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14 Jornal da Ano XXII • Março/2010 ANAMT www.anamt.org.br Associação Nacional de Medicina do Trabalho Impresso Especial 9912226452/2008-DR/GT AssocIAção NAcIoNAl DE MEDIcINA Do TRAbAlho CORREIOS Corpo e trabalho sãos Empresas eleitas como as melhores para trabalhar vão além do óbvio quando a preocupação é garantir saúde e segurança págs. 8 a 11 Inclusão social e boas práticas estão entre os temas que reunirão 2 mil participantes em Gramado (RS) págs. 6 , 7 e 12 14º Congresso ANAMT 14º Congresso ANAMT

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14º Congresso14º Congresso

J o r n a l d a

Ano XXII • Março/2010

ANAMTwww.anamt.org.br A s s o c i a ç ã o N a c i o n a l d e M e d i c i n a d o T r a b a l h o

Impresso Especial

9912226452/2008-DR/GT

AssocIAção NAcIoNAl DE MEDIcINA Do TRAbAlho

CORREIOS

Corpo e trabalho sãosEmpresas eleitas como as melhores para trabalhar vão além do óbvio quando a preocupação é garantir saúde e segurança

págs. 8 a 11

Inclusão social e boas práticas estão entre os temas que reunirão 2 mil participantes em Gramado (RS)

págs. 6 , 7 e 12

14º Congresso

ANAMT14º Congresso

ANAMT

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2 MARÇO 20102 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Um congresso por uma nova década

O Jornal da Anamt é uma publicação trimestral, de circulação nacional, distribuída a seus associados. Os textos assinados não representam necessariamente a opinião da Anamt, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas neste jornal sem a autorização da Anamt.

Ano XXII • Março 2010

Presidente Dr. Carlos Campos • Diretora de Divulgação Dra. Marcia BandiniProdução Editorial Cajá – Agência de Comunicação

Jornalista responsável Conrado Arias (Mtb 30.030/RJ) • Fotos Arquivo Anamt; divulgação Sogamt (capa); divulgação CFM (p. 5)• Diagramação Paulo Carvalho • Impressão Poligráfica

www.caja.com.br • [email protected]

Jornal da ANAMT Uma publicação da Associação Nacional de Medicina do Trabalho

2 Jornal da ANAMT

Dr. Carlos Campos

m e n s a g e m d o p r e s i d e n t e

Cartas para a redação

Edifício Office Flamboyant • Av. Dep. Jamel Cecílio, 3.310, sala 610 – Jardim Goiás – CEP: 74810-100 – Goiânia/GO • Telefax: (62) [email protected] • www.anamt.org.br

EXPEDIEnTE

A próxima mensagem do presiden-te será escrita neste espaço após a re-alização do 14º Congresso da Anamt, que ocorrerá entre os dias 15 e 21 de

maio em Gramado (RS) em paralelo ao I Workshop Íta-lo-Brasileiro de Medicina do Trabalho e o VII Seminário Nacional de Perícias Trabalhistas. Esse evento, motivo de grande orgulho para nossa Associação, acontece a cada três anos e, por isso, cria grande expectativa entre todos.

É com esse espírito que preparamos a edição de março do Jornal da Anamt, que reservou à seção En-trevista uma conversa com o Dr. Zuher Handar, diretor Científico da Anamt e presidente da Comissão Científica do 14º Congresso. Graças a sua vasta ex-periência na organização de encontros de igual ou maior porte, o Dr. Zuher e demais colegas que fazem parte da comissão conseguiram incluir na pro-gramação de nosso congresso nacional os temas que são o estado da arte da Segurança e Saúde no Trabalho.

Ao mostrarmos como nos preparamos para o en-contro, pretendemos que ele não seja o único a ser-vir para a formação do médico do trabalho e demais profissionais ligados à saúde e segurança do traba-lhador. A forma como congressos são preparados e estruturados se trata, em si, de uma forma importan-te de intercâmbio entre técnicos de diferentes áreas e suas entidades representantes.

Saindo do “por trás das câmeras” para a cena, ex-ploramos na matéria principal deste número as boas práticas das empresas consideradas as melhores para trabalhar por seus próprios empregados — com base

nas pesquisas realizadas pelas revistas Exame e Épo-ca. Juntamente com os planos de carreira, premia-ções e condições especiais de trabalho preparados por essas organizações, o que elas fazem para ultra-passar suas obrigações legais envolvendo o PCMSO?

Além das formas como o médico pode melhorar a SST em sua empresa, esta edição inclui outros de-bates importantes que também serão tema das diver-sas mesas e conferências do 14º Congresso da Anamt. Como anda a tramitação pelo Congresso Nacional do Ato Médico, que define as atividades privativas des-

se profissional? Que tipo de desafios nos impõem as descobertas em torno da gripe A (H1N1) e como o Esta-do fará sua vacinação em massa até maio? Os questionamentos sobre o Fator Acidentário de Prevenção (FAP) ameaçam o novo cálculo do seguro acidente de trabalho?

Perguntas que, juntamente com toda a motiva-ção de nossos associados, serão levadas para Gra-mado em meados de maio. O congresso nacional da Anamt coroa o início de uma década especial para atenção ao trabalhador no Brasil e no mundo. Foi preciso uma enorme crise mundial para expor os cus-tos humanos do desenvolvimento econômico desen-freado. Para os anos 2010, nossa Associação propõe processos mais reflexivos e focados na promoção do bem-estar de toda a humanidade.

O congressonacional da Anamt coroa o início de

uma década especial

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 3Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

l e g i s l a ç ã o

Na enquete da Agência Senado que recebeu o maior número de votos de internautas desde maio de 2009, a maioria dos participantes se disse a favor do Ato Médico — Projeto de Lei do Senado (PLS) 268/2002 que define as atividades privativas dos médicos em todo o país. A pesquisa, disponível durante o mês de dezembro, recebeu 545.625 votos, dos quais 62% foram favoráveis ao texto na forma em que está tramitando atualmente.

Na opinião da Dra. Keti Patsis, di-retora de Ética e Defesa Profissional da Anamt, o resultado espelha o re-conhecimento de uma iniciativa que é “importante para a sociedade, por-que evita que pessoas sem o devido preparo técnico coloquem em risco a saúde dos demais”. “Nós, médicos, não tínhamos nada escrito sobre nos-sas atribuições, e o projeto de lei que

ProJEto DE lEI PrEvê graDuação DE PEnas Contra méDICos

Um projeto que tramita no Senado propõe a gradua-ção das punições disciplinares aplicadas aos médicos, o que alteraria a lei que dispõe sobre os conselhos de Medicina (3.268/1957). Segundo a Agência Senado, a proposta (PLS 437/2007) foi sugerida pela Academia Sergipana de Medicina.

De acordo com a senadora Maria Alves, autora do pro-jeto, a atual legislação favorece a impunidade por não prever graduação entre a pena de suspensão profissional e a cassa-ção. Sem embargo, a proposta mantém a aplicação de penali-dades de suspensão ou cassação do diploma em casos graves.

Após advertência e censura confidenciais, como acon-tece na legislação em vigor, o projeto inclui censura públi-ca em publicações de conselhos, participação compulsória em curso de ética, bem como a conclusão de aula ou es-tágio de aperfeiçoamento ou especialização.

A proposta também altera o período de suspensão do exercício profissional, que poderia chegar a seis meses. O tex-to garante a qualquer penalidade a possibilidade de recurso.

Cut aProva ProPosta sobrE sEgurança no ramo FInanCEIro

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) vai en-caminhar ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) uma proposta de Norma Regulamentadora (NR) sobre segurança no ramo financeiro. A iniciativa visa a criar uma regulamentação que responsabilize os bancos pela segurança de trabalhadores, clientes e usuários.

A proposta de construção da NR nasceu no Coletivo Nacional de Segurança Bancária da Contraf-CUT e, de-pois, foi ratificada pelo Coletivo Nacional de Saúde e pela diretoria executiva da confederação. Segundo declaração do secretário de Saúde da Contraf-CUT, Plínio Pavão, ao site da entidade, a iniciativa pretende assegurar “condi-ções de segurança nas instituições financeiras que ope-ram com numerário nas suas dependências”. “Os bancos precisam ser responsabilizados, bem como as empresas de segurança privada”, defende.

Pavão lembra também que a tramitação da propos-ta no MTE é longa e pode levar “algo em torno de dois anos ou mais”. “No fim, pode não dar em nada, mas acho que vale a pena tentar”, conclui o dirigente.

maIorIa vota a Favor Do ato méDICo Em PEsquIsa

regulamenta nosso exercício profissio-nal vem apenas corrigir essa falha.”

Dra. Keti também minimiza toda a polêmica em torno do PLS, que para muitos afeta os interesses de outros profissionais. “Outras profissões da área já têm, há muito tempo, um dispositi-vo legal que determine sua atuação. O projeto que regulamenta o exercício da Medicina não lida nem com conceitos, nem com valores de outras ocupações envolvidas com a saúde”, defende.

Aprovado pelos senadores, o PLS recebeu emendas na Câmara e, agora, é analisado pela Comissão de Constitui-ção, Justiça e Cidadania do Senado. O projeto descreve 15 atividades privati-vas dos médicos, entre as quais estão a formulação do diagnóstico nosológico, com a respectiva prescrição terapêutica, e a emissão de atestado sobre condições de saúde, doenças e possíveis sequelas.

De acordo com a proposição apro-vada pela Câmara, não são atividades privativas dos médicos os diagnósticos psicológico, nutricional e socioambien-tal, bem como as avaliações comporta-mentais e da capacidade mental, sen-sorial, perceptocognitiva e psicomotora. Em todos os procedimentos privativos dos médicos, não se aplicaria o exercí-cio da Odontologia em sua área de atu-ação. O projeto está disponível no site do Senado, no www.senado.gov.br.

Elza Fiúza/Abr

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4 MARÇO 20104 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Em outubro de 2009, na Assembleia Geral da Associação Médica Mundial (WMA), foi aprovada a Declaração de Deli, política de recomendações pro-duzida pela WMA sobre mudanças climáticas e seus impactos na saúde humana. Nessa época, o planeta já apresentava vários sinais e sintomas de doença, como febre progressiva, pelo aquecimento da Ter-ra; dependência física de petróleo; obesidade, por consumirmos energia em excesso; e dispneia, pela contaminação da atmosfera por poluentes.

É imperativo que os profissionais da saúde te-nham uma atitude mais ativa, auxiliando a elaboração de ações voltadas à sustentabilidade.

Os pacientes devem ser informados que medi-das voltadas para a adoção de práticas com menor demanda energética promovem benefícios imediatos e significativos à saúde.

Ao reduzir o consumo de energia dentro de casa e incentivar o hábito nos locais de trabalho, os médi-cos exercem liderança pelo exemplo. É possível agir como parceiros da sociedade civil propondo ações de mitigação das emissões de poluentes e adaptação ante aos impactos ambientais.

Os médicos devem promover o conceito de limi-tes responsáveis do uso de energia, expor claramente as questões de ética ambiental e mostrar que as al-terações da atmosfera afligem com maior intensidade os segmentos menos favorecidos da sociedade. Final-mente, há que se robustecer a coragem para enfren-tar o futuro debate no campo das ideias e da litigância com importantes setores da economia e da política.

A respeitabilidade nos confere obrigação para agir-mos. Caso não iniciemos o processo agora, poderemos, mais tarde, sermos culpados pelo pecado da omissão.

Paulo Saldiva, médico, chefe do Serviço de Pa-tologia do Instituto do Coração da Faculdade de Me-dicina da USP e coordenador do Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental do Conselho Nacional de Pesquisas

José Luiz Gomes do Amaral, médico, profes-sor titular da disciplina de anestesiologia da Unifesp e presidente da Associação Médica Brasileira

f e d e r a d a s

Clima, poluição e Medicina

No ano em que comemorou 30 anos, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho Seccional Espírito San-to promoveu nos dias 5 e 6 de novembro o IV Seminário da Anamt-ES, que aconteceu no auditório da Findes, em Vitória. Em pauta, estavam incluídos o aprimoramento de políticas públicas sustentáveis na área de SST e as diretrizes para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.

Para a programação do evento, contribuíram os dou-tores Ruddy Facci, com o tema “Os 30 anos da ANAMT-ES”; João Alberto Montes e Carlos Campos com “Ética e responsabilidade dos profissionais de Segurança e Saú-de no Trabalho perante o Código Civil e Criminal”; Ma-ria Virgínia Souza com “Perícia Médica Previdenciária x Nexo Técnico Epidemiológico”; Alcei Leir com “Exames de membros superiores”; Maria de Souza, Valério Heringer e Rodrigo de Carvalho com “O portador de deficiência e a inserção no mercado de trabalho”; Sérgio Barros com “Distúrbios do sono e as repercussões sobre os trabalha-dores”; e Fernando Ronchi com “Programa de prevenção da dependência química nas empresas”. Além disso, o se-minário contou com outros profissionais e autoridades da área de Medicina do Trabalho, membros do Ministério do Trabalho do Espírito Santo e a participação do Conselho Federal de Medicina com a palestra “Confidencialidade no atendimento médico ao trabalhador”.

O encontro homenageou empresas, instituições e per-sonalidades que contribuíram para a promoção da saúde do trabalhador e a valorização da classe médica. Durante o evento, foi inaugurada a sede da ANAMT-ES, que rece-beu o nome de Dr. Oswaldo Paulino.

ANAMT-ES DEBATE CAMINHOS DA MT

AGOMT DIVULGA CALENDÁRIO DE EVENTOS

A Associação Goiana de Medicina do Trabalho divul-gou no início do ano sua programação de eventos para o primeiro semestre de 2010. Os encontros, que serão realizados no auditório do Conselho Regional de Medici-na do Estado de Goiás, tratam de temas como “Doenças imunopreveníveis” (16 de março), “Urgências e emergên-cias médicas para o médico do trabalho” (24 de abril), “A saúde mental e o exame médico ocupacional” (5 de maio) e a “Atualização em NR-32” (8 de junho). Mais informa-ções podem ser obtidas pelo (62) 3251 0679.

MARÇO 20104 Jornal da ANAMT

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 5Jornal da ANAMT 5

A regulamentação do exercício da Medicina

A redação final do substitutivo da Câmara dos Deputados ao Projeto de Lei que dispõe sobre o exercício da Medicina foi aprovada no dia 21 de outubro de 2009, sendo remetida ao Senado Federal. Começa agora uma nova etapa para a aprovação definitiva do projeto de lei que regu-lamenta o exercício da Medicina, que para entrar em vigor depende ainda da sanção presidencial.

Temos visto, através da mídia, que alguns setores de outras pro-fissões da saúde têm se manifesta-do desfavoravelmente à redação do projeto de lei, fazendo interpretações errôneas sobre o mesmo ou então taxando os médicos de corporativis-tas. Entre os erros, está a interpre-tação de ser ato privativo dos mé-dicos a colocação de piercings ou a realização de tatuagens, em alusão à indicação da execução de procedi-mentos invasivos.

Ora, o texto do projeto prevê no artigo 4°, em que são atividades privativas dos médicos, no inciso III, indicação da execução de procedi-mentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares profundos, as biópsias e as endoscopias, o que não ocorre no caso destes procedimentos.

Outro fato é confundir expres-sões como serviço médico com ser-viço de saúde. Neste caso no artigo 5º, são privativos de médico, no in-ciso I, a direção e chefia de serviços médicos. No caso de serviço médi-co, este deve realmente ser chefiado por médicos. Já o serviço de saúde, pela sua característica multidiscipli-nar, pode ser gerido por profissio-nais com várias formações, desde que possuam capacidade, compe-tência e idoneidade para tanto. Lem-

Desiré Carlos Callegari*

bramos que serviços de Enfermagem são gerenciados por enfermeiros, de Nutrição, por nutricionistas, e assim por diante, conforme regulamenta-ções específicas.

Tais observações comprovam que o projeto de lei trata de compe-tência e responsabilidade profissio-nal e não de questões corporativas, como querem os interessados na po-lêmica amparada em interpretações equivocadas da legislação. Conside-ramos importante desmitificar tais interpretações para evitar distorções e polêmicas desnecessárias para ga-rantir ao brasileiro assistência médica adequada e oferecida por profissio-nais capacitados e habilitados.

O zelo em esclarecer dúvidas des-te tipo está vinculado ao importante avanço que está em vias de ser apro-vado pelo Senado Federal. A regula-mentação do Ato Médico preencherá uma lacuna que afeta a assistência à população brasileira. Isso porque o tex-to define de forma clara, objetiva, os atos privativos dos 344.034 médicos brasileiros e aqueles que podem ser compartilhados com as outras 13 cate-gorias vinculadas ao campo da saúde.

Ao contrário do que tem sido dito por alguns segmentos, o projeto valoriza a multiprofissionalidade da atenção em saúde e respeita o espa-ço de atuação de enfermeiros, fisio-

terapeutas, nutricionistas, psicólogos, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, fonoaudiólogos, profissionais de Edu-cação Física, terapeutas ocupacionais e técnicos e tecnólogos de Radiologia, entre outros, ao ressaltar o que as re-gulamentações de cada uma dessas categorias já fizeram quanto à defini-ção do escopo de suas atuações.

Além desse cuidado, o projeto contribui para assegurar a todo brasi-leiro o direito de ter o diagnóstico de seu problema de saúde e a prescrição do tratamento para enfrentá-lo feitos por um médico. Caberá a esse profis-sional, devidamente habilitado e ca-pacitado, a responsabilidade por pro-cedimentos invasivos capazes de gerar risco de vida. Em síntese, a população será a grande beneficiada com a mu-dança, pois trará maior segurança e proteção aos pacientes ao contribuir para evitar distorções que colocam a vida e o bem-estar de todos em risco.

O Brasil aguarda por esta mu-dança, que não pode demorar mais. A regulamentação do exercício da Medicina cumpre a função de tor-nar cristalino o espectro das respon-sabilidades e das competências da atividade médica, fundamental para o cuidado da saúde do ser humano. O tema, que está sobre a mesa dos senadores, é urgente e imprescindí-vel para transformar o que existe de fato também em um direito.

a r t i g o

* O Dr. Callegari é anestesiologista, professor e chefe do Dep. de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Fundação ABC e primeiro secretário do CFM

O Projeto de Lei trata de competência

e responsabilidade profissional, e não

de questões corporativas

Jornal da ANAMT

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6 MARÇO 20106 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Por que a questão social?Zuher Handar — A escolha do tema foi fruto de uma discussão com a comissão organizadora do congresso. Entendemos que estamos em um momento de reflexão sobre o aumento da cobertura de ações e políticas de saúde para todos os trabalhadores, formais e informais. Portanto, devemos refletir para identificar quais mecanis-mos e estratégias o médico do trabalho pode utilizar para contribuir com esse processo.

Médicos são diferenciais na promoção da inclusão social?ZH — É importante que nós médicos do trabalho e pro-fissionais da área de saúde e segurança do trabalhador, possamos nos identificar como atores desse processo. De-vemos lutar por abolir para sempre as práticas excludentes de direitos dos cidadãos no trabalho. A luta por ambientes dignos e decentes e por práticas de prevenção e promoção da saúde do trabalhador certamente é peça fundamental no processo de inclusão social. Ela evita que ocorram aci-dentes, doenças e mortes que contribuem para a exclu-são não só do trabalhador, mas também de sua família.

Essa luta tem avançado na Associação?ZH — Estamos evoluindo sempre. A Anamt vive um pro-cesso de maturidade sociopolítica. Hoje, discutimos as questões da saúde do trabalhador abordando ou inte-grando as questões sociais, políticas e culturais, o que é

Novo congresso, novos rumosEm 2007, mais de mil profissionais da saúde se reuniram em Vitória (ES), no congresso da

Associação Nacional de Medicina do Trabalho, para novamente definir os caminhos da entidade.

Três anos depois, a realização da 14ª edição do Congresso da Anamt em maio tem igual importância,

mas desafios muito próprios. Afinal, termina uma década marcada por mudanças de paradigma com

relação ao papel do Estado em todos os segmentos da sociedade, tanto no Brasil quanto no mundo.

Presidente da Comissão Científica do evento e diretor científico da Anamt,

o Dr. Zuher Handar explica que a vocação deste encontro está inscrita em

seu tema principal: “A Medicina do Trabalho e os desafios da promoção e

da inclusão social em saúde do trabalhador”. Para ele, os médicos não têm

responsabilidade pequena quando o assunto é a garantia dos direitos mais

básicos de trabalhadores e cidadãos. “A luta por ambientes de trabalho dignos

e decentes e por práticas de prevenção e promoção da saúde do trabalhador

certamente são peças fundamentais no processo de inclusão social.”

importante para nos inserirmos neste mundo globalizado e competitivo, em constante transformação e de exclu-são, principalmente dos mais pobres. Procuramos incluir no programa deste congresso um espaço para todos os tipos de discussões necessárias — atuais, antigas e novís-simas — e, ainda, aquelas que estão por vir.

A promoção de um congresso com esse tema é um indicativo da maturidade que mencionou...ZH — Sem dúvida. O que estamos fazendo é a inclusão social em amplo sentido, tanto a do trabalhador que tem vivido à margem de muitos de seus direitos, como a do profissional nas discussões e decisões dos rumos da po-lítica de saúde do trabalhador. Ademais, também há a inclusão nas melhores práticas da Medicina do Trabalho e da saúde do trabalhador, na ética, na ciência socialmen-te responsável, a inserção do profissional nos processos de qualificação, treinamento e atualização... No âmbito político da Associação, por exemplo, os congressos e fóruns garantem uma participação ativa de colegas das mais diferentes regiões do Brasil, um tema também a ser explorado nesse encontro.

O congresso da Anamt é sempre muito esperado. Fale sobre essa expectativa em relação ao encontro.ZH — A realização do congresso nesse período faz com que ele coincida com a eleição da nova diretoria da Ana-

Div

ulga

ção

Ana

mt

e n t r e v i s t a

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 7Jornal da ANAMT

mt. Nos três anos que antecedem o evento, temos outras atividades cientificas que discutem temas mais focados em uma necessidade mais imediata, como o Fórum Presença Anamt, os seminários regionais, entre outros. Todos são momentos de reencontro dos colegas. São importantes para a atualização e a discussão de assuntos que estão ocupando a agenda dos médicos do trabalho e acabam, inevitavelmente, servindo para angariar sugestões a serem levadas ao congresso nacional. No fim das contas, ocorre uma construção coletiva do processo, que, apesar de dar mais trabalho, é muito mais enriquecedora.

Mesmo com a contribuição de muitos, o congresso de-pende do trabalho focado de grupos. Como é estar responsável pela comissão científica?ZH — Elaborar a proposta de um even-to deste porte é, realmente, um grande desafio. A identificação dos temas das mesas, a escolha dos palestrantes e da-queles que participarão das sessões es-peciais, a adequação da disponibilidade de cada um, a associação dos temas do dia na concorrência entre as mesas e a análise dos trabalhos científicos são ta-refas que demandam tempo e sensibili-dade de todos para que tudo dê certo. Entretanto, quando se tem à disposição uma equipe com pessoas distribuídas por todas as partes do Brasil, tudo se torna um pouco mais fácil.

Por que foi escolhida a cidade de Gramado?ZH — Por nosso estatuto, os congressos nacionais devem ser realizados na cidade onde fica a sede administrativa da Anamt. Como já tínhamos realizado o congresso de 2004 em Goiânia, achamos por bem consultar o Núcleo Executivo da Anamt sobre em que lugar seria esta edição de 2010 — o que também é uma prerrogativa estatutária. A escolha por Gramado, onde historicamente o número de participantes em congressos é sempre 20% a 30% maior do que em outras cidades, leva em consideração características como segurança, clima, trânsito e arquite-tura. A mistura das imigrações italiana e alemã com os moradores anteriores trouxe à região hotelaria e restau-rantes de níveis excepcionais. Sua vocação turística pode proporcionar aos participantes passeios maravilhosos antes e depois do evento.

A Anamt tem investido na participação de profissio-nais estrangeiros em seus eventos. O intercâmbio de informação com outros países é bem recebido pelos profissionais brasileiros e de fora do país?ZH — Sim. O intercâmbio com outros países é muito im-

portante, não apenas porque temos muito para aprender, mas também para ensinar. Neste congresso, temos alguns focos principais: a América do Sul, Caribe e a África. Com relação ao continente africano, a Anamt tem papel na in-tegração do Brasil com países de língua portuguesa, como Angola e Moçambique. Com o restante das Américas, con-versamos sobre o estabelecimento de uma agenda comum de diretorias científicas das várias instituições. Queremos fortalecer cada vez mais a proposta de uma associação destes profissionais em todo o continente. Temos proble-mas e soluções comuns em nossa região. Quantas pessoas devem participar do evento?ZH — Notamos que, nas últimas três edições do congresso nacional — Belo Horizonte (2001), Goiânia (2004) e Vi-

tória (2007) —, houve um crescimento substancial do número de participantes, demonstrando que há procura insisten-te e necessária dos médicos do trabalho por eventos que possam contribuir para a melhoria do seu conhecimento. Por esse cenário, esperamos que participem do 14º Congresso da Anamt por volta de 2 mil pessoas, e estamos trabalhan-do firmemente para alcançarmos essa meta. Já temos inscritos quase a meta-de desse total, portanto estamos muito entusiasmados.

Por que os interessados devem participar do congresso?ZH — Já que o principal tema é a inclusão, participar é uma forma de ser incluído em um círculo de debates importantíssi-mos, que abrange não apenas o congresso, mas toda a Asso-ciação. Ao se aproximar da Anamt, o profissional aumenta sua influência política em torno de ideias, propostas, inovações.

Como foi a repercussão em torno da possibilidade de os interessados inscreverem seus trabalhos científicos?ZH — Ao todo, tivemos mais de 200 trabalhos inscritos até a primeira semana de fevereiro. Queremos que o médico do trabalho produza cientificamente e, sobretudo, dese-jamos abrir oportunidades para os alunos da graduação e para aqueles que cursam especialização na área.

Qual é sua expectativa em relação ao congresso?ZH — A maior de todas é que consigamos atender às ex-pectativas de nossos associados, tanto do ponto de vista técnico quanto político. Em seguida, com o conteúdo pro-gramático que estamos propondo, espero contribuirmos para as grandes discussões nacionais. Finalmente, conto com que o número de participantes será grande, já que o conteúdo do programa e o nível dos palestrantes são altamente estimulantes.

Participar é uma forma de ser incluído

em um círculo de debates (...) que

abrange não apenas o congresso, mas toda a Associação

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8 MARÇO 20108 Jornal da ANAMTJornal da ANAMTJornal da ANAMT8

Se é comum que publicações discorram sobre a impor-tância de se manter a Segurança e a Saúde no Trabalho (SST), o mesmo, infelizmente, não pode ser dito sobre sua real aplicação. Afinal, apesar dos últimos esforços do poder público no reconhecimento de acidentes e doenças ocupa-cionais, o Anuário Estatístico da Previdência Social de 2008 — lançado em outubro — registrou 13,4% mais acidentes dessa natureza que em 2007. Na área de promoção da saú-de, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem alertando sobre as tendências de depressão trazidas por estressores que se multiplicam no ambiente de trabalho.

Que caminho seguir diante da constatação de que ainda há muito para se fazer quanto à proteção e à pre-servação da saúde do trabalhador? Além de ser essencial exigir do poder público o cumprimento de seu papel, as boas práticas de empresas que não tratam seus trabalha-dores como simples recursos humanos são modelos de eficiência em SST que servem de inspiração para peque-nas, médias e grandes organizações.

Por isso, o Jornal da Anamt entrou em contato com duas empresas citadas pelo guia Exame de Melhores Em-presas para Trabalhar e pelo instituto Great Place to Work como bons locais de trabalho. Segundo as pesquisas, a Chemtech e o Laboratório Sabin estiveram em 2009 en-tre as dez organizações que mais agradaram aqueles que nelas trabalham. Em SST, todavia, qual será seu segredo?

PesquisasPublicada na revista Época em agosto de 2009, a

pesquisa realizada pelo Great Place to Work registrou a participação de 530 empresas, entre as quais foram esco-

lhidas as 100 melhores para trabalhar de acordo com sua credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho e camara-dagem. Para a seleção, foram ouvidos 400 mil trabalhado-res que avaliaram, entre os vários quesitos, se a empresa onde trabalham teve uma boa política de comunicação, adotou atitudes transparentes e cuidou de seu bem-estar mesmo durante a última crise mundial, ocorrida entre o último trimestre de 2008 e o segundo trimestre de 2009.

Por sua vez, a revista Exame inscreveu 550 organizações em sua última pesquisa, entre as quais foram selecionadas as 150 mais bem qualificadas. A partir de mais de 143 mil questionários, foi mensurado o desempenho das participan-tes entre quatro quesitos: estratégia e gestão; liderança; cida-dania empresarial; e políticas e práticas. Neste último, havia um critério importante para os profissionais da SST: a saúde.

Modelos de boas práticasElas estão entre as dez mais bem colocadas em duas pesquisas que classificam empresas de acordo com o bem-estar oferecido aos seus funcionários. Avaliados pelos próprios trabalhadores, a Chemtech e o Laboratório Sabin são exemplos concretos de que cuidar da SST é vantajoso para todos. Mas só grandes empresas conseguem fazê-lo? A resposta de especialistas é enfática: absolutamente não.

D

ivulgação laboratório sabin

Boas práticas em SST: informação e prevenção fazem toda a diferença

c a p a

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 9Jornal da ANAMT 9Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Trabalho em equipeEmpresa de engenharia e tecnologia da informação

instalada no Rio de Janeiro, a Chemtech costuma chamar a atenção por sua equipe jovem e engajada, extremamente envolvida com as várias atividades oferecidas dentro e fora do local de trabalho. Mas, para essa boa fama, a seguran-ça e a saúde dos trabalhadores contribuem de que forma?

De muitas, responde o coordenador de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da empresa, Leonardo Mendes. Avaliada na pesquisa da Exame, de 0 a 100, com nota 78,7 no quesito saúde, a Chemtech tem o bem-estar de seu trabalhador como um dos principais valores da empresa. “Fornecer um lugar saudável e seguro para as pessoas trabalharem é um princípio básico daqui. Com mais qualidade de vida, o funcionário se sente mais satis-feito, o que sempre influencia positivamente sua produti-vidade”, explica Leonardo.

Muitos programas são oferecidos tanto pelo SMS quan-to por outros departamentos, como Marketing e Eventos — muitas vezes, através de parcerias entre eles. Um dos úl-timos, por exemplo, foi uma ação específica para as festas de Carnaval, com foco especial nas incidências do câncer de pele, que costumam aumentar nesta época do ano. A oportunidade aberta por datas especiais e feriados, entre-tanto, não é a única aproveitada por seus responsáveis.

Leonardo lembra que para as diversas campanhas realizadas na Chemtech, a opinião e sugestão dos traba-

lhadores — quase 1,3 mil no total — são essenciais no momento de se avaliar erros e acertos, além de quais serão os próximos passos a serem dados. “Temos canais perma-nentes de comunicação com os funcionários, por meio de ramais específicos, e-mails, cartazes, entre outros. Os feedbacks que costumamos receber por meio deles fazem a diferença na realização do nosso trabalho. A ideia de se contratar uma nutricionista para cá, por exemplo, surgiu por meio dessa interação”, conta.

Entretanto, o coordenador enfatiza que a inclusão ou não de programas não depende unicamente da indicação dos trabalhadores. “Na Chemtech, temos o Espaço Saúde, que realiza atividades como ioga, uma unidade de corre-ção postural, palestras periódicas... Muitos desses progra-mas são sugeridos por trabalhadores, mas a participação de setores como o Departamento Médico são essenciais para indicar iniciativas, talvez, menos populares, mas ex-tremamente importantes."

Tão valioso quanto o intercâmbio com diferentes áre-as da empresa é, sem dúvida, a escolha do tipo de pro-fissional de SST que trabalhará nela, uma preocupação “que vai além da formação e perfil profissional”. “Quem trabalha com saúde e segurança deve ter como valores pessoais o cuidado com o humano. Tem que gostar do que faz, contribuir para que seus colegas estejam seguros e saudáveis aqui dentro. O trabalho não pode ser mera-mente burocrático”, defende.

Na Chemtech, palestras e programas são indicados por trabalhadores e especialistas. A parceria entre diversos departamentos é comum

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10 MARÇO 201010 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

c a p aParticipação e sensibilidade

Com o perfil especial do profissional de SST concor-da Marly Vidal, superintendente de Gestão e Recursos Humanos do Laboratório Sabin. Por acreditar no espírito humanizador da profissão, Marly cogita que seria positivo se todos os trabalhadores pudessem “ter pelo menos uma experiência na área de saúde”.

A superintendente tem muitas razões para pensar as-sim. Ela trabalha em uma empresa com 650 trabalhadores, entre os quais o quesito saúde mereceu, de 0 a 100, a nota 85,3 na pesquisa da revista Exame. Além disso, 72% dos funcionários do Laboratório Sabin são mulheres, entre as quais 77% estão em cargos de chefia. Um perfil infelizmen-te ainda inusitado no mercado de trabalho brasileiro traz à área de saúde e segurança do trabalho desafios únicos.

“Além de a maioria dos trabalhadores ser de mulhe-res, nossa média etária é atualmente de 29 anos, uma idade na qual muitas delas estão pensando em ser mãe. Para que tenha uma ideia, administramos no último ano 24 gestações. O que fazemos, obviamente, não é incen-tivar gravidez, mas simplesmente não tratá-la como um problema. Temos políticas focadas na questão e benefícios voltados para a maternidade”, explica.

A prevalência da mulher, todavia, não limita as políti-cas de saúde e segurança da empresa aos cuidados com o sexo feminino. Um dos programas mais bem sucedidos

em 2009 — quando o investimento na área de gestão de pessoas alcançou os R$ 5 milhões — foi o chamado Guardiões de Saúde e Ambiente, em que profissionais da saúde do laboratório se voluntariaram para cuidar desse segmento em uma das 59 unidades da empresa, espalha-das pelo Distrito Federal, ou em seus diferentes setores, como o de transportes.

Para a iniciativa, foram formados no ano passado 63 voluntários, que contribuem para que a política em SST da empresa seja implementada de forma eficiente em toda a organização. “Esse profissional recebe um diploma e passa a ter no currículo o diferencial de um trabalho voluntário que coloca a saúde e a questão do ambiente em primeiro lugar. O objetivo é este: levar para cada setor, cada uni-dade, um olhar diferenciado de SST, principalmente em prevenção”, destaca Marly.

Unidos a essa iniciativa, outros programas que colo-cam a humanização das relações de trabalho em primeiro lugar levam o Laboratório Sabin a ter um índice de turno-ver — a rotatividade de trabalhadores — e absenteísmo — o grau de ausência no trabalho — de menos de 1% por mês. “Temos um programa de incentivo à maratona cujos participantes, quase em sua totalidade, simplesmente não fazem parte do grupo de absenteísmo. Os resultados, por-tanto, envolvem a integração, a motivação e, além disso, fazem diferença na produtividade.”

No Laboratório Sabin, 72% dos trabalhadores são mulheres, perfil que traz para a empresa desafios específicos

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ivulgação laboratório sabin

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 11Jornal da ANAMT

Pequenas empresas têm vantagens

Clóvis Rodrigues: "Pequenas empresas conseguem fazer mudanças estruturais de maneira muito mais fácil"

Dr. Gualter Maia: "As empresas que não têm (...) um Sesmt devem pelo menos estar antenadas"

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MARÇO 2010 11Jornal da ANAMT

No Brasil, há mais de 4 milhões de micro e pequenas empresas, que representam nada menos do que 98% do total de empresas existentes. A adoção de boas práticas em SST por essa grande parcela, portanto, pode fazer toda a diferença na saúde e segurança de todos os trabalhadores.

O mercado acirrado pela melhor oferta costuma deixar essas organi-zações com menor capacidade de investimento em todas as áreas. En-tretanto, as firmas de menor porte possuem mais facilidade de incorpo-rar as boas práticas para a prevenção de acidentes e doenças.

É o que afirma Clóvis Rodrigues, analista da Unidade de Acesso à Ino-vação e Tecnologia do Sebrae Na-cional. Segundo ele, é exatamente seu tamanho que garante essa van-

tagem. “Pequenas empresas con-seguem fazer mudanças estruturais de maneira muito mais fácil. Uma empresa de grande porte precisa mobilizar vários setores para mudar, enquanto, em uma pequena, basta que muitas vezes o próprio dono do negócio se mobilize.”

Para Clóvis, apesar das dificul-dades de gestão que uma organiza-ção pode enfrentar, o maior empe-cilho para que as micro e pequenas empresas passem a aderir de vez às práticas de SST é cultural. Por isso, o Sebrae, juntamente com o Sesi e a Fundacentro, criou uma proposta de política para esse setor que, entre as diferentes frentes, atua também na difusão de informação — par-te da qual pode ser acessada pelo sstmpe.fundacentro.gov.br.

“Valorizamos principalmente as campanhas nacionais e as datas comemorativas em SST, que conse-guem focar em um problema e ti-rar disso resultados muito positivos. Agora, é um processo lento mesmo, não temos dúvida. Essas empresas têm características muito próprias. O segredo é a persistência.”

Soluções podem ser simplesMembro do Conselho Fiscal da

Anamt e consultor de pequenas e médias empresas, o Dr. Gualter Maia concorda que a barreira cultural em relação ao tema ainda seja grande em organizações de menor porte. Para ele, a falta de uma estrutura profissional que seja responsável pela implantação de uma cultura or-ganizacional com foco em SST acaba empurrando a necessidade de um projeto na área para a sensibilidade dos sócios e dos diretores que reco-nhecem a importância desse fator como parte do negócio.

“As empresas que não têm, por exemplo, um Sesmt [Serviço Espe-cializado em Engenharia de Segu-rança e em Medicina do Trabalho] devem pelo menos estar antenadas com novos conceitos de qualidade de vida. Se o empresário for uma pessoa atualizada e preocupada com seus trabalhadores e sua produtivida-de, ele pode, pelo menos, aproveitar ao máximo a visita de um profissio-nal em SST quando este for elaborar o PPRA [Programa de Prevenção de Riscos Ambientais] da organização”, defende o Dr. Gualter, que sugere também que o coordenador do Pro-grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) — obrigatório juntamente com o PPRA — possa contribuir com orientações aos res-ponsáveis pela empresa.

Ao mesmo tempo, Dr. Gualter defende ações simples, como colo-car em áreas comuns informativos que sirvam para a divulgação de boas práticas. Para o médico do tra-balho, tanto os programas obriga-tórios quanto os de livre iniciativa ajudam o empreendedor a ter uma radiografia completa das condições de sua equipe, com indicadores po-sitivos e negativos que contribuem para o estabelecimento de um am-biente realmente saudável e seguro para todos da organização.

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ivulgação Anam

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12 MARÇO 201012 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Desde o início de 2010, foram acelerados os preparativos do 14º Con-gresso da Anamt, que reunirá entre 15 e 21 de maio, em Gramado (RS), médicos do trabalho e outros profis-sionais para tratar da "Medicina do Trabalho e os desafios da promoção e da inclusão em saúde do trabalhador" — tema central do encontro. Além da participação de palestrantes italianos, argentinos e canadenses, vários espe-cialistas confirmaram sua presença en-tre os cerca de 2 mil participantes que devem se inscrever para o evento.

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Com o apoio da Sociedade Gaúcha de Medicina do Trabalho (Sogamt), a comissão organizadora do congresso já publicou no site da Anamt os programas de cursos e demais atividades previstas no encontro, que contará com cerca de oito conferências e dez mesas redondas. Das atividades previstas, participarão profissionais italianos como Daniela Colombini e Lucia Isolani; os professores Giuseppe Abbritti e Enrico Pira; os doutores Alfonso Cristaudo e Giacomo

Muzi; além da doutora canadense Susan Stock. Entre os conferencistas, foram confirmadas as presenças do economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); do Dr. Luiz Augusto Facchini, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco); e de muitos outros palestrantes notáveis do Brasil que atuam como professores universitários, pesquisadores e profissionais da área de saúde do trabalhador.

No fim de fevereiro, os organi-zadores anunciaram quais trabalhos científicos foram aceitos para o con-gresso. A seleção está disponível no www.anamt.org.br, onde os interessa-dos têm acesso ao link de inscrições, dicas de hospedagem, transporte e turismo, entre outras informações.

O 14º Congresso da Anamt ocorre-rá simultaneamente com o I Workshop Ítalo-Brasileiro de Medicina do Traba-lho e o VII Seminário Nacional de Pe-rícias Trabalhistas.

Palestrantes confirmam participação

Proibida de industrializar o amianto crisotila no Estado do Rio de Janeiro em 30 de novembro, a empresa Eternit conseguiu três dias depois uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendendo a eficácia daquela decisão. A permissão, válida até o julgamento do mérito de ação do Ministério Público do Estado de São Paulo contra a empresa, foi concedida logo depois de o Instituto Nacional do Câncer (Inca) produzir um material que traz esclarecimentos sobre a associação do mesotelioma com a exposição ao asbesto.

Substância proibida em 48 países, o amianto é uma fibra mineral composta de silicato natural hidratado de magnésio e cálcio. Em entrevista à revista Proteção, a pesquisadora Vilma Santa, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), lem-brou que “não existe exposição segura no caso do amianto”.

Entretanto, a concessão da liminar em favor da Eternit foi técnica — de acordo com o STJ, por “invasão de compe-tência da União sobre legislação de segurança, higiene e Me-dicina do Trabalho”. Para o tribunal, a Lei estadual 3.579/01, que fixa normas no ambiente de trabalho com amianto cri-sotila, entrou em choque com a Lei federal 9.055/95.

Empresa pode produzir com amianto até julgamento

Campanha do IncaLançada em Maceió (AL) e São Paulo (SP) em novem-

bro, a campanha “Mesotelioma: você conhece esta do-ença?” produziu um material para chamar a atenção dos profissionais de saúde sobre a enfermidade. Segundo a publicação, a forma maligna do mesotelioma — neoplasia do mesotélio que atinge mais frequentemente a pleura, o peritônio e o pericárdio — tem uma incidência anual de um a dois casos por milhão de habitantes. Ao mesmo tempo, o Brasil está entre os cinco maiores produtores, consumidores e exportadores mundiais do asbesto.

A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc, na sigla em inglês), da Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica todos os tipos de amianto como reconhe-cidamente cancerígenos para os seres humanos. Por esse motivo, o Estado de São Paulo proíbe sua comercialização e uso desde 2007, enquanto o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e seus órgãos vinculados determinaram, em 29 de janeiro de 2009, que o produto não pode ser usado em qualquer construção ou bem adquirido pelo MMA.

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 13Jornal da ANAMT

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A qualquer custo, nãoConstrução aponta para grande crescimento em 2010, mas especialistas se mostram preocupados com o alto número de acidentes registrados.

“A construção civil ficará em se-gundo lugar [em criação de empre-gos], perdendo apenas para o setor de serviços”. Essa é a opinião do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que no dia 11 de janeiro visitou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na Grande São Paulo, e divulgou a previsão de que o Brasil criará em 2010 quase 2 milhões de vagas de trabalho. Menos evidente, entretanto, estão a saúde e a seguran-ça do trabalhador em um segmento que, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social 2008, foi o terceiro da área industrial a registrar o maior número de acidentes naquele ano — 49.191 do total de 747.663 contabili-zados em todo o país.

O dado é grave e, devido à proxi-midade das Olimpíadas em 2014 e da Copa do Mundo em 2016, o Ministé-rio Público do Trabalho (MPT) lançou em 16 de novembro o Programa Na-cional de Combate às Irregularidades Trabalhistas na Indústria da Constru-ção Civil. À Agência Brasil, o procu-rador Alessandro Miranda, coorde-nador do programa, afirmou que a fiscalização constatou irregularidades na maioria das empresas procuradas.

O trabalho dos auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE), realizado em todo o país entre 2003 e 2009, corrobora com a preo-cupação do MPT: por meio dele, fo-ram registradas 174.333 ações fiscais na construção civil nesse período — número que corresponde a 17% do total de ações promovidas pela insti-tuição na área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).

Indicadores invisíveisEm entrevista ao site IG Empre-

gos, o diretor Científico da Anamt, Dr. Zuher Handar, lembrou que, por trás dos dados oficiais da Previdência, há um contingente de trabalhadores empregados na informalidade e, ain-da, uma subnotificação dos acidentes de trabalho — apesar de a implanta-ção do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) ter mudado um pouco esse quadro. Para o médico do trabalho, “precisamos saber por que, quando e como ocorrem os acidentes”.

“Os números da Previdência So-cial são dados da economia formal, não incluem a informalidade. São re-

gistros de acidentes e doenças do tra-balho notificados ao INSS [Instituto Nacional de Seguro Social]. Além dis-so, temos que lembrar que determina-dos setores notificam mais, enquanto outros o fazem menos, independente-mente do número de acidentes ocorri-dos”, disse ao Jornal da Anamt.

Especificamente sobre o desem-penho da construção civil em SST, Dr. Zuher reconhece que “essas ques-tões no segmento têm evoluído muito nas últimas décadas”, mas que ten-dências como “a terceirização exces-siva e o excesso de jornadas contri-buem muito para a piora da situação”. “Comparando o Brasil com outros pa-íses da Europa, por exemplo, temos uma mortalidade por acidente e do-ença do trabalho quatro vezes maior. Chegar a um nível mais adequado deve ser um esforço de todos.”

Por sua vez, a técnica de seguran-ça do trabalho do Sindicato da Indús-tria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Marivone Fernandes Silva, salientou à IG Empre-

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14 MARÇO 201014 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

O índice de acidentes no segmento merece mais atenção. Nos próximos anos, muitos projetos serão implantados

gos que, de fato, os profissionais que trabalham no setor correm o risco de sofrer acidentes, mas que o pró-prio SindusCon-SP possui um progra-ma especial de segurança do traba-lho, com ações específicas sobre o tema — que pode ser acessado pelo www.sindusconsp.com.br.

“Ao lado da prevenção, está a conscientização da necessidade do uso dos equipamentos de proteção individual e coletiva. Não é uma ques-tão de estudo, depende da gestão de segurança feita no local”, ressaltou.

Desafios crescentesA diminuição do índice de aci-

dentes no segmento merece mais atenção do que nunca, já que uma série de projetos públicos e privados pretende suprir o desenvolvimento econômico e social registrado nos últimos anos e reconhecido interna-cionalmente. Em 2010, a Fundação Getúlio Vargas e a Associação Bra-sileira da Indústria de Materiais de Construção preveem que a constru-ção civil contratará mais de 180 mil trabalhadores, uma expansão de 8% na oferta de vagas com carteira assi-nada. No setor, estima-se que o cres-cimento seja de 8,8%, taxa acima da média prevista para o país, que é de 5,3% — esta, de acordo com con-sulta a economistas feita pelo Banco Central na última semana de janeiro.

O fumo continua sendo um gran-de vilão para a saúde. Um recente estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que 94,6% da população mundial ainda não está protegida por meio de leis antifumo contra os males causados pelo fumo passivo. A perspectiva é que a “epidemia global do tabaco”, como o assunto é tratado no rela-tório, venha a ser a causa da morte de 8 milhões de pessoas por ano em 2030 caso nada seja feito.

De acordo com a OMS, atualmen-te o cigarro mata mais de 5 milhões de pessoas todos os anos, ou seja, mais do que a Aids, a tuberculose e a malária juntas. Na opinião do diretor-assistente para Doenças Não Trans-missíveis e Saúde Mental da OMS, Ala Alwan, a única forma de reduzir o nú-mero de mortes é criar mais mecanis-mos para acabar com o fumo. “Não há um nível seguro de exposição ao fumo passivo. Então, é necessária uma ação dos governos para proteger as pessoas”, garante.

O Brasil ganhou destaque no re-latório devido às políticas antifumo que vem adotando. O país é um dos signatários da Convenção-Quadro de Controle do Tabagismo, que prevê a adoção de medidas de restrição ao consumo de cigarros e outros pro-

Tabaco pode matar 8 milhões em 2030Brasil é destaque em relatório devido a políticas e leis antifumo

dutos derivados do tabaco. Seguin-do essa linha, foi sancionada uma lei em 2001 que restringe a propaganda do cigarro. No ano seguinte, passou a ser obrigatória a presença de ima-gens de advertência nas embalagens do produto.

As leis antifumo ganharam força em algumas das principais cidades do país, como São Paulo, Rio de Ja-neiro, Curitiba e Salvador. Na capital paulista, por exemplo, já há resulta-dos positivos sobre o impacto da lei na saúde da população. Um estudo feito pelo Instituto do Coração (In-Cor) em 700 estabelecimentos com-provou que os níveis de monóxido de carbono nesses locais diminuíram 73,5%. A taxa de contaminação de garçons e outros funcionários não fumantes caiu 48%.

Apesar dos dados positivos, ainda há muito a ser feito. A OMS apon-ta que o fato de 5,4% da população mundial estar protegida contra os pre-juízos do tabaco em 2008 já represen-ta um avanço, pois mostra um aumen-to de 3,1% em relação a 2007. O tom de otimismo, porém, não pode fazer com que os países se acomodem. “Houve um progresso, mas o fato de 94% das pessoas ainda não estarem protegidas significa que é preciso tra-balhar mais”, alerta Alwan.

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hubykin/PhotoXpress

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 15Jornal da ANAMT

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Apesar de a crise econômica mundial ter consolidado em todo o mundo a tendência de precarização das rela-ções laborais, no Brasil, a Previdência Social celebrou em dezembro número recorde de benefícios pagos: 27 mi-lhões. O registro, comemorado com o aumento da quanti-dade de empregos gerados mesmo em ano de estagnação econômica, foi realizado durante cerimônia do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS).

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e De-sempregados (Caged), o país gerou 995 mil empregos em 2009, mesmo com crescimento zero — o que mostra que a re-lação entre desenvolvimento e emprego tem sido melhor que em anos anteriores. O dinamismo da economia, que veio do mercado interno, ancorado no setor de serviços, construção ci-vil e comércio, foi essencial para essa tendência do último ano.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou pesquisa na qual mostra que o crescimento de 0,7% dos empregos em 2009 foi puxado pelas vagas com carteira assinada, reforçando o viés de formalização labo-ral. De acordo com o levantamento, o mercado contratou 2,3% mais pessoas com registro em carteira, ao mesmo tempo em que o emprego informal sofreu queda de 3%. Assim, a média de participação da população com carteira assinada no total de ocupados aumentou de 76,7%, em 2008, para 77,9% em 2009.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anunciou pessoalmente o resultado

de 2009 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

Nível de emprego formal aumentaBrasil registra interrupção na tendência de aumento do trabalho informal e Previdência bate recorde de benefícios pagos

O desempenho do emprego for-mal contrariou expectativas em um ano marcado pela crise econômica mundial. A força das contratações na construção civil, a demissão de trabalhadores informais em pequenas empresas e uma menor disposição dos de-sempregados em aceitar ocupações precárias estão entre as explicações para o fenômeno.

Para o secretário de Políticas da Previdência Social, Helmut Schwartz, é preciso esforço para continuar me-lhorando a gestão do sistema e aumentar sua cobertura, melhorando a qualidade dos serviços em favor do públi-co usuário da Previdência Social e priorizando o combate à vulnerabilidade que leva aos acidentes de trabalho e às doenças ocupacionais.

Apesar disso, a Previdência anunciou que seu déficit foi de R$ 43,614 bilhões em 2009 devido ao aumento tanto das receitas quanto das despesas em 12,6%. O ministro José Pimentel, entretanto, diz-se otimista com a arrecadação para 2010.

O relatório anual Tendências Globais do Emprego, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostra que o número desempregados em todo o mundo chegou a 212 milhões em 2009, um crescimento recorde de 34 milhões desde 2007. Baseado nas previsões do Fundo Monetário Internacional, o documento da OIT estima que os níveis de desemprego globais devem se manter altos em 2010.

A entidade observou grandes variações regionais no quesito. Segundo o relatório, o número de trabalha-dores sem empregos nas economias desenvolvidas e na União Europeia saltou de 5,7% em 2007 e 6% em 2008 para 8,4% em 2009, com destaque para o desempenho

Tendência mundial é oposta

da área industrial. No índice global do desemprego, esses países foram responsáveis por mais de 40% do crescimento.

Para o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, “está cla-ro que evitar uma recuperação

sem trabalhos é a prioridade política hoje”. “Precisamos do mesmo poder decisivo usado para salvar os bancos, desta vez aplicado para salvar e criar empregos para as pessoas. Isso pode ser alcançado por meio de forte convergência das políticas públicas e do investimento privado.”

Elza Fiúza/Abr

Segundo OIT, desemprego cresceu nos últimos anos

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16 MARÇO 201016 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

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A edição de dezembro do Jornal da Anamt já previa “A guerra pelo se-guro acidente de trabalho” — título de sua matéria principal. Passado o primei-ro trimestre de 2010, alguns episódios mostram que não tem sido tranquila a implementação do Fator Acidentá-rio de Prevenção (FAP). Criado pela Lei 10.666, de 2003, e implementado em janeiro deste ano, o FAP já começou, in-clusive, a ser questionado judicialmente.

Apesar de ter sido aprovado pelo Conselho Nacional de Previdência So-cial (CNPS) — instância quadripartite com a representação de empregado-res —, o novo mecanismo tem sido alvo de processo de empresas que en-tendem que sua criação e implantação foram pouco democráticas. De acordo com o site Consultor Jurídico, o juiz Ricardo Uberto Rodrigues, da 1ª Vara Federal de São Bernardo do Campo, concedeu liminar para que a Toro In-dústria e Comércio não tenha que pa-gar o seguro acidente sob as regras do FAP. O site lembra ainda que decisões similares foram tomadas pela 20ª Vara Federal Cível de São Paulo e pela 3ª Vara Federal de Florianópolis.

Na ação de São Bernardo do Campo, a Toro Indústria e Comércio alega que há erros na apuração das informações que integram a alíquota.

ControvérsiaEm artigo publicado pela Folha

de S.Paulo no dia 4 de fevereiro, o presidente da Central Única dos Tra-balhadores (CUT), Artur Henrique, e o secretário nacional de Saúde do Tra-balhador da entidade, Manoel Mes-sias Melo, declararam que organiza-

Empresas ganham liminar contra o FAPApesar de considerado um avanço na tarifação individual do seguro acidente

de trabalho, entidades questionam a base de cálculos do novo fator

ções como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão a “ludibriar a sociedade brasileira”. “É preciso des-tacar a estranheza da reação da CNI, que participou de todo o processo de negociação e elaboração (...). Como empregadora e como partícipe da ela-boração do projeto, a CNI quer se eximir duas vezes”, enfatiza o texto.

Por sua vez, matéria veiculada pelo jornal Valor Econômico divulgou no dia 3 de fevereiro um estudo afir-mando que, apenas com o reenqua-dramento realizado pela Previdência Social, 67% das 1.301 atividades eco-nômicas previstas na legislação terão aumento no valor do seguro.

Esses questionamentos foram cita-dos também pelo presidente do Con-selho de Política Social e Trabalhista da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), José Arnaldo Rossi, em matéria da edição de dezem-bro do Jornal da Anamt. Segundo ele, “os números dos empregadores não batem com os da Previdência”.

Para o Dr. Mario Bonciani, vice-pre-sidente nacional da Anamt, o fato de a

Previdência não divulgar os dados do FAP é o principal motivo para que ain-da haja dúvidas sobre sua eficácia. “É um grande avanço poder usar o estudo epidemiológico no cálculo do seguro acidente de trabalho (...), [mas] a única maneira de sabermos se os argumentos tanto do lado da Previdência quanto do setor empresarial são legítimos é aca-bando com essa forma individual de a empresa consultar seu FAP”, defendeu.

De fato, enquanto o Ministério da Previdência Social (MPS) afirma que 92,37% das empresas foram bonifica-das com a aplicação do fator, as orga-nizações representantes do patronato garantem que a grande maioria delas registraram manutenção ou aumento. O diretor de Políticas de Saúde e Se-gurança Ocupacional do MPS, Remi-gio Todeschini, afirma não ser possível a divulgação dos dados do FAP. “Con-tas bancárias e prontuários médicos não podem ser públicos e, da mesma forma, a legislação federal protege os dados dessas empresas. Trata-se de informação confidencial por ser ob-jeto de questão fiscal”.

Segurança para todos: o objetivo do novo fator é incentivar as empresas que mais investem em SST

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 17Jornal da ANAMT

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A quantidade de crianças e adolescentes no Bra-sil que trabalham caiu cerca de 50% em 15 anos. De acordo com a pesquisa "Perfil do Trabalho Decente no Brasil", divulgada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1992 havia 8,42 milhões de tra-balhadores com idade entre 5 e 17 anos e, em 2007, registraram-se 4,85 milhões. O número, ainda alto, mostra que há muitos desafios a superar.

A pesquisa também tratou dos índices de desem-prego entre jovens, participação das mulheres no mer-cado de trabalho e diferenças de rendimentos entre negros e brancos. Um destaque foi em relação ao cres-cimento da taxa de desemprego entre os jovens de 15 a 24 anos, que passou de 11,9% em 1992 para 17% em 2007.

O estudo destacou o reconhecimento internacio-nal da experiência no país de prevenção e eliminação do trabalho infantil. Os resultados alcançados são ex-pressivos entre crianças de 10 a 14 anos devido aos programas do governo. Nessa faixa, o índice que in-dica a parcela dos que trabalham caiu de 20,5% para 8,5% no período analisado. Além disso, a OIT também constatou que, como em outros países, os meninos são clara maioria (66%) no universo do trabalho infantil, enquanto as meninas são 34% do total.

Números cruéisSegundo os dados da Pesquisa Nacional por Amos-

tra de Domicílio (Pnad), a desaceleração da trajetória do trabalho infantil se deve à manutenção no nível de ocupação de crianças entre 5 e 13 anos de idade (em torno de 4,5%) desde 2004, o que não ocorre com as demais faixas etárias (14 e 15 e 16 e 17 anos).

A OIT classifica o trabalho infantil como um grande obstáculo ao trabalho decente e ao desenvolvimento humano, não apenas pelos efeitos imediatos como também pelos reflexos em longo prazo. De acordo com estudo da organização, quem trabalha cedo demais tem baixa remuneração na idade adulta.

As consequências negativas do trabalho infantil, de acordo com o relatório, não se resumem a aci-dentes. Elas também envolvem doenças osteomus-culares, já que os instrumentos em geral não são dimensionados para crianças.

Trabalho infantil no Brasil registra queda

A luta da Sociedade Brasileira de Perícias Médicas (SBPM) pelo reconhecimento da Perícia Médica (PM) como área de atuação de todas as especialidades ga-nhou o apoio de entidades como a Anamt, cujo pre-sidente, Dr. Carlos Campos, assinou no fim de 2009 uma moção apoiando sua causa. O documento reco-nhece a SBPM como “a representante da PM junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Nacional de Resi-dência Médica (CNRM)”.

Para o Dr. Claudio Trezub, presidente da SBPM, o apoio mostra “o reconhecimento da condição da PM como área especial”. “Além disso, representa princi-palmente o reconheci-mento da SBPM como sociedade científica re-presentativa”, acredita.

Na moção de apoio, Dr. Carlos lembra que, assim como a PM, o exercício da Medicina do Trabalho “acon-tece em campos ou áreas de atuação diversos”.

O histórico do apoio da Anamt à SBPM começa em julho de 2008, quando, por decisão da Comissão Mista de Especialidade (CME) — formada pela AMB, CFM e CNRM —, a Perícia foi consolidada e validada como área de atuação de todas as especialidades médicas através da Resolução CFM n.º 1845.

Entretanto, em setembro passado, o CFM publicou a Resolução n.º 1930/2009, revogando a PM como área de atuação. Em dezembro, representantes da SBPM es-tiveram reunidos com a diretoria do conselho federal e representantes da entidade na CME, além de integran-tes da Associação Brasileira de Medicina Legal (ABML), com o objetivo de retomar a discussão.

Na oportunidade, uma nova reunião foi agenda-da para o dia 9 de fevereiro na sede do CFM, em Bra-sília, com a participação inclusive da Anamt. Apesar do debate, os representantes das entidades presentes não saíram do encontro com uma deliberação, adian-do a decisão sobre o tema para conclusão posterior do conselho federal.

Anamt assina moção em apoio à SBPM

Assim como a Perícia Médica, a Medicina do Trabalho ocorre em várias áreas de atuação

Jornal da ANAMT

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18 MARÇO 201018 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

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n o t í c i a s

O ministro José Gomes Temporão divulga a estratégia nacional de enfrentamento da segunda onda da pandemia de influenza A (H1N1)

Elza Fiúza/Abr

Gripe A: governo compra doses e vacinação vai até fim de maio

A aquisição de 83 milhões de doses de vacina contra o vírus H1N1 pelo Ministério da Saúde (MS) abre um novo capítulo no combate à nova gripe, que ficou popularmente conhecida como gripe suína. Apesar de a virose, detecta-da pela primeira vez em abril de 2009 no México, ainda causar alerta, a gravidade da doença levou a comunidade científica a aprofundar seus estudos.

Não obstante, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda define a virose, desde junho de 2009, como pandemia. Apesar de a gripe A (H1N1) ter matado, até 18 de dezembro, quase 10,6 mil pessoas em 208 países, modelos estatísticos dão conta de que a gripe sazonal sozinha mata anualmente entre 250 mil e 500 mil pessoas no planeta. As preocupações atuais, portanto, giram mais em torno de certa imprevisibi-lidade do novo vírus, que já tem apresentado mutações, e do padrão de infecção, que costuma atingir os mais jovens.

VacinaçãoDo total de doses compradas pelo MS, 40 milhões

foram obtidas do laboratório inglês Glaxo Smith Kline (GSK) em novembro passado. Um segundo lote de 33 mi-lhões foi encomendado ao Instituto Butantan, que já re-cebeu 600 mil doses no começo de janeiro do laboratório Sanofi-Pasteur — líder mundial na pesquisa e produção de vacinas que assinou com o governo brasileiro a trans-ferência dessa tecnologia de produção para o instituto. Os 10 milhões restantes virão do Fundo Rotatório de Vacinas da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

Em janeiro, o MS anunciou o cronograma de imuniza-ção contra a gripe suína, que vai até o fim de maio. A prio-

ridade será dos trabalhadores da rede de atenção à saúde e de profissionais envolvidos na resposta à pandemia, se-guidos por indígenas; gestantes; doentes crônicos; crianças de seis meses a dois anos; população de 20 a 29 anos; e idosos com mais de 60 anos ou com doenças crônicas. No dia 25 de fevereiro, o MS determinou que também fossem incluídos os adultos entre 30 a 39 anos, elevando o número total de doses necessárias para 90 milhões.

LogísticaNo dia 5 de janeiro, o governador do Estado de São

Paulo, José Serra, informou que a fabricação das vacinas contra a gripe A pelo Instituto Butantan deve terminar em julho de 2011. Ao mesmo tempo, o planejamento brasileiro em torno da ameaça pandêmica pode sofrer a influência das experiências de governos e pesquisadores dos países do Norte, que passam agora por seu período de inverno.

Na França, o governo vendeu parte do estoque de 94 mi-lhões de doses, algo parecido com o que aconteceu na Alema-nha, onde a encomenda de 50 milhões ainda não foi recebida e, mesmo assim, parte começou a ser revendida. Segundo as autoridades francesas, apenas 5 milhões da população de 60 milhões de franceses foram vacinados, tanto pela baixa procura quanto por pesquisas que mostram que apenas uma dose seria suficiente — e não duas, como se pensava antes.

DescobertasO tempo tem trabalhado a favor de novas investiga-

ções. Um estudo publicado na revista British Medical Jour-nal, por exemplo, questiona a real eficácia do Oseltamivir. Segundo o trabalho, não há dados sólidos suficientes para a recomendação do uso do medicamento na prevenção de complicações graves da influenza.

Por sua vez, uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) só há pouco conseguiu aprofundar as investi-gações sobre como o organismo reage ao vírus. Segundo as análises, o corpo humano responde agressivamente, com anticorpos que lesionam o pulmão. Além disso, o acesso de bactérias até as funções pulmonares é facilitado.

Sem embargo, para o site Último Segundo, a patolo-gista Thais Mauad, que lidera a pesquisa, afirmou que 20 dos 21 corpos em que foi feita a autópsia eram de pes-soas que estavam grávidas, obesas ou tinham algum tipo de doença no coração ou no pulmão.

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT MARÇO 2010 19Jornal da ANAMT

a g e n d a

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Qual é a data limite para o empregado entregar seu atestado médico? No 1º dia após seu término?

Após o preenchimento da CAT, nos espaços desti-nados ao atestado médico, é obrigatório ou não o preenchimento de atestado médico convencional — para o empregador pagar os primeiros 15 dias?

Em casos de acidente do trabalho ou doenças pro-fissionais, se o trabalhador for atendido em serviços médicos particulares, quem deverá pagar as contas? O empregador ou o INSS?

Pompilio Espinheira Neto — Bahia

- O Atestado Médico deverá ser entregue até 24 ho-ras após o vencimento;- Quando ocorre a emissão da CAT, não há a neces-sidade de emissão de atestado médico;- Quanto ao atendimento em serviços particulares para o trabalhador, a empresa não tem qualquer responsabilidade. Ela já paga o seguro acidente para a Previdência Social.

Dr. Charles Amoury, diretor de Legislação

14º CONGRESSO DA ANAMTO congresso nacional da Anamt será realizado entre os dias 15 e 21 de maio em Gramado, no Rio Grande do Sul, juntamente com o I Workshop Ítalo-Brasileiro de Medicina do Trabalho e o VII Seminário Nacional de Perícias Traba-lhistas. Sob o tema “A Medicina do Trabalho e os desafios da promoção e da inclusão social em saúde do trabalha-dor”, o congresso pretende ajudar a identificar o melhor contexto atual em SST, debater as competências neces-sárias à atuação dos profissionais da saúde ocupacional e promover a participação e o intercâmbio transdisciplinar. Todas as informações e o formulário para inscrição estão no site oficial da Anamt, no www.anamt.org.br.

PDT 2010O IV Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopa-tologia do Trabalho, a ser realizado entre os dias 21 e 23 de abril no Hotel Intercontinental em São Paulo, será pro-movido juntamente com o I Congresso da Associação In-ternacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho pelo Departamento de Engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) — em parceria com a Faculdade de Medicina da USP e da Escola de Administra-ção de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Var-gas. Tendo como tema central a "Avaliação do trabalho e saúde mental", o evento pretende proporcionar a acadê-micos, pesquisadores e profissionais oportunidades para interagir com pessoas ligadas a suas áreas particulares de especialização. Outros detalhes podem ser acessados pela internet, por meio do www.pdt2010.net.

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DOS IMPACTOS DAS NANOTECNOLOGIAS À SAÚDE DOS TRABALHADORESO campo das nanotecnologias — nome que representa todas as tecnologias que envolvem formas e tamanhos em escala nanométrica — avança rapidamente e se espera que seus impactos atinjam, muito em breve, cada face-ta da indústria, do conhecimento e de toda a sociedade. Por motivos como esses, a Fundacentro realiza o simpósio entre os dias 25 e 27 de maio no auditório do Conselho Regional de Química (IV Região), na cidade de São Paulo. O objetivo é discutir os possíveis impactos da nanotecno-logia sobre as condições de saúde, trabalho e vida dos trabalhadores e sobre o meio ambiente, além de divulgar o resultado de pesquisas realizadas no Brasil e promover o intercâmbio entre pesquisadores. Outras informações po-dem ser acessadas pela página eletrônica da Fundacentro, no www.fundacentro.gov.br.

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20 MARÇO 201020 Jornal da ANAMT

SAnOFI - PASTEURi n f o r m e p u b l i c i t á r i o

Interação entre vírus influenza e Streptococcus pneumoniae

Os vírus influenza e o Streptococcus pneumoniae estão entre os mais impor-tantes patógenos que afetam humanos e podem causar desde infecção assintomá-tica até quadros graves, inclusive a morte.

As proteínas de superfície dos vírus influenza são os principais antígenos ca-pazes de estimular a formação de anti-corpos protetores. A grande frequência de mutações e a alta taxa de transmissão predispõem às epidemias sazonais por vírus influenza A e B. Embora as taxas de letalidade associadas à influenza sa-zonal sejam baixas, o número de mortes é substancial, sendo estimado entre 250 mil a 500 mil óbitos por ano, apenas nos países desenvolvidos. O número de com-plicações também é alto, sendo estimado em 3 a 5 milhões de casos por ano.

A possibilidade de recombinação dos genes dos vírus influenza do tipo A que causam doença em humanos com vírus que afetam primariamente animais (aves e mamíferos) é motivo de grande preocupa-ção, devido ao risco de pandemia, como a atualmente causada pelo vírus A (H1N1).

As infecções por pneumococo tam-bém representam relevante problema de saúde pública em termos de morbidade, mortalidade e custos. Dos 90 sorotipos co-nhecidos do S. pneumoniae, alguns apre-sentam maior capacidade invasiva, sendo responsáveis pela maioria das complica-ções que surgem após o terceiro dia de infecção viral. Essas infecções são mais co-

Dra. Lucia Ferro Bricks

muns nos extremos de idade e em indivídu-os que vivem em ambientes aglomerados.

O pneumococo é o principal agente etiológico de infecções de mucosa, de pneumonias adquiridas na comunidade em adultos e crianças e também de outras doenças graves, como sepse e meningite.

Durante as pandemias, o risco de infecção concomitante por vírus influen-za e bactérias como o S. pneumoniae tem sido bastante elevado, causando substancial número de complicações e mortes.

Mecanismos fisiopatológicos associados às complicações da influenza:

Os vírus causam diversos tipos de dano ao organismo, que podem ou não estar associados. Didaticamente, pode-mos resumir esses mecanismos em:

1. Dano epitelial: a infecção viral facilita a adesão de bactérias que co-lonizam as vias respiratórias;

2. Alteração nas funções das vias aéreas: podem ocorrer por aumento na produção de secreções, redução do clearance de bactérias, destruição de células, alteração função da tuba de ventilação da orelha média;

3. Alteração da regulação da reposta imune: o aumento ou redução na produ-ção de diferentes citocinas e células pode comprometer as defesas e favorecer a mul-tiplicação dos vírus da influenza e de ou-tros patógenos que colonizam as vias respi-

ratórias, facilitando a invasão dos tecidos.Embora diversos vírus e bactérias

estejam envolvidos de forma isolada ou combinada em infecções respiratórias de adultos e crianças, no presente mo-mento, as evidências mais consistentes sobre interação entre vírus e bactérias estão disponíveis apenas para influen-za e pneumococo. A relação entre in-fecção por vírus influenza e pneumonia é reconhecida desde 1803, quando Laennec descreveu pela primeira vez a alta incidência de pneumonia após epidemias de gripe. Essas observações foram confirmadas posteriormente, tanto para os vírus da gripe sazonal, como para as cepas de influenza A que cau-saram pandemias no século passado.

Dados recentes dos EUA e do Brasil confirmam que as infecções por pneumo-coco são comuns em mais de um terço dos casos de morte confirmada pelo ví-rus influenza A (H1N1). A vacina contra influenza é recomendada para todas as pessoas maiores de 6 meses que não apresentem contraindicação. Vacinas con-jugadas contra pneumococo são reco-mendadas para crianças com idade entre 2 meses e 5 anos, enquanto a vacina polissacarídica 23-valente deve ser admi-nistrada aos idosos e pessoas maiores de dois anos que apresentam doenças crôni-cas cardiovasculares, pulmonares, renais, metabólicas, renais e hematológicas, as-sim como a imunocomprometidos.

1. Centers for Disease Control and Prevention (CDC).CDC. Interim guidance for use of 23 valent pneumococcal polysaccharide vaccine during novel influen-za A (H1N1) outbreak June 9, 2009. Disponível em HTTP:// www.cdc.gov (acesso em 09 de junho de 2009). 2. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Bacterial coinfections in lung tissue specimens from fatal cases of 2009 pandemic influenza A (H1N1) - United States, May-August 2009. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2009; 58:1071-4. 3. Fiore AE, Shay DK, Broder K, Iskander JK, Uyeki TM, Mootrey G, et al. Prevention and control of seasonal in-fluenza with vaccines: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP), 2009. MMWR Recomm Rep. 2009; 58(RR-8):1-52. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Disponível no site http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/informeInfluenzase34publicacao (acesso em 19 fevereiro de 2010) 5. Mauad T, Hajjar LA, Callegari GD, da Silva LF, Schout D, Galas FR, et al. Lung pathology in fatal novel human influenza A (H1N1) infection.Am J Respir Crit Care Med. 2010 Jan 1;181(1):72-9. Epub 2009 Oct 29.

Referências bibliográficas