as longas colheres

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Prof. Estagiárias: Marcela Abraham e Gabriela Maldonado As longas colheres Havia um rei, muito sábio, muito generoso. Um pouquinho extravagante. Este rei amava o seu povo mais do que tudo. Mas se ressentia ao ver que seus súditos não andavam muito solidários, não cooperavam uns com os outros. Então, ele resolveu dar conta da situação dando uma grande festa em seu castelo. Convidou todos os seus súditos. No dia combinado, o palácio estava todo iluminado, um grande tapete vermelho se estendia à sua porta. Naquela festa havia tudo que se pudesse imaginar para uma festa ser perfeita. Mas faltava o essencial: não tinha comida. Nada era servido para os convidados. Quando os humores começaram a ficar um pouco exaltados, viram uns garçons chegarem com bandejas com pequenas caixinhas. Quando as pessoas abriram as caixinhas, lá dentro não havia nada para comer, apenas uns pequenos mimos que o rei oferecia aos seus convivas. Quando o público já estava ficando um pouco mal-humorado e irritado, as portas de um salão contíguo se abriram e lá de dentro exalou um agradável cheiro de uma sopa que fervia no imenso caldeirão. Todos entraram naquele salão desesperados de fome e loucos para comer. Procuraram seus pratos, procuraram seus talheres, mas não havia pratos. Apenas umas imensas colheres enfiadas no caldeirão e, como o caldeirão era de ferro e as colheres também, elas estavam fervendo. Só dava para segurá-las por uma pequena haste de madeira que elas traziam a uma ponta. As pessoas, então, seguravam aquela haste, enfiavam no caldeirão, tentavam comer, mas as colheres não chegavam à sua boca. Até que de repente, um dos convidados enfiou a grande colher no caldeirão e ofereceu ao amigo da frente. O outro, por sua vez, pegou a sua colher e devolveu o agrado ao companheiro. E assim, o outro pegou a colher e alimentou o outro. E o outro alimentou o outro… E as pessoas, aos poucos, foram matando a sua fome… E perceberam que, naquele castelo, para matar a fome, era preciso que um ajudasse o outro, e a festa durou até o sol raiar.

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as longas colheres - conto

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  • Prof. Estagirias: Marcela Abraham e Gabriela Maldonado

    As longas colheres

    Havia um rei, muito sbio, muito generoso. Um pouquinho extravagante.

    Este rei amava o seu povo mais do que tudo. Mas se ressentia ao ver que seus

    sditos no andavam muito solidrios, no cooperavam uns com os outros.

    Ento, ele resolveu dar conta da situao dando uma grande festa em seu

    castelo. Convidou todos os seus sditos.

    No dia combinado, o palcio estava todo iluminado, um grande tapete

    vermelho se estendia sua porta. Naquela festa havia tudo que se pudesse

    imaginar para uma festa ser perfeita. Mas faltava o essencial: no tinha comida.

    Nada era servido para os convidados.

    Quando os humores comearam a ficar um pouco exaltados, viram uns

    garons chegarem com bandejas com pequenas caixinhas. Quando as pessoas

    abriram as caixinhas, l dentro no havia nada para comer, apenas uns

    pequenos mimos que o rei oferecia aos seus convivas.

    Quando o pblico j estava ficando um pouco mal-humorado e irritado, as

    portas de um salo contguo se abriram e l de dentro exalou um agradvel

    cheiro de uma sopa que fervia no imenso caldeiro.

    Todos entraram naquele salo desesperados de fome e loucos para

    comer. Procuraram seus pratos, procuraram seus talheres, mas no havia

    pratos. Apenas umas imensas colheres enfiadas no caldeiro e, como o

    caldeiro era de ferro e as colheres tambm, elas estavam fervendo. S dava

    para segur-las por uma pequena haste de madeira que elas traziam a uma

    ponta. As pessoas, ento, seguravam aquela haste, enfiavam no caldeiro,

    tentavam comer, mas as colheres no chegavam sua boca.

    At que de repente, um dos convidados enfiou a grande colher no

    caldeiro e ofereceu ao amigo da frente. O outro, por sua vez, pegou a sua colher

    e devolveu o agrado ao companheiro. E assim, o outro pegou a colher e

    alimentou o outro. E o outro alimentou o outro E as pessoas, aos poucos, foram

    matando a sua fome E perceberam que, naquele castelo, para matar a fome,

    era preciso que um ajudasse o outro, e a festa durou at o sol raiar.