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Artigos Gustavo de Sá e Silva ** 1. Introdução. 2. O desenvolvimento econômico e a administração empresarial. 3. O administrador de emprêsas. 4. Formação do administrador de emprêsas. 5. Considerações finais. R. Adni..Emp., RIo de JaneIro, Administração de Emprêsas e Desenvolvimento * Se lançarmos um olhar retrospectivo sôbre o enorme e complexo arcabouço teórico erigido ao longo dos últimos dois séculos pelos "filósofos mundanos" de que nos fala Robert Heilbroner, em seu interessante livro de biografias de grandes economistas, 1 poderemos observar que, salvo algumas contribuições bastante recentes e ainda não bem definidas, a ciência econômica sempre se ocupou de analisar, no capítulo da Teoria da Firma, as relações causais entre os fatôres da produção - natureza, capital e trabalho - e os resultados conseqüentes, em têrmos de quantidades geradas de bens econômicos tangíveis. Certamente êste exercício mental sempre se fêz com o pressuposto axiomático de que a firma tende automàticamente a obter a maximização de resultados na combinação de qualquer quantidade e proporção de fatôres de produção. Esta preocupação, perfeitamente justificável quando o ser 11(3) :5-20, humano começava a concentrar sua atenção sôbre os problemas decorrentes de uma produção insuficiente para eliminar a miséria, não pôde ser totalmente eliminada até hoje. J:: comum ouvir-se falar no "trabalho improdutivo" dos homens e mulheres cuja atividade não está diretamente ligada ao processo de extração ou transformação da riqueza material. Nos Estados Unidos é ainda corrente o uso das expressões blue collar worker e white collar worker, para distinguir o trabalhador que veste o macacão daquele que pode trabalhar com roupa de passeio. O primeiro, que com as suas mãos extrai da terra a matéria-prima ea transforma em um produto acabado, gera com a sua * Conferência pronunciada pelo Prof. Gustavo de Sá e Silva na Escola· Superior de Guerra, em 28 de abril de 1971. ** Professor-adjunto do Departamento de Mercadologia da Escola de Administração de Emprêsas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. 1 Heilbroner, Robert L. The wordly philosophers. New York, Simon and SChuster, 1961. jul.jset. 1971

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Artigos

Gustavo de Sá e Silva **

1. Introdução. 2. O desenvolvimentoeconômico e a administração

empresarial. 3. O administrador deemprêsas. 4. Formação do

administrador de emprêsas.5. Considerações finais.

R. Adni..Emp., RIo de JaneIro,

Administração de Emprêsase Desenvolvimento *Se lançarmos um olharretrospectivo sôbre o enorme ecomplexo arcabouço teóricoerigido ao longo dos últimosdois séculos pelos "filósofosmundanos" de que nos falaRobert Heilbroner, em seuinteressante livro de biografiasde grandes economistas, 1poderemos observar que, salvoalgumas contribuiçõesbastante recentes e ainda nãobem definidas, a ciênciaeconômica sempre se ocupoude analisar, no capítulo daTeoria da Firma, as relaçõescausais entre os fatôres daprodução - natureza,capital e trabalho - e osresultados conseqüentes,em têrmos de quantidadesgeradas de bens econômicostangíveis. Certamente êsteexercício mental sempre se fêzcom o pressuposto axiomáticode que a firma tendeautomàticamente a obter amaximização de resultados nacombinação de qualquerquantidade e proporção defatôres de produção.

Esta preocupação, perfeitamentejustificável quando o ser

11(3) :5-20,

humano começava a concentrarsua atenção sôbre osproblemas decorrentes de umaprodução insuficiente paraeliminar a miséria, não pôde sertotalmente eliminada até hoje.J:: comum ouvir-se falarno "trabalho improdutivo"dos homens e mulheres cujaatividade não está diretamenteligada ao processo de extraçãoou transformação da riquezamaterial. Nos Estados Unidosé ainda corrente o uso dasexpressões blue collar worker ewhite collar worker, paradistinguir o trabalhador queveste o macacão daquele quepode trabalhar com roupa depasseio. O primeiro, que comas suas mãos extrai daterra a matéria-prima e atransforma em um produtoacabado, gera com a sua

* Conferência pronunciada peloProf. Gustavo de Sá e Silva naEscola· Superior de Guerra, em 28 deabril de 1971.

** Professor-adjunto do Departamento deMercadologia da Escola deAdministração de Emprêsas deSão Paulo, da Fundação Getúlio Vargas.

1 Heilbroner, Robert L. The wordlyphilosophers. New York, Simonand SChuster, 1961.

jul.jset. 1971

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atividade um trabalho produtivo;o outro, que simplesmenteplaneja, regulamenta, comanda,registra, coordena e controlaa atividade do primeiro,gera um trabalho nãoprodutivo.

Algumas contribuições maisrecentes têm procuradoeliminar esta discriminação. Jáse ofereceu ao conceito deutilidade uma noção maisampla, segundo a qual autilidade incorporada àmatéria-prima pelo trabalho deextração e transformação seidentifica como "utilidade deforma", à qual se devemagregar a "utilidade de tempo"e a "utilidade de espaço",que se incorporam ao produtoacabado com as atividadesque o transportam, armazenam,financiam e seguram até que,das prateleiras do produtor, sejaêle transferido às prateleirasdo varejista no precisomomento e local em que édesejado pelo consumidorfinal. Um brinquedo de Nataltem uma utilidade que cresce àmedida que se aproxima omês de dezembro; essautilidade só se manifesta se,entre 15 de novembro e 24 dedezembro, êle estiverexposto à venda ao consumidorem uma loja varejistaadequada. As atividadeseconômicas que permitiram aofabricante produzi-lo emmaio, armazená-lo e garantiro seu transporte para que,na época certa, estivesseao alcance do consumidor nolocal adequado, adicionaramutilidades intangíveis masconcretas à sua original etangível utilidade de forma.

Assim também, aos três clássicosfatôres de produção já sesugere a agregação de umquarto fator: oempreendimento.A classificação tradicionaloferece como remuneração ànatureza, a renda; ao capital, ojuro; e ao trabalho,o salário. A nova contribuiçãosugere, como retribuiçãoao empreendimento,o lucro.

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A noção hoje talvez maisdifundida das funções doempresário é a de Schumpeter,que propõe ao empreendimentoa tarefa de "reformar ourevolucionar os padrões deprodução pela exploraçãode invenções ou, maisgeralmente, de possibilidadestecnológicas ainda nãotentadas na produção de umanova mercadoria ou demercadorias conhecidas pormétodos novos; tentandonovas fontes de matéria-prima;abrindo novas vias dedistribuição para seu produto;reorganizando sua indústria;e assim por diante ... " 2

O empresário é assim oresponsável pela combinaçãoótima dos demais fatôres deprodução, postulada comoautomática até então.A concepção desta nova entidade,como se vê, constitui enormecontribuição à teoria,uma vez que atrai a atençãodos estudiosos para oaspecto vigorosamente dinâmicodos processos econômicose de todos os interessados naverdade, que é esta: os fatôresda produção não secombinam automàticamentede maneira a maximizar osresultados de seus esforços.Esta maximização, aocontrário, exige o concursoda imaginação aliada a umacomplexa técnica de liderança eorganização. Admite-se mesmoque o empresário sejainfenso à inovação; o queo faz empresário é o fato de quedetém o poder de inovar e,assim, é um inovadorpotencial. 3

Liderança, organização einovação são objetivos quedesejamos reconhecernos administradores, públicos ede emprêsas. Entre osadministradores de emprêsasestas características são tantomais necessárias quantoestejam êles expostos asituações de concorrênciaagressiva, em que a linhadivisória que separa o sucessodo fracasso se desenha ao longoda medida em que sejamcapazes de liderar, organizare inovar.

Meu objetivo hoje éprecisamente demonstrar -diria melhor, sugerir - aestreita inter-relação que existeentre a administraçãoempresarial e odesenvolvimento econômicoem uma economia de mercado,descentralizada e emcrescimento como é a nossa.Pretendo discorrer sôbre oassunto analisando tambémcomo se pode formar eaperfeiçoar eficientemente oadministrador; a importânciapara a nossa vida econômica esocial da emprêsamultinacional, cujo tamanhoe poder nas próximas décadaspode ser hoje aquilatado poralguns sintomas que já sedivisam no horizonte; e asprovidências que já estão sendotomadas em nações maisdesenvolvidas, seja paraestimular ou prevenir esta novasituação. Ao final, não mefurtarei de oferecer algumasidéias para uma açãodesintegrada e objetiva, doponto de vista nacional,que desenvolvi ao longo daexperiência acumuladadurante 17 anos de docênciae seis de direção na primeiraescola de nível universitárioem administração deemprêsas na América Latina.

Assim, o quadro sinótico queobservarei em minha preleção éo seguinte:

O desenvolvimento econômico ea administração empresarial

Objetivos do desenvolvimentoeconômico

Objetivos da administraçãoempresarial

Influência da administração deemprêsas sôbre odesenvolvimento econômico

O administrador de emprêsas

• Schumpeter, Joseph A. Teoria dodesenvolvimento eeensmtee. Rio de Janeiro,Fundo de Cultura, 1961. p. 93;New York, 1947. p. 132.

I Ver por exemplo, a classificação deempresários sugerida por oanhof, Clarence.Observations on entrepeneurship inagriculture. In: Cole, Arthur.Change end the entrepeneur. Cambridge,Mass. Harvard Unlversity Press, 1949. p. 22-4.

Revista de Administração de Emprésa&

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o componente humano.e a liderança . .

Administração centralizadae descentralizada

Rigidez e flexibilidadeda emprêsa

Formação do administradorde emprêsas

Evolução e tendências doensino de administração

Formação do administradorempresarial no Brasil

Considerações finais

ResumoConclusão

2. O DESENVOLVIMENTOECONOMICO E AADMINISTRAÇAO.EMPRESARIAL

2.1 Objetivos do desenvolvimentoeconômico

J:: sabido que os critérios que sedevem adotar na avaliação dodesenvolvimento de umaeconomia, particularmente donível em que se encontrae da direção e velocidade comque progride, constituemassunto bastante controvertido eque já gerou extensa literatura.Não pretendo ater-me portempo demasiado naanálise desta questão, umavez que certamente outrosmais capacitados o farãoou terão feito aqui. J:: talvezconveniente lembrar que aschamadas áreassubdesenvolvidas apresentamcertas característicascomuns que foram identificadaspor vários estudiosos eclassificadas por Leibensteincomo: econômicas,demográficas, sanitárias,tecnológicas epol ítico-cultura is. 4

Entre as característicaseconômicas incluem-se, entreoutras: proporção elevada dapopulação na agricultura;desemprêgo disfarçado; poucocapital per capita; quasenenhuma economia de grandeparte da população:proporção elevada de gastos

jul./set.

em alimentação; volume baixode comércio per capita;crédito escasso; moradiasinsatisfatórias ..

Aspectos demográficose sanitários típicos são: altosíndices de mortalidadee natalidade infantil;deficiências dietéticas; saúdeprecária; e medidas sanitáriasinadequadas.

Entre as característicastecnológicas estão incluídas:baixa produtividade da terra;tecnologia pouco desenvolvida; eineficiência nos serviços detransporte e comunicações.

Finalmente são caracteristicaspolítico-culturais: um alto graude ignorância; predomínioda mão-de-obra infantil;inexistência de classe média;valôres tradicionais;I'! uma posição inferior dasmulheres.

De. modo geral, no entanto, umindicador sobressai como meiode avaliação imediata ecomparação de níveis etaxas de desenvolvimentoeconômico: a renda nacional e asua relação com a populaçãototal existente. Mais ainda:há indicações de queocorre uma estreita relaçãoentre a capacidade de produçãode uma economia e a reduçãodos problemas acimamencionados. Daí tender-sea concentrar a atenção nessecritério de mensuraçãoquando se comparameconomias e a velocidade comque se desenvolvem. 5

Assim é fácil compreender queuma das grandes preocupaçõesdos governos de hoje sejaa de fazer crescer a capacidadeprodutiva da economia, tantoem têrmos absolutoscomo - e principalmente- em têrmos relativos porhabitante. A ameaça de uminevitável aumento da distânciaeconômica que separa asnações mais desenvolvidas dasmenos desenvolvidas,articulada em trabalhosrecentemente publicados comsucesso em vários países, é

aprovável ..origem da crescentepopularidade com que a idéiade rápido desenvolvlrnentoeconômico torna-seaceita como objetivo nacional.Natural pois que a meta dodesenvolvimento tenhasido encarnpada pelosgovernantes e constitua norte eleseus programas de ação. NoBrasil, como em outrasnações, êste objetivo já seinseria entre as metas degovêrno muito antes de se tertornado assunto de interêssepopular como é hoje. O interêssesocial dos problemasrelativos à organização e aofuncionamento daeconomia foi apreendidopelas nossas elites dirigentesa partir de quando começaram aser conhecidos os resultadosdos estudos e pesquisassôbre desenvolvimentoeconômico levados a efeitonos Estados Unidos e Europa,durante a década dos anos 30e particularmente após aSegunda Grande Guerra.A êsse respeito permito-melembrar a importantecontribuição que tem sidodada ao conhecimento de nossaeconomia pelaFundação Getúlio Vargas.

Se, porém, o desenvolvimento da.economia e a obtenção deuma elevada taxa decrescimento da renda nacionalsão desejados pelosgovernantes, o poder de quedispõem para atingir êssesresultados é normalmentelimitado. A limitação, aocontrário do que supõem muitos,não resulta do grau decentralização de comando aque se subordina a economia.Com efeito, o século XXpresenciou a opção de váriasnações por um sistemaeconômico centralizado, em queas decisões sôbre a produçãoe a distribuição da riqueza

, Leibenstein, Harvey. Atraso edesenvolvimento econ"mico. Rio de Janeiro,Centro de Publicações Técnicas daAliança para o Progresso, 1967. p. 45-8.

• Para uma defesa mais detalhada dessaposição, ver por exemploLeibenstein, Arthur. op. cit., capo 2.

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êmanam totalmente do Estado.A história estádemonstrando que nestasnações os governos tambémencontraram limitações ao seupoder de decisão nainexorabilidade das leiseconômicas que subordinamépfocesso produtivo euma' adequada combinaçãodos fatôres de produçãoe o processo deconsumo auma adequada previsão dos tipose quantidades de bens aproduzir. A necessidade dereprimir a iniciativa ealiberdade, nesses sistemascentralizados, gerou por sua vezoutras limitações ao poderdo Estado, que ainda nãoencontrou meiossatisfatórios de estimularadequadamente a produçãoe o consumo.

Em economias descentraIizadascomo a nossa as decisõessôbre a produção, adistribuição e o consumo dariqueza oebem em princípioàs unidades de produção e deconsumo da economia: aemprêsa e a família. O sistema demercados e o mecanismode preços em regime deconcorrência garantem oequilíbrio nos entendimentosque diàriamente devemmanter produtor e consumidor.O papel do Govêrno, comosabemos, é o de coibir abusos,estimular comportamentoseconômicos desejados e, noscasos em que a iniciativaprivada é incompetente ouoferece riscos à segurançae à tranqüilidadedo sistema, interferirdiretamente no processoeconômico, agindo seja comoprodutor ou consumidor. NoRelatório sôbre a economia queencaminhou ao CongressoAmericano em fevereiro de 1970o Presidente Nixon definiucom grande clareza opapel do Govêrno em umaeconomia de mercado.Permito-me repetir o seguintetrecho de sua mensagem:

"Além do contrôle geral daspolíticas monetária e fiscal, o

Govêrno deve estabelecer aestrutura necessária à atividadeeconômica, a fim de 'que nõssaeconomia livre e abertamantenha suas característicasde sensibilidadee eficiência.

A necessidade de 'regras do jôgo'com relação a contratos,direitos de propriedade, fraude emétodos justos de concorrência,é óbvia... É necessárioproibir a venda de alimentose drogas perigosos eproscrever o trabalho infantil,condições insalubres detrabalho e a discriminaçãono emprêgo. Mas, assimcomo novas regras setornam necessárias, regras .antigas podem tornar-seobsoletas e prejudicar nossos'esforços de realizar acapacidade da economia.Como dependemos do setorprivado para produzir proporçãoesmagadora de nossos bens eserviços, o Govêrno deveassegurar que a concorrênciaseja vigorosa e os mercadoseficientes. A concorrênciavigorosa é a principalproteção aos interêsses doconsumidor; na maior parte dasáreas da economia ela ajudaa criar mercados eficientesque respondem prontamenteaos desejos dos consumidores, enos quais os custos deprodução e distribuição sãomantidos em baixo nível. Umsistema financeiro quefuncione bem e consumidoresbem informados são tambémnecessários nos mercadoseficientes; o Govêrnopode desempenhar e temdesempenhado um papel vitalnestas áreas.

Em alguns poucos exemplos, aconcorrência por si só nãoé suficiente para proteger ointerêsse dos consumidores, ouessa proteção pode não serpossível. Economias deprodução em larga escalapodem ser tão grandes quedeixem lugar a um númeromuito pequeno deemprêsas - muito poucaspara permitir umaconcorrência eficiente. Onde

dlreitos+de' propriedade sejammal definidos a concorrênciapode levar ao desperdíciode recursos valiosos ouà degradação do ambiente.Como resultado, nessas áreasuma regulamentaçãoelaboráda sôbré preços,produção e padrões de serviçovem sendo prescrita. Em algunssetores da economia _. a .agricultura é um' exemplo -a habilidade dos compradorese vendedores de reagirprontamente a alteraçõesna demanda e na oferta podeser tão limitada que os preçosflutuam mais do que é .tolerável, seja paraconsumidores ou produtores.Em tais situações aintervenção do Govêrno nosmercados pode ser desejável.

O Govêrno também tem um papelcomo participante naatividade dos mercados.Alguns empreendimentos,essenciais ao bem-estare àsegurança 'nacionais, têm sidoconfinados à operaçãogovernamental. Tradicionalmenteo serviço de correios temsido uma operação doGovêrno, embora êle existaprecipuamente para prover umserviço pelo qual se cobraum preço e se tendecobrir seus custos comsuas· receitas ...

Seja qual fôr a razão que leveo Govêrno a se engajar ematividades do mercado,êle deve observar certas regraspara assegurar uma operaçãoeficiente e efeitos queatendam aos princípios deeqüidade. Certas operações são,evidentemente, deliberadamentesubsidiadas para atender ainterêsses públicos essenciais;em tais casos é sempreboa prática a identificaçãoexplícita do subsídio noorçamento. Com exceçãodêstes casos, porém, os preçosdevem refletir os custos paraque recursos não sejamdesperdiçados e usuáriosinvoluntàriamentesubsidiados às custas deoutros. Regras são tambémnecessárias para orientar

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os administradoresdas emprêsas do Govêrno, paraque levem em conta todos oscustos, não só os que constamdos orçamentos.

O Govêrno se envolve, portanto,na atividade econômica pormuitas razões. ~Ie deveestabelecer as 'regras do jôgo'para os participantesdo setor privado; deve facilitar aconcorrência e desenvolvera eficiência dos mercados;deve impor regulamentaçãodetalhada onde o mercadonão ofereça segurançasuficiente aos interêsses dosconsumidores, devido acondições monopolísticasinevitáveis; e deve estabelecerregras para a sua própriaparticipação na atividade domercado." 6

Esta exposição, algo longaembora sucinta, dasoportunidades e da .responsabilidade do Estadona conquista do objetivo dodesenvolvimento econômico temcomo objetivo específicoressaltar a enorme parcelaque nesse sentido cabe aosempresários em uma economiade mercado. Não se trata deacumular atenções para asresponsabilidades sociais doempresário freqüentementeeleito bode expiatório de umasituação que, sem o seuconcurso, provàvelmente seriapior. Trata-se, isto sim, denotar que o empresárioé o agente do progresso, tantonas economiasdesenvolvidas como nassubdesenvolvidas. E que,malgrado os seus esforços, êleé em geral limitado pela faltade domínio de uma complexatécnica que evoluicontInuamente e pela escassezdos recursos administrativosque tem a seu alcance.

Porque, de forma geral, osobjetivos do empresário sãocompatíveis com odesenvolvimento econômico; esua ação, desde queadequadamente estimulada econtrolada pelo Estado,indispensável ao crescimento

tul./set.

da riqueza. t o que passaremosa examinar à seguir.

2.2 Objetivos da administraçãoempresarial

A Divisão do Trabalho e aRevolução Industrial permitiramo aparecimento, no cenárioeconômico dos últimos100 anos, das grandesérnprêsas produtoras de bense serviços- instituições cujavitalidade e capacidade decrescimento nos levam adeparar hoje com gigantescasorganizações que exibemprodução superior às de muitasnações. Em conferênciainfelizmente não publicadaque pronunciou em março de1969 na Escola deAdministração de Emprêsas deSão Paulo, por ocasião dareunião anual do ConselhoLatino Americano deDecanos de Escolas deAdministração, o Dr. EdgardoReyes Salcido, deãoda Escola Graduada deAdministração de Emprêsas doInstituto Tecnológico deMonterrey, no México, afirmouque, se listássemos as naçõese as grandes emprêsasentão existentes no mundo,por ordem decrescente de suaprodução anual, a metade'das primeiras 50·entidadeslistadas seriam nações;a outra metade, emprêsas...

A crença popular tem levado adébito de uma pretensaambição desmedida dosempresários essa enormecapacidade de crescimento. Ateoria da firma, que estudamosnos textos de microeconomia,também se apóia, entreoutros, no axioma de quea emprêsa procura o ponto deequilíbrio combinandodecisões que tornem máximos osseus lucros. A presençade rendimentos decrescentesna função de produção e/oua inexistência de ummercado de concorrênciaperfeita para o seu produto,levam o empresárioa poder identificar a quantidadea produzir e o preço a quevender o seu produto,·

de forma a obter o maior lucropossível. t o famoso ponto'em que a receita marginal seiguala ao custo marginal.

Nas nações mais desenvolvidas,no entanto, a tendênciaà atomização do capital dasgrandes emprêsas,cujos proprietários sobem emnúmero às dezenas demilhares, trouxe à.cena a figurado administrador profissionalde emprêsas - líder,organizador e inovador - ecom êle novas tendênciasnos pIlcessos decisórios dasfirmas. O fato de que nessasnações a emprêsa enfrentaum ambiente econômicoextremamente dinâmicodetermina a necessidade decrescer ou desaparecer.A conquista de novos mercadosmediante a expansão dasvendas ao limite máximotorna-se uma necessidade; acontribuição que opoder da emprêsa aportaàs exigências de realizaçãopessoal e profissionaldo administradoréumaatração; finalmente, acontingência de que não éincomum que os administradoresprofissionais sejam, pelo menosem parte, remunerados emproporção com o volume devendas, constitui uma fortesugestão. A conseqüência éque, como se percebe, asgrandes organizaçõesempresariais tendem a venderquantidades maiores que asque determinariam o maiorvolume possível de lucros; nãoraro o equilíbrio daemprêsa parece ser encontradoem um ponto de vendasmáximas que ainda permiteum montante de lucrossuficiente para mantersatisfeitos os acionistas daemprêsa. Esta pol ítica oferece avantagem adicional dedesencorajar a entrada de novosconcorrentes no mercado,como certamente ocorreria sea emprêsa operasse no pontode lucros máximos.

• Nixon, Riehard D. Econoooic report Dfthe president. washington, D.C.,United States Printing Offiee, 1970.p. 90-2.

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~ste porém não é o único papeldo administrador profissional.~Ie deve, também, preencheras responsabilidades doempresário. Inovando comidéias que determinem maioreficiência na atividadeda emprêsa êle pode alterar afunção de produção de seuproduto e deslocaro ponto de lucros máximos ede vendas máximas;e assim ampliar ainda mais aárea de atuação de suaemprêsa e o correspondentemercado que cobre. 7

Em, economias em edesenvolvimento como a nossa,essa perspectiva começa a serpercebida pelos homensde emprêsa. A necessidadede flexibilizar a emprêsae adaptá-Ia às condiçõesdinâmicas de uma economia cujodesenvolvimento estáganhando momento, é hojemais notada e sentida do quejamais no passado.A demanda de profissionais ,que dominem métodos modernosde administração se manifestana forma já meiodescontrolada com quesurgem escolas deadministração em todo oPais. A maioria de nossasemprêsas, porém, seressentirá ainda por algumtempo por não podersatisfazer essa necessidade.Dentro de tal contexto é diffcilcrer que nossas emprêsasestejam, de maneirageral, operando no ponto delucros máximos. Na grandemaioria dos casos seusadministradores não têmcondições técnicasde determinar êsse ponto; e seo atingem é porque enfrentamcondições de mercadoe de produção que fazemcoincidir o pontode lucros máximos com o limiteda capacidade de produçãoda emprêsa.Um exemplo interessante, decomo os administradoresde emprêsas fàcilmente seconfundem e arriscam quandoenfrentam um ambienteeconômico complexo sem estardevidamente preparados,é o efeito danoso da ilusão

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monetária causadapela inflação nas decisõesda emprêsa. Apesar dalonga vivência que nossos .empresários têm com o processoinflacionário é ainda comumencontrar muitos quecontinuam despreparados parase defenderem corretamentecontra êsse efeito.Em 1963, quando a inflaçãoatingia niveis desastrosos, umagrande emprêsa industrialde São Paulo, operando emramo competitivo,tentou oferecergratuitamente aos seusconcorrentes um curso completosôbre como estimar custosreais em regimede inflação. Tratava-sede uma emprêsa cujaadministração, versada eminstrumentos de análise maiscomplexos, tinha noção clara deestar incorrendo em prejuízosapesar de que seus registroscontábeis, feitos deacôrdo com a lei, exibiamlucros. Seus concorrentes,embora em condiçõessemelhantes, estavamdesalertados para asverdadeiras condições em queoperavam e impunham aomercado preços que não cobriamos custos reais globaisde produção.A situação é comparável, emboraoposta, à que permitiuaos supermercados, durantecerta época, venderemsuas mercadorias atémesmo a preços inferiores aocusto. Como vendiam à vista epagavam em prazos quechegavam a 120 dias, tinhamconstantemente umvolume relativamente grandede dinheiro em seupoder. ~ste capital de terceiros,convenientemente apl icado,podia gerar jurossuficientemente altos paracompensar uma pequenaperda oriunda das vendas dasmercadorias. Os registroscontábeis, no entanto,apresentariam prejuízos.Embora não me conste que essaoportunidade tenha sidoreconhecida e aproveitada, elacertamente existiu.Os empresários brasileiros têm,portanto, uma grande

contribuição a dar a suasemprêsas e a si próprios, emtêrmos de adoção de técnicasmodernas de gerência eprocessos novos naprodução e distribuição de seusprodutos. Esta contribuição,que êles certamentedesejariam poder dar, nãoestá sempre ao seu alcance.Os seus objetivos, conquantolimitados ao âmbitode suas emprêsas, são os deproduzir e vender mais e melhor,com o emprêgo do minimopossivel de recursos.~stes resultados, em escalanacional, permitiriamprecisamente a redução doscustos da produção nacional, aliberação de recursosa investir em novas atividadese, em conseqüência, umaumento da renda nacionalpela simples combinação maiseficiente dos fatôresexistentes da produção.A tese pode parecer simplista.Ela não passa, na realidade,de uma descriçãosimplificada de um processo quetem ocorrido em outraseconom ias e começa a serverificado entre n6s.

2.3 Influência da administraçãoempresarial sôbre odesenvolvimento econômico

A relação de vontade quevocaciona o administrador deemprêsas à conquista deobjetivos que levamao desenvolvimento foimencionada. Ao mesmo tempo,observei que essa vocação éem geral fraudada na suaplena realização, em virtude dafalta de domínio detécnicas avançadas degerência e liderança naorganização e dinamização dasemprêsas. Resta agoraressalvar que, não obstanteestas limitações, o imensocapital que recebemos denossos maiores, em têrmos decidades, estradas, fábricas,hospitais e escolasque já encontramos construídas

• Cf. Braumol, William 'J. Economicdynamics. New York, 2. ed. The MacMillance., 1959. p. 24-9.

Revfsta tle Adminfstração de Empr§$CU

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quando nascemos, é oresultado da atuaçãoda emprêsa.Há 40 anos atrás Keynes já fazia,a respeito da emprêsa, oseguinte comentário:"É comum pensar-se a respeitoda riqueza acumuladano mundo como tendo sidodolorosamente gerada a partirda abstinência voluntária deindivíduos, mediante o sacrifícioimediato dos prazeres doconsumo (abstinência esta) quechamamos de poupança.Mas deveria ser óbvioque a simples abstinêncianão é, por si só,suficiente para construircidades ou drenarregiões alagadiças. A abstinênciaindividual não aumentanecessàriamente a riquezaacumulada; ela podeaté mesmo aumentar o consumocorrente de outros indivíduos.Assim, a poupança de umhomem pode levar a umaumento do capital-riqueza oupode determinar um aumento dopoder aquisitivo dodinheiro gasto pelosconsumidores. Não poderemosdizer qual alternativaocorreu antes de examinarmosoutro fator econômico.A saber, a emprêsa. É a emprêsaque constrói e desenvolve aspropriedades no mundo.Agora, assim como osfrutos da poupança podem sedestinar à acumulação de capitalou a um aumento no valordo dinheiro-rendapara o consumidor, assimtambém os recursosempregados na emprêsa .podem ser obtidos da poupançaou às custas do consumidormédio. Pior ainda; não sóé possível a existênciada poupança sem a emprêsa,mas tão logo apoupança se adianta à emprêsaela certamente desencorajaa recuperação da emprêsae gera um círculo viciosocom seus efeitos negativossôbre os lucros. Se a emprêsaestá de pé, a riqueza seacumula, não importao que ocor!a com a poupança;se a empresa dorme ariqueza deteriora, a despeito

jul,/set.

de como atue apoupança." 8

Estas afirmações, feitas em 1930,só podiam ser levadas a sériovindas de um acadêmicorespeitado como já eraKeynes. Hoje, no entanto, oshomens que estudam o papel daemprêsa na sociedade sãolevados a fazer afirmações tãodramáticas quanto aquelasdo famoso economista inglês.O Professor Phillipe de Woot,da Universidade de Louvain,assim inicia a introduçãoao recente livro em que expõesua doutrina sôbrea emprêsa:"Empreender é uma funçãoessencial das sociedadesindustriais. O seudesenvolvimento econômico esocial depende disso.A emprêsa é, por excelência, umagente de crescimento ede progresso; sua vitalidadee seu dinamismodeterminam a prosperidadegeral; sua criatividadeengendra o progresso técnico etôdas as suas promessas.O vigor e a saúde das emprêsasconstituem de tôda evidênciaum objetivo maior dassociedades modernas." 9

Por outro lado, a ausência ouescassez do elemento humanoresponsável peloempreendimento, oadministrador de emprêsasconstitui um obstáculo 'ao progresso. O Professor PeterDrucker, dos maisconhecidos autores econsultores em matéria deadministração empresarial,afirmou há tempos que aAmérica Latina não ésubdesenvolvida, mas simsubadrninistrada.w Certamentese referia ao hiatoadmin istrativo(management gap) queServan-Schreiber tambémidentificou na Europa e tãobem expôs no seu famosoO desafio americano. 11

O Brasil, embora tardiamente,colocou-se na vanguarda dasdemais nações do mundo,exceção feita aos Estados Unidosda América onde o ensinouniversitário de administraçãode emprêsas começou

nos fins do século passado,quando a Fundação GetúlioVargas fundou em São Paulo aEscola de Administraçãode Emprêsas, em 1954.O interêsse que esta novaprofissão despertou em nossajuventude, nos últimos17 anos, estimulou o surgimentotalvez descontroladode um enorme número deinstituições dêsse gênero.Imagino que logoteremos na Nação uma centenade escolas de administraçãode emprêsas; cêrcade duas dezenas já operam n$área da Grande São Paulo.

Meu principal objetivo hoje éatrair a atenção dêsteseleto auditório paraa gravidade do problema daformação de administradoresempresários que possam,de maneira efetiva e em prazorazoável, elevar aomáximo o rendimento dosfatôres de produção de quedispomos. Para tanto,proponho-me agora analisar opapel do administradorna emprêsa. Esta análisecompreenderá, de fato, umexame da estruturaburocrática da emprêsa, doserros que em geral levam à suaparalisação ouinflexibilidade e das formasgeralmente preconizadas paratornar a máquina administrativavocacionada para adinamização, adaptaçãoe inovação que geramo progresso na emprêsa eaceleram o desenvolvimentoeconômico da Nação.Como bem lembra Servan-

8 Keynes, J. M. The applied theory ofmoney. v. 2 de. A treatise on money,London, The MacMillan Co., 1930.p. 148-9.

• de Woot, Philippe. Pour une doctrinede I'entreprise. Paris, tditions du Seuil,1968. p. 31.

so Citado por Meads, Donald E. em Caseof IBEC. In: AIESEC. Proceedings dacon.erêncía Mundial sObreTransferência Internacional de HabilidadesAdministrativas realizada em Turim,Itália, em novembro de 1969,Association Internationale des ttudiantsen Sciences Economiques e Commercia!es.Rotterdam, Holanda, 1969. p. 106. .

11 Servan-Schreiber, Jean-Jacques.O desafio americano. 6. ed., Rio de Janeiro,Expressão e Cultura, 1968.

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Schreiber, "na conclusão ao seufamoso trabalho:"As legiões, as matérias-primase os capitais deixaramde ser as marcas eos instrumentos do poderio.E as próprias fábricas apenas sãoum sinal externo. A fôrçamoderna é a capacidade deinventar, isto é, a pesquisa ea investigação; é acapacidade de inserir asinvenções nos produtos, isto é,a tecnologia. Os mananciaisque é preciso explorar jánão se encontram na terra,nem nos números, nemnas máquinas - residem noespírito. Mais precisamente, naaptidão dos homenspara refletir e criar.Isto admite-se no sábio, nocientista. Aceita-se mal nopolítico, no funcionário, no chefede ernprêsa. Nessa noçãode lucro, de que é debom-tom fazer o elogioindiscriminado, hoje em dia,o economista francês FrançoisPerroux demonstraperfeitamente que se meteutudo: o rendimentode situação, o lucro domonopól io, os frutos daespeculação. Ora, o que é lucrolegítimo, lucro real,tanto para a emprêsa comopara a sociedade,é o fruto da inovação.A formação, o desenvolvimento,a exploração da inteligênciatal é o único recurso.Não existe outro." 12

Vejamos, então, asresponsabilidades e osproblemas do administradorde emprêsas.

3. O ADMINISTRADORDE EMPR~SAS

3.1 O componente humanoe a liderançaO Diretor dos Programas deTreinamento da ShellInternational Petroleum Co.,Sr. Bruno Eldon, declarou certavez, fazendo blague a respeitodos administradores queconhecera em sua vida, queos classificava emtrês grupos: os que fazemas coisas acontecerem, os quesimplesmente observam

12

os acontecimentos e os quenão sabem o que estáacontecendo. A formação deum administrador ouespecialista de alto nível parauma organização internacional,segundo êle, leva de10 a 15 anos e pode custarmais de 100 mil librasesterlinas. 13

A característica comum a tôdasas emprêsas, independentede tamanho, finalidade,nacionalidade ou organizaçãointerna - talvez a maisimportante característica - estáem que cada uma constituium grupo social,um conjunto de sêres humanos,que diàriamente convivepor horas a fio no exercíciode uma atividade organizadacoordenada, com vistasa atingir determinadosobjetivos. Independentementeda posição que ocupe naemprêsa, cada um dos membrosdo grupo de trabalhoé, normalmente, membroe líder de outro grupo social- a família - cujo bem-estare segurança êle deve provercom os frutos de seutrabalho. Os objetivos principaisdos membros do grupode trabalho não coincidemnecessàriamente com osobjetivos da emprêsa.Não raro, êles estão em conflitouns com os outros.Como sugere Bloch-Lainé:"Em tôda emprêsa, como emtôda sociedade humana,há governantes e governados.Os assalariados são osgovernados, quem quer quesejam os governantes. Enquantotal (governados) êles aspirama limitar o todo-poderpatronal, seja êle de essênciaestatal ou capitalista.~Ies perseguem dois fins,cuja legitimidade é igualmentereconhecida:a) obter as mais favoráveisremunerações e condiçõesde trabalho;b) não ser mantidos à distânciadas decisões que dão sentidoàs suas atividades e dasquais depende a suaexistência.Qualquer que seja o seu lugarna emprêsa, os assalariados

são animados, a êsse respeito,pelos mesmos sentimentos.Devido à especializaçãocada vez maior das funções,mesmo aquêles que detêmparcelas de autoridade, a menosque já estejam nosestados-maiores, aspirama 'participar' da vida daemprêsa além do simplesdesempenho de tarefas cujafinalidade lhes escapa.~Ies querem também saber se acomunidade de interêsses aque servem é bem conduzidae se assegurar de que estãoem uma situação de eqüidade.Todos compreendem que aemprêsa é feita de interêssessolidários face ao mundoexterior e de interêssesconflitivos quanto à suavida interna." 14

Há 20 anos atrás um professorda Universidade de Michiganrealizou minuciosa pesquisajunto aos operários deuma grande emprêsa americanafabricante de maquinariapesada. O estudo centrou aatenção sôbre osefeitos da coesão grupaldos grupos de trabalhona indústria e seu efeito sôbrea produtividade do trabalho.Das conclusões, destaco oseguinte trecho, que meparece eloqüente:"Finalmente, observamos quealguns, pelo menos, dos fatôresque determinam o graua que se desenvolve a coesãodo grupo, são externose anteriores à formação dogrupo. ~ mais provávelque o grupo de trabalho setorne coeso, se açõesadministrativas forem tomadascom as seguintesfinalidades:1. emprestar prestígio aosmembros do grupo;2. estruturar a organização deforma a compor gruposde tamanho relativamentepequeno;

12 Idem, lbldern. p. 273.

as Eldon, Bruno. Case of ShellInternational. In: AIESEC. op. cito p. 100-1.

U Bloch-Lainé, François. Pour unereforme de I'entreprise. Paris, tditions duSeuil, 1963. p. 19-20.

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3. manter a continuidade nacomposição de grupo poralgum tempo.O administrador de umaorganização pode extrair dêstesresultados algumassugestões com relação adiretrizes e ação. !:: claro quea associação de empregados emgrupos coesos pode gerarinfluências que terão oupoderão ter conseqüênciasde vulto no sucesso deuma organização. Com respeitoao moral do empregado ':"'-nocontexto de ansiedades notrabalho - o grupo de trabalhocoeso parece ter umainfluência favorável. Mas comrespeito à produtividadeo valor positivo da coesãode grupo de trabalhoparece depender do sucessodoadministrador emdesenvolver entre osempregados um sentimentode confiança e segurançanaadministraçãó da organização.O conselho popular asupervisores, de que devemdesenvolver equipes coesas, seestendido inconseqüentemente,pode simplesmentefortalecer as influências quelevam à divisão nas grandesorganizações. Paraassegurar que a coesãogrupal traga benefícios positivosà organização, oadministrador deve antestomar providências no sentidode prover condiçõesbásicas de eqüidade e apoioque garantam a confiançado empregado na organização.Uma política de 'dividir paraconquistar', como é expressanas relações de homempara homem e na supressãodos processos grupais, podeser parcialmente efetiva;mas os melhores resultadosparecem estar na políticade 'unir em tôrno dacausa comum', que se exprimena ênfase positiva sôbre 'a formação de equipes detrabalho coesas." 15

3.2 Administração centralizadae descentralizadaCabe, portanto, ao administradorempresário uma efetivaoportunidade,e

jul.jset.

conseqüentemente unia'grande responsabilidade, nosentido de despertar, no grupode trabalho sob sualiderança, as fôrças que'poderão determinarcontribuições novas e positivasao desempenho da organização.Neste sentido, pesquisasextensas realizadasem .grande número de emprêsas,em várias nações e culturascom diferentes grausde desenvolvimento demonstrama universalidade decertos princípiosde administração. Maisimportante ainda: estaspesquisas estão demonstrandouma grande relação entre o estiloda liderança e o sucessoda emprêsa.As emprêsas queapresentam resultadosmais positivos, que se mostrammais flexíveis, mais prontasa se adaptarem comrapidez às. alterações doambiente econômico em quevivem, são as emprêsas emque a autoridade édescentralizada, com acoexistência de grupos' distintos,coesos e nos quais sedesenvolve um profundosentimento de lealdadeinstitucional e grupal- emprêsàs em que o processodecisório envolve vários níveisda administração em umprocesso de livre interação einfluência recíproca.Em relatório que apresentou aoXV Congresso Internacionalde Administração, realizado emTóquio em novembro de1969, sob os auspíciosdo Comitê Internacional deAdministração Científica, oProfessor Lickert, também daUniversidade de Michigan,apresentou resultadosconvincentes a êsse respeito, depesquisas realizadasnos Estados Unidos, no Japãoe na Iugoslávia. Anunciouque os primeiros resultados depesquisas que estão sendoconduzidas em vários outrospaíses,inclusivesubdesenvolvidos, apontam namesma direção. Em suaopinião, porém, êstes resultadosestão subavaliados demaneira geral. 16

Q;·ProfessorLickert explica queo advento, nas sociedadesindustrializadas, das atividadesde-pesquisa e desenvolvimento,exige motivação cooperativadentro das emprêsas.A pesquisa gera complexidadestecnológicas que só podemser bem aproveitadas seas emprêsas souberemdesenvolverem alto grau umcomportamento cooperativoentre seus especialistas edepartamentos. ~ste tipo decomportamento, que .exigea descentralização daadministração, segundose .apurou nas pesquisasreferidas, aumentaa produtividade e os ganhos daorganização; reduz.seus custos,desperdícios e absenteísmo;melhora as relações notrabalho easatisfação do .pessoal em geral; e contribuipositivamente para asaúde física e mental entreos operários e empregados. Maisainda, as emprêsas quemodificam suas estruturasnessa direção - desde quea mudança não seja tãorápida que exceda asexpectativas e a capacidade deadaptação do pessoal -observam modificações positivasnessas variáveis.Em um livro no qual descrevia,há vinte e cinco anos atrás,' afilosofia de descentralizaçãoda General Motors,Peter Orucker resumiunos seguintes pontos asvantagens da descentralizaçãoda autoridade:1. Velocidade e falta deconfusão no processo de tomadade decisões.2. Ausência de conflito entre aadministração de tôpo e asdivisões da emprêsa.3. Uma sensação de justiçae eqüidade no trato comos executivos.

lO Seashore, Stanley E. Groupcohesiveness in the industrial work group.Ann Arbor, Michigan,Univ~rsity of Michigan, 1954. p. 102.

,. Lickert, Rensis. The relationshipbetween management behavior and socialstructure. Proceedings of the 15th CIOSinternational management congressoTokyo, Kogakusha, 1969. p. 136-45,parto p. 143.

13

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4•. Informalidade e democraciana administração.5. Ausência de hiatos entreos poucos administradores detôpo é os muitos .administradores subordinados.6. Disponibilidade de umagrande reserva demão-de-obra admin istrativapromovfvel.7. Visão pronta dos pontosfracos da administração pelosresultados de divisõessemi-independentes ecomumente em concorrênciamútua.8. Ausência da administraçãopor editais e presença deinformações totais. 17

3.3 Rigidez e flexibilidádeda emprêsa

A administração centralizada,por outro lado, traz comfreqüência crescente rigidez àemprêsa. A observaçãoempírica sugere fortementeque os processosde liderança autocrática oupaternalista, que normalmenteacompanham asadministrações centralizadas,levam com o tempo aemprêsa à paralisiae à adaptação pela crise. 18

A paralisia consiste, não na totalausência de atividades,mas na substituiçãodas atividades que constituemos meios pelos quais aemprêsa atinge os seus finspor outras. que se tornam finsem si mesmas.As emprêsas que centralizamexcessivamente seusprocessos decisórios acabampermitindo que nelas sejnstalem regras extremamenteimpessoais, a tendênciaao ritualismo divorciado dosfins da organização e osurgimento de podêres paralelos.As regras impessoaisreferem-se às operações, aosprocedimentos, à carreira naemprêsa. O arbítrio e a iniciativasão desencorajados.Os responsáveis pelas decisõesdão prioridade aos problemasde política interna,tais como a salvaguarda deequilfbrio entre asdiferentes partes, a luta

14

contra o favoritismo e .a arbitrariedade.O isolamento das categoriashierárquicas suprime a visão deconjunto e impedea compreensão dos fins geraisda organização. Cadacategoria tende a Interpretarsuas funções específicas comoum fim em si. Os gruposgeram pressões sôbre seusmembros para que seconcentrem exclusivamentesôbre suas funções. ~ naminúcia, na aplicação de regrasde procedimentos queas categorias encontramformas de diferenciação mútuae de afirmação própria.As regras de procedimentodeixam de ser meios para setornarem fins. O ritualismo seinsta la na emprêsa.Por fim, em tôrno das zonas deincerteza, que subsistemno sistema organizam-serelações de podêres paralelos.Em conseqüência,relações de dependência econflito entre os vários grupos.Os indivíduos ou gruposque controlam a incertezaterão a tendência dealimentá-Ia e frear qualquerevolução que reduza o poder queela lhes confere.Como conseqüência dessarigidez, nota-se normalmente aausência de iniciativa,a falta de condições daemprêsa se adaptaràs alterações do ambienteeconômico, uma queda em suaprodutividade objetiva,decorrente do desempenhoeficiente de atividadesdesnecessárias - em obediênciaao ritual - e a permanência .de zonas de incerteza,que geram ansiedades, porconveniência dos podêresparalelos.Não obstante a resistência àsmudanças, a emprêsaenrijecida se adapta ao ambientedinâmico, se não quiserperecer. Essa adaptaçãogeralmente se faz como últimorecurso e dentro de um climade choque. ~ a adaptaçãopela crise. Esta flexibilidademínima impede a emprêsade enfrentar com agilidade osassaltos da concorrênciae as alterações

nos mercados quê enfrenta,de trabalho, de produtosou de capital.A administração descentralizada,poroutro lado, permitediminuir sensIvelmente osincômodos da burocracia.Delegação de podêres eincentivo à iniciativa entre osvários setores da emprêsa, sãosuas principaiscaracterísticas.As decisões que visam a umapronta adaptação ao

.ambiente externo sãoencorajadas. Assim também ainformalidade que estimulao livre intercâmbio deinformações e sugestões entreos vários grupos de trabalho.Implica na administraçãopor objetivos e baseia seuscontrôles sôbre os resultadosobtidos e não sôbre o respeitoàs regras de procedimento.Conseqüentemente,impede que se instale oritualismo e se 'desprezem osobjetivos da própriaorganização.Na organização descentralizada,torna-se possível adotar aestruturação da emprêsa porprojetos. Nesse modernotipo de organização - quesubstitui a clássicaorganização linear em que asrelações de poder e ascomunicações obedecem umaorientação vertical de autoridadede linha, pela organizaçãomatricial em que as relaçõessão verticais e horizontais- não há lugar parao ritualismo nem para regras deprocedimento excessivas.A reunião de especialistasde vários departamentos emequipes temporáriaspara a realização de projetosespecíficos estimula ainformalidade nas relações,aumenta a coordenação e geraa unidade de todoo componente humano aserviço da organização. 19

A emprêsa assim organizada émarcada por um processo derelacionamento interno

11 Drucker, Peter F. The concept of theeereeratten. New York, The John Day,1946. p, 46.lB de Woot, Philippe. Idem. p. 194-5.'" Idem, ibidem. p. 197•

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bastante mais pessoal. Osvalôres individuais sãomais fàcilmenté reconhecidose tendem a ser encorajados.O interêsse e conhecimentogera is se estendem atôda a organização e seusobjetivos. A emprêsa passa acontar com umquadro administrativo emque todos são. importantes eninguém é lnsubstitulvel.As eventuais inseguranças nãopodem conferir podêres anenhum membro do grupo, poisa consciência geralrepudiaria a inação face aqualquer problemada organização. O conjunto éharmonioso, flexível e ágil.Os resultados são o sucesso, asegurança e um sentido departicipação geral.Evidentemente êste estilode administrar e liderar reclamado administrador decúpula conhecimentosespeciais. Os problemasdecorrentes da necessidade deformar administradoresprofissionais capazes de lideraras emprêsas brasileirasdo futuro, o processo que seestá desenvolvendopara resolver tais problemase a necessidade depreencher algumas lacunassérias é o que passarei aexaminar agora.

4. FORMAÇAO DOADM INISTRADORDE EMPRt::SAS

4.1 Evolução e tendências doensino daadministração

Como se sabe, o ensino daadministração de emprêsascomeçou a ser oferecidonas universidades americanas,em fins do século passado.Desde 1880, algunscursos de administração estavamsendo conduzidos emvárias instituições de ensinosuperior nos Estados Unidos. 20

Entretanto,foi somentea partir da Primeira GrandeGuerra que os cursosregulares de administraçãocomeçaram a ganharforma definida naquela nação. 21

t:: surpreendente que, com

Jul.fset.

exceção dosEstados Uriidos, as instituiçõessuperiores das demais ..nações somente tivessemcomeçado a oferecer programascomparáveis a partir .de 1950. 22 No Brasil,· comoem outras nações, .as escolas de comércio easescolasde economia existiamdesde a década iniciadaem 1930. A primeira escola queoferecia um currículoespecializado em administraçãode emprêsas, porém, sóse instalou em 1954.Em 1967 havia em nosso País31 escolas ou cursos especfficosem administraçãode ernprêsas.w Hoje hácêrca de vinte somentena região daGrande São Paulo. 24

Nos Estados Un idos, o ensino deadministração deemprêsas evoluiu, de umatendência iniciale duradoura de formaradministradores especializadose versados em técnicasespecíficas, para a tendênciaatual de formaradministradores generalistas,capazes de liderar gruposde trabalho, analisar dados etomar decisões em situaçõesde incerteza.Esta evolução acompanhou aevolução que se verificou naadministração dasemprêsas americanas, quepassaram do sistema deadministração centralizada e emcompartimentosestanques para o sistemadescentralizado, sob oconceito de administraçãointegrada. Hoje espera-se que oestudante de administração emuma boa escolase torne conhecedor damaior parte dos conceitosfundamentais queinformam cada setor básicode operações de uma emprêsa eseja capaz de compreendera sua interação bemcomo a maneira como operamcoordenada mente.O administrador não é maisum especialista em finanças,em mercadologia, em produçãoou em organização geral.Ao contrário, deve

conhecer razóàvelmentebem o funcionamento e osinstrumentos de análisereferentes á cada um dêstessetores e, além disso, terconhécimentos complementaresque lhe permitamver a emprêsa como um todo,identificar as áreasque geram desarmonias noconjunto e operar no sentido deelevar ao máximopossível a coordenaçãodas ações da organização.Outra tendência que se observana evolução do ensinode administração,nas universidades maisrespeitadas nesse campo, é ode formar administradorespara as emprêsas do futuro enão para as emprêsas dehoje. O famosoRelatório Gordon-Howell,que em 1959 estudouem profundidade a formação doshomens de emprêsaamericanos, contém o seguintetrecho sugestivo:"As escolas de administração deemprêsas devematentar para o fato de que avida ativa dos estudantesde hoje se estenderá até o fimdo século XX.A familiaridade com técnicase processos atua is e passadosser-Ihes-á de muito poucautilidade. O domíniode instrumentos de análisee conceitos básicosimportantes, a capacidade depensarem por si próprios,certa perspectiva histórica euma mentalidade abertae flexível lhes serão muitomais úteis." 25

•• Pierson, Frank C. et alii. The educationof American businessmen. New York,McGraw-Hill, 1969. p. 35 e sego

21 Idem, ibidem.

•• Dustan, James & Makanowitsky, B.Trainin, managers abroad. New York,Conseil for International Progressin Management, 1960. v. 2.

lO Capes. Ensino superior - cursos 8estabelecimentos. Rio de Janeiro,Ministério da Educação e Cultura, 1967.p. 3-6.

OI Instituto Roberto Simonsen. Proriss6ea8 cursos de formaçlo existentesno Brasil. São Paulo, Melhoramentos,1969. p. 97-100.

'" Gordon, R. A. & Howell, J. Hiihereducation for busin.SI. New York,Columbia University Press, 1959. p. 138-9.

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Finalmente, é importanteassinalar também a tendênciama is recente deinternacionalização no ensino deadministração de emprêsasnas universidades americanas.Em 1962 fundou-se nosEstados Unidos a Educationand World Affairs (EWA),instituição não lucrativadedicada a fortalecer asuniversidades americanas em,suas atividades de ensino,pesquisa e serviços geraisprestados em escala'internacional. 26 Em dezembro de1967, sob os auspíciosda EWA, organizou-se umaConferência Internacional naUniversidade. de Tulane,em Nova Orleans, subordinadaao 'tema As escolasde administração e o desafioda administração' de emprêsasinternacionais. Estaconferência contou com ,a presença de 146 participantes,deães, professôrese executivos, representando98 escolas de administraçãoamericanas e 11 escolasde administraçãolatino-americanas.Um dOS conferencistas foio vice-presidente da DivisãoInternacional do First NationalCity Bank. ~ Oportuno destacar'o seguinte trecho de suainteressante palestra: '"Para começar, os negóciosinternaci6na is setornaram enormes.O investimento americano noestrangeiro agora sobea 60 bilhões de dólares,comparados com os 8 bilhões dofim da Segunda Grande Guerra,e estão crescendoà taxa anual de dez por centoa despeito das limitaçõesImpostas pelo govêrno.Outra, e talvez mais significante,medida das dimensõesdos negócios internacionaisamericanos éurnarecente estimativa doDr. Judd Polk, da Câmarainternacional de Comércio dosEstados Unidos, sôbre o valor daprodução das emprêsasamericanas no estrangeiro.Sua estimativa excede120 bilhões de dólares, aterceira maior produção nomundo, depois dos Estados.c.

16

Unidos e da união Sovlêtica.v.óbvlamente; uma atividade '.destas dimensõesnão pode continuar. sendouma simples preocupaçãoperiférica dos homensde ernprêsaaarnerlcanos, elaagora tornou-se uma questão deimportância central.Porque há tôda a indicaçãode que os homens de ernprêsa-continuarão .aumentando 'seus investimentos diretos noestrangeiro. 27 , '

Os trabalhos expostos. nessaconferência, posteriormentepubllcados.w indicavam que umrazoável número ' ,de' universidades americanasjá mantinham, ouplanejavarncterecervcursos 'de administração internacionalde emprêsas.pinterêsse levantado porêsse nôvo tipo de atividadeacadêmica decorre, aoque tudo indica, de pressõesoriundas de dois setoresda. sociedade: as grandes '"emprêsas americanascom investimentosno estrangeiro, estãoestimulando as universidadesa produzirem um profissional emadministração quepossa, sem, necessidade deum longo período detreinamento, ser enviado, aoutras partes do globo paraassumir responsabilidades nassubsidiárias ou sucursais; poroutro lado, a juventudeamericana estádemonstrando um interêssecrescente em se prepararprofissionalmente parapoder escolher carreiras quepermitam mobilidade física paraoutros países e continentes.Em resumo, as tendências maismodernas nos programas 'de formação doadministrador de emprêsassão marcadas por mudanças detrês tipos básicos:1. a formação de profissionaisgeneralistas, com umconceito integradode administração e poucaespecialização, ao contrário datendência clássica de formaçãode especialistas;2: a formação de profissionaiscapazes de lideraruma organização que

enfrenta um ambientesocioeconôrnlco em constanteprogresso e; portanto,sujeito a rápidas e contínuasmodificações, ao contrárioda tendência clássica de formarprotlsslopals para,çiirigirasemprêsas existentese sem a preocupaçãode enfrentar mudançasno:.amqiente; e3. a formação de .proflssionalscapazes de exercersuas atividades em.diferentes.culturas, aptos a poderemser deslocados para asmais varladas regiões do globo,em contraposiçãoà situação que se encontrava .até recentemente deformar profissionais paraconsumo doméstico,geralmente semqualquerpreparo "nq que, sê refere .aconhecimentos do inundoexterior aos Estados Unidos.Estas tendências estãoevidentemente refletidas nacomposição dos currículos doscursos oferecidos. Os cursosde administraçãoempresarial nos Estados Unidoscontam com um elencode disciplinasobrigatórias que cobrem asvárias áreas de administração: ,finanças, mercadologia, produçãoe teorias de organização.A especialização ,permitida, ao longo docurrículo normal é,'relativamente pequena-e se fazsempre em uma dasáreas gerais - jamais sôbreuma técnica específica,como administração de, pessoal,orçamentos, contrôlede qualidade ou relaçõeshumanas.As matérias que compõem acultura geral e humanística dofuturo administradorde emprêsas representamcêrca de 50% do currículo.As disciplinasrelacionadas com as

•• Zeff. Stephen A., ed. Business,school,sand lhe challenge of internationalbusiness. GraduateSchool of BusinessAdministration, Tulane University.New Orleans, Louisiana, 1968.p. 12.

'" Idem, ibidem. p. 20.

•• Zeff, Stephen A. op. cito

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áreas específicas da emprêsarecebem um tratamentofundamental. Não háa preocupação de ensinar aoestudante um receituáriode administração; o objetivo édotá-lo de conhecimentosgerais e sólidos, tornarseu raciocínio flexível, ousadoe ágil, aprimorar seusinstrumentos de análise ecomunicação - em resumo,prepará-lo para que ràpidamenteseja capaz deconhecer e dominar asvariáveis e os problemasprincipais da organização emque venha a trabalhar.Um Itom curso não ensinarátécnicas de custos, de gerênciade pessoal, deorçamentos-programas oude administração devendedores. Ensinará, poroutro lado, os conceitosfundamentais e os meios deanalisar as finanças,a produção e os mercadosda emprêsa. O alunoestudará, por exemplo:Administração Financeira,Estratégia Mercadológica,Informática,Organização Dinâmica,Administração e Contrôle deProdução etc. Em currículos maisrevolucionários já seencontram disciplinas comtítulos tais como Aculturação,Processos de Infl uência,Comportamento Inovador,Teorias de Liderança, Aprendera Aprender, Geração eAvaliação de Alternativas, etc.Nos mais recentese ainda pouco comuns currículosde administraçãointernacional de emprêsas,a tendência é dar aos alunosnoções aprofundadasde ciências políticas, teoriasde poder, formas de govêrno,sistemas econôm icos atua is,e outros que tenham relação coma atividade dasemprêsas internacionais,da futura emprêsa multinacionale dos governos,face à soberania das naçõese às alterações recentesdeterminadas com o surgimentodos mercados comuns.Procura-se desenvolverno futuro,

jul.;set.

conhecimento profissionalde distintas culturas, o domíniodas línguas mais faladas -inclusive o russoe o japonês - e condições derápida adaptação aosmais variados meiose ambientes.

4.2 Formação do administradorempresarial no Brasil

Ao mesmo tempo em que sepodem identificarestas tendências nodesenvolvimento da educação emadministração empresarialna nação quereconhecidamente estáà frente nesse campo,é de interêsse examinarmos oque estamos fazendo no Brasil.Já tive oportunidadede mencionar que o sistemaeducacional brasileirose colocou entre os primeirosa adotar, fora dosEstados Unidos, o ensinouniversitário de administraçãode emprêsas com currículoespecífico quando se fundou, em1954, a Escola deAdministração de Emprêsasde São Paulo. De entãopara cá, dezenas de outrasiniciaram suas atividadese estão recebendo alunos.As conseqüênciasdêssedesenvolvimento rápido edesorganizado no ensino deadministração de emprêsas, jágerou conseqüênciascujo alcance não é difícilimaginar. Quero referir-meparticularmente a três dessasconseqüências.Em primeiro lugar, o nívelacadêmico em que se deveministrar o ensinode administração.A recenticidade com que foramregulamentados peloConselho Federal de Educação,os cursos de pós-graduaçãono Brasil permitiuque a velha idéia deseqüência obrigatória entrecurso de graduação ede pós-graduação alcançasse ocurrículo de administração. 29

Como resultado, a leique regulamentou a profissãode técnico de administração- designação inadequada

de um profissional de níveluniversitário --'- tornou exclusivodo .bacharel emadministração, o exercíciolegal .da proflssão.wCerceou-se, com essa medida,o exercício da profissãoaos que tenham cursos depós-graduação em administração,se não tiverem o cursode graduaçãocorrespondente. Com isso oBrasil, que em 1954 erados primeiros a iniciar o ensinouniversitário de administração,em 1965, tornava-seprovàvelmente a única naçãodo mundo a regulamentara profissão de administradore a cercear o seu exercício aosbacharéis em administração.As melhores escolas deadministração nos EstadosUnidos, nos demais países daAmérica Latina e na Europa,conduzem o ensino deadministração em nívelpós-graduado, aberto aosbacharéis de qualquer categoriaprofissional. Algumas nãotêm cursos deadministração em nível degraduação. Esta abordagemrepousa na convicção de que odomínio de técnicasde administração é necessárioa engenheiros, econornlstas,advogados, mimarese até mesmo a sacerdotes.No exercício de suas profissõesêstes profissiona is comfreqüência administram.Pois, para fazê-lo legalmente noBrasil, estão obrigadosa complementar seucurrículo cursando as matériasdo currículo mínimode administração que nãoestudaram na universidade.Nem tôdas as categoriasprofissionais estãoamparadas. 31

•• A orientação do CFE para a educaçãopós-universitária foi. baixada peloParecer n.O 977165, de 3-12-65.As normas para reconhecimento decursos pós-graduados constam do Parecern.O 77169, de 11-2-69.

•• Lei n.e 4769, de 9-9-65, art. 3.0.

31 Resolução baixada em 25-8-66, art. 4.0- modificado pelo Parecer n.O 104/68,de 9-2-68, que estendeu aos formadospelas academias militares apossibilidade de complementaçãocurricular.

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Algumas instituições de ensinojá estão oferecendoàs categorias amparadas estaoportunidade. Em minhaopinião, não é a maneiraideal de dar formaçãoem administração. Nem é aintenção da norma jurídica quecriou esta abertura.Creio que estamos necessitandoreexaminar a soluçãodada à questão,a fim de permitir que umenorme contingente deprofissionais valiosospossa ser estimulado a exercera atividade administrativasem o percalço de terde fazê-lo ilegalmente.O segundo êrro que estamoscometendo é natural,uma vez que ocorreu em muitasoutras nações,inclusive nos Estados Unidos.Resulta de uma tendênciaa se fazer certa confusão entreeconomia e administração.Esta confusão tem origemno fato de que,com alguma freqüência, oscursos de administraçãonasceram em escolas deeconomia. !:: preciso ter presenteporém que asinstituições de ensino quese tornaram famosas no campoda administração sãoescolas de administração.Atualmente, a primeiraprovidência que umauniversidade bem informadatoma ao ingressar no campo doensino de administração,é criar uma escolade administração - nuncaum departamentode administraçãosubordinado a outra escola.O terceiro ponto que me pareceimportante abordara êste respeito, é o que serelaciona com acomposição do currículo. Talvezas duas anomaliasque acabei de mencionarexpliquem em parteporque os currículosapresentados são tão variáveisem natureza e constantesna tendência de exposiçãodescritiva. !:: comum a presençade disciplinas relativasa técn icas, comoadministração de vendedores,

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técnica contábil,gerência de pessoal e outras.Por outro lado,as disciplinas que ensejariamum estudo mais profundode aspectos fundamentais daemprêsa são, não raro,abordadas segundomodelos ultrapassados eexcessivamente descritivos.A administração mercadológica éum exemplo.Os primeiros textosdidáticos sôbre o assunto,descreviam as funções deagentes típicos deprocesso mercadológico(atacadistas, varejistas,corretores etc.): ou então,descreviam os processos típicosde mercadizaçãode certos produtos (amercadização do algodão, dotrigo, de bensindústrias, etc.) ~ste processode análise. da mercadologia éhoje obsoleto. A atividadeda emprêsa face aosseus mercados é examinadacomo um sistema quese alimenta de informaçõese produz decisõese comunicações que geramresultados em têrmos de vendasa um custo unitáriomínimo. Os processosenvolvidos são válidos para ovarejista comopara o atacadista, namercadização do algodão comodos bens industriais,hoje como amanhã ...Esta preocupação nos faz falta.Se a administração é, como járepisei, um processode incentivar e efetivamentegerar a inovação, o campoda administraçãodo ensino da administração noBrasil está totalmente abertoao espírito inovador. Assimtambém o seu ensino entre nós.!:: ainda do relatórioGordon-Howell o seguintetrecho que contém umasevera critica às escolasde administração deemprêsas americanas e que, emmeu entender, constituiséria advertência às demaisnações do mundo emque êsse ensino se desenvolve:"O descontentamento que existecom relação à

qualidade da educaçãouniversitária em administraçãoé amplo e profundo.Era virtualmente inevitável queisto acontecesse.Já vimos que é pràticamenteimpossível fazer em quatro anos,aquilo a que sepropõem os cursosde adrninistraçâo: a saber,dar uma educaçãode qualidade satisfatória tantogeral como profissional.Os cursos de graduação sofrema praga de estudantesmal preparados;os currículos não foramdesenvolvidos para satisfazeras necessidades já descritas;o ensino se faz, em geral,de modo superficial, dandoênfase a detalhes descritivos eprocessuais e falhandoem prover oestudante com um efetivodesafio intelectual; tanto aeducação geral, como as noçõesfundamentais sôbrea emprêsa e seu meiosão freqüentementesacrificadas em benefício deconhecimentos especializadose técnicas que logo poderão serobsoletos; os docentessão freqüentementemal treinados e excessivamenteimersos em suas própriasespecialidades." 32

Sem prejuízo de poder serestendida a outros setoreseducacionais, entendo que estacrítica se aplicariahoje às nossas escolasde administração, pública comode emprêsas. Estou, poroutro lado, convencido de quena solução dêste problemaestá a chave que poderáresolver o enigmade acelerar ao máximo o avançotecnológico e odesenvolvimento econômicodo Brasil.

5. CONSIDERAÇõES FINAIS

5.1 Resumo

Ao longo desta exposiçaoprocurei demonstrar osseguintes pontos:

•• cerdon, R. A. & Howell, J. E., op. clt.p. 132.

Revista ele Administração de EmprésaB

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1. em um sistema econômicodescentralizado e de mercados,como o nosso, o papeldo Estado como estimuladore controlador doprocesso econômico, impõelimitações ao seu poderde atuar como mecanismogerador de desenvolvimento nosistema;2. em um sistema dêsse tipoé de atuação da emprêsaprivada, em regime deconcorrência, que depende acombinação ótima dos fatôresde produção disponíveis e,por conseqüência, a aceleraçãodo desenvolvimentoe da técnica, além dos limitesque a atuação do govêrnopode alcançar;3. o nível de eficiênciada atuação da emprêsa guardarelação de íntimadependência com a suacapacidade de ràpidamentese adaptar às modificações queocorram no ambienteque enfrenta, sendo queas emprêsas mais eficientes edinâmicas são as que maiscontribuem para o avançoda economia;4. o dinamismo e a capacidadede adaptação das emprêsasdepende da qualidade edo estilo com que sãoadministradas, sendo que aevidência empírica acumuladaem observações feitas emvárias nações indicaserem mais eficienteseconômicamente as emprêsasque adotam a administraçãodescentralizada, umestilo de liderança quecompromete e entusiasmao componente humanona conquista dos objetivosda organização e mecanismosde contrôles porresultados que desestimulam oritualismo e geram oespírito inovadorindispensável ao progresso;5. a formação deadministradores que possampropiciar êste tipo de clima naemprêsa é matériacomplexa que tem sidomais eficientemente tratadapela universidade, mediante asescolas de administraçãohoje reconhecidas e

jul./set.

respeitadas no mundo;6. as tendências maisavançadas no campo do ensinode administração deemprêsas, apontam na direçãoda formação deadministradores generalistas,com sólidos conhecimentosgerais e básicos,capazes de enfrentar osproblemas que o futuro reservapara as emprêsas dospróximos decênios e com suaatenção voltada paraaspectos internacionais, emesmo globais, da atuação dasemprêsas;7. o sistema educacionalbrasileiro não está queimandoetapas com a necessáriarapidez no campoda administração empresarial, epor conseqüência, não estádando indicações de que seprepara adequadamentepara desempenharsatisfatoriamentea importantíssima tarefa depreparar os administradores queestarão administrandonossas emprêsas no fim doséculo XX.

5.2 Conclusão

Quem se atreve a levantarproblemas desta monta temcerta obrigação de apontarsoluções. Não me furtarei a essaresponsabilidade, aindaque a tarefaeventualmente exceda minhasfôrças. Nessa tentativaserei necessàriamente sucinto.Em primeiro lugar, vejamos osobjetivos que pareceimperioso escolher nasolução do problema daformação do administradorbrasileiro:1. devemos aparelhar nossosistema educacional para quepossa ràpidamenteabsorver a experiência vivida pornações mais desenvolvidase colocar-se a par dastendências mais modernas noensino de administração;2. de conseqüência, é mistertornar nossas escolas e nossosprofessôres aptos a daraos estudantes de administraçãouma formação geral,com conhecimentos

de conceitos e relaçõesfundamentais da emprêsa eda economia; capacitá-losa prever e se adaptaràs alterações dos mercados e doambiente econômicoem geral; estimular nêleso hábito de trabalhar em equipe,receber e emitir comunicaçõescom clareza e eficiênciae granjear o entusiasmo deseus liderados pelosobjetivos gerais da organização.3. em particular, é precisocomeçar a pensarobjetivamente na preparação deuma elite deadministradores que estejamcapacitados a intervirnos mercados extranacionais,compreender e aproveitaras oportunidades que são aomesmo tempo uma ameaça euma promessa àseconomias nacionais dofuturo - enfim, sentir-se àvontade ao enfrentar problemascomo os que serão geradospela inevitável emprêsamultinacional, cujovulto já se pode divisarcom clareza no horizonte.A conquista dêsses objetivos nãoé fácil. O número de outrasnecessidades nacionaisnão menos legítimas,que disputam nossos limitadosrecursos de investimentostorna difícil a eleição do Estadocomo destinatáriode um primeiro apêlo. Outrasnações estão tentandoempolgar a comunidadeempresarial nesse esfôrço. Minhaexperiência indicaque estamos precisandoencontrar meios mais eficientesde estimular nossosempresários de hoje aparticipar mais diretae ativamente do processo dedesenvolvimento de nossasescolas de administração. AoGovêrno cabe, segundo penso, aoportunidade e aresponsabilidade de intervirna canalizaçãodos recursos que estão,ou venham a ser investidos,nessa atividade educacional.Parece-me pouco produtiva aatomização de recursosjá limitados em um grandenúmero de escolas, cujo

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ativamente nesse processo,do qual eventualmenteserramos grandesbeneficiários.São as sugestões que possooferecer. Muito obrigado.

nossas fronteiras êssesresultados.No que respeita ao aspectointernacional da administraçãoempresarial, é oportunolembrar que organizaçõesde cunho e âmbito mundial,como a UNESCO,o CIOS, a ClT e a AIESEC33

estão se interessando pelacriação .de um mecanismomundial de intercâmbioe transferência de tecnologia emadministração. Temosa oportunidade de participar

progresso está assim condenadoa ser lento, em comparaçãocom a alternativa dese concentrarem recursos

t.nas instituições que estão emmelhores condiçõesde ràpidamente gerar os

,9adoS e informações que nose~tão fazendo fa Itano campo da administração etransferir o conhecimentoe a técnica disponíveisem nações mais avançadaspara então divulgarmais econômicamente dentro de

•• UNESCO - United Nations Educational,Scientific and Cultural Organization.CIOS - Conseil International pourl'Organisation SCientifique.OIT - Organização Internacionaldo Trabalho.

AIESEC - Association Internationale des~tudiants en Sciences Economiqueset Commerciales.

SERIE BIBLIOTECA DE ADMINISTRAÇIO POBLlCA (BAP)

Iniciada em 1953 com a edição de "ORGANIZAÇÃO E M~TODOS", de Harry Miller, a série vemobtendo êxito na tentativa de enriquecer a bibliografia especializada através da publicação de obras quereflitam a realidade administrativa.

Do esfôrço resultou a elaboração de manuais de indiscutível valia para os que se dedicam ao estudoe às atividades da administração pública, estudantes, administradores, economistas e cientistas sociaisem geral, aos quais são oferecidos formulações de problemas administrativos.

A série "BIBLIOTECA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA" inscreve-se, ainda, dentro do propósito decontribuir para a formulação de uma doutrina brasileira da administração pública.

'-'.,

Organização e MétodosHarry MillerBAP 1 4.a edição (a sair)

Técnica de Administração MunicipalAssociação Internacional de AdministradoresMunicipaisBAP 2

Direito do TrabalhoDélio MaranhãoBAP 9 2.a edição

O Ensino da Administração Pública no BrasilMarina Brandão MachadoBAP 10

Classificação das Contas PúblicasJosé T. Machado JrBAP 11

Administração e Estratégia do DesenvolvimentoA. Guerreiro RamosBAP 12

A Intervenção do Estado no Domfnio EconômicoAlberto Venâncio FilhoBAP 13

Comunicação em Prosa ModernaOthon M. GarciaBAP 14 2.a edição

Fundações - No Direito, na AdministraçãoClóvis Zobaran Monteiro e Homero SennaBAP 15

Planejamento GovernamentalJorge Gustavo da CostaBAP 16

Custos - Um Enfoque AdministrativoG. S. Guerra LeoneBAP 17

( .

( .

A Arte da AdministraçãoOrdway TeadBAP 3 2.a edição

Introdução à Administração PúblicaPedro Mufioz AmatoBAP 4 2.a edição (a sair)

Introdução ao Planejamento DemocráticoJohn R. P. FriedmanBAP 5

Principios de Finanças PúblicasHugh DaltonBAP 6 2.a edição

Problemas de Pessoal da Emprêsa ModernaTomás de Vilanova M. LopesBAP 7 4.a edição

Administração de Pessoal -Princípios e TécnicasBeatriz M. de Souza WahrlichBAP 8 2.a edição (a sair)

" .

t"I'

Escola Brasileira de Administração Pública - Praia de Botafogo 190

Nas principais livrarias ou pelo reembôlso postal. Pedidos para a Editôra da Fundação Getúlio Vargas, Praia de Botafogo 188,CP 21.120, ZC·05, Rio de Janeiro, GB.

Revista de Administração de Emprêsas