arte e vida do artista plÁstico erasmo andrade e... · (albert einstein) resumo este trabalho ......

107
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM ARTES VISUAIS JOSEANE MARIA LOBO DE MIRANDA ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE Orientador: Prof. Dr. Everardo Ramos NATAL/RN 2016

Upload: dinhnhu

Post on 28-Jan-2019

228 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTES

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM ARTES VISUAIS

JOSEANE MARIA LOBO DE MIRANDA

ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE

Orientador: Prof. Dr. Everardo Ramos

NATAL/RN

2016

Page 2: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

JOSEANE MARIA LOBO DE MIRANDA

ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE

Memorial de pesquisa apresentado à

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como requisito para integralização do

Trabalho de Conclusão de Curso para

obtenção do título de licenciado em Artes

Visuais.

Orientador: Prof. Dr. Everardo Ramos

NATAL/RN

2016

Page 3: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

JOSEANE MARIA LOBO DE MIRANDA

ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE

Memorial de pesquisa apresentado à

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como requisito para integralização do

Trabalho de Conclusão de Curso para

obtenção do título de licenciado em Artes

Visuais.

Aprovado em: ____/____/______.

Banca Examinadora:

_____________________________________________________

Prof. Dr. Everardo Araújo Ramos

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

_____________________________________________________

Prof. Dr. Vicente Vitoriano Marques Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

_____________________________________________________

Profa. Dra. Laís Guaraldo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Page 4: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

À minha mãe que sempre me ensinou a me

tornar uma pessoa digna.

Aos meus familiares.

Ao meu marido pelo companheirismo e

incentivo.

A todos que contribuíram para a realização

dessa pesquisa.

Page 5: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

Agradecimentos

Agradeço a Deus, por ter concedido minha chegada até aqui, por cuidar de mim

para que eu pudesse ser quem sou, por ter me dado sabedoria, saúde e persistência para

chegar aonde cheguei, debaixo da sua misericórdia, pois sem sua graça eu nada seria.

Agradeço Deus por meus pais, que me deram a vida e possibilitaram que chegasse ao

fim de uma formação acadêmica. Agradeço a Deus por meu marido que, acompanhou

toda minha trajetória com motivações.

Meu respeito e gratidão ao meu orientador Professor Doutor Everardo Araújo

Ramos, por sua didática e paciência, na qual esteve comigo por alguns anos entre

ensinamentos e orientações. Foi mais que um cuidador pelo seu zelo e exigência para

um bom trabalho, com isso, instigando meu crescimento profissional, creio que esse

trabalho, sem seus olhares críticos, não atingiria esse nível.

À Marilha Brizolara, pela amizade, pelos incansáveis incentivos e contribuições.

Ao professor e artista plástico Erasmo Andrade, por me inspirar.

Aos colegas de turma e aos amigos de estudo que me acompanharam durante

esse duro e agradável período acadêmico. Lembro-me dos momentos de descontrações

em que nos reuníamos e nos divertíamos, essa companhia fez toda diferença nessa faze

de conhecimentos.

Aos professores: Adriano Charles Da Silva Cruz, Eduardo Anibal Pellejero,

Erasmo Costa Andrade, Everardo Araújo Ramos, Fábio Oliveira Nunes, Izolda Costa

Fernandes, José Guilherme Da Silva Santa Rosa, José Jarbas Martins, José Veríssimo

De Sousa, Juarez Alves Torres, Laurita Ricardo de Salles, Leonardo Jorge Brasil de

Freitas Cunha, Lisabete Coradini, Luciano Cesar Bezerra Barbosa, Luiza Maria

Nobrega, Márcia Cristina Dantas Leite Braz, Maria Adeilza Pinheiro Da Silva, Maria do

Mar Vazquez y Manzano, Maria do Socorro de Oliveira Evangelista, Maria Helena

Braga e Vaz da Costa, Mônica da Silva Lima Campos, Nivaldete Ferreira da Costa,

Olavo Fontes Magalhães Bessa, Pedro Germano Moraes Cardoso Leal, Sandra Lúcia

Paris, Terezinha Martins da Silva, Vera Lourdes Pestana da Rocha, Verônica Maria

Fernandes de Lima Costa, Vicente Vitoriano Marques Carvalho, Wani Fernandes

Pereira, que com seus saberes contribuíram para minha formação como profissional e

como pessoa.

Page 6: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

“A mente que se abre a uma nova ideia

jamais voltará ao seu tamanho original.”

(Albert Einstein)

Page 7: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

RESUMO

Este trabalho apresenta a vida e a obra do artista plástico e professor Erasmo

Costa Andrade, em suas dimensões históricas, técnica, temática, poética e estética.

Erasmo Andrade, nascido no Rio Grande do Norte em 1949, é um artista que pinta seu

passado e seu presente numa poética de devaneios e realidades, explorando temas

regionais e imaginários que contam toda sua trajetória de vida, em um estilo pessoal

profundamente inspirado pela Arte Moderna. Trata-se de uma pesquisa no campo

teórico das Artes, mais particularmente da arte do Rio Grande do Norte, que visa

contribuir para um maior conhecimento de um importante artista local, servindo a

pesquisadores, professores, apreciadores, críticos de arte, entre outros. Também é de

interesse que este trabalho incentive pessoas a pesquisarem artistas norte-rio-

grandenses, a fim de preencher as lacunas que ainda existem em relação à história da

arte potiguar.

Palavras-chave: Erasmo Andrade. Arte potiguar. História da arte potiguar. Arte

brasileira.

Page 8: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Carlos José. Título desconhecido. .................................................................... 71

Figura 02 - Carlos José. Título desconhecido. .................................................................... 71

Figura 03 - Yara Tupinambá. Momento artístico. ............................................................... 71

Figura 04 - Yara Tupinambá. Balão sobre a cidade ........................................................... 71

Figura 05 - Retrato do Amor Quando jovem ....................................................................... 72

Figura 06 - Sanfoneiro ......................................................................................................... 72

Figura 07 - Vaso com Girassóis e Borboletas ..................................................................... 72

Figura 08 - Vincent van Gogh - Doze Girassóis ................................................................. 72

Figura 09 - Anjo Músico com Violino .................................................................................. 73

Figura 10 - Enterro de Anjo ................................................................................................. 73

Figura 11 - Músico Melancólico .......................................................................................... 73

Figura 12 - O Néctar ............................................................................................................ 73

Figura 13 - Primeira Comunhão ......................................................................................... 73

Figura 14 - Anjos Músicos de Sabará .................................................................................. 73

Figura 15 - A Piedade .......................................................................................................... 74

Figura 16 – Michelangelo - A Pietá..................................................................................... 74

Figura 17 - Anjo Sedutor ..................................................................................................... 74

Figura 18 - Vaso com Flores de Ingá .................................................................................. 74

Figura 19 - Cabeça de Paixão ............................................................................................. 75

Figura 20 - Composição Geométrica na Paisagem Vertical ............................................... 75

Figura 21 - Anjos Músicos II ............................................................................................... 75

Figura 22 - Nascimento de Rudá ......................................................................................... 75

Figura 23 - Vidas Passadas, Lugares Enigmáticos ............................................................. 76

Figura 24 - São Francisco Transfigurado em Fundo Azul .................................................. 76

Figura 25 - A Hora de Judas ............................................................................................... 76

Figura 26 - Composição com Objetos e Frutas ................................................................... 76

Figura 27 - Composição com Violão e Cabeça de Arlequim .............................................. 77

Figura 28 - Menino na Serra Verde ..................................................................................... 77

Figura 29 - Mulher da Serra Verde ..................................................................................... 77

Figura 30 - Objetos de Judas ............................................................................................... 77

Figura 31 - Passagem Secreta ............................................................................................. 78

Figura 32 - Projeção da Alma ............................................................................................. 78

Figura 33 - Sem título .......................................................................................................... 78

Page 9: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

Figura 34 - Paul Gauguin - O Cristo Amarelo .................................................................... 78

Figura 35 - O Garimpo I ...................................................................................................... 79

Figura 36 - Serra Verde ....................................................................................................... 79

Figura 37 - Passagem Secreta II.......................................................................................... 79

Figura 38 - Paul Gauguin .................................................................................................... 80

Figura 39 - Paul Gauguin - O Cão Vermelho ...................................................................... 80

Figura 40 - Prancha I .......................................................................................................... 80

Figura 41 - Prancha II ......................................................................................................... 80

Figura 42 - Prancha III ........................................................................................................ 81

Figura 43 - Prancha IV ........................................................................................................ 81

Figura 44 - Sereias ............................................................................................................... 81

Figura 45 - Barco à Deriva.................................................................................................. 82

Figura 46 - Paisagem Bucólica ........................................................................................... 82

Figura 47 - Sem título .......................................................................................................... 82

Figura 48 - Santa Terezinha de Lisieux ............................................................................... 83

Figura 49 – Imagem de Santa Terezinha de Lisieux ........................................................... 83

Figura 50 - Morte do Amor .................................................................................................. 83

Figura 51 - Figura no Leito da Serra Azul .......................................................................... 83

Figura 52 - Fruteira com Cajus ........................................................................................... 84

Figura 53 - Fruteira, Folha e Fruta .................................................................................... 84

Figura 54 - Mulher na Festa de Sant'Ana de Caicó I .......................................................... 84

Figura 55 - Mulher na Festa de Sant'Ana de Caicó II......................................................... 84

Figura 56 - Mulher na Paisagem Geométrica ..................................................................... 85

Figura 57 - Mulher no Carnaval de 1958 em São Tomé ..................................................... 85

Figura 58 - Mulher Recostada na Cadeira .......................................................................... 85

Figura 59 - No Sepultamento de Maria ............................................................................... 85

Figura 60 - Rapaz na Ponta Negra ...................................................................................... 86

Figura 61 - O flagelo no Sepultamento de Maria ................................................................ 86

Figura 62 - O Músico VI ...................................................................................................... 86

Figura 63 - O Músico VII. .................................................................................................... 86

Figura 64 - Sem título. ......................................................................................................... 87

Figura 65 - Figura com Estigma I ....................................................................................... 87

Figura 66 - Saliva de Sangue ............................................................................................... 87

Figura 67 - Caju da Juventude ............................................................................................ 87

Figura 68 - Figura com Estigma ......................................................................................... 88

Page 10: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

Figura 69 - Figuras na Ponta Negra em 1980..................................................................... 88

Figura 70 - Figura de um Carnaval de 1957 I em São Tomé .............................................. 88

Figura 71 - Folhagem da Década de 1960 .......................................................................... 88

Figura 72 - Folhagem e Caju da Década de 1960 .............................................................. 89

Figura 73 - Maria aos 18 Anos II ........................................................................................ 89

Figura 74 - Minha Aldeia em Noite de São João na Década de 1958 ................................ 89

Figura 75 - Noite sem Fim ................................................................................................... 89

Figura 76 - O Acrobata do Circo Borborema. .................................................................... 90

Figura 77 - O Leitor das Cartas Embaralhadas. ................................................................. 90

Figura 78 - O Vendedor de Ilusões I.................................................................................... 90

Figura 79 - O Vendedor de Ilusões II .................................................................................. 90

Figura 80 - Olho de Lince sobre a Paisagem de Ventos ..................................................... 91

Figura 81 - Composição com Vaso de Matéria Sentimental ............................................... 91

Figura 82 - A Aldeia, a Caverna e Eu.................................................................................. 91

Figura 83 - A Aldeia, a Paixão e Eu .................................................................................... 91

Figura 84 - Anjos Músicos IV .............................................................................................. 91

Figura 85 - Centauro e a Serpente ...................................................................................... 92

Figura 86 - Centauro na Pedra do Navio ............................................................................ 92

Figura 87 - El Ángel de La Luna I ....................................................................................... 92

Figura 88 - El Ángel de La Luna II ...................................................................................... 92

Figura 89 - Figura de um Carnaval em São Tomé de 1957 II ............................................ 93

Figura 90 - Rapaz de um Bloco de Carnaval de 1957 em São Tomé .................................. 93

Figura 91 - Paisagem D'Água ............................................................................................. 93

Figura 92 - Cajus da década de 60 ...................................................................................... 94

Figura 93 - Fruteira e frutas ................................................................................................ 94

Figura 94 - Casal Caminhando para a Torre ...................................................................... 94

Figura 95 - Construção Geométrica .................................................................................... 94

Figura 96 - Composições com Cajus e Folhagens .............................................................. 95

Figura 97 - Mulher Azul ...................................................................................................... 95

Figura 98 - Figura Olhando para o Nada ........................................................................... 95

Figura 99 - O Anoitecer Visto de uma Torre ....................................................................... 95

Figura 100 - O Ilusionista .................................................................................................... 96

Figura 101 - Vaso com Flores, Conchas e Sementes de Ponta Negra ................................ 96

Figura 102 - Vaso com Flores Espirituais ........................................................................... 96

Figura 103 - Vaso sobre mesa ............................................................................................. 96

Page 11: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

Figura 104 - Figura na Paisagem Sideral da Memória D'Agua Marinha .......................... 97

Figura 105 - Figura Observando Objeto no Espaço Sideral............................................... 97

Figura 106 - Nossa Senhora da Conceição ......................................................................... 97

Figura 107 - Anjo Músico da Aldeia Azul ........................................................................... 97

Figura 108 - Figura de Palhaço no Camarim II ................................................................. 98

Figura 109 - O Desterro da Minha Aldeia .......................................................................... 98

Figura 110 - A Mulher Azul II ............................................................................................. 98

Figura 111 - Os Olhos da Cabra Verde de Barcelona II .................................................... 98

Figura 112 - Jardins do Sertão ............................................................................................ 99

Figura 113 - Bule e Frutas Levitando .................................................................................. 99

Figura 114 - Natureza Morta com Bule ............................................................................... 99

Figura 115 - Os Namorados ................................................................................................ 99

Figura 116 - Vicente van Gogh - O quarto do Artista em Arles ....................................... 100

Figura 117 – Chagall - O Olho Verde ............................................................................... 100

Figura 118 – Chagall - O Casal da Torre Eiffel ................................................................ 100

Figura 119 - Erasmo Andrade em primeira comunhão ..................................................... 100

Figura 120 – Sadi Andrade ................................................................................................ 101

Figura 121 - Convite da Exposição: Oiticica Mágica ....................................................... 101

Figura 122 – Paul Klee – Flora on Sand ........................................................................... 101

Figura 123 – Convite da Exposição: Olhos Verdes ........................................................... 101

Figura 124 - Convite da Exposição: Melancólica Travessia ............................................. 102

Figura 125 – Convite da Exposição: Porta Joias de Cores ............................................... 102

Figura 126 - Convite da Exposição: O Ilusionista ............................................................ 102

Figura 127 - Gráfico I - Quantidade de figuras com formas geométricas presentes nas

obras de Erasmo Andrade .............................................................................. 53

Figura 128 – Círculo Cromático – Esquema Triádico ......................................................... 61

Figura 129 - Círculo Cromático – Esquema Complementar ............................................... 61

Figura 130 - Círculo Cromático – Cores Quentes e Frias ................................................... 62

Page 12: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

12

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12

1. VIDA E TRAJETÓRIA ARTÍSTICA

1.1. O MENINO DO INTERIOR .................................................................................... 15

1.2. ENTRE RELIGIÃO E ARTE................................................................................... 16

1.3. A HISTÓRIA DO ARTISTA ................................................................................... 18

2. CRIAÇÃO E ARTE ...................................................................................................... 20

2.1. DOS MATERIAIS E DAS TÉCNICAS .................................................................. 20

2.2. DOS TEMAS ............................................................................................................ 24

2.2.1. TEMAS E SÍMBOLOS NA OBRA DE ERASMO ANDRADE ...................... 28

2.2.1.1. PRESENÇA E AUSÊNCIA MATERNA .................................................... 29

2.2.1.2. O APEGO ÀS RAÍZES ................................................................................ 32

2.2.1.3. A MARCA DA RELIGIOSIDADE ............................................................. 36

2.2.1.4. EXPRESSÕES DE SENSUALIDADE ........................................................ 41

2.2.1.5. IMAGINÁRIO E FANTASIA ..................................................................... 43

2.3. DAS FORMAS ......................................................................................................... 46

2.3.1. INFLUÊNCIA MODERNISTA ......................................................................... 46

2.3.2. A COMPOSIÇÃO .............................................................................................. 49

2.3.3. O DESENHO ...................................................................................................... 51

2.3.4. A COR ................................................................................................................ 57

2.3.3.1. A COR AZUL .............................................................................................. 61

3. CONCLUSÃO. ............................................................................................................... 64

4. CURRÍCULO EM ARTE DE ERASMO ANDRADE ............................................... 66

5. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 69

6. FIGURAS ....................................................................................................................... 71

7. PLANILHA .................................................................................................................. 103

Page 13: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

12

INTRODUÇÃO

Este trabalho corresponde a uma pesquisa desenvolvida no âmbito da História da Arte

potiguar e no campo teórico das artes visuais. Apresenta o resultado de um estudo sobre a

vida e a obra do artista plástico e professor Erasmo Costa Andrade, analisando sua trajetória e

suas obras, desde a formação inicial até os dias de hoje, passando pelas influências, estudos e

modelos que permitiram esse percurso.

O projeto de estudar a vida e a obra de Erasmo Andrade nasceu dos conhecimentos

adquiridos durante o curso de Licenciatura em Artes Visuais (CLAV) do Departamento de

Artes (DEART) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), principalmente

em disciplinas teóricas como História das Artes, ministradas pelo professor Everardo Ramos,

e Fundamentos da Linguagem Visual, ministrada pelo professor e artista Erasmo Andrade.

Meu envolvimento com o Projeto Arte na Escola – Polo RN, de que fui bolsista por alguns

anos, também me incentivou muito nesse sentido, principalmente no âmbito do Projeto

Artistas Atuantes no RN no Século XXI, em que contribui com a edição de um vídeo para

este projeto, através de uma entrevista audiovisual com o artista Erasmo Andrade, descobri ali

meu objeto de estudo para este trabalho.

Os objetivos foram aprofundar meus conhecimentos sobre a vida e a arte de Erasmo

Andrade, contribuindo para os que desejarem conhecer mais sobre Erasmo Andrade, sejam

eles professores, estudantes de artes, críticos e admiradores em geral. Para que tomem

conhecimento da vida e da obra de um artista que vem, com sua arte, valorizando o acervo

imagético potiguar. Assim, perceber-se que não só os Grandes Mestres da Pintura,

inacessíveis, merecem ser estudados, mas também é possível aprender, conhecer e apreciar a

arte de um artista local, que atua e cria mais perto de nossas realidades.

Atualmente, a arte do Rio Grande do Norte necessita de um estudo amplo, de modo

que sejam inseridos aspectos sobre a vida e a obra de artistas que vêm contribuindo

historicamente para o desenvolvimento das artes locais. De fato, a escassez de monografias

sobre o assunto prejudica os pesquisadores em potencial que procuram saber mais sobre esses

artistas, seja para estudos escolares, para concursos na área artística ou para a crítica de arte.

Isso é, aliás, uma regra no Brasil, onde a História da Arte vem investindo no estudo de artistas

dos grandes centros hegemônicos, enquanto que aqueles que se encontram nos centros

Page 14: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

13

periféricos dificilmente constam em livros e manuais. É preciso que se quebre essa lógica,

permitindo que esses saberes também sejam aprofundados em torno da arte e dos artistas de

centros menores, fazendo-os reconhecíveis no cenário artístico nacional e internacional.

No caso de Erasmo Andrade, artista que já possui um percurso consolidado e um

nome conhecido no campo da arte potiguar, as raras reflexões disponíveis se limitam a alguns

relatos sucintos, como os de Caldas (1989) e Almeida (2001) além do trabalho feito pelo

Projeto Artistas Atuantes no RN no Séc. XXI – ARTERN, sob a Coordenação da Prof.ª Dra.

Nivaldete Ferreira, em 2012. Portanto, o presente trabalho pretende preencher as lacunas que

ainda existem no conhecimento sobre esse artista e sobre suas obras, dando suporte também

para um melhor entendimento da arte no RN.

Para o processo de levantamento biográfico, além de pesquisas sobre temas

relacionados ao assunto, como as citadas acima, o processo foi constituído por etapas. Em um

primeiro momento, tive acesso ao acervo do Projeto Artistas Atuantes no RN no Séc. XXI, do

qual participei como colaboradora de pesquisa. Nesse acervo, em particular, me detive em um

vídeo gravado com um pequeno depoimento de Erasmo Andrade e algumas imagens de suas

obras. Num segundo momento foi realizada uma entrevista com o artista, no Departamento de

Artes da UFRN, em que falou sobre sua vida e carreira artística a partir de um questionário

que eu tinha lhe entregado anteriormente, para que em sua fala não faltassem as informações

necessárias a essa pesquisa.

Meu contato com Erasmo, de certa forma, foi facilitado pelo fato de ele lecionar no

Departamento de Artes da UFRN até o ano de 2014, na qual estive com ele algumas vezes

para tirar dúvidas e complementar informações em conversas informais. Para algumas dessas

abordagens, como fiz na primeira entrevista, já levava questões elaboradas previamente ou

solicitações impressas. Esses encontros nem sempre foram fáceis e suficientes para suprir

minhas dúvidas, pois, algumas vezes, ele se encontrava indisposto a atender a solicitações de

registros que pudessem enriquecer ainda mais esse trabalho. Isso também explica a falta de

acesso a seu ateliê e, consequentemente, a registros de imagens das obras que encontram-se

com ele, bem como às imagens das obras realizadas em 2015, sendo essas adquiridas através

da internet.

Depois, fiz o registro imagético das obras a serem analisadas de diversas maneiras:

fotografias das obras em exposição ou escaneadas de folders de exposições (Oiticica Mágica;

Page 15: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

14

Olhos Verdes; Melancólica Travessura; Porta-joias de Cores; O Ilusionista); imagens de

livros (ALMEIDA, 2001) e da dissertação de Mestrado realizada por Erasmo Andrade

(ANDRADE, 2005). Também obtive imagens dos arquivos do Projeto Artistas Atuantes no

RN no Séc. XXI, do Núcleo de Arte e Cultura da UFRN (NAC), dos arquivos particulares de

Dejardiere Maria Freitas Lima que, no ano de 2012 era Secretária da Coordenação do

Departamento de Artes da UFRN. Algumas imagens foram cedidas pelo próprio artista ou

obtidas através de pesquisas na internet.

É importante ressaltar como foi elaborada a legenda das imagens das obras de Erasmo

Andrade: nome do autor (se este não for Erasmo Andrade), tema da obra, ano, técnica,

dimensão, acervo (quando se teve o conhecimento de seu destino), fonte. As legendas sem

fonte foram fotografadas ou escaneadas pela autora e as informações que não foram possíveis

coletar estarão com a indicação [?].

As imagens e a planilha contidas aqui, embora estejam agrupadas como apêndices ao

final desse trabalho, não correspondem a meros apêndices, mas a partes integrantes e

fundamentais dessa pesquisa, como corpo de análise, indispensáveis para o estudo e

entendimento desse Trabalho de Conclusão de Curso. As imagens foram colocadas juntas

para não haver o desconforto de repetição no texto, já que algumas imagens são comentadas

mais de uma vez. Nessa lista há duas categorias: um conjunto de obras de Erasmo, colocadas

em ordem cronológica, a fim de expor a evolução de seu fazer artístico, e obras de outros

artistas, a fim de comparação e complemento das análises. A planilha indica o nome das obras

dispostas em ordem cronológica contendo também uma lista de elementos que se repetem no

conjunto dessas obras, para facilitar a análise iconográfica.

É considerável informar que não se tem registros de muitas das obras de Erasmo

Andrade de períodos mais antigos, como as produzidas durante a infância, o seminário e a

Escola de Belas Artes. Por outro lado, muitas obras de sua faze adulta estão em mãos de

colecionadores particulares e se desconhece seu destino. Afirma o artista que antigamente não

era comum fazer uso da máquina fotográfica para registro de seus trabalhos. Hoje podemos

lamentar a falta que esses arquivos fazem para saciar nossa sede de pesquisa.

A etapa seguinte referiu-se às análises dos dados e dos materiais reunidos. Começando

pelo estudo da vida de Erasmo Andrade, percorreu-se sua trajetória, procurando entendê-la

Page 16: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

15

dentro de um contexto histórico, social e cultural. Em seguida, foi feita a análise de suas

obras, levando em consideração critérios técnicos (tinta a óleo, acrílica, guache, entre outras),

iconográficos (temas abordados) e formais (como a forma é trabalhada: composição, desenho,

volume, cor, luz, espaço, anatomia). Com isso, o estudo da vida e da obra desse artista

permitiu inseri-lo no contexto mais amplo do cenário artístico potiguar, contribuindo para a

definição do seu lugar e a análise de sua importância para a História da Arte local. E os

resultados deste esforço estão apresentados nas páginas que seguem.

Page 17: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

16

1. VIDA E TRAJETÓRIA ARTÍSTICA

1.1. O MENINO DO INTERIOR

Erasmo Costa Andrade nasceu em 1949, em São Tomé, cidade da região Agreste do

Rio Grande do Norte, tendo como pais Maria Costa Andrade e Sadi Andrade. Sua avó

materna era Josefa Regina de Andrade, proprietária do Hotel São Francisco, na Rua Rio

Branco, número 62, sempre em São Tomé. Então, aos seis anos de idade Erasmo passou a

morar com essa avó, pelo motivo de seus pais terem que se mudar para a fazenda Pedra do

Navio, na região rural do município de São Tomé. Conta Erasmo que sua avó, sua mãe e

provavelmente, grande parte das mulheres desse período eram analfabetas, tendo sido

impedidas pelos pais de estudar para não trocarem cartas com os namorados, entre outras

coisas. Desse modo, sua avó era muito dedicada e incentivava muito o estudo do neto,

deixando-o ficar com ela para que estudasse, já que tinha idade para isso.

Logo, iniciou sua formação educacional no Grupo Escolar Amaro Cavalcanti, em São

Tomé, onde fez o curso primário. Tinha, então, aulas de Artes com a professora Francisquinha

Miranda, que aplicava uma metodologia focada no artesanato e na criação artística livre, sem

orientações.

Desde cedo, Erasmo já mostrava habilidades para a arte, tornando-se popular entre as

outras crianças por desenhar com carvão, nas calçadas de cimento de sua cidade

(principalmente na Rua Barão do Rio Branco), os personagens e trechos das histórias de

filmes e dos seriados, como Durango Kid e suas aventuras de cowboys, Flash Gordon e seus

heróis espaciais ou ainda O Gavião e a Flecha, Tarzan e A Mulher Leopardo, entre outros.

Essas sequências de histórias eram assistidas no cinema popular local, pois nessa época

apenas uma ou duas famílias da cidade dispunham de acesso à televisão: no final da década de

1950 para 1960, o meio de comunicação mais comum ainda era o rádio. Por causa disso, o

cinema era muito importante nesse tempo, uma das poucas formas de conhecer o mundo lá

fora, e por sinal, bem divertidas!

Erasmo sempre volta ao passado para contar de sua infância e tem prazer em lembrar a

frase do poeta Edgar Allan Poe (1809-1849), que o acompanha e parece ser um resumo do

Page 18: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

17

que foi nos seus tempos de criança: “Não fui, na infância, como os outros e nunca vi como os

outros viam”. Como interpretar essa frase? Entendemos que o artista é consciente de que sua

capacidade de, ainda criança e na primeira fase de sua arte, despertar o interesse dos colegas

com interpretações inusitadas daquilo que era comum entre eles (filmes e seriados) já fazia

dele um menino diferente. As outras crianças também assistiam aos filmes e seriados

cinematográficos; entretanto, isso não lhes possibilitava uma interpretação artística tão

marcante, como ocorria com Erasmo. Este, sim, via e interpretava estas imagens de forma a

surpreender seus colegas, colocando em seus desenhos todo seu sentimento, reproduzindo as

cenas dos filmes conforme sua própria visão. Isso explicaria o “não ver como os outros viam”,

revelando ainda a qualidade de sonhador, bem típica de sua personalidade.

Ele também gostava de contemplar e desenhar os festejos populares locais, pois se

distraia observando as pessoas, o ambiente ao seu redor e as formas que os objetos possuíam;

atitude esta que já revelava os caminhos que trilharia no exercício de sua criatividade,

revelando, no autodidata que era, o modo como representava sua arte.

Erasmo revela que, em sua família, a única pessoa que mostrava habilidade para a arte

era sua mãe, que fazia artesanato doméstico com bastante frequência, especialmente o

bordado e o crochê. Ela foi também seu primeiro exemplo de criatividade. Naquele tempo as

crianças deviam levar desenhos já prontos para colorir nas aulas de arte; no caso de Erasmo,

em vez de recortar uma imagem de algum impresso, sua mãe desenhava no caderno do filho,

para ele colorir na escola. Ele diz que, além do estímulo e do exemplo de sua mãe, o gosto

pela arte surgiu de si mesmo, pois sendo ainda criança e sem conhecimentos teóricos, pensou

que esse fazer, ingênuo e autodidata, poderia ser um veículo para retratar seu modo de ver e

representar as coisas, expressando sua realidade.

1.2. ENTRE RELIGIÃO E ARTE

Na maioria das cidades de interior, grande parte da população é constituída por

católicos praticantes. Portanto, é comum que meninos participantes da vida católica, que

tenham formações prévias para esses rituais e que atinjam a idade mínima de sete (07) anos de

idade, tornem-se coroinhas, com a função de estar a serviço do altar e do próximo. Foi o caso

Page 19: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

18

de Erasmo Andrade que, aos sete (07) anos, exerceu a função de coroinha da igreja de São

Tomé.

Essa experiência dentro da Igreja, participando dos ritos católicos, entendendo suas

funções e deveres de maneira tão ativa, marcaria muito Erasmo, a ponto de fazê-lo querer

seguir a vida religiosa. Assim, aos catorze (14) anos de idade, deixou sua cidade do interior

para morar na capital, em Natal, onde passou a estudar no Seminário de São Pedro, na

Avenida Campos Sales, número 850, no Bairro do Tirol (Natal/RN). Ficaria aí até o ano de

1967.

Rapidamente, no entanto, ele se deu conta de que não tinha vocação para ser padre. Na

verdade, segundo seu próprio relato, sua ida ao Seminário parece ter sido muito mais um

pretexto para mudar de realidade. Pois, apesar do amor que nutria por sua cidade de

nascimento, percebeu que ela tinha pouco a lhe oferecer. Seus ares eram melancólicos e

monótonos, deixando-o entediado. Deduziu, então, que no seminário poderia encontrar a

oportunidade que tanto almejava: expandir-se e conquistar novos projetos, se dedicando com

mais empenho à arte.

No Seminário de São Pedro, foi preparada uma pequena sala destinada àqueles que

quisessem se dedicar às atividades artísticas e Erasmo logo começou a se utilizar dessa sala

para pintar, incentivado por um colega seminarista chamado Carlos José Marques de

Carvalho1, que já tinha certa experiência com a pintura (figs. 01 e 02). Erasmo encantou-se

com as cores fortes e carregadas de vida das pinturas de seu colega, a ponto de considerá-la

fauvista2. O artista diz, em conversa informal, ter gostado da proposta dessa sala artística

porque possibilitou sua dispensa no futebol.

Nesse ambiente artístico não aconteciam aulas, era como se fosse um grupo de

pesquisa em que os colegas conversavam e trocavam ideias e às vezes consultavam livros de

arte. Segundo o artista, aconteceu de um colega levar um livro com pinturas de Gauguin, o

que era proibido pelo regulamento do seminário, porque era considerado um livro profano, o

tipo de pintura que um seminarista poderia ver era apenas a sacra. Entretanto, logo se percebe

que aquelas imagens despertaram em Erasmo o desejo de criar.

1 Carlos José Marques nasceu em 1946, em Bom Jesus, interior do Rio Grande do Norte. Pintor nordestino desde

1964. Fonte: Soares, 2013. 2 Fauvista é um adjetivo derivado da palavra Fauvismo, movimento francês do início do século XX, embora não

só tenha sido os fauvistas a usarem as cores chapadas e puras.

Page 20: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

19

1.3. A HISTÓRIA DO ARTISTA

Após o período do seminário, Erasmo Andrade continuou sua formação na Escola

Estadual Winston Churchill, situada na Cidade Alta, em Natal/RN. Fez aí o científico, de

1968 a 1972, preparando-se para o curso de medicina. Não se identificando com essa área,

eliminou a possibilidade de seguir na profissão de médico. Decidiu, então, graduar-se em

Serviço Social, fazendo o curso na UFRN, em 1974 a 1978. Seu gosto era fazer o curso de

Artes, mas conta que ainda não era oferecido.

Vale salientar que, mesmo longe do meio artístico e sem uma orientação formal,

Erasmo nunca deixou de pintar. Nessa época, não havia, em Natal, escolas ou cursos

profissionalizantes de artes, o que impedia uma formação acadêmica nessa área. Por isso o

artista considera que foi um autodidata do período da infância à primeira juventude, época em

que não teve quaisquer orientações voltadas para a teoria e para uma prática mais

especializada em artes.

Esse processo de autoinstrução acabou em 1978, quando Erasmo, logo após ter

concluído o curso de Serviço Social, ingressou na Escola de Belas Artes - EBA, da

Universidade de Minas Gerais - UFMG, em Belo Horizonte. Como Erasmo era um dos

melhores artistas que existiam no Rio grande do Norte, foi convidado pela UFRN para fazer

um curso de aperfeiçoamento com duração de um (01) ano na EBA, com isso tornar-se

professor de Educação Artística.

Na Escola de Belas Artes, incorporou novas técnicas, fazendo o curso de

aperfeiçoamento em gravura em metal e em pintura, esta última se tornando a área de seu

maior interesse. Fez aulas de Pintura I (aquarela e guache) e Pintura II (óleo sobre tela) com a

Professora Madu e com o Professor Clébio Maduro. Esse curso teve duração de um ano,

durante o qual estudou com alunos regulares da instituição e conheceu pessoas importantes

como a artista plástica Yara Tupynambá3 (figs. 03 e 04), entre outros. Diz o artista que diante

desse aprendizado sua arte deu um salto considerável, porque proporcionou-lhe mais

confiança nas suas construções.

3Yara Tupynambá (Montes Claros, MG, 1932). É pintora, gravadora, desenhista, muralista e professora. Seus

temas são usualmente voltados para a história de Minas Gerais. Fonte: Tv Tropical, Programa Retratos,

entrevista: Lúcio Flávio, 2013.

Page 21: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

20

Nesse curso, a professora de aquarela Madu tinha um grupo de teatro de bonecos,

coordenado pelo artista Álvaro Apocalipse, cujos componentes eram quem confeccionavam

os bonecos. Erasmo participou desse grupo de estudo, estudando seus movimentos e suas

roupagens, assim como participou de oficinas/aulas e assistia às apresentações desses

bonecos, em que esses fazeres “[...] casou com aqueles bonecos que eu tinha visto na infância,

articulados, que abriam boca, fechavam boca, arregalavam os olhos [...]” (entrevista à autora

em 15/03/2013).

Depois dessa experiência em Belo Horizonte, ainda em 1978, Erasmo Andrade veio

integrar-se à equipe de professores do Departamento de Artes, do Centro de Ciências

Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Como professor

de Educação Artística dessa instituição, lecionou disciplinas como as de Pintura, Composição

Artística, Evolução das Artes Visuais, Desenho Criativo e Fundamentos da Linguagem

Visual. Erasmo afirma que se interessou pela área do ensino por desejo de aprender e ensinar

a linguagem da Arte.

Na UFRN, também prosseguiu sua formação, concluindo o Mestrado em Letras pelo

Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, em 2005, no Departamento de Letras

da UFRN, com a dissertação intitulada: Tapete de memória: abstração da linguagem

artística, orientado pelo Prof. Dr. Francisco Ivan da Silva. Essa dissertação, como dito na sua

introdução, vem resgatar os valores psicossociais e culturais de sua terra e seus personagens,

vividos em São Tomé e Belo Horizonte, revelando momentos de agonia e êxtase, através de

seus desenhos e pinturas. Erasmo Andrade iniciou o Doutorado no Programa de Pós-

Graduação em Estudos da Linguagem e Literatura Comparada, preparando uma tese

intitulada: Marc Chagall e a arte das dobras, sob a orientação do Prof. Dr. Francisco Ivan da

Silva. Durante seu percurso artístico, ele participou de várias exposições, tanto coletivas

quanto individuais, bem como artista e como curador, tendo recebido vários prêmios por suas

obras (vide resumo biográfico no final desse trabalho).

Page 22: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

21

2. CRIAÇÃO E ARTE

Para se estudar a arte de qualquer artista é preciso levar em consideração os aspectos

técnicos, iconográficos e estilísticos de suas obras. Isso permite analisar a maneira como um

artista trabalha, como ele escolhe suas ferramentas e seus materiais plásticos, como surgem as

ideias que põe em execução, que temas ele explora, que argumentos defende através de suas

formas, quais são as características marcantes que ele deixa como legado, em suma, explorar

os diferentes elementos relativos à prática e à criação artística. E é esse caminho que

passamos a seguir agora, analisando as técnicas, os temas e símbolos e as formas relacionados

à arte de Erasmo Andrade.

2.1. DOS MATERIAIS E DAS TÉCNICAS

Sabe-se que todas as técnicas de pintura têm suas características particulares e que

cada pintor se identifica com algumas delas para aplicá-las em seus trabalhos. Um pintor

quando a(s) escolhe, estabelece um conceito, considerando a mensagem e o modo de como

deseja se comunicar com seus espectadores.

As técnicas utilizadas por Erasmo Andrade estão relacionadas às experiências de sua

trajetória de vida e artística. Quando começou o seu despertar para a arte? “Surgiu na minha

infância, em São Tomé, quando comecei a desenhar nas calçadas de cimento bruto, desenhava

para os meninos da minha idade [...]” (entrevista à autora em 15/03/2013). Desde cedo,

portanto, Erasmo teve necessidade de mostrar sua arte, sem se sentir intimidado em desenhar

ali mesmo, numa calçada, um suporte imediato, realizando uma espécie de “arte efêmera”, já

que o carvão, seu principal instrumento naquele momento, apagava-se com o tempo. Utilizava

o carvão porque, provavelmente, era um material muito comum nas atividades domésticas da

comunidade interiorana daquele tempo, já que a maioria das famílias possuía fogão à lenha. O

carvão tornou-se, assim, o principal mediador entre ele e suas ideias artísticas, enquanto a

calçada era o suporte de seus desenhos.

Page 23: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

22

Nesse período da infância, Erasmo também usava cadernos de desenho, onde reunia

suas primeiras obras feitas com lápis de cor e grafite, expressando, através de composições

ingênuas, suas vivências do cotidiano e suas emoções. Esses cadernos eram uma espécie de

portfólio, utilizados também nas tarefas escolares. Infelizmente, hoje esses registros não mais

existem, como afirma o artista.

Ele afirma também que no período em que esteve no seminário, entre os 14 e os 18

anos, fez muito uso da tinta óleo, como na obra Retrato do Amor Quando jovem, de 1966 (fig.

05). Já os suportes para suas pinturas, nessa época, eram elaborados por ele mesmo, a partir

de tábua de madeira revestida de tecido, cuja superfície era preparada com uma demão

espessa de tinta branca. Atualmente, Erasmo trabalha com vários outros suportes, como tela,

eucatex, cartão e papel, sendo o primeiro suporte, a tela, o que mais usa.

Erasmo relata ainda que, quando foi para a Escola de Belas Artes da UFMG, teve a

oportunidade de alargar seu campo de atuação artística. Nas muitas atividades e possibilidades

de práticas de pintura que eram oferecidas nessa escola, as técnicas que mais lhe interessaram

foram as da tinta a óleo, da tinta guache e da aquarela.

Mas foi com a tinta a óleo que Erasmo mais se identificou, como ele mesmo diz e

como podemos comprovar através dessa pesquisa, constatando que a grande maioria das suas

obras são produzidas com este material, pincipalmente, as mais atuais (ver planilha no fim do

trabalho). Como se sabe, a tinta a óleo conquistou seu espaço na pintura por volta do Século

XVI, sendo aplicada na tela em camadas superpostas, para se conseguir um efeito especial de

brilho e transparência. É uma tinta que tem morosidade na secagem, o que possibilita ao

artista aperfeiçoar o trabalho, modificando a aparência da imagem mesmo dias depois de se

ter iniciada a pintura. É, portanto, uma técnica, que difere das outras pela possibilidade de

melhor representar o real. Berger (1972) nos conta que alguns estudiosos chegam inclusive a

afirmar que, embora seja uma arte bidimensional, a pintura a óleo tem uma capacidade

ilusória maior que a escultura, pelas propriedades da representação das cores, das texturas, do

brilho e outros aspectos próprios do real.

É preciso ressaltar, no entanto, que a preferência de Erasmo pela técnica da tinta a óleo

não lhe impediu de fazer novas experiências, de exercer uma grande liberdade criativa. Dois

procedimentos comprovam isso: o primeiro é a técnica mista, que encontramos em várias

obras e que consiste na aplicação de duas ou mais técnicas em uma só obra.

Page 24: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

23

As combinações de técnicas realizadas por Erasmo produziram diferentes efeitos

plásticos. Em Mulher da Serra Verde (fig. 29), feita em guache e pastel sobre papel, vemos

nitidamente a diferença entre as duas técnicas. Na pele do rosto e pescoço da personagem foi

utilizado o guache, como se percebe pela opacidade e textura suaves, bem como pelas mesclas

monocromáticas. Nas demais partes da pintura foram aplicadas as duas técnicas, sendo que o

pastel, por cima, predomina mais, produzindo linhas e emaranhados com textura mais forte.

Nessas partes as cores mais claras dão brilho, tanto no pano de fundo quanto nos detalhes do

cabelo.

Diferentemente de Rapaz de um Bloco de Carnaval de 1957 em São Tomé, acrílico e

óleo sobre papel (fig. 90), em que não é tão visível a diferença entre as duas técnicas. O óleo

parece predominar, embora não se possa descartar a possibilidade de elas estarem sendo

aplicadas no mesmo espaço: nota-se, por exemplo, que no fundo em tons de verdes e

amarelos, elas parecem se misturar em gradações. Porém há indícios de que os jarros foram

pincelados com tinta acrílica, assim como o cubo e a lamparina, porque essas parecem

pastosas e menos gradativas.

O outro procedimento revelador da liberdade e da experimentação de Erasmo Andrade

é a colagem. Considera-se que essa técnica ganhou um caráter artístico na segunda década do

século XX, no âmbito do Cubismo, com as obras do francês Georges Braque (1882-1963) e

do espanhol Pablo Picasso (1881-1973), Henri Matisse (1869- 1954) também foi um forte

usuário da colagem, entre outros. Trata-se de uma técnica que permite criar uma imagem a

partir da reunião de vários fragmentos colados em uma superfície plana ou não, utilizando não

só papéis e tecidos, mas também vários e quaisquer outros materiais como pregos, madeiras,

vidros. Essas inserções dependem do querer do artista, do desejo de criar formas abstratas e

figurativas através de recortes diversificados.

Erasmo ressignifica sua arte com a colagem, superando-se como se brincasse com as

diferentes possibilidades que essa técnica lhe oferece, cria formas geométricas e de objetos,

pois não só com papel, mais com outros materiais como tecido, recortes de outras pinturas, de

sua própria autoria e ainda objetos. Veja uma dessas obras:

As pinturas A hora de Judas (fig. 25), é uma obra composta por dois painéis, à

maneira de um díptico. Na primeira imagem, identificam-se mesclas com cores, formas e

texturas que compõem certa abstração. Os objetos inseridos sugerem uma composição

Page 25: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

24

conceitual, típica das atuais obras contemporâneas, uma vez que, há aplicações de pedras e

sementes encontradas no bairro de Ponta Negra, embebidas de cores: tons de vermelho, azul e

amarelo, a cor verde provavelmente surge da mistura das duas últimas cores. Essa é a primeira

obra de colagem apresentada na lista das obras de Erasmo; é de conteúdo religioso e traz

complexidade para decifrá-la. Associa-se à Ponta Negra, lugar em que reside desde sua

mocidade e à religião católica que fez parte de sua vida. O conjunto da obra composta pelas

colagens e tintas, trazem ao espectador um efeito perturbador pelos objetos inseridos e suas

disposições no suporte.

Outra obra com uma construção parecida é Vaso com flores, conchas e sementes de

Ponta Negra (fig. 101), que também aplica materiais orgânicos do bairro de Ponta Negra,

provavelmente com a intenção de resgatar as lembranças e sentimentos que nutre por esse

lugar, apossando-se de partes dele como se trouxesse para bem perto e tomasse a posse do

lugar. Ele então produz uma flor, na forma que lembra uma mandala, colando no centro

sementes de seu bairro, que logo são cobertas por tinta, tirando a visão de suas características

naturais, deixando apenas volume e cor. Isso permite que o artista crie novas características

para os materiais colados, despertando o olhar do espectador.

Outros tipos de colagens são aplicados com papéis e tecidos. Em Sereias (fig. 44)

encontramos formas recortadas e coladas em juta, um tipo de tecido rústico, representando

uma espécie de garrafa e formas geométricas (um quadrado e um retângulo na parte esquerda

do quadro). Essa colagem provoca uma espécie de transparência, por conta dos vazados

deixados pelas tramas do tecido. Em O Leitor das Cartas Embaralhadas (fig. 77) nota-se o

papel pintado, recortado e colado sobre o corpo e o chapéu do personagem, em forma de

quadrado, retângulo e triângulo. Também em Folhagem da Década de 1960 (fig. 71) vemos

várias colagens, umas sobre as outras, em papel com pinturas e em vários formatos:

retângulos, quadrados e folhas que dão um leve efeito de profundidade. Também há colagens

discretas, que quase não dá para notar com pouca atenção, porque se confundem com a

superfície em que são aplicadas, como em Composição com Violão e Cabeça de Arlequim

(fig. 27) onde pedaços de papel pintado compõem o chapéu do personagem e o violão. Nesse

caso, o que provoca a camuflagem são as cores aplicadas nessas formas coladas, que seguem

o formato do objeto representado.

Page 26: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

25

2.2. DOS TEMAS

Refletindo sobre a obra de Erasmo, não se pode deixar de pensar na construção da

imagem, pois é visível que as imagens estão por toda a parte, seja na arte, na propaganda, em

livros e nos meios de comunicação em geral, utilizando-a para chamar a atenção do público.

Na verdade, o poder da imagem se manifestou desde os tempos primórdios, como mostram os

desenhos nas cavernas Pré-Históricas, que indicavam e contavam o modo de vida dos

habitantes daquela época. O mesmo acontecia com as iluminuras na Idade Média, que

contavam histórias bíblicas para catequisar os fiéis da Igreja, já que a grande maioria deles era

analfabeta. A imagem foi, assim, acompanhando a História e, no decorrer do tempo, vem

crescendo cada vez mais o poder da comunicação imagética, fazendo com que a leitura visual

se torne cada vez mais necessária.

Graças às imagens, as obras de arte apresentam, portanto, conteúdos para uma leitura

visual. Segundo Dondis (2007), no entanto, muitas pessoas têm dificuldades de ler e entender

uma obra de arte, mesmo quando as imagens nela contidas fazem parte de sua realidade, pois

mesmo que reconheçam as figuras, não sabem analisá-las. Isso pode se dar porque essas

pessoas acreditam que uma imagem não pode ser lida e que serve apenas para decorar.

Esse pensamento estabelece uma barreira que limita a compreensão dos dois

elementos – compositivos e conceituais – da imagem apresentada na obra de arte. Então, é

possível aceitar que:

Ler uma imagem seria, então, compreendê-la, interpretá-la, descrevê-

la, decompô-la e recompô-la para apreendê-la como objeto a conhecer

[e que] a leitura é uma atividade simbólica tão importante quanto a

produção artística, porque é ela que possibilita interpretar as imagens.

(PILAR, 1993, p. 77)

Ao depararmos com essa citação de Pillar, acreditamos que o absorver de uma obra de

arte pelo leitor requer um conhecimento prévio dos elementos que constituem a imagem, bem

como o conhecimento das representações que estão presentes na obra, para que sua

interpretação, mesmo que diferente do que o artista quis dizer, seja convincente e

compreensiva.

Page 27: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

26

Como dissemos anteriormente, não há registros das obras que Erasmo Andrade

realizou na infância e na adolescência, tanto os desenhos feitos a carvão sobre as calçadas,

como os desenhos feitos com grafite e lápis de cor, em cadernos escolares. No entanto,

segundo seu próprio relato, em seus primeiros desenhos figuravam cenas de filmes e seriados

que ele assistia quando criança, bem como temas relacionados à vida na sua cidade do

interior, São Tomé: objetos do cotidiano, como bule e flor de bulgari4; as borboletas com suas

asas transparentes; os festejos de São João, com seus balões coloridos e luminosos que,

segundo o pintor, chegavam a confundirem-se com as estrelas no céu; os músicos que

alegravam as festas; os trajes das meninas, que se apresentavam nas noites das festas do mês

de maio com vestes de cetim e asas de anjos; os babados rendados e as pregas das roupas de

primeira comunhão. Também nessa época surgem temas fantásticos, como anjos que, com

suas asas, vivem entre os humanos, participando das agruras do cotidiano.

Quando intensificou sua prática artística, no período do seminário (1964-1967),

Erasmo continuou a tratar de temas regionais e religiosos. Foi nessa época que começou a

pintar pavões5, aves presentes em algumas fazendas de São Tomé, que fascinavam o artista,

como ele relata saudoso:

[...] Os pavões também fazem parte desse meu repertório, que eu via

em algumas raras fazendas nos arredores de São Tomé, uns pavões

belíssimos, que ficavam entre os arredores das casas abrindo os seus

leques de cores. E eu sempre achei que queria que minha pintura fosse

como um leque de cores [...] (Entrevista, à autora, em 15/03/2013).

Esse tema sugeriu o nome de sua primeira pintura, “Os pavões”, pintado em óleo sobre

madeira revestida com tecido, em 1965. Outras obras desse período, nesse processo de

primeiras pinturas sobre madeira, foram As mulatas de Gauguin, de 1965; Retrato do amor

quando jovem, de 1966 (fig. 05); Cristo e pavões, de 1966; A Noiva, de 19666.

Depois de sua saída do Seminário, quando finalizou o Ensino Médio e cursou Serviço

Social na UFRN (1968-1977), Erasmo levou adiante sua arte, produzindo intuitivamente, sem

nenhuma orientação, e continuando na mesma linha de temas.

4 Bulgari: flor aromática, cujo nome científico é Jasminum sambac, mas que é conhecida popularmente como

bulgari, jasmim-árabe, jasmim-sambac e mosqueta. Fonte: http://www.jardineiro.net/plantas/jasmim-arabe-

jasminum-sambac.html. Acesso em 27 dez 2014.

5 Pavão: grande ave que se distingue por sua cauda e plumagem; indivíduo muito vaidoso. Fonte:

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=pav%E3o.

Acesso em 21 jun 2016.

6Os nomes das obras, cujas imagens não constam aqui no trabalho, foram informados por Andrade (2005).

Page 28: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

27

Durante seu aperfeiçoamento na Escola de Belas-Artes da UFMG (1978), ele teve o

apoio da professora Madu, que logo elogiou e incentivou sua maneira de conduzir sua história

dentro da pintura, qualificando-a como original. Foi então que aperfeiçoou sua técnica e viveu

novas experiências, descobrindo novos caminhos e desenvolvendo uma base mais fortalecida

para sua expressão, inclusive intensificando suas pesquisas sobre os grandes mestres da

pintura universal. Segundo seu depoimento, no entanto, não houve uma mudança significativa

na iconografia das obras, já que ele continuou a privilegiar os temas regionais, inspirados

principalmente de sua própria experiência de vida: “[minhas] pinturas resgatam lembranças e

vivências de minha aldeia natal, São Tomé, minha infância, juventude e cultura” (Entrevista à

autora, 15/03/2013).

É possível afirmar, portanto, que através de seu processo criativo, Erasmo procura

resgatar a cultura de sua região, costumes do passado e do presente, numa linguagem de

devaneios poéticos, trazendo às telas revelações de sua alma. São formas figurativas e

abstratas, exibidas com traços breves e simbologias desenvolvidas por suas emoções de

prazeres e/ou angústias, de conquistas e/ou perdas, sonhos, quiçá, arquivos do inconsciente.

Sobre o inconsciente, Jung (1964) afirma que há acontecimentos que levamos para

baixo do limiar do consciente e por isso não lembramos. Mas em algum momento esse

acontecimento pode aflorar do inconsciente em forma de sonho, como um segundo

pensamento, não como um pensamento racional, mas como uma imagem simbólica. Jung

prossegue afirmando também que no inconsciente existem percepções da realidade. Desse

modo, considera que as informações que lá estão inativas, “adormecidas”, podem vir à tona

mesclando-se com o conteúdo do consciente, através de símbolos. Para Jung, esses elementos

tornam-se uma imagem simbólica quando seu significado evidente diz algo além do seu

sentido usual. Essa imagem tem aspectos “inconscientes” que nunca podem ser decifrados em

sua totalidade: “O que chamamos símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem que

nos pode ser familiar na vida diária, embora possua conotações convencionais. Implica

alguma coisa vaga, desconhecida ou oculta para nós” (JUNG, 1964, p. 20).

Para ilustrar seu pensamento, Jung (1964, p. 20) cita o exemplo de um homem indiano

que, voltando de uma viagem à Inglaterra, contou que os britânicos gostavam muito de

animais, porque as igrejas inglesas eram repletas de figuras de leões, águias e bois. Não sabia

ele que se tratava de símbolos religiosos, provenientes de passagens da Bíblia (uma visão do

profeta Ezequiel e do Apocalipse de São João Evangelista).

Page 29: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

28

Um dos indícios que sugerem o significado simbólico de um elemento é sua repetição.

Ora, analisando as obras de Erasmo, vê-se que o desenvolvimento de sua pintura se dá muitas

vezes pela repetição de temas – como em Anjos Músicos II (fig. 21), Anjos Músicos IV (fig.

84), Passagem Secreta (fig. 31), Passagem Secreta II (fig. 37), O Vendedor de Ilusões I (fig.

78), O Vendedor de Ilusões II (fig. 79), Mulher na Festa de Sant'Ana de Caicó I (fig. 52),

Mulher na Festa de Sant'Ana de Caicó II (fig. 53), entre outras, bem como pela repetição

recorrente de elementos iconográficos, como vasos, candeeiros, borboletas, entre outros.

Percebe-se que esses temas repetidos formam séries, que nem sempre são feitas em um

mesmo período, podendo apresentar intervalos de tempo entre um e outro, como nas duas

obras da série Anjos Músicos, realizadas em 1994 e 2011 (figs. 21 e 84). Diz o artista: “Repito

meus temas e a cada repetição tento melhorar a técnica para que ela dê ao espectador a ideia

do que eu estou tratando, bem visceral!” (Entrevista à autora em 15/03/2013). Logo, esse

método o ajuda a aperfeiçoar a técnica e permite tentar chegar o mais próximo possível

daquilo que está em mente. Segundo o artista, portanto, esse ato possibilita criar e recriar os

mesmos temas, fazendo associações entre eles. Mas em que medida essa prática não revela

também a existência de símbolos nas imagens criadas por Erasmo? Não seria possível ver em

seus temas, e mais ainda nos elementos iconográficos que se repetem com frequência, um

significado simbólico, que vai além do que está representado?

Até agora, a obra de Erasmo nunca foi objeto de uma análise iconográfica mais

consistente. Dorian Gray chega mesmo a afirmar: “A Erasmo interessa mais a maneira de

pintar do que a narrativa do quadro” (CALDAS, 1989, p. 129). Diante dessa afirmação pode-

se perceber que o grande estudioso da arte potiguar não se aprofundou o bastante no conteúdo

de vida e no repertorio temático de Erasmo. Provavelmente se impressionou com sua maneira

peculiar de pintar, apreciando suas formas e pinceladas, mas não procurou explorar melhor os

conteúdos de seus quadros. No entanto, nota-se que tanto a maneira de Erasmo produzir suas

obras, quanto a narrativa de suas imagens são inseparáveis. De fato, se prestarmos atenção nos

quadros coloridos e sedutores, compreenderemos que eles contam a historia do pintor, sempre

com o mesmo entusiasmo, de modo muito poético e, muitas vezes, com sentido simbólico.

Page 30: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

29

2.2.1. Temas e símbolos na obra de Erasmo Andrade

Erasmo desenha tramas de sonhos trazidos para uma realidade particular, tramas

íntimas de suas vivências ao longo da vida, que são fixadas em suas obras. Mas ora ele quer

mostrar, ora quer esconder o que verdadeiramente quer transmitir com sua pintura. Como diz

Berger (1972, p. 14), “as imagens foram feitas, de princípio, para evocar a aparência de algo

ausente”. Erasmo escolhe o cenário de seus quadros de acordo com as coisas que o absorvem,

aquelas passadas, que ficaram na lembrança, boas ou más, assim como as atuais. Basta que

haja um sentimento forte para que se transforme em pintura. Daí, arma um jogo emocional,

em que a vontade reveladora briga com o medo de se expor a um mundo cruel que lhe causa

pavor, fazendo-o esconder-se por trás de símbolos iconográficos e instigando-nos a querer

descobrir por que determinado objeto está presente naquela obra.

Nesse sentido, Berger (1972, p. 14) também nos fala que “quanto mais imaginativa é a

obra, mais profundamente nos permite compartilhar da experiência que o artista teve do

visível”. Contudo, nem sempre é possível decifrar uma composição misteriosa, por causa da

miscigenação de ideias, vivências, desejos intrínsecos de que, muitas vezes, nem mesmo o

artista tem consciência. Uma obra oferece muitos meios de interpretações, a depender dos

argumentos do crítico. Como afirma Pilar (2006), para termos uma leitura significativa de

uma obra de arte, precisamos estabelecer relações entre o objeto de leitura e nossas

experiências de leitor, possibilitando nossa interpretação de acordo com o que pensamos

desses objetos.

Para uma melhor compreensão da arte de Erasmo Andrade e para a análise

iconográfica não ficar fastidiosa, vamos nos concentrar nos temas e elementos que mais se

repetem em suas obras e que podem indicar algum tipo de significado especial, tentando

definir seus sentidos – eventualmente simbólicos – e buscando relacioná-los ao percurso e à

personalidade do artista. Mas, antes de começar essa analise, é interessante ressaltar a

dificuldade que se teve nesse processo de pesquisa, por causa da quantidade e da variedade de

temas e elementos contidos no conjunto da obra do pintor. Diante dessas constatações, nesse

mar de obras e imagens, foi preciso navegar para suas margens e procurar organizar de modo

sintético, a fim de se chegar a conclusões consistentes.

Page 31: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

30

Assim, a partir de uma observação panorâmica, é possível identificar cinco grandes

grupos iconográficos, que passaremos a analisar agora.

2.2.1.1. Presença e ausência materna

A presença materna, na obra de Erasmo, está relacionada às lembranças de sua mãe e

apresenta conteúdos referentes à infância, à morte e à saudade. Como já sabemos, sua mãe foi

muito importante na vida do artista: foi ela quem o ajudou e o incentivou para a arte, embora

o pintor não tenha morado com ela por muito tempo. Assim, desde que perdeu a mãe, aos 57

anos, Erasmo passou a venerá-la ainda mais, trazendo-a constantemente para sua obra.

Em Retrato do Amor Quando Jovem (fig. 05) a figura feminina parece ser uma mãe

sentada num monte (temos a impressão que ela está perto das nuvens), num jardim florido,

com uma criança debruçada sobre suas pernas. A pintura parece representar, portanto, o amor

materno, o menino podendo ser Erasmo quando criança. Nesse sentido, é uma cena romântica,

materna, representação comum do laço familiar entre mãe e filho.

Mas, será isso mesmo? Indagando sobre essa pintura, realizada no tempo em que ele

estava no seminário, Erasmo diz que esse é um “quadro matriz [...] a mãe com um menino no

braço, por traz o céu de van Gogh e os girassóis no ar” (Entrevista, à autora, em 15/03/2013).

Mas, em sua própria dissertação de Mestrado, o pintor afirma que o título da obra faz

referência ao livro de James Joyce, Retrato do Artista quando Jovem, e que a imagem

representada faz referência a um jovem seminarista (ANDRADE, 2005, p. 37 e 54). Levando

em consideração esse dado, o que a cena significa realmente? Será que seu sentido está

camuflado? Será que logo na adolescência Erasmo teve uma decepção amorosa, uma paixão

não correspondida, um amor impossível, que o fez pintar esse quadro dessa maneira,

colocando-o nos braços de uma figura feminina, símbolo materno? Ou será que o menino nos

braços da mulher seria o amor desejado e ele, na figura da mulher, estaria protegendo seu

amado? Talvez se pintasse um quadro com sua real intenção, pudesse despertar desconforto

em quem o visse. É difícil definir se o quadro trata de sentimentos maternos ou carnais, ou os

dois ao mesmo tempo, porém, é certo que ele fala de amor, de carinho, de proteção.

Page 32: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

31

Já a obra Figura no Leito da Serra Azul (fig. 51) mostra uma mulher, quase deitada,

com os braços cruzados ao peito, no que parece ser um leito ou um caixão. Ela está sozinha,

em um ambiente sombrio, meio noite, vigiada por olhos espalhados ao seu redor, pelo olho

pregado no casario a seus pés e também pelos astros no céu. Os próprios olhos da personagem

sugerem inquietação, pois embora ela esteja com o rosto voltado para frente, suas pupilas

estão voltadas para o lado, como se observassem algo. A serra azul corresponde à paisagem

de serras azuladas de São Tomé vistas ao longe, paisagem que Erasmo aprecia muito e coloca

frequentemente em seus quadros. A cena aqui parece estar representando sua mãe que, com

uma cadeira ao lado de seu leito/caixão, espera alguém que não chega – esse alguém seria seu

filho? Talvez represente sentimentos semelhantes aos que Vincent Van Gogh (1853-1890)

representou na obra O Quarto do Artista em Arles, de 1889 (fig. 116), quando pintou uma

cadeira vazia ao lado de sua cama, como se almejasse a presença de seu amigo Gauguin.

Seja como for, é certo que a morte da mãe inspirou cenas de tristeza, solidão e até

punições nos quadros de Erasmo. Em 2007, um ano depois da morte da mãe, ele pinta No

Sepultamento de Maria (fig. 59): dessa vez, sua mãe (que se chamava Maria), já morta, é

levada para seu destino, por figuras que parecem lamentar-se pela perda. Mais uma vez o

ambiente é sombrio, mas recebe a claridade da lua, que parece vir para acompanhar o cortejo.

No mesmo ano pinta também O Flagelo no Sepultamento de Maria (fig. 61), que parece

sugerir uma cena de castigo: é possível que a figura principal, com seus olhos esverdeados,

represente o artista que se auto castiga – se sentindo culpado? – com a perda da mãe. Ao

longe, se vê figuras bem pequenas segurando um caixão. É comum entre esses quadros a

presença da lua, indicando a noite com seu ambiente azulado, comprovando a frieza, a tristeza

do acontecido; o cortejo fúnebre que leva o caixão para o infinito; e as torres das igrejas

indicando a fé do pintor, algumas com escadas que parecem mostrar o caminho para o céu.

Mulher Azul (fig. 97) é mais uma referência que Erasmo faz à sua mãe. Segundo o

próprio artista, embora seus olhos estejam abertos, a personagem faz referência a sua mãe

morta, os olhos estando abertos para não permitir que a imagem de sua mãe permaneça num

ambiente totalmente sombrio. Todo pintado em tons de azul, o quadro, apesar de uma

elegância evidente, revela um ar obscuro que paira sobre a figura. Sobre seu busto, um ramo

de flores simboliza a ternura e a saudade. A gola do vestido, cujos pontos brilhantes indicam

as estrelas no céu, evoca uma figura de rainha. Quebrando a frieza da cor azul, surge o

amarelo no centro dos pêndulos das orelhas, parecendo representar o sol que, juntamente com

o detalhe da tiara da cabeça, significam a luz que insiste em não se apagar. Da mesma forma,

Page 33: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

32

seus lábios aquecidos de vermelho insistem em mantê-la viva. Essa imagem revela a imensa

vontade que o artista tem de voltar no tempo e manter sua mãe viva no presente.

A Mulher Azul II (fig. 110), como sugere o título, é a segunda versão do tema

analisado no parágrafo anterior. A personagem, que pode ter sido reproduzida de uma

fotografia, remete novamente à mãe do pintor, sendo difícil definir se ela está viva ou morta:

os olhos – que são verdes, como os de Erasmo – estão bem abertos, mas ela está pintada de

azul, cor fria e sombria. O plano de fundo, no entanto, traz vida através das cores quentes,

deixando o ambiente mais alegre que o da cena anterior. Talvez seja uma indicação de que sua

mãe está em um lugar de paz, olhando por ele, sempre. Também pode ser um sinal de que,

com o passar do tempo, o filho foi se conformando com a ausência da mãe.

Já em Maria aos 18 Anos II (fig. 73), Erasmo resgata a juventude da mãe em sua tela,

trazendo para seu olhar a lembrança daquela que marcou profundamente sua vida. Embora

essa pintura tenha sido reproduzida através de uma fotografia, Erasmo procurou manter seu

próprio estilo. As cores desse quadro mostram a dualidade entre a vida e a morte: o azul,

predominante, é uma cor fria que distancia, evocando a ausência da mãe e a tristeza; já as

demais cores, sendo quentes, aproximam e sugerem a vida perpetuada na lembrança e no

amor do filho. Nessa composição há muitas flores em volta da personagem. Alvarez (2013, p.

82) diz: “As flores criadas pela imaginação estão sempre em ascensão, mesmo as dos abismos

obscuros, negros e sombrios. As flores são luzes e as luzes são flores que existem para brilhar,

fazendo o cosmos cintilar.” Nota-se também que a flor que está no cabelo da personagem de

Erasmo é a bulgari, uma espécie de jasmim, sempre citada pelo pintor quando fala da

infância; flor bastante cultivada e apreciada em sua cidade, fazendo parte do cotidiano das

mulheres que as usavam no cabelo e em decorações das casas e festejos locais. A presença das

flores e a alegria das cores também sugerem uma semelhança ente essa obra e a pintura Santa

Terezinha de Lisieux (fig. 48), a santa das flores, realizada alguns anos antes. É como se

Erasmo quisesse evocar a feminilidade, a vivacidade e a devoção pela mãe, demonstrando

uma verdadeira adoração por ela, como se fosse uma santa.

Page 34: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

33

2.2.1.2. O apego às raízes

São Tomé, a cidade natal de Erasmo Andrade, é para ele um lugar bucólico, que lhe

inspira para compor os temas de suas pinturas. Quando criança, essa cidade representava o

mundo que lhe aguçava a curiosidade, a fantasia, os desejos, os sonhos, as decepções e tantos

outros sentimentos e pensamentos que Erasmo extravasaria para suas obras.

No desenho Enterro de Anjo (fig. 10) o tema mostra uma cena de enterros de crianças.

Nas regiões interioranas, os cortejos fúnebres costumam ser bem mais expressivos que nas

grandes cidades, envolvendo amigos, familiares e até curiosos que levam seus mortos em

caminhada até o cemitério. Vemos, nessa obra, pessoas e anjos - estes, por se tratar do enterro

de uma criança, celebram um pequeno ser que, morrendo, torna-se anjo também, sendo

acompanhado e conduzido ao reino celestial.

Outra lembrança da infância de Erasmo em São Tomé é exposta na obra Primeira

Comunhão (fig. 13), que mostra uma garotinha usando um vestido com plissados e rendas e

ainda um véu com tiara de flores na cabeça, pronta para sua primeira comunhão, celebração

própria dos ritos da igreja católica. Nesse desenho, no segundo plano da imagem, há uma

espécie de alegoria, mostrando diversos elementos agrupados, como uma pomba (símbolo do

Espírito Santo), uma vela que serve para iluminar os caminhos dos fieis, flores que são usadas

para enfeitar e alegrar o ambiente, anjos protetores e músicos, alimentos que podem significar

a saciedade da alma e ainda uma grande taça que representa o vinho, sangue de Cristo, onde

parece se refletir o rosto da pequena jovem.

Além de cenas narrando acontecimentos específicos, também é possível identificar as

lembranças da infância de Erasmo em São Tomé através de alguns objetos que se repetem em

sua obra. É o caso, por exemplo, do bule, que encontramos em Bule e Frutas Levitando (fig.

113) e Natureza Morta com Bule (fig. 114), bem como a obra Vaso sobre Mesa (fig. 103) em

que o vaso tem, na verdade, um formato de bule. O que poderia explicar a presença desse

objeto nas pinturas de Erasmo? Sua forma imponente fascinava o pintor quando criança,

como ele mesmo afirma: “Minha primeira obsessão por uma forma definida, foi a de um bule

com bico longo, elegante, posto sobre um fogão velho, na Pedra do Navio em São Tomé [...]”

(ANDRADE, 2005, p. 78). Depois, já adulto, o bule, símbolo fálico, deve ter passado a

representar a lembrança olfativa e visual do período da manhã, o aroma do cafezinho matinal,

Page 35: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

34

e à mesa o modo como o café ou o leite era conduzido pelo bico do bule, da família reunida

em volta da mesa, dos desenhos florais que eram comuns em bules de ágata dos tempos

antigos.

Erasmo sempre gostou e se envolveu com os festejos e datas comemorativas,

principalmente as ocorridas em sua aldeia natal como, por exemplo, o carnaval. É essa festa

que inspirou Composição com Violão e Cabeça de Arlequim (fig. 27). Arlequim é um

palhaço, não propriamente de carnaval, mas uma figura que a princípio servia para alegrar ao

público durante os intervalos dos espetáculos. Nos carnavais de antigamente, porém, eram

comumente encontradas fantasias desse personagem, principalmente por seu traje colorido. O

mesmo personagem reaparece em Figura de um Carnaval de 1957 em São Tomé I (fig. 70) e

Figura de um Carnaval em São Tomé de 1957 II (fig. 89), sempre evocando as

comemorações carnavalescas, enquanto outro personagem masculino não identificado é o

protagonista de Rapaz de um Bloco de Carnaval de 1957 em São Tomé (fig. 90). Percebemos,

assim, que o carnaval de 1957 foi muito importante para Erasmo, aparecendo em suas obras.

O pintor afirma ainda: “as figuras do pastoril também me impressionaram, pelas cores

azuis e encarnadas, [...], os movimentos das danças, a música e a desenvoltura da Diana que

observei em São Tomé em 1958/1960; colocando essa beleza em meus quadros [...]”

(Entrevista à autora, em 15/03/2013). Assim, percebe-se que algumas representações das

cores azuis e vermelhas inseridas nas obras do pintor podem estar relacionadas com o

simbolismo do pastoril, festejo do folclore nordestino. Já o São João, para Erasmo, é uma das

festas mais deslumbrantes e apreciadas, por causa de suas noites estreladas, os balões soltos

pelo ar, as brincadeiras e danças e as cores das bandeirolas e das luzes que enfeitavam as ruas

e as casas:

Apreciava as noites de São João. Bela! Era como um quadro impressionista,

lanternas nas portas das casas, soltavam balões, eram outros tipos de roupas

das moças das quadrilhas, lindas! Observava muito as fogueiras em cada

porta, passava tempo parado diante da única fogueira vertical, a única, do

senhor José Punaré, era um tronco de árvore em pé, fincada no chão e o fogo

em cima [...]. (Entrevista à autora, em 15/03/2013).

Essas lembranças puderam inspirar obras como Minha Aldeia em Noite de São João

na Década de 1958 (fig. 74), com seus círculos preenchidos por cores e linhas, o céu

pontilhado, os astros e as cores de toda a composição que homenageia o São João da aldeia do

pintor.

Page 36: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

35

Já o Acrobata do Circo Borborema (fig. 76) e Figura de Palhaço no Camarim II (fig.

108), são temas relacionados ao Circo Borborema, que vinha se apresentar em São Tomé,

deixando várias lembranças e recordações em Erasmo.

Outra marca da infância aparece na obra O Garimpo I (fig. 35), em que a figura

masculina pode se referir ao próprio artista ou a seu pai, que era garimpeiro e administrava

uma mina de xelita, a Mina Oiticica. O pássaro que é induzido a posar na mão e fitar no olho

do personagem parece trazer uma mensagem. Na obra, a mina parece estar sendo representada

pelas formas geométricas coloridas, que simbolizam as pedras preciosas de formatos

irregulares. As pedras de xelita estariam representadas pelas cores amarela, cinza, vermelha,

verde e castanha; as pedras de água marinha estariam representadas pela cor verde-azul claro.

A técnica utilizada nessa obra (mista, incluindo pintura, desenho e colagem), bem como a

composição cheia de cores e texturas simbolizam o ambiente de pedregulhos e cores do

garimpo. Nas partes amareladas e castanhas parece ter sido aplicado pó ou brilho dourados,

criando uma textura que parece reluzir ouro, dando ideia de preciosidade.

As origens de Erasmo, principalmente sua relação com a cidade onde nasceu, passou a

infância e à qual retorna regularmente ainda hoje, aparecem em vários outros quadros, de

maneira mais ou menos explícita. Duas obras, em particular, revelam essa relação desde o

título: trata-se das telas A Aldeia, a Caverna e Eu (fig. 82) e A Aldeia, a Paixão e Eu (fig. 83),

que foram pintadas no mesmo ano e possuem o mesmo formato circular. Erasmo faz a leitura

da primeira obra da seguinte maneira:

A aldeia a qual enfoco é São Tomé, o lugar onde nasci; a caverna é o

túmulo; e eu. Então, é a aldeia de nascimento relacionado com a vida e

também com a morte, dentro desse contexto de serras onde um casal, que

repito noutras telas, eles andam, eles caminham em direção à aldeia. Um

casal que é quase uma sombra, são figuras que vão se destinando a entrar na

aldeia. Essas figuras, elas andam nesses meus quadros desde a década de

1980, quando fiz pela primeira vez A Minha Aldeia. Em seguida, após a

morte da minha mãe, eu fiz A Aldeia Nublada [...]. [...] esta obra é a

continuação dessa relação da minha infância, da minha família, da minha

posição de criador dessa plástica que é este lugar chamado São Tomé. Para a

construção desse quadro, me inspirei numa aldeia de Vitebsk, na Rússia do

pintor Marc Chagall, [...] colocando como ponto de interesse a torre da igreja

de São Tomé, uma torre imponente que parece dominar a paisagem bucólica.

As figuras que caminham querem entrar na aldeia, parece que eles querem

voltar no tempo buscando suas origens, buscando aquele tom, aquela luz

solar, aquele clima, aquele vapor, aquela temperatura de um tempo que não

se encontra mais. É uma aldeia vista sobre o prisma de um paraíso perdido.

[...] Neste trabalho fiz questão que fosse feito quase como uma mandala, na

qual tem toda uma dinâmica de um movimento, nos pássaros que parecem

Page 37: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

36

carregar o clima do quadro; os pássaros relacionados às serras, ao casario, à

torre da igreja e às figuras que caminham abraçadas como os amantes nos

lilases, no quadro de Marc Chagall. (Entrevista ao Projeto Artista do RN, em

27/03/2012)

Assim, a partir desses dois quadros e da fala do artista, é possível definir os principais

elementos que evocam São Tomé em suas obras: uma torre de igreja, casarios antigos e uma

paisagem montanhosa. A análise do conjunto da obra de Erasmo corrobora, por outro lado, a

importância desses elementos em seu imaginário, uma vez que encontramos torres de igrejas e

casarios em muitas pinturas (de um total de 40 obras analisadas – ver tabela no final desse

trabalho), como é o caso em Pavões (fig. 41); Barco à Deriva (fig. 45); Noite sem Fim (fig.

75), entre outras. A torre de igreja, também um símbolo fálico, que muitas vezes, nas obras,

elas se multiplicam como em Casal Caminhando para a Torre (fig. 94) – parece ter um

significado especial, fascinando o artista, como ele mesmo revela: “As torres das igrejas

sempre me impressionaram, pelo seu formato vertical na visão de algo que quer surpreender

pelas alturas, sair do chão, elevar-se e vê o mundo sobre esse prisma das janelas do alto”

(Entrevista ao Projeto Artista do RN, em 27/03/2012).

Desse lugar particular, Erasmo entende muito bem. Do mesmo modo como Marc

Chagall (1887-1985) foi fiel a Vitebsk, cujos elementos do seu cotidiano, muitas vezes,

transformando-se em símbolos, encravaram-se em suas próprias obras, trazendo para o mundo

uma mescla de seus pensamentos reais e ilusórios e das coisas referentes à sua cidade natal,

assim faz Erasmo em relação a São Tomé, quando fala de suas paisagens, as serras azuis, os

seres, o rio temporário que enche e seca de quando em quando, no qual as crianças se

banhavam e brincavam em tempo de abundância. Desse modo, vemos que Erasmo tem grande

afinidade com Chagall, pois interpretam cenas de experiências próprias; apresentando

elementos simbólicos, comuns entre eles, como olho, sol, cabra e casarios, entre outros

elementos.

Erasmo diz ainda que, não se pode separar a realidade do sonho e que esse pensamento

também encontrou em Chagall:

No quadro O Olho Verde [fig. 117], óleo sobre tela, de 1944, de Chagall, as

casas têm olhos. No mundo rural de Chagall as pessoas tiram leite das vacas,

ou das cabras, e [...]. [...] esse quadro chama atenção por esses elementos

simbólicos. Para alguns ele é surrealista. Melhor chamá-lo de simbólico,

porque ele trabalha com a matéria do consciente e não do inconsciente.

Então uma casa com olhos tem significado. (Entrevista à autora, em

15/03/2013).

Page 38: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

37

Ora, retomando a análise das obras de Erasmo, também podemos identificar a

presença de olhos em várias delas. Na (figura 33), além do Cristo crucificado, vemos quatro

olhos, o mais notável é posto no alto da obra, numa espécie de lua. É comum encontrar olhos

nos astros celestiais de Erasmo, representados tanto de forma naturalista, quanto de forma

estilizada, este, simbolizados apenas como um círculo de menor tamanho dentro de outro

maior, ou até dentro de mais círculos, como em Pavões (figs. 40 e 41), onde vemos as duas

formas de representação. Já em Pavões (fig. 42), o olho se encontra de perfil. Também vemos

um olho na pintura Sereias (fig. 44), na parte superior direita do quadro, que mais parece um

peito feminino, se comparados aos peitos das sereias representadas no quadro. Em Noite sem

Fim (fig. 75) o olho aparece envolto em vários anéis coloridos. Também é comum aparecer

olho nos frontões dos casarios, como em Figura no Leito da Serra Azul (fig. 51) que mostra

um olho de forma naturalista, e Figura com Estigma I (fig. 65) que mostra um olho estilizado.

Qual seria, então, o significado desses olhos? Talvez eles representem a visão universal, pois

para onde quer que se vá, ou onde quer que se esteja, seja noite, seja dia, todos estamos

expostos ao olhar do outro e nada fica encoberto diante dos olhos do divino. Os olhos nas

diversas obras de Erasmo seriam, assim, como um símbolo de alerta para as ações dos

humanos, avisando da onipresença divina.

Os olhos verdes que aparecem em alguns personagens das obras de Erasmo – como,

por exemplo, em Mulher da Serra Verde (fig. 29), Figuras na Ponta Negra em 1980 (fig. 69)

e Os Olhos da Cabra Verde de Barcelona II (fig. 111) - podem estar simbolizando seus

próprios olhos, parecidos com os de seu pai, ambos de cores verdes, também fazendo diálogo

com as obras de Chagall. De fato, Erasmo parece ter verdadeira paixão pela cor e formato de

seus olhos, provavelmente considerando-os como pedras preciosas. Chegou inclusive a

intitular uma de suas exposições “Olhos Verdes” em 2004, inserindo no respectivo convite

uma fotografia de seus próprios olhos como imagem de fundo (fig. 123).

2.2.1.3. A marca da religiosidade

Tendo sido coroinha na infância e seminarista na adolescência, Erasmo foi muito

marcado pelos temas religiosos, que se expressam em sua obra de diferentes maneiras.

Page 39: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

38

A Hora de Judas (fig. 25) consiste em dois painéis de forma circular, o primeiro é

tridimensional com colagens, em forma de assamblage. Ainda que de conteúdo religioso,

pode estar representando várias coisas, no primeiro painel, a cor azul, inserida nessa obra,

pode se referir ao rio temporário que passa por São Tomé ou mesmo o mar de Ponta Negra; a

vermelha, o sangue de Cristo derramado por nossos pecados; a amarela refere-se à

preciosidade das pedras da Mina Oiticica e as sementes encravadas na obra foram coletadas

de Ponta Negra, que revelam o gosto que o artista tem por esse lugar. O Cristo, nessa obra,

corresponde a uma escultura fragmentada, cujos braços e pés foram mutilados e deslocados

para o centro do painel. No segundo painel, a obra se completa com a pintura de um rosto de

perfil, de cor esverdeada. De acordo com o tema, é provável que essa figura seja Judas, um

dos apóstolos de Cristo, ou até pode ser o próprio artista observando todo o acontecimento.

Vê-se ainda uma mancha de cor púrpura, como que saindo da boca dessa figura em perfil. Se

a figura estiver representando Judas Iscariotes, isso pode ser o reflexo do mal que causou a

Jesus Cristo: com a língua o traiu e de sua boca escorre o sangue da traição. Diante do título, é

inevitável a pergunta: que hora será essa? Será a da traição? Segundo a Bíblia Sagrada “[...]

Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais dos sacerdotes para lho entregar. E

eles ouvindo-o, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro; e buscava como o entregaria em

ocasião oportuna” (Marcos, 14:10-11, 1995). No livro de Mateus, 27:45-46, aparece que Jesus

morreu na hora nona. Essa hora faz parte do calendário judaico o que se refere, no nosso

calendário, entre doze e quinze horas. Nesse caso, Jesus morreu às três horas da tarde, tendo

sido entregue para morte de cruz, pela traição de Judas.

Em Objetos de Judas (fig. 30) há uma cabeça humana (representando certamente

Judas) e, ao seu redor, três objetos: uma jarra (com boca larga e alça), um vaso (com boca

estreita) e o que parece ser um cálice. Esses elementos podem ter diferentes significados

simbólicos. Na Bíblia, os vasos são utensílios onde são conservados objetos valiosos: “Assim

diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Toma esta escritura, esta escritura da compra,

tanto a selada como a aberta, e mete-as num vaso de barro, para que se possam conservar por

muitos dias.” (Jeremias, 32:14, 1995). Ainda segundo a Bíblia, os vasos também podem

representar pessoas que foram preparadas para receber as coisas celestiais – de Deus que,

como um oleiro, as teria modelado a partir da argila: “Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque

este é para mim um instrumento (vaso) para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem

como perante os filhos de Israel” (Atos, 9:15, 1995). Assim, objetos que servem de

receptáculo podem ser considerados como símbolos de vida, o que contrasta, nessa pintura de

Page 40: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

39

Erasmo, com a cabeça de Judas, cuja ação foi justamente de contribuir para tirar a vida de

Jesus.

Seja como for, vale notar que também há vasos, cálices, jarras e outros objetos que

servem de receptáculo em várias outras obras de Erasmo, como Cabeça de Paixão (fig. 19);

Centauro na Pedra do Navio (fig. 86); Rapaz de um Bloco de Carnaval de 1957 em São Tomé

(fig. 90) e Primeira Comunhão (fig. 13), para citar apenas alguns exemplos (para a lista

completa, ver a tabela no final desse trabalho). Por que motivo o artista os colocou nessas

obras? Teriam eles algum significado particular ou funcionam apenas como elementos

visuais, que ajudam a equilibrar as composições?

O quadro A Piedade (fig. 15) foi pintado um ano após o ingresso de Erasmo na Escola

de Belas Artes. Nele, vê-se Cristo em uma posição inusitada: com o braço esquerdo pregado

na cruz, mas segurando, com o direito, uma figura que parece ser a Virgem Maria,

desacordada. Na arte cristã, a versão consagrada para o tema da piedade, mais conhecido

como “Pietà”, representa a Virgem Maria segurando, no colo, o corpo morto de Jesus, como

aparece na famosa obra de Michelangelo (1475–1564, fig. 16). Na obra de Erasmo, a

representação é invertida: é Cristo quem segura sua mãe desfalecida. Essa inversão parece

simbolizar o papel de Cristo como o Salvador que segura o fardo do mundo e carrega a

humanidade – aqui representada por Maria – nos braços, tomando para si as dores do mundo.

Esse Cristo de pele amarelada está com o coração à mostra, como se indicasse que seu amor

por nós supera a dor da morte na cruz. Por trás da cena principal há uma mesa posta com

vinho e pão, o alimento da ceia após a qual Jesus foi traído e entregue aos romanos. Há uma

estrela negra caindo do céu como protesto pelo acontecimento e o ambiente é escuro, já que

por volta da hora da morte de Cristo, segundo a Bíblia, houve trevas por toda a parte. No

entanto, uma luz tímida, vinda do sol que parece ser sustentado por mãos, insiste em clarear o

episódio.

Crucificado também está Cristo na (figura 33), na qual o calvário aparece em um local

cercado de símbolos: os cajus dispostos no chão evocam o Rio Grande do Norte, Estado em

que o fruto é muito cultivado; uma maçã, entre os cajus, simboliza o pecado original, o

desejo; também entre os cajus, uma taça que remete ao vinho e ao sangue de Cristo derramado

na cruz; e um pavão. Ao seu redor há torres de igrejas, com seus cumes indicando os céus;

dois círculos, um de cada lado de Jesus; e a cruz que divide os céus e a terra. Em diversas

partes da imagem – acima da cruz, nas construções ao fundo, na taça aos pés da cruz – são

Page 41: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

40

representados olhos, os olhos que tudo vêem, segundo as próprias palavras do artista. Como

nas escrituras bíblicas (Mateus, 27:45) é afirmado que houve trevas em certo momento da

crucificação até a hora da morte de Cristo, o artista colocou uma lua com grande olho para

reforçar a vigilância desse acontecimento, como que indicando nada ficar impune. O Cristo

azul de Erasmo expressa a dor de suas chagas causadas por seus malfeitores. Com um olhar

parado, seu corpo estático e com a boca entreaberta, mesmo tímido, é como se dissesse “[...]

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Marcos, 15:34).

São Francisco é considerado um homem muito próximo a Deus, por causa de suas

constantes orações, tendo inclusive recebido as chagas de Cristo. Homem simples que viveu

para ajudar ao próximo e aos animais. Em São Francisco Transfigurado em Fundo Azul (fig.

24), o santo aparece num plano celestial, rodeado por pássaros e formas geométricas

representando astros luminosos que realçam o azul do fundo. O título da obra se refere à

passagem da Bíblia em que ocorreu a transfiguração de Jesus Cristo, quando este foi ao monte

orar com alguns de seus discípulos: “[...] E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto

resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. [...]” (Mateus 17:1-

8). A transfiguração, portanto, é uma transformação para uma aparição em estado de glória.

No caso da obra de Erasmo, ele associou a glória de Jesus à de São Francisco. Este santo pode

ter inspirado Erasmo nas obras Figura com Estigma I (fig. 65) e Figura com Estigma (fig. 68)

cada uma delas mostrando um personagem com uma marca na mão que representa as chagas

de Cristo. Essas figuras possuem uma coroa na cabeça, que é símbolo de conquista. Vale

salientar que a Figura com Estigma (fig. 68) tem o mesmo gesto de mãos que Santa

Terezinha de Lisieux (fig. 48) e Nossa Senhora da Conceição (fig. 106), ambas santas

consagradas do catolicismo.

A obra Santa Terezinha de Lisieux (fig. 48) é um diálogo que Erasmo fez com a

imagem tradicional da Santa Terezinha de Lisieux (fig. 49), “a santa das rosas”, por quem

Erasmo tem grande devoção. Ele diz que quando estava residindo no seminário, havia uma

imagem dessa santa na parede do quarto em que dormia e que, desde então, ela vem sendo

companheira em suas caminhadas. Encantou-se por sua história de vida, pelo buquê de flores

que carrega e por sua aparência doce e angelical.

Na sua obra, Erasmo transfere as flores do buquê da santa para o manto: “pintei essa

santa e puxei as rosas do buque para as vestes. Ficou muito interessante, porque parece uma

pintura mexicana de Frida Kahlo, e seu colorido é estonteante” (Entrevista à autora, em

Page 42: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

41

15/03/2013). Nas vestimentas, as flores se transformam em linhas, círculos e cores. As linhas

sinuosas nas laterais do manto parecem ser o prolongamento dos cabelos, pois os cabelos

femininos compridos simbolizam o véu da noiva de Cristo e o cuidado de uni-los com laço,

ato que mostra a delicadeza do artista no zelo dessa figura feminina. O azul aparece em todo o

fundo do quadro, junto ao amarelo, ao branco e aos tons esverdeados resultantes da mistura

dessas cores. Desse modo, parece que o céu uniu-se à terra, ou melhor, às montanhas de São

Tomé, que Erasmo diz serem azuladas. Mas o gradeado que divide a pintura ao meio torna

ainda mais longe os casarios que apresentam suas torres, em meio a astros e círculos que

colorem o ambiente tal como as vestes da personagem. Mesmo a auréola da santa parece que

se transformou em um sol, simbolizando certamente a luz espiritual que é refletida pelo ser

que tem ligações com a divindade.

Já Nossa Senhora da Conceição (fig. 106) é apresentada em tons de azul, cor que

simboliza o céu, a cor do manto da Santa e o mar. Centralizada sobre uma espécie de portal

gótico, ela parece flutuar sobre nuvens coloridas, cruzando as mãos sobre o peito. A coroa,

segundo a Igreja Católica, indica sua importância como rainha da humanidade, da terra e dos

céus. No topo da coroa, uma cruz simboliza o Cristo Crucificado, sinal de fé, de santidade e

dos cristãos.

Para finalizar, a cena representada em O Desterro da Minha Aldeia (fig. 109) remete à

história da primeira infância de Jesus Cristo, quando sua família teve que fugir de Belém para

se refugiar no Egito: “[...] Eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo:

Levanta-te e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora lá até que eu te diga,

porque Erodes há de procurar o menino para o matar” (Mateus, 2:13). Trata-se também de

uma passagem comumente representada na arte religiosa, como na obra do pintor italiano Fra

Angelico (1387 – 1455). A obra de Erasmo faz referência à sua aldeia natal, é um paralelo

entre a história bíblica e sua própria história: assim como a Santa Família foi obrigada a se

desterrar para não morrer, Erasmo também foi obrigado a deixar sua terra para não ser morto

intelectualmente, pois São Tomé não lhe oferecia asas para que sua arte fosse desenvolvida e

o permitisse voar alto. Também há nessa obra dois símbolos marcantes, os círculos,

simbolizando olhos observadores, tanto na lua quanto nos frontões das casas; e a serpente,

símbolo da ira de Herodes contra o menino Jesus.

Page 43: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

42

2.2.1.4. Expressões de sensualidade

Aqui se reúnem algumas obras cujos conteúdos referem-se à atração, à sedução e ao

pacto entre duas pessoas. Para analisa-las buscaremos apoio principalmente na própria fala do

artista (ANDRADE, 2005), que revela bastante sobre seus desejos, frustrações e conquistas.

O Anjo Sedutor (fig. 17) contrasta com o grupo analisado anteriormente. A figura de

anjo se refere mais ao religioso, mas esse anjo se mostra sedutor. Segundo a tradição cristã, os

anjos são seres alados, assexuados e possuem forma humana. São seres espirituais,

mensageiros e suas asas são o veículo de transporte que proporcionam a proximidade com

Deus. A obra de Erasmo contraria a tradicionalidade da representação do anjo e sugere

relações entre religiosidade e sensualidade, pois em vez de o anjo livrar os humanos dos

males da paixão, seduz. As duas faces se encontram e paralisam-se uma diante da outra,

fitando-se os olhares. O anjo, por sua vez, com expressão sedutora, hipnotiza a figura que vem

ao seu encontro, inclinando-se na sua direção e cedendo às suas artimanhas.

Cabeça de Paixão (fig. 19) também mostra uma relação entre figura humana e anjo.

Este parece surgir dessa figura humana, em cuja cabeça penetra com liberdade. O anjo,

identificado por suas asas azuis, parece tapar a orelha do humano para que ele não ouça

críticas externas, mas também parece lhe dizer algo. É como se o anjo fosse o próprio

pensamento do humano, cuja mente trabalha em razão de seu querer, sem se importar com a

opinião alheia. As flores ao redor dos personagens vêm amenizar a tensão desse episódio e

mostrar a beleza e o ar sensual da cena. Mas as flores de Erasmo têm seus pistilos – órgãos

reprodutores da planta - bem evidentes, assemelhando-se à genitália masculina. Por outro

lado, em virtude de seu formato, essas flores até parecem borboletas, que sem caule voam

pelo quadro. É possível que essa pintura trate da dualidade entre o feminino e o masculino,

indicada pelas cores dos olhos do humano: vermelho e azul. Comparando essas duas últimas

obras analisadas entre si à vida do artista, é notável o conflito que sugerem, entre a

religiosidade e a sensualidade.

A pintura Saliva de Sangue (fig. 66) é composta por duas cabeças de figuras humanas

que, muito próximas, quase se beijando, se conectam através de um fluido saído de suas

bocas, como que selando um pacto ou um compromisso de amor. A pintura é cheia de cores,

pela presença de borboletas estilizadas que tomam a forma de coração, sugerindo certo

Page 44: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

43

romantismo à cena. Essa representação se assemelha à de Figuras na Ponta Negra em 1980

(fig. 69), em que duas figuras se aproximam fixando-se pelo olhar, como que trocando energia

também numa cena romântica, em meio a pés de caju – alusão à Ponta Negra – e no que

parecer ser um anoitecer. Por outro lado, reencontramos aqui o simbolismo de cores sugerido

em Cabeça de Paixão (fig. 19), em que a figura humana apresenta um olho azul e outro

vermelho: agora, essas cores aparecem nas bocas dos personagens, também sugerindo uma

dualidade de gêneros.

Já em Os Namorados (fig. 115), dois personagens aparecem juntos, de corpo quase

inteiro. O da esquerda, olhando para nós, gesticula os braços como se tivesse em posição de

dança; o da direita, posicionando-se por trás do primeiro, olha para seu companheiro como se

quisesse beijá-lo. Os lábios dos dois namorados diferem novamente de cor, sempre em azul e

vermelho. Trata-se de uma cena sensual entre dois amantes, como sugere não só o próprio

título da obra, mas também a incidência da cor vermelha - que tanto indica paixão, como

perigo - contrastando com o azul – que, por sua vez, simboliza a frieza, o mistério, a ternura.

Aqui também há a simbologia do estar sendo observado, através dos círculos nos astros e do

olho na fachada da casa, que parecem representar o olhar de repreensão e censura, tanto da

esfera celeste, quanto da sociedade.

Na obra Morte do Amor (fig. 50), à esquerda, vemos duas figuras que parecem ser

masculinas, uma sentada e outra deitada, a primeira segurando a cabeça da segunda com a

mão esquerda. À direita, duas outras figuras caminham, de costa para nós, em direção a um

casario com torres – seriam igrejas? – no fundo da imagem, carregando uma espécie de tocha-

candelabro. A cena se passa em noite de lua baixa, sob um céu estrelado. O cenário extenso e

solitário reflete a dor da perda. Pelo modo como os personagens da esquerda estão dispostos,

é possível comparar essa obra com Retrato do Amor quando Jovem (fig. 05), a semelhança

entre as duas reforçando a ideia de que, em ambas, o tema está relacionado à perda de um

amor carnal.

Em sua dissertação de Mestrado, o artista conta que, no seu tempo de seminário, havia

um jovem que lhe despertava uma grande atração. Este jovem era um colega, a quem Erasmo

dedicou seu amor oculto e inquieto, revelando-o apenas em formas plásticas:

Sob a sombra de uma vestimenta eclesiástica trocamos palavras, cantamos

no coro de vozes verdadeiras e falsas na capela das ilusões perdidas e

também resgatadas e transformadas na plasticidade de minha pintura de

sonho. Nas transparências e veladuras dos meus quadros encontra-se oculto e

Page 45: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

44

revelado, a beleza do teu rosto plástico como o Renascer do vergel

colonístico de uma paisagem sertaneja... (ANDRADE, 2005, pg. 26)

Segundo o pintor, a obra Retrato do Amor quando Jovem (fig. 05) faz referência a esse

rapaz seminarista, originário da região do Seridó:

Foi neste clima que quebrando certas regras, [esse quadro é] uma pintura

bem diferente daquele contexto, onde eu compunha um quadro beirando o

surrealismo, uma inconsciente forma de revelação de amor e paixão e uma

engrenagem de complexos psíquicos. (ANDRADE, 2005, p. 54).

2.2.1.5. Imaginário e fantasia

O último grupo de temas identificável por mim na obra de Erasmo Andrade refere-se

ao seu imaginário, mostrando conteúdos mitológicos, paisagens enigmáticas, quando o artista

conta que:

Para sobreviver, inventei um mundo abstrato impossível de ser visto pela

maioria das pessoas. Como uma casa de fazenda antiga escondida na serra,

banhada por um rio doce. E quando a lua de prata aparece no céu, tenho a

vontade de juntar-me àquela luz de mistério. O meu olhar busca uma estrela

no céu muito distante. Tenho a impressão de ter habitado no mundo estelar e

que de lá caíra como um anjo derrubado. (Entrevista à autora, em

15/03/2013).

Erasmo revela gostar de anjos e os insere em suas obras, em seus pensamentos,

provavelmente acreditando que eles o acompanha como uma espécie de anjos guardadores.

Em Anjos Músicos de Sabará (fig. 14), pintado no ano em que o artista entrou na Escola de

Belas Artes de Belo Horizonte, ele faz uma homenagem às cidades históricas de Minas

Gerais, com suas igrejas e casarões antigos, os cemitérios, as esculturas de Aleijadinho e a

própria paisagem patrimonial. Na imagem, parece que os anjos elevaram a cidade aos céus,

em seu habitat natural e diante da lua e das estrelas, divertem-se no meio dela. Diante de um

instrumento musical de cordas, parecem compor uma canção, talvez uma cantiga de ninar,

trazendo paz à cidade, cujos cuidados estão sobre sua responsabilidade. A composição revela

uma hierarquia, pois a cidade está muito pequena se comparada com o tamanho dos anjos,

indicando serem estes os guardiões. É interessante ressaltar que Erasmo representou anjos em

diversas outras obras, como Anjo Músico com Violino (fig. 09) e Cabeça de Paixão (fig. 19),

entre outros, (ver relação completa na tabela no final desse trabalho).

Page 46: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

45

Os seres mitológicos também fascinam o artista. Cenas fantásticas eram criadas por

Erasmo, quando criança, acreditava que existia um mundo povoado por seres extraordinários.

Seu avô Joca Belfino era o dono da Mina Oiticica, que ficava próxima de São Tomé e era

administrada pelo pai do pintor. Por ser o filho mais velho, Erasmo seguia com seu pai para a

mina e lá, diante da gruta que escavavam para extrair a xelita e outras pedras, o artista fazia

uma viagem mental, de imaginações surreais:

Eu [pinto] figuras estranhas como centauros [...] porque eu sempre achei que

existia esse mundo de centauros. Quando eu ia à Mina Oiticica, quando

criança [...] imaginava que aquele mundo era real [...]. Dentro de uma serra,

naquela profundidade, [...] eu via, naquele mundo, que habitavam centauros.

(Entrevista à autora, em 15/03/2013).

Na obra Centauro e a Serpente (fig. 85), as figuras principais encontram-se em um

ambiente fantástico, em um lugar nevoado e suspenso, com construções estranhas compostas

por telhados e torres pontiagudas, além de torres e escadas ligando as construções entre si e ao

céu. Parecem mais castelos suspensos às margens de abismos cristalinos, meio espelhados,

que podem remeter aos brilhos das pedras encontradas nas grutas da mina em que Erasmo

viajava mentalmente, na infância. O centauro está representado no centro e em primeiro

plano, fitando-nos, ao lado de uma serpente que parece ter sido derrotada pelo ser meio

homem e meio animal: sua cabeça voltada para cima e o corpo encolhido sugerem que ela

está morta. Mas esse centauro se apresenta de maneira bem particular, com elementos

masculinos – costas largas, porte musculoso, pênis avantajado – e também femininos – seios,

rosto maquiado e uma espécie de chapéu com flores e coração. Qual seria, então, o

significado simbólico desse ser andrógino derrotando uma serpente?

Centauro na Pedra do Navio (fig. 86) foi pintado no mesmo ano que a obra anterior e

com as mesmas dimensões. A imagem também apresenta muitas semelhanças com a da obra

anterior, tanto pela composição – um personagem ocupando quase todo o centro da tela, em

primeiro plano, com construções ao longe – quanto pelas características dos elementos –

centauro com parte inferior voltada para a esquerda e mesma posição de braços do centauro

anterior (mas invertido simetricamente) e construções estranhas, como que suspensas, com

escadas, torres e, dessa vez, uma cruz no alto de uma delas. É como se as duas telas tivessem

sido pintadas ao mesmo tempo, uma ao lado da outra. Mas esse novo centauro é menos

ambíguo que o anterior: mesmo sem ter um pênis, ele é mais masculino, já que não possui as

características femininas do outro. É como se o centauro na cor marrom representasse um

personagem de relações duplas e o outro, na cor azul, representasse o masculino. E aqui, em

Page 47: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

46

vez da serpente, temos uma pequena borboleta e um vaso, bem como montanhas e uma casa

ao longe. O nome Pedra do Navio se refere a uma fazenda onde os pais de Erasmo foram

morar e onde ele costumava visitar.

Na obra Sereias (fig. 44) vê-se duas personagens, uma em frente à outra, diante de

uma garrafa e uma taça, como se comemorassem algum acontecimento. Suas mãos se

direcionam para objetos: vaso, garrafa, taça e uma forma quadrada vermelha, ao pé do vaso.

As Sereias são consideradas seres lendários ou mesmo personagens fantásticos que

simbolizam a sedução mortal. Originárias do mar, com características de peixe e de mulher,

têm a fama de atrair os navegadores e levá-los à morte.

Além de seres mitológicos conhecidos, como centauros e sereias, Erasmo também cria

personagens que, mesmo sem apresentar características físicas extraordinárias, se apresentam

como seres enigmáticos, cuja identidade torna-se ainda mais obscura à leitura dos títulos das

obras. É o caso, por exemplo, de O Leitor das Cartas Embaralhadas (fig. 77), personagem

com um pescoço enorme, rosto de perfil, chapéu cilíndrico, cabelo volumoso vermelho e

roupa larga que provavelmente cobre todo o corpo. Em torno dele, vemos elementos que

parecem flutuar: duas metades de rosto que parecem ligadas a um rolo de linha e uma taça

com líquido vermelho que se liga a algo de forma quadrada. Quem seria e o que representaria

esse personagem com esses objetos? Sabemos que Erasmo via as apresentações do Circo

Borborema, em São Tomé, quando criança. Talvez as figuras e as atrações desses espetáculos

– show de palhaços ou truques de mágica, por exemplo – tenham marcado mais sua

imaginação, aflorando na sua arte através de imagens enigmáticas como essa.

Page 48: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

47

2.3. DAS FORMAS

Foi por volta dos sete anos de idade, quando desenhava nas calçadas da rua onde

morava, que Erasmo começou a desenvolver um estilo promissor. Ele diz que naquele

momento surgiam traços parecidos com os desenhos dos Maias, Astecas e Incas. Percepção

esta que o artista só veio a descobrir depois, através de seus estudos sobre “A Imagem Mítica”

(Entrevista, à autora, em 15/03/2013). Provavelmente eram traços rebuscados, trazendo uma

essência original que atraiam olhares apreciadores.

Afirma Ostrower (2004, p. 297) que o estilo de um artista vai de como ele elabora a

forma de representar seus elementos, inserindo significados de acordo com as interpretações

das realidades que foram vividas: “O estilo de uma obra sempre corresponde a uma visão de

vida – visão pessoal ou, mais amplamente, visão cultural de determinada sociedade num

determinado momento histórico”. Ela também conta que a maneira estilística e expressiva do

artista vai além do resultado final de seu trabalho, pois, é considerável que na concepção da

arte haja um processo interno que permite a intuição sem mesmo atingir o nível do consciente,

é o que orienta o fazer artístico por meio da bagagem material e espiritual que o artista

carrega.

A análise estilística de uma obra de arte requer o estudo dos elementos formais que a

compõem. Para a análise das pinturas de Erasmo, Ostrower (2004) abordar três categorias

fundamentais em relação a esses elementos, que são: a composição, o desenho e a cor.

2.3.1. Influência modernista

Erasmo não esconde que teve uma grande influência da Arte Moderna. Seja em suas

entrevistas ou em sua dissertação de Mestrado (ANDRADE, 2005), ele sempre se refere a

pintores modernistas europeus como as principais referências que teve na elaboração de sua

própria pintura. Influenciado pelas vanguardas Cubista, Surrealista e Fauvista, principalmente

dos artistas Paul Gauguim (1848-1903), Henri Matisse (1869-1954), Paul Klee (1879-1940) e

Page 49: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

48

Marc Chagall (1887-1985). Logo, suas obras evidenciam essas influências, porém seguindo

seu próprio caminho mostrando-nos um estilo peculiar.

A obra Vaso com Girassóis e Borboletas (fig. 07), é composta por um vaso no centro

da pintura com duas alças em suas laterais, seu formato é composto por pequeninas borboletas

na cor azul de modo monocromático, que vai do azul mais forte ao mais claro. A presença

desse azul na tela faz com que o vaso se torne mais visível, por ser a cor em destaque. Esse

vaso está apoiado em uma espécie de pano rendado em forma de flor, também

monocromático, que envolve todo o restante da tela, inclusive a cor das três flores que saem

de dentro do vaso com suas hastes negras, elas se mostram de frente, sem perspectiva, seus

miolos são pincelados acompanhando o formato arredondado, dando a impressão de espiral,

suas pétalas pontiagudas estão separadas entre si. A borboleta aparece tímida por trás das

flores, pois é de mesma tonalidade e se mostra de tamanho maior que o natural. O conjunto

dos objetos inseridos nessa obra parece flutuar, acompanhando assim, o ritmo da borboleta.

Essa obra de Erasmo lembra a de Van Gogh, Doze Girassóis (fig. 08). Comparando-se

as duas, vê-se que em cada uma delas há um vaso com girassóis; também se percebe que os

quadros foram pintados com apenas duas cores, na qual se utilizam de gradações para variá-

las: Erasmo se beneficiou das cores azuis e laranjas, e Van Gogh, das amarela e verde. Se no

quadro de Van Gogh o fundo destaca os girassóis, em Erasmo toda a tonalidade do quadro

vem a destacar apenas o vaso, azul.

O Cristo Amarelo (fig. 34), de Gauguin pode ser comparado com o Cristo de Erasmo

(figura 33) este nos dá a impressão de que suas pernas são mais curtas que o corpo, sua

apresentação está em primeiro plano, portanto mais próxima do espectador. Por trás, um

ambiente repleto de elementos que o artista aprecia como as torres das igrejas, astros, entre

outros, todos representados com predominância das cores frias. Já no Cristo de Gauguin, as

mulheres camponesas aparecem em primeiro plano ao pé da cruz, Cristo pendurado e mais

alongado que o de Erasmo aparece em segundo plano, encontra-se em um campo com

casarios, vegetações e montanhas ao longe, cujas cores quentes ajudam a deixar o quadro

mais extenso.

Paul Gauguin (fig. 38) é uma obra de Erasmo que representa uma cena de ócio, na

qual uma figura feminina está sentada ao pé de uma árvore, à sua esquerda um cachorro, à sua

direita cajus espalhados no chão, simbolizando o maior cajueiro do mundo, em Natal. Por

Page 50: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

49

trás, ladeando a personagem, dois pavões, que pairam despreocupados; por possuir enorme

calda e bela e colorida plumagem, além de uma pose imponente, simboliza a vaidade humana.

A paisagem ensolarada remete ao Morro do Careca em Ponta Negra, onde o sol aparece baixo

e grandioso beirando a linha do morro. No entanto, outro círculo amarelo e menor mais à

esquerda parece ser uma duplicação desse sol. Essa obra de Erasmo é parecida com a do

pintor Paul Gauguin Arearea (fig. 39), ambas em um ambiente corriqueiro, próprios das

vivências dos dois artistas, mostrando pessoas e animais dividindo o mesmo espaço.

Buscando as semelhanças no quadro de Erasmo vê-se que o artista manteve o posicionamento

dos personagens: a mulher veste o mesmo modelo de vestido, daquela representada no quadro

de Gauguin, também sentada ao chão põe a mão sobre as pernas, mantem o rosto voltado para

a sua direita em direção ao cachorro de tonalidade avermelhada.

Nascimento de Rudá (fig. 22) é uma pintura abstrata construída com formas

quadriculadas. É um mosaico onde cada superfície é separada da outra demarcando seu

espaço com tonalidades quentes como a laranja e fria como a verde. Será essa uma

representação de estado de espírito do artista? Já que a palavra Rudá, em tupi, significa o deus

do amor. O ser humano é dotado de sentimentos conscientes ou inconscientementes Erasmo

pode estar manifestando-os através das cores quentes, para sentimentos positivos e frias para

os negativos, como também, quando apresenta em suas obras a forma geométrica quadrada,

que tem significado de enfado e simboliza o corpo e a realidade. É uma pintura que lembra as

do artista suíço Paul Klee (1879-1940), Flora on Sand (fig. 122). Por sinal, parte do estudo da

dissertação de Erasmo, foi baseada nesse artista, onde comenta algumas de suas obras.

Erasmo herda dos pintores modernistas a liberdade de expressão. Sua obra possui

pinceladas rebuscadas e com traços geometrizados simplifica seu desenho, satura suas cores e

tende a se mostrar ainda mais estilizado, anti-naturalista e bidimensional que Van Gogh e

Gauguin.

Erasmo, pintor de suas memórias da realidade e de sonhos, do passado e do presente,

deposita maior estudo em Marc Chagall (1887-1985), este também pintou, tanto suas

vivências, quanto histórias poéticas do pensamento, dos sonhos e do desejo, embasados na

ideia de que tudo é possível, através dos milagres divinos; com isso, “Chagall permanece

essencialmente sonhador e lírico, mágico e ingênuo, o que faz do pincel a ferramenta

transformadora da bondade e da inocência em cores maravilhosas” (GÊNIOS DA PINTURA,

1973). Foi essa forma de expressão que, coincidindo com as características de Erasmo, o

Page 51: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

50

permitiu criar diálogos com as obras de Chagall através de suas pinturas, trazendo para suas

construções a forma onírica chagalliana, agindo com liberdade para expor seus sonhos como

só ele sabe contar, recitando suas imagens, como se fossem poemas visuais.

Marc Chagall foi um pintor surrealista, movimento francês do Século XX, cujas

características consistem nas manifestações do subconsciente, são representações ilusórias e

ilógicas como as dos sonhos e alucinações, porém com aspectos reais.

Na pintura de Chagall O Olho Verde (fig. 117) o que primeiro chama a atenção do

espectador é o grande olho no frontão de um casebre, depois vem a cabra em cor azul que se

deixa extrair o leite e a lua amarela ao longe, a obra tem tonalidades verdes. Já na obra O

Casal da Torre Eiffel (fig. 118), Chagall compõe com ousadia o modo de representar essa

cena; o casal em trajes de noivos flutua ao lado de um grande galo, assim como todos os

personagens do quadro, há anjos que vivem no meio dos humanos, cabra com violino e ao

fundo o casal de noivos parece concluir o matrimonio acolhidos em um pequeno abrigo. À

cima, o sol - bem parecido com o que Erasmo costuma representar – aparece grandioso e

quente atraindo o olhar, contrastando com a frieza do ambiente de tonalidade azul.

Nas obras de Erasmo é evidente a forte influência de Chagall principalmente nos

personagens que aparecem flutuando na tela, como em Rapaz de um Bloco de Carnaval de

1957 em São Tomé (fig. 90) e Anjo Músico da Aldeia Azul (fig. 107). Entretanto esta

influencia marcante não impediu Erasmo de demonstrar memórias pessoais e autenticidade

em suas criações.

2.3.2. A composição

Podemos imaginar os caminhos que um artista percorre para compor uma pintura. Será

que ele imagina a composição antes de pintar? Faz um projeto prévio? Tem um projeto de

início, mas durante esse processo insere elementos que vão surgindo intuitivamente de acordo

com o tema e seu estado de espírito? Ou simplesmente, constrói uma pintura com elementos

intuitivos, ou seja, sem fazer quaisquer tipos de planejamentos prévios? E qual é o resultado

final desse processo – seja ele elaborado ou intuitivo – em relação à composição da imagem

representada?

Page 52: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

51

Para a maneira de Erasmo elaborar a composição dos seus quadros, não tenho

informações de que ele faz estudos preparatórios, por não ter visto nenhum desenho para esse

fim e por ele nunca ter falado sobre esse assunto. Mas, pressupondo que por ele se inspirar em

artistas modernistas, que mesmo não sendo uma regra, muitos deles, procuravam evitar

desenhos prévios, deixando vir a espontaneidade em suas pinturas, já que os desenhos prévios

eram exigidos na academia, onde teriam que atingir a perfeição, é possível que Erasmo siga

esse sistema, pintando diretamente na tela, apenas tendo em mente uma ideia prévia. Mas,

tudo leva a crer que ele não segue à risca esse sistema. Pois, de acordo com minhas

observações, em algumas obras, é visível que elementos ou partes desses elementos sejam

feitos à lápis na tela. É o caso de Rapaz na Ponta Negra (fig. 60), em que, a construção, que

aparece à direita mostra a marca de um esboço, porém no restante da obra é impossível

detectar esse indício. E Figura Olhando para o Nada (fig. 98), a construção à esquerda

mostra que as partes pintadas de amarelo apresentam marcas de lápis. É mais certo dizer que

Erasmo compõe de maneira mista, tanto faz ele iniciar com a tela em branco, como fazer um

breve esboço, e ainda é crível que durante seu processo de pintura, vá acrescentando

elementos adicionais de acordo com seu estado de espírito, pois se pondo num estado de

transe, passeia por sobre a tela, vivenciando um mundo imaginário e deixando fluir toda uma

vida passada, fantástica, desejos impossíveis, fugindo de uma redoma limitadora, deixando o

suporte absorver suas emoções.

Em sua maioria, as obras de Erasmo são bem carregadas de informações, mas em

outras poucas, encontramos imensos vazios. É o caso de Morte do Amor (fig. 50) e No

Sepultamento de Maria (fig. 59), em que áreas extensas e vazias podem ser interpretadas de

várias formas. Se levarmos em conta os temas apresentados, de caráter bastante emocional,

podemos dizer que o mundo se torna vazio quando se perde um ente querido, quando a

solidão nos afasta de todos. Um caminho que antes era comum, agora se torna estranho e a

distância entre o querer e o não poder alcançar, passa a ser muito grande. Essas são sensações

desagradáveis que podem estar representadas nos espaços não preenchidos pelo artista.

Erasmo procura apresentar seus personagens em áreas externas, em cenas bastante

diversificadas, isso vem acarretar uma expressão de liberdade, assim como os seres alados que

vão e vêm livremente e passam por lugares conhecidos e estranhos, da realidade e dos sonhos.

Poucas figuras humanas são apresentadas de corpo inteiro e grande parte dessas figuras é

representada mostrando até a altura do busto, outras são suprimidas pernas ou pés e outras

poucas aparecem apenas a cabeça, como nas obras: Anjo Músico com Violino (fig. 09),

Page 53: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

52

Mulher Recostada na Cadeira (fig. 58) e Jardins do Sertão (fig. 112). Quanto ao

posicionamento dos personagens na tela, não se pode indicar uma posição mais corriqueira,

porque nessa característica também há variações, à esquerda, à direita, centralizado, em cima

ou em baixo, tudo dependendo da história a ser contada.

Também há despreocupação com a disposição dos elementos na tela, que raramente há

simetria, como em Anjo Sedutor (fig. 17), O Flagelo no Sepultamento de Maria (fig. 61) e Os

Olhos da Cabra Verde de Barcelona II (fig. 111), observe que nessas obras a tela é repleta de

elementos, mas em termos de simetria, um lado se torna mais sobrecarregado que o outro.

Para as composições que apresentam um elemento principal em primeiro plano e centralizado

a simetria é notável como em Vaso com Flores (fig. 101) e A Mulher Azul II (fig. 110).

2.3.3. O desenho

No início Erasmo começou desenhando seus personagens intuitivamente ou de

memória. Depois começou a desenhar suas figuras humanas buscando as formas dos bonecos,

assim como afirma:

Fui firmando esses desenhos de memória, comecei a articular esses desenhos

como se fossem uns bonecos, braços, mãos, cabeça, tronco, membros

interligados como uns bonecos, porque eu via também aqueles bonecos que

chamavam de João redondo, ou mamulengos, bonecos falantes [...] como na

casa da minha avó materna, era num hotel, às vezes chagavam gentes que

vinham apresentar shows com esses bonecos e eu fui evoluindo nessa

observação aguçada já montando um repertorio próprio, um material plástico

que eu ia utilizar, aperfeiçoar com o tempo [...]. (Entrevista, à autora, em

15/03/2013).

Erasmo aperfeiçoou seus desenhos, fazendo-os sempre estilizados e para isso,

procurou agregar formas geométricas, considerando essas formas (veremos abaixo um gráfico

(fig. 127), que mostra o índice das três formas geométricas básicas nas obras).

Page 54: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

53

Conta-nos Dondis (2007) que as formas geométricas básicas são o quadrado, o círculo

e o triângulo. Elas são dotadas de significados. As direções horizontais e verticais são as

principais formadoras do quadrado e constitui bem-estar; alguns dos significados

apresentados têm a ver com a estabilidade entre o ser humano e o meio ambiente. As formas

curvas têm significados de abrangência e repetição. Já a direção diagonal tem significado

ameaçador e perturbador.

Levando isso em consideração, procurei essas formas nas obras de Erasmo e constatei

que, dessas três, o círculo é quem mais aparece em quase o dobro de vezes, é a forma que traz

simbologia nas representações.

Já o círculo é considerado uma forma contínua, portanto não apresenta começo, nem

fim. Seu formato tem significado de agregação e infinidade. Jung, afirma que:

[...] o círculo (ou esfera) [é] como um símbolo do self: ele expressa a

totalidade da psique em todos os seus aspectos, incluindo o relacionamento

entre o homem e a natureza. Não importa se o símbolo do círculo está

presente na adoração primitiva do sol ou na religião moderna, em mitos ou

em sonhos, nas mandalas desenhadas pelos monges do Tibete, nos

planejamentos das cidades ou nos conceitos de esfera dos primeiros

astrônomos, ele indica sempre o mais importante aspecto da vida – sua

extrema e integral totalização. (JUNG, 1964, p. 240).

Erasmo insere muitos círculos em suas obras, representando muitas vezes tanto o olho,

quanto todo o tipo de constelação que habitam no céu, principalmente o sol, a lua, as estrelas,

como em São Francisco Transfigurado em Fundo Azul (fig. 24) e Santa Terezinha de Lisieux

0

10

20

30

40

50

60

CÍRCULO QUADRADO TRIÂNGULO

Gráfico 1 - Gráfico medidor de insidência de formas

geométricas presentes nas obras de Erasmo Andrade

CÍRCULO

QUADRADO

TRIÂNGULO

Figura 127 – Gráfico medidor da incidência de formas geométricas nas obras de Erasmo.

Page 55: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

54

(fig. 48). Ele, por ter educação eclesiástica, busca refúgio nas coisas celestiais, embora não

frequente nenhuma religião atualmente. Busca nas coisas elevadas paz, segurança e

esperança, já que teme as coisas terrenas, a violência do ser humano. No entanto, procura na

amizade o ser sincero, amoroso, protetor e entrega-se com todas as qualidades de um amigo.

Mas não é tão simples assim, pois há uma resistência de sua parte (ele tem medo!), e coloca-

se em uma redoma para sobreviver às agruras da vida, às coisas terrenas, protegendo-se da

humanidade, que muitas vezes é má.

Contudo, o simbolismo da infinidade que busca através do círculo não se materializa

na realidade, pois o tempo não espera e, na sua sequência, tudo muda, trazendo a saudade de

um tempo que foi perdido, deixando-o apenas na memória de suas obras, como nos temas

Vidas Passadas, Lugares Enigmáticos (fig. 23) e Noite sem Fim (fig. 75).

Se formos pensar sobre os significados atribuídos ao círculo, iremos ver que Erasmo é

um ser acolhedor, que busca o passado, e para não o perder de vista, mescla com o presente e

dá continuidade no futuro, deixando sua vivência envolta numa espécie de espiral para

permitir esse elo, trazendo sempre o passado para o presente.

O quadrado também está associado ao enfado. Platão, em Jung (1964, p. 249), diz que

“o quadrado (e muitas vezes o retângulo) é um símbolo da matéria terrestre, do corpo e da

realidade”. O quadrado e o retângulo aparecem regularmente nas obras para a representação

das construções de casarios e igrejas, bem como nas abstrações de Erasmo, como Noite sem

Fim (fig. 75), Construção Geométrica (fig. 95) e Serra Verde (fig. 36).

Já ao triângulo é dado o significado de ação e de conflito. Nas composições do artista,

essa forma praticamente só é utilizada para representar a pirâmide, que representa a parte mais

alta das torres das igrejas e telhados dos casarios, bem como nos chapéus de alguns

personagens como em Figura de um Carnaval em São Tomé de 1957- II (fig. 89) e Casal

Caminhando para a Torre (fig. 94). Desse modo, a forma triangular nas obras parece não ter

efeito simbólico, pois esse formato nas obras não traze novidade nas representações.

Erasmo desenvolveu um modo peculiar de trabalhar, rejeitando os traços naturais das

coisas, banindo os detalhes dos objetos e da anatomia humana, não buscando a imitação real

da natureza. Para firmar-se nessa sua caminhada como modernista que sempre foi, procurou

em outros modernistas influentes o caminho - a deformação da forma – que faz parte desse

processo de identidade e, nesse seu sintetismo, acredita nos conselhos de Gauguin quando diz

Page 56: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

55

que “A arte é uma abstração. Use os sonhos e a imaginação para extrair da natureza e

concentrar-se mais no processo criativo do que no resultado.” (apud COLEÇÃO FOLHA

GRANDES MESTRES DA PINTURA, 2007, p. 18).

Em seus personagens, a forma do pescoço é alongada, nariz projetado, olhos

amendoados, que algumas vezes lembram os olhos egípcios, devido ao seu contorno

acentuado, como em Mulher na Paisagem Geométrica (fig. 56) e O Leitor das Cartas

Embaralhadas (fig. 77). Essas qualidades para o nariz e olhos amendoados, Erasmo em

conversa informal diz ser aspectos de seu pai (figura 120). Os elementos alongados são

encontrados nas torres repuxadas das igrejas que parecem tocar o céu em A Aldeia, a Caverna

e Eu (fig. 82), Caminhando para a Torre (fig. 94) e Fruteira, Folha e Fruta (fig.53), bem

como nos cajus, que sofrem alterações em seus formatos como em Fruteira com Cajus (fig.

52) e Folhagem e Caju da Década de 1960 (fig. 72), mas os Cajus da Década de 60 (fig. 92)

tomam forma particular, pois além de alongados lembram o órgão genital masculino.

No uso das linhas Erasmo não segue um padrão, elas simplesmente se fazem presentes

e se manifestam de várias maneiras para atender às necessidades do artista. Elas servem para

dar volume ao panejamento, como por exemplo, em Mulher Recostada na Cadeira (fig. 58),

cujas linhas inquietas preenchem as mangas da roupa da mulher. Já em Mulher na Festa de

Sant'Ana de Caicó II (fig. 55), as pregas em linhas surgem no ombro e terminam entre os

seios, formando um modelo. Ainda nessa e na pintura Mulher na Festa de Sant'Ana de Caicó

I (fig. 54), as linhas coloridas flutuam no alto da tela, como se fossem fumaça saindo de um

vulcão em erupção, sopradas pelo vento. Essas linhas dançantes também são vistas em outras

obras como em Minha Aldeia em Noite de São João na Década de 1958 (fig. 74),

entrelaçadas decorando os pilares das torres.

Em Mulher no Carnaval de 1958 em São Tomé (fig. 57), as linhas formam hastes e

folhas dos cajus que parecem pêndulos em volta da cabeça. Em Figura com Estigma I (fig.

65), as linhas demarcam todo o personagem, delineando as divisões desse corpo masculino de

modo estilizado; observe que se não houvesse essas linhas, a figura ficaria em estado de

silhueta. O mesmo se aplicaria à casinha no alto à direita, onde sem as linhas seria apenas uma

forma retangular com um círculo à cima.

Grande parte dos elementos representados de Erasmo é contornado com linhas,

característica encontramos em Gauguin, que realiza em seus desenhos uma técnica gráfica

Page 57: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

56

chamada Cloisonismo, que consiste, entre outras características, em fechar / delinear as

formas com contornos escuros. Por vezes, varia na espessura do contorno como em O

Acrobata do Circo Borborema (fig. 76) e O Vendedor de Ilusões II (fig.79), cujo corpo,

orelhas e olhos são delineados por linhas escuras mais grossas e no formato do rosto a linha é

mais clara e mais fina.

Suas linhas são sinuosas, mesmo as retas não aparentam rigidez; ora se mostram

estáticas, seguindo direções horizontais e verticais, ora dinâmicas, tomando caminhos

diagonais e curvos. Independente de quais direções e caminhos tome, não são rígidas, porque

são conduzidas à mão livre, sem a utilização de mecanismos de aperfeiçoamento ou correção

como régua, borracha, compasso ou outros materiais. Exceto as montagens com colagens que

são cortadas bem retas, como no chapéu do personagem na Composição com Violão e Cabeça

de Arlequim (fig. 27). É uma prática espontânea, rápida, sem caprichos, que vem

desenvolvendo desde o início e firmada através de seus estudos modernistas.

Têm obras que Erasmo deixa transparecer linhas ou formas que se sobrepõem a outras,

como na pintura Paul Gauguin (fig. 38), onde a linha que forma a montanha permanece

aparente por traz do sol e passa pela frente da árvore. Em Prancha II (fig. 41), a linha que

delimita o chão, passa sobre o pavão e as torres. Em O Flagelo no Sepultamento de Maria

(fig. 61), os punhos da figura masculina, com tonalidade mais clara deixa transparecer a

estaca, dá impressão que os braços estão amordaçados num instrumento de tortura. Ainda em

Centauro e a Serpente (fig. 85), a delimitação do corpo da figura transparece na perna. É

possível notar que Erasmo não se preocupa, e deixa à mostra esses detalhes, pois assim como

em outras, essas obras mostram parte do elemento que está por traz, consistindo-se na

imbricação de diferentes planos. Essa característica também faz parte do Cubismo, é mais um

registro deixado como marca do artista.

Em Retrato do Amor Quando jovem (fig. 05), produzida em 1966, no período do

seminário, apresenta traços primitivos, movimentos rápidos sem a preocupação de detalhes.

Pode-se dizer que é uma pintura de iniciante; já no caso da pintura Anjos Músicos de Sabará

(fig. 14), de 1978, nota-se uma evolução, embora persista o traço simplificado, agora, procura

detalhar seus desenhos e inserir elementos diversificados no cenário, criando um ambiente de

fantasia, deixando o quadro mais denso, elaborando melhor o conteúdo, onde já se vê uma

ideia de profundidade.

Page 58: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

57

Logo, em seus quadros, Erasmo intercala desenhos com e sem profundidade, efeito

mantido durante seu percurso artístico, como em Enterro de Anjo (fig. 10) e Santa Terezinha

de Lisieux (fig. 48), onde o espaço ao fundo mantém os desenhos bem pequenos como forma

de indicar distância entre primeiro e segundo planos, e desenhos bidimensionais ou chapados

como em Vaso com Girassóis e Borboletas (fig. 07) e Mulher Azul (fig. 97). Nestes, os

personagens principais se mostram centralizados cujo fundo muitas vezes é representado com

uma cor, sem senário, chapado.

Na obra Olho de Lince sobre a Paisagem de Ventos (fig. 80) há profundidade na parte

inferior, mas na parte superior os elementos parecem estar em primeiro plano, assim como a

cabeça do personagem. Do mesmo modo, Centauro na Pedra do Navio (fig. 86), cuja parte

inferior do desenho parece desconectada da superior, nesta há uma espécie de castelo

grandioso em terceiro plano e em baixo, bem ao fundo, um casebre em segundo plano. Ainda

que a ordem dos elementos esteja certa, o castelo sendo o último elemento exposto, ainda que

seja muitíssimo grande, a disposição desses elementos causa certo incômodo. Essa dualidade

de espaço superior e inferior também está na pintura Maria aos 18 Anos II (fig. 73), do meado

da imagem para baixo traz impressão de profundidade, mas a de cima, aproxima-se da

personagem ficando em primeiro plano juntamente com as flores.

A obra Minha Aldeia em Noite de São João na Década de 1958 (fig. 74), não traz

profundidade, ainda que o artista tivesse intenção, a posição e o tamanho dos elementos na

tela não foram capazes de repassar essa ideia, mesmo que a igreja no centro da tela esteja

menor, parece que todos os elementos estão em primeiro plano, como uma cortina, nem

mesmo a diferença de tamanho entre os círculos conseguiram sugerir essa profundidade.

Não se vê perspectiva nas obras de Erasmo. Pois, para que haja perspectiva é

necessário que o desenho seja projetado a partir de pontos e linhas de fuga para que os

elementos sejam guiados por eles a fim de obterem-se espaços e profundidades das mais

diversas direções, assim como na realidade. Lembrando que a perspectiva surgiu no século

XV, no Renascimento e que antes disso só existiam noções de profundidade. Mas para não

dizer que essa característica é totalmente banida das obras de Erasmo, vemos em Noite sem

Fim (fig. 75) alguns indícios de perspectiva na representação da igreja. No entanto Erasmo,

modernista que é, foge de tudo que possa remeter à representação realista.

Page 59: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

58

2.3.4. A cor

Desde há muito, com o surgimento da humanidade, os seres primitivos tiveram a

necessidade de comunicação e o fizeram com a cor, como meio de registrar emoções, rituais,

magias, embora não tivessem conhecimento suficiente para definir seu conceito. Barros

(2009), afirma que a cor é um fenômeno fascinante, e sua presença no mundo visual exerce

atração sobre nós, despertando sensações diversas. Já Pedrosa (2009, p. 16) diz que, “com sua

magnificência, a cor integra e comanda o extraordinário da vida”.

Erasmo, caprichoso que é, procura empregar nas pinturas, através das cores, sua

energia. Mesmo que a incidência da cor azul, em determinadas obras, seja preponderante, as

demais cores fascinam o artista. Essa constatação fica evidente quando ele fala dos belos

pavões coloridos da sua infância e adolescência, do porta-joias de cores e de sua paleta

empastada, que ele fez questão de mostrar no convite de uma exposição (fig. 125).

Suas pinturas são chapadas, porque há ausência de sombreamento, muitas vezes usa

tons diferentes, mas não para criar sombra e luz. A falta de profundidade em algumas

imagens, tende a trazer a composição para frente, deixando-a em primeiro plano. Mas essa

bidimensionalidade é ligeiramente confundida com a tridimensionalidade, devido às

pinceladas em determinados lugares da pintura que dão a impressão de espaço, como se pode

ver em Fruteira com Cajus (fig. 52) e Mulher no Carnaval de 1958 em São Tomé (fig. 57),

diferentemente quando se usa uma só cor no fundo, como é o caso de Vaso com Girassóis e

Borboletas (fig. 07), Anjo Músico com Violino (fig. 09) e O Leitor das Cartas Embaralhadas

(fig. 77), que tendem a ser chapadas. Lembrando que as cores nas obras de Erasmo servem

para distinguir os elementos e algumas vezes, usa tonalidades diferentes para simular

sombreamento, como em Projeção da Alma (fig.32) e Centauro e a Serpente (fig. 85).

O volume, a luz e a cor são elementos que superam a bidimensão, pois com eles se

pode obter profundidade e espaço. Nas obras de Erasmo esse efeito é atraído pelas pinceladas

de cor mais clara, como o branco, por exemplo, dando um efeito nevoado à cena, como em

Paisagem D'Água (fig. 91), diferente do Casal Caminhando para a Torre (fig. 94), onde não

se vê esse efeito e a pintura torna-se chapada.

Page 60: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

59

Erasmo tende a usar cores antinaturalistas nas representações de seus elementos, como

nas obras Menino na Serra Verde (fig. 28), Mulher na Festa de Sant'Ana de Caicó II (fig. 55)

e El Ángel de La Luna II (fig. 88), pois em mais da metade de suas representações pictóricas

utiliza cores que não condizem com a realidade, lembrando, com essa atitude, as palavras de

Gauguin, apud Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura (2007, p. 44) que diz: “Como você

vê esta árvore? É realmente verde? Use o verde, então, o verde mais bonito de sua paleta. E

aquela sombra, bastante azul? Não tenha medo de pintá-la o mais azul possível”. Essas são

características do uso das cores antinaturais, assim como Erasmo faz, rostos e corpos de

muitos personagens são pintados de azul, verde ou até colorido; o sol de vermelho; o céu de

verde; os cajus de azul e o horizonte de rosa. Mas as cores nesses elementos não são

constantes, tendem a variar, hora é de uma cor, hora de outra.

Nota-se também que em algumas partes das composições o artista tende a inserir cores

diferentes de destaque como na obra Paul Gauguin (fig. 38) onde vemos a cor amarela em

baixo do cachorro e no braço da mulher; em Figura com Estigma I (fig. 65), há pinceladas

claras acima e em baixo da coroa da figura masculina e ainda na pintura A Aldeia, a Paixão e

Eu (fig. 83), no espaço entre os braços a cor azul está mais escura que o fundo. Essas

inserções permitem que as cores fiquem ainda mais diversificadas, característica que pode

simbolizar algo oculto ou simplesmente uma marca do artista.

Erasmo diz que sua pintura dialoga com a palavra “fauve”, palavra francesa que

significa “fera”. O movimento fauvista, ocorrido na França, no início do século XX, teve por

princípio a simplificação das formas, com o intuito de apenas sugeri-las e o emprego das

cores puras, saturadas, sem misturas e gradações, deixando-as agressivas de tal forma que não

se referem à realidade. Observando as obras de Erasmo e fazendo uma comparação com as

obras fauvistas, não é identificada à risca a agressividade própria desse movimento, pois ainda

que ele use cores saturadas ou puras, muitas vezes procura suavizá-las, mesclando-as com o

branco. Desse modo, compreende-se que Erasmo deve ter-se afeiçoado à palavra “fera”,

atribuindo à sua pintura uma ideia ilusória de selvageria, como modo de dizer que sua pintura

surge de suas “entranhas”.

Porém, Ele procura evitar que suas pinturas fiquem com um matiz muito saturado,

intercalando os tons puros com pinceladas de cores mais claras, para abrandar a agressividade

fauvista e trazer brilho, luz e em algumas vezes, transparência às suas representações, como

em Rapaz na Ponta Negra (fig. 60), onde é possível notar certo brilho na superfície da cena;

Page 61: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

60

em Mulher Recostada na Cadeira (fig. 58), o fundo amarelo dá impressão de um ambiente

iluminado, não parentando ser as costas de uma cadeira, como sugere o título, uma vez que a

cor amarela tem o poder de causar efeito de luz, assim como na obra No Sepultamento de

Maria (fig. 59), em que as paredes das construções em amarelo também parecem refletir luz.

Já a transparência aparece, algumas vezes, pelo fato de a cor do elemento dialogar com a cor

do fundo, essa impressão podemos ver no rosto da Mulher no Carnaval de 1958 em São Tomé

(fig. 57) e nos pescoços das figuras em Saliva de Sangue (fig. 66). Vale salientar que o pintor

diz não gostar de cores escuras, o que também explica a presença constante das pinceladas

claras ou esbranquiçadas.

Nas obras do artista, é possível encontrar cores harmoniosas, pois a harmonia, numa

pintura, pode ocorrer de várias maneiras, a depender da proposta do artista. De acordo com

Fraser (2007), entre o amarelo e o verde desenvolve um esquema análogo, ou seja, duas cores

lado a lado no círculo cromático; entre o vermelho e o verde há um esquema complementar,

que é definido por duas cores em lados opostos no círculo cromático; e no esquema triádico,

(fig. 127), embora harmoniosas, tendem a ser berrantes por seus fortes contrastes.

Vale lembrar que as cores utilizadas por Erasmo não seguem, à risca, as tonalidades

mostradas nos círculos cromáticos (figs. 127 e 128), estes servirão apenas como referências

para nossos estudos. E as cores nas obras, em sua maioria, não são totalmente chapadas,

porque são mescladas, proporcionando certa gradação às formas.

O Esquema Triádico (fig. 127) corresponde a três cores equidistantes entre si no

círculo cromático, as cores primárias aparecem em Rapaz de um Bloco de Carnaval de 1957

em São Tomé (fig. 90) e em muitas outras acrescenta uma quarta cor, como nas seguintes

obras, Cajus da Década de 60 (fig. 92), Mulher Azul (fig. 97), A Mulher Azul II (fig. 110),

Paul Gauguin (fig. 38), Sereias (fig. 44), Folhagem e Caju da Década de 1960 (fig. 72),

Barco à Deriva (fig. 45), (figura 64), Caju da Juventude (fig. 67). A combinação das cores

primárias dão efeitos visuais muito atraentes, embora haja contrastes, há grande equilíbrio

harmonioso.

O Esquema Complementar (fig. 128) consiste na combinação de cores opostas no

círculo cromático, logo esses matizes encontram-se numa distância de 180 graus Celsius entre

uma cor e outra. Algumas obras de Erasmo apresentam os três esquemas de cores

complementares que são encontradas em Barco à Deriva (fig. 45), Fruteira com Cajus (fig.

Page 62: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

61

52), nesses casos, as seis cores juntas (três primárias e três secundárias, fig. 128) tendem a não

deixam o quadro pesado por equilibrar cores quentes e frias, também pela disposição dessas

cores na tela e por não se apresentarem saturadas. Mas, essas combinações tendem a ser

bastante contrastantes.

Por vezes, tons esverdeados (secundários, fig. 127) são obtidos pela mistura, na

própria tela, das cores primárias: azul e amarela, isso pode ser visto no rosto da Mulher no

Carnaval de 1958 em São Tomé (fig. 57), Figura com Estigma (fig. 68), Figura de um

Carnaval de 1957 I em São Tomé (fig. 70) e Bule e Frutas Levitando (fig. 113).

Figura 127 – Círculo Cromático –

Esquema Triádico. Disponível em:

http://blogsobretudo.com.br/wp-

content/uploads/2015/06/coretivo-

cores-q-e-f.jpg. Acesso em: 09 de

junho de 2006.

Figura 128 – Círculo Cromático –

Esquema Complementar. Disponível

em: http://blogsobretudo.com.br/wp-

content/uploads/2015/06/coretivo-

cores-q-e-f.jpg. Acesso em: 09 de

junho de 2006.

Cores Primárias:

Amarelo, Azul, Vermelho

Cores Secundárias:

Verde, Roxo, Laranja

Cores Complementares:

Amarelo – Roxo

Azul - Laranja

Vermelho – Verde

Círculos Cromáticos

Page 63: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

62

2.3.3.1. A cor azul

O azul está presente em abundância no globo terrestre, no céu e no mar, mas na paleta

do pintor, esse matiz tardou a ser encontrado. De acordo com Dias (2007), a utilização da cor

azul não é tão antiga, porque não foram encontrados registros na Arte Rupestre. Mas, de um

pigmento azul (sintético), chamado azul egípcio, obtido pela fusão de cobre, sílica e calcário,

foi feito o principal pigmento azul utilizado na pintura do Egito Antigo e Império Romano,

(cerca de 3000 a.C.). Para Cruz (2007) o azul ultramarino é de grande importância porque é

um pigmento natural proveniente do lápis-lazúli, uma pedra semipreciosa, que vinha do

Afeganistão, cuja localização era do outro lado do mar, daí veio a nomeação de ultramarino.

“Cor nobre e bela, a mais perfeita de todas as cores, da qual nada se pode dizer ou fazer que a

sua qualidade não ultrapasse” (CENNINI, 2003, apud CRUZ, 2007). O alto custo do

pigmento azul ultramarino, considerado um artigo de luxo, levou pintores a utilizarem essa

cor em motivos mais importantes, como em temas religiosos, por exemplo, no manto da

Virgem Maria, que em vez do vermelho ou branco, normalmente usados na Idade Média,

passou a ser substituído pelo azul. Os séculos XIV a XVII foram os períodos de

Figura 129 – Círculo Cromático –

Cores Quentes e Frias. Disponível em:

http://blogsobretudo.com.br/wp-

content/uploads/2015/06/coretivo-

cores-q-e-f.jpg Acesso em: 09 de

junho de 2006.

Page 64: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

63

desenvolvimento dos pigmentos azuis sintéticos, muito mais econômicos que os naturais,

como o azul da prússia, o azul de cobalto e o mais esperado, o azul ultramarino.

De acordo com Pastoureau (2007), a cor azul só veio surgir na Idade Antiga, mas

ainda não era considerada uma cor. Devido a dificuldade de fabricação, não havia uso social.

E ainda havia desprezo da cor pela sociedade, como exemplo da gravidade dessa rejeição, até

pessoas que nasciam com os olhos azuis sofriam ignoradas, também era utilizada por bárbaros

e estrangeiros. Esse desinteresse pela cor perdurou até a Alta Idade Média, quando a Igreja

Católica não permitia sua inclusão às cores litúrgicas. Nesse período o céu era representado

pelas cores vermelha, negra ou dourada. A partir do século XII, a Virgem apareceu vestida de

azul e durante muito tempo essa cor foi compulsivamente utilizada tanto pela igreja quanto

pela sociedade. “La Virgen se convierte en la principal promotora del azul.”7

(PASTOUREAU, 2007, p. 02).

O azul, no Círculo Cromático é considerado uma cor fria (fig. 130). Assim como

representa elementos da natureza, também é possível remeter ao estado de espírito. Há

inúmeras obras de Chagall em que o azul predomina. Em Erasmo, a incidência da cor azul é

muito grande, presente em quase todas as pinturas. De fato, de um total de 77 obras de sua

autoria, utilizadas nessa pesquisa, apenas em quatro pinturas podemos constatar a ausência

desse azul, (ver tabela no final do trabalho).

Pastoureau (2007, p. 03), diz que a cor azul no Período Romântico (Séculos XIII e

XIX) era atribuída à melancolia. Erasmo em conversa informal, disse que suas obras têm um

ar romântico, e como ele também fala que São Tomé é um lugar bucólico, desse modo, ele

traz atribuições desse período à suas obras, para indicar um ar sombrio para suas

representações subjetivas. E vemos cenas tristes nas seguintes obras: Figura no Leito da Serra

Azul (fig. 51), No Sepultamento de Maria (fig. 59), O Flagelo no Sepultamento de Maria (fig.

61) e Mulher Azul (fig. 97) essas pinturas mostram temas relacionados à morte da mãe,

cenários em tons de azul, que deixa o ambiente escurecido, sombrio, próprio para denunciar

tristeza, vivendo momentos de profunda solidão, transmitindo através de sua arte a cor da sua

alma. No livro de Fraser (2007, p. 21 e 49), há algumas associações atribuídas à cor azul:

calma, solidão, espaço, reflexão, serenidade, entre outros. É possível notar esses atributos nas

obras e até chega a dizer que “A Aldeia Azul é o manto de serras que contornam São Tomé,

uma pintura de casas sobre rochas, preenchendo espaço e tempo” essas montanhas são vistas

7 Tradução: A Virgem torna-se a principal promotora do azul.

Page 65: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

64

bem ao longe, tornando-se azuladas, impressão própria desse matiz para as coisas vistas no

horizonte, como em Vaso com Flores de Ingá (fig. 18), Paisagem Bucólica (fig. 46).

O espaço é representado tanto por superfícies terrenas e áreas celestiais em tons de

azuis que dá sensação de profundidade em Figura Observando Objeto no Espaço Sideral (fig.

105), Minha Aldeia em Noite de São João na Década de 1958 (fig. 74), Noite sem Fim (fig.

75). No manto de Nossa Senhora da Conceição (fig. 106), a cor azul remete à serenidade da

santa que historicamente passou a ser associada a essa cor. E nos personagens e festas do

folclore popular Erasmo nos conta: “As figuras do pastoril também me impressionaram pelas

cores azuis e encarnadas, [...], os movimentos da dança, a música e a desenvoltura da Diana

que observei em São Tomé em 1958, 1960; colocando essa beleza em meus quadros [...]”.

Note que nesse festejo há duas cores predominantes: a azul e a encarnada.

O azul de Erasmo também é inspirado nas obras de Chagall, mas se observarmos suas

pinturas, é possível notar que há algo a mais: suas representações são próprias, realmente

vindas das entranhas do artista; há um mistério que insiste em permanecer oculto, porque seus

azuis são instáveis, inquietos, vai de uma tonalidade escura a uma mais clara, formando

névoas, depois é adicionada outra cor, criando manchas no quadro, como em Noite sem Fim

(fig. 75), Paisagem D'Água (fig. 91), Jardins do Sertão (fig. 112). Esses efeitos, juntamente

com essa cor fria tende a revelar o medo da traição, da maldade social, da instabilidade do ser

humano e das agressões dos tempos atuais. Embora consideremos que a cor azul não só

remete à tristeza nas obras de Erasmo, pois quando combinadas a cores quentes (fig. 129),

seus quadros tendem a proporcionar atração por suas combinações de cores, como em Barco à

Deriva (fig. 45), O Leitor das Cartas Embaralhadas (fig. 77), Bule e Frutas Levitando (fig.

113).

Page 66: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

65

3. CONCLUSÃO

O estudo da vida e da arte de Erasmo Andrade revela a riqueza de sua essência, não só

em termos de conteúdos simbólicos, mas também no modo como ele aplica a tinta na tela, de

como conduz o pincel, sobrecarregando aqui, deixando faltar ali, permitindo falhas,

interrompendo um segmento que normalmente deveria continuar ou deixando inacabado um

determinado objeto. Essas atitudes jamais são de um artista leigo, ao contrário, muito estudo e

pesquisas estão por trás das cenas apresentadas, acumulados ao longo de anos e anos de

formação, de ensinamento e de prática artística.

Nas obras de Erasmo encontram-se inseridos símbolos e formas capazes de provocar a

atenção do espectador, fazendo seu olhar passear e passear, e não se cansar de percorrer os

veios que levam a temas diversos. Até mesmo as repetições desses temas tornam-se

interessantes, pelo modo como esse artista vem contar a mesma história de maneiras

diferentes, fazendo-nos perceber as tonalidades de azul utilizadas nas composições e a

distribuição de seus traços e suas pinceladas num estilo próprio e único.

De maneira resumida, pode-se afirmar que suas pinturas representam suas vivências.

São imagens que revelam realidades elaboradas de forma imaginativa, que possibilitam aos

olhos dos outros um compartilhamento daquilo que para o artista é visível, trazendo o leitor

para seu universo, pois seus quadros são os verdadeiros mediadores entre ele e o mundo:

[...] A arte tem o poder de causar essa emoção ao espectador. Nota-se que ela

tem verdade no momento em que o espectador olha e se emociona através da

cor, da forma, da composição, de uma energia que a arte tem mesclada de

uma espiritualidade, que não é meramente uma religião, é uma coisa do

Cosmos, uma coisa que o homem procura buscar, uma explicação, e também

não encontra. E a arte faz com que ressurja essa luz, mesclada de vários tons

que o artista vai misturando e conseguindo resgatar, em detalhes, coisas que

não são vistas normalmente. [...](Entrevista, à autora, em 15/03/2013).

Complementando esse pensamento, Berger (1972, p. 14) diz que “as imagens foram

feitas de princípio, para evocar a aparência de algo ausente”. Uma imagem é uma recriação ou

uma reprodução daquilo que foi deslocado de seu lugar de origem e tempo para ser

conservada, por algum momento ou por um tempo indeterminado, em outro lugar. É possível

dizer que Erasmo escolhe o cenário de seus quadros de acordo com as coisas que o

emocionam, principalmente aquelas passadas, que ficaram em suas lembranças, boas ou más,

e que por serem muito fortes, por representarem muito para ele, tornaram-se motivos para o

seu fazer artístico.

Page 67: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

66

4. CURRÍCULO EM ARTE DE ERASMO ANDRADE

1949 Nasce em 1 de junho, em São Tomé/RN, onde passa a infância e parte da

adolescência.

1964 Muda-se para Natal/RN.

1964/1967 Ingressa no Seminário de São Pedro em Natal.

1966 1ª participação em Exposição coletiva de Artes Plásticas: “I Feira de Artes

Plástica do RN”, no Museu O Sobradinho, em Natal.

1968 1ª Exposição Individual no Instituto Histórico e Geográfico do RN, em Natal.

1968/1972 Curso Ginasial na Escola Estadual Winston Churchill, em Natal.

1971 Exposição de Arte Sacra, na Galeria da Biblioteca Pública Câmara Cascudo,

em Natal.

1974/1978 Graduação em Serviço Social, pela UFRN, em Natal.

1978 Estudos na Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, em Belo Horizonte/MG.

1978 Exposição dos alunos do Curso de Pintura da Escola de Belas Artes da UFMG,

no salão da Reitoria da universidade, em Belo Horizonte.

1978 Ingressa como professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), no Departamento de Artes do Centro de Ciências Humanas, Letras e

Artes (CCHLA).

1979 Exposição “A MÁGICA”, de 12/02 [?] – Natal/RN, na Galeria da Biblioteca

Pública Câmara Cascudo, em Natal.

1981 Exposição na Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, de 23 a 29/10,

Biblioteca Central Zila Mamede da UFRN, em Natal.

1982 Exposição “OS ÓLEOS DE ERASMO”, de 24 a 30/09, na Galeria da

Biblioteca Pública Câmara Cascudo, em Natal. Promoção do Departamento de

Artes e Fundação José Augusto. 1983 Recebe o Prêmio Catre, como vencedor do Circuito Nordeste de Artes

Plásticas, pelo voto popular, em Natal.

1983 Exposição na Feira da Cultura Brasileira, no Parque do Ibirapuera, em São

Paulo/SP, de 26/02 a 06/03.

1984 Exposição “OLHAR SOBRE O INFINITO DAS COISAS”, de 03/04 a 09/08,

na Biblioteca Pública Câmara Cascudo, em Natal.

Page 68: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

67

1986 Exposição na Inauguração da Galeria de Arte Antiga e Contemporânea, em

Natal, de 29/01 [?].

1986 Exposição de 12 pintores do Rio Grande do Norte, de 02 a 08/05, na Galeria da

Biblioteca Pública Câmara Cascudo, em Natal.

1987 Exposição no 59º aniversário de reconhecimento do Município de São

Tomé/RN, de 30/10 [?]. Patrocínio: Prefeitura Municipal de São Tomé.

1987 Exposição na Feira da Providência – Pintores do RN, de 26/10 [?], no Centro

de Cultura do Brasil, Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro/RJ.

1987 Exposição Primeira Coletiva de Pintores Norte-Rio-Grandense em Mossoró, de

20 a 27/11, na Livraria Independência, em Mossoró/RN.

1988 Curador da Exposição “Zila Bibliografa: 1965/1987”, por ocasião da 50ª

Reunião Anual da SBPC, [?], na ESAM, em Mossoró/RN.

Curador da Exposição “Natal Luz e Cor”, [?].

1988 Exposição no Salão de Artes Plásticas do RN, de 24 a 27/04, no Centro de

Convenções, em Natal.

1989 Exposição coletiva, no 2º Salão Universitário de Artes Plásticas. [?].

1995/2000 Curador da Galeria Conviv’Art do Núcleo de Arte e Cultura da UFRN.

1997 Exposição “A PAIXÃO TRANSFIGURADA”, [?], no NAC/UFRN.

1998 Curador da Exposição “NATAL, LUZ E COR”, por ocasião da 50ª Reunião

Anual da SBPC. [?].

Curador da Exposição “ARQUITETURA DOS ANJOS” de Newton Navarro,

por ocasião da SBPC Cultural, no NAC/UFRN, em Natal.

1998 Exposição coletiva “NATAL LUZ E COR” no NAC/UFRN, em Natal/RN.

1999 Curador da Exposição “UMA VISÃO PLÁSTICA DE NATAL”, por ocasião

da 5ª CIENTEC, em Natal. [?].

Curador da Exposição “ARTE SACRA NO RIO GRANDE DO NORTE”, no

NAC/UFRN, em Natal. [?].

Curador da Exposição Carybe “O COMPADRE DE OGUM”, no NAC/UFRN,

em Natal. [?].

Curador da Exposição “NATAL ENCONTRA ULYSSES”, por ocasião do

Projeto Polifônicas Ideias, em Natal. [?].

Curador da Exposição “NUT” da Artista Plástica Maria Cheung, no

NAC/UFRN, em Natal. [?].

Page 69: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

68

1999 Exposição coletiva “UMA VISÃO PLÁSTICA DE NATAL/RN”. [?].

2001 Exposição “OITICICA MÁGICA”, de 19 a 24/11, na Galeria Conviv’Art –

NAC/UFRN.

2001 ERASMO COSTA ANDRADE, I Exposition D`Expressions Artistiquesdu Rio

Grande do Norte, X Colóquio Internacional de L`Afirse. 2004 Exposição Coletiva “CORES E FORMAS DO SERTÃO SERIDÓ”, de 20/06 a

03/07, em Cerro Corá. Em Currais Novos, de 21 a 30/07. Em Acari, no Museu

Histórico, de 05 a 27/08.

2005 Conclui o Mestrado, pela UFRN, Natal. Dissertação intitulada: Tapete de

memória: abstração da linguagem artística.

2005 Exposição “OLHOS VERDES”, de 31/03 a 29/04, na Galeria Conviv’Art –

NAC/UFRN.

2005 Exposição coletiva: Mostra ARTISTAS DA UFRN, de 25/10 a 04/11, na

Galeria Conviv’Art – NAC/UFRN.

2007 Exposição “PASSAGEIRO DA LUA DE MAIO”, de 09/05 a 01/06, na Galeria

Conviv’Art – NAC/UFRN.

2008 Exposição “MELANCÓLICA TRAVESSIA”, 16 a 30/12, na Galeria

Conviv’Art – NAC/UFRN.

2011 Exposição “PORTA JOIAS DE CORES”, de 27/05 a 27/06, na Galeria

Conviv’Art – NAC/UFRN.

2012 Exposição coletiva “PROFESSOR ARTISTA”, na Galeria DEART, do

Departamento de Artes da UFRN.

2012 Exposição “O ILUSIONISTA”, de 27 a 31/08, na Galeria Conviv’Art –

NAC/UFRN.

2013 Exposição Coletiva IX Colóquio de Estudos Barrocos – “O ETERNO

RETORNO DO BARROCO”, de 09 a 11/09, na Galeria Conviv’Art –

NAC/UFRN.

2013/2014 Fazendo seu Doutorado, pela UFRN, Natal/RN. Tese intitulada: Marc Chagall

e a arte das dobras.

2014 Curador da Exposição “ABISSAIS” do Artista Plástico Vicente Vitoriano, 09 a

24/10, na Galeria Conviv’art – NAC/UFRN.

2014 Exposição Coletiva X Colóquio de Estudos Barrocos – “A SUBLIMAÇÃO

DO GÊNERO”, de 29 a 31/10, na Galeria Conviv’Art – NAC/UFRN.

Page 70: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

69

5. REFERÊNCIAS

ENTREVISTAS ÁUDIO-VISUAIS

Depoimento de Erasmo Andrade à Joseane Maria Lobo de Miranda, em 15 de março de 2013.

Acervo da autora (Natal/RN).

Depoimento de Erasmo Andrade ao Projeto Artistas Atuantes no RN no Séc. XXI/UFRN,

coordenado por Nivaldete Ferreira, em 27 de março de 2012. Acervo do projeto (Natal/RN).

OBRAS

ALMEIDA, Ângela Maria da. Caminhos da arte: Rio Grande do Norte. Natal. FJA, 2001.

ANDRADE, Erasmo C. Tapete de Memória: abstração da linguagem artística, Natal/RN,

2005. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal do Rio Grande no Norte.

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Departamento de Letras. Programa de Pós-

Graduação em Estudos da Linguagem.

ARGAN, Giulio Carlos. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos.

2ed., 3 reimpr. São Paulo: Companhia das letras, 2010.

BARROS, Lilian Ried Miller. A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a

teoria de Goethe. 3ed. São Paulo: Senac, 2009.

BERGER, John. Modos de ver. São Paulo: Martins Fontes, 1972.

BÍBLIA SAGRADA. Revista e Atualizada no Brasil. 2 ed. São Paulo: CPAD, 1995.

CALDAS, Dorian Gray. Artes Plásticas do Rio Grande do Norte: 1920-1989. Natal: Ed.

Universitária, UFRN, 1989.

GÊNIOS DA PINTURA: do Surrealismo ao Expressionismo. São Paulo: Abril Cultural,

1973.

COLEÇÃO FOLHA GRANDES MESTRES DA PINTURA, nº10. Paul Gauguin. São Paulo:

Sol 90, 2007.

DONDIS, Donis A. A sintaxe da linguagem visual. 3ed. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São

Paulo, Martins Fontes, 2007.

FRASER, Tom; BANKS, Adam. O guia completo da cor. São Paulo: Senac, 2007.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. Trad. Álvaro Cabral. 16ed. Rio de Janeiro: LTC,

2008.

JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos. 12ed. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1964.

LÉGER, Fernand. Funções da pintura. São Paulo: Nobel, 1989.

MESTRE DA PINTURA. Paul Gauguin. São Paulo: Abril S.A. Cultural, 1977.

OSTROWER, Fayga. Universos da Arte: edição comemorativa. Rio de Janeiro: Elsevier,

2004.

PEDROSA, Israel. O universo da cor. 4reimpr. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2009.

PILLAR, Analice Dutra. A leitura da imagem. In: Pillar, Alice Dutra et al. Pesquisa em artes

plásticas. Porto Alegre: UFRGS/ANPAP, 1993, p. 77-86.

Page 71: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

70

______ (org.). A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação, 2006.

WALTHER, Ingo F., METZGER, Rainer. Marc Chagall. Trad. Lisette Queirós Werner.

Germany – Taschen, 2004.

VIA INTERNET

Breve Historia de Los Colores – Entrevista a Michael Pastoureau. Morfologia / Lecturas.

Buenos Aires, 2007. Texto eletrônico. Disponível em:

http://www.morfologiawainhaus.com/pdf/Pastoureau.pdf. Acesso em: 29 mai 2016.

CRUZ, Antônio João. Os pigmentos naturais utilizados em pintura. In: Alexandra Soveral

Dias, António Estêvão Candeias (org.), Pigmentos e Corantes Naturais: Entre as artes e as

ciências. Évora: Universidade de Évora, 2007, pp. 5-23. Texto eletrônico. Disponível em:

http://ciarte.no.sapo.pt/textos/html/200701.html. Acesso em: 17 out 2013.

DIAS, A.S. Um pouco de azul. In: AL Janeira (Coord.) Modos de saber e fazer a cor.

Coleção Saberes Fazeres. Lisboa: Apenas Livros Ltda. Lisboa, 2007, pp 41-54. Texto

eletrônico. Disponível em: http://dspace.uevora.pt/rdpc/handle/10174/3116. Acesso em: 17

out 2013.

FERREIRA, Agripina Encarnación Alvarez. Dicionário de imagens, símbolos, mitos,

termos e conceitos Bachelardianos [livro eletrônico]. Londrina: Eduel, 2013. Disponível

em:

http://www.uel.br/editora/portal/pages/arquivos/dicionario%20de%20imagem_digital.pdf.

Acesso em: 02 nov 2014.

PASTOUREAU, Michel. Breve Historia de Los Colores. Entrevista a Michel Pastoureau.

Buenos Aires, 2007. Texto eletrônico. Disponível em:

http://www.morfologiawainhaus.com/pdf/Pastoureau.pdf. Acesso em: 26 jun 2016.

SOARES, Arilza, 2013. Blog eletrônico. Disponível em:

http://papjerimum.blogspot.com.br/2013/01/a-arte-de-carlos-jose-todo-lirismo.html. Acesso

em: 08 jul 2013.

TUPINAMBÁ, Yara, 2013. Vídeo eletrônico. Disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=E3HCBcRtfCA. Acesso em: 08 jul 2013.

Page 72: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

71

6. FIGURAS

Figura 01 - Carlos José, título desconhecido, 1973. Seri-

grafia sobre papel. [?] Disponível em:

http://papjerimum.blogspot.com.br/2013/01/a-arte-de-

carlos-jose-todo-lirismo.html. Acesso em: 08 jul 2013.

Figura 02 - Carlos José,

título desconhecido, 2010.

Técnica desconhecida. [?]

Disponível em:

http://papjerimum.blogspot.

com.br/2013/01/a-arte-de-

carlos-jose-todo-

lirismo.html. Acesso em 08

jul 2013.

Figura 04 – Yara Tupinambá, Balão

sobre a cidade, 2002. Acrílico sobre

tela, 0,90 x 0,70 cm. Coleção: Regina e

Delcir da Costa. Disponível em:

http://www.yaratupynamba.com.br/site

/quadros.php. Acesso em: 27mai 2015.

Figura 03 – Yara Tupinambá, Mata do Jambreiro, 2001.

Acrílico sobre eucatex, 1,20 x 1,00 cm. Disponível em:

http://www.yaratupynamba.com.br/site/quadros.php.

Acesso em: 27mai 2015.

Page 73: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

72

Figura 05 - Retrato do Amor Quando jovem, 1966.

Acrílico sobre tela. [?] Fonte: ANDRADE, 2005.

Figura 07 - Vaso com Girassóis e

Borboletas, 1976. Óleo sobre tela, 60 x 50

cm. Fonte: cedida por Dejardiere M. F. Lima.

Figura 08 - Vincent van Gogh, Doze Girassóis,

1888. Óleo sobre tela. [?] Fonte disponível em:

http://www.abcgallery.com/V/vangogh/vangogh

21.html. Acesso em: 4 fev 2015.

Figura 06 - Sanfoneiro, 1973. Grafite

sobre papel. [?] Fonte: cedida pelo artista.

Page 74: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

73

Figura 09 - Anjo Músico com

Violino, 1977. Óleo sobre tela, 50 x

60 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 14 - Anjos Músicos de Sabará, 1978. Óleo sobre tela,

50 x 60 cm. [?] Fonte: ANDRADE, 2005.

Figura 10 - Enterro de Anjo, 1977. Grafite sobre

papel. [?] Fonte: cedida pelo artista.

Figura 11 - Músico Melancólico, 1977. Grafite sobre papel. [?]

Fonte: cedida pelo artista.

Figura 12 - O Néctar, 1977.

Grafite sobre papel. [?] Fonte:

ANDRADE, 2005.

Figura 13 - Primeira Comunhão,

1977. Grafite sobre papel. [?]

Fonte: cedida pelo artista.

Page 75: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

74

Figura 15 - A Piedade, 1979. Óleo sobre tela,

90 x 80 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 17 - Anjo Sedutor, 1979. Guache

sobre papel de aquarela, 40 x 60 cm. Fonte:

cedida pelo artista.

Figura 16 – Michelangelo, A Pietá. Fonte

disponível em: http://www.guiageo-

europa.com/vaticano/pieta.htm. Acesso em: 13

nov 2015.

Figura 18 - Vaso com Flores de Ingá, 1980.

Guache sobre papel. [?]

Page 76: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

75

Figura 19 - Cabeça de Paixão, 1986-1998. Óleo sobre tela,

70 x 60 cm. [?]

Figura 22 - Nascimento de Rudá, 1994. Técnica mista, 70 x

80 cm. Fonte: ALMEIDA, 2001.

Figura 20 - Composição Geométrica

na Paisagem Vertical, 1988. Mista

sobre eucatex, 216 x116 cm. Fonte:

acervo do CCHLA/UFRN.

Figura 21 - Anjos Músicos II, 1994.

Guache sobre papel de aquarela. [?]

Fonte: acervo da Livraria

Cooperativa da UFRN.

Page 77: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

76

Figura 25 - A Hora de Judas, 2000.

Objeto com relógio J. bola de gude,

pedra e sementes de Ponta Negra. [?]

Fonte: ANDRADE, 2005.

Figura 26 - Composição com Objetos e Frutas, 2000.

Óleo sobre tela. [?]

Figura 23 - Vidas Passadas, Lugares

Enigmáticos, 1995. Grafite sobre

papel. [?] Fonte: ANDRADE, 2005.

Figura 24 - São Francisco Transfigurado em Fundo Azul,

1995-1996. Óleo sobre tela, 140 x 135 cm. Fonte: acervo

do CCHLA/UFRN.

Page 78: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

77

Figura 27 - Composição com Violão e

Cabeça de Arlequim, 2000. Aquarela,

desenho, colagem sobre papel. [?]

Figura 28 - Menino na Serra Verde, 2000. Óleo

sobre tela. [?] Fonte: ANDRADE, 2005.

Figura 29 - Mulher da Serra Verde, 2000.

Guache e pastel sobre papel, 25 x 34 cm.

Fonte: ALMEIDA, 2001.

Figura 30 - Objetos de Judas, 2000. Aquarela sobre

papel. [?] Fonte: acervo da Livraria Cooperativa da

UFRN.

Page 79: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

78

Figura 31 - Passagem Secreta, 2000.

Guache e colagem sobre tela, 100 x 80 cm.

Figura 32 - Projeção da Alma, 2000.

Aquarela sobre papel. [?]

Figura 33 - Sem Título, 2000. Acrílica

sobre tela, 118 x 68 cm. Fonte: cedida

pelo artista.

Figura 34 - Paul Gauguin. O Cristo Amarelo, 1889.

Óleo sobre tela, 992 x 73 cm. Fonte: MESTRE DA

PINTURA, 1977.

Page 80: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

79

Figura 35 - O

Garimpo I, 2001.

Pintura, desenho

e colagem. [?]

Figura 36 - Serra

Verde, 2001.

Óleo sobre tela.

[?]

Figura 37 -

Passagem

Secreta II, 2001.

Guache, desenho

e colagem. [?]

Page 81: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

80

Figura 38 - Paul

Gauguin, 2002.

Aquarela. [?] Fonte:

ALMEIDA, 2005.

Figura 39 - Paul

Gauguin. Arearea

(jogos). 1892. Óleo

sobre tela, 75 x 94 cm.

Fonte: MESTRE DA

PINTURA, 1977.

Figura 40 - Prancha I (pavões), 2002. Fonte:

ANDRADE, 2005.

Figura 41 - Prancha II (pavões), 2002.

Fonte: ANDRADE, 2005.

Page 82: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

81

Figura 44 - Sereias, 2002. Óleo e colagem sobre tela, 90 x 90 cm. Fonte: acervo do

CCHLA/UFRN.

Figura 42 - Prancha III (pavões), 2002.

Fonte: ANDRADE, 2995.

Figura 43 - Prancha IV (a fada dos cajus),

2002. Fonte: ANDRADE, 2005.

Page 83: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

82

Figura 47 - Sem Título,

2005. Acrílico, pastel e

colagem, 130 x 110 cm.

Fonte: acervo do

DEART/UFRN.

Figura 45 - Barco à Deriva, 2004. Óleo sobre tela, 70 x 30 cm. Fonte: acervo do NAC – UFRN.

Figura 46 – Paisagem

Bucólica, 2004. Óleo

sobre tela, 40 x 50 cm.

Fonte disponível em:

http://erasmoandrade.b

logspot.com.br.

Acesso em: 17 jun

2015.

Page 84: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

83

Figura 48 - Santa Terezinha de Lisieux,

2006. Óleo sobre tela, 100 x 80 cm.

Fonte: cedida pelo artista.

Figura 51 - Figura no Leito da

Serra Azul, 2007. Óleo sobre

tela, 100 x 80 cm. Fonte: cedida

pelo artista.

Figura 50 - Morte do Amor,

2007. Óleo sobre tela, 90 x 80

cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 49 -

Santa Terezinha

de Lisieux. Fonte

disponível em:

http://www.sant

uariosantaterezin

ha.com.br/santua

rio/index.php/no

ticias-

santuario/193-

reze-conosco-a-

novena-das-

rosas-. Acesso

em: 8 nov 2015.

Page 85: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

84

Figura 52 - Fruteira com Cajus, 2007.

Óleo sobre tela, 80 x 70 cm. Fonte: cedida

pelo artista.

Figura 53 - Fruteira, Folha e Fruta, 2007.

Óleo sobre tela, 60 x 80 cm. Fonte: cedida

pelo artista.

Figura 54 - Mulher na Festa de Sant'Ana

de Caicó I, 2007. Óleo sobre tela, 60 x 80

cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 55 - Mulher na Festa de Sant'Ana

de Caicó II, 2007. Óleo sobre tela, 60 x

80 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Page 86: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

85

Figura 56 - Mulher na Paisagem

Geométrica, 2007. Óleo sobre tela, 80 x

90 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 57 - Mulher no Carnaval de 1958

em São Tomé, 2007. Óleo sobre tela, 70 x

80 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 58 - Mulher Recostada na

Cadeira, 2007. Óleo sobre tela, 60 x 70

cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 59 - No Sepultamento de Maria, 2007. Óleo

sobre tela, 100 x 80 cm. Fonte: cedida por Dejardiere M.

F. Lima.

Page 87: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

86

Figura 60 - Rapaz na Ponta Negra, 2007. Óleo sobre

tela, 80 x 70 cm. Fonte: cedida por Dejardiere M. F.

Lima.

Figura 61 - O Flagelo no Sepultamento

de Maria, 2007. Óleo sobre tela, 70 x

80 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 62 - O Músico VI, 2007. Grafite

sobre papel. [?] Fonte: acervo do DEART –

UFRN.

Figura 63 - O Músico VII, 2007. Grafite

sobre papel. [?] Fonte: acervo do DEART -

UFRN.

Page 88: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

87

Figura 64 - Sem Titulo, 2008. Óleo sobre tela.

100 x 150 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 65 - Figura com Estigma I, 2009.

Óleo sobre tela, 70 x 80 cm. Fonte:

cedida pelo artista.

Figura 66 - Saliva de Sangue, 2009.

Óleo sobre tela, 120 x 80 cm. Fonte:

cedida por Dejardiere M. F. Lima.

Figura 67 - Caju da Juventude, 2010. Acrílica, pastel

oleoso e colagem, 37 x 50 cm. Fonte: acervo do

CCHLA/UFRN.

Page 89: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

88

Figura 68 - Figura com Estigma,

2010. Óleo sobre tela, 100 x 80 cm.

Fonte: cedida pelo artista.

Figura 69 - Figuras na Ponta Negra em 1980, 2010.

Acrílico sobre papel, 80 x 60 cm. Fonte: cedida por

Dejardiere M. F. Lima.

Figura 70 - Figura de um Carnaval de

1957 I em São Tomé, 2011. Óleo

sobre tela, 100 x 90 cm. Fonte: cedida

pelo Projeto Artistas Atuantes no RN

no Séc. XXI, 2012.

Figura 71 - Folhagem da Década de 1960, 2010.

Acrílico, pastel e colagem, 60 x 60 cm. Fonte:

cedida por Dejardiere M. F. Lima.

Page 90: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

89

Figura 72 - Folhagem e Caju da Década

de 1960, 2010. Acrílico, desenho e

colagem, 50 x 60 cm. Fonte: cedida por

Dejardiere M. F. Lima.

Figura 73 - Maria aos 18 Anos II, 2010. Óleo sobre

tela, 100 x 90 cm. Fonte: cedida por Dejardiere M. F.

Lima.

Figura 74 - Minha Aldeia em Noite de São João na

Década de 1958, 2010. Óleo sobre tela, 80 x 70 cm.

Fonte: cedida por Dejardiere M. F. Lima.

Figura 75 - Noite sem Fim, 2010. Óleo

sobre tela, 90 x 90 cm. Fonte: cedida por

Dejardiere M. F. Lima.

Page 91: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

90

Figura 76 - O Acrobata do Circo Borborema,

2010. Óleo sobre tela, 80 x 90 cm. Fonte:

cedida pelo Projeto Artistas Atuantes no RN

no Séc. XXI, 2012.

Figura 77 - O Leitor das Cartas

Embaralhadas, 2010. Óleo, pastel e colagem

sobre cartão, 100 x 90 cm. Fonte: cedida por

Dejardiere M. F. Lima.

Figura 79 - O Vendedor de Ilusões II, 2010. Óleo

sobre tela, 100 x 90 cm. Fonte: cedida pelo artista. Figura 78 - O Vendedor de Ilusões I,

2010. Óleo sobre tela, 100 x 90 cm.

Fonte: cedida por Dejardiere M. F.

Lima.

Page 92: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

91

Figura 80 - Olho de Lince sobre a Paisagem de

Ventos, 2010. Óleo sobre tela, 160 x 90 cm. Fonte:

cedida por Dejardiere M. F. Lima.

Figura 84 - Anjos Músicos IV, 2011. Óleo sobre

tela, 90 x 90 cm. Fonte: cedida por Dejardiere M.

F. Lima.

Figura 83 - A Aldeia, a Paixão e Eu, 2011. Óleo

sobre tela, 80 x 80 cm. Fonte: cedida pelo Projeto

Artistas Atuantes no RN no Séc. XXI, 2012.

Figura 82 - A Aldeia, a Caverna e Eu, 2011.

Óleo sobre tela, 80 x 80 cm. Fonte: cedida pelo

Projeto Artistas Atuantes no RN no Séc. XXI,

2012.

Figura 81 – Selma e Erasmo Andrade.

Composição com Vaso de Matéria

Sentimental, 2010. Acrílica sobre papel, 160

x 90 cm. Fonte: cedida por Dejardiere M. F.

Lima.

Page 93: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

92

Figura 85 - Centauro e a Serpente, 2011. Óleo

sobre tela, 2 x 120 cm. Fonte: cedida pelo

artista.

Figura 88 - El Ángel de La Luna II, 2011. Óleo

sobre tela, 90 x 90 cm. Fonte: cedida por

Dejardiere M. F. Lima.

Figura 87 - El Ángel de La luna I, 2011. Óleo

sobre tela, 90 x 90 cm. Fonte: cedida por

Dejardiere M. F. Lima.

Figura 86 - Centauro na Pedra do Navio,

2011. Óleo sobre tela, 2 x 120 cm. Fonte:

cedida pelo artista.

Page 94: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

93

Figura 89 - Figura de um Carnaval em São Tomé de

1957 II, 2011. Óleo sobre tela, 90 x 90 cm. Fonte:

cedida pelo Projeto Artistas Atuantes no RN no Séc.

XXI, 2012.

Figura 91 - Paisagem D'Água, 2011. Óleo sobre tela, 140 x 70 cm. Fonte: cedida por Dejardiere M. F.

Lima.

Figura 90 - Rapaz de um Bloco de

Carnaval de 1957 em São Tomé, 2011.

Acrílico e óleo sobre papel, 120 x 80 cm.

Fonte: cedida por Dejardiere M. F. Lima.

Page 95: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

94

Figura 92 - Cajus da Década de 60, 2012. Óleo

sobre tela, 90 x 90 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 95 - Construção Geométrica, 2012. Óleo

sobre tela, 70 x 60 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 94 - Casal Caminhando para a

Torre, 2012. Óleo sobre tela, 80 x 60 cm.

Fonte: cedida pelo artista.

Figura 93 - Fruteira e Frutas, 2013.

Óleo sobre tela, 70 x 80 cm. Fonte:

cedida pelo artista.

Page 96: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

95

Figura 96 - Composições com Cajus e Folhagens,

2012. Óleo sobre tela, 80 x 70 cm. Fonte: cedida pelo

artista.

Figura 99 - O Anoitecer Visto de uma

Torre, 2012. Óleo sobre tela, 80 x 90 cm.

Fonte: cedida pelo artista.

Figura 98 - Figura Olhando para o Nada, 2012. Óleo

sobre tela, 80 x 80 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 97 - Mulher Azul, 2012. Óleo sobre

tela, 70 x 60 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Page 97: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

96

Figura 100 - O Ilusionista, 2012. Óleo sobre tela,

90 x 90 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 103 - Vaso sobre Mesa, 2012. Óleo sobre

tela, 70 x 80 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Figura 102 - Vaso com Flores Espirituais, 2012.

Óleo sobre tela, 90 x 90 cm. Fonte: cedida pelo

artista.

Figura 101 - Vaso com Flores, Conchas e

Sementes de Ponta Negra, 2012. Óleo e colagem

sobre tela. 90 x 90 cm. Fonte: cedida pelo artista.

Page 98: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

97

Figura 104 - Figura na Paisagem Sideral da Memória

D'Agua Marinha, 2013. Óleo sobre tela, 100 x 90 cm.

Fonte: cedida pelo artista.

Figura 105 - Figura Observando Objeto

no Espaço Sideral, 2013. Óleo sobre tela,

50 x 60 cm.

Figura 106 - Nossa Senhora da Conceição, 2013.

Óleo sobre tela, 80 x 70 cm. Figura 107 - Anjo Músico da Aldeia Azul, 2014.

Óleo sobre tela, 70 x 80 cm.

Page 99: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

98

.

Figura 108 - Figura de Palhaço no

Camarim II, 2014. Óleo sobre tela,

60 x 50 cm.

Figura 109 - O Desterro da Minha Aldeia, 2014. Óleo sobre

tela, 70 x 60 cm.

Figura 110 – A Mulher Azul II, 2013-2014.

[?] 70 x 80 cm. Fonte disponível em:

http://erasmoandrade.blogspot.com.br.

Acesso em: 17 jun 2015.

Figura 111 – Os Olhos da Cabra Verde de Barcelona

II, 2014. [?] 70 x 80 cm. Fonte disponível em:

http://erasmoandrade.blogspot.com.br. Acesso em 17

jun 2015.

Page 100: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

99

Figura 112 – Jardins do Sertão,

2014. Óleo sobre tela, 70 x 80

cm. Erasmo Andrade e Christi

Rocheteau. Fonte disponível

em:

http://erasmoandrade.blogspot.c

om.br. Acesso 17 jun 2015.

Figura 113 - Bule e Frutas

Levitando, 2015. Óleo sobre

tela, 60 x 70 cm. Fonte

disponível em:

http://erasmoandrade.blogspot.

com.br. Acesso 17 jun 2015.

Figura 114 – Natureza Morta com Bule. Óleo sobre tela,

60 x 70 cm, 2015. Coleção particular. Fonte disponível

em: http://erasmoandrade.blogspot.com.br. Acesso em:

17 jun 2015.

Figura 115 – Os Namorados, 2015.

Óleo sobre tela, 70 x 80 cm. Coleção

particular. Fonte disponível em:

http://erasmoandrade.blogspot.com.br.

Acesso em:17 jun 2015.

Page 101: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

100

Figura 116 – Vicente van Gogh. O Quarto do Artista

em Arles, 1889. Óleo sobre tela, 57,5 x 74 cm.

Fonte: GOMBRICH, 2008, p. 549.

Figura 117 – Chagall. O Olho Verde, 1944.

Óleo sobre tela, 58 x 51 cm. Fonte: Walther

(2007, p. 72).

Figura 118 – Chagall. O Casal da Torre Eiffel (Bride

and Groom da Torre Eiffel), 1938-1939. Óleo sobre

linho, 59 × 53 cm. Fonte disponível em:

https://www.artsy.net/artwork/marc-chagall-the-

couple-of-the-eiffel-tower-bride-and-groom-of-the-

eiffel-tower. Acesso em: 10 nov 2015.

Figura 119 – Fotografia de Erasmo

Andrade em sua primeira comunhão.

Fonte: cedida pelo artista.

Page 102: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

101

Figura 123 – Convite

para a exposição: Olhos

Verdes. Fonte: acervo do

Polo Arte na Escola-

UFRN.

Figura 120 – Fotografia de Sadi Andrade,

pai de Erasmo Andrade. Fonte: cedida

pelo artista.

Figura 121 – Folder da exposição “OITICICA

MÁGICA”. Fonte: acervo da autora.

Figura 122 – Paul Klle. Flora on

Sand, 1927. [?]. Fonte disponível

em:

http://www.wikiart.org/en/paul-

klee/flora-on-sand-1927

Acesso em: 1 jun 1016.

Page 103: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

102

Figura 124 –

Convite para

a exposição:

MELANCÓL

ICA

TRAVESSIA

. Fonte:

acervo do

Polo Arte na

Escola-

UFRN.

Figura 125 –

Convite para

a exposição:

PORTA

JÓIAS DE

CORES.

Fonte: acervo

da autora.

Figura 126 –

Convite para

a exposição:

O

ILUSIONIS

TA. Fonte:

acervo do

Polo Arte na

Escola-

UFRN.

Page 104: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

103

7. PLANILHA

Nº das Figuras 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 35 36 37 38 40 41 42 43 44 45 46 47 48 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 TOTAL

Nome das Obras

Retr

ato

do

Am

or

Qu

an

do

jo

vem

Sa

nfo

neir

o

Va

so c

om

Gir

ass

óis

e B

orb

ole

tas

An

jo M

úsi

co

co

m V

ioli

no

En

terr

o d

e A

njo

sico

Mela

ncó

lico

O N

écta

r

Pri

meir

a C

om

un

o

An

jos

sico

s d

e S

ab

ará

A P

ied

ad

e

An

jo S

ed

uto

r

Va

so c

om

Flo

res

de I

ng

á

Ca

beça

de P

aix

ão

Co

mp

osi

çã

o G

eo

métr

ica

na

Pa

isa

gem

Vert

ica

l

An

jos

sico

s II

Na

scim

en

to d

e R

ud

á

Vid

as

Pa

ssa

da

s, L

ug

are

s E

nig

tico

s

o F

ran

cis

co

Tra

nsf

igu

rad

o e

m F

un

do

Azu

l

A H

ora

de J

ud

as

Co

mp

osi

çã

o c

om

Ob

jeto

s e F

ruta

s

Co

mp

osi

çã

o c

om

Vio

lão

e C

ab

eça

de A

rleq

uim

Men

ino

na

Serr

a V

erd

e

Mu

lher

da

Serr

a V

erd

e

Ob

jeto

s d

e J

ud

as

Pa

ssa

gem

Secre

ta I

Pro

jeçã

o d

a A

lma

Sem

Tit

ulo

– (

cri

sto

na

cru

z)

O G

ari

mp

o I

Serr

a V

erd

e

Pa

ssa

gem

Secre

ta I

I

Pa

ul

Gu

au

gu

in

Pra

nch

a I

(p

avõ

es)

Pra

nch

a I

I (P

avõ

es)

Pra

nch

a I

II (

Pa

es)

Pra

nch

a I

V (

a f

ad

a d

os

ca

jus)

Sere

ias

Ba

rco

à D

eri

va

Pa

isa

gem

Bu

lica

Sem

Tit

ulo

– (

ab

stra

to)

Sa

nta

Tere

zin

ha

de L

isie

ux

Mo

rte d

o A

mo

r

Fig

ura

no

Leit

o d

a S

err

a A

zul

Fru

teir

a c

om

Ca

jus

Fru

teir

a, fo

lha

e f

ruta

Mu

lher

na

Fest

a d

e S

an

t'A

na

de C

aic

ó I

Mu

lher

na

Fest

a d

e S

an

t'A

na

de C

aic

ó I

I

Mu

lher

na

Pa

isa

gem

Geo

métr

ica

Mu

lher

no

Ca

rna

va

l d

e 1

95

8 e

m S

ão

To

Mu

lher

Reco

sta

da

na

Ca

deir

a

No

Sep

ult

am

en

to d

e M

ari

a

Ra

pa

z n

a P

on

ta N

eg

ra

O f

lag

elo

no

Sep

ult

am

en

to d

e M

ari

a

O M

úsi

co

VI

O M

úsi

co

VII

Sem

tit

ulo

– (

fig

ura

vo

ad

ora

de a

zul)

Fig

ura

co

m E

stig

ma

I

Sa

liva

de S

an

gu

e

Ca

ju d

a J

uven

tud

e

Fig

ura

co

m E

stig

ma

II

Fig

ura

s n

a P

on

ta N

eg

ra e

m 1

98

0

Fig

ura

de u

m C

arn

ava

l d

e 1

95

7 I

em

o T

om

é

Fo

lha

gem

da

Déca

da

de 1

96

0

Fo

lha

gem

e C

aju

da

Déca

da

de 1

96

0

Ma

ria

ao

s 1

8 A

no

s II

Min

ha

Ald

eia

em

No

ite

de

o J

o n

a D

éca

da

de

19

58

No

ite s

em

Fim

O A

cro

ba

ta d

o C

irco

Bo

rbo

rem

a

O L

eit

or

da

s C

art

as

Em

ba

ralh

ad

as

O V

en

ded

or

de I

lusõ

es

I

O V

en

ded

or

de I

lusõ

es

II

Olh

o d

e L

ince s

ob

re a

Pa

isa

gem

de V

en

tos

Co

mp

osi

çã

o c

om

Va

so d

e M

até

ria

Sen

tim

en

tal

A A

ldeia

, a

Ca

vern

a e

Eu

A A

ldeia

, a

Pa

ixã

o e

Eu

An

jos

sico

s IV

Cen

tau

ro n

a P

ed

ra d

o N

avio

Cen

tau

ro n

a P

ed

ra d

o N

avio

El

Án

gel

de L

a L

un

a I

El

Án

gel

de L

a L

un

a I

I

Fig

ura

de u

m C

arn

ava

l em

o T

om

é d

e 1

95

7-

II

Ra

pa

z d

e u

m B

loco

de

Ca

rna

val

de

19

57

em

o T

om

é

Pa

isa

gem

D'Á

gu

a

Ca

jus

da

déca

da

de 6

0

Fru

teir

a e

fru

tas

Ca

sal

Ca

min

ha

nd

o p

ara

a T

orr

e

Co

nst

ruçã

o G

eo

métr

ica

Co

mp

osi

çõ

es

co

m C

aju

s e F

olh

ag

en

s

Mu

lher

Azu

l

Fig

ura

Olh

an

do

pa

ra o

Na

da

O A

no

itecer

Vis

to d

e u

ma

To

rre

O I

lusi

on

ista

Va

so c

om

Flo

res,

Co

nch

as

e S

emen

tes

de

Po

nta

Neg

ra

Va

so c

om

Flo

res

Esp

irit

ua

is

Va

so s

ob

re m

esa

Fig

ura

na

Pa

isa

gem

Sid

era

l d

a M

emó

ria

D'A

gu

a M

ari

nh

a

Fig

ura

Ob

serv

an

do

Ob

jeto

no

Esp

aço

Sid

era

l

No

ssa

Sen

ho

ra d

a C

on

ceiç

ão

An

jo M

úsi

co

da

Ald

eia

Azu

l

Fig

ura

de P

alh

aço

no

Ca

ma

rim

II

O D

est

err

o d

e M

inh

a A

ldeia

A M

ulh

er

Azu

l II

Os

Olh

os

da

Ca

bra

Verd

e d

e B

orb

ore

ma

II

Ja

rdin

s d

o S

ert

ão

Bu

le e

Fru

tas

Levit

an

do

Na

ture

za M

ort

a c

om

Bu

le

Os

Na

mo

rad

os

TÉCNICAS TOTAL

Acrílica 3

Óleo 72

Guache 6

Aquarela 3Com Colagem 13

Grafite 12Mista 7

Figuras Humanas 58

Anjos 12

Santos 6

Ástros 32

Casarios/Torres 39

Cajus 11

Instr. Musicais 10

Palhaços 6

Olhos 7

Lamparinas/ponto de luz 8

Cálices 5

Vasos/jarro 13

Pássaros 7

Flores 21

Borboletas 8

Coroas 8

Predomin. De Azul 14

Presença de Azul 76

Azul no Rosto 42

Múltiplas Cores s/ Azul 4

Figurativo 100

Abstrato 6

ELEMENTOS ESTILÍSTICOS

COR

ELEMENTOS ICOSNOGRÁFICOS

Tabela de estudo das obras de Erasmo Andrade por ordem alfabética

Page 105: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

104

Nº das Figuras 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 35 36 37 38 40 41 42 43 44 45 46 47 48 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 TOTAL

Nome das Obras

Retr

ato

do

Am

or

Qu

an

do

jo

vem

Sa

nfo

neir

o

Va

so c

om

Gir

ass

óis

e B

orb

ole

tas

An

jo M

úsi

co

co

m V

ioli

no

En

terr

o d

e A

njo

sico

Mela

ncó

lico

O N

écta

r

Pri

meir

a C

om

un

o

An

jos

sico

s d

e S

ab

ará

A P

ied

ad

e

An

jo S

ed

uto

r

Va

so c

om

Flo

res

de I

ng

á

Ca

beça

de P

aix

ão

Co

mp

osi

çã

o G

eo

métr

ica

na

Pa

isa

gem

Vert

ica

l

An

jos

sico

s II

Na

scim

en

to d

e R

ud

á

Vid

as

Pa

ssa

da

s, L

ug

are

s E

nig

tico

s

o F

ran

cis

co

Tra

nsf

igu

rad

o e

m F

un

do

Azu

l

A H

ora

de J

ud

as

Co

mp

osi

çã

o c

om

Ob

jeto

s e F

ruta

s

Co

mp

osi

çã

o c

om

Vio

lão

e C

ab

eça

de A

rleq

uim

Men

ino

na

Serr

a V

erd

e

Mu

lher

da

Serr

a V

erd

e

Ob

jeto

s d

e J

ud

as

Pa

ssa

gem

Secre

ta I

Pro

jeçã

o d

a A

lma

Sem

Tit

ulo

– (

cri

sto

na

cru

z)

O G

ari

mp

o I

Serr

a V

erd

e

Pa

ssa

gem

Secre

ta I

I

Pa

ul

Gu

au

gu

in

Pra

nch

a I

(p

avõ

es)

Pra

nch

a I

I (P

avõ

es)

Pra

nch

a I

II (

Pa

es)

Pra

nch

a I

V (

a f

ad

a d

os

ca

jus)

Sere

ias

Ba

rco

à D

eri

va

Pa

isa

gem

Bu

lica

Sem

Tit

ulo

– (

ab

stra

to)

Sa

nta

Tere

zin

ha

de L

isie

ux

Mo

rte d

o A

mo

r

Fig

ura

no

Leit

o d

a S

err

a A

zul

Fru

teir

a c

om

Ca

jus

Fru

teir

a, fo

lha

e f

ruta

Mu

lher

na

Fest

a d

e S

an

t'A

na

de C

aic

ó I

Mu

lher

na

Fest

a d

e S

an

t'A

na

de C

aic

ó I

I

Mu

lher

na

Pa

isa

gem

Geo

métr

ica

Mu

lher

no

Ca

rna

va

l d

e 1

95

8 e

m S

ão

To

Mu

lher

Reco

sta

da

na

Ca

deir

a

No

Sep

ult

am

en

to d

e M

ari

a

Ra

pa

z n

a P

on

ta N

eg

ra

O f

lag

elo

no

Sep

ult

am

en

to d

e M

ari

a

O M

úsi

co

VI

O M

úsi

co

VII

Sem

tit

ulo

– (

fig

ura

vo

ad

ora

de a

zul)

Fig

ura

co

m E

stig

ma

I

Sa

liva

de S

an

gu

e

Ca

ju d

a J

uven

tud

e

Fig

ura

co

m E

stig

ma

II

Fig

ura

s n

a P

on

ta N

eg

ra e

m 1

98

0

Fig

ura

de u

m C

arn

ava

l d

e 1

95

7 I

em

o T

om

é

Fo

lha

gem

da

Déca

da

de 1

96

0

Fo

lha

gem

e C

aju

da

Déca

da

de 1

96

0

Ma

ria

ao

s 1

8 A

no

s II

Min

ha

Ald

eia

em

No

ite

de

o J

o n

a D

éca

da

de

19

58

No

ite s

em

Fim

O A

cro

ba

ta d

o C

irco

Bo

rbo

rem

a

O L

eit

or

da

s C

art

as

Em

ba

ralh

ad

as

O V

en

ded

or

de I

lusõ

es

I

O V

en

ded

or

de I

lusõ

es

II

Olh

o d

e L

ince s

ob

re a

Pa

isa

gem

de V

en

tos

Co

mp

osi

çã

o c

om

Va

so d

e M

até

ria

Sen

tim

en

tal

A A

ldeia

, a

Ca

vern

a e

Eu

A A

ldeia

, a

Pa

ixã

o e

Eu

An

jos

sico

s IV

Cen

tau

ro n

a P

ed

ra d

o N

avio

Cen

tau

ro n

a P

ed

ra d

o N

avio

El

Án

gel

de L

a L

un

a I

El

Án

gel

de L

a L

un

a I

I

Fig

ura

de u

m C

arn

ava

l em

o T

om

é d

e 1

95

7-

II

Ra

pa

z d

e u

m B

loco

de

Ca

rna

val

de

19

57

em

o T

om

é

Pa

isa

gem

D'Á

gu

a

Ca

jus

da

déca

da

de 6

0

Fru

teir

a e

fru

tas

Ca

sal

Ca

min

ha

nd

o p

ara

a T

orr

e

Co

nst

ruçã

o G

eo

métr

ica

Co

mp

osi

çõ

es

co

m C

aju

s e F

olh

ag

en

s

Mu

lher

Azu

l

Fig

ura

Olh

an

do

pa

ra o

Na

da

O A

no

itecer

Vis

to d

e u

ma

To

rre

O I

lusi

on

ista

Va

so c

om

Flo

res,

Co

nch

as

e S

emen

tes

de

Po

nta

Neg

ra

Va

so c

om

Flo

res

Esp

irit

ua

is

Va

so s

ob

re m

esa

Fig

ura

na

Pa

isa

gem

Sid

era

l d

a M

emó

ria

D'A

gu

a M

ari

nh

a

Fig

ura

Ob

serv

an

do

Ob

jeto

no

Esp

aço

Sid

era

l

No

ssa

Sen

ho

ra d

a C

on

ceiç

ão

An

jo M

úsi

co

da

Ald

eia

Azu

l

Fig

ura

de P

alh

aço

no

Ca

ma

rim

II

O D

est

err

o d

e M

inh

a A

ldeia

A M

ulh

er

Azu

l II

Os

Olh

os

da

Ca

bra

Verd

e d

e B

orb

ore

ma

II

Ja

rdin

s d

o S

ert

ão

Bu

le e

Fru

tas

Levit

an

do

Na

ture

za M

ort

a c

om

Bu

le

Os

Na

mo

rad

os

TÉCNICAS TOTAL

Acrílica 3

Óleo 72

Guache 6

Aquarela 3Com Colagem 13

Grafite 12Mista 7

Figuras Humanas 58

Anjos 12

Santos 6

Ástros 32

Casarios/Torres 39

Cajus 11

Instr. Musicais 10

Palhaços 6

Olhos 7

Lamparinas/ponto de luz 8

Cálices 5

Vasos/jarro 13

Pássaros 7

Flores 21

Borboletas 8

Coroas 8

Predomin. De Azul 14

Presença de Azul 76

Azul no Rosto 42

Múltiplas Cores s/ Azul 4

Figurativo 100

Abstrato 6

ELEMENTOS ESTILÍSTICOS

COR

ELEMENTOS ICOSNOGRÁFICOS

Page 106: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

105

Nº das Figuras 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 35 36 37 38 40 41 42 43 44 45 46 47 48 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 TOTAL

Nome das Obras

Retr

ato

do

Am

or

Qu

an

do

jo

vem

Sa

nfo

neir

o

Va

so c

om

Gir

ass

óis

e B

orb

ole

tas

An

jo M

úsi

co

co

m V

ioli

no

En

terr

o d

e A

njo

sico

Mela

ncó

lico

O N

écta

r

Pri

meir

a C

om

un

o

An

jos

sico

s d

e S

ab

ará

A P

ied

ad

e

An

jo S

ed

uto

r

Va

so c

om

Flo

res

de I

ng

á

Ca

beça

de P

aix

ão

Co

mp

osi

çã

o G

eo

métr

ica

na

Pa

isa

gem

Vert

ica

l

An

jos

sico

s II

Na

scim

en

to d

e R

ud

á

Vid

as

Pa

ssa

da

s, L

ug

are

s E

nig

tico

s

o F

ran

cis

co

Tra

nsf

igu

rad

o e

m F

un

do

Azu

l

A H

ora

de J

ud

as

Co

mp

osi

çã

o c

om

Ob

jeto

s e F

ruta

s

Co

mp

osi

çã

o c

om

Vio

lão

e C

ab

eça

de A

rleq

uim

Men

ino

na

Serr

a V

erd

e

Mu

lher

da

Serr

a V

erd

e

Ob

jeto

s d

e J

ud

as

Pa

ssa

gem

Secre

ta I

Pro

jeçã

o d

a A

lma

Sem

Tit

ulo

– (

cri

sto

na

cru

z)

O G

ari

mp

o I

Serr

a V

erd

e

Pa

ssa

gem

Secre

ta I

I

Pa

ul

Gu

au

gu

in

Pra

nch

a I

(p

avõ

es)

Pra

nch

a I

I (P

avõ

es)

Pra

nch

a I

II (

Pa

es)

Pra

nch

a I

V (

a f

ad

a d

os

ca

jus)

Sere

ias

Ba

rco

à D

eri

va

Pa

isa

gem

Bu

lica

Sem

Tit

ulo

– (

ab

stra

to)

Sa

nta

Tere

zin

ha

de L

isie

ux

Mo

rte d

o A

mo

r

Fig

ura

no

Leit

o d

a S

err

a A

zul

Fru

teir

a c

om

Ca

jus

Fru

teir

a, fo

lha

e f

ruta

Mu

lher

na

Fest

a d

e S

an

t'A

na

de C

aic

ó I

Mu

lher

na

Fest

a d

e S

an

t'A

na

de C

aic

ó I

I

Mu

lher

na

Pa

isa

gem

Geo

métr

ica

Mu

lher

no

Ca

rna

va

l d

e 1

95

8 e

m S

ão

To

Mu

lher

Reco

sta

da

na

Ca

deir

a

No

Sep

ult

am

en

to d

e M

ari

a

Ra

pa

z n

a P

on

ta N

eg

ra

O f

lag

elo

no

Sep

ult

am

en

to d

e M

ari

a

O M

úsi

co

VI

O M

úsi

co

VII

Sem

tit

ulo

– (

fig

ura

vo

ad

ora

de a

zul)

Fig

ura

co

m E

stig

ma

I

Sa

liva

de S

an

gu

e

Ca

ju d

a J

uven

tud

e

Fig

ura

co

m E

stig

ma

II

Fig

ura

s n

a P

on

ta N

eg

ra e

m 1

98

0

Fig

ura

de u

m C

arn

ava

l d

e 1

95

7 I

em

o T

om

é

Fo

lha

gem

da

Déca

da

de 1

96

0

Fo

lha

gem

e C

aju

da

Déca

da

de 1

96

0

Ma

ria

ao

s 1

8 A

no

s II

Min

ha

Ald

eia

em

No

ite

de

o J

o n

a D

éca

da

de

19

58

No

ite s

em

Fim

O A

cro

ba

ta d

o C

irco

Bo

rbo

rem

a

O L

eit

or

da

s C

art

as

Em

ba

ralh

ad

as

O V

en

ded

or

de I

lusõ

es

I

O V

en

ded

or

de I

lusõ

es

II

Olh

o d

e L

ince s

ob

re a

Pa

isa

gem

de V

en

tos

Co

mp

osi

çã

o c

om

Va

so d

e M

até

ria

Sen

tim

en

tal

A A

ldeia

, a

Ca

vern

a e

Eu

A A

ldeia

, a

Pa

ixã

o e

Eu

An

jos

sico

s IV

Cen

tau

ro n

a P

ed

ra d

o N

avio

Cen

tau

ro n

a P

ed

ra d

o N

avio

El

Án

gel

de L

a L

un

a I

El

Án

gel

de L

a L

un

a I

I

Fig

ura

de u

m C

arn

ava

l em

o T

om

é d

e 1

95

7-

II

Ra

pa

z d

e u

m B

loco

de

Ca

rna

val

de

19

57

em

o T

om

é

Pa

isa

gem

D'Á

gu

a

Ca

jus

da

déca

da

de 6

0

Fru

teir

a e

fru

tas

Ca

sal

Ca

min

ha

nd

o p

ara

a T

orr

e

Co

nst

ruçã

o G

eo

métr

ica

Co

mp

osi

çõ

es

co

m C

aju

s e F

olh

ag

en

s

Mu

lher

Azu

l

Fig

ura

Olh

an

do

pa

ra o

Na

da

O A

no

itecer

Vis

to d

e u

ma

To

rre

O I

lusi

on

ista

Va

so c

om

Flo

res,

Co

nch

as

e S

emen

tes

de

Po

nta

Neg

ra

Va

so c

om

Flo

res

Esp

irit

ua

is

Va

so s

ob

re m

esa

Fig

ura

na

Pa

isa

gem

Sid

era

l d

a M

emó

ria

D'A

gu

a M

ari

nh

a

Fig

ura

Ob

serv

an

do

Ob

jeto

no

Esp

aço

Sid

era

l

No

ssa

Sen

ho

ra d

a C

on

ceiç

ão

An

jo M

úsi

co

da

Ald

eia

Azu

l

Fig

ura

de P

alh

aço

no

Ca

ma

rim

II

O D

est

err

o d

e M

inh

a A

ldeia

A M

ulh

er

Azu

l II

Os

Olh

os

da

Ca

bra

Verd

e d

e B

orb

ore

ma

II

Ja

rdin

s d

o S

ert

ão

Bu

le e

Fru

tas

Levit

an

do

Na

ture

za M

ort

a c

om

Bu

le

Os

Na

mo

rad

os

TÉCNICAS TOTAL

Acrílica 3

Óleo 72

Guache 6

Aquarela 3Com Colagem 13

Grafite 12Mista 7

Figuras Humanas 58

Anjos 12

Santos 6

Ástros 32

Casarios/Torres 39

Cajus 11

Instr. Musicais 10

Palhaços 6

Olhos 7

Lamparinas/ponto de luz 8

Cálices 5

Vasos/jarro 13

Pássaros 7

Flores 21

Borboletas 8

Coroas 8

Predomin. De Azul 14

Presença de Azul 76

Azul no Rosto 42

Múltiplas Cores s/ Azul 4

Figurativo 100

Abstrato 6

ELEMENTOS ESTILÍSTICOS

COR

ELEMENTOS ICOSNOGRÁFICOS

Page 107: ARTE E VIDA DO ARTISTA PLÁSTICO ERASMO ANDRADE E... · (Albert Einstein) RESUMO Este trabalho ... analisando sua trajetória e suas obras, ... O projeto de estudar a vida e a obra

106

Nº das Figuras 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 35 36 37 38 40 41 42 43 44 45 46 47 48 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 TOTAL

Nome das Obras

Retr

ato

do

Am

or

Qu

an

do

jo

vem

Sa

nfo

neir

o

Va

so c

om

Gir

ass

óis

e B

orb

ole

tas

An

jo M

úsi

co

co

m V

ioli

no

En

terr

o d

e A

njo

sico

Mela

ncó

lico

O N

écta

r

Pri

meir

a C

om

un

o

An

jos

sico

s d

e S

ab

ará

A P

ied

ad

e

An

jo S

ed

uto

r

Va

so c

om

Flo

res

de I

ng

á

Ca

beça

de P

aix

ão

Co

mp

osi

çã

o G

eo

métr

ica

na

Pa

isa

gem

Vert

ica

l

An

jos

sico

s II

Na

scim

en

to d

e R

ud

á

Vid

as

Pa

ssa

da

s, L

ug

are

s E

nig

tico

s

o F

ran

cis

co

Tra

nsf

igu

rad

o e

m F

un

do

Azu

l

A H

ora

de J

ud

as

Co

mp

osi

çã

o c

om

Ob

jeto

s e F

ruta

s

Co

mp

osi

çã

o c

om

Vio

lão

e C

ab

eça

de A

rleq

uim

Men

ino

na

Serr

a V

erd

e

Mu

lher

da

Serr

a V

erd

e

Ob

jeto

s d

e J

ud

as

Pa

ssa

gem

Secre

ta I

Pro

jeçã

o d

a A

lma

Sem

Tit

ulo

– (

cri

sto

na

cru

z)

O G

ari

mp

o I

Serr

a V

erd

e

Pa

ssa

gem

Secre

ta I

I

Pa

ul

Gu

au

gu

in

Pra

nch

a I

(p

avõ

es)

Pra

nch

a I

I (P

avõ

es)

Pra

nch

a I

II (

Pa

es)

Pra

nch

a I

V (

a f

ad

a d

os

ca

jus)

Sere

ias

Ba

rco

à D

eri

va

Pa

isa

gem

Bu

lica

Sem

Tit

ulo

– (

ab

stra

to)

Sa

nta

Tere

zin

ha

de L

isie

ux

Mo

rte d

o A

mo

r

Fig

ura

no

Leit

o d

a S

err

a A

zul

Fru

teir

a c

om

Ca

jus

Fru

teir

a, fo

lha

e f

ruta

Mu

lher

na

Fest

a d

e S

an

t'A

na

de C

aic

ó I

Mu

lher

na

Fest

a d

e S

an

t'A

na

de C

aic

ó I

I

Mu

lher

na

Pa

isa

gem

Geo

métr

ica

Mu

lher

no

Ca

rna

va

l d

e 1

95

8 e

m S

ão

To

Mu

lher

Reco

sta

da

na

Ca

deir

a

No

Sep

ult

am

en

to d

e M

ari

a

Ra

pa

z n

a P

on

ta N

eg

ra

O f

lag

elo

no

Sep

ult

am

en

to d

e M

ari

a

O M

úsi

co

VI

O M

úsi

co

VII

Sem

tit

ulo

– (

fig

ura

vo

ad

ora

de a

zul)

Fig

ura

co

m E

stig

ma

I

Sa

liva

de S

an

gu

e

Ca

ju d

a J

uven

tud

e

Fig

ura

co

m E

stig

ma

II

Fig

ura

s n

a P

on

ta N

eg

ra e

m 1

98

0

Fig

ura

de u

m C

arn

ava

l d

e 1

95

7 I

em

o T

om

é

Fo

lha

gem

da

Déca

da

de 1

96

0

Fo

lha

gem

e C

aju

da

Déca

da

de 1

96

0

Ma

ria

ao

s 1

8 A

no

s II

Min

ha

Ald

eia

em

No

ite

de

o J

o n

a D

éca

da

de

19

58

No

ite s

em

Fim

O A

cro

ba

ta d

o C

irco

Bo

rbo

rem

a

O L

eit

or

da

s C

art

as

Em

ba

ralh

ad

as

O V

en

ded

or

de I

lusõ

es

I

O V

en

ded

or

de I

lusõ

es

II

Olh

o d

e L

ince s

ob

re a

Pa

isa

gem

de V

en

tos

Co

mp

osi

çã

o c

om

Va

so d

e M

até

ria

Sen

tim

en

tal

A A

ldeia

, a

Ca

vern

a e

Eu

A A

ldeia

, a

Pa

ixã

o e

Eu

An

jos

sico

s IV

Cen

tau

ro n

a P

ed

ra d

o N

avio

Cen

tau

ro n

a P

ed

ra d

o N

avio

El

Án

gel

de L

a L

un

a I

El

Án

gel

de L

a L

un

a I

I

Fig

ura

de u

m C

arn

ava

l em

o T

om

é d

e 1

95

7-

II

Ra

pa

z d

e u

m B

loco

de

Ca

rna

val

de

19

57

em

o T

om

é

Pa

isa

gem

D'Á

gu

a

Ca

jus

da

déca

da

de 6

0

Fru

teir

a e

fru

tas

Ca

sal

Ca

min

ha

nd

o p

ara

a T

orr

e

Co

nst

ruçã

o G

eo

métr

ica

Co

mp

osi

çõ

es

co

m C

aju

s e F

olh

ag

en

s

Mu

lher

Azu

l

Fig

ura

Olh

an

do

pa

ra o

Na

da

O A

no

itecer

Vis

to d

e u

ma

To

rre

O I

lusi

on

ista

Va

so c

om

Flo

res,

Co

nch

as

e S

emen

tes

de

Po

nta

Neg

ra

Va

so c

om

Flo

res

Esp

irit

ua

is

Va

so s

ob

re m

esa

Fig

ura

na

Pa

isa

gem

Sid

era

l d

a M

emó

ria

D'A

gu

a M

ari

nh

a

Fig

ura

Ob

serv

an

do

Ob

jeto

no

Esp

aço

Sid

era

l

No

ssa

Sen

ho

ra d

a C

on

ceiç

ão

An

jo M

úsi

co

da

Ald

eia

Azu

l

Fig

ura

de P

alh

aço

no

Ca

ma

rim

II

O D

est

err

o d

e M

inh

a A

ldeia

A M

ulh

er

Azu

l II

Os

Olh

os

da

Ca

bra

Verd

e d

e B

orb

ore

ma

II

Ja

rdin

s d

o S

ert

ão

Bu

le e

Fru

tas

Levit

an

do

Na

ture

za M

ort

a c

om

Bu

le

Os

Na

mo

rad

os

TÉCNICAS TOTAL

Acrílica 3

Óleo 72

Guache 6

Aquarela 3Com Colagem 13

Grafite 12Mista 7

Figuras Humanas 58

Anjos 12

Santos 6

Ástros 32

Casarios/Torres 39

Cajus 11

Instr. Musicais 10

Palhaços 6

Olhos 7

Lamparinas/ponto de luz 8

Cálices 5

Vasos/jarro 13

Pássaros 7

Flores 21

Borboletas 8

Coroas 8

Predomin. De Azul 14

Presença de Azul 76

Azul no Rosto 42

Múltiplas Cores s/ Azul 4

Figurativo 100

Abstrato 6

ELEMENTOS ESTILÍSTICOS

COR

ELEMENTOS ICOSNOGRÁFICOS