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Page 1: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS · Veja quem está na edição especial da Revista de Direito da ADVOCEF: Alaim Giovani Fortes Stefanello - A função social do Direito no Estatuto
Page 2: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS · Veja quem está na edição especial da Revista de Direito da ADVOCEF: Alaim Giovani Fortes Stefanello - A função social do Direito no Estatuto

Conselho Editorial: Álvaro Sérgio Weiler Junior, Anna Claudia de Vasconcellos, CarlosCastro, Davi Duarte, Estanislau Luciano de Oliveira, Fernando Abs da Cruz, Isabella GomesMachado, Jair Mendes, Júlio Greve, Luciano Caixeta Amâncio, Marcelo Dutra Victor e RobertoMaia|Jornalista responsável: Mário Goular t Duar te (Reg. Prof. 4662) - E-mail:[email protected].|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica: JoséRoberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.000 exemplares|Impressão: Gráfica Pallotti|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e ainstituições de ensino e jurídicas.Esta edição está também disponível no site da ADVOCEF (www.advocef.org.br).

Outubro | 20112

www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2011-2012Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Anna Claudia de Vasconcellos (Florianópolis)1º Secretário: Luciano Caixeta Amâncio (Brasília)2º Secretário: Jair Oliveira Figueiredo Mendes (Salvador)1º Tesoureiro: Isabella Gomes Machado(Brasília)2º Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional:Júlio Vitor Greve (Brasília)|[email protected] de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos:Roberto Maia (Porto Alegre)|[email protected] de Honorários Advocatícios:Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)|[email protected] de Negociação Coletiva:Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)|[email protected] de Prerrogativas:Pedro Jorge Santana Pereira (Recife)|[email protected] Jurídico:Fernando da Silva Abs da Cruz (Porto Alegre)|[email protected] Social:Elenise Peruzzo dos Santos (Porto Alegre)|[email protected] REGIONAISBianco Souza Morelli (Aracaju)|Tânia Maria Trevisan (Bauru)|Patrick Ruiz Lima(Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Júlio Vitor Greve(Brasília)|Ricardo Tavares Baraviera (Brasília)|Lya Rachel Basseto Vieira(Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (Campo Grande)| Daniele Cristina das Neves(Cascavel)|Juel Prudêncio Borges (Cuiabá)| Susan Emily Iancoski Soeiro(Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Maria Rosa de Carvalho Leite Neta(Fortaleza)|Ivan Sergio Por to Vaz (Goiânia)|Isaac Marques Catão (JoãoPessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juiz de Fora)|Altair Rodrigues de Paula(Londrina)|Dioclécio Cavalcante Neto (Maceió)|Raimundo Anastácio Carvalho DutraFilho (Manaus)|José Irajá de Almeida (Maringá)|Carlos Rober to de Araujo(Natal)|Daniel Burkle Ward (Niterói)|João Batista Gabbardo (Novo Hamburgo)|PabloDrum (Porto Alegre)|Bruno Ricardo Carvalho de Souza (Porto Velho)|Justiniano Diasda Silva Júnior (Recife)|Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto)|Carlos Eduardo LeiteSaboya (Rio de Janeiro)|Jair Oliveira Figueiredo Mendes (Salvador)|Fabio Radin(Santa Maria)|Antonio Carlos Origa Júnior (São José do Rio Preto)|Flávia ElisabeteKarrer (São José dos Campos)|Virginia Neusa Lima Cardoso (São Luís)|RolandGomes Pinheiro da Silva (São Paulo)|Edvaldo Martins Viana Júnior (Teresina)|TiagoNeder Barroca (Uberaba)|Luciola Pereira Vaconcelos (Uberlândia)|Angelo RicardoAlves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles (Volta Redonda)CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos:Davi Duarte (Porto Alegre), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba),Alfredo Ambrósio Neto (Goiânia), Juliana Varella Barca de Miranda Porto (Brasília) eElton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Fábio Romero de SouzaRangel (João Pessoa) e Jayme de Azevedo Lima (Curitiba).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo), Rogério Rubim deMiranda Magalhães (Belo Horizonte) e Adonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membro suplente: Melissa Santos Pinheiro Vassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos SaadCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020E-mail: [email protected] | Gerente administrativa e financeira: Ana NiedjaMendes Nunes | Assistente financeira: Kelly Carvalho | Secretária administrativa:Ilka Borges

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

Expe

dien

te

Edito

rial

Quis o tempo e as coincidências, que somente elepropicia, que este mês de outubro fosse pleno de notaspositivas e especiais.

Como não poderia deixar de ser, as páginas daADVOCEF em Revista trazem ao menos os elementosessenciais das principais delas, de interesse dos seusleitores.

Uma inserção inédita da ADVOCEF e de seus advoga-dos no evento maior da Advocacia Brasileira. A XXI Confe-rência Nacional dos Advogados, promovida trienalmentepelo Conselho Federal da OAB, terá entre seus eventosparalelos a reunião dos advogados da CAIXA. No eventoserá lançada, também, a 13ª edição da Revista de Direi-to da nossa Associação, afinada com o tema central daConferência e também contemplando artigos especiaiscomemorativos dos dez anos do Estatuto da Cidade.

A lembrança dos 45 anos de criação do FGTS, anali-sada por diversos ângulos, num exemplo de convivênciaharmoniosa de teses e de princípios que devem regerum permanente diálogo com instituições e pessoas.

Uma pequena homenagem aos profissionais queconciliam a atividade de advogados com a de professo-res, as dificuldades e aspirações de quem milita nas duasfrentes.

O permanente tema dos honorários é merecedor dedestacada palestra proferida pelo presidente da entida-de e também de artigo enfocando sua dicotomia com aterceirização de serviços jurídicos.

Um registro de grande relevância institucional paraos advogados de empresas públicas, noticiando um pas-so importante dado pela ANPEPF e seus incansáveis diri-gentes e integrantes, com a presença incondicional daADVOCEF.

Notícias de atuação diferenciada de um solidário gru-po de profissionais em evento promovido pelo Judiciárioem busca de conciliação, com todas as vantagens emudança de paradigmas que esta faceta nova e por ve-zes inexplorada atividade advocatícia e jurisdicional podesignificar.

Enfim, boas novas, permanentes e retratadas eprotagonizadas por homens, mulheres e instituições queacreditam em boas lutas, posto que munidos todos deboas armas, o diálogo, a argumentação, o estudo, a per-severança.

Se as páginas pudessem falar sem palavras, por cer-to estampariam nesta edição um terreno com mais flo-res e menos espinhos.

Boas novaspermanentes

Diretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEF

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Outubro | 2011 3

Even

to

Advogados da CAIXA participam da XXI Conferência Nacional da OAB

Liberdade, democracia e ADVOCEF

Uma das novidades na XXI ConferênciaNacional dos Advogados, que ocorre nosdias 20 a 24 de novembro de 2011 emCuritiba/PR, será o lançamento do 13º volu-me da Revista de Direito da ADVOCEF, umaedição especial focada no tema do evento.Na Revista, advogados, arquitetos e profes-sores expõem suas teses envolvendo "Li-berdade, Democracia e Meio Ambiente".O prefácio tem a assinatura do presiden-te da CAIXA, Jorge Hereda.

Considerado o maior evento daadvocacia brasileira, organizadopela Ordem dos Advogados do Bra-sil, a Conferência terá a participa-ção de juristas, ministros de Estadoe ministros do Supremo Tribunal Fe-deral, do Superior Tribunal de Justi-ça e do Tribunal Superior do Trabalho,num total de 114 palestrantes.

A conferência magna de aberturaserá feita pelo jurista Dalmo Dallari e a deencerramento, pelo advogado LuísRoberto Barroso.

Nos cinco dias do evento, serão abor-dadas questões como direito de liberda-de, segurança pública, direitos políticos,ensino jurídico, administração pública, ino-vações do Processo Civil, reforma tributá-ria, defesa do consumidor e democratiza-ção do acesso à Justiça. A evolução dasferramentas tecnológicas e seu impactonos processos judiciais também estará emdiscussão, assim como a liberdade de ex-pressão, direitos e garantias do investiga-do, eficácia dos direitos sociais, entre tan-tos outros temas.

A variedade de temas caracteriza aConferência e mostra o grau da responsa-bilidade do advogado, explica o presiden-te da OAB, Ophir Cavalcante. "É uma refle-

xão sobre a sociedade brasileira, mostran-do para o Brasil e para o mundo que aclasse dos advogados é um importanteagente de transformações.

"São questões que, embora pareçampertencer ao universo restrito dos advoga-dos, irão afetar toda a sociedade a quema Justiça serve", informa o release oficialdo evento. "Será também a ocasião detodos aqueles que trabalham no Judiciá-rio unir-se para preservar o conceito deJustiça como o valor supremo do Direito e,assim, indispensável para que homens emulheres possam viver em paz."

Melhor advocacia públicaO advogado Alaim Stefanello, do Jurí-

dico Curitiba/PR, integrante do ConselhoEditorial da Revista, diz que a participaçãoda ADVOCEF no evento confirma a proe-

minência da Associação, que tem se des-tacado no âmbito do Direito em nível naci-onal. Segundo Alaim, que tem um artigona edição, o destaque da ADVOCEF acon-tece tanto pela articulação institucionaljunto ao Congresso Nacional e tribunaissuperiores, quanto pela consolidação daRD como um instrumento de propagação

da cultura jurídica. "Isso tudo destacacada vez mais os advogados da CAI-

XA como a melhor advocacia públi-ca do país", diz.

Para o advogado FlorianoBenevides de Magalhães Neto, doJurídico Fortaleza, que irá pela pri-meira vez à Conferência, será umagrande oportunidade de discutirtantos assuntos. Ele imagina que,

além do Estatuto da Cidade, umtema de destaque poderá ser o Códi-

go Florestal, "que se encontra em dis-cussão no Congresso Nacional, e que tem

grande importância para a preservação danossa vegetação".

Autor de um texto incluído na ediçãoespecial, Floriano elogia a ideia de focar ostemas da Conferência. Entende que o Di-reito Ambiental é de suma importância "paraque, através de ações e atitudes de hoje,tanto das pessoas individualmente comodos países como um todo, deixemos paraas futuras gerações um planeta melhor".Acredita também que o engajamento daADVOCEF na Conferência será mais umaoportunidade de valorização dos advoga-dos de empresas públicas.

A Conferência Nacional dos Advoga-dos acontece de três em três anos. Para adeste ano são esperados mais de sete miladvogados. As inscrições podem ser fei-tas no site http://conferencia.oab.org.br.

Textos e autores da RD especialVeja quem está na edição especial da Revista de Direito da ADVOCEF:

! Alaim Giovani Fortes Stefanello - A função social do Direito no Estatuto da Cidade! Bianca Zoehler Baumgart Crestani - A relativização do princípio da proteção ao hipossuficiente quanto a empregados de empre-

sas públicas e de sociedades de economia mista! Fernanda Ongaratto Diamante - Lei Nº 12.349/2010 e a promoção do desenvolvimento nacional! Floriano Benevides de Magalhães Neto - Estatuto da cidade: análise a partir do Direito Ambiental, Direito Internacional e da

Constituição Brasileira! Henrique Chagas - Preempção no estatuto da cidade: instrumento de política urbana! Luciana Buksztejn Gomes - A prenotação no Registro de Imóveis! Raquel Rolnik, Renato Cymbalista e Kazuo Nakano - Solo urbano e habitação de interesse social: a questão fundiária na

política habitacional e urbana do país

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Outubro | 20114

Recuperação de crédito eterceirização

Hon

orár

ios

Nos últimos anos o valor do créditorecuperado após encaminhamento aoJurídico tem aumentado sensivelmen-te e, como consequência direta dessedesempenho da área jurídica, tambémestá aumentando, na mesma propor-ção, o valor doshonorários repas-sados à ADVOCEF.

Trata-se, sem-pre é importantelembrar, de umaparceria consubs-tanciada pela co-munhão total deinteresses entreempresa/empre-gador/cliente eprofissionais/em-pregados/advo-gados.

Se, por um lado, a empresa possuiuma ferramenta de gestão para estimu-lar, aferir e premiar a produtividade e odesempenho dos seus profissionaisadvogados, estes estão paulatinamen-te mudando de postura e consciênciadiante das atividades tradicionalmen-te desenvolvidas.

Os números têm mostrado, mêsapós mês, o sucesso dessa relação.Todavia também estamos diante deuma questão altamente polêmica, aterceirização.

A terceirização na área jurídica, porsi só, já foi objeto de muita celeuma nopassado, quando se cogitou até mes-ma da terceirização de todo ocontencioso, passando o Jurídico a de-senvolver apenas um papel deconsultoria interna e gestão dos escri-tórios terceirizados.

Apesar disso, o rumo seguido foioutro, no sentido de reestruturar o Jurí-dico, realizar concursos públicos paracontratação de advogados, internalizarmilhares de processos e assumir, semdelegação, a defesa judicial dos inte-resses da Empresa.

O trabalho desenvolvido pelo Jurí-dico da CAIXA nos últimos anos demons-trou o acerto da decisão.

Álvaro S. Weiler Jr. (*)Paralelamente a tudo isso, sofre-

mos uma avalanche de processos judi-ciais de massa envolvendo os planoseconômicos do período inflacionário. Osexemplos mais marcantes são as açõesde FGTS e poupança.

Para dar vazãoaos milhares deprocessos judici-ais ajuizados emcurto espaço detempo, recorreu-seà "verba de tercei-rização como fer-ramenta de ges-tão".

Nesse contex-to, quando neces-sário terceirizar,tradicionalmenteo Jurídico repas-

sou as ações envolvendo a cobrançajudicial do crédito da própria Empresa.

Muitas vezes as áreas de recupera-ção de crédito dos Jurídicos regionaisforam utilizadas para resolver proble-mas de gestão de pessoas, sem que osprofissionais ali alocados tivessem operfil adequado para desenvolver umtrabalho que re-quer uma multipli-cidade de compe-tências e aptidões.

Trabalhar naárea de recupera-ção apenas paracumprir prazos pro-cessuais pode serfácil. Porém, traba-lhar para recuperarvalores é, efetiva-mente, uma tarefacomplexa e difícil.Pode parecer ób-vio, mas a única razão de ser da área derecuperação de crédito de cada JurídicoRegional é a recuperação total ou parci-al do crédito. O restante, sejamos fran-cos, não interessa ao nosso cliente.

Com a estabilização da economiae a crescente extinção das ações judi-ciais de planos econômicos em

tramitação, podemos pensar nocontencioso de forma mais estável eprojetar o futuro.

Se, por um lado, cada Jurídico Regi-onal tem liberdade para gerir sua verbade terceirização, por outro lado deve seravaliado pelos seus resultados.

Identificados os perfis adequadosdentre os advogados do quadro paraatuar na área de recuperação de crédi-to, teremos resultados muito melhoresdo que qualquer credenciado.

O gestor que propiciar a aproxima-ção e o entrosamento entre o Jurídico ea área gestora do crédito e aparelharsua área de recuperação com as ferra-mentas necessárias ao desenvolvimen-to de um bom trabalho será reconheci-do pelo cliente e também deve ser va-lorizado internamente (avaliação,reestruturação e redimensionamentodos Jurídicos regionais pelo critério demeritocracia).

Não deve haver qualquer receio oupudor por parte do gestor do Jurídico

com o aumento dovalor de honoráriosarrecadados nasua área de com-petência.

Pelo contrário!O gestor regionaldeve focar e sercobrado em razãodo volume do cré-dito que recebepara cobrança e,tendo em vistaesse montante, ovalor do crédito

efetivamente recuperado. Honoráriossão e devem ser apenas umaconsequência natural do bom trabalhodesenvolvido. Uma parcela variável deremuneração relacionada diretamentecom a produtividade da área jurídica.

Nessas condições, não podemosconcordar com a terceirização indiscri-

"O rumo seguido foi outro:reestruturar o Jurídico,contratar advogados,

internalizar processos eassumir, sem delegação, a

defesa judicial daEmpresa."

"Os Jurídicos que maisrecuperam devem ser

destacados para que seestimule o bom trabalho

desenvolvido e se traduza emações o discurso da

meritocracia."

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minada de processos de recuperaçãode crédito, ainda mais quando pratica-da por nós mesmos. Trata-se de um tirono pé.

Nos últimos tempos, houve umaampliação dos processos passíveis deterceirização.

Devemos priorizar, sem dúvida, osprocessos relevantes e o consultivo, po-rém, a recuperação do crédito entregueao Jurídico também é prioridade, eis queé determinante para formar a imagemdo Jurídico perante a Empresa.

Saudamos a indicação pela Direto-ria Jurídica de que a recuperação decrédito é uma das prioridades do Jurídi-co, bem como reconhecemos as recen-tes medidas de revitalização da áreapela Matriz, com a realização de PSI

cada Jurídico deve passar a fazer parteda trilha de avaliação. Os Jurídicos quemais recuperam devem ser destacadose premiados para que se estimule obom trabalho desenvolvido e se tradu-za em ações o discurso da meritocracia.

A ADVOCEF e sua Diretoria de Hono-rários podem e devem conscientizar,estimular e fiscalizar, mas o aumento oudiminuição do volume de crédito entre-gue para cobrança ao Jurídico efetiva-mente recuperado e, por consequência,o valor dos honorários repassados, de-penderão, basicamente, dos gestores decada Jurídico Regional e dos advogadosque atuam nas áreas e nos processosde recuperação de crédito.

(*) Diretor de Honorários(*) Diretor de Honorários(*) Diretor de Honorários(*) Diretor de Honorários(*) Diretor de Honoráriosda ADda ADda ADda ADda ADVVVVVOCEFOCEFOCEFOCEFOCEF.....

"O gestor que propicia oentrosamento entre o

Jurídico e a área gestora docrédito aparelha sua área

de recuperação com asferramentas necessárias."

para a gerência executiva da recupera-ção de crédito e a realização, depois demuitos anos, de uma comissãotemática nacional sobre o assunto.

No entanto, devemos avançar nes-sa diretriz. O valor efetivamente recu-perado pelo número de advogados de

| Negociação

Valorização profissionalA CAIXA se comprometeu a con-

tinuar os estudos de valorização dacarreira profissional no Projeto Re-tenção de Talentos, na mesa per-manente de negociações, com ca-lendário a ser negociado. A propos-ta da Empresa foi apresentada em15 de outubro, na mesa de negoci-ação com a CONTEC. Participaramda reunião o presidente daADVOCEF, Carlos Castro, e o enge-nheiro representante da ANEAC,Valdecir Reis.

Em cumprimento, ainda, a reivindi-cação da ADVOCEF, a CAIXA oferecerá em2012 cursos de aperfeiçoamento paraos integrantes da carreira profissional, deacordo com a necessidade de atuação.As reuniões com as áreas da CAIXA conti-nuam, estando agendado para o fim des-te mês novo encontro com a Diretoria Ju-rídica.

O presidente da ADVOCEF avalia quehouve avanço na negociação, pois a Em-presa, antes, se negava a discutir as ques-tões dos profissionais. A qualidade dostrabalhos apresentados pela ADVOCEF e

CAIXA reconhece a importância de estudos sobre a carreira

ANEAC, a convite da CONTEC, surpreen-deu a própria mesa pela consistência dosdados, que foram confirmados pelosgestores das respectivas áreas.

"A ADVOCEF e a ANEAC continuarãoatentas às reivindicações dos seus asso-ciados e cobrarão da Empresa as solu-ções para as distorções existentes, paraque tenhamos um PCS mais justo eisonômico", afirmou o presidente.

Auxílio CalamidadeFaz parte do Acordo 2011/2012 o

Empréstimo Emergencial em Caso de

Calamidade, linha de créditoespecial aberta pela CAIXApara os empregados atingi-dos por ocorrências como en-chente e desabamento. Seráconcedido um empréstimode até 10 salários-padrão, novalor mínimo de R$ 17 mil,para ser pago em até 60 ve-zes sem juros, com carênciade 90 dias. É necessário queo município do empregadodecrete estado de calamida-

de pública.A proposta foi elogiada na mesa de

negociação pelo presidente Carlos Cas-tro, que em setembro de 2010, atravésda CONTEC, havia encaminhado o OfícioADVOCEF nº 030/2010 requerendo asmesmas providências da CAIXA. Relatan-do o sofrimento dos colegas atingidos pe-las tragédias ambientais, Castro referiuna correspondência exemplos de outrosbancos que se dispuseram a acudir seusempregados. Castro cobrou a medida du-rante todo o ano na mesa permanentede negociação.

|||||Dissídio: a ADVOCEF e a CONTEC na mesa de negociação

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Outubro | 20116

Reunião na AGUC

arre

ira

O diretor de Articulação e Relacio-namento Institucional da ADVOCEF, Jú-lio Vitor Greve, participou da reunião emque foi entregue ao advogado-geral daUnião, ministro Luís Inácio Adams, o an-teprojeto de lei que cria a carreira deProcurador de Empresa Pública Fede-ral. Na audiência, ocorrida em 07/10/2011, compareceram os representan-tes da Associação Nacional dos Procu-radores de Empresas Públicas Federais(ANPEPF), da Associação Nacional dosProcuradores Federais (ANPAF) e daOAB/DF.

O presidente da ANPEPF, Otávio L.Rocha F. Santos, informou o objetivo doprojeto, que "é estruturar, padronizar evalorizar os profissionais, municiando-os das garantias mínimas". Aconselheira federal Meire Mota Coelhodefiniu os profissionais: "Na maior par-te das estatais eles são chamados deanalistas. Isto é, são advogados, repre-sentam judicialmente a estatal, mas

ANPEPF entrega anteprojeto que cria a carreira de Procurador deEmpresa Pública Federal

não têm a nomenclatura adequada. Háhorários diferenciados, honorários quenem todos recebem. Esse projeto vaipadronizar e estabelecer um regime ju-rídico próprio, melhorando a defesa dasentidades estatais e a defesa dopatrimônio público".

Momento oportunoDepois de ouvir os pronunciamen-

tos, o ministro Luís Inácio comentou quea pauta pode avançar. "O que eu achocentral é, de fato, estabelecer o locusjurídico dentro da estatal. É interessan-te buscarmos a uniformização. Essaquestão da identidade na área jurídicaé muito importante."

Segundo Júlio Greve, o ministro semostrou receptivo às reivindicaçõesapresentadas e deixou claro que o mo-mento é oportuno para se buscar umapadronização da estrutura e de atua-ção dos procuradores das diversas em-presas públicas federais. "Tanto é que,

ao receber o material, requereu imedi-ato estudo e parecer à sua assessoriatécnica", acrescentou.

(Com informações de matéria dePriscila Gonçalves, publicada no site daOAB.)

|||||Audiência na AGU (em pé, da esq. para a dir.): Maria Caroline, assessora do senador Gim Argelo; Og Pereira de Souza, da INFRAERO; Júlio Greve, da ADVOCEF;Simão Szklarowsky, da INFRAERO; Emens Pereira, vice-presidente da OAB/DF; Marcus Vinicius Furtado Coêlho, secretário-geral do CF da OAB; Meire Mota Coelho,

conselheira federal da OAB; Luís Inácio Adams, advogado-geral da União; Otávio dos Santos, presidente da ANPEPF; Francisco Caputo, presidente da OAB/DF;Alexandre Ventin, diretor tesoureiro da ANPEPF; Rogério F. Machado, presidente da ANPAF; Saulo Sérvio Barbosa, vice-secretário-geral da ANPEPF;

Túlio F. Pinheiro, secretário-geral da ANPEPF; Alexandra Caiado e Ana Carolina Maia, ambas da INFRAERO.

Do anteprojetoArt. 1º, parágrafo único:"Procurador de Empresa Pública

Federal é aquele aprovado em con-curso público realizado por empresapública federal, que exija formaçãoem curso de graduação em Direito einscrição na OAB."

Art. 2º, primeiro parágrafo:"Os Procuradores de que trata

este artigo serão vinculados tecnica-mente à Advocacia Geral da União -AGU, mas permanecerão vinculadosadministrativamente às respectivasEmpresas Públicas Federais."

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A luta pelos honoráriosPresidente Carlos Castro relata em palestra as principais conquistas da ADVOCEF

|||||Presidente Carlos Castro: ADVOCEF amadurecida e fortalecida em 19 anos

A história da luta dos advogados daCAIXA que redundou na conquista do di-reito de perceber honorários foi relatadaa um público interessado, presente no 1ºEncontro de Advogados da AdministraçãoDireta, Indireta e Regimes Especiais, ocor-rido em 07/10/2011, na sede daSeccional da OAB/PR, em Curitiba. Comopalestrante convidado, o presidente daADVOCEF, Carlos Castro, acompanhadodo diretor de Honorários, Álvaro Weiler,recuperou a trajetória da entidade desdea sua fundação, em 15 de agosto de1992.

O evento teve início em 06/10, coma exposição do secretário-geral daSeccional, JulianoBreda, sobre "Prerro-gativas dos Advoga-dos Empregados emEmpresas da Adminis-tração Pública Direta eIndireta".

Em sua palestra,Carlos Castro desta-cou a edição da Lei8.906 (Estatuto da Ad-vocacia e da OAB), em1994, que detonou aluta sem tréguas dosadvogados pelo direi-to aos honoráriossucumbenciais. Coma assinatura do pri-meiro acordo com aCAIXA, em 1996, aADVOCEF, já fortale-cida, passou a desem-penhar o papel de entidade mediadora erepassadora dos honorários aos profissi-onais do Jurídico.

Em 1999, a CAIXA resolveu, unilate-ralmente, suspender o pagamento dehonorários. Com o apoio da FENADV, aADVOCEF foi à Justiça e em 2001 se che-gou a um acordo em juízo, sendo os ad-vogados indenizados e os honorários res-tabelecidos.

O assunto preferidoDe lá para cá, informou o presidente

Carlos Castro, o quadro jurídico da CAIXA

Even

to

tar o direito à percepção da verba. Porfim, conclamou a todos a se engajaremna luta pelo direito garantido no Estatu-to da Advocacia.

Segundo Castro, os honorários estãotão ligados à vida dos profissionais daCAIXA, hoje, "que onde houver mais deum advogado reunido, com toda certezaum dos assuntos será honorários".

O presidente referiu a evoluçãoexitosa da ADVOCEF, que completará 20anos em 2012. "Não há dúvida de que anossa Associação amadureceu e foifortalecida ao longo desses 19 anos de

criação, respeitada pelos órgãos de clas-se e pelas nossas confederações e cen-trais sindicais", disse Castro.

Acrescentou que, com o apoio daADVOCEF, há associados conselheirosnas Seccionais da OAB, diretores dos sin-dicatos de advogados e vice-presidentesda FENADV e diretores em várias institui-ções que representam a categoria.

Um ministro no STJ"Já fizemos um desembargador fede-

ral e um desembargador federal do Tra-balho, ambos da 4ª Região no Rio Gran-de do Sul, os nossos ex-associados JoãoBatista e João Pedro Silvestrin", salien-

tou Castro. "Por últi-mo, numa campanhamemorável consegui-mos levar o nossoassociado AntonioCarlos Ferreira ao car-go de ministro do Su-perior Tribunal de Jus-tiça."

Castro disse quea ADVOCEF procuraocupar os seus espa-ços, através do Quin-to Constitucional enos postos do movi-mento sindical ede classe, buscandosempre, também, oapoio parlamentar,com visitas aos mem-bros do CongressoNacional.

Estavam presentes também no even-to em Curitiba a vice-presidente daADVOCEF, Anna Claudia de Vasconcellos,e o advogado Alaim Stefanello, gerentedo Jurídico Curitiba, com integrantes desua equipe.

Antes da palestra, os representan-tes da CAIXA foram recebidos no gabi-nete do presidente da OAB/PR, JoséLucio Glomb, que foi presenteado como livro "Advocacia na Caixa EconômicaFederal - Trajetória de 150 Anos", da his-toriadora Elizabeth Torresini, editadopela ADVOCEF.

passou para 945 advogados e o acervoatingiu 1,2 milhão de processos, sendo1,1 milhão no primeiro grau e 100 mildistribuídos entre os tribunais regionais,superiores e o Supremo Tribunal Federal.Cabem assim a cada advogado, em mé-dia, 2,5 mil processos.

Castro falou à plateia de advogadossobre o andamento dos principais proje-tos de lei do interesse do ConselhoFederal da OAB que tramitam no Con-gresso Nacional, especialmente os quetratam de honorários. Orientou como asprocuradorias devem agir junto aosPoderes Executivo e Legislativo e órgãosda administração pública para conquis-

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Outubro | 20118

| Judiciário

| Registro

|||||Edição especial: ponto para a ADVOCEF

|||||Ministra Dora: sensibilidade na comunicação

O advogado aposentado da CAIXA emCuritiba/PR, Antônio Dilson Pereira, envioucarta à Editoria comentando o texto de Joa-quim de Campos Martins publicado no su-plemento Juris Tantum da ADVOCEF emRevista. Segundo Dilson, o artigo aborda"com precisão" a condição do advogadocomo essencial à administração da Justi-ça. Dilson elogia também a edição especialda Revista sobre os 150 anos da CAIXA,"obra de qualidade e que merece lugar dedestaque em qualquer biblioteca".

Leia a carta na íntegra."A qualidade das publicações dessa As-

sociação, de alto nível, tem mantido padrãoinvejável em comparação com publicaçõesde entidades afins. Sem desprezar todas asdemais matérias, cabe realce o texto deautoria do Dr. Joaquim de Campos Martins,sob o título "Sistema Jurídico Nacional - Oadvogado, o juiz e o promotor" (edição Ju-lho/2011), no qual aquele ilustre advogadoaborda com precisão tema da mais alta re-levância que estava carente de manifesta-

A condição de advogado

Cuidado com a juiziteLições de autocrítica de magistrados aos novos colegas

Minhas quase quatro décadas de ad-vocacia autorizam-me a dizer que algumasautoridades ainda não assimilaram a nor-ma constitucional que coloca o advogadocomo essencial à administração/distribui-ção da Justiça, assim como não compre-enderam, também, o Estatuto dos Advo-gados, tanto que temos visto nas instala-ções da Justiça advertências de que o de-sacato à autoridade é crime (art. 331 doCP). A meu ver, isto é uma agressão aoadvogado que sempre tem primado pelorespeito a todos.

Outro ponto marcado por essa Asso-ciação foi a publicação alusiva aos 150anos da CAIXA, obra de qualidade e quemerece lugar de destaque em qualquerbiblioteca. Cumprimento-o, solicitandoque transmita meus cumprimentos à Di-retoria da Associação, particularmente, aopresidente Carlos Alberto Regueira deCastro e Silva.

Atenciosamente, Antônio Dilson Perei-ra - Advogado Aposentado da CAIXA/PR."

Foi um momento de constrangimento,em uma vara do Trabalho de Goiás, quan-do a mulher, de origem rural, dirigiu-se àhoje ministra do Tribunal Superior do Traba-lho Dora Maria da Costa chamando-a de"Dona Coisinha". Mas, percebendo que nãose tratava de desrespeito, a ministra pros-seguiu normalmente com a audiência. Ahistória foi contada aos alunos da EscolaNacional da Magistratura do Trabalho(ENAMAT), ilustrando a lição transmitidapela ministra de que é necessário ao ma-gistrado ter sensibilidade na comunicaçãocom pessoas simples.

Outros magistrados passaram suasexperiências aos alunos do Curso de For-mação Inicial da Enamat, em 2008, con-forme matéria reproduzida no mês passa-do pelo site Espaço Vital. O ministro Márcio

Eurico Vitral Amaro disse que uma de suaspreocupações era que os novos juízes nãocontraíssem a "juizite", gíria criada, segun-do a matéria, "pelos advogados para desig-nar magistrados que se tornam demasia-damente vaidosos de seu saber e poder,considerando-se superiores aos demais

mortais". Vitral relatou o caso de um juizque, ao tomar posse, declarou: "Agora voujogar todos os livros fora, porque não preci-so aprender mais nada".

O ministro Walmir Oliveira da Costarecomendou aos novos magistrados tra-tar a todos com urbanidade, lembrandoque o advogado é o principal interlocutordo juiz na comunidade jurídica. "Se ganhar-mos o respeito deles, o trabalho fica maissimples."

Acrescentou ser fundamental que osjuízes estudem os autos do processo an-tes da audiência, "pois os advogados vãotestá-los". Recomendou aos novos juízesque, sempre que possível, recebam os ad-vogados, ressaltando que, para não ante-cipar decisões, "não precisam dizer nada,só ouça".

ção adequada e análise profunda, até mes-mo pelo silêncio omisso da Ordem dos Ad-vogados do Brasil sobre o assunto.

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Lições amargasD

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É dura a vida de advogados que são também professores“Mestre não é quem sempre

ensina, mas quem derepente aprende.“

João Guimarães Rosa

Aproveitando que é outubro,mês em que os mestres festejame debatem sobre o seu ofício (nodia 15), o advogado e professorVolnir Cardoso Aragão, do Jurídi-co Porto Alegre/RS, envia "since-ros parabéns" aos colegas queconseguem desempenhar as fun-ções de advogado da CAIXA e pro-fessor, "suportando as pressõesdos gestores". Mas, para quemainda não cumpre as duas atri-buições e deseja fazer isso umdia, seu recado é: "desista".

Depois de atuar em faculdades comoUniversidade Luterana do Brasil (Ulbra),Centro Universitário Ritter dos Reis ePontifícia Universidade Católica do RS(PUCRS), Volnir não leciona mais. "Não éde hoje que os professores no Brasil sãouma classe absolutamente desfa-vorecida,

quer diga respeito àscondições de traba-lho ou à remunera-ção", afirma.

O advogado serefere a salas de aulalotadas, baixa remu-neração e falta de in-centivo à qualifica-ção - um problemade décadas. Mencio-na um estudo recen-te da Universidade

Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),tema da redação do vestibular, que cons-tatou a baixa procura nos últimos anospelos cursos de Licenciatura, demonstran-do o quanto o Magistério perdeu em pres-tígio. Volnir dava aulas de Direito Empre-sarial e Direito Processual Civil.

Inovações tecnológicasColega de unidade jurídica, a

advogada Anelise Ribeiro Pletsch comen-ta que os maiores desafios hoje estãoligados às modificações por que passa oensino. Elas acontecem, de acordo com

a advogada, especialmente para atendera um aluno cada vez mais conectado comas inovações tecnológicas e com a diver-sidade de fontes de informação.

Já em relação aos professores advo-gados da CAIXA, Anelise concorda que omaior desafio é mesmo compatibilizar ogrande volume de trabalho dos Jurídicoscom a atividade em sala de aula, que de-manda outro tipo de preparação e pes-quisa. Por outro lado, observa que o tra-balho fora da universidade fornece sub-sídios para aliar a teoria e a prática noensino. Anelise leciona Direito Internaci-onal Público e Direito Internacional do Tra-balho, na Unisinos, em São Leopoldo/RS.

Ser professor na CAIXA e advogadoda CAIXA é um ato de heroísmo, diz Volnir

Aragão. "Tanto pela quase impossível ta-refa de exercer dupla jornada em funções

que exigem enorme dedicação, quantopelo completo desrespeito e

desconsideração dos gestores daárea jurídica por aqueles advoga-dos exercentes do Magistério. Nãohá uma visão do gestor quanto aoganho institucional, que é ter umadvogado professor numa univer-sidade, e a importância que temesse profissional na formação deprofissionais do Direito."

Um país semeducação

Segundo Volnir, as principaisreivindicações dos professoresnos dias de hoje são as mesmas

de muitos anos: remuneração compatí-vel com o desempenho da profissão naformação de cidadãos, melhores condi-ções de trabalho e o reconhecimento dajornada extraclasse. Este último item,também destacado por Anelise, envolvea remuneração para horas de trabalhoprestadas na preparação das aulas, ela-boração e correção de provas e trabalhos.

Em síntese, conclui Volnir, é precisoter atenção para o quadro atual: "Não seconstrói um país sem educação e paraisso é necessário o reconhecimento deseus professores, assim como não seconstrói um corpo jurídico forte sem qua-lificação de seus profissionais e reconhe-cimento de seus multiplicadores de co-nhecimento."

Pressupostos impossíveisVolnir Cardoso Aragão, advogado do Jurídico Porto Alegre/RS.Volnir Cardoso Aragão, advogado do Jurídico Porto Alegre/RS.Volnir Cardoso Aragão, advogado do Jurídico Porto Alegre/RS.Volnir Cardoso Aragão, advogado do Jurídico Porto Alegre/RS.Volnir Cardoso Aragão, advogado do Jurídico Porto Alegre/RS.

"Aqueles que alme-jam um dia exercer o Ma-gistério sendo advogadoda CAIXA, meu conselho:desistam, pois, para aten-der às exigências mínimasquanto à qualificação ne-cessária das IES, é precisominimamente um cursode mestrado, que exige

|||||Anelise: as evoluçõestecnológicas

dedicação e investimento,pressupostos impossíveisde se obter enquanto ad-vogado da CAIXA, querpela burocracia no fomen-to e ajuda financeira porparte da CAIXA, quer pelamá vontade dos gestoresno que diz respeito à flexi-bilidade de horários."

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Vale

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Rápidas

FGTS. Redirecionamento da execução.Impossibilidade. TRF 1

"I - A teor do enunciado de Súmula 353 do STJ - "As disposições doCódigo Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para oFundo de Garantia do Tempo de Serviço". II - Impossibilidade deredirecionamento da execução fiscal para cobrança de contribui-ções devidas ao FGTS a sócio da pessoa jurídica executada, emfunção da inaplicabilidade do art. 135, III, do CTN. Precedentesdesta Corte e do e. STJ. III - O inadimplemento da obrigação, por sisó, não configura violação de lei apta a ensejar a responsabilizaçãodos sócios e o redirecionamento da execução nas lides que tra-tam de cobrança da contribuição para o FGTS, uma vez que ahipótese não comprova abuso da personalidade jurídica, fraudeou má-gestão na atividade empresarial. Precedentes desta Cortee do STJ. IV - O agravante, na condição de sócio da empresaexecutada, não é parte legítima para figurar no polo passivo darelação processual de demanda executória relativa a valores de-correntes do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo deServiço, por não ser viável o redirecionamento da execução, combase nas disposições do Código Tributário Nacional." (TRF 1, AI2007.01.00.059497-4 MG, Sexta Turma, Rel. Juiz Conv. Francis-co Neves da Cunha, DJe 12/set/2011).

FIES. CDC. Inaplicabilidade. TRF 5

"1. São inaplicáveis as regras do Código de Defesa do Consu-midor - CDC aos contratos de financiamento estudantil comrecursos do FIES. Precedente do STJ. 2. Na condição de res-ponsável pelos recursos do financiamento, a responsabilida-de pela avença é da Caixa Econômica Federal e não da agên-cia bancária na qual se deu a contratação. 3. Sabendo-se quea competência para conhecer e julgar as ações contra empre-sa pública federal é da Justiça Federal (CF, art. 109, I), ausen-te qualquer prejuízo para as partes o fato de a ação revisionalser processada perante a Seção Judiciária de Pernambuco,onde se encontra domiciliada a estudante contratante. 4. Agra-vo de instrumento parcialmente provido." (TRF 5, AI2009.05.00.034074-6 PE, Terceira Turma, Rel. Des. MarceloNavarro, DJe 04/maio/2011).

Repetitivo. Bancos. Responsabilidade objetiva.Danos. STJ

"1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: As instituições bancáriasrespondem objetivamente pelos danos causados por fraudesou delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertu-ra de conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediantefraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal res-ponsabilidade decorre do risco do empreendimento, caracteri-zando-se como fortuito interno." (STJ, REsp 1.197.929 PR, Se-gunda Seção, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 12/set/2011.)

SFH. Usucapião. Impossibilidade. TRF 5

"1. Hipótese em que os Recorrentes ocupam imóvel objetode financiamento pelas normas do SFH e, em sede de execu-ção extrajudicial movida em face da inadimplência do antigomutuário, foi arrematado pela CAIXA. 2. Não há animusdomini na posse ora discutida por se tratar de posse deriva-da. É que não há que se falar em posse ad usucapionem emfunção da prescrição aquisitiva de imóvel urbano arremata-do pela CAIXA em processo de execução extrajudicial, hajavista a ausência de animus domini daqueles que, por forçade lei, têm que devolver o imóvel a outrem, uma vez que opossuem sem justo título. 3. Além de os Recorrentes nãopossuírem justo título, não têm, sequer, presunção de boa-fé,pois tinham ciência de que o imóvel ocupado indevidamenteestava em processo de execução extrajudicial." (TRF 5, AC0014214-57.2006.4.05.8100 CE, Segunda Turma, Rel.Des.Francisco Barros Dias, DJe 14/jul/2011.)

Execução. Título extrajudicial.Prescrição intercorrente. TRF 4

"Transcorrido prazo superior a 5 (cinco) anos sem que a parteexequente tenha diligenciado na busca de bens de proprie-dade do executado passíveis de constrição judicial, opera-sea prescrição intercorrente." (TRF 4, AC 2000.70.01.003700-9 PR, Terceira Turma, Rel. Min. Fernando Quadros da Silva,DJe 04/out/2011).

Ação rescisória. Prazo decadencial. STJ

"1. O prazo para o ajuizamento da ação rescisória é de deca-dência (art. 495, CPC), por isso aplica-se-lhe a exceção pre-vista no art. 208 do Código Civil de 2002, segundo a qual osprazos decadenciais não correm contra os absolutamenteincapazes." (STJ, REsp 1.165.735 MG, Quarta Turma, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, DJe 06/out/2011.)

LeituraAbuso de defesa e parte incontroversa da demanda

Autor: Luiz Guilherme Marinoni. Editora: RT. 2ª Ed. 240 págs.O autor faz minuciosa análise do abuso de defesa, principal-

mente no que tange à tutela antecipada (art. 273, II e §6º, do CPC)e à luz do direito fundamental à duração razoável do processo.Encampa, no estudo, o cabimento da tutela antecipada da parteincontroversa da demanda, apresentando seus principais nuances.

Elaboração

Jefferson Douglas Soares e Giuliano D'Andrea.

Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara os endereços:

[email protected] e [email protected].

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Outubro | 2011

| Vale a pena saber

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"PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE MULTA A TÍTULO DEASTREINTES. DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL CONTRA AQUAL NÃO CABE MAIS RECURSO: PROVA NÃO COLIGIDA AOS AU-TOS. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. 1. Sustenta a Recorren-te que a Agravada propôs procedimento provisório de cumprimen-to de sentença, pretendendo receber da mesma o valor deR$2.000.000,00 (dois milhões de reais), a título de multa poralegado descumprimento de decisão de antecipação de tutelaexarada no Processo nº 2008.85.00.00.2127-4, Ação Popular porela proposta com o objetivo de ver anulados os contratos deterceirização de serviços jurídicos julgada procedente pela 1ª Ins-tância. 2. Argumentou a Agravada que a decisão fixou multa deR$50.000,00 (cinquenta mil reais) por ocorrência em caso dedescumprimento da medida liminar e a CEF continuou permitindoa terceirização de serviços totalizando 40 (quarenta) ocorrências(ajuizamento de ações) após a publicação dos embargos de decla-ração opostos contra o despacho de recepção dos recursos daspartes rés, em 01.06.2009. 3. Em sede de decisão liminar, em16.09.2008, após a apresentação de defesa pela CEF, o Juízodeterminou a extinção gradual dos três contratos de prestação deserviços advocatícios então vigentes, sob pena de multa diária deR$10.000,00 (dez mil reais). Essa decisão foi suspensa por Agra-vo de Instrumento interposto pela CEF junto a esta Corte. 4. Amedida liminar se manteve suspensa até que, em 20.02.2009,foi publicada sentença julgando procedente o pleito da então Auto-ra Popular e anulando-se os contratos de "terceirização de serviçosjurídicos", vedando-se a adoção de semelhante sistemática no fu-turo, sob pena de multa de R$50.000,00 (cinquenta mil reais porocorrência). 5. Foi concedido um prazo de 90 (noventa) dias paraque a CAIXA promovesse as extinções contratuais, após o trânsitoem julgado, ressalvando a possibilidade de decisão diferente quantoà eficácia imediata desta, conforme recurso que pende de apreci-ação no TRF da 5ª Região. 6. Ciente da sentença, o Relator do

JurisprudênciaAgravo de Instrumento que mantinha suspensa a medida liminar oconsiderou prejudicado e o extinguiu, por falta de objeto, decisãoque foi publicada em 01.04.2009 e que restou irrecorrida. Ocorreque, a partir daí e uma vez prejudicado o Agravo, a medida liminarfoi substituída pela sentença. 7. Todas as rés interpuseram agravosde instrumento da decisão que recebeu as apelações apenas noefeito devolutivo, cujo pleito de efeito suspensivo foi indeferidopelo Relator, Dr. Manuel Maia, o qual deixou assentado que a sen-tença não albergou possibilidade de execução provisória, situaçãoque não poderia acarretar ao Agravante nenhuma espécie de pre-juízo de grave ou de difícil reparação. 8. O mérito deste recurso foiconhecido e rejeitado por decisão publicada em 08.10.2009. As-sim, o Juízo Federal a quo considerou correto o cumprimento dasentença e aceitou a existência de 36 (trinta e seis) ocorrências(ajuizamentos), que seriam materializadas pela distribuição deprocessos pelas três sociedades terceirizadas, entre 17.09.2009e 02.10.2009. 9. As astreintes não têm razão de ser. A decisãoliminar do juízo federal a quo foi suspensa por esta Corte federal,que proferiu novo julgamento. O Agravo de Instrumento deste TRF/5ª é que não poderia ter sido julgado prejudicado, mas deveria ter-se julgado seu mérito, para se evitar imbróglios e interpretaçõesteratológicas, tais como uma sentença de primeiro grau substituiruma decisão turmária de Tribunal. 10. Só pode existir multa casose comprove que deixou de haver cumprimento da decisão finalque fixou novo valor da multa e após o prazo que se concedeu paracumprimento do julgado [90 (noventa) dias após o término doprazo dos recursos excepcionais]. 11. Não se trouxe prova do ale-gado para os autos. O que se quer é receber valor de multa que foisuspensa por este TRF da 5ª Região e isso é descabido, devendo amesma ser integralmente afastada.

12. Agravo de Instrumento conhecido e provido." (TRF 5, AI0006074-11.2011.4.05.0000 SE, Segunda Turma, Rel.Des. Fran-cisco Barros Dias, DJe 21/jun/2011.)

"ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SEGU-RO-DESEMPREGO. NEGATIVA INDEVIDA DE PAGAMENTO.RESPONSABILIZAÇÃO OBJETIVA DO ESTADO. 1. Na condição deBanco Oficial Federal responsável pelo pagamento do seguro-desemprego, a CEF responde objetivamente, nos termos doartigo 37, § 6º da Constituição Federal, pelos prejuízos causa-dos na realização do serviço público que presta. 2. Estandopresentes no caso os pressupostos para tanto - ato, consistentena negativa indevida de pagamento do seguro-desemprego;nexo de causalidade; e dano, o qual, no caso, apesar de inexistirindicação de qualquer outro evento excepcional, é presumido,pois o próprio gravame, por si só, gera a presunção de dano - é ocaso de se condenar a CEF a pagar ao autor indenização pelosdanos morais provocados pelo não pagamento do seguro-de-semprego devido ao demandante.3. Quanto ao dano imaterial,a indenização deve ser fixada em quantia que, de um lado, não

Decisão desfavorável

se torne irrisória, de modo a não serem atingidos os efeitospunitivo e pedagógico do dano moral, e, de outro, de sorte quese evite o enriquecimento indevido de uma parte em detrimen-to da outra. Em face dos mencionados pressupostos, e atentan-do para o fato de que, apesar de não haver nos autos qualquerprova da superveniência de embaraços de maior vulto proveni-entes da impossibilidade de saque do benefício, a presunçãoque decorre da situação de desemprego é a de que os valoresque foram negados ao autor seriam utilizados para o sustentodo demandante, sem deixar de considerar os princípios derazoabilidade e proporcionalidade, tem-se que a CEF e a Uniãodevem pagar ao autor indenização no valor de R$ 4.000,00(quatro mil reais), quantia suficiente para indenizar o dano sofri-do. 4. Apelação provida." (TRF 4, AC 5000622-90.2011.404.7200 SC, Terceira Turma, Rel. Min. Carlos Eduar-do Thompson Flores Lenz, DJe 29/set/2011.)

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Outubro | 201112

Cen

a Ju

rídi

ca

A CAIXA no STFO compromisso de desistência

de processos em trâmite no STF,anunciado pela CAIXA em

03/06/2011, foi cumprido. Ainformação foi prestada aoministro Cezar Peluso pelo

presidente Jorge Hereda, emvisita em 30/09/2011,

acompanhado da equipe daDIJUR. De 512 processos, a CAIXA

desistiu de 483, permanecendoapenas 29 no STF.

O diretor jurídico, Jailton Zanon,disse que desde junho foi interpostoapenas um recurso no Supremo. "Antes,a regra era recorrer sempre, o advogadobuscava autorização para não recorrer.Agora, nós invertemos a nossa regra e oadvogado precisa demonstrar que acausa merece a atuação do Supremo,para posteriormente recorrer", disseJailton. Um trabalho semelhante seráfeito pela CAIXA no Superior Tribunal deJustiça.

|||||No STF, com o ministro Cezar Peluso: Jailton Zanon, JorgeHereda e equipe da DIJUR

1. 2.

Desde o tempo do reiEm dezembro de 2011, os eleitores

paraenses irão decidir em plebiscito sequerem a criação dos dois Estados

desmembrados do Pará. A proposta dedivisão não é nova, informa o professor

José Ribamar Bessa Freire, em artigopublicado no Blog da Amazônia. No século

XVII queriam que as capitanias da regiãonorte do Brasil fossem transformadas em

entidades autônomas. O padre conselheiroAntônio Vieira é que convenceu o rei D.João IV, de Portugal, a fazer o contrário,criando um governo único do Estado do

Maranhão e Grão-Pará.

O argumento de Vieira era que se o rei criasseoutros Estados na Amazônia, teria que nomear maisgovernadores, dificultando o controle sobre eles.Escreveu a D. João, em 4 de abril de 1654: "Digo,senhor, que menos mal será um ladrão que dois, eque mais dificultoso será de achar dois homens debem que um só."

O professor Freire analisa o presente: "Os doisnovos Estados - Carajás e Tapajós -, se criados,significam mais governadores, mais deputados, maisjuízes, mais tribunais de contas, mais mordomias, maisassaltos aos cofres públicos".|||||Padre Antônio Vieira

1. 2.

3.

O Processo AdministrativoA tese sustentada

pelo advogadoFrancisco Xavier da

Silva Guimarães, emseu artigo "A Lei do

ProcessoAdministrativo",

publicado nosuplemento Juris

Tantum desta edição,foi adotada, emsetembro, pela

deputada federalJandira Fegali (PC do B-RJ). O

Projeto de Lei nº 2.349/2011 seencontra na Comissão deConstituição e Justiça da

Câmara. Francisco Guimarães éex-advogado da CAIXA.

Francisco Guimarães registraem seu artigo que, há mais de70 anos, o "insigneadministrativista ThemistoclesBrandão Cavalcante" járeclamava a ausência de "umsistema harmônico e uniformede normas gerais para reger oprocesso administrativo nasdiversas esferas daadministração pública".Segundo Francisco,Themistocles observava na

ocasião que "o Poder Judiciário custa acompreender a relativa desordem dentro daqual se movimenta o processoadministrativo. E daí, muitas vezes, atribuir-se ilegalidade onde houve, apenas, falta deuma norma reguladora do processo".

|||||Steve Jobs

|||||Francisco Guimarães

ConstataçãoFrase que circula na internet,

proferida por anônimo americano:"Há 30 anos tínhamos o Jobs, o

Johny Cash e o Bob Hope. Agora, noJobs, no Cash, no Hope".

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Outubro | 2011 13

| Memória

| Conciliação

Mais de 350 audiências, que propici-aram 75% de acordos e cerca de R$ 5milhões negociados, foram realizadas noMutirão da Conciliação, em São Luís/MA,no período de 12 a 16 de setembro de2011. A advogada Virgínia Neusa LimaCardoso, representante da ADVOCEF doJurídico São Luís/MA, explica o significa-do do resultado: "Além da pacificação so-cial, com a celebração de acordos, tive-mos uma efetiva recuperação de créditoe ganho institucional de grande vulto como Poder Judiciário".

O mutirão foi planejado desde julho,em reuniões com a Diretoria do Foro. Aescolha dos processos foi realizada coma GIREC, sendo formado um grupo de tra-balho para coordenar o mutirão. Foramselecionados 280 ações e 55 contratos,em fase pré-processual.

Na etapa de planejamento participa-ram os advogados Rogério Alves Dias eValéria de Souza Portugal, integrante daComissão de Honorários, com a colabo-ração efetiva do Apoio no cruzamento deinformações SIJUR/GIREC/Justiça.

Trabalho em sintoniaUma ideia que deu certo, segundo

Virgínia, foi a combinação estabelecidade o Jurídico fazer as diligências e aárea de Recuperação cuidar da entre-ga das intimações aos mutuários.Virgínia diz que a Justiça não teria dadovazão à demanda em tão pouco tem-po e, provavelmente, o mutirão teriafracassado.

Nesse período, diversas reuni-ões acertaram os detalhesoperacionais: local, micros ligados narede da CAIXA, quantidade de mesas(no total de nove nos dois últimosdias). O mutirão envolveu, na verda-de, toda a equipe do Jurídico. Alémdos quatro advogados que acompa-nharam as audiências das 8h às 21h,houve a assistência dos colegas queficaram na unidade, com oito estagi-ários.

A equipe da GIREC foi compostapor mais de 15 empregados, alémde dois representantes da EMGEA.

Por parte da Justiça, além de servidores,oito juízes estavam presentes, sendo cin-co da Seção Judiciária e três de outrasseções.

Virgínia salienta que a sinergia inter-na (advogados, Apoio, estagiários) e ex-terna (GIREC) foi fundamental para o de-senvolvimento do processo. E o sucessodo projeto, além das vantagens para aCAIXA, significou um bom incremento naarrecadação de honorários.

Jurídico participa de mutirão em São Luís, com 75% de acordosNegociação bem sucedida

|||||Jurídico de São Luís/MA no mutirão: Rogério, Virgíniae Tiago (atrás); Valéria e Ceres (na frente)

Jayme Lima (*)O Procon na fila

Certa vez, no Paraná, recebi a incum-bência de defender a CAIXA de uma multaimpetrada pelo órgão estadual de defesado consumidor, o Procon. Entretanto, emvez de fazer uma petição de defesa, resolviconvidar o presidente da entidade, que émeu amigo, além de deputado e radialista,para uma visita à maior agência da CAIXAem Curitiba.

A fila dos caixas dava voltas e serpen-teava pela agência. Era óbvio que os caixasnão conseguiriam atender no tempo pre-visto em lei, e assim seguiu-se o seguintediálogo.

Este escriba:- Assustado, deputado?

O deputado:- Rapaz, isto é um absurdo. Como vocês

permitem uma fila como esta?- É verdade, mas gostaria que manti-

vesse um diálogo com as pessoas da fila eobservasse quem são.

E assim fez o deputado:- Olá, como vai a senhora?- Deputado, que bom que o senhor está

aqui. Veja quanto tempo demoramos nafila!

- A senhora tem conta aqui?- Não, senhor, só vim buscar meu Vale-

Gás.

Outro diálogo:- A senhora, o que faz aqui?- Vim buscar meu FGTS.E assim foi. Menos de 5% eram clien-

tes da agência, a maioria queria o atendi-mento de FGTS, Seguro Desemprego, Vale-Gás, Bolsa Escola e tantos outros serviçosque nenhuma outra instituição atende.

O presidente do Procon entendeu omotivo da visita e mandou suspender amulta.(*) Advogado aposentado da CAIXA.(*) Advogado aposentado da CAIXA.(*) Advogado aposentado da CAIXA.(*) Advogado aposentado da CAIXA.(*) Advogado aposentado da CAIXA.

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Outubro | 201114

O aniversário do Fundo de GarantiaRe

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O Fundo completa 45 anos de bons serviços à população brasileiraCriado pela Lei 5.107, de

13/09/1966, o Fundo deGarantia do Tempo de Servi-ço (FGTS) completou 45 anosmantendo a reputação defonte de recursos fundamen-tal para a aplicação das polí-ticas públicas do governo. Nopapel de agente operadorado Fundo, a CAIXA adminis-tra programas como o Pró-Moradia, Carta de Crédito ePró-Saneamento, que possi-bilitam a construção de habi-tações populares, redes deesgoto e de abastecimentode água, que influem na qualidade devida dos brasileiros e geram empregos.

Segundo dados da GEPAS (GerênciaNacional de Passivo do FGTS), o Fundode Garantia tem um patrimônio de R$276,3 bilhões, um patrimônio líquido deR$ 35,9 bilhões e uma carteira de R$120,8 bilhões em operações de crédi-to. A expectativa para 2011 é que a ar-recadação bruta alcance a cifra de

R$ 72,2 bilhões (16,4% superior ao doexercício anterior).

Na opinião do advogado FabianoJantalia, ex-CAIXA e atual procurador doBanco Central, o FGTS se revelou um ins-trumento eficaz de indenização por tem-po de serviço. Autor do livro "FGTS - Fun-do de Garantia do Tempo de Serviço", Fa-biano afirma que a fórmula adotada pelolegislador brasileiro - de poupança ante-

Três mudanças necessáriasO procurador do Banco Central, Fabiano Jantalia, diz que há três questões em que é preciso mexer no FGTS. Veja a seguir.

“AprimoramentAprimoramentAprimoramentAprimoramentAprimoramento da goo da goo da goo da goo da govvvvvernança.ernança.ernança.ernança.ernança. O go-verno federal ainda tem uma indevida proe-minência na gestão do Fundo. Tratam-se osrecursos do FGTS como se fossem públicos,quando na verdade eles são eminentemen-te privados e isso acaba enviezando adestinação dos recursos: confunde-se o FGTScom um instrumento de política de governo,coisa que ele nunca foi e jamais pode ser.Política pública se faz com recurso orçamen-tário e não com recurso do FGTS. É claro quea União pode e deve atuar e colaborar, masa gestão dos recursos deve ficar a cargo deuma estrutura em que os próprios trabalha-dores tenham a palavra final. Isso poderia ser feito pormeio das centrais sindicais, por exemplo, que poderiamassumir mais postos de representação no ConselhoCurador.

Remuneração dos depósitos.Remuneração dos depósitos.Remuneração dos depósitos.Remuneração dos depósitos.Remuneração dos depósitos. O debateé antigo, mas ainda não foi devidamente en-frentado. Quem menos ganha com a aplica-ção dos recursos do FGTS é o seu verdadeirodono, o trabalhador. A remuneração das con-tas é pífia, irrisória e muitas vezes não garan-te nem mesmo a atualização monetária dosdepósitos em níveis compatíveis com a infla-ção.Equalização das hipóteses de saque.Equalização das hipóteses de saque.Equalização das hipóteses de saque.Equalização das hipóteses de saque.Equalização das hipóteses de saque.É outro grande calcanhar de Aquiles do Fun-do. Penso que a incongruência das hipótesesprevistas na Lei nº 8.036/90 é que acabafazendo com que muitas liminares sejam con-

cedidas para liberar o saque fora dos casos originalmenteprevistos. Há profundas distorções que precisam sercorrigidas para que o sistema do FGTS atenda às finalida-des a que se propôs originalmente.”

cipada do valor da indenização -se mantém como um modelomoderno e eficaz na proteçãodo trabalhador, não encontradonem mesmo em países mais de-senvolvidos. Para ele, um dosmaiores benefícios legados peloFGTS à sociedade brasileira "foio do acesso à tão sonhada casaprópria".

O Fundo onteme hoje

Em artigo escrito para estaedição (leia na pág. 15), oadvogado Mauro Rocha, do

Jurídico São Paulo, editor do sitewww.cartilhadofgts.com.br, declara que éimpossível - e irrelevante - saber se a im-posição do FGTS em detrimento do direitoà estabilidade de emprego, em 1966, foiprejudicial aos trabalhadores, porque o ins-tituto substituído dificilmente teria vez naépoca atual. Acrescenta que é fácil, no en-tanto, mensurar o benefício auferido coma manutenção do Fundo, "bastando menci-

|||||Casa própria: sonho realizado através do FGTS

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| Artigo

Até a criação do Fundo de Garantiado Tempo de Serviço, os direitos traba-lhistas indenizatórios estavam previs-tos na Consolidação das Leis do Traba-lho - a indenização por tempo de servi-ço nos artigos 477 a 487 e a estabilida-de nos artigos 492 a 500. Cumpre res-saltar que, apesar do intenso aprovei-tamento político da CLT pelo governopopulista de Getúlio Vargas e seus se-guidores, a maioria dos direitos traba-lhistas são preexistentes à sua aprova-ção pelo Decreto-Lei nº 5452/43. As-sim é que o direito à estabilidade, ain-da que em forma de privilégio e vincu-lado à matéria previdenciária, pode serencontrado nas constituições de 1824e 1891 e na legislação ordinária, bene-ficiando os trabalhadores ferroviários,já a partir de 1923, e a indenização dotempo de serviço já constava dos tex-tos preliminares da Constituição de1934 e surgiu, expressamente, no arti-go 137, f, da Constituição de 1937.

O golpe militar de 1964 encerrou aetapa populista que se perpetuava des-de o Estado Novo e as renovadas elitesempresariais nacionais, aliadas aos re-presentantes do capital estrangeiro queaqui chegavam para instalar ou adqui-rir unidades industriais e empresas na-cionais existentes, conseguiram incluirentre os objetivos econômicos para obiênio 1964/66 a adoção de um siste-ma de seguro desemprego, destinado

Mauro Antônio Rocha (*)

a substituir o direito à estabilidade, soba justificativa de que "apenas 15% dosempregados eram estáveis, nos 30anos de funcionamento do sistema (deestabilidade)" e que nas empresas commenos de 15 anos, a porcentagem deestáveis não passava de 1%.

Para desenvolver o sistema de se-guro-desemprego foi criado um grupode trabalho - formado por técnicos dosministérios do Trabalho e do Planeja-mento, aos quais se juntaram técnicosdo recém criado BNH, do IBGE e do Ins-tituto de Resseguros do Brasil - que vis-lumbrou a possibilidade da obtençãodos recursos necessários à execuçãodo Programa Habitacional, mediante orecolhimento mensal centralizado, an-tecipado e obrigatório dos direitosindenizatórios - até então entesou-rados nas empresas.

O sistema apresentado foi criticado erepudiado por lideranças trabalhadoras -por prejudicial aos interesses do trabalha-dor e gerador de desemprego, por juristas- que vislumbraram inconstitucionalidadefrente ao inciso XII do art. 157 da Consti-tuição, mas, também, por setores empre-sariais descontentes com a antecipaçãodos desembolsos indenizatórios. Porém,como a rede sindical havia sido desarticu-lada pelo regime militar e a oposição polí-tica era mantida sob rígido controle, o pro-jeto de lei foi enviado para aprovação doCongresso Nacional em trinta dias, prazoque não foi observado - resultando na suaconversão em lei por ato de força excepci-onal do Poder Executivo autorizado peloAto Institucional nº 2.

Portanto, o FGTS foi imposto aosempresários e aos trabalhadores atravésde ato de força, pelo regime oriundo dogolpe militar. A versão folclórica que atri-bui sua criação à dificuldade do Estadoem vender os ativos da Fábrica Nacionalde Motores deve ser compreendida emcontraponto à necessidade política deimunidade quanto às consequências elei-torais dos atos de gestão praticados.

Com a criação do Fundo de Garantiado Tempo de Serviço os trabalhadoresjá empregados puderam optar pelo novoregime ou pela manutenção do regimeda estabilidade. No entanto, a partir deentão, novos contratos de trabalho so-mente seriam firmados mediante a obri-

onar os R$ 250 bilhões em ativos acumula-dos e ressaltar que milhões de trabalhado-res tiveram acesso imediato aos seus direi-tos indenizatórios decorrentes da demissãoou da aposentadoria".

Fabiano Jantalia vê necessidade demudanças no Fundo, que envolvem a ad-ministração, a remuneração dos depósi-tos e a equalização das hipóteses de sa-que (veja boxe na pág. 14). Já o advoga-do Mauro Rocha alerta para "políticos

oportunistas (que) apresentam mais de500 projetos de lei destinados a saquearos recursos do Fundo", além de "banquei-ros travestidos de economistas" que que-rem o fim do FGTS.

O advogado Davi Duarte, do JurídicoPorto Alegre/RS, nota que antes de suautilização pelo titular da conta vinculada,o FGTS - fundo público institucional - cons-titui importantíssima fonte de recursos uti-lizada pelo governo federal para sanar

problemas de habitação popular, sanea-mento básico e infra-estrutura urbana. "Ea par do uso político dessa verba, consi-derando pertencer tais recursos aos tra-balhadores regidos pela CLT, ou talvez porisso, e também devido aos mecanismosde controle, de que sobreleva considerara atuação do Conselho Curador, a sua fi-nalidade e titularidade não sofreram al-terações que o desfigurassem como pou-pança nacional."

FGTS, 45 anos deresistência

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Art

igo

"Os trabalhadoresdevem permanecer

atentos para impedir aaviltação do FGTS, sob

pena de nada existirpara comemorar quando

o Fundo completarcinquenta anos."

gatória adesão espontânea ao regime doFundo. Os dois regimes coexistiram atéa promulgação da Constituição Federalatual que, no art. 7º, III, incluiu o FGTS norol dos Direitos Sociais, tornando-o oúnico regime trabalhista indenizatório nopaís.

Avaliar, 45 anos passados, se a im-posição do FGTS em detrimento do di-reito à estabilidade de emprego foi pre-judicial aos trabalhadores é tarefa im-possível e, em certa medida, irrelevante,porque o instituto substituído dificilmen-te teria lugar no estágio atual das rela-ções capital-trabalho.

É possível, entretanto, mensurar obenefício auferido com a manutençãodo Fundo, bastando mencionar os R$250 bilhões em ativos acumulados eressaltar que milhões de trabalhadorestiveram acesso imediato aos seus direi-tos indenizatórios decorrentes da demis-

são ou da aposentadoria, além de ou-tros milhões de famílias que se valeramdesses recursos para adquirir moradiaou para o atendimento de necessidadesem razão do falecimento ou doença gra-ve dos trabalhadores.

Por tudo isso, no momento em que omercado financeiro pressiona o Banco

Os desafios da CAIXAO gerente nacional da Administra-

ção do Passivo do FGTS, Henrique JoséSantana, lembra que após a edição dasLeis 7.839/89 e 8.036/90, instituin-do a CAIXA como agente operador doFundo, a instituição se preparou para atarefa considerada impossível por mui-tos: a centralização das contas. Apósgrande investimento na aquisição deequipamentos, serviços e treinamentode funcionários, ao final de 1992 esta-vam na CAIXA cerca de 100 milhõesde contas de mais de 70 bancos.

No início dos anos 2000, o Supe-rior Tribunal de Justiça decidiu pelaatualização dos saldos do FGTS rela-tivos aos Planos Verão e Collor I, re-sultado obtido com o trabalho dosgestores do FGTS e dos advogados daCAIXA junto ao Supremo Tribunal Fe-deral, que acatou a tese principal de-fendida pela CAIXA e pela Advocacia-Geral da União (AGU), impugnando asatualizações relativas aos PlanosBresser e Collor II. "Esse julgado fir-mou jurisprudência estendendo o di-reito a todos os trabalhadores queingressassem na Justiça com o mes-mo pleito", diz Henrique.

O gerente conta que naquela época,de cada três processos que transitavamna Justiça Federal, um versava sobre otema FGTS, envolvendo o Jurídico da CAI-XA em mais de 1,2 milhão de ações ati-vas.

Maior acordo do mundoDenominado "o maior acordo do mun-

do", a Lei Complementar 110/2001 crioucondições para o crédito dos complemen-tos de atualização monetária aos traba-lhadores. "Foram feitos cerca de 85 mi-lhões de pagamentos, aquecendo a eco-

nomia nacional em cerca de R$ 41 bi-lhões e consolidando o papel da CAIXAcomo agente operador do FGTS."

A CAIXA criou, em 2009, o Progra-ma Estratégico para melhoria da quali-dade e simplificação de processos. Nes-se contexto, conforme o gerente nacio-nal, está a carteira de créditos a recu-perar, relativa às contribuições não re-colhidas pelos empregadores, quetotaliza mais de R$ 16 bilhões.

"Necessita imediata ação paraalavancar o atual patamar deefetividade na cobrança judicial, sobre-tudo daqueles valores sob responsabi-lidade do Jurídico da CAIXA, de modo apreservar a pujança do FGTS, o que,consequentemente, reveste incremen-to no repasse de honorários em favorda ADVOCEF."

O gerente nacional destaca que obom trabalho deu à CAIXA a condição dereferência no exercício da atribuição deAgente Operador do FGTS. "Esse fato nosfaz crer que cada profissional da CAIXA,unido em sinergia, notadamente aque-les que atuam nas filiais do FGTS e nasunidades regionais do Jurídico, faz partedessa história de superação e sucesso."

|||||Henrique Santana: o advogado da CAIXA fazparte da história do FGTS

Central a elevar para R$ 750 mil o limitede avaliação dos imóveis passíveis deutilização do dinheiro do Fundo, em quepolíticos oportunistas apresentam maisde 500 projetos de lei destinados a sa-quear os recursos do Fundo e em quebanqueiros travestidos de economistasse associam, sem qualquer represen-tatividade ou razão justificativa, para de-liberar sobre o fim do FGTS e de outrosfundos sociais, é de importância vital queos trabalhadores permaneçam atentospara impedir a aviltação de seu principaldireito, sob pena de nada existir para co-memorar quando o Fundo completarcinquenta anos.

(*) Advogado da CAIXA,(*) Advogado da CAIXA,(*) Advogado da CAIXA,(*) Advogado da CAIXA,(*) Advogado da CAIXA,coordenador de Contratoscoordenador de Contratoscoordenador de Contratoscoordenador de Contratoscoordenador de ContratosHabitacionais do JurídicoHabitacionais do JurídicoHabitacionais do JurídicoHabitacionais do JurídicoHabitacionais do Jurídico

São Paulo/SP e editor do siteSão Paulo/SP e editor do siteSão Paulo/SP e editor do siteSão Paulo/SP e editor do siteSão Paulo/SP e editor do sitewwwwwwwwwwwwwww.car.car.car.car.cartilhadofgts.com.brtilhadofgts.com.brtilhadofgts.com.brtilhadofgts.com.brtilhadofgts.com.br.....

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ADVOCEF apoia o CNJ e a campanha contra os corruptos do país

Primavera brasileira

"Há bandidos escondidos atrás datoga", declarou a corregedora nacional deJustiça, ministra Eliana Calmon, virandoimediatamente notícia no país e causandoa reação de membros do Judiciário. Diasantes a Associação dos Magistrados Brasi-leiros (AMB) entrara com Ação Direta deInconstitucionalidade no Supremo TribunalFederal, questionando as prerrogativas doConselho Nacional de Justiça. Para a AMB,o CNJ não tem competência para punir esó poderia agir depois das corregedoriasestaduais. Justamente estas foram consi-deradas, pela ministra, "ineptas,inoperantes e corporativas".

O presidente da Associação de Magis-trados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra,afirmou ao jornal O Estado de Minas que oCNJ "transformou-se num tribunal de exce-ção, à semelhança do regime militar, avan-çando sobre as atribuições do Judiciário edemais poderes para realizar julgamentossumários e punir magistrados de forma ar-bitrária".

O jornalista Alberto Dines, editor doObservatório de Imprensa, apontou o para-doxo: "Aqueles que deveriam zelar pela

aplicação das leis estão em pé de guerracontra os que pretendem cumprir as leisinvestigando e punindo juízes acusados dedesvios de conduta".

A ADVOCEF enviou carta de apoio àministra, desejando-lhe êxito na "árdua egigantesca tarefa de combater o desserviçoà Pátria". Em nome dos associados, o presi-dente Carlos Castro afirma no documento"que também queremos, precisamos e exi-gimos um Poder Judiciário absolutamentejusto e sem máculas, pois um Judiciáriocorrupto é a pior das corrupções".

O advogado Davi Duarte, presidente doConselho Deliberativo da ADVOCEF, disseque a carta representou "um belo gol". "Que-remos transparência e transparência é omesmo que luz. E onde há luz não temmaior espaço para irregularidades. Aliás,onde há luz é mais difícil o ladrão, seja comofor, atuar."

ADVOCEF na campanhaO advogado aposentado da CAIXA Fran-

cisco Guimarães, que já foi corregedor daAdvocacia-Geral da União, também enten-de que o CNJ deve ser o responsável pelo

julgamento das irregularidades praticadaspor juízes, já que o tribunal de origem não ofaz. Para o advogado, errado seria se o CNJ,com suas atribuições constitucionais, ficas-se em silêncio. A atitude contribuiria, dizFrancisco, "para a permanência do nefastoestado de impunidade".

Quanto às declarações da ministra, quetanto desagradaram aos juízes, embora deforma contundente, revelaram o óbvio, in-terpreta Francisco. "Ou seja, que em todasas categorias funcionais formadas, acentu-adamente, por gente boa, a exemplo dados abnegados e íntegros juízes, lamenta-velmente, também, existem exceções quenecessitam, urgentemente, ser extirpadase definitivamente destruídas."

Entre os participantes da segunda Mar-cha contra a Corrupção, em 12 de outubro,em Brasília - em número estimado de 20mil, com grande adesão de advogados -,estava o diretor de Articulação e Relaciona-mento Institucional da ADVOCEF, Júlio Gre-ve. Ele ouviu os discursos do presidente doConselho Federal da OAB, Ophir Cavalcan-te, e do presidente da Seccional do DistritoFederal, Francisco Caputo. Ophir destacou

|||||Na Marcha: Claudio Lamachia, Ophir Cavalcante, Júlio Greve e outros advogados se preparam para os protestos

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ãoCarta à ministra Eliana

Leia na íntegra o ofício encaminhado pelaADVOCEF à ministra Eliana Calmon, corregedorado Conselho Nacional de Justiça, em 03/10/2011.

"Excelentíssima Ministra, Os Advogados e Advogadas da CAIXA ECO-

NÔMICA FEDERAL, por intermédio de sua Associ-ação Nacional dos Advogados da Caixa Econômi-ca Federal (ADVOCEF), cumprimentam Vossa Ex-

celência por sua luta em prolda transparência, da ética epor um Judiciário livre dacorrupção.

A ADVOCEF, em repre-sentação a todos os seus As-sociados e Associadas, sesolidariza com Vossa Exce-lência, desejando-lhe pleno

êxito nessa que se mos-tra uma árdua e gigantes-ca tarefa de combater odesserviço à Pátria.

Salientamos a VossaExcelência que tambémqueremos, precisamos eexigimos um Poder Judiciário absolutamente jus-to e sem máculas, pois um Judiciário corrupto é apior das corrupções.

E nesse momento, em que há vigoroso em-bate, a ADVOCEF apoia irrestritamente a causadefendida com galhardia por Vossa Excelência,que é a causa de todos os brasileiros que bus-cam a justiça em seu pleno valor, equilibrada,correta, eficaz e, sobretudo, justa.

Respeitosamente,Carlos Castro - Presidente da ADVOCEF."

o importante papel que o ad-vogado pode desempenharnessa frente contra acorrupção, "porque não temo rabo preso".

Os manifestantes grita-ram palavras de ordemcomo "Voto secreto não, euquero ver a cara do ladrão",em referência às votaçõesno Congresso Nacional. Car-tazes e gritos pediram a éti-ca na política e a aprovaçãoe aplicação imediata da Leida Ficha Limpa.

Alberto Dines batizou omomento do país de "prima-vera brasileira", inspirado najuíza Patrícia Acioly, assassi-nada por policiais corruptos,e na "brava corregedora na-cional de justiça".

|||||Carlos Castro: porum Judiciário justo

| Reestruturação

A CAIXA vai criar cinco ge-rências regionais e distribuirápelo país 12 novas unidades deassistência técnica. Segundo amatéria do Valor Econômico de10/10/2011, a CAIXA preten-de, também, colocar um funci-onário em cada um dos 283maiores municípios. Conformeexplica o vice-presidente de go-verno da Empresa, José Urba-no Duarte, está em andamentouma grande reestruturaçãooperacional para facilitar o acesso dasprefeituras aos recursos federais.

A CAIXA já treinou cinco mil gestoresmunicipais e, entre outras iniciativas, bus-ca a revisão da Portaria 127, daControladoria Geral da União, quenormatiza as operações com as prefeitu-ras. De acordo com o jornal, a presidenteDilma está comprometida com as altera-ções no documento, consideradas neces-sárias pelo próprio governo.

As medidas vêm ao encontro do quepensa sobre a empresa o advogadoMarcelo Quevedo do Amaral, ex-diretorde Honorários da ADVOCEF, que tem

Facilitar o acessoMudanças na CAIXA para apressar a liberação de recursos

discutido o tema nos encontros da ca-tegoria. Para ele, a CAIXA não é um sim-ples banco, mas um instrumento de ar-ticulação do governo federal com ospoderes públicos e a sociedade, capazde contribuir no planejamento e execu-ção de políticas públicas indispensá-veis.

"Nesse sentido, acredito que a CAI-XA deveria ter uma participação cadavez maior nas políticas de planejamen-to e desenvolvimento das regiões me-tropolitanas e aglomerações urbanasde nosso país, ainda tão carentes deestruturas de gestão integradas."

No mundo pós-neoliberal,avalia Marcelo, o planejamentoe a gestão voltam a ser essenci-ais, após décadas perdidas parao mito da "mão invisível do mer-cado".

Transferência para o BBUma reportagem anterior,

publicada pela Folha de S. Pauloem 04/10/2011, informava quea gestão de programas passariada CAIXA para o Banco do Brasil,

por determinação da presidente Dilma. Omotivo seriam as dificuldades da institui-ção para cumprir prazos de liberação derecursos e fiscalizar as obras do governofederal (a CAIXA é o agente repassador dosprogramas de 18 ministérios).

Na matéria mais recente, do Valor, aCAIXA declarou que apenas 6% das exigên-cias legais impostas aos municípios paracontratar um financiamento são suas. "Os94% restantes são leis, portarias e normasque nascem no Congresso e nos múltiplosministérios que contratam o banco estatalcomo agente repassador de recursos", afir-ma o jornal.

|||||VP José Urbano Duarte: reestruturação para aproximar as prefeituras

|||||Ministra Eliana: apoiodos advogados da CAIXA

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Meu FalconC

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ca

Éder Maurício Pezzi López (*)No início dos anos 80, o sonho de

consumo de todo guri, invariavelmente,era ter um boneco Falcon. Ele era fabri-cado no Brasil pela Estrela (a China erasó um país distante), tinha barba e - omais incrível - tinha uma chavezinhaatrás da cabeça que fazia mexer os olhosde um lado para o outro, daí a sua alcu-nha "olhos de águia". Numa de suas via-gens, meu pai, que era representante co-mercial, me trouxe um Falcon que, emlinguagem atual, poderia chamar de "ge-nérico". Não tinha a barba, nem os "olhosde águia", mas era a realização do meusonho, e eu não cabia em mim de felici-dade.

Naquele tempo, morávamos numaquadra onde quase todos os edifícios eapartamentos eramiguais, construídosno final dosanos 70 peloBNH, ondemoravam tambémos meus amigos da rua. Masaquela pseudo igualdade viria mos-trar seu lado mais cruel no primeiro diaem que desci para mostrar o meu novobrinquedo. Meus vizinhos, que tinham oFalcon verdadeiro - caucasiano, barbu-do e com o raio dos "olhos de águia" -, jáde cara começaram a me gozar, porque,além de não ser verdadeiro, meu"Falcon" era negro. Com seis anos de ida-de, já sentia - na pele do meu boneco, éverdade - o preconceito racial, até dosmeus vizinhos negros, que tinham o ori-ginal.

Outra coisa que foi motivo de piadafoi a indumentária que vinha com o meuboneco. Enquanto o Falcon da Estrelavinha de roupa camuflada, ou com tra-jes para aventuras pelo espaço, meuboneco - totalmentealheio à guerra fria -veio vestido decaubói, o que o dei-xava em certa des-vantagem bélica. Detiros de fuzil ou raja-das de raios laserele tinha que sedefender com um

mísero revólver, ou, na pior das hipóte-ses, tentar laçar o inimigo. Atenta àdescontextualização do meu Falcon, mi-nha mãe deu um jeito de modernizarseus trajes, tricotando uma roupa com

restos de lã bege, amarela e

vermelha. Não era a melhor camuflagem,mas pelo menos o meu era o mais prepa-rado da rua para o inverno.

Não fossem as diferenças originais,alguns infortúniosmarcaram a vidado meu boneco,dando mais ummotivo para meusamigos da rua dis-criminarem o coita-do. Como a cabeçadele era de borra-cha, com o tempo

o cabelinho ralo começou a cair, e umirremediável processo de calvície se ins-taurou. Além disso, um dia esqueci o bo-neco no sol, e, ao pegá-lo, quebrou-se aperna direita bem na articulação do joe-lho. Como não tinha conserto, meu paiprontamente cortou um pedaço do cabode um rodo e adaptou uma perna de pau.

Colocando a botade caubói com pa-pel higiênico para

não cair, nada me im-pedia de travar grandes

combates contra meus vi-zinhos, exceto quando re-

solviam jogar uma pelada comos bonecos.

No entanto, passado algumtempo, meu Falcon já estava plena-

mente entrosado na turma. Meu vi-zinho até lhe reservava a caçam-

ba do jipe que ele tinha, porquena frente ele não cabia, já que

não dobrava a perna. Mes-mo não fazendo muito su-

cesso com as Susis dasmeninas do bairro, ele

tentava se virar pelasimpatia, explicandoque a calvície não

era pela idade, mas em razão de umataque de lança-chamas que sofrerano Vietnã, onde também fora vitimadopor um tiro de canhão que lhe ceifara aperna.

Enfim, mais do que uma frustração,hoje vejo que não ter o Falcon originalme deu a alegria de poder conviver comas diferenças, embora nos politicamenteincorretos anos 80 isso não tenha sidomuito fácil. Em verdade, agradeço aosmeus pais por essa lição, e espero poderensinar o mesmo para a minha filha, queainda nem completou um ano. Quero sóver quando vier me pedir a "BarbieFashionista".

(*) Ex-advogado da CAIXA.(*) Ex-advogado da CAIXA.(*) Ex-advogado da CAIXA.(*) Ex-advogado da CAIXA.(*) Ex-advogado da CAIXA.Advogado da União emAdvogado da União emAdvogado da União emAdvogado da União emAdvogado da União em

Rio Grande/RS.Rio Grande/RS.Rio Grande/RS.Rio Grande/RS.Rio Grande/RS.

"Atenta, minha mãe deu um jeitode modernizar os trajes do meuFalcon, tricotando uma roupa

com restos de lã bege, amarela evermelha. Era o mais preparado

da rua para o inverno."

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Outubro | 2011 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XI | Nº 104 | Outubro | 2011

A Lei do ProcessoAdministrativo

Legis lar sobre Direi to Pro-Legis lar sobre Direi to Pro-Legis lar sobre Direi to Pro-Legis lar sobre Direi to Pro-Legis lar sobre Direi to Pro-cessual compete exclusiva-cessual compete exclusiva-cessual compete exclusiva-cessual compete exclusiva-cessual compete exclusiva-mente à União, mesmo quemente à União, mesmo quemente à União, mesmo quemente à União, mesmo quemente à União, mesmo quese cuide de processo admi-se cuide de processo admi-se cuide de processo admi-se cuide de processo admi-se cuide de processo admi-nistrat ivo – t rata-se de di -n istrat ivo – t rata-se de di -n istrat ivo – t rata-se de di -n istrat ivo – t rata-se de di -n istrat ivo – t rata-se de di -re i to insuscept ível de inva-rei to insuscept ível de inva-rei to insuscept ível de inva-rei to insuscept ível de inva-rei to insuscept ível de inva-são – a Lei nº 9.784 e seusão – a Lei nº 9.784 e seusão – a Lei nº 9.784 e seusão – a Lei nº 9.784 e seusão – a Lei nº 9.784 e seuacanhado e injust i f icado l i -acanhado e injust i f icado l i -acanhado e injust i f icado l i -acanhado e injust i f icado l i -acanhado e injust i f icado l i -mite aplicativo – sua exten-mite aplicativo – sua exten-mite aplicativo – sua exten-mite aplicativo – sua exten-mite aplicativo – sua exten-são aos Estados e ao Dis-são aos Estados e ao Dis-são aos Estados e ao Dis-são aos Estados e ao Dis-são aos Estados e ao Dis-trito Federal em nada inter-trito Federal em nada inter-trito Federal em nada inter-trito Federal em nada inter-trito Federal em nada inter-fere com a autonomia des-fere com a autonomia des-fere com a autonomia des-fere com a autonomia des-fere com a autonomia des-sas unidades federadas desas unidades federadas desas unidades federadas desas unidades federadas desas unidades federadas dese organizar pol í t ica e ad-se organizar pol í t ica e ad-se organizar pol í t ica e ad-se organizar pol í t ica e ad-se organizar pol í t ica e ad-ministrativamente, nem comministrativamente, nem comministrativamente, nem comministrativamente, nem comministrativamente, nem coma gestão interna de nature-a gestão interna de nature-a gestão interna de nature-a gestão interna de nature-a gestão interna de nature-za patrimonial, econômica eza patrimonial, econômica eza patrimonial, econômica eza patrimonial, econômica eza patrimonial, econômica ef inanceira – a unidade e af inanceira – a unidade e af inanceira – a unidade e af inanceira – a unidade e af inanceira – a unidade e ahomogeneização que unifor-homogeneização que unifor-homogeneização que unifor-homogeneização que unifor-homogeneização que unifor-mizam as bases procedimizam as bases procedimizam as bases procedimizam as bases procedimizam as bases procedi -----mentais decorrem da regramentais decorrem da regramentais decorrem da regramentais decorrem da regramentais decorrem da regraconst i tucional dos arts . 22const i tucional dos arts . 22const i tucional dos arts . 22const i tucional dos arts . 22const i tucional dos arts . 22e 2e 2e 2e 2e 244444.

É antiga a reivindicação de umsistema nacional harmônico de nor-mas gerais para disciplinar a atua-ção procedimental, no âmbito da ad-ministração pública, que uniformi-zasse a prática do direito de peti-ção, de representação e do exercí-cio do poder, que deve ficar proces-sualmente documentado, já que aadministração pública, seja daUnião, dos Estados, do Distrito Fe-deral e dos Municípios se sujeita a

Francisco Xavier da Silva GuimarãesAdvogado da CAIXA, aposentado. Foimembro do primeiro Conselho deContribuintes do Ministério da Fazenda.Exerceu no Ministério da Justiça, dentreoutros, os cargos de Diretor doDepartamento de Estrangeiros e deSecretário Nacional dos Direitos daCidadania e Justiça. Ocupou o cargo deCorregedor da Advocacia Geral da União.Foi Consultor Jurídico do Ministério doEsporte. É membro efetivo do Institutodos Advogados do Distrito Federal, doqual foi seu Presidente. Escreveu asobras: “Medidas Compulsórias, aDeportação, a Expulsão e a Extradição”(Forense, 2ª edição, 2002),“Nacionalidade – Aquisição, Perda eReaquisição (Forense, 2ª edição, 2002),“Regime Disciplinar do Servidor PúblicoCivil da União (Forense, 2ª edição,2006), “Direito ProcessualAdministrativo” (Editora Fórum, 2008).

demonstrar, a qualquer tempo, amotivação dos atos administrativos,em razão do interesse público e aprestar contas de sua gestão admi-nistrativa, patrimonial e financeira,tornando-a transparente.

Com o advento, em 1988, danova Constituição brasileira o pro-cesso administrativo mereceu des-taque e tratamento de Direito fun-damental, indispensável na atuaçãoda administração pública da União,dos Estados, do Distrito Federal edos Municípios, servindo de instru-mento seguro e preventivo contraabuso e arbitrariedade. Confira, arespeito, as disposições dosincisos: LIV, LV, LXXVIII, do art. 5ºda Constituição brasileira. Veja, tam-bém, o inciso XXVII do art. 22, oinciso XXI do art. 37 e o inciso II do§1º do art. 41 da Lei magna.

O termo processo, durante mui-to tempo, designou a via exclusivade atuação do Poder Judiciário, emsua função jurisdicional, a ponto deCarnelutti considerar a expressão“processo judicial” uma tautologia,no sentido de vício de linguagem,de redundância.

Por imperativo ditado pela segu-rança jurídica, pela necessidade decontrole da legalidade, fiscalizaçãode contas, transparência dos atosadministrativos dentre outras rele-vantes razões o processo se fez ne-

cessário, também, no âmbito admi-nistrativo, regido por regras própri-as que lhe conferem a autonomia eindependência em relação aos de-mais ramos de direito.

Lícito, assim, diante das menci-onadas regras constitucionais, eraesperar solução normativa maisabrangente que desse fim ao com-portamento procedimental anárqui-co, confuso e desordenado que seimplantou na execução dos serviçosadministrativos das diversas esfe-ras federativas, dada a ausência de

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normas fundamentais, gerais, bási-cas de observância necessária parareger os vários procedimentos emâmbito nacional.

Registre-se que há mais de 70anos o insigne administrativistaThemistocles Brandão Cavalcante,in Revista do Serviço Público nº2,de 11 de agosto de 1938, já recla-mava a ausência de “um sistema“um sistema“um sistema“um sistema“um sistemaharmônico e uni forme de nor -harmônico e uni forme de nor -harmônico e uni forme de nor -harmônico e uni forme de nor -harmônico e uni forme de nor -mas gerais para reger o proces-mas gerais para reger o proces-mas gerais para reger o proces-mas gerais para reger o proces-mas gerais para reger o proces-so administrat ivo nas diversasso administrat ivo nas diversasso administrat ivo nas diversasso administrat ivo nas diversasso administrat ivo nas diversasesferas da administração públi-esferas da administração públi-esferas da administração públi-esferas da administração públi-esferas da administração públi-ca” , ca” , ca” , ca” , ca” , observando que “o Poder “o Poder “o Poder “o Poder “o PoderJudiciário custa a compreenderJudiciário custa a compreenderJudiciário custa a compreenderJudiciário custa a compreenderJudiciário custa a compreendera relat iva desordem dentro daa relat iva desordem dentro daa relat iva desordem dentro daa relat iva desordem dentro daa relat iva desordem dentro daqual se movimenta o processoqual se movimenta o processoqual se movimenta o processoqual se movimenta o processoqual se movimenta o processoadministrat ivo. E daí , muitasadministrat ivo. E daí , muitasadministrat ivo. E daí , muitasadministrat ivo. E daí , muitasadministrat ivo. E daí , muitasvezes, atr ibuir -se i legal idadevezes, atr ibuir -se i legal idadevezes, atr ibuir -se i legal idadevezes, atr ibuir -se i legal idadevezes, atr ibuir -se i legal idadeonde houve, apenas, fa l ta deonde houve, apenas, fa l ta deonde houve, apenas, fa l ta deonde houve, apenas, fa l ta deonde houve, apenas, fa l ta deuma norma reguladora do pro-uma norma reguladora do pro-uma norma reguladora do pro-uma norma reguladora do pro-uma norma reguladora do pro-cesso”. cesso”. cesso”. cesso”. cesso”. E assim, concluiu o mes-tre: “Desaparecerão, assim, as“Desaparecerão, assim, as“Desaparecerão, assim, as“Desaparecerão, assim, as“Desaparecerão, assim, asprevenções contra o processoprevenções contra o processoprevenções contra o processoprevenções contra o processoprevenções contra o processoadministrativo. Os funcionáriosadministrativo. Os funcionáriosadministrativo. Os funcionáriosadministrativo. Os funcionáriosadministrativo. Os funcionáriossaberão quais as normas a se-saberão quais as normas a se-saberão quais as normas a se-saberão quais as normas a se-saberão quais as normas a se-guirguirguirguirguir, a lém de e, a lém de e, a lém de e, a lém de e, a lém de evi tar i r regular i -v i tar i r regular i -v i tar i r regular i -v i tar i r regular i -v i tar i r regular i -dades no processo. E os inte-dades no processo. E os inte-dades no processo. E os inte-dades no processo. E os inte-dades no processo. E os inte-ressados terão seus direitos as-ressados terão seus direitos as-ressados terão seus direitos as-ressados terão seus direitos as-ressados terão seus direitos as-segurados, sabendo com segurados, sabendo com segurados, sabendo com segurados, sabendo com segurados, sabendo com ante-ante-ante-ante-ante-cedênciacedênciacedênciacedênciacedência qual o curso de suas qual o curso de suas qual o curso de suas qual o curso de suas qual o curso de suasdemandas com a administração.demandas com a administração.demandas com a administração.demandas com a administração.demandas com a administração.Essas garant ias e normas de-Essas garant ias e normas de-Essas garant ias e normas de-Essas garant ias e normas de-Essas garant ias e normas de-vem ser f ixadas legalmente, devem ser f ixadas legalmente, devem ser f ixadas legalmente, devem ser f ixadas legalmente, devem ser f ixadas legalmente, deum modo uniforme, com prazosum modo uniforme, com prazosum modo uniforme, com prazosum modo uniforme, com prazosum modo uniforme, com prazose formal idades pré-determina-e formal idades pré-determina-e formal idades pré-determina-e formal idades pré-determina-e formal idades pré-determina-d a s ” .d a s ” .d a s ” .d a s ” .d a s ” .

A grande expectativa acerca dasnormas básicas sobre processo ad-ministrativo, advindas com a ediçãoda Lei nº 9.784/99, no entanto, res-tou frustrada, ante os acanhados li-mites impostos à sua aplicação res-trita ao âmbito da União, excluindo,pois, do campo de sua abrangênciaos Estados federativos, o DistritoFederal e os Municípios.

Realmente, a Lei nº 9.784 de 29de janeiro de 1999, ao limitar suaincidência no âmbito da Administra-

ção Pública Federal, deixou as de-mais unidades federat ivas aodesabrigo das regras que, por im-posição constitucional, devem uni-formizar as bases procedimentaisem favor da tão desejada unidadeprocessual, como tornam certos osseguintes dispositivos:

“Art. 22 – compete privati-vamente à União legislarsobre:“I – direito civil, comercial,penal, PROCESSUAL, eleito-ral, marítimo, aeronáutico,espacial e do trabalho.”“Art. 24 – Compete à União,aos Estados e ao DistritoFederal legislar concorren-temente sobre:XI – procedimentos em ma-téria processual; “

É bem de ver, desde logo, queas regras básicas da Lei nº 9.784/99, editadas para reger o processoadministrativo, fixam princípios, cri-térios gerais, garantias e finalida-des, sempre as mesmas deabrangência nacional. O que varia éo rito do processo segundo o assun-to que o procedimento irá versar,conforme a necessidade e a conve-

niência da administração, a exem-plo da exigibilidade de crédito tribu-tário, da apuração de responsabili-dade funcional, da realização deconcurso público, dos conflitos deinteresses, alvará de construção,interdição de obra, exploração deserviço público, autorização, con-cessão e permissão dentre muitasoutras matérias cuja rot inaprocedimental a Lei não cuida.

Portanto, o processo, tambémno âmbito administrativo, se realizapor diferentes procedimentos cujosritos, abrangentes de cada matéria,no entanto, devem ser instrumen-talizados com base nas mesmas re-gras fundamentais.

Repita-se que a Lei nº 9.784/99,diante do caráter geral das normasque contempla, apenas enuncia re-gras básicas e próprias de agir, osprincípios e parâmetros, os critériose métodos fundamentais que sãocomuns a todos os processos, demodo a respeitar as especificidadespróprias dos diversos assuntos aserem versados, sejam eles peculi-ares à União, aos Estados e ao Dis-trito Federal, evitando, assim, queem situações iguais proceda-se demodo díspare, diverso, desigual.

O que se esperava, portanto,eram regras gerais condutoras dahomogeneização de princípios pecu-liares ao Direito Processual de uni-dade nacional expressa em nossaLei Maior, que servisse de orienta-ção básica, comum a todos os pro-cedimentos no âmbito administrati-vo das diversas esferas federativas,procedimentos esses, sim, a seremestabelecidos segundo a competên-cia, interesse, necessidade e con-veniência legislativa de cada unida-de federativa.

Não foi o que, lamentavelmente,se viu. Presume-se que, em nomeda autonomia conferida aos Esta-dos, ao Distrito Federal e aos Muni-cípios, em face da organização polí-

Com o advento da novaConstituição brasileira oprocesso administrativo

mereceu destaque etratamento de Direito

fundamental,indispensável na

atuação daadministração pública

da União

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tica de que trata o art. 18 da Consti-tuição Federal, teria o legislador pre-ferido ater a aplicação da Lei nº9.784/99 ao âmbito da administra-ção pública federal, de modo a evi-tar polêmica em torno da referidaautonomia conferida aos Estados-Membros, a teor do que sustenta de-terminada corrente doutrinária.

Para os que assim entendem oprocesso administrat ivo, nãoobstante sua natureza meramenteinstrumental, não pertenceria ao Di-reito processual, mas ao Administra-tivo, por envolver atos de sua com-petência e gestão. Seria, assim, pro-cesso de espécie diversa da ciênciaprocessual.

Ora, as regras básicas do pro-cesso em nada interferem no direitodos Estados de se organizar, de seautogovernar e nem invadem a au-tonomia, constitucionalmente a elesreservada.

Confundem-se, neste caso, re-gras básicas que informam e orien-tam a via, o caminho, o r i toprocedimental com o objeto de di-reito material, substantivo de natu-reza administrativa. E por entende-rem que o processo administrativoé instituto de Direito do Estado, con-cluem competir a qualquer dos en-tes que integram a Federação, legis-lar sobre processo administrativo emflagrante desrespeito à regra de com-petência constitucional exclusiva daUnião prevista em seu art . 22,insusceptível de invasão.

Nesse caso, o que é mais graveé não distinguir processo de proce-dimento. Daí a desordem a que serefere Themistocles Cavalcante aooferecer, na forma antes indicada,a solução de normas gerais paraunificar e consolidar as regras fun-damentais do processo em âmbitonacional.

Convém, desde logo, fixar a ideiaincontroversa de que todo proces-so, seja judicial, legislativo ou admi-

nistrativo, cuida sempre do exercí-cio de uma função estatal a justifi-car a autonomia das regras de Di-reito processual, independente dasnormas de direito material queinstrumentaliza.

Ademais, o Estado, ao criar a or-dem jurídica interna reservou a si acondição de pessoa dotada de per-sonalidade jurídica de direito públi-co que se desdobra em diversas or-dens de pessoas: a União, os Esta-dos-Membros, os Municípios e o Dis-trito Federal, com capacidade políti-ca e distribuição territorial de poder,além das autarquias, empresas pú-blicas, sociedades de economia mis-ta e fundações criadas conforme aconveniência de descentralizaçãode suas funções administrativas.

No sistema constitucional brasi-le iro, portanto, a soberania éexercida exclusivamente pela Uniãoindissolúvel dos Estados-Membros,possuindo poderes de autodetermi-nação plena e incondicional. Os Es-tados-Membros reservaram para sia autonomia de atuação restrita aseu território, na forma disciplinadapor rigoroso esquema delimitador desua competência constitucional.

No regime federativo brasileiro,assim, as competências são reparti-das, umas exercidas com exclusivi-

dade porque privativas e únicas daUnião para garantir a unidade naci-onal, outras são concorrentes, co-muns com a dos Estados, de parti-cipação suplementar legislativa, oque fortalece a unidade federativa,sem desfigurar o poder centralharmonizador nem invadir a autono-mia territorial dos Estados-Membrosde decidir “interna corporis” e de seorganizar, política e administrativa-mente, desde que observados osprincípios da Constituição Federal.

A autonomia conferida aos Esta-dos-Membros representa, assim, opoder de auto-organização e de auto-administração para atender sua fun-cionalidade e de tomar sua própriadecisão conforme lhe parecer maisadequado para solução dos proble-mas locais que enfrenta, respeita-dos, no entanto, os limites estabe-lecidos constitucionalmente, parapreservar a ingerência da União vi-sando a unidade procedimental fe-derativa .

O Direito Processual, seja aplica-do em matéria penal, civil, eleitoral,trabalhista ou administrativa, é ciên-cia pertencente a ramo próprio doDireito Público e tem sua autonomiade natureza instrumental, singulare independente reconhecida em re-lação aos demais ramos do direitomaterial, a consolidar a tendênciaunificadora do processo que fre-quenta as constituições brasileirasdesde 1934, visando homogeneizaro direito nacional.

Superada se me afigura a posi-ção de conceituada corrente doutri-nária segundo a qual as ações pro-cessuais seriam capítulo destacadodo direito material a que se vincu-lam. Processo seria, então, a parteadjetiva do direito material, substan-tivo. Processo administrativo seria,assim, a parte acessória do DireitoAdministrativo.

O Direito Administrativo, a seuturno, cuida da vinculação da von-

O termo processo,durante muito tempo,

designou a via exclusivade atuação do Poder

Judiciário, em sua funçãojurisdicional, a ponto deCarnelutti considerar a

expressão “processojudicial” uma tautologia

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Outubro | 2011IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XI | Nº 104 | Outubro | 2011

tade administrativa à lei. Rege, portan-to, a subordinação do Estado ao regi-me da legalidade na administração eorganização de sua estrutura, na dis-ciplina do regime funcional e demaisnormas instituidoras dos serviços desua competência territorial, a exemplodas questões referentes aos tributosestaduais, às concessões e permis-sões, o que guarda substancial dife-rença com os ritos e formalidadesprocedimentais que forem esta-belecidas com observância nas nor-mas básicas do Direito ProcessualAdministrativo instrutórias, proba-tórias, decisórias, assecuratórias docontraditório e da ampla defesa, emoposição à instrução inquisitorial queassegurem proteção aos direitos dosadministrados e o melhor cumprimen-to dos fins da administração.

Com efeito, a norma constitucio-nal que confere, textualmente, com-petência exclusiva para a União legis-lar sobre Direito Processual é de efi-cácia plena e de apl icaçãoabrangente em relação aos demaisentes federativos, especialmente porter merecido o Processo, inclusive oAdministrativo, tratamento autônomoe independente em relação aos de-mais ramos do Direito.

O processo, em seu conjunto, nãoé visto apenas estaticamente, pois serealiza de forma dinâmica, por meioda sucessão gradativa de atos, quese desenvolvem em sequência lógi-ca até o final. Tal modo de se moveré exatamente o que a doutrina cha-mou de procedimento e que a Cons-tituição Federal, no referido art. 24,reservou aos Estados a possibilida-de de legislar, obviamente, respeita-das as regras gerais orientadoras detodos os procedimentos referentes

aos variados assuntos que venhamatender as suas necessidades, con-veniências e oportunidades.

Não assiste razão, também, aosque querem limitar a competência ex-clusiva da União para legislar em ma-téria de Direito Processual apenas emrelação aos demais ramos de direitomaterial mencionados no art. 22 daCF. Nesse sentido, convém registrarque a mencionada regra, ao assimdispor, não distinguiu o campo deaplicação do Direito Processual, nãocabendo, pois, ao intérprete distinguirnem restringir sua aplicação, onde alei não distingue nem restringe.

Situação diversa seria se a Cons-tituição Federal no art. 22 referisseà exclusividade da União para legis-lar sobre direito civil, comercial, pe-nal, eleitoral, agrário, marítimo, ae-ronáutico, espacial, do trabalho eseus respectivos processos.

Portanto, nada autoriza a União,diante do poder legislativo conferidopelo art. 22 da CF negar a autonomiado Direito Processual para o fim delimitar a abrangência dos efeitos da

Há mais de 70 anos oinsigne administrativista

Themistocles BrandãoCavalcante já reclamava

a ausência de umsistema harmônico euniforme de normasgerais para reger o

processo administrativo

Lei Maior ao instituir instrumento au-tônomo de garantia individual de par-ticipação democrática do cidadão naadministração pública, notadamenteporque, no caso, cuida-se de normageral que sintetiza regra orientadoraque emerge dos princípios constitu-cionais e que em nada interferem coma organização política, administrativae nem com a gestão interna dos Esta-dos, do Distrito Federal e dos Municí-pios.

Tal limitação soa negativa de vigên-cia plena à norma constitucional doart. 22, meio de sobrepor-se à lei, as-semelhando-se a reação prepotentede perniciosa consequência, por meiode confusão da norma instrumentalcom o respectivo direito material,substantivo.

Em conclusão, segundo oordenamento constitucional brasilei-ro, não compete aos demais entes fe-derativos (Estados e Distrito Federal)legislar sobre processo, masconcorrentemente com a União disporsobre procedimento, o que é diferen-te, já que sua competência é para su-plementar, isto é, para atuar de modocomplementar, supletivo, restrito aomodo procedimental de atender à vas-ta e sempre crescente variedade dasquestões que tramitam no âmbito dacompetência administrativa dos Esta-dos-Membros, desde que submetidasà unidade constitucional do proces-so fixada nas normas básicas edita-das pela Lei nº 9.784/99, a guardardistância com a autonomia reservadaaos Estados-Membros para disciplinarsua ordem interna, política e adminis-trativa e organizar sua gestãopatrimonial, econômica e financeira,segundo os critérios de sua conveni-ência e oportunidade.