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Pesquisa bibliográfica acerca da dendeicultura na região Baixo Sul da Bahia.

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Dend A

palmeira Dendm (Elaeis guineensis L.) originria da costa ocidental

africana. A introduo da palmeira dendm na Amrica se deu no tempo da escravatura. Os barcos que levaram os africanos em condio escrava das costas africanas transportariam seus frutos como alimento. Tratando-se de cultura com exigncias ecolgicas muito particulares, no havendo um interesse no leo que os africanos produziam, e havendo outras plantas que permitia a produo de bebidas fermentadas, a disseminao dessa espcie se restringiu ao Estado da Bahia. Quanto ao nome dend, decorrente do kimbundu dendm, lngua do macrogrupo banto; e no ocidente africano chamado por: adequoi e adersan na Costa do Marfim; abobobe em Gana; de-yay, de-kla, de-ghakum, votchi, fade e kissede em Benim; ep na Nigria; di-bope e lissombe na Repblica dos Camares; e dendm em Angola.

T

razido da Costa dfrica, espalhou-se pela costa da Amrica, da Bahia

para o Norte, dando com exuberncia seus fartos cachos negro-caboclos que chegam a um metro de comprimento, e trinta quilos de peso, a oitocentos cocos, s vezes.

Em 1759, na Bahia, Antonio Caldas informava que o comrcio freqente do dend, entre a Costa da Mina e o Brasil, era intenso, provando a falta de dendezeiros que atendessem s necessidades do consumo. Vilhena afirma que, no ano de 1798, entraram na Bahia mil canadas de azeite de dend, oriundas da Costa da Mina, e quinhentas canadas da Ilha de So Tom, perfazendo, aproximadamente, quatro mil litros. A grande rea de produo do dend, da costa africana, estende-se de Angola at Gmbia [...]. O dend constitui um dos poucos resultados benficos do comrcio negreiro com a frica, pois fornece um leo ou azeite de grande riqueza em provitaminas A. No o trouxeram os escravos, mas os traficantes. Parece vivel a suposio de que os primeiros indivduos dessa espcie vegetal tenham vindo da Costa da Mina: era dos melhores o leo que se adquiria no porto de Lagos, escoadouro da maior produo mundial a da atual Nigria [...]. Quando o Rio de Janeiro se tornou capital do Brasil (1763) e a populao aumentou, exigindo numerosa escravaria para os servios domsticos, artesanato, plantio de acar, algodo, caf, nas regies vizinhas, o azeite de dend acompanhou o negro, como o arroz o asitico e o doce o rabe {...}.41 Afrnio Peixoto, Brevirio da Bahia (Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1980), p. 80. 2 dison Carneiro, Ladinos e crioulos (Rio de Janeiro: Vozes, 1976), p. 73. 3 Ibid., p. 72. 4 Luis da Cmara Cascudo, Histria da alimentao no Brasil, vol. I (Belo Horizonte/So Paulo:Itatiaia/Edusp, 1983), p. 245.

O

azeite de dend teve incio na cozinha Baiana atravs da mistura da

culinria portuguesa com a africana com um toque especial dos indgenas. As pessoas que passam por Salvador tm o prazer de apreciar essas guloseimas preparadas com tanto carinho pelas baianas, utilizando tcnicas originadas de seus ancestrais. Porm, o dend no faz parte do dia - a - dia do baiano, est reservada para grandes datas, para receber os amigos, para celebrar a vida, para homenagear os santos do Candombl. O dend fixou suas razes na Bahia pois, foi l onde houve a unio da cozinha portuguesa com a africana trazida pelos escravos. Afirmam que no h na frica nada igual cozinha baiana, a no ser os chamados pratos brasileiros levados por africanos que retornam sua terra depois da abolio. (ALGRANTI, 2004, p.12)

de palma aumentou por conta do seu grande aproveitamento nas indstrias. O azeite de dend o mais apropriado para a fabricao de margarina, pela sua consistncia, e por no rancificar, excelente como leo de cozinha e frituras, sendo tambm utilizado na produo de manteiga vegetal, apropriada para a fabricao de pes, bolos, tortas, biscoitos finos e cremes. O maior uso de leo de dend como matria prima na fabricao de sabes, sabonetes, sabo em p, detergente e amaciantes de roupas biodegradveis, podendo ainda ser utilizado como combustvel em motores diesel. Estudos indicaram que o leo de dend foi apontado como uma das solues tecnicamente satisfatrias para substituir o leo diesel. Observou-se que 1 litro de leo vegetal pode substituir 1 litro de leo diesel, cuja produo seriam necessrios 2,2 litros de petrleo bruto. O dendezeiro a palmeira mais promissora para a produo de leo que pode ser utilizado na produo de biodiesel. Para atender a demanda de adio de 5% de biodiesel no leo diesel consumido no Brasil ser necessrio o incremento de 307.667 ha de cultivo de dend. Caso esta demanda fosse suprida com leo de soja seria necessrio acrescentar 3.408.885 ha rea cultivada, o que causaria uma forte competio por rea para a produo de alimentos.

A

palmeira Dendm encontra-se hoje em expanso no continente americano porque a procura por leo

mais que outras culturas oleaginosas (soja, amendoim, pinho bravo, etc). Os maiores produtores de leo de dend so: Indonsia, Malsia, Nigria, Tailndia e Colmbia. O Brasil est na 11 colocao entre pases produtores de leo de dend, com cerca de 170 mil toneladas no ano de 2006 (ARRIETA et al. 2007, FAO, 2008). Na Amrica Latina, a Colmbia lidera no cultivo de dend com uma rea cultivada de 1.610 km (ARRIETA et al., 2007). Na Bahia a rea cultivada de aproximadamente 53.077 ha, com produo estimada de 203.773 toneladas de cachos. O rendimento mdio de 4.000 kg de frutos/ha/a, considerado baixo comparado com o potencial da cultura.

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dendezeiro uma planta com elevado potencial para a produo de leo, produzindo at dez vezes

primeira agroindstria beneficiadora de dend no estado, a OPALMA, leos de Palma S/A e, a partir de ento, surgiram os primeiros plantios de palmeiras de dend em nvel industrial. Em 1966 surgiu a OLDESA leo de Dend, no municpio de Nazar, voltada para o cultivo e o processamento dos frutos do dendezeiro, sendo a fazenda instalada no municpio de Jaguaripe, Bahia. De forma geral, a dendeicultura na Bahia considerada uma atividade pouco valorizada, devido baixa produtividade dos dendezais subespontneos. A rea explorada com dendezeiros no Baixo Sul abrange os seguintes municpios: Valena, Tapero, Nilo Peanha, Cair, Ituber, Igrapina e Camamu (ISENSEE et al., 2007).

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a dcada de 70, mais especificamente no ano de 1962, foi instalada no municpio de Tapero, Bahia, a

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dendezeiro introduzido no pas, em especial na regio litornea do Estado da Bahia, foi da espcie

Elaeis guineensis. Esta espcie classificada segundo a espessura do endocarpo do fruto em: - Macrocaria: possui frutos com endocarpo com espessura acima de 6 mm; sem importncia econmica; - Dura: fruto com endocarpo de espessura entre 2 a 6mm; - Psfera: frutos sem endocarpo separando polpa da amndoa; - Tenera: hbrido do cruzamento Psifera x Dura. Tem endocarpo com espessura entre 0,5mm e 2,5mm. Suas sementes so recomendadas para plantios comerciais. Tem vida econmica entre 20-30 anos, produz 10-12 cachos anualmente, que pesam entre 20 a 30 kg (cada), portando 1.000 a 3.000 frutos (cada cacho). A variedade Dura apresenta uma boa capacidade de adaptao s condies edafoclimticas da regio sudeste da Bahia, uma baixa susceptibilidade a pragas e doenas devidas, principalmente, sua rusticidade, alm de apresentar uma capacidade produtiva de frutos por mais de 40 anos. Por outro lado, possui um nvel de produtividade baixo, quando comparado ao Tenera. A explorao de dendezeiros no estado da Bahia pode ser caracterizada atravs de trs formas: aproveitamento dos dendezeiros subespontneos, aproveitamento de dendezeiros subespontneos recuperados e aproveitamento de dendezeiros selecionados. Com relao explorao de dendezeiros subespontneos, que a forma de extrativismo predominante no estado, ela caracterizada pela grande concentrao de plantas por unidade de rea, o que, conseqentemente, representa uma queda significativa na produo. Os dendezeiros subespontneos recuperados so aqueles que passaram por alguns tratos culturais como roagem, limpeza, coroamento e desbastes de algumas plantas, mantendo um estande de aproximadamente 150 plantas/ha. A variedade Tenera resultante do cruzamento entre dendezeiros Dura e Pisifera e tem a capacidade de produzir 30 ou mais t/ha/a, com rendimento de 22% de leo (MLLER, 1980; CEP, 1981). Esta produtividade pode ser alcanada durante aproximadamente 25 anos, sendo esta a idade ainda considerada economicamente vivel. Segundo as informaes contidas no IBGE (2007), a rea de dend na Bahia em torno de 53.077 ha, constituda de 17,5% de dendezais cultivados com a variedade Tenera (hbrido entre Dura x Pisifera) e 82,5% de populaes subespontneas da variedade Dura, considerando neste caso, as reas do Recncavo Baiano, Baixo Sul, Sul e Extremo Sul do Estado da Bahia.

A predominncia da variedade Dura na regio contribui para os baixos rendimentos nas colheitas, por no apresentar bons atributos produtivos (estimativa de produo em torno de 2,5 e 3,0 t de cachos /ha). Adiciona-se o baixo investimento nos tratos culturais que a variedade Tenera exige o que tambm reflete na baixa produtividade agrcola da cultura. Possibilidades de atuao do Instituto Federal Baiano

no Par (Antonio Agostinho Mller, Jos Furlan Jnior, Pedro Celestino Filho), de 2006 relata as necessidades de pesquisa agrcola com a cultura do dendezeiro no Brasil nas seguintes reas e linhas de pesquisa, dentre outras: o

Ao o

Embrapa Amaznia Oriental, no documento A Embrapa Amaznia Oriental e o agronegcio do dend

rea de recursos genticos e melhoramento;Utilizao de tcnicas de biologia molecular e celular em apoio ao melhoramento gentico da cultura. Melhoramento gentico do dendezeiro.

rea de fitossanidade;Biologia do vetor, uso de iscas e feromnios e trabalhos de manejo voltados para o anel vermelho. Definir e elaborar pacote tecnolgico para pequenos produtores, ensaios visando reduo de custos de controle. Avaliao da resistncia fusariose de hbridos interespecficos e gentipos produzidos pela Embrapa. Controle qumico e identificao do feromnio da Sagalassa valida.

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rea de manejo cultural;

Foram considerados como principais problemas nesta rea:a) Falta de levantamento detalhado dos solos onde a cultura do dend est implantada e das potenciais reas de expanso. b) Carncia de levantamento do estado nutricional das plantaes e das caractersticas fsico-qumicas do solo correlacionadas com a ocorrncia de doenas e pragas. c) Falta de um zoneamento agroecolgico climtico para a cultura do dendezeiro na Amaznia. d) Desconhecimento das necessidades nutricionais e de densidade de plantio para hbridos interespecficos. e) Carncia de conhecimentos para a utilizao de intercultivos no perodo de maturao da cultura. f) Baixo conhecimento sobre a dinmica de gua e de nutrientes. g) Necessidade de desenvolvimento e/ou adaptao de prticas culturais para o controle da eroso e conservao do solo. h) Falta de uniformidade de procedimentos de pesquisa.

As linhas de pesquisa sugeridas para atender s demandas acima listadas foram:o o o o o o o o Solos e nutrio de plantas. Bioqumica de plantas. Ecofisiologia. Manejo de sistemas intercalares. Levantamento de solos. Manejo e conservao do solo. Climatologia Sensoriamento remoto. Fsica do solo. Estudos do sistema radicular do dendezeiro.

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Neste documento a Embrapa apresenta sugestes de aes de apoio aos plos de desenvolvimento da cultura do dend, deliberadas durante o Workshop sobre a cultura do dend em Manaus, Amazonas, 1995

WORKSHOP..., 1995; MLLER et al., 1999). Entre as sugestes destaca-se como de potencial participao do Instituto Federal Baiano:

Continuidade dos trabalhos de pesquisa com dend. Orientar a implantao da cultura, de forma que a mesma ocorra por meio do associativismo dos pequenos produtores. Capacitao de tcnicos e produtores.

povos Akan so um grupo tnico e lingustico da frica Ocidental). Uma residncia que tenha uma cerca em torno dela considerada uma residncia ideal. A cerca simbolicamente separa e fixa a famlia da parte externa. Por causa da segurana e da proteo que uma cerca tem, o smbolo associado tambm com a segurana, e a segurana se encontra no amor.

Eban cerca smbolo do amor e da segurana. A residncia do Akan um lugar especial (Os

BibliografiaAntonio Agostinho Mller, Jos Furlan Jnior, Pedro Celestino Filho. A Embrapa Amaznia Oriental e o agronegcio do dend no Par. Belm, PA : Embrapa Amaznia Oriental, 2006. Fernandes, Ittana de Oliveira Lins. Avaliao energtica e ambiental da produo de leo de dend para biodiesel na regio do baixo sul, Bahia. - Ilhus: UESC, 2009. Souto, Tatiane de Cougo. AZEITE - DE - DEND: UMA BREVE HISTRIA SOBRE SUA ORIGEM. Associao de Ensino de Santa Catarina FASSESC Fernando Fischer, organizador; [autores] Antonio Nascimento ...[et al.]. Baixo Sul da Bahia: uma proposta de desenvolvimento territorial. Salvador: CIAGS/UFBA, 2007. 224p.: il.; . (Coleo Gesto Social - Srie Editorial CIAGS). Dendeicultura da Bahia. CONAB Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Superintendncia Regional da Bahia e Sergipe. 2006. Cultura Dend. Secretaria de Agricultura, Irrigao e Reforma Agrria Governo do Estado da Bahia.

Paulo Assis Cavalcante Nascimento Prof. Instituto Federal Baiano