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PERFIL DOS PRATICANTES E SENTIMENTOS ENVOLVIDOS NA CORRIDA DE
ORIENTAO: UM ESTUDO DOS ORIENTISTAS DO GRUPO BADEN POWELL
Joo Luiz Barros Torres1
Discente do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Cear (IFCE)
Profa. Esp. Allana Joyce Soares Gomes2
Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Cear (IFCE)
RESUMO
O presente artigo est situado na rea de atividades na natureza e esportes de aventura como
opes de lazer. Possui como objetivo investigar os principais motivos e sentimentos
envolvidos na corrida de orientao, bem como, identificar o perfil socioeconmico dos
adeptos dessa atividade. Aplicamos pesquisa de campo em forma de questionrios com
perguntas abertas e fechadas, divididas em duas etapas, uma com perguntas sobre o perfil
socioeconmico e a outra com perguntas sobre a prtica do desporto, as motivaes e os
sentimentos envolvidos na corrida de orientao. Dentre os principais resultados foi
constatado que o perfil dos praticantes formado por homens, jovens, solteiros, com alto
nvel de formao e poder aquisitivo. Quanto aos motivos para a adeso do esporte, foram
observados que, em sua maioria, so a curiosidade, o desejo pr-existente por esportes de
aventura e o desafio. A respeito do que foi questionado sobre os sentimentos envolvidos com
a prtica, observamos que entre os homens prevaleceram os sentimentos ligados superao
de limites, aventura e o esforo fsico. J entre as mulheres foram observados os sentimentos
de aventura, equilbrio psicolgico e contato com a natureza.
Palavras-chave: lazer, natureza, esporte, aventura e orientao.
INTRODUO
A procura pelas aventuras das atividades na natureza vem sendo constante. Essa
procura est relacionada intensamente com as sensaes, emoes e percepes que essas
atividades proporcionam. Os efeitos modificadores da sensibilidade causada por essas prticas
vm sendo estudados por autores estudiosos do tema lazer, aventura e natureza. Como diz
Bruhns (2009) a relao do meio ambiente com os sentidos e os sentimentos manifestam-se constantemente por meio de nossas aes.
A percepo da sensibilidade pode ser um fator importante na construo da
conscientizao ambiental, podendo essa sensibilidade assumir o papel de melhor precursor
dessa conscientizao, atravs do contato com a natureza, repercutindo em sentimentos
capazes de tornar possvel uma melhor relao entre homem e meio natural.
1 Joo Luiz: Travessa Sinara, 47 Pici Fortaleza-CE. CEP: 60360-040 / (85) 81587887 - (85) 32350950
/ E-mail: [email protected].
2 Av. Treze de Maio, 2081, Benfica, Fortaleza-Ce | (85) 88460662 (85) 30671485 / E-mail:
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Ento, como pano de fundo vamos utilizar a modalidade de desporto de natureza -
corrida de orientao, e estudar a relao entre homem e meio ambiente por meio do lazer de
aventura na natureza, embrenhando-se a fundo junto corrida de orientao (melhor
conhecida, entre seus praticantes, por orientao), visto que, esse desporto pode ser definido
como a arte de navegar por entre terras desconhecidas (natureza), utilizando-se de uma
bssola e um mapa para encontrar os pontos de controles (prismas), localizados
estrategicamente nos acidentes geogrficos do terreno.
Com uma vasta gama de elementos especficos da orientao, diferenciados daqueles
j conhecidos presentes nos esportes tradicionais, o desporto torna-se motivador e excitante,
caracterizando-se como uma forte ferramenta de ensino, muito importante no
desenvolvimento social e pessoal dos praticantes, modificador e impulsionador de boas
atitudes por parte dos seus adeptos.
Diante da importncia que as atividades de aventura na natureza assumiram nos
ltimos anos, nos deparamos diante da responsabilidade de se pesquisar e estudar essas
formas de lazer contemporneo. Sendo assim, esse estudo foi idealizado com o intuito de
contribuir com os estudos cientficos relativos s atividades de aventura da natureza. Espera-
se com esse artigo enriquecer os conhecimentos de estudantes, pesquisadores, professores,
profissionais e interessados na rea das atividades de natureza
Sendo assim, o nosso objetivo , por meio de uma investigao com os membros do
clube de orientao Baden-Powell, identificar as motivaes e os sentimentos que envolvem
os praticantes de corrida de orientao, bem como o perfil socioeconmico dos mesmos.
A referida pesquisa foi realizada inicialmente por meio de estudos documentais e
bibliogrficos, por meio de documentos disponveis em sites referentes clubes de orientao,
confederao, federaes, livros e artigos cientficos referentes ao tema em questo.
A pesquisa de campo aconteceu por meio da aplicao de questionrios com perguntas
abertas e fechadas, divididas em duas etapas, uma com perguntas sobre o perfil
socioeconmico e a outra com perguntas sobre a prtica do desporto, as motivaes e os
sentimentos envolvidos na corrida de orientao.
SOBRE A CORRIDA DE ORIENTAO
A corrida de orientao um desporto que consiste em percorrer um determinado
acidente geogrfico desconhecido com o auxlio de um mapa e uma bssola, onde neste local
esto colocados pontos de controle (prismas), por onde o atleta dever passar e colher os
cdigos contidos nos pontos de controles escolhendo seu prprio caminho at concluir todo o
percurso. Os objetivos desta modalidade variam entre os praticantes, alguns tm como
objetivo o lazer, o contato com a natureza, a socializao e dinmica grupal contida no
desporto, vencer os desafios e no desistir diante das dificuldades. Para outros o objetivo
conseguir encontrar todos os pontos em menor tempo possvel. Ganha uma prova de
orientao quem conseguir completar o percurso em menor tempo e com todos os cdigos
corretos colhidos nos prismas.
A corrida de orientao traz consigo uma caracterstica eco pedaggica, por ser
realizada em contato direto com a natureza, promove a interao do homem com o meio
ambiente natural, incentivando sua preservao. Contudo importante salientar que existem
tambm os percursos urbanos.
A orientao se diferencia das outras modalidades de corrida, pelo fato de no utilizar-
se somente do esforo fsico para sua realizao, mas tambm de esforo intelectual, pois
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exige que o atleta monte estratgias de percurso, realize clculos de distncias e azimutes,
faa identificaes de mapa e terreno, entre outros detalhes que um atleta de orientao
precisa ter em mente para a realizao de uma boa prova. Como diz Pasini e Dantas, a
orientao um esporte que une o fsico com a inteligncia, tornando-o um desporto muito competitivo (PASINI & DANTAS, 2003, p. 01).
H tambm a questo da interdisciplinaridade contida na corrida de orientao. A
capacidade de mesclar educao escolar dentro do desporto como forma ldica de
aprendizagem, fato que j vem sendo explorado como disciplina em escolas e universidades
no sul do Brasil.
HISTRICO DA CORRIDA DE ORIETAO
O desporto de orientao tem registros de surgimento por volta de 1850 na
Escandinvia, como forma de lazer dos soldados, lazer que exigia dos soldados raciocnio e
estratgia. Depois passou a ser no mais s uma atividade para militares, como tambm, um
desporto para todos. Por volta de 1912 na Sucia, a orientao entra no programa da
Federao Sueca de Atletismo pelo militar e lder escoteiro Major Ernest Killander, conhecido
ento como o pai da corrida de orientao. O desporto nasceu a partir da idia de criar uma
modalidade de corrida que no utilizasse somente o esforo fsico, pois j vinham sendo
demonstrado pelos jovens um grande desinteresse pelas chamadas corridas rsticas. Ento Killander criou uma espcie de cross-country, onde o praticante tinha a opo de escolha no
trajeto entre um ponto e outro do percurso, utilizando-se de um mapa e uma bssola para a
misso de encontrar tais pontos no terreno da corrida, demonstrados graficamente no mapa.
Killander ainda formulou os princpios bsicos de competio, regras, formas de organizar um
evento deste desporto, entre outros.
A orientao chega ao Brasil por volta de 1970 com militares que foram Europa
observar as competies do desporto de orientao do CISM (International Military Sports
Council). Em 1971 foram organizadas as primeiras competies militares no Brasil. Em 1974
o desporto foi incluso no currculo da Escola de Educao Fsica do Exrcito EsEFEx, sendo
uma disciplina obrigatria.
Em janeiro de 1999 foi fundada a Confederao Brasileira de Orientao CBO. Tendo como presidente o Sr. Jos Otavio Franco Dornelles, administrando o desporto de
orientao no Brasil. Em abril do mesmo ano aconteceu a primeira etapa do I Campeonato
Brasileiro de Orientao.
AS VERTENTES DA ORIENTAO
Segundo a Confederao Brasileira de Orientao (CBO, 2001), a corrida de
orientao possui quatro vertentes. So elas:
Competitiva - vertente que se constitui na formao desportiva do atleta, na busca da
vitria e no crescimento do desporto.
Ambiental - diz respeito s criaes das normas ambientais e das aes educativas que
envolvem os praticantes e organizadores, contribuindo com o contato e respeito ao meio
ambiente.
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Pedaggica - corresponde s aes que aproximaro o desporto ao aluno, frisando a
melhor educao, motivao e participao no desporto como forma de lazer e no como de
performance.
Turstica o desporto promove o deslocamento de atletas em lugares para lazer e esporte em meio natureza e o contato com outras, de forma recreacional e competitiva.
O PERCURSO DE ORIENTAO
O percurso de orientao indica onde esto demarcados os pontos em que o orientista
dever passar em ordem ou no, dependendo da modalidade, ressaltando que o atleta quem
decide o melhor caminho para chegar aos pontos de controle. A representao feita da
seguinte forma: Ponto de partida, ponto de controle e ponto de chegada.
No carto de controle esto s especificaes onde cada prisma est localizado, como
uma espcie de legenda, indica a localizao atravs de smbolos especficos da orientao.
O MAPA DE ORIENTAO
O mapa de orientao a representao grfica do terreno no qual o orientista ir
percorrer. O mapa essencial para o atleta, sem um mapa no tem como ser realizada uma
prova de orientao, nele esto contidas informaes precisas e especficas que um atleta
precisa saber para se orientar e planejar sua estratgia de corrida, smbolos e informaes dos
diversos acidentes geogrficos como relevo, curva de nvel, construes, lagos, estradas,
vegetao, entre outros.
Nos mapas so usados escalas, na orientao no diferente, nos mapas de orientao
so usados na maioria das vezes escalas de 1 : 5.000; escalas de 1 : 10.000; 1 : 15.000. Ento,
tomando como exemplo um mapa com escala de 1 : 10.000, quer dizer que cada centmetro
no mapa equivale a 100 metros no terreno.
SUAS CATEGORIAS
As categorias so divididas de acordo com o gnero, faixa etria e o grau de
dificuldade.
Descrevemo-las da seguinte maneira: As letras H e D referem-se ao sexo, Homem e Dama. Faixa etria: 10, 12, 14, 16, 18, 20, 21, 35, 40, 45, 50, 55, 60, 65, 70, 75, 80, 85 e 90.
Grau de dificuldade: N novato (fcil), B bravo (difcil), A alfa (muito difcil), E elite (elite), N1 e N2 (acompanhado).
Portanto, as categorias se fazem dos aspectos citados acima, sendo assim, um atleta
homem, que est conhecendo o desporto e de 22 anos, sua categoria ser H21N. E uma
garota de 18 anos que pratica orientao desde criana e j est no grau de dificuldade mais
elevado por escolha, sua categoria D18E.
ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS
A orientao um desporto pra toda a famlia e do estudante como visto em freqentemente nos documentos da Confederao Brasileira de Orientao (CBO), bem como
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da Federao Cearense de Orientao (FECORI). No entanto, ainda um esporte seletivo,
levando-se em conta os resultados discutidos nesse captulo.
Analisando o perfil dos praticantes do grupo Baden-Powell percebemos a
predominncia de homens (76%), dentre eles, a maior presena de jovens entre 18 a 38 anos
(60%), ressaltando que constatamos idade de praticante at 65 anos. Dentre as mulheres,
prevaleceram as jovens entre 26 a 38 como (100%) das entrevistadas, percebendo-se a falta
notria de adolescentes em relao s mulheres, possivelmente pelo fato de que o esporte
relacionado com sentimento de aventura, sendo estes ligados ao desejo de aventurar-se,
sensao de adrenalina, a incerteza, entre outros sentimentos histrico e culturalmente
pertencentes aos homens jovens.
Um ponto importante da pesquisa o fato de percebermos uma menor participao de
estudantes do ensino mdio e fundamental (8%), em relao aos profissionais com o total de
(90%), estes com ligeira prevalncia de profisses da rea de engenharia e tecnologia (38%),
seguido dos profissionais liberais (31%), e demais dos setores privado (15%). Com renda
predominante de 5 a 10 salrios e acima de 10 (58%), com formao de nvel superior (69%),
e nvel mdio (31%), a maioria estando solteiros (62%).
Isso nos permite desenhar um perfil para o orientista pesquisado, no qual formado
predominantemente por homens, com alto poder aquisitivo e alto grau de formao
acadmica, jovem, solteiro.
perceptvel tambm que a maioria possui pouco tempo de prtica, levando-se em
considerao que aqui no estado do Cear estamos no VI campeonato estadual, com
praticantes com menos de 1 ano de prtica (8%), entre 2 a 5 anos de experincia (77%),
praticantes entre 5 a 7 anos de experincia (15%). Dentre as categorias h predominncia da
categoria Alfa (38%), seguida da Elite (23%) e da Novato (23%), sendo a categoria Bravo a
de menor ndice (15%).
Entrando no campo dos sentimentos, emoes e sensaes envolvidos no desporto,
constatamos que, dentre os motivos para a aderncia na modalidade orientao, so
destacadas a curiosidade (24%) transmitida atravs da fruio ou de um convite feito por amigos; em seguida, com o mesmo percentual, vem o interesse pr-existente por esportes de
aventura; a busca pelo desafio e pela superao de limites, sendo destacados atravs de falas
tais como prazer de conseguir e vontade de se superar, obtendo o percentual de 19%; a busca pelo envolvimento com a natureza e por novas sensaes, como adrenalina e vertigem
atingiu um total de 14%. Nesta ltima observamos uma predominncia entre os homens.
Esses resultados nos levam a pensar sobre um outro tipo de curiosidade, no a
curiosidade do esporte, do como praticar , mas a de identificar o que o envolvimento com a
natureza pode proporcionar e de que forma ele pode ou no modificar a qualidade e/ou o
estilo de vida do praticante como o ser social que .
E por assim dizer, concordamos com Bruhns (1997), quando fala que Estes estudos procuram levar em conta a importncia de reflexes sobre esta interao humana com o meio
ambiente, apontando o compromisso com mudanas de atitudes e valores, que possam
interferir positivamente nessa relao BRUHNS, 1997 (apud TAHARA e SCHWARTZ, 2003).
Pensando por esse lado, nos remetemos a analisar a possvel forma de modificao
sociocultural e, em alguns casos raros, o econmico dos orientistas. Diante disso, damo-nos
de encontro com o estilo de vida dos personagens desse esporte, podendo-se perceber uma
alterao dos hbitos dos praticantes no que diz respeito a suas aes fora do ambiente de
prtica esportiva.
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Os eventos de corrida de orientao so praticados geralmente nos fins de semana,
desprovidos de uma caracterstica de obrigatoriedade, ou seja, sendo levado apenas como
lazer. Diante disso, no h uma seqncia de esforos para o aperfeioamento de tcnicas nem
de preparao fsica para o desenvolvimento da performance desportiva, no
descaracterizando com isso o compromisso com o mesmo. Essa maneira de encar-lo
promove aos praticantes uma adio em suas opes de lazer, o qual sofrer modificaes
atravs do contato com o esporte, visto que os conceitos e valores so histricos e mutantes.
Sendo assim, em relao ao lazer, concordamos com Bruhns (2004, p59) quando fala que o
mesmo um ideal e no somente uma idia.
Retomando a discusso sobre o perfil socioeconmico dos praticantes, remetemo-nos
a um fato que se encaixa nessa discusso, a modificao do perfil econmico. Dessa forma,
levamos em considerao o fato constatado no incio dessa anlise, no qual o perfil
predominante dos atletas aquele de boas condies financeiras, bem como de boa formao
acadmica. Ao relacionarmos esse fato com os elementos liderana e motivao, damo-nos de
encontro com duas palavras-chave: influncia e persuaso. A partir delas podemos pensar
agora na possvel forma de modificar um perfil econmico abaixo dos padres verificados na
pesquisa. Uma das supostas formas de alter-lo atravs da relao interpessoal entre os
adeptos do esporte, onde provavelmente consegue-se enxergar um estilo de vida e a partir
dessa viso, traar um percurso por onde se chegar ao status desejado, levando em conta a educao, o estilo de vida, os valores, entre outros aspectos.
Vale ressaltar a importncia dessas reflexes sobre o tema estudado, no intuito de
aproximar as relaes dessas prticas com o meio acadmico e tentando mapear todo sistema
envolvido para se chegar a concluses que possam vir a adicionar melhoras para o esporte,
bem como influenciar variveis formas de interao do homem com a natureza. Assim
podemos pensar que essa busca do prazer, da emoo que envolve a aventura pode representar
na viso de SCHWARTZ (2002), importantes elementos potenciais na perspectiva de alteraes de atitudes e valores, caractersticas fundamentais ligadas ao hbito destas prticas,
capazes de interferir na perspectiva de mudanas de estilos, almejada no mundo
contemporneo (TAHARA; SCHWARTZ, 2003).
Continuando no contexto das sensaes e sentimentos, foi questionado aos praticantes,
o que mais gostavam na orientao, percebeu-se ento a predominncia de sentimentos
ligados superao de limites e de aventura (26%), ressaltando que esses sentimentos
prevalecem nos homens. importante dizer que no queremos aqui entrar em uma discusso
sobre machismo e feminismo, mas somente apresentar uma ligeira diferena entre as formas
de interpretao sobre o esporte por parte de homens e mulheres.
Foram observados os sentimentos ligados superao de limites, aventura e de
esforo fsico, predominantemente entre os homens (54%), como visto em algumas respostas,
como: a sensao de desbravar locais diferentes, da corrida contra o tempo e a
adrenalina. Entendemos que a interpretao est mais ligada ao desafio de si e com a
natureza, onde nele se busca o desconhecido e o indefinido, mesmo esse sendo estimado.
Entre as mulheres, este mesmo sentimento teve destaque de 17%.
Entre as mulheres, o que se destaca em relao ao que mais se gosta na orientao, so
os sentimentos de aventura, equilbrio psicolgico e contato com a natureza (83%), isso nos
remete a uma interpretao mais sensvel do esporte, algo mais aberto em relao
aprendizagem e a percepo, ligados a interao do homem com a natureza, como observado
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em respostas: Interagir com a natureza. Saber que, muitas vezes, no passaria por certos
lugares se no fosse por um motivo de competio, como um mangue, subir dunas altssimas
ou entrar em trilhas desconhecidas.
Foi questionado ainda se os praticantes j haviam se machucado durante a prtica da
orientao. Do total, a maioria disse que sim (64%), entre os homens o percentual dos que se
machucaram foi de (70%), j com as mulheres constatou-se (50%). As respostas foram
condizentes quanto ao controle dos riscos realizado atravs do uso de equipamento e
vestimentas adequados, constatando a seguridade do esporte. Foram observadas respostas
como arranhes e leves escoriaes. No resultado mais grave tivemos uma micro-fratura,
como dito no questionrio de uma praticante: Sim, algumas vezes, na maioria foram
arranhes superficiais. O mais grave foi uma micro-fratura em um osso do p e tive que ficar
15 dias com o p imobilizado.
A ltima pergunta do questionrio foi sobre como os praticantes se sentiam aps terem
terminado um percurso de orientao. Sentimentos de realizao e superao foram os mais
observados. Neste sentimento, homens e mulheres apresentaram respostas semelhantes,
homens com 44% e mulheres com 43%. Seguindo atrs vem o sentimento de felicidade e de
prazer (36%), e o menos observado foi o cansao (20%).
Entendemos que o cansao do corpo no supera o xtase da mente, levando os
participantes, em sua maioria, a quererem continuar praticando e vivenciando essas sensaes,
perdidas no meio urbano com suas tecnologias, como observado em algumas respostas: Feliz
em ter cumprido mais uma prova e com vontade de participar de outra e Cansada, mas com
muito prazer por ter concludo, ou seja, por ter atingido minha meta.
CONSIDERAES FINAIS
A experimentao dessas novas emoes e sensibilidades podero conduzir os seres
humanos a diferentes formas de percepo e de comunicao com o meio em que vivem.
Bruhns, 1997 (apud MARINHO, 2001, p150).
Pensando nisso verificamos e analisamos a importncia dessas atividades nas
modificaes socioculturais dos praticantes, bem como a importncia de se refletir e estudar
sobre o tema, tentando levar as respostas e concluses aos diversos campos da sociedade, no
intuito de intensificar as boas relaes que devem ser praticadas em meio natureza para
assim dizer, melhorar a qualidade e estilo de vida de ns, seres humanos, agindo com tica na
natureza, respeitando nossos prximos, muitas vezes to distantes, utilizando a percepo
como uma melhor precursora dessas boas relaes. Dessa forma, possivelmente olhar para
essas atividades como motivadoras de uma conscientizao ambiental, na qual preciso
despertar o sentimento de pertencimento.
Salientamos que esse artigo no encerra o assunto em questo. necessrio outros
estudos para que o universo dos lazeres de aventura na natureza possam ser cada vez mais
compreendidos. preciso que questionamentos sejam respondidos para que outras indagaes
surjam e assim possamos ter um entendimento cada vez maior das necessidades inerentes ao
ser humano dentro do contexto no qual ele est inserido.
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