Resultados Prticos da Implementao de Polticas Pblicas Afirmativas no Serpro

Sara Lustosa da Costa 1

Resumo

Este artigo tem por finalidade apresentar as aes implementadas e os resultados alcanados do Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa, em sua 4 edio, desenvolvido pelo Governo Federal, por meio da Secretaria de Polticas para as Mulheres, em uma empresa pblica vinculada ao Ministrio da Fazenda. O artigo est dividido em cinco partes. A primeira descreve a empresa, objeto dessa discusso, a segunda discorre de forma breve sobre o Programa do Governo Federal - Pr-Equidade de Gnero e Raa -, a terceira traz o histrico do Programa na empresa, a quarta aborda a execuo da 4 Edio do Programa no mbito organizacional, e a ltima discute os importantes avanos nas polticas pblicas dirigidas s mulheres, bem como aponta os desafios para o enfrentamento s desigualdades de gnero e raa nas organizaes pblicas.

I. A empresa

Considerada uma das maiores organizaes pblicas de Tecnologia da Informao no mundo, o Servio Federal de Processamento de Dados Serpro , uma empresa pblica vinculada ao Ministrio da Fazenda.

Criado em 1 de dezembro de 1964, pela Lei n 4.516, com o objetivo de modernizar e dar agilidade a setores estratgicos da Administrao Pblica Brasileira, por meio da prestao de servios em Tecnologia da Informao e Comunicaes, o Serpro tornou-se referncia no aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias utilizadas por rgos do setor pblico brasileiro.

O mercado de atuao da empresa o de finanas pblicas, composto pelo Ministrio da Fazenda, que corresponde a 85,2% do volume de negcios da empresa. Outro segmento igualmente importante so as aes estruturadoras e integradoras da Administrao Pblica Federal, cuja gesto e articulao compete ao Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto.2

Promove o desenvolvimento de solues tecnolgicas em Software Livre, com a finalidade de otimizar os recursos pblicos, incentivar o compartilhamento de conhecimento e estimular a cooperao entre as esferas federal, estadual, municipal. Para tanto, investe na formao, capacitao e atualizao de suas equipes com uma poltica de gesto de pessoas que se pauta pelas tendncias tecnolgicas, pela orientao ao compartilhamento do conhecimento e pela cooperao tcnica.

1 Ps-graduanda em Gesto Pblica Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ps-graduada em Gesto de Pessoas Fundao Getlio Vargas (FGV), Bacharel em Psicologia e Gerente da Diviso do Desenvolvimento das Estruturas, das Pessoas e dos Programas de Diversidade do Servio Federal de Processamento de Dados (Serpro). 2 Disponvel em https://www.serpro.gov.br/conteudo-oserpro/a-empresa-1.

O Servio Federal de Processamento de Dados - Serpro tem sede em Braslia e est presente em 11 capitais, com regionais distribudas de acordo com as regies fiscais do pas: Belm, Fortaleza, Recife, Salvador, Braslia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, So Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Florianpolis. Nos demais estados, a empresa mantm Escritrios de servio.3

Com ampla base operacional, a empresa presta servios em rede que abrange todo o territrio nacional. Atualmente, o quadro do Serpro conta com corpo tcnico de mais de 10 mil empregados, especializados tanto no segmento de TI, quanto nas demais reas de suporte ao negcio da empresa.

Conforme prev a Constituio Federal de 1988, o acesso aos quadros da empresa acontece via concurso pblico, o que garante igualdade de oportunidades.

II. O Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa

Foi no governo do ento Presidente da Repblica, Luiz Incio Lula da Silva, em 2003, que teve incio a institucionalizao de polticas pblicas voltadas promoo da igualdade de gnero e raa, com a criao da Secretaria de Polticas para as Mulheres - SPM e da Secretaria de Polticas de Promoo da Igualdade Racial - SEPPIR da Presidncia da Repblica, ambas com status ministerial.

A SPM/PR foi criada em 1 de janeiro de 2003, e inaugurou um novo momento da histria do Brasil no que se refere formulao, coordenao e articulao de polticas que promovam a igualdade entre mulheres e homens. 4

Ao longo de 10 anos, desde sua criao, a SPM/PR desenha um cenrio mais justo e igualitrio para as mulheres brasileiras, por meio do incentivo ao ingresso das jovens em carreiras tecnolgicas e cientficas, do aumento do nmero delas em cargos executivos e do estmulo s mudanas nas empresas, objetivos constantes do Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa.

Para a Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Polticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci (2013):

H exatamente uma dcada, a igualdade de gnero foi colocada no centro das polticas pblicas. Os direitos deixaram de ser temas dispersos, para se tornarem foco da ao de governo para a incluso social, superao de desigualdades e conquista de cidadania. Isso se realiza pela liderana da SPM em ao articulada com diferentes ministrios. 5

De acordo com Abramo (2010):

Os avanos na construo dessa institucionalidade governamental contriburam para a visibilidade do tema na agenda pblica. So tambm evidncia de uma maior disposio do Estado para atuar sobre as desigualdades existentes e para reconhecer a desigualdade de gnero (ao lado da desigualdade racial) como eixos

3 Disponvel em https://www.serpro.gov.br/conteudo-oserpro/a-empresa-1 4 Plano Nacional de Polticas para as Mulheres, 2005, SPM 5 Dez anos de polticas para as mulheres. Artigo publicado no dia 20/01, com reproduo no Jornal do Comrcio do Rio de Janeiro, da Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Polticas para as Mulheres da Presidncia da Repblica - Eleonora Menicucci.

estruturantes dos padres de desigualdade social no Brasil, chamando para si a responsabilidade de elaborar polticas pblicas voltadas sua superao, contribuindo assim tambm para delimitar melhor os diferentes papis do governo, do Estado e dos movimentos sociais na promoo da igualdade de gnero. (ABRAMO, 2010, pg.416)

O Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa uma iniciativa do Governo Federal, que, por meio da Secretaria de Polticas para as Mulheres da Presidncia da Repblica e do II Plano Nacional de Polticas para as Mulheres, reafirma os compromissos de promoo da igualdade entre mulheres e homens inscrita na Constituio Federal de 1988. 7

O programa foi desenvolvido para organizaes de mdio e grande porte dos setores pblicos e privados, com o propsito de alcanar a equidade de gnero e raa no mundo do trabalho, a partir do desenvolvimento de novas concepes na gesto de pessoas e na cultura organizacional.

A adeso ao programa voluntria, e para participao, necessria a assinatura ao Termo de Adeso, a elaborao da Ficha Perfil e do Plano de Ao, cujo contedo consolida todas as aes de equidade de gnero e etnicorracial, a serem desenvolvidas de forma transversal e interseccional dentro da organizao.

Aps o cumprimento dos Planos de Ao pelas organizaes, elabora-se o Relatrio Final, contendo a descrio de todas as aes, bem como de suas respectivas evidncias, o qual ser avaliado pela Coordenao e o Comit Ad Hoc. O Comit Tcnico-Institucional analisa a matriz geral dos resultados e delibera sobre a concesso do Selo Pr-Equidade de Gnero e Raa, que conferido s organizaes que promoveram ativamente a reduo das desigualdades e discriminaes de gnero e raa no ambiente de trabalho.

O resultado homologado pela Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Polticas para as Mulheres.

Um programa desta natureza oferece para as empresas, instituies, sindicatos, movimentos de mulheres e governos a possibilidade de combater as desigualdades na economia e no emprego incluindo as mulheres em outros nveis de educao e de trabalho, considerando que as desigualdades de gnero afetam o rendimento de homens e mulheres no local de trabalho, na famlia e o clima laboral da organizao. 7

III. Breve histrico do Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa no Serpro

A adeso do Serpro ao Pr-Equidade de Gnero do Governo Federal ocorreu em janeiro de 2007, quando o Programa estava em sua 2 edio. A partir da oficializao da empresa com a responsabilidade de desenvolver conceitos e procedimentos na gesto de pessoas e cultura organizacional para 6 ABRAMO, Las. Introduo. In: Igualdade de gnero e raa no trabalho: avanos e desafios / Organizao Internacional do Trabalho. - Braslia:OIT, 2010 7 Guia Operacional Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa Oportunidades Iguais Respeito s Diferenas. Disponvel em http://www.spm.gov.br/subsecretaria-de-articulacao-institucional-e-acoes-tematicas/pro-equidade/guia-operacional-programa-pro-equidade.pdf

alcanar a igualdade entre os gneros no trabalho, o programa, no mbito da empresa, foi intitulado Programa Serpro de Equidade de Gnero PSEG. Em maro de 2009, o Serpro foi premiado com o Selo Pr-Equidade de Gnero, referente ao perodo 2008/ 2009.

Em novembro de 2009, o Serpro assinou o Termo de Compromisso referente 3 edio do Programa Pr-Equidade de Gnero, e foi contemplado com o selo referente implementao de aes nos anos 2010 e 2011.

Em maio de 2012, foi renovado o compromisso, com a formalizao de adeso 4 edio do programa nacional, quando foi includo, pelo programa, a perspectiva raa, alterando o nome para Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa.

A assinatura do Termo de Compromisso com a Secretaria de Polticas para as Mulheres, para a implementao da 4 Edio do Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa, reforou o compromisso do Serpro com a conscientizao, sensibilizao e estmulo s prticas de gesto que promovem a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres dentro da Organizao, bem como demonstrou o interesse em dar continuidade implementao de aes afirmativas na empresa.

Sob a gesto da Superintendncia de Pessoas - SUPGP, desde maro de 2012, o Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa, cumpriu de forma satisfatria o Plano de Aes e, portanto, a empresa foi novamente agraciada na 4 Edio, relativa aos perodos 2011-2012, pelo alcance de bons resultados do compromisso assumido com a equidade de gnero e etnicorracial.

Uma vez que o Serpro reconhecido pela terceira vez consecutiva pelo Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa, tal fato demonstra o comprometimento da empresa com a justia social, o trabalho decente e a igualdade de gnero e de raa.

Refora, portanto, a continuidade pelo Serpro, de esforos e prticas necessrias promoo da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, de forma a contribuir para a eliminao da discriminao entre gnero e raa no mundo do trabalho.

IV. Resultados prticos da implementao do Plano de Ao da 4 Edio no Serpro

O Plano de Ao, instrumento operacional do compromisso assumido pela direo da organizao, referente 4 Edio, dos anos 2011/2012, foi desenvolvido com o objetivo de modificar o comportamento organizacional, por meio da disseminao de informaes, do fortalecimento do conhecimento e da aplicao de prticas de forma a propiciar as mudanas culturais esperadas.

Para Abramo (2010):

A transformao de realidades, concepes e estruturas (concretas e simblicas) to complexas e arraigadas como as que caracterizam as relaes de gnero em nossa sociedade exigem um trabalho cotidiano e persistente eu diria at mesmo insistente nas famlias, escolas, locais de trabalho, empresas, sindicatos,

associaes de moradores, partidos polticos, parlamentos, ministrios, secretarias, etc, com o objetivo de construir uma cultura e procedimentos, formas de organizao familiar, do trabalho, da vida privada e da vida pblica, que sejam capazes de efetivamente romper esse secular processo de desvalorizao, subordinao e secundarizao da mulher no mundo do trabalho e na sociedade, sentando as bases de novas formas de convivncia mais igualitrias entre homens e mulheres. (ABRAMO, 2010, pg.45)

No Bloco Gesto de Pessoas esto contempladas as diretrizes de Recrutamento e seleo, Processos de capacitao e treinamento interno, Ascenso funcional e planos de carreira, cargos, salrios e remunerao, Programas de sade e segurana no trabalho e Polticas de benefcios. Nessas diretrizes, foram distribudas 11 (onze) metas e, dentre essas, trs tiveram grande relevncia no cumprimento do plano de ao, sendo elas: a) Incluir o tema Gnero e Raa nos cursos a distncia, programa de integrao, desenvolvimento gerencial e funcional; b) Criar frum de debates Falando da Diversidade com as temticas Equidade, Pessoas com necessidades especiais, orientao sexual e raa/etnia; e c) Implantar aes para discusso da paternidade responsvel.

Quanto ao Bloco Cultura Organizacional, foram quatro diretrizes: a) Mecanismos de combate s prticas de discriminao (sexo, raa, etnia, estado gestacional e orientao sexual); b) Mecanismos de combate ocorrncia de assdio moral e sexual; c) Prticas de sensibilizao voltadas para a equidade de gnero e raa na cadeia de relacionamentos da organizao; e d) Propaganda institucional interna e externa. Dentre as 12 (doze) metas distribudas, o destaque ficou para a) Definir e implantar Comit Gestor para conduo e execuo da poltica de Gnero e Raa no Serpro; b) Definir e implantar poltica de Gnero e Raa, tendo como indicativo a poltica de responsabilidade social e cidadania da empresa; e c) Manuteno dos ciclos de Encontros Regionais para o Fortalecimento da Equidade de Gnero e Raa.

A fim de destacar os principais resultados alcanados pelo Serpro, na execuo da 4 Edio do Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa, sero descritas as aes que trouxeram resultados mais contundentes empresa.

Nesse sentido, ser dado enfoque ao curso a distncia Gnero, Raa, Pobreza e Emprego - GRPE, que tem como objetivo apresentar conhecimentos que proporcionem uma melhor compreenso das questes que envolvem as polticas pblicas, os programas e as aes para promoo da igualdade de gnero e raa, erradicao da pobreza e gerao de emprego.

O curso GRPE uma iniciativa conjunta do Serpro e da Organizao Internacional do Trabalho no Brasil (OIT Brasil), com o apoio da SPM/PR e da SEPPIR/PR.

A expertise do Serpro em relao ao ensino a distncia e o interesse da OIT Brasil de adaptar os contedos do GRPE para o ensino a distncia e disseminar mais amplamente os contedos do Manual8 concretizou-se por

8 Discurso da Diretora do Escritrio da OIT no Brasil, Las Abramo, no Lanamento do curso a distncia, em 20 de maro de 2013, no Serpro. Disponvel em: http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/gender/doc/discursogrpe_793.pdf

meio do Protocolo de Intenes RG N 45706, realizado entre Serpro e OIT para identificao, desenvolvimento e implementao de aes de capacitao em ensino a distncia sobre Gnero, Raa e Trabalho Decente, assinado em 17 de maio de 2011. Foram estabelecidas as seguintes obrigaes ao Serpro e OIT: a) compartilhar informaes sobre gnero, raa e trabalho decente; b) participar de reunies tcnicas e misses; c) fornecer apoio para identificao e mobilizao de potenciais participantes dos cursos; e d) entrega dos cursos e sistemas permutados.

Ao Serpro coube: a) realizar as adaptaes dos contedos para plataforma Web; b) disponibilizar para parceiros de interesse a plataforma Web; c) apoiar a realizao dos cursos de capacitao; e d) encaminhar relatrios e indicadores semestrais dos cursos de capacitao para apreciao dos parceiros. OIT ficaram definidas as seguintes obrigaes: a) disponibilizar e atualizar os contedos; b) prestar assistncia tcnica na adaptao dos contedos; e c) acompanhar e avaliar os processos de capacitao.

Para o desenvolvimento e implementao do curso em ensino distncia GRPE foi utilizado o Manual da OIT de Formao e Capacitao sobre Gnero, Raa, Pobreza e Emprego do Programa de Fortalecimento Institucional da OIT para a Igualdade de Gnero e Raa, Erradicao da Pobreza e Gerao de Emprego, que tem como objetivo principal promover a transversalizao das dimenses de gnero e raa nas polticas pblicas de erradicao da pobreza e gerao de emprego, assim como nas estratgias e aes das organizaes de empregadores e trabalhadores e outras organizaes da sociedade civil comprometidas com o tema. 9

O Servio Federal de Processamento de Dados foi o responsvel em prover o desenvolvimento do curso e a hospedagem na sua escola virtual de acordo com as necessidades de formao identificadas e com a validao tcnica dos contedos pelo Escritrio da OIT no Brasil.

O curso teve seu lanamento no dia 20 de maro de 2012, em cerimnia realizada no Serpro, com a presena de representantes da OIT, SPM/PR e SEPPIR/PR. Uma turma piloto foi disponibilizada com a finalidade de validar a proposta e contribuir com eventuais sugestes para operacionalizao da plataforma, tutoria e avaliao.

Em 13 de novembro de 2012, durante o III Ciclo de Encontros Regionais, realizado no Serpro, o curso foi disponibilizado no ambiente virtual de aprendizagem da UniSerpro para os 11.000 (onze mil) empregados do Serpro na plataforma livre Moodle.

Alm dessa possibilidade de capacitao interna, para a sociedade brasileira, na Escola de Incluso Sociodigital do Serpro da UniSerpro, qualquer cidado pode acess-lo, possibitando, com isso, uma abrangncia da disseminao e sensibilizao sobre gnero, raa, pobreza e emprego. A pgina encontra-se disponvel no endereo https://inclusao.serpro.gov.br. 9 Gnero, raa, pobreza e emprego: o Programa GRPE no Brasil / Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gnero e Raa, Erradicao da Pobreza e Gerao de Emprego (GRPE) [Braslia]: OIT - Secretaria Internacional do Trabalho, 2006.

Os mdulos do curso a distncia Gnero, Raa, Pobreza e Emprego GRPE foram estruturados da seguinte forma: 1) Introduo s questes de Gnero, Raa, Pobreza e Emprego: apresenta estudos centrais que sero discutidos no curso; 2) A questo racial, pobreza, trabalho e emprego no Brasil: tendncias, enfoques e polticas de promoo da igualdade, discutindo as relaes entre gnero, pobreza, trabalho e a questo racial no Brasil; e 3) Acesso ao Trabalho Decente: as questes sobre o trabalho decente como a via fundamental de superao da pobreza e a questo de mulheres e homens, negros e brancos no mercado de trabalho.10

A iniciativa conjunta entre o Serpro e OIT representa um desafio constante para a superao das diferenas e da discriminao no setor pblico e visa fortalecer a importncia das polticas pblicas voltadas para a igualdade de gnero e raa na administrao pblica.

Outra ao que gerou grande resultado para a empresa foi a realizao do Encontro Regional para o Fortalecimento da Equidade de Gnero e Raa, uma iniciativa de oito instituies pblicas brasileiras - Banco do Brasil, CAIXA, CPRM, Eletronorte, Embrapa, Itaipu, Petrobras e Serpro -, signatrias da Carta Referendada assinada em 2008, na qual registra a deciso de realizar conjuntamente o Ciclo de Encontros Regionais.

Ao promoverem a manuteno do Ciclo de Encontros Regionais para o Fortalecimento da Equidade de Gnero, as instituies pblicas cumpriram uma das metas dos respectivos planos de aes da 4 Edio do Programa de Equidade de Gnero e Raa, devidamente acordados com a Secretaria de Polticas para as Mulheres.

Os Ciclos de Encontros Regionais para o Fortalecimento da Equidade de Gnero e Raa tm o objetivo de disseminar e compartilhar as experincias bem-sucedidas desenvolvidas, fomentar a reflexo e discusso sobre o impacto das polticas pblicas na perspectiva das questes de gnero e raa e estabelecer compromissos para a promoo da equidade entre homens e mulheres no ambiente organizacional.

Em 2012, em um nico encontro regional realizado no dia 13 de novembro, houve a importante adeso dos Correios que, com as demais empresas pblicas, promoveram a terceira edio do ciclo.

Dentro do III Ciclo de Encontros Regionais para o Fortalecimento da Equidade de Gnero, aps as solenidades e os relatos de experincias, foi realizado o seminrio que promoveu o painel Por que polticas pblicas afirmativas e igualitrias de gnero e raa devem ser um valor estratgico ao desenvolvimento do pas?, o qual contou com a participao de especialistas expoentes que abordaram as dimenses educao, pesquisa e mercado de trabalho.

Com isso, foi possvel fomentar a discusso sobre a implementao e as dificuldades enfrentadas na execuo dos planos de ao acordados com a

10 Escola de Incluso Digital. Curso GRPE. Disponvel em https://inclusao.serpro.gov.br/mod/resource/view.php?id=3637

SPM/PR, bem como o impacto dessas polticas pblicas no cenrio das empresas ao longo de dez anos. Assim, alm de ter levantado reflexes, experincias e prticas a serem inseridas no mbito organizacional das empresas pblicas, foram discutidas como as polticas pblicas afirmativas e igualitrias de gnero e raa influenciaro o futuro das empresas pblicas.

A organizao do evento, sob a responsabilidade do Serpro, convidou autoridades, especialistas, empresas pblicas, rgos da administrao direta e indireta, organismos internacionais e entidades da sociedade civil.

O Encontro Regional possibilitou a promoo de reflexes sobre desigualdades e a discriminao de gnero e raa; o dilogo sobre a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres; o compartilhamento de medidas polticas e administrativas de promoo da igualdade entre homens e mulheres e entre pessoas de todas as raas, nos termos do Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa do Governo Federal, adotadas pelas empresas pblicas; o debate sobre o impacto para o desenvolvimento econmico do pas a partir da implementao das polticas de ao afirmativa e igualitria; a integrao dos dirigentes de todas as empresas para dialogar sobre o tema e compartilhar as melhores prticas;e fomentar o fortalecimento das polticas pblicas inclusivas para a superao das desigualdades de gnero e de raa.

Cabe ressaltar outras duas importantes aes alcanadas com a finalidade de fortalecer a equidade de gnero e raa no Serpro: a instituio do Comit Gestor e a implementao da Poltica de Gnero e Raa do Serpro.

Por meio do documento Deciso de Diretoria, de 28 de junho de 2010, foi institudo novo Comit Gestor, com representantes indicados pelos Superintendentes das reas envolvidas, com a finalidade de estruturar e implementar as aes do Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa PSEG, no mbito da Empresa. O Comit Gestor composto pela Superviso da DIRAD Diretoria de Administrao, por uma coordenao do Programa e mais seis membros.

Segundo o Guia Operacional do Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa:

A direo da organizao deve constituir oficialmente um Comit Gestor de Gnero e Raa ou similar para sensibilizar, mobilizar e coordenar o programa dentro da organizao com objetivo de atuar, construindo e gerenciando o processo de forma coletiva, possibilitando, pela sua permanente atuao, que a equidade entre homens e mulheres - gnero e raa seja inserida na rotina cotidiana da gerncia e da fora de trabalho, criando mecanismos, instrumentos e disponibilizando recursos financeiros e humanos que viabilizem sua atuao com o compromisso assumido pela empresa ou instituio com o Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa da Secretaria de Polticas para as Mulheres.11

A formao do Comit Gestor do Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa do Serpro PSEG teve como finalidade contemplar o maior nmero de pessoas, valorizar a diversidade de opinies e principalmente o

11 Guia Operacional Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa Oportunidades Iguais Respeito s Diferenas. Disponvel em http://www.spm.gov.br/subsecretaria-de-articulacao-institucional-e-acoes-tematicas/pro-equidade/guia-operacional-programa-pro-equidade.pdf

compartilhar conhecimentos. A valorizao de novos olhares, a variedade de enfoques e troca de experincias garantiu ampla diversidade e proporcionou um ambiente mais rico e propcio inovao. Desse modo, a composio do Comit formada por integrantes da Universidade Corporativa, da Superintendncia de Pessoas, da Coordenao de Responsabilidade Social, da Superintendncia de Logstica, da Coordenao de Comunicao Social e da Ouvidoria.

Dessa forma, foi possvel inserir o tema no s nas rotinas de trabalho, mas torn-lo uma ao coletiva, a partir do envolvimento de diversas reas do Serpro na execuo das aes, tendo em vista a pluralidade na composio dos integrantes do PSEG.

A implementao da Poltica de Gnero e Raa do Serpro, alinhada s polticas e orientaes emanadas pelo governo federal e em consonncia com os princpios do Cdigo de tica do Serpro e os valores empresariais, reforou o alinhamento e a preocupao da alta liderana com as polticas afirmativas, uma vez que a aplicao da Poltica de Gnero e Raa visa atingir os seguintes objetivos: a) contribuir para a formao de uma sociedade justa e solidria; b) evidenciar o compromisso da empresa com a equidade de gnero e raa nas relaes institucionais e de trabalho; c) contribuir para a conscientizao, sensibilizao e estmulo s prticas de gesto que promovam a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres na empresa, independente de raa; e d) contribuir para a eliminao de todas as formas de discriminao no acesso, remunerao, ascenso e permanncia no emprego.

A Poltica de Gnero e Raa balizada pelas seguintes diretrizes: a) incorporar os princpios de equidade de gnero e raa no discurso institucional; b) inserir os conceitos de equidade de gnero e raa nas aes estratgicas, nas prticas de gesto e nas relaes de trabalho e c) integrar a rede de Equidade de Gnero e Raa, representada pelas empresas parceiras do Programa Pr-Equidade de Gnero, possibilitando a troca de conhecimento com enfoque nas boas prticas de gesto. O Comit Gestor do Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa o responsvel por conduzir a Poltica dentro da empresa.

O Diretor-Presidente instituiu e implantou a Poltica de Gnero e Raa, tendo como referncia o Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa coordenado pela SPM/PR com o objetivo de dar direcionamento estratgico de gnero e raa ao Serpro.

Inmeras outras aes foram de grande relevncia para a empresa, entre elas a importncia da negociao coletiva como espao e instrumento de garantia e ampliao dos direitos de igualdade, as discusses sobre maior equilbrio entre trabalho e famlia, sobre paternidade responsvel, bem como a promoo de aes de capacitao e sensibilizao sobre os temas relativos questo racial.

A Coordenao Estratgica de Comunicao Social do Serpro, responsvel pela construo de uma comunicao corporativa integrada e aberta, tornou-se principal instrumento a dar maior visibilidade s aes do PSEG. Por meio dos Planos de Comunicao, inmeras campanhas, peas

publicitrias, matrias e reportagens foram propagadas nos veculos institucionais a fim de estimular o debate e a reflexo, divulgar amplamente os projetos adotados pela empresa de incentivo equidade de gnero, bem como dar transparncia e publicidade aos atos do Comit Gestor do PSEG.

V. Avanos nas polticas pblicas e os desafios para o enfrentamento s desigualdades de gnero e raa nas organizaes pblicas.

Significativos tm sido os avanos na promoo da igualdade de gnero e raa no Brasil, a partir da estruturao de polticas e programas voltados para essa finalidade. A efetiva instalao e a transversalizao do tema na agenda das polticas pblicas trouxeram maior visibilidade e efetividade na promoo da igualdade.

O Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa do governo federal representa a ampliao da conquista pelo respeito aos direitos de cidadania e dignidade, visto que atende s demandas da sociedade civil, ao contemplar necessidades e interesses de pblicos diversos e respeitar os princpios do regime democrtico, em que todos so iguais.

Sua relevncia estratgica, uma vez que torna as relaes de trabalho mais sustentveis, a partir do dilogo social com diferentes atores e da estruturao de aes e prticas que demonstram o compromisso das organizaes com a equidade de gnero e etnicorracial. Para a SPM/PR, o Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa tem requisitos fundamentais como pressupostos basilares para sua execuo e xito, ao citar que as aes e prticas de equidade na gesto de pessoas e na cultura organizacional geram conhecimentos, procedimentos, polticas, metodologias, instrumentos inovadores e criativos de promoo das igualdades de gnero e etnicorracial nas relaes de trabalho que devem ser socializados.12

O relato de experincia do Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa, em uma empresa de Tecnologia da Informao, predominantemente masculina, traz um sentido muito especial ao demonstrar que possvel mudar a lgica de gesto das organizaes, por meio de medidas institucionalizadas, a favor de maior igualdade entre homens e mulheres. Portanto, possvel construir atitudes de compromisso com o respeito e abrir possibilidades para relaes mais justas e saudveis.

Os resultados alcanados na promoo de aes afirmativas, no Serpro, representam a efetiva concretizao de polticas pblicas do governo federal: o reconhecimento da unio homoafetiva, para efeito de concesso dos benefcios aos dependentes, regularmente concedidos aos (as) empregados (as), trouxe respeito e reconhecimento aos direitos das pessoas; a criao de uma rea na estrutura da SUPGP, com a finalidade de apoiar o Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa, reforou o compromisso e o alinhamento da alta liderana da maior empresa pblica de prestao de servios em Tecnologia da Informao TI da Amrica Latina com o programa da SPM/PR, bem como

12 Guia Operacional Programa Pr-Equidade de Gnero e Raa Oportunidades Iguais Respeito s Diferenas. Disponvel em http://www.spm.gov.br/subsecretaria-de-articulacao-institucional-e-acoes-tematicas/pro-equidade/guia-operacional-programa-pro-equidade.pdf

permitiu visibilidade maior do tema junto a outras empresas de TI, alm de reafirmar, fortalecer e garantir a continuidade do Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa; a realizao do curso GRPE pelos empregados da empresa favoreceu a internalizao dos conceitos sobre gnero, raa, pobreza e emprego no ambiente de trabalho e trouxe novas vises e percepes acerca da temtica; o cumprimento das aes pelas diversas reas da empresa deu maior visibilidade ao Programa, bem como a implementao de aes afirmativas, atravs de Normas, Acordos Coletivos de Trabalho e do Plano de Comunicao do Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa. Foram aes fundamentais para a sensibilizao, conscientizao e mudana cultural na empresa acerca do tema igualdade de gnero e raa.

Apesar da ampliao e dos avanos dos temas tratados, inmeros so os desafios, no mbito das organizaes pblicas, para minimizar barreiras ainda encontradas ao longo da execuo da 4 Edio do programa. Cabe ao Comit Gestor do Programa Serpro de Equidade de Gnero e Raa definir aes mais estruturantes com vistas a assegurar a transversalidade das perspectivas de gnero e raa no conjunto de todas as instncias institucionais e, com isso, avanar na efetivao da poltica de igualdade de gnero e raa.

Neutralizar os conflitos produzidos nas relaes interpessoais, buscar maior conscientizao sobre o impacto do programa dentro da empresa, bem como fomentar o compromisso com a igualdade de gnero e etnicorracial entre homens e mulheres no mbito laboral so desafios a serem vencidos em prol do respeito s individualidades.

O cenrio mostra-se otimista. Espera-se que cada ator torne-se protagonista na construo de uma sociedade mais igualitria e justa, eliminando todas as formas de discriminao e sofrimento.

Bibliografia

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