as variedades linguísticas no enem

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AS VARIEDADES LINGUÍSTICAS NO ENEM A estrutura de apresentação é a seguinte: apresentação da questão, competência e habilidade correspondente da matriz de referência do INEP,gabarito oficial, comentário e link para estudos. Utilizamos o caderno rosa como referência. QUESTÃO 100 Óia eu aqui de novo xaxando Óia eu aqui de novo pra xaxar Vou mostrar pr’esses cabras Que eu ainda dou no couro Isso é um desaforo Que eu não posso levar Que eu aqui de novo cantando Que eu aqui de novo xaxando Óia eu aqui de novo mostrando Como se deve xaxar. Vem cá morena linda Vestida de chita Você é a mais bonita Desse meu lugar Vai, chama Maria, chama Luzia Vai, chama Zabé, chama Raque Diz que tou aqui com alegria. (BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em <www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai 2013) A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma do falar popular regional é (A) “Isso é um desaforo” (B) “Diz que eu tou aqui com alegria” (C) “Vou mostrar pr’esses cabras” (D) “Vai, chama Maria, chama Luzia” (E) “Vem cá, morena linda, vestida de chita” Gabarito oficial: C Competência: Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. Habilidade: Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. Comentário: Todo o texto é construído a partir de uma determinada variedade linguística, representada por expressões típicas da linguagem oral, como podemos observar em “óia” (olha), “Diz que tou” (Diga que estou). O candidato deve, no entanto, atentar para o fato de a questão privilegiar a identificação de vocabulário regional e não apenas variações fonéticas; é o que se identifica no verso “Vou mostrar pr’esses cabras”, em que “cabras” – típico do falar de algumas localidades do Nordeste – substitui “homens” ou “pessoas”. QUESTÃO 116 Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma de língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não! outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo dos dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas. (POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado).

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ALGUMAS QUESTÕES DE PROVAS DO ENEM ABORDANDO AS VARIEDADE LINGUÍSTICAS

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Page 1: As Variedades Linguísticas No Enem

AS VARIEDADES LINGUÍSTICAS NO ENEM

A estrutura de apresentação  é a seguinte: apresentação da questão, competência e habilidade correspondente da  matriz  de

referência do  INEP,gabarito oficial, comentário e link para estudos. Utilizamos o caderno rosa como referência.

QUESTÃO  100

Óia eu  aqui de  novo xaxando

Óia eu aqui de novo pra xaxar

Vou mostrar pr’esses cabras

Que eu ainda dou no couro

Isso é um desaforo

Que eu não posso levar

Que eu aqui de novo cantando

Que eu aqui de novo xaxando

Óia eu aqui de novo mostrando

Como se deve xaxar.

Vem cá morena linda

Vestida de chita

Você é a mais bonita

Desse meu lugar

Vai, chama Maria, chama Luzia

Vai, chama Zabé, chama Raque

Diz que tou aqui com alegria.

(BARROS, A. Óia  eu  aqui de  novo. Disponível  em <www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai  2013)

A letra da canção de  Antônio Barros manifesta aspectos do repertório  linguístico e  cultural do Brasil. O  verso que singulariza

uma  forma do falar  popular  regional é

(A) “Isso é um desaforo”

(B) “Diz que  eu  tou aqui com alegria”

(C) “Vou  mostrar pr’esses cabras”

(D) “Vai, chama  Maria, chama  Luzia”

(E) “Vem  cá, morena linda, vestida de chita”

Gabarito oficial: C

Competência: Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da

organização do mundo e da própria identidade.

Habilidade: Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas

sociais, regionais e de registro.

Comentário: Todo o  texto é  construído a partir de  uma  determinada  variedade linguística, representada por  expressões

típicas  da  linguagem  oral, como  podemos  observar em “óia” (olha), “Diz  que  tou” (Diga  que  estou). O  candidato deve, no 

entanto, atentar  para o  fato de a  questão privilegiar a  identificação de  vocabulário regional e  não apenas  variações

fonéticas;  é  o que se  identifica   no  verso “Vou  mostrar pr’esses cabras”, em  que  “cabras” –  típico do  falar de  algumas

localidades do  Nordeste –  substitui “homens”  ou  “pessoas”.

QUESTÃO  116

Só há  uma  saída para a escola se ela quiser ser  mais bem-sucedida: aceitar a  mudança da  língua como um fato. Isso deve

significar que a  escola deve aceitar qualquer forma de  língua em  suas  atividades escritas? Não deve mais  corrigir?  Não!

Há  outra dimensão a ser  considerada:  de fato, no  mundo real da escrita,  não existe  apenas  um português correto,  que 

valeria para todas  as  ocasiões: o estilo dos  contratos não  é  o  mesmo dos  manuais de  instrução; o dos  juízes do 

Supremo não  é  o  mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos  jornais  não  é  o mesmo dos dos cadernos de  cultura dos 

mesmos  jornais. Ou  do de  seus  colunistas.

(POSSENTI,  S.  Gramática  na cabeça. Língua  Portuguesa,  ano 5, n. 67,  maio 2011 – adaptado).

Sírio Possenti defende  a tese de que  não existe um único “português  correto”. Assim  sendo, o  domínio da  língua

portuguesa  implica,  entre outras coisas, saber

(A) descartar  as  marcas de informalidade do texto.

(B) reservar o  emprego da  norma  padrão aos textos de  circulação ampla.

(C) moldar  a  norma  padrão do português pela   linguagem do discurso jornalístico.

Page 2: As Variedades Linguísticas No Enem

(D) adequar as  formas  da língua a diferentes tipos de  texto e contexto.

(E) desprezar as formas  da língua  previstas pelas  gramáticas e  manuais divulgados  pela escola.

Gabarito oficial: D

Competência: Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da

organização do mundo e da própria identidade.

Habilidades:

H26 – Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.

H27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Comentário: Esse  assunto  costuma  ser  abordado  pelos  programas  do  primeiro ano do Ensino Médio. A banca exige 

que  o  candidato reflita  sobre os  conceitos de erro e  acerto sob o   ponto de  vista  da Sociolinguística e o  candidato deve 

lembrar-se do que  aprendeu acerca de adequação linguística.

 

QUESTÃO 128

Em bom  português

No  Brasil,  as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não  é  somente pela gíria que a gente  é apanhada (aliás, não

se  usa  mais a primeira  pessoa, tanto  do singular como  do plural: tudo  é “a gente”).  A própria   linguagem  corrente vai-se

renovando e a cada dia uma  parte do léxico cai em desuso.

Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha  atenção para os que  falam assim:

– Assisti a uma fita de  cinema com um artista que  representa muito bem.

Os que acharam  natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que  viram  um  filme  que trabalha  muito bem. E irão ao banho 

de  mar  em vez de ir  à praia, vestido de roupa de  banho em  vez  de  biquíni, carregando guarda-sol em  vez de  barraca.

Comprarão um automóvel  em   vez de  comprar  um carro, pegarão  um defluxo em  vez  de  um resfriado,  vão andar  no 

passeio em vez de  passear na calçada. Viajarão de  trem de  ferro e  apresentarão sua  esposa ou sua  senhora  em vez  de 

apresentar  sua  mulher.

(SABINO, F. Folha de  S. Paulo, 13 abr. 1984)

A língua varia  no  tempo, no  espaço e  em  diferentes  classes socioculturais. O texto exemplifica  essa característica da

língua, evidenciando que

(A) o  uso de  palavras  novas deve ser  incentivado em detrimento das antigas.

(B) a utilização de inovações do léxico é  percebida na  comparação de  gerações.

(C) o emprego de  palavras com  sentidos  diferentes caracteriza  diversidade geográfica.

(D) a pronúncia e o vocabulário são aspectos  identificadores da classe social a  que  pertence o falante.

(E) o modo de  falar  específico de pessoas de  diferentes faixas  etárias é  frequente em todas  as regiões.

Gabarito oficial: B

Competência: Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da

organização do mundo e da própria identidade.

Habilidade:

H25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais,

regionais e de registro.

Comentário: Apesar do que   informa a alternativa dada como correta pelo  INEP (organizador do Exame), o texto não

apresenta um confronto explícito entre  gerações. O candidato deve  inferir tal  situação a partir da  informação dada  na 

primeira  frase do texto: “No Brasil, as  palavras  envelhecem e caem como folhas secas”.  A elaboração das alternativas 

mostra ao estudante  que  o  conteúdo cobrado são as  variações diatópicas, diastráticas e diafásicas.

Diatópicas (variações geográficas) são as diferenças   observadas na  comparação entre  regiões e  dizem  respeito tanto em 

relação ao significado das palavras  quanto à  sintaxe.

Diastráticas são as  diferenças  observadas  nos  grupos sociais e estão relacionadas  à faixa  etária, profissão, nível de 

escolaridade, estrato social.

Problemas de interpretação textual

Page 3: As Variedades Linguísticas No Enem

A luva e a calcinha

Um jovem estudante, ao passar em uma loja em São Paulo , resolveu comprar um belo par de luvas para enviar a sua jovem namorada, ainda virgem, de família tradicional mineira, a quem muito respeitava.Na pressa de embrulhar, a moça da loja cometeu um ‘pequeno’ engano, trocando as luvas por uma CALCINHA!O jovem, não notando a troca, enviou o presente via SEDEX junto com a seguinte carta:

São Paulo, 30 de maio de 2008.

Querida

Sabendo que dia 12 próximo é o Dia dos Namorados, resolvi te mandar este presentinho.Embora eu saiba que você não costuma usar (pelo menos eu nunca te vi usando uma), acho que vai gostar da cor e do modelo, pois a moça da loja experimentou e, pelo que vi, ficou ótima.Apesar de um pouco larga na frente, ela disse que é melhor assim do que muito apertada, pois a mão entra com mais facilidade e os dedos podem se movimentar à vontade.Depois de usá-la, é bom virar do avesso e colocar um pouco de talco para evitar aquele odor desagradável.Espero que goste, pois vai cobrir aquilo que breve irei pedir ao teu pai, além de proteger o local em que colocarei aquilo que você tanto sonha!