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Ano XXVI • Março • 2013 Jornal da ANAMT Associação Nacional de Medicina do Trabalho www.anamt.org.br Impresso Especial 9912226452/2008-DR/GO AssOcIAçãO NAcIONAl DE MEDIcINA DO tRAbAlhO CORREIOS Úlmos preparavos para o 15º Congresso Nacional da Anamt Página 14

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Ano XXVI • Março • 2013

J o r n a l d a

ANAMTAssociação Nacional de Medicina do Trabalho www.anamt.org.br

Impresso Especial

9912226452/2008-DR/GO

AssOcIAçãO NAcIONAl DE MEDIcINA DO tRAbAlhO

CORREIOS

Últimos preparativo

s para o

15º Congre

sso Nacio

nal

da Anamt

Página 14

Jornal da ANAMT2 Março 2013

O Jornal da Anamt é uma publicação trimestral, de circulação nacional, distribuída a seus associados. Os textos assinados não representam necessariamente a opinião da Anamt, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade dos

autores. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas neste jornal sem a autorização da Anamt.

Expediente

Presidente: Dr. Carlos Campos • Diretora de Divulgação: Dr.a Marcia BandiniProjeto Editorial e Design: Cajá – Agência de Comunicação (www.caja.com.br • [email protected])

Jornalista Responsável: Bruno Chuairi (MTb/RJ 27.017/RJ) • Reportagens: Carlos Caroni, Jorge Lourenço e Luiza RibeiroComercial: Renato Baptista (11 3831-7293) • Fotos: p3. Arquivo/Sogamt; p7. Robert J. Galindo/Wikimedia Commons; p8. Flavio Takemoto/Stock.Xchng; p9. Arquivo/Fundacentro; p10 e p.11 Arquivo/Anamt; p12. (fundadores) Arquivo/Dr.Jorge da Rocha Gomes, (jornal) Arquivo/Dr. João Alberto

Maeso Montes, Daniel Aguilar (foto Carlos Campos); p.13. Daniel Aguilar e Didier Pinheiro; p15. Alexandre diniz/SPturis; Benjamin Thompson/Wikimedia Commons; p17. Roshan Singh/Stock.Xchng e Ramasamy Chidambaram/Stock.Xchng • Impressão: Poligráfica

Uma publicação da Associação Nacional de Medicina do Trabalho Jornal da ANAMT

Muito obrigado

Dr. Carlos Campos

Em maio, quando chegar ao fim meu segundo mandato na presidência da Anamt, concluirei um dos mais importantes e recompensadores capítulos da minha vida profissional. Nesse período, ao lado de vocês, lutei pelo fortalecimento da Medicina do Trabalho e, acima de tudo, pela dignidade dos trabalhadores brasileiros. Com a convicção de ter cumprido o meu papel, agradeço profundamente a oportunidade de liderar a Associação em um momento tão importante para o setor.

Sinto-me ainda mais honrado ao perceber o meu nome — humildemente — próximo ao de ícones como os Drs. Bernardo Bedrikow, Diogo Pupo Nogueira, Oswaldo Paulino e Joaquim Augusto Junqueira, que fundavam a Anamt há exatos 45 anos. A visão de futuro desses homens, tema da reportagem de capa, estabeleceu os alicerces para a nossa atuação e iniciou uma mudança de paradigma no cenário trabalhista nacional.

Foram eles, e tantos outros que prefiro não citar nominalmente para evitar injustiças, as peças-chave de vitórias como a inclusão da saúde do trabalhador às atribuições do Estado na Constituição de 1988, o reconhecimento da Medicina do Trabalho como especialidade e a criação da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (PNSST).

Em suma, pavimentaram uma longa estrada que devemos percorrer até todos os brasileiros trabalharem em condições dignas, proporcionais às

suas inestimáveis colaborações para o desenvolvimento do país. Atualmente, disputamos a posição de sexta maior economia do mundo com o Reino Unido e ocupamos o vergonhoso 85º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU). Alguma dúvida de que o trabalho infantil, o trabalho em condições análogas à escravidão e as desigualdades de gênero e raça estão entre as razões? Creio que não.

É imperativo, portanto, mantermos nossa postura proativa. Organizar cada vez mais encontros científicos, participar ativamente das discussões para o aprimoramento das normas específicas e estabelecer um canal de comunicação com empregados e empregadores são premissas para a implantação de uma cultura prevencionista na sociedade.

Chegará o dia em que a Segurança e a Saúde do Trabalhador deixarão de ser vistas apenas como obrigatoriedades legais e passarão a fazer parte do planejamento estratégico das empresas. Nesse momento, quando a incidência de doenças relacionadas ao trabalho atingir níveis mínimos, teremos vencido.

Desejo boa sorte às próximas diretorias. Ao quadro associativo, mais uma vez, o meu sincero muito obrigado. São vocês que permitirão à Anamt continuar evoluindo. Sempre.

m e n s a g e m d o p r e s i d e n t e

Jornal da ANAMT

O Médico e a saúde no Brasil

f e d e r a d a s

Considerando a voz do povo, a saúde pública no Brasil tem piorado. Seguidas pesquisas de opi-nião têm identificado que a saúde possui a pior avaliação do governo federal e essa insatisfação cresce. Depois da casa própria, o segundo “obje-to” de desejo da população é um plano de saú-de. Também é um forte indicador que o SUS vai mal. Aumentam as filas de espera para consultas, exames e cirurgias, as emergências estão cada vez mais superlotadas e muitos pacientes estão em corredores, tratados de maneira inadequada.

Dizer que essas mazelas ocorrem porque fal-tam médicos é esconder a verdade e não encarar de frente o que deve ser feito. Sabemos que a saú-de pública brasileira é subfinanciada, que a gestão carece de mais profissionalismo e que os desvios continuam. Até quando? Todavia, demonstra-se cada vez mais que o maior impacto no custo da as-sistência à saúde é acesso e qualidade.

Entende-se que os pacientes quando neces-sitarem deverão ter rápido acesso aos serviços de saúde e com qualidade. Para ter qualidade é fundamental termos profissionais competen-tes, dedicados e bem remunerados. Nesse mo-mento, temos exatamente o oposto: o acesso é tardio (pacientes peregrinam em busca de aten-dimento) e em muitas situações falta qualidade no atendimento. A atenção básica deveria solu-cionar 80% a 85% dos problemas de saúde dos pacientes que atende, mas isso não acontece.

Vamos buscar juntos as soluções que existem, pois os médicos sempre se colocam à disposição para empenharem-se no que for melhor para os pacientes porque é o que mais nos importa.

Seguiremos adiante, pois mortes evitáveis estão acontecendo devido à demora no atendi-mento ou ao atendimento inadequado.

Florentino CardosoPresidente da Associação Médica Brasileira

ApAMT TeM NovA direToriA

Tomou posse no dia 01 de janeiro a diretoria para o biênio 2013/2014 da Associação Paranaense de Medicina do Trabalho (Apamt). O grupo foi eleito durante a XXVII Jornada Paranaense de Saúde Ocupacional, realizada em dezembro, paralelamente ao XVI Seminário Regional de Saúde do Trabalho da Anamt.

O principal objetivo da gestão é aumentar o número de asso-ciados, especialistas e de eventos promovidos pela Apamt. Para tanto, entre outras ações, a cúpula organizará eventos científicos a cada 30 dias e participará de reuniões trimestrais com os repre-sentantes das outras filiadas da Anamt na Região Sul: a Associa-ção Catarinense de Medicina do Trabalho (Acamt) e a Sociedade Gaúcha de Medicina do trabalho.

Confira os nomes dos novos diretores:

Presidente — Dr. Paulo Zétola Vice-presidente — Dr. Cezar Presibella Diretor Científico — Dr. Edevar Daniel Primeira secretária — Dr.ª Renata P. Moreira Segunda secretária — Dr.ª Fabiana Varella Primeiro tesoureiro — Dr. Rogério Rogenski Segundo tesoureiro — Dr. Amauri Grebogi Coordenador de Interior — Dr. Meierson Reque

pArceriA

A primeira das reuniões entre as três federadas — idealizadas no XVI Seminário Regional Sul de Saúde no Trabalho da Anamt, re-alizado em 2012 — aconteceu já no dia 18 de janeiro. Durante a dinâmica, elas apresentaram estratégias, experiências bem sucedi-das e traçaram metas conjuntas para fortalecer a atuação dos cerca de 400 Médicos do Trabalho por elas representados.

Da esquerda para a direita: Dr.ª Patrícia Bernardo de Figueiredo (diretora Científica da Acamt), Dr. Paulo Roberto Zétola (presidente da Apamt), Dr.ª Denise Fátima Brzozowski (presidente da Acamt), Dr. Ricardo Moreira Martins (presidente da Sogamt), Dr. Rogerio Rogenski (tesoureiro da Apamt) e Dr. Dante José Pirath Lago (vice-presidente da Anamt na Região Sul)

Março 2013 3

A legislação brasileira relacionada ao campo de atuação do Médico do Trabalho exige grande atenção. No último trimestre, por exemplo, foram muitas as novidades. Em 12 de dezembro de 2012, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei. N.º 12.740/12, que altera o art. 193 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), redefinindo, assim, os critérios para a caracterização das atividades ou operações perigosas. O destaque da norma fica por conta da in-clusão de vigilantes e seguranças entre os profissionais com direito a adicional de insalubridade.

Posteriormente, no dia 31 de janeiro deste ano, a Instrução Nor-mativa INSS/PRES N.º 64 modificou as regras para o agendamento de perícias médicas. O texto estabelece, entre outros pontos, que as pessoas que tiverem o auxílio-doença negado deverão aguardar 30 dias para solicitar um novo exame. Com isso, o órgão espera acelerar o atendimento aos trabalhadores ainda não avaliados. A mudança não afeta o direito ao recurso, que pode ser feito de imediato.

De igual importância, a Portaria Conjunta PGF/INSS n°6, pu-blicada no Diário Oficial da União (DOU) em 2 de fevereiro, disci-plinou os procedimentos para o ajuizamento de ações regressivas previdenciárias. Além de reduzir os custos do INSS e punir em-pregadores que descumpram as normas de segurança previstas em lei, a expectativa é a de que a medida motive as empresas a adotar programas preventivos.

exigêNciAA Resolução 2007/13 do Conselho Federal de Medicina (CFM)

torna o título de especialista obrigatório para médicos que ocu-pem cargos de diretor técnico, supervisor, coordenador, chefe ou responsável de serviços assistenciais especializados. A notícia é excelente para a Anamt e a sociedade em geral, que passa a ter a garantia de que esses profissionais são qualificados para a função.

As mudanças na legislação podem ser acompanhadas no site da Anamt, que mantém atualizações constantes, ou diretamente nas páginas eletrônicas dos órgãos envolvidos.

Atualize-se

Consulte o texto dessas e de outras portarias no site www.anamt.org.br

Principais mudanças

07/12/2012Altera o Anexo II da Norma

Regulamentadora nº 28, que dispõe sobre as fiscalizações e penalidades.

04/02/2013Determina o conjunto de ensaios e

verificações a que devem ser submetidos os equipamentos de levantamento e

movimentação de cargas.Dr. Paulo Rebelo

Diretor de Legislação da Anamt

20/12/2012Define as atribuições profissionais do Técnico em Segurança do Trabalho na

área da Química.

Resolução Normativa CFQ nº 248

17/01/2013Altera a Norma Regulamentadora nº 30, que dispõe sobre a segurança e a saúde no trabalho aquaviário.

Portaria MTE nº 100/13

Norma ABNT NBr

16.147/2013

Conselho Federal de Medicina: portal.cfm.org.br

INSS: www.previdencia.gov.br

Ministério do Trabalho e Emprego: www.mte.gov.br

Resolução cFM nº

2.007/13

10/01/2013Dispõe sobre a exigência de título para ocupar cargos em serviços assistenciais especializados.

Portaria MTe nº

2.033/12

Jornal da ANAMT4 Março 2013

l e g i s l a ç ã o

Jornal da ANAMT Março 2013 5Jornal da ANAMT

Revisão da NR 15Diversos sites, entre os quais o do Conselho Federal de Medi-

cina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB), destacaram a iniciativa da Anamt de solicitar ao Ministério do Trabalho e Em-prego (MTE) a reformulação da proposta de revisão da Norma Re-gulamentadora N.º 15. O dispositivo legal se refere às atividades e operações consideradas insalubres.

A Anamt entendeu que o texto colocado em consulta pública pelo ministério não era claro e apresentava diversas lacunas, em especial a ausência de avanços no sentido de desencorajar a “monetização do risco e da saúde”, representada pelo adicional de insalubridade.

Em sua edição de janeiro, a Revista Proteção abordou o uso do amianto e seus malefícios à saúde dos traba-lhadores. Um dos representantes da Associação na au-diência promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para debater o banimento da fibra no Brasil, o ex-pre-sidente Dr. René Mendes destacou a existência de uma portaria federal que relaciona a exposição à substância a enfermidades como mesotelioma da pleura e neoplasias malignas de pulmão. “Outras doenças foram associadas ao amianto mais recentemente, a exemplo do câncer de ovário, segundo a lista IARC 2012 (International Agency for Research on Cancer)", acrescentou Mendes.

Também palestrante no evento do STF, o diretor Cien-tífico, Dr. Zuher Handar, rebateu a tese dos defensores da fibra, que afirmam ser possível utilizá-las se forem obser-vadas algumas regras de segurança. “As medidas de hi-giene restringem-se tão somente ao ambiente laboral de grandes empresas, responsáveis por uma parcela ínfima da população exposta ao amianto", reforçou.

Combate ao amianto

Futuro em riscoO Portal Aprendiz, do UOL, veiculou em dezembro de

2012 uma reportagem especial sobre as condições degra-dantes a que estão submetidas crianças e adolescentes trabalhadores. Segundo dados do Ministério da Saúde levantados pela publicação, o número de acidentes ocu-pacionais nesse grupo (média de três por dia) é seis vezes superior ao registrado em adultos.

Entrevistada, a diretora de Divulgação da Anamt, Dr.ª Marcia Bandini, alertou para a vulnerabilidade desses menores. Além da probabilidade elevada de desenvolver doenças e lesões, eles estão suscetíveis a abusos sexuais e psicológicos. “O trabalho infantil cobra seu preço na saúde física e mental, bem como na inclusão socioeco-nômica”, ponderou a diretora, que lembrou o impacto da prática no processo de aprendizado.

“Toda criança ou adolescente que trabalha, aca-ba se cansando muito facilmente. E no momento em

que ele consegue acessar a escola, não assimila os co-nhecimentos para desenvolver as suas habilidades e com-petências. Educação e saúde demons-tram como uma si-tuação de trabalho infantil pode preju-dicar”, finalizou.

S S T n a m í d i a

Jornal da ANAMTJornal da ANAMT6 Março 2013

Política Pública para o Servidor do Distrito Federal

Referências bibliográficas1 Global Plan of action on Workers’ HealtH 2008–2017. P.6-8 http://www.who.int/occupational_health/WHO_health_assembly_en_web.pdf • 2 Ministério do Trabalho e Emprego. Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho • 3 Segurança e Medicina do Trabalho. Manuais de Legislação Atlas. 66ª Edição. São Paulo. Editora Atlas, 2010.p.11. • 4 Política Integrada de Atenção à Saúde do Servidor do Distrito Federal • http://www.seap.df.gov.br/noticias/item/download/135_e7412fae1ed7f307f0b204e-fa0c501a7.html • http://www.seap.df.gov.br/noticias/item/download/135_e7412fae1ed7f307f0b204efa0c501a7.html

a r t i g o

Drª. Rosylane Rocha*

Em 2007, a Organização Mundial da Saú-de (OMS) endossou o Plano de Ação Global para Saúde dos Trabalhadores, 2008-2017 (WHO, 2007), propondo cinco metas aos pa-íses afiliados: elaborar e aplicar instrumentos normativos sobre a saúde dos trabalhadores; proteger e promover a saúde no local de tra-balho; melhorar o funcionamento dos serviços de saúde ocupacional e o seu acesso; propor-cionar dados probatórios para fundamentar as medidas e as práticas, e integrar a saúde dos trabalhadores em outras políticas1.

A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, que tem por objetivos melhorar qualidade de vida do trabalhador e prevenir danos relacionados ao trabalho, inova e, ao conceituar trabalhador, alberga o servidor pú-blico2. Ainda que seja trabalhador, não se pode refutar as especificidades dessa categoria visto que está adstrita a um regime próprio. As ativi-dades do servidor público são prerrogativas do Estado e não estão entre as catalogadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) con-forme o risco ocupacional.

Para fiscalizar o cumprimento da Portaria nº 3.214/78, do MTE, existe a Superintendên-cia Regional do Trabalho, que a faz valer por meio de autuações. Se, por um lado, dentro do serviço público, o Estado ainda não previu um órgão que tenha na sua atribuição o po-der de fiscalização e autuação; por outro, na maioria dos estados também não há regula-mentação sobre segurança e saúde no traba-lho adaptada às atividades dos cargos civis do serviço público.

Enfatizamos que as normas da Portaria nº 3.214 MTE/1978 são de observância obrigatória pelo Legislativo, pelo Judiciário e por empresas e órgãos públicos que tenham empregados

regidos pela CLT.3 Ou seja, não estão incluídos aí os servidores públicos. É preciso, portanto, catalogar as atividades desses profissionais, re-gistrar riscos e planejar medidas preventivas e de controle.

No Governo do Distrito Federal (GDF), durante algum tempo, o absenteísmo foi visto como um problema sem solução: sobrecarre-ga os servidores, prejudica a sociedade e gera enorme gasto para os cofres públicos. Com o passar do tempo, surgiu o pensamento equivo-cado de que a atuação mais austera da Perícia Médica poderia diminuir as licenças. Os focos, no entanto, eram a doença e a ausência, como se o adoecer, em vez de um processo, fosse um acontecimento único. Com a criação da Subse-cretaria de Saúde, Segurança e Previdência dos Servidores (Subsaúde), o GDF priorizou a saúde do servidor, reconhecendo a sua importância como ator principal na prestação de serviços à sociedade. Ao desviar o foco da doença, reco-nheceu os agravos existentes no trabalho para prevenir o adoecimento desses profissionais. Assim, uma mudança de paradigma foi lança-da com a construção de uma Política de Esta-do: a Política Integrada de Atenção à Saúde do Servidor – PIASS.

A PIASS foi publicada em 10 de maio de 2011 e está fundamentada na Perícia Médica Oficial; na Prevenção, Promoção e Vigilância em Saúde e, na Previdência cujos objetivos, princípios e metas são4:

I - desenvolver e dar execução a um sis-tema de gestão da saúde e segurança do trabalho, visando reduzir e/ou eliminar os riscos aos quais os servidores públicos distri-tais possam estar expostos quando da reali-zação das suas atividades;

II - implementar, manter e melhorar con-tinuamente a gestão da Saúde e Segurança do Trabalho do servidor;

III - implementar o monitoramento dos in-dicadores organizacionais e de riscos psicosso-

ciais preditores de futuros adoecimentos para subsidiar ações preventivas;

IV - promover e preservar a saúde do con-junto dos servidores públicos distritais;

V - fomentar o comprometimento e as ações dos órgãos da administração pública distrital voltadas à melhoria do desempenho global da saúde ocupacional;

VI - integralizar as ações nas áreas de saú-de e segurança no trabalho;

VII - promover a cooperação interinstitu-cional entre os órgãos da Administração Di-reta, Autárquica e Fundacional, por meio do Acordo de Cooperação, estimulando a busca de soluções consorciadas e compartilhadas;

VIII - viabilizar e coordenar o conjunto de ações de segurança no trabalho;

IX - priorizar a proteção da saúde dos servi-dores públicos distritais;

X - implementar a Comissão de Seguran-ça do Trabalho nos órgãos da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Distrito Federal para atuar em conjunto com as equi-pes multiprofissionais de Saúde e Segurança do Trabalho;

XI - promover a prevenção, recupera-ção e reabilitação física, psicológica, social e profissional;

XII - proporcionar orientação e capacita-ção para as equipes multiprofissionais de Saú-de e Segurança do Trabalho.

Neste segundo ano da implantação da PIASS, a Subsaúde avança para a avaliação dos novos indicadores de saúde e adoecimento do servidor público no trabalho.

*Rosylane Rocha é vice-presidente

da Anamt na região Centro-Oeste

Marcello PedreiraCRM: 65377-SPDr. Marcello Pedreira é médico pediatra da Unidade de Emer-gências do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto de Responsa-bilidade Social do Hospital Israelita Albert Einstein, com for-mação no Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Apesar da resposta a essa pergunta poder ser previsível, muitas vezes somos levados a pensar que apenas crianças e adolescentes são acometidos por parasitas intestinais. Na verdade, as parasitoses acometem adultos ou crianças de ambos os sexos, independentemente da classe social. En-tretanto, como a principal forma de transmissão continua a ser a ingestão de água ou alimentos contaminados, regiões com baixa estrutura de saneamento podem tornar-se mais propícias à incidência de verminoses.

Existem dois grandes grupos de parasitas – os nema-telmintos e os platelmintos (Tabela 1) – que se instalam geralmente nos intestinos ou, mais raramente, em órgãos como o fígado, pulmões e cérebro.

Assim como as crianças, os adultos também podem se quei-xar de dores abdominais ou mesmo de outros sintomas mais in-tensos - como náuseas, vômitos e diarreia – e terem como causa a infestação por parasitas. O problema é que, muitas vezes, tais sintomas acabam sendo relacionados a supostos problemas di-gestivos e tratados como tal, permitindo possíveis recorrências ao não serem tratados adequadamente. O ideal seria que exa-mes de fezes pudessem ser feitos sempre nessas ocasiões a fim de se estabelecer um tratamento correto.

Contudo, por volta da década de 1980, a realização do pro-toparasitológico de fezes passou a ser solicitada somente em

situações especiais, como em indivíduos com antecedentes de parasitismo ou com presença de anemia ou eosinofilia. Uma das razões para essa mudança de atitude é que grande parte dos exames não pode ser feita de forma automatizada, abrindo precedentes para exames realizados de forma inadequada.

Portanto, em vista da dificuldade de diagnóstico espe-cífico das parasitoses, muitas vezes são realizados trata-mentos empíricos, com uma ou mais drogas. Tais trata-mentos podem ser reforçados pelo ambiente e região em que vive determinada população: sabe-se que a ancilosto-míase, por exemplo, encontra-se mais comumente em re-giões tropicais e subtropicais, cujo solo é úmido e quente.

De fato, importantes epidemias têm sido vistas entre mineiros de carvão, cujo ambiente de trabalho, além de precário em higiene, é bastante úmido e aquecido. Par-tindo-se desse princípio, o tratamento das populações de risco, que engloba também crianças e adultos que vivam em aglomerações, reduz bastante o índice de infecções em uma comunidade; ainda mais se considerarmos que parasitoses podem ser assintomáticas mas, mesmo assim, continuam propiciando transmissões.

Tem havido nítido progresso quanto aos tratamentos; atualmente, a grande maioria das doenças parasitárias intestinais pode ser eficientemente tratada, inclusive por meio de doses únicas ou de medicamentos com amplo es-pectro de atividade. Condutas para abranger expressivos grupos populacionais, após caracterizações epidemiológi-cas adequadas, ficaram viáveis. Evidentemente, além do emprego de antiparasitários, medidas de educação pre-ventiva, saneamento básico e hábitos simples de higiene são fundamentais para prevenir as verminoses.

REFERÊNCIAS• http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/verminoses/• http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?452• http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252003000100025&script=sci_arttext • Lopes AC. Diagnóstico e Tratamento, Volume 3. Ed Manole, 2007: pg 192• Andrade EC et al. Parasitoses intestinais: uma revisão sobre seus aspectos sociais, epidemiológicos, clínicos e terapêuticos. Rev. APS, Juiz de Fora, v. 13, n. 2, pg. 231-240, abr./jun. 2010

PARASITOSES: COISA DE CRIANçA?

Tabela 1. Características dos dois grupos de parasitas conhecidos

Nematelmintos Platelmintos

Corpo cilíndrico e liso, ambas as extremidades afuniladas, sistema digestório completo e sexos separados

Corpo achatado, sistema digestório incompleto (absorvem nu-trientes digeridos pelo hospedeiro); muitos são hermafroditas

Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale, Enterobius vermicularis (oxiúros), Wuchereria bancrofti (filárias)

Taenia solium (parasita humanos e suínos), Taenia saginata (parasita humanos e bovinos)

Março 2013 7Jornal da ANAMT

i n f o r m e p u b l i c i t á r i o

Nanotecnologia: mais dúvidas que certezas

A popularização do conceito de nanotecnologia, na década de 80, trouxe a perspectiva de uma revolução científica e a esperança de cura para doenças como a aids, o diabetes e o mal de Parkinson. Por outro lado, embora pouco explorados pela mídia, foram muitos os questionamentos a respeito dos problemas da sua aplicação em massa.

Doutora em Físico-Química e membro da Rede de Pesquisas em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Am-biente (Renanosoma), Dr.ª Arline Arcuri fala sobre o tema e a relação com a segurança e a saúde dos trabalhadores. De que forma a nanotecnologia se faz presente na sociedade?

Não existe ramo do conhecimento humano que não esteja sendo ou será influenciado pelas nano-tecnologias. Na Medicina, por exemplo, há uma grande variedade de aplicações, desde remédios à criação de recursos para o tratamento de tumores malignos e limitações motoras. Com relação aos produ-tos dos demais segmentos, podemos citar roupas, mate-riais esportivos, armamentos, cosméticos, entre outros que não são identificados devido à falta de regulação adequada.

Há perspectivas de avanços para a segurança dos trabalhadores?

Já existem alguns equipamentos de segurança com nanotecnologia, como óculos antiembaçantes e cintos mais resistentes. Essas novas ferramentas, contudo, parecem ser melhores para prevenir situa-ções conhecidamente perigosas. Não tenho informa-ções sobre equipamentos eficientes para proteger os trabalhadores dos eventuais riscos trazidos pela própria nanotecnologia.

Estaríamos, então, diante de uma ameaça? Ameaça é um termo muito genérico. As nanotecno-

logias podem trazer coisas boas, mas o comportamen-to da matéria na escala nanométrica é pouco estudado. Devido ao tamanho reduzido, elas têm grande energia superficial e são extremamente reativas. Além disso, conhecer as propriedades das partículas em escala macro não permite saber se elas vão se comportar da mesma maneira, já que passariam a ser regidas pelas leis da mecânica quântica.

Quais são os impactos já conhecidos da nanotecnologia à saúde? As nanopartículas podem penetrar em diferentes órgãos do corpo. Alguns tipos de nanotubos de carbono têm mos-trado toxicidade semelhante ao amianto crocidolita, por exemplo. É possível ocorrer translocação de nanopartículas do nariz para o cérebro. Estudos com macacos nos quais fo-ram feitas instilações de partículas ultrafinas de ouro, e, em ratos, com carbono inalável, sugerem que, no estado sólido, elas podem caminhar do nervo olfativo ao bulbo olfativo.

Cresce o número de cientistas favoráveis ao uso da nanotecnologia para aperfeiçoar processos prejudi-ciais ao meio ambiente, a exemplo da exploração de petróleo e gás. Acredita que a alternativa, em vez de solução, traria consequências negativas?

Atualmente, este é um dos maiores problemas das na-notecnologias. Fala-se no desenvolvimento de produtos com objetivos teoricamente sociais, mas não há preocu-pação com o ciclo de vida desses compostos. Nanocatali-sadores, por exemplo, devem permitir reduzir o gasto de energia em alguns setores, mas um dia eles serão descar-tados. E aí? Não temos certeza do comportamento deles e os eventuais danos à saúde e ao meio ambiente.

e n t r e v i s t a

8 Março 2013 Jornal da ANAMT

Jornal da ANAMT

Os custos elevados da nanotecnologia podem concen-trar, ainda mais, o domínio dos meios produtivos nas mãos das grandes corporações e, consequentemente, afetar as atuais relações trabalhistas?

Sem dúvidas. Uma das principais questões levanta-das nas discussões é se os possíveis benefícios esta-rão ao alcance de todos ou só serão compartilhados os prejuízos, como a contaminação ambiental e o so-frimento com a extinção de várias ocupações. Nesse sentido, é importante destacar que a nanotecnologia pode acentuar a desigualdade entre os países, já que a invenção de novas armas — demasiadamente caras e sofisticadas — fortalecerá os que detêm a maior par-te dos recursos financeiros. De forma simplista, diria que as nanotecnologias têm a capacidade de “salvar” o mundo ou acabar com a vida sobre ele.

Há, em âmbito internacional, iniciativas para a regula-mentação do setor, tanto no que diz respeito à segu-rança, como nos campos éticos e econômicos?

Praticamente não. Entidades como a Organização Inter-nacional para Padronização (ISO, na sigla em inglês) estabele-ceram recomendações técnicas, mas não normas. Há muitos interesses conflitantes nesse tema. As empresas argumentam que as normas restringem a comercialização de produtos, e os cientistas afirmam que elas prejudicam as pesquisas. A so-ciedade e os trabalhadores, no entanto, a quem a regulação deveria interessar de forma especial, desconhecem as nano-tecnologias e a sua abrangência. Esses setores, historicamen-te, não participam das discussões sobre os rumos da ciência, mas na nanotecnologia a exclusão é mais grave.

No que diz respeito ao Brasil, como avalia a atuação do Estado em relação ao tema?

O Governo Federal tem dado bastante incentivo para o desenvolvimento de novos produtos nanotecnológicos. Em 2011, por exemplo, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-vação (MCTI), abriu edital para o financiamento de estudos em nanotoxicologia. A Fundacentro, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por sua vez, desenvolve um projeto sobre os “impactos das nanotecnologias na saúde dos trabalhadores e no meio ambiente”, que procura chamar a atenção para o problema, em eventos como o Fórum de Com-petitividade em Nanotecnologia, coordenado pelo Ministério da Indústria Desenvolvimento e Comércio Exterior (MIDC).

Participam da iniciativa profissionais do Departamen-to Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat); Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese); Rede de pesquisa em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente (Renasoma); Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (SERT/SP) e da organização Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas (IEEP).

Diante do que foi abordado, qual a importância do médico do trabalho? Como ele pode ser um agente transformador e contribuir para mudar esse cenário de incertezas?

O Médico do Trabalho deve se preparar para os no-vos desafios que essas tecnologias certamente trarão. Muitas vezes, já não é fácil ter certeza de nexos causais relacionados a agentes cujos agravos potenciais são conhecidos. Com relação às nanotecnologias, sobre as quais não existem informações suficientes, é ainda mais complicado.

O Médico do Trabalho deve reforçar nas empresas a importância de informar sobre a utilização dessas no-vas tecnologias e garantir acompanhamento diferen-ciado aos potencialmente expostos. Toda e qualquer alteração de saúde apresentada por esses profissionais é motivo de alerta.

Março 2013 9Jornal da ANAMT

Dr.ª Arline Arcuri é referência em nanotecnologia

Marca emblemática

Dois anos depois, os Drs. Bernardo Bedrikow, Diogo Pupo Nogueira, Oswaldo Paulino e Joaquim Augusto Junqueira fundavam a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), que completou, no dia 26 de março, 45 anos de lutas e conquistas por melhores condições para os trabalhadores brasileiros.

c a p a

10 Março 2013

Hoje, os pioneiros da entidade já inspiraram mais de 5 mil associados, espalhados pelas 27 unidades da federação. Esses profissionais levaram o nome da Anamt a diversas reuniões internacionais – em países como Colômbia, Argentina, Portugal, Itália, Espanha e África do Sul – e participaram de alguns dos eventos de gran-de porte organizados periodicamente pela Associação. Somente em 2012, entre Fórum Nacional e Seminários Regionais, foram 125 palestras e 25 conferências. Em 2013, será realizado o 15º Congresso Nacional da Anamt, maior evento do tipo na América Latina, cuja expectativa de público é superior a 3 mil pessoas.

Tamanha representatividade, aponta o presidente da Associação, Dr. Carlos Campos, é fruto do empe-nho incansável de todos que se dedicaram ao longo de mais de quatro décadas à tarefa de fazer da Anamt um destacado ator de inclusão social.

“Nesses 45 anos, disseminamos conhecimento e participamos da elaboração e implementação de polí-ticas públicas voltadas à saúde e segurança dos traba-lhadores brasileiros. Conseguimos, assim, nos firmar como uma instituição reconhecida e respeitada em

Setembro de 1966. Um grupo de brasileiros se encontra no Congresso Internacional de Medicina do Trabalho, em Viena, na Áustria, e idealiza uma sociedade científica capaz de reunir todos os médicos do trabalho do Brasil.

Março 2013 11Jornal da ANAMT

1968No dia 26 de março, em São Bernardo do Campo (SP), os Drs. Bernardo Bedrikow, Diogo Pupo Nogueira, Oswaldo Paulino e Joaquim Augusto Junqueira fundaram a Anamt. O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, então sindicalista, com-pareceu ao encontro e parabenizou a iniciati-va em prol dos trabalhadores.

1972A legislação de 1972 ajudou a alavan-car a Medicina do Trabalho no país. Na ocasião, tornou-se obrigatória a pre-sença dos serviços médicos, de higiene e segurança nas empresas com mais de 100 empregados. A mudança expandiu o número de profissionais especializa-dos na área e coincidiu com a abertura de vários cursos de formação de médi-cos do trabalho. Como consequência, as perspectivas para a Anamt também cresceram. Nos anos seguintes, a di-retoria se dedicou a formar núcleos regionais, as chamadas Federadas, percorrendo os estados brasileiros e criando departamentos de MT em asso-ciações médicas.

âmbito nacional e internacional”, avalia Dr. Carlos Campos.

A Anamt participou intensa-mente do movimento que quebrou o descaso histórico em relação à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais no Brasil. O panora-ma começou a mudar com o esta-belecimento da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1943, e a criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medici-na do Trabalho (Fundacentro), em 1966. Com a associação já atuante, vieram os Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Traba-lho (Sesmt) obrigatórios, em 1972,

1971: Dr. Raimundo Estrela traduz para o português o livro "As doenças do trabalhador", do Dr. Bernardino Ramazzini, considerado o pai da Medicina do Trabalho

Ata de fundação da Anamt apresenta primeira diretoria

1975 Sete anos após a fundação da Anamt, a parti-cipação brasileira no Congresso Internacional de Medicina do Trabalho mudou radicalmen-te. Contrastando com a pequena contribuição de cinco profissionais em 1966, o Brasil enviou cerca de 140 especialistas em 1975, maior de-legação estrangeira daquela edição do evento, realizado em Brighton, na Inglaterra.

O aumento expressivo foi fruto do trabalho da Associação para divulgar a especialida-de no país. Entre 1966 e 1975, a Anamt realizou o III Congresso Pan-Americano de Medicina do Trabalho, em Santos (SP) e au-xiliou na implementação dos primeiros cur-sos nacionais de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

e as Normas Regulamentadoras (NRs), instituídas em 1978 pelo mi-nistro do Trabalho Arnaldo Prieto.

“O espírito era fazer a Medicina do Trabalho – presente nos anos 60 apenas em poucas multinacio-nais – se difundir para outras empre-sas e chegar ao trabalhador comum, exatamente o que mais precisa de assistência”, lembra o ex-presi-dente Dr. Casimiro Pereira Júnior. “Houve bastante pressão, os sindi-catos cobraram e os empregado-res perceberam a importância de valorizar a especialidade. A Anamt pautou todo esse processo de dis-cussões”, completa.

coNquisTAsEm sua existência, a Associação

alcançou diversas vitórias. Exem-plos são a influência na concepção de diversas resoluções da Organi-zação Internacional do Trabalho (OIT) sobre o tema, nos anos 1980,

a inclusão da saúde do trabalhador às atribuições do Estado na Cons-tituição de 1988 e a formação da Comissão Interministerial de Saúde do Trabalhador, em 1993.

Também na lista estão o reco-nhecimento da Medicina do Traba-lho como especialidade, em 2002; a implementação da Política Nacio-nal de Segurança e Saúde do Traba-

1977É realizado, em São Bernardo do Campo (SP), o I Congresso Nacional da Anamt. Com o passar do tempo, o evento se consolidaria como o mais relevante palco de discussões latino-americano sobre SST, reunindo a cada dois ou três anos (a periodicida-de foi mudada em 1998) um grande número de reno-mados profissionais da área.

1985 Neste ano, a Associação participou ativamente de discussões que re-sultaram na elaboração de diversas resoluções da Organização Interna-cional do Trabalho (OIT).

12 Março 2013

Os Fundadores da Anamt: em pé, Dr. Oswaldo Paulino; (da esq. para a dir.) Dr. Diogo Pupo Nogueira, Dr. Joaquim Augusto Junqueira e Dr. Bernardo Bedrikow

1993 Além de a Anamt ter lançado o Código de Conduta dos Mé-dicos do Trabalho, o período foi marcado pelo relatório da Comissão Interministerial de Saúde do Trabalhador. O documento conti-nha princípios de ação conjunta de vários órgãos do governo, o que aju-dou a fortalecer a especialidade.

1978 Na década de 70, o governo militar so-freu forte pressão por conta do alto nú-mero de acidentes de trabalho. Por este motivo, o regime es-tendeu a atuação da Fundacentro e, em 1978, publicou a Por-taria n° 3.214, que es-tabelecia as Normas Regulamentadoras. Esse é considerado um dos marcos do fortalecimento da Medicina do Trabalho no país.

1987 Publicada a primeira edição do Jornal da Anamt. O peri-ódico noticiou o V Congres-so Nacional da Associação, que reuniu 800 pessoas em Florianópolis (SC).

lhador (PNSST), em 2011; e o Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (Plansat), em 2012.

próxiMos pAssosApesar das conquistas, a Anamt

ainda quer ajudar o país a superar uma série de problemas. O primeiro passo, afirma a diretora de Divul-gação, Dr.ª Márcia Bandini, é au-mentar o nível de qualificação dos profissionais do setor. “Precisamos ampliar o número de residentes para formar adequadamente os fu-turos especialistas”, considera.

“Outra prioridade é fomentar a educação continuada: manter-se em dia com o conhecimento é imprescin-dível ao médico do trabalho, uma vez que a área é muito abrangente. Ela engloba várias ciências – como toxico-logia, ergonomia e fatores sociais – e está diretamente ligada às leis traba-lhistas, em constante transformação”, argumenta a Dr.ª Marcia Bandini.

Além da qualificação, o dire-tor Científico da Anamt, Dr. Zuher Handar, salienta a importância de levar assistência à população das regiões menos favorecidas. “As ações de SST ainda estão muito mais presentes onde há o trabalho formal. O grande desafio é garan-tir atendimento e melhores condi-ções a todos, independentemente do vínculo empregatício”, enfatiza Zuher, destacando a realidade con-traditória vivida no país.

“O rápido crescimento econô-mico do Brasil nos faz discutir o impacto das nanotecnologias ao mesmo tempo em que ainda re-solvemos questões como a expo-sição de homens e mulheres ao sol nas salinas. Precisamos olhar para o Norte e o Nordeste, onde mais ocorrem tais discrepâncias. Esse é o caminho da Medicina do Trabalho nos próximos anos”, projeta o diretor.

c a p a

"A importância institucional da Anamt torna vital o nosso posicio-namento na defesa dos direitos do trabalhador. Num período de globalização, em que as condições de trabalho têm se tornado cada vez mais precárias, difundir a Me-dicina do Trabalho é uma forma

de expandir a inclusão social. Esse é o nosso dever desde a fundação da Associação e precisa permane-cer como foco nos próximos anos".

Dr. René MendesPresidente da Anamt entre 2001 e 2007

Leia a seguir os depoimentos de alguns médicos que colaboraram para a história de sucesso da Anamt:

Março 2013 13

2001São Paulo sediou o I Fórum Presen-ça Anamt. Criado para auxiliar os profissionais de SST a acompanhar as atualizações do setor, o encontro chegou à sua décima primeira edi-ção em 2012. Na ocasião, cerca de 400 pessoas foram à Goiânia (GO) acompanhar as atividades.

2008Inaugurada, em São Paulo, a sede pa-trimonial da Anamt. Batizado com o nome do italiano precursor da Medi-cina do Trabalho, o Espaço Ramazzini reúne documentos relacionados à história da Associação e um amplo acervo de pesquisa sobre SST.

2010Entra no ar o novo site da Anamt. Mais mo-derno, o portal divulga notícias relacionadas à Medicina do Tra-balho. Oferece uma newsletter e a versão eletrônica da Revista Brasileira de Medicina do Trabalho (RBMT). Membros adimplentes têm acesso a conteúdo exclusivo, como o Jor-nal da Anamt e apre-sentações divulgadas em fóruns, congressos e seminários.

2012O diretor Científico, Dr. Zuher Handar, e o ex-presidente Dr. René Mendes representaram a Associação na audiên-cia pública promovida pelo Supremo Tribunal Federal para discutir o banimento do amianto no Brasil. Paralelamen-te, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho (Plansat).

2007Na cidade de Foz do Iguaçu (PR), ocorreu o 27º Congresso Internacional de Saúde Ocu-pacional, ao qual comparece-ram quase 2,5 mil especialis-tas de 75 países

“Em 45 anos, disseminamos conhecimento e participamos ativamente da elaboração e implementação de políticas públicas voltadas à Saúde e Segurança dos Trabalhadores (SST) brasileiros” .

Dr. Carlos Campos Presidente da Anamt

“Tive a oportunidade de acompanhar a en-tidade desde 1969 e posso afirmar que con-seguimos crescer e nos firmar. Atualmente, somos reconhecidos como a associação de profissionais de Saúde dos Trabalhadores mais significativa do Brasil”.Dr. Jorge da Rocha Gomes Presidente da Anamt entre 1981 e 1983

“As atitudes de valorizar a especialidade e os traba-lhadores brasileiros fizeram da Anamt o que ela é hoje. Agora, devemos intensificar ainda mais esse trabalho para o nosso histórico de êxitos continuar”.Dr. Álvaro Frigério Paulo Presidente da Anamt entre 1991 e 1993

“A Associação se fortaleceu a ponto de influenciar decisões governamentais. Hoje, o Poder Público nos vê como uma entidade para a qual pode pedir ajuda quando o assunto é a saúde do trabalhador”.Dr. Ruddy Facci Presidente da Anamt entre 1993 e 1998

2003O Conselho Federal de Medici-na (CFM) reconheceu a Medici-na do Trabalho como especiali-dade médica, estabelecendo a obrigatoriedade de formação mínima de dois anos na área.

Jornal da ANAMT

da Sociedade Italiana de Medicina do Trabalho e Higiene In-dustrial, Dr. Pietro Apóstoli; o presidente da Associação Espa-nhola de Especialistas em Medicina do Trabalho, Dr. Antônio Iniesta; e a presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho, Drª Ema Sacadura Leite.

14 Março 2013

A Anamt está ajustando os últimos detalhes para o seu 15º Congresso Nacional. O evento, cujo tema é a “Saúde Inte-gral para Todos os Trabalhadores”, receberá mais de 3 mil pes-soas no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo (SP), entre os dias 11 e 17 de maio. Ao todo, estão previstos 45 sim-pósios, 24 painéis, 15 conferências, 14 cursos pré-congresso, além da exibição de estudos e práticas em comunicação oral de temas livres e pôsteres. Paralelamente, serão realizados o IX Seminário Nacional de Perícias Médicas Trabalhistas, uma nova prova de titulo de especialista e a eleição que definirá a diretoria da Associação para o triênio 2013/2016.

Para honrar a tradição do Congresso — que, desde sua primeira edição, promove a troca de conhecimento entre os profissionais da área de Segurança e Saúde do Traba-lhador (SST) —, a organização se preocupou em criar uma programação abrangente e interdisciplinar. Desse modo, as discussões englobarão tópicos como os papéis das insti-tuições públicas na SST, ergonomia, cânceres ocupacionais, síndrome de burnout, transtornos mentais, medicina legal, perícia e valoração do dano corporal.

“A Anamt entende que a formação técnica continuada é imprescindível ao exercício pleno da Medicina do Traba-lho. Essa reunião de especialistas e instituições é uma ex-celente oportunidade para compartilharmos experiências e intensificarmos o nosso papel de agentes promotores da saúde”, avalia o presidente da Anamt, Dr. Carlos Campos.

O diretor Científico, Dr. Zuher Handar, acrescenta que a te-mática atual dos debates atenderá às atuais demandas da so-ciedade. Segundo ele, apesar de o país viver um momento de crescimento econômico, a mesma evolução não é vista no que tange às condições de trabalho. “É muito importante incentivar as discussões sobre a atuação do médico do trabalho diante, por exemplo, dos desafios encontrados na construção civil. O setor, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social (MPS), mata ao menos uma pessoa por dia no país”, constatou.

A exemplo de outras edições, o 15º Congresso Nacional vai trazer ao país profissionais estrangeiros de reconhecido mérito acadêmico. Este ano, constam na lista o presidente

Falta poucoEm maio, 15º Congresso Nacional da Anamt reunirá especialistas em um grande debate sobre a Saúde Integral para Todos os Trabalhadores

14 Março 2013

c o n g r e s s o

No dia 27 de março, o diretor Científico da Anamt, Dr. Zuher Handar, foi recebido pessoal-mente pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em audiência no escritório do órgão, em Brasília (DF). Durante o encontro, Dr. Zuher entregou um convite para que o Ministro participe da abertura do 15º Congresso Nacional, dia 11 de maio.

Convidado Ilustre

Março 2013 15Jornal da ANAMT

Pólo Cultural: acervo do Masp

tem 8 mil obras de diversos artistas,

como Monet, Van Gogh, Renoir

Auditório Celso Furtado abrigará palestras e conferências

ELEIçõESO pleito que definirá a gestão da Anamt para o triênio 2013-

2016 acontecerá na véspera do encerramento do Congresso (16 de maio). A votação é restrita aos associados adimplentes.

PROvA DE TíTuLOUma das melhores formas de mostrar à sociedade e

à comunidade médica o conhecimento na área, o exame acontecerá no dia 12 de maio, das 14h às 18h, no Hotel Holiday Inn Parque Anhembi, em São Paulo (SP). O pro-cesso poderá ser conduzido simultaneamente em outras capitais do país, caso as localidades tenham ao menos 30 candidatos confirmados.

Em função da resolução 2007/13 do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 8 de fevereiro, somente os profissionais com título de es-pecialista poderão assumir cargos de diretor técnico, supervi-sor, coordenador, chefe ou responsável médico de serviços.

gArANTA suA vAgA Os interessados em participar do 15º Congres-

so Nacional da Anamt deverão preencher e seguir as instruções do formulário disponível no site do evento (http://www.anamt.org.br/15congresso). As inscrições custam R$ 1.190 para sócios e R$ 1.490 para não só-cios. Residentes, alunos de cursos de especialização em Medicina do Trabalho, técnicos de segurança e au-xiliares de enfermagem que atuam na área têm direi-to a tarifas especiais. Os investimentos para os cursos pré-congresso são à parte e definidos de acordo com a carga horária dos mesmos.

“Ao passo em que as ações

regressivas cobram dos

empresários, elas os sensibilizam

para que haja um investimento

maior na qualidade do ambiente

de trabalho”

Fernando Maciel Coordenador-geral da Procuradoria Federal Especializada do INSS

Jornal da ANAMT

As empresas que expuserem seus trabalhadores a ris-cos agora poderão pagar ainda mais caro pela negligência. Desde 2008, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vem ajuizando as ações regressivas acidentárias, ferra-menta que permite o ressarcimento das despesas com aci-dentes por culpa dos empregadores que descumprem as normas de saúde e segurança do trabalho.

Apesar de o fundamento legal para as ações existir desde 1991 (Artigo 120 da Lei 8.213/91), somente a par-tir de 2008 o INSS começou a adotá-lo com mais frequ-ência. Entre 1991 e 2007, apenas 223 ações regressivas foram ajuizadas no país, algo em torno de 14 por ano. De 2008 em diante, a média anual sobe para 340 – mais do que nos 17 anos anteriores juntos.

“Na realidade, essa medida tem caráter pedagógico, e não punitivo. Queremos que as empresas priorizem a segurança dos seus trabalhadores. Ao passo em que as ações regressivas cobram dos empresários, elas os sen-sibilizam para que haja um investimento maior na qua-lidade do ambiente de trabalho”, aponta o coordenador--geral da Procuradoria Federal Especializada do INSS, Fernando Maciel.

A efetividade da iniciativa tem se comprovado em nú-meros. A cidade de Manaus (AM), uma das capitais com maior índice de acidentes ligados ao trabalho no país, re-gistrou uma redução de 80% nas ocorrências desde 2008. No total, as ações regressivas acidentárias geram uma expectativa de ressarcimento que ultrapassa a cifra dos R$ 200 milhões.

No começo de fevereiro, a ferramenta ganhou mais um aliado. De acordo com a Portaria Conjunta PGF/INSS n°6, que disciplina os procedimentos das ações regres-sivas, a Fundacentro poderá fornecer ao INSS provas de atos ilícitos das empresas. Hoje, a fundação é um dos principais centros de pesquisa nas áreas de saúde e se-gurança no trabalho.

“Eu entendo que estas ações são uma forma de cons-cientização para que os empresários repensem questões ligadas às políticas de gestão em saúde e segurança no trabalho. Elas são uma garantia a mais para o trabalha-

dor, como também aos próprios empresários”, avalia o Dr. Carlos Campos, presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt). “Promover saúde e segu-rança ao trabalhador pode não ser barato, mas o prejuízo social e financeiro é maior ainda se acontecer algum aci-dente”, acrescenta.

RECLAMAçõESA mudança de postura do INSS em relação às ações

regressivas não foi bem recebida pelas empresas, que alegam bis in idem – termo do Direito Tributário que diz respeito a impostos redundantes cobrados pelo mesmo órgão. Para elas, a alíquota do Seguro contra Acidentes do Trabalho (SAT) já deveria cobrir esses gastos.

“Os empregadores afirmam que as ações regressivas não têm fundamento, mas esquecem que o SAT é um seguro que diz respeito aos riscos ordinários. Isso quer dizer que ele cobre gastos com acidentes nos quais a empresa não teve culpa direta”, explica Fernando Ma-ciel. “As ações regressivas são relativas a problemas extraordinários, quando a negligência do empregador prejudica o funcionário. É a mesma coisa com o seguro de um carro. Ele cobre o custo de uma eventual batida, mas não o de um motorista alcoolizado”.

Ações regressivas: forma de conscientização

16 Março 2013

I N S S

Março 2013 17Jornal da ANAMT

Cerca de 140 pa-íses — incluindo o Brasil — aprova-ram a Convenção de Minamata, tratado que prevê a redução gradual das emissões globais de mercúrio. O documento estabelece o fim do uso do metal pesado em termômetros, instru-mentos de pressão, pilhas, lâmpadas fluores-centes e outros produtos até 2020. Além dis-so, determina a adoção de ações preventivas para as populações expostas a riscos, caso de garimpeiros artesanais de ouro e profissionais de usinas elétricas de carvão.

Um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), pouco antes do início da confe-rência, estimou em 15 milhões o número de pessoas diretamente ameaçadas pelo ele-mento. Paralelamente, estudo conduzido por 70 pesquisadores de universidades nor-te-americanas apontou que a concentração de mercúrio nos mares dobrou no último sé-culo, afetando diretamente a fauna marinha.

A legislação brasileira, por meio da Nor-ma Regulamentadora N.º 15 e da NBR10004, inclui a substância entre os agentes mais nocivos ao trabalhador e estipula como li-mite a taxa de 0,04 miligramas por metro cúbico de ar no ambiente profissional. Entre os principais efeitos da contaminação por mercúrio, constam sangramento nas gengi-vas, problemas hepáticos graves, demência e até a morte.

Avanço importante

Exercício físico oferecido pe-las empresas gera benefí-cios no IR

e m d e s t a q u e

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, da Câmara dos Deputados, aprovou projeto de lei que concede desconto no Imposto de Renda (IR) às empresas que ofe-recerem aos funcionários estrutura (própria ou terceirizada) para a prática de exercícios físicos. As atividades deverão ser realizadas sob a orien-tação de professores de Educação Física e com acompanhamento de nutricionistas, que atende-rão individualmente a cada funcionário.

O abatimento será de 1% para os empre-endimentos de médio e grande porte, e de 3% para micro e pequenas empresas. “Ganham os empregadores, que obtêm melhor qualidade de trabalho e menos despesas com a saúde dos funcionários. E ganha a sociedade brasileira por propiciar hábitos mais saudáveis à classe traba-lhadora, o que trará economias com despesas previdenciárias”, destacou o relator do projeto, deputado Jânio Natal (PRP-BA).

O projeto ainda passará por análise das co-missões de Finanças; e de Constituição, Justiça e Cidadania. Posteriormente, será encaminhado para apreciação do Senado.

Incentivo

Guia Técnico da NR 33O pesquisador da Fundacentro Francisco

Kulcsar Neto e o auditor fiscal da Superinten-dência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul (SRTE/RS), Sérgio Augusto Letizia Garcia, esclarecem todas as dúvidas sobre a norma, que estabelece medidas para a atuação segura em espaços confinados. Entende-se por espaço confinado aqueles não projetados para ocupação humana con-tínua, com pouca ventilação e meios limita-dos de entrada e saída.

Vinculação de bancos de dados de acidentes do trabalho fatais dos Estados de

São Paulo e Minas Gerais2006-2008

Relatório Técnico – Bancos de Dados

Novembro de 2012

Riscos QuímicosA obra apresenta o International Chemical Con-

trol Toolkit (ICCT), ferramenta desenvolvida pela Organização Internacional de Trabalho (OIT) e ou-tras prestigiadas instituições para avaliar os even-tuais danos decorrentes do manuseio dessas subs-tâncias sob forma líquida e em pó. O texto, voltado aos empreendimentos de médio e pequeno porte, também sugere medidas básicas de controle con-forme a realidade nacional.

Acidentes ocupacionaisElaborado em conjunto com a Fundação Sistema Es-

tadual de Análise de Dados (Seade), o material traz uma compilação de informações sobre os acidentes de trabalho fatais nos estados de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com o levantamento, as vítimas mais frequentes desse tipo de ocorrência são os motoristas de caminhões (de 11,2% a 15,3% dos episódios) e os serventes (4% a 6%). Além disso, constatou-se que a incidência é superior entre profissionais com menor escolaridade e na faixa etária de 20 a 29 anos. Os resultados, referentes ao período 2006-2008, foram obtidos a partir da vinculação dos bancos de dados das duas unidades federativas.

18 Março 2013 Jornal da ANAMT

A Fundacentro lançou nos últimos meses diversas publicações de inte-resse do Médico do Trabalho. Todas podem ser consultadas gratuitamen-te na página do órgão na internet (http://www.fundacentro.gov.br). Confira algumas delas:

Humilhações e constrangimentos

O documento “Compreendendo o assédio moral no ambiente de trabalho” expõe os aspectos médicos e jurídicos relacionados ao problema, cada vez mais fre-quente no Brasil. A redação foi formulada a partir dos anais do congresso de mesmo nome realizado em 2010 e, entre outros pontos, aborda o sofrimento daqueles que testemunham os episódios, mas temem denunciá--los. Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho, as mulheres são as maiores vítimas desse tipo de agressão.

A n a m t r e c o m e n d a

Dezembro 2012 19Jornal da ANAMT Dezembro 2012 19

Sou médica do trabalho há cerca de 10 anos. Fiz um curso de 920 horas na universidade Federal do Es-tado do Rio de Janeiro (unirio) e outro, de 1.920 horas, na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp). Esta última acreditada pela Anamt, em que estou inscrita desde 2009.Nunca pude registrar o certificado de Medicina do Trabalho no Conselho Regional de Medicina (CRM), mas sempre atuei na área e há a algum tempo sou médica coordenadora e responsável técnica do am-bulatório da empresa onde trabalho.

Ao solicitar a renovação da responsabilidade técnica no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, a instituição me informou que, a partir de 08/02/2013, não poderia exercer as funções sem o título de Médico do Trabalho devidamente registrado no Cremepe, com a prova de título. Como devo proceder?

Dr.ª Andrea Karla Barcellos Gabão

De fato, na data citada, foi publicada no Diário Oficial da União a Resolução CFM 2007/2013, na qual o Conselho Federal de Medicina normatiza essa questão, como infor-mado pelo Cremepe. Eis o texto:

Art. 1º Para o médico exercer o cargo de diretor técnico ou de supervisão, coordenação, chefia ou responsabilidade médica pelos serviços assistenciais especializados é obriga-tória a titulação em especialidade médica, registrada no Conselho Regional de Medicina (CRM), conforme os parâ-metros instituídos pela Resolução CFM nº 2.005/2012.

Recomendo entrar em contato direto com nossas Entida-des Médicas para esclarecer qualquer dúvida relacionada ao registro no CRM/CFM. Quanto à Prova de Título, julgo extremamente importante a sua realização.

Dr. João Anastácio Dias Diretor de Título de Especialista

espaço do associado

Envie suas dúvidas, opiniões e sugestões para o Jornal da Anamt. Acesse o site da Anamt: http://www.anamt.org.br/espaco_associado.php

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Março 2013 19

a g e n d a

INTERNATIONAL CONGRESS ON SAFETy AND LABOuR MARkET 2013

As mudanças na organização do trabalho, o desemprego e o papel da segurança e da saúde nesse contexto serão alguns dos tópicos abordados durante o International Congress on Safety and Labour Market 2013, em Covilhã, Portugal, nos dias 8 e 9 de abril. A conferência é uma realização conjunta da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com as instituições portuguesas Associação para a Formação Tecnológica da Beira Interior (Aftebi), Autoridade para as Condições do Trabalho (AC) e Universidade da Beira Interior (UBI).

Mais informações: http://icslm.com/

LEITuRA RADIOLóGICA

A Fundacentro irá promover, de 17 a 20 de abril, na sede da Associação Médica de Minas Gerais, em Belo Horizonte (MG), o curso Leitura Radiológica das Pneumococioses – Classificação OIT 2000. Em junho, a atividade também ocorrerá em Curitiba (PR). Os interessados devem procurar a secretaria da Anamt.

Mais informações: (62) 3092-6030 [email protected]

ergoNoMiA do AMBieNTe coNsTruído

Florianópolis receberá, entre 1º e 3 de maio, a quarta edição do Encontro Nacional de Ergonomia do Ambiente Construído e a quinta do Seminário Brasileiro de Acessibilidade Integral. O evento, voltado ao público acadêmico que desenvolve pesquisas sobre o tema, terá com a participação dos professores-doutores Pierre Henry, da Universidade Tecnológica de Compiègne (França), e Hubert Froyen, da Hogeschool Provinciale Limburg (Bélgica).

Mais informações: [email protected]

Influenza: aspectos atuaisLucia Ferro Bricks, MD, PhD – CRM 36370Diretora de Saúde Pública da Sanofi Pasteur, Divisão vacinas da Sanofi

A influenza é importante problema de saúde pública, sendo responsável todos os anos por 3 a 5 milhões de casos graves e 250.000 a 500.000 mortes no mundo1. Na época de maior sazo-nalidade, ocorre aumento substancial no número de consultas médicas e hospitalizações por pneumonia e a gripe causa enorme impacto socioeconômico associado aos custos diretos (consultas médicas, uso de medicamentos) e indiretos (perdas econômicas devido ao absenteísmo/presenteísmo ao trabalho)2-6.

A doença afeta pessoas de todas as faixas etárias e dissemina-se ra-pidamente, principalmente, nos meses mais frios; entretanto, os vírus circulam durante o ano todo e frequentemente existe cocirculação de mais de uma cepa de influenza (A e/ou B)2,7.

A intensidade das epidemias de gripe varia de ano para ano e está re-lacionada à virulência das cepas circulantes e à imunidade da população pós-exposição natural ou adquirida por vacinação. O risco de surgirem novas cepas com grande virulência e capacidade de causar epidemias é esperado, mas é impossível prever qual será a nova cepa emergente e quando ocorrerá uma nova pandemia8.

Sempre que surgem novas cepas para as quais não existe imunidade prévia, observa-se maior acometimento de adoles-centes e adultos jovens1,7.

Após a pandemia de 2009 foi ampliada a vigilância da síndrome respiratória aguda grave (SRAG). No Brasil, em 2012, foram confirma-dos 20.539 casos hospitalizados de SRAG, 19,5% causados pelo vírus influenza, com predomínio da cepa A(H1N1)pdm09. O aumento de ca-sos graves e mortes (439) por influenza causou maior impacto nos esta-dos do Sul e Sudeste e 80% das mortes (351) foram causadas pela cepa A(H1N1)pdm09, que teve baixa circulação no país nos anos de 2010 e 2011. O maior percentual de isolamento da cepa A(H1N1)pdm09 nos casos de SRAG e mortes foi observado em pessoas com idade entre 15 e 59 anos e 25 a 59 anos, respectivamente, ressaltando-se que esses grupos não são alvos das campanhas de vacinação no Brasil7.

Enquanto no Brasil predominou a cepa A(H1N1)pdm2009, nos EUA, em janeiro de 2013, foi identificado aumento signi-ficativo no número de atendimentos e hospitalizações por in-fluenza e pneumonia pela A(H3N2)/Victoria/361/2011.

Historicamente, as cepas A(H3N2) têm sido associadas a maiores taxas de morbi/mortalidade, fato que levou as autoridades de saúde americanas a alertarem a população para a necessidade de vacinar to-das as pessoas com mais de 6 meses de idade8. Felizmente, essa cepa está incluída nas vacinas de influenza recomendadas para esta tempo-rada de gripe nos hemisférios norte e sul8,9 e um estudo de efetividade realizado pelo CDC de 03/12/2012 a 02/12/2013 revelou a proteção conferida pela vacina foi de, aproximadamente, 60% (IC95%: 51%-71%). Essa estimativa está dentro da faixa esperada nas estações em que a maioria das cepas circulantes apresenta bom pareamento com as cepas vacinais. Além de reduzir a morbidade, a vacinação reduziu em 60% o número de consultas por síndrome gripal10.

Estima-se que a gripe seja responsável por 40% das faltas ao tra-balho e que a vacinação propicie redução de até 60% no absenteísmo, presenteísmo e uso de antibióticos5. Em estudo realizado no Brasil em 2009, incluindo 894 funcionários de uma empresa, estimou-se que o retorno de investimento na prevenção da gripe por meio da vacinação propiciou retorno sobre o investimento de R$ 3,5:1.11 Dados recentes dos EUA revelaram que os custos da influenza para trabalhadores sau-dáveis aumentaram 4 vezes de 2005/2006 para 2008/2009, antes do surgimento da pandemia pelo A(H1N1)pdm0912.

A preparação para o enfrentamento de futuras epidemias e pande-mias de gripe requer planejamento e desenvolvimento de uma cultura de vacinação1,2. As vacinas contra gripe são muito seguras e são raras as contraindicações 2,12-16. A proteção conferida por vacinas é maior em adultos jovens e saudáveis, mas também depende de fatores como experiência imunológica prévia, similaridade entre cepas circulantes e coberturas vacinais17. A vacinação em larga escala controla mais rapi-damente a disseminação de agentes infecciosos, propiciando proteção direta aos vacinados e indireta aos não vacinados18,19.Em 2013, porta-dores de doenças crônicas poderão receber a vacina de influenza nas unidades de saúde20, porém, muitos indivíduos desconhecem sua con-dição de risco, principalmente entre os adultos jovens. Os benefícios potenciais da vacinação em larga escala estão diretamente relacionados à facilidade de acesso e aceitação das vacinas que, por sua vez, depende da educação sobre os riscos da doença e os benefícios da vacinação21.

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20 Março 2013

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