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As Cem Linguagens da Crianca A Abordagem de Reggio Emilia na Educação da Primeira Infância

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As Cem Linguagensda Crianca

A Abordagem de ReggioEmilia na Educação da Primeira Infância

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O Contexto Histórico para a Constituição das unidades infantis em Reggio Emilia

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A obra relata a impressionante história de Loris Malaguzzi, um intelectual e jovem professor italiano, que se interessou por umanova escola logo após a 2ª Guerra Mundial. Ele é o gêniocondutor de Reggio. Dedicou sua vida ao estabelecimento de umacomunidade ditática: um grupo de professores de várias linhas, membros da comunidade e pais, formando um sistema educativoque funciona.

O sistema de Reggio Emilia pode ser descrito sucintamente daseguinte maneira: ela é uma coleção de escolas para criançaspequenas, nas quais o potencial intelectual, emocional, social e moral de cada criança são cuidadosamente cultivados e orientados.

O principal veículo didático envolve a presença dos pequenos emprojetos envolventes, de longa duração, realizados em um contextobelo, saudável e pleno de amor.

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As relações com a Igreja Católica jamais foram fáceis, os conflitos políticosnunca cessam a conquista com os pequenos é ameaçada e talvezprejudicada por um sistema educacional secundário e terciário bem menosinovador. Historicamente, a educação precoce na Itália tem sido uma presada emaranhada teia de relações entre a Igreja Católica e o Estado.

Esse prefácio é de Howards Gardner, e para ele, nenhum local no mundocontemporâneo teve um sucesso tão esplêndido quanto às escolas de Reggio Emilio.

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Em 1820, surgiram instituições que até certo ponto, foram as precursoras de educação pública para a primeira infância oferecidos atualmente na Itália: os centrospara as primeira infância(Asili Nidi), atendendo bebês de 4 meses a\os trêsanos, e as escolas primárias( Scuole dell”Infanzia), atendendo as crianças de 3 aos 6 anos de idade.Entre as primeiras estavam as creches(presepi)atendendo as mães trabalhadoras. Os industrialistas estabeleceram as primeiras creches em suasfábricas.

Após a unificação do Estado italiano, essas instituições continuaram desenvolvendo-se, mas com dificuldades.

Apenas ao final do Séc. XX algumas das iniciativas particulares começaram a ser apoiadas por fundos públicos, em sua maior parte, municipais. A idéia era afastar-se da idéia de caridade.

O regime fascista que assumira o poder na Itália em 1922, tomou para si todos osméritos dessa inovação, enquanto tentava manter viva a conexão com o apoioprivado e filantrópico.

A Organização ONMI permaneceu até o início dos anos 70.

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Em 1945-46, por um curto período após a Segunda Guerra Mundial as pessoas tomaram muitas iniciativas com suas próprias mãos e a IgrejaCatólica não estava em posição para interferir. Foi nesse período que, emlocalidades com uma forte tradição de iniciativa local, surgiram tentativasespontâneas o estabelecimento de escolas coordenadas pelos pais, taiscomo as que Loris Malaguzzi descreve em Reggio Emilia.

Nos anos 50, muitos educadores e pais se conscientizaram da urgência de uma educação precoce maior e melhor.

A região de Emilia Romagna estava à frente do resto da nação; a cidade de Reggio Emília inaugurou seus primeiros centros municipais para a primeirainfância em 1970.

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Ano de 1946: o Inacreditável começo de uma escola dirigida por pais

“ A história de nossa abordagem, e de meu papel nela, começa seis dias após o término da 2ª Grande Guerra Mundial. Primavera de 1945. Ouvi que em um pequenovilarejo chamado de Villa Cella, umas poucas milhas de Reggio Emilia, as pessoas haviam decidido construir e operar uma escola para crianças pequenas. Fui de bicicleta e descobri que aquilo tudo era verdade. As pessoas haviam-se reunido e decido que o dinheiro paracomeçar a construção viria da venda um tanqueabandonado de guerra, uns poucos caminhões e algunscavalos deixados para trás pelos alemães em retirada e diziam: “Construiremos a escola por nossa conta, trabalhando à noite e aos domingos.” Tudo era inacreditável.”

Malaguzzi

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O centro absoluto de tudo: A criança

Um pensamento veio simples e confortador veio em meu auxilio: “que as coisas relativas às crianças e para as crianças somente são aprendidas

através das próprias crianças”. Malaguzzi

Este pensamento foi uma preparação para 1963, o ano em que as primeirasescolas municipais foram criadas.

Aprendemos dessa experiência que mesmo as crianças mais jovens, sãoseres sociais. Elas são predispostas possuem desde o nascimento a

propensão para formar vínculos significativos com outros responsáveis porseus cuidados, além de seus pais (que não perdem, portanto, suas

responsabilidades e prerrogativas especiais).

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O ano de 1963: A primeira Escola Municipal paraCrianças Pequenas

Pela primeira vez na Itália, as pessoas afirmavam o direito de estabelecer uma escola secular para criançaspequenas: uma ruptura correta e necessária com o monopólio da Igreja Católica;Eles pediam: uma escola de melhor qualidade, livre de tendências à caridade, não meramente custodiais e de modo algum discriminadoras.No início foi tudo muito difícil a começar encontrandocrianças para a colocação nesta escola, devido ànovidade de uma escola administrada pelamunicipalidade..

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A base teórica para a abordagem de Reggio Emilia e os teóricos

As fontes de inspiraçao em Reggio Emilia

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As instituiçoes de Reggio emergem de uma bagagem cultural complexa.

Piaget nos alertou que os erros e males da pedagogia vêm de umafalta de equilíbrio entre os dados científicos e sua aplicação social. Nossa preparação foi difícil, buscamos leituras e intercâmbios com colegas suíços e franceses;Existe proximidade com vários estudiosos: Dewey, Wallon, Champerède. Decroly, Vygotsky e outros.Também reforçando nossa crença na educação ativa estava nossaconsciência sobre o pluralismo das famílias, crianças e professores, tornando-se cada vez mais envolvidos em nosso projeto conjunto.A rede de fontes de nossa inspiração abrange várias gerações e

reflete escolhas e seleções que fizemos ao longo do tempo. Algumasidéias persistiram outras não duraram muito. E de um modo geral, obtivemos um senso de versatilidade da teoria e das pesquisas.

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Nosso interesse por Piaget aumentou ao entedermos que suapreocupação era com a epistemologia, e que seu objetivo principal era localizar a gênese das estruturas universais variáveis. Conseguimos ver, no entanto, como o construtivismo de Piaget isola a criança. Como resultado, olhamos criticamente essesaspectos:

�A subvalorização do papel do adulto na promoção do desenvolvimento cognitivo;

�A atenção marginal à interação social e à memória;�A distância interposta entre pensamento e linguagem (Vygotsky

criticou isso e Piaget respondeu em 1962);�A linearidade fixa do desenvolvimento;�O modo como o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral é tratado

em trilhas separadas;

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O Vygotsky de ReggioNesse ponto a intervenção de Vygotsky, nosso próprio Vygotsky, torna-se indispensável para o esclarecimento deste e de outros pontos levantadosanteriormente. O pensamento e a linguagem operam juntos para a formação de idéias e para o planejamento da ação e, depois, para a execução, controle, descrição e discussãodesta ação.As vantagens da Zona de Desenvolvimento Proximal, ou seja, a distância entre osníveis de capacidades expressados pelas crianças e seus níveis de desenvolvimentopotenciais, alcançáveis com o auxílio de adultos ou contemporâneos maisavançados. A questão é um pouco ambígua. Será que se pode oferecercompetência a alguém que não tem?O adulto pode e deve emprestar às crianças seu julgamento e conhecimento. Contudo, é um empréstimo com uma condição, especificamente, de que a criançapreste a devolução. A abordagem de Vygotsky está de acordo com o modo como vemos em Reggio Emilia o dilema do ensino e da aprendizagem e da forma ecológica como podemosalcançar conhecimento.

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Por uma Pedagogia da RelaçãoEm Reggio os professores e as famílias são centrais para a educação das crianças. Portanto preferimos colocar todos os três com ponentes nos centro de nossosinteresses.O planejamento e o pensamento cuidadosos devem incorporar meios de intensificaros relacionamentos entre os três protagonistas centrais, de garantir completaatenção aos problemas da educação e de ativar a participação e pesquisas.Em nossa abordagem, fazemos planos e reflexões ligadas aos campos cognitivo, afetivo e simbólico:

Refinamos as habilidades de comunicação;Somos muito ativos na exploração e na criação em grupo, permanecendo abertos a mudanças;O aspecto mais precioso é a satisfação pessoal, a participação e a troca de idéias;Temos reuniões com as famílias para discussão do currículo. Pedimos suacooperação na organização das atividades, no estabelecimento do espaço e napreparação das boas-vindas para os novatos. Distribuímos a cada criança o númerode telefones de todas as outras crianças e de professores.Encorajamos visitas, incluindo lanches entre crianças em suas casas e visitas aoslocais de trabalho dos pais;Organizamos com os pais: excursões, eventos; Eles trabalham na construção de móveis e brinquedos.

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Os Professores em Reggio Emilia

� Ter o hábito de questionar suas certezas;� Possuir uma sensibilidade imensa;� Ser conscientes e estar disponíveis;� Assumir um estilo crítico em relação às pesquisas e um

conhecimento continuamente atualizado sobre as crianças;� Manter uma avaliação enriquecida do papel dos pais;� Possuir habilidades para falar, ouvir e aprender com estes;

Tudo isso exige dos educadores em questionamento constantesobre seu ensino, devendo deixar para trás o modo isolado e silencioso de trabalhar que não deixa traços.

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O co-ensino é, em um sentido mais geral, o trabalho em forma de colegiado, representando para nós um rompimento deliberado com a solidão e com o isolamento profissional e cultural dos professores.

O trabalho em pares e entre pares, produziu tremendas vantagens, tanto para os adultos quanto para as crianças.

Em Reggio, os professores sabem como escutar as crianças, comopermitir que tomem iniciativas e, também, guiá-las de forma produtiva.

Nossos professores realmente pesquisam, tanto por conta própriaquanto com seus colegas, para a produção de estratégias quefavoreçam o trabalho das crianças ou possam ser utilizadas porelas. Vão da pesquisa a ação.

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As dimensões essenciais do papel do professor:

(a) promoção da aprendizagem das crianças nos domínios cognitivo, social, físico e afetivo;

(b) manejo de sua sala de aula;(c) preparação do ambiente;(d) oferecimento de incentivo e orientação; (e) comunicação com outras pessoas importante(pais, colegas, administradores, público

em geral)(f) busca de crescimento profissional e, além disso, há dois outros papéis essenciais em

Reggio:

(g) engajamento no ativismo político para defender a causa da educação públicaprecoce;

(h) condução de pesquisas sistemáticas sobre o trabalho diário em sala de aula parafinalidades de difusão profissional, planejamento do currículo e desenvolvimento do professor.

O professor, como disse Filippini, às vezes trabalha “dentro” do grupo de crianças e ocasionalmente “apenas em volta” delas. Filippini ainda usa uma metáfora final (discutindo o papel do professor) de “pegar a bola da criança e lança-la de volta”.

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Formação e Reformação de ProfessoresOs professores - como as crianças e todas as outras pessoas - sentem a necessidade

de crescer em suas competências; desejam transformar experiências empensamentos, os pensamentos em reflexões, e estas em novos pensamentos e novas ações;

Os professores devem aprender a interpretar processos contínuos, em vez de esperar para avaliar resultados;Devem incluir o entendimento das crianças como produtoras, e não comoconsumidoras; Aprender a nada ensinar as crianças, exceto o que podem aprender por si mesmas;Devem estar conscientes das percepções que elas formam sobre os adultos e suasações;Estar conscientes do risco de expressar julgamentos muito rapidamente;Ingressar na estrutura de tempo das crianças, cujos interesses emergem apenas no curso da atividade ou das negociações que surgem dessa atividade;Perceber que escutar as crianças é tanto necessário quanto prático;Estar conscientes de que a prática não pode ser separada dos objetivos ou dos valores e que o crescimento profissional vem parcialmente pelo esforço individual, mas de uma forma muito mais rica, da discussão com colegas, pais e especialistas;Saber que é possível engajar-se no desafio das observações longitudinais e empequenos projetos de pesquisa envolvendo as crianças;

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O pedagogista está incluído nesse sistema de relações. Suas funções em Reggio Emilia são

múltiplasLido com administradores municipais e com representantes de grupos culturais e científicos;Toda semana discutimos (sete pedagogistas) com o diretor, a política e todos os problemasrelacionados a rede de creches e pré-escolas;Todos devemos nos engajar em um intercâmbio contínuo de informações envolvendo o que estáacontecendo dentro das escolas, novos avanços na teoria e na prática e nos acontecimentospolíticos;Interajo com todos os adultos para ajudar a manter e implementar a filosofia de nosso

sistema.Lido com horários, atribuições e responsabilidades da equipe, carga horárias e turnos de trabalho;Lido com questões sobre o ambiente físico, pó exemplo, refletindo sobre as necessidades e

objetivos com os pais e professores e então compartilhando essas reflexões com um arquiteto, que detenha renovações no prédio;È responsabilidade do pedagogista trabalhar com os professores para identificar os novos temase as experiências para o desenvolvimento profissional contínuo e o treinamento em serviço. Èuma tarefa delicada, em virtude da preparação básica insuficiente de muitos de nossosprofessores; (Os professores em Régio realizam cada um, cerca de 190 horas por ano de trabalho fora da sala de aula, incluindo 107 horas de treinamento em serviço, 43 horas de reuniões com os pais e comitês e cerca de 40 horas para os outros seminários oficinas, festasescolares);O pedagogista trabalha para promover em si mesmo e nos outros professores uma atitude de “aprendendo a aprender”;Trabalhando com outros pedagogos, ajudo a organizar os encontros para treinamento em

serviço para os professores;Ajudamos os professores a melhorar suas habilidades de observar e ouvir as crianças, de documentar projetos e de conduzir suas próprias pesquisas.

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EXEMPLOS DE COMPORTAMEMTO DOS PROFESSORES

O Professor Dá Início à Ação das CriançasPg. 286 e 287

O desafio para o adulto é estar presente sem ser intruso, a fim de manter melhor a dinâmica cognitiva e social enquanto está emprogresso. Ocasionalmente, ele deveria apoiar o conflito produtivodesafiando as respostas de uma ou de várias crianças.

O professor permanece sempre um observador atento.

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A Parceria Comunidade-Professor na Administração das escolas

Existe uma relação de parceria entre os pais, educadores e as crianças. As salas de aula são organizadas para apoiar a

aprendizagem por meio de um enfoque altamente cooperativo de solução de problemas.

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A participação das famílias é tão essencialquanto à participação das

crianças e dos educadores.

Em 1971, a idéia de participação foi finalmente formalizada com a aprovação das leis nacionais que governavam os centros para bebês oucreches.

Abrange atualmente em sua forma organizacional e educacional todos osprocessos de participação, de democracia, de responsabilidade coletiva, de solução de problemas e de tomada de decisões - processos essenciais a uma instituição educacional.

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Oportunidades importantes de participação, após o início do ano escolar

1.Encontros no nível de sala de aula individualmente. Os pais devem ser notificados com bastante antecedência. Essetipo de reunião deve ser repetido pelo menos cinco ou seis vezes por ano.

2. Pequenas reuniões em grupo. Os professores reúnem-se com um pequeno grupo de pais de suas classes. Falamsobre as necessidades e sobre os problemas de famílias e de crianças específicas. Todas as famílias devemparticipar pelo menos uma vez.

3. Conversas individuais entre pai-mãe/professor. São geralmente solicitadas pela família ou sugeridas peloseducadores e podem lidar com problemas específicos;

4. Reuniões envolvendo um tema. São iniciadas e conduzidas pelos pais e pelos educadores e estão abertas a todosaqueles conectados com a creche a pré-escola, interessados na discussão ou na ampliação de seu conhecimentosobre um tema específico.

5. Encontros com um especialista. Essas reuniões assumem a forma de uma palestra ou discussão em mesa redondae podem envolver muitas escolas;

6. Sessões de trabalho: Os pais e professores juntam-se para construírem móveis e equipamentos, redecorar o espaço educacional, melhorar o jardim da escola e manter materiais da sala de aula.

7. Laboratórios. Pais e professores aprendem várias técnicas: origami, culinária, marionetes e outros;

8. Feriados e celebrações: São atividades em grupo, nas quais as crianças, pais, avós, amigos e cidadão reúnem-se.

9. Outras possibilidades para encontros. Passeios a cidade, excursões. Um evento especial é “um dia na escola”, emque um pai ou mãe passa todo o dia com a classe de seu filho.

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Modelos e Metáforas para os programaspara a primeira infância

O Modelo da grande família As pré-escolas de Reggio são modeladas de acordo com as grandes famílias e comunidades.

Os prédios nos quais as pré-escolas funcionam parecem grandes casas;

São excepcionalmente atraentes na qualidade do mobiliário, na organização do espaço e na exibição dos trabalhos das crianças;

A qualidade de vida dentro delas parece atingir uma proximidade quase doméstica e uma intimidade associada à vida familiar,o que é especialmente apropriado para crianças pequenas.

As crianças permanecem com o mesmo professor, permitindo que elas, seus pais e professores formem relacionamentos fortes e saudáveis;

Empresas e indústrias como modelos

Nos EUA os principais modelos e metáforas utilizadas - especialmente no nível de escolarização primária e secundária - vem do mundo empresaria e industrial.As creches tem sido frequentementecomparadas com grandes depósitos, onde são mantidas sob custódia;

O modelo industrial atribui aos professores o papel de tecnocratas responsáveis pela operação do maquinário da fábrica;

O currículo é baseado no resultado; Supõe -se que todas as crianças devem ser sujeitas à mesma seqüência de tratamentos de instrução de um modo rígido, no interesse de se criar um produto Standard;(padrão)

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A maior parte do trabalho é realizada em pequenos grupos;

Não foi observada a evidência de todas crianças de uma turma recebem as mesmas instruções ao mesmo tempo ou de terem de criar os mesmos desenhos- Dias as Bruxas, Natal, Páscoa;

Flexibilidade do tempo; As crianças são livres para brincar e trabalhar seminterrupções freqüentes;

As crianças têm responsabilidades: arrumar a mesa, antes e depois das refeições;antes o material organizado;

Nos EUA, quando se tem a chance de desenvolver uma relação real com os pais e de conhecê-los é necessário seguir em frente e conhecer o próximo grupo de pais;

Ocorrem atividades isoladas que todos precisam desenvolver ao mesmo tempo;

A maioria dos nossos programas são organizados em um quadro de horários rígidos;

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Embora as pré-escolas não sejam fábricas, tampouco são famílias. Elas sãoinstituições com empregados e equipadas para trabalhar conhecimentos e habilidades de seu trabalho.As instituições diferem das fábricas no sentido de serem desenhadas para servir as pessoas e às suas necessidades, e não apenas produzir bens padronizados. As instituições públicas são operadas de acordo com regras e regulamentos a seremaplicados uniformemente a todos os clientes.As famílias diferem das fábricas e das instituições no sentido de serem voltadas aoparticular, respondendo às características, necessidades, desejos e valores únicosde seus membros de forma marcada por uma intensidade relativamente alta;Similarmente, os papéis de pais e professores são distintos um do outro e, idealmente, permitem que cada um preste contribuições complementares, masdiferentes, para o crescimento, aprendizagem e desenvolvimento da criança.Os profissionais estão comprometidos com uma ética universalista, que os leva a aplicar todo o seu conhecimento especializado e habilidades imparcialmente e igualmente a cada criança, quer gostem ou se sintam próximos ou não desta. Entãodeve-se otimizar os benefícios especiais e essenciais de uma vida familiar paraas crianças, e deve faze-lo dentro das restrições e parâmetros essenciais àprática profissional e regulamentos institucionais.As escolas de Reggio Emilia nos mostram uma combinação perfeita dessasqualidades de relacionamentos em família e integridade das práticas profissionais.

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Currículo - PlanejamentoNos últimos 30 anos, o sistema criou um conjunto singular e inovador de suposições filosóficas, currículo e pedagogia, método de organizaçãoescolar e desenho de ambientes que, tomados como um todo unificado, chamamos de abordagem de Reggio Emilia.

Essa abordagem incentiva o desenvolvimento intelectual das criançaspor meio de um foco sistêmico sobre a representação simbólica. As crianças pequenas são encorajadas a explorar seu ambiente e a expressara si mesmas através de todas as suas “linguagens” naturais ou modos de expressão, incluindo palavras, movimento, desenhos, pinturas, montagens, escultura, teatro de sombras, colagens, dramatizações e música.

A abordagem ocorre não em um contexto de elite, protegido, de educaçãoparticular, mas, em vez disso, em um sistema municipal de cuidadosinfantis operando em dois turnos, aberto a todos, incluindo crianças com necessidades especiais.

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O Currículo Emergente e o Construtivismo Social

O primeiro define o planejamento como um método de trabalho queestabelece de antemão objetivos educacionais gerais, juntamente com objetivos específicos para cada atividade.

O segundo define o planejamento como um método de trabalho no qual osprofessores apresentam objetivos educacionais gerias, mas não formulamos objetivos específicos para cada projeto ou cada atividade de antemão. Em vez disso formulam hipótese sobre o que poderia ocorrer, com base emseu conhecimento das crianças e das experiências anteriores.

Esse segundo tipo de planejamento é usado e chamado por nós em Reggio de “currículo emergente”.

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O conflito é um elemento essencial, em nossa opinião. O conflitotransforma os relacionamentos que uma criança tem com seuscolegas-oposição, negociação, consideração dos pontos de vista de outrose reformulação da premissa inicial - como parte dos processos de assimilação e de acomodação no grupo.

A dificuldade dos adultos diz respeito a iniciar e manter situações queestimulem esta espécie de processo educacional, em que o conflito e a negociação parecem ser as “forças propulsoras” para o crescimento. Um currículo emergente é aquele que permite o desenvolvimento desseprocesso construtivista.

Enfim planejamento, entendido no sentido de preparação e organização do espaço, dos materiais, dos pensamentos, das situações e das ocasiõespara a aprendizagem. A instituição educacional é, na verdade, um sistemade comunicação e interação entre os três protagonistas, integrados no sistema social mais amplo

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Trabalho com Projetos e Artes Visuais em Reggio Emilia

Utilizamos o termo “trabalho com projetos” para referir à estudosem profundidade sobre determinados tópicos, assumidos porpequenos grupos de crianças pequenas.

Sob o nosso ponto de vista o trabalho com projetos visa a ajudarcrianças pequenas a extrair um sentido mais profundo e completode eventos e fenômenos de seu próprio ambiente e de experiênciasque mereçam sua atenção.

Os projetos oferecem a parte do currículo na qual as crianças sãoencorajadas a tomarem suas próprias decisões e fazerem suaspróprias escolas, geralmente em cooperação com seus colegas, sobre o trabalho a ser realizado.

Presumimos que este tipo de trabalho aumenta a confiança das crianças em seus próprios poderes intelectuais e reforça suadisposição de continuar aprendendo.

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Estudo sobre um “Supermercado”Pg. 269

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Um projeto chamado “A Multidão”

Pg.281

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O Atelier como um local de Provocação –

Provou ser subversivo, gerando complexidade e novas ferramentas para o pensamento;Permitiu novas combinações e possibilidades criativas entre as diferenteslinguagens (simbólicas);Protegeu-nos não apenas de longas palestras e tórias didáticas de nossotempo, mas também das crenças comportamentalistas (behavioristas);Satisfez um dos problemas mais urgentes era como adquirir umacomunicação efetiva com os pais.Queríamos que os pais vissem que seus filhos possuíam recursos maisricos e mais habilidades do que geralmente percebiam. Quanto valor colocamos em seus filhos;Finalmente o trabalho no atelier ofereceu-nos arquivos que atualmente sãouma arca do tesouro do trabalho das crianças e do conhecimento e das pesquisas dos professores;

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O AtelieristaO atelier serve a duas funções:

Primeiro, ele oferece um local onde as crianças podem tornar-se mestre de todos os tipos de técnicas, tais como pintura, desenho e trabalhos com argila – todas as linguagens simbólicas.Segundo, ele ajuda que os professores compreendam como as crianças inventam mecanismosautônomos de liberdade expressiva, cognitiva, simbólica e vias de comunicação. O atelier tem um efeito importante, provocador e perturbador sobre idéias ultrapassadas. O próprio atelier mudoucom o passar do tempo e, naturalmente, a personalidade e o estilo de cada atelierista torna cadaatelier um local diferente.

A outra função importante do atelier era a de oferecer uma oficina para documentação. A documentação era vista então como uma possibilidade democrática de informar o público sobreos conteúdos da escola.

Na verdade, ao longo do tempo, nosso trabalho em Reggio tende a envolver mais e maispesquisas, educação visual e documentação.

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Espaços Educacionais e de Envolvimento PessoalO Espaço Arquitetônico Planejado e o Espaço Maior em Torno daEscola, da Cidade e Além; O Espaço Hospitaleiro como um Reflexo das Camadas e Cultura:

� Existe nessas escolas muita atenção à beleza e à harmonia do desenho. Isso é evidente nos móveis, tanto funcionais quanto agradáveis;

� Nas cores das paredes, na luz do sol filtrando-se pelas janelas, nas plantasverdes e saudáveis, essa interação dos ambientes é parte da culturaitaliana;

� Embutidos na organização do ambiente para atividades e rotina estãocaracterísticas que favorecem a cooperação, um conceito com um poderoso valor social e político na região de Emilia Romagna;

� Além de ser bonito, o ambiente também é peculiar. Existem amostras de pinhas, conchas ou pedrinhas arranjadas por tamanho, forma ou cor, registrando eventos das vidas das crianças, coletados em passeios oucaminhadas normais. As crianças são encorajadas a trazer recordações de suas experiências de casa.Espaço Social, Espaço Individual e Espaço Aparentemente Marginal

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Espaço Organizado, Espaço Ativo e Espaço Particular;

O Espaço que Documenta: Um dos aspectos que surpreende osvisitantes é de fato a quantidade de trabalhos das próprias criançasexibidos por todos os cantos nas escolas. Fazem isso pela mediação dos professores e especialmente do atelierista, que seleciona e prepara as exibições com grande cuidado. Acima de tudo, é um modo de transmitir aospais, aos colegas e aos visitantes o potencial das crianças, tornando as crianças conscientes da consideração que os adultos têm por elas;

Espaco e Tempo;

Um Espaço que Ensina: O ambiente é visto como algo que educa a criança; na verdade, ele é considerado o “terceiro educador”, juntamentecom a equipe de dois professores. Precisa ser flexível; deve passar poruma modificação freqüente pelas crianças e pelos professores a fim de permanecer atualizado e sensível às suas necessidades de seremprotagonistas na construção de seu conhecimento. Tudo declara: “este éum lugar onde os adultos pensaram sobre a qualidade do ambiente”.

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Os autores americanos apresentam as várias lições da prática do Reggio Emilia:

1. As crianças pré-primárias podem comunicar suas idéias, seus sentimentos...por meio da representação visual muito antes do que os educadores norte-americanospresumem. Essas representações podem servir como base para hipóteses, discussõese argumentos;

2. Tratando com seriedade o trabalho das crianças: as representações visuais nãosão apenas produtos decorativos para serem levados para casa no final do dia, os quaisprovavelmente jamais serão olhados ou discutidos novamente; em Reggio Emilia, elassão como recursos para uma exploração adicional e para um maior aprofundamento do conhecimento sobre o tópico;

3. Representação realística e imaginária – Uma terceira lição é que a extensaexperiência das crianças de desenhar a partir de suas próprias observações;

4. O conteúdo do relacionamento entre professor-criança - Em Reggio, a extensão do relacionamento entre professor-aluno é focalizada sobre o próprio trabalho, e não sobre rotinas ou sobre o desempenho das crianças na classe. A mente de crianças e adultos está direcionada a questões de interesses de ambos.