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Arrase esse livro com seu filho_miolo.indd 1 22/11/19 18:02

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Antes de qualquer coisa, quero te dar os parabéns!Parabéns por ser um dos nobres, dos dignos, dos que enten-

dem quais são é a verdadeira função e maior obrigação de uma pessoa depois que tem um filho e sedimenta na Terra a sua família: cuidar e se dedicar a ele como a coisa mais importan-te que existe. Este livro é para você que ocupa o papel dessa figura que devota tempo e atenção para acompanhar a vida de uma criança, seja pai, mãe, padrastro, mãe solo, avô, avó, tio, tia, professor(a), cuidador(a), mentor, ou qualquer outra coisa, afinal família não é só a de sangue, tem também a de coração.

É por isso que eu queria deixar claro antes mesmo de co-meçar que, ao me dirigir em geral aos pais, não quero des-merecer ou desvalorizar as mães. Pelo contrário, escrevo com a intenção de fazer com que os pais se assemelhem mais às mães, de que ouçam mais sua intuição e tenham mais cora-gem de dar o passo à frente para assumir a situação, o que muitas vezes não acontece. Infelizmente os dados mostram uma realidade triste: milhões de pais não colocam o nome na certidão de nascimento dos filhos, e um número maior ainda abandona a família.

Escrevo sobre paternidade, na maioria das vezes, para pais presentes ou que querem ser presentes, mas queria aqui falar principalmente para o pai ausente que todos nós já fomos em algum momento. Aquele que é descompromissado, não pensa no filho durante o dia, sempre tem uma desculpa para não es-tar presente, que acha um saco quando é chamado para brin-car e tem preguiça de jogar um jogo porque pensa em todo o tempo que vai “perder” ali, e por isso prefere comprar logo o que o filho quer para poder voltar a suas tarefas. É o tipo de pessoa que acredita naquela história, ótima para amenizar a culpa do pai moderno, de que “cinco minutos com qualidade ao lado do filho valem mais do que horas”.


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Quando for mais velho, esse mesmo pai vai se lembrar de todos os eventos do filho aos quais faltou, como aniversários, apresentações importantes na escola, jogos de futebol e mo-mentos de crise, mas não vai conseguir lembrar de forma al-guma por que não estava lá. Isso é tão triste! É o ser humano ganhando consciência quando já é tarde demais.

Muitos homens acham que o trabalho e as chamadas res-ponsabilidades são o mais importante, mas no final da vida o que martela na consciência deles é não terem estado lá para comemorar mais um ano de sua maior obra-prima, seu filho. E isso não se apaga, vira uma cicatriz, para os pais e para os filhos, que não vai impedir a vida de continuar, mas é uma memória de algo ruim, que mudou a nossa existência através da dor.

Pode não parecer importante agora, enquanto você é jovem, seu filho é pequeno e parece que tudo vai ser sempre assim. Mas ouça, meu amigo, assim como eu ouvi em certo momen-to, pois você está plantando hoje seus futuros arrependimen-tos: como você quer chegar no final de sua vida? Se você não quer muitas cicatrizes, agora é a hora de rever suas priorida-des e decidir se quer ter a memória do abraço forte na hora do parabéns ou a dor de não lembrar por que não estava lá.

Eu sou muitas vezes elogiado por fazer coisas absoluta-mente normais, que todo pai deveria fazer. Porque ser ho-mem não significa menos responsabilidade com relação aos filhos, porque ser pai é estar presente, e isso é fundamental na vida de toda criança.

Mas, se você está com este livro nas mãos ou já está no caminho certo ou está em busca dele, por isso os parabéns iniciais! Você é meu parceiro na busca por uma sociedade melhor através da criação amorosa e presente de nossos filhos. Vamos criar gente mais carinhosa, tolerante, honesta, altruísta, sem ódio, sem inveja e com muita compaixão e empatia. O mundo merece!


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E, mães, sei que muitas de vocês leem meus livros, então aproveito para dar as boas-vindas e dizer que são minha gran-de inspiração. O que aperfeiçoa o homem e suas intuições é a mulher, seja a mãe que o criou, aquela com a qual ele divide a vida e tem uma família, ou ainda sua filha! Sempre digo que se todo homem tivesse uma filha o mundo seria um lugar com menos desigualdade, preconceito e violência. E assim deixo reiterada minha admiração por todas as mulheres.

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O ano é 1927. A cidade é Chicago. Quem manda, fazendo tudo o que quer e se safando constantemente da justiça, é um cara chamado Al Capone, conhecido na época como o inimi-go público número um.

Qual era o segredo de Al Capone? Por que não conseguiam prendê-lo? Como ele conseguia continuar cometendo crimes e saindo impune?

O segredo era um advogado conhecido como Easy Eddie. Ele foi o responsável por salvar a pele de Al Capone em inúmeras ocasiões. Um homem que não sujava as mãos, mas trabalhava arduamente para permitir que outro cometesse crimes. Não é uma postura exatamente admirável, para não dizer outra coi-sa mais pesada. Mas o fato é que Easy Eddie tinha um filho. E, como acontece com todo mundo, comigo e com todos vocês que estão lendo este livro, a vida dele mudou. Completamente.

Nada é capaz de transformar tanto a vida de um homem como um filho. Quando nos tornamos pais, levamos um cha-coalhão de realidade e passamos a reavaliar as nossas atitu-des e questionar as nossas prioridades.

Por ser peça fundamental na organização criminosa de Al Ca-pone, Easy Eddie ganhava muito dinheiro, além de presentes


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especiais, como uma casa que ocupava um quarteirão inteiro, com quadro de funcionários completo.

Easy Eddie amava muito seu filho e nunca economizou para dar a ele tudo o que o dinheiro pode oferecer: brinque-dos, roupas, carros, a melhor educação… tudo! Uma coisa, no entanto, ele não podia comprar: o orgulho que ele que-ria que o filho tivesse dele. Easy Eddie não tinha como com-prar um sobrenome limpo, para que seu filho fizesse a própria vida. Não tinha como dar ao filho um pai que servisse de exemplo. E isso o estava corroendo por dentro de tanto que ele amava aquele filho.

Será que ele teria orgulho do pai? Teria vontade de honrar sua história?

Easy Eddie sofria porque sabia que estava criando o filho sem um modelo de pai em quem pudesse se espelhar. Ator-mentado por esses pensamentos e sabendo que a vida de ri-quezas que proporcionou ao filho não teria mais valor do que um pai íntegro e honrado, ele tomou uma decisão drástica, a única coisa que poderia fazer para limpar o nome de sua famí-lia: entregou Al Capone para a justiça.

Sua atitude entrou para a história por pôr fim a uma das trajetórias criminosas mais famosas de todos os tempos. Por causa disso, muitos mafiosos além de Al Capone foram finalmente presos.

Easy Eddie conhecia como ninguém o funcionamento da máfia e sabia o que acontecia com os delatores, mais co-nhecidos como “dedos-duros”. Mas seu amor pelo filho era mais forte que tudo.

Conforme o esperado, em menos de um ano um veículo parou ao lado do carro de Easy Eddie num sinal de trânsito numa rua vazia, e os passageiros descarregaram pentes de metralhadora nele.


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Easy Eddie pagou um preço muito alto para dar ao filho um pai de quem pudesse se orgulhar.

Corta para outra história:O ano é 1942. O local é uma base naval chamada uss Lexing-

ton, no oceano Pacífico. Estamos na Segunda Guerra Mundial.Toda a esquadrilha de aviões dessa base saiu para uma mis-

são. Pouco tempo depois de decolar, um dos pilotos, Butch O’Hare, percebeu que a tampa do seu tanque não tinha sido fechada e que por isso não teria combustível suficiente para completar a missão e voltar para o navio. O líder da sua esqua-drilha mandou que ele retornasse.

No caminho de volta, Butch O’Hare deu de cara com nove aviões japoneses em formação, a caminho de um ataque à uss Lexington, que estava com milhares de tripulantes e sem nenhum avião da sua esquadrilha, ou seja, com praticamente zero chance de defesa.

Butch O’Hare poderia ter ido embora, poderia ter feito qual-quer escolha; afinal, os nove aviões japoneses não o tinham visto, mas decidiu atacar. E sozinho irrompeu em direção aos aviões, atirando sem parar, num ataque kamikaze. Nesse pri-meiro ataque surpresa, ele viu que conseguira derrubar dois aviões japoneses! Antes de preparar o segundo ataque, no entanto, teve más notícias: Butch percebeu que agora os ou-tros sete aviões estavam vindo atrás dele e suas balas tinham acabado.

Os japoneses estavam voando rápido atrás de Butch e des-carregando munição, mas ele era tão corajoso, tão forte e de-terminado que começou a mudar de trajetória, de um lado para o outro, desviando de balas que não paravam de vir de todas as direções e jogando seu próprio avião em cima dos inimigos para tentar fazê-los cair.


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Nesse ato impressionante e heroico, Butch O’Hare derrubou mais três aviões inimigos! três! Sem balas! Apenas jogando seu próprio avião contra os outros.

Os quatro pilotos japoneses remanescentes chegaram a uma conclusão que fazia bastante sentido: “Este homem é completamente insano e vai matar todos nós. Vamos embora daqui!”. Bateram em retirada, abortando a missão de bombar-dear a base naval americana.

Em um dos atos mais corajosos da história, Butch O’Hare re-cebeu o título de primeiro Flying Ace da Marinha americana, além de ser o primeiro soldado da Marinha a receber a Meda-lha de Honra, a maior condecoração possível.

O aeroporto de Chicago foi batizado em sua homenagem, o O’Hare International Airport. Ele é considerado um dos gran-des heróis americanos porque foi capaz de sacrificar a própria vida em benefício de uma causa maior: o próximo.

Essas são duas histórias impressionantes de caráter, honra e dignidade. Mas o que torna tudo isso muito interessante para nós é que Butch O’Hare era o filho do Easy Eddie, cujo nome era Edward O’Hare.

Essa história simboliza minha maior crença em relação a ser pai de um menino: você, como figura paterna, como o primei-ro herói desse menino, é um grande modelo para ele. Em ou-tras palavras: o menino busca no pai a referência de homem que ele pretende ser, quer o pai queira ou não.

Se você ainda não percebeu isso, não tem problema. Nunca é tarde para começar a realmente se dedicar a ser aquele pai que todo menino sonha em ter. Se você está lendo este livro já está em busca disso, não é? Então siga nesse caminho, pois garanto que vai fazer você se sentir muito bem, por mais tra-balhoso que seja.


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Por exemplo, sabe o que mais me faz feliz? O que me dá aquela sensação de que sou digno de estar no mundo, de fa-zer minha parte para ajudar o próximo e melhorar o futuro? Receber o reconhecimento de que sou um grande pai em todo lugar que vou. Hoje em dia, nas ruas, as pessoas falam pouco dos meus programas, mas falam muito do exemplo de pai que sou para suas famílias. Sou reconhecido como um homem que não mede esforços para estar próximo dos filhos, que prioriza o bem-estar e a felicidade de todos os membros da minha fa-mília antes dos meus. Da mesma forma que inspiro milhares de pessoas, sou inspirado por muitas outras! Tem tanta histó-ria comovente de dedicação dos pais aos seus filhos que te-nho certeza de que você consegue achar seu caminho.

Uma das poucas certezas que tenho na vida é que quero ser lembrado como um homem que honrou sua família, a colocou na frente de tudo e nunca mediu esforços para estar próximo. Isso me dá a sensação de ser digno de estar no mundo, pois es-tou fazendo a minha parte para que a próxima geração seja mui-to melhor do que a nossa. Cabe a nós, sim! Já parou para pensar?

Lemos toda hora sobre como o planeta está sofrendo, estamos vendo seus recursos naturais se escassearem e sabemos que se não tomarmos uma atitude urgente nossa própria existência estará comprometida em breve. E quem pode de fato mudar essa situação? A geração que está vindo. Nossos filhos. Cabe a quem preparar os mais novos para tomar grandes atitudes sem sucumbir ao statu quo, à pressão, com coragem para dizer “bas-ta” e capacidade de propor soluções? Cabe a nós, pais.

Pode parecer utópico, eu sei. “O que meu filho aqui, que mal fica de pé ou ainda nem sabe ir no banheiro sozinho, vai po-der mudar no planeta?” Se ele tiver um modelo inspirador, um pai para honrar, a chance de que faça algo grandioso aumenta muito.


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Alguém aqui tem dúvida de que o sacrifício de Easy Eddie deu a maior lição de integridade para Butch, transformando-o em alguém capaz de ser um herói nacional? Não tenham, pois isso não é acaso nem coincidência. Isso é resultado da relação inefável entre pai e filho na sua camada mais profunda.

Lembre de você pequeno, crescendo, e do quão importante era sentir orgulho do seu pai, de como era bom poder encher o peito e falar “Esse é meu pai”! Sei que milhares de pessoas cresceram sem esse sentimento ou até sem um pai por perto, mas isso não os define. Se esse é o seu caso, você pode e deve ser o pai que não teve! Quebre o ciclo e comece um novo, para que seu filho seja um grande pai para seu neto.

Insisto um pouco mais nessa ideia porque essa é a minha missão de vida: ajudar a fazer a próxima geração melhor do que a nossa em todos os sentidos. Tire a parte do “ah, mas isso é impossível” e se permita viajar nessa ideia. Imagine se todos, absolutamente todos, os pais do mundo fossem incríveis? Pre-sentes, dedicados, sensíveis, criativos e uma tremenda figura paterna. O que você acha que iria acontecer com a próxima geração? O que você acha que ocorreria com o planeta? Essa seria, sim, uma chance de mudar o mundo. E eu falo com toda a humildade: se eu consigo, você também consegue. Só é ne-cessária a conscientização da real importância de um pai na vida do filho. Entender que estamos aqui, vivos, para deixar um legado, para fazer nossa história se perpetuar, nossos ide-ais, conceitos e concepções seguirem vivos através de nossos filhos. Todo ser humano busca em algum momento a conti-nuidade, procura deixar uma marca.

Às vezes o que nos torna incríveis é algo simples, feito com o coração, como apenas estar lá! Ser presente e dedi-cado. Abrir mão de coisas que podem parecer importantes mas, se colocadas em perspectiva e comparadas com a fa-


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mília, perdem o valor. Acredite em mim, é possível realizar tudo o que gosta e que traz prazer e ainda ser muito presen-te na vida dos filhos.

Por exemplo, fiquei meses em cartaz com o musical O Zorro. Fazíamos cinco apresentações por final de semana, duas seguidas aos sábados e domingos. No intervalo entre uma e outra, enquanto todos do elenco iam comer, passar na fisio-terapia, descansar ou se preparar para a próxima sessão, eu saía correndo, com maquiagem na cara, pegava o carro e ia o mais rápido possível até minha casa para passar, no máximo, 25 ou trinta minutos com meus filhos antes de ter que voltar voando para o teatro para a próxima sessão. Isso deixava a produção preocupada, claro, mas era uma condição minha para trabalhar. Porque minha vontade de ser presente na vida dos meus filhos e demonstrar a eles que são prioridade em minha vida é mais forte que tudo.

Quero estar com os meus filhos o maior tempo possível por-que sei que não é o que você ensina para seu filho, mas sim o que você mostra para ele que realmente faz a diferença. Passamos os valores mais importantes para nossos filhos quando não estamos prestando atenção, quando estamos apenas tocando a vida e, sem que a gente se dê conta, os olhinhos deles ficam arregalados acompanhando tudo o que fazemos, como falamos com as pessoas, como tratamos os outros, nossas esposas, como nos dedicamos ao trabalho, o quanto ajudamos o próximo, entre tantas outras atitudes que definem nosso caráter.

Somos o maior espelho de nossos filhos. É em nós que eles enxergam e entendem quem são. É assim que eles aprendem a responder aos estímulos inéditos e confusos que recebem no dia a dia, a se descobrirem como seres humanos, como ho-mens! O pai é o primeiro herói, a primeira referência do filho. E


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é por isso que eles nos “leem” constantemente, nos procuram o tempo todo.

Não adianta sentar com seu filho e explicar uma coisa, se você faz o oposto. Ele vai reproduzir o que você faz, não o que você manda. Mesmo assim você não pode simplesmente aceitar que seu filho tenha características suas que você sabe que são ruins, um péssimo exemplo, mas que não consegue mudar. Não é porque você fuma que vai aceitar se seu filho aparecer fumando aos treze anos! Nós temos a obrigação de reconhecer os erros da nossa geração e, por amor aos nossos filhos, ajudá-los a ser melhores do que nós naquilo que deixa-mos a desejar.

Eu, por exemplo, cresci tomando refrigerante e por isso sou viciado, mas proíbo meus filhos de fazer o mesmo. Explico para eles que a geração dos meus pais errou em oferecer re-frigerante sem restrições e que não tomar nessa fase da vida é importante para a saúde deles. Esse é o meu único sucesso absoluto na área de alimentação! Sabe aqueles sonhos que te-mos antes de os filhos de fato nascerem? Meu filho só vai co-mer orgânico, não vai usar eletrônicos nem celular, chocolate só uma vez por semana, nunca vai se jogar sentado no chão e por aí vai? Pois eu consegui criar meus filhos sem refrigerante! Quando eles são menores, a proibição funciona. Sei que tem muitos profissionais que defendem que você não pode proibir uma criança sem explicar o porquê, que o argumento é o rei da boa educação, mas comigo, durante a primeira infância, não tem essa de explicação! Não é não e pronto. Como vou argumentar com uma criança de três, quatro anos sobre por que está na hora de ir embora do parquinho?! Se tá na hora, então tá na hora. Para dormir, a mesma coisa. Parem com esse medo bobo de achar que seus filhos não vão te achar legal! Ser bom pai está longe de ganhar o troféu do pai mais legalzão


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do mundo! Longe! Eu tenho a teoria de que o tamanho do meu amor e da minha preocupação é medido pela quantidade de nãos que falo para meus filhos.

É difícil ser bom pai porque nosso cuidado e nossa educa-ção são confundidos, pelos filhos, com chatice, rígidez, careti-ce. Mas, meu amigo, uma coisa eu te garanto: é no não que se educa, se cria, protege, evolui, exige mais da criança, prepara ela para o mundo. A maioria dos problemas dessa geração é causada pelo excesso de sins. Tudo pode! Tudo está o.k. e é aceitável. Chegou em oitavo lugar? Tudo bem, vai ganhar me-dalha, sim! Pra incentivar!

Esse é um erro tão clássico desta nossa geração como pais que me dá até suadouro. O incentivo tem que vir da vitória do outro que se dedicou muito mais e foi melhor. O seu obje-tivo deve ser motivar seu filho a conquistar aquela medalha, mostrando para ele onde errou, como, por exemplo, deixou de treinar porque queria jogar videogame e a mãe disse que não tinha problema — esse é um exemplo clássico do que aconte-ce na minha casa, hahaha!

Uma vez fomos visitar um projeto de preservação de tarta-rugas e tivemos a oportunidade de acompanhar o nascimento de alguns filhotes. Todo mundo já viu, ou pelo menos sabe, que as tartarugas bebês correm imediatamente em direção ao mar, por instinto, logo que saem do ovo. É uma das cenas mais lindas da natureza!

Ao ver as minúsculas tartarugas saindo de dentro dos ovos, se mexendo pela primeira vez por entre as cascas e começando suas trajetórias até o mar em extrema dificuldade, ficamos com vontade de ajudar, dar um empurrãozinho, auxiliá-las a chegar no destino. Mas o responsável pelos filhotes nos expli-cou que não podemos tocar nelas, porque é nessa corrida até o mar, repleta de dificuldades, trancos, buracos e barrancos,


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que elas desenvolvem os pulmões para encarar a enorme jor-nada que as espera logo ali no mar.

Essa história é muito simbólica e representativa. O que nós, pais, fazemos com nossos filhos, não por maldade, mas por instinto de proteção, é o que temos vontade de fazer pelas tartaruguinhas: facilitar o caminho delas, tirando, no final, a capacidade delas de superarem os desafios da vida por conta própria.

Ao ajudar, mimar, ter zelo excessivo a ponto de atrapalhar o desenvolvimento do seu filho, não deixá-lo fazer nada sozi-nho, nem arrumar a própria cama, ou tratá-lo como um rei da Antiguidade, se colocando sempre abaixo dele, como se você existisse apenas para satisfazê-lo e fazer tudo que ele quer, vai torná-lo insuportável. Vai fazer muito mal.

Nossos filhos têm que desenvolver o próprio pulmão, como as tartaruguinhas. Eles têm que desenvolver habilidades so-ciais. As tartarugas têm uma longa travessia mar adiante, e nossos filhos têm uma longa trajetória na escola, por exemplo, onde a inteligência emocional deles vai ser muito importante para que essa seja uma experiência positiva.

Não podemos e não devemos evitar o sofrimento, as lágri-mas, chateações e dificuldades que a vida vai apresentar para nossos filhos. Temos que saber que são essas situações que irão prepará-los para os obstáculos maiores que ainda estão por vir, que vão ajudar a criar a armadura com a qual eles vão encarar o mundo. Uma criança que nunca se frustrou se torna um adulto que, por exemplo, não sabe esperar, se acha supe-rior aos demais, não respeita as mulheres, trata mal os funcio-nários. Por quê? Porque cresceu sem saber o que é um não. Sempre teve tudo na hora que quis, portanto acha que o mun-do está funcionando para ele. E a culpa não é dele, viu? Não adianta ter raiva dessa geração descompromissada que está


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vindo aí se você não se engajar na tarefa de pai, talvez a mais importante da sua vida.

Sabe qual o fator mais citado entre jovens ao explicar o que os deixa longe de escolher o caminho errado, longe de drogas, crimes e atitudes ruins? Não é a escola, a igreja, o YouTube… é a conexão com seus pais. E não estamos falando de um pai perfeito, mas de um pai presente. Que se preocupa com a vida, o bem-estar e a saúde do filho. A influência que um pai exer-ce na vida de seus filhos é incomparável, e se for usada para construir, fortalecer, incentivar e ensinar, em vez de repreen-der, ameaçar ou bater, vejo a vida melhor no futuro. Essa parti-cipação paterna é o que pode mudar o mundo, transformando nossos meninos numa geração de homens muito melhores do que nós somos.

Muitos homens acreditam que vão atingir esses objetivos construindo grandes obras, realizando grandes feitos. Claro que as grandes descobertas são importantes para a humani-dade, mas nada, nada, é mais valioso, sério e gratificante do que deixar na Terra um ser humano incrível que vai fazer a diferença na vida das pessoas, que vai iluminar o ambiente em que está e que, acima de tudo, vai ser um grande pai para sua própria família, levando adiante a corrente do bem. A cor-rente da boa paternidade e de tudo o que ela traz.

E se você acha que, por ser homem, é fácil ser pai de menino porque homem entende homem, é intuitivo, aperta o cinto aí, se prepara, que o mundo não é mais o mesmo e você está prestes a tomar um tombo! Essa ideia de que homem não sabe limpar fralda de menina, dar comida, colocar para arrotar, arrumar o cabelo, dar banho e pegar no colo, segregando atividades pater-nas e maternas com base no sexo do bebê, como se existissem coisas que são orgânicas e naturais para uma mãe viver com sua filha e o pai com seu filho, é tão antiga quanto inadequada.


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Um menino nascido entre os millennials espera muito mais de seu pai. A sociedade está mudando e exige muito mais de todo mundo. É inconcebível nos dias de hoje um pai achar que ele só participa da vida do filho para jogar bola ou ensinar a “pegar menina”. Pelo contrário, hoje em dia o que se espera de um bom pai é que ele aceite as vontades e preferências do filho e que o ensine a respeitar as meninas, mostre que na-morar é coisa para adulto e que, quando chegar a hora, ele tem que buscar relacionamentos duradouros. Sim, aceite que o seu filho não quer ser um “pegador”, os tempos mudaram e ele vive nesse novo tempo. Não dá para fechar os olhos para a realidade cada vez mais evidente da igualdade entre os sexos.

Vivemos uma época de grandes mudanças! Não apenas de valores, mas de transformação como sociedade. Nossos filhos participam ativamente dos movimentos de luta por igualdade, são testemunhas do maior passo que já demos como humani-dade. Nunca na história o ser humano esteve tão em frente ao espelho, nu, encarando todas as suas camadas sem filtro e se sentindo normal por ser como é.

Hoje, a sociedade exige postura, respeito, credibilidade e, acima de tudo, propósito. Não estou falando de vonta-de, gosto e nem missão: propósito é algo maior, que todos temos. Olha o meu caso: depois de vinte anos dedicados à arte, eu me tornei alguém que tem o poder de influenciar as pessoas, de expressar o que pensa, e entendi que o meu propósito é, por meio do que aprendo com meus filhos, po-der ajudar milhares, e por intermédio do meu filho mais ve-lho, poder dar voz aos mais de dois milhões de famílias autistas no Brasil. Porque, para mim, a vida só vale a pena se eu es-tiver fazendo algo por alguém. Porque se o meu propósito beneficiar apenas a mim mesmo, não vale.

Mas como um menino aprende a ser assim? Isso não se


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ensina na escola, não tem prova para isso. Isso vem da vida, e isso vem dos pais. Sim, nós e apenas nós somos responsá-veis pelo tipo de homem que nossos filhos serão. Muita gente acompanha a vida deles — conta história, conversa, dá ordem e cobra —, mas nada nem ninguém é tão determinante para que tipo de adulto uma criança será do que o exemplo paterno.

E é para te ajudar nessa tarefa, de compartilhar tempo e vi-vência com seu filho de forma leve, instrutiva e até emocio-nante, que eu bolei este livro junto com o Tefo. Nós desenvol-vemos e testamos as 46 atividades a seguir com um grande objetivo: proporcionar momentos de muita diversão! Brincan-do, rindo, pintando, colando, desenhando e escrevendo jun-tos, vocês vão aprofundar a relação, se conhecer mais, des-cobrir novas facetas um do outro, se surpreender, fortalecer o laço dessa união abençoada por Deus e construir uma história de vida cada vez mais bonita. Com boas memórias de quando detonaram este livro juntos!


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