artigo_estratégias argumentativas

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MAGALHÃES, M. M.; MENDES, E. A. M. Estratégias argumentativas em um texto de opinião de Reinaldo Azevedo. Diálogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, p. 182 – 195, jan./jun. 2013. 182 ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS EM UM TEXTO DE OPINIÃO DE REINALDO AZEVEDO ARGUMENTATIVE STRATEGIES IN A TEXT OF OPINION BY REINALDO AZEVEDO Mônica Moreira de Magalhães 1 Eliana Amarante de Mendonça Mendes 2 Resumo: Partindo-se de pressupostos teóricos da Nova Retórica (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), este texto tem o objetivo de analisar algumas estratégias argumentativas utilizadas por Reinaldo Azevedo, em um texto de opinião sobre a redação do Exame Nacional do Ensino Médio ENEM 2012. Analisamos algumas estratégias utilizadas pelo autor para defender seu ponto de vista de que a redação deveria ser impugnada. Nossa análise contempla as provas retóricas: ethos, pathos e logos; a (im)pertinência do tema e o uso de descrições definidas. O orador constrói uma imagem de si como um intelectual, como alguém que tem um ethos positivo para tratar do assunto em questão. Ao que parece, na construção da argumentação, as emoções de indignação quanto ao tema da redação e de piedade por aqueles que “sofrem” com a redaç ão do ENEM atuam conjuntamente com o ethos do autor. Por outro lado, são usadas descrições definidas ao longo do texto cujos referentes são imprecisos, uma estratégia que pode comprometer a compreensão do leitor e a tentativa de persuasão empreitada pelo autor. Palavras-chave: Argumentação; Persuasão; Estratégias. Abstract: Basing on theoretical assumptions of the New Rhetoric (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), the main purpose of this text is analyzing some argumentative strategies used by Reinaldo Azevedo in his text of opinion about the text production required in the Exame Nacional do Ensino Médio ENEM 2012. We analyze some strategies used by the author to support his point of view that the text production in ENEM 2012 should be canceled. Our analysis include the rhetorical proofs: ethos, pathos and logos; the (im)pertinence of the theme and the use of definite descriptions. The orator constructs his image as an intellectual, as somebody who has a positive ethos to talk about the subject in focus. Apparently, in the argumentation process, the emotions of indignation because of the theme to the text production and the piety for those who “suffer” with the text production in ENEM work together with the author’s ethos. On the other hand, some definite descriptions were used along the text which refer to inaccurate entities, a strategy which can complicate the reader’s comprehension and the attempt of persuasion intended by the author. Key-words: Argumentation; Persuasion; Strategies. 1 Doutoranda em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Letras/Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Belo Horizonte, Brasil, e-mail: [email protected] 2 Professora Titular em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pós-Doutora pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Belo Horizonte, Brasil, e-mail: [email protected]

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Estratégias argumentativas em textos opinativos.

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  • MAGALHES, M. M.; MENDES, E. A. M. Estratgias argumentativas em um texto de opinio de Reinaldo Azevedo. Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, p. 182 195, jan./jun. 2013.

    182

    ESTRATGIAS ARGUMENTATIVAS EM UM TEXTO DE OPINIO DE

    REINALDO AZEVEDO

    ARGUMENTATIVE STRATEGIES IN A TEXT OF OPINION BY REINALDO

    AZEVEDO

    Mnica Moreira de Magalhes1

    Eliana Amarante de Mendona Mendes2

    Resumo: Partindo-se de pressupostos tericos da Nova Retrica (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005),

    este texto tem o objetivo de analisar algumas estratgias argumentativas utilizadas por Reinaldo Azevedo, em

    um texto de opinio sobre a redao do Exame Nacional do Ensino Mdio ENEM 2012. Analisamos algumas estratgias utilizadas pelo autor para defender seu ponto de vista de que a redao deveria ser

    impugnada. Nossa anlise contempla as provas retricas: ethos, pathos e logos; a (im)pertinncia do tema e o

    uso de descries definidas. O orador constri uma imagem de si como um intelectual, como algum que tem um

    ethos positivo para tratar do assunto em questo. Ao que parece, na construo da argumentao, as emoes

    de indignao quanto ao tema da redao e de piedade por aqueles que sofrem com a redao do ENEM atuam conjuntamente com o ethos do autor. Por outro lado, so usadas descries definidas ao longo do texto

    cujos referentes so imprecisos, uma estratgia que pode comprometer a compreenso do leitor e a tentativa de

    persuaso empreitada pelo autor.

    Palavras-chave: Argumentao; Persuaso; Estratgias.

    Abstract: Basing on theoretical assumptions of the New Rhetoric (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005),

    the main purpose of this text is analyzing some argumentative strategies used by Reinaldo Azevedo in his text of

    opinion about the text production required in the Exame Nacional do Ensino Mdio ENEM 2012. We analyze some strategies used by the author to support his point of view that the text production in ENEM 2012 should be

    canceled. Our analysis include the rhetorical proofs: ethos, pathos and logos; the (im)pertinence of the theme

    and the use of definite descriptions. The orator constructs his image as an intellectual, as somebody who has a

    positive ethos to talk about the subject in focus. Apparently, in the argumentation process, the emotions of

    indignation because of the theme to the text production and the piety for those who suffer with the text production in ENEM work together with the authors ethos. On the other hand, some definite descriptions were used along the text which refer to inaccurate entities, a strategy which can complicate the readers comprehension and the attempt of persuasion intended by the author.

    Key-words: Argumentation; Persuasion; Strategies.

    1 Doutoranda em Estudos Lingusticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em

    Letras/Lingustica pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Belo Horizonte, Brasil, e-mail:

    [email protected] 2 Professora Titular em Estudos Lingusticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ps-Doutora

    pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Belo Horizonte, Brasil, e-mail: [email protected]

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    1 Introduo

    Partindo-se de pressupostos tericos da Nova Retrica (PERELMAN; OLBRECHTS-

    TYTECA, 2005), este texto tem o objetivo de analisar algumas estratgias argumentativas

    utilizadas por Reinaldo Azevedo, em um texto de opinio sobre a redao do Exame Nacional

    do Ensino Mdio ENEM 2012. Reinaldo Azevedo colunista da Revista Veja Online e

    publicou esse texto em seu blog (AZEVEDO, 2012), no dia 05 de novembro de 2012, um dia

    aps a realizao da prova de redao do ENEM. Para facilitar a visualizao dos elementos

    analisados, reproduzimos a verso completa a seguir, com numerao das linhas.

    O tema estpido da redao do Enem, as mentiras do examinador e as duas exigncias absurdas feitas aos

    estudantes. Ou: Intelectualmente falando, prova de redao deveria ser impugnada!

    No vi no detalhe a prova do Enem. Sei que professores de cursinho divergem sobre a resposta de 1 algumas questes, a maioria relacionada a interpretao de texto, que costuma mesmo ser terra de ningum. Mas 2 no vou me ater a isso agora. Quero aqui comentar o tema da redao. 3

    Poucas pessoas se deram conta de que o Enem quem quer tenha elaborado a prova deu luz uma 4 teoria e obrigou os pobres estudantes a escrever a respeito, a saber: O movimento imigratrio para o Brasil no 5 sculo XXI. Ainda que houvesse efetivamente um fenmeno de dimenso tal que permitisse tal afirmao 6 no h , cumpre lembrar que estamos apenas nos 12 primeiros anos do referido sculo. 7

    Sculo, em cincias humanas, no s uma referncia temporal. tambm um tempo histrico. Mais 8 30 anos podem se passar, sem que tenhamos chegado metade do sculo 21, e podem diminuir drasticamente as 9 correntes que nem so fluxo nem so movimento de migrao para o Brasil. Tratar esse evento como 10 caracterstica de sculo burrice. Provo: O PT o partido que mais elegeu presidentes no sculo XXI. O que 11 lhes parece? Ou ainda: O PSDB o maior partido de oposio do sculo XXI no Brasil. Ou isto: O PMDB, 12 no sculo 21, participa de todos os governos. 13

    Ao estudante, so apresentados trs textos de referncia. Um deles trata da imigrao para o Brasil no 14 sculo 19 e comeo do sculo 20 e de sua importncia na formao do pas. Um segundo aborda a chegada dos 15 haitianos ao Acre, e um terceiro trata dos bolivianos clandestinos que trabalham em oficinas de costura em So 16 Paulo. 17

    Vejam que curioso. O examinador acabou fazendo a redao e das ruins, misturando alhos com 18 bugalhos. Tenta-se induzir os alunos a relacionar essas duas ocorrncias recentes a chegada de haitianos e de 19 bolivianos aos fluxos migratrios do passado, quando houve um claro incentivo oficial entrada de 20 imigrantes. Os fatos de agora no guardam qualquer relao de forma ou contedo com o que se viu no passado. 21

    Mas e da? O Enem no est interessado em rigor intelectual e bem poucos alunos do ensino mdio 22 teriam, com efeito, crtica suficiente para estabelecer as devidas diferenas. A prova no quer saber dessas 23 diferenas e chego a temer que um aluno mais preparado e ousado, coitado!, possa quebrar a cara. Um ou 24 outro poderiam desmoralizar a teoria, com o risco de ser desclassificado. 25

    Na formulao da proposta, pede-se que o aluno trate do tema formulando proposta de interveno que 26 respeite os direitos humanos. Assim, exige-se do pobre que, alm de defender e sustentar com argumentos uma 27 tese estpida, ainda se comporte como um verdadeiro formulador de polticas pblicas ou, sei l, um especialista 28 em populaes. 29

    Essas duas exigncias foram j incorporadas s provas de redao do Enem. Muito bem: digamos que 30 um estudante seja contrrio a que se concedam vistos a quaisquer pessoas que cheguem clandestinas ao Brasil, 31 defendendo que sejam repatriadas. Esse aluno hipottico estaria apenas cobrando respeito lei pela qual deve 32 zelar o Poder Pblico o mesmo Poder Pbico que realiza a prova. 33

    Digam-me c: a repatriao de clandestinos uma interveno aceitvel, ou o estudante est obrigado 34 a concordar com o examinador, como h de ceder que, afinal, dois mais dois so quatro? A repatriao, no caso, 35 seguindo os passos das leis democraticamente institudas no Brasil, caracteriza um atentado aos direitos 36

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    humanos? At agora, o prprio governo federal no sabe o que fazer com os haitianos, e o Ministrio Pblico do 37 Trabalho no consegue coibir a explorao da mo de obra boliviana. Por que os estudantes teriam de ter para 38 isso uma resposta? 39

    Ateno! Eu nem estou aqui a defender isso ou aquilo. Noto apenas que a imigrao ilegal divide 40 opinies no mundo inteiro e que um absurdo, uma arrogncia inaceitvel, que se possa, depois de inventar uma 41 tese, estabelecer qual a opinio correta que se deve ter a respeito, exigindo ainda que os estudantes proponham 42 intervenes, porm vigiados pelo Tribunal dos Direitos Humanos. A o bobinho esperneia: Mas defender 43 os direitos humanos no um bem em si, um valor em si?. Claro que ! Assim como ser favorvel ao Bem, ao 44 Belo e ao Justo. A questo saber que tribunal decide quando os direitos humanos esto ou no a ser 45 respeitados. Eu, por exemplo, considero que seguir leis democraticamente institudas ou referendadas, segundo 46 os fundamentos da dignidade humana (a integridade fsica e moral), uma expresso eloquente dos direitos 47 humanos! 48

    A prova apenas macumbaria multiculturalista mal digerida no que possa haver uma forma 49 agradvel de digeri-la, bom deixar claro! As provas de redao do Enem e de vrios vestibulares tm 50 cobrado que os alunos sejam mais bonzinhos do que propriamente capazes. 51

    No por acaso, nas escolas e nos cursinhos, as aulas de redao tm-se convertido sem prejuzo de o 52 bom professor ensinar as tcnicas da argumentao numa coleo de dicas politicamente corretas para o aluno 53 seduzir o examinador. Com mais um pouco de especializao, o pensamento ser transformado numa frmula ou 54 numa variante do emplastro anti-hipocondraco, de Brs Cubas (o de Machado de Assis), destinado a aliviar a 55 nossa pobre humanidade da melancolia. 56

    o que tm feito os professores: um emplastro antipoliticamente incorreto, destinado a aliviar os 57 nossos pobres alunos da tentao de dizer o que eventualmente pensam. 58

    Isso, como todo mundo sabe, o contrrio da educao. 59 A partir de hoje, comeo a escarafunchar as teses de especialistas brasileiros em geografia humana e 60

    populaes em busca do Movimento Migratrio para o Brasil no sculo 21 nada menos. Segundo critrios 61 estritamente intelectuais, essa prova de redao deveria ser simplesmente impugnada. 62

    Sei que no conforto para os alunos que fizeram a prova, mas escrevo mesmo assim: se vocs no 63 tinham muito o que dizer a respeito, no fiquem preocupados vocs foram convidados a falar sobre uma 64 falcia, sobre o nada. 65

    J de antemo, o ttulo chama a ateno pela sua extenso e pelo contedo. O ou que

    introduz a segunda frase desencadeia uma ambiguidade. Por um lado, possvel interpret-lo

    disjuntivamente, entendendo que o autor prope dois possveis ttulos: 1) O tema estpido da

    redao do Enem, as mentiras do examinador e as duas exigncias absurdas feitas aos

    estudantes e 2) Intelectualmente falando, prova de redao deveria ser impugnada!. Por outro

    lado, tambm possvel interpret-lo conjuntivamente, entendendo que ele faz parte do ttulo

    como um todo. Nessa segunda interpretao, que nos parece mais pertinente, o ttulo j

    contm, em si, uma tese - o tema da redao do Enem estpido, uma argumentao as

    mentiras do examinador e as duas exigncias absurdas feitas aos estudantes e uma

    concluso a prova de redao deveria ser impugnada.

    O texto apresenta o seguinte plano geral:

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    TESE O tema da redao do ENEM estpido. 2 e 3 pargrafos

    ARGUMENTAO

    Consideraes sobre o examinador 5, 9 e 10 pargrafos

    As duas exigncias absurdas feitas aos estudantes:

    1) defender e sustentar com argumentos uma tese estpida;

    3 pargrafo

    2) formular uma proposta de interveno. 7, 8, 9 e 10 pargrafos

    Crtica s provas de redao do ENEM 11 pargrafo

    Crtica s aulas de redao e aos professores 12, 13 e 14 pargrafos

    CONCLUSO A prova de redao deveria ser impugnada. 15 pargrafo

    REFUTAO DA

    CONCLUSO

    A impugnao no conforto para os alunos que fizeram

    a prova.

    16 pargrafo

    Segundo Perelman:

    A argumentao tem como objeto o estudo das tcnicas discursivas cujo

    intuito ganhar ou reforar a adeso das mentes s teses que se lhes

    apresentam ao assentimento. Toda argumentao pressupe um orador,

    aquele que apresenta um discurso (o qual pode, alis, ser comunicado tanto

    por escrito como verbalmente), um auditrio, aqueles a que visa a

    argumentao (o qual pode identificar-se com o orador, na deliberao

    ntima) e uma finalidade, a adeso a uma tese ou o crescimento da

    intensidade da adeso, que deve criar uma disposio ao e, se for o caso,

    desencadear uma ao imediata. (1997, p. 324).

    Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005) definem auditrio como o conjunto daqueles

    que o orador quer influenciar com sua argumentao. (p. 22, grifos dos autores). Eles falam

    de trs espcies de auditrio: 1) auditrio universal: constitudo por toda a humanidade, 2)

    auditrio particular: constitudo unicamente pelo interlocutor a quem o orador se dirige e 3) o

    prprio sujeito que fala.

    No caso do texto em foco, o orador o prprio autor Reinaldo Azevedo, que

    apresenta seu discurso em seu blog. Tem-se um auditrio particular, constitudo pelos

    leitores do blog em geral, pelos produtores e avaliadores da prova do ENEM e, mais

    especificamente, pelos candidatos. Por fim, a finalidade predominantemente persuasiva,

    visto que se procura atingir a vontade, o sentimento do(s) interlocutor(es), por meio de

    argumentos plausveis ou verossmeis e tem carter ideolgico, subjetivo, temporal, dirigindo-

    se, pois, a um auditrio particular [...] (KOCH, 2004, p. 18). Busca-se a adeso do

    auditrio tese de impugnao da prova de redao.

    Na prxima seo, analisamos algumas estratgias argumentativas utilizadas pelo

    autor para defender seu ponto de vista de que a redao deveria ser impugnada. No

    pretendemos fazer uma anlise exaustiva, trataremos apenas daquelas estratgias que nos

    pareceram mais salientes.

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    2 Anlise de algumas estratgias argumentativas

    Na anlise que passamos a apresentar, sero contemplados os seguintes elementos,

    distribudos em subsees: 2.1 As provas retricas: ethos, pathos e logos, 2.2 A

    (im)pertinncia do tema e 2.3 O uso de descries definidas.

    2.1 As provas retricas: ethos, pathos e logos

    Helcira Lima, em sua Tese de Doutorado (LIMA, 2006), prefere tratar as provas

    retricas como dimenses. Diz a autora:

    A ideia das dimenses me abre a possibilidade de pensar na argumentao

    em uma perspectiva relacional, no sentido em que ela seria fruto de relaes

    estabelecidas entre as dimenses e os recursos usados em cada uma delas.

    Nesses termos, sustento a tese de que a argumentao constituda de trs

    dimenses que se interseccionam, embora possuam tambm vida

    independente. Essas dimenses estariam presentes em qualquer tipo de

    discurso, j que parto do pressuposto de que a argumentao inerente ao

    processo de discursivizao. (p. 117).

    O ethos retrico est na dimenso da construo das imagens (de si e do outro). A

    dimenso patmica relaciona-se mobilizao das emoes com fins persuasivos; emoes

    movidas por uma vise (LIMA, 2006, p. 117). Por fim, o logos est na dimenso

    demonstrativa e direciona-se para um uso da linguagem sob as bases de uma racionalidade

    mais calculada, embora essa racionalidade se faa presente tambm nas outras dimenses

    (LIMA, 2006, p. 118).

    A autora destaca que, apesar de se manifestarem de um modo ou de outro, na

    argumentao, elas podem predominar mais em uma ou outra forma de interao (LIMA,

    2006, p. 118).

    Segundo Amossy (2008, p. 125):

    No momento em que toma a palavra, o orador faz uma idia de seu auditrio

    e da maneira pela qual ser percebido; avalia o impacto sobre seu discurso

    atual e trabalha para confirmar sua imagem, para reelabor-la ou transform-

    la e produzir uma impresso conforme s exigncias de seu projeto

    argumentativo.

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    Na construo do texto em foco, o autor projeta seu ethos como intelectual. J no

    ttulo, deixa claro que est intelectualmente falando, o que reforado quando ele

    reapresenta a sua concluso no penltimo pargrafo (l. 60-62): Segundo critrios

    estritamente intelectuais, essa prova de redao deveria ser simplesmente impugnada.

    (grifos nossos).

    H outros dois recursos que reforam esse carter do orador que so: 1) a ideia que

    ele passa de conhecedor das cincias humanas, pelo que se deduz da linha 8: Sculo, em

    cincias humanas, no s uma referncia temporal. tambm um tempo histrico. e 2) a

    citao direta de Machado de Assis, nas linhas 54-56, demonstrando conhecimento tambm

    de literatura brasileira.

    Valendo-se do seu ethos favorvel, Azevedo (2012), inclusive, usa a si mesmo como

    autoridade para um argumento, estratgia que se v no final do 10 pargrafo, linhas 46-48:

    Eu, por exemplo, considero que seguir leis democraticamente institudas ou referendadas,

    segundo os fundamentos da dignidade humana (a integridade fsica e moral), uma expresso

    eloquente dos direitos humanos!.

    Segundo Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005, p. 348), o argumento de prestgio mais

    nitidamente caracterizado o argumento de autoridade, o qual utiliza atos ou juzos de uma

    pessoa ou de um grupo de pessoas como meio de prova a favor de uma tese.

    No caso do exemplo acima, o crtico traz a sua considerao como prova para

    defender que um aluno hipottico que venha a defender a repatriao de clandestinos no

    deva ser penalizado pelo examinador. A fora argumentativa desse recurso estaria no

    prprio carter do orador, sua legitimidade, credibilidade, enfim, sua imagem positiva diante

    do auditrio que ele visa persuadir (EMEDIATO, 2010, p. 175).

    Entretanto, trata-se de um argumento questionvel, uma vez que o prprio autor j

    afirmara, anteriormente, que esse aluno estaria apenas cobrando respeito lei, logo, no se

    cogita a possibilidade de desrespeito aos direitos humanos. Seria diferente se um candidato

    propusesse, por exemplo, racismo, tortura ou extermnio de estrangeiros.

    Ao contrrio da imagem positiva do autor, a imagem dos estudantes que fizeram a

    redao, e que constituem o auditrio particular mais especfico a quem o orador se dirige,

    construda negativamente. Analisando a seleo lexical, vemos que esses estudantes so

    referidos no texto com substantivos e/ou adjetivos como se segue: pobres estudantes (l. 5),

    estudante(s) (l. 14, 31, 34, 38 e 42), o(s) aluno(s) (l. 19, 26, 51, 53 e 63), alunos do

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    ensino mdio (l. 22), um aluno mais preparado e ousado, coitado! (l. 24), o pobre (l. 27),

    o bobinho (l. 43), os nossos pobres alunos (l. 57-58), vocs (l. 63 e 64). Percebemos

    que predominam as formas referenciais menos marcadas: estudante(s), aluno(s) e vocs, mas

    para qualificar o referente, foram usadas formas mais marcadas, os itens lexicais: pobre (com

    trs ocorrncias), coitado e bobinho (com uma ocorrncia cada).

    Assim, o texto parece apresentar uma imagem um tanto estereotipada do estudante que

    fez o ENEM. Seguindo uma definio de Amossy (2008, p. 125), a estereotipagem a

    operao que consiste em pensar o real por meio de uma representao cultural preexistente,

    um esquema coletivo cristalizado. Nesse sentido, parece que, na viso do autor, os alunos em

    geral seriam incapazes de desenvolver o tema proposto.

    necessrio salientar que, apesar de o autor projetar uma imagem super positiva de si,

    ele tambm apresenta estratgias de preservao de face (GOFFMAN, 1980), principalmente

    pelo uso do futuro do pretrito como modalizador da sua concluso, j expressa no ttulo:

    prova de redao deveria ser impugnada (grifos nossos).

    Apesar de defender com veemncia a sua concluso, a sua proposta, o colunista usa

    estratgias para atenuar o que diz. Segundo Ducrot (1977, p. 13), o autor diz certas coisas,

    mas quer poder fazer como se no as tivesse dito para poder recusar a responsabilidade de t-

    las dito. Esse recurso pode ser encontrado nas linhas 40-41: Ateno! Eu nem estou aqui a

    defender isso ou aquilo. Noto apenas que a imigrao ilegal divide opinies no mundo inteiro

    [...].

    A argumentao pelo pathos feita, principalmente, atravs das emoes de piedade e

    indignao. O autor manifesta piedade, sensibilidade em relao aos estudantes que fizeram a

    prova de redao do ENEM, caracterizados como pobres, sofredores. E manifesta sua

    indignao com o tema proposto atravs da escolha dos qualificadores: tema estpido

    (ttulo); exigncias absurdas (ttulo); a escolha do tema: burrice (l. 11), uma falcia (l.

    64-65), o nada (l. 65); a proposta de interveno: um absurdo, uma arrogncia

    inaceitvel (l. 41); a prova: macumbaria multiculturalista mal digerida (l. 49).

    Quanto a essa escolha, Perelman e Olbrechts-Tyteca afirmam que a organizao dos

    dados com vistas argumentao consiste no s na interpretao deles, no significado que se

    lhes concede, mas tambm na apresentao de certos aspectos desses dados, graas aos

    acordos subjacentes na linguagem que utilizada. (2005, p. 143).

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    Nesse sentido, o uso hiperblico dos qualificadores no sentido pejorativo visa a

    realar/reforar a argumentao que desqualifica o objeto em discusso.

    Azevedo, ao longo do texto, apresenta-se como intelectual e, como no poderia deixar

    de ser, recorre tambm argumentao pelo logos. Nesse caso, o recurso utilizado a

    demonstrao. Depois de defender o ponto de vista de que tratar as correntes de imigrao

    para o Brasil como caracterstica de sculo burrice, o autor apresenta o que seriam as suas

    provas lgicas: Provo: O PT o partido que mais elegeu presidentes no sculo XXI. O que

    lhes parece? Ou ainda: O PSDB o maior partido de oposio do sculo XXI no Brasil. Ou

    isto: O PMDB, no sculo 21, participa de todos os governos. (l. 11-13).

    Assim postas, e contando com a anuncia do leitor, essa argumentao parece

    inquestionvel, irrefutvel; o escritor deixa para o prprio leitor responder a sua pergunta

    retrica: O que lhes parece?.

    Segundo Emediato (2010, p. 166): A argumentao demonstrativa se apoia em fatos

    e em verdades j aceitas e que funcionam como provas para a validade de outras teses e de

    outras verdades. (grifos do autor). Vale salientar, porm, que, no exemplo acima, o orador

    trabalha no nvel do implcito, levando o interlocutor inferncia de que, se no se pode falar

    que O PT o partido que mais elegeu presidentes no sculo XXI, porque ainda estamos no

    incio do sculo XXI, tambm no se pode falar de movimento imigratrio para o Brasil no

    sculo XXI.

    2.2 A (im)pertinncia do tema

    Como visto anteriormente, o tema criticado pelo colunista, inclusive, com o

    argumento de que os estudantes no conseguiriam desenvolv-lo. No entanto, se

    considerarmos o contexto em que foi apresentado aos candidatos, ou seja, a proposta de

    redao como um todo (em Anexo), veremos que no to absurdo assim, a comear pelo

    contedo dos textos motivadores. O primeiro texto trata da imigrao no passado, sculos

    XIX e XX, mas j chama a ateno para o presente: h a necessidade de tratar sobre

    deslocamentos mais recentes. O segundo texto fala sobre a chegada de haitianos ao Brasil no

    final de 2011 (sculo XXI). J o ltimo texto apresenta dados de imigrantes bolivianos de

    acordo com o ltimo senso, dados atuais, portanto.

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    Um aluno letrado, com o devido letramento que se espera daquele que conclui o

    Ensino Mdio, compreende facilmente que o tema O movimento imigratrio para o Brasil no

    sculo XXI equivalente a O movimento imigratrio para o Brasil no presente, na

    atualidade, enfim. No h, na proposta da redao, nenhuma indicao de que sculo XXI

    deva ser entendido como sculo completo, acabado.

    A argumentao por comparao e contraste uma estratgia legtima e perfeitamente

    pertinente para abordar o tema em questo. Tambm o a argumentao pela linha do tempo:

    passadopresentefuturo. So essas as principais estratgias usadas pelo(a) autor(a) da

    redao que reproduzimos a seguir, escrita por um(a) candidato(a) do ENEM 2012, segundo

    reportagem de Priscilla Borges (Borges, 2012), publicada no portal iG, em 10 de novembro de

    2012. Esta redao um exemplo de que possvel, sim, escrever sobre o tema proposto.

    Imigrao: combater ou no?

    H fluxos migratrios, de pessoas, desde o paleoltico, no entanto, as suas causas foram alterando-se

    no decorrer dos tempos: na Antiguidade eram a seca ou a necessidade alimentar; na Idade Mdia, a religio e

    na Idade Moderna e Contempornea, o trabalho. Sendo as guerras um fator comum em todos os perodos

    supramencionados. O Brasil um dos pases que mais recebeu e ainda recebe imigrantes, das mais diversas

    nacionalidades, desde o sculo XVI.

    A imigrao para o Brasil muito peculiar. Durante a Colnia e o Imprio os imigrantes eram,

    principalmente, europeus ocidentais e africanos. Estes foram trazidos compulsoriamente e aqueles vieram por

    motivos variados. Hoje, os imigrantes so oriundos de pases pobres, em sua maioria, das Amricas e da frica,

    principalmente de Angola por ser um pas lusofnico, alm de Haiti, Bolvia e Paraguai, pela proximidade,

    acarretando, em partes, problemas econmicos.

    A vinda de estrangeiros, para o Brasil, deve ser controlada. A imigrao desenfreada s prejudicar a

    economia brasileira, no que tange ao desemprego, e aos prprios imigrantes em virtude da xenofobia. O pas

    necessita de profissionais qualificados, logo, a chegada destes ajudaria o Brasil a desenvolver-se.

    Infelizmente, conter a imigrao ilegal quase impossvel, vide os Estados Unidos, porm deveria

    haver um controle melhor das fronteiras, usando o exrcito para proibir a imigrao ilegal. Outro ponto seria a

    criao de um projeto similar ao canadense, para convidar os estrangeiros que queiram morar no Brasil, no

    entanto, os candidatos devero ter qualificao acadmica e profissional, anlogo ao programa do Canad.

    Alm do mais, a diminuio da burocracia para a deportao, seguindo as regulamentaes da ONU e da OEA.

    Com todas essas medidas perpetradas, sero assegurados os empregos dos brasileiros e o desenvolvimento

    nacional, contribudo pela qualificao dos estrangeiros.

    J na introduo, tem-se: H fluxos migratrios, de pessoas, desde o paleoltico, no

    entanto, as suas causas foram alterando-se no decorrer dos tempos [...] e, mais adiante, no

    segundo pargrafo: Hoje, os imigrantes so oriundos de pases pobres [...]. O(a)

    candidato(a) faz uma comparao das migraes ocorridas em diferentes momentos histricos

    para apontar as suas diferenas. Parte do passado para se chegar ao presente, ao sculo XXI.

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    2.3 O uso de descries definidas

    Neste trabalho, entendemos descries definidas como grupos nominais precedidos

    do artigo definido (DUCROT, 1977, p. 232). So descries que comportam de maneira

    quase constante indicaes existenciais (DUCROT, 1977, p. 234).

    Sero analisadas as seguintes descries definidas: as mentiras do examinador

    (ttulo), o examinador (l. 18, 35 e 54), a redao (l. 18) e a opinio (l. 42). Dentro do

    contexto lingustico em anlise, ou co-texto, no possvel encontrar nenhum referente

    explcito para essas expresses; no contexto situacional, considerando as condies de

    produo do discurso, essas entidades pressupem uma existncia (FREGE, 1978), mas que

    de difcil acesso, o que as torna, portanto, vagas e imprecisas para o leitor.

    J no ttulo, faz-se meno s mentiras do examinador, mas o leitor conclui a leitura

    do texto com interrogaes: Quais so essas mentiras? Onde elas esto?

    Essa entidade, o examinador, usada pelo autor de forma recorrente, entretanto, sem

    nome-lo, sem atribuir a ele um nome prprio. Isso parece sugerir que tal entidade j faz parte

    do conhecimento partilhado entre orador e auditrio. Sobre quem vai avaliar a redao, diz o

    Guia do participante do ENEM 2012 (BRASIL, 2012) ao candidato: O texto produzido por

    voc ser avaliado por, pelo menos, dois professores, de forma independente, sem que um

    conhea a nota atribuda pelo outro. (p. 7). L-se, mais adiante, que, em caso de discrepncia

    das notas, a redao ser avaliada, de forma independente, por um terceiro avaliador (p. 8).

    No 5 pargrafo do nosso texto de anlise, Azevedo diz que o examinador acabou

    fazendo a redao e das ruins, misturando alhos com bugalhos (l. 18-19, grifos nossos) e

    surgem novas indagaes: Que redao? Onde ela est? Na proposta de redao (em Anexo),

    encontram-se trs textos independentes, cujas fontes esto devidamente informadas. O

    comando da prova ordena ao candidato: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes

    e com base nos conhecimentos construdos ao longo de sua formao, redija um texto

    dissertativo-argumentativo [...]. Ou seja, os textos servem de motivao para que o candidato

    construa seu prprio texto com autoria. A cpia desses textos, inclusive, penalizada, como

    informa o ltimo item das instrues da proposta.

    O 10 pargrafo do texto do colunista da Veja deixa implcito que o examinador

    teria estabelecido a opinio correta (l. 42) que o estudante deveria ter a respeito da

    imigrao ilegal. E, ento, surgem mais dvidas: Que opinio seria essa? Como localiz-la? A

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    proposta de redao pede que o candidato apresente proposta de interveno, que respeite os

    direitos humanos e a cabem mltiplas opinies, no apenas essa correta como sugere o

    colunista. A redao aqui reproduzida, por exemplo, apresenta proposta de interveno com

    medidas que respeitam os direitos, inclusive a diminuio da burocracia para a deportao

    (ltimo pargrafo).

    Como estratgia argumentativa, o autor faz uso retrico da pressuposio, que

    consiste em apresentar como j sendo do conhecimento pblico ou como fazendo parte do

    saber partilhado entre locutor e o(s) alocutrio(s) justamente aquilo que se deseja veicular

    (fazer passar) [...] (KOCH, 2004, p. 143).

    No entanto, como o leitor pode ter dificuldade para acessar os referentes exatos das

    descries definidas usadas, isso pode comprometer a sua adeso tese defendida no texto.

    3 Consideraes finais

    Como vimos, o texto aqui analisado integra argumentos das trs dimenses: ethos,

    pathos e logos, mas com um peso maior da dimenso patmica, que se manifesta,

    principalmente, numa argumentao mais fundada nas emoes de piedade e indignao.

    O orador constri uma imagem de si como um intelectual, como algum que tem um

    ethos positivo para tratar do assunto em questo. Ao que parece, na construo da

    argumentao, as emoes de indignao quanto ao tema da redao e de piedade por aqueles

    que sofrem com a redao do ENEM atuam conjuntamente com a imagem positiva que o

    autor constri de si. Por outro lado, o uso de descries definidas com referentes imprecisos

    pode comprometer a tentativa de persuaso empreitada pelo autor. Usando as palavras de

    Koch, dizemos que:

    A rejeio dos pressupostos resvala a afronta pessoal: no se debate mais o

    dito, mas o prprio direito de dizer, ou seja, o direito do locutor de escolher e

    organizar a experincia posta em discurso, a funo da fala do interlocutor

    torna-se metalingstica, ou melhor, polmica. (2004, p. 57).

    A concluso da argumentao do texto que, a princpio, soa como impactante:

    impugnar a redao, que vem atrelada a uma estratgia significativa de preservao da

    face, o uso do modalizador futuro do pretrito deveria ser impugnada.

  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    Ao mesmo tempo em que se tem uma concluso provocativa que defende que a

    redao seja impugnada, tem-se uma refutao dessa concluso: no conforto para os

    alunos que fizeram a prova (l. 63). Desse modo, conclumos que o autor pretende sensibilizar

    os leitores em geral contra o tema da redao e, principalmente, provocar os alunos que

    fizeram a prova para tambm defenderem a impugnao dela. Ele conclui o seu texto

    afirmando que os alunos foram convidados a falar sobre uma falcia, sobre o nada (l. 64-

    65).

    Referncias

    AMOSSY, R. (Org.). Imagens de si no discurso: a construo do ethos. Traduo de Dilson

    Ferreira da Cruz, Fabiana Komesu e Srio Possenti. So Paulo: Contexto, 2008.

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    duas exigncias absurdas feitas aos estudantes. Disponvel em:

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    Ansio Teixeira (Inep). Diretoria de Avaliao da Educao Bsica (DAEB). A redao no

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    BORGES, P. Professores analisam quatro redaes de candidatos do Enem. Disponvel em:

    Acesso em: 18 nov. 2012.

    DUCROT, O. Princpios de semntica lingstica: dizer e no dizer. Traduo de Carlos

    Vogt, Rodolfo Ilari e Rosa Atti Figueira. So Paulo: Cultrix, 1977.

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  • Dilogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.

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    Traduo de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvo. 2. ed. So Paulo: Martins Fontes,

    2005.

    Data de recebimento: 23 de abril de 2013.

    Data de aceite: 12 de julho de 2013.

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    ANEXO