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PLANO DE NEGÓCIOS
COMÉRCIO RIBEIRINHO SOLIDÁRIO
ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES
RURAIS DE CARAUARI
Brasília, janeiro de 2013
Apoio:
Realização:
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Plano de Negócios - Comércio Ribeirinho Solidário do Médio Juruá © IPAM/ASPROC, 2013 Autor: Hélio Silva Pontes Conteúdo Manual de Comercialização:
Adevaldo Dias Manoel da Cruz Cosme de Siqueira Revisão e organização:
Simone Mazer Osvaldo Stella Jéssica Heusi Financiamento:
Ministério da Justiça – Fundo de Direitos Difusos Climate and Land Use Alliance - CLUA
ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS DE CARAUARI
Rua Castelo Branco, 380 – Centro – Carauari – Amazonas – CEP: 69500-000 E-mail: [email protected] Fone / Fax: (97) 3491-1023
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SSumário
1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 4
2 SUMÁRIO EXECUTIVO .................................................................................................. 5
3 DESCRIÇÃO DA ASPROC ............................................................................................... 6
4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ................................................................................... 9
5 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS ............................................................. 11
5.1 Farinha de mandioca .......................................................................................... 11
5.2 Borracha ............................................................................................................. 14
5.3 Açaí ..................................................................................................................... 15
5.4 Produtos agrícolas “in natura” ........................................................................... 16
5.5 Peixe – Manejo de Pirarucu ................................................................................ 16
5.6 Mercadorias de primeira necessidade vendidas nas cantinas ........................... 17
6 PLANO OPERACIONAL ................................................................................................ 18
6.1 Estrutura organizacional ..................................................................................... 18
6.2 Processos operacionais do Comércio Ribeirinho Solidário ................................ 20
6.2.1 Compras de mercadorias ............................................................................ 20
6.2.2 Viagens de comercialização ........................................................................ 20
6.2.3 Comercialização nos polos comunitários .................................................... 20
6.2.4 Comercialização da produção no polo sede (Carauari) .............................. 21
6.2.5 Prestação de contas mensal dos polos comunitários ................................. 21
6.2.6 Prestação de contas mensal do comércio ribeirinho solidário ................... 21
6.3 Custos do Processo de Comercialização ............................................................ 22
7 PLANO FINANCEIRO ................................................................................................... 24
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 36
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11 APRESENTAÇÃO
A Associação dos Produtores Rurais de Carauari – ASPROC, ao ser criada no ano de
1992, já tinha o objetivo de organizar e comercializar a produção dos ribeirinhos do
Médio Juruá, de modo a garantir renda familiar e conservar os recursos naturais que os
mantém. Desde então foram muitas tentativas para alcançar este objetivo. Foram vários
momentos de altas e baixas. Mas, a partir de 2009, quando criamos o Comercio
Ribeirinho, definido como “o jeito próprio da ASPROC e dos ribeirinhos do Médio Juruá
produzir, vender, comprar e trocar o que precisa para viver, onde não existem mais
exploradores nem explorados, numa relação de cooperação, autogestão e de
fortalecimento das comunidades” sentimos que nos aproximamos, de forma
significativa, da concretização do nosso sonho.
O Comércio Ribeirinho construiu possibilidades para mais de 600 famílias
agroextrativistas do Médio Juruá comercializarem a própria produção a preço justo e
adquirirem mercadorias industrializadas nas comunidades onde residem no mesmo
preço do supermercado mais barato da sede do município, considerando que estas
famílias estão até 52 horas distantes da sede do município. Esta alternativa dobrou o
poder de compra dos ribeirinhos.
Apesar dos desafios ainda existentes, como a falta de infraestrutura e tecnologia
para o processamento e agregação de valor no processo de comercialização do pirarucu
manejado e a deficiência da comunicação entre as cantinas e destas com a sede,
entendemos que o modelo Comércio Ribeirinho é a prática que mais promoveu
cidadania aos ribeirinhos ao longo destes 21 anos de atuação da ASPROC no Médio
Juruá.
Manuel da Cruz Cosme de Siqueira
Presidente da ASPROC
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22 SUMÁRIO EXECUTIVO
A Associação dos Produtores Rurais de Carauari – ASPROC é uma associação,
legalmente constituída em 1991, que atua. A associação tem como missão “organizar e
representar os trabalhadores rurais na luta pela garantia dos direitos, viabilizando
processos de organização e comercialização da produção solidária e sustentável para a
geração de renda, melhoria da qualidade de vida com a conservação dos recursos
ambientais”.
O “Comércio Ribeirinho Solidário” é uma iniciativa da ASPROC, criada em 2009
, com objetivo de garantir acesso ao consumo de itens básicos e venda da
produção pelos ribeirinhos da região. A iniciativa possui sede administrativa e ponto
comercial na cidade de Carauari – AM, mas se estende fisicamente, na forma de
cantinas/polos, por mais 14 pontos comercias. Com isso é possível atender todas as 55
comunidades ribeirinhas da região do Médio Juruá, em especial as comunidades de
moradores tradicionais da Reserva Extrativista do Médio Juruá e da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Uacari.
A fim de organizar suas atividades e potencialidades, foi desenvolvido o Plano de
Negócios aqui apresentado. Os principais objetivos para que a ASPROC desenvolva este
documento são: fornecer uma visão objetiva, crítica e imparcial, e assim focar as ideias
em torno da viabilidade social e econômica do “Comércio Ribeirinho Solidário”, bem
como disponibilizar um documento que se torne ferramenta operacional de
gerenciamento e comunicação, servindo de suporte e guia para a tomada de decisões.
Cabe agora a cada leitor, seja ele um sócio diretor ou um parceiro financiador,
analisar as informações a seguir e tomar as decisões para fortalecer e desenvolver essa
inteligente e solidária forma de comercialização.
Hélio Silva Pontes
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33 DESCRIÇÃO DA ASPROC
A Associação dos Produtores Rurais de Carauari - ASPROC é uma organização da
sociedade civil, legalmente fundada em 1991 pelos ribeirinhos moradores de duas
Unidades de Conservação: a Reserva Extrativista do Médio Juruá (UC Federal) e a
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (UC Estadual). A ASPROC está localizada
na sede do Município de Carauari, estado do Amazonas, situado às margens do rio
Juruá, a uma distância de 782 km de Manaus, em linha reta e 1.540 km pelo rio.
A associação é composta por 435 sócios e conta com o apoio de um diretor
presidente e seu vice, com dedicação integral na sede da associação junto a nove
colaboradores, entre eles um coordenador de projetos de nível superior e três técnicos
de nível médio. A associação possui estreita parceria com importantes organizações
governamentais e não governamentais, tais como a Fundação Banco do Brasil, a
Petrobrás, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, a Companhia
Nacional de Abastecimento – CONAB, o Ministério do Meio Ambiente – MMA, a Agência
de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas – ADS, o Instituto de Desenvolvimento
Agropecuário e Florestal do Amazonas – IDAM, o Centro Estadual de Unidades de
Conservação – CEUC, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade –
ICMBio, a Secretaria de Estado de Articulação de Políticas Públicas aos Movimentos
Sociais e Populares – SEARP, a Prefeitura Municipal de Carauari, o Conselho Nacional
das Populações Extrativistas – CNS, o Memorial Chico Mendes (MCM), a Fundação
Amazonas Sustentável – FAS, a Associação dos Moradores da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Uacari – AMARU e o Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia – IPAM.
A ASPROC é uma organização democraticamente gerida, sendo a Assembleia
Geral sua instância maior de governança. Cabe ressaltar que a última assembleia geral,
realizada em março de 2012, contou com a participação de 350 sócios. A gestão tática e
operacional da ASPROC conta com um quadro de 9 (nove) colaboradores e 30 (trinta)
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sócios que possuem cargos e funções ativas e dedicadas às atividades diárias do
Comércio Ribeirinho Solidário.
A entidade foi fundada com base na busca pela melhoria da qualidade vida de
uma população que sofre com as distâncias de grandes centros urbanos, convivendo
com a exploração do comércio local e os chamados “regatões” 1. Essas comunidades
encontram-se a até 52 horas de barco da sede do município de Carauari, cidade mais
próxima. Para adquirirem itens básicos de consumo e venderem sua produção,
precisavam se deslocar até a sede do município ou comercializar com os regatões. Sem
opção, os ribeirinhos se viam presos a este tipo de comércio, uma vez que o gasto com
combustível tornava o produto mais caro do que as ofertas dos regatões. Por muitos
anos, as comunidades ribeirinhas do Médio Juruá dependeram desse sistema para
comprar itens básicos de consumo e vender sua produção.
Para contornar essa situação, a Associação dos Produtores Rurais de Carauari
(ASPROC), em parceria com o CNS e a AMARU (Associação dos moradores da RDS
Uacari) estruturam o programa Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário do Médio
Juruá. Este programa funciona através da distribuição e comercialização de mercadorias
em cantinas comunitárias (entrepostos ou polos de comercialização), localizadas dentro
das comunidades. Estas cantinas são abastecidas com produtos básicos de consumo a
serem vendidos no limite da pesquisa do menor preço em Carauari. É também nas
cantinas que os comunitários deixam sua produção e recebem um preço justo pela
quantidade produzida. Atualmente, quinze comunidades possuem cantinas (14 polos
comunitários e um polo sede em Carauari), as quais são gerenciadas por moradores
treinados pela associação. O Comércio Ribeirinho Solidário atende diretamente 508
famílias cadastradas, ofertando uma variedade de 132 itens de primeira necessidade,
1O regatão é um comerciante ambulante que viaja entre centros regionais e comunidades rio acima, comercializando mercadorias para pequenos produtores caboclos e comerciantes do interior em troca de “produtos regionais” (McGrath, 1999).
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garantindo, assim, a comercialização dos principais produtos que garantem a renda para
seus sócios.
A sede da ASPROC está estrategicamente localizada no centro da cidade de
Carauari – AM, próximo a todos os serviços necessários para o bom andamento do
negócio, tais como bancos, órgãos públicos, internet, correios, porto para transporte
fluvial e aeroporto. Além disso, conta com importante apoio na cidade de Manaus por
meio de uma coordenação administrativa, responsável por organizar e executar os
processos de compras externas, organizar e monitorar a prestação de contas.
Os processos relacionados às atividades de gerenciamento das cantinas são
feitos através de um software, desenvolvido especificamente para o Comércio
Ribeirinho da Cidadania e Solidário do Médio Juruá, chamado SGC (Sistema de Gestão
Comercial).
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44 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Em 2009 a ASPROC elaborou um Planejamento Estratégico como técnica e
ferramenta de administração, servindo de base para as tomadas de decisões da
diretoria e assembleias gerais. Neste Plano de Negócios, o Planejamento Estratégico é
utilizado como método para definir o posicionamento da organização frente ao
mercado, definindo as atividades que devem ser executadas, os objetivos, metas,
valores, visão e missão da instituição.
O Planejamento Estratégico da ASPROC foi elaborado por meio de oficinas
participativas, mediadas por consultor contratado, através das quais sistematizou as
discussões e encaminhamentos. Foram utilizadas as ferramentas de debate coletivas
para análises de ambientes internos e externos e definição da missão, visão e valores da
ASPROC, além da elaboração de metas e indicadores com base em grandes ações
estratégicas que a ASPROC realiza. O resultado deste momento de reflexão e construção
foi um Plano Estratégico com um horizonte de 4 (quatro) anos (2010 – 2013).
Para a elaboração deste Plano de Negócios foi realizado o evento: “Oficina de
Elaboração do Plano de Negócios do Comércio Ribeirinho Solidário”, no período de 3 a 5
de fevereiro de 2012, na comunidade São Raimundo (RESEX Médio Juruá), onde foi
possível rever o Planejamento Estratégico, já elaborado anteriormente, e estender seu
horizonte até o fim de 2015.
Essa revisão não realizou mudanças no conteúdo deste documento, pois o
“Planejamento Estratégico da ASPROC 2010-2013” foi elaborado em reunião oficial de
diretores, com o objetivo específico de construir uma ferramenta de gestão para
utilização rotineira nas Assembleias Gerais anuais e reuniões trimestrais da Diretoria.
A seguir, algumas informações definidas no Planejamento Estratégico da
ASPROC.
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Missão
Organizar e representar os trabalhadores rurais na luta pela garantia dos seus
direitos, viabilizando processos de organização e comercialização da produção solidária
e sustentável, para a geração de renda, melhoria da qualidade de vida dos comunitários,
junto às atividades de conservação dos recursos naturais de ambas as unidades de
conservação sobre as quais a ASPROC atua.
Princípios e valores
Responsabilidade Social: defesa dos direitos dos trabalhadores pela
melhoria da qualidade de vida e igualdade social;
Responsabilidade Ambiental: defesa e uso racional dos recursos naturais
de forma sustentável;
Transparência no processo de gestão;
Honestidade;
Respeito pela organização;
Participação efetiva na vida da organização;
Cumprimento das decisões tomadas em espaço coletivo.
Visão de futuro
Ser referência em gestão, organização e comercialização da produção solidária e
sustentável, com as estruturas necessárias e devidamente adequadas para cumprir sua
missão, bem como promover o uso racional dos recursos ambientais utilizados, através
de intensa participação dos associados em todas as atividades.
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55 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS
Os produtos comercializados pela ASPROC estão diretamente relacionados com
as principais atividades produtivas de seus associados e suas necessidades básicas de
consumo. A associação se posiciona como um agente de comercialização que presta os
serviços necessários para garantir o escoamento da produção, o acesso ao melhor
pagamento pelos produtos agroextrativistas, e redução do custo de vida dos associados.
Disponibiliza, ainda, os produtos de primeira necessidade nas cantinas a preços justos e
opções de pagamento com produção ou dinheiro.
A seguir, a descrição dos principais produtos comercializados pela ASPROC.
5.1 Farinha de mandioca
A mandioca é o produto mais popular da alimentação amazonense. Preparada de
diferentes formas, a farinha, seu principal produto, é usada em todo estado. Na ASPROC
a farinha é o principal produto agrícola produzido pelos associados.
A mandioca possui uma grande variedade de espécies, as quais dividem-se
tradicionalmente em dois grupos: mansa ou de mesa, localmente conhecida como
“macaxeira”, brava ou tóxica. A primeira, chamada de aipim (no sudeste), ou macaxeira
(no norte e nordeste), é consumida cozida, frita, em purês e em doces, contendo maior
concentração de fécula2. A segunda, da qual se fabrica a popular farinha de cor
amarelada, possui um alto teor de ácido cianídrico, muito tóxico e venenoso. Para esse
segundo tipo se tornar próprio para o consumo, é necessário passar por um processo de
extração do veneno e redução da toxidade.
As técnicas de cultivo da mandioca realizadas pelos associados da ASPROC ainda
permanecem bastante rudimentares de cultivo, devido à dificuldade de investimento e
2 Substância pulverulenta, farinácea, extraída de tubérculos, raízes, ou grãos ricos em amido e serve como alimento (www.abam.com.br).
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assistência técnica que os produtores encontram. A fabricação da farinha se resume às
“casas de farinha”, onde a produção é feita de modo artesanal, com mão de obra
familiar ou com a participação de membros da comunidade. O processo de fabricação
da farinha divide-se nas seguintes etapas: colheita da mandioca, lavagem e
descascamento das raízes, ralamento, prensagem, peneiramento e torração.
Em seguida o produto é embalado em sacos plásticos impermeáveis e revestido
com sacos de fibra plástica vendidos nas cantinas. O peso da saca de farinha é variável,
tendo em média 50 Kg, sendo que o preço pago nas cantinas está baseado na
quantidade e tipo de farinha. Os tipos são: puba, farinha d’água comum, farinha d’água
especial, farinha branca comum, farinha branca especial, ovinha (tipo Uarini) e farinha
de tapioca.
A ASPROC vende a farinha de mandioca no atacado regional, atacado local e
varejo local. Como demonstrativo, segue abaixo a tabela com volume de produção de
2011 entregue em cada cantina.
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Volume de produção em quilos, por cantina, no ano de 2011 (kg).
PRODUÇÃO C O M U N I D A D E S
N. Horizonte
N. Esperança
Roque Bom Jesus
Bauana B. do Idó
São Raimundo
Chué Sto.
Antônio Maracajá
Boa Vista
Cachoeira Boca do Xeruã
Farinha puba 9.285 26.312 44.196 2.770 14.268 104 4.250 4.958 1.929 2.357 6.189 2.252 3.874 Farinha puba especial
955 - 155 641 470 - - 555 - 55 1.174 3.065 -
Farinha branca especial
4.192 296 - 756 52 - 326 381 - 2.323 259 153 -
Farinha branca 8.138 1.493 18.978 1.466 2.239 524 3.683 7.533 1.353 1.436 1.619 2.612 Farinha d'agua 147 - - - 318 - - - 1.297 2.347 - - Farinha d'agua especial
1.116 - 653 469 - - 55 - 100
- - -
Farinha ova - 2.697 - 26.710 4.489 - - - 59 - 932 - Farinha de tapioca
30 13 - - - - 74 - 42 160 - - -
23.863 30.811 63.982 32.812 21.836 628 8.388 13.427 4.780 6.331 9.969 8.021 6.486
TOTAL GERAL
231.334 KG
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55.2 Borracha
A borracha natural é o produto primário da coagulação do látex da seringueira.
Na extração do látex (leite grosso da seringueira), o seringueiro “sangra” a árvore e
coloca sob a sangria um coité, cuia ou bacia para aparar o líquido.
O tipo específico de borracha comercializado pela ASPROC é chamado de CVP
(Cernambi Virgem Prensado). Trata-se de um látex natural que após ser extraído da
seringueira é deixado nas canecas para um processo de coagulação espontânea ou para
ser misturado a uma solução ácida a fim de antecipar essa coagulação.
Após a coleta, o cernambi/coágulo colhido de várias árvores passa por um
processo de prensagem para retirar o excesso de água, que chega, então, a um teor de
37% a 30%. Depois, já na indústria, este tipo de borracha recebe outro processamento
para, após beneficiamento, chegar a um teor de água de 1%. Em seguida este produto é
enviado para a indústria final como matéria prima para fabricação de mais de 40.000
produtos, entre pneus, solas de sapatos, mantas de borracha e peças automotivas.
A venda da borracha está baseada no preço mínimo estabelecido principalmente
pela Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), gerenciada pela Companhia
Nacional de Abastecimento (CONAB). Esta política aloca o preço mínimo da borracha a
R$ 3,50/Kg. Além da PGPM, existem programas estaduais, como o Programa de
Subvenção Econômica da Borracha, a R$ 1,00/Kg, e programas municipais, também a R$
1,00/kg. O preço mínimo a que se chega é, então, de R$ 5,50, compensatório quando
comparado ao mercado local onde se paga, no máximo, R$ 2,00/Kg de borracha.
Existem, no Estado do Amazonas, basicamente dois compradores que atuam na
cadeia da borracha oriunda de seringais nativos, como intermediários da indústria de
pneus. São eles: Borracha da Floresta (município de Iranduba) e Borracha da Amazônia
(município de Manicoré). Além da venda como matéria prima para a indústria, a
borracha da ASPROC é também vendida no atacado regional.
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Os principais concorrentes da ASPROC no preço da matéria prima da borracha
estão no Estado de São Paulo, nos seringais de cultivo. Esses seringais possuem maior
produtividade com menores custos, o que faz com que o preço atual da borracha seja
inferior ao preço mínimo estabelecido pelas políticas de subsídio do Governo. Mesmo
assim, muitos clientes da borracha da ASPROC afirmam ser o material ali vendido o de
melhor qualidade.
A seguir, a produção da borracha nas safras de 2009, 2010 e 2011.
Produção de borracha da ASPROC – safras 2009, 2010 e 2011.
SAFRAS SAFRA 2009 SAFRA 2010 SAFRA 2011
seringueiros Kg seringueiros Kg seringueiros Kg valor total 52 14.190 119 51.505 214 51.616 média por
seringueiro (kg) 272,88 432,82 241,20
55.3 Açaí
O fruto do açaí é vendido pela ASPROC a um único cliente: a indústria local de
polpa de frutas “Açaí Tupã”, inaugurada em 2011. Apesar da grande incidência na
região, o fruto é uma matéria prima bastante perecível e sazonal. Além disso, a região
conta com grande número de produtores, tornando a oferta maior que a procura, o que
torna o preço da venda pouco competitivo. Neste contexto, a Açaí Tupã, única indústria
local, pode exigir alto padrão de qualidade e preço baixo.
O ano de 2012 foi o primeiro de comercialização com a Indústria Açaí Tupã.
Acordou-se um preço abaixo do mínimo oferecido pela CONAB, sendo necessário o uso
da subvenção federal para venda deste produto.
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55.4 Produtos agrícolas “in natura”
A ASPROC participa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo
Federal, através de contratos anuais com a CONAB (Companhia Nacional de
Abastecimento) para atender 9 (nove) escolas municipais, 1 (uma) escola estadual, o
Hospital de Carauari, a Pastoral do Menor, a Pastoral da Criança, o Programa Melhor
Idade e o Programa PETI. Com isso há oportunidade de comercialização de produtos
agrícolas in natura como banana, melancia, jerimum, batata doce, pupunha, cará, milho
verde, macaxeira.
No ano de 2011 foram comercializadas 120 toneladas de produtos agrícolas
através PAA. Por este tipo de mercado é pago um valor acima do preço do mercado
local, tendo apenas a desvantagem do atraso no pagamento (períodos de 30 a 90 dias).
A ASPROC utiliza capital próprio para fazer o pagamento no ato do recebimento da
produção nas cantinas e aguarda o pagamento posterior pela CONAB.
5.5 Peixe – Manejo de Pirarucu
O manejo de pirarucu é uma atividade relativamente nova para os associados da
ASPROC, no início restrito apenas à comunidade de São Raimundo, a qual recebeu
autorização para o primeiro plano de manejo da região. Em 2011 a comunidade de
Xibauazinho ingressou no manejo e, junto a São Raimundo, comercializaram 16
(dezesseis) toneladas de pirarucu legalizado. A ASPROC se colocou como parceira na
comercialização, auxiliando na formalização da transação financeira, sem acrescentar
margem de lucro ao processo. Esta atividade ainda está em fase experiência e pode se
fortalecer no mercado caso outras comunidades consigam autorização para o manejo
de lagos. O preço é justo e definido no mercado regional, onde a oferta é baixa frente à
demanda.
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A ASPROC vem investindo em capacitação dos manejadores para aumentar o
número de comunidades com lagos em condições para o manejo. Procura-se com isso o
apoio dos órgãos governamentais de fiscalização e controle, para dinamizar o processo
de licenciamento da atividade. Há ainda como consequência da capacitação, a
disponibilização de técnicos e de apoio logístico para executar as atividades que
antecedem a pesca, como, por exemplo, a contagem dos pirarucus e a fiscalização dos
lagos.
5.6 MMercadorias de primeira necessidade vendidas nas cantinas
Atualmente as cantinas comercializam 132 itens não perecíveis para os
moradores das 55 comunidades ribeirinhas do Município de Carauari. Uma política
estabelecida em Assembleia Geral define a cesta de itens a serem adquiridos no atacado
em Manaus e distribuídas no varejo nas cantinas, ao menor preço vendido em Carauari,
podendo apenas a Assembleia Geral sugerir alterações na lista de compras. Os clientes
podem também fazer encomendas, as quais normalmente são para eletrodomésticos e
outros aparelhos.
O abastecimento das cantinas é feito a cada dois meses e as mercadorias são
levadas para às comunidades pelo barco da associação. Para controle de estoques,
vendas e compras de produção, os cantineiros enviam mensalmente um balanço das
movimentações.
Uma vez nos polos, as mercadorias estão disponíveis para comercialização. O
pagamento é feito sempre à vista, sendo proibida e venda a prazo. Os preços são
sempre mais baratos em relação aos comércios da sede do município, uma vez que são
comprados em Manaus. Esta diferença de preço gera lucratividade mínima para garantir
a sustentabilidade da iniciativa.
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66 PLANO OPERACIONAL
Este capítulo está relacionado à forma com que os sócios, diretores e
colaboradores da ASPROC gerenciam o “Comércio Ribeirinho Solidário” e como os
serviços são executados, distribuídos e controlados.
O Plano Operacional tem como objetivo descrever como a ASPROC está
estruturada, em relação aos seus recursos humanos, suas relações hierárquicas, divisão
do trabalho e fluxo de processos administrativos.
6.1 Estrutura organizacional
A estrutura organizacional define a divisão dos recursos humanos da ASPROC em
suas atividades, funções e cargos da associação, de forma a entender sua alocação
dentro do sistema de gestão, responsabilidades e nível hierárquico.
O organograma de gestão da ASPROC possui, inicialmente, uma estrutura
funcional, consequência de sua definição estatutária a qual segue os princípios de uma
associação, de acordo com o Código Civil Brasileiro. Isso coloca a Assembleia Geral como
instância suprema de poder, a qual é validada através de reunião com todos os sócios.
Essas assembleias têm capacidade de decidir qualquer assunto de importância
estratégica, além de ser responsável por eleger a diretoria, aprovar sua gestão, alterar o
estatuto e objetivos estratégicos. Essas decisões são tomadas por votos, os quais são
individuais (um voto por pessoa) e a decisão é da maioria simples.
Para entender melhor o funcionamento da ASPROC e o processo de
comercialização foi elaborada uma matriz de responsabilidades com o objetivo de
complementar o organograma, demostrando com exatidão a correlação entre os cargos.
A seguir, organograma da ASPROC.
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66.2 Processos operacionais do Comércio Ribeirinho Solidário
Após 20 anos de funcionamento a ASPROC elaborou, baseado em sua
experiência, um Manual de Gestão dos Processos de Comercialização, que foi a base
para descrever o processo operacional deste plano.
Este manual apresenta os processos do Comércio Ribeirinho divididos entre as
seguintes etapas:
6.2.1 Compras de mercadorias Trata dos procedimentos necessários para que a Associação realize com
eficiência e eficácia seu processo de aquisição das mercadorias que são oferecidas aos
ribeirinhos nas cantinas do Comércio Ribeirinho. Estes procedimentos vão da
elaboração da lista de compra, com base na necessidade de cada polo, até o
desembarque das mercadorias no porto de Carauari.
6.2.2 Viagens de comercialização Compreende todas as etapas de atendimento dos polos com a entrega de
mercadorias e recebimento da produção. Nesta etapa estão descritas as fases da viagem
a começar pelo planejamento, entregas de mercadorias, recebimentos de
documentação, produção e dinheiro nos polos, entre outros. Esta etapa é concluída com
o retorno do barco à Carauari, onde é realizado o desembarque da produção e a entrega
da mesma na sede da Associação. O resultado da viagem é sistematizado em um
relatório que é entregue ao Presidente da ASPORC pelo gerente de viagem.
6.2.3 Comercialização nos polos comunitários Trata dos procedimentos de atendimento dos comunitários no processo de
comercialização, realizado em cada um dos polos do “Comércio Ribeirinho Solidário”.
Fica estabelecida a forma de relacionamento e os devidos registros que devem ocorrer
21
no ato em que o administrador do polo atende os comunitários que fazem uso deste
importante programa de comercialização.
Foram programados dois dias na semana para o atendimento. Apesar de tal
acordo, os cantineiros acabam atendendo todos os dias, devido à demanda das
comunidades. O horário de funcionamento seguido é de 7:00 às 11:00 e das 13:00 às
17:00.
66.2.4 Comercialização da produção no polo sede (Carauari) Caracteriza-se pela venda dos produtos dos ribeirinhos à sociedade em geral,
que ocorre na sede da Associação (polo sede). Ficam descritos os procedimentos de
atendimento aos clientes da ASPROC neste processo de venda de produção e
principalmente os controles necessários para uma gestão eficiente.
6.2.5 Prestação de contas mensal dos polos comunitários Descreve os procedimentos mensais de controle, que devem acontecer em cada
polo do “Comércio Ribeirinho Solidário”, a fim de possibilitar à direção da Associação
avaliar a eficiência do gerenciamento de cada cantina. Estes procedimentos
compreendem a sistematização da comercialização de cada cliente do polo,
levantamento físico do estoque, preenchimento de planilhas de controle e
encaminhamento das informações ao polo sede.
6.2.6 Prestação de contas mensal do comércio ribeirinho solidário Nesta etapa são descritos os procedimentos de prestação de contas mensal de
todo o programa Comércio Ribeirinho Solidário, sintetizando tanto as informações de
cada polo comunitário como do polo sede. É a partir dos resultados gerados por estes
procedimentos que a direção da ASPROC terá as condições de perceber o nível de
desenvolvimento e avanços deste programa, e, com base nestes resultados, tomar as
decisões para seu aprimoramento.
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66.3 Custos do Processo de Comercialização
O processo de comercialização e seus custos gerais, recursos humanos
envolvidos diretamente no processo e tempo necessário para cumprir a etapa do
processo, estão demonstrados de forma estimada, e com base no controle de custos
apresentado pela diretoria da ASPROC.
Nas receitas e gastos da ASPROC ilustrados abaixo não estão inclusas as receitas
de projetos, visto que a ASPROC sustenta grande parte das suas atividades com o apoio
de terceiros, através de editais de seleção de projetos.
Demonstrativo de Resultados do Comércio Ribeirinho do Médio Juruá – sem receita de projetos (2011)
DESCRIÇÃO VALORES R$ Receita de Vendas de Mercadorias nas Cantinas R$ 988.993,57 Receita de Venda da Produção Agroextrativista R$ 315.271,07 Total Receitas R$ 1.304.264,64
Custo total dos produtos (itens cantinas e produção familiar) -R$ 848.097,22 Despesas Administrativas Totais -R$ 412.368,54 Total Gastos -R$ 1.260.465,76
RESULTADO (SUPERÁVIT LÍQUIDO) R$ 43.798,88
Apesar de apresentar um superávit positivo, este valor é baixo quando
analisado frente à sustentabilidade do negócio em longo prazo. O superávit total sem a
receita de projetos impossibilita maiores investimentos na ampliação da iniciativa,
capacitação dos colaboradores, garantia de capital de giro, etc. Além disso, quanto
maior a otimização dos processos logísticos do Comércio Ribeirinho (quantidade de
viagens realizadas, carregamento e descarregamento de mercadorias e produção,
intervalos para reabastecimento das cantinas, etc.), menor serão as despesas
administrativas totais, aumento o superávit total líquido.
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No caso da ASPROC, esse superávit é maior, devido à receita oriunda de
projetos, como já foi dito. Para ilustrar, segue nova tabela incluindo receitas de projetos.
Demonstrativo de Resultados do Comércio Ribeirinho do Médio Juruá – com receita de projetos (2011)
Descrição Valores R$ Receita de Vendas de Mercadorias nas Cantinas R$ 988.993,57 Receita de Venda da Produção Agroextrativista R$ 315.271,07 Receita de Projetos R$ 325.065,56 Total das Receitas R$ 1.629.330,20
Custo total dos produtos (mercadorias das cantinas e produção familiar) -R$ 848.097,22
Despesas Administrativas Totais* -R$ 412.368,54 Total gastos -R$ 1.260.465,76
RESULTADO (SUPERÁVIT LÍQUIDO) R$ 368.864,44 *pagamento de recursos humanos, combustível, diárias de piloto, etc.
Como pode ser observado, com a participação dos projetos na composição das
receitas, há um aumento significativo no superávit líquido. Apesar deste superávit significativo, este valor não é constante, devido à oscilação na aprovação de projetos. Se, em determinado ano, a ASPROC não conseguir aprovação de um número suficiente de projetos, a sustentabilidade do Comércio Ribeirinho pode ser comprometida, uma vez que a maior parte desta receita é convertida no pagamento de despesas administrativas da iniciativa.
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77 PLANO FINANCEIRO
As empresas mercantis geralmente priorizam as decisões de base financeira, e o
mesmo acontece quando um investidor é apresentado a um Plano de Negócios. No caso
de uma associação “sem fins lucrativos” como a ASPROC, esta visão financeira está
relacionada à capacidade de sobrevivência e crescimento sem explorar margens de
lucratividade sobre a diferença do custo de aquisição dos produtos dos associados, e a
receita gerada na venda das mercadorias. Gerenciar um negócio desta natureza requer
uma grande habilidade de negociação, sendo que o maior desafio é equilibrar os
interesses dos sócios e a sobrevivência da instituição no mercado.
Este plano financeiro irá utilizar o Balanço Patrimonial e Demonstração de
Resultado para gerar os principais indicadores financeiros e suas análises.
Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial retrata a situação financeira da ASPROC no dia
31/12/2011 e sua comparação com a mesma data em 2010. Seu objetivo é revelar a
estrutura de capital do negócio. No caso da ASPROC, este capital é oriundo de terceiros,
doações de parceiros e capital próprio.
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Balanço patrimonial
ATIVO 2010 2011 PASSIVO 2010 2011 circulante circulante
caixa R$ 9.450,00 R$ 22.106,17 fornecedores R$ 3.458,22 -
bancos R$ 303.881,19 R$ 373.276,51 estoque de mercadorias R$ 63.668,08 R$ 144.668,84
empréstimos R$ 47.843,24 R$ 34.438,81 estoque de produção R$ 67.024,70 R$ 110.369,40 mensalidades a receber R$ 1.500,00 R$ 3.066,00
convênios a executar R$ 146.781,31 R$ 294.953,45 adiantamento a associados R$ 14.010,00 R$ 14.010,00 contas diversas a receber R$ 66.255,22 R$ 119.715,10
TOTAL ATIVO CIRCULANTE R$ 525.789,19 R$ 787.212,02 TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE R$ 198.082,77 R$ 329.394,26
não circulante não circulante
recursos com restrições R$ 256.709,90 R$ 185.686,42 recursos de projetos R$ 372.844,54 R$ 185.686,42
total do ativo não circulante R$ 256.709,90 R$ 185.686,42 total do passivo não circulante R$ 372.644,54 R$ 185.686,42
permanente patrimônio liquido
imobilizado R$ 273.032,00 R$ 658.157,60 fundo patrimonial social R$ 147.460,00 R$ 147.460,00 doações R$ 143.959,95 R$ 330.996,35
depreciação acumulada -R$ 66.147,05 -R$ 139.061,48 superávit acumulado R$ 64.143,89 R$ 127.036,78 resultados do exercício R$ 62.892,89 R$ 371.422,77
TOTAL ATIVO PERMANENTE R$ 206.884,95 R$ 519.096,14 TOTAL DO PATRIMÔNIO LIQUIDO R$ 418.456,73 R$ 976.915,98
TOTAL DO ATIVO R$ 989.384,04 R$ 1.491.994,58 TOTAL DO PASSIVO R$ 989.384,04 R$ 1.491.994,58
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Nas seções seguintes, o presente Plano de Negócios apresenta a interpretação
do Balanço Patrimonial a partir de diversos índices. Cabe lembrar que estes índices
foram calculados sobre o demonstrativo de resultados incluindo a receita de projetos.
Em um cenário sem projetos, muitos desses índices poderia ter resultados
insatisfatórios.
Avaliação do Autofinanciamento e da Liquidez
O autofinanciamento nada mais é que a utilização de um excedente, um lucro,
um superávit oriundo das atividades do empreendimento. Está diretamente ligado à
formação do capital de giro de um próximo ciclo financeiro.
O autofinanciamento ainda é avaliado como a capacidade que a ASPROC tem de
crescer e sustentar suas operações com o capital de giro próprio, não se esquecendo de
buscando o equilíbrio entre exigências do mercado e exigências do quadro social.
Índice de Autofinanciamento
Mede a capacidade da ASPROC em financiar suas necessidades de Capital de Giro
com seu capital de giro próprio.
Fórmula:
IA=CDG (passivo permanente – ativo permanente)
NCG (ativo circulante – passivo circulante)
IA (2010) = 372.844,54 – 206.884,95 = 165.959,59 = 0,50
525.789,19 – 198.052,77 327.736,42
IA (2011) = 185.686,42 – 519.096,14 = -333.409,68 = - 0,72
787.212,02 – 329.394,26 457.817,76
Índice entre 3% < 6%: situação regular, indicando que os juros já comprometem
o autofinanciamento.
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Liquidez Corrente
Mede a capacidade da ASPROC de fazer frente as suas obrigações no curto prazo
(até 1 ano).
Formula:
LC= AC (ativo circulante)
PC (passivo circulante)
LC (2010) = 525.789,19 = 2,65
198.082,77
LC (2011) = 787.212,02 = 2,39
329.394,26
Índice > 1,75: situação excepcional, indicando a existência de R$ 1,75 em direitos
contra R$ 1,00 em obrigações, a entidade dispõe no caso de 75 centavos excedentes.
Índice de Liquidez Seca
Mede a capacidade de honrar seus compromissos financeiros, quitar seus
compromissos no curto prazo sem o uso de seus estoques.
Formula:
Formula:
LS= AC (ativo circulante) - Estoques
PC (passivo circulante)
LS (2010) = 525.789,19 - 130692,78 = 1,99
198.052,77
LS (2011) = 787.212,02 – 255.038,24 = 1,61
329.394,26
Índice > 1,75%: situação excepcional 2010 para uma situação boa em 2011,
indicando que a ASPROC não necessita desfazer de estoques para fazer frente a seus
compromissos, mas demonstrou que os estoques de 2011 foram bem mais expressivos
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que 2010, mas sem necessidade de desfazer de estoques para fazer frente aos
compromissos de curto prazo.
Margem de Garantia
Mede a capacidade de liquidação da ASPROC em função dos débitos existentes
junto a terceiros, verifica se é possível, através da venda de todos os ativos o
cumprimento de todas as obrigações com terceiros. Esse indicador é bastante utilizado
pelos bancos para a disponibilização de financiamento, que não é o caso da ASPROC por
ser associação, segue análise apenas para ilustração.
Fórmula:
MG= ______________AT (Ativo Total)_____________________
PC (passivo circulante) + ELP (empréstimos exigível a Longo Prazo)
MG (2010) = 989.384,04 = 4,99
198.052,77 + 0
MG (2011) = 1.491.994,58 = 4,53
329.394,26 + 0
Índice > 2,00: situação excepcional, indicando a capacidade total da liquidação
dos débitos, liberando ainda a mesma quantidade dos ativos para os beneficiários.
Avaliação do Endividamento
O endividamento junto a terceiros é normalmente uma decorrência da falta de
capital de giro próprio, seja para financiar as operações, seja para financiar
investimentos de longo prazo.
Não dispondo de capital para tais finalidades, os empreendimentos podem
recorrer ao sistema bancário estatal ou privado para repor suas necessidades. No caso
da ASPROC, a reposição de recursos se dá por meio da busca por financiadores parceiros
na forma de projetos.
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Endividamento Total
Mede a utilização de recursos externos para o financiamento de investimentos
totais de curto prazo.
Fórmula:
ET= PC (Passivo circulante) – ELP (Exigível a Longo Prazo) x 100
Ativo Total
ET (2010) = 198.082,77 x 100 = 20,02
989.384,04
ET (2011) = 329.394,26 x 100 = 22,08
1.491.994,58
Índice < 30%: situação excepcional, indicando que a ASPROC praticamente atua
somente com créditos comerciais como forma de pagamento.
Faturamento por Associado
Mede a relação entre a atividade operacional (vendas) e o número de
associados.
Fórmula:
FA = Vendas Líquidas
N° de associados
FA (2010) = 409.082,36 = 1.410,63
290
FA (2011) = 1.156.567,07 = 2.658,77
435
Não existem parâmetros ideais, sendo que essa análise deve ser comparativa
com outras associações similares e em relação aos anos anteriores, que neste caso
apresenta um considerável aumento, dobrando as vendas, que é excepcional mesmo
com o aumento do quadro de associados.
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Crescimento do quadro social
Mede o crescimento do número de associados da ASPROC.
Fórmula:
Número de associados atual x 100 – 100 Número de associados anterior 435 x 100 – 100 = 50 290 O resultado demonstra um aumento de 50% no crescimento do quadro social.
Para os objetivos da ASPROC, os quais atendem as necessidades dos ribeirinhos, esse
indicador demonstra o crescimento da credibilidade e capacidade de aceitação dos
benefícios do Comercio Ribeirinho Solidário.
Participação Social
Mede a participação dos produtores familiares na associação em relação ao
universo total de produtores existentes na área de ação, ou seja, demonstra a
porcentagem de associados perante o universo de pessoas que a ASPROC possui como
público e aptas para participarem do quadro social.
Fórmula:
número de associados x 100 – 100
produtores na área de ação
435 x 100 - 100 = 7,21
6035 (fonte: IBGE senso 2010 da população rural de Carauari)
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Faturamento por Funcionário
Mede os resultados de atividades econômicas (venda) pela eficiência dos
funcionários.
Fórmula:
Vendas Líquidas
número de funcionários
2010 = 409.082,36 = 45.453,59
9
2011 = 1.156.567,07 = 128.507,45
9
Não existem parâmetros ideais, sendo necessária uma análise comparativa com
empreendimentos similares. Neste caso observa-se um excepcional crescimento da
produtividade dos colaborados em 2011 em comparação com 2010.
Associados por Funcionário
Avalia a necessidade de funcionários em atender as demandas de serviços e
beneficiamento/transporte dos produtos dos associados.
Fórmula:
número de associados
número de funcionários
2010 = 290 = 32,22
9
2011 = 435 = 48,33
9
Não existem parâmetros ideais, sendo necessária uma comparação com
associações similares. No caso da ASPROC verifica-se um expressivo aumento na
eficiência dos funcionários no que se refere às demandas dos associados.
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Demonstração de Resultado
A demonstração de resultado é uma forma ordenada e sistemática de apresentar
um resumo das receitas, despesas e lucro (ou prejuízo) em um determinado período.
Para este Plano de Negócios será utilizada a base de dados gerados durante o
ano de 2011 disponibilizadas pelo contador da ASPROC. Para as análises foram utilizados
os valores totais. O ano de 2010 caracterizou-se, do ponto de vista financeiro, como um
ano de grande crescimento no volume de comercialização, comparado aos anos
anteriores, além de demonstrar o pleno funcionamento da estrutura e recursos
disponibilizados para executar o “Comércio Ribeirinho Solidário”.
Serão utilizados os seguintes indicadores: (i) Rentabilidade da ASPROC, (ii)
retorno dos Investimentos, (iii) Rentabilidade do Patrimônio Líquido, (iv) Giro de Ativos
e (v) Despesas sobre vendas.
Demonstração de resultado do exercício - 2011
CONTAS 2011
RECEITA DE VENDA DE MERCADORIAS R$ 988.993,57
RECEITA DE PROJETOS R$ 325.065,56 RECEITA DE PRODUÇÃO R$ 315.271,07 RECEITA OPERACIONAL R$ 1.629.330,20 CUSTOS DE VENDAS* -R$ 754.910,22 REPASSE DE SUBVENÇÃO -R$ 93.187,00 LUCRO BRUTO R$ 781.232,98 DESPESAS ADMINISTRATIVAS E DE COMERCIALIZAÇÃO** -R$ 339.454,13
DEPRECIAÇÃO -R$ 72.914,41 RESULTADO FINANCEIRO*** R$ 2.558,33 SUPERÁVIT DO EXERCÍCIO R$ 371.422,77 *mercadorias para as cantinas + compra da produção dos ribeirinhos; **combustível, pagamento de colaboradores, diárias de barco, piloto, cozinheira, etc.; ***rendimento de recurso aplicado resgatado.
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Rentabilidade da ASPROC – RA
Mede a capacidade de realizar “superávits” líquidos em relação ao volume da
atividade econômica.
Fórmula:
RA = Superávits Líquidos x 100
Vendas
RA 2010 = 62.892,89 x 100 = 15,37%
409.082,36
RA 2011 = 371.422,77 x 100 = 22,79 %
1.629.330,20
Índice > 10%: excelente, indicando ótimo composição de custos e
aproveitamento das oportunidades de mercado. Devendo-se observar a exploração dos
associados.
Retorno dos investimentos / Ativos – RSA
Avalia a capacidade da ASPROC em realizar resultados (superávits) em relação ao
total dos ativos. Este índice é importante para medir o prazo médio de retorno dos
investimentos e o custo / oportunidade das aplicações de recursos nos ativos
operacionais e permanentes.
Fórmula:
RSA = Superávits x 100
Ativo Total
RSA 2010 = 62.892,89 x 100 = 6,35%
989.384,04
RSA 2011 = 371.422,77 x 100 = 24,89%
1.491.994,58
34
2010 – índice > 5 < 10%: ruim, indicando capacidade lenta de recuperação dos
investimentos, e dificuldade de reinvestimento e crescimento.
2011 – índice > 20%: excelente, indicando uma estrutura operacional adequada e
capaz de recuperar os investimentos em períodos inferiores a 5 anos.
Rentabilidade do Patrimônio Liquido – RSPL
Mede a capacidade da ASPROC em remunerar o seu patrimônio liquido (capital
próprio + fundos). Este indicador é importante para medir o custo / oportunidade da
capitalização.
Fórmula:
RSPL = Superávits x 100
Patrimônio Liquido
RSPL 2010 = 62.892,89 x 100 = 15,02%
418.456,73
RSPL 2011 = 371.422,77 x 100 = 38,02%
976.915,98
2010 – índice > 15% < 20%: boa, capaz de recuperar investimentos em período
inferior a 7 anos.
2011 – índice > 20%: excelente, indicando uma estrutura operacional adequada e
capaz de recuperar os investimentos em períodos inferiores a 5 anos.
Giro de Ativos
Mede a capacidade organizacional da ASPROC em utilizar os ativos. Este
indicador é fundamental para avaliar o retorno dos ativos, pois cada vez que se da um
giro no ativo em relação as vendas, acumula-se superávits.
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Fórmula:
Giro do Ativo = Vendas Líquidas
Ativo Total
Giro do Ativo em 2010 = 409.082,36 = 0,41
989.384,04
Giro do Ativo em 2011 = 1.629.330,20 = 1,09
1.491.994,58
O ano de 2010 foi ruim, exigindo grande necessidade de obtenção de superávits
em relação às vendas, para manter boa taxa de retorno sobre investimentos, e no ano
de 2011 a situação melhorou em relação ao volume de vendas, pois a ASPROC
conseguiu realizar mais de um giro no ativo, mas o que realmente se destaca é o
resultado da rentabilidade das receitas alcançaram que foi de 36,48 %.
36
88 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Comércio Ribeirinho do Médio Juruá revela uma experiência inovadora dentro
do universo de organizações de agricultores familiares, povos e comunidades
tradicionais da Amazônia. A iniciativa recebeu, em 2012, o prêmio Objetivos do Milênio
da Presidência da República.
Tendo como base de análise sua estrutura organizacional, ferramentas gerenciais
de planejamento e controle, ambientes de desenvolvimento da capacidade de
autogestão nos níveis estratégicos, táticos e operacionais, além da experiência
comprovada na elaboração e implantação de projetos de considerável complexidade,
pode-se concluir que a ASPROC administra o Comércio Ribeirinho com excelência, e se
destaca pelo rápido crescimento nos últimos quatro anos.
Apesar do sucesso da iniciativa, a ASPROC ainda tem de ligar com dificuldades
para dar continuidade à iniciativa, tais como a demora no reembolso da aquisição da
produção agroextrativista, a qual é paga pela ASPROC à vista ao produtor (os mercados
institucionais demoram até 90 dias para realizar os pagamentos), custos elevados de
logística (não há recursos financeiros e humanos suficientes aperfeiçoar o planejamento
e otimizar a logística de viagens, por exemplo), disponibilidade de produtos de primeira
necessidade a preços baixos (apesar da margem de lucro oriunda da diferença paga em
Manaus e do menor preço de Carauari, a lucratividade ainda é baixa, visto que a
iniciativa não visa lucro), entre outras.
Dessa forma a ASPROC fica dependente de apoios financeiros externos para
continuar se desenvolvendo e ampliando seus conhecidos benefícios. O fato de ser uma
associação sem fins lucrativos impossibilita o acesso a meios convencionais de
financiamento via instituições financeiras, e o papel dos parceiros governamentais e não
governamentais torna-se evidente e fundamental para promoção do comércio
ribeirinho solidário.