as metamorfoses do espelho

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    ARTIGOS

    R EVISTA M AL-ESTAR E S UBJETIVIDADE / F ORTALEZA / V . VI / N . 1 / P . 125 - 142 / MAR . 2006

    As metamorfoses do espelho do rostomaterno na constituio do self da criana*

    Giselle Csar Vieira DinizPsicloga clnica, coordenadora da Faculdade

    Boa Viagem, Mestre em Psicologia clnica pelaUniversidade Catlica de Pernambuco,Membro participante do Laboratrio de

    Psicopatologia Fundamental e Psicanliseda Universidade Catlica de Pernambuco.

    End.: Av. Boa Viagem, n. 1140 apt. 401, BoaViagem - 51011-000 Recife-PE.

    e-mail: [email protected]

    Zeferino RochaProfessor titular aposentado do Departamento de

    Psicologia da Universidade Federal dePernambuco, professor responsvel pela Linha

    de Pesquisa em Psicopatologia e Psicanlise noMestrado em Psicologia Clnica da Universidade

    * O presente ensaio resume uma parte da Dissertao de Mestrado intitulada O Espelho do rosto materno eo Self: Abordagem Winnicottiana, defendida por Giselle Csar Diniz sob a orientao do Prof. ZeferinoRocha no Mestrado em Psicologia Clnica da Universidade Catlica de Pernambuco, em abril de 2005.

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    ARTIGOS GISELLECSARVIEIRADINIZ E ZEFERINOROCHA

    R EVISTA M AL-ESTAR E S UBJETIVIDADE / F ORTALEZA / V . VI / N . 1 / P . 125 - 142 / MAR . 2006

    Catlica de Pernambuco, Coordenador doLaboratrio de Psicopatologia Fundamental da

    UNICAP, Membro Fundador e Honorrio doCrculo Psicanaltico de Pernambuco.

    End.: R. Conselheiro Portela, 139/ 502.Espinheiro 52020-030 Recife-PE.

    e-mail [email protected]

    RESUMODepois de situar brevemente o tema do espelho do rosto materno

    no contexto do que Winnicott escreve sobre o desenvolvimentoafetivo da criana e Lacan sobre o estdio do espelho naconstituio do eu, o artigo tem como objetivo refletir sobre as

    principais metamorfoses do espelho do rosto materno na formaodo self, analisando sucessivamente suas vicissitudes comoespelho mgico, espelho-vidro e espelho verdadeiro e suasimplicaes tericas no processo da formao do falso e doverdadeiro self da criana.Palavras-chave: fase do espelho, rosto materno, falso e verdadeiroself.

    ABSTRACT After briefly situating the theme on the mirror of mothers face withinthe context what Winnicott describes about the childs affectivedevelopment and Lacan on the mirror phase in the construction of the ego, the objective of the paper is to reflect on the principal metamorphoses of the reflection of the mirror of the mothers facein the formation of the self, analyzing their vicissitudes progressively as the Magic Mirror, Glass Mirror and the True Mirror and thetheoretical implications in the formation process of the childs falseand true self.

    Key-words: mirror phase, mothers face, false and true self

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    ARTIGOS AS METAMORFOSES DO ESPELHO DO ROSTO MATERNO NA CONSTITUIO DO SELF DA CRIANA

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    Introduo NA SOMA DO SEU OLHAR QUE EU VOUME CONHECER POR INTEIROCHICO BUARQUE

    nosso propsito, neste ensaio, abordar a questo doespelho do rosto materno e suas principais vicissitudes naconstituio doself da criana, luz da doutrina winnicottiana sobre odesenvolvimento afetivo infantil. Embora Winnicott no tenha feito, eleprprio, uma rigorosa sistematizao terica de sua obra, poder-se-ia

    dizer que ela se divide em duas grandes partes: a primeira referenteao beb, sua continuidade no ser e tendncia maturao e a outrarelativa aos cuidados maternos, sem os quais o beb no existiria.

    Certa vez, Winnicott surpreendeu seus ouvintes ao afirmar:No existe isso que chamam de beb. Mas logo em seguida quebrouo suspense, acrescentando: o que quero dizer, obviamente, quesempre que vemos um beb, vemos tambm um cuidado materno esem o cuidado materno no haveria um beb (Winnicott, 2000, p. 40).

    Por causa da completa fragilidade e total desamparo de suasituao inicial - situao que Freud cunhou com o expressivo nomede Hilflosigkeit - o beb, inteiramente incapaz de poder ajudar-se a siprprio, tem absoluta necessidade dos cuidados maternos parapoder contar com um ambiente que lhe seja favorvel e que seencontre o mais prximo possvel da condio intra-uterina.

    At que ele se constitua como um verdadeiro self 1 e serelacione com a me na qualidade de uma pessoa total (um objetoobjetivamente objetivo, como diria Winnicott), um longo caminhodever ser percorrido no processo de seu desenvolvimento afetivo ede suas identificaes estruturantes.

    Neste contexto, a metfora do espelho do rosto maternoreveste um papel de destaque e uma funo decisiva no processo daconstituio do self da criana. Refletir sobre a importncia doespelho do rosto materno, bem como avaliar as vicissitudes de suasmetamorfoses neste processo, o objetivo do presente trabalho.

    Para poder alcan-lo, vamos primeiramente, guisa de uma

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    contextualizao terica introdutria, resumir o essencial daquilo queLacan escreveu sobre o estdio do espelho, pois foi nele que seinspirou Winnicott para introduzir, em sua doutrina, a metfora doespelho do rosto materno.

    Em seguida, vamos analisar, separadamente, as principaismetamorfoses pelas quais passa o espelho do rosto materno naconstituio do self da criana, vale dizer, o espelho mgico e suasiluses narcsicas, principalmente aquelas ligadas ao narcisismo dospais projetado nos filhos; depois analisaremos a relao do falsoespelho (ou do espelho-vidro) com a me invasiva e intrusiva, tendocomo conseqncia a constituio de um falso self, e, finalmente, o

    verdadeiro espelho e sua relao com a me suficientemente boa ecom a constituio do verdadeiro self da criana.

    O estdio do espelhoO narcisismo tem um lugar de realce na teoria freudiana.

    Freud, inicialmente, via, nele, uma perverso, na qual o indivduo tratao prprio corpo, de modo semelhante ao de um objeto sexual.Contempla-o, portanto, com prazer sexual, afaga-o e o acaricia atque, graas a essas aes, consegue a completa satisfao (Freud,1914/1990). Mas, logo em seguida, ele passa a consider-lo sob umaperspectiva muito mais ampla e a classific-lo como um momentoimportante no desenvolvimento normal do ser humano.

    Todavia, no existe, logo no comeo, um ego estruturadocomo uma unidade, mas um corpo constitudo de partes justapostasumas s outras. o que acontece na fase do auto-erotismo. Umanova ao psquica se faz, ento, necessria para que o narcisismose constitua, ou seja, para que se d a passagem do auto-erotismopara o narcisismo. A este respeito Freud escreve:

    uma hiptese necessria que no existe, desde o incio,no indivduo, uma unidade comparvel ao ego; pois estedeve ser desenvolvido. Todavia, as pulses auto-erticasso primordiais. Por isso, algo de novo, uma nova ao

    psquica tem que ser acrescentada ao auto-erotismo paradar forma ao narcisismo (Freud, 1914/1990, p. 44).

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    Freud, no entanto, no deu uma explicao detalhada do queacontece nesta passagem do auto-erotismo para o narcisismo, nemtampouco aprofundou as caractersticas daquela nova aopsquica, que deve ser acrescentada ao auto-erotismo, para que seconstitua o narcisismo. Quem muito contribuiu para isto foi JacquesLacan, quando introduziu o estdio do espelho (1949), que hoje fazparte integrante da viso psicanaltica do processo de constituio dosujeito.

    Segundo Lacan, no estdio do espelho, o eu (moi ) revela-se como uma representao, articulada imagem do corpo , que a

    criana v refletida no espelho. Esta imagem confere uma primeiraunidade s partes do corpo da criana, at ento meramente justapostas umas s outras. Esta primeira unidade corporal formada pela identificao da criana com a imagem que ela vprojetada no espelho como a imagem de um outro.

    Nesta primeira descoberta que a criana faz da imagem doseu prprio corpo refletida no espelho, h muito mais do que umsimples progresso na linha do conhecimento de seu corpo, ou umamanifestao da maturao psicolgica de suas funes, comodefendiam os psiclogos que, antes de Lacan, se referiram questo 2.

    Lacan enfatiza o que significa para a criana fazer estaprimeira identificao imaginria de si mesma pela mediao de umoutro. Ainda sem ter o controle da marcha ou da postura ereta, masapoiada por um suporte humano, a criana, num momento de jbilo,descobre sua imagem no espelho, ou para diz-lo com as palavrasdo prprio Lacan, esta descoberta manifesta

    numa situao exemplar a matriz simblica em que o [eu]se precipita numa forma primordial, antes de se objetivar na dialtica da identificao com o outro e antes que alinguagem lhe restitua, no universal, sua funo de sujeito(Lacan, 1998, p. 97).

    Portanto, no estdio do espelho, o que Lacan pe emdestaque uma identificao primordial, mediante a qual o sujeito

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    liberta-se da angstia das fantasias do corpo despedaado. Estaidentificao a matriz simblica da forma primordial de umaprimeira estruturao do eu, na imagem do corpo. Embora a imagemno seja o eu real, esta identificao com a imagem de seu corpotorna possvel que a criana, nela, se reconhea.

    Todavia, ao mesmo tempo que esta identificao d umaprimeira configurao instncia do eu, ela tambm o aliena. Ditocom outras palavras: a identificao com a imagem do corpoestrutura o eu (moi ), mas, ao mesmo tempo, o aliena como um eu(moi ) imaginrio. Portanto, o essencial do estgio do espelho, paraLacan, acontece no registro do imaginrio. A imagem especular no

    um reflexo fiel da realidade.Como comenta Bertrand Olgivie:esta forma apreendida no espelho (...) situa a instncia doeu numa linha de fico irredutvel para sempre para oindivduo nico (...) A maneira pela qual o eu se apreende,ao aparecer diante de si pela primeira vez, inicialmentefictcia. O sujeito, em primeiro lugar, se procura e seencontra, constituindo-se em alguma coisa radicalmenteoutra: a forma antecipada daquilo que ele no , masque no tem outra possibilidade seno a de crer que . Ooutro se v, se concebe como outro que no ele mesmo(Olgivie, 1988, p. 117).

    Contudo, isso no quer dizer que o simblico esteja ausenteda vida da criana, pois esta, desde o nascimento e antes dele, j eramarcada simbolicamente pelo desejo e pela fantasia dos seus pais.

    No entanto, no nosso propsito determo-nos, aqui, em umaanlise mais aprofundada da doutrina de Lacan sobre o estdio doespelho. A ela nos referimos apenas para dizer que foi na teorialacaniana do estdio do espelho que Winnicott se inspirou paraintroduzir o espelho do rosto materno na sua doutrina dodesenvolvimento afetivo da criana.

    Partindo de um ponto de vista diferente, Winnicott afirma que oprecursor do espelho o rosto da me (1973, p. 153). Deveras, oestdio do espelho foi situado por Lacan entre os seis e os dezoito

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    meses da vida do beb. Mas disto no se pode deduzir que a dialticada constituio do eu pela mediao do outro j no exista em umarelao mais precoce, particularmente com esse outro todo especialque o rosto materno.

    Alis, em uma Comunicao intituladaQuelques rflexionssur lEgo [Algumas reflexes sobre o Ego] feita Sociedade Inglesade Psicanlise, em 3 de maio de 1951 e publicada no InternationalJournal of Psycho-Analysis (vol. 34, p.11-17), Lacan assim seexprimiu: Esta falta de coordenao sensorial e motora no impedeao lactente de ficar fascinado pelo rosto humano, quase to depressaquanto quando abre seus olhos luz do dia (apud Olgivie, 1988, p.

    116). Portanto, se existe uma diferena na abordagem do espelhoentre Lacan e Winnicott, esta no se deve ao fato de que, emWinnicott, o espelho do rosto materno mais precoce do que noestdio do espelho introduzido por Lacan. Segundo nosso modo dever, esclarecer-se-ia melhor a diferena, dizendo que o eu que estem questo no estdio do espelho o eu (moi) alienado no registro doimaginrio, enquanto, para Winnicott, o que est em jogo oself noprocesso de sua constituio .

    Alm disso, para que o beb se veja e descubra a imagemunitria de seu corpo, ele precisa ter primeiro descoberto o espelhodo olhar materno. atravs das expresses faciais, dos gestos, dasatitudes, e especialmente do olhar que a me ordena o caos dassensaes e das emoes que o beb sente no incio da vida, e,assim, pode oferecer-lhe, de modo gradativo e apropriado, o que elenecessita. O beb, ento, identifica-se com esta imagem maternaasseguradora e emptica, atravs da qual vai construir uma imagemde si mesmo, diferenciada e condizente com seu self . Por meio destafuno especular primria e integradora, o beb se identifica (eaprende a reconhecer-se) com sua imagem projetada na me erefletida por ela (cf. Doin, 1989, p.151).

    A fim de melhor entender a natureza e os destinos da metforado espelho do rosto materno, vamos distinguir, no processo deconstituio da subjetividade infantil, trs modalidades de espelho,relativas a trs momentos do processo de constituio do self , vale

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    dizer, o espelho-mgico, o espelho-vidro e o verdadeiro espelho.Cada uma delas tem sua natureza prpria e sua funo caractersticae corresponde a um determinado momento da teoria winnicottianasobre o desenvolvimento afetivo do beb. Vejamos o essencial decada uma.

    O espelho mgico e suas iluses narcsicas

    no contexto da teoria freudiana do narcisismo que vamosencontrar a referncia terica principal para entender o sentido daquiloque estamos chamando de espelho mgico. O que se poderia

    entender, quando dizemos que o rosto materno pode transformar-seem um espelho mgico?Para tentar responder a esta pergunta, vamos lembrar que,

    em seu artigo de 1914 Para introduzir o Narcisismo : Freud dizque o narcisismo dos pais (particularmente o da me) projeta-sesobre o narcisismo dos filhos. Eis suas palavras: Quando seconsidera a atitude dos pais afetuosos para com seus filhos, estadeve ser reconhecida como a revivescncia e a reproduo de seuprprio narcisismo h muito abandonado (Freud, 1914/1990, p. 57).

    De fato, os pais gostariam que seus filhos tivessem todas asperfeies possveis. Alm disso, o filho deve ter uma vida melhor doque a de seus pais nem deve ser submetido s necessidadesreconhecidas como dominadoras da vida. Mais ainda: As leis danatureza, como as da sociedade, devem cessar diante dele e elenovamente ser o centro e o cerne da criao. His Majesty the Baby (id. Ibidem).

    Portanto, o olhar da me voltado para o filho recria onarcisismo primrio, na medida em que idealiza, para o filho, um euperfeito e desloca o seu Ego ideal sobre a imagem desse filho todo-poderoso, que, assim, poder realizar todos os seus sonhos.Lembremo-nos de que, para Freud, o Ego ideal

    como o infantil, encontra-se de posse de todas asvaliosas perfeies. O homem mostra-se aqui (comosempre no campo da libido) incapaz de renunciar satisfao uma vez usufruda. Ele no quer privar-se daperfeio narcsica de sua infncia (...) O que ele projeta

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    diante de si como seu ideal o substituo do narcisismoperdido de sua infncia, no qual ele era seu prprio ideal(Freud, 1914/1990, p. 60-61)

    No momento em que a me projeta seu Ego ideal (Idealich )sobre a pessoa do filho e dele faz um substituto de seu Ego ideal, no de estranhar que o seu rosto se torne, para o filho, um espelhomgico, diante do qual ele no se cansar de perguntar como a rainhamadrasta do Conto de Branca de Neve: Espelho meu, espelho meu,existe no mundo algum mais belo do que eu?.

    Desse modo, instaura-se um paradoxo: ao mesmo tempo emque a me oferece ao beb, no seu desamparo original, a ajudaindispensvel para que ele possa subsistir, ela tambm pode marcar e, s vezes, aprisionar a criana nas ambies de seu desejonarcsico. Como lembra Piera Aulagnier,

    todas as manifestaes da vida do beb (gritos,movimentos de alegria, sinal de sofrimento) sointerpretadas pela me como um apelo, ou como umamensagem da qual ela a destinatria, mas estainterpretao, por sua vez, pode ser forjada nos moldesde seu prprio desejo (Aulagnier, 1990, p.197).

    Winnicott, por sua vez, adverte que as crianas aprisionadasao desejo da me desenvolvem uma organizao falsa do self, naqual e mediante a qual, elas, em todo o processo de realizao desuas vidas, vo procurar consertar algo de errado em suas mes. Daporque a realizao no significa necessariamente, para elas, umverdadeiro progresso (Winnicott, 1994, p.193).

    preciso, lembra Leclaire (1977), que a criana, dia aps dia,liberte-se da representao tirnica do desejo materno, que dela faz oobjeto privilegiado dos seus sonhos e realizaes, pois somente naexata medida em que comearmos a matar essa crianaidealizada, comearemos a desejar. Novamente um paradoxo se

    impe: de um lado, renunciar idealizao do desejo materno seriapara a criana um decreto de morte, pois, sem a me, o beb nosubsistiria; mas aceitar semelhante idealizao e nela fixar-se seria

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    condenar-se a no viver. Como diz Leclaire: no h vida possvel, vidade desejo, de criao, se cessarmos de matar a criana maravilhosaque renasce sempre (1977, p. 10).

    Esta metamorfose do espelho que estamos chamando deespelho mgico corresponde, pois, a esse momento mtico deperfeio, iluso e de onipotncia. Todavia, a criana precisa passar por esta fase, sem a qual no haver confiana para suportar asfrustraes que viro pelo processo de desadaptao realizado pelame, pois traumatizar gradualmente faz parte da funo de uma mesadia (Abram, 2000, p. 160).

    Segundo Winnicott, embora, inicialmente, o beb e sua me

    sejam um, j nesta fase, o beb , pois algum ali se encontra para juntar experincias, confront-las, sentir e estabelecer distinesentre os sentimentos, ficar apreensivo no momento adequado ecomear a organizar defesas contra o sofrimento mental; ento, possvel afirmar, como fao, que o beb (...) (Winnicot, 1999, p. 33).

    Se o eu se constitui pela mediao do outro, preciso queesse outro que a me, ao garantir a existncia do eu do beb,garanta-lhe tambm a diferena. Como j foi visto, a iluso narcsicade um eu ideal, criada pela funo materna na sua relao primriacom o beb, to necessria e fundante, quanto necessria ter queser posteriormente a fase da desiluso.

    Pelo fato de a me voltar-se para seu prprio self , ela d inicioao processo de desiluso do beb, dele se desadaptando. Para obeb, a desiluso consiste em compreender que sua me tambmtem falhas e no perfeita como antes lhe parecia. Quando a mepassa a corrigir suas falhas no tempo exato, ela ensina ao beb aconfiar no ambiente e ele comea a perceb-la como um objetoobjetivamente objetivo.

    O espelho-vidroDesignamos com a expresso espelho-vidro uma nova

    metamorfose do espelho, na qual e pela qual este deixa de ser umespelho verdadeiro e se apresenta apenas como um pedao de vidro,porque lhe falta o estanho, atravs do qual o vidro se torna umverdadeiro espelho. Sem o estanho, o vidro no pode refletir as

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    imagens que nele se projetam e, desta forma, no um verdadeiroespelho.

    Winnicott resume em uma s frase o que se poderia dizer deste espelho-vidro aplicado ao rosto materno: O beb se acostuma idia de que, quando olha, o rosto da me [e no o seu] que visto.O rosto da me, portanto, no um espelho (Winnicott, 1975, p. 155.Colchetes acrescentadas por ns).

    Vejamos at que ponto este espelho-vidro pode ser umametfora do espelho do rosto materno no processo de formao e deconstituio do self da criana. Como disse Winnicott, no espelhovidro, o que a criana v o rosto da prpria me com todas as suas

    idiossincrasias, seus problemas e angstias. No se vendo a simesma, a criana corre o risco de fixar seu olhar no semblantematerno, estampado no rosto que se mostra atrs do vidro.

    Talvez para uma melhor compreenso da metfora doespelho-vidro, poder-se-ia dizer que a amlgama que lhe faltarelaciona-se tambm ausncia ou s falhas da funo paterna. Defato, sem esta no se desfaz a relao fusional me-filho e, por conseguinte, no se faz a passagem da relao dual imaginria parauma relao verdadeiramente intersubjetiva. Sem esta passagem, acriana permanece para sempre alienada no imaginrio da me. E isto o que acontece quando ela se fixa no rosto materno que lhe impeseu desejo atravs do espelho-vidro.

    H quem diga que Winnicott deu pouca ateno ao papel dopai em sua teoria do desenvolvimento afetivo da criana. Sem querer discutir esta observao, o que no se pode esquecer que, para ele,o pai um promotor do estgio da preocupao materna primria, namedida em que d suporte e apoio me e ao beb. O pai participa,ele tambm da maternagem, pois cabe-lhe criar um ambiente protetor e provedor. Quando Winnicott se refere ausncia do pai, ele ressaltaas conseqncias negativas, que so mais visveis do lado materno,mas no deixa de se referir ao pai como aquele que deve ficar atentopara que a me no devore seu beb.

    A metfora do espelho-vidro do rosto materno no processo deconstituio do self da criana tem um destaque todo especial,quando abordamos o problema da identificao . Mesmo no sendonosso propsito fazer aqui um estudo detalhado do problema da

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    identificao em Winnicott, vamos lembrar que, para ele, a meempresta as funes do seu prprio ego de modo a organizar eprocessar as funes do ego de seu filho, enquanto ele ainda no astem desenvolvidas. Contudo, a este momento deve seguir o momentoda separao, quando a criana dispuser do que precisa paraconstituir sua prpria personalidade.

    Esta desadaptao, porm, bastante complexa, e no se dsem sinais de resistncia (raiva, revolta e agressividade por parte dacriana). Superar esta resistncia faz parte da funo da mesuficientemente boa, pois fortalece o sentimento de confiana noambiente.

    Se o pai deve ficar atento voracidade da me por seu beb, porque, tambm para ela, me, no fcil separar-se do filho. Naspalavras de Winnicott: uma tarefa difcil para a me se separar dolactente com a mesma rapidez com que o lactente precisa ficar separado dela ( Winnicott, 1983, p. 52) e isto verdade no s por ocasio do nascimento e do desmame, mas durante toda a vida. Elatalvez seja quem mais tem a perder em suas fantasias comsemelhante separao, pois o beb tem um mundo pela frente deprojetos e conquistas. Para ela, a iluso se quebra quando descobreque o filho no posse sua e que no veio para satisfazer seussonhos dourados. O beb vai ser encaminhado precisamente para,um dia, descobrir seus prprios caminhos e descortinar seushorizontes, nos quais projetar seus sonhos e ideais.

    Sabemos que a me constituda na sua subjetividade pelo jogo dialtico de conquistas e renncias e que, em conseqnciadisso, tanto pode prevalecer nela o desejo de ter um filho para ajud-lo a crescer e emancipar-se na vida, como tambm querer ter o filhocomo uma posse sua, de conformidade com o projeto inconscientede uma gestao eterna para compensar ou suprir suasfrustraes. Zimerman exemplifica este fato dizendo:

    pode acontecer, portanto, que a me tenha umanecessidade vital do seu filho e o induza a funcionar comosendo o seu complemento sexual ou narcisico, ou ambos.Nos casos em que a me seja basicamente uma pessoadeprimida, ou que tenha uma fobia de ficar sozinha,costuma acontecer que esta me invista em algum dos

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    filhos (s vezes, em alguns ou em todos) um vnculosimbitico, cimentado de culpas, de modo a garantir o seuseguro solido, como costumo definir esta situao nadarara (Zimerman, 1999, p. 108).

    Em virtude desta falta, da qual o beb nada sabe, a me setorna para ele uma esfinge que repete a clebre frase: decifra-me oueu te devoro!. As crianas que decifrarem o enigma do desejomaterno e dele se desvencilharem, passaro bem pelo processo deconstituio de suas subjetividades, mas sero mortas aquelas queno conseguirem encontrar a soluo do enigma (Cf. Bulfinch, 2001,p. 152).

    Sabe-se que o fato de a me atender s necessidadesbiolgicas e emocionais da criana reveste-a de um poder onipotente,por isso a criana pode ser facilmente levada submisso. Assim,tanto a criana deve matar a representao inconsciente primordialde uma me onipotente, quanto, por outro lado, a me deve estar sempre fazendo o luto da perda da criana como objeto-posse do seudesejo.

    O falso self

    Disto que foi dito, pode configurar-se o aparecimento de umfalso self . Este o caminho pelo qual a criana levada a uma falsaexistncia. Para Winnicott, os incios deste falso self remontam inabilidade da me em sentir as necessidades do beb e emsatisfazer aos seus gestos. Quando em vez disso, ela substitui ogesto do beb pelo seu prprio gesto, valida-se com isso a submissodo beb (1983, p.133).

    Da resultam irritabilidade generalizada e distrbios naalimentao do beb. Depois, no decorrer dos anos, o falso self manifesta-se em sensao de vazio, de irrealidade e de futilidade.Sua personalidade superficial e ele vive sem uma continuidade deser. Sua vida dominada pela submisso e pela imitao. Quasesempre as pessoas que tm um falso self so impulsionadas pelofascnio das ambies. Graas ao seu modo eloqente e sedutor de

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    se apresentarem, essas pessoas tm a habilidade de dissimular,fingir e mentir e, desse modo, conseguem o que nunca pde ser atingido pelo verdadeiroself . Nos pacientes com um falso self , estehbito de negar e desconhecer a realidade interna coloca-os sempreem grandes dificuldades no processo analtico.

    O falso self pode ser constitudo como defesa contra asameaas de aniquilamento dirigidas ao verdadeiro self . Diante de taisameaas, a angstia muito intensa e est sempre ligada a umaangstia mais fundamental vivenciada pelo paciente em idade muitoprecoce. verdade que todos ns temos algo de um falso self dentrode ns. O importante que seu grau no se torne tal que paralise o

    verdadeiro self . Nas pessoas com falso self , observa-se uma estremainquietao, uma incapacidade de concentrao e uma necessidadede colecionar iluses. A vida inteira pode tornar-se uma reao aessas iluses. Desconhecendo sua identidade, elas passam a vidacopiando e imitando o que lhes parece ideal.

    O espelho verdadeiro e o verdadeiro self Uma vez que o processo de integrao tenha se estabelecido

    na normalidade, a criana torna-se gradualmente capaz de sedefrontar com o mundo e todas as suas complexidades, formando umintercmbio continuo entre a realidade interna e a externa, cada umasendo enriquecida pela outra.

    Tudo isso s pode ocorrer quando a me funciona como umverdadeiro-espelho no qual a criana pode se descobrir pouco apouco como uma pessoa total e como sujeito desejante, capaz dese relacionar com as outras pessoas.

    A me, cujo rosto um verdadeiro espelho, a mesuficientemente boa, pois ela alimenta e acolhe o gesto espontneoda criana repetidamente, e, a partir da fora dada ao ego do beb,um self verdadeiro comea a ter vida. A me que um verdadeiroespelho primeiramente complementa a onipotncia do beb devido sua capacidade de identificar-se com ele e de sentir suas

    necessidades, decodific-las, nome-las e traduzi-las simplificadaspara o beb. Aos poucos, graas ao gradativo trabalho dedesadaptao materna, a criana torna-se capaz de se defrontar com

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    o mundo e todas as suas complexidades, e de se desenvolver nosentido de uma verdadeira independncia.

    Para Winnicott, o desafio de verdadeiro espelho do rostomaterno proporcionar as condies necessrias para a crianaestabelecer uma conciliao entre imitar os pais e desafiadoramenteestabelecer uma identidade pessoal (Wunnicott, 1983, p. 87).

    No espelho verdadeiro do rosto materno, a criana sente-sereal e sentir-se real, diz Winnicott (1975), mais do que existir, descobrir um modo de existir como si-mesmo e somente o self verdadeiro pode ser criativo e sentir-se real.

    Ser um verdadeiro self envolve duas coisas: a capacidade deestar s e a criatividade, que so os sinais mais importantes doamadurecimento afetivo. Mas para que o adulto consiga isto, deve ter passado, como criana, pela experincia de estar s na presena dealgum, em quem confia. Somente assim, a criana pode descobrir seu potencial criativo. E o viver criativo sinnimo de sade e de umverdadeiro self . A capacidade de viver criativamente e de sentir que avida vale a pena de ser vivida est diretamente ligada qualidade dasprovises ambientais no incio da vida

    guisa de uma conclusoPara finalizar, gostaramos de lembrar um texto em que Freud

    analisa uma recordao de infncia do grande poeta alemo Goethe,indiscutivelmente seu poeta preferido, porquanto o mais citado emseus livros.

    No artigo, escrito em 1917 e intituladoUma recordao deinfncia no Dichtung und Wahrheit , Freud antecipa aquilo quedepois Winnicott (1975) desenvolver sobre a importncia dasprovises ambientais no relacionamento precoce com a me e seusefeitos no desenvolvimento da capacidade da criana viver sua vidade um modo criativo, conquistando, para si, um grande xito.

    Logo no primeiro pargrafo, Freud (1917/1969, p. 159) lembraque Goethe veio ao mundo tido como morto e s, com mltiplosesforos, conseguiu-se que ele viesse luz e, no final do texto, eleressalta que o segredo do sucesso tanto da vida pessoal quanto da

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    vida profissional de Goethe, ele prprio atribuiu ao relacionamento queteve com sua me. Diz Goethe: tornei-me uma criana feliz; e concluidizendo: minha fora enraza-se na relao com minha me.

    Posto isto, Freud, por sua vez, tambm pde concluir:Quando se foi um predileto indiscutido de sua me, conserva-se peloresto da vida aquele sentimento de conquistador, aquela confiana noxito, que, na verdade, freqentemente arrasta o sucesso consigo(Freud, 1917/1969, p. 167).

    Notas

    1 Seria oportuno lembrar, desde logo, que o prprio Winnicott nemsempre empregou com muita clareza a palavra self . Ele a distinguedo ego, mas no faz o mesmo em relao palavra eu. Para ele, oself uma pessoa que um eu , ou seja, uma totalidade construdaatravs do processo de maturao. J o ego descreveria parte dapersonalidade que tende sob condies favorveis a se integrar emuma unidade. No decorrer da obra, o self cada vez mais aparececomo o ncleo da personalidade (Winnicott, 1983, p. 55-56), outambm reveste o sentido de uma personalidade integrada . Mas, istono impede que desde o nascimento, em um ambiente propcio quepossibilite o desenvolvimento das potencialidades do beb, um self rudimentar j exista, embora de forma extremamente frgil.Winnicott diz igualmente que oself se encontra localizado no corpo equando os cuidados maternos falham na funo de integrar assensaes corporais do beb, os estmulos ambientais e o despertar de suas capacidades motoras, a criana sente sua continuidadeexistencial, vale dizer, a continuidade de seu ser ameaada eprocura substituir a proteo que lhe falta e da qual surgiria umverdadeiro self , por outra fabricada por ela prpria, vale dizer, seufalso self .2 o caso, por exemplo, de H. Wallon que, em 1931, escrevia noJournal de Psychologie um artigo intitulado:Como se desenvolvena criana a noo de corpo prprio

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    Recebido em 12 de setembro de 2005 Aceito em 28 de setembro de 2005 Revisado em 14 de novembro de 2005