artigo caso clínico homeopatia 02

2
34 resumo de conferência Resumo Atenção Farmacêutica (AF) é uma atividade na qual o farma- cêutico contribui para a melhoria da qualidade de vida dos pacien- tes, através da identificação, resolução e prevenção de Problemas de Saúde Relacionados ao Uso de Medicamentos (PRM). Os PRMs podem ser de necessidade, efetividade ou segurança. Os pacientes das farmácias homeopáticas apresentam estes proble- mas relacionados ao uso de medicamentos homeopáticos, mas tam- bém, apresentam problemas relacionados ao uso de medicamentos não homeopáticos. Estes medicamentos (anti-hipertensivos, anovulatórios, suplementos vitamínicos e minerais, chás diversos etc.) são utilizados por uma parcela grande dos pacientes das farmá- cias homeopáticas. A AF em homeopatia deve considerar, além dos aspectos gerais da AF, as peculiaridades da homeopatia. Ou seja, acompanhar o tratamento levando em conta as Leis de Cura de Hering, supressão, agravação, patogenesia, a queixa principal do paciente, a integrali- dade do paciente, o seu estado geral, a sua qualidade de vida e a sua atitude vital. A AF na Farmácia Homeopática deve ocorrer na dispensação, na indicação farmacêutica e no acompanhamento farmacoterapêutico. A dispensação dentro do conceito de AF vai além do ato de en- tregar o medicamento acompanhado de informação para seu cor- reto uso. O farmacêutico neste momento deve estar “preocupado” com o resultado do tratamento, ou seja, deve buscar informações como: se o paciente já está em tratamento homeopático, se está me- lhorando do problema que o fez procurar o médico, se está se sentindo melhor etc. A responsabilidade do farmacêutico na dispensação é verificar se o medicamento usado está apresentando o resultado esperado e não está provocando nenhum outro Problema de Saúde, para então intervir e contribuir para a efetividade e segurança do tratamento. A intervenção farmacêutica deve ser realizada após avaliação do caso pelo farmacêutico. Esta avaliação que geralmente é feita rapi- damente na área de dispensação da farmácia, pode levar o farma- cêutico a não realizar a dispensação. A intervenção farmacêutica pode ser: a) dispensar o medicamento; b) encaminhar o paciente a outro profissional (médico homeo- pata ou de outra especialidade, fisioterapeuta, nutricionista, psicó- logo, enfermeiro, dentista, massagista, acupunturista etc.); c) oferecer outro serviço farmacêutico (farmacovigilância, acompanhamento farmacoterapêutico, educação em saúde, nebu- lização, pequeno curativo, monitoramento de pressão arterial, glicemia, colesterolemia, trigliceridemia, questionário de qualidade de vida, stress etc.). A dispensação com qualidade deve ser realizada com todos os clientes que entram na farmácia, respeitando as necessidades e de- sejos de cada um, bem como direcionando a abordagem caso o cliente seja o próprio paciente, seja o cuidador do paciente ou al- guém que só foi buscar o medicamento e não tem responsabilidade pelo tratamento do paciente. Não é necessário registrar cada dis- pensação. A indicação farmacêutica, não deve ser a regra na farmácia homeopática e sim a exceção. Deve ser preferencialmente um acon- selhamento na auto-medicação responsável. O farmacêutico deve esclarecer todas as dúvidas do paciente. Deve se restringir a transtorno menor (autolimitante, de cura espontânea, com menos de sete dias de evolução, que não tenha re- lação com outra patologia, que não seja provocado por um medica- mento) que prescinda de intervenção médica. O medicamento indicado pelo farmacêutico ou solicitado pelo paciente não poderá ser de “venda sob prescrição”.Toda indicação farmacêutica deve ser registrada na farmácia, para proteger o pa- ciente e o farmacêutico. Neste registro deve ser anotadas infor- mações como: “...o paciente foi aconselhado a procurar um médi- co...”,“... o medicamento foi solicitado pelo paciente...”,“... o paciente informou ter diagnóstico médico de...”.Após a indicação o farma- cêutico deve conhecer o seu resultado, para se necessário fazer nova intervenção farmacêutica, que poderão ser as mesmas citadas para a dispensação. O acompanhamento (seguimento) farmacoterapêutico, deve ser realizado de forma sistemática, com agendamento, somente para os pacientes que necessitarem e desejarem. Conforme a Metodo- logia Dader, o Acompanhamento Farmacoterapêutico deve seguir as seguintes fases: a) oferta do serviço, b) primeira entrevista, c) es- tado de situação, d) fase de estudo, e) fase de avaliação, f) fase de in- tervenção, g) resultado da intervenção e h) entrevistas sucessivas. A seguir citamos alguns Casos Clínicos de dispensação, indi- cação e acompanhamento registrados em farmácia homeopática, que serão apresentados no VI Congresso Brasileiro de Farmácia Homeopática (CBFH). Caso 1- O paciente é médico alopata, está fazendo mestrado em outro estado e está com medo de viajar de ônibus. Toma medica- mentos homeopáticos prescritos por uma médica homeopática es- poradicamente. Solicitou uma indicação farmacêutica. Caso 2- Intercambista alemã, 16 anos, vegetariana até vir para o Brasil, trouxe uma pequena botica homeopática da Alemanha. Atenção Farmacêutica em Homeopatia: Casos Clínicos Rinaldo Ferreira* Cultura Homeopática • p. 34-35 • abr-mai-jun • nº 19 • 2007 * Membro da Comissão Científica da ABFH. [email protected]

Upload: subiju18

Post on 12-Jan-2016

225 views

Category:

Documents


9 download

DESCRIPTION

Artigo Caso Clínico Homeopatia 02

TRANSCRIPT

34 resumo de conferência

Resumo

Atenção Farmacêutica (AF) é uma atividade na qual o farma-cêutico contribui para a melhoria da qualidade de vida dos pacien-tes, através da identificação, resolução e prevenção de Problemas deSaúde Relacionados ao Uso de Medicamentos (PRM).

Os PRMs podem ser de necessidade, efetividade ou segurança.Os pacientes das farmácias homeopáticas apresentam estes proble-mas relacionados ao uso de medicamentos homeopáticos, mas tam-bém, apresentam problemas relacionados ao uso de medicamentosnão homeopáticos. Estes medicamentos (anti-hipertensivos,anovulatórios, suplementos vitamínicos e minerais, chás diversosetc.) são utilizados por uma parcela grande dos pacientes das farmá-cias homeopáticas.

A AF em homeopatia deve considerar, além dos aspectos geraisda AF, as peculiaridades da homeopatia. Ou seja, acompanhar otratamento levando em conta as Leis de Cura de Hering, supressão,agravação, patogenesia, a queixa principal do paciente, a integrali-dade do paciente, o seu estado geral, a sua qualidade de vida e a suaatitude vital.

A AF na Farmácia Homeopática deve ocorrer na dispensação, naindicação farmacêutica e no acompanhamento farmacoterapêutico.

A dispensação dentro do conceito de AF vai além do ato de en-tregar o medicamento acompanhado de informação para seu cor-reto uso. O farmacêutico neste momento deve estar “preocupado”com o resultado do tratamento, ou seja, deve buscar informaçõescomo: se o paciente já está em tratamento homeopático, se está me-lhorando do problema que o fez procurar o médico, se está sesentindo melhor etc.

A responsabilidade do farmacêutico na dispensação é verificarse o medicamento usado está apresentando o resultado esperado enão está provocando nenhum outro Problema de Saúde, para entãointervir e contribuir para a efetividade e segurança do tratamento.

A intervenção farmacêutica deve ser realizada após avaliação docaso pelo farmacêutico. Esta avaliação que geralmente é feita rapi-damente na área de dispensação da farmácia, pode levar o farma-cêutico a não realizar a dispensação.

A intervenção farmacêutica pode ser:a) dispensar o medicamento;b) encaminhar o paciente a outro profissional (médico homeo-

pata ou de outra especialidade, fisioterapeuta, nutricionista, psicó-logo, enfermeiro, dentista, massagista, acupunturista etc.);

c) oferecer outro serviço farmacêutico (farmacovigilância,acompanhamento farmacoterapêutico, educação em saúde, nebu-lização, pequeno curativo, monitoramento de pressão arterial,

glicemia, colesterolemia, trigliceridemia, questionário de qualidadede vida, stress etc.).

A dispensação com qualidade deve ser realizada com todos osclientes que entram na farmácia, respeitando as necessidades e de-sejos de cada um, bem como direcionando a abordagem caso ocliente seja o próprio paciente, seja o cuidador do paciente ou al-guém que só foi buscar o medicamento e não tem responsabilidadepelo tratamento do paciente. Não é necessário registrar cada dis-pensação.

A indicação farmacêutica, não deve ser a regra na farmáciahomeopática e sim a exceção. Deve ser preferencialmente um acon-selhamento na auto-medicação responsável. O farmacêutico deveesclarecer todas as dúvidas do paciente.

Deve se restringir a transtorno menor (autolimitante, de curaespontânea, com menos de sete dias de evolução, que não tenha re-lação com outra patologia, que não seja provocado por um medica-mento) que prescinda de intervenção médica.

O medicamento indicado pelo farmacêutico ou solicitado pelopaciente não poderá ser de “venda sob prescrição”. Toda indicaçãofarmacêutica deve ser registrada na farmácia, para proteger o pa-ciente e o farmacêutico. Neste registro deve ser anotadas infor-mações como: “...o paciente foi aconselhado a procurar um médi-co...”,“... o medicamento foi solicitado pelo paciente...”,“... o pacienteinformou ter diagnóstico médico de...”. Após a indicação o farma-cêutico deve conhecer o seu resultado, para se necessário fazer novaintervenção farmacêutica, que poderão ser as mesmas citadas paraa dispensação.

O acompanhamento (seguimento) farmacoterapêutico, deveser realizado de forma sistemática, com agendamento, somente paraos pacientes que necessitarem e desejarem. Conforme a Metodo-logia Dader, o Acompanhamento Farmacoterapêutico deve seguiras seguintes fases: a) oferta do serviço, b) primeira entrevista, c) es-tado de situação, d) fase de estudo, e) fase de avaliação, f) fase de in-tervenção, g) resultado da intervenção e h) entrevistas sucessivas.

A seguir citamos alguns Casos Clínicos de dispensação, indi-cação e acompanhamento registrados em farmácia homeopática,que serão apresentados no VI Congresso Brasileiro de FarmáciaHomeopática (CBFH).

Caso 1- O paciente é médico alopata, está fazendo mestrado emoutro estado e está com medo de viajar de ônibus. Toma medica-mentos homeopáticos prescritos por uma médica homeopática es-poradicamente. Solicitou uma indicação farmacêutica.

Caso 2- Intercambista alemã, 16 anos, vegetariana até vir parao Brasil, trouxe uma pequena botica homeopática da Alemanha.

Atenção Farmacêutica em Homeopatia:Casos Clínicos

Rinaldo Ferreira*

Cu

ltu

ra H

om

eop

átic

a •

p.3

4-35

• a

br-

mai

-ju

n •

19 •

200

7

* Membro da Comissão Científica da ABFH. [email protected]

35Rinaldo Ferreira

Está apresentando vômito e desmaio (2º dia) e não quer ir aomédico. Solicita que o farmacêutico a auxilie na auto-medicaçãohomeopática.

Caso 3- Senhora de 65 anos com dor articular crônica que pio-rou nos últimos dias, está apresentando febre e diarréia há dois dias.O filho quer que ela tome antipirético. Ela quer a opinião do farma-cêutico.

Caso 4- Senhora de 45 anos com artrite severa, já fez diversascirurgias, colocou próteses articulares, toma homeopatia prescritapor médica homeopata, toma sertralina 50mg por dia e morfina fre-qüentemente para suportar a dor. Foi cantora por muitos anos.Agora trabalha em casa por ter dificuldade de sair. Tem uma lavan-deria e faz conserto de roupas. Está com depressão profunda há 10dias. Está evitando pessoas. Numa sexta-feira telefonou para o far-macêutico, porque não consegue falar com a sua médica homeopáti-

ca e tem medo de não suportar sem medicamento até segunda-feira.Caso 5- Senhora de 60 anos, toma Metformina e Captopril e es-

tá com a pálpebra inferior direita inchada há alguns dias. Não ba-teu, não foi picada e não tem secreção no olho. Quer tomar medi-camento homeopático.

Caso 6- Senhor com 62 anos solicita medicamento homeopáti-co para persistente dor nas pernas.

Caso 7- Menina com 6 anos em tratamento homeopático estáapresentando “dor de garganta, resfriado” e não consegue localizara médica.

Caso 8- Senhora tomando Ignatia amara 30CH para cistite háum mês. Não melhora e não quer tomar outro medicamento. No fi-nal de semana apresentou dores na cervical após hidromassagemfria e dormir em colchão ruim numa pousada. Na segunda-feira,começou apresentar dor de cabeça, ardência no canal da urina.

Cu

ltura H

om

eop

ática • p.34-35 • ab

r-mai-ju

n • n

º 19 • 2007