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7 de medicamentos a base de substâncias sujeita a controle especial. Como este documento fica retido nas farmácias, a receita comum será o comprovante do paciente como do- cumento de aquisição e porte do medicamento sujeito ao controle especial (Andrade & Groppo, 2006). O objetivo deste trabalho é procurar responder algumas das mais frequentes dúvidas dos cirurgiões-dentistas, em relação às normas de receituário e de notificação de receita. 1. Quais medicamentos o cirurgião-dentista pode prescrever? Qualquer um, desde que para uso odontológico. 2. Quais são os tipos de receitas? As receitas são de dois tipos: a Receita comum, em- pregada na prescrição das especialidades farmacêuticas ou quando se deseja selecionar fármacos ou outras substânci- as, quantidades e formas farmacêuticas para manipulação em farmácias. O segundo tipo é a Receita de Controle Espe- cial, criada para substituir a antiga Receita Carbonada. É uti- lizada na prescrição de medicamentos a base de substânci- as sujeitas a controle especial, de acordo com a Portaria 344/ 98, de 12 de maio de 1998, da Secretaria de Vigilância Sani- NORMAS PARA A PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS EM ODONTOLOGIA Guidelines of prescription drugs in dentistry Myrella Lessio Castro 1 , Luciana Salles Branco-de-Almeida 1 , Gilson Cesar Nobre Franco 2 , Pedro Luiz Rosalen 3 , Eduardo Dias de Andrade 3 , Karina Cogo 2 1 Aluna de Doutorado em Odo ntologia - área de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica, da Faculdade de Odo ntologia de Piracicaba/UNICAMP 2 Professor de Pós-Graduação em Odo ntologia, Departamento de Biologia Odo ntológica / Unitau 3 Professor Titular da área de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica, da Faculdade de Odo ntologia de Piracicaba/UNICAMP Recebimento: 20/07/09 - Correção: 14/08/09 - Aceite: 31/08/09 INTRODUÇÃO Toda e qualquer indicação do uso de medicamentos a um paciente deve ser feita na forma de receita em talonário próprio de receituário. A principal justificativa para esta práti- ca é de que a receita orienta a dosagem e a posologia ade- quada da medicação, garantindo ao paciente os benefícios de sua administração. Além disso, a receita limita a automedicação, que poderá induzir ao hábito ou vício, per- mite ao prescritor incluir precauções ou orientações adicionais, servindo ainda como instrumento legal nos casos do uso indevido de medicamentos, pelo pa- ciente (Andrade & Groppo, 2006). Por sua vez, a notificação de receita é o documento que, acompanhado da receita comum, autoriza a dispensação R. Periodontia - Setembro 2009 - Volume 19 - Número 03

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  • 7VOL. 19 - N 03 - SETEMBRO 2009

    de medicamentos a base de substncias sujeita a controle

    especial. Como este documento fica retido nas farmcias, a

    receita comum ser o comprovante do paciente como do-

    cumento de aquisio e porte do medicamento sujeito ao

    controle especial (Andrade & Groppo, 2006).

    O objetivo deste trabalho procurar responder algumas

    das mais frequentes dvidas dos cirurgies-dentistas, em

    relao s normas de receiturio e de notificao de receita.

    1. Quais medicamentos o cirurgio-dentista pode

    prescrever?

    Qualquer um, desde que para uso odontolgico.

    2. Quais so os tipos de receitas?

    As receitas so de dois tipos: a Receita comum, em-

    pregada na prescrio das especialidades farmacuticas ou

    quando se deseja selecionar frmacos ou outras substnci-

    as, quantidades e formas farmacuticas para manipulao

    em farmcias. O segundo tipo a Receita de Controle Espe-

    cial, criada para substituir a antiga Receita Carbonada. uti-

    lizada na prescrio de medicamentos a base de substnci-

    as sujeitas a controle especial, de acordo com a Portaria 344/

    98, de 12 de maio de 1998, da Secretaria de Vigilncia Sani-

    NORMAS PARA A PRESCRIO DE MEDICAMENTOS EMODONTOLOGIAGuidelines of prescription drugs in dentistry

    Myrella Lessio Castro1, Luciana Salles Branco-de-Almeida1, Gilson Cesar Nobre Franco2, Pedro Luiz Rosalen3, Eduardo Diasde Andrade3, Karina Cogo2

    1 Aluna de Doutorado em Odontologia - rea de Farmacologia, Anestesiologia e Teraputica, daFaculdade de Odontologia de Piracicaba/UNICAMP

    2 Professor de Ps-Graduao em Odontologia, Departamento de Biologia Odontolgica / Unitau

    3 Professor Titular da rea de Farmacologia, Anestesiologia e Teraputica, da Faculdade de

    Odontologia de Piracicaba/UNICAMP

    Recebimento: 20/07/09 - Correo: 14/08/09 - Aceite: 31/08/09

    INTRODUO

    Toda e qualquer indicao do uso de medicamentos a

    um paciente deve ser feita na forma de receita em talonrio

    prprio de receiturio. A principal justificativa para esta prti-

    ca de que a receita orienta a dosagem e a posologia ade-

    quada da medicao, garantindo ao paciente os benefcios

    de sua administrao. Alm disso, a receita limita a

    automedicao, que poder induzir ao hbito ou vcio, per-

    mite ao prescritor incluir precaues ou

    orientaes adicionais, servindo ainda como instrumento

    legal nos casos do uso indevido de medicamentos, pelo pa-

    ciente (Andrade & Groppo, 2006).

    Por sua vez, a notificao de receita o documento que,

    acompanhado da receita comum, autoriza a dispensao

    R. Periodontia - Setembro 2009 - Volume 19 - Nmero 03

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    tria, rgo subordinado ao Ministrio da Sade.

    Para ter acesso ao texto completo desta Portaria (e

    posteriores atualizaes), acessar o site http://

    www.anvisa.gov.br/legis/portarias.

    3. O que deve conter a receita comum?A receita comum, a mais rotineiramente empregada

    pelo cirurgio-dentista, deve ser feita em talonrio prprio,

    escrita de prprio punho ou informatizada, contendo os se-

    guintes dados:

    1. Identificao do profissional: nome, endereo, CEP e

    nmero de inscrio no Conselho Regional de Odontologia;

    2. Nome e endereo do paciente;

    3. Forma de uso do medicamento - O medicamento

    de uso interno quando for deglutido, como o caso dos

    comprimidos, cpsulas, drgeas, solues gotas, suspen-

    ses, xaropes, etc. Todas as demais formas farmacuticas

    so de uso externo (comprimidos sublinguais, colutrios,

    pomadas, cremes, supositrios e solues injetveis).

    4. Nome do medicamento, que pode ser o da droga de

    referncia ou o nome genrico da substncia ativa; a con-

    centrao (quando esta no for padro) e a quantidade (ex.:

    2 caixas, 1 frasco, 2 ampolas, ou ainda 10 comprimidos, 12

    cpsulas, etc., quando o medicamento puder ser fracionado).

    5. Posologia, com informaes de como empregar a

    medicao, especificando as doses, intervalos entre as mes-

    mas e tempo de durao do tratamento. A receita ainda

    poder conter observaes ou precaues com relao ao

    uso da medicao, como, por exemplo, no ingerir bebidas

    alcolicas durante o tratamento, no ingerir com leite, no

    deglutir a soluo, etc.

    6. Data e assinatura do profissional, de prprio punho,

    ou carimbo contendo o nmero de inscrio do CRO, caso o

    cabealho da receita no traga a identificao do prescritor.

    Figura 1. Exemplos de receita comum

    Figura 2- Modelo de receita de controle especial segundo as normas da Portaria n 344/98 daANVISA.

    Nome Genrico Classe teraputica Indicao em odontologia

    Amitriptilina Antidepressivo Controle da dor crnica da ATM

    Buspirona Ansioltico Sedao em adultos

    Codena Analgsico de ao central Controle da dor

    Hidrato de cloral - xarope Hipntico-sedativo Sedao em crianas

    Levomepromazina Neurolptico Sedao em crianas

    Tramadol Analgsico de ao central Controle da dor

    Tabela 1

    LISTA DOS FRMACOS SUJEITOS A RECEITA DE CONTROLE ESPECIAL, COM A INDICAO PARA USO EM ODONTOLOGIA (ADAPTADO DE ANDRADE, 2006)

  • R. Periodontia - 19(3):7-10

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    Figura 3- Modelo de Notificao de Receita tipo B, de acordo com a Portaria n 344/98 daANVISA.

    A figura 1 exemplifica o preenchimento de uma receita

    comum.

    4. Quais medicamentos devem ser prescritos por

    meio da Receita de Controle Especial?

    O receiturio de controle especial deve ser de preferen-

    cialmente na cor branca, devendo conter todos os itens j

    descritos para o preenchimento da receita comum. Entre-

    tanto, por tratar-se de substncias de uso controlado, a re-

    ceita deve ser retida pelo farmacutico, devendo portanto

    ser emitida pelo CD em duas vias (1 via: farmcia ou droga-

    ria e 2 via: paciente). Na primeira via, o farmacutico ir

    informar os dados da farmcia e escrever as dados do com-

    prador no verso da receita retida.

    Esta receita tem validade de 30 dias, a partir da data de

    sua emisso, e a quantidade mxima que pode ser prescrita

    para 60 dias de tratamento, o que praticamente no se

    aplica odontologia. Cada receita poder conter no mxi-

    mo trs medicamentos diferentes. A Tabela 1 traz os princi-

    pais frmacos de eventual uso odontolgico, sujeitos re-

    ceita de controle especial.

    O modelo da receita de controle especial, segundo as

    normas da Portaria n 344/98, pode ser obtido no site da

    ANVISA, para posterior impresso (Figura 2).

    5. Quais drogas de uso odontolgico esto sujei-

    tas notificao de receita?

    Nome genrico Droga de referncia

    Alprazolam FRONTAL

    Bromazepam LEXOTAN

    Cloxazolam OLCADIL

    Diazepam VALIUM

    Lorazepam LORAX

    Midazolam DORMONID

    Tabela 2

    DROGAS DE USO ODONTOLGICO, CONTIDAS NA LISTA B1 DA PORTARIA 344/98 E

    SUJEITAS A NOTIFICAO DE RECEITA DO TIPO B

    O cirurgio-dentista poder receitar drogas contidas na

    lista B1 da Portaria 344/98 (psicotrpicos), desde que para

    uso odontolgico, devendo a receita comum ir acompanha-

    da da Notificao de Receita do Tipo B, de cor azul, com

    validade de 30 dias. Na prtica odontolgica, esta conduta

    se aplica quase que exclusivamente prescrio

    de ansiolticos do grupo dos benzodiazepnicos, cujos

    principais representantes esto relacionados na Tabela 2.

    A figura 3 ilustra o preenchimento de uma receita do Tipo B.

    6. Como obter a notificao de receita do tipo B?

    A Notificao de Receita do tipo B um documento

    personalizado e intransfervel. Portanto, o cirurgio-dentista

    dever comparecer ao Escritrio da Vigilncia Sanitria (VISA)

    do Municpio onde trabalha, munido dos seguintes docu-

    mentos:

    1. Carteira do Conselho de Classe;

    2. Comprovante de pagamento da anuidade do Con-

    selho de Classe;

    3. RG e CPF;

    4. Comprovante de endereo comercial e residencial;

    5. Alvar de sade atualizado (no caso de pessoa jur-

    dica);

    6. O profissional munido com a autorizao da impres-

    so pela Vigilncia Sanitria dever providenciar a requisio

    da impresso do talonrio de notificao de receita tipo B

    em uma grfica autorizada, seguindo o modelo presente na

    Portaria n. 344/98.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1. Armonia PL; Tortamano N., Como Prescrever em Odontologia: Marcas

    e Genricos, 6 Ed. So Paulo: Santos Editora; 2004.p.11-26.

    2. Andrade ED, Groppo FC. Normas de receiturio. In: Andrade ED.

    Teraputica Medicamentosa em Odontologia, 2 Ed. So Paulo: Artes

    Medicas; 2006. P.109-115.

    3. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) Portaria n 344 de

    12 de maio de 1998. Disponvel em: http://www.anvisa.gov.br/legis/

    portarias/344_98.htm.

    4. Conselho Federal de Farmcia (CFF) Resoluo n 357 de 2001.

    Disponvel em: http://www.crfsp.org.br - menu resolues CFF.

    5. Conselho Federal de Odontologia (CFO)- Lei 5.081 de 1966. Regula o

    exerccio da Odontologia. Dirio Oficial, Braslia Disponvel em http://

    www.cfo.org.br/legislao.

    6. Conselho Federal de Odontologia. Resoluo 179 de 19/12/1991.

    Cdigo de tica Odontolgica: Dirio Oficial, Braslia Disponvel em

    http://www.cfo.org.br/legislao.

    Endereo para correspondncia:

    Karina Cogo

    Rua Expedicionrio Ernesto Pereira, 110 Centro

    CEP: 12020-330 Taubat SP

    Fone/Fax: 55-12-3625-4149 / 3632-4968

    E-mail: [email protected]