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66 Revista Linha Direta tecido Cláudia Villela* Tempo de somar S e o conhecimento é a base do desenvolvimento humano, somar experiências bem-su- cedidas e conhecimentos adquiri- dos pode ser a chave-mestra para a promoção da educação nacional. Esse é o propósito do Projeto SOMAR, da Rede SESI de Educação de Minas Gerais, que acontece em parceria com as Secretarias Mu- nicipais de Educação do Vale do Jequitinhonha e Mucuri e com o apoio do SENAI da região. Em ca- ráter piloto, neste ano de 2012 estão contemplados os municípios de Jaíba e Turmalina. Sabemos que a educação no Brasil ainda apresenta problemas estru- turais graves e que o desempenho do ensino público brasileiro está aquém das suas potencialidades, reforçando o gargalo dos resulta- dos satisfatórios do sistema edu- cacional. Não dá para voltar no tempo, mas dá para reverter os efeitos indesejáveis ocorridos na educação até aqui, e isso está ao alcance de todos nós. Temos um objetivo enorme a atin- gir com o Projeto SOMAR: a me- lhoria da qualidade do ensino e a garantia da aprendizagem, de fato. E para melhorar a qualidade do en- sino e garantir a aprendizagem, é necessário começar pelos educa- dores, fazedores do trabalho peda- gógico, dia a dia. É imprescindível iniciar por quem faz as coisas acon- tecerem nas escolas, instigá-los à adoção de uma postura proativa, dinâmica, inquieta diante do desa- fio de passar do discurso pedagógi- co para a prática. Instigá-los para que assumam com determinação e garra o papel de educadores nesse cenário que exige novas posturas e novas práticas para vencermos, de uma vez por todas, o analfabetismo de fato, o analfabetismo funcional, o analfabetismo ecológico e o anal- fabetismo tecnológico. O Projeto SOMAR acontece des- de maio de 2012, levando aos municípios capacitações para os profissionais da educação infan- til ao ensino médio, conforme demanda. Possui em sua essên- cia dois enfoques distintos: o comportamental e o didático- -técnico-pedagógico. Estrategicamente, todo encontro inicia com o enfoque comporta- mental, provocando reflexões acerca do papel de cada um na escola, no município e no ce- nário nacional em relação a ser professor/educador nos dias de hoje. O que faço para contribuir com o sucesso no trabalho? O que pode ser melhorado? Quan- to de mim fica esperando pelos outros, ou responsabilizando os outros pelas minhas experiên- cias de fracasso? Quais são os meus valores? Minhas potencia- lidades? O que tenho feito pela educação do município? Qual a + +

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66 Revista Linha Direta

tecido

Cláudia Villela*

Tempode somar

Se o conhecimento é a base do desenvolvimento humano, somar experiências bem-su-

cedidas e conhecimentos adquiri-dos pode ser a chave-mestra para a promoção da educação nacional.

Esse é o propósito do Projeto SOMAR, da Rede SESI de Educação de Minas Gerais, que acontece em parceria com as Secretarias Mu-nicipais de Educação do Vale do Jequitinhonha e Mucuri e com o apoio do SENAI da região. Em ca-ráter piloto, neste ano de 2012 estão contemplados os municípios de Jaíba e Turmalina.

Sabemos que a educação no Brasil ainda apresenta problemas estru-turais graves e que o desempenho do ensino público brasileiro está aquém das suas potencialidades, reforçando o gargalo dos resulta-dos satisfatórios do sistema edu-cacional. Não dá para voltar no tempo, mas dá para reverter os

efeitos indesejáveis ocorridos na educação até aqui, e isso está ao alcance de todos nós.

Temos um objetivo enorme a atin-gir com o Projeto SOMAR: a me-lhoria da qualidade do ensino e a garantia da aprendizagem, de fato. E para melhorar a qualidade do en-sino e garantir a aprendizagem, é necessário começar pelos educa-dores, fazedores do trabalho peda-gógico, dia a dia. É imprescindível iniciar por quem faz as coisas acon-tecerem nas escolas, instigá-los à adoção de uma postura proativa, dinâmica, inquieta diante do desa-fio de passar do discurso pedagógi-co para a prática. Instigá-los para que assumam com determinação e garra o papel de educadores nesse cenário que exige novas posturas e novas práticas para vencermos, de uma vez por todas, o analfabetismo de fato, o analfabetismo funcional, o analfabetismo ecológico e o anal-fabetismo tecnológico.

O Projeto SOMAR acontece des-de maio de 2012, levando aos municípios capacitações para os profissionais da educação infan-til ao ensino médio, conforme demanda. Possui em sua essên-cia dois enfoques distintos: o comportamental e o didático--técnico-pedagógico.

Estrategicamente, todo encontro inicia com o enfoque comporta-mental, provocando reflexões acerca do papel de cada um na escola, no município e no ce-nário nacional em relação a ser professor/educador nos dias de hoje. O que faço para contribuir com o sucesso no trabalho? O que pode ser melhorado? Quan-to de mim fica esperando pelos outros, ou responsabilizando os outros pelas minhas experiên-cias de fracasso? Quais são os meus valores? Minhas potencia-lidades? O que tenho feito pela educação do município? Qual a

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minha contribuição para a me-lhoria da educação no Brasil? O que posso fazer? Essas reflexões surgem a partir de atividades vi-venciadas pelo grupo de profes-sores que experimentam o valor da atitude positiva e criativa para a resolução de problemas. São reflexões relevantes para a vida pessoal e profissional, que, através do autoconhecimento e da autoestima, contribuem para uma vida melhor e um trabalho educacional melhor ainda.

A partir daí, explicitado o gran-de potencial de realização do grupo, numa injeção de ânimo e incentivo à motivação, é tra-balhado o aspecto didático-téc-nico-pedagógico. São repassadas estratégias eficazes referentes às modernas práticas pedagógi-cas e estudados temas, dentre eles: contextualização como algo que faça sentido para o aluno; interdisciplinaridade como arti-culação entre as disciplinas; uso da tecnologia como aliada; ava-liação como acompanhamento do caminho que o aluno faz e sina-lizadora da alteração de rumos, se preciso; valorização do conhe-cimento prévio do aluno, preser-vando a proposta pedagógica e a realidade vigente; inclusão como compromisso primeiro de levar todo e qualquer aluno a avan-çar, com profundo respeito às diferenças; didática para língua portuguesa e letramento, mate-mática, organização e gestão da secretaria escolar e biblioteca.

As experiências até aqui viven-ciadas com os educadores, nos municípios, têm sido de gran-de valia. Os professores têm demonstrado disponibilidade e envolvimento com os trabalhos realizados. De uma ação para outra, podemos observar pro-gressos na ação dos professores que, gradativamente, se refle-tem em melhoria no aproveita-mento dos alunos.

Atividade vivencial com o grupo de educadores de Turmalina

Oficina de matemática na educação infantil em Turmalina, com a consultora Luce Meire Carvalho

Oficina de matemática em Jaíba: trabalho com os blocos lógicos / sequência lógica / descobrindo atributos

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S: Divulgação

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O contexto atual nos convida, urgente-mente, a unir esforços, competências, habilidades e boas atitudes; a sair do conformismo, abandonar o coitadismo, a dificuldade de reconhecer erros e assumir riscos; e a criar novos cená-rios para fazer da educação, a cada geração, o maior legado a ser deixado para a sociedade brasileira. É preciso SOMAR!

*Pedagoga, consultora educacional, palestrante, assessora pedagógica especialista em Empreendedorismo na Escola

www.fiemg.com.br/sesi

Oficina de matemática em Jaíba: compreendendo o sistema de numeração decimal

Trabalho em grupo – Professores do ensino fundamental I de Turmalina

Professores de Jaíba – Ensino médio C3

No início do curso, a turma não estava tão motivada devido a vários fatores enfrentados até então. Mesmo assim, conseguiu se renovar, juntar as for-ças e se recarregar para o dia a dia. Muitas dúvidas foram sanadas, as atividades com as crianças ganharam mais movimento, os ambientes foram mais decorados, a hora do descanso, que nem sempre proporcionava des-canso, melhorou muito. O curso pro-porcionou uma segurança maior no desenvolvimento das atividades com as crianças. Estamos mais tranquilas e cheias de energia para continuar na luta pela formação de cidadãos mais humanos e felizes. Rita Alves de Souza e Silva – Coordenadora peda-gógica das creches – Turmalina

O Projeto SOMAR soma todos os meus sonhos como educadora e gestora desta instituição, nos tornando mais profissionais... Nossa escola tem es-paço, trabalho digno, nome e nor-mas. Denilda Ruas – Coordenadora do ensino médio, área C3 – Jaíba

A cada capacitação, o SESI sempre nos motiva, concordando que difi-culdades existem, mas que, diante delas, as possibilidades são maiores para que possa acontecer o ensino--aprendizagem e para que tenha-mos cidadãos competentes e críticos diante do mundo. Joelma – Profes-sora do 4º ano do ensino médio, área C3 – Jaíba