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AMADOR DE CARVALHO XAVIER

A DINÂMICA DA CIDADE DE SÃO JOÃO DO IVAÍ – PR: E OS TERRITÓRIOS DE EXCLUSÃO, ATRAVÉS DO OLHAR DOS ALUNOS

DO COLÉGIO ESTADUAL ARTHUR DE AZEVEDO

LONDRINA

2012

AMADOR DE CARVALHO XAVIER

A DINÂMICA DA CIDADE DE SÃO JOÃO DO IVAÍ – PR E OS

TERRITÓRIOS DE EXCLUSÃO, ATRAVÉS DO OLHAR DOS ALUNOS DO

COLÉGIO ESTADUAL ARTHUR DE AZEVEDO

Projeto de Pesquisa para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria Estadual de Educação do Paraná – SEED.

Orientadora: Profª. Rosely Maria de Lima

LONDRINA 2012

1

A DINÂMICA DA CIDADE DE SÃO JOÃO DO IVAÍ – PR, E OS TERRITÓRIOS DE EXCLUSÃO, ATRAVÉS DO OLHAR DOS ALUNOS DO

COLÉGIO ESTADUAL ARTHUR DE AZEVEDO.

XAVIER, Amador de Carvalho1 LIMA, Rosely Maria de2

RESUMO

O presente artigo relata a intervenção pedagógica desenvolvida nas aulas de Geografia, nas turmas de 7ª séries do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Arthur de Azevedo em São João do Ivaí – Paraná, enfatizando a temática: As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural. O título do projeto e da implementação pedagógica na escola foi: “A dinâmica da cidade de São João do Ivaí – PR, e os territórios de exclusão, através do olhar dos alunos do colégio estadual Arthur de Azevedo”, com objetivo de promover uma discussão sobre a exclusão socioeconômica. Para tanto, buscou-se inserir informações que possibilitassem aos alunos a compreensão, através de uma aprendizagem, no que se refere a exclusão socioeconômica. Esta foi abordada em diferentes frentes e escalas, do local para o global, seja, na escola, na igreja, no bairro, na cidade, na região, na sociedade ou ainda entre outros espaços geográficos, na família, no mercado de trabalho. Propiciando assim que os alunos e a comunidade escolar pudessem discutir o modo de produção capitalista e as mudanças ocorridas nos últimos anos no contexto da sociedade capitalista. As ações foram desenvolvidas em quatro etapas principais, articulado as demais atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE: pesquisa bibliográfica, produção do material didático, implementação da proposta pedagógica em sala de aula e elaboração do trabalho final. A abordagem e as discussões possibilitaram que os alunos compreendessem como ocorre a exclusão partindo do espaço de vivência do aluno, do local para o global.

Palavras-chave: cidadania; exclusão social; modo de produção; sistema capitalista; território.

1 Professor de Geografia da Rede Estadual de Educação do Paraná, participante do PDE/2010 (Programa de Desenvolvimento Educacional). Universidade Estadual de Londrina e Secretaria Estadual de Educação do Paraná, Londrina.Colégio Estadual Arthur de Azevedo – São João do Ivaí - Pr 2 Orientadora – Ms: Docente da Universidade Estadual de Londrina/UEL.

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho é resultado do Programa de Desenvolvimento Educacional -

PDE, ofertado pelo Governo do PR, possibilitando a Formação Continuada de seus

professores, com afastamento de 100% no primeiro ano e 25% no segundo ano.

Neste período o professor volta à Academia e se atualiza teoricamente, apropriando-

se das inovações educacionais, objetivando ampliar os conhecimentos e aprimorar

as praticas teóricas metodológicas, tornando o professor mais e melhor informado.

Isto é fundamental devido às mudanças sobre as teorias e novas linhas de

abordagem por que tem passado a ciência geográfica nas últimas décadas do

século XX e inicio do século XXI, possibilitando assim trabalhar com a realidade que

se encontra nas escolas públicas. No primeiro ano de afastamento, com a ajuda do

professor Orientador da IES, escolheu-se o tema para o Projeto a ser “construído” e

implementado na Escola de origem no segundo ano.

A área de estudo é o Colégio Estadual Arthur de Azevedo, localizado na

Zona Norte da cidade de São João do Ivaí, à Rua Pipino João Batista, nº. 107, no

bairro Nova Brasília, nas coordenadas geográficas: latitude de 23° 58' 48" S e

longitude de 51° 49' 04" O. A população de São João do Ivaí estimada em 2000 era

de 13.196 habitantes; em 2005 era de 11.024 habitantes. Já para 2010, segundo

Censo de População do IBGE, a população de urbana era de 8.879 habitantes, a

população rural era de 2.644 habitantes, totalizando 11.523 habitantes.

Os alunos matriculados no Colégio têm perfil sócio econômico diverso, são

filhos de operários, industriais, fazendeiros, sitiantes, comerciantes e comerciários

da região e de trabalhadores autônomos como pequenos comerciantes, diaristas,

empregadas domésticas, mecânicos, entre outros. Ou seja, são alunos pertencentes

a diversas classes sociais: B, C, D e E. A maioria reside nas proximidades do

colégio, alguns são oriundos de distritos e de áreas rurais. Estes são transportados

por ônibus que demoram em média uma hora no itinerário até a escola.

Percebe-se também uma diversidade na estrutura familiar dos alunos, que

pode ser formada por pai e mãe; por pais que estão na segunda união; ou apenas

pela mãe, enfim como ocorre em todo território brasileiro, mesmo sendo uma cidade

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com pequena população, pouco acima de onze mil habitantes, apresenta

características de qualquer cidade média ou grande.

A razão e o objetivo deste projeto é o de aprofundar-se no conhecimento

sobre os problemas da exclusão nas mais diversas formas. Compreende-se por

excluídos:

[...] os que sofrem discriminação por gênero, cor, credo, preferência sexual, deficiências físicas outras deficiências. Tendo como referência de análise, textos diversos, como: crônicas, gráficos, tabelas, os quais possibilitarão uma visão panorâmica da realidade local, regional, e latino americano. (KRAJEWSKI, GUIMARÃES E RIBEIRO, 2003, p.274)

A partir das reflexões, o grupo de alunos poderá ser sensibilizado e lançar

um olhar diferenciado, até clínico, ao seio da sociedade e contemplar, embora de

forma ofuscada pela desigualdade social, as diferenças de acesso e participação

aos bens culturais, sociais e políticos. Para Santos (2008, p.69), referindo-se a

globalização, “[...] “há uma disseminação planetária e uma produção globalizada da

pobreza, ainda que estejam mais presentes nos países já pobres”.

É de suma importância que o estudante conheça como se dá a exclusão e

reconheça como acontece a partir da base, ou seja, do espaço de vivência, em seu

bairro, em seu município. Assim, é necessário que os alunos conheçam os espaços

de vivencia e a maneira como se deu a colonização e ocupação desses espaços,

em especial como historicamente foi constituído o município de São João do Ivaí -

PR. Isto será possível com o estudo do território e de sua formação numa

abordagem do espaço geográfico através da ciência Geográfica.

1.1. A FORMAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DO IVAÍ – PR E A CONCEPÇÃO DE TERRITÓRIO

Tem sua história parecida com a maioria dos 399 do estado do Paraná, os

quais são relativamente jovens, pois iniciaram sua colonização em meados do

século XX. Mas, segundo alguns autores, sua ocupação foi rápida e provocou

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profundas mudanças geográficas, seja no que se refere ao desmatamento, à

colonização e à exclusão socioeconômica de famílias que chegaram para desbravar

a vasta floresta tropical que havia, com sua exuberância e de solo basáltico (terra

roxa).

O povoamento do município e da região foi iniciado em 1930. Entretanto, de

1912 até esta data, adentraram nesta área os bandeirantes e viajantes, além das

penetrações de exploradores não ocorreu nenhum movimento ou plano de

colonização, surgiram apenas, de longo em longo, arraiais, pousadas ou pequenas

povoações. A colonização da região, com as primeiras clareiras, teve inicio em 1929.

Entretanto, na área correspondente ao município de São João do Ivaí, que pertencia

ao Município de Guarapuava, a colonização teve início em 1945, onde foram abertas

picadas e clareiras ficando entre os Rios Ivaí e Corumbataí, poderíamos compará-la

a uma mesopotâmia. (XAVIER, 1989).

Nos anos de 1930, as grandes áreas particulares eram consideradas grilos

pelo Interventor do Paraná, mas em 1951 houve abertura de 1600 quilômetros de

estradas e começaram a venda de pequenos lotes. Neste período foi instalado o

serviço de balsa para travessia dos rios.

Na década de 1950, a área onde se encontra São João foi comprada por

José Martins Vieira, conhecido por “Bisco Vieira”, o qual acrescentou o nome de sua

mãe na denominação do local: São João de Ocalina. Em 28 de abril de 1964 é

elevado a município, o qual foi instalado em 20 de dezembro do mesmo ano.

Nos dados da biblioteca do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística - consta que o município de são João do Ivaí pertencia ao município de

Ivaiporã até 1964.

Distrito criado com a denominação de São João do Ivaí, pela lei estadual nº 4552, de 10-02-1962, subordinado ao município de Ivaiporã. Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o distrito de São João do Ivaí, figura no município de Ivaiporã. Elevado à categoria de município e distrito com a denominação de São João do Ivaí, pela lei estadual nº 4859, de 28-04-1964, desmembrado do município de Ivaiporã. Sede no atual distrito de São João do Ivaí. Constituído de 2 distritos: São João do Ivaí e Guarita, ambos desmembrados de Ivaiporã. Instalado em 20-12-1964. Pela lei estadual nº 5530, de 20-02-1967, é criado o distrito de Ubaúna e anexado ao município de São João do Ivaí.(....) Em divisão territorial datada de 1995, o município é constituído de 4 distritos: São João do Ivaí, Luar, Santa Luzia da Alvorada e Ubaúna. ( IBGE, 2007, p.1).

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Neste período era muito forte o plantio de hortelã (menta), mamona, milho,

feijão, agricultura do café, inclusive em consórcio. Com a erradicação do café

começa a monocultura do algodão e depois da soja, a qual ainda permanece como a

principal cultura. Importante ressaltar que os pequenos proprietários passaram a

vender suas propriedades, pois não conseguiam manter-se com a sua renda, assim

o município voltou a se basear em grandes áreas produtivas, os latifúndios.

Na década de 1970 a 1980 inicia-se o plantio da cana, trazendo dificuldades

enormes, inclusive surgiu muito intensamente a figura do chamado “Bóia-Fria”, pois

as suas pequenas propriedades não os mantinham, assim vendiam suas terras e

iam para as proximidades das cidades. (XAVIER, 1989). A modernização da

agricultura é abordada por Silva:

A amplitude da “modernização conservadora” da agricultura é perceptível a partir das transformações ocorridas no campo com o esgotamento das relações de produção no interior do complexo rural. Essa crise esteve diretamente relacionada ao avanço do capitalismo, impulsionado pela industrialização dos grandes centros urbanos. Ao contrário dos primórdios do complexo rural, que tinha sua produção de equipamentos rudimentares e de insumos internalizada e seu mercado final no exterior, nesse ‘período de transição’ a agricultura internaliza em grande medida seus mercados de destino, mas passa a depender do exterior – e, portanto das exportações, da capacidade de endividamento externo e das políticas comerciais e cambiais – para importar máquinas e insumos. (SILVA, 1981, p. 19),

A agricultura paranaense que era a principal forma de atração de pessoas

de outros estados entre as décadas de 1950 a 1970, teve seu modelo fragmentado

pelo incentivo do capital estrangeiro vindo para o Brasil e pelas ocorrências

climáticas na década de 1970, especificamente a de 1975. Assim, a diversidade de

culturas agrícolas que se apresentava no campo com a agricultura familiar, deu lugar

à agricultura de exportação, com os canaviais e o binômio de soja e trigo,

incentivados pelos altos preços para exportação.

Por sua vez, essa modernização da agricultura, com as máquinas agrícolas

e os incentivos do mercado consumidor internacional, dá início ou fortalece o êxodo

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rural. A saída do homem do campo provoca o inchaço nas cidades, sejam essas

médias ou grandes. As pequenas cidades também receberam pessoas que

migravam das áreas rurais. Essas pessoas, por sua vez, acabaram ocupando

diferentes espaços nas cidades, de acordo com o poder de compra que possuíam,

seja comprando um lote na área central das cidades, ou pequenos e distantes dos

centros urbanos, provocando uma reorganização dos espaços.

Conforme abordam Dutra Jr. e Dutra

Nas cidades, as periferias agregam os trabalhadores e desempregados estruturais da atual conjuntura histórica, e no campo o agronegócio marcha para concentrar mais terras, expulsar os camponeses e destruir o meio ambiente, e a reprodução do capital na economia brasileira se pauta nessa relação campo-cidade, com o primeiro exercendo um papel fundamental para a reprodução da mão-de-obra a baixo custo, e consequentemente os lucros do capital atinge cifras estratosféricas. (Dutra Jr. e Dutra 2008, p.2).

Assim, a compreensão das transformações ocorridas nas cidades e a

reorganização dos espaços geográficos possibilitam, ao aluno, reconhecer que com

a modernização da agricultura paranaense e mundial os territórios foram criando

novas demandas e, também, que cada homem vale pela sua localização dentro do

território. Conforme escreveu Milton Santos:

Cada homem vale pelo lugar onde está: o seu valor como produtor, consumidor, cidadão, depende de sua localização no território. Seu valor vai mudando, incessantemente, para melhor ou para pior, em função das diferenças de acessibilidade (tempo, freqüência, preço), independentes de sua própria condição. Pessoas, com as mesmas virtualidades, a mesma formação, até mesmo o mesmo salário têm valor diferente segundo o lugar em que vivem: as oportunidades não são as mesmas. Por isso, a possibilidade de ser mais ou menos cidadão depende, em larga proporção, do ponto do território onde se está. Enquanto um lugar vem a ser a condição de sua pobreza, um outro lugar poderia, no mesmo momento histórico, facilitar o acesso àqueles bens e serviços que lhes são teoricamente devidos, mas que, de fato, lhe faltam. (SANTOS, 1987, p.81).

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Assim, a compreensão da ocupação territorial é importante para avaliar os

espaços geográficos e a exclusão que pode ser configurada pela mais valia,

conforme a afirmação de Milton Santos acima. Villaça (1998) retrata que:

[...] a segregação é produzida pelas classes dominantes, e por meio da qual exerce sua dominação através do urbano. É por isso que os processos de segregação tendem a ser mais claros e acentuados quanto mais profundas as desigualdades sociais existentes nas cidades. (apud BRAVIN, 2008, p.3)

Assim, a segregação e suas consequências no espaço ocorrem pela

apropriação e concentração do capital nas mãos de poucos e a exclusão da maioria

das pessoas, seja pela falta de oportunidades: para o trabalho, cultura, moradia

descente, etc. Melazzo (2010), afirma que a dimensão processual da segregação

indica que o espaço e as relações sociais não se reduzem um ao outro, mas se

interagem e se condicionam mutuamente.

Segundo Castañeda (1994), “[...] o poder não é tudo, embora seja muito... o

poder está em todas as partes: nas ruas, nas favelas, nas prefeituras, nas escolas,

nos livros e nos jornais, na televisão, nas fábricas e no campo”. (apud SEED/PR,

2007, p.14).

Tomamos como referência de abordagem, de estudo e de aplicabilidade

deste projeto o conceito de espaço geográfico expresso por Milton Santos (1996) no

qual, o constitui "um sistema de objetos e um sistema de ações" que:

[...] é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá. [...] No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina. (SANTOS, 1996, p. 111).

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Para abordar o conceito de Território que na Geografia foi pensado e

delimitado a partir de relações de poder, trataremos o espaço geográfico a partir de

uma concepção que privilegia o político e a dominação-apropriação, historicamente.

Heidrich (1998), ao se referir à constituição do território, afirma:

[...] a diferenciação do espaço em âmbito histórico tem início a partir da delimitação do mesmo, isto é; por sua apropriação como território; em parte determinado pela necessidade e posse de recursos naturais para a conquista das condições de sobrevivência, por outra parte, por sua ocupação física como habitat. Neste instante, na origem, a defesa territorial é exercida diretamente pelos membros da coletividade. Noutro extremo, como já ocorre desde a criação do Estado, quando há população fixada territorialmente e socialmente organizada para produção de riquezas, cada indivíduo não mantém mais uma relação de domínio direto e repartido com o restante da coletividade sobre o território que habita. Neste momento, a defesa territorial passa a ser realizada por uma configuração social voltada exclusivamente para a organização e manutenção do poder. (HEIDRICH apud SUERTEGARAY, 2001, SP).

No passado da Geografia, Ratzel em 1899, ao tratar do território, vincula-o

ao solo, enquanto espaço ocupado por uma determinada sociedade. A concepção

clássica de território vincula-se ao domínio de uma determinada área, imprimindo

uma perspectiva de análise centrada na identidade nacional.

Atualmente, o território emerge como elemento central no processo de

compreensão das contradições do espaço geográfico, ou seja, a configuração do

espaço está relacionada com as relações de poder. Assim, cabe ao professor de

geografia inserir em sua prática pedagógica uma reflexão em sala de aula visando

abordar de que forma os espaços são criados e como ocorre sua configuração, essa

abordagem poderá partir do local para o global. Ou seja, os questionamentos que o

professor pode iniciar em sala de aula auxiliará na compreensão de como os

espaços são concebidos e articulados, e como as relações de poder estão inseridas

em todas as partes.

De acordo com a SEED-PR:

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Na verdade, desde que o modo capitalista de produção se desenvolveu refletir sobre onde às coisas se localizam implica em pensar nas relações de poder que envolvem essa localização, bem como tudo que esteja contido no lugar. O fato de uma floresta, uma jazida mineral ou um manancial localizar-se no território de um determinado país, levará a possíveis negociações internacionais sobre conservação e exploração desses “objetos naturais”, chamados de recursos, sob a ótica do capitalismo. Dessa mesma perspectiva escolha do local de instalação de uma empresa, de construção de um porto, de uma estrada, ou de um aeroporto tem determinantes políticos e econômicos, bem como culturais, ambientais e demográficos. (SEED-PR, 2007, p. 12)

Retomando Castañeda (1994), já citado, “[...] o poder não é tudo, embora

seja muito [...] o poder está em todas as partes [...]”. Portanto, pode-se pensar como

levar o aluno a compreender as relações de poder. Assim, através da vivencia do

aluno e de sua observação, de tudo que o circunda, será possível a sua

compreensão sobre as mudanças do espaço e sobre as relações de poder que são

realizadas pelo homem ao longo da construção do seu processo histórico.

As informações adquiridas pelos alunos ao longo de sua vida e nos bancos

escolares, com o saber sistematizado e contextualizado sobre a mundialização do

capital e dos territórios, e das transformações ocorridas nos territórios, auxiliarão no

conhecimento desses espaços geográficos. Além disso, é de suma importância que

o saber e conhecimentos empíricos adquiridos sejam aprimorados através de uma

pesquisa cientifica.

O espaço geográfico ao mesmo tempo em que une, separa, agrega e

desagrega, a apropriação desigual desse espaço se dá pela acumulação de capital,

concentração de riqueza nas mãos de algumas pessoas e grupos. A estruturação do

espaço denuncia as desigualdades sociais tanto no campo como na cidade. (SILVA,

1981, p. 137). Neste contexto Carlos (1992, p.41) afirma que,

[...] o uso do solo não se dará sem conflitos, na medida em que são contraditórios os interesses do capital e da sociedade como um todo. A desonesta distribuição e apropriação de terras e o modo como esta é utilizada pelos inúmeros segmentos da sociedade de formas variadas, intensificam o aparecimento de conflitos tanto na cidade como no campo.

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A formação de um território está vinculada a maneira como este espaço foi

concebido, de que forma e como foi planejado. Por essa razão, o trabalho sobre os

conceitos de espaço geográfico e de território foi desenvolvido de forma

contextualizada, com atividades previstas para formação dos alunos do ensino

fundamental, da sétima série, matriculados no Colégio Estadual Arthur de Azevedo.

O desenvolvimento capitalista de produção que gera, nas empresas, a divisão do

trabalho, reproduz na sociedade a divisão de classes de acordo com a configuração

dos seus espaços urbanos. (Lipietz, 1998, p171) aborda que “o desenvolvimento

capitalista desigual e combinado cria contradições entre países, regiões e de um

mesmo país, a cidade e o campo e os próprios bairros da cidade”, e argumenta

ainda:

É a divisão internacional de trabalho e as divisões inter-regionais do trabalho e sua conseqüente espacialidade. O capital determina a forma da configuração espacial, reproduzindo as contradições de classe. (LIPIETZ 1988, p. 171).

A exclusão se dá também pela apropriação desigual do espaço e da

acumulação do capital, e pela concentração de riqueza nas mãos de algumas

pessoas e grupos. Para Coriolano (2005):

[...] o espaço geográfico não é suporte da ação da sociedade, mas um produto social e que o espaço reproduz a totalidade social na medida em que essas transformações são determinadas por necessidades sociais, econômicas e políticas. O espaço reproduz-se, ele mesmo, no interior da totalidade, quando evolui em decorrência do modo de produção e de seus movimentos sucessivos e contraditórios. (apud Santos 1979, p. 18)

A compreensão dos fatos que ocorrem nos espaços geográficos auxiliará os

alunos a perceber e a entender como ocorrem os espaços de exclusão ao longo do

processo sócio-histórico. Desta forma o aluno, através da vivencia e de sua

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observação de tudo que o circunda, poderá compreender as mudanças do espaço e

as relações de poder que são realizadas pelo homem ao longo do seu processo

histórico. Ou seja, o homem não faz como quer, não faz como escolha, mas realiza

conforme a transmissão que recebeu das gerações passadas e das oportunidades

que a sociedade como um todo lhe possibilita. O homem é protagonista da sua

própria história.

O ensino da Geografia deve assumir o quadro conceitual das abordagens

que são peculiares à disciplina, que propõem a análise da ocupação do espaço

geográfico, do território e dos conflitos sociais, econômicos, culturais, constitutivos

de um determinado espaço.

2. CONSTRUINDO O MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO POR MEIO DAS MÚLTIPLAS ESCALAS E CONCEITOS DA CIENCIA GEOGRÁFICA

Os conceitos da ciência geográfica: espaço, lugar, território, sociedade,

paisagem, natureza, região foram trabalhados em sala de aula com os alunos da 7ª

série. Para uma melhor compreensão dos conceitos foram trabalhados mapas e isso

facilitou a assimilação dos mesmos, o que foi suma importância para que os alunos

pudessem compreender e se localizar no espaço geográfico.

Bem como foi importante que os alunos e a comunidade escolar

verificassem as mudanças ocorridas no espaço geográfico, nos territórios, quando

do surgimento das cidades e do crescimento urbano, podendo ainda, entender a

partir do seu espaço de vivência as transformações que foram realizadas pelos

colonizadores do município de São João do Ivaí e como ocorre a produção do

espaço no sistema capitalista.

Na figura-1 verificamos a localização do município e o território de São João

do Ivaí - PR sua área urbana é pequena em comparação com a área do município. A

população segundo o Censo/IBGE-2010 era de 8.879 na área urbana e 2.644 na

área rural totalizando 11.523 mil habitantes. Como muitos municípios brasileiros

esse também perdeu população em uma década, no ano de 2000 a população era

de 13.196 mil habitantes.

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Figura. 1 – Mapa de localização do Município de São João do Ivaí – Pr. Fonte: IBGE/IPARDES/Prefeitura de São João do Ivaí.

Através de discussões em sala de aula foi importante saber como e porque

os municípios do estado do Paraná e os diversos do Brasil perderam população para

centros maiores sejam eles médios, ou grandes dentro do estado ou para outros

centros ou polos de atração. Como muitos municípios são João do Ivaí perdeu

população, o que possibilitou traçar um comparativo da falta de oportunidades de

emprego que necessitam de políticas públicas de incremento e de melhoria sociais

e econômicas, para oportunizar aos moradores aprendizado e trabalho digno.

3. AS INTERVENÇÕES DIDÁTICAS PEDAGÓGICAS EM SALA NAS AULAS DE

GEOGRAFIA

Como exigência da parte prática do PDE - Programa de Desenvolvimento

Educacional, a proposta de intervenção pedagógica na escola foi apresentada para

a direção, a equipe pedagógica e aos professores na Semana Pedagógica em julho

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de 2011. O trabalho com os alunos foi iniciando no segundo semestre com a 7ª série

do Ensino Fundamental em sala de aula a partir de agosto do ano de 2011.

Os alunos do Colégio Estadual Arthur de Azevedo apresentam diferentes

idades, estando na faixa etária dos onze aos dezessete anos, isto denota que muitos

são repetentes, ou que pararam por um período seus estudos por diversas razões.

Visando compreender as mudanças sócio-históricas ocorridas no município

de São João do Ivaí – PR, abordou-se sobre sua colonização, o seu crescimento e a

expansão urbana com novos loteamentos, embora o município tenha perdido

população nos últimos anos e décadas, ocorreu uma ampliação de bairros mais

distantes do centro.

Assim, para possibilitar que o aluno compreendesse seu espaço de vivência

foram elaboradas dez atividades para ser aplicada junto aos alunos do colégio com

previsão inicial de duração de duas aulas para cada atividade realizadas em sala de

aula e, ao final, a realização entre duas a quatro aulas para a pesquisa/trabalho de

campo.

O objetivo geral partiu do principio que para os alunos conhecerem o

processo de exclusão imposta pelo sistema de produção capitalista se faz

necessário conhecer o espaço geográfico de vivência partindo do local para o global.

Oportunizando aos alunos compreenderem que os conceitos básicos da

ciência geográfica: espaço, lugar, região, território, sociedade, natureza, paisagem

são importantes para a sua vida e consequentemente vivenciando esses conceitos

assim dá-se o conhecimento acadêmico e científico.

Os recursos didáticos utilizados para a apresentação do tema em sala de

aula foram variados, a TV multimídia, apresentação em Power point (em data show),

fotografias, mapas do Brasil, do estado do Paraná, do município de São João do

Ivaí.

3.1. UM BREVE RELATO: A APLICABILIDADE DAS ATIVIDADES E SEU DESENVOLVIMENTO PELOS ALUNOS EM SALA DE AULA

Vale ressaltar a importância do desenvolvimento e da aplicabilidade do

referido projeto para a compreensão dos alunos e da relevância para a comunidade

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no que refere a ampliar suas informações e a troca do conhecimento. Isto justifica o

titulo: A dinâmica da cidade de São João do Ivaí – PR: os territórios de exclusão,

através do olhar dos alunos do Colégio Estadual Arthur de Azevedo. Esta

experiência, embora íngreme, possibilitou uma grande satisfação ao educador ao

desenvolver todas as etapas: o fator fazer, criar algo novo, mesmo que o espaço

geográfico, já conhecido, faça parte da vivencia enquanto professor, a busca para

propiciar aos alunos uma nova metodologia foi gratificante.

Ao adentrar a uma realidade/a sua realidade de vivência, sem que o aluno

ficasse apenas observando do lado de fora, as descobertas foram dos alunos e do

mestre, ou seja, é uma corrida pelo conhecimento, para novas discussões em sala

de aula, pela escola, pelo bairro, pela cidade, pelo município.

Onde os atores são todos cidadãos do mundo, se faz necessário conhecer o

seu local para compreender o global, o território precisa ser compreendido, e para tal

explorado. O conhecer significa interagir no e sobre o espaço, assim para analisar

as mudanças, as ocupações e as exclusões sociais que surgem com a ocupação

dos espaços, o valor do cidadão é dado pelo tipo de habitat em que vive, pelo local

onde está e para vencer é preciso persistência na condução e na compreensão de

sua realidade.

No primeiro momento farei uma abordagem das atividades propostas e do

seu desenvolvimento, junto aos alunos.

Unidade 1 - (duração 2 aulas). Apresentação do projeto à turma, para que

compreendam todo o processo de implementação do PDP – Projeto Didático

Pedagógico. Os alunos foram divididos em grupos de quatro pessoas, cada equipe

recebeu uma cópia do projeto para que pudessem acompanhar todas as etapas e as

atividades desenvolvidas. Foi uma experiência interessante, foi possível verificar que

nem todos os alunos participaram com o mesmo entusiasmo e dinamismo, mas, a

maioria assumiu e desempenhou as tarefas.

Unidade 2 - (duração 2 aulas). Analisando a formação do espaço geográfico

do município de São João do Ivaí. O texto: O que é o espaço geográfico? (WONS,

1982). Foi explicado como ocorreu a colonização do município, a formação do

núcleo urbano e a sua expansão territorial. Também foi analisado como a exclusão

ocorre no sistema capitalista.

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Unidade 3 - (duração 2 aulas). Texto: Formação do Solo (autor, ano). Foi

apresentada e analisada a formação do solo do estado do Paraná e do território de

são João do Ivaí, neste caso foi utilizado texto complementar (autor, ano). Ao final

das explicações e análise do mapa do município os alunos responderam questões

dirigidas.

Unidade 4 - (duração 2 aulas). O espaço geográfico do município de São João

do Ivaí e a sua população. Usando mapas do município e após

levantamento/pesquisa no Cartório de Registro de Imóveis, sobre a formação e os

loteamentos surgidos na cidade, os quais foram colocados em ordem/data quando

do seu surgimento. Assim os alunos puderam verificar quais áreas e loteamentos

eram os mais antigos e quais eram os mais novos. No inicio da colonização a

localidade se chamava São João de Ocalina, o primeiro loteamento implantado em

1962 denominou-se Vila Nova Brasília, uma homenagem a Capital Federal

inaugurada em 1961. Na sequência foram criados outros loteamentos: Jardim Santa

Terezinha, Jardim Ivaí, Jardim Santa Rita, Conjunto Ney Braga, Conjunto João

Simão, Conjunto Maria Eduarda I e II, Conjunto Caleffi. Também foram

estabelecidos os distritos de: Ubauna, Santa Luzia da Alvorada e Luar. Foram

abordadas as mudanças ocorridas na cidade e sua infraestrutura em geral (redes de

asfalto, saneamento básico/água encanada/esgoto). Foi satisfatório verificar que os

alunos aprenderam e também conheceram o que desconheciam, as informações

passadas foram apreendidas e assimiladas. O uso de mapas e imagens/fotos

propiciou que os alunos perguntassem, o que os deixou animados com as

informações recebidas, o que estavam vivenciando fazia parte de sua realidade.

Esses recortes históricos e geográficos fizeram com que os alunos construíssem o

tempo/histórico, que desconheciam. Isto veio ajudar na identificação do processo e

dos conceitos sobre o êxodo rural e o crescimento urbano, que serão aprofundados

na unidade 10, e compreender seu espaço de vivência.

Unidade 5 - (duração 2 aulas). Partindo do espaço distante para o próximo,

foi elaborado pelos alunos um croqui/mapa do Brasil identificando o estado do

Paraná, o município de São João do Ivaí, no mapa do município o Colégio Estadual

Arthur de Azevedo. Os alunos fizeram cartazes e fixaram no painel do Colégio, além

de pesquisa em diversas fontes como na internet. Os alunos tiveram uma

participação muito boa em todas as etapas das atividades.

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Unidade 6 - (duração 2 aulas). Nestas aulas os alunos conheceram os

conceitos de território e de territorialidade, baseado nos autores Haesbart (2005),

Hiedrich (1998) e Boligian & Alves (2008). Estes autores discutem sobre a formação

dos territórios modernos, o processo de exclusão e os traços marcantes das

desigualdades sociais, mostrando aqueles trabalhadores que saem de suas casas

as cinco horas da manhã, deslocando-se para trabalhar nas grandes, nas médias ou

ainda nas pequenas cidades próximas. Outros trabalhadores deslocam-se mais de

dez, cinquenta ou cem quilômetros diariamente. Os alunos fizeram ainda um

levantamento sobre o trabalho desenvolvido pelos trabalhadores que recebem por

dia de trabalho e que comem seu alimento frio, o que levou ao termo “bóia-fria”

também utilizada na região de São João do Ivaí. Nessa atividade os alunos puderam

expor o que sabiam e a participação foi mui to produtiva, pois todos queriam falar o

que tinham pesquisado e sabiam, pois faz parte de sua realidade.

Unidade 7 - (duração 2 aulas). Com a temática sobre Indisciplina X

Violência, os alunos fizeram uma análise do que é indisciplina na sociedade, na

escola, na família e em contraponto o que é violência. Nesta atividade os alunos

comentaram sobre a violência existente em diferentes lugares, seja em uma

pequena, média ou grande cidade, repassada pelos meios de comunicações. Assim,

não houve uma grande participação que trouxesse o envolvimento mais direto em

relação às famílias/comunidade escolar, em relação à escola, embora, no contexto

da aula as atividades solicitadas foram satisfatórias.

Unidade 8 - (duração 2 aulas). Através do estudo e análise de texto foi

possível aprofundar os conhecimentos da História e da Geografia do Município de

São João do Ivaí. O texto em questão foi elaborado em 1989, sob minha autoria,

com objetivo de analisar o município de São João do Ivaí. Buscou-se produzir um

material sócio histórico abordando desde o surgimento do município, até os

aspectos econômicos, culturais e sociais sobre o município, isto foi realimentado no

presente momento com mais dados da cidade acrescentando o que mudou e porque

mudou. Além disso, foi desenvolvida uma atividade de painel com materiais

fotográficos apresentados por décadas desde 1956, o qual foi exposto à comunidade

escolar que foi de suma importância para que os alunos conhecessem sua

realidade. Outra atividade desenvolvida foi colher depoimentos de pioneiros sobre as

mudanças sócias espaciais na paisagem desde a colonização, desde quando os

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desbravadores chegaram ao ainda “sertão”. Como material para enriquecer o

conhecimento dos alunos foi montado um vídeo sobre as mudanças da paisagem e

a construção do espaço geográfico/território.

Unidade 9 - (duração 2 aulas). Nesta unidade foi realizado o levantamento

do perfil dos alunos, quando foi analisada a sua origem (de onde veio), qual cidade,

município, região, o que faziam a família. Além disso, quanto aos alunos levantou-se

se são autóctones (natural da região onde mora) ou alóctones (não originário do

país ou região em que habita), sobre costumes, crenças, quando cada aluno pode

contar sua história (relato oral) e posteriormente realizar relato escrito. Por fim,

responderam as questões referentes às atividades propostas nesta unidade.

Unidade 10 - (duração 2 aulas). Nesta unidade foi analisado o Êxodo Rural,

para tanto foi realizada uma explanação sobre os diversos tipos de movimentos

migratórios e as causas que levam o homem à migração, desde o período paleolítico

e o neolítico. Assim analisou-se como ocorreram as migrações: a transumância,

movimento pendular, emigração, imigração e o êxodo rural no município. Os alunos

compreenderam todo o processo que causou o êxodo rural no município, suas

causas e consequências. Durante estas atividades surgiu a figura do “Boia-fria”, o

trabalhador volante/diarista, quando foram realizadas explicações de como iniciou o

processo de saída do campo/êxodo rural, as causas e as consequências. Nessa

atividade tinha sido pensado inicialmente que os alunos poderiam apresentar

fotografias, mas os mesmos não possuiam fotos antigas, o fato de não tê-las

dificultou um pouco, mas, apresentei registro desse período. Essa atividade foi mais

teórica, visto que boa parte dos alunos ou na sua maioria mora na zona urbana.

Unidade 11 - (duração 2 aulas). Nesta unidade foi desenvolvida

Pesquisa/trabalho de campo. Para isso os alunos receberam o material para a

pesquisa a campo: uma carta de apresentação e o questionário de perguntas, o que

gerou grande interesse por parte dos alunos. Mas como essa atividade dependia da

participação dos entrevistados, os alunos perceberam que os mesmos não

demonstraram grande interesse, outra percepção é que os entrevistados não

perceberam as mudanças ocorridas, pois poucos vivenciaram as transformações

nessas cinco décadas. Também constataram que outros não tinham muito que falar,

porque não conheciam o contexto sócio-histórico e geográfico em que o homem se

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apropria do espaço natural e o modifica de acordo com sua cultura, economia,

política, ou seja, de acordo aos seus interesses.

Unidade 12 - (duração 2 aulas). Esta penúltima atividade foi acrescentada

para oportunizar aos alunos a melhor compreensão da concepção sobre o espaço

geográfico e o território, para isso foi elaboração de uma síntese e um relato dos

estudos que foram realizados.

Unidade 13 - (duração 2 aulas). Esta unidade estava prevista como fecho do

Projeto. Assim, esta última atividade consistiu na elaboração de um mural, com

exposição de fotos, onde os alunos em equipes pré-formados fizeram apresentação

dos temas estudados e de um vídeo elaborado sobre: “A dinâmica da cidade de são

João do Ivaí – PR: os territórios de exclusão, através do olhar dos alunos do Colégio

Estadual Arthur de Azevedo”. O objetivo desta atividade era de mostrar uma visão

da temática trabalhada: as manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural.

3.2. AS CONTRIBUIÇÕES DOS PROFESSORES NO GTR - ATIVIDADES NO AMBIENTE MOODLE/ONLINE

Nesse processo de construção do conhecimento os professores da Rede

Pública de Ensino do Estado do Paraná puderam participar do GTR – Grupo de

Trabalho em Rede, através de inscrição no sistema MOODLE que oportuniza

interação entre as partes. Nessa etapa, cada professor do PDE 2010 foi tutor de até

quinze colegas da mesma disciplina. Enquanto tutor cabia-lhe desenvolver

atividades e questionamentos para que os colegas pudessem participar

respondendo as atividades e ao mesmo tempo interagindo com os demais

participantes do grupo.

Os professores da rede pública de educação foram motivados a participação

do curso online, pois, além das discussões, ao final eles receberiam certificação de

sua participação. Coube ao (à) professor(a), escolher a temática/titulo de que queria

participar e interagir, contribuindo com observações e atividades dirigidas sobre o

projeto de intervenção pedagógica na escola, respondendo aos questionamentos.

Assim, foi solicitado que os professores realizassem uma das atividades em

sua prática diária na escola em que atua, esperando com isso enriquecer a sua

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prática pedagógica. Também, através do projeto de intervenção pedagógica,

buscava-se que o professor pudesse auxiliar e intervir em sua realidade a partir da

escolha de uma atividade proposta pelo professor tutor.

Cabe aqui alguns relatos/feedback sobre as atividades desenvolvidas pelo

professor e as discussões com os professores da Rede Pública de Educação Básica

do Estado do Paraná, vale ressaltar que inicialmente os professores foram

motivados a participar com a apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica

na escola. Em um segundo momento foi apresentado o material didático pedagógico

que compunha as atividades que seriam desenvolvidas no período de execução do

Projeto.

Através dos relatos e contribuições dos professores da rede participantes do

GTR, pode-se perceber como os mesmos atuam em suas práticas diárias em sala

de aula com seus alunos, estão trabalhando ou concebem as mudanças no espaço

geográfico, o processo da produção do espaço, do trabalho, da globalização

tecnológica, da exclusão de classes de pessoas e de países.

Nesse espaço serão apresentados os relatos dos professores participantes

do GTR-Grupo de Trabalho em Rede, realizado no ambiente MOODLE, que

compreendeu a participação às atividades individuais e coletivas, e na necessidade

de interagir com o professor tutor e ao mesmo tempo interagir com os colegas

participantes do grupo, opinando e discutindo sobre o projeto e as etapas de

implementação, fazendo um contraponto se o referido projeto poderia ser aplicado

em sua prática diária na sua escola.

Para o professor Stank (2011):

O projeto se faz necessário, pois leva o educando a refletir, interagir e compreender o espaço de vivência, bem como respeitar o passado, entender o presente e projetar o futuro, pois as diversidades são realidade no dia a dia e a globalização deixa claro que cada vez mais a sociedade diminui a desigualdade, mesmo que teoricamente, despertando assim uma reflexão sobre o local de vivência.

Na observação do professor Rodrigues (2011):

O projeto é de suma importância para a realidade de São João do Ivaí, porque possibilitará aos alunos observar a diversidade cultural que tem a cidade e a grande desigualdade social e econômica entre os alunos do Colégio Arthur de Azevedo, demonstrando a realidade global que existe no ambiente escolar. Um ponto muito importante é a inclusão e a exclusão social que existe na realidade do ambiente que estes indivíduos estão

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incluso, com a realização do projeto estes indivíduos poderão ter a noção da realidade do meio em que vivem, uma realidade globalizada interligada com o mundo todo apesar de ser uma pequena cidade no interior do Paraná.

Para a professora Souza (2011):

A importância deste projeto vem de encontro com os problemas sociais que assolam a humanidade mais especificamente nos países pobres, onde milhares de pessoas estão vivendo um verdadeiro “apartheid social”, o aluno deve observar que a paisagem urbana encontra-se compartimentada, segundo as linhas sociais e étnicas, e a única promessa que se vê é um mundo de agricultores sem terra, fábricas fechadas, trabalhadores sem emprego e programas sociais destruídos, fala-se em exclusão social, exclusão econômica, exclusão escolar, exclusão racial, exclusão medicinal, exclusão simbólica, exclusão política, exclusão jurídica e mais recentemente a exclusão digital relacionado como excluídos desde os meninos em situação de rua e abandono, os favelados, as mulheres, os pobres, os miseráveis, os soropositivos, os alcoólatras, homossexuais, os sem terra, os sem teto, os mendigos, os loucos, os velhos, etc.

Ainda segundo Souza (2011):

Esse tema ainda nos leva a pensar e refletir: como esse assunto está sendo abordado nos livros didáticos? Estamos repassando esse tema de forma crítica e reflexiva? (...) os meios de comunicações fabricam as notícias e distorcem abertamente o curso dos acontecimentos mundiais, impedindo o debate critico e infiltrando na nossa sociedade mascarando a verdade dos fatos; em ultima análise, nega o aceso a um entendimento coletivo dos mecanismos de um sistema econômico que está a destruir a vida das pessoas. (...) os interesses comerciais e econômicos sempre prevalecem sobre os direitos humanos.

Para o professor Cipriani (2011):

Abordar tema de relevância global e inseri-lo na vivência local é louvável e altamente pertinente ao ensino em conhecimento geográfico. No mundo contemporâneo, as temáticas e questões globais são de fundamental importância para se entender ou até mesmo modificar a realidade local de comunidades diversas. Mesmo fazendo parte de um micro espaço global comunidade de cidades de pequeno porte, são agentes e alvo e do sistema de inclusão do sistema capitalista global. A globalização não poupa lugares e nem pessoas. Apesar dos grandes inúmeros pontos positivos dessa imensa inter-relação global (entre pessoas e entre nações) o negativismo desse fenômeno é intenso e atinge qualquer pessoa ou comunidade em qualquer lugar do planeta. Portanto o professor é de fundamental importância trabalhar tal tema com seus alunos.

Já para a professora Andrea (2011):

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A educação necessita de olhares sobre os problemas que estão dentro de seus portões para então alcançar os que além de seus muros. Cabe ressaltar que a grande mudança ocorrida nos últimos vinte anos tem fomentado uma transformação crescente e constante entre todos os segmentos da sociedade. A globalização tem promovido espaços de desconcertos entre os indivíduos, estimulando territorialmente uma corrida incansável em relação ao poder e ao domínio de massas, por meio de condutas que passam a ser universais.

O professor Garcia (2011) aborda que:

O mundo está conseguindo alcançar um grande avanço cientifico e tecnológico. Temos um processo de globalização que gira em torno das multinacionais, das comunicações da informática e da robótica. A globalização é um fenômeno das sociedades contemporâneas, ter uma página na internet falar com as pessoas do mundo inteiro e ser moderno é ser global. Mas, será que isso é para todos? Existe uma grande distancia entre ricos e pobres, entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos e emergentes. Sabemos que apenas 10% da população detém 50% da renda. E 50% de pessoas com pouco mais de 10% de renda. Vivemos num mundo de exploração e desigualdade social.

Segundo as observações do professor Buratto (2011):

Professor, analisando a sua proposta e a de outros colegas que estão na web, vejo que a sua Produção Didática Pedagógica está de acordo com o que a escola pública precisa para auxiliar na ação pedagógica. Olhando seu trabalho e a forma como será aplicada aos alunos desde a Apresentação do projeto a turma para que compreendam todo o processo de implementação, análise da formação do solo seu município, o espaço geográfico e a sua população, localização do município e do colégio, o conceito de território e de exclusão, indisciplina e violência e concluindo o trabalho com o aluno traçando o seu próprio perfil. Acredito que com todo este trabalho realmente você conseguirá atingir o objetivo. Que é fazer com que o aluno busque através da educação uma ou até mais que uma oportunidade de realmente mudar a sua vida. O que mais gostei do seu trabalho foi a questão da família e todo o envolvimento dos pais nos estudos dos filhos que são fatores determinantes no sucesso escolar. Outra questão você não deixou de fora no seu projeto a localização da escola e que a sua aparência muitas vezes reflete negativamente ou positivamente no aprendizado do aluno.

Conforme Buratto (2011), ainda sugere que:

O que poderia ser acrescentado no seu trabalho seriam as leis e os regulamentos estabelecidos pela escola que podem exercer restrição ou oportunidades no cotidiano escolar como: a média mínima para aprovação, número de alunos por sala, os programas de apoio aos alunos com

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dificuldades, a contratação de professores, dentre outros o direito e deveres com a escola, comunidade e família.

O professor Moraes (2011) aborda que;

No dia a dia tantas vezes envolvidos com nosso trabalho, afazeres cotidianos, nem nos damos conta das transformações que ocorrem muitas vezes bem próximas de nós. Essas mudanças estão por todas as partes e ocupam todos os espaços, quer sejam eles de nossas relações ou não. O ato de refletir sobre nossas práticas em relação ao ambiente ao qual estamos inseridos parece algo um tanto corriqueiro, porém, percebe-se que não é uma tarefa tão fácil de ser realizada uma vez que essas mudanças ocorrem de um contexto generalizado, isto é, em todos os setores, de todas as formas e dimensões. A grande e desenfreada aceleração da tecnologia, as mudanças do espaço geográfico e produção capitalista tem tornado as pessoas um tanto insensíveis, e essencialmente consumistas, o processo de globalização da economia tem deixado um rastro de excluídos, abandonados, sem territórios e marginalizados.

O professor Moraes (2011), ainda faz algumas reflexões importantes ao

abordar que:

A grande e desenfreada aceleração da tecnologia, as mudanças do espaço geográfico e produção capitalista tem formado as pessoas um tanto insensíveis, individualistas e essencialmente consumistas, o processo de globalização da economia tem deixado um rastro de excluídos, abandonados, sem território e marginalizados. - Estaria essa modernidade ou esse modo de globalização propiciando uma maior aproximação entre ricos e pobres como ouve falar por meio das correntes do pensamento dominante neoliberalismo? - Estaríamos enganados quando falamos em má distribuição de renda no mundo? - Existem de fato motivos para aplaudir a globalização? - Sabemos de fato quem são os verdadeiros beneficiados com esse fenômeno? - O espaço para a efetivação de reais políticas públicas com capacidade de resolver a situação dos menos favorecidos sofreu declínios consideráveis por conta das instituições estatais, o que vem acarretando prejuízos para a população mais pobre aumentando ainda mais a exclusão. A pobreza é um processo que tem em si própria a capacidade de produzir a degradação do ser humano, fazendo com que esse muitas vezes sentindo-se desrespeitado e injustiçado, subtraído em seus direitos seja capaz de produzir contra si próprio e depreciação, a violência e outras formas de segregações. Parece-nos que hoje a felicidade está atrelada mais ao ter e não ao ser. O consumir, parece ter se tornado um mal necessário e a impossibilidade de comprar a condenação eficaz para resumir o individuo ao nada.

O professor Figueiredo (2011) ao analisar as mudanças no espaço

geográfico e o processo da globalização e exclusão, explana:

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Sabemos que a desigualdade acontece de diversas formas e em diferentes grupos sociais. Conhecemos a sua origem e concluímos que após o surgimento da propriedade privada e do Estado ela passou a fazer parte da vida do ser humano. O surgimento do capitalismo e seu fortalecimento só fizeram acentuar essas diferenças. A globalização da economia e da comunicação só veio intensificar e tomar conhecido de todos esses fenômenos da desigualdade social e suas manifestações sócias espaciais. Problemas e particularidades locais passaram a ser de conhecimento do mundo. No entanto, a globalização trouxe à luz conceitos e novos conhecimentos, com novos padrões de comércio, cada vez menos dependente do Estado.

Pode-se utilizar como referencia Milton Santos (1986) conforme continua

a abordar o professor Figueiredo (2011) para analisar o processo da globalização,

ou seja:

Quando falamos em globalização achamos que fazemos parte dela, no entanto nem sempre é assim, pois todas as pessoas fazem parte dela. Alguns países africanos, por exemplo, estão fora desse processo, Moçambique e Etiópia são países que estão totalmente alheios do mundo globalizado, existem grandes propriedades rurais que são as grandes plantation, mas se concentra os recursos dessas propriedades nas mãos de grandes proprietários de terras, e esse lucro é totalmente exportado para grandes países ricos. Percebemos que não é só na África que isso acontece, mas, também em outros países e lugares do mundo. No Colégio Arthur de Azevedo município de São João do Ivaí, mostraremos a alunos, principalmente da 7ª série, a importância desse processo, é bom estarmos conectados com os bancos, internet, transportes, enfim, muitos outros aspectos. Mas temos que fazer com que eles observem o lado negativo da globalização. Eles farão pesquisas com a população por bairros e vão observar como cada bairro se encontra inserido no processo. Bairros de classe média alta e bairros de classe média baixa. Também cada aluno pode observar sua própria posição dentro da globalização da economia, pois existem muitas dificuldades sociais, e esses alunos terão um olhar diferenciado em diferentes instancias do negativo e do positivo. (...) o projeto articula em eixos temáticos como isto pode ser alcançado: estudo da história da colonização da cidade, configuração populacional, avaliação dos indicadores sociais e investigação da realidade local e o papel de cada um e dos movimentos sociais. Objetiva compreender o que é território de exclusão, seja pela contradição do poderio econômico, pelo nível cultural diversificado e pelos conflitos sociais das cidades. Todos os pontos, aliado ao interesse dos alunos e ao esforço do professor, serão ferramentas de grande importância na compreensão das manifestações sócio espaciais da diversidade.

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É importante destacar que as contribuições dos participantes do GTR

enriqueceram as discussões através de reflexões contextualizadas. Bem como se

pode afirmar que em relação ao Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola este

foi de suma importância para a prática pedagógica do professor PDE, para os alunos

que participaram do processo pedagógico, para a escola e ainda para a

comunidade.

Vale ressaltar que o projeto permitiu discussões enriquecedoras para a

aprendizagem dos alunos, pois propiciou a abordagem do crescimento urbano

desde o inicio da colonização até os dias atuais, a partir do conhecimento sócio-

histórico e espacial do município de São João do Ivaí procurando demonstrar a ótica

do sistema capitalista que provoca a exclusão territorial e social do cidadão e que ao

discutir dentro do contexto da globalização econômica capitalista os alunos tiveram a

possibilidade de traçar comparativos, partindo do seu espaço de vivencia ao regional

e ao global.

Possibilitando assim, que o aluno vá percebendo que as mudanças

ocorreram em todos os lugares e ainda continuam acontecendo, no seu bairro, sua

cidade, seu estado, seu país e no globo terrestre, exclusão essa das mais diversas

origens sociais, econômicas, políticas, entre outras.

3.2. FEEDBACK DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO GTR PELOS

PROFESSORES NO AMBIENTE MOODLE

Em todas as atividades do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola os

participantes foram chamados a participar, interagir com os demais colegas que

estavam realizando o curso e a observarem que as atividades do professor tutor

poderiam ser utilizadas em sua prática no seu dia a dia. Ao fazê-lo, na escola em

que atua, o professor cursista teve oportunizado relatar suas experiências em

projetos desenvolvidos no presente ou que ora já tinham realizado com seus alunos,

propiciando grande interação entre os participantes.

Na prática os professores puderam desenvolver os conceitos da geografia e

o saber geográfico com os alunos através da práxis que realizaram em seu cotidiano

25

nas atividades junto aos alunos e a comunidade. na qual a sua escola está inserida,

bem como demonstraram aos demais participantes do GTR sua prática.

Os professores participantes interagiram uns com outros, pois também era

uma das exigências do trabalho em rede, a interação do grupo, e isso enriqueceu o

grupo, pelos seus comentários, pelos relatos de suas experiências, pelas sugestões

e críticas em uma pratica construtiva de aprimorar as atividades.

Assim, nas postagens dos cursistas, o professor tutor fez o feedback,

interagindo com os participantes e levando-os a perceberem a sua importância no

conjunto do trabalho que estava sendo desenvolvido em sala de aula pelo professor

PDE, bem como, oportunizando aos mesmos que pudessem usar alguma ou muitas

das atividades do referido projeto no seu dia a dia, que pudessem aplicar alguma

atividade do referido projeto em seu dia a dia.

Os participantes foram também instigados a relatar a prática pedagógica

utilizada nas suas ações já realizadas ou que estão sendo realizas em atuais

projetos com seus alunos

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi de

suma importância para que os alunos aprendessem conceitos e que pudessem

relacioná-los com a sua vivência. Também, oportunizou aos alunos uma melhor

compreensão dos conceitos fundamentais da geografia: espaço natural e geográfico,

região e território; isto enriqueceu seu conhecimento, propiciou a troca de

experiência e do saber geográfico com os alunos que realizaram as atividades. Além

disso, permitiu socializar os conhecimentos adquiridos junto de outros colegas pelos

seus comentários e com a comunidade da qual fazem parte. De modo geral, os

alunos acharam o tema e a pesquisa muito interessante.

Vale ainda ressaltar que é possível que cada município conte sua história e

que esta seja oportunizada aos educandos e a comunidade que, além de vivenciar a

sua história, possa divulgá-la aos demais e as gerações futuras. Lembrando que,

para se valorizar o local onde se vive, há necessidade de se conhecer a sua história

26

para que não se perca no tempo, pois o que não é registrado é perdido. Percebeu-

se no decorrer do Projeto conhecer a história de seu município faz falta para que os

alunos e a comunidade o valorizem.

Na elaboração e aplicação do projeto de pesquisa constatou-se que há falta

de registros dos acontecimentos locais, de valorização de sua realidade, de sua

cultura, de sua população, perde-se o foco do local para o global e estuda-se

comumente do global para o local, perdendo o interesse e valorização do seu

espaço de vivência.

As instituições de ensino, nos bancos das academias e ou nos bancos

escolares da educação básica, no interior dos mais diversos municípios do Brasil,

necessitam de mais informações sobre a formação e a população local para melhor

conhecer a sua realidade. Pode-se trabalhar com o relato oral que é reconhecido

como fonte histórica importante para compreender como viveu e vive a sociedade

local. Não podemos enquanto educadores perder materiais importantes para

enriquecer as aulas de geografia, história, artes, língua portuguesa entre outras.

Muito se estuda do globo terrestre, mas pouco do local onde se vive. Mesmo nas

escolas não se tem tanto material sócio histórico, os professores diariamente

trabalham e realizam verdadeiras pesquisas científicas, mas não divulgam seus

estudos e suas pesquisas. Assim, continua-se a estudar tudo em geografia, menos a

geografia local e sua história de como foi constituído seu povo, sua formação.

Quando são feitas as discussões, essas são sucintas e rápidas, com poucos

detalhes da historia da população local, mesmo que esses detalhes possam ser e

são relevantes, muitas vezes menosprezados ou ignorados, como fonte de

conhecimento que valorizaria mais a cultura do povo e do local.

No que se refere ao grupo de trabalho em rede o GTR- Grupo de Trabalho

em Rede foi possível verificar a interação do grupo, possibilitando um grande

aprendizado a todos os participantes desse processo educacional.

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