artigo - protocolos comunitários, multiculturalismo em foco

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Protocolos Comunitários: Multiculturalismo em foco Igor Alexandre Pinheiro Monteiro 1 Resumo: Es te tra ba lho teo co nd ão de analis ar os Protocolos Co mu ni rio s, inicialmente, no mbito do Protocolo de !agoia e, "osteriormente, em uma "ers"ecti#a mais abrangente, discutindo esse instrumento como um meio de efeti#ar a cidadania da comunidade, gestão territorial e sobre a consulta li#re, "r$#ia e informada, nos moldes da Con#en%ão 1&' da (I), com embasamento no Protocolo Comunitário do *aili+ue, no Ama"á )ais temas são abordados no trabalho com o ob-eti#o de formular uma es" $c ie sistema de rel aciona men to int erna e ex ter na, de acordo com os "o# os e comunidades tradicionais, tais como o Poder P.blico e "es+uisadores +ue "ossam #ir a  buscar dialogar com os mesmos Para dar su"orte te/rico buscamos o fil/sofo "ol0tico Charles )alor "ara a discussão acerca do reconhecimento correto, de acordo com sua teoria, no +ue tange ao reconhecimento da cultura minoritária no "lano social 2este mod o, os Pro tocolos Comuni tár ios seriam o me io "elo +ual os agentes ext ernos  "oderiam conhecer o modo de #ida de cada comunidade #isando um reconhecimen to correto e, assim, "ossibilitar o melhor diálogo Como metodologia, foi analisado o texto da Con#en%ão da 2i#ersidade *iol/gica, Protocolo de !agoia, o li#ro Multiculturalismo, de Charles )alor, bem como comentadores e es"ecialistas "ara a disc us o acer ca do regu lame nt o do s Pr otocol os Comunitários, be m co mo as es" ec ific ida des a ser em ado tad as e res "e itadas em ca da co mun ida de ( su "or te em"0rico da "es+uisa ficou "or conta da #isita de cam"o ao Ar+ui"$lago do *aili+ue durante o Encontrão I3 das comunidades, ocorrido nos dias 14 e 15 de 6unho de 4718, com a "artici"a%ão de 4& comunidades Por fim, chegou9se conclusão de +ue os Protocolos Com uni tár ios "od em ser#ir como um co ngl ome rad o de informa% ;es sistemati<adas e resumidas de determinada comunidade de seu modo de agir e deliberar  baseado em um sistema de direito consuetudiná rio "r$9estabelecido e +ue difere do estatal, bem como o acesso e re"arti%ão de benef0cios dos conhecimentos tradicionais associados biodi#ersidade tra<ida "elo Protocolo de !agoia Pala#ras cha#e: Multiculturalismo= Reconhecimento= Protocolo de !agoia= Protocolo Comunitário do *aili+ue Resumen: Este documento tendrá la facultad de examinar los "rotocolos comunitarios, inicialmente en el marco del Protocolo de !agoa "osteriormente en una "ers"ecti#a más am"lia, la discusi/n de este instrumento como un medio "ara la reali<aci/n de la ciudadan0a de la comunidad, la gesti/n de la tierra la consulta libre, "re#io e informado en la l0nea del Con#enio 1&' de la (I), con base en el Protocolo *aili+ue Comunidad en Ama"á Estos temas se tratan en el traba-o a fin de formular una es"ecie de sistema de r elaciones internas externas, de acuerdo con los "ueblos comunidades tradicionales, como el gobierno los in#estigadores +ue "ueden buscar el diálogo con ellos Para dar so"orte te/rico +ue buscamos fil/sofo "ol0tico Charles )alor a la disc us i/n so br e el reco no cimi en to correcto, seg.n su te or 0a, con re s"ec to al 1 Acadêmic o do curso de Bacharelado em Direito pela Faculdade de Castanhal - FCAT

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Protocolos Comunitários: Multiculturalismo em foco

Igor Alexandre Pinheiro Monteiro1

Resumo: Este trabalho terá o condão de analisar os Protocolos Comunitários,inicialmente, no mbito do Protocolo de !agoia e, "osteriormente, em uma "ers"ecti#amais abrangente, discutindo esse instrumento como um meio de efeti#ar a cidadania dacomunidade, gestão territorial e sobre a consulta li#re, "r$#ia e informada, nos moldesda Con#en%ão 1&' da (I), com embasamento no Protocolo Comunitário do *aili+ue,no Ama"á )ais temas são abordados no trabalho com o ob-eti#o de formular umaes"$cie sistema de relacionamento interna e externa, de acordo com os "o#os ecomunidades tradicionais, tais como o Poder P.blico e "es+uisadores +ue "ossam #ir a

 buscar dialogar com os mesmos Para dar su"orte te/rico buscamos o fil/sofo "ol0ticoCharles )alor "ara a discussão acerca do reconhecimento correto, de acordo com suateoria, no +ue tange ao reconhecimento da cultura minoritária no "lano social 2estemodo, os Protocolos Comunitários seriam o meio "elo +ual os agentes externos

 "oderiam conhecer o modo de #ida de cada comunidade #isando um reconhecimentocorreto e, assim, "ossibilitar o melhor diálogo Como metodologia, foi analisado o textoda Con#en%ão da 2i#ersidade *iol/gica, Protocolo de !agoia, o li#roMulticulturalismo, de Charles )alor, bem como comentadores e es"ecialistas "ara adiscussão acerca do regulamento dos Protocolos Comunitários, bem como ases"ecificidades a serem adotadas e res"eitadas em cada comunidade ( su"orteem"0rico da "es+uisa ficou "or conta da #isita de cam"o ao Ar+ui"$lago do *aili+ue

durante o Encontrão I3 das comunidades, ocorrido nos dias 14 e 15 de 6unho de 4718,com a "artici"a%ão de 4& comunidades Por fim, chegou9se conclusão de +ue osProtocolos Comunitários "odem ser#ir como um conglomerado de informa%;essistemati<adas e resumidas de determinada comunidade de seu modo de agir e deliberar 

 baseado em um sistema de direito consuetudinário "r$9estabelecido e +ue difere doestatal, bem como o acesso e re"arti%ão de benef0cios dos conhecimentos tradicionaisassociados biodi#ersidade tra<ida "elo Protocolo de !agoia

Pala#ras cha#e: Multiculturalismo= Reconhecimento= Protocolo de !agoia= ProtocoloComunitário do *aili+ue

Resumen: Este documento tendrá la facultad de examinar los "rotocolos comunitarios,inicialmente en el marco del Protocolo de !agoa "osteriormente en una "ers"ecti#amás am"lia, la discusi/n de este instrumento como un medio "ara la reali<aci/n de laciudadan0a de la comunidad, la gesti/n de la tierra la consulta libre, "re#io einformado en la l0nea del Con#enio 1&' de la (I), con base en el Protocolo *aili+ueComunidad en Ama"á Estos temas se tratan en el traba-o a fin de formular una es"eciede sistema de relaciones internas externas, de acuerdo con los "ueblos comunidadestradicionales, como el gobierno los in#estigadores +ue "ueden buscar el diálogo conellos Para dar so"orte te/rico +ue buscamos fil/sofo "ol0tico Charles )alor a ladiscusi/n sobre el reconocimiento correcto, seg.n su teor0a, con res"ecto al

1 Acadêmico do curso de Bacharelado em Direito pela Faculdade de Castanhal

- FCAT

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reconocimiento de la cultura minoritaria en t$rminos sociales Por lo tanto, los "rotocolos comunitarios ser0a el medio "or el cual los extran-eros "od0an conocer laforma de #ida de cada comunidad dirigidas a un reconocimiento correcto as0 "ermitir un me-or diálogo Como metodolog0a, se anali</ el texto del Con#enio sobre la2i#ersidad *iol/gica, el Protocolo de !agoa, el libro El multiculturalismo, Charles)alor, as0 como los comentaristas ex"ertos "ara el debate sobre la regulaci/n de losProtocolos de la Comunidad los es"ec0ficos "ara ser ado"tado res"etado en cadacomunidad El a"oo em"0rico de la in#estigaci/n fue a causa de la #isita de cam"o aArchi"i$lago *aili+ue durante encontrao I3 de las comunidades, +ue se celebr/ el 14 15 de -unio de 4718, con la "artici"aci/n de 4& comunidades >inalmente, llegamos a laconclusi/n de +ue los "rotocolos comunitarios "ueden ser#ir como un conglomerado deinformaci/n sistemati<ada se resume en una determinada comunidad de sus formas decidir sobre la base de un sistema de derecho consuetudinario "reestablecido +ue sediferencia del estado, as0 tales como el acceso distribuci/n de beneficios de los

conocimientos tradicionales asociados a la biodi#ersidad "ro#ocada "or el Protocolo de !agoa

Palabras cla#e: Multiculturalismo= Reconocimiento= Protocolo de !agoa= ProtocoloComunidad *aili+ue

1 Introdu%ão

( "resente trabalho tem como ob-eti#o a"resentar bre#emente o Protocolo

de !agoia, remontando Con#en%ão de 2i#ersidade *iol/gica ?C2*@, a cria%ão do

texto e as necessidades +ue gira#am em torno de sua cria%ão, le#ando9se em conta +ue

tal instrumento #eio em com"lementa%ão C2*, no +ue tange ao seu terceiro ob-eti#o,

a regulamenta%ão do acesso e re"arti%ão de benef0cios

 !o texto do Protocolo, mais es"ecificamente no artigo 14, os Protocolos

Comunitários são citados como meios de agru"ar informa%;es acerca dos

 "rocedimentos a serem adotados em casos de acesso e re"arti%ão de benef0cios dos

conhecimentos tradicionais associados biodi#ersidade

(s Protocolos Comunitários "odem ser #istos como meios de "ositi#ar,atra#$s de um documento, os direitos consuetudinários, #ia de regra, transmitidos

oralmente durante gera%;es 2este modo, ca"acita os "o#os e comunidades tradicionais

a dialogarem com os agentes externos em "aridade de "osi%;es

Com a "ro"osta de dar um a"orte te/rico ao assunto, foram ex"ostos ao

debate o fil/sofo "ol0tico canadense Charles )alor acom"anhado de sua ideia de

reconhecimento

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2este modo, "ro"omos +ue os Protocolos Comunitários fossem entendidos

como um meio de se entender o "o#o ou comunidade tradicional +ue está transmitindo

seu modo de #ida tradicional "or meio dele e res"eitar suas es"ecificidades, de modo a

 "oder discriminar "ositi#amente e "roferir um reconhecimento correto, de acordo com o

 "ensamento de )alor

Por fim, a "ro"osta de reconhecimento ganha a"orte "rático na discussão de

cidadania atra#$s dos Protocolos Comunitários, abrangendo seu ob-eti#o inicial, de

regular as rela%;es de acesso e re"arti%ão de benef0cios "ara temas como gestão

territorial, uso dos recursos naturais e consulta "r$#ia

4 ( Protocolo de !agoia

A base do Protocolo Comunitário ?PC@ remonta Con#en%ão de

2i#ersidade *iol/gica ?C2*@, no Rio de 6aneiro, durante a Conferncia do Rio, em

1''4 (s trs "ilares "rinci"ais da Con#en%ão são a conser#a%ão da biodi#ersidade, a

re"arti%ão e+uitati#a de benef0cios e o uso sustentá#el dos recursos gen$ticos

A Con#en%ão considera material gen$tico Btodo material de origem #egetal,

animal, microbiana ou outra +ue contenha unidades funcionais de hereditariedade, bemcomo recursos gen$ticos ?RD@ contendo Bmaterial gen$tico de #alor real ou "otencial

A C2* reconhece +ue todos as na%;es são usuárias e "ro#edoras de recursos

gen$ticos e, deste modo, exige a cria%ão de condi%;es a facilitar o Acesso e Re"arti%ão

de *enef0cios ?A*@ e não im"or restri%;es contrárias C2*, tanto +ue em seu art FG,

 -, a "re#isão $ ex"ressa no sentido da obriga%ão do utili<ador dos conhecimentos

tradicionais em re"artir benef0cios

Ainda em seu texto, os artigos 181 e 18H reconhecem os direitos soberanos

dos estados em regular o acesso aos recursos gen$ticos, bem como o direito de esti"ular 

como ocorrerá o com"artilhamento de benef0cios desta utili<a%ão !o caso das

 "es+uisas cient0ficas en#ol#endo conhecimentos tradicionais e recursos gen$ticos $

obrigat/ria a "artici"a%ão "lena do "a0s "ro#edor, de modo a garantir o retorno dos

 benef0cios a este, como re"arti%ão de benef0cios

 !o artigo 18 da Con#en%ão $ re+uisito essencial "ara o acesso aos

conhecimentos tradicionais e recursos gen$ticos o consentimento "r$#io fundamentado

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do "a0s "ro#edor ignifica +ue o A* fica condicionado ao aceite do "ro#edor, +ue será

negociado com termos e condi%;es mutuamente acordados

de#er de cada "a0s formular as regras e "rocedimentos a serem a"licadasem casos de A*, com a exigncia de +ue se-am -ustos e não arbitrários na concessão

do acesso aos recursos gen$ticos

( acesso ao conhecimento tradicional ?C)@ associado biodi#ersidade $ de

grande #alor "ara di#ersas institui%;es de "es+uisa e em"resas em ra<ão de suas

 "es+uisas, muitas #e<es, seculares, resultantes de uma 0ntima rela%ão com o meio

ambiente 2este modo, as t$cnicas desen#ol#idas "elos "o#os e comunidades

tradicionais ?PC)@ são al#o de grandes interesses A fim de aumentar a "rote%ão desses

conhecimentos a C2* im";e o de#er de serem "reser#ados e res"eitados as "ráticas e

conhecimentos tradicionais, de modo a garantir a conser#a%ão e utili<a%ão sustentá#el

da biodi#ersidade, bem como a re"artir e+uitati#amente os benef0cios obtidos atra#$s do

C)4

(corre +ue com toda a #isibilidade dada "ela C2* os recursos gen$ticos e

conhecimentos tradicionais ficaram, de certa forma, des"rotegidos, -á +ue não existia

um regimento es"ec0fico "ara a mat$ria Jogo, "roblemas como a Bbio"irataria ficaram

latentes

Para com"lementar, "rinci"almente, o art 18 da C2* 5, di#ersos "a0ses

uniram esfor%os "ara a cria%ão de um regime internacional +ue abrangesse o A*

detalhadamente >oi então +ue em 4717 o texto final do Protocolo de !agoia ?P!@ foi

entregue ( *rasil assinou em 4711, entretanto, "or conflito de interesses no Congresso

 !acional o Protocolo não foi ratificado

Com o Protocolo a floresta deixou de ser #ista como um bem ambiental

im"roduti#o e fe< com +ue o ca"ital, antes inimigo da manuten%ão da floresta Bem "$,

se tornasse aliado da "reser#a%ão do meio ambiente

2 DR(, A R 2iálogo sobre o Protocolo de !agoia entre *rasil e Knião Euro"eia

3  ECRE)ARIA 2E *I(2I3ERI2A2E E >J(RE)A= MI!I)RI( 2( MEI(

AM*IE!)E ?MMA@ A Con#en%ão sobre 2i#ersidade *iol/gica L C2*

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Assim, "assa a ser #iá#el "reser#ar a floresta, "ois esta gera lucro com

ati#idades de grande #alor econmico A biodi#ersidade e os "o#os e comunidades

tradicionais se tornam atores "rinci"ais, "ara o cenário econmico nacional e

internacional, desse no#o mecanismo de ex"lora%ão econmica sustentá#el

As comunidades +ue antes eram in#isibili<adas e seus conhecimentos

des"re<ados tm a o"ortunidade de garantir o res"eito s suas tradi%;es e sua cultura "or 

meio do reconhecimento do #alor inestimá#el de seus ser#i%os ambientais e

conhecimentos tradicionais

Portanto, o Protocolo de !agoia consiste em uma regulamenta%ão es"ec0fica

do Acesso e Re"arti%ão de *enef0cios, tratada como ob-eti#o da Con#en%ão da

2i#ersidade *iol/gica e, "ortanto, o "rimeiro tratado ambiental multilateral com o

condão de facilitar o in#estimento em "es+uisas en#ol#endo recursos gen$ticos e

conhecimentos tradicionais, fomentando uma utili<a%ão racional da biodi#ersidadeN

5 (s Protocolos Comunitários

(s Protocolos Comunitários ?PC@ ganham forma e im"ortncia no Protocolo

de !agoia Pre#isto ex"ressamente o artigo 1418

, o texto exige +ue as "artes obser#emos B"rotocolos e "rocedimentos comunitários, conforme a"licá#el, com res"eito ao

conhecimento tradicional, al$m da legisla%ão dom$stica e Bleis costumeiras das

comunidades ind0genas e locais

Podemos definir, "ortanto, os PCs como Bestatutos com regras e

res"onsabilidades, nas +uais as comunidades estabelecem seus direitos consuetudinários

sobre os recursos naturais da terra, conforme suas leis consuetudinárias, nacionais e

internacionais&

4 DR(, A R 2iálogo sobre o Protocolo de !agoia entre *rasil e Knião Euro"eia

5  ECRE)ARIA2( 2A C(!3E!O( (*RE 2I3ERI2A2E *I(JQDICA=

MI!I)RI( 2( MEI( AM*IE!)E ?MMA@ Protocolo de !agoia sobre acesso a recursos

gen$ticos e re"arti%ão -usta e e+uitati#a dos benef0cios deri#ados de sua utili<a%ão Con#en%ãosobre 2i#ersidade *iol/gica

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(s "rocedimentos e regras internas dos PC)s, +uase sem"re transmitidos

oralmente, utili<ados "ara regular a conduta interna das comunidades e com agentes

externos, bem como gestão territorial são os chamados direitos consuetudinários

Ao reunir essas informa%;es em um documento escrito +ue transmita

fielmente as leis internas dos PC)s o direito consuetudinário se solidifica em Protocolo

Comunitário, de forma a reger o tratamento de agentes externos com as comunidades

As "artes ficam obrigadas a res"eitarem os costumes tradicionais dos PC)s

e, a "artir da0, cria9se um "atamar de discussão e+uitati#o, ou se-a, redu< drasticamente

as chances dessas comunidades serem #0timas da bio"irataria ou +ue tenham seus

costumes #iolados "or terceiros de má9f$, ainda +ue ocorram tais ilicitudes o PC os

res"alda em seus direitos

(s "rotocolos comunitários são desen#ol#idos "or meio de um "rocesso

 "artici"at/rio em +ue "odem a-udar a "roteger os direitos dos PC)s aos seus recursos

naturais e conhecimentos= construir as "r/"rias regras e regulamenta%;es #isando a

conser#a%ão da biodi#ersidade e "romo%ão do uso sustentá#el destaH Al$m disso, de#e

ser "ensado tamb$m como um instrumento "ara regular a consulta li#re, "r$#ia e

informada ?CJPI@, de acordo com a Con#en%ão 1&' da (I), tendo em #ista +ue o A*

s/ "ode ser concedido a"/s o consentimento "r$#io e fundamentado concedido "elos

 "ro#edores

Atra#$s deste instrumento os PC)s re#ertem o "rocesso Bcima9baixo +ue

os usuários, geralmente grandes em"resas de cosm$ticos e go#erno, estão acostumados

 !ão há im"osi%ão "or esses agentes aos "ro#edores, +ue "assam a deter o "oder 

decis/rio no "rocesso de A*F

6I2ERSA, S, MIJJIDA!, A, S(TJI, S TRKMM, T, 6(!A, T TIEM)RA, ,

(JI3IA, M6 Communit "rotocol and free, "rior informed consent L o#er#ieU and lessons

learnt *iodi#ersit and culture: ex"liring communit "rotocols, rights and consent )radu%ão

li#re

7 Ibid

 Ibid

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)al como $ dito na cartilha Metodologia "ara Constru%ão de Protocolos

Comunitários, criado "elo Dru"o de )rabalho Am<nico L D)A, Ba constru%ão de

 "rotocolos comuniatrios tem como ob-eti#o em"oderar "o#os e comunidades

tradicionais "ara dialogar com +ual+uer agente extrerno de modo igualitário,

fortalecendo o entendimento da comunidade dos seus direitos e de#eres e estabelecendo

a im"ortncia da onser#a%ão da biodi#ersidade e de seu uso sustentá#el'

)al como afirma Srstina UidersVa sobre os PCs, +ue, regulando um

m$todo de CJPI,

 "ermite +ue as comunidades tomem decis;es caso a caso sobre "ro"ostas dedesen#ol#imento ou "ro-etos, com base em uma rol grande de informa%ão

 "r$#ia, assim como discuss;es e delibera%;es a n0#el comunitário>undamentalmente, o CJPI "ermite s comunidades negar o consentimentoou #etar "ro"ostas L sem isso, as comunidades tm uma influncia muitomais limitada sobre a tomada de decis;es17

A CJPI garante aos PC)s o direito de #etar ou embargar o acesso ao

conhecimento tradicional com a emissão de uma negati#a de consentimento

fundamentado, de modo +ue não de#e ser arbitrário, ou mesmo de retirar o

consentimento -á concedido se o usuário esti#er contrariando as cláusulas mutuamente

acordadas11

2este modo, os PCs tm o condão de ca"acitar os "o#os e comunidades

tradicionais a negociar ou mesmo con#ersar igualitariamente com atores externos de

grande "oder a+uisiti#o e "ol0tico de modo a garantir as regras consuetudinárias, agora

estruturadas em documento escrito abrangendo temas como gestão territorial, A* e

CJPI

N Reconhecimento em Charles )alor 

Charles )alor trata da +uestão do Multiculturalismo e do reconhecimento

na atual con-untura mundial, em +ue as sociedades estão a se tornar cada #e< mais

! RE2E DRKP( 2E )RA*AJT( AMAWX!IC( Metodologia "ara Constru%ão de

Protocolos Comunitários: ciclo das oficinas e dos encontr;es D)A, 4718 " 71

1" Ibid )radu%ão li#re

11 Ibid

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 "lurais e se #em em conflito +uando as demandas das minorias afetam os direitos

indi#iduais da maioria

2este modo, "ro";e uma forma de liberalismo ca"a< de Benxergar asdiferen%as e "ensar em "ol0ticas de inclusão da cultura minoritária na sociedade

res"eitando as suas es"ecificidades, +ue #em a chamar de Jiberalismo Multicultural14

Para +ue isso ocorra sem grandes "roblemas o autor discute a "ossibilidade

de ha#er uma mudan%a na forma como a cultura hegemnica trata as minorias, "ois

acredita +ue o liberalismo "raticado em grande "arte do mundo seria cego s diferen%as

A essa forma de liberalismo )alor denominou Jiberalismo de igualdade

 !ele, o Estado "assa a tratar todos como iguais no "lano social na tentati#a de ser o

mais -usto "oss0#el, tendo em #ista +ue concederia direitos iguais a todos

(corre +ue o autor a"onta um "roblema: nem todas as "essoas ou gru"os

são iguais entre si, mas "ossuem suas "r/"rias es"ecificidades e de#em ser res"eitadas

A essas +uest;es intr0nsecas a cada gru"o e suas es"ecificidades )alor 

chama de autenticidade, +ue consiste na ideia de Bidentidade indi#iduali<ada Atra#$s

dela, cada indi#0duo ou gru"o cria uma identidade "r/"ria

Afirma, ainda, +ue a identidade $ formada no reconhecimento, +ue se daria

em dois momentos distintos: "rimeiro no "lano 0ntimo, em +ue o reconhecimento ou

não dos agentes im"ortantes na forma%ão do selfie o influenciam= e no "lano social, o

reconhecimento do restante da sociedade

( "roblema consiste no reconhecimento do "lano social do Jiberalismo de

igualdade, le#ando em conta +ue nega +ual+uer diferen%a entre as culturas Assim, o "lano social tende a influenciar negati#amente na forma%ão da identidade das minorias,

discriminando9as

Com esse ti"o de atitude a tendncia $ +ue interiori<em uma #isão

de"reciati#a de si "r/"rios

Isso ocorre, "ois, "ara )alor, a forma%ão da identidade não $ monol/gica,

mas dial/gica (s "rocessos de reconhecimento influenciam diretamente na forma%ão

12 )AYJ(R, C et al Multiculturalismo: examinando a "ol0tica de reconhecimento

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do  selfie e, se esse diálogo for de"reciati#o "or meio de um reconhecimento incorreto

esse indi#0duo seria relegado a uma situa%ão de Bcidadania de segunda classe

)alor ex"lica essa rela%ão afirmando +ue: Bde acordo com esse "onto de#ista, a+ueles +ue, de#ido "obre<a, se #eem sistematicamente im"edidos de

usufru0rem ao máximo dos seus direitos de cidadania tm sido relegados "ara um

estatuto de segunda categoria e necessitam de uma a%ão de com"ensa%ão atra#$s da

igualdade15

A solu%ão seria, "ortanto, "ensar em uma forma de reconhecimento em +ue

as es"ecificidades fossem res"eitadas e resultassem em "ol0ticas de discrimina%ão

 "ositi#as, tal como as a%;es afirmati#as -á conhecidas: cotas $tnicas em em"regos,

uni#ersidades como medidas "aliati#as e tem"orárias a fim de e+uilibrar as diferen%as

entre gru"os hegemnicos e minorias

Assim, o reconhecimento correto, "ara )alor, seria a+uele ca"a< de

identificar as necessidades es"ec0ficas de cada gru"o e trata9los de formas diferenciadas,

garantindo o res"eito multiculturalidade "resente no "lano social e am"liando o modo

de #er o diferente a fim de admitir o igual #alor entre as di#ersas culturas

8 Res"eito s diferen%as atra#$s dos Protocolos Comunitários

2e "osse de um bre#e conhecimento acerca da ideia de reconhecimento em

)alor e no +ue consistem os Protocolos Comunitários, "assamos a discutir o cerne

deste estudo: o reconhecimento atra#$s dos PCs

(s "rotocolos comunitários "odem ser #istos como uma im"osi%ão dos

PC)s aos agentes externos, +ue cito como exem"lo as em"resas de "es+uisa e o Estado,

a res"eitarem seu modo de #ida tradicional, "rocesso decis/rio e A* adotado "or elas e

detalhado em um instrumento +ue "ositi#a o direito consuetudinário

Por #e<es o Estado tende a adotar "ol0ticas uni#ersais "ara os PC)s, ou se-a,

sem res"eitar as es"ecificidades de cada uma delas Como #isto acima, em )alor, essas

 "ol0ticas tendem a ser homogenei<adoras, sendo a identidade de cada gru"o "re-udicada

 "ara se ade+uar +uelas exigncias

13 )AYJ(R, C et al Multiculturalismo: examinando a "ol0tica de reconhecimento " &H

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( debate acerca do direito Barcaico #ersus o direito aberto s mudan%as

fica bem n0tido nas "ala#ras de Marcos 3in0cio >eres e 6oão 3itor de >reitas Moreira:

 !esse contexto de re"rodu%ão do arcaico -ur0dico, acaba9se "or impor uma lógica da dominação ocidental sobre povos tradicionais  os +uaissão submetidos aos dogmas tradicionais do direito "ri#ado ( institutodo contrato, "or exem"lo $ uma t0"ica categoria do direito "ri#ado,+ue foi absor#ido, sem +ual+uer cr0tica, "elo sistema de "ro"riedadeintelectual Mas como seguir o geral e o abstrato, desconsiderando asnarrati#os do "articular, acarreta em uma inter"reta%ão cmoda,fechando o direito em si mesmo com os seus "r/"rios significados esolu%;es, a"licar uma categoria do "ri#ado fruto de uma racionalidadeinstrumental euro"eia ocidental em uma comunidade tradicional +uenão com"artilha desse mesmo ethos  $ afirmar uma interpretação

cultural vertical, que solapa qualquer relação diferencial, igualando,

no âmbito do Direito, sujeitos distintos a categorias iguais 1N  ?grifonosso@

Km corte rele#ante "ara ilustrar o modus operandi  do Estado ao agir 

#endado s diferen%as entre os gru"os sociais e da forma como im";e uma no%ão de

direito alien0gena a esses gru"os tra<emos o "ensamento de Pierre *ourdieu, soci/logo

francs, +ue trata, "rinci"almente, da rela%ão do Estado com os indi#0duos de forma

cr0tica18

Esse autor introdu< a ideia do "oder simb/lico, +ue consiste em uma formade mani"ula%ão, in#is0#el e +uase im"erce"t0#el, decorrente dos instrumentos de

comunica%ão e conhecimento, mas +ue age "rinci"almente atra#$s do direito ( "oder 

simb/lico $ ca"a< de im"or aos cidadãos, de modo natural, um modo de "ensar e agir

2e "ouco em "ouco o Estado molda as "essoas sutilmente, ou se-a, sem a"licar a for%a

?f0sica ou econmica@ "ara obter tal resultado

Em res"osta ao "oder simb/lico exercido "elo Estado, ou +ual+uer outra

denomina%ão +ue "ossa ser adotada, mas +ue tenha o mesmo fim, de im"or 

silenciosamente um modo de agir ou "ensar aos PC)s +ue os Protocolos Comunitários

foram "ensados )anto em )alor, como em *ourdieu, $ e#idente a ideia de Estado

tendente a homogenei<ar e direcionar os indi#0duos ou gru"os "ara onde +uer +ue lhe

con#enha

14 >ERE, M3C, M(REIRA, 63 de > Considera%;es acerca do Conhecimento )radicional

e do Modelo de Acesso ao Patrimnio Den$tico

15 *(KR2IEK, P Ra<;es Práticas: sobre a teoria da a%ão

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2e "osse dos PCs as comunidades "odem exigir +ue se-am le#adas em

considera%ão seus modos de #ida e decisão tradicionais ao in#$s de se cur#ar s

 "ol0ticas de igualdade em busca de uma cidadania +ue não $ ideal a sua cultura

A no%ão de cidadania "ode mudar dentro de um mesmo "a0s, de estado "ara

estado ou de gru"o "ara gru"o, de modo +ue há a "ossibilidade de as Pol0ticas P.blicas

não atenderem s necessidades de todos

A nfase $ dada aos PC)s, ao considerarmos +ue existe uma di#ersidade

cultural imensa +ue claramente difere da cultura hegemnica e, "ortanto, as demandas

necessárias efeti#a%ão de suas cidadanias não são as mesmas dos gru"os ma-oritários

(s PCs são, dessa forma, uma tática de defesa de seus direitos e um modo

de determinar como será sua rela%ão com o agente externo !ão obstante, "odem ser 

utili<ados de di#ersas outras iniciati#as, tal como gestão territorial, A* e CJPI1&

Atra#$s desse #alioso instrumento, os PC)s tm a o"ortunidade de terem

res"eitado seu direito consuetudinário "or +uem +uer +ue se relacione com elas, "ois

cria um es"a%o de diálogo fa#orá#el ao li#re debate entre usuário e "ro#edor com

 "oucas chances de mani"ula%ão ou hi"ossuficincia1H

( Protocolo Comunitário "ode ser entendido como o meio "elo +ual os

agentes externos identificam as es"ecificidades de um gru"o cultural minoritário e

entendem a dinmica social e o modo de #ida tradicional +ue consta "ositi#ado "or 

meio dele

A "artir da0 o usuário am"lia sua gama de #alores e "assa a reconhecer o

#alor da+uela cultura e os cuidados +ue de#e ter ao interagir com ela baseados nas

es"ecificidades da+uela comunidade identificadas no Protocolo Comunitário

As rela%;es entre os PC) e os usuários ficam e#identemente mais -ustas,

 "ois e+ui"ara as for%as entre as "artes e fortalece o diálogo e o Protocolo ser#e como

meio de defesa de transgress;es ao dis"osto no documento

16 PIM*ER), M >PIC and beond: safeguards for "oUer9e+ualising research that "rotects

 biodi#ersit, rights and culture

17 ibid

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& ( Protocolo Comunitário do *aili+ue e o res"eito identidade

A metodologia utili<ada na constru%ão do Protocolo Comunitário do

*aili+ue está detalhada em uma cartilha confeccionada "elo Dru"o de )rabalhoAma<nico L D)A, sob o t0tulo Metodologia "ara Constru%ão de Protocolos

Comunitários, "ublicada em 4718, ser#e de "armetro "ara a constru%ão de outros PCs

 "elo *rasil e "elo mundo, -á +ue altamente re"licá#el e ada"tá#el a di#ersos "o#os e

comunidades tradicionais

Com aten%ão aos tratados internacionais, "rinci"almente a C2*, P! e

Con#en%ão 1&' da (I) e legisla%ão nacional, como a Jei nG 41F&91&Z4771, os "assos

adotados "ela e+ui"e t$cnica do D)A "ara desen#ol#er o Protocolo Comunitário em

con-unto com as comunidades do *aili+ue seguem re+uisitos como: Consentimento

Ji#re, Pr$#io e Informado= ca"acita%ão "ara entender conceitos como o "r/"rio PC,

conhecimentos tradicionais, A* e identidade

)ais temas são tratados em oficinas de ca"acita%ão com a fun%ão de le#ar o

maior n.mero de informa%ão "oss0#el aos comunitários Como instrumentos de a"oio

são utili<adas cartolinas e banners im"ermeá#eis, +ue "ossuem maior durabilidade e

com as informa%;es detalhadas e didaticamente sistemati<adas As lideran%as locais

le#am o material de fam0lia em fam0lia ex"licando os conceitos e ob-eti#os do trabalho

 "ara en#ol#er e incenti#ar a "artici"a%ão de mais "essoas no "rocesso de constru%ão do

PC

Al$m disso, há o documento consulta, +ue re.ne as res"ostas dadas "elas

lideran%as durante a oficina de diagn/stico s/cioZeconmicoZambientalZcultural das

comunidades a fim de legitimar o ato e a"arar as im"erfei%;es "or meio da manifesta%ão

de todos os comunitários +ue se demonstrarem interessados

 !a referida oficina de diagn/stico das comunidades os temas da identidade,

autodefini%ão, hist/ria das comunidades, organi<a%ão, tomada de decisão, ma"a mental

do territ/rio, ati#idades rotineiras e uso sustentá#el são abordadas, +ue são +uest;es

abordadas "or meio de "erguntas sim"les, tal como dis"osta na cartilha:

Bse algu$m de fora lhe "erguntar: +uem $ #oc[ ( +ue #oc di<[

Como seus a#/s e "ais se identificaramZreconheciam[ ?\@ Comodefinir +uem $ da comunidade[ ?\@ ]uais as "rinci"ais tradi%;es da

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sua comunidade[ ?\@ 3oc gostaria de mudar algo no sistema ouestrutura existente[ Por +u[1F

Essas "erguntas e res"ostas tm "a"el fundamental ao en#ol#er as

comunidades na constru%ão do Protocolo Comunitário, tal como os "r/"rios dirigentes

afirmam constantemente "ara os comunitários +ue o D)A está a"enas ser#indo "ara

auxiliar na constru%ão do documento, mas +ue são de inteira res"onsabilidade das

comunidades en#ol#idas o seu conte.do e a"lica%ão

A metodologia tem funcionado, se le#armos em considera%ão +ue há cada

#e< um maior n.mero de "essoas "artici"ando das oficinas e encontr;es, bem como

o"inando na constru%ão do mesmo, ou se-a, de fato estão construindo seu PC ao in#$s

de serem meros agentes "assi#os no "rocesso

Mas o "onto "rinci"al "ara o debate do "resente trabalho se dá no +ue tange

ao conte.do das res"ostas relati#as identifica%ão e reconhecimento, assim como o

res"eito s res"ostas dadas "elos comunitários

)al como dito anteriormente, o ob-eti#o do PC $ in#erter a ordem de tomada

de decisão, assim, a constru%ão Bbaixo9cima do mesmo se torna e#idente, ao contrário

do +ue #emos em grande "arte dos Protocolos *ioculturais mundo afora, grandementedifundidos

( modelo didático de "artici"a%ão estimula ainda mais o interesse dos

comunitários, com "erguntas escritas em cartolinas "ela organi<a%ão e as res"ostas dos

comunitários escritas em "a"eis ou "roferidas oralmente e debatidas em con-unto com

outros moradores torna "al"á#el os "rinc0"ios norteadores da democracia ambiental: a

informa%ão e "artici"a%ão ambiental

A -ustificati#a #em da "r/"ria e+ui"e do "ro-eto:

A+ui se busca um entendimento sobre como os "artici"antes seidentificam em um contexto indi#idual, "ara então le#ar essadiscussão "ara a comunidade im"ortante +ue se-a uma ati#idade deauto9identifica%ão, sem +ue o facilitador influencie na res"osta Aidentidade $ algo +ue $ fluido e "ode modificar com o tem"o, "rinci"almente frente a desafios Por isso tamb$m, a auto9

1 RE2E DRKP( 2E )RA*AJT( AMAWX!IC( Metodologia "ara Constru%ão de

Protocolos Comunitários: ciclo das oficinas e dos encontr;es D)A, 4718 " 44951

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identifica%ão "ode #ir em formato de #árias res"ostas Kma "essoa seidentifica de #ários modos1'

As res"ostas são di#ersas, mas todas com um "ano de fundo em comum,

+ue são agru"adas de acordo com as semelhan%as e serão "ostas no Protocolo

Comunitário

(s "rocessos de tomada de decisão tamb$m são le#ados em considera%ão

nas oficinas, sendo discutido em gru"o os n0#eis de "artici"a%ão e como se dá a

dinmica en#ol#endo as decis;es 2este modo, o PC não "oderá estabelecer formas

diferentes de tomada de decisão, "ois geraria estranhe<a dos comunitários e fugiria

totalmente da "ro"osta de constru%ão do documento

 !o Protocolo Comunitário do *aili+ue $ montado de acordo com as

res"ostas obtidas nas oficinas, a defini%ão de +uem "ertence ou não s comunidades,

abrangendo, inclusi#e, filhos de comunitários +ue moram fora do ar+ui"$lago e "essoas

+ue #ieram de outras localidades, mas +ue -á se inseriram no contexto e cultura

 baili+uense= deliberam tamb$m a inclusão e exclusão de "essoas das comunidades,

estabelecendo crit$rios es"ec0ficos= os #alores norteadores das comunidades= tomada de

decis;es, com autoridades comunitárias em áreas es"ec0ficas, sendo conselheiros,

l0deres religiosos, "rofessores, "arteiras e as decis;es tomadas em reuni;es com os

moradores em geral "odendo "artici"ar das discuss;es= estabelecem tamb$m um Acordo

de Con#i#ncia, +ue de#e ser res"eitado no "rocesso de decisão= o uso dos recursos

naturais tamb$m foi abordado no PC, estabelecendo regras "ara mane-o do a%a0, "esca

de determinadas es"$cies, ca%a etc= al$m de "ontos es"ec0ficos +ue não foram debatidos

at$ o momento da formali<a%ão do Protocolo Comunitário, mas +ue "recisam de

amadurecimento e discussão= e, "or fim, o acesso ao recurso gen$tico e conhecimento

tradicional e re"arti%ão de benef0cios, +ue tem "rocedimento es"ec0fico e r0gido47

2esde modo, "odemos identificar os "rinci"ais "ontos do estudo te/rico

resumido anteriormente de Charles )alor: a identidade e o reconhecimento (

1! RE2E DRKP( 2E )RA*AJT( AMAWX!IC( Metodologia "ara Constru%ão de

Protocolos Comunitários: ciclo das oficinas e dos encontr;es D)A, 4718 p# 22#

2" C(MI)^ DE)(R 2( PR()(C(J( C(MK!I)_RI( 2( *AIJI]KE= RE2E

D)A Protocolo Comunitário do *aili+ue: conhecer "ara "roteger 4718

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Protocolo Comunitário funcionaria como uma -anela, "or onde +uem está de fora da

casa consegue #er dentro "erfeitamente e, deste modo, identifica seus moradores e "ode

obser#ar seus modos de agir "ara "oder se relacionar com os mesmos corretamente

em a -anela não se "ode #er seus moradores e o +ue resta ao obser#ador externo $ agir 

de acordo com um "adrão estabelecido "or ele mesmo, baseado no seu relacionamento

com os moradores das demais casas

H Considera%;es >inais

>oi "oss0#el, com esse estudo, entender como os Protocolos Comunitários

 "odem a-udar a entender a dinmica dos "o#os e comunidades tradicionais +ue os

constroem e a auxiliar os agentes externos a desen#ol#er a melhor "ol0tica de

relacionamento com estes

(s PC)s "assam a gerir as rela%;es com terceiros, assumindo o controle dos

 "rocedimentos e tendo a "ossibilidade de ter #o< ati#a no "rocesso de tomada de

decis;es e negocia%;es

A ideia de reconhecimento ganha for%a com a im"lementa%ão dos PCs em

ra<ão de se demonstrar um meio ca"a< de am"liar os hori<ontes da+ueles +ue não "ertencem +uelas minorias culturais tradicionais

F Referncias *ibliográficas

*(KR2IEK, P Ra<;es Práticas: sobre a teoria da a%ão Pa"irus: ão Paulo, 1''&=

C(MI)^ DE)(R 2( PR()(C(J( C(MK!I)_RI( 2( *AIJI]KE= RE2E

D)A Protocolo Comunitário do *aili+ue: conhecer "ara "roteger 4718

>ERE, M3C, M(REIRA, 63 de > Considera%;es acerca do Conhecimento

)radicional e do Modelod e Acesso ao Patrimnio Den$tico PI2CC, Araca-u, Ano I3,

3olume 7' nG 74, " 474 a 471', -unho de 4718 UUU"idcccombr =

DR(, A R 2iálogo sobre o Protocolo de !agoia entre *rasil e Knião Euro"eia*rasilia: MMA, 4715 4' "=PIM*ER), M >PIC and beond: safeguards for "oUer9e+ualising research that "rotects

 biodi#ersit, rights and culture *iodi#ersit and culture: ex"liring communit

 "rotocols, rights and consent Iied, 4714 UUUiiedorg=

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RE2E DRKP( 2E )RA*AJT( AMAWX!IC( Metodologia "ara Constru%ão de

Protocolos Comunitários: ciclo das oficinas e dos encontr;es D)A, 4718

ECRE)ARIA 2E *I(2I3ERI2A2E E >J(RE)A= MI!I)RI( 2( MEI(AM*IE!)E ?MMA@ A Con#en%ão sobre 2i#ersidade *iol/gica L C2* *ras0lia:

MMA, 4777 1 "=

ECRE)ARIA2( 2A C(!3E!O( (*RE 2I3ERI2A2E *I(JQDICA=

MI!I)RI( 2( MEI( AM*IE!)E ?MMA@ Protocolo de !agoia sobre acesso a

recursos gen$ticos e re"arti%ão -usta e e+uitati#a dos benef0cios deri#ados de sua

utili<a%ão Con#en%ão sobre 2i#ersidade *iol/gica *ras0lia: MMA, 471N N4 "=

I2ERSA, S, MIJJIDA!, A, S(TJI, S TRKMM, T, 6(!A, T

TIEM)RA, , (JI3IA, M6 Communit "rotocol and free, "rior informed consente

 L o#er#ieU and lessons learnt *iodi#ersit and culture: ex"liring communit "rotocols,

rights and consent Iied, 4714 UUUiiedorg=

)AYJ(R, C et al Multiculturalismo: examinando a "ol0tica de reconhecimento

Jisboa: Instituto Piaget, 1''N