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ISSN 1948-560X

SAEPE2014

SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DE PERNAMBUCO

REVISTA PEDAGÓGICALíngua Portuguesa9º ano do Ensino Fundamental

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Governador de Pernambuco Paulo Câmara

Secretário de Educação Frederico Amancio

Secretária Executiva de Desenvolvimento da EducaçãoAna Selva

Secretário Executivo de Educação Profi ssionalPaulo Dutra

Secretário Executivo de Gestão de RedeJoão Charamba

Secretário Executivo de Planejamento e CoordenaçãoSeverino Andrade

Secretário Executivo de Administração e FinançasEdnaldo Moura

Gerente de Avaliação e Monitoramento das Políticas EducacionaisMarinaldo Alves

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CarosEDUCADORES,

O Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco – SAEPE, desde sua primeira edição, ocorrida em 2008, tem o intuito de apresentar, aos gestores e professores da rede estadual e das redes municipais de Pernambuco, um diagnóstico da qualidade da educação no estado.

As avaliações aplicadas no ano de 2014 buscaram verificar o desempenho dos estudantes concluintes do 3°, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio, em Língua Portuguesa e Matemática. De posse dos dados fornecidos pelos resultados dessas avaliações, os gestores da rede e das regionais podem dimensionar a eficácia das políticas públicas adotadas e, se necessário, reformulá-las. Os gestores escolares e as equipes pedagógicas, por sua vez, têm a oportunidade de rever as práticas adotadas pelas escolas em que atuam, visando à melhoria do ensino ofertado a seus estudantes.

A coleção SAEPE 2014 foi estruturada de modo a auxiliar gestores e professores, na análise e na interpretação dos resultados das avaliações: a Revista do Sistema de Avaliação, direcionada aos gestores de rede e das Gerências Regionais de Educação, informa os resultados gerais da avaliação, enquanto a Revista da Gestão Escolar e as Revistas Pedagógicas têm como público-alvo as equipes gestora e pedagógica das unidades escolares.

Os volumes encaminhados às escolas têm um perfil delineado para atender, essencialmente, às equipes que nela atuam. A Revista da Gestão Escolar apresenta os resultados específicos da escola, por disciplina e etapa de escolaridade, traçando uma visão ampla para os gestores escolares; já as Revistas Pedagógicas informam os resultados específicos de cada disciplina e etapa, antecedidos das explanações necessárias à sua compreensão.

Convidamos à leitura desse amplo material, que constitui ferramenta imprescindível para que gestores e professores possam, cada vez mais, aperfeiçoar seu trabalho junto aos estudantes atendidos pela rede pública de ensino de Pernambuco.

Frederico Amancio, Secretário de Educação do Estado de Pernambuco

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11 1. A IMPORTÂNCIA

DO USO E DA APROPRIAÇÃO

DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO

EDUCACIONAL PELA ESCOLA

16 2. INTERPRETAÇÃO

DE RESULTADOS E ANÁLISES

PEDAGÓGICAS

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SUMÁRIO

47 3. ESTUDO DE

CASO

52 4. REFLEXÃO PEDAGÓGICA

59 5. OS RESULTADOS

DESTA ESCOLA

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Destinada a você, educador(a), esta Revista traz os fundamentos e instrumentos da avaliação educacional. Neste exemplar, você encontra a Matriz de Referência, base para os testes da avaliação, o método estatísti-co utilizado, a estrutura e a interpretação da Escala de Proficiência, a definição dos Padrões de Desempenho e os resultados da sua escola. Nela apresentamos, ain-da, os princípios da avaliação – metodologias e resul-tados – com o objetivo de fomentar debates capazes de provocarem reflexões e ações sobre o trabalho pe-dagógico.

A IMPORTÂNCIA DO USO E DA APROPRIAÇÃO DOS RESULTADOS DA

AVALIAÇÃO EDUCACIONAL PELA ESCOLA1

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No contexto brasileiro, a avaliação educacional externa vem se constituindo como ferramenta essencial para o desenvolvimento de políticas que visam à melhoria da qualidade do ensino ofertado. Já é consenso entre a grande maioria daqueles que se dedicam à gestão edu-cacional, de que a avaliação fornece importante diag-nóstico sobre o desempenho das redes e das escolas brasileiras, assim como, também, possibilita o monitora-mento das políticas e ações implementadas para essa área. Nesse sentido, sobretudo, nos últimos anos, a avaliação tem sido considerada como parte constitutiva da gestão da educação. Pensar em gestão educacional é pensar na avaliação como atividade inerente e indis-pensável desse processo.

Os sistemas de ensino, em seus diferentes níveis, têm desenhado e direcionado suas propostas e políticas levando em consideração a prática da avaliação e o conjunto de informações que essa importante ferramenta pode oferecer. Com base nos resultados das avalia-ções, secretários e gestores de educação têm condições de es-tabelecer áreas prioritárias de intervenções e melhorias.

Para as escolas, principalmente para os professores e para os es-tudantes, tal tema ainda pode não ser tão familiar. Apesar de fazer parte da ro-tina diária de ambos, pelo menos, no que se refere à apropriação dos resultados dessas avaliações, essa prática ainda se mostra bastante incipiente. Dentre as possíveis razões para esse distanciamento do pro-fessor em relação à avaliação educacional externa, está o fato de que a mesma é compreendida, quase sem-pre, como afastada da realidade dos estudantes e das escolas. Ou seja, muitas vezes acredita-se que o que é verificado nas avaliações externas não corresponde ao que é trabalhado em sala de aula; que os testes não medem tudo o que o estudante sabe. De fato, os tes-tes de proficiência não são capazes de avaliar todo o conhecimento do indivíduo e nem se propõem a isso. Antes, o objetivo desse modelo de avaliação é identifi-car o desempenho do estudante em relação a determi-nadas habilidades testadas em um momento específico

do processo de escolarização. Habilidades essas que se referem às estratégias cognitivas mobilizadas pelo estudante em relação a determinado conteúdo escolar. Portanto, a avaliação externa não substitui a avaliação interna, realizada pelo professor, no decorrer do ano letivo. Tratam-se de modos distintos de se avaliar, com características e metodologias específicas, mas que têm em comum a busca pelo diagnóstico sobre a aprendiza-gem dos estudantes e são fontes importantes de infor-mações para o trabalho docente e para a melhoria da qualidade educacional.

Quando essas questões não ficam muito claras e há uma divergência sobre as reais potencialidades da avaliação educacional externa, é comum haver um pro-cesso de resistência ou mesmo uma subutilização dos

seus resultados, sobretudo, por aquele que tem maior possibilidade de intervenção

sobre o aprendizado do estudante: o professor.

Esse, talvez, seja o grande de-safio do momento a ser enfren-tado pelas escolas em relação à avaliação externa: incorporar, efetivamente, as contribuições

dela na organização escolar, no desenvolvimento do currículo,

nos procedimentos de ensino e nas práticas pedagógicas.

Diante desse grande desafio, esse texto foi escrito com o objetivo de trazer algumas reflexões

sobre a importância de compreender quais são e como podem ser apropriadas as informações levantadas pelos instrumentos utilizados nas aplicações dos testes, e as várias possibilidades do uso consciente dos resultados produzidos pela avaliação externa. Ter clareza sobre os dados da avaliação e saber o que pode ser feito com eles é fundamental para que gestores, professores e toda a equipe pedagógica possam formular, avaliar e redefinir o Projeto Político Pedagógico de cada escola.

Pensando em viabilizar a tarefa de conhecer e com-preender os resultados e, também, as estratégias de in-tervenção a partir dos resultados informados, as escolas dispõem de diferentes materiais de divulgação. Dentre eles, esta Revista cujo objetivo é fomentar a reflexão

Ter clareza sobre os dados da

avaliação e saber o que pode ser

feito com eles é fundamental para que

gestores, professores e toda a equipe

pedagógica possam formular, avaliar e

redefinir o Projeto Político Pedagógico

de cada escola.

SAEPE 2014 12 REVISTA PEDAGÓGICA

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das equipes escolares, principalmente, dos professo-res, acerca da temática da avaliação. Nesse sentido, é fundamental que toda a equipe se debruce sobre o ma-terial e discuta os resultados da avaliação que chegam à escola, a fim de aproveitar, da melhor forma possível, as contribuições que ele traz. Fazendo isso, diminui-se a probabilidade de má compreensão e mau uso dos re-sultados, à medida que se esclarece a estreita relação entre o que é proposto como conhecimento mínimo para cada etapa de escolaridade e o que é avaliado nos testes de proficiência.

A importância de ler, discutir e compartilhar as reflexões levantadas no material que traz os resultados se dá por diferentes razões. Dentre elas, a possibilidade que os profissionais que atuam dentro da escola têm de com-preender o nível de aprendizagem dos estu-dantes em relação ao que está previsto nas propostas curriculares da rede e da própria escola. Esse é um pas-so extremamente importante na apropriação dos resultados: rela-cionar os conteúdos curriculares ao desempenho dos estudan-tes. Para tanto, há uma seção específica, nesta Revista, que trata da Matriz de Referência da avaliação e sua relação com o cur-rículo. No processo de apropriação e uso dos resultados, faz-se necessá-rio analisá-los à luz do diálogo entre ava-liação e currículo. O que é aferido nas avaliações externas precisa estar contido no que preveem as pro-postas curriculares. Se não está, é preciso reavaliar tais propostas, buscar compreender onde estão as lacunas entre essas duas importantes dimensões do processo educativo: avaliação e currículo.

Por meio do conteúdo tratado nesta Revista, professo-res, coordenadores pedagógicos, supervisores e de-mais membros da equipe pedagógica têm condições de analisar, detalhadamente, as habilidades e compe-tências esperadas para cada etapa de escolaridade e refletir como isso vem sendo desenvolvido em suas práticas de ensino.

Em relação aos resultados, propriamente ditos, que che-gam até a escola por meio desta publicação e de outros

materiais, é necessário um olhar atento e indagador por parte da escola. É preciso compreender o sentido das médias alcançadas pela escola e pelos estudantes. Mas, mais ainda, é necessário qualificar essa medida, identi-ficando quais são os estudantes que se encontram em cada um dos níveis de desempenho propostos pela ava-liação. Essa análise permite à escola acompanhar não só a melhoria da média da escola, mas, principalmente, se essa melhoria atinge a todos os estudantes. A disper-são dos estudantes pelos Padrões de Desempenho não pode ser muito grande; é preciso que a maioria – senão todos – esteja nos padrões mais elevados. Se isso não está ocorrendo, a escola precisa se indagar, problemati-zar sobre seu trabalho, sua organização.

Há muitas perguntas e reflexões a serem feitas, dentre elas, rever a proposta pedagógica da escola,

analisando se, efetivamente, os conteúdos trabalhados e a metodologia utilizada

têm contribuído para o desenvolvi-mento dos estudantes. Compreen-dendo o significado pedagógico dos resultados e quais os fatores que contribuem para explicar tal desempenho, a escola abre um importante caminho para reflexão

sobre suas dificuldades e suas po-tencialidades.

Ao insistir na necessidade de a esco-la e, principalmente, a equipe pedagógi-

ca, compreender e apropriar-se dos resultados da avaliação educacional externa, o que se pretende é contribuir para que a avaliação cumpra seu papel: fornecer diagnósticos e informações precisos sobre a qualidade da educação, por meio do desempenho dos estudantes. Quando os resultados são, efetivamente, compreendidos e apreendidos, tornam-se importantes elementos na tomada de decisão de todos na escola. Essa é uma tarefa profícua para melhorar a qualidade do trabalho docente e, por conseguinte, a qualidade da educação brasileira.

Por tudo isso, fica o convite para que esta Revista seja lida e, profundamente, discutida por toda a equipe pe-dagógica da escola.

Compreendendo o

significado pedagógico dos

resultados e quais os fatores

que contribuem para explicar tal

desempenho, a escola abre um

importante caminho para reflexão

sobre suas dificuldades e suas

potencialidades.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 13 SAEPE 2014

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ITENS

Os itens que compõem os testes são analisados, pedagógica e estatisticamente, permitindo uma maior compreensão do desenvolvimento dos estudantes nas habilidades. avaliadas

página 39

PADRÕES DEDESEMPENHO

A partir da identificação dos objetivos e das metas de aprendizagem, são estabelecidos os Padrões de Desempenho estudantil, permitindo identificar o grau de desenvolvimento dos estudantes e acompanhá-los ao longo do tempo.

página 38

CONTEÚDOAVALIADO

Reconhecida a importância da avaliação, é necessário definir o conteúdo que será avaliado. Para tanto, especialistas de cada área de conhecimento, munidos de conhecimentos pedagógicos e estatísticos, realizam uma seleção das habilidades consideradas essenciais para os estudantes. Esta seleção tem como base o currículo.

MATRIZ DEREFERÊNCIA

O currículo é a base para a seleção dos conteúdos que darão origem às Matrizes de Referência. A Matriz elenca as habilidades selecionadas, organizando-as em competências.

página 17

POLÍTICA PÚBLICA

O Brasil assumiu um compromisso, partilhado por estados e sociedade, de melhorar a qualidade da educação oferecida por nossas escolas. Melhorar a qualidade e promover a equidade: eis os objetivos que dão impulso à avaliação educacional em larga escala.

DIAGNÓSTICOS EDUCACIONAIS

Para melhorar a qualidade do ensino ofertado, é preciso identificar problemas e lacunas na aprendizagem, sendo necessário estabelecer diagnósticos educacionais.

1POR QUE AVALIAR?

2O QUE AVALIAR?

3COMO TRABALHAR OS RESULTADOS?

SAEPE 2014 14 REVISTA PEDAGÓGICA

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ESCALA DEPROFICIÊNCIA

As habilidades avaliadas são ordenadas de acordo com a complexidade em uma escala nacional, que permite verificar o desenvolvimento dos estudantes, chamada Escala de Proficiência. A Escala é um importante instrumento pedagógico para a interpretação dos resultados.

página 22

COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS

Através de uma metodologia especializada, é possível obter resultados precisos, não sendo necessário que os estudantes realizem testes extensos.

página 20

PORTAL DAAVALIAÇÃO

Para ter acesso a toda a Coleção e a outras informações sobre a avaliação e seus resultados, acesse o site

www.saepe.caedufjf.net

ESTUDO DE CASO

Esse estudo tem como objetivo propiciar ao leitor um mecanismo de entendimento sobre como lidar com problemas educacionais relacionados à avaliação, a partir da narrativa de histórias que podem servir como exemplo para que novos caminhos sejam abertos em sua prática profissional.

página 47

RESULTADOS DAESCOLA

A partir da análise dos resultados da avaliação, um diagnóstico confiável do ensino pode ser estabelecido, servindo de subsídio para que ações e políticas sejam desenvolvidas, no intuito de melhorar a qualidade da educação oferecida.

página 60

AVALIAÇÃO

Para que diagnósticos sejam estabelecidos, é preciso avaliar. Não há melhoria na qualidade da educação que seja possível sem que processos de avaliação acompanhem, continuamente, os efeitos das políticas educacionais propostas para tal fim.

No diagrama ao lado, você encontrará, de forma sin-tética, os fundamentos principais do sistema de avalia-ção, começando pelo objetivo que fomenta a criação da avaliação em larga escala até a divulgação de seus resultados. Aqui, também, encontram-se as indicações das páginas nas quais alguns conceitos relativos ao tema são apresentados com mais detalhes.

O CAMINHO DA AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 15 SAEPE 2014

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Conheça os instrumentos utilizados na avaliação em lar-ga escala, compreenda e interprete os resultados alcan-çados pelos estudantes. Para tanto, apresentamos os elementos orientadores para a elaboração dos testes e a produção dos resultados de proficiência.

Na presente seção, apresentamos a Matriz de Referên-cia, a composição dos cadernos de testes, informações gerais sobre a Teoria de Resposta ao Item (TRI), a Escala de Proficiência e os Padrões de Desempenho, exempli-ficados com itens.

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS E ANÁLISES PEDAGÓGICAS2

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Interpretação de resultados e análises pedagógicas

Em um sistema de avaliação externa, o trabalho reali-zado por gestores de rede, gestores escolares e equi-pe pedagógica está relacionado à apropriação e à in-terpretação dos resultados das avaliações. O principal objetivo é conhecer o desempenho dos estudantes e possibilitar reflexões sobre o trabalho realizado nas es-colas, propondo ações para a melhoria da educação.

A cada edição do sistema de avaliação, após a apli-cação dos testes, é disponibilizado um conjunto de dados que permite aos gestores acompanhar o rendi-mento dos estudantes. Cabe aos professores e coor-denadores conhecer esses resultados e interpretá-los de modo pedagógico, apresentando o grau de com-plexidade de habilidades e competências alcançadas pelos estudantes.

Com base nesses resultados, é possível conhecer o rendimento dos estudantes da escola e, além disso, comparar com o desempenho esperado para todos os estudantes da rede. Este trabalho faz-se importante na medida em que ações de intervenção podem ser ela-boradas e aplicadas a partir de habilidades e compe-tências já desenvolvidas pelos estudantes, buscando al-cançar metas estipuladas pela escola e pelos gestores de rede no que se refere à qualidade educacional.

Entretanto, pensar nesses resultados consiste em pen-sar, primeiramente, em “o que é avaliado” – chamado de Matrizes de Referência de Avaliação – e, em segui-da, “como é avaliado” – processo que se constitui pelos itens e composição dos cadernos do teste, como apre-sentamos em seguida.

Matriz de Referência

O processo de avaliação externa tem início com a cons-trução de documentos que definem o conteúdo que se deseja avaliar, com base em cada disciplina e etapa de escolaridade previstas pelo sistema de avaliação.

Esses documentos, nomeados Matrizes de Referên-cia, descrevem um limitado conjunto de habilidades que são essenciais no desenvolvimento dos estudan-tes, mas não apresentam todos os conhecimentos que eles devem desenvolver em determinado período es-colar. Deste modo, elas consistem em um recorte das orientações curriculares adotadas pela rede de ensino, apresentando uma seleção de habilidades básicas que são indispensáveis para o desenvolvimento de conhe-cimentos e competências mais complexas.

Cada habilidade apresentada em uma Matriz de Re-ferência pode ser entendida como um “saber fazer”, onde se procura avaliar, por meio dos itens de teste, os conhecimentos prévios dos estudantes. Neste tipo de avaliação, leva-se em consideração o processo de aprendizagem por meio de experiências e as respostas

dos estudantes, no teste, mobilizam capacidades, tais como: identificar, relacionar, analisar, associar, inferir, di-ferenciar, interpretar e resolver situações problemas.

Podemos compreender, deste modo, o motivo pelo qual a avaliação externa tem tanta importância na sala de aula e auxilia na ação pedagógica e de gestão aplicada nas escolas e pela rede de ensino. Por meio de seus resultados, pode-se compreender quais são as habili-dades ou as defasagens do processo de aprendizagem e, com base nessas informações, deve-se iniciar um trabalho de melhoria da qualidade da educação básica oferecida aos estudantes.

Em uma Matriz de Referência, as habilidades e compe-tências propostas pela rede de ensino são apresenta-das por meio de descritores e estão disponibilizadas de forma clara e organizada. Vamos conhecer cada uma delas a seguir:

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 17 SAEPE 2014

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Matriz de Referência de Língua Portuguesa9º ano do Ensino Fundamental

O tópico agrupa por afinidade um conjunto de habilidades indicadas pelos descritores.

Os descritores associam o conteúdo curricular a operações cog-nitivas, indicando as habilidades que serão avaliadas por meio de um item.

Tópico

Descritores

T

D

O item é uma questão utilizada nos testes de uma avaliação em lar-ga escala e se caracteriza por avaliar uma única habilidade indicada por um descritor da Matriz de Referência.

ItemI

Leia o texto abaixo.

Disponível em: <http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/images/tira308.gif>. Acesso em: 25 jun. 2011. (P090329C2_SUP)

(P090331C2) No segundo quadrinho desse texto, a expressão “NHECT” representa o barulho deA) um tombo.B) um susto.C) uma mordida.D) uma pancada.

SAEPE 2014 18 REVISTA PEDAGÓGICA

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MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA - SAEPE9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

I. PRÁTICAS DE LEITURA

D6 Localizar informação explícita em um texto.

D7 Inferir informação em um texto.

D8 Inferir o sentido de palavra ou expressão a partir do contexto.

D9 Identificar o tema central de um texto.

D10 Distinguir fato de uma opinião.

D11 Interpretar textos não verbais e textos que articulam elementos verbais e não verbais.

II - IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/ OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO

D12 Identificar o gênero do texto.

D13 Identificar a finalidade de diferentes gêneros textuais.

III - RELAÇOES ENTRE TEXTOS

D14 Reconhecer semelhanças e/ou diferenças de ideias e opiniões na comparação entre textos que tratem da mesma temática.

IV - COESÃO E COERÊNCIA

D16 Estabelecer relação de causa e consequência entre partes de um texto.

D17 Estabelecer relações lógico-discursivas entre partes de um texto, marcadas por locuções adverbiais ou advérbios.

D18 Reconhecer relações entre partes de um texto, identificando os recursos coesivos que contribuem para sua continuidade (substituições e repetições).

D19 Identificar a tese de um texto.

D21 Reconhecer o conflito gerador do enredo e os elementos de uma narrativa.

D27 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

V - RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO

D22 Identificar efeitos de humor no texto.

D23 Identificar efeitos de sentido decorrente do uso de pontuação e outras notações.

D24 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do emprego de recursos estilísticos e morfossintáticos.

D25 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de palavras, frases ou expressões.

VI - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

D26 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e/ou o interlocutor.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 19 SAEPE 2014

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Língua Portuguesa e Matemática

Ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos.

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Língua Portuguesa

Matemática

91 x

91 x

1 item

Composição dos cadernos para a avaliação

91 itensdivididos em

7 blocos por disciplinacom 13 itens cada

2 blocos (26 itens) de cada disciplina

formam um caderno com 4 blocos (52 itens)

iiiiiiiiiiiiiiiiiii

iiiiiii

iiiiiiiiiiiiiiiiiii

iiiiiii

TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (TRI) E TEORIA CLÁSSICA DOS TESTES (TCT)

O desempenho dos estudantes em um teste pode ser

analisado a partir de diferentes enfoques. Através da

Teoria Clássica dos Testes – TCT, os resultados dos estu-

dantes são baseados no percentual de acerto obtido no

teste, gerando a nota ou escore. As análises produzidas

pela TCT são focadas na nota obtida no teste.

A título de exemplo, um estudante responde a uma série

de itens e recebe um ponto por cada item corretamente

respondido, obtendo, ao final do teste, uma nota total,

representando a soma destes pontos. A partir disso, há

uma relação entre a dificuldade do teste e o valor das

notas: os estudantes tendem a obter notas mais altas em

testes mais fáceis e notas mais baixas em testes mais di-

fíceis. As notas são, portanto, “teste-dependentes”, visto

que variam conforme a dificuldade do teste aplicado. A

TCT é muito empregada nas atividades docentes, servin-

do de base, em regra, para as avaliações internas, aplica-

das pelos próprios professores em sala de aula.

SAEPE 2014 20 REVISTA PEDAGÓGICA

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A Teoria da Resposta ao Item – TRI, por sua vez, adota um procedimento diferente. Baseada em

uma sofisticada modelagem estatística computacional, a TRI atribui ao desempenho do estudan-

te uma proficiência, não uma nota, relacionada ao conhecimento do estudante das habilidades

elencadas em uma Matriz de Referência, que dá origem ao teste. A TRI, para a atribuição da

proficiência dos estudantes, leva em conta as habilidades demonstradas por eles e o grau de

dificuldade dos itens que compõem os testes. A proficiência é justamente o nível de desempe-

nho dos estudantes nas habilidades dispostas em testes padronizados, formado por questões de

múltiplas alternativas. Através da TRI, é possível determinar um valor diferenciado para cada item.

De maneira geral, a Teoria de Resposta ao Item possui três parâmetros, através dos quais é

possível realizar a comparação entre testes aplicados em diferentes anos:

PARÂMETRO “A”

Envolve a capacidade de um item de discriminar, entre os estudantes ava-liados, aqueles que desenvolveram as habilidades avaliadas daqueles que não as desenvolveram.

PARÂMETRO “B”

Permite mensurar o grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. Os itens estão distribuídos de forma equâni-me entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de diversos cader-nos com o mesmo grau de dificuldade.

PARÂMETRO “C”

Realiza a análise das respostas do estu-dante para verificar aleatoriedade nas respostas: se for constatado que ele er-rou muitos itens de baixo grau de dificul-dade e acertou outros de grau elevado, situação estatisticamente improvável, o modelo deduz que ele respondeu aleato-riamente às questões.

A TCT e a TRI não produzem resultados incompatíveis ou excludentes. Antes, estas duas teo-

rias devem ser utilizadas de forma complementar, fornecendo um quadro mais completo do

desempenho dos estudantes.

O SAEPE utiliza a TRI para o cálculo da proficiência do estudante, que não depende unicamen-

te do valor absoluto de acertos, já que depende também da dificuldade e da capacidade de

discriminação das questões que o estudante acertou e/ou errou. O valor absoluto de acertos

permitiria, em tese, que um estudante que respondeu aleatoriamente tivesse o mesmo resul-

tado que outro que tenha respondido com base em suas habilidades, elemento levado em

consideração pelo “Parâmetro C” da TRI. O modelo, contudo, evita essa situação e gera um

balanceamento de graus de dificuldade entre as questões que compõem os diferentes cader-

nos e as habilidades avaliadas em relação ao contexto escolar. Esse balanceamento permite

a comparação dos resultados dos estudantes ao longo do tempo e entre diferentes escolas.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 21 SAEPE 2014

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DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Identifica letras

*

Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação D6 Identifica tema D9 Realiza inferência D7, D8, D11, D22, D23, D24 e D25 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D12 e D13 Estabelece relações lógico-discursivas D16, D17, D18 e D27 Identifica elementos de um texto narrativo D21 Estabelece relações entre textos D14 Distingue posicionamentos D10 e D19 Identifica marcas linguísticas D26

PADRÕES DE DESEMPENHO - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

PROCESSAMENTO DO TEXTO

A ESCALA DE PROFICIÊNCIA foi desenvolvida com o

objetivo de traduzir medidas em diagnósticos qualitati-

vos do desempenho escolar. Ela orienta, por exemplo,

o trabalho do professor com relação às competências

que seus estudantes desenvolveram, apresentando os

resultados em uma espécie de régua onde os valores

obtidos são ordenados e categorizados em intervalos

ou faixas que indicam o grau de desenvolvimento das

habilidades para os estudantes que alcançaram deter-

minado nível de desempenho.

Em geral, para as avaliações em larga escala da Educa-

ção Básica realizadas no Brasil, os resultados dos estu-

dantes em Língua Portuguesa são colocados em uma

mesma Escala de Proficiência definida pelo Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Por

permitirem ordenar os resultados de desempenho, as

Escalas são importantes ferramentas para a interpreta-

ção dos resultados da avaliação.

Escala de Proficiência de Língua Portuguesa

* As habilidades relativas a essas competências são avaliadas em outra etapa de escolaridade.

SAEPE 2014 22 REVISTA PEDAGÓGICA

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DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Identifica letras

*

Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação D6 Identifica tema D9 Realiza inferência D7, D8, D11, D22, D23, D24 e D25 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D12 e D13 Estabelece relações lógico-discursivas D16, D17, D18 e D27 Identifica elementos de um texto narrativo D21 Estabelece relações entre textos D14 Distingue posicionamentos D10 e D19 Identifica marcas linguísticas D26

PADRÕES DE DESEMPENHO - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

A gradação das cores indica a complexidade da tarefa.

Elementar I

Elementar II

Básico

Desejável

A partir da interpretação dos intervalos da Escala, os professores, em parceria com a equipe pedagógica, po-dem diagnosticar as habilidades já desenvolvidas pelos estudantes, bem como aquelas que ainda precisam ser trabalhadas em sala de aula, em cada etapa de escola-ridade avaliada. Com isso, os educadores podem atuar com maior precisão na detecção das dificuldades dos estudantes, possibilitando o planejamento e a execução de novas ações para o processo de ensino-aprendiza-gem. A seguir é apresentada a estrutura da Escala de Proficiência.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 23 SAEPE 2014

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A estrutura da Escala de Proficiência

Na primeira coluna da Escala, são apresentados os

grandes Domínios do conhecimento em Língua Portu-

guesa para toda a Educação Básica. Esses Domínios

são agrupamentos de competências que, por sua vez,

agregam as habilidades presentes na Matriz de Refe-

rência. Nas colunas seguintes são apresentadas, res-

pectivamente, as competências presentes na Escala de

Proficiência e os descritores da Matriz de Referência a

elas relacionados.

As competências estão dispostas nas várias linhas da

Escala. Para cada competência há diferentes graus de

complexidade representados por uma gradação de co-

res, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a cor

amarelo-claro indica o primeiro nível de complexidade

da competência, passando pelo amarelo-escuro, laran-

ja-claro, laranja-escuro e chegando ao nível mais com-

plexo, representado pela cor vermelha.

Na primeira linha da Escala de Proficiência, podem ser

observados, numa escala numérica, intervalos divididos

em faixas de 25 pontos, que estão representados de

zero a 500. Cada intervalo corresponde a um nível e um

conjunto de níveis forma um Padrão de Desempenho.

Esses Padrões são definidos pela Secretaria de Educa-

ção e Esportes (SEE/PE) e representados em diferentes

cores. Eles trazem, de forma sucinta, um quadro geral

das tarefas que os estudantes são capazes de fazer, a

partir do conjunto de habilidades que desenvolveram.

Para compreender as informações presentes na Escala

de Proficiência, pode-se interpretá-la de três maneiras:

Primeira

Perceber, a partir de um determinado Domínio, o grau de complexidade das competências a ele associadas, através da gradação de cores ao longo da Escala. Desse modo, é possível analisar como os estudantes desenvolvem as habilidades relacionadas a cada competência e realizar uma interpretação que contribua para o planejamento do professor, bem como para as intervenções pedagógicas em sala de aula.

Segunda

Ler a Escala por meio dos Padrões de Desempenho, que apresentam um panorama do desenvolvimento dos es-tudantes em um determinado intervalo. Dessa forma, é possível relacionar as habilidades desenvolvidas com o percentual de estudantes situado em cada Padrão.

Terceira

Interpretar a Escala de Proficiência a partir da abrangência da proficiência de cada instância avaliada: estado, Gerên-cia Regional de Educação (GRE) ou município e escola. Dessa forma, é possível verificar o intervalo em que a escola se encontra em relação às demais instâncias.

SAEPE 2014 24 REVISTA PEDAGÓGICA

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Apropriação do sistema da escrita

Professor, a apropriação do sistema de escrita é condição para que o es-tudante leia com compreensão e de forma autônoma. Essa apropriação é o foco do trabalho nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ao longo dos quais se espera que o estudante avance em suas hipóteses sobre a língua escrita. Neste domínio, encontram-se reunidas quatro competências que envolvem percepções acerca dos sinais gráficos que utilizamos na escrita – as letras – e sua organização na página e aquelas referentes a corres-pondências entre som e grafia. O conjunto dessas competências permite ao alfabetizando ler com compreensão.

competências descritas para este domínio

Identifica letras.

Reconhece convenções gráficas.

Manifesta consciência fonológica.

Lê palavras.

DOMíNIOS E COMPETÊNCIAS

Ao relacionar os resultados a cada um dos Domínios da Escala de Proficiência e aos respectivos intervalos de gradação de complexidade de cada competência, é possível observar o nível de desenvolvimento das habilidades aferido pelo teste e o desempenho esperado dos estudantes nas etapas de escolaridade em que se encontram.

Esta seção apresenta o detalhamento dos níveis de complexidade das competências (com suas respectivas habilidades), nos diferentes intervalos da Escala de Proficiência. Essa descrição fo-caliza o desenvolvimento cognitivo do estudante ao longo do processo de escolarização e o agrupamento das competências básicas ao aprendizado de Língua Portuguesa para toda a Educação Básica.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 25 SAEPE 2014

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IDENTIFICA LETRAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Uma das primeiras hipóteses que a criança formula com relação à língua escrita é a de que escrita e desenho são uma mesma coisa. Sendo assim, quando solicitada a escrever, por exemplo, “casa”, a criança pode simplesmente desenhar uma casa. Quando começa a ter contato mais sistemático com textos escritos, a criança observa o uso feito por outras pessoas e começa a perceber que escrita e desenho são coisas diferentes, reconhecendo as letras como os sinais que se deve utilizar para escrever. Para chegar a essa percepção, a criança deverá, inicialmente, di-ferenciar as letras de outros símbolos gráficos, como os números, por exemplo. Uma vez percebendo essa diferen-ciação, um próximo passo será o de identificar as letras do alfabeto, nomeando-as e sabendo identificá-las mesmo quando escritas em diferentes padrões.

CINZA 0 A 75 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram habi-lidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 75 A 100 PONTOS

Estudantes que se encontram no nível de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de diferenciar letras de outros rabiscos, desenhos e/ou outros sinais gráficos também utilizados na escrita. Esse é um nível básico de desenvolvimento desta competência, representado na Escala pelo amarelo-claro.

AMARELO-ESCURO 100 A 125 PONTOS

Estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos são capazes de identificar as letras do alfabeto. Este novo nível de complexidade desta competência é indicado, na Escala, pelo amarelo-escuro.

VERMELHO ACIMA DE 125 PONTOS

Estudantes com nível de proficiência acima de 125 pontos diferenciam as letras de outros sinais gráficos e identificam as letras do alfabeto, mesmo quando escritas em diferentes padrões gráficos. Esse dado está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha.

RECONHECE CONVENÇÕES GRÁFICAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Mesmo quando ainda bem pequenas, muitas crianças que têm contatos frequentes com situações de leitura imitam gestos leitores dos adultos. Fazem de conta, por exemplo, que leem um livro, folheando-o e olhando suas páginas. Esse é um primeiro indício de reconhecimento das convenções gráficas. Essas convenções incluem saber que a lei-tura se faz da esquerda para a direita e de cima para baixo ou, ainda, que, diferentemente da fala, que se apresenta num fluxo contínuo, na escrita é necessário deixar espaços entre as palavras.

CINZA 0 A 75 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram habi-lidades relacionadas a esta competência.

SAEPE 2014 26 REVISTA PEDAGÓGICA

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AMARELO-CLARO 75 A 100 PONTOS

Estudantes que se encontram no nível de proficiência de 75 a 100 pontos reconhecem que o texto é organi-zado na página escrita da esquerda para a direita e de cima para baixo. Esse nível é representado na Escala pelo amarelo-claro.

VERMELHO ACIMA DE 100 PONTOS

Estudantes com proficiência acima de 100 pontos, além de reconhecerem as direções da esquerda para a direita e de cima para baixo na organização da página escrita, também identificam os espaçamentos adequa-dos entre palavras na construção do texto. Na Escala, este novo nível de complexidade da competência está representado pela cor vermelha.

MANIFESTA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A consciência fonológica se desenvolve quando o sujeito percebe que a palavra é composta de unidades menores que ela própria. Essas unidades podem ser a sílaba ou o fonema. As habilidades relacionadas a essa competência são importantes para que o estudante seja capaz de compreender que existe correspondência entre o que se fala e o que se escreve.

CINZA 0 A 75 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as habilidade relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 75 A 100 PONTOS

Os estudantes que se encontram no nível de proficiência entre 75 e 100 pontos identificam rimas e sílabas que se repetem em início ou fim de palavra. Ouvir e recitar poesias, além de participar de jogos e brincadeiras que explorem a sonoridade das palavras, contribuem para o desenvolvimento dessas habilidades.

AMARELO-ESCURO 100 A 125 PONTOS

Estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos contam sílabas de uma palavra lida ou ditada. Este novo nível de complexidade da competência está representado na Escala pelo amarelo-escuro.

VERMELHO ACIMA DE 125 PONTOS

Estudantes com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram essa competência e esse fato está repre-sentado na Escala de Proficiência pela cor vermelha.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 27 SAEPE 2014

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Estratégias de leitura

A concepção de linguagem que fundamenta o trabalho com a língua ma-terna no Ensino Fundamental é a de que a linguagem é uma forma de in-teração entre os falantes. Consequentemente, o texto deve ser o foco do ensino da língua, uma vez que as interações entre os sujeitos, mediadas pela linguagem, se materializam na forma de textos de diferentes gêneros. O domínio “Estratégias de Leitura” reúne as competências que possibili-tam ao leitor utilizar recursos variados para ler com compreensão textos de diferentes gêneros. competências descritas para este domínio

Localiza informação.

Identifica tema.

Realiza inferência.

Identifica gênero, função e destinatário de um texto.

LÊ PALAVRAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Para ler palavras com compreensão, o alfabetizando precisa desenvolver algumas habilidades. Uma delas, bastante ele-mentar, é a de identificar as direções da escrita: de cima para baixo e da esquerda para direita. Em geral, ao iniciar o pro-cesso de alfabetização, o alfabetizando lê com maior facilidade as palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, isso porque, quando estão se apropriando da base alfabética, as crianças constroem uma hipótese inicial de que todas as sílabas são formadas por esse padrão. Posteriormente, em função de sua exposição a um vocabulário mais amplo e a atividades nas quais são solicitadas a refletir sobre a língua escrita, tornam-se hábeis na leitura de palavras compostas por outros padrões silábicos.

CINZA 0 A 75 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 75 A 100 PONTOS

Na Escala de Proficiência, o amarelo-claro indica que os estudantes que apresentam nível de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de ler palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, o mais simples, e que, geralmente, é objeto de ensino nas etapas iniciais da alfabetização.

AMARELO-ESCURO 100 A 125 PONTOS

O amarelo-escuro indica, na Escala, que estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos alcançaram um novo nível de complexidade da competência de ler palavras: a leitura de palavra formada por sílabas com padrão diferente do padrão consoante/vogal.

VERMELHO ACIMA DE 125 PONTOS

A cor vermelha indica que estudantes com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram as habilidades que concorrem para a construção da competência de ler palavras.

SAEPE 2014 28 REVISTA PEDAGÓGICA

Page 29: SAEPE · As avaliações aplicadas no ano de 2014 buscaram verificar o desempenho dos estudantes concluintes do 3°, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino

LOCALIZA INFORMAÇÃO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A competência de localizar informação explícita em textos pode ser considerada uma das mais elementares. Com o seu desenvolvimento, o leitor pode recorrer a textos de diversos gêneros, buscando neles informações de que possa ne-cessitar. Essa competência pode apresentar diferentes níveis de complexidade – desde localizar informações em frases, por exemplo, até fazer essa localização em textos mais extensos – e se consolida a partir do desenvolvimento de um conjunto de habilidades que devem ser objeto de trabalho do professor em cada período de escolarização. Isso está indicado, na Escala de Proficiência, pela gradação de cores.

CINZA 0 A 100 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 100 A 125 PONTOS

Estudantes que se encontram em um nível de proficiência entre 100 e 125 pontos localizam informações em frases, pequenos avisos, bilhetes curtos, um verso. Esta é uma habilidade importante, porque mostra que o leitor consegue estabelecer nexos entre as palavras que compõem uma sentença, produzindo sentido para o todo e não apenas para as palavras isoladamente. Na Escala de Proficiência, o desenvolvimento desta ha-bilidade está indicado pelo amarelo-claro.

AMARELO-ESCURO 125 A 175 PONTOS

Os estudantes que apresentam proficiência entre 125 e 175 pontos localizam informações em textos curtos, de gênero familiar e com poucas informações. Esses leitores conseguem, por exemplo, a partir da leitura de um convite, localizar o lugar onde a festa acontecerá ou ainda, a partir da leitura de uma fábula, localizar uma informação relativa à caracterização de um dos personagens. Essa habilidade está indicada, na Escala, pelo amarelo-escuro.

LARANJA-CLARO 175 A 225 PONTOS

Os estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos localizam informações em textos mais extensos, des-de que o texto se apresente em gênero que lhes seja familiar. Esses leitores selecionam, dentre as várias in-formações apresentadas pelo texto, aquela(s) que lhes interessa(m). Na Escala de Proficiência, o laranja-claro indica o desenvolvimento dessa habilidade.

LARANJA-ESCURO 225 A 250 PONTOS

Os estudantes com proficiência entre 225 e 250 pontos, além de localizar informações em textos mais ex-tensos, conseguem localizá-las, mesmo quando o gênero e o tipo textual lhes são menos familiares. Isso está indicado, na Escala de Proficiência, pelo laranja-escuro.

VERMELHO ACIMA DE 250 PONTOS

A partir de 250 pontos, encontram-se os estudantes que localizam informações explícitas, mesmo quando essas se encontram sob a forma de paráfrases. Esses estudantes já desenvolveram a habilidade de localizar informações explícitas, o que está indicado, na Escala de Proficiência, pela cor vermelha.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 29 SAEPE 2014

Page 30: SAEPE · As avaliações aplicadas no ano de 2014 buscaram verificar o desempenho dos estudantes concluintes do 3°, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino

IDENTIFICA TEMA

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A competência de identificar tema se constrói pelo desenvolvimento de um conjunto de habilidades que permitem ao leitor perceber o texto como um todo significativo pela articulação entre suas partes.

CINZA 0 A 125 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 125 A 175 PONTOS

Estudantes que apresentam nível de proficiência entre 125 e 175 pontos identificam o tema de um texto, desde que esse venha indicado no título, como no caso de textos informativos curtos, notícias de jornal ou revista e textos instrucionais. Esses estudantes começam a desenvolver a competência de identificar tema de um texto, fato indicado, na Escala de Proficiência, pelo amarelo-claro.

AMARELO-ESCURO 175 A 225 PONTOS

Estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos fazem a identificação do tema de um texto, valendo-se de pistas textuais. Na Escala de Proficiência, o amarelo-escuro indica este nível mais complexo de desenvol-vimento da competência de identificar tema de um texto.

LARANJA-CLARO 225 A 275 PONTOS

Estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos identificam o tema de um texto, mesmo quando esse tema não está marcado apenas por pistas textuais, mas é inferido a partir da conjugação dessas pistas com a experiência de mundo do leitor. Justamente por mobilizar intensamente a experiência de mundo, estudantes com este nível de proficiência conseguem identificar o tema em textos que exijam inferências, desde que os mesmos sejam de gênero e tipo familiares. O laranja-claro indica um nível de complexidade mais elevado da competência.

VERMELHO ACIMA DE 275 PONTOS

Já os estudantes com nível de proficiência a partir de 275 pontos identificam o tema em textos de tipo e gênero menos familiares que exijam a realização de inferências nesse processo. Esses estudantes já desen-volveram a competência de identificar tema em textos, o que está indicado, na Escala de Proficiência, pela cor vermelha.

REALIZA INFERÊNCIA

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Fazer inferências é uma competência bastante ampla e que caracteriza leitores mais experientes, que conseguem ir além daquelas informações que se encontram na superfície textual, atingindo camadas mais profundas de signi-ficação. Para realizar inferências, o leitor deve conjugar, no processo de produção de sentidos sobre o que lê, as pistas oferecidas pelo texto aos seus conhecimentos prévios, à sua experiência de mundo. Estão envolvidas na

SAEPE 2014 30 REVISTA PEDAGÓGICA

Page 31: SAEPE · As avaliações aplicadas no ano de 2014 buscaram verificar o desempenho dos estudantes concluintes do 3°, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino

construção da competência de fazer inferências as habilidade de: inferir o sentido de uma palavra ou expressão a partir do contexto no qual ela aparece; inferir o sentido de sinais de pontuação ou outros recursos morfossintáticos; inferir uma informação a partir de outras que o texto apresenta ou, ainda, o efeito de humor ou ironia em um texto.

CINZA 0 A 125 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 125 A 175 PONTOS

O nível de complexidade desta competência também pode variar em função de alguns fatores: se o texto apresenta linguagem não verbal, verbal ou mista; se o vocabulário é mais ou menos complexo; se o gênero textual e a temática abordada são mais ou menos familiares ao leitor, dentre outros. Estudantes com proficiên-cia entre 125 e 175 pontos apresentam um nível básico de construção desta competência, podendo realizar inferências em textos não verbais, como, por exemplo, tirinhas ou histórias sem texto verbal, e, ainda, inferir o sentido de palavras ou expressões a partir do contexto em que elas se apresentam. Na Escala de Proficiência, o amarelo-claro indica essa etapa inicial de desenvolvimento da competência de realizar inferências.

AMARELO-ESCURO 175 A 225 PONTOS

Estudantes que apresentam proficiência entre 175 e 225 pontos inferem informações em textos não verbais e de linguagem mista, desde que a temática desenvolvida e o vocabulário empregado sejam familiares. Esses estudantes conseguem, ainda, inferir o efeito de sentido produzido por alguns sinais de pontuação e o efeito de humor em textos como, por exemplo, piadas e tirinhas. Na Escala de Proficiência, o desenvol-vimento dessas habilidades pelos estudantes está indicado pelo amarelo-escuro.

LARANJA-CLARO 225 A 275 PONTOS

Estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos realizam tarefas mais sofisticadas, como inferir o sentido de uma expressão metafórica ou efeito de sentido de uma onomatopeia; inferir o efeito de sentido produzido pelo uso de uma palavra em sentido conotativo e pelo uso de notações gráficas e, ainda, o efeito de senti-do produzido pelo uso de determinadas expressões em textos pouco familiares e/ou com vocabulário mais complexo. Na Escala de Proficiência, o desenvolvimento dessas habilidades está indicado pelo laranja-claro.

VERMELHO ACIMA DE 275 PONTOS

Estudantes com proficiência a partir de 275 pontos já desenvolveram a habilidade de realizar inferências, pois,

além das habilidades relacionadas aos níveis anteriores da Escala, inferem informações em textos de vocabu-

lário mais complexo e temática pouco familiar, valendo-se das pistas textuais, de sua experiência de mundo e

de leitor e, ainda, inferem o efeito de ironia em textos diversos, além de reconhecer o efeito do uso de recursos

estilísticos. O desenvolvimento das habilidades relacionadas a esta competência está indicado, na Escala de

Proficiência, pela cor vermelha.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 31 SAEPE 2014

Page 32: SAEPE · As avaliações aplicadas no ano de 2014 buscaram verificar o desempenho dos estudantes concluintes do 3°, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino

IDENTIFICA GÊNERO, FUNÇÃO E DESTINATÁRIO DE UM TEXTO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A competência de identificar gênero, função ou destinatário de um texto envolve habilidades cujo desenvolvimento

permite ao leitor uma participação mais ativa em situações sociais diversas, nas quais o texto escrito é utilizado com

funções comunicativas reais. Essas habilidades vão desde a identificação da finalidade com que um texto foi produzido

até a percepção de a quem ele se dirige. O nível de complexidade que esta competência pode apresentar depende-

rá da familiaridade do leitor com o gênero textual; portanto, quanto mais amplo for o repertório de gêneros de que o

estudante dispuser, maiores suas possibilidades de perceber a finalidade dos textos que lê. É importante destacar que

o repertório de gêneros textuais se amplia à medida que os estudantes têm possibilidades de participar de situações

variadas, nas quais a leitura e a escrita tenham funções reais e atendam a propósitos comunicativos concretos.

CINZA 0 A 100 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram as

habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 100 A 175 PONTOS

Estudantes que apresentam nível de proficiência de 100 a 175 pontos identificam a finalidade de textos de gênero

familiar, como receitas culinárias, bilhetes, poesias, além de identificarem uma notícia. Essa identificação pode ser

feita em função da forma do texto, quando ele se apresenta na forma estável em que o gênero geralmente se

encontra em situações da vida cotidiana. Por exemplo, no caso da receita culinária, quando ela traz inicialmente os

ingredientes, seguidos do modo de preparo dos mesmos. Na Escala de Proficiência, esse início de desenvolvimento

da competência está indicado pelo amarelo-claro.

AMARELO-ESCURO 175 A 250 PONTOS

Aqueles estudantes com proficiência de 175 a 250 pontos identificam o gênero e o destinatário de textos de am-

pla circulação na sociedade, menos comuns no ambiente escolar, valendo-se das pistas oferecidas pelo texto,

tais como: o tipo de linguagem e o apelo que faz a seus leitores em potencial. Na Escala de Proficiência, o grau

de complexidade desta competência está indicado pelo amarelo-escuro.

VERMELHO ACIMA DE 250 PONTOS

Os estudantes que apresentam proficiência a partir de 250 pontos já desenvolveram a competência de iden-

tificar gênero, função e destinatário de textos, ainda que estes se apresentem em gênero pouco familiar e

com vocabulário mais complexo. Esse fato está representado, na Escala de Proficiência, pela cor vermelha.

SAEPE 2014 32 REVISTA PEDAGÓGICA

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Processamento do texto

Neste domínio estão agrupadas competências cujo desenvolvimento tem início nas séries iniciais do Ensino Fundamental, progredindo em grau de complexidade até o final do Ensino Médio. Para melhor com-preendermos o desenvolvimento destas competências, precisamos lem-brar que a avaliação tem como foco a leitura, não se fixando em nenhum conteúdo específico. Na verdade, diversos conteúdos trabalhados no decorrer de todo o período de escolarização contribuem para o desen-volvimento das competências e habilidades associadas a este domínio. Chamamos de processamento do texto as estratégias utilizadas na sua constituição e sua utilização na e para a construção do sentido do texto. Neste domínio, encontramos cinco competências, as quais serão deta-lhadas a seguir, considerando que as cores apresentadas na Escala indi-cam o início do desenvolvimento da habilidade, as gradações de dificul-dade e sua consequente consolidação.

ESTABELECE RELAÇÕES LÓGICO-DISCURSIVAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A competência de estabelecer relações lógico-discursivas envolve habilidades necessárias para que o leitor estabeleça relações que contribuem para a continuidade, a progressão do texto, garantindo sua coesão e coerência. Essas habili-dades relacionam-se, por exemplo, ao reconhecimento de relações semânticas indicadas por conjunções, preposições, advérbios ou verbos. Ainda podemos indicar a capacidade de o estudante reconhecer as relações anafóricas marcadas pelos diversos tipos de pronome. O grau de complexidade das habilidades associadas a essa competência está direta-mente associado a dois fatores: a presença dos elementos linguísticos que estabelecem a relação e o posicionamento desses elementos dentro do texto, por exemplo, se um pronome está mais próximo ou mais distante do termo a que ele se refere.

CINZA 0 A 150 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 150 A 200 PONTOS

Os estudantes que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 150 a 200, começam a desenvolver a habili-dade de perceber relações de causa e consequência em texto não verbal e em texto com linguagem mista, além de perceberem aquelas relações expressas por meio de advérbios ou locuções adverbiais, como, por exemplo, de tempo, lugar e modo.

competências descritas para este domínio

Estabelece relações lógico-discursivas.

Identifica elementos de um texto narrativo.

Estabelece relações entre textos.

Distingue posicionamentos.

Identifica marcas linguísticas.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 33 SAEPE 2014

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AMARELO-ESCURO 200 A 250 PONTOS

No intervalo de 200 a 250, indicado pelo amarelo-escuro, os estudantes já conseguem realizar tarefas mais complexas, como estabelecer relações anafóricas por meio do uso de pronomes pessoais retos e por meio de substituições lexicais. Acrescente-se que já começam a estabelecer relações semânticas pelo uso de conjunções, como as comparativas.

LARANJA-CLARO 250 A 300 PONTOS

No laranja-claro, intervalo de 250 a 300 pontos na Escala, os estudantes atingem um nível maior de abstração na construção dos elos que dão continuidade ao texto, pois reconhecem relações de causa e consequência sem que haja marcas textuais explícitas indicando essa relação semântica. Esses estudantes também reco-nhecem, na estrutura textual, os termos retomados por pronomes pessoais oblíquos, por pronomes demons-trativos e possessivos.

VERMELHO ACIMA DE 300 PONTOS

Os estudantes com proficiência acima de 300 pontos na Escala estabelecem relações lógico-semânticas mais complexas, pelo uso de conectivos menos comuns ou mesmo pela ausência de conectores. A cor vermelha indica o desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência. É importante ressaltar que o trabalho com elementos de coesão e coerência do texto deve ser algo que promova a compreensão de que os elementos linguísticos que constroem uma estrutura sintática estabelecem entre si uma rede de sentido, a qual deve ser construída pelo leitor.

IDENTIFICA ELEMENTOS DE UM TEXTO NARRATIVO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Os textos com sequências narrativas são os primeiros com os quais todos nós entramos em contato, tanto na ora-lidade, quanto na escrita. Daí observarmos o desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência em níveis mais baixos da Escala de Proficiência, ao contrário do que foi visto na competência anterior. Identificar os elementos estruturadores de uma narrativa significa conseguir dizer onde, quando e com quem os fatos ocorrem, bem como sob que ponto de vista a história é narrada. Essa competência envolve, ainda, a habilidade de reconhe-cer o fato que deu origem à história (conflito ou fato gerador), o clímax e o desfecho da narrativa. Esses elementos dizem respeito tanto às narrativas literárias (contos, fábulas, crônicas, romances...), como às narrativas de caráter não literário, uma notícia, por exemplo.

CINZA 0 A 150 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 150 A 175 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra entre 150 e 175 pontos na Escala, nível marcado pelo amarelo-cla-ro, estão começando a desenvolver essa competência. Esses estudantes identificam o fato gerador de uma narrativa curta e simples, bem como reconhecem o espaço em que transcorrem os fatos narrados.

SAEPE 2014 34 REVISTA PEDAGÓGICA

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AMARELO-ESCURO 175 A 200 PONTOS

Entre 175 e 200 pontos na Escala, há um segundo nível de complexidade, marcado pelo amarelo-escuro. Nesse nível, os estudantes reconhecem, por exemplo, a ordem em que os fatos são narrados.

VERMELHO ACIMA DE 200 PONTOS

A partir de 200 pontos, os estudantes agregam a essa competência mais duas habilidades: o reconhecimen-to da solução de conflitos e do tempo em que os fatos ocorrem. Nessa última habilidade, isso pode ocorrer sem que haja marcas explícitas, ou seja, pode ser necessário fazer uma inferência. A faixa vermelha indica o desenvolvimento das habilidades envolvidas nesta competência.

ESTABELECE RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Esta competência diz respeito ao estabelecimento de relações intertextuais, as quais podem ocorrer dentro de um texto ou entre textos diferentes. É importante lembrar, também, que a intertextualidade é um fator importante para o estabelecimento dos tipos e dos gêneros, na medida em que os relaciona e os distingue. As habilidades envolvidas nessa competência começam a ser desenvolvidas em níveis mais altos da Escala de Proficiência, revelando, portan-to, tratar-se de habilidades mais complexas, que exigem do leitor uma maior experiência de leitura.

CINZA 0 A 225 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 225 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 225 A 275 PONTOS

Os estudantes que se encontram entre 225 e 275 pontos na Escala, marcado pelo amarelo-claro, começam a desenvolver as habilidades desta competência. Esses estudantes reconhecem diferenças e semelhanças no tratamento dado ao mesmo tema em textos distintos, além de identificar um tema comum na comparação entre diferentes textos informativos.

AMARELO-ESCURO 275 A 325 PONTOS

O amarelo-escuro, 275 a 325 pontos, indica que os estudantes com uma proficiência que se encontra neste intervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas ao comparar textos, como, por exemplo, reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto.

VERMELHO ACIMA DE 325 PONTOS

A partir de 325 pontos, temos o vermelho, que indica o desenvolvimento das habilidades relacionadas a esta competência. Os estudantes que ultrapassam esse nível na Escala de Proficiência são considerados leitores proficientes.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 35 SAEPE 2014

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DISTINGUE POSICIONAMENTOS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Distinguir posicionamentos está diretamente associado a uma relação mais dinâmica entre o leitor e o texto.

CINZA 0 A 200 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 200 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 200 A 225 PONTOS

Esta competência começa a se desenvolver entre 200 e 225 pontos na Escala de Proficiência. Os estudantes que se encontram no nível indicado pelo amarelo-claro distinguem, por exemplo, fato de opinião em um texto narrativo.

AMARELO-ESCURO 225 A 275 PONTOS

No amarelo-escuro, de 225 a 275 pontos, encontram-se os estudantes que já se relacionam com o texto de modo mais avançado. Neste nível de proficiência, encontram-se as habilidades de identificar trechos de tex-tos em que está expressa uma opinião e a tese de um texto.

LARANJA-CLARO 275 A 325 PONTOS

O laranja-claro, 275 a 325 pontos, indica uma nova gradação de complexidade das habilidades associadas a esta competência. Os estudantes cujo desempenho se localiza neste intervalo da Escala de Proficiência con-seguem reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto.

VERMELHO ACIMA DE 325 PONTOS

O vermelho, acima do nível 325, indica o desenvolvimento das habilidades envolvidas nesta competência.

IDENTIFICA MARCAS LINGUÍSTICAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Esta competência relaciona-se ao reconhecimento de que a língua não é imutável e faz parte do patrimônio social e cultural de uma sociedade. Assim, identificar marcas linguísticas significa reconhecer as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Esta competên-cia envolve as habilidades de reconhecer, por exemplo, marcas de coloquialidade ou formalidade de uma forma linguística e identificar o locutor ou interlocutor por meio de marcas linguísticas.

CINZA 0 A 125 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

SAEPE 2014 36 REVISTA PEDAGÓGICA

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AMARELO-CLARO 125 A 175 PONTOS

Os estudantes que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 125 a 175 pontos na Escala, começam a de-senvolver esta competência, ao reconhecer expressões próprias da oralidade.

AMARELO-ESCURO 175 A 225 PONTOS

No intervalo de 175 a 225, amarelo-escuro, os estudantes já conseguem identificar marcas linguísticas que diferenciam o estilo de linguagem em textos de gêneros distintos.

LARANJA-CLARO 225 A 275 PONTOS

No intervalo de 225 a 275, laranja-claro, os estudantes apresentam a habilidade de reconhecer marcas de formalidade ou de regionalismos e aquelas que evidenciam o locutor de um texto expositivo.

LARANJA-ESCURO 275 A 325 PONTOS

Os estudantes que apresentam uma proficiência de 275 a 325 pontos, laranja-escuro, identificam marcas de coloquialidade que evidenciam o locutor e o interlocutor, as quais são indicadas por expressões idiomáticas.

VERMELHO ACIMA DE 325 PONTOS

A faixa vermelha, a partir do nível 325 da Escala de Proficiência, indica o desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência. O desenvolvimento dessas habilidades é muito importante, pois implica a capacidade de realizar uma reflexão metalinguística.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 37 SAEPE 2014

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Os Padrões de Desempenho são categorias definidas a partir de cortes nu-méricos que agrupam os níveis da Escala de Proficiência, com base nas metas educacionais estabelecidas pelo SAEPE. Esses cortes dão origem a quatro Padrões de Desempenho – Elementar I, Elementar II, Básico e Dese-jável –, os quais apresentam o perfil de desempenho dos estudantes.

Desta forma, estudantes que se encontram em um Padrão de Desempenho abaixo do esperado para sua etapa de escolaridade precisam ser foco de ações pedagógicas mais especializadas, de modo a garantir o desenvolvi-mento das habilidades necessárias ao sucesso escolar, evitando, assim, a repetência e a evasão.

Por outro lado, estar no Padrão mais elevado indica o caminho para o êxito e a qualidade da aprendizagem dos estudantes. Contudo, é preciso salientar que mesmo os estudantes posicionados no Padrão mais elevado precisam de atenção, pois é necessário estimulá-los para que progridam cada vez mais.

Além disso, as competências e habilidades agrupadas nos Padrões não esgotam tudo aquilo que os estudantes desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que as habilidades avaliadas são aquelas consideradas essenciais em cada etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas em um teste de múltipla escolha. Cabe aos do-centes, através de instrumentos de observação e registros utilizados em sua prática cotidiana, identificarem outras características apresentadas por seus estudantes e que não são contempladas nos Padrões. Isso porque, a despei-to dos traços comuns a estudantes que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças individuais que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica.

São apresentados, a seguir, exemplos de itens característicos de cada Padrão.

Elementar I Elementar II Básico Desejável

Padrões de Desempenho Estudantil

SAEPE 2014 38 REVISTA PEDAGÓGICA

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ELEMENTAR I

ATÉ 200 PONTOS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Estudantes que apresentam Padrão de Desempenho Elementar I para o 9º ano, ainda não alcançaram as expecta-tivas de aprendizagem consideradas básicas à conclusão, com sucesso, do Ensino Fundamental. Caracterizam-se como leitores ainda não suficientemente maduros para interagir não apenas com textos da disciplina de Língua Portuguesa, mas também com textos que circulam em outros componentes curriculares, o que compromete seu desempenho acadêmico.

As habilidades de leitura desenvolvidas por esses estudantes são aquelas que permitem uma leitura mais superficial dos textos, sem ainda permitir que percebam as relações entre partes de um texto, tese e argumentos ou, ainda, a comparação entre textos.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 39 SAEPE 2014

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Leia o texto abaixo.

Disponível em: <http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/images/tira308.gif>. Acesso em: 25 jun. 2011. (P090329C2_SUP)

(P090331C2) No segundo quadrinho desse texto, a expressão “NHECT” representa o barulho deA) um tombo.B) um susto.C) uma mordida.D) uma pancada.

Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhe-cerem o efeito de sentido decorrente do uso de recur-sos ortográficos e morfossintáticos em textos variados. Nesse caso, o suporte utilizado é uma tirinha, gênero cuja leitura é mais fluente, por apresentar, além de um trecho verbal curto, elementos imagéticos que facilitam sua interpretação. Pode-se considerar ainda que, desde os anos iniciais de escolarização, os estudantes já tive-ram contato com esse gênero textual, o que contribui para a facilitação do item.

Para encontrar a resposta, os estudantes deveriam lo-calizar a expressão destacada no comando – “NHECT” – dentre os três quadrinhos da tirinha e, associá-la à ima-gem, a fim de interpretar seu significado.

Os estudantes que selecionaram a alternativa A podem ter compreendido que a menina que estava dormindo caiu de sua cama, pois, de acordo com o senso comum, essa é uma situação possível de ocorrer. Dessa forma, esses respondentes não associaram o som representa-do pela expressão ao seu sentido, assim como os estu-

dantes que optaram pela alternativa B, possivelmente,

imaginaram que a menina assustou-se com um sonho

ou pesadelo e, assim, emitiu o som como uma reação

súbita.

Já os estudantes que selecionaram a alternativa D, pro-

vavelmente, entenderam que “NHECT” representaria o

som da menina batendo a cabeça, ou qualquer outra

parte de seu corpo, em algum lugar da cama, devido a

um sonho muito tenso ou por levantar-se bruscamente.

Entretanto, os estudantes que souberam relacionar a

imagem do primeiro quadrinho, em que há um balão

pontilhado, representando um sonho, à expressão do

segundo quadrinho, com a revelação, no último qua-

drinho, de que a menina tem que parar de sonhar com

melancias e, ainda, com a imagem das penas de traves-

seiro saindo de sua boca, percebendo que a expressão

“NHECT” se refere ao som da mordida no travesseiro

dada pela menina, informação presente na alternativa C,

o gabarito.

SAEPE 2014 40 REVISTA PEDAGÓGICA

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O desempenho em leitura dos estudantes que apresentam Padrão Elementar II, para o 9º ano é compatível com o desempenho considerado básico para o 7º ano de escolarização. Esses estudantes ainda não alcançaram as expec-tativas de aprendizagem previstas nos PCPE para o 9º ano, relacionadas à análise linguística.

Os textos com os quais esses estudantes são capazes de interagir com sucesso são aqueles de extensão mediana (entre 10 e 20 linhas) e que tratam de temáticas mais familiares aos contextos mais diretamente relacionados às situações da vida cotidiana.

Neste Padrão de Desempenho, como descrito no Padrão de Desempenho Básico para o 7º ano, destaca-se o fato de que os estudantes já apresentam condições de interação mais satisfatórias, com textos que circulam em diferentes componentes curriculares do Ensino Fundamental, embora ainda não tenham alcançado as expectativas de aprendiza-gem em leitura requeridas para o ingresso no Ensino Médio, etapa subsequente àquela na qual se encontram.

ELEMENTAR II

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

DE 200 ATÉ 235 PONTOS

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 41 SAEPE 2014

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Leia o texto abaixo.

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Humor de adolescência

A convivência com os adolescentes é cheia de surpresas, pois esse ser mutante e complexo apresenta constantes alterações de humor. [...] São seres indecisos e carentes, mas também são rebeldes e defensivos.

A adolescência é uma fase que deixa marcas por toda uma vida. Nessa fase descobre-se a sexualidade, o desejo de ser independente, a ousadia de experimentar o diferente e, entre outras coisas, descobre-se também a beleza da liberdade e o valor do respeito.

A escola é, certamente, um dos locais em que as descobertas da adolescência ganham maior evidência, pois é ali que adolescentes relacionam-se com outros adolescentes, trocando experiências e medos.

Os comportamentos dos adolescentes, tais como rebeldia, humor alterado, arrogância e outros podem até ser explicados pela frequente metamorfose física e mental decorrente dessa fase, porém, é preciso que o adolescente aprenda a respeitar os limites. E por mais difícil que seja, professores, pais e amigos precisam lidar com essa complexa fase da vida.

A compreensão é, sem dúvida, fundamental, pois o adolescente necessita sentir-se num ambiente amigável e confiável para assim agir de forma natural, espontânea e sensata. [...] Quando há essa resistência em relacionar-se com respeito, surgem os maiores problemas, pois os adolescentes partem para as provocações, rebeldia exagerada, descontrole e desprezo por tudo que possa contrariá-los. Nenhuma relação suporta o desrespeito contínuo, e, quando se trata de adolescente, os adultos – pais e educadores – podem encontrar grandes e verdadeiros conflitos de relacionamento pela frente.

Apesar de não haver uma receita pronta, cabe aos adultos a tarefa de educarem os mais jovens, mostrando o valor do respeito, da liberdade e da confiança, lembrando que o melhor exemplo deve ser a própria conduta do adulto.

FRANÇA, Cláudia. Disponível em: <http://eaprender.ig.com.br/liquid.asp?RegSel=24&Pagina=1#materia>. Acesso em: 20 abr. 2011. (P090242C2_SUP)

(P090243C2) No trecho “... e desprezo por tudo que possa contrariá-los.” (ℓ. 18), a palavra destacada substituiA) adolescentes. B) adultos.C) educadores. D) pais.

A habilidade avaliada por esse item tem por objetivo

identificar repetições ou substituições que contribuem

para a continuidade de um texto. Nesse caso, pretende-

-se avaliar qual termo o pronome pessoal oblíquo “los”

retoma na frase presente no comando para resposta.

Para tanto, os estudantes precisariam, primeiramente,

perceber que se trata de uma relação anafórica, já que o

pronome está substituindo um termo expresso anterior-

mente. Além de perceber qual dos termos presentes nas

alternativas preenche o sentido do trecho do texto (linha

18) presente no comando.

Desse modo, os estudantes que seguiram essa linha de raciocínio marcaram a alternativa A, o gabarito, pois reconheceram que a palavra masculina plural que com-pleta o sentido do trecho em que o pronome “los” está inserido é “adolescentes”.

Já os estudantes que optaram pelos demais distratores, alternativas B, C e D, mostraram que ainda não possuem a competência necessária para reconhecer o elemento textual que foi retomado por um pronome em uma dada sentença, visto que escolheram termos localizados em posição posterior ao pronome, já que, no caso em análi-se, não se trata de uma catáfora.

SAEPE 2014 42 REVISTA PEDAGÓGICA

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O desempenho em leitura dos estudantes que apresentam Padrão Básico para o 9º ano é compatível com aquele descrito como Desejável para o 7º ano. Embora, tenham alcançado expectativas de aprendizagem importantes para a interação com textos de diferentes gêneros, esses estudantes ainda não apresentam um desempenho Desejável para a etapa de escolarização em que se encontram.

Reiterando o descrito no Padrão de Desempenho Desejável para o 7º ano, constata-se que esses estudantes não apenas são capazes de localizar informações em textos mais extensos ou inferir informações a partir da leitura des-ses textos, como também são capazes de estabelecer comparações entre textos, identificando posicionamentos divergentes ou convergentes a partir dessa comparação.

Esses estudantes, por exemplo, identificam elementos estruturais de um texto, como o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos morfossintáticos, como uso do diminutivo, pelo uso de linguagem figurada e/ou de determina-da seleção lexical.

O repertório de gêneros, cuja finalidade estudantes que apresentam este Padrão de Desempenho reconhecem, inclui gêneros da ordem do relatar, do expor e do argumentar.

Outro traço distintivo do desempenho dos estudantes que apresentam Padrão de Desempenho Básico para o 9º ano é o fato de que esses estudantes começam a reconhecer os recursos linguísticos que operam a progressão temática e as relações de sentido em um texto.

BÁSICO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

DE 235 ATÉ 270 PONTOS

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 43 SAEPE 2014

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Leia o texto abaixo.

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O cronista é um escritor crônico

O primeiro texto que publiquei em jornal foi uma crônica. Devia ter eu lá uns 16 ou 17 anos. E aí fui tomando gosto. Dos jornais de Juiz de Fora, passei para os jornais e revistas de Belo Horizonte e depois para a imprensa do Rio e São Paulo. Fiz de tudo (ou quase tudo) em jornal: de repórter policial a crítico literário. Mas foi somente quando me chamaram para substituir Drummond no Jornal do Brasil, em 1984, que passei a fazer crônica sistematicamente. Virei um escritor crônico.

O que é um cronista? Luís Fernando Veríssimo diz que o cronista é como uma galinha, bota seu ovo regularmente. Carlos Eduardo Novaes diz que crônicas são como laranjas, podem ser doces ou azedas e ser consumidas em gomos ou pedaços, na poltrona de casa ou espremidas na sala de aula.

Já andei dizendo que o cronista é um estilita. Não confundam, por enquanto, com estilista. Estilita era o santo que ficava anos e anos em cima de uma coluna, no deserto, meditando e pregando. São Simeão passou trinta anos assim, exposto ao sol e à chuva. Claro que de tanto purificar seu estilo diariamente o cronista estilita acaba virando um estilista. O cronista é isso: fica pregando lá em cima de sua coluna no jornal. Por isto, há uma certa confusão entre colunista e cronista, assim como há outra confusão entre articulista e cronista. O articulista escreve textos expositivos e defende temas e ideias. O cronista é o mais livre dos redatores de um jornal. Ele pode ser subjetivo. Pode (e deve) falar na primeira pessoa sem envergonhar-se. Seu “eu”, como o do poeta, é um eu de utilidade pública.

Que tipo de crônica escrevo? De vários tipos. Conto casos, faço descrições, anoto momentos líricos, faço críticas sociais. Uma das funções da crônica é interferir no cotidiano. Claro que essas que interferem mais cruamente em assuntos momentosos tendem a perder sua atualidade quando publicadas em livro. Não tem importância. O cronista é crônico, ligado ao tempo, deve estar encharcado, doente de seu tempo e ao mesmo tempo pairar acima dele.

SANT’ANNA. Affonso Romano de. Disponível em: <http://sitenotadez.net/cronicas>. Acesso em: 26 maio 2011. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P090363C2_SUP)

(P090364C2) A linguagem utilizada nesse texto é, predominantemente,A) formal.B) informal.C) técnica.D) regional.

Esse item avalia a habilidade de identificar, em um texto, as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o inter-locutor. Para avaliar essa habilidade, o suporte traz uma crônica metalinguística, na qual o autor discorre sobre as peculiaridades de escrever textos desse gênero.

Para identificar qual variante linguística o autor utiliza no texto em análise, o estudante deve reconhecer que o texto contempla as normas gramaticais (em relação à acentuação, concordância, grafia, colocação pronomi-nal, regência, dentre outros aspectos da variante culta), não apresentando desvios, além de ausência de gírias, jargões profissionais e regionalismos. Observando todos esses aspectos, o respondente deve concluir que o ga-barito é a alternativa A, “formal”.

Já aqueles estudantes que não souberam identificar essa diferença e optaram pela alternativa B podem ter

se prendido à recorrência de dados pessoais no texto,

expressos principalmente pelo uso de verbos na primei-

ra pessoa e pelo conteúdo de cunho pessoal e intimista

adotado pelo autor, além da presença das perguntas re-

tóricas, reveladas pelos pontos de interrogação.

Os estudantes que selecionaram o distrator C podem ter

associado a linguagem técnica à linguagem típica de um

jornal, principalmente, devido ao fato de o autor ter cita-

do, ao longo do texto, já ter trabalhado em jornais.

Por fim, aqueles que marcaram a alternativa D podem ter

acreditado que a variante utilizada pelo autor seria re-

gional, sobretudo devido à explicação dada no primeiro

parágrafo de sua trajetória profissional, o que justificaria

o emprego de expressões típicas dos lugares nos quais

ele tenha vivido.

SAEPE 2014 44 REVISTA PEDAGÓGICA

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O Padrão de Desempenho em leitura Desejável para o 9º ano é aquele no qual as expectativas de aprendizagem previstas para o Ensino Fundamental foram alcançadas.

Esses estudantes já desenvolveram habilidades que permitem uma interação satisfatória com diferentes gêneros textuais no que concerne à localização de informações ou realização de inferências, a partir da leitura de textos de diferentes gêneros e de qualquer extensão, que tratam de temáticas variadas.

No Padrão de Desempenho Desejável para o 9º ano, também estão consolidadas expectativas de aprendizagem relacionadas à leitura de gêneros da ordem do expor, do narrar, do argumentar, do instruir, do relatar, do descrever, além de gêneros poéticos. Exemplos das habilidades de leitura desses gêneros já desenvolvidas por esses estu-dantes são: reconhecer tese e argumentos em textos argumentativos complexos, como ensaios, assim como os argumentos que apoiam uma tese; reconhecer efeitos de sentido de recursos de elaboração poética (morfológicos, sintáticos e semânticos); identificar e caracterizar o narrador em narrativas complexas.

Outra marca distintiva deste Padrão é o desenvolvimento da habilidade de estabelecer comparações entre textos de diferentes gêneros no que concerne a diversos aspectos, como tema, gênero e abordagem.

Os estudantes que apresentam Padrão de Desempenho Desejável para o 9º ano demonstram ter desenvolvido, ainda, habilidades importantes de leitura de textos literários, por exemplo, relacionar o texto ao seu contexto de produção, inclusive no que se refere ao contexto histórico e o reconhecimento de metáforas literárias cotidianas.

Neste grupo, também é possível situar estudantes que não apenas alcançaram as expectativas de aprendizagem previstas para o Ensino Fundamental, como também já começam a desenvolver outras, previstas para o Ensino Médio.

Esses estudantes já consolidaram as expectativas de aprendizagem relativas à leitura de textos em diferentes dis-cursos e outras importantes para a interação com textos da ordem do narrar, do descrever, do argumentar, do instruir, de relato e do poetar e de refletir sobre as estruturas típicas de cada uma dessas tipologias.

DESEJÁVEL

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

ACIMA DE 270 PONTOS

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 45 SAEPE 2014

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Leia o texto abaixo.

Disponível em: <http://migre.me/iodBS>. Acesso em: 18 mar. 2014. (P070157F5_SUP)

(P070157F5) Nesse texto, a expressão “vai mais longe” foi utilizada paraA) indicar duplo sentido.B) mostrar exagero.C) fazer uma crítica.D) apresentar uma definição.

Esse item avalia a habilidade de o estudante reconhe-cer o efeito de sentido decorrente da escolha de de-terminada palavra ou expressão em um texto. Para re-solvê-lo, espera-se que os respondentes construam uma interpretação a partir da interação entre sua parte verbal e não verbal, identificando a finalidade com que a expressão “vai mais longe” foi empregada no cartaz. Nessa perspectiva, é essencial que os avaliandos com-preendam que essa expressão é polissêmica e tem seu sentido delimitado pelo contexto em que foi utilizada.

Dessa forma, os estudantes que assinalaram a alter-nativa A (o gabarito) entenderam que o autor do texto teve como objetivo explorar os dois sentidos possíveis da expressão “vai mais longe”; um literal, relacionado à facilidade de locomoção dos deficientes decorrente do respeito à acessibilidade, e um sentido figurado, que diz respeito à possibilidade de os deficientes físicos serem bem-sucedidos, obterem êxito em suas tarefas através da acessibilidade.

Aqueles que escolheram as demais alternativas não conseguiram apreender o duplo sentido da expressão, bem como construir um todo significativo para o texto. A alternativa B, por exemplo, foi marcada por aqueles que, provavelmente, se detiveram somente à expressão isolada, sem retornar ao texto, associando o advérbio “mais” à ideia de exagero, intensidade.

Os que optaram pela alternativa C, por outro lado, pare-cem ter se concentrado apenas na imagem ou na temá-tica geral do texto e inferiram, de forma equivocada, que a expressão foi usada para estabelecer uma crítica ao desrespeito com os deficientes físicos.

Por fim, a alternativa D foi marcada pelos estudantes que, provavelmente, entenderam que a expressão “vai mais longe” tem como consequência apresentar uma definição para o termo acessibilidade. Esses estudantes, provavelmente, por não conhecerem esse termo, inferi-ram que a informação posterior iria conceituá-lo.

SAEPE 2014 46 REVISTA PEDAGÓGICA

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As discussões propiciadas pela avaliação educacional em larga escala, e, mais especificamente, as relacionadas à apropriação dos resultados dos sistemas avaliativos, se apresentam, muitas vezes, como desafios para os profissionais envolvidos com a educação e com a escola. As-sim, é necessário, sempre, procurar mecanismos para facilitar o enten-dimento dos atores educacionais em relação às possibilidades de in-terpretação e uso desses resultados, bem como no que diz respeito aos obstáculos enfrentados ao longo do processo de apropriação das informações produzidas no âmbito dos sistemas de avaliação.

Uma maneira de aproximar os resultados das avaliações às atividades cotidianas dos atores educacionais é apresentar experiências que, na prática, lidaram com problemas compartilhados por muitos desses atores. Apesar da diversidade das redes escolares brasileiras, muitos problemas, desafios e sucessos são experimentados de maneira seme-lhante por contextos educacionais localizados em regiões muito distin-tas. Para compartilhar experiências e conceder densidade àquilo que se pretende narrar, os estudos de caso têm se apresentado como uma importante ferramenta na seara educacional.

Por isso, a presente seção é constituída por um estudo de caso desti-nado à apresentação de um problema vivido nas redes de ensino do Brasil. Seu objetivo é dialogar, através de um exemplo, com os atores que lidam com as avaliações educacionais em larga escala em seu co-tidiano. Esse diálogo é estabelecido através de personagens fictícios, mas que lidaram com problemas reais. Todas as informações relativas à composição do estudo, como a descrição do contexto, o diagnóstico do problema e a maneira como ele foi enfrentado, têm como base pes-quisas acadêmicas levadas a cabo por estudantes de pós-graduação.

O fundamento último desse estudo é propiciar ao leitor um mecanismo de entendimento sobre como lidar com problemas educacionais rela-cionados à avaliação, a partir da narrativa de histórias que podem servir como exemplo para que novos caminhos sejam abertos em sua prática profissional.

ESTUDO DE CASO 3

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Articulação docente modifica rotina da escola e aumenta o desempenho dos estudantes em Matemática

A professora Fabrícia havia trabalhado em diversas escolas de seu município desde que iniciou sua vida docente. Sempre interessada em garantir que seus es-tudantes tivessem um ensino de qualidade, ela realizou, por conta própria, muitos cursos de formação continua-da, procurando estudar sobre temas variados, desde aspectos importantes da interdisciplinaridade, até tópi-cos relacionados à gestão escolar.

Quando assumiu a vaga de docente na escola em que hoje atua, Fabrícia começou a notar um movimento da equipe pedagógica no sentido de compreender os resultados das avaliações em larga es-cala. Ela percebia que os professores, muitas vezes, até compreendiam os dados que chegavam a cada ano e o que eles representa-vam, mas agora estavam pro-curando enxergar além dessas informações numéricas. Foram muitos seminários, palestras de convidados especialistas no tema e oficinas internas, os quais fizeram com que o interesse e o envolvimento de todos pelo assunto aumentassem.

Para concluir seu curso de especialização em ges-tão escolar, Fabrícia decidiu estudar as possibilidades de utilização dos resultados das avaliações em larga escala

para o planejamento de atividades pedagógicas integra-das. A realização dessa pesquisa ampliou os conheci-mentos da professora e a fez querer colocar em prática tudo o que havia aprendido e proposto em seu projeto.

Pouco tempo depois, surgiu a oportunidade de assu-mir, pela primeira vez, a liderança de um plano educa-cional integrado em sua nova escola. Fabrícia sempre acreditou que as ações dependiam, fundamentalmente, de dois fatores: vontade e articulação. O primeiro deles não era um problema para a professora. Agora era pre-

ciso engajar a equipe pedagógica em um projeto que tivesse embasamento e viabilidade de

aplicação.

A reunião de planejamento do Projeto Político Pedagógico se mostrou um bom momento para iniciar a tentativa de articular os professores em uma proposta integrada, com a finalidade de melhor utilizar os resultados das

avaliações em larga escala.

A reunião de planejamento

do Projeto Político Pedagógico

se mostrou um bom momento

para iniciar a tentativa de articular os

professores em uma proposta integrada,

com a finalidade de melhor utilizar os

resultados das avaliações em larga

escala.

SAEPE 2014 48 REVISTA PEDAGÓGICA

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Percebeu-se, na reunião, que parte do corpo docente apresentava resistência a projetos interdisciplinares e estava pouco inclinada a modificações mais profundas no modo de trabalhar em sala de aula.

Fabrícia, então, pensou que seriam necessários dois mo-mentos para concretizar seu plano. Com o apoio da dire-tora da escola, convocou um encontro para tratar especi-ficamente dos resultados das avaliações em larga escala. Foram convidados os professores de todas as disciplinas, inclusive aquelas que não eram avaliadas externamente. A pauta dessa reunião seria uma tentativa de detectar, através de análises comparativas dos resultados obtidos pela escola nos últimos anos, quais eram os principais problemas de aprendizagem dos estudantes e como a escola poderia enfrentá-los de forma integrada.

Com a análise dos resultados, os professores observaram um comportamento que era recorrente e que vinha acontecendo de forma sistemática. Embora, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os estudantes apresentassem bons desempenhos em Língua Portugue-sa, o mesmo não ocorria na discipli-na de Matemática. Os dados mos-travam que, nos últimos quatro anos, a maior parte dos estudantes se en-contrava, ao mesmo tempo, com altos índices de proficiência em uma matéria e em situação preocupante na outra.

A equipe pedagógica percebeu, ainda, que esse com-portamento dos estudantes possivelmente tinha um im-pacto de médio prazo, ao observar que o desempenho em Matemática obtido pelos estudantes nos anos finais do Ensino Fundamental era ainda mais preocupante e distante daquilo que seria considerado coerente com esta etapa de escolaridade. Diante desse quadro, os professores começaram a discutir as dificuldades, as possíveis origens do problema e maneiras de procurar solucioná-lo, a fim de elevar os resultados dos estudan-tes.

Uma professora dos anos iniciais relatou que, de fato, o interesse dos estudantes era maior pela Língua Por-

tuguesa e por outras disciplinas em que eles, segundo ela, podiam se expressar melhor. Durante a discussão, um dos colegas, que lecionava Matemática para os anos finais, comentou a importância de trabalhar, des-de cedo, as noções de geometria com os estudantes, porque eles estariam chegando sem base e desestimu-lados por não conseguirem avançar nesse conteúdo programático tão importante para a aprendizagem.

Fabrícia, acompanhando com atenção os pontos colo-cados pela equipe, percebeu que os diversos argumen-tos levantados caminhavam em uma direção muito clara: os professores dos anos iniciais tinham resistência em trabalhar os conteúdos matemáticos, enquanto os pro-fessores da disciplina, nos anos finais, não conseguiam estimular em seus estudantes o interesse pela matéria.

Deste modo, os resultados apresentados pelos estudantes refletiam esse de-

sinteresse e as consequentes difi-culdades na aprendizagem dos

conteúdos.

Percebendo o envolvimen-to acalorado dos presentes, Fabrícia sugeriu o encer-ramento da discussão com uma proposta: no próximo

encontro sobre o tema, cada membro da equipe pedagógi-

ca deveria trazer ideias para tra-balhar o conteúdo de Matemática

com os estudantes das séries iniciais de forma integrada, estimulando o interesse deles. O

professor da disciplina nos anos finais complementou a ideia, convidando os colegas a refletir sobre os aspec-tos da matemática cotidiana.

A equipe pedagógica se reuniu novamente em alguns dias, e Fabrícia logo percebeu que o encontro seria bastante proveitoso. Não só os professores de Matemá-tica e dos anos iniciais haviam se mobilizado a pensar em estratégias para motivar os estudantes para o estu-do da disciplina. Os docentes de Arte e Educação Física fizeram contribuições fundamentais para a execução do que viria a ser uma ação estratégica interdisciplinar, que

[...] os professores dos anos

iniciais tinham resistência em

trabalhar os conteúdos matemáticos,

enquanto os professores da disciplina,

nos anos finais, não conseguiam

estimular em seus estudantes o

interesse pela matéria.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 49 SAEPE 2014

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modificaria a maneira como os conteúdos matemáticos seriam trabalhados pelo corpo docente.

A diretora, presente ao encontro, percebeu que sua equipe havia se engajado, graças a Fabrícia, em um pro-pósito comum. Durante a reunião, como fora proposto pelo professor de Matemática, todos os presentes ex-puseram suas ideias sobre as formas como a disciplina se manifesta no nosso cotidiano, como quando vamos ao mercado fazer compras, buscando economizar, ou ao calcular, com antecedência, as chances de nosso time vencer um campeonato de pontos corridos. Os do-centes se questionaram, em seguida, de que maneira poderiam incorporar os saberes matemáticos às suas salas de aula.

Parte da equipe pedagógica não conse-guiu pensar em uma aplicação prática da discussão proposta. Entretanto, para o professor de Arte, uma ma-neira clara de trabalhar conteúdos matemáticos com os estudantes em sua disciplina, nos anos ini-ciais, era através de atividades que procurassem desenvolver o desenho geométrico, estimu-lando o reconhecimento de for-mas e figuras geométricas distintas. Uma das docentes de Educação Física aproveitou a ideia discutida anteriormente e sugeriu que um campeonato esportivo entre os estudantes poderia estimular, nos estudantes, a von-tade de acompanhar esses cálculos, para entender as chances de seus times vencerem o torneio.

A professora de Língua Portuguesa, ao ouvir os comen-tários dos colegas, pensou que, se fosse mesmo viável promover um evento como esse, os estudantes pode-riam, através de um blog, registrá-lo através da elabo-ração de tabelas e calendário dos jogos, acompanha-mento dos resultados e comentários sobre as partidas disputadas. Dessa forma, a participação de todos seria estimulada e os cálculos seriam parte da tarefa. Naque-le momento, nascia um projeto que viria a mudar signifi-cativamente a realidade daquela escola.

Durante o restante do semestre, os professores se mo-bilizaram para fazer aquela ideia sair do papel. As peda-gogas trabalhariam na elaboração de conteúdo para os murais da escola com os estudantes dos anos iniciais, produzindo ilustrações das modalidades disputadas, calendário interativo e outras atividades, sempre tendo em foco o desenvolvimento de formas e desenhos geo-métricos. A professora de Língua Portuguesa incluiu a elaboração do blog como atividade para todas as suas turmas dos anos finais, distribuindo funções e garantin-do que todos pudessem trabalhar na criação de tabelas e nos cálculos sobre a evolução do campeonato em al-guma modalidade.

Os professores de Educação Física elaboraram um cronograma para os jogos, de modo que não

prejudicasse os horários dos estudantes. Essas atividades seriam inseridas no

desenvolvimento curricular da es-cola. A intenção era que os estu-dantes, as famílias e os professo-res percebessem essa iniciativa como algo integrado ao projeto político-pedagógico da escola. Não era algo à margem, isolado

e casual. Era uma ação com fina-lidade e objetivo claros. As turmas

deveriam fechar equipes para cada modalidade que quisessem disputar, e

o calendário dos jogos ocorreria no con-traturno, ampliando a jornada dos estudantes

na escola sem comprometer o cumprimento da carga horária das disciplinas. Após algumas reuniões de arti-culação com os professores envolvidos, foi finalmente fechado o planejamento para o campeonato, que teria início no semestre seguinte.

Todas as expectativas de Fabrícia foram superadas quando, logo que foi divulgado o torneio, um sentimento de mobilização se espalhou rapidamente entre os estu-dantes. Tudo correu como planejado, e os professores de Educação Física relataram, inclusive, que a partici-pação dos estudantes na disciplina aumentou, mesmo entre aqueles que, normalmente, não se interessavam pelas aulas práticas.

Uma das docentes de

Educação Física [...] sugeriu

que um campeonato esportivo entre

os estudantes poderia estimular, nos

estudantes, a vontade de acompanhar

esses cálculos, para entender as

chances de seus times vencerem o

torneio.

SAEPE 2014 50 REVISTA PEDAGÓGICA

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO

» Que características da professora Fabrícia ajudaram a impulsionar o torneio esportivo na escola?

» O que posso fazer, como professor, diante das dificuldades verificadas em sala de aula ou diagnosticadas pelas avaliações externas?

» É possível, em minha escola, desenvolver pro-jetos como o proposto por Fabrícia e seus co-legas? Quais seriam os meios para fazê-lo?

» Como foi possível integrar professores de áreas diferentes em um projeto comum, com objetivo inicial de melhorar o desempenho dos estudantes na disciplina de Matemática?

» Qual teria sido o maior fator de motivação dos estudantes para a participação tão intensa na atividade proposta pelos professores?

» Utilizar a internet como uma das atividades desenvolvidas, no caso apresentado, pode ter engajado mais os estudantes no torneio?

Vieram as avaliações em larga escala, e as expectativas pela divulgação dos resultados foram grandes. Logo no primeiro ano, já houve uma evolução notável do desem-penho dos estudantes em Matemática, especialmente nos anos iniciais. Como o evento deu certo e, aparen-temente, fez diferença no aprendizado dos estudantes, a diretora decidiu mantê-lo no calendário da escola nos anos que se seguiram, e Fabrícia seguiu na liderança do projeto.

A passagem do tempo acabou confirmando a suspeita inicial de que o torneio contribuíra intensamente para solucionar o problema que a equipe pedagógica ob-servou anos antes. Os resultados de proficiência dos estudantes em Língua Portuguesa ficaram ainda mais expressivos, e o desempenho em Matemática se apre-sentava de maneira ascendente, ano a ano.

Os estudantes dos anos iniciais conseguiram chegar a um patamar em que demonstram, em Matemática, o desenvolvimento de habilidades em consonância com sua etapa de escolaridade. Nos anos finais, ainda há um caminho a ser percorrido, embora os avanços desde o início do projeto esportivo se apresentem de forma sig-nificativa. Fabrícia tem confiança de que, em mais alguns anos, a escola atingirá e superará as metas estabeleci-das para o desempenho dos estudantes em Matemáti-ca, e se sente feliz em ter podido fazer a diferença para que esse resultado fosse alcançado.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 51 SAEPE 2014

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O artigo que se segue apresenta, a você educador(a), informações visando às estratégias de intervenção em sala de aula.

Ao pontuar sugestões para o trabalho pedagógico, a partir de determinadas habilidades, objetivamos a ex-pansão dessas sugestões para a abordagem de outras habilidades e competências.

REFLEXÃO PEDAGÓGICA4

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Poesia e vida: a leitura de textos poéticos nos anos finais do Ensino Fundamental

A abordagem de textos literários na Educação Básica vem, habitualmente, delegando a lei-tura sistemática de textos poéticos ao Ensino Médio. Essa postura revela que, em muitas situações, a capacidade de os estudantes do Ensino Fundamental lerem e, acima de tudo, compreenderem poesia é subestimada: há quem considere que esses estudantes ainda não têm “maturidade” para interagir com esses textos de modo pleno, o que constitui uma falácia.

A poesia proporciona um campo de trabalho extremamente vasto, para os professores de todas as etapas de escolaridade. Com relação aos anos finais do Ensino Fundamental, os adolescentes podem – e devem – ter contato com textos mais densos, de temática e estru-tura mais sofisticadas, antecipando as discussões que terão lugar durante o Ensino Médio. Por mais que, de certa forma, sejamos herdeiros do gosto pela prosa, que veio se firmando a partir do século XIX, a linguagem poética continua a existir, sob várias formas: ditos populares, quadrinhas, letras de música... E essa linguagem é bastante apreciada, ainda que, na maioria dos casos, seus aspectos literários não sejam percebidos de maneira consciente. Negar o acesso a textos poéticos, na escola, é limitar o aperfeiçoamento da capacidade leitora de nossos estudantes.

Partindo do conceito de textualidade – conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequência de frases –, podemos inferir que um poema, enquanto texto, consiste em um todo organizado, possuindo uma função sociocomunicativa deter-minada. Portanto, não é recomendável ler apenas um fragmento de poema, sob pena de comprometer a percepção global de seu significado, bem como de sua estrutura, elemento essencial aos textos poéticos. Sua leitura, adequadamente orientada, permite focalizar diversas habilidades: reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações; reconhe-cer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determi-nada palavra ou expressão; reconhecer o efeito de sentido decor-rente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos; reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos estilísticos, dentre muitas outras possibilidades.

Para que os estudantes se familiarizem com a leitura de poesia, uma estratégia pro-dutiva é relacionar um ou mais poemas a assuntos do cotidiano. Uma sugestão seria criar círculos de leitura, em que, a cada semana ou quinzena, um grupo de estudantes fosse res-ponsável por trazer para a turma notícias, ou até mesmo outros textos literários, que estabe-leçam um paralelo com poemas apresentados pelo professor, em sala, como “Visão 1944”, de Carlos Drummond de Andrade:

Para que os estudantes se familiarizem

com a leitura de poesia, uma estratégia

produtiva é relacionar um ou mais poemas

a assuntos do cotidiano.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 53 SAEPE 2014

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VISÃO 19441

Meus olhos são pequenos para vera massa de silêncio concentradapor sobre a onda severa, piso oceânicoesperando a passagem dos soldados.

Meus olhos são pequenos para verluzir na sombra a foice da invasãoe os olhos no relógio, fascinados,ou as unhas brotando em dedos frios.

Meus olhos são pequenos para vero general com seu capote cinzaescolhendo no mapa uma cidadeque amanhã será pó e pus no arame.

Meus olhos são pequenos para vera bateria de rádio prevenindovultos a rastejar na praia obscuraaonde chegam pedaços de navios.

Meus olhos são pequenos para vero transporte de caixas de comida, de roupas, de remédios, de bandagenspara um porto da Itália onde se morre.

Meus olhos são pequenos para vero corpo pegajento das mulheresque foram lindas, beijo canceladona produção de tanques e granadas.

Meus olhos são pequenos para vera distância da casa na Alemanhaa uma ponte na Rússia, onde retratos,cartas, dedos de pé bóiam em sangue.

Meus olhos são pequenos para veruma casa sem fogo e sem janelasem meninos em roda, sem talher,sem cadeira, lampião, catre, assoalho.

1 O texto do poema não foi adaptado para o Novo Acordo Ortográfico.

Meus olhos são pequenos para veras milhares de casas invisíveisna planície de neve onde se erguiauma cidade, o amor e uma canção.

Meus olhos são pequenos para veras fábricas tiradas do lugar,levadas para longe, num tapete,funcionando com fúria e com carinho.

Meus olhos são pequenos para verna blusa do aviador esse botãoque balança no corpo, fita o espelhoe se desfolhará no céu de outono.

Meus olhos são pequenos para vero deslizar do peixe sob as minas,e sua convivência silenciosacom os que afundam, corpos repartidos.

Meus olhos são pequenos para veros coqueiros rasgados e tombadosentre latas, na areia, entre formigasincompreensivas, feias e vorazes.

Meus olhos são pequenos para vera fila de judeus de roupa negra,de barba negra, prontos a seguir para perto do muro – e o muro é branco.

Meus olhos são pequenos para veressa fila de carne em qualquer parte,de querosene, sal ou de esperançaque fugiu dos mercados deste tempo.

Meus olhos são pequenos para vera gente do Pará e de Quebecsem notícia dos seus e perguntandoao sonho, aos passarinhos, às ciganas.

Meus olhos são pequenos para vertodos os mortos, todos os feridos,e este sinal no queixo de uma velhaque não pôde esperar a voz dos sinos.

SAEPE 2014 54 REVISTA PEDAGÓGICA

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Meus olhos são pequenos para verpaíses mutilados como troncos,proibidos de viver, mas em que a vidalateja subterrânea e vingadora.

Meus olhos são pequenos para veras mãos que se hão de erguer, os gritos [roucos,os rios desatados, e os poderesilimitados mais que todo exército.

Meus olhos são pequenos para vertoda essa força aguda e martelante,a rebentar do chão e das vidraças,ou do ar, das ruas cheias e dos becos.

Meus olhos são pequenos para vertudo que uma hora tem, quando madura,tudo que cabe em ti, na tua palma,ó povo! que no mundo te dispersas.

Meus olhos são pequenos para veratrás da guerra, atrás de outras derrotas,essa imagem calada, que se aviva,que ganha em cor, em forma e profusão.

Meus olhos são pequenos para vertuas sonhadas ruas, teus objetos,e uma ordem consentida (puro canto,vai pastoreando sonos e trabalhos).

Meus olhos são pequenos para veressa mensagem franca pelos mares,entre coisas outrora envilecidase agora a todos, todas ofertadas.

Meus olhos são pequenos para vero mundo que se esvai em sujo e sangue,outro mundo que brota, qual nelumbo 1

– mas vêem, pasmam, baixam [deslumbrados.

1 Nascido das cinzas

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983, p. 225-228.

Jornais, revistas, noticiários e internet trazem, diariamente, múltiplas informações sobre uma série de questões enfrentadas pela sociedade, brasileira e mundial, que estabelecem relação com a temática desse poema: a II Guerra Mundial, referida no título (“Visão 1944” – trata-se de um texto datado) e perceptível no conteúdo de suas estrofes. Atividades como montagem de um jornal mu-ral, exposição de cartazes, jograis, dramatizações etc. podem ser organizadas, junto aos estudan-tes, com base em poemas como o citado, e títulos sugestivos, como “Meus olhos são pequenos para ver... o quê?”, podem nortear tais atividades.

Entretanto, antes de dar início a essas atividades, poemas como este precisam passar por um processo acurado de leitura e análise, para que sejam adequadamente apropriados pelos es-tudantes. O primeiro passo é sua leitura – não silenciosa, pois um poema deve ser lido em voz alta, para que se perceba sua estrutura na totalidade. Há que se notar que um poema é mais do que conteúdo: é também escolha de palavras, de elementos formais, de recursos estilísticos. E um recurso deveras significativo é a anáfora “Meus olhos são pequenos para ver”, iniciando cada estrofe. A escolha dessa expressão não constitui somente um elemento sonoro do texto; sua repetição enfatiza o horror que se descortinava diante dos olhos das pessoas, durante os confli-tos da II Guerra. Porém, para absorver esse significado, dentro do poema, é preciso realizar um trabalho interdisciplinar, junto aos professores de História e de Geografia: o que foi a II Guerra, os países envolvidos, até mesmo a participação do Brasil são dados que merecem ser explorados.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 55 SAEPE 2014

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Há que se notar que

um poema é mais do que

conteúdo: é também escolha

de palavras, de elementos

formais, de recursos

estilísticos.

Outro recurso expressivo, que nem sempre é devidamente destacado, refere-se à métrica e à estrutura das estrofes que compõem esse texto. O verso decassílabo, consagrado na litera-tura ocidental, é recorrente na poesia em Língua Portuguesa, e confere um ritmo particular a todos os versos do poema: importa destacar, junto aos estudantes, esse ritmo, que represen-ta um dos recursos sonoros mais instigantes dos textos poéticos. O número 4, presente no título, se repete na escolha da estrutura estrófica: quadras, ou seja, estrofes de quatro versos, também populares na literatura luso-brasileira.

Cabe ressaltar que é muito importante que o professor leia o poema junto a seus estudan-tes, conduzindo-os à dedução desses elementos por meio de perguntas direciona-das, como por exemplo: o título do poema remete a uma data; o que essa data lembra? Em cada estrofe, a que o sujeito poético se refere? É necessária uma leitura inicial do poema na íntegra, em voz alta, pelo professor – pelo menos em um primeiro momento, para que a turma perceba o ritmo e a entonação – e, na sequência, uma leitura pausada, estrofe a estrofe, dando espaço, em cada uma, para que os estudantes manifestem sua opinião (como sugestão, cada estudante da turma pode ler uma estrofe, para que os demais comentem suas impressões).

Após essa análise de seu conteúdo, pode-se partir para a abordagem dos efeitos de sentido conferidos pelos elementos constituintes desse tex-to. Cabem, agora, perguntas específicas sobre os recursos de repetição; de sonoridade conferida pela métrica; de uso das estrofes de quatro versos. Nesse últi-mo caso, por exemplo, é possível estabelecer um paralelo com quadrinhas populares; talvez alguns estudantes tenham exemplos para apresentar, tais como “Batatinha quando nasce,/ se esparrama pelo chão,/ minha amada quando dorme,/ põe a mão no coração” ou cantigas de roda, como: “O anel que tu me deste/ era vidro e se quebrou,/ o amor que tu me tinhas/ era pouco e se acabou” etc.

Oportunidades para o trabalho com textos poéticos, como o indicado, surgem especialmente quando os estudantes estão tendo contato, nas aulas de História, com informações a respeito da II Guerra Mundial. Outro poema que também pode ser abordado, com relação ao mesmo tema, é “A rosa de Hiroxima”, de Vinícius de Moraes:

A ROSA DE HIROXIMA

Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridas Como rosas cálidasMas oh não se esqueçam

Da rosa da rosaDa rosa de HiroximaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválidaA rosa com cirroseA anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada.

MORAES, Vinícius. Poesia completa e prosa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 265.

SAEPE 2014 56 REVISTA PEDAGÓGICA

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O enfoque do

conceito de metáfora,

como recurso estilístico

comum à poesia, tem aqui

seu espaço, e a análise da

seleção vocabular merecerá

expansão.

Enquanto Drummond expõe fatos ligados à II Guerra, Vinícius registra poeticamente o evento que determinou o fim do conflito – a explosão da bomba atômica sobre a cidade de Hiroxi-ma, no Japão (seguida pela cidade de Nagasaki). Em um poema notadamente bem menos extenso que o do poeta mineiro, Vinícius sintetiza aquele momento de dor e angústia gerado pela primeira vez em que um artefato explosivo com tamanho poder de destruição foi lançado contra uma cidade.

Os procedimentos de leitura, similares aos do poema “Visão 1944”, podem atuar como um complemento daquela abordagem. A leitura em voz alta certamente chamará a atenção dos estudantes para o ritmo proporcionado pelos versos curtos (na maior parte do texto, cinco sílabas métricas) e para a sonoridade evidenciada no uso de palavras proparoxítonas, como telepáticas, cálidas, inválida, atômica – raras em Língua Portuguesa, e cuja pronúncia provoca um certo estranhamento, equivalente, talvez, ao estranhamento também provocado pela ex-plosão da bomba atômica (em uma dimensão poética).

É digna de nota, nesse poema, a escolha vocabular efetuada por seu autor. Começando pelo título do poema – por que “rosa” de Hiroxima? Essa pergunta, feita aos estudantes, certamen-te originará suposições diversas, que devem ser orientadas, pelo professor, em direção às hi-póteses mais plausíveis. O enfoque do conceito de metáfora, como recurso estilístico comum à poesia, tem aqui seu espaço, e a análise da seleção vocabular merecerá expansão, para além de seu título: as habilidades de reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de determinadas palavras, da exploração de recursos morfossintáticos e de recursos estilísti-cos, mais uma vez, surgem como relevantes para a análise do texto em questão.

Como elementos representativos dos efeitos de sentido proporcionados pela escolha de palavras, observamos que, no início do poema, a cada substantivo estão associados dois

termos de valor adjetivo: crianças mudas telepáticas; meninas cegas inexatas; mu-lheres rotas alteradas. A leitura pode ser direcionada para que os estudantes

percebam essa estrutura, retomando as noções de classes de palavras. Essa sequência poética precisa ser avaliada, junto à turma, como significativa, e seu sentido explorado: por que o poeta escolheu essa forma de apre-sentar as figuras humanas? E qual é a área semântica a que pertencem esses termos adjetivos: positiva ou negativa? Por que o poema não cita homens, somente crianças, meninas e mulheres?

Também merece destaque o fato de que o poema utiliza, como recurso verbal, o modo imperativo – “Pensem”. O texto é enfático, no sentido de in-

citar seus leitores a pensarem sobre a tragédia que se abateu sobre Hiroxima: é significativo induzir os estudantes a que percebam o efeito de sentido propor-

cionado pelo uso desse modo verbal, bem como da repetição do termo “sem”, ao final do texto – “Sem cor sem perfume/ Sem rosa sem nada” – , que pode remeter à imagem da bomba atômica como a negação de tudo, como uma rosa que não possui os atributos usuais das rosas. É significativo, inclusive, buscar pontos de contato entre a estrutura deste poema e o tratado anteriormente; em “Visão 1944”, existe a mesma atitude de negação provocada pela guerra, o que pode ser percebido na estrofe:

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 57 SAEPE 2014

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A tarefa do professor, nesse

ponto, é conduzir os estudantes a

perceberem esses elementos, por meio

de questionamentos devidamente

direcionados, sem respostas prontas.

Meus olhos são pequenos para ver

uma casa sem fogo e sem janela

sem meninos em roda, sem talher,

sem cadeira, lampião, catre, assoalho.

A tarefa do professor, nesse ponto, é conduzir os estudantes a perceberem esses elementos, por meio de questionamentos devidamente direcionados, sem respostas prontas; é provável que leituras diferentes, mas plausíveis, surjam, e devem ser recebidas como contribuições importantes para o desenvolvimento da leitura literária, naquela turma.

As propostas de atividades sugeridas para “Visão 1944” também se aplicam a “A rosa de Hiro-xima”, sempre tendo em mente o perfil das turmas e a estrutura de que se dispõe para essas atividades. Por exemplo, se há estudantes com algum dote artís-tico – música (existe uma versão musical de “A rosa de Hiroxima”), pintura (o paralelo com o quadro “Guernica”, de Picasso, que retrata a Guerra Civil Espanhola, é muito interessante), dança, teatro... Importa trans-formar a leitura em uma atividade prazerosa, que dialogue com a ânsia de expressão de nossos estudantes, tantas vezes tolhida pelos limites da sala de aula.

Os círculos de leitura propostos no início destes apontamentos po-dem se tornar muito mais amplos, extrapolando os muros da escola, ao relacionar os textos poéticos às experiências de vida dos adoles-centes. Nessa etapa de escolaridade, estamos diante de um público crítico, que já percebe que o mundo à sua volta é cheio de conflitos, mas nem sempre consegue efetuar a leitura desse mundo de forma organiza-da. A leitura literária precisa ser entendida como uma competência socialmente significativa, pois remete a elementos culturais que vão muito além do âmbito da escola. E o contato com a poesia pode se revelar um poderoso aliado, para que essa leitura seja efetiva e contribua para a formação de cidadãos críticos e criativos.

SAEPE 2014 58 REVISTA PEDAGÓGICA

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Para encerrar a Revista Pedagógica, apresentamos os resultados desta escola. A seguir, você encontrará o número de participantes previstos e avaliados, a média de proficiência e a distribuição do percentual de estu-dantes por Padrões de Desempenho.

OS RESULTADOS DESTA ESCOLA 5

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RESULTADO DA ESCOLA (REVISTA)

Participação dos estudantes no teste

» Observar número de estudantes e percentual de participação.

» Analisar os resultados quando a participação está acima ou abaixo de 80%, levando em

consideração que, quanto maior o percentual de participação, mais representativos do

universo avaliado são os resultados.

Proficiência Média

» Com base na proficiência média: identificar o Padrão de Desempenho.

» Relacionar a proficiência média com o desempenho dos estudantes: que habilidades e com-

petências já foram desenvolvidas?

» Refletir sobre o desempenho alcançado pelos estudantes em relação ao esperado,

com base na Matriz de Referência, para a sua etapa de escolaridade. Quais habilidades

e competências devem ser desenvolvidas para alcançar este resultado?

» Como recuperar os estudantes que já passaram pela etapa avaliada e não apresenta-

ram o desempenho esperado?

» Refletir sobre o trabalho realizado na sala de aula e as possíveis mudanças, com o ob-

jetivo de melhorar o desempenho dos estudantes.

» Relacionar o resultado alcançado com a possibilidade de realizar ações/intervenções

pedagógicas.

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Distribuição dos estudantes por Padrão de Desempenho

» Identificar o percentual de estudantes em cada Padrão de Desempenho.

» As turmas da escola são homogêneas e todos desenvolveram as habilidades no mes-

mo grau de complexidade?

» Calcular o número de estudantes em cada Padrão de Desempenho, utilizando variação

proporcional (regra de três).

» Conseguimos identificar quem são os estudantes alocados em cada Padrão na escola?

» Apresentar as habilidades e competências desenvolvidas por cada grupo de estudantes.

» Observar, em relação às habilidades e às competências, o desempenho dos estudantes

que estão alocados em Padrões de Desempenho diferentes.

» Como relacionar o desempenho obtido por esses estudantes com os resultados alcan-

çados na avaliação interna?

» Refletir sobre ações que podem ser pensadas e aplicadas na sala de aula para, ao mes-

mo tempo, recuperar os estudantes que não desenvolveram as habilidades da Matriz

de Referência esperadas para a etapa de escolaridade em que se encontram e estimu-

lar aqueles que já as desenvolveram.

Apresentamos, nesta seção, uma sugestão de roteiro para a análise pedagógica dos resultados da avaliação do SAEPE 2014.

Esse roteiro tem como objetivo subsidiar o trabalho da equipe pedagógica da escola, propondo atividades que auxiliarão na compreensão dos dados obtidos pela avaliação externa.

LíNGUA PORTUGUESA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 61 SAEPE 2014

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RESULTADO POR ESTUDANTE (SITE)

Observar o resultado geral de uma turma.

Relacionar cada descritor com seu percentual de acerto.

Observar o descritor mais acertado (indicar o descritor).

Observar o descritor menos acertado:

» Qual é esse descritor?

» Qual a relação dessa habilidade com os conteúdos trabalhados em sala de aula? É uma

habilidade trabalhada em etapas de escolaridade anteriores? Quais as práticas pedagó-

gicas adotadas pelos professores da escola em relação a esse conteúdo?

» Como possibilitar a compreensão dos estudantes em relação a essa habilidade: ações

pedagógicas? Formação dos professores? Utilização de recursos pedagógicos?

Observar o percentual de acerto dos descritores por tópico:

» Observar, dentre os tópicos apresentados, aquele com os menores percentuais de

acerto por descritor.

» O professor tem trabalhado cada tópico de modo suficiente?

» O percentual de acerto dos descritores de cada tópico tem relação com o trabalho feito

pelo professores em sala de aula?

Observar se existe relação entre descritores (observar se são habilidades de uma mesma competência ou conteúdo comum):

» O que pode ser observado com relação ao percentual de acerto desses descritores?

SAEPE 2014 62 REVISTA PEDAGÓGICA

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REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORAJÚLIO MARIA FONSECA CHEBLI

COORDENAÇÃO GERAL DO CAEdLINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO DA UNIDADE DE PESQUISATUFI MACHADO SOARES

COORDENAÇÃO DE ANÁLISES E PUBLICAÇÕESWAGNER SILVEIRA REZENDE

COORDENAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃORENATO CARNAÚBA MACEDO

COORDENAÇÃO DE MEDIDAS EDUCACIONAISWELLINGTON SILVA

COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DE AVALIAÇÃORAFAEL DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO DE PROCESSAMENTO DE DOCUMENTOSBENITO DELAGE

COORDENAÇÃO DE CONTRATOS E PROJETOSCRISTINA BRANDÃO

COORDENAÇÃO DE DESIGN DA COMUNICAÇÃORÔMULO OLIVEIRA DE FARIAS

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Ficha catalográfica

PERNAMBUCO. Secretaria de Educação e Esportes.

SAEPE – 2014/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.

v. 1 ( jan./dez. 2014), Juiz de Fora, 2014 – Anual.

Conteúdo: Revista Pedagógica - Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental.

ISSN 1948-560X

CDU 373.3+373.5:371.26(05)

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