as letras da música popular brasileira como ferramenta para o ensino e aprendizagem

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Página1 As letras da Música Popular Brasileira como ferramenta para o Ensino e aprendizagem Ivan Lucas Borghezan Faust Universidade Federal da Fronteira Sul 1 Eline Souza Barbosa Universidade Federal da Fronteira Sul 2 Sérgio Roberto Massagli Universidade Federal da Fronteira Sul 3 RESUMO: O subprojeto do PIBID do Curso de Letras da UFFS/Campus Realeza tem como objetivo principal identificar as causas que contribuem para o baixo nível de criticidade e o decorrente processo de alienação cultural existente na educação básica para, com base neste conhecimento, enfrentar o problema, lançando mão de metodologias diferenciadas e eficazes e, ao mesmo tempo, contribuindo para a formação docente dos licenciandos do Curso de Letras Português/Espanhol. O presente trabalho constitui-se como um relato de experiência que os bolsistas tiveram durante um dos módulos do subprojeto. Nele, abordaremos como se deu o processo de preparação teórica e metodológica, antes de entrar em sala de aula, de modo que pontuaremos uma proposta para se trabalhar com letras de canções da Música Popular Brasileira, em um processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar que visa integrar os conhecimentos das disciplinas de Língua Portuguesa e História de uma forma diacrônica que contemple diferentes épocas da nossa história, assim como os movimentos culturais e literários, fazendo com que os alunos se tornem leitores críticos Uma vez que, ao se trabalhar a interdisciplinaridade, deixamos de lado o saber focado em apenas uma disciplina e estabelecemos conexões com várias outras, interligando os saberes e experiências vividas. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Interdisciplinaridade; Música Popular Brasileira. INTRODUÇÃO O presente trabalho foi realizado dentro do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, um projeto da CAPES, o qual objetiva promover o contato do acadêmico de Licenciatura com a sua futura área de atuação. Dessa maneira, o graduando, em processo de formação, adquire experiência em contato com a realidade escolar, o que propicia meios para pesquisas e propostas de novas metodologias que podem contribuir na qualidade da educação. Nossa proposta é a de trabalhar os problemas da leitura no ensino médio por meio do uso da música popular brasileira numa perspectiva interdisciplinar, a qual articule as disciplinas de Língua Portuguesa, História e outras áreas da cultura. O que vamos relatar e propor está embasado em nossa experiência na escola, proporcionada pelo PIBID, através da qual pudemos perceber que a experiência docente não se resume à ministração de aulas e que o trabalho do professor não se limita a meramente dar a aula, mas que a prática da docência passa necessariamente pela preparação de projetos que façam frente aos desafios curriculares. Um grande desafio é o de romper o isolamento das disciplinas criando uma interdisciplinaridade entre as mesmas, trazendo, com isso, um ganho na aprendizagem do aluno, tornando-o capaz de relacionar e refletir sobre conteúdos oriundos de diversas áreas do conhecimento, abstendo-o do pensamento linear e compartimentado. A escola como conhecemos hoje trabalha as disciplinas de maneira isolada, tornando-as saberes estanques e fragmentados. Conforme Edgar Morin (2000, p. 43), “a inteligência parcelada, compartimentada, mecanicista, disjuntiva e reducionista rompe o complexo do mundo em fragmentos disjuntos, fraciona os problemas, separa o que está unido, torna unidimensional o multidimensional”. O subprojeto do PIBID do Curso de Letras da UFFS/Campus Realeza tem como objetivo principal identificar as causas que contribuem para o baixo nível de criticidade e o decorrente processo de alienação cultural existente na educação básica para, com base neste conhecimento, enfrentar o 1 Acadêmico bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, UFFS, Campus Realeza, Subprojeto do Curso de Letras. Contato: [email protected]; 2 Acadêmica bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, UFFS, Campus Realeza, Subprojeto do Curso de Letras. Contato: <edu.br [email protected]>; 3 Professor orientador/colaborador do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, UFFS, Campus Realeza, Subprojeto do Curso de Letras. Contato: [email protected].

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O subprojeto do PIBID do Curso de Letras da UFFS/Campus Realeza tem como objetivo principal identificar as causas que contribuem para o baixo nível de criticidade e o decorrente processo de alienação cultural existente na educação básica para, com base neste conhecimento, enfrentar o problema, lançando mão de metodologias diferenciadas e eficazes e, ao mesmo tempo, contribuindo para a formação docente dos licenciandos do Curso de Letras Português/Espanhol. O presente trabalho constitui-se como um relato de experiência que os bolsistas tiveram durante um dos módulos do subprojeto. Nele, abordaremos como se deu o processo de preparação teórica e metodológica, antes de entrar em sala de aula, de modo que pontuaremos uma proposta para se trabalhar com letras de canções da Música Popular Brasileira, em um processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar que visa integrar os conhecimentos das disciplinas de Língua Portuguesa e História de uma forma diacrônica que contemple diferentes épocas da nossa história, assim como os movimentos culturais e literários, fazendo com que os alunos se tornem leitores críticos Uma vez que, ao se trabalhar a interdisciplinaridade, deixamos de lado o saber focado em apenas uma disciplina e estabelecemos conexões com várias outras, interligando os saberes e experiências vividas.

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    As letras da Msica Popular Brasileira como ferramenta para o Ensino e aprendizagem

    Ivan Lucas Borghezan Faust Universidade Federal da Fronteira Sul1

    Eline Souza Barbosa Universidade Federal da Fronteira Sul2

    Srgio Roberto Massagli Universidade Federal da Fronteira Sul3

    RESUMO: O subprojeto do PIBID do Curso de Letras da UFFS/Campus Realeza tem como objetivo

    principal identificar as causas que contribuem para o baixo nvel de criticidade e o decorrente processo

    de alienao cultural existente na educao bsica para, com base neste conhecimento, enfrentar o

    problema, lanando mo de metodologias diferenciadas e eficazes e, ao mesmo tempo, contribuindo

    para a formao docente dos licenciandos do Curso de Letras Portugus/Espanhol. O presente trabalho

    constitui-se como um relato de experincia que os bolsistas tiveram durante um dos mdulos do

    subprojeto. Nele, abordaremos como se deu o processo de preparao terica e metodolgica, antes de

    entrar em sala de aula, de modo que pontuaremos uma proposta para se trabalhar com letras de

    canes da Msica Popular Brasileira, em um processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar que

    visa integrar os conhecimentos das disciplinas de Lngua Portuguesa e Histria de uma forma

    diacrnica que contemple diferentes pocas da nossa histria, assim como os movimentos culturais e

    literrios, fazendo com que os alunos se tornem leitores crticos Uma vez que, ao se trabalhar a

    interdisciplinaridade, deixamos de lado o saber focado em apenas uma disciplina e estabelecemos

    conexes com vrias outras, interligando os saberes e experincias vividas.

    PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Interdisciplinaridade; Msica Popular Brasileira.

    INTRODUO O presente trabalho foi realizado dentro do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao

    Docncia - PIBID, um projeto da CAPES, o qual objetiva promover o contato do acadmico de

    Licenciatura com a sua futura rea de atuao. Dessa maneira, o graduando, em processo de formao,

    adquire experincia em contato com a realidade escolar, o que propicia meios para pesquisas e

    propostas de novas metodologias que podem contribuir na qualidade da educao.

    Nossa proposta a de trabalhar os problemas da leitura no ensino mdio por meio do uso da

    msica popular brasileira numa perspectiva interdisciplinar, a qual articule as disciplinas de Lngua

    Portuguesa, Histria e outras reas da cultura. O que vamos relatar e propor est embasado em nossa

    experincia na escola, proporcionada pelo PIBID, atravs da qual pudemos perceber que a experincia

    docente no se resume ministrao de aulas e que o trabalho do professor no se limita a meramente

    dar a aula, mas que a prtica da docncia passa necessariamente pela preparao de projetos que faam

    frente aos desafios curriculares. Um grande desafio o de romper o isolamento das disciplinas criando

    uma interdisciplinaridade entre as mesmas, trazendo, com isso, um ganho na aprendizagem do aluno,

    tornando-o capaz de relacionar e refletir sobre contedos oriundos de diversas reas do conhecimento,

    abstendo-o do pensamento linear e compartimentado.

    A escola como conhecemos hoje trabalha as disciplinas de maneira isolada, tornando-as

    saberes estanques e fragmentados. Conforme Edgar Morin (2000, p. 43), a inteligncia parcelada,

    compartimentada, mecanicista, disjuntiva e reducionista rompe o complexo do mundo em fragmentos

    disjuntos, fraciona os problemas, separa o que est unido, torna unidimensional o multidimensional.

    O subprojeto do PIBID do Curso de Letras da UFFS/Campus Realeza tem como objetivo

    principal identificar as causas que contribuem para o baixo nvel de criticidade e o decorrente processo

    de alienao cultural existente na educao bsica para, com base neste conhecimento, enfrentar o

    1 Acadmico bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia, UFFS, Campus Realeza,

    Subprojeto do Curso de Letras. Contato: [email protected]; 2 Acadmica bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia, UFFS, Campus Realeza,

    Subprojeto do Curso de Letras. Contato: ; 3 Professor orientador/colaborador do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia, UFFS, Campus

    Realeza, Subprojeto do Curso de Letras. Contato: [email protected].

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    problema, lanando mo de metodologias diferenciadas e eficazes e, ao mesmo tempo, contribuindo

    para a formao docente dos licenciandos do Curso de Letras Portugus/Espanhol da UFFS/Realeza.

    Dentro do subprojeto trabalhamos a leitura de diversos tipos de textos, como o texto jornalstico, o

    texto literrio, leitura de textos verbais e no-verbais e leitura de letras da msica popular brasileira.

    Todos esses enfoques da leitura foram realizados na forma de mdulos tericos, desenvolvidos em

    grupos de estudo sob a orientao de um professor, a partir dos quais se deu a prtica geralmente na

    forma de oficinas. Como nosso trabalho se relaciona com um Mdulo de estudos, o objetivo principal

    no relatar a experincia adquirida atravs das oficinas realizadas, porm como se deu o processo de

    elaborao.

    A IMPORTNCIA DA LETRA DE MSICA COMO DOCUMENTO PARA O EXERCCIO

    DE INTERPRETAO HISTRICA

    Referindo-se importncia da letra como documento histrico, Cludia Matos, em seu estudo

    Acertei no milhar: samba e malandragem no tempo de Getlio (1982), afirma que traos de resistncia

    de determinada cultura popular, a qual passa por alguma crise e tem que se conformar a determinadas

    exigncias de uma nova ordem social, saem de nosso alcance como fatos empricos, mas no

    desaparecem, permanecem como textos, em que se preservaram caractersticas prprias que nos

    servem hoje como documentos importantes da vida cotidiana daquela cultura. Portanto, se no

    possvel ter acesso aos acontecimentos histricos atravs de relatos oficiais, restam-nos as letras das

    canes como importantes registros para o seu resgate. E, por meio desses pequenos relatos do dia-a-

    dia de uma poca passada, possvel refazer elos que prendem os pequenos acontecimentos do

    cotidiano aos grandes fatos histricos.

    Corforme Sylvia Cyntro e Xico Chaves (1999, p. 17), no estudo norteador para a potica

    cultural da cano popular, [...] a obra no pode ser arrancada de um contexto histrico e deixar de

    ser encarada numa perspectiva diacrnica: preciso inter-relacionar verdade-homem-histria. O texto

    passa a ser visto em funo de diferentes elementos que constituem um sistema de conexes mltiplas

    [...]. Sendo assim, o desenvolvimento desse trabalho possibilita um planejamento sob uma

    perspectiva interdisciplinar, tendo em vista que as letras da MPB ganham um status que no tinham

    tido at ento, de lugar privilegiado no s na comunicao de contedos importantes para o debate

    nacional, mas tambm nas experimentaes formais que realizaram, como se pode ver em Noel Rosa,

    na Bossa Nova, no Tropicalismo, entre outros.

    possvel argumentar em adio a tudo o que foi dito que, principalmente nas dcadas de 60 e

    70, a msica popular ocupou um lugar - uma lacuna - deixada pela poesia brasileira depois da gerao

    modernista de 1945, num momento em que jovens intelectuais brasileiros, como Gilberto Gil, Caetano

    Veloso, e tantos outros, passaram a ver na msica, e no no livro, uma possibilidade comunicativa de

    falar ao grande pblico, num perodo obscuro da poltica brasileira que foi a ditadura militar ps 1964,

    superando aquela separao entre a poesia e o pblico leitor.

    Seguindo pelo caminho de que a letra da MPB um importante documento histrico,

    acreditamos que o material se torna til para o desenvolvimento de um planejamento que promova

    uma aproximao entre disciplinas da rea de Portugus, tendo em vista o contedo esttico que a letra

    possui, o que faz dela um texto passvel de uma percepo de estranhamento e anlise literria, e com

    a disciplina de Histria, visando explorar a carga histrica e sociolgica que a letra traz.

    Com isso, nossa preocupao foi abordar a questo da interdisciplinaridade, uma vez que o

    mdulo de estudos do PIBID propunha a utilizao das letras das canes tanto na sua dimenso

    esttica, isto , como objeto artstico, e tambm como documento atravs do qual possvel analisar

    aspectos da vida cultural brasileira em seus aspectos polticos, social-histrico.

    Num segundo momento, pesquisamos o conceito de disciplina, bem como se deu o processo

    de evoluo at chegar ao conceito de interdisciplinaridade. Neste trajeto, vamos abordar a construo

    dos sentidos da interdisciplinaridade e sua importncia na construo do conhecimento em sala de

    aula, no mbito da educao, ampliando, assim, a interao entre professores e alunos. A

    interdisciplinaridade, no anula as disciplinas, mas pede que as mesmas dialoguem entre si, buscando

    novas perspectivas e inovaes no ensino.

    Finalmente, selecionamos perodos histricos e os estilos musicais de cada um desses

    perodos, para em seguida localizar letras de canes que fossem reveladoras das relaes entre a vida

    cotidiana brasileira e os grandes eventos histricos.

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    A msica , certamente, uma das artes que est mais presente no cotidiano dos indivduos,

    principalmente do jovem. Trata-se de uma manifestao cultural que, quando a servio da indstria

    cultural, devido a sua onipresena, impe formas de ver o mundo e dita comportamentos. Quando

    liberta desse jugo, informa e situa o sujeito na sua prpria cultura e promove o intercmbio com

    outras, bem como o inclui dentro de uma tradio, propiciando um dilogo entre diferentes geraes.

    Assim, apresentamos uma proposta que pretende estudar questes relevantes da poesia, da histria e

    da vida cultural brasileira a partir da anlise das letras da msica popular brasileira, comeando pela

    consolidao do samba como expresso maior da nossa nacionalidade na Era Vargas, passando pelos

    anos dourados dos anos 50 e a Bossa Nova, para finalizar a agitao cultural e poltica da dcada de

    60.

    ALGUMAS REFLEXES SOBRE A NECESSIDADE DE PRTICAS

    INTERDISCIPLINARES Diante de tantas mudanas no mundo em plena era digital, o homem encontra diversos

    desafios e precisa estar reciclando-se a cada momento para conseguir interagir com o meio em que

    est inserido. O mesmo acontece na educao, pois surge a necessidade de romper com os modelos

    arraigados no pensamento tradicionalista de pensar o ensino, criando aes que visem formao do

    aluno como pessoa e como cidado conhecedor de seus deveres e direitos. A interdisciplinaridade

    quebra com o modelo quadrado de pensar e cria uma rede de conexes onde o professor o

    elemento central dessas conexes.

    Para entendermos a interdisciplinaridade, temos que partir do princpio e entender a

    instaurao disciplina como uma categoria organizada dentro das diversas reas do conhecimento.

    A organizao disciplinar foi instituda no sculo XIX, notadamente com a formao

    das universidades modernas; desenvolveu-se, depois, no sculo XX, com o impulso

    dado pesquisa cientfica; isto significa que as disciplinas tm uma histria:

    nascimento, institucionalizao, evoluo, esgotamento, etc; essa histria est

    inscrita na da Universidade, que, por sua vez, est inscrita na histria da sociedade

    (MORIN, 2002, p. 105).

    A disciplina pode ser vista como organizadora e delimitadora, uma vez que seleciona e ordena

    a apresentao do conhecimento, utilizando-se de procedimentos didticos para o ensino e avaliao

    da aprendizagem do aluno. Fazenda diz que a indefinio sobre interdisciplinaridade origina-se ainda

    dos equvocos sobre o conceito de disciplina (1999, p. 66).

    Esta forma equivocada de pensar a disciplina do ensino formal traz dificuldades na

    aprendizagem do aluno, alm de no estimular o desenvolvimento crtico e o raciocnio lgico. Os

    alunos, expostos a esse tipo de ensino, sentem bastante dificuldade em estabelecer conexes entre os

    fatos e conceitos, isto , de pensar sobre o que est sendo estudado. Morin afirma que o parcelamento

    e a compartimentao dos saberes impedem apreender o que est tecido junto (2000, p. 45).

    A interdisciplinaridade no dilui as disciplinas, ao contrrio, mantm sua

    individualidade. Mas integra as disciplinas a partir da compreenso das mltiplas

    causas ou fatores que intervm sobre a realidade e trabalha todas as linguagens

    necessrias para a constituio de conhecimentos, comunicao e negociao de

    significados e registro sistemtico dos resultados (BRASIL, 1999, p. 89).

    Logo, para que acontea a interdisciplinaridade, no preciso eliminar as disciplinas, mas sim

    torn-las comunicativas entre si, estabelecendo processos histricos e culturais, visto que, estes esto

    em constante mutao, tornando-se necessria a atualizao quando se refere s prticas do processo

    de ensino e aprendizagem.

    Podemos, atravs da experincia nas escolas, perceber que o ideal seria a reorganizao

    curricular em reas de conhecimento, tendo como objetivo facilitar o desenvolvimento dos contedos,

    numa perspectiva de interdisciplinaridade e contextualizao. Portanto, a proposta da

    interdisciplinaridade estabelecer ligaes de complementaridade, convergncia, interconexes e

    passagens entre os conhecimentos. Nesta perspectiva, podemos relacionar o ensino de histria e lngua

    portuguesa, fazendo relaes com as letras da msica popular brasileira, explorando o dilogo entre as

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    letras do Samba - Era Vargas, Bossa Nova - JK, Chico Buarque - Ditadura, com isso criamos

    estratgias de aprendizagem que capacitem a fazer relaes entre uma msica e um perodo da histria

    brasileira, alm de trabalharmos a leitura crtica das letras da MPB.

    Para realar a importncia da interdisciplinaridade, Japiassu afirma que A

    interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de

    interao real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa (1976, p.74). Podemos

    propor, com essa temtica, uma nova forma de se trabalhar em sala de aula trazendo abordagens em

    diferentes disciplinas, utilizando a troca dos saberes e experincias, consequentemente acabando com

    o pensamento fragmentado, limitado a uma especifica disciplina.

    O professor que se apropria deste conceito de interdisciplinaridade, torna-se o educador

    idealizado, no sendo aquele que conhece bem apenas a sua matria, mas sim o que tem uma boa

    compreenso entre as vrias disciplinas. No aquele detentor de um conhecimento especifico dentro

    de uma especificidade. O professor idealizado seria aquele que conhece como os seus alunos

    constroem seus conhecimentos; desenvolvem suas capacidades mentais. Seria aquele que, como

    afirma Geraldi (2010), na prtica sabe estimular esse processo de ensino e aprendizagem que torna a

    aula um acontecimento.

    Pela estrutura global da sociedade, mas seu exerccio profissional tambm fora

    propulsora de transformaes, talvez possamos apontar para a inverso de flecha na

    relao do professor e alunos com a herana cultural como o ponto de flexo nesta

    construo identitria. Esta inverso vem sendo indiciada por noes como a de

    professor reflexivo, pelas noes de professor pesquisador, pela defesa da pesquisa

    ao como forma de estar na sala de todo professor, pelas parcerias construdas nas

    investigaes participantes, etc (GERALDI, 2010, p. 93).

    Geraldi, prope que se invertermos a flecha entre aluno e professor, cria-se um novo olhar

    onde o aluno tambm detentor de conhecimento e muda o conceito estigmatizado de que o professor

    o nico a ensinar o portador do conhecimento, passamos a olhar o professor como a do sujeito

    capaz de considerar o seu vivido, de olhar para o aluno como um sujeito que tambm j tem um

    vivido, para transformar o vivido em perguntas (GERALDI, 2010, 96).

    Podemos trabalhar a interdisciplinaridade como conceito polissmico, pois a atitude

    interdisciplinar depende da histria vivida, do horizonte de perspectiva das possibilidades de olhar por

    diferentes ngulos de uma mesma questo.

    Ns, futuros professores, devemos ser sujeitos ativos diante das mudanas na educao.

    Devemos sempre estar ligados com as inovaes do mundo e traz-las para dentro da escola, sem

    perder o foco da reflexo, crtica e pensamento. A educao precisa inovar e evoluir, uma aula baseada

    apenas em quadro-negro e giz pode j no atender mais s necessidades dos alunos e est ultrapassada

    da realidade em que vivemos.

    Com isso, nossa proposta de trabalhar a interdisciplinaridade procurou atender s

    necessidades de aprendizagem dos alunos, que a de refazer (grifo nosso) as conexes perdidas entre

    os fenmenos no processo de fragmentao da disciplinarizao do conhecimento, pois entendemos

    que na vida essas conexes existiam. Portanto, queremos afirmar a importncia de pensar a

    interdisciplinaridade na escola, antes mesmo da prtica em sala de aula propondo uma atividade que

    demande trocas de conhecimento entre mais de uma disciplina, buscando sempre a melhora da

    educao e contribuindo para uma reflexo mais profunda sobre a responsabilidade na formao de

    cidados mais crticos e conscientes.

    DILOGOS INTERDISCIPLINARES POR MEIO DAS LETRAS DA MSICA POPULAR

    BRASILEIRA Entre as inmeras formas musicais e estilos, a cano popular aquela que mais identifica um

    povo, um movimento, uma cultura, uma classe social; certamente a que mais embala e acompanha as

    diferentes experincias humanas. E essa relao entre msica, sujeito e poca que propusemos para

    trabalhar em sala de aula, sob uma perspectiva interdisciplinar.

    Para tanto, refletimos acerca das possibilidades de uso das letras da Msica Popular Brasileira

    como instrumento didtico visando a prtica interdisciplinar de ensino, especificamente no segmento

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    do ensino mdio. Nossa intenso foi a de produzir uma srie de reflexes que auxiliassem o professor

    a vislumbrar a realizao de prticas pedaggicas que integrariam diferentes reas de saberes com

    vistas formao integral do aluno, uma vez que, evitaria a fragmentao do processo de construo

    do conhecimento.

    Para tanto, utilizamos as letras da cano popular como objeto de estudo e/ou como fontes que

    possam articular reas to diversas como a histria, a poltica, os estudos sobre gneros, a poesia, entre

    outras possibilidades. Esta reflexo ganha relevncia j que, a partir de 2012, passa a vigorar

    integralmente a Lei Federal n. 11.769/08, que define, em seu pargrafo sexto, que a msica dever ser

    contedo obrigatrio mas no exclusivo, do componente curricular um ganho qualitativo para a

    comunidade escolar que, entre tantas outras coisas, ampliar ainda mais as possibilidades de realizao

    de trabalhos sobre/com a cano popular brasileira em abordagens interdisciplinares.

    No que tange importncia da utilizao de letras de msicas como documentos para o

    exerccio de anlises sociolgicas, retomamos Claudia Matos, em seu estudo Acertei no milhar: samba

    e malandragem no tempo de Getlio (1982), no qual aponta que traos de resistncia de determinada

    cultura popular, a qual passa por alguma crise e tem que se conformar a determinadas exigncias de

    uma nova ordem social, saem de nosso alcance como fatos empricos que so, porm permanecem os

    textos, oriundos da expresso cultural, em que se preservaram caractersticas prprias que nos servem

    como documento importante da vida cotidiana dessa cultura. Portanto, se no possvel ter acesso

    direto aos acontecimentos histricos, principalmente, aqueles que falam sobre a vida cotidiana,

    restam-nos as letras das canes como importante documento para o seu resgate. E, atravs desses

    pequenos relatos do cotidiano, possvel refazer importantes elos que prendem os pequenos

    acontecimentos do cotidiano aos grandes fatos histricos.

    Para tanto, comeamos apresentando o contexto histrico, poltico e social, do perodo que vai

    da chamada velha repblica at a Revoluo de 1930 e o subsequente que ficou conhecido como Era

    Vargas. Esse largo perodo coincide com o surgimento do Samba nas periferias de morros do Rio de

    Janeiro, sua afirmao atravs da indstria fonogrfica e a sua consolidao, j no perodo do Estado

    Novo, como manifestao maior da nossa nacionalidade. Nesse processo, demos nfase figura do

    malandro como smbolo de resistncia s transformaes por que passavam as relaes entre o capital

    e o trabalho sob a poltica de modernizao da sociedade brasileira, promovida pelo Governo de

    Getlio Vargas.

    Apresentamos o malandro como est representado na letra da cano Leno no Pescoo de

    Autoria de Wilson Batista, trata-se de um samba cuja letra exalta o malandro tpico dos subrbios

    cariocas do incio do sculo XX, valente, desafiador e orgulhoso de sua condio de vadio, como

    podemos ver (BATISTA, 1933):

    Meu chapu do lado

    Tamanco arrastando

    Leno no pescoo

    Navalha no bolso

    Eu passo gingando

    Provoco e desafio

    Eu tenho orgulho

    Em ser to vadio

    Sei que eles falam

    Deste meu proceder

    Eu vejo quem trabalha

    Andar no miser

    Eu sou vadio

    Porque tive inclinao

    Eu me lembro, era criana

    Tirava samba-cano

    Comigo no

    Eu quero ver quem tem razo.

    Com essa letra, colocamos a seguinte questo: por que preferir ser um vadio em vez de

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    trabalhador? Para entendermos o motivo pelo qual surgiu a malandragem, precisamos lembrar do

    momento da abolio da escravido em 1888. Nesse perodo, o trabalho era visto como uma atividade

    voltada para os escravos e mesmo depois da abolio essa viso continuou se mantendo, pois no

    existiam leis trabalhistas para fazer do trabalho uma atividade recompensadora.

    Nos anos de 1920, pouco mais de trinta anos depois da abolio, andava no miser aquele

    que trabalhava e ser um malandro com seu jeito esperto e escrevendo samba era uma alternativa

    melhor. Dessa maneira, o malandro foi tomando espao nas letras de muitos sambas e essas msicas

    faziam, segundo Matos (1982, p.13), uso de uma linguagem de caracteres especficos, ou seja,

    apresentavam as caractersticas do modo de falar e tambm do prprio malandro.

    Mas a presena do malandro na msica popular, a qual teve nos anos 30 bastante prestigio, foi

    perdendo espao quando Getlio Vargas, no momento do Estado Novo, instaurou a Consolidao das

    Leis Trabalhistas no Brasil, aumentando sua popularidade e o prestigio do trabalho. Vargas criou o

    DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), o qual fiscalizou as gravaes musicais brasileiras. O

    DIP serviu de censura contra as canes cujas letras exaltavam a malandragem e, por outro lado,

    incentivava, com uso de moeda e favores, as gravaes que glorificavam o trabalho como sendo uma

    atividade honrada. Um exemplo dessa censura est no famoso samba de Ataulfo Alves e Wilson

    Batista "O Bonde So Janurio", de 1940, o qual a letra diz:

    Quem trabalha

    quem tem razo

    Eu digo

    E no tenho medo

    De errar

    O Bon de So Janurio

    Leva mais um operrio

    Sou eu

    Que vou trabalhar

    Antigamente

    Eu no tinha juzo

    Mas hoje

    Eu penso melhor

    No futuro

    Graas a Deus

    Sou feliz

    Vivo muito bem

    A boemia

    No d camisa

    A ningum

    Passe bem!

    Pelos versos Quem trabalha que tem razo/ Eu digo e no tenho medo de errar/ O bonde

    So Janurio/ Leva mais um operrio/ Sou eu que vou trabalhar (...)" podemos ver que esse samba

    um exemplo tpico do que ficou chamado como a Regenerao do malandro, ou seja, do

    reconhecimento que a vadiagem no mais se adequava aos tempos de um governo cujo a ideologia

    apoiava-se no trabalhismo.

    Aps estudarmos esse contexto que se encerra com o fim do regime totalitrio de Getlio,

    passamos adiante para abordarmos o perodo dos Anos Dourados, em que tem incio o governo de

    Juscelino Kubitschek (1956 a 1961), o qual executou seu ambicioso Programa de Metas simbolizado

    pelo slogan "50 anos em 5" que procurava modernizar amplamente o pas em poucos anos o que

    levaria alguns decnios. Um grande acontecimento, nesse perodo, foi a transferncia da capital da

    Repblica, do Rio de Janeiro para Braslia, uma cidade com traos modernos revelando uma nova

    realidade no pas. Essa nova realidade se refletia na instalao de indstrias e no alto desenvolvimento

    econmico que resultou no surgimento de uma nova classe social, uma classe mdia alta com maior

    poder aquisitivo, morando em prdios de apartamentos em bairros como Ipanema e Copacabana e com

    filhos na universidade.

  • Pg

    ina7

    Em decorrncia desse momento de euforia e crescimento dos Anos Dourados, esta nova

    classe social buscou criar um novo tipo de msica, mais sofisticada que os boleros e sambas-canes

    que dominaram o cenrio at ento. Esse novo gnero foi denominado de Bossa Nova com o objetivo

    de se diferenciar daquele samba mais tradicional, caracterizado por ser um gnero puramente nacional,

    o qual no tinha influncias culturais estrangeiras. O propsito deste novo estilo musical, segundo

    Naves, era de defender uma postura internacionalista e moderna na msica popular, em contraposio

    aos idelogos do 'nacional-popular' (2000, p.35). Msicas como, Desafinado, Chega de Saudade e

    Samba de uma nota s exemplificam bem esse perodo por evidenciarem como caracteriza o

    movimento da Bossa Nova e qual o seu lema nesse contexto.

    Ao avanar para o perodo da Ditadura Militar (1964-1988), comeando pelo momento da

    crise poltica que se arrastava desde a renncia de Jnio Quadros em 1961, num momento em que o

    mundo vivia o auge da Guerra Fria entre os EUA e URSS, at a ecloso do Golpe em 1964, quando

    tropas militares ocuparam partidos polticos, sindicatos e a UNE. Com o objetivo de trabalhar as

    msicas de protesto, faz-se necessrio analisar o contexto dos anos de chumbo, perodo mais crtico do

    regime, quando os militares garantiam para si plenos poderes com os decretos de Atos Institucionais,

    como o AI5. De forma geral, pode-se abordar os movimentos musicais que surgiram nesse contexto,

    como a alienao e assimilao pela Jovem Guarda, ou o movimento de recusa expresso nas canes

    de protesto, ou ainda o movimento Tropicalista, em que o ideal antropofgico ressurge unindo traos

    da cultura nacional com a internacional.

    Como exemplo, a Msica Apesar de voc, do compositor Chico Buarque se encaixa bem como

    msica de protesto:

    Hoje voc quem manda

    Falou, t falado

    No tem discusso

    A minha gente hoje anda

    Falando de lado

    E olhando pro cho, viu

    Voc que inventou esse estado

    E inventou de inventar

    Toda a escurido

    Voc que inventou o pecado

    Esqueceu-se de inventar

    O perdo

    Apesar de voc

    Amanh h de ser

    Outro dia

    Eu pergunto a voc

    Onde vai se esconder

    Da enorme euforia

    Como vai proibir

    Quando o galo insistir

    Em cantar

    gua nova brotando

    E a gente se amando

    Sem parar

    Quando chegar o momento

    Esse meu sofrimento

    Vou cobrar com juros, juro

    Todo esse amor reprimido

    Esse grito contido

    Este samba no escuro

    Voc que inventou a tristeza

    Ora, tenha a fineza

    De desinventar

    Voc vai pagar e dobrado

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    Cada lgrima rolada

    Nesse meu penar [...]

    Dentro da disciplina de Histria o professor pode trabalhar com os elementos extratextuais que

    informam que a letra apresenta uma crtica ditadura e de modo mais direto ao presidente da poca, o

    general Mdici, tendo passado despercebida pela censura. Por outro lado, esse samba tambm pode

    remeter a uma msica de paixo inocente expressa pelo eu lrico quando afirma que Apesar de voc,/

    amanh h de ser,/ outro dia. Afinal, no est explcito a quem se enderea a sua mensagem. A

    ambiguidade sabidamente uma marca do texto literrio que recusa a sua vinculao a um referente

    unvoco e libera o potencial de significao de um texto, que infinito, uma vez que so infinitos os

    leitores e infinitas as leituras (podendo ser analisado juntamente com o professor de Portugus). Como

    afirma Barthes:

    [...] a leitura , de direito, infinita, tirando a trava do sentido, pondo a leitura em roda

    livre (o que a sua vocao estrutural), o leitor tomado por uma interveno

    dialtica: finalmente, ele no decodifica, ele sobrecodifica, no decifra, produz,

    amontoa linguagens, deixa-se infinita e incansavelmente atravessar por elas: ele

    essa travessia (BARTHES, 1988, p. 51).

    Talvez esteja a a razo de a msica ter passado pela censura e atingir um pblico amplo que

    interpretou a cano por um vis romntico. Caberia ao professor de Lngua Portuguesa trabalhar

    junto com os alunos um movimento duplo de referencializao e desreferencializao atravs de

    exerccios de livre identificao do leitor com o outro que est no texto.

    Com isso no queremos negar explicao da letra pelo seu contexto o seu direito, mas

    apenas mostrar que muitas vezes a ambiguidade se impe como marca do literrio. Ficaria a

    explicao histrica nesse caso como um suplemento quela interpretao individual que valoriza a

    subjetividade do leitor e sua relao pessoal com o texto. No se trata, portanto, de subtrair uma

    interpretao outra, mas de som-las em proveito do enriquecimento tanto do leitor como do texto.

    CONSIDERAES FINAIS

    No percurso deste trabalho buscamos apresentar uma perspectiva de ensino interdisciplinar

    que valorizasse o dilogo entre os professores na busca de uma metodologia que possa romper com o

    isolamento entre disciplinas e saberes e possibilite ao aluno correlacionar conhecimentos como

    afirmam Edgar Morin (2000) e Hilton Japiassu (1976).

    O PIBID, como projeto de iniciao docncia, de grande valia para quem tem como

    objetivo ser um educador, pois prope a melhoria na qualidade da formao desses futuros

    professores, dando-lhe subsdios em suas experincias de modo que saiam da graduao preparados

    para a sala de aula.

    De acordo com Libneo (1994, p. 222), o planejamento uma atividade de reflexo acerca de

    nossas opes e aes. E o trabalho docente uma atividade intencional, planejada conscientemente

    visando atingir objetivos de aprendizagem. Por isso precisa ser estruturado e ordenado (p. 96).

    Portanto, o planejamento uma parte importante para as diferentes atividades na escola, pois requerem

    o ato de se pensar sob a articulao dos contedos que sero trabalhados dentro de um plano de

    ensino. O PIBID constituiu-se como oportunidade de alm de aplicar e promover momentos para

    planejar o trabalho que ser desenvolvido posteriormente. Tendo em vista que o projeto e seus

    mdulos nos proporcionaram a fazer essa reflexo que ultrapassa as fronteiras de uma nica disciplina

    e instiga a escolha de ser professor.

    REFERNCIAS

    BRASIL (1999). Diretrizes curriculares nacionais para o ensino mdio. Parmetros curriculares

    nacional Ensino Mdio, Vol. 1. Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria da Educao Mdia e

    Tecnolgica.

    BARTHES, Roland. "Da leitura". In: O rumor da lngua. So Paulo: Brasiliense, 1988.

    CYNTRO, S. H; CHAVES, X. Da paulicia centopia: as vanguardas e a MPB. Rio de Janeiro:

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    ina9

    Elo, 1999.

    FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: histria, teoria e pesquisa. 4 ed. Campinas: Papirus, 1999.

    GERALDI, Joo Wanderley. A aula como acontecimento. So Carlos: Pedro e Joo Editores, 2010.

    JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e Patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

    LIBNEO, Jos Carlos. Didtica. So Paulo: Cortez, 1994.

    MATOS, Cludia. Acertei no Milhar: samba e malandragem no tempo de Getlio. Rio de Janeiro: Paz

    e Terra, 1982.

    MORIN, Edgar. A cabea bem feita. Repensar a reforma repensar o pensamento. 6 ed., Rio de

    janeiro: Bertrand Brasil ltda, 2002.

    MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessrios Educao do Futuro. 2. ed. So Paulo: Cortez, 2000.

    NAVES, Santuza Cambraia. Da bossa nova tropiclia: conteno e excesso na msica popular.

    Revista Brasileira de Cincias Sociais, 2000, p. 35-44. Disponvel em:

    Acesso em: 15 abr. 2013.io. O eu no discurso do

    outro ou a subjetividade mostrada. Alfa, So Paulo, v.39, n.1, p.45-55, 1995.