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História Diplomática 2ª Frequência As Alianças no século XVIII eram predominantemente instrumentos para garantir a segurança do poder e vantagens concretas dos Estados. Foram usadas principalmente na grande parte do século XIX para a gerência e contenção tanto dos adversários como dos aliados, impedindo o seu crescimento. O sistema do século XIX não só produziu uma paz duradoura, onde os conflitos tinham sido endémicos, mas também, às vezes bem-sucedidas na promoção da mudança da paz integral. Este absorveu a e sobreviveu às mudanças forçadas pela guerra, e mostrou-se capaz de integrar novos atores, mesmo aqueles produzidos e transformados por violação dos tratados e guerras no sistema. A expansão e imperialismo fora da Europa, em séculos anteriores é um factor directo em conflitos e guerras da Europa que permaneceram por grande parte do século XIX. Este sistema internacional resistiu e sobreviveu às tensões de um século de mudanças rápidas e fundamentais na sociedade europeia como a industrialização, a modernização, as revoluções na tecnologia das comunicações e ciência, da ascensão do Estado forte, politização em massa e ao crescimento do nacionalismo liberalismo, socialismo e a democracia. O sistema de Viena: O Congresso de Viena foi uma conferência entre embaixadores das grandes potências europeias que aconteceu na capital austríaca, entre 2 de maio de 1814 e 9 de Junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente europeu após a derrota da França napoleónica na primavera anterior, iniciar a colonização (como visto na Revolução Liberal do Porto, no caso do Brasil), restaurar os respectivos tronos às famílias reais derrotadas pelas tropas de Napoleão Bonaparte (como a restauração dos Bourbon) e firmar uma aliança entre os burgueses. Os termos de paz foram estabelecidos com a assinatura do Tratado de Paris (30 de Maio de 1814), no qual se estabeleciam as indemnizações a pagar pela França aos países vencedores. Mesmo diante do regresso do imperador Napoleão I do exílio, tendo reassumido o poder da França em Março de 1815, as discussões prosseguiram. O Acto Final do Congresso foi assinado nove dias antes da derrota final de Napoleão na batalha de Waterloo em 18 de Junho de 1815. O objectivo foi reorganizar as fronteiras europeias, alteradas pelas conquistas de Napoleão, e restaurar a ordem absolutista do Antigo Regime. Após o fim da época napoleónica, que provocou mudanças políticas e económicas em toda a Europa, os países vencedores (Áustria, Rússia, Prússia e Reino Unido) sentiram a necessidade de selar um tratado para restabelecer a paz e a estabilidade política na Europa, já que momentos de instabilidade eram vividos e temia-se uma nova revolução. Medidas: Foram adotados uma política e um instrumento de acção: Política: Restauração legitimista e compensações territoriais. Instrumento de Acção: Santa Aliança, aliança político-militar reunindo exércitos de Rússia, Prússia e Áustria prontos para intervir em qualquer situação que ameaçasse o Antigo Regime, incluindo a hipótese de intervir nas independências da América. Contra isso foi criada a "Doutrina Monroe" (América para Americanos Participantes O congresso foi presidido pelo estadista austríaco Príncipe Klemens Wenzel von Metternich (que também representava seu país), contando ainda com a presença do seu Ministro de Negócios Estrangeiros e do Barão Wessenberg como deputado. Portugal é representado por três Ministros Plenipotenciários: D. Pedro de Sousa Holstein, Conde de Palmela, António de Saldanha da Gama, diplomata destacado na

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História Diplomática 2ª Frequência

As Alianças no século XVIII eram predominantemente instrumentos para garantir a

segurança do poder e vantagens concretas dos Estados. Foram usadas principalmente na grande parte do século XIX para a gerência e contenção tanto dos adversários como dos aliados, impedindo o seu crescimento.

O sistema do século XIX não só produziu uma paz duradoura, onde os conflitos tinham sido endémicos, mas também, às vezes bem-sucedidas na promoção da mudança da paz integral. Este absorveu a e sobreviveu às mudanças forçadas pela guerra, e mostrou-se capaz de integrar novos atores, mesmo aqueles produzidos e transformados por violação dos tratados e guerras no sistema. A expansão e imperialismo fora da Europa, em séculos anteriores é um factor directo em conflitos e guerras da Europa que permaneceram por grande parte do século XIX. Este sistema internacional resistiu e sobreviveu às tensões de um século de mudanças rápidas e fundamentais na sociedade europeia como a industrialização, a modernização, as revoluções na tecnologia das comunicações e ciência, da ascensão do Estado forte, politização em massa e ao crescimento do nacionalismo liberalismo, socialismo e a democracia.

O sistema de Viena: O Congresso de Viena foi uma conferência entre embaixadores das grandes potências

europeias que aconteceu na capital austríaca, entre 2 de maio de 1814 e 9 de Junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente europeu após a derrota da França napoleónica na primavera anterior, iniciar a colonização (como visto na Revolução Liberal do Porto, no caso do Brasil), restaurar os respectivos tronos às famílias reais derrotadas pelas tropas de Napoleão Bonaparte (como a restauração dos Bourbon) e firmar uma aliança entre os burgueses. Os termos de paz foram estabelecidos com a assinatura do Tratado de Paris (30 de Maio de 1814), no qual se estabeleciam as indemnizações a pagar pela França aos países vencedores. Mesmo diante do regresso do imperador Napoleão I do exílio, tendo reassumido o poder da França em Março de 1815, as discussões prosseguiram. O Acto Final do Congresso foi assinado nove dias antes da derrota final de Napoleão na batalha de Waterloo em 18 de Junho de 1815. O objectivo foi reorganizar as fronteiras europeias, alteradas pelas conquistas de Napoleão, e restaurar a ordem absolutista do Antigo Regime. Após o fim da época napoleónica, que provocou mudanças políticas e económicas em toda a Europa, os países vencedores (Áustria, Rússia, Prússia e Reino Unido) sentiram a necessidade de selar um tratado para restabelecer a paz e a estabilidade política na Europa, já que momentos de instabilidade eram vividos e temia-se uma nova revolução.

Medidas: Foram adotados uma política e um instrumento de acção:

Política: Restauração legitimista e compensações territoriais.

Instrumento de Acção: Santa Aliança, aliança político-militar reunindo exércitos de Rússia, Prússia e Áustria prontos para intervir em qualquer situação que ameaçasse o Antigo Regime, incluindo a hipótese de intervir nas independências da América. Contra isso foi criada a "Doutrina Monroe" (América para Americanos Participantes O congresso foi presidido pelo estadista austríaco Príncipe Klemens Wenzel von Metternich (que também representava seu país), contando ainda com a presença do seu Ministro de Negócios Estrangeiros e do Barão Wessenberg como deputado. Portugal é representado por três Ministros Plenipotenciários: D. Pedro de Sousa Holstein, Conde de Palmela, António de Saldanha da Gama, diplomata destacado na

Rússia, e Joaquim Lobo da Silveira, diplomata destacado em Estocolmo. A Prússia foi representada pelo príncipe Karl August von Hardenberg, o seu Chanceler e o diplomata e académico Wilhelm von Humboldt. O Reino Unido foi inicialmente representado pelo seu Secretário dos Negócios Estrangeiros, o Visconde de Castlereagh; após fevereiro de 1815 por Arthur Wellesley, Duque de Wellington; nas últimas semanas, após Wellington ter partido para dar combate a Napoleão, pelo Conde de Clancrty.

A Rússia foi defendida pelo seu Imperador Alexandre I, embora fosse nominalmente

representada pelo seu Ministro de Negócios Estrangeiros. A França estava representada pelo seu Ministro de Negócios Estrangeiros Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord. Inicialmente, os representantes das quatro potências vitoriosas esperavam excluir os franceses de participar nas negociações mais sérias, mas o Ministro Talleyrand conseguiu incluir-se nesses conselhos desde as primeiras semanas de negociações. O congresso nunca teve uma sessão plenária de facto: as sessões eram informais entre as grandes potências. Devido à maior parte dos trabalhos ser feito por estas cinco potências (com, algumas questões dos representantes de Espanha, Portugal, Suécia e dos estados alemães), a maioria das delegações pouco tinha que fazer, pelo que o anfitrião, Francisco II, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, oferecia entretenimento para as manter ocupadas. Isto levou a um comentário famoso pelo Príncipe de Ligne: le Congrès ne marche pas; il danse (o Congresso não anda; ele dança) Princípios

As directrizes fundamentais do Congresso de Viena foram:

O princípio da legitimidade, defendido sobretudo por Talleyrand a partir do qual se consideravam legítimos os governos e as fronteiras que vigoravam antes da Revolução Francesa, garantindo com isso que os Bourbons retornassem ao poder com a anuência dos vencedores. Atendia os interesses dos Estados vencedores na guerra contra Napoleão Bonaparte, mas ao mesmo tempo tentava salvaguardar a França de perdas territoriais, assim como da intervenção estrangeira. Os representantes dos governos mais reaccionários acreditavam que poderiam, assim, restaurar o Antigo Regime e bloquear o avanço liberal. Contudo, o acesso não foi respeitado, porque as quatro potências do Congresso trataram de obter algumas vantagens na hora de desenhar a nova organização geopolítica da Europa.

O princípio da restauração, que era a grande preocupação das monarquias absolutistas, uma vez que se tratava de recolocar a Europa na mesma situação política em que se encontrava antes da Revolução Francesa, que guilhotinou ao rei absolutista e criou um regime republicano, a República, que acabou com os privilégios reais e instituiu o direito legítimo de propriedade aos burgueses. Os governos absolutistas defendiam a intervenção militar nos reinos em que houvesse ameaça de revoltas liberais.

O princípio do equilíbrio, defendeu a organização equilibrada dos poderes económico e político europeus dividindo territórios de alguns países, como, por exemplo, a Confederação Alemã que foi dividida em 39 Estados sendo a Prússia e a Áustria como líderes, e anexando outros territórios a países adjacentes, como o caso da Bélgica que foi anexada aos Países Baixos. Outra decisão importante das grandes potências reunidas em Viena foi a consagração da ideia de equilíbrio do poder. Segundo essa perspectiva, considerava-se que só fora possível o fenômeno Napoleão na Europa porque ele havia juntado uma tal soma de recursos materiais e humanos que, aliados à sua capacidade política e militar, provocaram todo aquele período de guerras.

As grandes potências decidiram então dividir os recursos materiais e humanos da Europa, de tal maneira que uma potência não pudesse ser mais poderosa que a outra (equilíbrio de poder); sendo assim, nenhum outro Napoleão se atreveria a desafiar seu vizinho, sabedor de que este contaria com os mesmos recursos. Sendo esse o critério estabelecido, trataram de pô-lo em prática, resultando num mapa europeu em que as etnias e as nacionalidades não foram levadas em consideração, tal como aconteceu com a partilha da Polónia, por exemplo. Uma vez estabelecida a paz, haveria a necessidade de manutenção de exércitos? Os estadistas reunidos em Viena foram unânimes em responder afirmativamente. Tratava-se de manter forças armadas exactamente para preservar a paz alcançada. A garantia da paz residia, a partir de então, na preservação das fronteiras geográficas estabelecidas justamente para evitar que qualquer potência viesse a romper o equilíbrio, anexando recursos de seus vizinhos e pondo em risco todo o sistema de estados europeus. O princípio geopolítico das "fronteiras geográficas" perdurou até o término da Segunda Guerra Mundial, quando esse conceito foi substituído pelo conceito de "fronteiras ideológicas", no contexto da Guerra Fria. Consequências:

A Rússia anexou parte da Polónia, Finlândia e a Bessarábia;

A Áustria anexou a região dos Balcãs;

A Inglaterra ficou com a estratégica Ilha de Malta, o Ceilão e a Colónia do Cabo, o que lhe garantiu o controlo das rotas marítimas;

O Império Otomano manteve o controlo dos povos cristãos do Sudeste da Europa;

A Suécia e a Noruega uniram-se;

A Prússia ficou com parte da Saxónia, da Vestefália, da Polónia e com as províncias do Reno;

A Bélgica, industrializada, foi obrigada a unir-se aos Países Baixos, formando o Reino dos Países Baixos;

Os Principados Alemães formaram a Confederação Alemã com 38 Estados, a Prússia e a Áustria participavam dessa Confederação;

Restabelecimento dos Estados Pontifícios;

A Espanha e Portugal não foram recompensados com ganhos territoriais, mas tiveram restauradas as suas antigas dinastias.

No encerramento do Congresso de Viena, pelo Artigo 105 do Acto Final, o direito português ao território de Olivença foi reconhecido. Apesar de sua inicial resistência a esta disposição, a Espanha terminaria por ratificar o tratado mais tarde, em 7 de Maio de 1817, nunca havendo entretanto cumprido esta disposição ou restituído o território oliventino a Portugal. O Congresso de Viena logrou garantir a paz na Europa. Além das disposições políticas territoriais, estabeleceu-se:

O princípio da livre-navegação do Reno e do Meuse;

A condenação do tráfico de escravos, determinando sua proibição ao norte da linha do Equador;

Medidas favoráveis para a melhoria das condições dos judeus;

E, de suma importância, um regulamento sobre a prática das actividades diplomáticas entre os países.

Estas regras de concertos e práticas foram eficazes para as décadas depois de 1815 em

lidar pacificamente com problemas e crises internacionais, muitas vezes por meios repressivos e nunca sem atrito e rivalidade, mas sem guerra das grandes potências ou o seu aumento, exemplo:

Revoltas em Espanha, Nápoles e Piemonte em 1820;

A revolta grega em 1821: esta revolta étnico-religiosa profunda e da guerra contra o domínio turco repetidamente ameaçou causar uma guerra russo-turca, mas a autocontenção da diplomacia da Rússia e o Concerto liderado pela Grã-Bretanha e Áustria evitaram este conflito;

As revoltas nas colónias de Espanha e as colónias portuguesas americanas;

A crise oriental em 1826-9: a intervenção da Grã-Bretanha, Rússia e França para salvar os gregos de ser esmagados pelo vassalo do sultão Egipto otomano, embora destinada inicialmente para acabar com a luta pela diplomacia e evitar qualquer grande poder de engrandecer-se ou agir unilateralmente, em vez disso se transformou-se numa batalha naval aliada que destruiu as forças turco-egípcias. Isto levou a uma guerra russo-turca, uma vitória russa, e do perigo que aumentou a sua influência em Constantinopla, mas preservou o trono do sultão; os três aliados negociaram a criação de um reino independente grego, e isso logo veio sob influência anglo-francesa do que russa;

As novas crises do Leste 1832-1841: desta vez a ameaça ao império otomano veio de vassalo ambicioso do sultão, o paxá do Egipto, e seu regime, duas vezes derrotados e enfrentando derrubada foi recusado pela grandes potências europeias, a Rússia em 1832-3 e quatro poderes em 1839-4. As decisões dos quatro poderes em 1840, finalmente, agir sem a França que levou a uma crise e ameaça de guerra na Europa, aparentemente, revivendo a tradicional competição de poder político no Médio Oriente e na Europa. Mas a crise realmente teve mais a ver com as regras e liderança no Concerto do que na política do poder. Os franceses sempre favoreceram um concerto para defender o sultão, mas desejavam uma parceria com a Inglaterra contra a Rússia, a ameaça permanente para a Turquia. Mas a Grã-Bretanha, suspeito de objectivos franceses, preferiu trabalhar com Rússia, e França reagiu principalmente de honra ferida e perdeu o prestígio. As preparações francesa para a guerra dirigidas contra a Áustria e a Prússia, foram em grande parte um bluf, e, quando o concerto dos quatro poder segurou firme, França recuou, com os dois poderes alemães ajudando-o a fazê-lo com honra. A crise ilustra tanto a dual-hegemónica estrutura anglo-russa do sistema e da eficácia da estratégia de agrupamento de concerto

Revoluções de 1848: Dá-se o nome de Revoluções de 1848 à série de revoluções na Europa central e oriental que eclodiram em função de regimes governamentais autocráticos, de crises económicas, de falta de representação política das classes médias e do nacionalismo despertado nas minorias da Europa central e oriental, que abalaram as monarquias da Europa, onde tinham fracassado as tentativas de reformas políticas e económicas. Também chamada de Primavera dos Povos, este conjunto de revoluções, de carácter liberal, democrático e nacionalista, foi iniciado por membros da burguesia e da nobreza que exigiam governos constitucionais, e por trabalhadores e camponeses que se rebelaram contra os excessos e a difusão das práticas capitalistas.

A partir de 1845, a situação política francesa foi profundamente agravada pela eclosão de uma crise do capitalismo. Essa crise acabaria se estendendo por todo o continente e estaria na origem das revoluções liberais que abalaram a Europa Centro-ocidental, no ano de 1848. Os anos de 1845 e 1846 foram de péssimas colheitas, desencadeando uma crise agrícola em todo o continente. A crise agrícola iniciou-se em Flandres e na Irlanda, com as péssimas colheitas de batatas. Na Europa ocidental, a má colheita de trigo desencadeou em 1846 uma série de revoltas camponesas. Essa crise desencadeou uma alta vertiginosa do custo de vida, atirou à miséria grandes sectores da população rural e reduziu drasticamente a sua capacidade de consumo de produtos manufacturados. A crise se agravou atingindo a indústria e as finanças. A crise, naturalmente, não teve carácter uniforme e atingiu de forma diferente cada região. Foi

predominantemente industrial na Inglaterra e na França, mas sobretudo agrícola na Irlanda e na Itália. De qualquer modo, atingiu duramente a massa popular, que se tornou, por isso mesmo, extremamente sensível aos apelos revolucionários difundidos pelos socialistas, que, em 1848, conquistaram grande nitidez no cenário europeu.

Revolução de 1848 na França:

A revolução irrompeu primeiramente na França, onde adeptos do sufrágio universal e uma minoria socialista, sob a liderança de Louis Blanc, conseguiram derrubar a monarquia de Julho e criaram a Segunda República.

Antecedentes:

A partir de 1830, com o fortalecimento das tendências republicanas, a opinião pública europeia radicalizou-se. O desenvolvimento industrial e o substancial crescimento do proletariado urbano francês entre 1830 e 1850, originaram novos problemas sociais. A situação dos operários era desesperadora. Em Lyon esta classe protagonizou mesmo alguns levantamentos, que foram, todavia, duramente reprimidos pelas autoridades. Depois destes levantamentos populares surgiram um pouco por toda a França sociedades secretas constituídas por operários, ligadas ao movimento republicano e ao movimento do socialismo utópico. Estas revoluções que começaram em frança e espalharam-se por Holanda, Suíça, Alemanha, Itália e Polónia, produzindo alguma violência, e mudança política e constitucional considerável, e algumas crises internacionais, aprofundando a divisão ideológica leste-oeste.

No período que mediou os anos 1845 e 1847 a França foi assolada por dois anos de más colheitas agrícolas, provocadas sobretudo pela praga da batata, que teve uma maior incidência neste país e na Irlanda. Em 1847 a situação agravou-se com uma crise económica, traduzida na queda do valor dos salários e no encerramento de inúmeras unidades fabris. A instabilidade, no entanto, vinha de trás. Em 1848 a primeira revolta de carácter liberal na Europa foi a de rebeldes sicilianos.

Revolução de 1830: Isso nos últimos anos do reinado de Luís XVIII (1814-1824) e por todo o reinado de

Carlos X, o conde de Artois (1824-1830), sucederam-se perturbações internas graves. Este monarca decidiu confiar a chefia do governo ao príncipe de Polignac. Longe de resolver os problemas o novo estadista preocupou-se com uma bem-sucedida expedição à Argélia. A publicação das Ordenações de Julho (Ordenanças de Julho), em 25 de Julho de 1830, suprimindo a liberdade de imprensa, dissolvendo a câmara, reduzindo o eleitorado, anulando as últimas eleições e permitindo-se governar através de decretos, deu origem ao levantamento de barricadas em Paris (1830) e à generalização da luta civil que conduziria à Monarquia de Julho, cujo clima perpassa pelas páginas de Os Miseráveis, de Victor Hugo. Carlos X parte para o exílio. Sucede-lhe o primo Luís Filipe I, conhecido como "o rei burguês". Os financistas viram-se representados, uma vez que o próprio monarca era oriundo daquelas fileiras. Apoiado por banqueiros como Casimire Pérere e contando com ministros como Thiers ou François Guizot, a nova monarquia vem assim conseguir impor um clima de paz e prosperidade. O reinado de Luís Filipe revelou-se Arquico servador, gerando insatisfações. O descontentamento popular contra o rei Luís Filipe e o seu ministro Guizot avolumava-se desde 1846, estimulado pela crise económica. Apesar disso, o poder julgava-se solidamente instalado, com apoio dos conservadores, sobretudo banqueiros. As revoltas populares, entretanto, sucederam-se a tal ponto que a própria Guarda Nacional acabou por as apoiar, aderindo à sedição.

Revolução de Fevereiro de 1848:

Em 1848, preparava-se uma revolta popular que colhia alguma simpatia por parte da burguesia. A burguesia industrial nomeadamente conseguiu o direito de sufrágio e a redução

do censo eleitoral, os operários reclamavam a instauração de uma República e exigiam uma reforma. Com isso a revolta tinha uma petição com 5 milhões de assinaturas. Os revoltosos combinaram diversas reuniões, entre as quais se destacou o banquete público da oposição de 22 de Fevereiro de 1848, que o governo tentou impedir que se realizasse. A burguesia afastou-se dos operários; contudo, estes, juntamente com artesãos e estudantes, concentraram-se no local combinado. O apelo à rebelião foi lançado por adeptos do sufrágio universal, partidários de reformas sociais e uma minoria socialista, sob a liderança de Louis Blanc, que tinham conseguido escapar às autoridades. Centenas de milhares de insatisfeitos com o desemprego, mas sem um programa político claro, descobriram que queriam derrubar o governo do rei Luís Filipe, de seus ministros e de todo o sistema económico que os enriquecia às custas dos trabalhadores. No dia seguinte, o centro de Paris estava cheio de barricadas que assustaram os burgueses moderados da oposição. O rei demitiu Guizot na esperança de aplacar a revolta, mas a multidão voltou a protestar e, na madrugada do dia 24, foi atacada a tiros pela Guarda Nacional. Na fuzilaria morreram cerca de 500 pessoas. Os cadáveres foram colocados em carros iluminados por tochas e desfilaram pelo centro de Paris, alimentando a insurreição, dando início a uma luta aberta que se estendeu por toda a cidade. Soldados da Guarda Nacional, enviados para reprimir os manifestantes, uniram-se a eles. O governo ensaiou oferecer reformas de esquerda para controlar a rebelião que aumentava de proporções, mas já era tarde. Na manhã do dia 24 de Fevereiro, quando inspeccionava as tropas, o rei foi vaiado por elas. Os insurrectos controlavam os arsenais. À tarde, já corriam proclamações republicanas. Incapaz de reagir, a Luís Filipe só restava abdicar o trono. O parlamento dissolveu-se. A Monarquia de Julho tinha sido destronada e nascia a Segunda República (1848-1852). Os grandes burgueses moderados da oposição estavam exasperados, pois o que mais temiam estava nas ruas: a revolução social dos pobres. As ruas de Paris eram tomadas por um contingente de 40 a 50 mil manifestantes, sendo que muitos foram mortos e 15 mil, presos. Rapidamente formou-se um governo de coalizão entre a burguesia moderada, a pequena burguesia republicana e os socialistas. Os primeiros estavam preocupados com a ordem e a estabilidade; os republicanos, com a república e o sufrágio universal; e os socialistas, com a melhoria das condições operárias. Eles foram aceitos no governo devido a sua presença nas barricadas. Reformas políticas:

Um governo provisório constituiu-se em 24 de fevereiro, com maioria de republicanos moderados. O Governo Provisório juntava a oposição eleita constitucionalmente e representantes da multidão. Muitos viram neste movimento a expressão - embora vaga - da insatisfação popular ao ver que o ideal de igualdade defendido e em grande parte conquistado durante a Revolução Francesa não havia-se estendido à esfera económica. Nesse governo, onde o poeta Alphonse de Lamartine ocupava as funções de Ministro dos Assuntos Internos e os socialistas eram somente admitidos como empregados, foram chamados a intervir Albert, um operário, e Auguste Blanqui, jornalista e historiador, por imposição directa do povo. O Governo provisório convocou eleições, as quais deram vitória aos candidatos da burguesia e dos latifundiários. Em 25 de Fevereiro foi implantada a Segunda República, em resultado de uma expressiva manifestação; todavia, esta não veio a corresponder às aspirações dos operários que reclamavam uma reforma social. O sufrágio universal masculino foi estabelecido e por proposta dos socialistas, foi reduzida a jornada de trabalho de 12 para 10 horas diárias. Por pressão dos operários e socialistas, foram criadas as Oficinas Nacionais (ateliers nationaux) - fábricas com capital estatal e dirigidas por operários, destinadas a aliviar a crise económica e o desemprego, que logo se tornaram improdutivas e custosas, aumentando o deficit público - e a Comissão de Luxemburgo, cujo objectivo era a preparação de projectos de legislação social e a arbitragem de conflitos de trabalho. O novo Governo não tocou no direito à propriedade privada, mas concedeu o tão desejado direito ao trabalho, uma medida que seria posta em prática pela Comissão de Luxemburgo, presidida por Louis Blanc e por Albert, mas os

prometidos direitos foram negados por uma direcção política burguesa pouco sensível aos problemas do operariado. Na mesma época, Proudhon edita o periódico "O Representante do Povo", onde critica as Oficinas Nacionais, as quais considerava economicamente inviáveis. Propunha que em seu lugar se criasse um Banco de Crédito Popular, que remunerasse o trabalho com cheques descontáveis, para estimular o consumo. Todos os políticos do novo governo eram parisienses e não possuíam experiência administrativa, ignorando o que ocorria nas províncias francesas, onde as estradas de ferro foram destruídas, castelos foram saqueados e agiotas espancados. Em Paris, no mês de Março, havia calma e as forças presentes no governo viviam em harmonia. A maioria dos operários confiava no governo e esperava uma solução rápida para sua miséria. Mas a harmonia não duraria muito. Os grandes burgueses das diferentes alas tinham superado as suas divergências para impedir qualquer ameaça à propriedade e à riqueza. Uma minoria socialista pressionava o governo para que promovesse novas e ousadas reformas sociais. Alguns falavam em abolir a propriedade privada ("a propriedade é o roubo", escreveu Proudhon), a hierarquia social e as tradições, o que assustava também os pequenos burgueses republicanos. Essas pressões não passavam de agitações feitas em jornais, clubes e sociedades socialistas e não representavam perigo, já que a força deles era diminuta nos meios operários parisienses. Mas não deixavam de assustar os burgueses. Os mais preocupados com essa agitação eram a imensa maioria de camponeses, que se preparava para reagir, caso tivesse de entregar suas propriedades. Este período inicial da revolução, também chamado de República Social, foi marcado pela provisoriedade e pela intensa disputa entre os diferentes interesses envolvidos na consolidação do poder.

Reacção conservadora:

A inexperiência política do governo não satisfazia nem as reivindicações dos mais radicais nem as inquietações dos mais conservadores. Mas era principalmente a crise económica que agravava a inquietude de todos os operários. A falta de mercados para vender seus produtos, o aumento dos impostos, o marasmo econômico, aliado às agitações políticas e à fraqueza e hesitação do governo, provocavam pesadelos no mundo dos negócios. Diante do "perigo vermelho", a burguesia se preparou. Em 23 e 24 de Abril de 1848, ocorreram eleições para a formação de uma Assembleia Constituinte. O Governo Provisório cessou as suas funções e deu lugar a uma comissão executiva de cinco membros, onde de novo figurava Lamartine. Os socialistas e os republicanos concorriam, mas faltava-lhes organização em nível nacional e sua influência estava quase que restrita a Paris. Já o Partido da Ordem, que representava todos os homens preocupados com a defesa da propriedade, tinha influência nacional, pois se apoiava nos notáveis das cidades e aldeias rurais da França, um imenso país de camponeses. O Partido da Ordem elegeu 700deputados, alguns favoráveis à monarquia e outros republicanos moderados. Os republicanos radicais e os socialistas não conseguiram eleger nem 100 deputados. Em Junho, Proudhon foi eleito para a Assembleia Nacional Constituinte, onde não conseguiu se fazer ouvir. Sua experiência na Assembleia Nacional selaria sua convicção anarquista de que" o sufrágio universal é a reacção", por representar a soma de interesses privados, contrários ao bem comum. A assembleia constituinte foi o primeiro órgão legislativo francês que teve os membros eleitos por sufrágio universal.

Revolução de Junho de 1848: Dominada pelo Partido da Ordem, a Constituinte passou a combater as ideias

socialistas. Os socialistas, descontentes, reiniciaram as agitações. Em 22 de Junho de 1848 o governo tomou severas medidas para controlar e reprimir os operários, depois dos levantamentos comunistas de 15 de Maio. A dissolução da Comissão de Luxemburgo e, finalmente, o fechamento das Oficinas Nacionais - que empregavam 110 mil operários - provocaram uma forte contestação por parte dos operários fabris. Contra tais decisões Auguste Blanqui, líder socialista, comandou em Junho de 1848, as insurreições operárias de Paris. Desempregados e sem meios de sustento, os operários revoltaram-se espontaneamente

levantando barricadas e dispostos a enfrentar o novo poder estabelecido e controlado pela burguesia. "Nós queremos uma República democrática e social", dizia um cartaz afixado pelos revolucionários. Toda tentativa de pacificação foi rejeitada pelos sublevados.

Para tentar suprir o desacato ao poder a Assembleia Nacional Constituinte decretou estado de sítio e nomeou o ministro da Guerra, general Louis-Eugène Cavaignac, chefe do poder executivo, dando-lhe poderes ditatoriais para que este travasse a revolta popular. O general Cavaignac foi ajudado por forças vindas espontaneamente das províncias. Nobres, burgueses, padres e camponeses marcharam ombro a ombro para ajudar Cavaignac a massacrar os insurrectos de Paris. A insurreição operária parecia bem encaminhada até ser esmagada, à força de bala, pela acção implacável de Cavaignac. No combate, que durou quatro dias, morreram 1.500 insurrectos. A repressão posterior, gerada pelo ódio, vingança e medo dos proprietários, também foi violenta. Após um julgamento sumário, que não deixou nenhum direito de defesa aos condenados, 12.000 insurrectos foram presos e 4 mil deportados para a Argélia. Os jornais foram suspensos, as reuniões públicas proibidas e as associações políticas postas sob o controle da polícia. Estava afastado o perigo de uma "revolução social" e a burguesia pode seguir em frente.

Revolução de 1848 nos Estados Alemães:

Em grande parte dos Estados alemães ocorreram manifestações populares, revoltas e um movimento por um parlamento nacional eleito que projectasse uma nova Constituição em defesa de uma Alemanha unificada.

Antecedentes: A Prússia emergiu das guerras napoleónicas como uma das cinco potências europeias,

e o Zollverein (União Aduaneira) fizera com que toda a Alemanha (ou melhor, Confederação Germânica), excepto a Áustria, se ligasse pelo livre comércio e se desenvolvesse. A economia prussiana se desenvolvia a passos largos, mas a sua política não se modernizava. O rei Frederico Guilherme III prometera uma Constituição, mas morreu sem cumprir sua promessa. Seu sucessor, Frederico Guilherme IV, também não se empenhou em reformas políticas. Mas, precisando de dinheiro para construir uma ferrovia, o rei, obedecendo a uma determinação de seu antecessor, convocou a Dieta Unida, que deveria unir-se em Berlim em Abril de 1847. Os liberais eram maioria nessa Dieta e decidiram aproveitar a oportunidade para pressionar em favor da convocação de um Parlamento eleito pelo povo, condicionando a aprovação do empréstimo à promulgação de uma Constituição pelo rei. Esse, no entanto, mandou dissolver a Assembleia.

As Revoluções: No mesmo ano, as safras foram ruins, os preços dos alimentos subiram e o ambiente

entre os trabalhadores urbanos ficou agitado. A intelectualidade se uniu aos operários que, em 3 de Março de 1848, fizeram uma manifestação nas ruas de Colónia. Duas semanas mais tarde, a insurreição irrompeu em Berlim. No dia 18 de março, a população exigiu de Frederico Guilherme IV o apoio às teses liberais e a convocação de uma assembleia nacional eleita pelo sufrágio universal. Na semana de Março de 1848, as manifestações e os comícios tornaram-se diários, os liberais exigiam uma Constituição, houve um choque entre soldados e manifestantes e logo surgiram barricadas por toda a cidade, lutando unidos contra as tropas reais burgueses, pequeno-burgueses e operários.

As revoltas foram imediatamente sufocada pelas forças prussianas. O rei Frederico Guilherme IV procurou eximir-se da responsabilidade pelo massacre. Retirou as tropas da cidade e a ordem passou a ser controlada por uma milícia civil. A bandeira vermelha, negra e dourada - símbolo de uma Alemanha unida e liberal - triunfava nas cidades prussianas. O rei identificou-se publicamente com a causa nacional alemã e convocou uma assembleia nacional. Em 1849 foi redigida uma Constituição para a Alemanha. Os conservadores, que queriam uma

Alemanha unida, sob o domínio da Prússia, mas não liberal, começaram a articular uma reacção. A burguesia tentou tomar partido da revolução de Março de 1848 para unificar os estados alemães. A revolução expandiu-se por quase todos os Estados alemães. Ao mesmo tempo que o Parlamento se ocupava de infindáveis debates, os poderosos latifundiários e os príncipes debatiam-se com a contra-revolução. No mês de Abril desse ano, Marx e Engels tinham chegado à Alemanha e foram se fixar na zona da Renânia. Em Junho saía nesse local a "Nova Gazeta Renana", dirigida pelo teórico socialista Karl Marx, e custeada por industriais liberais. Este periódico procurou forjar uma aliança entre socialistas e liberais em prol da democracia. Em Dresden, um reduto liberal e democrata, rebentou um movimentou popular. Em grande parte insuflado por periódicos como a "Gazeta de Dresden", que publicava artigos de Mikhail Bakunin, e "Páginas Populares", para o qual contribuía o compositor Richard Wagner, o movimento carecia de organização. A violenta batalha foi vencida pelas tropas governamentais, que estavam em maior número. Engels deixou Colônia em 10 de Maio de 1849 por Elberfeld, no Reno, cidade onde se ocupara da direção das barricadas. Bakunin foi preso e condenado à morte, mas sua pena foi comutada para prisão perpétua. Um Parlamento foi reunido em Frankfurt em 18 de maio, abrangendo todas as tendências políticas alemãs. Adoptou a supressão dos direitos feudais e aumentou as liberdades políticas. Os representantes dos Estados alemães perderam-se em discussões a respeito da unificação: havia os defensores da República (com partidários do federalismo, unitarismo e da democracia); outros defendiam a solução monárquica, tendo adeptos da participação da Áustria (seria a Grande Alemanha), e outros, com a exclusão da Áustria e predomínio da Prússia (seria a Pequena Alemanha). A solução encontrada, proposta pela burguesia, já em 1849, foi a de uma "monarquia federal" governada pelos Hohenzollern (dinastia prussiana), sendo a Coroa imperial da Alemanha oferecida a Frederico Guilherme IV que, pressionado pela acção dos nobres, recusou-a e não aceitou a Constituição de Frankfurt. Esta atitude foi repetida pelo governo da Áustria e dos outros Estados alemães. Embora o povo e os revolucionários quisessem ver aprovada esta Constituição, acreditando que ela poderia trazer algum progresso em termos de liberdades civis, esta também não lhes satisfez totalmente, visto que deixava o poder nas mãos dos antigos líderes. Começou assim a contra-revolução da nobreza. Em Novembro de 1848, a Assembleia Nacional de Frankfurt foi dissolvida sem oposição pela Prússia, o sufrágio universal suprimido e os privilégios da nobreza restabelecidos. Os junkers, conservadores, membros da nobreza latifundiária, retomaram pouco a pouco o controle da situação. O sonho da unificação havia fracassado. Os radicais continuaram a lutar pela obtenção de justiça social, mas foram esmagados pelo exército prussiano. Primeiro na Áustria, depois na Prússia, a restauração conservadora acabou por triunfar em toda a Alemanha. O sonho de uma Alemanha unida e democrática estava morto. A burguesia liberal alemã fracassara.

O triunfo da Revolução de 48 e as agitações operárias atemorizavam a burguesia alemã. Ela não aprofundou a revolução nem consolidou seu poder, como fizeram os ingleses (1688) e os franceses (1789). Abandonou seus aliados da véspera, pequeno-burgueses democratas e operários, e recompôs-se com a nobreza restauradora. Nos diversos Estados, as conquistas obtidas (liberdades, diversas Constituições) foram anuladas e o poder dos governantes restaurado em sua plenitude. Assim ocorreu em Viena, permitindo que os Habsburgo cuidassem das nacionalidades submetidas, como se deu na Hungria, onde Lajos Kossuth proclamara a independência e a República: com o apoio da Rússia, a Áustria derrotou os húngaros e os manteve integrados ao Império Austríaco. Foi então que Frederico Guilherme IV, aproveitando-se da exaltação nacionalista, tentou promover a unificação com o apoio de outros governantes, sem participação da Áustria; contudo, os dirigentes austríacos, tendo sufocado os movimentos na Itália, na Hungria e na própria Áustria, e dispondo ainda do apoio da Rússia, obrigaram o soberano prussiano a encerrar as negociações que vinha promovendo ("Recuo de Olmutz", em 1850). Assim, também se frustraram as revoluções na Alemanha, não só pela divisão entre os revolucionários, mas principalmente pela debilidade de um

capitalismo ainda nascente na Alemanha. Não obstante, o saldo das Revoluções apontou o caminho a seguir: a unificação deveria ser promovida pela Prússia, não mais pela via revolucionária (a emergência de ideologias proletárias levou a burguesia a se desvincular do proletariado), porém, sob a direção dos Hohenzollern.

Revolução de 1848 na Áustria:

A revolução no império austríaco foi favorecida pelo enfraquecimento da monarquia, pelo desenvolvimento de uma corrente liberal no seio da sociedade burguesa e aristocrática de Viena e pela reivindicação de um reconhecimento dos povos de idioma não germânico: poloneses, tchecos, romenos, croatas, italianos do norte e principalmente os húngaros, que dispunham de um governo. O movimento austríaco contra o regime absolutista de Fernando I e seu braço-direito, o príncipe de Metternich, que governava havia trinta anos, eclodiu em Viena com manifestações de rua e barricadas. No dia 13 de março de 1848, tumultos na Áustria liderados pela burguesia insuflaram a assembleia da Baixa Áustria a marchar para o palácio de Hofburg, obrigando o chanceler Metternich a fugir para a liberal Inglaterra. Foi formado um governo liberal, e a Assembleia Constituinte reunida em julho votou a abolição dos direitos feudais, conforme já ocorrera na Alemanha. O imperador Fernando I foi obrigado a aceitar uma Constituição, o parlamentarismo e a emancipação do campesinato. O Parlamento passou a ser eleito pelo sufrágio universal, várias instituições feudais foram abolidas, teve fim a censura à imprensa e formou-se uma guarda nacional para a defesa das reivindicações liberais. A burguesia austríaca, entretanto, não soube conservar sua revolução. A aristocracia retomou o poder, liderada pelo novo chanceler, o príncipe de Schwartzenberg. O exército e o chanceler Schwartzenberg retomaram Praga e Viena, e obrigaram Fernando I a abdicar em nome de seu filho Francisco José I, então com 18 anos. Dissolvido o parlamento, os liberais foram perseguidos, as reformas abolidas e o absolutismo restaurado. Checos e húngaros, que viviam sob o domínio austríaco, aproveitando-se das modificações ocorridas na Áustria, levantaram-se em revoluções de libertação nacional, apoiada por todas as classes sociais. Mas, estabilizada a situação na Áustria com a restauração do absolutismo, os exércitos austríaco e russo esmagaram essas revoluções. A decisão de enviar tropas contra a revolução na Hungria, em outubro, deu origem a novo levantamento popular, reprimido em menos de um mês. O ciclo revolucionário só foi encerrado em 1852, com o restabelecimento do absolutismo monárquico.

Revolução de 1848 dos Checos:

Em Praga, Rieger conseguiu a aprovação de uma constituição liberal, a Carta da Boémia, que reconhecia os direitos históricos do povo tcheco. A vontade de afirmar a identidade eslava face ao germanismo concretizou-se, no dia 2 de junho, com a reunião do Congresso Pan-Eslavo em Praga, iniciativa do historiador Frantisek Palacký. O Congresso Pan-Eslavo inspirou manifestações nacionalistas tchecas, reivindicando autonomia numa Áustria federativa. Esse congresso foi dissolvido militarmente.

Revolução de 1848 dos Húngaros:

Em fevereiro e março de 1848, as notícias sobre as insurreições em Paris e Viena deram estímulo aos liberais húngaros para desencadear a rebelião nacional pela independência. Um movimento pela independência húngara, liderado pelo patriota húngaro Lajos Kossuth, declarou a independência de todos os territórios magiares e proporcionou, em março de 1849, um governo republicano separatista de curta duração, com sede em Budapeste. O nacionalismo exacerbado e a recusa dos húngaros em considerar a independência de suas próprias minorias resultaram, porém, em uma insurreição das forças croatas, sérvias e da Transilvânia (Roménia). Em setembro, o Exército austríaco, que já conseguira sufocar a rebelião na Itália, invadiu a Hungria, e Budapeste caiu em janeiro de 1849. A cidade foi retomada em maio, mas a intervenção da Rússia a favor da Áustria levou à

derrota dos rebeldes em agosto. Kossuth foi obrigado a exilar-se na Turquia após o fracasso de Villagos, em 13 de agosto de 1849.

Revolução de 1848 nos Estados Italianos:

Nos Estados italianos, onde a onda revolucionária teve o seu foco inicial, a Revolução de 48 teve um carácter extremamente nacionalista, com uma tripla aspiração: à liberdade, à unidade e à independência italianas. É certo porém, que não possuíam coesão porquanto havia três tendências visando a unificação: os Neoguelfistas, liderados por Gioberti, pretendiam uma confederação de Estados, cabendo a direcção superior ao Papa; os Monarquistas Constitucionais, inspirados por Cesare Balbo e Mássimo D'Azeglio, batiam-se por um Estado nacional unitário governado pela Casa de Sabóia, reinante no Piemonte-Sardenha; e os Republicanos dirigidos por Giuseppe Mazzini, além da actuação destacada de Giuseppe Garibaldi, empenhados em derrubar as dinastias e implantar uma República Democrática. O Papa Pio IX e o rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto, implantaram uma série de reformas liberais em seus estados, a partir de1846, sobretudo a liberdade de imprensa, que ganhou a adesão dos patriotas, como Mazzini. A insurreição eclodiu nos Estados conservadores. Em janeiro 1848 os sicilianos rebelaram-se contra o poder dos Bourbon e adoptaram a Constituição espanhola de 1812. Em seguida, no reino de Nápoles, reivindicou-se a implantação das mesmas leis em seu território. Em12 de janeiro, foi formado um governo provisório e Fernando II, sob pressão britânica, promulgou imediatamente a constituição, que passou a ser seguida no restante da Itália, uma vez que o Papa Pio IX se opôs à intervenção de tropas austríacas dispostas a reprimir os nacionalistas. Insurreições nacional-populares ocorreram em Turim, Milão e Roma. No Reino Lombardo-Vêneto, a revolta de Milão, de 18 a 23 de março, conseguiu expulsar o governador militar austríaco, general Josef Radetzky. Simultaneamente, em Veneza, onde os protestos redobraram após o anúncio da queda de Metternich, lutava-se contra a dominação austríaca, da mesma forma que em Milão, e Daniele Manin e seus seguidores proclamaram a república. Em Florença, Roma e Turim, os soberanos se anteciparam à insurreição promulgando Constituições. Mazzini, no norte da Itália, proclamou a República Toscana e, em 1849, o território pertencente a Igreja foi anexado, sendo proclamada a República Romana em 22 de fevereiro. Entretanto, a sonhada república unificada e democrática, almejada por Mazzini, não teve lugar nesta ocasião pois a intervenção francesa pôs um fim à insurreição e permitiu a volta do papa, que restabeleceu as instituições do passado. Apesar dos sucessos iniciais, a divisão dos revolucionários e a intervenção externa restabeleceram a ordem anterior. A revolução foi derrotada com o apoio de forças vindas da França e da Áustria, países interessados no restabelecimento das monarquias absolutistas e do poder do papa. O movimento de Mazzini, apesar de outras tentativas de insurreição, em 1853, enfraquecia. As forças que queriam construir uma Itália mais moderna e democrática foram vencidas. A derrota dos revolucionários provocou a restauração do absolutismo em quase todos os Estados italianos. O único reino que manteve uma constituição liberal foi o Piemonte-Sardenha. Quase todos os partidos empenhados na unificação depositaram aí suas esperanças. Após uma fase de estabilidade dos regimes liberais, o rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto, contando unicamente com suas próprias forças (seu lema era "L´Italia fará da sé"), se deixou envolver na guerra contra a Áustria, em março de 1849, tentando expulsar os austríacos do Reino Lombardo-Vêneto (regiões setentrionais dominadas então pela Áustria). Foi vencido em Custozza e Novara e forçado a abdicar em favor de seu filho Vítor Emanuel II. As revoluções italianas fracassaram em virtude da reacção do absolutismo, encorajado pela Áustria, do avanço do radicalismo social de Mazzini e, sobretudo, pelo carácter ainda incipiente do capitalismo, o que reduzia o potencial das forças revolucionárias. Embora fracassado, as Revoluções de 1848-1849 revelaram o caminho para concretizar a unificação. Deixaram evidente a necessidade de obter uma ajuda externa capaz de neutralizar o poderio austríaco, um dos obstáculos à unificação. Patentearam ainda o neoguelfismo, em que o Papa Pio IX não desejou se envolver no processo de unificação, também a necessidade de união sob

o Reino da Sardenha, não só porque a dinastia de Sabóia era a única fora da influência austríaca, mas também pelo esvaziamento dos demais movimentos tal como o republicanismo, pela prisão, morte ou exílio de inúmeros dirigentes. Depois da onda revolucionária, os partidos mais tradicionais cresceram, promovendo posteriormente a unidade italiana, em bases não-democráticas, sob a égide do Reino Sardo-Piemontês.

A contra-revolução:

Em 1849, forças contra-revolucionárias restauraram a ordem, mas a monarquia absolutista e os direitos feudais da aristocracia fundiária haviam sido tacitamente abandonados.

Na França, como se via, foi proclamada uma República em 1848, e os operários exigiram a mudança do rumo da política laboral; todavia as suas reivindicações foram reprimidas pela burguesia conservadora, adversa a uma profunda reforma social e laboral. Depois de sufocada a Revolução, a França entrou num novo ciclo, com a subida ao poder do imperador Napoleão III. A burguesia apercebera-se dos perigos das revoluções, tomando consciência de que seus anseios políticos poderiam ser alcançados pela via do sufrágio universal, evitando conflitos e sublevações. Assim, a revolução de 1848 foi o movimento que posicionou definitivamente burguesia e proletariado em campos opostos, o que marcaria profundamente os embates políticos vindouros. Embora tenham fracassado, as revoluções alemãs e italianas de 1848 prepararam o terreno para a unificação desses países, que foi realizada entre 1861 e 1871. A Áustria, por sua vez, teve que acatar, desde 1867, o compromisso de reconhecimento da soberania húngara.

Os anos 1830 e 1840, mostraram claramente as tensões de crescimento e de atrito

entre os poderes. A causa geralmente dada para este, como para as revoluções de 1848 e da queda final do sistema de Viena, é o crescente fosso ideológico, político e económico entre absolutismo e liberalistas moderados- governos e grupos constitucionalistas, e a maneira que os regimes absolutistas, cada vez mais fracos e ameaçados, tentam atender à procura de uma mudança política, social e económica e da ascensão do nacionalismo pela repressão em vez da reforma. Ascensão do Nacionalismo:

Ao contrário de algumas revoluções, aquelas ocidentais que varreram a Europa Central desde a França para os principados romenos em 1848 surgiu principalmente de descontentamentos internos políticos, sociais e económicos e movimentos, e não conflitos internacionais. A política internacional, no entanto, teve um certo papel nas suas origens e um maior no seu curso e resultado.

Um factor de suma importância foi o nacionalismo, manifestando-se em duas formas de libertação tanto procurar, mas de obrigações ou restrições diferentes e para fins diferentes. O primeiro, dublado por povos ou líderes afirmando uma identidade particular e escoriações no domínio estrangeiro, chamado de "direitos" nacionais que vão desde a autonomia local e privilégios através da regra de casa para a independência total. Este tipo de protesto nacionalista foi generalizado: dinamarqueses e alemães em Schleswig-Holstein, húngaros na Áustria, entre outros

Outro tipo de nacionalismo, expresso principalmente por uma classe média em ascensão comercial e profissional levou ou uniu-se por intelectuais livres e nobres liberais, que exigiram a libertação dos obstáculos colocados no caminho da liberdade política do país, o desenvolvimento social, económico e cultural, e do poder pelos governos pequenos, fracos que não progridem. Esta estava presente na França, mas era mais forte na Alemanha e Itália.

Os Movimentos nacionalistas são mais afectados directamente na política internacional, no entanto, não criando ou aprofundando conflitos dentro dos países, ou entre

os povos, mas, proporcionando a oportunidade e os meios para os líderes ambiciosos e governos para prosseguir objectivos expansionistas, frequentemente antigos entes estatais e dinásticos, sob novos slogans revolucionários. Noutras palavras, a política de poder prevaleceu sobre os movimentos nacionais da arena internacional. Mais surpreendentemente, a paz internacional e a ordem temporariamente ganharam ao longo da revolução, da ambição e da guerra. Em 1850, depois de várias crises, conflitos e ameaças de guerra a grande escala, todos os tratados pré-1848, instituições internacionais e fronteiras permaneceram intactas. Os acontecimentos de 1848-9, ao contrário dos de 1814-15, provocaram uma verdadeira restauração da velha ordem. O que fez as contas possíveis e em grande parte responsável, tanto para a derrota das revoluções e para a preservação da paz é que todas as grandes potências resistiram à tentação de expandir no exterior, utilizando os seus exércitos ao invés de restaurar a sua autoridade interna.

O uso de sobrevivência e eficaz dos princípios elementos estruturais da ordem de Viena para a gestão de crises, nomeadamente da cooperação a dupla -hegemónica da Grã-Bretanha e Rússia, e da aplicação de métodos e princípios do concerto, ajuda a explicar esse resultado.

No entanto, a restauração de uma superfície oculta mudanças profundas, no sistema

internacional. Questões cruciais (alemão, italiano e húngaro, tudo parte de um estado ainda maior austríaco) havia sido aberto e aprofundado, velhas rivalidades (austro-Sardina, e austro-francesa na Itália, Austro-Prussiana na Alemanha, e austro-russa nos Balcãs, apesar da sua cooperação na Hungria) . A revolução liberal e democrática foi desacreditada, mas uma revolução conservadora por governos e forças armadas foi incentivada. Uma república insegura e aventureira surgiu na França, com um conspirador bonapartista, sobrinho de Napoleão, Luís Napoleão, presidente. O pior de tudo, é que as revoluções tinham radicalizado muitos conservadores, anteriormente cautelosos, internacionalistas, e legalistas, e que agora mostravam como os regimes conservadores poderiam neutralizar o liberalismo e conquistar as massas cooptando objectivos nacionalistas.

Nesta perspectiva a longo prazo faz com que o colapso do Concerto na próxima crise do Oriente, resultando, na primeira grande guerra em grande escala desde 1815 parece inevitável.

Guerra da Crimeia: O confronto inicial entre França e Rússia levou um longo tempo para desenvolver-se

(1851-3), a questão em litígio parece superficial, é que a questão foi resolvida em favor da Rússia antes da crise ficar séria. A descida da crise inicial numa guerra real levou quase um ano e passou por muitas etapas, a rejeição de um ultimato turco russo, uma ruptura nas relações Rússia e ocupação dos principados romenos, britânico e movimentos da frota francesa em apoio dos turcos, uma declaração de guerra turca, destruição russa da Marinha turca, uma ocupação anglo-francês ofensiva do mar negro, e, finalmente, a guerra entre a Rússia e as potências ocidentais. Em cada etapa soluções para o Concerto europeu, geralmente orquestrada pela Áustria, foram propostas e parecia capaz de resolver a crise, apenas para ser estragado por algum novo desenvolvimento. Mas a guerra realmente não resultaou de má sorte ou acidente; debaixo de um processo contingente estava causas profundas. Três foram importantes, sem ser o aspecto central. França, onde agora Luois Napoleão governou como imperador Napoleão III, deliberadamente explorando a crise e arriscou guerra para ganhar prestígio, destruir a aliança austro-russa, aliança, adquirir uma aliança com a Grã-Bretanha, e, assim, desfrutar de segurança e de liderança na Europa. Os turcos, uma vez confiantes no apoio ocidental, decidiram a guerra para aliviar a pressão constante entre os russos sobre eles. Na Grã-Bretanha, a política interna dentro de um

governo fraco, dividido sob a pressão de uma imprensa Russophobe, o Parlamento e a opinião pública levou a uma confusão e decisões obscuras e acções em momentos cruciais. Mas os dois factores centrais derivados de básicas decisões políticas na Rússia e Grã-Bretanha e cada uma descansou no erro de cálculo. A crise surgiu porque a Rússia tentou intimidar o governo turco reconhecendo formalmente a pré-eminência russa de Constantinopla, assumindo que não haveria reacção europeia forte. O conflito otomano-russo envolvido numa guerra em grande escala, porque o governo britânico decidiu em vários momentos depois de Julho 1853 não permitir que a Rússia recue honrosamente ao abrigo do Concerto, que a Rússia sabia o que estava a procurar, mas em vez de infligir uma derrota política humilhante na Rússia para enfraquecer a sua posição na Europa e no Médio Oriente. A política, que arriscaram a guerra desde o início e, finalmente, dirigiu em direcção a ele, descansou em duas hipóteses: a de que a Rússia restringindo agrupando-lho no Concerto pode preservar a paz agora, mas não eliminaria a ameaça de longo alcance russo para a poltrona e impérios britânicos, e que a força naval britânica e financeira adicionando a forças terrestres continentais poderia tão facilmente e rapidamente, possivelmente, até mesmo jogar Rússia de volta na Europa e Ásia.

Isto provou ser incorrecto. A guerra, travada principalmente na península da Crimeia, porque a Inglaterra e a França não poderiam conseguir enfrentar a Rússia de forma eficaz noutros lugares, revelou a fraqueza militar e ineficiência de todos os concorrentes, especialmente da Rússia e Grã-Bretanha. As perdas, embora bastantes pesadas, especialmente para a Rússia, resultou do clima, doenças e problemas logísticos mais do que de batalha.

Quando os aliados após de um cerco de um ano de duração, finalmente, tomaram a fortaleza de Sebastopol, França e Áustria combinados para forçar a Rússia a aceitar condições de paz e para arrastar a Grã-Bretanha para a mesa paz.

A Guerra da Crimeia foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no mar Negro, ao sul da actual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Balcãs. Envolveu, de um lado o Império Russo e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, a França, o Reino da Sardenha - formando a Aliança Anglo-Franco-Sarda - e o Império Otomano (actual Turquia). Esta coalizão, que contou ainda com o apoio do Império Austríaco, foi formada como reacção às pretensões expansionistas russas.

Nessa guerra, foi importante o papel da marinha de corso, pela França e Reino Unido. A guerra: Desde o fim do século XVIII, os russos tentavam aumentar a sua influência nos Balcãs,

região entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. Em 1853, o czar Nicolau I invocou o direito de proteger os lugares santos dos cristãos em Jerusalém, então parte do Império Otomano. Sob esse pretexto, as suas tropas invadiram os principados otomanos do Danúbio (Moldávia e Valáquia, na actual Roménia). O sultão da Turquia, contando com o apoio do Reino Unido e da França, rejeitou as pretensões do czar, declarando guerra à Rússia. Mediante a declaração de guerra, a frota russa destruiu a frota turca na Batalha de Sinop.

O Reino Unido, sob a rainha Vitória, temia que uma possível queda de Constantinopla diante das tropas russas lhe pudesse retirar o controlo estratégico dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. Por outro lado, Napoleão III de França mostrava-se ansioso para mostrar que era o legítimo sucessor de seu tio, Napoleão I. Mediante a derrota naval dos turcos, ambas declararam guerra à Rússia no ano seguinte, seguidos pelo Reino da Sardenha (governado por Vítor Emanuel II e o seu primeiro-ministro Cavour). Em troca, os turcos permitiriam a entrada de capitais ocidentais na Turquia.

O conflito iniciou-se efetivamente em março de 1854. Em agosto, a Turquia, com o auxílio de seus aliados, já havia expulsado os invasores dos Balcãs. De forma a encerrar definitivamente o conflito, as frotas dos aliados convergiram sobre a península da Crimeia, desembarcando tropas a 16 de setembro de 1854, iniciando o bloqueio naval e o cerco terrestre à cidade portuária fortificada de Sebastopol, sede da frota russa no mar Negro. Embora a Rússia tenha sido vencida em batalhas como a de Balaclava e em Inkerman, o

conflito arrastou-se com sua recusa em aceitar os termos de paz. Entre as principais batalhas desta fase da campanha registam-se:

Batalha do rio Alma;

Batalha de Balaclava (imortalizada por Alfred Tennyson no poema A carga da brigada ligeira);

E a batalha de Inkerman.

Durante o cerco a Sebastopol, a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e francesas, tendo destaque o heróico esforço de Florence Nightingale dirigindo o atendimento hospitalar de campanha. A praça-forte, em ruínas, só caiu um ano mais tarde, em Setembro de 1855.

O acordo alcançado no Congresso de Paris, na primavera de 1856 reflectiu a vitória

limitada aliada.

O Tratado de Paris: A guerra terminou com a assinatura do tratado de Paris de 30 de março de 1856. Pelos

seus termos, o novo czar, Alexandre II da Rússia, devolvia o sul da Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio para o Império Otomano e para a Moldávia, renunciava a qualquer pretensão sobre os Balcãs e ficava proibido de manter bases ou forças navais no mar Negro.

Por outro lado, a Turquia representada por Aali-pachà ou Meliemet Emin era admitida na comunidade das potências europeias, tendo o sultão se comprometido a tratar seus súbditos cristãos de acordo com as leis europeias. A Valáquia e a Sérvia passaram a estar sob protecção internacional.

Novas hostilidades: Na Conferência de Londres (1875), a Rússia obteve o direito de livre-trânsito nos

estreitos de Bósforo e Dardanelos. Em 1877, iniciou nova guerra contra a Turquia, invadindo os Balcãs em consequência da repressão turca a revoltas de eslavos balcânicos. Diante da oposição das grandes potências, os russos recuaram outra vez. O Congresso de Berlim (1878), consagrou a independência dos Estados balcânicos e as perdas turcas de Chipre, para o Reino Unido, da Arménia e parte do território asiático para a Rússia e da Bósnia e Herzegovina para o Império Austro-Húngaro. Em 1895, o Reino Unido apresentou um plano de partilha da Turquia, rechaçado pela Alemanha, que preferia garantir para si concessões ferroviárias. Nos Balcãs, no início do século XX, o crescente nacionalismo eslavo contra a presença turca levou a região à primeira das Guerras Balcânicas.

O momento liberal passou, deixando o campo para os praticantes de realpolitik. REALPOLITIK:

Realpolitik (do alemão real "realístico", e Politik, "política") refere-se à política ou diplomacia baseada principalmente em considerações práticas, em detrimento de noções ideológicas. O termo é frequentemente utilizado pejorativamente, indicando tipos de política que são coercitivas, imorais ou maquiavélicas. Pensadores como Maquiavel e Nietzsche defendem a Realpolitik como um tipo de realismo político segundo o qual as relações de poder tendem a solapar todas as pretensões de fundamentação moral, num tipo de cepticismo moral análogo ao do argumento de Trasímaco na República de Platão;

Henry Kissinger, conceitua Realpolitik como sendo "política exterior baseada em avaliações de poder e interesse nacional";

Origem e uso do termo: O termo foi colocado por Ludwig August von Rochau, escritor e político alemão do

século XIX, seguindo a ideia de Klemens Wenzel von Metternich de achar caminhos para equilibrar as relações de poder imperialista ao nível europeu. Equilibrar tal poder para manter a pentarquia europeia era o meio de manter a paz, e cuidadosos praticantes de Realpolitik tentaram evitar corridas armamentistas. Na sua acepção estadunidense, o termo é geralmente similar a Machtpolitik, enquanto na Alemanha, Realpolitik descreve políticas mais modestas (realistas), opondo-se a políticas "superprotectoras", mas geralmente irrealistas, apesar de ser associado ao nacionalismo do século XIX. O mais famoso adepto alemão da Realpolitik foi Otto von Bismarck, Chanceler do Reino da Prússia (1862 - 1870) de Guilherme I. Bismarck utilizou Realpolitik para assegurar maioria da Prússia na Alemanha, manipulando questões políticas como a de Schleswig-Holstein e a candidatura de Hohenzollern, em antagonismo com outros países, possivelmente com intenções bélicas. Uma característica da acção política de Bismarck era a acção quase maquiavélica, sem dar muita importância a questões éticas, morais ou legais. O movimento aparentemente ilógico da Prússia de não requerer território de uma Áustria derrotada - uma acção que posteriormente levou à unificação da Alemanha - é um dos exemplos mais citados de Realpolitik. De modo análogo, no Partido Verde Alemão, pessoas que procuram acordos são chamadas de Realos (realistas), enquanto os opositores são os Fundis (fundamentalistas ou ideologistas).

A Unificação Alemã: A Prússia de Bismarck O fracasso da Revolução de 1848, de intuitos unificadores, implicou a continuidade da

fragmentação da Alemanha. Na década de 1850, os grandes senhores da Prússia, detentores do poder político, mantinham os seus privilégios - o monarca, receando uma nova revolução, resolveu manter a Constituição onde esses privilégios eram consagrados. A partir de 1848, o ritmo de desenvolvimento do sector industrial e das cidades foi bastante acelerado e apenas a divisão política travava o progresso do capitalismo. Tornava-se indispensável a unificação da Alemanha para prosseguir o projeto económico germânico.

A liderança da unificação alemã ficou com a Prússia, pois este era o Estado alemão mais industrializado e com grande importância política na Europa. Era também a maior potência militar entre os estados alemães. Seu desejo expansionista vinha de algumas décadas, de quando desejava unificar os seus territórios ocidental e oriental. Para este fim, foi criado o Zollverein, uma união aduaneira e alfandegária no Estados da Liga Alemã, em1834. A criação do Zollverein proporcionou à região um grande crescimento industrial e integração dos Estados, principalmente com o desenvolvimento de uma rede ferroviária interligando as diversas regiões do território germânico; Por volta de 1850, a Prússia já superava economicamente a Áustria, mas a liderança política veio apenas em 1862, quando começou a governar a Prússia o rei Guilherme I, um apaixonado pelas questões militares, que fez uma reforma em suas forças armadas. Convocou, para auxiliá-lo, Moltke, chefe de Estado-Maior, e Roon, como ministro da Guerra. O exército da Prússia logo se transformou no melhor da Europa. Otto von Bismarck - que tinha ocupado, entre outros cargos, o de embaixador na Rússia e na França - foi nomeado chanceler (primeiro-ministro). Membro da aristocracia alemã e também favorável a uma monarquia centralizada, Bismarck realizou uma política de aliança dos junkers (grandes proprietários e aristocratas) com a alta burguesia, e através dela resolveu fortalecer o Zollverein, intensificando a integração dos Estados alemães além de modernizar o exército, sendo isso de grande importância para as batalhas que aconteceriam nos anos seguintes. Para levar a cabo a reforma militar, Bismarck prescindiu de Parlamento: "Os

problemas de hoje não se decidem com discurso, nem tampouco com o voto das maiorias. Esse foi o grande erro de 1848 e 1849. Decidem-se com ferro e sangue". Servindo-se da estratégia de exaltação do espírito nacionalista, criou uma política de guerras contra inimigos externos e contra a ocupação das regiões alemãs, o que auxiliou na expansão do território prussiano e, posteriormente, germânico. Em um período de sete anos (1864 - 1871), três guerras de destaque foram decisivas para a unificação dos Estados germânicos: A Guerra dos Ducados (1864), a Guerra Austro-Prussiana (1866) e a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).

A Guerra Franco-Prussiana (1870-1871): Apesar de a Áustria ter sido derrotada pela Prússia, o sul da Alemanha era constituído

por democratas e aspiravam a uma Alemanha liberal, se opondo à união com a Prússia de Bismarck, que era um Estado militarista. Visando eliminar este entrave à unificação do norte com o sul, Bismarck necessitava de um inimigo comum que uniria, e possibilitaria a futura unificação; e este inimigo mais adiante seria a França de Napoleão III. Desde os tempos das guerras napoleónicas (de Napoleão I, derrotado em 18 de junho de 1815), os prussianos não simpatizavam com a França, e os professores prussianos repassavam este sentimento aos seus alunos em relação à nação francesa. Daí, Bismarck afirmar que foi o mestre-escola quem ganhou a guerra franco-prussiana, logo após a derrota da França na guerra contra a Prússia.

Pretexto da Guerra Franco-Prussiana (1870-1871): A Espanha, que estava sem rei desde 1868, ofereceu através de seu parlamento a

Coroa ao príncipe Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen, parente afastado do rei da Prússia (também da Casa dos Hohenzollern). Tal facto era inaceitável pela Europa anti prussiana que contava também com a França. O ministro do exército francês proferiu um discurso indignado e belicoso contra a Prússia, o que gerou sentimentos anti-franceses no sul da Alemanha. Bismarck aproveitou-se da ideia de guerra entre os dois países, pois estava interessado em territórios franceses e sabia que conseguiria apoio no sul da Alemanha, o que seria decisivo para seus planos de unificação alemã. Ele também sabia da superioridade de seu poderio militar sobre o medíocre exército francês. Todavia antes do conflito começar, Napoleão III temendo a expansão prussiana, protesta e exige do rei da Prússia a renúncia do príncipe Leopoldo, que desiste de disputar o trono espanhol. Napoleão III ainda não satisfeito, e querendo agradar à opinião pública francesa, exige novas garantias de que jamais um membro de sua família ocuparia o trono espanhol. Apesar de Guilherme I aceitar todas as condições impostas pelo imperador francês, este último insistia que o rei deveria dar estas garantias e negociar pessoalmente ao embaixador Benedetti da França. O rei prussiano que anteriormente atendera a todas as reivindicações de Napoleão III refutou (recusou) ter que negociar e dar novas garantias ao embaixador francês, Benedetti. Em Paris, a atitude do rei prussiano foi tida como uma ofensa ao orgulho nacional da França e ao povo francês - este foi o motivo da França de Napoleão III declarar guerra à Prússia. Finalmente França e Prússia entraram em guerra em 1870 e, logo a Prússia mostrou-se preparada o suficiente para encurralar a França em seu próprio território. Os franceses perderam em todas as frentes. O forte exército prussiano acumulava vitórias, como sucedeu na esmagadora vitória na batalha de Sedan (1 de Setembro de 1870) na qual o próprio imperador francês foi feito prisioneiro. No dia 2 de Setembro de 1870 conclui-se a batalha de Sedan, onde a cavalaria francesa resistiu bastante, a ponto do rei Guilherme I da Prússia admirar a bravura com que estes lutaram. Porém, Napoleão III viu que era inútil sacrificar vários soldados seus, e manda hastear a bandeira branca, e entrega sua espada, ficando prisioneiro do rei prussiano. Dois dias depois, a república seria proclamada em Paris. No dia 20 desse mês, os prussianos cercavam Paris. Perante esta situação, o governo de Defesa Nacional (republicano, em funções desde 4 de Setembro, altura em que depusera Napoleão III) assinou a rendição. Na paz de Frankfurt (10 de Maio de 1871) a França, para além de pagar uma pesada indemnização de 5 bilhões (ou 5 mil milhões em Português) de francos para a Prússia, entregava o rico território da Alsácia-

Lorena, de maioria germânica e rica em carvão, para o novo Império Alemão. A vitória em Sedan estimulou o nacionalismo no sul da Alemanha e os Estados germânicos ao sul do rio Main (Hesse, Baden, Baviera e Würtemberg) entraram na Confederação. A esses Estados, porém, foram garantidas certas autonomias, como, por exemplo, exército próprio em tempo de paz. Com a integração desses Estados ao novo Reich (II Reich; pois o I Reich ou Sacro Império Romano-Germânico, foi fundado por Carlos Magno, rei franco, sucedido mais adiante por Oto I o Grande), completou-se a última etapa para a unificação alemã.

O primeiro expediente para manter a França isolada e a Alemanha na Europa em paz,

era reviver o espírito de solidariedade monárquica conservadora, incentivando uma entente Austro-Húngaro-russa e unirem-se para surgir a Liga dos Três Imperadores de Bismarck. Uma breve e artificial "Guerra à vista", crise em 1875, em que Bismarck, preocupado com a rápida recuperação da França fiscal e militar, tentou numa pequena campanha de intimidação contra a França só para ter Bretanha e Rússia a repreender a Alemanha em vez de, revelar que o relançamento da Santa Aliança não garantia a amizade russa.A mais séria Crise Oriental de 1875-8 iria destruir a Liga Três Imperadores, forçando Bismarck numa nova estratégia; desviar rivalidades europeias fora da Alemanha para a periferia, com a Alemanha a ajudar a geri-las e resolvê-las.

Esta crise do Oriente como as anteriores surgiram da falta do sultão de controlo nos Balcãs, tornando fácil para os levantes contra as autoridades locais para transformar-se em revoltas e movimentos de massas nacionalistas ao longo de linhas étnicas e religiosas, atraindo grandes potências e novos Estados iguais dos Balcãs. Este tempo de revolta começou na Bósnia-Herzegovina em 1875, onde ele persistiu e espalhou- se para a Bulgária, em 1876, onde foi suprimida por forças otomanas irregulares por métodos exageradamente representados na Europa como os "Horrores búlgaras”, produzindo uma forte reacção pública contra os turcos, especialmente na Grã-Bretanha e Rússia.

A este ponto Rússia e Áustria, encorajadas e apoiadas pela Alemanha, trabalharam em parceria desconfiado chegar a um acordo europeu e turco num programa de reformas europeias supervisionadas para pacificar a região. As suas propostas, inadequadas em qualquer caso, foram frustrados pela frieza britânica, resistência pufe e persistência dos rebeldes em revolta. No entanto, deixou temporariamente impossível o governo britânico para apoiar abertamente os turcos, enquanto o czar Alexandre II sentiu que tinha que agir da restauração da Rússia e satisfazer a sua opinião pública. Ele apelou para Bismarck para pagar o apoio da Rússia, em 1866 e 1870, mantendo Áustria neutra na guerra russo-turca. Bismarck recusou, insistindo que a Alemanha precisava dos seus grandes dois vizinhos igualmente e não podia permitir que seja para ser enfraquecida. Isto forçou a Rússia a concordar com a Áustria sobre as condições em que poderia punir os turcos indirectamente incentivando e apoiando um ataque sérvio. Mas, apesar da liderança russa e voluntários, os turcos derrotaram a Sérvia e teve de ser interrompido por pressão, outra frustração austríaca e russa para St. Petersburgo. Depois de mais falhas para alcançar uma solução para o Concerto Europeu, Rússia, em 1877, no início funcionou num acordo mais amplo em que a Áustria consentia numa guerra russa sobre a Turquia para libertar os Balcãs orientais, desde que a Rússia não anexasse os principais territórios em si, estabeleceu nenhum Estado grande satélite, e deu Áustria Bósnia uma compensação. As condições e concessões quase fizeram o jogo não valer a pena, mas a frustração acumulada, trouxe a Rússia a declarar guerra, em abril de 1877.

Uma ameaça inicial de intervenção britânica contra a Rússia passou quando se tornou óbvio que a Alemanha e a Áustria permaneceriam neutras. A Resistência turca dura, no entanto, parou a ofensiva russa por meses; não até Janeiro 1878, onde foi o exército russo finalmente esmagar os turcos e parecerem prestes a tomar Constantinopla. Outra abundância de crises anglo-russas passadas sem guerra em janeiro-fevereiro de 1878. Mas uma muito pior surgiu, no entanto, quando a Rússia concluiu um tratado de paz com o sultão em San Stefano, em Março que foram flagrantemente violados os seus acordos com a Áustria-Hungria. Para o

tempo, primeiro juntou-se a Grã-Bretanha no confronto com a Rússia; já militarmente e financeiramente esgotados, a Rússia enfrentou uma guerra que não poderia vencer.

Em qualquer caso, a Rússia, a necessidade de recuar, apreendidos na oferta de Bismarck para ajudar a rever o tratado num Congresso Europeu. Por insistência de Bismark, Rússia e Grã-Bretanha trabalharam num acordo preliminar para assegurar o sucesso. Nesta base, o Congresso de Berlim - o mais esplêndido desde Viena, reuniu-se em Junho. Duras negociações levaram a acordos sobre questões cruciais. A enorme Bulgária, de San Stefano dominando o mapa Balcãs foi bastante reduzido e dividido em duas partes, uma semi- independente da Turquia, o outro meramente autogovernar, e Áustria foi convidado para ocupar e administrar a Bósnia-Herzegovina sob soberania turca sine die. Muitos outros territórios Balcãs e outros, e questões sobre o Mar Negro também foram resolvidas.

Duas críticas comuns do Congresso de Berlim são de que, adoptando meias-medidas sobre a Bulgária, descartando o princípio étnico em que o Tratado de San Stefano foi baseado, a agitação é prolongada e condenou os Balcãs, especialmente a Macedónia, a décadas de conflito futuro, e que Bismarck num revestimento secretamente com a Áustria e Grã-Bretanha forçou um acordo humilhante para a Rússia. Seguindo linhas étnicas, san stefano ignoradas ou violadas muitas outras considerações estratégicas, políticas e religiosas, e contratuais, tornando o tratado intolerável para a Grã-Bretanha, Áustria, Sérvia, Grécia e Roménia, uma receita certa para a guerra nova e mais ampla. Permissão para ficar, ele teria destruído o equilíbrio de poder em toda a região embora o domínio russo da Bulgária, os Balcãs, os estreitos, e a Turquia. O tratado de Berlim provou ser útil precisamente porque era uma série de meias-medidas e compromissos que satisfeitos alguns inteiramente, mas deixou a porta aberta para novas mudanças. Nem a guerra da Rússia, os ganhos de combate eram aparentemente menos valiosos do que neutralidade da Grã-Bretanha e da Áustria. No momento crucial que realizou o mais forte mãos. Duas verdadeiras lições saíram da crise e da liquidação: o sistema europeu exigia um gerente-como a guerra teria sido evitada sem um, não se pode dizer, e Bismarck, jogando o corrector honesto e desviando rivalidades para a periferia, não tinha conseguido desembaraçar Alemanha ou vencedor de segurança e gratidão. O colapso da liga dos três imperadores nesta crise e as relações tensas com a Rússia que se seguiu empurradas, Bismarck numa nova etapa procurou por expedientes administrativos, a partir de solidariedade monárquica em 1871-5 e honesta corretagem em 1875-8 para controlar alianças. Depois deliberadamente exarcerbating a briga com a Rússia para convencer o imperador William que uma aliança com a Áustria-Hungria era necessária, em 1879 Bismarck concluiu a aliança defensiva do Governo austríaco que tinha procurado por muito tempo. Ele prontamente usou, no entanto, de volta para forçar a Áustria em parceria dispostos com Rússia e Alemanha na aliança dos três imperadores de 1881. Isso funcionou por um tempo para gerenciar a rivalidade russa-austríaca nos Balcãs ao longo das linhas leste-oeste era impraticável porque os seus vários interesses que se sobreponham, pontos fortes e fracos da região fizeram uma divisão em esferas separadas de influência impossível e indesejável para qualquer um, mas a concorrência podia ser controlada, especialmente se ambos estavam vinculados a Alemanha. Outra alianças bismarckianas de contenção e de gestão desenvolveram-se em 1881-3. Itália, em desacordo com a França sobre o território, o comércio, e as colónias, aliados austríaco-Húngaro e Alemanha, numa tríplice aliança em 1882, forçando austríacos e italianos a gerenciar a sua rivalidade. Romania concluiu uma aliança secreta com a Áustria-Hungria aderida pela Alemanha, e em 1881 de Viena levou o seu pequeno vizinho sérvio sob sua asa. Enquanto isso Bismarck aproveitou a rivalidade anglo-francesa na África para melhorar as relações com a França, e manteve relações razoáveis com a Grã-Bretanha, apesar de uma disputa sobre acre decorrente entrar na corrida colonial na África em 1884.

O sistema de alianças parecia dar Alemanha grande controlo sobre político europeu com pouco perigo ou compromisso. Ainda era um pouco complicado e às vezes tragicómico em detalhes, mas bastante simples nas origens e essência. Rússia, governado pelo pouco

autocrático Alexander III, gerido pela mão pesada interferência de alienar no seu principado satélite leal e grato, perdeu o controlo do mesmo para os nacionalistas búlgaros, sofreu derrotas dolorosas prestígio, e escolheu a culpar os seus problemas em Áustria e indirectamente na Alemanha . Fora deste levantou-se uma espécie de "eu te desafio" confronto austro-russa, que destruiu a aliança "Três Imperadores”. Bismarck teve que encontrar outra maneira de manter a França e a Rússia aparte no momento em que reviveu o nacionalismo francês e alemão, hostilidade franco-italiana, anglo-francês e do nacionalismo alemão, franco-italiano do Médio Oriente e Ásia Central ainda ameaçaram a paz.

Ele encorajou um acordo anglo-italiano para a manutenção do status quo no Mediterrâneo oriental, que mais tarde juntou- se a Áustria. Isso serviu para chamar a Grã-Bretanha, tranquilizar Áustria e Itália, e verificar a frança. Uma renovação da tríplice aliança servido os mesmos fins. Um acordo entre os mesmos três poderes para trabalhar para o status quo no Médio Oriente atraiu Grã-Bretanha para um fim a Áustria, uma vez que jamais entrar num compromisso de resistir a um avanço russo nos Balcãs. Mas no início, fevereiro, Bismarck tinha celebrado um Tratado de Resseguro com a Rússia segredo promissor alemão que suportava os interesses russos e objectivos na Bulgária e nos estreitos.

Esta era, obviamente, um sistema de antagonismos equilibrada. Bismarck sempre considerou antagonismos a essência da política internacional. Agora, porém, ele não estava a equilibrar antagonismos existentes, mas a promoção de políticas antagónicas, de modo a equilibrá-los e manter a Alemanha o árbitro.

Imperialismo séc XIX:

O imperialismo ou neocolonialismo do século XIX se constituiu como movimento de domínio, conquista e exploração política e económica das nações industrializadas europeias (Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e Holanda) sobre os continentes africano e asiático.

A ―partilha‖ da África e da Ásia se deu fundamentalmente no século XIX (pelos europeus), mas continuou durante o século XX. No decorrer deste, os Estados Unidos e o Japão ascenderam industrialmente e exerceram sua influência imperialista na América e na Ásia, respectivamente.

A ―corrida‖ com fins de ―partilha‖ da África e da Ásia, realizada pelas potências imperialistas, aconteceu por dois principais objectivos: 1º) a busca por mercados consumidores (para os produtos industrializados); 2º) a exploração de matéria-prima (para produção de mercadorias nas indústrias). A industrialização europeia se acentuou principalmente após as inovações técnicas provenientes da 2ª fase da Revolução Industrial.

O domínio da África e da Ásia, exercido pelos países industrializados, teve duas principais formas: 1ª) a dominação política e económica directa (os próprios europeus governavam); 2ª) a dominação política e económica indirecta (as elites nativas governavam). Mas como as potências imperialistas legitimaram o domínio, a conquista, a submissão e a exploração de dois continentes inteiros?

A principal hipótese para a legitimação do domínio imperialista europeu sobre a África e a Ásia foi a utilização ideológica de teorias raciais europeias provenientes do século XIX. As que mais se destacaram foram o evolucionismo social e o darwinismo social.

Um dos discursos ideológicos que ―legitimariam‖ o processo de domínio e exploração dos europeus sobre asiáticos e africanos seria o evolucionismo social. Tal teoria classificava as sociedades em três etapas evolutivas: 1ª) bárbara; 2ª) primitiva; 3ª) civilizada. Os europeus se consideravam integrantes da 3ª etapa (civilizada) e classificavam os asiáticos como primitivos e os africanos como bárbaros. Portanto, restaria ao colonizador europeu a ―missão civilizadora‖, através da qual asiáticos e africanos tinham de ser dominados. Sendo assim, estariam estes assimilando a cultura europeia, podendo ascender nas etapas de evolução da sociedade e alcançar o estágio de civilizados.

O domínio colonial, a conquista e a submissão de continentes inteiros foram legais e moralmente aceitos. Desse modo, os europeus tinham o dever de fazer tais sociedades evoluírem.

O darwinismo social se caracterizou como outra teoria que legitimou o discurso ideológico europeu para dominar outros continentes. O darwinismo social compactuava com a ideia de que a teoria da evolução das espécies (Darwin) poderia ser aplicada à sociedade. Tal teoria difundia o propósito de que na luta pela vida somente as nações e as raças mais fortes e capazes sobreviveriam.

A partir de então, os europeus difundiram a ideia de que o imperialismo, ou neocolonialismo, seria uma missão civilizadora de uma raça superior branca europeia que levaria a civilização (tecnologia, formas de governo, religião cristã, ciência) para outros lugares. Segundo o discurso ideológico dessas teorias raciais, o europeu era o modelo ideal/ padrão de sociedade, no qual as outras sociedades deveriam se espelhar. Para a África e a Ásia conseguirem evoluir suas sociedades para a etapa civilizadora, seria imprescindível ter o contacto com a civilização europeia.

Hoje sabemos que o evolucionismo social e o darwinismo social não possuem nenhum embasamento ou legitimidade científica, mas no contexto histórico do século XIX foram activamente utilizados para legitimar o imperialismo, ou seja, a submissão, o domínio e a exploração de continentes inteiros.

Guerra dos Bóeres: As guerras dos bóeres ou guerras dos bôers foram dois confrontos armados na actual

África do Sul que opuseram os colonos de origem holandesa e francesa, os chamados bóeres, ao exército britânico, que pretendia se apoderar das minas de diamante e ouro recentemente encontradas naquele território. Em consequência das guerras, os bóeres ficaram sob o domínio britânico, com a promessa de autogoverno.

A Primeira Guerra dos Bóeres foi travada entre 1880 e 1881 e garantiu a independência da república bóer do Transval com relação à Grã-Bretanha. Contudo, a trégua não iria durar muito. Em Outubro de 1899, o constante aumento da pressão militar e política britânica incitou o presidente do Transval Paul Kruger a dar um ultimato exigindo garantia da independência da república e cessação da crescente presença militar britânica nas colónias do Cabo e de Natal. Tal atitude foi tomada como inaceitável pelos britânicos, dando início à Segunda Guerra dos Bóeres, travada entre 1899 e 1902, levando à criação da União Sul-Africana através da anexação das repúblicas bóeres do Transval e do Estado Livre de Orange às colónias britânica do Cabo e de Natal.

A Europa estava num momento de Revolução Industrial e por isso estava em processo de aumento na produção da indústria bélica, facilitando sua vitória na segunda guerra dos bóeres.

Século XX O Darwinismo Social

No final do séc. XIX, uma nova forma de pensamento surgia, emergindo do Nacionalismo. Enquanto que formas anteriores de nacionalismo tinham dado ênfase na comunidade e autodeterminação, uma nova forma, o Darwinismo Social emergia com uma tônica na competição entre diferentes grupos étnicos. Inspirado nas teorias de Charles Darwin e Herbert Spencer, o Darwinismo Social foi muito influente entre as elites políticas europeias. A nova ideologia punha a tônica na violenta luta pela existência entre "raças" e "nações" na qual as mais fracas seriam destruídas pelas mais fortes. Muitos dos líderes Germânicos e Austro-Húngaros temiam uma inevitável batalha entre os "eslavos" e a "civilização germânica". O Darwinismo social foi igualmente exercer influências na competição entre os estados pelas

colônias. A Expansão Colonial era vista como sendo de fundamental importância no assegurar de uma vantagem econômica e militar face aos rivais.

Um aspeto importante do Darwinismo Social do séc. XIX, é o sentimento de desespero que o mesmo provocava. Para uma nação, o fato de ser vista como não crescente quando comparada com os seus vizinhos e rivais era como uma sentença de morte. Assim sendo, o Darwininismo Social injetou uma urgência, desespero e forte ansiedade sobre a derrota nas relações internacionais. A competição pelas colônias e a corrida ao poderio militar naval do princípio do séc. XX foram, em parte, derivados deste desespero.

As relações internacionais da primeira metade do século XX foram dominadas por duas guerras mundiais. Dois alinhamentos opostos destacam-se nesta época: a Tríplice Aliança (Áustria-Hungria, Alemanha e Itália) e a Tríplice Entente (Rússia, França e Grã-Bretanha).

Este período divide-se em quatro seções: os anos antes de 1914, a Primeira Guerra Mundial e a paz de 1919-20, os anos entre as guerras, e a Segunda Guerra Mundial. O Caminho Para a Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras) foi um conflito bélico mundial ocorrido entre 28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918.

A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a coligação formada pelas Potências Centrais (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano)[1], e causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente.

No início da guerra (1914), o Reino de Itália era aliada dos Impérios Centrais na Tríplice Aliança, mas, considerando que a aliança tinha carácter defensivo (e a guerra havia sido declarada pela Áustria) e a Itália não havia sido preventivamente consultada sobre a declaração de guerra, o governo italiano afirmou não se sentir vinculado à aliança e que, portanto, permaneceria neutro. Mais tarde, as pressões diplomáticas da Grã-Bretanha e da França fizeram-na firmar em 26 de abril de 1915 um pacto secreto contra o aliado austríaco, chamado Pacto de Londres, no qual a Itália se empenharia a entrar em guerra decorrido um mês em troca de algumas conquistas territoriais que obtivesse ao fim da guerra: o Trentino, o Tirol Meridional, Trieste, Gorizia, Ístria (com exceção da cidade de Fiume), parte da Dalmácia, um protetorado sobre a Albânia, sobre algumas ilhas do Dodecaneso e alguns territórios do Império Turco, além de uma expansão das colônias africanas, às custas da Alemanha (a Itália já possuía na África: a Líbia, a Somália e a Eritreia). O não-cumprimento das promessas feitas à Itália foi um dos fatores que a levaram a aliar-se ao Eixo na Segunda Guerra Mundial.

Em 1917, a Rússia abandonou a guerra em razão do início da Revolução de Outubro. No mesmo ano, os Estados Unidos, que até então só participavam na guerra como fornecedores, ao ver os seus investimentos em perigo, entram militarmente no conflito, mudando totalmente o destino da guerra e garantindo a vitória da Tríplice Entente.

Antecedentes e possíveis causas Em 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono Austro-

Húngaro, e sua esposa Sofia, Duquesa de Hohenberg, foram assassinados pelo sérvio Gavrilo Princip, que pertencia ao grupo nacionalista-terrorista armado Mão Negra (oficialmente chamado "Unificação ou Morte"), que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios.

O assassinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem à guerra, mas suas verdadeiras causas são muito mais complexas. Historiadores e políticos têm discutido essa questão por quase um século sem chegar a um consenso.

Segundo os mais estudos e análises históricas, os historiadores tendem a afirmar que

as causas da Primeira Guerra Mundial são extremamente complexas, tendo sido debatidas desde 1914, quando do início da mesma. A causa imediata apontada é o assassinato em Sarajevo do Arquiduque Império Austro-Húngaro Francisco Fernando pelo sérvio nacionalista Gavrillo Princip. Contudo, a questão não se resume somente a este fato, tendo diversos eventos ao longo da história com significativa contribuição para o início do conflito.

A Julho de 1914 iniciou-se uma crise entre a Áustria-Hungria e a Sérvia, impulsionada pelo assassinato em Sarajevo de Franz Ferdinand, o herdeiro ao trono da Monarquia Dualista. Serviços militares sérvios forneceram os conspiradores com armas e treino especifico. Com a suspeita do envolvimento sérvio, os lideres austríacos lançaram um ultimato a 23 de Julho que ordenava a transição dos poderes sobre a educação, media e tribunais sérvios para a Áustria-Hungria. A 28 de Julho, Viena declara guerra. O Imperador alemão, Wilhelm II e seu chanceler, Theobald von Bethmann-Hollweg, incitaram a Áustria-Hungria a utilizar a força contra a Sérvia e prometeram apoio total caso a Rússia interviesse no conflito. Este apelo foi uma das condições que levou à guerra europeia. Os líderes alemães arriscaram uma guerra em certa parte para consolidar o apoio local do plano de Wilhelm, o chamado Weltpolitik ou “politica mundial”, que afirmava os interesses da Alemanha perante a Grã-Bretanha, França e Rússia. Isto trouxe repercussões desastrosas para a Alemanha. Em primeiro lugar, o Weltpolitik provocou parcialmente o ‘cerco’ à Alemanha, contribuindo para a formação da Tríplice Entente. Após a Itália se ter revelado um parceiro pouco fiável, o único aliado poderoso que restava aos alemães era a Áustria-Hungria. Em segundo lugar, o Weltpolitik tornou a Alemanha militarmente mais vulnerável. Os líderes alemães retiraram recursos ao seu exército e concentraram-se na corrida naval contra a Grã-Bretanha. Assim que se desenvolveu uma corrida ao armamento de solo entre os blocos Áustria-Alemanha e França-Rússia, os impostos aumentaram. Porém, antes de 14 de Julho de 1914, a Alemanha não tinha intenções de criar um conflito europeu, porém seria uma hipótese. Quando a Austria-Hungria abordou a Alemanha após Sarajevo, esta viu-se obrigada a defender o seu aliado e atacar a Sérvia. O único plano de guerra que a Alemanha tinha, era conhecido como o Plano Schlieffen, que consistia entrar pela Bélgica de forma a conseguir ultrapassar a fronteira francesa e vencer a França em uma questão de semanas, antes de virar em direção a este e enfrentar a Rússia. O caso do conflito Austro-Sérvio ter iniciado um conflito europeu dependeu em grande maioria da Rússia, que respondeu ao ultimato feito por Viena à Sérvia ordenando precauções militares em relação à Áustria-Hungria. Os alemães avisaram a Rússia para terminar as mobilizações militares em curso e apelaram à neutralidade francesa, porém nenhum fez o que foi pedido e foi-lhes declarada guerra. A Alemanha não queria uma guerra com a Grã-Bretanha porém estavam mais dispostos a aceitar tal do que perder para a Rússia após esta não ter escutado o seu apelo. Aquando da assinatura do Tratado de Londres (entre a Alemanha e a Grã-Bretanha), em 1839, foi garantida a proteção da Bélgica; quando mais tarde a Alemanha invade a Bélgica sob o Plano Schlieffen, a Grã-Bretanha entra na guerra. O Plano Schlieffen, estratégia militar alemã previa

um rápido ataque à Rússia, aliada da França, enquanto suas tropas ainda estivessem no início da mobilização para evitar um ataque ao oeste[4]. Portanto, a Alemanha declarou guerra à Rússia em 1º de Agosto e à França dois dias depois, invadindo imediatamente Luxemburgo e Bélgica para dominar fortificações ao longo da fronteira francesa. A invasão da Bélgica levou à declaração de guerra britânica contra a Alemanha em 4 de Agosto. Com essa declaração cinco das seis grandes potências europeias se envolveram na primeira guerra europeia desde as Guerras Napoleónicas.

Apesar da proteção da costa do Canal da Mancha ser uma estratégia usual, a defesa de tratados e de países pequenos ajudavam a opinião pública. Assim, no ano de 1914, o conflito estava na mão das elites. Apenas mais tarde surgiram apoiantes em diversas capitais europeias, apenas após todas as decisões terem sido tomadas. A divisão europeia em dois blocos opostos não foi o motivo para esta guerra, mas sim a corrida ao armamento desde que a Rússia recuperou da derrota com o Japão, o que alterou o equilíbrio entre os blocos: a Tríplice Entente tornou-se mais forte, enquanto que a Tríplice Aliança tornou-se mais fraca.

Apesar da Primeira Guerra Mundial ter sido desencadeada após a cadeia de acontecimentos que se seguiram a este assassinato, as origens da guerra são muito mais profundas[5], envolvendo uma série de questões em torno de políticas nacionais, culturas, economia e uma teia de complexas alianças e contrabalanças que se desenvolveram entre as diferentes potências europeias ao longo do século XIX após a derrota final de Napoleão Bonaparte em 1815 e o Congresso de Viena.

Algumas das principais causas para o início do conflito foram:

Imperialismo;

Disputas prévias não resolvidas;

Um complexo sistema de alianças;

Governos não-unificados;

Atrasos e discrepâncias nas comunicações diplomáticas;

Corrida armamentista;

Planeamento militar rígido;

Movimentos Ultranacionalistas, como o Irredentismo;

A Guerra Mundial e o Estabelecimento de Paz, 1914-1920 (Resumo)

A maioria dos líderes políticos e cidadãos comuns acreditavam que seria uma guerra curta; o impacto foi enorme quando estas expetativas se mostraram infundadas. É necessário analisar o impasse que dominou os primeiros três anos de hostilidade, antes de considerar como depois de 1917 o impasse foi desfeito e o derrame de sangue chegou ao fim. A primeira razão para o impasse foi o falhanço das primeiras ofensivas. O exército francês mobilizou-se tão rapidamente como o alemão, tendo igualmente proporções similares. Porém, mesmo que os alemães tivessem chegado a Paris, os franceses não tinham qualquer motivo para se render, pois ambos os países envolvidos não tinham capacidades de avançar. As razões pelas quais a guerra estagnou na Europa Ocidental após 1914 foram parcialmente provocadas por motivos tecnológicos e logísticos. Outro motivo para o impasse foi a coesão. As tréguas políticas formadas nos países com um papel mais ofensivo quando a guerra se iniciou, mantiveram-se até 1917-1918. Os Governos de ambos os lados pregavam que a guerra era necessária e de matéria defensiva, sendo necessário o procedimento da mesma até que a agressão tenha sido punida. Porém, incompatibilidade de objetivos dos dois lados políticos, frustrou as negociações. Os líderes alemães queriam criar estados-tampão sob o seu domínio militar e económico na Bélgica, Polónia e ao longo da costa dos Balcãs; queriam vários territórios como o Luxemburgo; e criar bases navais por todo o mundo. Como chanceler, Bethmann-Hollweg estava disposto a comprometer os interesses de uma paz separada com um ou outro inimigo, mas depois de Paul von Hindenburg e Erich Ludendorff terem tomado o Alto Comando em 1916, opuseram-se a tais concessões. Reciprocamente, com o Pacto de Londres, a Tríplice Entente tornou-se uma aliança e os seus membros comprometeram-se a rejeitar qualquer

proposta de paz separada e criaram ambições de guerras próprias. A Grã-Bretanha queria as colónias alemãs, destruir a sua armada naval e libertar a Bélgica; a França queria ganhar de volta a Alsácia-Lorena e criar estados-tampão na Renânia; a Rússia queria juntar todos os territórios da Polónia habitados e criar um reino satélite. Quando mais tarde a Itália entra no conflito ao lado dos Aliados, é lhe prometida ganhos nos Alpes e Dalmácia. Os Alemães tentaram dividir os seus inimigos e matar de fome a Grã-Bretanha destruindo as embarcações com alimentos, porém falhou rotundamente e catapultou a entrada dos Estados Unidos no conflito. Em contraste com a escalada de violência entre 1914-17, em 1917-18, a guerra terminou, primeiro a este e depois a oeste. Com a revolução Bolchevique, a Rússia estava mais interessada em salvar o seu próprio regime. O exército francês amotinou-se e o exército italiano renderam-se em massa na batalha de Caporetto. Os líderes britânicos e franceses reconheceram que ganharam com a ajuda americana. Caso a revolução russa tenha terminado a guerra a este, o fator decisivo a oeste foi a derrota militar da Alemanha. A economia de guerra da Alemanha estava de rastos e as suas cidades esfomeadas. Os seus aliados estourados, com a Áustria-Hungria a dividir-se em múltiplos Estados. Assim, Ludendorff decidiu pedir os termos e paz baseando-se nos catorze pontos do presidente Wilson. As clausulas de cessar-fogo permitiram à Grã-Bretanha controlar as colónias Alemãs e à França de ocupar a Renânia. Ambos Estados Unidos e seus Aliados tiveram ganhos significativos após a conferência de paz. Esta ocorreu em Paris em 1919-20 e desenhou a agenda para a diplomacia europeia. Os tratados com a Áustria, Hungria e Bulgária foram importantes maioritariamente para o delinear das novas fronteiras. Esperando ser tratados como iguais, os novos líderes democráticos da Alemanha confiaram nos Estados Unidos, rejeitando cooperar com Moscovo. Devido a falta de acordo entre os Aliados, o Tratado de Versalhes surgiu como um Diktat, da vontade das potências vencedoras. O Japão tomou os territórios Chineses e do Pacífico Norte que pertenciam à Alemanha, a Itália ganhou uma fronteira em Brenner Pass e anexou o porto adriático de Fiume (ainda assim a Itália recebeu menos que o esperando, dando origem ao termo ‘vitória mutilada’ que contribuiu para o surgimento do Fascismo). A América, Grã-Bretanha e França foram os atores principais. Os americanos que tinham poucos danos de guerra queriam um acordo rápido em relação às reparações de guerra, mais tarde financiariam a reconstrução europeia. Na verdade, o Tratado de Versalhes tornou a Alemanha responsável pelas reparações de guerra e pensões de guerra. De fato, Versalhes foi um tratado discriminatório, porém, em certa parte teve de o ser, pois permitir o reflorescimento iria torna-la mais forte que os seus vizinhos. Os Aliados e os americanos concordaram em limitar o exército alemão a 100.000 homens, em confiscar a sua armada naval, não permitir a criação de uma Força Aérea e criar uma brigada de desarmamento. Isto tudo foi feito de forma a garantir que a Alemanha não poderia iniciar outra guerra. Por outro lado, caso a Alemanha democrática conseguisse convencer os seus vizinhos das suas boas intenções a ocupação poderia terminar mais cedo e as reparações seriam reconsideradas.

A Guerra Mundial e o Estabelecimento de Paz, 1914-1920 (Especifico)

As Políticas Domésticas do Império Alemão

Partidos de esquerda, especialmente o Partido Social-Democrata da Alemanha, tiveram grandes ganhos na eleição de 1912. Na época o governo alemão ainda era dominado pela classe dos Junkers, que temiam um grande crescimento da esquerda no país.

As Políticas Domésticas da França A situação na França era a oposta, com os mesmos resultados. Mais de um século

depois da Revolução Francesa ainda havia uma feroz batalha entre a direita que estava no poder e a esquerda. Uma guerra externa era vista por ambos os lados como um jeito de resolver a crise. Todos acreditavam que a guerra seria rápida e de fácil vitória. A esquerda considerava o conflito como uma boa oportunidade de implementar reformas sociais; já a direita acreditava que suas ligações com o exército poderiam lhe permitir uma possibilidade de assumir o poder. Culminação da história europeia

A guerra localizada entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia teve como principal (e quase único) motivo o Pan-eslavismo, o movimento separatista dos Balcãs. O Pan-eslavismo influenciava a política externa russa, principalmente pelos cidadãos eslavos no país e os desejos econômicos de um porto em águas quentes.[8] O desenrolar da Guerra dos Balcãs refletia essas novas tendências de poder das nações europeias.

Para os germânicos, tanto as Guerras Napoleónicas quanto a Guerra dos Trinta Anos foram caracterizados por invasões que tiveram um grande efeito psicológico; era a posição precária da Alemanha no centro da Europa que tinha levado a um plano ativo de defesa como o Plano Schlieffen. Ao mesmo tempo a transferência da disputada Alsácia e Lorena e a derrota na Guerra franco-prussiana influenciaram a política francesa, dando origem ao chamado Revanchismo francês. Após a Liga dos Três Imperadores ter se desmanchado, a França formou uma aliança com o Império Russo, e a guerra por duas frentes começou a se tornar uma preocupação para o exército alemão. A crise de Julho e as declarações de guerra

Após o assassinato do arquiduque Francisco Fernando em 28 de Junho, o Império Austro-Húngaro esperou três semanas antes de decidir tomar um curso de ação. Essa espera foi devida ao fato de que grande parte do efetivo militar estava na ajuda a colheita, o que impossibilitava a ação militar naquele período. Em 23 de Julho, graças ao apoio incondicional alemão (carta branca) ao Império Austro-Húngaro se a guerra eclodisse, o Ultimato de julho foi mandado à Sérvia, e que continha várias requisições, entre elas a que agentes austríacos fariam parte das investigações, e que a Sérvia seria a culpada pelo atentado. O governo sérvio aceitou todos os termos do ultimato, com exceção da participação de agentes austríacos, o que na opinião sérvia constituía uma violação de sua soberania. Por causa desse termo, rejeitado em resposta sérvia em 26 de Julho, o Império Austro-Húngaro cortou todas as relações diplomáticas com o país e declarou guerra ao mesmo em 28 de Julho, começando o bombardeio a Belgrado (capital sérvia) em 29 de Julho. No dia seguinte, o Império Russo, que sempre tinha sido aliado da Sérvia, deu a ordem de locomoção a suas tropas. O Império Alemão, que tinha garantido apoio ao Império Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra mandaram um ultimato ao governo do Império Russo para parar a mobilização de tropas dentro de 12 horas, no dia 31. No primeiro dia de Agosto o ultimato tinha expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha então declarou-lhe guerra. Em 2 de Agosto a Alemanha ocupou Luxemburgo, como o passo inicial da invasão à Bélgica e do Plano Schlieffen (estratégia de defesa alemã que previa a invasão da França, Inglaterra e Rússia). A Alemanha tinha enviado outro ultimato, desta vez à Bélgica, requisitando a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como tal pedido foi recusado, foi declarada guerra a Bélgica. Em 3 de Agosto a Alemanha declarou guerra à França, e no dia seguinte invadiu a Bélgica. Tal ato, violando a soberania belga - que Grã-Bretanha, França e a própria Alemanha estavam comprometidos a garantir fez com que o Império Britânico saísse da sua posição neutra e declarasse guerra à Alemanha em 4 de Agosto.

O início dos confrontos Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no continente africano e no

oceano Pacífico, nas colônias e territórios das nações europeias. Em Agosto de 1914, um combinado da França e do Império Britânico invadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo. Pouco depois, em 10 de Agosto, as forças alemãs baseadas na Namíbiaatacaram a África do Sul, que pertencia ao Império Britânico. Em 30 de Agosto a Nova Zelândia invadiu a Samoa, da Alemanha; em 11 de Setembro a Força Naval e Expedicionária Australiana desembarcou na ilha de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Bretanha), que fazia parte da chamada Nova Guiné Alemã. O Japão invadiu as colônias micronésias e o porto alemão de abastecimento de carvão de Qingdao na península chinesa de Shandong. Com isso, em poucos meses, a Tríplice Entente tinha dominado todos os territórios alemães no Pacífico. Batalhas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África. Na Europa, o Império Alemão e o Império Austro-Húngaro sofriam de uma mútua falta de comunicação e desconhecimento dos planos de cada exército. A Alemanha tinha garantido o apoio à invasão austro-húngara à Sérvia, mas a interpretação prática para cada um dos lados tinha sido diferente. Os líderes austro-Húngaros acreditavam que a Alemanha daria cobertura ao flanco setentrional contra a Rússia. A Alemanha, porém, tinha planejado que o Império Austro-Húngaro focasse a maioria de suas tropas na luta contra a Rússia enquanto combatia a França na Frente Ocidental. Tal confusão forçou o exército Austro-Húngaro a dividir suas tropas. Mais da metade das tropas foi combater os russos na fronteira, enquanto um pequeno grupo foi deslocado para invadir e conquistar a Sérvia. A batalha da Sérvia

O exército sérvio submeteu-se a uma estratégia defensiva para conter os invasores austro-húngaros, o que culminou na Batalha de Cer. Os sérvios ocuparam posições defensivas no lado sul do rio Drina. Nas duas primeiras semanas os ataques austro-húngaros foram repelidos causando grandes perdas ao exército das Potências Centrais. Essa foi a primeira grande vitória da Tríplice Entente na guerra. As expectativas austro-húngaras de uma vitória fácil e rápida não foram realizadas e como resultado o Império Austro-Húngaro foi obrigado a manter uma grande força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas que batalhavam contra a Rússia na Frente Oriental.

Exército alemão na Bélgica e França

Após invadir o território belga, o exército alemão logo encontrou resistência na fortificada cidade de Liège. Apesar do exército ter continuado a rápida marcha rumo à França, a invasão germânica tinha provocado a decisão britânica de intervir em ajuda a Tríplice Entente. Como signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico estava comprometido a preservar a soberania belga. Para a Grã-Bretanha os portos de Antuérpia e Oostende eram importantes demais para cair nas mãos de uma potência continental hostil ao país.[10] Para tanto, enviou um exército para a Bélgica, atrasando o avanço alemão.

Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória na Batalha das Fronteiras (14 de Agosto a 24 de Agosto de 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que estavam planejadas para ir a Frente Ocidental. AAlemanha derrotou a Rússia em uma série de confrontos chamados da Segunda Batalha de Tannenberg (17 de Agosto a 2 de Setembrode 1914). O deslocamento imprevisto para combater os russos, porém, acabou permitindo uma contraofensiva em conjunto das forças francesas e inglesas, que conseguiram parar os alemães em seu caminho para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de1914), forçando o exército alemão a lutar em duas frentes. O mesmo se postou numa posição defensiva dentro da França e conseguiu incapacitar permanentemente 230.000 franceses e britânicos.

A guerra das trincheiras

Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de fogo defensivo mais poderoso que as capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera. O arame farpado era um constante obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, armada com poderosas metralhadoras. Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal artifício, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais miserável tornando-se um dos mais temidos e lembrados horrores de guerra.

Numa nota curiosa, temos que no início da guerra, chegando a primeira época natalícia, se encontram relatos de os soldados de ambos os lados cessarem as hostilidades e mesmo saírem das trincheiras e cumprimentarem-se (trégua de Natal). Isto ocorreu sem o consentimento do comando, no entanto, foi um evento único. Não se repetiu posteriormente por diversas razões: o número demasiado elevado de baixas aumentou os sentimentos de ódio dos soldados e o comando, dados os acontecimentos do primeiro ano, tentou usar esta altura para fazer propaganda, o que levou os soldados a desconfiar ainda mais uns dos outros.

A alimentação era sobretudo à base de carne, vegetais enlatados e biscoitos, sendo os alimentos frescos uma raridade.

Fim da guerra

A partir de 1917, a situação começou a alterar-se, quer com a entrada em cena de novos meios, como o carro de combate e a aviação militar, quer com a chegada ao teatro de operações europeu das forças norte-americanas ou a substituição de comandantes por outros com nova visão da guerra e das táticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por Lenine, prontamente assina a paz sem condições, (Tratado de Brest-Litovski) assim anulando a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente para evitar a derrota. O armistício que pôs fim à guerra foi assinado a 11 de Novembro de 1918.

Tratado de Brest-Litovski (ou de Brest-Litovsk) foi um tratado de paz assinado entre o

governo bolchevique russo e as Potências Centrais (Império Alemão, Império Austro-Húngaro, Bulgária e Império Otomano) em 3 de março de 1918, em Brest (antigamente Brest-Litovski), na atual Bielorrússia, pelo qual era reconhecida a saída russa da Primeira Guerra Mundial.

A retirada da Rússia da guerra foi um dos principais objetivos da Revolução Russa de 1917, e uma das prioridades do recém-criado governo bolchevique. A guerra tornara-se impopular entre o povo russo, devido às imensas perdas humanas (cerca de quatro milhões de mortos). Entretanto, os termos do Tratado de Brest-Litovski eram humilhantes. Através deste, a Rússia abria mão do controle sobre a Finlândia, Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Polônia, Bielorrússia e Ucrânia, bem como dos distritos turcos de Ardaham e Kars, e do distrito georgiano de Batumi, antes sob seu domínio. Estes territórios continham um terço da população da Rússia, metade de sua indústria e nove décimos de suas minas de carvão. A maior parte desses territórios tornar-se-iam, na prática, partes do Império Alemão, sob a tutela de reis e duques. Entretanto, a derrota da Alemanha na guerra, marcada pelo armistício com os países aliados em 11 de Novembro, em Compiègne, permitiu que Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia se tornassem Estados verdadeiramente independentes, e os monarcas indicados tiveram que renunciar aos seus tronos. Por outro lado, a Bielorrússia e a Ucrânia envolveram-se na Guerra Civil Russa, e terminaram por serem novamente anexadas ao território russo, agora sob o nome de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

As negociações de paz tinham sido iniciadas em 22 de Dezembro de 1917, uma semana após o armistício entre a Rússia e as Potências Centrais, em Brest-Litovsk.

O Armistício de Compiègne foi um tratado assinado em 11 de novembro de 1918 entre os Aliados e a Alemanha, dentro de um vagão-restaurante, na floresta de Compiègne, com o objetivo de encerrar as hostilidades na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial. Os principais signatários foram o Marechal Ferdinand Foch, comandante-em-chefe das forças da Tríplice Entente, e Matthias Erzberger, representante alemão.

Seguiu-se ao armistício o tratado de paz de Versalhes, celebrado em 1919, segundo o qual, a Alemanha, derrotada, era obrigada a:

Reduzir as suas tropas pela metade;

Pagar pesadas indenizações aos países vencedores;

Ceder todas as suas colônias;

Restituir a Alsácia-Lorena à França.

Portugal

Portugal participou no primeiro conflito mundial ao lado dos Aliados, o que estava de acordo com as orientações da república ainda recentemente instaurada. Na primeira etapa do conflito, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colónias africanas ameaçadas pela Alemanha. Face a este perigo e sem declaração de guerra, o governo português enviou contingentes militares para Angola e Moçambique. Em Março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado decidiu pedir ao estado português o apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra a Portugal pela Alemanha, a 9 de Março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914). Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direção a Flandres. Portugal envolveu-se, depois, em combates em França. Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil homens. As perdas atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos, além de custos económicos e sociais gravemente superiores à capacidade nacional. Os objetivos que levaram os responsáveis políticos portugueses a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se-ia até à queda do regime democrático em 1926.

CONSEQUÊNCIAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL Dissolução da Áustria-Hungria

A Dissolução ou Desintegração da Áustria-Hungria foi um processo que ocorreu após a derrota do país na Primeira Guerra Mundial e fez desaparecer como Estado em finais de 1918. De seus territórios surgiram a Primeira República da Áustria, a Primeira República da Checoslováquia, a República Democrática da Hungria, o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, a Segunda República da Polônia; e; o Reino de Itália e o Reino da Romênia expandiram-se territorialmente.

Antecedentes As tensões que desde o século XIX estavam afetando o império foram agravadas pela

guerra mundial com derrotas militares e dificuldades na retaguarda. A morte do imperador ancião, Francisco José I, em 21 de novembro de 1916 acelerou a crise. As diferentes nacionalidades que compunham o estado intensificaram seus esforços para alcançar a independência.[1] Na Frente Oriental com as tropas checas e eslovacas desertando em grande número, formando a chamada Legião Checoslovaca com cerca de 50.000 soldados que lutavam para a Tríplice Entente.

Os gestos do novo e jovem Imperador Carlos como a nomeação de um novo ministro do exterior (o conde tcheco Ottokar von Czernin, 22 de dezembro de 1916 [2]), a assistência do Chefe de Gabinete ou a reabertura do Parlamento na Primavera de 1917, não conseguiram acalmar as tensões pela independência.[1] O imperador, enquanto tentava conciliar os movimentos internos, procurou desde o início a paz com seus inimigos, usando os serviços de seu irmão, o príncipe Sixto de Bourbon-Parma (ver: Escândalo Sisto de Bourbon) . As negociações fracassaram e Carlos perdeu sua capacidade de agir politicamente independente do Império Alemão .[3] Pouco depois do escândalo sobre as conversações secretas pelas costas dos alemães, Carlos tentou novamente agradar políticos da oposição anistiando presos políticos em 2 de julho de 1918. A atitude, relativamente bem recebida pelos adversários, foi muito mal recebida pela maioria dos apoiantes da dinastia, especialmente os políticos conservadores alemães, que entenderam que recompensava os desleais.

Dissolução Após a rutura da Frente de Salónica no final de setembro de 1918 e do pedido de

armistício da Bulgária em 29 de setembro de 1918, acelerou-se a derrota do Império Austro-Húngaro e com ela a desintegração do país .[4]

Em 4 de outubro de 1918, os austro-húngaros solicitam, em conjunto com os alemães, um armistício ao presidente dos EUA, Woodrow Wilson, baseado em seu famosos Catorze Pontos.[4] A resposta a isto, em 21 de outubro de 1918, marcou o golpe final na unidade do Império: Wilson recusou-se a aceitar uma mera autonomia da Checoslováquia e da Iugoslávia .[4] O político checo, Tomáš Masaryk, temendo um acordo de última hora, proclamou a independência da Checoslováquia a partir de Washington D.C. no dia 18.[4] Em 5 de outubro de 1918, os deputados eslavos do sul reuniram-se em Zagreb para formar um conselho nacional.

No dia 7, representantes polacos em Varsóvia proclamaram o início da formação de um governo nacional e um Parlamento livre. No mesmo dia, rutenos reuniram-se em Lemberg para escolher o seu próprio conselho nacional. No dia 15, deputados polacos declararam-se sujeitos e cidadãos de um novo estado polonês reconstituído. Em 16 de janeiro de 1919, após muitas vicissitudes, Józef Pilsudski foi nomeado como chefe de Estado interino, Ignacy Jan Paderewski como primeiro-ministro, e Roman Dmowski como ministro das relações exteriores.[5]

Em 12 de outubro de 1918, os deputados social-democratas austríacos se reuniram para formar um parlamento provisório e anunciar a formação de um Estado austríaco, sendo os primeiros a deixar o Parlamento Imperial (Reichsrat).

Em 16 de outubro de 1918, tentando salvar a unidade do império, o imperador lançou seu famoso Manifesto, que convidava as províncias à formação de comitês nacionais (como estava acontecendo) e propôs a transformação do Império em uma federação. Solicitou novamente a Wilson a paz em separado.

A proposta do Imperador foi mal recebida pelos políticos magiares, que consideraram o Ausgleich de 1867, que regia as relações entre as duas partes do império, anulado. A ação por sua vez, levou aos políticos eslovacos e romenos para fazer valer os seus direito à autodeterminação.

Em 21 de outubro de 1918, no mesmo dia em que recebeu a resposta do presidente estadunidense à exigência da paz austro-germânica, os deputados alemães do império se reuniram como parlamento interino e declararam independência.[6]

Em 28 de outubro de 1918, num golpe sem derramamento de sangue, os checos assumiram a administração da Boêmia e Morávia. No dia seguinte, o Conselho Nacional Eslovaco se mostra favorável a união dos checos e eslovacos e formaram um conselho nacional conjunto em Praga.[6] Em 14 de novembro de 1918, a assembleia nacional elege Masaryk

como presidente da nova república, Karel Kramář como primeiro-ministro e Edvard Benes como Ministro das Relações Exteriores.

Em 29 de outubro de 1918, croatas e eslovenos declararam a independência e no dia 19, diante do avanço italiano, proclamam a união com os reinos da Sérvia e Montenegro .

Em 11 de novembro de 1918, Carlos desistiu de seus direitos no território austríaco sem abdicar, no entanto, formalmente.[7] No mesmo dia abandonou Viena e se mudou para um pavilhão de caça em Eckartsau. Dois dias depois fez o mesmo para a Hungria. Em 12 de novembro, o parlamento austríaco proclamou a república e sua integração na nova república alemã.

Em 13 de novembro de 1918, mesmo dia em que a delegação húngara consegue a renúncia dos direitos do imperador em seu refúgio em Eckartsau, o novo governo do Conde Mihály Károlyi assina um armistício em separado com a Entente, em Belgrado. [6] O Imperador aceita antecipadamente a forma de Estado que a Hungria decidir.[6] Em 16 de Novembro de 1918, o Conselho Nacional proclama aRepública Democrática da Hungria.[6]

No final de novembro, os romenos de Bucovina declararam a sua união com o Reino da Romênia e em 1 de dezembro de 1918 fez o mesmo a Transilvânia.

Consequências Apesar das tentativas do imperador para não abdicar formalmente e manter a

possibilidade de recuperar o trono, tanto a nova República Austríaca, tal como a Checoslováquia, aprovaram uma legislação de nacionalização de suas propriedades e anulando seus privilégios políticos.[5] O desmembramento do império, eliminando assim uma das grandes potências europeias, levou à criação de muitos novos estados com problemas econômicos e rivalidades nacionalistas que foram mantidas durante o período entre-guerras. A área passou a início do pós-guerra sob a influência da política francesa e, mais tarde, sob a influência econômica e política alemã.

Partilha do império otomano A Partilha do Império Otomano foi um evento político ocorrido depois da Primeira

Guerra Mundial que envolveu a divisão em diversas novas nações do imenso conglomerado de territórios e povo governados até então pelo sultão otomano.

A partilha foi planeada desde os primeiros dias da guerra, embora os rivais do Império Otomano, os chamados "Aliados", não concordarem quanto às suas intenções a respeito do pós-guerra e foram obrigados a fazer acordos paralelos. Depois da ocupação de Istambul por tropas britânicas e francesas em Novembro de 1918, o governo otomano ruiu completamente e foi obrigado a assinar o Tratado de Sèvres em 1920. No entanto, a guerra de independência turca forçou os antigos Aliados a retornarem à mesa de negociações antes que o tratado pudesse ser ratificado. Os Aliados e a Grande Assembleia Nacional da Turquia assinaram e ratificaram então o novo Tratado de Lausanne, em 1923, que passava por cima das decisões do tratado anterior e solidificava a maioria das questões territoriais. Uma das questões que ficou sem resolução, foi negociada posteriormente pela Liga das Nações (ver Mossul, 1925).

A partilha da região acabou por separar o mundo árabe da República da Turquia. A Liga das Nações concedeu à França mandatos sobre a Síria e o Líbano e ao Reino Unido sobre a Mesopotâmia e a Palestina (que englobava duas regiões autónomas, a Palestina e a Transjordânia). Partes do Império Otomano localizadas na península Arábica tornaram-se partes da Arábia Saudita e do Iémen atuais.

Tratado de Versalhes 1919-20 O Tratado de Versalhes (1919) foi um tratado de paz assinado pelas potências

europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Após seis meses de negociações, em Paris, o tratado foi assinado como uma continuação do armistício de Novembro de1918, em Compiègne, que tinha posto um fim aos confrontos. O principal ponto do tratado determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a guerra e que, sob os termos dos artigos 231-247, fizesse reparações a um certo número de nações da Tríplice Entente.

Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um número de nações fronteiriças, de todas as colônias sobre os oceanos e sobre o continente africano, uma restrição ao tamanho do exército e uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller, assinou o tratado em 28 de Junho de 1919. O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeiro de 1920. Na Alemanha o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimarem 1933 e a ascensão do Nazismo.

No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que a Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de dólares. Os encargos a comportar com este pagamento são frequentemente citados como a principal causa do fim da República de Weimar e a subida ao poder de Adolf Hitler, o que inevitavelmente levou à eclosão daSegunda Guerra Mundial apenas 20 anos depois da assinatura do Tratado de Versalhes. Condições

O tratado tinha criado Liga das Nações, um dos objetivos maiores do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. A Liga das Nações pretendia arbitrar disputas internacionais para evitar futuras guerras. Só quatro dos chamados Quatorze Pontos de Wilsonforam concretizados, já que Wilson era obrigado a negociar com Clemenceau, Lloyd George e Orlando alguns pontos para conseguir a aprovação para criação da Liga das Nações.[1] A visão mais comum era que a França de Clemenceau era a mais vigorosa na luta por uma represália contra a Alemanha, já que grande parte da guerra tinha sido no solo francês.

Cedências territoriais

Outras cláusulas incluíam a perda das colônias alemãs e dos territórios que o país tinha anexado ou invadido num passado recente:

Alsácia-Lorena, os territórios cedidos a Alemanha no acordo de Paz assinado em Versalhes em 26 de Janeiro de 1871 e o Tratado de Frankfurt em 10 de Maio de 1871, seriam devolvidos a França (área 14 522 km², 1 815 000 habitantes, 1905);

A Sonderjutlândia seria devolvida a Dinamarca se assim fosse decidido por um plebiscito na região (toda a região da Schleswig-Holstein teve o plebiscito, sendo a Sonderjutlândia a única região a se decidir separar)(3984 km², 163 600 habitantes, 1920);

As províncias de Posen e Prússia Oriental, que a Prússia Ocidental tinha conquistado nas Partições da Polônia eram devolvidas após a população local ter ganho a liberdade na Revolução da Grande Polônia (área 53 800 km², 4 224 000 habitantes, 1931).;

Hlučínsko, região da Alta Silésia, para a Checoslováquia (316 ou 330 km² e 49 000 habitantes) ;

Parte leste da Alta Silésia para a Polônia (área 3214 km², 965 000 habitantes) apesar do plebiscito ter apontado que 60% população preferia ficar sob domínio da Alemanha;

As cidades alemãs de Eupen e Malmedy para a Bélgica;

A região de Soldau da Prússia Oriental a Polônia (área de 492 km²);

Parte setentrional da Prússia Ocidental, Klaipėda, sob o controle francês, depois transferida para a Lituânia;

Na parte oriental da Prússia Ocidental e na parte sul da Prússia Oriental, Vármia e Masúria, pequenas partes para a Polônia;

A província de Sarre para o comando da Liga das Nações durante 15 anos;

A cidade de Danzig (hoje Gdańsk, Polônia com o delta do Rio Vístula foi transformada na Cidade Livre de Danzig sobre o controlo da Liga das Nações (área de 1893 km², 408 000 habitantes, 1929).

O artigo 156 do tratado transferiu as concessões de Shandong, da China para o Japão

ao invés de retornar a região à soberania chinesa. O país considerou tal decisão ultrajante o que levou a movimentos como o Movimento de Quatro de Maio, que influenciou a decisão final chinesa de não aderir ao Tratado de Versalhes. A República da China declarou o fim da guerra contra a Alemanha em Setembro de 1919 e assinou um tratado em separado com a mesma em 1921.

Reparações de guerra e cláusulas de culpa

O artigo 231 do Tratado (a cláusula da 'culpa de guerra') responsabilizou unicamente a Alemanha por todas as 'perdas e danos' sofridas pela Tríplice Entente durante a guerra obrigando-a a pagar uma reparação por tais atos. O montante total foi decidido entre a Tríplice Entente na Comissão de Reparação. Em Janeiro de 1921 esse número foi oficializado em 269 bilhões de marcos, dos quais 226 bilhões como principal, e mais 12% do valor das exportações anuais alemãs - um valor que muitos economistas consideraram ser excessivo. Mais tarde, naquele ano, a dívida foi reduzida para 132 biliões, o que ainda era considerado uma soma astronômica para os observadores germânicos.

Os problemas econômicos que tal pagamento trouxe, e a indignação alemã pela sua imposição são normalmente citados como um dos mais significantes fatores que levaram ao fim da República de Weimar e ao início da ditadura de Adolf Hitler, que levou à II Guerra Mundial. Alguns historiadores, como Margaret Olwen MacMillan discordam desta afirmação, popularizada por John Maynard Keynes.

A posição dos Estados Unidos

Os Estados Unidos não ratificaram o tratado. As eleições para o Senado em 1918 deram a vitória ao Partido Republicano (49 contra 47 lugares), que assumiu o controlo do Senado e por duas vezes bloqueou a ratificação (a segunda vez em 19 de março de 1920), favorecendo o isolamento do país opondo-se à Sociedade das Nações. Outros senadores queixaram-se da quantidade excessiva de reparações a que a Alemanha era obrigada. Como resultado, os Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade das Nações e negociaram em separado uma paz com a Alemanha: o Tratado de Berlim de 1921, que confirmou a pagamento de indenizações e de outras disposições do Tratado de Versalhes, mas excluiu explicitamente todos os assuntos relacionados com a Sociedade das Nações

Revolução russa de 1917

A Revolução Russa de 1917 foi um período de conflitos, iniciados em 1917, que derrubou a autocracia russa e levou ao poder o Partido Bolchevique, de Vladimir Lenine. Recém-industrializada e sofrendo com a Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha uma grande massa de operários e camponeses trabalhando muito e ganhando pouco. Além disso, o governo absolutista do czar Nicolau II desagradava o povo, que queria uma liderança menos

opressiva e mais democrática. A soma dos fatores levou a manifestações populares que fizeram o monarca renunciar e, no fim do processo, deram origem à União Soviética, o primeiro país socialista do mundo, que durou até 1991. A Revolução compreendeu duas fases distintas:

A Revolução de Fevereiro (março de 1917, pelo calendário ocidental), que derrubou a autocracia do Czar Nicolau II , o último Czar a governar, e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal.

A Revolução de Outubro (novembro de 1917, pelo calendário ocidental), na qual o Partido Bolchevique, derrubou o governo provisório e impôs o governo socialista soviético.

Causas Ideológicas A ascensão do sentimento nacionalista

O sistema de estados , por vezes referido como o sistema de Vestefália, foi desenvolvido na Europa desde meados do século XVII. O Nacionalismo ou Patriotismo podem, em parte, ser encarados como uma expressão ideológica popular deste sistema. Para se entender o porquê de as populações europeias estarem predispostas a uma guerra em 1914, muitos historiadores acreditam ser necessário analisar as origens dessas ideologias[3].

No seguimento da Revolução Francesa (1789-1799), Napoleão Bonaparte tomou o poder na França. Os exércitos de Napoleão marcharam sobre toda a Europa, trazendo à mesma não só um domínio efetivo francês mas também suas ideias. O surgimento de ideais nacionalistas, devoção e amor pelas ideias de uma massa coletiva de pessoas tornou-se cada vez maior durante as Guerras Napoleónicas. Napoleão encorajou a difusão do nacionalismo, o que no seu entender "oleava" a grande "máquina de guerra" francesa[4]. A população francesa começou a ter orgulho na sua cultura e etnia. O Mundo assistiu então pela primeira vez ao fenômeno nacionalista e assistiu ao enorme poder que os franceses dele retiraram.

De guerra a guerra, 1920-1939 Nos primeiros anos após a guerra, vários conflitos surgiram, como a guerra Polaco-Soviética em 1919-21 e a guerra Greco-Turca em 1919-22. Nos mesmos anos surgiu uma ‘guerra fria’ entre a França e a Alemanha que tinha como principais motivos a paz forçada. As reparações foram fulcrais. Em 1921 os Aliados aprovaram o London Schedule of Payments, que estipulou que os países vencidos tinham a responsabilidade de 132.000 milhões de marcas de ouro. Apesar de uma grande quantia, não era impossível pagar. Porém os alemães não tinham intenções de tal. O seu Ministro dos Negócios Estrangeiros iniciou uma campanha contra o Artigo 231 negando a sua responsabilidade total pela guerra e que afirmava ser impossível implementar o Schedule. Na tentativa da aplicação do Schedule a França encontrava-se isolada. Em 1919-20, Wilson falhou a ratificação do Tratado de Versalhes no Senado Americano, deixando de fora os EUA da Liga e Comissão de Reparações. Os britânicos recusaram-se a perdoar as dividas de guerra da França, a não ser que os Estados Unidos fizessem o mesmo. Mussolini nunca escondeu o seu desagrado em relação aos tratados de paz e o seu antagonismo em relação à França. Já os soviéticos preferiram deixar o mundo capitalista dividido e decidiram cooperar com a Alemanha. Apesar da França ter assinado Pactos de Segurança com a Bélgica, Polónia, Checoslováquia, Roménia e Jugoslávia, estas parcerias não substituíam a aliança das Grandes Potências. Os franceses temiam a recuperação da Alemanha, porém o que temiam sucedeu.

Com o apoio internacional, como o Dawes Plan, a Alemanha introduziu um nova moeda estável. Com a posição da França piorou também os termos do Tratado de Versalhes após a realização de vários Tratados de Locarno em 1925, onde a França, Alemanha e Bélgica se comprometiam a respeitar as suas fronteiras comuns. O Dawes Plan e o Tratado de Locarno facilitaram temporariamente os dilemas franceses, diminuindo no final dos anos 20 o extremismo politico e proporcionando a recuperação económica.

A Alemanha entra na Liga das Nações em 1926. Movimentos apoiantes de uma defesa coletiva e uma união europeia ganharam força,

ao mesmo tempo os governos inclinavam-se para estas noções. Porém este otimismo tinha raízes frágeis e o exército alemão já estava a planear outra guerra.

Em 1930, no âmbito do plano definitivo de reparações, as últimas forças aliadas retiram-se da Renânia, 5 anos antes do estipulado. A garantia britânica de Locarno não se realizou pois não iniciou um rearmamento ou criou um plano de contingência. A América mantinha-se politicamente descomprometida, porém após o crash de Wall Street em 1929, viu-se obrigada a remuneração dos empréstimos feitos, afundando pouco a pouco a economia alemã.

Assim que as tropas francesas abandonaram a Renânia, a diplomacia alemã tornou-se muito mais assertiva. Após 1933, três circunstâncias levaram a um novo conflito: a vontade da Alemanha entrar em guerra, a permissão das Potências para a criação de uma guerra, recusar a proposta de paz que levou a França e Grã-Bretanha a proteger a Polónia e a declarar guerra a Hitler quando este a invade.

Hitler desejava a guerra, achava que era algo inevitável, porém isto não significa que a guerra com o ocidente se iniciou em 1939, desde o inicio dos anos 20 que ele procurava uma forma de atingir a União Soviética de forma a exterminar o Bolchevismo e adquirir “espaço vital”. Como chanceler em 1933, ele declarou que as suas ambições eram pacificas e limitadas, porém, secretamente ele planeava uma expansão rumo a este e após ter adquirido poder iniciou uma corrida ao armamento.

Entre os anos de 1933 a 1938 é possível verificar ações unilaterais da fação alemã, que coincidiu com a atitude passiva dos Aliados. Em 1933, a Alemanha sai da Liga das Nações e criou uma força aérea. Em 1935 ocupa a Renânia; em 1938 anexa a Áustria. Para além de ter rearmado a Alemanha, ganhou muitas fronteiras defensivas e criou um eixo com a Itália e Japão e eventualmente, com a União Soviética.

Para entender as forças de apaziguamento é necessário obter uma visão geral. A depressão de 1929-33 enfraqueceram as forças pró-ocidente em Tóquio e fortaleceram aquelas que desejavam um bloco dominado pelo Japão na Ásia. A saída do Japão da Liga das Nações poderá ter influenciado a decisão de Hitler sete meses depois. A crise na Renânia e na Sudetenland em 1938, levaria provavelmente a uma guerra com a Itália e Japão, uma guerra que a Grã-Bretanha não conseguiria vencer.

Hitler via nos os Estados Unidos como um inimigo a longo prazo porém descredibilizou-os à conta da Grande Depressão.

Mussolini, tal como Hitler tinha uma política externa expansionista, centrada na dominação italiana do Mediterrâneo. Porém ele continuava a querer parar a Alemanha. Quando Londres e Paris demonstram que estão dispostos a oferecer-lhe partes da Etiópia, Mussolini decidi invadir o país e conquista-o, deixando a Liga das Nações sem qualquer credibilidade. Secretamente desconfiando de Hilter, o líder italiano decide proteger os seus interesses alcançando um expansionismo paralelo à Alemanha, em vez de se associar com as ineficazes potências ocidentais.

A economia francesa demorou mais tempo a recuperar que a Alemã, tanto que as suas contas publicas estavam permanentemente em défice. Aquando da invasão da Renânia por Hitler, a França apenas conseguiu pagar as contas com a ajuda de empréstimos britânicos. Os

líderes franceses avisaram que Hitler estava preparado para atacar a França, porém uma guerra contra ele seria longa com custos indeterminados, na qual a França deverá ter a Grã-Bretanha a seu lado.

Porém, cortes da defesa Britânica nos anos 20 e os seus compromissos mundiais, deixavam a ‘Tripla Ameaça’ da Alemanha, Japão e Itália além das suas possibilidades.

A 15 de Março de 1939, Hitler rompe o acordo de Munique ocupando Praga e o resto da Checoslováquia, duas semanas depois a Grã-Bretanha e França garantem a independência da Polónia. Encorajado com o Pacto de não agressão assinado com Estaline, Hitler invade a Polónia, dois dias depois a Grã-Bretanha e França declaram-lhe guerra.

Hitler não sabia onde parar ou ficar satisfeito. Após o acordo de Munique, começou a negociar com a Polónia não só sobre Danzing e o corredor, mas também sobre o alinhamento político entre Berlim e Varsóvia. Quando os polacos rejeitaram os seus termos de negociação, Hitler decidiu empregar a força. Se o ataque da Áustria-Hungria iniciou a Primeira Guerra Mundial, o ataque da Alemanha à Polónia iniciou a Segunda.

A garantia da segurança polaca por parte da Grã-Bretanha e França deixou bastante claro que não iria ser uma guerra localizada.

A chave para o desenvolvimento do conflito foi a invasão de Praga por Hitler sem qualquer motivo legitimo. Por esta altura já se tinha iniciado o rearmamento britânico e francês. O que levou à mudança de atitude dos países ocidentais foram as ações de Hitler em si. Os franceses e britânicos decidiram que deveriam prestar auxilio a Varsóvia e Bucareste.

Assim, Hitler desejava agora um acordo, um pacto com Estaline que lhe permitiria atacar a Polónia, na esperança de deter os avanços ocidentais. Para isto estava disposto a oferecer os territórios que Estaline queria como o este da Polónia, Finlândia, os Estados Bálticos e a Bessarábia. A Grã-Bretanha e França que estavam a negociar com Moscovo simultaneamente, hesitaram em apoiar a intervenção Soviética nos Estados Bálticos, ou concordar com a travessia das suas tropas na Roménia e Polónia, pois não tinham planos para uma ação militar conjunta. O Pacto acabou por ser assinado, provavelmente com Estaline a esperar que o Ocidente e a Alemanha dessem cabo um do outro.

Os governos britânico e francês acreditavam que a expansão alemã destruiria o equilíbrio de poder. Os alemães acreditavam que tinham uma vantagem temporária na corrida ao armamento, enquanto que a França e Grã-Bretanha estavam melhor preparadas que antes.

Consequências (tensões entre guerras) Os acordos que deveriam dar fim aos conflitos da Primeira Guerra Mundial (1914 –

1918) serviram para que um clima de rivalidades se agravasse ao longo do período do Entre guerras. A imposição de multas e sanções extremamente pesadas não conseguiu fazer com que o equilíbrio político real fosse alcançado entre as potências econômicas mundiais[7]. Grosso modo, podemos afirmar que a Primeira Guerra pavimentou as possibilidades para a ocorrência de um novo conflito internacional. Mesmo posando ao lado dos vencedores, a Itália saiu frustrada do conflito ao não receber os ganhos materiais que esperava[6]. Na Alemanha, onde as mais pesadas sanções do Tratado de Versalhes foram instituídas, a economia viveu em franca decadência e os índices inflacionários alcançaram valores exorbitantes. Esse contexto de declínio e degradação acabou criando chances para que Itália e Alemanha fossem dominadas por regimes marcados pelo nacionalismo extremo e a franca expansão militar. A Sociedade das Nações, órgão internacional incumbido de manter a paz, não conseguiu cumprir seu papel. O Japão impôs um projeto expansionista que culminou com a ocupação da Manchúria. Os alemães passaram a descumprir paulatinamente as exigências impostas pelos Tratados de Versalhes e realizaram a ocupação da região da Renânia. Enquanto isso, os italianos aproveitaram da nova situação para realizar a invasão à Etiópia[7]. O equilíbrio almejado pelos países também foi impedido pela crise econômica que devastou o sistema capitalista no ano de 1929. Sem condições de impor seus interesses contra os alemães e

italianos[3], as grandes nações europeias passaram a ceder espaço aos interesses dos governos totalitários. Aproveitando dessa situação, os regimes de Hitler e Mussolini incentivaram a expansão de uma indústria bélica que utilizou a Guerra Civil Espanhola como ―palco de ensaios‖ para um novo conflito mundial. Fortalecidas nessa nova conjuntura política, Itália, Alemanha e Japão começaram a engendrar os primeiros passos de uma guerra ainda mais sangrenta e devastadora. A tão sonhada paz escoava pelo ralo das contradições de uma guerra sustentada pelas contradições impostas pelo capitalismo concorrencial. Por fim, o ano de 1939 seria o estopim de antigas disputas que não conseguiram ser superadas com o trágico saldo da Primeira Guerra.

Corrida armamentista A corrida naval entre Inglaterra e Alemanha foi intensificada em 1906 pelo surgimento

do HMS Dreadnought, revolucionário navio de guerra. Uma evidente corrida armamentista na construção de navios desdobrava-se entre as duas nações. O historiador Paul Kennedy argumenta que ambas as nações acreditavam nas teorias de Alfred Thayer Mahan, de que o controle do mar era vital a uma nação.

O também historiador David Stevenson descreve a corrida como um "auto reforço de um ciclo de elevada prontidão militar", enquantoDavid Herrman via a rivalidade naval como parte de um grande movimento para a guerra. Contudo, Niall Ferguson argumenta que a superioridade britânica na produção naval acabou por transformar tal corrida armamentista em um fator que não contribuiu para a movimentação em direção a guerra.

Este período, entre 1885 e 1914, ficou conhecido como a Paz Armada[

Militarismo e autocracia O presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson e outros observadores americanos

culpam o militarismo pela guerra. A teoria é que a aristocracia e a elite militar tinham um poder excessivo no Império Alemão, no Reino de Itália e no Império Austro-Húngaro, e que a guerra seria a consequência de seus desejos pelo poder militar e o desprezo pela democracia.

Consequentemente, os partidários dessa teoria pediram pela abdicação de tais soberanos, o fim do sistema aristocrático e o fim do militarismo - tudo isso justificou a entrada americana na guerra depois que a Rússia czarista abandonou a Tríplice Entente. Wilson esperava que a Liga das Nações e um desarmamento universal poderia resultar numa paz, admitindo-se algumas variantes do militarismo como nos sistemas políticos da Inglaterra e França.

Imperialismo econômico Lenine era um famoso defensor de que o sistema imperialista vigente no mundo era o

responsável pela guerra. Para corroborar as suas ideias ele usou as teorias econômicas de Karl Marx e do economista inglês John A. Hobson, que antes já tinha previsto as consequências do imperialismo econômico na luta interminável por novos mercados, que levaria a um conflito global, em seu livro de 1902 chamado "Imperialismo". Tal argumento provou-se convincente no início imediato da guerra e ajudou no crescimento do Marxismo e Comunismo no desenrolar do conflito. Os panfletos de Lenine de 1917, "Imperialismo: O Último Estágio do Capitalismo", tinham como argumento que os interesses dos bancos em várias das nações capitalistas/imperialistas tinham levado à guerra. Nacionalismo, romantismo e a "nova era"

Os líderes civis das nações europeias estavam na época enfrentando uma onda de fervor nacionalista que estava se espalhando pela Europa há anos, como memórias de guerras enfraquecidas e rivalidades entre povos, apoiados por uma média sensacionalista e nacionalista. Os frenéticos esforços diplomáticos para mediar a rixa entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia foram irrelevantes, já que a opinião pública naquelas nações pediam pela guerra para defender a chamada honra nacional. Já a aristocracia exercia também forte

influência pela guerra, acreditando que ela poderia consolidar novamente seu poder doméstico. A maioria dos beligerantes pressentiam uma rápida vitória com consequências gloriosas. O entusiasmo patriótico e a euforia presentes no chamado Espírito de 1914 revelavam um grande otimismo para o período pós-guerra.

De guerra a guerra, 1920-1939

Entre-guerras ou entreguerras - é a denominação dada ao período que se estende do fim da primeira guerra mundial, em 11 de novembro de 1918, até o início da segunda guerra mundial, em 1 de setembro de 1939. O período foi marcado pela Grande Depressão, associada a graves tensões políticas, culminando com a ascensão dos regimes totalitários em alguns países europeus, mas sendo assim esse período ocorreu também no resto do mundo. Na Alemanha e na Itália, surgiram o nazismo e o fascismo, respectivamente.

Estes graves problemas econômicos e políticos foram as causas da Segunda Guerra Mundial. No Brasil, além do surgimento de um movimento de inspirações semelhantes ao fascismo, o integralismo, houve a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, instaurando o Estado Novo. Esse período entre-guerras pôs fim à hegemonia do capitalismo, e o socialismo foi colocado em prática.

Quando socialismo infiltrou-se na Rússia deu origem aos partidos de oposição ao Czarismo. Esses partidos são:

Os bolcheviques: eram a maioria, formados por camponeses e operários, com o objetivo de implantação imediata da revolução socialista. (Radicalismo revolucionário). A base dos bolcheviques era a ação dos sovietes que pregavam PAZ, PÃO e TERRA. A paz que eles tanto queriam era a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial; o pão era comida para os miseráveis, acabar com a fome; e a terra era terra para quem nela trabalha (reforma agrária).

Os mencheviques: eram a minoria, formados por burgueses que defendiam a implantação do socialismo de forma intermediária.

Nesse período os Estados Unidos passou a ser a grande potência mundial, tendo em suas mãos em torno de 50% de todo ouro mundial. Com a recuperação dos países europeus que sairam da 1ª Guerra Mundial, esses foram se erguendo, e tornaram-se independentes dos EUA. Dessa forma, a economia dos EUA começa a cair por final se originando a crise de 1929.

KELLOGG-BRIAND (1928) O Pacto Kellogg-Briand, também conhecido como Pacto de

Paris, por conta da cidade onde foi assinado em 27 de agosto de 1928, foi um tratado internacional "estipulando a renúncia à guerra como um instrumento de política nacional". Ele fracassou em seu propósito, mas foi significativo no desenvolvimento posterior do direito internacional. Recebeu o nome do secretário de Estado estadunidense Frank B. Kellogg e do ministro francês das relações exteriores Aristide Briand, que rascunhou o pacto.

Ascensão do governo nazista (1928)

Fatores como o início da Grande Depressão (1929), desemprego maciço, as humilhações do Tratado de Versalhes (1919), o descontentamento social com o regime democrático ineficaz, o apoio do povo alemão aos partidos socialistas e o temor de uma revolução socialista levaram a alta burguesia alemã, empresários e o clero a apoiarem a extrema direita do espectro político, optando por extremistas de partidos como o Partido Nazista.

De 1925 a 1930, o governo alemão passou de uma democracia para um regime conservador-nacionalista do presidente e herói da Primeira Guerra Mundial Paul von

Hindenburg, que se opôs à natureza liberal democrática da República de Weimar.[3] O partido que apoiou um estado mais autoritário, foi o Partido Popular (o Deutschnationale Volkspartei, DNVP ou "Nacionalistas"), porém depois de 1929, cada vez mais, o público passou à apoiar os nacionalistas mais radicais.

Nas eleições de 1928, quando as condições econômicas tinham melhorado após o fim da hiperinflação de 1922-23, os nazistas ganharam apenas 12 lugares no Reichstag. Após a Crise de 29, nas eleições de 1930, eles ganharam 107 lugares, tornando-se o segundo maior partido parlamentar. Após as eleições de julho de 1932, os nazistas tornaram-se o maior partido no Reichstag, com 230 lugares. Porém o Partido Nazista não conseguiu uma maioria parlamentar até a nomeação de Hitler como chanceler da Alemanha. Hindenburg mostrou-se relutante em dar qualquer significativo poder para Hitler, mas o ex-chanceler Franz von Papen e Hitler trabalharam em uma aliança entre os nazistas e o DNVP com a intenção de criar um regime autoritário e organizado: a fim de controlar Hitler, foi nomeado um gabinete ministerial que permitiria que Hitler assumisse o cargo de chanceler sujeito ao controle dos conservadores tradicionais, sendo que os nazistas seriam uma minoria no gabinete. Após tentativas do General Kurt von Schleicher para formar um governo viável, von Schleicher colocou pressão em Hindenburg por intermédio de seu filho Oskar von Hindenburg para eleger Hitler chanceler, bem como intrigas de ex-chanceler Franz von Papen, líder do Partido do Centro Católico. Assim em 30 de Janeiro de 1933 Adolf Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha (Reichskanzler) por Hindenburg (a Machtergreifung), sendo o ganinete ministerial em seguida dissolvido por Hitler.

Embora os nazistas tivessem ganho a maior parte dos votos nas duas eleições gerais do Reichstag em 1932, não tinham maioria, e apenas uma pequena parcela no parlamento aceitava suas propostas, o DNVP-NSDAP.

Na noite de 27 de fevereiro de 1933 o edifício do Reichstag foi incendiado e o holandês comunista Marinus van der Lubbe foi encontrado no interior do edifício. Segundo testemunhas, Lubbe foi encontrado extremamente vermelho, completamente fora de si, e gritava sem parar a palavra "Revolução! Revolução!". Ele foi preso e acusado de iniciar o incêndio. O evento teve um efeito imediato sobre milhares de anarquistas, socialistas e comunistas em todo o Reich, muitos dos quais foram enviados para o campo de concentração de Dachau. Os alemães passaram a se perguntar se o incêndio seria um sinal para iniciar uma revolução comunista.

Durante o mesmo ano de 1933, o Partido Nazista eliminara toda a oposição. Os social-democratas (SPD), apesar dos esforços para apaziguar Hitler, foram proibidos no parlamento em Junho. Entre junho e julho os Nacionalistas (DNVP), o Partido Popular (DVP) e o Partido do Estado (DStP) foram desmantelados. O Partido do Centro Católico dissolveu-se em 5 de julho de 1933. Em 14 de Julho de 1933 a Alemanha foi oficialmente declarado um estado de partido único por um decreto-lei:

O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães constitui o único partido político da Alemanha. Aquele que tentar manter ou formar um novo partido será punido com trabalhos forçados por três anos ou com prisão de seis meses a três anos, se a ação não estiver sujeita a penalidade maior, em conformidade com outros regulamentos.[4]

O Reichstag aprovou em 24 de maio de 1933 o Ato de Autorização pelo qual transmitia suas funções legislativas ao poder executivo - no caso Hitler. Durante o regime nazista o Reichstag reuniu-se em torno de 12 vezes, nunca sustentou debates, votações, ou discursos — com exceção dos de Hitler –, tendo aprovado somente quatro leis (A Lei de Reconstrução de 30 de maio de 1934 — no qual abolia a autonomia dos estados da Alemanha –, e as três leis anti-semitas de Nuremberg em 15 de novembro de 1935). Inúmeros ministérios deixaram de se reunir no regime nazista — embora continuassem existindo na teoria — como o Conselho Secreto do Gabinete (Geheimer Kabinettsrat) e o Conselho de Defesa do Reich (Reichsverteidigungsrat), cujas funções passaram a ser executadas por Hitler.[5]

Com a morte de Hindenburg em 2 de Agosto de 1934, Hitler fundiria os cargos de Reichspräsident eReichskanzler no novo título Führer und Reichskanzler, tornando-se chefe das forças armadas, então o exército passou à prestar um juramento de fidelidade à Hitler. Em Outubro de 1933, a Alemanha retirou-se da Sociedade das Nações, uma organização que Hitler desprezava.

A Alemanha, por fim, transformou-se em um estado nacionalista, onde não-arianos e oponentes donazismo eram excluídos da administração, e o sistema judiciário tornou-se subserviente ao nazismo.Campos de concentração foram criados para receber prisioneiros políticos, sendo durante a Segunda Guerra Mundial utilizados para reunir judeus, ciganos e eslavos.

A "Revolução Nazista" e a nazificação da cultura Hitler denominou sua ascensão e o processo para remoção dos judeus da sociedade

alemã de "revolução", defendendo que tal processo de higiene racial seria o estopim da volta (daí revolução) da Alemanha aos tempos do grandioso Império Alemão.[ A Bandeira da República de Weimar foi substituída pela bandeira da suástica do partido nazista no dia 15 de setembro de 1935.

Em 22 de setembro de 1933 foi criada a Câmara de Cultura do Reich, com a intenção de nazificar a cultura, sob o comando do Dr. Goebbels: "A fim de levar a cabo uma política de cultura alemã, é preciso unir os artistas de todas as esferas numa organização coesa sob a direção do Reich. O Reich deve não somente determinar as linhas do progresso mental e espiritual, mas também orientar e organizar as profissões". Sete subcâmaras foram criadas para orientar e controlar toda a cultura: imprensa, belas-artes, literatura, música, cinema e rádio. Todos os profissionais dessas áreas foram obrigados a associar-se às câmaras, que podiam expulsar ou recusar pessoas por "falta de confiança política". Ou seja: como em todo e qualquer regime militar, agora o Reich conduziria o pensamento do povo alemão, e todos os controladores de massa (média e cultura) seriam agora controlados pelo Reich.

Expansionismo A Alemanha nazista desejava mais matérias-primas e autossuficiência em alimentos,

queria as colônias sob o controle da França e Reino Unido, desejava também o petróleo e o trigo da União Soviética. Conforme Hitler afirmou em Mein Kampf, ele desejava também a união de toda a "raça" alemã que vivia em outros países (Renânia, Áustria, nos Sudetos da Tchecoslováquia e em Danzig na Polônia) e expandir a Alemanha para territórios eslavos, para conseguir o Lebensraum (Espaço Vital) para a raça alemã viver, instalando a "Nova Ordem", muitos consideram este expansionismo uma tentativa de "dominar o mundo".

Em março de 1936, Hitler ordenou que o exército alemão ocupasse a Renânia, região cortada pelo rio Reno na fronteira entre França e Alemanha, conforme estabelecido no Tratado de Versalhes, essa região devia permanecer desmilitarizada, mas Hitler ignorou esta regra, promovendo a remilitarização da Renânia. A maioria dos franceses não reagiu à ocupação da Renânia, pois estavam politicamente divididos: havia conflitos entre os partidos políticos marxistas, de base operária e os partidos políticos tradicionais, simpatizantes do fascismo. Também acreditavam que o inimigo do capitalismo democrático era o comunismo da União Soviética e não o nazismo. E os generais franceses não ficaram preocupados com a ação militar alemã na fronteira da França, muitos ainda confiavam nos métodos utilizados pelo exército na Primeira Guerra Mundial, e elaboraram uma estratégia de defesa prevendo uma guerra de trincheiras, com exércitos imóveis garantindo suas posições, ordenando a construção de uma longa fortificação percorrendo a fronteira germano-francesa, conhecido como Linha Maginot.

Em março de 1938, Hitler anexou a Áustria à Alemanha, com o apoio do partido nazista austríaco, que preparou o caminho político para essa anexação, denominada Anschluss(União), que também era proibido pelo Tratado de Versalhes. A Anschluss foi confirmada por um

plebiscito em abril de 1938 sobre o lema ein Volk, ein Reich, ein Führer! (um Povo, um Império, um Líder!), o próprio Hitler foi visitar a Áustria, afirmando que o povo alemão nunca mais seria separado.

Logo depois Hitler passou a reivindicar também a anexação da região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, habitada por 3 milhões de alemães, a Alemanha nazista acusou falsamente os tchecos de violência e opressão contra os alemães, a imprensa da Alemanha, comandada por Goebbels fez anúncios sobre ondas maciças de violência. Para discutir essa questão, convocou-se em setembro de 1938 o Acordo de Munique, que reuniu os líderes das potências europeias. A reunião era supostamente ideia de Mussolini, mas, na realidade, Hitler tivera a ideia. Dela participaram, Hitler, Mussolini, e os primeiros-ministros Neville Chamberlain (Reino Unido) e Édouard Daladier (França), os representantes dos interesses da Tchecoslováquia foram impedidos de participar da reunião. Pensando que essa seria a última reivindicação territorial de Hitler, França e Reino Unido permitiram a anexação dos Sudetos ao Reich, porém, seguindo ordens secretas, além de ocupar os Sudetos, invadiram toda a Checoslováquia em março de 1939, desrespeitando a Conferência de Munique, mesmo assim a França e o Reino Unido não se manifestaram energicamente contra as ofensivas nazistas, mas alertaram que não aceitariam uma nova reivindicação alemã.

No dia 27 de agosto de 1939, a Alemanha nazista e a União Soviética assinaram um pacto de não-agressão, o Pacto Ribbentrop-Molotov (assim chamado por ter sido efetuado pelos ministros dos exteriores da Alemanha e da União Soviética), França e Reino Unido anteriormente estavam em negociações com a União Soviética, porém, não desejavam de fato uma aliança, ao contrário da Alemanha. O acordo não somente garantia a neutralidade da União Soviética no caso da Alemanha invadir outros países — uma vez que naquele momento Hitler não teria condições de lutar em duas frentes –, como uma parte secreta do acordo estabelecia que a Polônia seria invadida e dividida entre as duas potências.

Hitler começou a exigir da Polônia um acordo comercial germano-polonês que incluía a construção de uma linha ferroviária e a militarização de Dantzig, no que foi negado pela Polônia. Pouco tempo depois em 1º de Setembro de 1939, tropas alemãs invadiram o território polonês pelo oeste (invasão da Polônia), sendo seguidas pelas tropas russas que em 17 de setembro de 1939, invadiram o lado leste (invasão soviética da Polônia). Em menos de um mês, o precário exército polonês foi derrotado. Os governos do Reino Unido e França entregaram ultimatos à Alemanha, avisando que deveria retirar suas tropas da Polônia; não houve resposta e em 3 de setembro declararam guerra à Alemanha: começava a Segunda Guerra Mundial.

A Segunda Guerra Mundial e depois, 1939-1945 (Resumo)

A Segunda Guerra Mundial apareceu como continuação da Primeira. Enquanto que a Alemanha saiu vitoriosa a este em 1914-18, em 1939-45 foi primeiramente vitoriosa a oeste e então derrotada pela União Soviética a este.

Os franceses foram confrontados com um ritmo de guerra mais apressado do que tinham esperado, e só se deram conta da sua derrota quando muitas das suas forças tinham desaparecido ou forças britânicas tinham sido evacuadas. São razões técnicas e militares que determinaram a derrota da França. Mais tarde tentariam um armistício.

Já em Londres, Churchill rejeitou a abertura alemã e prosseguiu o conflito. A combinação entra a derrota francesa com a resistência britânica levou à globalização do conflito em 1940-1. Nesta fase de globalização destacam-se três desenvolvimentos: primeiro, a Itália entra na guerra em 1940, apenas após a derrota de França; segundo, a queda da França seria uma condição para a invasão da URSS por Hitler; terceiro, como consequência da queda da França surgiu uma Aliança Atlântica entre a Grã-Bretanha e os EUA.

Inicialmente os Estados Unidos pouco ou nada fizeram; após a queda da França, a subjugação dos Países Baixos e a Grã-Bretanha encostada à parede, as colónias europeias encontravam-se vulneráveis, tanto que os líderes japoneses decidiram avançar em relação ao sul (que levou à intervenção americana e por sua vez levou aos ataques de PearlHarbor). Hitler que sabia que a guerra com os EUA viria mais cedo ou mais tarde e queria cair nas boas graças do governo japonês, e declarou guerra a Washinton.

Com a entrada americana a globalização do conflito ficou completa e a coligação anti-alemã de 1917-18 renasceu. Em vários aspetos este conflito foi mais completo que o primeiro: maior área de região ocupada e devastada, era sobretudo uma guerra ideológica e os governos intervenientes eram mais sólidos e polarizados.

A globalização do conflito não tornou o triunfo dos Aliados inevitável. Tanta foi a perda de território e capacidade industrial da União Soviética e os Estados Unidos estavam tão mal preparados que em 1942 as diferenças entre ambos blocos não era muita. Porém desenvolvimentos tecnológicos cruciais surgiram da parte dos Aliados, como inovações em meios de transporte anfíbio que permitiram o desembarque na Normandia. Em comparação, a Alemanha preocupou-se em desenvolver propulsores a jato, misseis e armas nucleares, afastando o investimento de setores mais importantes.

Ao contrário do que sucedeu na Primeira Guerra Mundial, a vitória dos Aliados foi algo previsível e assim a planificação da Europa surgia como mais do que algo hipotético; porém os governos estavam divididos por diferenças ideológicas e culturais. Se entre 1942-3 a estratégia era a principal fonte de discórdia entre os Aliados, o futuro da Europa tomava agora o seus lugar. Estas discórdias sugeriam que um confronte Oeste-Este seria algo possível.

As ambições soviéticas não passavam apenas pela exportação do modelo Estalinista a todos os territórios: queriam alargar a sua fronteira de influência, queriam criar parceiros a oeste e queriam a reunificação Alemã. Após a derrota da Alemanha surgiram várias oportunidades de expansão, porém Estaline parece ter aceitado que os seus Aliados dominariam o Mediterrâneo e a Europa Ocidental. Quaisquer que fossem as suas dúvidas em relação à sustentabilidade da cooperação com o Ocidente, ele parece as ter priorizado em relação à revolução expansionista. Durante a guerra ele assinou alianças de vinte anos com a Grã-Bretanha e França e foi um dos membros fundadores das Nações Unidas, FMI e Banco Mundial. No “Acordo das Percentagens” assinado com Churchill, aceitou a influência soviética na Roménia, Bulgária e Hungria. A Grécia passou para a área de influência ocidental. Os americanos não ficaram muito satisfeitos com o conceito de esfera de influência soviética aberta. Porém muita da planificação elaborada pelos EUA não estava dirigida à Europa especificamente mas sim à criação de novas instituições globais como o FMI e a ONU; Roosevelt acreditava que a tarefa essencial destes órgãos seria a união dos vencedores de guerra. Segundo Roosevelt, a América, Grã-Bretanha, União Soviética e China seriam os polícias do pós-guerra; este desencorajou ainda uma Federação Europeia. O ano de 1945 parece ser a conclusão para todo este aparato, porém levou mais de uma década a construir um acordo político na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Em retroespectiva, a primeira metade do século XX parece acima de tudo estar caracterizada pela instabilidade e destruição, entre dois longos períodos de paz. A ausência de guerra entre as Grandes Potências antes de 1914 e depois de 1945 não significa a ausência de tensão, ou a ausência de corridas ao armamento ou confrontos entre blocos. Muita da violência pode ser traçada até às decisões de 1914. À parte dos 10 milhões de homens que matou, a Primeira Guerra Mundial revogou a lei humanitária do conflito armado, destabilizou a economia Europeia e enfraqueceu a moderação politica em beneficio do extremismo. Sem isto, nem Hitler ou Mussolini, nem Estaline poderiam ter mantido o poder. A Primeira Guerra Mundial não tornou a Segunda inevitável mas foi uma condição essencial para a mesma e tornou a paz duradoura extremamente difícil de alcançar. O conflito não terminou na Europa após 1945: os próximos cinco anos viram uma guerra civil na Grécia, um conflito politico em França e Itália.

Na raiz desta transformação estão dois conceitos que estavam fortemente em evidência antes de 1914: a globalização e integração. O medo de outra guerra com armas ainda mais potentes determinaram a paz, porém a paz baseou-se numa série de acomodações políticas complexas e nunca apenas nos misseis nucleares.

A Segunda Guerra Mundial e depois (Especifico)

Segunda Guerra Mundial ou II Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo – incluindo todas as grandes potências – organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Em estado de "guerra total", os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais letal da história da humanidade, com mais de setenta milhões de mortos.[ Geralmente considera-se o ponto inicial da guerra como sendo a invasão da Polônia pela Alemanha Nazista em 1 de setembro de 1939 e subsequentes declarações de guerra contra a Alemanha pela França e pela maioria dos países do Império Britânico e do Commonwealth. Alguns países já estavam em guerra nesta época, como Etiópia e Reino de Itália na Segunda Guerra Ítalo-Etíope e China e Japão na Segunda Guerra Sino-Japonesa.[2] Muitos dos que não se envolveram inicialmente acabaram aderindo ao conflito em resposta a eventos como a invasão da União Soviética pelos alemães e os ataques japoneses contra as forças dos Estados Unidos no Pacífico em Pearl Harbor e em colônias ultramarítimas britânicas, que resultou em declarações de guerra contra o Japão pelos EUA, Países Baixos e o Commonwealth Britânico.

A guerra terminou com a vitória dos Aliados em 1945, alterando significativamente o alinhamento político e a estrutura social mundial. Enquanto a Organização das Nações Unidas era estabelecida para estimular a cooperação global e evitar futuros conflitos, a União Soviética e os Estados Unidos emergiam como superpotências rivais, preparando o terreno para uma Guerra Fria que se estenderia pelos próximos quarenta e seis anos. Nesse interim, a aceitação do princípio de autodeterminação acelerou movimentos de descolonização na Ásia e na África, enquanto a Europa ocidental dava início a um movimento de recuperação econômica e integração política.

Eventos pré-guerra

A Primeira Guerra Mundial - "feita para pôr fim a todas as guerras" - foi o ponto de partida de novos e irreconciliáveis conflitos, pois o Tratado de Versalhes disseminou entre os alemães um forte sentimento nacionalista, que culminou no totalitarismo nazi-fascista. As contradições se aguçaram com os efeitos da Grande Depressão, e nesse cenário surgiram e se consolidaram vários regimes totalitários na Europa.[5] O germânico de origem austríaca Adolf Hitler - líder do Partido Nazista, que se tornara oFührer do Terceiro Reich - defendia que a Alemanha necessitava mais espaço vital, ou Lebensraum, e pretendia conquistá-lo na Europa Oriental. Esta política, ao lado da contraposição ideológica, o levaria cedo ou tarde a um confronto de grandes proporções com a URSS.

Valendo-se da Política de apaziguamento praticada pela Grã-Bretanha do primeiro-ministro Neville Chamberlain e secundada pela França do presidente Édouard Daladier, Hitler conseguiu, inicialmente, concretizar uma série espantosa de conquistas incruentas: remilitarizou a Renânia, anexou a Áustria, e incorporou os Sudetos, destruindo a Checoslováquia. Mas quando avançou sobre a Polônia, os ingleses e franceses reagiram, iniciando-se a Segunda Guerra Mundial.

Hitler na rota da expansão Logo após o abandono da Liga das Nações (que já se ressentia da ausência dos Estados

Unidos e URSS) pelo Japão, foi a vez da Alemanha retirar-se. Anunciando a saída da representação germânica, Hitler declarou que o não desarmamento das outras nações obrigava a Alemanha àquela forma de protesto. Embora na realidade ele simplesmente desejasse furtar-se às peias que a Liga das Nações poderia opor à sua política militarista, o Führer teve o cuidado de reiterar os propósitos pacifistas de seu governo. Aliás, nos anos seguintes, Hitler proclamaria suas intenções conciliatórias em várias oportunidades, como meio de acobertar objetivos expansionistas.

O nazismo fortalecia-se rapidamente na Alemanha. Hitler precisava do apoio de Reichswehr para realizar o rearmamento alemão, mas a maioria dos generais mantivera-se até então numa atitude de expectativa em relação ao novo governo. A pretensão da SA, manifestada por seus chefes em múltiplas ocasiões, de se transformarem em exército nacional, horrorizava os militares profissionais, educados na Escola von Seeckt. Parecia-lhes um absurdo entregar aquela pequena, mas eficientíssima máquina, que era Reichswehr, nas mãos dos turbulentos "camisas pardas", acostumados apenas a combates de rua. Hitler inclinava-se a dar razão aos generais, o que vinha contra os interesses dos membros da SA mais radicais. Em alguns círculos da milícia nazista, já se falava na necessidade de uma segunda revolução que restituísse ao Partido o ímpeto inicial.

O capitão Ernst Röhm, grande influenciador das tropas de choque nazistas, a SA, passou então a não só se mostrar mais radical ao Führer, mas ainda a incentivar a deposição de Adolf Hitler e fazer então um novo Putsch. Heinrich Himmler, chefe da SS, que na época era apenas uma subdivisão da SA, entregou a Hitler provas dos planos elaborados por Röhm - uma tentativa de assassinato a todos os grandes nomes do partido nazista, que, segundo os próprios planos, seria conhecido como Noite das facas longas.

Por ordem expressa do Führer, foram realizadas execuções sumárias, realizadas pela SS e pela SD, na noite de 29 para 30 de Junhode 1934. Por ironia, Adolf Hitler deu às execuções o próprio nome idealizado por Röhm, Noite das Facas Longas. Quase todos os líderes da SA, a começar por seu chefe, o capitão Ernst Röhm, foram passados pelas armas, juntamente com alguns políticos oposicionistas e o General von Schleicher (Kurt, 1882-1934), que era o maior opositor a Hitler no seio da Reichswehr. Tal decisão provocou a morte de algumas centenas de pessoas, muitas das quais eram fiéis do Partido, desde longa data.

Com essas execuções, o Führer atingiu um duplo objetivo: extinguiu os gérmenes da rebelião entre os SA, desde então reduzidos a um papel meramente decorativo, e deu aos generais uma sangrenta garantia de que pretendia conservá-los na direção da Reichswehr. O expurgo fora levado a cabo pela SS, tropas de elite do Partido, ligadas a Hitler por um juramento especial. Esse corpo de homens selecionados, formando uma verdadeira guarda do regime, iniciou naquele dia a ascensão que iria levá-lo, sob a chefia de Heinrich Himmler, ao controle total da vida alemã, em nome de Hitler. Em 1945, quase um milhão de homens tinha envergado o uniforme negro com a insígnia da caveira, partindo de um núcleo que em 1929 contava com apenas 280 elementos.

A Noite das Facas Longas fez a Reichswehr cerrar fileiras em torno de Hitler, que, reforçado por tal sustentáculo, pode então se dedicar a seus planos longamente acalentados. A primeira tentativa expansionista do III Reich fracassou. Desde sua ascensão ao poder, Hitler vinha incentivando o desenvolvimento de um partido nazista austríaco, como base para uma posterior anexação da Áustria à Alemanha. Nessa época, os austríacos estavam sob o governo ditatorial do chanceler católico Engelbert Dollfuss, inquebrantável defensor da independência de seu país. Em 27 de julho de 1934, Dollfuss foi assassinado em Viena, por um grupo de nazistas sublevados. Mussolini, temendo que os alemães ocupassem a Áustria, enviou tropas para a fronteira, enquanto a Europa era sacudida por um frêmito de indignação contra a Alemanha. Hitler, porém, recuou, negando qualquer conivência com os conspiradores

austríacos. Dollfuss foi sucedido por von Schuschnigg (Kurt Edler, n. 1897), que continuou a política conservadora e nacionalista de seu antecessor.

Reincorporação do Sarre e criação da Luftwaffe Em 13 de janeiro de 1935, o nazismo obteve seu primeiro sucesso internacional. O

Sarre era um antigo território alemão que tivera suas jazidas exploradas pelos franceses, durante 15 anos, como parte das reparações de guerra estabelecidas pelo Tratado de Versalhes. Agora, um plebiscito junto à população decidia, por maioria esmagadora, a reincorporação do Sarre ao Reich. Logo em seguida, em março, Hitler abalava a Europa com duas declarações retumbantes: No dia 9, anunciou a criação da Luftwaffe (Força Aérea) e, no dia 16, o restabelecimento do serviço militar obrigatório, elevando imediatamente os efetivos de Wehrmacht (Força de Defesa, novo nome das forças armadas alemãs), de 100.000 para 500.000 homens. Ambas as declarações foram feitas em sábados, para que seu impacto internacional fosse amortecido pelos feriados dos fins-de-semana.

As potências, alarmadas com o rearmamento germânico, decidiram, na Conferência de Stresa (abril de 1935), formar uma frente antialemã, condenando o repúdio unilateral de qualquer tratado de fronteiras na Europa e garantindo a independência da Áustria. Observe-se, porém, que a declaração de Stresa, subscrita pela Grã-Bretanha, França e Itália , não proibia a alteração de fronteiras fora da Europa, não impedindo a Mussolini a conquista da Etiópia.

Em represália às decisões de Stresa, Hitler denunciou, em 21 de maio de 1935, todas as cláusulas militares do Tratado de Versalhes. Manifestando, como sempre, seus objetivos pacíficos, o Führer restituía à Alemanha a liberdade de ação no campo dos armamentos.

O governo inglês, preocupado com um possível desenvolvimento da marinha de guerra germânica, iniciou negociações secretas com os alemães, sem qualquer consulta à França. Em 18 de junho de 1935, a Europa soube, estarrecida, que Londres permitia aos nazistas a construção de uma frota de alto-mar, equivalente a 1/3 da marinha britânica, com uma proporção ainda maior de submarinos. Tal acordo equiparava a força naval alemã à francesa. A notícia provocou em Paris uma profunda irritação contra os britânicos, que haviam agido em função de seus interesses exclusivos e abandonado a França, diante de uma Alemanha cada vez mais poderosa. Ressentidos com os britânicos, os franceses procuraram então se aproximar da Itália , como um meio de barrar o caminho à Alemanha. O principal propugnador dessa nova orientação política da França foi o primeiro-ministro francês Pierre Laval.

Mussolini aceitou com entusiasmo a mão que a França lhe estendia, o que vinha servir seus planos imperialistas. O fascismo consolidara-se internamente, e a população italiana atingira um nível de prosperidade material até então jamais alcançado. Fiume fora definitivamente incorporada à Itália, mediante a concordância iugoslava. Satisfaziam-se assim as reivindicações nacionalistas italianas. Entretanto, a própria psicologia do fascismo obrigava os dirigentes a estimularem constantemente o povo, conservando-o sempre excitado, a fim de manter o prestígio de Mussolini. O Duce queria evitar que a população italiana se habituasse à rotina, diminuindo o apoio ruidoso que lhe prestava e que afagava sua volúpia de poder. Devido a seu temperamento, era um líder que precisava de grandes gestos e de atos igualmente grandiosos, para alimentar sua enorme vaidade. Embora houvesse feito uma administração de incontestável valor na Itália, isso não lhe bastava. Sua conceção histórica impelia-o a imitar Júlio César, fazendo-o entrar, também, para a galeria dos grandes homens, sob o tríplice rótulo de administrador, estadista e conquistador.

Guerra Civil Espanhola A Alemanha e a Itália deram apoio à insurreição nacionalista liderada pelo general

Francisco Franco na Espanha. A União Soviética apoiou o governo existente, a República Espanhola, que apresentou tendências esquerdistas. Ambos os lados usaram a guerra como

uma oportunidade para testar armas e táticas melhores. O Bombardeio de Guernica, uma cidade de 5000-7000 habitantes, foi considerado um ataque terrível, na época, e usado como uma propaganda amplamente difundida no Ocidente, levando a acusações de "atentado terrorista" e de que 1.654 pessoas tinham morrido no ataque.[6] Na realidade, o ataque foi uma operação tática contra uma cidade com importantes comunicações militares próximas à linha de frente e as estimativas modernas não rendem mais de 300-400 mortos no fim do ataque.

Invasão japonesa da China A guerra sino-japonesa divide-se em dois grandes períodos: o primeiro deles,

denominado de período crítico, teve seu início em julho de1937[8] quando os nipônicos lançam sua ofensiva-relâmpago sobre as províncias do Norte e Leste (Hopei, Shantung, Shanxi, Chamar eSuyan) com o objetivo de separá-las da China, seguindo os ditames do "Memorial Tanaka". Numa audaciosa operação de desembarque, ocuparam mais ao sul Cantão, uns anos depois Hong Kong (que era colônia inglesa) e partes de Macau, nomeadamente Lapa, Dom João e Montanha. Os invasores tiveram seu caminho facilitado por encontrarem pela frente uma China politicamente desorganizada, onde a rivalidade militar entre nacionalistas e comunistas havia sido suspensa a contra gosto, vendo-se ainda subdividida em várias "autoridades locais", que se mostraram relutantes em oferecer-lhes uma resistência efetiva e coerente.

Mesmo assim Chiang Kai-shek e Mao Tse-tung assinam um acordo em 22 de setembro de 1937, pelo qual os comunistas abandonam seu projeto de um governo revolucionário e passavam a designar sua área de domínio como Governo Autônomo da Região Fronteiriça, enquanto o Exército Vermelho mudou seu nome para ser o Exército Revolucionário Nacional, renunciando a insurgir-se contra o governo de Chiang Kai-shek que, pelo seu lado, comprometeu-se a suspender as operações anticomunistas.

A estratégia japonesa baseava-se em sua mobilidade, fruto do desenvolvimento industrial do país. A ofensiva-relâmpago deles rapidamente ocupou Pequim em 8 de agosto de 1937, em seguida capitularam Tientsin e Shangai. Depois de quebrarem a encarniçada resistência das tropas chinesas, que lhes resistiram por três meses numa batalha nas ruas de Shangai, os japoneses marcharam para dentro do continente e, logo depois, em 13 de dezembro de 1937 entram em Nanquim.

Nanquim era a antiga capital imperial, e também ex-sede do governo nacionalista de Chiang Kai-shek. Os soldados japoneses sob o comando do general Iwane Matsui realizaram a partir de dezembro de 1937 a invasão de Nanquim, onde a população foi submetida à mais extrema barbaridade. Um ano depois de terem tomado a ofensiva, os nipônicos controlam amplas margens do mar da China, ocupando uma boa parte da costa, na tentativa de isolar o país de qualquer auxílio ocidental. Apesar das simpatias americanas e britânicas se inclinarem para os chineses, devido à rivalidade colonial que tinham com os nipônicos pela hegemonia sobre a Ásia, nada de prático foi feito para ajudá-los.

Este período de seguidos triunfos japoneses chegou ao seu clímax com a invasão de outras partes da Ásia pelo Exército e pela Marinha Imperial (Indochina, Indonésia, Malásia, Filipinas e Birmânia), seguida da desastrosa decisão do Micado de estender a guerra aos Estados Unidos.

A guerra Guerra na Ásia

Em 1936, o governo japonês assinou com a Alemanha o Pacto Anti-Komintern (anticomunista) com o objetivo de combater o comunismo soviético, sendo a União Soviética a principal liderança comunista da Europa e Ásia. Devido a cultura militarista do Japão, um país de poucos recursos, eles planejaram conquistar todos os territórios da Ásia, o que incluía, a Coreia, a China e as ilhas doPacífico. Porém o Tratado de Versalhes impedia as ambições

japonesas, o que eles consideravam uma traição por parte das potências vencedoras da I Guerra (Tríplice Entente), pois o Japão ficou do lado delas, então eles se aliaram a Alemanha, cuja política expansionista ia ao encontro das ambições japonesas de conquistas territoriais.

O ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbour em 7 de dezembro de 1941, obrigou o império do Sol Nascente a espalhar os seus recursos militares pelo Pacífico Ocidental, declinando como consequência disso as atividades bélicas no fronte da China.

No segundo período, que vai de dezembro de 1941 até agosto de 1945, os Estados Unidos assumem a tarefa de derrotar os japoneses, enquanto os exércitos nacionalistas chineses atuam apenas em pequenas escaramuças visando à fixação e ao desgaste do inimigo.

Consciente da sua absoluta inferioridade militar e estratégica, Chiang Kai-shek após sete meses de infrutífera resistência, ordenara a adoção da política de "vender espaço para ganhar tempo", que implicava na renúncia de enormes extensões territoriais chinesas. Ao mesmo tempo em que recuavam, as tropas nacionalistas dedicaram-se à tática da destruição sistemática da infra-estrutura rural e urbana das regiões que fatalmente seriam ocupadas pelos invasores (semelhante à estratégia batizada de "terra devastada" que Stalin usou para enfrentar as tropas nazistas), tal como a explosão de diques do Rio Amarelo, que provocou a inundação de milhares de quilômetros quadrados de terras aráveis, arrasando e arruinando por muitos anos as propriedades camponesas, mas que somente atrasou o japoneses em três meses, ou o incêndio precipitado de Changsha, a capital de Hunan (fruto do pânico das tropas chinesas em debandada).

Mas havia outro motivo para Chiang Kai-shek evitar confrontar-se com os japoneses. Ele desejava preservar suas forças militares (e as armas que recebia dos Estados Unidos) para lutar contra o Exército Popular de Mao Tse-tung, na guerra civil que certamente eclodiria, após a expulsão dos japoneses. Foi uma decisão que acabou se revelando equivocada, pois enquanto os nacionalistas recuavam, o Exército Popular continuou fustigando os japoneses, granjeando a simpatia e o apoio dos camponeses chineses (apoio que se mostraria decisivo na guerra civil).

A estratégia de "luta de longa duração" contra os japoneses, adotada por Mao, fez crescer o número de camponeses que aderiram à guerrilha, enquanto nas zonas controladas pelo Kuomintang, eles se mostravam arredios em colaborar, pois além da brutal repressão japonesa, calcada nos "três tudo - "matar tudo, queimar tudo, destruir tudo" (Sanko Sakusen) -, o exército nacionalista cometia saques, confiscos e conscrições forçadas.

Além disso, ao optar por evitar o combate, Chiang tornou desconfortável a ajuda que recebia tanto dos estadunidenses quanto da URSS, que também era sua aliada, apesar do Exército Popular ser dirigido pelo Partido Comunista Chinês.

Guerra na Europa

O plano de expansão do governo envolvia uma série de etapas. Em 1938, com o apoio de parte da população austríaca, o governo nazista anexou a Áustria, episódio conhecido como Anschluss. Em seguida, reivindicou a integração das minorias germânicas que habitavam os Sudetos (região montanhosa da Checoslováquia). Como esta não estava disposta a ceder, a guerra parecia iminente, foi então convocada uma conferência internacional em Munique. Na conferência de Munique, em setembro de 1938, britânicos e franceses, seguindo a política de apaziguamento, cederam à vontade de Hitler, concordando com a anexação dos Sudetos.

O exército alemão lançou uma forte ofensiva de surpresa contra a Polónia, com o principal objectivo de reconquistar seus territórios perdidos na Primeira Guerra Mundial e com o objetivo secundário de expandir o território alemão. O ataque começa às 4h45 da madrugada de 1 de Setembro de 1939, quando os canhões do cruzador alemão SMS Schleswig-Holstein abream fogo sobre as posições polacas em Westerplatte, na então Cidade Livre de Danzig, hoje Gdansk.

As tropas alemãs conseguiram derrotar as tropas polacas em apenas um mês. A União Soviética tornou efetivo o acordo (Ribbentrop-Molotov) com a Alemanha nazi e ocupou a parte oriental da Polónia. A Grã-Bretanha e a França responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha mas, apesar dos compromissos que haviam assumido para com a Polônia, nada fizeram para ir em socorro do país, limitando-se a formar uma linha defensiva para enfrentar um possível ataque alemão a oeste. A Itália, nesta fase, declarou-se "país neutro".

Contrastando com o que aconteceu em 1914, quando trens ou comboios de soldados partiam para a guerra enfeitados de flores e sob aplausos da multidão, os povos das nações que iniciaram a Segunda Guerra Mundial não demonstraram euforia com o reinício da matança na Europa. Quando Hitler anunciou no Reichtag, em 1 de setembro de 1939, a guerra contra a Polônia, as ruas de Berlim se mantiveram mortalmente silenciosas. As pessoas estavam sisudas, oprimidas pela preocupação com o futuro. Aceitaram o que estava acontecendo com resignação pacífica, como uma fatalidade que não podiam evitar, mas sem nenhum entusiasmo.

A 10 de Maio de 1940, após um período de ausência de hostilidades - a "Falsa guerra" - o exército alemão lançou uma ofensiva contra os Países Baixos, dando início à Batalha da França. Os alemães visavam a contornar as poderosas fortificações francesas da Linha Maginot, construídas anos antes na fronteira franco-alemã. Com os britânicos e franceses julgando que se repetiria a guerra de trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e graças à combinação de ofensivas de para-quedistas com rápidas manobras de blindados em combinação com rápidos deslocamentos de infantaria motorizada (a chamada "guerra-relâmpago" - Blitzkrieg, em alemão), os alemães derrotaram sem grande dificuldade as forças franco-britânicas, destacadas para a defesa da França. Nesta fase, ocorre a famosa retirada das forças aliadas para o Reino Unido por Dunquerque. O Marechal Pétain assumiu então a chefia do governo na França, que ficou conhecido como o governo de Vichy, assinou um armistício com Adolf Hitler e começou a colaborar com os alemães. Aproveitando-se da situação, a Itália fascista, de Benito Mussolini, declarou guerra aos franco-britânicos e ordenou a invasão do sul da França (Batalha dos Alpes).

Guerra na África Em setembro de 1940, após a tomada da França pelas forças alemãs, as tropas

italianas destacadas na Líbia sob o comando do marechal Graziani, uma vez livres da ameaça das forças francesas estacionadas na Tunísia, iniciaram uma série de ofensivas contra o Egito, então colônia da Grã-Bretanha. Esta ofensiva tinha em vista dominar o canal de Suez e depois atingir as reservas petrolíferas do Iraque, também sob domínio britânico.

Os efetivos ingleses destacados no norte da África e que compunham o então designado XIII Corpo de Exército, comandado pelo General Wavell, após alguns reveses iniciais realizaram uma espetacular contraofensiva contra as forças italianas que, apesar de sua superioridade numérica foram empurradas por 1200 km de volta à Líbia, perdendo todos os territórios anteriormente conquistados. Esta derrota custou aos italianos a destruição de 10 divisões, a perda de 130.000 homens feitos prisioneiros, além de 390 tanques e 845 canhões.

Como a situação que surgia na África era crítica para as forças do Eixo, Adolf Hitler e oOberkommando der Wehrmacht (OKW) decidiram enviar tropas alemãs a fim de não permitir a completa desagregação das forças italianas. Cria-se dessa forma em Janeiro de 1941 o Afrika Korps (Corpo Expedicionário Alemão na África), cujo comando foi passado ao então Leutenantgeneral (Tenente-General) Erwin Rommel, que posteriormente se tornaria uma figura legendária sob a alcunha de "A Raposa do Deserto". Foram enviadas a África duas divisões alemãs em auxílio aos Italianos, a 5a. Divisão Ligeira e a 15a. Divisão Panzer.

Os alemães, sob o hábil comando de Rommel, conseguiram reverter a iminente derrota italiana e empreenderam uma ofensiva esmagadora contra as forças britânicas enfraquecidas (muitos efetivos britânicos haviam sido desviados para a campanha da Grécia, então sob pressão do Eixo) empurrando-as de volta à fronteira egípcia. Após uma sucessão de

batalhas memoráveis como El Agheila,El Mechili, Sollum, Gazala, Tobruk e Marsa Matruh os alemães e italianos são detidos por falta de combustível e provisões na linha fortificada de El Alamein, uma vez que o Mediterrâneo encontrava-se sob domínio da marinha britânica. Finalmente, a Outubro de 1942, após 4 meses de preparação os Britânicos contra-atacaram na Segunda Batalha de El Alamein, sob o comando do General Bernard Montgomery.

Rechaçadas pelas bem supridas forças britânicas, as tropas ítalo-alemãs iniciaram um grande recuo de volta à Líbia de forma a encurtar suas linhas de suprimento e ocupar posições defensivas mais favoráveis. Entretanto, dias depois, a 8 de novembro, as forças do Eixo recebem a notícia de que estão sendo cercadas pelo oeste por forças norte-americanas do 1o. Exército Aliado que haviam desembarcado em Marrocos através da Operação Tocha. Pelo leste, o 8o. Exército Britânico continua o seu avanço, empurrando as forças ítalo-alemãs para a Tunísia. Finalmente, cercado pelos exércitos americano e britânico e sem a guia de seu audacioso comandante, pois Rommel havia sido hospitalizado na Alemanha, o "Afrika Korps" e o restante do contingente italiano na África do Norte, totalizando mais de 250 mil homens e reduzidos à inatividade pela falta de suprimentos e de apoio aéreo, se rendem aos aliados na Tunísia em maio de 1943, dando fim à guerra na África.

O calcanhar de Aquiles de Rommel na África do Norte era o reabastecimento. O transporte das tropas e suprimentos italianos e alemães era feito por mar, e os homens da marinha mercante partiam para a África para proverem as tropas de alimentos, roupas, água, armas, munições e combustível, devendo então empreender uma jornada de quinhentos quilômetros da Sicília, no sul da Itália, até a Tripolitânia, no norte da África. Mas, para que a guerra do deserto fosse vencida pelo Eixo, o domínio marítimo do Mediterrâneo era um fator preponderante, e seu principal adversário neste aspecto era a Marinha Real da Grã-Bretanha.

Em 22 de julho de 1941,o cargueiro alemão Preussen parte da Itália rumo à África do Norte. No caminho, é posto a pique por um esquadrão de bombardeiros Bristol Blenheim da RAF. Com ele afundam 200 dos 650 soldados e tripulação a bordo. Além de perdas humanas, vão para o fundo do mar mil toneladas de alimentos, seis mil toneladas de munições, mil toneladas de gasolina e 320 tanques e caminhões de transporte que seriam usados pelas tropas do Eixo. Muitos outros navios como o Arta, o Aegina, o Iserlohn, o Samos, o Larissa, o Birmânia, o Arcturus, o Citá di Bari, dentre outros, tiveram o mesmo destino do Preussen, pois o Mediterrâneo tornou-se um cemitério de homens e máquinas que tentavam chegar à África.

Na convergência de todos esses desastres estava a ilha de Malta, principal ponto de apoio das forças aéreas e navais britânicas no Mediterrâneo. Malta foi tomada do domínio francês pelos britânicos em 1800 e desde então era parte da Coroa Britânica, sendo uma base naval da Marinha Real. Percebendo a importância estratégica da ilha, os britânicos tornaram-na cada vez mais fortificada, transformando sua retomada pelos italianos em uma tarefa a cada dia mais improvável. Apesar dos bombardeios alemães e italianos, Malta resistia, e, com as pesadas perdas sofridas pelos alemães na tomada da ilha de Creta, Hitler decidiu não mais arriscar suas tropas para tomar Malta. Essa decisão acabou acarretando o afundamento de até 77% dos navios do Eixo que cruzaram o Mediterrâneo. Com as tropas mal supridas, a derrota dos italianos e do Afrika Korps foi inevitável.

Invasão da União Soviética Em 22 de junho de 1941, os exércitos do Eixo lançam-se à conquista do território

soviético com a chamada Operação Barbarossa. Contavam com 180 divisões, entre tropas alemãs, italianas, húngaras, romenas e finlandesas, num total de mais de três milhões e meio de soldados. A estes se opunham 320 divisões soviéticas, num total de mais de seis milhões de homens, porém apenas 160 destas divisões estavam situadas na região de fronteira com a Alemanha Nazi. Grande parte das tropas soviéticas estava na região leste do país, na fronteira com a China ocupada, antecipando a possibilidade de mais um ataque japonês contra a União Soviética, conforme acontecera em março de 1939.

A ofensiva era amplamente esperada, pois a invasão da União Soviética fazia parte do discurso nazista desde o surgimento do partido, tendo sido fortemente pregada por Adolf Hitler em seu livro "Mein Kampf" e em diversos de seus pronunciamentos políticos anteriores até mesmo ao início da guerra. Relatórios de serviços secretos davam conta da iminência da invasão, partindo não somente da espionagem soviética mas também de informações obtidas pelos ingleses e norte-americanos. A mobilização de grande número de tropas alemãs para a região de fronteira também foi percebida. Os soviéticos já vinham tomando medidas contra a invasão desde a década de 1930, aumentando exponencialmente o contingente de seu exército.

Apesar de tudo isto, a invasão começa a 22 de junho de 1941. Veio como uma surpresa, pois não se esperava que a Alemanha atacasse a URSS antes que o Reino Unido se retirasse da guerra, conforme se previa. O resultado disto foi uma enorme vantagem tática para as tropas alemãs nos primeiros dias da guerra, o que permitiu o envolvimento de grande número de divisões do exército vermelho e a destruição de grande parte dos aviões soviéticos ainda nas suas bases, antes mesmo que conseguissem levantar voo.

As tropas do Eixo foram divididas em três grupos de exércitos: norte, central e sul. O grupo norte atravessou os países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia) e marchou contra Leningrado, que foi atacada ao mesmo tempo pelos finlandeses, mais ao norte, numa atitude de revanchismo por parte destes. A cidade foi completamente cercada a 8 de setembro de 1941; a partir de então só foi possível abastecê-la pela rota que atravessava o lago Ladoga, constantemente vigiada pelos aviões alemães. O resultado foi uma grave crise de fome, que segundo as estimativas teria vitimado por volta de um milhão de civis e provocou alguns episódios de canibalismo. A partir de 20 de novembro de 1941, foi possível estabelecer uma rota segura para Leningrado através do lago congelado, devido à recaptura do eixo ferroviário na cidade de Tikhvin, o que permitiu a evacuação de civis, melhorando a situação da cidade. O cerco de Leningrado só foi completamente levantado em Janeiro de 1944.

O exército central foi o que progrediu mais rapidamente, tendo conquistado completamente a cidade de Minsk a 29 de junho de 1941, operação que resultou na captura de 420 mil soldados do exército vermelho. A ofensiva prosseguiu com o grupo central marchando através da Bielorrússia até atingir a cidade de Smolensk, penetrando finalmente no território da Rússia propriamente dita. Aqui o avanço das tropas alemãs foi interrompido pela primeira vez, dada a forte resistência oposta pelas tropas soviéticas, porém a cidade foi conquistada a 16 de julho.

O exército sul prosseguiu mais vagarosamente do que os outros dois, sendo forçado a combater no terreno dos pântanos Pripet, o que reduzia a velocidade dos avanços. Apesar disso, conseguiu empurrar o grupo sul do exército vermelho até a cidade de Kiev, onde seu avanço foi interrompido. Aproveitando-se do fato de que o exército central havia avançado muito mais adiante, os alemães deslocaram boa parte desse segundo grupo de exércitos para o sul, conseguindo assim envolver um enorme grupo de divisões no que ficou conhecido como o bolsão de Kiev. O resultado foi a captura de 700 mil soldados soviéticos, o que resultou praticamente na destruição do grupo sul do exército vermelho. A luta pela captura da capital da Ucrânia prosseguiu até 26 de setembro.

Após esta operação, o grupo sul do exército lançou-se à captura da península da Crimeia. Esta operação seria concluída a 30 de outubro, com o cerco da cidade de Sebastopolque, no entanto, só foi capturada em julho de 1942. A cidade de Odessa, sitiada por tropas romenas desde os primeiros dias da guerra, só foi tomada em setembro. Após capturar o território da Crimeia, os alemães voltaram-se para o Cáucaso, chegando a tomar Rostov a 21 de novembro. Entretanto, a cidade foi retomada pelos soviéticos poucos dias depois, a 27 de novembro.

As tropas do exército central uniram-se a várias unidades do grupo norte e iniciaram a operação que tinha por objetivo envolver a cidade de Moscou, a 30 de setembro de 1941. Inicialmente as tropas do eixo prosseguiram com velocidade, capturando Bryansk, Orel e

Vyazma, numa batalha em que foram cercados e capturados 650 000 homens, no que seria o último grande envolvimento em 1941. As tropas alemãs continuaram avançando até capturarem a cidade de Tula, a 165 quilômetros da capital russa, que passou a sofrer bombardeamentos aéreos. Entretanto, o avanço do exército alemão foi barrado, e as pinças norte e sul do ataque não puderam se encontrar, fechando o cerco. Apesar das gigantescas perdas que o exército vermelho havia sofrido, os soviéticos conseguiram formar novas divisões de conscritos, trazendo também para a frente oeste tropas anteriormente localizadas na região leste do país, repondo suas perdas e conseguindo dar combate aos alemães.

No dia 6 de dezembro, em pleno inverno, começou a contraofensiva dos russos, chefiada pelo general Georgy Zhukov. Utilizando equipamentos novos como os tanques T-34 e os morteiros foguetes Katyusha, o exército vermelho conseguiu retomar uma quantidade significativa de território, afastando definitivamente a ameaça que pairava sobre sua capital.

Em 1942, o exército alemão já não se encontrava em condições de tentar uma nova ofensiva contra Moscou, que também seria demasiadamente previsível. A Wehrmacht voltou-se então contra a região do Cáucaso, de grande importância econômica e militar devido a seus recursos petrolíferos (reservas de petróleo soviéticas no mar Cáspio), industriais e agrícolas. Além disso, a conquista da região permitiria bloquear o rio Volga. A operação de captura do Cáucaso foi chamada de operação Azul e teve início em 28 de junho de 1942. No final do mês de julho os alemães já haviam avançado até a linha do rio Don e começaram os preparativos para o envolvimento da cidade de Estalinegrado, defendida pelas tropas do General Chuikov. A cidade sofreu pesados bombardeamentos aéreos.

No fim de agosto, Estalinegrado foi cercada ao norte e no 1.º de setembro as comunicações ao sul também foram interrompidas. A partir de então, as tropas que combatiam na cidade só puderam ser abastecidas através do rio Volga, constantemente bombardeado pelos alemães. A batalha durou três meses, conhecendo avanços e recuos de ambas as partes, com lutas sangrentas pela conquista de simples casas, prédios ou fábricas. O tipo de terreno resultante das ruínas da cidade arrasada favorecia o combate de infantaria, impedindo a utilização eficiente de tanques. Milhares de civis aprisionados no interior da cidade foram vitimados, principalmente em consequência dos bombardeios. Em novembro, os alemães haviam alcançado a margem do rio Volga, impedindo o abastecimento das tropas soviéticas. Em novembro de 1942, os soviéticos iniciaram seu contra-ataque, batizado de Operação Urano, que tinha o objetivo de envolver as divisões alemãs em Stalingrado. Em 19 de novembro, as tropas do general Vatutin, que formavam a pinça norte do ataque, irromperam contra o flanco dos exércitos do Eixo, enquanto ao sul as tropas de Konstantin Rokossovsky faziam o mesmo. Os alemães foram cercados pelo Exército Vermelho e as tentativas de abastecê-los através de uma ponta aérea não tiveram sucesso. Uma tentativa de romper o cerco foi feita pelas tropas do General Erich von Manstein, numa operação chamada de Tempestade de Inverno, porém as tropas cercadas no interior da cidade já estavam sem abastecimento há um bom tempo e não tiveram condições de colaborar com as demais tropas alemãs. Os soviéticos continuavam seu contra-ataque (agora a Operação Saturno), ameaçando envolver os exércitos de Manstein, que foi forçado a abandonar sua tentativa de salvamento e retirar-se. A 2 de fevereiro de 1943, os alemães remanescentes na cidade renderam-se.

Mais de 800 milhares de soldados do eixo, entre alemães, húngaros, romenos e italianos, além de dois milhões de soviéticos, morreram nas operações que envolveram Stalingrado e todo o restante do 6.º Exército alemão, comandado pelo Generalfield marschall (Marechal-de-Campo)Friedrich Von Paulus, que obedeceu até ao fim às ordens de Hitler de não romper o cerco, sendo feito prisioneiro junto com o seu exército. A batalha de Stalingrado dura cinco meses. Dos trezentos mil soldados alemães encurralados no cerco, noventa mil morrem de frio e fome e mais de cem mil são mortos nas três semanas anteriores à rendição. Devido às rigorosas dificuldades do inverno nesse ano, que dificultava a subsistência até da população local, um grande número dos soldados alemães, sem proteção contra o frio nos

campos de prisioneiros, não sobreviveu, sendo que poucos retornaram a sua terra natal após a guerra. Após a tomada de Estalinegrado, as tropas soviéticas continuaram avançando e em fevereiro de 1943 retomaram Kursk, Kharkov e Rostov, retomando completamente a região do Cáucaso. A 20 de fevereiro de 1943, os alemães retomaram Kharkov, formando uma saliência no front soviético em Kursk, o que teria importantes consequências nos meses seguintes.

Os generais alemães e o próprio Hitler, após a queda de Estalinegrado, tinham noção que esse quadro de desestabilização geral estava ocorrendo, e começaram a planejar medidas para reduzir seus efeitos. Muitos oficiais preferiam esperar uma ofensiva soviética e contra-atacar – a "ação de retaguarda" proposta por Manstein – buscando paralisar os russos com contra-ataques locais; outros militares defendiam que uma ofensiva deveria ser desfechada o quanto antes para incapacitar os soviéticos e depois esperar pelos ataques dos aliados ocidentais. Essa tática acabou sendo a escolhida por Hitler, resultando na "Operação Cidadela", cognome do ataque contra a cidade de Kursk, onde estavam concentradas grandes forças russas que deveriam ser cercadas e destruídas. Foi uma operação perdida desde o início para os alemães, pois os soviéticos tinham superioridade em artilharia, tanques, homens e aviões, o que talvez não fizesse tanta diferença se também não tivessem as informações sobre os planos de ataque alemães – obtidas através da rede de espiões comunistas Orquestra vermelha na Alemanha – e contassem com defesas em profundidade largamente preparadas na região. A culminância dessa malfadada operação foi a Batalha de Kursk, em julho de 1943, onde os alemães sofreram uma grande derrota e foram recuando até saírem da URSS e as forças soviéticas avançando em direção à Alemanha.

Embora o significado das batalhas entre Alemanha e URSS tenha sido enormemente relativizado no mundo capitalista pós-guerra, por conta de questões ideológicas próprias da Guerra Fria (quando não era mais conveniente ressaltar qualidades positivas do antigo aliado soviético), o chamado fronte oriental foi onde aconteceram as mais ferozes batalhas, com as maiores perdas civis e militares da história, e mostrou excecionais tenacidade e capacidade de reorganização e aprendizado do Exército Vermelho frente à Wehrmacht. Apesar de imensas perdas humanas e materiais, a URSS foi a única nação da guerra a ser invadida territorialmente pela Werhmacht (então o maior, melhor treinado, mais bem equipado, e mais eficiente exército do mundo, cujos vários feitos em eficiência e versatilidade em campo permanecem inigualados até hoje) a ser capaz de se reorganizar, e, sem rendição ou acordos colaboracionistas (como o do "Governo de Vichy", na França), resistir, combater, e efetivamente rechaçar as forças alemãs para fora de seu território sem tropas externas atuando em seu território (como na recuperação da França, por exemplo, que precisou da ajuda maciça de tropas americanas e britânicas), e, mais importante, seguir um curso de vitórias até a capital da Alemanha - terminando, na prática, a guerra: poucos dias depois do suicídio de Hitler na Berlim já completamente ocupada pelo Exército Vermelho, as forças alemãs assinaram sua rendição incondicional.

Guerra no Pacífico Por volta de 1940, o Japão já havia ocupado vários territórios no Pacífico, e tentava

agora aumentar a sua influência no Sudoeste Asiático, invadindo, em Junho de 1941, a Indochina. O governo dos Estados Unidos, indignado, impõe sanções econômicas ao Japão. Como represália, a 7 de Dezembro de 1941, a aviação japonesa ataca Pearl Harbor, a maior base norte-americana do Pacífico. Em apenas duas horas, os pilotos japoneses conseguiram inutilizar todos os navios ancorados no porto, cinco navios de guerra e destruir ou afundar outras quinze embarcações.

No dia seguinte os Estados Unidos declaram guerra ao Japão, dando início à Guerra do Pacífico. Apenas duas horas após o ataque a Pearl Harbor, os japoneses iniciaram a invasão de vários territórios da Ásia e do Pacífico. Em maio de 1942 o Japão tinha já conquistado esses vastos territórios, controlando Hong Kong, Malásia, Singapura — a qual a Grã-Bretanha

abandonou a 15 de Fevereiro de 1942,Indonésia, Filipinas, Birmânia e diversas ilhas no Pacífico.

O sucesso dos japoneses, devia-se à adaptação do conceito de Blitzkrieg às condições da geografia da Ásia e Pacífico: a utilização de um relativamente pequeno número de tropas em relação ao inimigo, altamente treinadas, motivadas e protegidas por um poder naval que logo derrotou os aliados no mar e por uma força aérea que tinha como trunfo principal, tanto defensivamente (servindo de escolta dos bombardeiros japoneses) como ofensivamente, o avião caça mais moderno na época, o Mitsubishi Zero que, em combates individuais, demonstrou não ser superado nem mesmo pelo lendário Spitfire britânico. Em terra, os conflitos decisivos foram efetuados por divisões de infantaria utilizando-se pontualmente de tanques e blindados leves e carregando peças de artilharia compacta facilmente desmontáveis e transportáveis.

No entanto, esse mesmo material que dava agilidade e leveza na movimentação, portanto uma vantagem ofensiva, se tornaria obsoleto se transformando em desvantagem quando no decorrer dos anos seguintes, o exército imperial viu-se obrigado a defender as posições conquistadas sem a vantagem da cobertura aeronaval que dispunha durante a ofensiva e sem poder contar com a reposição por mar deste armamento mais leve por um mais pesado e, dentro daquelas condições, apropriado à defesa.

Já em meados de 1942 a guerra na Ásia e Pacífico começava a progredir mais devagar para os japoneses, que não mantinham o ritmo inicial da campanha. Ao mesmo tempo que a aviação de caça das forças aliadas, ainda em inferioridade técnica começava a se utilizar de técnicas de combate aéreo que compensavam tal desnível. Com o impasse causado pela Batalha do Mar de Coral em maio daquele ano, resultando em vitória estratégica para os aliados, devido aos japoneses, por não terem uma ideia precisa do real poder aeronaval dos aliados na região, terem sido induzidos a desistirem de desembarcar em Port Moresby na Nova Guiné; a derrota em Midway no mês seguinte resultando, por parte dos japoneses, na perda de 4 porta-aviões e de grande número de tripulantes e pilotos altamente experientes; somado ao desembarque e estabelecimento em terra dos americanos em Guadalcanal em agosto; fizeram com que os japoneses passassem à defensiva no Pacífico já no último trimestre daquele ano. Com a vitória americana em Guadalcanal em fevereiro de 1943, após meses de intensos combates aéreos, marítimos e terrestres que resultaram em grandes perdas humanas e materiais para ambos os lados, o rumo do conflito naquele teatro de operações virou definitivamente em favor dos aliados. O sucesso da guerra submarina irrestrita levada a cabo pela marinha americana que privava o Japão das matérias primas essenciais, necessárias não só para levar a cabo seu projeto expansionista, como para manter a própria indústria e economia internas em pleno funcionamento, bem como o abastecimento da população por um lado e; a capacidade do complexo militar-industrial americano de repor não apenas suas perdas humanas e materiais mas também as perdas materiais de seus aliados num ritmo muito acima das do Japão; resultou que, a partir de meados de 1943, americanos e seus aliados no Pacífico se mantivessem na ofensiva ininterruptamente, avançando de complexo em complexo de ilhas rumo ao Japão. Ao mesmo tempo que a chegada em grande número à frente de combate de novos modelos de aviões-caça, que se equiparavam ou superavam em performance o Mitsubishi A6M Zero, fazia com que mesmo a relativa vantagem que o Japão dispunha no ar também fosse anulada.

Nos territórios ocupados durante a ofensiva do primeiro semestre de 1942, com exceção das Filipinas, num primeiro momento as forças japonesas foram recebidas como libertadoras pelas populações nativas ressentida da colonização europeia. Porém, em poucos meses devido às duras condições impostas pelos novos governos militares japoneses que recrudesceram a opressão e a repressão sobre as populações locais, a exemplo do que já faziam na China e Coreia; o sentimento dessas populações ocupadas passou da simpatia à

hostilidade, fomentando movimentos de resistência que cedo encontraram apoio material dos anglo-americanos.

Reconquista da Europa A 6 de junho de 1944, no chamado Dia D (D-Day), os Aliados efetuaram um

desembarque nas praias da Normandia (Operação Overlord), em que participaram o Exército Britânico(lutando nas praias de Gold e Sword), o Exército Americano (lutando em Omaha e Utah) e o Exército Canadense (lutando em Juno). Os americanos sofreram por volta de duas mil baixas, pois os tanques Sherman, (disfarçados de Chatas pelo Exército Americano para os esconder, e torná-los um fator surpresa) afundaram. Já o Exército britânico não teve muitas baixas em Gold e Sword, pois seus tanques blindados e especializados (em cortar trincheiras e explodir minas) conseguiram ultrapassar. Era o início da Batalha da Normandia. Apesar da inferioridade aérea, e submetida a constantes bombardeios aéro-navais, os alemães resistiram durante mais de um mês antes que os aliados tomassem o primeiro porto, Cherbourg em meados de julho, o que somado à outro desembarque aliado no sul da França no final de agosto, forçou o recuo das forças alemãs para a Bélgica.

Após a libertação de Paris, seguiu-se em Setembro de 1944 a libertação de parte da Bélgica, incluindo sua capital e a operação Market Garden que tinha como um dos objectivos libertar os Países Baixos. Esta operação foi superior à Overlord no que respeita ao número de para-quedistas envolvidos, mas resultou num enorme fracasso, contando-se cerca de 20 mil mortos, só entre os americanos, e 6500 britânicos foram feitos prisioneiros. O objetivo dos Aliados era conquistar uma série de pontes nos Países Baixos, o que lhes permitiria atravessar o rio Reno.

Colapso do Eixo e vitória Aliada Apesar da evidente superioridade militar Aliada, as tropas alemãs resistiram

tenazmente, até porque Hitler alimentava a esperança de que as contradições internas entre os aliados, especialmente a perspetiva de ocupação da Europa Oriental pelos soviéticos, levasse os anglo-americanos a firmarem uma paz em separado com a Alemanha. Afinal, como ele disse aos seus generais: "Jamais houve, em toda a história, uma coalizão composta por parceiros tão heterogêneos quanto essa de nossos inimigos. Estados ultra-capitalistas de um lado e um estado marxista do outro".[14] Foi dentro desse objetivo estratégico de ganhar tempo até que ocorresse a "reviravolta política", que Hitler ordenou, em dezembro de 1944, uma inesperada investida na Bélgica - a contraofensiva das Ardenas - cujo objetivo tático era tomar Liège e Antuérpia, para se apropriar dos enorme depósitos de suprimentos dos aliados ocidentais, sobretudo petróleo, do qual a Wehrmacht e a Luftwaffe já careciam seriamente. Apanhadas de surpresa, as forças anglo-americanas sofreram pesadas baixas. Além disso, a infiltração de soldados alemães, disfarçados de soldados americanos, em áreas controladas pelos aliados, causou sérios transtornos, como mudança de caminhos de divisões inteiras, mudanças de placas, implantações de minas e emboscadas. Estes soldados alemães, os primeiros comandos, estavam sob a liderança do Oberst Otto Skorzeny, que em 1943libertara Mussolini de uma prisão na Itália. A situação se mostrou de tal maneira confusa que o general Patton postou tropas negras guarnecendo armazéns e depósitos de combustível na região ordenando que atirassem em qualquer tropa branca que se aproximasse sem autorização agendada via rádio por seu quartel general. No entanto, passado o momento inicial, a ofensiva perdeu força[16] e tão logo o tempo melhorou a superioridade aérea aliada também se fez presente no ataque constante às tropas alemãs no solo.

Em 1944, ocorreu o atentado de 20 de julho, uma fracassada tentativa de assassinar Hitler. Executado por Claus von Stauffenberg, este foi o último atentado da resistência alemã contra a vida do führer.

Na Itália, contando com tropas experientes[17], como a 1ª divisão de paraquedistas Hermann Goering[18] e a 16ª divisão SS, somada à vantagem do terreno montanhoso para as

tropas defensoras e ao desinteresse do alto comando aliado que após a queda de Roma e a invasão da Normandia, passou a considerar o front italiano secundário[, o general alemão Kesselring não encontrou maiores dificuldades em manter lento e penoso o avanço das tropas aliadas (das quais fazia parte uma divisão brasileira)[21] ao longo da península. Somente em 2 de maio de 1945 a rendição das forças alemãs que lá combatiam foi oficializada.

Antes mesmo de findar a guerra, as grandes potências firmaram acordos sobre seu encerramento. O primeiro dos acordos foi a Conferência de Teerã, na Pérsia, em 1943. Aproveitando-se da oportunidade, os alemães planejaram a malograda operação Long Jump, que tinha como objetivo sequestrar (ou assassinar) os líderes aliados reunidos em Teerã. Em janeiro de 1945, Winston Churchill,Franklin D. Roosevelt e Josef Stalin reúnem-se novamente em Ialta, Ucrânia, já sabendo da inevitabilidade da derrota alemã, para decidir sobre o futuro da Europa pós-guerra. Nesta conferência definiu-se a partilha da Europa, cabendo à União Soviética o predomínio sobre a Europa Oriental, enquanto as potências capitalistas prevaleceriam na Europa Ocidental. Acertou-se também a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), a participação da URSS na guerra contra o Japão e a divisão da Coreia em bases diferentes das da Liga das Nações. Definiu-se, ademais, a partilha mundial, cabendo a incorporação dos territórios alemães a leste e a participação da URSS na rendição do Japão, com a divisão da Coreia em áreas de influência soviética e norte-americana. Lançavam-se assim as bases para a Guerra Fria.

Enquanto isso, o avanço das tropas aliadas e soviéticas chegava ao território alemão. O avanço dos dois exércitos já havia sido previamente combinado, ficando a tomada de Berlim a cargo do Exército Vermelho. Esta decisão foi encarada com apreensão pela população, pois era conhecido o rasto de pilhagens, execuções e violações que os soldados soviéticos deixavam atrás de si, em grande parte como retaliação pela mortes causadas pelos soldados alemães na União Soviética. Em 30 de abril de 1945, Adolf Hitler suicidou-se quando as tropas soviéticas estavam a exatamente dois quarteirões do führerbunker. Em 7 de maio o seu sucessor, o almirante Karl Dönitz, assina a capitulação alemã..

No Pacífico, as forças estadunidenses acompanhadas por forças da Comunidade das Filipinas avançam nas Filipinas, tomando Leyte até o final de abril de 1945. Eles desembarcam em Luzon em janeiro de 1945 e ocupam Manila em março, deixando-a em ruínas. Combates continuaram em Luzon, Mindanao e em outras ilhas das Filipinas até o final da guerra.

Em maio de 1945, tropas australianas aterraram em Bornéu. Forças britânicos, estadunidenses e chinesas derrotaram os japoneses no norte da Birmânia, em março, e os britânicos chegam a Yangon em 3 de maio.[23] Forças estadunidenses também chegam ao Japão, tomando Iwo Jimaem março e Okinawa até o final de junho. Bombardeiros estadunidenses destroem as cidades japonesas e submarinos bloqueiam as importações do país.

Em 11 de julho, os líderes Aliados se reuniram em Potsdam, na Alemanha. Lá eles confirmam acordos anteriores sobre a Alemanha[26] e reiteram a exigência de rendição incondicional de todas as forças japonesas, especificamente afirmando que "a alternativa para o Japão é a rápida e total destruição."[27] Durante esta conferência, o Reino Unido realizou a sua eleição geral, e Clement Attlee substituí Churchill como primeiro-ministro. Como o Japão continuou a ignorar os termos de Potsdam, os Estados Unidos lançam bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto. Entre as duas bombas, os soviéticos, em conformidade com o acordo de Yalta, invadem a Manchúria, dominada pelos japoneses, e rapidamente derrotam o Exército de Guangdong, que era a principal força de combate japonesa.[29][30]O Exército Vermelho também captura a ilha Sacalina e as ilhas Curilas. Em 15 de agosto de 1945 o Japão se rende, com os documentos de rendição finalmente assinados a bordo do convés do navio de guerra americano USS Missouri em 2 de setembro de 1945, pondo fim à guerra.

Pós-guerra

Os aliados estabeleceram administrações de ocupação na Áustria e na Alemanha. O primeiro se tornou um estado neutro, não alinhado com qualquer bloco político. O último foi dividido em zonas de ocupação ocidentais e orientais controlada pelos Aliados Ocidentais e pela União Soviética, em conformidade. Um programa de "desnazificação" da Alemanha levou à condenação de criminosos de guerra nazistas e a remoção de ex-nazistas do poder, ainda que esta política se mudou para a anistia e a reintegração dos ex-nazistas na sociedade da Alemanha Ocidental.[32] A Alemanha perdeu um quarto dos seus territórios pré-guerra (1937), os territórios orientais: Silésia, Neumark e a maior parte da Pomerânia foram assumidos pela Polônia; Prússia Oriental foi dividida entre a Polônia e a URSS, seguido pela expulsão de 9 milhões de alemães dessas províncias, bem como 3 milhões de alemães dos Sudetos, na Checoslováquia, para a Alemanha. Na década de 1950, um em cada 5 habitantes da Alemanha Ocidental era um refugiado do leste. A URSS também assumiu as províncias polonesas a leste da linha Curzon (dos quais 2 milhões de poloneses foram expulsos),[33] leste da Roménia,[34][35] e parte do leste da Finlândia[36] e três países Bálticos.[37][38]

Em um esforço para manter a paz,[39] os Aliados formaram a Organização das Nações Unidas, que oficialmente passou a existir em 24 de outubro de 1945,[40] e aprovaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, como um padrão comum para todas as nações-membro.[41] A aliança entre os Aliados Ocidentais e a União Soviética havia começado a deteriorar-se ainda antes da guerra,[42]a Alemanha havia sido dividida de facto e dois estados independentes, a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã,[43] foram criados dentro das fronteiras das zonas de ocupação dos Aliados e dos Soviéticos, em conformidade. O resto da Europa também foi dividido em esferas de influência ocidentais e soviética.[44] A maioria dos países europeus orientais e centrais ficaram sob a esfera soviética, o que levou à criação de regimes comunistas, com o apoio total ou parcial das autoridades de ocupação soviética. Como resultado, a Polônia, Hungria,[45] Checoslováquia,[46] Romênia, Albânia,[47] e a Alemanha Oriental tornaram-se Estados satélite dos soviéticos. A Iugoslávia comunista realizou uma política totalmente independente, o que causou tensão com aURSS.[48]

A divisão pós-guerra do mundo foi formalizada por duas alianças militares internacionais, a OTAN, liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética;[49] o longo período de tensões políticas e militares da concorrência entre esses dois grupos, a Guerra Fria, seria acompanhado de uma corrida armamentista sem precedentes e guerras por procuração.[50]

Na Ásia, os Estados Unidos ocuparam o Japão e administraram as antigas ilhas do Japão no Pacífico Ocidental, enquanto os soviéticos anexaram a ilha Sacalina e as ilhas Curilas.[51] A Coreia, anteriormente sob o governo japonês, foi dividida e ocupada pelos Estados Unidos no Sul e pela União Soviética no Norte entre 1945 e 1948. Repúblicas separadas surgiram em ambos os lados do paralelo 38, em 1948, afirmando ser o governo legítimo de toda a Coreia, o que levou a Guerra da Coreia.[52] Na China, forças nacionalistas e comunistas retomaram a guerra civil em junho de 1946. As forças comunistas foram vitoriosas e estabeleceram a República Popular da China no continente, enquanto as forças nacionalistas fugiram para a ilha de Taiwan em 1949 e fundaram a República da China.[53] No Oriente Médio, a rejeição árabe ao Plano de Partilha da Palestina da Organização das Nações Unidas e à criação de Israel, marcou a escalada do conflito árabe-israelense. Enquanto as potências coloniais europeias tentaram reter parte ou a totalidade de seus impérios coloniais, a sua perda de prestígio e de recursos durante a guerra fracassou seus objetivos, levando a descolonização.[54][55]

A economia mundial sofreu muito com a guerra, embora os participantes da Segunda Guerra Mundial tenham sido afetados de forma diferente. Os Estados Unidos emergiram muito mais ricos do que qualquer outro país; no país aconteceu o "baby boom" em 1950, seu produto interno bruto (PIB) per capita o maior do mundo e dominou a economia mundial.[56][57] O Reino Unido e os Estados Unidos implementaram uma política de

desarmamento industrial na Alemanha Ocidental nos anos 1945-1948.[58] Devido à interdependência do comércio internacional, este levou à estagnação da economia europeia e o atraso, em vários anos, da recuperação europeia.[59][60] A recuperação começou com a reforma monetária de meados de 1948 na Alemanha Ocidental e foi acelerada pela liberalização da política econômica europeia, que o Plano Marshall (1948-1951) causou tanto direta quanto indiretamente.[61][62] A recuperação pós-1948 da Alemanha Ocidental foi chamada de milagre econômico alemão.[63] Além disso, as economias italiana[64][65] e francesa também se recuperaram.[66] Em contrapartida, o Reino Unido estava em um estado de ruína econômica[67] e entrou em relativo declínio econômico contínuo ao longo de décadas.[68] A União Soviética, apesar dos enormes prejuízos humanos e materiais, também experimentou um rápido aumento da produção no pós-guerra imediato.[69] O Japão passou por um crescimento econômico incrivelmente rápido, tornando-se uma das economias mais poderosas do mundo na década de 1980.[70] A China voltou a sua produção industrial de pré-guerra em 1952.[71]

Consequências Depois do conflito, a situação dos países que participaram estava bem diferente. As

potências do Eixo estavam destruídas e a Inglaterra e a França também sofreram grandes perdas. Foi a partir dessa época que o mundo passou a ser dividido conforme a ideologia dos EUA e da URSS. Com o crescimento da Rússia, ocorreu uma maior procura pelo socialismo marxista e diversos países passaram a ter um governo comunista.

Apesar das enormes perdas, muitos países se beneficiaram com a Segunda Guerra. O Canadá se tornou um grande fornecedor de aviões e navios. A guerra ajudou o país a ter diversas indústrias de metais pesados. Os EUA também tiveram um grande crescimento de seu parque industrial. Após a guerra, foram realizadas diversas conferências a fim de decidir a divisão territorial e os rumos da Alemanha no pós-guerra. A Alemanha foi multada e boa parte da indenização seria destinada para a União Soviética. Vários líderes nazistas foram condenados e a indústria bélica foi proibida de produzir. Enquanto os soviéticos tomavam conta da região oriental da Europa, os Estados Unidos influenciavam a parte ocidental do continente. Eram os prenúncios para a Guerra Fria. Com o fim da guerra, o mundo passou a utilizar a definição de superpotência e os Estados Unidos comandavam o bloco capitalista e a União Soviética, estava à frente do bloco socialista. Além disso, ocorreu na Europa uma grande crise. Os países haviam perdido não só a guerra como também seu caráter econômico, político e cultural. Surgiu a ONU - Organização das Nações Unidas em 1945. É uma organização mundial que reuniu países com o intuito de assinar a Carta das Nações Unidas. Essa carta dava poderes de mediação à organização de modo a intervir em possíveis conflitos para evitar as consequências da Segunda Guerra Mundial. Além disso, sua função também era de manter a paz mundial.