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As histórias de lá para leitores daqui: os (re)contos africanos para crianças pelas mãos de escritores brasileiros Área de conhecimento: Ciências Humanas/Linguagens e Artes Prof. Dra. Eliane Debus – PUIP – Pedagogia - PPG Ciências da Linguagem – Tubarão (SC) Introdução Acredita-se que a linguagem literária, pelo seu caráter simbólico, possa contribuir sobremaneira para reflexões que rompam com uma visão construída sobre o pilar da desigualdade étnica e que se solidifiquem sobre uma base de valorização da diversidade. O texto ficcional carrega consigo elementos do real, não só no aspecto social, como também no sentimental e emocional. Contudo, não se restringe à repetição em si mesmo, configurando-se no ato de fingir que concretiza um imaginário que mantém um vínculo com a realidade retomada pelo texto (ISER, 1983). Objetivos Analisar os títulos de literatura infantil e juvenil de Rogério Andrade Barbosa, Joel Rufino dos Santos e Júlio Emílio Braz autores que (re)contam narrativas da literatura oral africana e das literaturas afro-brasileiras, analisando a importância dessas narrativas para a construção de uma identidade étnica; buscando contruir subsídios e estratégias de trabalho com estas narrativas na prática pedagógica com a Educação Infantil e Ensino Fundamental. Júlio Emílio Braz Joel Rufino dos Santos Rogério Andrade Barbosa Metodologia metodologicamente o trabalho se constituiu de duas etapas 1) análise dos títulos selecionados previamente. Rogério Andrade Barbosa: Contos ao redor da fogueira (Agir, 1990), DUULA, a mulher canibal (DCL, 2000) e O filho do vento (DCL, 2001), Contos africanos para crianças brasileiras (Paulinas, 2006); Joel Rufino dos Santos: Rainha Quiximbim (Ática, 1986); Dudu calunga (Ática, 1986), Gosto de África (Global, 2005); Júlio Emílio Braz : Lendas negras (FTD, 2001), Sikulume e outros contos africanos (2005), Felicidade não tem cor (Moderna, 1994), Pretinha, eu? (Scipione, 1997). Resultados s três escritores possuem características nas suas trajetórias literárias que os aproximam, são escritores que produzem sobre a temática africana ou afro- brasileira há um bom tempo: Joel Rufino dos Santos é o que está há mais tempo no mercado, década de 1970, enquanto os outros dois iniciaram na década de 1980. Aqui poderíamos afirmar que esse trio não confecciona suas narrativas movido somente por uma necessidade imediata do mercado editorial. Todos buscam o diálogo com a tradição oral para recontar suas histórias, em que ora seus narradores personagens são griots, como é o caso das narrativas de Rogério Andrade Barbosa, ora o próprio escritor cumpre esta função, no caso de Júlio Emílio Braz e Joel Rufino dos Santos. Conclusões Como já destacado em texto anterior (DEBUS; SILVA; AZEVEDO, 2005), no qual se analisavam narrativas de caráter intercultural, constatou-se que elas permitem ao leitor uma reflexão sobre a diversidade e multiplicidade cultural que o rodeia, contribuindo para uma formação em que a pluralidade cultural é edificada pela singularidade de cada indivíduo. No caso específico das narrativas analisadas, que trazem para a tela a polissemia de cores do continente africano, a suas leituras possibilitam que a criança brasileira conheça pela tinta dos seus escritores um País múltiplo em sua singularidade, um país do qual vieram muitos dos nossos ancestrais. Bibliografia BRASIL. Ministério da Educação.Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, jul. 2004a. _______. Ministério da educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP3/2004. Brasília, 2004b. DEBUS, Eliane S. D. A representação do negro na literatura infantil e juvenil: negação ou

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As histórias de lá para leitores daqui: os (re)contos africanos para crianças pelas mãos de escritores brasileiros

Área de conhecimento: Ciências Humanas/Linguagens e Artes

Prof. Dra. Eliane Debus – PUIP – Pedagogia - PPG Ciências da Linguagem – Tubarão (SC)

IntroduçãoAcredita-se que a linguagem literária, pelo seu caráter simbólico, possa contribuir sobremaneira para reflexões que rompam com uma visão construída sobre o pilar da desigualdade étnica e que se solidifiquem sobre uma base de valorização da diversidade. O texto ficcional carrega consigo elementos do real, não só no aspecto social, como também no sentimental e emocional. Contudo, não se restringe à repetição em si mesmo, configurando-se no ato de fingir que concretiza um imaginário que mantém um vínculo com a realidade retomada pelo texto (ISER, 1983).

ObjetivosAnalisar os títulos de literatura infantil e juvenil de Rogério Andrade Barbosa, Joel Rufino dos Santos e Júlio Emílio Braz autores que (re)contam narrativas da literatura oral africana e das literaturas afro-brasileiras, analisando a importância dessas narrativas para a construção de uma identidade étnica; buscando contruir subsídios e estratégias de trabalho com estas narrativas na prática pedagógica com a Educação Infantil e Ensino Fundamental.

Júlio Emílio Braz Joel Rufino dos Santos Rogério Andrade Barbosa

Metodologiametodologicamente o trabalho se constituiu de duas etapas 1) análise dos títulos selecionados previamente. Rogério Andrade Barbosa: Contos ao redor da fogueira (Agir, 1990), DUULA, a mulher canibal (DCL, 2000) e O filho do vento (DCL, 2001), Contos africanos para crianças brasileiras (Paulinas, 2006); Joel Rufino dos Santos: Rainha Quiximbim (Ática, 1986); Dudu calunga (Ática, 1986), Gosto de África (Global, 2005); Júlio Emílio Braz : Lendas negras (FTD, 2001), Sikulume e outros contos africanos (2005), Felicidade não tem cor (Moderna, 1994), Pretinha, eu? (Scipione, 1997).2) Leitura do referencial teórico, em especial os conceitos da Estética da recepção com seus conceitos de emancipação e horizontes de expectativas, bem como o aporte dos Estudos Culturais..

Resultadoss três escritores possuem características nas suas trajetórias literárias que os aproximam, são escritores que produzem sobre a temática africana ou afro-brasileira há um bom tempo: Joel Rufino dos Santos é o que está há mais tempo no mercado, década de 1970, enquanto os outros dois iniciaram na década de 1980. Aqui poderíamos afirmar que esse trio não confecciona suas narrativas movido somente por uma necessidade imediata do mercado editorial. Todos buscam o diálogo com a tradição oral para recontar suas histórias, em que ora seus narradores personagens são griots, como é o caso das narrativas de Rogério Andrade Barbosa, ora o próprio escritor cumpre esta função, no caso de Júlio Emílio Braz e Joel Rufino dos Santos.

Conclusões

Como já destacado em texto anterior (DEBUS; SILVA; AZEVEDO, 2005), no qual se analisavam narrativas de caráter intercultural, constatou-se que elas permitem ao leitor uma reflexão sobre a diversidade e multiplicidade cultural que o rodeia, contribuindo para uma formação em que a pluralidade cultural é edificada pela singularidade de cada indivíduo. No caso específico das narrativas analisadas, que trazem para a tela a polissemia de cores do continente africano, a suas leituras possibilitam que a criança brasileira conheça pela tinta dos seus escritores um País múltiplo em sua singularidade, um país do qual vieram muitos dos nossos ancestrais.

BibliografiaBRASIL. Ministério da Educação.Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, jul. 2004a._______. Ministério da educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP3/2004. Brasília, 2004b.DEBUS, Eliane S. D. A representação do negro na literatura infantil e juvenil: negação ou construção de uma identidade In: 2o. Congresso Internacional Criança, Língua, Imaginário e Texto Literário: centro e margens na Literatura para crianças e jovens, 2006, Braga - Portugal.HOLLANDA, Heloísa Buarque de. A historiografia feminista: algumas questões de fundo. In: FUNCK, Susana B. (Org.). Trocando idéias sobre a mulher e a literatura. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1994.ISER, Wolfgang. Os atos de fingir ou o que é fictício no texto ficcional. In: LIMA, Luiz Costa (Org.). A teoria da literatura em suas fontes. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Alves, 1983. v. II, p. 384-416.

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