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ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO NA PERSPECTIVA DAS
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A AMPLIAÇÃO DA CIDADANIA E DA
INCLUSÃO SOCIAL
Francisca Hozana de Melo Silva (1); Vanderluci de Oliveira Pereira (2); Edenia Cesarina de
Brito (4).
FACENE/FAMENE - Faculdade de Enfermagem e de Medicina Nova Esperança
RESUMO
A realidade social dentro do universo do idoso ainda é marcada pelo isolamento social e restrição da
cidadania. Pois, infelizmente a sociedade ainda trata os idosos como incapazes, contribuindo dessa
forma para o desenvolvimento de uma imagem negativa e pessimista da velhice. Sabe-se que há
políticas públicas voltadas para essa faixa-etária, entretanto muitos dos idosos não procuram, pois
desconhecem seus direitos, e poucos conseguem ter tais direitos reconhecidos e efetivados. A
abordagem metodológica se pautou por uma pesquisa bibliográfica partindo das concepções de
envelhecimento e velhice, apresentando como conceitos distintos, construídos socialmente e que
refletem o papel social e as várias formas de tratamento que a sociedade destina ao seu idoso.
Salientamos as questões sociais da velhice aliada ao envelhecimento da sociedade atual, mostrando o
aumento populacional de idosos que vem sendo registrado nos últimos anos, além das previsões
futuras desse fenômeno. Em seguida, foi discutido acerca dos direitos assegurados pela Política
Nacional do Idoso e pelo seu Estatuto, como base da cidadania da pessoa idosa e norteadores das
políticas sociais e de atendimento ao segmento etário da terceira idade. O artigo apresenta como
objetivo, analisar as políticas públicas para a ampliação da cidadania e da inclusão social do idoso na
sociedade brasileira.
Palavras-chave: Políticas públicas; Inclusão social; Cidadania; Idoso.
INTRODUÇÃO
Os idosos serão o segmento majoritário da população brasileira, partindo desse
princípio, podemos dizer que as gerações que, hoje, vivem a infância e a juventude, estão
envelhecendo e, futuramente, serão idosos. Apesar de encarado como uma conquista da
sociedade contemporânea, o fato social do envelhecimento passa a ser, principalmente, uma
preocupação frente às questões sociais do idoso, tais como a discriminação, o isolamento
social, a marginalização, em consequência dos estigmas associados à velhice, numa sociedade
capitalista, onde vale mais quem produz mais, os idosos são vistos como inúteis inválidos, e
indivíduos a serem descartados.
Se por um lado, a longevidade etária é algo positivo, por outro, causa preocupação,
pois a sociedade não está preparada para receber os idosos, por isso é necessário que haja
mais estímulo no sentido de um olhar ainda mais assistencial a respeito da população idosa.
Na perspectiva da Assistência Social, as políticas públicas estão cada vez mais voltadas à
promoção da qualidade de vida na terceira idade, entretanto é preciso que tais políticas sejam
mais divulgadas para que os idosos possam usufruir de espaços de integração, participação
ativa, cidadania e lazer.
O interesse pela temática da velhice surge, primeiramente, a partir da necessidade de
discutir tal tema que parece ainda não ser tão relevante na sociedade atual, mas também
compreender que enquanto questão social necessita de intervenções, através de novas
propostas de atuação assistencial focada na inclusão social, na promoção da participação
política dos idosos, no exercício da cidadania, no envelhecimento ativo.
Para isso, objetivou-se analisar as políticas públicas para a ampliação da cidadania e
da inclusão social do idoso na sociedade brasileira. Acreditamos que os idosos devem ser
mais organizados a fim de cobrar políticas públicas que são voltadas para eles, mas às vezes
tais idosos não têm acesso, seja por desconhecimento ou por acomodação em consequência de
acreditarem que já não são mais capazes de participar ativamente da sociedade.
O estudo se pautou por uma pesquisa bibliográfica, que segundo Gil (2011) consiste
no desenvolvimento a partir de materiais já elaborados, constituindo de livros e artigos
científicos. A seguir, evidenciaremos na primeira a seção concepções acerca da velhice e do
envelhecimento.
CONCEPÇÕES RELATIVAS AO ENVELHECIMENTO E A VELHICE
Para alguns autores há diferença entre velhice e envelhecimento e outros não se
pautam por tal diferença. Vejamos a concepção a seguir.
Se o envelhecimento é o tempo da idade que avança, a velhice é o da idade avançada,
entenda-se, em direção a morte. No discurso atual, a palavra envelhecimento é quase sempre
usada num sentido restritivo e em lugar da velhice. A sinonímia dessas palavras denuncia a
denegação de um processo irreversível que diz respeito a todos nós, do recém-nascido ao
ancião (MESSY, 2001).
Nessa concepção, podemos entender que há uma diferença entre envelhecimento e
velhice. Sendo assim, o envelhecimento não se trata apenas de uma fase da vida do indivíduo,
mas se apresenta como um processo inseparável da condição humana desde a sua existência,
ou seja, ele se dar desde o momento em que nascemos.
Para (SILVA, 2009, p. 16), o processo do envelhecer apresenta estas características: “é
universal, por ser natural, não depende da vontade do indivíduo, todo ser nasce, desenvolve-
se, cresce, envelhece e morre. É irreversível, apesar de todo o avanço da medicina”.
As transformações que constituem e caracterizam o envelhecimento são complexas.
No aspecto biológico, o envelhecimento é compreendido pelo acúmulo de uma enorme
variedade de danos moleculares e celulares. Com o tempo, esses danos provocam uma perda
gradual nas capacidades fisiológicas, um aumento das chances de contrair e desenvolver
diversas doenças e um declínio geral nas capacidades intrínsecas aos indivíduos. Em última
instância, resulta na morte (OMS, 2015).
Para alguns autores, existem variadas dimensões de análise sobre o processo de
envelhecimento, que pode ser a dimensão biológica, a psicológica, a cronológica ou a social.
Confirmando tal afirmação, é possível citar que o conceito de envelhecer é, de acordo com
Souza (2007, p. 12), “entre todas as definições existentes, a que melhor satisfaz é aquela que
conceitua o envelhecimento como um processo dinâmico e progressivo, no qual há
modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas [...]”.
Salgado (2007, p. 68) compreende o envelhecimento como:
Um processo multidimensional, ou seja, resulta da interação de fatores biológicos,
psicoemocionais e socioculturais. Executando a razão biológica que tem caráter
processual e universal, os demais fatores são composições individuais e sociais,
resultado de visões e oportunidades que cada sociedade atribui aos seus idosos.
Assim, entendemos o envelhecimento como uma construção da sociedade em que
vivemos, ou seja, para além dos fatores biológico, cronológico e psicológico, o ambiente e as
circunstâncias em que vivemos também influenciam no processo de envelhecimento.
Portanto, o processo de envelhecer é também influenciado pela sociedade e pelo indivíduo.
Portanto, entendemos que a sociedade precisa está preparada para entender o envelhecimento
como algo natural, sem discriminar tal faixa etária.
De acordo com Araldi (2008, p. 16), o envelhecimento é complexo e compreende
características específicas que estão interligadas, e apenas dessa forma é possível
compreender o envelhecer.
Para entender o processo de envelhecimento é necessário ter uma compreensão da
totalidade e da complexidade do ser humano, pois cada aspecto seja biológico,
cultural ou social não estão desconectados. Desse modo, entende-se os ciclos pelo
qual o ser humano perpassa na sua existência (ARALDI, 2008, p. 16).
Uma vez mostrados os conceitos do envelhecimento, nos deteremos no que os autores
entendem por velhice.
Na compreensão de Neri (2001, p. 69) “a velhice é a última fase do ciclo vital e é
delimitada por eventos de natureza múltipla, incluindo, por exemplo, perdas psicomotoras,
afastamento social, restrição em papéis sociais e especializações cognitivas”. A velhice,
portanto é um fato biológico, pois ela é natural e comum, isto significa que está presente em
todas as sociedades humanas, assim como o envelhecimento.
Parece, no entanto, que somente esse fato natural e biológico é insuficiente para
definir a velhice. Um conceito, baseado simplesmente na biologia, não contemplaria todas as
peculiaridades do que é velhice; não seria capaz de dar uma percepção mais abrangente dos
comportamentos, das atitudes e dos aspectos psicológicos e sociais dos indivíduos.
Para assimilar bem a real e a verdadeira significação da velhice é imprescindível
analisar o ambiente que é destinado aos velhos, a partir da representação que se faz deles nas
várias épocas e, em diferentes lugares.
Desta forma, é fato que na atualidade, a velhice não possui a mesma representação que
ocupava em outros contextos da história da humanidade, seguindo a evolução cultural das
sociedades. Diante disso, podemos dizer que a noção de velhice e envelhecimento foi se
aprimorando de acordo com as transformações sociais advindas no decorrer do tempo, visto
que as dimensões meramente biológicas e psicológicas foram insatisfatórias para articular,
nos dias atuais, conhecimentos e pensamentos teóricos, anteriormente vistos como
dissociados, como por exemplo, da relação entre idoso, inclusão social e qualidade de vida. É
de suma importância, portanto, desenvolver estudos sociológicos, proporcionando a
compreensão das várias problemáticas associadas com a velhice.
DEMOSTRATIVO DEMOGRÁFICO DO ENVELHECIMENTO NO BRASIL
Na dimensão demográfica o envelhecimento populacional é definido, segundo o
Ministério da saúde (2010), como:
A mudança na estrutura etária da população, o que produz um aumento do peso
relativo das pessoas acima de determinada idade, considerada como definidora do
início da velhice. No Brasil, é definida como idosa a pessoa que tem 60 anos ou
mais de idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, p. 11).
O envelhecimento humano é um fenômeno que vem ocorrendo em escala mundial e
no Brasil, o segmento da população com 60 anos ou mais, cresce aceleradamente. De acordo
com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o senso de 2000 já
apontava que o século XXI seria marcado como o século do envelhecimento, visto que o
número de idosos no país já somava 15 milhões de pessoas. Conforme Veras e Camargo
(1995), já no ano de 2025, estima-se que o total de idoso alcançará cerca de 32 milhões de
pessoas, colocando o Brasil em sexto lugar no mundo, como um dos países com maior
segmento populacional de idosos.
Dentre as maiores conquistas sociais de uma nação em seu processo de humanização
se destaca o envelhecimento da população, como resultado do aprimoramento das condições
de vida da sociedade. Segundo o Ministério da Saúde (2007),
O envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da
maioria das sociedades. O mundo está envelhecendo. Tanto isso é verdade que
estima-se para o ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com
sessenta anos e mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em
desenvolvimento.
Isso é reflexo do mais baixo crescimento populacional associado com menores taxas
de natalidade e fecundidade, esboçando, assim, um novo perfil à realidade de diferentes
países, principalmente dos países em desenvolvimento, e caracterizando um processo
relevante de modificação da composição da pirâmide etária da população mundial.
O efeito da redução dos níveis de fecundidade aliado ao da mortalidade no Brasil vem
produzindo alterações no paradigma etário da população, principalmente na década de 1980.
O formato representativamente triangular da pirâmide etária populacional, com uma base
alargada, está sofrendo alterações e cedendo espaço para uma nova configuração: pirâmide
populacional com base mais estreita e vértice mais largo característico de uma sociedade em
processo acelerado de envelhecimento.
Gráfico 1 – Pirâmide Etária do Brasil – Projeção para a população brasileira entre 2005 e 2050
Fonte: Ministério da Saúde, 2010.
De acordo com os dados da última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística IBGE em 2009, o envelhecimento da população brasileira se destaca
mais uma vez: em vinte anos a população idosa mais que dobrou. Conforme o IBGE (2010)
os idosos (pessoas com 60 anos ou mais) – totalizam 23,5 milhões dos brasileiros, sendo
assim, a população idosa mais que duplicou em relação ao registrado em 1991, quando a faixa
etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas.
Esse aumento, em dez anos, reforça o atual contexto brasileiro: o de um vertiginoso
crescimento da população idosa. Nessa realidade atual, o idoso no século XXI se apresenta
como um ser ativo no caminho da evolução social. A novidade na questão da velhice,
sobretudo no Brasil, acompanha o próprio movimento descoberta da velhice, ganhando, assim
maior visibilidade e atenção da nossa sociedade.
O crescente número de idosos, tanto proporcional quanto absoluto, está a provocar
mudanças profundas na forma de pensar e viver a velhice na sociedade. Além disso, a
proporção "mais idosa” continua em crescimento, alterando também a pirâmide etária dentro
de seu próprio grupo (o da longeva idade). Isto sinaliza que a população idosa também está
envelhecendo, ou seja, a expectativa de vida continua aumentando.
Estas mudanças refletem na disposição política, diante da enorme necessidade de
desenvolver e executar políticas públicas voltadas ao atendimento da pessoa idosa, bem como
no âmbito jurídico, com a efetivação de legislações protetivas, que procuram garantir o
princípio da dignidade da pessoa humana a esse grupo.
A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA DO IDOSO POR MEIO DAS POLÍTICAS
PÚBLICAS
A situação inicial dos velhos, na modernidade, não lhes oportunizaria a construção de
um futuro positivo. É, exatamente, por isso que, ainda hoje, relacionamos a ideia do velho
àquilo que não possui nenhum valor, ao que possui pouca, ou ao que não tem utilidade. No
entanto, foi apenas com o reconhecimento de que o ser humano, no decorrer de toda sua vida,
é possuidor de direitos fundamentais, foi possível transformar a concepção de que os velhos
são compreendidos como seres inúteis, sem importância (BRASIL, 2013).
Nesse sentido, a cidadania do idoso pode ser vista como um dos maiores avanços
conquistado pela sociedade. Na contemporaneidade, são diversos os instrumentos e meios de
proteção da pessoa idosa, principalmente após a aprovação do Estatuto do Idoso, que aspirou
conceber um sistema vasto de proteção ao idoso, inclusivamente com ações preventivas.
ESTATUTO E A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO ENQUANTO LEGISLAÇÃO
ESSENCIAL AO ATENDIMENTO À PESSOA IDOSA
É a partir da Constituição Brasileira de 1988 que o velho passa a ser visto como sujeito
de direito, caracterizando-se pessoa idosa, e incumbiu ao Estado à construção de políticas
voltadas ao atendimento deste seguimento. Conforme Darroit (2011 p. 28) “a Constituição
Federal de 1988 incorporou um importante avanço no campo dos direitos da pessoa idosa e
que a questão da velhice passou a ser considerado como um problema social relevante”.
A Constituição (1988) no artigo 229, o Estado coloca a cargo dos filhos maiores o
dever de proteger e amparar os pais na velhice, pobreza ou enfermidade, bem como no artigo
230, estipula que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida” (p.130).
No ano de 1994, é decretada a Lei 8.842 em 04 de janeiro, que discorre acerca da
Política Nacional do Idoso, que tem por objetivo conforme o Art. 1º “[...] assegurar os direitos
sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação
efetiva na sociedade”.
A mesma lei foi a primeira legislação específica no tocante da questão do idoso no
Brasil, para efeito de legitimação dos direitos que pautam nas políticas de atenção a esse
segmento, que obtiverem idade superior a sessenta anos. Segundo Teixeira (2008), a Política
Nacional do Idoso:
[...] foi pautada em dois eixos básicos: proteção social, que inclui as questões de
saúde, moradia, transporte, renda mínima, e inclusão social, que trata da inserção ou
reinserção social dos idosos por meio da participação em atividades educativas,
socioculturais, organizativas, saúde preventiva, desportivas, ação comunitária. Além
disso, trabalho e renda, com incentivo à organização coletiva na busca associada
para a produção e geração de renda como cooperativas populares e projetos
comunitários (TEXEIRA, 2008, p.78).
Ela veio reafirmar e ampliar os direitos dos idosos já reconhecidos na Constituição
Federal, apontando modos de concretização, enquanto ferramenta legal capaz de controlar e
erradicar a violação desses direitos e impulsionando a proteção integral do idoso em
circunstâncias de risco social. Sendo assim, a nova legislação é resultado das novas exigências
da sociedade brasileira para o atendimento da população idosa, frente ao pressuposto da
manutenção da Política Nacional do Idoso, como norteadora da ação governamental (SOUSA,
2004, p. 124).
Acerca dos fundamentos e diretrizes da Política Nacional do Idoso, Rulli Neto (2003
p. 103-104) destaca os seguintes:
(a) direito à cidadania – a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar
ao idoso todos os direitos da cidadania; (b) garantia da participação do idoso na
comunidade; (c) defesa da dignidade; (d) direito ao bem-estar; (e) direito à vida; (f)
dar conhecimento e informação a todos de que o processo de envelhecimento diz
respeito à sociedade em geral. Constituem diretrizes da Política Nacional do Idoso a:
a) viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso,
que proporcionem sua integração às demais gerações; (b) participação do idoso,
através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e
avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; (c)
priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em
detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições
que garantam sua própria sobrevivência.
Nesse sentido, a Política Nacional dos Idosos tem como intuito possibilitar as
condições para promover a longevidade com qualidade de vida, efetivando ações voltadas não
somente para os que estão velhos, mas também para aqueles que avançam rumo à velhice,
visando intervir qualquer modo de discriminação e de qualquer feitio contra o idoso, enquanto
o sujeito passivo das transformações a ser executada por meio desta política.
Além da Política Nacional do Idoso como asseguradora dos seus direitos, a pessoa
idosa conta também com a Política Estadual, como também com a Política Municipal do
Idoso e seus relativos Conselhos de Direitos, por meio dos quais o governo e a sociedade
civil, em ação conjunta atuem juntos na formulação e no controle das políticas destinadas a
este grupo. Salienta-se que as efetivações destas ações estão sob responsabilidade das
Secretarias de Estado Nacional, Estadual e Municipal (BREDEMEIER, 2003).
No ano de 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República sanciona o
Estatuto do Idoso, compreendido como uma das mais importantes conquistas sociais da
população idosa em nosso país, expandindo a resposta do Estado e da sociedade às
reinvindicações desse grupo, bem como, visando garantir os direitos fundamentais da pessoa
idosa, essencialmente no que se diz respeito às suas condições de saúde, dignidade e bem-
estar.
O Estatuto do Idoso (2003) configura uma mudança de paradigma em relação à
questão social da velhice, uma vez que amplia o sistema de proteção deste crescente grupo da
sociedade, representando uma real ação afirmativa em prol da efetivação dos direitos sociais
do idoso.
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos (SDH)
O Estatuto do Idoso, não só foi um marco jurídico e político importante, como
também mostrou ser uma lei amplamente inovadora, ousada e avançada, além de
protetiva deste grupo vulnerável, e que assegurou, com absoluta prioridade, a
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária, dentre outros (BRASIL, 2013, p. 38).
O Estatuto do Idoso (2003) legitima os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a sessenta anos e a partir do artigo 1º. Reporta-se a todos os direitos que o
idoso pode usufruir, e que são fundamentais e inerentes a qualquer pessoa humana (Artigo
2°).
Ele é um dos seguimentos fundamentais, no campo jurídico, na efetivação dos direitos
da pessoa idosa, ele deve defender a efetivação das normas postas na Lei que protege o idoso,
definindo intervenções para prevenir abusos e lesões, assegurando sempre o direito da terceira
idade. Para isso, as políticas de assistência social deverão sistematizar ações para o
atendimento das necessidades fundamentais do idoso, conforme as disposições nos artigos 46
e 47 do Estatuto do Idoso:
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do conjunto articulado
de ações governamentais e não governamentais da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios. Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento: I –
políticas sociais básicas, previstas na Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994; II –
políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que
necessitarem; III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de
negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; IV – serviço de
identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos abandonados em
hospitais e instituições de longa permanência; V – proteção jurídico-social por
entidades de defesa dos direitos dos idosos; VI – mobilização da opinião pública no
sentido da participação dos diversos segmentos da sociedade no atendimento do
idoso (BRASIL, 2003, p. 22).
Conforme as disposições legais acima apresentadas, a política de atendimento ao idoso
não funciona separada das demais políticas sociais. Em vista disso, é de extrema importância
que a sociedade e os governos desenvolvam políticas que possibilitem uma melhor qualidade
de vida das pessoas ao longo da vida. Visto que, o envelhecimento não é uma condenação à
reclusão, mas como uma condição natural e inerente a todo ser humano que possui a
possibilidade de chegar à velhice.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para atingir os objetivos desse estudo fundamentou-se na
perspectiva de uma revisão bibliográfica que segundo Gil (2011) é aquela que se utiliza
pesquisas já comprovadas e que estão disponíveis em livros, revistas, além da rede mundial de
computadores.
Os procedimentos técnicos desse estudo foram baseados na pesquisa bibliográfica de
produções científicas que possibilitaram leituras reflexivas e analíticas sobre o tema, e esse
amparo em estudos anteriores foi de crucial relevância na prática.
Assim, o presente estudo bibliográfico se ancorou em tantos outros que já foram
realizados, todos com o objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre a condição do idoso
no Brasil.
O foco essencial desse estudo reside no desejo de conhecer a novas propostas que
possam favorecer a melhor qualidade de vida ao idoso no Brasil.
A pesquisa bibliográfica no mostrou que há muito material que trata da situação do
idoso no Brasil, facilitando assim este tipo de pesquisa, pois é possível encontrar vários
materiais em sites confiáveis. Por meio dela podemos encontrar um acervo muito grande e até
comparar autores, ou seja, a forma que cada autor trata do mesmo tema. A presente pesquisa
se insere nos estudos que tratam das políticas públicas para a ampliação da cidadania e da
inclusão social
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pela pesquisa realizada por meio de uma bibliografia que trata das políticas públicas
para a ampliação da cidadania e da inclusão social, observamos que já existe muitas politicas
públicas voltadas para essa faixa etária, no entanto é preciso que sejam mais divulgadas a fim
de que todos os idosos possam usufruir de tais políticas.
Apesar das leis se apresentarem como instrumentos de grande importância na
afirmação da pessoa idosa, há muito a ser feito, para que os direitos e garantias sociais dos
idosos sejam plenamente respeitados e levados a rigor. Conforme assinala a autora Goldman
et al. (2000, p. 19).
Mesmo estabelecidos em instrumentos legais como nas Constituições, Códigos e
Estatutos, os direitos sociais só se concretizam na prática. Em países pouco
desenvolvidos como o Brasil, o aparato legal contempla os direitos sociais, mas a
realidade desmistifica a letra morta da lei. O usufruto dos direitos sociais só pode ser
garantido com a efetiva participação política da população.
Em vista disso, é de enorme importância conhecer quem é o idoso, suas necessidades e
carência, a fim de averiguar se as elas estão sendo atendidas com satisfação, bem como se a
legislação esta sendo aplicada, visando proporcionar uma fase prazerosa e digna para a pessoa
idosa.
Outro ponto que nos chamou a atenção ao analisamos os dados de uma pesquisa
bibliográfica diz respeito ao fato da imagem negativa que o idoso tem diante da sociedade, a
esse respeito é preciso de acordo com Iamamoto (2003), isso é consequência de questão social
concebida pelo:
“[...] conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade
capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado [...]. A questão
social expressa, portanto, disparidades econômicas, políticas e culturais das classes
sociais, mediatizadas por relações de gênero, características étnico-raciais e
formações regionais, colocando em causa as relações entre amplos segmentos da
sociedade civil e o poder estatal” (IAMAMOTO, 2003, p.66).
Entendemos que minimizar tal questão é preciso sensibilizar a sociedade no sentido de
mostrar que o idoso pode e deve está na sociedade sem sofrer qualquer tipo de preconceito.
CONCLUSÃO
O estudo tratou da assistência social ao idoso na perspectiva das políticas públicas
para a ampliação da cidadania e da inclusão social. Ainda evidenciamos os conceitos que os
autores trazem de velhice e envelhecimento. Concluímos que para se compreender bem a real
significação da velhice é preciso entender o lugar que a sociedade relega aos seus velhos.
Ainda foi possível perceber que a sociedade rotula a pessoa idosa como sujeito
funcionalmente incapaz (uma vez que deixa de assumir papel o produtivo em um modelo
delimitado pelo sistema capitalista), inválido, ultrapassado, doente. Isso fica muito claro na
oferta de empregos, pois os velhos normalmente são excluídos dos postos de trabalhos.
Portanto, frente a essas questões sociais, associadas ao envelhecimento demográfico
acelerado, é fundamental o desenvolvimento de políticas públicas de assistência à população
idosa.
Este estudo colaborou para o rol de produções acadêmicas, pois durante a sua
construção percebeu-se a necessidade de o idoso ser visto de forma mais positiva na
sociedade, além disso, é preciso que haja uma melhoria da qualidade de vida dos idosos, na
perspectiva da inclusão social e na ampliação da cidadania, através ações de fortalecimento
desses sujeitos na participação política e de promoção de melhores condições de vida.
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