artigo final - crescimento desordenado das cidades de médio porte
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O presente artigo explicitará uma nova modalidade de crescimento desordenado que ultrapassa expectativas e atinge as cidades de médio porte, estas se tornaram polos migratórios atraentes, por vezes mais que os grandes centros. Fora realizada pesquisa técnica-informativa que demostrou tal aumento populacional, este aumento supera as médias nacionais e estaduais e mostra a importância de atitudes prévias no replanejamento dessas cidades, o estudo teve como referência a cidade de Cascavel-PR.TRANSCRIPT
01 Cascavel, Abril de 2012
CRESCIMENTO DESORDENADO DAS CIDADES DE MÉDIO PORTE
VIEIRA, Caroline Godoy1
PAULETTO, Suellen Alessandra
NOGUEIRA, Thays Juliani
RESUMO
O presente artigo explicitará uma nova modalidade de crescimento desordenado que ultrapassa expectativas e
atinge as cidades de médio porte, estas se tornaram polos migratórios atraentes, por vezes mais que os grandes centros.
Fora realizada pesquisa técnica-informativa que demostrou tal aumento populacional, este aumento supera as médias
nacionais e estaduais e mostra a importância de atitudes prévias no replanejamento dessas cidades, o estudo teve como
referência a cidade de Cascavel-PR.
PALAVRAS-CHAVE: Crescimento Desordenado; Cidades de Médio Porte.
1 INTRODUÇÃO
A procura por vantagens econômicas faz com que cidades sejam mais atrativas que outras
em se tratando de investimentos da iniciativa privada para fins de instalação e investimentos
visualizando oportunidades de crescimento. O fato é que a fórmula ideal de urbanização ainda não
está disponível, pois a instalação de uma empresa deveria ser fator de orgulho com a criação de
novas oportunidades à administração pública, porém pode representar problemas quando não
tratada como uma nova porta de entrada também de problemas ligados a infraestrutura básica, pois
com mais oportunidades, aumentará população, serão necessários mais investimentos e ai surge o
crescimento desordenado. Desta forma o trabalho objetiva demonstrar o novo foco de crescimento
urbano através de dados científicos pesquisados dos quais apontam um novo movimento migratório.
O artigo tem como tema crescimento desordenado nas cidades de médio porte que é a
presença certa em todos os grandes centros, pois o consumismo desenfreado faz com que o
comércio e o setor terciário propriamente dito injetem diferentes produtos, com novas tecnologias e
direcionada a todos os tipos de público fazendo com que se compre de forma impulsiva algo
desnecessário e que não se sabe nem onde será descartado, essa é a realidade da sociedade atual,
visando apenas o lucro e deixando de lado o bem estar do ser humano. Populações inteiras se
deslocam em direção de centros de produção vislumbrando grandes oportunidades, tornando o que
deveria ser uma cidade com muitas oportunidades, passando a ser uma com muitos problemas.
As cidades de médio porte começaram a contemplar esse ciclo produtivo e, de forma crucial,
estão se destacando em seus índices de crescimento nas últimas décadas, destoando do que ocorria
até os anos 80, hoje com essa nova realidade essas cidades poderão apresentar em pouco tempo
índices assustadores de violência, desemprego, trânsito caótico e deficiências em serviços básicos,
característicos de grandes núcleos urbanos.
O fato é que alguns centros desenvolvidos ou que estão em desenvolvimento e ainda não
apresentaram o caos característico das metrópoles possam estar visualizando o problema e
atentando para o bem estar e qualidade de vida do ser humano que está sendo deixado de lado. Para
isso, providências devem ser tomadas em diferentes áreas como controle populacional, estímulo à
produção agrícola, controle de poluentes e supremacia dos serviços essenciais.
Sendo assim o objetivo geral é identificar os problemas de uma nova urbanização onde não
se tomou as devidas providencias em tempo hábil a fim de minimizar os efeitos negativos,
analisando as necessidades da população que ali residem. Buscando conscientizar a sociedade em
1 Dicente da Faculdades Assis Gurgacz. Curso Arquitetura e Urbanismo. e-mail: [email protected], [email protected], thays-
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pontos como ética e cidadania, buscando propor um planejamento estratégico mais estruturado que
proporcione à qualidade de vida a população, dando melhoria aos aspectos econômicos, políticos,
sociais e ambientais, sem travar o crescimento.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CRESCIMENTO DESORDENADO
Atualmente, o crescimento desordenado das cidades de grande e médio porte é um desafio
para muitos estudiosos do meio urbano, pois o mesmo se dá de forma acelerada e desorganizada,
trazendo problemas de ordem social, econômica e de infra-estrutura. (Ferrari e Lapolli, 2000).
A expansão de áreas urbanas está diretamente ligada ao crescimento e distribuição espacial
da população. Os censos demográficos produzem avaliações quantitativas sobre as populações e os
mapas de densidade demográfica informam também as necessidades de infraestrutura (Costa e
Alves, 2005).
O bom momento econômico brasileiro acentua um fator negativo da vida nas grandes
cidades: o crescimento desordenado. O desenvolvimento das centralidades geralmente acontece de
forma orgânica, sem planos para viabilizar um futuro satisfatório para todos os seus moradores. Isso
gera problemas como o trânsito, violência, poluição, desemprego, supervalorização dos terrenos e
dos imóveis e a falta de infraestrutura em algumas regiões.
O cenário é preocupante principalmente porque o desenvolvimento vem se espalhando em
direção às cidades de médio porte. De acordo com a pesquisa “Reflexões sobre os Deslocamentos
Populacionais no Brasil”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são as cidades
com menos de 500 mil habitantes que mais cresceram em densidade populacional na última década.
É público e notório o problema brasileiro referente à desordem na forma que está sendo
utilizado o território do país, com megalópoles que não mais apresentam soluções em se tratando de
urbanização, tão pouco que atenda aspectos mínimos de qualidade de vida ou ainda que pudessem
comportar nem mesmo parte da população que lá habitam com alguma estrutura. Porém o problema
fora disseminado há séculos ou mesmo na própria colonização quando as populações que vinham
para habitar ou mesmo para trabalhar em prol do Reino de Portugal se concentrou em sua totalidade
na região litorânea, isso não coincidentemente é onde aparece muitas dessas cidades das quais a
concentração populacional se multiplicou de forma descontrolada.
A aglomeração em torno do litoral teve seu preço, que se fez desde a colonização, a Mata
Atlântica é o mais desmatado dos biomas brasileiro teve seu território diminuído em 93% do total
de sua área original ao longo dos anos, isso de acordo com o Portal SOS Mata Atlântica, esse
desmatamento não só foi utilizado para abastecer os Reinos europeus nos primórdios da
colonização, mas se passando os anos para dar lugar a casas, prédios, indústrias, e tudo aquilo que
faz parte dessa nova realidade que perdura até os dias atuais.
Sob esse mesmo prisma é que se estabelece no Brasil uma nova ideia de urbanização, pois
não mais os grandes centros são tão atrativos como mostra o estudo da Revista Pequenas Empresas
Grandes Negócios, onde demonstra que atual situação financeira nacional impulsiona a instalação
de empreendimentos em cidades de médio porte, saindo do então estagnado crescimento dos
grandes centros e ainda fugindo de problemas inerentes desses locais procurando também aliar a
uma melhor qualidade de vida nas cidades de médio porte onde tal pesquisa revela que nessas
cidades apresenta o PIB com um índice elevado de crescimento de 49%. “Trata-se do fenômeno da
‘deseconomia de aglomeração’, que transfere atividades econômicas, principalmente a indústria,
para regiões menos concorridas, favorecendo seu crescimento”, afirma Tânia Bacelar, professora da
Universidade Federal de Pernambuco e especialista em economia regional do Nordeste.
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Segundo HARDT (1994) o crescimento urbano acelerado, tão relevante no país, gera muitos
problemas, que resultam na incapacidade dos municípios em abrigar este contingente populacional
com a devida organização de seus territórios, entre outras razões por deficiência na
profissionalização da gestão urbana. Esses problemas assumem grandes níveis de complexidade e
têm como conseqüência à degradação da qualidade ambiental, aumentam os custos sociais. Os
eventuais investimentos realizados nesse campo possuem, em grande parte, um caráter corretivo,
onde os resultados, na maioria das vezes, apenas minimizam os efeitos. A partir disso as áreas que
possuem ainda um ecossistema quase inalterado representam grande importância, considerando os
seus reais benefícios, tornando cada vez mais importante um planejamento das cidades e seus
crescimentos. O crescimento urbano instala-se quando o número de habitantes em cidades cresce
relativamente à população como um todo (CLARK, 1982).
Explica o sócio-lider para o atendimento as empresas do interior do Estado de São Paulo,
Edgar Jabbour. Essas situações costumam provocar um fluxo migratório desproporcional para esses
municípios, muito superior à sua capacidade de acomodação dos novos
contingentes de pessoas. (JABOUR, Edgar. 2010. p.4).
O fato é que o crescimento desordenado normalmente traz distorções à vida
econômica e social do município, o que leva ao caos. (JABOUR, Edgar. 2010. p. 4).
Jabbour acrescenta que, para dar um ordenamento nesse processo, é necessário que os
municípios de médio porte, que apresentam grande poder de influência sobre as cidades do entorno,
se organizem e façam um planejamento bem estruturado, o que deve incluir a adoção de políticas de
desenvolvimento de negócios e de capacitação de trabalhadores.
Relata o sócio da Deloite:
Isso pode melhorar a qualidade de vida nessas cidades e reter as pessoas, o que
evitaria a migração para os grandes centros urbanos, que já não suportam mais os
processos migratórios. (JABOUR, Edgar. 2010. p.5).
2.2 CIDADES DE MÉDIO PORTE
De acordo com Pereira (2005), um dos critérios mais utilizados na definição de cidades de
porte médio tem sido a dimensão demográfica. Ainda de acordo com a autora, quando se debate
sobre cidades de porte médio, trata-se mais de uma noção do que de um conceito. Dessa forma, para
se alcançar o objetivo proposto neste artigo, optou-se pela classificação de cidades de porte médio
como sendo o conjunto de cidades cuja população urbana residente situava-se entre 100 mil a 500
mil habitantes, presentes nos censos demográficos de 1970 e 2000. Essa classificação é utilizada em
trabalhos de autores como: Santos (2005), Braga (2005), Maricato (2001), Amorim Filho e Serra
(2001), Brito, Horta e Amaral (2001), Andrade e Serra (2001a) e Lima (1998). Vale ressaltar que o
enfoque está sobre as cidades de porte médio ao invés das cidades pequenas, porque é inevitável a
necessidade de uma escala mínima urbana, mesmo sabendo que uma cidade de porte médio esteja
fortemente associada a sua funcionalidade com seu em torno.
São aquelas cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. As cidades de porte
médio, a partir da década de 60, vêm aumentando consideravelmente sua participação no total dos
municípios do país, na distribuição regional da população e, de modo geral, na influência da rede
urbana nacional (BRITO; HORTA; AMARAL, 2001).
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De acordo com a pesquisa Reflexões sobre os Deslocamentos Populacionais no Brasil, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são as cidades com menos de 500 mil
habitantes que mais crescem em densidade populacional na ultima década.
De acordo com França e Soares (2007), a definição ou o conceito de cidade média remete
aos estudos de pesquisadores, órgãos governamentais e planejadores urbanos. Do ponto de vista do
nível hierárquico das cidades, uma cidade média é aquela que se localiza entre a grande cidade e a
pequena cidade, tendo dessa forma, uma posição intermediária.
Segundo Lustosa (2000), os municípios de médio porte, em geral, são cidades-pólo de suas
microrregiões, exercendo papel de grande importância junto aos municípios de sua área de
influência.
Para França, et al (2007), as cidades médias representam importantes centros econômicos e
demográficos, definindo novos papéis frente a recente organização territorial brasileira. As atuais
dinâmicas de consumo e produção que se estabelecem nos espaços intra-urbanos dessas cidades
influenciam e são igualmente condicionadas pelos novos arranjos territoriais e econômicos relativos
à produção e consumo do espaço urbano.
Verifica-se também o crescimento ou o fortalecimento de centros de médio porte, que,
reunindo condições favoráveis de infra-estrutura e de qualidade de vida, passa a ter
reforçada sua competitividade na atração de novos investimentos. Esses centros já
receberam os impactos do investimento produtivo, ao mesmo tempo que, produzindo
sinergia com outras cidades próximas, conformam áreas de grande dinamismo [...]. (IBGE,
2002, p.89).
Para Rochefort (1998), as ações de desenvolvimento das cidades médias objetivavam:
(...) desenvolver, prioritariamente, algumas cidades médias para refrear o crescimento das
metrópoles e, à medida que as cidades são escolhidas no interior do território, levar para
esses espaços subdesenvolvidos atividades e homens que permitam um desenvolvimento
da economia regional. (ROCHEFORT, 1998, p. 93).
Amorim e Serra (2001) alertam que a posição que as cidades médias ocupam no interior de
um país não é fechada ou está pronta e inacabada, visto que uma cidade média não é média, ela está
média em uma determinada situação e em um contexto específico. Essa posição pode permanecer
por muito tempo, não obstante a cidade média pode se elevar à categoria de cidade grande. Para que
qualquer uma dessas duas situações ocorra, no entanto, uma condição prevalecente será a situação
socioeconômica dessas cidades, que se relaciona à sua economia, rede de consumo, infra-estrutura e
potencialidades, entre outros.
Soares (2005) confirma esse crescimento quando diz que um “número cada vez maior de
cidades vem apresentando um crescimento demográfico expressivo, pois em 1960 elas eram em
número de 60 e, em 2000, 188 com um crescimento demográfico na última década do século XX de
2,02%”. O IBGE confirmou a existência de 193 cidades médias no Brasil em 2000.
Há que se considerar também a localização espacial da cidade média, pois, se ela está isolada
em uma determinada região, esse fato pode indicar dificuldade de autonomia e de
manutenção de sua posição de cidade média. Além disso, essa cidade pode estar sob a
influência direta ou indireta de uma metrópole nacional, metrópole regional, de uma capital
estadual ou se posicionar próxima a uma importante cidade, o que, provavelmente, confere-
lhe maiores possibilidades de desenvolvimento e crescimento. Todos esses fatores tornam
cada cidade média singular no espaço e no tempo em que se localizam. (Soares, 1999, p. 3).
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2.3 CASCAVEL E OUTRAS CIDADES BRASILEIRAS
Até o final da década de 80 a região que mais absorvia população oriunda do campo ou
mesmo de centros menos desenvolvidos era a Região Sudeste brasileira de maneira geral os estados
de São Paulo e Rio de Janeiro e na maioria das vezes vindas da Região Nordeste do Brasil, porém o
quadro se modificou a partir da metade da década de 90 do século XX, quando a Região Centro-
Oeste brasileira passou a absorver grande parte da migração registrada no país, sendo que os estados
que mais atraíram migrantes foi Maranhão, Pernambuco, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do
Sul, Mato Grosso do Sul, isso nos últimos quinze anos.
O fato é que as expectativas de crescimento eram sobre as metrópoles da Região Sudeste do
Brasil que absorviam boa parte da população repudiada de outras regiões, porém por diversos
fatores esse movimento migratório se inverteu tornando outros centros até então não tão atraentes
em grandes centros de absorção das populações de regiões distintas e com elas as indústrias que por
incentivos fiscais ou até mesmo por interesse em sair das regiões com acúmulo de indústrias
procuraram se instalar em locais que hoje se tornam grandes potências regionais.
Esse fator passou a ser de suma importância para que se tomem as devidas providências em
tempo hábil para que cidades de médio porte não passem a apresentar as características já próprias
de cidades grandes. Quando ocorreu a ocupação desordenada das cidades do Sudeste do Brasil não
havia estudos e planejamentos que pudessem de forma eficaz conter tal ocupação ou até mesmo
descentraliza lá. Segundo o site do município de Cascavel-Pr, hoje Cascavel é uma cidade que
cresceu em torno de 49% nos últimos dezesseis anos, sendo que o país cresceu 25% e o Estado do
Paraná 21% no mesmo período, tal cidade com sessenta anos e já possui uma população de quase
trezentos mil habitantes, sete parques industriais e em crescente absorção de migrantes regionais.
Por outro lado, segundo o IBGE, cidades como São Paulo no ano de 2000 possuía
10.434.252 habitantes e em 2011 estava com 11.316.149 habitantes, ou seja, obteve um aumento de
praticamente 10% em onze anos. Esses dados fornecidos pelo IBGE dão uma idéia da referida
tendência de aquecimento da migração rumo a outras cidades, das que eram alvo nos anos 80, hoje
a de médio porte é tendenciosamente atrativa em diferentes regiões, no geral o estado de São Paulo
obteve entre 2004 e 2009 um saldo líquido migratório negativo, 215.308 habitantes saíram do
estado, provando que há uma nova rota migratória, rumo a diferentes regiões.
Dessa forma pode se ter a real ideia de qual poderá ser o destino destas cidades que hoje são
atrativas, e que necessitam de cuidados na forma correta de ocupação, criando meios de controle
populacional, de emissão de poluentes, fontes de recursos naturais, qualidade de vida de um modo
geral, propiciando condições de reestruturação em qualquer tempo, fazendo com que essas cidades
permaneçam atrativas mesmo com grandes populações, ou quem sabe que se possa inclusive criar
incentivo a indústrias de caráter agrário, evitando acúmulo populacional.
2.4 DESIGUALDADE SOCIAL
Assim sendo o crescimento desordenado não é algo que se pode sentir em dado momento,
mas sim algo que se fará presente no decorrer daquele desenvolvimento tão almejado sendo assim
algo anexado, pois com o desenvolvimento vem seus problemas como aumento populacional, com
surgimento de favelas e consequente aumento da violência e precariedade dos serviços dos órgãos
públicos para atender a demanda da população. Dado esse bem demonstrado na pesquisa da
Fiocruz-Fundação Oswaldo Cruz na capital do Rio de Janeiro, no Laboratório de
Geoprocessamento do Cict - Centro de Informação Científica e Tecnológica a pesquisa revela que
na Capital Carioca surgiram 69 favelas entre os anos de 1991 e 2000 e o aumento da população na
cidade foi de 6,77% (371.146 pessoas) enquanto que a população das favelas aumentou quase 25%
(1.092.958 pessoas).
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De acordo com Orson Camargo graduado em Sociologia e Política pela Escola de
Sociologia e Política de São Paulo-FESPSP. Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP, colaborador Brasil Escola:
O conceito de desigualdade social é um guarda-chuva que compreende diversos
tipos de desigualdades, desde desigualdade de oportunidade, resultado, etc., até
desigualdade de escolaridade, de renda, de gênero, etc. De modo geral, a
desigualdade econômica – a mais conhecida – é chamada imprecisamente de
desigualdade social, dada pela distribuição desigual de renda. No Brasil, a
desigualdade social tem sido um cartão de visita para o mundo, pois é um dos países
mais desiguais. Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação mais
desigual do mundo. O índice Gini, que mede a desigualdade de renda, divulgou em
2009 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de 1, maior a
desigualdade), porém esta ainda é gritante.
Baseado em que Orson sustenta, a desigualdade começa em falta de oportunidades,
passando por necessidades de estrutura em ensino. Se faz ver que o planejamento de um centro
urbano tem inúmeras consequências e que estas afetarão a população em seu todo, inclusive tendo
interferência nos resultados de cunho social.
2.5 TRÂNSITO
As cidades estão dispostas em territórios extensos que fazem com que pessoas e mercadorias
necessitem ser deslocadas, isso interfere em diferentes aspectos, inclusive no meio ambiente devido
à quantidade de poluentes que os veículos despejam na atmosfera. Ainda que hoje o trânsito influi
também na saúde das pessoas, pois pode ser relacionado inclusive a males como stress e problemas
cardíacos devido a grandes períodos que as pessoas passam em congestionamentos, sendo esse um
dos vilões resultantes de um crescimento desordenado.
É o que mostra a reportagem da UOL exibida em 16/09/2009:
Segundo o órgão que cuida do trânsito no Brasil, no mês de abril de 2009 existiam no
Brasil 32,7 milhões de automóveis, 11,4 milhões de motocicletas e 407,6 mil ônibus. No
ano de 1999, dez anos atrás, esses números eram 18,8 milhões, 3,0 milhões e 243 mil,
respectivamente. O aumento de veículos nessa magnitude em tão pouco tempo nas estradas
e nas ruas de nossas cidades só poderia levar a isso: caos, sofrimento, perdas, atraso para o
pregresso do país e aumento do custo Brasil. São nas grandes cidades, onde está a maioria
das pessoas com maior poder aquisitivo e que, portanto, possuem recursos para comprarem
os veículos que entram no mercado.
Desta forma, as grandes e médias cidades concentram a maior parte dos veículos que estão
rodando atualmente. As pessoas com o maior poder aquisitivo e, consequentemente,
proprietárias de veículos, geram um custo infinitamente maior do que as pessoas com renda
mais baixa em termos uso de combustíveis e poluição. Por exemplo, uma pessoa que ganha
R$ 3.600,00 e outra que ganha um pouco abaixo de um salário mínimo possuem uma
diferença monumental com relação aos custos sociais do uso de transporte. As primeiras
consomem energia nove vezes mais do que a segunda, consomem onze vezes mais
combustíveis, colocam quatorze vezes mais poluentes na atmosfera e provocam quinze
vezes mais acidentes de trânsito.
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3 METODOLOGIA
Para a confecção deste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica, na qual foi embasada
nos livros Fundamentos da Metodologia de Barros (2000) e Lehfeld (2000) e Metodologia
Cientifica de Cervo (2002) e Bervian (2002).
De acordo com os autores:
A pesquisa bibliográfica é necessária para que se tenham trabalhos inéditos, para
isso é indispensável o levantamento e seleção de uma bibliografia, sendo pré-
requisito para elaboração das características de um objeto de estudo. BARROS e
LEHFELD. 2000. p.
A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referencias
teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independente ou como parte
da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos, busca conhecer e
analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado existente sobre um
determinado assunto, tema ou problema. CERVO e BERVIAN. 2002. p.
4 DISCUSSÃO
O convívio da civilização retoma inúmeros assuntos que entornam tão complexo aspecto de
convivência em sociedade. Vida essa em sociedade que é inerente do ser humano e quando esse
convívio é englobado por uma grande quantidade de pessoas e instrumentos necessários para tal,
isso demanda suporte a fim de proporcionar condições estruturais para condicionar os ambientes
utilizados para humanos e suas necessidades.
É transparente a imagem mutante que se vê do convívio em sociedade e a aglomeração das
pessoas. Nos primórdios era um benefício aos grandes grupos conviverem juntos e hoje é motivo de
preocupação, haja vista o acumulo demasiado de pessoas e o atual leque de necessidades que se
fazem presentes no dia a dia atual.
O fato é que não mais de alimentação e moradia o ser humano se dá por contente, a
sociedade atual é munida de ciência, tecnologia, religião, cultura, esportes, entretenimento, entre
outras atividades que de maneira direta ou indireta influenciam no atual cenário da vida em
sociedade. E se toda essa mudança nos hábitos não fosse o suficiente há a realidade do aumento
exagerado da população.
Com tantos aspectos que foram alterados no decorrer da história, a necessidade de adaptação
do meio que se vive e de formas de suprir as devidas demandas é fato presente na nova concepção
de sociedade, pois não só o bem estar do homem está em jogo, mas também a própria manutenção
da espécie, tendo em vista o aumento crescente de poluentes emitidos e a má preservação do meio
ambiente que põem em risco o futuro.
As cidades estão com acumulo cada dia maior de pessoas e serviços que devem ser
reestruturados constantemente a fim de dar condições de convívio à sociedade de maneira geral.
Esse aumento populacional tem seus reflexos negativos aumentados proporcionalmente, pois as más
condições de moradia, a falta de transporte público eficaz e deficiência nos serviços acarretam
problemas como violência urbana e condições inadequadas de sobrevivência.
Esses aspectos já estão presentes na maioria dos grandes centros, onde o acúmulo da
população de maneira geral que vive em condições inadequadas, por falta de segurança, ou de
transporte, ou até mesmo vivendo em condições subumanas, sem moradia ou o que comer,
demonstrando assim toda influência direta do crescimento desordenado, que hoje faz com que esses
problemas se tornem incorrigíveis.
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As cidades de médio porte, que são foco de um novo movimento migratório, crescem de
maneira animadora, porém em um pequeno espaço de tempo devem apresentar as mesmas carências
vitais presentes nas grandes cidades. Constata-se então que as devidas correções devem ser tomadas
a tempo de evitar as consequências indesejadas, pois é sabido que o concerto é utópico.
Sob esse mesmo ponto de vista que se torna relevante a ideia de que as cidades de um modo
geral devem possuir um planejamento adequado que vislumbre um futuro provável e que supra as
necessidades da sociedade, com aplicação rigorosa de normas e diretrizes que apontem um norte
que beneficie a coletividade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta forma se faz necessária uma nova visão em se tratando de urbanização, os grandes
centros estão superlotados e as cidades de médio porte estão crescendo em média mais do que as
cidades consideradas grandes centros, e assim exteriorizando um novo problema para gestão
pública, pois a tomada de providências a fim de minimizar os efeitos negativos que assolam os
grandes centros, antes que eles apresentem-se nessas cidades de porte médio, ou mesmo procurar
alternativas a fim de viabilizar um número maior de investimentos e incentivos para que não só em
assentamentos haja população no campo.
O crescimento das cidades de um modo geral é bem mais acelerado nas últimas décadas
devido à demanda da população ou até mesmo pelo crescimento populacional, que faz com que
estruturas criadas para suportar esse crescimento logo se tornem obsoleto, pois não mais cumprem
sua finalidade, precisando ser ampliadas ou substituídas. Claro que problemas são difíceis de
resolver até mesmo no âmbito familiar ou no trabalho, seria utópico dizer que há receita única que
pode ser implantada para solucionar os problemas urbanos, porém o mínimo em infraestrutura de
transporte, saúde dentre outros serviços básicos é essencial para suportar o aumento populacional
nas diversas novas metrópoles regionais que, hoje, são vistas como potencialidades.
Não há como negar que o crescimento seria algo muito bom para uma localidade, mas com
ele vêm seus inconvenientes dos quais se formam as desordens, assim cabe a quem esteja à frente
das políticas urbanas de cada localidade agindo previamente para que os efeitos negativos sejam
minimizados com atitudes antecipadas primando pelo bem estar daqueles que ali procuram
qualidade de vida e meios de auferir lucros em produção, calculando os efeitos que tal
desenvolvimento trará e que fatores deverão receber atenção para garantir que o crescimento não
faça com que localidades caminhem para trás.
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