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Arte Acadêmica Brasileira http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Meirelles-guararapes.jpg A Batalha dos Guararapes 1875/79 - Victor Meirelles Convencionou-se chamar de Arte Acadêmica a arte produzida a partir do final do século 18 em estilo neoclássico. Nesse momento, surgiram várias escolas de “belas artes” para ensinar as regras de composição clássica, inclusive no Brasil. A arte brasileira, logo após o nosso Barroco, foi bastante impulsionada pela vinda da corte de Portugal para o Brasil. Considerando a arte brasileira estagnada, pois vivíamos um Barroco tardio, os nobres portugueses queriam trazer para a Colônia aquilo que era mais “moderno” na estética europeia, ou seja, o Neoclassicismo, um estilo marcado totalmente pela influência greco- romana. A Família Real Portuguesa desembarcou no Nordeste Brasileiro com uma comitiva de 1500 pessoas, em 1808. Impressionados com o atrasobaiano, a comitiva parte rapidamente para o Rio de Janeiro, em busca de mais sofisticação. Nesse momento, são criadas as primeiras fábricas e fundadas instituições, como o Banco do Brasil, a Biblioteca Real, o Museu Real e a Imprensa Régia. A Missão Artística Francesa chega ao Brasil em 26 de março de 1816, chefiada por Joachin Lebreton. Existem duas versões para a vinda desse grupo de artistas franceses para o Brasil. A primeira é a de que vieram sozinhos e ofereceram seus serviços a Dom João VI, pois, partidários de Napoleão, se sentiam prejudicados com a volta dos Bourbon ao poder. A outra seria a de que Dom João VI pediu ao marquês de Marialva, então representante do governo português na França, a contratação de um grupo de artistas capaz de lançar as bases de uma instituição de ensino para revitalizar as artes visuais na nova capital do reino. Em 13 de agosto, Dom João VI funda a Escola Real das Ciências Artes e Ofícios. Em 1826, muda-se o nome para Imperial Academia e Escola de Belas Artes. Podemos classificar a Arte Acadêmica Brasileira em três fases: A Missão(??) Artística Francesa e a Formação da Imperial Acadêmica; A Primeira Geração de Artistas formados pela escola; A Arte no Segundo Reinado. Durante o Segundo Reinado, alguns artistas já começam a ser influenciados pelas mudanças ocorridas nas artes, como o Impressionismo e a Art Nouveau. Quando se reformulou o ensino superior no Brasil, a Escola foi absorvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Arte Acadêmica Brasileira

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Meirelles-guararapes.jpg

A Batalha dos Guararapes – 1875/79 - Victor Meirelles

Convencionou-se chamar de Arte Acadêmica a arte produzida a partir do final do século 18

em estilo neoclássico. Nesse momento, surgiram várias escolas de “belas artes” para ensinar as regras de composição clássica, inclusive no Brasil.

A arte brasileira, logo após o nosso Barroco, foi bastante impulsionada pela vinda da corte de Portugal para o Brasil. Considerando a arte brasileira estagnada, pois vivíamos um Barroco tardio, os nobres portugueses queriam trazer para a Colônia aquilo que era mais “moderno” na estética europeia, ou seja, o Neoclassicismo, um estilo marcado totalmente pela influência greco-romana.

A Família Real Portuguesa desembarcou no Nordeste Brasileiro com uma comitiva de 1500 pessoas, em 1808. Impressionados com o “atraso” baiano, a comitiva parte rapidamente para o Rio de Janeiro, em busca de mais sofisticação. Nesse momento, são criadas as primeiras fábricas e fundadas instituições, como o Banco do Brasil, a Biblioteca Real, o Museu Real e a Imprensa Régia.

A Missão Artística Francesa chega ao Brasil em 26 de março de 1816, chefiada por Joachin Lebreton. Existem duas versões para a vinda desse grupo de artistas franceses para o Brasil. A primeira é a de que vieram sozinhos e ofereceram seus serviços a Dom João VI, pois, partidários de Napoleão, se sentiam prejudicados com a volta dos Bourbon ao poder. A outra seria a de que Dom João VI pediu ao marquês de Marialva, então representante do governo português na França, a contratação de um grupo de artistas capaz de lançar as bases de uma instituição de ensino para revitalizar as artes visuais na nova capital do reino.

Em 13 de agosto, Dom João VI funda a Escola Real das Ciências Artes e Ofícios. Em 1826, muda-se o nome para Imperial Academia e Escola de Belas Artes. Podemos classificar a Arte Acadêmica Brasileira em três fases:

A Missão(??) Artística Francesa e a Formação da Imperial Acadêmica;

A Primeira Geração de Artistas formados pela escola;

A Arte no Segundo Reinado. Durante o Segundo Reinado, alguns artistas já começam a ser influenciados pelas mudanças ocorridas nas artes, como o Impressionismo e a Art Nouveau. Quando se reformulou o ensino superior no Brasil, a Escola foi absorvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

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(UFRJ), em 1931. Nesse momento, o Modernismo já havia abraçado o Brasil de forma definitiva e o Neoclassicismo no Brasil vai desaparecendo gradativamente.

Principais Representantes da Missão Francesa:

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Largo da Carioca (1816) - Nicolas Antoine Taunay

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Moisés Salvo das Águas (1827) Nicolas Antoine Taunay

Nicolas Antoine Taunay é o membro mais notável da Missão, o artista mais conhecido internacionalmente por sua obra. Sob o Império Napoleônico, serão suas batalhas, altamente apreciadas pela Imperatriz Joséphine, que lhe garantirão maior prestígio. Íntimo da Imperatriz, era natural que, com a queda de Napoleão, caísse em desprestígio e tivesse de procurar, em outro país, o que a França não mais podia lhe ofertar. Sua produção compreende principalmente paisagens animadas com figurinhas minúsculas, gênero à maneira dos holandeses do século 17, como também cenas bíblicas e mitológicas, retratos e batalhas. É hoje em dia reconhecido como um dos grandes pintores de sua época, e seu prestígio tende a crescer à medida que vai sendo objeto de estudos mais profundos.

Taunay ocupa na arte brasileira lugar de destaque. Sua produção, durante os cerca de cinco anos passados no Rio de Janeiro, abrange paisagens animadas, temas bíblicos, mitológicos e históricos, além de delicados retratos infantis. Sua obra lembra muito a de um pintor muito famoso da Itália do século 17: Nicolas Poussin. Já foi chamado de Poussin dos pequenos quadros.

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Dom João VI em trajes de sua aclamação – 1817 - Jean-Baptiste Debret

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Família de um Chefe Camacan preparando-se para uma festa – 1834- Jean-Baptiste Debret

Jean-Baptiste Debret era primo do grande mestre da pintura francesa neoclássica - Jacques-Louis David. A queda de Napoleão e a morte de seu filho o fizeram tencionar ir para a Rússia, mas felizmente entrou para a comitiva da Missão Artística Francesa. Debret desenvolveu intensa atividade no Brasil, pintou retratos da Família Real e obras importantes para a história brasileira, como a grande tela “Desembarque de Dona Leopoldina em 1817”, “Aclamação de Dom João VI como Rei de Portugal, Brasil e Algarve” e “Coração de Pedro I”. Realizou ainda trabalhos de cenografia para o Teatro São João, decorações e serviços de ornamentação pública do Rio de Janeiro para grandes festas, além de suas tarefas, como professor de pintura histórica. Debret organizou também a primeira exposição pública de arte realizada no Brasil, aberta a 2 de dezembro de 1829.

Debret ilustrou os três volumes da Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, entre 1834 e 1839. O trabalho é considerado o melhor retrato do país do período Joanino. Ao chegar ao Brasil, Debret ainda estava impregnado de sua formação neoclássica, mas foi mudando a sua arte, tão logo começou a desenhar cenas do cotidiano da então capital imperial. Muitas imagens, sobretudo sobre a escravidão, são chocantes e mostram um colonialismo perverso, em que os portugueses eram senhores da vida e da morte. Além dos artistas franceses no século 19, diversos artistas estrangeiros vieram para o Brasil, seduzidos pela luminosidade, fauna e flora do país e ávidos por uma clientela. Alguns artistas produziram um importante retrato do Brasil do período, como o pintor austríaco Thomas Ender e o alemão Rugendas.

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Primeira geração de estudantes da Imperial Academia e Escola de Belas Artes:

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Retrato da Baronesa de Vassoura - sem data – Augusto Müller

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Agostinho_Jos%C3%A9_da_Mota_-_Natureza_morta_com_frutas.JPG

Natureza Morta com Frutas – cerca de 1873 – Agostinho José da Mota

Alemão, Augusto Müller veio ainda muito criança para o Brasil. Matriculou-se, em 1829, na Academia Imperial de Belas Artes e foi um dos mais destacados discípulos de Debret, tanto que, mais tarde, chegou a lecionar ali, na cadeira de Paisagem. O artista era especialista em pintura histórica, retrato e paisagem, estando entre os pioneiros da pintura paisagística no Brasil.

Agostinho José da Mota é, sem dúvida, um dos maiores pintores brasileiros do seu período. Grande gênio da pintura, seus temas variavam entre a paisagem e a natureza morta – gênero desenvolvido pelos pintores holandeses, mas que Agostinho exerceu com maestria invejável. Entre 1850 e 1892, foram realizados onze concursos na Imperial Academia e Escola de Belas Artes, com o aclamado Prêmio de Viagem. Nessas viagens, os artistas podiam conhecer a Arte Europeia, atualizando e aprimorando sua técnica. O artista conquistou a viagem à Europa no Sexto Concurso do Prêmio de Viagem, em 1850, e, ao retornar, tornou-se professor da instituição.

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Artistas do Segundo Reinado

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_-_A_carioca_-_1882.jpg

A Carioca - 1882 - Pedro Américo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Americo-ava%C3%AD.jpg

A Batalha do Avaí – Pedro Américo

Pedro Américo é indiscutivelmente um dos maiores artistas brasileiros. Com uma obra extensa, foi também professor da Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro. Pintor de temas históricos e de batalhas, de temas bíblicos e de retratos, de alegorias e ainda de tantos outros gêneros, Pedro Américo deve ser considerado o representante mais típico e importante da pintura no Brasil do Segundo Império. Além de tudo, Pedro Américo é uma figura peculiar, um pop star à moda de sua época, com uma biografia muito peculiar e interessante. Teve intensa vida social e política, sendo eleito deputado na Paraíba. O pintor chegou a ser figura popular em Florença, com retrato em lojas e cafés.

O quadro acima é uma das obras mais conhecidas do pintor e possui uma história fascinante. Foi pintado em Florença, na biblioteca do Convento da Santíssima Anunciata. Quarenta mil livros tiveram de ser desalojados para que o pintor brasileiro pudesse realizar a obra de proporções gigantescas. Exposta em Florença para 100 mil espectadores, incluindo Dom Pedro II, foi transportada em seguida para o Brasil. O sucesso da exposição do quadro aqui foi tão grande que os admiradores do pintor propuseram a Pedro II que fosse dado a Pedro Américo o título de Barão do Avaí. O preço dos ingressos para visitar a obra no Brasil foi revertido para a assistência aos órfãos do Rio de Janeiro e aos flagelados da seca de 1877.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Degola%C3%A7%C3%A3o-meirelles.jpg

Degolação de São João Batista – 1855 – Víctor Meirelles

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Meirelles-primeiramissa2.jpg

A Primeira Missa no Brasil -1860– Victor Meirelles

Victor Meirelles é um célebre nome da pintura brasileira. Nascido em Florianópolis, onde começou sua formação artística, muda-se para o Rio de Janeiro, onde ingressa na Academia de Belas Artes, sendo tutelado pelo talentoso pintor Manuel de Araújo Porto-Alegre. Na escola, ganha o prêmio de viagem ao exterior e tem aula com importantes artistas italianos. De volta ao Brasil, leciona na Academia de Belas Artes e torna-se um dos artistas mais admirados pelo Imperador Pedro II.

Especializado em pintura histórica, “Primeira Missa no Brasil” é um dos quadros mais importantes do artista. Foi pintado durante sua estadia na França e exposto no Salão de Paris de 1861. É interessante notar que a obra retrata a primeira missa, da maneira como foi descrita na carta de Pero Vaz de Caminha. Por estar muito vinculado ao Império, com o advento da República, o artista caiu no ostracismo e acaba sua vida em precárias condições financeiras, estando, nesse momento, já esquecido por todos.

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Assista à reportagem “Fotografia no Brasil”: http://www.youtube.com/watch?v=QkwBguYBzK8 Ela apresenta um dos pioneiros da fotografia, Hércules Florence, francês que viveu no Brasil até sua morte, em Campinas, em 1879. Muito pouco falado, pois viveu e desenvolveu suas pesquisas no Brasil, hoje é reconhecido nos livros de História da Fotografia como um dos pais da fotografia.

Imperador Dom Pedro II do Brasil – O Monarca das Artes Dom Pedro II era um homem extremamente culto e foi um importante patrono das artes no Brasil. Sua formação contou com diversos mestres ilustres de seu tempo. O jovem imperador instruiu-se em português, literatura, francês, inglês, alemão, geografia, ciências naturais, música, dança, pintura, esgrima e equitação. O monarca discursava em grego e latim e ainda entendia a língua nativa do Brasil - o tupi-guarani. Além disso, estudou hebraico e árabe. Com uma inteligência acima da média, seu interesse variava entre matemática, biologia, química, fisiologia, medicina, economia, política, história, egiptologia, arqueologia, arte, helenismo, cosmografia e astronomia.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RetratodompedroIIcrianca.JPG

O Imperador Pedro II aos 12 anos de idade vestindo o uniforme imperial de gala -1838 - Félix Émile Taunay

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pedro_II_1865_01.jpg

Dom Pedro II do Brasil, 1865

Dom Pedro II foi o filho mais novo do Imperador Dom Pedro I e da Imperatriz Leopoldina, falecida quando ele tinha um ano de idade. A abdicação do seu pai ao trono do Brasil e sua viagem para a Europa deixou o jovem Pedro, então com cinco anos, como o próximo imperador - sob a tutela de José Bonifácio de Andrada. Pedro II foi uma criança solitária e um jovem triste, com raros momentos de alegrias e pouquíssimos amigos.

A fotografia era uma das paixões de Pedro II, tanto que ele foi a primeira pessoa no Brasil a adquirir um daguerreótipo, um aparelho que produzia imagens fotográficas em uma placa de cobre recoberta com uma fina placa de prata. O Imperador se tornou um grande colecionador e um verdadeiro mecenas dessa arte e atribuiu títulos e honrarias aos principais fotógrafos atuantes no país. Foi ele o responsável por difundir e promover a arte da fotografia pelo Brasil, no primeiro momento. Em suas viagens pelo exterior, sempre havia um fotógrafo responsável por registrar sua passagem pelos diversos locais que visitava e para tirar fotos da família real. O pintor da corte real é substituído pelo fotógrafo - o que já indica como a arte irá se transformar no século 20.