artigo - etimologia e significado do termo direito

7/24/2019 Artigo - Etimologia e Significado Do Termo Direito

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Etimologia e significado do termo direito

Maria de Ftima Gautrio*

IntroduoUma das maiores dificuldades encontradas nas

faculdades de direito, mais precisamente na disciplina deFilosofia do Direito consiste precisamente no significado dapalavra direito. Por esse motivo, entendemos por bemelaborar esse artigo, a fim de que o tema, de tamanhaimportncia, seja sempre acessvel.

Em um primeiro momento pensei em limitar o presenteestudo apenas na etimologia da palavra. Trata-se de um trabalhorduo, preciso, que busca fundamentar o significado do trminodireito. Sem dvida um trabalho difcil, que de imediatoexige muita ateno por parte do leitor que ainda no domina otema. Ao longo do trabalho, porm, no consegui deixar deenfocar alguns pensadores, no apenas os gregos e os romanos,mas chegando ao entendimento clssico de Santo Toms de

Aquino, sem deixar de destacar, ainda que muito brevemente, opensamento de seus opositores e dos intrpretes do Aquinate,como De Soto, Suarez, etc.

Foi utilizada uma bibliografia de autores clssicos, tantoda antiguidade como da modernidade, pertencentes a uma

* Professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio

Grande-FURG.


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mesma linha de pensamento terico e que mantm vivo opensamento e a tradio da Filosofia do Direito, sobretudoaristotlico tomista. Infelizmente a dificuldade em encontraralgumas fontes no Brasil, um prejuzo para todos os juristas e

acadmicos de direito. A busca incessante dessas fontes,garanto, uma incontestvel riqueza. Alm disso, a existnciade obras de incontestvel valor cientfico, como as obras dosprofessores, Juan Alfredo Casaubon, Flix Adolfo Lamas,Guido Soares Ramos, Dlia Maria Albis, entre outros, nosfacilitam o acesso aos mais nobres pensadores,independentemente de sua incomparvel contribuio pessoal.E muito se utiliza de suas obras nesse trabalho. A essa forteescola filosfica, devo muito de minha formao e um eternoagradecimento, por atingir conhecimentos que at ento mepareciam inalcanveis.

Veremos nesse escrito a relao entre direito e justia,quando o direito visto como objeto da justia, e quando tomauma dimenso distinta.

A preocupao do trabalho consiste em especificar um

conceito filosfico de direito. Trataremos de buscar umadefinio do que direito dentro de uma linha filosfica. Issosignifica ultrapassar os limites de juristas ou estudantes dedireito, direcionando nosso estudo em uma linha mais radical euniversal.

E feita esta breve apresentao, passamos a desenvolvera nossa proposta

1 Etimologia

Etimologicamente o trmino direito provm do latimdirectum que por sua vez se constitui no particpio passivo doverbo dirigere, ou seja, o dirigido, ou o direito. Issosignifica o que reto, o que est a direita.

Porm, no era comum no latim utilizar-se

juridicamente o termo directum, mas sim o termo ius.


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Segundo a filologia moderna, o trmino iusprovm deuma das duas vozes snscritas: a raiz yu (de onde provmiugume iungere), ou seja, ... e unir, juntar. Nesse sentidoa etimologia o vnculo e a obrigao contida no direito; a outra

yoh, palavra de onde deriva Jovis ou Jpiter significa algosanto. (P. URDNOZ, O. P. T. VIII da Ed. Bilingue da S.Teolgica, Ed. B.A.C., Madrid, 1956, p. 181, citado porCasaubon.)

Em ambos os casos indicam que se encontra no direitoalgo obrigatrio, ou mais, algo santo e sagrado, algo que deveser e possui uma garantia divina.

Santo Toms, inspirando-se em Santo Isidoro deSevilha, desvia-se da etimologia, fazendo o termo ius deriavarde iustitia. O entendimento equivocado, pois o correto quea palavra mais longa e composta se derive da mais simples, eno o contrrio. No entanto o idioma latino nos revela a relaoexistente entre o direito e o justo, entre o direito e a justia. Areferida relao tambm existe no idioma grego. No idiomagrego encontramos o direito como ato no termo todkaion (o

justo). To dkaion, por sua vez provm de dik, que significaregra, direito. De ambos provm dikaiiousyne, que traduzido,significa justia.

Conforme LAMAS, 1998, p. 46 os gregos utilizaramduas palavras ou dois grupos de palavras para designar o hojens chamamos Direito. Esses dois grupos de palavras referiam-se aos dois aspectos que constituem formalmente o Direito: a

lei, a norma, o lega, por um lado e a justia, o justo, de outra.Ensina o citado autor que N uso, costume,

norma, lei, estatuto, provm do verbo distribuir, reparti,dar, apascentar, conduzir ao pasto, habitar, ocupar, possuir,governar, administrar. Nos encontramos frente a uma famliade palavras amplssima. Nesse sentido veja-se: o- reparto,distribuio, o- acostumar, julgar, estimar, etc. O pontocentral a norma enquanto regra condutora e resultado do ato


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de uma autoridade que manda e reparte. Enquanto regradesigna o critrio de retido, um certo modelo que vincula ohomem na polis, uma medida que no se deve ultrapassar bemcomo uma orientao racional para o bem comum.

Esclarece LAMAS, (), justo, es um adjetivo que calificatanto a uma persona como a uma conducta. Para designar elobjeto de esa conducta o a esa conducta, objetivamente-seusa, a partir de Aristteles, o neutro , la cosa justa.De este adjetivo deriva o substantivo abstracto , quedesigna la virtud de la justicia, la rectitud moral en general.Ambos vocablos derivan de que puede traducirsecomo regla, costumbre, hbito, derecho, justicia, accin

judicial, causa, proceso, pleito, acusacin, sentencia, decisin,pena, venganza , y todos stos del verbo mostrar,hacer ver, indicar, denunciar, explicar, probar.

Para Santo Toms de Aquino, Direito por um lado, anorma; por outro, o justo objetivo.

Os romanos no entenderam de maneira completamentediferente. O latim clssico apresentava duas palavras: ius que

hoje traduzimos como Direito e o termo lex- -lei, quedesignava uma classe determinada de norma. A lex era umaregra- norma- do ius. A lex no era o mesmo que ius.

Perceba-se a relao etimolgica e semntica entre iuseiustum. Ius conforme definio de Celso (sc. II d.C.) o bome o equitativo. Conforme ensina LAMAS, 1998, P. 48: Existemcomentadores que aqui encontram-se os dois grandes mbitosdo Direito, a saber: O Direito pblico compreendendo todo obom que est destinado ao bem comum da repblica, e oDireito privado referente ao equitativo, o objetivamenteigualitrio. Assim, aequitastem a mesma raiz que aequalitas.

O que importa que tambm para os romanos, assimcomo para Aristteles o ius significava uma parte objetiva dobem do homem. Os romanos confirmam a idia grega sobre anecessidade de que exista um equilbrio objetivo e dinmico


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entre as coisas que se fazem, que se do, que se prometem... ouseja, o Direito.

Reconhecemos ento muitas semelhanas entre asconcepes gregas e romanas. O Direito uma coisa social, se

realiza na vida social e guarda uma relao necessria comnormas e valores, sobretudo com a justia dikaiosne ouiustitia. Todos entendiam que nas relaes e condutas humanash que distinguir aspectos meramente fticos e aspectos relativosao valor axiolgico (questes de validade, de direito).

Os romanos reconheciam que o Direito (ius, todikxaion) guardava uma relao constitutiva com a justia,

considerada esta como valor objetivo.LACHANCE, V, 1998, Se queremos as grandes linhas

do direito atual no podemos deixar de conhecer as principaiscaractersticas do direito romano. necessrio estudarprincipalmente os valores que continha e que a filosofiadecifrou e coordenou com ele. (140).

Encontramos em Aristteles e Ccero alguns pontos

fundamentais em comum, em funo do qual gira nossaespeculao jurdica at hoje, quais sejam: a natureza, o bemcomum e a equidade.

Aristteles apresenta uma noo objetiva de direitoprecisando que direito a medida do trato social e est dadopor certa igualdade. (LACHANCE, V., 1998) Essa ideiaencontra correspondncia no direito romano uma vez que aequidade para os romanos corresponde a igualdade dos gregos,

ou seja, a palavra direito serviu inicialmente a igualdade narelaes sociais.

Tambm em relao ao trmino natureza encontramosque Aristteles sustenta que

Existe um direito baseado na conveno, que o direitocivil, sustentando de igual forma que existe outro fundadosobre a natureza. A noo de natureza para Aristteles ser


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matria estruturada a um plano interior, matria organizadapor uma identidade imanente.

Finalmente LACHANCE, V. 1957 o terceiro elemento,anterior a construes da razo e que serve de alicerce, reside na

justia. O Estagirita apresenta a justia classificada como justiaentre particulares e justia geral ou do bem comum. Ccero tomade Aristteles o conceito de bem comum, aplicando-o ao direitoromano.

2 Para Santo Toms de Aquino

Santo Toms de Aquino diz que os juristas romanos

chamam ius ao que Aristteles chama justo objetivo. Justoobjetivo significa perante ttulos opostos de contedoequivalente, o que em concreto significa que aquilo que ocredor reclama o mesmo que o devedor deve pagar-lhe. Hum ttulo de merecimento positivo, no que se funda um poderde reclamao; em outro, um ttulo de merecimento negativono que se funda em um dever de prestao. Mas o objeto omesmo. LAMAS, 1998, p. 49. A isso se refere Santo Toms,

quando fala do justo objetivo, seguindo a Aristteles, e quandousa a expresso a mesma coisa justa hoc nomen ius primoimpositum est ad significandum ipsam rem iustum,ST., II-IIq. 57, a.1, resp..

Se o Direito o justo objetivo, a lei ou a norma no sopropriamente o Direito, o t dkaion. A Lei uma certa razodo Direito,ou seja, a regra e a medida do Direito, aquilo a

que devem ajustar-se as condutas; a regra que esta estabeleceos ttulos ou a medida recproca dos mesmos. No entanto,enquanto medida do Direito, tambm cabe denominar ius amesma lei.

3 Definio nominal do termo direito

A evoluo semntica da palavra ius sofreu muitasmudanas tanto em portugus como em outros idiomas. O fato


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se repete no s nas lnguas latinas, mas tambm em outras,como ingls e alemo.

A palavra direito, como vimos, derivada do termolatino directus-a-um, que por sua vez um adjetivo verbal que

se origina do particpio passivo do verbo dirigo- que quer dizer igual que em portugus dirigir. O verbo di um derivado doverbo rego que significa reger, governar, mandar. Entenda-seque o ordenar pode ser entendido em seus aspectos fsico emoral. Da que temos que rex(rei) significa aquele que manda,ordena.Rectus-a-um um adjetivo que significa o dirigido, oordenado, o mandado, mas tambm o reto, ou seja, segundo uma

regra. Encontramos uma famlia enorme derivada da mesmaraiz, tanto em latim como em portugus, por exemplo: reger,regime, regimento, regra, dirigir, corrigir, etc.

Se agregamos a rego o prefixo di, chegamos aodirego. Tanto dirego como dirigo existem. A partcula diapresenta um sentido dinmico desde que faa umareferncia a um trmino. Portanto, temos que dirigir significadispor, mandar, ordenar, mas no no sentido de dar ordens, mas

de por em ordem em relao a um trmino que funciona comofim. (LAMAS, 1998, p. 53).

Do sentido fsico se chegou ao sentido moral. Naslnguas latinas a palavra Direito traduzindo ius, porqueenquanto a palavra reto serve para qualificar uma conduta ouuma pessoa com um nuance claramente moral (ou seja, umhomem reto um homem direito), a palavra Direito

apresenta uma conotao dinmica de direo para aplicada aao do homem. Dessa forma convm reservar o trminoDireito para traduzir ius e deixar reto para umaconsiderao mais de mbito moral.

Quando ocorre no curso da histria a substituio dapalavra iuspor Direito, o faz abrangendo os trs contedosconceituais para ius. Por isso se justifica dizer que a norma Direito, pois norma quer dizer regra, medida racional do justo e


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do injusto, do lcito e ilcito, enunciado prtico que permitediscriminar o jurdico do antijurdico. Direito com mais ttuloque o prprio Direito, pois faz que o Direito seja mais direito.

Quanto ao direito subjetivo significa, possui o mesmo

sentido dinmico relacionado a conduta justa, mas ao inverso,ou seja, consiste no poder de reclamar de outro a conduta justa,de reclamar o que me devido. Se funda na igualdade.

4 A analogia do conceito de direito

Agora se pode compreender melhor como, a partir dossculos XVII, XVIII, XIX, a palavra Direito, juridicamente

passou a significar trs coisas: a conduta objetivamente justa, anorma jurdica e o poder jurdico de reclamar o que seu.Esses so os trs grandes conceitos de Direito e que pem demanifesto a ndole axiolgica do Direito.

Nada impede que se admita a equivalncia dinmicaentre Direito, ius e o justo (iustum, v), sempre que forreconhecida que tal expresso apresenta trs significaesdistintas, independente de ter um contedo comum enquantoconstitutiva do valor justia.

H de reconhecer-se que no existe um trmino unvocode Direito. Cada um dos trs significados possui algo desemelhante e dessemelhante em relao aos demais. Podemosdizer que o comum a conduta justa (seu objeto terminativo),em qualquer dos trs conceitos.

Portanto o termo Direito vem a ser um instrumento

semntico de unificao e de sntese de trs perspectivasdistintas. Assim, no temos um conceito unvoco, mas anlogo.

5 A juridicidade em Santo Toms de Aquino

OLGIATI, 1977 seguindo a Aristteles e a Santo Tomsde Aquino distingue entre el quid e o propter quid, ou seja, entre oproblema de fato e o problema da justificao do fato mesmo. Ou

seja, no primeiro caso, comprovo que o fato o que ; no


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segundo, to s pode discernir porque o fato assim e no podeser de outra maneira. Pergunto o que faz que um ordenamento ouuma norma sejam jurdicos; pergunto por aquilo que no podefaltar nenhum fenmeno jurdico sob pena de perder sua

caracterstica de juridicidade. O autor explica que se d ajuridicidade da vida em sociedade e na utilidade do Estado. Seuma norma ditada pelo Estado e com fora coativa fosse contrriaa utilidade e as exigncias indispensveis da vida em sociedade,no seria jurdica, mas antijurdica.

6 Confrontao com o pensamento de Santo Toms

Para Santo Toms de Aquino o Direito o justo. Masele restringia o justo ao objeto terminativo da conduta.(LAMAS, 1998, p. 56).

Aqui entendemos por bem a lio de De Soto e Suarez-que Direito tanto um poder jurdico como uma norma. Pois se justo que Tcio pague a Caio o que este lhe emprestou,tambm est correto afirmar que Caio tem o poder jurdico dereclamar a Tcio o que este lhe deve. Veja-se, o objeto de

reclamao de Caio coincide com o dever de Tcio. Os ttulosso os fundamentos do poder e do dever de cada um e seusobjetos respectivos. Alm disso tambm certo dizer que justa a lei ou norma que estabelece que Tcio deve pagar a Caioaquilo que esse lhe emprestou.(LAMAS, 1998, p. 56).

Embora essa considerao possa levar a umainterpretao de que a restrio de Santo Toms no est

correta, convm advertir que isso consiste apenas em umaconstatao superficial.

Na verdade, Santo Toms de Aquino, apresenta umaperspectiva sob o ponto de vista de um telogo na sua obraSuma Teolgica, quando estuda as virtudes morais cardeaisinfusas, aps desenvolver o tratado sobre as virtudes teologais.Aqui o Direito apresentado como o objeto da justia, o qual inquestionvel, mas seu principal interesse definir a justia


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enquanto virtude. Cabe ainda destacar que como telogoutilizava-se do mtodo dedutivo, ou seja, aquele que vem decima para baixo.

O citado autor ainda explica que embora Santo Toms

no afirme, tampouco nega, que a ipsa res iusta, ou seja, oobjeto terminativo da conduta justa o mesmo no caso doobjeto terminativo da norma jurdica, do objeto terminativo dopoder jurdico. Embora no o aborde explicitamente, o estudode sua obra nos revela que esse pensamento lgico. Se porjustia se entende no s uma virtude, mas a forma geral dojusto, este justo pode ser objeto terminativo de coisas to

distintas como um poder, um dever e uma norma.7 Posio de outras correntes

Naturalmente nem todos aceitam a concepo de SantoToms de Aquino de considerar o Direito como o justo objetivo.Na sequncia de sua obra Lamas ensina que normalmente estecomportamento caracterstico dos positivistas, normativistas,subjetivistas e sociologistas. O que acontece que devido as trs

acepes do vocbulo Direito, algumas correntes aderem a umdos conceitos, excluindo os demais.

Normativistas so aqueles que consideram apenas oaspecto da norma jurdica. Para essa corrente o Direito seconfunde com a norma. Sua diferena para os positivistas quepara os ltimos o Direito se identifica no apenas com a norma,mas com a norma jurdico-positiva. O maior exemplo desse caso

encontramos em Kelsen1

. Tambm entre os iusnaturalistas,como Verdross2, apresentam uma linha positivista.

1 Kelsen introduz a distino entre direito natural conservador erevolucionrio. Dedicou sua vida ao estudo da filosofia do direito bemcomo do direito internacional. Fundador da Escola de Viena, da Teoria Purado Direito. Trata-se de um jurista terico, ao contrrio de Verdross.2 Alfred Verdross considerado um dos maiores internacionalistas da

modernidade, consistindo em um grande filsofo do direito. Ao contrrio de


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Entre os que privilegiam a conduta, podemos citarCarlos Cossio. Desse pensamento resulta o que podemoschamar de um condutivismo jurdico. No mesmo sentido,conduzindo a um sociologismo jurdico em que destacamos a

figura de Durkhein3

, um economicismo, Marx4

, segundo o qualo Direito nada mais que a vontade da classe dominanteconvertida em lei5.

Dentre aqueles que privilegiam o Direito subjetivo,podemos citar Francisco Suarez6, ou ainda Locke, amplamenteapoiado na tradio Hobbesiana.

A crtica que se pode fazer a estas correntes que

consiste na considerao reducionista do Direito, uma vez quepretendem incorporar uma realidade complexa a apenas um deseus elementos estruturais. (LAMAS, 1998, p. 58).

Kelsen, internacionalista e chega a filosofia do direito em conseqncia do

direito internacional. Deve-se considerar que Alfred Verdross apresentauma considerao de direito natural muito restrita mantendo-se obediente auma tendncia de conciliao com o direito positivo. Em usa obraencontramos um estudo de direito internacional positivo. Apesar de suasidias de direito natural formuladas de acordo com determinados problemasfundamentais, sua exposio de carter extremamente positivista.3mile Durkheim elaborou um estudo a respeito da influncia da sociedadesobre o direito. Durkheim inicialmente distinguiu dois tipos desolidariedade social, considerando sua maior ou menor influncia em

relao a diviso social do trabalho, a saber: solidariedade mecnica ou porsemelhana (mais antiga e rudimentar; e a solidariedade orgnica, com baseem uma melhor incrementao do trabalho.4Marx apresenta uma concepo sociolgica diferente sobre Direito. Suaviso relativa ao Direito, enquanto fenmeno jurdico, restringe-se asociedade capitalista.5Nesse sentido ver Manifesto Comunista.6Francisco Suarez pode ser considerado o maior telogo e jurista espanholdo sculo de ouro e define o Direito como la facultad moral de exigir lo

suyo De legibus ac Deo legislatore, L.I,c.2,5.


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8 O direito e a justia segundo Santo Toms de Aquino

a) O Direito objetivo: para Santo Toms Direitoobjetivo consiste na ipsa res iusta, ipsum ius sive iustum, oobjeto da justia, como j vimos acima. O ponto inicial de sua

investigao parte de Santo Isidoro que equipara o direito como justo:Ius dictum est quia est iustum.

A referida identificao encontra sua primeira fonte emAristteles. de Aristteles que parece derivar o texto deSanto Isidoro, o que conclumos atravs de Ccero e SantoAgostinho. Aristteles usa sempre o termo concreto dikaion, eno dik, ou seja, enfatizando o carter objetivo do justo.

Com essa viso objetiva do Direito Santo Toms deAquino inicia o chamado realismo jurdico. Segundo essaconsiderao o Direito deve ser conhecido e determinado desdeo objeto. Esse carter objetivo ressalta a linha fundamental doAquinate relativo a considerao do bem e do mal, vindo aconstituir assim a chave da moralidade intrnseca e objetivacomo base de toda a sua considerao tica. Como em toda aordem de justia a retido da ao tem uma medidaestritamente objetiva, independente da considerao do agente.(URDNOZ, 1956, p. 184).

Na essncia do direito enquanto o justo apresenta trsnotas constitutivas, a saber: que seja em ordem a outro; queseja devido legalmente; que se deva legalmente em estritaigualdade7.

7A igualdade que requer o direito pode entender-se de vrias maneiras: huma igualdade pressuposta pelo direito, e a igualdade dos sujeitos de direitoe de obrigao. Por isso, entre pais e filhos e antigamente entre senhores eservos se d, em alguns aspectos, uma relao s imperfeitamente jurdica;uma segunda igualdade, chamada formal, a verdadeiramente especfica doiustum: a prestao do obrigado e o ttulo do credor; finalmente, h nodireito uma terceira igualdade, que o efeito resultante da realizao do

direito: ao dar-se a cada um o seu, se restitui a situao de igualdade que


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b) Direito normativo: os modernos chamam de direitoobjetivo o que o Aquinate denomina Direito normativo.

Conforme CASAUBON, 1981, p. 46 por normasentende-se no somente as leis, no mbito do direito do direito

encontramos normas consuetudinrias, normas resultantes denegcios jurdicos, normas estabelecidas por decises judiciais,resolues administrativas, etc.

O conceito genrico de norma abranges muitas fontesformais do direito, sendo a lei apenas uma delas, que secaracteriza pela necessidade de legislador, promulgao,vigncia e positividade.

Cotidianamente os termos norma e regra soutilizadas como sinnimos. Porm, o Dicionrio de la RealAcademia Espaola, por nos apresenta a trs acepes distinta

havia sido rompida pela possesso, pelo obrigado, do seu do outro,antesde entregar-lo.Mas a estrita igualdade como nota essencial do direito a segunda. Note-seque tudo isto no destri a doutrina aristotlica e tomista de que, em justia

comutativa (entre particulares) a igualdade aritmtica (se me deram emdepsito 1000 devo devolver isso mesmo.; enquanto que na justiadistributiva e legal ou geral a igualdade geomtrica, ou seja, proporcional.Porque ainda nestes casos, h igualdade estrita entre o que a parte da ao todo(na justia geral) e o ttulo do todo respeito dessa parte (que pode no ser omesmo em grau, digamos- ao que tem respeito de outra parte); e assimmesmo existe igualdade estrita entre o que o todo deve a essa parte (na justiadistributiva) e o ttulo dessa parte respeito do todo; ainda que o mesmo noseja igual, seno proporcional ao ttulo de outra parte. Assim, por exemplo,

um cidado deve a sociedade, em matria de impostos, ou de servio militar,etc., o que o ttulo desta exige contra ele; mas isso s proporcional ao quepode exigir de outro cidado, desigual respeito do primeiro no que refere-se afortuna, a idade ou a sade; e reciprocamente a sociedade deve dar a umcidado exatamente o que o ttulo deste existe (por exemplo, por seus mritoscomo cientfico ou como funcionrio), o que no seno proporcionalmenteigual ao que deve dar a outro cidado (suponhamos, com menores mritos).Portanto, a igualdade estrita implicava no conceito mesmo de direito no seidentifica com um mais ou menos utpico igualitarismo universal.

(CASAUBON, 1981, traduo nossa).


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da palavra norma. Em um primeiro sentido, encontramosnorma significando a esquadra utilizada pelos operrios ouartistas com o fim e as madeiras, pedra, etc. Em um segundosentido, que seria um sentido figurado, nos apresentado o

significado da palavra norma no sentido de regra que deve serseguida, ou ainda a que devem ser ajustadas as operaes.

Por sua vez, o mesmo Dicionrio apresenta noveacepes da palavra regra, entre elas considera-se regra aoinstrumento utilizado para fazer linhas retas e relacionam-sediretamente ao objeto de nosso estudo; apresenta tambm regracomo estatuto, constituio ou maneira de executar alguma

coisa, ou ainda como coisa que deve servir de medida e a quedevem ajustar as aes para que resultem retas.

Em nosso idioma a palavra regra a mais indicadapara indicar a prescrio de conduta. A palavra regra vem dolatim regula, expresso tambm utilizada para o mesmo fim.Ultimamente, porm, o vocbulo norma que tempreponderado no mbito jurdico.

Tanto os vocbulos norma como regracompreendem um elemento comum, que se traduz na prescriode uma conduta.

Porm, alguns autores sustentam que as normasbaseiam-se em juzos de valor, enquanto que as regras supemjuzos de realidade. Por exemplo: um professor deve ser culto.Tal enunciado normativo pressupe que s um professor culto bom. Encontramos nesse enunciado um juzo de valor de

cuja verdade fica condicionada a proposio normativa.Dessa forma temos que toda proposio normativa supe

uma certa apreciao por meio da qual surge o conceito de bom(valioso) ou mal (no valioso) em um sentido determinado erelativamente a certa categoria de objeto, que se dividem embons e maus conforme esse conceito. (IRIBARNE eCASAUBON, 1981, p. 56)


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A concepo realista do direito pressupe um conceitoobjetivista e real de valor.

A regio ontolgica do valor no uma estimaosubjetiva e arbitrria, as quais se possa chamar de

preferveis, tampouco uma regio metafsica de seresabsolutamente transcendentes. UTS ensina que a percepo dosvalores no simplesmente uma deduo do conhecimento doser. Nela existe uma funo de mando de nossa razo prtica,enquanto o contedo mesmo provm do ser. O autor discorda aScheler, quando afirma este que a esfera dos valores se achafora da esfera do ser.

O autor citado explica que frente a filosofia dosvalores h que insistir em que a lei natural, como disposionatural de nossa razo prtica, no se pode separar dapercepo do ser, seno que est relacionada com esta damaneira mais ntima. S assim possvel sustentar a idnticadisposio de conscincia de todos os homens no sentido danatureza da coisa... Nossa razo prtica est orientada pelanatureza a exigncia dos valores, mas a uma exigncia dos

valores que est ligada com o ser.OLGIATI, F., 1977, ensina que para fundamentar o

valor do direito, ou qualquer outro valor, necessrio umvalor supremo. Assim vai adentrar no tema relativo aconciliao do absoluto e a juridicidade. Este no pode serreduzido nem ao homem, nem mesmo a sua razo, nem aIgreja, nem ao Estado nem a uma sociedade de Estados, nem a

Histria, seno que a perfeio suma, que tem em si mesmoa razo de sua existncia. E isto assim toda vez que devm eque pode devir toda a realidade que devm perfectvel- uma realidade que no tem em si mesma a razo de suaexistncia e, portanto, a tem no Absoluto.

Passamos a refletir sobre a relao entre direito e normadentro do pensamento de Santo Toms de Aquino.

Encontramos na obra do Aquinate amplos


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ensinamentos, pois aborda o tema da lei em uma concepoteolgica ou moral e no apenas a lei humana, em um sentidoestritamente jurdico- tambm o costume e a sentena judicial.Esses ensinamentos oferecem um suporte fundamental para a

teoria da norma jurdica, uma vez que esta se fundamentaespecialmente na lei.

Aps precisar o direito como a ipsa res iustana II-II q.57. a.1, o Santo Doutor passa a apresentar a lei como umacerta razo do direito. O Anglico deixa dito que a relao daobra justa com a lei, pode ser assimilada a que vincula a obraartstica com a arte.

Conforme o entendimento tomista a lei apareceenquanto causa formal extrnseca do direito.

Aproveitamos a oportunidade para abordar, ainda querapidamente, o tema relativo ao conceito de causalidade.

ANTONIO MILLN PUELES, 1962, citado porCASAUBON, ensina que causa es aquello que real ypositivamente influye en uma cosa, hacindola depender de l.

Toda causa es por tanto un principio, algo originativo de un acto.Coube a Aristteles a classificao das causas emquatro gneros, a saber, material, forma, eficiente e final.MILLN PUELES, novamente citado por CASAUBON, asdefine dizendo la entidad de una estatua dependeintrnsecamente de aquello de que est hecha- por ejemplo, elbronce y a lo que, por tanto, se denomina causa material; ydel aspecto o co figuracin que la hace ser precisamente lo que

es causa- formal. De una manera extrnseca la estatuadepende del escultor que la ha hecho causa eficiente . Losdos primeros causalidad material y formal son gneros decausalidad intrnseca. Son causas que ejercen su oficio de unamanera pura e simplemente constitutiva, esto es comunicandosu ser a la que de ellos depende.

No momento nos importa mais profundamente a causa


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formal. Ela en un sentido estricto, aquello que por lo queintrnsecamente una cosa es lo que es. Representa por tanto, loque en cada ente especifica o determina la manera de ser delmismo. Mas acontece, cita o referido autor que o carcter

especificativo conviene, sin embargo, a ciertas formas que noestn propiamente en los seres determinados por ellas. La ideaejemplar-paradigma, modelo- a cuyo tenor el artfice hace suobra, no se halla en sta, sino en la mente del artfice y, sinembargo, es una cierta forma especificativa de lo que se hace.Em razo disso pode-se falar de causa formal extrnseca eassim define a todo lo que especifica a un ente desde afuera;la idea ejemplar del artfice, para la obra que ste hace; laforma conocida respecto del acto de conocerla y, en suma, todotrmino de la relacin trascendental para el ser que con l lamantiene.

Parece bastante evidente a compreenso de normasenquanto causa formal extrnseca do agir justo. Essaconsiderao a respeito da norma deve ser levada em contaespecialmente no momento da formulao da lei, que dever

estar voltado para o obrar justo dos cidados. ConformeVILLEY, 1969, citado por CASAUBON, p. 55 a norma assimla frmula falible por la que tratamos de expresar lo justo.

Devido a sua condio de telogo moralista, o DoutorAnglico revela seu pensamento voltado a precisar o sentido defalta ou pecado. Esse fato traz uma preciosa contribuio parao estudo da norma, independente do fim ao que a mesma se

encontra ordenado

8

.SANTO TOMS DE AQUINO na Suma Teolgica, I-II q. 90, a.4 define que lei uma prescrio da razo emordem ao bem comum, promulgada por aquele que tem a seucargo o cuidado da comunidade.

8Nesse sentido indicamos a obra de Josef Pieper, El concepto de pecado,

Herder, Barcelona, 1979.


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Para o Doutor Anglico a lei antes de tudo um fato darazo. Mas o Santo de Aquino no deixa de lado a relao entrerazo e vontade. Na Suma Teolgica, I-II, q. 171 encontramosque se bem na doutrina tomista o imprio essencialmente um

ato da razo, mas penetrado pelo dinamismo da vontade. Ficaassim admitida a reciprocidade entre razo e vontade. Portanto,a lei revela um ditado da razo, ou seja, a direo a seguir. Masesse ditado, essa ordem da razo no sentido imperativo dotrmino.

O tema da relao entre razo e vontade exige umtrabalho mais especfico e esto destinados a noo de bem

comum.Outro elemento da lei consiste na promulgao, ou seja,fazer chegar o conhecimento da lei aos membros dacomunidade 9.

DE SOTO, 1967, em sua obraDe Iustitia et Iureensinaque o direito constitui uma parte da justia. Para o referidoautor o direito pode tomar-se em dois sentidos, a saber: nosentido de regra da razo e sentido da prudncia, ou seja, asleis, por meio das quais apreciamos a igualdade que estabelecea justia; e ademais no sentido de igualdade, que o objetodesta virtude.

H dois motivos que questionam que o direito sejaobjeto da justia. Inicialmente, DE SOTO, referindo-se aafirmao de Celso o direito a arte do bom e do equitativo se argi que a arte no objeto da justia, seno, como ensina

Aristteles, uma virtude intelectual. Ademais, entende que adistino de Santo Agostinho, para o qual a justia consiste noamor que serve somente a Deus enquanto que o Direito refere-se a coisas humanas e no divinas. E por esse motivo SantoIsidoro distingue entre licitude e direito; porque o lcito de lei

9 Aqui nos deparamos com o conceito de lei enquanto fonte do direito,

incluindo tambm os costumes, a jurisprudncia.


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divina e o direito de lei humana. Assim, o direito no objetoda justia.

No entanto, em sentido inverso temos Santo Isidoro deSevilha e o prprio Aristteles. O primeiro diz efetivamente

que iussignifica o que iustum (...). Enquanto que Aristteleschama literal e unanimente de justia ao hbito com que sepratica o justo10. Da que, com vistas a definir justia, temosque na sequncia dos temas aparea primeiro seu objeto- odireito ou iuse a seguir a virtude como tal.

DE SOTO, citado por ALBISU, D. M., passa ento aapresentar o que se entende por ius direito da seguinte

forma. Inicialmente, o direito o objeto da justia. E talconcluso conta com a autoridade de Santo Isidoro, deAristteles e do jurisconsulto, os quais chamam ius, direito aaquela igualdade que a justia estabelece nas coisas .

Quando se fala em igualdade aquela que existe entre oque deve e o credor. Assim, se eu tenho quatro e tu tens quatroe me emprestas um, a justia exige que eu te devolva um parans dois tenhamos quatro. Assim duas coisas se ajustam umacom a outra quando se igualam.

Mas em que consiste a igualdade? DE SOTO esclareceque conveniente saber que o direito se divide o mesmoconsiderado como lei, que tomado pelo justo, que constitui oobjeto da justia; porque do direito considerado como objeto dajustia nasce que a justia tenha razo de direito e a lei deregra. Pois bem, h de dizer-se que: o direito primeiramente

se divide em natural e positivo. O direito ou o justo o mesmoque igual ou equivalente (ius seu iustum idem est quod aequale

10 Nesse momento a justia no apresentada como toda virtude.Comotoda virtude, existe uma razo como um dvida para com a lei, aque deve prestar obedincia, e tudo que entranhe razo de dvida formaparte da justia. Mas aqui, aparece somente como uma virtude moralespecial e como uma das quatro virtudes cardeais, cujo objeto praticar o

justo.LAMAS, 1998, p. 116.


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et adaequatu). Esta igualdade ou equivalncia pode conseguir-se de duas maneiras: mediante a natureza mesma das coisas, oumediante convnio entre os homens. Logo, segue-se queessas duas partes totalizam o direito. Essa diviso coincide com

que as que os doutores assinalam quando dizem que umascoisas so boas, ou proibidas porque so ms e outras aocontrrio so boas porque esto mandadas, ou ms porqueesto proibidas. Porm, deve-se admitir caso fosse necessrio que o direito divino no entra como parte na mesma divisocom o direito natural e positivo, seno que pelo contrriotambm ele compreende estas mesmas duas partes.

Restaria ento a questo sobre qual das duas partespertence o Direito de Gentes [...], ou seja o direito que surgedos homens, enquanto racionais, estabeleceram para si.Apresentamos a opinio consagrada dos jurisconsultos. Assimtemos que Ulpiano diz que o direito de Gentes se separa dodireito natural; e isto fcil de compreender porque o natural comum aos homens entre si. A diferena que reside no fato deque reside na absoluta natureza das coisas pertence ao direito

natural; e o que se infere a um fim determinado direito deGentes. O direito natural simplesmente necessrio,independente de toda determinao humana; ao contrrio odireito de Gentes obriga porque assim julgaram os homens.Portanto direito de Gentes no simplesmente natural, mastambm positivo. (DE SOTO, citado ALBISU, D. M.)

Concluso

O trmino direito no possui um conceito unvoco, eos trminos ius e direito passaram por vrias alteraessemnticas. Tambm em grego temos que o direito enquantoato se chama justo- to dkaion- e este termo por sua vez derivade dik, que significa regra, direito.

muito importante que saibamos a definio deDireito, sua origem, as diversas acepes e a consequncia


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disso na Filosofia do Direito. Enquanto Santo Toms e seusintrpretes conseguem entender o Direito de uma formaabrangente, tantos outros, como vimos, apresentam uma visoreducionista do mesmo.

A definio do trmino Direito desde a antiguidade objeto de estudo dos pensadores e sua compreenso fundamental para todos os jurista.

O estudo da definio do trmino Direito apresentauma relao do mesmo com a justia, com a lei, com ajuridicidade.

Conclumos que o entendimento de Santo Toms sobre

Direito o mais perfeito. Enquanto o Aquinate apresenta umaviso ampla do fenmeno jurdico, outros limitam o Direito aapenas uma de suas acepes, seja normativa, subjetiva,positiva, etc.

Santo Toms de Aquino acentua a importncia dodireito objetivo, entendido como a ipsa res iusta, sem deixar deconsidera o aspecto normativo e subjetivo.

Enquanto telogo moralista d nfase a virtude dajustia, apontando na Suma Teolgica o direito como seu objeto.

Mas, sobretudo, entendemos que para tratar o Direitocomo cincia, temos que ter como ponto de partida a definiodo mesmo.

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Resumo

Buscamos, com o presente artigo, investigar os sentidos do termoDireito, partindo de um pressuposto que somente a partir destacompreenso que podemos falar em Cincia do Direito. Paraisso, consideramos as acepes trazidas pelos pensadoresclssicos e, especialmente, pela contribuio nos legada atravsde Santo Toms de Aquino. A partir deste pensador, cuja teoriaresultante entendemos a mais correta e aplicvel na modernidade,buscaremos enfocar a relao entre o justo, o ius e oDireito. De outro modo, faremos um contraponto ao


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pensamento de Santo Toms de Aquino, a partir de algunspensadores que lhe fizeram objees, exemplo de CarlosCossio, Francisco Suarez e Alfredo Vandross. Entendemos que aposio tomista a mais correta e aplicvel at os dias atuais, porenfocar o conceito de Direito, a Justia e a Lei, bem como a

juridicidade.Palavras-chave: Justia; Tomismo; Direito.

Abstract

This paper is aimed at discussing the meanings of the termLaw, drawing on the assumption that only from thisunderstading it is posible to talk about Law Science. Therefore,the senses brought up by classic thinkers are considered herein,

especially the contrubition of St. Thomas Aquinas. Based on thisthinker, the theory of whom is taken as the most correct andapplicable to modernity, this study focuses on the relationbetween the fair or just, the ius and the Law. Moreover,a counterpoint is made to St. Thomas Aquinas based on thinkerswho have made him objection, such as Carlos Cossio, FranciscoSuarez and Alfredo Vandross. Thomist positioning is the mostcorrect and applicable one until the present days for focusing theconcept of Law, Justice and Act, as well as legality.

Keywords: Justice. Thomism. Law.


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artigo - etimologia e significado do termo direito

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