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AS CONSEQUÊNCIAS DA DROMOCRACIA E A AUSÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO NA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA: DESAFIOS E ENTRAVES SOB À LUZ DA TEORIA CONSTRUTIVISTA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS CASTRO, Raylson Max da Silva 1 [email protected] FERREIRA, Lygia Socorro Sousa 2 [email protected] RESUMO O presente artigo irá descrever como a Dromocracia, conceito criado originalmente pelo civil francês Paul Virillo, serviu como base para essa produção de conhecimento, com o intuito de compreender a região da Amazônia Brasileira; descobrir o porquê desta região ser considerada “dromoinapta” no quesito de desenvolvimento socioeconômico ao levar em consideração as outras regiões do Brasil. O arcabouço histórico da região amazônica brasileira mostra o descaso e a ausência de ações de inclusão de desenvolvimento, desde a metade do século XX, e que reverbera nos dias de hoje. Em seguida, busca-se uma análise, sob à base da Teoria Construtivista, visões de conceitos, que dentro das teorias positivistas não eram inseridos, questões como: a cultura, economia sustentável, segurança humana, e entre outros conceitos que concerne o fenômeno social e, a partir deste ponto, discutir juntamente entre Dromocracia e Teoria Construtivista das Relações Internacionais os desafios e perspectivas do desenvolvimento da região. Palavras-Chave: Dromocracia. Amazônia. Teoria Construtivista. Relações Internacionais. Brasil. ASBTRACT This article will describe how dromocracy concept originally created by the French civil Paul Virillo (1977), was the basis for this article seeks to understand the region of the Brazilian Amazon; discover why this region is considered "dromoinapta" in the category of socio-economic development to take into account the other regions of Brazil. The historical framework of the Brazilian Amazon region shows the indifference and lack of development inclusion initiatives since the mid-twentieth century, and that reverberates today. Then search an analysis, on the basis of Constructivist Theory, visions of inserted concepts, that within the positivist theories were not entered, issues such as: culture, sustainable economy, human security, and among other concepts concerning the phenomenon social 1 Acadêmico do 6º semestre do curso de Bacharelado em Relações Internacionais pela Universidade da Amazônia UNAMA. Contato: [email protected] 2 Doutoranda em Comunicação e Semiótica - PUC-SP. Professora Adjunta dos Cursos de Relações Internacionais, Comunicação Social e Administração UNAMA. Professora Adjunta do Curso de Comunicação Social - FAPAN-FAPEN. Professora Colaboradora - UFRA-Pa. Contato: [email protected]

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AS CONSEQUÊNCIAS DA DROMOCRACIA E

A AUSÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO

SÓCIO-ECONÔMICO NA REGIÃO

AMAZÔNICA BRASILEIRA: DESAFIOS E

ENTRAVES SOB À LUZ DA TEORIA

CONSTRUTIVISTA DAS RELAÇÕES

INTERNACIONAIS CASTRO, Raylson Max da Silva

1

[email protected]

FERREIRA, Lygia Socorro Sousa2

[email protected]

RESUMO

O presente artigo irá descrever como a Dromocracia, conceito criado originalmente pelo civil francês

Paul Virillo, serviu como base para essa produção de conhecimento, com o intuito de compreender a

região da Amazônia Brasileira; descobrir o porquê desta região ser considerada “dromoinapta” no

quesito de desenvolvimento socioeconômico ao levar em consideração as outras regiões do Brasil. O

arcabouço histórico da região amazônica brasileira mostra o descaso e a ausência de ações de inclusão

de desenvolvimento, desde a metade do século XX, e que reverbera nos dias de hoje. Em seguida,

busca-se uma análise, sob à base da Teoria Construtivista, visões de conceitos, que dentro das teorias

positivistas não eram inseridos, questões como: a cultura, economia sustentável, segurança humana, e

entre outros conceitos que concerne o fenômeno social e, a partir deste ponto, discutir juntamente

entre Dromocracia e Teoria Construtivista das Relações Internacionais os desafios e perspectivas do

desenvolvimento da região.

Palavras-Chave: Dromocracia. Amazônia. Teoria Construtivista. Relações Internacionais. Brasil.

ASBTRACT

This article will describe how dromocracy concept originally created by the French civil Paul Virillo

(1977), was the basis for this article seeks to understand the region of the Brazilian Amazon; discover

why this region is considered "dromoinapta" in the category of socio-economic development to take

into account the other regions of Brazil. The historical framework of the Brazilian Amazon region

shows the indifference and lack of development inclusion initiatives since the mid-twentieth century,

and that reverberates today. Then search an analysis, on the basis of Constructivist Theory, visions of

inserted concepts, that within the positivist theories were not entered, issues such as: culture,

sustainable economy, human security, and among other concepts concerning the phenomenon social

1Acadêmico do 6º semestre do curso de Bacharelado em Relações Internacionais pela Universidade da

Amazônia – UNAMA. Contato: [email protected]

2Doutoranda em Comunicação e Semiótica - PUC-SP. Professora Adjunta dos Cursos de Relações

Internacionais, Comunicação Social e Administração – UNAMA. Professora Adjunta do Curso de

Comunicação Social - FAPAN-FAPEN. Professora Colaboradora - UFRA-Pa. Contato:

[email protected]

AS CONSEQUÊNCIAS DA DROMOCRACIA E A AUSÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO NA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA: DESAFIOS E ENTRAVES SOB À LUZ DA TEORIA CONSTRUTIVISTA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

REVISTA DROMO&RI Belém, vol. 1, n°1, agosto/dezembro 2015. p. 85-101

and, from this point, discuss together between dromocracy and Constructivist Theory of International

Relations challenges and prospects of the development of the region.

Keywords: Dromocracy. Amazon. Constructivist Theory. International Relations. Brazil.

1. Introdução

Ao falar dos efeitos da Globalização pós Guerra Fria, são notórias as transformações

rápidas no mundo, em vários conceitos, tanto na área política, econômica, social, segurança e

entre outros, dado como uma nova era, de um novo sistema cada vez interligado nas suas mais

diversas variáveis e que vinha para ficar como modelo de desenvolvimento e crescimento de

uma determinada região, de um determinado estado-nação no Sistema Internacional. Porém,

mesmo diante de uma crise política, social e econômica nos dias de hoje, o capitalismo parece

não ter força para suprir e superar essas crises para um melhor desenvolvimento nessas

esferas.

Na região amazônica Brasileira, uma das biodiversidades mais ricas do mundo, a

“sensação” de globalização parece paulatinamente ganhar presença na região, porém, essa

mesma “sensação” de globalização parece separar do restante de outras regiões do Brasil, uma

vez que, seu contexto histórico mostra como a região não tem prioridade ou se tem, é uma

prioridade mínima para discutir e debater sobre desenvolvimento socioeconômico na região.

As políticas voltadas para o modelo de desenvolvimento dos governantes da época, ao se

referir no arcabouço histórico, serviu como análise para discutir de como o desenvolvimento

agora, pós-guerra fria, encontra-se ainda em desafios de desenvolvimento humanístico na

população amazônida.

O artigo presente pretende objetivar através do arcabouçou histórico Pós- Guerra Fria

a Região Amazônica que será analisado através do prisma da Dromocracia e da Teoria

Construtivista das Relações Internacionais o porquê que o desenvolvimento – se chegou, foi

mínimo e não supri a necessidade dos cidadãos -, não chegou à região, onde essa região, é

uma das mais ricas em biodiversidade do mundo, e como o governo federal, muita das vezes

não prioriza e não discute ações sérias para um modelo de desenvolvimento para a população

local.

Estas abordagens são cruciais para entender-se o presente desta região, analisando o

passado, através de conceitos novos como a Dromocracia e que implicam diretamente no

campo de estudo das Relações Internacionais Contemporâneas e que serve como futuros

reflexões de solucionar um problema que se é antigo.

RAYLSON MAX DA SILVA CASTRO

REVISTA DROMO&RI Belém, vol. 1, n°1, agosto/dezembro 2015. p. 85-101

O artigo proposto será dividido em três tópicos e sub-tópicos além da conclusão. O

primeiro analisará, em um contexto histórico, a inclusão e exclusão da Região Amazônica

Brasileira e mostrar, resumidamente, o modelo de desenvolvimento antes pós-guerra fria,

aprofundar pós-guerra fria até chegar os dias atuais. Em seguida, faz-se uma análise da

Dromocracia como papel de vetor de velocidade na questão social, cultural e espacial e os

conceitos da Teoria Construtivista das RI’s que implicarão na análise desse artigo. E por fim

os dois conceitos (Dromocracia e Teoria Construtivista) que implicaram como forma de

descrever os problemas e futuras reflexões de soluções de problemas no conceito de

desenvolvimento sócio-econômico na região da Amazônia Brasileira.

2. A Política Externa Brasileira e a reverberação nas políticas para a região da Amazônia

Brasileira Pós-Guerra Fria: Contexto Histórico e efeitos da Globalização

Para poder entender o porquê da Globalização não chegar de forma rápida na região da

Amazônia brasileira, onde a globalização daria um norte para o desenvolvimento

socioeconômico adequado, mas nos demais estados e regiões do Brasil chegou este

desenvolvimento, principalmente na região centro-sul, é preciso olhar para trás, em seu

arcabouço histórico, como a região da Amazônia brasileira soube lhe dar com este novo

fenômeno e os avanços e desafios para superar esses gargalos socioeconômicos.

O artigo analisará o contexto histórico da região amazônica brasileira, bem como os

presidentes no período de seus mandatos, e como as políticas externas adotadas pulverizaram

o desenvolvimento na região amazônica, onde as transformações no mundo estavam passando

por tranformações pós guerra fria. Em seguida, serão apresentados os conceitos

epistemológicos da Teoria Construtivistas das Relações Internacionais, da Dromocracia e a

análise sob os prismas dessas teorias das ações dos governos no período do Governo Sarney

até o Governo Lula.

A região que detém da floresta amazônica, a chamada Pan-Amazônica compostos

pelos países sul-americanos (Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Brasil, Guiana, Guiana

Francesa e Equador) é, de fato, um dos biomas mais grandiosos do mundo. Porém, o Brasil,

possui a maior parte da Amazônia (61%), onde o tamanho é proporcional a tamanho de países

europeus, como Alemanha e França, por exemplo. (Ministério da Defesa, 2013).

A Amazônia Brasileira, desde o seu contexto histórico e político, foi vista como área

de integração do Brasil. A Política Externa é vista e adotada como política pública e também

AS CONSEQUÊNCIAS DA DROMOCRACIA E A AUSÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO NA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA: DESAFIOS E ENTRAVES SOB À LUZ DA TEORIA CONSTRUTIVISTA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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não deve deixar de ser discutido, uma vez que, essas políticas externas reverberam como

políticas domésticas também na região amazônica brasileira.

2.1 As atividades da Política Externa Brasileira no período Pós Guerra Fria e as

políticas internas voltadas para Amazônia entre os anos de 1985 a 2010.

Para Cristina Pecequilo, quando avaliamos a evolução das Relações Internacionais do

Brasil, percebemos que a política externa envolve duas tradições, que foram ajustadas,

variadas e alternadas ao longo da história devido as transformações sociais, econômicas e

políticas pelas quais o Brasil passou: a bilateral-hemisférica e a global multilateral. Tais

tradições correspondem aos padrões de açãoes e valores compartilhados pelo Brasil no

sistema internacional diante de seus parceiros e estão associados aos eixos norte e sul além

das visões de primeiro e terceiro mundo. (Pecequilo, 2012)

A tradição Bilateral-Hemisférica dominou o campo diplomático de 1902 a 1961

etemos como prioridade na ação diplomática dois focos: EUA e cone sul. E relacionado ao

intercâmbio preferencial com Estados Unidos são cunhados os termos de alinhamento

pragmático e automático que se referem à forma de como o Brasil construiu sua relação com

este país, com uma política de barganha ou concordância e relativa subordinação-benefício

das iniciativas norte-americanas. (Pecequilo, 2012)

A Corrente global-multilateral substitui o primeiro padrão, expandindo as parcerias

além do hemisfério para sustentar as transformações domésticas do Brasil em um país de

porte médio definidas pela Política Externa Independente (PEI). (Pecequilo, 2012)

Para Amado Luiz Cervo os países abrigam sempre suas políticas externas e seu

modelo de inserção internacional dentro de paradigmas, sendo assim no Brasil temos tr^s

paradigmas. (Cervo, 2011)

O paradigma desenvolvimentista (1930-1989), momento no qual a depressão atingiu

os países capitalistas avançados e os jogaram no protecionismo e soluções nacionalistas. O

Brasil e América Latina mostraram grande dinamismo econômico e finalmente encontraram o

caminho ao mundo moderno. A sociedade ficou mais complexa. O país foi construído durante

essa fase, com forte industrialização e crescimento econômico em um modelo de inserção

internacional que durou 60 anos. (Cervo, 2011)

O segundo paradigma, chamado normal / Neoliberal (1990-2002), foi o momento de

abertura dos mercados, liberalização da economia, privatizações e retrocesso. Diante disso, o

ponto mais importante foi a total resignação em adotar fórmulas elaboradas nos países

RAYLSON MAX DA SILVA CASTRO

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avançados. O termo normal é mais apropriado porque foi o desejo do Brasil naquele

momento, ou seja, ser normal e estar atualizado com a última moda. (Cervo, 2011)

O terceiro paradigma, chamado de paradigma estado-logístico, deu início a partir do

ano 2000 onde encontramo perdura até os dias de hoje. Trata-se de um entendimento do

contexto internacional e reserva ao Estado a função de estrategista e não motorista. Em

verdade, traz para o Brasil o modo como os Estados Unidos fazem política exterior. Defesa do

interesse nacional, apoio às indústrias e disponibilização da infraestrutura necessária para o

empreendimento de uma nova inserção internacional. (Cervo, 2011)

Segundo Pecequilo (2012) e Cervo (2011), no final do governo José Sarney (1985-

1989), pós Guerra Fria, ainda era de um modelo de paradigma desenvolvimentista com perfil

Global Multilateral, ou seja, a crise econômica e a instabilidade interna também no campo

político, reverberaram na ausência de políticas voltadas para a região da Amazônia na época.

A tentativa da criação do Ministério Extraordinário para o Desenvolvimento e

Reforma Agrária (Mirad) no governo Sarney, o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária) criado em 1970, extinto em 1987, depois ressurgi em 1989 através do

Congresso Nacional, porém apresentando falhas e/ou estagnações devido à ausência de

investimentos financeiros e político no órgão, o que deixou praticamente parado. (José

Sarney; Ministério do Desenvolvimento Agrário – 2011, 2012)

Em seu mandato, Fernando Collor de Mello (1990-992) que buscou, através do perfil

bilateral juntamente com o Paradigma Neoliberal, promover a ascensão do País através de um

realinhamento com os Estados Unidos com implementações, sob à luz do consenso de

Washington, de privatizações, diminuição do estado, abertura econômica,

desregulamentação.) e que acabou não agradando a sociedade brasileira naquela época, e pois

fim seu mandato resultado de um impeachment. (Cervo; Pecequilo, 2011-2012)

Com abertura econômico, muitas ONG’s entraram massivamente em vários

ministérios no período de seu governo, principalmente, no que diz respeito ao conceito de

meio ambiente, porém foi inexpressivo na região amazônica. (INPA, 2011)

Itamar Franco (1992-1994) também adotou o paradigma e perfil similar de modelo de

Política Externa de José Sarney, porém com uma ressalva: estabilizou os efeitos negativos de

Fernando C. de Mello além de política de regionalização ser solidificada como a continuidade

do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e políticas voltadas para o âmbito regional. (Cervo;

Pecequilo, 2011-2012)

AS CONSEQUÊNCIAS DA DROMOCRACIA E A AUSÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO NA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA: DESAFIOS E ENTRAVES SOB À LUZ DA TEORIA CONSTRUTIVISTA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

REVISTA DROMO&RI Belém, vol. 1, n°1, agosto/dezembro 2015. p. 85-101

O ex-presidente, ainda sob o viés da cooperação como forma de integração de uma

américa latina sólida no sistema internacional, reforçou o tratado Amazônica em 1978, ainda

no período militar, como um tratado que serviu de espelho para uma solidificação de união

dos países latinos americanos. O tratado serviu também como forma de se “comunicar” com

os países que fazem fronteiras com a região amazônica, porém, o desenvolvimento

socioeconômico, estava em passos curtos diante da globalização que estava emergindo

fortemente no sistema internacional daquela época. (FUNAG, 2008)

No primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso 1995-1999 foi adotado o perfil

bilateral hemisférico e ainda sob o prisma neoliberal, as ações brasileiras, somadas a

Diplomacia presidencial, consistiram-se da retomada da implementação e de projetos de

privatizações; no segundo mandato do Pte. FHC (1999-2002), houve uma crítica ao perfil da

Globalização, onde teve autonomia pragmático e que levou uma prática de globalização

solidária, que dividisse os benefícios da interdependência, com atenção aos custos sociais.

(Cervo; Pecequilo 2011-2012)

É notável a geografia física do espaço da região da amazônica brasileira como motor

de alocar famílias brasileiras neste espaço. Os modelos de aquisições de terras,

desapropriações, como meta de alcançar mais de 270.000 famílias foi um ensaio do

despreparo do governo nos dois períodos, tanto como desenvolvimento econômico e social. A

sustentabilidade, um novo modelo que já estava presente no sistema internacional desde

aquela época, não foi usada como forma de desenvolvimento humano, por questões

tecnoburocráticas do governo federal, para assim dar o desenvolvimento na região, onde olhar

humanístico estava ausente nessa população, onde 15% da população brasileira estavam em

55% do território do Brasil. (Tourneau; Bursztyn, 2010)

A Região Amazônica, tanto em âmbito brasileiro como dos países compostos pela área

da floresta amazônica, além de sofrer com atrasos em obras no que tange a desenvolvimento

sustentável, chegou a ser bastante questionada no por outros países fora dessa região no

período pós-guerra fria. Devido à ausência de políticas sólidas na região, os interesses de

outras nações passaram a ser notórias no bioma, pois questionava-se a ausência de soberania

dos países da região para dar uma melhor qualidade de vida para a população pan-amazônica

e a questão em si de cuidar da floresta. Um dos episódios mais conhecido, no que tange a

questão de Internacionalizar a Região Amazônica, é de que os países não seriam capazes de

aplicarem políticas sociais voltadas para o desenvolvimento sustentável humano na região.

RAYLSON MAX DA SILVA CASTRO

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"Como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia.

Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio,

ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a

Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais

que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista,

deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do

mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto

a Amazônia para o nosso futuro(...) Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a

internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve

pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças

produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o

patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um

proprietário ou de um país(...) Como humanista, aceito defender a

internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro,

lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa." (Cristóvam Buarque, 2007).

Já no século XXI, o presidente Luis Inácio Lula da Silva (2002-2010) continuou seu

desenvolvimento pragmático com estado-logístico, perfil multilateral global, que se deu ao

início de uma nova era dos Eixos Combinados. (Cervo; Pecequilo, 2011-2012)

Deu continuidade ao processo de substituição do bilateralismo dos anos 1990 por uma

versão atualizada do eixo global-multilateral. Na escala de prioridades da política externa, o

eixo horizontal de parcerias Sul-Sul, ligadas à tradição global multilateral surge no topo da

agenda, refletindo a recuperação da identidade nacional como um país de Terceiro Mundo. Os

eixos não somente se combinam, como se complementam, agregando assertividade e

confiança à diplomacia, que amplia suas alternativas e possibilidades de ação internacional.

Em seu primeiro mandato (2002-2005), o ex Pte. assumiu com o propósito de ser um

global player, com sua Política Externa mais agressiva, elevando os BRIC’s, adotando

políticas humanísticas em âmbito internacional, ascendendo o desenvolvimento com

respaldos econômicos, com cooperação entre EUA-Brasil, porém sem alinhamento

automático com os norte-americanos, superando gargalos econômicos devido suas políticas

sob à ótica de uma Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana –

(IIRSA) como instrumento de política no território brasileiro. Uma maior fluidez, através da

multilateralização, se dar na política externa brasileira com um enfoque de desenvolvimento

que reverbera na política doméstica.

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No seu segundo mandato, Lula (2006-2010) se validou em seus eixos combinados,

multilateralizando-se relações com diversos países do globo, e tornando-se mais ainda a

política externa como política pública. (Cervo; Pecequilo, 2011-2012)

O Plano Amazônia Sustentável (PAS) com a tentativa de organizar e dar diretrizes as

políticas para uma Amazônia legal conjunta com governadores do estados da região norte do

país, porém estagnado entre os anos de 2003 e 2007 e só foi dado o “start” em 2008

(Ministério do Meio Ambiente). As duas fases do Plano de Ação para Prevenção e Controle

do Desmatamento na Amazônia Legal – PPCDAM com o intuito de reduzir índices de

desmatamento na região (Planalto, 2004), além das quatro fases do Plano Pluri Anual (Mdic;

Ministério do Planejamento; Planalto, 2009 – 2010 – 2011) foram fatores que levaram a

pulverização de ganhos sociais através dessas políticas voltadas para o desenvolvimento.

As questões da Política Externa Brasileira, por ser cada vez mais multilateralizada

fortemente em seu governo, fez com o que o desenvolvimento social, chegasse na

aplicabalidade em políticas domésticas na população da região amazônica.

O envolvimento da região amazônica nesse contexto traz as questões de modelos

desenvolvimentistas sustentáveis, uma vez que, resultados anteriores, onde a política

doméstica não estava dando certo para o desenvolvimento da população na região amazônica

brasileira, as questões agrárias, fundiárias e outros conceitos que mexeram diretamente na

sociedade da região amazônica, foram catalisadores para os conflitos por terras naquela

época. As políticas internas adotadas nos governos anteriores serviam apenas para

desenvolvimento de segurança territorial, com assentamentos humanos irregulares dessa

sociedade e à segurança humana desses civis brasileiros na região foram totalmente

ignorados.

“Tudo isso denota a carência de um modelo de desenvolvimento regional que saiba

integrar as instâncias econômicas, políticas, culturais, ambientais e agrárias do

processo de transformação social da região. O resultado disso tudo são programas

fragmentados, com múltiplas ações desconexas entre si e que não focam a promoção

e a conquista de direitos e, por isso, caracterizam-se por serem clientelistas e

paternalistas, reafirmando ainda mais o tipo de política pública que vem sendo

implementada na região desde a época do descobrimento do país.” (Mário Tito,

2013)

RAYLSON MAX DA SILVA CASTRO

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3. Dromocracia e Teoria Construtivista das Relações Internacionais: conceitos

epistemológicos

A Dromocracia, do francês Paul Virilio (1977), conceito este de duas palavras gregas

(dromo = velocidade e cratós = poder), busca exatamente explicar como a velocidade é um

fator de fenômeno social, explicitado em sua obra “Velocidade e Política”, e que a região

amazônica, o efeito da globalização e do desenvolvimento socioeconômico pós-guerra fria,

não chegou de forma expressiva, comparado a outras regiões do Brasil, tornando-se

“dromoinaptos” nessa questão de desenvolvimento e que não foram capazes de manipular o

vetor da velocidade e não tornando-se “dromoaptos”.

A Teoria Construtivista das Relações Internacionais, uma das teorias que analisará, a

partir dos pressupostos da virada linguística de Anthony Giddens, conceitos que na época de

1930-1980, onde as teorias positivistas das Relações Internacionais (também conhecida como

debate Neorealista x Neoliberalista) ganhou destaque por um bom tempo, pois, essas dois

prismas pincelaram as relações internacionais em suas respectivas épocas. Emanuel Adler

(1997) e Alex Wendt (1987) serão as bases para se buscar uma resposta válida para a situação

na Amazônia brasileira.

Neste tópico, será abordado como esses dois conceitos atuais e contemporâneos no

campo de estudo das ciências sociais e que claro, perpassa pelo campo das Relações

Internacionais tem a ver com o tema proposto. Por um lado está um conceito da velocidade e

poder, a Dromocracia, que advém do francês Paul Virillo (1977) e que se é estudado e ganha

força no Brasil através do professor Eugênio Trivinho.

3.1 Dromocracia: o efeito colateral da Globalização.

Um dos selos da contemporaneidade é a velocidade. A dromocracia, palavras de duas

origens gregas: dromos (velocidade) e cratós (poder). É o imperador da velocidade, que dar o

norte do ritmo da vida do ser humano e da sociedade em geral. O francês Paul Virilio,

sociólogo é o autor que mais refletiu sobre este conceito, em especial em sua obra

“Velocidade e Política”, de 1977.

Vivemos na era do glocal, segundo o sociólogo, pois um misto do local e do global,

sem se reduzir a tais. Ele diz que ultrapassa os conceitos globalistas e regionalistas, definindo

o tradicional conceito de sociedade e estados nacionais fronteiras que definem.

AS CONSEQUÊNCIAS DA DROMOCRACIA E A AUSÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO NA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA: DESAFIOS E ENTRAVES SOB À LUZ DA TEORIA CONSTRUTIVISTA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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Paul Virilio aborda que a velocidade organizou, na política, a vida social, cultural e

histórica. Na dromocracia há duas vertentes: "dromoaptos" e "dromoinaptos". São

questionados na medida em que dominam o fator da velocidade. Pode se dizer, que a

globalização é atingida em uma determinada região mais facilmente se detém esses vetores e

são mais velozes, nesse caso, os dromoaptos.

Eugênio Trivinho, pesquisador da PUC – SP, um dos maiores influentes nesta área, ele

diz que vivemos na dromocracia cibercultural. É uma definição de conceito muito

tendenciosa para entender como funciona a relação no sistema internacional atual. Pode se

entender, que os atores mais “dromoaptos” em quem domina a tecnologia ciberespacial, têm

fortes indícios de dominar também as relações no âmbito internacional e conseguir moldá-las

de acordo com seus interesses.

3.2 As Teorias Pós-Positivistas nas Relações Internacionais: A Teoria Construtivista

Ao longo da década de 1950, especialmente do advento da bipolaridade da guerra fria,

as ciências sociais passaram a ser dominadas pelos pensamentos norte-americanos. A

sociologia pensava em um modo europeu e um determinado momento passou a ser dominada

pelos americanos.

O consenso ortodoxo em que Anthony Giddens (1992), diz que, toda o pensamento de

uma sociadade, vai se dar a partir do paradigma estruturalista e positivista, onde a

mentalidade do povo americano é designado como matematizado, da causa, da comprovação,

ou seja, do pragmatismo-estruturalista-positivista. Ao falar de positivismo, é falar algo

matematizado. (Sarfati, 2005)

O conceito da “Virada Linguística” é quando as ciências sociais matematizadas

passam a ser vistas como ciências sociais mutáveis, pois ela é construída pelo consenso das

pessoas. As ideias dos paradigmas pós-positivistas são definidas como uma contínua

construção, onde, por exemplo, o sistema não é inexoravelmente estruturalmente anárquico,

para os pós-positivistas será definido na medida em que os atores agem para ser assim.

(Sarfati, 2005)

Na década de 80, as teorias positivistas não conseguiam explicar a realidade na sua

totalidade e não considerava outros elementos fundamentais no mundo pelo fato de

considerarem elementos quantificáveis. A base das leis das físicas foram estabelecidas nas

ciências sociais. (Sarfati, 2005)

RAYLSON MAX DA SILVA CASTRO

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Para os pós-positivistas, não existe um mundo independente dos fenômenos. Não pode

descrever nada sobre a realidade se não tiver envolvida nela. A linguagem foi construída

socialmente. Não existe também, um mundo objetivo dos fenômenos separados do mundo

subjetivo do sujeito. Pois o primeiro é a parte da própria interpretação do segundo. Não é

possível a descrição fidedigna de uma realidade, pois a verdade não existe exatamente e que

nada de existente é neutra de interesses.

“Todo o ponto de vista, é a vista de um ponto.” (Leonardo Boff, 1997)

Após esses conceitos básicos no final da guerra fria e a questão de mudança nas

Relações Internacionais, podemos compreender o conceito da Teoria Construtivistas das

Relações Internacionais.

Para essa a teoria, a realidade social e o conhecimento da realidade são produtos de

uma permanente construção, onde os agentes estão em uma contínua mudança e que não

possuem identidades devido à mudança contínua. Mas eles possuem uma identidade

relacional, onde é definido a identidade dependendo da relação.

A estrutura não é, ela está sendo porquê os agentes estão sendo o resultado das

relações dos agentes onde, por exemplo, a realidade social é fruto de uma construção histórica

e que, uma vez o mundo produzido pelo homem, a realidade é subjetiva, todos se

introjectaram socialmente. O mundo é objetivado, e todos socialmente construíram a realidade

do mundo.

Três fatores que determinam esse pensamento:

1 – As escolhas: a realidade é fruto das escolhas. O sistema internacional é fruto das

escolhas dos agentes devido as funções dos valores que estão em jogo.

2 – O sistema internacional é moldado pelas identidades dos agentes. Identidades

relacionais

3 – Tudo foi construído socialmente. Existe uma construção social de algo. Exemplo

do conceito soberania.

Sendo assim, os construtivistas criticam os positivistas (idealistas e realistas) porque

eles reduzem a realidade por condições materiais. Os construvistas vão além e afirmam que

mais do que isso, a realidade é formada por condições imateriais, situações abstratas e que

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tem papel preponderante no sistema internacional. Adler (1997) diz que o construtivismo é o

meio termo entre positivistas e pós-positivista, mas critica os positivistas, por ter reduzido a

análise da realidade por condições materiais, restritas e, ao mesmo tempo, levanta as

condições do sistema internacional por estados. Adler não nega os avanços positivistas, mas

essas teorias negam outros aspectos que são relevantes no mundo contemporâneo.

Wendt (1987), diz que a Anarquia, um dos conceitos em que Waltz (1979) usa, não é

algo existente, anteriormente aos estados. Pelo fato dos estados, nas suas relações entre si,

eles geram ou não geram anarquia dependendo do momento e do nível da relação entre várias

identidades.

As premissas construtivistas podem classificadas em três colocações pontuais (Wendt,

1994):

I – Constituição mútua de agentes e estruturas. Os agentes são condições de que

alguém tem vontade própria para determinar/influenciar a relação dos outros e, quando há

uma relação entre os agentes, eles geram uma estrutura. A estrutura é o resultado da relação

entre os agentes, mas, ao mesmo tempo, a estrutura é aquela que condiciona, que influencia

no comportamento dos agentes. Os agentes modificam a estrutura e a estrutura modifica o

agente em um processo de retroalimentação continuada. (Wendt, 1992)

II – Compreensão de condicionalidade das estruturas não-materiais sobre as

identidades e interesses dos atores. As condições não materiais (Crenças, Normas, Valores,

Ideias e o papel do Líder) molda uma identidade dos atores. Pra moldar os interesses, o modo

de como eles agem(atores), é preciso levar as condições das estruturas não-materiais.

Dependendo do interesse, os agentes vão se mutabilizar. O interesse de um estado depende

desses fatores para que se molde uma estrutura.

III – A importância Equitativa, ou seja , de mesmo nível entre estrutura normativas e

materiais, ambas moldam o comportamento dos atores internacionais e esta interação entre os

atores que constroem os interesses e as preferências destes agentes se são por dois motivos:

dependendo dos interesses, dependerá da interação e que dependerá do momento da relação.

As identidades precedem os interesses, pois sua identidade ela é relacional.

4. Análise

RAYLSON MAX DA SILVA CASTRO

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Os dois conceitos apresentados são fatores preponderantes para o projeto de análise do

tema da ausência de desenvolvimento sócioeconômico. A Dromocracia, segundo Virillo

(1977), que traduz uma era da velocidade e que organizou nas áreas culturais, econômicas,

políticas, históricas não se enquadrou na região amazônica brasileira. Na era pós-guerra fria,

por questões de “dromoinaptidão” devido a ausência de políticas voltadas para o

desenvolvimento humano na Amazônia e sim, como um desenvolvimento exploratório, onde

as questões de políticas domésticas de securitização e integração da região a “qualquer custo”,

impactou na sociedade da região.

Outra reflexão bastante pertinente, são as ações das identidades dos perfis dos líderes

(papel dos presidentes) em cada mandato de governo citado neste presente artigo, e que

nenhum presidente foi capaz de desenvolver políticas sólidas, por exemplo, de

desenvolvimento sustentável na região, acabando não valorizando a população dessa região

em uma ótica humanística qualitativa, como no restante do país.

A contribuição da Teoria Construtivistas das Relações Internacionais nesse tema,

implica em dois fatores:

Primeiro, a comunidade epistêmica como um fator catalisador nesse processo de

desenvolvimento socioeconômico na região. Segundo Adler e Hass (1992), as comunidades

espistêmicas tem um papel fundamental para envolver, desenvolver assuntos internacionais e

que se pode desenvolver em âmbito interno para futuras negociações, por exemplo. A questão

dessas comunidades, fazem com que chame a atenção do estado, para que sejam tomadas

medidas contundentes para pôr em práticas modelos de segurança humana desenvolvimentista

no aspectro da população amazônida como uma referência mundial.

“Dessa forma, vemos que a construção de boas práticas depende do estabelecimento

de razões práticas, ou seja, de uma validação epistêmica sobre o que seria o correto

diagnóstico de um problema e sua solução.” (Gilberto Sarfati, 2005)

E segundo, pelo papel do Líder que, de acordo com os perfis e paradigmas da Política

Externa Brasileira adotados em cada período do governo Pós Guerra-Fria até o fim do

mandato do Governo Lula em 2010, mostrou-se claramente que as personalidades dos líderes

mudaram de acordo com seus interesses e que a identidade relacional foi um fator de

“desordem” na política externa brasileira, pois, mesmo mudando de alinhamentos automáticos

e pragmáticos, a política doméstica de desenvolvimento não eram fortes para a região

amazônica pois, não se via um modelo humanístico de desenvolvimento e sim, de

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assentamento humano na região à qualquer custo. As identidades dos perfis dos líderes foram

frágeis ou não buscaram uma solução inovadora diante do cenário amazônico de conflitos de

terras e reformas agrárias.

5. Considerações finais

O artigo mostrou claramente como as mudanças na Amazônia, de acordo com os

efeitos da Globalização, mesmo com a política externa branda, ganhando novas formas de

desenvolvimento, e suas políticas domésticas voltadas na região Amazônica brasileira, ainda

sim, tantos anos se passaram, a região continua dromoinapta em sua questão socioeconômica

do restante das demais regiões do país.

É certo que mudança na política de meio ambiente adotadas pelos países em âmbito

global, pode resultar em mundo melhor para todos no Sistema Internacional através da

governança global. Quando se olha para o Brasil, as medidas tomadas na arena internacional,

onde os países tentam buscar e passar a imagem de um país pacífico e esta disposição para

combater os efeitos colaterais do meio ambiente, se questiona o porque de não adotar medidas

agressivas de desenvolvimento na Amazônia, como se tem aptidão em âmbito global.

A Amazônia Brasileira é pobre e rica ao mesmo tempo, mas, para tornar-se equitativo

a relação de “ganha-ganha” é preciso que os futuros líderes presidenciais, olhem com muito

mais atenção pois, caminhar com o futuro da população, tanto na região amazônica brasileira

quanto na região pan-amazônica, é caminhar também com a biodiversidade mais rica do

planeta.

6. REFERÊNCIAS

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