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Page 1: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise
Page 2: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise
Page 3: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

1FACULDADE AIEC

Associação Internacional de Educação Continuada

Faculdade AIEC

PresidenteVicente Nogueira Filho Diretor FinanceiroFrancisco Cabral de Menezes Júnior Diretora AdministrativaLéa Postiga Nogueira Diretora de Graduação Ruth Alves Franklin Almeida Diretor de Pós-Graduação Alaciel Franklin Almeida Diretor de Pesquisa e AvaliaçãoBenito Nino Bisio

Ideias em Gestão é uma publicação da Faculdade AIECISSN 2236-8183

EditorVicente Nogueira Filho

Coordenação EditorialArtur Roman

ArteAna Cristina A. Woellner

Revisão Ângelo Edval Roman FinalizaçãoÂngela Roman Fotos capa e entrevistaArtur Rangel

Foto editorial Cleber Medeiros

DiagramaçãoAna Cristina A. Woellner [email protected]

Edição nº 16 – Novembro/2014

ContatoRevista Ideias em GestãoCLSW 105 - Bloco A - Edifício Espaço 105 - 1º andar Setor Sudoeste - CEP 70.670-431 - Brasília - DFTelefone: (61) 3403-0000E-mail: [email protected]

Os artigos publicados na Ideias em Gestão são de responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não representam necessariamente a opinião da AIEC.

ÍNDICE02

03

04

08

12

16

20

24

28

32

36

40

44

48

52

Apresentação

Editorial

Entrevista Taise Beduschi Gestora de Sustentabilidade do Grupo Malwee Gestão do diálogo A tragédia em Soma, Turquia: algumas lições ereflexões Ozdemir Ergin

Gestão de viagens Viagens: ótimo investimento! Newton Ribeiro Machado Neto Gestão do espaço urbano Jane’s Walk e 72h Urban Action em Curitiba Juliano Monteiro

Gestão empreendedora Em busca do sonho, com trabalho e dedicação Raimunda Miranda Barros

Gestão de TI Novos paradigmas tecnológicos: da nuvem à Internet do futuro Jeandro de Mesquita Bezerra

Gestão do desenvolvimento Angola: um país em construção João Daniel

Gestão da marca Semiótica: a teoria e suas aplicações no mercado Roberta Navas Battistella

Gestão do varejo A sobrevivência em um mercado competitivo Wilson Antônio Deschamps

Gestão da produção Otimismo e perseverança: receita de empreendedores Elisete Pessatti Ern

Gestão do esporte Além da cancha de voleibol Darrell Akimoto

EAD Capacitando colaboradores e formando líderes Geovania Carla de Moura

E então... Artur Roman

Page 4: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

2 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

APRESENTAÇÃO

A Ideias em Gestão, revista da Faculdade AIEC, publica entrevista e artigos com experiências, pesquisas e

aprendizagens no universo organizacional e no mundo dos negócios.

Periodicidade: três edições por ano, em março, julho e novembro.

Público-alvo: empresários, dirigentes e funcionários de organizações privadas e públicas, administradores

formados pela Faculdade AIEC, alunos da Instituição.

Autores: empresários, dirigentes de empresas, profissionais com experiência de mercado, pesquisadores,

pensadores e professores da área de administração, convidados especiais, administradores formados na

Faculdade AIEC, professores, tutores e alunos.

Temas dos artigos: relacionados às diversas áreas da administração como Gestão de Pessoas, Educação

corporativa, Marketing, Finanças, Produção, Serviços, Comunicação, Contabilidade, Controladoria,

Logística, Responsabilidade socioambiental, Empreendedorismo, etc.

Natureza dos artigos: opinativo, reflexivo, descritivo ou analítico.

Tamanho dos artigos: até 9.000 caracteres (com espaços).

Para ler mais artigos de Administração e notícias da AIEC, acesse blog.aiec.br

A palavra que melhor define o meu trabalho de arte nesta edição é “liberdade”. As fotos da natureza do Parque

Malwee me inspiraram ainda mais a deixar livre a criatividade na composição das ilustrações das páginas da Revista.

Ana Cristina A. Woellner – Direção de arte

Parque Malwee

Estar ali. Ver o sol surgir e dissipar a névoa. Para onde olhar? Os olhos se rendem à beleza que surge. Canto de

pássaros. Colibris flutuam degustando flores. Subir, descer, parar. Maravilhar-se. Ter tudo isso à disposição. E a

sensibilidade diz: “Deus e o homem são o exemplo de parceria perfeita. Aquele, por ter provido; este, por preservar.

Isto é sustentabilidade”.

Sérgio Medina Roman – Autor das fotos que ilustram os artigos da Revista.

Page 5: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

3FACULDADE AIEC

Editorial

Cara leitora, caro leitor

Neste ano, tivemos no Brasil dois eventos que

mobilizaram a opinião pública de todo o País:

a Copa do Mundo e as eleições. São muitas as

lições que um administrador pode tirar desses

acontecimentos.

A gestão da coisa pública é de natureza diferente

da gestão de uma organização privada e também

da gestão de uma equipe de futebol. Mas existe

algo em comum entre elas: todas demandam

racionalidade administrativa em seus processos

de gestão. É isso que esta Revista procurou

mostrar em suas 16 edições, nos últimos seis

anos, compartilhando experiências em gestão nas

entrevistas e artigos publicados.

A entrevistada de capa desta edição é Taise

Beduschi, Gestora de Sustentabilidade da Malwee,

de Jaraguá do Sul (SC), uma das maiores indústrias

de moda do País. As metodologias de produção

desenvolvidas pela empresa, com o foco em

sustentabilidade, demonstram a capacidade da

empresa para apresentar respostas às novas

demandas da sociedade, sem perder o foco no

resultado.

Temos uma instigante reflexão do pensador turco/

francês radicado em Quebec, Ozdemir Ergin, sobre

a importância do diálogo social interrogativo na

democracia. Leitura especialmente apropriada

para estes tempos em que se acirram os confrontos

de ideias políticas. Do continente africano, Angola,

temos um artigo do aluno da AIEC, João Daniel,

com reflexões realistas sobre os desafios vividos

por aquele país na busca do desenvolvimento.

Do Japão, recebemos artigo do engenheiro

Darrell Akimoto sobre suas experiências como

coordenador de tecnologia na seleção de

voleibol masculino dos EUA.

Dos artigos de autores brasileiros, destaco as

experiências em gestão dos administradores

formados na AIEC, Raimunda Barros, de

Macapá (AP), e Wilson Deschamps, de Vacaria

(RS). Para os que gostam de viajar, o artigo de

Newton Machado, de Brasília (DF), também

administrador formado na AIEC, traz ótimas

orientações sobre o necessário planejamento de

viagem, para usufruir o máximo do investimento.

A diversidade temática continua sendo o padrão

editorial da Revista, o que pode ser conferido

na leitura dos demais assuntos abordados neste

número.

As fotos que ilustram esta edição foram

produzidas pelo fotógrafo Sérgio Medina Roman.

São imagens do Parque Malwee em Jaraguá do Sul

(SC), com 1,5 milhão m2 de área verde preservada.

Um bom exemplo de parceria que poderia

ser estabelecida entre empresas, governos e

sociedade civil para recuperação e manutenção

de reservas naturais urbanas.

Boa leitura!

Professor Vicente Nogueira Filho

Editor

Page 6: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

4 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/20144 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/20144 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Entrevista

1. Na home page da Malwee, há uma

contagem da quantidade de “garrafas

pet transformadas em moda” e outra

de “litros de água que não foram

retirados da natureza” nos processos

de produção da empresa. Como são

esses dois programas?

Taise Beduschi - A Malwee traz na

sua história a responsabilidade com

o meio ambiente e a crença de que o

recurso preservado hoje será fonte

de subsistência no futuro. Em 2001, o

tratamento de efluentes já devolvia, para

o rio, a água utilizada na produção, com

uma eficiência de 92% em remoção de

DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio),

índice que chegou a 98%, bem acima

dos 80% exigidos pela lei. A instalação

do sistema de MBR (Membranas de

Ultrafiltração), inédito na América do Sul,

permitiu o uso da água de seu efluente

novamente no processo.

A MALWEE, SEDIADA

EM JARAGUÁ DO

SUL (SC), UMA DAS

MAIORES INDÚSTRIAS

DE MODA DO

PAÍS, INVESTE EM

TECNOLOGIAS MAIS

LIMPAS E EM AÇÕES

QUE REDUZEM O

IMPACTO AMBIENTAL

EM SEU PROCESSO

PRODUTIVO,

MOSTRANDO QUE É

POSSÍVEL OBTER BONS

RESULTADOS COM

RESPEITO AO MEIO

AMBIENTE.

O sistema tem capacidade de 300

milhões de litros por ano, com

possibilidade de reuso de até 200

milhões, reduzindo assim a captação

de água dos rios da região. O contador

no site é uma forma de mostrar para os

consumidores que a sustentabilidade é

tratada continuamente aqui na Malwee,

e, ainda, uma maneira de motivar outras

empresas a também preservarem

recursos naturais. Sobre a malha PET,

em 2010, a Malwee selecionou duas

empresas brasileiras detentoras da

tecnologia de transformar as embalagens

PET em fibras de poliéster. Elas passaram

a desenvolver fios de acordo com as

necessidades da Malwee. É um processo

de transformação muito bonito, pois

um material que não teria mais utilidade

é transformado em um novo produto,

evitando a extração de mais recursos

naturais.

4 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Page 7: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

5FACULDADE AIEC 5FACULDADE AIEC 5FACULDADE AIEC

Hoje, registramos todas as novas malhas

desenvolvidas com o PET e quantificamos

a produção, deixando claro por meio

do contador no site o impacto positivo

que geramos ao retirar essas garrafas

da natureza, contabilizando mais de 10

milhões delas atualmente. Além da malha

PET, a equipe de pesquisa da Malwee

busca continuamente novas matérias

primas com o viés da sustentabilidade,

como o jeans sustentável, que usa 45%

a menos de água, malha com algodão

desfibrado proveniente de processos

de reciclagem de resíduos têxteis e

amaciante de cupuaçu.

2.Umaroupacom50%defiode

poliéster de garrafas PET traz

resultados positivos para o meio

ambiente. Mas ela é mais barata

para o consumidor? E como é a sua

qualidade?

Taise Beduschi - Quanto ao preço

do produto, outros fatores, além da

matéria prima, compõem o preço da

peça, como o número de operações de

costura, estampas, tipos de acabamento

utilizados, entre outros. O fio PET é um

dos itens dessa composição de preço.

Buscamos desenvolver esses produtos

considerando as tendências da moda,

com preço justo em toda a cadeia e que

seja acessível ao consumidor. Quanto

à qualidade, esse é um atributo das

peças da Malwee, reconhecido pelos

consumidores. Características como

maciez, durabilidade, conforto e

uniformidade de cor são fundamentais

para a Malwee e essas valiosas

propriedades foram consideradas no

desenvolvimento do produto.

3. Os consumidores brasileiros

certamente valorizam as

empresas que se preocupam com

sustentabilidade e uso racional

de recursos. Mas essa valorização

estáinfluenciandoasuadecisãode

compra?

Taise Beduschi - O fator

sustentabilidade se torna influenciador

na decisão de compra, desde que o

produto com viés sustentável possua

preço competitivo no mercado.

Pesquisas recentes do Instituto Akatu e

da Nielsen mostram que tem aumentado

no Brasil o percentual de consumidores

que buscam informação sobre

sustentabilidade dos produtos e das

empresas, e também de consumidores

que manifestam o desejo de gastar com

empresas que fazem investimentos

socioambientais. Por outro lado,

pesquisas da Greendex - National

Geografic de 2012 revelam que 66% dos

brasileiros se dizem preocupados com

a sustentabilidade, mas apenas 33% têm

comportamento que justificam essa

afirmação. Ou seja, existe preocupação

com a sustentabilidade, mas o

consumidor, na sua maioria, ainda precisa

ser conscientizado sobre a importância

do consumo responsável e do comércio

justo. Levar sustentabilidade para o

mercado consumidor como alternativa

de compra ainda é uma iniciativa das

empresas visionárias e inovadoras. É uma

aposta na sensibilização e engajamento

futuro do consumidor e em sua

fidelização.

O CONSUMIDOR

BRASILEIRO, NA

SUA MAIORIA,

PRECISA SER

CONSCIENTIZADO

SOBRE A

IMPORTÂNCIA

DO CONSUMO

RESPONSÁVEL E

DO COMÉRCIO

JUSTO. LEVAR

SUSTENTABILIDADE

PARA O MERCADO

CONSUMIDOR

COMO

ALTERNATIVA DE

COMPRA AINDA

É UMA INICIATIVA

DE EMPRESAS

VISIONÁRIAS E

INOVADORAS.

5FACULDADE AIEC

Page 8: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

6 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/20146 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

4. Ao longo da história de nossa

civilização, o progresso econômico

se fez à custa da devastação

ecológica. Você acredita que esse

processo pode ser interrompido,

sem uma mudança no modelo de

desenvolvimento do capitalismo

industrial, baseado na produção

crescente e consumo desenfreado?

Taise Beduschi - Já me fiz a pergunta:

que outro modelo econômico existente,

aplicado a uma sociedade livre, de

mais de sete bilhões de indivíduos, não

promoveria flagelos ambientais? O

fato é que chegamos até aqui e, a partir

deste ponto, retroceder é impossível.

Apenas amenizar esses flagelos não é

suficiente e interromper esse processo

de forma abrupta é impossível, pois os

interesses dos diversos grupos sociais

e econômicos divergem por falta de

conhecimento ou por um ceticismo

conveniente. Acredito que não existe

solução de curto prazo, mas também não

sei se teremos tempo de implementar

soluções de longo prazo. No momento,

a melhor alternativa é promover o

conhecimento acerca dos desafios

da sustentabilidade e das possíveis

soluções, trabalhar para engajar a

sociedade na mudança do seu estilo

de vida, promover a ideia do consumo

consciente e oferecer alternativas

de produtos que contribuam para a

reversão desse modelo. É um processo

desafiador, pois se trata de mudança de

cultura.

5. O Prêmio Nobel de Economia, o

americano Milton Friedman, no início

dos anos 70, estimulou a polêmica

sobre responsabilidade social e

ambiental das empresas ao dizer: “Há

poucas coisas capazes de minar tão

profundamente as bases de nossa

sociedade livre do que a aceitação por

parte dos dirigentes das empresas

de uma responsabilidade social que

não a de fazer tanto dinheiro quanto

possível para seus acionistas.” O que

vocêpensasobreessaafirmação?

Taise Beduschi - Essa visão levou

grande parte da humanidade à miséria.

E fez uma série de empresas americanas

desenvolverem estratégias de preço

que massacraram seus fornecedores,

pressionando-os a promover trabalho

escravo ao longo de sua cadeia e a utilizar

de forma irresponsável recursos naturais

de países em situação econômica frágil.

Essa opção equivocada hoje mancha a

imagem de marcas famosas. A geração

de riqueza deve estar acompanhada de

valores éticos, com respeito aos direitos

do ser humano e preocupação com o

uso racional dos recursos da natureza.

Aqueles que concordavam na época

com o pensamento do economista

certamente não imaginavam o cenário

que viveríamos hoje, em que empresas

acumulam prejuízos impedidas de operar

por falta de água! Não consideravam

tampouco que o fluxo de geração de

riqueza para a empresa se retroalimenta

da geração de riqueza para seus

colaboradores e para a sociedade.

A GERAÇÃO

DE RIQUEZA

DEVE ESTAR

ACOMPANHADA DE

VALORES ÉTICOS,

COM RESPEITO

AOS DIREITOS DO

SER HUMANO E

PREOCUPAÇÃO

COM O USO

RACIONAL DOS

RECURSOS DA

NATUREZA.

6 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Page 9: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

7FACULDADE AIEC

6. Qual a melhor forma de educação

para a sustentabilidade?

Taise Beduschi - Precisamos de pais

que ensinem a seus filhos valores básicos

de respeito ao ser humano, à natureza

e a todas as espécies. E precisamos

de professores que contribuam com

a formação de cidadãos conscientes

da importância do desenvolvimento

sustentável. Em um mundo ideal, é assim

que teremos pessoas com capacidade

de contribuir com soluções para que

as gerações futuras tenham o que lhes

é de direito. Mas, no mundo real, as

empresas que acreditam na causa da

sustentabilidade devem ir além: levar

informação e conhecimento para os

diversos públicos e mostrar que é

possível ser responsável para com o

meio ambiente e com a sociedade e ter

resultados econômicos.

7. A Malwee incorporou com

criatividade, responsabilidade e

inteligência o tema sustentabilidade

a sua identidade institucional,

reforçando o conceito em suas

novas coleções. Para terminar

nossa entrevista, uma pergunta

que muito empresário gostaria

de fazer: “dá dinheiro investir em

sustentabilidade”?

Taise Beduschi - Depende do que

se entende por “dar dinheiro”.

Conheço empreendimentos que

teriam fracassado se aspectos de

sustentabilidade não tivessem sido

considerados desde o planejamento.

Vendas comprometidas por conta de

barreiras comerciais relacionadas a

critérios ambientais e sociais; atraso

de projetos resultantes de estudos de

impactos socioambientais incompletos;

orçamentos estourados porque

projetos precisaram ser modificados

para atender critérios ambientais;

operações embargadas por questões

ambientais simples, como a falta de água,

são alguns dos problemas enfrentados

por empresas por descuidarem da

sustentabilidade. Quando a empresa

considera essa dimensão em seu

planejamento estratégico, diminuem

os riscos de a empresa perder dinheiro

e aumentam as chances de retorno

do investimento. Precisamos evoluir

nesse aspecto, e alguém tem que sair

na frente. Nós, da Malwee, queremos,

acima de tudo, construir um futuro em

que a moda caminhe lado a lado com a

sustentabilidade, uma moda fashion que

siga a tendência, encante o consumidor

e promova seu engajamento para o

desenvolvimento sustentável. Esse é o

nosso desafio!

QUANDO

A EMPRESA

CONSIDERA

A DIMENSÃO

SUSTENTABILIDADE

EM SEU

PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO,

DIMINUEM OS

RISCOS DE A

EMPRESA PERDER

DINHEIRO E

AUMENTAM AS

CHANCES DE

RETORNO DO

INVESTIMENTO.

7FACULDADE AIEC

Page 10: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

8 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão do diálogo

O acidente ocorrido em 13/05/14

na mina de carvão de Soma,

Turquia, sacrificou a vida de

301 trabalhadores. Essa tragédia nos

entristece profundamente e nos convida

a uma reflexão sobre a importância do

diálogo social crítico para limitar a lógica

do lucro quando ele coloca em perigo

vidas humanas.

O diálogo social interrogativo

Uma sociedade desenvolve padrões de

comportamento a partir do que entende

como bem viver e mal viver. E é capaz

de modificar os padrões existentes ou

criar novos padrões de comportamento

quando surgem situações problemáticas

e intoleráveis que comprometem o bem-

estar público.

O que é tolerável e intolerável para uma

sociedade pode ser definido a partir de

questionamentos como: o que fazemos

do desejo de bem viver juntos? Quais

são os nossos valores? Por quais valores

estamos dispostos a nos mobilizar? Que

tipo de vida é capaz de encarnar o nosso

desejo de bem viver juntos e os valores

que escolhemos?

As interações comunicativas dependem

da relação interlocutiva, que atinge o

seu melhor nível com o diálogo social

interrogativo para formar vínculos

sociais inclusivos, construtivos e críticos.

O melhor lugar para se viver é aquele em

que a comunidade recusa a violência e

privilegia a prática desse diálogo social

interrogativo com ética, na busca do que

deve ser feito para bem viver juntos.

O questionamento inspira o nível crítico

do diálogo ao combinar os quatro

polos interrogativos: 1) as questões

(por que e como bem viver juntos?);

2) os questionantes (cada um dos

componentes da sociedade, seja de

esquerda ou direita, crentes ou ateus,

jovens ou velhos); 3) os pontos de vista

(a diversidade de visões de mundo); 4) o

contexto sociopolítico.

Essa abordagem torna mais facilmente

problematizável o objeto questionado.

Trata-se de uma forma de organizar

a interação que pode ser aplicada

em diversas situações conflituosas,

constituindo-se como uma competência

básica para a boa governança.

TRAGÉDIAS COMO

DA MINA DE CARVÃO

DE SOMA PODERIAM

SER EVITADAS COM

FERRAMENTAS

DEMOCRÁTICAS

DE PARTICIPAÇÃO

POPULAR COMO O

DIÁLOGO SOCIAL

INTERROGATIVO.

Ozdemir Ergin

Traduzido do original em francês por Artur Roman

Page 11: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

9FACULDADE AIEC

Experiênciacanadense

A Suprema Corte do Canadá utiliza

uma abordagem semelhante para

a correta gestão do país. O diálogo

social interrogativo em caso de grave

conflito, que é constante em uma

democracia, acontece no parlamento,

em tribunais administrativos e em

fóruns civis, da seguinte forma: a) cada

cidadão pode dar sua versão sobre o

tema em debate e ouvir os demais; b)

o conjunto dessas versões, opostas e

complementares, compõe os aspectos

relevantes do conflito; c) os aspectos

pertinentes dos relatos compartilhados

entre os cidadãos formam um

material vivo e orientam a ação

coletiva; d) a partir dessas narrativas

diversificadas, os cidadãos definem as

decisões e determinam as normas e

procedimentos.

O diálogo social interrogativo promove

um ajuste contínuo entre “o que deveria

ser feito”, e que é considerado como

boa conduta, e “o que foi feito”, e que

é considerado como má conduta pelo

conjunto da sociedade.

Umexercício

Convido o leitor a fazer, junto comigo,

um exercício de diálogo interrogativo,

tendo como tema o neoliberalismo

e a globalização, conceitos muito

questionados e debatidos atualmente,

especialmente nos países centrais, para

chegarmos depois na tragédia turca de

Soma.

Consideremos a globalização como

a circulação em escala mundial de

mercadorias, recursos financeiros e

trabalhadores, com uma influência

significativa no PIB dos países.

Consideremos o neoliberalismo como

um sistema econômico com as seguintes

características: 1) concorrência entre

as pessoas, ou seja, competição de

todos contra todos; 2) concentração

da renda nas mãos de uma minoria

em detrimento das classes mais

desfavorecidas socialmente; 3) declínio

da socialdemocracia com a consequente

marginalização do bem comum e

da justiça social; 4) transposição da

lógica do modelo privado para a gestão

pública, sem os ajustes necessários; 5)

enfraquecimento do sindicalismo.

Quando a globalização e o neoliberalismo

ultrapassam a fronteira do que é tolerável,

o diálogo social deveria permitir os ajustes

apropriados em termos de ética pública

(respeito a todos os cidadãos em primeiro

lugar) e de justiça social (redução das

desigualdades).

O diálogo social deveria harmonizar a

relação entre o contexto problemático

e o conteúdo ativo da boa governança,

o que inclui: as dimensões cultural

e política; o cuidado com a saúde e

segurança dos cidadãos, a defesa de sua

integridade moral; as consequências

sobre o bem comum ou o bem individual;

a sensibilidade, as emoções, as convicções

das pessoas; a qualidade interrogativa no

compartilhamento dos relatos; o nível

de responsabilidade de cada um e das

instituições envolvidas; a autenticidade

das vontades; e o comprometimento com

as deliberações tomadas.

AS INTERAÇÕES

COMUNICATIVAS

ATINGEM O

SEU MELHOR

NÍVEL COM O

DIÁLOGO SOCIAL

INTERROGATIVO

PARA FORMAR

VÍNCULOS

INCLUSIVOS E

CONSTRUTIVOS.

A MELHOR

COMUNIDADE

PARA SE VIVER

É AQUELA

QUE RECUSA

A VIOLÊNCIA E

PRIVILEGIA O

DIÁLOGO NA

BUSCA DO QUE

DEVE SER FEITO

PARA BEM VIVER

JUNTOS.

Page 12: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

10 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Esse contexto afeta hoje fortemente a

Turquia e muitos outros países.

A tragédia turca

Na Turquia, o Estado privatizou as minas

de carvão e o dinheiro árabe sustenta

o governo muçulmano conservador.

As holdings muçulmanas, também

conservadoras, reduziram o custo

de produção do minério por quase

dez e multiplicaram por quase 100 a

quantidade de mortes no trabalho.

Elas sabotam a segurança, a saúde e os

salários dos trabalhadores. A proteção

social dos trabalhadores é quase ausente

e o Estado participa dos desvios do

capitalismo selvagem e da corrupção.

A catástrofe de Soma é um sinal claro

de irresponsabilidade em relação às

condições de trabalho na indústria de

mineração. Um testemunho dos aspectos

negativos do neoliberalismo e da má

orientação das políticas públicas do

governo. Os responsáveis religiosos do

país dizem: “o risco de morte faz parte

da atividade de mineração...é a vontade

de Deus...”. Nas minas da Turquia, há 80

vezes mais mortes de trabalhadores do

que nas minas da América do Norte. Será

que Deus ama aos americanos mais que

aos turcos?

A Turquia se recusou a assinar

determinadas disposições das

convenções internacionais relacionadas

à segurança no trabalho nas minas,

para evitar o reflexo nos custos de

produção. Na mina de Soma e em todas

as minas privadas na Turquia, a lógica é

“explorar com o menor custo possível,

independentemente das consequências.”

Máquinas sem valor

A valorização do ser humano é essencial

no Islã e na cultura turca. Os trabalhadores

das minas, porém, são tratados como

máquinas sem valor. O lucro é mais

importante que a valorização das pessoas.

A tragédia de Soma pode ser referida

como “massacre de trabalhadores”, pois

a catástrofe era previsível. Os padrões

de segurança antiquados haviam sido

denunciados, mas nada foi feito pelo

governo e pelos proprietários.

A opinião pública, os partidos políticos,

os sindicatos, os ministérios e os

especialistas se mobilizaram para exigir

uma comissão de investigação e um

projeto com novas regras e novas

condições de trabalho nas minas da

Turquia.

É necessário o exercício contínuo do

diálogo social para delinear as fronteiras

entre o tolerável e o intolerável na

mineração. A exploração de minérios

é uma área complexa e sujeita à

competitividade e à concorrência

internacional.

NA TURQUIA,

O ESTADO

PRIVATIZOU AS

MINAS DE CARVÃO

E O DINHEIRO

ÁRABE SUSTENTA

O GOVERNO

MUÇULMANO

CONSERVADOR.

AS HOLDINGS

MUÇULMANAS

REDUZIRAM

O CUSTO DE

PRODUÇÃO DO

MINÉRIO POR

QUASE 10 E

MULTIPLICARAM

POR QUASE 100

A QUANTIDADE

DE MORTES NO

TRABALHO.

Page 13: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

11FACULDADE AIEC

A orientação estratégica, porém, deve

ser coerente e não sacrificar a gestão

de riscos, tampouco a qualidade das

condições de trabalho. A coesão social

requer uma economia mista que

respeite a dignidade humana.

Significadodoprogresso

Após essa breve reflexão, vemos que

o provérbio “é melhor prevenir do

que remediar” é muito pertinente. Tal

abordagem reduziria o drama humano e

o fatalismo diante de tragédias que nós

podemos evitar.

O destino dos países depende da

capacidade de questionar o legado do

passado e a pertinência das escolhas

atuais nas políticas públicas. Os países

emergentes, como a Turquia e o Brasil,

têm os meios para evitar os erros

do passado cometidos pela Europa

industrial. Precisamos confiar em nosso

potencial humano e em nossos recursos

culturais e naturais para construir as

possibilidades para o bem viver juntos.

Os resultados do nosso compromisso

com o bem comum é tão importante

quanto a natureza de nossas crenças,

quer sejamos religiosos ou ateus.

A PROPOSTA DO

GOVERNO BRASILEIRO

DE CRIAÇÃO

DE CONSELHOS

POPULARES ESTÁ

SINTONIZADA COM

AS MELHORES

PRÁTICAS

DEMOCRÁTICAS

DOS PAÍSES

DESENVOLVIDOS,

ESPECIALMENTE POR

OFERECER MAIS UM

ESPAÇO PARA O

DIÁLOGO SOCIAL

INTERROGATIVO.

Nós podemos e devemos favorecer a

participação de todos os componentes

diferentes da sociedade em torno do

legado da maioria e em torno de valores

comuns para reduzir o sofrimento e criar

um ambiente de vida sustentável. Esse é o

verdadeiro significado de progresso.

Conselhos populares

Acompanhei a distância, aqui de Quebec,

as grandes mobilizações de rua de junho

e julho de 2013 no Brasil. A resposta do

governo brasileiro, propondo a criação

de conselhos populares, que passarão a

ser consultados a respeito das políticas

públicas do governo federal, me parece

bem inteligente e sintonizada com as

melhores práticas democráticas dos

países desenvolvidos, especialmente por

oferecer um espaço importante para o

diálogo social interrogativo, além dos

espaços tradicionais do parlamento que,

me parece, pelas leituras que faço sobre o

Brasil, está um tanto desacreditado no país.

O diálogo social pode ajustar a ética pública

para que seja possível diferenciar as

práticas toleráveis das intoleráveis, corrigir

os aspectos negativos da atividade humana

e promover a amizade cidadã na oposição e

complementaridade democrática.

Ozdemir Ergin

Administrador de organização de

utilidade pública em Quebec - Canadá.

Desenvolve pesquisas em nível

de doutorado em ciências sociais

em universidades europeias e em

universidade canadense. Diplomado em

Ciências Sociais pela Sorbonne Nouvelle

Paris III (DEA) e pelo Institut National

des Langues et Civilisations Orientales

de Paris.

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12 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão de viagens

12 IDEIAS EM GESTÃO

As pessoas têm fascínio pelo ato

de viajar. Seja pela própria cidade

ou pelo outro lado do mundo, a

vontade de sair por aí cruzando fronteiras

e descobrindo coisas está codificada

no DNA do ser humano. Para algumas

pessoas, o importante é o destino. Para

outras, a jornada em si. Alguns buscam

comodidade, outros buscam aventuras. De

modo geral, viajamos para conhecer novos

lugares, encontrar pessoas, aprender

sobre outras culturas, vivenciar novas

experiências, experimentar novas comidas

ou simplesmente sair da zona de conforto.

Viajar é um dos melhores investimentos

que alguém pode fazer. As experiências

e lembranças se tornam um patrimônio,

capaz de resistir a crises e render

dividendos em outros momentos da vida.

Muitas vezes os conhecimentos e ideias

adquiridas em viagens acabam por resultar

até em uma guinada na carreira ou na vida,

pois o viajante passa por situações que

renovam seu modo de ver o mundo e as

pessoas.

Há alguns anos, uma viagem

internacional era um algo restrito a

poucas pessoas. Hoje, viajar para fora

pode até ser mais fácil e barato do que

se deslocar dentro do Brasil. Além da

maior oferta de voos e facilidades de

pagamentos em moedas estrangeiras, os

viajantes têm acesso a uma quantidade

enorme de informações que lhes

permitem planejar e realizar viagens que

antes eram apenas sonhos distantes.

Mas para que o sonho não se transforme

em pesadelo, alguns cuidados são

necessários.

A viagem como projeto

Uma viagem bem sucedida é aquela

que corresponde aos objetivos dos

viajantes, gerando tanto a satisfação de

suas expectativas quanto um retorno

adequado ao que foi investido em sua

realização. Lembremos, contudo, que

esse investimento costuma ser bastante

significativo, tanto em dinheiro quanto

em tempo.

A MAIOR FACILIDADE

PARA VIAGENS AO

EXTERIOR NÃO

DISPENSA O VIAJANTE

DE UM CUIDADOSO

PLANEJAMENTO E DO

CUMPRIMENTO DE

ETAPAS IMPORTANTES

ANTES, DURANTE E

DEPOIS DA VIAGEM.

Newton Ribeiro Machado Neto

Page 15: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

13FACULDADE AIEC 13FACULDADE AIEC

Assim, para que o investimento tenha o

melhor retorno, a viagem deve receber

o mesmo tratamento que damos a um

projeto.

Iniciação

A primeira fase de um projeto é a

Iniciação. É o momento de identificação

da necessidade, definição dos objetivos

e análise dos recursos disponíveis.

No caso de uma viagem, nesta etapa,

o viajante deve pensar inicialmente

sobre qual necessidade busca atender.

Quero apenas me afastar do trabalho e

descansar? Aprender ou aprimorar um

idioma estrangeiro? Viver momentos

de reflexão ao longo de um caminho

milenar? Ou apenas me divertir e fazer

compras?

A partir da identificação da necessidade,

podem ser definidos o objetivo e o

destino da viagem. Essa definição, para

a maioria das pessoas, resume-se a

afirmações vagas como “vou aos Estados

Unidos”, ou “quero visitar Londres, Paris

e Roma”. Contudo, se não houver uma

clareza maior em relação aos objetivos,

a chance de voltar insatisfeito ao final da

viagem é muito grande.

Sabendo que necessidade visa atender

e qual o seu objetivo, o viajante pode

então passar para uma das etapas mais

cruciais do projeto de viagem: a análise

dos recursos disponíveis.

Esses recursos não se limitam ao

dinheiro; incluem também a duração das

férias ou do afastamento do trabalho,

a existência de parentes e amigos que

possam oferecer hospedagem e apoio

no exterior e mesmo as competências do

viajante, como o domínio do idioma, por

exemplo.

Quanto mais claramente estiverem

definidos a necessidade, os objetivos

e os recursos disponíveis, melhor será

o planejamento da viagem. E, como

a maioria das viagens é realizada em

conjunto, seja com familiares ou com

amigos, é fundamental que a fase

de iniciação tenha a participação de

todos os envolvidos. Se não houver

um alinhamento de expectativas e

consenso entre os integrantes do grupo

quanto aos objetivos da viagem, o

risco de conflitos e insatisfação cresce

exponencialmente.

Planejamento

A emoção de traçar um roteiro,

pesquisar sobre países, conversar

com pessoas que já estiveram lá,

tudo isso faz com que planejar uma

viagem internacional seja quase tão

emocionante quanto realizá-la. É um

momento que deve ser vivenciado

intensamente. Contudo, planejar uma

viagem é bem mais do que apenas

listar expectativas aleatórias. Algumas

reflexões são fundamentais nesta fase,

tais como:

VIAGEM BEM

SUCEDIDA É AQUELA

QUE CORRESPONDE

AOS OBJETIVOS DO

VIAJANTE, GERANDO

SATISFAÇÃO DAS

EXPECTATIVAS

E RETORNO

ADEQUADO AO

QUE FOI INVESTIDO.

PARA QUE O

INVESTIMENTO

TENHA O MELHOR

RETORNO, A

VIAGEM DEVE

RECEBER O MESMO

TRATAMENTO QUE

DAMOS A UM

PROJETO.

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14 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

14 IDEIAS EM GESTÃO

• O tempo disponível é suficiente para

realizar todos os passeios e atividades

previstas? Se a viagem tornar-se uma

maratona de atividades que deixa o

viajante exausto ao final do dia, alguma

coisa pode estar errada.

• As despesas e o orçamento disponível

foram estimados corretamente? Na

euforia da preparação, o viajante pode

superestimar sua capacidade financeira

e subestimar os custos da viagem. Nada

estraga mais uma viagem do que receber

uma conta gigantesca do cartão de

crédito logo depois de retornar.

• Tenho todas as informações

necessárias? É muito frustrante elaborar

o roteiro em torno de alguma cidade

ou sítio arqueológico e descobrir que o

local encontra-se fechado bem no dia

de sua visita. Ou então visitar um país

exatamente na temporada de furacões

ou na estação chuvosa.

É durante a fase de Planejamento

que o projeto da viagem começa a

ganhar forma. Aqui são escolhidos os

locais a serem visitados, as datas de

ida e volta e os vários fornecedores

(empresas aéreas, agentes de viagem,

consulados, hotéis, locadoras, etc.).

Essas definições resultam em um roteiro

da viagem, um cronograma detalhado,

um orçamento com os recursos

disponíveis e as despesas previstas,

e uma lista de atividades com seus

respectivos responsáveis. Esses quatro

“documentos” constituem a essência

do projeto de viagem. Vejamos cada um

deles:

• Roteiro: é uma descrição dos pontos

a serem visitados, dos deslocamentos

necessários e dos locais de hospedagem.

O roteiro deve resumir as definições

essenciais da viagem, incluindo as

atividades e passeios que serão realizados.

• Cronograma: é a versão temporal do

roteiro, destacando as datas e horários

das atividades, deslocamentos e períodos

de descanso, com uma margem para os

imprevistos.

• Orçamento: ajuda a dimensionar os

gastos e a mantê-los dentro dos limites

estabelecidos. O orçamento deve ser

bastante conservador e considerar uma

margem de segurança para fazer frente a

situações imprevistas. Deve também levar

em conta não apenas os preços em si, mas

também gastos emergenciais, tributos e

eventuais custos financeiros como multas,

juros, etc.

• Lista de Atividades: reúne as

providências decorrentes do

planejamento, como aquisição de moeda

estrangeira, contratação de seguros,

emissão de vistos, liberação de cartões

e telefones para uso no exterior, etc.

Quanto mais detalhada for a lista, menor o

risco de esquecer algo importante.

Execução

O Planejamento está completo e

chegamos à fase de Execução, na qual as

atividades do projeto de viagem serão

concretizadas. A viagem começou e as

atividades que foram planejadas estão

acontecendo na prática. É o momento

de relaxar e curtir esse momento tão

esperado.

A EMOÇÃO

DE TRAÇAR

UM ROTEIRO E

PESQUISAR SOBRE

PAÍSES FAZ COM

QUE PLANEJAR

UMA VIAGEM

INTERNACIONAL

SEJA QUASE TÃO

EMOCIONANTE

QUANTO REALIZÁ-

LA. ESSE

MOMENTO DEVE

SER VIVENCIADO

INTENSAMENTE.

CONTUDO,

PLANEJAR UMA

VIAGEM É

BEM MAIS DO

QUE LISTAR

EXPECTATIVAS

ALEATÓRIAS.

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15FACULDADE AIEC 15FACULDADE AIEC

Esse é o momento em que os cuidados

tomados nas fases anteriores começam

a mostrar sua utilidade, pois, se o

Planejamento foi bem feito, a Execução

ocorrerá sem sobressaltos que

comprometam a viagem. Cabe lembrar

que, por mais detalhado que tenha sido

o Planejamento, este não deve se tornar

uma camisa de força ou um check-list

a ser cumprido burocraticamente. O

grande objetivo, no final das contas, é

usufruir da viagem!

Monitoramento

Com a viagem em andamento, o viajante

não deve baixar a guarda! Mesmo

com uma boa dose de flexibilidade, é

importante observar as linhas gerais

do roteiro e do cronograma, pois um

dia a mais em um local pode significar

um dia a menos em outro. Mudanças no

roteiro podem causar perdas financeiras

decorrentes das multas e taxas por

alteração em passagens e reservas de

hotéis.

Outro fator que deve ser observado

durante o Monitoramento é o controle

das despesas, com base no orçamento.

CONTROLAR

AS DESPESAS

É NECESSÁRIO

PARA MANTER

AS FINANÇAS

NA LINHA. SE

O VIAJANTE

GASTAR ALÉM

DOS RECURSOS

DISPONÍVEIS,

AO FINAL DA

VIAGEM, EM VEZ

DE CURTIR AS

LEMBRANÇAS,

ESTARÁ

PREOCUPADO EM

COMO PAGAR AS

CONTAS.

Anotar as despesas e periodicamente

verificar o quanto gastou e de quanto

ainda dispõe são ações necessárias

para manter as finanças na linha. Se o

viajante ceder à tentação das compras

por impulso e gastar além do valor

disponível, terá que arcar com tributos

e despesas financeiras caso utilize o

cartão de crédito ou outras formas de

financiamento. E, ao final da viagem, em

vez de curtir as lembranças, você estará

preocupado em como pagar as contas.

Encerramento

Ao voltar para casa, geralmente somos

logo envolvidos pelas demandas do

dia a dia e mal temos tempo para fazer

uma reflexão sobre a viagem e avaliar

seus resultados. Este, porém, é um

momento que deve ser aproveitado para

consolidar aprendizados e experiências,

comparando-as com nossas expectativas

e objetivos no início do projeto. A partir

dessa reflexão é que podemos avaliar se

o investimento realizado na viagem, em

termos de tempo, dinheiro e energia,

teve o retorno pretendido. Se a resposta

for positiva, podemos considerar

que o projeto foi um sucesso e que a

experiência adquirida permitirá realizar

viagens ainda melhores no futuro.

Newton Ribeiro Machado Neto

Diretor da Mais Ativos Educação

Financeira e consultor em Gestão de

Pessoas. Autor do livro Passaporte Para

Viajar Mais, sobre finanças pessoais

em viagens. Especialista em Gestão do

Desenvolvimento Sustentável pela UnB e

pós-graduado em Japanese Language and

Society pela Universidade de Sheffield,

Inglaterra. Bacharel em Administração

pela Faculdade AIEC.

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16 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão do espaço urbano

O planejamento urbano se

apresenta hoje como um dos

principais desafios a serem

enfrentados nas grandes cidades. As

conformações arquitetônicas geradas

em função dos interesses do mercado

imobiliário não têm trazido respostas às

demandas da população e as questões

urbanas têm sido vistas como uma

problemática de solução apenas a longo

prazo.

Essa situação tem animado profissionais,

comunidades acadêmica e entidades

envolvidas com a temática a pensarem

novas soluções para os problemas

urbanos e também novos formatos para

se discutirem e se perceberem as nossas

cidades. O Jane’s Walk e o 72h Urban

Action são duas dessas iniciativas.

O que é o Jane’s Walk?

É uma proposta de reativação da

caminhada, do “pé no chão” como ponto

de partida para a investigação urbana.

BRASIL RECEBE

PELA PRIMEIRA VEZ

DUAS INICIATIVAS

INTERNACIONAIS PARA

SE PENSAR AS CIDADES

E DISCUTIR SOLUÇÕES

INOVADORAS PARA OS

PROBLEMAS URBANOS.

Juliano Monteiro

São passeios a pé planejados e orientados

em que os caminhantes são convidados

a observar os detalhes da cidade,

suas curiosidades e suas surpresas, e

descobrir locais muitas vezes conhecidos,

mas inexplorados pela maior parte da

comunidade.

O Jane’s Walk foi criado em 2006, em

Toronto, Canadá, por pessoas que viviam

próximas ao trabalho de Jane Jacobs,

teórica urbanista que propagava a ideia da

cidade feita pela cidade, e que acreditava

no envolvimento das comunidades na

transformação de suas cidades e na

construção das soluções para os seus

problemas urbanos.

O Jane’s Walk acontece todos os anos

e nos mesmos dias em mais de 100

cidades ao redor do mundo. Neste ano,

aconteceram diversas caminhadas,

programadas por organizadores locais

ou mesmo por leigos que gostariam de

conhecer mais o seu espaço.

Page 19: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

17FACULDADE AIEC

Em Nova York, foram mais de 100

caminhadas. Aqui pelo Brasil, já temos

organizadores responsáveis pela

realização das caminhadas em cinco

cidades, incluindo Curitiba, pela qual sou

responsável.

Caminhando por Curitiba

Na primeira edição do Jane’s Walk aqui

em Curitiba, nos dias 2, 3 e 4 de maio

passado, convidamos, como guias

para as caminhadas, profissionais de

diversas áreas, da gastronomia até o

empreendedorismo. Combinamos

duas caminhadas por dia para instigar

a investigação da cidade. Foi curioso e

surpreendente descobrir que temos

diversos locais desconhecidos ou

escondidos em Curitiba dentro de

áreas diariamente frequentadas. Essas

caminhadas foram uma preparação para

o 72h Urban Action (72HUA), uma outra

proposta inovadora para se discutirem

soluções para nossas cidades.

O que é o 72HUA?

O 72HUA é a primeira competição

de arquitetura e intervenções

urbanas realizada em tempo real. São

selecionados, entre os inscritos no site da

entidade, por volta de 100 participantes,

de qualquer nacionalidade, que estejam

dispostos a contribuir com a “guerrilha”,

como é carinhosamente chamado o

evento. A competição tem duração de três

dias ou 72 horas.

Os 100 participantes são organizados

em dez grupos. Cada grupo recebe uma

missão, elaborada previamente pela

equipe organizadora local do 72HUA,

constituída por órgãos representativos

da municipalidade e representantes

da comunidade que receberá as

intervenções. A missão consiste em

criar uma solução para um problema

existente em um determinado local

público da cidade. Esse problema deverá

ser solucionado da maneira que o grupo

entender melhor, sem direcionamento

dos organizadores.

A equipe organizadora procura juntar

competências múltiplas em cada

grupo, mesclando participantes locais e

estrangeiros, criativos e produtivos, para

que a experiência seja enriquecedora

para todos e o resultado o mais

consequente possível. Cada grupo

avalia a missão e informações recebidas,

elabora um projeto, aprova esse projeto

com a organização e conselheiros

técnicos, no local, e realiza a intervenção.

Tudo dentro das 72 horas.

Os projetos resultam em intervenções

de pequeno e médio porte. Não teremos,

portanto, a construção de uma escola

ou uma creche em 72h, mas poderemos

ter uma solução para o intenso fluxo

de crianças e veículos em determinada

rua, ou uma solução para mobiliário de

contemplação ou convivência em uma

área degradada, entre outras.

O JANE’S WALK

É UMA PROPOSTA

DE INVESTIGAÇÃO

URBANA. SÃO

PASSEIOS A PÉ

ORIENTADOS

EM QUE OS

CAMINHANTES

SÃO CONVIDADOS

A OBSERVAR OS

DETALHES DA

CIDADE, SUAS

CURIOSIDADES

E SURPRESAS, E

DESCOBRIR LOCAIS

MUITAS VEZES

CONHECIDOS, MAS

INEXPLORADOS

PELA MAIOR PARTE

DA COMUNIDADE.

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18 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

As soluções convencionais que têm

sido propostas para os problemas

urbanos têm se tornado obsoletas

em um curto espaço de tempo. O

72HUA pretende estimular a criação

de propostas moldadas por pessoas de

diversas culturas que aglutinam suas

múltiplas competências em torno de

um objetivo comum. Uma das grandes

potencialidades da plataforma 72HUA é a

abertura para inovações arquitetônicas,

em que se aliam a criatividade, a

tecnologia e a funcionalidade.

72HUA em Curitiba

A primeira edição do 72h Urban Action

aconteceu em 2010 em Bat-Yam (Israel)

e nos anos seguintes se espalhou por

diversas cidades europeias. A primeira

edição fora da Europa acontecerá nos

próximos meses em Curitiba.

Para trazer o evento para o Brasil,

foram necessárias algumas adaptações

jurídicas, pois nossa legislação difere

das legislações europeias. Mudanças

também foram feitas na forma

de viabilização do projeto, que foi

integralmente incluído na Lei Rouanet.

As articulações para viabilizar o

72HUA iniciam um ano antes de sua

realização. Foram realizadas diversas

discussões com as instituições locais de

planejamento e pesquisa, instituições de

ensino, representantes da comunidade

local e parceiros diversos, para

que as decisões e orientações com

relação à condução do evento fossem

enriquecidas com diversos pontos de

vista.

O objetivo era possibilitar que os

projetos a serem apresentados

pelos participantes fossem o mais

diversificados, plurais e pragmáticos

possível.

Os participantes escolhidos que não

residem em Curitiba são responsáveis

apenas pelas despesas de viagem. Aqui

chegando, são acolhidos no QG do

evento, até o momento certo de irem

para a área de intervenção definida

para cada equipe. Em Curitiba, todas as

despesas de hospedagem, alimentação

e transporte local correm por conta da

organização do evento.

Mãos à obra!

No primeiro momento, os grupos são

informados das áreas selecionadas

para as intervenções, locais para

reuniões e modos de locomoção. Para

ambientar a todos, é feito um tour pela

cidade, mostrando os principais locais

caracterizadores da conformação

urbana.

Após dada a largada, os participantes

levam em média um dia para discutir

e apresentar um proposta para

intervenção. Logo que tenham sua

intervenção aprovada pela equipe

organizadora, partem para a compra do

material necessário ou contratação de

equipamentos de grande porte, se for o

caso, utilizando a verba disponível, que

é a mesma disponibilizada para todas as

equipes.

O 72HUA

É A PRIMEIRA

COMPETIÇÃO DE

ARQUITETURA E

INTERVENÇÕES

URBANAS REALIZADA

EM TEMPO REAL. O

EVENTO AGLUTINA

MÚLTIPLAS

COMPETÊNCIAS

DE PESSOAS DE

DIVERSAS CULTURAS

PARA ELABORAÇÃO

DE INOVAÇÕES

ARQUITETÔNICAS

EM QUE SE ALIAM

CRIATIVIDADE,

TECNOLOGIA E

FUNCIONALIDADE.

Page 21: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

19FACULDADE AIEC

Durante as próximas horas até o final

das 72 horas, contadas com exatidão,

se revezam em turnos, uns trabalham

outros descansam, para, no final, terem

concretizado o que projetaram, com

segurança e perfeição. Durante a prova e

ao final das 72 horas, o júri visita os locais

das intervenções e decide qual a equipe

vencedora.

Na festa de encerramento, é feita uma

grande confraternização, para valorizar

a participação de todos na construção

de soluções para a cidade, a partir da

premissa de que as transformações

urbanas de que a população necessita

devem ocorrer por força da própria

comunidade e podem ser enriquecidas

com a contribuição de participantes

de comunidades de qualquer parte do

mundo.

E não para por aí! No dia seguinte,

realizamos uma nova visita aos locais

modificados, em conjunto com

representantes da municipalidade e

representantes da comunidade para

discutir a permanência e validade das

soluções apresentadas, juntamente

com a decisão de quem irá se tornar

responsável pelo local. Isso coloca à

prova as intervenções e fortalece o

sentimento de responsabilidade das

comunidades beneficiadas, o que

é extremamente necessário para a

contínua atuação das pessoas locais no

processo de transformação do espaço

urbano.

Longa metragem

As propostas de intervenção/ação/

reação imediata trazidas pelo 72HUA

transcendem a formatação tradicional

de projeção, pré-avaliação, execução

e resultado. O 72HUA faz um bate-

bola direto com a raiz do problema

detectado, propondo novas formatações

e soluções à comunidade em questão.

Nas ultimas décadas, temos gerado

uma quantidade muito grande de

informações sobre demandas urbanas.

E temos desenvolvido inúmeras

tecnologias que podem nos auxiliar na

construção de soluções. Nós, arquitetos,

urbanistas e cidadãos preocupados com

nossas cidades devemos buscar formas

alternativas de discutir as questões

que afligem nossas vidas nos núcleos

urbanos, e participar da elaboração

de respostas para essas questões, do

contrário, estaremos apenas sendo

coadjuvantes de uma história em que

cada capítulo está mais próximo de uma

sequência de GIFs animados do que de

um longa metragem.

Juliano Monteiro

Arquiteto curitibano, com passagem

pela Escola Tecnica Superior de

Arquitectura de Madrid e pela Escola

de Música e Belas Artes do Paraná. Tem

no seu portfólio trabalhos com artistas,

designers, teóricos e publicitários.

Investe em diferentes mídias e campos,

complexificando o entendimento

de arquitetura, design e obra. Seus

trabalhos já foram publicados na revista

Wallpaper de Londres. Premiado com

o WA Awards 5th Cicle, também de

Londres. Atualmente gerencia uma

proposta de Agência de ArquiDesign,

chamada Juliano Monteiro Studio

que inaugura um espaço para pensar

a Arquitetura como agenciadora de

diferentes produtos de criação.

[email protected]

NÓS, ARQUITETOS,

URBANISTAS E

CIDADÃOS DEVEMOS

BUSCAR FORMAS

ALTERNATIVAS

DE DISCUTIR AS

QUESTÕES QUE

NOS AFLIGEM NOS

NÚCLEOS URBANOS

E PARTICIPAR DA

ELABORAÇÃO DE

RESPOSTAS A ESSAS

QUESTÕES.

Page 22: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

20 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/201420 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

PLANEJAMENTO,

ATENÇÃO AO

MERCADO,

DESENVOLVIMENTO

DOS COLABORADORES

E FOCO NO CLIENTE

SÃO OS INGREDIENTES

FUNDAMENTAIS DA

RECEITA DE SUCESSO

DE EMPRESÁRIA

EMPREENDEDORA.

Raimunda Miranda Barros

Gestão empreendedora

A Fibrauto Acessórios,

instalada em Macapá, capital

do estado do Amapá, é um

estabelecimento que comercializa

acessórios automotivos para veículos.

Trata-se de uma empresa familiar criada

em 30/03/1999. O objetivo deste artigo é

compartilhar com os leitores um pouco

de nossa história, dificuldades, desafios

e vitórias em 15 anos de atividades.

A partir de 2003, tivemos, na região,

além do aumento da população, um

crescimento gradativo do número

de veículos, graças às políticas

governamentais de estímulo ao consumo

interno. Nossa empresa não estava mais

dando conta de atender a demanda

crescente dos clientes por acessórios

automotivos. Decidimos então construir

instalações próprias e mais amplas

para atender nossos clientes com mais

conforto e comodidade e passar a

oferecer produtos diferenciados dentro

do mesmo segmento de mercado.

O imprevisível

Quando estávamos construindo o

novo prédio da empresa, aconteceu o

imprevisível: um incêndio destruiu a

construção. Passamos por momentos

difíceis, pois, além dos prejuízos, tivemos

que pagar indenização para outras

empresas que foram atingidas pelo

incêndio. Nunca, porém, pensamos em

desistir do nosso intento de ter o prédio

próprio.

Quando colocamos nossos projetos

e propósitos nas mãos de Deus Todo

Poderoso, encontramos a solução. Uma

empresa chamada Carowim, que vendia

forração de caçamba de pick-up, fez um

sorteio entre os clientes na região norte

do Brasil de uma pick-up Ford Courier.

A Fibrauto foi a sorteada. Vendemos

o veículo e conseguimos concluir a

construção do prédio, onde estamos

instalados até hoje.

20 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Page 23: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

21FACULDADE AIEC 21FACULDADE AIEC

Diferencial

O diferencial de nossa empresa é o

bom planejamento e o conhecimento

do mercado. Também oferecemos um

pós-venda de qualidade, o que resulta

em fidelização dos clientes, que sempre

voltam para novas compras ou serviços.

Acompanhamos as inovações do

mercado e buscamos nos manter

atualizados com relação à tecnologia e

novos produtos, participando de feiras

automotivas fora do estado, para atender

os clientes com produtos diferenciados.

Damos preferência a produtos de

fabricação nacional, por sua qualidade e

pela facilidade em uma eventual troca.

As vendas atualmente estão atendendo

as expectativas da empresa. O mercado

de nossa região, porém, sofre os efeitos

da sazonalidade. As vendas caem em

fevereiro e agosto e têm o seu pico

em novembro e dezembro, quando os

clientes recebem o décimo terceiro

salário.

Gestão de pessoas

A empresa conta com 22 funcionários

efetivos e uma estagiária, que

desempenham as seguintes funções:

gerente de vendas/comercial,

montadores de acessórios, instaladores

de insulfilm, instaladores de som,

vendedores, estoquistas, operador de

caixa, auxiliar de serviços gerais e auxiliar

administrativo.

O mercado de trabalho está cada vez mais

competitivo. Para conciliar o crescimento

da empresa com a manutenção da

rentabilidade, temos que manter os

clientes satisfeitos. Nosso propósito

hoje não é apenas vender um produto,

mas também oferecer um serviço de

qualidade. Todos os dias fazemos com

que os nossos funcionários abracem essa

causa.

Para tanto, selecionamos profissionais

habilidosos com disposição para o

trabalho em equipe, visão ampliada,

conhecimento de mercado, iniciativa,

espírito empreendedor, persistentes,

otimistas, responsáveis, criativos e

disciplinados. E é assim que atingimos as

metas da empresa.

No nosso estado, Amapá, não há cursos

profissionalizantes no segmento em

que atuamos. A maioria de nossos

colaboradores vem de outro estado. Nós

investimos em seu desenvolvimento e

capacitação profissional e os orientamos

quanto à apresentação pessoal e

relacionamento com o cliente para

oferecer um atendimento de qualidade.

Procuramos estimular nos funcionários

uma visão empreendedora, mostrando

a eles que a empresa os tem como

colaboradores e parceiros.

A PARTIR DE

2003, TIVEMOS,

NA REGIÃO, ALÉM

DO AUMENTO

DA POPULAÇÃO,

UM CRESCIMENTO

DO NÚMERO DE

VEÍCULOS, GRAÇAS

ÀS POLÍTICAS

GOVERNAMENTAIS

DE ESTÍMULO AO

CONSUMO INTERNO.

NÃO ESTÁVAMOS

MAIS DANDO

CONTA DE ATENDER

A DEMANDA

CRESCENTE DOS

CLIENTES POR

ACESSÓRIOS

AUTOMOTIVOS.

21FACULDADE AIEC

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22 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Consultoria

Alguns colegas de minha turma da

Faculdade AIEC, onde me formei

em Administração, escolheram

minha empresa para fazer o trabalho

de conclusão de curso. O TCC na

AIEC consiste de uma consultoria

desenvolvida pelos alunos em

uma empresa, com orientação dos

professores, e que se desenrola durante

os dois últimos semestres do curso,

finalizando com a elaboração de um

plano de negócios.

Com o TCC, pudemos ter uma visão

melhor da situação da empresa, pois

os colegas fizeram um diagnóstico

detalhado a partir do olhar distanciado

de consultores. Envolvidos fortemente

há quinze anos com a empresa, às vezes

não sabemos onde estamos errando.

A partir das recomendações do TCC, a

Fibrauto Acessórios tem passado por

um processo de mudanças estruturais

que contempla, entre outras ações, a

reorganização de layout dos setores

de estoque e administrativo e a

implantação de um sistema de software

de gerenciamento dos processos.

Analisando os índices financeiros

levantados no TCC, pudemos observar

que a empresa estava, havia três

anos, com baixo retorno do capital

investido, devido especialmente a altos

investimentos em estoque. Verificamos

também um descasamento entre os

prazos de pagamento concedidos aos

clientes e os obtidos dos fornecedores,

o que exigia que recorrêssemos

a empréstimos para quitar os

compromissos e financiar o capital de

giro.

A indicação foi melhorar o

acompanhamento do estoque,

aprimorar o controle das compras

e dedicar atenção especial à

gestão financeira. Para aumentar o

faturamento, baixamos os preços de

alguns produtos com promoções, sem

sacrificar a margem de lucro. Com isso,

dinamizamos o giro de mercadorias do

estoque e ganhamos liquidez.

Perspectivas

Nosso plano atual é ampliar o prédio

da empresa em mais um andar para

proporcionar um melhor ambiente aos

clientes e colaboradores. Atendemos

hoje 40% do mercado de Macapá, mas

pretendemos chegar perto de 100%

em três anos, além de vender para

todas as concessionárias do estado. Há

carência no mercado local de oferta

de acessórios para pick-ups e carros

de luxo.

O TRABALHO

DE CONCLUSÃO

DO CURSO DE

MINHA TURMA NA

FACULDADE AIEC

FOI FEITO NA

MINHA EMPRESA.

OS COLEGAS

FIZERAM UM

DIAGNÓSTICO

DETALHADO A

PARTIR DO OLHAR

DISTANCIADO DE

CONSULTORES.

ASSIM, PUDEMOS

TER UMA VISÃO

MELHOR DA

SITUAÇÃO DA

EMPRESA E

PERCEBER ONDE

ESTÁVAMOS

ERRANDO.

22 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Page 25: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

23FACULDADE AIEC

Temos consciência, porém, de que a

nova postura empresarial que o mercado

exige não é aquela focada apenas na

obtenção de lucros imediatos, mas sim

na sustentabilidade do negócio. Por isso,

nos preocupamos em atuar com ética

e ter um bom relacionamento com a

sociedade, pois a credibilidade de uma

empresa se solidifica nas informações

passadas de pessoa a pessoa.

Recado

Gostaria de terminar compartilhando

uma reflexão com as leitoras deste

artigo: somos capazes de assumir o

mesmo cargo que um homem em uma

pequena ou em uma grande empresa.

O mercado de trabalho hoje está

aberto para pessoas competentes,

independentemente de ser homem ou

mulher.

Se a opção for abrir um negócio próprio,

devemos levar em consideração alguns

pontos, que comento a seguir, a partir de

minha vivência. Ter uma boa ideia muitas

vezes não é o suficiente para viabilizar

um empreendimento.

Para transformar um projeto em

realidade, a empreendedora precisa:

1) Conhecer muito bem o ramo de

atividade em que pretende atuar. 2)

Ter visão de onde está e aonde quer

chegar, e o que é preciso fazer para

atingir esse objetivo. 3) Criar planos

de ações e priorizá-los dentro do

negócio. 4) Monitorar, corrigir e rever

as ações planejadas e executadas. 5)

Estar sempre atenta ao que acontece

no mercado e buscar constantemente

oportunidades de negócios. 6)

Ter coragem para correr riscos. 7)

Administrar com responsabilidade

os riscos assumidos, pois arriscar-

se faz parte do ato de empreender.

8) Demonstrar explicitamente que

confia no empreendimento, pois essa

é a melhor forma de passar confiança

aos clientes internos e externos. 9)

Enfrentar com suas próprias forças as

dificuldades, pois o micro e pequeno

empresário muitas vezes é um solitário.

Por fim, um conselho que vale

para todos, homens e mulheres,

empreendedores ou não: nunca desista

dos seus sonhos e não use a idade

ou a falta de tempo como desculpa

para abandonar um projeto de vida.

O meu era fazer uma faculdade de

administração para adquirir mais

conhecimento e informação. Eu

consegui realizar esse sonho, com

determinação, força de vontade e

responsabilidade.

NÓS, MULHERES,

SOMOS CAPAZES

DE ASSUMIR O

MESMO CARGO

QUE UM HOMEM

EM QUALQUER

EMPRESA, PEQUENA

OU GRANDE. O

MERCADO DE

TRABALHO HOJE

ESTÁ ABERTO

PARA PESSOAS

COMPETENTES,

INDEPENDENTEMENTE

DE SER HOMEM OU

MULHER.

Raimunda Miranda Barros

Administradora geral da Fibrauto

Acessórios de Macapá (AP), responsável

pela gerência administrativa, gerência

financeira e gerência de vendas.

Bacharel em Administração pela

Faculdade AIEC.

23FACULDADE AIEC

Page 26: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

24 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão de TI

A Internet, que conceitualmente

pode ser definida como uma rede

de redes, foi desenvolvida a partir

de pesquisas militares do departamento

de defesa americano na década de 60.

Os primeiros testes de comunicação

utilizando a rede foram realizados em

universidades através da aplicação de

e-mail. O projeto inicial não previa que a

rede tivesse um crescimento vertiginoso

em um curto período de tempo.

Esse crescimento trouxe uma série de

problemas que foram trabalhados pela

comunidade acadêmica nas últimas

décadas e, consequentemente incentivou

o desenvolvimento de novos paradigmas

que se tornaram realidade em nosso

cotidiano e refletem no mundo dos

negócios. Neste artigo, vou explicar

de maneira simples quais são esses

paradigmas e como eles trazem impacto

nas empresas.

PESQUISAS

ACADÊMICAS

BUSCAM SOLUÇÕES

QUE AMPLIEM A

CAPACIDADE DA

INTERNET PARA

ATENDER A DEMANDA

CRESCENTE POR

INTERCONEXÃO

GERADA COM A

POPULARIZAÇÃO DE

DISPOSITIVOS MÓVEIS

DE COMUNICAÇÃO.

Jeandro de Mesquita Bezerra

Agilidadeefluidez

Para reduzir a complexidade de todo

o instrumental que há por trás de uma

rede de computadores, foi padronizado

que ela fosse dividida em camadas.

Destaco principalmente a camada

mais próxima do usuário: a aplicação.

A diversidade de aplicativos aumentou

consideravelmente nos últimos quatro

anos com a popularização dos dispositivos

móveis, com maior destaque para os

tablets e smartphones. A massificação

da mobilidade incorpora mais agilidade

e fluidez aos negócios e vem tomando

o lugar dos PCs, principalmente com

a permissão do Banco Central para

que pagamentos sejam efetuados

pelo celular. Essa autorização do BC

facilitou os negócios e mostrou que a

mobilidade é uma boa opção no comércio,

movimentando um grande volume

financeiro.

Page 27: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

25FACULDADE AIEC

Outro paradigma é o da computação em

nuvem. Definindo de forma bem simples,

pode-se dizer que são serviços ofertados

com foco em recursos computacionais.

Esses serviços são fornecidos através de

datacenters. Dentre vários existentes

no mercado, destacam-se os de

grandes empresas espalhadas pelo

mundo como a Microsoft, Amazon

e Google. O custo de utilização de

recursos computacionais: memória,

processamento e armazenamento

foi reduzido consideravelmente. Por

exemplo, atualmente, para requisitar um

serviço de hospedagem de um servidor

Linux na Amazon para hospedar a página

da sua empresa, o custo mensal é em

torno de R$ 200,00.

A nuvem possui uma característica de

elasticidade muito importante e de

grande vantagem para o usuário, pois

é possível aumentar ou diminuir, em

tempo real, a quantidade de memória

do disco do servidor com uma simples

configuração. Isso terá uma alteração

no custo, mas é uma grande vantagem.

Caso a página da sua empresa tenha

milhares de acessos simultâneos e seja

necessário aumentar a quantidade de

memória na CPU do seu servidor, será

possível realizar essa tarefa sem grandes

interrupções no serviço.

Para interconectar dispositivos

e explorar as funcionalidades da

tecnologia de nuvem é necessária uma

boa infraestrutura de telecomunicação.

Para que os dispositivos possam

se interconectar, é necessário um

protocolo (conjunto de regras para

computadores e outros dispositivos

conversarem entre si).

O principal protocolo da Internet

é o IP (Internet Protocol). Uma das

principais funções do IP é endereçar cada

dispositivo conectado à rede, permitindo

assim que os dados trafeguem da origem

até o destino.

Esforço mundial

Desde 1984, a Internet utiliza o IP versão

4 ou IPv4, que recentemente esgotou

o estoque de endereços, tornando

assim praticamente inviável conectar

mais dispositivos. O mecanismo de

compartilhamento de endereços

utilizados pelos atuais provedores

não comportará a quantidade de

dispositivos, pois não há endereços

suficientes para todos. A consequência

disso será problemas de conectividade

ao se acessarem algumas aplicações

como videoconferência, redes sociais

e aplicações de compartilhamento de

arquivos.

A solução para tal problema está no IPv6,

que permitirá que a Internet continue

crescendo. Há um esforço mundial e

local para a implantação do IPv6, pois ele

apresenta como maior destaque a grande

quantidade de endereços, permitindo

a implantação e desenvolvimento de

várias aplicações. Porém essa mudança

depende de alterações no núcleo da

Internet, sendo, portanto, uma tarefa que

acontecerá paulatinamente, pois deverá

ser acompanhada por órgãos gestores

da Internet no mundo todo. Envolve

fabricantes de equipamentos que se

conectam à Internet, desenvolvedores

de software, provedores de acesso e

usuários finais.

A NUVEM

POSSUI UMA

CARACTERÍSTICA

DE ELASTICIDADE

MUITO IMPORTANTE

E DE GRANDE

VANTAGEM PARA

O USUÁRIO,

POIS É POSSÍVEL

AUMENTAR OU

DIMINUIR, EM

TEMPO REAL,

A QUANTIDADE

DE MEMÓRIA

DO DISCO DO

SERVIDOR COM

UMA SIMPLES

CONFIGURAÇÃO,

SEM GRANDES

INTERRUPÇÕES NO

SERVIÇO.

Page 28: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

26 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Linhas de pesquisa

O sucesso de todas as tecnologias

descritas anteriormente depende da

rede de acesso e de como os dados

são tratados para envio da origem ao

destino. O meio de transmissão que

consegue maiores taxas de envio de

dados e o mais utilizado pelas empresas

de telecomunicações é a fibra ótica.

Quando a Internet foi projetada

inicialmente, não se previa o uso

intensivo de recursos de multimídia e

a grande quantidade de dispositivos

interconectados. Duas linhas de

pesquisa para a Internet do Futuro estão

sendo discutidas pela comunidade

acadêmica com o objetivo de ampliar a

capacidade e possibilidades da Internet:

1. Abordagem “começando do zero“

(clean slate), que determina que todos

os novos projetos para a Internet

devem ser iniciados do zero, ignorando

aspectos de compatibilidade com a

Internet atual.

2. Abordagem Evolutiva, que pretende

evoluir a partir da arquitetura atual da

Internet sem perder a compatibilidade

com a anterior.

A experimentação com testes para a

validação de novos protocolos deve ser

realizada em plataformas reais e flexíveis.

Não há viabilidade na substituição do

que está em funcionamento atualmente

sem antes ser testado em ambientes

de produção reais. Uma definição

que está sendo adotada em redes de

comunicação e em ambientes de nuvem

é a de virtualização de computadores,

que é o compartilhamento dos recursos

computacionais, processadores,

memória e dispositivos de entrada e

saída.

Sistemas legados

O objetivo da virtualização é potencializar

o uso do hardware. Por exemplo, uma

empresa possui cinco computadores,

cada um com sistema operacional

diferente e com sistemas legados

(sistemas antigos) em execução. Com

adoção da virtualização, é viável um único

computador hospedar os cinco sistemas

operacionais com os respectivos

sistemas legados. Obviamente o

hardware do computador terá que ser

mais robusto, logo o equipamento será

mais caro. Em compensação, o custo de

manutenção e o consumo de energia irão

se reduzir consideravelmente.

DESDE 1984, A

INTERNET UTILIZA

O IP VERSÃO 4,

QUE RECENTEMENTE

ESGOTOU O

ESTOQUE DE

ENDEREÇOS,

TORNANDO-SE

PRATICAMENTE

INVIÁVEL CONECTAR

MAIS DISPOSITIVOS.

TEREMOS

PROBLEMAS

AO ACESSAR

APLICAÇÕES COMO

VIDEOCONFERÊNCIA,

REDES SOCIAIS E

COMPARTILHAMENTO

DE ARQUIVOS.

Page 29: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

27FACULDADE AIEC

A virtualização de redes consiste no

uso de roteadores e switches virtuais,

além de outros recursos como enlaces

de comunicação. Os roteadores são

responsáveis pelo encaminhamento

dos dados contidos no protocolo IP. O

switch é o equipamento responsável por

interligar computadores em uma rede.

No contexto das redes de comunicação,

a virtualização é utilizada em switches

e roteadores virtuais com a finalidade

de facilitar a implementação de novas

funcionalidades na rede.

O protocolo Openflow, que está

inserido na Abordagem Evolutiva,

referida acima, permite que testes de

novas funcionalidades sejam realizados

em redes de produção. Utiliza a ideia

da separação do plano de controle

do plano de dados de uma rede. O

plano de controle é a “inteligência”,

e o plano de dados é o responsável

pelo encaminhamento dos dados.

A separação traz vários benefícios,

dentre eles se destaca a capacidade do

administrador da rede para gerenciar

os serviços da rede sem se preocupar

diretamente com o equipamento, isto

é, a de ter que programar o hardware

no baixo nível. A separação dos planos é

oriunda do conceito de Redes Definidas

por Software.

Tomada de decisão

As tecnologias descritas até agora

estão relacionadas à tentativa de

resolver problemas de desempenho e

endereçamento na Internet. Isso afeta

diretamente a oferta de serviços e o

desenvolvimento de aplicações.

EXPLORAR OS

SERVIÇOS DA

COMPUTAÇÃO

EM NUVEM, COM

APLICAÇÕES JÁ

DISPONÍVEIS NO

PORTFÓLIO DO

DATACENTER,

OU MIGRAR AS

APLICAÇÕES

LOCAIS QUE

ESTÃO NA

EMPRESA TRAZ

ECONOMIA NA

MANUTENÇÃO DO

EQUIPAMENTO E

NO CONSUMO DE

ENERGIA.

O cliente das redes, seja empresário ou

usuário doméstico, tem papel importante

nessa evolução. Por exemplo, exigir que

o provedor de acesso à Internet possua

suporte ao IPv6 é muito importante para o

avanço da sua implantação.

Explorar os serviços da computação em

nuvem com aplicações já disponíveis no

portfólio do datacenter, ou migrar as

aplicações locais que estão na empresa

pode gerar uma economia considerável,

principalmente na manutenção do

equipamento e no consumo de energia.

Buscar soluções e experiências de

algumas empresas que combinaram a área

de Business Intelligence com computação

em nuvem pode auxiliar no processo

de buscar informações para auxiliar os

processos de investimento das empresas.

Por exemplo, a dinamicidade do mercado

de ações exige constante atualização e

busca de informações para a tomada de

decisão de onde investir. Ferramentas que

monitoram as redes sociais para saber do

“humor” dos principais diretores de uma

determinada empresa presente em larga

escala no mercado de ações auxiliam no

processo de tomada de decisão.

Os novos paradigmas trazem abordagens

de mobilidade, desempenho, segurança

e conectividade entre dispositivos. Nem

sempre é de interesse do usuário final

saber o que há no baixo nível da rede.

Porém o conhecimento do que está

acontecendo nos novos rumos que a

Internet tomará nos próximos anos pode

auxiliar na tomada de decisão da compra

dos equipamentos e na contratação

de novos serviços disponibilizados na

Internet.

Jeandro de Mesquita Bezerra

Professor Assistente da Universidade

Federal do Ceará (Campus de Quixadá).

Tem experiência na área de Ciência da

Computação, com ênfase em Redes

de Computadores. Graduado em

Ciência da Computação e Mestre em

Computação Aplicada (Mpcomp) pela

Universidade Estadual do Ceará.

Page 30: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

28 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão do desenvolvimento

Vivo em Luanda, capital de

Angola, na África, e trabalho

em uma empresa familiar de

proprietários angolanos que se dedica

à importação e comercialização de

máquinas, ferramentas e materiais de

construção há mais de 15 anos.

Na empresa, somos 15 trabalhadores

de nacionalidade angolana, sendo 13

homens e duas mulheres. Formamos

uma equipa em que cada um procura

cumprir a parte que lhe cabe. O

investimento para capacitar os quadros

da empresa, porém, é um dos fatores

que, infelizmente, ainda não mereceu a

devida atenção dos proprietários.

Sabe-se que alguns funcionários já

trabalharam em outras empresas do

mesmo ramo ou similar, o que facilita

desenvolver o seu trabalho sem

dificuldades maiores. Mesmo assim,

face ao constante desenvolvimento do

mercado, é importante a qualificação

do pessoal angolano, especialmente

porque há mão de obra estrangeira mais

preparada nas empresas do ramo.

A comercialização

O processo para a importação começa

com a solicitação de encomendas a

fornecedores. Estes, então, enviam

as faturas para análise e posterior

aceitação dos pressupostos contidos:

valores e outros encargos. As faturas

serão obrigatoriamente reconhecidas

no Ministério do Comércio, que

confronta a identificação da empresa

importadora com o cadastro existente

na sua base de dados. Na sequência, essa

documentação é encaminhada a uma das

entidades inspecionadoras credenciadas

para o efeito, a fim de serem verificadas

a qualidade e a origem das mercadorias

contidas nas faturas.

Depois da chegada das mercadorias,

devem ser cumpridas as formalidades

e outras obrigações aduaneiras, tanto

nos portos como nos aeroportos

angolanos, até a liberação da encomenda

para o importador. É preciso urgência,

tanto da empresa como do elemento

despachante, na retirada da mercadoria

depois de sua chegada.

ANGOLA, PAÍS DA

COSTA OCIDENTAL DA

ÁFRICA, FALANTE DA

LÍNGUA PORTUGUESA,

ENFRENTA OS

DESAFIOS DE UM PAÍS

EM DESENVOLVIMENTO:

EDUCAR A POPULAÇÃO,

QUALIFICAR A MÃO

DE OBRA E CRIAR

INDÚSTRIAS LOCAIS

PARA SUBSTITUIÇÃO DE

IMPORTAÇÃO.

João Daniel

28 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Page 31: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

29FACULDADE AIEC

A permanência de produtos importados

por longo período nos recintos

portuários ou aeroportuários pode

resultar em perda da mercadoria

para o Estado, que irá comercializá-la

posteriormente em leilões oficiais.

O preço de venda da mercadoria

importada é definido segundo o modelo

instrutivo da entidade encarregada

em estipular preços, que orienta todos

os passos que devem ser seguidos até

encontrar o preço final de venda, tanto

para as empresas vendedoras a grosso

como àquelas vendedoras a retalho. O

“comércio a grosso” é chamado no Brasil

de “venda por atacado”. O “comércio a

retalho”, por sua vez, corresponde no

Brasil à “venda a varejo”.

O dinheiro das vendas é depositado nos

bancos, em contas abertas em nome da

empresa. Há um ditado aqui em Angola

que diz que “dinheiro não cresce no

garrafão”. É necessário bem guardá-

lo em um banco, até mesmo para se

evitarem assaltos.

Em construção

A maior parte das empresas de

construção civil são privadas, cujos

proprietários são tanto angolanos

quanto estrangeiros. O capital privado

aqui tanto pode ser nacional como vir de

outro país.

A maioria das obras em andamento hoje

em Angola são da iniciativa privada,

destacando-se a presença de grandes

empresas construtoras de países como

China, Portugal e Brasil, com destaque

para a Odebrecht deste último. Grandes

edifícios, condomínios, bairros inteiros e

outros empreendimentos vão surgindo

em quase todas as cidades.

As obras de iniciativa do governo se

resumem a infraestruturas sociais, como

estradas, pontes, escolas, hospitais e

outras de sua responsabilidade, sempre

com a parceria da iniciativa privada.

Podemos citar o exemplo da criação de

“Kilamba”, cidade planejada, com 82 mil

apartamentos, situada a 20 quilômetros

de Luanda, que só foi possível porque

muitos esforços conjugados estiveram

na base do seu surgimento.

Condições favoráveis

É sabido que, no mundo, não há um país

que consegue desenvolver-se sozinho.

As trocas comerciais são sempre bem-

vindas, mas Angola precisa priorizar

políticas de desenvolvimento que

estimulem e favoreçam a criação de

indústrias locais, o que iria resultar em

redução da necessidade de importações.

NO MUNDO,

NÃO HÁ UM PAÍS

QUE CONSEGUE

DESENVOLVER-

SE SOZINHO.

AS TROCAS

COMERCIAIS SÃO

SEMPRE BEM-

VINDAS, MAS

ANGOLA PRECISA

PRIORIZAR

POLÍTICAS DE

DESENVOLVIMENTO

QUE ESTIMULEM

E FAVOREÇAM

A CRIAÇÃO

DE INDÚSTRIAS

LOCAIS, O QUE

IRIA RESULTAR EM

REDUÇÃO DAS

IMPORTAÇÕES.

29FACULDADE AIEC

Page 32: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

30 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

As condições de Angola hoje são

favoráveis tanto para investidores

nacionais como estrangeiros, que

poderão ter resultados vantajosos,

contribuindo para o desenvolvimento

socioeconômico do país, bem como para

a melhora das condições de vida dos

angolanos.

Abre-se aqui um parêntesis para chamar

atenção a quem é de direito, a fim de

analisar as potencialidades existentes

no país. Que se criem condições para o

aproveitamento do produto interno e

para a sua comercialização em outros

mercados. Com o elevado índice de

desemprego e pobreza extrema, o

país ganharia muito ao criar postos de

trabalho, garantindo assim o sustento de

vida para muitas famílias.

Precisamos de indústrias do segmento

de materiais e ferramentas para a

construção civil. No tempo em que a

guerra assolava o país, não era possível

pensar em tal ideia. Com a paz, existem

condições favoráveis para a implantação

dessas indústrias. E há campo para

explorar e desenvolver esse setor.

Angola possui muita matéria-prima,

desde pedras diversas, mármore,

calcário, madeira, água em vários rios,

solos diversos, etc. Com a implantação

de uma indústria transformadora de

matérias-primas locais, os preços dos

produtos seriam menores em relação

aos importados.

Atualmente, países da Europa além do

Brasil e China são os que mais fornecem

para Angola materiais e equipamentos

da construção civil. Com relação a esses

produtos importados, somos obrigados

a aceitar tudo o que chega porque a

necessidade obriga, mas a qualidade dos

mesmos não é totalmente garantida,

apesar dos esforços do instituto

nacional para a defesa do consumidor,

que tem feito tudo para controlar essas

situações.

Atenção às demandas

Para a implantação do projeto de uma

indústria em qualquer canto de Angola,

é necessário observar vários aspetos

como: conhecer e compreender bem

a comunidade onde será instalada a

indústria; procurar envolver as pessoas

na tomada de decisão; priorizar a

população local na ocupação dos

postos de trabalho; criar as condições

de habitabilidade tendo em conta o

ambiente social da zona; e implementar

programas de elevação do nível

educacional e de qualificação da mão de

obra.

Para que as vendas sejam satisfatórias,

maior atenção deve ser prestada naquilo

que tiver maior procura no mercado.

Não adianta produzir ou importar

mercadoria quando se sabe de antemão

que o mercado não vai consumi-la ou

a sua saída não dará muito benefício.

PRECISAMOS

DE INDÚSTRIAS

DO SEGMENTO

DE MATERIAIS E

FERRAMENTAS

PARA A

CONSTRUÇÃO

CIVIL. NO TEMPO

EM QUE A

GUERRA ASSOLAVA

O PAÍS, NÃO

ERA POSSÍVEL

PENSAR EM TAL

IDEIA. COM A

PAZ, EXISTEM

CONDIÇÕES

FAVORÁVEIS PARA

A IMPLANTAÇÃO

DESSAS

INDÚSTRIAS.

30 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Page 33: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

31FACULDADE AIEC

Para tal, o meio ambiente onde se deve

exercer o comércio é considerado, em

muitos casos, como a chave-mãe para o

seu desenvolvimento e atendimento das

demandas.

Essas considerações nos fazem

lembrar um episódio que aconteceu

numa das províncias de Angola, no

caso, a do Zaire, nas vésperas do Natal,

quando as pessoas estão com aquela

ansiedade que é própria da época, de

ver produtos como carne, açúcar, leite

e outros essenciais. Apareceram então

comerciantes credenciados que, por

não terem uma visão estratégica sobre

o que deviam comercializar, preferiram

levar para a população produtos como

vinho, carne seca de vaca, bacalhau, tudo

isso com um preço muito alto. E também

levaram castanha de caju importada que,

na língua local, se chama “dinga” e é um

produto nativo encontrado facilmente

na região!

Educação: cerne da questão

Angola é um país em construção.

Precisamos de mão de obra qualificada

não apenas para a construção civil, onde

há muito trabalhador estrangeiro, mas

para todas as atividades profissionais.

É necessário elevar o nível educacional

da população em geral com a adoção

de políticas públicas, não só dirigidas ao

ensino acadêmico como também para a

formação profissional.

ANGOLA É

UM PAÍS EM

CONSTRUÇÃO.

É NECESSÁRIO

ELEVAR O NÍVEL

EDUCACIONAL

DA POPULAÇÃO

COM A ADOÇÃO

DE POLÍTICAS

PÚBLICAS, NÃO

SÓ DIRIGIDAS

AO ENSINO

ACADÊMICO COMO

TAMBÉM PARA

A FORMAÇÃO E

QUALIFICAÇÃO

PROFISSIONAL.

Hoje notamos grande distância entre

as classes sociais em Angola. E o mais

grave é que essas distâncias significam

desigualdades sociais colossais e que

trazem perigo à paz social no futuro.

A história registra que nenhum país se

desenvolveu sem a existência de uma

classe média forte, porque ela é a ponte

de ligação entre os fracos e os mais

fortes.

Os angolanos são por demais

conformados e acham que as coisas

mudam a seu tempo, sem forçar essa

mudança. Essa caraterística contrasta

com a sua história, porque é sabido que

o angolano sempre lutou para mudar

situações de dificuldades. O mundo

atual é dinâmico e a educação é o cerne

da questão em Angola. Com o elevado

índice de analfabetismo que o país

conhece, não é fácil mobilizar o cidadão

para mudar a situação econômica e

social vigente.

A sociedade angolana encontra-se

desestruturada, tendo perdido valores

que a identificam com o continente

berço da humanidade. No passado, os

angolanos sempre foram mais coletivos

em torno dos ideais comuns. Nos dias de

hoje, nota-se o individualismo. Aquele

que tem o seu gerador, o seu tanque de

água, a sua casa, a sua despensa cheia

e, quem sabe, a sua conta bancária com

muitos números, ignora ou finge não ver

que ao seu lado há uma criança pedindo

pão e amor. É a tática de cada um por si e

Deus para todos...

João Daniel

Aluno do 6º período do curso de

Bacharelado em Administração da

Faculdade AIEC, no Polo de Luanda - Angola -

África. [email protected]

31FACULDADE AIEC

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32 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão da marca

Conversando com amigos à mesa de

um restaurante em Curitiba, recebi

um convite para escrever um texto

sobre os jobs em Semiótica. Atuando há

um ano e meio nessa área, não posso me

enquadrar como especialista, mas creio

que há apontamentos interessantes para

compartilhar nas linhas a seguir sobre esse

tipo de trabalho.

Em 2013, recebi um convite do Prof. Dr.

Sérgio Bairon, da USP, para participar de

um projeto de semiótica cujo cliente era

a C&A, uma das maiores cadeias de varejo

do mundo. Nele, faríamos uma reflexão,

com base na Semiótica, sobre os atributos

de marca percebidos pelos clientes e

consumidores, em contrapartida ao que

a principal agência de publicidade estava

emitindo de maneira intangível em sua

estratégia de comunicação.

Eu havia lido alguns textos sobre Semiótica

na graduação em Relações Públicas. Fiquei

um pouco intrigada em relação a como fazer

a aplicação dessa ciência nos contextos de

mercado, de marca, de negócio. Iniciei então

um estudo mais aprofundado sobre o tema

a partir das obras de seu fundador, Charles

Sanders Pierce.

Teoria geral dos signos

A Semiótica é “a ciência que estuda todas

as formas de o homem se comunicar” e

compreende todos os tipos de linguagem:

verbal, não-verbal, gestual, icônica, simbólica,

etc. O objeto da Semiótica é o estudo dos

signos, concebendo o signo como “tudo

aquilo que representa algo para alguém”.

Sua base teórica se estrutura numa

representação triádica do signo, em que cada

conceito ocupa um vértice de um triângulo:

1) signo (representamen), 2) interpretante,

3) objeto.

A partir do momento em que um signo é

direcionado às pessoas, elas criarão em

suas mentes o que nomeamos de um

signo em si mesmo (1). O segundo signo, já

desenvolvido no receptor, é apresentado

como interpretante (2). E, por fim, o signo

representado será o objeto (3). Signo,

interpretante e objeto compõem a estrutura

triádica pierciana.

Na tabela a seguir, apresento essa tríade:

signo, interpretante e objeto, e as categorias

em que cada um deles se subdivide. É

importante observar que a relação, também

triádica, entre essas categorias constitui os

três processos interpretativos da Semiótica,

ou seja, as três modalidades possíveis de

apreensão de todo e qualquer fenômeno:

primeiridade, secundidade e terceiridade.

A TEORIA GERAL DOS

SIGNOS DESENVOLVIDA

POR CHARLES SANDERS

PIERCE OFERECE

SOFISTICADAS

FERRAMENTAS

ANALÍTICAS QUE

PODEM AUXILIAR AS

EMPRESAS NA GESTÃO

DA MARCA E DE SEU

POSICIONAMENTO NO

MERCADO.

Roberta Navas Battistella

32 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

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33FACULDADE AIEC

Tal teoria nos fornece as definições

e classificações de todos os tipos de

códigos, linguagens, signos, sinais, etc.,

de qualquer espécie e de tudo que os

envolve: significação, representação,

objetivação e interpretação. É por meio

dessas definições e classificações que

se buscam os princípios-guias para o

método de análise de todas as formas

de expressão dos signos: nome, cor,

som, logo, embalagem, rótulo, slogan,

catálogo, etc., em qualquer mídia ou

forma.

Pode-se afirmar, portanto, que a análise

semiótica é capaz de nos fazer penetrar

no movimento interno das mensagens,

resgatando os mecanismos que são

usados nas linguagens (palavras, imagens,

cores, diagramas, sons, etc.), permitindo

a avaliação da potência comunicativa das

mensagens.

Os universos de sentidos

A base da análise semiótica mercadológica

com a qual trabalhamos, e que revela a

potencialidade comunicativa do signo

em seu processo de emissão, é centrada

no que designamos como universo de

sentidos.

SEMIÓTICA É

A CIÊNCIA QUE

ESTUDA AS FORMAS

DE O HOMEM

SE COMUNICAR,

ABRANGENDO

TODOS OS TIPOS

DE LINGUAGEM:

VERBAL, NÃO-VERBAL,

GESTUAL, ICÔNICA,

SIMBÓLICA, ETC.

Signo (visual, verbal, sonoro): as

mensagens em si mesmas.

Interpretante: as mensagens em

relação aos efeitos que causam.

Objeto: as mensagens em relação

àquilo a que se referem.

Primeiridade: refere-se à primeira reação diante de qualquer fenômeno; aquele sentimento que é original, imediato e livre, e

que precede todo processo de síntese e diferenciação.

Quali-signo: representa as propriedades

internas, aspectos qualitativos e

sensoriais: cores, linhas, formas.

Emocional/afetivo: são os

efeitos interpretativos puramente

emocionais, afetivos.

Ícone: tem o poder de sugestão que

surge dos aspectos sensoriais como, por

exemplo, uma relação de semelhança

entre o som cocoricó e a galinha.

Secundidade: refere-se ao momento em que as pessoas entendem com mais profundidade o conteúdo de determinado

fenômeno. Na Semiótica é, também, uma atualização das qualidades da primeiridade.

Sin-signo: são os aspectos singulares,

ou seja, a mensagem que existe, que

se oferece à percepção – o intitulado

contexto.

Funcional/ação: são os efeitos reativos,

sendo que nele a interpretação se dá por

meio de uma ação.

Índices: são a referencialidade direta,

que indica aquilo a que ele se refere sem

ambiguidades. Podemos exemplificar por

meio da causa e efeito. Ex: a nuvem, que

causa chuva; e a febre como sinal de doença.

Terceiridade: corresponde à camada de “inteligibilidade”, ou pensamento em signos, por meio do qual o mundo é representado e

interpretado por nós. Esse nível interpretativo está mais conectado à nossa capacidade de previsão.

Legi-signo: aponta para o caráter

geral, como algo que pertence a uma

classe de coisas; pode ser considerado

o que nomeamos de convenção e

arbitrariedade.

Lógico: representa os efeitos que tem a

natureza do pensamento, o hábito.

Símbolo: são mensagens com poder

de representar ideias abstratas,

convencionais, e encontram-se baseadas

numa relação mais arbitrária, como uma

aliança, um logotipo.

33FACULDADE AIEC

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34 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

O estudo semiótico-comunicacional

dos universos de sentidos de um signo

proporciona um grande levantamento

significante em seu entorno, assim como

explora as mais diversas relações entre

os signos.

No âmbito de produtos, marcas,

publicidade e serviços, a semiótica

explicita um possível caminho criativo:

induz um pensamento sobre o conceito

que vai desde a decisão estratégica

na empresa até o briefing da agência

de publicidade. De fato, organiza os

elementos interpretativos que indicam

rastros, pistas e sentidos associados a

cada signo a ser analisado: por exemplo,

brilho para limpeza, brisa como

refrescância ou infinito como liberdade.

Tal análise tem como principal

característica o foco na emissão. Quando

aliada às demais técnicas de investigação/

pesquisa de consumo, cultura,

comportamento e sociedade - como, por

exemplo, os estudos de recepção - passa

a dar vida a alguns signos. Ao longo desse

processo, esses signos podem ter sido

emitidos intencionalmente, e outros vão

acontecendo espontaneamente.

Os pedidos de análise semiótica

mercadológica chegam de empresas

das mais diversas categorias e setores,

contudo, mais comumente, de institutos

de pesquisa. O trabalho da C&A ao qual

me referi no início deste artigo já foi

concluído. Escolhi um case recente,

em andamento, para contar um pouco

sobre o processo da análise e alguns

desdobramentos na prática (usarei

nomes fictícios ao longo da descrição).

O desenvolvimento do trabalho

O IP (Instituto de Pesquisa) foi

convocado para uma reunião no

grupo R a fim de discutir sobre um

novo posicionamento da marca NB,

de eletrodomésticos. As equipes de

marketing e pesquisa de mercado

gostariam de entender como diferenciar

a marca NB no mercado brasileiro diante

da concorrência e recuperar a liderança

na categoria, que havia perdido.

A partir desse primeiro briefing, o IP

nos convocou para uma reunião a fim

de discutir quais universos de sentido

seriam os mais adequados para a análise

dessa categoria de eletrodomésticos.

Foram sugeridos mais de dez universos

de sentido para a empresa. Os quatro

escolhidos foram os que abordavam

temáticas relacionadas a: 1) o habitar

(relação do ser humano com o espaço

habitado); 2) discerning choice

(processo de definição da melhor

escolha de um produto); 3) evolução

histórica do homem e da forma dos

objetos domésticos (textura, cor,

dimensão); e 4) função dos objetos.

Nesses quatro universos de sentido

selecionados, o processo interpretativo

perpassou pelas três etapas de

reconhecimento interpretativo de um

“fenômeno”, apresentados na tabela:

a primeiridade, a secundidade e a

terceiridade.

A ANÁLISE

SEMIÓTICA

MERCADOLÓGICA

É CAPAZ DE NOS

FAZER PENETRAR

NO MOVIMENTO

INTERNO

DAS PEÇAS

PUBLICITÁRIAS,

RESGATAR OS

MECANISMOS QUE

SÃO USADOS NAS

LINGUAGENS E

ASSIM AVALIAR

A POTÊNCIA

COMUNICATIVA

DESSAS

MENSAGENS.

34 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

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35FACULDADE AIEC

Após a aprovação dos universos de

sentido, começamos, em parceria com

a equipe do IP, a desenvolver o projeto.

O novo posicionamento está em fase

de planejamento na empresa, com

seus fornecedores, com a agência de

publicidade (responsável pela criação

do conceito/posicionamento, das

estratégias de comunicação com os

públicos de interesse e das peças) e com

o próprio IP, como um parceiro que

contribui conceitualmente tanto com

referências de potencialidade de emissão

de determinados signos, por meio da

Semiótica, quanto pela recepção dos

signos, por meio de pesquisas qualitativas

e quantitativas.

Interdisciplinaridade

Um dos aspectos peculiares da

análise semiótica mercadológica é

sua interdisciplinaridade, ou seja, a

necessária parceria da teoria geral

dos signos com as outras áreas do

conhecimento como antropologia,

psicanálise, sociologia, teoria da

comunicação, filosofia e história da

cultura.

A análise semiótica oferece

fundamentos tanto para o

desenvolvimento de conceitos

mercadológicos, como no case em

questão, quanto para uma avaliação de

conceitos já desenvolvidos. As empresas

têm valorizado, cada vez mais, esse tipo

de estudo, pois, diante da complexidade

do mercado, é necessário ir além do

que oferecem as pesquisas tradicionais

(quali e quanti, por exemplo).

OS PEDIDOS

DE ANÁLISE

SEMIÓTICA CHEGAM

DE EMPRESAS

DE DIVERSAS

CATEGORIAS

E SETORES,

QUE BUSCAM

FUNDAMENTOS PARA

O DESENVOLVIMENTO

DE NOVOS

CONCEITOS

MERCADOLÓGICOS

OU PARA AVALIAÇÃO

DE CONCEITOS JÁ

ESTABELECIDOS.

Referências bibliográficas1. Lotman, Yuri. La Semioesfera I. Madrid, Catedra, 1996.

2. Lotman, Yuri. La Semioesfera II. Madrid, Catedra, 1998.

3. Pierce, Charles S. Semiótica. São Paulo, Perspectiva, 2012.

4. Sant’anna, Sérgio B. B. Interdisciplinaridade: Educação, História da Cultura e Hipermídia. São Paulo,

Futura, 2002.

5. Santaella Braga, Maria Lucia. Teoria geral dos signos: semiose e autogeração. São Paulo, Ática, 1995.

Roberta Navas Battistella

Atua em projetos de semiótica

desde o início de 2013. Graduada

em Comunicação Social - Relações

Públicas - pela Faculdade Cásper Líbero.

Mestranda do programa de Pós-

graduação em Humanidades, Direitos e

Outras Legitimidades da Universidade

de São Paulo. Colaboradora da Escola

de Governo de São Paulo e voluntária da

Escola de Notícias e do Centro de Estudos

e Aplicação da Capoeira (CEACA).

[email protected]

35FACULDADE AIEC

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36 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão do varejo

Ao voltarem da cidade de

Fortaleza (CE), onde viviam

havia seis anos, o catarinense

Wilson Antônio Deschamps e sua

esposa gaúcha Liane de Oliveira,

recém-ingressados nas atividades de

pais, precisavam se estabelecer. Com

a aposentadoria da mãe de Liane, que

tinha um pequeno bazar na cidade de

Vacaria (RS), o casal se deparou com

uma dúvida: abrir um comércio, mas qual

ramo escolher?

Wilson é nativo da cidade de Blumenau,

um polo têxtil brasileiro. Apesar de

nunca ter trabalhado no ramo, decidiram

que o comércio de roupas seria o mais

promissor. Assim, em junho de 2005,

com poucos recursos (como a maioria

das pequenas empresas no Brasil), em

uma sala de aproximadamente 64 m2,

iniciou suas atividades a empresa Lia

Modas, comercializando artigos de

vestuário para toda a família (masculino

e feminino adulto, infantil e juvenil).

Repaginação

A primeira necessidade observada,

por conta do pequeno espaço físico

e da grande variedade de estoque,

foi a ampliação das instalações, o que

se deu em novembro de 2006 com a

incorporação de uma sala ao lado com

aproximadamente 50 m2. Com essa

expansão, pôde-se dividir a loja em

setores adulto e infanto-juvenil.

No ano de 2007, a loja passou por

repaginação completa. Foram

reformados o interior e o exterior, e

alteradas suas cores e layout. O principal

investimento dos proprietários foi a

transformação de uma vitrine estilo

gaiola com uma porta central em uma

vitrine totalmente em vidro. Com isso,

melhorou a visualização do interior do

estabelecimento, que ganhou maior

luminosidade e aumentou em mais de

50% o espaço físico para a exposição das

mercadorias.

PARCERIAS COM

FORNECEDORES,

GESTÃO DO ESTOQUE

E ATENDIMENTO

PERSONALIZADO AO

CLIENTE SUSTENTAM

EMPRESA EM UM

MERCADO COMPETITIVO.

Wilson Antônio Deschamps

Page 39: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

37FACULDADE AIEC

Desde o início das atividades, devido

à escassez de recursos, todos os

controles administrativos eram feitos

manualmente. Em junho de 2008, a

loja foi totalmente informatizada e

adquirido um programa específico

de gerenciamento de dados. Com

mais disponibilidade de tempo para o

negócio, a empresa passou a oferecer

um atendimento mais ágil e a investir na

formação de parcerias que resultassem

em diferenciais percebidos como valor

pelo cliente.

Fornecedor parceiro

A Lia Modas, por não ser fabricante,

tem nas indústrias seus principais

fornecedores. A partir do ano seguinte de

sua fundação, Wilson passou a conectar

uma rede de parceiros fornecedores para

que, com o auxílio deles, pudesse trazer

aos seus clientes o que havia de mais

atualizado em termos de moda.

Outra necessidade da empresa, para

não ir ao mercado financeiro, estava

nos prazos de pagamento e em preços

competitivos para fazer frente à

concorrência. Para tanto, foi estabelecida

uma conexão parceiro-produto, em

que se compra cada modelo (lã, calças

jeans, básicas, moletom, etc.) de, no

máximo, dois a três fabricantes. Essas

parcerias proporcionaram à empresa a

possibilidade de formar seus estoques

com variedade, preços baixos (que,

repassados aos clientes, tornam-se

promoções), sem abrir mão da qualidade

e sem a necessidade de comprar grandes

quantidades, como é usual nas grandes

redes de lojas.

Logística

As compras da empresa são feitas de duas

formas: 1) diretamente de vendedores,

que passam na empresa fazendo pedido

para posterior entrega ou vendendo a

pronta entrega; 2) em shopping centers,

formados por lojas de fabricantes de

Santa Catarina, que comercializam

produtos exclusivamente para lojistas

varejistas.

Há uma empresa de transporte de

compras em Vacaria, a Serra Sol

Turismo, que pega o lojista em seu

estabelecimento e o leva a oito shoppings

em três cidades catarinenses (Rio do

Sul, Indaial e Brusque). O comerciante

faz suas compras e retorna em sistema

“bate e volta”. A empresa de transporte

o deixa em sua loja com as mercadorias

compradas. Esse eficiente modo de

compras é interessante para o lojista

pelo custo zero de viagem (a empresa de

turismo recebe comissão das indústrias

pelas compras realizadas pelos lojistas

transportados) e pela possibilidade de

parcelamento das compras, o que pode

ser repassado a seus clientes.

Os cheques dos lojistas, utilizados para

pagamento das compras feitas nas lojas

das fábricas, são de total responsabilidade

da empresa de turismo de compras,

formando-se assim uma rede de

parceiros: indústria, guia de compras,

lojistas, em que todos ganham.

Diferenciais estratégicos

Com o crescente número de clientes, a

empresa desenvolveu alguns diferenciais

de mercado para que pudesse despontar

no ramo de vestuário:

AS PARCERIAS

COM FORNECEDORES

PROPORCIONARAM

À EMPRESA A

POSSIBILIDADE

DE FORMAR

SEUS ESTOQUES

COM VARIEDADE,

NOVIDADES E

PREÇOS BAIXOS,

SEM ABRIR MÃO DA

QUALIDADE E SEM

A NECESSIDADE DE

COMPRAR GRANDES

QUANTIDADES,

COMO É USUAL NAS

GRANDES REDES DE

LOJAS.

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38 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

• Atendimento personalizado – O

atendimento na loja é supervisionado

por seus proprietários. Com isso, a

empresa procura maximizar a relação

de confiança com os clientes, dando um

atendimento diferenciado a cada um

deles.

• Formas de pagamento – Sempre

procurando seguir tendências de

mercado, a empresa incorporou ao seu

crediário o recebimento de cartões de

crédito (forma ainda pouco usual na

cidade, que conserva método tradicional

de pagamentos por carnês). Para tanto,

visando minimizar custos, costurou com

o Banco do Estado do Rio Grande do Sul

(BANRISUL) uma parceria para viabilizar

a possibilidade de receber, além do

cartão próprio do banco, as demais

bandeiras existentes no mercado, como

Mastercard e Visa principalmente.

• Customização – Para evitar o processo

de massificação dos produtos oferecidos

na loja, os proprietários procuram não

repetir modelos, cores e tamanhos de

uma mesma peça de roupa, trazendo

assim a maior exclusividade possível ao

cliente, o que resulta em sua fidelização.

• Busca das necessidades – Em contínuo

propósito de buscar soluções para as

necessidades e expectativas dos clientes,

faz-se com frequência um levantamento

com os clientes para saber quais

produtos gostariam que a loja passasse a

oferecer e o que poderia ser melhorado

em relação a diversidade de produtos.

• Horário diferenciado – Sentindo a

necessidade de atendimento ao público

que trabalha em horário comercial, a

Lia Modas é a única empresa que tem

expediente de 12 horas na cidade de

Vacaria. Suas portas abrem de 7h45min

às 19h30min, de segunda a sábado. E, nos

feriados, das 9h às 12h e das 15h às 19h.

• Qualidade – A empresa só comercializa

produtos de qualidade, confeccionados

em sua maioria no vizinho estado de

Santa Catarina, notório polo nacional de

roupas de alta qualidade. A Lia Modas

não trabalha com roupas de procedência

duvidosa ou pirateadas.

• Tamanhos grandes – Em uma de suas

expansões de mercado, a Lia Modas,

desde o ano de 2008, passou a ser

referencial para clientes que necessitam

tamanhos especiais. A empresa

comercializa vários modelos de roupas

em tamanhos que vão do “G1” ao “G6”,

sempre seguindo as tendências de moda

do mercado.

UMA EMPRESA

DE TRANSPORTE

DE COMPRAS LEVA

LOJISTAS A OITO

SHOPPINGS EM RIO

DO SUL, INDAIAL E

BRUSQUE (SC). O

COMERCIANTE FAZ

SUAS COMPRAS

E RETORNA NO

MESMO DIA, SEM

CUSTO DE VIAGEM,

POIS A EMPRESA

DE TRANSPORTE

RECEBE COMISSÃO

DAS INDÚSTRIAS

PELAS COMPRAS

FEITAS PELOS

LOJISTAS.

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39FACULDADE AIEC

A concorrência

Quando a empresa começou suas

atividades, em junho de 2005, tinha

como concorrentes principais duas

ou três lojas tradicionais de médio e

grande porte regionais e outras tantas

de pequeno porte, além é claro, de um

enorme exército de sacoleiras (pessoas

físicas que compram e revendem

mercadorias, muitas vezes sem

qualidade, por preço bem inferior, sendo

que não pagam impostos).

Nove anos se passaram e a cidade

não aumentou sua população. Não

havia e não há indústrias. A renda dos

habitantes é originada basicamente da

agricultura, tendo destaque a cultura

da maçã, que paga baixos salários aos

trabalhadores. A quantidade e qualidade

dos concorrentes, porém, aumentaram

em muito, pois se instalaram na cidade

cinco fortes redes de lojas de vestuário,

tornando assim a competição bem mais

acirrada. A fidelização da clientela torna-

se um fator de sobrevivência para todas

as empresas do ramo.

A empresa hoje

Nos últimos dois anos, a empresa

tem investido em marketing, tendo

desenvolvido, com uma empresa de

Vacaria, o Altergirus® (um pedestal

giratório para manequins), que faz

uma exposição das roupas por todos os

ângulos e um painel de mensagens LED

onde são expostas suas promoções e

novidades.

Passados nove anos de atividade, a

empresa dispõe de vasta clientela, cerca

de 140 fornecedores e mais de mil itens

distribuídos entre roupas masculinas,

femininas e infanto-juvenis.

NOVE ANOS

SE PASSARAM E

A CIDADE NÃO

AUMENTOU SUA

POPULAÇÃO. A

QUANTIDADE E

QUALIDADE DOS

CONCORRENTES,

PORÉM,

AUMENTARAM

MUITO. A

FIDELIZAÇÃO

DA CLIENTELA

TORNOU-SE

UM FATOR DE

SOBREVIVÊNCIA

PARA AS LOJAS

DE ROUPAS.

Wilson Antônio Deschamps

Empresário, proprietário da Lia Modas em

Vacaria (RS). Bacharel em Administração

pela Faculdade AIEC.

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40 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão da produção

Ao ser convidada para escrever

um artigo para esta revista,

muitas coisas voltaram à minha

mente desde o ano de 1986, quando,

aos 19 anos, me casei com Eider. Na

época eu era professora em um jardim

de infância no interior de Rio do Oeste,

Santa Catarina. Eider era filho de um

pequeno comerciante na linha de

açougues e embutidos. No mesmo ano

em que casamos, assumimos o pequeno

negócio e, com muito esforço e trabalho,

construímos passo a passo a nossa

história de vida.

O início de nossa jornada foi difícil. O

negócio ia mal. Não tínhamos dinheiro

e contávamos apenas com cinco

funcionários, que faziam praticamente

tudo. Começamos na época abatendo

duas cabeças de bovinos e dez suínos

por semana. A venda e toda a parte

burocrática e administrativa ficavam por

minha conta. A venda e entrega eram

feitas de porta em porta, e eu só voltava

pra casa à noite quando tudo estivesse

vendido. Eider ajudava no abate e

processamento dos bovinos e suínos e

também fazia a compra dos animais na

região.

FRIGORÍFICO

CATARINENSE

DIVERSIFICA ATIVIDADES

E AMPLIA ESPAÇO

NO MERCADO COM

PRÁTICAS ECOLÓGICAS

E SUSTENTÁVEIS,

IMPULSIONADO PELA

LEGISLAÇÃO SANITÁRIA

E AMBIENTAL.

Elisete Pessatti Ern

40 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Page 43: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

41FACULDADE AIEC

ENQUANTO

MUITOS

CONCORRENTES

NOSSOS SE

ACOVARDARAM

E NÃO TIVERAM

A MESMA VISÃO,

ENCONTRAMOS NA

REGULAMENTAÇÃO

SANITÁRIA UMA

OPORTUNIDADE

DE CRESCIMENTO

E EXPANSÃO

DE NOSSOS

NEGÓCIOS. FOMOS

BUSCAR RECURSOS

FINANCEIROS PARA

NOS ADEQUAR A

TAIS EXIGÊNCIAS E

CONTINUAR NOSSO

TRABALHO.

Oportunidade de crescimento

Tivemos muitas dificuldades pelo

caminho. Até o ano de 1995, tínhamos

o SIM (Serviço de Inspeção Municipal),

que nos permitia vender os produtos

apenas dentro do município. Foi

quando a Companhia Integrada

de Desenvolvimento Agrícola de

Santa Catarina (CIDASC), órgão

estadual de inspeção de produtos de

origem animal, através de vistorias

nos estabelecimentos situados no

estado, impôs algumas mudanças e

reestruturações nos estabelecimentos

que abatiam animais e comercializavam

os produtos derivados.

Enquanto muitos concorrentes

nossos se acovardaram e não tiveram

a mesma visão, buscamos nessa nova

regulamentação uma oportunidade

de crescimento e expansão de nossos

negócios. Fomos buscar recursos

financeiros para nos adequar a tais

exigências e podermos continuar nosso

trabalho. Foi com muito esforço e

dedicação que, em 1997, conseguimos o

novo certificado do Serviço de Inspeção

Estadual (SIE). A partir daí, estávamos

prontos para ampliar nossas ações

comerciais em todo o estado. Nesse

mesmo ano, a empresa deixou de se

chamar Comércio de Carnes Golli Ltda.,

passando a se chamar Frigorífico El’Golli

Ltda.

Novos parceiros

A partir de então, podemos dizer que

iniciamos uma nova fase em nossa

empresa. E as mudanças não pararam

por aí. As exigências dos órgãos

fiscalizadores eram cada vez maiores e

vinham de todos os lados. Tivemos que

nos adequar às normas sanitárias, fiscais,

ambientais e sociais. Como o mercado

tinha aumentado e as possibilidades

eram muito maiores, com novos

clientes a atender, novas exigências

no controle de qualidade foram sendo

implementadas.

O volume de compras de matéria-prima

para o frigorífico, nessa altura, tinha

se ampliado consideravelmente. A

pequena região do Alto Vale, região de

Santa Catarina onde está localizado o

frigorífico, já não supria mais a demanda

de bovinos e suínos para nossa produção

semanal. Assim, buscamos novos

parceiros e produtores qualificados

e preocupados com a qualidade dos

animais. Esses parceiros, na maior parte,

estão localizados no oeste catarinense,

onde a produção de pecuária de corte é

muito grande.

Capacidademáxima

Santa Catarina possui uma vantagem em

relação aos demais estados do Brasil,

no que se refere à pecuária bovina: é o

único estado 100% livre da febre aftosa

sem vacinação. Em virtude de os demais

estados terem ainda esse problema, o

abate em Santa Catarina só pode ser de

gado criado no próprio estado.

41FACULDADE AIEC

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42 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

SANTA

CATARINA

POSSUI UMA

VANTAGEM EM

RELAÇÃO AOS

DEMAIS ESTADOS

DO BRASIL, NO

QUE SE REFERE

À PECUÁRIA

BOVINA: É O

ÚNICO ESTADO

100% LIVRE DA

FEBRE AFTOSA

SEM VACINAÇÃO.

EM VIRTUDE

DE OS DEMAIS

ESTADOS TEREM

AINDA ESSE

PROBLEMA,

O ABATE

EM SANTA

CATARINA SÓ

PODE SER DE

GADO CRIADO

NO PRÓPRIO

ESTADO.

Essa vantagem sanitária traz, porém,

para os frigoríficos de Santa Catarina,

dificuldade na compra de matéria-prima.

O gado para abate é muito disputado,

com preços elevados, chegando

diversas vezes a tornar o negócio

inviável. Nós acabamos nos vendo

obrigados a comprar gado já abatido de

outros estados para conseguir suprir

a necessidade de matéria-prima. Os

preços de outros estados muitas vezes

até são inferiores à carne catarinense,

porém as barreiras fiscais acabam

dificultando a compra e onerando os

preços.

Com todas essas mudanças ocorrendo,

a carteira de clientes e cidades

catarinenses atendidas foram

aumentando. O abate que, no início de

nossas atividades, lá nos anos 80, era de

duas cabeças por semana, nessa fase,

início dos anos 2000, já tinha atingido

uma quantidade de 40 bovinos e 120

suínos por dia.

No ano de 2007, verificamos que a

atividade de abate de suínos tornava-

se inviável. Passamos a concentrar as

atividades no abate e industrialização

de produtos bovinos. Em 2008 e 2009,

atingimos a capacidade máxima de abate

de bovinos, chegando a até 200 cabeças

por dia.

Respostas ecológicas e sustentáveis

Como nossa empresa sempre foi

preocupada com a parte ambiental do

negócio, temos nossa própria fábrica

para processamento dos resíduos

provenientes do abate e processamento

das carnes. Surgiu então, em 2009, mais

um desafio para o empreendimento. A

fábrica, que até então processava apenas

os próprios resíduos de sua indústria,

não poderia mais continuar funcionando

apenas com o registro de inspeção

estadual. Ou ela se adequava às normas

federais ou então deveria ser fechada.

Assim, mais uma vez, tivemos que

buscar recursos financeiros para inovar

e instalar tecnologias que atendessem

às rigorosíssimas normas do Serviço

de Inspeção Federal do Ministério da

Agricultura (SIF). Podemos dizer com

orgulho que, mais uma vez, não nos

detivemos diante das dificuldades

encontradas e alcançamos o objetivo

buscado. A fábrica de produtos não

comestíveis, oriundos dos resíduos

do abate, hoje é referência não só no

Estado como também em nível de

País, vendendo seus produtos para

clientes de renome nacional. Hoje a

empresa coleta os resíduos de dezenas

de frigoríficos, açougues e mercados

em todo o estado, transformando e

produzindo farinha e sebo de qualidade,

que são utilizados como ração animal e

matéria-prima para inúmeros produtos.

42 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

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43FACULDADE AIEC

PARA ATENDER

ÀS EXIGÊNCIAS

DOS ÓRGÃOS

AMBIENTAIS

COM RELAÇÃO

AO DESTINO

DOS RESÍDUOS

DE PRODUÇÃO,

INSTALAMOS UM

BIODIGESTOR QUE

RECEBE TODOS

OS RESÍDUOS

LÍQUIDOS

RESULTANTES

DO ABATE,

TRANSFORMANDO-

OS EM BIOGÁS E

BIOFERTILIZANTE.

Os órgãos ambientais estão cada

vez mais exigentes com a qualidade

do meio ambiente e com o destino

que as empresas estão dando aos

resíduos de produção. Para atender a

essas recomendações com respostas

ecológicas e sustentáveis, fomos

buscar soluções menos agressivas ao

nosso ecossistema. Trouxemos do

estado do Mato Grosso uma alternativa

pioneira até então em nosso estado:

um biodigestor que recebe todos

os resíduos líquidos resultantes do

processo de abate, transformando-

os em biogás e biofertilizante. O

biogás é utilizado na geração de calor

para uma das caldeiras da empresa

e o biofertilizante irriga e fertiliza as

pastagens da fazenda.

Seleta fatia

Após um amplo estudo com o objetivo

de conquistar novas fatias de mercado,

visualizamos a oportunidade de

trabalhar com aves e suínos abatidos. Em

2012, concretizamos essa ideia por meio

de nosso Entreposto de Carnes, que

processa e transforma a matéria-prima

em um produto de alta qualidade com

sabor diferenciado para o consumidor

final. Estamos também em fase de testes

para a venda dos pratos prontos de

strogonoff e bife à parmegiana de frango

e de bovino. Esses novos produtos

prometem alcançar uma nova e seleta

fatia do mercado nacional.

Para tudo isso, é necessário estarmos

preparados para atender às exigências

do consumidor, como também, para

cumprir todas as obrigações legais que

acompanham todo o processo.

Do sonho à realidade

Diante de tudo que foi exposto, posso

garantir que cada minuto e esforço

dedicados valeram a pena e que nos

orgulhamos por tudo que construímos.

A esta altura de nossa história, nosso

frigorífico conta com 200 colaboradores

diretos e centenas de parceiros

indiretos.

No começo, era apenas um sonho que

parecia muito distante, mas hoje vejo

que, com a graça de Deus, podemos

realizar tudo aquilo que desejarmos,

desde que jamais nos esqueçamos

de colocar em todo o trabalho muita

dedicação e amor. Vamos deixar um

legado a nossos filhos e netos e acredito

que eles continuarão a escrever essa

história.

Espero que o leitor tenha gostado de

conhecer um pouco de nossa história

de vida e trabalho e que eu possa ter

passado um pouco de otimismo e

perseverança para todos. Quando

as pessoas, diante das dificuldades

encontradas no meio do caminho,

só focam os problemas, deixam de

visualizar as oportunidades que podem

estar por trás dos desafios. Sendo assim,

não desista de seus sonhos sem antes

fazer tudo o que estiver ao seu alcance.

Elisete Pessatti Ern

Sócia-proprietária do Frigorífico

El’Golli em Taió, SC.

43FACULDADE AIEC

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44 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Gestão do esporte

Provavelmente, as coisas que

provocam as maiores paixões

no mundo são: família, comida

e esporte. Todos os membros de uma

família normalmente compartilham seus

problemas e suas recompensas. Adoram

determinadas comidas e discutem quais

são as melhores opções gastronômicas e

até como prepará-las. Do mesmo modo,

os entusiastas dos esportes conhecem

e partilham, por exemplo, dados

estatísticos e torcem por seus times

favoritos.

Em minha experiência como membro

de equipes esportivas, vejo que

poucas pessoas pensam nas coisas que

acontecem fora das entrevistas, dos

campos ou das quadras de esportes,

ou mesmo no antes e no depois das

competições. Nos meus seis anos como

coordenador de tecnologia da seleção

masculina de vôlei dos Estados Unidos,

eu aprendi algo de muito apreciativo

sobre esses detalhes.

Antes de falar no tópico a seguir sobre

as formas como se organizam uma

seleção e os eventos, é importante dizer

que, como coordenador de tecnologia,

realizei muitas observações de jogos

de equipes adversárias, formei bancos

de dados estatísticos e também gravei

vídeos durante competições. Após a

captação desses dados, normalmente

durante a madrugada, eu corrigia alguns

erros estatísticos, imprimia o material

e repassava aos técnicos da seleção

americana.

Além disso, eu usava os vídeos digitais

dos jogos para fazer uma sincronia com

os dados estatísticos e produzir versões

de jogos que podiam ser analisadas pela

comissão técnica e pelos jogadores da

seleção americana. No início do meu

trabalho, esses vídeos eram produzidos

manualmente em fitas VHS, o que

tornava meu trabalho ainda mais difícil.

MEMBRO DA EQUIPE

TÉCNICA DA SELEÇÃO

MASCULINA DE VÔLEI

DOS EUA POR SEIS

ANOS DESCREVE

ALGUMAS DAS MUITAS

ATIVIDADES DE

SUPORTE AO TÉCNICO

E ATLETAS.

Darrell Akimoto

44 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Page 47: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

45FACULDADE AIEC

COMO

COORDENADOR

DE TECNOLOGIA,

OBSERVEI JOGOS

DE EQUIPES

ADVERSÁRIAS,

FORMEI BANCOS

DE DADOS

ESTATÍSTICOS E

GRAVEI VÍDEOS

DAS COMPETIÇÕES,

PRODUZINDO

MATERIAL PARA

SER ANALISADO

PELA COMISSÃO

TÉCNICA E PELOS

JOGADORES

DA SELEÇÃO

AMERICANA DE

VÔLEI.

Organização

No Comitê Olímpico dos Estados Unidos

(United States Olympic Committee -

USOC), cada modalidade de esporte tem

seu próprio comitê diretivo (National

Governing Bodies - NGBs) e opera

independentemente. Por exemplo, o

NGB de vôlei (USA Volleyball – USAV)

é reconhecido oficialmente pela

Federação Internacional de Vôlei (FIVB)

como um órgão diretivo dos Estados

Unidos.

Cada comitê diretivo tem uma Diretoria

(Board of Directors), composta por

representantes de diversas áreas

relacionados à modalidade. No caso do

USAV, há atletas da seleção de voleibol

de praia e de quadra, representantes

de programas de desenvolvimento de

novos atletas, juízes, técnicos, líderes de

regiões e representantes independentes.

Logística

Sem nunca ter participado da

organização de eventos esportivos

nacionais ou internacionais, é difícil para

as pessoas entenderem a quantidade de

atividades e providências envolvidas nas

operações. Assim se passou comigo que,

no início dos trabalhos, era como um

espectador com acesso aos bastidores,

fascinado ao ver por todos os lados

jogadores e técnicos que eu somente

via pela televisão. Essa empolgação teve

que diminuir logo que as competições

começaram, pois fiquei muito ocupado

com meus trabalhos e também, à

medida que o tempo foi se passando,

a convivência com esses atletas foi se

tornando mais normal.

Os grandes campeonatos são precedidos

de competições menores, que é de

onde saem as equipes mais qualificadas.

Supondo que, em muitos casos, as

grandes competições são realizadas

em diferentes países, é necessário um

planejamento de viagens e, enquanto os

jogadores e técnicos treinam nas quadras

esportivas, há uma equipe encarregada

desse planejamento. Geralmente

o pessoal da USAV é que cuida da

aquisição das passagens, dos vistos e dos

passaportes.

Às vezes, a FIVB é que se encarrega

desse planejamento, mas muitas

pessoas dessas confederações não

levam em consideração que os atletas

do voleibol são muito altos e os voos

são muito longos. Para economizar

dinheiro, terminam fazendo reservas de

assentos na classe econômica, onde os

espaços entre as fileiras dos bancos são

pequenos e isso é um incômodo muito

grande porque, em muitos casos, esses

atletas, com suas pernas longas, nem

cabem nesses espaços. Além disso, é

preciso planejar também o deslocamento

entre o centro esportivo e o aeroporto,

acomodar as bagagens e produtos dos

atletas e, no aeroporto, fazer os check-ins

para o(s) voo(s).

Ao chegar ao local de destino, as

confederações locais enviam um ônibus

para transportar os atletas e comissão

técnica do aeroporto até o local de

acomodação e, se for o caso, enviam

também um tradutor e um representante

da confederação local que, juntos com a

comissão técnica das seleções, discutem

uma agenda para a cidade e também para

toda a competição.

45FACULDADE AIEC

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46 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

AS SELEÇÕES

E AS EMPRESAS

TÊM O MESMO

OBJETIVO: GANHAR.

OS JOGOS,

PORÉM, POSSUEM

UMA LÓGICA

RACIONAL MOVIDA

PREDOMINANTE-

MENTE PELAS

PAIXÕES DE

MILHÕES DE

ESPECTADORES.

AS ATIVIDADES

DO MUNDO DOS

NEGÓCIOS, POR

SUA VEZ, NEM

SEMPRE PODEM

SER MOVIDAS

PELAS PAIXÕES DE

SEUS ATORES.

No local de acomodação, o coordenador

do time faz o check-in e entrega as

chaves dos alojamentos para cada

membro. Caso a agenda permita, os

técnicos preferem fazer um treinamento

com os jogadores no mesmo dia, com o

objetivo de adaptação ao fuso horário.

Imagens e comunicação

Logo nos primeiros treinos, como eu

era o responsável pelas estatísticas e

produção de imagens, sempre fazia

a inspeção dos locais para a fixação

das câmeras, fazia a checagem da

energia local e observava os locais de

acomodação das tecnologias dos times

concorrentes. Muitas vezes, encontrava

problemas e tinha de procurar pessoas

das confederações locais para resolvê-

los. Em muitos casos, elas pensavam

que eu estava querendo obter alguma

vantagem para a seleção dos Estados

Unidos e, então, era preciso, convencê-

los, por exemplo, de que a posição de

alguns equipamentos de filmagens

bloqueava a visão das câmeras de outros

times também.

As competições começavam com três

ou quatro jogos por dia e os técnicos

logo queriam ver as estatísticas e os

vídeos dos times concorrentes. Assim,

meus dias começavam muito cedo

e eram muito longos, chegando a

trabalhar entre dez e doze horas por dia.

Normalmente, minha jornada começava

uma hora e meia ou duas horas antes do

primeiro jogo e voltava para o hotel uma

ou duas horas depois do último jogo.

Enquanto eu fazia esse trabalho, se

a nossa seleção ainda não estivesse

jogando, todos estavam trabalhando

em reuniões, preparativos médicos,

alongamentos, organização de materiais

de uso dos jogadores, transportes,

etc. Antes da nossa seleção entrar em

quadra, eu já preparava e distribuía

todos os equipamentos necessários

como rádios, computadores e outras

tecnologias de comunicação usadas

pelos técnicos e seus assistentes.

Observação e análise

Para o USA Volleyball, o campeonato

mais importante são os Jogos Olímpicos.

Como tal, são usados mais recursos

do que em outras competições como

na Copa Mundial de Vôlei ou no

Campeonato Mundial de Vôlei. Nas

Olimpíadas de Atlanta, que aconteceu

nos EUA em 1996, por exemplo, eu tinha

a ajuda de um outro coordenador de

tecnologia e, em meio aos espectadores

estavam seis conselheiros, entre eles

três ex-técnicos das seleções de voleibol

dos Estados Unidos.

Qualquer um deles podia falar

diretamente com os nossos técnicos

durante os jogos. Normalmente, pelo

menos um deles estava em alguma arena

assistindo aos jogos dos times com os

quais jogaríamos posteriormente. Tudo

isso porque há um entendimento de que

essas pessoas conhecem e entendem

muito bem o voleibol e, como tal, podem

ajudar nas análises de alguns jogos

importantes.

46 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

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47FACULDADE AIEC

Hierarquiaepaixão

A USAV e as seleções operam como no

mundo dos negócios, ou seja, o que é

comum é o objetivo de ganhar. Os dois

mundos possuem hierarquias tanto

em níveis de atuações organizacionais

quanto em níveis das relações mais

individuais. A diferença talvez seja em

termos do produto que cada um quer

obter: as seleções querem ganhar

competições e as empresas querem

ganhar dinheiro. Obviamente que,

ao atingirem os objetivos ganhando

competições, isso, de alguma forma, vai

ser traduzido em ganhos econômicos.

Uma outra diferença é que as atividades

esportivas se realizam sob os olhos de

milhões de pessoas simultaneamente e,

portanto, possuem um caráter de lógica

racional predominantemente movida

pelas paixões desses milhões, enquanto

as atividades do mundo dos negócios

nem sempre podem ser movidas pelas

paixões de seus atores.

Restam menos de dois anos para a

abertura dos jogos olímpicos do Rio de

Janeiro no Brasil. Minha mensagem é que

as pessoas reflitam sobre o que acontece

fora das competições ou daquilo que

a TV pode mostrar, pois, como foi dito

acima, só depois de participar como

membro de uma comissão técnica é que

se pode ter uma dimensão maior daquilo

que envolve um time ou uma seleção

antes e depois de uma competição. Ao

final, gostaria de agradecer a Eliseu

Pichitelli pelas correções de português

deste artigo.

RESTAM MENOS

DE DOIS ANOS

PARA A ABERTURA

DOS JOGOS

OLÍMPICOS DO

RIO DE JANEIRO.

CONVIDO AS

PESSOAS PARA

REFLETIREM

SOBRE A GRANDE

QUANTIDADE DE

ATIVIDADES QUE

ACONTECE FORA

DAS COMPETIÇÕES

OU DAQUILO

QUE A TV PODE

MOSTRAR.

Darrell Akimoto

Americano residente no Japão desde

2005. Atualmente leciona inglês em duas

universidades japonesas. Nos Estados

Unidos, trabalhou como engenheiro

eletrônico em empresas prestadoras de

serviços para o governo federal. Na década

de 90, trabalhou como coordenador de

tecnologia na seleção nacional de voleibol

masculino dos Estados Unidos, com a qual

viajou para muitos países, inclusive ao

Brasil. Graduado e Mestre em Ciências da

Engenharia Elétrica, pela San Diego State

University (EUA).

47FACULDADE AIEC

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48 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

EAD

Em 12 de maio de 1923, Domingos Zema abriu em

Araxá (MG) a Casa Sport, uma pequena loja de

peças, acessórios, lubrificantes e combustíveis,

marco inicial de uma das maiores empresas de Minas

Gerais. Esse empreendedor nato, com características

marcantes de simplicidade e determinação -

características que são valorizadas até hoje pelo Grupo

- começou a alugar carros, fabricar carroças e, em 1936,

inaugurou o primeiro posto de combustível da cidade.

Nos anos 40, seus filhos Romeu e Oswaldo assumiram

os negócios. Em 1957, com 14 anos de idade, Ricardo

Zema começou a trabalhar na empresa devido à morte

prematura de seu pai, Romeu Zema, em um acidente

aéreo.

No ano de 1964, Ricardo assumiu a direção dos

negócios, que, na época, se restringia a uma

concessionária e um posto de combustível. Em 1969,

comprou o segundo posto e daí em diante iniciou o

processo de expansão de forma consistente e contínua

da Zema.

De lá pra cá, a empresa cresceu e adquiriu outros

segmentos de negócios em Araxá e região. Ricardo

Zema atualmente é o presidente do Conselho

Administrativo do Grupo Zema e, juntamente com seus

filhos, trabalha com determinação para o crescimento

do Grupo.

A UNIVERSIDADE

CORPORATIVA

DO GRUPO ZEMA

(UNIZEMA) INVESTE

EM EDUCAÇÃO

A DISTÂNCIA

COM FOCO NO

DESENVOLVIMENTO DE

COMPETÊNCIAS QUE

OS FUNCIONÁRIOS

DEMANDAM PARA

QUE A EMPRESA

MANTENHA SEUS BONS

RESULTADOS.

Geovania Carla de Moura

Page 51: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

49FACULDADE AIEC

Reconhecimento

Em sua trajetória, a empresa acumula

selos de reconhecimentos em diferentes

áreas, sendo a de gestão de pessoas

uma das mais destacadas. A Zema é

reconhecida pelo Instituto Great Place

to Work, por meio da Revista Época,

há mais de dez anos como uma das dez

melhores empresas para se trabalhar no

Brasil.

A empresa também já foi reconhecida

entre as “150 Melhores para Você

Trabalhar” em seleção realizada pela

Revista Exame.

Dentre as práticas aprovadas pelos

colaboradores e que fazem da

Zema uma das melhores empresas

para se trabalhar, destaca-se o

“Desenvolvimento Profissional”,

indicador que está sempre à frente

dos demais que os colaboradores

mais valorizam. E, nesse contexto,

a educação corporativa tem papel

crucial, pois a empresa tem necessidade

de implantação de processos que

gerem, armazenem, gerenciem e

disseminem conhecimentos, formando

e capacitando o colaborador para

a construção de características

indispensáveis para manter nosso

negócio.

Novidade e tradição

Para isso, em 2003, nasceu a

Universidade Corporativa do Grupo

Zema (UNIZEMA), que tem como

propósito educar para o novo sem

perder os valores tradicionais e a cultura

da empresa, focando na qualidade dos

processos e no desenvolvimento do seu

colaborador, nas múltiplas dimensões do

ser humano.

Na era da informação, em que os valores

humanos são priorizados, bem como a

criatividade e o conhecimento, o bem

maior de uma empresa é representado

pelas pessoas que para ela trabalham.

Nesse sentido, através da UNIZEMA, foi

possível que a empresa estruturasse

seus investimentos e definisse uma

proposta para direcionar os programas

de capacitação, dentro de uma visão

andragógica (para adultos) da educação.

Assim, nasceram propostas ousadas

como o Programa de Gerente Trainee,

que forma aproximadamente três

turmas de 30 alunos por ano. Além

dos cursos de coordenadores

administrativos, Escola de Liderança,

entre outros, que são estruturados de

acordo com a necessidade de cada setor

da Zema.

Programa de ensino a distância

Entendemos que a empresa precisa

apoiar a formação contínua das pessoas,

proporcionando ambientes para a

construção do conhecimento e para

o desenvolvimento da capacidade

criadora e inovadora, que são essenciais

para a evolução de nosso negócio. ”

EM 2003,

NASCEU A

UNIVERSIDADE

CORPORATIVA

ZEMA (UNIZEMA),

QUE TEM COMO

PROPÓSITO

EDUCAR PARA

O NOVO

SEM PERDER

OS VALORES

TRADICIONAIS

E A CULTURA

DA EMPRESA,

FOCANDO NA

QUALIDADE DOS

PROCESSOS E NO

DESENVOLVIMENTO

DO SEU

COLABORADOR,

NAS MÚLTIPLAS

DIMENSÕES DO

SER HUMANO.

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50 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

O TAD (treinamento a distância) atende

ao desafio da educação orientada

para um público-alvo numeroso,

disperso geograficamente (como é

o caso da Zema), com necessidade

de desenvolvimento em amplas

áreas de conhecimento, com uso

de metodologias que promovem a

interação do aluno com o conteúdo,

construindo um aprendizado efetivo

e, portanto, aplicável no dia a dia do

colaborador.

Para que isso aconteça cada vez

mais e com a qualidade que nossos

colaboradores merecem, a UNIZEMA

realiza avaliações e orientações durante

o desenvolvimento dos cursos, analisa

criticamente o processo e os conteúdos

e propõe mudanças. O objetivo desse

acompanhamento é que os cursos

atendam as nossas necessidades com

qualidade, criatividade, sem redundância

de informações, com o uso adequado e

produtivo de recursos multimídia (som,

imagem, texto, vídeos), para manter e

reforçar a atenção do nosso colaborador

e promover a tão esperada mudança de

comportamento.

Gestão do conhecimento

Os cursos a distância estão disponíveis

para os colaboradores e a UNIZEMA

gerencia todo o processo, graças

a um ambiente de aprendizagem

virtual, a Conexão RH, plataforma de

gestão do conhecimento que oferece

ferramentas que facilitam o processo de

acompanhamento dos treinamentos a

distância. Entre elas:

• Histórico individual do aluno, com

todos os cursos realizados, notas e

horários de estudo.

• Resultados, por data, com todos os

cursos realizados pelos colaboradores

das filiais dentro do período desejado.

• Participação, por empresa, com a

quantidade geral de cursos realizados

pela filial.

• Avaliação de Reação, com informações

sobre o que o colaborador achou do

curso realizado.

• Relação de participantes por cursos

específicos.

Essas ferramentas são disponibilizadas

aos gestores, que têm total autonomia

para planejar o desenvolvimento

individual de seus colaboradores e

acompanhar todo o processo em

períodos previamente combinados.

O TREINAMENTO

A DISTÂNCIA

PERMITE ATENDER

UM PÚBLICO

NUMEROSO,

DISPERSO

GEOGRAFICAMENTE

E COM

NECESSIDADE DE

DESENVOLVIMENTO

EM DIVERSAS

ÁREAS. É UMA

MODALIDADE

DE ENSINO QUE

PROMOVE A

INTERAÇÃO DO

ALUNO COM

O CONTEÚDO,

TRAZENDO UM

APRENDIZADO

APLICÁVEL NO

DIA A DIA DO

COLABORADOR.

Page 53: Associação Internacional de Educação Continuadaanos, compartilhando experiências em gestão nas entrevistas e artigos publicados. A entrevistada de capa desta edição é Taise

51FACULDADE AIEC

Trilha e matrizes

Para facilitar o processo de

desenvolvimento do colaborador, a

UNIZEMA criou, em sua plataforma

de cursos, um espaço denominado

“trilha do conhecimento”, que contém

“matrizes de desenvolvimento” com

cursos específicos, separados por

cargos.

As matrizes de desenvolvimento

tornaram mais eficiente a construção do

caminho para busca do desenvolvimento

das competências necessárias

para a qualificação profissional dos

colaboradores da Zema. De 2003 a 2013,

foram realizadas mais de 500.000 horas

de treinamento. Para 2014, temos uma

meta ousada: chegar às 600.000 horas!

Da teoria para a ação

Além do ambiente virtual de

aprendizagem – Conexão RH –, o

Grupo Zema desenvolve o Programa

de Educação Continuada (PEC).

O Programa também utiliza a

modalidade a distância para capacitar

e desenvolver competências técnicas e

comportamentais de nossas lideranças

ou de colaboradores com potencial para

ocupar cargos de gestão.

A ZEMA

ACREDITA QUE O

DESENVOLVIMENTO

DAS PESSOAS

É CONDIÇÃO

PRIMEIRA PARA QUE

OS RESULTADOS

APAREÇAM E A

EAD É PEÇA-CHAVE

NESSE PROCESSO.

O RESULTADO

DESSA PARCERIA

COM A EAD

ESTÁ ESTAMPADO

NOS NÚMEROS

ALCANÇADOS PELO

GRUPO ZEMA.

O PEC seleciona livros que abrangem

temas das mais variadas competências

gerenciais e os encaminha para os

gestores para leitura. Esse estudo

é acompanhado por tutores que

interagem com os gestores no ambiente

virtual de aprendizagem, fazendo a

mediação entre os conceitos abordados

nos livros e a construção coletiva de

saberes e ações, fundamentais para

nossa organização. Ler, neste caso, vai

além das páginas de um bom livro, pois

há, de fato, um desdobramento da teoria

para a ação. O Grupo Zema, treina a cada

semestre, cerca de 300 gestores no

Programa e vem trabalhando com esse

recurso desde 2010, com quatro livros.

A Zema acredita no potencial e

diferencial das pessoas, seu principal

valor, por isso investe constantemente

no processo de capacitação das

competências de seus colaboradores.

A Zema acredita também que o

desenvolvimento das pessoas é

condição primeira para que os

resultados apareçam e que a educação

na modalidade a distância é peça-chave

dessa engrenagem. O resultado dessa

parceria com a EAD está estampado nos

números alcançados pelo Grupo Zema

nos últimos anos.

Geovania Carla de Moura

Gerente de Desenvolvimento de

Pessoas, Comunicação Interna e Eventos

Corporativos do Grupo Zema. Graduada

em Pedagogia Empresarial e Educacional.

Pós-graduada em Supervisão e Inspeção

Educacional. MBA em Gestão de

Pessoas pela USP. Professional and Self

Coaching, e Executive Coaching pelo IBC

e Instituto Europeu de Coaching. Analista

Comportamental e de avaliação 360° pelo

IBC.

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52 IDEIAS EM GESTÃO | NO 16 | NOV/2014

Em 2007, ao completar 35 anos de

contribuição ao INSS, me aposentei. Encerrei

minha vida acadêmica e me dei de presente

viver um tempo em Paris desenvolvendo

pesquisas em comunicação organizacional

com orientação do mestre da sociologia

contemporânea Michel Maffesoli na

Sorbonne. Na época, atuava como tutor

da Faculdade AIEC, de quem recebi todo o

apoio e incentivo para desenvolver o Pós-

Doutorado.

Foram nove meses deliciosos, não apenas

por conta dos vinhos e queijos franceses, mas

especialmente porque pude me dedicar ao

que sempre adorei e sei fazer bem: estudar!

Foi nessa época que recebi um convite do

Banco do Brasil para escrever um fascículo

(“Sustentabilidade e futuro”) sobre os 200

anos que a empresa iria comemorar no ano

seguinte, 2008.

Inspirado pela arquitetura urbana de Paris,

idealizada por Haussmann no século XIX, e

muito bem conservada até hoje, me dediquei,

então, na preparação do conteúdo do

fascículo, a estudar as empresas longevas.

A construtora Kongo Gumi, do Japão, fundada

no século VI (!!) é considerada a empresa mais

antiga do mundo. Nos EUA, a empresa mais

antiga é a Zildjian Cymbal, de Massachusetts,

fundada em 1623. A Zildjian Cymbal fornece

pratos e baquetas para percussionistas,

inclusive para o beatle Ringo Starr. No Brasil,

na época em que fiz o fascículo, o Banco do

Brasil era a única empresa bicentenária.

Independentemente do negócio a que se

dedicam, o que faz essas empresas durarem

são algumas práticas comuns ao longo de

suas histórias, das quais destaco: são sensíveis

ao ambiente e buscam harmonizar-se com

o mundo que as rodeia; são abertas a novas

ideias e à experimentação; transformam

crises em novos negócios; incorporam

inovações e diversificam sua atuação de

acordo com as demandas do mercado;

privilegiam a descentralização administrativa

e a gestão participativa.

Aprendi também com esses estudos que as

empresas feitas para durar sabem que é mais

difícil administrar o sucesso do que lidar com

as crises que as afligem. E isso vale também

para nós profissionais. Afinal, o mercado não é

bom nem ruim. Apenas cruel...

Artur Roman

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