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AS NOVAS TECNOLOGIAS INSERIDAS NO PROCESSO ESCOLAR – A

NECESSIDADE E O QUESTIONAMENTO

Cássia Aparecida Arantes Soares Stein

[email protected]

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar uma reflexão sobre a utilização das novas

tecnologias como ferramentas facilitadoras do trabalho do educador em sala de

aula e também como meio de proporcionar a integração do educador com a atual

realidade social, toda informatizada. Além disso, este trabalho irá destacar a

necessidade de se formular um novo currículo com as novas tecnologias e novos

conceitos já integrados a ele. Esta verificação se deu com a implementação do

Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), que foi realizada de agosto a

outubro de 2011. Durante a implementação, as múltiplas utilidades e benefícios

que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) trazem e principalmente

o papel do educador no processo de integração entre tecnologia e escola foram

apresentadas aos professores. Em conversa com a comunidade escolar, através

de questionamentos realizados na hora atividade, detectou-se que a grande

maioria dos professores do ensino fundamental acredita que a introdução das

novas tecnologias é essencial ao ensino/aprendizagem, e não só de uma língua

estrangeira, como ferramenta no auxílio diário e também como uma forma mais

real e atrativa para o jovem aprender a estudar. Outro ponto observado foi a falta

de estrutura tecnológica nos Estabelecimentos de Ensino, no que diz respeito ao

apoio técnico, manutenção e conserto dos equipamentos, na assistência e apoio

pedagógico, no dia a dia do professor, e no laboratório de informática das escolas.

Diante disto, conclui-se que a real utilização dos equipamentos de informática

integrada às aulas é uma realidade desejada mais ainda não possível.

Palavras-chave: Tecnologias, Escola, Integração, Comprometimento e Pesquisa.

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Introdução

O objetivo deste artigo é o de apresentar uma reflexão sobre a prática de

construção do currículo integrado às novas tecnologias nas escolas estaduais do

Estado do Paraná. Esta reflexão se deu com a Implementação do PDE, realizada

de agosto a novembro de 2011, quando se discutiu a inserção das novas

tecnologias na Educação, o reflexo disso e, principalmente sobre a forma como é

pensada, trabalhada e discutida essa integração na escola.

Este trabalho iniciou-se com uma pesquisa de campo realizada em

novembro de 2010, através de questionamentos aplicados ao diretor e diretor-

auxiliar, pedagogo, coordenador de curso, professores e alunos do Ensino

Fundamental de uma escola pública localizada no bairro Água Verde, atendendo

alunos de 5º a 9º ano. Com a aplicação deste questionário se buscou diagnosticar

e analisar como a explosão de informações mediada pela internet está chegando

às escolas, como acontece e como é possível melhorar a integração entre o uso

de novas tecnologias e as aulas no ambiente escolar.

Com os dados compilados por esta pesquisa inicial, elaborou-se um

Projeto, o qual foi implementado na escola, com o objetivo de dar suporte para

melhor compreensão da importância, da aceitação dessa integração, além das

vantagens e desvantagens da interferência digital. Verificou-se ainda como seria

possível diminuir os riscos da má utilização das tecnologias (como, por exemplo,

o que acontece com o mau uso de redes sociais), transformando essa utilização

em benefícios para a aprendizagem de uma maneira geral.

Em conversas com os professores, detectou-se que alguns, de forma bem

simplificada e principiante, já fazem uso de computadores, da Internet e afins

(como, por exemplo, pastas de arquivos, dispositivos de buscas, blogs,

pesquisas, chats sobre educação, postagens on-line, etc.), na grande maioria

individualmente e sem planejamento efetivo em conjunto com a equipe

pedagógica do Estabelecimento de Ensino onde atuam. Observou-se também

que, para a grande maioria, a prática de digitar testes ou provas é ainda

considerada o maior benefício que os computadores trazem para o ambiente

escolar. Ainda, foi verificado que acontece um envolvimento maior com as

tecnologias por parte dos professores mais jovens. Outro ponto observado foi que

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a falta de tempo para maiores pesquisas e estudo, abordando a utilização das

novas tecnologias na Educação, dificulta o processo de integração entre

educador, educando e as TICs.

Diante destes aspectos observados, e conscientes do papel do educador-

mediador no ensino/aprendizagem, faremos uma reflexão sobre a prática de

construção do currículo integrado às novas tecnologias na escola. Esta reflexão

tem vistas a conscientizar o docente da relevância do seu papel como

colaborador nesse processo de transformação, atualização e melhoria de seu

desempenho em sala de aula, uma vez que as tecnologias de informação podem

auxiliar e muito o seu trabalho.

Breve Histórico sobre Tecnologia e Educação

Ao se analisar registros e estudos das mais variadas épocas da história

da humanidade, observamos a dificuldade do ser humano em aceitar o novo e as

suas possibilidades. Qualquer que seja o período estudado, temos indícios dos

receios humanos frente às descobertas e achados do seu tempo (KALINKE,

2003, p. 15). E mesmo com o medo do desconhecido, a necessidade de

adequação às novidades é premente. Não é diferente com as novas tecnologias e

os recursos de multimídia encontrados nos dias atuais e disponíveis para quem

puder utilizá-los. Mesmo assim, “a despeito de todo esse avanço tecnológico, o

magistério tem sido uma das profissões que menos proveito tem tirado dos

recursos disponíveis” (KALINKE, 2003, p. 15).

Ainda, de acordo com AMORIM & MAGALHÃES, “não são poucas as

pessoas que se sentem absurdamente intimidadas pelas ditas maravilhas da

tecnologia. O grau desta fobia é, geralmente, proporcional à idade da pessoa:

quanto mais tempo alguém conviveu com a maneira trabalhosa e limitada de fazer

as coisas, paradoxalmente mais resistência terá em aprender a lidar com

equipamentos que tornam estas tarefas mais fáceis, rápidas e eficientes” (1998,

p. 113). O maior medo causado pelo uso de tecnologias tem sido o efeito deste

uso no mercado de trabalho e o possível aumento no desemprego em

consequência da substituição do homem pela máquina. No campo da educação

não tem sido diferente, embora os professores ainda façam parte da categoria

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profissional menos atingida. No entanto, já se sinaliza que mesmo que os

professores jamais sejam substituídos pela tecnologia, aqueles que não

souberem tirar proveito dela serão substituídos por outros que sabem (Cristine

Meloni apud AMORIM & MAGALHÃES, 1998, p. 113). Muitos afirmam ser esta

postura uma conseqüência da globalização.

Seja a globalização, objeto dos estudos reunidos no dossiê da revista

Educação & Sociedade (87), caracterizada como construção ideológica, seja,

como querem alguns, posta como conceito explicativo de uma nova ordem

mundial, um aspecto desta realidade não pode ser ignorado: a educação como

um todo e o trabalho docente, em especial, estão sendo reconfigurados. Em

outras palavras, na perspectiva da “globalização” e do “globalitarismo”, termo

cunhado por Ignácio Ramonet (1999) para dar conta da espécie de ditadura do

pensamento único que regula a construção ideológica, a escola deve romper com

a sua forma histórica para fazer frente a novos desafios. Neste artigo, fazemos a

análise das determinações e os sentidos dessa reconfiguração, tomando por base

os discursos que introduzem e justificam as atuais políticas de formação de

professores em paralelo com a análise da presença das tecnologias de

informação e comunicação e as exigências do trabalho do professor nesse novo

contexto.

No movimento de reconfiguração de trabalho e formação docente, outro

aspecto parece constituir objeto de consenso: a possibilidade da presença das

chamadas “novas tecnologias” ou, mais precisamente, das tecnologias da

informação e da comunicação (TICs). Essa presença tem sido cada vez mais

constante no discurso pedagógico, compreendido tanto como o conjunto das

práticas de linguagem desenvolvidas nas situações concretas de ensino quanto

as que visam atingir um nível de explicação para essas mesmas situações. Em

outras palavras, as TICs têm sido apontadas como elemento definidor dos atuais

discursos do ensino e sobre o ensino. Atualmente, nos mais diferentes espaços,

os mais diversos textos sobre educação têm, em comum, algum tipo de referência

à presença das TICs no ensino. Como defende o pesquisador Marco Kalinke “[é]

fundamental que, além de se apropriar da tecnologia, o professor saiba como

direcionar o seu uso, bem como o dos seus recursos” (2003, p. 16). O

pesquisador segue afirmando que entender e dominar a tecnologia e seus

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recursos “é o primeiro passo para utilizá-los com sucesso. O subuso, ou a sua

utilização equivocada, pode ser mais prejudicial do que não incorporá-la ao

processo educacional” (KALINKE, 2003, p. 16).

Assim, se aparentemente não há dúvidas acerca de um lugar central

atribuído às TICs, também não há consenso quanto à sua delimitação. É possível

afirmar que, no limite, as TICs estão postas como elemento estruturante de um

novo discurso pedagógico, bem como de relações sociais que, por serem

inéditas, sustentam neologismos como “cibercultura” (LÉVY, 1999). Como bem

coloca Marcos Kalinke, as ideias centrais de Lévy orbitam em torno de um novo

modo de entender o mundo após o advento da popularização da informática pelos

computadores pessoais. A mudança no modo de pensar e agir serão, segundo

ele, as mais sentidas pela humanidade (KALINKE, 2003, p. 31).

Segundo CARDOSO, o processo de aprendizagem não se vincula

diretamente ao manuseio da máquina, mas a seu entendimento, a sua razão

social, sendo que a escola tecnológica deve centrar-se no homem e na

sociedade. É assim que se compara a educação histórica para uma nova

educação onde o sentido do fazer e a consciência do viver podem responder às

necessidades da vida social: a educação tecnológica se diferencia do ensino

profissionalizante e técnico por levar em conta a história, combatendo a

desvalorização do trabalho e a diminuição do papel exercido pela consciência do

homem nesse processo. Como resultado, “contribui para desmistificar o ensino da

técnica pela técnica, a reprodução de um saber mecânico” (1999, p. 221).

De acordo com o pesquisador SANCHO (1998, p. 44) “a escola não é a

única fonte de aprendizagem”. Essas modificações fizeram com que, cada vez

mais, vários setores econômicos, como indústrias, bancos, medicina e

telecomunicações, passassem a ter como base de seu desenvolvimento a

informática.

Em 1981, como forma de inserir a comunidade educacional nessa

discussão, foi realizado em Brasília, o I Seminário Nacional de Informática na

Educação, promovido pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC) passando a

representar o marco inicial das discussões sobre informática na educação,

envolvendo, dessa vez, pessoas ligadas à educação.

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Belloni (1998, p.147), ao discutir a questão da tecnologia e sua conexão

com a formação dos professores, afirma que: “a escola moderna, formadora do

cidadão emancipado e autônomo, nascia sob o signo da palavra impressa que

tinha uma conotação democrática e subversiva. A escola da pós-modernidade

terá que formar o cidadão capaz de “ler e escrever” em todas as novas linguagens

do universo informacional em que está imerso”.

Esta visão também aparece quando se apresenta a opinião abalizada de

MORAIS:

Pensar na formação do professor para exercitar uma adequada pedagogia dos

meios, uma pedagogia para a modernidade, é pensar no amanhã, numa

perspectiva moderna e própria de desenvolvimento, numa educação capaz de

manejar e de produzir conhecimento, fator principal das mudanças que se

impõem. E desta forma seremos contemporâneos do futuro, construtores da

ciência e participantes da reconstrução do mundo (1993, p. 17).

Para o professor utilizar o computador numa abordagem pedagógica, é

preciso que ele integre informática e educação. Isso implica que ele seja

preparado para dominar o computador como ferramenta, conhecer os

fundamentos educacionais subjacentes nos processos de aprendizagem, e

identificar o nível de desenvolvimento do aluno, para poder interferir

adequadamente no processo de aprendizagem.

Educação e desenvolvimento não aparecem como processos

independentes que só se associam por imposições das circunstâncias históricas

do presente. Assim, se a educação deve ser sociologicamente analisada como

processo social inclusivo, é legítimo conceber a sociedade como sendo, toda ela,

uma situação educativa.

Trata-se de visualizar uma nova versão da educação, conceituada como

um modelo orientador. Segundo FREIRE, “[e]ste novo paradigma, prevê a criação

de uma linguagem de ação comunicativa que permite a intermediação do sujeito e

objeto” (1996, p. 20).

Paulo Freire (1996), quando questionado a respeito da democratização do

ensino em uma conferência proferida na Universidade Federal de Alagoas

(Maceió, 1990), acentuou a necessidade de sermos homens e mulheres do nosso

tempo que empregam todos os recursos disponíveis para dar o grande salto que

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a educação está a exigir. Entretanto, as propostas de modernização da educação

na maioria das vezes não tem alcançado o sucesso esperado no enfrentamento

destas questões.

No outro extremo, o que as novas tecnologias sustentam é uma forma de

assassinato do mundo real, com a liquidação de todas as referências, em jogos

de simulacros e simulação (BAUDRILLARD, 1991). No entremeio, podem

constituir novos formatos para as mesmas velhas concepções de ensino e

aprendizagem (MORAN, 2004), inscritas em um movimento de modernização

conservadora, ou, ainda, em condições específicas, podem instaurar diferenças

qualitativas nas práticas pedagógicas (BARRETO, 2001; 2002; 2003).

Usos e Limitações da Internet

No entanto, o uso da internet, por exemplo, está sujeito a problemas e

características que merecem atenção e um desses aspectos é o que trata da

quantidade de informações disponíveis, bem como a diversidade dessas

informações que parece não ter limite (KALINKE, 2003, p. 18). E uma constante

verificada na apresentação dessas informações é a grande preocupação pela

diagramação. Em outras palavras, há uma maior preocupação com a aparência

do que com o conteúdo. Tal constatação requer cuidado por parte do professor

que vai fazer uso desse recurso tecnológico.

O pesquisador Marco Kalinke aponta a necessidade de se estabelecer

critérios de avaliação dos sites a serem utilizados pelo professor, ao mesmo

tempo em que aponta a existência de critérios inúmeros para analisar esses sites.

Ele ressalta ainda que “a qualidade é uma característica altamente subjetiva, pois

está intimamente ligada ao usuário. Um mesmo site pode ser de alta qualidade

para o professor e não o ser para os seus alunos” (KALINKE, 2003, p. 20).

Conclui-se de tudo isso que [a]s discussões sobre os benefícios e

problemas decorrentes do uso da Internet, bem como as novas possibilidades

relacionadas à cognição e aprendizagem que ela pode nos trazer são, em regra,

relegadas a segundo plano. Acreditamos que essas discussões são fundamentais

para aqueles que desejam utilizar os recursos tecnológicos – entre eles a Internet

– com sucesso em suas atividades pedagógicas (KALINKE, 2003. p. 27).

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Em síntese, a presença das TICs tem sido investida de sentidos múltiplos,

que vão da alternativa de ultrapassagem dos limites postos pelas “velhas

tecnologias”, representadas principalmente por quadro-de-giz e materiais

impressos, à resposta para os mais diversos problemas educacionais ou até

mesmo para questões socioeconômico-políticas. Em outras palavras, podem ser

entendidas como mais um recurso ou como solução milagrosa para problemas de

longa data.

Nas palavras de Armand Mattelart (2002, p. 09), a segunda metade do

século XX foi marcada pela “formação de crenças no poder miraculoso das

tecnologias informacionais”. Mesmo que, em princípio, pareça ingênuo, este

último movimento está inscrito em um modo de objetivação das TICs ligado à

concepção de “sociedade da informação”.

Em síntese, é preciso caracterizar a “sociedade da informação” como uma

articulação de empreendimentos teóricos, econômicos e políticos. E, em se

tratando dos estudos acerca de tecnologia e educação, é importante distinguir os

que partem do seu questionamento daqueles que assumem tal sociedade como

um pressuposto, porque é justamente no nível dos pressupostos implícitos que a

ideologia opera no discurso.

Levando em consideração todos os prós e contras levantados e muitas

vezes impostos à nossa sociedade, como educadores, devemos tentar trabalhar

lado a lado com as novas tecnologias sempre com muita pesquisa e

planejamento. O primeiro passo é reconhecer a nossa sociedade cada vez mais

tecnológica e aproveitar os inúmeros recursos para a integração natural das

novas tecnologias com o dia a dia da sala de aula.

Às escolas, cabe o papel de introduzir as novas tecnologias de

comunicação ao mesmo tempo em que conduzem o processo de mudança da

atuação do professor, que é o principal ator nesse contexto e muitas vezes o

responsável por capacitar o aluno a buscar informações adequadamente em

fontes diversas. Faz-se necessário, também, conscientizar toda a comunidade

escolar, especialmente os alunos, da importância da tecnologia para o

desenvolvimento social e cultural.

O objetivo de introduzir novas tecnologias na escola é inserir novas

práticas pedagógicas importantes que não podem ser realizadas de outras

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maneiras. A escola passa a ser um lugar inserido e não mais dissociado da

sociedade tecnológica da qual faz parte, e que passa a ter a incumbência de

desenvolver a autonomia do aluno em pesquisas e em estudos. A aprendizagem

centra-se nas diferenças individuais e na capacitação do aluno para torná-lo um

usuário independente da informação, capaz de usar vários tipos de fontes de

informação e meios de comunicação eletrônica.

Em resumo, a Internet pode e está sendo incorporada às atividades

escolares em virtude de suas características particulares. Dentre elas, se

destacam: a interatividade, a facilidade no acesso à informação e a comunicação

dinâmica, que são alguns de seus aspectos positivos (KALINKE, 2003, p. 41).

Dentre os aspectos negativos do uso da Internet, destacam-se: a

quantidade de informações apresentada que pode levar à perda de foco no

assunto principal, além da facilidade de dispersão durante a navegação (que pode

muitas vezes ser replicada como comportamento em outros contextos), a falta de

fidedignidade de muitas informações, a lentidão de acesso em função da

qualidade dos provedores, os efeitos colaterais produzidos pelo uso extensivo da

Internet tais como sonolência, resignação e sensação de impotência intelectual

(KALINKE, 2003, p. 53), entre outros.

Se os aspectos negativos parecem ser muito mais significativos do que os

positivos, o próprio autor, pesquisador Marco Kalinke, oferece soluções como, por

exemplo, a mescla de tecnologias com outras formas de trabalho, além de um

trabalho de conscientização e orientação feito com os alunos que pode servir

como estratégia para minimizar os problemas referentes ao excesso de

informações sem fidedignidade ou sem interesse educacional (2003, p. 54). Ou

seja, sem o acompanhamento do professor, não seria adequado fazer uso da

Internet com propósitos educacionais.

Os pesquisadores Jack Richards & Willy Renandya (2002) apresentam

alguns questionamentos importantes quanto ao uso de tecnologias em sala de

aula e que podem orientar o trabalho de quem faz uso de recursos tecnológicos.

Para eles, e com base em pesquisas anteriores feitas por Jones & Sato (1998)

(apud RICHARDS & RENANDYA, 2002), há pelo menos cinco perguntas a serem

ponderadas. São elas:

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1) As novas tecnologias facilitam a realização dos objetivos da

disciplina?

2) O custo benefício é interessante? E ainda, os benefícios se

sobrepõem ao custo?

3) Os professores estão preparados para trabalhar com novas

tecnologias? Há algum treinamento prévio exigido?

4) A tecnologia serve para os objetivos de professores e alunos?

5) A tecnologia ajuda o professor a fazer uso mais eficiente do tempo

de aula? (RICHARDS & RENANDYA, 2002, p. 361).

Estas são apenas algumas das perguntas a serem feitas antes de se

recorrer ao uso da tecnologia em sala de aula. E como bem colocado pela maioria

delas, o foco está no professor e no papel que ele exerce ao usar os recursos

tecnológicos.

O papel do Professor na Sociedade Tecnológica

O pesquisador Pierre Lévy desenvolve estudos em tecnologias da

inteligência, inteligência coletiva e inteligências artificiais, entre outras áreas. Para

ele, os coletivos cosmopolitas compostos de indivíduos, instituições e técnicas

não são somente meios ou ambientes para o pensamento, mas sim seus

verdadeiros sujeitos. Dessa forma, a história das tecnologias intelectuais

condiciona a do pensamento (apud KALINKE, 2003. p. 31).

Ele ainda sustenta que uma tarefa que exige cooperação, como é o caso

da educação, não se dá apenas entre atores humanos, mas também entre atores

não humanos, como as tecnologias da inteligência que usamos (KALINKE, 2003,

p. 31). A formação do professor para essa realidade deixa a desejar e não tem

sido privilegiada de maneira efetiva pelas políticas públicas em Educação. Além

disso, o perfil do professor é orientado para uma determinada especialização, e

mesmo o tempo disponível para esta é muitas vezes inadequado para trabalhar

com as diferentes potencialidades que as TICs podem trazer para o processo de

ensino/aprendizagem. Como resultado, evidencia-se a fragilidade das ações e da

formação, refletidas também através dos interesses econômicos e políticos

(COSTA & XEVÉO, 1997).

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É indiscutível, portanto, a necessidade de cativar, treinar e formar

professores para que participem deste desenvolvimento. É necessário formar uma

massa crítica através de debates sobre as implicações, em especial as de

natureza social, dos métodos e ferramentas da Informática aplicáveis à Educação.

Agindo assim, evitar-se-ia o surgimento de uma visão puramente

instrumental do uso do computador nas escolas. Claro é que o lugar adequado

para as várias riquezas que os computadores têm a oferecer ainda está em

discussão (HARMER, 2001, p. 145), mas eles vieram para ficar. Sendo assim, é

imprescindível que se clarifique a razão da utilização da Informática, definindo as

metas a serem atingidas, baseadas numa filosofia pedagógica mais ampla. É o

que afirma CANDAU (1997, p. 225), quando diz: “[s]em o compromisso dos

professores, nenhuma inovação tem futuro, pois são eles os mobilizadores do

cotidiano na escola”.

É compreensível a resistência da maioria dos professores, em todo o

mundo, à aceitação do uso de computadores na sala de aula e em sua prática

pedagógica. A introdução e a utilização de um elemento novo, aparentemente,

mais um complicador, acrescentando trabalho e estudos à carga de atribuições

docentes, causa pelo menos, perplexidade e um certo desconforto.

O uso do computador na escola só faz sentido na medida em que o

professor o considerar como uma ferramenta de auxílio, motivadora da sua

prática pedagógica. Trata-se de um instrumento renovador do processo ensino-

aprendizagem, que lhes fornece meios para o planejamento de situações e

atividades simples e criativas.

A capacitação dos professores em uma escola é de fundamental

importância para a efetiva integração do computador com as atividades escolares.

BORTOLINI (2003, p. 226) dá ênfase a esta questão mencionando que a

formação dos professores no campo da informática deve assumir características

diferentes das tradicionais. Para ele: “[p]ode se inserir o professor no contexto da

informática de muitas formas, desde uma aproximação abrupta com a técnica e

os problemas que ela envolve até um projeto de formação mais específica.”

Por fim, cabe citar as proposições de PERRENOUD (2000), sobre como o

professor pode administrar sua própria formação contínua. Para ele, a

profissionalização do ofício de professor recruta parceiros entre os poderes

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organizadores da escola, dos centros independentes de formação e das

associações profissionais de professores. A parceria se desenvolve mediante o

debate iniciado nos locais de formação contínua, por meio de diálogos entre

profissionais, formadores e responsáveis por formação, antes de constituir o

objeto de negociações na cúpula.

A introdução da Informática na Educação, é uma realidade condizente

com o momento atual. Precisa, portanto, segundo VALENTE (1993, p.17), deixar

de ser tratada superficialmente por educadores que rejeitam, às vezes, de forma

acrítica, o computador na escola. O uso da informática na educação não significa

a soma da informática na educação, mas a integração destas duas áreas. Para

haver integração é necessário o domínio dos assuntos que estão sendo

integrados.

O autor referenciado considera que:

O papel do computador na educação vem se definindo na medida em que se

questiona a função da escola e do professor, uma vez que, para ele, a função e o

aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas de promover o aprendizado.

Para esse autor, modificando essa concepção de escola, modifica-se também o

papel do professor, que passa a ser, não mais o repassador de informação, (papel

que pode ser desempenhado pelo computador), porém o facilitador no processo

ensino-aprendizagem (VALENTE, 1993, p. 17).

A Relação-chave: TICS e Competências

Para demonstrar que o núcleo sólido da proposta de incorporação das

TICs são o desenvolvimento de novos pensamentos, atitudes e posturas que

busquem envolver o educando com a pesquisa e o estudo, é importante recorrer

à formulação de Labarca (1995), então consultor da CEPAL (UNESCO), que parte

da seguinte premissa: a produtividade dos sistemas educacionais é baixa, em

razão do uso intensivo do recurso humano e do seu corporativismo, que protege o

“monopólio docente na transmissão do conhecimento” (idem, ibid., p. 174).

Prosseguindo em direção ao expurgo do professor, posto como tecnologia

cara e pouco eficiente, o autor é bastante explícito com relação aos

encaminhamentos (idem, ibid., p. 175-176): os docentes deixam de serem os

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principais depositários do conhecimento e passam a ser consultores

metodológicos e animadores de grupos de trabalho. Esta estratégia força a

reformulação dos objetivos da educação. O desenvolvimento de competências-

chave, tais como autonomia, pensamento crítico, desenvolvimento do discurso

(dialética), o fazer e o pensar sobre o fazer, substitui a sólida formação disciplinar

até então visada. O uso de novas tecnologias educativas, acesso rápido à

informação e maior agilidade em trabalhos de pesquisa e estudo leva ao

apagamento dos limites entre as disciplinas, redefinindo, ao mesmo tempo, a

função, a formação e o aperfeiçoamento dos docentes. Nas palavras de Alves:

discutir o papel específico, hoje, da escola para os vários grupos, suas múltiplas

diferenças e distâncias, torna-se neste contexto algo premente pois a escola é um

espaço único e especial, um espaço tempo de juntar pessoas, é preciso

recuperar o espaço do saber, que nada tem a ver com o lugar de uma certa

competência técnica (ALVES, 2004, p. 218).

Enfim, acredita-se que a integração entre tecnologia e Educação é viável

e poderá permitir ao aluno a apreensão dos fundamentos técnicos e tecnológicos,

políticos sociais e culturais presentes no mundo das novas tecnologias. É viável

desde que os profissionais da escola assumam compromisso com a articulação e

a integração desses conhecimentos tecnológicos como condição para uma sólida

formação científico-tecnológica caracterizada como indutora de um processo de

educação emancipatória que busca garantir o acesso e o direito de todo cidadão

ao conhecimento.

É fato que esse processo de renovação dos conhecimentos requer uma

ruptura. A ruptura inteligente oxigena o sistema, a instituição, a escola, as

pessoas que trabalham nesses contextos e que, portanto, se relacionam entre si.

Exerce benéfica influência sobre as demais pessoas que circulam no ambiente,

estranhas a ele ou a ele relacionadas.

A proposta de inserção efetiva das novas tecnologias nas escolas tem

como objetivo oferecer uma sólida formação geral fundamentada nos

conhecimentos acumulados pela humanidade e uma formação emancipadora e

integrada, visando fornecer ao aluno o acesso aos saberes técnicos e

tecnológicos solicitados pela contemporaneidade. Nessa nova perspectiva, o

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papel do professor como mediador, e o da escola como espaço para exercício da

cidadania, são reformulados.

O professor com acesso a tecnologias telemáticas pode se tornar um

orientador/gestor do processo de aprendizagem, integrando de forma equilibrada

a orientação intelectual. Para isso, ele deverá se preparar para a utilização do

computador, procurando ter acesso frequente às novas tecnologias.

Para o pesquisador Luiz Paulo Leopoldo Mercado, as práticas docentes

serão avaliadas e revistas:

Um professor consciente e crítico é capaz de compreender a influência da

tecnologia no mundo moderno e é capaz de colocá-la a serviço da educação e da

formação de seus alunos, articulando, as diversas dimensões de sua prática

docente, no papel de um agente de mudanças (MERCADO, 1999, p. 89).

A formação do professor quanto à inserção do computador deve ocorrer

no próprio contexto e incluir atividades que contemplem a conexão entre

conhecimentos e teorias educacionais para além do domínio do computador. Se

tudo ficar restrito à máquina é empobrecimento garantido.

Este conceito de aprendizagem tem a ver com o conceito de

desenvolvimento do ser humano como um todo, em suas diferentes áreas: área

do conhecimento, da sensibilidade, da competência. Tem a ver com o conceito de

totalidade que preside realidade do ser humano em qualquer momento, idade,

estado ou circunstância de sua existência. Tem a ver com o fenômeno que está

acontecendo a todo instante em nossas vidas (MERCADO, 1999, p. 106).

O Projeto de Implementação

O trabalho de implementação se deu nas escolas, normalmente nas horas

atividades dos professores. Nestes momentos, discutiu-se o resultado da

pesquisa realizada no Projeto referente à utilização das TICs na Educação.

Partiu-se daí para uma reflexão sobre como essa integração deveria acontecer.

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Em conversa com os docentes da escola, discutiu-se sobre como é

pensada, trabalhada e discutida essa inserção. Observou-se que a prática de

construção do currículo integrado às novas tecnologias não existe, pois ainda não

tem sido feito um trabalho planejado e elaborado nesta direção. Novamente,

destacou-se a falta de tempo por parte dos envolvidos diretos, os professores,

para planejamento, estudo e pesquisa, uma vez que as atividades relativas a

planejamento e aulas já lhes toma todo o horário disponível.

Verificou-se uma diversidade de opiniões e certa confusão no que se

refere à proposta de integração. Alguns concordam que a introdução das novas

tecnologias está sendo um processo gradativo, outros acreditam na integração

como forma de se atingir mais rapidamente o interesse do educando na pesquisa

e um foco maior no estudo. É preciso ter claro que a integração, seja gradativa ou

simultânea, deverá ser introduzida com o respaldo científico num processo

reflexivo de cientificação da ação, de acordo com o pesquisador Pedro Demo

(2001, p.131).

Outra situação verificada no ambiente escolar, durante as investigações,

foi referente à interação dos professores com os computadores. Observou-se que

entre os mais conectados às novas tecnologias, professores mais jovens, há um

maior envolvimento do que com os que não estão tão expostos a elas, e que a

falta deste envolvimento por parte de todos dificulta um trabalho integrado e com

um objetivo comum. Além disso, alguns docentes afirmaram que: “quanto à

integração das disciplinas ainda é preciso avançar, estamos trabalhando de forma

isolada, há pouco envolvimento”. Ou então: “ainda temos pouca participação do

grupo com a elaboração de um currículo mais contemporâneo, ou seja, integrado

às novas tecnologias, pois as horas atividades nunca são no mesmo turno ou

horário”; e ainda: “há pouca interação, pois é preciso hora atividade concentrada,

e as reuniões para troca de experiências quase não acontecem por motivos de

horários incompatíveis”; e também: “as disciplinas caminham paralelamente, pois,

o entendimento entre elas é indispensável ao bom andamento”. Ou seja, aqueles

que contribuíram com suas falas demonstram preocupação com a falta de um

horário em que todos possam sentar e planejar um currículo em conjunto que dê

conta de envolver as necessidades da atualidade mas que seja construído por

eles.

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Diante destes relatos, fica claro que os professores têm consciência da

necessidade de maior interação entre eles, e que há falta de espaço/tempo na

escola para que esta interação realmente aconteça e seja profícua e reflita no

processo de ensino/aprendizagem em sala de aula. Sabemos o quanto é difícil na

escola a organização de espaço e tempo para estudos e reflexões. Na verdade, a

escola não tem tempo para parar, nem mesmo para as práticas pedagógicas, pois

estas são tratadas de forma rápida aproveitando o tempo e espaço de cada

educador, separadamente.

Podemos afirmar que, mesmo com a conquista da hora-atividade,

infelizmente, a escola, de forma geral, ainda não conseguiu organizar este

espaço/tempo para a efetivação das ações pedagógicas que devem ser pensadas

e construídas no coletivo da escola, ou seja, ainda não conquistou este espaço, o

espaço de se pensar juntos! Esta observação foi importante, pois, reflete o quanto

a escola ainda precisa caminhar na conquista da organização do seu espaço e

tempo, principalmente para se efetivar o verdadeiro comprometimento da

participação coletiva.

Além disso, as declarações feitas pelos participantes sintetizam o

conceito que os partícipes têm a respeito das dimensões teórico-metodológicas

da Educação, ou seja, percebe-se a ausência de um aprofundamento teórico, pois

o desconhecimento torna os fundamentos equivocados e os conceitos ficam

engessados, dificultando, assim, a compreensão. Neste contexto, uma possível

resposta ao problema seria ligar o ensino às TICs; “dar condições tanto em

conhecimento como em autonomia, colocando formas de articular o educando

com a contemporaneidade, conectada com os modos e ideias atuais”. E ainda:

“educação, conhecimento, trabalho significa preparar o educando para a vida,

para o mercado de trabalho, transformando assim uma sociedade, mais evoluída

e capaz”, como bem colocado por alguns professores. É necessário uma

integração entre a comunidade escolar para um resultado mais eficaz e

duradouro. A introdução das novas tecnologias em conjunto com a ideia de que é

preciso conscientizar o educando de sua capacidade de aprender, pesquisar e

aprimorar seus conhecimentos através de estudo, pesquisa e dedicação e

esforço, individual e conjunto, são facilmente identificadas.

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Com estas declarações também verificamos que a compreensão da

proposta de integração entre tecnologias e Educação é bem vinda pela

comunidade escolar. A complexidade e dificuldades apresentadas com a

elaboração de uma nova proposta pedagógica, mais ligada às novas tecnologias,

tornam-se prementes e requerem solução. Para tanto, faz-se necessária a

participação de toda a comunidade escolar, e que todos tenham o domínio dos

fundamentos teóricos necessários para efetivação desta proposta. É, portanto,

preciso o comprometimento de todos os envolvidos em busca deste

aprofundamento.

Diante disto, conclui-se que a real integração ainda não é compreendida e

por este motivo não é ainda uma realidade. Há muito que se caminhar, e para que

isso realmente aconteça é preciso o comprometimento de todos os envolvidos

neste processo e, principalmente, que haja uma disposição verdadeira na

construção de um trabalho coletivo. Mesmo assim, antes de exigir que a

integração entre TICs e sala de aula aconteça, é preciso informar os envolvidos

sobre as possibilidades e as possíveis desvantages do processo.

Conclusão

O advento dos computadores expandiu não só as possibilidades de

comunicação permitindo que mais pessoas se comuniquem ainda com mais

pessoas, mas mudou também a forma como nos comunicamos, na medida em

que substituímos os meios de comunicação de massa, baseados no modelo de

uma fonte central que transmite mensagens para um grande número de pessoas,

por um modelo em que qualquer pessoa pode ser a fonte da mensagem

transmitida a outra pessoa, a um grupo ou a um público planetário (LEFFA, 2011,

p. 275).

De acordo com o pesquisador e educador Vilson Leffa,

[e]ssa mudança do paradigma de comunicação “um-para-muitos”, no qual a

maioria das pessoas desempenha um papel receptivo, para o modelo mais

participativo “muitos-para-muitos”, no qual todos têm a oportunidade de

responder, está afetando a teoria e a prática do ensino de línguas (LEFFA, 2011,

p. 275).

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Como já enfatizado ao longo do texto, diante do desafio de integrar as

novas tecnologias à Educação, de forma planejada e efetiva, é necessário uma

disposição verdadeira na construção de um trabalho coletivo. Esse processo

requer a participação de todos para que se concretize de forma abrangente e bem

elaborada. Quando se propõe uma mudança educacional dessa amplitude, que

gera não apenas mudanças físicas, mas também mudanças nas práticas

pedagógicas, é importante ter propostas discutidas e planejadas, não somente

com a comunidade escolar, mas também com a participação do Estado para que

a proposta possa ter a amplitude devida e desejada. Reforçamos que essas

propostas devem ser pensadas e implementadas de forma coletiva e não

autoritária. É preciso considerar, também, que o êxito ou fracasso dessa nova

postura depende das condições em que a implementação acontece e o modo

como todos os envolvidos a compreendem e interpretem.

Reitera-se a ideia de que, na construção de um currículo integrado às

TICs, faz- se necessário repensar toda a organização pedagógica para se romper

principalmente com a fragmentação dos conteúdos. Para tanto, é preciso uma

mudança em toda sua estrutura, desde a organização curricular, até o

planejamento, a avaliação e a prática pedagógica.

Uma proposta como esta, de mudança, não pode ser estática, e seu

avanço e êxito dependem não só do aprofundamento teórico, mas principalmente

do comprometimento de todos os seus envolvidos, com um único objetivo: o de

construir um ensino/aprendizado significativo, pois o objetivo da educação integral

é desenvolver no educando sua autonomia e pensamento crítico.

Enfim, ao término da implementação, concluiu-se que os educadores

partilham de um mesmo anseio: o de fornecer aos alunos uma sólida e atualizada

formação. Porém, diante do desafio de conceber e levar uma proposta que atenda

às necessidades desta nova sociedade, estes educadores, e não somente eles,

manifestam dúvidas e receios para realizar tais propósitos. Uma proposta de

trabalho com as TICs discutida por todos antes da sua implementação seria um

caminho viável para que esta pudesse obter resultados contundentes na

formação de sujeitos críticos e atuantes na sociedade, e de professores

conscientes de seu relevante papel de formadores de cidadãos.

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Há muito a ser feito para que essa integração realmente aconteça. É

preciso mais envolvimento da comunidade escolar e governos, neste processo,

para que haja uma disposição verdadeira na construção de um trabalho coletivo

que gerará bons resultados às escolas públicas, e ajudará na formação de

cidadãos mais informados e conscientes das reais possibilidades oferecidas pela

tecnologia.

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