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A CONSTRUÇÃO DE NOVOS ESPAÇOS PARA UMA MELHOR CONVIVÊNCIA ENTRE OS HUMANOS CONECTANDO A GOVERNANÇA SOLIDÁRIA LOCAL AO FUTURO QUE QUEREMOS PARA PORTO ALEGRE CEZAR BUSATTO Secretário de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre JANDIRA FEIJÓ Conexões de Conteúdos / Secretaria de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre Julho /2010 Emails: [email protected] / [email protected] Blogs: http://www.vidademocratica.com/ http://jandirafeijo.blogspot.com

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Page 1: governança solidária local

A CONSTRUÇÃO DE NOVOS ESPAÇOS PARA UMA

MELHOR CONVIVÊNCIA ENTRE OS HUMANOS

CONECTANDO A GOVERNANÇA SOLIDÁRIA LOCAL AO FUTURO

QUE QUEREMOS PARA PORTO ALEGRE

CEZAR BUSATTO

Secretário de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre

JANDIRA FEIJÓ

Conexões de Conteúdos / Secretaria de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre

Julho /2010

Emails: [email protected] / [email protected]

Blogs: http://www.vidademocratica.com/ http://jandirafeijo.blogspot.com

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2

Uma nova expressão do viver em sociedade

A expansão democrática, aliada aos avanços

científicos e tecnológicos, e à crescente

consciência do papel dos cidadãos na

condução dos seus destinos, trouxe à tona

uma nova expressão do viver em sociedade.

Você pode identificar alguns exemplos

concretos desta nova forma da sociedade se expressar?

Os cidadãos deste novo Século

A sociedade do século XXI reflete o fortalecimento de

cidadãos mais conscientes; o alastramento de

organizações não-governamentais e o crescimento do

número de empresas socialmente responsáveis –

autores sociais que introduzem na agenda mundial

movimentos conectados e uma cidadania em rede cada

vez mais atenta e articulada.

Você pode identificar na sua rua, no seu bairro, na sua região, na sua cidade,

na sua atividade profissional, no seu ativismo comunitário, na sua militância

política ou na sua atuação como voluntário quais são estes autores sociais

que se dispõem a compartilhar responsabilidades e agir de forma articulada

em benefício do local onde vivem ou trabalham?

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3

De qual progresso e civilização estamos falando?

Entre as sombras e as luzes da globalização, surge

uma nova visão de progresso e civilização: a

sustentabilidade do planeta e da humanidade

depende do desenvolvimento das capacidades

individuais do ser humano e do estreitamento das

relações de confiança, solidariedade, cooperação e

espírito cívico das comunidades.

Você pode identificar quem são as pessoas na

sua rua, no seu bairro, na sua região, na sua

cidade, na sua atividade profissional, no seu ativismo comunitário, na sua

militância política, na sua família, entre seus amigos ou na sua atuação como

voluntário que efetivamente constroem relações de confiança, solidariedade e

cooperação?

De que governo estamos falando?

É neste ambiente, favorável à abertura de novos

espaços para a participação democrática e ao

crescimento da gestão participativa, que o Estado,

os governos – estruturados a partir de conceitos,

modelos e arquiteturas arcaicas e ultrapassadas –

precisam adequar-se para oferecer respostas à

altura dos novos tempos.

Page 4: governança solidária local

4

Você pode identificar de que modo se manifesta negativamente as

estruturas e organizações da máquina pública, impedindo, assim, a solução

dos problemas das comunidades locais? E você consegue identificar

estruturas semelhantes às estatais que se reproduzem nas associações,

ONGs, sindicatos,etc?

Os senhores feudais e a formação da exclusão

Atrelados a decisões de corporações

transnacionais, cujos capitais financeiros entram e

saem das economias locais qual nuvem de

gafanhotos; expostos às deliberações das grandes

potências mundiais, cujos resultados moldam

campos de refugiados, favelas e um contingente

cada vez maior de excluídos, os governos ainda

reagem como se estivessem em 1900, concentrados nas velhas práticas de

gestão centralizada e imediatista, com ações setoriais, desarticuladas,

sobrepostas e sem foco.

Os clientes do assistencialismo

De um modo em geral, os governos têm

dificuldade de livrar-se dos programas

assistencialistas e paternalistas, ignoram a

energia liberada pela nova sociedade e investem

sem preocupação com a definição de metas e

sem o monitoramento de suas ações.

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5

Você pode identificar alguns exemplos concretos que demonstrem que

também muitas comunidades e corporações se acomodam e gostam do

paternalismo estatal que as mantém reféns e clientes?

Os burocratas e os carentes

Os governos agem, de um modo em geral, sem

preocupação com a eficiência e com a eficácia de

seus projetos; perdem-se pelos obscuros caminhos

da burocracia, alimentam ciclos clientelistas e tratam

parcelas enormes da população como carentes –

criaturas desprovidas de iniciativa e possibilidade de

emancipação.

Quem elege os governantes e legisladores? Quem são os candidatos às

carreiras do funcionalismo público? Quem compõe os Partidos Políticos?

Quem exige responsabilidade social dos militantes partidários?Quem pode

democraticamente buscar as mudanças e transformações que estão sendo

colocadas em prática pela sociedade?

Orçamentos com pouco dinheiro, serviços para os cidadãos com muitos

déficits

Por outro lado, restritos a orçamentos fiscais limitados, estes governos

acumulam déficits sociais imensos, contribuindo – e não enfrentando

efetivamente o problema – com o alargamento e permanência de

desigualdades crônicas. Ante a este mundo em mutação, a saída para

o enfrentamento dos problemas sociais é, portanto, política.

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6

De que modo a sociedade em geral, e você, especificamente, pode apontar

saídas para enfrentar estes desafios?

Mais Democracia e menos Igualdade?

Em todos os países democráticos, especialmente

na América Latina, assusta “a sensação crescente

de que a democracia não trouxe desenvolvimento

na forma de mais empregos, escolas e saúde1”,

mas sim a elevação das desigualdades, dos

índices de violência e da criminalidade. No caso

brasileiro, todavia, a apreensão é ainda maior.

Democracia se traduz em emprego, saúde e educação?

O Brasil, por exemplo, consolidou sua democracia

eleitoral, mas está longe de ser considerado uma

democracia efetiva pela população, revelando um Estado

enfraquecido2.

Os brasileiros cada vez mais aderem à democracia, na

prática, porém, não confiam que suas instituições possam

melhorar a vida delas. O Estado brasileiro ensimesmou-se,

enveredando por caminhos não necessariamente amalgamados pela ética e pela

responsabilidade social.

1 Relatório da ONU sobre os Índices de Desenvolvimento Humano de 2002.

2 “A Desconfiança dos Cidadãos nas Instituições Democráticas”, pesquisa coordenada pelos cientistas políticos José Álvaro Moisés (USP) e

Rachel Meneguello (Unicamp), 2006, com dados comparados com estudos semelhantes feitos em 2000, 1997, 1993 e 1990.

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Resultados sociais correspondem aos anseios da população?

“O efeito disso foi o acúmulo de resultados sociais

não correspondentes aos anseios e necessidades

da população, má utilização de recursos públicos e

uma arquitetura velha, centralizada, dispersa em

dezenas de órgãos que não atuam

coordenadamente e que não operam em sintonia

com a iniciativa privada, com as organizações não-

governamentais, com o voluntariado, enfim, com a

sociedade, que tem hoje forças vivas que trabalham pelo bem-estar-social e que

estão dispostas a fazê-lo em parceria com os governos3”.

Ética, Responsalidade Social e Harmonia

A questão chave é que o novo paradigma, voltado para o desenvolvimento

sustentável e eqüitativo, lastreado nos princípios da responsabilidade social,

equilibra-se na relação mais harmoniosa entre Estado, Mercado e Sociedade.

Se a chave para a mudança é esta, você concorda que a

nossa força, como sociedade está em aceitar,

compreender e potencializar o que nos diferencia, vendo

na diferença a possibilidade de complementar idéias,

ações e recursos? Você concorda que o quê nos separa

não é diferença, mas sim a desigualdade?

3 A Era dos Vagalumes – O Florescer de uma Nova Cultura Política, Cézar Busatto e Jandira Feijó, Editora da Ulbra, 2006, página 28.

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Governos existem para melhorar a vida e as relações entre as pessoas

Hoje, mais do que nunca, é chegado o momento do

Estado reinventar-se e, ao mesmo tempo, reassumir seu

papel primordial e prioritário que é prover políticas

públicas que garantam o bem-estar social de todos, com e para a sociedade.

“Afinal, governos existem para melhorar a vida

das pessoas, para assegurar a paz e autonomia

das comunidades4”.

Uma nova estrutura de Estado e de Governo

A nova arquitetura estatal deve compartilhar o poder,

ser efetivamente pública, “compatibilizar pluralidade e

especificidades, induzir o fortalecimento sociais

locais de desenvolvimento integrado e sustentável, e,

principalmente, compreender o protagonismo da

cidadania, abandonando as políticas públicas

assistencialistas, clientelistas, paternalistas,

fisiológicas5”.

4 Cezar Busatto, Secretário de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre 5 A Era dos Vagalumes – O Florescer de uma Nova Cultura Política, Cézar Busatto e Jandira Feijó, Editora da Ulbra, 2006, página 32.

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NOVO PARADIGMA

A Sociedade da Informação

A necessidade de mais transparência,

diálogo, participação, co-

responsabilidade, ética, eficácia,

monitoramento e avaliação de

resultados tanto na esfera pública

quanto privada, é fruto desta sociedade

do século XXI, onde a informação

circula e é gerada em todas as direções,

possibilitando maior comunicação entre as pessoas e tecendo uma vigorosa teia

de relações.

Sobre redes e conexões

Nesta sociedade em que se melhor visualiza as

redes e conexões entre os humanos não se

delega poder e sim se distribui

responsabilidades em torno de objetivos

comuns.

Conforme o fluxo das informações e das

conexões construídas, o desenho dessa rede

vai se alterando de estruturas centralizadas

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para estruturas distribuídas e isto fará, cada vez, uma grande diferença no

comportamento dos governantes, legisladores, empresários, entidades

comunitárias e cidadãos de um modo em geral.

Diálogo e Colaboração

Com a emergência da força de tantos autores sociais

entrelaçados e articulados, torna-se imperativa a

construção de caminhos que desobstruam os entraves ao

diálogo, à diversidade, à pluralidade e, portanto, da

sustentabilidade das relações humanas, políticas, sociais,

institucionais e mercadológicas.

Este é o caminho da inovação, da criatividade, do empreendedorismo.

A inovação é a solução que só aparece na alquimia da relação e isto ocorre com a

negociação.

Temos que estar preparados para o debate e preparar-

se para o debate não significa armar-se para destruir os

argumentos do outro e sim ter consciência de nossos

argumentos e capacidade para ouvir os argumentos do

outro. Não precisamos temer os conflitos, temos que

saber gerenciá-los, isto é muito diferente da prática da cooptação, da censura, que

renegam e sufocam as divergências, acirrando ânimos.

Você se dispõe a enfrentar este tipo de desafio? Você concordaria em dar o

primeiro passo para introduzir a prática do diálogo na comunidade onde vive

ou atua?

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Estado, Mercado e Sociedade são feitos por pessoas e só existem porque

seres humanos precisam se relacionar

A partir dessa pressão espontânea, o que se

convencionou chamar de primeiro, segundo e terceiro

setores – Estado, Mercado e Sociedade – são levados a

adequar-se sob pena de tornarem-se inviáveis, pelo

menos nos moldes de até então.

Compreender isso é aceitar o diálogo, compreender isso

é fundamental para sobreviver, seja no mundo dos negócios, no mundo da

política, na vida familiar, ou em qualquer grupo social.

Dialogar, portanto, é a essência dos relacionamentos.

Dialogar não é trocar frases e palavras, é ver nascerem novas convicções e

argumentos pela troca de energia e conhecimento com o nosso interlocutor.

Dialogar é mais do que uma soma: é uma espécie de “fecundação” decisiva

para a compreensão do “outro”. É o diálogo que gera conhecimento e a

inovação que poderá resultar na solução!

Você já tentou dialogar ouvindo sem

preconceitos, sem idéias pré-concebidas o que

outra pessoa possa a ter para lhe dizer?

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Governança como sinônimo de respeito, diálogo e participação democrática

É assim que no passado recente fraudes e escândalos

no Mercado, com graves impactos financeiros para a

iniciativa privada (e prejuízos sociais como a redução

de emprego e diminuição do pagamento de impostos)

colocaram em evidência no mundo dos negócios a

necessidade de práticas de “governança corporativa”.

Da mesma forma, a concretização da União Européia

exigiu a concepção de um ambiente político mais além da “governabilidade”.

Sociedades, como nós, seres humanos, também precisam amadurecer

Isso significa uma guinada de rumos importante, já que

potências econômicas, financeiras, Nações, governos e

corporações de várias partes do mundo se vêem obrigadas a

alterar rotas para adaptarem-se aos movimentos de uma

sociedade mais madura.

Porto Alegre, deste ponto de vista tem uma

história com marcas indeléveis. A cidade

tem suas origens mais profundas na longa tradição de

associativismo e vida comunitária que acompanha o

surgimento e a historia de nossos bairros e vilas. Essa atitude

participativa de homens e mulheres que se estabeleceram aqui conformou ao

longo de tempo as mais variadas formas de ação coletiva em favor do interesse

comum, da construção de uma cidade mais justa e inclusiva para todos.

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Tipos de comunidades

Podemos identificar três grandes formas da participação

comunitária que contribuíram para a construção da

democracia e para o desenvolvimento da cidade de Porto

Alegre. Todas elas se relacionam e convivem entre si,

embora em cada situação e em cada momento uma ou outra

possa predominar em relação às demais, conferindo uma

determinada identidade a vida associativa e comunitária.

Resistência – Uma primeira forma de participação na

construção da cidade pode ser caracterizada como de

resistência aos desmandos, a violência, as

arbitrariedades, aos preconceitos, as discriminações de

todo tipo. Através desta forma de participação

democrática se constituem comunidades de resistência

ao arbítrio e as injustiças. A defesa da dignidade humana e da liberdade e a idéia

forca que anima estas pessoas e comunidades.

Reinvindicação – Uma segunda forma de participação

caracteriza-se pela defesa dos direitos humanos e

sociais básicos, como o acesso a terra, a moradia, aos

serviços públicos essenciais como a educação, a

saúde, o saneamento, o transporte, a segurança

pública.

Nesta forma de participação comunitária, formam-se comunidades de

reivindicação e de controle social sobre as políticas publicas, para que estas

respondam as necessidades dos que mais precisam. Colocar o poder público a

serviço do cidadão e a idéia força que anima estas pessoas e comunidades.

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Emancipação e Projeto – Podemos identificar uma

terceira forma de participação, quando uma comunidade

vai mais alem da resistência, da reivindicação e do

controle social sobre as políticas publicas e começa a

protagonizar seu próprio projeto de desenvolvimento,

colocando-se na condição de sujeito do seu presente e

da construção de seu futuro.

Nesta situação, as pessoas somam suas capacidades e energias para elaborar

seus planos de melhorias e de desenvolvimento comunitário, exercem seu espírito

inovador e empreendedor para buscar alternativas de autonomia e

sustentabilidade, de geração de riqueza, trabalho e renda, buscam viabilizar

parcerias e alianças estratégicas com governos, empresas e organizações sociais,

universidades e institutos de pesquisa para colocar em prática os planos e projetos

elaborados coletivamente.

A sustentabilidade coletiva virá com a ruptura de comportamentos

individualistas

A velocidade com que estas mudanças estão ocorrendo

representa, enfim, que temos uma real possibilidade de ofertar

resultados positivos e concretos à população por meio de

políticas públicas sustentáveis e eficazes; de geração e

distribuição de renda e oportunidades, e, finalmente, de

constituição de ambiente gerador de paz, harmonia e felicidade exigem a imediata

superação de antigos paradigmas.

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O que pode ser o grande salto da humanidade neste novo século? Como nos

apropriarmos de todas as camadas e superposições do conhecimento

herdado das gerações que nos antecederam para conectá-las ao

conhecimento que está sendo gerado agora e com isso assegurar a

sustentabilidade do planeta e da própria humanidade?

A inteligência coletiva apontará as soluções

Temos, efetivamente, neste novo século, a possibilidade de

constituirmos uma nova civilização, onde os saberes e

capacidades individuais são cada vez mais importantes, desde

que os indivíduos se disponham a abrir mão de comportamentos

individualistas e cooperem, coloquem seu saber à disposição;

aprendam a dialogar para aprender ainda mais. É isto que gera a inteligência

coletiva.

“Os universos burocráticos e totalitários terminam por fracassar porque

impedem que a inteligência coletiva se manifeste”.

A inteligência do todo não resulta mais mecanicamente de atos cegos e

automáticos, pois é o pensamento das pessoas que pereniza, inventa e põe

em movimento o pensamento da sociedade.

Em um coletivo inteligente, a comunidade assume como objetivo a

negociação permanente da ordem estabelecida, de sua linguagem, o papel

de cada um, o discernimento, a definição de seus objetos, a reinterpretação

do seu futuro6.”

6 Pierre Levy, em palestra no Fronteiras do Pensamento, 2006.

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A tecnologia gerou o motor que dá acesso à informação e identifica as

conexões, mas o que aciona o motor das mudanças é o compartilhamento

do conhecimento, é a colaboração

Os fluxos vertiginosos de recursos e informação que atravessam os continentes

sem levar em conta fronteiras territoriais geraram experiências inovadoras e

transformadoras onde temos, via de regra, as cidades como atores locais

emergentes no mundo globalizado.

O território como o local da atitude que supera os desafios e pratica a

colaboração

Ao mesmo tempo em que as cidades precisam estar

conectadas à modernidade, é nos seus territórios que

as populações sofrem e gozam os impactos dos

novos tempos.

Isto exige que tanto os governantes municipais,

servidores públicos, quanto todos os cidadãos,

empresas locais, organizações não-governamentais efetivamente se unam para

enfrentar os desafios de um mundo globalizado e usufruam das vantagens que um

mundo sem fronteira oferta com cardápios de soluções compartilhadas.

A cidade como potência, o cidadão exercitando o poder

A potência das cidades com seus múltiplos territórios e a rica

diversidade dos cidadãos que realizam suas vidas nestes locais,

será tão mais intensa quanto mais atentos e receptivos

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estivermos para diagnosticar as deficiências que ali surgem e os ativos que

também ali existem para enfrentá-los.

A força dos cidadãos, por sua vez, está em exigir seus direitos com a mesma

intensidade com que assume seus deveres. Isto se reflete positivamente na vida

da cidade quando a participação pró-ativa da população conecta-se de forma

plural e respeitosa em prol de um objetivo comum e, gerenciando seus conflitos,

constrói agendas onde juntos os cidadãos daquele local formam um time para

alcançar as metas estabelecidas conjuntamente.

O que dá efetividade à Democracia é o respeito à pluralidade, a valorização

da diversidade, a articulação de saberes, a gestão dos conflitos

Se a iniciativa privada já compreendeu tudo isso, se as

organizações não-governamentais, o voluntariado,

enfim, se Mercado e Sociedade já começam a

transformar sua forma de relacionar-se, como pode o

Estado, os governos seguirem repetindo padrões de

ação e comportamento ultrapassados?

E você, o que tem feito para não se omitir? O que

tem feito para alterar seus padrões de ações e comportamentos para que

não repita paradigmas ultrapassados?

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Conexões, Sinergia e Cooperação: vocês ainda vão ouvir falar muito nisso

Hoje, não é mais possível imaginar um poder

estatal público que não atue conjugando os

esforços de governabilidade (adesão dos

segmentos interessados e da opinião pública) e

esforços de governança (negociação com atores).

A sinergia entre estas duas concepções,

potencializada pela necessidade de agir com foco

preciso no lugar onde as pessoas vivem, resgata uma espécie de reconhecimento

ao indispensável equilíbrio do ecossistema social.

Governança Solidária Local

Coesão ou conflito social, êxito ou do fracasso do

desenvolvimento econômico, preservação ou

deterioração do ambiente natural, bem como o respeito

ou a violação dos direitos humanos e das liberdades

fundamentais são opções da encruzilhada em que se

vê a humanidade e que podem ser iluminadas pelo

que denominamos “Governança Solidária Local”: um

jeito de melhor nos comunicarmos, melhor nos relacionarmos, melhor

governarmos.

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AVANÇOS DEMOCRÁTICOS

MAIS ALGUMAS REFLEXÕES

O papel dos articuladores de governança é fomentar a confiança, a

cooperação e o fortalecimento das redes sociais, com pluralidade, sem

exclusões:

Despertar as capacidades dos indivíduos, os ativos da

comunidade, não apenas as suas necessidades;

Despertar nas pessoas a capacidade de enxergar não só

as suas carências, mas também suas forças, potências

Lembre que para articular Redes de Governança Solidária Local é preciso ter

em mente que:

Humanos são seres essencialmente sociais. Por serem

necessariamente seres sociais, as pessoas cooperam entre si e são

solidárias;

Humanos para viver e sobreviver em sociedade precisam fortalecer as

relações de cooperação entre pessoas. As pessoas querem melhorar-se,

desenvolverem-se, emanciparem-se. As comunidades também: é preciso

despertá-las, estimulá-las a sonhar, fomentar as parcerias e alianças para realizar

seus sonhos.

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RELEMBRANDO:

A Governança Solidária Local é simplesmente um jeito de governar que prioriza

as relações horizontais e solidárias com vistas ao desenvolvimento local

sustentável:

Governança porque visa a gestão de saberes, de relacionamentos e de

processos. Solidária porque incentiva à cooperação e à resolução de conflitos.

Local porque precisa acontecer no território, que é o local onde o ser humano se

expressa na sua integralidade.

Por fim:

Porto Alegre é uma cidade que resiste à

modernidade?

Porto Alegre reivindica e não assume

seus deveres?

Porto Alegre se une em torno de um

projeto de futuro?

Qual a forma de participação predominante na sua comunidade: resistência,

reivindicação ou projeto?

Qual a avaliação que fazemos da democracia que estamos construindo em

Porto Alegre?

De que modo a democracia está alavancando o desenvolvimento econômico

e social de Porto Alegre?

Como podemos contribuir para democratizar a democracia em Porto Alegre?

Como podemos contribuir para o desenvolvimento de Porto Alegre?

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Ao adotar o conceito de Governança Solidária Local

como bússola, a Prefeitura Municipal de Porto

Alegre se coloca o compromisso de:

Diagnosticar a realidade social – trabalhando com indicadores territoriais.

Adotar orçamento por programas – reduzindo a setorização e

potencializando a aplicação dos recursos públicos.

Atuar territorialmente – governando no local onde as pessoas vivem

Governar por metas de melhoria social – estimulando a transparência dos

programas estratégicos.

Promover a transversalidade nas ações governamentais – reduzindo áreas

de conflitos entre as visões / interesses dos múltiplos partidos que formam o

governo.

Avaliar a eficácia das políticas sociais – prestando contas de suas ações.

Construir políticas públicas e definir aplicações de recursos a partir do ciclo

do Orçamento Participativo e das múltiplas instâncias, conselhos e fóruns de

participação democrática da cidade.

Encontrar alternativas criativas para potencializar os recursos da cidade de

modo a viabilizar os projetos de futuro das comunidades locais e da cidade

como um todo.

Desenvolver a co-responsabilidade e gerar ambiente de diálogo

Construir visão de futuro coletiva e estimular parcerias e cooperação

Incentivar o empreendedorismo e alcançar novo patamar de bem estar

social

Fortalecer a democracia

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Mas, afinal, o que são Redes?

Texto de Egeu Laus

“Mas, afinal, nos dias de hoje, que diabo

de expressão é esta? O que significa esta

palavrinha que vem sendo lida e citada em

toda parte nas mais variadas acepções?

Trabalhar em rede, rede de

relacionamentos, organizações em rede,

gestão em rede, etc. Tudo agora é em rede?

Na sua definição mais básica podemos dizer que qualquer artefato que permita

uma comunicação mais ou menos permanente entre um determinado número de

pessoas conforma uma rede.

Nesse sentido, a malha telefônica de uma cidade, é a rede telefônica. Ou muito

antigamente a de trens formava a rede ferroviária. Com o tempo, os usuários

constantes de um determinado tipo de informação passam a ser chamados

também de uma rede.

Portanto, a Ordem dos Cavaleiros Templários configurava de

certo modo uma rede, as lojas das Casas Pernambucanas

eram uma rede, e assim por diante. Invente aí os exemplos que

você quiser, até chegar aos emblemáticos exemplos do

segmento das comunicações como a Rede Globo, a Rede

Record, as redes radiofônicas e as redes de jornais e revistas,

etc.

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Qual é a grande diferença entre elas e o que hoje estamos conhecendo como

Redes Sociais?

É que elas recebiam erradamente o nome

de redes centralizadas, quando toda a

informação era enviada apenas de um

ponto, ou eram chamadas de redes

descentralizadas, quando vários pontos

intermediários emitiam também

informações. Mas, no fundo, elas nunca

desenharam realmente uma Rede.

O que configura verdadeiramente uma

Rede é a possibilidade de TODOS os

pontos poderem se comunicar com

TODOS os outros pontos, em todas as direções, livremente, ponto a ponto,

naquilo que se conhece conceitualmente como Rede Distribuída.

Qual é a grande mudança? A possibilidade de todos os cidadãos ouvirem e

serem ouvidos e poderem congregar em torno de suas vozes as mais

variadas e múltiplas maneiras e formas de ação e atuação. Sem que ninguém

tenha que falar por elas”.

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Rede Social Centralizada

Estabelece relações piramidais, hierárquicas e de comando e controle entre pessoas

Corresponde a uma prática política competitiva, adversarial, de disputa pelo poder

Resolve conflitos com baixa intensidade democrática – Vencedores e Perdedores

Situação típica da atual democracia representativa, dos partidos políticos e do voto

Exemplos de como a rede social centralizada se expressa:

Governo Provedor

Cidadão de Direitos - usuário/eleitor

Oferta de serviços públicos de boa qualidade

Voto bem informado e consciente

Facilidades do governo eletrônico – Web 1.0

Rede Social distribuída

Estabelece relações horizontais, igualitárias e de convivência entre pessoas.

Corresponde a uma prática política cooperativa (diálogo, respeito à diferença) de busca

do bem comum.

Resolve conflitos com alta intensidade democrática – Todos Vencedores.

Ambiente típico da democracia como modo de vida comunitário, local, na base da

sociedade e no cotidiano dos cidadãos.

Exemplos de como a rede social distribuída se expressa:

Governança Solidária Local / Cidadão de Direitos e Responsabilidades

Co-produção de serviços públicos / Co-produção da informação

Co-produção da cidade / Facilidades das plataformas colaborativas - Web 2.0

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Lições de um cara dançante!!! Se você já aprendeu bastante sobre liderança e como criar um movimento, então que tal assistirmos um movimento acontecer, do início ao fim, em menos de 3 minutos, e retirar algumas lições: Um líder precisar ter a ousadia de começar sozinho e se passar por ridículo. Mas o que ele está fazendo é tão simples, é quase instrutivo. Essa é a chave. Você deve ser fácil de seguir! Então, chega o primeiro seguidor com um papel crucial: ele mostra publicamente como seguir. Perceba que o líder o recebe como um igual, então já não é mais a respeito do líder - é a respeito deles, plural. Veja que ele está chamando os amigos para juntarem-se a ele. É necessário ousadia para ser o primeiro seguidor! Você se expõe e desafia o ridículo, por conta própria. Ser um primeiro seguidor é uma forma de liderança menosprezada. O primeiro seguidor transforma um maluco solitário em um líder. Se o líder é a perdeneira, então, o primeiro seguidor é a faísca que acende o fogo. O 2º seguidor é um ponto decisivo: é a prova de que o primeiro se saiu bem. Agora já não é um maluco solitário, nem dois malucos. Três é uma multidão e uma multidão é notícia. Um movimento deve ser público. Certifique-se que os de fora possam ver mais que apenas o líder. Todos precisam ver os seguidores, porque os novos adeptos imitam os veteranos - não o líder. Então chegam mais 2, depois mais 3. Agora temos cinética. Esse é o ponto da virada! Agora temos um movimento! Quanto mais pessoas aderem, deixa de ser arriscado. Se antes estavam encima do muro, agora não há razão para não se juntarem. Elas não serão ridicularizadas, não ficarão expostas, e estarão no centro da multidão, caso se apressem. Ao longo do próximo minuto veremos que o restante prefere fazer parte da multidão, uma vez que poderiam ser ridicularizados por não se juntarem. Senhoras e senhores, essa é a maneira como se produz um movimento! Vamos recapitular o que aprendemos:

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Se você for uma versão do cara dançante sem camisa, completamente sozinho, lembre-se da importância de tratar seus primeiros seguidores como seus iguais, deixe tudo claro sobre o movimento, não sobre você. Seja público. Seja fácil de seguir! Mas a maior lição aqui - você percebeu? Liderança é superestimada. Sim, isso começou com um cara sem camisa, e ele levará todo o crédito, mas vocês viram o que realmente aconteceu: Foi o primeiro seguidor que transformou um maluco solitário em um líder. Não há movimento sem um primeiro seguidor. Dizem que todos nós precisamos ser líderes, mas isso seria realmente inútil. A melhor maneira de criar um movimento, se você realmente se importa, é corajosamente seguir e mostrar aos outros como seguir. Quando você encontrar um maluco solitário fazendo algo formidável, tenha a ousadia de ser a primeira pessoa a se levantar e juntar-se a ele.