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atividade circenseTRANSCRIPT
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Conexes: revista da Faculdade de Educao Fsica da UNICAMP, Campinas, v. 8, n. 1, p. 130-164, jan./abr. 2010. ISSN: 1983-930
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ATIVIDADES CIRCENSES: CARACTERIZAO DAS MODALIDADES, CAPACIDADES BIOMOTORAS, METABOLISMO ENERGTICO E IMPLICAES PRTICAS Raquel de Brito Sacco Tiago Volpi Braz Resumo As atividades encontradas no mbito circense causam encantamento aos espectadores e aos praticantes devido sua complexidade. Ao considerar o objetivo do circo de encantar o pblico e suas caractersticas contemporneas, analisou-se as principais semelhanas motoras entre as modalidades circenses que se agrupam de acordo com as caractersticas: acrobacias, areos, malabarismo e equilibrismo. No sentido de desvendar tal magia, diante do presente estudo analtico de reviso pesquisou-se os fatores: i) metablicos, ii) fisiolgicos bem como a iii) dinmica de atuao da musculatura esqueltica e a iv) capacidade biomotora predominante nestas prticas. A partir desta anlise, sugere-se meios para compor os treinamentos de um artista circense que pratica tais modalidades, bem como considerar a fora como a capacidade biomotora determinante e quando predominante para a realizao das modalidades circenses analisadas e o metabolismo anaerbio como a via principal para gerar energia. A resistncia de fora encontrou-se presente e necessria nas modalidades devido a repeties constantes dos movimentos nos treinamentos bem como em cada apresentao circense e em um conjunto destas apresentaes, ou seja, em um espetculo em si. Por fim, sugere-se futuros estudos enfocando os princpios de treinamento bem como o aspecto nutricional e outras vertentes biolgicas aplicados em artistas circenses no intuito da melhora da performance neste setor. PalavrasChave
Modalidades circenses; Capacidades biomotoras; Metabolismo energtico; Meios de treinamento.
CIRCUS ACTIVITIES: THE CHARACTERISTICS OF MODALITIES, HUMAN CAPACITIES, ENERGY METABOLISM AND PRACTICAL IMPLICATIONS Raquel de Brito Sacco Tiago Volpi Braz Abstract The activities found in the circus cause delight to the viewers and practitioners due to its complexity. When considering the objective of the circus to enchant the public and the type of contemporary circus to get a good technique, it was analyzed the circus acrobatics modalities, aerial, juggling and biomechanically balance. In order to discover such magic, some factors were analytical reviewed such as: i) metabolic, ii) physiological as well as iii) the dynamic performance of skeletal muscles and iv) the biomotor ability predominant. Through this analysis, it was possible to contribute for the involved ones in this area on composing the training of a circus artist who practices such modalities. Based on
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these notes, it was considered the driving force as the ability biomotor and predominant factor for the implementation of procedures and circus anaerobic metabolism as the major route for energy in certain activities. The resistance force is present and necessary in terms due to constant repetition of movements in training and presentations. Finally, we suggest that future studies focusing on the principles of training and the nutritional aspect and other aspects of applied biological circus athletes in order of improvement in human performance. Key-Words Circus modalities; Biomotoras capacities; Energy metabolism; Ways of training.
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INTRODUO
Artes circenses so expresses humanas que h relao com o ato esportivo, podendo elas ser de qualquer
forma, desde que seja considerada como algo encantador. Circo o lugar que expressa essas artes, lugar
que encontramos a lona, o picadeiro e todos os materiais que nele h (TORRES, 1998).
Para complementar, o Dicionrio Priberam da Lngua Portuguesa (2008) traduz a arte por manha,
habilidade ou astcia, e circo, como recinto circular e coberto para espetculos, ou arena, crculo. Quando
um se relaciona ao outro temos as artes circenses que por sua vez, podem ser chamadas por atividades
circenses.
As artes circenses realizadas num espetculo de circo devem obedecer ao objetivo de entreter o pblico,
deixando-os encantados, maravilhados e impressionados, por meio de movimentos que expressam ...
medo, maravilhamento, temor, apreenso, satisfao e principalmente o sentimento de liberdade...
(DUPRAT, p.19, 2007).
No intuito de obter o encantamento do pblico, os artistas circenses devem desenvolver um processo de
preparao especfica, ponderadas sobre diferentes perspectivas. A partir disto, torna-se necessrio
entender que estes artistas necessitam alcanar determinada performance para terem xito em seus
objetivos, justificando a admirao e entretenimento do pblico presente nas apresentaes. De fato,
alguns aspectos devem ser considerados para o alcance de tais objetivos, como o
i) pedaggico: respectivo ao ensino-aprendizagem das tcnicas de execuo dos movimentos circenses
envolvendo o processo de aquisio gradativo de habilidades motoras;
ii) o filosfico: atinge o encantamento, a magia e os aspectos cognitivos da atividade circense, e
iii) o biolgico: referente ao conhecimento do comportamento biolgico do indivduo mediante a
atividade que est se propondo a realizar, como fatores metablicos, fisiolgicos, dinmica da
musculatura no trabalho, capacidades biomotoras predominantes.
Isto corrobora com o conceito de performance humana apresentado por Alves et al. (2004),
correspondente integridade do ser humano sendo priorizado a segurana, ao propor capacit-lo para
atingir o mximo que lhe concebido, de acordo com suas respectivas limitaes comparadas a si mesmo
no decorrer das diferentes fases da vida. A performance humana pode se resumir como a prpria vida no
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Universo, em harmonia com o mesmo, que respeita a individualidade em variadas situaes da existncia
de cada indivduo (PELLEGRINOTTI, 2004).
Ao se deparar com estes conceitos, tudo o que arte e encanta os espectadores, pode ser apresentado num
espetculo de circo. Por este fato, so inmeras as modalidades apresentadas que podem e devem ser
inventadas e transformadas. Essas progridem ao longo do tempo ao atender a demanda tecnolgica e
moderna, aderidas e oferecidas sociedade. Baroni (2006) afirma que os artistas circenses tm o prazer
em presenciar uma emocionante e constante mutao e transformao dos movimentos de caractersticas
no convencionais e habituais das atividades do circo. Neste sentido, as prticas circenses podem ser as
mais variadas possveis, das quais sero destacadas as de caractersticas areas, acrobticas,
malabarsticas e de equilbrio.
Alguns estudos tm sido realizados focando a investigao das atividades circenses. Duprat (2007)
discute as possibilidades e perspectivas das atividades circenses na Educao Fsica Escolar. Bortoleto e
Cala (2007a; 2007b) oferecem informaes sobre o tecido e o trapzio ao descreverem o material, as
formas de fixar o aparelho, os importantes fatores de segurana e tambm uma breve histria de cada
modalidade. Baroni (2006) analisa o circo e seu entorno da forma que ele era e , suas modificaes, seus
valores e seus princpios dentro e fora da lona. Particularmente, quanto aos aspectos biolgicos, Bellotto
(2008) cita importantes informaes sobre a nutrio para os praticantes de circo revisando brevemente as
vias metablicas, os tipos de substratos existentes e necessrios como tambm alguns exemplos de
cardpio e a forma para se calcular a caloria a ser ingerida durante o dia. Nesta linha, Tomaz, Motta e
Souza (2009) buscaram analisar os parmetros hemodinmicos e antropomtricos entre praticantes de
tecido areo e escalada indoor.
Porm, ainda so escassos os estudos que abordem os aspectos biolgicos da atividade circense, o que
justifica a necessidade de referenciais tericos discutindo tais perspectivas. A partir disto, o presente
estudo tem como objetivo entender os aspectos biolgicos da atividade circense, precisamente sobre os
fatores metablicos, fisiolgicos, dinmica de atuao da musculatura, bem como as capacidades
biomotoras determinantes para a prtica da atividade. Em conseqncia, o estudo foi estruturado da
seguinte forma:
i) metodologia,
ii) questes histrico-filosficas das atividades circenses,
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iii) modalidades circenses,
iv) capacidades biomotoras e metabolismo energtico das modalidades circenses,
v) exerccios como meio de treinamento das atividades circenses e vi) consideraes finais.
METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa analtica de reviso de literatura, j que envolve o estudo e a
avaliao, em profundidade, das informaes disponveis na tentativa de explicar fenmenos complexos e
a avaliao crtica de pesquisas recorrentes sobre determinado tpico (THOMAS; NELSON,
SILVERMAN, 2007).
Os instrumentos de pesquisa foram
i) artigos publicados em peridicos indexados no Qualis CAPES,
ii) dissertaes e teses,
iii) livros registrados no International Standard Book Number (ISSN) e
iv) websites correspondentes a temtica do estudo. Os artigos foram obtidos no Portal Capes por meio
das bases de dados EBSCO HOST, Wilson Web, SCOPUS, alm da Scientific Electronic Library Online
(SCIELO) e Google Acadmico. Os livros e teses foram consultados nos acervos da biblioteca da
UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba - Campus Taquaral) e UNICAMP (Universidade
Estadual de Campinas - Faculdade de Educao Fsica Campinas/SP e Faculdade de Cincias do
Desporto Limeira/SP).
Foram utilizadas palavras-chave como circo, atividades circenses, artes circenses, acrobacia, tecido areo,
trapzio circense, malabarismo, circus, circus activity aerial silk, static trapeze, juggling, acrobatics,
capacidade motora, capacidade fsica, capacidade biomotora, fora, fora dinmica e esttica,
metabolismo energtico, via energtica, contrao muscular, meios de treinamento.
No houve restrio de perodo para encontrar estudos relacionados rea circense, j que constatou-se
que o nmero de pesquisas sobre a temtica reduzida. Quanto aos referenciais correspondentes a rea
biolgica determinou-se pesquisas a partir do ano 2000. Nisto, foram utilizadas 44 referncias, das quais
15 artigos, 3 teses e dissertaes, 2 resumos de congresso, 1 frum internacional, 22 livros e 1 website.
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QUESTES HISTRICO-FILOSFICAS DAS ATIVIDADES CIRCENSES
Duprat (2007) menciona que o termo circo moderno representa a modernidade da produo
mecanizada que, at o momento da revoluo industrial a produo era artesanal e nesta poca de
mudana o circo constituiu-se como espetculo. Outro termo utilizado para o mesmo tipo de circo o
tradicional, pelo fato de ser apresentado por grupo fechado e enraizado de pessoas que se
desenvolveram da arte das feiras e ruas, na qual o conhecimento circense era obtido atravs da
transmisso oral (DUPRAT, 2007). reconhecido tambm como circo famlia (BARONI, 2006), pois
o conhecimento e os costumes destes artistas so passados de gerao em gerao desde como montar a
tenda at o mais fantstico nmero circense, seguindo a tradio do circo e da famlia. Por fim, se
classifica como circo de grandes dimenses ou de atraes que se compe da antiga arte circense que
alm dos malabaristas, acrbatas e entre outros artistas humanos, animais amestrados tambm fazem
parte do elenco (MAGNANI, 1998 apud BARONI, 2006). Portanto, o circo tradicional pode ou no ter
animais.
Os mestres do circo tradicional so pessoas mais velhas e experientes que ensinam e transmitem os
saberes circenses para crianas e jovens (SILVA, 1996), diferente do circo atual, no qual professores
especializados em diferentes artes, inclusive nas circenses, ensinam esta prtica e filosofia. Esses
profissionais contriburam para a transformao do formato esttico do circo e de novas tcnicas inseridas
nele (JACOB, 1992 apud DUPRAT, BORTOLETO, 2007) no sentido de transmitir o conhecimento s
pessoas interessadas, em locais como escolas especializadas. Devido a estas transformaes, deu-se incio
ao circo novo. Este tipo de circo segue tudo aquilo que h de mais novo na sociedade: desde o saber
circense refinado at a alta tecnologia dos dias de hoje.
Outra forma de se referir a este tipo de circo por circo contemporneo, que significa o circo no tempo
atual. Este significado permite entender que o circo sempre foi contemporneo de acordo com o
conhecimento e saberes de cada poca, sempre buscando o que h de mais novo (DUPRAT, 2007). O
termo contemporneo relativo por se referir aos diferentes tipos de circo, ao dialogar com a sociedade e
com as expresses corporais do momento.
No entanto, o circo tradicional possui sua entidade prpria por saberes enraizados na tradio e
elaborados a milhares de anos por uma cultura nica e fechada, apresentados geralmente em locais livres
ocupando uma arena coberta por tenda, lona ou capa devido a falta de espaos adequados como
anfiteatros e similares. Por outro lado, as primeiras vises do circo novo foram destacadas pela juno da
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arte do teatro e do circo, possuindo em seu mbito antecedentes ou no de familiares circenses, porm
com rico valor artstico (DUPRAT, BORTOLETO, 2007), no qual os mais variados pblicos da
atualidade praticam essa arte em academias, escolas, clubes e ONGs (DUPRAT, 2007) com diversas
finalidades como lazer-recreao, fins educativos e sociais (BORTOLETO, MACHADO, 2003).
No contexto fsico, social, psicolgico, profissional e pessoal do indivduo, o circo uma verso moderna
de entretenimento (DE GSPARI, SCHWARTZ, 2006) e da prtica esportiva por conter riqueza motriz e
social e pela sua mesma importncia de outras prticas tradicionais (jogos, esportes, danas, etc)
(BORTOLETO, 2006) oferecendo relevante contribuio para a sociedade ao formar cidados
conhecedores das diferentes artes corporais brasileiras (GALLARDO, GUTIRREZ, 2008).
O circo do homem (por ter somente humanos nas performances) prioriza atletas de alto rendimento das
diversas sub-modalidades da ginstica (DUPRAT, 2007) adotando a motricidade especfica dos esportes,
pois contribuem para uma tcnica perfeita e extraordinria (BARONI, 2006). Os esportes de alto
rendimento e este tipo de circo visam a alta performance, causando uma relao entre eles. Sendo que,
nas ginsticas os atletas apresentam movimentos pr-determinados sujeitos a julgamentos e no circo os
artistas se movimentam livremente com a preocupao de entreter o pblico (SILVEIRA, SILVA,
CASTRO, 2008).
Pode-se visualizar nos movimentos circenses contemporneos uma necessidade da esttica do corpo
forte, gil e flexvel assim como nos esportes de alto nvel, observando em comum a disciplina e a tcnica
apurada (ROSA, 2003 apud BARONI, 2006). Tal fato permitiria utilizar o termo atletas circenses alm
de artistas circenses, pois mescla algumas caractersticas dos esportes de alto rendimento a arte do
circo, porm, o circo no deve deixar de ser visto como arte, graa, cultura e histria, que expressa
sentimentos emocionando a todos os espectadores.
Devido a isso, profissionais e pesquisadores da arte circense devem se atentar para que essa rea
encantadora aos olhos de todos no se torne sujeito a julgamentos e a regras, prejudicando a liberdade de
criar e a magia circense. Silveira, Silva e Castro (2008) afirmam que coregrafos do circo novo criam as
coreografias e os atletas obedecem. Isso pode interferir na criatividade e na oportunidade de serem
artistas que, no somente reproduzem, mas que criam a arte que compe o circo, desde a estrutura fsica
at o mais extraordinrio movimento.
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Os autores acima ainda citam que a viso de corpo do circo novo est muito prxima da viso das
ginsticas de competio no sentido de buscar uma aceitao e legitimao social. Por outro lado, essa
mudana que o circo novo trouxe, oportuna outras pessoas que possuem o talento circense a entrar para a
arte do circo. Assim, a valorizao, o aperfeioamento, o interesse e novas criaes crescero nesta rea,
proporcionando o prazer e o encantamento s pessoas espectadoras e praticantes.
MODALIDADES CIRCENSES
O circo pode ser classificado em prticas combinadas que englobam vrias modalidades distribudas em
diferentes grupos (ou famlias), como as acrobacias, areos, malabarismo e equilibrismo, oferecendo aos
praticantes um repertrio motor variado, pela sua complexidade. necessrio que as interpretaes
psicolgicas e fisiolgicas sejam feitas de acordo com a especificidade de cada modalidade envolvida
devido diferenciao das mesmas e tambm da intensidade relacionada a cada uma delas (BOMPA,
2002).
Neste mbito, algumas pesquisas tm proposto classificaes das modalidades circenses. Duprat (2007)
destaca trs classificaes com diferentes direcionamentos: i) a classificao adotada pelo CNAC da
Frana, estruturada para o desenvolvimento de artistas profissionais; ii) outra baseada no tamanho e
utilizao ou no de materiais para melhor aplicao na educao fsica escolar, bem como iii) as
modalidades advindas de determinadas unidades didtico-pedaggicas como tema organizador que
engloba gestos e movimentos corporais gerais similares para facilitar o professor e o aprendiz no
desenvolvimento terico-prtico dos exerccios. Para cumprir o objetivo biolgico proposto no presente
estudo, foi adaptada a ltima classificao citada, como demonstra a Tabela 1.
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Tabela 1- Classificao do grupo de modalidades circenses pela semelhana do gesto desportivo, especificidade e modalidade.
Semelhana do Gesto
Desportivo Especificidade Modalidades Circenses
Solo De Cho (solo).
Acrobacias Equilbrios Acrobticos
Paradismo (cho e mo-jotas); Poses Acrobticas em Dupla, Trio e Grupo.
Trampolinismo Trampolim Acrobtico; Mini-tramp; Maca Russa.
Areos Areos Trapzio Casting; Tecido Marinho; Lira; Corda Indiana; etc.
De Lanamento Bolas; Lenos; Aros; Claves, Bolas de Rebote; Tochas de Fogo, etc.
De Equilbrio Dinmico
Bolas; Vassouras; etc.
Giroscpicos Pratos; Diabol; I-i; Swing; Flag; Devil e Flower Stick.
Malabarismo
De Contato Bola de Contato; Agrupamentos de Bolas (Rolling) e Chapus.
Manipulaes de Objetos
Baralhos e Cartas; Moedas; etc. Mgicas
Manipulaes de Pessoas
Corpo Cortado pela Metade; Exploses, Desaparecimentos; etc.
Equilibrismo Funambulescos Perna de Pau; Monociclo; Arame; Corda Bamba; Rolo Americano (rola-rola); etc.
Expresso Corporal
Expresso Corporal Elementos das Artes Cnicas; Dana; Mmica; Msica.
Palhao Artes em Geral Artes Cnicas de Diferentes Tcnicas e Estilos.
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As aes motoras realizadas por um artista circense compem-se de vrios movimentos articulados,
porm as aes motoras que contenham semelhanas em seu contexto de determinado grupo de
modalidades sero destacadas nos prximos subttulos de forma isolada (ZAKHAROV, GOMES, 2003),
divididas em
i) acrobacias,
ii) areos,
iii) malabarismo e
iv) equilibrismo.
ACROBACIAS
As infinitas variaes de saltos entre os trs eixos de rotao corporal (longitudinal, transversal e sagital)
(BORTOLETO, 2003a) ou, movimentos de vos, rotaes e inverses (BORTOLETO, ESCALANTE,
2006a) caracterizam as acrobacias circenses.
Para conceituar acrobacia, entendida por habilidade antinatural no advinda de uma herana gentica,
necessrio basear-se nas ginsticas (artstica, rtmica, acrobtica, trampolim e geral), j que o domnio
corporal, a base motora e os princpios que violam as leis da fsica encontram-se em comum entre essas
modalidades esportivas e as existentes no circo (no caso, as do grupo de acrobacia) (BORTOLETO,
2008a). Porm, para o mesmo autor, o significado prprio deste termo no permite um conceito nico ou
um entendimento completo sobre o que realmente este fenmeno.
Nesta perspectiva, Silveira, Silva e Castro (2008) relatam que o circo e as ginsticas tm um mesmo
padro cientfico e tcnico, tendo em comum a educao corporal, sendo o carter competitivo das
ginsticas e a liberdade de expresso do circo, a principal diferena entre eles.
Essa relao ntima possibilita explorar os estudos existentes sobre as ginsticas para complementar as
pesquisas circenses. Portanto, de acordo com Bortoleto (2003a), na ginstica artstica encontra-se o solo e
a trave, na ginstica acrobtica os lanamentos e saltos, enquanto no circo, as modalidades acrobticas.
Na ginstica rtmica, o lanamento e a manipulao de objetos so inerentes, no circo tambm, porm na
execuo das modalidades de malabarismo. Na ginstica em geral existem diferentes espaos como o
trampolim e outros diferentes aparelhos, assim como no circo, onde encontra-se o tecido liso, o trapzio
fixo, entre outros.
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Neste sentido, por meio de relatos de Rego, Reis e Oliveira (2007), comprova-se que os exerccios da
ginstica artstica e os da ginstica acrobtica utilizam excessivamente os membros superiores. Quanto a
utilizao de membros inferiores destacaram que elevada no trampolim, pelos altos saltos que os atletas
atingem tendo que aumentar a eficincia desses membros na recepo dos exerccios. A ginstica rtmica
explora a flexibilidade em amplitudes extremas utilizando a fora. A artstica est sujeita a diferentes
recepes em superfcies variadas de acordo com o aparelho. Na acrobtica, os saltos so realizados em
menores alturas e freqncia.
Portanto, nas atividades do grupo de acrobacias circenses de acordo com sua variedade de movimentos
ocorre de forma semelhante, atribuindo alguns parmetros indiretos a prtica acrobtica do circo,
auxiliando este conhecimento aos preparadores fsicos circenses.
As acrobacias (de solo principalmente) costumam ser apresentadas em srie, ou seja, em sequncia de
movimentos acrobticos interligados, cujos exerccios so ensaiados com antecedncia (pr-
determinados) para sua realizao (PARLEBAS, 2001 apud BORTOLETO, 2008a).
O domnio corporal, ou seja, o controle do corpo no espao e no tempo advindo da acrobacia relevante,
por isso considerada como base da preparao corporal dos atletas circenses. Bortoleto (2008a) explica
que pela fora, flexibilidade, postura, coragem, dentre outras qualidades treinadas incansveis e
meticulosamente que a acrobacia se torna um papel importante no mbito circense. De forma dinmica e
prtica tais movimentos ensinam e atribuem ao repertrio motor dos atletas dando subsdios para carem
de forma correta tanto nas prprias acrobacias como tambm em outras atividades circenses, se
protegendo de possveis acidentes.
AREOS
Os movimentos realizados nas modalidades areas so condizentes estrutura de cada aparelho, que
permite ao artista realizar diversas variaes corporais com o destaque da qualidade e destreza dos
movimentos, porm necessitam de uma segurana garantida aos praticantes (BORTOLETO, CALA,
2007c).
Dos areos, o tecido acrobtico considerado o mais fcil de todos para aprendizagem, pois ele se adere e
se adapta ao corpo do praticante de acordo com suas caractersticas (BORTOLETO, CALA, 2007a), ao
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contrrio de outros materiais, como o trapzio e a lira, por exemplo, que o praticante se adapta ao
aparelho, exigindo mais fora e flexibilidade.
Porm, isso pode ser diferente para algumas pessoas que tm fora e flexibilidade apuradas e que
consigam melhor realizar outras prticas areas do que o tecido, que por sua vez, exige da coordenao
motora fina ao enrolar e desenrolar o tecido em todas as partes do corpo, fazendo isso, muitas vezes, na
posio invertida, o que necessita da noo temporal e espacial junto a essa habilidade.
No h regras para as prticas areas assim como todas as outras modalidades circenses, porm existe a
necessidade de criar e inovar, por isso, at o momento encontra-se quatro modalidades diferentes que
utiliza-se o tecido, sete do trapzio, trs da corda e da lira em seus diferentes tipos de formato. Assim,
varia-se a fixao, os truques, as quedas, os movimentos, as travas e as figuras entre elas. O tecido liso a
modalidade mais comum e conhecida, sua aplicao mais fcil devido a sua fixao e execuo, pois
para esse ltimo fator, necessita de uma pessoa somente. J o double tecido, uma modalidade realizada
em duas pessoas no tecido liso e os movimentos podem ser os mesmos realizados pelos dois (um em cada
parte do tecido ou na mesma parte) ou em forma de portagem, no qual o mais forte segura e d base para
o mais leve e flexvel. O tecido marinho uma das modalidades de tecido que se difere das outras na sua
amarrao, onde preso pelas duas extremidades numa distncia de 2 a 3 metros formando o desenho de
uma balana. Os movimentos so realizados no meio do tecido, parecida com outra modalidade circense,
a corda marinha. Ao ltima modalidade area de utilizao do tecido a ser citada, o tecido ao vo, que
semelhante modalidade faixa circense, e sua fixao parecida com a do tecido liso. Para o artista
realizar as manobras na extremidade do tecido, a altura do mesmo variada em relao ao solo, o que
aumenta as possibilidades de truques ao serem tracionadas pelo moito (manual) ou pelo guincho
(automtico) (BORTOLETO, CALA, 2007a). Os movimentos realizados neste aparelho so variados, j
que sua estrutura permite inovar amarraes assim como a forma de utilizao de acordo com a idia do
artista (BORTOLETO, CALA, 2007a).
Cala e Bortoleto (2008) descrevem pedagogicamente algumas subidas, figuras, travas e quedas bsicas
para praticar o tecido circense. Por meio das referncias bibliogrficas, percebe-se determinadas
semelhanas no gesto motor em vrios segmentos corporais destes movimentos, dentre eles, os braos e
as pernas que sustentam o peso corporal do praticante. Porm, no momento em que os membros
inferiores se movimentam para a preparao de alguma figura, queda ou trava, exercido com mais
facilidade devido ao tamanho do grupo muscular bem como sua quantidade e tipo de fibras existentes
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(BOSCO, 2007). Por outro lado, na posio invertida, a sustentao do peso corporal do praticante se d
pela fora dos braos ou por alguma amarra, normalmente com o tecido envolto da cintura ou pernas.
Quanto ao trapzio, sua estrutura consiste numa barra de ferro de aproximadamente 70 cm suspensa por
duas ou mais cordas de cabos de ao revestidas e fixadas com uma abertura um pouco maior que a da
barra, desenhando a figura geomtrica de um trapzio, para dar maior estabilidade durante a execuo dos
truques. Segundo relatos de Bortoleto e Cala (2007b), a estrutura compatvel com a modalidade do
trapzio, de forma que em algumas h contrapesos nas extremidades da barra para aumentar a
estabilidade do trapzio, porm, isso ocorre com mais frequncia no trapzio de balano, no qual
movimentos, figuras, truques e quedas utilizados tambm no trapzio fixo, dentre outros exerccios mais
complexos, so realizados quando o trapzio est em balano, tal como uma balana de parque.
O porto ou portor a principal caracterstica do doble trapzio (tambm realizado no trapzio de
balano). Tal truque realizado por dois indivduos: o aparador o mais forte e pesado para permitir
levar, lanar, agarrar e dirigir o volante, que por sua vez o mais leve e gil da dupla para executar
movimentos orientados pelo aparador. Enquanto, a condio principal do trapzio mltiplo ter duas
(duplo) ou mais pessoas (triplo, qudruplo...) realizando movimentos individuais ou sincronizados,
diferente do trapzio de vo, que necessrio um trapzio simples e outro para o port, alm da
banquilha (onde partem e chegam os artistas que balanam e voam). Por outro lado, o trapzio
washington ou wasinton possui um suporte de prancha de madeira na qual so realizadas manobras de
equilbrio e apoios invertidos com a utilizao ou no do rola-rola e/ou tanquinho (utilizado como apoio
de mos na realizao da parada de mos, esquadros, entre outras destrezas) geralmente com o trapzio
em balano ou em giros. E, por ltimo, o trapzio castin ou casting, estruturado por uma aparelhagem em
metal suspensa onde o portor apia os ps e preso no abdmem por um cinturo dando liberdade para
manipular o volante que realiza vrios movimentos. Esta modalidade de trapzio permite acrescentar o
trapzio de vo, e consequentemente, uma base intermediria (BORTOLETO, CALA, 2007b).
A lira pode ser considerada uma variao de trapzio, em sua forma redonda, quadrada, estrelada ou em
gota onde sua principal caracterstica o giro, que acessrios distorcedores o fazem. Existem tambm
suportes para parada de mos ou cabea acoplados na lira assim como no trapzio washington, e estafas
para prender as mos, ps e pescoo do artista assim como na corda indiana que, alm disso, giram com
auxlio de outra pessoa em torno de si e da corda realizando figuras. Na corda lisa, realiza-se semelhantes
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travas, quedas, suspensa pelas duas extremidades permitindo o artista realizar evolues parecidas com
o trapzio de balano quando feitos no centro da corda (BORTOLETO e CALA, 2007c).
No propsito de sintetizar as classificaes das modalidades areas, prope-se a Tabela 2.
Tabela 2- Classificao das modalidades areas
Aparelhos de Caracterstica Area
Modalidades Circenses
Tecido Tecido liso; Tecido marinho; Doble tecido; Tecido ao vo. Trapzio fixo; Trapzio de balano; Doble trapzio; Trapzio
mltiplo; Trapzio Trapzio de vo; Trapzio Washington; Trapzio Castin.
Corda Corda lisa; Corda indiana; Corda marinha.
Lira Forma de gota, estrela, quadrada e redonda. MALABARISMO
O malabarismo se agrupa em quatro categorias distintas: i) malabarismo de lanamento, ii) malabarismo
de equilbrio dinmico, iii) malabarismos giroscpicos e, por fim, iv) malabarismos de contato (DE
BLAS, 2000 apud DUPRAT, BORTOLETO, 2008), de forma que, a principal caracterstica deste grupo
de modalidade manipular diferentes objetos.
Na primeira categoria, os malabaristas lanam e recepcionam os objetos com uma, duas ou mais mos (no
caso de mais de uma pessoa), desenhando uma figura com os objetos lanados, podendo estes ser bolas,
aros, claves, lenos, entre outros. Existem vrios truques e formas de realizar esta forma de malabarismo,
como passar a bola por trs das costas, debaixo da perna, com os antebraos cruzados, entre outras
diversas maneiras. O ritmo para lanar, ou seja, a durao de tempo desde que a bola lanada ao ar at
ela ser recolhida pode ser descrito por siteswap, onde nmeros representam determinados ritmos
facilitando o aprendizado, a descoberta e a transmisso de truques (DUPRAT, BORTOLETO, 2008).
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A segunda classificao, segundo sua prpria denominao, mantm um ou mais objetos em equilbrio
dinmico instvel e marginal (DE BLAS, 2000 apud DUPRAT, BORTOLETO, 2008). O primeiro possui
um ponto de contato somente, assim como o equilbrio de uma vassoura na testa por exemplo, e o
segundo, utiliza uma linha reta como apoio para determinado objeto, como o exemplo do equilbrio de
uma bola entre a testa e o nariz. Na terceira classificao o objeto gira sobre si mesmo numa elevada
velocidade, mantendo-se em rotao sobre uma referncia, como os pratos, o diabol, o i-i (DUPRAT,
BORTOLETO, 2008) o devil stick, flower stick e o swing. A quarta classificao caracteriza o objeto em
contato com alguma parte do corpo do praticante causando a impresso de serem um s. Realiza-se
tambm lanamentos e giros com um ou mais objetos.
Por utilizar os dois lados do corpo atravessando a linha sagital, o malabarismo estimula os dois
hemisfrios cerebrais que atua na aprendizagem motora de forma enriquecedora. Desenvolve tambm a
capacidade de reao e raciocnio promovendo um aumento da concentrao e ateno, assim como um
aumento da capacidade da viso focal e ambiental, alm de ser comprovado mudanas na estrutura
cerebral e o envolvimento de habilidades cognitivas e percepo espacial complexa devido a prtica
malabarstica (DENNISON (1995), HAWK, 2001, FINNIGAN, 2001, DRAGANSKI, 2004, TRUZZI,
1979 apud MANSUR et al., 2007).
EQUILIBRISMO
A caracterstica principal para se determinar modalidades de equilibrismo o indivduo buscar o
equilbrio por meio de situaes que promovem o desequilbrio devido instabilidade das superfcies dos
materiais utilizados (BORTOLETO, LOPES, MORALES, 2008). Essas modalidades circenses podem ser
combinadas com acrobacias, malabarismo e hope skipping (saltar corda ou lao) (BORTOLETO, 2008c)
dependendo da estrutura do material de cada modalidade para permitir tais truques. Elas dependem
principalmente da atuao do sistema nervoso central e neuromuscular de membros inferiores, pois estes
servem como ponto de apoio, j que os materiais de equilibrismo no oferecem. Movimento rpido para
subir, semi-flexo de joelhos e a presso da superfcie da planta dos ps para manter o equilbrio em p,
apoiar-se em um dos ps para a movimentao do outro como tambm para a modificao da posio do
corpo, agachamentos e saltos (BORTOLETO, 2004) so comumente executados para a atuao eficaz
destes materiais.
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No rola-bola, esses movimentos e outros possveis so realizados por meio do deslizamento de uma
prancha sobre um cilindro, prevalecendo a superfcie instvel por meio de movimentos de equilbrio
dinmico (BORTOLETO, 2008b). Enquanto a perna de pau altera a estatura normal do praticante,
modificando tambm os aspectos mecnicos e sensitivos ao ficar em torno de 50 cm a mais do que a
altura habitual. Pode se apresentar em vrios tipos, formas, alturas e materiais de acordo com o objetivo,
disponibilidade financeira, entre outras situaes. O desequilbrio constante nesta prtica devido ao
apoio no solo de tamanho semelhante a uma dcima parte de um p de adulto, sendo difcil manter a
posio esttica, particularidade esta, de atletas com treinabilidade desenvolvida. A perna de pau
considerada como convencional a qual exerce as pernas e os ps como apoio de forma fixa
impossibilitando o abandono do material. Outro tipo de aparelho com o apoio nas mos tendo os ps e
as pernas livres, o que permite o praticante deixar a perna de pau a qualquer momento (BORTOLETO,
2003c).
J o monociclo permite o praticante realizar os movimentos sobrepondo-se a instabilidade de uma roda
em apoio ao cho. Sua estrutura consiste em uma roda, p de vela para fixar os pedais, garfo ou estrutura
de metal e um banco de acento. Existem 5 modalidades de monociclo que se diferenciam pelos
obstculos a ser enfrentados como tambm pela estrutura, modificando o pneu, garfo e banco de acento
de acordo com sua especificidade. Entre eles esto: monociclo trial, monociclo mountain, monociclo
street, monociclo freestyle e monotravessia. O monociclo do tipo girafa e o monociclo ultimate wheel
so modalidades de monociclos utilizados de acordo com o objetivo e a maturidade do praticante
(BORTOLETO, LOPES, MORALES, 2008).
CAPACIDADES BIOMOTORAS E METABOLISMO ENERGTICO DAS MODALIDADES CIRCENSES O circo ou a atividades circenses entendida como desporto (prtica corporal) possui um conjunto de
aes motoras, as quais so integrantes e especficas para a preparao do artista (ZAKHAROV,
GOMES, 2003). A figura 1 demonstra que o circo possui suas modalidades de acordo com as
caractersticas que contemplam o grupo dos areos, acrobacias, malabarismo e equilibrismo, tais grupos
possuem suas modalidades. As quais foram citadas no presente estudo esto representadas em cada
agrupamento respectivamente. Entre essas modalidades agrupadas encontra-se semelhanas nas aes
motoras. demonstrado tambm que a capacidade de fora motora e o metabolismo anaerbio so
predominantes diante das caractersticas das modalidades com exceo do malabarismo e equilibrismo e,
nas prprias modalidades, encontra-se as sub-divises de fora e o metabolismo anaerbio e aerbio
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atuando de forma especfica. Diante destes apontamentos, h interao e interdependncia entre estes trs
fenmenos.
Figura 1- Inter-relao das aes motoras circenses por meio de trs vertentes e, as capacidades biomotoras e as sub-divises de fora como fatores dependentes para tais atividades. Pelos termos capacidade e motora subentende-se por uma medida de potencial das aes motoras
altamente modelveis e treinveis (BARBANTI, 2001). Gomes (2009) tem utilizado o conceito de
capacidade biomotora, por unir o componente biolgico ao motor dos gestos e capacidades desportivas.
Por meio destes pressupostos e relatos de Barbanti (2001), percebe-se a participao nas atividades
circenses das capacidades coordenativas controladas pelos processos de conduo nervosa do sistema
nervoso central e determinadas pelo metabolismo energtico dos msculos e sistemas orgnicos que,
regulam e organizam o movimento, por isso, indispensveis nos gestos tcnicos dos movimentos
esportivos. O autor ainda menciona que, para qualquer rendimento desportivo, necessria a harmonia de
parmetros diferentes e envolventes em vrios sistemas corporais, como sistema nervoso central, sistema
cardiovascular, sistema muscular, hormonal, entre outros.
Como capacidade biomotora, a fora determinante para a realizao das atividades circenses,
especialmente para acrobacias e areos. Alm disso, tem-se a relao da fora com a coordenao motora
e o equilbrio para o malabarismo e equilibrismo respectivamente. De acordo com Forteza (2006), a fora
uma capacidade biomotora condicionante, por depender de fatores energticos que possibilitam a
atividade neuromuscular e a transformao da energia qumica em mecnica para gerar movimento. Em
toda modalidade esportiva esta capacidade includa para o condicionamento dos atletas, pois todos os
movimentos humanos e posturas corporais (MARTIN, CARL, LEHNERTZ, 2008), como tambm para
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haver locomoo diante da fora gravitacional presente no universo, preciso trabalhar os aspectos
fisiolgicos para vencer esta fora externa, aspectos tais representados pela tenso muscular que
modulam a velocidade de execuo de um movimento (BOSCO, 2007) contribuindo para as modalidades
desportivas, dentre elas, o circo.
No entanto, pode-se observar que a fora expressa por duas diferentes formas de acordo com a
especificidade de cada exerccio e modalidade: esttica ou dinmica, ativa ou reativa. A fora esttica
produz tenso sem movimento podendo ser encontrada principalmente nas atividades areas e nas poses
acrobticas onde sustentam o peso corporal pelos braos e/ou pernas permitindo a movimentao de
outros segmentos corporais. Para isso, necessita de uma tenso apurada do centro do corpo (regio
abdominal) para equilibrar-se diante da fora gravitacional e assim, realizar determinada atividade. Em
contraste, a fora dinmica acontece devido a variao de comprimento do msculo por meio das fases
concntrica e excntrica gerando movimento (BOSCO, 2007; BARBANTI, 2001), na qual execues de
acrobacias de solo e trampolim, malabarismo e equilibrismo apresentam em maior freqncia em relao
outras atividades circenses.
Por outro lado, a fora pode ser ativa ou reativa. Ativa quando o movimento caracteriza um ciclo simples
de trabalho muscular expressado pela combinao da fora mxima dinmica, a qual realiza com uma
carga mais elevada possvel sem limite de tempo apenas um movimento, com a fora rpida, a qual
expressa a maior fora num menor tempo possvel. De forma distinta, a fora reativa existe quando o
movimento caracteriza-se de um ciclo duplo de trabalho muscular por meio da combinao da fora
rpida elstica, a qual possui a fase excntrica (alongamento) anterior a fase concntrica (encurtamento),
com a fora rpida elstica reflexa que permite o movimento de amplitude reduzida e um ciclo duplo
rpido devido a conseqncia de um contramovimento (ao excntrica) (ARRUDA, HESPANHOL,
2008). A maioria dos gestos motores realizados nas atividades circenses caracteriza-se pela ao da fora
reativa, tendo como padro de movimento o ciclo alongamento-encurtamento da musculatura. Em alguns
casos, como o malabarismo de lanamento, verifica-se a fora ativa, como fase concntrica bem definida
no exerccio.
necessrio destacar que as atividades circenses expressam a fora de diferentes formas em um s
movimento, pois os segmentos corporais atuantes realizam trabalhos diferentes no contexto global do
exerccio. Porm, existe uma predominncia no s do tipo de fora, mas tambm em outras
caractersticas fisiolgicas. Nisto, a fora representada por trs principais subdivises:
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i) resistncia de fora,
ii) fora mxima e
iii) fora rpida.
Martin, Carl e Lehnertz (2008) relatam que a manifestao da capacidade de resistncia de fora necessita
do domnio da fora mxima sobre uma carga e do domnio do metabolismo da musculatura sobre a
durao desta carga. Nestas circunstncias, para realizar movimentos sequenciais em um prolongado
tempo mantendo sua eficincia, preciso superar a fadiga, assim, consegue-se resistir aos trabalhos de
fora que expressam a tcnica condizente a cada modalidade.
Esta capacidade relacionada s subdivises de fora, pois a partir do momento que as aes motoras de
fora mxima e rpida so executadas de forma contnua, ou seja, repetidas vrias vezes, podem ser
classificadas especificamente como fora de resistncia, que cujo conceito de Barbanti (2001) realizar
movimentos de fora em um perodo longo de tempo. Este conceito deve ser considerado para as
acrobacias de solo e trampolim, e malabarismo de lanamento e giroscpicos, mesmo sendo a intensidade
e o tipo de movimentos diferentes.
Portanto, nas execues de equilibrismo e malabarismo, a freqncia de impulsos nervosos so elevados
devido a baixa sobrecarga (BOSCO, 2007), assim permite que o tempo de execuo seja maior em
relao aos areos e acrobacias, que por sua vez exigem elevada fora de maiores grupos musculares,
gastando mais energia (BARBANTI, 2001).
Em outras circunstncias, a fora mxima dinmica recruta a maioria das unidades motoras disponveis
no msculo possibilitando um maior nvel de fora para superar a sobrecarga, inclusive as fibras rpidas.
Por isso, no conseguem aumentar a velocidade, devido ao nmero de fibras rpidas indisponveis. Com
cargas menores a estas, velocidade mxima e submxima de execuo so permitidas, por meio da
ativao das fibras velozes e sua quantidade. Quanto a fora mxima esttica, o recrutamento das
unidades motoras e freqncia de estmulos so progressivos, exceto na ativao rpida, que recruta as
fibras concomitantemente e a freqncia de estmulos dada desde o incio da contrao (BOSCO,
2007).
Quando um grupo muscular pequeno chega prximo a 50% da contrao mxima esttica, outras
unidades motoras so recrutadas para auxiliar na tenso. Em contraste, antes de um grupo muscular
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grande atingir 80-85% da fora mxima esttica, as unidades motoras recrutadas at este estgio no
sentem a necessidade de ajuda, so suficientes at o exato momento (BOSCO, 2007). A tal fato, as
atividades areas e as poses acrobticas (modalidades tais classificadas como dependentes
predominantemente da fora mxima), se exemplificam nestas duas situaes de tamanho de grupo
muscular: na execuo dos areos a fora mxima representada por grupos musculares menores em
relao aos grupos musculares ativados na execuo da acrobacia coletiva.
Da mesma forma que a fora mxima, a fora rpida recruta as fibras velozes e sua quantidade, a qual
executa movimentos de forma mais veloz possvel num curto espao de tempo. Weineck (2003) classifica
esta sub-diviso da fora em capacidade neuromuscular de movimentar o corpo, parte dele e objetos em
mxima velocidade e dependente da especificidade da modalidade desportiva. Esta capacidade pode ser
encontrada nas modalidades acrobticas de solo e trampolim e tambm no malabarismo, pois este ltimo
realiza movimentos que exigem da fora rpida para manipular objetos com eficincia e preciso.
Importante destacar que a fora e suas sub-divises determinam a execuo das atividades circenses
como areos, acrobacias, malabarismo e equilibrismo. Entretanto, capacidades como coordenao motora
e equilbrio podem ser destacadas para o malabarismo e equilibrismo respectivamente. Da mesma forma,
ressalta-se a flexibilidade como um fator importante para acrobacias e areos (GOMES, 2009).
A flexibilidade est relacionada ao desenvolvimento de outras capacidades como a fora, a velocidade e a
coordenao, pois a reserva de flexibilidade (possibilidade de aumento da amplitude articular), atingida
com o treinamento, permite o indivduo executar movimentos rpidos, enrgicos, fceis e expressivos,
sendo que durante os nmeros circenses a mobilidade das articulaes podem atingir 85-95% da
capacidade anatmica-esqueltica (ZAKHAROV; GOMES, 2003). A flexibilidade nas atividades
circenses apresenta determinncia no resultado adquirido para tornar o movimento belo e eficiente.
Quanto ao desenvolvimento especfico desta capacidade nas acrobacias e nos areos basicamente em
todas as articulaes, enquanto no malabarismo so ombros e punhos e no equilibrismo so tornozelos,
joelhos e quadril.
J a coordenao motora controlada pelo sistema nervoso central e relaciona as outras quatro
capacidades, alm disso, ela importante para aperfeioar a tcnica desportiva, assegurar o indivduo
diante de situaes no conhecidas e na perda de equilbrio. Por meio desta capacidade o indivduo
consegue realizar vrios exerccios complexos, todos com rapidez, preciso e eficincia (BOMPA, 2002).
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Alm da importncia desta capacidade para o quesito segurana na prtica das atividades circenses,
tambm algo indispensvel na execuo para suprir a complexidade das modalidades assim como a
combinao entre elas (perna de pau e malabares, rola-rola e malabares, entre outros).
Diante de tais perspectivas, apresenta-se na figura 2 as capacidades biomotoras necessrias a performance
nas atividades circenses bem como as subdivises de fora motora, considerada determinante para a
maioria das modalidades.
Figura 2- Capacidades biomotoras necessrias a performance nas atividades circenses.
No que concerne o metabolismo energtico, Bellotto (2008) classifica as acrobacias de solo e trampolim
como atividades explosivas que, necessitam de energia imediata devido a contrao muscular rpida que
o sistema anaerbio altico provm. Bompa (2002) afirma que o sistema anaerbio altico decompe a
CP para ressintetizar o ADP+P em ATP em somente 8 a 10 segundos devido a armazenao limitada na
clula muscular deste substrato e, para sua reposio completa preciso de 3 a 5 minutos ou, 30 segundos
para repor 70% do estoque energtico. Essa afirmao permite a classificao das acrobacias de solo e
trampolim serem de metabolismo ltico, pois esses nmeros acrobticos ultrapassam os 10 segundos e
muitas vezes 60 segundos, tendo o sistema aerbio parcialmente responsvel por fornecer energia, porm
a predominncia do metabolismo anaerbio ltico pela alta intensidade dos exerccios.
importante enfatizar que numa apresentao de acrobacia de solo e trampolim, os exerccios sero
executados frequentemente com corridas leves para mudana de posio e danas para compor a
coreografia, enquanto isso, no organismo feito a ressntese parcial do substrato energtico, pois segundo
Bompa (2002), para recuperar o sistema anaerbio ltico preciso de pelo menos 2 minutos, o que
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depende da capacidade aerbia, tipo de fibras, quantidade de MCT4 e MCT1 (GOMES, 2009) do
organismo do indivduo. Certo de que, se a coreografia for composta por um conjunto de sries
acrobticas que no excedam 8 a 10 segundos e, por pausas ativas de 30 segundos recuperando pelo
menos 70% da CP, o sistema energtico predominante ser o anaerbio altico.
No sistema aerbio, a freqncia cardaca e a taxa respiratria precisam aumentar para transportar a
quantidade necessria de O2 nas clulas musculares para degradar o glicognio, este disposto pelo
armazenamento nas clulas musculares e no fgado. A energia gerada pela ressntese de ADP+P no
metabolismo aerbio durante o ciclo de Krebs por meio da presena do oxignio, o que enfatiza a
extrema importncia do nvel de participao do oxignio para definir a atuao dos sistemas energticos.
fato lembrar que, haver atuao do sistema anaerbio e aerbio concomitantemente, pois na aerobiose
h uma pequena concentrao de lactato na corrente sangunea e graas ao O2 ele oxidado e seu
esqueleto carbnico totalmente eliminado na forma de CO2. E na anaerobiose, h a presena do
oxignio, porm no suficiente para degradar substncias cidas em tempos muito curtos. A tal propsito,
estudos mostram que entre 60 a 70 segundos aps o incio do exerccio, a participao de cada
metabolismo de 50% e que, no final do primeiro minuto de um exerccio intenso a participao do
metabolismo aerbio de 47% (KEUL; DOLL; KEPPLER, 1969; MADER; HOLLMANN, 1977 apud
BOMPA, 2002). Weineck (2003) afirma que a intensidade e a durao da atividade so as responsveis
pela seleo do metabolismo energtico ao utilizar o substrato condizente s necessidades metablicas. A
figura 3 apresenta uma mdia em relao ao suprimento de ATP por diferentes vias energticas em seu
respectivo tempo de acordo com os autores citados acima.
Figura 3- Suprimento de ATP por diferentes vias energticas em seu respectivo tempo.
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Bellotto (2008) classifica os areos como atividades de fora que no excedem 2 minutos, neste caso, o
sistema anaerbio ltico atuante, enquanto a fora aplicada prtica malabarstica e s modalidades de
equilibrismo, permite vrios minutos de durao de execuo na presena de oxignio por meio do
metabolismo aerbio. A autora ainda destaca que, ao realizar as modalidades acrobacias, areos,
malabarismo e equilibrismo por um tempo prolongado ou, vrios nmeros circenses num mesmo
espetculo, independente de sua capacidade predominante e especificidade, como acontece nas
apresentaes, o sistema atuante o aerbio.
Segundo Bortoleto e Duprat (2008), o tempo de execuo de uma apresentao de paradismo (parada de
mos sob diferentes truques de membros inferiores, alm das contores, pranchas e equilbrio) de at 8
minutos, porm quando a modalidade a acrobacia coletiva ou pose acrobtica, o nmero circense pode
ter o mesmo tempo de durao, mas os artistas no ultrapassam 10 segundos em cada figura executada,
sempre havendo uma variao de poses. Devido a esta informao, pode-se considerar esta modalidade
com predominncia de metabolismo anaerbio altico, se considerar os movimentos isolados numa
apresentao que fornece energia em pouqussimos segundos num elevado nvel de fora, porm ser
considerado o nmero circense como um todo tornando o metabolismo anaerbio ltico em
predominncia.
Considerando estas afirmaes, implica a importncia do desenvolvimento metablico de resistncia
aerbia determinado entre a relao das reservas energticas disponveis e da velocidade de consumo de
energia (ARRUDA, HESPANHOL, 2008) para o treinamento e a apresentaes das modalidades
circenses, pois os movimentos de determinada modalidade sero executados de forma contnua numa
mesma apresentao ou movimentos de diferentes modalidades num mesmo espetculo. Este tipo de
resistncia garante a capacidade de recuperao dos substratos durante os intervalos de treinos
(micropausa e macropausa) diante de trabalhos extremos (FORTEZA, 2006), como o caso das
modalidades circenses.
Neste sentido, a resistncia de fora dependente do metabolismo aerbio e anaerbio, o primeiro
permite que o atleta trabalhe em intensidade alta em menor concentrao de cido ltico e assim,
aumentar a energia total disponvel, auxiliando na recuperao (BOMPA, 2002). O outro, auxilia na
manuteno da fora durante a execuo, j que os diversos sistemas tamponentes (bicarbonato, fosfato,
plasma, etc) iro impedir uma alterao drstica intracelular, fazendo com que as enzimas continuem
atuando na mesma velocidade mantendo o fornecimento de energia.
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Ademais, foi proposta na tabela 3 uma classificao conforme predominncia do tipo de contrao
muscular, capacidades biomotoras e via energtica dos gestos motores de modalidades circenses
semelhantes. Foi preciso separar a acrobacia coletiva das outras devido ao tipo de fora distinto
comparado s outras acrobacias.
Tabela 3- Classificao conforme predominncia do tipo de contrao muscular, capacidades biomotoras
e via energtica do agrupamento e/ou modalidades circense da mesma caracterstica e de gestos motores
semelhantes.
Modalidades circenses e grupo de modalidades
Tipo de contrao Capacidades Via energtica/
de caractersticas semelhantes muscular biomotoras Metabolismo
Acrobacias de solo e trampolim Dinmica/Reativa Fora rpida Anaerbio ltico
Acrobacias coletiva/poses acrobticas Esttica Fora mxima Anaerbio ltico
Atividades areas Esttica Fora mxima Anaerbio ltico
Malabarismo Dinmica/Ativa Resistncia de
fora Aerbio
Equilibrismo Dinmica/Reativa Resistncia de
fora Aerbio
EXERCCIOS COMO MEIO DE TREINAMENTO DAS ATIVIDADES CIRCENSES
Martin, Carl e Lehnertz (2008) afirmam que o treinamento ocorre em diversas reas de atuao, inclusive
para atividades no competitivas, como o caso das atividades circenses, na inteno de influenciar
sistematicamente o desempenho a ser desenvolvido, a apresentao e o sucesso dos mesmos, sempre
considerando a individualidade biolgica.
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Foi visto que a capacidade de fora determinante entre as diferentes modalidades circenses e em alguns
casos como no grupo de modalidade de caractersticas area e acrobtica, esta capacidade
predominante. Para que ela se manifeste eficientemente no momento das apresentaes necessrio um
suporte de treinamento. Alm da metodologia, os exerccios ou meios de treinamento so necessrios
para atingir determinado objetivo independente do tipo da modalidade. Eles caminham juntos em busca
de um determinado objetivo de preparao. Existem duas direes de se trabalhar a capacidade de fora:
de forma geral ou especial. Barbanti (2001) relata que o treinamento geral de fora necessrio para
desenvolver a musculatura de todo o corpo do praticante, no somente aquela poro que utilizada no
gesto motor especfico da modalidade. De forma contrria, o treinamento especial de fora trabalha
exerccios parecidos com o gesto motor executado durante a ao esperada, ou seja, so imitaes
parciais que fortalecem os mesmos msculos realizados durante o ato esperado e da importncia deste
trabalho, por ser prximo do padro esportivo, pois a fora especfica para cada modalidade.
O exerccio fsico o meio principal na preparao do desportista no sentido de utilizar as aes motoras
adequadas ao tipo da prtica esportiva, como no caso das atividades circenses. Eles podem ser
apresentados em exerccio competitivo, o qual objetiva resultados mximos simulando as condies reais
das competies, como seqncia de apresentaes, seqncia de exerccios, aquecimento, alimentao,
msica, local, aparelho, temperatura ambiente, vestimenta, entre outros; exerccio preparatrio especial, o
qual corresponde a treinabilidade dos principais exerccios que determinam o exerccio preparatrio
competitivo; e preparatrio geral, o qual potencializa o desenvolvimento natural do organismo reforando
o que determinante na modalidade esportiva (ZAKHAROV, GOMES, 2003).
No sentido de exemplificar a importncia dos exerccios fsicos, a tabela 4 apresenta uma sesso de treino
circense com o objetivo de atingir melhora nos exerccios de trapzio fixo, como figuras e quedas, assim
como adquirir resistncia especfica para determinada tarefa e conseqentemente para outras modalidades
circenses que contenham os gestos esportivos semelhantes a estes.
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Tabela 4- Exemplo de uma sesso de treinamento voltada ao desenvolvimento da resistncia especfica para trapzio fixo.
Sesso de Treinamento Exerccios Recuperao
Aparelhos Utilizados
Tempo de Durao
Alongamento ativo e dinmico de todas _ Colches sarneji; 20 minutos
Aquecimento artilculaes + tatame
acrobacia de solo 3 repeties de 20 segundos
9 figuras diferentes entre as figuras
com 6 segundos de Trapzio fixo;
Desenvolvimento execuo de cada
uma colches 30 minutos (+) para proteo 2 sries para cada 2 minutos
4 quedas diferentes entre as quedas
3 Exerccios abdominais
(reto, infra e olblquo)
4 sries de 20 repeties
40 segundos
em cada exerccio
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Volta calma (+) Colches ou
tatame 10 minutos
Alongamento passivo de
membros inferiores
e _ ativo de membros superiores e tronco
A acrobacia de solo pode ser adotada como parte da preparao geral dos artistas circenses e como
aquecimento das sesses diante de todas as modalidades, pois para sua execuo vrios grupos
musculares e segmentos corporais estaro atuando. Por meio de suas evolues acrobticas, o controle e
domnio corporal so explorados, dando subsdios para outras modalidades circenses. Em sua maioria, os
praticantes de acrobacias tm mais habilidade em executar outras modalidades do que os que no
praticam.
O desenvolvimento desta sesso de treino feito por figuras e quedas possveis em realizar no trapzio
fixo, tais exerccios sero determinados de acordo com o nvel de aptido de cada indivduo bem como da
turma. Por considerar atletas circenses de nvel mdio, optou-se de forma regressiva em relao a
intensidade e dificuldade, pois exerccios de alta complexidade exigem mais energia e concentrao no
momento da execuo, onde o incio do esforo supre esta demanda devido aos estoques energticos mais
elevados em comparao ao final do desenvolvimento da sesso de treino. Como exemplo de seqncia
das figuras pode-se considerar: pose de rim, cristo invertido, plunch na corda, cama, cristo, banana com
giro, single knee hang, splits, birds nest; e de quedas: queda do anjo, queda do p saindo da posio
sentada, queda do pike e um giro e meio em volta da barra. Esta ordem de exerccios deve-se a explicao
de Weineck (2003): no incio da atividade adquire-se condies para contrao forte e rpida.
Para otimizar o trabalho final, ou seja, a condio biomotora desejada, possvel aplicar exerccios
preparatrios gerais e localizados (aqueles que trabalham menos de 1/7 da musculatura total do corpo
humano). Com essas condies, aconselhvel treinar os segmentos corporais consideravelmente
decisivos para os exerccios circenses na fase final da sesso. A regio core (regio central do corpo)
uma das mais importantes, seguida de membros superiores, devido a utilizao freqente destes
seguimentos corporais, principalmente entre os exerccios das modalidades areas e acrobticas, sendo
que o equilibrismo utiliza principalmente os membros inferiores e a regio core para suas realizaes,
enquanto no malabarismo supera-se a resistncia de fora de membros superiores para manipular os
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objetos, os membros inferiores para mudana ou manuteno da posio e a regio core paradar
sustentao aos movimentos. Por isso, exerccios localizados como abdominais, extenso de tronco, e
flexo de braos seriam uma tima opo, assim como exerccios funcionais para complementar esta fase
do treino.
Antes do trmino da sesso necessrio aproximar-se fisiologicamente s condies iniciais da mesma
por meio de alongamentos. Neste momento, importante destacar para a dissociao entre flexibilidade e
alongamento para no haver desagradveis situaes de desconforto para o atleta prejudicando o seu
rendimento. preciso atentar com a forma e o momento de trabalhar os meios respeitando a metodologia
e periodizao estruturada, para que no deprecie as capacidades biomotoras e assim, no prejudique a
performance das apresentaes e dos treinamentos.
A tal propsito, Barbanti (2001) menciona que o desenvolvimento de uma capacidade biomotora
acarretar a influncia positiva ou negativa em outras capacidades, que depender da treinabilidade do
indivduo e da sobrecarga utilizada na realizao dos exerccios. De qualquer forma essa influncia
existe, devido a ao paralela das capacidades, principalmente pelos efeitos concorrentes do treinamento
aumentando a importncia do controle das cargas de treino.
Nisto, possibilita atribuir s atividades circenses outras prticas na inteno de somar os meios de
treinamento dessas atividades. O treinamento funcional pode auxiliar no perodo de trabalho da fora
especial, pois desenvolvido para trabalhar a funcionalidade dos movimentos especficos para cada
indivduo em relao sua atividade no sentido de atingir a melhor performance e tambm, como
exerccios preparatrios gerais, pois o indivduo treinado poder adquirir as capacidades biomotoras de
equilbrio, fora, velocidade, coordenao, flexibilidade e resistncia de maneira simultnea, por meio de
movimentos, tornando a atividade dinmica e abrangendo novas experincias ao indivduo a cada sesso
de treino (DELIA, 2008).
Por meio de relatos de Weineck (2003), o programa de treinamento deve ser especfico quando o
movimento tambm for, e por isso diferenciado, porm quando houver semelhanas na ao motora o
treino deve ser o mesmo.
Pelo dinamismo dos movimentos que aumentam o repertrio motor dos indivduos e por alguns materiais
utilizados como bolas e superfcies instveis encontrados semelhantemente entre as modalidades
circenses e o treinamento funcional, permite um auxlio mtuo entre elas: o treinamento funcional pode
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contribuir para a melhor performance da prtica circense por meio da especializao e generalizao das
capacidades e habilidades treinadas, por outro lado, a prtica circense pode ser adotada como forma de
preparo fsico em outras modalidades esportivas e tambm como meio para objetivar a sade e qualidade
de vida dos indivduos. fato destacar que nem todas as modalidades circenses so viveis treinar
movimentos paralelos na inteno de melhorar determinada habilidade, neste caso, o indicado a
repetio do prprio movimento.
Diante de qualquer classificao de exerccios fsicos, seja ele preparatrio especial, preparatrio geral ou
competitivo, deve-se sempre buscar a supercompensao na estruturao do treinamento desportivo, por
meio da intensidade adequada, assim restaura-se a energia, evita-se nveis crticos de fadiga, assegurando
um resultado desejvel ao treinamento (BOMPA, 2002). Frente a estes apontamentos, necessrio
atentar-se que a prescrio de meios de treinamentos voltados s modalidades circenses depende de
fatores como:
i) momento da preparao para as apresentaes,
ii) tempo disponvel,
iii) objetivos a serem alcanados, bem como
iv) as caractersticas morfofuncionais, maturacionais e nvel competitivo dos atletas circenses.
CONSIDERAES FINAIS
Destacou-se no presente estudo que a atividade circense, circo ou arte circense, pode ser considerada um
desporto com diferentes direcionamentos, para o lazer-recreao, o alto rendimento ou a educao. Esta
arte possui variadas modalidades, nas quais os artistas executam movimentos tcnicos e usam de sua
criatividade para inventar novos movimentos no sentido de encantar o pblico e inevitavelmente o
prprio praticante.
O circo novo influenciado por indivduos de diferentes conhecimentos, tanto prtico quanto cnico,
artstico e fsico, se diferenciando do circo moderno por ser desenvolvido por famlias tradicionais
circenses, o que no deixa de possuir caractersticas prticas, cnicas, artsticas e fsicas, porm de forma
emprica. De qualquer maneira, o circo objetiva surpreender o pblico sem regras a ser cumpridas e a
julgamentos que decidem seu status diante de federaes como acontece nos esportes de alto rendimento.
O presente estudo analisou principalmente a capacidade biomotora de fora e suas sub-divises. A partir
disso, percebeu-se que esta capacidade encontra-se presente e determinante para a execuo das
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atividades circenses, mesmo no sendo esta a capacidade predominante, como o caso do malabarismo e
equilibrismo que, encontra-se outras capacidades biomotoras predominantes para se expressarem de tal
forma, como a coordenao motora e o equilbrio respectivamente. Porm, fato destacar que, as outras
modalidades dos grupos de acrobacia e areos onde a capacidade de fora predomina, tambm existe a
participao de outras para os movimentos serem realizados com eficincia, como a resistncia, a
velocidade e suas sub-divises que podero ser analisadas especificamente em outros estudos. Por este
motivo, no devem ser desconsiderados os princpios de treinamento para se desenvolver as capacidades
envolventes com os exerccios propostos por cada modalidade circense.
Nas modalidades de acrobacias de solo e trampolinismo, a fora rpida predomina gerando energia por
meio do metabolismo anaerbio ltico devido a movimentos velozes utilizando a fora em um curto
espao de tempo, porm, em repetidas vezes. Enquanto a acrobacia coletiva e as modalidades do grupo
areos utilizam em maior instncia, da fora mxima para suas evolues, dependendo do metabolismo
anaerbio ltico devido a alta intensidade aplicada repetidas vezes na realizao dos movimentos em um
nmero circense destas modalidades, o malabarismo e o equilibrismo so atividades que utilizam da
resistncia de fora gerando energia por meio do metabolismo aerbio devido a baixa carga que permite
um tempo longo de execuo. Portanto o metabolismo anaerbio predomina entre as modalidades
circenses, de forma que deve atentar-se para a sesso de treino dessas atividades utilizando os princpios
fisiolgicos para aplicar tais atividades com eficincia e segurana aos praticantes.
A resistncia de fora a capacidade biomotora indispensvel s modalidades, pois nos treinamentos
assim como nos espetculos, os exerccios so realizados constantemente necessitando da capacidade
aerbia para manter os nveis energticos gerando preciso e eficincia s execues dos atletas. Desta
forma, os exerccios preparatrio geral, especial e competitivo contribuem para uma efetiva sesso de
treino, desde que organizados de acordo com a fase da periodizao.
A reviso de bibliografia realizada permite levantar indicadores para futuros estudos experimentais, os
quais podero obter dados objetivos e que talvez permitam interferncias cientficas sobre quais
capacidades biomotoras se destacam em cada uma das diferentes modalidades circenses. Porm, tornam-
se importante estes direcionamentos j que vasto a pesquisa na rea do circo, principalmente no aspecto
biolgico que encontra-se necessitado de interesse cientfico no sentido de melhorar a performance dos
atletas e artistas circenses.
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A partir disso, sugere-se em futuros estudos atentar-se para
i) periodizao das atividades circenses,
ii) atividades circenses como meio para o treinamento funcional,
iii) alimentao adequada para atletas circenses de acordo com determinada modalidade,
iv) exerccios preparatrios especiais para alta performance em determinado movimento e/ou modalidade
circense, v) a eficincia de exerccios propostos ao resultar em determinado movimento e vi) analisar
outros agrupamentos de modalidades circenses, do mesmo modo deste estudo.
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RAQUEL DE BRITO SACCO Universidade Metodista de Piracicaba/UNIMEP Faculdade de Educao Fsica e-mail: [email protected] Telefones para contato: (19) 9238-1390 ou (19) 3702-5628 Tiago Volpi Braz Laboratrio de Avaliao Fsica e Monitoramento do Treinamento Desportivo (LAFIMT) Universidade Metodista de Piracicaba- Campus Taquaral e-mail: [email protected] Rodovia do Acar, KM 156 CEP: 13.400-911 Piracicaba - SP Referncia do artigo ABNT SACCO, R. B.; BRAZ, T. V. Atividades circenses: caracterizao das modalidades, capacidades
biomotoras, metabolismo energtico e implicaes prticas. Conexes, v. 8, n. 1, p. 130-
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APA Sacco, R. B., & Braz, T. V. (2010). Atividades circenses: caracterizao das modalidades,
capacidades biomotoras, metabolismo energtico e implicaes prticas. Conexes, 8(1),
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VANCOUVER Sacco, RB., BRAZ, TV. Atividades circenses: caracterizao das modalidades, capacidades
biomotoras, metabolismo energtico e implicaes prticas. Conexes, 2010; 8(1): 130-162.
Recebido em: 04/11/2009 Aceito para publicao em: mar. 2010