assistência de enfermagem no edema agudo de pulmão

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Assistência de Enfermagem no Edema Agudo de Pulmão Introdução O Edema Agudo de Pulmão (EAP) resulta do fluxo aumentado de líquidos, provenientes dos capilares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acumulam nestas regiões após ultrapassarem a capacidade de drenagem dos vasos linfáticos, a partir desse princípio ocorrem um comprometimento da troca gasosa alvéolo-capilar. O EAP constitui-se uma urgência clínica e por consequência o paciente necessita de uma internação hospitalar. O paciente apresenta-se extremamente dispneico, cianótico e agitado, evoluindo com rápida deterioração para torpor, depressão respiratória e, eventualmente, apneia com parada cardíaca. É uma patologia de diagnóstico essencialmente clínico, tornando fundamental que a equipe de enfermagem esteja habilitada a reconhecer os sinais e sintomas, de modo a iniciar a assistência de enfermagem imediata. Etiologia As principais patologias que determinam o EAP são: Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio). Hipertensão arterial sistêmica. Doença valvar. Doença miocárdica primária. Cardiopatias congênitas. Arritmias cardíacas, principalmente as de frequência muito elevada. Fisiopatologia Os mecanismos mais frequentes envolvem:

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Page 1: Assistência de Enfermagem No Edema Agudo de Pulmão

Assistência de Enfermagem no Edema Agudo de Pulmão

Introdução

O Edema Agudo de Pulmão (EAP) resulta do fluxo aumentado de líquidos, provenientes dos capilares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acumulam nestas regiões após ultrapassarem a capacidade de drenagem dos vasos linfáticos, a partir desse princípio ocorrem um comprometimento da troca gasosa alvéolo-capilar.

O EAP constitui-se uma urgência clínica e por consequência o paciente necessita de uma internação hospitalar. O paciente apresenta-se extremamente dispneico, cianótico e agitado, evoluindo com rápida deterioração para torpor, depressão respiratória e, eventualmente, apneia com parada cardíaca. É uma patologia de diagnóstico essencialmente clínico, tornando fundamental que a equipe de enfermagem esteja habilitada a reconhecer os sinais e sintomas, de modo a iniciar a assistência de enfermagem imediata.

Etiologia

As principais patologias que determinam o EAP são:

         Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio).         Hipertensão arterial sistêmica.         Doença valvar.         Doença miocárdica primária.         Cardiopatias congênitas.         Arritmias cardíacas, principalmente as de frequência muito elevada.

Fisiopatologia

Os mecanismos mais frequentes envolvem:

O desequilíbrio nas forças que regem as trocas de fluido entre intravascular e interstício ou a ruptura da membrana alveolocapilar; independente do mecanismo iniciante, uma vez que ocorra a inundação do alvéolo, sempre está presente algum grau de ruptura da mesma.

A sequencia de acúmulo de líquido independe do mecanismo desencadeador, é sempre a mesma e pode ser dividida em três estágios:

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1) aumento do fluxo de líquidos dos capilares para o interstício, sem que se detecte, ainda, aumento do volume intersticial pulmonar devido ao aumento paralelo, compensatório, da drenagem linfática;

2) o volume que é filtrado pelos capilares ultrapassa a capacidade de drenagem linfática máxima e inicia-se o acúmulo de líquido no interstício; inicialmente, este ocorre de modo preferencial junto aos bronquíolos terminais, onde a tensão intersticial é menor;

3) aumentos adicionais do volume, no interstício, terminam por distender os septos interalveolares e consequente inundação dos alvéolos.

Sintomatologia

O paciente quando entra em um quadro clínico de EAP apresenta uma sintomatologia básica, como: Falta de ar intensa (dispneia), a tosse seca e eliminação de líquido róseo de boca e nariz. O paciente sente como se estivesse afogando, ficando sentado e respirando rapidamente.

O sério comprometimento da hematose leva à dispneia intensa, com o paciente nitidamente ansioso, assumindo posição ortostática e utilizando a musculatura respiratória acessória; palidez cutânea, cianose e frialdade de extremidades, associadas a agitação e ansiedade, bem como respiração ruidosa facilitam o reconhecimento dessa urgência clínica e obviam a necessidade de terapêutica imediata. Se ela for retardada, podem surgir a obnubilação e o torpor, expressões clínicas do evento mais temido no contexto - a narcose – a qual pode prognosticar a parada respiratória e o óbito.

Diagnóstico

Resumindo, o diagnóstico do EAP é essencialmente clínico. Os exames complementares devem ser utilizados racionalmente, como subsídios e para assertividade das condutas terapêuticas adotadas. Nunca é demais salientar a importância da documentação adequada, principalmente a radiológica, de tão grave intercorrência na história clínica do paciente. Paralelamente ao diagnóstico e tratamento do EAP, faz-se urgente explanarmos a etiologia do mesmo. A correta identificação do mecanismo desencadeador aumenta as chances de sucesso na terapia.

Tratamento

Basicamente medicamentoso, como administração de oxigênio, diuréticos (muito utilizado a furosemida), a morfina que tem ação venodilatadora, além de sedação ligeira, reduzindo o esforço respiratório e a ansiedade. Vasodilatadores (como a nitroglicerina e o nitroprussiato de sódio). Entre outros, como os inotrópicos e o uso da aminofilina, como dose de manutenção após o EAP.

Assistência de Enfermagem

O papel da enfermagem no tratamento do edema pulmonar agudo é de fundamental importância para a recuperação dos indivíduos portadores. A assistência de enfermagem consiste em:

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Administrar oxigênio para evitar e prevenir hipóxia e dispneia. Aspirar secreções se necessário para manter as vias aéreas permeáveis; Promover diminuição do retorno venoso sentando o doente à beira da cama com as pernas pendentes, Posicionar em Fowler alto; Administrar diuréticos para promover a diurese imediata; Sondar o paciente para controlar débito urinário; Vigiar sinais de hipovolemia; Avaliar o potássio sérico; Administrar broncodilatadores; Avaliar sinais vitais (SSVV); Viabilizar acesso venoso; Auxiliar na intubação orotraqueal, caso seja necessário e aspiração; Administrar medicamentos conforme prescrição médica; Manter carro de urgência próximo ao leito do paciente; Observar diurese e oferecer material para drenagem urinária (papagaio, comadre) após administração do diurético; Fornecer apoio psicológico. Permanecer com o doente e apresentar uma atitude de confiança; Explicar ao doente a terapêutica administrada e quais os seus objetivos; Informar o doente e a família sobre o progresso na resolução do EPA; Estimular o doente e família a exteriorizarem os seus sentimentos; Explicar quais os sintomas para que esse detecte precocemente; Na presença de tosse adotar uma posição com as pernas pendentes; Estruturar um plano de exercícios adequados a situação clínica; Reduzir o stress e ansiedade. Manutenção de via venosa pérvia com gotejamento mínimo, evitando sobrecarga volêmica; Monitorização do fluxo urinário.

O posicionamento adequado do paciente para promover a circulação ajuda a reduzir o retorno venoso para o coração. O paciente fica posicionado ereto, preferivelmente com as pernas decaindo na lateral do leito. Isso apresenta um efeito imediato de diminuir o retorno venoso, abaixando o débito do ventrículo direito e reduzindo a congestão pulmonar. Se o paciente for incapaz de sentar-se com os membros inferiores pendentes, ele pode ser colocado em uma posição ereta no leito (BROOKS-BRUNN apud BARE; SMELTZER, 2005).

Importante ressaltar que a assistência de enfermagem ao paciente com EAP inclui-se, também, em assistir com a administração de oxigênio e intubação e ventilação mecânica, se ocorrer à insuficiência respiratória. A enfermagem também administra medicamentos (morfina, vasodilatadores, medicamentos inotrópicos, agentes de pré-carga e pós-carga), conforme a prescrição, e monitora a resposta do paciente.

Considerações Finais

O EAP é uma situação de emergência clínica e requer diagnóstico e tratamento imediatos. A equipe de enfermagem deve estar presente constantemente ao

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lado do paciente até a completa reversão do quadro, bem como após a sua reversão. Estando a equipe, cientificamente e tecnicamente preparada para uma assistência rápida e eficaz, garantindo ao paciente conforto e segurança no seu processo de saúde/doença, bem como sua recuperação.