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As Parcerias na Estratégia de Internacionalização das Empresas de Construção Portuguesas Duarte Alves Ribeiro Pereira de Sousa Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Professor Doutor Luís Manuel Alves Dias Orientador: Professor Doutor Pedro Manuel Gameiro Henriques Vogal: Professor Doutor Rui Domingos Ribeiro da Cunha Marques Novembro 2012

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As Parcerias na Estratégia de Internacionalização das

Empresas de Construção Portuguesas

Duarte Alves Ribeiro Pereira de Sousa

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Professor Doutor Luís Manuel Alves Dias

Orientador: Professor Doutor Pedro Manuel Gameiro Henriques

Vogal: Professor Doutor Rui Domingos Ribeiro da Cunha Marques

Novembro 2012

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, queria agradecer à minha família o seu apoio incondicional ao longo de todo

o meu percurso académico, em especial ao meu Pai que foi fundamental na elaboração desta

dissertação.

Em seguida, queria também agradecer ao meu orientador Prof. Pedro Gameiro Henriques cujo

contributo foi essencial na elaboração desta dissertação, e ao Eng. Paulo Luz pela ajuda

prestada na primeira fase da minha dissertação.

Finalmente, tenho ainda de agradecer ao Eng. Mário Barros da Mota-Engil Engenharia, S.A.,

ao Eng. Jorge Catarino da Teixeira Duarte - Engenharia e Construções, S.A., ao Sr. Luís

Guilherme Costa da Tecnovia SGPS, S.A., ao Eng. Ricardo Gomes da Seth - Sociedade de

Empreitadas e Trabalhos Hidráulicos, S.A., ao Eng. Domingos Jácome da Tomás de Oliveira,

Empreiteiros, S.A., ao Eng. Pedro Machado da Construtora do Tâmega, S.A., ao Eng.

Fernando Matos da Edifer Construções, S.A., ao Eng. José Nicomedes da Zagope -

Construções e Engenharia, S.A., ao Eng. Miguel Rego da Armando Cunha, S.A., ao Sr. Rui

Ribeiro da Rui Ribeiro Construções, S.A., ao Eng. André Riscado da OPWAY Engenharia, S.A.,

ao Eng. Paulo Silvestre da MSF Engenharia, S.A., e ao Eng. Nuno Teixeira da Alves Ribeiro,

S.A. pela sua disponibilidade e a sua fantástica colaboração nas entrevistas.

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Resumo

Nos dias que correm as operações internacionais das empresas de construção portuguesas

são essenciais à sua sobrevivência, devido à crise na qual todo o país está mergulhado,

incluindo o mercado da construção. As parcerias locais são um aspecto importante da

estratégia de internacionalização das empresas de construção portuguesas, e podem ser

essenciais para o sucesso das suas operações internacionais. Como tal, nesta dissertação

procura-se identificar os factores que caracterizam a gestão das fases de formação e de

operação das parcerias locais efectuadas por empresas de construção portuguesas em

mercados internacionais.

Foram então seleccionados um conjunto de modos de entrada, características, motivações,

critérios de selecção, riscos e factores de sucesso que se aplicam à gestão das parcerias

locais das empresas de construção portuguesas em mercados internacionais, e através dos

quais se elaborou um inquérito. Através deste inquérito, realizaram-se uma série de entrevistas

presenciais com gestores de topo de algumas das maiores empresas de construção

portuguesas com actividade em mercados internacionais, de forma a recolher a visão destes

intervenientes acerca da gestão das parcerias locais. Finalmente efectuou-se ainda uma

análise estatística dos resultados obtidos recorrendo ao software IBM SPSS Statistics.

Como resultado, foi possível perceber a importância das parcerias locais na estratégia de

internacionalização das empresas de construção portuguesas, e identificaram-se ainda os

modos de entrada em mercados internacionais utilizados por estas empresas, as

características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as

motivações, critérios de selecção, riscos e factores de sucesso que condicionam a gestão

destas mesmas parcerias.

Palavras-chave: Parcerias locais; Modos de entrada; Critérios de selecção; Motivações;

Riscos; Factores de sucesso.

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Abstract

Nowadays the international operations of Portuguese construction companies are essential to

their survival, due to the crisis affecting the whole country, including the construction market.

Local partnerships are an important aspect of the internationalization strategy of the Portuguese

construction companies, and may be essential to the success of its international operations. As

such, this dissertation seeks to identify the factors that characterize the management of the

formation and operation stages of local partnerships made by Portuguese construction

companies in international markets.

For that purpose, a set of entry modes, characteristics, motivations, selection criteria, risks and

success factors, that apply to the management of local partnerships of Portuguese construction

companies in international markets, were selected and a survey was developed based on this

analysis. Through this survey, there were a series of face to face interviews with top managers

of some of the largest Portuguese construction companies operating in international markets, in

order to collect the view of these stakeholders about the management of local partnerships.

Finally a statistical analysis of the obtained results was made using the software IBM SPSS

Statistics.

As a result, it was possible to realize the importance of local partnerships in the

internationalization strategy of the Portuguese construction companies, and it was also possible

to identify the entry modes in international markets used by these companies, the

characteristics that define the local partnerships of these companies, and also the motives,

selection criteria, risks and success factors that influence the management of these same

partnerships.

Keywords: Local partnerships; Entry modes; Selection criteria; Motivations; Risks; Success

factors.

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Índice

Agradecimentos ........................................................................................................................... i

Resumo ....................................................................................................................................... iii

Abstract ....................................................................................................................................... iv

Índice .......................................................................................................................................... vii

Índice de Gráficos ....................................................................................................................... x

Índice de Tabelas ....................................................................................................................... xi

Índice de Figuras ....................................................................................................................... xii

Índice de Quadros .................................................................................................................... xiii

Acrónimos e Abreviaturas ....................................................................................................... xiv

1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1 Definição do Problema ...................................................................................................... 1

1.2 Objectivos .......................................................................................................................... 2

1.3 Âmbito e Universo ............................................................................................................. 3

1.4 Contribuição do Estudo ..................................................................................................... 4

1.5 Organização da Dissertação ............................................................................................. 4

2. Estado do Conhecimento ................................................................................................... 5

2.1 Enquadramento Macroeconómico .................................................................................... 5

2.2 O Sector da Construção Português .................................................................................. 6

2.3 A Internacionalização das Empresas de Construção Portuguesas .................................. 8

2.4 Modos de Entrada em Mercados Internacionais ............................................................... 9

2.5 As Parcerias Locais ......................................................................................................... 13

2.5.1 Características ............................................................................................................. 13

2.5.2 Motivações .................................................................................................................. 15

2.5.3 Critérios de Selecção .................................................................................................. 19

2.5.4 Riscos .......................................................................................................................... 23

2.5.5 Factores de Sucesso ................................................................................................... 29

3. Metodologia ....................................................................................................................... 35

3.1 Fases da Metodologia ..................................................................................................... 35

3.2 Hipóteses de Pesquisa .................................................................................................... 35

3.3 Elaboração do Inquérito .................................................................................................. 37

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3.4 Validação do Inquérito ..................................................................................................... 39

3.5 Definição da Amostra ...................................................................................................... 39

3.6 Realização das Entrevistas ............................................................................................. 40

3.7 Tratamento Estatístico dos Resultados........................................................................... 41

3.7.1 Coeficiente de Correlação ρ de Spearman ................................................................. 41

3.7.2 Coeficiente de Associação V de Cramer..................................................................... 42

3.7.3 Teste de Kruskal-Wallis ............................................................................................... 43

3.7.4 Teste de Mann-Whitney U ........................................................................................... 43

4. Apresentação dos Resultados ......................................................................................... 44

4.1 Caracterização dos Entrevistados................................................................................... 44

4.2 Caracterização das Empresas de Construção ................................................................ 45

4.2.1 Dimensão .................................................................................................................... 45

4.2.2 Experiência Internacional ............................................................................................ 47

4.2.3 Mercados Internacionais ............................................................................................. 48

4.3 Modos de Entrada ........................................................................................................... 50

4.4 Adopção de Parcerias Locais .......................................................................................... 51

4.5 Parcerias Locais .............................................................................................................. 53

4.5.1 Características ............................................................................................................. 53

4.5.2 Motivações .................................................................................................................. 57

4.5.3 Critérios de Selecção .................................................................................................. 59

4.5.4 Riscos .......................................................................................................................... 62

4.5.5 Factores de Sucesso ................................................................................................... 66

5. Discussão dos Resultados ............................................................................................... 69

6. Conclusões ........................................................................................................................ 77

6.1 Síntese ............................................................................................................................ 77

6.2 Limitações do Estudo ...................................................................................................... 81

6.3 Campos de Pesquisa Futuros ......................................................................................... 82

Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 83

ANEXOS ..................................................................................................................................... 86

Anexo A - Inquérito ...................................................................................................................... 87

Anexo B - Análise Descritiva ....................................................................................................... 96

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Anexo C - Coeficientes de Correlação ρ de Spearman .............................................................. 97

Anexo D - Coeficientes de Associação V de Cramer.................................................................. 98

Anexo E - Testes de Kruskal-Wallis .......................................................................................... 100

Anexo F - Testes de Mann-Whitney U ...................................................................................... 108

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Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Distribuição dos entrevistados por função desempenhada ...................................... 44

Gráfico 2 - Distribuição dos entrevistados por anos na indústria da construção ........................ 44

Gráfico 3 - Distribuição das empresas por volume de negócios total em 2010 .......................... 45

Gráfico 4 - Distribuição das empresas por volume de negócios internacional em 2010 ............ 46

Gráfico 5 - Distribuição das empresas por peso da actividade internacional no volume de

negócios total em 2010 ............................................................................................................... 46

Gráfico 6 - Distribuição das empresas por experiência internacional ......................................... 47

Gráfico 7 - Distribuição das empresas por país de início da actividade internacional ................ 48

Gráfico 8 - Mercados internacionais actuais das empresas ....................................................... 49

Gráfico 9 - Zonas geográficas de internacionalização actuais das empresas ............................ 49

Gráfico 10 - Distribuição das empresas por país de maior facturação em 2010 ........................ 50

Gráfico 11 - Distribuição das empresas por tipo de entrada preferencial ................................... 51

Gráfico 12 - Modos de entrada das empresas ............................................................................ 51

Gráfico 13 - Percentagem das empresas que já adoptaram parcerias locais ............................ 52

Gráfico 14 - Timings das parcerias locais das empresas ........................................................... 52

Gráfico 15 - Percentagem das empresas que consideram continuar a adoptar parcerias locais

..................................................................................................................................................... 53

Gráfico 16 - Funções do parceiro local das empresas ............................................................... 54

Gráfico 17 - Distribuição das empresas por tipo preferido de parceria local .............................. 54

Gráfico 18 - Distribuição das empresas por modo de operação preferencial ............................. 55

Gráfico 19 - Distribuição das empresas por posição preferencial na parceria local ................... 55

Gráfico 20 - Distribuição das empresas por duração preferencial da parceria local .................. 56

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Associação entre o tipo de parceria local e a função do parceiro “apoio na

construção” .................................................................................................................................. 56

Tabela 2 - Associação entre o tipo de parceria local e a duração da parceria local .................. 57

Tabela 3 - Classificação de motivações por importância ............................................................ 58

Tabela 4 - Diferenças na importância do motivo “aumento da quota de mercado” consoante a

dimensão internacional das empresas ........................................................................................ 59

Tabela 5 - Classificação de critérios de selecção relacionados com o parceiro por importância

..................................................................................................................................................... 60

Tabela 6 - Classificação de critérios de selecção relacionados com a tarefa por importância .. 61

Tabela 7 - Diferenças na importância dos critérios de selecção consoante o tipo de parceria

local preferencial ......................................................................................................................... 62

Tabela 8 - Classificação de riscos internos por importância ....................................................... 63

Tabela 9 - Classificação de riscos relativos ao projecto por importância ................................... 64

Tabela 10 - Classificação de riscos externos por importância .................................................... 65

Tabela 11 - Diferenças na importância dos riscos consoante a dimensão internacional das

empresas ..................................................................................................................................... 65

Tabela 12 - Classificação de factores de sucesso da fase de formação por importância .......... 67

Tabela 13 - Classificação de factores de sucesso da fase de operação por importância .......... 67

Tabela 14 - Diferenças na importância do factor de sucesso “estabelecimento de relações

estratégicas de longo prazo” consoante a dimensão internacional das empresas .................... 68

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Índice de Figuras

Figura 1 - Diagrama do ciclo de vida das parcerias locais ........................................................... 3

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Índice de Quadros

Quadro 1 - Resumo das motivações ........................................................................................... 19

Quadro 2 - Resumo dos critérios de selecção relacionados com o parceiro ............................. 22

Quadro 3 - Resumo dos critérios de selecção relacionados com a tarefa ................................. 23

Quadro 4 - Resumo dos riscos internos ...................................................................................... 27

Quadro 5 - Resumo dos riscos relativos ao projecto .................................................................. 28

Quadro 6 - Resumo dos riscos externos ..................................................................................... 28

Quadro 7 - Resumo dos factores de sucesso na fase de formação ........................................... 33

Quadro 8 - Resumo dos factores de sucesso na fase de operação ........................................... 34

Quadro 9 - Identificação das empresas e dos entrevistados ...................................................... 40

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Acrónimos e Abreviaturas

ACE - Agrupamento Complementar de Empresas

ANEOP - Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas

BCE - Banco Central Europeu

BPN - Banco Português de Negócios

BPP - Banco Privado Português

CE - Comissão Europeia

CEE - Comunidade Económica Europeia

EJV - Equity Joint Venture

EUA - Estados Unidos da América

FMI - Fundo Monetário Internacional

GPERI - Gabinete de Planeamento Estratégico e Relações Internacionais

IBM - International Business Machines

InCI - Instituto da Construção e do Imobiliário

NEJV - Non-Equity Joint Venture

PALOP - País Africano de Língua Oficial Portuguesa

PIB - Produto Interno Bruto

SPSS - Statistical Package for Social Sciences

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1. Introdução

1.1 Definição do Problema

As empresas de construção têm tido, nos últimos anos, crescentes dificuldades em ganhar

obras nos seus mercados domésticos devido à globalização, pois existe um aumento da

competição provocado pela entrada de empresas estrangeiras nos seus mercados (Sillars e

Kangari, 2004). No entanto, esta situação também apresenta o seu lado positivo, pois a

abertura dos mercados internacionais devida à globalização proporciona novas oportunidades

de internacionalização às empresas de construção. Por exemplo, nos países em

desenvolvimento são necessárias novas infra-estruturas e as empresas estrangeiras com

capacidade para as construir são bem-vindas. Já em países desenvolvidos, como os da União

Europeia, a diminuição das barreiras permite a entrada de empresas de construção

estrangeiras (Gunhan e Arditi, 2005).

A expansão internacional permite às empresas de construção ter mais mercados onde operar,

reduzir o risco através da diversificação geográfica, aproveitar as oportunidades em novos

mercados em crescimento potencialmente mais lucrativos, prevenir os ciclos negativos do

mercado interno, gerir os recursos disponíveis de forma mais competitiva e eficiente, e utilizar

os seus conhecimentos e tecnologias específicas para obter vantagem competitiva em

mercados menos evoluídos (Gunhan e Arditi, 2005). Como tal as empresas de construção têm

todo o interesse em iniciar a sua internacionalização para sobreviverem, ou até crescerem,

num mercado global cada vez mais competitivo, até porque os seus próprios mercados

domésticos também integrarão cada vez mais empresas internacionais.

As parcerias apresentam-se como uma ferramenta de gestão interessante neste mundo cada

vez mais global. Nos mercados domésticos as empresas podem ganhar tamanho e força

através de parcerias, de forma a serem mais competitivas face ao aumento da concorrência

proporcionado pelas empresas estrangeiras. Já nos processos de internacionalização as

parcerias com empresas locais permitem recolher conhecimentos sobre o dito mercado,

estabelecer redes de contactos, reduzir o risco do processo de internacionalização e ganhar

maior credibilidade aos olhos dos clientes desse mercado (Sillars e Kangari, 2004).

De acordo com o estudo “O Poder da Construção em Portugal”, realizado pela Deloitte e pela

Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas (ANEOP) (2009), a viabilidade das

maiores empresas de construção portuguesas depende do sucesso das suas operações

internacionais. Com efeito, a maior parte das grandes empresas portuguesas já está, ou está

em vias de estar, em mercados internacionais a curto ou médio prazo. Esta tendência deve-se

à crise que tem afectado não só o mercado da construção português, como também toda a

economia nacional, e que tem vindo inclusivamente a agravar-se ao longo do último ano,

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dando origem à intervenção da troika em Portugal. Portanto, a internacionalização é encarada,

actualmente, como uma questão inevitável para o sector da construção português.

A abordagem a cada mercado é definida com base nas oportunidades, nas características, e

no conhecimento do mesmo, não se vislumbrando estratégias de operação padronizadas para

as empresas de construção portuguesas em mercados internacionais. Contudo, cerca de 50%

das empresas do sector da construção português consideram que a entrada em novos

mercados internacionais deve ser feita recorrendo a parcerias locais (Deloitte e ANEOP, 2009).

Tendo em conta este facto, pode afirmar-se que as parcerias locais se apresentam como uma

parte muito relevante da estratégia internacional das empresas de construção portuguesas.

Ora, como a internacionalização é também um tema que está na ordem do dia, o presente

trabalho debruça-se precisamente sobre o tema das parcerias locais na estratégia de

internacionalização das empresas de construção portuguesas.

Dentro deste tema, julgou-se ser interessante estudar os factores subjacentes à gestão das

diferentes fases do ciclo de vida das parcerias locais. A problemática pode então ser enunciada

da seguinte forma: como é feita a gestão das parcerias locais das empresas de construção

portuguesas em mercados internacionais?

1.2 Objectivos

O objectivo geral desta dissertação consiste em identificar os factores que caracterizam a

gestão das fases de formação e de operação das parcerias locais efectuadas por empresas de

construção portuguesas em mercados internacionais. Foram ainda definidos os seguintes

objectivos específicos:

Identificar os modos de entrada utilizados pelas empresas de construção portuguesas

em mercados internacionais;

Identificar as características que definem as parcerias locais das empresas de

construção portuguesas em mercados internacionais;

Identificar os factores que levam as empresas de construção portuguesas a adoptar

parcerias locais em mercados internacionais, ou seja, as motivações;

Identificar os factores que determinam a escolha dos parceiros locais das empresas de

construção portuguesas em mercados internacionais, ou seja, os critérios de selecção;

Identificar os factores que ameaçam a operação das parcerias locais das empresas de

construção portuguesas em mercados internacionais, ou seja, os riscos;

Identificar os factores que conduzem ao sucesso das parcerias locais das empresas de

construção portuguesas em mercados internacionais, ou seja, os factores de sucesso.

Estes objectivos específicos conjugam-se de forma lógica. Em primeiro lugar, a empresa inicia

o seu processo de internacionalização consubstanciando a sua entrada num mercado

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internacional alvo, através de um modo de entrada. Em seguida, ou em simultâneo, a empresa

decide que a sua estratégia para o mercado alvo tem de contemplar uma parceria local, devido

a determinadas motivações. Então a empresa forma a referida parceria local com determinadas

características, tendo também de escolher um parceiro local com quem formar a dita parceria,

recorrendo para tal aos seus critérios de selecção. Paralelamente existem ainda riscos e

factores de sucesso que condicionam as diferentes fases do ciclo de vida das parcerias locais.

A figura 1 mostra a articulação entre o ciclo vida das parcerias locais e os aspectos em estudo.

Figura 1 - Diagrama do ciclo de vida das parcerias locais

1.3 Âmbito e Universo

De forma a responder aos objectivos traçados escolheu-se uma metodologia que engloba a

construção de um inquérito, e a realização, através deste, de entrevistas presenciais semi-

estruturadas com gestores de topo de algumas das maiores empresas da indústria da

construção nacional. Optou-se por esta via porque o tema em estudo é recente e foi ainda

pouco explorado em Portugal, levando, portanto, a uma maior necessidade de informações

com mais qualidade e detalhe que só podem ser obtidas através da metodologia referida.

Como tal, o universo em estudo é constituído pelas empresas de construção civil portuguesas,

mais especificamente empreiteiros, com actividade internacional.

Convém ainda referir que esta dissertação se debruça sobre as parcerias locais em mercados

externos ao nível do negócio, excluindo-se assim as parcerias locais meramente de trabalho

que são feitas, por exemplo, com subempreiteiros ou fornecedores.

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1.4 Contribuição do Estudo

Conforme foi mencionado na definição do problema, o tema da internacionalização é

incontornável nos tempos que correm, enquanto as parcerias locais constituem uma ferramenta

importante nessas incursões internacionais. Logo, o estudo dos factores que caracterizam a

gestão deste tipo de parcerias é um contributo importante para as empresas de construção

portuguesas que já estão internacionalizadas, ou que ainda estão no início da sua

internacionalização, e que equacionam utilizar, ou já utilizam, parcerias locais nas suas

estratégias de internacionalização.

1.5 Organização da Dissertação

Esta dissertação está dividida em 6 capítulos.

No primeiro capítulo é feita uma introdução ao trabalho efectuado, ou seja, são definidos o

problema de investigação, os objectivos decorrentes desse problema, o âmbito dentro do qual

se vão desenvolver esses objectivos, e a contribuição do estudo para o conhecimento.

Em seguida, no segundo capítulo, é realizado um enquadramento teórico dos temas abordados

nesta dissertação, nomeadamente o estado do sector da construção em Portugal, os modos de

entrada em mercados internacionais, as características que definem as parcerias locais, as

motivações que levam as empresas de construção portuguesas a adoptar essas parcerias, os

critérios de selecção de parceiros locais, os riscos subjacentes às parcerias locais em

mercados externos, e os factores de sucesso destas.

No terceiro capítulo é apresentada a metodologia de investigação, que inclui a definição do

universo, a formulação das hipóteses de pesquisa, a criação do inquérito e a escolha das

técnicas estatísticas de análise dos resultados.

Depois, no capítulo quatro, apresentam-se os dados obtidos através das entrevistas e

analisam-se esses mesmos dados recorrendo as técnicas estatísticas definidas no capítulo

três.

Já no quinto capítulo procede-se à discussão dos resultados apresentados, tendo em conta as

hipóteses e objectivos formulados e a revisão da literatura efectuada.

Por fim, no sexto e último capítulo, é feita uma síntese do estudo realizado, referem-se as

limitações deste e são deixados em aberto campos de pesquisa futuros decorrentes desta

investigação.

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2. Estado do Conhecimento

2.1 Enquadramento Macroeconómico

A globalização mundial é, nos dias que correm, um factor incontornável e decisivo para o

desempenho económico das nações. Este factor tem vindo a tornar-se cada vez mais intenso,

na medida em que a integração global dos países conduz à criação de interdependências cada

vez mais fortes entre estes. A pequena e frágil economia portuguesa, caracterizada por uma

forte dependência das exportações, e por debilidades em termos de competitividade externa,

não foge à regra visto que está aberta, integrada e dependente da economia europeia e

mundial, sendo assim bastante afectada por acontecimentos externos de ordem económica,

social ou política (InCI, 2008).

Em 2007 vários acontecimentos mundiais condicionaram não só a economia mundial mas

também a economia portuguesa: a desaceleração da economia norte-americana motivada pela

crise no mercado imobiliário (subprime); a turbulência dos mercados financeiros internacionais

associada à perda de confiança dos investidores; e a subida significativa dos preços do

petróleo e das matérias-primas alimentares nos mercados internacionais (InCI, 2008).

Posteriormente, em 2008, a falência do banco de investimento norte-americano Lehman

Brothers precipitou os Estados Unidos da América (EUA) para uma crise financeira que

rapidamente alastrou às restantes economias mundiais, incluindo a europeia, e originou assim

uma recessão à escala mundial que já foi considerada a mais profunda e sincronizada crise

internacional do período pós-guerra. A queda abrupta da confiança dos consumidores e dos

investidores conduziu a uma redução da actividade económica e a um forte agravamento das

condições de financiamento. Como tal, os diferentes Estados tiveram de tomar medidas de

estabilização do sector financeiro, e.g. concessão de garantias, injecção de capitais e

nacionalizações, e medidas orçamentais no intuito de suster a diminuição da actividade

económica e a recessão (InCI, 2010).

Em Portugal, a crise internacional afectou significativamente todos os sectores da economia,

incluindo o da construção, tendo-se registado a recessão mais profunda das últimas três

décadas, devido não só à retracção da procura externa mas também da procura interna.

Assistiu-se à nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) e à crise no Banco

Privado Português (BPP), tendo-se também registado uma queda muito acentuada do PIB, um

aumento da taxa de desemprego para níveis históricos e uma diminuição considerável do

investimento (InCI, 2010). No que respeita ao quadro das finanças públicas, os défices

orçamentais significativos e o aumento do peso da dívida pública sobre o PIB, em parte devido

ao esforço do governo em minorar os impactos económicos e sociais da crise económica,

fizeram surgir a crise da dívida soberana que muito tem afectado o nosso país (InCI, 2011).

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Já em 2010, contrariando o desempenho macroeconómico dos dois anos anteriores, registou-

se em Portugal uma recuperação da actividade económica, embora com uma taxa de

crescimento relativamente modesta, sustentada no aumento da procura interna e das

exportações (InCI, 2011). Contudo, em 2011, estes indícios de recuperação económica não se

confirmaram, dado que a crise se agravou ao ponto de Portugal ter sido obrigado a pedir ajuda

financeira externa para evitar a bancarrota, conduzindo assim à entrada da troika, formada por

Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia

(CE), no nosso país.

2.2 O Sector da Construção Português

O sector da construção depende da evolução da conjuntura económica, do investimento

público, da procura, das condições climáticas, do recrutamento de pessoal qualificado, da

disponibilidade de materiais, das perspectivas de venda, das carteiras de encomendas, das

taxas de juro, do crédito bancário, da obtenção de licenças, entre muitos outros

condicionalismos micro e macroeconómicos nacionais, europeus e mundiais. Como tal, a

construção é uma actividade cíclica, rotativa e instável caracterizada por expansões mais

marcadas que a economia global em fases positivas do ciclo e recessões mais profundas em

períodos negativos, constatando-se, portanto, que a evolução deste sector específico muito

influencia a tendência da economia no seu todo. Logo, é reconhecida a influência recíproca

entre o estado da economia global e o estado da actividade produtiva na construção (GPERI e

ANEOP, 2010).

Além disso, constata-se também que o sector da construção em Portugal tem um peso

importante na economia nacional, porque apresenta uma cadeia de valor muito extensa. Com

efeito, a indústria da construção recorre a uma ampla rede de inputs; permite o aparecimento

de externalidades positivas noutras actividades; e gera efeitos multiplicadores significativos a

montante, nas empresas de materiais e de equipamentos de construção (e.g. maquinaria,

cimento, aço, vidro, tintas, plástico, janelas, aparelhos de aquecimento, etc.) e de serviços (e.g.

consultoria, arquitectura, engenharia, transportes, etc.), e a jusante, nas empresas de

equipamento (e.g. mobiliário, equipamento doméstico, material de escritório, etc.) e de serviços

(e.g. abastecimento de energia, manutenção, decoração, seguros, serviços jurídicos, etc.). A

construção é também uma actividade económica caracterizada por uma grande diversificação

a nível de clientes, de projectos, de produtos, de operações produtivas, de tecnologias e de

unidades produtivas. Logo, a actividade da construção tem um impacto profundo no emprego,

ao ponto de se estimar que cada emprego directo criado pelo sector da construção gera três

postos de trabalho no resto da economia nacional (Baganha et al., 2002).

Apesar da sua diversidade, a construção é considerada uma actividade de mão-de-obra

intensiva, caracterizada por baixos níveis de qualificação e baixos salários. O baixo nível de

qualificações desta mão-de-obra associado a um deficiente dimensionamento da tecnologia

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(i.e. de tecnologia não adaptada às necessidades), a uma fraca inovação nos métodos de

trabalho utilizados, a uma deficiente qualidade dos projectos, a uma ausência de

estandardização assim como de uniformização e normalização de produtos, e a uma deficiente

gestão de stocks, levam a que a produtividade gerada pelo sector seja, em geral, menor que a

média nacional (Baganha et al., 2002). Além disso, a não existência de avaliações no final das

obras executadas também leva a que a produtividade do sector não progrida.

Os segmentos com maior peso na estrutura produtiva, em Portugal, são o residencial e a

engenharia civil, ao passo que, na Europa Ocidental, o segmento dominante é o da

manutenção e recuperação. Estas diferenças são explicadas por estádios de desenvolvimento

económico distintos. Com efeito, existe uma tendência de longo prazo de aumento do peso da

actividade de manutenção e recuperação na estrutura produtiva do sector da construção, à

medida que se for verificando um maior desenvolvimento do país. Constata-se igualmente a

existência de um segmento capital-intensivo, o das obras públicas ou de engenharia civil, e

outro trabalho-intensivo, o da construção de edifícios residenciais e não-residenciais (Baganha

et al., 2002).

Já a estrutura empresarial do sector da construção evidencia uma grande atomização, dado

que uma parte significativa da produção é assegurada por um grande número de pequenas e

médias empresas, e que o número de grandes empresas é pequeno (Baganha et al., 2002).

Constata-se que cerca de 90% das empresas existentes empregam menos de 10 pessoas, ou

seja, são pequenas e muito pequenas empresas, sendo uma grande parte delas do tipo

familiar, sem trabalhadores por conta de outrem ao serviço (GPERI e ANEOP, 2010).

A adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986 permitiu a Portugal beneficiar de

importantes fundos estruturais que conduziram a um forte desenvolvimento do sector da

construção civil e obras públicas, e consequentemente do país, a partir da década de 90,

tendo-se assistido à execução de grandes projectos, designadamente a Expo 98 e a ponte

Vasco da Gama, e ao desenvolvimento das infra-estruturas de transportes (e.g. Metro do Porto,

expansão do Metro de Lisboa, auto-estradas e ferrovias) (Baganha et al., 2002).

Após este período áureo do sector da construção português veio um período de depressão do

sector entre 2002 e 2007, marcado por quebras sucessivas no investimento público e privado,

por um excesso de capacidade instalada, e por uma menor necessidade de infra-estruturas.

Posteriormente, quando se faziam sentir os primeiros sinais de uma recuperação surgiu, no

quarto trimestre de 2008, a crise financeira global que paralisou o sistema de crédito e gerou o

pânico na economia, vindo somar-se à crise já existente no nosso país. Naturalmente, os

efeitos desta crise reflectiram-se negativamente no conjunto da actividade económica em

Portugal, sendo ainda mais devastadores no caso do sector da construção, porque a actividade

da construção está directamente ligada aos aspectos críticos da crise actual, ou seja, a crise de

crédito, a crise de confiança dos agentes económicos e a evolução dos preços dos activos

(Deloitte e ANEOP, 2009).

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2.3 A Internacionalização das Empresas de Construção

Portuguesas

Conforme já foi referido na definição do problema, a internacionalização tem sido uma questão

de sobrevivência para as maiores empresas de construção portuguesas devido à depressão do

mercado da construção português. De facto o desenvolvimento das operações internacionais

das empresas de construção portuguesas deve-se a uma conjugação dos problemas do

mercado interno (e.g. crise económica prolongada, dimensão reduzida do mercado devido ao

tamanho territorial de Portugal, excesso de capacidade instalada e decréscimo acentuado das

margens de construção devido à elevada concorrência) com as oportunidades oferecidas pelos

mercados internacionais (e.g. investimentos significativos em infra-estruturas e imobiliário, e a

evolução favorável das economias dos mercados alvo). Na realidade as construtoras

portuguesas aproveitaram uma conjuntura internacional favorável, em contra-ciclo com a crise

interna do mercado português da construção, para ganharem obras em mercados externos

com menor concorrência e, portanto, com margens maiores, conseguindo assim enfrentar a

conjuntura interna e as necessidades de financiamento da actividade de construção (Deloitte e

ANEOP, 2009).

A importância destas operações internacionais para as empresas do sector da construção

português tem vindo a aumentar de forma sustentada desde o início da última década,

especialmente nos últimos anos. Com efeito de 2000 a 2003 as receitas da actividade

internacional das empresas de construção portuguesas tiveram um aumento médio anual de

8%, e, posteriormente, de 2004 a 2007 este mesmo valor foi de 35% registando-se assim um

crescimento da taxa de aumento médio anual da actividade internacional das empresas de

construção portuguesas. Em 2007 o volume de negócios das operações em mercados

internacionais das empresas de construção portuguesas cifrava-se nos 1.960 M€,

representando cerca de 6% do volume de negócios global do sector da construção, contudo

tendo apenas em conta as maiores empresas o peso relativo dos mercados externos ascendia

a mais de 1/3 do volume de negócios destas mesmas empresas. Existe, portanto, uma relação

directa entre a dimensão das empresas e o peso da actividade internacional no volume de

negócios destas. De referir ainda que algumas empresas de construção portuguesas já

possuem mais de metade do seu volume de negócios proveniente de actividade internacional

(Deloitte e ANEOP, 2009).

Os processos de internacionalização das empresas de construção portuguesas têm sido

direccionados sobretudo para África, principalmente para os Países Africanos de Língua Oficial

Portuguesa (PALOP) e mais especificamente para Angola, devido à proximidade cultural e à

supremacia técnica que as nossas empresas possuem nestes mercados. Outra geografia que

se tem vindo a tornar apetecível e que tem sido analisada pelas empresas de construção

portuguesas é o Magrebe, pois estão previstos elevados investimentos nesta zona, muito

embora a proximidade geográfica não se traduza em proximidade cultural e haja um maior

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risco intrínseco à região. Ultimamente, os investimentos em infra-estruturas com apoios

comunitários na Europa de Leste também têm chamado a atenção das empresas de

construção portuguesas, embora ainda não haja grandes resultados devido às diferenças

culturais e ao desconhecimento das especificidades do mercado. Finalmente, algumas

empresas de construção portuguesas também têm apostado nos países da América do Sul,

e.g. Brasil, Venezuela e México e nos EUA, mas a presença portuguesa nestes mercados

contínua a ter uma expressão reduzida devido às dificuldades de penetração nestes mercados,

e.g. a grande dimensão das empresas nos EUA, a elevada concorrência e as particularidades

de funcionamento no Brasil apesar da proximidade cultura, levando a que estas geografias

sejam pouco atractivas para as empresas de construção portuguesas (Deloitte e ANEOP,

2009).

Já do ponto de vista estratégico as empresas de construção portuguesas pretendem manter ou

aumentar a percentagem do seu volume de negócios respeitante a operações em mercados

externos nos próximos anos porque não se prevêem grandes melhorias no contexto económico

interno. Além disso, a incerteza quanto à evolução dos mercados internacionais e aos impactos

da crise económica mundial conduzem a que as empresas de construção portuguesas

adoptem no curto prazo estratégias de consolidação dos mercados onde estão implantadas e

dos processos de internacionalização em curso, de forma a potenciar os meios disponíveis e

os conhecimentos adquiridos nestes mercados (Deloitte e ANEOP, 2009).

2.4 Modos de Entrada em Mercados Internacionais

O modo de entrada num mercado internacional depende das regras estabelecidas pelas

entidades reguladoras do mercado em causa e permite organizar e conduzir os negócios da

empresa nesse mesmo mercado. Como tal, o modo de entrada possibilita a entrada dos

recursos da empresa no mercado de destino, designadamente os seus serviços,

conhecimentos, capacidades e tecnologias (Chen e Messner, 2009).

Dentro do processo de expansão para um novo mercado, o modo de entrada tem implicações

diferentes ao nível do controlo, ou seja, da autoridade que a empresa tem sobre as decisões

estratégicas e operacionais no âmbito do negócio; ao nível do empenhamento dos recursos

necessários na operação internacional, que não poderão ser movidos para outros locais sem

custos adicionais; ao nível da exposição ao risco, como, por exemplo, a propagação não

desejada de know-how específico da empresa através dos parceiros, e consequente perda

dessa eventual vantagem competitiva; e ao nível da velocidade de internacionalização, que

condiciona o tempo necessário até que a empresa esteja instalada e operacional no novo

mercado (Glaister e Buckley, 1996). Portanto, o modo de entrada deve ser definido tendo em

atenção a compatibilidade destas especificidades estratégicas com os objectivos definidos para

o mercado. De referir ainda que a exposição ao risco, o nível de controlo, os custos e o tempo

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de entrada são mais elevados nos modos de entrada do tipo go alone, e vão diminuindo para

modos de entrada progressivamente mais colaborativos (Deloitte e ANEOP, 2009).

O modo de entrada em mercados internacionais envolve a utilização de muitos recursos da

empresa. Isto leva a que eventuais modificações ao modo de entrada escolhido inicialmente

possam originar perdas consideráveis de tempo e dinheiro, sendo esta decisão estratégica um

aspecto importante do processo de internacionalização das empresas (Chen e Messner, 2009).

Além disso, a escolha do modo de entrada depende das opções estratégicas que a empresa

tem nos diferentes países onde opera, pelo que cada modo de entrada não deve ser escolhido

isoladamente, deve antes ser analisado tendo em conta a estratégia global da empresa

(Glaister e Buckley, 1996).

Na literatura de gestão internacional, os modos de entrada em mercados internacionais são

obviamente um tema recorrente, sendo os mais comuns a exportação, o licenciamento ou o

franchising, a joint venture, e o investimento directo. Mas facilmente se percebe que a

exportação não se aplica aos processos de internacionalização efectuados por empresas de

construção, logo esta classificação mais comum é insuficiente.

Segundo Ling et al. (2005) existem 6 maneiras distintas para entrar em mercados

internacionais, designadamente através de:

1. uma sucursal;

2. uma subsidiária;

3. uma fusão ou aquisição de uma empresa local;

4. uma joint venture company com uma empresa local, ou uma empresa do país de

origem, ou uma outra empresa estrangeira;

5. um joint venture project com uma empresa local, ou uma empresa do país de origem,

ou uma outra empresa estrangeira;

6. uma aliança estratégica com uma instituição financeira, ou um cliente proveniente do

país de origem, ou um cliente local, ou um cliente de outro país estrangeiro.

Posteriormente, Chen e Messner (2009) elaboraram uma síntese dos modos de entrada ao

dispor das empresas que pretendem penetrar em mercados de construção internacionais.

Neste estudo podem encontrar-se informações complementares sobre alguns dos modos de

entrada referidos por Ling et al. (2005):

O estabelecimento de uma sucursal no país de destino é um modo de entrada que

envolve um investimento, e que permite a execução de actividades comerciais nesse

mercado, embora a sucursal não possua personalidade jurídica, sendo, portanto, a

empresa-mãe responsável por esta (Chen e Messner, 2009).

A constituição de uma subsidiária também é um investimento no país de destino que

permite a execução de actividades no mercado em causa, mas a subsidiária possui

personalidade jurídica, limitando assim a exposição ao risco da empresa-mãe. De

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referir ainda que as subsidiárias podem ser constituídas de raiz, ou através de uma

fusão ou aquisição (Chen e Messner, 2009). Aliás, conforme vimos anteriormente, Ling

et al. (2005) chega mesmo a considerar a fusão e aquisição como um modo de entrada

independente da subsidiária.

A joint venture company é uma empresa detida em conjunto pelos parceiros que

contribuem para esta com dinheiro, instalações, equipamentos, materiais, propriedade

intelectual, terrenos e mão-de-obra. Importa ainda referir que a participação de cada

parceiro na joint venture pode ser maioritária, equitativa ou minoritária, e que a nova

empresa pode ter responsabilidade limitada ou não (Chen e Messner, 2009).

O joint venture project consiste na execução de um projecto por duas ou mais

empresas parceiras ligadas através de um contrato de joint venture, que define as

divisões de responsabilidades e lucros entre os parceiros. Existe ainda a possibilidade

de criar uma entidade de responsabilidade limitada que apenas existe durante a

execução do projecto (Chen e Messner, 2009).

A aliança estratégica é uma associação de longo prazo entre parceiros que não requer

a constituição de uma outra entidade, logo é baseada em princípios de confiança e

respeito pelas necessidades dos parceiros, e tem como objectivo melhorar a

competitividade dos parceiros através da partilha de recursos, tecnologias, know-how e

conhecimentos, e, portanto, proporcionar condições para a ajuda mútua entre parceiros

durante um longo período de tempo. Esta aliança pode ser vertical ou horizontal

consoante a posição dos parceiros na cadeia produtiva da construção, sendo horizontal

no caso de os parceiros estarem ao mesmo nível e vertical se estiverem em níveis

distintos. As alianças estratégicas podem ainda ser formadas com parceiros locais,

com parceiros do país de origem ou com parceiros de outro país estrangeiro. De referir

ainda que a aliança estratégica é um modo de entrada complementar, que não dá à

empresa a possibilidade de executar trabalhos no mercado em que a empresa está a

entrar, a aliança apenas facilita a obtenção de obras, sendo ainda necessário a

adopção de um outro modo de entrada de cariz operacional como, por exemplo, o joint

venture project (Chen e Messner, 2009). Nesta dissertação foram apenas estudados os

modos de entrada de cariz operacional, pois são os que, de facto, permitem à empresa

entrar e actuar no mercado, tendo-se, por isso, optado por excluir a aliança estratégica

por ser um modo de entrada complementar.

Existem várias formas de classificar estes modos de entrada. Em primeiro lugar podem se

distinguir os modos de entrada consoante a necessidade ou não de investimento de capital, em

que de um lado estão, por exemplo, as joint venture companies ou as subsidiárias que

necessitam de investimento em capital, e, do outro lado, estão os modos de entrada

contratuais como os joint venture projects que não necessitam desse tipo de investimento por

parte da empresa que está a entrar no mercado. Outra forma de classificar os modos de

entrada é através da gestão de activos pretendida. Existem modos de entrada que favorecem

um nível de controlo elevado que salvaguarda os activos e as vantagens competitivas que a

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empresa-mãe detém, como, por exemplo, as subsidiárias. No entanto, existem também modos

de entrada com baixo nível de controlo que permitem ao empreiteiro internacional adquirir

activos complementares, por forma a criar novas vantagens competitivas necessárias ao

processo de expansão internacional, como, por exemplo, os joint venture projects. Ainda outra

forma de distinguir os diferentes modos de entrada é em relação à necessidade ou não de

obter a colaboração de um parceiro local (Xu e Greenwood, 2006).

Chen (2008) fez ainda a distinção entre modos de entrada temporários e permanentes. Os

modos de entrada permanentes implicam que a empresa detenha uma parte, ou a totalidade,

do capital de uma organização com orientação estratégica de longo prazo para o

desenvolvimento do negócio da construção no país de destino, conduzindo actividades de

apoio ao dito negócio. Isto significa que mesmo na eventualidade de haver uma redução das

oportunidades de negócio no mercado de destino, a empresa mantém a sua presença no

mercado e continua a realizar actividades de apoio ao negócio da construção civil, como, por

exemplo, a gestão de recursos humanos, o desenvolvimento da estratégia de negócio, ou a

procura de novas obras (Chen, 2008).

Já no caso de modos de entrada móveis, as empresas procuram obras que lhes interessem em

mercados internacionais, tendo a sua base estabelecida no país de origem, entram nos

concursos e, quando a sua proposta é aceite, movem os seus recursos para o país de destino,

executam o projecto, e retornam ao país de origem, a não ser que haja um outro projecto no

seguimento do primeiro (Chen e Messner, 2011). Ou seja, face a uma redução das

oportunidades, a empresa que se está a internacionalizar suspende as actividades de suporte,

despede os empregados locais, e sai do mercado, embora possa voltar no caso de surgirem

novas perspectivas de negócio. Importa ainda notar que no caso de uma empresa que forme

uma nova entidade com personalidade jurídica no país de destino, para realizar um projecto

específico, e que no fim deste não permaneça no mercado, então o seu modo de entrada é

considerado móvel. Também no caso de uma empresa que consiga obter várias obras de

seguida durante um largo período de tempo no mesmo mercado, mas recorrendo sempre a

modos de entrada contratuais com término no fim da obra, então esta utiliza continuamente

modos de entrada móveis, porque nunca chega a estabelecer-se e a investir directamente no

país de destino (Chen, 2008).

Existem ainda outras diferenças entre as duas categorias, as empresas que adoptam modos

de entrada permanentes tendem a contratar pessoal local, a dirigir o marketing para o mercado

local, e, portanto, a focalizar-se nos projectos locais. Já as empresas que adoptam modos de

entrada móveis enviam mais pessoal expatriado para os mercados internacionais, e procuram

projectos internacionais de maiores dimensões. Além disso, os modos de entrada permanentes

requerem mais recursos, maior risco de investimento, e são menos flexíveis que os modos de

entrada móveis, sendo que estas diferenças estratégicas constituem a base da escolha entre

os dois tipos de modos de entrada (Chen, 2008).

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Tradicionalmente os empreiteiros internacionais optavam por modos de entrada móveis.

Contudo, a situação mudou significativamente nos últimos anos e a utilização de modos de

entrada permanentes tem vindo a aumentar. Esta mudança pode ter, entre outras, as

explicações seguintes: a expansão significativa de alguns mercados da construção em países

desenvolvidos, onde uma presença permanente pode ser altamente proveitosa, como por

exemplo nos EUA; o aumento da procura nos mercados da construção em economias

emergentes, como a China ou a República Checa; o aparecimento de modos de entrada

inovadores com recurso a investimento, como as fusões e aquisições; o aumento do tamanho

das empresas de construção do mercado internacional; e as exigências legais de alguns

países onde é necessário que as empresas possuam personalidade jurídica para poderem

prosseguir a sua actividade económica, e/ou tenham experiência prévia de operação no país

de destino de forma a preencherem os requisitos dos sistemas de qualificação. Importa ainda

notar que, embora os modos de entrada permanentes sejam mais frequentes, tal não implica o

desaparecimento dos modos de entrada móveis (Chen e Messner, 2011).

Os modos de entrada disponíveis para as empresas ingressarem num dado mercado

internacional podem ainda ser condicionados pelas barreiras à entrada existentes nesse

mesmo mercado. Existem vários tipos de barreiras à entrada instituídas pelos governos locais:

requisitos de propriedade; sistema de licenças para operar no mercado; sistema de avaliação e

qualificação das construtoras; obrigação de partilhar os projectos ou o seu controlo com

empresas locais; descontos nas propostas dos empreiteiros locais; necessidade de registar

capital no país de destino que não pode ser aplicado nos projectos; condições e taxas de

expatriação de lucros; mobilidade de recursos, nomeadamente no que respeita às licenças

profissionais do pessoal expatriado, às qualificações exigidas ao pessoal qualificado, e às

condições de importação e exportação de materiais equipamentos e mão-de-obra (Chen,

2008). Portanto, estas barreiras à entrada podem, por exemplo, limitar os modos de entrada

dos empreiteiros internacionais a modos de entrada móveis, mesmo quando os permanentes

seriam preferíveis, ou então a modos de entrada que envolvam um parceiro local (Chen e

Messner, 2011).

2.5 As Parcerias Locais

2.5.1 Características

A expansão para mercados estrangeiros e o desenvolvimento de uma estratégia global podem

ser facilitados pela formação de uma parceria, mesmo no caso de empresas com muita

experiência internacional (Glaister e Buckley, 1996).

Glaister e Buckley (1996) definem parceria como uma forma de colaboração entre empresas,

num determinado espaço temporal e económico, com o intuito de atingir metas mutuamente

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definidas. Desta forma, ficam subjacentes a esta definição as seguintes características: uma

parceria extravasa os limites de uma empresa; de modo a ser colaborativa a parceria

pressupõe que todos os parceiros coloquem recursos ao serviço desta; o espaço temporal da

parceria pressupõe que esta pode durar até ao fim de um período de tempo pré-definido, ou

até serem alcançados os objectivos pré-definidos; o espaço económico da parceria leva a que

esta possa ser local ou global; e, finalmente, as metas definidas para a parceria não implicam

que cada parceiro não possa ter a sua própria visão dos objectivos.

As joint ventures são uma forma de parceria pois cumprem os critérios definidos por Glaister e

Buckley (1996). Existem dois tipos de joint ventures: equity joint ventures e non-equity joint

ventures. As primeiras são formadas por duas ou mais entidades legalmente separadas que se

juntam através da criação de uma empresa detida conjuntamente pelos diferentes parceiros, na

qual estes investem recursos, e através da qual se envolvem em várias actividades de tomada

de decisão, esperando obter dividendos da actividade da empresa (Mohamed, 2003).

Contrariamente as non-equity joint ventures são acordos contratuais entre as empresas

parceiras com o intuito de cooperarem no âmbito de uma actividade económica, mas em que

não há lugar à formação de uma nova empresa (Glaister e Buckley, 1996). Fazendo a

correspondência com as figuras jurídicas previstas na lei portuguesa, constata-se que os

agrupamentos complementares de empresas (ACE) são similares às equity joint ventures, ao

passo que os consórcios se assemelham às non-equity joint ventures.

As joint ventures podem ainda ser classificadas segundo duas categorias: integradas e não

integradas. No caso das joint ventures não integradas cada parceiro é responsável por planear

e executar uma parte dos trabalhos, sendo igualmente responsável pelos lucros e perdas

desta. Este tipo de joint venture permite, por um lado, que cada parceiro execute os tipos de

trabalho no qual é mais especializado, mas, por outro lado, pode originar conflitos devidos ao

facto das divisões de trabalho serem desiguais. Já nas joint ventures integradas as

responsabilidades e os trabalhos são assumidos conjuntamente pelos dois parceiros,

permitindo assim a maximização dos recursos de cada um e uma menor probabilidade de

ocorrência de conflitos internos (Norwood e Mansfield, 1999).

Segundo Munns et al. (2000) as joint ventures possuem várias características que as definem,

e.g. o acordo legal, a duração, a relação de forças determinada pelas participações de cada

parceiro ou o número de participantes. Os parceiros podem ainda ser mais activos ou mais

passivos, consoante as funções que adoptam na parceria e podem ser do país de destino, do

país de origem, ou de outro país. Conforme foi referido, esta dissertação debruça-se apenas

sobre parcerias locais, logo os parceiros serão forçosamente do país de destino.

Bing et al. (1999) propõem três etapas distintas na vida das joint ventures: a fase de formação

que vai desde os contactos iniciais entre os parceiros até à criação da joint venture, passando

pelas negociações; a fase de operação que se refere ao período em que se executam as

actividades económicas previstas; e a fase de desmantelamento ou de continuação, em que

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são encetadas as negociações para a terminação da joint venture, ou então para a sua

eventual continuação. Estas joint ventures podem ainda ser adoptadas em fases diferentes dos

processos de internacionalização das empresas: apenas na fase inicial do processo, ao longo

de todo o processo, ou em situações pontuais.

Importa ainda referir que as joint ventures são bastante utilizadas em países em vias de

desenvolvimento porque possibilitam e facilitam a troca de tecnologia, a partilha de risco, a

criação de emprego e o fluxo de capitais (Ling et al., 2005). Como tal, as joint ventures são

consideradas instrumentos primordiais para os países em desenvolvimento, dado que

permitem conciliar interesses contraditórios como o desenvolvimento destes países e a

prevenção do domínio da economia por investidores estrangeiros (Mohamed, 2003).

2.5.2 Motivações

As empresas de construção internacionais deparam-se com inúmeros desafios quando

pretendem entrar num novo mercado, designadamente dificuldades na transferência dos

métodos de gestão e dos valores da empresa para o pessoal local, ou nas relações com mão-

de-obra, fornecedores e entidades governamentais. Estas dificuldades, associadas aos seus

riscos e custos, podem levar à criação de joint ventures com parceiros locais de modo a facilitar

a integração dos empreiteiros internacionais no mercado de destino, mesmo quando o governo

local não obrigue à formação destas parcerias. Estes obstáculos têm geralmente a sua génese

nas diferenças culturais entre a empresa de construção estrangeira e o país de destino, logo

um parceiro local pode ajudar a mitigar estas diferenças através dos seus conhecimentos e da

sua experiência em lidar com os trabalhadores, fornecedores, clientes e governo locais. Além

do mais, é expectável que os parceiros locais forneçam mais conhecimento da cultura local, da

política e das condições de mercado, e a menor custo para a empresa internacional do que se

esta tivesse de obter informações equivalentes sem a ajuda de um parceiro local (Fisher e

Ranasinghe, 2001). Passando especificamente ao caso das empresas de construção

portuguesas, Gama (2011) refere que estas procuram estabelecer parcerias locais com o

intuito de aumentarem as suas capacidades e repartirem o risco das suas operações

internacionais.

Badger e Mulligan (1995) estudaram as motivações subjacentes às parcerias em mercados

internacionais. Segundo estes autores, as empresas que querem ser bem-sucedidas nos

mercados internacionais têm de se adaptar à realidade local. A formação de uma parceria com

um parceiro local pode, por exemplo, permitir a obtenção de obras num novo mercado, ou

aumentar a competitividade da empresa num mercado em que a empresa já está instalada,

levando em ambos os casos ao aumento de quota de mercado da empresa. Além disso, a rede

de contactos e os conhecimentos intrínsecos do mercado que um parceiro local possui são um

benefício inestimável pois podem ajudar na obtenção de licenças, na resolução de problemas

burocráticos, na adaptação às realidades política, jurídica e fiscal, assim como fornecer

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informações acerca dos concorrentes locais ou da mão-de-obra local. Com base nestas

observações, Badger e Mulligan (1995) definiram então as seguintes motivações que levam à

formação de parcerias internacionais: o acesso a novas tecnologias, a partilha de riscos, a

obtenção de financiamento, o acesso a novos mercados, o aumento da capacidade de servir

os principais clientes, o aumento da competitividade, o cumprimento dos requisitos dos

governos do país estrangeiro, a aquisição de conhecimentos sobre os mercados locais, o

aumento da quota de mercado, a ampliação da base de clientes, o desenvolvimento da

capacidade de resposta à envolvente cultural, o aumento dos lucros, e a ampliação da

capacidade produtiva.

Por sua vez, Glaister e Buckley (1996) analisaram os motivos estratégicos que levam as

empresas do Reino Unido a formar parcerias com empresas internacionais, nomeadamente

europeias, americanas e japonesas. Estas motivações estratégicas são: a partilha do risco de

grandes projectos entre várias empresas, a partilha de custos de pesquisa e desenvolvimento,

a possibilidade do parceiro estrangeiro entrar mais rapidamente no mercado do parceiro local,

a obtenção de um retorno mais rápido do investimento através dessa entrada mais rápida no

mercado, a obtenção de apoio na expansão internacional no caso de empresas no inicio deste

processo, o aumento da presença em novos mercados no caso de empresas que já têm

experiência internacional, a preservação da posição em mercados actuais, a partilha e

aproveitamento de tecnologias complementares criando ainda condições para a inovação, a

redução da competição no mercado através da formação de joint ventures com concorrentes

actuais ou potenciais, o aumento da capacidade competitiva dos dois parceiros de modo a

ganhar mais quota de mercado aos outros concorrentes e, finalmente, o cumprimento de

exigências legais impostas pelos governos dos mercados em que a empresa pretende entrar.

Já Norwood e Mansfield (1999) efectuaram um estudo sobre as joint ventures nos mercados da

construção europeu e asiático nos anos 90, no qual se debruçaram sobre as motivações que

levam à adopção destas. Segundo estes autores as motivações que conduzem à adopção de

joint ventures incluem: o acesso aos mercados do parceiro local e às empresas do ramo com

as quais este trabalha, o aumento de capacidade de trabalho através de mais mão-de-obra e

competências de trabalho alargadas, o aumento de capacidades específicas detidas pelo

parceiro, uma maior facilidade em obter o pessoal necessário sem ter de recorrer a

recrutamento externo evitando maiores dificuldades de adaptação, o acesso a novas áreas

geográficas partilhando os riscos, a transferência de tecnologia entre os parceiros, a redução

dos riscos decorrentes do desconhecimento do mercado de destino, a possibilidade de

compensar a crise do mercado interno com a presença em mercados exteriores, o aumento da

credibilidade das propostas apresentadas pelas empresas parceiras e o cumprimento dos

requisitos legais de participação do país de destino.

Posteriormente, Walker e Johannes (2003) estudaram as joint ventures em projectos de infra-

estruturas em Hong Kong, nomeadamente as motivações que levam à formação destas. Estas

motivações são as seguintes: o aumento de capacidade financeira e de recursos, por forma a

Page 35: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

17

permitir a participação em projectos de grandes dimensões; a redução da exposição ao risco,

e.g. problemas financeiros dos clientes; o aproveitamento de oportunidades de crescimento e

expansão do negócio; o aumento de lucros ou de quota de mercado; o aumento de

conhecimentos relativos a clientes, projectos e tecnologias e o desenvolvimento de maiores

capacidades de gestão.

Segundo Ling et al. (2005) as motivações que levam as empresas estrangeiras a formar

parcerias locais incluem a redução do risco; o acesso a novas tecnologias; o aproveitamento

dos conhecimentos do parceiro local sobre as condições competitivas, a cultura, a língua, o

sistema político e o sistema de negócios no país de destino; a redução dos custos e riscos de

pesquisa e desenvolvimento partilhando-os com o parceiro local e a diminuição dos riscos de

interferência do governo local.

Mais tarde, Zhang e Zou (2007) estudaram as motivações que levam à formação de joint

ventures entre parceiros chineses e estrangeiros em projectos de construção na China,

dividindo as motivações em três grupos consoante a entidade beneficiada: parceiro chinês,

parceiro estrangeiro e indústria da construção chinesa. Ora, para o parceiro chinês as

principais motivações são o aumento de tamanho e de âmbito de trabalho, o aumento de

competências especializadas, a partilha de riscos, e a diminuição da diferença de

conhecimentos e capacidades em relação às empresas estrangeiras. Já para o parceiro

estrangeiro as principais motivações identificadas são o acesso a novas áreas do globo sem

comportar todos os riscos, o acesso ao mercado do parceiro local e aos seus conhecimentos

sobre as empresas de construção locais, e o aproveitamento de novas oportunidades.

Finalmente, para a indústria da construção chinesa os potenciais benefícios passam pela

partilha e criação de novas ideias entre as diferentes empresas, pela atracção de investimento

de modo a compensar as faltas de fundos do sector, pela transferência de tecnologias de

construção avançadas e de conhecimentos sobre gestão de projectos, pelo estímulo à abertura

das empresas chinesas a exportarem também elas os seus serviços, pela melhoria dos

mecanismos ainda imperfeitos do mercado da construção chinês e pelo fortalecimento da

competitividade das construtoras chinesas.

Já para Ozorhon et al. (2007), entre as principais motivações para as empresas de construção

formarem joint ventures internacionais encontram-se: a aprendizagem das competências de

gestão do parceiro, a transferência de tecnologia e de competências técnicas do parceiro, a

diminuição de custos, a partilha de riscos, o aumento de competitividade de forma a ganhar

mais projectos, a criação de relações de longo prazo, o aumento dos lucros, a partilha de

recursos e a entrada em novos mercados internacionais.

Zutchi e Tan (2009) apresentaram as motivações que conduzem à formação de joint ventures

no leste asiático. De seguida, referem-se então as motivações que se aplicam ao sector da

construção: ganhar acesso ao mercado local, aproveitar as novas oportunidades de negócio,

cumprir os requisitos das entidades governamentais, aproveitar os conhecimentos do parceiro

Page 36: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

18

sobre o mercado local, utilizar as competências técnicas e de gestão do parceiro, obter

tratamento preferencial da parte do governo local, partilhar os riscos, desenvolver a

familiaridade com a cultura local, ganhar projectos das autoridades locais, adquirir dimensão

internacional mais rapidamente, diminuir o investimento necessário ao processo de

internacionalização, adquirir tecnologia do parceiro ou do país de destino, e gerar novas ideias

para a inovação e desenvolvimento.

Mais recentemente, Girmscheid e Brockmann (2010) dividiram as motivações dos parceiros

envolvidos em joint ventures internacionais em dois tipos: factores que beneficiam ambos os

parceiros e factores que beneficiam apenas um dos parceiros, estrangeiro ou local. As

motivações comuns a ambos os parceiros são: as economias de escala, a partilha de risco

entre os parceiros, a melhoria da posição competitiva, e a obtenção de financiamento. Quanto

às motivações que se aplicam ao parceiro estrangeiro foi referido o acesso a novos mercados

e a recursos locais. Já para o parceiro local foram definidas as seguintes motivações: a

transferência tecnológica, a transferência de know-how e o treino de pessoal, os lucros em

moedas fortes e a protecção e benefícios conferidos pelas leis e regulamentos locais.

Alguns projectos são demasiado grandes ou sofisticados para serem realizados por uma só

empresa. Da mesma forma, em alguns países em desenvolvimento as empresas de construção

são demasiado pequenas e pouco avançadas tecnicamente para empreenderem grandes

projectos de construção sozinhas. Contudo, as parcerias constituem um mecanismo que

permite às empresas de construção ganhar tamanho e competências para realizar projectos de

maior envergadura. No entanto, estas parcerias são condicionadas por factores competitivos e

cooperativos. Por um lado, a cooperação potencia as capacidades complementares dos

parceiros em prol do benefício comum, por outro lado a competitividade pode levar os parceiros

a envolverem-se numa corrida para absorverem os conhecimentos e tecnologias do outro para

seu próprio benefício, e a terminarem a parceria quando estiverem satisfeitos com as

competências e benefícios obtidos. Desta forma, a transferência de conhecimentos e

tecnologias, que é uma das potenciais motivações que leva à criação de parcerias, pode ser

condicionada pelos referidos factores competitivos se não existir confiança mútua entre os

parceiros de maneira a eliminar estes factores (Ngowi, 2007).

Carrillo (1996) também estudou as experiências de transferência de tecnologia das empresas

inglesas, através de joint ventures em países em desenvolvimento. Segundo esta autora a

transferência de tecnologia nestes países consiste na passagem de tecnologia, conhecimentos

e competências técnicas e de gestão dos empreiteiros dos países desenvolvidos para os

empreiteiros dos países em desenvolvimento que têm falta destas capacidades. No entanto, as

pretensões dos empreiteiros dos países em desenvolvimento e as dos países desenvolvidos

são contraditórias, pois os primeiros querem obter as competências referidas anteriormente

enquanto que os segundos não querem perder as suas vantagens competitivas. Com efeito, o

principal objectivo das empresas dos países desenvolvidos é obter lucro nas suas operações

internacionais, como tal estas só se empenham a fundo na transferência de tecnologia se

Page 37: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

19

tiverem incentivos para tal, caso contrário apenas transferem o mínimo de competências

necessárias à correcta execução do projecto em causa.

Segue-se, no quadro 1, um resumo das motivações mais importantes apresentadas nesta

secção e a indicação dos autores que as referiram nos seus trabalhos.

Quadro 1 - Resumo das motivações

Bad

ger

e M

ulli

ga

n,

1995

Carr

illo,

199

6

Gla

iste

r e B

uckle

y,

1996

Norw

oo

d e

Mansfield

, 1

999

Fis

her

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Ranasin

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1

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03

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g e

t al., 20

05

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007

Ozorh

on e

t al.,

2007

Zhang e

Zo

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007

Zutc

hi e

Tan,

20

09

Girm

scheid

e

Bro

ckm

an

n, 2

010

Gam

a,

201

1

Transferência de tecnologia

x x x x x x x x x x

Partilha de riscos x x x x x x x x x x

Aumento de dimensão, capacidade produtiva e financeira para participar em grandes projectos

x x x x x x x

Cumprimento dos requisitos impostos pelo governo local

x x x x x

Partilha de custos de pesquisa e desenvolvimento

x x x x

Diminuição dos custos de entrada

x x

Aproveitamento da experiência e dos conhecimentos do parceiro sobre o mercado

x x x x x x x x

Redução da competição no mercado

x

Aumento da quota de mercado

x x x x

Acesso aos recursos e competências específicas do parceiro

x x x x x x x x x x x

2.5.3 Critérios de Selecção

A escolha do parceiro adequado é um aspecto muito importante para o sucesso das parcerias.

Efectivamente quando os parceiros possuem missões, objectivos, recursos e capacidades

Page 38: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

20

complementares, a parceria tem maiores probabilidades de ter sucesso (Glaister e Buckley,

1997).

Glaister e Buckley (1997) investigaram os critérios de selecção utilizados por empresas

britânicas em parcerias com empresas da Europa Ocidental, dos EUA e do Japão. Segundo

estes autores, devem distinguir-se os critérios devidos às características do parceiro, e os

critérios devidos às especificidades da tarefa a realizar em parceria. Os critérios relacionados

com a tarefa estão ligados às competências operacionais e aos recursos necessários ao

sucesso competitivo da parceria. Estes critérios são, portanto, variáveis relacionadas com a

viabilidade das operações da parceria, independentemente do número de parceiros envolvidos

nesta. Já os critérios relacionados com as características do parceiro são variáveis que são

relevantes devido à existência de uma segunda empresa envolvida no negócio. Para Glaister e

Buckley (1997) os critérios relacionados com a tarefa são então, por ordem de importância:

conhecimento do mercado local, ligações a clientes importantes, conhecimento sobre a cultura

local, acesso a tecnologia, conhecimento sobre os processos de produção, acesso a capitais,

acesso a licenças, acesso a mão-de-obra, renome local, e acesso a materiais e recursos

naturais. Já os critérios relacionados com as características do parceiro são, por ordem de

importância: confiança entre os gestores de topo dos diferentes parceiros, semelhança entre os

negócios dos parceiros, reputação, recursos financeiros do parceiro, complementaridade dos

recursos que cada parceiro coloca ao dispor da parceria, tamanho do parceiro, experiência

internacional, experiência de gestão, sucesso em parcerias anteriores entre os parceiros, e

capacidade de negociação do parceiro com o governo do país de destino.

Já Bing et al. (1999) definiram como critérios fundamentais de selecção de parceiros em

mercados da construção asiáticos: a capacidade financeira, que é fundamental para manter as

operações da joint venture a decorrer sem problemas; a influência junto das autoridades

governamentais do país de destino, de forma a beneficiar de margens preferenciais nos

concursos ou a gerir mais facilmente as diferentes normas governamentais; a relação com a

comunidade local; a experiência; a reputação e as capacidades específicas requeridas para a

boa execução do projecto.

Mais tarde, Mohamed (2003) adoptou a mesma classificação de critérios de selecção utilizada

por Glaister e Buckley (1997). Segundo este autor, os critérios de selecção relacionados com o

parceiro são: a experiência de gestão, as anteriores associações entre os parceiros, a

compatibilidade a nível de negócios, a cultura empresarial, e as anteriores experiências em

joint ventures internacionais. Já para critérios de selecção relacionados com a tarefa foram

referidos: as capacidades e conhecimentos técnicos, a rede de contactos no mercado, a

complementaridade de recursos e a capacidade negocial com as autoridades locais.

De acordo com Eren (2007) os factores de selecção de parceiros considerados pelas empresas

de construção turcas incluem: a experiência do parceiro em projectos similares ao projecto que

se pretende realizar, a imagem do parceiro, as relações do parceiro com os clientes, a

Page 39: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

21

capacidade financeira do parceiro, as competências técnicas e administrativas do pessoal do

parceiro, os tipos de projecto efectuados pelo parceiro, os recursos que o parceiro têm para dar

à parceria, os clientes e entidades com que o parceiro já trabalhou, a estrutura de gestão do

parceiro, a semelhança entre as culturas empresariais de ambos os parceiros, a área

geográfica de actividade do parceiro e a experiência e performance do parceiro em parcerias

anteriores.

Já Ngowi (2007) efectuou um estudo sobre os factores considerados pelas empresas de

construção que operam no Botswana na escolha de parceiros para parcerias no mercado da

construção. Segundo este autor os factores que condicionam a escolha de um parceiro são: a

complementaridade de recursos que permite obter as competências e tamanho necessários à

realização do projecto em causa; a semelhança de estatuto a nível da cultura empresarial, do

sistema de gestão e do tamanho das empresas, que possibilita uma partilha de custos e

benefícios equitativa, que, por sua vez, promove o empenho e a igualdade de poder entre os

parceiros; a existência de experiências anteriores bem-sucedidas com o parceiro, que evitam a

fase de construção de uma relação de confiança; a recomendação por parte de uma entidade

que tenha boas relações prévias com ambos os parceiros; a reputação; a credibilidade e a

condição financeira.

Posteriormente, Ozorhon et al. (2008) adoptou uma outra classificação para os critérios de

selecção de parceiro dividindo-os em critérios estratégicos, organizacionais e culturais. Para

esta autora, os critérios estratégicos são: a compatibilidade dos objectivos dos parceiros; a

complementaridade dos parceiros a nível de experiências anteriores no país de destino, ou

seja, a nível dos conhecimentos acerca das condições políticas, sociais, económicas e culturais

do país de destino, do mercado e das redes de contactos necessárias; a complementaridade

dos parceiros a nível da experiência acumulada em projectos anteriores relevantes para o

projecto actual; a compatibilidade das competências de gestão, técnicas, e de recursos

humanos necessárias à boa execução do projecto; e as boas relações dos parceiros com o

cliente de modo a mantê-lo satisfeito e a lidar com os problemas que surgirem. Já os critérios

organizacionais são: a capacidade financeira necessária à operação da joint venture; o

tamanho do parceiro, que condiciona a relação de forças entre os parceiros; a semelhança

entre os sistemas de gestão dos parceiros; e as cargas de trabalho domésticas e internacionais

dos parceiros, que influenciam o esforço e o tempo que estes dedicam à joint venture.

Finalmente, o critério cultural resume-se à compatibilidade entre a cultura empresarial e a

cultura nacional dos parceiros.

Mais recentemente, Zutshi e Tan (2009) estudaram os critérios de selecção de parceiros para

as joint ventures internacionais do leste asiático. Como este estudo se aplica a todas as áreas

de negócio apenas se referem os critérios de selecção que se aplicam à da construção. Estes

critérios são então: o empenhamento na joint venture; a aptidão para cumprir os requisitos

impostos pelas entidades governamentais; as competências técnicas e de gestão; a

semelhança de tamanho; a posse de licenças necessárias para construir; as redes de

Page 40: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

22

conhecimentos que facilitam as relações com o governo, os clientes, os subempreiteiros ou os

fornecedores, simplificando a obtenção de projectos e o seu desenrolar; a existência de

experiências anteriores satisfatórias; a capacidade financeira; a reputação; a compatibilidade

dos estilos de gestão; a semelhança na cultura empresarial ou na cultura nacional; a

credibilidade, que possibilita a obtenção de crédito; e a capacidade de melhorar a imagem da

joint venture junto da comunidade local ou nacional.

Finalmente, importa ainda salientar que, segundo Girmscheid e Brockmann (2010), a

necessidade por parte das empresas em ter confiança no seu parceiro leva-as a escolherem

parceiros com quem já trabalharam noutros projectos. Não sendo essa situação possível a

escolha de parceiro passa por parceiros competentes e experientes.

Tendo por base os trabalhos já citados, optou-se nesta dissertação por distinguir os critérios de

selecção consoante a sua ligação ao parceiro ou à tarefa, dado que esta é a classificação mais

comum. Nos quadro 2 e 3 apresenta-se um resumo dos critérios de selecção mais importantes

apresentados nesta secção, divididos segundo a classificação mencionada e a indicação dos

autores que os referiram nos seus trabalhos.

Quadro 2 - Resumo dos critérios de selecção relacionados com o parceiro

Gla

iste

r e B

uckle

y,

1997

Bin

g e

t al., 1

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200

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t al.,

2008

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20

09

Girm

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e

Bro

ckm

an

n, 2

010

Anteriores experiências de sucesso com o parceiro

x x x x x x

Credibilidade junto dos clientes x x

Capacidade financeira x x x x x x

Semelhança de tamanho x x

Experiência internacional x x x x

Credibilidade junto da banca x x

Semelhança de culturas x x x x x

Carga de trabalho doméstica e internacional

x

Compatibilidade de objectivos x

Boas referências dadas por outra empresa x

Reputação x x x x x

Page 41: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

23

Quadro 3 - Resumo dos critérios de selecção relacionados com a tarefa

Gla

iste

r e B

uckle

y,

1997

Bin

g e

t al., 1

999

Moha

mm

ed,

200

3

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200

7

Ngow

i, 2

007

Ozorh

on e

t al.,

2008

Zuts

hi e

Tan,

20

09

Girm

scheid

e

Bro

ckm

an

n,

2010

Recursos e competências necessárias à realização do projecto

x x x x x x x x

Influência junto das autoridades locais x x x x

Conhecimentos sobre o mercado e a cultura local

x x x x x

Relação com a comunidade local x x x

Experiência acumulada em projectos similares

x x

Tamanho necessário à realização do projecto

x

Boas relações com os clientes x x x

Posse de licenças x x

2.5.4 Riscos

Os mercados da construção internacionais envolvem maiores riscos do que os mercados

domésticos, nomeadamente riscos políticos (e.g. expropriação, guerra, distúrbios sociais e

atitudes dos governos locais) e riscos económicos (e.g. câmbios, restrições e discriminações

fiscais) (Ling et al., 2005). E além destes riscos relativos aos mercados internacionais, as

próprias parcerias também implicam riscos de natureza técnica e financeira.

Bing et al. (1999) estudaram os principais riscos que afectam as joint ventures internacionais

nos mercados da construção da Ásia Oriental. Estes riscos foram categorizados segundo três

grupos distintos: internos, específicos ao projecto e externos. Os riscos internos têm origem

nas especificidades das joint ventures, visto que estas envolvem entidades distintas que podem

entrar em conflito dentro da joint venture com o desenrolar das operações. Já os riscos

específicos ao projecto devem-se a acontecimentos inesperados que ocorrem durante o

período de construção, e levam a aumentos de tempo e custos de projectos ou até a

deficiências de qualidade. Por fim, o grupo de riscos externos engloba os problemas que

advêm das especificidades do mercado da construção do país de destino em que a joint

venture está inserida, e.g. o sistema político e legal, as condições económicas e industriais, a

sociedade e o ambiente físico. Segundo estes autores, os riscos internos são: os problemas

financeiros da empresa-mãe do parceiro; o desacordo em relação à contabilidade de lucros e

perdas, e.g. os proveitos que podem ser repatriados; a desconfiança entre o pessoal dos

diferentes parceiros; as mudanças de política em relação à joint venture por parte da empresa-

Page 42: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

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mãe do parceiro, que pode reduzir as capacidades da joint venture limitando a sua autonomia,

colocando pessoal pouco qualificado ao serviço da joint venture, ou atrasando a

disponibilização dos fundos necessários; a falta de competências de gestão do parceiro; a falta

de recursos do parceiro; o excesso de interferência das empresas-mãe de ambos os parceiros;

o desacordo em relação aos cargos que o pessoal de cada parceiro ocupa na joint venture; as

divergências em relação à distribuição dos trabalhos, quando eventuais alterações ao projecto

acabam por prejudicar uma das partes; e os conflitos devidos à transferência de tecnologias

entre parceiros. Como riscos específicos ao projecto foram identificados: os problemas de cash

flow do cliente, que podem levar a atrasos ou até a faltas nos pagamentos; as más relações

com intervenientes externos à joint venture, e.g. projectistas, fornecedores ou subempreiteiros;

a incompetência técnica, a instabilidade financeira e os atrasos de fornecedores e

subempreiteiros; o excesso de mudanças e exigências por parte do cliente, que podem implicar

mudanças na distribuição dos trabalhos, ou a paragem dos mesmos, e assim originar conflitos;

e o desacordo sobre algumas condições do contrato de projecto, e.g. responsabilidades e

relações entre as partes, devido a falhas em documentos, cláusulas, ou tipos de contrato

inapropriados. Finalmente, quanto aos riscos externos foram definidos: a inconsistência das

políticas, leis e regras, as limitações à importação, as restrições à repatriação de fundos, as

flutuações da economia, a taxa de câmbio, a inflação, os problemas de segurança, a barreira

linguística, as diferenças sociais, culturais e religiosas, a desordem social, as circunstâncias de

força maior e a poluição.

Posteriormente Shen et al. (2001) elaboraram uma lista de potenciais riscos associados às joint

ventures entre empresas chinesas e estrangeiras no mercado de construção chinês. Estes

riscos foram divididos em seis categorias consoante a sua natureza: financeiros, legais, de

gestão, de mercado, políticos e técnicos. Os riscos financeiros incluem: a falência do parceiro;

as dificuldades de conversão da moeda local; as perdas devidas às flutuações da inflação, da

taxa de juro e da taxa de câmbio; e a baixa credibilidade dos accionistas e credores. Já os

riscos legais são: a quebra de contratos por parte do parceiro ou de outra entidade participante

no projecto, o incumprimento das decisões judiciais, as perdas devidas à falta de leis para joint

ventures, e as incertezas e injustiças que podem ocorrer nos tribunais. Quanto aos riscos de

gestão foram identificados: a mudança da estrutura organizativa do parceiro local; a

inadequação do estudo de viabilidade, da orçamentação ou do planeamento do projecto; a

selecção inadequada da localização ou do tipo de projecto; a escolha desajustada do parceiro;

a constituição de uma estrutura organizacional desadequada para o projecto em causa; a

incompetência da equipa de gestão do projecto; as lacunas nos termos do contrato com o

parceiro; o aumento das despesas gerais de gestão de projectos; as más relações e conflitos

com o parceiro; as más relações com as entidades governamentais; os problemas associados

às diferenças culturais e os atrasos do projecto. No que respeita aos riscos de mercado foram

encontrados: a concorrência de outros projectos semelhantes, a falta de lucros esperados

devida a uma utilização do projecto abaixo do previsto, o aumento do preço de instalações

acessórias, o aumento dos custos de mão-de-obra e de materiais, o aumento dos custos de

Page 43: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

25

deslocalização, a inadequação das previsões da procura no mercado, o proteccionismo local e

as injustiças nos concursos. Como riscos políticos estes autores apresentam o aumento de

custos devidos a mudanças nas regras e leis; e as perdas devidas à corrupção, ao suborno, a

mudanças políticas e ao excesso de burocracias. Finalmente, os riscos técnicos são: os

acidentes de trabalho, as alterações de projecto, as falhas de equipamento, os erros nas peças

desenhadas do projecto, os perigos das regulações ambientais, a incompetência dos meios de

transporte, o aumento das despesas de estaleiro, os conflitos laborais, a incompetência e a

baixa credibilidade das empresas locais, a escassez de materiais, a obsolescência das

máquinas, a fraca qualidade dos materiais ou dos equipamentos adquiridos, os problemas

devidos a métodos de trabalho diferentes dos do parceiro, a escassez de mão-de-obra

qualificada ou de equipamentos, as faltas de água, gás e electricidade, a baixa credibilidade

dos subempreiteiros, o desconhecimento das condições do local da obra e do clima e as

circunstâncias de força maior.

Mais tarde, Walker e Johannes (2003) observaram os seguintes riscos no seu estudo sobre as

joint ventures em Hong Kong: a herança dos problemas financeiros do parceiro, as

divergências sobre normas de contabilidade, a desconfiança entre os funcionários dos

parceiros, as mudanças de política nas empresas-mãe que podem afectar o desenrolar do

projecto, a falta de competências de gestão, os desacordos sobre a distribuição do pessoal dos

diferentes parceiros pelos cargos da equipa de projecto, as divergências sobre a distribuição

dos trabalhos entre os parceiros, os conflitos acerca de transferências de tecnologias, os

problemas que têm origem nas diferenças políticas e culturais que não são percebidas pelos

parceiros, e a possível implicação em actos de corrupção ou actividades ilícitas do parceiro.

Já Mohamed (2003) estudou os factores que afectam a performance das joint ventures

internacionais nos mercados da construção inglês e australiano. Este autor considerou

existirem dois grupos importantes de riscos que afectam a performance das joint ventures: os

riscos devidos às entidades governamentais do país de destino e os riscos relativos ao

projecto. Como riscos devidos às entidades governamentais o autor refere: as mudanças nas

políticas económicas e comerciais relativas ao investimento estrangeiro, a inconsistência ou

falta de leis e regulamentos apropriados, a expropriação, as flutuações das taxas de câmbio e

da inflação, a credibilidade, as demoras devido ao excesso de burocracias, a corrupção e os

subornos. Passando aos riscos relativos ao projecto foram mencionados os problemas de cash

flow do parceiro, as más relações entre as entidades participantes no projecto, a incompetência

de subempreiteiros e fornecedores, o desacordo em relação a condições do contrato, a

incapacidade de adaptação ao ambiente de negócios local, as diferenças culturais e as

tradições e a contratação de pessoal local com pouca ou nenhuma experiência.

No seguimento destes estudos, Hsueh et al. (2007) desenvolveram um modelo de avaliação de

risco multicritério destinado às empresas que pretendem adoptar joint ventures na China. Estes

autores classificaram os factores de risco segundo a divisão proposta por Bing et al. (1999):

internos, específicos ao projecto e externos. Além disso, dividiram cada uma destas categorias

Page 44: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

26

em duas subcategorias, perfazendo, assim, um total de seis subcategorias: os riscos internos

foram divididos em riscos oriundos da relação com o parceiro e em riscos respeitantes ao

passado do parceiro; os riscos específicos ao projecto foram separados em riscos referentes

às características do projecto, e em riscos relativos aos meios de apoio ao projecto e, por fim,

os riscos externos foram repartidos em riscos devidos a circunstâncias governamentais e riscos

atribuídos às condições do mercado. Quanto aos factores de risco propriamente ditos estes

autores adoptaram os factores sugeridos por Shen et al. (2001).

Já Zhang e Zou (2007) examinaram os riscos que afectam as joint ventures entre empresas

chinesas e estrangeiras pertencentes à indústria da construção chinesa. Para esta investigação

os autores adoptaram a mesma classificação utilizada por Bing et al. (1999). Portanto, para

riscos internos Zhang e Zou (2007) seleccionaram: a capacidade financeira do parceiro, a

desconfiança entre os parceiros, a incompetência do parceiro local, a interferência das

empresas-mãe de cada parceiro, as divergências em relação aos cargos ocupados dentro da

joint venture pelo pessoal de cada parceiro, o desacordo em relação à distribuição dos

trabalhos, as disputas devido a transferências de tecnologia, os conflitos internos entre as

partes, a inadequação da estrutura organizativa utilizada para o projecto, a falência do parceiro,

as más relações entre parceiros, e as mudanças na organização do parceiro local. Já para os

riscos específicos ao projecto foram escolhidos: os problemas de cash flow do cliente, os

atrasos no projecto, a incompetência de subempreiteiros e fornecedores, o excesso de

alterações ao projecto por parte do cliente, as lacunas nos termos do contrato, o desacordo em

relação a algumas condições do contrato, as deficiências no planeamento de projecto e na

orçamentação, as intervenções inadequadas do cliente na fase de construção, os problemas

técnicos imprevistos na construção, e a incompetência da equipa de gestão de projecto. Por

fim, os autores identificaram como riscos externos: os aumentos de custos devidos a

mudanças políticas, o excesso de burocracias, a flutuação da economia, a taxa de câmbio, as

circunstâncias de força maior e a desordem social, a inflação, as restrições às importações e o

proteccionismo local, os problemas de segurança, os acidentes de trabalho, a barreira

linguística, as dificuldades de repatriação de capitais, as diferenças sociais, culturais e

religiosas, a poluição, as perdas devido à corrupção, a expropriação, as más relações com

entidades governamentais e as faltas de água, gás e electricidade.

Mais recentemente, Akintoye e Main (2008) elaboraram uma lista de riscos, que podem afectar

as relações colaborativas na construção, composta pelos seguintes factores: falta de confiança

devido a abusos ou quebras da mesma; complacência perante situações de excesso de

familiaridade, de falhas em honrar acordos, ou de falta de empenho; dependência devida à

perda de controlo, ou a uma interdependência excessiva; exploração ou aproveitamento do

parceiro; aumento de custos indirectos, de transacção e de capital; choque ou interferência

entre culturas empresariais; baixa performance a nível de tempo, custos e proveitos; diferenças

ou mudanças de objectivos; má gestão devida à falta de apoio da gestão de topo ou a más

decisões; dispersão do enfoque na utilização das capacidades principais de cada empresa, que

Page 45: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

27

pode levar à redução de competitividade e de proveitos; injustiças ou diferenças nos lucros de

cada parceiro; factores humanos como a falta de trabalho de equipa, mudanças de pessoal,

políticas de colocação de pessoal, ou perdas de elementos importantes; falta de entendimento

das tarefas de cada parte envolvida; fraca gestão de risco, através de distribuição ou partilha

de risco inadequada; divulgação de vantagens competitivas ou de informações sensíveis;

escolha de um parceiro inadequado, devido por exemplo a uma falta de capacidade ou de

experiência; aumento de recursos, e.g. pessoal, custos, reuniões, etc.; insolvência ou mudança

de propriedade da empresa parceira; incapacidade de chegar a acordo acerca de questões

financeiras; défice de inovação, que pode levar a falta de capacidades; diminuição da

vantagem competitiva, que pode levar à redução de oportunidades e à erosão da relação;

perda de reputação, devido a erros ou complicações do parceiro; falta de comunicação e de

controlo da informação; falta de apoio entre parceiros; conflitos acerca dos termos contratuais;

e atitude inflexível, ou seja, relutância em operar mudanças ou adaptações aos procedimentos.

Nesta dissertação optou-se por dividir os riscos segundo a classificação utilizada por Bing et al.

(1999), ou seja, riscos internos, relativos ao projecto e externos, pois esta é a mais simples e a

mais utilizada nos trabalhos já citados. Nos quadro 4, 5 e 6 apresenta-se um resumo dos riscos

mais importantes apresentados nesta secção, divididos segundo a classificação mencionada, e

a indicação dos autores que os referiram nos seus trabalhos.

Quadro 4 - Resumo dos riscos internos

Bin

g e

t al., 1

999

She

n e

t al., 20

01

Moha

me

d, 2

003

Wa

lker

e

Johann

es, 20

03

Hsueh e

t a

l., 2

007

Zhang e

Zo

u, 2

007

Akin

toye e

Ma

in,

2008

Problemas financeiros do parceiro x x x x x x x

Interferência das empresas-mãe de ambos os parceiros

x x

x

Fuga indesejada de informação, conhecimento ou tecnologia

x

Desacordo em relação à política de colocação de pessoal

x x

x x

Divergências em relação à distribuição dos trabalhos

x x

x

Interferência entre os métodos de trabalho dos parceiros

x x x

Desconfiança entre parceiros x x x x x x

Diferenças culturais entre os parceiros x x

Desacordo ou lacunas nas condições do contrato x x x

Perda de controlo ou interdependência excessiva x

Page 46: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

28

Quadro 5 - Resumo dos riscos relativos ao projecto

Bin

g e

t al., 1

999

She

n e

t al., 20

01

Moha

me

d, 2

003

Wa

lker

e

Johann

es, 20

03

Hsueh e

t a

l., 2

007

Zhang e

Zo

u, 2

007

Akin

toye e

Ma

in,

2008

Problemas de cash flow do cliente x

x

Escassez de subempreiteiros e fornecedores competentes e financeiramente estáveis

x x x x x

Excesso de alterações ao projecto por parte do cliente

x x x x

Incompetência técnica do parceiro x x x x x x

Acidentes de trabalho x x x

Escassez de recursos humanos com as qualificações necessárias

x x x

Restrições à contratação de pessoal estrangeiro

Escassez de equipamentos e materiais com a qualidade exigida

x x

Erros nas peças desenhadas do projecto x x

Quadro 6 - Resumo dos riscos externos

Bin

g e

t al., 1

999

She

n e

t al., 20

01

Moha

me

d, 2

003

Wa

lker

e

Johann

es, 20

03

Hsueh e

t a

l., 2

007

Zhang e

Zo

u, 2

007

Akin

toye e

Ma

in,

2008

Inconsistência de políticas, leis, normas e regulamentos

x x x x

Restrições às importações e proteccionismo local x x x

Restrições à repatriação de lucros x x

Flutuações das taxas de câmbio, de inflação e de juros

x x x x

Problemas de segurança x x

Diferenças sociais, culturais e religiosas x x x x

Circunstâncias de força maior e desordem social x x x

Corrupção e suborno x x x

Faltas de água, gás e electricidade x x

Dificuldades burocráticas e demoras na aprovação de projectos e licenças

x x x

Page 47: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

29

2.5.5 Factores de Sucesso

Tendo em vista o sucesso das parcerias têm de ser satisfeitos alguns requisitos. Primeiro é

importante que todas as partes envolvidas na parceria estejam plenamente empenhadas nesta,

e que haja um clima de confiança entre as partes. Depois é necessário que cada parceiro

tenha um papel bem definido dentro da parceria, e que cada um perceba bem quais são as

suas tarefas dentro da equipa. Além disso, as organizações devem ser flexíveis, e promover a

comunicação entre as partes, nomeadamente ao nível da gestão de topo, de forma a facilitar

as relações, e a aumentar a eficiência na execução das actividades da parceria. Finalmente, é

também necessário que todos os parceiros estejam dispostos a resolver em conjunto os

conflitos que, naturalmente, acabam por surgir, encontrando soluções benéficas para todos

(Akintoye e Main, 2008).

Segundo Glaister e Buckley (1997), as joint ventures têm maior probabilidade de ser bem-

sucedidas quando os parceiros possuem missões, recursos e capacidades de gestão

complementares, que potenciam a adaptação estratégica e a igualdade de poder de

negociação entre os parceiros. Como tal, o reconhecimento das necessidades da empresa, e a

escolha de um parceiro adequado que preencha essas necessidades, são muito importantes

para o sucesso das joint ventures.

Bing e Tiong (1999) elaboraram um conjunto de medidas de gestão para mitigar os riscos que

podem afectar as joint ventures nos mercados de construção internacionais. Estas medidas

deram então origem a factores de sucesso para as joint ventures. Neste estudo, os factores de

sucesso foram divididos consoante a fase do ciclo de vida da joint venture a que se aplicam.

Para a fase de formação da joint venture os factores de sucesso referidos são: a selecção de

um parceiro adequado, que tenha objectivos compatíveis, e que preencha as necessidades da

joint venture; a elaboração de um bom acordo em que a distribuição de lucros e perdas, as

tarefas e as responsabilidades de cada parceiro, a estrutura organizativa de gestão e controlo,

e os mecanismos de decisão estejam bem definidos; a formulação de políticas de pessoal

correctas, e.g. a selecção de pessoal eficiente, capacitado e empenhado; e a adopção de uma

estrutura operacional apropriada, que contemple uma distribuição de trabalhos entre parceiros

de acordo com as capacidades de cada um. Já para a fase de operação da joint venture os

factores de sucesso escolhidos são: a selecção de subempreiteiros e fornecedores experientes

e adequados às necessidades da joint venture; a realização de um contrato justo com o cliente,

que defina as obrigações e responsabilidades dos intervenientes; a criação e manutenção de

boas relações e de canais de comunicação com os parceiros, as autoridades governamentais

locais e os outros intervenientes no projecto, de maneira a obter as ajudas e apoios

necessários à realização do projecto; e a resolução conjunta de problemas, de forma a

satisfazer todas as partes.

Page 48: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

30

Posteriormente, Munns et al. (2000) estudaram as práticas de gestão nas joint ventures

internacionais dos novos países da antiga União Soviética. Neste estudo os autores

consideraram quatro factores críticos para o sucesso das joint ventures internacionais: a

comunicação entre os parceiros, sem a qual a eficiência da joint venture fica comprometida; a

selecção de um parceiro adequado, que tem influência nas competências e recursos ao serviço

da joint venture, e nos procedimentos de operação desta; a cooperação, que é construída a

partir de experiências de trabalho positivas que levam ao aumento de confiança entre os

parceiros; e, finalmente, a compatibilidade cultural, que com o passar do tempo gera a

compreensão mútua, e permite o compromisso e o empenhamento dos parceiros em relação à

joint venture.

Mais tarde, Mohamed (2003) estudou os factores que afectam a performance das joint ventures

internacionais nos mercados da construção inglês e australiano. De acordo com este autor, a

escolha de um parceiro adequado é um factor vital para o sucesso das joint ventures. Após

esta escolha segue-se a fase de formação da joint venture, e, posteriormente, a fase de

operação desta, sendo que cada uma destas fases contem diversos factores críticos para o

sucesso da joint venture. Para a fase de formação o autor definiu como factores críticos de

sucesso: a capacidade de negociação, a distribuição de lucros e perdas, a clareza das

contribuições de cada parceiro, a política de controlo e de tomada de decisões, a clareza na

partilha de riscos e responsabilidades, a composição do órgão de tomada de decisão, e os

procedimentos de resolução de conflitos. Depois para a fase de operação os factores críticos

de sucesso escolhidos foram a confiança mútua, o empenhamento, a abertura, a cooperação,

a comunicação e troca de informações, a capacidade de lidar com as diferenças culturais,

éticas e linguísticas e a compatibilidade dos estilos de gestão.

Já Walker e Johannes (2003) estudaram os factores críticos de sucesso para as joint ventures

em Hong Kong. Estes autores observaram que o empenhamento dos funcionários, e a

confiança entre eles, são dois factores fundamentais para o sucesso das joint ventures. Além

disso, notaram também que o desenvolvimento de competências como a compreensão da

diversidade cultural, ou a capacidade de interacção com outras culturas, são essenciais para

ultrapassar os problemas que têm origem nas diferenças culturais entre parceiros. Finalmente,

estes autores consideraram ainda que o equilíbrio de poder entre os parceiros e o

desenvolvimento de um sistema de resolução de conflitos são também factores críticos de

sucesso.

Posteriormente, Gale e Luo (2004) investigaram os factores críticos de sucesso na fase de

formação das joint ventures entre parceiros chineses e estrangeiros, integradas no mercado de

construção chinês. Para estes autores entre estes factores incluem-se: a obtenção de

informação adequada acerca dos potenciais parceiros antes da negociação, e.g. qualificações,

tamanho, reputação, experiência, condição financeira, e a quota de mercado doméstico e

internacional; a selecção do parceiro adequado; a identificação clara dos objectivos do

parceiro, que devem ser complementares ou compatíveis; a criação de um compromisso de

Page 49: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

31

longo prazo com o parceiro, em vez da procura de lucro a curto prazo; a realização de um

acordo de joint venture claro e inequívoco, que inclua os direitos e obrigações de cada

parceiro, a distribuição de proveitos, e o método de resolução de conflitos, de forma a evitar

ambiguidades nestes aspectos; a compatibilidade entre as culturas de gestão dos parceiros,

que devem adoptar atitudes flexíveis e aprender os valores culturais do parceiro; o controlo da

participação de capital maioritária; e a confiança mútua entre os parceiros, que permite

desbloquear progressivamente o acesso a todos os recursos, conhecimentos e tecnologias dos

parceiros.

De acordo com Eren (2007) os factores críticos de sucesso das parcerias efectuadas pelas

empresas de construção turcas são: a complementaridade e partilha dos recursos dos

parceiros, e.g. conhecimento, tecnologia, informação, competências técnicas específicas, mão-

de-obra e capital; o apoio e empenhamento da gestão de topo na parceria desde a sua fase de

formação, de modo a fomentar o espírito de equipa necessário; a criação de confiança mútua

entre os parceiros, que permite aumentar os níveis de cooperação, comunicação e partilha de

informações, melhorar a adaptabilidade entre os parceiros e reduzir os conflitos; a construção

de uma relação de longo prazo entre os parceiros, por forma a conseguirem alcançar os

objectivos individuais de cada parceiro e ainda os que são comuns a ambas as partes,

afastando assim o receio de comportamentos oportunistas; a coordenação eficaz entre as

tarefas dos parceiros, a partir da partilha de informações sobre o projecto; o estabelecimento

de uma comunicação aberta, honesta, suficiente e eficaz; a resolução conjunta de conflitos, de

forma a encontrar soluções benéficas para ambos os parceiros; a definição clara das

responsabilidades e deveres da cada parceiro, desde o início da parceria; a distribuição justa e

inequívoca de riscos e proveitos; a adopção de uma atitude de procura de benefício mútuo, que

fomente o aumento da competitividade de todos os parceiros; a organização de workshops

sobre cooperação para o pessoal de todos os parceiros, de forma a fomentar os valores

necessários a uma colaboração eficaz dentro da parceria; e a avaliação regular da parceira e

da sua performance, tendo em vista a sua melhoria contínua.

Ozorhon et al. (2007) estudaram o impacto das condições do país de destino e das

características do projecto, na performance das joint ventures internacionais das empresas de

construção turcas. Quanto às características do projecto estes autores sugerem que para as

empresas de construção terem sucesso nas suas joint ventures devem assegurar-se que o

contrato e o projecto de execução se encontram completos e bem definidos desde o início; que

as responsabilidades e deveres de cada parceiro estão especificadas desde o início; que a

equipa de gestão do projecto tem as competências necessárias para executar o projecto de

forma eficiente; que as outras entidades envolvidas no projecto têm as competências

necessárias; que são criadas boas relações com todas as entidades envolvidas no projecto;

que o cliente é flexível, tolerante e bom pagador; que a joint venture possui as tecnologias e as

competências técnicas necessárias para lidar com a complexidade técnica do projecto; que o

projecto é efectuado segundo as normas de qualidade, saúde, segurança e ambiente exigidas;

Page 50: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

32

que a localização do projecto é adequada; e que os recursos necessários à operação da joint

venture estão disponíveis. Já as condições do país de destino que influenciam positivamente o

sucesso das joint ventures são a estabilidade política, macroeconómica e as boas relações

com o governo local.

Mais recentemente, Ozorhon et al. (2008) estudaram os factores associados ao parceiro que

condicionam o sucesso das joint ventures internacionais. Segundo estes autores a selecção de

um parceiro adequado do ponto de vista estratégico, organizacional e cultural e a construção

de boas relações entre os parceiros, são factores que conduzem ao sucesso das joint ventures

internacionais. Já o sucesso das referidas relações entre os parceiros baseia-se no

empenhamento dos parceiros em fazerem todos os esforços em prol do sucesso a longo prazo

da joint venture, em detrimento de vantagens individuais de curto prazo; na comunicação entre

os parceiros, que permite a total compreensão dos objectivos e competências de cada um e a

partilha de informações necessária ao funcionamento eficiente da joint venture; na cooperação,

que é necessária para ultrapassar mal entendidos e dificuldades de coordenação, devidas a

práticas de gestão distintas; na resolução de conflitos através de soluções benéficas para todas

as partes, evitando que surjam mais conflitos que possam colocar em causa o sucesso das

joint ventures; nas experiências de cooperação prévia entre os parceiros, que possibilitam um

clima de maior abertura e estabilidade entre os parceiros; e na confiança entre os parceiros,

que conduz a uma maior adaptabilidade entre estes, a mais transferência de conhecimentos e

à partilha de mais informação.

Finalmente, Akintoye e Main (2008) estudaram os factores de sucesso das relações

colaborativas na óptica dos empreiteiros ingleses. Segundo estes autores os factores de

sucesso são os seguintes: objectivos claros, comuns, alcançáveis e que sejam benéficos para

todas as partes; confiança baseada em valores como a honestidade, franqueza, integridade e

abertura; colaboração e coesão; comunicação e consulta entre parceiros; partilha de riscos e

de ganhos; distribuição de tarefas, definição de responsabilidades, objectivos e planeamento

claros e inequívocos; estabelecimento de boas relações estratégicas de longo prazo; obtenção

de sucesso financeiro, e.g. lucros e retorno adequados, custos reduzidos, controlo orçamental,

etc.; compatibilidade entre culturas empresariais; complementaridade técnica entre parceiros;

empenhamento da gestão de topo e de todos os funcionários; compreensão clara das funções

e tarefas de cada parceiro; profissionalismo e experiência do pessoal seleccionado; inovação,

transferência de conhecimentos e obtenção de capacidades específicas; benchmarking revisto

e avaliado regularmente; envolvimento e cooperação na parceria desde o início; partilha e

compatibilidade dos recursos de cada parceiro; abordagem flexível à parceria e às adaptações

necessárias; igualdade de benefícios e responsabilidades; resolução conjunta de problemas;

liderança forte; estrutura de gestão conjunta e bem definida, que tome decisões aceites pelos

vários parceiros; definição de procedimento de resolução de conflitos; sistema de tecnologias

de informação adequado; e acordo contratual simples, sensato e completo.

Page 51: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

33

Nesta dissertação optou-se por distinguir os factores de sucesso consoante a fase do ciclo de

vida das parcerias locais a que se aplicam, dado que esta classificação foi utilizada em quase

todos os trabalhos citados. Nos quadro 7 e 8 apresenta-se um resumo dos factores de sucesso

mais importantes apresentados nesta secção, divididos segundo a classificação mencionada, e

a indicação dos autores que os referiram nos seus trabalhos.

Quadro 7 - Resumo dos factores de sucesso na fase de formação

Gla

iste

r e B

uckle

y,

1997

Bin

g e

Tio

ng,

199

9

Munns e

t a

l.,

200

0

Moha

me

d, 2

003

Wa

lker

e

Johann

es, 20

03

Gale

e L

uo, 2

004

Ere

n,

200

7

Ozorh

on e

t al.,

2007

Akin

toye e

Ma

in,

2008

Ozorh

on e

t al.,

2008

Definição inequívoca de responsabilidades e planeamento de tarefas

x x x x x x

Selecção de um parceiro adequado x x x x x x

Elaboração de um acordo completo, simples e inequívoco

x x x

Distribuição justa de riscos e proveitos

x x x x x

Desenvolvimento de um sistema de resolução de conflitos

x x x x

Constituição de uma estrutura organizativa de gestão e controlo bem definida

x x x

Contratação de pessoal experiente e qualificado

x x x

Definição de objectivos e estratégias de acção no mercado

x x x x x

Estabelecimento de relações estratégicas de longo prazo

x x x

Page 52: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

34

Quadro 8 - Resumo dos factores de sucesso na fase de operação

Gla

iste

r e B

uckle

y,

1997

Bin

g e

Tio

ng,

199

9

Munns e

t a

l.,

200

0

Moha

me

d, 2

003

Wa

lker

e

Johann

es, 20

03

Gale

e L

uo, 2

004

Ere

n,

200

7

Ozorh

on e

t al.,

2007

Akin

toye e

Ma

in,

2008

Ozorh

on e

t al.,

2008

Confiança mútua entre os parceiros x x x x x x x

Empenhamento da gestão de topo e

de todos os funcionários x x x x x x x

Desenvolvimento de um clima de

cooperação, flexibilidade e abertura

entre os parceiros

x x x x x x

Comunicação eficaz e partilha de

informações x x x x x x

Adopção de uma atitude de procura

de benefício mútuo x x

Partilha dos recursos necessários às

operações x x x

Capacidade de lidar com as

diferenças culturais, éticas e

linguísticas

x x x x x

Avaliação regular da performance da

parceria x x

Coordenação eficaz entre as tarefas

dos parceiros x

Transferência de conhecimentos e

capacidades específicas entre os

parceiros

x x

Page 53: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

35

3. Metodologia

3.1 Fases da Metodologia

A metodologia adoptada nesta dissertação está dividida em sete fases.

Em primeiro lugar, foi necessário efectuar uma revisão bibliográfica sobre o sector da

construção em Portugal, os modos de entrada em mercados externos, as características das

parcerias internacionais na construção, as motivações que levam as empresas a adoptar estas

parcerias, os critérios de selecção de parceiros em mercados internacionais da construção, os

riscos envolvidos em parcerias internacionais na construção e os factores de sucesso destas.

Depois seleccionou-se um conjunto de modos de entrada, características, motivações, critérios

de selecção, riscos e factores de sucesso que se aplicam à gestão das parcerias locais das

empresas de construção portuguesas em mercados internacionais, já apresentados nos

quadros 1 a 8.

Em seguida elaborou-se um inquérito com base na informação recolhida nos dois pontos

anteriores, que tinha como objectivos principais a caracterização dos processos de

internacionalização das empresas de construção portuguesas, a caracterização das parcerias

locais efectuadas nesses mesmos processos de internacionalização e a identificação dos

factores mais importantes na gestão dessas parcerias.

Seguidamente efectuou-se uma entrevista-teste com o intuito de recolher a opinião de alguém

pertencente à indústria da construção sobre o inquérito elaborado, e assim proceder-se à

validação do mesmo.

Posteriormente realizaram-se entrevistas a gestores de topo de empresas de construção

portuguesas presentes em mercados internacionais, utilizando como base o inquérito já

referido.

Na penúltima fase, analisaram-se os resultados obtidos através das entrevistas, tendo sido

utilizadas para esse efeito diversas técnicas de análise estatística.

Por fim, procedeu-se à discussão dos resultados e elaboraram-se as conclusões do estudo,

recorrendo aos resultados obtidos e à sua análise estatística.

3.2 Hipóteses de Pesquisa

Com o intuito de responder à problemática já definida foram formuladas as seguintes

hipóteses:

Page 54: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

36

Hipótese 1: A dimensão total das empresas está relacionada com a sua dimensão

internacional.

Hipótese 2: A dimensão total das empresas está relacionada com o peso da sua actividade

internacional no seu volume de negócios total.

Hipótese 3: A dimensão internacional das empresas está relacionada com a sua experiência

em mercados internacionais.

Hipótese 4: É possível identificar os modos de entrada, em mercados internacionais, mais

utilizados pelas empresas.

Hipótese 5: É possível identificar os timings de utilização das parcerias mais utilizados pelas

empresas nos seus processos de internacionalização.

Hipótese 6: É possível identificar as características que definem as parcerias locais

normalmente efectuadas pelas empresas.

Hipótese 7: As características que definem as parcerias locais variam consoante o tipo de

parceria local preferido.

Hipótese 8: O tipo de parceria local preferido pelas empresas varia consoante a sua dimensão

internacional.

Hipótese 9: É possível classificar as motivações de acordo com a sua importância para as

empresas.

Hipótese 10: A importância das motivações é independente da dimensão internacional das

empresas.

Hipótese 11: A importância das motivações é independente do tipo de parceria local preferido

pelas empresas.

Hipótese 12: É possível classificar os critérios de selecção consoante a sua importância para

as empresas.

Hipótese 13: A importância dos critérios de selecção é independente da dimensão internacional

das empresas.

Hipótese 14: A importância dos critérios de selecção é independente do tipo de parceria local

preferido pelas empresas.

Hipótese 15: É possível classificar os riscos de acordo com a sua importância para as

empresas.

Hipótese 16: A importância dos riscos é independente da dimensão internacional das

empresas.

Page 55: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

37

Hipótese 17: A importância dos riscos é independente do tipo de parceria local preferido pelas

empresas.

Hipótese 18: É possível classificar os factores de sucesso consoante a sua importância para as

empresas.

Hipótese 19: A importância dos factores de sucesso é independente da dimensão internacional

das empresas.

Hipótese 20: A importância dos factores de sucesso é independente do tipo de parceria local

preferido pelas empresas.

3.3 Elaboração do Inquérito

Primeiro importa salientar que os inquéritos foram todos administrados através de entrevistas

presenciais. Este tipo de procedimento foi escolhido por permitir obter maior qualidade na

informação recolhida.

Como tal foi adoptada uma mistura de perguntas abertas e fechadas, que permitiu ganhar

alguma profundidade e qualidade na informação obtida com as perguntas abertas, ao passo

que as perguntas fechadas facilitaram as análises estatísticas necessárias.

Na elaboração do inquérito foram tidas em conta algumas regras referidas por Hill e Hill (2008).

Segundo estes autores, é muito importante que todas as perguntas incluídas no inquérito

tenham um objectivo e sejam pertinentes, de modo a não aumentar o comprimento do inquérito

desnecessariamente, aumentando assim o risco de não cooperação dos respondentes. Hill e

Hill (2008) consideram também que é importante utilizar palavras e sintaxe simples, escrever

perguntas curtas, objectivas e neutras, de modo a não enviesar as respostas obtidas, e evitar

solicitar factos demasiado específicos ou sensíveis, para não diminuir a taxa de respostas.

Seguindo as indicações de Hill e Hill (2008) foi ainda feita uma introdução ao inquérito, de

modo a informar o respondente sobre a natureza e objectivos da investigação e a tentar obter a

sua máxima cooperação.

Com base na revisão bibliográfica sobre as parcerias locais de empresas de construção em

mercados externos foram seleccionadas as motivações, critérios de selecção, riscos e factores

de sucesso potencialmente mais importantes para as empresas portuguesas. Esta selecção foi

feita com base em dois critérios: a aplicabilidade do factor a empresas portuguesas e o número

de vezes que cada factor foi encontrado na literatura. Desta forma, obtiveram-se oito listas de

factores (quadros 1 a 8), que foram colocadas no inquérito com o intuito de serem avaliadas

através de uma escala de likert de 5 pontos. Foi escolhida esta escala porque é a mais

utilizada pela comunidade científica.

Page 56: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

38

O inquérito, presente no anexo A, foi dividido em oito partes: caracterização geral da

empresa/grupo, modos de entrada em mercados externos, parcerias locais, motivações de

parcerias locais, critérios de selecção de parceiros locais, características de parcerias locais,

factores de risco de parcerias locais e factores de sucesso de parcerias locais.

A primeira parte do inquérito tem cinco perguntas e serve para caracterizar o entrevistado e a

empresa onde este trabalha, permitindo, desta forma, efectuar uma caracterização adequada

da amostra.

Já a segunda parte é constituída por duas perguntas apenas e permite aferir qual o modo de

entrada preferido pela empresa para entrar em mercados externos.

Na parte seguinte é investigado, através de duas perguntas, se a empresa emprega parcerias

locais e se as considera uma boa estratégia dentro dos seus processos de internacionalização.

Na quarta parte procuram-se, através de uma pergunta aberta, as principais motivações que

levam à adopção de parcerias locais e ,em seguida, avalia-se a importância de 10 motivos

recorrendo a uma escala de likert de 5 pontos.

Seguidamente, na quinta parte são procurados os critérios de selecção de parceiros locais

fundamentais para a empresa, utilizando uma pergunta aberta e depois é avaliada a

importância de 19 critérios de selecção divididos em dois grupos, critérios relacionados com o

parceiro e critérios relacionados com a tarefa, recorrendo à mesma escala utilizada na quarta

parte.

A sexta parte é constituída por seis perguntas que permitem caracterizar as parcerias locais

efectuadas pela empresa.

Na sétima parte são procurados, através de uma pergunta aberta, os maiores riscos

encontrados pela empresa em mercados externos e depois é, mais uma vez, avaliada a

importância de 29 riscos divididos em três grupos, riscos internos, riscos relativos ao projecto e

riscos externos, recorrendo à mesma escala utilizada na quarta e quinta partes.

Por fim, na oitava parte são procurados, através de uma pergunta aberta, os factores de

sucesso cruciais para as parcerias locais efectuadas na internacionalização da empresa e, em

seguida, é novamente avaliada a importância de 19 factores de sucesso divididos em dois

grupos consoante a fase a que se aplicam, fase de formação da parceria ou fase de operação

da mesma, recorrendo à escala utilizada na quarta, quinta e sétima partes.

Importa ainda salientar que a pergunta aberta colocada no início da quarta, quinta, sétima e

oitava partes do inquérito cumpre uma função tripla: permitir que um ou outro factor importante

que não estivesse incluído nas listas de factores elaboradas fosse referido, confirmar a

pertinência dos factores escolhidos para essas mesmas listas, e possibilitar que eventuais

empates na importância de dois factores possam ser desfeitos, contabilizando o número de

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39

vezes que cada um desses factores é referido nas respostas dos entrevistados à pergunta

aberta. Portanto, de modo a que a pergunta aberta possa cumprir os seus propósitos, esta

primeira pergunta é sempre feita sem mostrar as listas de factores subsequentes, impedindo-se

assim que os entrevistados sejam influenciados.

3.4 Validação do Inquérito

Uma vez concluído, o inquérito foi validado em primeira instância pelo orientador. Depois

escolheu-se um entrevistado para uma entrevista-teste que fosse um gestor de topo com

experiência no sector da construção português e, também, em processos de

internacionalização de empresas de construção portuguesas. Com base nestes critérios

escolheu-se para a entrevista-teste o Eng. Nuno Pereira de Sousa, membro do conselho de

administração da empresa Alves Ribeiro, S.A.

Esta entrevista-teste serviu três propósitos: melhorar o inquérito através das sugestões de

alguém envolvido no negócio da construção, validar o inquérito, e estimar a duração da

entrevista. Como tal a entrevista-teste teve duas partes distintas. Na primeira parte foi

efectuado o inquérito-teste simultaneamente com a cronometragem. Já na segunda parte foi

perguntado ao entrevistado, por um lado, quais seriam as possíveis melhorias a introduzir nas

questões efectuadas e, por outro lado, se haveria questões em falta dentro do tema das

parcerias locais na internacionalização das empresas de construção portuguesas.

No final da primeira parte da entrevista-teste o feedback do entrevistado foi bom, ou seja, a

entrevista-teste estava bem estruturada, e as perguntas foram consideradas claras, simples e

adaptadas ao tema em estudo. Portanto, na segunda parte da entrevista-teste apenas foi

necessário afinar a formulação de uma ou outra pergunta, retirar uma pergunta menos

pertinente, e adicionar outras quatro mais interessantes para o estudo em causa. No

seguimento destas alterações o inquérito foi considerado validado.

Conforme foi referido, na primeira parte da entrevista-teste foi ainda feita a sua

cronometragem, para se poderem informar os futuros entrevistados sobre a duração desta. A

entrevista-teste durou cerca de 45 minutos.

Desta forma, os três propósitos da entrevista-teste foram integralmente cumpridos.

3.5 Definição da Amostra

Optou-se por realizar entrevistas presenciais semi-estruturadas, com base num inquérito, por

forma a permitir a obtenção de maior qualidade nas respostas, em detrimento da quantidade de

respostas, que seria mais fácil de obter enviando os questionários por correio electrónico. Esta

opção foi tomada devido ao facto do tema em estudo, ou seja, as parcerias locais em

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40

mercados internacionais, ser um tema recente, logo ainda pouco explorado em Portugal, e,

portanto, haver pouca informação sobre este, o que leva a uma maior necessidade de

informações detalhadas.

Como tal, seleccionaram-se as empresas de construção que têm sede em Lisboa, por forma a

permitir a realização de entrevistas presenciais, e que estão solidamente internacionalizadas,

ou seja, que estão implantadas em, pelo menos, um mercado externo, no qual têm um volume

de negócios consistente ano após ano.

Com base nesta selecção e nos contactos disponíveis foram realizadas treze entrevistas de 45

minutos, sendo este número o possível tendo em conta que não é fácil obter entrevistas com

gestores de topo das maiores empresas da indústria da construção nacional.

Os nomes das empresas ou grupos e os cargos desempenhados pelos entrevistados nas

respectivas empresas encontram-se no quadro 9. É ainda importante salientar que no caso de

empresas de construção pertencentes a grupos económicos, o entrevistado trabalhava na

empresa de construção mãe do grupo e a entrevista versava apenas sobre as empresas de

construção do grupo.

Quadro 9 - Identificação das empresas e dos entrevistados

Empresa/Grupo Cargo do Entrevistado

Alves Ribeiro, S.A. Director da Área Internacional

Armando Cunha, S.A. Administrador

Construtora do Tâmega, S.A. Director Comercial

Edifer Construções, S.A. Administrador

Mota-Engil Engenharia, S.A. Administrador

MSF Engenharia, S.A. Vice-Presidente do Conselho de Administração

OPWAY Engenharia, S.A. Administrador

Rui Ribeiro Construções, S.A. Presidente do Conselho de Administração

Seth - Sociedade de Empreitadas e Trabalhos Hidráulicos, S.A.

Presidente do Conselho de Administração

Tecnovia SGPS, S.A. Administrador

Teixeira Duarte - Engenharia e Construções, S.A.

Administrador

Tomás de Oliveira, Empreiteiros, S.A. Administrador

Zagope - Construções e Engenharia, S.A. Administrador

3.6 Realização das Entrevistas

As treze entrevistas foram realizadas entre dia 17 de Outubro de 2011 e dia 19 de Dezembro

de 2011 nas sedes das respectivas empresas, e duraram em média 45 minutos.

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41

3.7 Tratamento Estatístico dos Resultados

O tratamento estatístico dos dados recolhidos nas entrevistas foi feito recorrendo a dois

softwares informáticos: o Microsoft Excel 2010 e o IBM SPSS Statistics versão 20.

Recorreu-se ao Microsoft Excel para fazer os gráficos de distribuição das frequências relativas,

correspondentes à análise descritiva das variáveis qualitativas nominais e quantitativas.

Depois utilizou-se o IBM SPSS Statistics para fazer a análise descritiva das variáveis

qualitativas ordinais, através de tabelas que contêm a distribuição das frequências absolutas e

as seguintes estatísticas descritivas: média, desvio padrão, mínimo e máximo. Já para as

variáveis quantitativas usou-se, também, este mesmo software para calcular as estatísticas

descritivas mais comuns: média, desvio padrão, mínimo e máximo.

O IBM SPSS Statistics foi ainda utilizado para calcular os coeficientes de correlação ρ de

Spearman, os coeficientes de associação V de Cramer, os testes de hipóteses de Kruskal-

Wallis e os testes de hipóteses de Mann-Whitney U.

Nos ensaios de hipóteses há duas mutuamente exclusivas e exaustivas, a hipótese nula (H0) e

a hipótese alternativa (Ha). O erro tipo I, também designado por alfa (α) ou nível de significância

(sig.), é a probabilidade de rejeitar erradamente H0, isto é, a probabilidade de rejeitar H0

sabendo que H0 é verdadeiro (Pestana e Gageiro, 2008).

A hipótese nula é considerada verdadeira até prova em contrário. Tal significa que se o valor

do erro tipo I (sig.) do teste for menor ou igual ao erro escolhido pelo analista (p), rejeita-se a

hipótese nula e aceita-se a hipótese alternativa. Se o valor do erro tipo I associado ao teste

(sig.) for maior que o escolhido pelo analista (p), não se rejeita a hipótese nula (Pestana e

Gageiro, 2008).

Para a análise estatística efectuada nesta dissertação, definiu-se um erro de tipo I (p) igual a

0,05. Como tal para valores de sig. < p = 0,05 as hipóteses alternativas são consideradas

estatisticamente significativas.

3.7.1 Coeficiente de Correlação ρ de Spearman

O coeficiente ρ de Spearman foi utilizado para medir a intensidade da relação entre variáveis

quantitativas.

Este coeficiente aplica-se a variáveis ordinais ou quantitativas, e usa, em vez do valor

observado, apenas a ordem das observações. Deste modo, este coeficiente não é sensível a

assimetrias na distribuição, nem à presença de outliers, não exigindo, portanto, que os dados

provenham de duas populações normais (Pestana e Gageiro, 2008).

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42

O coeficiente ρ de Spearman varia entre -1 e 1. Quanto mais próximo estiver destes extremos,

maior será a associação linear entre as variáveis. O sinal negativo da correlação significa que

as variáveis variam em sentido contrário, isto é, a valores mais elevados de uma variável estão

associados a valores mais baixos de outra variável. Um coeficiente igual a 0 significa que não

existe relação linear entre as variáveis (Pestana e Gageiro, 2008).

As hipóteses do teste de independência são as seguintes:

H0 = As variáveis são independentes;

Ha = Existe relação entre as variáveis.

Foram ainda feitas tabelas de contingência para explicar a relação entre as variáveis

quantitativas que apresentam correlações estatisticamente significativas.

3.7.2 Coeficiente de Associação V de Cramer

O coeficiente V de Cramer foi utilizado para medir a intensidade da associação entre variáveis

nominais.

Esta medida de associação, aplicável a variáveis nominais, baseia-se nas estatísticas do Qui-

Quadrado, e o seu valor varia entre 0 e 1, sendo que o valor 0 indica a ausência de relação

entre as variáveis, enquanto que o valor 1 assinala uma relação perfeita entre estas. Do

mesmo modo, valores baixos indicam uma pequena associação entre as variáveis, ao passo

que os valores elevados indicam uma grande associação entre estas (Pestana e Gageiro,

2008).

Nos testes do Qui-Quadrado, os valores esperados para todas as células são comparados com

os respectivos valores observados para se inferir sobre a relação existente entre as variáveis.

Se as diferenças entre os valores observados e esperados não se consideram

significativamente diferentes, as variáveis são independentes, ou seja, o valor do teste

pertence à região de aceitação. Caso contrário, rejeita-se a hipótese de independência, ou

seja, o valor do teste pertence à região crítica (Pestana e Gageiro, 2008).

As hipóteses do teste de independência são as seguintes:

H0 = As variáveis são independentes;

Ha = Existe relação entre as variáveis.

Foram ainda feitas tabelas de contingência para explicar a relação entre as variáveis nominais

que apresentam associações estatisticamente significativas.

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43

3.7.3 Teste de Kruskal-Wallis

O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para investigar a igualdade, ou a diferença, entre os

comportamentos de três grupos de casos para variáveis ordinais.

Este é um teste não paramétrico para três ou mais amostras independentes, aplicável a

variáveis de nível pelo menos ordinal, que permite ver se existe um parâmetro de localização

comum a todas as populações, ou, se pelo menos uma das populações tende a apresentar

valores superiores, ou inferiores, às outras. O teste de Kruskal-Wallis baseia-se na soma das

ordens dos grupos combinados por ordem crescente (Pestana e Gageiro, 2008).

As hipóteses do teste de Kruskal-Wallis são as seguintes:

H0 = As k distribuições têm o mesmo parâmetro de localização;

Ha = Pelo menos uma das k populações tem um parâmetro de localização superior ou inferior

ao das outras.

Foram ainda feitas tabelas de análise das diferenças entre casos quando estes apresentam

diferenças estatisticamente significativas.

3.7.4 Teste de Mann-Whitney U

O teste de Mann-Whitney U foi utilizado para investigar a igualdade, ou a diferença, entre os

comportamentos de dois grupos de casos para variáveis ordinais.

Este é um teste não paramétrico para duas amostras independentes, aplicável a variáveis de

nível pelo menos ordinal, que compara o centro de localização dessas duas amostras, como

forma de detectar diferenças entre as duas populações correspondentes, ou de confirmar a

homogeneidade entre estas duas populações. Em vez de se basear em parâmetros da

distribuição normal como a média e a variância, o teste de Mann-Whitney U baseia-se nas

ordenações da variável (Pestana e Gageiro, 2008).

As hipóteses do teste de Mann-Whitney U são as seguintes:

H0 = As duas populações são iguais em tendência central;

Ha = As duas populações não são iguais em tendência central.

Foram ainda feitas tabelas de análise das diferenças entre casos quando estes apresentam

diferenças estatisticamente significativas.

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44

4. Apresentação dos Resultados

4.1 Caracterização dos Entrevistados

Com o intuito de caracterizar os entrevistados procurou saber-se quais eram as funções

desempenhadas por estes nas empresas de construção onde trabalham, e qual a sua

experiência na indústria da construção.

Gráfico 1 - Distribuição dos entrevistados por função desempenhada

Conforme se pode observar no gráfico 1, a maioria dos entrevistados ocupam posições de topo

nas suas empresas: 61,5% são administradores, 7,7% são vice-presidentes do conselho de

administração e 15,4% são presidentes do conselho de administração.

Gráfico 2 - Distribuição dos entrevistados por anos na indústria da construção

15,4%

7,7%

61,5%

7,7% 7,7%

Presidente doConselho deAdministração

Vice-Presidente doConselho deAdministração

Administrador

Director da ÁreaInternacional

Director Comercial

7,7%

46,1% 30,8%

15,4% < 10 anos (0%)

10 - 19 anos

20 - 29 anos

30 - 39 anos

≥ 40 anos

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45

Já quanto à experiência dos entrevistados constata-se, a partir do gráfico 2, que 92,3% dos

entrevistados têm pelo menos 20 anos de experiência na indústria da construção. Com efeito a

experiência média é de 28 anos, sendo a experiência mínima de 15 anos, conforme se pode

confirmar no Anexo B.

4.2 Caracterização das Empresas de Construção

4.2.1 Dimensão

Para caracterizar a dimensão das empresas de construção foi perguntado aos entrevistados

quais tinham sido os volumes de negócios nacional e internacional das suas empresas em

2010, e a partir destes valores foram deduzidos os volumes de negócios totais também no ano

de 2010.

Gráfico 3 - Distribuição das empresas por volume de negócios total em 2010

O gráfico 3 permite constatar que quase metade das empresas presentes neste estudo tiveram

um volume de negócios total superior ou igual a 400 milhões de euros em 2010. Em

contraponto 38,5% das empresas tiveram um volume de negócios total inferior a 200 milhões

de euros no mesmo período. As estatísticas descritivas desta variável (Anexo B) confirmam a

dispersão de resultados, pois o desvio padrão é de 341,40 milhões de euros, o volume de

negócios mínimo está em 32 milhões de euros e o máximo em 1168 milhões de euros.

Já no que respeita ao volume de negócios internacional, também em 2010, pode observar-se

no gráfico 4 que 53,8% das empresas de construção apresentaram menos de 100 milhões de

euros. No entanto houve também 23,1% das empresas a facturar pelo menos 200 milhões de

euros em mercados externos no período referido. Tal como para o volume de negócios total, as

estatísticas descritivas do volume de negócios internacional (Anexo B) reflectem uma grande

38,5%

15,4%

46,1%

< 200 M€

200 - 399 M€

≥ 400 M€

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dispersão nos valores observados: o desvio padrão é de 216,96 milhões de euros, o valor de

negócios internacional mínimo cifra-se em 7 milhões de euros e o máximo em 677 milhões de

euros.

De notar ainda que a dimensão internacional e a dimensão total das empresas de construção,

referidas mais à frente, são determinadas, respectivamente, pelos volumes de negócios

internacional e total destas.

Gráfico 4 - Distribuição das empresas por volume de negócios internacional em 2010

Foi ainda calculada a percentagem de volume de negócios realizado em mercados externos

em 2010, a partir dos valores já apresentados dos volumes de negócios totais e internacionais.

Gráfico 5 - Distribuição das empresas por peso da actividade internacional no volume de negócios

total em 2010

53,8%

23,1%

23,1%

< 100 M€

100 - 199 M€

≥ 200 M€

7,7%

53,8%

23,1%

7,7% 7,7%

< 20 %

20 - 39 %

40 - 59 %

60 - 79 %

≥ 80 %

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47

Conforme se pode perceber, a partir do gráfico 5, para 53,8% das empresas representadas

nesta dissertação o volume de negócios internacional representa 20 a 39% do volume de

negócios total, no período de 2010. O escalão 40 a 59% também tem alguma importância, visto

que contabiliza 23,1% das empresas de construção. Já o peso médio da actividade

internacional no volume de negócios total em 2010, como se constata no Anexo B, encontra-se

em 40,0%, ou seja, exactamente entre estes dois escalões.

Com base nestes resultados mediu-se a intensidade da relação entre o volume de negócios

total e o volume de negócios internacional das empresas, recorrendo ao coeficiente de

Spearman. Como se verifica no Anexo C existe uma correlação positiva e estatisticamente

significativa entre estas duas variáveis (ρ = 0,901; sig. (2-tailed) = 0,000 < 0,05). Esta

correlação significa que as empresas com maior dimensão total têm também maior dimensão

internacional.

E para terminar a análise da dimensão das empresas estudadas, calculou-se ainda o

coeficiente de correlação de Spearman para avaliar a intensidade da relação entre a dimensão

total e o peso da actividade internacional no volume de negócios total das empresas. No Anexo

C observa-se que não existe uma correlação estatisticamente significativa entre estas duas

variáveis (ρ = 0,214; sig. (2-tailed) = 0,482 > 0,05).

4.2.2 Experiência Internacional

A experiência internacional foi também uma das variáveis utilizadas para descrever a

actividade destas empresas em mercados externos. Esta variável é determinada pelos anos

decorridos desde o início do processo de internacionalização das empresas.

Gráfico 6 - Distribuição das empresas por experiência internacional

46,1%

23,1%

30,8% < 10 anos

10 - 29 anos

≥ 30 anos

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48

O gráfico 6 mostra que 46,1% das empresas de construção estudadas nesta investigação têm

menos de 10 anos de experiência internacional, 23,1% apresentam 10 a 29 anos de

experiência em mercados externos, e os restantes 30,8% estão internacionalizados há pelo

menos 30 anos. A experiência internacional média destas empresas é de 26,0 anos, a mínima

desce aos 4 anos, e a máxima sobe aos 64 anos, reflectindo uma elevada dispersão de valores

(Anexo B).

Analisou-se ainda o grau de correlação entre a dimensão internacional e a experiência

internacional das empresas, recorrendo ao coeficiente de Spearman. Conforme se vê no Anexo

C não existe uma correlação estatisticamente significativa entre estas variáveis (ρ = 0,325; sig.

(2-tailed) = 0,278 > 0,05).

4.2.3 Mercados Internacionais

Com o intuito de analisar os mercados externos escolhidos pelas empresas nos seus

processos de internacionalização foram procurados os países onde estas iniciaram a sua

actividade internacional, os países onde decorrem as suas actividades de construção

internacional actuais e ainda os países onde mais facturam no contexto internacional.

Em primeiro lugar, a distribuição das empresas de construção pelo país onde iniciaram a sua

internacionalização, presente no gráfico 7, mostra que 69,2% das empresas escolheram

Angola, que 84,6% escolheram um PALOP, e ainda que 92,3% escolheram uma ex-colónia

portuguesa.

Gráfico 7 - Distribuição das empresas por país de início da actividade internacional

Em seguida, no gráfico 8, são apresentados os 22 países onde actualmente as empresas

representadas neste estudo desenvolvem a sua actividade externa, e é também referida a

percentagem destas empresas que está presente em cada um dos países.

69,2%

7,7%

7,7%

7,7% 7,7%

Angola

Cabo Verde

São Tomé e Príncipe

Macau

Mauritânia

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49

Gráfico 8 - Mercados internacionais actuais das empresas

Constata-se que existem 3 grupos de países que se destacam dos restantes. No primeiro

grupo está Angola com 92,3%, sendo assim um país no qual estão quase todas as empresas.

No segundo grupo estão Cabo Verde e Moçambique, que são países onde estão mais de

metade das empresas. E, por fim, no terceiro grupo encontram-se Argélia, Espanha e Guiné

Equatorial, que são países onde estão aproximadamente um terço das empresas.

Gráfico 9 - Zonas geográficas de internacionalização actuais das empresas

Com base nos dados do gráfico 8 definiram-se as zonas geográficas onde se desenvolvem

actualmente os processos de internacionalização das empresas. Como tal, no gráfico 9 expõe-

se a percentagem das empresas estudadas presente em cada uma dessas zonas. Pode notar-

92,3%

61,5%

53,8%

38,5%

30,8%

15,4%

7,7%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Percentagem das empresas no país

100%

46,1% 38,5%

30,8% 23,1%

15,4% 15,4% 7,7% 7,7%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Percentagem das empresas na zona

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se que os PALOP estão destacados, dado que todas as empresas estão nesta zona, seguindo-

se o Norte de África com a presença de 46,1% das empresas e África Ocidental com 38,5%.

Gráfico 10 - Distribuição das empresas por país de maior facturação em 2010

Finalmente os países onde as empresas de construção investigadas mais facturam são

analisados no gráfico 10. Conforme se vê, Angola é o país de maior facturação para 61,5% das

empresas, não havendo mais nenhum país que sobressaia.

4.3 Modos de Entrada

Com o objectivo de caracterizar a entrada em mercados externos das empresas de construção

respeitantes a esta dissertação, foi perguntado aos entrevistados qual era o tipo de entrada

normalmente utilizado pelas suas empresas e quais eram os modos de entrada seleccionados

com mais frequência.

Assim, verificou-se, no gráfico 11, que 69,2% das empresas procuram sobretudo entrar, de

forma permanente, nos mercados internacionais, enquanto que os outros 30,8% efectuam

indistintamente entradas permanentes e temporárias. Saliente-se ainda que nenhuma das

empresas considera realizar apenas incursões temporárias em mercados externos.

61,5% 7,7%

7,7%

7,7%

7,7% 7,7% Angola

Cabo Verde

Polónia

Espanha

Mauritânia

Guiné-Conacri

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51

Gráfico 11 - Distribuição das empresas por tipo de entrada preferencial

Passando aos modos de entrada empregues pelas empresas, no gráfico 12 encontram-se as

percentagens de utilização de cada um. Observa-se, então, que a abertura de uma filial,

sucursal ou subsidiária é um modo de entrada empregue por 84,6% das empresas, e que a

criação de uma joint venture company também é um modo de entrada muitas vezes adoptado,

visto que 76,9% dos entrevistados afirmam que as suas empresas o utilizam. Já os outros dois

modos de entrada são usados por um menor número de empresas.

Gráfico 12 - Modos de entrada das empresas

4.4 Adopção de Parcerias Locais

Outro dos propósitos desta dissertação era perceber o enquadramento das parcerias com

intervenientes locais dentro das estratégias de internacionalização definidas pelas empresas.

Como tal, procurou saber-se quais das empresas tinham já adoptado parcerias com outras

69,2%

30,8% Permanente

Temporário (0%)

Ambos

84,6%

23,1%

76,9%

38,5%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Abertura defilial

Aquisição Joint VentureCompany

Joint VentureProject

Percentagem das empresas utilizadoras do modo de entrada

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empresas locais, quais os timings usados por cada empresa neste tipo de parcerias, além da

sua visão futura em relação a estas.

Gráfico 13 - Percentagem das empresas que já adoptaram parcerias locais

Olhando para o gráfico 13, constata-se que todas as empresas presentes neste estudo já

tiveram parceiros locais em alguma das suas incursões em mercados externos.

Gráfico 14 - Timings das parcerias locais das empresas

No que respeita aos timings das parcerias com intervenientes locais, o gráfico 14 mostra que

as parcerias efectuadas, de forma pontual, são realizadas por 76,9% das empresas. Além

disso, 69,2% das empresas procura ter um parceiro local ao longo de todo o processo de

internacionalização nalguns mercados externos. Saliente-se ainda que são poucas as

empresas que já utilizaram como estratégia encontrar um parceiro local para a fase inicial de

entrada num mercado e depois abandonar esse parceiro assim que estão implantadas.

100%

Sim

Não (0%)

69,2%

15,4%

76,9%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Sempre Fase inicial Pontualmente

Percentagem das empresas que utilizam o timing

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53

Gráfico 15 - Percentagem das empresas que consideram continuar a adoptar parcerias locais

Finalmente, a partir do gráfico 15, pode verificar-se que todas as empresas investigadas

reconhecem que as parcerias locais são uma estratégia válida, que deve continuar a ser

utilizada no futuro em algumas das suas operações internacionais.

4.5 Parcerias Locais

4.5.1 Características

Nesta dissertação procurou descobrir-se também quais são as preferências das empresas dos

entrevistados em relação às características das parcerias locais, nomeadamente, as funções

do parceiro, o tipo de parceria, o modo de operação, a posição detida na parceria e a duração

desta.

100%

Sim

Não (0%)

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54

Gráfico 16 - Funções do parceiro local das empresas

Começando pelas funções habitualmente exercidas pelos parceiros locais das empresas,

conforme se repara, no gráfico 16, os parceiros de todas as empresas têm como missão

principal estabelecer contactos com as autoridades locais. Nota-se ainda que 84,6% das

empresas pede aos seus parceiros que também efectuem contactos com clientes, e que 76,9%

conta ainda que os seus parceiros façam contactos com fornecedores e subempreiteiros locais.

No que respeita ao apoio nas actividades de construção propriamente ditas, pouco mais de

metade das empresas considera que os seus parceiros devem ter essa função.

Gráfico 17 - Distribuição das empresas por tipo preferido de parceria local

Já a distribuição das empresas pelo tipo de parceria local que preferem, que pode ser vista no

gráfico 17, permite concluir que 61,5% das empresas opta mais frequentemente por realizar

equity joint ventures.

53,8%

23,1%

38,5%

100%

84,6%

76,9%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Apoio na construção

Apoio financeiro

Apoio jurídico e fiscal

Contacto com autoridades locais

Contacto com clientes

Contacto com fornecedores esubempreiteiros locais

Percentagem das empresas cujo parceiro local tem a função

61,5%

38,5% Equity Joint Venture

Non-Equity JointVenture

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55

Gráfico 18 - Distribuição das empresas por modo de operação preferencial

Passando ao modo de operação preferencialmente aplicado nas parcerias locais, verifica-se no

gráfico 18 que 84,6% das empresas adopta modos de operação integrados, em que ambos os

parceiros partilham riscos e responsabilidades e conjugam funções e capacidades.

Continuando a análise das características das parcerias, a partir do gráfico 19, percebe-se que

a quase totalidade das empresas investigadas procura ter uma participação maioritária nas

parcerias locais que efectua em mercados externos.

Gráfico 19 - Distribuição das empresas por posição preferencial na parceria local

Finalmente, a distribuição das empresas consoante a duração geralmente preferida para as

suas parcerias locais, presente no gráfico 20, mostra que 69,2% das empresas têm tendência a

manter as parcerias estabelecidas durante vários projectos.

84,6%

15,4%

Integrado

Independente

92,3%

7,7%

Maioritária

Equitativa

Minoritária (0%)

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56

Gráfico 20 - Distribuição das empresas por duração preferencial da parceria local

Após a observação das características preferenciais das empresas foram ainda analisadas as

associações entre algumas destas variáveis.

Primeiro procurou-se a existência de associações entre cada uma das funções dos parceiros

locais e o tipo de parceria local preferencial, recorrendo ao coeficiente de associação V de

Cramer. Estes coeficientes, apresentados no Anexo D, demonstram que existe uma

associação estatisticamente significativa entre o tipo de parceria local e a função “apoio na

construção” (V = 0,732; approx. sig. = 0,008 < 0,05). Para se perceber o sentido da associação

entre estas duas variáveis, efectuou-se uma tabela de contingência (tabela 1) através da qual

se conclui que as empresas que preferem equity joint ventures têm tendência a não esperar o

apoio do parceiro local nas actividades de construção, e que, pelo contrário, as empresas que

preferem non-equity joint ventures contam com esse apoio da parte do parceiro local.

Tabela 1 - Associação entre o tipo de parceria local e a função do parceiro “apoio na construção”

Tipo de parceria local Total

EJV NEJV

Apoio na

construção

Não Frequência 6 0 6

% por tipo de parceria local 75% 0% 46%

Sim Frequência 2 5 7

% por tipo de parceria local 25% 100% 54%

Total Frequência 8 5 13

% por tipo de parceria local 100% 100% 100%

De resto, verifica-se que as funções “apoio financeiro” (V = 0,058; approx. sig. = 0,835 > 0,05),

“apoio jurídico e fiscal” (V = 0,350; approx. sig. = 0,207 > 0,05), “contacto com clientes” (V =

0,101; approx. sig. = 0,715 > 0,05) e “contacto com fornecedores e subempreiteiros locais” (V =

0,318; approx. sig. = 0,252 > 0,05) não apresentam uma associação estatisticamente

significativa com a variável tipo de parceria local. De notar ainda que a função dos parceiros

69,2%

30,8%

Longo prazo

Duração do projecto

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57

locais “contacto com autoridades locais” é uma constante, logo não pode ser calculado o

coeficiente de Cramer, e conclui-se simplesmente que, independentemente do tipo de parceria

local preferido, as empresas contam sempre que o seu parceiro local assuma a função de

estabelecer alguns contactos com as autoridades locais.

Em seguida foi analisada a associação entre o modo de operação das parcerias e o tipo de

parceria local preferidos pelas empresas, tendo sido utilizado para esse efeito o coeficiente V

de Cramer. Conforme se pode ver no Anexo D, não existe uma associação estatisticamente

significativa entre estas duas variáveis (V = 0,101; approx. sig. = 0,715 > 0,05).

Depois calculou-se o coeficiente V de Cramer para as variáveis “tipo de parceria local” e

“posição na parceria local” (Anexo D), tendo-se concluído que não existe uma associação

estatisticamente significativa entre estas (V = 0,228; approx. sig. = 0,411 > 0,05).

Já para as variáveis “tipo de parceria local” e “duração da parceria local” foi encontrada uma

associação estatisticamente significativa (Anexo D), usando, mais uma vez, o coeficiente V de

Cramer (V = 0,843; approx. sig. = 0,002 < 0,05). Através da tabela 2 constata-se que as

empresas que preferem non-equity joint ventures procuram parcerias locais com a duração do

projecto, ao passo que as empresas que preferem equity joint ventures estão mais

interessadas em parcerias locais de longo prazo.

Tabela 2 - Associação entre o tipo de parceria local e a duração da parceria local

Tipo de parceria local Total

EJV NEJV

Duração da parceria local

Duração do projecto

Frequência 0 4 4

% por tipo de parceria local 0% 80% 31%

Longo prazo

Frequência 8 1 9

% por tipo de parceria local 100% 20% 69%

Total Frequência 8 5 13

% por tipo de parceria local 100% 100% 100%

Finalmente, verificou-se ainda se existiria alguma relação entre a dimensão internacional das

empresas e o seu tipo de parceria local preferido, através do coeficiente V de Cramer. No

Anexo D pode ver-se que não existe uma associação estatisticamente significativa entre estas

duas variáveis (V = 0,320; approx. sig. = 0,514 > 0,05).

4.5.2 Motivações

No estudo das motivações, começou por se perguntar aos entrevistados quais eram os

principais motivos que levavam as suas empresas a adoptar parcerias locais. O motivo mais

referido nas respostas a esta pergunta inicial, tendo sido referido por seis entrevistados, foi a

obtenção de conhecimentos sobre as realidades política, económica e cultural através do

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58

parceiro local. Já as motivações comerciais, ou seja, a ajuda que o parceiro local pode dar na

angariação de boas oportunidades de trabalho e no fecho de contratos, foram referidas por

cinco entrevistados, tendo sido sublinhado por três deles que a componente técnica é trazida

pelas suas empresas. Foram ainda citadas razões legais, ou seja, o facto de por vezes ser

necessário um parceiro local para se poder operar no mercado, nomeadamente nos países

árabes, como é o caso da Argélia. De resto foram ainda referidas a obtenção de financiamento,

o acesso a uma matéria-prima detida pelo parceiro local, a potenciação da utilização dos meios

locais (pessoal, equipamentos e materiais) com vista à optimização de custos, a divisão de

risco e o aumento da capacidade competitiva a nível local.

Em seguida pediu-se aos entrevistados que avaliassem a importância dos potenciais motivos

que levam as suas empresas a realizarem parcerias locais. Os resultados desta avaliação

encontram-se na tabela 3, sendo que os números da escala de likert utilizada correspondem às

seguintes avaliações: 1 - “nada importante”, 2 - “pouco importante”, 3 - “algo importante”, 4 -

“muito importante” e 5 - “extremamente importante”.

Tabela 3 - Classificação de motivações por importância

Factor Média Desvio

Padrão

Frequência

1 2 3 4 5

1

Aproveitamento da experiência e dos

conhecimentos do parceiro sobre o

mercado

4,15 0,90 0 0 4 3 6

2 Cumprimento dos requisitos impostos

pelo governo local 3,77 1,09 1 0 3 6 3

3 Partilha de riscos 3,54 1,13 0 3 3 4 3

4

Aumento de dimensão, capacidade

produtiva e financeira para participar

em grandes projectos

3,46 0,97 0 3 2 7 1

5 Diminuição dos custos de entrada 3,08 1,04 1 3 3 6 0

6 Acesso aos recursos e competências

específicas do parceiro 3,00 1,16 0 7 0 5 1

7 Aumento da quota de mercado 2,69 1,11 1 6 3 2 1

8 Redução da competição no mercado 2,62 1,04 1 6 4 1 1

9 Transferência de tecnologia 2,23 1,01 3 6 2 2 0

10 Partilha de custos de pesquisa e

desenvolvimento 2,23 1,01 2 8 2 0 1

Como se pode ver, o motivo considerado mais importante, com uma média de 4,15, é o

“aproveitamento da experiência e dos conhecimentos do parceiro sobre o mercado”, tendo sido

avaliado como “extremamente importante” por 6 dos entrevistados. Depois aparecem outros

três motivos bastante relevantes: “cumprimento dos requisitos impostos pelo governo local”

com uma média de 3,77, “partilha de riscos” com 3,54, e “aumento de dimensão, capacidade

produtiva e financeira para participar em grandes projectos” com 3,46.

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59

Investigou-se ainda a existência de diferenças na importância das motivações para empresas

com dimensão internacional distinta. Como tal, aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis com o

intuito de averiguar se existiam diferenças significativas entre as avaliações médias de cada

grupo para cada motivo, tendo sido utilizada a variável “dimensão internacional” para dividir as

empresas em três grupos: inferior a 100 milhões de euros, de 100 a 199 milhões de euros e

superior ou igual a 200 milhões de euros. A partir do Anexo E constata-se que apenas o motivo

“aumento da quota de mercado” apresenta diferenças estatisticamente significativas (asymp.

sig. = 0,018 < 0,05). Para se entender melhor estas diferenças foi feita a tabela 4, que permite

comparar as médias e os desvios padrões das avaliações de importância feitas por cada grupo.

Observa-se então que as empresas com menor dimensão internacional dão mais importância à

possibilidade de aumentarem a sua quota de mercado através de uma parceria local, embora

se saliente também que, apesar da diferença constatada, este motivo não tem uma importância

elevada para nenhum dos três grupos.

Tabela 4 - Diferenças na importância do motivo “aumento da quota de mercado” consoante a

dimensão internacional das empresas

Dimensão internacional

< 100 100 - 199 ≥ 200

Aumento da quota de

mercado

Média 3,43 2,00 1,67

Desvio Padrão 0,98 0,00 0,58

N 7 3 3

Para finalizar a análise das motivações testou-se ainda a existência de diferenças na

importância destas para empresas com tipos de parceria local preferencial distintos, utilizando

o teste de Mann-Whitney U. As empresas foram, portanto, divididas em dois grupos consoante

o tipo de parceria local que usam preferencialmente, e procurou-se a existência de diferenças

nas avaliações médias de cada grupo para cada motivo. Consultando o Anexo F conclui-se que

não existem diferenças estatisticamente significativas nas avaliações de importância das

motivações feitas pelos dois grupos.

4.5.3 Critérios de Selecção

A análise dos critérios de selecção iniciou-se da mesma forma que a análise das motivações,

tendo sido perguntado aos entrevistados quais eram os critérios decisivos para a selecção de

parceiros locais das suas empresas. Os critérios de selecção mais vezes referidos pelos

entrevistados foram a capacidade técnica do parceiro local, a capacidade financeira deste, o

seu conhecimento do mercado a todos os níveis (recrutamento de pessoal, legislação,

costumes, etc.), a sua influência sobre os decisores locais e a sua importância na sociedade, a

percepção sobre a capacidade de geração dos resultados pretendidos e de alcance dos

objectivos almejados, o conhecimento da empresa sobre o parceiro, e a seriedade e

honestidade percepcionadas pelas empresas de construção portuguesas nos encontros com o

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60

parceiro. De resto foram ainda referidos: a capacidade do parceiro ajudar na entrada no país, a

sua capacidade de angariação de trabalho, a sintonia sobre a estratégia da parceria e a

existência de sinergias importantes entre os parceiros. É ainda importante notar que também

foi referido que os parceiros locais não precisam de ser construtoras, devido ao facto da sua

função comercial ser a mais importante em detrimento da função técnica.

Depois foi feita a avaliação dos critérios de escolha de parceiros locais, estando estes critérios

divididos em dois grupos, conforme foi referido no capítulo 3. Como tal, na tabela 5 está a

classificação dos critérios de selecção relacionados com o parceiro consoante a sua

importância para as empresas estudadas, e na tabela 6 encontra-se a dos critérios de selecção

relacionados com a tarefa.

Tabela 5 - Classificação de critérios de selecção relacionados com o parceiro por importância

Factor Média Desvio

Padrão

Frequência

1 2 3 4 5

1 Reputação 4,46 0,52 0 0 0 7 6

2 Credibilidade junto dos clientes 4,23 0,73 0 0 2 6 5

3 Compatibilidade de objectivos 4,00 1,08 1 0 1 7 4

4 Credibilidade junto da banca 3,85 0,80 0 1 2 8 2

5 Capacidade financeira 3,77 1,24 1 1 2 5 4

6 Boas referências dadas por outra

empresa 3,69 0,75 0 1 3 8 1

7 Anteriores experiências de sucesso

com o parceiro 3,23 1,30 2 2 1 7 1

8 Semelhança de culturas 3,00 0,91 1 2 6 4 0

9 Carga de trabalho doméstica e

internacional 2,69 1,11 2 4 3 4 0

10 Semelhança de tamanho 2,00 0,82 4 5 4 0 0

11 Experiência internacional 1,85 1,07 7 2 3 1 0

Verifica-se que o critério de selecção “reputação” é o mais importante, dentro dos que se

referem ao parceiro, dado que recolheu apenas avaliações do tipo “extremamente importante”

e “muito importante” e, portanto, tem uma média de 4,46. Além deste, os critérios “credibilidade

junto dos clientes” e “compatibilidade de objectivos” também receberam pontuações muito

elevadas, apresentando, respectivamente, médias de 4,23 e 4.

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61

Tabela 6 - Classificação de critérios de selecção relacionados com a tarefa por importância

Factor Média Desvio

Padrão

Frequência

1 2 3 4 5

1 Conhecimentos sobre o mercado e a

cultura local 4,62 0,51 0 0 0 5 8

2 Influência junto das autoridades

locais 4,46 0,66 0 0 1 5 7

3 Boas relações com os clientes 4,38 0,51 0 0 0 8 5

4 Relação com a comunidade local 4,23 0,60 0 0 1 8 4

5 Posse de licenças 3,31 1,03 0 3 5 3 2

6 Recursos e competências necessárias

à realização do projecto 3,08 0,86 0 3 7 2 1

7 Tamanho necessário à realização do

projecto 3,08 1,04 1 3 3 6 0

8 Experiência acumulada em projectos

similares 2,77 1,01 2 2 6 3 0

No que respeita aos critérios de selecção relacionados com a tarefa, observa-se que existem

quatro critérios que se destacam claramente dos restantes: “conhecimentos sobre o mercado e

a cultura local” com uma média de 4,62, “influência junto das autoridades locais” com 4,46,

“boas relações com os clientes” com 4,38, e “relação com a comunidade local” com 4,23.

Importa também notar que para dois destes critérios a avaliação “algo importante” foi a mais

baixa, e para os outros dois a pior avaliação foi “muito importante”.

Posteriormente efectuou-se o teste de Kruskal-Wallis aos critérios de selecção relacionados

com o parceiro e com a tarefa, de modo a investigar a existência de diferenças nas avaliações

de importância feitas por empresas com dimensão internacional distinta, tendo sido usada esta

variável para dividir as empresas em três grupos. No Anexo E pode verificar-se que não

existem diferenças estatisticamente significativas nas avaliações de importância dos critérios

de selecção feitas pelos três grupos.

Finalmente testou-se a existência de diferenças nas avaliações médias dos critérios de

selecção feitas por dois grupos de empresas, divididos consoante o tipo de parceria local

usado preferencialmente, tendo-se usado para tal o teste de Mann-Whitney U. A partir do

Anexo F observa-se que apenas um critério de selecção relacionado com o parceiro e um outro

relacionado com a tarefa apresentam diferenças estatisticamente significativas:

“compatibilidade de objectivos” (asymp. sig. (2-tailed) = 0,024 < 0,05) e “influência junto das

autoridades locais” (asymp. sig. (2-tailed) = 0,048 < 0,05). Foram então investigadas estas

diferenças (tabela 7) e descobriu-se que as empresas que preferem equity joint ventures têm

uma maior preocupação em encontrar um parceiro com objectivos compatíveis, e com

influência junto das autoridades locais. De notar ainda que ambos os grupos consideram o

critério de selecção “influência junto das autoridades locais” muito importante, apesar da

diferença entre as avaliações médias.

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62

Tabela 7 - Diferenças na importância dos critérios de selecção consoante o tipo de parceria local

preferencial

Tipo de parceria local

EJV NEJV

Compatibilidade de

objectivos

Média 4,50 3,20

Desvio Padrão 0,54 1,30

N 8 5

Influência junto das

autoridades locais

Média 4,75 4,00

Desvio Padrão 0,46 0,71

N 8 5

4.5.4 Riscos

Mais uma vez começou por se perguntar aos entrevistados quais eram os factores de maior

risco para as parcerias locais efectuadas pelas suas empresas em mercados externos. As

informações recolhidas sobre o parceiro adoptado não corresponderem à realidade, ou este

não se revelar digno de confiança, ou simplesmente não se revelar o parceiro certo, constituem

o maior risco para seis dos entrevistados. Também foram mencionados, mais que uma vez, a

diferença entre os objectivos dos dois parceiros para a sua parceria conjunta, as diferenças

culturais, a incapacidade operacional do parceiro e os problemas financeiros deste. De referir

ainda alguns riscos que foram referidos apenas uma vez: problemas fiscais e aduaneiros,

problemas na resolução de conflitos, degradação da relação entre parceiros devido ao

insucesso do projecto executado pela parceria, conflitos de interesse, degradação do preço dos

concursos, falta de mão-de-obra qualificada, necessidade de transferência de quadros

portugueses que aumenta bastante o custo final das obras e as dificuldades de comunicação,

nomeadamente nos países de Leste.

Depois pediu-se aos entrevistados que avaliassem os factores de risco apresentados,

recorrendo a uma escala de likert de 5 pontos. Estas avaliações dos factores de risco que

afectam as parcerias locais das empresas respeitantes a este estudo foram divididas em três

grupos, estando a classificação dos riscos internos na tabela 8, a dos relativos ao projecto na

tabela 9 e a dos externos na tabela 10.

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63

Tabela 8 - Classificação de riscos internos por importância

Factor Média Desvio

Padrão

Frequência

1 2 3 4 5

1 Problemas financeiros do parceiro 4,08 0,64 0 0 2 8 3

2 Diferenças culturais entre os

parceiros 3,69 0,48 0 0 4 9 0

3 Desacordo ou lacunas nas condições

do contrato 3,69 1,03 0 2 3 5 3

4 Desconfiança entre parceiros 3,62 1,26 1 2 1 6 3

5 Perda de controlo ou

interdependência excessiva 3,54 0,88 0 2 3 7 1

6 Divergências em relação à

distribuição dos trabalhos 3,08 0,76 0 3 6 4 0

7 Desacordo em relação à política de

colocação de pessoal 3,08 1,04 0 5 3 4 1

8 Interferência das empresas-mãe de

ambos os parceiros 3,00 1,00 1 3 4 5 0

9 Fuga indesejada de informação,

conhecimento ou tecnologia 2,69 1,03 1 6 2 4 0

10 Interferência entre os métodos de

trabalho dos parceiros 2,62 0,87 1 5 5 2 0

Principiando com os riscos internos às parcerias locais, observa-se que o risco “problemas

financeiros do parceiro” aparece isolado no topo da classificação com uma média de 4,08. Em

seguida estão três factores de risco muito próximos uns dos outros, “diferenças culturais entre

os parceiros” com uma média de 3,69, “desacordo ou lacunas nas condições do contrato”

também com 3,69, e “desconfiança entre parceiros” com 3,62. Constata-se ainda que os dois

primeiros riscos, “problemas financeiros do parceiro” e “diferenças culturais entre os parceiros”

receberam uma avaliação mais consensual, visto que apresentam um desvio padrão inferior ao

dos outros.

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64

Tabela 9 - Classificação de riscos relativos ao projecto por importância

Factor Média Desvio

Padrão

Frequência

1 2 3 4 5

1 Problemas de cash flow do cliente 4,62 0,65 0 0 1 3 9

2 Restrições à contratação de pessoal

estrangeiro 3,77 1,36 2 0 1 6 4

3 Escassez de recursos humanos com

as qualificações necessárias 3,69 1,25 1 1 3 4 4

4 Excesso de alterações ao projecto por

parte do cliente 3,38 0,96 0 2 6 3 2

5 Erros nas peças desenhadas do

projecto 3,31 0,95 0 3 4 5 1

6 Acidentes de trabalho 3,08 1,32 2 3 1 6 1

7

Escassez de subempreiteiros e

fornecedores competentes e

financeiramente estáveis

3,00 1,16 1 4 3 4 1

8 Escassez de equipamentos e

materiais com a qualidade exigida 2,92 1,12 1 4 4 3 1

9 Incompetência técnica do parceiro 2,85 0,99 0 6 4 2 1

Continuando com os riscos relativos aos projectos desenvolvidos no âmbito das parcerias

locais, verifica-se que os “problemas de cash flow do cliente” constituem o risco mais

importante, pois foi avaliado como “extremamente importante” por nove entrevistados e tem

uma pontuação média de 4,62. De resto os riscos “restrições à contratação de pessoal

estrangeiro” e “escassez de recursos humanos com as qualificações necessárias” também são

relevantes, dado que têm, respectivamente, médias de 3,77 e 3,69.

Por fim, olhando para a classificação dos riscos externos é possível notar que quatro deles

sobressaem como os mais importantes: “circunstâncias de força maior e desordem social” com

uma avaliação média de 4,23, “problemas de segurança” também com 4,23, “flutuações das

taxas de câmbio, de inflação e de juros” com 4,15, e “inconsistência de políticas, leis, normas e

regulamentos” com 4,08. De salientar ainda que nenhum dos riscos externos foi considerado

“nada importante”.

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65

Tabela 10 - Classificação de riscos externos por importância

Factor Média Desvio

Padrão

Frequência

1 2 3 4 5

1 Circunstâncias de força maior e

desordem social 4,23 0,93 0 1 1 5 6

2 Problemas de segurança 4,23 0,73 0 0 2 6 5

3 Flutuações das taxas de câmbio, de

inflação e de juros 4,15 0,80 0 0 3 5 5

4 Inconsistência de políticas, leis,

normas e regulamentos 4,08 0,86 0 1 1 7 4

5 Restrições à repatriação de lucros 3,85 1,14 0 3 0 6 4

6 Restrições às importações e

proteccionismo local 3,69 0,75 0 1 3 8 1

7 Dificuldades burocráticas e demoras

na aprovação de projectos e licenças 3,62 0,65 0 1 3 9 0

8 Corrupção e suborno 3,38 0,87 0 2 5 5 1

9 Diferenças sociais, culturais e

religiosas 3,23 0,73 0 2 6 5 0

10 Faltas de água, gás e electricidade 2,77 0,93 0 6 5 1 1

Analisou-se ainda a existência de diferenças na importância dos riscos internos, relativos ao

projecto e externos, para grupos de empresas diferenciados pela sua dimensão internacional.

Mais uma vez foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis para testar as diferenças entre as

avaliações médias dos três grupos. Os resultados dos testes, apresentados no Anexo E,

indicam que apenas um risco interno e um risco relativo ao projecto têm diferenças

significativas: “desacordo ou lacunas nas condições do contrato” (asymp. sig. = 0,017 < 0,05) e

“problemas de cash flow do cliente” (asymp. sig. = 0,021 < 0,05). Através da tabela 11 pode

perceber-se o significado destas diferenças: as empresas com menor dimensão internacional

têm uma maior preocupação com os problemas devidos ao contrato elaborado entre os

parceiros, e com os problemas de cash flow do cliente da parceria. Saliente-se ainda que,

apesar das diferenças, a variável “problemas de cash flow do cliente” apresenta avaliações

médias elevadas para todos os grupos.

Tabela 11 - Diferenças na importância dos riscos consoante a dimensão internacional das

empresas

Dimensão internacional

< 100 100 - 199 ≥ 200

Desacordo ou lacunas nas condições do contrato

Média 4,43 3,00 2,67

Desvio Padrão 0,54 1,00 0,58

N 7 3 3

Problemas de cash flow do cliente

Média 5,00 4,00 4,33

Desvio Padrão 0,00 0,00 1,16

N 7 3 3

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66

Para finalizar a análise dos riscos subjacentes às parcerias locais, foi ainda testada a

existência de diferenças na importância dos factores de risco para empresas com preferências

distintas no que respeita ao tipo de parceria local. Usou-se então o teste de Mann-Whitney U

para averiguar as diferenças entre as avaliações médias das empresas que costumam optar

por equity joint ventures e das empresas que preferem non-equity joint ventures. Os testes

efectuados (Anexo F) indicam que não existem diferenças estatisticamente significativas entre

as avaliações dos factores de risco feitas pelos dois grupos.

4.5.5 Factores de Sucesso

Tal como nos subcapítulos anteriores, iniciou-se o estudo dos factores de sucesso perguntando

aos entrevistados quais eram os factores cruciais para o sucesso das parcerias locais das suas

empresas. Nas respostas a esta pergunta, houve dois factores de sucesso que se destacaram:

a selecção de um parceiro adequado, e a existência de objectivos semelhantes ou de um

macro objectivo comum. De resto foram ainda mencionados: a gestão competente e não-

conflitual do contrato com o parceiro e do contrato com o cliente, a supervisão e controlo

contínuo da parceria, a adopção de uma postura de bom relacionamento em busca de

soluções construtivas e unânimes na resolução dos problemas técnicos e financeiros, a

fidelidade e seriedade dos parceiros, os resultados positivos da parceria nos projectos em que

está envolvida, a cooperação entre quadros e trabalhadores de ambos os parceiros, a definição

correcta da estratégia de actuação de cada parceiro, o respeito pela predominância do parceiro

local nas relações com os decisores locais, a confiança no parceiro, e uma evolução favorável

da oferta e da procura no mercado.

Foi também pedido aos entrevistados que avaliassem a importância de alguns factores de

sucesso de parcerias locais nas fases de formação (tabela 12) e de operação (tabela 13) tendo

em conta a experiência das suas empresas.

Analisando a classificação dos factores sucesso da fase de formação no seu todo, constata-se

que nenhum factor recebeu a avaliação “nada importante” e que sete dos nove factores têm

avaliações médias superiores a 4. Apesar disso o factor de sucesso “selecção de um parceiro

adequado” destaca-se dos restantes com uma média de 4,85 e um desvio padrão de 0,38,

indicativo da concordância das empresas em relação à extrema importância deste factor. No

entanto existem mais três factores muito bem classificados: “elaboração de um acordo

completo, simples e inequívoco” pontuado nove vezes como “extremamente importante”,

“definição inequívoca de responsabilidades e planeamento de tarefas” avaliado oito vezes

como “extremamente importante”, e “constituição de uma estrutura organizativa de gestão e

controlo bem definida” também referido oito vezes como “extremamente importante”.

Page 85: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

67

Tabela 12 - Classificação de factores de sucesso da fase de formação por importância

Factor Média Desvio

Padrão

Frequência

1 2 3 4 5

1 Selecção de um parceiro adequado 4,85 0,38 0 0 0 2 11

2 Elaboração de um acordo completo,

simples e inequívoco 4,62 0,65 0 0 1 3 9

3

Definição inequívoca de

responsabilidades e planeamento de

tarefas

4,54 0,66 0 0 1 4 8

4

Constituição de uma estrutura

organizativa de gestão e controlo bem

definida

4,54 0,66 0 0 1 4 8

5 Contratação de pessoal experiente e

qualificado 4,31 0,63 0 0 1 7 5

6 Distribuição justa de riscos e

proveitos 4,15 0,69 0 0 2 7 4

7 Definição de objectivos e estratégias

de acção no mercado 4,00 0,82 0 1 1 8 3

8 Desenvolvimento de um sistema de

resolução de conflitos 3,85 1,07 0 2 2 5 4

9 Estabelecimento de relações

estratégicas de longo prazo 3,62 0,96 0 2 3 6 2

Tabela 13 - Classificação de factores de sucesso da fase de operação por importância

Factor Média Desvio

Padrão

Frequência

1 2 3 4 5

1 Empenhamento da gestão de topo e

de todos os funcionários 4,77 0,44 0 0 0 3 10

2 Confiança mútua entre os parceiros 4,77 0,44 0 0 0 3 10

3

Desenvolvimento de um clima de

cooperação, flexibilidade e abertura

entre os parceiros

4,62 0,51 0 0 0 5 8

4 Adopção de uma atitude de procura

de benefício mútuo 4,46 0,52 0 0 0 7 6

5 Avaliação regular da performance da

parceria 4,23 0,73 0 0 2 6 5

6 Comunicação eficaz e partilha de

informações 4,23 0,44 0 0 0 10 3

7 Coordenação eficaz entre as tarefas

dos parceiros 4,08 0,86 0 1 1 7 4

8

Capacidade de lidar com as

diferenças culturais, éticas e

linguísticas

4,08 0,64 0 0 2 8 3

9 Partilha dos recursos necessários às

operações 3,62 0,77 0 1 4 7 1

10

Transferência de conhecimentos e

capacidades específicas entre os

parceiros

3,46 0,78 0 1 6 5 1

Page 86: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

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Mais uma vez a primeira conclusão que se tira da classificação dos factores de sucesso da

fase de operação é a não existência de factores com a avaliação “nada importante”, e a

existência de apenas três factores com uma, e uma só, avaliação “pouco importante”. Observa-

se ainda que existem quatro factores que foram avaliados exclusivamente como “muito

importantes” ou “extremamente importantes”, são eles: “empenhamento da gestão de topo e de

todos os funcionários” e “confiança mútua entre os parceiros” que são os primeiros

classificados ex aequo com uma média de 4,77, “desenvolvimento de um clima de cooperação,

flexibilidade e abertura entre os parceiros” que é o terceiro factor de sucesso mais importante

com 4,62, e “adopção de uma atitude de procura de benefício mútuo” classificado em quarto

lugar com uma média de 4,46.

Prosseguindo com a análise dos factores de sucesso, foi efectuado o teste de Kruskal-Wallis

para verificar a existência de diferenças significativas entre as avaliações médias feitas por

empresas com dimensão internacional distinta. Os resultados dos testes (Anexo E) indicam

que apenas o factor de sucesso da fase de formação “estabelecimento de relações

estratégicas de longo prazo” apresenta diferenças significativas entre os três grupos (asymp.

sig. = 0,028 < 0,05). Recorrendo à tabela 14 percebe-se que quanto menor é a dimensão

internacional das empresas, maior é a sua preocupação em estabelecer relações de longo

prazo com os parceiros locais, para que assim a parceria entre ambos atinga o sucesso.

Tabela 14 - Diferenças na importância do factor de sucesso “estabelecimento de relações

estratégicas de longo prazo” consoante a dimensão internacional das empresas

Dimensão internacional

< 100 100 - 199 ≥ 200

Estabelecimento de

relações estratégicas de

longo prazo

Média 3,84 3,71 2,67

Desvio Padrão 0,79 0,58 0,58

N 7 3 3

Por fim, investigou-se ainda a possível existência de diferenças na importância dos factores de

sucesso para empresas com tipos distintos de parceria local preferida. Para o efeito, aplicou-se

então o teste de Mann-Whitney U a todos os factores de sucesso, sendo que, conforme se

pode constatar no Anexo F, não foram encontrados factores com diferenças estatisticamente

significativas nas avaliações médias dos dois grupos.

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69

5. Discussão dos Resultados

A partir da informação recolhida sobre o painel de entrevistados, constata-se que este é

composto, na sua maioria, por gestores de topo com larga experiência na indústria construção.

Este facto assegura a qualidade da informação obtida nas entrevistas, cumprindo-se assim o

pressuposto de obter informação detalhada e com qualidade elevada sobre o tema abordado.

Quanto à dimensão das empresas presentes neste estudo, importa salientar em primeiro lugar

que o volume de negócios total mínimo desta amostra é de 32 milhões de euros, o que significa

que não existem empresas de pequena dimensão no grupo de empresas estudadas.

Constatou-se também que existe uma grande dispersão nos valores dos volumes de negócios

total e internacional registados, ou seja, na dimensão total e internacional destas empresas.

Mesmo assim foi possível encontrar uma correlação entre a dimensão total e internacional das

empresas, confirmando se assim a hipótese 1: as empresas com maior dimensão total têm

também maior dimensão internacional. Além disso, verificou-se que o peso da actividade

internacional no volume de negócios das empresas é independente da sua dimensão total, de

modo que a hipótese 2 não se confirma. Pode, portanto, concluir-se que, para o grupo de

empresas investigadas, embora as empresas maiores tenham mais actividade internacional, tal

não implica que a proporção da actividade internacional na actividade total aumente com a

dimensão da empresa. Aliás, constatou-se que, para mais de metade das empresas, 20 a 39%

do seu volume de negócios total é proveniente da actividade em mercados internacionais. Este

resultado está de acordo com os dados recolhidos no estudo “O Poder da Construção em

Portugal”, realizado pela Deloitte e pela ANEOP (2009), que refere que o peso da actividade

internacional no volume de negócios das maiores empresas de construção portuguesas

ascende a 1/3.

No que respeita à experiência internacional das empresas também se registou uma elevada

dispersão nos valores recolhidos, dado que a experiência mínima é de 4 anos e a máxima de

64 anos. De referir ainda que não se encontrou qualquer relação entre a experiência

internacional das empresas e a sua dimensão internacional, logo, a hipótese 3 não se confirma.

Como tal, pode concluir-se que, no que diz respeito às empresas analisadas, a experiência

internacional acumulada não tem influência directa na dimensão internacional já alcançada

pela empresa.

Os destinos internacionais mais procurados pelo conjunto de empresas estudadas são os

PALOP, dado que todas as empresas estão em, pelo menos, um destes mercados, 84,6%

iniciaram a sua actividade num PALOP e 69,2% afirmam que o seu país de maior facturação é

um PALOP. Estas conclusões estão de acordo com o estudo realizado pela Deloitte e pela

ANEOP (2009), que justifica esta opção das empresas de construção portuguesas com a

proximidade cultural e a supremacia técnica que estas têm nestes mercados. Analisando

individualmente os diferentes mercados, Angola destaca-se claramente dos demais dado que

Page 88: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

70

69,2% das empresas iniciaram a sua actividade internacional neste mercado, 92,3% das

empresas têm actualmente actividade internacional neste mercado, e 61,5% das empresas

facturam mais em Angola do que nos outros mercados externos onde estão implantadas. Pode,

portanto, concluir-se que a maioria das empresas analisadas inicia a sua actividade em Angola,

e mesmo as que não iniciam acabam por entrar neste mercado mais tarde, pois este é um

destino muito apelativo, nomeadamente do ponto de vista económico.

Seguindo para os tipos de entrada em mercados externos, observou-se que todas as empresas

estudadas adoptam entradas permanentes nos mercados considerados estratégicos. Além

disso, conforme foi referido por vários entrevistados, as maiores empresas complementam a

presença nestes mercados estratégicos, com entradas temporárias em outros mercados não

prioritários, consoante as oportunidades que surgem. A predominância de modos de entrada

permanentes corrobora a estratégia de consolidação das operações internacionais, referida

pela Deloitte e pela ANEOP (2009), que advém do contexto de crise que as empresas

atravessam, e que é utilizada, hoje em dia, pelas empresas de construção portuguesas de

forma a potenciarem os meios e conhecimentos obtidos nos mercados onde entram. Quanto

aos modos de entrada propriamente ditos, convém referir em primeiro lugar que todos os

modos de entrada propostos no questionário são válidos, visto que todos eles são adoptados

por mais de uma empresa. De resto, constatou-se que a “abertura de filial” e a “joint venture

company” são os modos de entrada preferenciais, sendo o primeiro adoptado quando a

empresa pretende actuar sozinha no mercado, e o segundo quando a empresa pretende ter, ou

é obrigada a ter, um parceiro, seja ele português, local, ou de outra nacionalidade. Desta

forma, pode afirmar-se que a hipótese 4 se confirma, dado que foram identificados os dois

modos de entrada mais utilizados pelas empresas. Também se verificou que o outro modo de

entrada que pressupõe uma parceria com outra empresa de qualquer nacionalidade, o “joint

venture project”, tem uma taxa de utilização razoável, dado que 38,5% das empresas

analisadas já o utilizaram. No entanto, é natural que existam mais empresas a utilizar joint

venture companies do que empresas a utilizar joint venture projects, pois conforme foi referido

as empresas adoptam preferencialmente entradas permanentes, e as joint venture companies

envolvem a criação de uma nova empresa, sendo, por isso, modos de entrada mais adaptados

a uma estratégia de entrada permanente do que os joint venture projects, que ligam as

empresas apenas através de um contrato.

Passando especificamente às parcerias locais efectuadas nos processos de

internacionalização das empresas, constatou-se que este tipo de parceria já foi adoptado por

todas as empresas presentes neste estudo, e que estas consideram que as parcerias locais

vão continuar a fazer parte das suas estratégias de internacionalização futuras. Estes

resultados confirmam a pertinência desta dissertação e do estudo das parcerias locais. De

resto importa ainda salientar que as empresas presentes neste estudo optam essencialmente

entre dois timings distintos: a utilização de parcerias locais de forma pontual, e a adopção de

um parceiro local permanente. Na realidade as empresas podem adoptar timings diferentes em

Page 89: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

71

países diferentes, ou até, como foi dito por um dos entrevistados, conjugar a utilização

simultânea dos dois timings no mesmo país, consoante as necessidades e estratégias

definidas. A hipótese 5 está, portanto, confirmada, pois foi possível identificar os dois timings

mais utilizados pelas empresas.

Prosseguindo para as características das parcerias locais efectuadas pelas empresas

presentes neste estudo, e começando pelo tipo de parceria local utilizado preferencialmente,

observou-se que 61,5% destas empresas costumam efectuar equity joint ventures, enquanto

que as outras 38,5% preferem non-equity joint ventures. Não obstante, foi lembrado por vários

entrevistados que há sempre excepções a estas preferências, ou seja, não existem regras

rígidas pois cada mercado tem as suas especificidades e, consequentemente, a estratégia de

internacionalização não é a mesma para todos. Verificou-se ainda que não existe associação

entre o tipo de parceria preferido e a dimensão internacional das empresas estudadas, logo a

hipótese 8 não se confirma. Pode, então, concluir-se que, para estas empresas, a escolha

entre os dois tipos de parceria não depende da dimensão internacional das empresas, como

tal, esta escolha depende apenas da estratégia de cada empresa, das características do

mercado em causa, e dos parceiros disponíveis nesse mesmo mercado.

Quanto à duração das parcerias locais, observou-se que dois terços das empresas analisadas

procuram estabelecer parcerias locais de longo prazo, embora, como foi referido por um dos

entrevistados, esta situação nem sempre seja possível, pois às vezes o parceiro não

acrescenta valor suficiente à parceria, de modo que não se justifica que esta se prolongue para

além da duração do projecto. De resto, também se constatou que existe uma associação entre

o tipo de parceria local preferido pelas empresas investigadas e a duração preferencial para

essas parcerias: as empresas que preferem non-equity joint ventures procuram parcerias locais

com a duração do projecto, ao passo que as empresas que preferem equity joint ventures

estão mais interessadas em parcerias locais de longo prazo. Este resultado pode explicar-se

pelo facto das equity joint ventures envolverem a criação de uma nova empresa, e, portanto,

criarem uma ligação mais profunda entre as empresas parceiras, proporcionando assim

melhores condições para parcerias locais de longo prazo. Já nas non-equity joint ventures a

ligação entre as empresas é feita apenas através de um contrato, logo a ligação entre as

empresas é mais simples, adaptando-se melhor às parcerias que tenham apenas a duração do

projecto.

No que diz respeito às funções assumidas pelos parceiros locais, importa destacar em primeiro

lugar que a quase totalidade das empresas analisadas pretende parceiros com uma vasta rede

de contactos que lhes permita assumir as funções de contacto com as autoridades locais, os

clientes, os fornecedores e os subempreiteiros. Já o apoio financeiro e o apoio jurídico e fiscal

são funções que a maior parte das empresas não exige aos seus parceiros, pois conforme foi

assinalado por vários entrevistados, nos mercados onde as empresas portuguesas operam, ou

seja, nos mercados africanos, as empresas locais não têm capacidades técnicas e financeiras

Page 90: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

72

para poder ajudar nestes campos. Como tal, nestes mercados as empresas portuguesas têm

de dar à parceria o know-how técnico e os recursos, enquanto que as empresas locais

contribuem essencialmente com o seu conhecimento aprofundado do mercado, tendo assim

um papel mais passivo na parceria devido a essas funções mais burocráticas. Logo, os

parceiros locais das empresas portuguesas nos mercados onde estas normalmente operam

não precisam de ser empresas de construção, podem ser apenas investidores com bons

conhecimentos no mercado em causa, como foi mencionado por vários entrevistados. Importa

ainda assinalar que, para as funções já referidas, não se encontrou relação entre estas e o tipo

de parceria local seleccionado pelas empresas estudadas. Ora, como já foi referido, nos

mercados onde estas empresas operam as funções que o parceiro pode desempenhar são

condicionadas pelas suas limitações técnicas e financeiras, ou seja, não há muito por onde

escolher no que respeita às funções porque as capacidades do parceiro local são reduzidas,

logo é natural que a escolha das funções do parceiro seja independente do tipo de parceria

local seleccionado e da estratégia adoptada. Quanto ao apoio nas actividades de construção

registou-se que apenas metade das empresas estudadas costuma entregar este tipo de função

aos seus parceiros, o que é natural visto que esta situação só é possível se o parceiro for uma

empresa de construção, o que por vezes não acontece, e que nem sempre os parceiros locais

têm capacidades técnicas suficientes para constituírem uma ajuda válida neste campo. De

resto, constatou-se ainda que a função apoio na construção tem relação com o tipo de parceria

local adoptado pelas empresas analisadas, ou seja, as empresas que preferem equity joint

ventures têm tendência a não esperar o apoio do parceiro local nas actividades de construção,

já as empresas que preferem non-equity joint ventures contam com esse apoio. Este resultado

pode explicar-se pelo facto de que a função de apoio nas actividades de construção é

normalmente associada a parcerias adoptadas apenas para a realização de um projecto, ao

passo que nas parcerias de longo prazo é dada maior importância a funções mais passivas e

mais burocráticas, e além disso, conforme foi visto no parágrafo anterior, estas parcerias com a

duração do projecto estão associadas a non-equity joint ventures, ao passo que as parcerias

de longo prazo estão associadas a equity joint venture.

Continuando nas características das parcerias locais, verificou-se que a maior parte das

empresas investigadas prefere um modo de operação integrado para as suas parcerias locais,

no qual ambos os parceiros partilham riscos e responsabilidades, e conjugam funções e

capacidades. Este resultado demonstra que estas empresas pretendem supervisionar de perto

o trabalho do parceiro, ou até assumir em conjunto algumas das funções referidas no parágrafo

anterior, conforme foi lembrado por um entrevistado. Verificou-se ainda que não existe

associação entre o tipo de parceria local preferido pelas empresas estudadas e o modo de

operação normalmente adoptado nestas parcerias. Pode, portanto, concluir-se que, para estas

empresas, a escolha do modo de operação é independente do tipo de parceria local escolhido,

porque estas costumam optar pelo modo de operação que lhes dá maior controlo sobre o

parceiro local.

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73

Constatou-se também que a esmagadora maioria das empresas presentes neste estudo

procura sempre ter uma posição maioritária nas parcerias que efectua. Além disso, importa

ainda notar que não existe associação entre o tipo de parceria local preferido pelas empresas

estudadas e a posição procurada nestas parcerias. Desta forma, e na linha das observações

anteriores, confirma-se que, independentemente do tipo de parceria local escolhido, estas

empresas tencionam sempre ter um controlo elevado sobre as suas parcerias locais.

Tendo em conta as conclusões já tiradas sobre as características das parcerias locais

efectuada pelas empresas presentes neste estudo, pode afirmar-se que a hipótese 6 se

confirma. Já a hipótese 7 não se confirma, pois a duração da parceria local e a função apoio na

construção são as únicas duas características que variam com o tipo de parceria local

preferencial, de modo que a maioria das características é independente do tipo de parceria

local preferido.

Passando aos motivos que levam as empresas estudadas a adoptar parcerias locais,

constatou-se, através da classificação obtida, que as motivações mais importantes são: o

“aproveitamento da experiência e dos conhecimentos do parceiro sobre o mercado”, o

“cumprimento dos requisitos impostos pelo governo local”, a “partilha de riscos”, e o “aumento

de dimensão, capacidade produtiva e financeira para participar em grandes projectos”. Como

tal, foi possível elaborar uma classificação das motivações de acordo com a sua importância

para as empresas, confirmando-se, desta forma, a hipótese 9.

Importa ainda referir que a motivação “aumento da quota de mercado” foi a única que

apresentou importâncias diferentes consoante a dimensão internacional das empresas

investigadas. Observou-se então que as empresas com menor dimensão internacional dão

mais importância à possibilidade de aumentarem a sua quota de mercado através de uma

parceria local. Este resultado era expectável, dado que é normal que as empresas de menor

dimensão estejam atentas à possibilidade de aumentar a sua quota de mercado através de

uma parceria, e assim aumentarem os seus volumes de negócios, aumentando

simultaneamente a sua dimensão internacional. No entanto, apesar da diferença constatada,

este motivo não tem uma importância elevada nem para as empresas com maior dimensão

internacional, nem para as empresas com menor dimensão internacional. Em suma, a hipótese

10 confirma-se quase totalmente, visto que apenas uma das motivações, com classificações

mais baixas, apresenta um grau de importância diferente para empresas com dimensão

internacional distinta. De resto, salienta-se ainda que não se encontraram diferenças na

importância das motivações consoante o tipo de parceria preferencial das empresas

analisadas. Portanto, a importância das motivações é independente do tipo de parceria local

preferido pelas empresas, confirmando-se assim a hipótese 11.

No que respeita aos critérios decisivos na selecção de parceiros locais das empresas

investigadas, verificou-se, a partir da classificação efectuada, que os critérios de selecção

relacionados com o parceiro mais importantes são: a “reputação”, a “credibilidade junto dos

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74

clientes”, a “compatibilidade de objectivos”, a ”credibilidade junto da banca”, a “capacidade

financeira”, as “boas referências dadas por outra empresa” e as “anteriores experiências de

sucesso com o parceiro”. Quanto aos critérios de selecção relacionados com a tarefa, a sua

classificação demonstra que os mais importantes para as empresas estudadas são: os

“conhecimentos sobre o mercado e a cultura local”, a “influência junto das autoridades locais”,

as “boas relações com os clientes”, a “relação com a comunidade local”, e a “posse de

licenças”. Fazendo a comparação entre os dois tipos de critérios rapidamente se percebe os

critérios de selecção relacionados com a tarefa receberam avaliações um pouco mais elevadas

do que os critérios de selecção relacionados com o parceiro. Desta forma, conclui-se que as

empresas presentes neste estudo preocupam-se em primeiro lugar em seleccionar um parceiro

que se adeqúe às necessidades operacionais da parceria e dos projectos que esta tem pela

frente, não esquecendo porém de analisar também as características mais gerais dos

potenciais parceiros. Nota-se ainda que foi possível elaborar uma classificação dos critérios de

selecção consoante a sua importância para as empresas, estando assim confirmada a hipótese

12.

Interessa ainda mencionar que não se encontraram diferenças na importância dos critérios de

selecção consoante a dimensão internacional das empresas investigadas. Como tal a

importância dos critérios de selecção é independente da dimensão internacional das empresas,

logo a hipótese 13 está confirmada. É ainda importante assinalar que os critérios de selecção

“compatibilidade de objectivos” e “influência junto das autoridades locais” apresentaram

importâncias diferentes consoante o tipo de parceria local preferencial das empresas

analisadas. Descobriu-se então que as empresas que optam preferencialmente por equity joint

ventures têm uma maior preocupação em encontrar um parceiro com objectivos compatíveis, e

com influência junto das autoridades locais. Estes resultados podem explicar-se pelo facto das

equity joint ventures envolverem a criação de uma nova empresa e, portanto, serem mais

propícias a uma ligação de longo prazo, em que a compatibilidade de objectivos se torna um

requisito indispensável para evitar conflitos acerca do rumo que a empresa deve tomar, e em

que as funções mais passivas e mais burocráticas dependem da influência do parceiro junto

das autoridade locais. Aliás, um dos entrevistados referiu mesmo que, nos casos em que os

objectivos das empresas não são semelhantes, as parcerias tendem a degradar-se e a ficar

muito difíceis de gerir. Em conclusão, a hipótese 14 confirma-se quase totalmente dado que

apenas dois dos dezanove critérios de selecção têm importâncias diferentes para empresas

com tipos de parceria local preferencial distintos.

Prosseguindo para os factores de maior risco que podem afectar as parcerias locais das

empresas analisadas, observou-se, de acordo com a classificação elaborada, que os riscos

internos mais importantes são: os “problemas financeiros do parceiro”, as “diferenças culturais

entre os parceiros”, o “desacordo ou lacunas nas condições do contrato”, a “desconfiança entre

parceiros” e a “perda de controlo ou interdependência excessiva”. No que respeita aos riscos

relativos ao projecto, a sua classificação demonstra que os mais importantes para as empresas

Page 93: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

75

investigadas são: os “problemas de cash flow do cliente”, as “restrições à contratação de

pessoal estrangeiro”, a “escassez de recursos humanos com as qualificações necessárias”, o

“excesso de alterações ao projecto por parte do cliente” e os “erros nas peças desenhadas do

projecto”. Já os riscos externos mais importantes para as empresas estudadas são: as

“circunstâncias de força maior e desordem social”, os “problemas de segurança”, as “flutuações

das taxas de câmbio, de inflação e de juros”, a “inconsistência de políticas, leis, normas e

regulamentos”, as “restrições à repatriação de lucros”, as “restrições às importações e

proteccionismo local”, as “dificuldades burocráticas e demoras na aprovação de projectos e

licenças”, a “corrupção e suborno”, e as “diferenças sociais, culturais e religiosas”. Comparando

os três tipos de riscos, conclui-se facilmente que os riscos externos recolheram avaliações mais

elevadas do que os riscos internos e relativos ao projecto. Já entre estes dois últimos tipos de

risco não existem diferenças substanciais no valor das avaliações recebidas. Pode, portanto,

concluir-se que, do ponto de vista das empresas analisadas, os riscos externos à actividade

das parcerias locais em mercados internacionais são os mais ameaçadores para a operação

destas parcerias. Apesar disso o factor de risco que mais se destaca são os “problemas de

cash flow do cliente”, que é um risco relativo ao projecto. Em suma, pode afirmar-se que foi

possível classificar os riscos de acordo com a sua importância para as empresas, confirmando-

se assim a hipótese 15.

Importa também salientar que os riscos “desacordo ou lacunas nas condições do contrato” e

“problemas de cash flow do cliente” apresentaram importâncias diferentes consoante a

dimensão internacional das empresas investigadas. Observou-se então que as empresas com

menor dimensão internacional têm uma maior preocupação com os problemas devidos ao

contrato elaborado entre os parceiros, e com os problemas de cash flow do cliente da parceria.

O primeiro resultado deve-se ao facto das empresas de maior dimensão terem gabinetes

jurídicos mais desenvolvidos e com mais recursos, tendo, naturalmente, maiores

probabilidades de evitar potenciais erros nos seus contratos, o que gera uma menor

preocupação em torno deste risco. Já o segundo resultado pode explicar-se pela menor

capacidade financeira das empresas com menor dimensão internacional, que leva a uma maior

dificuldade destas empresas em absorver os problemas financeiros do cliente. Em suma, a

hipótese 16 confirma-se quase totalmente dado que apenas dois dos vinte e nove riscos têm

importâncias diferentes consoante a dimensão internacional das empresas. De resto, nota-se

ainda que não foram encontradas diferenças na importância dos factores de risco consoante o

tipo de parceria local preferencial das empresas analisadas. Pode, portanto, concluir-se que a

hipótese 17 se confirma, visto que a importância dos riscos é independente do tipo de parceria

local preferido pelas empresas.

Finalmente, quanto aos factores cruciais para o sucesso das parcerias locais das empresas

presentes neste estudo, constatou-se, a partir da classificação obtida, que os factores de

sucesso mais importantes na fase de formação da parceria local são: a “selecção de um

parceiro adequado”, a “elaboração de um acordo completo, simples e inequívoco”, a “definição

Page 94: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

76

inequívoca de responsabilidades e planeamento de tarefas”, a “constituição de uma estrutura

organizativa de gestão e controlo bem definida”, a “contratação de pessoal experiente e

qualificado”, a “distribuição justa de riscos e proveitos”, a “definição de objectivos e estratégias

de acção no mercado”, o “desenvolvimento de um sistema de resolução de conflitos”, e o

“estabelecimento de relações estratégicas de longo prazo”. Já os factores de sucesso da fase

de operação das parcerias locais mais importantes para as empresas analisadas são: o

“empenhamento da gestão de topo e de todos os funcionários”, a “confiança mútua entre os

parceiros”, o “desenvolvimento de um clima de cooperação, flexibilidade e abertura entre os

parceiros”, a “adopção de uma atitude de procura de benefício mútuo”, a “avaliação regular da

performance da parceria”, a “comunicação eficaz e partilha de informações”, a “coordenação

eficaz entre as tarefas dos parceiros”, a “capacidade de lidar com as diferenças culturais, éticas

e linguísticas”, a “partilha dos recursos necessários às operações”, e a “transferência de

conhecimentos e capacidades específicas entre os parceiros”. Na verdade, todos os factores

de sucesso da fase de formação, assim como todos os da fase de operação, foram

considerados importantes pelos entrevistados, dado que nenhum deles recebeu avaliações do

tipo “nada importante” e poucos foram os que receberam uma ou outra avaliação do tipo

“pouco importante”. Como tal, pode afirmar-se que os factores de sucesso presentes neste

estudo foram bem escolhidos, e são todos relevantes para as operações internacionais das

empresas estudadas. Apesar disso, há três factores de sucesso que se destacam dos demais:

a “selecção de um parceiro adequado” na fase de formação da parceria local, e o

“empenhamento da gestão de topo e de todos os funcionários” e a “confiança mútua entre

parceiros”, que pertencem ambos à fase de operação dessa mesma parceria. Foi, portanto,

possível elaborar uma classificação dos factores de sucesso consoante a sua importância para

as empresas, estando, desta forma, confirmada a hipótese 18.

Interessa também mostrar que o factor de sucesso “estabelecimento de relações estratégicas

de longo prazo” foi o único que apresentou importâncias diferentes consoante a dimensão

internacional das empresas estudadas. Constatou-se então que as empresas com menor

dimensão internacional têm uma maior preocupação em estabelecer relações de longo prazo

com os parceiros locais. Este resultado pode explicar-se pelo facto das menores empresas

terem mais necessidade de um apoio a longo prazo, pois têm menos recursos, enquanto que

para as maiores empresas, o facto de perderem um parceiro é menos problemático, até

porque, devido à sua maior dimensão internacional, são um alvo mais apetecível para as

empresas locais. Em conclusão, a hipótese 19 confirma-se quase totalmente dado que apenas

um dos dezanove factores de sucesso tem uma importância diferente consoante a dimensão

internacional das empresas. É ainda de salientar que não se encontraram diferenças na

importância dos factores de sucesso consoante o tipo de parceria local preferencial das

empresas investigadas. Logo, pode afirmar-se que a hipótese 20 se confirma, tendo em conta

que a importância dos factores de sucesso é independente do tipo de parceria local preferido

pelas empresas.

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77

6. Conclusões

6.1 Síntese

A internacionalização transformou-se hoje em dia num meio de sobrevivência para as

empresas de construção portuguesas, devido à depressão que afecta não só o mercado da

construção como também toda a economia nacional. Ora, as parcerias locais constituem uma

parte relevante da estratégia de internacionalização das empresas de construção portuguesas.

Em consequência, esta dissertação tinha como objectivo principal identificar os factores que

caracterizam a gestão das fases de formação e de operação das parcerias locais efectuadas

por empresas de construção portuguesas em mercados internacionais.

Começou, então, por fazer-se uma revisão da literatura sobre os temas em estudo,

seleccionaram-se um conjunto de modos de entrada, características, motivações, critérios de

selecção, riscos e factores de sucesso que se aplicam à gestão das parcerias locais das

empresas de construção portuguesas em mercados internacionais, e elaborou-se um inquérito.

Posteriormente, com base neste inquérito, realizaram-se entrevistas presenciais com gestores

de topo de algumas das maiores empresas de construção portuguesas com actividade em

mercados internacionais. Por fim efectuou-se uma análise estatística dos resultados obtidos

recorrendo ao software IBM SPSS Statistics.

Para o grupo de empresas analisadas, foram então tiradas as seguintes conclusões.

Em primeiro lugar, concluiu-se que as parcerias locais fazem parte das opções estratégicas de

internacionalização actuais e futuras de todas as empresas, e que os seus principais destinos

internacionais são, actualmente, os PALOP, nomeadamente Angola, devido à proximidade

cultural e à supremacia técnica que estas têm nestes mercados. Além disso, descobriu-se

também que estas empresas utilizam as parcerias locais de forma pontual nalguns mercados,

ao passo que noutros adoptam um parceiro local de forma permanente.

Já no que respeita aos modos de entrada, concluiu-se que a abertura de uma filial e a

formação de uma joint venture company são os modos de entrada preferenciais, sendo o

primeiro adoptado quando a empresa pretende actuar sozinha no mercado, e o segundo

quando a empresa pretende ter, ou é obrigada a ter, um parceiro. Além disso, também se

descobriu que, de acordo com a estratégia de consolidação das operações internacionais

utilizada pelas empresas para potenciar os meios e conhecimentos já obtidos nos mercados

onde actuam, as empresas optam por entradas permanentes em mercados que consideram

estratégicos, complementadas com entradas temporárias em outros mercados onde apareçam

boas oportunidades de negócio. No caso destas entradas temporárias, o joint venture project

surge como uma alternativa válida com uma taxa de utilização razoável.

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78

Quanto às características que definem as parcerias locais, descobriu-se que a maioria das

empresas prefere equity joint ventures em detrimento das non-equity joint ventures, embora

existam excepções a estas preferências devidas às especificidades de cada mercado e às

características dos parceiros disponíveis, que podem obrigar à utilização de estratégias

diferentes da que é preferencialmente utilizada pela empresa. Foi também concluído que a

maioria das empresas procura estabelecer parcerias de longo prazo, embora esta intenção

seja, por vezes, abandonada devido à fraca prestação do parceiro. Além disso, constatou-se

que as equity joint ventures são mais adequadas a estas parcerias locais de longo prazo, pois

envolvem a criação de uma nova empresa que permite uma ligação mais profunda entre as

empresas, enquanto que as non-equity joint ventures adaptam-se melhor a parcerias com a

duração do projecto, porque a ligação entre as empresas é feita apenas através de um simples

contrato. Já no que respeita às funções de cada parceiro, chegou-se à conclusão que as

empresas portuguesas têm, sobretudo nos mercados africanos, de dar à parceria o know-how

técnico e os recursos necessários à execução dos projectos, ao passo que as empresas locais

contribuem essencialmente com o seu conhecimento aprofundado do mercado local,

assumindo assim as funções de contacto com as autoridades, os clientes, os fornecedores e os

subempreiteiros locais. Por vezes, as empresas entregam também funções de apoio às

actividades de construção aos parceiros locais, no caso destes serem uma empresa de

construção e terem capacidades técnicas suficientes para constituírem uma ajuda válida neste

campo, o que nem sempre acontece nos mercados menos desenvolvidos. De resto, descobriu-

se ainda que as empresas que preferem equity joint ventures têm tendência a não esperar o

apoio do parceiro local nas actividades de construção, pois neste tipo de parceria mais

adequadas ao longo prazo é dada maior importância a funções mais burocráticas, enquanto

que as que preferem non-equity joint ventures contam normalmente com esse apoio. Verificou-

se ainda que a maior parte das empresas prefere um modo de operação integrado para as

suas parcerias, que permite supervisionar de perto o trabalho do parceiro, e no qual ambos os

parceiros partilham riscos e responsabilidades. E, por fim, chegou-se também à conclusão que

a esmagadora maioria das empresas tenta sempre ter uma posição maioritária nas parcerias

que efectua, de modo a deter sempre um controlo elevado sobre o parceiro e a parceria em

que ambos participam.

Passando às motivações, ou seja, aos factores que levam as empresas a adoptar parcerias

locais, chegou-se à conclusão que as empresas optam por parcerias locais para terem acesso

aos conhecimentos e experiência do parceiro local sobre o seu mercado, sobretudo em

mercados que as empresas desconhecem, evitando, desta forma, terem que obter estes

conhecimentos por outras vias mais onerosas, como, por exemplo, através da contratação de

uma empresa local que forneça um estudo aprofundado do mercado. Os conhecimentos do

parceiro sobre o mercado local vão desde conhecimentos sobre a cultura, as condições

políticas e o estado da oferta e da procura no mercado, até aos conhecimentos sobre o sistema

jurídico vigente e as regras de actuação no mercado, passando pelas redes de contactos com

subempreiteiros, fornecedores, clientes e entidades governamentais, que são fundamentais

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79

para uma rápida integração no tecido da construção local, e permitem aumentar as hipóteses

de obter bons projectos num período de tempo mais reduzido. Outra motivação importante que

leva à adopção de parcerias locais consiste na possibilidade de partilhar o risco de entrada

num mercado desconhecido, ou simplesmente o risco de execução de um grande projecto. Por

outro lado, a possibilidade de aproveitar as capacidades produtivas e financeiras do parceiro

para formar uma parceira com maior dimensão e capacidade comercial do que a que as

empresas têm a solo, permitindo assim a execução projectos de maior dimensão, também é

uma motivação importante, sobretudo em mercados desenvolvidos em que existem empresas

que têm capacidades e know-how suficientes para poderem ser mais-valias. Importa ainda

mencionar que nem sempre a opção por parcerias locais é uma decisão voluntária das

empresas, como acontece com as três motivações já referidas. Por vezes, as razões que levam

à adopção de parcerias locais devem-se às leis impostas pelos governos locais que obrigam as

empresas a cumprirem certos requisitos, nomeadamente a obrigação de operar no mercado

com um parceiro local, com o intuito de protegerem o seu mercado das empresas estrangeiras.

Já no que respeita aos critérios de selecção, ou seja, os factores que determinam a escolha

dos parceiros locais, descobriu-se que as empresas procuram um parceiro adequado às

necessidades operacionais da parceria e dos projectos que esta terá de executar, logo os

critérios de selecção mais importantes estão associados às funções que as empresas

pretendem que sejam executadas pelos parceiros, ou seja, funções de contacto com o governo

local, os clientes, os subempreiteiros e os fornecedores. Como tal, as empresas tentam

seleccionar parceiros que tenham influência junto das autoridades locais e que já possuam

algumas das licenças necessárias às operações da parceria, de forma a agilizar os processos

burocráticos e a resolver com celeridade as situações que surgirem; que tenham uma boa

carteira de clientes com os quais mantenham boas relações de maneira a facilitar a obtenção

de boas oportunidades de trabalho; que tenham uma boa relação com a comunidade local para

assim manter a população satisfeita com as obras executadas no seu território; e que tenham

um conhecimento profundo sobre o mercado e a cultura locais para que o possam transmitir à

empresa, visto que, conforme foi referido no parágrafo anterior, uma das principais motivações

das empresas que adoptam parcerias locais passa pela obtenção desses conhecimentos. De

resto, as empresas procuram um parceiro que também cumpra os critérios base, ou seja, que

tenha boa reputação dentro da comunidade local; que seja credível não só aos olhos dos

clientes como também da banca, de maneira a facilitar a integração da empresa no mercado e

a operação da parceria; que tenha objectivos compatíveis com os da empresa de modo a que

ambos os parceiros consigam caminhar na mesma direcção ultrapassando eventuais conflitos

internos; que seja financeiramente saudável de modo a não se tornar um peso para a empresa

ou até, no caso de países desenvolvidos, para que possa contribuir para a parceria também do

ponto de vista financeiro; e finalmente que possua boas referências a partir de uma anterior

experiência de sucesso com a empresa, ou através de informações fornecidas por outra

empresa.

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80

Prosseguindo com os riscos, ou seja, os factores que ameaçam a operação das parcerias

locais, concluiu-se que os riscos externos à actividade das parcerias locais são mais

ameaçadores do que os riscos relativos ao projecto e os riscos internos. Assim, os factores

externos que mais preocupam as empresas são os acontecimentos imprevistos que levam à

desordem social ou as catástrofes naturais, sobretudo em países menos desenvolvidos; os

problemas de segurança no país que podem afectar não só o estaleiro como também os

trabalhadores da empresa mais uma vez nos países menos desenvolvidos; os riscos

económicos devidos às flutuações das taxas de câmbio, de inflação e de juros que podem

condicionar o retorno financeiro das operações; os riscos de ordem legal devidos à

inconsistência das políticas adoptadas no país e às leis, normas e regulamentos subsequentes;

o proteccionismo local que leva às restrições à repatriação de lucros e às importações e que

condiciona a operação das empresas; as dificuldades burocráticas nos trâmites legais e as

demoras na aprovação de projectos e licenças aliadas à corrupção e ao suborno associados a

estes processos, que criam assim “regras de jogo” especiais sobretudo nos países menos

desenvolvidos; e, finalmente, as diferenças sociais, culturais e religiosas entre os expatriados e

os locais que podem levar a dificuldades de interacção e conduzir a desentendimentos que

prejudicam a imagem da empresa e dificultam a sua operação no país. Já os factores relativos

ao projecto que constituem uma ameaça maior à operação das empresas são os problemas de

cash flow do cliente que podem vir a condicionar o andamento do projecto devido à falta de

financiamento; as restrições à contratação de expatriados associadas à escassez de recursos

humanos com as qualificações exigidas, que podem criar um défice de qualidade e de

produtividade; e os erros nas peças desenhadas associados a demasiadas alterações ao

projecto por parte do cliente que podem provocar atrasos na execução da obra. Por fim, os

factores internos à parceria que apresentam um maior risco são os problemas financeiros do

parceiro, que se pode assim tornar um peso para a empresa condicionando também a saúde

financeira da parceria; as diferenças culturais entre os parceiros que podem originar

dificuldades de entendimento e comunicação entre estes e criar conflitos que acabam por

originar a perda de confiança entre os parceiros prejudicando o funcionamento da parceria; o

desacordo ou lacunas nas condições do contrato que podem dar azo ao aparecimento de

problemas no caso de a parceria correr mal e as posições entre as partes se extremarem; e a

perda do controlo da parceria ou a criação de uma interdependência excessiva entre os

parceiros que pode ser problemática para a estratégia de crescimento internacional da

empresa.

Finalmente, no que respeita aos factores de sucesso, ou seja, os factores que conduzem as

parcerias locais ao êxito, chegou-se à conclusão que na fase de formação das parcerias locais

é fundamental começar por seleccionar um parceiro adequado às necessidades da empresa e

da parceria que esta pretende formar. A partir daí é necessário elaborar um acordo completo,

simples e inequívoco entre as partes, definir as responsabilidades de cada parceiro, planear e

articular as tarefas de cada um, definir a estrutura organizativa de gestão e controlo da

parceria, contratar pessoal experiente e com as qualificações adequadas às necessidades da

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81

parceria, definir uma distribuição de riscos e proveitos adequada e justa para ambas as partes,

delinear objectivos e estratégias de acção no mercado comuns, desenvolver um sistema de

resolução dos eventuais conflitos que possam surgir, e estabelecer relações estratégicas de

longo prazo. Posteriormente, na fase de operação da parceria é imperativo que a gestão de

topo de ambos os parceiros e todos os seus funcionários estejam empenhados no sucesso da

parceria, de modo a que se desenvolva simultaneamente um clima de confiança entre todos. A

partir desta base é necessário desenvolver um clima de cooperação, flexibilidade e abertura

entre os parceiros, procurar sempre soluções que beneficiem ambos os parceiros, avaliar

regularmente a performance da parceria, comunicar através de canais eficazes e partilhar

todas as informações relevantes, coordenar harmoniosamente as tarefas de cada um, aprender

a lidar com as diferenças culturais, éticas e linguísticas existentes dentro da parceria, e

partilhar todos os recursos, conhecimentos e capacidades específicas necessários às

operações da parceria.

Pode ainda afirmar-se que foram confirmadas dezasseis das vinte hipóteses formuladas, e que

os objectivos propostos foram cumpridos, dado que foi possível identificar os modos de entrada

utilizados pelas empresas de construção portuguesas em mercados internacionais, as

características que definem as suas parcerias locais, e as motivações, critérios de selecção de

parceiros locais, riscos e factores de sucesso que condicionam a gestão dessas mesmas

parcerias locais.

Em suma, as parcerias locais são uma estratégia a ter em conta por todo o tipo de empresas

nas suas estratégias de internacionalização futuras e actuais, já que a internacionalização é

uma necessidade premente para todas as empresas de construção portuguesas.

6.2 Limitações do Estudo

Dada a reduzida dimensão da amostra não é possível generalizar os resultados obtidos para

todo o universo de empresas de construção portuguesas com operações em mercados

internacionais.

Além deste factor, importa ainda referir que as experiências relatadas nas entrevistas acabam

por se focar bastante no que se passa nos mercados africanos, pois estes são os principais

destinos de internacionalização das empresas portuguesas, e apesar de existirem outros

destinos, estes acabam por vezes por não ser tidos em conta nas respostas dadas devido à

sua menor importância em comparação com os mercados africanos.

Contudo as conclusões obtidas permitem às empresas de construção portuguesas perceber de

que maneiras as parcerias locais se podem articular dentro das suas estratégias de

internacionalização, e entender melhor quais são os factores que podem condicionar a gestão

das suas parcerias locais nesses mercados internacionais.

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82

6.3 Campos de Pesquisa Futuros

Esta dissertação abre a porta a estudos que abordem mais aprofundadamente um dos seis

principais temas abordados: os modos de entrada em mercados internacionais, as

características das parcerias locais, as motivações que levam à adopção de parcerias locais,

os critérios de selecção de parceiros locais, os riscos que ameaçam as parcerias locais e os

factores de sucesso as parcerias locais.

Além disso pode também replicar-se este mesmo estudo para parcerias não-locais, ou seja,

com parceiros portugueses ou de outra nacionalidade que não a do país onde as empresas se

estão a internacionalizar, para assim se poder comparar se há diferenças em relação aos

resultados obtidos para parcerias locais, e também para completar o estudo das parcerias na

internacionalização.

Seguindo esta lógica, pode também replicar-se este estudo para um ou mais mercados

específicos, para mais uma vez se poder comparar os resultados obtidos para cada país.

Finalmente, indo no sentido de avançar com a investigação efectuada nesta dissertação,

parece importante que se estudem critérios de avaliação da performance de parcerias locais

inseridas em processos de internacionalização. Estes critérios de avaliação são importantes

tanto na fase de operação das parcerias locais como na fase de término ou continuação

destas.

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ANEXOS

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Anexo A - Inquérito

As Parcerias na Estratégia de Internacionalização

das Empresas de Construção Portuguesas

Inquérito

Outubro 2011

O presente inquérito insere-se no trabalho de dissertação de mestrado em engenharia civil do

aluno Duarte Pereira de Sousa, e versa sobre as parcerias locais efectuadas pelas empresas de

construção portuguesas em mercados internacionais.

Neste contexto, gostaríamos que partilhasse a sua visão sobre diversos aspectos da gestão de

parcerias locais, nomeadamente acerca dos modos de entrada em mercados externos, das

motivações que conduzem à adopção de parcerias, dos critérios de selecção de parceiros, das

características das parcerias, e dos riscos e factores de sucesso que condicionam as parcerias.

As suas respostas serão analisadas, conjuntamente com as restantes respostas, sob orientação

do Professor Pedro Gameiro Henriques (Instituto Superior Técnico), daí resultando um conjunto

de conclusões a apresentar na prestação de provas públicas.

Consideramos que a sua opinião é indispensável para o sucesso do trabalho, e agradecemos a

sua preciosa colaboração nesta investigação.

Data de realização da Entrevista:

Empresa/Grupo:

Nome do Inquirido:

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1. Caracterização Geral da Empresa/Grupo

1.1 Qual a sua função na Empresa/Grupo?

_______________________________________________________________________

1.2 Há quantos anos trabalha na indústria da construção civil? _______ Anos

1.3 Onde e quando se iniciou a actividade internacional da sua Empresa/Grupo na

construção?

País: ______________ Ano: |_|_|_|_|

1.4 Qual o volume de negócios da sua Empresa/Grupo em actividades de construção no

mercado nacional em 2010? E qual o volume de negócios nos mercados internacionais

em 2010? (Dê uma estimativa em milhões de euros)

Mercado nacional: ______________ M€

Mercados internacionais: ______________ M€

1.5 Quais os países onde decorrem as actividades de construção internacional da sua

Empresa/Grupo? Ordene os países de acordo com a sua importância na facturação

internacional da sua Empresa/Grupo.

2. Modos de Entrada em Mercados Externos

2.1 Quais os modos de entrada normalmente utilizados pela sua Empresa/Grupo em

mercados internacionais?

Abertura de uma subsidiária ou de uma sucursal

Aquisição de uma empresa local

Criação de uma nova empresa em parceria

Estabelecimento de uma parceria sem constituição de uma nova empresa

2.2 Qual o tipo de entrada normalmente utilizado pela sua Empresa/Grupo em mercados

internacionais?

Permanente (estabelecimento de uma presença contínua no mercado)

Temporário (execução de um projecto seguida de retirada do mercado)

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3. Parcerias Locais

3.1 A sua Empresa/Grupo tem ou já teve parcerias locais em mercados internacionais?

Sim Não

Se sim, em que fase do processo de internacionalização?

Se não, porquê?

3.2 A sua Empresa/Grupo considera a possibilidade de vir a necessitar de adoptar parcerias

locais no futuro? Sim Não

Se a sua Empresa/Grupo não tem, não teve, nem considera vir a ter parceiros locais, a

entrevista termina aqui.

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4. Motivações de Parcerias Locais

4.1 Quais as principais razões que levam a sua Empresa/Grupo a adoptar parcerias locais?

4.2 Avalie a importância dos seguintes motivos na decisão de adoptar parcerias locais da

sua Empresa/Grupo, recorrendo à escala abaixo indicada. Assinale apenas uma opção

para cada motivo.

Escala a utilizar: 1 – nada importante; 2 – pouco importante; 3 – algo importante; 4 – muito importante; 5 –

extremamente importante. Se não sabe ou não responde, assinale NR.

4.2.1 Transferência de tecnologia 1 2 3 4 5 NR

4.2.2 Partilha de riscos 1 2 3 4 5 NR

4.2.3 Aumento de dimensão, capacidade produtiva e financeira para participar em grandes projectos

1 2 3 4 5 NR

4.2.4 Cumprimento dos requisitos impostos pelo governo local 1 2 3 4 5 NR

4.2.5 Partilha de custos de pesquisa e desenvolvimento 1 2 3 4 5 NR

4.2.6 Diminuição dos custos de entrada 1 2 3 4 5 NR

4.2.7 Aproveitamento da experiência e dos conhecimentos do parceiro sobre o mercado

1 2 3 4 5 NR

4.2.8 Redução da competição no mercado 1 2 3 4 5 NR

4.2.9 Aumento da quota de mercado 1 2 3 4 5 NR

4.2.10 Acesso aos recursos e competências específicas do parceiro 1 2 3 4 5 NR

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5. Critérios de Selecção de Parceiros Locais

5.1 Quais os critérios decisivos para a selecção de parceiros locais da sua Empresa/Grupo?

5.2 Avalie a importância dos seguintes critérios para a escolha dos parceiros locais da sua

Empresa/Grupo, recorrendo à escala abaixo indicada. Assinale apenas uma opção para

cada critério de selecção.

Escala a utilizar: 1 – nada importante; 2 – pouco importante; 3 – algo importante; 4 – muito importante; 5 –

extremamente importante. Se não sabe ou não responde, assinale NR.

Critérios relacionados com o parceiro

5.2.1 Anteriores experiências de sucesso com o parceiro 1 2 3 4 5 NR

5.2.2 Credibilidade junto dos clientes 1 2 3 4 5 NR

5.2.3 Capacidade financeira 1 2 3 4 5 NR

5.2.4 Semelhança de tamanho 1 2 3 4 5 NR

5.2.5 Experiência internacional 1 2 3 4 5 NR

5.2.6 Credibilidade junto da banca 1 2 3 4 5 NR

5.2.7 Semelhança de culturas 1 2 3 4 5 NR

5.2.8 Carga de trabalho doméstica e internacional 1 2 3 4 5 NR

5.2.9 Compatibilidade de objectivos 1 2 3 4 5 NR

5.2.10 Boas referências dadas por outra empresa 1 2 3 4 5 NR

5.2.11 Reputação 1 2 3 4 5 NR

Critérios relacionados com a tarefa

5.2.12 Recursos e competências necessárias à realização do projecto 1 2 3 4 5 NR

5.2.13 Influência junto das autoridades locais 1 2 3 4 5 NR

5.2.14 Conhecimentos sobre o mercado e a cultura local 1 2 3 4 5 NR

5.2.15 Relação com a comunidade local 1 2 3 4 5 NR

5.2.16 Experiência acumulada em projectos similares 1 2 3 4 5 NR

5.2.17 Tamanho necessário à realização do projecto 1 2 3 4 5 NR

5.2.18 Boas relações com os clientes 1 2 3 4 5 NR

5.2.19 Posse de licenças 1 2 3 4 5 NR

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92

6. Características de Parcerias Locais

6.1 Quais costumam ser as funções do parceiro local da sua Empresa/Grupo?

Apoio na construção

Apoio financeiro

Apoio jurídico e fiscal

Contacto com autoridades locais

Contacto com clientes

Contacto com fornecedores e subempreiteiros locais

Outras Quais? __________________________________________________

6.2 Qual a forma jurídica normalmente adoptada nas parcerias locais da sua

Empresa/Grupo?

Constituição de uma nova entidade dotada de personalidade jurídica

Forma de cooperação contratual não dotada de personalidade jurídica

6.3 Como classifica o modo de operação normalmente utilizado nas parcerias locais da sua

Empresa/Grupo?

Integrado (responsabilidades e trabalhos assumidos conjuntamente pelos dois parceiros)

Independente (cada parceiro executa e é responsável por uma parte dos trabalhos)

6.4 Como classifica a posição normalmente detida pela sua Empresa/Grupo em relação ao

controlo das parcerias locais?

Maioritária

Equitativa

Minoritária

6.5 Qual a duração das parcerias locais habitualmente efectuadas pela sua Empresa/Grupo?

Longo prazo

Duração do projecto

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93

7. Factores de Risco de Parcerias Locais

7.1 Quais os factores de maior risco para as parcerias locais da sua Empresa/Grupo?

7.2 Avalie a importância dos seguintes factores para o risco que a sua Empresa/Grupo corre

em parcerias locais, recorrendo à escala abaixo indicada. Assinale apenas uma opção

para cada risco.

Escala a utilizar: 1 – nada importante; 2 – pouco importante; 3 – algo importante; 4 – muito importante; 5 –

extremamente importante. Se não sabe ou não responde, assinale NR.

Riscos internos

7.2.1 Problemas financeiros do parceiro 1 2 3 4 5 NR

7.2.2 Interferência das empresas-mãe de ambos os parceiros 1 2 3 4 5 NR

7.2.3 Fuga indesejada de informação, conhecimento ou tecnologia 1 2 3 4 5 NR

7.2.4 Desacordo em relação à política de colocação de pessoal 1 2 3 4 5 NR

7.2.5 Divergências em relação à distribuição dos trabalhos 1 2 3 4 5 NR

7.2.6 Interferência entre os métodos de trabalho dos parceiros 1 2 3 4 5 NR

7.2.7 Desconfiança entre parceiros 1 2 3 4 5 NR

7.2.8 Diferenças culturais entre os parceiros 1 2 3 4 5 NR

7.2.9 Desacordo ou lacunas nas condições do contrato 1 2 3 4 5 NR

7.2.10 Perda de controlo ou interdependência excessiva 1 2 3 4 5 NR

Riscos relativos ao projecto

7.2.11 Problemas de cash flow do cliente 1 2 3 4 5 NR

7.2.12 Escassez de subempreiteiros e fornecedores competentes e financeiramente estáveis

1 2 3 4 5 NR

7.2.13 Excesso de alterações ao projecto por parte do cliente 1 2 3 4 5 NR

7.2.14 Incompetência técnica do parceiro 1 2 3 4 5 NR

7.2.15 Acidentes de trabalho 1 2 3 4 5 NR

7.2.16 Escassez de recursos humanos com as qualificações necessárias

1 2 3 4 5 NR

7.2.17 Restrições à contratação de pessoal estrangeiro 1 2 3 4 5 NR

7.2.18 Escassez de equipamentos e materiais com a qualidade exigida 1 2 3 4 5 NR

7.2.19 Erros nas peças desenhadas do projecto 1 2 3 4 5 NR

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94

Riscos externos

7.2.20 Inconsistência de políticas, leis, normas e regulamentos 1 2 3 4 5 NR

7.2.21 Restrições às importações e proteccionismo local 1 2 3 4 5 NR

7.2.22 Restrições à repatriação de lucros 1 2 3 4 5 NR

7.2.23 Flutuações das taxas de câmbio, de inflação e de juros 1 2 3 4 5 NR

7.2.24 Problemas de segurança 1 2 3 4 5 NR

7.2.25 Diferenças sociais, culturais e religiosas 1 2 3 4 5 NR

7.2.26 Circunstâncias de força maior e desordem social 1 2 3 4 5 NR

7.2.27 Corrupção e suborno 1 2 3 4 5 NR

7.2.28 Faltas de água, gás e electricidade 1 2 3 4 5 NR

7.2.29 Dificuldades burocráticas e demoras na aprovação de projectos e licenças

1 2 3 4 5 NR

8. Factores de Sucesso de Parcerias Locais

8.1 Quais os factores cruciais para o sucesso das parcerias locais da sua Empresa/Grupo?

8.2 Avalie a importância dos seguintes factores para o sucesso das parcerias locais da sua

Empresa/Grupo, recorrendo à escala abaixo indicada. Assinale apenas uma opção para

cada factor de sucesso.

Escala a utilizar: 1 – nada importante; 2 – pouco importante; 3 – algo importante; 4 – muito importante; 5 –

extremamente importante. Se não sabe ou não responde, assinale NR.

Fase de formação

8.2.1 Definição inequívoca de responsabilidades e planeamento de tarefas

1 2 3 4 5 NR

8.2.2 Selecção de um parceiro adequado 1 2 3 4 5 NR

8.2.3 Elaboração de um acordo completo, simples e inequívoco 1 2 3 4 5 NR

8.2.4 Distribuição justa de riscos e proveitos 1 2 3 4 5 NR

8.2.5 Desenvolvimento de um sistema de resolução de conflitos 1 2 3 4 5 NR

8.2.6 Constituição de uma estrutura organizativa de gestão e controlo bem definida

1 2 3 4 5 NR

8.2.7 Contratação de pessoal experiente e qualificado 1 2 3 4 5 NR

8.2.8 Definição de objectivos e estratégias de acção no mercado 1 2 3 4 5 NR

8.2.9 Estabelecimento de relações estratégicas de longo prazo 1 2 3 4 5 NR

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95

Fase de operação

8.2.10 Confiança mútua entre os parceiros 1 2 3 4 5 NR

8.2.11 Empenhamento da gestão de topo e de todos os funcionários 1 2 3 4 5 NR

8.2.12 Desenvolvimento de um clima de cooperação, flexibilidade e abertura entre os parceiros

1 2 3 4 5 NR

8.2.13 Comunicação eficaz e partilha de informações 1 2 3 4 5 NR

8.2.14 Adopção de uma atitude de procura de benefício mútuo 1 2 3 4 5 NR

8.2.15 Partilha dos recursos necessários às operações 1 2 3 4 5 NR

8.2.16 Capacidade de lidar com as diferenças culturais, éticas e linguísticas

1 2 3 4 5 NR

8.2.17 Avaliação regular da performance da parceria 1 2 3 4 5 NR

8.2.18 Coordenação eficaz entre as tarefas dos parceiros 1 2 3 4 5 NR

8.2.19 Transferência de conhecimentos e capacidades específicas entre os parceiros

1 2 3 4 5 NR

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96

Anexo B - Análise Descritiva

Tabela B. 1 - Estatísticas descritivas dos entrevistados

Variável Média Desvio

Padrão Máximo Mínimo

Experiência na indústria da construção (Anos) 28,23 7,91 41 15

Tabela B. 2 - Estatísticas descritivas das empresas de construção

Variável Média Desvio

Padrão Máximo Mínimo

Volume de negócios nacional (M€) 182,6 153,47 491 20

Volume de negócios internacional (M€) 168,9 216,96 677 7

Volume de negócios total (M€) 351,5 341,40 1168 32

Peso da actividade internacional no volume de

negócios total (%) 40,0 18,80 82 10

Experiência internacional (Anos) 26,0 23,99 64 4

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97

Anexo C - Coeficientes de Correlação ρ de Spearman

Tabela C. 1 - Grau de correlação entre a dimensão total e a dimensão internacional das empresas

Volume de negócios internacional

Volume de negócios total

Coeficiente de correlação ρ de Spearman 0,901

Sig. (2-tailed) 0,000

N 13

Tabela C. 2 - Grau de correlação entre a dimensão total e o peso da actividade internacional no

volume de negócios total das empresas

Peso da actividade internacional no

volume de negócios total

Volume de negócios total

Coeficiente de correlação ρ de Spearman 0,214

Sig. (2-tailed) 0,482

N 13

Tabela C. 3 - Grau de correlação entre a dimensão internacional e a experiência internacional das

empresas

Experiência internacional

Volume de negócios internacional

Coeficiente de correlação ρ de Spearman 0,325

Sig. (2-tailed) 0,278

N 13

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98

Anexo D - Coeficientes de Associação V de Cramer

Tabela D. 1 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a função do parceiro “apoio na

construção”

Tipo de parceria local

Função “Apoio na construção”

Coeficiente V de Cramer 0,732

Approx. Sig. 0,008

N 13

Tabela D. 2 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a função do parceiro “apoio

financeiro”

Tipo de parceria local

Função “Apoio financeiro”

Coeficiente V de Cramer 0,058

Approx. Sig. 0,835

N 13

Tabela D. 3 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a função do parceiro “apoio

jurídico e fiscal”

Tipo de parceria local

Função “Apoio jurídico e fiscal”

Coeficiente V de Cramer 0,350

Approx. Sig. 0,207

N 13

Tabela D. 4 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a função do parceiro “contacto

com autoridades locais”

Tipo de parceria local

Função “Contacto com autoridades locais”

Coeficiente V de Cramer -*

Approx. Sig. -

N 13

* Estatística inexistente porque a variável “Contacto com autoridades locais” é uma constante

Tabela D. 5 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a função do parceiro “contacto

com clientes”

Tipo de parceria local

Função “Contacto com clientes”

Coeficiente V de Cramer 0,101

Approx. Sig. 0,715

N 13

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99

Tabela D. 6 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a função do parceiro “contacto

com fornecedores e subempreiteiros locais”

Tipo de parceria local

Função “Contacto com fornecedores e subempreiteiros locais”

Coeficiente V de Cramer 0,318

Approx. Sig. 0,252

N 13

Tabela D. 7 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e o modo de operação

Tipo de parceria local

Modo de operação

Coeficiente V de Cramer 0,101

Approx. Sig. 0,715

N 13

Tabela D. 8 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a posição na parceria local

Tipo de parceria local

Posição na parceria local

Coeficiente V de Cramer 0,228

Approx. Sig. 0,411

N 13

Tabela D. 9 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a duração da parceria local

Tipo de parceria local

Duração da parceria local

Coeficiente V de Cramer 0,843

Approx. Sig. 0,002

N 13

Tabela D. 10 - Grau de associação entre o tipo de parceria local e a dimensão internacional das

empresas

Tipo de parceria local

Dimensão internacional

Coeficiente V de Cramer 0,320

Approx. Sig. 0,514

N 13

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100

Anexo E - Testes de Kruskal-Wallis

Tabela E. 1 - Análise das diferenças na importância das motivações consoante a dimensão internacional das empresas

Motivo Dimensão internacional

N Mean Rank

Chi-Square

df Asymp.

Sig.

Transferência de tecnologia

< 100 M€ 7 7,21

1,417 2 0,492 100 - 199 M€ 3 8,50

≥ 200 M€ 3 5,00

Total 13

Partilha de riscos

< 100 M€ 7 7,14

1,191 2 0,551 100 - 199 M€ 3 8,50

≥ 200 M€ 3 5,17

Total 13

Aumento de dimensão, capacidade produtiva e financeira para participar em grandes projectos

< 100 M€ 7 8,57

2,967 2 0,227 100 - 199 M€ 3 5,17

≥ 200 M€ 3 5,17

Total 13

Cumprimento dos requisitos impostos pelo governo local

< 100 M€ 7 8,14

5,571 2 0,067 100 - 199 M€ 3 3,64

≥ 200 M€ 3 9,00

Total 13

Partilha de custos de pesquisa e desenvolvimento

< 100 M€ 7 7,93

1,737 2 0,420 100 - 199 M€ 3 7,00

≥ 200 M€ 3 4,83

Total 13

Diminuição dos custos de entrada

< 100 M€ 7 7,71

4,180 2 0,124 100 - 199 M€ 3 9,00

≥ 200 M€ 3 3,33

Total 13

Aproveitamento da experiência e dos conhecimentos do parceiro sobre o mercado

< 100 M€ 7 8,07

1,482 2 0,477 100 - 199 M€ 3 6,33

≥ 200 M€ 3 5,17

Total 13

Redução da competição no mercado

< 100 M€ 7 8,43

2,642 2 0,267 100 - 199 M€ 3 6,17

≥ 200 M€ 3 4,50

Total 13

Aumento da quota de mercado

< 100 M€ 7 9,64

7,998 2 0,018 100 - 199 M€ 3 4,50

≥ 200 M€ 3 3,33

Total 13

Acesso aos recursos e competências específicas do parceiro

< 100 M€ 7 7,86

0,929 2 0,629 100 - 199 M€ 3 6,00

≥ 200 M€ 3 6,00

Total 13

Page 119: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

101

Tabela E. 2 - Análise das diferenças na importância dos critérios de selecção relacionados com o

parceiro consoante a dimensão internacional das empresas

Critério de selecção Dimensão internacional

N Mean Rank

Chi-Square

df Asymp.

Sig.

Anteriores experiências de sucesso com o parceiro

< 100 M€ 7 7,43

0,859 2 0,651 100 - 199 M€ 3 5,33

≥ 200 M€ 3 7,67

Total 13

Credibilidade junto dos clientes

< 100 M€ 7 7,29

0,304 2 0,859 100 - 199 M€ 3 7,33

≥ 200 M€ 3 6,00

Total 13

Capacidade financeira

< 100 M€ 7 6,93

0,033 2 0,984 100 - 199 M€ 3 7,33

≥ 200 M€ 3 6,83

Total 13

Semelhança de tamanho

< 100 M€ 7 7,64

0,714 2 0,700 100 - 199 M€ 3 5,50

≥ 200 M€ 3 7,00

Total 13

Experiência internacional

< 100 M€ 7 8,93

4,736 2 0,094 100 - 199 M€ 3 5,50

≥ 200 M€ 3 4,00

Total 13

Credibilidade junto da banca

< 100 M€ 7 8,21

1,963 2

0,375 100 - 199 M€ 3 5,83

≥ 200 M€ 3 5,33

Total 13

Semelhança de culturas

< 100 M€ 7 8,07

1,845 2 0,397 100 - 199 M€ 3 6,83

≥ 200 M€ 3 4,67

Total 13

Carga de trabalho doméstica e internacional

< 100 M€ 7 7,14

0,022 2 0,989 100 - 199 M€ 3 6,83

≥ 200 M€ 3 6,83

Total 13

Compatibilidade de objectivos

< 100 M€ 7 7,00

0,336 2 0,846 100 - 199 M€ 3 7,83

≥ 200 M€ 3 6,17

Total 13

Boas referências dadas por outra empresa

< 100 M€ 7 6,50

0,768 2 0,681 100 - 199 M€ 3 6,67

≥ 200 M€ 3 8,50

Total 13

Reputação

< 100 M€ 7 6,79

0,680 2 0,712 100 - 199 M€ 3 6,17

≥ 200 M€ 3 8,33

Total 13

Page 120: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

102

Tabela E. 3 - Análise das diferenças na importância dos critérios de selecção relacionados com a

tarefa consoante a dimensão internacional das empresas

Critério de selecção Dimensão internacional

N Mean Rank

Chi-Square

df Asymp.

Sig.

Recursos e competências necessárias à realização do projecto

< 100 M€ 7 7,71

0,943 2 0,624 100 - 199 M€ 3 5,33

≥ 200 M€ 3 7,00

Total 13

Influência junto das autoridades locais

< 100 M€ 7 8,29

3,214 2 0,200 100 - 199 M€ 3 7,00

≥ 200 M€ 3 4,00

Total 13

Conhecimentos sobre o mercado e a cultura local

< 100 M€ 7 7,64

1,229 2 0,541 100 - 199 M€ 3 5,17

≥ 200 M€ 3 7,33

Total 13

Relação com a comunidade local

< 100 M€ 7 7,43

0,781 2 0,677 100 - 199 M€ 3 7,50

≥ 200 M€ 3 5,50

Total 13

Experiência acumulada em projectos similares

< 100 M€ 7 7,36

0,221 2 0,895 100 - 199 M€ 3 6,17

≥ 200 M€ 3 7,00

Total 13

Tamanho necessário à realização do projecto

< 100 M€ 7 7,43

0,657 2 0,720 100 - 199 M€ 3 7,50

≥ 200 M€ 3 5,50

Total 13

Boas relações com os clientes

< 100 M€ 7 6,36

1,229 2 0,541 100 - 199 M€ 3 6,67

≥ 200 M€ 3 8,83

Total 13

Posse de licenças

< 100 M€ 7 8,07

1,752 2 0,416 100 - 199 M€ 3 6,83

≥ 200 M€ 3 4,67

Total 13

Page 121: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

103

Tabela E. 4 - Análise das diferenças na importância dos riscos internos consoante a dimensão

internacional das empresas

Risco Dimensão internacional

N Mean Rank

Chi-Square

df Asymp.

Sig.

Problemas financeiros do parceiro

< 100 M€ 7 7,36

0,172 2 0,917 100 - 199 M€ 3 6,50

≥ 200 M€ 3 6,67

Total 13

Interferência das empresas-mãe de ambos os parceiros

< 100 M€ 7 7,43

4,130 2 0,127 100 - 199 M€ 3 9,50

≥ 200 M€ 3 3,50

Total 13

Fuga indesejada de informação, conhecimento ou tecnologia

< 100 M€ 7 9,07

4,915 2 0,086 100 - 199 M€ 3 4,50

≥ 200 M€ 3 4,67

Total 13

Desacordo em relação à política de colocação de pessoal

< 100 M€ 7 7,71

0,757 2 0,685 100 - 199 M€ 3 6,83

≥ 200 M€ 3 5,50

Total 13

Divergências em relação à distribuição dos trabalhos

< 100 M€ 7 8,07

1,584 2 0,453 100 - 199 M€ 3 5,00

≥ 200 M€ 3 6,50

Total 13

Interferência entre os métodos de trabalho dos parceiros

< 100 M€ 7 7,64

2,723 2 0,256 100 - 199 M€ 3 4,00

≥ 200 M€ 3 8,50

Total 13

Desconfiança entre parceiros

< 100 M€ 7 8,50

2,679 2 0,262 100 - 199 M€ 3 4,67

≥ 200 M€ 3 5,83

Total 13

Diferenças culturais entre os parceiros

< 100 M€ 7 6,21

1,683 2 0,431 100 - 199 M€ 3 9,00

≥ 200 M€ 3 6,83

Total 13

Desacordo ou lacunas nas condições do contrato

< 100 M€ 7 9,71

8,196 2 0,017 100 - 199 M€ 3 4,50

≥ 200 M€ 3 3,17

Total 13

Perda de controlo ou interdependência excessiva

< 100 M€ 7 8,86

5,463 2 0,065 100 - 199 M€ 3 6,50

≥ 200 M€ 3 3,17

Total 13

Page 122: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

104

Tabela E. 5 - Análise das diferenças na importância dos riscos relativos ao projecto consoante a

dimensão internacional das empresas

Risco Dimensão internacional

N Mean Rank

Chi-Square

df Asymp.

Sig.

Problemas de cash flow do cliente

< 100 M€ 7 9,00

7,733 2 0,021 100 - 199 M€ 3 4,72

≥ 200 M€ 3 6,33

Total 13

Escassez de subempreiteiros e fornecedores competentes e financeiramente estáveis

< 100 M€ 7 7,86

0,798 2 0,671 100 - 199 M€ 3 5,83

≥ 200 M€ 3 6,17

Total 13

Excesso de alterações ao projecto por parte do cliente

< 100 M€ 7 8,79

3,844 2 0,146 100 - 199 M€ 3 5,67

≥ 200 M€ 3 4,17

Total 13

Incompetência técnica do parceiro

< 100 M€ 7 8,57

4,084 2 0,130 100 - 199 M€ 3 3,50

≥ 200 M€ 3 6,83

Total 13

Acidentes de trabalho

< 100 M€ 7 7,93

1,342 2 0,511 100 - 199 M€ 3 6,83

≥ 200 M€ 3 5,00

Total 13

Escassez de recursos humanos com as qualificações necessárias

< 100 M€ 7 9,00

4,471 2 0,107 100 - 199 M€ 3 4,00

≥ 200 M€ 3 5,33

Total 13

Restrições à contratação de pessoal estrangeiro

< 100 M€ 7 8,86

3,948 2 0,139 100 - 199 M€ 3 4,83

≥ 200 M€ 3 4,83

Total 13

Escassez de equipamentos e materiais com a qualidade exigida

< 100 M€ 7 7,57

0,773 2 0,679 100 - 199 M€ 3 7,33

≥ 200 M€ 3 5,33

Total 13

Erros nas peças desenhadas do projecto

< 100 M€ 7 8,64

3,223 2 0,200 100 - 199 M€ 3 5,83

≥ 200 M€ 3 4,33

Total 13

Page 123: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

105

Tabela E. 6 - Análise das diferenças na importância dos riscos externos consoante a dimensão

internacional das empresas

Risco Dimensão internacional

N Mean Rank

Chi-Square

df Asymp.

Sig.

Inconsistência de políticas, leis, normas e regulamentos

< 100 M€ 7 7,64

1,716 2 0,424 100 - 199 M€ 3 7,83

≥ 200 M€ 3 4,67

Total 13

Restrições às importações e proteccionismo local

< 100 M€ 7 8,07

5,460 2 0,065 100 - 199 M€ 3 8,50

≥ 200 M€ 3 3,00

Total 13

Restrições à repatriação de lucros

< 100 M€ 7 7,29

0,094 2 0,954 100 - 199 M€ 3 6,67

≥ 200 M€ 3 6,67

Total 13

Flutuações das taxas de câmbio, de inflação e de juros

< 100 M€ 7 7,57

1,171 2 0,557 100 - 199 M€ 3 7,67

≥ 200 M€ 3 5,00

Total 13

Problemas de segurança

< 100 M€ 7 7,29

0,304 2 0,859 100 - 199 M€ 3 7,33

≥ 200 M€ 3 6,00

Total 13

Diferenças sociais, culturais e religiosas

< 100 M€ 7 7,29

3,019 2 0,221 100 - 199 M€ 3 9,17

≥ 200 M€ 3 4,17

Total 13

Circunstâncias de força maior e desordem social

< 100 M€ 7 8,50

2,680 2 0,262 100 - 199 M€ 3 5,50

≥ 200 M€ 3 5,00

Total 13

Corrupção e suborno

< 100 M€ 7 8,50

2,563 2 0,278 100 - 199 M€ 3 5,00

≥ 200 M€ 3 5,50

Total 13

Faltas de água, gás e electricidade

< 100 M€ 7 8,43

3,970 2 0,137 100 - 199 M€ 3 7,17

≥ 200 M€ 3 3,50

Total 13

Dificuldades burocráticas e demoras na aprovação de projectos e licenças

< 100 M€ 7 7,00

0,000 2 1,000 100 - 199 M€ 3 7,00

≥ 200 M€ 3 7,00

Total 13

Page 124: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

106

Tabela E. 7 - Análise das diferenças na importância dos factores de sucesso da fase de formação

consoante a dimensão internacional das empresas

Factor de sucesso Dimensão internacional

N Mean Rank

Chi-Square

df Asymp.

Sig.

Definição inequívoca de responsabilidades e planeamento de tarefas

< 100 M€ 7 6,57

0,248 2 0,884 100 - 199 M€ 3 7,50

≥ 200 M€ 3 7,50

Total 13

Selecção de um parceiro adequado

< 100 M€ 7 7,07

1,195 2 0,550 100 - 199 M€ 3 8,00

≥ 200 M€ 3 5,83

Total 13

Elaboração de um acordo completo, simples e inequívoco

< 100 M€ 7 6,14

1,714 2 0,424 100 - 199 M€ 3 7,00

≥ 200 M€ 3 9,00

Total 13

Distribuição justa de riscos e proveitos

< 100 M€ 7 5,50

3,165 2 0,205 100 - 199 M€ 3 9,67

≥ 200 M€ 3 7,83

Total 13

Desenvolvimento de um sistema de resolução de conflitos

< 100 M€ 7 6,86

0,034 2 0,983 100 - 199 M€ 3 7,00

≥ 200 M€ 3 7,33

Total 13

Constituição de uma estrutura organizativa de gestão e controlo bem definida

< 100 M€ 7 5,71

2,762 2 0,251 100 - 199 M€ 3 7,50

≥ 200 M€ 3 9,50

Total 13

Contratação de pessoal experiente e qualificado

< 100 M€ 7 8,43

2,635 2 0,268 100 - 199 M€ 3 5,67

≥ 200 M€ 3 5,00

Total 13

Definição de objectivos e estratégias de acção no mercado

< 100 M€ 7 7,43

1,996 2 0,369 100 - 199 M€ 3 8,33

≥ 200 M€ 3 4,67

Total 13

Estabelecimento de relações estratégicas de longo prazo

< 100 M€ 7 7,13

7,156 2 0,028 100 - 199 M€ 3 6,64

≥ 200 M€ 3 3,17

Total 13

Page 125: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

107

Tabela E. 8 - Análise das diferenças na importância dos factores de sucesso da fase de operação

consoante a dimensão internacional das empresas

Factor de sucesso Dimensão internacional

N Mean Rank

Chi-Square

df Asymp.

Sig.

Confiança mútua entre os parceiros

< 100 M€ 7 6,64

1,105 2 0,576 100 - 199 M€ 3 8,50

≥ 200 M€ 3 6,33

Total 13

Empenhamento da gestão de topo e de todos os funcionários

< 100 M€ 7 6,64

1,105 2 0,576 100 - 199 M€ 3 6,33

≥ 200 M€ 3 8,50

Total 13

Desenvolvimento de um clima de cooperação, flexibilidade e abertura entre os parceiros

< 100 M€ 7 7,64

1,229 2 0,541 100 - 199 M€ 3 7,33

≥ 200 M€ 3 5,17

Total 13

Comunicação eficaz e partilha de informações

< 100 M€ 7 7,36

1,105 2 0,576 100 - 199 M€ 3 5,50

≥ 200 M€ 3 7,67

Total 13

Adopção de uma atitude de procura de benefício mútuo

< 100 M€ 7 6,79

0,680 2 0,712 100 - 199 M€ 3 6,17

≥ 200 M€ 3 8,33

Total 13

Partilha dos recursos necessários às operações

< 100 M€ 7 8,00

1,342 2 0,511 100 - 199 M€ 3 6,33

≥ 200 M€ 3 5,33

Total 13

Capacidade de lidar com as diferenças culturais, éticas e linguísticas

< 100 M€ 7 6,57

3,967 2 0,138 100 - 199 M€ 3 10,17

≥ 200 M€ 3 4,83

Total 13

Avaliação regular da performance da parceria

< 100 M€ 7 6,50

0,325 2 0,850 100 - 199 M€ 3 7,33

≥ 200 M€ 3 7,83

Total 13

Coordenação eficaz entre as tarefas dos parceiros

< 100 M€ 7 7,00

0,336 2 0,846 100 - 199 M€ 3 6,17

≥ 200 M€ 3 7,83

Total 13

Transferência de conhecimentos e capacidades específicas entre os parceiros

< 100 M€ 7 6,36

0,568 2 0,753 100 - 199 M€ 3 8,17

≥ 200 M€ 3 7,33

Total 13

Page 126: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

108

Anexo F - Testes de Mann-Whitney U

Tabela F. 1 - Análise das diferenças na importância das motivações consoante o tipo de parceria

local preferencial

Motivo Tipo de

parceria N

Mean

Rank

Sum

of

Ranks

Mann-

Whitney

U

Wilcoxon

W Z

Asymp.

Sig. (2-

tailed)

Transferência de

tecnologia

NEJV 5 7,30 36,50

18,5 54,5 -0,233 0,816 EJV 8 6,81 54,50

Total 13

Partilha de riscos

NEJV 5 5,80 29,00

14,0 29,0 -0,906 0,365 EJV 8 7,75 62,00

Total 13

Aumento de dimensão,

capacidade produtiva e

financeira para

participar em grandes

projectos

NEJV 5 5,30 26,50

11,5 26,5 -1,364 0,173 EJV 8 8,06 64,50

Total 13

Cumprimento dos

requisitos impostos

pelo governo local

NEJV 5 8,40 42,00

13,0 49,0 -1,091 0,275 EJV 8 6,13 49,00

Total 13

Partilha de custos de

pesquisa e

desenvolvimento

NEJV 5 5,50 27,50

12,5 27,5 -1,256 0,209 EJV 8 7,94 63,50

Total 13

Diminuição dos custos

de entrada

NEJV 5 4,70 23,50

8,5 23,5 -1,793 0,073 EJV 8 8,44 67,50

Total 13

Aproveitamento da

experiência e dos

conhecimentos do

parceiro sobre o

mercado

NEJV 5 4,80 24,00

9,0 24,0 -1,731 0,083 EJV 8 8,38 67,00

Total 13

Redução da competição

no mercado

NEJV 5 7,50 37,50

17,5 53,5 -0,391 0,696 EJV 8 6,69 53,50

Total 13

Aumento da quota de

mercado

NEJV 5 5,60 28,00

13,0 28,0 -1,086 0,277 EJV 8 7,88 63,00

Total 13

Acesso aos recursos e

competências

específicas do parceiro

NEJV 5 5,20 26,00

11,0 26,0 -1,481 0,139 EJV 8 8,13 65,00

Total 13

Page 127: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

109

Tabela F. 2 - Análise das diferenças na importância dos critérios de selecção relacionados com o

parceiro consoante o tipo de parceria local preferencial

Critério de selecção Tipo de

parceria N

Mean

Rank

Sum

of

Ranks

Mann-

Whitney

U

Wilcoxon

W Z

Asymp.

Sig. (2-

tailed)

Anteriores experiências de sucesso com o parceiro

NEJV 5 9,00 45,00

10,0 46,0 -1,597 0,110 EJV 8 5,75 46,00

Total 13

Credibilidade junto dos clientes

NEJV 5 6,90 34,50

19,5 34,5 -0,080 0,937 EJV 8 7,06 56,50

Total 13

Capacidade financeira

NEJV 5 6,20 31,00

16,0 31,0 -0,612 0,540 EJV 8 7,50 60,00

Total 13

Semelhança de tamanho

NEJV 5 6,10 30,50

15,5 30,5 -0,698 0,485 EJV 8 7,56 60,50

Total 13

Experiência internacional

NEJV 5 6,30 31,50

16,5 31,5 -0,562 0,574 EJV 8 7,44 59,50

Total 13

Credibilidade junto da banca

NEJV 5 5,20 26,00

11,0 26,0 -1,508 0,132 EJV 8 8,13 65,00

Total 13

Semelhança de culturas

NEJV 5 4,80 24,00

9,0 24,0 -1,723 0,085 EJV 8 8,38 67,00

Total 13

Carga de trabalho doméstica e internacional

NEJV 5 5,90 29,50

14,5 29,5 -0,834 0,404 EJV 8 7,69 61,50

Total 13

Compatibilidade de objectivos

NEJV 5 4,20 21,00

6,0 21,0 -2,265 0,024 EJV 8 8,75 70,00

Total 13

Boas referências dadas por outra empresa

NEJV 5 6,30 31,50

16,5 31,5 -0,588 0,556 EJV 8 7,44 59,50

Total 13

Reputação

NEJV 5 5,30 26,50

11,5 26,5 -1,437 0,151 EJV 8 8,06 64,50

Total 13

Page 128: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

110

Tabela F. 3 - Análise das diferenças na importância dos critérios de selecção relacionados com a tarefa consoante o tipo de parceria local preferencial

Critério de selecção Tipo de

parceria N

Mean

Rank

Sum

of

Ranks

Mann-

Whitney

U

Wilcoxon

W Z

Asymp.

Sig. (2-

tailed)

Recursos e competências necessárias à realização do projecto

NEJV 5 7,90 39,50

15,5 51,5 -0,722 0,470 EJV 8 6,44 51,50

Total 13

Influência junto das autoridades locais

NEJV 5 4,60 23,00

8,0 23,0 -1,975 0,048 EJV 8 8,50 68,00

Total 13

Conhecimentos sobre o mercado e a cultura local

NEJV 5 5,60 28,00

13,0 28,0 -1,212 0,225 EJV 8 7,88 63,00

Total 13

Relação com a comunidade local

NEJV 5 5,50 27,50

12,5 27,5 -1,275 0,202 EJV 8 7,94 63,50

Total 13

Experiência acumulada em projectos similares

NEJV 5 6,30 31,50

16,5 31,5 -0,544 0,587 EJV 8 7,44 59,50

Total 13

Tamanho necessário à realização do projecto

NEJV 5 5,70 28,50

13,5 28,5 -1,013 0,311 EJV 8 7,81 62,50

Total 13

Boas relações com os clientes

NEJV 5 5,80 29,00

14,0 29,0 -1,039 0,299 EJV 8 7,75 62,00

Total 13

Posse de licenças

NEJV 5 6,00 30,00

15,0 30,0 -0,763 0,445 EJV 8 7,63 61,00

Total 13

Page 129: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

111

Tabela F. 4 - Análise das diferenças na importância dos riscos internos consoante o tipo de

parceria local preferencial

Risco Tipo de

parceria N

Mean

Rank

Sum

of

Ranks

Mann-

Whitney

U

Wilcoxon

W Z

Asymp.

Sig. (2-

tailed)

Problemas financeiros do parceiro

NEJV 5 6,60 33,00

18,0 33,0 -0,337 0,736 EJV 8 7,25 58,00

Total 13

Interferência das empresas-mãe de ambos os parceiros

NEJV 5 5,60 28,00

13,0 28,0 -1,076 0,282 EJV 8 7,88 63,00

Total 13

Fuga indesejada de informação, conhecimento ou tecnologia

NEJV 5 8,10 40,50

14,5 50,5 -0,861 0,389 EJV 8 6,31 50,50

Total 13

Desacordo em relação à política de colocação de pessoal

NEJV 5 7,60 38,00

17,0 53,0 -0,461 0,645 EJV 8 6,63 53,00

Total 13

Divergências em relação à distribuição dos trabalhos

NEJV 5 8,50 42,50

12,5 48,5 -1,180 0,238 EJV 8 6,06 48,50

Total 13

Interferência entre os métodos de trabalho dos parceiros

NEJV 5 8,70 43,50

11,5 47,5 -1,321 0,187 EJV 8 5,94 47,50

Total 13

Desconfiança entre parceiros

NEJV 5 6,70 33,50

18,5 33,5 -0,233 0,816 EJV 8 7,19 57,50

Total 13

Diferenças culturais entre os parceiros

NEJV 5 6,40 32,00

17,0 32,0 -0,548 0,584 EJV 8 7,38 59,00

Total 13

Desacordo ou lacunas nas condições do contrato

NEJV 5 7,20 36,00

19,0 55,0 -0,153 0,879 EJV 8 6,88 55,00

Total 13

Perda de controlo ou interdependência excessiva

NEJV 5 5,00 25,00

10,0 25,0 -1,604 0,109 EJV 8 8,25 66,00

Total 13

Page 130: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

112

Tabela F. 5 - Análise das diferenças na importância dos riscos relativos ao projecto consoante o

tipo de parceria local preferencial

Risco Tipo de

parceria N

Mean

Rank

Sum

of

Ranks

Mann-

Whitney

U

Wilcoxon

W Z

Asymp.

Sig. (2-

tailed)

Problemas de cash flow do cliente

NEJV 5 6,20 31,00

16,0 31,0 -0,721 0,471 EJV 8 7,50 60,00

Total 13

Escassez de subempreiteiros e fornecedores competentes e financeiramente estáveis

NEJV 5 6,50 32,50

17,5 32,5 -0,379 0,705

EJV 8 7,31 58,50

Total 13

Excesso de alterações ao projecto por parte do cliente

NEJV 5 6,40 32,00

17,0 32,0 -0,466 0,641 EJV 8 7,38 59,00

Total 13

Incompetência técnica do parceiro

NEJV 5 7,10 35,50

19,5 55,5 -0,078 0,938 EJV 8 6,94 55,50

Total 13

Acidentes de trabalho

NEJV 5 6,80 34,00

19,0 34,0 -0,155 0,877 EJV 8 7,13 57,00

Total 13

Escassez de recursos humanos com as qualificações necessárias

NEJV 5 7,10 35,50

19,5 55,5 -0,076 0,940 EJV 8 6,94 55,50

Total 13

Restrições à contratação de pessoal estrangeiro

NEJV 5 7,50 37,50

17,5 53,5 -0,392 0,695 EJV 8 6,69 53,50

Total 13

Escassez de equipamentos e materiais com a qualidade exigida

NEJV 5 4,60 23,00

8,0 23,0 -1,818 0,069 EJV 8 8,50 68,00

Total 13

Erros nas peças desenhadas do projecto

NEJV 5 6,40 32,00

17,0 32,0 -0,461 0,645 EJV 8 7,38 59,00

Total 13

Page 131: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

113

Tabela F. 6 - Análise das diferenças na importância dos riscos externos consoante o tipo de

parceria local preferencial

Risco Tipo de

parceria N

Mean

Rank

Sum

of

Ranks

Mann-

Whitney

U

Wilcoxon

W Z

Asymp.

Sig. (2-

tailed)

Inconsistência de políticas, leis, normas e regulamentos

NEJV 5 7,10 35,50

19,5 55,5 -0,081 0,936 EJV 8 6,94 55,50

Total 13

Restrições às importações e proteccionismo local

NEJV 5 6,30 31,50

16,5 31,5 -0,588 0,556 EJV 8 7,44 59,50

Total 13

Restrições à repatriação de lucros

NEJV 5 7,60 38,00

17,0 53,0 -0,472 0,637 EJV 8 6,63 53,00

Total 13

Flutuações das taxas de câmbio, de inflação e de juros

NEJV 5 9,20 46,00

9,0 45,0 -1,717 0,086 EJV 8 5,63 45,00

Total 13

Problemas de segurança

NEJV 5 8,80 44,00

11,0 47,0 -1,432 0,152 EJV 8 5,88 47,00

Total 13

Diferenças sociais, culturais e religiosas

NEJV 5 5,80 29,00

14,0 29,0 -0,955 0,340 EJV 8 7,75 62,00

Total 13

Circunstâncias de força maior e desordem social

NEJV 5 8,30 41,50

13,5 49,5 -1,033 0,302 EJV 8 6,19 49,50

Total 13

Corrupção e suborno

NEJV 5 6,30 31,50

16,5 31,5 -0,544 0,587 EJV 8 7,44 59,50

Total 13

Faltas de água, gás e electricidade

NEJV 5 6,30 31,50

16,5 31,5 -0,556 0,578 EJV 8 7,44 59,50

Total 13

Dificuldades burocráticas e demoras na aprovação de projectos e licenças

NEJV 5 9,00 45,00

10,0 46,0 -1,803 0,071 EJV 8 5,75 46,00

Total 13

Page 132: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

114

Tabela F. 7 - Análise das diferenças na importância dos factores de sucesso da fase de formação

consoante o tipo de parceria local preferencial

Factor de sucesso Tipo de

parceria N

Mean

Rank

Sum

of

Ranks

Mann-

Whitney

U

Wilcoxon

W Z

Asymp.

Sig. (2-

tailed)

Definição inequívoca de responsabilidades e planeamento de tarefas

NEJV 5 7,10 35,50

19,5 55,5 -0,085 0,932 EJV 8 6,94 55,50

Total 13

Selecção de um parceiro adequado

NEJV 5 5,40 27,00

12,0 27,0 -1,868 0,062 EJV 8 8,00 64,00

Total 13

Elaboração de um acordo completo, simples e inequívoco

NEJV 5 6,60 33,00

18,0 33,0 -0,361 0,718 EJV 8 7,25 58,00

Total 13

Distribuição justa de riscos e proveitos

NEJV 5 8,20 41,00

14,0 50,0 -0,972 0,331 EJV 8 6,25 50,00

Total 13

Desenvolvimento de um sistema de resolução de conflitos

NEJV 5 7,40 37,00

18,0 54,0 -0,307 0,759 EJV 8 6,75 54,00

Total 13

Constituição de uma estrutura organizativa de gestão e controlo bem definida

NEJV 5 8,30 41,50

13,5 49,5 -1,105 0,269 EJV 8 6,19 49,50

Total 13

Contratação de pessoal experiente e qualificado

NEJV 5 6,20 31,00

16,0 31,0 -0,658 0,510 EJV 8 7,50 60,00

Total 13

Definição de objectivos e estratégias de acção no mercado

NEJV 5 5,40 27,00

12,0 27,0 -1,345 0,179 EJV 8 8,00 64,00

Total 13

Estabelecimento de relações estratégicas de longo prazo

NEJV 5 5,60 28,00

13,0 28,0 -1,088 0,277 EJV 8 7,88 63,00

Total 13

Page 133: As Parcerias na Estratégia de Internacionalização …...características que definem as parcerias locais das referidas empresas, e também as motivações, critérios de selecção,

115

Tabela F. 8 - Análise das diferenças na importância dos factores de sucesso da fase de operação

consoante o tipo de parceria local preferencial

Factor de sucesso Tipo de

parceria N

Mean

Rank

Sum

of

Ranks

Mann-

Whitney

U

Wilcoxon

W Z

Asymp.

Sig. (2-

tailed)

Confiança mútua entre os parceiros

NEJV 5 7,20 36,00

19,0 55,0 -0,200 0,841 EJV 8 6,88 55,00

Total 13

Empenhamento da gestão de topo e de todos os funcionários

NEJV 5 8,50 42,50

12,5 48,5 -1,500 0,134 EJV 8 6,06 48,50

Total 13

Desenvolvimento de um clima de cooperação, flexibilidade e abertura entre os parceiros

NEJV 5 8,20 41,00

14,0 50,0 -1,039 0,299 EJV 8 6,25 50,00

Total 13

Comunicação eficaz e partilha de informações

NEJV 5 6,80 34,00

19,0 34,0 -0,200 0,841 EJV 8 7,13 57,00

Total 13

Adopção de uma atitude de procura de benefício mútuo

NEJV 5 9,20 46,00

9,0 45,0 -1,859 0,063 EJV 8 5,63 45,00

Total 13

Partilha dos recursos necessários às operações

NEJV 5 6,80 34,00

19,0 34,0 -0,162 0,871 EJV 8 7,13 57,00

Total 13

Capacidade de lidar com as diferenças culturais, éticas e linguísticas

NEJV 5 6,50 32,50

17,5 32,5 -0,421 0,674 EJV 8 7,31 58,50

Total 13

Avaliação regular da performance da parceria

NEJV 5 6,10 30,50

15,5 30,5 -0,716 0,474 EJV 8 7,56 60,50

Total 13

Coordenação eficaz entre as tarefas dos parceiros

NEJV 5 8,20 41,00

14,0 50,0 -0,971 0,332 EJV 8 6,25 50,00

Total 13

Transferência de conhecimentos e capacidades específicas entre os parceiros

NEJV 5 7,70 38,50

16,5 52,5 -0,556 0,578 EJV 8 6,56 52,50

Total 13