aspectos estruturais, construtivos e orÇamentÁrios...

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ASPECTOS ESTRUTURAIS, CONSTRUTIVOS E ORÇAMENTÁRIOS PARA CONSTRUÇÃO DE CASA POPULAR EM BLOCOS DE CONCRETO EM SITUAÇÕES CRÍTICAS JOÃO PEDRO BERNARDO DE FREITAS Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Leandro Torres Di Gregório Rio de Janeiro Março de 2019

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ASPECTOS ESTRUTURAIS,

CONSTRUTIVOS E ORÇAMENTÁRIOS PARA

CONSTRUÇÃO DE CASA POPULAR EM

BLOCOS DE CONCRETO EM SITUAÇÕES

CRÍTICAS

JOÃO PEDRO BERNARDO DE FREITAS

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Leandro Torres Di Gregório

Rio de Janeiro

Março de 2019

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ASPECTOS ESTRUTURAIS, CONSTRUTIVOS E ORÇAMENTÁRIOS PARA

CONSTRUÇÃO DE CASA POPULAR EM BLOCOS DE CONCRETO EM SITUAÇÕES

CRÍTICAS

João Pedro Bernardo de Freitas

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL

Examinado por:

_________________________________________________

Leandro Torres Di Gregorio

________________________________________________

Eduardo Linhares Qualharini

________________________________________________

Márcio Santos Faria

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO DE 2019

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Freitas, João Pedro Bernardo

Aspectos estruturais, construtivos e orçamentários para construção de

casa popular em blocos de concreto em situações críticas/ João Pedro Bernardo

de Freitas – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2019

109p. : il

Orientador: Leandro Torres Di Gregorio

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2019

Referências Bibliográficas p. 101.

1. Solução Habitacional Simples; 2. Alvenaria estrutural;

3. Blocos de concreto; 4. Tijolos de solo-cimento

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AGRADICIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer aos meus pais, Clóvis e Luiza, por todos esses

anos de dedicação a mim. Apesar de não terem obtido as mesmas oportunidades que tive,

nunca negligenciaram nada em minha vida e sempre fizeram questão de proporcionar tudo

que estava em seu alcance para que eu pudesse atingir meus objetivos. Vocês foram e

ainda são os pilares da minha vida, me faltam palavras para descrever o quanto eu amo

vocês.

Agradecer também a luz que surgiu em minha vida num momento em que tudo

estava conturbado. Noah, apesar de eu ter me assustado no início, você agora é a

razão de tudo que faço. Não tem um momento em que eu não pense em você, me preocupe

com você ou ria por você. Te amo.

Aos meus familiares que também compartilharam comigo momentos de alegria e

também de tristeza. A todos meus avós que estão no céu, agradeço por terem feito parte

da minha vida.

A todos meus amigos que estão ao meu lado, dividindo felicidades e mágoas,

sempre buscando ajudarmos uns aos outros. Nos momentos mais difíceis são vocês que

me tiram de casa, me fazem levantar a cabeça e conseguem colocar um sorriso em meu

rosto. Serei sempre eternamente grato a todos vocês.

A Escola Politécnica da UFRJ e todos os professores que tive a oportunidade de

receber seus ensinamentos. Em especial ao professor Leandro, orientador desse trabalho,

que nos últimos anos junto com a equipe do Projeto SHS contribuíram de forma grandiosa

em minha evolução acadêmica. Graças a contribuição de vocês eu pude acreditar em meu

potencial e tenho certeza que me tornarei um profissional que lhes dará orgulho.

Seria injusto não agradecer também aquelas pessoas que passaram por minha vida,

mas agora por diversas razões não estão mais ao meu lado. As marcas e ensinamentos

que ficaram em mim jamais serão esquecidas, e todas elas serão usadas para meu

crescimento como homem e profissional. Tenham certeza que eu não esquecerei de vocês,

muito obrigado por tudo.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Aspectos estruturais, construtivos e orçamentários para construção de casa

popular em blocos de concreto em situações críticas.

Orientador: Leandro Torres Di Gregório

Curso: Engenharia Civil

A Solução Habitacional Simples é um projeto que busca fornecer as ferramentas

técnicas básicas, com o uso de recursos escassos, que auxiliem gestores públicos de locais

que sofreram com desastres. Através dessas ferramentas desenvolvidas e com auxílio de

uma orientação técnica, a comunidade pode ter um maior grau de participação e autonomia

no processo de reconstrução habitacional. O projeto do ano 2017 teve seu foco em

produção de unidades habitacionais utilizando tijolos de solo cimento.

Essa monografia tem como objetivo a adaptação do projeto anterior de solo cimento

para alvenaria estrutural de blocos de concreto, onde foi analisada a família de blocos mais

adequada, modulação, cálculo de cargas estáticas, detalhes executivos e orçamento. Com

esse trabalho, busca-se uma alternativa às construções convencionais em estruturas de

concreto armado, fornecendo o mesmo conforto, segurança e um preço de construção

ainda menor.

Palavras – chave: Solução Habitacional Simples; Alvenaria estrutural; Blocos de

concreto; Tijolos de solo-cimento

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Abstract of Undergraduate Project presented to the Polytechnic School / UFRJ as

part of the requisites required to obtain the degree of Civil Engineer.

STRUCTURAL, CONSTRUCTIVE AND BUDGETARY ASPECTS FOR CONSTRUCTION

OF POPULAR HOUSE IN CONCRETE BLOCKS IN CRITICAL SITUATIONS.

João Pedro Bernardo de Freitas

March of 2019

Advisor: Leandro Torres Di Gregorio

Course: Civil Engineering

The Simple Housing Solution is a project that seeks to provide the basic technical

tools, with the use of scarce resources, to assist public managers of places that have

suffered from disasters. Through these tools developed and with the help of a technical

orientation, the community will have a greater participation and autonomy in the process of

housing reconstruction. The project of the year 2017 had its focus on the production of

housing units using cement soil bricks.

This work will seek the adaptation of the previous cement soil bricks project to

structural masonry, where the most adequate block family, modulation, static load

calculation, executive details and budget should be analyzed. With this work, we seek an

alternative to conventional constructions in reinforced concrete structures, providing the

same comfort, safety and even a lower construction price.

Key-words: Simple Housing Solution; Structural masonry; Concrete blocks; Cement

Soil Bricks

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Sumário:

1. Introdução .................................................................................................. 13

1.1. Apresentação do Tema ........................................................................... 13

1.2. Objetivo ................................................................................................... 14

1.3. Metodologia ............................................................................................ 15

1.4. Organização do trabalho ......................................................................... 16

2. Revisão Bibliográfica .................................................................................. 17

2.1. Recuperação pós desastres e conflitos ................................................... 17

2.2. Projeto Solução Habitacional Simples ..................................................... 19

2.3. Alvenaria Estrutural ................................................................................. 20

2.3.1. Conceitos Básicos ............................................................................ 20

2.3.2. Componentes ................................................................................... 22

2.3.2.1. Bloco de concreto .......................................................................... 22

2.3.2.2. Argamassa..................................................................................... 23

2.3.2.3. Graute ............................................................................................... 24

2.3.2.4. Armadura ....................................................................................... 24

2.3.3. Coordenação Modular ...................................................................... 25

2.3.4. Cálculo estrutural .............................................................................. 30

2.3.5. Composição orçamentária ................................................................ 34

3. Adaptação entre projetos ............................................................................ 35

3.1. Arquitetura das Residências de Solo-cimento ......................................... 35

3.2 Adaptação da arquitetura para blocos de concreto ................................. 38

3.2.1 Modulação Horizontal ........................................................................ 38

3.3 Dimensionamento estrutural ................................................................... 40

3.3.1 Carregamentos .................................................................................. 40

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3.3.1.1 Carregamento Vertical ................................................................. 41

3.3.1.2 Carregamento Horizontal ............................................................ 42

3.3.2 Lajes .................................................................................................. 44

3.3.3 Vigas ................................................................................................. 51

3.3.4 Alvenarias .......................................................................................... 57

3.3.4.1 Distribuição das cargas verticais ................................................. 57

3.3.4.2 Verificação da Esbeltez ............................................................... 70

3.3.4.3 Dimensionamento à Compressão Simples .................................. 73

3.3.4.4 Dimensionamento à Flexão Simples ........................................... 76

3.3.4.5 Dimensionamento à Flexo-Compressão ...................................... 79

3.3.4.6 Dimensionamento ao Cisalhamento ............................................ 83

4. Detalhes de Execução e Orçamentação ..................................................... 86

4.1. Detalhamento Construtivo ....................................................................... 86

4.1.1 Assentamento dos blocos .................................................................. 86

4.1.2 Laje da caixa d’água .......................................................................... 88

4.1.3 Execução do Telhado ........................................................................ 91

4.2 Orçamento .............................................................................................. 92

5. Considerações Finais ................................................................................. 99

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Porto Príncipe após sismo de 2010. (Fonte: G1/Globo, 2013) .............. 17

Figura 2 - Blocos de concreto vazados (Fonte: Tauil, 2010) ................................. 22

Figura 3 - Assentamento de blocos sobre argamassa (Fonte: ABCP, 2003) ........ 23

Figura 4 - Grauteamento de colunas (Fonte: ABCP, 2003) .................................. 24

Figura 5 - Posicionamento de armaduras (Fonte: ABCI, 1990)............................. 25

Figura 6 - Família de blocos 29. (Fonte: UFRGS, 2019) ....................................... 26

Figura 7 Família de blocos 39. (Fonte: UFRGS, 2019) ......................................... 27

Figura 8 - Canto com blocos de larguras iguais. (Fonte: Ramalho e Corrêa, 2003)

........................................................................................................................................ 27

Figura 9 - Borda com bloco especial de três módulos (Fonte: Ramalho e Corrêa,

2003) ............................................................................................................................... 28

Figura 10 - Borda sem bloco especial de três módulos (Fonte: Ramalho e Corrêa,

2003) ............................................................................................................................... 28

Figura 11 - Exemplo de grupos de paredes (Fonte: Ramalho e Corrêa, 2003) ..... 31

Figura 12 - Dispersão das ações verticais (Fonte: NBR 15961-1, 2011) .............. 32

Figura 13 - Interação entre paredes de canto (Fonte: Ramalho e Corrêa, 2003) .. 33

Figura 14 - Embrião 1 (Fonte: Di Gregorio, 2018) ................................................ 35

Figura 15 - Embriões 2 e 4 (Fonte: Di Gregório, 2018) ......................................... 36

Figura 16 - Embrião 3 - Primeiro pavimento (Fonte: Di Gregório, 2018) ............... 37

Figura 17 - Embrião 3 - Segundo pavimento (Fonte: Di Gregório, 2018) .............. 37

Figura 18 – Modulação horizontal da residência de solocimento (Fonte: Di Gregório,

2018) ............................................................................................................................... 39

Figura 19 - Modulação horizontal da residência de concreto (Fonte: Elaborada pelo

autor) ............................................................................................................................... 40

Figura 20 - Pressões de vento distribuídas para V0 = 35 m/s [kN/m²] – 0° (Fonte:

Gonçalves, 2018) ............................................................................................................. 43

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Figura 21 - - Pressões de vento distribuídas para V0 = 35 m/s [kN/m²] – 90° (Fonte:

Gonçalves, 2018) ............................................................................................................. 43

Figura 22 - Condições de apoio (Fonte: Hampshire, 2017) .................................. 44

Figura 23 - Determinação do vão efetivo (Fonte: Hampshire, 2017) ..................... 45

Figura 24 - Direção das armaduras das lajes (Fonte: Elaborada pelo autor) ........ 46

Figura 25 - Lajes 1 e 9 subdivididas (Fonte: Elaborada pelo autor) ...................... 47

Figura 26 - Determinação do vão efetivo (Fonte: NBR 6118) ............................... 51

Figura 27 - Vigas de apoio das lajes (Fonte: Elaborada pelo autor) ..................... 53

Figura 28 - Vigas dos lintéis (Fonte: Elaborada pelo autor) .................................. 53

Figura 29 - Divisão das paredes estruturais do Embrião 3 (Fonte: Elaborada pelo

autor) ............................................................................................................................... 58

Figura 30 – Divisão das paredes estruturais da expansão do Embrião 3 (Fonte:

Elaborada pelo autor) ...................................................................................................... 58

Figura 31 – Divisão das paredes estruturais Embrião 4 (Fonte: Elaborada pelo autor)

........................................................................................................................................ 59

Figura 32 - Valores do coeficiente 𝝏 (Fonte: NBR 15961-1, 2011) ....................... 71

Figura 33 - Parâmetros para cálculo da espessura efetiva (Fonte: NBR 15961-1,

2011) ............................................................................................................................... 71

Figura 34 - Valores máximos do índice de esbeltez de paredes e pilares (Fonte: NBR

15961-1, 2011) ................................................................................................................ 71

Figura 35 - Valores de resistência ao cisalhamento característica em juntas

horizontais de parede (Fonte: NBR 15961, 2011) ............................................................ 83

Figura 36 - Posicionamento das linhas de referência para os blocos (Fonte: Tauil,

2010) ............................................................................................................................... 87

Figura 37 - Assentamento dos primeiros blocos (Fonte: Tauil, 2010) ................... 87

Figura 38 - Colocação de graute nos furos de alvenaria armada (Fonte: Tauil, 2010)

........................................................................................................................................ 88

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Figura 39 - Detalhe do desalinhamento de nível devido a laje (Fonte: Elaborada pelo

autor) ............................................................................................................................... 89

Figura 40 – Alinhamento da modulação vertical com blocos cortados (Fonte:

Elaborada pelo autor) ...................................................................................................... 90

Figura 41 – Alinhamento da modulação vertical com lastro de concreto .............. 90

Figura 42 - Pórtico Padrão (Fonte: Gonçalves, 2018) ........................................... 91

Figura 43 - Mão francesa do telhado (Gonçalves, 2018) ...................................... 91

Figura 44 - Armação das Lajes L1=L9 e L4 ........................................................ 106

Figura 45 - Armação das Lajes L2 e L3 .............................................................. 106

Figura 46 - Armação das Lajes L5 e L6 .............................................................. 107

Figura 47 - Armação das Lajes L7 e L8 .............................................................. 107

Figura 48 - Armadura das Vigas ......................................................................... 108

Figura 49 - Detalhe do encontro de vigas ........................................................... 109

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Propriedades geométricas das lajes .................................................... 47

Tabela 2 - Carregamentos e solicitações nas lajes............................................... 48

Tabela 3 - Áreas de aço calculadas ..................................................................... 49

Tabela 4 - Espaçamento e número de barras por metro ...................................... 50

Tabela 5 - Propriedades geométricas das vigas das lajes .................................... 52

Tabela 6 - Propriedades geométricas das vigas frontais ...................................... 52

Tabela 7 - Propriedades geométricas das vigas laterais ...................................... 52

Tabela 8 - Carregamentos e Solicitações das Vigas das Lajes ............................ 54

Tabela 9 - Carregamentos e Solicitações das Vigas das Frontais ........................ 55

Tabela 10 - Carregamentos e Solicitações das Vigas das Laterais ...................... 55

Tabela 11 - Área de aço das vigas de apoio das lajes .......................................... 56

Tabela 12 - Área de aço das vigas frontais .......................................................... 56

Tabela 13 - Área de aço das vigas laterais (Fonte: Elaborada pelo autor) ............ 57

Tabela 14 - Propriedade Geométrica das Alvenarias 1º Pav. ............................... 60

Tabela 15 - Propriedade Geométrica das Alvenarias 2º Pav. ............................... 61

Tabela 16 - Cargas de peso próprio e dos lintéis - 1º Pav .................................... 62

Tabela 17 - Cargas de peso próprio e dos lintéis - 2º Pav .................................... 63

Tabela 18 - Cargas do telhado e devido ao vento ................................................ 64

Tabela 19 - Cargas permanentes e totais 2º Pav ................................................. 65

Tabela 20 - Cargas permanentes e totais Pav. Térreo ......................................... 66

Tabela 21 - Tensões de compressão atuantes na parede – 2º Pav. ..................... 68

Tabela 22 - Tensões de compressão atuantes na parede – Pav. Térreo .............. 69

Tabela 23 - Verificação do índice de esbeltez ...................................................... 72

Tabela 24 - Verificação à compressão simples da alvenaria – 2º Pav. ................. 74

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Tabela 25 - Verificação à compressão da alvenaria – Pav. Térreo ....................... 75

Tabela 26 - Verificação à flexão da alvenaria - 2º Pav. ......................................... 77

Tabela 27 - Verificação à flexão da alvenaria – Pav. Térreo ................................. 78

Tabela 28 - Verificação da flexo-compressão - 2ºPav .......................................... 81

Tabela 29 - Verificação da flexo-compressão – Pav. Térreo ................................ 82

Tabela 30 - Verificação do cisalhamento – 2º Pav ................................................ 84

Tabela 31 - Verificação do cisalhamento – Pav. Térreo ....................................... 85

Tabela 32 - Orçamento do Embrião 2 de solo-cimento ......................................... 93

Tabela 33 – Composição de custos da alvenaria ................................................. 95

Tabela 34 - Composição de custos de pintura ...................................................... 96

Tabela 35 - Orçamento do Embrião 2 de blocos de concreto ............................... 97

Tabela 36 - Orçamento do Embrião 2 de blocos de concreto, apenas serviços

básicos ............................................................................................................................ 98

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1. Introdução

1.1. Apresentação do Tema

O planejamento da recuperação dos danos e prejuízos pós desastres é uma tarefa

complexa e desafiadora, englobando diversas necessidades, interesses e diferentes

habilidades. O assunto assume grande importância em qualquer país sujeito a riscos de

ordem natural ou sócionatural, especialmente após um desastre, mas raramente atrai a

atenção profissional de gerentes de desastres ou analistas de gerenciamento de riscos. É

um desafio coletivo ainda maior para todas as pessoas envolvidas em operações de

recuperação para garantir que seus esforços minimizem a probabilidade de futuros

desastres, reduzindo as condições de vulnerabilidade anteriormente existentes. (UNISDR,

2007).

A motivação para o Projeto SHS – Solução Habitacional Simples se inicia no ano de

2004, onde um tsunami devastou o sul da Ásia, deixando mais de 285mil pessoas mortas.

Tal cenário se repetiu em 2010, onde um sismo de 7,0 Mw na escala Richter, devastou o

Haiti, deixando mais de 316mil mortos. Nesse momento foi percebida a necessidade de

um sistema estruturado que possibilitasse a organização básica da comunidade para a

reconstrução de residências populares, utilizando recursos escassos.

A recuperação é frequentemente compreendida na visão pública como consistindo

principalmente na reconstrução física de instalações e serviços básicos. Diversas vezes os

esforços pós-emergência são conduzidos para fornecer isso apressadamente, ou o mais

rápido possível. A reconstrução mal considerada reconstrói as condições de vulnerabilidade

que expõem as pessoas a possibilidade de novas perdas no futuro. A atenção dada aos

serviços de emergência raramente se estende a compromissos de recuperação a longo

prazo. A comunidade de assistência técnica internacional muitas vezes se vê restringida

devido aos diferentes procedimentos financeiros e atenção focada em medidas

remediadoras à curto prazo.

De acordo com o Guia para Recuperação de Desastres da Plataforma Internacional

de Recuperação (IRP, 2007), existem diversas literaturas sobre os efeitos de um desastre

natural, e um entendimento comum sobre como as ações de emergência são importantes,

entretanto, existem poucos guias práticos que orientam como gerenciar ou ações

específicas que as pessoas envolvidas no longo processo de recuperação devem tomar.

Na visão do público em geral, a recuperação pós desastres consiste principalmente na

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reconstrução das residências, instalações e serviços básicos, muitas vezes feita de maneira

apressada. No entanto, a reconstrução rápida e mal planejada recria todo cenário de

vulnerabilidade, que expõe essa população a novas perdas no futuro.

“Grandes desastres movem sociedades e governos a criar sistemas e instituições de

gestão de riscos, mas em muitos casos, seus recursos, influências e força política tende a

enfraquecer quando a memória do desastre começa a desaparecer (e isso acontece muito

rapidamente) ... Mas, apesar disso, a existência desses sistemas é um avanço em termos

de provisão da sociedade para preparação e resposta a desastres, entretanto a tendência

é que, na prática, esses sistemas concentram esforços em resposta de emergência, não

em mudar as condições que criam riscos que se tornam desastres.” (WILCHES-CHAUX,

2006)

Sendo assim, iremos analisar os diversos aspectos que envolvem a construção de uma

residência em um cenário pós desastre, tendo como base a tecnologia de alvenaria

estrutural de blocos de concreto e buscando sempre utilizar os e ferramentas que

demandem o menor custo para a reconstrução dessas casas, seguindo a ideologia do

Projeto SHS, que consiste em fornecer as ferramentas necessárias para que essa

população atingida possa fazer parte do processo de recuperação.

1.2. Objetivo

O objetivo geral desse trabalho é adaptar os projetos das unidades habitacionais do

projeto Solução Habitacional Simples, atualmente pensados para a tecnologia solocimento,

para tecnologia de blocos de concreto, visando seu emprego na reconstrução comunitária

após desastres.

Os objetivos específicos consistem em:

Estudo da nova modulação que se fará necessária.

Verificações de cálculo da alvenaria.

Análise dos detalhes construtivos da alvenaria de blocos de concreto.

Análise orçamentária da construção de uma residência em blocos de

concreto e eventual comparação com a construção em tijolos de solo-

cimento.

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1.3. Metodologia

A metodologia utilizada para a elaboração do presente trabalho consiste em

pesquisa bibliográfica a fontes relacionadas ao dimensionamento de residências em

alvenaria estrutural e reconstrução pós desastres. Foram elaboradas também as planilhas

de cálculo e orçamentárias referentes aos embriões residenciais propostos pelo Projeto

SHS, além dos aspectos construtivos dos mesmos.

A análise documental foi baseada em documentação textual, para a qual foram

consultados livros de autores referenciados no assunto, artigos publicados em meio

eletrônico, dissertações e teses de Trabalhos de Conclusão de Curso em andamento,

notícias publicadas em mídias eletrônicas e normas ABNT.

O estudo prático do trabalho foi realizado com base no projeto Solução Habitacional

Simples (SHS). O Embrião escolhido para dimensionamento foi o maior do projeto,

contendo uma área em planta de 55m² e dois pavimentos tipo. Com auxílio do software

AutoCad, iniciou-se o trabalho com a adaptação da modulação entre os blocos de solo-

cimento e blocos de concreto. Na etapa seguinte, foi estudada a norma NBR 15961:

Alvenaria Estrutural – Blocos de Concreto, e desenvolvidas as planilhas de cálculo das

alvenarias. Essas planilhas consistem na verificação dos esforços solicitantes à

compressão, flexão, flexocompressão e cisalhamento, de todas as cargas que atuam sobre

a residência, incluindo ventos.

Por fim, com todos os elementos estruturais dimensionados, deu-se início a

avaliação orçamentária da construção de um modelo residencial do projeto. Essa é uma

parte essencial desse trabalho, visto que o projeto busca realizar uma construção com

tecnologias de fácil utilização e redução dos custos. O modelo escolhido para o orçamento

é diferente do modelo dimensionado nos cálculos estruturais. Devido ao projeto de

residências de solocimento ter realizado apenas o orçamento do embrião com um

pavimento, esse trabalho fará o orçamento de apenas um pavimento também, visto que se

deseja fazer uma comparação entre esses dois orçamentos. Ainda dentro dessa planilha

orçamentária, é demonstrada também a economia do regime de mutirão em relação a

construção com mão de obra contratada.

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1.4. Organização do trabalho

O trabalho está estruturado em cinco capítulos.

O capítulo presente é uma introdução ao trabalho, constituindo-se da apresentação

do trabalho, a sua motivação, as hipóteses, a relevância do tema e abordando seus

objetivos.

O segundo capítulo trata de uma revisão da bibliografia, no qual são apresentadas

as questões de situações de recuperação após desastres e conflitos. Na sequência são

apresentados aspectos técnicos específicos da alvenaria estrutural, como a modulação de

blocos, cálculo estrutural e aspectos construtivos. Nessa revisão apresentaremos também

o Projeto SHS, que é um dos pilares desse trabalho.

O terceiro capítulo tem como função descrever a adaptação do projeto em solo-

cimento para bloco de concreto, que inclui a modulação da arquitetura e as verificações de

cálculo para cargas estáticas em alvenaria estrutural, incluindo uma discussão sobre os

resultados encontrados.

O quarto capítulo irá apresentar a concepção dos detalhes construtivos e uma

comparação de custos entre o projeto de solocimento e bloco de concreto.

O quinto capítulo apresenta as considerações finais do trabalho e recomendações

de trabalhos futuros.

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2. Revisão Bibliográfica

2.1. Recuperação pós desastres e conflitos

Inundações, escorregamentos, secas, furacões, entre outros, são fenômenos

naturais severos, fortemente influenciados pelas características regionais, tais como, rocha,

solo, topografia, vegetação, condições meteorológicas. Quando estes fenômenos intensos

ocorrem em locais onde os seres humanos vivem, resultando em danos (materiais e

humanos) e prejuízos (socioeconômico) são considerados como “desastres naturais”

(KOBYAMA, 2006)

Figura 1 - Porto Príncipe após sismo de 2010. (Fonte: G1/Globo, 2013)

Segundo Castro (2003), desastre é definido como a consequência de eventos

adversos, provocado pelo homem ou pela natureza, sobre um ecossistema vulnerável,

causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e consequentes prejuízos

econômicos e sociais.

Os desastres acontecem de forma súbita e inesperada, em que dependendo de sua

magnitude, os danos causados podem atingir o patamar de milhares de feridos e mortos.

Por esse motivo um planejamento eficaz das medidas preventivas e restauradoras são

cruciais para minimizar os impactos causados pelo desastre e auxiliar na recuperação

dessa sociedade atingida.

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Kobiyama (2004) afirma que para evitar a vulnerabilidade e obter uma vida

saudável, deve ser realizada a prevenção e a mitigação dos desastres naturais. Embora o

ideal seja o impedimento de qualquer dano, o que geraria uma prevenção perfeita, isto é,

prejuízo zero, o possível é a realização da mitigação, ou seja, a máxima redução dos

prejuízos causados pelos desastres.

De acordo com UNPD e IRP (2011), a recuperação é frequentemente entendida na

visão do público em geral como consistindo principalmente da reconstrução física de

instalações e de serviços básicos. Pode-se dizer que o termo “recuperação” remete a fazer

com que o sistema afetado se torne melhor do que era antes do evento, em diversos

aspectos. Já o termo “reconstrução” remete à recuperação física dos sistemas atingidos,

sendo, portanto, parte da recuperação num sentido mais amplo. (DI GREGORIO, 2013)

Quando instaurado o estado de emergência, o foco para as soluções rápidas e de

menor custo acabam ganhando força para uma retomada ágil da normalidade. Entretanto,

tais soluções à curto prazo acabam comprometendo as verdadeiras soluções sustentáveis

à longo prazo. Levando em conta um maior espaço de tempo para a recuperação, USA

(2011) adota quatro fases para o processo de recuperação:

− Preparação, onde são tomadas diversas providências para início da recuperação,

incluindo seu planejamento, caso o desastre tenha sido identificado antes de sua

ocorrência.

− Recuperação de curto prazo. Possui duração de alguns dias, e seu objetivo é

garantir, em estado emergencial, as condições mínimas de habitação, alimentação e

serviços básicos.

− Recuperação intermediária. Trata-se de um processo mais estruturado, situado

entre a recuperação de curto prazo e a recuperação permanente, onde as questões

habitacional, econômica e social são abordadas de forma mais consistente. Nessa etapa

também está incluída a preparação para recuperação de longo prazo.

− Recuperação de longo prazo. O objetivo desta etapa é colocar em prática o plano

de “reconstruir melhor”. Nessa fase, onde a duração pode levar de meses a anos, a

sociedade afetada pelo desastre deverá ser completamente reconstruída resiliente e com

agregação de valor.

Segundo Di Gregorio (2013), a recuperação pós desastres não deve se basear em

mecanismos de controle burocráticos e distantes da população atingida. É fundamental o

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envolvimento dessa população em todas etapas do processo de recuperação. Tal

envolvimento representa além da aproximação da população com sua necessidade, uma

forma de redução da sua vulnerabilidade física e psicológica agravadas pelo evento.

2.2. Projeto Solução Habitacional Simples

“O processo de interação entre a sociedade comum (comunidade) e a sociedade

acadêmica (universidade) deve acontecer de forma que contribua para as transformações

da realidade local e disponibilize informações que auxiliem na melhoria da qualidade de

vida da população. Este processo deve ser de troca e comprometimento com a informação.

Uma comunidade bem informada terá a possibilidade de agir preventivamente e minimizar

a fase pós evento onde as perdas e os consequentes custos tornam-se superiores aos

custos pré-evento (KOBIYAMA, 2004) ”.

No ano de 2004, o tsunami que atingiu e devastou o sul da Ásia, matando mais de

285 mil pessoas, mostrou a necessidade de se elaborar um sistema que estruturasse e

facilitasse a reconstrução de residências populares afetadas utilizando o mínimo de

recursos. 7 anos depois, o Haiti ganhou as telas do mundo com um terremoto que deixou

mais de 300mil mortos no país. Aqui no Brasil pode-se destacar o desastre ocorrido no Vale

do Itajaí no Estado de Santa Catarina, em 2008, com 135 mortes e o da Região Serrana do

Estado do Rio de Janeiro, em 2011, com mais de 900 mortes. Tais eventos tornaram-se

motivação para a elaboração do Projeto Solução Habitacional Simples.

Esse projeto foi uma iniciativa do professor Leandro Torres Di Gregorio com o

objetivo de disponibilizar um curso que visa apresentar conhecimentos com potencial de

facilitar o processo de (re)construção em situações de desastres e conflitos. O curso tem

como proposta, reunir conhecimentos básicos que podem ser úteis na (re)construção de

unidades habitacionais, escolas e postos de saúde em regime de mutirão, a partir do

emprego de tecnologias de baixo custo.

O material didático do Projeto SHS, desenvolvido por uma equipe de professores e

alunos da UFRJ, é composto por vídeo-aulas, memoriais, desenhos e slides relacionados

ao tema de construção de casas de baixo custo, participação da população na construção

e administração da obra.

Segundo Di Gregorio (2013), o regime de construção em mutirão foi escolhido para

dar maior autonomia às populações atingidas. Uma pesquisa realizada por ele na Região

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Serrana do Rio de Janeiro apontou uma aceitação de 90% da proposta de regime de

construção em mutirão. A ideia é contribuir para que comunidades vítimas de desastres e

conflitos possam se organizar melhor pela sua própria recuperação, contando com a

orientação e supervisão de assistentes técnicos habilitados (engenheiros e/ou arquitetos a

serem contratados pela própria comunidade, poder público ou ONGs, para estes fins, sem

qualquer vinculação ou ingerência dos idealizadores do projeto).

Além da questão da autonomia dada à população pelo sistema mutirão, temos

também uma grande diminuição dos custos, dado que a mão de obra é constituída pela

população. Outro benefício relacionado ao envolver o morador na reconstrução é a melhoria

da qualidade do conjunto e das unidades habitacionais e a identificação do usuário com o

produto de seu trabalho, podendo o próprio identificar questões de uso e manutenção.

Se tratando de um tema com tamanha importância para sociedade, o Projeto SHS

conta com uma grande equipe multidisciplinar de alunos e professores da UFRJ,

subdivididos em diversos grupos de trabalho, cada um com seu objetivo específico para o

projeto. Esse Trabalho de Conclusão de Curso está inserido dentro do Grupo de Estruturas

que, como o próprio nome já incita, está responsável pelo dimensionamento estrutural das

residências, escolas e postos de saúde.

Em 2018 o grupo de estruturas focou seus esforços em concluir o dimensionamento

das residências em alvenaria estrutural de solocimento, onde o discente Gonçalves (2018)

estudou a influência de ventos fortes nessas edificações e Tenório (2019) as concepções

técnicas e detalhes construtivos que favoreçam a resistência da estrutura diante das cargas

dinâmicas de sismos. Esse presente trabalho busca adaptar esses projetos já existentes

para a tecnologia de blocos de concreto.

2.3. Alvenaria Estrutural

2.3.1. Conceitos Básicos

De acordo com Tauil (2010), alvenaria são construções formadas por blocos

industrializados de diversos materiais, suscetíveis de serem projetadas para resistirem a

esforços de compressão única ou ainda a uma combinação de esforços, ligados entre si

pela interposição de argamassa e podendo ainda conter armadura envolta em concreto ou

argamassa no plano horizontal e/ou vertical.

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Esse conjunto coeso serve para vedar espaços, resistir a cargas oriundas da

gravidade, promover segurança, resistir a impactos, à ação do fogo, isolar e proteger

acusticamente os ambientes, contribuir para a manutenção do conforto térmico, além de

impedir a entrada de vento e chuva no interior dos ambientes (TAUIL, 2010).

A alvenaria é um sistema construtivo muito tradicional, onde vem sendo utilizada

desde as primeiras atuações do ser humano no que diz respeito a construção, para os mais

variados fins. Com a utilização de blocos de diversos materiais, como argila, pedra e outros,

a alvenaria desafiou o tempo e se manteve viva até os dias presentes. Das pirâmides

construídas a mais de 4 mil anos atrás até os arranha-céus presentes nas grandes cidades,

a alvenaria continua sendo a solução construtiva mais adotada nas construções.

Segundo Corrêa e Ramalho (2003), a chegada da alvenaria estrutural tem como

finalidade de transformar a alvenaria convencional, que possui função única e exclusiva de

vedação, em parte do sistema estrutural da edificação. A parede compõe a estrutura da

construção e sua carga se distribui linearmente ao longo das fundações, sendo considerada

portante. Desse modo, a alvenaria passa a ter uma dupla função (vedação e estrutural), o

que em princípio se resume num aspecto positivo quanto a economia tanto desejada nas

construções atuais. Entretanto, para que tal sistema funcione perfeitamente, o controle de

sua resistência é crucial para a segurança da edificação, além da demanda de um material

que possui um valor unitário mais caro que o convencional e também a necessidade de

uma mão de obra especializada.

Segundo Tauil (2010), existem três tipos de alvenarias estruturais, são elas:

Alvenaria Estrutural Armada: é o processo construtivo em que, por

necessidade estrutural, os elementos resistentes (estruturais) possuem uma

armadura passiva de aço. Essas armaduras são dispostas nas cavidades

dos blocos que são posteriormente preenchidas com o graute.

Alvenaria Estrutural Não Armada: é o processo construtivo em que nos

elementos estruturais existem somente armaduras com finalidades

construtivas, de modo a prevenir problemas patológicos (fissuras,

concentração de tensões, etc.), como o caso de vergas, portas e janelas.

Alvenaria Estrutural Protendida: é o processo construtivo em que existe uma

armadura ativa de aço comprimindo o elemento resistente.

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2.3.2. Componentes

De acordo com Ramalho e Corrêa (2003), um componente da alvenaria se entende

por algo que compõe os elementos que, por sua vez, irão compor a estrutura. Os

componentes principais apresentados serão:

• Bloco ou unidade

• Argamassa

• Graute

•Armadura

2.3.2.1. Bloco de concreto

De acordo com a NBR 6136 (ABNT, 2014), os blocos de concreto são elementos

prismáticos com 2 ou 3 furos verticais ao longo de toda sua altura, com área útil (área

líquida) igual ou inferior a 75% da área total da seção normal aos furos das peças.

Segundo Ferreira (2015), os blocos de alvenaria, independente do material que os

compõem, devem apresentar resistência à compressão adequada, capacidade de aderir à

argamassa, possuir dimensões uniformes e aspectos homogêneos. Trincas fraturas ou

outros defeitos que possam prejudicar seu assentamento ou afetar sua resistência

mecânica e durabilidade não podem ser aceitos.

Figura 2 - Blocos de concreto vazados (Fonte: Tauil, 2010)

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2.3.2.2. Argamassa

A norma brasileira NBR 8798 (1985) diz que a argamassa de assentamento é o

elemento utilizado na ligação entre os blocos, garantindo uma distribuição uniforme de

esforços, absorção de deformações decorrentes da alvenaria e selamento de juntas contra

penetração de água da chuva. Ela é composta de cimento, agregado miúdo, água e cal ou

outra adição destinada a conferir plasticidade e retenção de água de hidratação à mistura.

Pozzobon (2003) afirma que se deve tomar cuidado com a escolha da argamassa

em edifícios de alvenaria estrutural. Segundo ele, nem sempre a argamassa mais resistente

é a mais adequada para uso na alvenaria. Em casos onde a argamassa possua uma

resistência muito mais elevada que os blocos, os esforços tenderiam a ser resistidos por

essa argamassa. Logo, todas as premissas adotadas no dimensionamento da alvenaria

estrutural não valeriam mais. Ou seja, não há uma relação direta entre o aumento da

resistência da argamassa com o aumento da resistência da alvenaria. “Para cada

resistência de bloco existe uma resistência ótima de argamassa. Um aumento desta

resistência não aumentará a resistência da parede ” (POZZOBON, 2003).

Figura 3 - Assentamento de blocos sobre argamassa (Fonte: ABCP, 2003)

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2.3.2.3. Graute

A norma brasileira NBR 15961-2 (ABNT, 2011) define graute como: “Elemento para

preenchimento dos vazios dos blocos e canaletas de concreto para solidarização da

armadura a estes elementos e aumento da capacidade portante, composto de cimento,

agregado miúdo, agregado graúdo, água e cal, ou outra adição destinada a conferir

trabalhabilidade e retenção de água de hidratação à mistura”.

De acordo com Faria (2017), o graute pode ser definido como um concreto ou

argamassa fluidos, lançados nos vazios dos blocos, com a finalidade de solidarizar as

ferragens à alvenaria, preenchendo as cavidades onde elas se encontram e aumentando a

capacidade de resistência à compressão da parede.

Figura 4 - Grauteamento de colunas (Fonte: ABCP, 2003)

2.3.2.4. Armadura

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), as armaduras da alvenaria estrutural são as

mesmas utilizadas em construções de concreto armado e serão sempre envoltas por

graute, com a função de combater os esforços de tração. Além disso, são também

utilizadas em vergas e contra-vergas, elementos onde sempre haverá a necessidade

de armadura longitudinal.

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Figura 5 - Posicionamento de armaduras (Fonte: ABCI, 1990)

2.3.3. Coordenação Modular

Tauil (2010) afirma que coordenação modular se trata de você organizar ou arranjar

as peças e componentes, de forma a atenderem a uma medida de base padronizada.

A modulação é uma importante etapa do processo construtivo da alvenaria

estrutural que, quando executada de maneira correta, trará uma racionalidade e economia

para a obra. Um edifício não modulado utiliza uma grande quantidade de blocos

compensadores para fechamento das dimensões, o que não só aumenta o custo da obra,

mas também afeta o desempenho do sistema em alvenaria estrutural.

A modulação é um procedimento absolutamente fundamental para que uma

edificação em alvenaria estrutural possa resultar econômica e racional. Se as dimensões

de uma edificação não forem moduladas, como os blocos não devem ser cortados, os

enchimentos resultantes certamente levarão a um custo maior e uma racionalidade menor

para a obra em questão.

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A NBR 6136, que estabelece os requisitos para o recebimento de blocos vazados

de concreto simples, destinados à execução de alvenaria com ou sem função estrutural,

apresenta as classificações dos blocos de acordo com diversos parâmetros. A chamada

família de blocos, são o conjunto de componentes de alvenaria que interagem

modularmente entre si e com outros elementos construtivos.

Zechmeister (2005) afirmam que as famílias mais utilizadas no Brasil são os blocos

com modulação longitudinal de 15cm e 20cm, ou seja, comprimento múltiplo de ambos. Em

sua tese, a autora diz que a modulação europeia não é adequada às normas brasileiras de

coordenação modular.

A Figura 2 e a Figura 3 abaixo apresentam as famílias de bloco 29 e 39

respectivamente:

Figura 6 - Família de blocos 29. (Fonte: UFRGS, 2019)

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.

Figura 7 Família de blocos 39. (Fonte: UFRGS, 2019)

A primeira fiada será determinada pelas dimensões reais de uma edificação entre

faces dos blocos. São elas que determinam o número de módulos e juntas a serem

utilizadas naquele intervalo. As fiadas seguintes devem ser posicionadas de modo a evitar

ao máximo a criação de juntos prumo. Portanto, elas são posicionadas de modo a se

produzir a melhor organização e interação entre as juntas dos blocos. Ramalho e Correa

(2003) apresentam algumas soluções para os cantos e bordas.

Figura 8 - Canto com blocos de larguras iguais. (Fonte: Ramalho e Corrêa, 2003)

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Figura 9 - Borda com bloco especial de três módulos (Fonte: Ramalho e Corrêa,

2003)

Figura 10 - Borda sem bloco especial de três módulos (Fonte: Ramalho e Corrêa,

2003)

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Richter (2007) aponta para a importância do treinamento da força de trabalho que

participará das construções. Segundo o autor, treinamentos realizados por técnicos

especialistas em alvenaria estrutural auxiliaram consideravelmente na melhoria do controle

e da qualidade, além de trazer um melhor controle visual das diversas atividades

construtivas e principalmente uma percepção dos profissionais sobre as falhas técnicas.

CARVALHO (1989) destaca as vantagens, sob os mais variados pontos de vista, da

adoção da prática de execução de programas de treinamento.

Como vantagens de ordem estrutural, o treinamento permite;

O estudo e análise das necessidades de formação de toda a organização,

envolvendo a totalidade dos níveis hierárquicos da empresa;

Definir prioridades de formação, tendo em vista os objetivos setoriais da

companhia;

Caracterizar os vários tipos e formas de desenvolvimento de RH a serem

aplicados, considerando sua viabilidade, vantagens, custos e outros fatores

afins;

Elaborar planos de capacitação profissional a curto, médio e longo prazos,

integrando-os às metas globais da empresa.

Vantagens quanto ao pessoal em serviço.

Melhor aproveitamento das aptidões dos empregados;

Maior estabilidade da mão de obra;

Estimular o espírito de emulação e fortalecimento da confiança no mérito

como processo normal de melhoria funcional;

Dignificar o trabalho e buscar a elevação do moral de equipe.

As vantagens de um programa de treinamento aplicado para essas populações, com

certeza trarão grande benefícios para a qualidade das construções. Aumentando a área de

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seus conhecimentos, corrigindo as deficiências, aumentando a segurança e a

produtividade, proporcionando uma melhor qualidade de trabalho, todos esses fatores

contribuirão para menores índices de acidentes e desperdícios e contribuirão para uma

maior qualidade dessas residências.

2.3.4. Cálculo estrutural

A verificação das cargas na alvenaria de blocos de concreto é outra etapa crucial

dentro do projeto. A NBR 15961-1 especifica os requisitos mínimos exigíveis para o projeto

de estruturas de alvenaria de blocos de concreto. A análise de uma estrutura de alvenaria

deve ser realizada considerando o equilíbrio de cada um de seus elementos, e também da

interação desses elementos que formam a estrutura.

As hipóteses básicas para o dimensionamento da estrutura são:

Seções planas permanecem planas antes e depois das deformações.

A tensão é proporcional à deformação, que é proporcional à distância da

linha neutra.

O módulo de elasticidade é constante ao longo dos elementos.

Os elementos de alvenaria combinados formam um elemento homogêneo

e isotrópico.

O elemento é linear e possui seção transversal uniforme.

As armaduras são completamente envolvidas pelo graute e pelos elementos

constituintes da alvenaria, de modo que ambos trabalhem como material

homogêneo dentro dos limites das tensões admissíveis.

Segundo Amrhein (1998) estas suposições são corretas para materiais

homogêneos e elásticos e, para materiais heterogêneos como a alvenaria armada, são

satisfatórias para os níveis normais de tensões. Ainda segundo este autor, para altos níveis

de tensões algumas dessas especificações, como a de número 2, podem não ser

aplicáveis, uma vez que a tensão pode não ser proporcional à deformação.

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Andrade (1998) atenta para a necessidade do cumprimento da última hipótese,

especialmente pela dificuldade de execução dos procedimentos de grauteamento em obra.

O autor cita ensaios onde verificou-se que a coluna de graute de paredes armadas já

rompidas apresentavam fendas no sentido longitudinal das armaduras, evidenciando assim

o escorregamento das mesmas. Portanto, deve-se dar atenção especial para a

especificação do graute e fiscalização dos procedimentos de aplicação do mesmo.

Ramalho e Corrêa (2003) apresentam 4 tipos de distribuições de cargas, cada um

com sua vantagem e desvantagem.

O primeiro deles são as paredes isoladas. Neste procedimento cada parede é

tratada como um elemento independente. É considerado um procedimento simples, rápido

e seguro, pois na ausência de uniformização das cargas, as resistências prescritas para os

blocos resultarão sempre em resistências mais elevadas que se a uniformização fosse

considerada. O ponto negativo é a economia que será penalizada, pois esse procedimento

requer blocos de maior resistência. Recomenda-se sua utilização em edifícios de pequena

altura.

O segundo são os grupos isolados de paredes. Esse grupo tem por definição

paredes que são solidárias umas às outras. O limite desses grupos é definido pelas

aberturas, como mostra o exemplo na figura 25. Neste procedimento consideram-se as

cargas totalmente uniformizadas em cada grupo de paredes. Por outro lado,

desconsideram-se as forças de interação nas aberturas, limites dos grupos. Dessa forma,

cada grupo definido trabalhará isolado dos demais.

Figura 11 - Exemplo de grupos de paredes (Fonte: Ramalho e Corrêa, 2003)

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O item 9.1.3 da NBR 15961-1 afirma que para o dimensionamento da estrutura é

considerado que ocorra a dispersão de qualquer ação vertical (concentrada ou distribuída)

sobre um trecho de alvenaria se dará seguindo uma inclinação de 45º ao longo de toda

alvenaria.

Figura 12 - Dispersão das ações verticais (Fonte: NBR 15961-1, 2011)

O terceiro são os grupos de paredes com interação, uma expansão do método

anterior onde os grupos de paredes interagem entre si. É necessário definir uma taxa de

interação para representar a diferença de cargas entre grupos que será uniformizada. Deve-

se especificar também quais grupos terão interação entre si.

O quarto é a modelagem tridimensional em elementos finitos. Trata-se de modelar

a estrutura com elementos de membrana ou chapa, definindo os carregamentos para cada

pavimento. Dessa forma, a uniformização se dará através da compatibilização dos

deslocamentos ao nível de cada nó.

Ramalho e Corrêa (2003) apontam também para a importância da consideração do

processo executivo quando se discute a distribuição de cargas verticais entre as diversas

paredes de um pavimento. Os autores citam algumas providências construtivas que mais

contribuem para a existência de forças de interação elevadas e portanto uma maior

uniformização das cargas verticais, em caso de cantos e bordas:

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Amarração das paredes em cantos e bordas sem juntas a prumo;

Existência de cintas sob a laje do pavimento e à meia altura;

Pavimento em laje maciça.

Figura 13 - Interação entre paredes de canto (Fonte: Ramalho e Corrêa, 2003)

A primeira característica apresentada é a mais importante. Quando se utiliza

qualquer procedimento de amarração que não seja a colocação dos blocos de forma a se

evitar a formação de juntas a prumo, o desenvolvimento de forças de interação, o

espalhamento das cargas e logicamente a uniformização desse carregamento, torna-se um

procedimento duvidoso.

Estudos realizados por Oliveira Jr e Pinheiro (1994) mostram que as alvenarias

estruturais trabalhando em conjunto com as lajes, trazem efeitos favoráveis para a redução

das resistências necessárias dos blocos. Essa constatação baseia-se na capacidade das

lajes de redistribuir as ações, fazendo com que as paredes mais carregadas sejam aliviadas

e as menos solicitadas sofram um acréscimo de tensões.

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Portanto, pode-se concluir que quanto maior a uniformização das cargas verticais

na edificação, maiores os benefícios para a economia, pois haverá uma tendência de

redução das resistências dos blocos a serem utilizados. Entretanto deve-se atentar para

que essa uniformização esteja garantida, pois caso ela não ocorra, pode-se ter uma

redução significativa da segurança da edificação. Logo, deve-se ter em mente esses

parâmetros para considerar a distribuição dos carregamentos verticais, de modo a não

sobrecarregar em excesso o custo da obra ao mesmo tempo em que se garante a

segurança da estrutura.

2.3.5. Composição orçamentária

Di Gregório (2018) afirma que um orçamento é uma estimativa de custo ou preço

de uma obra, onde o custo total da obra é a soma de todos os gastos necessários para a

sua completa execução.

A composição unitária do serviço refere-se ao consumo de insumos necessários à

execução de uma unidade de serviço. No caso da alvenaria, a composição unitária diz

respeito às quantidades de material, mão-de-obra e equipamentos necessárias para se

executar 1 m² de alvenaria (ANDRADE, 2002).

Cabral (1988) ressalta que a grandeza de medida do serviço deve ser a mesma

utilizada na mensuração deste. Assim, ao se avaliar m² de alvenaria a composição é por

m² de alvenaria, da mesma forma que ao se considerar metros de marcação a composição

terá o metro como unidade.

A Tabela SINAPI é utilizado como referência na elaboração de orçamentos.

Segundo a CAIXA, o índice SINAPI, que tem administração compartilhada entre a CAIXA

e o IBGE, divulga mensalmente custos e índices da construção civil a partir da especificação

de insumos, composições de serviços, projetos referenciais e pelo processamento de

dados, além da pesquisa mensal de preço, metodologia e formação dos índices.

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35

3. Adaptação entre projetos

3.1. Arquitetura das Residências de Solo-cimento

A concepção do projeto estipulou o desenvolvimento de diferentes modelos de

construção com diferentes tipos de arquitetura. Esses modelos foram denominados de

embriões. Foram desenvolvidos 4 embriões, todos obedecendo as dimensões mínimas de

uma habitação do programa do governo brasileiro “Minha Casa Minha Vida”

O embrião 1 é a residência mais básica desenvolvida pelo projeto. Ela é constituída

apenas por uma Sala de Estar (16,63m²), Cozinha (4,92m²) e Banheiro (3,94m²).

Figura 14 - Embrião 1 (Fonte: Di Gregorio, 2018)

O embrião 2 é uma expansão horizontal do embrião 1. Além da Sala de Estar,

Cozinha e Banheiro, a residência conta agora com dois quartos de 10,5m² e 12m² cada.

Os embriões 3 e 4 são as expansões verticais dos embriões 1 e 2. O embrião 3 é a

expansão do embrião, contendo dois quartos no andar superior e a instalação de uma

escada interna na sala. O embrião 4 é uma expansão do embrião 2, com o andar superior

contendo os mesmos cômodos e dimensões do andar inferior. Essa residência será

utilizada para abrigar 2 famílias, contendo um acesso ao andar superior por uma escada

exterior a casa.

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Figura 15 - Embriões 2 e 4 (Fonte: Di Gregório, 2018)

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Figura 16 - Embrião 3 - Primeiro pavimento (Fonte: Di Gregório, 2018)

Figura 17 - Embrião 3 - Segundo pavimento (Fonte: Di Gregório, 2018)

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3.2 Adaptação da arquitetura para blocos de concreto

3.2.1 Modulação Horizontal

Foi necessário optar por um dos embriões para dimensionamento dentro desse

trabalho. O embrião 4 foi o escolhido, pois além de ser um dos embriões mais analisados

pelo grupo de estruturas, é aquele que possui o pior caso de carregamento a ser analisado.

O primeiro passo do trabalho foi a escolha da família de blocos a ser utilizado.

Ramalho e Corrêa (2003) afirma que o principal fator a ser considerado para a definição da

distância modular horizontal de uma edificação em alvenaria é a largura do bloco a ser

adotado, pois o ideal é que o módulo longitudinal dos blocos a serem utilizados seja igual

à largura a ser adotada. Assim podemos evitar o uso de blocos especiais e evitar também

uma série de problemas muito comuns, em especial na ligação de duas paredes, tanto em

canto quanto em bordas.

Outro fator que podemos levar em conta na escolha dos blocos é a arquitetura das

residências. Utilizar um bloco em que seu tamanho seja múltiplo do comprimento da parede

irá facilitar a modulação, além de evitar mudanças na arquitetura.

Pensando mais na filosofia do projeto SHS, que preza a utilização de materiais de

baixo custo e tecnologias de fácil utilização, para que as populações atingidas possam se

envolver no processo de reconstrução, é preciso evitar o uso de blocos especiais e

modulações mais arrojadas.

Zechmeister (2005) chegou a uma conclusão em sua tese que os edifícios com

sistema modular de 30cm tem melhores resultados de produtividade. Eles apresentam

projetos mais racionalizados, permitindo maior rapidez na execução. As ligações entre as

unidades de alvenaria são muito mais simples e efetivas do que o uso de grampos ou blocos

complementares, como normalmente é necessário na modulação com blocos da família 39.

“Os pedreiros que participaram do programa e trabalharam com ambos os sistemas

afirmam que o bloco de 30cm teve menor demanda em termos de esforço físico e mental”

(RAMOS et al., 2003).

Levando em consideração todos esses fatores, escolhemos a família de blocos de

concreto 29 para adaptação da nova arquitetura. Para tornar a modulação o mais simples

possível, faremos o uso apenas do bloco inteiro (29x14x19) e meio bloco (14x14x19).

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Dessa maneira facilitamos o trabalho da equipe de mutirão diminuindo o número de blocos

diferentes.

Com as dimensões dos blocos já definidas, foi iniciada a adaptação da modulação

entre projeto. Procurou-se ao máximo manter as dimensões internas dos cômodos,

entretanto, devido a diferença de comprimento e espessura entre os blocos, foi inevitável

uma pequena diferença entre as dimensões arquitetônicas dos dois projetos. Por exemplo,

a Sala de Estar do novo projeto ficou com 10cm a menos na direção longitudinal e 5cm a

menos na transversal. O Quarto da Frente ficou com 5cm a menos em sua direção

longitudinal, enquanto o Quarto dos Fundos com 2,5cm a mais na direção longitudinal. A

cozinha ficou com 7,5cm a menos em sua direção transversal e 7,5cm a mais na direção

longitudinal. Segue abaixo a modulação da residência de solo-cimento e a modulação

obtida da nova residência de blocos de concreto.

Figura 18 – Modulação horizontal da residência de solocimento (Fonte: Di Gregório,

2018)

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Figura 19 - Modulação horizontal da residência de concreto (Fonte: Elaborada pelo

autor)

3.3 Dimensionamento estrutural

Neste capítulo serão desenvolvidas a análise e o dimensionamento das peças

estruturais do embrião 4.

3.3.1 Carregamentos

As cargas que atuam na residência e devem ser consideradas para o cálculo são

classificadas em verticais e horizontais. Numa edificação em alvenaria estrutural, as

principais cargas verticais a serem consideradas são:

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PESO PRÓPRIO DAS PAREDES

AÇÕES DA LAJE.

Aqui no Brasil, as principais ações horizontais a serem consideradas no projeto são:

VENTOS

DESAPRUMO

3.3.1.1 Carregamento Vertical

São consideradas cargas verticais de uma edificação residencial as cargas

permanentes e as cargas variáveis (sobrecargas). As cargas permanentes, por definição,

são aquelas que sofrem baixa variação durante a vida útil do elemento. As cargas

permanentes deste projeto são constituídas pelo peso próprio dos elementos estruturais, e

revestimento das lajes.

Para ambos os pavimentos, foram consideradas as seguintes cargas permanentes:

Peso específico do concreto armado = 25 kN/m³

Peso específico das paredes revestidas = 15 kN/m³

Revestimento de lajes = 1,0 kN/m²

Ao contrário da permanente, a carga variável possui uma variação considerável

durante a vida da construção. Para ambos os pavimentos, foram consideradas as seguintes

cargas variáveis:

Sobrecarga nas lajes (salas, quartos, cozinha) = 1,50 kN/m²

Área de serviço = 2,0 kN/m²

Caixa d’água = 1,0 kN/m² (Caixa d’água de 1000kg sobre a laje de

aproximadamente 10m²)

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3.3.1.2 Carregamento Horizontal

Os carregamentos horizontais desse trabalho serão retirados de Gonçalves (2018).

Em seu trabalho ele aborda o passo a passo da elaboração dos cálculos dos esforços

devido ao vento, seguindo a norma NBR 6123/1988.

Segundo Gonçalves (2018), para o cálculo da influência dos ventos, é necessário

um conhecimento detalhado sobre a localidade em que a edificação será implementada.

No caso de seu estudo, foi considerado o nosso país Brasil, mais especificamente a região

Sudeste.

Alguns estudos relativos aos modelos de cálculo para ação horizontal em edifícios

de alvenaria podem ser encontrados em Nascimento Neto (1999 e 2000), que avaliou

diferentes tipologias de modelagem para o sistema de contraventamento de edifícios. Entre

estes estudos, destacam-se aqueles que realizam discretização das paredes e dos lintéis

empregando-se um pórtico equivalente. Segundo Nascimento Neto et al (2002), esse tipo

de modelagem é fundamental no desenvolvimento de projeto de edifícios altos, pois

representam de forma mais adequada a distribuição interna de rigidez do edifício, e

permitem a avaliação sistemática e adequada para a consideração dos lintéis no modelo

de cálculo.

Em seu trabalho de conclusão de curso, Gonçalves (2018) desenvolveu uma

planilha eletrônica em Excel para automatização de todos os cálculos das cargas

distribuídas causadas pela ação dos ventos, para todos os embriões residenciais. Dessa

forma, a influência do vento na residência tornou-se didaticamente visual. Segue abaixo as

cargas horizontais encontradas em kN/m².

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Figura 20 - Pressões de vento distribuídas para V0 = 35 m/s [kN/m²] – 0° (Fonte:

Gonçalves, 2018)

Figura 21 - - Pressões de vento distribuídas para V0 = 35 m/s [kN/m²] – 90° (Fonte:

Gonçalves, 2018)

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3.3.2 Lajes

O dimensionamento das lajes foi feito seguindo as orientações da NBR 6118, que

fixa os requisitos básicos para as estruturas de concreto armado. Foi utilizada também

como apoio a Apostila de Concreto Armado do professor Sérgio Hampshire.

Inicialmente foi necessário determinar a espessura das lajes. Utilizando o

dimensionamento à flexão simples determinamos a espessura mínima requerida pela laje

através da seguinte relação:

𝑑𝑀𝐼𝑁 = √γ𝑓 × 𝑀

𝑓𝑐𝑑 × 𝑏 × 𝐾𝑚𝑑,𝑚𝑎𝑥

As lajes serão armadas em apenas uma direção, visando a filosofia de

maior economia do projeto. Sendo assim, as lajes contínuas armadas em uma direção

podem ser calculadas como vigas contínuas. Considerando-as perfeitamente engastadas

e apoiadas, os momentos fletores são obtidos através da expressão, 𝑀 = (𝑔 + 𝑞) ×

𝑙²/𝛽 , sendo 𝛽 os valores devido as condições de apoio mostrados abaixo:

Figura 22 - Condições de apoio (Fonte: Hampshire, 2017)

𝑀+ =(0,13 × 25 + 1 + 1,5) × 3,88²

8= 10,82 𝑘𝑁𝑚/𝑚

dmin = √1,4 × 10,82

(100001,4⁄ ) × 1 × 0,251

= 0,092𝑚

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Com o máximo momento fletor determinado, podemos calcular a espessura

mínima da laje, substituindo esse momento na expressão da Figura 16 . Em nosso projeto

determinamos um 𝑓𝑐𝑘 de 10Mpa devido as baixas condições de construção dos locais

visados. Desse modo temos uma espessura mínima de 9,2cm.

A NBR 6118, no seu item 14.7.2.2, define as dimensões dos vãos teóricos

como as distâncias entre os centros dos apoios, não sendo, no entanto, necessário

considerar valores superiores ao vão livre acrescido, em cada apoio, do menor valor entre

a largura do apoio vezes 0,5 e a espessura da laje no meio do vão vezes 0,3.

Figura 23 - Determinação do vão efetivo (Fonte: Hampshire, 2017)

Vão L4:

𝐿𝑒𝑓𝑓 = 3,88 + 2(0,3 × 0,12) = 3,95𝑚 ; 𝑏

2=

0,14

2= 0,07 > 0,3ℎ = 0,3 × 0,12 = 0,036

Determinadas as direções das armaduras das lajes foi feita a primeira

tabela com as propriedades geométricas de cada laje.

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Figura 24 - Direção das armaduras das lajes (Fonte: Elaborada pelo autor)

Deve se observar alguns detalhes sobre a disposições das lajes nos

embriões. As lajes L1 e L9 foram subdivididas em duas lajes, L1A, L1B, L9A e L9B, como

mostra a figura abaixo. Isso se fez necessário para auxiliar no cálculo do carregamento

sobre as alvenarias, entretanto, o cálculo das armaduras principais e a disposição das

armaduras foram feitas considerando a laje inteira

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Figura 25 - Lajes 1 e 9 subdivididas (Fonte: Elaborada pelo autor)

Tabela 1 - Propriedades geométricas das lajes

As cargas atuantes nas lajes, em geral, são definidas pela NBR 6118, em seu item

11. Deve ser considerada a influência das cargas permanentes e variáveis e de todas as

ações que possam produzir esforços importantes. Simbolicamente pode ser representada

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por 𝑝 = 𝑔 + 𝑞 + ℇ (carga total = carga permanente + carga variável + carga devida a

deformações próprias e impostas).

Os momentos fletores são obtidos pela equação 𝑀 = (𝑔 + 𝑞) × 𝑙²/𝛽. Para

compatibilizar os momentos negativos em lajes vizinhas, considera-se como momento

para o dimensionamento, a média entre os momentos negativos nas lajes calculadas,

desde que este valor não seja inferior a 80 % do maior dos dois momentos.

As reações de apoio são obtidas através da expressão 𝑅 = (𝑔 + 𝑞) × 𝑙 × ψ,

onde os valores de ψpodem ser obtidos na Figura 1 (entre parênteses).

Laje L4:

𝑝 = (3 + 1 + 1,5) = 5,5𝑘𝑁/𝑚²

𝑀+ =5,5 × 3,95²

8= 10,74 𝑘𝑁𝑚/𝑚

𝑅 = (3 + 1 + 1,5) × 3,95 × 0,5 = 10,87 𝑘𝑁/𝑚

Tabela 2 - Carregamentos e solicitações nas lajes

O dimensionamento das armaduras de laje foi feito utilizando o método da flexão

simples. Com os momentos de todas as lajes calculados, pode-se chegar aos índices Kmd,

Kx e Kz, obtendo em seguida as áreas de aço necessária.

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Laje L4:

𝑀𝑑 = 𝛾𝑓 × 𝑀𝑠 = 1,4 × 10,74 = 15,03 𝑘𝑁𝑚/𝑚

𝐾𝑚𝑑 =𝑀𝑑

𝑏 × 𝑑² × 𝑓𝑐𝑑

=15,03

1 × 0,095² × 100001,4⁄

= 0,233

𝐾𝑥 =1 − √

1 − 2 × 𝐾𝑚𝑑𝛼𝑐

γ =

1 − √1 − 2 × 0,233

0,85

0,8= 0,410

𝐾𝑧 = 1 −𝛾

2 × 𝐾𝑥= 1 −

0,8

2 × 0,410= 0,836

𝐴𝑠 =𝑀𝑑

𝐾𝑧 × 𝑑 × 𝑓𝑦𝑑=

15,03

0,828 × 0,095 × 501,15⁄

= 4,35 𝑐𝑚2/𝑚

Tabela 3 - Áreas de aço calculadas

Em lajes, a determinação do espaçamento das barras, em função da área de

aço total calculada e da área de 1 barra do diâmetro escolhido é facilitada pela

expressão abaixo:

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𝑒𝑠𝑝(𝑐𝑚) =𝑎𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 1 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 (𝑐𝑚²)

𝑎𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎(𝑐𝑚2

𝑚)

× 100

Laje 4: bitola de 10mm

𝑒𝑠𝑝(𝑐𝑚) =0,785

4,35× 100 = 18,04𝑐𝑚 = ∅10 𝑐15

Tabela 4 - Espaçamento e número de barras por metro

A armadura secundária, ou de distribuição, serve como complemento às armaduras

principais, posicionada no sentido transversal e longitudinal, para a distribuição das tensões

oriundas de cargas concentradas e para o controle da fissuração.

Em lajes armadas em uma só direção, a armadura positiva secundária pode ser de 1/2

da armadura mínima básica, mas deve ter no mínimo 1/5 da área da armadura principal da

laje, com pelo menos 0,9 cm² por metro (correspondente a Ø5c20).

As armaduras mínimas para cada seção de laje é dada através de expressão :

𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 0,15% × 𝑏𝑤 × ℎ = 0,0015 × 100 × 12 = 1,8𝑐𝑚2/𝑚

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3.3.3 Vigas

O dimensionamento das lajes foi feito seguindo as orientações da NBR 6118, que

fixa os requisitos básicos para as estruturas de concreto armado. Foi utilizada também

como apoio a Apostila de Concreto Armado do professor Henrique Longo.

A NBR 6118, no seu item 14.6.2.4, define as dimensões dos vãos teóricos como

o vão inicial acrescido, em cada apoio, do menor valor entre a largura do apoio vezes

0,5 e a espessura da viga no meio do vão vezes 0,3.

Figura 26 - Determinação do vão efetivo (Fonte: NBR 6118)

Viga V1:

𝐿𝑒𝑓𝑓 = 0,9 + 2(0,3 × 0,12) = 0,97𝑚 ; 𝑡

2=

0,14

2= 0,07 > 0,3ℎ = 0,3 × 0,12 = 0,036

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Tabela 5 - Propriedades geométricas das vigas das lajes

Tabela 6 - Propriedades geométricas das vigas frontais

Tabela 7 - Propriedades geométricas das vigas laterais

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Figura 27 - Vigas de apoio das lajes (Fonte: Elaborada pelo autor)

Figura 28 - Vigas dos lintéis (Fonte: Elaborada pelo autor)

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As cargas que atuam sobre as vigas são as reações de apoio das lajes da varanda

sobre as mesmas, calculadas na Tabela 2.

Viga V1 (viga de apoio da laje):

𝑀𝑠 =𝑞 × 𝑙²

8=

10,72 × 0,97²

8= 1,26 𝑘𝑁𝑚

𝑀𝑑 = 𝛾𝑓 × 𝑀𝑠 = 1,4 × 1,26 = 1,76 𝑘𝑁𝑚

Viga V16 (viga dos lintéis):

As pressões de vento foram obtidas no trabalho de Gonçalves (2018) e

apresentadas no capítulo 3.3.1.2. O comprimento das vigas laterais dos lintéis é reduzido

devido ao modelo de pórtico adotado:

𝑞 =𝑄 × ℎ

4=

0,63 × 3,57

4= 0,57

𝑘𝑁

𝑚²

𝑀𝑠 =𝑞 × 𝑙2

8=

0,57 × 1,22

8= 0,10 𝑘𝑁𝑚

Tabela 8 - Carregamentos e Solicitações das Vigas das Lajes

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Tabela 9 - Carregamentos e Solicitações das Vigas das Frontais

Tabela 10 - Carregamentos e Solicitações das Vigas das Laterais

O dimensionamento das armaduras das vigas foi feito utilizando o método da flexão

simples. Com os momentos de todas as lajes calculados, pode-se chegar aos índices Kmd,

Kx e Kz, obtendo em seguida as áreas de aço necessária.

Viga V1 (viga de apoio da laje):

𝐾𝑚𝑑 =𝑀𝑑

𝑏 × 𝑑² × 𝑓𝑐𝑑

=1,76

1 × 0,095² × 100001,4⁄

= 0,182

𝐾𝑥 =1 − √

1 − 2 × 𝐾𝑚𝑑𝛼𝑐

γ =

1 − √1 − 2 × 0,182

0,85

0,8= 0,306

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𝐾𝑧 = 1 −𝛾

2 × 𝐾𝑥= 1 −

0,8

2 × 0,410= 0,878𝐴𝑠 =

𝑀𝑑

𝐾𝑧 × 𝑑 × 𝑓𝑦𝑑

=1,76

0,828 × 0,095 × 501,15⁄

= 0,49 𝑐𝑚2

Tabela 11 - Área de aço das vigas de apoio das lajes

Tabela 12 - Área de aço das vigas frontais

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Tabela 13 - Área de aço das vigas laterais (Fonte: Elaborada pelo autor)

O detalhamento das armaduras das vigas e lajes podem ser encontradas no

Apendice A.

3.3.4 Alvenarias

3.3.4.1 Distribuição das cargas verticais

O dimensionamento das alvenarias estruturais foi feito seguindo as orientações da

NBR 15961-1, que especifica os requisitos mínimos exigíveis para o projeto de estruturas

de alvenaria de blocos de concreto. Foi utilizado também como apoio o projeto de alvenaria

estrutural em blocos de solo-cimento do Projeto SHS (Di Gregório, 2018). O primeiro passo

do dimensionamento da alvenaria é a definição da distribuição das cargas verticais, onde

no item 2.4.3 da Revisão Bibliográfica deste trabalho foram apresentados os procedimentos

utilizados.

Di Gregório (2018) optou pela primeira opção de distribuição de cargas para

dimensionamento das alvenarias, apresentadas no item 2.3.4 desse trabalho, as paredes

isoladas. Esse método foi adotado devido à prerrogativa de maior facilidade e rapidez na

construção. Além disso, segundo Ramalho e Corrêa (2003), recomenda-se a utilização

desse método em edificações de altura pequena, onde os seus efeitos negativos são

minimizados. Definido o método, foi realizada a divisão das paredes estruturais. Enumerou

–se as paredes horizontais, separadas pelas aberturas, com números ímpares, da

esquerda para a direita e de cima para baixo respectivamente. As paredes verticais foram

enumeradas com números pares, de baixo para cima, da esquerda para direita

respectivamente. Segue abaixo a divisão encontrada:

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Figura 29 - Divisão das paredes estruturais do Embrião 3 (Fonte: Elaborada pelo

autor)

Figura 30 – Divisão das paredes estruturais da expansão do Embrião 3 (Fonte:

Elaborada pelo autor)

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Figura 31 – Divisão das paredes estruturais Embrião 4 (Fonte: Elaborada pelo autor)

Definido o esquema estrutural da residência, pode-se montar a tabela com as

propriedades geométricas das alvenarias por andar. A NBR 15961-1 traz consigo uma

especificação para determinação de pilares na estrutura. Segundo ela, o pilar na alvenaria

estrutural é todo elemento linear que resista predominantemente a cargas de compressão

e cuja a maior dimensão da seção transversal exceda cinco vezes a menor dimensão.

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60

Tabela 14 - Propriedade Geométrica das Alvenarias 1º Pav.

Pavimento Parede L (m) Espessura (m) H (m) Pilar? Área (m2)

1

P1 0,300 0,140 2,67 SIM 0,04

P2 2,550 0,140 2,67 NÃO 0,36

P3 0,450 0,140 2,67 SIM 0,06

P4 0,450 0,140 2,67 SIM 0,06

P5 0,300 0,140 2,67 SIM 0,04

P6 2,700 0,140 2,67 NÃO 0,38

P9 0,300 0,140 2,67 SIM 0,04

P10 2,700 0,140 2,67 NÃO 0,38

P11 0,750 0,140 2,67 SIM 0,11

P13 0,900 0,140 2,67 NÃO 0,13

P14 4,800 0,140 2,67 NÃO 0,67

P15 0,450 0,140 2,67 SIM 0,06

P16 2,700 0,140 2,67 NÃO 0,38

P17 0,900 0,140 2,67 NÃO 0,13

P18 3,450 0,140 2,67 NÃO 0,48

P19 0,300 0,140 2,67 SIM 0,04

P20 4,050 0,140 2,67 NÃO 0,57

P21 0,300 0,140 2,67 SIM 0,04

P23 0,450 0,140 2,67 SIM 0,06

P25 0,300 0,140 2,67 SIM 0,04

P27 3,000 0,140 2,67 NÃO 0,42

P29 0,300 0,140 2,67 SIM 0,04

P31 0,450 0,140 2,67 SIM 0,06

P33 0,300 0,140 2,67 SIM 0,04

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61

Tabela 15 - Propriedade Geométrica das Alvenarias 2º Pav.

Pavimento Parede L (m) Espessura (m) H (m) Pilar? Área (m2)

2

P1 0,300 0,150 3,44 SIM 0,04

P2 2,550 0,150 3,17 NÃO 0,36

P3 0,450 0,150 3,44 SIM 0,06

P4 0,450 0,150 3,97 SIM 0,06

P5 0,300 0,150 3,44 SIM 0,04

P6 2,700 0,150 3,97 NÃO 0,38

P9 0,300 0,150 2,67 SIM 0,04

P10 2,700 0,150 2,67 NÃO 0,38

P11 0,750 0,150 2,67 SIM 0,11

P13 0,900 0,150 2,67 NÃO 0,13

P14 4,800 0,150 3,65 NÃO 0,67

P15 0,450 0,150 2,67 SIM 0,06

P16 2,700 0,150 3,97 NÃO 0,38

P17 0,900 0,150 2,67 NÃO 0,13

P18 3,450 0,150 3,52 NÃO 0,48

P19 0,300 0,150 2,67 SIM 0,04

P20 4,050 0,150 4,07 NÃO 0,57

P21 0,300 0,150 3,44 SIM 0,04

P23 0,450 0,150 3,44 SIM 0,06

SIM

P25 0,300 0,150 3,44 SIM 0,04

P27 3,000 0,150 2,67 NÃO 0,42

P29 0,300 0,150 2,67 SIM 0,04

P31 0,450 0,150 2,67 SIM 0,06

P33 0,300 0,150 2,67 SIM 0,04

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62

Para o cálculo do peso próprio das paredes e dos lintéis, foi considerado o peso

específico da parede como 15kN/m³. Para carga distribuída das alvenarias bastou

multiplicar o peso específico pela altura e espessura. Já para os lintéis é necessário

descontar a altura da abertura na altura total para se obter a carga distribuída.

Tabela 16 - Cargas de peso próprio e dos lintéis - 1º Pav

Paredes

PP (kN/m)

PP (kN)

h abertura (m)

PP dos lintéis (kN/m)

Larguras de influência

das aberturas

vizinhas (m)

PP dos lintéis (kN)

P1 5,88 1,76 0,60 4,62 0,500 2,31

P2 5,88 14,99 2,10 1,47 0,450 0,66

P3 5,88 2,65 0,70 4,41 0,750 3,31

P4 5,88 2,65 2,10 1,47 0,900 1,32

P5 5,88 1,76 1,67 2,37 0,700 1,66

P6 5,88 15,88 2,10 1,47 0,450 0,66

P9 5,88 1,76 2,10 1,47 0,450 0,66

P10 5,88 15,88 0,00 5,88 0,000 0,00

P11 5,88 4,41 2,10 1,47 0,900 1,32

P13 5,88 5,29 2,10 1,47 0,450 0,66

P14 5,88 28,22 0,00 5,88 0,000 0,00

P15 5,88 2,65 1,20 3,36 0,500 1,68

P16 5,88 15,88 0,00 5,88 0,000 0,00

P17 5,88 5,29 1,63 2,46 0,950 2,34

P18 5,88 20,29 0,00 5,88 0,000 0,00

P19 5,88 1,76 2,10 1,47 0,450 0,66

P20 5,88 23,81 0,00 5,88 0,000 0,00

P21 5,88 1,76 1,20 3,36 0,500 1,68

P23 5,88 2,65 1,20 3,36 1,000 3,36

P25 5,88 1,76 1,20 3,36 0,500 1,68

P27 5,88 17,64 0,00 5,88 0,000 0,00

P29 5,88 1,76 1,20 3,36 0,500 1,68

P31 5,88 2,65 1,20 3,36 1,000 3,36

P33 5,88 1,76 1,20 3,36 0,500 1,68

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63

Tabela 17 - Cargas de peso próprio e dos lintéis - 2º Pav

Paredes PP (kN/m) PP (kN) h abertura

(m)

PP dos lintéis

(kN/m)

Larguras de influência

das aberturas

vizinhas (m)

PP dos lintéis (kN)

P1 7,50 2,25 0,60 6,24 0,500 3,12

P2 6,93 17,67 2,10 2,52 0,450 1,13

P3 7,50 3,37 0,70 6,03 0,750 4,52

P4 8,61 3,87 2,10 4,20 0,900 3,78

P5 7,50 2,25 1,67 3,99 0,700 2,79

P6 8,61 23,25 2,10 4,20 0,450 1,89

P9 5,88 1,76 2,10 1,47 0,450 0,66

P10 5,88 15,88 0,00 5,88 0,000 0,00

P11 5,88 4,41 2,10 1,47 0,900 1,32

P13 5,88 5,29 2,10 1,47 0,450 0,66

P14 7,94 38,10 0,00 7,94 0,000 0,00

P15 5,88 2,65 1,20 3,36 0,500 1,68

P16 8,61 23,25 0,00 8,61 0,000 0,00

P17 5,88 5,29 1,63 2,46 0,950 2,34

P18 7,67 26,44 0,00 7,67 0,000 0,00

P19 5,88 1,76 2,10 1,47 0,450 0,66

P20 8,82 35,72 0,00 8,82 0,000 0,00

P21 7,50 2,25 1,20 4,98 0,500 2,49

P23 7,50 3,37 1,20 4,98 1,000 4,98

P25 7,50 2,25 1,20 4,98 0,500 2,49

P27 5,88 17,64 0,00 5,88 0,000 0,00

P29 5,88 1,76 1,20 3,36 0,500 1,68

P31 5,88 2,65 1,20 3,36 1,000 3,36

P33 5,88 1,76 1,20 3,36 0,500 1,68

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64

As outras cargas verticais a serem consideradas no dimensionamento da estrutura

são as cargas de peso próprio do telhado, as ações verticais de vento nas paredes e as

cargas verticais dos outros elementos estruturais dimensionados anteriormente (lajes e

vigas). O peso próprio do telhado foi dividido em carga distribuída para as paredes que não

apresentam pórtico e carga concentrada nos pórticos para as paredes que recebem o

mesmo. Já as ações características devido ao vento foram obtidas do dimensionamento do

Embrião 4 em solocimento (Di Gregório, 2018), dado que as condições para obtenção

dessas cargas de vento foram as mesmas.

Tabela 18 - Cargas do telhado e devido ao vento

Ações características de PP no telhado

Ações características devido ao

vento

Paredes

Comprimento de influência

do telhado (m)

PP distribuído do telhado

(kN/m)

PP concentrado do telhado

(kN)

Cargas concentradas verticais de vento nas

paredes (kN) - Pressão

Cargas concentradas verticais de vento nas

paredes (kN) - Sucção

P1 1,40 3,73

P2 8,28 3,84 -13,13

P3 1,40 3,73

P4 4,14 1,92 -6,56

P5 1,40 4,67

P6 8,28 3,84 -13,13

P9

P10

P11

P13

P14 9,06 10,33 -16,72

P15 2,00 4,22

P16 4,53 5,16 -8,36

P17 2,00 4,11

P18 5,63 8,92 -11,36

P19 2,00 5,00

P20 5,63 8,92 -11,36

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65

Paredes

Comprimento de influência

do telhado (m)

PP distribuído do telhado

(kN/m)

PP concentrado do telhado

(kN)

Cargas concentradas verticais de vento nas

paredes (kN) - Pressão

Cargas concentradas verticais de vento nas

paredes (kN) - Sucção

P21 1,40 3,73

P23 1,40 4,51

P25 1,40 3,73

P27

P29 2,00 5,33

P31 2,00 6,44

P33 2,00 5,33

Com todas as ações verticais especificadas podemos montar a tabela com as

cargas totais e acumuladas nos pavimentos. Devemos levar em conta as duas ações do

vento sobre a estrutura no dimensionamento (pressão e sucção), logo, as Tabelas 19 e 20

apresentam separadamente as cargas totais e acumuladas para cada efeito, todas em

serviço.

Tabela 19 - Cargas permanentes e totais 2º Pav

Paredes

Carga total permanente

do pavimento (kN/m)

Carga total do pavimento

(kN/m) - vento pressão

Carga total do pavimento

(kN/m) - vento sucção

Carga total acumulada

(kN/m) - vento pressão

Carga total acumulada

(kN/m) - vento sucção

P1 21,63 21,63 21,63 21,63 21,63

P2 10,62 12,13 5,47 12,13 5,47

P3 21,28 21,28 21,28 21,28 21,28

P4 26,21 30,47 11,62 30,47 11,62

P5 21,47 21,47 21,47 21,47 21,47

P6 15,66 17,08 10,79 17,08 10,79

P9 8,09 8,09 8,09 8,09 8,09

P10 18,97 18,97 18,97 18,97 18,97

P11 7,64 7,64 7,64 7,64 7,64

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66

Paredes

Carga total permanente

do pavimento (kN/m)

Carga total do pavimento

(kN/m) - vento pressão

Carga total do pavimento

(kN/m) - vento sucção

Carga total acumulada

(kN/m) - vento pressão

Carga total acumulada

(kN/m) - vento sucção

P13 6,62 6,62 6,62 6,62 6,62

P14 9,83 11,98 6,34 11,98 6,34

P15 13,84 13,84 13,84 13,84 13,84

P16 13,78 15,69 10,68 15,69 10,68

P17 12,59 12,59 12,59 12,59 12,59

P18 9,30 11,88 6,00 11,88 6,00

P19 13,09 13,09 13,09 13,09 13,09

P20 10,21 12,41 7,40 12,41 7,40

P21 19,53 19,53 19,53 19,53 19,53

P23 23,07 23,07 23,07 23,07 23,07

P25 19,53 19,53 19,53 19,53 19,53

P27 5,88 5,88 5,88 5,88 5,88

P29 16,81 16,81 16,81 16,81 16,81

P31 19,79 19,79 19,79 19,79 19,79

P33 16,81 16,81 16,81 16,81 16,81

Tabela 20 - Cargas permanentes e totais Pav. Térreo

Paredes

Carga total permanente acumulada

(kN/m)

Carga total do pavimento

(kN/m) - vento pressão

Carga total do pavimento

(kN/m) - vento sucção

Carga total acumulada

(kN/m) - vento pressão

Carga total acumulada

(kN/m) - vento sucção

P1 49,30 27,68 27,68 49,30 49,30

P2 35,57 24,95 24,95 37,07 30,42

P3 34,51 13,23 13,23 34,51 34,51

P4 82,99 56,78 56,78 87,26 68,41

P5 32,88 11,41 11,41 32,88 32,88

P6 24,08 8,42 8,42 25,50 19,21

P9 16,17 8,09 8,09 16,17 16,17

P10 34,01 15,04 15,04 34,01 34,01

P11 15,29 7,64 7,64 15,29 15,29

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67

Paredes

Carga total permanente acumulada

(kN/m)

Carga total do pavimento

(kN/m) - vento pressão

Carga total do pavimento

(kN/m) - vento sucção

Carga total acumulada

(kN/m) - vento pressão

Carga total acumulada

(kN/m) - vento sucção

P13 13,23 6,62 6,62 13,23 13,23

P14 22,58 12,76 12,76 24,73 19,10

P15 32,85 19,01 19,01 32,85 32,85

P16 22,10 8,32 8,32 24,01 19,01

P17 21,07 8,48 8,48 21,07 21,07

P18 21,09 11,79 11,79 23,67 17,79

P19 33,30 20,21 20,21 33,30 33,30

P20 16,09 5,88 5,88 18,29 13,28

P21 61,72 42,20 42,20 61,72 61,72

P23 60,93 37,86 37,86 60,93 60,93

P25 65,39 45,86 45,86 65,39 65,39

P27 19,37 13,49 13,49 19,37 19,37

P29 38,72 21,91 21,91 38,72 38,72

P31 33,14 13,35 13,35 33,14 33,14

P33 42,39 25,58 25,58 42,39 42,39

Definida a distribuição das cargas verticais sobre as alvenarias pode-se calcular as

tensões de compressão atuantes em cada alvenaria. A Tabela 21 apresenta as tensões

características e majoradas para cada tipo de vento. Para o vento de pressão utilizou-se

um coeficiente de majoração único de 1,4. Já para o vento de sucção foi necessária a

combinação de 1,4 para a carga de vento e 1,0 para a carga permanente que atua

desfavoravelmente.

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Tabela 21 - Tensões de compressão atuantes na parede – 2º Pav.

Paredes

Tensão total na parede

característica (MPa) - vento

pressão

Tensão total na parede

característica (MPa) - vento

sucção

Tensão total na parede majorada

(MPa) - vento pressão

Tensão total na parede majorada

(MPa) - vento sucção

P1 0,17 0,17 0,23 0,17

P2 0,09 0,04 0,13 0,08

P3 0,16 0,16 0,23 0,16

P4 0,23 0,09 0,33 0,20

P5 0,17 0,17 0,23 0,17

P6 0,13 0,08 0,18 0,12

P9 0,06 0,06 0,09 0,06

P10 0,15 0,15 0,20 0,15

P11 0,06 0,06 0,08 0,06

P13 0,05 0,05 0,07 0,05

P14 0,09 0,05 0,13 0,08

P15 0,11 0,11 0,15 0,11

P16 0,12 0,08 0,17 0,11

P17 0,10 0,10 0,14 0,10

P18 0,09 0,05 0,13 0,07

P19 0,10 0,10 0,14 0,10

P20 0,10 0,06 0,13 0,08

P21 0,15 0,15 0,21 0,15

P23 0,18 0,18 0,25 0,18

P25 0,15 0,15 0,21 0,15

P27 0,05 0,05 0,06 0,05

P29 0,13 0,13 0,18 0,13

P31 0,15 0,15 0,21 0,15

P33 0,13 0,13 0,18 0,13

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69

Tabela 22 - Tensões de compressão atuantes na parede – Pav. Térreo

Paredes

Tensão total na parede

característica (MPa) - vento

pressão

Tensão total na parede

característica (MPa) - vento

sucção

Tensão total na parede majorada

(MPa) - vento pressão

Tensão total na parede majorada

(MPa) - vento sucção

P1 0,38 0,38 0,53 0,38

P2 0,29 0,23 0,40 0,27

P3 0,27 0,27 0,37 0,27

P4 0,67 0,53 0,94 0,64

P5 0,25 0,25 0,35 0,25

P6 0,20 0,15 0,27 0,19

P9 0,12 0,12 0,17 0,12

P10 0,26 0,26 0,37 0,26

P11 0,12 0,12 0,16 0,12

P13 0,10 0,10 0,14 0,10

P14 0,19 0,15 0,27 0,17

P15 0,25 0,25 0,35 0,25

P16 0,18 0,15 0,26 0,17

P17 0,16 0,16 0,23 0,16

P18 0,18 0,14 0,25 0,16

P19 0,26 0,26 0,36 0,26

P20 0,14 0,10 0,20 0,12

P21 0,47 0,47 0,66 0,47

P23 0,47 0,47 0,66 0,47

P25 0,50 0,50 0,70 0,50

P27 0,15 0,15 0,21 0,15

P29 0,30 0,30 0,42 0,30

P31 0,25 0,25 0,36 0,25

P33 0,33 0,33 0,46 0,33

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70

3.3.4.2 Verificação da Esbeltez

O índice de esbeltez é dado pela razão entre a altura efetiva e a espessura efetiva

do pilar, como mostra a expressão abaixo. Esse índice tem como objetivo avaliar a

vulnerabilidade do elemento estrutural ao efeito de flambagem.

𝜆 = ℎ𝑒 × 𝑡𝑒

De acordo com o item 9.4 da NBR 15961-1, a altura efetiva ℎ𝑒 deve ser considerada

igual a altura da parede se houver travamentos que restrinjam os deslocamentos

horizontais de suas extremidades ou o dobro da altura da parede caso uma das

extremidades for livre. No caso do nosso Embrião 4, consideramos a altura total como o

trecho até o nível logo abaixo das vigas sobre as lajes.

A espessura efetiva 𝑡𝑒 de uma parede sem enrijecedor será sua espessura t, sem

considerar os revestimentos. Em caso de enrijecedores, a espessura efetiva é calculada de

acordo com a expressão

𝑡𝑒 = 𝜕 × 𝑡

onde

𝑡𝑒 é 𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒

𝜕 é 𝑢𝑚 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑜𝑟𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝐹𝑖𝑔𝑢𝑟𝑎 29 𝑒 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝐹𝑖𝑔𝑢𝑟𝑎 30

𝑡 é 𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑒𝑛𝑟𝑖𝑗𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠

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Figura 32 - Valores do coeficiente 𝝏 (Fonte: NBR 15961-1, 2011)

Figura 33 - Parâmetros para cálculo da espessura efetiva (Fonte: NBR 15961-1, 2011)

O item 10.1.2 da NBR 15961- fornece os valores máximos permitidos para a

esbeltez conforme a Figura 31. A Tabela 23 apresenta os resultados encontrados no cálculo

da esbeltez de cada elemento de alvenaria junto com a verificação.

Figura 34 - Valores máximos do índice de esbeltez de paredes e pilares (Fonte: NBR

15961-1, 2011)

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72

Tabela 23 - Verificação do índice de esbeltez

Paredes Altura efetiva

(m) Coeficiente de enrijecimento

Espessura efetiva (m)

Esbeltez Verificação ESBELTEZ

P1 2,67 1,4 0,196 13,6 OK

P2 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P3 2,67 1,4 0,196 13,6 OK

P4 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P5 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P6 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P9 2,67 1,4 0,196 13,6 OK

P10 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P11 2,67 1,4 0,196 13,6 OK

P13 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P14 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P15 2,67 1,4 0,196 13,6 OK

P16 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P17 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P18 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P19 2,67 1,4 0,196 13,6 OK

P20 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P21 2,67 1,4 0,196 13,6 OK

P23 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P25 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P27 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P29 2,67 1,4 0,196 13,6 OK

P31 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

P33 2,67 1,0 0,140 19,1 OK

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3.3.4.3 Dimensionamento à Compressão Simples

O dimensionamento à compressão simples é aquele que apresenta o maior grau de

simplicidade. Os elementos estruturais considerados nesse dimensionamento são as

alvenarias e pilares da edificação, independente deles serem armados ou não.

O item 11.2.1 da NBR 15961 especifica o esforço resistente de cálculo através da

seguinte equação:

𝑁𝑑 = 𝑓𝑑 × 𝐴 × 𝑅

𝑁𝑑 é 𝑎 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜

𝑓𝑑 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎

𝐴 é 𝑎 á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒

𝑅 = [1 − (𝜆

40)

3

] é 𝑜 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑟𝑒𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑜 à 𝑒𝑠𝑏𝑒𝑙𝑡𝑒𝑧 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒

Desenvolvendo a fórmula, temos:

𝑁𝑑 = 𝛼𝑔 ×𝑓𝑘

𝛾𝑚

× 𝐴 × 𝑅 = 𝛼𝑔 ×0,8 × 𝑓𝑝𝑘

𝛾𝑚

× 𝐴 × 𝑅 = 𝛼𝑔 ×0,8 × 0,7 × 𝑓𝑏𝑘

𝛾𝑚

× 𝐴 × 𝑅

𝑵𝒅 = 𝜶𝒈 × 𝟎, 𝟓𝟔 ×𝒇𝒃𝒌

𝜸𝒎

× 𝑨 × 𝑹

𝛼𝑔 é 𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑝𝑙𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑡𝑒

𝛾𝑚 é 𝑜 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑑𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠

𝑓𝑘 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎

𝑓𝑝𝑘 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑠𝑚𝑎

𝑓𝑏𝑘 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜

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74

Levando em consideração a busca pelo uso de materiais de baixo custo na

construção da edificação, optou-se pela escolha do bloco de concreto estrutural de menor

resistência, logo o mais barato, o bloco de 4,5Mpa.

As Tabelas 24 e 25 apresentam as resistências de cálculo junto com sua devida

verificação. Nessa análise foi realizada apenas a verificação para as cargas totais

considerando o vento de pressão, dado que é ele quem apresenta as maiores solicitações

na residência.

Tabela 24 - Verificação à compressão simples da alvenaria – 2º Pav.

Paredes

Coeficiente R de redução

devido à esbeltez

Resistência característica do bloco - fbk

(Mpa)

Nd,res (KN) Nd,pressão

(KN) VERIFICAÇÃO

P1 0,961 4,50 88,95 9,08 OK

P2 0,892 4,50 401,07 43,29 OK

P3 0,961 4,50 133,43 13,40 OK

P4 0,892 4,50 123,86 19,20 OK

P5 0,892 4,50 82,57 9,02 OK

P6 0,892 4,50 424,66 64,55 OK

P9 0,961 4,50 88,95 3,40 OK

P10 0,892 4,50 424,66 71,71 OK

P11 0,961 4,50 127,07 8,03 OK

P13 0,892 4,50 141,55 8,33 OK

P14 0,892 4,50 754,95 80,49 OK

P15 0,961 4,50 76,24 8,72 OK

P16 0,892 4,50 424,66 59,31 OK

P17 0,892 4,50 141,55 15,87 OK

P18 0,892 4,50 542,62 57,38 OK

P19 0,961 4,50 88,95 5,50 OK

P20 0,892 4,50 636,99 70,37 OK

P21 0,961 4,50 88,95 8,20 OK

P23 0,892 4,50 70,78 14,53 OK

P25 0,892 4,50 82,57 8,20 OK

P27 0,892 4,50 471,84 24,70 OK

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Paredes

Coeficiente R de redução

devido à esbeltez

Resistência característica do bloco - fbk

(Mpa)

Nd,res (KN) Nd,pressão

(KN) VERIFICAÇÃO

P29 0,961 4,50 50,83 7,06 OK

P31 0,892 4,50 70,78 12,47 OK

P33 0,892 4,50 82,57 7,06 OK

Tabela 25 - Verificação à compressão da alvenaria – Pav. Térreo

Paredes

Coeficiente R de redução

devido à esbeltez

Resistência característica do bloco - fbk

(Mpa)

Nd,res (KN) Nd,pressão

(KN) VERIFICAÇÃO

P1 0,961 4,50 88,95 20,71 OK

P2 0,892 4,50 401,07 132,36 OK

P3 0,961 4,50 133,43 21,74 OK

P4 0,892 4,50 123,86 54,97 OK

P5 0,892 4,50 82,57 13,81 OK

P6 0,892 4,50 424,66 96,38 OK

P9 0,961 4,50 88,95 6,79 OK

P10 0,892 4,50 424,66 128,55 OK

P11 0,961 4,50 127,07 16,05 OK

P13 0,892 4,50 141,55 16,67 OK

P14 0,892 4,50 754,95 166,21 OK

P15 0,961 4,50 76,24 20,69 OK

P16 0,892 4,50 424,66 90,77 OK

P17 0,892 4,50 141,55 26,55 OK

P18 0,892 4,50 542,62 114,34 OK

P19 0,961 4,50 88,95 13,98 OK

P20 0,892 4,50 636,99 103,71 OK

P21 0,961 4,50 88,95 25,92 OK

P23 0,892 4,50 70,78 38,38 OK

P25 0,892 4,50 82,57 27,46 OK

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Paredes

Coeficiente R de redução

devido à esbeltez

Resistência característica do bloco - fbk

(Mpa)

Nd,res (KN) Nd,pressão

(KN) VERIFICAÇÃO

P27 0,892 4,50 471,84 81,34 OK

P29 0,961 4,50 88,95 16,26 OK

P31 0,892 4,50 70,78 20,88 OK

P33 0,892 4,50 82,57 17,80 OK

3.3.4.4 Dimensionamento à Flexão Simples

Nesse item faremos a verificação da flexão pura dos elementos estruturais da

edificação. Nos itens 3.3.2 e 3.3.3 já foram realizadas as devidas verificações da flexão

para as lajes, vigas e vergas. Essa parte do trabalho será destinada exclusivamente à

verificação da flexão atuando nas paredes estruturais.

Segundo a NBR 15961-1, a obtenção da resistência 𝑓𝑘 está diretamente ligada com

a percentagem de preenchimento com graute. Quando a compressão ocorrer na direção

paralela as juntas de assentamento, a resistência característica na flexão pode ser adotada

como igual a resistência à compressão se a região comprimida estiver totalmente

grauteada, ou 50% da resistência à compressão caso a região comprimida não esteja

totalmente grauteada.

𝑀𝑑 = 𝑓𝑑 × 𝑊 × 𝐾

𝑀𝑑 é 𝑜 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜

𝑓𝑑 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎

𝑊 =𝑏 × ℎ²

6 é 𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒

𝐾 = 1,5 é 𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑛𝑎 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜.

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Desenvolvendo a fórmula, temos:

𝑀𝑑 = 𝛼𝑔 ×𝑓𝑘

𝛾𝑚× 𝑊 × 𝐾 = 𝛼𝑔 ×

0,8 × 𝑓𝑝𝑘

𝛾𝑚× 𝑊 × 𝐾 = 𝛼𝑔 ×

0,8 × 0,7 × 𝑓𝑏𝑘

𝛾𝑚× 𝑊 × 𝐾

𝑴𝒅 = 𝜶𝒈 × 𝟎, 𝟓𝟔 ×𝒇𝒃𝒌

𝜸𝒎

× 𝑾 × 𝑲

𝛼𝑔 é 𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑝𝑙𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑡𝑒

𝛾𝑚 é 𝑜 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑑𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠

𝑓𝑘 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎

𝑓𝑝𝑘 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑠𝑚𝑎

𝑓𝑏𝑘 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜

Tabela 26 - Verificação à flexão da alvenaria - 2º Pav.

Paredes Wx (m³) Md,res (KNm/m) Mdx (KNm) VERIFICAÇÃO

P1 0,00640 14,118 2,077 OK

P2 0,00327 3,602 0,750 OK

P3 0,00640 14,118 1,385 OK

P4 0,00327 7,203 1,701 OK

P5 0,00327 7,203 2,077 OK

P6 0,00327 3,602 0,709 OK

P9 0,00640 14,118 0,000 OK

P10 0,00327 3,602 0,000 OK

P11 0,00640 7,059 0,000 OK

P13 0,00327 3,602 0,000 OK

P14 0,00327 3,602 1,169 OK

P15 0,00640 7,059 1,791 OK

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78

Paredes

Wx (m³) Md,res (KNm/m) Mdx (KNm/m) VERIFICAÇÃO

P16 0,00327 3,602 1,039 OK

P17 0,00327 3,602 1,045 OK

P18 0,00327 3,602 1,220 OK

P19 0,00640 14,118 0,896 OK

P20 0,00327 3,602 1,039 OK

P21 0,00640 14,118 2,077 OK

P23 0,00327 3,602 1,385 OK

P25 0,00327 7,203 2,077 OK

P27 0,00327 3,602 0,000 OK

P29 0,00640 14,118 1,343 OK

P31 0,00327 3,602 0,896 OK

P33 0,00327 7,203 1,343 OK

Tabela 27 - Verificação à flexão da alvenaria – Pav. Térreo

Paredes

Wx (m³) Md,res (KNm/m) Mdx (KNm/m) VERIFICAÇÃO

P1 0,00640 14,118 1,612 OK

P2 0,00327 3,602 1,876 OK

P3 0,00640 14,118 1,075 OK

P4 0,00327 7,203 4,252 OK

P5 0,00327 7,203 1,612 OK

P6 0,00327 3,602 1,772 OK

P9 0,00640 14,118 0,000 OK

P10 0,00327 3,602 0,000 OK

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79

Paredes

Wx (m³) Md,res (KNm/m) Mdx (KNm/m) VERIFICAÇÃO

P11 0,00640 7,059 0,000 OK

P13 0,00327 3,602 0,000 OK

P14 0,00327 3,602 2,073 OK

P15 0,00640 7,059 1,791 OK

P16 0,00327 3,602 1,842 OK

P17 0,00327 3,602 1,045 OK

P18 0,00327 3,602 2,163 OK

P19 0,00640 14,118 0,896 OK

P20 0,00327 3,602 1,842 OK

P21 0,00640 14,118 1,612 OK

P23 0,00327 3,602 1,075 OK

P25 0,00327 7,203 1,612 OK

P27 0,00327 3,602 0,000 OK

P29 0,00640 14,118 1,343 OK

P31 0,00327 3,602 0,896 OK

P33 0,00327 7,203 1,343 OK

3.3.4.5 Dimensionamento à Flexo-Compressão

Nesse item faremos a verificação da flexão composta dos elementos estruturais da

edificação. Trata-se da interação entre os carregamentos axiais e momentos fletores que

atuam sobre a alvenaria.

De acordo com o item 11.5.1 da NBR 15961, todo elemento a ser dimensionado na

flexocompressão deve primeiro ter resistência suficiente para suportar as cargas de

compressão simples. Como vimos no item 3.3.4.3 do presente trabalho, todas nossas

alvenarias possuem resistência suficiente para resistir à tais esforços.

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Visando uma maior economia para o projeto, faremos uma primeira verificação sem

considerar as armaduras na alvenaria. Caso seja necessário a adoção de armaduras,

faremos o dimensionamento posteriormente.

Ainda segundo a norma, as tensões normais na seção são obtidas através da soma

das tensões normais lineares devidas ao momento fletor com as tensões normais uniformes

devidos as forças de compressão. A soma dessas tensões deve satisfazer a seguinte

equação:

𝑁𝑑

𝐴 × 𝑅+

𝑀𝑑

𝑊 × 𝐾< 𝑓𝑑

𝑁𝑑 é 𝑎 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜

𝐴 é 𝑎 á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒

𝑅 é 𝑜 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑟𝑒𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑜 à 𝑒𝑠𝑏𝑒𝑙𝑡𝑒𝑧 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒

𝑀𝑑 é 𝑜 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜

𝑊 é 𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒

𝐾 é 𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑛𝑎 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜.

𝑓𝑑 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎

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81

Tabela 28 - Verificação da flexo-compressão - 2ºPav

Paredes

Momento de

primeira ordem de cálculo devido ao

vento (KNm/m)

Tensão normal

de compressão de cálculo

(Mpa)

Resistência a compressão de cálculo da alvenaria - fd

(Mpa)

VERIFICAÇÃO

P1 2,077 0,44 2,21 OK

P2 0,750 0,21 1,26 OK

P3 1,385 0,37 2,21 OK

P4 1,701 0,48 2,21 OK

P5 2,077 0,66 2,21 OK

P6 0,709 0,27 1,26 OK

P9 0,000 0,08 2,21 OK

P10 0,000 0,21 1,26 OK

P11 0,000 0,08 1,26 OK

P13 0,000 0,07 1,26 OK

P14 1,169 0,31 1,26 OK

P15 1,791 0,33 1,26 OK

P16 1,039 0,33 1,26 OK

P17 1,045 0,35 1,26 OK

P18 1,220 0,32 1,26 OK

P19 0,896 0,23 2,21 OK

P20 1,039 0,30 1,26 OK

P21 2,077 0,42 2,21 OK

P23 1,385 0,54 2,21 OK

P25 2,077 0,64 2,21 OK

P27 0,000 0,07 1,26 OK

P29 1,343 0,31 2,21 OK

P31 0,896 0,40 1,26 OK

P33 1,343 0,46 2,21 OK

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Tabela 29 - Verificação da flexo-compressão – Pav. Térreo

Paredes

Momento de

primeira ordem de

cálculo (KNm/m)

Tensão normal

de compressão -

Vento de pressão (Mpa)

Resistência a compressão de cálculo da alvenaria - fd

(Mpa)

VERIFICAÇÃO

P1 1,612 0,68 2,21 OK

P2 1,876 0,72 1,26 OK

P3 1,075 0,47 2,21 OK

P4 4,252 1,63 2,21 OK

P5 1,612 0,70 2,21 OK

P6 1,772 0,58 1,26 OK

P9 0,000 0,17 2,21 OK

P10 0,000 0,38 1,26 OK

P11 0,000 0,16 1,26 OK

P13 0,000 0,15 1,26 OK

P14 2,073 0,64 1,26 OK

P15 1,791 0,53 1,26 OK

P16 1,842 0,59 1,26 OK

P17 1,045 0,45 1,26 OK

P18 2,163 0,64 1,26 OK

P19 0,896 0,44 2,21 OK

P20 1,842 0,52 1,26 OK

P21 1,612 0,81 2,21 OK

P23 1,075 0,90 2,21 OK

P25 1,612 1,06 2,21 OK

P27 0,000 0,22 1,26 OK

P29 1,343 0,54 2,21 OK

P31 0,896 0,55 1,26 OK

P33 1,343 0,75 2,21 OK

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3.3.4.6 Dimensionamento ao Cisalhamento

Nesse item faremos a verificação do cisalhamento das paredes estruturais da

edificação. As forças cisalhantes são quase que inteiramente resistidas pela argamassa de

assentamento dos blocos, logo sua resistência é dada em função da argamassa utilizada

no assentamento. O item 6.2.5.5 da NBR 15961 apresenta os valores característicos da

resistência, como mostra a Figura

Figura 35 - Valores de resistência ao cisalhamento característica em juntas

horizontais de parede (Fonte: NBR 15961, 2011)

Devido a ideologia de economia e utilização de materiais de baixo custo do Projeto

SHS, assim como o bloco de concreto, optou-se pela utilização da argamassa de menor

resistência. Por outro lado, também não seria recomendável o uso de uma argamassa com

resistência mais elevada que o bloco, pois poderíamos ter um efeito onde as cargas de

compressão fossem resistidas pela argamassa, o que não é interessante para a estrutura.

Para verificação do cisalhamento da estrutura, a norma afirma que a tensão de

cisalhamento de cálculo 𝜏𝑣𝑑 não pode superar a resistência de cálculo obtida a partir dos

valores característicos da resistência ao cisalhamento, 𝑓𝑣𝑘.

𝜏𝑣𝑑 =𝑉𝑑

𝑏ℎ<

𝑓𝑣𝑘

𝛾𝑚

𝜏𝑣𝑑 é 𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜

𝑉𝑑 é 𝑎 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑎 𝑠𝑒çã𝑜

𝑓𝑣𝑘 é 𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑎𝑜 𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

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Tabela 30 - Verificação do cisalhamento – 2º Pav

Paredes Tensão atuante de cisalhamento de

projeto - 𝝉𝒗𝒅 (Mpa)

Tensão de cisalhamento

resistente – f,vd (Mpa)

VERIF

P1 0,039 0,087 OK

P2 0,007 0,068 OK

P3 0,026 0,087 OK

P4 0,000 0,095 OK

P5 0,039 0,087 OK

P6 0,013 0,077 OK

P9 0,000 0,064 OK

P10 0,002 0,083 OK

P11 0,003 0,063 OK

P13 0,010 0,061 OK

P14 0,005 0,067 OK

P15 0,034 0,074 OK

P16 0,002 0,074 OK

P17 0,020 0,072 OK

P18 0,003 0,066 OK

P19 0,017 0,073 OK

P20 0,004 0,068 OK

P21 0,039 0,084 OK

P23 0,026 0,090 OK

0,000 OK

P25 0,039 0,084 OK

P27 0,004 0,060 OK

P29 0,026 0,079 OK

0,000 OK

P31 0,017 0,084 OK

P33 0,026 0,079 OK

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Tabela 31 - Verificação do cisalhamento – Pav. Térreo

Paredes Tensão atuante de cisalhamento de

projeto - 𝝉𝒗𝒅 (Mpa)

Tensão de cisalhamento

resistente – f,vd (Mpa)

VERIF

P1 0,039 0,135 OK

P2 0,015 0,112 OK

P3 0,047 0,110 OK

P4 0,005 0,194 OK

P5 0,031 0,107 OK

P6 0,029 0,092 OK

P9 0,000 0,078 OK

P10 0,005 0,109 OK

P11 0,014 0,076 OK

P13 0,024 0,073 OK

P14 0,011 0,089 OK

P15 0,074 0,107 OK

P16 0,004 0,088 OK

P17 0,020 0,086 OK

P18 0,005 0,087 OK

P19 0,018 0,108 OK

P20 0,004 0,078 OK

P21 0,039 0,157 OK

P23 0,026 0,155 OK

OK

P25 0,039 0,163 OK

P27 0,004 0,084 OK

P29 0,027 0,117 OK

OK

P31 0,018 0,107 OK

P33 0,027 0,123 OK

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4. Detalhes de Execução e Orçamentação

Este capítulo foi dedicado à apresentação dos diversos detalhes construtivos do

Embrião 4, além de um cálculo do custo de construção dessa residência e eventual

comparação entre os custos da tecnologia de blocos de concreto e solocimento.

Vale ressaltar que parte dos detalhes aqui apresentados já são padronizados em

uma edificação de alvenaria estrutural, entretanto alguns deles foram sugestão do autor

desse trabalho e de seu orientador, não tendo assim uma comprovação numérica da

eficiência dessas adaptações sugeridas.

4.1. Detalhamento Construtivo

4.1.1 Assentamento dos blocos

A etapa de assentamento dos blocos, apesar de parecer fácil e simples, deve ser

executada com total atenção pela equipe que irá realizar esse trabalho. O principal ponto é

seguir o projeto de coordenação modular das fiadas, para que os desperdícios sejam

evitados e o comportamento estrutural das alvenarias não sofra nenhuma alteração que

não estava prevista durante o dimensionamento estrutural das mesmas.

Recomenda-se uma primeira colocação dos blocos à seco, ou seja, sem aplicação

da argamassa de assentamento, para verificar a modulação. Feita essa verificação, e

confirmada a eficiência da modulação, pode-se iniciar o assentamento dos blocos sobre a

argamassa.

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Figura 36 - Posicionamento das linhas de referência para os blocos (Fonte: Tauil,

2010)

Figura 37 - Assentamento dos primeiros blocos (Fonte: Tauil, 2010)

Iniciado o processo de assentamento das primeiras fiadas, uma constante

verificação do prumo (verticalidade) e do alinhamento (horizontal) deve ser feita. Após o

assentamento de algumas fiadas, deve se realizar o enchimento com graute nos furos que

receberão armadura. De acordo com a NBR 14931, que tem como objetivo estabelecer os

requisitos para execução de estruturas de concreto, esse lançamento de concreto deve ser

realizado em uma altura que evite a segregação de componentes, sendo essa altura abaixo

de 2 metros.

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Figura 38 - Colocação de graute nos furos de alvenaria armada (Fonte: Tauil, 2010)

4.1.2 Laje da caixa d’água

Foi necessário se pensar em uma solução para a modulação vertical acima da laje

onde a caixa d’água ficará posicionada. Isso se fez necessário devido ao posicionamento

dessa laje de 12cm de altura, que não engloba todo o perímetro do embrião. Como

apresentado no item 3.3.2, essa laje encontra-se apenas acima da cozinha e do banheiro,

trazendo um “desnivelamento” de 8cm da modulação vertical, como mostra a Figura 40.

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Figura 39 - Detalhe do desalinhamento de nível devido a laje (Fonte: Elaborada pelo

autor)

Na residência de solocimento esse problema poderia facilmente ser resolvido, pois

as prensas utilizadas para fabricação dos tijolos fornecem uma maior liberdade de

adaptação das dimensões desses tijolos. Já as vibroprensas utilizadas para fabricação de

blocos de concretos possuem moldes padronizados, onde uma adaptação desses blocos

para dimensões fora desse padrão, é bastante inviável.

Dessa forma, foi necessário pensar em uma solução para corrigir esse

desalinhamento vertical. A conclusão em que chegamos foi que seria necessário recorrer

ao corte desses blocos de concreto, utilizando-se do equipamento adequado. A Figura 40

apresenta uma esquematização do posicionamento desses blocos ao longo da laje.

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Figura 40 – Alinhamento da modulação vertical com blocos cortados (Fonte:

Elaborada pelo autor)

Outra opção para o nivelamento entre os blocos seria a colocação de um lastro de

concreto magro sobre a parede com o auxílio de formas, com uma altura que retome o

alinhamento das fiadas

Figura 41 – Alinhamento da modulação vertical com lastro de concreto

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4.1.3 Execução do Telhado

Nessa etapa construtiva do Embrião 4, decidiu-se por manter o mesmo sistema de

construção adotado nas residências de solocimento. Trata-se do sistema de pórtico que

enrijece o embrião, onde as terças se apoiam sobre as colunas grauteadas e armadas,

formando assim o pórtico padrão adotado nos cálculos da estrutura. A Figura 42 e a Figura

42, apresentam uma representação do pórtico padrão e a mão francesa adotada para

enrijecimento desse pórtico, respectivamente.

Figura 42 - Pórtico Padrão (Fonte: Gonçalves, 2018)

Figura 43 - Mão francesa do telhado (Gonçalves, 2018)

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Deve-se atentar que ambas imagens acima são meramente ilustrativas, utilizadas

apenas para demonstrar o sistema de pórtico e o detalhe da ligação com mão francesa. A

casa adaptada para blocos de concreto não possui enrijecedores, como os apresentados

nas figuras acima.

4.2 Orçamento

Uma das premissas mais importantes do Projeto SHS é o barateamento das

residências em alvenaria estrutural através da utilização de materiais de baixo custo e

construção em regime de mutirão.

Essa parte do trabalho está destinada a fazer uma comparação entre os custos da

residência de solo-cimento com o custo da residência de blocos de concreto. Nessa análise

iremos explorar também as diversas opções de custo para o embrião de bloco de concreto,

indo do menor módulo, apenas com os serviços mais essenciais, até o Embrião 4.

O SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices na Construção Civil)

é utilizado como referência para preços de insumos e custos dos diversos serviços de

engenharia presentes em uma obra. Tendo como base o SINAPI, e a própria produção dos

tijolos de solo-cimento, Dos Santos (2018) pode montar uma planilha orçamentária do

Embrião 2 em solo-cimento. A Tabela 32 apresenta os custos encontrados para a produção

do embrião de apenas um pavimento.

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Tabela 32 - Orçamento do Embrião 2 de solo-cimento

DESCRIÇÃO CUSTO MÃO

DE OBRA CUSTO TOTAL

CUSTO MUTIRÃO

ECONOMIA MUTIRÃO

GRUPO DE TRABALHO 1 - FUNDAÇÕES

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 1 - FUNDAÇÕES R$ 5.154,72 R$ 11.314,13 R$ 6.159,42 45,56%

GRUPO DE TRABALHO 2 - ALVENARIA

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 2 - ALVENARIA R$ 11.136,12 R$ 18.919,67 R$ 7.783,55 58,86%

GRUPO DE TRABALHO 3 - TELHADO

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 3 - TELHADO R$ 3.567,35 R$ 13.119,06 R$ 9.551,72 27,19%

GRUPO DE TRABALHO 4 - INSTALAÇÕES

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 4 - INSTALAÇÕES R$ 6.110,09 R$ 16.838,26 R$ 10.728,16 36,29%

GRUPO DE TRABALHO 5 - ACABAMENTOS

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 5 - ACABAMENTOS R$ 3.833,73 R$ 14.807,19 R$ 11.807,91 20,26%

TOTAL R$ 74.998,31 R$ 45.196,30 39,74%

Podemos observar que esse orçamento traz consigo uma comparação do preço de

construção utilizando mão de obra contratada com o regime de mutirão. Caso o mutirão

seja implantado na construção da residência de solo-cimento, pode-se chegar em uma de

economia de até 40% no custo total de um embrião. Vale salientar que essa economia é

apenas entre a residência em alvenaria estrutural com blocos de solo-cimento construído

com mão de obra contratada e o sistema de mutirão. Se houvesse uma comparação entre

o método de construção convencional com mão de obra contratado com a residência de

solo-cimento em sistema de mutirão, a economia total chegaria a valores muito mais

expressivos.

Para o orçamento da residência em blocos de concreto seguimos as mesmas

diretrizes da residência de solo-cimento. Com o auxílio dos índices do SINAPI, iniciamos o

cálculo do orçamento.

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A fundação da casa foi considerada a mesma do solocimento. Apesar das cargas

que atuam sobre a fundação serem diferentes, esse trabalho não abordou o

dimensionamento das fundações. Tal dimensionamento está sendo estudado por outros

voluntários do projeto, então, para efeito de comparação, adotaremos a fundação como

sendo a mesma.

A alvenaria, obviamente, foi o item com maiores alterações em sua composição de

custos. Primeiramente foi necessário estimar o custo unitário material do metro quadrado

do bloco de concreto. Removendo-se os impostos, custos de produção e a taxa de lucro

dos fornecedores, estimamos um valor de R$8,50 por metro quadro de bloco de concreto

da família 29. A Tabela 33 apresenta um desmembramento dos custos da alvenaria,

incluindo uma coluna apresentando o custo total com mão de obra e outra com o custo do

mutirão.

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Tabela 33 – Composição de custos da alvenaria

GRUPO DE TRABALHO - ALVENARIA UND QTDE

CUSTO

UNITÁRIO

MÃO DE OBRA

CUSTO

UNITÁRIO

MATERIAL

CUSTO

UNITÁRIO

EQUIPAMENTO

CUSTO

UNITÁRIO

TOTAL

CUSTO

TOTAL

CUSTO

MUTIRÃO

IMPERMEABILIZAÇÃO NA BASE DAS PAREDES

IMPERMEABILIZAÇÃO DE PAREDES COM ARGAMASSA DE CIMENTO E AREIA, COM ADITIVO IMPERMEABILIZANTE, E = 2CM.

M2 0,16 R$ 20,55 R$

16,06 R$ 0,07

R$ 36,68

R$ 5,87

R$ 2,58

ALVENARIA

BLOCO CONCRETO 29 X 14 X 19 CM - FABRICAÇÃO E MONTAGEM UN 116,00 R$ 18,54 R$

8,50 R$ 2,55

R$ 29,59

R$ 3.432,44

R$ 1.281,80

ALVENARIA DE BLOCOS DE CONCRETO ESTRUTURAL 14X19X29 CM, (ESPESSURA 14 CM)

M2 116,00 R$ 18,54 R$

43,91 R$ 0,05

R$ 62,50

R$ 7.250,00

R$ 5.099,36

BLOCO CONCRETO 29 X 14 X 19 CM - FORNECIMENTO E MONTAGEM

UN 116,00 R$ 18,54 R$

31,45

R$ 49,99

R$ 5.798,84

R$ 3.648,20

ARMADURA ALVENARIA

ARMAÇÃO DE PILAR OU VIGA DE UMA ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO UTILIZANDO AÇO CA-50 DE 6,3 MM

KG 57,75 R$ 4,81 R$

6,66 -

R$ 11,47

R$ 662,39

R$ 384,62

GRAUTEAMENTO

GRAUTEAMENTO VERTICAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL. M3 2,94 R$ 299,74 R$

412,42 R$ 2,23

R$ 714,39

R$ 2.100,31

R$ 1.219,07

GRAUTEAMENTO DE CINTA SUPERIOR OU DE VERGA EM ALVENARIA ESTRUTURAL. AF_01/2015

M3 1,30 R$ 273,65 R$

402,44 R$ 2,10

R$ 678,19

R$ 881,99

R$ 526,10

LAJE

LAJE PRE-MOLD BETA 12. M2 11,25 R$ 26,52 R$

60,27 R$ 0,13

R$ 86,92

R$ 977,85

R$ 679,50

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 2 - ALVENARIA

R$ 8.060,84

R$ 4.093,67

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Como mencionado no item 4.1.3, a estrutura do telhado foi mantida. Logo, com as

dimensões da residência sem sofrer grandes alterações, o custo de execução do telhado da

residência de bloco de concreto manteve-se igual ao da residência de solocimento. Outra etapa

que manteve seus custos iguais foram as instalações elétricas, hidráulicas e telefônicas, visto

que não foi identificada nenhuma alteração que se fizesse necessária nesses projetos.

Para os acabamentos, apenas alguns itens foram alterados. Louças, metais, esquadrias,

rodapés, azulejos e pisos cerâmicos mantiveram o mesmo custo em da casa de solocimento. A

diferença se deu na pintura das paredes externas.

O projeto de solocimento adotou uma aplicação de pintura hidrofugante com silicone nas

paredes internas e externas, que possui a função impermeabilizar e proteger essas superfícies

contra a umidade. Nas paredes internas foi aplicada também uma camada de pintura com verniz

poliuretano.

Para o embrião de blocos de concreto a pintura das paredes externas será feita com uma

camada de selador acrílico e pintura com tinta texturizada acrílica. Nas paredes internas a pintura

será dada com um fundo de selador látex PVA e duas demãos de tinta látex PVA. A Tabela 32

apresenta a composição de custos da pintura aplicada nas paredes internas e externas.

Tabela 34 - Composição de custos de pintura

RESINAS UND QTDE

CUSTO

UNITÁRIO

MÃO DE

OBRA

CUSTO

UNITÁRIO

MATERIAL

CUSTO

UNITÁRIO

TOTAL

CUSTO MÃO DE

OBRA

CUSTO

TOTAL

CUSTO

MUTIRÃO

SELADOR ACRÍLICO EM PAREDES EXTERNAS

M2 116,00 R$

1,30 R$

1,62 R$

2,92 R$

150,80 R$

338,72 R$

187,92

PINTURA COM TINTA TEXTURIZADA ACRÍLICA EM PAREDES EXTERNAS

M2 116,00 R$

4,14 R$

11,78 R$

15,92 R$

480,24 R$

1.846,72 R$

1.366,48

FUNDO SELADOR LÁTEX PVA EM PAREDES, UMA DEMÃO

M2 116,00 R$

0,67 R$

2,54 R$

3,21 R$

77,72 R$

372,36 R$

294,64

PINTURA COM TINTA LÁTEX PVA EM PAREDES, DUAS DEMÃOS.

M2 116,00 R$

3,29 R$

6,12 R$

9,41 R$

381,64 R$

1.091,56 R$

709,92

TOTAL R$3.649,36 R$ 2.558,96

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Com todos os custos destrinchados, pode-se chegar ao valor total da casa, como

apresentado na Tabela 35.

Tabela 35 - Orçamento do Embrião 2 de blocos de concreto

DESCRIÇÃO CUSTO MÃO DE

OBRA CUSTO TOTAL

CUSTO MUTIRÃO

ECONOMIA MUTIRÃO

GRUPO DE TRABALHO 1 - FUNDAÇÕES

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 1 - FUNDAÇÕES

R$ 5.319,05 R$ 11.710,36 R$ 6.391,31 45,42%

GRUPO DE TRABALHO 2 - ALVENARIA

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 2 - ALVENARIA

R$ 3.967,17 R$ 8.060,84 R$ 4.093,67 49,22%

GRUPO DE TRABALHO 3 - TELHADO

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 3 - TELHADO

R$ 3.567,35 R$ 13.119,06 R$ 9.551,72 27,19%

GRUPO DE TRABALHO 4 - INSTALAÇÕES

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 4 - INSTALAÇÕES

R$ 6.110,09 R$ 16.838,26 R$ 10.728,16 36,29%

GRUPO DE TRABALHO 5 - ACABAMENTOS

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 5 - ACABAMENTOS

R$ 3.833,73 R$ 18.456,55 R$ 13.532,42 26,68%

TOTAL R$ 68.185,07 R$ 44.297,27 35,03%

Esse orçamento foi feito com o objetivo de ser comparado com a Tabela 32, logo os

mesmos serviços utilizados lá, foram mantidos aqui também. Entretanto podemos explorar um

orçamento mais básico, onde apenas os serviços mais essenciais são utilizados. A Tabela 36

traz aquilo que seria o menor valor possível para que uma residência no modelo do Embrião 2

possa ser construído. Nela foram retiradas serviços como pintura interna e externa e colocação

de piso em salas e quartos. Acredita-se que a falta desses serviços não afete a possibilidade de

oferecer uma moradia digna para uma população que já sofreu tanto.

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Tabela 36 - Orçamento do Embrião 2 de blocos de concreto, apenas serviços básicos

DESCRIÇÃO CUSTO MÃO

DE OBRA CUSTO TOTAL

CUSTO MUTIRÃO

ECONOMIA

MUTIRÃO

GRUPO DE TRABALHO 1 - FUNDAÇÕES

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 1 - FUNDAÇÕES

R$ 5.319,05

R$ 11.710,36 R$ 6.391,31 45,42%

GRUPO DE TRABALHO 2 - ALVENARIA

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 2 - ALVENARIA R$

3.967,17 R$ 8.060,84 R$ 4.093,67 49,22%

GRUPO DE TRABALHO 3 - TELHADO

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 3 - TELHADO R$

3.567,35 R$ 13.119,06 R$ 9.551,72 27,19%

GRUPO DE TRABALHO 4 - INSTALAÇÕES

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 4 - INSTALAÇÕES

R$ 6.110,09

R$ 16.838,26 R$ 10.728,16 36,29%

GRUPO DE TRABALHO 5 - ACABAMENTOS

SUBTOTAL GRUPO DE TRABALHO 5 - ACABAMENTOS

R$ 2.611,77

R$ 10.405,72 R$ 7.793,95 25,10%

TOTAL R$ 60.134,25 R$ 38.558,81 35,88%

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5. Considerações Finais

O presente trabalho teve como objetivo a adaptação de todo o projeto de uma residência

de dois pavimentos com blocos de solo-cimento em alvenaria estrutural para o uso de blocos de

concreto, onde foram abordados os aspectos estruturais, construtivos e orçamentários da

residência.

A adaptação se inicia com a modulação horizontal utilizando-se agora os blocos de

concreto. O objetivo dessa etapa era conservar ao máximo as dimensões pré-existentes da casa,

incluindo as aberturas de esquadria. Apesar da diferença entra as dimensões dos blocos de

concreto e solo-cimento, o resultado da nova modulação foi bastante satisfatório, com diferença

de apenas alguns centímetros entre os embriões.

Os cálculos estruturais, feitos de acordo com as especificações da NBR 15961-1,

trouxeram uma avaliação da resistência das alvenarias frente aos diversos tipos de

carregamentos. Para avaliação de toda carga atuante, foi feito o dimensionamento dos outros

elementos estruturais além da alvenaria, que seriam as lajes e vigas. Calculadas de acordo com

a NBR 6118, pode-se lançar a influência desses elementos na planilha de cálculo.

Foram avaliadas as resistências à compressão, flexão, flexocompressão e cisalhamento.

Diferente do bloco de solo-cimento, onde as solicitações muitas vezes encontravam-se no limite

das resistências, a utilização do bloco de concreto trouxe uma maior margem para essas

solicitações, dado que o bloco de concreto possui uma resistência 2,25 vezes maior que o bloco

de solo-cimento. Para o segundo pavimento, onde temos as menores cargas, não houve nenhum

problema em relação aos diversos tipos de carregamento. No primeiro pavimento onde temos o

acumulo das cargas do primeiro e segundo pavimento, as solicitações à compressão, flexão pura

e cisalhamento tiveram valores razoáveis. Já a flexocompressão, que trata da combinação da

compressão com a flexão que atua na parede, chegou a ter valores mais próximos do limite de

resistência.

Pode-se concluir então que, do ponto de vista estrutural, a utilização do bloco de concreto

é muito mais vantajosa, visto que, não se fez necessária a cinta intermediária e o grauteamento

de colunas a cada meio metro de alvenaria, apenas o grauteamento total de pequenas paredes

e os pilares dos pórticos.

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Após a revisão da norma atualizada de blocos de concretos vazados, a NBR 6136: 2016,

constatamos que a resistência mínima à compressão permitida para blocos de concreto com

função estrutural foi reduzida para o valor de 3,0Mpa. Inserimos esse bloco e em nosso planilha

de cálculo das alvenarias e constatou-se que uma das paredes não possui resistência suficiente

para resistir aos esforços de flexo-compressão sem a consideração de armadura.

No capítulo que trata dos métodos executivos necessários para a construção de uma

residência em alvenaria estrutural, fez-se uma revisão das técnicas já existentes e bem

apresentadas nas literaturas de alvenaria estrutural e construção civil. Ilustrou-se também o

modelo de pórtico adotado para o cálculo da estrutura e o detalhe da mão francesa, estipulada

por Di Gregório e Gonçalves no trabalho que estudou a influência das cargas de vento forte sobre

os embriões do Projeto SHS. Além disso foi discutida uma solução para o desaprumo vertical

devido à laje que sustenta as caixas d’água. A conclusão que se chegou foi que seria necessário

um alinhamento de nível através de uma compensação dessa altura com blocos cortados ou um

lastro de concreto estrutural sobre as alvenarias.

Ainda no mesmo capítulo, fez-se uma comparação entre os orçamentos da residência de

solo-cimento com a residência de blocos de concreto. Utilizando-se da planilha de custos

desenvolvida por Santos (2018), para seu trabalho de conclusão de curso ainda em andamento,

e também dos índices da SINAPI, elaborou-se uma composição dos custos necessários para

construção do Embrião 2 em blocos de concreto. Essa composição dividiu-se entre Fundação,

Alvenaria, Telhado, Instalações e Acabamentos, obtendo-se um valor total de R$ 44.297,27, no

regime de mutirão, valor aproximadamente igual à residência de blocos de solo-cimento. A

princípio, imaginou-se que o embrião de blocos de concreto teria um custo bem mais elevado que

o embrião de solo-cimento, dado que um bloco de solo-cimento custo em torno de 35% mais

barato que um bloco de concreto. Entretanto, durante a elaboração da composição, notou-se que

apesar do preço mais elevado do bloco de concreto, sua taxa de aproveitamento é muito maior

que o bloco de solo-cimento. Enquanto um bloco de solo-cimento necessita de 62 blocos para

ocupação de 1 metro quadrado, o bloco de concreto necessita apenas de 17 blocos, cerca de 3,6

vezes menos. Tal fator justificou a equivalência no custo da casa, dado a diferença de preço entre

os blocos.

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Por fim, ainda no mesmo item, apresentou-se um orçamento para o Embrião 2 contendo

apenas os serviços mais básicos e necessários para que uma pessoa possa morar com

dignidade. Obteve-se uma economia de 13%, considerando o regime de mutirão.

Caso seja necessário se construir a residência mais básica possível, ou seja, o Embrião

1 executando-se apenas os serviços mais básicos, o orçamento atinge valores ainda mais baixos.

O Embrião 1 possui uma área equivalente a 50% da área do Embrião 2, logo estima-se um

orçamento equivalente as áreas para ele. Sabendo que o Embrião 2 com os serviços mais

básicos custou R$ 38.558,81, acredita-se que a residência mais básica em blocos de concreto

possa custar em torno de R$ 20.000 a R$ 25.000.

Conclui-se então, que o uso do bloco de concreto nas residências do Projeto SHS torna-

se bastante viável do ponto de vista estrutural, construtivo e econômico. A principal preocupação

da utilização desse material era de se obter um alto custo para implementação dos embriões.

Entretanto, como foi observado anteriormente, o bloco de concreto traz uma maior segurança

para essas casas sem comprometer a ideologia do projeto, que busca a utilização de materiais

de baixo custo e economia na construção.

Entretanto, para que esse sistema funcione da maneira esperada, obtendo-se uma

construção racionalizada e econômica, é necessário que todos os projetos estejam

compatibilizados e os mesmos sejam seguidos à risca. Logo, a execução torna-se um quesito

essencial no desempenho estrutural do sistema, tornando fundamental o cumprimento de todas

as etapas, seguindo todos os procedimentos para que a obra saia como o planejado. Por isso a

importância do treinamento das populações foi ressaltada no capítulo 4 desse trabalho.

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Apêndice A

Figura 44 - Armação das Lajes L1=L9 e L4

Figura 45 - Armação das Lajes L2 e L3

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Figura 46 - Armação das Lajes L5 e L6

Figura 47 - Armação das Lajes L7 e L8

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Figura 48 - Armadura das Vigas

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Figura 49 - Detalhe do encontro de vigas