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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.20, n.1, p.83-101, 2018 83 ISSN: 1517-8595
ARTIGO TÉCNICO
MÉTODOS DE DESLINTAMENTO APROPRIADOS PARA SEMENTES DE
ALGODÃO ORGÂNICAS E CONVENCIONAIS
Vicente de Paula Queiroga1, Anna Sylvia Ramos de Rangel Moreira Cavalcanti2
RESUMO
Neste trabalho o objetivo foi apresentar os diferentes processos de deslintamento de sementes de
algodão, os quais permitem a eliminação parcial ou total do línter, com a intenção de produzir e
distribuir sementes de alta qualidade para os cotonicultores. Alguns métodos de deslintamento
são específicos para sementes orgânicas de algodão com eliminação parcial do seu línter, mais
recentemente foi lançado um novo deslintador mecânico nos Estados Unidos capaz de eliminar o
línter das sementes. Mesmo com a eliminação total do línter obtida por meio do método químico
de deslintamento, as sementes convencionais (não orgânicas) são submetidas aos processos de
neutralização e secagem. Depois do deslintamento e a classificação nas máquinas de pré-limpeza
e de mesa de gravidade, as sementes tratadas são embaladas em sacos de papel e armazenadas,
aguardando a próxima semeadura.
Palavras-chaves: deslintamento, algodão, sementes sem línter, processos mecânico e químico.
APPROPRIATE DELINTING METHODS FOR ORGANIC AND CONVENTIONAL
COTTON SEEDS
ABSTRACT
In this work, the objective was to present the different processes of cottonseed delinting, which
allow the partial or total elimination of the linter, with the intention of producing and distributing
high quality seeds for cotton growers. Some delinting methods are specific to organic cotton seed
with partial elimination of its linter, more recently a new mechanical delinting machine has been
launched in the United States capable of eliminating the linter from seeds. Even with the total
elimination of the linter obtained by the chemical delinting method, conventional (non-organic)
seeds are subjected to the neutralization and drying processes. After delinting and classification
in the pre-cleaning and gravity table machines, the treated seeds are packed in paper bags and
stored, waiting for the next sowing.
Keywords: delinting, cotton, seeds without linter, mechanical and chemical processes.
Protocolo: 19-2017 -123 de 10 de janeiro de 2018 1 Pesquisador da Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, no 1143, CEP 58.428-095 Campina Grande, PB. Email:
[email protected]. 2 Professora Doutora Profa. Dra. em Engenharia de Materiais, Faculdade Rebouças, Campina Grande, E-mail:
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INTRODUÇÃO
Para a agricultura empresarial, praticada
em grandes extensões de terras e dependente
completamente da mecanização, detectou-se um
ponto de estrangulamento no processo de
semeadura das sementes com línter, justamente
no que tangia à distribuição de sementes nas
plantadeiras empregadas nas propriedades.
Frente a esta limitação, a única alternativa viável
encontrada para solucionar o problema das
plantadeiras tem sido o deslintamento químico
das sementes de algodão (Queiroga et al., 2011).
Portanto, um desses obstáculos no cultivo
do algodão é sua semente revestida de uma fibra
curta, tecnicamente denominada de línter, a qual
impede o seu fluxo no sistema de distribuição
das plantadeiras pneumáticas utilizadas
atualmente, o que inviabilizaria o plantio em
grandes áreas, feito de forma mecanizada.
Assim, o deslintamento é considerado uma etapa
essencial para remoção desta fibra, expondo a
face lisa das sementes, o que contribui no
processo de classificação por tamanho e no
tratamento químico (SILVA et al., 2001).
Atualmente, para a comercialização das
sementes de algodão a remoção do línter é uma
prática obrigatória e que seu plantio seja feito
apenas com sementes sem línter em todo
território nacional, por força da Portaria de nº
607, emitida pelo MAPA em 14 de dezembro de
2001 (Brasil, 2005). Contrariando tal portaria, os
métodos de deslintamento mais utilizados no
Brasil para sementes orgânicas apenas eliminam
parcialmente o línter, o que impedem sua
comercialização, mesmo assim elas são usadas
apenas em área própria do deslintador-produtor.
Ainda em fase de validação, um novo
deslintador foi desenvolvido no USA, o qual
permite a eliminação total do línter da semente
de algodão por processo mecânico abrasivo,
ficando o material no final similar as sementes
deslintadas quimicamente.
Por outro lado, o deslintamento mecânico
reduz consideravelmente o línter das sementes,
mas não o elimina totalmente (MacDonald et al.,
1947). Enquanto no deslintamento químico,
realizado após o mecânico, o línter é
desintegrado por ácidos (Gelmond, 1979). Há,
basicamente, três sistemas de deslintamento com
ácido: via úmida concentrada (H2SO4), via
úmida diluída (H2SO4) e via gasosa (HCl). Vale
frisar que os três processos proporcionam
sementes totalmente livres de línter. Mesmo
assim, nos processos químicos podem ocorrer
problemas na qualidade das sementes
decorrentes do tempo e da temperatura de reação
e da presença de sementes danificadas
mecanicamente (Gabriel et al., 2015).
É importante evidenciar que o
processamento de sementes de algodão envolve
etapas diferenciadas como a colheita
mecanizada, descaroçamento, deslintamento
mecânico em conjunto com o químico, secagem
de sementes sem línter, pré-limpeza,
classificação em mesa de gravidade, tratamento
de sementes, envasamento e armazenamento no
galpão dos lotes de sementes, os quais podem
causar danos mecânicos e efeitos imediatos e
latentes na sua qualidade (Silva et al, 2006).
De uma maneira geral, o roteiro seguido das
sementes do campo até a usina consiste na
colheita mecanizada, transporte, armazenamento
temporário na usina em forma de fardões ou
módulos, secagem opcional do algodão em rama
e beneficiamento em descaroçadores de serra,
além do processo de deslintamento das sementes
com línter que é realizado de imediato ao seu
descaroçamento ou na época bem próxima a sua
semeadura (antes de 1 mês). Nesta perspectiva,
o presente trabalho teve por objetivo apresentar
alguns métodos de deslintamento adequados
para sementes de algodão orgânicas e
convencionais.
Deslintamento para sementes orgânicas
Antes do processo de deslintamento, os técnicos da
Deltapine Monsanto recomendam submeter uma
pequena amostra de sementes com línter ao teste de
acidez, utilizando os seguintes procedimentos de
laboratório:
1) Na pequena prensa hidráulica se extrai 1 mL
de óleo da amostra de sementes (Figura 1).
Como o equipamento de extração não tem
filtro, o importante é que a umidade da
semente não seja superior a 12%, pois do
contrário fica difícil obter o óleo;
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2) O óleo obtido se mescla com 2,8 mL de
solução de fenoltaleina a 1% e logo se faz a
titulação com hidróxido de sódio;
3) A quantidade de gotas de hidróxido de sódio
utilizado indica o grau de acidez da amostra,
sendo o limite definido de 1% para deslintar.
Figura 1. Prensa hidráulica de sementes com línter,
acionada por uma bomba de ar comprimido, para
extração de óleo. Foto: Riselane de Lucena
Alcântara Bruno.
Deslintador com escovas e rolos (deslintamento
total):
O deslintador mecânico de semente
orgânica é formado por um tambor posicionado
horizontalmente, sendo que a sua parede interna
é revestida alternadamente por dois conjuntos de
escovas, sendo 42 de escovas de nylon e 42 de
arame (Figura 2). Esse tambor gira na velocidade
de 300 rpm, quando acionado por um motor
elétrico, e funciona como uma lixa quando está
em operação. Também no interior do tambor,
encontram-se 2 rolos rotativos, movimentando-
se no sentido oposto ao tambor, os quais estão
posicionados junto as escovas e têm por função
pressionar a passagem das sementes com línter
entre rolos e escovas (Figura 3).
Figura 2. Escovas de nylon e de arame
posicionadas alternadamente na parede interna
do tambor do equipamento deslintador
mecânico. Foto: Greg Holt, Tom Wedegaertner,
John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).
Figura 3. Detalhe do pequeno equipamento deslintador mecânico de sementes de algodão herbáceo,
que funciona com duas escovas. Fotos: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew
Pelletier (2016).
Uma vez em funcionamento o
equipamento, as sementes são introduzidas
numa extremidade do tambor em movimento e
sai na outra exterminada já totalmente desnudas
devido ao efeito abrasivo gerado pelas escovas
de nylon e de arame. Um equipamento de
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sucção ou exaustor (Figura 4), através de um
tubo de conexão, extrair todo material do
tambor e no seu interior, as sementes, já
separadas do línter, são recolhidas numa boca
de saída e em outra boca, o línter. O pequeno
deslintador experimental tem a capacidade de
deslintar a quantidade de 30 kg de sementes
com línter por 10 minutos (ou 180 kg por hora;
Figuras 5). A empresa fabricante dos USA (BC
Supply) ainda está pretendendo desenvolver um
protótipo de maior capacidade de
processamento com 5 rolos rotativos (Figura 6).
Figura 4. Equipamento de sucção que retira
todo material do tambor e separa no seu interior
as sementes do línter. Foto: Greg Holt, Tom
Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew
Pelletier (2016).
Figura 5. A;B). Sementes com línter e sementes totalmente deslintadas pelo deslintador mecânico com
escovas e rolos; C). Resultado das sementes deslintadas pelas escovas alternadas: 42 de Nylon e 42 de
arame. Fotos: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).
Figura 6. Rolos rotativos (5) instalados próximo a parede interna do tambor do grande equipamento
deslintador mecânico (protótipo). Foto: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew
Pelletier (2016).
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Flambagem (deslintamento parcial)
No caso particular do município de São
Francisco de Assis do Piauí, as sementes de
algodão orgânico, quando descaroçadas, podem
ser deslintadas pelo método de flambagem, que
é considerado um equipamento simples
destinado para as comunidades familiares
(Figura 7). Nesse processo, a massa de sementes
com línter é despejada numa coluna de chamas,
que queima a maior parte do línter, mas também
não deixa a semente totalmente nua (Queiroga et
al., 1993).
A
B
C
Figura 7. A) Sementes de algodão herbáceo com muito línter; B) Processo de flambagem utilizado para
a eliminação parcial do línter das sementes de algodão; e C) Sementes flambadas com pouco línter.
Deslintador mecânico (deslintamento parcial)
No plantio do algodão orgânico, as
sementes devem ser deslintadas mecanicamente,
o que corresponde a um processo de
deslintamento parcial por não eliminar
totalmente o línter (Figura 8). Mesmo assim
existe matraca apropriada ou plantadeira
mecânica de tração animal apropriada para
sementes de algodão com pouco línter (Figura
9).
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A
B
C
Figura 8. A) Sementes de algodão herbáceo com muito línter; B) Deslintador mêcanico utilizado para
a eliminação parcial do línter das sementes; e C) Sementes deslintadas mecanicamente com pouco línter.
Fotos: Vicente de Paula Queiroga
Figura 9. Matraca apropriada e plantadeira mecânica adaptada de tração animal para a semeadura de
sementes de algodão com pouco línter. Fotos: Odilon Reny Ribeiro Silva.
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Deslintamento para sementes convencionais
(não orgânica)
Deslintamento mecânico em conjunto com o
químico
De acordo com MacDonald et al, (1947),
há uma possível vantagem do deslintamento
químico quando o mesmo é realizado em
conjunto com o deslintamento mecânico. Esses
autores afirmam que o deslintamento mecânico
reduz consideravelmente o línter, mas quando é
complementado pelo processo químico (ácido
sulfúrico) estará eliminando totalmente o línter
da superfície da semente (Figura 10). A ação
conjunta de ambos processos é mais eficiente por
reduzir o tempo de reação e por representar uma
economia na quantidade de ácido sulfúrico. Por
meio de roscas-sem-fim e elevador de caçambas,
as sementes são transportadas para alimentar o
deslintador mecânico (Figura 11).
Figura 10. Em alguns casos, o deslintamento de sementes apenas com ácido sulfúrico pode não ser
eficiente na eliminação do línter (A); enquanto o deslintamento mecânico de sementes e complementado
com o químico elimina totalmente o línter (B). Fotos: Vicente de Paula Queiroga
Figura 11. A- Roscas-sem-fim e B- elevador de caçambas ou canecas para transporte de sementes com línter;
C- Deslintadores mecânicos de serras para cortar e eliminar parcialmente o línter. Fotos: Édio Brunetta e
Vicente de Paula Queiroga
Deslintamento químico (Diluído)
Existem vários processos de deslintamento
utilizados no mundo, porém os mais comuns estão
os químicos via úmida, que empregam ácido
sulfúrico concentrado ou diluído. A tecnologia de
deslintamento químico via-úmida e diluída é
utilizada pela usina de deslintamento de sementes
Itaquerê (Udesil) em Primavera do Leste-MT. É
importante frisar que a Udesil emprega a mais
moderna tecnologia disponível na atualidade, a qual
foi importada dos Estados Unidos em 1999 e se
baseia na aspersão de uma mistura da ordem de 6 a
8% de ácido sulfúrico acrescido de água e
detergente (com função de quebrar a tensão
superficial das células que compõe a fibra) sobre o
montante de sementes com línter, que em
associação com o movimento rotativo das
máquinas deslintadoras e o calor acrescido ao
sistema, transformam a celulose da fibra em um pó
fino como talco, que após a neutralização pode ser
utilizado como fertilizante. Todo o processo é
controlado por um sistema automatizado e
monitorado nas diversas etapas do processo
(Brunetta et al., 2011).
O processo consiste inicialmente em
promover a diluição, com água, do ácido
sulfúrico concentrado (98,2%) para em torno de
A B
A B C
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10%. Em seguida, procede-se a mistura da
solução com as sementes com línter em um
dispositivo de mistura. As sementes são então
conduzidas para um reator, constituído de
tambor rotativo com passagem forçada de ar
quente (Mota, 2009; Figura 12). O ar quente
promove a evaporação da água utilizada na
diluição do ácido, ao mesmo tempo em que
provoca a concentração do ácido aos níveis
iniciais. Quando isso ocorre, verifica-se a
hidrólise ácida da celulose e o consequente
desprendimento do línter do tegumento da
semente (Mota, 2009). Por exaustão, o línter é
retirado do reator, conduzido a um ciclone para
posterior recolhimento em silos ou big bags.
Esse línter contém parte do ácido sulfúrico
utilizado na reação e, por isso, para sua
disposição adequada no solo, como resíduo,
deve ser total ou parcialmente neutralizado com
CaCO3 ou NaOH (Mota, 2009).
Figura 12. A). As sementes com ácido diluído são submetidas a temperatura inicial do ar de entrada no reator
de 120ºC e a de saída de 48ºC (processo perdura por 75 minutos) e B). Através das perfurações do tambor, o
línter hidrolisado é arrasado pelo ar do exaustor, passa pelo ciclone e é recolhido por rosca sem-fim. Fotos:
Emilia Gonçalves da Mota, 2009.
As sementes são descarregadas do reator,
neutralizadas com carbonato de cálcio (CaCO3)
ou hidróxido de sódio (NaOH), beneficiadas e
empacotadas (Mota, 2009). As amostras de línter
hidrolisado e línter neutralizado provenientes do
deslintamento químico diluído e o línter
mecânico do proveniente do deslintamento
mecânico, encontram-se na Figura 13.
Figura 13. Resíduo gerado após deslintamento (A); línter hidrolisado (a), línter neutralizado (b) e
línter mecânico (c). Fotos: Emilia Gonçalves da Mota, 2009.
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Para que esse método possa ser utilizado sem
causar problemas ambientais é necessário que se
faça adequado tratamento do afluente gerado no
deslintamento antes de sua disposição no meio
ambiente. Para cada tonelada de sementes
deslintada, gera-se cerca de 1.300 litros de resíduo
líquido, composto, aproximadamente, de 1.000
litros de água, 100 litros de celulose parcialmente
hidrolisada e 186 litros de ácido sulfúrico (Mota,
2009).
Deslintamento químico (Concentrado)
A Embrapa conheceu o sistema de
deslintamento químico concentrado empregado
pela Usina da Payco S./A., instalada na propriedade
Golondrina, estado de Caazapá, Paraguai. Esse
sistema se baseia na aspersão de ácido sulfúrico
comercial ou concentrado (98% de pureza com
densidade de 1,84 kg por litro) e aplica-se sobre
as sementes com línter na proporção de 1 litro para
6 a 8 quilos de sementes durante 3 a 5 minutos
(Gurjão Filho et al, 2010; Brunetta et al., 2011;
Gabriel et al, 2015). Ao mesmo tempo, as sementes
são movimentadas por várias palhetas presas a um
tubo ou eixo central, ambos feitos de ácido
inoxidável, dentro de uma calha feita de fibra de
vidro. A rotação do tubo pode variar de 15 a 25 rpm
dependendo do tempo estabelecido de deslinte
(entre 3 a 5 minutos), do dimensionamento das
engrenagens motora e do comprimento de cada
calha (até 5 metros) percorrida pelas sementes em
movimentação constante, devido à ação das
palhetas ao longo do tubo ou eixo central. Essas
palhetas são presas por porcas quadradas em
diferentes posições do eixo e são mais eficientes
que a rosca-sem-fim, pois como as mesmas são
projetadas para passar a poucos centímetros da
parede da calha, de modo que na sua parte inferior
as sementes não são acumuladas e movimentadas
lentamente como sucede quando se usa a rosca-
sem-fim (Figura 14). No final da calha superior
com ácido, as sementes são descarregadas por
gravidade em pequenas camadas para outra calha
inferior de lavagem.
Figura 14. A-Palhetas presas ao eixo central por porcas quadradas e ajustadas para passar a poucos
centímetros da superfície da calha de fibra de vidro. B- Local da descarga de sementes da calha superior com
ácido (H2SO4) ou base (NaOH) para a calha inferior de lavagem. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
O mecanismo operacional do deslintamento
de sementes de algodão com línter com ácido
sulfúrico concentrado, via úmida, passa por 4
calhas feitas de fibra de vidro e é composto,
fundamentalmente, de um chassi para suporte
dos seguintes dispositivos: alimentador do tipo
elevador de canecas, para o transporte da
semente de algodão com línter; moega
reguladora da quantidade de semente a ser
introduzida na primeira calha de deslintamento
(Figuras 15 e 16). Na primeira calha, as sementes
com línter são submetidas à aspersão do ácido por
dois bicos de pulverização existentes no túnel de
proteção. Ou seja, o tanque de ácido sulfúrico com
bomba alimentadora, instalado na parte externa do
galpão, permite sua circulação no cano por pressão,
o qual se bifurca em dois nas proximidades do túnel
de proteção, dando origem aos bicos reguladores de
vazão de ácido sulfúrico (Figura 17). Uma vez
submetidas a tal tratamento, as sementes, por
agitação das palhetas, são conduzidas ao outro
extremo da calha de 5 metros de comprimento.
A B
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Figura 15. Esquema geral (planta baixa) de funcionamento do processo de deslintamento de sementes de
algodão com línter: Primeira calha com pulverização de ácido sulfúrico concentrado sobre as semente com
línter e sua agitação com palhetas; Segunda calha com lavagem com água das sementes sem línter e sua
agitação com palhetas para reduzir o efeito do ácido; Terceira calha com pulverização de NaOH (solução de
5%) sobre as sementes sem línter e sua agitação com palhetas para neutralizar os resíduos do ácido; e Quarta
calha com lavagem com água das sementes sem línter e sua agitação com palhetas para eliminar os resíduos
da base. Em seguida, as sementes deslintadas e úmidas são transportadas por várias chapas plásticas presas a
corrente dentro das calhas inclinadas para os secadores. Foto: Vicente de Paula Queiroga e Sergio Cobel.
Figura 16. A- Moega de alimentação de sementes com línter; B- Elevadores de caçamba; C- Túnel de
pulverização de ácido sulfúrico na primeira calha; D- Painel de automação do sistema de deslintamento; E-
as paredes do galpão são formadas, em parte, por blocos vazados para arejar o ambiente, evitando assim seu
aquecimento pelos secadores e a intoxicação humana pela inalação do ácido. Fotos: Vicente de Paula Queiroga
e América Gonzalez Sanabria
Figura 17. Extremidade da primeira calha um túnel de proteção com dois bicos de pulverização para introduzir
o ácido sulfúrico por dois canos (cor alaranjada) com pressão da bomba centrífuga de 0,25 a 0,5 Watts de
potência. Fotos: Vicente de Paula Queiroga e América Gonzalez Sanabria.
A B
C
D
E
A B
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Por meio de um furo no fundo da calha, as
sementes já deslintadas são descarregadas na
segunda calha (5 metros de comprimento) com seu
fundo perfurado (ou tela) com crivos de 2,5 mm de
diâmetro para escoamento da água. Além disso, a
mesma é dotada de palhetas para movimentação
das sementes e de vários bicos de água pressurizada
provenientes dos tubos de PVC, cuja lavagem irá
reduzir o efeito corrosível do ácido sobre as
sementes sem línter (Figura 18). Do mesmo modo
anterior, as sementes são descarregadas para a
terceira calha (5 metros), a qual possui um pequeno
túnel de aspersão de uma solução de hidróxido de
sódio (5% de NaOH), também conhecido de solda
caustica, para o processo de neutralização por
agitação das palhetas. Na quarta calha (5 metros),
as sementes em movimentação, por ação das
palhetas, são lavadas com água pressurizada para
eliminar os resíduos de NaOH e completar o
processo de neutralização das sementes deslintadas.
Figura 18. A- Calha de fibra de vidro com palhetas para agitação de sementes com H2SO4 ou NaOH e B, C-
calha de lavagem de água pressurizada com agitação de palhetas para eliminar os resíduos de ácido ou base.
Fotos: Vicente de Paula Queiroga e América Gonzalez Sanabria.
Os secadores contínuos de fluxo cruzado
caracterizam-se pela passagem do ar
perpendicularmente a uma camada de sementes,
os quais se movem entre chapas perfuradas.
Possui um ventilador para a insuflação do ar
aquecido sobre a massa de sementes. Os
secadores de fluxo cruzado são mais populares
pela simplicidade de construção e baixo custo
(Stevens; Thompson, 1976). Enquanto o secador
de túnel opera pelo sistema contínuo e possui o
agente de secagem com fluxo de ar
contracorrente a passagem das sementes (Park et
al, 2007; Figura 19).
Figura 19. Secadores de túnel da Empresa Payco de sementes. As flechas pretas representam o material
que está sendo seco (3 – entrada e 4 – saída), enquanto as flechas brancas representam o agente de
secagem (1 – entrada e 2 – saída). Fotos: Vicente de Paula Queiroga, América Gonzalez Sanabria e Kil Jin
Park et al. (2007).
A B C
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O ácido sulfúrico, empregado no
deslintamento é um agente oxidante que degrada
com facilidade tecidos vegetais, principalmente
celulose e hemicelulose. Assim, é necessário que
os resíduos do ácido sulfúrico sejam
neutralizados para não representarem maiores
problemas no armazenamento de sementes e ao
meio ambiente. Desta forma a neutralização
pode ser feita com bases fracas tais como os
hidróxidos de sódio, potássio, cálcio e magnésio
que se apresentam como estabilizadores de
estresses (Sallum et al., 2010; Machado Neto et
al., 2006).
O tratamento do resíduo proveniente do
processo de deslintamento químico de sementes
de algodão com cal virgem dolomítica (CaO e
MgO), com granulometria entre 200 e 325 Mesh
(0,075 a 0,045 mm), que possibilita uma fácil
neutralização de sua acidez, minimizando assim
os impactos de sua disposição no meio ambiente,
possibilitando o reuso como adubação de
culturas e contribuindo para a manutenção da
integridade física dos trabalhadores que estão
diretamente envolvidos no processo (Silva et al.,
2008).
Ao final do deslinte químico, as sementes
com mais umidade são depositadas numa moega.
Em seguida, as mesmas são transportadas em
pequenas porções pelos dois elevadores inclinados
(chapas pequenas de plástico duro em forma de
meia lua; Figura 20) para alimentar os dois
secadores de túnel que operam à temperatura de
41ºC e recebem o calor produzido pelo ventilador
com ar aquecido na câmara de secagem devido à
queima de diesel. Em cada secador, existe um
termostato para controlar a temperatura do ar na
câmara de secagem das sementes que circula dentro
do túnel.
Figura 20. A- Dois elevadores inclinados usados para alimentar os secadores com sementes úmidas e B-
detalhe dos elevadores com várias chapas em formato de meia lua presas as correntes para transportar
pequenas porções de sementes úmidas. Fotos: Vicente de Paula Queiroga e América Gonzalez Sanabria.
É importante destacar que as calhas do
processo de deslinte químico quando são
posicionadas horizontalmente (Figura 13)
oferecem maior seguridade ao operador que
controla o painel de funcionamento nas diversas
etapas do processo. Outra segurança oferecida
pela empresa Payco é que os depósitos com
ácido sulfúricos e com a solução de hidróxido de
sódio são instalados na parte externa do galpão.
Ao contrário do modelo das calhas em cascata,
esses depósitos químicos são instalados na parte
superior do próprio equipamento de
deslintamento (Figura 21). Esse protótipo
ajustado para o deslintamento com tempo de
exposição das sementes ao ácido por 3 minutos
apresenta rendimento de 750 kg de sementes
com línter por hora e consumo de 2 e 2,6 l/min
de ácido sulfúrico e solução neutralizante,
respectivamente. O consumo de água de pré-
lavagem e lavagem das sementes são de 141 e
146l/min, respectivamente (Gurjão Filho et al.,
2010).
A B
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Figura 21. A- Os tanques dos produtos químicos e compressor de ar da empresa Payco estão na parte externa
do galpão da unidade de deslintamento, enquanto o B- protótipo de deslintamento em cascata os depósitos
com os produtos químicos estão no próprio equipamento, oferecendo assim maior risco de acidente ao
operador (10- Calhas transportadoras das roscas; 11- Roscas transportadores das sementes; 12. Reservatório
para o neutralizante; 13- Correntes para acionamento das engrenagens e 14- Motor que aciona o alimentador
de sementes a serem distribuídas nas calhas). Fotos: Vicente de Paula Queiroga e Odilon Reny Ribeiro Ferreira
da Silva.
O pH desse resíduo não neutralizado é de 0,5
o que inviabiliza o seu descarte, pois de acordo com
o parágrafo 4º do art.34 da Resolução de nº.357 do
CONAMA (Brasil, 2005), os efluentes, para serem
lançados direta ou indiretamente em corpos de
água, devem ter pH compreendido na faixa entre 5
e 9 (SILVA et al., 2008). Portanto, o resíduo do
deslintamento, pó com textura próxima à de um
talco, é neutralizado com cal apagada (Ca (OH)2)
pela Udesil e utilizado como fertilizante na
produção de mudas. De certa forma, a unidade
deslintadora Udesil, em Primavera do Leste-MT, é
considerada uma empresa ambientalmente correta,
possuidora inclusive das licenças dos órgãos
ambientais regulamentadores da atividade, nos
mais diferentes aspectos - Ministério da
Agricultura, Corpo de Bombeiros, Polícia Federal,
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia (Crea), Instituto de Defesa
Agropecuária (Indea), Secretaria do Meio
Ambiente (Sema), entre outros. A atividade da
empresa deslintadora é sazonal e seu período de
produção é compreendido entre junho e dezembro
de cada ano (Brunetta et al., 2011).
Pré-Limpeza
Após as etapas de deslintamento e de
secagem, as sementes neutralizadas são
classificadas por tamanho por meio de um conjunto
de peneiras com furos de tamanho diferentes
(Figura 22). Essa máquina de pré-limpeza de
sementes sem línter de algodão está projetada
para remover eficientemente os materiais
estranhos contidos dentro do lote. A eficiência
dessa máquina para produzir sementes
deslintadas mais limpas ou padronizadas,
dependerá do desempenho da etapa de
deslintamento químico realizado sobre as
sementes para eliminar totalmente o seu línter.
Suas peneiras de pré-limpeza possuem bandejas
de 60 polegadas de largura e tem uma
capacidade nominal de 75-100 tons por dia.
A B
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.20, n.1, p.83-101, 2018
Figura 22. Esquema de funcionamento da máquina de ar e peneiras: A- Moega; B- Ventilador aspirador;
C- Primeira peneira; D- Segunda peneira; E- Terceira peneira; F- Ventilador de impulsão; G- Depósito
de impurezas leves; H- Saída de sementes limpas; e I) Saída de impurezas grossas. Sementes de algodão
classificadas em cinco tamanhos diferentes através da máquina de ar e peneiras, após o deslintamento e
sementes com línter antes do deslintamento. Fotos: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva e Patrícia
Brunetta.
Em geral, todos os lotes de sementes devem
passar inicialmente pela máquina de ar e peneiras,
pois muitos lotes podem ser completamente limpos
por meio desse equipamento (Vaughn et al., 1976).
Além disso, a pré-limpeza e/ou classificação prévia
das sementes em diferentes tamanhos na máquina
de ar e peneiras, favorecem uma separação mais
precisa na mesa de gravidade.
Seleção de sementes em mesa de gravidade
O emprego do deslintamento das
sementes com ácido sulfúrico é de fundamental
importância econômica porque, ao eliminar
completamente o línter, as sementes são
submetidas ao processo de seleção em mesa de
gravidade. Consequentemente, esse processo
poderá influir consideravelmente na obtenção de
sementes de elevado valor cultural, reduzindo os
custos de produção, por dispensarem as práticas
do desbaste e do replantio e assegura uma
melhor regulagem das máquinas (Gregg, 1969;
Queiroga, 1985).
As pesquisas têm evidenciado que a
inclusão da mesa gravitacional na linha de
beneficiamento é vantajosa para o
aprimoramento da qualidade das sementes de
algodão (Figura 23). A evolução da qualidade do
material pode ser avaliada quando se toma por
base o início do deslintamento químico das
sementes com línter até a etapa final da mesa de
gravidade. Ao estudar essas perdas em toda linha
de beneficiamento, estima-se uma perda de 20 a
25% de massa de sementes. Ou seja, essa perda
quantitativa de sementes é possível exemplificar
da seguinte forma: para cada 100 kg de sementes
com línter irá resultar em 75 a 80 kg de sementes
deslintadas de alta qualidade no final do
processo de classificação em mesa de gravidade
Figura 23. A operação na mesa de gravidade seleciona e melhora a qualidade das sementes deslintadas
de algodão.
Os equipamentos que separam pela
densidade, como a mesa de gravidade, têm sido
amplamente usados na indústria de sementes já
que melhoram a qualidade ao retirar do lote
sementes danificadas, chocas, perfuradas por
pragas, partidas ou trincadas, doentes, ou outros
materiais indesejáveis que são geralmente leves
do que as sementes boas. Isso permite a
comercialização de uma porção do lote de
sementes que de outra forma seria descartada
como sementes por não preencher os requisitos
mínimos de qualidade dos padrões
recomendados pelo MAPA.
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.20, n.1, p.83-101, 2018
Tratamento de sementes
Depois da etapa de seleção em mesa de
gravidade, essas sementes voltam para o
armazém para aguardar a retirada pelo produtor,
ou podem ainda ser direcionadas a um dos
centros de tratamento de sementes, dando assim
ao agricultor a opção de levar a sua semente
tratada e pronta para plantio.
Portanto, na manutenção da qualidade das
sementes e na prevenção e controle de doenças e
pragas no campo, o controle químico é essencial.
Neste contexto o tratamento das sementes com
fungicidas e inseticidas tem sido uma prática
indispensável (Tabela 1), sendo que
praticamente 100% das sementes utilizadas
pelos agricultores são tratadas com a mistura
desses produtos, bem antes do plantio.
Tabela 1. Alguns produtos químicos usados no tratamento de sementes de algodão.
Nome Técnico Produto Comercial Dose para 100 kg de sementes
Ingrediente ativo Produto
comercial
Captan Captan 750 TS 120g 160g
Thiran Rhodiaurum 50 SC 280 mL 560 mL
Difenoconazole Spectro 5 ml 33,4 ml
Tolylfluanid Euparen 50 WS 75 g 150 g
Pencycuron Monceren 50 PM 150 g 300 g
Quintozene (PCNB) Kobuto/Brassicol 300 g 400 g
Carboxin-Thiran Vitavax-Thiran 200
SC
100 + 100 mL 500 mL
Benomyl Benlate 500 100 g 200 g
Thiadimenol Baytan FS 30 mL 200 mL
Carbendazin Derosal 500 SC 40 mL 80 mL
Fonte: Goulart (1998).
O tratamento de sementes com fungicidas
e inseticidas tem sido adotado rotineiramente
pelos produtores de sementes, uma vez que, as
sementes tratadas apresentam melhor
conservação (Figura 22). Além do controle
exercido sobre os microrganismos transmitidos
pelas sementes, os produtos químicos têm, com
bastante frequência, ação residual que protege as
sementes e as plântulas contra a invasão de
microrganismo do solo e do armazenamento,
principalmente quando as condições externas
não são favoráveis à germinação, ao crescimento
e a conservação (Toledo; Marcos Filho, 1977).
Figura 22. Tratador de sementes. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Envasamento e armazenamento de sementes
Após o deslintamento e a classificação, as
sementes tratadas são embaladas em sacaria de
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papel e armazenadas, aguardando a próxima
semeadura. O Serviço de Produção de Sementes
Básicas da Embrapa Algodão, em Campina
Grande-PB, recomenda o armazenamento das
sementes de algodão por no máximo oito meses,
nas condições ambientais e com teor de umidade
abaixo dos 10%. São utilizados sacos de papel
multifoliados, com capacidade para 15 kg ou
22,5 kg de sementes deslintadas e neutralizadas
quimicamente (Figura 24). Geralmente, essas
embalagens consistem de duas ou mais camadas
de papel kraft, protegidas por uma capa externa
de papel mais resistente. Entre as paredes
multifoliadas, podem-se colocar capas especiais
de asfalto, polietileno ou alumínio delgado, para
maior proteção contra efeitos da umidade. O
saco de embalagem cumpre a função não apenas
de facilitar o manuseio e o transporte, mas,
também, de manter a qualidade das mesmas
(Piva, 2013). No caso da empresa Payco por não
realizar o processo de neutralização (NaOH), as
sementes deslintadas de algodão são
acondicionadas em embalagens big bags (Figura
25), porque, em pouco tempo, vão aparecer os
furos nos sacos de papel multifoliados.
Figura 24. A- Sementes com linter, sementes deslintadas quimicamente e sementes deslintadas +
tratadas; B- Embalagem multifoliada de sementes deslintadas de algodão adotada pela Embrapa
Produtos e Mercado; e C- Empilhamento de sacos de sementes de algodão sobre estrado de madeira no
armazém. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Figura 25. Embalagens big bags com sementes deslintadas de algodão (não neutralizadas) usadas pela
empresa Payco. Fotos: Vicente de Paula Queiroga e América Gonzalez Sanabria
Em cada sacaria, a rotulação deve conter todas as informações capazes de identificar o produto e o
produtor de sementes, como sementes certificadas, nome e endereço do produtor de sementes, número
de registro do produtor junto ao MAPA, CNPJ da Empresa de Sementes, espécie, cultivar, lote, peneira,
safra, pureza e germinação mínima, prazo de validade do teste de germinação, peso líquido, etc
(Queiroga; Beltrão, 2001; Figura 26).
A B C
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Figura 26. Identificação da embalagem multifoliada de sementes para comercialização e máquinas
ensacadoras de sementes com balança. Fotos: Emilia Gonçalves da Mota, Eleusio Curvelo Freire e
Vicente de Paula Queiroga.
Com relação ao armazenamento de
sementes, limpar todas as instalações antes de
usá-las, para evitar misturas acidentais. Além
disso, é necessário identificar todos os lotes de
sementes armazenados no galpão. Não
recomenda empilhar lotes de sementes de uma
espécie ou variedade em cima de lotes de outra
espécie ou variedades. É necessário manter
espaços e corredores adequados para circulação
de pessoal e amostragem, bem como divisões
que permitam imediata identificação entre os
diferentes lotes de sementes numa mesma fileira.
Periodicamente, os lotes devem ser
inspecionados, a fim de verificar anormalidades
como: umidades, insetos, etc. O tamanho de cada
lote de sementes não pode ultrapassar a
quantidade de 20 toneladas.
Outro fator importante segundo Villela e
Menezes (2009), é tempo de armazenamento
onde a deterioração das sementes não pode ser
impedida, todavia, a velocidade do processo de
deterioração pode ser minimizada por meio de
procedimentos adequados de produção, colheita,
secagem, beneficiamento, transporte e
armazenamento.
Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), no
armazenamento, a velocidade do processo
deteriorativo pode ser controlada em função da
longevidade, qualidade inicial das sementes e
das condições do ambiente. Entre as várias
etapas pelas quais as sementes passam após a
colheita, o armazenamento assume papel
importante, principalmente no Brasil, devido às
condições climáticas tropicais e subtropicais. É
nessa fase que os produtores necessitam ter
grande cuidado, visando à preservação da
qualidade, diminuindo a velocidade do processo
deteriorativo e o problema de descarte de lotes
(Macedo et al., 1998).
Para Villela e Menezes (2009), o potencial
de armazenamento de diferentes lotes de
sementes de uma espécie, sob condições
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ambientais similares, é determinado pela
qualidade fisiológica inicial. O teste de
germinação, pelo fato de não avaliar
completamente a qualidade de um lote e por
oferecer ótimas condições às sementes,
possibilita a formação de plântulas normais a
partir de sementes em diferentes estádios de
deterioração.
CONCLUSÇÃO
Foram descritos os diferentes processos de
deslintamento de sementes de algodão que
permitem a eliminação parcial ou total do línter,
com a finalidade de produzir sementes de alta
qualidade. Alguns métodos de deslintamento são
específicos para sementes orgânicas de algodão
com eliminação parcial do seu línter.
Recentemente foi lançado no mercado mundial
um novo deslintador mecânico que é capaz de
eliminar totalmente o línter das sementes.
Mesmo com a eliminação total do línter
conseguida através do método químico de
deslintamento, as sementes convencionais (não
orgânicas) são submetidas aos processos de
neutralização e secagem. Depois do
deslintamento e a classificação das sementes de
algodão nas máquinas de pré-limpeza e de mesa
de gravidade, elas são tratadas e embaladas em
sacaria de papel e armazenadas, aguardando a
próxima semeadura.
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