artigo suzane neuroeducação

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* Sócia-fundadora do Núcleo de Desenvolvi Systems e Pedagogia da Sobredotação, pelo Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Norte do Paraná (UNOPAR); Membro da So eurociências, Resumo: O presente art sobre o cérebro e a aprendiz Educação. Comenta o novo compreensão e do entendime cérebro aprende. Mostra a co Ciências Biológicas e Cogni Ciências da Educação, qu euroaprendizagem, euroed europsicopedagogia. Nos ú além de centenas de dissertaç Paradigma da Neuroeducação. Palavras-Chave: Neurociênc Aprendizagem baseada no Cér imento Cognitivo – COGNARE. Neuroeducadora; Especialista em Men Instituto da Inteligência/Academia de Superdotados - Brasil; Pedagoga e Pós-Graduada em Didáctica e Metodologia do Ensino Superior pe ociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento. euroaprendizagem e euroeducaç Suzane A tigo discorre sobre resultados de pesquisas neuro zagem humana e seu impacto, notadamente n Paradigma Científico Educacional surgido a ento dos fenómenos anatómicos e fisiológicos d oesão sinérgica interdisciplinar e transdisciplina itivas, Ciências da Comunicação e da Inform ue culminou com o surgimento das ne ducação e suas subáreas: europedagogia, eur últimos cinco anos, encontros académicos e c ções e artigos são produzidos, dando força e r . Eis aqui, mais um contributo. cia; Neuroeducação; Neuroaprendizagem; Neu rebro; Neuroética. ntal Performance a, Graduada pela ela Universidade 1 ção. A. Morais * ocientíficas na área da a partir da de como o ar entre as mação e as eociências: rodidática, científicos, respaldo ao urodidática;

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Page 1: Artigo suzane neuroeducação

* Sócia-fundadora do Núcleo de Desenvolvimento Cognitivo Systems e Pedagogia da Sobredotação, pelo Instituto da Inteligência/Academia de Superdotados Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e PósNorte do Paraná (UNOPAR); Membro da Sociedade Brasileira de

�eurociências, �euroaprendizagem e �euroeducação

Resumo: O presente artigo discorre sobre resultados de pesquisas neurocientíficas

sobre o cérebro e a aprendizagem humana e seu impacto, notadamente

Educação. Comenta o novo Paradigma Científico

compreensão e do entendimento dos fenómenos anatómicos e fisiológicos de como o

cérebro aprende. Mostra a coesão sinérgica

Ciências Biológicas e Cognitivas, Ciências da Comunicação e da Informação e as

Ciências da Educação, que culminou com o surgimento das

�euroaprendizagem, �euroeducação

�europsicopedagogia. Nos últi

além de centenas de dissertações e artigos são produzidos, dando força e respaldo ao

Paradigma da Neuroeducação.

Palavras-Chave: Neurociência; Neuroeducação; Neuroaprendiza

Aprendizagem baseada no Cérebro

fundadora do Núcleo de Desenvolvimento Cognitivo – COGNARE. Neuroeducadora; Especialista em Mental Performance dotação, pelo Instituto da Inteligência/Academia de Superdotados - Brasil; Pedagoga, G

Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Pós-Graduada em Didáctica e Metodologia do Ensino Superior pela UniMembro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento.

�eurociências, �euroaprendizagem e �euroeducação

Suzane A. Morais

O presente artigo discorre sobre resultados de pesquisas neurocientíficas

sobre o cérebro e a aprendizagem humana e seu impacto, notadamente n

novo Paradigma Científico Educacional surgido a partir da

compreensão e do entendimento dos fenómenos anatómicos e fisiológicos de como o

cérebro aprende. Mostra a coesão sinérgica interdisciplinar e transdisciplinar

Cognitivas, Ciências da Comunicação e da Informação e as

Ciências da Educação, que culminou com o surgimento das neociências:

�euroaprendizagem, �euroeducação e suas subáreas: �europedagogia, �eurodidática,

. Nos últimos cinco anos, encontros académicos e científicos,

centenas de dissertações e artigos são produzidos, dando força e respaldo ao

da Neuroeducação. Eis aqui, mais um contributo.

Neurociência; Neuroeducação; Neuroaprendizagem; Neurodidática;

Cérebro; Neuroética.

m Mental Performance Pedagoga, Graduada pela

Graduada em Didáctica e Metodologia do Ensino Superior pela Universidade

1

�eurociências, �euroaprendizagem e �euroeducação.

Suzane A. Morais*

O presente artigo discorre sobre resultados de pesquisas neurocientíficas

na área da

a partir da

compreensão e do entendimento dos fenómenos anatómicos e fisiológicos de como o

transdisciplinar entre as

Cognitivas, Ciências da Comunicação e da Informação e as

neociências:

�europedagogia, �eurodidática,

mos cinco anos, encontros académicos e científicos,

centenas de dissertações e artigos são produzidos, dando força e respaldo ao

Neurodidática;

Page 2: Artigo suzane neuroeducação

2

Abstract: This article discusses the results of neuroscientific research on the brain and

human learning and its impact, especially in the area of Education. Comments the new

Educational Paradigm Scientific arisen from the comprehension and understanding of

anatomical and physiological phenomena of how the brain learns. Shows the synergistic

between cohesion interdisciplinary and transdisciplinary and Cognitive Sciences,

Communication Sciences and Information and Educational Sciences, which culminated

with the emergence of new sciences: Neurolearning and Neuroeducation

(Neuropedagogy, Neurodidatics, Neuropsyicopedagogy). Over the past five years,

academic and scientific meetings, and hundreds of essays and articles are produced,

giving strength and support to the Paradigm of Neuroeducation. Here's another

contribution.

Keywords: Neuroscience; Neuroeducation; Neurolearning; Neurodidatics; Brain-

based Learning; Neuroetics.

Page 3: Artigo suzane neuroeducação

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CO�SIDERAÇÕES I�ICIAIS

A expressão “Brain-based Learning” ou Aprendizagem Baseada no Cérebro

provém das pesquisas neurocientíficas acerca do cérebro, da anatomia e fisiologia

do sistema nervoso, dos modos e formas de aprendizagem cerebral. Suas descobertas

e resultados - sobre como o cérebro aprende – são aplicadas em muitos campos de

estudo.

Ao contrário do que muitos pensam, a aprendizagem baseada no cérebro não é

uma área ou pesquisa “feita para a educação” ou “da educação”. Também não se

refere a um “método de aprendizagem para Instituições de Ensino”, mas antes um

complexo território de estudos envolvendo pessoas e seus distintos cérebros, com

suas personalíssimas assinaturas cerebrais, constituições psíquicas, emocionais,

anatómicas e fisiológicas. Tem nuances e desdobramentos que vão do individual ao

social, do biológico ao psíquico, do comportamental ao ambiental, independentes de

género, raça, cor, credo, idade, profissão ou âmbito isolado das ciências.

O CO�TEXTO SOCIAL

Técnicas baseadas na aprendizagem cerebral são, portanto, vastamente

exploradas e utilizadas - a exemplo - em treinos preparatórios da Marinha, Exército e

Aeronáutica; no campo dos Desportos; na Medicina; na Administração e Marketing;

na Economia; na Informática; nas Artes Dramatúrgicas, na Sociologia; na Teologia;

no Direito; na Arquitectura; na Informática; na Psicologia e também na área de

Educação.

Como se vê, desvendar o cérebro e seus mecanismos de aprendizagem é um

desafio que não tem inquietado apenas os pesquisadores das neurociências. As

descobertas nessa área tem trazido grandes oportunidades de desfrute e portanto trata-se

de um “bem humano”, visto referir-se ao cérebro e suas funções, contudo; não são

desfrutes sem protecção ou decoro.

Os Princípios Normativos ou Deontológicos que dizem respeito à aplicação

desses conhecimentos, bem como o impacto que as descobertas neurocientíficas trazem

para a sociedade, são ajuizados e regidos pela NEUROÉTICA 1 e pelo

1Ramo da Bioética. Estuda os sistemas de valores do conhecimento neurocientífico, situado entre a ética, a neurociência e as

neurotecnologias e os limites morais que devem obedecer as pesquisas nessas áreas.

Page 4: Artigo suzane neuroeducação

4

NEURODIREITO2, novas áreas surgidas para darem cobertura às questões morais e

éticas e aos limites no uso desses conhecimentos, a fim de que estes representem de

facto um bem, e não uma ameaça à humanidade.

�EUROTEC�OLOGIAS DE IMAGE�S E SEU ALCA�ÇE

A pesquisa da aprendizagem cerebral é feita através de diversas tecnologias que

detectam as estruturas do cérebro, suas funções e o sistema nervoso, através de imagens.

São chamadas Tecnologias de �euroimageamento. Essas tecnologias permitem a

exemplo, a condição de 08 processos aqui destacados:

1- Mostrar precisamente em que áreas do cérebro decorrem os fenómenos;

2- Aferir a influência das emoções nos estados alterados de consciência;

3- Analisar e medir em tempo real, a mudança de padrões nas ondas cerebrais do

indivíduo, no instante em que tem acesso a conteúdos de diversas naturezas

(motivadores, desmotivadores, violentos, românticos ou cómicos);

4- Observar o estabelecimento das redes neurais no instante em que a

aprendizagem se processa;

5- Verificar como os estímulos neuroquímicos chegam ao cérebro em diferentes

estágios de desenvolvimento e condições fisiológicas;

6- Constatar como as memórias se consolidam, como são acessadas e

armazenadas;

7- Examinar e comprovar os fenómenos da neurogénese3, da sinaptogenése

4 e da

plasticidade cerebral5, bem como sua importância na recomposição de lesões e nos

processos de aprendizagem ao longo da vida;

8- Estabelecer relações entre o cérebro, o sistema nervoso, a cognição e o

comportamento, além das patologias que afectam a aprendizagem.

OS COADJUVA�TES DAS PESQUISAS LABORATORIAS

Todos esses processos são feitos em laboratório com animais subumanos e com

pessoas de todas as faixas etárias: bebés, crianças, jovens, adultos e idosos. Durante o

2 Ramo do Direito que busca legitimar sua autoridade na avaliação e julgamento de casos em que haja rompimento dos preceitos neuroéticos, em instâncias físicas e jurídicas, valendo-se antes, como foro pacificador de conflitos e ao mesmo tempo contribuinte das neurociências como catalisador da harmonia social. 3

Neurogénese: Capacidades adaptativas do SNC – sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria e funcionamento. 4 Sinaptogénese: Propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos. 5 Plasticidade cerebral ou neuronal é o nome dado a essa capacidade que os neurónios têm de formar novas conexões a cada

momento.

Page 5: Artigo suzane neuroeducação

5

experimento, é solicitado a cada indivíduo que façam várias acções como falar, cantar,

movimentar-se, ler, concentrar-se, focar atenção, evocar lembranças próximas,

passadas, desenhar, rir, chorar, ouvir músicas, ver imagens que provoquem variadas

emoções como indignação, raiva, alegria, afecto, entre outras. Na medida em que as

acções vão se processando, os pesquisadores monitoram o cérebro através dos

aparelhos de neuroimageamento, extraindo assim, resultados para as suas investigações

e hipóteses.

AS PRI�CIPAIS DESCOBERTAS �EUROCIE�TÍFICAS

Várias foram as descobertas a partir dessas investigações. Dentre as mais

significativas estão: A Neurogénese, a Somatogénese e a Plasticidade Cerebral.

Elas revelaram, por exemplo, que actividades mentais específicas e bem

direccionadas melhoram a saúde do cérebro, estimulam a agilidade mental, desaceleram

o declínio mental ou envelhecimento cerebral e promovem a produção de novos

neurónios.

Os exercícios mentais ajudam o cérebro a produzir novos neurónios

(neurogénese) e a manter-se mais activo. Trabalhar zonas cerebrais pouco utilizadas

amplia o desempenho e reforça os atributos mentais, aumentando assim a plasticidade

do cérebro.

As emoções também exercem preponderante peso na aprendizagem. Situações

onde predomina a ansiedade, a depressão, o mau humor e o stress, impactam

directamente nas capacidades cognitivas.

O sono regular, a nutrição celular e o ritmo circadiano determinam o

desempenho qualitativo de aprendizagem do neuroaprendiz.

As respostas cognitivas são potencializadas pelo desafio e inibidas pela ameaça,

assim; abordagens que envolvam abuso de autoridade, imposições, avaliações tensas,

comprometem a execução fluida do pensamento lógico, embotam o juízo crítico e

tendem a afectar a interacção do neuroaprendiz com o meio.

O cérebro é um processador simultâneo do todo e das partes. Há diferentes tipos

de memórias e estas são registadas em áreas distintas, no cérebro.

A �EUROCIÊ�CIA �A EDUCAÇÃO

Atentos, cientistas da educação passaram a compor equipas multidisciplinares

de pesquisas neurocientíficas, dando sua contribuição para o entendimento da

Page 6: Artigo suzane neuroeducação

6

aprendizagem baseada no cérebro. Os assuntos ligados à cognição, nomeadamente

quanto às altas funções executivas como linguagem, escrita, memória, atenção,

percepção, órgãos dos sentidos e a aprendizagem em si, são exemplos de temáticas

investigadas entre os profissionais dessas equipas.

Versam ainda neste cenário, o papel das emoções, dos circuitos de recompensa,

dos mecanismos de luta ou fuga, do medo e do estresse, não ficando à parte as questões

psicomotoras e suas conexões com o sistema nervoso.

A partir daí, demarcou-se as áreas que compunham o vasto campo das

investigações neurofisiológicas e neuroanatómicas, definindo o puzzle de interesses da

então surgida NEUROAPRENDIZAGEM6, a saber:

Os hemisférios cerebrais, O córtex frontal (pensamento, raciocínio, juízo crítico,

percepção, atenção), o hipocampo (aprendizagem e memória): o sistema límbico

(emoções, e memória) e o mesencéfalo (visão, audição, movimentos oculares e o

sistema motor).

O SURGIME�TO DE UM �OVO PARADIGMA CIE�TÍFICO PARA A

EDUCAÇÃO

Ao longo das décadas muito conhecimento foi produzido, mas ficaram adstritos

aos especialistas e suas áreas. Tais conhecimentos não faziam conexões, a não ser em

casos específicos, investigativos.

A super-especialização académica e sua dicotomia cederam lugar à coesão dos

saberes e ao elo entre as ciências.

Essa crescente necessidade acabou por criar um eixo organizador de afinidades

pesquisísticas que se fortaleceram e passaram a se complementar, dando ensejo ao

surgimento das �eurociências Cognitivas.

Esse tronco científico promoveu muitas ramificações, dessa vez, mais

cooperativas entre si. Todas elas são ligadas por um interesse: A

NEUROAPRENDIZAGEM, ou Aprendizagem baseada no cérebro.

6 Neuroaprendizagem. Do ponto de vista técnico é “todo processo de aprendizagem, adquirido através da aplicação de metodologias técnicas e tecnológicas e demais recursos neurocientíficos de desenvolvimento, ampliação, correcção e aperfeiçoamento dos atributos cerebrais e mentais, propiciando ao indivíduo maior autonomia cognitiva; capacidade apreensiva e associativa; metacompetências; qualidade de vida e saúde mental”. Trata-se também do processo de construção sináptica estabelecida sob diretrizes técnicas interdisciplinares, que visam melhorar a eficácia dos atributos cerebrais durante o processo de retenção do conhecimento no centro mnemónico do neuroaprendiz. (Nota da Autora).

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Neste segmento, em termos de aproximação

destaca-se a Neuropsicologia, a Psicologia Cognitivo Comportamental e

a NEUROEDUCAÇÃO7.

7 Neuroeducação: Novo campo interdisciplinar

processo eficaz de inovação nas práticas docentes, através de melhores métodos de ensinoserem adaptados às demais disciplinas educativasNeuroeducação auxilia jovens e adultos a modificar suas estruturas das matrizes de inteligência, possibilitando a expressão máxima d

�eurociênci

Cognitivas

�EUROCI�CIAS:

Neuroética

Neurologia

Neuroanatomia

Neurofisiologia

Neurobiologia

Neurofarmacologia

�EUROCI�CIAS CO�ITIVAS:

Psicologia Cognitivo Comportamental

Neuropsicologia

Neste segmento, em termos de aproximação e convergência com este artigo

se a Neuropsicologia, a Psicologia Cognitivo Comportamental e principalmente

campo interdisciplinar que articula saberes da Neurociência, da Psicologia e da Educação para criar um

processo eficaz de inovação nas práticas docentes, através de melhores métodos de ensino-apredizagem e de currículos, capazes de s às demais disciplinas educativas, notadamente à Pedagogia, à Didáctica e à Psicopedagogia. A

auxilia jovens e adultos a modificar suas estruturas cognitivas funcionais e limitantes, aperfeiçoando as operações possibilitando a expressão máxima das potencialidades intelectivas e mentais.

Estudo da Aprendizagem

Cerebral

Educação

�eurociências

Cognitivas

�EUROAPRE�DIZAGEM

Brain-based Learning

Aprendizagem baseada no cérebro

�EUROCI�CIAS:

ia�EUROEDUCAÇÃO

Neurodidáctica

Neuropsicopeda

�EUROCI�CIAS

nitivo Comportamental

ia

este artigo;

principalmente

ducação para criar um apredizagem e de currículos, capazes de

Psicopedagogia. A limitantes, aperfeiçoando as operações

�EUROEDUCAÇÃO

Neurodidáctica

Neuropsicopedagoia

Page 8: Artigo suzane neuroeducação

8

Não se pode olvidar da força de um paradigma. A sociedade pode até resistir às

mudanças paradigmáticas, adiar o seu enfrentamento, fomentar seus críticos, mas

acabará por ceder à realidade de que o cérebro é o órgão director que a tudo

superintende. Já perdemos muito pelo descompasso entre Ciência e Educação.

As temáticas pesquisadas pela neurociência são também inerentes à realidade

escolar. Vejamos algumas: as condições e interacções sociais, a nutrição, as influências

culturais e mesológicas, os ambientes, os conteúdos didácticos, os métodos de ensino, o

estresse, as emoções e as adversidades fazem parte desse conjunto.

Além disso, todos esses elementos afectam directamente o aprendizado, a

memória, as habilidades cognitivas e sociais de todos os protagonistas do cenário

escolar, sendo inexorável colocar a �euroeducação na ordem prioritária das

discussões educacionais de hoje.

PROPOSIÇÕES DA �EUROEDUCAÇÃO

Esse novo campo da Ciência Educacional, já reconhecido como tendência

mundial gradativamente fortalece seu Corpo Paradigmático com pressupostos mais

ampliados, mais versados ao conjunto, do que as partes isoladas.

Seus propósitos também convergem para interesses como a qualidade de vida, a

saúde física, mental e emocional; a superação das dificuldades intelectivas e dos

distúrbios cognitivos, além da melhoria dos talentos e desempenhos humanos.

Em termos de Fundamentação, a NEUROEDUCAÇÃO espelha-se nos 12

Princípios da Neuroaprendizagem 8 e no desafio de implementar nas políticas e

currículos educacionais, recursos que promovam a autonomia cognitiva respeitando

sobretudo a assinatura cerebral e os traços cognitivos, personalíssimos, de cada

neuroaprendiz.

A Neuroeducação ressalta a máxima do “somos iguais, salvo nossas

diversidades.” Embora tenhamos cérebro, nossas capacidades são distintas. A base

vivencial e a maneira de interpretar as experiências da vida e organizar as informações,

dando sentido ao que aprendemos, é que nos torna indivíduos. Temos inteligências,

habilidades e competências diversificadas.

8 12 Princípios da Aprendizagem Cerebral: Departamento de Educação do Condado de Sonoma, Califórnia, USA. Tradução: Pedro Lourenço Gomes, 2009.

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Na medida em que essa compreensão se assenta, a ‘velha roupagem’ dos antigos

e ultrapassados métodos de educar, ensinar e de aprender, cairão em desuso. Não será

prático mantê-los, pois a Neuroeducação imprimirá uma dinâmica cada vez mais

cooperativa e convergencial, somando o melhor das teorias antigas, dando novas

formas e fortalecendo cada vez mais esse corpo unificador de ideias que agora,

felizmente, lança luz sobre o aspecto funcional da aprendizagem baseada no cérebro

para a educação.

Hoje, conhecimentos expressados por Edgar Morin 9 (Teoria do Pensamento

Sistémico); por Howard Gardner 10 (Teoria das Múltiplas Inteligências); nas

contribuições de Daniel Goleman 11 (sobre Inteligência Emocional); Jean Piaget 12 ,

(Teoria do Construtivismo) e de tantos outros cientistas, ganham mais sentido. Eles já

ousavam a montar esta complexa peça, agora mais acessível. Poderíamos até considerá-

los como Precursores da �euroeducação.

Entretanto, há de se destacar o pioneirismo de Tokuhama-Espinosa 13 ,

pesquisadora que estabeleceu o marco de nascimento deste novo paradigma científico, o

qual originou a Neuroeducação e já deu margens para outros campos subdisciplinares

como a �europedagogia, a �eurodidáctica e a �europsicopedagogia.

CO�SIDERAÇÕES FI�AIS

Cabe agora, a nós Educadores, nos posicionarmos diante dos factos: nem tratá-

los como “bicho-de-sete-cabeças” nem como panaceia educativa. A Neuroeducação é

uma ciência embrionária, mas engatinhará e crescerá – embora lentamente.

9 Edgar Morin (Paris, 1921). Judeu Sefraditam, Antropólogo, Sociólogo e Filósofo francês. É considerado um dos maiores pensadores do século XX. É doutor honoris causa em 17 universidades de diversos países. Autor de mais de 30 obras, dentre elas, Os sete saberem necessários para a educação do futuro e Introdução ao Pensamento Complexo. 10 Howard Gardner (Scranton, Pennsylvania, 1943). Psicólogo Cognitivo e Educacional americano, ligado à Universidade de Harvard. Autor de mais de 20 obras, as quais destaca-se aqui: Estruturas da Mente (1994) onde propôs a sua mais famosa Teoria das Inteligências Múltiplas; Inteligências Múltiplas - A Teoria na Prática (1995) e Cinco Mentes para o Futuro (2007). 11Daniel Goleman (EUA, 1946). Psicólogo, Jornalista e Escritor. Autor de várias obras, entre estas, Inteligência Emocional (1998); Inteligência Social e Inteligência Ecológica. 12Jean Piaget (1896 - 1980) Psicólogo e Epistemólogo suíço, considerado o maior expoente do estudo do desenvolvimento cognitivo. Autor de mais de 50 obras em Psicologia, Epistemologia e Educação. Propôs a Teoria do Construtivismo que inspira e integra várias linhas do conhecimento. 13

Trace Noel Tokuhama-Espinosa- Defendeu em 2008, na Universidade de Capella/USA sua Tese de Doutorado, reconhecida como Documento Fundador da Neuroeducação. A pesquisadora Tokuhama-Espinosa instituiu em sua Tese etapas como: A Consolidação dos Parâmetros da Neuroeducação através de exaustiva pesquisa bibliográfica, incluindo mais de 30 autores e instituições de pesquisas; a estruturação de categorias e instrumentos de pesquisa, com o rigor científico necessário à proposição desta nova área do saber; a demarcação dos ‘princípios-chave’ da Neuroeducação a partir dos anos 70, com duas referências principais atribuídas a Show e Stewart (1972) e a Sheridan e Gardner (1974), como sendo estes, os verdadeiros pioneiros desta pesquisa.

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Os neurocientistas cognitivos não irão para a sala de aula ensinar, mas os

Neuroeducadores servir-se-ão de suas pesquisas para adaptá-las à praxis pedagógica. Os

cientistas da comunicação e da informação já estão a desenvolver tecnologias

educativas utilizadas pelos Neuroeducadores, para os mais variados fins.

Cita-se a exemplo, softwares, jogos e programas que vão desde o exercício

cerebral (neurofitness para melhorar o desempenho da memória, da atenção e da

concentração), à exercícios que recuperam lesões, danos e distúrbios cognitivos;

promovem melhoria fonológica e já fazem melhor intercessão no autismo. Práticas

neuropedagógicas e neurodidácticas que contemplam as modalidades e os estilos

diversificados de aprendizagem; planeamentos e prática de aulas que respeitem as

diferentes capacidades cognitivas e tipos de inteligência dos neuroaprendizes, em todos

os ambientes, sejam físicos ou virtuais, da educação.

Dentro dessa panorâmica afirma-se que nós, Neuroeducadores, daremos o

crédito científico que faltava nas pesquisas educacionais. Somos os vanguardistas desse

conhecimento, perseverando em romper fronteiras e fortalecer esse novo campo do

saber, reforçando novas redes sinápticas sustentadas pela inter e transdisciplinaridade,

que fazem hoje, da aprendizagem cerebral, um terreno mais fértil para a Educação.

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