Ásia oriental e sudeste asiático - modelos para a américa latina

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 27 Ásia Oriental e Sudeste Asiático – modelos para a América Latina? VICTOR SUKUP* Mais de um futurólogo anuncia um “século asiático”. Outros analistas salientam, ao contrário, as múlti plas tensões e dificuldades desta parte do mundo. A crise dos países da ASEAN, desde meados de 1997, e a recessão já bastante longa do Japão pareciam confirmar estas visões mais prudentes. Estrelas da modernidade de amanhã ou apenas cometas fugazes no céu do desenvolvimento; paradigmas de liberalismo econômico ou de forte intervencionismo do Estado no desenvolvimento; abertura comercial ou  prote cionismo disfarçado; autori taris mo polít ico ou democr acias  sui generi s;  para ísos da “flexibilidade labo ral ” ou modelos de prog resso industrial com  progre sso social: eis as perguntas principais sobre os países da Ásia orient al e do sudeste asiático; exigem elementos de resposta diferenciados que ultrapassem ao mesmo tempo a denúncia cega e a admiração acrítica. A China e também a Índia (v. Sukup, 1997), vistas às vezes como possíveis “super-tigres” do futur o, mereceriam uma reflexão à parte.  Na Améri ca Latina , tão volta da, tradicionalmente, pa ra a Europa e para os Estados Unidos, as experiências da Ásia recebem uma atenção crescente devido às razões seguintes:  – o peso cada vez maior (como mercado, fonte financeira e de tecnologia) da Ásia Oriental e, em menor medida, do Sudeste Asiático;  – o excepci onal dinami smo econômi co e indust rial desses países nas últimas décadas;  – as lições , pos itiva s e n egativ as, dessas ex periê ncias. Mas essas lições têm alguns pontos não muito claros:  – Qual é o alcance verdad eiro dos êxitos mencionados, e quais são as suas causas reais?  – A que preço consegui ram-se estes êxitos?  Quais são as causas das difi culdad es atuais?  Rev. Bras. Polít. Int. 40 (2): 27-48 [1997] * Economista e politólogo, professor das Universidades Nacionais de Buenos Aires, La Plata y Tandil.

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    sia Oriental e Sudeste Asitico modelos para a Amrica Latina?

    VICTOR SUKUP*

    Mais de um futurlogo anuncia um sculo asitico. Outros analistassalientam, ao contrrio, as mltiplas tenses e dificuldades desta parte do mundo.A crise dos pases da ASEAN, desde meados de 1997, e a recesso j bastantelonga do Japo pareciam confirmar estas vises mais prudentes.

    Estrelas da modernidade de amanh ou apenas cometas fugazes no cudo desenvolvimento; paradigmas de liberalismo econmico ou de forteintervencionismo do Estado no desenvolvimento; abertura comercial ouprotecionismo disfarado; autoritarismo poltico ou democracias sui generis;parasos da flexibilidade laboral ou modelos de progresso industrial comprogresso social: eis as perguntas principais sobre os pases da sia oriental e dosudeste asitico; exigem elementos de resposta diferenciados que ultrapassemao mesmo tempo a denncia cega e a admirao acrtica. A China e tambm andia (v. Sukup, 1997), vistas s vezes como possveis super-tigres do futuro,mereceriam uma reflexo parte.

    Na Amrica Latina, to voltada, tradicionalmente, para a Europa e paraos Estados Unidos, as experincias da sia recebem uma ateno crescentedevido s razes seguintes:

    o peso cada vez maior (como mercado, fonte financeira e de tecnologia)da sia Oriental e, em menor medida, do Sudeste Asitico;

    o excepcional dinamismo econmico e industrial desses pases nasltimas dcadas;

    as lies, positivas e negativas, dessas experincias.Mas essas lies tm alguns pontos no muito claros: Qual o alcance verdadeiro dos xitos mencionados, e quais so as

    suas causas reais? A que preo conseguiram-se estes xitos? Quais so as causas das dificuldades atuais?

    Rev. Bras. Polt. Int. 40 (2): 27-48 [1997]* Economista e politlogo, professor das Universidades Nacionais de Buenos Aires, La Plata yTandil.

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    Podem ser imitados os ou alguns dos aspectos positivos, sem oslados negativos, ou vm necessariamente combinados?

    E, at que ponto poderiam ser imitados esses modelos, ou parte dosmesmos, num contexto scio-cultural e histrico-estrutural bemdiferente como o latino-americano?

    A China e a ndia so quase uma incgnita para Ocidente, apesar daslongas relaes existentes. Representam, em conjunto, mais de 35% da populaomundial, quer dizer mais de dez vezes a do conjunto do Japo e dos quatrotigres: j por isso seria difcil que elas imitassem realmente aqueles pases.Quanto a eles, e os da ASEAN, aparecem, s vezes, no s como competidoresperigosos seno como verdadeiros casos de Doctor Jekyll e Mister Hyde. Narealidade, no so, sem dvida, nem parasos nem infernos, e convm tirar aslies reais de todas essas experincias, utilssimas para uma reflexo globalsobre o desenvolvimento.

    1. O contexto internacional e histrico

    O contexto internacional desta regio, aps 1945, marcado pela Revoluona China e pela aliana do Japo com os Estados Unidos. Para o Japo, seu papelde mquina econmica auxiliar, na Guerra da Coria etc., foi um fator essencial doseu dinamismo. A ajuda militar e econmica exterior contribuiu para criar ascondies da decolagem em Taiwan e na Coria do Sul, apoiados como barreirade conteno contra o perigo vermelho, bases militares e logo cada vez maiscomo vitrinas do capitalismo exitoso. Para os Estados Unidos, era crucial quandoo campo socialista passou a abarcar um tero da humanidade contar com oJapo e os futuros tigres como parceiros ativos do mundo livre.

    Por outro lado, todos esses pases esto ligados a um contexto cultural egeopoltico regional com seu centro histrico na China. Sua insero internacionalatual tem pontos fortes e fracos, estes ltimos marcados pelos diversos elementosde tenso na regio mesma, assim como sua forte dependncia energtica econflitos vrios com o mundo ocidental e com a China.

    Em apenas 20 anos, entre 1970 e 1990, a participao da sia Orientale do Sudeste Asitico no comrcio mundial cresceu de quase 10% para 20% e,sem dvida, cresceu ainda mais nas exportaes (tab. 1). Os xitos do Japo edos tigres so, com certeza, impressionantes (v/ tabelas do anexo):

    O Japo tornou-se a superpotncia financeira e tecnolgica da terra,posicionando-se no topo em microeletrnica, robtica etelecomunicaes; chegou a ter os dez primeiros bancos do mundo;

    A Coria do Sul, o maior dos tigres, aumentou sua participao naexportao de produtos manufaturados dos pases perifricos de 1 para18% entre 1965 e 1988 e entrou na OCDE em 1996;

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    Taiwan, igualmente, transformou-se, nessas dcadas, de pas pobreem pequena potncia industrial, com uma renda per capita de mais de10.000 dlares, ainda maior do que a da Coria;

    Cingapura passou de porto pobre e abandonado a pequeno emprioindustrial e de servios, reconhecido oficialmente como pasdesenvolvido pela OCDE em 1995, com uma renda per capita demais de 20.000 dlares; algo semelhante se passou com Hong Kong,grande centro financeiro do Extremo Oriente.

    A regio sia-Pacfico constitui hoje um vasto agrupamento, a AsianPacific Economic Cooperation (APEC), que tem como objetivo terico, para oano 2020, o livre comrcio desta rea de quase 20 Estados do Pacfico. Entre1980 e 1992, os at ento membros da APEC (ainda sem o Mxico e sem oChile) que concentra aproximadamente a metade da produo mundial aumentaram seu comrcio recproco em 250% e o comrcio exterior restanteem 150%, com o que a percentagem do primeiro no total passou de pouco menosda metade a quase dois teros (Bekinschtein e Mairal: 32). Segundo o RelatrioAnual de 1994 do Banco Asitico de Desenvolvimento, os intercmbios da siacom os pases da APEC (asiticos e outros) aumentaram de 60,1 para 70,7% dototal entre 1980 e 1991.

    Contrariamente a uma viso simplificada, existe talvez menos um terceirobloco dominado pelo Japo do que um super-bloco asitico-americano emformao. Para os tigres, a Amrica do Norte seguia constituindo, entre 1970e 1990, o principal mercado, com algo em torno de um tero das suas exportaes,contra pouco mais de uma dcima parte para o Japo e substancialmente maispara Europa Ocidental, o resto da sia e o resto do mundo: em 1990, aspercentagens eram de 30, 11, 17, 29 e 13% respectivamente. Para os ASEAN-4 (Tailndia, Malsia, Indonsia e Filipinas), o Japo, sim, era o mercado principal,com mais de 30% nos anos 70 e 80, mas s 24% em 1990, contra 28% para oresto da sia e 21% para a Amrica do Norte. Para esta, a sia Oriental/Sudeste Asitico passou, entre 1970 e 1990, de 14 a 23% das suas exportaes,enquanto a parte da Comunidade Europia (de 12) diminuiu de 25 a 21% (Young:130-1). Para o Japo, a importncia dessa regio aumentou tambm, para maisde um tero de seu comrcio exterior total, com 39% das suas exportaes e33% das suas importaes em 1994, contra 34 e 27% para os Estados Unidos e17% em ambos lados para a Europa (Kreft: 72). Existem, pois, laos comerciais,financeiros e tecnolgicos muito estreitos entre o Japo e os outros pases daregio, especialmente desde 1985, quando a forte valorizao do iene levou osempresrios japoneses a buscar localizaes mais baratas para transferir as partesde suas indstrias intensivas em trabalho que perdiam competitividadeinternacional. A perda de dinamismo japons, nos ltimos anos, no favoreceu,sem dvida, a intensifio destes laos...

    VICTOR SUKUP

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    2. O Japo xitos e falncias de um modelo nico

    O desenvolvimento contemporneo do Japo , certamente, um dosfenmenos mais significativos do nosso tempo. Comeou h uns 130 anos e setornou realmente sensacional aps 1945.

    Numerosos autores, desde Herman Kahn a Paul Kennedy e Lester Thurow,analisaram o fenmeno japons, geralmente com nfase compreensvel nos aspectosmacroeconmicos e psico-culturais: relao simbitica governo-setor privado,coeso nacional, sentido de superioridade japons etc. Alguns autores, comoBenjamin Coriat, analisaram mais a gesto das empresas, onde se destacam oforte sentimento de comunidade do pessoal com a empresa e uma marcadalealdade mtua. Menos se analisa, em geral, os aspectos conflitivos destasrelaes, o papel das organizaes operrias e as tendncias ao inconformismo es crises geradas por esse sistema. Estas, porm, apareceram com muita foranos ltimos anos: crise financeira, voto de protesto por atores cmicos, setasassassinas etc. (Sukup, 1996b), tudo isso confluindo numa crise grave.

    A posio do Japo moderno duplamente propcia esquizofrenia poltica:sendo (ou tendo sido at h pouco) o nico pas altamente industrializado de matrizcultural no europia, um pas do Norte no meio do Sul e do Ocidente noOriente. Seu xito parece explicar-se por quatro fatores principais:

    1) Independncia e isolamento: o pas evitou a colonizao europia, porsua pobreza em recursos naturais e sua situao geogrfica remota que lhe valeramo desinteresse das potncias coloniais, contrariamente China e ndia, cheias derecursos explorveis e com mercados importantes; isolou-se completamente durante220 anos, deixando um s ponto de contato com o mundo exterior, perto de Nagasakisimbolicamente, o que provavelmente lhe salvou (Morishima: 79) de uma sortecomparvel de Portugal ou da ndia. Um outro fator sua aptido para copiar emelhorar os avanos tcnicos ocidentais. Como relata um autor japons, poucosanos depois de ter comprado alguns fuzis aos primeiros portugueses desembarcadosno Japo, seus habitantes j tinham adquirido a capacidade de reconstruir estesartefatos, que no conheciam anteriormente, e j no tinham interesse na suacompra (Kikuchi: 20-21). Essa prtica de engenharia reversa seguiria sendo umdos pontos fortes do Japo contemporneo ...

    2) Coeso nacional, consenso e empresa: existe uma forte coeso nacionale social que privilegia o consenso sobre o conflito, salientando a cooperao e oesprito de equipe. Os operrios sentem-se parte de um grupo mais do que deuma classe social e as empresas japonesas no se desprendem facilmente deseus trabalhadores, porque os consideram como parte de seu patrimnio intelectualcom tecnologia e know-how prprios. (Kikuchi: 141).

    Um outro ponto essencial, nesse contexto, resumido assim: Devidoao emprego vitalcio, participao nos lucros e ao salrio determinado pela

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    antigidade, os sindicatos no se opuseram rpida introduo de tecnologiaque economiza mo-de-obra, e as empresas no se mostraram reticentes ainvestir grandes somas na formao do pessoal. Dado o compromissopermanente dos administradores e assalariados com a empresa, a lealdade e amotivao para o trabalho diligente e responsvel eram extremamente altas.Devido a um elevado grau de participao nas decises aps amplas consultas,os trabalhadores chegaram a ser socialmente conscientes, bem informados ealertas. (Oshima: 24).

    Segundo um empresrio japons, seus colegas vencero os seus rivaiseuropeus porque eles esto intimamente convencidos de que as organizaesrentveis, competitivas, so aquelas nas quais esto por um lado e acima osque pensam, e pelo outro abaixo os que executam. (citado em Coriat: 13). Eos novos dirigentes jovens (do ps-guerra, aps a purga dos anteriores) sentiammuito maior afinidade com os trabalhadores que com o proprietrio da empresa.(Morishima: 207).

    3) A educao: sem dvida, a educao, no sentido mais amplo, foi e umdos elementos cruciais do xito japons. Segundo uma especialista do tema, comuma das populaes mais alfabetizadas do mundo, com uma das foras laboraismais competentes, no meio de uma transformao produtiva e tecnolgica de grandealcance e com uma das taxas de desemprego mais baixas do mundo industrializado,o Japo parece estar preparando-se para se tornar uma das maiores potnciasmundiais da histria. (Fonseca: 315).

    4) O papel crucial do Estado: o contexto cultural confuciano, com suanfase no consenso e na autoridade, relaciona-se, tambm, estreitamente com aao orientadora multiforme do Estado, em particular atravs do clebre Ministrioda Indstria e do Comrcio Exterior (MITI). Essa ao orientadora do Estado,com ou sem um setor pblico importante, sempre foi essencial. Com a restauraoMeiji (1868), o Estado criou empresas industriais, enviou milhares de estudantesao Ocidente, trouxe professores, engenheiros e tcnicos estrangeiros para ensinaros japoneses, criou um sistema educativo avanado e Foras Armadas poderosase promulgou uma Constituio moderna. Mais tarde, privatizaram-se as fbricas esubstituram-se os especialistas estrangeiros por japoneses. Mas o papel do Estadocontinua muito importante at hoje, como orientador global do desenvolvimentotecnolgico-econmico.

    Entre os instrumentos da poltica industrial esto as medidas protecionistas,subvenes e taxas preferenciais etc. a favor dos ramos eleitos por seu potencialde crescimento e seus efeitos dinamizadores. O Estado fomentou a poupana, oinvestimento e uma importante concentrao do capital sem permitir excessivosabusos monopolistas. A abertura de mercados exteriores, do norte-americano emparticular, permitindo o crescimento acelerado dos anos 50 e 60, foi aqui um outrofator crucial.

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    verdade que o Japo cresceu, em parte importante, devido aos seusesforos e xitos exportadores. Mas chama a ateno o fato de que o mercadointerior foi proporcionalmente ainda mais importante: entre 1960 e 1993, o comrcioexterior como percentagem do PIB diminuiu, sobretudo no lado das importaes,enquanto aumentou na Europa (devido, certo, ao comrcio intracomunitrio) enos Estados Unidos (tab. 2). Em todo caso, obteve os seus xitos com uma polticaque contradisse frontalmente a sabedoria ocidental convencional baseada nasvantagens comparativas de Ricardo, ao fechar a sua economia aos investimentosestrangeiros, ao praticar o protecionismo e ao especializar-se em atividades de altatecnologia sendo ainda um pas pobre. Cometeu assim uma verdadeira heresiatripla, salienta com razo um grande especialista latino-americano (Fajnzylber: 199).

    O Japo moderno tem muitos pontos em comum com os pases docapitalismo renano (Albert), caracterstico da Alemanha, da Holanda etc., que ,sem dvida, bastante mais eficiente economicamente e muito mais suportvelsocialmente do que o de tipo neo-liberal. As desigualdades sociais so claramentemenores que nos Estados Unidos, e tem bem menos policiais e advogados. O nvelde poupana muito mais alto, tanto pelas tradies de frugalidade como pelasfraquezas ao contrrio do caso Renano do Estado de bem-estar, certamentecompensadas, em parte, pelos laos familiares mais fortes que incluem um fortepredomnio masculino na sociedade.

    Como salienta um autor japons, os trabalhadores so exploradostriplamente fora da empresa, se se leva em conta o papel da mulher, notoriamentediscriminada e apoio do marido estressado, as baixas taxas pagas pela poupanae o altssimo custo das casas (Ikeda) h, agora, crditos imobilirios de 90 anos!-, o que em conjunto equivale a uma importante poupana compulsria. O custo davida, bem mais elevado que no resto do mundo, relativiza, obviamente, em boamedida, os altos ndices de renda per capita.

    Vemos, assim, distintos aspectos de Doutor Jekyll e Mr. Hyde do sistemajapons: eficincia notria e competio feroz, sentimento de comunidade esolidariedade, mas com perda de personalidade; bem-estar material masapartamentos minsculos e trnsito monstruoso; dependncia ao trabalho comimportantes vantagens salariais e outras, mas implicando uma sorte de escravidodourada, com poucas frias e bem interiorizadas ... Obviamente, os conflitos declasse e outros continuam existindo sob a superfcie calma ...

    Na sua reflexo prospectiva sobre o sculo XXI, Paul Kennedy encontrano Japo algumas fraquezas, como o envelhecimento da populao, suavulnerabilidade estratgica num entorno geogrfico tenso e sua forte dependnciade importaes energticas e outras. Mas constata que, aqui tambm, procuram-se e encontram-se respostas como a robtica (cerca de trs quartas partes dosrobs do mundo esto no Japo), a biotecnologia (que pode reduzir a dependnciade alimentos importados) e os avanos na produo com maior eficincia energtica.

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    No h qualquer dvida de que muito o que podem aprender do Japooutros pases, mas evidente que seus xitos se deram num contexto mundialfavorvel e em condies internas muito especficas, no sempre dignas de imitaoe difceis de repetir em outros momentos e outras regies. Nos ltimos anos,, opas mostrou vrias grandes fraquezas que motivaram ttulos como Um colossode finanas de barro e Le Japon en panne (Le Monde diplomatique, outubrode 1993 e julho de 1995), em importantes peridicos.

    No ltimo destes editoriais lemos o seguinte: A idade de ouro terminou. Omito da excelncia tambm. H algo de podre no arquiplago de Nippon. Vriosdos pilares nos quais se sustentou seu xito extraordinrio foram corrodosseriamente. Todo o edifcio ameaa ruir. Uma situao alarmante pois, o quesuceder nos prximos tempos na superpotncia Japo ter repercusses em todaa economia mundial ...

    Kenzaburo Oe, ganhador do Prmio Nobel de Literatura, salientou porsua parte em uma entrevista revista alem Stern (22-6-95) o isolamento culturaldo Japo: ... os japoneses so seres esquizofrnicos. No pertencemos realmentea parte nenhuma. Na sia tambm estamos muito isolados, nos campos cultural,artstico, poltico, social. s vezes, pensamos ter fugido da sia e chegado a sermembros da civilizao europia, mas obviamente no assim. No pertencemosrealmente nem Europa nem sia ...

    3. Tigres e gansos voadores

    Os Novos Pases Industriais (NPIs) asiticos se assemelham em vriospontos ao Japo e se diferenciam claramente de outros pases perifricos: contextocultural confuciano, territrios exguos e sem recursos naturais, situao geopolticaem uma zona quente da guerra fria e ainda tensa, reformas agrrias e educativasradicais que quebraram o poder latifundirio e aumentaram fortemente o nvelcultural geral, desigualdades de renda menores e outros indicadores sociaisrelativamente e em parte muito positivos, tudo isso apesar de sistemas polticosautoritrios de direita e, o que inclui tambm a Coria e o Japo, de uma fragilidadefinanceira que pode surpreender, no confronto com polticas fiscais relativamenteausteras(Bustelo: 73 ss.; Sukup, 1996a: 33 ss.).

    O Estado pode ali ter alguns ressaibos do modo de produo asitico(Marx) e do despotismo oriental (Wittfogel), mas representa, tambm, um projetonacional com um consenso importante e relativamente pouca oposio polticaarticulada. Tem amplo apoio, na medida em que percebido como orientado parao progresso nacional e para o bem-estar geral. Pode-se encontrar algumasemelhana parcial com certos regimes latino-americanos do passado, como os deVargas e de Pern, ou ainda dos Lpez paraguaios do sculo XIX.

    VICTOR SUKUP

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    Elementos centrais da poltica econmica coreana so a abertura seletiva,os controles de preos e a manipulao das taxas de juro em favor das indstriasprioritrias e intervenes mltiplas para proteg-las da competio exterior e dapenetrao de capitais estrangeiros em seus setores. Estimulou-se, fortemente, apoupana e a educao. Taiwan, alm de polticas semelhantes, embora com maioresinvestimentos estrangeiros, edificou um importante setor de empresas pblicas,em particular nos ramos estratgicos como a indstria pesada e mecnica e apetroqumica (Luedde-Neurath, Wade, Bekerman et al.).

    No marco de um comrcio mundial em rpida expanso durante os anos60 e 70, criaram-se assim, a partir de 1960 aproximadamente, indstrias muitodinmicas mediante uma forte simbiose de ao estatal e empresa privada (muitoconcentrada na Coria, bem mais desconcentrada em Taiwan); deu-se nfase nacompetitividade industrial internacional sem se descuidar do mercado nacional. Ocoeficiente de exportaes disparou, desde um nvel baixssimo para 41 e 55% em1988 nos dois pases (tab. 7), mas a abertura s importaes sempre foi seletiva emais lenta.

    Mais do que economias puramente exportadoras, cresceram, assim, umasque so, ao mesmo tempo, seletivamente exportadoras e seletivamente substituidorasde importaes, que combinam os incentivos do mercado interno com os dosmercados mundiais; a inexistncia de produtos primrios exportveis em quantidadesignificativa obrigou a buscar um desenvolvimento industrial auto-sustentvel doponto de vista da balana de pagamentos, quer dizer, que no gerasse maisimportaes que exportaes nem fortes transferncias negativas de capital.

    As boas-vindas ao capital estrangeiro foram amplas em Cingapura, bemmenores em Taiwan e muito restritas na Coria, e sempre muito seletivas. Osxitos dos NPIs explicam-se, sem dvida, principalmente pela orientaomacroeconmica pelo Estado combinada com um setor privado dinmico, comaltas taxas de poupana interna e outros fatores especficos, como a aflunciamacia e prolongada de capitais e mo-de-obra desde a China e desde as prsperascomunidades chinesas do Sudeste asitico at Hong Kong e, em menor medida,a Taiwan.

    Os sistemas polticos so autoritrios muito menos hoje, aps um processode liberalizao importante e, por seu prprio condicionamento geopoltico,ferreamente anticomunistas, embora pelo menos em alguns aspectos bemmenos associais do que caberia supor. Os dados comparativos mostram umadistribuio muito mais igualitria da renda nacional que na Amrica Latina, maioresnveis de expectativa de vida e de outros ndices sociais. As reformas agrrias queeliminaram o poder latifundirio e a ampla autonomia dos governos frente aosgrupos econmicos apesar das notrias estreitas vinculaes no caso coreano sem dvida, explicam conjuntamente com a necessidade de oferecer um exemploatrativo frente ao inimigo externo e justificar assim a prpria existncia de pas

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    separado, esse fato a primeira vista surpreendente. H outros aspectos, muitonegativos, como a elevada taxa de acidentes de trabalho na Coria, uma das maioresdo mundo, e um meio ambiente terrivelmente deteriorado. Por outro lado, odesenvolvimento industrial, criando amplos setores mdios instrudos, favorece,com o fim da guerra fria, a liberalizao poltica recente e possibilita correes derumo.

    Historicamente, de grande importncia a estreita vinculao dos quatrotigres com o Japo: Taiwan e Coria foram colnias do Imprio do Sol Nascentedurante meio sculo, Cingapura e Hong Kong ocupados entre 1942 e 1945. Segundoa anlise interessante de um especialista filipino, confirmada por numerosos outrostrabalhos, essa vinculao, apesar de suas caractersticas opressoras e exploradoras,parece ter trazido, em uma perspectiva de longo prazo, certas vantagens Coriae Taiwan, ao desenvolver dinamicamente as infra-estruturas tanto no setor agrcolacomo nas indstrias, no s nas extrativas (Aseniero). Deve ter infludo nisso avontade japonesa da poca de dar alguma credibilidade ao seu famoso lema darea de co-prosperidade asitica como alternativa desejvel ao colonialismoeuropeu, assim como uma diferenciao entre colnias prximas, com algumpovoamento japons, e outras destinadas ao saque brutal.

    O problema crucial da dependncia tecnolgica se reproduz hoje a umnvel superior, com um grande dficit crnico da balana comercial desses pasescom o Japo. Mas isso faz parte da problemtica existencial dos tigres e demuitos outros -, que se encontram um pouco como o presunto do sanduche entreos pases industriais maduros e os pases de muito menor nvel salarial, o que jgera fortes investimentos coreanos e taiwaneses no exterior para aproveitar amo de obra mais barata destes pases e manter, assim, a competitividade. A criserecente da Coria, com a flexibilizao laboral, imposta de contrabando pelogoverno, testemunha eloqente disso: os gansos voadores aquela formaometafrica de um ganso lder (Japo) seguido dos NPIs e dos outros pases daregio sempre correm o risco de perder posies como os pases da ASEANcom suas recentes desvalorizaes foradas e at de cair por cansao (sobrevrios destes pases, v. Bekerman et al. e Etienne e Revel-Mouroz)...

    4. O Sudeste asitico, a ASEAN e Cingapura

    Os pases da ASEAN (Association of South East Asian Nations, criadaem 1967) s vezes chamados de tigres de segunda gerao ou tigres-bebsetc. so dos mais heterogneos que existem em um espao geogrficorelativamente pequeno: convivem, nesse espao, muito diversas tradies, culturas,lnguas, religies e estruturas econmicas e sociais, assim como diferentes nveisde desenvolvimento. Em territrio, populao e recursos naturais, superamamplamente os quatro tigres, entre os quais s Cingapura, embora de populao

    VICTOR SUKUP

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    maioritariamente chinesa, se encontra nessa regio. Com rendas per capitasuperiores a 2.000 $ (Tailndia) e a 3.000 $ (Malsia) e cerca de 1.000 $ nasFilipinas e, na Indonsia, superam a maioria dos pases da sia, sem falar doVietn, da Birmnia (Myanmar) e do Laos, os mais recentes membros da ASEAN,ou do Camboja, ainda excludo do grupo. Mas esto ainda longe dos NPIs, e suapoltica industrial , em geral, bem mais liberal e aberta aos investimentosestrangeiros, entre os quais queles dos prprios NPIs. A crise recente dessespases sem dvida tem a ver com estes fatores.

    Os sistemas polticos tambm so muito diversos. Malsia conseguiucombinar muito bem uma poltica de fomento industrial e uma distribuio da rendamais igualitria entre seus principais grupos tnicos, malaios e chineses. O governo,autoritrio sem excesso estvel, em contraste com o da Tailndia, freqentementeobjeto de mudanas foradas pelos militares. Um outro caso muito interessante o de Cingapura. Seria este o exemplo das vantagens de uma combinao entreliberalismo econmico e despotismo esclarecido?

    Na realidade, tambm em Cingapura o Estado, bastante autoritrio, temum papel fundamental na orientao dos investimentos para os setores consideradosprioritrios e desejveis e na construo de infra-estruturas fsicas e sociais muitoeficientes. No seriam possveis os ndices scio-econmicos assombrosos, entreos melhores do mundo, sem boas escolas e hospitais. O aeroporto e a rede deestradas so considerados entre os melhores do mundo, a estrada de ferro no abandonada. O uso do carro particular no fomentado mas obstaculizado comdiferentes medidas e no h, aqui, nada dos engarrafamentos infernais de Bangkok,Manila ou Jakarta. Desestimular a compra de carros com certeza tambm contribuipara aumentar a taxa de poupana, recorde mundial incrvel de at 48% do PIBem anos recentes.

    A populao de Cingapura bastante homognea, com mais de 75% dechineses. H uma estreita associao entre essa cidade-Estado e os territriosadjacentes da Malsia e da Indonsia, em um tringulo de crescimento centradona pequena ilha de 600 km2, o que tambm foi, sem dvida, essencial no seudinamismo. Em 1997, porm, Cingapura tambm foi atingida pela crise dos vizinhos,como tambm o foi Hong Kong.

    Os problemas do meio ambiente so numerosos e agudos nos NPIs emgeral, sobretudo os relativos poluio do ar nas grandes cidades e ao desmatamentoalarmante. Em fins de 1996, um artigo do Wall Street Journal denunciou a irrupode grandes empresas madereiras de origem asitica oriental/do Sudeste Asiticona Amaznia, buscando bosques a explorar que j vo desaparecendo em seusprprios pases, aproveitando a urgente necessidade de divisas de certos pasesque no tm nem a capacidade tcnica nem a vontade poltica de opor-se aprticas muitas vezes depredadoras, referindo-se em particular ao Suriname e Guiana. O Banco Mundial, que salienta a abertura e a educao como fatores

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    cruciais dos xitos dos tigres, reconhece tambm que as perdas e a degradaodo meio ambiente na sia Oriental superaram as de qualquer outra regio domundo (Thomas e Wang, p. 13).

    Esse problema quase geral entre os NPIs, mas tambm entre oscandidatos a tigre incluindo a China e a ndia: as grandes cidades tornam-semonstruosas, os rios degeneram em cloacas, o ar se torna irrespirvel, os bosquesdesaparecem. Esta complexa realidade implica, est claro, crticas maisfundamentais sociedade industrial moderna e economia de mercado emparticular, alm das que merecem estes modelos especficos.

    5. Amrica Latina sia oriental: algumas opinies

    A opinio liberal dominante, como a de Bla Balassa, salienta a aberturaexterna e as polticas orientadas para o mercado como explicao fundamentaldos xitos asiticos. De fato, essa interpretao muito parcial, quando nocompletamente errada. O prprio Banco Mundial reconhece, em publicaesrecentes, o papel crucial do Estado nesses pases, sem por isso deixar as suasprdicas anti-estatais em outras regies do mundo.

    Um especialista ingls, com maior coerncia, relativiza a importncia dosfatores culturais e da forte ajuda inicial norte-americana Coria do Sul e a Taiwan,e tambm a orientao para o exterior ou a suposta ausncia de protecionismo: narealidade, mostra o especialista, s em indstrias muito competitivas a nvel mundialestes pases j tinham, nos anos 60, uma proteo efetiva baixa, enquanto, em outras,a proteo era comparvel da Amrica Latina: ...as polticas dos pases da siaOriental tm sido seletivas e oferecido incentivos considerveis para as exportaesde certas indstrias, ao mesmo tempo que tm dado uma boa dose de proteo aoutras. Ademais, tm sido flexveis para mudar os setores receptores da proteo eassim obrigar as indstrias estabelecidas a competir no mbito internacional. (Jenkins:1125). Tambm refuta, com razo, outros mitos sobre aqueles pases, como aabertura aos capitais estrangeiros, a escassa interferncia do Estado na economia eos livres mercados de trabalho, de crdito etc.

    Para o autor de um estimulante estudo comparativo sobre Taiwan e Brasilexistem trs aspectos chave na experincia asitica:

    a interao do desenvolvimento agrcola e industrial; a passagem da industrializao primria secundria via substituio de

    importaes (indstrias pesadas e de bens de capital) com um visexportador para obter divisas e no permitir a permanncia de indstriaspouco competitivas: a proteo teve, em Taiwan, um carter deincubadora, salienta, e no, como na Amrica Latina, onde foi deinvernadeiro;

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    uma poltica industrial coerente e polifacetria, combinando a conquistade mercados internacionais com o apoio ao mercado interno e, tambm,capitais nacionais com estrangeiros (Bustelo).

    Um bom resumo das diferenas apresentado por dois especialistasingleses, editores de um excelente livro sobre o tema:

    As polticas de mercados dirigidos de Taiwan e da Coria do Sul somuito diferentes do que chamaramos a tpica estratgia latino-americana deindustrializao por substituio de importaes. Esta ltima baseou-se na crenade que o controle das importaes combinado com um apoio no seletivo aoinvestimento industrial seria suficiente para realizar uma industrializao substanciale operou em um contexto social caraterizado por desigualdades de renda e diferenasde classe muito maiores que em Taiwan e na Coria do Sul. O resultado foi que oscontroles de importaes no essenciais, estabelecidos para poupar divisas, levaram,na ausncia de mecanismos de redistribuio da renda e de uma orientao dosinvestimentos, ao rpido crescimento de uma indstria de bens de consumo sunturio,freiando ao mesmo tempo a produo de bens essenciais. A ausncia de incentivosseletivos, para promover a integrao vertical para os setores bsicos, e de bensde capital tem mantido num nvel superficial a substituio de importaes (excetono Brasil e, em menor medida, no Mxico); o fcil acesso aos crditos exteriores,combinado com uma taxa de cmbio supervalorizada, deu aos empresrios nacionaisum incentivo para usar equipamentos importados intensivos em capital. Por trs deum protecionismo pesado e no seletivo, o custo das capacidades produtivasexcessivas podia ser transferido aos consumidores. Promoveu-se exportaes debens manufaturados mediante subsdios seletivos. O Brasil, em particular, conseguiudesenvolver setores bsicos em maior medida e tratou de fomentar a exportaode bens de capital sem ter antes consolidado sua produo para o mercado interno,muito ao contrrio do que fizeram na sia oriental. A falta de preocupao pelaquesto de quem controla a produo, estrangeiros ou nacionais, resultou no fatode que muitos setores lucrativos do mercado domstico caram em mos dasempresas multinacionais. A falta de preocupao em limitar o crescimento do capitalfinanceiro (empresas desse setor so tratadas da mesma maneira que as que sededicam indstria) permitiu que uma parte substancial dos recursos de investimentose orientassem para os negcios financeiros e para a especulao em lugar deirem para a produo industrial; quer dizer, foram destinados a fazer dinheiro, nocoisas.

    O nosso principal argumento que enquanto a anlise liberal supe queos governos da Amrica Latina intervieram excessivamente nos mercados e que por essa razo que seus pases tiveram um desempenho menor que os da siaoriental, o fato que a interveno estatal nestes ltimos tem sido ao mesmotempo mais forte e mais seletiva que nos primeiros, e no s nas fronteiras nacionaiscomo, tambm, em setores chave da indstria nacional. O objetivo central dessa

    MODELOS ASITICOS DE DESENVOLVIMENTO

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    interveno foi construir poderes produtivos nacionais, reduzir as vulnerabilidadesnacionais e, at certo ponto, minimizar os custos socialmente desintegradores doajuste pelo mercado. (White e Wade: 9-10).

    Existe um s ponto confuso nesta enumerao, o da orientao para omercado interno respectivamente para a exportao. Pareceria que os pasesasiticos se basearam essencialmente no primeiro, o que, sem dvida, seria umexagero. certo que por exemplo a indstria siderrgica foi estabelecida, no incio,para assegurar a base de insumos nacionais, mas tambm foi uma nova fonte dedivisas, e que a indstria automotora coreana ocupou primeiro o mercado interno ainda hoje quase no h outros carros no-coreanos no pas antes de lanar-sena conquista dos mercados internacionais. Mas um dos pontos cruciais dos modelosasiticos certamente o freio ao consumo sunturio, muito ao contrrio do quecarateriza, tanto hoje como ontem, a Amrica Latina. Assim, a Coria do Sul duranteanos considerava com razo que havia outras prioridades alm de determinadosconsumos- contrariando abertamente as regras do liberalismo econmico. Muitodiferente foi a posio do Chile:

    Uma expresso difana do contraste entre a vocao industrialpredominante na Coria e a hegemonia que a vocao mercantil exerce no casochileno encontra-se no setor eletrnico e, em particular, no caso dos televisores acores. (...) o governo coreano tinha disposto a proibio do consumo interno daproduo nacional, que se destinava exclusivamente para a exportao. Aconsiderao bsica que inspira esta medida era evitar que se afetasse o processode poupana interna das famlias da Coria, fator importante no rpido crescimentoliderado pelo setor industrial. No entanto, no Chile, paralisava-se a indstria eletrnicae abriam-se as portas importao macia de televisores, entre os quais osprovenientes da Coria representavam uma proporo no desprezvel. No casochileno, a justificativa oficial era a prioridade de permitir o acesso aos bens modernosde consumo ao conjunto da populao, no obstante o fato de que uma proporoelevada da mesma estava desempregada. A importao macia de produtos dosetor eletrnico representava, no curto prazo, uma oportunidade atrativa para osetor mercantil que lidera este modelo, em cuja viso estratgica as perspetivas decrescimento e desenvolvimento da criatividade nacional parecem desempenharum papel estritamente marginal. (Fajnzylber: 200-201)

    H uma semelhana significativa com Cingapura e suas medidas contra ocarro particular e em benefcio do transporte pblico. Quanto mais se copiam osmodelos de consumo dos pases ricos, mais, obviamente, deve concentrar-se arenda: ao optar como o fez Cingapura, apesar do seu autoritarismo poltico, melhorouseguramente a qualidade de vida do povo; o carro particular como eixo dodesenvolvimento industrial, em todos os governos brasileiros desde Kubitschek atCardoso, contribui, quisessem ou no, para levar na direo oposta. Entre oscandidatos a tigre predomina a segunda opo, como o testemunham os infernais

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    engarrafamentos de Bangkok, Manila y Jakarta, manifestaes bem perversas doprogresso e de fato j graves obstculos ao mesmo.

    Uma das melhores reflexes comparativas encontra-se no trabalho j citado:a parte os fatores, de importncia crucial, vinculados ao contexto regional e mundial,Fajnzylber salienta os seguintes, cuja mera enumerao ressalta por contraste asfalhas e os erros das polticas latino-americanas:

    ...a vocao industrializadora do Estado que se expressava atravs dasubordinao da esfera financeira ao objetivo do crescimento industrial, a definiode prioridades setoriais e de polticas econmicas integrais de apoio aos ramosselecionados, a difana articulao com um setor empresarial dotado de vontade evocao industrializadora, a passividade laboral e a fragilidade das organizaessindicais (que se explicaria tanto por fatores poltico-repressivos como pela elevadadensidade da populao com baixa produtividade nas condies iniciais) e o desenhoe utilizao lcidos de uma poltica macia de capacitao da mo de obra ...(Fajnzylber: 109). Ademais, a relativa absteno consumista mencionada acimapelo mesmo autor ligada existncia de um projeto nacional mais ou menoscoerente e ao contexto cultural marcado, em particular, pelo confucionismo.

    Um antigo chanceler brasileiro sintetiza a maior diferena assim: enquantona Amrica Latina o desenvolvimento baseou-se no binmio mercado interno-poupana externa, nos pases da sia verificou-se o contrrio: indstrias voltadaspara os mercados estrangeiros e taxas de poupana internas muito elevadas. Paraesses pases isso teve a dupla vantagem de preserv-los das crises financeiras ede for-los a manter e at mesmo a aumentar o nvel de competitividade de suaproduo. (...)

    As mudanas estruturais em curso na Amrica Latina, que contriburampara o desmantelamento do modelo de substituio de importaes, por maisimportantes que sejam, no podero assegurar, por si ss, uma insero dinmicada regio na economia mundial. Isso exige, entre outros, investimentos em cinciae tecnologia e em educao, e um perfil mais adequado de distribuio da renda. Ovelho protecionismo deve ser substitudo no por uma atitude absentesta por partedos poderes pblicos, mas por polticas mais flexveis dirigidas correo dosdesequilbrios estruturais da economia e da sociedade (Amorim e Saint-ClairPimentel: 184-5).

    Para a CEPAL, o xito exportador e industrial asitico est ligado capacidade de elevar de forma sustentada a qualificao da fora de trabalhoe (de) fortalecer a base empresarial interna, includas as diversas possibilidadese modalidades de vinculao com as fontes de investimento estrangeiro.(CEPAL: 77)

    E o Secretrio Permanente do SELA destaca com razo que no existe alm da propaganda nenhum pas industrializado ocidental no qual o Estadono seja uma instituio poderosa e onde os mercados sejam plenamente

    MODELOS ASITICOS DE DESENVOLVIMENTO

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    competitivos. De igual maneira, na prtica, nenhum dos pases desenvolvidos temlevado a cabo reformas da sua poltica econmica a partir de esquemas to rgidoscomo os que se tratam de impor por todos os meios na Rssia e na Europa Oriental,na Amrica Latina e em outras reas em desenvolvimento. (Moneta, 1994: 163).S resta lembrar, como concluso geral, que estes esquemas neo-liberais estoquase nas antpodas das polticas seguidas pelo Japo e pelos tigres...

    Novembro de 1997

    T A B E L A S

    1. Participao das diferentes regies no comrcio mundial(em % do total)

    1970 1990sia Oriental/Sudeste asitico 10,8 19,4Japo 5,9 7,7NPIs (4) 2,5 7,0ASEAN-4 (*) 1,8 2,7China 0,6 2,0Australsia 2,1 1,5Amrica do Norte 20,7 18,1EUA 14,7 13,3Canad 13,3 3,6Mxico 0,8 1,2Amrica do Sul 5,8 4,2Europa Ocidental 48,2 46,8CE-12 40,8 40,0AELC/EFTA 7,6 6,8Resto do mundo 12,6 10,0(*) Tailndia, Malsia, Indonsia e FilipinasFonte: FMI, S. Young East sia as a regional force ..., p. 129

    2. Percentagem do comrcio exterior no PIB (%)

    a) exportaesEUA Japo CE-12 (sem Al.Or.)

    1960 5,2 10,7 19,61993 10,9 10,1 29,4

    b) importaesEUA Japo CE-12 (sem Al.Or.)

    1960 4,4 10,2 191993 11,3 7,5 27,6Fonte: Documentation Franaise LEurope conomique Cahiers franais n 264, Paris, 1994, p. 4.

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    3. Exportaes de nove pases em desenvolvimento, 1963-1980combustveis outros bens total sem total

    prod. prim. manufaturados combust.(em milhes de $, preos de 1975, e em % dos nove pases)

    1963

    Coria 17 1,0 97 0,9 84 3,3 181 1,4 198 1,3Cing. 1207 69,2 78 0,7 73 2,9 151 1,1 1358 9,1Taiwan 21 1,2 584 5,5 272 10,8 856 6,5 877 5,9Argent. 74 4,2 2641 24,9 169 6,7 2810 21,4 2884 19,4Brasil 62 3,6 2941 27,7 90 3,6 3031 23,1 3094 20,8Mxico 256 14,7 1461 13,7 316 12,6 1777 13,5 2033 13,7ndia 107 6,1 1562 14,7 1445 57,5 3007 22,9 3114 20,9Chile 0 0,0 998 9,4 45 1,8 1044 8,0 1044 7,0Uruguai 1 0,1 264 2,5 17 0,7 275 2,1 277 1,9Total 1745 100 10626 100 2511 100 13132 100 14879 100

    1973Coria 117 4,0 541 3,8 3180 22,4 3721 13,2 3838 12,3Cing. 2269 76,9 121 0,9 1176 8,3 1297 4,6 3567 11,2Taiwan 46 1,6 899 6,4 4321 30,4 5220 18,4 5266 16,9Argent. 19 0,6 2587 18,4 860 6,0 3447 12,2 3465 11,1Brasil 276 9,3 5499 39,1 1433 10,1 6932 24,5 7208 23,1Mxico 82 2,8 1653 11,7 1299 9,1 2952 10,4 3035 9,7ndia 131 4,4 1586 11,3 1838 12,9 3424 12,1 3555 11,4Chile 9 0,3 970 6,9 54 0,4 1025 3,6 1033 3,3Uruguai 3 0,1 217 1,5 61 0,4 278 1,0 281 0,9Total 2952 100 14073 100 14222 100 28296 100 31248 100

    1980Coria 11 0,2 1036 5,3 9844 28,8 10879 20,3 10891 18,4Cing. 1596 29,2 338 1,7 3054 8,9 3383 6,3 4979 8,4Taiwan 97 1,8 1280 6,5 10982 32,2 12262 22,8 12359 20,9Argent. 95 1,7 3722 19,0 1170 3,4 4892 9,1 4987 8,4Brasil 122 2,2 6691 34,2 4721 13,8 11412 21,2 11534 19,5Mxico 3510 64,3 1865 9,5 1084 3,2 2949 5,5 6459 10,9ndia 11 0,2 1845 9,4 2775 8,1 4621 8,6 4632 7,8Chile 20 0,4 2389 12,2 263 0,8 2652 4,9 2672 4,5Uruguai 0 0,0 404 2,1 253 0,7 657 1,2 657 1,1Total 5462 100 19570 100 34137 100 53707 100 59170 100

    Fonte: Bla Balassa Essays in development strategy, International Center for Economic Growth, SanFrancisco, 1988, pp. 8-9, com base em dados das Naes Unidas, Monthly Bulletin of Statistics

    MODELOS ASITICOS DE DESENVOLVIMENTO

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    4. Dinamismo econmico e exportador na siaPIB poupana investimento export.

    crescimento interna/PIB interno m.m.$/taxaanual bruto/PIB de cresc.

    1971-80 1981-90 1981-90 1993 1981-90 1993 1993 1986-93Hong Kong 9,3 7,1 30,7 34,9 27,9 32,3 139,4 21,3Coria 9,0 9,9 34,0 35,5 30,5 40,0 89,4 17,0Cingapura 7,9 6,3 42,5 47,4 42,0 40,0 74,8 17,3Taiwan 9,3 8,5 32,9 27,5 22,6 24,8 93,9 15,5China 7,9 10,1 33,5 37,2 34,3 36,5 73,0 14,6Indonsia 7,7 5,5 32,0 36,0 30,4 35,5 35,8 9,4Malsia 7,8 5,2 33,0 30,0 30,8 36,0 50,5 16,9Tailndia 7,9 7,8 22,3 34,0 26,7 38,0 36,8 23,1Paquisto 5,2 6,3 10,3 15,5 18,7 20,0 7,8 14,6ndia 3,7 5,5 20,1 22,5 22,2 24,0 22,7 11,6

    Fonte: Banco Asitico de Desenvolvimento Asian Development Outlook, Manila, 1992, repr. emCEPAL Amrica Latina y el Caribe: Polticas para mejorar la insercin en la economa mundial,Santiago, 1994, p. 26.

    5. Crescimento econmico na sia, 1992-95, em %1992 1993 1994 (prev.) 1995

    tigres 5,5 5,7 6,5 6,6Hong Kong 5,3 5,5 5,7 5,9Coria do Sul 4,8 4,7 6,7 6,9Cingapura 5,8 9,9 7,0 6,0Taiwan 6,6 6,2 6,4 6,6Sudeste Asitico 6,1 6,4 7,1 7,5Indonsia 6,4 6,5 6,7 7,0Malsia 7,8 8,0 8,6 8,4Filipinas 0,1 1,7 4,0 5,5Tailndia 7,6 7,8 8,2 8,5Vietn 8,3 8,0 9,0 10,0sia Meridional 4,5 3,8 5,0 5,7Bangladesh 4,2 3,8 5,0 5,7ndia 4,0 3,8 4,8 5,5Nepal 2,1 2,9 6,0 5,0Paquisto 7,7 3,0 5,5 6,5Sri Lanka 4,3 6,1 5,9 5,5China 13,2 13,4 10,0 9,0Mdia 7,4 7,4 7,2 7,2

    Fonte: BAD Asian Development Outlook, Manila, 1994

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    6. Quotas em % das exportaes globais de produtos de alta tecnologia,em 1980 e 1989 (os cinco primeiros exportadores)

    Microeletrnica Computadores 1980 1989 1980 19891. EUA - 18,3 1. Japo - 22,1 1. EUA - 38,6 1. EUA - 24,02. Japo - 13,2 2. EUA - 21,9 2. RFA - 11,5 2. Japo - 17,53. Cing. - 10,1 3. Malsia - 8,9 3. GB - 10,4 3. GB - 94. Mals. - 8,9 4. Coria - 7,4 4. Fr. - 8,6 4. RFA - 6,95. RFA - 8,4 5. RFA - 5,8 5. Itlia - 6,6 5. Taiwan - 5,8

    Indstria aeroespacial Equipes de telecomunicaes 1980 1989 1980 19891. EUA - 47,6 1. EUA - 45,8 1. RFA - 16,7 1. Japo - 24,7 2. GB - 19,7 2. RFA - 12,5 2. Sue. - 15,3 2. RFA - 9,53. RFA - 9,1 3. GB - 10,9 3. EUA - 10,9 3. EUA - 8,84. Fr. - 6,0 4. Fr. - 10,2 4. Japo - 10,3 4. Sucia - 8,15. Can. - 4,4 5. Can. - 4,4 5. G.B. - 9,3 5. Hong K - 6,3

    Mquinas ferramentas Equipes cientficos e e robtica de preciso

    1980 1989 1980 19891. RFA - 25,8 1. Japo - 23,3 1. EUA - 28,3 1. EUA - 25,22. EUA - 14,1 2. RFA - 20,8 2. RFA - 18,1 2. RFA - 18,53. Japo - 11,3 3. EUA - 12,1 3. GB - 9,4 3. Japo - 12,94. Sucia - 9,1 4. Itlia - 10,1 4. Fr. - 8,0 4. GB - 9,65. Itlia - 8,7 5. Sua - 8,4 5. Japo - 7,1 5. Fr. - 5,6

    (nos outros dois campos, medicina e biologia e qumica orgnica, nem o Japo nem os tigresfiguravam ainda entre os cinco primeiros nem em 1980 nem em 1989)

    Fonte: CIA Handbook of Economic Statistics, Washington, 1990, repr. em P. KENNEDY Hacia elsiglo XXI, p. 195.

    7. Coeficientes de exportao (exp./PIB)1965 1988

    Coria do Sul 9 41Taiwan 19 55(PNB)Hong Kong 71 136Cingapura 123 s.d.Brasil 8 10Argentina 8 10Mxico 8 16Chile 14 34

    Fonte: Banco Mundial, Informe sobre el desarrollo mundial 1990, repr. em Pablo BUSTELO Laindustrializacin ..., p. 76

    MODELOS ASITICOS DE DESENVOLVIMENTO

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    8. Produto Interno Bruto per capita, em dlares de 19851965 1985

    Coria do Sul 295 1.962Taiwan 446 3.594Hong Kong 1.206 6.025Cingapura 1.314 5.791Brasil 724(1963) 1.755Mxico 1.266 2.263(1986)Argentina 2.144 2.145Chile 1.110 2.425(1987)

    Fonte: FMI International Financial Statistics Yearbook, vrios anos, repr. em P. BUSTELO Laindustrializacin ...

    9. Taxa de crescimento anual mdio do PNB per capita, 1960-1980,e do PIB e da produo manufatureira, 1965-1980

    PNB p.c. PIB Pr. Manuf.Coria do Sul 7,0 9,5 18,7Taiwan 6,7(1960-82) 9,7 13,7(1960-80)Hong Kong 6,8 8,6 10,4(1970-80)Cingapura 7,5 10,1 13,2Brasil 5,1 8,8 9,8Mxico 2,6 6,5 7,4Argentina 2,2 3,5 2,7Chile 1,6 1,9 0,6

    Fontes: Banco Asitico de Desenvolvimento Key indicators of Developing Member Countries of ADB,Manila, vrias datas, Banco Mundial Informe sobre el desarrollo mundial, 1982 y 1990, e TaiwanStatistical Data Book, Taipei, vrios anos, repr. em P. BUSTELO Art. cit..

    10. Grau de industrializao(produo industrial e manufatureira em % do PIB), em 1965 e 1988

    P.I. 1965 1988 P.M. 1965 1988Coria do Sul 25 43 18 32Taiwan 29 48(a) 20 40(a)Hong Kong 40 29(a) 24 22(a)Cingapura 24 38 15 30Brasil 33 43 26 29Mxico 27 35 20 26Argentina 42 44 33 31Chile 40 39(a) 24 21(a)

    Fontes: Banco Mundial Informe sobre el desarrollo mundial, 1990, e Taiwan Statistical Data Book,Taipei, vrios anos, repr. em P. BUSTELO Art. cit.

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    11. Comrcio exterior da sia (milhes de dlares)(Aproximadamente)

    1972/75 1980/85 1990/91ndia exp. 1.260 (1950/51) 2.040 (70/ 71) 9.460 (85/86) 18.100

    imp. 1.360 2.180 17.295 24.100China exp. 870 (1952) 2.900 (72) 32.000 (86) 62.000 (90)

    imp. 1.010 2.800 43.000 54.000Taiwan exp. 164 (1960) 2.000 (71) 40.000 (86) 66.200 (90)

    imp. 286 s.d. 25.000 52.700Coria do Sul exp. 200 (1960) 750 (66) 20.900 (81) 64.000 (90)

    imp. 500 716 25.000 64.500Japo exp. 229.000 (87) 275.000(89)

    imp. 149.000 211.000Indonsia exp. 650 (1967) 22.300 (82) 14.800 (86) 25.700 (90)

    imp. 803 16.860 10.700 19.100Malsia exp. 1.230 (1967) 11.800 (82) 13.780 (86) 28.700 (90)

    imp. 1.050 12.550 10.830 26.000Hong Kong exp. 62.000 (88) 82.800 (90)

    imp. 63.000 83.000Cingapura exp. 38.000 (88) 49.200 (90)

    imp. 40.300 52.100

    Fonte: G. ETIENNE LAsie du Sud rentre en scne, em G. ETIENNE e J. REVEL-MOUROZ Op. cit.,p. 22.

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    Resumo

    O artigo analisa a crescente influncia dos modelos econmicos asiticos da sia Oriental e do Sudeste Asitico na Amrica Latina bem como suapossvel aplicabilidade neste continente. A parte isso, mostra, tambm, algumasdas provveis retries adoo direta de tais modelos e algumas das principaisabordagens a respeito do assunto.

    VICTOR SUKUP

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    Abstract

    The article analyses the growing influence of Asian economic models from East and Southeast Asia on Latin America as well as the possibility of theirapplication on the later continente. Apart from that, it also shows some of theprobable restrictions to the direct adoption of such models and some of the mainapproaches refering to the subject.

    Palavras-chave: Desenvolvimento asitico. Desenvolvimento latino-americano.Modelos.Key-words: Asian development. Latin-American development. Models.

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