIO: RECURSO DE REVISÃO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL PROCEDÊNCIA
DOS ARGUMENTOS RECURSAIS. PROVIMENTO. CONTAS REGULARES. QUITAÇÃO PLENA.
RELATÓRIO
Inicio este relatório com a instrução uniforme realizada na Secretaria de Recursos – Serur (peças
131-133):
“INTRODUÇÃO
“Trata-se de recurso de revisão contra o Acórdão 2099/2007-TCU-1ª Câmara (peça 2, p. 169-170),
interposto por Alter Alves Ferraz, substituído por seus herdeiros (peça 124). A deliberação recorrida
apresenta o seguinte teor:
9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “c”, 19, caput, da Lei nº
8.443/1992, julgar irregulares as presentes contas e condenar solidariamente os Srs. Gilton Andrade
Santos, Francisco Campos de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Francisco Rodrigues da Silva ao pagamento
da importância de R$ 54.116,37 (cinquenta e quatro mil, cento e dezesseis reais e trinta e sete centavos),
atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir da data de 23/1/1997 até a
efetiva quitação do débito, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que
comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – Dnit, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno
do TCU;
9.2. aplicar, individualmente, ao Srs. Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira, Alter
Alves Ferraz e Francisco Rodrigues da Silva a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992, no valor de
R$ 2.000,00 (dois mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que
comprovem, perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do
TCU, o recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia
seguinte ao término do prazo estabelecido, até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em
vigor;
9.3. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendida a notificação;
9.4. remeter cópia desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado do Mato Grosso, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei Orgânica do
TCU, para a adoção das providências cabíveis.
HISTÓRICO
2.Trata-se de tomada de contas especial instaurada no âmbito do Ministério dos Transportes, em
cumprimento à Decisão 850/2000 -TCU-Plenário, referente a relatório de auditoria realizada na 11ª
Unidade de Infraestrutura Terrestre do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - 11ª
Unit/Dnit, com a finalidade, entre outras, de verificar a legalidade, legitimidade e economicidade nos
processos de desapropriação consensual de imóveis para fins rodoviários, nos exercícios de 1995 a 2000,
efetuados pelo então 11º Distrito Rodoviário Federal em Mato Grosso - 11º DRF/MT.
3.No Relatório de Auditoria Especial 72398, elaborado pela Secretaria Federal de Controle Interno -
SFC, em 27/6/2001 (peça 1, p. 25-74), referente à fiscalização determinada pelo TCU, consta o
pagamento de desapropriação referente ao processo 51210.000056/93-9, de interesse da empresa Indústria
386 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Gráfica São José Ltda., representada por Francisco Rodrigues da Silva, no valor de R$ 54.116,37, relativo
à ordem bancária 97OB00060, de 23/1/1997 (ibidem, p. 76).
4.O Relatório do Tomador das Contas (ibidem, p. 198-204), responsabilizou Gilton Andrade Santos,
ex-Procurador-Chefe do 11º DPR, por falhas graves na instrução processual, Francisco Campos de
Oliveira, ex-chefe do 11º DPR, pela autorização de pagamento sem o devido embasamento legal, e Alter
Alves Ferraz, ex-Chefe-Substituto do 11º DRF, pela assinatura da referida ordem bancária.
5.Por meio do Acórdão 2099/2007-TCU-1ª Câmara, o Tribunal julgou irregulares as presentes
contas, com aplicação de débito solidário e multa aos responsáveis indicados pela SFC, por não terem
conseguido elidir as seguintes irregularidades, descritas no Relatório de Auditoria Especial 72398 e no
Relatório do Tomador de Contas, já mencionados:
a)pagamento administrativo de indenização a título de desapropriação consensual, no valor de
R$ 54.116,37, sem o devido embasamento legal;
b)inconsistência de materialidade no tocante ao imóvel desapropriado;
c)inconsistência de documento de identidade e assinatura constante de requerimento de
desapropriação;
d)ausência de instrumentos de procuração;
e)participação de advogado como procurador, sem mandato, e corretor/avaliador do imóvel em
questão;
f)identificação de pessoa inabilitada como beneficiária em ordem bancária;
g)recebimento da ordem bancária por procurador sem mandato;
h)ausência de registro imobiliário da área desapropriada.
6.Em seguida, em sede de recurso de reconsideração, o Tribunal deliberou, por meio do Acórdão
9529/2011-1ª Câmara, excluir a responsabilidade de Francisco Rodrigues da Silva, porque a procuração
da favorecida lhe foi outorgada em 29/1/1997, antes da emissão, em 23/1/1997 (peça 1, p. 76), mas depois
do efetivo pagamento da ordem bancária, em 30/1/1997 (peça 6, p. 17), de modo que possuía mandato
válido para receber o valor em questão.
7.Tendo em vista o falecimento de Alter Alves Ferraz antes do trânsito em julgado do acórdão
condenatório, foi tornada insubsistente, por meio do Acórdão 3583/2013-1ª Câmara (p. 44), a multa que
lhe fora aplicada.
8.Finalmente, seus herdeiros interpuseram recurso de revisão (peça 124), que é objeto do presente
exame.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
9.Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peças 127 e 128), acolhido por despacho da
Exma. Relatora, Ministra Ana Arraes, que conheceu do recurso, sem efeito suspensivo (peça 130).
EXAME TÉCNICO
10.Delimitação
10.1.O presente recurso tem por objeto examinar:
a)a existência de dolo, má-fé ou culpa na conduta de Alter Alves Ferraz;
b)a possível repercussão de decisões da Justiça Federal a respeito da matéria dos presentes autos.
11.A existência de dolo, má-fé ou culpa na conduta de Alter Alves Ferraz
11.1.Alega Alter Alves Ferraz, por meio de seus substitutos, que:
a)como chefe substituto do distrito, cabia-lhe apenas apor a sua assinatura na ordem de pagamento,
uma vez que todo o procedimento tinha despacho favorável do Procurador-Chefe do 11º Distrito e a verba
era efetivamente liberada pela Diretoria e pela Procuradoria-Geral do DNER;
b) em nenhum momento praticou qualquer ato cingido de culpa, dolo ou má-fé, tendo agido no
estrito cumprimento do dever funcional;
c)em 1996, o 11º DRF/DNER/MT apresentou o Programa Anual de Desapropriações - PAD, que
foi aprovado pela Procuradoria-Geral e pela Diretoria-Geral do DNER, incluindo o pagamento ora
questionado;
387 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
d) os pagamentos eram selecionados pela Procuradoria-Geral, autorizados pela Diretoria-Geral e
pagos pelos Distritos Estaduais do DNER, não cabendo a estes questionar a sua destinação;
e)nos processos desapropriatórios consensuais, a participação do recorrente se limitou a efetuar o
pagamento, de acordo com os pareceres emanados pelo Procurador-Chefe Distrital, Gilton Andrade
Santos, após apreciação da Procuradoria-Geral do DNER.
11.2.Análise:
11.3.No que tange aos argumentos suscitados pelo recorrente, cabe destacar que todos aqueles que,
de alguma forma, contribuem para a ocorrência de dano devem ser considerados responsáveis, quando,
sem sua ação, o resultado não aconteceria. No que diz respeito à responsabilidade solidária, deve-se
considerar a legislação de forma combinada.
11.4.O Código Civil prevê que:
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
11.5.A seu turno, a Lei 8.443/1992 estabelece que:
Art. 16. As contas serão julgadas:
(...)
III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes ocorrências:
(...)
c) dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ao antieconômico;
d) desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos.
§ 2° Nas hipóteses do inciso III, alíneas c e d deste artigo, o Tribunal, ao julgar irregulares as
contas, fixará a responsabilidade solidária:
a) do agente público que praticou o ato irregular, e
b) do terceiro que, como contratante ou parte interessada na prática do mesmo ato, de qualquer
modo haja concorrido para o cometimento do dano apurado. (Grifou-se).
11.6.Assim sendo, o Tribunal pode responsabilizar solidariamente aqueles que causarem prejuízo ao
Erário, sem a necessidade de demonstrar que atuaram com dolo ou má-fé, ao contrário do que apregoa o
recorrente. Por se tratar de responsabilidade subjetiva, basta que esteja presente o elemento culpa, existam
a ação e o resultado danoso e haja nexo de causalidade entre os dois últimos.
11.7.Independentemente da participação de outros agentes, cabe observar que o desembolso não
teria ocorrido sem a participação do recorrente, que emitiu e assinou, como substituto, a ordem bancária
para pagamento da indenização indevida (peça 1, p. 76), estando assim plenamente caracterizada sua
culpa por esse ato.
11.8.Além disso, é fundamental destacar o caráter reiterado da sua conduta, como bem observado
pelo Exmo. Ministro Relator do Acórdão 343/2007 - Plenário no respectivo voto condutor:
30. (...) Embora o Sr. Alter Alves Ferraz tenha emitido Ordem Bancária como substituto do Chefe
do Distrito, verifico que essa conduta demonstra-se decisiva para a consumação do dano ao erário e
representa procedimento reiterado em procedimentos da mesma natureza, ora sob apreciação em outros
feitos da minha relatoria, o que afasta o alegado caráter circunstancial do ato. (...)
11.9.Finalmente, é importante destacar que houve irregularidade grave no ato de pagamento,
mesmo considerado isoladamente, pois não consta dos autos procuração da Indústria Gráfica São José
dando poderes para que a favorecida Rosina Kuhmem Sereia o recebesse. Ainda que ela também fosse
porventura dona da gráfica, é oportuno lembrar que a pessoa jurídica não se confunde com a pessoa física
de seu proprietário. Assim, o pagamento que lhe foi efetuado não desobrigou a União em relação à
Gráfica São José, o que agrava a culpabilidade do recorrente.
12.A possível repercussão de decisões da Justiça Federal a respeito da matéria dos presentes
autos
12.1.O recorrente relaciona e anexa aos autos cópias de deliberações de 16 processos judiciais em
que a Justiça Federal teria julgado improcedentes ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo
Ministério Público Federal que tiveram por objeto desapropriações consensuais de imóveis para a
passagem de rodovias federais em Mato Grosso (peça 124, p. 4-5), como no caso em exame, todas tendo
388 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
como partes Francisco Campos de Oliveira (ex-Chefe e ordenador de despesas do 11º DRF/DNER/MT) e
Gilton Andrade Santos (ex-Procurador-Chefe do 11º DRF/DNER) – ou seus espólios – e outros.
12.2.Análise:
12.3.Dos processos mencionados, os seguintes ainda se encontram em tramitação no Tribunal
Regional Federal da 1ª Região ou no Superior Tribunal de Justiça, nesta data, sem contar, portanto, com
deliberação definitiva (a referência é pelo “número único de processo” adotado pela Justiça Federal e as
páginas são da peça 124):
1)0007921-02.2006.4.01.3600 (p. 150-154 e 160-165);
2)0008207-77.2006.4.01.3600 (p. 155-159 e 166-170);
3)0008209-47.2006.4.01.3600 (cópia não fornecida);
4)0008261-43.2006.4.01.3600 (p. 171-175);
5)0008890-12.2009.4.01.3600 (p. 176-194);
6)0014056-25.2009.4.01.3600 (p. 195-204);
7)0002716-13.2011.4.01.3601 (p. 27-39);
8)0003078-15.2011.4.01.3601 (p. 44-56);
9)0003678-36.2011.4.01.3601 (p. 68-79).
12.4.O processo 0001089-60.2000.4.01.3600, com semelhante objeto, mas não mencionado pelo
recorrente, encontra-se em tramitação no STJ, nesta data.
12.5.Os processos a seguir transitaram em julgado em Varas Federais - VF de Mato Grosso:
1)0003161-49.2002.4.01.3600 (5ª VF, p. 57-67);
2)0007917-62.2006.4.01.3600 (2ª VF, p. 106-107);
3)0003058-94.2006.4.01.3602 (VF de Rondonópolis, p. 40-43);
4)0003795-69.2007.4.01.3600 (5ª VF, p. 80-85).
12.6.Finalmente, os seguintes processos transitaram em julgado no TRF1:
1)0007032-19.2004.4.01.3600 (p. 86-105);
2)0007919-32.2006.4.01.3600 (p. 108-124);
3)0007920-17.2006.4.01.3600 (p. 125-149).
12.7.Embora as deliberações havidas até agora em todos os processos acima mencionados de fato
tenham sido pelo não provimento das ações de improbidade administrativa propostas pelo MPF, convém
restringir a análise apenas àquelas que já transitaram em julgado, as quais, pela certeza e estabilidade, são
as únicas que poderiam ter impacto sobre a deliberação do TCU ora questionada.
12.8.Isso posto, destaque-se que, dos sete processos com julgamento definitivo acima, o recorrente
Alter Alves Ferraz foi parte apenas no 0003161-49.2002.4.01.3600, apreciado pela 5ª Vara Federal de
Mato Grosso.
12.9.O recorrente não trouxe aos autos o dispositivo da deliberação da 2ª Vara Federal de Mato
Grosso no processo 0007917-62.2006.4.01.3600.
12.10.No processo 0007919-32.2006.4.01.3600, o TRF1 considerou inexistente o dano ao Erário,
por não haver prova da supervalorização do imóvel expropriado. Entendeu também não configurada má-
fé, dolo ou culpa dos réus, mas somente com base nos argumentos genéricos de que “conquanto tenham
sido verificadas falhas procedimentais, os apelados não agiram com o propósito de burlar a lei ou
prejudicar a Administração, sendo certo que para se configurar ato de improbidade administrativa se deve
ter presente o dolo ou a má-fé, o que não ficou evidenciado nos autos” e de que a “realização da
desapropriação consensual (...) não resultou em enriquecimento indevido ou ilícito dos ora apelados” (p.
122-123). Ocorre que o dano ao Erário apontado nos presentes autos não decorreu de supervalorização do
imóvel expropriado e as afirmações genéricas daquela Corte de Justiça sobre outros gestores do DNER
não são suficientes para afastar a possível culpa do recorrente por essa irregularidade.
12.11.Nos processos 0003058-94.2006.4.01.3602 e 0003161-49.2002.4.01.3600 (o único em que o
recorrente foi parte) o fundamento determinante da deliberação também foi a inexistência de dolo ou má-
fé da parte dos réus, como expresso no seguinte trecho da deliberação do segundo processo, que trata de
área localizada à margem da BR-364 (p. 65):
389 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(...) em relação às condutas imputadas aos requeridos FRANCISCO CAMPOS DE OLIVEIRA,
ALTER ALVES FERRAZ e GILTON ANDRADE SANTOS, não demonstrou o MPF nem a má fé, nem
a ocorrência de dolo por parte dos mesmos, com o objetivo de causar prejuízo ao Erário ou mesmo
beneficiar terceiros, elemento necessário para a tipificação de suas condutas nas figuras descritas nos
artigos 10, I e XII e art. 11 da Lei 8.429/92.
12.12.Ora, tal conclusão não tem qualquer influência no julgamento do presente processo, eis que,
como visto acima, não necessita o Tribunal demonstrar que o recorrente atuou com dolo ou má-fé para
poder responsabilizá-lo solidariamente por dano ao Erário, bastando que esteja presente o elemento culpa.
12.13.Todavia, no processo 3161-49, o ilustre magistrado entendeu ainda que (p. 64 e 66):
Sustenta o autor [o MPF] que quando o pedido de indenização já constava a figura da prescrição
(sic). Afirma que a ocupação não se deu em 01/02/1974, mas na década de 50 e 60, sendo que o prazo
vintenário começa a fluir da data da indevida ocupação do imóvel.
Entretanto, não se acolhe tal pedido.
Utilizando do Relatório de Auditoria realizado no 11º Distrito Rodoviário Federal, em que pese não
identificado no processo administrativo 51210.000.687-93; a desapropriação foi efetivada com base na
Portaria 005/DES, de 01/02/1974 (fls. 42). Conforme entendimento jurisprudencial do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, o prazo prescricional para a propositura da ação de desapropriação indireta é de 20
(vinte) anos, sendo certo que procedimento administrativo instaurado perante o órgão expropriante
interrompe referido prazo.
(...)
Da mesma forma não restou demonstrada a ocorrência de dano ao Erário, tendo em vista que, em
que pese tenha o MPF alegado excesso de valorização da terra expropriada, não informou qual seria o
valor correto da indenização, de modo que também essa imputação não pode ser atribuída aos requeridos
FRANCISCO CAMPOS DE OLIVEIRA, ALTER ALVES FERRAZ e GILTON ANDRADE SANTOS.
12.14.Também nos processos 0003795-69.2007.4.01.3600 (BR-364) e 0007032-19.2004.4.01.3600
(BR-070), a Justiça Federal de 1ª instância e o TRF1 (no segundo caso) entenderam insuficientes (“mera
alegação”) as provas da implantação das rodovias na década de 1950 apresentadas pelo MPF. Por isso,
entenderam que o termo inicial da prescrição vintenária seria o ato de declaração de utilidade pública dos
terrenos considerados, editado em 1974. Como, em ambos os casos, os pedidos de indenização tinham
sido protocolizados em 1992, o prazo vintenário não teria sido ultrapassado, validando os pagamentos
efetuados.
12.15.Essa tese será objeto de maiores considerações em momento posterior desta instrução.
12.16.Neste ponto, cumpre lembrar que no ordenamento jurídico brasileiro vigora o princípio da
independência das instâncias, em razão do qual podem ocorrer condenações simultâneas nas diferentes
esferas – cível, criminal e administrativa. Segundo o artigo 12 da própria Lei 8.429/1992, que dispõe
sobre a Ação Civil Pública, o responsável pelo ato de improbidade está sujeito às cominações ali previstas
“independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas na legislação específica”. A
condenação no âmbito do Poder Judiciário obedece a requisitos diversos dos necessários para a
condenação do TCU, cujo fundamento é consectário do inarredável dogma republicano da prestação de
contas, segundo o qual todos os gestores têm de comprovar a lisura de sua administração.
12.17.Ademais, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o ajuizamento de ação civil pública não
retira a competência do Tribunal de Contas da União para instaurar e julgar tomada de contas especial,
prevista no artigo 71, inc. II, da Constituição Federal.
12.18.Por exemplo, em excerto do voto proferido pelo e. Ministro Eros Grau, no julgamento do
Mandado de Segurança 25.880, em que a impetrante pretendia invalidar acórdão desta Corte que a
condenara em débito, sob o argumento de que a tomada de contas especial versava sobre os mesmos fatos
tratados em ação civil pública, o Pretório Excelso preceituou que:
1. A competência do Tribunal de Contas da União para julgar contas abrange todos quantos derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário, devendo ser aplicadas aos
responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei,
390 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
lei que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado aos cofres públicos
[art. 71, II, da CB/88 e art. 5º, II e VIII, da Lei n. 8.443/92].
(...)
4. O ajuizamento de ação civil pública não retira a competência do Tribunal de Contas da União
para instaurar a tomada de contas especial e condenar o responsável a ressarcir ao erário os valores
indevidamente percebidos. Independência entre as instâncias civil, administrativa e penal.
(...)
12.19.Conclui-se que as decisões proferidas nas ações civis públicas invocadas pelo recorrente não
vinculam este Tribunal, de modo que não obstam a que seja mantido o débito que lhe foi imposto.
Entretanto, é preciso analisar se tal condenação se sustenta, no caso concreto.
12.20.Vale lembrar que o Tribunal, por meio de incidente de uniformização de jurisprudência
julgado pelo Acórdão 1180/2010-Plenário, fixou parâmetros para o julgamento dos casos de pagamento
irregular de indenização por motivo de “desapropriação consensual” de imóveis para construção de
rodovias sob a jurisdição do 11º Distrito Rodoviário Federal do antigo DNER, hoje DNIT, localizado em
Mato Grosso. Naquela oportunidade, decidiu-se, em suma, que:
1. Nas tomadas de contas especiais instauradas por força da Decisão nº 850/2000-TCU-Plenário, a
ocorrência da prescrição vintenária, a teor da Súmula 119 do STJ, tem presunção juris tantum, admitindo-
se prova em contrário por meio de documentação idônea, hipótese em que o ônus recairá sobre os
interessados arrolados nos processos de desapropriação para construção/ampliação de rodovias federais
no Estado de Mato Grosso.
2. Na hipótese do item anterior, o ex-proprietário responderá pelo débito, solidariamente com os ex-
gestores, apenas se restar comprovado que houve má-fé no procedimento de avaliação do valor do
imóvel, ou em falsidade do título de propriedade ou de qualquer outro documento/comprovante que
suportou o pagamento da indenização.
3. Nos casos em que tenha ocorrido a prescrição vintenária, tendo o ex-proprietário recebido a
indenização de boa-fé, não cabe a repetição do indébito, em face do que prescreve o art. 882 do Código
Civil, devendo responder pelo débito apenas os agentes públicos que causaram prejuízo ao erário.
4. Ex-proprietários de terras esbulhadas pela União, em processo de desapropriação indireta, podem
ser indenizados por iniciativa da administração, de ofício ou por provocação de terceiros, desde que
respeitados os comandos constitucionais, os princípios jurídicos cabíveis e as regras aplicáveis.
5. Caso o direito ao recebimento de indenização se realize por meio de processos administrativos de
desapropriação indireta, e o valor da indenização devida seja consenso entre o ex-proprietário e a
administração, não lhe são aplicáveis as regras da Lei nº 9.469/1997, que alterou a Lei n.º 8.197/1991,
pois não há litígio e não há a necessidade de renúncia de quaisquer direitos por parte da administração
para que se efetive a indenização.
6. A emissão de decreto ou de portaria declaratória de utilidade pública interrompe a contagem do
prazo prescricional.
12.21.Em sintonia com esses parâmetros, o Exmo. Ministro Relator do Acórdão 9529/2011-1ª
Câmara, que apreciou recurso de reconsideração interposto pelo recorrente e outros no presente processo,
manteve a sua condenação em débito com base nos seguintes argumentos, lançados no respectivo voto
condutor (grifou-se):
5.Os autos informam que a rodovia BR-364, no trecho em que se situa o imóvel objeto deste
processo, já estava implantada em 1949, conforme excerto extraído do estudo feito pela Secretaria
Federal de Controle Interno sobre as indenizações pagas pelo 11º DRF/MT no período de 1995 a
2000 (fl. 43).
6.Desse modo, quando o requerimento de indenização foi apresentado, em 1993, as terras já
haviam sido usucapidas pela União, não tendo nenhum efeito a Portaria nº 005/DES, de 1974,
declaratória de utilidade pública da área, no tocante à interrupção da prescrição, uma vez que,
naquele ano, já estava exaurido o prazo prescricional vintenário.
391 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
7.Sendo assim, estava a Administração desobrigada do pagamento de indenização, de onde se extrai
que a decisão de assumir a despesa causou dano ao erário, de responsabilidade dos gestores ora
recorrentes, cujos argumentos apresentados nesta fase processual, com efeito, conforme análise pertinente
empreendida pela Serur, não foram suficientes para afastá-la.
8.Cabe reiterar que o ex-Procurador Gilton Andrade Santos conduziu o processo de pagamento,
firmando, juntamente com o ex-Chefe do 11º DRF/MT Francisco Campos de Oliveira, a escritura pública
de desapropriação, enquanto o ex-Chefe-Substituto do Distrito Alter Alves Ferraz autorizou a ordem
bancária de pagamento.
12.22.O excerto do estudo feito pela Secretaria Federal de Controle Interno mencionado no referido
acórdão informa que (peça 1, p. 43-44, com grifos acrescidos):
Em resumo, pode-se afirmar que ligação Cuiabá-Rondonópolis foi implantada na década de 40,
tendo em vista que, em 1949, já contava com 256Km de extensão e era submetida apenas a
melhoramentos. Quanto a mudanças de traçado, estas não ocorreram de forma radical, tendo sido
aproveitados ao longo dos anos os cursos originais. Na zona urbana de Cuiabá houve implantação
de variantes, mas apenas até 1.954. Em 1.956 o DNER absorveu os encargos de conservar a rodovia,
sendo que já nesse ano havia alguns quilómetros pavimentados partir do início do trecho em Cuiabá.
Ainda quanto a variantes adotadas, houve em 73/74 implantação de 8km de rodovia na altura do
Rio Bambá e o traçado da Serra de São Vicente foi mantido. Além disso, apenas 2km de rodovia no
contorno da cidade de Jaciara foram implantados sobre novo traçado, tendo sido aproveitado todo o resto
do traçado original da atual BR-364 na ligação Cuiabá-Rondonópolis.
12.23.Essa informação toma por base as seguintes evidências documentais (peça 1, p. 44-45, com
grifos no original e acrescidos):
RODOVIA BR-364 (CUIABÁ - RONDONÓPOLIS)
(...)
Evolução cronológica (Ano/Documento/Constatação):
(...)
1949
Relatório de Prest. Contas do Gov. do Estado/MT apresentado em 1950
“Melhoramentos (...) Rodovia BR-31 e BR-16 - Trecho Comum Cuiabá-Entroncamento
[Rondonópolis] Com 256 Kms de extensão foi submetida a serviços gerais de melhoramento,
procedendo-se o alargamento da pista nos trechos em serra, a retificação do traçado em certas extensões,
o alargamento de curvas e construção de obras de arte correntes...” (grifamos, pg. 112).
(...)
1954
Relatório de Prest. Contas do Gov. do Estado/MT apresentado em 1955
“Rodovia BR-16 e 31 - Cuiabá - Entroncamento (...) sendo que os primeiros 3 km partindo de
Cuiabá foram construídos obedecendo inteiramente novo traçado, tendo sido necessário um grande
corte no local denominado Pico do Amor, e extenso aterro para vencer o Vale do Gambá (...) Acha-se
completamente concluído este trecho, devidamente drenado, abaulado e revestido com excelente material
sílico-argiloso, podendo ser considerado como rodovia de classe I” (grifamos, pg-104).
12.24.Ocorre que o imóvel desapropriado da Indústria Gráfica São José Ltda., de que trata o
presente processo, fica justamente em Cuiabá/MT, como se pode verificar na escritura de desapropriação,
firmada naquela cidade e referente a imóvel situado “no Município desta Capital” (peça 1, p. 87-91).
12.25.É forçoso, então, concordar em parte com alguns dos pronunciamentos judiciais citados
acima, para considerar que existe a possibilidade de que o imóvel desapropriado tenha sido atravessado
por alguma das variantes implantadas em Cuiabá em data incerta do ano de 1954 e de que, por
conseguinte, tenham decorrido menos de vinte anos entre essa data e a de edição da Portaria 5/DES, em
1/2/1974 (peça 1, p. 172), que declarou a utilidade pública dessa área. Efetivamente, os limitados dados
disponíveis nos autos não permitem afastar essa possibilidade.
392 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12.26.Logo, data maxima venia, equivoca-se o mencionado Acórdão 9529/2011-1ª Câmara, ao
afirmar, como visto, que “a rodovia BR-364, no trecho em que se situa o imóvel objeto deste processo, já
estava implantada em 1949” e que, por isso, “quando o requerimento de indenização foi apresentado, em
1993, as terras já haviam sido usucapidas pela União, não tendo nenhum efeito a Portaria 005/DES, de
1974, declaratória de utilidade pública da área, no tocante à interrupção da prescrição, uma vez que,
naquele ano, já estava exaurido o prazo prescricional vintenário.”
12.27.É fato que, a princípio, incidiria aqui a orientação jurisprudencial firmada no item 1 do
dispositivo do mencionado Acórdão 1180/2010-1ª Câmara, no sentido de que recai sobre os interessados
arrolados nos processos de desapropriação indireta para construção/ampliação de rodovias federais no
Estado de Mato Grosso o ônus de provar, por meio de robustas evidências, que não ocorreu a prescrição
vintenária, a teor da Súmula 119 do STJ.
12.28.Ocorre que, segundo reza o art. 8º da Lei 8.443/1992, a instauração de tomada de contas
especial tem por objetivo a “apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano”
ao Erário. Ora, é evidente que a apuração dos fatos deve ser clara, precisa e estreme de dúvidas, para que
se produza a inversão do ônus da prova contra os responsáveis (conforme o art. 93 do Decreto-lei
200/1967 e o art. 145 do Decreto 93.872). Ou seja, no caso, deveria a SFC ter comprovado que a área
indenizada, situada em Cuiabá/MT, não foi atravessada pela rodovia em alguma das alterações de traçado
ocorridas depois de 1/2/1954, isto é, menos de vinte anos antes da edição da Portaria 5/DES, que declarou
a sua utilidade pública. Ora, tal prova não se encontra nos autos.
12.29.O caso assemelha-se ao tratado pelo Exmo. Ministro Marcos Vilaça no voto condutor do
Acórdão 1.532/2007-TCU-Plenário, como exposto no trecho a seguir (com grifos acrescidos):
8. A primeira pergunta que surge é se a propriedade já estava usucapida pela União, o que retiraria
do proprietário o direito de fazer a cobrança indenizatória. Para tanto, haveria de ter decorrido ao menos
vinte anos da data em que a rodovia atingiu a propriedade até a reclamação perante o 11º DRF.
9. Há registro de que a BR-070/MT estava concluída em 1972, portanto vinte anos antes do pedido
de indenização. Acontece que também existe informação de que a rodovia assumiu novo traçado em 1974
e de que os projetos finais são de 1982, conforme referido na portaria de declaração de utilidade pública
da área em questão. Não se conhece a evolução do traçado da rodovia, o que impede a identificação
segura do momento em que a BR-070/MT atravessou a fazenda “Sertãozinho”.
10. Dessa maneira, não é possível produzir prova de que a faixa de terra tomada pela BR-
070/MT tenha sido usucapida pela União. Como bem observado pela Secex/CE, por esse caminho não
dá para dizer que o direito de indenização estava perdido.
12.30.Assim, se o início do prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, que se deu, in
casu, em 1954 e não em 1949, tiver ocorrido menos de 20 anos antes da edição da Portaria 5/DES, de
1/2/1974, tal prazo terá sido interrompido pouco antes de seu término, conforme estabelecido no item 6
do Acórdão 1180/2010-Plenário. Passou a contar novamente, desde o princípio, a partir dessa data, de
modo que, ao ser protocolizado o requerimento de indenização, em 12/1/1993 (peça 1, p. 67), ainda não
havia decorrido novo período de vinte anos e, portanto, o pagamento da indenização não se defronta com
qualquer óbice temporal, sendo perfeitamente legal, desse ponto de vista.
12.31.Os elementos dos autos, como visto, não permitem excluir essa possibilidade.
12.32.Porém, verificaram-se sérias irregularidades na liquidação da despesa, exatamente a tarefa a
cargo do recorrente, cujo efeito precisa ser apreciado no julgamento deste recurso. Conforme estabelece a
Lei 4.320/1964:
Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.
Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por
base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:
I - a origem e o objeto do que se deve pagar;
II - a importância exata a pagar;
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
393 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12.33.Primeiro, foi verificada inconsistência na descrição do objeto, conforme o seguinte trecho do
mencionado estudo da SFC (peça 1, p. 68-69, com grifos no original e algumas correções formais):
Inconsistência de materialidade:
O processo é instruído com a Certidão de Registro n° 17.492, expedida em 31/03/81, a qual
descreve imóvel denominado “Lote 06” da quadra 05 do Jardim Petrópolis, “medindo 25,00m de frente ao
Nascente para Rua D, 39,50m de largura nos fundos ao Poente, limitando-se com lote nº 7; 18,00m de
extensão ao Norte confinando com os lotes n° 5 e 4, nas extensões de 12,00m e 6,00m respectivamente e
22,00m de extensão ao Sul para a praça Miguel Sutil”.
Também consta do processo a Certidão de Registro n° 17.491, expedida em 28/01/97, a qual
descreve imóvel denominado “Lote 05” da quadra 05 do Jardim Petrópolis, “medindo 12,00m de frente ao
Norte com Rua Barão do Rio Branco; 12,00m de largura nos fundos ao Sul, confinando com lote nº 06 e
30,50m de extensão de ambos os lados, limitando do lado direito ao Nascente com a Rua D e do lado
esquerdo ao Poente com lote n° 4”.
O Memorial Descritivo [p. 78] da área a desapropriar, datado de 27/09/95, assinado pelo Técnico
em Estradas Benedito Tolosa, descreve área com 399,00m2, situada na margem direita (sentido Cuiabá -
Rondonópolis), no Bairro Coxipó, contendo 30,00m de frente para a rodovia e 13,30m de largura
ocupados pela faixa de domínio da mesma.
A Escritura de Desapropriação [p. 87-91], datada de 30/01/97, por sua vez, descreve como
imóvel objeto da desapropriação aquele registrado sob n° 17.491, do qual foram desapropriados
399,00m2.
Considerações
Da análise dos documentos deste processo, conclui-se que houve pagamento indevido por
equívoco de levantamento da área desapropriar, visto que há discordância entre os elementos constituintes
do processo (...):
(a) os “Lotes 05 e 06” cujos registros constam do processo, são contíguos, somando 946,50m2 e
estando dispostos conforme demonstrado no Anexo III deste Relatório, onde se pode perceber que de
frente para Rua Rio Branco constam apenas 12,00m, referentes ao “Lote 05”;
(b) o Memorial Descritivo da área a desapropriar considerou uma área com 30,00m de frente para a
rodovia (Rua Rio Branco), configurando terreno totalmente destoante daquele delineado pelos registros
constantes do processo, conforme se pode perceber do desenho no Anexo III; e
(c) a Escritura de Desapropriação faz menção apenas ao imóvel da matrícula 17.491, o qual possui
ao todo 366m2 (12,00m de frente por 18,00m [30,50m] de largura), desapropriando área de 399m2,
superior ao imóvel do qual foi desmembrada.
12.34.A escritura de desapropriação, apesar de referir-se ao imóvel de matrícula 17.491, adota os
marcos mencionados pelo memorial descritivo, que se referem a outro imóvel. O laudo de avaliação, de
17/8/1995 (p. 94), calculou o valor de R$ 54.116,37, baseado em área de 399 m², situada no subtrecho
“Entr. Av. Fernando Correa da Costa / Entr. Av. Miguel Sutil”, estacas km 410 a km 415, dados que não
permitem identificar o imóvel a que se refere.
12.35.É incerto, portanto, em face das descrições divergentes, qual imóvel foi efetivamente
desapropriado, embora não se questione que, em qualquer caso, foi atravessado pela rodovia. De qualquer
forma, como não se tomou nenhuma providência no processo para determinar qual seria a área correta, se
existente, não há fundamento concreto para se contestar, a esta altura do processo, o laudo de avaliação e
o valor pago.
12.36.Mas ainda mais grave foi o fato de que o pagamento foi efetuado a terceiro não habilitado, em
claro descumprimento do inc. III do art. 63 da Lei 4.320/1964, transcrito acima, pois a cláusula oitava do
contrato social da Indústria Gráfica São José estabelecia que a sociedade seria administrada pelos sócios
Osvaldo Sereia e Itaro Inoui, não constando dos autos procuração da empresa dando poderes para que a
favorecida Rosina Kuhmem Sereia recebesse o pagamento (peça 1, p. 67). Ainda que ela também fosse
porventura dona da gráfica, é oportuno lembrar que a pessoa jurídica não se confunde com a pessoa física
394 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
de seu proprietário. Assim, o pagamento efetuado a Rosina, em 30/1/1997 (peça 6, p. 17), não desobrigou
a União em relação à Gráfica São José.
12.37.À vista da ausência de prova nos autos de que o pagamento da indenização – que era, a
princípio, devido – tenha sido de fato destinado a seu legítimo credor, tendo propiciado, portanto, o
enriquecimento ilícito de terceiro, por falha em procedimento de inequívoca responsabilidade do
recorrente, propõe-se a manutenção, em sua integralidade, ainda que por motivo diverso, do débito
imposto ao recorrente pelo Acórdão 2099/2007-TCU-1ª Câmara.
12.38.Houve várias outras irregularidades nos autos que poderiam motivar a aplicação de multa ao
recorrente. No entanto, dados o caráter personalíssimo dessa sanção e o fato do recorrente já ter falecido,
não é mais cabível a sua aplicação.
CONCLUSÃO
13.Das análises anteriores, conclui-se que:
a)o Tribunal pode responsabilizar solidariamente aqueles que causarem prejuízo ao Erário, sem a
necessidade de demonstrar que atuaram com dolo ou má-fé. Por se tratar de responsabilidade subjetiva,
basta que esteja presente o elemento culpa, existam a ação e o resultado danoso e haja nexo de
causalidade entre os dois últimos.
b)esses elementos estão presentes no caso concreto, em que o desembolso não teria ocorrido sem a
participação do recorrente, que emitiu e assinou a ordem bancária para pagamento de indenização
indevida;
c)no ordenamento jurídico brasileiro, vigora o princípio da independência das instâncias, em razão
do qual podem ocorrer condenações simultâneas nas diferentes esferas – cível, criminal e administrativa;
d)o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o ajuizamento de ação civil pública não retira a
competência do Tribunal de Contas da União para instaurar e julgar tomada de contas especial, prevista
na Constituição Federal;
e)conclui-se que as decisões proferidas nas ações civis públicas invocadas pelo recorrente não
vinculam este Tribunal, de modo que não obstam a que seja mantido o débito que lhe foi imposto;
f)no caso concreto, é possível que o imóvel desapropriado tenha sido atravessado por alguma das
variantes da BR-364 implantadas em Cuiabá em data incerta do ano de 1954 e que, por conseguinte, a
Portaria 5/DES, de 1/2/1974, tenha interrompido o prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta,
a teor da Súmula 119 do STJ;
g)nessa hipótese, ao ser protocolizado o requerimento de indenização, em 12/1/1993, ainda não
havia decorrido novo período de vinte anos após a interrupção e, portanto, o pagamento da indenização
não se defronta com qualquer óbice temporal, sendo perfeitamente legal, desse ponto de vista;
h)é incerto, em face das descrições divergentes constantes dos autos, qual imóvel foi efetivamente
desapropriado, mas a divergência entre as áreas informadas na certidão de registro e na escritura de
desapropriação não fornece fundamento concreto, no atual estágio processual, para se contestar o laudo
de avaliação e o valor pago;
i)tendo em vista a prova nos autos de que o pagamento da indenização propiciou o enriquecimento
ilícito de terceiro não legalmente habilitado a recebê-lo, propõe-se a manutenção, em sua integralidade,
ainda que por motivo diverso, do débito imposto ao recorrente pelo Acórdão 2099/2007-TCU-1ª Câmara.
14.Com base nessas conclusões, propõe-se o conhecimento do recurso interposto para que lhe seja
denegado provimento.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
15.Ante o exposto, submete-se à consideração superior a presente análise do recurso de
reconsideração interposto por Alter Alves Ferraz, substituído por seus herdeiros, contra o Acórdão
2099/2007-TCU-1ª Câmara, propondo-se, com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 288, inciso III, do RI/TCU:
a)conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento;
395 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
b)dar conhecimento aos herdeiros do recorrente e aos demais interessados da decisão que vier a ser
prolatada.”
2.O Ministério Público junto ao TCU – MPTCU divergiu do encaminhamento proposto (peça 134):
“(...) pois, em consulta ao sistema CPF/CNPJ da Receita Federal, é possível constatar que Rosina
Kuhnen Sereia é mãe de Osvaldo Sereia Júnior, o que nos leva a concluir que aquela é casada com
Osvaldo Sereia, um dos representantes da empresa Indústria Gráfica São José Ltda., proprietária do
imóvel desapropriado.
10.Além disso, cumpre salientar que tanto Rosina Kuhnen Sereia quanto a empresa, representada
por Osvaldo Sereia, outorgaram poderes ao advogado Francisco Rodrigues da Silva para,
respectivamente, receber valor da ordem bancária emitida pelo DNER e assinar escritura pública de
desapropriação em favor do referido departamento, conforme instrumentos de procuração constantes da
peça 6, pp. 18-19.
11.Tais fatos nos permitem concluir, com razoável segurança, que o pagamento da indenização se
deu de forma regular, razão por que, a nosso ver, não deve ser mantida a condenação em débito dos
responsáveis.
12.Caso Sua Excelência acolha a proposta da unidade instrutiva, entendemos que a manutenção da
condenação ao pagamento do débito pelo motivo levantado pela Serur afrontaria os princípios do
contraditório e da ampla defesa, conforme passamos a expor.
13.Consoante mencionado acima, a razão que levou a instauração da presente TCE, em atenção à
Decisão 850/2000, foi o pagamento de indenização que não era mais exigível em face do instituto da
prescrição.
14.O DNER, ao instaurar a presente TCE, apontou, no relatório do tomador de contas (peça 1, p.
198-204), outras falhas acessórias detectadas no processo de desapropriação objeto destes autos, entre
elas a identificação de pessoa inabilitada como beneficiária da ordem bancária.
15.No entanto, ressaltamos que não constaram dos ofícios citatórios (peça 2, p. 57-64, p. 92-94) as
outras falhas levantadas pelo DNER e que tampouco há nos autos instrução da unidade técnica de origem,
anterior às citações, apontando tais ocorrências, razão por que os responsáveis, ao apresentarem suas
alegações de defesa (peça 2, pp. 68-83, 85-91, 94-110, 120-129), centraram-se na irregularidade principal
tratada no processo – pagamento de indenização a título de desapropriação não exigível em face da
ocorrência da prescrição.
16.Assim, no nosso entender, a imputação de débito aos responsáveis em face da razão mencionada
pela Serur só seria possível após a desconstituição do acórdão condenatório e a realização de nova citação
dos responsáveis, dando-lhes, assim, oportunidade de apresentar defesa relativa a pagamento de
indenização a terceiro estranho ao proprietário do imóvel desapropriado. Contudo, caso fossem realizadas
as novas citações dos responsáveis, o longo tempo transcorrido desde a ocorrência dos fatos apurados até
os dias atuais, somando quase vinte anos, prejudicaria sobremaneira a apresentação da documentação
necessária a instruir as alegações de defesa, o que atentaria, também, contra os princípios do contraditório
e da ampla defesa.
Ante o exposto, este representante do Ministério Público de Contas se manifesta no sentido de
conhecer do presente recurso de revisão para, no mérito, dar-lhe provimento, com vistas a julgar regulares
as contas de Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira e Alter Alves Ferraz, dando-lhes
quitação plena, com fulcro nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/1992.”
É o relatório.
VOTO
Em apreciação recurso de revisão contra o acórdão 2.099/2007-1ª Câmara, interposto pelos
herdeiros de Alter Alves Ferraz. A deliberação recorrida julgou irregulares as contas especiais do
396 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
recorrente, condenou-o, solidariamente com outros gestores, ao recolhimento de débito e aplicou-lhe
multa.
2.Reitero o exame preliminar de admissibilidade que conheceu do recurso, sem efeito suspensivo,
na forma do art. 35 da Lei 8.443/1992.
3.Na peça recursal, são trazidos basicamente os argumentos de que não houve dolo, má-fé ou culpa
na conduta do recorrente e de que haveria repercussão, no âmbito desta Corte de Contas, de decisões da
Justiça Federal que abordaram matéria semelhante à tratada nestes autos.
4.Alegaram os recorrentes que nos processos de desapropriação que deram base à
responsabilização, a participação do ex-gestor limitou-se a efetuar o pagamento, de acordo com pareceres
da Procuradoria do antigo DNER. Dessa forma, como chefe-substituto do distrito, cabia-lhe apenas apor
sua assinatura nas ordens de pagamento, uma vez que todo o procedimento e as verbas correspondentes
eram efetivamente concebidos e liberados por instâncias superiores.
5.A Serur rechaçou essa argumentação ao arguir que: (i) por se tratar de responsabilidade subjetiva,
basta que esteja presente o elemento culpa, existam a ação e o resultado danoso e haja nexo de
causalidade entre estes dois últimos; (ii) esses elementos estão presentes no caso concreto; e (iii) no
ordenamento jurídico brasileiro, vigora o princípio da independência das instâncias, e o Supremo Tribunal
Federal já decidiu que o ajuizamento de ação civil pública não retira a competência do Tribunal de Contas
da União.
6. Todavia, aduziu que “é incerto, portanto, em face das descrições divergentes, qual imóvel foi
efetivamente desapropriado, embora não se questione que, em qualquer caso, foi atravessado pela
rodovia. De qualquer forma, como não se tomou nenhuma providência no processo para determinar qual
seria a área correta, se existente, não há fundamento concreto para se contestar, a esta altura do processo,
o laudo de avaliação e o valor pago.”
7.Não obstante tal conclusão, que militaria em favor do recorrente, lembrou a Serur o fato de o
pagamento ter sido efetuado a terceiro não habilitado, eis que os “estatutos da Indústria Gráfica São José,
que seria o legítimo credor, estabelecia que a sociedade seria administrada pelos sócios Osvaldo Sereia e
Itaro Inoui, não constando dos autos procuração da empresa dando poderes para que a favorecida Rosina
Kuhmem Sereia recebesse o pagamento.”
8. Assim, embora o pagamento da indenização fosse devido, não foi destinado a seu legítimo
credor, “tendo propiciado, portanto, o enriquecimento ilícito de terceiro, por falha em procedimento de
inequívoca responsabilidade do recorrente”. Por tais razões, a unidade técnica opinou pelo não
provimento do apelo.
9.O MPTCU divergiu deste encaminhamento, “pois, em consulta ao sistema CPF/CNPJ da Receita
Federal, é possível constatar que Rosina Kuhnen Sereia é mãe de Osvaldo Sereia Júnior, o que nos leva a
concluir que aquela é casada com Osvaldo Sereia, um dos representantes da empresa Indústria Gráfica
São José Ltda., proprietária do imóvel desapropriado”.
10.Lembrou a Procuradoria que “tanto Rosina Kuhnen Sereia quanto a empresa, representada por
Osvaldo Sereia, outorgaram poderes ao advogado Francisco Rodrigues da Silva para, respectivamente,
receber valor da ordem bancária emitida pelo DNER e assinar escritura pública de desapropriação em
favor do referido departamento”, como, de fato, verifica-se nos autos.
11.No entender do Parquet, tais fatos “permitem concluir, com razoável segurança, que o
pagamento da indenização se deu de forma regular, razão por que, a nosso ver, não deve ser mantida a
condenação em débito dos responsáveis”.
12.Alertou a Procuradoria que “a manutenção da condenação ao pagamento do débito pelo motivo
levantado pela Serur afrontaria os princípios do contraditório e da ampla defesa,” eis que “a imputação de
débito aos responsáveis em face da razão mencionada pela Serur só seria possível após a desconstituição
do acórdão condenatório e a realização de nova citação dos responsáveis”.
13.Ponderou, assim, diante desse quadro, que, caso fossem realizadas novas citações, “devido ao
longo tempo transcorrido desde a ocorrência dos fatos apurados até os dias atuais, somando quase vinte
397 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
anos, prejudicaria sobremaneira a apresentação da documentação necessária a instruir as alegações de
defesa, o que atentaria, também, contra os princípios do contraditório e da ampla defesa.”
14.Desse modo, opinou pelo provimento do recurso, de modo a julgar regulares as contas de Gilton
Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira e Alter Alves Ferraz e dar-lhes quitação plena.
15.Acompanho a proposta do Ministério Público, que, em verdade, apenas retifica, em seu
desenlace, o competente trabalho realizado pela Serur. As ponderações acerca de possíveis falhas
citatórias, ante o quadro trazido pela Procuradoria, fazem-me inclinar por sua proposta, considerando,
sobretudo, que isso demandaria um revolver de matéria já extensamente tratada por esta Corte.
16.Não fora essa percepção, creio também, com razoável segurança, que valores despendidos para
pagamento da indenização acabaram por chegar a seus legítimos credores, eis que quem efetivamente
recebeu os recursos tinha poderes para tanto, como revelou procuração constante dos autos, como bem
frisado pela Procuradoria.
Assim, ao divergir parcialmente da Serur e acompanhar o MPTCU, voto por que este Plenário adote
a minuta de acórdão que ora lhe submeto.
ACÓRDÃO Nº 1236/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 013.269/2005-3.
1.1. Apensos: TC 011.315/2014-8, TC 011.316/2014-4 e TC 011.317/2014-0.
2. Grupo II – Classe I – Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Especial).
3. Recorrente: Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72), substituído por seus herdeiros, Tânia
Borges Ferraz (CPF 345.971.581-20), Ana Maria Borges Ferraz (CPF 356.172.761-15), Carlos Augusto
Borges Ferraz (CPF 593.567.071-20), Ivana Maria Borges Ferraz (CPF 567.881.341-20) e Maria Cristina
Borges Ferraz (CPF 329.047.381-34).
4.Unidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER - 11º Distrito/MT (extinto) /
Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do
Mato Grosso – Dnit/MT.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
5.1. Relator da deliberação recorrida: ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos – Serur.
8. Representação legal: Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar (OAB/MT 2.906) e Carlos Roberto
de Aguiar (OAB/MT 5.668).
9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido este recurso de revisão interposto por Alter Alves Ferraz, substituído
por seus herdeiros, contra o acórdão 2.099/2007-1ª Câmara.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante
das razões expostas pela relatora e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso I; 17 e 35, inciso III,
da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão e dar-lhe provimento;
9.2. tornar insubsistente o acórdão 2.099/2007-1ª Câmara;
9.3. julgar regulares as contas de Alter Alves Ferraz, Gilton Andrade Santos e Francisco Campos de
Oliveira e dar-lhes quitação plena; e
9.4. dar conhecimento desta deliberação ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
– Dnit, aos herdeiros do recorrente e aos demais interessados.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1236-17/16-P.
398 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE I – Plenário
TC 033.604/2015-0
Natureza: Agravo (Representação).
Unidade: Fundação Universidade de Brasília – FUB.
Representante: Apecê Serviços Gerais Ltda. (CNPJ 00.087.163/0001-53).
Representação legal: Dalmo Rogério Souza de Albuquerque (OAB/DF 10.010) e outros,
representando Apecê Serviços Gerais Ltda.
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. SOBREPREÇO INEXISTENTE. PEDIDO DE CAUTELAR
NEGADO. AGRAVO. CONHECIDO. PROVIMENTO NEGADO. FALHAS SANÁVEIS.
DETERMINAÇÃO.
A existência propostas de licitantes abaixo das estimativas de preços elaboradas nos termos da IN-
SLTI 02/2008 não caracteriza sobrepreço.
RELATÓRIO
Transcrevo a seguir a instrução do auditor federal de controle externo da Secretaria de Controle
Externo de Aquisições Logísticas – Selog que examinou as justificativas apresentadas pela Fundação
Universidade de Brasília relativamente a possíveis irregularidades na realização do pregão eletrônico
16/2015 para a contratação de serviços de limpeza:
“INTRODUÇÃO
1.Trata-se de representação formulada pela empresa Apecê Serviços Gerais Ltda. (peça 1), com
pedido de concessão de medida cautelar, a respeito de possíveis irregularidades ocorridas no pregão
eletrônico 16/2015 (UASG 154040), promovido pela Fundação Universidade de Brasília (FUB), do tipo
menor preço global.
2.O objeto consiste na contratação de serviços continuados de limpeza e conservação em áreas
internas e externas, esquadrias internas e externas, hospitalares e assemelhados, em todos os campi
e unidades dispersas da FUB, para atendimento das unidades administrativas e acadêmicas com
disponibilização de mão de obra, materiais, equipamentos e insumos (cópia do edital na peça 4, p.
25-178), cujo valor global foi estimado em R$ 33.051.855,54 (peça 4, p. 128).
HISTÓRICO
3.A fase de disputa foi realizada em 12/8/2015 e contou com a participação de trinta empresas,
conforme consta na ata da sessão do certame (peça 10), sagrando-se vencedora a licitante RCA
Produtos e Serviços Ltda. com o valor global negociado de R$ 30.139.474,08. A homologação do
pregão se deu no dia 3/12/2015 (peça 12).
4.O certame em comento foi realizado em decorrência da determinação do subitem 9.4 do
Acórdão 4.706/2014-TCU-1ª Câmara, segundo o qual a FUB deveria se abster de prorrogar o
contrato celebrado com a empresa Apecê Serviços Gerais Ltda., em decorrência do pregão
eletrônico 24/2014, após seu primeiro ano de vigência, para que fosse promovida nova licitação.
5.Inconformada com a condução do novo processo licitatório, a Apecê interpôs a presente
representação, apontando, em síntese, fatos tidos por irregulares (peça 1), tais como:
399 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a) falhas no sistema Comprasnet durante a fase de lances, prejudicando sua participação e
levando o certame a uma redução de apenas 10% do valor estimado;
b) diferença de preço entre o contrato que se encontrava em vigor e o valor obtido na licitação
de cerca de R$ 3,3 milhões, podendo configurar prejuízo aproximado de R$ 16 milhões ao longo de
sessenta meses;
c) aumento injustificado do quantitativo de empregados que prestarão os serviços;
d) não comprovação da qualificação técnica da empresa RCA Produtos e Serviços Ltda., que
se sagrou vencedora da licitação; e
e) falhas na proposta comercial dessa empresa.
6.A instrução anterior concluiu pela presença dos pressupostos ensejadores da concessão do pedido
de medida cautelar, sendo o perigo da demora em face da homologação do certame e da iminência da
celebração do contrato (peça 14, p. 3, item 10), e a fumaça do bom direito, em razão da elevação
substancial do valor obtido no certame em comparação com o contrato que se encontrava em vigor,
resultando numa diferença de cerca de R$ 4 milhões por ano, sem que se tivesse observada a variação
significativa da área a ser limpa e do quantitativo dos insumos (peça 14, p. 8, itens 34-35).
7.Todavia, a Ministra-Relatora discordou desse encaminhamento, por meio do despacho (peça 17)
exarado em 15/12/2015, alegando que a diferença de preço apontada não ensejava, de imediato, a adoção
de tal medida. Em decorrência, determinou a realização de oitiva prévia da FUB e também da empresa
RCA, o que se deu por intermédio dos ofícios 2514 e 2515/2015-TCU/Selog (peças 19 e 20).
8.Ao tomar ciência do teor desse despacho, a representante interpôs dois agravos contra a decisão
(peças 22 e 28) e um pedido de reconsideração (peça 32). A Ministra-Relatora (peça 34) indeferiu o
pedido de ingresso da Apecê como parte interessada nos autos, em 11/1/2016, razão pela qual concluiu
que a representante não possuía legitimidade para interpor recursos no presente processo. Contudo,
destacou em sua decisão que caberia ao Plenário a deliberação acerca da admissão e do mérito dos
recursos.
9.Em atendimento às oitivas prévias realizadas, a empresa RCA encaminhou sua manifestação por
meio da petição acostada na peça 30 e a FUB enviou sua resposta por intermédio do ofício
0003/2016/FUB-UnB (peça 33).
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
10.A admissibilidade do presente processo foi analisada na instrução pretérita (peça 14), em
10/12/2015, onde se constatou o atendimento aos seus requisitos, consoante o disposto nos arts. 235 e
237, VII, do Regimento Interno do TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, o que levou a Ministra-
Relatora a conhecê-lo como representação, por meio do despacho exarado em 15/12/2015 (peça 17).
11.No tocante ao pedido de ingresso da Apecê como parte interessada nos autos e aos recursos
interpostos por essa empresa (peças 22, 28 e 32), os quais foram analisados pela Ministra-Relatora (peça
34), em 11/1/2016, oportunidade em que constatou não ser possível conhecê-los, ante a ausência de
legitimidade da autora para impetrá-los, cabe ressaltar que, de fato, os representantes e os denunciantes
não são automaticamente considerados interessados nos processos que provocam, cujo papel, em
princípio, consiste em mover a ação fiscalizatória, encerrando-se ao final deste momento, quando o
Tribunal toma o curso das apurações.
12.Nessa linha, citam-se, por exemplo, os Acórdãos 773/2004, 320/2006, 2.323/2006, 1.855/2007 e
519/2008, todos do Plenário, segundo os quais não existe para a representante a prerrogativa de
comparecer nos autos para a defesa de seus pontos de vista, a não ser que, nos termos do art. 146 do
Regimento Interno/TCU, demonstre de forma clara e objetiva razão legítima para intervir no processo, o
que não aconteceu no presente caso, a despeito das alegações despendidas pela empresa na petição inicial.
13.Dessa forma, deve ser indeferido o pedido de ingresso da autora como parte interessada no
presente processo e, em decorrência, não devem ser conhecidos os agravos e o recurso de reconsideração
apresentados pela Apecê (peças 22, 28 e 32), ante a ausência de legitimidade para sua interposição.
14.Em que pese o fato, cabe destacar que essas peças processuais também não trazem elementos
novos e relevantes capazes de fornecer subsídio ao deslinde da matéria, uma vez que a representante
400 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
apenas manifestou seu inconformismo quanto à decisão da Ministra-Relatora e reiterou os apontamentos
feitos na inicial.
EXAME TÉCNICO
15.Cumpre destacar, preliminarmente, que, à luz do disposto no art. 276, do Regimento
Interno/TCU, nesta fase processual a matéria deveria ser analisada apenas quanto à existência dos
pressupostos da fumaça do bom direito e do perigo da demora, ensejadores da concessão da medida
cautelar pleiteada pela representante. Todavia, os elementos integrantes do conjunto probatório dos autos
permitem a formulação imediata de proposta de mérito.
16.Ressalte-se, ainda, que, por meio de ligação telefônica ao setor de Licitações da FUB (61-3107-
0630), foi obtida informação de que o contrato decorrente do certame em comento foi celebrado em
15/1/2016, com a empresa RCA Produtos e Serviços Ltda.
17.Com o intuito de dar mais clareza à presente instrução, a matéria será analisada no âmbito dos
seguintes tópicos:
a) estudos técnicos preliminares;
b) possíveis falhas no sistema Comprasnet;
c) qualificação técnica da empresa RCA Produtos e Serviços Ltda.;
d) possíveis falhas na proposta comercial da empresa RCA Produtos e Serviços Ltda.; e
e) aumento no quantitativo de empregados alocados para a nova contratação e diferença entre o
valor obtido no certame e aquele do contrato firmado com a Apecê.
18.Estudos técnicos preliminares
18.1.Foi solicitado à FUB, em sua oitiva, que encaminhasse informações e/ou cópia dos estudos
técnicos preliminares que teriam sido realizados para o certame em comento.
18.2.Argumentos da FUB: a Fundação alegou (peça 33, p. 5) que foram realizadas “visitas in loco
para verificar as áreas citadas no termo de referência anterior, bem como nas áreas de esquadria, piso,
estacionamento, gerando a inclusão e exclusão de prédios”, além de “reuniões com as áreas envolvidas”,
o que levou à inclusão no novo termo de referência, por exemplo, da obrigatoriedade de limpeza da
Biblioteca Central duas vezes por semana, antes do seu horário de funcionamento, ou seja, das 05:00 às
07:00 horas, devido a constantes reclamações dos usuários.
18.3.Análise: ao definir o conceito de “projeto básico”, o art. 6º, IX, da Lei 8.666/1993 assegurou
que deveria ser elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares. Não se trata de
mero formalismo da lei, pois sua ausência pode resultar em contratações que não produzam resultados
capazes de atender às necessidades da administração, com consequente desperdício de recursos públicos,
ou levar a especificações indevidamente restritivas, prejudicando a competitividade da licitação.
18.3.1.Recentemente foram realizadas auditorias, por meio desta unidade técnica, em diversos entes
públicos, com o objetivo de avaliar as práticas de governança e gestão das aquisições na Administração
Federal.
18.3.2.A consolidação desses trabalhos levou o Tribunal a proferir o Acórdão 2.328/2015-Plenário.
Das medidas propugnadas pela Corte, cabe destacar o subitem 9.1.1, que recomendou à antiga Secretaria
de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI/MP) que elaborasse modelo de contratação de bens e
serviços abrangendo, dentre outras etapas, a fase de planejamento, que consiste na elaboração dos estudos
técnicos previamente à elaboração do projeto básico ou do termo de referência.
18.3.3.Essa recomendação também exemplificou a metodologia que deveria ser adotada pela
Administração, a qual consta no apêndice 4 do relatório de fiscalização (peça 45 do TC 017.599/2014-8,
p. 77-83), cujos procedimentos não serão transcritos por economia processual, todavia, recomendando-se
sua leitura no bojo dos autos do mencionado processo.
18.3.4.No caso concreto, a FUB informou ter realizado reuniões com as áreas envolvidas, além de
visitas aos locais que estariam sujeitos ao objeto da contratação. Contudo, essas atividades não
contemplam aquelas indicadas pelo Acórdão 2.328/2015-Plenário, as quais deveriam estar consolidadas
no processo licitatório antes da elaboração do termo de referência.
401 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
18.3.5.Dessa forma, entende-se que deve ser dada ciência à Fundação a respeito da ausência dos
estudos técnicos preliminares no processo licitatório do pregão 16/2015, em violação ao disposto no art.
6º, IX, da Lei 8.666/1993, com vistas à prevenção de ocorrências semelhantes em certames futuros.
19.Possíveis falhas no sistema Comprasnet
19.1.Segundo a representante (peça 1, p. 5-7 e 10-11), ocorreram falhas no sistema Comprasnet
durante a fase de lances, deixando-o inicialmente instável e, posteriormente, indisponível por cerca de
quarenta minutos, ou seja, das 9:44:55 às 10:24:52 horas, o que teria repercutido na economicidade do
certame e cerceado o seu direito de participação.
19.2.O suposto tempo reduzido dessa fase teria resultado numa diminuição de apenas 10% do valor
estimado para a contratação (peça 1, p. 8 e 12).
19.3.Análise: esse questionamento da autora foi analisado na instrução pretérita (peça 14, p. 3-4,
itens 13-19), oportunidade em que se verificou não ser possível confirmar as alegações da Apecê, em
razão dos seguintes fatos:
a) o pregoeiro apenas tinha registrado o retorno do sistema uma única vez, ou seja, às 10:24:52
horas, todavia, desde às 10:23:04 horas já constava registro de lances de outras licitantes;
b) nenhuma outra licitante questionou a instabilidade do sistema no transcorrer da fase de lances, o
que indica que o problema poderia ter ocorrido somente com a Apecê, provavelmente em decorrência de
falhas em seu equipamento ou sua conexão; e
c) o período aleatório da fase de lances teve início às 10:00:00 horas e contou com 46 ofertas do
total de 67 oferecidos em todo o certame, dos quais cinco eram da Apecê.
19.3.1.Dessa forma, concluiu-se que esse questionamento da representante não revelaria prejuízo à
competividade, posicionamento que se reitera no presente momento, ante a ausência de elementos que
pudessem corroborar as alegações da autora.
20.Qualificação técnica da empresa RCA Produtos e Serviços Ltda.
20.1.Para a representante (peça 1, p. 19-29), a habilitação e a classificação da licitante RCA
Produtos e Serviços Ltda. teria ocorrido em desacordo com os termos do edital e o princípio da isonomia.
O fato seria em decorrência de ter apresentado atestados de capacidade técnica que não contemplavam o
quantitativo mínimo de funcionários, no período de três anos, o que violaria o disposto no subitem 9.3.4,
I, “b”, do edital.
20.2.Também alegou (peça 1, p. 19-29) a inexistência nesses documentos de demonstração de
experiência com serviços que evidenciassem a figura do encarregado, em violação ao subitem 9.3.4, I,
“a”, e item VI do instrumento convocatório.
20.3.Esses atestados não comprovariam prestação de serviços pelo período mínimo de três anos,
além de que a empresa RCA teria alterado a documentação inicialmente apresentada, quando foi
convocada após a desclassificação da empresa Gálatas, contrariando o art. 43, § 3º, da Lei 8.666/1993 e
entendimento do TCU (peça 1, p. 21).
20.4.Análise: a instrução anterior também afastou esse questionamento da autora (peça 14, p. 5-6,
itens 24-27), pois, ao examinar a manifestação do pregoeiro sobre o recurso interposto pela Apecê em
conjunto com os documentos de qualificação técnica da RCA acostados aos autos, constatou que assistia
razão a esse agente.
20.4.1.Tal assertiva decorreria do somatório das áreas dos atestados em períodos concomitantes
para fins de comprovação de experiência mínima de três anos, bem como do quantitativo de postos de
trabalho para demonstração de que a RCA havia executado contrato com pelo menos 50% do estabelecido
no edital.
20.4.2.Em consonância com esse posicionamento, entende-se que não deve ser acolhida a alegação
da representante.
21.Possíveis falhas na proposta comercial da empresa RCA Produtos e Serviços Ltda.
21.1.Segundo a autora (peça 1, p. 29-33), houve concessão, por parte do pregoeiro, de sucessivas
oportunidades para que a empresa RCA pudesse corrigir a sua proposta comercial, o que configuraria
violação aos princípios da impessoalidade e da igualdade.
402 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
21.2.Ademais, a proposta apresentada continha os seguintes erros (peça 1, p. 33-36): a) a
insalubridade foi cotada sobre o salário da categoria, quando deveria ser sobre o salário mínimo; b) foi
cotado o índice de 55,9% para custos indiretos e lucro, nas planilhas dos empregados com insalubridade,
caracterizando preço excessivo; e c) foi indicado quantitativo incorreto de encarregados, uma vez que
deveria ser 21 e não vinte.
21.3.Argumentos da FUB: para a Fundação (peça 33, p. 3-4), foram oferecidas à licitante RCA
oportunidades de correção de erros formais em sua proposta comercial, sem majoração do preço final,
conforme dispõem os arts. 29 e 29-A da IN-SLTI/MP 2/2008. O mesmo direito foi assegurado à empresa
Gálatas Serviços de Segurança Ltda., todavia, não logrando habilitação em razão de não cumprimento de
requisitos para qualificação econômico-financeira.
21.4.Argumentos da RCA: a empresa afirmou (peça 30, p. 3) que a Administração apenas obedeceu
ao disposto no subitem 8.3.2 do edital, segundo o qual erros no preenchimento da planilha poderiam ser
corrigidos, sem majoração do preço ofertado.
21.5.Análise: cumpre ressaltar, inicialmente, que, mediante consulta ao sítio do Comprasnet
(www.comprasgovernamentais.gov.br), foi obtida cópia da proposta de preço da RCA, que foi acostada
aos autos na peça 39.
21.5.1.Com relação à quantidade de oportunidades oferecidas à RCA para correção de sua proposta,
o fato não é capaz de violar os princípios da impessoalidade e da igualdade, como aventado pela autora,
uma vez que a intuito da Administração é a obtenção da oferta mais vantajosa. Assim, em condições
isonômicas, caso outra empresa tivesse se sagrado vencedora do pregão, o tratamento poderia e deveria
ter ocorrido de forma similar.
21.5.2.Ademais, deve-se considerar que o fato também se revelou razoável, uma vez que o
procedimento não resultou em modificação substancial da proposta, tampouco do valor total oferecido
por essa empresa.
21.6.Argumentos da FUB: com relação à insalubridade, afirmou (peça 33, p. 4) que existem duas
vertentes, uma que defende a utilização do salário mínimo para se calcular esse adicional, tal como dispõe
o art. 192 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e outra, a remuneração básica do trabalhador,
uma vez que o art. 7º, IV, da Constituição Federal veda a vinculação do primeiro como índice ou base de
cálculo. No segundo caso, o entendimento estaria em consonância com a Súmula Vinculante-STF 4 e a
Súmula-TST 228.
21.6.1.Assim, considerando as duas possibilidades, a comissão de licitação decidiu acatar a cotação
desse adicional na forma adotada pela RCA (peça 33, p. 4).
21.7.Argumentos da RCA: alegou a empresa (peça 30, p. 4-5) que cada convenção coletiva de
trabalho (CCT) estabelece a sua base de cálculo, algumas indicando o salário mínimo e outras a
remuneração normativa da categoria.
21.7.1.Todavia, ao elaborar sua proposta de preços, constatou que a CCT que rege seus empregados
era omissa a respeito, razão pela qual optou por fazer o cálculo sobre o salário da categoria, pois caso a
Administração solicitasse a alteração, poderia reduzir o valor proposto (peça 30, p. 4).
21.8.Análise: foi realizada por esta Unidade Técnica consulta ao sítio do Sindicato das Empresas de
Asseio, Conservação, Trabalhos Temporários e Serviços Terceirizáveis do DF
(http://sindiservicodf.org.br/portal) para a obtenção de cópia da convenção coletiva de trabalho (CCT) de
2015, a qual foi carreada aos autos na peça 38.
21.8.1.De fato, como alegado pela RCA, a CCT não estabeleceu a base de cálculo desse adicional.
Neste caso, restam as duas linhas de entendimento jurídico, ou seja, o conflito entre o disposto no art. 192
da CLT, que indica o salário mínimo, e o art. 7º, IV, da Constituição Federal que veda sua vinculação
para qualquer finalidade.
21.8.2.Em 26/6/2008, o TST editou a Súmula Vinculante 228, a qual estabelecia o salário básico do
empregado como base de cálculo desse adicional, salvo se houvesse critério mais vantajoso previsto em
convenção coletiva.
403 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
21.8.3.Todavia, conforme informação obtida no sítio daquela Corte Trabalhista (www.tst.jus.br),
sua eficácia encontra-se suspensa por decisão liminar proferida pelo Ministro Gilmar Mendes, do STF,
segundo a qual “não é possível a substituição do salário mínimo, seja como base de cálculo, seja como
indexador, antes da edição de lei ou celebração de convenção coletiva que regule o adicional de
insalubridade”.
21.8.4.Cabe destacar que a RCA informou que fez a cotação utilizando o salário normativo da
categoria e que, caso houvesse questionamento do pregoeiro, reduziria o valor da sua proposta.
21.8.5.Essa declaração indica que sua proposta de preço foi incorretamente elevada, o que enseja
determinar à FUB que condicione a continuidade de vigência do contrato 200/2015, firmado com a RCA,
à celebração de aditamento contratual visando expurgar a diferença desse cálculo, inclusive seus reflexos
em encargos trabalhistas (67,90%), custos indiretos (55,90%), tributos (14,25%) e lucro (55,90%), bem
como que exija a restituição, ou a glosa em faturas vincendas, de valores já pagos, cujos percentuais
constam na proposta de preço dessa empresa.
21.8.6.Deve-se ressaltar, ainda, que esses valores estão sujeitos à alteração em razão de eventual
repactuação contratual provocada pela celebração de nova convenção coletiva no ano corrente.
21.9.Argumentos da FUB: quanto aos custos indiretos e ao lucro, relativos aos empregados com
grau de insalubridade, que foram cotados pela RCA em 55,9%, a Fundação informou (peça 33, p. 4 5)
apenas que essa empresa concedeu desconto na sua proposta final, que passou de R$ 30.150.000,00 para
R$ 30.139.474,08, o que teria sido mais vantajoso para a Administração.
21.10.Argumentos da RCA: segundo a empresa (peça 30, p. 5), o fato se deu apenas para fazer o
“fechamento” do valor total proposto. Contudo, o quantitativo de empregados abrangidos (29)
representava apenas 4,51% do contingente global do contrato (643).
21.11.Análise: o impacto desses percentuais no quantitativo total de empregados (29 dividido por
643 = 4,5%) e no valor global da proposta de preço (R$ 3.137.910,12 dividido por R$ 30.139.474,08 =
10,5%) pode não ser tão significativo, como aventado pela FUB e a RCA.
21.11.1.Todavia, exsurge do fato o risco da prática de jogo de planilha, em eventual repactuação do
contrato para acréscimo de serviços, no caso de aplicação do disposto no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993.
21.11.2.Essa conclusão decorre da eventual necessidade de contratação adicional de serventes
insalubres – com custo unitário mensal de R$ 8.923,23 e R$ 9.829,51, conforme o grau de insalubridade
de 20% e 40%, respectivamente – que teria impacto muito mais elevado no contrato do que em relação
aos demais faxineiros, cujo dispêndio mensal seria de R$ 3.583,09 por empregado (vide proposta de
preço na peça 39).
21.11.3.Ressalte-se que para os custos indiretos e o lucro, no caso dos demais empregados (614 de
643 trabalhadores), os índices cotados pela RCA foram de 2% e 6,5%, respectivamente.
21.11.4.Assim, de forma a afastar o risco de jogo de planilha, entende-se que deve ser determinado
à FUB que condicione a continuidade de vigência do contrato 200/2015, firmado com a RCA, à
celebração de aditamento contratual, para que os itens “custos indiretos” e “lucros” da proposta de preço
da RCA sejam alterados, sem modificação do seu valor total, de forma a corresponderem a percentuais
similares para todos os cargos envolvidos no contrato.
21.12.Argumentos da FUB: a respeito do quantitativo de encarregados, esclareceu (peça 33, p. 5)
que a comissão tinha analisado as planilhas, percebendo somente essa diferença, a qual seria decorrente
de erro no arredondamento do cálculo. Em decorrência, concluiu que não haveria comprometimento da
execução do serviço pela exclusão de apenas um trabalhador.
21.13.Argumentos da RCA: entendeu a empresa (peça 30, p. 5-6) que o edital não determinava o
quantitativo, apenas instruiu quanto ao cálculo da produtividade a ser adotado. Assim, em razão de
arredondamentos na sua proposta, restou consignado que seriam alocados vinte empregados para essa
atividade.
21.14.Análise: foi realizada por esta Unidade Técnica a conferência do cálculo da divisão da área
pela produtividade na proposta da RCA, segundo critérios estabelecidos no item 8 do termo de referência
(peça 4, p. 63-64).
404 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
21.14.1.O procedimento permitiu verificar que a empresa calculou o quantitativo de encarregados
por tipo de área, de forma isolada, arredondando os valores para baixo, para, posteriormente, fazer seu
somatório, o que teria resultado em vinte empregados.
21.14.2.Contudo, o subitem 8.7 do termo de referência (peça 4, p. 64) dispõe que deve ser adotada a
relação de um encarregado para cada trinta serventes, destacando, ainda, que esse critério estaria em
conformidade com o art. 44, § 1º, da IN-SLTI-MP 2/2008. De fato, o dispositivo dessa norma indica essa
forma de cálculo, assegurando, também, que fração nesse cálculo levaria ao seu arredondamento para
cima, podendo a quantidade ser reduzida, com requisitos previamente apostos no edital, a critério da
autoridade competente.
21.14.3.Portanto, em atendimento à produtividade pré-definida no subitem 8.7 do termo de
referência, o cálculo deveria ser pelo total de serventes ofertados pela empresa, ou seja, teríamos 623
divididos por trinta, o que resultaria em 20,77 trabalhadores e, considerando-se a fração, deveriam ser
alocados na proposta de preço o total de 21 encarregados.
21.14.4.A cotação de quantitativo de encarregados inferior ao previsto no instrumento convocatório
viola o princípio da isonomia entre os licitantes, uma vez que há a possibilidade de outras empresas terem
considerado quantidade superior de profissionais em suas propostas e, consequentemente, na oferta de
lances no certame.
21.14.5.Deve, assim, ser acolhida a tese da representante, para que seja determinado à FUB que
condicione a continuidade de vigência do contrato 200/2015, firmado com a RCA, à celebração de
aditamento contratual para que essa empresa modifique sua proposta de preços, de forma a acrescentar
um encarregado, sem que haja alteração no valor global da contratação, de maneira a guardar o pleno
atendimento às disposições do edital.
21.14.6.Ressalte-se, ainda, que em razão de o contrato se encontrar em execução, deve também ser
determinado à Fundação que faça o cálculo do custo desse profissional, o qual deveria estar presentando
serviços desde o início de vigência contratual, e promova glosa desse valor em faturas vincendas.
22.Aumento no quantitativo de empregados alocados para a nova contratação e diferença
entre o valor obtido no certame e aquele do contrato firmado com a Apecê
22.1.A Apecê alegou (peça 1, p. 9) que a administração estaria contrariando os termos do Acórdão
278/2015-TCU-Plenário, uma vez que executa os serviços, por meio do Contrato 179/2014, com 594
empregados e na nova contratação, apesar do aumento de área em aproximadamente 1.000 m², será
utilizado um quantitativo de aproximadamente 640 trabalhadores, não havendo, portanto, justificativa
para esse acréscimo.
22.2.Para a autora (peça 1, p. 8-9 e 14-18), a discrepância entre o valor do Contrato 179/2014 (R$
26.786.885,16), atualmente em execução pela representante, e o menor preço ofertado no pregão em
comento (R$ 30.124.520,00) resulta numa diferença anual de R$ 3.337.634,84, podendo o prejuízo passar
dos R$ 16.000.000,00 se o contrato for prorrogado por sessenta meses, o que contraria a orientação do
Acórdão 4.706/2014-TCU-1ª Câmara.
22.3.Argumentos da FUB: a Fundação não teceu argumentações acerca do aumento do quantitativo
de empregados, alegando (peça 33, p. 1) apenas que o aumento do preço estimado para o certame, em
relação à contratação que se encontrava vigente (contrato 179/2014), deu-se em razão de que a “Fábrica-
Escola de Química/FEsQ” fornecia materiais de limpeza para a contratada, para a execução dos serviços.
22.3.1.Porém, teria havido alterações no termo de referência do novo certame, o qual passou a
prever que caberia à empresa a ser contratada a aquisição de todos os materiais, os equipamentos e os
insumos necessários (peça 33, p. 1).
22.4.Argumentos da RCA: segundo essa empresa (peça 30, p. 2), o edital do certame anterior
(pregão 24/2014) dispensava a licitante de considerar em sua proposta custos com saneantes
domissanitários, os quais deveriam ser fornecidos pela FUB. Porém, no instrumento convocatório
destinado a nova contratação esse custo passou a ser encargo da futura contratada.
22.4.1.Prosseguiu a empresa, alegando (peça 30, p. 2) que outro fator resultou no aumento dos
custos da contratação, desta vez referente ao quantitativo de empregados, uma vez que no contrato
405 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
celebrado com a Apecê foram alocados 584 trabalhadores e para o pregão 16/2015 a RCA considerou 643
funcionários com base no edital do certame.
22.5.Análise: para o exame da evolução dos custos entre a melhor proposta obtida no pregão
eletrônico 16/2015 (empresa RCA – peça 39) e o contrato decorrente do certame anterior (Apecê), houve
a necessidade de juntar aos presentes autos cópia da proposta que a autora havia apresentado à época
(peça 40), a qual se encontrava acostada na peça 118 dos autos do TC 001.511/2014-9, processo
originário do Acórdão 4.706/2014-TCU-1ª Câmara.
22.5.1.Notadamente quanto ao fornecimento de materiais, assiste razão à RCA, uma vez que o
subitem 19.1 do termo de referência (peça 41, p. 48) e o anexo VI do edital (peça 41, p. 73), que levaram
à contratação da Apecê, estabeleceram como obrigação da contratante a entrega de alguns saneantes
domissanitários, tais como desinfetante, detergente, água sanitária e sabonete líquido, o que não se repetiu
no certame subsequente, passando a nova contratada a assumir os respectivos custos.
22.5.2.Segundo a proposta da Apecê (peça 40), o valor total cotado para materiais/equipamentos, os
quais não contemplavam aqueles acima mencionados, foi de R$ 159.053,15 por mês (R$ 281,51 x 565
empregados), sem considerar seu reflexo nos custos indiretos, nos tributos e no lucro.
22.5.3.Na contratação da RCA, esse montante subiu para R$ 205.452,94 (R$ 329,79 x 623
empregados), correspondendo a um acréscimo de 29,17%, que abrange o fornecimento de todos os
saneantes domissanitários e, também, de possível elevação de preços dos itens ao longo do período de um
ano, o que, em tese, não se considera desarrazoado
22.5.4.Com base nas propostas de preço de ambas as empresas, foi possível identificar a variação
do quantitativo de pessoal, fato que também levou ao acréscimo de custo entre os dois contratos:
a) contrato da Apecê (proposta na peça 40):
Tipo de área Área
(m2) Função
Prod.
(m2/dia)
Qde.
Empreg.
Custo (R$)
Unitário Mensal
SERVENTES DE LIMPEZA
Pisos
frios/acarpetados 313.751,00
Servente -
44h 901,58 348 3.343,69
1.163.604,12
Almoxarifado/galpões 41.849,00
Servente -
44h 1.549,96 27 3.343,69
90.279,63
Esquadria externa (1) 67.042,00
Servente -
44h 224,17 25 3.343,69
83.592,25
Área externa 216.998,00
Servente -
44h 1.643,92 132 3.343,69
441.367,08
Área hospitalar - Ins.
20% 9.950,00
Servente -
Ins. 20% 331,67 30 3.733,12
111.993,60
Área hospitalar - Ins.
40% 935,00
Servente -
Ins. 40% 311,67 3 4.122,57
12.367,71
Subtotal 650.525,00 565 1.903.204,39
ENCARREGADOS
Todas as áreas 650.525,00 Encarregado 19 4.878,80 92.697,20
Subtotal 650.525,00 19 92.697,20
TOTAL
Servente - 44h 532 3.343,69 1.778.843,08
Servente - Ins. 20% 30 3.733,12 111.993,60
Servente - Ins. 40% 3 4.122,57 12.367,71
Encarregado 19 4.878,80 92.697,20
Diferença (2) (-) 2.632,58
TOTAL 584 1.993.269,01
Obs: (1) a limpeza na esquadria externa é quinzenal (2) as planilhas dos valores por empregado
diferem do cálculo referente ao custo por área.
406 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a)contrato da RCA (proposta na peça 39):
Tipo de área Área
(m2) Função
Prod.
(m2/dia)
(2)
Qde.
Empreg.
Custo (R$)
Unitário Mensal
SERVENTES DE LIMPEZA
Pisos
frios/acarpetados 320.576,07
Servente -
44h 800,00 401 3.583,09
1.436.819,09
Almoxarifado/galpões 35.528,33
Servente -
44h 1.350,00 26 3.583,09
93.160,34
Esquadria externa (1) 64.327,02
Servente -
44h 220,00 19 3.583,09
68.078,71
Área externa 221.689,69
Servente -
44h 1.500,00 148 3.583,09
530.297,32
Área hospitalar - Ins.
20% 8.519,12
Servente -
Ins. 20% 330,00 26 8.923,23
232.003,98
Área hospitalar - Ins.
40% 935,45
Servente -
Ins. 40% 330,00 3 9.829,51
29.488,53
Subtotal 651.575,68 623 2.389.847,97
ENCARREGADOS
Todas as áreas 651.575,68 Encarregado 20 5.118,35 102.367,00
Subtotal 651.575,68 20 102.367,00
TOTAL
Servente - 44h 594 3.583,09 2.128.355,46
Servente - Ins. 20% 26 8.923,23 232.003,98
Servente - Ins. 40% 3 9.829,51 29.488,53
Encarregado 20 5.118,35 102.367,00
Diferença (3) 19.407,87
TOTAL 643 2.511.622,84
Obs: (1) a limpeza na esquadria externa é quinzenal; (2) a empresa RCA utilizou a produtividade
prevista no edital, fazendo arredondamentos no quantitativo de empregados; (3) as planilhas dos valores
por empregado diferem do cálculo referente ao custo por área.
22.5.5.Cabe ressaltar que os termos de referência de ambas as contratações fixaram idênticos
índices de produtividade.
22.5.6.Pelo que se observa nas tabelas acima, a variação do quantitativo de empregados entre os
contratos decorreu do fato de a empresa RCA ter realizado seu cálculo com base na produtividade mínima
estabelecida no termo de referência, enquanto que a Apecê havia ofertado índices mais altos nos seguintes
casos: pisos frios/acarpetados (901,58 m2 x 800,00 m2); almoxarifado/galpões (1.549,96 m2 x 1.350,00
m2); e área externa (1.643,92 m2 x 1.500,00 m2).
22.5.7.Em que pese a Apecê ter apresentado produtividade mais elevada à época do certame que
resultou na sua contratação, não se pode acatar, neste ponto, como irregular a proposta da RCA, uma vez
que essa empresa não violou o mínimo estabelecido no termo de referência, tampouco na IN-SLTI-MP
2/2008. Ademais, a fixação de índice de produtividade superior ao previsto nesta instrução normativa
constitui poder discricionário da administração.
22.5.8.Deve-se considerar, ainda, que a variação dos custos também decorre do aumento dos
salários e dos benefícios vigentes entre os anos de 2014 e 2015, em razão das convenções coletivas
celebradas. Segundo as propostas dessas duas empresas (peças 39-40), os valores praticados à época
eram:
Item 2014 2015 Variação
407 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(Apecê) (RCA)
Salário do Servente de limpeza 873,60 952,22 9,00%
Salário do Encarregado 1.747,20 1.904,44 9,00%
Auxílio-alimentação 440,00 624,00 41,82%
22.5.9.Assim, tendo em vista que a diferença de valor anual dos contratos é de R$ 3.337.634,84, o
que corresponde a um acréscimo de 12,45%, mesmo considerando o aumento de quantitativo de pessoal,
verifica-se não ser desarrazoado o menor lance obtido no certame em comento, ressalvando-se, todavia, a
impropriedade na forma de cálculo do adicional de insalubridade, conforme já destacado na presente
instrução.
22.5.10.Em decorrência, não se constata a presença da fumaça do bom direito, uma vez que o único
questionamento apontado pela representante, que se afigurou como irregular, pode ser sanado por meio de
repactuação do contrato. Também não há que se falar em perigo da demora, pois o instrumento contratual
já foi celebrado e se encontra em vigência.
22.5.11.Conclui-se, portanto, pelo indeferimento do pedido de concessão de medida cautelar,
formulado pela autora, bem como pela procedência em parte do presente processo, determinando-se à
FUB que promova a repactuação do contrato para expurgar a diferença relativa à base de cálculo do
adicional de insalubridade e dando-se ciência a respeito da não realização dos estudos técnicos
preliminares para a contratação em comento.
CONCLUSÃO
23.O presente processo foi conhecido como representação, por meio do despacho exarado pela
Ministra-Relatora na peça 17, em 15/12/2015 (item 10 desta instrução).
24.Deve ser indeferido o pedido de ingresso da autora como parte interessada no presente processo,
uma vez que não demonstrou de forma clara e objetiva razão legítima para intervir nos autos, nos termos
do art. 146 do regimento Interno/TCU. Em decorrência, não devem ser conhecidos os documentos
apresentados pela Apecê, constantes das peças 22, 28 e 32, como agravos ou recurso de reconsideração,
por ausência de legitimidade da autora (itens 11-14 desta instrução).
25.Constatou-se que o pregão eletrônico 16/2015 da FUB foi realizado sem os estudos técnicos
preliminares, em afronta ao disposto no art. 6º, IX, da Lei 8.666/1993, razão pela qual deve ser dada
ciência à Administração a respeito do fato, com vistas à prevenção de ocorrências semelhantes em
certames futuros (item 18 desta instrução).
26.Os questionamentos da representante acerca de possíveis falhas do sistema Comprasnet, no
transcorrer da fase de lances do certame em comento, e da qualificação técnica da empresa RCA Produtos
e Serviços Ltda. restaram afastados ante a ausência de elementos capazes de demonstrar eventuais
irregularidades (itens 19-20 desta instrução).
27.Também não se confirmaram como irregulares os fatos pertinentes à concessão de oportunidades
para correção de sua proposta de preço (item 21 desta instrução).
28.Com relação à base de cálculo do adicional de insalubridade, assiste razão à autora, uma vez que
a RCA utilizou o salário normativo, quando o correto deveria ser o salário mínimo, à luz do art. 192 da
CLT. Assim, deve ser determinado à FUB que condicione a continuidade de vigência do contrato
200/2015, firmado com essa empresa, à celebração de aditamento contratual, visando expurgar a
diferença desse cálculo, inclusive nos seus reflexos em encargos trabalhistas, custos indiretos, tributos e
lucro, bem como exija a restituição de valores já pagos ou o desconto equivalente a esses valores nas
faturas vincendas (item 21 desta instrução).
29.Quanto aos percentuais cotados pela RCA para o custos indiretos e o lucro nas planilhas dos
faxineiros insalubres, verificou-se a existência de risco de jogo de planilha em eventual aditamento do
contrato para acréscimo de serviços, conforme previsto no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, razão pela
qual deve ser determinado à FUB que condicione a continuidade de vigência do contrato 200/2015,
firmado com essa empresa, à celebração de aditamento contratual, para que os itens “custos indiretos” e
“lucros” da proposta de preço da contratada sejam alterados, sem modificação do seu valor total, de forma
408 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a corresponderem a percentuais similares para todos os cargos envolvidos no contrato (item 21 desta
instrução).
30.A forma de cálculo utilizada pela RCA, para definir o quantitativo de encarregados em sua
proposta de preço, afrontou o disposto no subitem 8.7 do termo de referência c.c. o art. 44, § 1º, da IN-
SLT-MP 2/2008, o que enseja determinar à FUB que condicione a continuidade de vigência do contrato
200/2015, firmado com essa empresa, à celebração de aditamento contratual visando à modificação da
proposta de preços, de forma a acrescentar um profissional, sem que haja alteração no valor global da
contratação. Deverá, ainda, realizar glosa em faturas vincendas, em relação ao custo desse trabalhador
que deixou de prestar serviços desde o início da vigência contratual e consistia em exigência do edital,
respeitada a produtividade mínima definida (item 21 desta instrução).
31.No que tange ao aumento do quantitativo total de empregados, ressalvando-se o disposto acima,
não se verificou irregularidade na proposta da RCA, uma vez que a empresa adotou os índices de
produtividade mínima estabelecidas no edital, enquanto a Apecê havia cotado valores mais elevados (item
22 desta instrução).
32.Considerando que as impropriedades verificadas na cotação do adicional de insalubridade, dos
custos indiretos e do lucro, no caso dos faxineiros insalubres, e do quantitativo total de encarregados
podem ser sanadas mediante repactuação contratual, não se revelou presente a fumaça do bom direito. O
perigo da demora também se mostrou ausente, uma vez que o contrato já foi celebrado e se encontra em
vigência (subitem 22.5.10 desta instrução).
33.Dessa forma, deve ser indeferido o pedido de concessão de medida cautelar formulado pela
autora e, em relação ao mérito, deve ser julgado parcialmente procedente o presente processo (subitem
22.5.11 desta instrução).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
34.Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se:
34.1.conhecer o presente processo como representação, uma vez satisfeitos os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei
8.666/1993;
34.2.não conhecer os agravos e o recurso de reconsideração apresentados pela Apecê Serviços
Gerais Ltda. (CNPJ 00.087.163/0001-53) nas peças 22, 28 e 32, ante a falta de legitimidade da recorrente,
nos termos dos arts. 146 e 282 do Regimento Interno/TCU;
34.3.indeferir o pedido da Apecê Serviços Gerais Ltda. (CNPJ 00.087.163/0001-53) de ingresso
como parte interessada nos autos, com fundamento no art. 146 do Regimento Interno/TCU, uma vez que
não demonstrou de forma clara e objetiva razão legítima para intervir no processo;
34.4.indeferir o pedido de medida cautelar formulado pela empresa Apecê Serviços Gerais Ltda.
(CNPJ 00.087.163/0001-53), ante a ausência dos pressupostos para sua concessão;
34.5.considerar, no mérito, parcialmente procedente a presente representação;
34.6.determinar, nos termos do art. 250, II, do Regimento Interno/TCU, à Fundação Universidade
de Brasília que:
a) condicione a continuidade da vigência do contrato 200/2015, firmado com a empresa RCA
Produtos e Serviços Ltda. (CNPJ 69.207.850/0001-61), à celebração de aditamento, com o fito de:
a1) expurgar a diferença do adicional de insalubridade que foi indevidamente calculado pela
empresa sobre o salário normativo da categoria, quando o correto seria sobre o salário mínimo, à luz do
art. 192 da CLT, considerando, inclusive, seus reflexos em encargos trabalhistas, custos indiretos, tributos
e lucro;
a2) alterar os itens “custos indiretos” e “lucros” da proposta de preço dessa empresa, sem
modificação do seu valor total, de forma a corresponderem a percentuais similares para todos os cargos
envolvidos no contrato; e
a3) modificar o quantitativo de encarregados na proposta de preço da RCA, sem alteração do seu
valor global, para que conste 21 profissionais, de forma a corresponder ao cálculo do índice mínimo de
produtividade previsto no subitem 8.7 do termo de referência c.c o art. 44, § 1º, da IN-SLT-MP 2/2008.
409 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
b) observe possível alteração no cálculo referente à alínea a1 supra, em razão do impacto provocado
pelo reajuste do salário mínimo e eventual celebração de nova convenção coletiva no transcorrer do ano
de 2016;
c) exija a restituição ou promova glosas em faturas vincendas da RCA Produtos e Serviços Ltda.
(CNPJ 69.207.850/0001-61), no âmbito do contrato 200/2015, referentes:
c1) à diferença apurada nos pagamentos já realizados, em decorrência da alteração do método de
cálculo do adicional de insalubridade; e
c2) ao custo de um encarregado que deveria estar prestando serviços desde o início da vigência
contratual.
d) informe ao Tribunal, no prazo de trinta dias, as medidas que forem adotadas.
34.7.dar ciência à Fundação Universidade de Brasília quanto à ausência dos estudos técnicos
preliminares no processo licitatório do pregão 16/2015, em violação ao disposto no art. 6º, IX, da
Lei 8.666/1993, com vistas à prevenção de outras ocorrências semelhantes;
34.8.encaminhar cópia da decisão que vier a ser prolatada à representante, à empresa RCA Produtos
e Serviços Ltda. e à Fundação Universidade de Brasília; e
34.9.arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, V, do Regimento Interno/TCU, sem
prejuízo de que a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog) monitore o
cumprimento das determinações.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de representação da empresa Apecê Serviços Gerais Ltda., com pedido de cautelar,
acerca de possíveis irregularidades no pregão eletrônico 16/2015, promovido pela Fundação
Universidade Brasília – FUB para contratação de serviços continuados de limpeza.
2.A representante alegou que ocorreram as seguintes irregularidades: (i) falha no Comprasnet
que inviabilizou sua oferta de lances; (ii) possível sobrepreço de R$ 3,3 milhões por ano na
contratação efetuada; (iii) aumento injustificado do número de empregados; (iv) habilitação de
empresa que não preenchia requisitos; e (v) falhas na proposta vencedora da licitação.
3.A Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog, ao admitir a
possibilidade de sobrepreço proveniente de possíveis erros nos quantitativos de empregados,
entendeu que estavam preenchidos os requisitos do perigo da demora e do indício do bom direito
para que fosse concedida a cautelar. As demais falhas apontadas não foram reconhecidas pela
Selog.
4.Neguei a cautelar sugerida por entender que não foram demonstrados o sobrepreço e o erro
nas quantidades de trabalhadores, em especial pelo fato de que estavam sendo comparados os
preços licitados com aqueles praticados no contrato então vigente, embora estes últimos não tinham
sido utilizados como estimativa de preços na licitação. Argumentei, ainda, que possíveis erros nas
estimativas de quantitativos poderiam ser corrigidos posteriormente, mediante assinatura de termo
aditivo. Não obstante, autorizei a oitiva da universidade e da empresa vencedora da licitação para,
no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem justificativas.
5.Inconformada com tal deliberação, a representante ingressou com agravo. Uma vez que a
Selog já se manifestou a respeito do mérito da representação, examino aquele apelo, nesta
oportunidade, juntamente com as justificativas da universidade, a manifestação da licitante
vencedora da licitação e a solicitação da autora de ingresso nos autos como parte interessada.
DO AGRAVO E DO PEDIDO DE INGRESSO NOS AUTOS
6.Em seu agravo, juntado aos autos em 21/12/2015 (peças 22 e 28), a representante trouxe os
mesmos argumentos apresentados em sua peça inicial e reforçou a tese de existência de possível
sobrepreço, com fundamento no entendimento sobre esse ponto defendido pela Selog em sua
410 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
primeira manifestação. Em 29/12/2015, foi juntada aos autos nova peça da representante,
denominada “razões de reconsideração” (peça 32), em que apresentou novamente os mesmos
fundamentos e reiterou a urgente necessidade de ser adotada a cautelar sugerida pela Selog. Recebo
tal documento como parte integrante do agravo, e acrescento que, anteriormente, a representante
também havia solicitado seu ingresso nos autos como parte interessada (peça 13).
Do ingresso nos autos como parte interessada
7.Ao acompanhar jurisprudência desta Corte (e.g., acórdão 1.924/2015 – Plenário, de minha
relatoria), indeferi, mediante despacho, o pedido de ingresso nos autos como parte interessada.
Nesta oportunidade, ao registrar que a Selog também se manifestou nesse sentido em seu
derradeiro pronunciamento, reitero tal indeferimento com os mesmos fundamentos então adotados,
cujo teor abaixo transcrevo:
“7.Conforme o art. 146 do Regimento Interno e consoante jurisprudência consolidada nesta Casa no
tocante ao papel do autor de representação ou denúncia, cabe a este demonstrar seu interesse em intervir
no respectivo processo. Apesar de iniciar o procedimento fiscalizatório, não existe para o autor, salvo se
admitido como interessado, prerrogativa de comparecer aos autos em defesa de seus pontos de vista, uma
vez que o próprio Tribunal assume o curso das apurações (acórdãos do Plenário 1.136/2014 e 406/2015).
8.No caso em exame, a representante nem mesmo tomou parte na fase de lances do procedimento
licitatório, como reconheceu, na peça vestibular, ao apontar possíveis falhas no sistema Comprasnet – não
constatadas pela Selog – que supostamente teriam inviabilizado sua participação.
9.Além disso, os vícios procedimentais alegados pela autora na representação, no pedido de
ingresso nos autos e no agravo, ainda que venham a ser eventualmente confirmados, poderão até mesmo
acarretar invalidação do certame, mas não caracterizam a existência de lesão atual ou futura ao
patrimônio jurídico da APC que configure seu interesse em intervir no feito.
10.Acrescento a tais peculiaridades o fato de que a adoção da providência cautelar requerida teria
como consequência prática a extensão do atual contrato mantido pela FUB, considerado ilegal pelo
acórdão 4.706/2014-1ª Câmara, que expressamente determinou a não prorrogação daquele pacto.
11.Por tais razões, indefiro o ingresso da Apecê nos autos como interessada, o que, em princípio,
acarreta sua ilegitimidade para interpor quaisquer recursos, dada a impossibilidade de exercício de
faculdades processuais. A deliberação sobre a admissão do agravo e seu mérito, entretanto, será deixada
para o Plenário desta Corte, como já antecipei.”
Do agravo
8.No tocante ao agravo, reitero a deliberação de que não caberia adoção da cautelar, uma vez
que não restou comprovado o sobrepreço apontado pela representante, conforme demonstrei no
despacho que indeferiu o pleito formulado:
“13.Além dos fundamentos já apresentados para não adotar a medida cautelar, verifico, em rápida
análise do edital e de seu termo de referência, que o quantitativo de 643 postos previsto no instrumento
convocatório está de acordo com os critérios definidos no item 8 do termo de referência a ele anexo (peça
4, pp. 63/64). Constato, também, que as produtividades definidas no aludido item 8 são iguais ou
superiores àquelas definidas nos arts. 43 e 44 da IN/SLTI 2/2008, que regula a matéria. Assim, não
vislumbro, em princípio, ilegalidade nos procedimentos adotados pela FUB no que se refere à definição
dos quantitativos, o que, entretanto, deverá ser objeto de análise e manifestação da Selog, como já frisado.
14.Com base nas mesmas produtividades constantes do termo de referência e nas áreas definidas no
item 1.2 da cláusula primeira do contrato atual, registro igualmente que seriam necessários 642 postos de
trabalho, e não 584. Portanto, o erro pode ter sido cometido no contrato atual, e não no pregão ora
questionado.”
9.Lembro que a Selog, após examinar os esclarecimentos prestados em resposta às oitivas
realizadas, também reconheceu não existirem razões suficientes para adoção da cautelar que havia
anteriormente sugerido, uma vez que não restou comprovado sobrepreço, como demonstrarei a
seguir, ao examinar o mérito da representação.
411 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10.Em razão do exposto, o agravo não deve ser conhecido por falta legitimidade, uma vez que
não é parte interessada no processo.
DO MÉRITO DA REPRESENTAÇÃO
11.Em atenção à oitiva desta Corte, esclareceu a FUB que: (i) realizou levantamento in loco e
fez reuniões com as áreas a serem limpas, o que gerou inclusão e exclusão de prédios em relação ao
termo de referência anterior; (ii) foram oferecidas oportunidades à licitante vencedora da licitação
para corrigir falhas formais no preenchimento da proposta, sem majoração do preço, nos termos
dos arts. 29 e 29-A da IN SLTI/MP 02/2008; (iii) com relação à insalubridade, aceitou a proposta da
empresa de pagar com base no salário da categoria em razão da Súmula Vinculante STF 4 e da
Súmula TST 228; (iv) o erro na quantidade de encarregados seria originário de arredondamentos;
e (v) no contrato anterior, parte do material era fornecida pela FUB, o que não ocorre no atual
contrato e pode ter gerado a ilusão de existência de sobrepreço.
12.A licitante vencedora, RCA Produtos e Serviços Ltda., apresentou argumentos semelhantes
aos da Universidade.
13.No mérito, reconheceu a Selog que não restaram comprovadas as irregularidades
apontadas pela representante, inclusive o possível sobrepreço. Ao final, propôs apenas
determinações à FUB para que regularizasse falhas detectadas no procedimento, que não dariam
ensejo à nulidade da licitação.
14.Acolho como razões de decidir os fundamentos apresentados pela Selog, pois não restou
comprovado o sobrepreço e ou qualquer outra irregularidade que pudesse, de alguma forma,
ensejar a invalidação do procedimento licitatório.
15.Endosso também as propostas de determinações relativas às falhas detectadas, uma vez
que não restringiram elas a competitividade do certame e não impactaram a formulação das
propostas, conforme jurisprudência firmada no acórdão 3.334/2015 - Plenário, de minha relatoria.
16.Para reforçar a conclusão pela inexistência de sobrepreço, lembro que: (i) as estimativas
dos custos da mão de obra e das quantidades foram realizadas de acordo com a IN SLTI/MPOG
2/2008; (ii) a produtividade das estimativas da FUB ficou acima daquela definida na referida
norma; (iii) os preços do contrato em execução não foram utilizados como estimativa quando da
realização da licitação ora questionada e não podem, dessa forma, servir como referencial para fins
de adjudicação; (iv) participaram da licitação ora questionada cerca de 25 empresas, o que
caracteriza alta competitividade; (v) a vencedora da licitação apresentou proposta cerca de 10%
abaixo das estimativas da FUB; e (vi) o procedimento licitatório não apresenta indícios de fraude.
17.Portanto, as diferenças de preço existentes entre o contrato anterior e o atual devem ser
atribuídas exclusivamente à conjuntura do mercado, e não a possíveis falhas cometidas pela FUB,
pois, como já demonstrado, as estimativas por ela realizadas observaram rigorosamente o que
determina a IN SLTI/MPOG 02/2008.
18.Seria extremamente danoso à administração pública apontar a existência de sobrepreço em
proposta cujos valores ficaram abaixo daqueles estimados com base na IN SLTI/MPOG 02/2008.
Isso causaria grande insegurança a toda administração pública e impactaria sensivelmente a busca
da concretização do princípio constitucional da eficiência.
19.Todavia, não posso deixar de considerar que o contrato anterior era executado com 584
empregados terceirizados. Não obstante, cabe à FUB reexaminar a pertinência de diminuir as
quantidades do atual contrato, com a consequente redução do seu valor, nos termos do art. 65, § 1º,
da Lei 8.666/1993.
20.Por derradeiro, registro que, em 22/4/2016, foi juntado aos autos novo pedido da
representante de ingresso como parte interessada, com base suposto “fato novo”, que seria, em
síntese, a existência da seguinte decisão da desembargadora federal da primeira região Neuza
Alves:
412 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
“Ante o exposto, defiro, em parte, o pedido liminar para determinar a suspensão do contrato
sub judice, firmado com a empresa RCA Produtos e Serviços Ltda., até que seja proferida decisão
definitiva sobre essa questão pelo Tribunal de Contas da União.”
21.Não obstante tal deliberação, que não vincula esta Corte, reitero que a representante não
logrou êxito em demonstrar interesse subjetivo próprio que, de alguma forma, possa ser atingido
pela decisão que vier a ser proferida por este Tribunal. Pelas razões de fato e de direito já expostas
no item 7 deste voto, indefiro mais uma vez o pedido da representante de ingresso nos autos como
parte interessada.
Ante o exposto, acolho os pareceres da unidade técnica e VOTO por que o colegiado aprove a
minuta de acórdão que submeto à sua consideração.
ACÓRDÃO Nº 1237/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 033.604/2015-0.
2. Grupo I – Classe I – Agravo (Representação).
3. Representante: Apecê Serviços Gerais Ltda. (CNPJ 00.087.163/0001-53).
4. Unidade: Fundação Universidade de Brasília – FUB.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
5.1. Relatora da deliberação recorrida: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog.
8. Representação legal: Dalmo Rogério Souza de Albuquerque (OAB/DF 10.010) e outros,
representando Apecê Serviços Gerais Ltda.
9. Acórdão:
VISTA, relatada e discutida esta representação da empresa Apecê Serviços Gerais Ltda. acerca de
possíveis irregularidades no pregão eletrônico 16/2015, realizado pela Fundação Universidade de Brasília
para contratação de serviços continuados de limpeza.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pela relatora e com base no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 237, inciso VII,
e 277, inciso V, do Regimento Interno, em:
9.1. conhecer da representação e considerá-la parcialmente procedente;
9.2. indeferir o pedido de cautelar formulado pela autora;
9.3. indeferir os pedidos da autora de ingresso nos autos como parte interessada;
9.4. não conhecer do agravo impetrado ante a ausência de legitimidade;
9.5. determinar à Fundação Universidade Brasília que:
9.5.1. condicione a continuidade da vigência do contrato 200/2015, firmado com a empresa RCA
Produtos e Serviços Ltda. (CNPJ 69.207.850/0001-61), à celebração de aditamento com o fito de:
9.5.1.1. expurgar a diferença do adicional de insalubridade indevidamente calculado pela empresa
sobre o salário normativo da categoria, quando o correto seria sobre o salário mínimo, à luz do art. 192 da
CLT, considerando, inclusive, seus reflexos sobre encargos trabalhistas, custos indiretos, tributos e lucro;
9.5.1.2. alterar os itens “custos indiretos” e “lucros” da proposta de preço daquela empresa, sem
modificação de seu valor total, de forma a corresponderem a percentuais similares para todos os cargos
envolvidos no contrato; e
9.5.1.3. modificar o quantitativo de encarregados na proposta de preço da RCA, sem alteração de
seu valor global, para que constem 21 profissionais, de forma a corresponder ao cálculo do índice mínimo
de produtividade previsto no subitem 8.7 do termo de referência, c/c o art. 44, § 1º, da IN SLTI/MPOG
2/2008;
413 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.5.2. observe possível alteração no cálculo referente à alínea 9.5.1.1 deste acórdão, em razão do
impacto provocado pelo reajuste do salário mínimo e de eventual celebração de nova convenção coletiva
no transcorrer do ano de 2016;
9.5.3. exija a restituição ou promova glosas em faturas vincendas da RCA Produtos e Serviços Ltda.
(CNPJ 69.207.850/0001-61), no âmbito do contrato 200/2015, referentes:
9.5.3.1. à diferença apurada nos pagamentos já realizados, em decorrência da alteração do método
de cálculo do adicional de insalubridade; e
9.5.3.2. ao custo de um encarregado que deveria prestar serviços desde o início da vigência
contratual;
9.5.4. informe ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, as medidas adotadas;
9.6. dar ciência deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentaram, à
representante; e
9.7. arquivar os autos, sem prejuízo do monitoramento do cumprimento das determinações acima
pela Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1237-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE VII – Plenário
TC 035.988/2015-0
Natureza: Representação.
Unidade: Universidade Federal do Ceará – UFC.
Representante: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará – Secex/CE.
Interessada: Engemil - Engenharia, Empreendimentos, Manutenção e Instalações Ltda. (CNPJ
04.768.702/0001-70).
Representação legal: não há.
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. IRREGULARIDADE NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS
DE MANUTENÇÃO COM O FORNECIMENTO DE MATERIAIS. FALTA DE AMPARO LEGAL
NA CONTRATAÇÃO DOS MATERIAIS ANTE A AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO.
DETERMINAÇÕES. ARQUIVAMENTO DO PROCESSO.
RELATÓRIO
Transcrevo a seguir a instrução do auditor de controle externo da Secretaria de Controle Externo no
Estado do Ceará – Secex/CE, cujas conclusões, pelo conhecimento da representação, pela negativa da
cautelar e determinação à universidade para que não renove o contrato após o prazo de vigência, foram
acatadas pelos dirigentes da unidade:
“INTRODUÇÃO
Trata-se de Representação, ora em fase de análise de resposta a oitiva, noticiando possíveis
irregularidades no Pregão Eletrônico 211/2015, aberto em 30/12/2015, para contratação de serviços de
Manutenção Predial Preventiva e Corretiva (elétrica, hidrosanitária, parede e painel, revestimento,
414 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
cobertura, esquadria, marcenaria, pintura e reparos em geral) dos bens móveis e imóveis da Universidade
Federal do Ceará nos Campi da Capital e Interior (peça 3, pág. 1).
2.No processo foi exarado o r. despacho de peça 11, da Sra. Ministra Relatora do feito, no qual Sua
Excelência, ao ter presente a instrução preliminar dos autos produzida na Secex/CE (peças 9 e 10), teceu
as seguintes considerações acerca da forma prevista no edital para o pagamento dos materiais utilizados
nos serviços em licitação, para, ao final, apontar a medida processual pertinente:
“14. Verifico, porém, que não tem amparo legal o procedimento adotado pela universidade no que
se refere ao pagamento de custos com material. De acordo com o edital, os materiais utilizados nos
serviços serão pagos com base nos preços do Sinapi ou, não havendo esses preços, mediante a
apresentação de três propostas, sobre os quais incidirão LDI e tributos.
15. É fato que os preços do Sinapi representam bem os praticados pelo mercado e, por isso, não se
vislumbra de antemão prejuízo à administração. Todavia, preços do Sinapi correspondem a médias
daqueles praticados, e as pesquisas são realizadas em determinados períodos e em certas circunstâncias
do mercado. Portanto, é razoável admitir que os licitantes possam oferecer preços abaixo daqueles
registrados pelo sistema.
16. Não vislumbro, assim, razão para que os materiais não sejam licitados. Aliás, pesquisa
realizada por meu gabinete demonstra que o procedimento regularmente adotado pela administração é a
licitação dos materiais, em conjunto com os serviços ou em separado.
Em razão do exposto, restituo os autos à Secex/CE para que promova a oitiva da Universidade
Federal do Ceará e do licitante vencedor do certame, para, no prazo de 15 (quinze) dias, se
manifestarem sobre a possibilidade de contratação, sem licitação, dos materiais a serem utilizados na
execução dos serviços previstos no Pregão 211/2015, encaminhando-lhe cópia deste despacho”.
3.Expedidos os ofícios de oitiva, conforme peças 12, 13, 14 e 15, tanto a firma vencedora da
licitação (Engemil Engenharia Empreendimentos Manutenção e Instalação Ltda.), como a UFC
encaminharam suas respostas, que passaram a constituir as peças 17 e 18 do processo, respectivamente,
cuja análise é o objetivo da presente instrução.
HISTÓRICO
4.O edital dispõe da seguinte forma acerca do fornecimento dos materiais que serão utilizados nos
serviços objeto da licitação e do pagamento do custo correspondente:
“1. O valor dos materiais será pago à Contratada sob demanda, mediante prévia autorização de
cada prefeitura, ou seja, somente os materiais utilizados nos serviços, após o seu efetivo fornecimento,
por ocasião do pagamento da fatura mensal;
2. Serão utilizados como preços de referência os constantes no Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI (Tabela de Preço Ref. Insumos CE 052015
Desonerado), conforme tabela de materiais que se segue;
3. A Contratada deverá quando da apresentação da Nota Fiscal relativa ao período trabalhado,
anexar planilha contendo os códigos (SINAPI) de todos os insumos fornecidos no mês, rigorosamente
dentro dos preços indicados na referida tabela. Após a conferência dos itens, códigos e valores
apresentados na fatura, esses serão atestados e pagos pela Contratante.
4. Em caso de duplicidade de itens na Tabela SINAPI, será pago o menor valor encontrado. Caso o
material comprovadamente, não faça parte da Tabela SINAPI, a empresa deverá apresentar cotação com
um mínimo de três empresas da praça de Fortaleza e adquiri-lo conforme a menor cotação.
5. O valor do material a ser empregado para a execução da manutenção nos serviços, poderá
atingir até o limite de até 40% (quarenta por cento) do valor total da mão de obra mensal.
6. A CONTRATADA para prestação de todos os serviços, aqui especificados, fornecerá todos os
materiais necessários à sua perfeita execução, em até 48 horas, de acordo de com a planilha a seguir:
[segue extensa, praticamente exaustiva lista de materiais]”. (grifos originais)
5.Pela fórmula do edital, os materiais serão fornecidos pelo própria contratada, após autorização da
prefeitura de cada campus, sendo o pagamento realizado com base nos custos do Sistema Sinapi, da Caixa
415 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Econômica Federal. Não havendo cotação no sistema para um determinado material, este deverá ser
adquirido pela empresa mediante cotação a pelo menos três empresas, ao menor preço oferecido.
6.A representação encaminhada ao Tribunal pela Ouvidoria vê dois problemas nesse arranjo. Por
um lado, o erário sairia perdendo por pagar tributos em duplicidade, uma vez na compra efetuada pela
contratada, e a segunda ao pagar a nota apresentada pela mesma contratada incluindo os materiais antes
adquiridos. Por outro lado, cria-se uma situação de insegurança jurídica na compra desses materiais, que
passa a não se subordinar mais aos ditames legais sobre aquisições governamentais.
7.A instrução não considerou tais restrições motivos suficientes para a impugnação do certame,
enquando a Sra. Relatora, em seu Despacho sumário, entende que a fórmula foge à prática mais frequente
de licitar os materiais, separadamente ou em conjunto com os serviços, e que o pagamento pelos preços
referenciais do Sinapi, por serem médios, impedem a administração obter preços inferiores caso fossem
licitados.
Manifestação da UFC
8.Em sua resposta à oitiva, a entidade promotora da licitação, em extensa e minuciosa manifestação
firmada pelos Magníficos Reitor e Pró-Reitora de Administração da UFC, traz à discussão os seguintes
argumentos mais relevantes favoráveis à fórmula posta no edital, o mais das reproduzidos ipsis litteris e
fazendo-se uso da reunião de ideias semelhantes distribuídas em partes distintas do arrazoado (peça 18):
a) a alternativa eleita, segundo os ilustres manifestantes, pode não representar a melhor opção de
licitação, mas consideram inegável reconhecer que a fórmula contempla a licitação também dos materiais;
contrapõe-se a afirmativa em contrário “o fato de que a contratação de serviços contínuos com o
fornecimento de materiais, não é vedada pela Lei 8666/93, inexistindo norma que se possa apontar essa
proibição, enquanto do contexto normativo se pode extrair a regularidade de sua prática, onde e quando
isto seja recomendado pela economia de escala”; ao procurar defender que o custo dos materiais teria
sido reduzido em razão da licitação, a UFC alega que, “tendo em vista que o valor dos materiais é
proporcional ao valor dos serviços [os manifestantes se referem à disposição editalícia de que o valor dos
matérias em cada ordem de serviço deverá corresponder a 40% do valor total], à medida que há
competição no valor dos serviços, por conseguinte há, proporcionalmente, também competição no valor
dos materiais. Logo, como houve redução nos custos da mão de obra, por conseqüência os custos dos
materiais de consumo foram reduzidos na mesma proporção”.
b) a separação do objeto em serviços e materiais acarretará inúmeros embaraços à administração
para garantir a sintonia entre ambos os fluxos, pois há a “necessidade de que os serviços não sejam
interrompidos por eventuais desencontros ou conflitos com fornecedores de materiais”; a “separação do
fornecimento de material (...) é possível mas será prejudicial à eficiência administrativa, e à
economicidode da gestão pública, colocando sobre extremo risco a execução dos serviços”; “No caso de
serviços continuados, a experiência da UFC tem mostrado a dificuldade de conciliar o suprimento de
materiais licitados a outros fornecedores, com a regular execução dos serviços, o que potencializa a
geração de conflitos, associada à multiplicação de procedimentos controladores, resultando a criação de
burocracias desnecessárias e o encarecimento do produto/serviço, sem, necessariamente representar a
obtenção de maior qualidade”; “faz-se do domínio geral, que a contratação de serviços de manutenção e
conservação predial sem a conjugação do fornecimento dos materiais que se venha a fazer necessários,
resulta em inumeráveis situações de interrupção dos serviços, além de encarecer o seu custo
operacional”; segundo os manifestantes, a fórmula eleita garantiria economia de escala, “já que viabiliza
contratar nas melhores condições possíveis”; “Ademais, essa divisão [entre serviços e materiais] vai
quebrar a economia de escala, eis que quanto maior a quantidade do bem licitado, menor será o seu
custo”
c) “A previsão no edital de que os materiais utilizados nos serviços serão pagos com base nos
preços do SINAPI, consubstancia uma contratação sob demanda com base em preços de referência para
o mercado formado por autorizados órgãos públicos técnicos, a revelar objetividade de parâmetro”;
além disso, segundo o arrazoado da UFC, o Decreto 7.983/2013 (Estabelece regras e critérios para
elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com
416 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
recursos dos orçamentos da União, e dá outras providências), “em perfeita vigência, estabelece a
necessidade de definir o custo unitário e global das obras e serviços de engenharia, custeadas com
recursos provenientes da União, com apoio nas referências contidas no SINAPI”;
d) “Faz-se corrente no mercado a avalição das empresas privadas de que os preços do SINAPI
sempre estão aquém dos valores reais, a significar, portanto, economicidade para a contratação”;
e) “A idéia de que licitantes possam oferecer preços abaixo daqueles registrados no SINAPI briga
com a realidade conhecida, especialmente em face da situação de demanda eventual, indefinida, dos
suprimentos futuros”;
f) “com a utilização do sistema SINAPI opera-se economia com gasto de tempo e força de trabalho
para a realização de pesquisas de mercado em situação onde se tem uma variedade de insumos sob
perspectiva de demanda, mas sem lugar para estimativas de quantidades confiáveis”; “Não sendo
concretamente apontadas divergências significativas, entende-se que a utilização da tabela SINAPI seria,
a princípio, suficiente para referenciar os valores envolvidos na contratação dos serviços com
fornecimento de materiais”;
g) “Cabe lembrar que domina o ambiente licitatório reações aparelhadas apenas quando frustrado
o mero interesse privado, na disputa de mercado estabelecida. Basta notar que o Despacho em pauta,
afastou arguições próprias das reações tardias de quem foi vencido na licitação, apesar de ter deixado
sem qualquer impugnação o edital, certamente utilizando-se o amplo espaço comunicativo da Ouvidoria
do Tribunal de Contas para tentativas não declaradas de obter por vias indiretas, uma vitória que não
logrou no certame, disputado por 14 (quatorze) empresas (...)”; segundo a manifestação da UFC, o canal
da representação ao Tribunal “propicia condutas emulativas de licitantes que buscam gerar dificuldades
à contratação, quando vencidos, sem que tivessem, como se faz em boa-fé, impugnado o edital sob o qual
se apresentaram à disputa”; o arrazoado defende, em seguida, em síntese, que a representação fere à boa
fé objetiva e que, nos termos da Lei 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo), caberia à
administração observar a prevalência da boa-fé objetiva nos processos administrativos;
h) “Não atende ao interesse público, em qualquer caso, a simples ampliação da competição
licitatória, em detrimento da economicidade e da eficiência administrativa”;
i) referindo-se à observação da Sra. Ministra Relatora segundo a qual o procedimento regularmente
adotado na administração é a licitação dos materiais em conjunto com os serviços ou em separado (item
16 do Despacho à peça 11), os responsáveis pela UFC entendem que a escolha deve “ser pautada pela
verificação do atendimento, no caso concreto, à economia de escala”, tal como recomendado pelo
próprio TCU”, ou pela “aferição das circunstâncias do caso concreto”;
j) a UFC lista os seguintes fatores que tornam recomendável a licitação dos serviços de manutenção
predial em conjunto com os materiais em seus diversos campi:
j.1) “A Universidade Federal do Ceará é composta na Capital, por quatro Campi, Pici;
Porangabuçu; Benfica e Especial e no interior do estado, nas cidades de Sobral, Russas, Quixadá,
Crateús e Pentecostes, distantes até 350 km de Fortaleza”;
j.2) “A grande, diversidade de material necessário para a execução das ordens de serviço
inviabiliza seu atendimento em um único fornecedor”;
j.3) “Considerando o tipo de serviço prestado pela UFC em seus diversos Campi, é fundamental
que o tempo de atendimento ao fornecimento dos insumos seja o menor possível a fim de se evitar perdas
de equipamentos, pesquisas, etc.”;
j.4) “A licitação do material necessário para o atendimento às Ordens de Serviço comumente
solicitadas demandaria um tempo maior e um risco desnecessário e inaceitável, inviabilizando o pronto
atendimento, tornando o processo mais oneroso com a paralisação de atividades fins da UFC e da mão
de obra contratada para sua execução”;
j.5) “A Inexistência de uma logística local, para a guarda, controle, vigilância, transporte e
distribuição de todo o material a ser fornecido nos diversos Campi”;
417 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
j.6) “Consideramos ainda que em uma licitação para seu fornecimento, é de difícil mensuração,
podendo ocorrer falhas em quantitativos para mais ou para menos, trazendo diferenças orçamentárias
que podem trazer perdas para a Administração”;
j.7) “O tempo de vida útil do material a ser aplicado, como tintas, vernizes, cimentos, argamassas,
pode ser ultrapassado antes da possibilidade de sua aplicação gerando novos prejuízos à Administração
e inviabilizando a manutenção”;
j.8) “O grande número de fornecedores necessários para o atendimento a todos os insumos,
geraria uma grande dificuldade de fiscalização e a possibilidade de que a falta de um único insumo,
como, argamassas, tintas, aqui mencionados a título meramente ilustrativo, prejudicasse todo o processo”;
j.9) “Pelos motivos listados, optou-se pela redução de gastos com a economia de escala com o
fornecimento conjunto”.
l) os responsáveis citam procedimento licitatório de responsabilidade do próprio Tribunal de Contas
da União (Pregão Eletrônico 9/2014) que demonstraria que “também é fato que o TCU tem adotado a
conjugação de serviços e fornecimento de materiais”; (grifo original);
m) a UFC faz a seguinte observação no tocante ao percentual máximo de 40% do valor da ordem de
serviço que deverá se referir aos materiais (item 6.2 do Termo de Referência): “E, tendo em vista que o
valor dos materiais é proporcional ao valor dos serviços, à medida que há competição no valor dos
serviços, por conseguinte há, proporcionalmente, também competição no valor dos materiais. Logo,
como houve redução nos custos da mão de obra, por conseqüência os custos dos materiais de consumo
foram reduzidos na mesma proporção”.
Manifestação da área técnica da UFC demandante dos serviços licitados (Infra/UFC)
9.Importa transcrever a manifestação da área técnica da UFC demandante dos serviços (Infra/UFC),
reproduzida no corpo do arrazoado dos Magnifícios reitores manifestantes:
“Item 14 [do despacho da Sra. Relatora]. Uso da Tabela SINAPI:
LDO 2012. Lei 12.465/2011- Referências de Preço:
‘Art. 125. O custo global de obras e serviços de engenharia contratados e executados com recursos
dos orçamentos da União será obtido a partir de composições de custos unitários, previstas no projeto,
menores ou iguais à mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
índices da Construção Civil -SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal e
pelo IBGE, e, no caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sistema de Custos de Obras
Rodoviárias - SICRO,...’
Consideramos que o serviço de manutenção predial em edificações, redes e instalações no diversos
Campi da UFC, devem ser considerados como Serviços de Engenharia, portanto devendo seguir as
diretrizes estabelecidas pela Lei. Consideramos ainda como vantagens da utilização dos sistemas
referenciais de preços,
• Transparência dos custos aplicados.
• Padronização dos custos dos insumos entre as prefeituras da capital e interior.
• A representatividade do mercado, conforme se verifica nos quadros abaixo:
[segue quadro demonstrativo dos preços de alguns insumos do Sinapi e de estabelecimentos de
Fortaleza pesquisados]
Conforme o quadro acima, em rápida pesquisa no mercado local, os preços da Tabela SINAPI,
estão compatíveis com os preços praticados no mercado de Fortaleza.
É relevante citar que os preços dos materiais praticados nos Campi do interior, são acrescidos do
custo do transporte.
Item 16. A inclusão do provimento dos materiais juntamente com o fornecimento dos postos de
trabalho se deveu a alguns aspectos:
1. A grande, diversidade de material necessário para a execução das ordens de serviço pode
inviabilizar o seu atendimento por um único fornecedor através de outro processo licitatório:
Para exemplificar, tomemos como base uma necessidade de manutenção em uma sala de aula:
Normalmente, na manutenção de rotina das salas as prefeituras seguem uma rotina:
418 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
• Conserto de rebocos em paredes e tetos
• Pintura em paredes e tetos
• Revisão de portas com substituição de ferragens danificadas.
• Substituição de lâmpadas e reatores.
Cada uma dessas etapas necessita para sua execução de insumos próprios e que podem ser
fornecidos por diferentes empresas (argamassas, tintas, madeiras, fechaduras, lâmpadas e reatores)
O processo de fornecimento desses materiais se daria através da solicitação de empenho para
posterior fornecimento pelos fornecedores, e somente após este processo se teria a entrega dos insumos e
a execução do serviço. Essa formalidade demanda um tempo significativo que para efeito de manutenção
compromete o resultado podendo trazer prejuízos à atividade fim da UFC, sem contar com o efeito
acumulativo acrescentando novos problemas para a comunidade universitária.
2. A compra individualizada, exigiria uma logística local, com profissionais e área física para a
guarda, controle, vigilância, transporte e distribuição de todo o material a ser fornecido continuamente
nos diversos Campi o que elevaria consideravelmente o custo final do serviço de manutenção além da
possibilidade do fornecedor não dispor imediatamente de algum item necessário a execução da ordem de
serviço.
3. O tempo de vida útil de alguns materiais a serem aplicados, como tintas, vernizes, cimentos,
argamassas, pode ser ultrapassado antes da possibilidade de sua aplicação gerando novos prejuízos à
Administração e inviabilizando a manutenção novamente com maior custo para o contrato.
Podemos citar como vantagem o fornecimento do material através da empresa responsável pelo
fornecimento dos postos de serviço, os seguintes pontos:
• Responsabilidade pela qualidade do material fornecido.
• Responsabilidade pelo tempo de fornecimento.
• Otimização na quantificação do material necessário para a execução dos trabalhos.
• Redução nas perdas.
• Eficiência na aplicação dos materiais.
• Possibilidade da redução de custos pela compra em maior escala de materiais não listados.
• Somente o material efetivamente aplicado será atestado e pago à empresa, observando-se ainda
os critérios de qualidade redundando em uma maior eficiência”.
Manifestação da empresa vencedora da licitação
10.A empresa vencedora da licitação em comento, a Engemil Engenharia, Empreendimento,
Manutenção e Instalações Ltda., apresentou a manifestação juntada à peça 17 dos autos, em resposta à
oitiva que lhe facultou a Sra. Ministra Relatora.
11.Em sua manifestação, a empresa defende que a praxe verificada na administração pública não é
diferente da fórmula eleita no Pregão 211/2015. Lembra que a utilização do Sinapi está prevista no
Decreto 7.983/2013, do qual transcreve o dispositivo que fixa a tabela do Sinapi como limite do valor das
composições de preços para elaboração do orçamento de referência das obras e serviços contratados pela
administração.
12.Excepcionalmente, na ausência de cotação no Sinapi para algum insumo, será efetuada pesquisa
de preço de mercado para o bem em questão. Tal procedimento já teria sido tratado pelo TCU, alega a
empresa, citando ementa segundo a qual o Tribunal teria alertado sobre a impropriedade de se utilizar
preço vigente em São Paulo em obra executada na Região norte do país. Entende assim ser
“absolutamente prescindível a realização de licitação para aquisição dos materiais constantes da lista
referenciada”.
13.Acrescenta que “apresentou proposta comercial contemplando desconto sobre os valores da
tabela SINAPI, em flagrante vantajosidade para a Administração Pública”. Sobre tal alegação falaremos
no tópico a seguir, com o exame técnico da matéria.
14.Pondera que “tendo em vista o vastíssimo rol de materiais a serem empregados na execução do
contrato, num montante superior a 1.500 itens, resta bem configurada a complexidade necessária, senão
inviabilidade, para promoção de ‘licitações’ específicas para aquisição de cada um deles, sendo que não
419 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
há definição exata de quantitativos a serem demandados, tampouco a indicação exata de tempo para
tanto, certamente importando em uma tarefa inglória e dispendiosa, tanto para a Administração, quanto
para o ente particular envolvido”.
15.Passa a defender que o procedimento desenvolveu-se em perfeita conformidade com o princípio
da legalidade e de que a firma atendeu a todas as condições para participação estabelecidas, vindo a
sagrar-se legitimamente vencedora no certame, cuja validade não pode ser questionada por circunstâncias
impertinentes e irrelevantes para o específico objeto licitado.
16.Afirma, por fim, “que o valor do lance final da Representante Clovis de Barros Lima
Construções e Incorporações Ltda. foi de R$ 14.907.717,60, sendo que o valor estimado pela UFC foi de
R$ 11.559.782,74”, sagrando-se “vencedora do certame com o preço final de R$ 11.198.502,24,
representando uma economia superior a R$ 3.800.000,00”.
EXAME TÉCNICO
17.Inicialmente, há que afastar algumas questões preliminares levantadas na manifestação da UFC.
A primeira delas diz respeito à possível má fé objetiva atribuída à conduta da representante que deu
origem a estes autos (alínea “g” do item 8, acima), que a Universidade supõe ser participante vencido no
certame, interessado em turbar todo o processo (a empresa vencedora chega a identificar tal empresa
como a Clóvis de Barros Lima Construções e Incorporações Ltda. Segundo a UFC, o Tribunal não
deveria permitir livre trânsito a tal representação, movida por ato de pura má fé.
18.O instituto da denúncia ao Tribunal está previsto no art. 53 da Lei 8.443/1992 (“Qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar irregularidades ou
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União”), assim como, no caso de licitações e contratos, no
art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993. Em ambos os casos, o instituto cumpre o duplo objetivo de servir de
poderoso mecanismo de controle interno para a própria administração e de propiciar informações
privilegiadas para que o Tribunal possa exercer sua missão constitucional.
19.Com o devido acatamento, a tese da Universidade de considerar que a denúncia em si seja
manifestação de má fé objetiva não tem fundamento porque, em primeiro lugar, a prevalecer tal
entendimento, estaria inviabilizado o instituto da denúncia, cuja origem e fundamento é estritamente
legal. Depois, se má fé há por trás da denúncia, e é presumível que exista em boa parte dos casos, trata-se
da má fé subjetiva, de difícil comprovação, e não da objetiva, pois, por óbvio, o fato denunciado pode ter
fundamento. Ao Tribunal cabe, como titular da fiscalização em matéria de sua competência, verificar
objetivamente se a peça acusatória tem procedência, independentemente das motivações de quem a
encaminhou, que, não sendo parte no processo de fiscalização que se estabelece, não tem qualquer poder
processante.
20.A UFC faz menção a dois procedimentos licitatórios promovidos por unidades regionalizadas do
Tribunal com objeto semelhante ao de manutenção predial da licitação em exame (os procedimentos têm
como objeto a manutenção de sistema de ar condicionado), pretendendo mostrar que, no TCU, se adota a
licitação dos serviços com o fornecimento de materiais (alínea “l”, acima). Trata-se dos Pregões 9 e
7/2014, de responsabilidade das Secexs de Roraima e Amazonas, respectivamente.
21.É o caso de, primeiro, retificar a alegação de forma a ficar claro que não são todos os materiais,
conforme se pode verificar pela redação do anexo IV ao Pregão Eletrônico 9/2014, que traz o modelo da
proposta comercial a ser ofertada na licitação:
“O preço estimado para prestação dos serviços de manutenção de ar condicionado, incluindo
gastos com mão de obra, encargos trabalhistas, materiais de consumo e limpeza, equipamentos,
ferramentas e materiais de reposição, excetuando-se apenas aqueles materiais previstos no item 2.3.5.10,
está discriminado no quadro a seguir” (grifamos).
22.Além da retificação, cabe a observação, que provavelmente tem a ver com o cerne da presente
discussão, de que os materiais estão sendo licitados junto com os serviços, ou seja, estão também sendo
adjudicados pelo menor preço, o que não acontece no Pregão 211/2015, da UFC, que fixa os preços dos
materiais de acordo com a tabela do Sinapi. A observação e retificação aqui feitas servem para mostrar
420 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
que, independentemente da fórmula adotada, o princípio da licitação há de prevalecer em qualquer que
seja a aquisição ou contratação de serviços de interesse da administração federal.
23.Outras afirmações feitas pela UFC são totalmente questionáveis ou mesmo descabidas. Dizer
que “a simples ampliação da competição licitatória, em detrimento da economicidade e da eficiência
administrativa” não atende ao interesse público (alínea “h”, item 8, acima) não faz muito sentido porque,
em qualquer caso, a competição licitatória deve ser a mais ampla possível, a teor do que dispõe o art. 3º
da Lei 8.666/1993, especialmente em seus incisos I e II. Não cabe assim fazer qualquer restrição à
competitividade licitatória ao pretexto de atender ao interesse público ou de promover a economicidade
ou eficiência administrativas, como já é desde remotamente cediço.
24.A ideia de que a LDO de 2012 (Lei 12.465/2011) ou o Decreto 7.983/2013 autorizam a adoção
da Tabela Sinapi sem que se proceda à devida licitação (alíneas “c” e “f”, bem como item 9, acima,
trazendo o pronunciamento da área técnica da UFC), esposada, particularmente, pela área técnica da
Universidade responsável pela contratação em comento, carece à toda evidência de qualquer fundamento
jurídico, pois contraria o expresso princípio da licitação consagrado na Constituição Federal. O próprio
texto das normas citadas deixa claro que a referida tabela nada mais é que um sistema referencial de
preços, de caráter genérico, incapaz, em absoluto, de substituir o devido processo licitatório em cada caso
concreto.
25.A alegação de que os preços do Sinapi estão entre os mais baixos do mercado (alíneas “d” e “e”,
do item 8) necessita de comprovação e, na verdade, é altamente questionável. A própria LDO de 2012,
citada pelos manifestantes, assim como o Decreto 7.983/2013, este vigente, são explícitos em se referir a
esse sistema como referencial, com valor meramente instrumental, como meio para se elaborar o
orçamento estimativo do objeto da licitação. Como mero resultado de metodologias com distintos
critérios, os sistemas referenciais de preços não podem substituir o devido processo licitatório, que, a um
só tempo, preserve a isonomia do tratamento dos que desejam contratar com a administração pública e
propicie a esta obter a proposta mais vantajosa nas condições concretas do objeto pretendido.
26.As alegações constantes das alíneas “b”, “i” e “j”, acima, refletem a preocupação da
Universidade em demonstrar que a contratação conjunta dos serviços de manutenção, com os materiais
que serão utilizados nesses serviços é a forma que melhor atende técnica, econômica e
administrativamente aos diversos campi da UFC distribuídos nos estados. Por isso ponderam que a
Instituição não pode ser forçada a licitar de outra forma, contra seu melhor interesse.
27.Notamos que a UFC despendeu um esforço maior nessa linha de argumentação, a meu
desnecessariamente, porque a Sra. Ministra Relatora, em seu Despacho à peça 11, não tece qualquer
crítica à licitação conjunta dos materiais e serviços. Diz apenas que, de qualquer forma, os materiais
devem ser licitados, como não só é a prática comum das licitações, como é mandamento constitucional a
que não pode fugir o administrador público. Esse é o verdadeiro cerne da questão, ao qual voltaremos,
após abordar um último argumento esgrimido pelos manifestantes e ainda não respondido nesta análise,
que é afirmação da empresa vencedora da licitação de que “apresentou proposta comercial contemplando
desconto sobre os valores da tabela SINAPI, em flagrante vantajosidade para a Administração Pública”.
28.Sobre essa informação, até então desconhecida nos autos, fizemos expedita indagação à UFC,
por intermédio de sua zelosa Auditoria Interna “sobre se tal afirmação procede e, em caso positivo, de
quanto seria tal desconto e se está previsto no contrato pertinente” (peça 20). A Universidade
prontamente respondeu do seguinte modo:
“Esclarecemos que a informação de desconto da proposta comercial da empresa Engemil sobre os
valores da tabela SINAPI procede, representando um percentual de 3,13% (...), uma vez que o valor total
estimado corresponde a R$ 11.559.782,74 (...) e o valor da proposta vencedora corresponde a R$
11.198.502,20 (...). Ressalta-se que o percentual referente ao desconto real incide tanto para mão de
obra como para materiais, conforme abaixo demonstrado (...).
Informamos ainda que, embora não conste expressamente no contrato assinado pela empresa
vencedora, uma cláusula específica contendo o valor do desconto, o fiscal e o gestor do contrato estão
421 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
cientes da necessidade de observar esse desconto em relação aos valores da tabela SINAPI nas faturas
mensais referentes aos pagamentos de materiais utilizados na execução dos serviços”.
29.A UFC confirma assim que o desconto alcançado no preço dos serviços, em relação ao
orçamento estimado para a licitação, de 3,13% foi transmitido para os materiais. Registre-se que os
materiais representam 31,59% do valor total do contrato (R$ 11.198.502,20), ou R$ 3.537.530,40, em
valor absoluto, observando-se que tal valor é limite, pois nem todas as ordens de serviço necessitam de
materiais.
30.Abordando agora o cerne da questão, que é a não licitação dos materiais, conforme ficou
explícito no despacho da Sra. Relatora, entendemos que o cuidado acima de fazer incidir na Tabela Sinapi
o desconto obtido nos serviços, o que não estava previsto no edital e ainda necessita da devida
formalização em contrato, não elide o fato principal de que os materiais não foram licitados, o que
constitui infração grave às normas constitucional e legais que cuidam desse princípio geral da
administração.
31.De fato, as alegações da UFC, resumidas na alínea “a” do item 8 acima, não justificam o
cometimento da irregularidade. Limitam-se a dizer, sem maiores demonstrações ou comprovações que
“houve licitação também dos materiais”, o que não corresponde à realidade. Tentam demonstrar que a
competição havida nos serviços se transmitiu aos materiais, que sofreram a mesma redução do seu custo.
Não se concebe como isso possa acontecer, a não ser pela negociação que aparentemente ocorreu à
margem das normas editalícias. E mesmo que houvesse alguma racionalidade na explicação,
permaneceria o fato de que os materiais, afinal não foram licitados.
32.Posto isso, passa-se a examinar os reflexos da irregularidade em termos de responsabilização e
anulabilidade dela decorrentes. Quanto à responsabilização, entendemos que os administradores da UFC
não agiram de má fé, tanto que, afinal de contas, promoveram o processo licitatório para a seleção da
contratada, embora restringindo a disputa ao preço dos serviços. Possivelmente, ao se fixarem na fórmula
do uso da Tabela Sinapi, cuja credibilidade e institucionalidade não são questionados, com seu poder
simplificador dos procedimentos, não atentaram para a necessidade da legitimação licitatória dos preços
desse sistema, caracterizando o error in procedendo.
33.É preciso levar em conta que tal irregularidade é também a única no processo, sem impacto na
competitividade do certame e sem o intuito de direcionar o procedimento para licitante específico. Em
suma, tudo indica que a praticidade do modelo levou os administradores a se convencerem da
possibilidade da adjudicação casada de parcelas do objeto.
34. Dessa forma, entendemos que a realização da audiência prévia para fins de aplicação da multa
prevista no art. 58 da Lei 8.666/1993 não se justifica não só porque os responsáveis já produziram
alegações exaustivas sobre o ato inquinado, como também pelos atenuantes já referidos, sendo mais
consentâneo à espécie a cientificação à entidade de que, nos termos do art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, art. 2º da Lei 8.666/1993 e Súmula TCU 247, é indevida a exclusão de qualquer
parcela do objeto a ser licitado da fase competitiva do procedimento, devendo todas elas estarem abertas à
formulação de propostas de acordo com os critérios estabelecidos no edital, devendo a entidade, no caso
de contratação de serviços com fornecimento de materiais pela própria futura contratante, proceder à
licitação de ambos os insumos.
35.Com relação ao acordo tácito entre as partes contratantes para aplicação do desconto de 3,13%
nos preços dos materiais apontados pela tabela Sinapi, entendemos também cabível cientificar a
universidade de que nos termos do art. 60, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, “É nulo e de nenhum
efeito o contrato verbal com a Administração”, autorizando-se a entidade a, excepcionalmente, alterar o
contrato por acordo entre as partes, de forma a prever a aplicação do desconto referido nos materiais a
serem fornecidos, com base no art. 65, inciso II, do mesmo diploma.
36.Quanto à anulabilidade do contrato da licitação defeituosa, ao menos na parte referente ao
fornecimento dos materiais pela contratada, entendemos que também seja cabível a modulação dos efeitos
da ilegalidade verificada considerando o interesse público envolvido, aí incluído o dos potenciais
interessados em contratar com a administração cujo direito subjetivo ao devido procedimento licitatório
422 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
restou ofendido. Como primeiro fato a considerar, temos que a parte referente aos serviços, que
corresponde a 60% do valor total do contrato apresenta-se isenta de falhas, tendo sido devidamente
submetida à refrega licitatória, legitimando a empresa contratada, ora manifestante nos presentes autos.
37.Diante disso, uma primeira possibilidade de saneamento da ilegalidade verificada na adjudicação
casada dos materiais seria retirar do contrato a parte relativa ao fornecimento. Porém, nessa alternativa
dificilmente haveria reparação à lesão ao direito das demais empresas interessadas na licitação, que são na
maior parte prestadoras de serviços e não fornecedoras de materiais diversos. O correto, assim, é
considerar a falha insanável, o que comprometeria todo o processo licitatório.
38.Ademais, a maior economia possivelmente resultante da realização de licitações para a aquisição
dos materiais, como aventado no Despacho da Sra. Ministra Relatora, dificilmente compensaria os
menores custos inerentes à modelagem centralizada e terceirizada do fornecimento dos materiais na
própria empresa contratada, mesmo com aos preços da Tabela Sinapi, com o desconto já entabulado entre
as partes. Apenas a exclusão dos materiais não seria também conveniente à administração, reforçando a
inviabilidade do saneamento da falha por essa via parcial.
39.Não vemos razão também para compelir a Universidade a realizar nova licitação em regime de
emergência. Nada há que aconselhe tal solução. Mais consentâneo seria esperar que o contrato chegasse
ao fim de sua vigência prevista de doze meses, dando tempo à UFC de realizar novo procedimento
licitatório, com vista ao mesmo objeto, para tanto bastando determinar à Instituição que se abstenha de
prorrogar o contrato decorrente da licitação ora inquinada.
CONCLUSÃO
40.De acordo com as considerações acima expendidas, entendemos que as alegações oferecidas, em
sede de oitiva, pela UFC e pela empresa vencedora da licitação acerca da possibilidade de contratação,
sem licitação, dos materiais a serem utilizados na execução dos serviços previstos no Pregão 211/2015,
merecem prosperar, ratificando-se o entendimento inicial pela irregularidade manifestado no Despacho da
Sra. Ministra Relatora do feito.
41.Entretanto, considerando os atenuantes do caso, assim como o interesse público envolvido, e,
ainda, que o desconto auferido na parcela licitada, referente aos serviços, transmitiu-se também aos
materiais, conforme acordado entre as partes, entendemos que não cabe a apenação dos gestores, por se
tratar de mero erro administrativo desprovido de dolo, que não provocou dano excessivo ao procedimento
licitatório ou às pessoas nele interessadas. Deve-se, no entanto, cientificar a Universidade que a realização
de licitação com exclusão de parte do objeto da competição de preços não tem fundamentação legal.
42.No campo das nulidades, deve-se considerar insanável a ilegalidade em causa, afetando toda a
contratação, não cabendo apenas a exclusão da parcela referente aos materiais, por não propiciar qualquer
vantagem para as demais empresas participantes da licitação que tiveram seu direito subjetivo ao devido
procedimento licitatório lesado e por também não ser conveniente para a administração. No entanto,
deve-se aguradar até o fim da vigência do atual contrato, sem necessidade de que a Universidade promova
o novo processo licitatório em regime de emergência.
43.Por último, quanto à cautelar requerida na manifestação que deu origem a estes autos (peça 1),
propomos seu indeferimento, por ser mais intenso o periculum in mora inverso, desfavorável à
administração, conforme considerações já expendidas ao tratarmos das consequências da irregularidade
denunciada na esfera da invalidação dos atos examinados.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
44.Diante do exposto, somos por que sejam os autos encaminhados à Sra. Ministra Relatora com a
seguinte proposta de encaminhamento:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade, com base no art.
113, § 1º, da Lei 8.666/1993 c/c os arts. 235 e 237, inciso VI, do Regimento Interno do Tribunal, para, no
mérito, considerá-la procedente, indeferindo a medida cautelar requerida nos autos suspensiva mas
determinando-se à Universidade Federal do Ceará que, ao final da vigência inicial do contrato resultante
do Pregão 211/2015 (doze meses), abstenha-se de prorrogá-lo, realizando no devido tempo novo processo
licitatório com o mesmo objeto, escoimado da irregularidade insanável tratada nestes autos;
423 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
b) cientificar à Universidade Federal do Ceará acerca das seguintes irregularidades constatadas nos
autos:
b.1) que, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, do art. 2º da Lei 8.666/1993 e
da Súmula TCU 247, é indevida a exclusão de qualquer parcela do objeto a ser licitado da fase
competitiva do procedimento, devendo todas elas estarem abertas à formulação de propostas pelos
licitantes de acordo com os critérios estabelecidos no edital, devendo a entidade, no caso particular de
contratação de serviços com fornecimento de materiais pela própria futura contratante, proceder à
licitação de ambos os insumos;
b.2) no tocante ao acordo entre as partes contratantes, ainda não formalizado, para a extensão do
desconto obtido na licitação no tocante aos serviços também para os materiais, que, nos termos do art. 60,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, “É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração”,
podendo a entidade, excepcionalmente e com vistas à regularização da falha, alterar o contrato por acordo
entre as partes, de forma a prever a aplicação do desconto referido nos materiais a serem fornecidos, com
base no art. 65, inciso II, do mesmo diploma.
c) arquivar os presentes autos, após cientificação dos responsáveis, da empresa manifestante e da
Ouvidoria do Tribunal.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de representação noticiando possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico 211/2015,
realizado para contratação de serviços de manutenção predial, preventiva e corretiva, dos bens móveis e
imóveis da Universidade Federal do Ceará, com pedido de cautelar.
2.A Secex/CE propôs que não fosse concedida cautelar, por não estarem presentes os requisitos,
mas que fosse realizada a oitiva da universidade, em razão das seguintes irregularidades:
“a) os serviços serão realizados em diversos municípios, mas o edital prevê adjudicação para um só
item, o que impossibilita a participação de empresas menores e, dessa forma, viola a Lei Complementar
123/2006 e a Lei 8.666/1993 e está em desacordo com a jurisprudência do TCU;
b) os custos relativos à contribuição patronal à previdência social, nas estimativas de preço da mão
de obra, foram fixados em 2% sobre o valor do faturamento do material, quando a Lei 13.161/2015
alterou esse percentual para 4,5%, além de não ter sido considerada a possibilidade de incidência desses
encargos sobre a folha de pagamento.”
3.Manifestei-me contrária a essas irregularidades nos seguintes termos:
“(...)Apesar de o art. 47 da Lei Complementar 123/2006 determinar que, nas contratações públicas,
deverá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para microempresas e empresas de pequeno
porte, não existe determinação para que as aquisições realizadas pela administração pública sejam
divididas em parcelas com o objetivo de permitir a participação dessas empresas.
6.É relevante destacar que o tratamento diferenciado e simplificado somente poderá ser concedido
caso seja vantajoso para a administração pública e não represente prejuízo ao conjunto ou complexo do
objeto a ser contratado, conforme determina o art. 49 da Lei Complementar 123/2006. Como veremos
adiante, não existe qualquer vantagem na divisão do objeto, mesmo que seja para atender aos interesses
das micro e pequenas empresas.
7.Nesse sentido, apenas o art. 23, §1o, da Lei 8.666/1993 determina que “as obras, serviços e
compras efetuadas pela Administração serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem
técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos
recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade sem perda da economia de escala”.
8.Verifica-se que o pressuposto defendido pela unidade técnica, ao acolher os argumentos de
licitantes interessados, é de que o objeto fosse dividido em sete itens distintos. Observo, contudo, que,
após deliberação deste Tribunal, por meio do acórdão 1.214/2013-Plenário, a administração, como regra,
424 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
tem evitado assinar múltiplos contratos, ainda que para prestação de serviços distintos ou em locais
diversos.
9.Não se vislumbra ganho com o procedimento sugerido pela unidade técnica, pois atenderá apenas
ao interesse do particular, e não da administração. Em primeiro lugar, a administração pública tem a exata
noção dos custos desses serviços, e a divisão do objeto não necessariamente irá ampliar a competitividade
e, em consequência, reduzir os preços ofertados aos patamares esperados.
10.Em segundo lugar, ocorrerá aumento de custos administrativos com a gestão desses contratos
quando das renovações, prorrogações, reajustes e repactuações, novas licitações, contratos emergenciais,
rescisões prematuras, exame de documentos, processos de pagamentos, controle de contas vinculadas.
Nesse sentido, cabe transcrever excerto do voto condutor do acórdão 3.334/2015-Plenário, de minha
autoria:
‘27. No caso concreto, a SMPE/PR previu a contratação de praticamente todos os serviços de
manutenção predial, a serem prestados por uma única empresa. Sob ponto de vista administrativo, não há
dúvida de que o critério adotado traz grandes vantagens, pois evita o excesso de procedimentos
administrativos, tais como a realização de diversas licitações e a gestão de inúmeros contratos. Não vejo
razão, por exemplo, no fatiamento de manutenção predial por força de especialização de segmentos
econômicos, tais como, serviços hidráulicos, elétricos, manutenção de gerador, manutenção de nobreak,
elevadores, ar condicionado, dentre outros. Ao contrário, a iniciativa privada costuma trabalhar com
empresas especializadas na gestão de condomínios, cujo objetivo é o perfeito funcionamento de todo o
sistema de forma integrada.’
11.Diante disso, considerei pertinente o procedimento adotado pela Universidade e não verifiquei
necessidade de realizar sua oitiva sobre o assunto.
12.Considerei desnecessária, ademais, a oitiva da Universidade no que se refere ao possível
equívoco na estimativa dos custos da previdência social. Em primeiro lugar, a administração não está
obrigada a fixar preços com base na incidência da alíquota sobre a folha de pagamento, e sim a utilizar o
critério mais vantajoso, que, no caso presente, seria a incidência da alíquota prevista na Lei 12.846/2006.
Isso não impede que um concorrente que tenha custos da previdência social incidentes sobre o valor da
folha de pagamento participe da licitação.
13.Em segundo lugar, possíveis equívocos nas estimativas da Universidade não interferem nas
propostas dos licitantes. Isto é, apesar de a instituição ter fixado a contribuição patronal em 2% sobre o
valor do faturamento do material, os licitantes estarão obrigados a apresentarem propostas com base na
alíquota de 4,5% sobre o valor da receita bruta, como previsto pela Lei 13.161/2015, e não poderão
posteriormente alegar fato do príncipe para reequilibrar o contrato, uma vez que já eram de amplo
conhecimento o percentual e os critérios de incidência da alíquota.”
4.Entendi pertinente, porém, a realização de oitiva da universidade e do licitante vencedor do
certame “para, no prazo de 15 (quinze) dias, se manifestarem sobre a possibilidade de contratação, sem
licitação, dos materiais a serem utilizados na execução dos serviços previstos no Pregão 211/2015”.
5.A universidade apresentou justificativas para o procedimento argumentando que: i) a utilização do
Sinapi foi autorizada pela Lei 12.645/2011; ii) a contratação de serviços contínuos com o fornecimento de
materiais não é vedada pela Lei 8.666/1993; iii) o procedimento adotado é recomendado pela economia
de escala; iv) o valor do material será reduzido na mesma proporção dos descontos cotados pelos
serviços; v) a aquisição de serviços e materiais de fornecedores diferentes gera burocracia, com a adoção
de inúmeros procedimentos desnecessários e, desse modo, “é prejudicial à eficiência administrativa e à
economicidade da gestão pública”; vi) os preços do SINAPI estão “aquém dos valores reais” de mercado
e, desse modo, não é esperada cotação de preço inferior; vii) a utilização do Sinapi evita a realização de
pesquisas desnecessárias e demoradas; viii) a representação atende a anseios privados daqueles que não
obtiveram êxito pelas vias próprias da licitação; ix) participaram da licitação 14 empresas; x) a
representação fere o princípio da boa-fé; xi) não atende ao interesse público a simples ampliação da
competitividade, em detrimento da economicidade e da eficiência administrativa; xii) existem inúmeros
fatores que justificam a realização da licitação em conjunto com o material na universidade; xiii) a
425 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
administração do TCU adota o mesmo procedimento que a UFC, conforme verifica-se do Pregão
09/2014; xiv) existe grande dificuldade para estimar os quantitativos; xv) a compra separada de materiais
dos serviços exigiria uma grande estrutura administrativa; xvi) a vida útil de alguns materiais recomenda
que não sejam estocados; xvii) o fornecimento do material pela mesma empresa que presta o serviço
facilita controle e responsabilização.
6. A licitante vencedora manifestou-se pela legalidade dos procedimentos nos seguintes termos: i)
os procedimentos adotados no pregão 211/2015 são praxe na administração pública; ii) a utilização do
Sinapi está prevista no Decreto 7.983/2013; iii) o TCU já se pronunciou a respeito da necessidade de
pesquisa de mercado quando o insumo não constar do Sinapi; iv) apresentou proposta com descontos
sobre os valores da tabela Sinapi; v) constitui tarefa inglória adquirir em separado mais de 1500 itens; vi)
o procedimento observou o princípio da legalidade; vii) foi declarada vencedora da licitação com preço
abaixo daquele estimado pela administração.
7.A Secex/CE manifestou-se conclusivamente pela não prorrogação do contrato com os seguintes
fundamentos: i) não pode ser acolhido o argumento de que o instituto da denúncia e da representação
contemple qualquer forma de viabilizar interesses escusos de licitantes; ii) os pregões realizados pelo
TCU não contemplam o mesmo critério do pregão 211/2015 conduzido pela UFC; iii) a UFC fixa o
preço dos materiais de acordo com os definidos no Sinapi e com as licitações realizadas pelo TCU; iv) a
licitação deve ser a mais ampla possível para atender ao que determina a Lei 8.666/1993; v) a Lei
12.465/2011 e o Decreto 7.983/2013 não autorizam a utilização dos preços do Sinapi sem que haja o
devido procedimento licitatório; vi) é questionável o argumento de que os preços do Sinapi estão abaixo
dos praticados pelo mercado; vii) o Sinapi deve ser utilizado para elaborar estimativas de preços e não
como referência de contratação sem licitação; viii) não houve questionamento da relatora quanto à forma
de licitação que envolve todos os campi da universidade; ix) não estava previsto no edital que o desconto
no valor da mão de obra seria estendido aos materiais; x) a informação de que houve, de fato, licitação
dos materiais não corresponde à realidade; xi) os administradores não agiram de má-fé; xii) trata-se de
irregularidade única no processo, sem o intuito de beneficiar qualquer fornecedor; xiii) não se justifica a
realização de audiência dos responsáveis, em razão das atenuantes mencionadas; xiv) em relação ao
desconto de 3,13%, por não estar previsto no edital, deve ser formalizado nos termos do art. 65, inciso II,
da Lei 8.666/1993; e xv) seja determinada à universidade que não prorrogue o contrato.
8.Propôs, ainda, a Secex/CE que a universidade fosse notificada das seguintes irregularidades:
“b.1) que, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, do art. 2º da Lei 8.666/1993 e
da Súmula TCU 247, é indevida a exclusão de qualquer parcela do objeto a ser licitado da fase
competitiva do procedimento, devendo todas elas estarem abertas à formulação de propostas pelos
licitantes de acordo com os critérios estabelecidos no edital, devendo a entidade, no caso particular de
contratação de serviços com fornecimento de materiais pela própria futura contratante, proceder à
licitação de ambos os insumos;
b.2) no tocante ao acordo entre as partes contratantes, ainda não formalizado, para a extensão do
desconto obtido na licitação no tocante aos serviços também para os materiais, que, nos termos do art. 60,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, “É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração”,
podendo a entidade, excepcionalmente e com vistas à regularização da falha, alterar o contrato por acordo
entre as partes, de forma a prever a aplicação do desconto referido nos materiais a serem fornecidos, com
base no art. 65, inciso II, do mesmo diploma.”
Considerações iniciais
9.Passando ao exame da matéria, na mesma linha de raciocínio da Secex/CE, compreendo que não
houve má-fé dos administradores da UFC, pois são reconhecidas as dificuldades em licitar e contratar
uma série de serviços, com o fornecimento de materiais pela administração, a exemplo de manutenção
predial, ar-condicionado, elevadores, limpeza, serviço de copa, manutenção de veículos, eventos,
aquisição de passagens áreas, fornecimento de combustível, limpeza urbana, coleta de lixo, manutenção
de ruas, estradas, rodovias. Cada serviço tem características próprias e exige conhecimentos e
procedimentos diferenciados de contratação.
426 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10.Cito, como exemplo, a contratação de serviços de manutenção veicular. Não é razoável que se
exija da Administração o detalhamento, em edital, das centenas, milhares de peças utilizadas em um
veículo, quando se sabe antecipadamente, de forma empírica, que apenas algumas delas serão utilizadas
com uma certa frequência; outras, provavelmente não serão exigidas durante a vigência do contrato. Não
vejo razoabilidade, da mesma forma, em se exigir que o servidor público que elabora o termo de
referência possua conhecimentos plenos de todas as peças de um veículo, especialmente ao se considerar
os inúmeros modelos existentes no mercado.
11.Racionalizando esses procedimentos, a Administração licita e contrata com o mesmo fornecedor,
de forma conjunta, o serviço de manutenção e as peças de reposição que se fizerem necessárias. Nesses
casos, as peças são pagas com base nas tabelas de concessionárias autorizadas, sobre as quais incidem
descontos ofertados na licitação. Repita-se, a Administração não elabora estimativa de forma detalhada
das peças a serem utilizadas e delas não realiza pesquisas de preços. O pressuposto básico é de que os
licitantes têm pleno conhecimento do mercado e condições de apresentarem suas cotações, sem qualquer
prejuízo. Nesses casos, ainda que não exista expressa previsão legal, a adjudicação é feita com base no
maior desconto.
12.Nessa mesma linha de raciocínio, cabe mencionar a prestação de serviços de transporte aéreo
que, por muitos anos, foi licitada com base no maior desconto, mesmo considerando que não consta da
Lei 8.666/1993 essa forma de adjudicação.
13.Constata-se, pois, que a administração pública tem adotado formas diversas de contratação,
algumas excessivamente burocráticas, as quais violam o princípio da eficiência previsto no art. 37 da
Constituição Federal.
14.Alguns órgãos e entidades têm licitado e contratado o fornecimento de materiais e insumos para
serem entregues em almoxarifados, os quais serão, posteriormente, utilizados quando da execução dos
serviços. Referido procedimento exige uma quantidade significativa de servidores para realizar
licitações, receber e controlar, posteriormente, a utilização desses produtos. Contempla, também,
incertezas quando da execução do serviço, pois, com frequência, itens não são adquiridos ou são
adquiridos em quantidades insuficientes.
15.Outros órgãos e entidades realizam certames para constituição de ata de registro de preços, com
adjudicação, no mais das vezes, por grupos de itens, e os materiais registrados são requisitados e
utilizados quando da realização de cada serviço. Esse procedimento contempla manifesta ilegalidade, pois
as atas registradas estão sendo utilizadas, comumente, como contrato. Contempla, ainda, ineficiência, por
envolver diversos fornecedores na realização de um mesmo serviço, o que traz contratempo de toda
natureza. Em síntese, é quase impossível obter uma sinergia adequada entre o prestador dos serviços e os
inúmeros fornecedores de materiais. Além disso, periodicamente nova pesquisa é realizada para verificar
se os preços registrados estão de acordo com os praticados pelo mercado, nos termos do art. 9º, inciso XI,
do Decreto 7.892/2013. Some-se, ainda, a necessidade de se realizar novas licitações sempre que a ata
perder a vigência ou caso, por qualquer outro motivo, deixe de ser aplicada.
16.Ante o exposto, reitero, esses procedimentos estão em desacordo com o art. 37 da Constituição
Federal por violarem o princípio da eficiência.
Contratação de serviços de manutenção predial
17.Passando ao exame sobre a forma de contratação realizada pela universidade dos serviços de
manutenção predial, tecerei considerações a respeito das seguintes justificativas: i) a contratada concedeu
o mesmo desconto da mão de obra nos materiais e insumos; ii) dificuldades para fixar os quantitativos e
realizar as pesquisas de preço para contratação mediante licitação de materiais e insumos; iii) a UFC
adota procedimento similar à administração do TCU, conforme verifica-se dos pregões 07/2014 e
09/2014; e vi) os preços do Sinapi estão abaixo daqueles praticados pelo mercado.
Desconto sobre os preços da Tabela Sinapi
18.Assiste razão à unidade técnica ao esclarecer que nem o edital, nem o contrato previam que os
possíveis descontos na mão de obra seriam estendidos aos materiais e insumos constantes da tabela
Sinapi. Em verdade, trata-se de uma concessão da licitante/contratada. Por esse motivo, endosso a
427 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
proposta para que seja determinado à universidade a assinatura de termo aditivo ao contrato, de forma a
consignar o desconto mencionado.
Estimativa de preços
19.Não endosso o argumento da universidade acerca da existência de dificuldades na realização de
estimativa de preços, uma vez que a tabela Sinapi oferece as condições para que esse procedimento seja
realizado de forma célere e sem maiores burocracias. Apenas os itens que não constam da tabela, os
quais, por serem residuais, não trazem maiores dificuldades. Aliás, tratando-se de serviços que já estão
sendo realizados, é possível, inclusive, adotar critérios estatísticos para estimar os preços dos materiais
que não constam do Sinapi, a exemplo do que faz a administração deste Tribunal, nos termos do art. 9º, §
2º, c/c o § 3º, da Portaria - TCU 128/2014, in verbis:
“Art. 9º A estimativa de preço de materiais, de equipamentos, de insumos, e de serviços contratados
para fornecimento de bens ou utilidades, deverá ser elaborada com base na média aritmética simples de,
no mínimo, 3 (três) referências de preço, obtidas, isoladas ou conjuntamente, por meio de pesquisa de
preços no mercado, em órgãos ou em entidades da Administração Pública.
§ 1º No cálculo da média aritmética simples a que se refere o caput deverão ser excluídos os
valores extremos e desarrazoados que possam alterar significativamente a tendência central do resultado
da amostra.
§ 2º Havendo contrato em andamento, a pesquisa de preços poderá ser feita contemplando os
materiais que representem, no mínimo, 60% (sessenta por cento) do preço total de materiais do contrato
vigente.
§ 3º Os preços dos materiais que não tenham sido objeto de pesquisa poderão ser corrigidos pela
variação percentual apurada entre os preços dos itens pesquisados na forma do § 2º deste artigo.”
20.Adotando-se, portanto, os critérios dessa norma, as variações percentuais dos preços da tabela
Sinapi para o período contratado, poderiam ser aplicadas nas estimativas de preços dos itens que não
fizessem parte da tabela.
Estimativa de quantitativos
21.Acolho o argumento da universidade sobre as dificuldades encontradas para realizar as
estimativas de quantitativos, não apenas para os serviços de manutenção predial, mas para aqueles que
envolvem o fornecimento de insumos e materiais, como já mencionado, tendo em vista as inúmeras
incertezas inerentes a esse tipo de contratação.
22. Note-se que, se por um lado o consumo de alguns itens permite avaliação estatística consistente,
apesar de exigirem controle eficiente de sua utilização com o objetivo de dimensioná-los, por outro, as
estimativas de vários itens são meramente referenciais, por não ser possível observar padrões de consumo
que permitam qualquer avaliação. Além do mais, a complexidade do objeto não permite um
conhecimento detalhado de todos materiais e insumos necessários à realização dos serviços, o que até
mesmo inviabiliza a descrição.
23.Apesar de reconhecer a existência de dificuldades, compreendo que a estimativa de quantidades,
no que se refere aos serviços de manutenção predial, pode ser realizada, a exemplo do que fez a
administração deste Tribunal, conforme se observa do edital do pregão eletrônico 16/2014. Pelo que
consta daquele procedimento licitatório, os preços e as quantidades de serviços e materiais foram
estimados e regularmente licitados. Portanto, não assiste razão à universidade ao afirmar que adotou o
mesmo procedimento da administração do TCU.
24Em verdade, os pregões 07 e 09/2014 realizados, respectivamente, pelas unidades do TCU nos
estados do Amazonas e de Roraima, mencionados pela UFC como paradigmas, tratam, respectivamente,
de: i) serviços de recepção, de copeiragem, de jardinagem, de limpeza, conservação e higienização e de
manutenção predial e ii) serviços de manutenção de ar condicionado, tipo Split;.
25.Com relação ao pregão 07/2014, não procedem as afirmativas da universidade, pois de seu edital
constam expressamente as estimativas das quantidades dos materiais, bem como dos preços unitários e
globais.
428 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
26.Quanto à contratação realizada por meio do pregão 09/2014, de fato não consta do edital relação
de peças e materiais. Observa-se, contudo, que a licitação previa o pagamento de um valor fixo mensal,
em que estavam inclusos os serviços e materiais. Diverge, portanto, do caso ora examinado, em que os
preços da tabela Sinapi foram aplicados aos materiais, sem que constassem da licitação pela UFC.
27.Por isso, deixo de acolher as justificativas apresentadas e manifesto-me de acordo com a
proposta da Secex/CE de determinar à universidade que não prorrogue o contrato decorrente do pregão
211/2015.
28.Não obstante compreender que não devem ser acolhidas as justificativas da universidade,
reconheço que a contratação de serviços em conjunto com os materiais, com a mesma empresa, na forma
realizada pelo pregão ora questionado, é eficiente e está, portanto, de acordo com o art. 37, caput, da
Constituição Federal. Contudo, ao deixar de licitar os materiais, não atende ao princípio da licitação
previsto no inciso XXII, do mesmo art. 37. Há que se conciliar, dessa forma, os princípios mencionados,
como passarei a consignar.
29.Mesmo que considere como adequada a contratação de materiais, com base em uma estimativa
de preços e quantidades, nos termos realizados pela administração deste Tribunal, compreendo a
pertinência e a eficiência da realização de procedimento licitatório, cuja adjudicação observaria o maior
desconto sobre o valor dos materiais registrados na tabela Sinapi. Ressalto, por oportuno, que a Lei
12.462/2011, que aprovou o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, prevê expressamente
a possibilidade de contratação com base no maior desconto. Embora não se aplique ao certame em tela, a
evolução legislativa já demonstra a necessidade de uma maior racionalidade na busca da eficiência.
30.Em primeiro lugar, o procedimento propicia a obtenção do melhor preço, a exemplo da forma
utilizada pelo TCU, e evita o jogo de planilha, em que o licitante oferta maiores preços para itens com
probabilidade de maior utilização. Em segundo lugar, evitaria o levantamento desnecessário de
quantidades, as quais, em grande parte, são meramente referenciais. Em terceiro lugar, o modelo do
desconto incluiria todos os materiais existentes naquela tabela, mesmo que incluídos posteriormente, e
evitaria, desse modo, a formalização desnecessária de termos aditivos. Em quarto lugar, o procedimento
atende aos princípios da eficiência e da licitação previstos no art. 37, caput, e seu inciso XXII, da
Constituição Federal, e da competitividade de que trata o art. 3º, da Lei 8.666/93.
31.Há que ser considerada, ainda, a eficiência na gestão dos contratos, no que se refere à execução
dos serviços, às repactuações, às prorrogações, bem como na elaboração da estimativa de preços da
licitação.
32.Questiona-se, contudo: qual seria o critério de pagamento para os materiais inexistentes na tabela
Sinapi? Sobre essa questão, o item 4 do anexo I do termo de referência do Pregão 211/2015, ora
questionado, determina que, “caso o material, comprovadamente, não faça parte da tabela Sinapi, a
empresa deverá apresentar cotação com um mínimo de três empresas da praça de Fortaleza e adquiri-lo
conforme a menor cotação”.
33.O procedimento previsto mostra-se razoável, desde que sejam observadas as seguintes
orientações: i) o contratado apresentaria a proposta, com base em pesquisa realizada junto três
fornecedores, e a administração, com base em pesquisa por ela realizada, também junto a três
fornecedores, confirmaria ou não o preço proposto; ii) sobre os preços negociados, incidiria o mesmo
desconto dado para os materiais constantes da tabela Sinapi, uma vez que regularmente os preços
ofertados em licitações estão abaixo daqueles estimados pela administração.
34.A esse respeito, é pertinente, inclusive, que se determine à universidade que mude o critério para
pagamento dos materiais que não constam da tabela Sinapi, para: i) contemplar a forma de negociação
logo acima descrita; e ii) sobre os preços pesquisados, incida o mesmo desconto dado na tabela Sinapi.
Reajuste dos materiais
35.Nos termos do art. 40, inciso XI, c/c o art. 120, da Lei 8.666/1993, os valores contratados
somente poderão ser reajustados anualmente de acordo com a variação geral dos preços do mercado no
período, podendo ser utilizados índices gerais de preços.
429 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
36.Note-se que o Anexo I do termo de referência do edital do Pregão 211/2015 pode ser
interpretado no sentido de que os pagamentos serão efetuados com base nos preços da tabela Sinapi do
mês em que os serviços foram executados. Considerando que essa tabela é atualizada mensalmente,
carece, portanto, de amparo legal o procedimento possivelmente adotado.
37.Por essa razão, deve ser determinado à universidade que efetue os pagamentos dos serviços
realizados com base nos preços da tabela Sinapi da data da licitação, uma vez que não foi fixado no edital
nenhuma outra tabela como referencial de reajuste para os insumos e materiais.
Considerações finais
38. Reitero, ainda, o entendimento defendido no despacho acima transcrito de que não foi
constatada ilegalidade na licitação no que se refere à contratação dos serviços para todos os campi da
universidade, com uma só empresa. Em primeiro lugar, não existe lei determinando o parcelamento para
atender a microempresas. Em segundo lugar, o parcelamento não traria qualquer benefício à
administração, apenas aumentaria a burocracia com a prática de inúmeros atos administrativos
desnecessários, a exemplo de diversas prorrogações, repactuações, pesquisas de preço, inúmeros fiscais,
inúmeras licitações, como argumentou a universidade.
39.Da mesma forma, não houve qualquer prejuízo ao procedimento a fixação, de forma incorreta,
do percentual relativo à incidência da contribuição da previdência social.
40.Por último, o presente processo permitiu verificar a existência de diversas formas de licitar e
contratar serviços com o fornecimento de material. Nessa linha, verificou-se, por exemplo, a possibilidade
de licitar os materiais com base no maior desconto dado sobre os preços fixados em uma determinada
tabela, a exemplo do Sinapi.
41.Já com relação à manutenção de elevadores e de ar-condicionado, em razão das dificuldades,
quiçá da impossibilidade de estimar preços e quantidades, as licitações, no mais das vezes, estão sendo
realizadas com base em estimativas de preços e materiais obtidas junto ao mercado, de forma global. Isto
é, a administração descreve as características do elevador ou do ar-condicionado e solicita uma cotação.
Com essa informação, estima o valor da contratação, em que estão incluídos peças e serviços.
42.Não é incomum, também, a contratação apenas dos serviços e as peças e os materiais serem
fornecidos pela administração, que realiza verdadeiro malabarismo para adquiri-las.
43.Constata-se, portanto, que referidos serviços exigem estudos detalhados com o objetivo de fixar
critérios e padrões que uniformizem, dentro do possível, os procedimentos adotados para a contratação,
de forma a evitar entendimentos os mais diversos pelos administradores e órgãos de controle.
44.A respeito dessa questão, cabe registrar iniciativa da administração desta Corte no que se refere
aos estudos realizados em conjunto com a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – SLTI/MPOG e outros órgãos/entidades da
administração pública federal para a contratação de serviços terceirizados, apreciados por este Tribunal
nos termos do acórdão 1.214/2013-Plenário, relatado pelo hoje Presidente desta Corte, Ministro Aroldo
Cedraz, cujas orientações atualmente são seguidas pela administração, uma vez que foi, inclusive, objeto
de regulamentação pela SLTI.
45.Entendo oportuno, assim, que seja sugerido à Presidência desta Corte que avalie a conveniência
e a oportunidade de determinar à Secretaria-Geral de Administração – Segedam que promova estudos em
conjunto com a SLTI e outros órgãos/entidades interessados, com o objetivo de fixar critérios e padrões
para a contratação de serviços continuados de manutenção com o fornecimento de materiais, a exemplo
de ar-condicionado e elevadores.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que submeto à deliberação deste
colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1238/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC 035.988/2015-0.
2. Grupo I – Classe VII – Representação.
430 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3. Representante/Interessada:
3.1. Representante: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará – Secex/CE.
3.2. Interessada: Engemil - Engenharia, Empreendimentos, Manutenção e Instalações Ltda. (CNPJ
04.768.702/0001-70).
4. Unidade: Universidade Federal do Ceará – UFC.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará – Secex/CE.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTA, relatada e discutida esta representação, com pedido de cautelar, acerca de possível
irregularidade no edital do Pregão Eletrônico 211/2015, promovido pela Universidade Federal do Ceará
para contratação de serviço continuado de manutenção predial, preventiva e corretiva, dos bens móveis e
imóveis.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pela relatora e com fundamento nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno, em:
9.1. conhecer da representação e considerá-la parcialmente procedente;
9.2. determinar à Universidade Federal do Ceará que:
9.2.1. não prorrogue o contrato assinado com a empresa Engemil Engenharia, Empreendimentos,
Manutenção e Instalações Ltda., proveniente do Pregão Eletrônico 211/2015, ao término da vigência
atual, e realize nova licitação para contratação de serviços de manutenção predial, tendo em vista a
ausência de amparo legal para a contratação sem licitação dos materiais;
9.2.2. nos termos do art. 65, inciso II, da Lei 8.666/1993, assine termo aditivo com a contratada
prevendo que o mesmo desconto obtido na licitação para a prestação dos serviços seja aplicado, também,
aos materiais;
9.2.3. no caso de utilização de material que não faça parte da tabela Sinapi, a exemplo do item 4, do
anexo I, do Termo de Referência do Pregão Eletrônico 211/2015, realize pesquisa junto a três
fornecedores com o objetivo de confirmar se o preço proposto pela contratada está de acordo com o
praticado pelo mercado e sobre o preço acordado incida o mesmo desconto aplicado aos preços da tabela
Sinapi;
9.2.4. utilize a tabela do Sinapi do mês da licitação quando da realização dos pagamentos ao longo
da vigência do contrato e só utilize uma nova tabela após decorridos 12 meses;
9.3. sugerir à Presidência desta Corte que avalie a conveniência e a oportunidade de determinar à
Secretaria-Geral de Administração – Segedam que promova estudos, em conjunto com a Secretaria de
Logística e Tecnologia de Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão –
SLTI/MPOG e outros órgãos/entidades interessados, com o objetivo de fixar critérios e padrões para
contratação de serviços de manutenção, com o fornecimento de material, a exemplo de elevadores e ar-
condicionado;
9.4. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentaram, à
representante e à Universidade Federal do Ceará; e
9.5. arquivar este processo.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1238-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes (Relatora) e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
431 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
GRUPO I - CLASSE VII - Plenário
TC 001.159/2013-5
Natureza: Representação
Representante: IBEG Engenharia e Construção Ltda. (33.0607.565/0001-90)
Entidade: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Representação legal: Daysival Antônio Ferreira Mendonça (OAB/RJ 90.288), representando IBEG
Engenharia e Construção Ltda. (peça 32)
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE EMPRESA CONTRATADA. CONHECIMENTO.
LICITAÇÃO REALIZADA COM BASE EM PROJETO BÁSICO COM GRAVES DEFICIÊNCIAS.
ADOÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR PARA SUSPENDER A EXECUÇÃO DO CONTRATO.
NECESSIDADE DE MODIFICAÇÃO ESTRUTURAL DO PROJETO BÁSICO. ORÇAMENTOS
ELABORADOS SEM PRECISÃO. VÍCIO INSANÁVEL. NULIDADE DA LICITAÇÃO E DO
CONTRATO. PROCEDÊNCIA. DETERMINAÇÕES. ARQUIVAMENTO.
1. A existência de deficiências graves no projeto básico que impossibilitam a adequada descrição
dos serviços que serão implementados na obra compromete o certame realizado, tendo em vista que tal
procedimento afasta da licitação empresas que optam por não correr o risco de apresentar um orçamento
elaborado sem a necessária precisão, havendo, portanto, prejuízo à competitividade do certame e à
contratação da proposta mais vantajosa pela Administração Pública, o que enseja a nulidade da
concorrência efetivada (Acórdão 2.819/2012-TCU-Plenário).
RELATÓRIO
Cuidam os autos de representação protocolizada em 21/1/2013 pela empresa IBEG Engenharia e
Construção Ltda. em face possíveis irregularidades cometidas pela Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro (UniRio) no âmbito do contrato 1/2012, firmado entre a empresa e a Universidade, o qual
tem por objeto a execução de obra de construção de um novo prédio para o Centro de Ciências Humanas
e Sociais (CCH), em conformidade com o edital da concorrência pública 5/2011. O contrato foi assinado
em 10/1/2012, pelo valor global de R$ 19.794.144,00.
2.Em sua representação (peça 1), a empresa contratada narrou que, após iniciar a execução da obra,
em 6/2/2012, verificou a necessidade de alteração de múltiplos projetos. Com isso, teria enviado carta
solicitando a suspensão da contagem de prazo da obra. Além da necessidade de alteração de vários
projetos, alguns outros não teriam sido entregues pela UniRio, o que, inclusive, teria sido admitido pelos
gestores da própria Universidade. Diga-se de passagem, a empresa aduziu que a apresentação de novo e
completo projeto básico conduziria à necessidade de recalcular o prazo de execução da obra e, também, o
correspondente custo da mesma através de nova proposta de preços com o pertinente cronograma físico-
financeiro.
3.A empresa IBEG informou, ainda, que, em decorrência de tal situação, foi assinado no dia
21/11/2012 o primeiro termo aditivo ao contrato 1/2012, suspendendo o prazo de execução da obra
retroativamente a 1º/5/2012. Ocorre que, em 12/12/2012, a despeito de que os projetos ainda não teriam
sidos integralmente fornecidos, a empresa teria recebido um ofício da UniRio determinando que, a partir
daquela data, reiniciariam-se as obrigações contratuais da contratada pactuadas no contrato 1/2012.
4.Em face de tal contexto, a empresa formulou pedido de medida cautelar para manutenção da
suspensão dos atos e procedimentos referentes ao contrato 1/2012, haja vista a ausência de elementos
mínimos no projeto básico que lhe acobertassem segurança - técnica e econômica - para o início das
obras, e, no mérito, a anulação do procedimento administrativo que deu origem ao contrato.
432 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
5.Por meio de despacho datado de 1º/2/2013, o então relator, Min. Valmir Campelo, conheceu da
presente representação e determinou a realização de oitiva prévia para decidir acerca da adoção ou não da
medida cautelar pleiteada (peça 15).
6.Saneados os autos, esta Corte, por meio do Acórdão 573/2013-TCU-Plenário, adotou medida
cautelar a fim de que a UniRio “se abstenha de reiniciar as obras, objeto do Contrato-Unirio 01/2012,
firmado com a empresa IBEG Engenharia e Construção Ltda., CNPJ 33.607.565/0001-90, até a
apresentação do projeto básico completo, com todos os ajustes que se fizerem necessários, acompanhado
das respectivas aprovações dos órgãos competentes, ou até que o Tribunal delibere definitivamente sobre
a matéria” (peça 75).
7.Em 24/6/2013, após a análise das manifestações e das informações encaminhadas à unidade
instrutiva em função das determinações constantes no supracitado Acórdão, o Min. Valmir Campelo
decidiu manter a medida cautelar, determinar à UniRio que comunicasse quando o projeto básico da obra
objeto do contrato estivesse completo e sobrestar o processo até que o projeto básico ajustado pela
UniRio estivesse disponível para análise da Secex-RJ (peça 89).
8.A partir da mencionada fase processual, para finalizar a parte expositiva deste relatório,
transcrevo, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução da unidade instrutiva (peça 113):
“19. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e a empresa IBEG Engenharia e
Construção Ltda. foram notificadas, em 25/6/2013, sobre o Despacho do Ministro Valmir Campelo (peças
91 e 92).
20. Ocorre que, em face do erro do projeto básico, a Controladoria-Regional da União no Estado do
rio de Janeiro, em 8/8/2013, por meio da nota de fiscalização n. 201305652/01 (peça 98), efetuou junto à
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro algumas recomendações, quais sejam: exigir da
PROPLAN o reparo do projeto básico do novo prédio do CCH; instaurar procedimento administrativo
para possível aplicação de penalidade; informar à Procuradoria Federal sobre o ocorrido, com vistas à
proposição de eventual ação judicial; e iniciar outras licitações para contratar serviços que visem ao ajuste
do projeto básico, somente após o encerramento da negociação administrativa com a PROPLAN.
21. Nesse sentido, seis meses após a notificação do Despacho do Ministro-Relator, a Unirio, em
26/12/2013, informou que, conforme recomendação da Controladoria Geral da União (peça 98, p. 6-7),
reiterou junto à PROPLAN solicitação para a retificação do projeto básico do novo prédio do CCH, mas
não obteve sucesso.
22. Em virtude disso, também em 26/12/2013, a universidade esclareceu que havia promovido ação
judicial em desfavor da PROPLAN e, consequentemente, havia contratado outra empresa para elaborar a
adaptação dos projetos da referida obra. Nesse sentido, pediu dilação de prazo, até abril de 2014, para
atendimento das deliberações do TCU (peça 97, p. 3).
23. Mais de um ano após o encerramento da prorrogação de prazo solicitada, em 17/6/2015 (data da
última instrução - peça 99), não constavam nos autos, nenhum novo documento ou comunicação oficial
da Unirio sobre os procedimentos adotados relacionados aos assuntos em tela (Concorrência Pública
05/2011 - Contrato 01/2012 - obra do Centro de Ciências Humanas e Sociais ou Tomada de Preços
6/2009 - Contrato 10/2010 - projeto básico com erro).
24. Como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro não havia informado ao Tribunal, até
17/6/2015, todas as providências efetuadas para a conclusão do projeto básico da obra objeto do Contrato
01/2012, fato que impossibilitou análise de mérito da presente representação, foi realizada diligência à
IFES (peça 101) com o objetivo de verificar o atendimento das determinações expedidas por meio do
Acórdão 573/2013-TCU-Plenário (peça 75) e consoante o entendimento firmado no Despacho do então
Ministro-Relator Valmir Campelo (peça 89).
25. Em 6/8/2015, mais uma vez, a IFES solicitou prorrogação de prazo (peça 102) para responder
aos questionamentos ligados ao Acórdão 573/2013-TCU-Plenário. Tal dilação foi concedida pela Secex-
RJ (peça 104) com base nos princípios da ampla defesa e do contraditório.
26. Em 20/8/2015, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro apresentou resposta (peça 105-108)
aos questionamentos formalizados pelo Ofício 1929/2015-TCU/SECEX-RJ (peça 101).
433 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
EXAME TÉCNICO
Manifestação da Unirio - peças 82; 105-108 e 111-112
27. Em síntese, a resposta da Universidade declara que o Contrato Unirio 1/2012, firmado com a
empresa IBEG Engenharia e Construções Ltda., ainda não foi revogado ou anulado (peça 105).
28. Sobre os impactos legais e financeiros para a IFES de eventual anulação/revogação do Contrato
Unirio 1/2012, foram reiteradas as informações envidadas ao TCU, em 5/4/2013, por meio do Ofício GR
59/2013 (peça 82) da Universidade, o qual busca justificar a impossibilidade de anulação do contrato em
tela, utilizando os fundamentos do princípio do prejuízo e da interferência imprevista:
a) Princípio do Prejuízo - por meio de citações de autores renomados (Maria Sylvia Zanella Di
Peitro, Marçal Justen Filho, etc.), argumentou que deve ser aplicada a solução menos onerosa para
garantir o interesse público, com base no princípio da proporcionalidade, pois o prejuízo resultante da
anulação pode ser maior do que o decorrente da manutenção do ato ilegal.
b) Interferência Imprevista - por meio da citação do autor Hely Lopes Meirelles, aduziu que os erros
graves no projeto básico caracterizam uma interferência imprevistas, e não caso fortuito, força maior, fato
do príncipe e fato da administração, visto que os problemas ocorridos no projeto básico antecederam o
contrato. Nessas circunstâncias, concluiu que a interferência imprevista não é causa justificadora de
rescisão ou anulação do contrato, dado que não são impeditivas de sua execução.
29. Quanto às informações do processo judicial em desfavor da PROPLAN Planejamento de
Projetos Ltda., em virtude de grave erro cometido na realização do projeto básico, objeto do Contrato
Unirio 10/2010, foi encaminhado CD contendo as peças do Processo administrativo
230102.000.020/2014-41(peças 107-108), inclusive contendo a ação de execução fiscal de dívida ativa
contra a PROPLAN (peça 108, p. 67), instaurada pela Procuradoria Regional Federal 2ª Regional. Na
mesma oportunidade, também foram encaminhados dados de outra ação judicial (0046266-
51.2015.4.02.5101) da PROPLAN contra a Unirio (peça 106), tratando do mesmo assunto.
30. Em relação ao novo projeto básico e ao contrato que o originou (contratada Arctrade
Arquitetura e Planejamento Ltda.), cópias desses documentos foram encaminhadas pelo jurisdicionado ao
Tribunal (peças 105, p. 3-11 e 112).
31. Por fim, a IFES, após circunstanciar diversas dificuldades no processo de obtenção das licenças
necessárias à execução da obra, declarou que ainda não existe um cronograma atualizado para a
conclusão da obra do novo prédio do Centro de Ciências Humanas e Sociais (peça 105, p. 1-2).
Análise da Manifestação da Unirio 32. A obra de construção do novo prédio do Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCH foi
licitada sob o regime de empreitada por preço global (Concorrência Pública 05/2011 - peça 3),
considerando o estabelecido no art. 47 da Lei 8.666/1993, verifica-se que a Administração deveria ter
fornecido obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e informações necessários para que os
licitantes pudessem elaborar suas propostas de preços com total e completo conhecimento do objeto da
licitação.
33. Todavia, conforme evidenciado neste processo, o projeto básico integrante da Concorrência
Pública 05/2011 apresentava erro grave na cota que estabelece a distância entre o limite do terreno
voltado para a Avenida Pasteur e o Edifício Padre Anchieta, fato que ensejou a presente Representação e
a alteração do projeto arquitetônico utilizado na licitação.
34. Essa ocorrência fica evidente na correspondência do Coordenador de Engenharia da Unirio,
datada de 18/4/2012, que reconhece a necessidade de adequação dos preços e que os projetos de estrutura
e instalações em geral são absolutamente necessários para o pronto início e correta execução dos
trabalhos (peça 1, p. 14):
‘Em medições preparatórias aos procedimentos de locação do prédio, constatou-se diferença para
menos, na cota que estabelece a distância entre o limite do terreno voltado para a Avenida Pasteur e o
Edifício Padre Anchieta, (...), o que obrigará alteração no projeto arquitetônico no sentido de deslocar-se
o último módulo de salas para o flanco interno da ala voltada para a praça (conforme desenho em anexo),
não configurando nessa mudança nenhum acréscimo ou redução de áreas e mantendo-se inalterada a área
434 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
construída de 6.962,41 m² pactuada no contrato. Tal fato promove, além de adaptações na parte
arquitetônica do projeto, mudanças significativas nos desenhos e cálculos estruturais e nos projetos de
instalações em geral, da ala do prédio voltada para a praça, como um todo, e não somente no trecho
deslocado. Em virtude, solicito a V. Sas. uma Proposta de Preços para adequação dos projetos executivos
decorrentes acima mencionados, a ser submetida à Administração Superior da Universidade para
promulgação de aditivo contratual, no entendimento desta Coordenação de serem os referidos projetos
absolutamente necessários para o pronto início e correta execução das obras.’ (grifou-se)
35. Como se vê, as alterações necessárias no projeto básicos utilizado na licitação não eram simples
adaptações, mas sim modificações estruturais fundamentais para o início e execução das obras, tanto é
verdade que foi necessário contratar uma nova empresa para fazer as correções no projeto básico (peça
105, p. 3-11). Tal situação enseja a nulidade da licitação e, consequentemente, também a nulidade do
contrato assinando, na mesma linha de entendimento constante do sumário do Acórdão 2819/2012 -TCU-
Plenário (processo 014.599/2011-2):
‘A existência de deficiências graves no Projeto Básico que impossibilitam a adequada descrição dos
serviços que serão implementados na obra compromete o certame realizado, tendo em vista que tal
procedimento afasta da licitação empresas que optam por não correr o risco de apresentar um orçamento
elaborado sem a necessária precisão, havendo, portanto, prejuízo à competitividade do certame e à
contratação da proposta mais vantajosa pela Administração Pública, o que enseja a nulidade da
concorrência efetivada.’
36. Tanto o Voto condutor do Acórdão 573/2013-TCU-Plenário como a parte dispositiva desse
Acórdão, com base na legislação vigente de licitações e contratos administrativos, indicaram a
necessidade da manifestação expressa da Universidade quanto a possibilidade de anulação do Contrato-
Unirio 01/2012 e dos atos administrativos anteriormente a ele vinculados, em função de as modificações a
serem aplicadas no projeto básico desvirtuarem o objeto licitado; ultrapassarem os limites de aditamentos
legais permitidos; e macularem as vantagens obtidas na respectiva concorrência pública.
37. Após quatro anos da licitação e de diversos pronunciamentos da IFES (peças 82, 97 e 105)
sobre as questões apontadas no Acórdão 573/2013-TCU-Plenário, as seguintes questões não foram
esclarecidas objetivamente pela Universidade, quais sejam: as datas de obtenção dos alvarás e
licenciamentos necessários à execução da obra; o cronograma atualizado para a conclusão da obra; os
limites legais do eventual aditamento contratual a ser assinado; a possibilidade do objeto licitado ser
desvirtuado pelo novo projeto básico contratado (assinado em 5/12/2013 - peça 105, p. 3); e a
manutenção das vantagens obtidas pelas partes na licitação.
38. Especialmente em relação à manutenção das vantagens obtidas pelas partes na licitação, é
importante registrar que a Unirio entende que o motivo da reclamação da contratada junto ao TCU é uma
tática para corrigir o ‘mergulho’ na taxa de administração, sistemática utilizada pela IBEG Engenharia
para vencer o procedimento licitatório, segundo a Universidade (peça 28, p. 4 e 6). Em que pese tal
justificativa, entende-se que, na realidade, o planejamento precário adotado pela Universidade (erro grave
no projeto básico) foi o que ensejou a presente Representação.
39. Vale destacar que a Unirio esclareceu, em 5/4/2013, que, na etapa de readequação do projeto
básico, ‘não há como definir com precisão se haverá necessidades de acréscimo e/ou redução do objeto’
(peça 82, p. 2), mesmo assim destacou que ‘quando o prejuízo resultante da anulação puder ser maior que
o decorrente da manutenção do ato ilegal, nesse caso, é o interesse público que norteara a decisão’ (peça
82, p. 3).
40. Todavia, na resposta apresentadas em 20/8/2015 (peça 105), após conhecer o novo projeto
básico (peça 112 - item não digitalizável), a IFES não apresentou fundamentos, com observância dos
limites legais, sobre os novos valores e quantidades a serem utilizados no eventual aditivo contratual,
apenas reiterou os termos da resposta apresentada à peça 82, fato que evidencia o potencial de
irregularidades futuras para o início das obras com o mesmo Contrato-Unirio 01/2012 e o risco de
assinatura de diversos termos aditivos durante a execução da obra em razão da falta de planejamento
adequado e da falta de fundamentos legais.
435 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
41. O Princípio do Prejuízo utilizado pela Universidade para justificar a impossibilidade de
anulação do contrato, deve ser analisado sempre com base no caso concreto. Nesse sentido, a entidade
não apresentou concretamente os supostos prejuízos que poderiam ser causados com a dita anulação, mas,
apenas, utilizou-se de argumentos genéricos e hipotéticos.
42. Por outro lado, não se pode admitir que erro da administração provoque dano ao licitante. O
Acórdão 1977/2013 -TCU-Plenário já se posicionou sobre o enriquecimento sem causa da Administração:
‘A dicotomia em questão está em balancear a idealização da empreitada global com a vedação do
enriquecimento sem causa. Não seria concebível que falhas na elaboração do edital redundem, com justa
causa, em um superfaturamento. Tampouco a Administração poderia se beneficiar de erro que ela própria
cometeu, pagando por um produto preço relevantemente inferior que o seu justo preço de mercado. Erro
preliminar da própria Administração, independentemente do tipo de empreitada, não pode redundar em
ganhos ilícitos; porque se ilícito for, o enriquecimento de uma parte, em detrimento de outra, sem causa
jurídica válida, faz-se vedado.’
43. A Universidade também argumentou que a imprecisão momentânea do projeto, provocada por
interferência imprevista não justificaria a anulação do contrato (peça 82, p. 3). Mas, após o conhecimento
do novo projeto e dos acréscimos e/ou reduções da obra contratada (peça 105 e 112), a IFES não
evidenciou, mesmo sendo questionada nesses termos pelo Ofício 1929/2015-TCU/SECEX-RJ (peça 101),
como uma possível anulação/revogação poderia ser desfavorável aos princípios do interesse público e da
economicidade, demonstrando a falta de informações sobre os impactos legais e financeiros,
consequentemente, o potencial prejuízo aos cofres públicos.
44. Nesse contexto, apenas alegar a priorização do interesse público a qualquer custo e sem
fundamentos legais consistentes não é suficiente para justificar a manutenção do Contrato-Unirio
01/2012, visto que é vedado o enriquecimento de uma parte em prejuízo da outra.
45. Dessa forma, considerando o decurso de tempo da licitação (quatro anos); as alterações do
projeto da obra; as novas condições de mercado; a falta dos licenciamentos necessários à execução da
obra; e a falta do cronograma atualizado para a conclusão da obra, verifica-se que realização da
construção novo prédio do Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCH com o mesmo contratado pode
resultar em transtornos à regular execução do Contrato 1/2012, no que se refere aos aspectos legais,
econômicos e financeiros das partes.
46. Nesses termos, em face da ilegalidade da licitação (Concorrência Pública 05/2011), visto que
não foi observado os termos do estabelecido no art. 47 da Lei 8.666/1993, especificamente, ausência de
projeto básico adequado, será apresentada propostas de encaminhamento no sentido de que a Unirio adote
as medidas necessárias com vistas a anular a Concorrência Pública 05/2011, e, em consequência, o
contrato dela decorrente, bem como os demais atos decorrentes da citada licitação.
47. Complementarmente, também será apresenta proposta para a Unirio somente realizar novos
procedimentos licitatórios, inclusive o relativo à construção do novo prédio do Centro de Ciências
Humanas e Sociais - CCH, com base em projeto básico que atenda a todos os requisitos do art. 6º, inciso
IX, e do art. 7º, ambos da Lei 8.666/1993.
Manifestação da IBEG - peças 83
48. A IBEG Engenharia e Construção Ltda., além de formalizar a presente representação, informou,
em resposta a oitiva determinada pelo item 9.3 do Acórdão 573/2013-TCU-Plenário, que nada tinha a
opor quanto à anulação do contrato objeto da lide e que aguarda manifestação formal da Contratante e do
TCU acerca do melhor destino a ser concedido ao Contrato-Unirio 01/2012.
Análise da Manifestação da IBEG 49. Com base na requisição formalizada constante da representação impetrada pela IBEG (peça 1,
p. 23), qual seja, revogação ‘ex nunc’ do processo administrativo que originou a Concorrência Pública
05/2011 (peça 3) ou anulação ‘ex tunc’ desse referido processo, como também em face da resposta
apresentada à oitiva realizada, fica evidente que a empresa autora da presente Representação discorda
expressamente com a execução do Contrato 1/2012 (peça 6).
Informação da CGU - peça 98
436 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
50. Consta na Nota de Fiscalização 201305652/01 (peça 106, p. 157-162), da Controladoria-
Regional da União no Estado do Rio de Janeiro, diversos detalhes sobre a necessária apuração de
responsabilidades relativa ao recebimento irregular do projeto básico da obra de construção do novo
prédio do Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCH (Tomada de Preços 6/2009 - Contrato 10/2010),
como também relativa à realização de licitação de uma obra com base em projeto inconsistente, a saber:
a) o Anexo II ao edital (Memorial Descritivo) descreveu que a apresentação de Projeto
Arquitetônico pela vencedora do certame deveria ser desenvolvido a partir do Estudo Preliminar
elaborado pela própria IFES;
b) em 28/12/2009, a vencedora da licitação (Tomada de Preços 6/2009) foi a empresa PROPLAN,
com proposta de R$ 219.731,56;
c) o Contrato 10/2010 foi celebrado em 19/3/2010, com vigência de noventa dias corridos, mas
houve dilação de prazo contratual para 21/1/2011 (Termo Aditivo 1);
d) o fiscal do contrato foi designado pela Portaria Unirio 693, de 16/9/2010, com efeitos retroativos
a 24/2/2010;
e) não consta no processo a Anotação de Responsabilidade Técnica - ART do projeto básico;
f) a Unirio, em 15/12/2010, emitiu termo de entrega final do projeto, onde declarou que o contrato
foi atendido;
g) a nota fiscal 6357202 foi emitida pela contatada em 14/1/2011, atestada pelo fiscal do contrato
em 17/1/2011 e paga em 7/2/2011; e
h) a Procuradoria Federal da Unirio solicitou que a CE/ Unirio elaborasse um laudo evidenciando o
grave erro do projeto apresentado pela PROPLAN (Nota 200/2012/PF-UNIRIO/PGF/AGU).
Análise da informação da CGU 51. Mesmo não sendo objeto da presente Representação, as responsabilidades dos gestores públicos
devem ser apuradas, por meio da instauração de processo administrativo, visto que as ações ou omissões
desses agentes públicos deram causa as irregularidades evidenciadas no presente processo.
52. Nesses termos, o voto complementar do Acórdão 510/2012-TCU-Plenário descreve exatamente
a dimensão do risco do descumprimento da legislação vigente e da necessidade de repreensão dos
gestores que praticam atos administrativos irregulares:
‘Não repreender o gestor que licita uma obra com base em projeto inconsistente, nem o gestor que
dá sequência à irregularidade, afastando-se da lei para alterar serviços acima dos limites permitidos, acaba
por abrir, para mim, uma jurisprudência perigosa.A deficiência de projetos talvez seja o maior dos males
das obras públicas, porque é daí que vêm situações de direcionamento de licitação, paralisação de
serviços e superfaturamento. Não creio que aceitar uma irregularidade desse naipe, em qualquer
circunstância, consista num bom exemplo que o TCU possa dar. Não vejo nenhum caráter pedagógico em
tal decisão. Ao contrário, outros gestores poderão se sentir à vontade para descumprir a lei.’ (grifou-se)
53. Vale destacar que o fiscal do contrato somente foi designado seis meses após a celebração do
Contrato 10/2010 e que, mesmo sem comprovação de Anotação de Responsabilidade Técnica no processo
do projeto básico, a Unirio declarou que o contrato foi atendido e realizou o pagamento, fatos que
evidenciam, no mínimo, a falta do dever de cautela do gestor público.
54. Portanto, será determinada a instauração de processo administrativo para apurar a
responsabilidade pela aceitação definitiva de projeto básico com erro grave, assim como pela realização
de licitação sob o regime de empreitada por preço global sem todos os elementos e informações
necessários à elaboração das propostas de preços, descumprindo estabelecido no art. 47 da Lei
8.666/1993.
CONCLUSÃO
55. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro deveria ter fornecido obrigatoriamente, junto com
o edital, todos os elementos e informações necessários para que os licitantes pudessem elaborar suas
propostas de preços com total e completo conhecimento do objeto da licitação, mas realizou o certame
(Concorrência Pública 05/2011) com um projeto básico contendo erro grave.
437 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
56. Tal situação enseja a nulidade da licitação, pois as alterações necessárias no projeto básico não
são simples adaptações, mas sim modificações estruturais fundamentais para o início da execução das
obras.
57. Em homenagem aos princípios da ampla defesa e do contraditório, a contratante e a contratada
tiveram, nos presentes autos, diversas oportunidades de se pronunciarem sobre possível decisão do
Tribunal que desse ensejo à anulação do Contrato 1/2012.
58. Em virtude disso será proposta a fixação de prazo com vistas a anular essa Concorrência e,
consequentemente, o Contrato 1/2012, assim como será determinado que a Universidade somente realize
nova licitação com base em projeto básico adequado (item 45).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
59. Ante o exposto, submetem-se os autos à apreciação superior, propondo:
I) levantar o sobrestamento que incide sobre este processo, determinado em 24/6/2013 (peça 89)
pelo Ministro-Relator;
II) revogar a cautelar determinada no subitem 9.2 do Acórdão 573/2013-TCU-Plenário, em razão
da presente decisão de mérito;
III) fixar prazo de quinze dias, nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, c/c o art.
45 da Lei 8.443/1992 e com art. 251 do RI/TCU, contados da ciência deste Acórdão, para que a
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro adote as providências cabíveis com vistas a anular a
Concorrência Pública 05/2011, bem como todos os atos posteriores dela decorrente, inclusive, o Contrato
1/2012, uma vez que a licitação baseou-se em projeto básico que não atendia a todos os requisitos do art.
6º, inciso IX, e do art. 7º, ambos da Lei 8.666/1993 e, no mesmo prazo, informe a este Tribunal as
providências adotadas (item 46);
IV) determinar à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, com fundamento no art. 143
da Lei n.º 8.112, de 1990, no inciso I do art. 43 da Lei 8.443/1992 c/c , do art. 250, inciso II, do
Regimento Interno do TCU, que instaure e informe ao Tribunal, no prazo de sessenta dias, se ainda não o
fez, procedimento administrativo para apurar as responsabilidades pela falha na fiscalização do Contrato
10/2010 e pela realização de licitação de uma obra com base em projeto inconsistente (Concorrência
Pública 05/2011), sem prejuízo de informar que a inércia do gestor pode resultar em sua
responsabilização pessoal; (itens 33 e 54);
V) dar ciência à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro que a realização de licitação na
modalidade de execução de empreitada por preço global sem fornecer, junto com o edital, todos os
elementos e informações necessários para elaboração das propostas de preços, com identificação total e
completa do objeto da licitação, conforme identificado na Concorrência Pública 05/2011, afronta o
disposto nos arts. 6º, inciso IX, 7º e 47 da Lei 8.666/1993, com vistas à adoção de providências internas
que previnam a ocorrência de outras semelhantes (itens 47);
VI) comunicar o inteiro teor do Acórdão à representante e à Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro, acompanhado de cópia da instrução da Unidade Técnica; e
VII) arquivar os presentes autos.”
9.O encaminhamento obteve a anuência das chefias da unidade técnica (peças 114-115).
10.É o relatório.
VOTO
Trata-se de representação protocolizada em 21/1/2013 pela empresa IBEG Engenharia e Construção
Ltda. em face possíveis irregularidades cometidas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(UniRio) no âmbito do contrato 1/2012, firmado entre a empresa e a Universidade, o qual tem por objeto
a execução de obra de construção de um novo prédio para o Centro de Ciências Humanas e Sociais
(CCH), em conformidade com o edital da concorrência pública 5/2011. O contrato foi assinado em
10/1/2012, pelo valor global de R$ 19.794.144,00.
438 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
2.A representante alega que verificou a necessidade de alteração de vários projetos essenciais para a
execução da obra e que alguns outros não teriam sido entregues pela UniRio. Aduz ainda que, em
decorrência de tal situação, foi assinado no dia 21/11/2012 um termo aditivo ao contrato 1/2012,
suspendendo o prazo de execução da obra retroativamente a 1º/5/2012. Em síntese, insurge-se contra ato
da UniRio determinando que, a partir de 12/12/2012, reiniciariam-se as obrigações contratuais da
contratada pactuadas no contrato 1/2012, a despeito de que os projetos ainda não teriam sidos
integralmente fornecidos.
3.Por meio do Acórdão 573/2013-TCU-Plenário, esta Corte adotou medida cautelar a fim de
determinar à UniRio que “abstenha-se de reiniciar as obras, objeto do Contrato-Unirio 01/2012, firmado
com a empresa IBEG Engenharia e Construção Ltda., CNPJ 33.607.565/0001-90, até a apresentação do
projeto básico completo, com todos os ajustes que se fizerem necessários, acompanhado das respectivas
aprovações dos órgãos competentes, ou até que o Tribunal delibere definitivamente sobre a matéria”.
4.Em 24/6/2013, após a análise das manifestações e das informações encaminhadas à unidade
instrutiva em função das determinações constantes no supracitado Acórdão, o então relator, Min. Valmir
Campelo, exarou despacho decidindo manter a medida cautelar, determinar à UniRio que comunicasse
quando o projeto básico da obra objeto do contrato estivesse completo e sobrestar o processo até que o
projeto básico ajustado pela UniRio estivesse disponível para análise da Secex-RJ.
5.Saneados os autos, a unidade técnica emitiu instrução concluindo que a UniRio deveria ter
fornecido obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e informações necessários para que os
licitantes pudessem elaborar suas propostas de preços com total e completo conhecimento do objeto da
licitação, que a concorrência pública 5/2011 foi realizada com um projeto básico contendo erro grave e
que tal situação enseja a nulidade da licitação.
6.Quanto ao mérito, desde logo incorporo às minhas razões de decidir o exame levado a efeito pela
unidade instrutiva, reforçando as considerações que julgo pertinentes.
7.A obra de construção do novo prédio do CCH foi licitada por meio da concorrência pública
5/2011. Conforme evidenciado neste processo, o projeto básico integrante da licitação apresentava erro
grave na cota que estabelece a distância entre o limite do terreno voltado para a Avenida Pasteur e o
Edifício Padre Anchieta, fato que ensejou a presente representação e a alteração dos demais projetos
utilizados na licitação.
8.Essa ocorrência fica evidente na correspondência do Coordenador de Engenharia da UniRio,
datada de 18/4/2012, que reconhece a necessidade de adequação dos preços e que os projetos de estrutura
e instalações em geral são absolutamente necessários para o pronto início e correta execução dos
trabalhos.
9.As alterações necessárias no projeto básico utilizado na licitação não eram simples adaptações,
mas sim modificações estruturais fundamentais para o início e execução das obras, tanto que foi
necessário contratar uma nova empresa para fazer as correções no projeto básico. Tal situação enseja a
nulidade da licitação e, consequentemente, também a nulidade do contrato assinando, à luz do art. 49, §
2º, da Lei 8.666/1993, na mesma linha do Acórdão 2.819/2012-TCU-Plenário.
10.Após quatro anos da licitação e de diversos pronunciamentos da UniRio sobre as questões
apontadas no Acórdão 573/2013-TCU-Plenário, várias questões não foram esclarecidas objetivamente
pela Universidade: as datas de obtenção dos alvarás e licenciamentos necessários à execução da obra; o
cronograma atualizado para a conclusão da obra; os limites legais do eventual aditamento contratual a ser
assinado; a possibilidade do objeto licitado ser desvirtuado pelo novo projeto básico contratado.
11.Não é possível afirmar que o motivo da reclamação da empresa IBEG junto ao TCU seria para
corrigir o baixo preço utilizado pela contratada para vencer o procedimento licitatório, segundo alega a
Universidade. Em que pese tal ilação, entendo que, na realidade, foi o planejamento precário adotado pela
Universidade (erro grave no projeto básico) que ensejou a presente representação.
12.O princípio do prejuízo invocado pela Universidade para justificar a impossibilidade de anulação
do contrato deve ser analisado sempre com base no caso concreto. Nesse sentido, a entidade não
439 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
apresentou concretamente os supostos prejuízos que poderiam ser causados com a dita anulação, mas,
apenas, utilizou-se de argumentos genéricos e hipotéticos.
13.A UniRio também argumentou que o que chamou de “imprecisão momentânea” do projeto não
justificaria a anulação do contrato. Mas, na resposta apresentada em 20/8/2015, após conhecer o projeto
básico corrigido, a UniRio não apresentou os novos valores e quantidades a serem utilizados no contrato,
fato que evidencia o potencial de irregularidades futuras para o contrato 1/2012 e o risco de assinatura de
diversos termos aditivos durante a execução da obra em razão da falta de planejamento adequado. Nesse
contexto, apenas alegar a priorização do interesse público a qualquer custo e sem fundamentos legais
consistentes não é suficiente para justificar a manutenção do contrato 1/2012.
14.Consta na exordial da empresa IBEG que a apresentação de novo projeto básico conduziria à
necessidade de recalcular o prazo de execução da obra e, também, o correspondente custo da mesma
através de nova proposta de preços com o pertinente cronograma físico-financeiro. Além disso, resta claro
que a empresa contratada não se opõe à nulidade do procedimento licitatório e, por conseguinte, do
contrato.
15.Dessa forma, considerando o decurso de tempo da licitação (quase cinco anos), as alterações do
projeto da obra, a previsível evolução nas condições de mercado, a falta dos licenciamentos necessários à
execução da obra e a falta do cronograma atualizado para a conclusão do empreendimento, concluo que a
realização da construção novo prédio do CCH utilizando o mesmo contrato pode resultar em transtornos à
sua regular execução, sobretudo no tocante aos aspectos legais, econômicos e financeiros das partes.
16.Nesses termos, em face da ilegalidade da concorrência pública 5/2011, visto que não foram
observados os termos do estabelecido nos arts. 6º, inciso IX, e 47 da Lei 8.666/1993 (necessidade de
projeto básico adequado), julgo que o TCU deve assinar prazo para que a UniRio adote as medidas
necessárias com vistas a anular a concorrência pública 5/2011, e, em consequência, o contrato 1/2012,
dela decorrente.
17.Em voto complementar no âmbito do Acórdão 510/2012-TCU-Plenário, consta valiosa lição que
descreve exatamente a dimensão do risco do descumprimento da legislação vigente e da necessidade de
repreensão dos gestores que praticam atos administrativos irregulares, em especial o gestor que licita uma
obra com base em projeto inconsistente.
18.A licitação para contratar a elaboração de projetos arquitetônicos visando à construção do novo
prédio do CCH foi realizada pela UniRio por meio da tomada de preços 6/2009, certame vencido pela
empresa Proplan Planejamento de Projetos Ltda. (nome de fantasia A4 Projetos e Planejamento), que
celebrou contrato o contrato 10/2010 com a Universidade.
19.Dentre as irregularidades do contrato 10/2010, vale destacar que o fiscal do contrato somente foi
designado seis meses após sua celebração e que, mesmo sem comprovação de Anotação de
Responsabilidade Técnica no processo do projeto básico, a Unirio declarou que o contrato foi atendido e
realizou o pagamento, fatos que evidenciam, no mínimo, a falta do dever de cautela do gestor público.
20.Em informação enviada em 26/12/2013, a UniRio esclareceu que havia promovido ação judicial
em desfavor da empresa Proplan e, ato contínuo, contratado outra empresa (Arctrade Arquitetura e
Planejamento Ltda.) para elaborar a adaptação dos projetos da referida obra.
21.Portanto, parece-me adequado determinar a instauração de processo administrativo para apurar a
responsabilidade pela aceitação definitiva de projeto básico com erro grave, pela realização de licitação
sem todos os elementos e informações necessários à elaboração das propostas de preços, descumprindo o
estabelecido nos arts. 6º, inciso IX, e 47 da Lei 8.666/1993, e, ainda, por eventual prejuízo ao erário caso
ocorra o dever de indenização pela Administração, nos termos do art. 59, parágrafo único, da Lei de
Licitações.
22.Ante o exposto, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1239/2016 - TCU - Plenário
440 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 001.159/2013-5.
2. Grupo I - Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Representante: IBEG Engenharia e Construção Ltda. (33.0607.565/0001-90).
4. Entidade: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
8. Representação legal: Daysival Antônio Ferreira Mendonça (OAB/RJ 90.288), representando
IBEG Engenharia e Construção Ltda.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação protocolizada pela empresa IBEG
Engenharia e Construção Ltda. em face possíveis irregularidades cometidas pela Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UniRio) no âmbito do contrato 1/2012, firmado entre a empresa e a
Universidade, o qual tem por objeto a execução de obra de construção de um novo prédio para o Centro
de Ciências Humanas e Sociais, em conformidade com o edital da concorrência pública 5/2011,
Considerando que este processo já foi objeto de apreciação pelo Acórdão 573/2013-TCU-Plenário,
por meio do qual esta Corte conheceu da presente representação, adotou medida cautelar a fim de
suspender a execução do contrato 1/2012 e determinou a adoção de outras medidas saneadoras,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. no mérito, considerar procedente a presente representação;
9.2. com fulcro no art. 71, inciso IX, da CF/1988, c/c art. 45 da Lei 8.443/1992, assinar prazo de 15
(quinze) dias para que a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro adote as providências cabíveis
com vistas a anular a concorrência pública 5/2011, bem como todos os atos posteriores dela decorrentes,
inclusive o contrato 1/2012, nos termos do art. 49, § 2º, da Lei 8.6661/1993, uma vez que a licitação
baseou-se em projeto básico com graves deficiências, em afronta aos arts. 6º, inciso IX, e 47 da Lei
8.666/1993, informando a este Tribunal, no mesmo prazo, as medidas adotadas;
9.3. com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art. 250, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, c/c art. 2º da Resolução-TCU 265/2014, determinar à Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro que instaure, no prazo de 60 (sessenta) dias, se ainda não o fez, procedimento
administrativo para apurar as responsabilidades pela falha na fiscalização e no recebimento do objeto do
contrato 10/2010, pela realização da concorrência pública 5/2011 com base em projeto inconsistente e por
eventual prejuízo ao erário caso ocorra o dever de indenização pela Administração, nos termos do art. 59,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, informando a este Tribunal, no mesmo prazo, as medidas adotadas,
sem prejuízo de alertar que a inércia do gestor pode resultar em sua responsabilização pessoal;
9.4. comunicar o inteiro teor desta deliberação à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
e à empresa IBEG Engenharia e Construção Ltda., à luz do art. 169, § 1º, do Regimento Interno do TCU;
9.5. arquivar os presentes autos, com base no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do TCU, sem
prejuízo do monitoramento pela unidade instrutiva.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1239-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
441 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 009.026/2009-1 [Apensos: TC 017.022/2015-0, TC 023.268/2006-8].
Natureza: Pedidos de Reexame (Relatório de Auditoria).
Órgãos: Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho (Semusa) e Secretaria de Estado de Saúde
de Rondônia (Sesau/RO).
Recorrentes: Joelcimar Sampaio da Silva (192.029.202/06), Silas Antônio Rosa (206.976.608/00),
Fabiano Souza (238.178.602/34), Nilton Gonçalves de Lima Júnior (272.214.901/04) e Ascler Oliveira
Ximenes (320.405.392/04).
Representação legal: Marcelo Lessa Pereira OAB/RO 1501, e outros, representando Ascler Oliveira
Ximenes e Fabiano Souza.
SUMÁRIO: PEDIDOS DE REEXAME EM RELATÓRIO DE AUDITORIA. TOMADA DE
CONTAS ESPECIAL RECONVERTIDA À NATUREZA ORIGINAL. DELIBERAÇÃO A QUO
APLICOU MULTA AOS RECORRENTES. PRÁTICA DE ATO ANTIECONÔMICO. COMPRA DE
MARCA MAIS CARA QUE OUTRAS CAPAZES DE ATENDER AOS INTERESSES DA
ADMINISTRAÇÃO, POR PREÇO ACIMA DO ORÇAMENTO ESTIMADO NA FASE INTERNA DA
LICITAÇÃO, SEM QUE FOSSEM APRESENTADAS JUSTIFICATIVAS OBJETIVAS PARA ESSA
ESCOLHA. IRREGULARIDADES NA CONDUÇÃO DE LICITAÇÕES NA MODALIDADE
CONVITE. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS CAPAZES DE ALTERAR O MÉRITO DO ACÓRDÃO
RECORRIDO. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.
RELATÓRIO
Trata-se dos pedidos de reexame (peças 91, 97, 98, 100 e 101) interpostos por Joelcimar Sampaio
da Silva (ex-Secretário Municipal de Administração), Silas Antônio Rosa (ex-Secretário Municipal de
Saúde), Fabiano Souza (ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação), Nilton Gonçalves de Lima
Júnior e Ascler Oliveira Ximenes (membros da comissão de licitação) contra o Acórdão 720/2014 – TCU
– Plenário (peça 4, p. 62-64).
2.Este processo originou-se da conversão do TC-023.268/2006-8 (Relatório de Auditoria),
determinada pelo Acórdão 628/2009 –TCU – Plenário, em Tomada de Contas Especial, tendo sido
reconvertido à sua natureza original (relatório de auditoria) pelo acórdão ora recorrido, por meio do qual,
no que interessa aos presentes recursos, decidiu-se:
“9.5. aplicar, individualmente, a Joelcimar Sampaio da Silva, Tiago Silva dos Santos e Silas
Antônio Rosa, com fundamento no art. 58, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, multa no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para
comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem
pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.6. aplicar, individualmente, a Fabiano Souza, Claudionor Couto Roriz, Ascler Oliveira Ximenes e
Nilton Gonçalves de Lima Júnior, com fundamento no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, multa no
valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se
forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.7. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;”
3.Inconformados com essa deliberação, Joelcimar Sampaio da Silva, Silas Antônio Rosa, Fabiano
Souza, Nilton Gonçalves de Lima Júnior e Ascler Oliveira Ximenes interpuseram os presentes recursos.
442 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4. Apesar de autuados como recursos de reconsideração, admiti os expedientes como pedidos de
reexame, concedendo efeito suspensivo aos itens 9.5 e 9.7 do acórdão recorrido em relação a Silas
Antônio Rosa e Joelcimar Sampaio da Silva, bem como aos itens 9.6 e 9.7, em relação aos demais
recorrentes (despacho à peça 140), na forma proposta pelo serviço de admissibilidade (peças 133-138).
5.Abaixo transcrevo, com ajustes de forma, a instrução elaborada pela Secretaria de Recursos com o
exame de mérito dos recursos em tela (peça 153), a qual contou com a anuência do corpo dirigente
daquela unidade (peças 154 e 155):
‘HISTÓRICO
2.Trata-se de processo proveniente da conversão do TC-023.268/2006-8 (Relatório de Auditoria),
(...). A auditoria, inicialmente, havia detectado indícios de procedimentos licitatórios fraudulentos,
deficiência de competitividade, sobrepreço, entre outros achados identificados na fiscalização de
orientação centralizada realizada nas unidades gestoras de saúde no Estado de Rondônia e no Município
de Porto Velho, tendo como foco as aquisições de materiais permanentes com recursos federais
repassados por convênios.
2.1.Após desenvolvimento do processo, os recorrentes foram condenados, conforme o esquema
sinóptico abaixo descrito:
a) Joelcimar Sampaio da Silva (ex-Secretário Municipal de Administração): A irregularidade
consistiu na prática de ato antieconômico, que decorreu da preferência de marca, em prejuízo da
economicidade e competitividade (Pregão de Registro de Preços 003/2006 – SRP 002/CSRP/SEMAD);
os instrumentos cirúrgicos, com a indicação da aludida preferência de marca (produtos dos lotes II e III),
cujos valores estimados de R$ 1.383.136,00 e R$ 900.488,00, foram adquiridos pelos preços de R$
1.562.161,60 e R$ 1.111.068,80. Assim, para o TCU, restou caracterizada a prática de ato antieconômico
(compra do instrumental mais caro do mercado pela restrição da competitividade do certame decorrente
de preferência de marca). A sua conduta consistiu na homologação do certame licitatório;
b) Silas Antônio Rosa (ex-Secretário Municipal de Saúde): Extrai-se que a irregularidade imputada
ao ex-Secretário Municipal de Saúde foi a mesma do ex-Secretário Municipal de Administração e sua
conduta, como ordenador, consubstanciou-se na efetiva aquisição dos instrumentos da marca
especificada;
c) Fabiano Souza (ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação – CPL), Nilton Gonçalves
de Lima Júnior e Ascler Oliveira Ximenes (Membros da Comissão Permanente de Licitação):
De acordo com o Tribunal (peça 1, p. 9-10, do TC 023.268/2006-8, apenso), houve fraude aos
procedimentos do Convite 158/02/CPL/SESAU, no valor de R$ 62.885,30 (aquisição de equipamentos
hospitalares para atender à Fundação Hemeron) e do Convite 159/02/CPL/SESAU, no valor de R$
76.360,00 (aquisição de aparelhos de ar condicionado e utensílios domésticos para atender à Fundação
Hemeron).
A irregularidade (fraude) restou verificada, uma vez que ‘a similaridade das propostas e a existência
de empresas com endereços idênticos ou sócio em comum, sem a demonstração de independência da
administração’ indicaram ‘que não houve competitividade nas licitações.’
Os recorrentes, enquanto membros da CPL, atuaram de forma negligente ao terem se omitido e não
promovido as análises técnicas necessárias para evitar a consolidação da irregularidade (verificação dos
documentos de habilitação, incluso o recebimento, exame e julgamento de todos os documentos e
procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes), não cumprido, portanto, seus
deveres funcionais e respondido pelos atos praticados, nos termos dos arts. 6º, inciso XVI, e 51, § 3º, da
Lei 8.666/1993.
2.2.Neste momento comparecem aos autos os recorrentes, insurgindo-se contra a deliberação.
(...)
EXAME DE MÉRITO
4.Delimitação
4.1.Constitui objeto do presente recurso definir se:
443 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a) existiu ou não a indicação ou preferência de marca no Pregão de Registro de Preços 003/2006 –
SRP 002/CSRP/SEMAD;
b) subsistem irregularidades na homologação do Pregão de Registro de Preços 003/2006 – SRP
002/CSRP/SEMAD e, se houve a ocorrência ou inocorrência da prática de ato antieconômico na
aquisição dos instrumentos cirúrgicos da marca EDLO;
c) permanece ou não a responsabilidade subjetiva do ex-Secretário de Saúde e do ex-Secretário de
Administração do Município de Porto Velho/RO nas aquisições dos instrumentos cirúrgicos, com a
indicação e (ou) preferência da marca EDLO, e a prática de ato antieconômico;
d) houve ou não má-fé dos responsáveis e se ela é elemento imprescindível para a apenação [dos
responsáveis];
e) ocorreu ou não a prescrição da pretensão punitiva decorrente das condutas praticadas nos
Convites 158/02/CPL/SESAU e 159/02/CPL/SESAU;
f) os procedimentos licitatórios dos Convites 158/02/CPL/SESAU e 159/02/CPL/SESAU violaram
a competitividade dos certames
g) a multa aplicada atendeu os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
5.Da inexistência de indicação ou preferência de marca.
5.1.Defende-se nos recursos, de Silas Antônio Rosa (ex-Secretário Municipal de Saúde) e Joelcimar
Sampaio da Silva (ex-Secretário Municipal de Administração), que no certame do Pregão de Registro de
Preços 003/2006 – SRP 002/CSRP/SEMAD não houve indicação ou preferência de marca, com base nos
seguintes argumentos (peça 91):
a) o edital do certame não elegeu uma marca específica, não havendo nos autos nenhum documento
que caracterize a indicação ou preferência de marca;
b) não se pode inferir a indicação de marca, conforme fez o Tribunal, na aquisição dos lotes II e III
do pregão, a partir do documento (‘Justificativa’ – peça 4, p. 51 do TC 023.268/2006-8, apenso),
elaborado por equipe técnica designada pela administração, e do orçamento estimativo constante da
cotação [apresentada] pela empresa Dental Globo (instrumental da marca Erwin Guth, supostamente,
mais barata);
c) o documento ‘Justificativa’ (peça 4, p. 51 do TC 023.268/2006-8, apenso), cujo intuito era a de
complementar a instrução do processo licitatório e servir de elemento de formação de convicção acerca da
melhor proposta a atender os interesses da administração, foi produzido e juntado aos autos após a
apresentação das propostas, o que desmontaria a lógica para o direcionamento do certame a determinada
marca, uma vez que a preferência deveria ter sido expressa antes da abertura dos envelopes, ademais,
nenhum licitante foi desclassificado por ofertar produtos diversos da marca EDLO;
d) nos termos dos Acórdãos/TCU 481/2007, 596/2007 e 1495/2009, todos do Plenário, a
‘‘preferência de marca sem previsão editalícia’ não tipifica conduta irregular, uma vez que a
materialização da preferência de marca se dá justamente quando, sem que dos autos conste justificativa
técnica, o ato convocatório da licitação expressa preferência por uma marca específica ou quando a
descrição do objeto constante do edital estabelece características que somente determinada marca atende’;
e) a marca EDLO foi a única constante das marcas ofertadas no certame e a recusa das propostas
‘conduziria ao cancelamento dos itens por licitação fracassada e a realização de um novo certame, com
prazo médio histórico na Prefeitura de Porto Velho de 3 a 4 meses para sua conclusão’;
5.2. Por fim, o ex-Secretário Municipal de Administração alega que se de fato ocorreu solicitação às
empresas licitantes para a apresentação de propostas com uma única marca, o requerimento foi verbal,
pois não consta nada nos autos a indicar a conduta e nenhuma responsabilidade pode a ele ser atribuída.
Análise:
5.3.Entende-se oportuno rememorar os fundamentos considerados pelo Tribunal no acórdão
condenatório para concluir pela indicação ou preferência pela marca EDLO e considerar o fato na
apenação dos responsáveis pela prática de ato antieconômico.
5.4.Permite-se reproduzir trechos da instrução parâmetro para as audiências e conclusões do TCU,
contida no Processo TC 023.268/2006-8, apenso (peça 1, p. 10-13), verbis:
444 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
‘Saliente-se que a justificativa para os flagrantemente elevados preços praticados assentar-se-ia no
fato de os equipamentos adquiridos pertencerem à marca EDLO, cujos preços são reconhecidamente dos
mais elevados no mercado setorial dos instrumentais cirúrgicos, além da sugerida superioridade
qualitativa dos produtos.
Merece ênfase que foi acostada aos autos ‘JUSTIFICATIVA’, sem data (fl. 243, v. I), em que uma
comissão de profissionais de saúde, atuantes na Maternidade municipal, recomendam a aquisição da
marca EDLO de instrumentais cirúrgicos. Em que pese não caracterizada a preferência de marca no
certame para registro de preços em comento, operou-se, a partir daí, visível modificação no tratamento da
questão desde então. Senão vejamos:
Ainda na fase de fixação do ‘orçamento estimativo’ (fls. 153/158) a DENTAL GLOBO (Dental
Bélia) ofereceu pinças e tesouras (Lotes II e III) marca ERWIN GUTH. A segunda consultada, a
DENTAL MÉDICA, ofertou a marca EDLO para o mesmo lote. Já a terceira, a SAWAN, cotou, para os
lotes aduzidos, a marca SCALLA - fls, 539/553, v. 2.
(...)
Ultrapassada a fase inicial, verificou-se que as licitantes, à exceção da DENTAL SAÚDE e
SEMINA, as quais não cotaram referidos lotes, somente o fizeram com produtos da marca EDLO, foram
elas: DENTAL MÉDICA, DENTAL GLOBO (Dental Bélia) e SAWAN. Tal fato levou-nos a inferir uma
preferência de marca, mesmo que não declarada em qualquer documento formal alusivo ao certame, mas,
atente-se, contida na já mencionada ‘JUSTIFICATIVA’.
(...)
A partir do quadro acima, verificou-se um nível insatisfatório, em nossa avaliação, da concorrência
no lote 2, pois SAWAN e DENTAL GLOBO, inclusive, apresentaram propostas de iguais valores; tal
fato repetiu-se nos lotes 3, 5 e 8. Ainda, que para os lotes 2 e 3, somente metade dos concorrentes
formularam propostas, possivelmente devido à questão da marca.
Ainda quanto aos lotes 2 e 3, reforça o indício de sobrepreço, mesmo em se considerando a marca
EDLO, a pequena diferença entre os valores apresentados nas sondagens pela DENTAL GLOBO e
SAWAN, as quais, inicialmente, ofertaram produtos de fabricante diverso daquele antes indicado.
5.5.Vale lembrar que embora apontado sobrepreço, o Tribunal entendeu inexistir valores na
aquisição dos instrumentos da marca EDLO maiores que os praticados pelo mercado, contudo apenou os
responsáveis pela prática de ato antieconômico.
5.6.A questão posta para o deslinde não é de resolução elementar, pois trata-se, a nosso sentir, de
valoração de provas, conforme se verá adiante.
5.7.O Tribunal convenceu-se da aludida indicação de marca pelo conjunto de indícios existente nos
autos e, portanto, entendeu existir prova indiciária a sustentar a conclusão pelo direcionamento da
licitação à determinada marca pretendida pela administração.
5.8.Os recorrentes afirmam o contrário, não haver direcionamento de licitação, tampouco qualquer
elemento probatório a indicar a irregularidade. Ademais, confrontam as conclusões de que o documento
‘Justificativa’ (peça 4, p. 51 do TC 023.268/2006-8, apenso) constitui evidência da indicação da marca
EDLO.
5.9.Embora exista verossimilhança do direcionamento da licitação à marca EDLO, a prova
indiciária constituída nos autos não é suficiente para afirmar, de forma cabal e definitiva, a efetiva
indicação da marca EDLO no certame sob comento.
5.10.O edital de licitação não indicou a marca a ser adquirida, até poderia, se justificado, mas não o
fez. A ‘justificativa’ (peça 4, p. 51 do TC 023.268/2006-8, apenso) também não é conclusiva, nota-se que,
de acordo com o recorrente e não há evidência do contrário, o documento foi elaborado após a
apresentação das propostas, assim, não haveria nexo entre sua elaboração e as propostas de uma única
marca.
5.11.A ‘justificativa’ demonstra a preferência da comissão pela marca EDLO, mas não prova o
direcionamento da licitação, não é incomum que profissionais das mais distintas áreas tenham preferência
por instrumentos e (ou) equipamentos de determinadas marcas. No caso, após a verificação, pelo
445 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
pregoeiro, de preços superiores ao orçamento estimativo, a comissão foi chamada a opinar sobre a marca
EDLO e recomendou sua aquisição. Não se manifestou sobre valores, mas tão somente sobre a qualidade
dos instrumentos, logo, não se pode atribuir ao documento valor probatório forte o suficiente a indicar o
direcionamento.
5.12.Na mesma esteira, há que se ressaltar que as licitantes somente apresentaram propostas com os
instrumentos da marca EDLO. Para existir o direcionamento, sem nenhum documento expresso,
necessariamente haveria outra irregularidade associada, quais sejam, ou a CPL teria ameaçado não
processar propostas com marca diversa da estabelecida, ou haveria conluio entre os licitantes e a não
apresentação de propostas com marcas diversas da pretendida, ou, ainda, concordância entre todos os
licitantes e a administração para a apresentação apenas de propostas com a marca EDLO. Não se está a
afirmar que inexista uma das hipóteses, mas somente que não há provas ou elementos suficientes a
concluir no sentido mencionado.
5.13.Ante o exposto, entende-se não haver nos autos elementos suficientes a concluir pelo
direcionamento dos instrumentos cirúrgicos constantes dos lotes II e III do Pregão de Registro de Preços
003/2006 – SRP 002/CSRP/SEMAD à marca EDLO.
5.14.De toda forma, a ausência do direcionamento da licitação não implica dizer que não houve
aquisição antieconômica, uma vez que se existir alternativa menos onerosa e de conhecimento notório,
não haveria motivos para não adotá-la.
6.Da inexistência de irregularidades na homologação do Pregão de Registro de Preços
003/2006 – SRP 002/CSRP/SEMAD e da ausência de ato antieconômico na aquisição dos
instrumentos cirúrgicos e da correção do certame licitatório.
6.1.O ex-Secretário Municipal de Administração, Joelcimar Sampaio da Silva, defende a
inexistência de qualquer irregularidade na homologação do Pregão de Registro de Preços 003/2006 – SRP
002/CSRP/SEMAD.
6.2.Em síntese, argumenta, que:
a) a contratação foi realizada de acordo com a proposta mais vantajosa e que melhor atendeu ao
interesse público, uma vez que as licitantes apresentaram propostas com produtos da mesma marca, e
cujos valores estavam de acordo com os preços de mercado;
b) a homologação do certame foi realizada de acordo com a legislação, ademais a Maternidade
estaria desequipada e poderia deixar de funcionar, caso não fosse promovida a aquisição dos materiais
naquele momento;
c) não houve nenhum sobrepreço e se houvesse não seria sua responsabilidade a verificação, nos
termos do art. 5 do Decreto Municipal 9.733/2005;
d) após receber o processo devidamente instruído, ‘diante dos fatos demonstrados’ e com base no
princípio da boa-fé objetiva, portou-se ‘de acordo com as normas e condutas condizentes com a
Administração Pública’, não se podendo negar a homologar o certame.
6.3.Por sua vez, o recorrente, Silas Antônio Rosa, aduz em suas razões recursais a inocorrência da
prática de ato antieconômico na aquisição dos instrumentos cirúrgicos da marca EDLO.
6.4.Para tanto apresenta os seguintes argumentos:
a) o próprio TCU, por meio do acórdão recorrido, reconheceu a inexistência de sobrepreço ou
superfaturamento nas aquisições;
b) o valor estimado é requisito legal imprescindível, mas não é absoluto. Por se tratar de referencial
estimativo pode ser afastado de forma justificada, conforme realizado nos autos, tanto é assim que o TCU,
em firme orientação (Acórdão 267/2003 – TCU – Plenário), define que não é o orçamento que baliza a
aceitação das propostas; mas sim, as reais condições do mercado, neste sentido, o pregoeiro, ao verificar a
existência de propostas de uma única marca (EDLO) e que o preço estava majorado em relação ao
orçamento, foi cauteloso e ouviu a Comissão da Secretaria Municipal de Saúde – Semusa, nomeada pelo
recorrente para avaliar e classificar as propostas apresentadas;
c) após reproduzir a definição de ato antieconômico inserto no Manual de Auditoria Operacional
deste Tribunal, afirma que constitui ato antieconômico a emissão, por parte do órgão fiscalizador, de juízo
446 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
da conveniência, oportunidade e necessidade das compras e contratações efetuadas, logo, deve-se
considerar a relação Custo x Benefício e não apenas o custo;
d) in casu, o ato antieconômico, assim entendido pelo TCU, decorreu da compra de instrumento
(sem necessidade) mediante restrição da competividade do certame decorrente da preferência de marca,
contudo, tal entendimento não merece prosperar uma vez que a aquisição foi feita em momento oportuno,
na quantidade necessária, sem qualquer desperdício, não há ato antieconômico na aquisição de produto de
qualidade superior ao orçado, por preço razoável e praticado no mercado;
e) não se estava a adquirir simples canetas, clipes ou outros materiais de menor relevância, mas de
‘instrumental cirúrgico a ser utilizado na Maternidade Municipal de Porto Velho’, em casos assim ‘deve
prevalecer o extremo cuidado com a qualidade dos produtos a serem adquiridos pela Administração, pois
se trata de cuidar da integridade física e da vida de pessoas’ de forma a melhor ao interesse público, não
havendo em ato antieconômico, por desnecessidade, na compra de material de melhor qualidade.
Análise:
6.5.A imputação de multa por ato antieconômico pelo Tribunal decorreu da constatação de que os
instrumentos cirúrgicos adquiridos da marca EDLO possuem, efetivamente, valores de marcado
superiores aos de seus concorrentes. Assim, deveria o gestor buscar alternativas para aquisições de
instrumentos menos onerosos com a mesma qualidade dos comprados.
6.6.A conclusão de ser o ato antieconômico decorreu da comparação com os valores estimados pela
própria administração (de R$ 1.383.136,00 adquiridos por R$ 1.562.161,60 e R$ 900.488,00, adquiridos
por R$ 1.111.068,80) e por valores superiores apurados na instrução contida no Processo TC
023.268/2006-8, apenso (peça 1, p. 10), no montante de R$222.742,70.
6.7.Importante mencionar que os valores superiores encontrados na aludida peça TC 023.268/2006-
8, apenso (peça 1, p. 10), foram determinados utilizando parâmetros de preços obtidos ‘pesquisas na rede
mundial (sitio BUSCAPÉ), documentos de fls. 45/67, assim como na cotação de preços obtida, a partir de
resposta a mensagem eletrônica, da Orion Comércio de Artigos Médicos Ltda., sediada em São Paulo, e
em cujo valor não está computado o frete (fabricante macom)’.
6.8.Conforme afirmado, nota-se que a conclusão da prática de ato antieconômico decorreu
exatamente da comparação dos valores das aquisições com as duas referências de preços constantes dos
presentes autos, contudo, a luz de precedentes deste Tribunal, as referências não se mostram adequadas
para imputação de sobrepreço. Assim, se inadequadas para imputação de sobrepreço, também não se
mostram aptas para que se conclua pela realização de ato antieconômico.
6.9.Com relação aos preços de referência obtidos pela Administração, no voto condutor de recente
precedente do Tribunal (Acórdão 2149/2014 – TCU – 1ª Câmara), restou assentado, verbis:
‘os preços obtidos pela Administração na fase interna da licitação, em coletas destinadas apenas a
formar o preço de referência dos serviços a serem licitados, precisam ser vistos com reserva, porque o
mercado fornecedor está ciente de que os valores informados naquela ocasião não vinculam as propostas
que eventualmente venham a apresentar no certame licitatório’.
6.10.No mesmo sentido, reforçou que os preços (ofertados à Administração na fase interna) são
artificialmente subestimados ou superestimados, uma vez que ‘os fornecedores de bens e serviços não
desejam revelar aos seus concorrentes os preços que estão dispostos a praticar, no futuro certame
licitatório’.
6.11.Concluiu-se, portanto, no precedente mencionado, que esses preços (referência da
Administração) não se mostram hábeis a compor o referencial usado na quantificação de aparente
superfaturamento de preços devendo, sim, ser utilizados os preços efetivamente praticados pelo mercado
fornecedor em situação semelhante.
6.12.Em outros julgados (v.g Acórdão 2796/2013 e 267/2003, ambos do Plenário), restou
consignado que para verificar a ocorrência de sobrepreço não bastaria afirmar que os valores adjudicados
e registrados na ata encontram-se superiores aos valores orçados, mas deve-se demonstrar ‘que os valores
adjudicados e registrados encontravam-se acima dos efetivamente praticados no mercado à época’, nos
termos dos artigos 24, inciso VII, e 43, inciso IV, da Lei 8.666/93.
447 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
6.13.Em consonância com os aludidos precedentes, verifica-se que tanto o orçamento da
administração no valor de R$1.383.136,00 e R$900.488,00, como a pesquisa perante à Orion Comércio
de Artigos Médicos Ltda., não são referências adequadas para a conclusão da existência de ato
antieconômico.
6.14.Com relação à pesquisa feita via rede mundial de computadores (TC 023.268/2006-8, apenso -
peça 1, p. 46-65), os valores para os instrumentos cirúrgicos não detalham se estão inclusos todos custos,
a exemplo da incidência do frete, logo, seria necessário aprofundamento para que tais montantes se
mostrassem aptos a determinar o valor a ser praticado no mercado de Porto Velho/RO. Dessa forma,
entende-se, também não ser referência válida para compor a base paradigma que permitiu concluir haver
valores superiores em R$222.742,70 ao adquirido.
6.15.O valor, de R$222.742,70, é 9,75% superior ao valor estimado (valor orçado de
R$1.383.136,00 + R$900.488,00) pela Administração, o que abre precedente para se discutir se tal
percentual é mera variação normal de mercado ou se efetivamente foi praticado ato antieconômico.
6.16.Não se desconhece a consolidada jurisprudência do Tribunal no sentido de não se admitir
qualquer percentual de sobrepreço que possa a vir a ser tolerado como variação normal de mercado;
contudo, não é demais lembrar que tal interpretação somente se aplica às contratações de obras e serviços
de engenharia, nos quais há preço de referência máximo fixado em lei. Para as demais compras e
contratações da Administração Pública a exegese não se aplica e para se avaliar se o ato configurou-se
antieconômico há que se considerar tais flutuações.
6.17.Vencido os argumentos sobre a validade das referências para configuração do ato
antieconômico, o que por si já seria suficiente para afastar a apenação, há que se examinar as demais
circunstâncias e seus impactos sobre a conduta individual de cada gestor.
6.18.Percebe-se que os licitantes somente apresentaram propostas de uma única marca, assim, se
configurada e caracterizada, desde o início, fraude ao certame e conluio entre partícipes e administração
para a oferta e aquisição de uma única marca, não haveria circunstância a atenuar a conduta dos gestores,
pois seria notória a restrição à competividade e à possibilidade de outros licitantes apresentarem proposta
com outras marcas mais vantajosas à Administração.
6.19.Entretanto, conforme já discutido no item 5 desta instrução, não restou demonstrado, de forma
definitiva, o direcionamento e o conluio entre os licitantes para a apresentação de uma única marca nas
propostas.
6.20.Quanto à responsabilidade do ex-Secretário Municipal de Administração, entende-se não haver
evidências suficientes a manter tanto o direcionamento da licitação à aquisição da marca EDLO, quanto
comprovado o ato antieconômico, logo, afasta-se à macula do certame licitatório e a responsabilidade do
gestor que o homologou, a saber, o Sr. Joelcimar Sampaio da Silva.
6.21.Fixadas tais premissas, examina-se em item destacado a conduta individual do ex-Secretário
de Saúde do Município de Porto Velho/RO.
7.Da ausência de responsabilidade subjetiva do ex-Secretário de Saúde do Município de Porto
Velho/RO. 7.1.O recorrente, Silas Antônio Rosa, defende a impossibilidade de ser a ele atribuída, na condição
de titular da Semusa, qualquer ilegalidade na aquisição dos instrumentos cirúrgicos.
7.2.Argumenta, em síntese, que:
a) não teve qualquer participação no Pregão de Registro de Preços 003/2006 – SRP
002/CSRP/SEMAD, e qualquer ilegalidade, eventualmente, cometida não pode ser a ele imputada, uma
vez que a Lei Complementar 218/2005 extinguiu da estrutura organizacional da Secretaria Municipal de
Saúde a CPL, passando as licitações a serem centralizadas na Semad;
b) o pregoeiro foi nomeado pela Secretaria de Administração (Portaria 909/Semad) e, se cometido
alguma irregularidade a responsabilidade, para corrigi-la, caberia ao titular da Semad;
c) tanto o termo de referência quanto o edital de licitação e a homologação do certame foram
assinados pelo titular da Semad;
448 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
d) o único ato praticado pelo recorrente no processo foi a ordenação de despesa e que a tese do
acórdão, aquisição antieconômica do material cirúrgico, na qualidade de ordenador de despesa, não
resiste sequer a luz da própria jurisprudência do TCU, na qual todos os elementos da irregularidade
devem estar perfeitamente identificados e constatados (não haveria ação antijurídica, existência de dano
ou infração a norma legal, dolo ou culpa);
e) houve quebra da relação de causalidade entre a conduta do recorrente e o resultado final
representado pela aquisição, não havendo comprovação da vontade dirigida do recorrente para a prática
do ato taxado de irregular, materializado pela homologação do certame realizado por outra Secretaria de
Administração da Prefeitura de Porto Velho/RO;
f) no caso em questão, não se observou o princípio da aderência (norteador das ações dos agentes de
controle).
Análise:
7.3.A responsabilização, como ordenador de despesas, decorreu da aquisição de instrumentos de
determinada marca, cujos valores seriam superiores aos dos demais fabricantes, configurando ato
antieconômico.
7.4.Nota-se que a responsabilização decorreu da conjugação de sua participação no direcionamento
da licitação à marca EDLO, e, posteriormente, como ordenador de despesa, da aquisição antieconômica.
7.5.Contudo, nos termos das discussões dos itens anteriores e das premissas fixadas, entende-se
inexistir conduta reprovável do recorrente.
7.6.Na condição de gestor de recursos públicos e de posse de uma ata de registro de preços obtida
mediante certame licitatório que se supõe lícito, sem irregularidades e sem sobrepreço, duas alternativas
se mostram viáveis ao ordenador de despesas. A um, adquirir os instrumentos necessários de determinada
marca (única ofertada no certame), ainda que sabidamente tal marca tenha valores superiores aos
praticados no mercado; a dois, como gestor e ordenador de despesas, responsável pela boa regular e
eficiente aplicação dos recursos, não adquirir e, justificadamente, requerer nova licitação para que se
obtivesse novos valores.
7.7.A primeira opção foi a adotada pelo gestor e considerada reprovável pelo TCU e, enfatiza-se,
adotando as premissas consideradas (ausência de direcionamento e sobrepreço), não se era de esperar do
gestor médio conduta diversa.
7.8.Caso optasse por não adquirir, nada garante que, no novo certame, obter-se-iam valores
inferiores aos efetivamente adquiridos, também há que se ponderarem o prazo para aquisição e o risco da
falta de tais instrumentos nas instalações hospitalares.
7.9.Conforme bem tratado no recurso, a aderência a diretrizes e normas deve nortear a ação do
controle, imaginar, a posteori, solução diversa da adotada e com resultado superior, ainda que não se
visualize tal situação no caso concreto, não se mostra tarefa extremamente dificultosa, contudo, há que se
considerar a conduta, no exato momento em que a decisão foi tomada, se houve descumprimento de
normas, regras e princípios.
7.10.Assim, ao se não verificar desobediência às normas legais e em razão das circunstâncias fáticas
e jurídicas, entende-se que a apenação merece ser revista.
8.Da ausência de prejuízo ao erário e da boa-fé do recorrente. 8.1.Invoca o recorrente, Silas Antônio Rosa, a tese de não ter atuado com má-fé, inexistindo, ainda,
prejuízo ao erário, logo deve a multa ser afastada.
Análise
8.2.No tocante ao dolo e a má-fé, deve-se ter em mente que todo aquele que causa prejuízo a
outrem, dolosa ou culposamente, tem o dever de indenizar, dever esse que, na área pública, é
operacionalizado pela Tomada de Contas, ainda que Especial, ou Prestação de Contas. Esses são os
instrumentos de concretização do devido ressarcimento.
8.3.O dever de indenizar nasce do dano causado por culpa do agente. A presença de má-fé e de
eventual locupletamento são circunstâncias que, quando presentes, conferem maior gravidade ao ato
ilícito.
449 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8.4.A ausência de má-fé e de locupletamento por parte do responsável não o exime do dever de
recompor o dano a que deu causa por meio de atuação desautorizada.
8.5.Somente por estes argumentos, a sanção não deveria ser revista.
9.Da prescrição da pretensão punitiva (Multa).
9.1.Os recorrentes, Fabiano Souza (ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação – CPL) e
Ascler de Oliveira Ximenes (Membro da CPL), aduzem que ocorreu a prescrição da pretensão do TCU de
o sancionar com a penalidade de multa.
9.2.Argumentam, em síntese, que:
a) nos termos do art. 1º, da Lei 9.873/1.999, operou-se a prescrição, ante a inércia estatal superior a
cinco anos. De acordo com o recorrente, o marco inicial para a contagem do prazo de prescrição teria
ocorrido no ano de 2002 (data da execução dos procedimentos licitatórios dos Convites
158/02/CPL/SESAU e 159/02/CPL/SESAU) e como o procedimento de apuração iniciou-se somente em
2009, a prescrição se consumou.
b) o mesmo artigo, art. 1º, da Lei 9.873/1.999, estabelece a prescrição da pretensão punitiva na
modalidade intercorrente, incidindo nos casos em que o procedimento administrativo permanecer
paralisado por três anos ou mais. No presente caso, o Recorrente apresentou suas alegações finais na data
de 12/5/2009, sendo cientificado do acórdão, emanado desse Tribunal de Contas da União, ora recorrido,
somente da data de 3/6/2014, ou seja, após cinco anos. Tal previsão, para a prescrição intercorrente,
também estaria em consonância com o art. 5º, LXXVIII, da CF/88;
c) a segurança jurídica se impõe, após expor longa citação doutrinária.
9.3.Dessa forma, requerem a declaração da prescrição da pretensão punitiva.
Análise:
9.4.Pugna o recorrente pelo reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva desta Corte,
porquanto o procedimento apuratório teria sido instaurado após mais de 5 (cinco) anos da ocorrência da
suposta ilicitude que fundamentara a penalidade à qual se opõe nesta oportunidade.
9.5.A Lei 8.443/1992 não dispõe sobre a prescrição da pretensão punitiva desta Corte, cabe ao
intérprete recorrer à analogia, em atenção ao art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
9.6.Dessa forma, por explicativo, reproduz-se o exame do voto condutor do Acórdão 2668/2014 –
TCU – Plenário, verbis:
‘ (...)
A construção de prazo prescricional, por analogia, não é matéria pacífica e enfrenta relevante
controvérsia doutrinária e jurisprudencial, inclusive nesta Corte de Contas. A questão se encontra em
discussão nos autos do TC 007.822/2005-4, com votos divergentes já proferidos e havendo teses
favoráveis à imprescritibilidade, à prescrição decenal e à prescrição quinquenal.
7. A jurisprudência predominante no TCU inclina-se pela adoção da tese da prescrição decenal
prevista no Código Civil (art. 202, inciso I), prazo esse não alcançado na situação em epígrafe. Os fatos
irregulares foram trazidos ao conhecimento deste Tribunal em agosto de 2006, os responsáveis foram
citados ao fim do mesmo ano e a deliberação condenatória foi proferida em dezembro de 2013. Sob
qualquer ângulo que se aprecie a questão, não transcorreu o prazo de dez anos.’
9.7.Assim, a tese predominante no Tribunal é a da prescrição decenal prevista no Código Civil (art.
202, inciso I).
9.8.No Poder Judiciário, tem-se o entendimento de que o prazo prescricional em se tratando de
multa administrativa deve ser de cinco anos, quando a lei expressamente não o exija, em consonância
com a realidade de várias outras normas de Direito Público, tais como: a Lei 9.873/1999, para a pretensão
punitiva da Administração no exercício do poder de polícia; o Código Tributário Nacional, para a
cobrança de crédito tributário; o Decreto 20.910/1932, para cobrança de dívidas passivas da União,
Estados/DF e Municípios; a Lei 8.112/1990, para ação disciplinar contra servidor público; e a Lei
8.429/1992, para ações destinadas à aplicação das sanções expressas nessa lei.
9.9.Por elucidativo, transcreve-se os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça (STJ):
450 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
‘ADMINISTRATIVO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. DANO AO ERÁRIO.
RESSARCIMENTO. IMPRESCRITIBILIDADE. MULTA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. ART. 1º
DA LEI 9.873/1999. INAPLICABILIDADE.
1. A pretensão de ressarcimento por prejuízo causado ao Erário é imprescritível. Por decorrência
lógica, tampouco prescreve a Tomada de Contas Especial no que tange à identificação dos responsáveis
por danos causados ao Erário e à determinação do ressarcimento do prejuízo apurado. Precedente do STF.
2. Diferente solução se aplica ao prazo prescricional para a instauração da Tomada de Contas no
que diz respeito à aplicação da multa prevista nos arts. 57 e 58 da Lei 8.443/1992. Em relação à
imposição da penalidade, incide, em regra, o prazo qüinqüenal.
3. Inaplicável à hipótese dos autos o disposto no art. 1º da Lei 9.873/1999, que estabelece que, nos
casos em que o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição
reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal. Isso porque a instância de origem apenas consignou que as
condutas imputadas ao gestor público não caracterizavam crime, sendo impossível depreender do acórdão
recorrido a causa da aplicação da multa. Dessa forma, é inviável, em Recurso Especial, analisar as provas
dos autos para verificar se a causa da imputação da multa também constitui crime (Súmula 7/STJ).
4. Recursos Especiais parcialmente providos para afastar a prescrição relativamente ao
ressarcimento por danos causados ao Erário’ (REsp 894.539/PI, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 20/08/2009, DJe 27/08/2009);
‘AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. MULTA
ADMINISTRATIVA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. DECRETO 20.910/32. ATÉRIA
APRECIADA SOB O RITO DO ART. 543-C, DO CPC. RESP N.º 1.112.577/SP REPRESENTATIVO
DA CONTROVÉRSIA).
1. A sanção administrativa é consectário do Poder de Polícia regulado por normas administrativas.
A aplicação principiológica da isonomia, por si só, impõe a incidência recíproca do prazo do Decreto
20.910/32 nas pretensões deduzidas em face da Fazenda e desta em face do administrado.
2. Deveras, e ainda que assim não fosse, no afã de minudenciar a questão, a Lei Federal 9.873/99
que versa sobre o exercício da ação punitiva pela Administração Federal colocou um pá de cal sobre a
questão assentando em seu art. 1º caput: ‘Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração
Pública Federal, direta e indireta,no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à
legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada,
do dia em que tiver cessado.’
3. A possibilidade de a Administração Pública impor sanções em prazo vintenário, previsto no
Código Civil, e o administrado ter a seu dispor o prazo quinquenal para veicular pretensão, escapa ao
cânone da razoabilidade, critério norteador do atuar do administrador, máxime no campo sancionatório,
onde essa vertente é lindeira à questão da legalidade.
4. Outrossim, as prescrições administrativas em geral, quer das ações judiciais tipicamente
administrativas, quer do processo administrativo, mercê do vetusto prazo do Decreto 20.910/32,
obedecem à quinquenalidade, regra que não deve ser afastada in casu. (...)’ (AgRg no Ag 1069662/SP,
Relator Ministro Luiz Fux; Data do Julgamento: 1/6/2010; grifos nossos).
9.10.Celso Antonio Bandeira de Mello, revendo seu posicionamento outrora manifestado sobre a
matéria, assevera:
‘Não há regra alguma fixando genericamente um prazo prescricional para as ações judiciais do
Poder Público em face do administrado. Em matéria de débitos tributários o prazo é de cinco anos, a teor
do art. 174 do Código Tributário Nacional, o qual também fixa, no art. 173, igual prazo para a decadência
do direito de constituir o crédito tributário. No passado, sustentávamos que, não havendo especificação
legal dos prazos de prescrição para as situações tais ou quais, deveriam ser decididos por analogia com os
estabelecidos na lei civil, na conformidade do princípio geral que dela decorre: prazos longos para atos
nulos e mais curtos para os anuláveis. Reconsideramos tal posição. Remeditando sobre a matéria, parece-
nos que o correto não é a analogia com o Direito Civil, visto que, sendo as razões de Direito Público, nem
mesmo em tema de prescrição caberia buscar inspiração em tal fonte. Ademais, salvo disposição legal
451 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
expressa, não haveria razão prestante para distinguir entre administração e administrado no que concerne
ao prazo ao cabo do qual faleceria o direito de reciprocamente se proporem ações. Isto posto, estamos em
que, faltando regra específica que disponha de modo diverso, ressalvada a hipótese de comprovada má-fé
em uma, outra ou em ambas as partes da relação jurídica que envolva atos ampliativos de direito dos
administrados, o prazo para a Administração proceder, judicialmente, contra eles é, como regra, de cinco
anos, quer se trate de atos nulos, quer se trate de atos anuláveis’ (in Curso de Direito Administrativo. 17.
ed. São Paulo: Malheiros. p. 930).
9.11.No TCU, há ainda que se considerar que não se trata apenas de determinar entendimento sobre
o prazo prescricional – se cinco ou dez anos. Inúmeros outros pontos correlacionados ao tema necessitam
de definição, a nosso ver, como a fixação do termo a quo para contagem desse prazo – se da ocorrência
do fato ou do conhecimento do fato pelo TCU – e das eventuais causas interruptivas.
9.12.Sem maiores delongas, e com todas as vênias de estilo aos que pensam de forma diversa,
entende-se que antes da norma a ser aplicada, por analogia, deve-se verificar o ramo do direito e se neste
ramo há lei que disponha sobre a prescrição. Dessa forma, se houver norma do ramo de direito público,
em especial do Direito Administrativo, que disponha sobre a prescrição, tal diploma legal, a nosso sentir,
deveria ser o aplicável para a interpretação analógica.
9.13.Diante das ponderações, da falta disposição legal a respeito do assunto na Lei Orgânica (Lei
8.443/1992), sugere-se que se extraia do Direito Administrativo, dada a sua independência científica, as
bases para a integração dessa lacuna.
9.14.Não obstante a jurisprudência atual do TCU, que privilegia o prazo geral de dez anos
estabelecido no Código Civil, defende-se que a Lei 9.873/1999 (Ementa: ‘Estabelece prazo de prescrição
para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta, e dá outras
providências), seja o parâmetro para interpretação analógica.
9.15.Não se desconhece a existência de outras normas do Direito Administrativo que, de alguma
forma, fazem alusão a prescrição, mas na ausência de norma específica de controle externo, aquela que
melhor se amolda à interpretação analógica é a que ‘estabelece prazo de prescrição para o exercício de
ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta’. Nota-se que a ementa refere-se ao
exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, na qual a pretensão sancionatória desta
Corte se encaixa perfeitamente.
9.16.Assim, em harmonia com precedentes do STJ (v.g. REsp 894.539/PI) entende-se adequado
aplicar a Lei 9.873/1999 e utilizar-se o prazo prescricional de cinco anos (art. 1º, a Lei 9.873/1999) na
aplicação de sanções aos responsáveis.
9.17.Na mesma esteira, entende-se que os demais pontos (termo inicial para contagem, interrupção
ou interrupções do prazo de contagem) devem ser extraídos do mencionado diploma.
9.18.Em relação ao termo inicial, a Lei 9.873/1999 (art. 1º) também não deixa dúvidas:
Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta,
no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da
prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
9.19.Logo, a solução é dada pela própria lei e deve ser considerada a data da prática do ato sujeito à
sanção.
9.20.No que diz respeito às causas de interrupção do prazo prescricional, transcreve-se o dispositivo
legal (art. 2º, da Lei 9.873/1999) a tratar do assunto:
Art. 2º Interrompe-se a prescrição da ação punitiva: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital; (Redação dada
pela Lei nº 11.941, de 2009)
II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;
III - pela decisão condenatória recorrível.
IV – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de solução
conciliatória no âmbito interno da administração pública federal. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
452 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.21.Em relação ao art. 2º, I, da Lei 9.873/1999 inexistem dúvidas, a citação ou audiência no âmbito
desta Corte interromperia o prazo prescricional. Entende-se, ainda, que a interrupção, nos exatos termos
da lei, não se interromperia uma única vez (incs. II, III, IV), e qualquer ato inequívoco de apuração,
novamente, interromperia o prazo prescricional.
9.22.Por certo, que o art. 2º, II, da Lei 9.873/1999, demanda maior esforço hermenêutico para se
determinar, no âmbito desta Corte, ‘ato inequívoco, que importe apuração do fato,’ o inciso deve
inclusive ser interpretado em conjunto com o disposto no art. 1º, §1º, da Lei 9.873/1999 que estabeleceu a
prescrição intercorrente no prazo de três anos. Tal construção jurisprudencial deverá ser consolidada nos
casos concretos julgados por esta Corte.
9.23.Dessa forma, para se determinar o prazo prescricional (cinco anos) da pretensão punitiva desta
Corte, o marco inicial para sua contagem e os fatos interruptivos, utilizou-se, de forma integrativa e
analógica, a Lei 9.873/1999.
9.24.Isto posto, para subsidiar os exames posteriores, analisa-se a ocorrência da prescrição sob a
ótica deste entendimento.
9.25.Entende-se que o marco inicial para a contagem dos prazos prescricionais ocorreu em
28/11/2002, por ocasião da prolação da Atas de Abertura e Julgamento das Habilitações e Propostas
Comerciais das Licitantes (Peça 8, p.3 do TC 023.268/2006-8 e Peça 9, p. 49 do TC 023.268/2006-8),
momento em os recorrentes praticaram os atos irregulares (ausência da verificação dos documentos de
habilitação, incluso o recebimento, exame e julgamento de todos os documentos e procedimentos
relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes dos Convites 158/02/CPL/SESAU e
159/02/CPL/SESAU).
9.26.Superada a definição do marco inicial, é forçoso verificar se ocorreu situação em que se
interrompeu o prazo prescricional.
9.27.Inexistem dúvidas que o início de qualquer ação de controle por parte deste Tribunal trata-se
de ato inequívoco de apuração e enseja a interrupção do prazo prescricional. Nesse sentido, entende-se
que a data da abertura do Relatório de Auditoria no Processo 023.268/2006-8, qual seja 9/10/2006 (peça
1, p.1 do TC 023.268/2006-8) enseja a interrupção do prazo prescricional, nos termos do art. 2º, II, da Lei
9.873/1.999) não incidindo, até o momento, o instituto da prescrição, uma vez de 2002 a 2006 não
decorreram cinco anos.
9.28.Na sequência foram os responsáveis foram ouvidos em audiência, o que, novamente, enseja a
interrupção do prazo prescricional, nos termos do art. 2º, I, da Lei 9.873/1.999, conforme comprovações
relacionadas abaixo:
Recorrente Data da Comunicação da
Audiência
Localização no TC
023.268/2006-8
Fabiano Souza 8/3/2007 Peça 10, p. 35
Ascler de Oliveira
Ximenes 21/2/2007 Peça 10, p. 37
Nilton Gonçalves de
Lima Júnior 13/6/2007 Peça 21, p. 6-7
9.29.Ato contínuo, o processo de auditoria foi convertido em Tomada de Contas Especial pelo
Acórdão 628/2009 – TCU – Plenário (peça 1, p. 41 do TC 023.268/2006-8) na data de 8/4/2009. Entende-
se que a conversão de processo de auditoria, representação ou denúncia em Tomada de Contas Especial
também enquadra-se no conceito de ato inequívoco de apuração (art. 2º, II, da Lei 9.873/1.999) e
interrompe o prazo prescricional.
9.30.Após a conversão, os responsáveis foram novamente citados conforme comprovações abaixo,
interrompendo, novamente, o prazo prescricional (art. 2º, I, da Lei 9.873/1.999):
Recorrente Data da Comunicação da
Citação Localização
Fabiano Souza 30/4/2009 Peça 1, p. 38
Ascler de Oliveira 6/5/2009 Peça 1, p. 5
453 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Ximenes
Nilton Gonçalves de
Lima Júnior 13/5/2009 Peça 1, p. 37
9.31.Após as citações foi proferido o Acórdão 720/2014 – TCU – Plenário (peça 4, p. 62-63) na
data de 26/3/2014 (Ata 9/2014) publicada dia 3/4/2014.
9.32.Dessa forma, nos termos do entendimento proposto, entende-se que não ocorreu a prescrição
da pretensão punitiva do Tribunal, uma vez que entre a data do fato e a primeira situação interruptiva não
decorreu mais de cinco anos, também entre as situações interruptivas ocorridas no processo não decorreu
mais de cinco, e, no mesmo sentido, entre a última situação interruptiva e a apenação também não houve
lapso temporal superior a cinco anos.
9.33.Por fim, não há que se falar em prescrição intercorrente prevista no art. 1º, §1º, da Lei
9.873/1.999, uma vez que após a citação, foram proferidos dois despachos a dar andamento no processo,
quais sejam, a proposta da Unidade Técnica (peça 6, p. 7), no dia 23/10/2011 e despacho do MP-TCU em
março de 2012 (peça 6, p. 9). Nota-se que entre as peças que deram seguimento ao processo não foi
ultrapassado o prazo de três anos, previsto na lei, para a ocorrência da prescrição intercorrente.
9.34.Pelo exposto entende-se que não merecem prosperar os argumentos expostos.
10.Da existência de competitividade dos Convites 158/02/CPL/SESAU e 159/02/CPL/SESAU,
da ausência de prejuízo ao erário e da obediência aos princípios da eficiência e legalidade.
10.1.Defende-se nos recursos, de Fabiano Souza, Ascler de Oliveira Ximenes e Nilton Gonçalves
de Lima Júnior, que ‘os procedimentos licitatórios, em análise, não violaram o princípio da
competividade administrativa’ tampouco ocasionaram prejuízo ao erário, não havendo, assim, qualquer
prejuízo ao ordenamento jurídico.
10.2.Para tanto, argumentam que:
a) a coincidência no quadro societário de empresas participantes dos certames, em análise, não
permite, de forma insofismável, concluir pela existência de conluio e violação da competividade, e de
difícil detecção, uma vez que a documentação apresentada (contrato social e requerimento do empresário)
tinham a sua denominação abreviada, dificultando a identificação de similaridade de sócios, quando da
análise realizada pela comissão;
b) ‘quanto aos endereços das empresas participantes, a comissão de licitação, nos limites de suas
atribuições, acatou as informações prestadas pelo setor de cadastro da SUPEL, não identificando qualquer
ato tendente a burlar a competividade dos procedimentos licitatórios,’ acrescenta que ‘não cabia a
comissão de licitação realizar diligências externas, visando a investigação de possível irregularidade;
c) assim, a CPL portou-se de acordo com a conduta média a ser mantida por qualquer comissão
licitatória;
d) não houve desobediência aos princípios da legalidade e da eficiência administrativa;
e) não houve lesão ao patrimônio público, uma vez que os produtos foram adquiridos a preços de
mercado, também não teria havido qualquer intenção dos responsáveis na obtenção de benefícios ilícitos,
dolo ou má-fé em suas atuações.
Análise:
10.3.Quanto à responsabilização dos membros da comissão de licitação, é oportuno tecer algumas
considerações.
10.4.Com fulcro nos arts. 51, §3º, e 82, ambos da Lei 8.666/93, e na doutrina de Jessé Torres
Pereira Júnior, entende-se, no caso concreto, haver responsabilidade dos membros da comissão de
licitação.
10.5.O membro da comissão de licitação, na condição de servidor público responde, conforme
preconizado no art. 51, § 3º, da Lei 8.666/1993, solidariamente por todos os atos praticados por essa
comissão, salvo se posição individual divergente, devidamente fundamentada, estiver registrada em ata da
reunião em que a decisão tomada foi contraditada.
454 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10.6.Também é certo que não pode a comissão de licitação responder por atos diversos de suas
atribuições. Ela é criada pela Administração com a função de receber, examinar e julgar todos os
documentos e procedimentos do certame.
10.7.De acordo com a inteligência do art. 51 da Lei de Licitações e Contratos e com a doutrina de
Jessé Torres Pereira Júnior as atribuições principais das comissões de licitação estão relacionadas às
decisões inerentes a pedidos de inscrição no registro cadastral, bem como sua alteração ou cancelamento,
consoante dispõe o art. 34 da Lei 8.666/93; decidir sobre a habilitação preliminar dos interessados em
participar de cada certame, na forma disposta nos arts. 27 a 31 e 43 da Lei 8.666/1993; julgar e classificar
as propostas dos licitantes habilitados, em conformidade com o disposto nos arts. 43 a 45 da Lei
8.666/1993 (in: Comentários à Lei de Licitações e Contratações da Administração Pública. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2007. pp. 62 e 322. PEREIRA JUNIOR, Jessé Torres.)
10.8.Não é outro o entendimento de Marçal Justen Filho (in: Comentários à Lei de Licitações e
Contratos Administrativos. 11ª ed. São Paulo: Dialética. p. 425, JUSTEN FILHO, Marçal.), verbis:
‘Sob a vigência da Lei 8.666, a comissão de licitação não pratica qualquer ato concreto, além da
classificação. A atividade jurídica da comissão de licitação se exaure com a classificação (e com a
manifestação nos eventuais recursos interpostos). Não lhe compete emitir apreciação acerca da
conveniência ou inconveniência da contratação ou sobre a satisfatoriedade das propostas.’
10.9.Não se pode transformar as comissões de licitações em órgãos consultivos, pois as comissões
existem para processar e julgar licitações, não para opinar, decidir ou reprovar assuntos afetos a
elaboração de editais. A atribuição sobre a adequação do edital ao ordenamento jurídico, bem como a
existência de todos os documentos exigíveis no processo licitatório é do Parecerista Jurídico e a decisão
sobre o prosseguimento do feito é da autoridade competente. Cabe à comissão operacionalizar ou, ainda,
promover a seleção conforme o disposto no instrumento. O poder decisório e por consequência a
responsabilização de seus membros está adstrita às suas atribuições.
10.10.Entende-se ilegal a atribuição às comissões de licitação, e responsabilização de seus
integrantes, de tarefas que extrapolam sua competência.
10.11.Não é o que se observa no caso sob comento, a irregularidade relacionada à ausência do
exame da documentação dos licitantes e inexistência de competição enquadra-se, exatamente, na
atribuição da comissão, qual seja avaliar e analisar de forma crítica os documentos a ela submetidos pelos
licitantes.
10.12.Agrava a situação dos recorrentes e elimina os argumentos no sentido de a documentação ser
de difícil avaliação o fato de a licitação ter sido processada na modalidade convite. As empresas foram
convidadas pela administração a participar do certame, o que exigiria maior cuidado e zelo tanto na
avaliação dos documentos como na detecção de possíveis vícios a inibir a competição. Caso houvesse
abreviação nos nomes, nada impediria a realização de diligências saneadoras.
10.13.Quanto à lesão ao erário ou ausência de intenção, vale dizer que as multas foram aplicadas
aos recorrentes com fundamento no art. 58, II, da Lei 8.443/1992. Decorreu de ato praticado com grave
infração à norma legal. Como visto, referido juízo formou-se a partir da omissão no exame dos
documentos a eles atribuídas, e sobre as quais as razões recursais não lograram êxito em elidir.
10.14.Portanto, persistindo o juízo pela irregularidade e condutas desautorizadas, subsiste
fundamento para a multa prevista no citado dispositivo legal.
10.15.Assim, não importa eventual ausência de intenção (dolo) nas condutas que levaram aos atos
irregulares. Não é necessário que haja má-fé ou ação dolosa do agente para fins de responsabilização
perante este Tribunal (Acórdão 243/2010-TCU-Plenário). A imputação da penalidade de multa exige
apenas a verificação da ocorrência de culpa lato sensu, em qualquer uma de suas modalidades (Acórdão
3874/2014-7-TCU-2ª Câmara).
10.16.Ante o exposto, nos termos dos arts. 34, 43 a 45, 51, da Lei 8.666/93, não há como excluir a
responsabilidade dos membros da comissão de licitação.
11.Da necessidade de redução da multa.
455 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11.1.Defendem os recorrentes, Fabiano Souza, Ascler de Oliveira Ximenes e Joelcimar Sampaio da
Silva, que as multas aplicadas ofendem o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, portanto há
necessidade de que seja reduzida, em observância ao contido no art. 58, II, da Lei 8.4443/1992.
Análise:
11.2.Vale lembrar que a dosimetria da pena, na sistemática processual do TCU, tem como
balizadores o nível de gravidade dos ilícitos, com a valoração das circunstâncias fáticas e jurídicas
envolvidas, a isonomia de tratamento com casos análogos. Não há dosimetria objetiva da multa, comum à
aplicação de normas do Direito Penal, nem rol de agravantes e atenuantes legalmente reconhecido (v.g
Acórdão 123/2014 – TCU – Plenário). Ademais, a aplicação de sanções guarda relação com a
materialidade dos fatos e a culpabilidade dos responsáveis, não com sua capacidade financeira em quitar a
dívida (v.g Acórdão 1790/2014 – TCU – Plenário).
11.3.Dessa forma, entende-se que não se aplica a esta unidade técnica imiscuir-se no quantum
definido no acórdão recorrido, uma vez se tratar de prerrogativa do relator e do colegiado, bastando ao
exame técnico pontuar que as sanções aplicadas aos recorrentes, no valor de R$10.000,00 e R$15.000,00,
tiveram por fundamento o art. 58 da Lei 8.443/92.
11.4.O aludido diploma legal autoriza esta Corte a aplicar multa ao responsável nos casos em que
não tenha resultado débito, nos termos do art. 19 da LOTCU. Multa, esta, que será valorada entre cinco e
cem por cento do valor atualizado do montante estipulado no caput do art. 58, da Lei 8.443/92, o que, por
sua vez, se encontra normatizado e atualizado pela Portaria 43, de 11/2/2014 (sob o amparo do § 1º do art.
268 do RI/TCU), a qual o fixou em R$ 46.551,46 para o ano de 2014.
11.5.Portanto, à luz desses dispositivos, os valores aplicados de R$ 10.000,00 e R$15.000,00
correspondem a menos de 23% e 35% do valor máximo retrocitado, o que, por sua vez, se encontra dentro
dos parâmetros estabelecidos pelo RI/TCU e, por consectário lógico, dentro dos propósitos dos princípios
da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo legal e regimentalmente embasado.
11.6.Conforme já afirmado, a dosimetria do valor da multa é questão afeta ao relator e ao colegiado,
sendo despropositado à unidade técnica opinar acerca de sua alteração, uma vez que se insere na margem
discricionária do julgador. No entanto, nada obsta que o Relator ad quem pondere sobre o quantum da
multa aplicada e, caso julgue adequado, reduza o seu montante.
CONCLUSÃO
12.Das análises anteriores, conclui-se que:
a) não há nos autos elementos suficientes a concluir pelo direcionamento dos instrumentos
cirúrgicos constantes dos lotes II e III do Pregão de Registro de Preços 003/2006 – SRP
002/CSRP/SEMAD à marca EDLO;
b) não há evidências suficientes a manter tanto o entendimento do direcionamento da licitação à
aquisição da marca EDLO, quanto comprovado o ato antieconômico, logo, a mácula do certame
licitatório e a responsabilidade do gestor que o homologou devem ser afastadas;
c) não subsiste a responsabilidade subjetiva do ex-Secretário de Saúde e do ex-Secretário de
Administração do Município de Porto Velho/RO nas aquisições dos instrumentos cirúrgicos, com a
indicação e (ou) preferência da marca EDLO, e a prática de ato antieconômico, em virtude da ausência de
elementos e evidências suficientes a manter o entendimento anteriormente proferido;
d) o dolo ou má-fé não é elemento indispensável para que ocorra responsabilização do agente
perante esta Corte de Contas;
e) não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva decorrentes das condutas praticadas nos Convites
158/02/CPL/SESAU e 159/02/CPL/SESAU;
f) os procedimentos licitatórios dos Convites 158/02/CPL/SESAU e 159/02/CPL/SESAU e a
conduta omissiva dos membros da comissão de licitação trouxeram prejuízo à competitividade do
certame;
g) o valor da multa imputado aos recorrentes encontra-se no limite legal definido pelo art. 58, da
Lei 8.443/92 c/c art. 268, §1º, do RI-TCU.
12.1.Com base nessas conclusões, propõe-se:
456 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
a) dar provimento ao recurso de Joelcimar Sampaio da Silva (ex-Secretário Municipal de
Administração) e de Silas Antônio Rosa (ex-Secretário Municipal de Saúde);
b) negar provimento ao recurso de Fabiano Souza (ex-presidente da comissão permanente de
licitação), Nilton Gonçalves de Lima Júnior e Ascler Oliveira Ximenes (membros da comissão
permanente de licitação).
12.2.Tendo em vista que as razões recursais constante dos recursos interpostos por Joelcimar
Sampaio da Silva (ex-Secretário Municipal de Administração) e de Silas Antônio Rosa (ex-Secretário
Municipal de Saúde) versam sobre circunstâncias objetivas de modo a alcançar outro apenado que não
recorreu, entende-se cabível a aplicação do art. 281 do RITCU e a exclusão da responsabilidade de Tiago
Silva dos Santos (Pregoeiro).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
13.Ante o exposto, com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/92, submetem-se os autos à
consideração superior, propondo-se:
a) conhecer dos recursos interpostos por Joelcimar Sampaio da Silva e de Silas Antônio Rosa e, no
mérito, dar-lhes provimento, o que aproveita a Tiago Silva dos Santos, nos termos do art. 281 do RITCU,
tornando sem efeito a multa aplicada por intermédio do item 9.5 do Acórdão 720/2014 – TCU – Plenário;
b) conhecer dos recursos interpostos por Fabiano Souza, Nilton Gonçalves de Lima Júnior e Ascler
Oliveira Ximenes e, no mérito, negar-lhes provimento;
c) dar conhecimento às partes e aos órgãos/entidades interessados da deliberação que vier a ser
proferida;”
6.O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador-Geral, Paulo Soares Bugarin,
divergiu parcialmente da proposta formulada pelo Serur, pugnando pelo conhecimento e não provimento
de todos os recursos, com base nos seguintes argumentos (peça 159):
“8.Feito esse breve relato, peço vênias para divergir parcialmente da solução alvitrada pela unidade
especializada no que se refere ao provimento dos recursos interpostos por Joelcimar Sampaio da Silva e
Silas Antônio Rosa.
9.Ao analisar a ocorrência de ato antieconômico no Pregão de Registro de Preços nº 002/2006, a
Serur ponderou que a irregularidade não estaria devidamente caracterizada, uma vez que os preços
contratados teriam sido cotejados com valores de referência obtidos por meio de cotações de preços
obtidas pela Administração no decorrer da fase interna da licitação, os quais não seriam adequados para o
apontamento de sobrepreço e, como consequência, tampouco deveriam servir como fundamento para a
caracterização da prática de ato antieconômico.
10.A meu ver, os valores obtidos na fase interna da licitação por meio de consulta a empresas
fornecedoras devem ser vistos com reserva, uma vez que há forte tendência de que os orçamentos
apresentados estejam inflados e não representem os preços realmente praticados no mercado, já que
eventuais cotações não vinculam o fornecedor em fase externa da licitação. Ainda assim, reputo que tais
incertezas não são suficientes para que se afaste a irregularidade de prática de ato antieconômico no caso
em tela.
11.Os valores de referência utilizados na licitação referiam-se a materiais produzidos por
fabricantes diferentes daquele que constou da proposta que se sagrou vencedora do certame. É certo que
os materiais dessas marcas também seriam adequados para a finalidade almejada pela Prefeitura de Porto
Velho ou os preços desses instrumentos sequer teriam sido utilizados como referência na licitação. Por
esse motivo, penso estar plenamente caracterizado o ato antieconômico: optou-se por comprar
instrumentos de valor superior, quando existiam no mercado outras opções plenamente adequadas para
atender a mesma finalidade por preços mais vantajosos.
12.Veja-se que o fato de os preços dos produtos adquiridos da marca EDLO estarem compatíveis
com os praticados no mercado por esse fabricante em nada alteram a análise do caso vertente, já que é
inquestionável a existência de outras alternativas mais baratas e viáveis para a aquisição pretendida. Essa
alegação apenas serviria para afastar a imputação de débito aos responsáveis, razão pela qual não é
relevante para o desfecho deste processo.
457 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13.Dessa forma, entendo que não deve ser dado provimento aos recursos apresentados pelos Srs.
Joelcimar Sampaio da Silva e Silas Antônio Rosa e pugno pela manutenção da deliberação combatida.
Finalmente, no que tange aos recursos apresentados por Fabiano Souza, Nilton Gonçalves de Lima Júnior
e Ascler Oliveira Ximenes, perfilho o entendimento exarado pela Serur, uma vez que os argumentos
apresentados nas peças recursais não são suficientes para elidir as ocorrências apontadas nos autos e que
fundamentaram a condenação imposta pelo Tribunal, sendo, por conseguinte, incapazes de alterar a
deliberação recorrida.”
É o Relatório.
VOTO
Trata-se dos pedidos de reexame interpostos por Joelcimar Sampaio da Silva, Silas Antônio Rosa,
Fabiano Souza, Nilton Gonçalves de Lima Júnior e Ascler Oliveira Ximenes contra o Acórdão 720/2014-
TCU-Plenário (peça 4, p. 62-64).
2.Preliminarmente, registro que os recursos merecem ser conhecidos, uma vez que preenchem os
requisitos de admissibilidade previstos no art. 48, combinado com os arts. 32 e 33, todos da Lei
8.443/1992.
3.Este processo originou-se da conversão do TC-023.268/2006-8 (Relatório de Auditoria),
determinada pelo Acórdão 628/2009-TCU-Plenário, em Tomada de Contas Especial.
4.Os autos foram reconvertidos à sua natureza original (Relatório de Auditoria) mediante o acórdão
ora recorrido, por meio do qual, no que interessa aos presentes recursos, decidiu-se:
“9.5. aplicar a Joelcimar Sampaio da Silva (ex-Secretário Municipal de Administração), Silas
Antônio Rosa (ex-Secretário Municipal de Saúde) e Tiago Silva dos Santos (pregoeiro, o qual não
apresentou recurso), a multa prevista no art. 58, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, no valor de R$
10.000,00, em razão da prática de ato antieconômico na condução do Pregão de Registro de Preços
003/2006 – SRP 002/CSRP/SEMAD, decorrente da preferência por marca mais onerosa na aquisição dos
instrumentos cirúrgicos que constituíam os lotes II e III do certame, os quais foram comprados por
valores superiores aos custos estimados pela Administração (orçamentos de referência de R$
1.383.136,00 e R$ 900.488,00 e valores contratados de R$ 1.562.161,60 e R$ 1.111.068,80,
respectivamente);
9.6. aplicar a Fabiano Souza (ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação), Claudionor
Couto Roriz (ex-Secretário de Estado da Saúde), Ascler Oliveira Ximenes e Nilton Gonçalves de Lima
Júnior (membros da comissão de licitação), a multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei 8.443/1992, no
valor de R$ 15.000,00, em razão dos indícios de fraude identificados na condução dos Convites 158/2002
e 159/2002, porquanto restou constatada similaridade nas propostas apresentadas e participação de
empresas com mesmo endereço ou sócio em comum.”
5.Após analisar as razões apresentadas pelos recorrentes, a Secretaria de Recursos, em
manifestações convergentes, propõe dar provimento aos recursos manejados por Joelcimar Sampaio da
Silva e Silas Antônio Rosa, estendendo seus efeitos a Tiago Silva dos Santos, de forma a tornar sem
efeito as multas que lhes foram aplicadas por meio do item 9.5 do Acórdão 720/2014-TCU-Plenário. No
que tange aos demais recorrentes, a proposta da secretaria instrutora é de negar provimento aos recursos
interpostos, de forma a manter inalterada a deliberação impugnada.
6.O Ministério Público junto ao TCU, por sua vez, diverge parcialmente da solução alvitrada pela
secretaria especializada no que se refere ao provimento dos recursos interpostos por Joelcimar Sampaio
da Silva e Silas Antônio Rosa, propugnando pelo conhecimento e não provimento de todos os pedidos de
reexame em análise.
7.Concordo com o posicionamento do Parquet, pelos motivos que passo a expor.
I
458 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
8.Com relação aos recorrentes que foram apenados com a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei
8.443/1992, observo que, de fato, assiste razão a Serur no que diz respeito à ausência de elementos aptos
a comprovar a suposta preferência pela marca Edlo. Contudo, isso não afasta a ocorrência de ato
antieconômico.
9.Ainda que não tenha havido conluio entre a Administração e as licitantes para que, em relação aos
lotes II e III, fossem ofertados apenas produtos da referida marca, os gestores sabiam que ela era
consideravelmente mais cara que outras marcas disponíveis no mercado, as quais, a priori, seriam
capazes de atender às necessidades da Prefeitura. Se os materiais de outras marcas mais baratas que a
Edlo não fossem adequados para a finalidade almejada pela Administração, tais produtos não teriam sido
utilizados no referencial de preços adotado para o certame. E se existiam no mercado outras opções mais
baratas capazes de atender a mesma finalidade, a opção dos gestores de adquirir os produtos da marca
mais cara por valor superior ao orçamento estimado caracterizou ato antieconômico.
10.Registro que, após todas as licitantes terem ofertado apenas produtos da marca Edlo para os lotes
II e III, os gestores, cientes de se tratar de marca mais cara, buscaram justificar a aquisição da referida
marca. Contudo, tais justificativas não se prestam a afastar a falta de economicidade do ato, pois baseiam-
se em afirmações genéricas e subjetivas, como as de que os materiais seriam de “comprovada qualidade”
e de que “experiências em instituições que adquiriram instrumentais das mais diversas marcas
demonstram que a marca em questão é a que apresenta a qualidade e durabilidade requeridas para atender
a demanda de procedimentos que serão realizados na Maternidade Municipal de Porto Velho”.
11.Tais afirmações, além de não estarem fundadas em evidências e estudos que possam suportá-las,
não explicam, por exemplo, em que medida a suposta superioridade dos produtos da marca Edlo seria
suficiente para compensar sua diferença de preço em relação às outras marcas mais baratas disponíveis no
mercado. Com isso, a justificativa apresentada não é suficiente para dar guarida à opção de adquirir os
produtos por valor superior ao do orçamento estimado, que deveria ter balizado a contratação.
12.Em outras palavras, a mera alegação de que “não há ato antieconômico na aquisição de produto
de qualidade superior ao orçado, por preço razoável e praticado no mercado”, sem que haja prova da
superioridade alegada bem como efetiva demonstração de que essa superioridade justifica a diferença de
preço dos produtos, não elide a irregularidade em questão.
13.Destaco, ainda, que o fato de o preço estimado na fase interna do certame não servir de
parâmetro para a imputação de débito aos responsáveis também não afasta a falta de economicidade do
ato em questão, a qual está devidamente caracterizada nos autos. Uma coisa é a existência de
superfaturamento na aquisição dos produtos, irregularidade que, no caso, estaria caracterizada, por
exemplo, se os produtos houvessem sido adquiridos por valor superior ao seu preço de mercado. Outra é a
prática de ato antieconômico, irregularidade que não está necessariamente atrelada à primeira.
14.Os gestores, ao adquirirem os produtos da marca Edlo, optaram por uma solução mais cara
dentre as opções disponíveis no mercado, sem justificarem devidamente essa escolha. Por isso, ainda que
o preço de aquisição dos materiais tenha sido compatível com o valor de mercado da marca em questão,
tal escolha, claramente, não foi econômica.
15.Como bem salientou o Parquet, os valores obtidos na fase interna da licitação por meio de
consulta a empresas fornecedoras devem ser vistos com reserva, uma vez que há forte tendência de que os
orçamentos apresentados estejam inflados e não representem os preços realmente praticados no mercado.
Tanto que, para os demais lotes do certame, os preços finais ficaram inferiores às cotações iniciais.
Contudo, tais incertezas não são suficientes para que se afaste a irregularidade decorrente da prática de
ato antieconômico no caso em tela, pois ficou patente que existiam no mercado marcas mais baratas do
que a adquirida, as quais também atendiam a finalidade almejada pela Administração.
16.Ademais, se o orçamento estimado pela Administração não puder servir de parâmetro para se
aferir a economicidade da contratação, a elaboração desse orçamento, que tem por objetivo justamente
balizar a análise das propostas ofertadas pelos licitantes, perderia o sentido.
459 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
17.Considero correta, portanto, a decisão a quo no tocante à apenação de Joelcimar Sampaio da
Silva, Silas Antônio Rosa e Tiago Silva dos Santos com a multa prevista no art. 58, inciso III, da Lei
8.443/1992, razão pela qual acolho a manifestação do Ministério Público no sentido de negar provimento
aos recursos por eles interpostos.
II
18.Quanto aos recorrentes que foram apenados com a multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei
8.443/1992, em razão dos indícios de fraude identificados na condução dos Convites 158/2002 e
159/2002, aquiesço à análise empreendida pela Serur e endossada pelo Parquet, acolhendo-a como razões
de decidir, naquilo que não contraria o presente Voto.
19.De fato, entendo estar bem delineada nos autos a responsabilidade dos membros e do ex-
presidente da comissão de licitação pelas irregularidades identificadas na condução dos certames acima
mencionados. Era dever dos responsáveis examinar adequadamente os documentos das licitações, não
sendo aceitável que eles não tenham percebido os indícios de fraude caracterizados pela similaridade das
propostas dos licitantes e pela participação de empresas com mesmo endereço ou sócio em comum,
mormente se consideramos que as licitações se deram na modalidade convite e tiveram praticamente os
mesmos participantes.
20.Faço ressalva apenas aos fundamentos utilizados pela Secretaria Instrutora para afastar a
alegação de ocorrência da prescrição. Embora concorde com a conclusão de que não houve prescrição no
caso em análise, discordo da tese adotada pela Serur, baseada na aplicação analógica da Lei 9.873/1999,
que estabelece, em cinco anos, o prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela
Administração Pública Federal.
21.Reconheço que o tema atinente à prescrição das sanções previstas na Lei 8.443/1992 não é
pacífico neste Tribunal. Existem entre os membros desta Casa teses favoráveis à imprescritibilidade, à
prescrição decenal e à prescrição quinquenal, matéria que será resolvida no âmbito do TC 030.926/2015-
7, ainda pendente de deliberação.
22.Isto posto, ressalto que tenho perfilhado, até a apreciação definitiva da matéria no âmbito do
referido processo, a jurisprudência ora dominante nesta Corte, que preconiza a incidência direta da regra
geral prevista nos arts. 202 e 205 da Lei 10.406/2002 (Código Civil), sem recorrer a aplicação de outras
normas específicas por analogia. Aplica-se, assim, a prescrição de dez anos a partir da ocorrência dos
fatos e interrompendo-se o prazo prescricional com a citação válida no âmbito deste Tribunal.
Corroboram esse entendimento as decisões que recentemente relatei nos Acórdãos 333, 660, 663, 1.075,
1.566, 1.567, 2.005 e 3.341/2015, todos do Plenário.
23.No presente caso, o termo a quo fixado para origem do prazo ocorreu em 28/11/2002, por
ocasião da prolação da Atas de Abertura e Julgamento das Habilitações e Propostas Comerciais das
Licitantes (Peça 8, p.3 do TC 023.268/2006-8 e Peça 9, p. 49 do TC 023.268/2006-8), momento em os
recorrentes praticaram os atos irregulares (ausência da verificação dos documentos de habilitação, incluso
o recebimento, exame e julgamento de todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao
cadastramento de licitantes dos Convites 158/02/CPL/SESAU e 159/02/CPL/SESAU).
24.Vigia à época o Código Civil de 1916, cujo art. 177 previa prescrição de vinte anos para a
hipótese. Transcorrido menos da metade do prazo prescricional de 20 anos até a entrada em vigor do novo
Código Civil, aplica-se o prazo de dez anos, nos termos do art. 2.028 da Lei 10.406/2002, o qual deve ser
contado a partir de 11/1/2003. Assim, levando em conta o referido termo inicial, a pretensão punitiva, se
não interrompida, estaria prescrita em 11/1/2013.
25.Contudo, antes da referida data, a contagem do prazo prescricional foi interrompida pela
audiência dos responsáveis, ocorrida em 2007 (TC 023.268/2006-8, pela 10, p. 35-37 e peça 21, p. 6-7),
tendo a decisão condenatória sido proferida em 2014. Dessa forma, com base na regra dos arts. 202 e 205
do Código Civil de 2002, entendo que não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva no presente caso.
460 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
26.No mais, concordo com o exame da Serur e acolho a proposta de negar provimento aos pedidos
de reexame interpostos por Fabiano Souza, Nilton Gonçalves de Lima Júnior e Ascler Oliveira Ximenes,
mantendo-se a multa que lhes foi aplicada.
Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à deliberação
deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1240/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 009.026/2009-1.
1.1. Apensos: 017.022/2015-0; 023.268/2006-8.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Pedido de Reexame (Relatório de Auditoria).
3. Recorrentes: Joelcimar Sampaio da Silva (192.029.202/06), Silas Antônio Rosa
(206.976.608/00), Fabiano Souza (238.178.602/34), Nilton Gonçalves de Lima Júnior (272.214.901/04) e
Ascler Oliveira Ximenes (320.405.392/04).
4. Órgãos: Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho (Semusa) e Secretaria de Estado de Saúde
de Rondônia (Sesau/RO).
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no Estado
de Rondônia (SECEX-RO).
8. Representação legal: Marcelo Lessa Pereira OAB/RO 1501, e outros, representando Ascler
Oliveira Ximenes e Fabiano Souza;
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam pedidos de reexame interpostos por
Joelcimar Sampaio da Silva, Silas Antônio Rosa, Fabiano Souza, Nilton Gonçalves de Lima Júnior e
Ascler Oliveira Ximenes contra o Acórdão 720/2014 – TCU – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 48, combinado com os arts. 32 e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer dos
presentes pedidos de reexame, para, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo inalterado o Acórdão
720/2014 – TCU – Plenário;
9.2. dar ciência desta deliberação aos recorrentes.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1240-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 021.761/2011-6
Natureza: Embargos de Declaração (Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial)
Órgão: Instituto Nacional do Seguro Social
461 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Embargante: Leda de Vasconcellos Lima (361.688.157-91)
Representação legal: Luiz Claudio Camargo Samoglia, OAB/RJ 74.347, representando Leda de
Vasconcellos Lima
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL. SUPOSTA FRAUDE NA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS A SEGURADOS. CITAÇÃO.
REVELIA DE ALGUNS RESPONSÁVEIS. EXCLUSÃO DOS BENEFICIÁRIOS DO ROL DE
RESPONSÁVEIS POR FALTA DE PROVAS DE CUMPLICIDADE COM OS AGENTES PÚBLICOS.
REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DAQUELES QUE PARTICIPARAM DA FRAUDE.
CONTAS JULGADAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. SUSPENSÃO PARA O EXERCÍCIO DE
CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. ENCAMINHAMENTO DA DELIBERAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.
RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO. CONHECIMENTO. NÃO PROVIMENTO. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. CONHECIMENTO. REJEIÇÃO.
1. No exame de admissibilidade dos embargos de declaração, a simples alegação de omissão,
obscuridade ou contradição, presentes os demais requisitos de admissibilidade, já é suficiente para que os
embargos sejam conhecidos. Se houve ou não os vícios alegados, a questão passa a ser de acolhimento ou
rejeição.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de embargos de declaração opostos por Leda de Vasconcellos Lima (peças 128 e
130), em face do Acórdão 3.341/2015-TCU-Plenário.
2.A deliberação recorrida apresentou o seguinte teor (peça 110):
“VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interposto por Leda de
Vasconcellos Lima (Peça 107), ex-servidora do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), contra o
Acórdão 3.430/2014-TCU-Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1 conhecer do recurso interposto e, no mérito, negar- lhe provimento, mantendo-se inalterados os
termos da deliberação recorrida;
9.2 encaminhar cópia deste Acórdão, acompanhado do Voto e do Relatório que o fundamentam à
recorrente e ao Instituto Nacional do Seguro Social.”
3.Nesse desiderato, a embargante busca suprir obscuridade que entende presente na deliberação
proferida.
4.Nesse contexto, reproduzo, no essencial, as razões aduzidas pela embargante (peças 128 e 130):
“DOS FATOS
No dispositivo do julgamento do recurso de reconsideração interposto pela embargante, este
respeitável Tribunal, às fls. 1/2, ao abordar o tema da prescrição pleiteada em sede de defesa pela ora
peticionante, inicialmente entendeu, embasando sua decisão na Súmula de jurisprudência n° 282, ser
imprescritível as ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra agentes causadores de Danos ao
erário.
Ato posteriore, contrariando seu posicionamento anterior, reconhece a prescrição decenal.
Por fim, mesmo havendo o reconhecimento da prescrição decenal, mantém a sentença recorrida por
seus próprios fundamentos.
Diante do narrado, resta obscuro para esse embargante qual a posição tomada por este tribunal.
DO DIREITO
Com o intuito de aclarar essa obscuridade, faz-se necessário que decisão seja aclarada, sobretudo
por trata-se de decisão passível de Recurso.
DOS PEDIDOS
462 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Em vista do exposto, respeitosamente, requer seja dado total provimento ao presente recurso, a fim
de que os pontos obscuros da sentença, acima apontados, sejam reformulados.”
É o relatório.
VOTO
Cuidam os autos de embargos de declaração opostos por Leda de Vasconcellos Lima, em face do
Acórdão 3.341/2015-TCU-Plenário que apreciou recurso de reconsideração contra o julgamento pela
irregularidade das contas da responsável por suposta fraude na concessão de benefícios previdenciários.
2.Presentes os requisitos atinentes à espécie, os embargos devem ser conhecidos, com fundamento
no art. 34 da Lei 8.443/1992.
3.Como é cediço, nos termos do precitado dispositivo legal, cabem embargos de declaração para
corrigir obscuridade, omissão ou contradição da decisão recorrida.
4.Assim, obscura é a deliberação cujas razões ou provimentos não permitem a exata compreensão
da vontade do julgador. Contraditório é o decisum que contém incompatibilidade entre proposições
constantes do julgado. A omissão, por sua vez, caracteriza-se pela ausência de manifestação sobre ponto
essencial.
5.Acerca de tal expediente, a jurisprudência do TCU preconiza que: (i) não se prestam para a
rediscussão do mérito nem para reavaliação dos fundamentos que conduziram à prolação do Acórdão
recorrido; (ii) a contradição deve estar contida dentro dos termos do inteiro teor da deliberação atacada;
(iii) não há omissão quando a matéria é analisada na instrução da unidade técnica que consta do relatório
e que integra as razões de decidir da deliberação; e (iv) eventual erro de julgamento deve ser corrigido por
outra via recursal própria. Nessa linha, o Acórdão 3.339/2013-TCU-Primeira Câmara.
6.Em suma, alega que a decisão embargada, não obstante pugnar pela imprescritibilidade das ações
de ressarcimento movidas pelo Estado contra agentes causadores de dano ao Erário, teria, em tese,
aplicado a prescrição decenal, o que a seu entender vem a configurar obscuridade.
7.Assinalo, no entanto, que há um equívoco na interpretação por parte da embargante, tendo em
conta que o voto tratou de duas coisas distintas. Uma versa sobre as ações que objetivem o ressarcimento
ao Erário e outra é a prescrição da pretensão punitiva por este Tribunal.
8.Colaciono, por oportuno, excerto do Voto condutor do Acórdão 3.341/2015-TCU-Plenário que
trata especificamente sobres as duas questões suscitadas pela embargante:
“7. Inicia a recorrente suscitando a preliminar de ter-se operado a prescrição quinquenal. Quanto a
este fato, o Tribunal pacificou no enunciado da súmula de jurisprudência n. 282 que as ações de
ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao erário são imprescritíveis,
não subsistindo, portanto, quaisquer dúvidas acerca da permissividade para que se promova o devido
ressarcimento aos cofres públicos.
8. No tocante à prescrição da pretensão punitiva, sobretudo no que concerne à aplicação da pena
pecuniária e à inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da
Administração Pública, por se tratar de questão de ordem pública, entendo pertinente tecer alguns
comentários.
9. A despeito de não ter sido aventada especificamente a ocorrência in casu, observo que a
recorrente foi validamente citada em 16/5/2014 (peça 41). Cotejando com os períodos especificados no
acórdão combatido, nos quais ocorreram os dispêndios impugnados, é possível observar que há parcelas
que constituem o montante do débito que foram objeto de pagamento nos dez anos que antecederam à
citação, ou seja, a partir de 16/5/2004.
10. Reconheço, no que diz respeito à prescrição para aplicação das sanções previstas na Lei
8.443/1992, não ser este tema pacífico no âmbito deste Tribunal, uma vez que existem teses favoráveis à
imprescritibilidade, à prescrição decenal e à prescrição quinquenal. Registro, todavia, que a matéria está
sendo discutida no âmbito do TC 030.926/2015-7.
463 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11. Não obstante, enquanto não pacificada a matéria, venho adotando a jurisprudência até aqui
predominante, que preconiza a aplicação da regra de incidência direta, assentada no art. 205 do Código
Civil, pela prescrição geral de dez anos a partir da ocorrência dos fatos. Diante disso, não há que se falar
em eventual prescrição da pretensão punitiva.”
9.Permanece, portanto, cristalino o entendimento de que as ações de ressarcimento são
imprescritíveis, conforme assentado no Enunciado da Súmula de Jurisprudência 282 deste TCU, e que,
por seu turno, quanto à prescrição da pretensão punitiva, foi adotada por mim a prescrição decenal, em
sintonia com a jurisprudência prevalente nesta Corte de Contas.
10.Assim, à vista dessas considerações, entendo não assistir razão à embargante, vez que ausentes
os vícios alegados no acórdão recorrido. Rejeito, portanto, os embargos apresentados.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal acolha a minuta de acórdão que ora submeto à deliberação
deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1241/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 021.761/2011-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração (Recurso de Reconsideração em
Tomada de Contas Especial)
3. Embargante: Leda de Vasconcellos Lima (361.688.157-91).
4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no Estado
do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal: Luiz Claudio Camargo Samoglia, OAB/RJ 74.347, representando Leda de
Vasconcellos Lima.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam embargos de declaração opostos por
Leda de Vasconcellos Lima, em face do Acórdão 3.341/2015-TCU-Plenário, que apreciou recurso de
reconsideração contra o julgamento pela irregularidade das contas da responsável por suposta fraude na
concessão de benefícios previdenciários.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei 8.443/1992, conhecer dos presentes embargos de declaração,
para, no mérito, rejeitá-los, mantendo-se inalterados os termos do Acórdão 3.341/2015-TCU-Plenário;
9.2. dar ciência desta deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentam, à
embargante.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1241-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
464 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 022.596/2013-5 [Apenso: TC 001.421/2015-8]
Natureza: Embargos de Declaração (em Denúncia)
Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná
Responsáveis: Luiz Carlos da Silva (171.801.209-87); Paulo Roberto Rocha Kruger (186.859.949-
34); Zaki Akel Sobrinho (359.063.759-53); Álvaro Pereira de Souza (600.130.019-49)
Interessado: Identidade Preservada (art. 55, caput, da Lei n. 8.443/1992)
Embargantes: Paulo Roberto Rocha Krüger e Luiz Carlos da Silva.
Representação legal: Fausto Pereira de Lacerda Filho (5491/OAB-PR) e outros, representando Luiz
Carlos da Silva e Paulo Roberto Rocha Kruger.
SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DENÚNCIA. IRREGULARIDADES NA
CONTRATAÇÃO E EXECUÇÃO CONTRATUAL DE OBRAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARANÁ. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO EM ACÓRDÃO CONDENATÓRIO.
INEXISTÊNCIA DOS VÍCIOS ALEGADOS. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DO MÉRITO.
CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO.
1. Os embargos de declaração não se prestam para a rediscussão da matéria, tendo como finalidade
apenas a correção de vícios na decisão recorrida quanto a obscuridade, omissão ou contradição.
2. Inexistindo no acórdão obscuridade, omissão ou contradição a ser sanada, nega-se provimento
aos embargos declaratórios, pois ausentes os pressupostos para seu acolhimento previstos no art. 34 da
Lei 8.443/1992.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de embargos de declaração opostos por Paulo Roberto Rocha Krüger e Luiz Carlos
da Silva em face do Acórdão 2.665/2015-TCU-Plenário, que julgou parcialmente procedente denúncia a
respeito de irregularidades praticadas na Prefeitura da Cidade Universitária (PCU) da Universidade
Federal do Paraná (UFPR) relativas aos procedimentos de licitação e de execução contratual dos serviços
de construções/ampliações e reforma em unidades dos campi da Universidade.
2.Referido acórdão rejeitou as razões de justificativa apresentadas pelos dois embargantes e pelo
então Reitor da Universidade, Zaki Akel Sobrinho, e aplicou-lhes a multa prevista no art. 58, incisos II e
III da Lei 8.443/199, nos valores de R$ 20.000,00, R$ 10.000,00 e R$ 15.000,00, respectivamente, bem
como emitiu ciência à instituição da irregularidade verificada nos autos.
3.Paulo Roberto Rocha Krüger, Pró-Reitor de Administração, e Luiz Carlos da Silva, Diretor de
Infraestrutura da Prefeitura da Cidade Universitária da UFPR, alegam omissão e contradição nos termos
do Acórdão 2.665/2015-TCU-Plenário, em expedientes às peças 94 e 99, respectivamente, cujo conteúdo
se assemelha. Assim, passo a resumir os argumentos apresentados pelo primeiro embargante.
4.Afirma que o Tribunal já decidiu em várias oportunidades que aos gestores compete, além do
dever legal e constitucional de prestar contas do bom e regular emprego dos recursos públicos recebidos,
demonstrar o estabelecimento do nexo entre o desembolso dos referidos recursos e os comprovantes de
despesas realizadas com vistas à consecução do objeto acordado (peça 94, p. 5).
5.Alega, então, que jamais geriu recursos, de maneira que sua responsabilização por desrespeito à
Lei de Diretrizes Orçamentárias não lhe diz respeito, pois nela não se enquadraria. Não se enquadraria,
tampouco, na Lei de Responsabilidade Fiscal, pois não lhe cabe fazer previsões orçamentárias ou ordenar
despesas que não estejam previstas e empenhadas, ou ainda na Lei de Licitações, uma vez que suas
atribuições não lhe autorizariam contratar quem quer que seja, tanto no que respeita à execução de obras,
quanto no que se refira à prestação de serviços (peça 94, p. 6).
6.Sustenta que a comprovação da regularidade da aplicação dos recursos públicos no objeto do
convênio, demonstrando os gastos efetuados e o nexo de causalidade entre gastos e recursos recebidos, foi
465 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
feita pelos órgãos competentes da UFPR, que são estranhos à estrutura da Pró-Reitoria que o Embargante
ocupou (peça 94, p. 7).
7.O embargante transcreve, então, citações doutrinárias (peça 94, p. 7-10) que não se prestam a
apontar qualquer omissão ou contradição no acórdão vergastado, motivo pelo qual deixo de resumi-las
neste relatório.
8.Segundo o embargante, a análise da Secex/PR fundamentou sua responsabilidade na questão
hierárquica, porém, doutrinadores de peso já negaram a responsabilidade objetiva dos administradores,
realçando que eles só respondem por prejuízos causados a outrem se restar comprovada a culpa subjetiva
(peça 94, p. 10).
9.E continua defendendo que, de acordo com o princípio da segregação de funções que perpassa a
Administração Pública, o departamento técnico da UFPR é representado pela Prefeitura da Cidade
Universitária - PCU, a quem compete a elaboração dos elementos técnicos para montagem dos processos
de licitação durante a fase interna. Relata todos os procedimentos a que se submete o processo para
análise pela Comissão de Licitação da UFPR: análise jurídica, aprovação e autorização do processo e
designação de fiscal do contrato. Logo, sua atuação no processo teria decorrido dos documentos que ali
constavam, em que a fiscalização afirmava que os serviços poderiam ser pagos porque haviam sido
executados regularmente e em conformidade com o projeto (peça 94, p. 10-12).
10.Sustenta que os cofres da Universidade não sofreram qualquer prejuízo que tenha sido advindo
de sua conduta e, caso houvesse prejuízo, seria decorrência natural das falhas durante a fiscalização.
Assim, não poderia o embargante ser responsabilizado solidariamente pelos ilícitos ocorridos na
contratação, na licitação, na execução das obras e no seu pagamento, simplesmente pelo fato de ter sido o
ordenador de despesa, já que não houve má-fé de sua parte (peça 94, p. 12-13).
11.Ao final, afirma que o voto contém omissão na medida em que não abordou devidamente a
defesa do Embargante, que não pode ser responsabilizado por ato de outrem ou por fatos ocorridos sobre
os quais não tinha condições de influir, além de contradição, uma vez que lançou mão de dois pesos e
duas medidas ao fundamentar sua condenação com o mesmo argumento que se utilizou para isentar de
responsabilidade o Presidente da Comissão de Licitações, qual seja, o de que tudo transcorria no âmbito
da PCU (peça 94, p. 15).
12.Pede, pois, que sejam esclarecidas a omissão e a contradição alegadas.
13.Luiz Carlos da Silva, por sua vez, Diretor de Infraestrutura da Prefeitura da Cidade Universitária
da UFPR, apresentou à peça 99 os argumentos que resumo a seguir, no que distinguem dos elementos da
peça 94.
14.Afirma que, como prefeito, não dispunha de poderes para a ordenação de despesas, não podendo
ser enquadrado na LRF, embora ostentasse a condição de gestor de tudo que se desenvolvia nos campi da
Universidade. Esclarece que lhe competia tomar todas as providências para a condução das obras e
serviços de engenharia, devendo indicar os fiscais que controlavam a execução dos serviços e mediam as
etapas executadas de modo a permitir a liberação do pagamento. Todavia, não possuindo o dom da
ubiquidade, dependia de informações e procedimentos de seus subordinados para poder exercer suas
funções, tendo acontecido, no caso em tela, informações deliberadamente fornecidas para sabotar a obra.
Informa ter sido nomeado em outubro de 2011 e, por não ser integrante dos quadros da UFPR e ter
buscado incutir na estrutura da universidade princípios de uma empresa privada, tornou-se alvo de
constantes ataques (peça 99, p. 3-5).
15.Defende que a construção do Bloco V, réplica do Bloco IV, tinha como objetivo economizar e
tornar a construção mais célere, pois se fosse submetê-la ao regime da Lei de Licitações haveria
retardamento de no mínimo dois anos. Além disso, sustenta que não haveria diferenças significativas no
perfil geológico do solo entre os blocos IV e V e que a necessidade da colocação da estrutura metálica
para acesso foi decorrência da sabotagem dos executores da obra, que inverteram a posição do edifício
(peça 99, p. 5-6).
466 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
16.Nas páginas de 7 a 12 de seu expediente, adota os mesmos argumentos arrolados pelo outro
embargante, Paulo Roberto Rocha Krüger, resumidos nos parágrafos de 4 a 10, motivo pelo qual deixo de
transcrevê-los novamente. Clama, ao final, pelo aclaramento da omissão e contradição alegadas.
17.Por fim, anoto que, à peça 138, foi juntado expediente chamado de pedido de reconsideração de
autoria do outro sucumbente do Acórdão 2665/2015-TCU-Plenário, Zaki Akel Sobrinho.
É o relatório.
VOTO
Os presentes embargos declaratórios foram interpostos por Paulo Roberto Rocha Krüger e Luiz
Carlos da Silva em face do Acórdão 2.665/2015-TCU-Plenário, que julgou parcialmente procedente
denúncia a respeito de irregularidades praticadas na Prefeitura da Cidade Universitária (PCU) da
Universidade Federal do Paraná (UFPR) relativas aos procedimentos de licitação e de execução contratual
dos serviços de construções/ampliações e reforma em unidades dos campi da Universidade. Referido
decisum rejeitou as razões de justificativa dos responsáveis e aplicou-lhes a multa prevista no art. 58,
incisos II e III da Lei 8.443/199, nos valores de R$ 20.000,00 e R$ 10.000,00, respectivamente.
2.Os embargantes ocupavam os cargos de Pró-Reitor de Administração e Diretor de Infraestrutura
da Prefeitura da Cidade Universitária da UFPR, respectivamente, e as irregularidades que motivaram sua
apenação foram as seguintes: adoção de projeto básico deficiente, assinatura de aditivos contratuais acima
do limite legal de 25% em razão de considerar isoladamente acréscimos e supressões, falhas na
fiscalização dos contratos de obras e, ainda mais grave, gestão deficiente dos recursos a serem destinados
a obras, iniciando novas obras sem recursos orçamentários suficientes e deixando outras já iniciadas sem
conclusão. Conforme resumido no voto que proferi, tratou-se de “mau aproveitamento dos recursos
públicos destinados a obras, que permanecem inconclusas, não podem ser usufruídas pela população e
vão se deteriorando com o tempo”.
3.Nesta assentada, os embargantes aduzem que o Acórdão 2.665/2015-TCU-Plenário estaria eivado
de omissão e contradição, alegando, resumidamente, o seguinte:
a) que jamais geriram recursos, de maneira que não se enquadrariam na Lei de Diretrizes
Orçamentárias ou na Lei de Responsabilidade Fiscal;
b) que tampouco se enquadrariam na Lei de Licitações, uma vez que suas atribuições não lhes
autorizariam realizar contratações;
c) que a comprovação da regularidade da aplicação dos recursos foi demonstrada pelos servidores
da universidade, não tendo havido prejuízo para os cofres públicos;
d) que seus atos se basearam nas informações que constavam dos autos, atestando a regularidade
dos procedimentos dos contratos e autorizando os pagamentos;
e) Luiz Carlos da Silva sustenta, ainda, que sofreu perseguição de seus subordinados, que
concederam informações equivocadas nos autos dos processos para levá-lo ao erro, e que a réplica do
projeto do bloco teve como objetivo economizar e tornar a construção mais célere, pois se tivesse que ser
submetida ao regramento da Lei de Licitações causaria um retardo de pelo menos dois anos.
4.Primeiramente, conheço dos presentes embargos uma vez que atendem aos requisitos de
admissibilidade previstos no art. 34 da Lei 8.443/1992.
5.Como se observa da leitura do breve resumo dos argumentos arrolados pelos embargantes, não
existe omissão ou contradição na decisão atacada, restando apenas a tentativa de rediscutir o mérito dos
autos. Vejam que não foi apontado de fato nenhum ponto da decisão que possa ser considerado omisso ou
contraditório. Os elementos trazidos nos expedientes recursais buscam apenas afastar a responsabilidade
dos embargantes pelas irregularidades encontradas.
6.Além disso, vejam que Luiz Carlos da Silva confirma, consoante resumido na alínea “f” acima, a
seguinte irregularidade que tratei especificamente no voto que conduziu o acórdão atacado:
467 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
“9.2. licitação e contratação de empresa para a execução das obras do Bloco V do Campus Palotina
com base em projeto básico utilizado nas obras do Bloco IV do mesmo Campus, sabidamente deficiente e
inadequado, haja vista que já se tinha conhecimento de que haveria necessidade de alterações nos projetos
arquitetônicos e complementares (elétrica, GLP, ar condicionado, etc.), sem que houvesse sido realizado
levantamento topográfico e sondagem geológica do terreno e sem que houvesse recursos disponíveis
aprovados, procedimento licitatório e contratação para a reutilização dos projetos, em desconformidade
com o disposto no art. 6º, inciso IX, e 7º da Lei 8.666/1993.”
7.Observo que o embargante não só a confirma, como defende que a intenção foi fugir dos
procedimentos previstos na Lei de Licitações, a fim de acelerar a construção do edifício. Ora, tal
explicação em nada ajuda o recorrente, pois se por um lado não demonstra a omissão ou contradição do
acórdão vergastado, por outro não justifica a irregularidade em si.
8. De qualquer forma, vale lembrar que não se discute, neste momento, a procedência ou não dos
argumentos arrolados nos expedientes de peças 94 e 99, que buscam apenas modificar o juízo firmado
quanto ao mérito do processo. O mérito da decisão embargada deve ser atacado por recurso específico, no
caso, recurso de reexame, nos termos do art. 286 do Regimento Interno do TCU. Os embargos de
declaração não se prestam para tal fim, tendo como finalidade apenas a correção de vícios na decisão
recorrida quanto a obscuridade, omissão ou contradição. Nesse sentido, transcrevo os seguintes
precedentes do Tribunal:
“Acórdão 7781/2015 - Primeira Câmara
Embargos de declaração é um recurso de natureza peculiar, cuja fundamentação é vinculada, visto
que seu objetivo é estritamente afastar possível omissão, obscuridade ou contradição de determinada
deliberação. Logo, esse instrumento não deve servir como meio ilegítimo para rediscussão de mérito, o
que representaria, na prática, a possibilidade de repetição de um mesmo recurso, ferindo os princípios da
legalidade, da singularidade, da isonomia e da celeridade processual.”
“Acórdão 584/2011 - Plenário
Os embargos declaratórios limitam-se ao conteúdo da deliberação que objetiva corrigir, não
cabendo ao embargante buscar, a pretexto de contradições, obscuridades ou omissões, o
reexame de mérito.”
9.Por fim, no que tange à doutrina citada pelos embargantes no intuito de defender a suposta
contradição, vale esclarecer o entendimento do Tribunal no seguinte sentido:
“Acórdão 1923/2015 - Plenário
Não se admite alegação, em embargos de declaração, de contradição entre o acórdão embargado e
doutrina, jurisprudência ou lei, uma vez que a finalidade desse recurso é esclarecer ou integrar a decisão
embargada e, apenas excepcionalmente, modificá-la.”
10.De resto, quanto ao expediente de peça 138 cabe o seu envio para análise da Serur. Registro que,
embora tenha sido denominado de “recursos de reconsideração”, caracteriza-se, na verdade, como pedido
de reexame, nos termos do art. 286 do Regimento Interno TCU, por se insurgir contra decisão proferida
em processo de denúncia.
11.Ante o exposto, não havendo contradição ou omissão a ser sanada na decisão vergastada, Voto
no sentido de que seja aprovado o acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1242/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 022.596/2013-5.
1.1. Apenso: 001.421/2015-8
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de declaração (em Denúncia)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessado: Identidade Preservada (art. 55, caput, da Lei n. 8.443/1992)
3.2. Responsáveis: Luiz Carlos da Silva (171.801.209-87); Paulo Roberto Rocha Kruger
(186.859.949-34); Zaki Akel Sobrinho (359.063.759-53); Álvaro Pereira de Souza (600.130.019-49)
468 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3.3. Embargantes: Paulo Roberto Rocha Kruger (186.859.949-34); Luiz Carlos da Silva
(171.801.209-87).
4. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Paraná (Secex-PR).
8. Representação legal:
8.1. Fausto Pereira de Lacerda Filho (5491/OAB-PR) e outros, representando Luiz Carlos da Silva e
Paulo Roberto Rocha Kruger.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes embargos de declaração opostos por Paulo Roberto Rocha
Krüger e Luiz Carlos da Silva em face do Acórdão 2.665/2015-TCU-Plenário, que julgou parcialmente
procedente denúncia a respeito de irregularidades praticadas na Prefeitura da Cidade Universitária (PCU)
da Universidade Federal do Paraná (UFPR) relativas aos procedimentos de licitação e de execução
contratual dos serviços de construções/ampliações e reforma em unidades dos campi da Universidade e
aplicou multa aos responsáveis.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante os
motivos expostos pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração para, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2. enviar os autos à Secretaria de Recursos para análise do pedido de reexame constante à peça
138.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1242-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE IV – Plenário
TC 027.716/2014-7 [Apenso: TC 004.887/2011-5]
Natureza(s): Tomada de Contas Especial
Órgão: Prefeitura Municipal de Itaporanga/PB
Responsáveis: América Construções e Serviços Ltda. (05.492.161/0001-63); Antonio Porcino
Sobrinho (espólio) (084.278.101-30); Construtora Mavil Ltda. (04.925.612/0001-46); Djaci Farias
Brasileiro (078.677.864-49); Elias da Mota Lopes (034.232.317-26); Jussara Pereira Porcino
(032.225.234-28); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa
(488.768.364-20); Paulo Pereira de Sousa (020.745.484-19)
Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16)
Representação legal: não há.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL ORIGINADA DE REPRESENTAÇÃO DO
TCE/PB. IRREGULARIDADES EM CONVÊNIOS FIRMADOS ENTRE O MUNICÍPIO DE
ITAPORANGA/PB E A FUNASA. DIRECIONAMENTO DA LICITAÇÃO E FRAUDE NO
469 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
CERTAME. CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS DE FACHADA. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL
ENTRE OS RECURSOS REPASSADOS E AS OBRAS EXECUTADAS. CITAÇÃO. REJEIÇÃO DAS
ALEGAÇÕES DE DEFESA DE UM RESPONSÁVEL. REVELIA DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS.
CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO DOS GESTORES PARA
EXERCÍCIO DE CARGOS EM COMISSÃO OU FUNÇÕES DE CONFIANÇA. INIDONEIDADE
DAS EMPRESAS PARA LICITAR COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL.
RELATÓRIO
Trata-se de tomada de contas especial resultante de conversão de representação formulada pelo
Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB). A representação cuidava de possíveis irregularidades
ocorridas em convênios firmados entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o município de
Itaporanga/PB. O objetivo das avenças era a construção de poços tubulares em comunidades da zona rural
e a execução de melhorias em unidades habitacionais para controle da doença de Chagas.
2.No âmbito do TC 004.887/2011-5 (representação), restou assente que as empresas contratadas
para a consecução dos convênios 2290/2006 (Siafi 571399), 679/2005 (Siafi 558715) e 1440/2005 (Siafi
556613) eram de fachada e que não era possível estabelecer nexo de causalidade entre os recursos
federais repassados e as obras executadas. Foram identificados, também, elementos que evidenciavam a
ocorrência de fraude nos procedimentos licitatórios e de abuso das personalidades jurídicas envolvidas.
3.Diante desses fatos, determinou-se, por meio do Acórdão 4.703/2014-TCU-Primeira Câmara, a
conversão daqueles autos em tomada de contas especial e a citação dos responsáveis, desconsiderando-se
a personalidade jurídica das empresas para alcançar seus sócios de fato e de direito.
4.Transcrevo, a seguir, a instrução de lavra da Secex-PB, que contou com a anuência do corpo
diretivo da unidade e do Ministério Público junto ao TCU (peças 45, 46 e 47).
“HISTÓRICO
2.No mencionado Acórdão 4703/2014-TCU-1ª Câmara (peça 4), o Tribunal determinou que fossem
citados no âmbito desta tomada de contas especial, de acordo com o caso, o espólio do Sr. Antonio
Porcino Sobrinho (CPF 084.278.101-30), ex-prefeito de Itaporanga/PB, na pessoa da Sra. Andreia
Bernardo Jorge; o Sr. Djaci Farias Brasileiro (CPF 078.677.864-49), ex-prefeito de Itaporanga/PB; a
Construtora Mavil Ltda. - ME (CNPJ 04.925.612/0001-46), contratada para executar as obras dos
Convênios 679/2005 (Siafi 558715) e 1440/2005 (Siafi 556613); a América Construções e Serviços Ltda.
– ME (CNPJ 05.492.161/0001-63), contratada para executar as obras do Convênio 2290/2006
(Siafi 571399); o Sr. Marcos Tadeu Silva (CPF 113.826.864-04), sócio de fato das contratadas; o Sr. Elias
da Mota Lopes (CPF 034.232.317-26), sócio da segunda empresa; o Sr. Paulo Pereira de Sousa
(CPF 020.745.484-19) e as Sras. Jussara Pereira Porcino (CPF 032.225.234-28) e Margarete Brasilino
Leite Mendes de Sousa (CPF 488.768.364-20), membros da comissão de licitação.
3.Tramita na 1ª Vara de Família de Itaporanga/PB o processo 0001156-27.2013.815.0211, referente
ao inventário e partilha dos bens deixados pelo Sr. Antônio Porcino Sobrinho, cujo inventariante é o filho
dele Sr. Michel de Almeida Porcino.
4.Assim, como o processo de inventário ainda continuava em tramitação, a citação do espólio foi
realizada em nome do inventariante e representante legal Sr. Michel de Almeida Porcino, conforme
dispõe o art. 12, inciso V, do Código de Processo Civil (Lei 5.869, de 11/1/1973), e não em nome da Sra.
Andreia Bernardo Jorge, como determinou o r. acórdão.
5.Autorizadas mediante o Despacho de peça 10, as citações foram promovidas via Ofícios 1657,
1658, 1659, 1661, 1662, 1663, 1664, 1665 e 1666, de 17/10/2014 (peças 12-20), endereçados,
respectivamente, a Michel de Almeida Porcino (representante do espólio do Sr. Antônio Porcino
Sobrinho), Construtora Mavil Ltda., Marcos Tadeu Silva (sócio de fato das empresas Construtora Mavil e
América Construções), Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino, Margarete Brasilino Leite
mendes de Souza (membros da comissão de licitação), Djaci Farias Brasileiro (Prefeito Municipal de
470 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Itaporanga/PB), América Construções e Serviços Ltda. e Elias da Mota Lopes (sócio da empresa América
Construções).
6.Como os ofícios destinados ao Sr. Elias da Mota Lopes e às empresas Construtora Mavil Ltda. e
América Construções e Serviços Ltda. retornaram dos Correios com a informação de “mudou-se” (AR de
peças 22, 27 e 30), foram promovidas pesquisas de novos endereços. As pesquisas indicaram o Sr.
Francisco Almeida da Silva como sendo sócio da empresa Mavil e outro endereço da empesa América
Construções e Serviços Ltda., tendo, em virtude, sido encaminhados os Ofícios 33 e 32, de 8/1/2015, para
esta empresa e para o sócio da Mavil (peças 34-35), respectivamente. Visto, então, que as novas
comunicações retornaram dos Correios com as informações “mudou-se” (AR peça 36 – América) e
“desconhecido” (AR peça 37 – Francisco), as empresas referidas e o Sr. Elias acabaram sendo citados por
edital (peças 39-44).
EXAME TÉCNICO
7.De início, compete registrar que os responsáveis foram citados pelas seguintes irregularidades e
valores, tendo como embasamento as evidências elencadas a seguir:
PRIMEIRA CITAÇÃO
7.1. Responsáveis solidários: espólio do Sr. Antonio Porcino Sobrinho (CPF 084.278.101-30), ex-
prefeito de Itaporanga/PB (gestão: 2005-2008), na pessoa do Sr. Michel de Almeida Porcino
(CPF 306.581.818-31); Construtora Mavil Ltda. (CNPJ 04.925.612/0001-46), contratada para executar as
obras do convênio; Marcos Tadeu Silva (CPF 113.826.864-04), sócio de fato da contratada; Paulo Pereira
de Sousa (CPF 020.745.484-19), Jussara Pereira Porcino (CPF 032.225.234-28) e Margarete Brasilino
Leite Mendes de Sousa (CPF 488.768.364-20), membros da comissão de licitação;
7.1.1. Atos impugnados:
a) em relação aos agentes públicos: direcionamento das licitações e contratação de empresas de
fachada para a execução dos Convênios 679/2005 (Siafi 558715) e 1440/2005 (Siafi 556613), celebrados
entre a Fundação Nacional de Saúde e o Município de Itaporanga/PB, com a consequente não
comprovação da boa e regular a aplicação dos recursos federais recebidos por força dos aludidos ajustes,
haja vista a ausência de nexo causal entre os recursos federais pagos à contratada e as despesas realizadas
para consecução dos objetos pactuados, caracterizada pelas evidências adiante detalhadas de que a
Construtora Mavil Ltda. não executou as obras objeto das Tomadas de Preço 03 e 04/2006 e de que os
recursos em tela foram desviados;
b) em relação à Construtora Mavil Ltda. e ao Sr. Marcos Tadeu Silva: fraudar licitação e usar
empresa de fachada para desviar recursos dos Convênios 679/2005 (Siafi 558715) e 1440/2005 (Siafi
556613), celebrados entre a Fundação Nacional de Saúde e o Município de Itaporanga/PB, haja vista as
evidências adiante demonstrarem que a contratada só existiu no papel e que, portanto, não executou as
obras objeto das Tomadas de Preço 03 e 04/2006;
7.1.2. Evidências:
a) das oito empresas que participaram da Tomada de Preço 03/2004, somente a contratada
conseguiu habilitação, tendo havido quatro impugnações a cláusulas do edital, todas rejeitadas pela
comissão de licitação (peça 53, p. 17-21 [TC 004.887/2011-5]);
b) apesar de o Tribunal ter diligenciado à Prefeitura e ao sócio de fato da construtora, Sr. Marcos
Tadeu Silva, nenhum deles encaminhou comprovante de existência das matrículas das obras no Cadastro
Específico do INSS (CEI) nem do recolhimento, pela Construtora, à Previdência Social dos encargos
sociais incidentes sobre a remuneração dos empregados/segurados que supostamente trabalharam nas
obras (GFIP/GRPS), para comprovar que os serviços foram, de fato, executados pela empresa (peças 18-
29, 37-39, 41 [TC 004.887/2011-5]);
c) no período da suposta execução dos serviços (2006 e 2007), a empresa não registrou obra alguma
no INSS nem dispunha de pessoal suficiente para cumprir os compromissos assumidos apenas com os
municípios paraibanos (peça 90 [TC 004.887/2011-5]);
d) toda a documentação da contratada acostada aos autos das licitações (peças 43-76 [TC
004.887/2011-5]) está assinada com rubrica, conduta que impede a identificação de quem a representou
471 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
nos certames, fato repetido nos contratos, que, consoante registrado pelo TCE/PB, não possuíam o nome
do seu representante legal, contrariando a legislação (Lei 8.666/1993, art. 61);
e) a empresa também se encontra inabilitada junto à Receita Federal do Brasil, desde 14/3/2011, por
inexistência de fato (peça 90 [TC 004.887/2011-5]);
f) a Polícia Federal constatou, no âmbito da operação “i-licitação”, que a contratada era uma
empresa de fachada constituídas pelo Sr. Marcos Tadeu Silva para violar licitações e desviar recursos
públicos, conforme confessado pelo próprio responsável (peça 78-88 [TC 004.887/2011-5]);
g) houve pagamento por serviços não realizados, no valor de R$ 360.760,62 (trezentos e sessenta
mil setecentos e sessenta reais e sessenta e dois centavos), cuja regularização só ocorreu após a
contratação de nova empresa;
7.1.3. Nexo causal:
a) em relação ao ex-prefeito: ao contratar empresa de fachada para realizar as obras, usar
documentação inidônea para comprovar a aplicação dos recursos transferidos e executar o objeto por
meio de terceiros, sem vínculo com a contratada, o gestor afastou o nexo causal entre as despesas
realizadas e os recursos federais em tela, concorrendo para a ocorrência do dano ao erário;
b) em relação aos membros da comissão de licitação: ao selecionarem empresa de fachada para
executar as obras, contribuíram decisivamente para a contratação e, consequentemente, para o dano;
c) em relação ao Sr. Marcos Tadeus Silva e à Construtora Mavil Ltda.: ao utilizarem empresa de
fachada para celebrar contrato com o município, fornecerem a documentação necessária para a prestação
de contas e receberem pagamentos por serviços não executados pela contratada, concorreram para o dano;
7.1.4. Dispositivos violados:
a) em relação aos agentes públicos: art. 70, parágrafo único, e art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal/1988, c/c o art. 93 do Decreto-Lei 200/1967; art. 20 da Instrução Normativa/STN 1/1997; arts. 62
e 63 da Lei 4.320/1964;
b) em relação ao Sr. Marcos Tadeus Silva e à Construtora Mavil Ltda.: arts. 62 e 63 da Lei
4.320/1964; art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal; art. 876 da Lei 10.406/2002 (Código Civil);
6.1.5. Quantificação do débito:
Convênio Valor Histórico (R$) Data de pagamento
679/2005 (Siafi 558715)
199.000,00 21/11/2006
40.100,00 24/11/2006
180.000,00 05/01/2007
60.000,00 23/01/2007
1440/2005 (Siafi 556613) 119.900,00 24/11/2006
110.000,00 23/01/2007
SEGUNDA CITAÇÃO
7.2. Responsáveis solidários: espólio do Sr. Antonio Porcino Sobrinho, ex-Prefeito (gestão: 2005-
2008), representado pelo Sr. Michel de Almeida Porcino; Djaci Farias Brasileiro (CPF 078.677.864-49),
ex-Prefeito (gestão: 2009-2012); América Construções e Serviços Ltda. (CNPJ 05.492.161/0001-63),
contratada para executar as obras do convênio; Marcos Tadeu Silva e Elias da Mota Lopes
(CPF 034.232.317-26), sócios da contratada; Paulo Pereira de Sousa; Jussara Pereira Porcino e Margarete
Brasilino Leite Mendes de Sousa, membros da comissão de licitação;
7.2.1. Atos impugnados:
a) em relação aos agentes públicos: direcionamento da licitação e contratação de empresa de
fachada para executar aos obras do Convênio 2290/2006 (Siafi 571399), celebrado entre a Fundação
Nacional de Saúde e o Município de Itaporanga/PB, com a consequente não comprovação da boa e
regular aplicação dos recursos federias recebidos por força do aludido ajuste, tendo em vista a ausência de
nexo causal entre os recursos federais pagos à contratada e as despesas realizadas para consecução do
objeto pactuado, caracterizada pelas evidências adiante detalhadas de que a América Construções e
Serviços Ltda. não executou as obras objeto das Tomadas de Preço 05/2007 e de que os recursos em tela
foram desviados;
472 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
b) em relação à América Construções e Serviços Ltda. e aos Srs. Marcos Tadeu Silva e Elias da
Mota Lopes: fraudar licitação e usar empresa de fachada para desviar recursos do Convênio 2290/2006
(Siafi 571399), celebrado entre a Fundação Nacional de Saúde e o Município de Itaporanga/PB, tendo em
vista as evidências adiante demonstrarem que a contratada só existiu no papel e que, portanto, não
executou as obras objeto da Tomada de Preço 05/2007;
7.2.2. Evidências:
a) apesar de o Tribunal ter diligenciado à Prefeitura e ao sócio de fato da construtora, Sr. Marcos
Tadeu Silva, nenhum deles encaminhou comprovante de existência das matrículas das obras no Cadastro
Específico do INSS (CEI) nem do recolhimento, pela Construtora, à Previdência Social dos encargos
sociais incidentes sobre a remuneração dos empregados/segurados que supostamente trabalharam nas
obras (GFIP/GRPS), para comprovar que os serviços foram, de fato, executados pela empresa (peças 18-
29, 37-39, 41 [TC 004.887/2011-5]);
b) no período da suposta execução dos serviços (2007 a 2009), a empresa não registrou obra alguma
no INSS nem dispunha de pessoal suficiente para cumprir os compromissos assumidos apenas com os
municípios paraibanos, sendo que, em 2008 e 2009, o CNPJ dela aparece como inexistente (peça 89 [TC
004.887/2011-5]):
c) a empresa também se encontra inabilitada junto à Receita Federal do Brasil, desde 23/4/2010, por
inexistência de fato (peça 89 [TC 004.887/2011-5]);
d) a Polícia Federal constatou, no âmbito da operação “i-licitação”, que a contratada era empresa de
fachada, constituída pelo Sr. Marcos Tadeu Silva para violar licitações e desviar recursos públicos,
conforme confessado pelo próprio responsável (peça 78-88 [TC 004.887/2011-5]);
7.2.3. Nexo causal:
a) em relação aos ex-prefeitos: ao contratarem ou manterem contrato com empresa de fachada para
executar as obras, usarem documentação inidônea para comprovar a aplicação dos recursos transferidos e
executarem o objeto por meio de terceiros, sem vínculo com a contratada, os gestores afastaram o nexo
causal entre as despesas realizadas e os recursos federais em tela, concorrendo para a ocorrência do dano
ao erário;
b) em relação aos membros da comissão licitatória: ao selecionarem empresa de fachada para
executar as obras, contribuíram decisivamente para a contratação e, consequentemente, para a ocorrência
do dano;
c) em relação aos Srs. Marcos Tadeus Silva e Elias da Mota Lopes e à Construtora Mavil Ltda.: ao
utilizarem empresa de fachada para celebrar contrato com o município, fornecerem a documentação
necessária à prestação de contas e receberem pagamentos por serviços não executados pela contratada,
concorreram para o dano;
7.2.4. Dispositivos violados:
a) em relação aos agentes públicos: art. 70, parágrafo único, e art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal/1988, c/c o art. 93 do Decreto-Lei 200/1967; art. 20 da Instrução Normativa/STN 1/1997; arts. 62
e 63 da Lei 4.320/1964;
b) em relação aos Srs. Marcos Tadeus Silva e Elias da Mota Lopes e à Construtora Mavil Ltda.:
arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964; art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal; art. 876 da Lei 10.406/2002
(Código Civil);
7.2.5. Quantificação do débito solidário:
Convênio Valor Histórico
(R$)
Data de
pagamento Responsáveis solidários
2290/2006
(Siafi
571399)
175.000,00 05/11/2007 Antonio Porcino Sobrinho,
América Construções e
Serviços Ltda., Marcos
Tadeu Silva, Elias da Mota
Lopes, Paulo Pereira de
Sousa, Jussara Pereira
101.000,00 18/12/2007
473 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Porcino e Margarete
Brasilino Leite Mendes de
Sousa.
68.800,00 10/08/2009
Djaci Farias Brasileiro,
América Construções e
Serviços Ltda., Marcos
Tadeu Silva, Elias da Mota
Lopes, Paulo Pereira de
Sousa, Jussara Pereira
Porcino e Margarete
Brasilino Leite Mendes de
Sousa.
I.Defesa do Sr. Djaci Farias Brasileiro (peça 28)
I.1. Argumentos:
8.Devidamente comunicado (AR peça 23), o Sr. Djaci Farias Brasileiro apresentou alegações de
defesa (peça 28), declarando, de cara, que pagou os R$ 68.800,00, em 10/8/2009, à empresa América
Construções e Serviços Ltda., porque a Funasa havia emitido parecer favorável à liberação da terceira
parcela dos recursos do Convênio 2290/2006, já que o município tinha sanado as pendências apontadas
antes pela Divisão de Engenharia de Saúde.
8.1.Alega, também, que não existia empecilho para o pagamento, uma vez que havia boletim de
medição sustentando a conclusão das obras e que a empresa América só foi declarada inidônea e
inabilitada junto à Receita Federal em 24/4/2010, após o pagamento.
8.2.Ressalta que a licitação, que resultou na contratação da empresa América, ocorreu na gestão
anterior, não recaindo sobre ele qualquer responsabilidade pela homologação do certame e adjudicação do
objeto licitado.
8.3.Por fim, requer o julgamento das suas contas pela regularidade, argumentando, para tanto, que a
Funasa constatou a integral execução das obras e o alcance dos objetivos conveniados, tendo, por
conseguinte, aprovado as contas do Convênio 2290/2006, e que os beneficiários receberam os imóveis, o
que demonstraria a ausência de dano ao erário e a inexistência de motivo para responsabilizá-lo.
I.2. Análise.
9.Antecipadamente, ressalta-se que o Convênio 2290/2006 teve como objeto a melhoria de 25
unidades habitacionais, para controle da doença de chagas, com aporte federal de R$ 344.000,00 (peça
34, p. 21), tendo sido contratada para execução das obras a empresa América Construções e Serviços
Ltda. (Tomada de Preço 05/2007), que recebeu R$ 354.655,30 pela execução dos serviços (peças 55-56),
dos quais R$ 68.800,00 na gestão do Sr. Djaci Farias Brasileiro.
9.1.Quanto à execução das obras e ao atendimento dos objetivos fixados, assiste razão ao
defendente, conforme atestado pela Funasa no relatório final 43/2012 (peça 35, p. 9).
9.2.Entretanto, conforme evidências citadas no item 7 desta instrução, a empresa América
Construções e Serviços Ltda., assim como a Construtora Mavil Ltda., só existiu no papel, com o fito de
fraudar licitações públicas e desviar os recursos envolvidos nos futuros contratos, o que torna inidônea a
documentação por elas emitidas e impede, por conseguinte, a comprovação da boa e regular aplicação dos
recursos conveniados (v. g. Acórdão 2.804/2012 – Plenário). Por isso, não elidem a irregularidade e nem
isentam o defendente de responder pelo débito os fatos de haver mediação atestando a execução dos
serviços, de a Funasa ter liberado a terceira parcela do convênio e de a América Construções Ltda. só ter
sido inabilitada pela Receita Federal depois do pagamento de R$ 68.800,00.
9.3.Com efeito, o simples fato de a empresa ser fantasma torna impossível afirmar quem, realmente,
executou as obras e qual o verdadeiro destino dado à verba federal utilizada em seu pagamento. É dizer,
não há como afirmar que a verba federal custeou as obras vistoriadas pela Funasa, uma vez que elas
podem, por exemplo, ter sido totalmente arcadas com recursos da Prefeitura e a verba federal ter sido
desviada em benefício dos responsáveis.
474 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.4.Nesse sentido, vale lembrar que, pela norma dos arts. 70, parágrafo único, da Constituição
Federal/88 e 93 do Decreto-Lei 200, de 25/2/1967, o gestor deve prestar contas e demonstrar o bom e
regular emprego dos recursos por ele administrados.
9.5.O Tribunal, ao se pronunciar sobre essa norma (v. g. Decisões 225/2000–2ª Câmara e Acórdãos
3968/2010–1ª Câmara, 1445/2007–2ª Câmara e 1031/2011–Plenário), firmou o entendimento de que,
além do dever legal e constitucional de prestar contas do bom e regular emprego dos recursos públicos
recebidos, devem os gestores fazê-lo por meio de documentação que possibilite constatar que eles foram
efetivamente utilizados no objeto pactuado, de acordo com os normativos legais e regulamentares
vigentes, sob pena de presunção de irregularidade na sua aplicação.
9.6. De acordo com o Tribunal, a existência física do objeto pactuado, de per si, não constitui
elemento apto a comprovar a regular aplicação dos recursos federais repassados por meio de convênio ou
congênere, devendo provar o administrador que os recursos recebidos foram utilizados para custear
aquele objeto. Nessa linha, por ser contundente, cita-se o Acórdão 1.019/2009 - Primeira Câmara:
‘TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. APROVAÇÃO PARCIAL DA PRESTAÇÃO DE
CONTAS. CITAÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO DO NEXO CAUSAL ENTRE OS SAQUES DE
RECURSOS E A EXECUÇÃO DO CONVÊNIO. IRREGULARIDADE. DÉBITO. MULTA.
- É essencial para a regularidade das contas e elisão do débito a comprovação do nexo de
causalidade entre a movimentação dos recursos públicos federais, depositados em conta específica, e o
pagamento das despesas derivadas do convênio.
- A mera execução do objeto do convênio não implica o julgamento pela regularidade das contas,
pois os recursos utilizados na sua execução podem provir de fontes municipais, tendo sido integralmente
desviados os recursos federais.’ (Grifamos)
9.7.Assim sendo, não há como afastar a responsabilidade do Sr. Djaci Farias Brasileiro, pois,
embora não tenha contratado a empresa América, ele manteve o contrato, realizou pagamento, no importe
de R$ 68.800,00, por serviços que ela efetivamente não executou e, ainda, usou a documentação da
contratada – e, portanto, inidônea – para comprovar a aplicação desse dinheiro, causando, desta feita,
prejuízo ao erário.
9.8.Ora, por ser fantasma, obviamente que a empresa não executou as obras, sendo impossível,
dessa forma, acreditar que o gestor desconhecia tal fato, já que era responsável pela execução do
convênio e do contrato.
9.9.A Funasa, vale salientar, não leva em consideração, na análise das contas de seus convênios, o
fato de a empresa contratada para execução do objeto ser, ou não, de fachada. Por essa razão, a aprovação
das contas do Convênio 2290/2006 pelo órgão concedente não socorre o defendente.
9.10.Portanto, a defesa oferecida pelo Sr. Djaci Farias Brasileiro não merece ser acolhida, haja vista
não afastar as irregularidades a ele atribuídas, mormente porque sequer apresentou elementos no sentido
de demonstrar que a empresa América não era de fachada.
II.Outros Responsáveis
10. Em que pese tenham sido devidamente comunicados, os Srs. Michel de Almeida Porcino,
representante do espólio do Sr. Antônio Porcino Sobrinho (AR peça 26); a Construtora Mavil Ltda. - ME
(AR peças 30 e 37, Edital peças 40-41), contratada para executar as obras dos Convênios 679/2005 (Siafi
558715) e 1440/2005 (Siafi 556613); a América Construções e Serviços Ltda. – ME (AR peças 27 e 36,
Edital peças 39 e 41), contratada para executar as obras do Convênio 2290/2006 (Siafi 571399); o Sr.
Marcos Tadeu Silva (AR peça 25), sócio de fato das contratadas; o Sr. Elias da Mota Lopes (AR peça 22
e edital peças 43-44), sócio de direito da América; o Sr. Paulo Pereira de Sousa (AR peça 24) e as Sras.
Jussara Pereira Porcino (AR peça 31) e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa (AR peça 29),
membros da comissão de licitação; não recolheram o débito e nem se manifestaram quanto às
irregularidades verificadas. Destaca-se que, antes das citações por edital, foram adotadas providências que
esgotaram as tentativas de localização dos responsáveis, consoante relatadas nos despachos de peças 33 e
38.
475 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
10.1.Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inertes os mencionados responsáveis,
impõe-se que sejam considerados revéis, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12,
§ 3º, da Lei 8.443/1992, já que, conforme demonstrado acima, a defesa do Sr. Djaci Farias Brasileiro,
além de se limitar a parcela do Convênio 2290/2006, não merece acolhida.
10.2.O efeito da revelia, todavia, não se restringe ao prosseguimento dos atos processuais, como
erroneamente se pode inferir do disposto no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, vez que esse seguimento
constitui decorrência lógica na estipulação legal dos prazos para que as partes produzam os atos de seu
interesse. O próprio dispositivo legal citado vai mais além ao dizer que o seguimento dos atos, uma vez
configurada a revelia, se dará para todos os efeitos, inclusive para o julgamento pela irregularidade das
contas, como se pode facilmente deduzir.
10.3.O comando legal não vai ao extremo de dizer que, com a revelia, presumir-se-ão verdadeiras
todas as imputações levantadas no processo contra os responsáveis jurisdicionados a esta Corte, à
semelhança do que ocorre no processo civil, onde a revelia do réu opera a presunção da verdade dos fatos
narrados pelo autor. Certamente pela maior proximidade com o direito penal, o legislador orgânico, ao
não fazer menção expressa a qualquer tipo de presunção, não deixou espaço para o incondicionalismo na
avaliação da responsabilidade do agente decorrente de sua eventual revelia. Para tanto, não se pode
prescindir da prova existente no processo ou para ele carreada.
10.4.Nesse sentido, os elementos presentes nos autos, sobretudo as evidências citadas no item 7,
confirmam a situação fictícia da Construtora Mavil Ltda. e da América Construções e Serviços Ltda., bem
como o liame entre as condutas desses responsáveis e o dano suportado pelo erário. Tais evidências
também não deixam dúvidas sobre as irregularidades na contratação dessas empresas.
10.5.Ademais, no Convênio 679/2005, para construção de 37 sistemas de abastecimento de água e
que recebeu R$ 599.998,59 de recursos federais, a primeira contratada, Construtora Mavil Ltda. (Tomada
de Preço 003/2006), emitiu, de imediato, a Nota Fiscal 0201, no valor integral do contrato
(R$ 608.109,44), e recebeu, entre 21/11/2006 e 23/01/2007, R$ 479.100,00 (peças 43, p. 27-30, e 44, p.
11-13). Porém, em visita técnica feita em 2008 (peça 33, p. 23), há mais de um ano do último pagamento,
a Funasa detectou a execução de apenas 44,32% dos serviços, resultando no pagamento de R$ 213.180,62
por serviços não realizados, bem como na completa ausência de nexo causal entre esses recursos pagos a
maior e quaisquer serviços realizados posterior àquela visita (v. g. Acórdão 4539/2010-2ª Câmara).
10.6.Na sequência, em 2010, após a deflagração da operação ‘i-licitação’, que identificou a
Construtora Mavil Ltda. como empresa de fachada, a nova gestão municipal contratou o remanescente da
obra com a Construtora Medeiros Ltda. (peças 33, p. 27, e 43), que concluiu os serviços, consoante
relatório técnico final 079/2011 (peça 33), tendo a Funasa, por conseguinte, aprovado as contas do
convênio (peça 34), fato este demonstrador de que a aprovação das contas pelo órgão concedente nem
sempre garante tenha sido regular a aplicação dos recursos.
10.7.No âmbito do Convênio 1440/2005, para perfuração e instalação de 17 poços tubulares, que
recebeu aporte de R$ 300.000,00 da União, também fora contratada a Construtora Mavil (Tomada de
Preço 004/2006), que também imitiu, de pronto, a Nota Fiscal 0197, no valor integral do contrato
(R$ 303.439,67), e recebeu, entre 24/11/2006 e 23/1/2007, R$ 229.900,00 (peças 8 e 89, p. 1-2), sendo
que, em visita técnica feita em 2007 (peça 34, p. 17), há mais de um ano do último pagamento, a Funasa
constatou a execução de apenas 27,44% do objeto, resultando, da mesma forma, na ausência de nexo
causal em relação a R$ 147.580,00.
10.8.Por tudo isso, é possível concluir que o gestor tinha consciência das ilicitudes praticadas, já
que contratou empresas de fachada, mediante licitações irregulares, além disso efetuou pagamento para
elas consciente de que não executaram as obras, uma vez que ele era responsável pelo acompanhamento
dos convênios e dos contratos. De igual modo, resta evidente a intenção dos sócios das construtoras em
fraudar os procedimentos licitatórios e desviar recursos públicos. Finalmente, também é possível concluir
que os membros da comissão de licitação tinham consciência da ilicitude praticada, pois selecionaram
empresas de fachada, mediante a condução de licitações irregulares.
CONCLUSÃO
476 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
11. Em face da análise promovida nos itens precedentes, propõe-se rejeitar as alegações de defesa
apresentadas pelo Sr. Djaci Farias Brasileiro e considerar reveis, para todos os efeitos, nos termos do art.
12, § 3º, da Lei 8.443/1992, os outros responsáveis.
12. Ademais, inexistem nos autos elementos que demonstrem a boa-fé dos responsáveis ou a
ocorrência de outros excludentes de culpabilidade, de modo que se propõe, desde logo, julgar irregulares,
nos termos do art. 202, § 6º, do Regimento Interno/TCU, as contas das pessoas físicas, condenando-as em
débito, solidariamente com as pessoas jurídicas, e aplicando-lhes a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992.
13. Também propõe-se considerar grave as irregularidades apuradas e aplicar, em consequência, as
sanções previstas nos arts. 46 e 60 da Lei 8.443/1992, conforme o caso.
BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE EXTERNO
14. Entre os benefícios do exame desta tomada de contas especial, anota-se os débitos
(R$ 2.658.569,66, correspondente aos valores originais corrigidos e submetidos a juros de mora
calculados desde o fato gerador até 25/6/2015), as multas e as sanções a serem aplicados aos
responsáveis.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
15. Diante do exposto, elevam-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
15.1.considerar revéis, para todos os efeitos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, o
espólio do Sr. Antonio Porcino Sobrinho (084.278.101-30), ex-Prefeito de Itaporanga/PB, representado
pelo Sr. Michel de Almeida Porcino (306.581.818-31), as empresas Construtora Mavil Ltda.
(04.925.612/0001-46) e América Construções e Serviços Ltda. (05.492.161/0001-63), os Srs. Marcos
Tadeu Silva (113.826.864-04), sócio de fato dessas empresas, Elias da Mota Lopes (034.232.317-26),
sócio de direito da América Construções e Serviços Ltda., Paulo Pereira de Sousa (020.745.484-19),
Jussara Pereira Porcino (CPF 032.225.234-28) e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa
(CPF 488.768.364-20), membros da comissão municipal de licitação;
15.2.julgar irregulares, com base nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “d”, da Lei
8.443/92, as contas dos Srs. Antonio Porcino Sobrinho, Djaci Farias Brasileiro (078.677.864-49), ex-
Prefeito de Itaporanga/PB, Marcos Tadeu Silva, Elias da Mota Lopes, Paulo Pereira de Sousa, Jussara
Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa;
15.3.imputar, com base nos arts. 19 e 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992, débito ao espólio
do Sr. Antonio Porcino Sobrinho ou, caso já concluído o inventário, aos seus herdeiros, até o limite do
patrimônio transferido, solidariamente com os responsáveis abaixo indicados, pelas quantias originais
discriminadas, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento das citadas quantias aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, atualizadas monetariamente
e acrescidas dos juros de mora devidos, calculados a partir das respectivas datas até a data do efetivo
recolhimento, nos termos da legislação em vigor:
Convênio
Valor
Histórico
(R$)
Data de
pagamento Responsáveis solidários
2290/2006
(Siafi
571399)
175.000,00 05/11/2007 Espólio de Antonio Porcino Sobrinho,
América Construções e Serviços Ltda.,
Marcos Tadeu Silva, Elias da Mota Lopes,
Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira
Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes
de Sousa.
101.000,00 18/12/2007
68.800,00 10/08/2009
Djaci Farias Brasileiro, América
Construções e Serviços Ltda., Marcos Tadeu
Silva, Elias da Mota Lopes, Paulo Pereira de
Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete
477 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Brasilino Leite Mendes de Sousa.
679/2005
(Siafi
558715)
199.000,00 21/11/2006 Espólio de Antonio Porcino Sobrinho,
Construtora Mavil Ltda., Marcos Tadeu
Silva, Paulo Pereira de Sousa, Jussara
Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite
Mendes de Sousa.
40.100,00 24/11/2006
180.000,00 05/01/2007
60.000,00 23/01/2007
1440/2005
(Siafi
556613)
119.900,00 24/11/2006
110.000,00 23/01/2007
15.4.aplicar a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, individualmente, à Construtora Mavil
Ltda., à América Construções e Serviços Ltda., as Sras. Jussara Pereira Porcino e Margarete Brasilino
Leite Mendes de Sousa e aos Srs. Marcos Tadeu Silva, Djaci Farias Brasileiro, Elias da Mota Lopes e
Paulo Pereira de Sousa, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, sob pena de cobrança judicial do valor atualizado
monetariamente, na forma da legislação em vigor, desde a data do acórdão até o dia do efetivo
pagamento;
15.5.autorizar, desde logo, o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e
consecutivas, nos termos do art. 217 do Regimento Interno, caso solicitado pelos responsáveis, fixando-se
o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais
a cada trinta dias, devendo incidir sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na forma prevista na
legislação em vigor;
15.6. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela
importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento
Interno deste Tribunal;
15.7.autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
15.8.considerar graves as infrações cometidas por Jussara Pereira Porcino, Margarete Brasilino
Leite Mendes de Sousa, Marcos Tadeu Silva, Djaci Farias Brasileiro, Elias da Mota Lopes e Paulo Pereira
de Sousa, e os inabilitar, pelo período máximo admitido, para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;
15.9.declarar inidôneas as empresas Construtora Mavil Ltda. e América Construções e Serviços
Ltda. para participar de licitação na Administração Pública Federal, nos termos do art. 46 da Lei
8.443/1992;
15.10.remeter cópia do Acórdão que vier a ser proferido, acompanhado do Relatório e Voto que o
fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do
art. 209, § 7º, do Regimento Interno/TCU, para ajuizamento das ações cabíveis.”
É o relatório.
VOTO
Cuidam os autos de tomada de contas especial resultante da conversão de representação formulada
pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB). A representação tratou de possíveis
irregularidades ocorridas em convênios firmados entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o
Município de Itaporanga/PB. O objetivo das avenças era a construção de poços tubulares em
comunidades da zona rural e a execução de melhorias em unidades habitacionais para controle da doença
de Chagas.
2. No âmbito do TC 004.887/2011-5 (representação), restou assente que as empresas contratadas
para a consecução dos convênios 2.290/2006 (Siafi 571399), 679/2005 (Siafi 558715) e 1.440/2005 (Siafi
478 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
556613) eram de fachada e que não era possível estabelecer nexo de causalidade entre os recursos
federais repassados e as obras executadas. Foram identificados, também, elementos que evidenciavam a
ocorrência de fraude nos procedimentos licitatórios e de abuso das personalidades jurídicas envolvidas
(empresas América Construções e Serviços Ltda. e Construtora Mavil Ltda.).
3. Diante desses fatos, determinou-se, por meio do Acórdão 4.703/2014-TCU-Primeira Câmara, a
conversão daqueles autos em tomada de contas especial e a citação dos responsáveis, desconsiderando-se
a personalidade jurídica das empresas contratadas para alcançar seus sócios de fato e de direito.
4. Regularmente citados, os responsáveis, à exceção de Djaci Farias Brasileiro, deixaram transcorrer
in albis o prazo regimental para apresentação de suas alegações de defesa, motivo pelo qual devem ser
considerados revéis, dando-se prosseguimento ao processo (art. 12, § 3º da Lei 8.443/1992).
5. No que diz respeito a Djaci Farias Brasileiro, ex-prefeito (gestão 2009-2012), a unidade
instrutora entendeu que seus argumentos eram insuficientes para desconstituir as irregularidades a ele
imputadas ou eximi-lo de responsabilidade.
6. Sendo assim, a Secex-PB propõe o julgamento pela irregularidade das contas de todos os
responsáveis citados, a imputação de débito e aplicação de multa aos responsáveis, a inabilitação dos
gestores para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança e a declaração de inidoneidade
das empresas para licitarem com a Administração Pública Federal.
7. Antes de adentrar o exame da matéria, relembro que a ocorrência de revelia nos processos desta
Corte não conduz, automaticamente, à proposta de condenação dos responsáveis. O efeito da presunção
de veracidade dos fatos, existente no processo civil (art. 319 do CPC), não se aplica ao processo do
Tribunal de Contas, à vista dos princípios da verdade material e do formalismo moderado, que norteiam a
atividade de fiscalização e o julgamento do TCU.
8. Feito este breve comentário preliminar, passo a discorrer acerca dos fatos.
II
9. Conforme consignado no Acórdão 4.703/2014-TCU-Primeira Câmara, não restam dúvidas de que
as contratadas eram empresas fictícias, criadas com o intuito de burlar procedimentos licitatórios e obter
vantagens indevidas. A Construtora Mavil Ltda., a América Construções e Serviços Ltda. e o sócio de
fato das duas empresas, Marcos Tadeu Silva, figuram, inclusive, em outras tomadas de contas no âmbito
deste Tribunal, a exemplo dos TCs 022.755/2009-7, 030.895/2013-8, 001.805/2015-0, 032.492/2014-60,
017.489/2012-1 e 000.957/2014-3. As quatro primeiras já foram apreciadas, sendo que, em todas, esta
Corte decidiu por julgar irregulares as contas dos responsáveis envolvidos, condenando-os ao pagamento
de débitos e aplicando-lhes multas. Destaco, ainda, que, por meio dos Acórdãos 2.696/2011, 758/2015 e
179/2016, o Plenário deliberou pela declaração de inidoneidade da empresa América Construções e
Serviços Ltda. para participar de licitações na Administração Pública Federal.
10. No que concerne a Elias da Mota Lopes, verifico que foi citado em razão de sua assinatura
constar em recibos de pagamentos da empresa América Construções e Serviços Ltda. (TC 004.887/2011-
5, peça 55, p. 27 e 29). Observo, contudo, que as assinaturas constantes nos dois recibos são diferentes
entre si. Confrontando essas assinaturas com as constantes no contrato social (TC 004.887/2011-5, peça
48, p. 46 e peça 49, p. 1), não é possível ter certeza absoluta de que a mesma pessoa que constituiu a
empresa América assinou, também, os referidos recibos.
11. Somando-se a essa dúvida a afirmação de Marcos Tadeu Silva, realizada em depoimento
prestado à polícia federal, de que “Elias da Mota Lopes não tinha conhecimento de que era sócio da
empresa [América Construções e Serviços Ltda.]” e de que “o responsável por apor assinaturas em
documentos em nome de Elias da Mota Lopes era José Alex da Silva [...]” (TC 031.245/2011-0, peça 29,
p. 11, juntada ao presente processo à peça 48), entendo que, neste caso, os elementos contidos nos autos
são insuficientes para caracterizar a responsabilidade do sócio de direito da empresa América Construções
e Serviços Ltda..
479 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
III
12. No que diz respeito à responsabilidade dos membros da comissão de licitação e dos ex-
prefeitos, acompanho o posicionamento adotado pela unidade instrutora e pelo Ministério Público junto
ao TCU, que incorporo às minhas razões de decidir, sem prejuízo dos comentários que tecerei a seguir.
13. Considerando que houve direcionamento nas licitações que culminaram com a contratação da
Construtora Mavil Ltda. e da América Construções e Serviços Ltda., bem como o fato de as empresas
contratadas serem de fachada e de haverem sido realizados pagamentos sem a correspondente
contraprestação dos serviços, conclui-se pela impossibilidade de se comprovar o liame entre os recursos
federais repassados e as obras executadas.
14. A responsabilidade de Antonio Porcino Sobrinho, ex-prefeito (gestão 2005-2008) restou
caracterizada em razão de ter contratado empresas que inexistiam, de fato, para executar as obras. Além
disso, na condição de responsável pelo acompanhamento do convênio e dos contratos, permitiu que as
falsas empresas recebessem pelos serviços, mesmo não tendo sido elas as responsáveis pela consecução
do empreendimento.
15. Por sua vez, a comissão de licitação viabilizou a contratação dessas “empresas-fantasma” por
meio de certames irregulares. Destaco o caso da Tomada de Preços 003/2006, referente ao Convênio
679/2005, em que a única habilitada, dentre oito participantes, foi a Construtora Mavil Ltda., tendo a
referida comissão rejeitado as quatro impugnações apresentadas.
16. No que concerne à responsabilidade de Djaci Farias Brasileiro, entendo que seus argumentos, de
que apenas deu continuidade aos pagamentos e de que o objeto foi alcançado, não são suficientes para
afastar sua responsabilidade. O ex-prefeito agiu, no mínimo, com culpa ao efetuar pagamentos a empresa
que, na prática, não existia, não possuía empregados e que, portanto, não estava executando a obra. A
consecução do objeto pode ter sido atingida por outros meios, inclusive pelo trabalho de empregados da
própria prefeitura. Deve-se lembrar que, ao gestor, não basta apenas comprovar a execução do objeto,
mas, também, evidenciar o nexo de causalidade entre os pagamentos realizados e o fim a que se destinam,
o que não ocorreu no presente caso (Acórdãos 2.675/2012, 2.589/2010 e 9.65/2012, todos do Plenário).
17. Sendo assim, os responsáveis devem ter suas contas julgadas irregulares, com imputação dos
débitos correspondentes, na forma da minuta de acórdão que submeto à apreciação desta Corte. Cabe,
ainda, aplicar-lhes a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, bem como declarar as empresas
inidôneas para licitar com a Administração Pública Federal e inabilitar Marcos Tadeu Silva, Djaci Farias
Brasileiro, Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa
para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança na Administração, por considerar graves
as irregularidades por eles cometidas.
18. Registro que, no caso de Antonio Porcino Sobrinho, já falecido, a responsabilidade pelo
ressarcimento dos cofres públicos é transferida ao espólio ou, caso concluída a partilha, aos herdeiros, até
o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do art. 5º, XLV, da Constituição Federal, haja
vista sua natureza indenizatória. A penalidade de multa, por sua vez, não se transfere aos sucessores do
responsável falecido, ante seu caráter personalíssimo, sendo causa de extinção da punibilidade a morte
ocorrida em data anterior à prolação do acórdão condenatório.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à apreciação deste
colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1243/2016 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 027.716/2014-7.
1.1. Apenso: 004.887/2011-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16).
480 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3.2. Responsáveis: América Construções e Serviços Ltda. (05.492.161/0001-63); Antonio Porcino
Sobrinho (espólio) (084.278.101-30); Construtora Mavil Ltda. (04.925.612/0001-46); Djaci Farias
Brasileiro (078.677.864-49); Elias da Mota Lopes (034.232.317-26); Jussara Pereira Porcino
(032.225.234-28); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa
(488.768.364-20); Paulo Pereira de Sousa (020.745.484-19).
4. Órgão: Prefeitura Municipal de Itaporanga/PB.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba (Secex-PB).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, resultante de conversão de
representação formulada pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB), em que se noticiaram
irregularidades em convênios firmados entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o município de
Itaporanga/PB.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revéis, para todos os efeitos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, o
espólio de Antonio Porcino Sobrinho, ex-Prefeito de Itaporanga/PB, representado por Michel de Almeida
Porcino, as empresas Construtora Mavil Ltda. e América Construções e Serviços Ltda., Marcos Tadeu
Silva, sócio de fato dessas empresas, Elias da Mota Lopes, sócio de direito da América Construções e
Serviços Ltda., Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de
Sousa, membros da comissão municipal de licitação;
9.2. julgar irregulares, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, 19, caput, e
23, inciso III da Lei 8.443/92, as contas de Antonio Porcino Sobrinho, Djaci Farias Brasileiro, Paulo
Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa, Marcos Tadeu
Silva e das empresas Construtora Mavil Ltda. e América Construções e Serviços Ltda., condenando-os ao
pagamento das quantias abaixo discriminadas, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a” do
Regimento Interno do TCU, o recolhimento aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora devidos, calculados a partir das respectivas datas até a
data do efetivo recolhimento, nos termos da legislação em vigor:
Convênio
Valor
Histórico
(R$)
Data de
pagamento Responsáveis solidários
2290/2006
(Siafi
571399)
175.000,00 05/11/2007 Espólio de Antonio Porcino Sobrinho, América
Construções e Serviços Ltda., Marcos Tadeu
Silva, Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira
Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de
Sousa.
101.000,00 18/12/2007
68.800,00 10/08/2009
Djaci Farias Brasileiro, América Construções e
Serviços Ltda., Marcos Tadeu Silva, Paulo
Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e
Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa.
679/2005
(Siafi
558715)
199.000,00 21/11/2006 Espólio de Antonio Porcino Sobrinho,
Construtora Mavil Ltda., Marcos Tadeu Silva,
Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino
e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa.
40.100,00 24/11/2006
180.000,00 05/01/2007
60.000,00 23/01/2007
1440/2005 119.900,00 24/11/2006
481 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(Siafi
556613) 110.000,00 23/01/2007
9.3. aplicar aos responsáveis abaixo indicados, individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante
o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao
Tesouro Nacional, sob pena de cobrança judicial do valor atualizado monetariamente, na forma da
legislação em vigor, desde a data do presente acórdão até o dia do efetivo pagamento:
Responsável Valor (R$)
América Construções e Serviços Ltda. 57.000,00
Construtora Mavil Ltda. 125.000,00
Marcos Tadeu Silva 182.000,00
Paulo Pereira de Sousa 182.000,00
Jussara Pereira Porcino 182.000,00
Margarete Brasilino Leite Mendes de
Sousa
182.000,00
Djaci Farias Brasileiro 16.000,00
9.4. autorizar, desde logo, o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e
consecutivas, nos termos do art. 217 do Regimento Interno, caso solicitado pelos responsáveis, fixando o
vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a
cada trinta dias, devendo incidir, sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na forma prevista na
legislação em vigor;
9.5. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela
importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento
Interno deste Tribunal;
9.6. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
9.7. considerar graves as infrações cometidas por Marcos Tadeu Silva, Djaci Farias Brasileiro,
Paulo Pereira de Sousa, Jussara Pereira Porcino e Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa e inabilitá-
los, pelo período de oito anos, para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito
da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;
9.8. declarar inidôneas as empresas Construtora Mavil Ltda. e América Construções e Serviços
Ltda. para participar, por cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, nos termos do art. 46
da Lei 8.443/1992;
9.9. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do art. 209, § 7º, do
Regimento Interno do TCU, para ajuizamento das ações cabíveis.
9.10. dar ciência do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à
Funasa e à Prefeitura Municipal de Itaporanga/PB;
9.11. arquivar os presentes autos.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1243-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
482 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
GRUPO I - CLASSE V - Plenário
TC-000.882/2016-0
Natureza: Relatório de Auditoria
Órgão/Entidade/Unidade: Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Responsáveis: Sueo Numazawa (CPF 049.002.862-49), Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues
(CPF 228.369.182-68), Kedson Raul de Souza Lima (CPF 616.086.451-34) e Carlos Afonso de Lima
Pinheiro (CPF 246.555.542-15).
Representação legal: não há
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA DE CONFORMIDADE. FISCALIZAÇÃO DE
ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA (FOC). VERIFICAÇÃO DA CONFORMIDADE DE
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS. UTILIZAÇÃO DE MODELO PROBABILÍSTICO DE ANÁLISE DE
DADOS PARA SELEÇÃO DA UNIDADE AUDITADA. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA
AMAZÔNIA. IRREGULARIDADES EM CONTRATAÇÕES DIRETAS, EM ATESTOS DOS
SERVIÇOS E EM PAGAMENTOS REALIZADOS. AUDIÊNCIAS DOS RESPONSÁVEIS.
RELATÓRIO
Trata-se de relatório de auditoria de conformidade integrante do conjunto de auditorias executadas
sob a sistemática de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a
ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos
realizada por modelo probabilístico de análise de dados, destinando-se o trabalho ora em foco a verificar a
regularidade dos procedimentos adotados pela Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA em
contratações da empresa Servi San Ltda.
2.A presente fiscalização é parte de um conjunto de auditorias por mim autorizadas, com
fundamento no art. 6º, § 2º, da Resolução/TCU 185/2005 e no art. 17, inciso I, da Portaria/TCU 82/2006,
no âmbito do TC-025.438/2015-8, tendo a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas
(Selog) como unidade orientadora dos trabalhos e responsável pelo planejamento centralizado e pela
consolidação dos resultados, enquanto a execução ficou a cargo das Secretarias de Controle Externo
(Secex) nos seguintes estados: Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Santa
Catarina e São Paulo.
3.Reproduzo a seguir, com ajustes de forma, o teor principal do relatório elaborado no âmbito da
Secex/PA (peça 80), cujas conclusões mereceram a anuência dos dirigentes da unidade técnica:
“(...)
2.2. Visão geral do objeto
9.O trabalho abrangeu aspectos de conformidade das seguintes contratações: Dispensa de Licitação
2567/2010 e Contrato 17/2010; Dispensa de Licitação 3/2011 e Contrato 7/2011; Pregão Eletrônico
10/2011 e Contrato 10/2011; Dispensa de Licitação 2042/2013 e Contrato 6/2013.
10.O objeto da Dispensa de Licitação 2567/2010 foi a contratação emergencial, por 180 dias, de
serviços de atividades auxiliares a serem prestados nos campi e nas unidades descentralizadas da UFRA,
com fulcro no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993. O ajuste respectivo (Contrato 17/2010) foi firmado
com a empresa Serv-San Ltda. pelo valor global de R$ 1.436.683,80 (R$ 239.447,30 por mês).
11.Após a extinção da vigência do Contrato 17/2010 foi deflagrada a Dispensa de Licitação 3/2011,
também fundamentada no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993. Ela deu origem ao Contrato 7/2011,
firmado com a Serv-San Ltda. com vigência de três meses e valor global de R$ 762.972,54
(R$ 254.324,18 por mês).
12.O objeto do Pregão Eletrônico 10/2011 consistiu de dois itens (contratação dos serviços de
atividades auxiliares (item 1) e de apoio administrativo (item 2); ambos por 24 meses a serem prestados
483 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
nos campi e nas unidades descentralizadas da UFRA. Sagrou-se vencedora do item 1 a empresa Serv-San
Ltda. e do item 2 a empresa Geração Serviços e Comércio Ltda. Da parte de execução do contrato,
analisou-se apenas o item 1, ou seja, o Contrato 10/2011 firmado com a Serv-San Ltda. pelo valor global
de R$ 5.556.013,68 (R$ 231.500,57 por mês).
13.O objeto da Dispensa de Licitação 2042/2013 foi a contratação emergencial, por 180 dias, de
serviços de apoio administrativo a serem prestados nos campi e nas unidades descentralizadas da UFRA,
com fulcro no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993. O ajuste respectivo (Contrato 6/2013) foi firmado
com a Serv-San Ltda. pelo valor global de R$ 1.261.019,52 (R$ 210.169,92 por mês). Esse contrato
sofreu duas prorrogações de vigência: de dois e três meses, respectivamente (mantido o valor mensal de
dispêndio).
14.Destaca-se que a Dispensa de Licitação 2042/2013 originou-se da rescisão unilateral do Contrato
11/2011 firmado com a Geração serviços e Comércio Ltda. que teve como objeto o item 2 do Pregão
Eletrônico 10/2011.
2.3. Objetivo e questões de auditoria
15.O objetivo da presente fiscalização foi verificar a conformidade dos seguintes objetos: Dispensa
de Licitação 2567/2010 e Contrato 17/2010; Dispensa de Licitação 3/2011 e Contrato 7/2011; Pregão
Eletrônico 10/2011 e Contrato 10/2011; Dispensa de Licitação 2042/2013 e Contrato 6/2013. Sendo
assim, de forma a atender o escopo do trabalho, foram elaboradas as seguintes questões de auditoria:
Q.1.O objeto licitado pode ser considerado bem planejado, em termos quantitativos?
Q.2.Houve a devida apreciação do edital por parte da área jurídica e/ou técnica do órgão
promovedor da licitação?
Q.3.O orçamento apresenta sobrepreço?
Q.4.Participaram da seleção empresas sem regularidade jurídica, fiscal ou trabalhista?
Q.5.Houve licitação montada ou simulada ou direcionamento na contratação?
Q.6.A contratação direta se enquadra em uma das hipóteses da Lei 8.666/1993 e apresenta
fundamentação legal correta e justificativa adequada?
Q.7.O contrato foi executado pela empresa selecionada e a prorrogação da vigência, caso existente,
ocorreu de acordo com o previsto na legislação?
Q.8.O contrato foi executado nos prazos, etapas, quantidades e requisitos de qualidade nele
definidos?
Q.9.As alterações contratuais de objeto e valor guardam conformidade com as condições e limites
estabelecidos pela legislação?
Q.10.O pagamento dos valores contratados está sendo realizado de acordo com a legislação e o
instrumento contratual?
2.4. Metodologia
(...)
18.As contratações com a Serv-San Ltda. foram selecionadas tendo em vista: o número de dispensas
em relação ao número de licitações (2 de 3); percentual de acréscimo de valor considerável do Contrato
6/2013, originado de dispensa de licitação; volume total contratado com a empresa (R$ 25.740.498,29); e
possuir o risco máximo (Geral) de 1,00.
(...)
2.5. Volume de recursos fiscalizados
21.O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 7.517.752,08 (pagamentos
realizados entre dez/2010 e dez/2013), que se refere aos contratos 17/2010, 7/2011, 10/2011, 6/2013 e
aditivos a este.
2.6. Benefícios estimados da fiscalização
22.São benefícios esperados dessa fiscalização, além da expectativa de controle, a possibilidade de
aperfeiçoamento dos controles internos da UFRA com a adequação de normativos internos pertinentes à
realização de licitações e contratações, bem como a implementação de uma fiscalização mais efetiva na
execução dos contratos.
484 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3. ACHADOS DE AUDITORIA
3.1.Restrição indevida ao caráter competitivo do certame
Situação encontrada Conforme já relatado supra a Dispensa de Licitação 2042/2013 originou-se da rescisão unilateral do
Contrato 11/2011 firmado com a Geração serviços e Comércio Ltda. que teve como objeto o item 2 do
Pregão Eletrônico 10/2011 (peça 29): contratação dos serviços de apoio administrativo a serem prestados
nos campi e nas unidades descentralizadas da UFRA, composto de 72 auxiliares administrativos (50 em
Belém e 22 no Interior do estado do Pará) e 1 encarregado.
Essa dispensa de licitação foi fundamentada no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993, por ser
considerada pelo prefeito da UFRA, Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues (CPF 228.369.182-68),
como emergencial e caracterizada ‘pela urgência de atendimento de situação que certamente irá ocasionar
prejuízo inestimável à Instituição’, conforme Memorando 58/2013-prefeitura (peça 29).
Foram solicitadas das empresas comunicadas idênticas condições de julgamento e de habilitação
das que participaram do Pregão Eletrônico 10/2011 (peça 29, p. 1-2):
A fim de definir da forma mais isenta possível, o universo de convidados a participar deste processo
de escolha, decidimos utilizar a listagem dos participantes da licitação que originou o contrato ora
rescindido, denominado Pregão Eletrônico 10/2011, item 2 do objeto, bem como todas as condições de
julgamento de propostas e de documentação de habilitação.
Não havia razão para aplicar as mesmas condições de habilitação do edital do Pregão Eletrônico
10/2011.
O procedimento correto a adotar numa dispensa de licitação seria o constante do art. 26, parágrafo
único, incisos II e III, da Lei 8.666/1993, isto é, apresentar a razão da escolha do fornecedor ou
executante e justificativa do preço (Decisão 627/1999-TCU-Plenário).
As condições de habilitação deveriam existir, mas serem suficientes e necessárias a demonstrar a
capacidade da empresa para executar o serviço. As exigências de habilitação jurídica, qualificação
técnica, qualificação econômico-financeira e de regularidade fiscal referidas nos artigos 28 a 31 da Lei
8.666/1993 aplicam-se a licitações e não a dispensas, nos termos do art. 27, caput, da mesma lei.
(...)
Proposta de encaminhamento Dar ciência à Universidade Federal Rural da Amazônia sobre a restrição indevida à Dispensa de
Licitação 2042/2013 ao adotar as mesmas condições de habilitação que as praticadas no Pregão
Eletrônico 10/2011, o que afronta os artigos 26, parágrafo único, incisos II e III, e 27, caput, da Lei
8.666/1993.
3.2.Irregularidade na fundamentação de contratação direta
Situação encontrada No dia 21 de setembro de 2010, a empresa E. B. Cardoso havia protocolado ofício dirigido à
prefeitura do Campus da UFRA (peça 14) comunicando que não tinha interesse em renovar o Contrato
18/2007, cujo prazo de vigência se expiraria em 30/11/2010.
Assim, no dia 17 de novembro de 2010, o prefeito da UFRA emitiu o Memorando 391/2010-
prefeitura (peça 13) ao pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA - Proplage, solicitando autorização
para a contratação, em caráter excepcional, da prestação de serviço de atividades auxiliares de forma
direta, através de dispensa de licitação, com fundamento no inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993. A
justificativa alegada pelo prefeito para a contratação emergencial é que seria para ‘atender situação que
certamente traria prejuízos à Administração’.
Tal memorando deu origem à Dispensa de Licitação 2567/2010 que culminou com a contratação da
Serv-San Ltda. por 180 dias pelo preço global de R$ 1.436.683,80 (R$ 239.447,30 por mês) (Contrato
17/2010).
Ocorre que a falta de planejamento e a desídia administrativa foi tamanha que, após a extinção da
vigência do Contrato 17/2010, foi deflagrada outra dispensa de licitação com a mesma fundamentação
485 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
legal da anterior (Dispensa de Licitação 3/2011) (Memorando 140/2011-prefeitura à peça 49). Foi, assim,
celebrado o Contrato 7/2011 com vigência de noventa dias e preço global de R$ 762.972,54
(R$ 254.324,18 por mês).
Não houve, nesses dois casos, indicação da efetiva urgência de atendimento de situação que pudesse
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens,
quando de contratações emergenciais, nos termos do art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993.
Não houve, nesses dois casos, comprovação dos requisitos necessários à caracterização da situação
emergencial (Decisão 347/1994-TCU-Plenário):
a)a situação adversa, dada como de emergência e/ou calamidade pública, não se tenha originado,
total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa, ou da má gestão dos recursos
disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida, ser atribuída à culpa ou dolo do agente
público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de tal situação;
b)exista urgência concreta e efetiva de atendimento a situação decorrente do estado emergencial ou
calamitoso, visando afastar risco de danos a bens ou à saúde ou à vida das pessoas;
c)o risco, além de concreto e efetivamente provável, se mostre iminente e especialmente gravoso.
Modus operandi similar foi adotado quando da realização da Dispensa de Licitação 2042/2013, que
resultou novamente na contratação da empresa Serv-San Ltda. por 180 dias (inicialmente) pelo preço
global de R$ 1.261.020,00 (R$ 210.169,92 por mês). Vejamos:
A justificativa dada no Memorando 58/2013-prefeitura (peça 29) é similar à dos Memorandos
391/2010-prefeitura e 140/2011-prefeitura:
Considerando que o objeto do contrato já rescindido se reveste da inegável qualidade de relevante
interesse público, haja vista que a prestação do serviço de apoio administrativo é indispensável ao regular
funcionamento de todos os campi e UD da UFRA, cuja demora na contratação irá provocar solução de
continuidade de alguns serviços públicos que a UFRA presta e com a intenção de formalizar novo
contrato que permita a execução deste indispensável serviço, optamos por dar início ao processo de
contratação direta por dispensa de licitação, tendo em vista a necessidade de atender situação emergencial
que certamente irá ocasionar prejuízo inestimável à Instituição.
O ajuste rescindido referido no Memorando 58/2013-prefeitura foi o Contrato 11/2011 firmado com
a empresa Geração serviços e Comércio Ltda. que teve como objeto a contratação de serviços de apoio
administrativo para atender os campi e as unidades descentralizadas da UFRA.
A contratação emergencial é admitida com fundamento no interesse público, desde que justificada
adequadamente no respectivo processo e apontados os problemas que poderão advir da paralisação de tais
serviços, comprovando-se a ocorrência de prejuízo ao interesse público ou comprometimento da
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, conforme ampla doutrina reinante
neste Tribunal exposta nos Acórdãos 727/2009-TCU, 1996/2011-TCU, ambos do Plenário, e 287/2011-
TCU-2a Câmara, dentre outros. O prefeito da UFPA não justificou o eventual interesse público na
solicitação de contratação direta, não demonstrou os problemas que poderiam advir da paralisação de tais
serviços, nem selecionou a parcela mínima dos serviços realmente essenciais, propondo a contratação
emergencial para todos os serviços objeto do Contrato 18/2007 em extinção.
Observa-se que o gestor, apesar de ser comunicado da falta de interesse da empresa executante do
Contrato 18/2007 em renovar a avença, não providenciou de imediato a abertura de licitação para suprir a
execução dos serviços. Somente no dia 28 de fevereiro de 2011, portanto, cinco meses após ciência da
extinção do referido contrato, é que a prefeitura emitiu o Memorando 45/11-prefeitura (peça 15) à
Proplage solicitando autorização para a abertura do dito procedimento licitatório. Evidencia-se, assim,
que a situação adversa, a título de emergência, originou-se da falta de planejamento e da desídia
administrativa por parte da prefeitura da UFRA (Dispensa de Licitação 2567/2010).
Tal como no caso do parágrafo anterior, o prefeito da UFRA não providenciou de imediato a
abertura de processo licitatório concomitantemente com a deflagração da Dispensa de Licitação
2567/2010 (peças 13 e 49). Tal conduta omissiva resultou na abertura de nova dispensa de licitação
486 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(designada 3/2011) com mesma fundamentação da anterior (peça 49). O ajuste consequente (Contrato
7/2011) foi firmado novamente com a empresa Serv-San Ltda. e vigeu por noventa dias (peça 51).
O mesmo ocorreu com o Contrato 11/2011, que originou a Dispensa de Licitação 2042/2013 e esta,
por sua vez, o Contrato 6/2013. Ao invés de providenciar imediatamente a abertura de novo processo
licitatório após a extinção do Contrato 11/2011 em 6/3/2011 (peça 31), a prefeitura da UFRA apenas
solicitou a abertura de licitação para a contratação dos serviços de apoio administrativo em 3/7/2013, ou
seja, quatro meses depois (Memorando 214/2013-prefeitura à peça 30).
A deflagração tardia do processo licitatório para substituir o contrato emergencial de 180 dias
(Contrato 6/2013) gerou ainda maior retardamento de contratação mediante licitação, pois o Contrato
6/2013 foi prorrogado por três meses (primeiro termo aditivo ao Contrato 6/2013 à peça 32). Tal
ocorrência é analisada no achado de auditoria ‘Irregularidades na prorrogação contratual’.
Segundo o Acórdão 727/2009-TCU-Plenário, a contratação emergencial será apenas durante o
prazo necessário para a realização do novo processo licitatório.
Assim, resta demonstrada a falta de planejamento e a desídia administrativa da prefeitura da UFRA,
evidenciado nos Memorandos 391/2010, 45/11, 140/2011, 58/2013 e 214/2013.
Conforme se depreende da leitura do relatório do Acórdão 3284/2014-TCU-Plenário, ‘é possível a
contratação por dispensa de licitação, com suporte no comando contido no inciso IV do art. 24 da Lei
8.666/1993, ainda que a emergência decorra da inércia ou incúria administrativa, devendo ser apurada,
todavia, a responsabilidade do agente público que não adotou tempestivamente as providências a ele
cabíveis’.
(...)
Proposta de encaminhamento Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por não caracterizar
devidamente a urgência de atendimento de situação que pudesse ocasionar prejuízo ou comprometesse a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens (Dispensas de Licitação 2567/2010,
3/2011 e 2042/2013) e retardar indevidamente o início de procedimento licitatório com vistas a contratar
serviços de atividades auxiliares e apoio administrativo em vias de extinção (Contratos 18/2007, 17/2010
e 11/2011), o que afronta os artigos 37, caput e inciso XXI, da Constituição Federal, 24, inciso IV, 26,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, e Decisão 347/1994-TCU-Plenário.
3.3.Irregularidades na prorrogação contratual
Situação encontrada O Contrato 17/2010 celebrado entre a Serv-San Ltda. e a UFRA (peça 16) tinha a vigência prevista
para findar em 31/5/2011, data em que o Prefeito da UFRA enviou o Memorando 140/2011 (peça 49) à
Proplage, solicitando autorização para contratar por noventa dias, em caráter excepcional, através de
dispensa de licitação. Fundamentou o pedido, mais uma vez, no inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993,
alegando que se tratava de ‘caso de emergência, caracterizada pela urgência de atendimento de situação
que pode ocasionar prejuízo à Administração’.
O prefeito da UFRA, na tentativa de suprir o intervalo de tempo em que os serviços objeto do
contrato em extinção seriam prestados sem cobertura contratual, fez publicar o extrato de dispensa de
licitação no DOU 66-Seção 3, de 2/6/2011 (peça 50). Em seguida, enviou a minuta do contrato da nova
dispensa, desta feita sob a designação 7/2011, para assinatura do reitor no mesmo dia 2/6/2011 (peça 51).
Tal procedimento feriu frontalmente o preceito do parágrafo único do art. 38 da Lei de Licitações, que
prescreve que ‘as minutas de editais de licitações, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou
ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração’. Ora, o
parecer jurídico só foi elaborado pela Procuradoria Federal junto à UFRA no dia 13/6/2011 (peça 52).
É farta de exemplos a jurisprudência deste Tribunal de Contas em coibir esta conduta do gestor, da
qual cita-se como exemplo o texto do Acórdão 2254/2008-TCU-Plenário:
Observem as condições estabelecidas no inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993, e dispensem a
licitação, nas hipóteses de emergência ou de calamidade pública, apenas quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras,
487 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da
emergência ou calamidade, sendo vedada qualquer prorrogação dos respectivos contratos.
Nesse sentido, a contratação por dispensa com fundamento no art. 24, inciso IV, da Lei de
Licitações, deve se dar somente para os serviços que possam ser concluídos no prazo máximo de 180 dias
consecutivos e ininterruptos. O Contrato 17/2010 vigeu pelo prazo máximo permitido para o caso (180
dias) e mesmo assim o prefeito deflagrou nova dispensa de licitação (designada 3/2011), fundamentada
no mesmo dispositivo legal, que resultou na contratação da Serv-San Ltda. por mais noventa dias
(Contrato 7/2011) (peça 51).
O processo foi recebido pela Procuradora Federal junto à UFRA, Iraci de Oliveira Vaz, no dia
7/6/2011 que, após a devida análise (peça 52), teceu algumas considerações que se reproduz:
7....sendo os serviços de limpeza e conservação, serviços de rotina administrativa, contínuos, essa
causa não se faz ajustada à situação de urgência, haja vista que referidos serviços são elementares quanto
a qualquer planejamento. A situação podia ter sido evitada e não foi. Não se trata de emergência, mas sim
de ‘emergência fabricada’, ou seja, por desídia, alguém acabou contribuindo para uma situação que podia
ter sido afastada, haja vista ser possível de previsão. Arredada qualquer conotação a título de urgência,
menos ainda emergência na forma prevista no inciso IV, do Artigo 24 da Lei 8.666/1993.
14. Dessa forma, tal qual se prevê na doutrina, deve-se autorizar a contratação direta, uma vez que o
dano que resultaria do não cumprimento é grave. No entanto, deve-se apurar responsabilidade para
identificar o causador e puni-lo.
Houve prorrogação irregular do Contrato 6/2013 que tratou de contratação emergencial por 180 dias
e originou-se da Dispensa de Licitação 2042/2013, fundamentada no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993.
A prorrogação comprovadamente contrária ao referido dispositivo da Lei de Licitações e à
jurisprudência do TCU (Acórdão 2254/2008-TCU-Plenário) ocorreu no primeiro termo aditivo ao
Contrato 6/2013 (vigência inicial de 180 dias), prorrogando sua vigência por mais sessenta dias (peças 32
e 33).
O Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues apresentou a seguinte justificativa para a prorrogação
da vigência do Contrato 6/2013 (Memorando 214/2013-prefeitura à peça 30):
Esta prefeitura do Campus providenciou a abertura de processo em 03/07/2013 visando à
instauração de procedimento licitatório, para este objeto. Que após sofrer os trâmites administrativos de
praxe, acabou de retornar à CPL em 23/08/2013. Segundo as previsões, o competente Edital do Pregão
Eletrônico deverá ser publicado até o final do mês de agosto.
Considerando que os certames licitatórios cujos objetos são a contratação destes tipos de serviço são
reconhecidamente morosos, tendo em vista o grande número de competidores e o alto grau de
acirramento da disputa. Considerando que o atual contrato mantido pela UFRA para esta finalidade tem
seu prazo de vigência até o dia 15/09/2013. [...]
Conforme descrito no achado de auditoria ‘Irregularidade na fundamentação de contratação direta’,
ao invés de providenciar imediatamente a abertura de novo processo licitatório após a extinção do
Contrato 11/2011 em 6/3/2013 (peça 53), a prefeitura da UFRA apenas solicitou a abertura de licitação
para a contratação dos serviços de apoio administrativo em 3/7/2013, ou seja, quatro meses depois.
Mesmo tendo em vista o disposto no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993, que proíbe a prorrogação
de contrato emergencial, o prefeito da UFRA não deflagrou de imediato a solicitação de abertura de
processo licitatório para o objeto almejado e ainda demandou a prorrogação da vigência do Contrato
6/2013.
(...)
Proposta de encaminhamento
Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por propor a
celebração ilegal de contrato emergencial (Contrato 7/2011) decorrente de outro ajuste emergencial
(Contrato 17/2010) com prazo de vigência de 180 dias e a prorrogação ilegal por sessenta dias de contrato
488 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
emergencial (Contrato 6/2013) com vigência de 180 dias, com infração aos artigos 37, caput, da
Constituição Federal, e 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993;
Audiência do Sr. Sueo Numazawa, reitor da UFRA, por celebrar o Contrato 7/2011 sem que
houvesse parecer jurídico prévio emitido pela Procuradoria Federal junto à UFRA, com infração aos
artigos 37, caput, da Constituição Federal, e 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993.
3.4.Superfaturamento no Contrato 17/2010
Situação encontrada
As notas fiscais referentes à execução dos serviços objeto do Contrato 17/2010 foram emitidas
mensalmente pela empresa Serv-San Ltda. pelo valor ajustado de R$ 239.447,30. Não foram consideradas
as faltas apontadas nas Folhas de Pagamento - FOPAG, as quais se acham descritas na Tabela 1. O
ocupante do cargo de prefeito da UFRA e seu substituto atestaram as notas fiscais afirmando que os
serviços foram prestados na íntegra.
Os pagamentos foram autorizados indevidamente pelo prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor
de Planejamento e Gestão da UFRA, sem atentar para as faltas dos diversos funcionários da contratada.
Não houve, portanto, a correta liquidação da despesa, pois os serviços não foram prestados
conforme ajustado, e a apuração do valor devido não mereceu a devida atenção por parte dos gestores.
Estes gestores deverão ser ouvidos em audiência pelo superfaturamento dos valores constantes da Tabela
1 abaixo.
Tabela 1 - Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 17/2010.
Process
o
Notas
fiscais
Atesta
do por Posto
Valor
mensal
(R$)
Valor
diário
(R$)
Falta
s
Valor
(R$)
FOPA
G Peça
23084.0
01403/2
011-03
815, 813,
810, 811,
812 e 814
Carlos
Pinheir
o
Copeira 2.468,
14 82,27 1 82,27
Dez
/2010
17,
18
Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 85 8.022,13
Tratador de
animais
3.056,
28 101,88 16 1.630,02
Auxiliar de
cozinha
2.469,
64 82,32 11 905,53
Mecânico 3.833,
48 127,78 1 127,78
Motorista 3.858,
53 128,62 4 514,47
Pintor 3.067,
78 102,26 1 102,26
Pedreiro 3.055,
29 101,84 1 101,84
Eletricista 4.476,
12 149,20 1 149,20
Técnico em
telefonia
3.065,
64 102,19 1 102,19
Jardineiro 2.761,
01 92,03 4 368,13
Encarregado 3.175,
33 105,84 1 105,84
Serralheiro 4.577,
33 152,58 1 152,58
Identificador 3.740, 124,67 1 124,67
489 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Process
o
Notas
fiscais
Atesta
do por Posto
Valor
mensal
(R$)
Valor
diário
(R$)
Falta
s
Valor
(R$)
FOPA
G Peça
Botânico 13
Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 30 2.831,34
Subtotal 15.320,2
7
23084.0
001403/
2011-03
815, 813,
810, 811,
812 e 814
Carlos
Pinheir
o
Tratador de
animais
3.056,
28 101,88 30 3.056,28
Dez/
2010*
17,
18
Auxiliar de
cozinha
2.469,
64 82,32 30 2.469,64
Tratador de
animais
3.056,
28 101,88 30 3.056,28
Auxiliar de
cozinha
2.469,
64 82,32 30 2.469,64
Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 30 2.831,34
Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 30 2.831,34
Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 30 2.831,34
Subtotal 19.545,8
6
23084.0
001404/
2011-40
823, 821,
818, 819,
822 e 820
Carlos
Pinheir
o
Auxiliar
administrativo
3.056,
28 101,88 30 3.056,28 Jan/20
11
19,
20 Subtotal 3.056,28
23084.0
001404/
2011-40
823, 821,
818, 819,
822 e 820
Carlos
Pinheir
o
Tratador de
animais
3.056,
28 101,88 30 3.056,28
Jan/
2011*
19,
20
Auxiliar de
cozinha
2.469,
64 82,32 30 2.469,64
Tratador de
animais
3.056,
28 101,88 30 3.056,28
Auxiliar de
cozinha
2.469,
64 82,32 30 2.469,64
Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 30 2.831,34
Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 30 2.831,34
Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 30 2.831,34
Subtotal 19.545,8
6
23084.0
02499/2
011-73
871, 870,
872, 868,
869 e 867
Edmils
on
Rodrig
ues
Serralheiro 4.577,
33 152,58 4 610,31
Fev/
2011
21,
22 Auxiliar
administrativo
2.831,
34 94,38 6 566,27
Subtotal 1.176,58
23084.0 956, 961, Edmils Serralheiro 4.577, 152,58 4 610,31 Mar/20 23,
490 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Process
o
Notas
fiscais
Atesta
do por Posto
Valor
mensal
(R$)
Valor
diário
(R$)
Falta
s
Valor
(R$)
FOPA
G Peça
03405/2
011-83
959, 957,
960 e 958
on
Rodrig
ues
33 11 24
Subtotal 610,31
23084.0
05343/2
011-44
1026,
1027,
1028,102
9, 1030 e
1031
Edmils
on
Rodrig
ues
Copeira 2.468,
14 82,27 27 2.221,33
Abr/20
11
25,
26 Subtotal 2.221,33
23084.0
06884/2
011-90
1152,
1157,
1155,
1153,
1156 e
1154
Edmils
on
Rodrig
ues
Pintor 3067,7
8 102,26 3 306,78
Mai/20
11 27
Subtotal 306,78
TOTAL 61.783,2
6
*Estas faltas referem-se a serviços que deveriam ser prestados no interior, mas não constam das
Folhas de Pagamento que registram somente a prestação de serviços em Belém.
(...)
Proposta de encaminhamento
- Audiência do Sr. Carlos Afonso de Lima Pinheiro, prefeito substituto da UFRA, por atestar
indevidamente notas fiscais constantes dos processos 23084.0001403/2011-03 e 23084.0001404/2011-40,
discriminados na Tabela 1 deste relatório, dando causa, portanto, a pagamento por serviços não prestados
no valor total original de R$ 57.468,27;
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por atestar
indevidamente notas fiscais constantes dos processos 23084.002499/2011-73, 23084.003405/2011-83,
23084.005343/2011-44 e 23084.006884/2011-90, discriminados na Tabela 1 deste relatório, dando causa,
portanto, a pagamento por serviços não prestados no valor total original de R$ 4.315,00;
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar o pagamento de notas fiscais constantes dos processos 23084.0001403/2011-03,
23084.0001404/2011-40, 23084.002499/2011-73, 23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e
23084.006884/2011-90, discriminados na Tabela 1 deste relatório, sem atentar para a liquidação irregular
da despesa no valor total original de R$ 61.783,26.
3.5.Inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento no Contrato
17/2010
Situação encontrada
a) Ausência de pesquisa no Sicaf
Não consta dos processos 23084.0001403/2011-03 e 23084.007358/2011-47 pesquisa de
regularidade fiscal da empresa Servi-San Ltda. no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores -
Sicaf. A subcláusula 4.3.1 dos Contratos 17/2010 (peça 16, p. 4) e 7/2011 (peça 51, p. 4) celebrado entre
as partes prescreve que ‘a liberação de cada pagamento estará condicionada à consulta prévia ao Sicaf via
on line com resultado favorável’. O prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e
Gestão da UFRA, autorizou o pagamento desta fatura sem atentar para a inexistência desta pesquisa, em
afronta ao estipulado no inciso XIII do art. 55 da Lei 8.666/1993.
b) Ausência de cópia dos recibos de depósitos bancários e contracheque
491 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
No dia 22 de fevereiro de 2016 enviamos à UFRA o Ofício de Requisição 5-fiscalis 2/2016-
TCU/Secex/PA (peça 11), através do qual solicitamos:
a) Cópia dos recibos de depósitos bancários e contracheques assinados pelos empregados constantes
dos processos de pagamento n. 23084.0001403/2011-03, 23084.0001404/2011-40, 23084.002499/2011-
73, 23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e 23084.006884/2011-90 conforme determinado no
subitem 14.1 do Termo de Referência do processo originador do contrato 17/2010 celebrado entre a
UFRA e a empresa Serv-San Ltda.
O Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, respondeu a nosso
questionamento (peça 54, p. 1-2) dizendo que solicitou à contratada a apresentação da documentação
relacionada neste item, através do ofício 09/2016/prefeitura/UFRA. Finaliza comunicando que remeterá
os documentos assim que forem entregues.
O item 14 do Termo de Referência (peça 28, p. 11-12) em questão trata da documentação fiscal,
trabalhista e previdenciária. Seu comando é claro no sentido de que tais documentos deverão ser
entregues pelo contratado à prefeitura do campus da UFRA, quando da apresentação das faturas. Portanto,
deveriam constar do processo de pagamento, e não ficar em poder do contratado. Tal prática contraria o
disposto no art. 66 da Lei 8.666/1993. A seguir reproduz-se trecho do Termo de Referência alusivo ao
assunto:
14.1. Para fins de acompanhamento do adimplemento de suas obrigações fiscais, trabalhistas e
previdenciárias, o contratado deve entregar, até o dia 30 (trinta) do mês seguinte ao da prestação dos
serviços, à prefeitura do campus da UFRA, as cópias autenticadas em cartório - ou cópias simples
acompanhadas de originais para conferência pelo servidor que as receber - dos seguintes documentos:
14.1.1. Comprovante de pagamento de salários referentes ao mês da prestação dos serviços,
mediante apresentação de folha de pagamento específica, em que conste como tomador a UFRA,
acompanhada de cópias dos recibos de depósitos bancários e contracheques assinados pelos empregados.
c) Ausência de designação de fiscal de contrato
Nos Ofícios de Requisição 4-fiscalis 2/2016-TCU/Secex/PA e 5-fiscalis 2/2016-TCU/Secex/PA
(peças 10 e 11), solicitamos ‘cópia da portaria, ou qualquer outro instituto legal, designando o fiscal do
contrato 17/2010 celebrado entre a UFRA e a empresa Serv-San Ltda., conforme disposto no item 10.1 do
contrato’.
O Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues respondeu a nossa solicitação (peça 54) afirmando que
não localizou a emissão de portaria de fiscal para o contrato. A subcláusula 10.1 dos Contratos 17/2010 e
7/2011 em questão é reproduzida a seguir:
‘A execução deste contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por servidor a ser designado pelo
Prefeito do Campus ou a Autoridade Competente desta Universidade, nos termos do art. 67 da Lei
8.666/93’.
Estes contratos tinham por objeto a execução de serviços de atividades auxiliares por 81 (oitenta e
um) funcionários. Não existia fiscalização. Quem atestava a execução dos serviços era o próprio prefeito
da UFRA, ou seu substituto. Não se encontra nenhum registro de ocorrência relacionada à execução deste
contrato, apesar de grande número de funcionários prestando os serviços contratados. O contratado era
quem fiscalizava a própria execução desta avença. O prefeito da UFRA não agiu de acordo com o art. 67
da Lei 8.666/1993.
d) Ausência de relação de frequência, com a relação dos faltosos
Reportando novamente a nossos Ofícios de Requisição 4-fiscalis 2/2016-TCU/Secex/PA e 5-fiscalis
2/2016-TCU/Secex/PA (peças 10 e 11), solicitamos:
c) Relação de frequência (folha de ponto), com a relação dos faltosos, dos empregados relacionados
nos processos de pagamento n. 23084.0001403/2011-03, 23084.0001404/2011-40, 23084.002499/2011-
73, 23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e 23084.006884/2011-90, conforme exigido no
subitem 4.3.2.5 da Cláusula Quarta do Contrato 17/2010 celebrado entre a UFRA e a empresa Serv San
Ltda.
492 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
De novo, o Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues respondeu a nossa solicitação, nos seguintes
termos (peça 54):
Impossibilidade material de apresentar cópias da documentação solicitada, de vez que não
requisitado pela fiscalização à época. Não houve qualquer situação ou suspeição de irregularidade que
justificasse que a fiscalização devesse notificar a contratada para a apresentação de controle diário de
frequência, nem das CTPS dos empregados.
O prefeito da UFRA negligenciou que este contrato estava sendo executado sem a designação de
um fiscal, apesar de se tratar de um contingente de 81 funcionários. Então, não poderia haver qualquer
notificação à contratada para a apresentação de quaisquer documentos. Deve-se atentar para o fato de que
a subcláusula 4.3 dos Contratos 17/2010 e 7/2011 celebrado entre as partes (peças 16 e 51) trata das
exigências de documentação que deve ser apresentada à prefeitura da UFRA mês a mês para que seja
efetuada a liberação do pagamento da fatura correspondente. A subcláusula 4.3.2.5 diz textualmente
‘relação de frequência (folha de ponto), com a relação dos faltosos’. Portanto, tais documentos não
deveriam ser solicitados pelo fiscal do contrato, ou pelo gestor do contrato: deveriam ser apresentados
pela empresa contratada juntamente com as respectivas faturas mês a mês, fazendo constar dos
respectivos processos, em atendimento ao comando do art. 66 da Lei 8.666/1993.
e) Ausência de exames médicos admissionais dos empregados
Finalmente, através do Ofício de Requisição 5-fiscalis 2/2016-TCU/Secex/PA, solicitamos:
‘Exames médicos admissionais dos empregados prestadores dos serviços objeto do Contrato
17/2010 celebrado entre a UFRA e a empresa Serv-San Ltda., conforme determinado no subitem 14.2.4
do Termo de Referência originador do referido contrato’.
Assim respondeu o prefeito da UFRA (peça 54):
‘Solicitamos à contratada a apresentação da documentação relacionada neste item, através do oficio
n. 09/2016/prefeitura/UFRA. Remeteremos assim que forem entregues’.
Os subitens 14.2 e 14.2.4 assim se encontram redigidos no Termo de Referência da Dispensa de
Licitação 2567/2010 (originadora do Contrato 17/2010) (peça 28):
14.2. A documentação relativa ao primeiro mês da prestação dos serviços deverá estar
acompanhada de cópias autenticadas em cartório, ou cópias simples acompanhadas de originais para
conferencia do servidor que as receber - dos seguintes documentos:
14.2.4. Exames médicos admissionais dos empregados do contratado que prestarão os serviços.
Portanto, tratam-se de documentos que deveriam constar do processo de pagamento e que não
deveriam estar de posse do prestador dos serviços, o que contraria o disposto no art. 66 da Lei
8.666/1993.
(...)
Proposta de encaminhamento
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, em razão das
seguintes condutas: a) atestar a execução dos serviços constantes dos diversos processos descritos na
Tabela 1 deste relatório, sem a apresentação dos documentos constantes dos subitens 14.1.1 e 14.2.4 do
Termo de Referência das Dispensas de Licitação 2567/2010 e 3/2011 e da subcláusula 4.3.2.5 dos
Contratos 17/2010 e 7/2011l, em afronta ao art. 66 da Lei 8.666/1993; e b) não designar o fiscal dos
Contratos 17/2010 e 7/2011 conforme determinado na subcláusula 10.1 dos referidos ajustes, o que
afronta o art. 67 da Lei 8.666/1993;
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar o pagamento das notas fiscais constantes dos processos de pagamento 23084.0001403/2011-
03 e 23084.007358/2011-47 sem a devida pesquisa no Sicaf, em afronta aos artigos 29, inciso III, e 54,
inciso XIII, da Lei 8.666/1993.
3.6.Faturamento antecipado indevido no Contrato 7/2011
Situação encontrada Na Tabela 2 abaixo está configurada a incúria com que era processada a fiscalização do Contrato
7/2011 (peça 51) celebrado entre a UFRA e a empresa Serv-San Ltda. As notas fiscais foram todas elas
493 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
emitidas antes do término do período mensal de prestação dos serviços, sendo algumas emitidas até onze
dias antes do final do mês respectivo.
Da mesma forma, o prefeito da UFRA e seu substituto atestaram a execução dos serviços antes de
decorrido o prazo final de prestação, sendo o ateste de algumas notas fiscais realizado com antecipação de
até oito dias. As notas fiscais 1282, 1287, 1285, 1283, 1286 e 1284 tiveram seus pagamentos autorizados
pelo prof. Kedson Raul de Souza Lima no dia 28/07/2011. Os pagamentos também foram efetuados na
mesma data (peça 55) e, portanto, anteriormente ao término do período de prestação dos serviços. A
liquidação irregular e a antecipação indevida de pagamento são vedadas por lei: parágrafo único do art. 60
c/c com o inciso II, alínea ‘c’, do art. 65, ambos da Lei 8.666/1993; artigos 62 e 63 da Lei 4320/1964; e
art. 38 do Decreto 93.872/1986.
Tabela 2 - Liquidação irregular e antecipação de pagamento do Contrato 7/2011.
Notas fiscais Data de
emissão
Data de
atesto
Período Atestado por Valor (R$)
Início Término
1207, 1205, 1206,
1210, 1209, 1208 27/06/2011 29/06/2011 01/06/2011 30/06/2011
Edmilson
Rodrigues 254.324,18
1282, 1287, 1285,
1283, 1286, 1284 20/07/2011 25/07/2011 01/07/2011 31/07/2011
Carlos
Pinheiro 254.324,18
1362, 1367, 1365,
1363, 1366, 1364 22/08/2011 23/08/2011 01/08/2011 31/08/2011
Edmilson
Rodrigues 254.324,18
TOTAL 762.972,54
(...)
Proposta de encaminhamento
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por atestar
indevidamente a execução de serviços constantes das notas fiscais 1207, 1205, 1206, 1210, 1209, 1208,
1362, 1367, 1365, 1363, 1366 e 1364 e não prestados em sua totalidade, conforme caracterizado na
Tabela 2 deste relatório;
- Audiência do Sr. Carlos Afonso de Lima Pinheiro, prefeito substituto da UFRA, por atestar
indevidamente a execução de serviços constantes das notas fiscais 1282, 1287, 1285, 1283, 1286 e 1284 e
não prestados em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 2 deste relatório.
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar o pagamento das notas fiscais 1207, 1205, 1206, 1210, 1209, 1208, 1282, 1287, 1285, 1283,
1286, 1284, 1365, 1363, 1366 e 1364, discriminadas na Tabela 2 deste relatório, conquanto os serviços
ainda não tivessem sido prestados em sua totalidade.
3.7.Inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento no Contrato 7/2011
Situação encontrada
a) Ausência de cópia de GRF - Guia de Recolhimento de FGTS e GPS - Guia da Previdência
Social autenticadas
Não constam do processo de pagamento 23084.007358/2011-47 cópias autenticadas das guias GRF
e GPS (peça 67), referentes aos recolhimentos do mês de maio/2011. A obrigação de entrega destes
documentos consta dos subitens 14.1 e seguintes do Termo de Referência integrante do Contrato 7/2011,
o qual reproduzimos:
14.1. Para fins de acompanhamento do adimplemento de suas obrigações fiscais, trabalhistas e
previdenciárias, o contratado deve entregar, até o dia 30 (trinta) do mês seguinte ao da prestação dos
serviços, à prefeitura do campus da UFRA, as cópias autenticadas em cartório - ou cópias simples
acompanhadas de originais para conferencia do servidor que as receber - dos seguintes documentos:
14.1.4. Guias de recolhimento da Previdência Social (GPS) e do FGTS (GRF), relativas ao mês
anterior ao da prestação dos serviços.
Embora estes documentos não estivessem autenticados, o pró-reitor de Planejamento e Gestão da
UFRA, prof. Kedson Raul de Souza Lima, autorizou a liberação do pagamento das faturas, ao arrepio do
disposto no art. 66 da Lei 8.666/1993.
494 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
b) Ausência de retenção de ISSQN
Não consta do processo de pagamento 23084.007358/2011-47 a retenção do ISSQN - Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza, referente à nota fiscal 1208 emitida pela empresa Serv-San Ltda., no
valor de R$ 135,35, o qual deveria ter sido recolhido em favor da Prefeitura de Capitão Poço/PA (peça
56, p. 6). A retenção do ISS deve ser sobre serviços prestados em que o imposto seja devido no local de
prestação do serviço, como está previsto no art. 3º da Lei Complementar 116/2003. A retenção está
prevista no art. 6º, da mesma lei. O pagamento da fatura foi autorizado pelo pró-reitor de Planejamento e
Gestão da UFRA, sem que fosse observado este dispositivo legal.
(...)
Proposta de encaminhamento
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar o pagamento das notas fiscais constantes do processo de pagamento 23084.007358/2011-47
em que não constam as cópias autenticadas das guias de GRF e GPS de competência do mês de
maio/2011 e a retenção do ISSQN relativo à nota fiscal 1208, a crédito da Prefeitura Municipal de
Capitão Poço/PA.
3.8.Faturamento antecipado indevido no Contrato 6/2013
Situação encontrada
A Tabela 3 a seguir é um resumo da gestão temerária dos recursos públicos. Mês a mês, a empresa
Serv-San Ltda. emitia as notas fiscais de prestação dos serviços, objeto do Contrato 6/2013, com uma
antecedência de até vinte dias do término do período mensal de execução. Ela faturava esta prestação pelo
valor integral contratado, na certeza de que seus 64 funcionários não iriam faltar nenhum dia.
As notas fiscais foram atestadas pelo fiscal, sem qualquer questionamento, e em data também
anterior ao término do período de execução dos serviços. Não se encontra nos diversos processos da
contratante qualquer ocorrência registrada por este fiscal sobre eventual ausência e substituição de
empregados, nem mesmo quando estas faturas não vinham acompanhadas de todos os documentos
necessários enumerados na subcláusula 4.3 do Contrato 6/2013, como será demonstrado no achado de
auditoria referente à seção 3.10 deste relatório. A atestação antecipada de prestação de serviços ou
recebimento de bens configura liquidação irregular e encontra óbice nos artigos 62 e 63 da Lei
4320/1964.
Tabela 3 - Liquidação irregular do Contrato 6/2013.
Notas fiscais Data de
emissão
Data de
atesto
Período de execução Atestado por Valor (R$)
Início Término
2714, 2722, 2716,
2720, 2718 10/04/2013 19/04/2013 1/04/2013 30/04/2013 Carlos Pinheiro 210.169,90
2789, 2793, 2790,
2792, 2791 09/05/2013 24/05/2013 1/05/2013 31/05/2013 Carlos Pinheiro 210.169,90
2812, 2813, 2814,
2815, 2816 11/06/2013 19/06/2013 1/06/2013 30/06/2013 Carlos Pinheiro 210.169,90
2907, 2908, 2909,
2910 10/07/2013 24/07/2013 1/07/2013 31/07/2013 Carlos Pinheiro 12.539,32
2923, 2924, 2925 11/07/2013 24/07/2013 1/07/2013 31/07/2013 Carlos Pinheiro 197.630,60
2983, 2984, 2985,
2986, 2987,
2988,2989
15/08/2013 29/08/2013 1/08/2013 31/08/2013 Carlos Pinheiro 210.169,90
3094, 3095, 3096,
3097, 3098, 3099 e
3100
24/09/2013 25/09/2013 1/09/2013 30/09/2013 Carlos Pinheiro 210.169,90
495 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Notas fiscais Data de
emissão
Data de
atesto
Período de execução Atestado por Valor (R$)
Início Término
3199, 3200, 3201,
3202, 3203, 3204,
3205
14/11/2013 25/11/2013 1/11/2013 30/11/2013 Carlos Pinheiro 210.169,90
3277, 3278, 3279,
3280, 3281, 3282,
3283
11/12/2013 30/12/2013 1/12/2013 31/12/2013 Edmilson Rodrigues 210.169,90
TOTAL 1.681.359,22
(...)
Proposta de encaminhamento
- Audiência do Sr. Carlos Afonso de Lima Pinheiro, fiscal do contrato, por atestar indevidamente a
execução de serviços constantes das notas fiscais 2714, 2722, 2716, 2720, 2718, 2789, 2793, 2790, 2792,
2791, 2812, 2813, 2814, 2815, 2816, 2907, 2908, 2909, 2910, 2923, 2924, 2925, 2983, 2984, 2985, 2986,
2987, 2988, 2989, 3094, 3095, 3096, 3097, 3098, 3099, 3100 e 3199 3200, 3201, 3202, 3203, 3204, 3205
e não prestados em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 3 deste relatório.
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por atestar
indevidamente a execução de serviços constantes das notas fiscais 3277, 3278, 3279, 3280, 3281, 3282 e
3283 e não prestados em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 3 deste relatório.
3.9.Superfaturamento no Contrato 6/2013
Situação encontrada
As notas fiscais referentes à execução dos serviços objeto do Contrato 6/2013 foram emitidas
mensalmente pela empresa Serv-San Ltda. pelo valor ajustado de R$ 210.169,92, com exceção da
primeira fatura que teve o valor reduzido para R$ 91.073,65 visto que cobria apenas treze dias de efetiva
prestação de serviços.
Não foram consideradas neste faturamento as faltas apontadas nas Folhas de Pagamento - FOPAG,
as quais se acham descritas na Tabela 4 a seguir. O fiscal de contrato, Sr. Carlos Afonso de Lima
Pinheiro, atestou as notas fiscais afirmando que os serviços foram prestados na íntegra. Em data
imediatamente anterior ao ateste, o prefeito da UFRA, Sr. Edmilson Rodrigues, já enviava uma
solicitação de pagamento ao pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA, Sr. Kedson Raul de Souza
Lima. Tal conduta fere frontalmente o disposto nos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964.
Estes procedimentos não foram uma exceção, mas um processo que se efetivou durante toda a
execução do Contrato 6/2013, sem que nenhum destes gestores e o fiscal atentassem para as faltas de
diversos funcionários apontadas nas Folhas de Pagamento, originando assim um superfaturamento. Estes
gestores deverão ser ouvidos em audiência pelo superfaturamento dos valores constantes da Tabela 4.
Tabela 4 - Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2013 do Contrato 6/2013.
Process
o
Notas
fiscais
Atesta
do por Posto
Valor
mensal
(R$)
Valor
diário
(R$)
Faltas Valor (R$) FOPA
G Peça
23084.
004854
/2013-
19
2713, 2721,
2715, 2719,
2717
Carlos
Pinhei
ro
Aux. adm.
Interior
3.134,8
3
104,4
9 14 1.462,86
Mar/
2013
34,
35
Aux. adm.
Belém
3.287,3
1
109,5
8 2 219,15
Aux. adm.
Interior*
3.134,8
3
104,4
9 13 1.358,43
Subtotal 3.040,44
23084.
011551
2983, 2984,
2985, 2986,
Carlos
A
Aux. adm.
Belém**
3.287,3
1
109,5
8 30 3.287,31
Ago/2
013
36,
37
496 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
/2013-
44
2987, 2988,
2989
Pinhei
ro Subtotal 3.287,31
23084.
013183
/2013-
79
3094, 3095,
3096, 3097,
3098, 3099
3100
Carlos
Pinhei
ro
Aux. adm.
Belém***
3.287,3
1
109,5
8 16 1.753,23
Set/20
13
38,
43 Subtotal 1.753,23
23084.
016406
/2013-
50
3169, 3170,
3171, 3172,
3173, 3174,
3178
Carlos
Pinhei
ro
Aux. adm.
Belém
3.287,3
1
109,5
8 6 657,46 Out/2
013
39,
40
Subtotal 657,46
23084.
017418
/2013-
00
3199, 3200,
3201, 3202,
3203, 3204
e 3205
Carlos
Pinhei
ro
Aux. adm.
Belém
3.287,3
1
109,5
8 5 547,85 Nov/2
013
41,
42 Subtotal 547,85
TOTAL 9.286,29
* Não consta da FOPAG/Mar/2013 qualquer funcionário cujo local de trabalho fosse em Capitão
Poço.
** Da FOPAG/Ago/2013 relativa a Belém constam apenas 58 Aux adm. e 1 encarregado.
*** Da FOPAG/Set/2013 relativa a Belém constam 60 Aux adm. e 1 encarregado, mas também 46
faltas, das quais foram compensadas 30, restando um saldo a ser ressarcido de 16 faltas.
(...)
Proposta de encaminhamento
- Audiência do Sr. Carlos Afonso de Lima Pinheiro, fiscal de contrato, por atestar indevidamente as
notas fiscais constantes dos processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44,
23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4
deste relatório, dando causa, portanto, a pagamento por serviços não prestados no valor total original de
R$ 9.286,29;
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por emitir
solicitações de pagamento para faturas cujos serviços não haviam sido prestados, conforme processos
23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60 e
23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 deste relatório, dando causa, portanto, a pagamentos
por serviços não prestados no valor total original de R$ 9.286,29;
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar o pagamento de notas fiscais constantes dos processos de pagamento 23084.004854/2013-
19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00,
discriminados na Tabela 4 deste relatório, dando causa, portanto, a pagamento por serviços não prestados
no valor total original de R$ 9.286,29.
3.10.Inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento no Contrato
6/2013
Situação encontrada
Os pagamentos das faturas referentes ao Contrato 06/2013 (peça 33) foram efetuados sem
observância das condições presentes na subcláusula 4.3 do termo da avença, cujas irregularidades
resumem-se na Tabela 5, com os comentários seguintes:
a) as consultas ao Sicaf, quando da liberação dos pagamentos das faturas constantes dos processos
23084.004854/2013-19 e 23084.004869/2013-79 (peças 45, 46), informaram que a empresa Serv-San
Ltda. (CNPJ 06.855.175/0007-52) estava com a Certidão de Regularidade Fiscal Federal vencida desde
14/4/2013. No intuito de sanar esta irregularidade, a empresa apresentou uma Certidão Conjunta Positiva
com Efeitos de Negativa válida até 15/9/2013, em nome da Serv-San Ltda., cujo CNPJ era
06.855.175/0001-67. Tratava-se, portanto, de uma entidade estranha ao processo de pagamento, pois o
497 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
contrato foi celebrado com a Serv-San Ltda. com domicilio fiscal em Belém, portadora do primeiro
CNPJ, que continha restrições. Os gestores do contrato aceitaram esta manobra e autorizaram
indevidamente o pagamento das faturas, em afronta à subcláusula 4.3.1 do termo contratual e ao inc. XIII
do art. 55 da Lei 8.666/1993.
b) com a finalidade de observar o cumprimento do preceito constante do subitem 14.2.4 do Termo
de Referência da Dispensa de Licitação 2042/2013 (peça 76, p. 25) a que a contratada se achava adstrita
por imposição contratual, solicitamos à UFRA, através do Ofício de Requisição 6-fiscalis 2/2016-
TCU/Secex/PA, os exames médicos admissionais dos funcionários prestadores do Contrato 6/2013. Dos
64 empregados relacionados a prestarem o serviço, ficaram faltando onze referentes aos seguintes
funcionários (peça 47): Alessandra do Socorro Brago dias, Ana Carla Alves Teixeira, André Lemos
Araújo, Carla da Silva Santos, Flavia dos Santos Martins, Gilvan Siqueira Silva, Kelly Maia Monteiro,
Roberta Muniz Santana Caetano, Silvio Joaquim da Silva Castro, Richard Brian Lima Barros, Eva Silva
de Lima. Ainda que estivesse presente mais esta irregularidade, o fiscal não registrou qualquer ocorrência
e atestou a prestação dos serviços sem alteração, em afronta ao disposto no art. 66 da Lei de Licitações.
c) a exigência de apresentação de comprovantes autenticados de recolhimento de GRF e GPS
relativas ao mês anterior da emissão de fatura não foi observada pelos gestores em diversos pagamentos
efetuados como demonstrado na Tabela 5, contrariando o disposto nas subcláusulas 4.3.2.1 e 4.3.2.3 do
Contrato 6/2013.
d) não se encontram em nenhum dos processos de pagamento relativos ao Contrato 6/2013 os
comprovantes de pagamento de salários do mês anterior à fatura, assim como a relação de faltosos,
exigidos nas subcláusulas 4.3.2.4 e 4.3.2.5 do referido contrato.
Tabela 5 - Irregularidades em liberação de pagamentos do Contrato 6/2013.
Processo
Exigência
Sic
af
Ven
cido
Sic
af
Invál
ido
Ause
nci
a
Sic
af
Ause
nci
a
Ate
stad
o
Sau
de
Ausê
nci
a d
e
GR
F
GR
F
sem
au-
tenti
caçã
o
Ausê
nci
a d
e
GP
S
GP
S
sem
au-
tenti
caçã
o
Não
co
m-
pro
va
pag
tº
salá
rios
Ause
nci
a
Rel
ação
falt
oso
s
23084.004854/2013-
19 SIM SIM SIM SIM SIM
23084.004869/2013-
79 SIM SIM SIM SIM SIM SIM
23084.006754/2013-
19 SIM SIM SIM
23084.007989/2013-
28 SIM SIM SIM SIM
23084.009799/2013-
45 SIM SIM SIM SIM
23084.011551/2013-
44 SIM SIM SIM SIM
23084.013183/2013-
79 SIM SIM SIM
23084.016406/2013-
50 SIM SIM
23084.017418/2013-
00 SIM SIM SIM SIM
23084.018302/2013-
80 SIM SIM SIM
(...)
Proposta de encaminhamento
498 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
- Audiência do Sr. Carlos Afonso de Lima Pinheiro, fiscal de contrato, por atestar indevidamente as
notas fiscais constantes dos processos de pagamento 23084.004854/2013-19, 23084.004869/2013-79,
23084.006754/2013-19, 23084.007989/2013-28, 23084.009799/2013-45, 23084.011551/2013-44,
23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60, 23084.017418/2013-00 e 23084.018302/2013-80,
discriminados na Tabela 5 deste relatório, dando causa, portanto, a pagamentos indevidos;
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por solicitar
autorização de pagamento de faturas sem que constassem dos processos de pagamento os documentos
exigidos nas subcláusulas 4.3.1, 4.3.2, 4.3.2.1, 4.3.2.3 a 4.3.2.5 do Contrato 6/2013 e no subitem 14.2.4
do Termo de Referência da Dispensa de Licitação 2042/2013, conforme constam dos processos de
pagamento 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 5 deste relatório;
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar o pagamento das faturas constantes dos processos de pagamento 23084.004854/2013-19,
23084.004869/2013-79, 23084.006754/2013-19, 23084.007989/2013-28, 23084.009799/2013-45,
23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60, 23084.017418/2013-00 e
23084.018302/2013-80 a despeito de estarem ausentes diversos documentos discriminados na Tabela 5
deste relatório.
3.11.Superfaturamento no Contrato 10/2011
Situação encontrada
As notas fiscais discriminadas na Tabela 6 abaixo foram emitidas pelo valor cheio (peças 57 e 58),
sem levar em consideração as faltas constantes da respectiva Folha de Pagamento (peças 58, 78). As notas
fiscais foram atestadas pelo Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, considerando
que os serviços foram prestados na íntegra, causando um prejuízo de R$ 14.751,44 aos cofres da UFRA.
O prefeito da UFRA deve ser ouvido em audiência juntamente com o prof. Kedson Raul de Souza
Lima, que autorizou o pagamento das faturas.
Tabela 6 - Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 10/2011.
Proces
so Notas fiscais
Atestado
por Posto
Valor
mensal
(R$)
Valor
diário
(R$)
Falt
as
Valor
(R$) FOPAG Peça
23084.
01209
0/2011
-65
1496, 1497,
1491, 1489 e
1490
Edmilson
Rodrigue
s
Tratador
de
animais
3.504,3
0 116,81 25 2.920,25
Set/201
1 57
Pintor 3.540,1
5 118,01 19 2.242,10
Tratorista 3.294,8
5 109,83 26 2.855,54
Motorista 4.346,8
3 144,89 29 4.201,94
Eletricista 4.219,3
7 140,65 12 1.687,75
Subtotal 13.907,5
7
23084.
01297
9/2011
-42
1567, 1574,
1570, 1568,
1571, 1569
Edmilson
Rodrigue
s
Eletricista 4.219,3
7 140,65 6 843,87
Out/201
1
58,
78 Subtotal 843,87
TOTAL 14.751,4
4
(...)
499 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Proposta de encaminhamento
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por atestar
indevidamente notas fiscais constantes dos processos 23084.012090/2011-65 e 23084.012979/2011-65,
discriminados na Tabela 6 deste relatório, dando causa, portanto, a pagamento por serviços não prestados
no valor total original de R$ 14.751,44;
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar o pagamento de notas fiscais constantes dos processos 23084.012090/2011-65 e
23084.012979/2011-65, discriminados na Tabela 6 deste relatório, sem atentar para a liquidação irregular
da despesa no valor total original de R$ 14.751,44.
3.12.Faturamento antecipado indevido no Contrato 10/2011
Situação encontrada
A Tabela 7 a seguir traz um resumo da gestão do Contrato 10/2011 em que se destaca a desatenção
com que os recursos públicos estavam sendo geridos pela UFRA. Mês a mês, a empresa Serv-San Ltda.
emitia as notas fiscais de prestação dos serviços, com uma antecedência de até dezenove dias do término
do período mensal de execução. O seu quadro de funcionários compreendia cinquenta empregados, dos
quais não se registrava nenhuma falta para se abater do valor das notas fiscais.
A prestação dos serviços objeto deste contrato iniciou-se no dia 1/9/2011, entretanto, somente no
dia 19/12/2011 foi emitida a Portaria 3078 designando o Sr. Carlos Afonso de Lima Pinheiro como fiscal
do contrato (peça 61). Para suprir a ausência deste fiscal de contrato, o prefeito da UFRA, Sr. Edmilson
Antônio Nogueira Rodrigues, atestava as notas fiscais e com uma antecedência de até doze dias do
término do período mensal de execução dos serviços.
Não se encontra nos diversos processos da contratante qualquer ocorrência registrada por este fiscal
de facto sobre eventual ausência e substituição de empregados. A liquidação irregular e a antecipação
indevida de pagamento são vedadas por lei: parágrafo único do art. 60 c/c com o inciso II, alínea ‘c’, do
art. 65, ambos da Lei 8.666/1993; artigos 62 e 63 da Lei 4320/1964; e art. 38 do Decreto 93.872/1986.
Tabela 7 - Liquidação irregular e antecipação de pagamento do Contrato 10/2011.
Notas fiscais Data de
emissão
Data de
atesto
Período de execução Atestado por Valor (R$)
Início Término
1567, 1574,
1570, 1568,
1571, 1569
25/10/2011 31/10/2011 01/10/2011 31/10/2011 Edmilson
Rodrigues 175.103,29
1631, 1632 22/11/2011 23/11/2011 01/11/2011 30/11/2011 Edmilson
Rodrigues 149.397,52
1601, 1599,
1600 18/11/2011 23/11/2011 01/11/2011 30/11/2011
Edmilson
Rodrigues 210.169,90
1670 15/12/2011 19/12/2011 01/12/2011 31/12/2011 Edmilson
Rodrigues 141.539,50
1644, 1642,
1640, 1643,
1641
12/12/2011 19/12/2011 01/12/2011 31/12/2011 Edmilson
Rodrigues 43.081,89
TOTAL 719.292,10
(...)
Proposta de encaminhamento
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por atestar
indevidamente a execução de serviços constantes das notas fiscais 1567, 1574, 1570, 1568, 1571, 1569,
1631, 1632, 1601, 1599, 1600, 1670, 1644, 1642, 1640, 1643 e 1641 e não prestados em sua totalidade,
conforme caracterizado na Tabela 7 deste relatório;
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar o pagamento das notas fiscais 1567, 1574, 1570, 1568, 1571, 1569, 1631, 1632, 1601, 1599,
500 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
1600, 1670, 1644, 1642, 1640, 1643 e 1641, discriminadas na Tabela 7 deste relatório, conquanto os
serviços ainda não tivessem sido prestados em sua totalidade.
3.13.Inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento no Contrato
10/2011
Situação encontrada
As cópias de Guias de Recolhimento do FGTS - GRF e as Guias de Previdência Social - GPS
acostadas aos processos 23084.012090/2011-65 e 23084.015921/2011-51 não se encontram autenticadas,
assim como a GPS constante do processo 23084.014726/2011-11 (peças 57, 59 e 60).
A exigência de apresentação de comprovantes autenticados de recolhimento de GRF e GPS
relativas ao mês anterior da emissão de fatura não foi observada pelos gestores quando da liberação dos
pagamentos efetuados, contrariando o disposto nas subcláusulas 4.4.2.1 e 4.4.2.3 do Contrato 10/2011
(peça 79, p. 4).
(...)
Proposta de encaminhamento
- Audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, prefeito da UFRA, por solicitar
autorização de pagamento de faturas que não se faziam acompanhar de cópias autenticadas de GRF e
GPS, como observado nos processos 23084.012090/2011-65, 23084.015921/2011-51 e
23084.014726/2011-11;
- Audiência do prof. Kedson Raul de Souza Lima, pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA,
por autorizar indevidamente o pagamento das faturas constantes dos processos 23084.012090/2011-65,
23084.015921/2011-51 e 23084.014726/2011-11, a despeito de estarem ausentes os comprovantes
autenticados de recolhimento de GRF e GPS.
4.CONCLUSÃO
Essa fiscalização gerou achados de auditoria de considerável relevância, discriminados abaixo na
ordem de maior para menor gravidade:
1)Superfaturamento no Contrato 17/2010 no valor original de R$ 61.783,26 (database 31/5/2011),
com proposta de audiência do prefeito substituto, do prefeito titular e do pró-reitor de Planejamento e
Gestão da UFRA (seção 3.4);
2)Superfaturamento no Contrato 10/2011 no valor original de R$ 14.751,44 (database 31/10/2011),
com proposta de audiência do prefeito e do pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA (seção 3.11);
3)Superfaturamento no Contrato 6/2013 no valor original de R$ 9.286,29 (database 30/11/2013),
com proposta de audiência do fiscal do contrato, do prefeito e do pró-reitor de Planejamento e Gestão da
UFRA (seção 3.9);
4)Irregularidade na fundamentação de contratação direta, com proposta de audiência do prefeito da
UFRA (seção 3.2);
5)Irregularidades na prorrogação contratual, com proposta de audiência do prefeito e do reitor da
UFRA (seção 3.3);
6)Faturamento antecipado indevido no Contrato 6/2013, com proposta de audiência do fiscal do
contrato e do prefeito da UFRA (seção 3.8);
7)Faturamento antecipado indevido no Contrato 10/2011, com proposta de audiência do prefeito e
do pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA (seção 3.12);
8)Faturamento antecipado indevido no Contrato 7/2011, com proposta de audiência do prefeito
substituto, do prefeito titular e do pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA (seção 3.6);
9)Inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento no Contrato 17/2010, com
audiência do prefeito e do pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA (seção 3.5);
10)Inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento no Contrato 7/2011, com
proposta de audiência do pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA (seção 3.7);
11)Inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento no Contrato 6/2013, com
proposta de audiência do fiscal do contrato, do prefeito e do pró-reitor de Planejamento e Gestão da
UFRA (seção 3.10);
501 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
12)Inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento no Contrato 10/2011, com
proposta de audiência do prefeito e do pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA (seção 3.13);
13)Restrição indevida ao caráter competitivo do certame, com proposta de dar ciência à UFRA
sobre a restrição indevida à Dispensa de Licitação 2042/2013 ao adotar as mesmas condições de
habilitação que as praticadas no Pregão Eletrônico 10/2011, o que afronta os artigos 26, parágrafo único,
incisos II e III, e 27, caput, da Lei 8.666/1993 (seção 3.1).
5.PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
23.Diante do exposto, submete-se os autos à consideração superior, propondo-se:
1)realizar a audiência do Sr. Carlos Afonso de Lima Pinheiro, CPF 246.555.542-15, gerente da
Seção de Eletricidade, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, para que, no prazo de
quinze dias, apresente razões de justificativa quanto às seguintes condutas:
1.1)atestar, na condição de prefeito substituto da UFRA, indevidamente notas fiscais constantes dos
processos 23084.0001403/2011-03 e 23084.0001404/2011-40, discriminados na Tabela 1 deste relatório,
dando causa, portanto, a pagamento por serviços não prestados no valor total original de R$ 57.468,27,
com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
1.2)atestar, na condição de fiscal de contrato, indevidamente as notas fiscais constantes dos
processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-
60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 deste relatório, dando causa, portanto, a
pagamento por serviços não prestados no valor total original de R$ 9.286,29, com infração aos artigos 62
e 63 da Lei 4.320/1964;
1.3)atestar, na condição de fiscal de contrato, indevidamente a execução de serviços constantes das
notas fiscais 2714, 2722, 2716, 2720, 2718, 2789, 2793, 2790, 2792, 2791, 2812, 2813, 2814, 2815, 2816,
2907, 2908, 2909, 2910, 2923, 2924, 2925, 2983, 2984, 2985, 2986, 2987, 2988, 2989, 3094, 3095, 3096,
3097, 3098, 3099, 3100 e 3199 3200, 3201, 3202, 3203, 3204, 3205 e não prestados em sua totalidade,
conforme caracterizado na Tabela 3 deste relatório, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
1.4)atestar, na condição de prefeito substituto da UFRA, indevidamente a execução de serviços
constantes das notas fiscais 1282, 1287, 1285, 1283, 1286 e 1284 e não prestados em sua totalidade,
conforme caracterizado na Tabela 2 deste relatório, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
1.5)atestar indevidamente as notas fiscais constantes dos processos de pagamento
23084.004854/2013-19, 23084.004869/2013-79, 23084.006754/2013-19, 23084.007989/2013-28,
23084.009799/2013-45, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60,
23084.017418/2013-00 e 23084.018302/2013-80, discriminados na Tabela 5 deste relatório, dando causa,
portanto, a pagamentos indevidos por infringirem os artigos 55, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993;
2)realizar a audiência do Sr. Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues, CPF 228.369.182-68, prefeito
da UFRA, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, para que, no prazo de quinze dias,
apresente razões de justificativa quanto às seguintes condutas:
2.1)atestar indevidamente notas fiscais constantes dos processos 23084.002499/2011-73,
23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e 23084.006884/2011-90, discriminados na Tabela 1
deste relatório, dando causa, portanto, a pagamento por serviços não prestados no valor total original de
R$ 4.315,00, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
2.2)atestar indevidamente notas fiscais constantes dos processos 23084.012090/2011-65 e
23084.012979/2011-65, discriminados na Tabela 6 deste relatório, dando causa, portanto, a pagamento
por serviços não prestados no valor total original de R$ 14.751,44, com infração aos artigos 62 e 63 da
Lei 4.320/1964;
2.3)emitir solicitações de pagamento para faturas cujos serviços não haviam sido prestados,
conforme processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 deste relatório, dando causa,
portanto, a pagamentos por serviços não prestados no valor total original de R$ 9.286,29, com infração
aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
502 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
2.4)não caracterizar devidamente a urgência de atendimento de situação que pudesse ocasionar
prejuízo ou comprometesse a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens
(Dispensas de Licitação 2567/2010, 3/2011 e 2042/2013) e retardar indevidamente o início de
procedimento licitatório com vistas a contratar serviços de atividades auxiliares e apoio administrativo em
vias de extinção (Contratos 18/2007, 17/2010 e 11/2011), com infração aos artigos 37, caput e inciso
XXI, da Constituição Federal, 24, inciso IV, 26, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, e à Decisão
347/1994-TCU-Plenário;
2.5)propor a celebração ilegal de contrato emergencial (Contrato 7/2011) decorrente de outro ajuste
emergencial (Contrato 17/2010) com prazo de vigência de 180 dias e a prorrogação ilegal por sessenta
dias de contrato emergencial (Contrato 6/2013) com vigência de 180 dias, com infração aos artigos 37,
caput, da Constituição Federal, e 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993;
2.6)atestar indevidamente a execução de serviços constantes das notas fiscais 3277, 3278, 3279,
3280, 3281, 3282 e 3283 e não prestados em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 3 deste
relatório, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
2.7)atestar indevidamente a execução de serviços constantes das notas fiscais 1567, 1574, 1570,
1568, 1571, 1569, 1631, 1632, 1601, 1599, 1600, 1670, 1644,1642,1640,1643 e 1641 e não prestados em
sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 7 deste relatório, com infração aos artigos 62 e 63 da
Lei 4.320/1964;
2.8)atestar indevidamente a execução de serviços constantes das notas fiscais 1207, 1205, 1206,
1210, 1209, 1208, 1362, 1367, 1365, 1363, 1366 e 1364 e não prestados em sua totalidade, conforme
caracterizado na Tabela 2 deste relatório, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
2.9)atestar a execução dos serviços constantes dos diversos processos descritos na Tabela 1 deste
relatório, sem a apresentação dos documentos constantes dos subitens 14.1.1 e 14.2.4 do Termo de
Referência das Dispensas de Licitação 2567/2010 e 3/2011 e da subcláusula 4.3.2.5 dos Contratos
17/2010 e 7/2011, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993;
2.10)não designar o fiscal dos Contratos 17/2010 e 7/2011 conforme determinado na subcláusula
10.1 dos referidos ajustes, com infração ao art. 67 da Lei 8.666/1993;
2.11)solicitar autorização de pagamento de faturas sem que constassem dos processos de pagamento
os documentos exigidos nas subcláusulas 4.3.1, 4.3.2, 4.3.2.1, 4.3.2.3 a 4.3.2.5 do Contrato 6/2013 e no
subitem 14.2.4 do Termo de Referência da Dispensa de Licitação 2042/2013, conforme constam dos
processos de pagamento 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 5 deste relatório, com infração
aos artigos 55, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993;
2.12)solicitar autorização de pagamento de faturas que não se faziam acompanhar de cópias
autenticadas de GRF e GPS, como observado nos processos 23084.012090/2011-65, 23084.015921/2011-
51 e 23084.014726/2011-11, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993;
3)realizar a audiência do Sr. Kedson Raul de Souza Lima, CPF 616.086.451-34, prefeito da UFRA,
com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, para que, no prazo de quinze dias, apresente
razões de justificativa quanto às seguintes condutas:
3.1)autorizar o pagamento de notas fiscais constantes dos processos 23084.0001403/2011-03,
23084.0001404/2011-40, 23084.002499/2011-73, 23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e
23084.006884/2011-90, discriminados na Tabela 1 deste relatório, sem atentar para a liquidação irregular
da despesa no valor total original de R$ 61.783,26, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
3.2)autorizar o pagamento de notas fiscais constantes dos processos 23084.012090/2011-65 e
23084.012979/2011-65, discriminados na Tabela 6 deste relatório, sem atentar para a liquidação irregular
da despesa no valor total original de R$ 14.751,44, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964;
3.3)autorizar o pagamento de notas fiscais constantes dos processos de pagamento
23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60 e
23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 deste relatório, dando causa, portanto, a pagamento
por serviços não prestados no valor total original de R$ 9.286,29, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei
503 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
4.320/1964;
3.4)autorizar o pagamento das notas fiscais 1567, 1574, 1570, 1568, 1571, 1569, 1631, 1632, 1601,
1599, 1600, 1670, 1644,1642,1640,1643 e 1641, discriminadas na Tabela 7 deste relatório, conquanto os
serviços ainda não tivessem sido prestados em sua totalidade, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei
4.320/1964;
3.5)autorizar o pagamento das notas fiscais 1207, 1205, 1206, 1210, 1209, 1208, 1282, 1287, 1285,
1283, 1286, 1284, 1365, 1363, 1366 e 1364, discriminadas na Tabela 2 deste relatório, conquanto os
serviços ainda não tivessem sido prestados em sua totalidade, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei
4.320/1964;
3.6)autorizar o pagamento das notas fiscais constantes dos processos de pagamento
23084.0001403/2011-03 e 23084.007358/2011-47 sem a devida pesquisa no Sicaf, com infração aos
artigos 29, inciso III, e 54, inciso XIII, da Lei 8.666/1993;
3.7)autorizar o pagamento das notas fiscais constantes do processo de pagamento
23084.007358/2011-47 sem as cópias autenticadas das guias de GRF e GPS de competência do mês de
maio/2011 e a retenção do ISSQN relativo à nota fiscal 1208, a crédito da Prefeitura Municipal de
Capitão Poço/PA, com infração aos artigos 66, da Lei 8.666/1993, 3º e 6º da Lei Complementar
116/2003;
3.8)autorizar o pagamento das faturas constantes dos processos de pagamento 23084.004854/2013-
19, 23084.004869/2013-79, 23084.006754/2013-19, 23084.007989/2013-28, 23084.009799/2013-45,
23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60, 23084.017418/2013-00 e
23084.018302/2013-80 a despeito de estarem ausentes diversos documentos discriminados na Tabela 5
deste relatório, com infração aos artigos 55, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993;
3.9)autorizar indevidamente o pagamento das faturas constantes dos processos 23084.012090/2011-
65, 23084.015921/2011-51 e 23084.014726/2011-11, a despeito de estarem ausentes os comprovantes
autenticados de recolhimento de GRF e GPS, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993;
4)realizar a audiência do Sr. Sueo Numazawa, CPF 049.002.862-49, reitor da UFRA, com
fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, para que, no prazo de quinze dias, apresente razões
de justificativa quanto à conduta de celebrar o Contrato 7/2011 sem que houvesse parecer jurídico prévio
emitido pela Procuradoria Federal junto à UFRA, com infração aos artigos 37, caput, da Constituição
Federal, e 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;
5)Dar ciência à Universidade Federal Rural da Amazônia sobre a restrição indevida à Dispensa de
Licitação 2042/2013 ao adotar as mesmas condições de habilitação que as praticadas no Pregão
Eletrônico 10/2011, o que afronta os artigos 26, parágrafo único, incisos II e III, e 27, caput, da Lei
8.666/1993;
6)encaminhar cópia deste relatório de fiscalização aos responsáveis.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de mais um relatório de auditoria de conformidade integrante do conjunto de trabalhos
executados sob a sistemática de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de
detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de
riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados, destinando-se o trabalho ora em foco a
verificar a regularidade dos procedimentos adotados pela Universidade Federal Rural da Amazônia –
UFRA para contratações da empresa Servi San Ltda.
2.Nos presentes autos, foram examinados três processos de dispensa de licitação (2567/2010,
3/2011 e 2042/2013), um pregão eletrônico (10/2011) e seus respectivos contratos (17/2010, 7/2011,
10/2011 e 6/2013), todos celebrados com a referida empresa, no total de R$ 9.016.689,54, para realização
de serviços de atividades auxiliares e de apoio administrativo.
504 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
3.De acordo com a unidade técnica, “as contratações com a Serv-San Ltda. foram selecionadas
tendo em vista: o número de dispensas em relação ao número de licitações (2 de 3); percentual de
acréscimo de valor considerável do Contrato 6/2013, originado de dispensa de licitação; volume total
contratado com a empresa (R$ 25.740.498,29); e possuir o risco máximo (Geral) de 1,00.”
4.As principais constatações da equipe de fiscalização foram:
a)irregularidade na fundamentação de contratação direta;
b)restrição indevida ao caráter competitivo do certame;
c)irregularidades na prorrogação contratual;
d)superfaturamento no contrato;
e)faturamento antecipado indevido; e
f)inobservância das condições estipuladas para liberação de pagamento.
5.Diante da considerável relevância dos achados de auditoria, a Secex/PA propôs a audiência dos
responsáveis, Srs. Sueo Numazawa (reitor), Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues (prefeito da UFRA),
Kedson Raul de Souza Lima (pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA) e Carlos Afonso de Lima
Pinheiro (gerente da Seção de Eletricidade), para que apresentem razões de justificativas acerca das
condutas individualizadas que contribuíram para a ocorrência das irregularidades.
6.De minha parte, anuo em essência à análise da unidade instrutiva e aos encaminhamentos
propostos, com ressalva apenas quanto à conclusão acerca da restrição à competitividade, de modo que
adoto seus fundamentos como razões de decidir.
7.De fato, irregular a fundamentação das contratações diretas. Não restou caracterizada a
urgência de atendimento de situação que pudesse ocasionar prejuízo ao interesse público ou
comprometimento da segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, nos termos do
art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993. A mera alegação de que a contratação por dispensa era necessária
para atender situação emergencial, que a demora na contratação provocaria solução de continuidade, sem
demonstrar efetivamente eventual prejuízo e sem caracterizar devidamente a urgência de atendimento,
não é suficiente para amparar o procedimento adotado. Nesse sentido, esta Corte, consoante Acórdão
504/2011 – 1ª Câmara, já determinou:
9.2.1. ao invocar o art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993 como fundamento legal para dispensa de
licitação, faça constar dos autos do processo administrativo demonstração, com base em fatos, de que a
situação que justifica a contratação direta qualifica-se como emergência ou calamidade pública, estando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos o particulares;
9.2.2. a contratação emergencial só vigore pelo tempo necessário para se concluir a nova licitação
de empresa prestadora de fornecimento de passagens aéreas, não podendo ultrapassar o prazo previsto no
art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993;
8.No que se refere às irregularidades na prorrogação contratual, o relatório registrou a
assinatura do contrato decorrente da Dispensa de Licitação 3/2011 antes do exame e da aprovação da
minuta pela assessoria jurídica, em contrariedade ao disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/93;
a realização da Dispensa de Licitação 3/2011 após o final da vigência de 180 de contrato anterior,
também decorrente de dispensa, sob o mesmo fundamento; bem como a prorrogação irregular do contrato
referente à Dispensa de Licitação 2042/2013, celebrado por 180 dias, em afronta ao art. 24, IV, da
referida lei.
9.A esse respeito, a regra é a vedação da prorrogação dos contratos emergenciais, conforme
entendimento desta Corte, que até admite prorrogações, mas somente em hipóteses restritas, devendo se
estender por lapso de tempo razoável e apenas o suficiente para enfrentar a situação emergencial que
autorizou a dispensa de licitação, nos termos do Acórdão 645/2002 – Plenário.
10.Ocorre que, no caso concreto, como visto, nem as dispensas iniciais nem o aditivo que prorrogou
o contrato demonstraram atender aos requisitos legais. A Procuradoria Federal no Estado do Pará (peça
505 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
52) já alertara para a irregularidade ao examinar o pedido de contratação, por meio da dispensa de
licitação, em 2011:
7. Portanto, sendo os serviços de limpeza e conservação, serviços de rotina administrativa,
contínuos, essa causa não se faz ajustada à situação de urgência, haja vista que referidos serviços são
elementares quanto a qualquer planejamento. A situação podia ter sido evitada e não foi. Não se trata de
emergência, mas sim de “emergência fabricada”, ou seja, por desídia, alguém acabou contribuindo para
uma situação que podia ter sido afastada, haja vista ser possível de previsão. Arredada qualquer conotação
a título de urgência, menos ainda emergência na forma prevista no inciso IV, do Artigo 24 da Lei
8.666/1993:
11.Tais irregularidades decorreram da omissão do prefeito da UFRA. Após a ciência de que a então
contratada não possuía interesse em renovar o contrato, não adotou, de imediato, as providências para a
realização de licitação, levando cinco meses para solicitar a abertura de procedimento licitatório. Nesse
período, permaneceu também inerte por dois meses até requerer a autorização para a contratação, em
caráter excepcional, da prestação de serviço de atividades auxiliares de forma direta, faltando apenas treze
dias para terminar a vigência do contrato. Efetivada a contratação por 180 dias, por meio da Dispensa de
Licitação 2567/2010, novamente o prefeito omitiu-se, promovendo, após o transcurso do referido prazo,
outra contratação com a mesma fundamentação, consoante Dispensa de Licitação 3/2011, com vigência
de 90 dias.
12.Também quanto à contratação decorrente da Dispensa de Licitação 2042/2013, a solicitação para
abertura de novo processo licitatório somente foi realizada quatro meses depois da rescisão do contrato
anterior. Nesse caso, a delonga ocasionou a irregular prorrogação do ajuste por três meses.
13.A jurisprudência do Tribunal, a exemplo dos Acórdãos 1312/2016 – 1ª Câmara e 425/2012 –
Plenário, é firme no sentido de admitir a contratação direta por dispensa de licitação mesmo quando a
situação de emergência decorrer de falta de planejamento, de desídia administrativa ou de má gestão dos
recursos públicos, sem prejuízo da responsabilização dos gestores que não providenciaram
tempestivamente o devido processo licitatório. Na mesma direção, o voto condutor do Acórdão
1217/2014 – Plenário registrou:
9. Entretanto, ainda que comprovada a necessidade de atendimento imediato a determinada
situação, cumpre avaliar eventual incúria ou inércia administrativa causadora da situação calamitosa, o
que pode ensejar responsabilização dos gestores faltosos. É necessário, dessa forma, estabelecer
corretamente as linhas de responsabilidades, de modo a divisar a conduta daqueles que concorreram para
originar a situação emergencial e, eventualmente, de agentes que apenas atuaram para elidir o risco de
dano.
14.Assim, a falta de planejamento e a desídia administrativa, no âmbito da UFRA, resultaram na
celebração de contratos emergenciais irregulares.
15.Ademais, a fiscalização apontou a ocorrência de superfaturamento nos Contratos 17/2010,
10/2011 e 6/2013, tendo em vista que as notas fiscais foram emitidas mensamente pela Servi San Ltda.
pelo valor ajustado, sem considerar as faltas de funcionários apontadas nas folhas de pagamento. Houve,
portanto, o atesto de que os serviços teriam sido prestados na íntegra e a autorização dos pagamentos de
forma indevida.
16.Além da proposta de audiência dos responsáveis formulada pela Secex/PA, determino que a
unidade técnica, ao examinar as razões de justificativa eventualmente apresentadas, avalie a ocorrência de
prejuízo decorrente do superfaturamento, para adotar as medidas com vistas à recomposição ao erário.
17.Foi constatada, ainda, a inobservância das condições estipuladas para liberação de
pagamento. Conforme detalhado no relatório, os seguintes documentos não foram localizados em alguns
processos, embora os contratos ou termos de referência exigissem suas apresentações:
506 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
17.1.Contrato 17/2010
a) pesquisa no SICAF;
b) cópias dos recibos de depósitos bancários e contracheques assinados pelos empregados;
c) portaria de designação de fiscal de contrato;
d) folhas de ponto dos empregados, com a relação dos faltosos;
e) exames médicos admissionais dos empregados;
17.2.Contrato 7/2011
a) cópias autenticadas da Guia de Recolhimento de FGTS – GRF e da Guia da Previdência Social –
GPS;
b) retenção do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN;
17.3.Contrato 10/2011
a) cópias autenticadas da Guia de Recolhimento de FGTS – GRF e da Guia da Previdência Social –
GPS;
17.4.Contrato 6/2013
a) certidão do SICAF válida – com vistas a sanar a consulta ao SICAF que informava que a
Certidão de Regularidade Fiscal Federal estava vencida, foi apresentada Certidão Conjunta Positiva com
Efeitos de Negativa, em nome da Servi San Ltda., cujo CNPJ (06.855.175/0001-67) é diferente do CNPJ
da contratada (06.855.175/0007-52);
b) exames médicos admissionais de alguns empregados;
c) cópias autenticadas da Guia de Recolhimento de FGTS – GRF e da Guia da Previdência Social –
GPS;
d) comprovantes de pagamento de salários do mês anterior à fatura e relação de faltosos.
18.Além das irregulares atestações e autorização dos pagamentos, haja vista a ausência da
documentação exigida, houve o faturamento antecipado indevido nos Contratos 7/2011, 10/2011 e
6/2013. É que ocorreu a emissão das notas fiscais, os atestos da execução dos serviços e até mesmo
alguns pagamentos antes do término do período mensal de prestação dos serviços, sem qualquer registro
de ocorrência, como visto, sobre eventual ausência e substituição de empregados, até mesmo quando as
faturas não vinham acompanhadas de todos os documentos necessários.
19.Minha ressalva à análise da Secex/PA refere-se apenas à restrição ao caráter competitivo do
certame.Para a escolha da contratante da Dispensa de Licitação 2042/2013, realizada diante da rescisão
unilateral do Contrato 11/2011 firmado com a Geração Serviços e Comércio Ltda. em decorrência do
Pregão Eletrônico 10/2011, a Universidade decidiu convocar os licitantes e adotar as condições de
julgamento de propostas e de documentação de habilitação do referido certame. A Secex/PA concluiu que
os requisitos de habilitação exigidos na dispensa restringiram o universo de possíveis contratantes com a
Administração, além de não ser compatível com o art. 26, parágrafo único, incisos II e III, da Lei
8.666/1993, que exige somente apresentar a razão da escolha do fornecedor ou executante e a justificativa
do preço.
20.Com as devidas vênias, divirjo, em parte, de tal posicionamento. Tratando-se de dispensa de
licitação, não há que se falar em restrição à competitividade. Conforme reconhecido pela própria unidade
técnica, caberia à Universidade, além de caracterizar a situação emergencial, apenas demonstrar a razão
da escolha do contratado e justificar o preço. Assim, poderia a entidade, desde que instruísse o processo
com os citados elementos, contatar uma única empresa, de forma discricionária, e contratá-la.
21.Todavia, no caso concreto, optou-se por utilizar a listagem dos licitantes e os requisitos do
certame anterior. De acordo com as informações prestadas pela UFRA, foram convidadas a apresentar
propostas dezessete participantes do Pregão Eletrônico 10/2011, sendo que sete não responderam, cinco
foram consideradas inabilitadas e as cinco empresas restantes foram classificadas de acordo com quadro
comparativo de preços, tendo a Servi San apresentado menor valor. Embora procedente a conclusão da
Secex/PA de que as exigências de habilitação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-
financeira e de regularidade fiscal referidas nos artigos 28 a 31 da Lei 8.666/1993 aplicam-se a licitações
e não a dispensas, nos termos do art. 27, caput, da mesma Lei, deve-se reconhecer que o procedimento
507 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
utilizado denotou a adoção de um critério para a escolha do contratado. Nesse sentido, ao invés de apenas
eleger, de forma direta, uma empresa, a universidade estabeleceu um método objetivo para selecioná-la.
Não vejo qualquer irregularidade no procedimento, que representou, na realidade, a razão da escolha do
executante.
Ante o exposto, acolhendo a proposta formulada pela Secex/PA de realização de audiências dos
responsáveis, com os ajustes considerados pertinentes, voto por que o Tribunal aprove o acórdão que ora
submeto à apreciação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1244/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC-000.882/2016-0
2. Grupo: I – Classe: V – Assunto: Auditoria
3. Responsáveis: Sueo Numazawa (CPF 049.002.862-49), Edmilson Antônio Nogueira Rodrigues
(CPF 228.369.182-68), Kedson Raul de Souza Lima (CPF 616.086.451-34) e Carlos Afonso de Lima
Pinheiro (CPF 246.555.542-15).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Pará (Secex/PA).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria de conformidade integrante do
conjunto de auditorias executadas sob a sistemática de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC),
com o objetivo de detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir
de classificação de riscos realizada por modelo probabilístico de análise de dados, destinando-se o
trabalho ora em foco a verificar a regularidade dos procedimentos adotados pela Universidade Federal
Rural da Amazônia – UFRA para contratações da empresa Servi San Ltda.,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. realizar audiência, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, do Sr. Sueo
Numazawa (CPF 049.002.862-49), reitor da UFRA, para que, no prazo de quinze dias, apresente razões
de justificativa por celebrar o Contrato 7/2011 sem que houvesse parecer jurídico prévio emitido pela
Procuradoria Federal junto à UFRA, com infração aos artigos 37, caput, da Constituição Federal, e 38,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, conforme item 3.3 reproduzido no relatório;
9.2. realizar audiência, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, do Sr. Kedson Raul
de Souza Lima (CPF 616.086.451-34), pró-reitor de Planejamento e Gestão da UFRA, para que, no prazo
de quinze dias, apresente razões de justificativa por autorizar indevidamente o pagamento de notas fiscais
constantes dos processos relacionados, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964:
9.2.1. processos 23084.0001403/2011-03, 23084.0001404/2011-40, 23084.002499/2011-73,
23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e 23084.006884/2011-90, discriminados na Tabela 1
(Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 17/2010), reproduzida no relatório, sem
atentar para a liquidação irregular da despesa no valor total original de R$ 61.783,26;
9.2.2. processos 23084.012090/2011-65 e 23084.012979/2011-65, discriminados na Tabela 6
(Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 10/2011), reproduzida no relatório, sem
atentar para a liquidação irregular da despesa no valor total original de R$ 14.751,44;
9.2.3. processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 (Faltas apontadas nas Folhas
de Pagamento 2013 do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, sem atentar para a liquidação irregular
da despesa no valor total original de R$ 9.286,29;
508 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
9.2.4. notas fiscais 1567, 1574, 1570, 1568, 1571, 1569, 1631, 1632, 1601, 1599, 1600, 1670,
1644,1642,1640,1643 e 1641, discriminadas na Tabela 7 (Liquidação irregular e antecipação de
pagamento do Contrato 10/2011), reproduzida no relatório, haja vista a atestação antecipada e a não
comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade;
9.2.5. notas fiscais 1207, 1205, 1206, 1210, 1209, 1208, 1282, 1287, 1285, 1283, 1286, 1284, 1365,
1363, 1366 e 1364, discriminadas na Tabela 2 (Liquidação irregular e antecipação de pagamento do
Contrato 7/2011), reproduzida no relatório, haja vista a atestação antecipada e a não comprovação da
prestação dos serviços em sua totalidade;
9.2.6. processos 23084.0001403/2011-03 e 23084.007358/2011-47, sem a devida pesquisa no
SICAF, com infração aos artigos 29, inciso III, e 54, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, conforme item 3.5
reproduzido no relatório;
9.2.7. processo 23084.007358/2011-47, sem as cópias autenticadas da Guia de Recolhimento do
FGTS – GRF e da Guia de Previdência Social – GPS, competência do mês de maio/2011, e a retenção do
ISSQN relativo à nota fiscal 1208, a crédito da Prefeitura Municipal de Capitão Poço/PA, com infração
aos artigos 66, da Lei 8.666/1993, 3º e 6º da Lei Complementar 116/2003, conforme item 3.7 reproduzido
no relatório;
9.2.8. processos 23084.004854/2013-19, 23084.004869/2013-79, 23084.006754/2013-19,
23084.007989/2013-28, 23084.009799/2013-45, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60, 23084.017418/2013-00 e 23084.018302/2013-80, a despeito de estarem ausentes
diversos documentos discriminados na Tabela 5 (Irregularidades em liberação de pagamentos do Contrato
6/2013), reproduzida no relatório, com infração aos artigos 55, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993;
9.2.9. processos 23084.012090/2011-65, 23084.015921/2011-51 e 23084.014726/2011-11, a
despeito de estarem ausentes os comprovantes autenticados de recolhimento da Guia de Recolhimento do
FGTS – GRF e Guia de Previdência Social – GPS, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993, conforme
item 3.13 reproduzido no relatório;
9.3. realizar audiência, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, do Sr. Edmilson
Antônio Nogueira Rodrigues (CPF 228.369.182-68), prefeito da UFRA, para que, no prazo de quinze
dias, apresente razões de justificativa por:
9.3.1. atestar indevidamente a execução de serviços das notas fiscais constantes dos processos
relacionados, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964:
9.3.1.1. processos 23084.002499/2011-73, 23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e
23084.006884/2011-90, discriminados na Tabela 1 (Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do
Contrato 17/2010), reproduzida no relatório, dando causa a pagamento por serviços não prestados no
valor total original de R$ 4.315,00;
9.3.1.2. processos 23084.012090/2011-65 e 23084.012979/2011-65, discriminados na Tabela 6
(Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 10/2011), reproduzida no relatório, dando
causa a pagamento por serviços não prestados no valor total original de R$ 14.751,44;
9.3.1.3. notas fiscais 3277, 3278, 3279, 3280, 3281, 3282 e 3283, haja vista a atestação antecipada e
a não comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 3
(Liquidação irregular do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório;
9.3.1.4. notas fiscais 1567, 1574, 1570, 1568, 1571, 1569, 1631, 1632, 1601, 1599, 1600, 1670,
1644,1642,1640,1643 e 1641, haja vista a atestação antecipada e a não comprovação da prestação dos
serviços em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 7 (Liquidação irregular e antecipação de
pagamento do Contrato 10/2011), reproduzida no relatório;
9.3.1.5. notas fiscais 1207, 1205, 1206, 1210, 1209, 1208, 1362, 1367, 1365, 1363, 1366 e 1364,
haja vista a atestação antecipada e a não comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade,
conforme caracterizado na Tabela 2 (Liquidação irregular e antecipação de pagamento do Contrato
7/2011), reproduzida no relatório;
9.3.1.6. processos 23084.0001403/2011-03, 23084.007358/2011-47, 23084.0001404/2011-40,
23084.002499/2011-73, 23084.003405/2011-83, 23084.005343/2011-44 e 23084.006884/2011-90, haja
509 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
vista a não apresentação dos documentos constantes dos subitens 14.1.1 e 14.2.4 do Termo de Referência
das Dispensas de Licitação 2567/2010 e 3/2011 e da subcláusula 4.3.2.5 dos Contratos 17/2010 e 7/2011,
conforme item 3.5 reproduzido no relatório, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993;
9.3.2. emitir solicitações de pagamento para faturas cujos serviços não haviam sido prestados,
conforme processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 (Faltas apontadas nas Folhas
de Pagamento 2013 do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, dando causa a pagamentos por
serviços não prestados no valor total original de R$ 9.286,29, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei
4.320/1964;
9.3.3. não caracterizar devidamente a urgência de atendimento de situação que pudesse ocasionar
prejuízo ou comprometesse a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, para a
realização das contratações emergenciais mediante as Dispensas de Licitação 2567/2010, 3/2011 e
2042/2013; bem como retardar indevidamente o início de procedimento licitatório com vistas a contratar
serviços de atividades auxiliares e apoio administrativo em vias de extinção (Contratos 18/2007, 17/2010
e 11/2011), com infração aos artigos 37, caput e inciso XXI, da Constituição Federal, 24, inciso IV, e 26,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993, conforme item 3.2 reproduzido no relatório;
9.3.4. propor a celebração ilegal de contrato emergencial (Contrato 7/2011) decorrente de outro
ajuste emergencial (Contrato 17/2010), bem como a prorrogação ilegal por sessenta dias de contrato
emergencial (Contrato 6/2013), com infração aos artigos 37, caput, da Constituição Federal, e 24, inciso
IV, da Lei 8.666/1993, conforme item 3.3 reproduzido no relatório;
9.3.5. não designar o fiscal dos Contratos 17/2010 e 7/2011 conforme determinado na subcláusula
10.1 dos referidos ajustes, com infração ao art. 67 da Lei 8.666/1993;
9.3.6. solicitar autorização de pagamento de faturas sem que constassem dos processos de
pagamento:
9.3.6.1. os documentos exigidos nas subcláusulas 4.3.1, 4.3.2, 4.3.2.1, 4.3.2.3 a 4.3.2.5 do Contrato
6/2013 e no subitem 14.2.4 do Termo de Referência da Dispensa de Licitação 2042/2013, conforme
processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-
60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 5 (Irregularidades em liberação de pagamentos do
Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, com infração aos artigos 55, inciso XIII, e 66 da Lei
8.666/1993;
9.3.6.2. cópias autenticadas da Guia de Recolhimento do FGTS – GRF e Guia de Previdência Social
– GPS, como observado nos processos 23084.012090/2011-65, 23084.015921/2011-51 e
23084.014726/2011-11, com infração ao art. 66 da Lei 8.666/1993, conforme item 3.13 reproduzido no
relatório;
9.4. realizar audiência, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, do Sr. Carlos
Afonso de Lima Pinheiro (CPF 246.555.542-15), gerente da Seção de Eletricidade, para que, no prazo de
quinze dias, apresente razões de justificativa por atestar indevidamente as notas fiscais constantes dos
processos a seguir relacionados, ora na condição de prefeito substituto da UFRA, ora na condição de
fiscal de contrato, com infração aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964:
9.4.1. processos 23084.0001403/2011-03 e 23084.0001404/2011-40, discriminados na Tabela 1
(Faltas apontadas nas Folhas de Pagamento 2011 do Contrato 17/2010), reproduzida no relatório, dando
causa a pagamento por serviços não prestados no valor total original de R$ 57.468,27;
9.4.2. processos 23084.004854/2013-19, 23084.011551/2013-44, 23084.013183/2013-79,
23084.016406/2013-60 e 23084.017418/2013-00, discriminados na Tabela 4 (Faltas apontadas nas Folhas
de Pagamento 2013 do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, dando causa a pagamento por serviços
não prestados no valor total original de R$ 9.286,29;
9.4.3. notas fiscais 2714, 2722, 2716, 2720, 2718, 2789, 2793, 2790, 2792, 2791, 2812, 2813, 2814,
2815, 2816, 2907, 2908, 2909, 2910, 2923, 2924, 2925, 2983, 2984, 2985, 2986, 2987, 2988, 2989, 3094,
3095, 3096, 3097, 3098, 3099, 3100 e 3199 3200, 3201, 3202, 3203, 3204, 3205, haja vista a atestação
510 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
antecipada e a não comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade, conforme caracterizado na
Tabela 3 (Liquidação irregular do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório;
9.4.4. notas fiscais 1282, 1287, 1285, 1283, 1286 e 1284, haja vista a atestação antecipada e a não
comprovação da prestação dos serviços em sua totalidade, conforme caracterizado na Tabela 2
(Liquidação irregular e antecipação de pagamento do Contrato 7/2011), reproduzida no relatório;
9.4.5. processos de pagamento 23084.004854/2013-19, 23084.004869/2013-79,
23084.006754/2013-19, 23084.007989/2013-28, 23084.009799/2013-45, 23084.011551/2013-44,
23084.013183/2013-79, 23084.016406/2013-60, 23084.017418/2013-00 e 23084.018302/2013-80, a
despeito de estarem ausentes diversos documentos discriminados na Tabela 5 (Irregularidades em
liberação de pagamentos do Contrato 6/2013), reproduzida no relatório, dando causa a pagamentos
indevidos;
9.5. determinar à Secex/PA que, ao analisar as razões de justificativa eventualmente apresentadas
pelos responsáveis, avalie a ocorrência de prejuízo decorrente do superfaturamento apontado nos
Contratos 17/2010, 10/2011 e 6/2013, para, se for o caso, propor as medidas destinadas à recomposição
ao erário;
9.6. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada das peças que a fundamentam, bem
como do relatório de fiscalização (peça 80) aos responsáveis
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1244-17/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE II – Plenário
TC-030.236/2015-0
Natureza: Solicitação do Congresso Nacional
Órgão/Entidade/Unidade: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
Interessado: Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da
Câmara dos Deputados
Representação legal: não há
SUMÁRIO: SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL. REQUERIMENTO DE REALIZAÇÃO DE
FISCALIZAÇÃO E SUSPENSÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS REFERENTES A PROCESSOS DE REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA. DILIGÊNCIAS. VERIFICAÇÃO DA REGULARIDADE DOS ATOS PRATICADOS PELO MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO NO ÂMBITO DOS PROCESSOS. COMUNICAÇÃO. ATENDIMENTO DA
SOLICITAÇÃO.
RELATÓRIO
Adoto, como relatório, a instrução transcrita a seguir, elaborada no âmbito da Secex/PA (peça 14),
aprovada pelo dirigente daquela unidade técnica.
“INTRODUÇÃO
511 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Trata-se de Solicitação do Congresso Nacional oriunda da Comissão de Agricultura, Pecuária,
Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), encaminhada por meio do ofício 844/2015 de seu
presidente, o Excelentíssimo Senhor Deputado Federal Irajá Abreu, com a Proposta de Fiscalização e
Controle 51/2015.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE 2.Conforme art. 232 do Regimento Interno do TCU e art. 4º da Resolução- TCU 215/2008, são
legitimados a solicitar fiscalização ou informação a esta corte, em nome do Congresso Nacional, os
presidentes do Congresso Nacional, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e de comissões
técnicas ou de inquérito, quando por elas aprovada.
3.Constata-se do ofício 844/2015-CAPADR (peça 1) que o solicitante é presidente de comissão da
Câmara dos Deputados e que a proposta de fiscalização foi por esta aprovada, atendendo assim aos
requisitos normativos de legitimidade e recomendando que a presente solicitação seja conhecida e
examinada por este Tribunal.
HISTÓRICO 4.Após despacho do gabinete do Presidente do TCU encaminhando os autos à Secretaria Geral de
Controle Externo (Segecex) e desta enviando o processo à Secex/PA (peças 3 e 4), a unidade técnica deu
ciência ao Relator em obediência ao art. 9º, inciso I, da Resolução-TCU 215/2008.
5.Em seguida, o titular da unidade determinou diligência à Secretaria Extraordinária de
Regularização Fundiária na Amazônia Legal (Serfal) com o objetivo de obter acesso às peças dos
processos ‘que tratam de pedidos de regularização fundiária de seis glebas de terras rurais de propriedade
da União na região conhecida como complexo Divino Pai Eterno, Gleba Misteriosa, no Município de São
Félix do Xingu, estado do Pará’ (peças 6 e 7).
6.Em resposta, a Serfal apresentou dois ofícios, um com esclarecimentos acerca dos fatos tratados
naqueles processos e outro com cópia integral digitalizada dos seis autos processuais (peças 8 e 10-13).
EXAME TÉCNICO
Da resposta apresentada pela Serfal
7.Por meio do Ofício 10/2016-Serfal/MDA (peça 8), o substituto do Secretário Extraordinário de
Regularização Fundiária na Amazônia Legal esclarece que os autos solicitados integram um conjunto de
nove processos tratando de requisição de regularização fundiária em terras da União. Elenca esses
processos conforme Tabela 1, obtida a partir dos dados encaminhados.
Tabela 1. Processos administrativos de regularização do Complexo Divino Pai Eterno
INTERESSADO NÚMERO DO
PROCESSO TIPO
LOCALIZAÇÃO NO
PROCESSO DE SCN
Instituto Nacional de
Colonização Reforma
Agrária - Incra
54600.001145/2005-19 Principal Peça 11, p. 1-155
Belcina Coelho dos Santos
e Abrahão Aires dos
Santos
56426.000012/2012-30 Apenso Peça 11, p. 312-484
Ivan Queiroz de Almeida e
Rosimary Coelho de
Almeida
56426.000002/2012-02 Apenso Peça 12, p. 1-119
Valterlei Leite Guedes
Filho 56426.001965/2012-15 Apenso Peça 13, p.188-262
Pedro Henrique Guedes 56426.001964/2012-71 Apenso Peça 13, p. 107-187
Karley de Jesus Oliveira 56426.000028/2012-42 Apenso Peça 13, p. 1-106
Almir Leão do Amaral
Filho 56426.000011/2012-95 Apenso Peça 12, p. 120-234
Jorge Marinho de Souza 56426.000019/2012-51 Apenso Peça 12, p. 235-349
512 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Bruno Perez de Lima 56426.000010/2012-41 Apenso Peça 11, p. 156-311
7.1.Alega o gestor substituto que os atos administrativos atinentes aos processos foram praticados
pelo MDA em estrita observância ao estabelecido na Constituição Federal e na Lei 11.952/2009,
instituidora do Programa Terra Legal.
7.2.O imóvel protestado corresponde a uma única área rural, que foi ‘fracionada e supostamente
ocupada por pessoas diversas com o fito de possibilitar a titulação de todo o imóvel rural, que perfaz um
total de 9.817,8648 hectares’. Ressalta o gestor da Serfal que, segundo a Lei do Programa Terra Legal,
apenas imóveis com área inferior a 15 Módulos Fiscais, ou 1.500 hectares, são passíveis de regularização.
7.3.A conclusão pelo indeferimento de regularização das posses se fundamentou em inexistência de
comprovação de ocupação e exploração direta pelos requerentes, bem como inobservância de requisito de
ocupação mansa e pacífica, citando o gestor da Serfal a ocorrência, inclusive, de mortes em disputas por
aquela terra.
7.4.Finaliza sua argumentação afirmando que o imóvel pertence comprovadamente ao patrimônio
da União, com matrícula no Cartório do Único Ofício de Registro de Imóveis da Comarca de São Félix do
Xingu, razão pela qual não está sujeito a usucapião ou legitimação administrativa da posse.
7.5.Das cópias requisitadas por diligência (peças 11-13) constam também Estudo de Capacidade de
Geração de Renda realizado pelo Incra, de autoria do Perito Federal Agrário André Luiz Banhos de Souza
(peça 11, p. 1-61), e decisão interlocutória de juiz estadual no âmbito do processo judicial 0002002-
74.2009.8.14.0045 (peça 11, p. 62-98).
Da exposição da situação problema
8.A comissão da Câmara dos Deputados questiona os procedimentos adotados pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário na condução daqueles processos de regularização fundiária, solicitando ao
TCU fiscalização e suspensão dos atos administrativos praticados pelo ministério e pela Secretaria
Extraordinária de Regularização Fundiária (Serfal).
9.Para atendimento ao solicitado, e considerando que este Tribunal detém competência para sustar
atos conforme previsão no inciso X do art. 71 da Carta Magna, é necessário identificar nos autos dos
processos de regularização fundiária evidência de irregularidade na atuação dos gestores e servidores do
Programa Terra Legal.
10.O cerne da questão da regularidade das ocupações reside no atendimento, por parte dos
requerentes arrolados naqueles processos, aos requisitos do Programa Terra Legal. Entende-se
conveniente, portanto, a transcrição do artigo 5º e seus incisos da Lei 11.952/2009 (grifei):
Art. 5º Para regularização da ocupação, nos termos desta Lei, o ocupante e seu cônjuge ou
companheiro deverão atender os seguintes requisitos:
I - ser brasileiro nato ou naturalizado;
II - não ser proprietário de imóvel rural em qualquer parte do território nacional;
III - praticar cultura efetiva;
IV - comprovar o exercício de ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si ou por
seus antecessores, anterior a 1º de dezembro de 2004; e
V - não ter sido beneficiado por programa de reforma agrária ou de regularização fundiária de área
rural, ressalvadas as situações admitidas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
11.A sustação dos atos praticados no âmbito dos processos em comento requer evidência de que o
indeferimento do pleito dos requerentes ocorreu em desconformidade com as normas legais e
constitucionais, a exemplo de decisões sem fundamento legal ou mal fundamentadas, desrespeito aos
princípios do contraditório e da ampla defesa ou prática de atos não previstos em lei.
12.O exame requer completa investigação dos autos dos processos administrativos citados pelo
ilustre deputado (peças 11-13) com o objetivo de identificar se os atos praticados pelos gestores do Terra
Legal estão de acordo com a legitimidade, com a legalidade e com os princípios administrativos.
13.Todos os processos têm características em comum, inclusive quanto ao rito processual seguido, à
exceção do processo de interesse do Sr. Bruno Peres de Lima.
513 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
14.Em relação ao processo 56426.000010/2012-41, de interesse de Bruno Peres de Lima, verifica-se
perante o Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR) o registro de dois imóveis de interesse do
requerente, como detentor ou como usuário temporário: um imóvel com posse cancelada e o outro com a
persistência do registro (peça 11, 181).
15.Essa situação, por si só, justifica, a priori, o indeferimento do pleito do Sr. Bruno Peres de Lima,
uma vez que o inciso II do art. 5º da Lei 11.952/2009 veda a regularização de terras da União em favor de
proprietário de imóvel rural.
16.A semelhança entre o rito processual adotado nesses processos pode ser verificada nos dados
sintetizados na Tabela 2, que relaciona a localização, em cada processo, dos principais atos
administrativos praticados.
Fracionamento da área
17.Fortalece a constatação de irregularidade das ocupações do Complexo Divino Pai Eterno o fato
de o processo judicial apresentado juntamente com os recursos impetrados pelos recorrentes (processo
0002002-74.2009.814.0045, da Secretaria da Vara Agrária Cível de Redenção, do Tribunal de Justiça do
Pará) versar sobre ação de interdito proibitório ajuizada por José Iris de Souza Nunes em face de José
Alves Bezerra e outros. Nessa ação, José Iris de Souza Nunes alega ser senhor e possuidor de uma área de
9.786,40 hectares, denominada Fazenda Pai Eterno, localizada na gleba Buritirama, no Município de São
Felix do Xingu/PA (peça 11, p. 62-98).
18.Há evidências, portanto, de tentativa de fracionamento de área, isto é, tentativa de regularizar
separadamente glebas distintas que na verdade compõem a área de real interesse, utilizando para isso o
artifício de dividi-la em porções menores para adequá-la ao limite estabelecido na Lei 11.952/2009, que é
de 1.500 hectares. As ‘subáreas’ são, portanto, fictícias e correspondem a uma só propriedade, a qual, in
casu, possui extensão territorial superior a 9 mil hectares.
Tabela 2: Localização dos principais atos do MDA (peça e página desta SCN)
Requerente
Ato
Administrativo Bru
no
Per
ez
de
Lim
a
Bel
cina
Coel
ho d
os
Santo
s
Ivan
Quei
roz
de
Alm
eida
Alm
ir L
eão
do
Am
ara
l
Fil
ho
Jorg
e
Mari
nh
o
de
Souza
Karl
ey
de
Jesu
s
Oli
veir
a
Ped
ro
Hen
riqu
e
Gued
es
Valt
erle
i
Lei
te
Gued
es
Fil
ho
Laudo de vistoria
11,
185-
191
11,
348-
354
12, 27-
30
12,
136-
139
12,
251-
254
13, 12-
15
13,
119-
123
13,
201-
204
Declaração de
realização de
vistoria
11, 193 11, 356 12, 31 12, 140 12, 256 13, 16 - -
Notificação de
pendência
documental
11, 195 11, 358 12, 32 12, 141 12, 258 13, 17 - -
Recurso
administrativo
11,
204-
215
11,
365-
377
12, 38-
45
12,
146-
151
12,
264-
271
13, 23-
29
13,
130-
135
13,
211-
214
Parecer da AGU
11,
246-
258
11,
421-
433
12, 73-
85
12,
185-
197
12,
301-
313
13, 58-
70
13,
138-
150
13,
217-
229
Decisão acerca
do recurso 11, 265 11, 441 12, 91 12, 204 12, 319 13, 76 13, 157 13, 232
Pedido de
reconsideração
11,
278-
288
11,
450-
460
12, 98-
103
12,
211-
216
12,
327-
331
13, 84-
89
13,
164-
170
13,
239-
244
Novo parecer da
AGU
11,
292-
11,
464-
12,
105-
12,
219-
12,
334-
13, 91-
94
13,
172-
13,
246-
514 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
296 468 109 223 337 176 250
19.A este Tribunal não cabe imiscuir-se na atividade fim do Incra, sob pena de usurpação de
competência daquela autarquia. O controle externo exercido pelo Tribunal abrange os aspectos de
legalidade e legitimidade dos atos praticados, conforme se depreende das atribuições constitucionais
insculpidas no art. 71 da Carta Magna.
20.Significa dizer que não compete ao Tribunal de Contas da União investigar, em sentido estrito, a
regularidade da ocupação para fins de emissão de laudos de vistoria das áreas, uma vez que essa
competência a lei atribui ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, sob coordenação do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
21.O que deve o TCU é verificar a regularidade dos atos processuais praticados pelo MDA,
confrontando-os aos critérios legais e normativos a que estão submetidos.
22.Constam de todos os relatórios de vistoria os devidos fundamentos. Seis das oito vistorias
realizadas foram sucedidas de declaração de realização de vistoria, assinada por representante dos
requerentes, e de notificação para complementação de informações por aqueles. Entretanto, não se acham
nos autos nem a resposta a essa notificação, nem tampouco manifestação a respeito dela nos recursos
impetrados, o que permite inferir que a notificação não foi atendida.
23.A notificação visava à comprovação, a cargo de cada requerente, da transmissão de direito de
posse, bem como da existência de produção na propriedade rural que podia ser feita por meio de
apresentação de ficha de controle de rebanho ou contrato de arrendamento, comprovando assim o
cumprimento ao inciso IV do art. 5º da Lei do Terra Legal. Apresentados esses documentos, parte da
fundamentação para indeferimento usada pelo MDA restaria prejudicada, quais sejam: a ausência de
ocupação direta e a inexistência de exploração direta.
24.Alegaram os técnicos do Incra que a ocupação não ocorreu de forma direta. Segundo os técnicos,
vários são os fatores que comprovam a afronta ao inciso IV do art. 5º da Lei 11.952/2009: a indefinição
dos limites das propriedades evidenciada pela ausência de cercas ou elementos de separação de
propriedades comumente utilizados, o fato de o gado ser criado sem individualização de pastagem, a
constatação de uso comum de todas as benfeitorias e, por fim, a não apresentação de documentos
comprovando a alegada situação de arrendamento de pastagem.
25.Some-se a tudo isso a informação no processo judicial de que o Sr. José Iris de Souza Nunes
pleiteia a posse de uma área de mais de 9 mil hectares.
26.Todos esses fatores, considerados de forma contextualizada, configuram a tentativa de
fracionamento de terra com vistas a regularizar, individualmente, frações de uma mesma área, cada qual
com superfície inferior a 1.500 hectares a fim de se adequar ao limite estabelecido pela Lei do Terra
Legal como passível de regularização.
Posse mansa e pacífica
27.Conforme Informativo 43/2013 de peça 13 (p. 116-118), é relatada a dúvida quanto à posse da
área abrangida pelo Complexo Divino Pai Eterno. Existem informações conflitantes e a área é objeto de
demanda do Movimento dos Sem Terra (MST). Ademais, há diversos fatos que indicam realidade de
conflito agrário na área, inclusive com grupos armados (peça 13, p. 116, item 6), demonstrando a
gravidade da situação.
28.No próprio processo judicial acostado aos autos existe constatação de conflitos agrários e
ocupação da área por terceiros, fatos reconhecidos pela parte que ingressou com a ação (peça 11, p. 64).
29.O inciso IV do art. 5º da Lei 11.952/2009 declara de maneira explícita a necessidade, para a
regularização da propriedade, de ocupação mansa e pacífica. Para que a área seja regularizada, não pode,
portanto, haver contestação da posse. Constata-se não ser esse o caso do Complexo Divino Pai Eterno, em
que há ocupação por terceiros e conflitos relatados tanto nos processos administrativos quanto no
processo judicial.
30.Como o atendimento aos cinco requisitos do art. 5º da Lei 11.952/2009 é cumulativo, o
descumprimento de somente um deles é bastante para obrigar o MDA a indeferir o pleito de
515 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
regularização. No caso sob exame neste processo, a ausência de ocupação mansa e pacífica justifica, por
si só, o indeferimento à demanda dos requerentes.
Considerações finais
31.Observa-se nos autos o cumprimento, em todos os processos, dos artigos 19 e 20 da Portaria
MDA 23/2010, que determinam a realização de vistoria prévia em áreas superiores a quatro Módulos
Fiscais. A Tabela 2 identifica a localização nos autos dos oito laudos de vistoria acostados. Também
restam cumpridos os artigos 24 e 26, bem como seus incisos e parágrafos, que tratam da decisão de
mérito do recurso administrativo.
32.A ausência, nos mencionados processos, de comprovação de notificação do requerente quanto ao
indeferimento de seu pleito não configurou prejuízo ao exercício da ampla defesa. Conforme art. 26, § 5º,
da Lei 9.784/1999, o comparecimento espontâneo aos autos supre a falta de notificação, fato observado
nos processos sob análise. Esse entendimento é esposado pelo Tribunal de Contas da União nos processos
de sua competência (Acórdãos 4.193/2011-1ª Câmara, 2.041/2008-2ª Câmara e 1.514/2008-1ª Câmara) e
pelo Supremo Tribunal Federal, nos processos judiciais (HC 96465/MG, Primeira Turma, relator Min.
Dias Toffoli, DJ de 6/5/2011, e Ag. Reg. no AI 788321/DF, relatora Min. Carmen Lúcia, DJ de
24/9/2010).
33.Relativamente aos atos processuais anteriores ao indeferimento do pleito, não se verifica, nos
autos, a ocorrência de irregularidade. Todas as decisões encontram-se devidamente fundamentadas, desde
os relatórios de vistoria até os despachos de indeferimento proferidos pela autoridade competente.
34.Em todas as oportunidades de recurso aproveitadas pelos interessados — ressalte-se, por meio de
representação do mesmo escritório de advocacia — houve arrazoado da Advocacia-Geral da União e
despacho de negativa de provimento do Ministro do Desenvolvimento Agrário, autoridade competente
para tal nos termos das normas atinentes, bem como publicação e ciência dos requerentes da decisão
adotada pelo MDA.
35.Não se vislumbra, portanto, ilegalidade ou abuso por parte do MDA naqueles processos.
Ademais, em suas defesas os requerentes não apresentaram provas nem questionaram as informações
registradas pelo Incra quando da realização de vistoria das propriedades. Apenas cingiram-se ao pedido
de suspensão dos processos administrativos até o julgamento de processo judicial atinente à área que
buscavam regularizar, como bem argumenta a AGU em seus pareceres.
36.Verificam-se procedentes as alegações do Secretário substituto de Regularização Fundiária na
Amazônia Legal de que há indícios suficientes de fracionamento da área, bem como de que inexiste
ilegalidade nos atos administrativos praticados pelo MDA.
37.Não se identifica motivo justo para a suspensão dos atos administrativos praticados pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário, uma vez que não restou comprovada a ocorrência de
irregularidade ou ilegalidade praticada por aquele órgão no âmbito dos processos de regularização
fundiária de número 56426.001965/2012-15, 56426.000019/2012-51, 56426.001964/2012-71,
56426.000028/2012-42, 56462.000011/2012-95 e 56462.000010/2012-41.
38.A análise efetuada por esta unidade técnica não se limitou aos processos indicados pela
Comissão da Câmara dos Deputados, mas abrangeu todos os oito processos de regularização de lotes
integrantes do Complexo Divino Pai Eterno, no Município de São Felix do Xingu, no estado do Pará.
39.Não obstante a proposta enviada pela Comissão da Câmara dos Deputados solicitar realização de
auditoria nos processos supracitados, entende-se que a documentação acostada aos autos é bastante para
sanear as dúvidas suscitadas por aquela comissão. Deste modo, mostra-se desnecessária a realização de
auditoria, modalidade de fiscalização utilizada por este Tribunal para examinar casos de maior
complexidade e que demandem verificação in loco de questões não suficientemente esclarecidas pela
mera análise documental.
CONCLUSÃO 40.A presente solicitação do Congresso Nacional é oriunda da Comissão de Agricultura, Pecuária,
Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), mediante ofício 844/2015 de autoria de seu
presidente, o Excelentíssimo Deputado Federal Irajá Abreu. O solicitante é autoridade legitimada pelo art.
516 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
232 do Regimento Interno do TCU e pelo art. 4º da Resolução-TCU 215/2008, o que recomenda seu
conhecimento e apreciação.
41.Após os atos processuais de praxe, demandados pela Resolução-TCU 215/2008, obtiveram-se
por meio de diligência à Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazônia Legal
(Serfal) esclarecimentos a respeito dos processos questionados pelo solicitante, bem como cópia integral
dos próprios processos.
42.Considerando que a análise desta unidade técnica reconheceu a existência de evidências de
fracionamento de área com vistas à regularização de terras por meio do Programa Terra Legal,
comprovou a ausência de posse mansa e pacífica por parte dos requerentes nos processos de regularização
fundiária analisados e não identificou irregularidade, ilegalidade ou abuso nos atos processuais praticados
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário ou pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra), conclui-se pela lisura e manutenção de todos os atos administrativos havidos nos
processos de regularização, não se vislumbrando causa justa para a suspensão dos referidos atos como
pretende a solicitação do Congresso Nacional encaminhada a este TCU.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
43.Submetem-se os autos à consideração superior com as seguintes propostas:
a) conhecer da presente Solicitação do Congresso Nacional, considerada a presença dos requisitos
estabelecidos no art. 232 do Regimento Interno do TCU e no art. 4º da Resolução-TCU 215/2008;
b) comunicar à Presidência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural que não foi constatada irregularidade, ilegalidade ou abuso nos atos praticados
pelo Ministério do Desenvolvimento agrário e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
no âmbito dos processos 56426.001965/2012-15, 56426.000019/2012-51, 56426.001964/2012-71,
56426.000028/2012-42, 56462.000011/2012-95 e 56462.000010/2012-41, que tratam de regularização
fundiária de áreas do Complexo Divino Pai Eterno, no Município de São Felix do Xingu, no estado do
Pará, encaminhando-lhe cópia do acórdão que vier a ser adotado, acompanhado dos respectivos relatório
e voto;
c) considerar a Solicitação integralmente atendida e arquivar o presente processo, nos termos do
art. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU e art. 17 da Resolução-TCU 215/2008.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de Solicitação do Congresso Nacional oriunda da Comissão de Agricultura, Pecuária,
Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados, por meio da qual
encaminha Proposta de Fiscalização e Controle 51/2015, da autoria do Deputado Irajá Abreu.
2.A referida Proposta de Fiscalização e Controle (PFC) requer a fiscalização visando à suspensão
dos atos administrativos praticados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e pela Secretaria
Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazônia Legal (Serfal) referentes aos processos
56426.001965/2012-15, 56426.000019/2012-51, 56426.001964/2012-71, 56426.000028/2012-42,
56462.000011/2012-95 e 56462.000010/2012-41 no âmbito do Programa Terra Legal. Estes processos
tratam de pedidos de regularização fundiária de seis glebas de terras rurais de propriedade da União na
região conhecida como complexo Divino Pai Eterno, Gleba Misteriosa, no Município de São Félix do
Xingu, Estado do Pará. Tal requerimento fundamenta-se na suposta ilegalidade dos atos da Serfal
indeferindo a regularização fundiária das referidas glebas.
3.A presente Solicitação do Congresso Nacional deve ser conhecida por este Tribunal, por atender
aos requisitos de admissibilidade aplicáveis à espécie processual.
4.De início, cabe ressaltar que não foram informadas quais seriam, especificamente, as ilegalidades
que incidiriam sobre os atos do MDA praticados nos processos relacionados. Os fatos descritos pelo
solicitante buscam demonstrar que os requerentes reuniriam as condições para obter a titulação das áreas
517 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
pleiteadas. Outro fator mencionado na solicitação é que uma recente operação do Departamento de
Polícia Federal no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) teria demonstrado que,
especialmente na região de São Felix do Xingu/PA, os procedimentos e processos estão em desacordo
com as normas legais.
5.Com vistas à obtenção de informações necessárias à avaliação dos atos questionados, foi
promovida diligência à Serfal objetivando o acesso às peças dos mencionados processos. Em resposta,
aquela secretaria extraordinária informou que os autos solicitados integram um conjunto de nove
processos, sendo que oito deles tratam de requisição de regularização fundiária em terras da União na área
pleiteada, ao mesmo tempo em que encaminhou ao Tribunal cópia desses processos.
6.As informações prestadas pela Serfal dão conta, ainda, que o imóvel sob reivindicação
corresponde a uma única área rural, que foi fracionada e supostamente ocupada por pessoas diversas com
o fito de possibilitar a titulação de todo o imóvel rural, que perfaz um total de 9.817,8648 hectares, sem a
necessidade de eventual renúncia à parcela excedente a 15 módulos fiscais ou 1.500 hectares, conforme
possibilita o art. 14 da Lei 11.952/2009.
7.Informa a Serfal que, após a realização da vistoria prevista no art. 19 da Portaria MDA 23/2010,
concluiu-se pelo indeferimento dos requerimentos de regularização fundiária das áreas em questão, sob os
seguintes fundamentos:
a) falta de prática de cultura efetiva por parte do interessado (inciso III do art. 5º da Lei
11.952/2009);
b) falta de comprovação do exercício de ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si ou
por seus antecessores, anterior a 1º de dezembro de 2004 (inciso IV do art. 52 da Lei 11.952/2009); e
c) dimensão do imóvel superior à legalmente prevista (§ 1º do art. 6º da Lei 11.952/2009).
8.A análise realizada no âmbito da Secex/PA, envolvendo as informações prestadas pela Serfal e as
cópias dos processos de regularização fundiária encaminhadas, aponta os seguintes fatos:
a) quanto ao processo 56426.000010/2012-41, de interesse de Bruno Peres de Lima, verifica-se
perante o Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR) o registro de dois imóveis de interesse do
requerente, como detentor ou como usuário temporário, sendo um imóvel com posse cancelada e o outro
com a persistência do registro, situação essa que impede o pleito do requerente, uma vez que o art. 5º,
inciso II, da Lei 11.952/2009 veda a regularização de terras da União em favor de proprietário de imóvel
rural;
b) evidências de tentativa de fracionamento de área com extensão territorial superior a 9 mil
hectares por meio do artifício de dividi-la em porções menores para adequá-la ao limite estabelecido na
Lei 11.952/2009, que é de 1.500 hectares;
c) os relatórios das vistorias realizadas por técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) nas áreas em questão apontam a indefinição dos limites das propriedades, evidenciada
pela ausência de cercas ou elementos de separação de propriedades comumente utilizados, o fato de o
gado ser criado sem individualização de pastagem, a constatação de uso comum de todas as benfeitorias e
a não apresentação de documentos comprovando a alegada situação de arrendamento de pastagem,
elementos que demonstram que a ocupação não ocorreu de forma direta, o que afronta o art. 5º, inciso IV,
da Lei 11.952/2009;
d) existência de processo judicial em que o Sr. José Iris de Souza Nunes pleiteia a posse de uma
extensão de terras de mais de 9 mil hectares na mesma área;
e) os elementos constantes dos autos demonstram a inexistência de ocupação mansa e pacífica das
glebas pleiteadas, ante a constatação de conflitos agrários na área, inclusive com participação de grupos
armados, e ocupação da área por terceiros, conforme relatado tanto no processo administrativo quanto no
processo judicial de interesse do Sr. José Iris de Souza Nunes.
9.Ante os fatos acima expostos, resta claro que a situação evidenciada nas áreas pleiteadas por meio
dos processos administrativos relacionados na presente Solicitação impede a regularização fundiária
pleiteada, por não restar atendido o art. 5º, incisos III e IV, da Lei 11.952/2009, in verbis:
518 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
“Art. 5º Para regularização da ocupação, nos termos desta Lei, o ocupante e seu cônjuge ou
companheiro deverão atender os seguintes requisitos:
(...)
III - praticar cultura efetiva;
IV - comprovar o exercício de ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si ou por seus
antecessores, anterior a 1º de dezembro de 2004;”
10.No presente caso, restou não comprovado o atendimento dos requisitos da prática de cultura
efetiva, da ocupação e exploração direta e da ocupação mansa e pacífica das áreas requeridas, conforme
demonstram as vistorias realizadas na área e os demais elementos constantes destes autos. Há também
afronta às disposições dos arts. 6º, § 1º, e 14 da mesma lei, que estabelecem:
“Art. 6º Preenchidos os requisitos previstos no art. 5º, o Ministério do Desenvolvimento Agrário ou,
se for o caso, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão regularizará as áreas ocupadas mediante
alienação.
§ 1º Serão regularizadas as ocupações de áreas de até 15 (quinze) módulos fiscais e não superiores a
1.500 ha (mil e quinhentos hectares), respeitada a fração mínima de parcelamento.
(...)
Art. 14. As áreas ocupadas insuscetíveis de regularização por excederem os limites previstos no § 1º
do art. 6º poderão ser objeto de titulação parcial, nos moldes desta Lei, de área de até 15 (quinze) módulos
fiscais, observado o limite máximo de 1.500 ha (mil e quinhentos hectares).”
11.Tendo em vista que a área objeto do pleito de regularização tem extensão superior a 9.000 ha, a
sua subdivisão em parcelas com áreas inferiores a 1500 ha mostra-se como um artifício para contornar as
mencionadas disposições legais. Tal fato também se constitui como mais um fator impeditivo à
regularização fundiária em questão.
12.Ainda em relação à questão da comprovação da prática da cultura efetiva e da exploração direta,
os laudos de vistoria lavrados por peritos do Incra dão conta de que em seis das oito áreas vistoriadas –
aquelas correspondentes aos processos relacionados na presente SCN –, foi informado pelo Sr. Bruno
Perez de Lima (que representou nessas vistorias todos os seis interessados na regularização fundiária) que
as referidas áreas estavam arrendadas para o Sr. Hélio Moreira, fazendeiro de Marabá/PA para a engorda
de 3.000 cabeças de gado. Para comprovação dessa afirmação, os interessados foram notificados para que
apresentassem o contrato de arrendamento de pastagens. Não houve o atendimento a essas notificações.
13.Quanto às vistorias das outras duas áreas, foi verificada a presença de gado que seria de
propriedade dos respectivos requerentes. Para a devida comprovação, os supostos proprietários dos
rebanhos foram notificados para que apresentassem cópia das fichas de controle do rebanho, cópia de
notas fiscais de vacinas obrigatórias, cópia de Guias de Trânsito de Animais em nome do requerente, e
cópia de registro de empregados. Também neste caso não ocorreu o atendimento a essas notificações.
14.Em todas notificações emitidas pelo Incra após as vistorias constou também a exigência de
apresentação do comprovante de transferência de direitos de posses (contrato de compra e venda ou
similar), para efeito da comprovação da ocupação direta. Não houve apresentação, por parte dos
interessados, de tais comprovantes.
15.Feitas essas considerações, acompanho o posicionamento da Secex/PA no sentido de que o
indeferimento, por parte do MDA, dos pleitos de regularização fundiária objeto dos processos
relacionados nestes autos teve o devido embasamento técnico e jurídico. Verifica-se, ainda, o
cumprimento dos procedimentos previstos Portaria MDA 23/2010 – que dispõe sobre os procedimentos
para regularização fundiária de ocupações incidentes em terras situadas em áreas rurais no âmbito da
Amazônia Legal –, tais como a realização de vistoria prévia nas áreas, por serem maiores que quatro
Módulos Fiscais, notificação dos interessados acerca de pendências documentais, oportunização de
interposição dos recursos administrativos previstos, com as devidas análises por parte da Advocacia-Geral
519 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
da União, despacho de negativa de provimento do Ministro do Desenvolvimento Agrário e publicação e
ciência dos requerentes da decisão adotada pelo MDA.
16.Não se constatou, portanto, ilegalidades, irregularidades ou abusos nos atos do MDA que
indeferiram os pleitos formulados nos processos objeto dos presentes autos. Há que ser ressaltado, ainda,
que a análise empreendida por este Tribunal não se restringiu aos seis processos de regularização
fundiária arrolados pela Comissão solicitante, mas se estendeu a todos os oito processos referentes à área
do Complexo Divino Pai Eterno, em São Felix do Xingu/PA.
17.Considero, assim, que em atendimento à presente Solicitação do Congresso Nacional, devem ser
encaminhadas essas conclusões à Comissão solicitante.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1245/2016 – TCU – Plenário
1. Processo TC-030.236/2015-0.
2. Grupo: I – Classe: II - Assunto– Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessado: Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da
Câmara dos Deputados.
4. Órgão/Entidade/Unidade: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/PA.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional oriunda da
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos
Deputados, por meio da qual encaminha Proposta de Fiscalização e Controle 51/2015, da autoria do
deputado Irajá Abreu,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Solicitação do Congresso Nacional, considerada a presença dos requisitos
estabelecidos no art. 232 do Regimento Interno do TCU e no art. 4º da Resolução/TCU 215/2008;
9.2. comunicar à Presidência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural que não foi constatada irregularidade, ilegalidade ou abuso nos atos praticados
pelo Ministério do Desenvolvimento agrário e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
no âmbito dos processos 56426.001965/2012-15, 56426.000019/2012-51, 56426.001964/2012-71,
56426.000028/2012-42, 56462.000011/2012-95 e 56462.000010/2012-41, que tratam de regularização
fundiária de áreas do Complexo Divino Pai Eterno, no Município de São Felix do Xingu, no Estado do
Pará;
9.3. encaminhar cópia deste acórdão, bem como das peças que o fundamentam à Presidência da
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados;
e
9.4. considerar a Solicitação integralmente atendida e arquivar o presente processo, nos termos do
art. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU e art. 17 da Resolução/TCU 215/2008.
10. Ata n° 17/2016 – Plenário.
11. Data da Sessão: 18/5/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1245-17/16-P.
520 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE VII – Plenário
TC-006.612/2016-4
Natureza: Representação.
Unidade Jurisdicionada: Agência Nacional do Cinema – Ancine.
Representante: Connectcom Teleinformática Comércio e Serviços Ltda. (CNPJ.308.141/0009-
23).
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. SUPOSTAS IRREGULARIDADES OCORRIDAS NO
PREGÃO ELETRÔNICO PROMOVIDO PELA ANCINE. SERVIÇOS TÉCNICOS NA ÁREA DE
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. NOTÍCIA DE RESTRIÇÃO À COMPETITIVIDADE.
CRITÉRIO INADEQUADO DE REMUNERAÇÃO. CONHECIMENTO. PROCEDÊNCIA.
AUTORIZAÇÃO, EXCEPCIONAL, PARA CELEBRAR O CONTRATO. DETERMINAÇÃO.
“Nas contratações para a prestação de serviços de tecnologia da informação, a remuneração deve
estar vinculada a resultados ou ao atendimento de níveis de serviço, admitindo-se o pagamento por hora
trabalhada ou por posto de serviço somente quando as características do objeto não o permitirem, hipótese
em que a excepcionalidade deve estar prévia e adequadamente justificada nos respectivos processos
administrativos” (Súmula/TCU 269).
RELATÓRIO
Trata-se da Representação, com pedido de cautelar, formulada pela Connectcom Teleinformática
Comércio e Serviços Ltda., a respeito de supostas irregularidades ocorridas no Pregão Eletrônico 6/2016,
promovido pela Agência Nacional do Cinema – Ancine.
2.O mencionado certame visou à contratação de empresa especializada na prestação de serviços
técnicos na área de tecnologia da informação para apoio às atividades de sustentação de ambiente de
datacenter e suporte à gestão e operação de serviços de tecnologia da informação – TI e comunicação,
bem como suporte às demandas operacionais da Ancine. O valor orçado da contratação monta a
R$ 6.855.374,60.
3.Em suma, a representante noticiou a exigência restritiva à competitividade do certame em razão
de o edital estabelecer, nos subitens 12.2.6 e 12.2.7 do termo de referência, a necessidade de
comprovação, na fase de habilitação, de que a licitante seja certificada junto a programas de parceria da
Oracle (Oracle Gold ou superior) e da Microsoft (Microsoft Certified Silver Partner ou superior) de alto
nível.
4.Transcrevo a seguir, com ajustes de forma, excerto da instrução em que a Secex/RJ apresenta
características do edital e analisa os argumentos apresentados pela representante em peça exordial (peças
19 e 20):
“EXAME DE ADMISSIBILIDADE
8. Inicialmente, cabe registrar que a representação preenche os requisitos de admissibilidade
constantes no art. 235 do Regimento Interno do TCU, haja vista a matéria ser de competência do
Tribunal, referir-se a responsável sujeito a sua jurisdição, estar redigida em linguagem clara e objetiva,
conter nome legível, qualificação e endereço do representante, bem como encontrar-se acompanhada do
indício concernente à irregularidade ou ilegalidade.
521 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
(...) é indubitável que a representação cuida de matéria de interesse público, pois contempla
alegações de que a condução do certame em questão estaria restringindo a competitividade do certame.
12. Satisfeitos assim os requisitos de admissibilidade, a representação poderá ser apurada, para fins
de comprovar a sua procedência, nos termos do art. 234, § 2º, segunda parte, do Regimento Interno do
TCU, aplicável às representações de acordo com o parágrafo único do art. 237 do mesmo RI/TCU.
EXAME TÉCNICO
Alegações da representante
(...)
14. Segundo a autora da representação, o exigido seria irregular porquanto:
a) a obtenção das parcerias de alto nível que a certificação requerida busca comprovar não seria
ditada exclusivamente por fatores técnicos, já que empresas como a Microsoft e Oracle cobram
regiamente dos interessados em obtê-las, como é o caso dessa última empresa de software que exige o
valor de R$ 12.121,28 a título de certificação OPN Gold Level Membership, conforme demonstrado no
documento de peça 2, p. 1;
b) tal dispêndio exigido das licitantes onera demasiadamente o próprio certame e restringe de
sobremaneira a ampla participação e competitividade;
c) o TCU, conforme ilustra o Acórdão 3.663/2013-TCU-Plenário, vem rechaçando exigências de tal
jaez, considerando que é ilegal a exigência de certificações como critério de habilitação, uma vez que tais
documentos não estão previstos no rol exaustivo contido no art. 30 da Lei 8.666/93.
Pedido formulado pela representante
15. A signatária da representação requer:
a) liminarmente, a ‘suspensão de todo e qualquer ato da licitação referente ao Pregão Eletrônico
6/2016; na fase em que se encontra’, ou então, acaso efetivado contrato decorrente do certame, a
‘imediata suspensão de sua execução, até o julgamento da presente Representação ‘;
b) no mérito, que seja julgada procedente a representação, ‘anulando a realização do presente
certame’.
16. Entende caracterizado o fumus boni iuris em face das irregularidades relatadas, as quais a
alijam ilegalmente do certame, maculando assim a disputa.
17. Já quanto ao periculum in mora, assinala que se encontra caracterizado ‘posto que aos 02 de
março de 2016 está marcada a sessão pública’ do certame.
Análise do pedido
18. Antes de se adentrar propriamente no exame dos requisitos regimentais para instauração do
incidente de cautelar requerido pela representante, necessário coligir elementos que permitam subsidiar a
aferição da presença de tais requisitos, inclusive, conforme alertado no MMC 25/2013 – Segecex, no que
tange à apuração das circunstâncias referentes à existência de interesse público capaz de justificar a
intervenção do TCU, à configuração de restrição à competitividade do certame ou a outro princípio de
envergadura constitucional, bem como à caracterização de inegável dano à lisura do procedimento
licitatório e à economicidade da contratação.
19. Necessário, outrossim, consoante ressaltado quando da prolação do Acórdão 2.082/2014-TCU-
2ª Câmara, empreender avaliação, acaso viável, da potencial lesão ao erário que a eventual adoção da
cautelar requerida evitaria e das possíveis consequências que resultariam da atuação ou não do Tribunal,
tanto para a Administração Pública quanto para o próprio Tribunal, considerando-se os custos processuais
com a eventual apuração dos fatos até a decisão final do Tribunal.
20. Para tanto, expediu-se, também para o fito de observar a orientação contida no Memorando-
Circular 16/2012-Segecex, email desta Unidade Técnica (peça 8) dirigido ao promotor do certame,
solicitando os seguintes esclarecimentos e informações:
a) justificativa técnica, inserida nos autos do processo administrativo do pregão, para utilização, na
contratação dos serviços licitados, da métrica homem-hora, com mão de obra exclusiva;
522 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
b) teor integral das impugnações e esclarecimentos apresentados em relação ao pregão e de suas
respostas, incluindo os pareceres das áreas técnicas que embasaram a decisão da Ancine, particularmente
a Nota Técnica SGI/GTI 01/2016, de 29/2/2016;
c) esclarecimento quanto à divergência nas exigências acerca de certificação, visto que, no item
8.7.5.6 do edital, o certificado exigido se refere à Oracle, ao passo que, nos itens 12.2.6 e 12.2.7 do termo
de referência, os certificados requeridos se referem à Oracle e à Microsoft;
d) confirmação do estágio atual do procedimento, com informação sobre as próximas etapas
previstas;
e) nome completo e CPF do pregoeiro, bem como daquele designado para homologar o certame;
f) manifestação sobre impacto de eventual deliberação do Tribunal pela paralisação do
procedimento, com a devida comprovação documental evidenciando tal impacto;
g) medidas eventualmente adotadas, com cópia, se for o caso, do ato de suspensão do procedimento;
h) outras informações julgadas úteis.
21. O pregoeiro do certame respondeu mediante email de peça 9, complementado pelo de peça 10,
devidamente acompanhado de anexos, os quais foram englobados nos documentos de peças 11-14.
22. Seguem, abaixo, as respostas do condutor do certame para cada quesito do email da Secex/RJ:
I) no que se refere à justificativa técnica, item a), foram encaminhados os expedientes (peça 11)
intitulados ‘Justificativa Técnica GTI 1 - 28-04-2015’ e ‘Justificativa Técnica GTI 2 - 09-06-2015’, sendo
esclarecido ainda que os referidos pareceres técnicos foram emitidos quando da ‘contratação objeto do
Pregão Eletrônico 18/2015, que acabou sendo revogado, por razão diversa’, bem como que o pregão atual
consiste em ‘republicação do pregão anterior, com o mesmo objeto, contemplando apenas algumas
alterações em função de ajuste devido aos motivos pelo quais o anterior fora revogado e algumas
modificações em perfis profissionais’;
II) nessas justificativas técnicas, colhem-se os seguintes elementos em resposta a questionamentos
quanto à adoção de métrica homem-hora para a aferição do preço da contratação:
II.1.) é esclarecido que, não obstante o caráter mais vantajoso da aferição do preço da contratação
mediante a chamada UST (Unidade de Suporte Técnico), uma unidade de medida baseada no tempo e na
complexidade da execução de um determinado serviço, seu emprego exige que ‘todos os serviços de TI,
assim como todo o histórico de atendimento, estejam mapeados na forma de um catálogo de serviços’;
II.2.) é reconhecido que ‘o ambiente de TI da Ancine não possui a maturidade necessária para
adotar integralmente um modelo de UST, visto não se dispor de ‘histórico detalhado e completo do
atendimento e das demandas’, tampouco de um ‘catálogo de serviços estruturado do ambiente’;
II.3.) é noticiado que, para o fito de adequar o atual modelo de atendimento para um modelo
baseado totalmente em serviços, foi incluído no escopo da nova contratação um perfil específico
destinado a apoiar a equipe da Ancine na elaboração do catálogo de serviços;
III) quanto ao teor dos esclarecimentos e impugnações, item b), foram encaminhados os
documentos de peças 12-14, sendo que a última delas contempla notas técnicas 1 e 2 de 2016, mediante
as quais a Ancine fundamentou a rejeição de impugnações calcadas na impertinência, em face do objeto
da contratação, do exigido nos itens 12.2.6 e 12.2.7 do termo de referência;
IV) dessas notas técnicas, cabe o registro das seguintes argumentações:
IV.1.) a pertinência do exigido quanto às declarações de parcerias Oracle e Microsoft resta
demonstrada na medida em que há criticidade e complexidade nos serviços a serem contratados e ‘os
principais sistemas de serviço da Agência utilizam plataformas dessas empresas’;
IV.2.) ‘as parcerias em questão oferecem às empresas parceiras facilidades em treinamento e
certificação de técnicos, suporte técnico com nível mais elevado, para elaboração de projetos específicos,
entre outras’ (tabela de benefícios nos sítios www.oracle.com e https://mspartner.microsoft.com),
facilidades essas que ‘podem ajudar na promoção de melhores serviços e dar mais garantias a estabilidade
do ambiente computacional da Agência’;
IV.3.) a jurisprudência invocada na impugnação, Acórdão 2.647/2015-TCU-Plenário, não é
aplicável ao pregão em questão, visto o caso lá analisado envolver a prestação de serviços nos moldes de
523 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
‘fábrica de software’, diferente pois do objeto da licitação da Ancine, que abrange suporte a datacenter,
dependente, sem dúvida, da capacidade da empresa em suportar-lhe a operação, principalmente no que
toca ao banco de dados da Oracle, que se constitui no ativo mais estratégico;
IV.4.) ‘a comprovação de parceria com a Oracle não visa avaliar se a empresa tem condições de
venda melhores’, mas sim garantir ‘que tenha acesso à base de conhecimento técnico e expertise
atualizada nos seus quadros para poder prover um serviço de suporte compatível com as necessidades de
negócio da Ancine’;
V) no que respeita ao item c), é esclarecido que, por um lapso, o item 12.2.7 do termo de referência
não foi transportado para o corpo do edital, para lá constituir o item 8.7.5.7, afora isso, é asseverado que
se considera válido o exigido no referido dispositivo do termo de referência, já que esse último faz parte
do edital, sem contar que o item 12.2.7 integra seção intitulada ‘da habilitação técnica;
VI) em relação à situação atual do certame e ao prognóstico acerca das fases vindouras, item d), foi
informado que foi encerrada no dia 3/3/2016 ‘a fase de lances e aberto o prazo para envio das planilhas de
custos atualizados com o valor final pela licitante primeira colocada, IOS Informática, Organização e
Sistemas Ltda.’, tendo sido programada a continuidade da fase de aceitação para o dia 4/3/2016, às 15:00
horas;
VII) quanto ao item e), foram prestadas as seguintes informações a respeito dos envolvidos na
condução do certame:
Dados do Pregoeiro: Rodrigo Santos Leite, CPF: 097.709.397.22;
Dados do Homologador: Glênio Cerqueira de França –CPF: 709.669.231‐20;
VIII) acerca do impacto de eventual deliberação do Tribunal pela paralisação do procedimento, item
f), é informado que ‘o impacto da não contratação de nova empresa prestadora é imediato, gerando
descontinuidade de serviços críticos de TI da Ancine’, ante o ponderado e esclarecido no email de
resposta (peça 9), cujo cenário lá descrito pode ser assim sintetizado:
VIII.1) o serviço objeto do certame é prestado atualmente ‘pela empresa Stefanini Consultoria e
Assessoria em Informática S.A.’, a qual desenvolve trabalhos operacionais que englobam a ‘execução de
serviços de suporte a infraestrutura’, área que envolve um leque extenso de tarefas (a administração de
bancos de dados, sistemas operacionais, sistemas corporativos, etc.) e o ‘suporte a usuários, tanto nos
escritórios da agência no Rio de janeiro, como nos escritórios regionais em Brasília e São Paulo’;
VIII.2) o contrato da Stefanini tem como término 5/5/2016, ‘data a partir da qual a empresa
prestadora encerrará a execução dos serviços, sem possibilidade de prorrogação contratual, uma vez que
se trata de contrato excepcional’;
VIII.3) a suspensão do pregão, cujos preparativos remontam a 2014, o que demonstra o longo
período de planejamento que fundamentou esta contratação, será extremamente prejudicial para a
operação da agência, com impacto significativo sobre a continuidade das atividades da Ancine prestadas à
Sociedade Brasileira, uma vez que isso acarretaria a impossibilidade de os ‘servidores de Tecnologia da
Informação desta agência darem continuidade às atividades de planejamento e gestão, paralelamente às
atividades operacionais que são executadas no âmbito do atual contrato’;
IX) no que diz respeito a medidas eventualmente adotadas, inclusive a suspensão do certame, item
g), foi declarado que por ‘enquanto a sessão do Pregão está mantida, conforme informado no item ‘d’’;
X) quanto a informações úteis para o deslinde da matéria, item h), simplesmente foi dito que não há
informações adicionais a serem prestadas.
23.A consulta aos dados existentes a respeito do certame no site Comprasnet (peças 15-18) permite
traçar a seguinte cronologia de eventos ocorridos até agora na disputa:
a) iniciada a sessão pública do pregão em 2/3/2016, acorreram ao certame um total de quinze
licitantes, entre elas a própria representante, assumindo a posição de mais bem classificada a empresa IOS
Informática, Organização e Sistemas Ltda., detentora de lance no valor de R$ 3.319.999,99; a qual
encaminhou a documentação com o detalhamento de sua proposta comercial (peça 17), indicando
inclusive os elementos necessários à comprovação da certificação exigida na licitação;
524 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
b) reaberta a sessão em 4/3/2016, o pregoeiro, em análise superficial do material encaminhado pela
IOS, identificou diversos lapsos havidos no preenchimento das planilhas de custo integrantes da proposta
comercial da licitante, tendo essa empresa prontamente assegurado que promoveria os ajustes necessários,
absorvendo os dispêndios daí decorrentes nos seus custos indiretos; reencaminhando para tanto novo
arquivo, o que deve ocorrer quando do retorno dos trabalhos do pregão no dia 7/3/2016.
24.Obtidos assim os elementos necessários para instruir o requerimento de incidente de cautelar,
cabe adentrar na análise dos pedidos formulados pela representante.
(...)
26.No que se refere ao periculum in mora, o fato de o desfecho do pregão, conforme já registrado
no item 7 supra, depender da apresentação e aceitação de Ferramenta de Acompanhamento de Chamados,
o que levará em torno de 15 dias úteis, concorre para que se considere, pelo menos por enquanto,
postergado o perigo que o manejo da cautelar visa conjurar.
27.Quanto ao fumus boni iuris, a avaliação perfunctória, própria dos juízos cautelares, dos termos
do edital do pregão apontados como irregulares na representação permite constatar a presença desse
pressuposto, na medida em que se logrou identificar exigência de habilitação sem fundamento legal e
potencialmente restritiva à competitividade do certame.
28.Como bem ressaltado no arrazoado da representante, e devidamente respaldado na
jurisprudência invocada, Acórdão 3.663/2013-TCU-Plenário, por falta de previsão legal, ante a ausência
no rol taxativo do art. 30 da Lei 8.666/93, não se pode admitir como critério de habilitação exigência
envolvendo apresentação de certificações nos moldes contemplados nos itens 12.2.6 e 12.2.7 do termo de
referência do pregão.
29.Não bastasse isso, não se vislumbra pertinência entre o exigido em termos de certificações e a
garantia de uma realização a contento dos serviços licitados. Com efeito, não se concebe que para a
correta prestação dos variados serviços de suporte de informática objeto do pregão seria indispensável
que a futura contratada desfrutasse de vínculo comercial estreito, na forma das parcerias que as
certificações pretendem demonstrar, com empresas de software responsáveis pelos programas e sistemas
mais estratégicos existentes no acervo de TI da Ancine.
30.É de ressaltar que se mostram frágeis os argumentos quanto ao canal privilegiado para acesso a
treinamentos e qualificação que tais parcerias franqueariam às licitantes, já relatados no item 22-IV.4)
supra, de que se valeu a Ancine em defesa do acerto em estipular as exigências questionadas. Inexiste
evidencia nos autos que empresas não parceiras da Oracle ou da Microsoft deixariam de obter bons
resultados, em termos de aperfeiçoamento da mão de obra dedicada ao futuro contrato, semelhantes aos
alardeados para aqueles possuidores da certificação exigida, até mesmo porque sempre haveria a
possibilidade de recrutarem profissionais detentores das credenciais e qualificações apropriadas à
execução contratual dos serviços licitados.
31.Diante dessa falta de liame razoável entre o exigido em termos de certificação, a título de
habilitação técnica, e o demandado para assegurar uma eficiente prestação dos serviços que se pretende
contratar por meio do pregão, resta também configurada transgressão à vedação, contemplada na parte in
fine do art. 3º, §1; inciso I, da Lei 8.666/93, de inclusão nos editais de disposições que encerrem
“circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato”.
32.Outro aspecto (...), diz respeito ao dispêndio, antes mesmo de vir a ser contratada, com que as
interessadas no pregão teriam que arcar, acaso ainda não tenham firmado as parcerias requeridas, apenas
para participar do certame. Como demonstrado pela representante, e devidamente registrado no item 14-a)
supra, para a obtenção da parceria junto a Oracle é necessário dispender a expressiva importância de
R$ 12.121,28.
33.Importa ressaltar que seguidamente o TCU vem considerando como indevida a estipulação de
exigência que onere os licitantes com a imposição de custos desnecessários e anteriores à contratação,
como exemplificado no Acórdão 237/2009-TCU- Plenário.
34.Afora a irregularidade apontada pela representante, constata-se como desconformidade capaz de
reforçar o fumus boni iuris deste incidente de cautelar a utilização, na modelagem da licitação
525 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
envolvendo prestação de serviços de informática, da previsão da contratação dos serviços com base em
postos de trabalho e não segundo resultados alcançados, discrepando assim do estipulado na Instrução
Normativa n. 4 de 11/9/2014 da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação – SLTI e do que vem
decidindo o Tribunal em diversas assentadas.
35.O referido normativo contempla, entre outras vedações, a seguinte:
‘Art. 7º É vedado:
(...)
VIII - adotar a métrica homem-hora ou equivalente para aferição de esforço, salvo mediante
justificativa e sempre vinculada à entrega de produtos de acordo com prazos e qualidade previamente
definidos;’
36.Já o TCU, em face da remansosa jurisprudência acerca do tema, consolidou seu posicionamento
na Súmula 269, verbis:
‘Nas contratações para a prestação de serviços de tecnologia da informação, a remuneração deve
estar vinculada a resultados ou ao atendimento de níveis de serviço, admitindo-se o pagamento por hora
trabalhada ou por posto de serviço somente quando as características do objeto não o permitirem, hipótese
em que a excepcionalidade deve estar prévia e adequadamente justificada nos respectivos processos
administrativos’
37.A Ancine não se descuidou de apresentar, conforme se verifica na resposta desse órgão a quesito
do email desta Unidade Técnica (itens 22-I) e 22-II) supra), as justificativas que, no seu entender,
legitimariam enquadrar a contratação na excepcionalidade acima mencionada.
38.Ocorre, entretanto, que tais justificativas não dizem respeito a características do objeto, mas sim
a deficiências existentes no setor de informática, que não permitiram ao órgão fazer os levantamentos
necessários para a contratação se adequar à metodologia de métrica baseada em resultados. Em face disso,
não há como enquadrar a contratação objeto do Pregão 6/2016 no permissivo aludido no normativo e na
súmula do TCU.
39.Assim, numa primeira análise, haveria possibilidade de manejar cautelar em virtude dessa
irregularidade. Todavia, como a impropriedade atinge a própria modelagem do certame, medidas
corretivas que tivessem lugar como desdobramento de adoção de cautelar fatalmente implicaria a
anulação do pregão. Isso, porém, traria inegável prejuízo à Ancine, pois a contratação atual não é passível
de ser estendida além do dia 5/5/2016, como alertado por essa agência na resposta ao email da Secex/RJ,
item 22 –VIII.2) supra, a fim de permitir a instauração de novo procedimento licitatório.”
5.Diante dessa análise e configurado o periculum in mora reverso, mas considerando a
possiblidade deste Tribunal expedir determinação impeditiva de renovação do contrato resultante do
pregão 6/2016, a Secex/RJ propôs a oitiva da Agência Nacional do Cinema – Ancine quanto às
irregularidades constatadas no edital do Pregão Eletrônico 6/2016, quais sejam:
5.1. a estipulação indevida de exigência de habilitação nos itens 12.2.6 e 12.2.7 do termo de
referência, apontada pela representante; e
5.2. a inadequação da modelagem da contratação objeto do pregão em desconformidade,
identificada pela Secex/RJ quando da análise do edital.
6.Ante os motivos expostos pela Unidade Técnica, determinei, com fundamento no art. 276, §§ 2º e
4º, do Regimento Interno/TCU, a realização da prévia oitiva da Ancine, para que se manifestasse acerca
das ocorrências indicadas, a qual foi realizada por meio do Ofício 524/2016-TCU/Secex-RJ, de
14/3/2016, à peça 23.
7.Após manifestação da Agência, a Secex/RJ elaborou a instrução de peça 30, cujo exame técnico
reproduzo a seguir, com ajustes de forma:
“6. (...) a Ancine, respondeu à diligência, em 29/3, informando que a contratação não foi efetivada,
e que devido à interposição de recurso, essa fase se estenderá até o dia 4/4/2016 (peça 27).
7. Quanto à oitiva, a unidade jurisdicionada apresentou seus esclarecimentos, por meio do
expediente formalizado à peça 28, tendo como signatário o Secretário de Gestão Interna, o Sr. Glênio
Cerqueira de França.
526 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
Manifestação da Ancine em atendimento à oitiva
8. Preliminarmente ao exame dos esclarecimentos apresentados, importa registrar a questão
colocada pelo signatário, à peça 28, p. 5, pertinente aos prejuízos da suspensão do certame. O signatário
informa que o contrato em vigor, cujo término da vigência ocorrerá em 5/5/2016, não poderá ser
prorrogado. Acrescentou que a empresa a ser contratada disporá de trinta dias, a partir da celebração do
contrato, para iniciar a prestação do serviço. Por fim, enfatiza que a suspensão do Pregão Eletrônico
6/2016, será bastante prejudicial a agência, impactando, de forma significativa sobre a continuidade de
suas atividades junto à sociedade. Alega, ainda, que a entidade não dispõe de profissionais especializados
para atender tanto os chamados de usuários, quanto para realizar o monitoramento do ambiente
computacional.
9. Quanto aos esclarecimentos, o signatário inicialmente informa, em resumo, no que concerne à
exigência de certificação (item 46, b.1), que se buscou, por meio dos certificados utilizados, definir um
padrão de desempenho e qualidade, com vistas a evitar riscos de participação de empresas oportunistas e
incapazes de prestar o serviço desejado, de forma rápida. Alega, ao final, que diante do entendimento do
TCU não mais exigirá as certificações, tanto na fase de habilitação, quanto na fase de aceitação de
propostas (peça 28, p. 2-3).
10. Em relação ao item 46 b.2 da proposta de encaminhamento (peça 19, p. 10), o signatário
informa, em resumo, que não houve intenção de se afastar do entendimento do TCU acerca da matéria,
contudo, diante dos riscos previstos, concluiu-se pela adoção de contratação fundamentada “(...) em um
modelo de medição híbrido, orientada para o resultado, qual seja, o de posto de trabalho com níveis de
serviço. ”.
11. Destaca em seguida que a confecção do edital se deu com base na Instrução Normativa
SLTI/MPOG 4/2014, mais precisamente, com o previsto nos incisos VIII/IX, do art. 7º, no que diz
respeito à remuneração de serviços com base nos resultados apresentados, reproduzindo os incisos (peça
28, p. 3).
12. Adiante, alega, em síntese, que apesar da caracterização de modelo de posto de trabalho, o edital
está aderente à IN SLTI/MPOG 4/2014, no que se refere à utilização de Acordos de Nível de Serviço,
conforme demonstrado nos anexos III e IV termo de referência, no qual consta o elenco de doze
indicadores que devem ser avaliados mensalmente, com o objetivo de aferir os serviços prestados pela
contratada, incluindo, desempenho, qualidade e prazo acordados.
13. Em seguida cita que as sanções administrativas previstas para o não cumprimento das métricas
determinadas nos Acordos de Nível de Serviço constam do item 30 do edital, podendo resultar em glosas
no pagamento mensal e descredenciamento no Sicaf (peça 28, p. 3-4).
14. Argumenta, na sequência, que consta da jurisprudência do TCU a possibilidade de pagamento
de remuneração híbrida, estabelecida com base em resultados obtidos e em critérios de homens-
hora/posto de trabalho. Cita o Acórdão 47/2013-TCU-Plenário, alegando que a matéria tratada neste é
similar ao objeto do edital do pregão eletrônico 6/2016.
15. Adiante, alega, à peça 28, p. 4, o que segue:
‘(...)
b.7) É fato pacífico a intenção da Ancine em adotar contratação de serviço com remuneração
vinculada a resultados, nos contratos de prestação de serviços de Tecnologia de Informação, como já
ocorre no seu contrato de apoio e de controle de qualidade ao contrato de desenvolvimento de sistemas.
Contudo, o objeto do Edital 06/2016/Ancine possui alta complexidade para construção de uma
modelagem baseada em serviços. Pelas suas características técnicas demanda a implantação prévia de
uma metodologia e de processos que permitam elaborar uma base histórica que sirva de parâmetro para
mapeamento dos serviços a serem contratados.
(...)’
16. Em seguida argumenta, em resumo, que um modelo fundado em serviços pode originar um
efeito similar ao paradoxo lucro-incompetência, devido ao aumento de chamados ou mais incidentes, não
gerando melhorias e/ou estabilidade, cita como fundamento o Acórdão 916/2015-TCU-Plenário (peça 28,
527 Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
p. 4).
17. Na sequência esclarece que o contrato atual (em vigor) não permite estruturar informações
acerca da contratação por unidade de serviço técnico. Aduz, com vistas a sanar essa questão, a previsão
no edital em tela, pertinente ao perfil do profissional, cuja função será a de estruturar a coleta,
organização e divulgação dos serviços (peça 28, 5).
18. Finaliza destacando a economicidade alcançada com o certame em relação ao contrato vigente,
cujo percentual alcançou 52% (peça 28, p. 6).
19. Em relação à representante, o signatário informa que ela formalizou desistência da manifestação
de intenção de recorrer, em vista de não ter nada contra a lisura da competição (peça 28, p. 6).
Análise
20. Inicialmente cumpre ressaltar que a análise realizada por meio da instrução precedente registrou
ao final do exame inicial, o entendimento adotado pelo TCU em relação à contratação em tela, ao citar a
Súmula TCU 269 (ver peça 19, p. 8).
21. Vale destacar também, o posicionamento adotado em relação à anulação do certame,
consignado na análise pretérita, à peça 19, p. 8, na forma que segue:
‘(...)
39. Assim, numa primeira análise, haveria possibilidade de manejar cautelar em virtude dessa
irregularidade. Todavia, como a impropriedade atinge a própria modelagem do certame, medidas
corretivas que tivessem lugar como desdobramento de adoção de cautelar fatalmente implicaria a
anulação do pregão. Isso, porém, traria inegável prejuízo à Ancine, pois a contratação atual não é passível
de ser estendida além do dia 5/5/2016, como alertado por essa agência na resposta ao email da Secex/RJ,
item 22 –VIII.2) supra, a fim de permitir a instauração de novo procedimento licitatório.
40. Portanto, no que tange especificamente a essa última irregularidade constatada no pregão em
comento, há que se reconhecer a configuração do periculum in mora ao reverso. Já no que se refere à
primeira irregularidade, a princípio não se considera configurado tal perigo. De fato, se houver a
necessidade de medidas corretivas, por exemplo, a anulação de inabilitação fundada no descumprimento
da apresentação das certificações de que cuidam os itens 1.2.26 e 1.2.27 do termo de referência, é bem
provável que disso não resulte impossibilidade de efetuar a contratação dos serviços licitados antes do
término do contrato vigente.
41. Vale registrar que o reconhecimento condicional do periculum in mora ao reverso não
significa que se deva excluir do escopo de oitiva prévia a questão referente à modelagem do certame. A
oitiva, no caso dessa irregularidade, presta-se a estabelecer o contraditório, abrangendo inclusive a
provável vencedora da disputa, em relação à expedição de determinação impeditiva de renovação do
contrato resultante do pregão 6/2016, de modo que, no decorrer da avença a ser firmada, sejam
promovidos os levantamentos indispensáveis para realização de novo certame devidamente conformado
ao que preconiza a instrução normativa já referida e ao entendimento do TCU a respeito da matéria.
(...)’
22. Levando em conta a toda a análise anterior, os argumentos apresentados, a jurisprudência do
TCU sintetizada por meio da Súmula TCU 269, e os prejuízos à Ancine caso seja determinada a anulação
do certame em tela, a presente instrução conclui, com vistas, inclusive a impedir que haja contratação
emergencial, o que segue:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts.
235 e 237, inciso VII do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993;
b) indeferir o requerimento de medida cautelar formulado pela empresa Connectcom
Teleinformática Comércio e Serviços Ltda., CNPJ.308.141/0009-23;
c) autorizar, excepcionalmente, a celebração do contrato resultante do pregão eletrônico 6/2016,
cuja vigência não deverá ultrapassar o período de doze meses, a partir da assinatura, conforme previsto no
item quatorze do edital, determinando à Agência Nacional do Cinema - Ancine que:
c.1) adote providências voltadas a realizar novo certame, com vistas a substituir o contrato
celebrado em razão do pregão eletrônico 6/2016, desta feita em consonância com a legislação e a