artigo 2 - a visão de mundo cristã é a melhor explicação

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A visão de mundo cristã é a melhor explicação Por J. Warner Wallace www.pleaseconvinceme.com Como detetive, tenho uma profissão interessante. Tenho que entrar na cena do crime e avaliar as evidências que estão diante de mim: é morte natural ou é homicídio? Se é um homicídio, que suspeito explica melhor as evidências neste cenário? Dentre um dado número de potenciais suspeitos que explicam algumas, ou a maioria, das evidências que vemos, habitualmente surge um suspeito como o “melhor”, na medida em que explica mais completamente (e mais razoavelmente) as evidências. Este suspeito é simplesmente o que faz mais sentido naquilo que eu estou a ver. Então, “infiro” – a partir do facto deste suspeito fornecer a melhor explicação (dada a evidência) – que o suspeito é, de facto, o verdadeiro assassino. Este processo de “inferir até à melhor explicação” é por vezes chamado de “abdução”. Entendo a importância de examinar um dado número de potenciais soluções (suspeitos) e cuidadosamente

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Page 1: Artigo 2 - A visão de mundo cristã é a melhor explicação

A visão de mundo cristã é a melhor

explicação

Por J. Warner Wallace

www.pleaseconvinceme.com

Como detetive, tenho uma profissão interessante. Tenho que

entrar na cena do crime e avaliar as evidências que estão diante

de mim: é morte natural ou é homicídio? Se é um homicídio,

que suspeito explica melhor as evidências neste cenário? Dentre

um dado número de potenciais suspeitos que explicam algumas,

ou a maioria, das evidências que vemos, habitualmente surge

um suspeito como o “melhor”, na medida em que explica mais

completamente (e mais razoavelmente) as evidências.

Este suspeito é simplesmente o que faz mais sentido naquilo

que eu estou a ver. Então, “infiro” – a partir do facto deste

suspeito fornecer a melhor explicação (dada a evidência) – que

o suspeito é, de facto, o verdadeiro assassino. Este processo de

“inferir até à melhor explicação” é por vezes chamado de

“abdução”. Entendo a importância de examinar um dado

número de potenciais soluções (suspeitos) e cuidadosamente

Page 2: Artigo 2 - A visão de mundo cristã é a melhor explicação

avaliar se essas soluções explicam melhor as evidências. Quando

utilizo o processo de abdução, chego ao fim com uma

explicação simples, coerente, e que explica satisfatoriamente as

evidências em causa. É “possível” que eu possa ter o suspeito

errado? Claro, especialmente se eu admitir que tudo e mais

alguma coisa seja possível. Mas é “razoável” crer que qualquer

outra pessoa cometeu este crime quando o meu suspeito final

explica todas as evidências da cena do crime? Não. E é aí que

reside a beleza da utilização da abdução desta forma. Atinjo um

patamar de “suficiência de evidências” em que sou capaz de

entender o que estou a ver.

Os detetives não são as únicas pessoas que empregam a lógica

abdutiva para entender o seu meio. Todos nós queremos

entender o nosso mundo. Como tal, cada um de nós abraça

uma visão de mundo que tenta explicar a situação em que nos

encontramos. É justo; todos observamos o mundo que nos

rodeia e começamos a pensar acerca das potenciais explicações

para o que vemos. Damos por nós, então, a apresentar a

explicação mais razoável que, se for verdadeira, explica as

evidências que temos diante de nós. Estamos a “inferir até à

melhor explicação” – a empregar o processo de “abdução”.

Page 3: Artigo 2 - A visão de mundo cristã é a melhor explicação

Quanto mais vivemos, mais identificamos as “grandes

questões” da vida. Estas questões imploram por ser respondidas

e têm incentivado teólogos, filósofos e cientistas a explorar e

investigar o seu mundo. Cada um de nós desenvolve uma visão

de mundo particular, com o intuito de explicar a realidade das

nossas vidas e de responder às mais importantes questões da

vida. Algures no caminho, tomaremos uma decisão entre duas

potenciais realidades: um mundo no qual apenas atuam forças

naturais (uma visão de mundo ateísta, conhecida como

Naturalismo Filosófico) ou um mundo no qual forças

sobrenaturais atuam conjuntamente com forças naturais (como

o representado pelas visões de mundo teístas). Dadas estas duas

possibilidades, a “lógica abdutiva” pode ajudar-nos a decidir

qual destas visões melhor explica a realidade na qual vivemos.

Eu adoto uma visão de mundo teísta porque creio que é a que

melhor explica o mundo que me rodeia, e fá-lo de uma forma

que simplesmente não pode ser equiparada ao naturalismo

filosófico inerente ao ateísmo. Nas dez questões mais

intrigantes e importantes que podem ser feitas pelo ser humano,

o teísmo cristão continua a oferecer a melhor explicação,

especialmente quando comparado com o naturalismo filosófico:

- Como o Universo veio a existir?

Page 4: Artigo 2 - A visão de mundo cristã é a melhor explicação

- Porque parece existir um design (fine tuning ou ajuste fino)

no Universo?

- Como se originou a vida?

- Porque parecem existir evidências de inteligência na

Biologia?

- Como veio a existir a consciência humana?

- De onde vem o livre arbítrio?

- Porque é que o ser humano é tão contraditório na

natureza?

- Porque existem verdades morais transcendentes?

- Porque acreditamos que a vida humana é preciosa?

- Porque existe dor, maldade e injustiça no nosso mundo?

As dez “grandes questões” da vida atuam como dez evidências

na cena do crime. Como detetive, analiso as evidências, ofereço

possíveis hipóteses para explicar o que vejo, e depois avalio

cada hipótese para ver qual é a melhor explicação. O processo

da “lógica abdutiva” requer que eu avalie uma dada hipótese

para ter a certeza que é plausível (possui “viabilidade

explicativa”), que é simples (tem o maior “poder explicativo”),

que é completa (tem o maior “potencial explicativo”), que é

lógica (tem a maior “consistência explicativa”) e que é superior

Page 5: Artigo 2 - A visão de mundo cristã é a melhor explicação

(possui “superioridade explicativa”). Ao analisar estas dez

evidências, rapidamente reconheço o problema que o

Naturalismo Filosófico tem para as explicar.

Ao mesmo tempo, torna-se claro que o Teísmo Cristão oferece

explicações que são plausíveis, simples, completas, lógicas e

superiores, se não rejeitarmos simplesmente a existência de

Deus antes de sequer começarmos a examinar. Afinal de contas,

temos que começar cada investigação por oferecer as soluções

mais amplas possíveis, e depois permitimos que as evidências

nos digam qual das “possibilidades” é realmente a “inferência

mais razoável”.

Por fim, é importante reconhecermos que nenhuma solução irá

explicar completamente as evidências (sem deixar um número

limitado de questões por responder). Nunca trabalhei num caso

de homicídio – nem nunca apresentei um caso perante um juiz

– em que não tivesse algumas questões por responder. Mas isso

não nos impede de seguir em frente com uma decisão e nunca

impediu um juiz de chegar a um veredicto. Nós temos que

perceber que a “certeza” pode razoavelmente emergir daquilo a

que chamamos de “suficiência de evidências”. Em certa medida,

a evidência é suficiente para nos levar a crer que a nossa

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hipótese é a verdadeira explicação para essa evidência em

consideração. Não podemos esperar que todas as questões

sejam respondidas, mas a hipótese que mais fortemente explica

as evidências deve satisfazer suficientemente a nossa

necessidade de certeza.

Este é o caso da visão de mundo cristã, após considerar as dez

evidências em cena. A visão de mundo cristã é a melhor

explicação.