artigo - milton e maria

20
Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O. Reflexões acerca da sustentabilidade no âmbito da gestão de empreendimentos hoteleiros. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.6, n.2, mai/jul-2013, pp.534-553. RESUMO O ambiente, a sociedade e a cultura são ativos para o desenvolvimento da atividade tu- rística, onde os vários agentes que compõem o trade turístico das localidades – dentre eles, os empreendimentos hoteleiros – não podem se furtar a essas questões. Sendo as- sim, este trabalho propõe-se a analisar as práticas de sustentabilidade na gestão de em- preendimentos hoteleiros sediados na cidade de Campo Grande (MS). Para tanto, foi pro- posta uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, em forma de estudo de caso, com entrevistas semiestruturadas aos gerentes de seis hotéis do território em análise. Constatou-se que a sustentabilidade nos hotéis investigados encontra-se em estado inici- al, sobretudo por conta da falta de informações acerca de seus aspectos constitutivos. Ademais, os maiores níveis de ações sustentáveis são evidenciados em hotéis perten- centes a grandes redes. Logo, sugere-se o acirramento da difusão do conceito; bem co- mo o efetivo incentivo para sua implantação como método de gestão organizacional – contribuindo no estímulo ao estabelecimento de relações harmoniosas entre as diversas atividades econômicas, o ambiente, a cultura e as especificidades socioespaciais dos ter- ritórios. PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade; Hotelaria; Turismo. Reflexões acerca da sustentabilidade no âmbito da gestão de empreendimentos hoteleiros Reflections about sustainability in the management of enterprises hotelkeepers Maria Claudia Mancuelho Malta, Milton Augusto Pasquotto Mariani, Dyego de Oliveira Arruda Página 534 Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553. Sociedade Brasileira de Ecoturismo. Rua Dona Ana, 138, Vila Mariana, São Paulo, SP - Brasil. E-mail: [email protected]; Tel. (55-11) 99196-7685 ABSTRACT This paper starts from the presupposition that the environment, society and culture are active in the development of tourism, where the various actors that make up the tourist trade of the towns - among them, the hotel businesses - cannot forget to watch these issues. Thus, this paper proposes to analyze the practices of sustainability in the management of hotel busi- nesses, using a sample of hotels in the city of Campo Grande, in the state of Mato Grosso do Sul (Brazil) as a case study. To that end, we proposed an exploratory and qualitative ap- proach, in the form of case study, with semi-structured interviews to managers of six hotels in the territory in question. The interviews were transcribed and analyzed through content analy- sis. It was found that sustainability in the hotels are in your initial state, mainly due to the lack of information about its constituent aspects. Moreover, it was noted that higher levels of sus- tainable actions are observed in hotels belonging to hotel networks. Thus, it is suggested the intensification of the diffusion of the concept, and the effective promotion of its implementation as a method of organizational management - helping in the process of encouraging the estab- lishment of harmonious relations between the different economic activities, the environment, the culture and the other socio-spatial characteristics of the territories. KEYWORDS: Sustainability; Hospitality; Tourism.

Upload: vinicius-oliveira

Post on 17-Sep-2015

14 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O. Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros. Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul-2013, pp.534-553.

    RESUMO O ambiente, a sociedade e a cultura so ativos para o desenvolvimento da atividade tu-rstica, onde os vrios agentes que compem o trade turstico das localidades dentre eles, os empreendimentos hoteleiros no podem se furtar a essas questes. Sendo as-sim, este trabalho prope-se a analisar as prticas de sustentabilidade na gesto de em-preendimentos hoteleiros sediados na cidade de Campo Grande (MS). Para tanto, foi pro-posta uma pesquisa exploratria, de abordagem qualitativa, em forma de estudo de caso, com entrevistas semiestruturadas aos gerentes de seis hotis do territrio em anlise. Constatou-se que a sustentabilidade nos hotis investigados encontra-se em estado inici-al, sobretudo por conta da falta de informaes acerca de seus aspectos constitutivos. Ademais, os maiores nveis de aes sustentveis so evidenciados em hotis perten-centes a grandes redes. Logo, sugere-se o acirramento da difuso do conceito; bem co-mo o efetivo incentivo para sua implantao como mtodo de gesto organizacional contribuindo no estmulo ao estabelecimento de relaes harmoniosas entre as diversas atividades econmicas, o ambiente, a cultura e as especificidades socioespaciais dos ter-ritrios. PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade; Hotelaria; Turismo.

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Reflections about sustainability in the management of enterprises hotelkeepers

    Maria Claudia Mancuelho Malta, Milton Augusto Pasquotto Mariani,

    Dyego de Oliveira Arruda

    Pgina 534 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

    Sociedade Brasileira de Ecoturismo. Rua Dona Ana, 138, Vila Mariana, So Paulo, SP - Brasil. E-mail: [email protected]; Tel. (55-11) 99196-7685

    ABSTRACT This paper starts from the presupposition that the environment, society and culture are active in the development of tourism, where the various actors that make up the tourist trade of the towns - among them, the hotel businesses - cannot forget to watch these issues. Thus, this paper proposes to analyze the practices of sustainability in the management of hotel busi-nesses, using a sample of hotels in the city of Campo Grande, in the state of Mato Grosso do Sul (Brazil) as a case study. To that end, we proposed an exploratory and qualitative ap-proach, in the form of case study, with semi-structured interviews to managers of six hotels in the territory in question. The interviews were transcribed and analyzed through content analy-sis. It was found that sustainability in the hotels are in your initial state, mainly due to the lack of information about its constituent aspects. Moreover, it was noted that higher levels of sus-tainable actions are observed in hotels belonging to hotel networks. Thus, it is suggested the intensification of the diffusion of the concept, and the effective promotion of its implementation as a method of organizational management - helping in the process of encouraging the estab-lishment of harmonious relations between the different economic activities, the environment, the culture and the other socio-spatial characteristics of the territories. KEYWORDS: Sustainability; Hospitality; Tourism.

  • Introduo A supremacia e consolidao do sistema capitalista enquanto modo de

    produo dominante muito embora tenha incorrido em uma srie de incrementos tcnico-produtivos na obteno de bens e servios resultou em uma notria problemtica socioambiental e econmica. A estagnao dos mercados dos pases desenvolvidos, o distanciamento cada vez mais notrio entre ricos e pobres, alm da ampliao nos nveis de degradao ambiental sugerem, conjuntamente, a existncia de entraves perpetuao do atual modo de vida e de consumo, incitando reflexes quanto aos possveis mecanismos (sejam pblicos ou privados) para a regulao deste verdadeiro paradigma (STIGLITZ, 2002; HALWEIL; NIERENBERG, 2011).

    Nota-se que somente nas ltimas trs dcadas do sculo XX a preocupao socioambiental e econmica ganhou uma conotao evidentemente prtica, entrando definitivamente na seara das polticas pblicas governamentais e mais recentemente no mbito das prticas de gesto empresariais (BARBIERI, 2007).

    Neste nterim, a consequncia natural do amadurecimento das reflexes acerca dos mtodos de gesto dos recursos naturais finitos; bem como das tnicas do modelo de desenvolvimento vigente, resultou na concepo do conceito de sustentabilidade que perfaz a base de um modo de desenvolvimento socioeconmico calcado no atendimento das necessidades do presente consubstanciada possibilidade das geraes futuras atenderem tambm as suas prprias necessidades (WCED, 1987; TACHIZAWA; ANDRADE, 2008).

    Neste novo paradigma de gesto dos recursos socioambientais e econmicos, a atividade do turismo se apresenta como um segmento que deve ser essencialmente voltado sustentabilidade, pois o meio ambiente e as culturas locais so importantes receptculos para as prticas do turismo exercendo atratividade nos visitantes e necessitando, portanto, de iniciativas que visem sua manuteno (GILET et al., 2008).

    Seguindo por este caminho, nota-se que as empresas hoteleiras por constiturem relevantes agentes que compem o trade turstico1 tambm se inclinam s dinmicas da sustentabilidade. Observa-se que o setor hoteleiro est diretamente relacionado s caractersticas socioculturais e econmicas dos locais, funcionando como receptor e disseminador da cultura tradicional, e fonte de gerao de renda ao territrio. Ademais, h empreendimentos hoteleiros que se localizam em reas de delicado ecossistema, o que em consonncia aos outros fatores supracitados indicam a importncia da temtica da sustentabilidade no seio da gesto dos empreendimentos hoteleiros.

    Assim sendo, considerando as supracitadas observaes, e partindo da premissa de que o setor hoteleiro nutre estreita relao com o desenvolvimento de iniciativas comprometidas com os princpios da sustentabilidade, o presente trabalho tem como objetivo geral revelar as prticas sustentveis aplicadas na gesto de empreendimentos hoteleiros sediados na cidade de Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul.

    Em linhas gerais, o municpio de Campo Grande um relevante destino

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 535 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • turstico no Centro Oeste brasileiro, tendo sua vocao majoritariamente calcada nos setores de negcio e eventos. Ademais, nota-se ainda que o territrio em tela corredor e ponto de partida para o turismo em dois destinos tursticos de relevncia nacional a regio de Bonito e Serra da Bodoquena; e do Pantanal sul-mato-grossense.

    Desta feita, a problemtica que embasou o desenvolvimento de toda a pesquisa resumiu-se no seguinte questionamento: como se manifestam as prticas de sustentabilidade na gesto dos empreendimentos hoteleiros da cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul?

    Vale ponderar que as reflexes acerca da problemtica de pesquisa acima descrita podem representar importantes caminhos para o estabelecimento de um verdadeiro marco, calcado em prticas estratgicas que sejam ambientalmente equilibradas, socialmente justas e economicamente rentveis, no s no segmento de hotelaria, mas em outras atividades sociais e econmicas que podem representar potencial impacto ao meio ambiente e sociedade, como um todo.

    Em suma, o presente texto est estruturado em quatro partes alm desta introduo. Na primeira parte apresenta-se o referencial terico referente aos conceitos e dimenses da sustentabilidade e desenvolvimento sustentvel, aplicando-os no contexto do turismo e, por conseguinte, no seio da hotelaria. Na segunda parte, descrevem-se os procedimentos metodolgicos adotados no desenvolvimento da pesquisa, alm do tipo de pesquisa, as fontes para a coleta de dados e a forma utilizada para a anlise desses dados. Na terceira parte, apresenta-se a anlise dos dados obtidos com a pesquisa; alm dos resultados alcanados no desenvolvimento desta pesquisa. Por fim, na quarta e ltima parte, algumas consideraes finais so tecidas, com a consequente exposio de contribuies, limitaes e direcionamentos para investigaes futuras.

    Desenvolvimento sustentvel e sustentabilidade Entender e categorizar denominadores comuns acerca dos conceitos de sus-

    tentabilidade e desenvolvimento sustentvel perfaz uma tarefa de difcil seno im-possvel execuo. Quental et al. (2011) sugerem a necessidade de um rigor cient-fico e metodolgico na utilizao dos conceitos em tela, sobretudo por conta do con-temporneo aparecimento da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentvel co-mo verdadeiros paradigmas capazes de solucionar problemas existenciais e transge-racionais da humanidade.

    Neste sentido, Lel (1991) guisa de conceituaes de carter mais definiti-vo entende que o desenvolvimento sustentvel, como o prprio termo indica, perfaz um composto de dois conceitos distintos: sustentabilidade e desenvolvimento. A sus-tentabilidade, por si s, avaliada a partir da existncia de condies sociais e ecol-gicas necessrias para a subsistncia humana, em um determinado nvel de bem es-tar que possibilite o florescimento das geraes futuras; ao passo que o desenvolvi-mento interpretado como um processo de mudana caracterizado pelo crescimento

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 536 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • constante nos nveis de consumo (seja de bens ou de servios). Neste nterim, reunindo as concepes semnticas dos supracitados termos

    expostos por Lel (1991), o desenvolvimento sustentvel seria calcado no crescimen-to constante do consumo das populaes, consubstanciado com uma dinmica inter-geracional, ou seja, enraizado em um tipo de consumo que no impea a disposio dos recursos naturais, humanos, econmicos e etc. s futuras geraes.

    Desta feita, rememorando o relatrio Brundtland (intitulado Nosso Futuro Comum), elaborado pela Comisso Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) em 1987, preconiza-se que o desenvolvimento sustentvel tipifica-se pelo chamado fator intergeracional que perfaz um senso de preocupao em se estabe-lecer padres de vida e de crescimento contemporneos que no inviabilizem sobre-maneira os possveis padres de vida e de consumo futuros (WCED, 1987).

    Nota-se que a preocupao quanto ao desenvolvimento sustentvel surge, no correr do sculo XX, por conta de constataes inequvocas inerentes presso so-bre os recursos naturais, que cada vez mais do mostras do seu carter frgil e finito. Ademais muito por conta das dinmicas do modo de produo dominante assiste-se a uma exploso da pobreza e desigualdades sociais (sobretudo nos pases em de-senvolvimento); bem como a proliferao de crises econmicas nas naes de econo-mia mais madura (EHRLICH, 1968; HARDIN, 1968).

    Assim sendo, diante deste quadro, so necessrios mecanismos no raro coer-citivos com vistas ao estmulo rumo adoo de aes calcadas no desenvolvimento sustentvel. Dentre estes estmulos (sobretudo no que tange gesto dos recursos naturais) esto a definio de direitos de propriedade dos bens comuns; estipulao de capacidades de carga dos ambientes naturais; alm da definio de multas aos agentes que ultrapassem os limites de utilizao dos recursos socioambientais (HARDIN, 1968). So mecanismos que, em suma, perpassam pelo poder coercitivo do Estado e das polticas pblicas.

    Porm, Buysse e Verbeke (2003) reiteram que, extrapolando o papel do Estado e das polticas pblicas, as empresas tambm cumprem uma importante funo na adoo voluntria e estratgica de prticas calcadas na sustentabilidade em seus mo-delos de negcios. Hart e Milstein (2003) e Lovins et al. (2011), complementando o argumento proposto, ressaltam as dinmicas da sustentabilidade como uma importan-te estratgia de criao de valor aos stakeholders2 direta ou indiretamente vinculados s organizaes.

    Para Jappur et al. (2008), no que se refere sustentabilidade corporativa em especfico, deve-se incluir entre seus objetivos estratgicos o cuidado com o meio ambiente, o bem-estar das partes interessadas e a constante melhoria da sua prpria reputao. Nesse sentido, Holliday et al. (2002) afirmam que a organizao sustent-vel deve ir alm do modelo tradicional de retorno sobre os ativos financeiros, obrigan-do-se a envolver o sucesso da comunidade e dos stakeholders.

    Por ser um conceito dinmico, muitos esquemas de desagregao por dimen-ses foram propostos sustentabilidade. Em suma, o nmero de suas dimenses va-ria de acordo com o autor. Sachs (2002), um dos mais conhecidos, subdividiu a sus-

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 537 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • tentabilidade em cinco dimenses bsicas: social, econmica, ecolgica, espacial e cultural. Posteriormente houve a incluso de outras dimenses, tais como a poltica e a institucional. Entretanto, no mbito das organizaes, o chamado ncleo duro da sua contribuio para com o desenvolvimento sustentvel passou a consistir em trs dimenses bsicas: a econmica, a social e a ambiental. A reduo das dimenses no implica perda ou abandono das outras dimenses; mas sim a concentrao delas no conhecido Trip da Sustentabilidade (ou Triple-Bottom-Line, nos termos em ln-gua inglesa) (ELKINGTON, 1998).

    O surgimento de indicadores para mensurar o desenvolvimento sustentvel fruto do reconhecimento de que outras dimenses devem medir o desenvolvimento de um territrio, rompendo com a hegemonia do uso de indicadores econmicos como critrio para a tomada de decises individuais ou coletivas. Van Bellen (2004) aponta os ndices Ecological Footprint Method, Dashboard of Sustainability e Barometer of Sustainability como as ferramentas mais relevantes no contexto internacional para a avaliao da sustentabilidade (GUIMARES; FEICHAS, 2009).

    No setor empresarial so aplicados ndices e indicadores de sustentabilidade nacionais e internacionais. Entre eles, podemos destacar a Global Reporting Initiative (GRI), os Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI), o ndice de Sustentabilidade Em-presarial (ISE) e os Environmental Performance Indicators (EPIs)3 (ALENCASTRO et al., 2011).

    Como indicadores sustentveis tambm se podem mencionar as sries ISO 9001 (gesto da qualidade), ISO 14001 (gesto ambiental), AS 8000 (gerenciamento social), ABNT/NBR 16001 (gesto da responsabilidade social). Estas sries tem o ob-jetivo de orientar as empresas quanto programao e manuteno de seus sistemas de gesto, calcados em questes socioambientais e econmicas.

    Sustentabilidade aplicada ao turismo e hotelaria Para Gonalves (2004), o setor do turismo, em geral, e a hotelaria, em particu-

    lar, tm a obrigao e a responsabilidade de fazer da tica ambiental parte integrante de suas metas organizacionais e gerenciais, j que o sucesso dos seus negcios de-pende em boa parte da sade do meio ambiente (BUCKLEY, 2010).

    Alm de pensar no aspecto de que a natureza, a sociedade e a cultura so ati-vos para o financeiro da empresa, o setor hoteleiro precisa tambm levar em conta que a abertura de dilogo com o mercado e, principalmente, com o pblico-alvo, ca-da vez mais urgente e necessrio (LARA, 2001). Um ponto interessante a convergir a satisfao dos desejos dos indivduos e o que melhor para seus clientes e para a sociedade. Acrescentar a gesto sustentvel aumenta o mercado de consumidores atingido, j que h os chamados consumidores verdes, que perfazem uma parcela em ascenso no mercado de bens e servios social e ecologicamente responsveis.

    medida que o perfil do turista e suas exigncias sofrem transformaes, o setor precisa usar da criatividade para oferecer produtos que satisfaam ao novo tu-rista (COOPER et al., 2007). A qualidade de uma destinao turstica vem sendo ava-

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 538 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • liada com base na originalidade de suas atraes ambientais e no bem-estar que elas proporcionam aos visitantes. Portanto, o marketing ambiental passa a constituir uma importante arma para os responsveis pela oferta turstica das localidades receptoras (RUSCHMANN, 2008).

    Os hotis que adotam uma postura sustentvel procuram atitudes menos dano-sas ao ambiente atravs da reavaliao de suas aes e da conscientizao de seus membros. Tais dinmicas so auferidas, sobretudo, atravs da otimizao do uso dos recursos, do reaproveitamento e reciclagem dos resduos maneiras simples de re-pensar o processo e tentar racionaliz-lo. Em funo da conteno do desperdcio, economiza-se nos custos operacionais, crescem as oportunidades de mercado deri-vados das novas prticas ambientais, a imagem da corporao fortalecida, alm de causar um impacto positivo no moral dos empregados, aumentando o comprometi-mento dos clientes internos e o orgulho em ser parte da corporao (ENZ; SINGUAW, 1999).

    Silva et al. (2006) confirmaram as relaes entre a gesto ambiental e o de-sempenho organizacional do setor hoteleiro. Segundo esses autores as empresas ho-teleiras que demonstram melhores nveis de desempenho organizacional tendem a usar mais e melhor as prticas de gesto ambiental.

    No mbito econmico, os gestores do turismo e da hotelaria devem possuir co-nhecimento detalhado dos impactos econmicos derivados dessa atividade, uma vez que os turistas gastam seu dinheiro com uma variedade de mercadorias e servios, tais como: transportes, alimentao, bebida, comunicao e entretenimento (BARROCO, 2004).

    Priorizando o aspecto social, os gestores devero respeitar a autenticidade so-ciocultural das comunidades anfitris, conservando patrimnio cultural e valores tradi-cionais, contribuindo para o entendimento mtuo e tolerncia; assegurar a viabilidade das operaes econmicas de longo prazo, proporcionando benefcios socioeconmi-cos para todos os stakeholders, incluindo emprego estvel, oportunidades de gerao de renda e servios sociais para as comunidades, contribuindo para a minimizao da pobreza; fomentar a informao e participao dos stakeholders, para garantir a am-pla participao e a construo do consenso; manter a satisfao do turista em nveis elevados e garantir uma experincia significativa para estes, aumentando a sua cons-cincia sobre as questes relativas sustentabilidade (CARDOSO; TASCHNER, 2005).

    Porm, atingir o turismo sustentvel um processo que requer monitoramento constante dos impactos, introduzindo as medidas preventivas e/ou corretivas sempre que necessrio.

    No obstante, Benner e Tushman (2003) salientam que a questo da normati-zao tcnica e padronizao de processos, sobretudo em setores e ambientes de negcios marcadamente instveis, inibem a explorao de novas oportunidades atra-vs de inovaes radicais, no raro bloqueando consequentemente a criao de novos bens/servios que atendam demandas j manifestadas ou latentes nos consu-midores.

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 539 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • Procedimentos metodolgicos Dada a realidade socialmente construda e multidisciplinar que est por trs das

    temticas relativas sustentabilidade; bem como considerando o objetivo delimitado para o presente trabalho, entende-se que o mtodo qualitativo se torna o mais adequa-do para os propostos esquadrinhados.

    A investigao qualitativa (...) emprega diferentes concepes filosficas; estra-tgias de investigao; e mtodos de coleta, anlise e interpretao dos da-dos (CRESWELL, 2010, p.206). Procura-se, a partir de uma abordagem qualitativa, entender o fenmeno estudado de forma holstica e minuciosa, no raro valendo-se da apreenso do contexto sob o qual os fenmenos investigados ocorrem.

    Quanto aos fins, a pesquisa constitui-se como exploratria e descritiva. Vergara (2007) salienta que a pesquisa exploratria cumpre o fim de analisar, in loco, os atores-chave para a elucidao do tema uma vez que no h demasiado material documen-tado acerca do mesmo; ao passo que a pesquisa descritiva tem como escopo caracteri-zar e levantar (e consequentemente confirmar ou refutar) determinadas hipteses de pesquisa.

    A estratgia de investigao utilizada foi o estudo multicasos. Este mtodo muito produtivo para estimular a compreenso e sugerir hipteses e questes para a pesquisa, investigando as conjunturas, alm dos pontos de convergncia e/ou diver-gncia dos casos selecionados para a investigao (MATTAR, 2001; VERGARA, 2007; MARTINS; THEFILO, 2007).

    O instrumento de coleta de dados, no escopo deste artigo, foi um protocolo con-tendo questes norteadoras e indicadores para cada dimenso estudada (econmica, social e ambiental), constituindo-se, portanto, de um roteiro semiestruturado para a en-trevista; bem como para a observao direta das caractersticas dos casos seleciona-dos para estudo (YIN, 2010).

    A Tabela 1, alm de apresentar os indicadores de anlise de cada dimenso do trip da sustentabilidade, traz as questes norteadoras que compuseram o instrumen-to de coleta de dados.

    Os empreendimentos hoteleiros investigados foram selecionados de acordo com uma abordagem intencional e no-probabilstica, justificada pela premissa de se anali-sar trs hotis pertencentes a redes hoteleiras e trs hotis de origem familiar abstra-indo-se, portanto, possveis caractersticas e pontos de divergncia desses dois gran-des grupos de hotis. As entrevistas foram realizadas e gravadas durante visita aos ho-tis pesquisados, no ms de outubro de 2010. Os atores da entrevista foram os geren-tes dos empreendimentos hoteleiros que tiveram disponibilidade em contribuir com a pesquisa. De fundamental esclarecimento o fato de que os nomes dos hotis pesquisa-dos foram mantidos em sigilo, e esto nomeados de H(A) a H(F) nas anlises realiza-das neste trabalho. Os hotis pertencentes a redes hoteleiras esto indicados por H(A), H(B) e H(D); ao passo que os hotis no pertencentes a redes so chamados de H(C), H(E) e H(F).

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 540 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • Tabela 1: Protocolos de estudo de caso. Table 1: Protocols of the case study.

    Fonte: Adaptado de Santos (2009). Elaborado pelos autores. Source: Adapted from Santos (2009). Prepared by the authors.

    Durante a entrevista, procurou-se coletar dados tambm atravs da observao direta informal, que segundo Yin (2010) frequentemente til para proporcionar informa-o adicional sobre o tpico estudado. As entrevistas foram gravadas, transcritas e anali-sadas por meio da tcnica de anlise de contedo, que tem como escopo lanar mo de

    Dimenso Indicadores de Anlise Questes do Protocolo

    SOCIAL

    Responsabilidade social

    Quais polticas e progra-mas so desenvolvidos

    para promover a melhoria nos padres de vida da

    sociedade?

    Equiparao salarial entre negros, pardos, homens e mulhe-res com a mesma funo.

    Benefcios bsicos (alimentao, transporte, tempo de des-canso e etc.).

    Rotatividade de funcionrios em relao mdia do merca-do

    ndice de satisfao dos funcionrios ndice de satisfao dos clientes

    Capacitao e atualizao profissional Quais aes e projetos

    so trabalhados para pro-mover a cultura local?

    Programas e treinamentos para a reduo de acidentes de trabalho

    Programas de identidade cultural

    AMBIENTAL

    Reciclagem A estratgia ambiental da empresa engloba quais

    fatores ligados preserva-o dos recursos naturais?

    Tecnologias limpas e silenciosas Tratamento de afluentes lquidos

    Reaproveitamento de afluentes lquidos Produtos ecologicamente corretos

    Legislao ambiental Como so implantadas as polticas de racionalizao

    dos recursos naturais?

    Certificao pela norma ISO 14.000 Fontes alternativas de economia energtica

    Racionalizao de gua e energia

    ECONMICA

    Crescimento de resultados financeiros

    De que forma as estrat-gias em sustentabilidade impactam nos stakehol-

    ders?

    Transparncia nas aes prprias da empresa

    Aquisio de projetos adequados sustentabilidade

    Existncia de pessoa ou cargo que analise a dimenso sus-tentvel do hotel

    Pesquisas sobre sustentabilidade Quais as atitudes dos sta-keholders em relao s ferramentas de gesto

    sustentvel? Disposio em pagar mais pelo servio ambiental

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 541 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • ferramentas sistemticas e objetivas de descrio dos contedos das mensagens e rela-tos coletados em interlocuo com os atores que se pretende investigar (BARDIN, 2009). Por fim, no que se refere ao territrio selecionado para investigao, vale ressaltar que o municpio de Campo Grande capital do Estado de Mato Grosso do Sul um im-portante corredor logstico das atividades de ecoturismo e turismo de natureza praticadas mais especificamente na regio do Pantanal e de Bonito/Serra da Bodoquena. Quanto aos empreendimentos hoteleiros, nota-se a existncia de mais de 2.753 unidades habita-cionais e 5.524 leitos localizados na capital de Mato Grosso do Sul (SISGRAN, 2011; FUNDTUR, 2011). A Figura 1 ilustra a localizao do Estado de Mato Grosso do Sul, e do municpio de Campo Grande, em particular:

    Figura 1: Localizao de Mato Grosso do Sul e de Campo Grande (2013). Fonte: Elaborada por Fbio Martins Ayres.

    Figure 1: Location of Mato Grosso do Sul and Campo Grande (2013). Source: Prepared by Fbio Martins Ayres.

    Vale registrar, ademais, que so relevantes e urgentes as reflexes acerca das prticas de sustentabilidade praticadas pelos empreendimentos hoteleiros de Campo Grande, sobretudo considerando os possveis impactos positivos que este setor pode re-legar completude da atividade turstica praticada no Mato Grosso do Sul, de tal modo que o turismo regional tipifique-se por uma dinmica socioeconmica e ambientalmente equilibrada.

    Anlise dos dados coletados na pesquisa emprica Antes de se debruar nas questes especficas s dimenses da sustentabilidade elencadas no escopo do presente trabalho, faz-se necessrio apresentar um panorama geral das caractersticas dos empreendimentos hoteleiros investigados, conforme segue na Tabela 2:

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 542 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • Tabela 2: Caractersticas gerais dos empreendimentos hoteleiros investigados. Table 2: General characteristics of enterprises hotelkeepers investigated.

    Fonte: Elaborado pelos autores, a partir da pesquisa emprica. Source: Prepared by authors, based on empirical research.

    Hotel Origem do Hotel Tipo Caractersticas Valor da diria

    Hotel A Pertencente a uma rede Superior

    101 Unidades Habitacionais e 202 Leitos

    A partir de R$ 129,00

    Estacionamento Restaurante e Bar

    Adaptaes para cadeirantes Lanchonete 24h

    Possui Site

    Hotel B Pertencente a uma rede Luxo

    87 Unidades Habitacionais e 176 Leitos

    A partir de R$ 150,00

    Estacionamento Restaurante e Bar

    Adaptaes para cadeirantes Centro de ginstica, sala de jogos e de reunies

    Possui Site

    Hotel C No pertencen-te a rede Luxo

    140 Unidades Habitacionais e 260 Leitos

    R$ 255,00 a R$ 450,00

    Estacionamento

    Possui dois restaurantes Adaptaes para cadeirantes

    Possui sala de jogos, de ginstica, alm de seis salas para convenes

    Possui Site

    Hotel D Pertencente a uma rede Luxo

    80 Unidades Habitacionais e 161 Leitos

    A partir de R$ 184,00

    Estacionamento Adaptaes para cadeirantes

    Possui restaurante Possui quadra de tnis, sala de jogos, de ginstica e

    cinco salas para convenes

    Apresenta servios mdicos e lavanderia Possui Site

    Hotel E No pertencen-te a uma rede Superior

    94 Unidades Habitacionais e 140 Leitos

    R$ 130,00 a R$ 275,00

    Estacionamento

    Possui bar Adaptaes para cadeirantes

    Possui quatro salas para convenes Possui Site

    Hotel F No pertencen-te a uma rede Superior

    128 Unidades Habitacionais e 193 Leitos

    R$ 170,00 a R$ 215,00

    Estacionamento Restaurante

    Bar Adaptaes para cadeirantes Possui sala para convenes

    Possui Site

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 543 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • Pode-se observar, a partir de uma anlise do quadro supracitado, que os em-preendimentos hoteleiros pesquisados apresentam caractersticas similares, locali-zando-se em padro luxo/superior. Uma particularidade interessante refere-se ao fato de que os hotis de maior porte (com maior quantidade de Unidades Habitacionais e Leitos) so aqueles no pertencentes a redes. Ademais, esses empreendimentos a-presentam maior nmero de salas para reunies/convenes, o que revela uma diver-sificao de suas atividades para alm da mera funo de meio de hospedagem. Os tpicos abaixo elencados trazem as investigaes acerca do enquadramen-to desses empreendimentos hoteleiros s dimenses bsicas da sustentabilidade.

    Anlise da dimenso social Dentre os empreendimentos hoteleiros pesquisados, aferiu-se que aqueles que se autodeclararam pertencentes a redes hoteleiras ( exceo do Hotel D) possuam, em maior grau, algum tipo de ao ou projeto social quando comparados aos hotis no pertencentes s redes hoteleiras. Estes ltimos afirmam no possuir projetos es-pecficos para esse fim. Porm, ao se investigar cada um dos itens que compem as aes sociais no seio dos empreendimentos hoteleiros no pertencentes a redes per-cebeu-se que mesmo em menor escala h a evidncia de determinadas aes com algum carter social, no raro espordicas e revestidas de estratgias de marke-ting e divulgao de seus produtos/servios. No que tange especificidade dessas aes sociais, destacam-se a participa-o em iniciativas calcadas na prpria dinmica de rede de empreendimentos (tais como o auxlio contnuo instituies de caridade); bem como aes isoladas de doa-es a entidades filantrpicas (no caso dos hotis no pertencentes a redes).

    Desta feita, confirmam-se alguns direcionamentos propostos por Tachizawa e Andrade (2008), sobretudo quando estes autores salientam o tamanho da organiza-o (considerando, nos casos analisados, as redes como um todo, nas quais os ho-tis A, B e D esto inseridos) como condio preliminar para que o empreendimento se vincule a algum tipo de ao social. O mesmo tambm vlido conforme se ver mais adiante quando se analisa a dimenso ambiental. Quando questionados sobre equiparao dos salrios dos funcionrios, todos os seis empreendimentos hoteleiros pesquisados afirmaram possuir tal preocupao. Um dos gerentes hotel F mencionou que h a preocupao em se contratar porta-dores de necessidades especiais (sobretudo como forma de incluso social desse p-blico). Outro gestor (Hotel A) por sua vez informou que o hotel est isento pela lei de contratar funcionrios portadores de necessidades especiais, tendo em vista a quanti-dade de funcionrios devidamente registrados, razo pela qual esta preocupao no evidente no seio da gesto do empreendimento. Portanto, mais uma vez corrobora-se a constatao de que o porte da organizao pode delimitar o seu nvel de engaja-mento quanto a algumas dinmicas sociais da sustentabilidade.

    Ainda considerando a questo dos portadores de necessidade especiais, per-cebeu-se que todos os empreendimentos hoteleiros possuem acesso a portadores de deficincia fsica ou cadeirantes.

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 544 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • Sobre os benefcios, atualizao profissional e treinamentos destinados aos colaboradores, os gerentes relataram aplicar o que a legislao os obriga (concedendo, porm, os benefcios bsicos obrigatrios em lei, tais como alimenta-o, transporte e horrios para descanso). Cultiva-se tambm, na sua maioria, algum tipo de treinamento ou atualizao profissional destinado a funo exercida pelo fun-cionrio. Percebe-se que os hotis pertencentes s redes, em maior grau, dedicam-se a especializar seus funcionrios, considerando as imposies da marca; bem como o nvel de exigncia de seus clientes e demais stakeholders.

    Quando questionados sobre preveno de acidentes no trabalho, percebeu-se que estas aes ocorrem em forma de orientaes nos treinamentos (ao preventi-va). Somente os hotis B e C alegaram possuir algum tipo de programa para se evitar acidentes laborais porm, so programas caracterizados por baixo nvel de comple-xidade e abrangncia.

    Sobre a rotatividade dos funcionrios, dois empreendimentos hoteleiros, perce-beu-se que somente nos hotis C e E (ambos no pertencente a redes hoteleiras) h uma relativa rotatividade de funcionrios, sobretudo nas funes de menor complexi-dade e consequentemente menores nveis de exigncias por parte do emprega-dor. Os demais empreendimentos hoteleiros consideraram a rotatividade de funcion-rios como sendo baixo; ambos com uma poltica de demitir somente em ltimo caso.

    Analisando o repasse de informaes sobre a sustentabilidade por parte da gesto do empreendimento hoteleiro para com os funcionrios e hspedes, percebeu-se que dentre os gerentes que visualizam alguma prtica de sustentabilidade na sua gesto, dois gerentes dos hotis pertencentes a redes acreditam no trabalho de cons-cientizao da gesto voltada sustentabilidade do empreendimento sobre seus fun-cionrios e/ou hospedes.

    Com relao ao ndice de satisfao dos funcionrios, duas das empresas em redes (hotis A e B) possuem pesquisa para medi-las. Os demais gerentes afirmam no possuir instrumentos para medir a satisfao dos funcionrios, apesar de alguns gerentes afirmarem possu-las em conversas informais (atravs de mtodos tambm informais de mensurao e consulta).

    Os agentes pesquisados, em sua maioria, no souberam apontar projetos com algum tipo de incentivo cultural. Apenas o gerente do empreendimento hoteleiro D qualificou a ao de informao da recepo como uma forma de divulgar a cultura local.

    Logo, percebe-se que h pouca informao quanto s prticas culturais que podem ser estabelecidas pelos empreendimentos hoteleiros. O foco cultural ainda bem distante e no h associao entre a cultura e a sustentabilidade e, por conse-guinte, entre a cultura e gerao de lucro advinda de seu fomento. Durante as entre-vistas, a alimentao e a decorao do hotel no foram sequer lembradas como ele-mentos difusores da cultura local.

    A Tabela 3 sumariza os pontos evidentes em cada um dos empreendimentos hoteleiros investigados, quanto dimenso social da sustentabilidade.

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 545 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • Tabela 3: Anlise da dimenso social da sustentabilidade nos empreendimentos hoteleiros. Table 3: Analysis of the social dimension of sustainability in the enterprises hotelkeepers.

    Fonte: Elaborado pelos autores, a partir da pesquisa emprica. Source: Prepared by authors, based on empirical research.

    Vale ponderar, por fim, que nenhum dos empreendimentos pesquisados apre-sentou avaliaes quanto ao ndice de satisfao dos clientes e demais stakeholders quanto sua atuao organizacional, o que denota o baixo nvel de preocupao dos empreendimentos quanto aferio de seus respectivos impactos diretos e indiretos na sociedade onde esto inseridos.

    Anlise da dimenso ambiental Um dos fatores de atratividade do setor hoteleiro o prprio ambiente no qual

    est inserido. Nesse sentido, a preocupao com os recursos socioambientais locais inevitvel para uma estratgia de longo prazo de sobrevivncia e perpetuao des-sas empresas.

    Neste interim, os empreendimentos hoteleiros pesquisados afirmaram possuir algumas aes voltadas a esse fim. Mesmo que alguns no possuam projetos espec-ficos, de forma simplista as estratgias ambientais esto presentes em aes que vis-lumbram economia de recursos. Mais uma vez, os empreendimentos hoteleiros per-tencentes a redes mostraram maior conhecimento acerca do assunto.

    Quando perguntados sobre reciclagem, apenas o empreendimento hoteleiro (E) afirmou no possuir nenhum tipo de iniciativa nesse sentido. Os demais citaram reaproveitamento de papis e procedimentos para coleta seletiva de lixo.

    O reaproveitamento do leo de cozinha tambm foi uma questo lembrada

    Indicadores da Dimenso Social Hotis

    A B C D E F Responsabilidade social X X - - - -

    Equiparao salarial entre negros, pardos, homens e mulheres com a mesma funo. X X X X X X

    Benefcios bsicos (alimentao, transporte, tempo de descanso e etc.). X X X X X X

    Rotatividade de funcionrios em relao mdia do mercado Baixo Baixo

    Na mdia Baixo

    Na mdia Baixo

    Pesquisa quanto ao ndice de satisfao dos fun-cionrios X X - - - -

    ndice de satisfao dos clientes - - - - - - Capacitao e atualizao profissional X X X X - -

    Programas e treinamentos para a reduo de aci-dentes de trabalho - X X - - -

    Programas de identidade cultural - - - X - -

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 546 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • dentre as atividades ambientais desempenhadas por alguns empreendimentos hotelei-ros. H doaes desse item; assim como de lixo reciclvel, para empresas terceiriza-das. Houve tambm afirmao por parte de um gerente que o valor da reciclagem re-vertido para festas entre funcionrios. Posto isto, demonstra-se a inter-relao existente entre as dimenses da sustentabilidade.

    Sobre produtos ecologicamente corretos, a maioria dos gerentes relatou possuir preocupao em adquiri-los. Dentre os trs empreendimentos hoteleiros no perten-centes a redes, dois afirmaram que no h preocupaes nesse sentido (hotis E e F).

    A energia e a gua so preocupaes em todos os empreendimentos hoteleiros pesquisados. Todas estas organizaes possuem fontes alternativas de energia co-mo a energia solar ou gerador. Alguns apostam em bloqueadores de energia e poos artesianos para gerar economia de recursos econmicos.

    Sobre padres e normas, uma das empresas hoteleiras contatadas possua ISO 14001 e outras duas esto em processo de implantao de certificaes. As demais no alegaram nenhuma preocupao em possuir certificao em normas ambientais.

    No obstante, percebe-se que na grande maioria dos empreendimentos hotelei-ros pesquisados no h monitoramento constante dos impactos causados pelas aes no sustentveis e muito menos atuaes preventivas ou corretivas. No h indicado-res que constituam uma carta de navegao, como aborda Guimares e Feichas (2009).

    Observou-se que o setor hoteleiro possui algumas aes especficas, tais como os programas de reutilizao de toalhas e roupas de cama por parte dos hspedes que ficam nos quartos em um perodo maior que um dia. Sobre isso, nota-se que dois dos seis empreendimentos pesquisados no aderem a esse tipo de iniciativa, H(E) e H(F). Interessante salientar que ambas as empresas hoteleiras no pertencem a redes.

    A Tabela 4 sumariza os elementos da dimenso ambiental evidentes nos empre-endimentos hoteleiros pesquisados.

    Tabela 4: Anlise da dimenso ambiental da sustentabilidade nos empreendimentos hoteleiros. Table 4: Analysis of environmental sustainability in the enterprises hotelkeepers.

    Fonte: Elaborado pelos autores, a partir da pesquisa emprica. Source: Prepared by authors, based on empirical research.

    Indicadores da Dimenso Ambiental Hotis

    A B C D E F Reciclagem X X X X - X

    Tecnologias limpas e silenciosas - - - - - - Tratamento de efluentes lquidos - - - - - -

    Reaproveitamento de efluentes lquidos - - - - - - Produtos ecologicamente corretos X X X X - -

    Legislao ambiental Certificao pela norma ISO 14.000 X - - - - -

    Fontes alternativas de economia energtica X X X X X X Racionalizao de gua e energia X X X X X X

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 547 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • Deve-se destacar que, nos hotis pesquisados, no h preocupao em utiliza-o de tecnologias limpas; bem como inexistem programas de tratamento e reutiliza-o de efluentes lquidos. Vale mais uma vez ressaltar que a maioria dos programas de cunho ambiental existentes nos empreendimentos hoteleiros investigados surgiu e ainda perdura a reboque da primazia da economia de recursos econmicos e minimi-zao de possveis custos operacionais (a despeito, notadamente, de uma preocupa-o ambiental de cunho essencialmente intergeracional por parte da organizao, seus funcionrios e demais stakeholders).

    Anlise da dimenso econmica Dentre os gerentes dos empreendimentos hoteleiros investigados observou-se

    que metade acredita no impacto econmico positivo para o hotel advindo de aes sustentveis, quais sejam especificamente os hotis A, B e C. Os demais no conse-guiram mensurar os impactos econmicos gerados pelas aes sustentveis, por no possurem projetos nesse sentido; ou por no conseguirem medir as aes aplicadas.

    Identificou-se que no h contabilidade formal com relao s prticas susten-tveis que os empreendimentos hoteleiros de Campo Grande exercem. Tal constata-o vai contra s orientaes de Barbieri e Cajazeira (2009) quando abordam que necessrio que a empresa avalie os passivos ocultos para obter o resultado lquido referente dimenso econmica da sustentabilidade.

    Mesmo no sendo feito formalmente, a mensurao economia conseguida com a aplicao de prticas sustentveis um dado que pode ser percebido pelos gesto-res, at mesmo atravs das aes dos seus funcionrios. Neste sentido, alguns ge-rentes mencionaram acerca do impacto econmico da sustentabilidade no que tange aos reflexos para seus funcionrios.

    A sustentabilidade tambm pode ser mensurada atravs da imagem gerada pelas aes dos empreendimentos aos consumidores. Ou seja, as atitudes positivas por parte dos clientes frente s prticas sustentveis podem ser percebidas pelos gestores e transformadas em vantagens competitivas por eles utilizveis. No entanto, nesse quesito, houve impasse na resposta com relao sensibilidade dos clientes questo sustentvel. A metade dos gestores acredita que os hspedes valorizam as prticas sustentveis (gestores dos hotis A, B e C).

    A outra metade, no entanto, no consegue medir a valorizao dos hspedes frente s aes de sustentabilidade aplicadas nos hotis, at por no possurem inici-ativas essencialmente focadas nesse aspecto.

    Importante salientar que se os gestores no conseguem acreditar que o cliente capaz de valorizar a sustentabilidade, tambm no acreditaro na diferenciao advinda destas prticas. E, portanto, no apostaro na gesto voltada para a sustentabilidade nesse setor, at que consigam mensurar a economia financeira, ou que haja interveno da legislao pertinente.

    Sobre pesquisa e gerncia designada a projetos sustentveis, obteve-se a respos-

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 548 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • ta de que no houve pesquisa na rea de sustentabilidade em nenhum dos empreendi-mentos hoteleiros investigados.

    A Tabela 5 representado ilustra as especificidades da dimenso econmica da sustentabilidade, evidentes nos empreendimentos hoteleiros investigados:

    Tabela 5: Anlise da dimenso econmica da sustentabilidade nos empreendimentos hoteleiros. Table 5: Analysis of the economic dimension of sustainability in the enterprises hotelkeepers.

    Fonte: Elaborado pelos autores, a partir da pesquisa emprica. Source: Prepared by authors, based on empirical research.

    Pode-se perceber, a partir da observao do quadro acima, que os hotis estuda-dos no apresentam a preocupao de adquirir projetos e dinmicas gerenciais calcadas nos princpios da sustentabilidade (ou seja: no se preocupam em se inserir em cadeias de suprimentos de bens/servios que sejam sustentveis). Ademais, so inexistentes con-tabilidades e mensuraes especficas s externalidades decorrentes de praticas susten-tveis, o que denota o aspecto incipiente desta temtica do mbito da gesto dos empre-endimentos hoteleiros campo-grandenses investigados.

    Consideraes finais Constatou-se mediante o desenvolvimento de toda a pesquisa que apesar de a

    sustentabilidade em todos os empreendimentos hoteleiros investigados ser uma temtica deveras evidente, as informaes e prticas foram mais robustas nos empreendimentos hoteleiros pertencentes a redes. Os gerentes destas organizaes se mostraram mais seguros com relao exposio dos assuntos relativos sustentabilidade e, portanto, tambm deram maior credibilidade esta questo.

    De uma forma geral, pode-se concluir que a sustentabilidade nos empreendimen-tos hoteleiros da cidade de Campo Grande ainda se encontra em seu estgio inicial, so-bretudo pelo fato de haver informao incompleta sobre o assunto por parte dos gestores entrevistados; bem como por no serem elaborados pesquisas e clculos mais pragmti-cos sobre sustentabilidade por esses hotis, com os respectivos ativos e passivos decor-

    Indicadores da Dimenso Econmica Hotis A B C D E F

    Crescimento de resultados financeiros decorrentes da sustentabilidade X X X - - -

    Transparncia nas aes prprias da empresa X X X X X X

    Aquisio de projetos adequados sustentabilidade - - - - - - Existncia de pessoa ou cargo que analise a dimenso

    sustentvel do hotel - - - - - -

    Pesquisas sobre sustentabilidade - - - - - -

    Disposio em pagar mais pelo servio ambiental X X X - - -

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 549 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • rentes das aes adotadas. Logo, as aes entabuladas pelos hotis investigados rela-cionam-se intrinsecamente economia de recursos econmicos (em detrimento da pre-missa prioritria gerao de valor socioambiental aos possveis stakeholders da organiza-o).

    No obstante no contexto investigado a sustentabilidade est atrelada princi-palmente s aes que a lei determina ou em que h economia financeira comprovada por terceiros (energia e gua). Assim, trata-se de uma prtica que no se apresenta como ideologia ou diferencial intrnseco ao negcio.

    Portanto, dadas essas questes, o presente artigo revela-se como um verdadeiro mapa de navegao aos agentes direta ou indiretamente ligados aos empreendimentos hoteleiros em Campo Grande, sugerindo as falhas no que tange adoo da sustentabili-dade no mbito deste setor; bem como os caminhos para a tomada de decises estratgi-cas com vistas consecuo da sustentabilidade, em todos os seus matizes constitutivos.

    Sugere-se como importantes caminhos para futuros estudos a adoo de a-mostras quantitativas e aleatrias acerca dos empreendimentos a serem investigados, com vistas elaborao de inferncias e guias de atuao mais genricos e conclusivos.

    Referncias bibliogrficas ALENCASTRO, J. et al. Indicadores de Desenvolvimento Sustentvel. Pollution Engine-ering. v.03; p.22, Jan/Mar. 2011. BARBIERI, J.C. Gesto Ambiental Empresarial: Conceitos, Modelos e Instrumentos. So Paulo: Editora Saraiva, 2007. BARBIERI, J.C.; CAJAZEIRA, J.E.R. Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentvel: da teoria prtica. So Paulo: Editora Saraiva, 2009. BARDIN, L. Anlise de Contedo. Lisboa: Edies 70, 2009. BARROCO, H.E. Uma reflexo sobre o planejamento turstico-cultural e sustentabilidade. Revista turismo & desenvolvimento, Campinas, vol. 03; n. 01, p. 9-16, 2004. BENNER, M.J.; TUSHMAN, M.L. Exploitation, exploration, and process management: the productivity dilemma revisited. Academy of Management Review, vol. 28, n 02, p. 238-256, 2003. BUCKLEY, R. Environmental Inputs and Outputs in Ecotourism: Geotourism with a Posi-tive Triple Bottom Line? Journal of Ecoturism, vol. 02, n. 01, p. 76-82, 2010. BUYSSE, K.; VERBEKE, A. Proactive Environmental Strategies: A Stakeholder Manage-ment Perspective. Strategic Management Journal, vol. 24, p. 453-470, 2003. CARDOSO, R.C; TASCHNER, G. Dimenses sociais do turismo sustentvel: estudo so-bre a contribuio dos resorts de praia para o desenvolvimento das comunidades locais. 2005. Tese Doutorado em Administrao. Escola de Administrao de Empresas de So Paulo, Fundao Getlio Vargas. So Paulo/SP: EAESP/FGV, 2005. COOPER, C. et al. Turismo: princpios e prticas. 3 ed. Porto Alegre: Brookman, 2007.

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 550 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • CRESWELL, J.W. Projeto de pesquisa: mtodos qualitativo, quantitativo e misto. 3 edi-o. Porto Alegre: Editora Artmed, 2010. EHRLICH, P. The population bomb. New York: Ballantine Books, 1968. ELKINGTON, J. Partnerships from cannibals with forks: The triple bottom line of 21st-century business. Environmental Quality Management, vol. 08, n 01, p. 37-51, 1998. ENZ, C.A.; SIGUAW, J. A.; Best hotel environmental practices: Cornell Hotel and Restau-rant Administration. Quarterly Review, p. 72-77, Oct/1999. FUNDTUR FUNDAO DE TURISMO DO MATO GROSSO DO SUL. Perfil de Mato Grosso do Sul. Campo Grande: FUNDTUR/MS, 2011. GILET, A.L.; ORFILA-SINTES, F.; CHULIN, M.F. La proactividad de la estrategia me-dioambiental del sector hotelero: una aplicacin en Baleares. In: III Congreso de la Aso-ciacin Hispano-Portuguesa de Economa de los Recursos Naturales y Ambientales. Anales. Palma (Illes Balears), 2008. 31p. GONALVES, L.C. Gesto Ambiental em Meios de Hospedagem. So Paulo: Aleph, 2004. GUIMARES, R.P.; FEICHAS, S.A. Q. Desafios na construo de indicadores de susten-tabilidade. Ambiente e Sociedade. Campinas, v. XII, n. 2, p. 307-323, Jul-dez. 2009. HALWEIL, B.; NIERENBERG, D. Charting a new path to eliminating hunger. In: THE WORLDWATCH INSTITUTE. 2011 State of the World: Innovations that Nourish the Planet. New York/London: W.W. Norton & Company, 2011. HARDIN, G. The Tragedy of the Commons. Science Review, vol. 162, p. 1243-1248, 1968. HART, S.L.; MILSTEIN, M.B. Creating sustainable value. Academy of Management Re-view, vol. 17, n. 02, 2003. HOLLIDAY, C.; SCHMIDHEINY, S.; WATTS, P. Cumprindo o prometido: casos de su-cesso de desenvolvimento sustentvel. Rio de Janeiro: Campos, 2002. JAPPUR, R.F. et al. A viso de especialistas sobre a sustentabilidade corporativa frente s diversas formaes de cadeias produtivas. Revista Produo Online, Florianpolis, vol. 07, n. 03, 2008. LARA, S.B. Marketing & vendas na hotelaria. 2 Ed. So Paulo: Futura, 2001. LEL, S.M. Sustainable development: a critical review. World Development, vol. 19, n. 06, p. 607-621, 1991. LOVINS, A.B.; LOVINS, L.H.; HAWKEN, P. A road map for natural capitalism. Harvard Business Review, vol. 85, n. 7/8, p. 145-158, 2011. MARTINS, G.A.; THEPHILO, C.R. Metodologia da investigao cientfica para cin-cias sociais aplicadas. So Paulo: Editora Atlas, 2007. MATTAR, F.N. Pesquisa de Marketing. So Paulo: Editora Atlas, 2001.

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 551 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • QUENTAL, N.; LOURENO, J.M.; SILVA, F.N. Sustainability: characteristics and scientific roots. Environment, Development and Sustainability Review, vol.13, n.02, p. 257-276, 2011. RUSCHMANN, D. Turismo e Planejamento Sustentvel: a proteo do meio ambiente. Campinas: Editora Papirus, 2008. SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentvel. Rio de Janeiro: Ed. Gara-mond, 2002. SANTOS, M.G. Anlise da sustentabilidade nas indstrias frigorficas exportadoras de car-ne bovina do Estado de Mato Grosso do Sul. 2009. Dissertao Mestrado em Agrone-gcios. Departamento de Economia e Administrao, Universidade Federal de Mato Gros-so do Sul. Campo Grande/MS: DEA/UFMS, 2009. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho cientfico. So Paulo: Editora Cortez, 1996. SILVA, L.M.T.; SILVA, M.P.; ENDERS, W.T. Gesto Ambiental e Desempenho Organiza-cional: Um Estudo de suas Relaes no Setor Hoteleiro. In: XXX Encontro da ANPAD. A-nais. Salvador/BA: ENANPAD, 2006. SISGRAN, Sistema Municipal de Indicadores Georreferenciados para o Planejamento e a Gesto de Campo Grande/MS. Perfil de Campo Grande. Campo Grande: SISGRAN, 2011. STIGLITZ, J. Globalization and its discontents. New York: W.W. Norton Press, 2002. TACHIZAWA, T. Gesto Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa. So Paulo: Editora Atlas, 2008. TACHIZAWA, T.; ANDRADE, O.B. Gesto socioambiental: estratgias na nova era da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. VAN BELLEN, H.M. Desenvolvimento Sustentvel: uma descrio das principais ferramen-tas de avaliao. Ambiente & Sociedade, vol. 07; n. 01, 2004. VERGARA, S.C. Projetos e Relatrios de Pesquisa em Administrao. 9. Ed. So Paulo: Editora Atlas, 2007. WCED WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT. Our com-mon future. Oxford: Oxford University Press, 1987. YIN, R.K. Estudo de Caso: Planejamento de Mtodo. Porto Alegre: Editora Bookman, 2005.

    Agradecimentos Especiais agradecimentos devem ser direcionados ao Programa de Ps-Graduao em Ad-ministrao da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGAd/UFMS), por auxiliar no desenvolvimento da pesquisa. Ademais, so dedicados os crditos e agradecimentos ao Ge-grafo e Mestre em Desenvolvimento Local Fbio Martins Ayres, pelo auxlio na elaborao do mapa, e pelas discusses quanto ao material que deu corpo ao presente artigo. Quais-quer possveis erros e/ou omisses que porventura existam neste material so de inteira res-ponsabilidade dos autores.

    Malta, M.C.M.; Mariani, M.A.P.; Arruda, D.O.

    Pgina 552 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.

  • Notas: 1 O trade turstico perfaz o conjunto de agentes que compem a infraestrutura que possibilita a prtica do turismo. Dentre os agentes componentes do trade turstico esto hotis, bares e restaurantes, agncias de turismo e etc.

    2 Os stakeholders (ou partes interessadas, em portugus) so agentes que se ligam

    direta ou indiretamente gesto das organizaes, devendo estar de acordo com as prticas de coordenao e governana exercidas por essas organizaes.

    3 O presente trabalho, por questes de foco e escopo, se furta explicao das especifici-

    dades dos supracitados indicadores. Para maiores detalhes e informaes, consultar Van Bellen (2004) e Allencastro et al (2011).

    Maria Claudia Mancuelho Malta: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil. Email: [email protected] Link para o currculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6276197262789514

    Milton Augusto Pasquotto Mariani: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil. Email: [email protected] Link para o currculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0935409945176042

    Dyego de Oliveira Arruda: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil. Email: [email protected] Link para o currculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5222976964204691

    Data de submisso: 13 de dezembro de 2012

    Data de recebimento de correes: 10 de abril de 2013

    Data do aceite: 12 de abril de 2013

    Avaliado anonimamente

    Reflexes acerca da sustentabilidade no mbito da gesto de empreendimentos hoteleiros

    Pgina 553 Revista Brasileira de Ecoturismo, So Paulo, v.6, n.2, mai/jul 2013, pp.534-553.