arquivo-final - 1º dia 2014 - olimpogo.com.br · 2 2 história que não conhecemos, a uma época...

20
1 2014 Leia os textos 1, 2 e 3 para responder às questões de 01 a 05. Texto 1 Discurso do presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, na Assembleia da ONU/2013 Sou do sul e venho do sul a esta Assembleia, carrego inequivocamente os milhões de compatriotas pobres, nas cidades, nos desertos, nas selvas, nos pampas, nas depressões da América Latina, pátria de todos que está se formando. Carrego as culturas originais esmagadas com os restos de colonialismo nas Malvinas, com bloqueios inúteis a este jacaré sob o sol do Caribe que se chama Cuba. Carrego as consequências da vigilância eletrônica, que não faz outra coisa que não despertar desconfiança. Desconfiança que nos envenena inutilmente. Carrego uma gigantesca dívida social com a necessidade de defender a Amazônia, os mares, nossos grandes rios na América. Carrego o dever de lutar por pátria para todos. Nossa civilização montou um desafio mentiroso e, assim como vamos, não é possível satisfazer esse sentido de esbanjamento que se deu à vida. Isso se massifica como uma cultura de nossa época, sempre dirigida pela acumulação e pelo mercado. Prometemos uma vida de esbanjamento, e, no fundo, constitui uma conta regressiva contra a natureza, contra a humanidade no futuro. Civilização contra a simplicidade, contra a sobriedade, contra todos os ciclos naturais. O pior: civilização contra a liberdade que supõe ter tempo para viver as relações humanas, as únicas que transcendem: o amor, a amizade, aventura, solidariedade, família. Civilização contra tempo livre que não é pago, que não se pode comprar, e que nos permite contemplar e esquadrinhar o cenário da natureza. Arrasamos a selva, as selvas verdadeiras, e implantamos selvas anônimas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo com esteiras, a insônia com comprimidos, a solidão com eletrônicos, porque somos felizes longe da convivência humana. Ouvimos da biologia que defende a vida pela vida, como causa superior, e a suplantamos com o consumismo funcional à acumulação. A política, eterna mãe do acontecer humano, ficou limitada à economia e ao mercado. De salto em salto, a política não pode mais que se perpetuar, e, como tal, delegou o poder, e se entretém, aturdida, lutando pelo governo. Debochada marcha de historieta humana, comprando e vendendo tudo, e inovando para poder negociar de alguma forma o que é inegociável. Há marketing para tudo, para os cemitérios, os serviços fúnebres, as maternidades, para pais, para mães, passando pelas secretárias, pelos automóveis e pelas férias. Tudo, tudo é negócio. Todavia, as campanhas de marketing caem deliberadamente sobre as crianças, e sua psicologia para influir sobre os adultos e ter, assim, um território assegurado no futuro. Sobram provas de que essas tecnologias são bastantes abomináveis e que, por vezes, conduzem a frustrações e mais. O homenzinho médio de nossas grandes cidades perambula entre os bancos e o tédio rotineiro dos escritórios, às vezes temperados com ar condicionado. Sempre sonha com as férias e com a liberdade, sempre sonha com pagar as contas, até que, um dia, o coração para, e adeus. Haverá outro soldado abocanhado pelas presas do mercado, assegurando a acumulação. A crise é a impotência, a impotência da política, incapaz de entender que a humanidade não escapa nem escapará do sentimento de nação. Sentimento que está quase incrustado em nosso código genético. Hoje é tempo de começar a talhar para preparar um mundo sem fronteiras. A economia globalizada não tem mais condução que não seja o interesse privado, de muitos poucos, e cada Estado Nacional mira sua estabilidade continuísta, e hoje a grande tarefa para nossos povos, em minha humilde visão, é o todo. Talvez nosso mundo necessite menos de organismos mundiais, desses que organizam fóruns e conferências, que servem muito às cadeias hoteleiras e às companhias aéreas e, no melhor dos casos, não reúnem ninguém e nem se transformam em decisões. Continuarão as guerras e, portanto, os fanatismos, até que, talvez, a mesma natureza faça um chamado à ordem e torne inviáveis nossas civilizações. Talvez nossa visão seja demasiado crua, sem piedade, e vemos ao homem como uma criatura única, a única que há acima da terra capaz de ir contra sua própria espécie. Volto a repetir, porque alguns chamam a crise ecológica do planeta de consequência do triunfo avassalador da ambição humana. Esse é nosso triunfo e também nossa derrota, porque temos impotência política de nos enquadrarmos em uma nova época. E temos contribuído para sua construção sem nos dar conta. A cobiça, tão negativa e tão motor da história, essa que impulsionou o progresso material, técnico e científico, que fez o que é nossa época e nosso tempo, um fenomenal avanço em muitas frentes, paradoxalmente, essa mesma ferramenta, a cobiça, que nos impulsionou a domesticar a ciência e transformá-la em tecnologia, nos precipita a um abismo nebuloso. A uma

Upload: lytuyen

Post on 12-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

2014

Leia os textos 1, 2 e 3 para responder às questões de 01 a 05.

Texto 1 Discurso do presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, na Assembleia da ONU/2013Sou do sul e venho do sul a esta Assembleia, carrego inequivocamente os milhões de compatriotas pobres, nas cidades, nos desertos, nas selvas, nos pampas, nas depressões da América Latina, pátria de todos que está se formando. Carrego as culturas originais esmagadas com os restos de colonialismo nas Malvinas, com bloqueios inúteis a este jacaré sob o sol do Caribe que se chama Cuba. Carrego as consequências da vigilância eletrônica, que não faz outra coisa que não despertar desconfiança. Desconfiança que nos envenena inutilmente. Carrego uma gigantesca dívida social com a necessidade de defender a Amazônia, os mares, nossos grandes rios na América. Carrego o dever de lutar por pátria para todos. Nossa civilização montou um desafio mentiroso e, assim como vamos, não é possível satisfazer esse sentido de esbanjamento que se deu à vida. Isso se massifica como uma cultura de nossa época, sempre dirigida pela acumulação e pelo mercado. Prometemos uma vida de esbanjamento, e, no fundo, constitui uma conta regressiva contra a natureza, contra a humanidade no futuro. Civilização contra a simplicidade, contra a sobriedade, contra todos os ciclos naturais. O pior: civilização contra a liberdade que supõe ter tempo para viver as relações humanas, as únicas que transcendem: o amor, a amizade, aventura, solidariedade, família. Civilização contra tempo livre que não é pago, que não se pode comprar, e que nos permite contemplar e esquadrinhar o cenário da natureza. Arrasamos a selva, as selvas verdadeiras, e implantamos selvas anônimas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo com esteiras, a insônia com comprimidos, a solidão com eletrônicos, porque somos felizes longe da convivência humana. Ouvimos da biologia que defende a vida pela vida, como causa superior, e a suplantamos com o consumismo funcional à acumulação. A política, eterna mãe do acontecer humano, ficou limitada à economia e ao mercado. De salto em salto, a política não pode mais que se perpetuar, e, como tal, delegou o poder, e se entretém, aturdida, lutando pelo governo. Debochada marcha de historieta humana, comprando e vendendo tudo, e inovando para poder negociar de alguma forma o que é inegociável. Há marketing para tudo, para os cemitérios, os serviços fúnebres, as maternidades, para pais, para mães, passando pelas secretárias, pelos automóveis e pelas férias. Tudo, tudo é negócio. Todavia, as campanhas de marketing caem deliberadamente sobre as crianças, e sua psicologia para influir sobre os adultos e ter, assim, um território assegurado no futuro. Sobram provas de que essas tecnologias são bastantes abomináveis e que, por vezes, conduzem a frustrações e mais. O homenzinho médio de nossas grandes cidades perambula entre os bancos e o tédio rotineiro dos escritórios, às vezes temperados com ar condicionado. Sempre sonha com as férias e com a liberdade, sempre sonha com pagar as contas, até que, um dia, o coração para, e adeus. Haverá outro soldado abocanhado pelas presas do mercado, assegurando a acumulação. A crise é a impotência, a impotência da política, incapaz de entender que a humanidade não escapa nem escapará do sentimento de nação. Sentimento que está quase incrustado em nosso código genético. Hoje é tempo de começar a talhar para preparar um mundo sem fronteiras. A economia globalizada não tem mais condução que não seja o interesse privado, de muitos poucos, e cada Estado Nacional mira sua estabilidade continuísta, e hoje a grande tarefa para nossos povos, em minha humilde visão, é o todo. Talvez nosso mundo necessite menos de organismos mundiais, desses que organizam fóruns e conferências, que servem muito às cadeias hoteleiras e às companhias aéreas e, no melhor dos casos, não reúnem ninguém e nem se transformam em decisões. Continuarão as guerras e, portanto, os fanatismos, até que, talvez, a mesma natureza faça um chamado à ordem e torne inviáveis nossas civilizações. Talvez nossa visão seja demasiado crua, sem piedade, e vemos ao homem como uma criatura única, a única que há acima da terra capaz de ir contra sua própria espécie. Volto a repetir, porque alguns chamam a crise ecológica do planeta de consequência do triunfo avassalador da ambição humana. Esse é nosso triunfo e também nossa derrota, porque temos impotência política de nos enquadrarmos em uma nova época. E temos contribuído para sua construção sem nos dar conta. A cobiça, tão negativa e tão motor da história, essa que impulsionou o progresso material, técnico e científico, que fez o que é nossa época e nosso tempo, um fenomenal avanço em muitas frentes, paradoxalmente, essa mesma ferramenta, a cobiça, que nos impulsionou a domesticar a ciência e transformá-la em tecnologia, nos precipita a um abismo nebuloso. A uma

2 2

história que não conhecemos, a uma época sem história, e estamos ficando sem olhos nem inteligência coletiva para seguir colonizando e para continuar nos transformando. Porque se há uma característica deste bichinho humano é a de que é um conquistador antropológico. Parece que as coisas tomam autonomia e essas coisas subjugam os homens. De um lado a outro, sobram ativos para vislumbrar tudo isso e para vislumbrar o rombo. Mas é impossível para nós coletivizar decisões globais por esse todo. A cobiça individual triunfou grandemente sobre a cobiça superior da espécie. Aclaremos: o que é "tudo", essa palavra simples, menos opinável e mais evidente? Em nosso Ocidente, particularmente, porque daqui viemos, embora tenhamos vindo do sul, as repúblicas, que nasceram para afirmar que os homens são iguais, que ninguém é mais que ninguém, que os governos deveriam representar o bem comum, a justiça e a igualdade. Muitas vezes, as repúblicas se deformam e caem no esquecimento da gente que anda pelas ruas, do povo comum. Não foram as repúblicas criadas para vegetar, mas, ao contrário, para serem um grito na história, para fazer funcionais as vidas dos próprios povos e, portanto, as repúblicas que devem às maiorias e devem lutar pela promoção das maiorias. Seja o que for, por reminiscências feudais que estão em nossa cultura, por classismo dominador, talvez pela cultura consumista que rodeia a todos, as repúblicas frequentemente, em suas direções, adotam um viver diário que exclui, que se distancia do homem da rua. Ouçam bem, queridos amigos: em cada minuto no mundo se gastam US$ 2 milhões em ações militares nesta Terra. Dois milhões de dólares por minuto em inteligência militar!! Em investigação médica de todas as enfermidades que avançaram enormemente, cuja cura dá às pessoas uns anos a mais de vida, a investigação cobre apenas a quinta parte da investigação militar. Amigos, creio que é muito difícil inventar uma força pior que nacionalismo chauvinista das grandes potências. A força é que liberta os fracos. O nacionalismo, tão pai dos processos de descolonização, formidável para os fracos, se transforma em uma ferramenta opressora nas mãos dos fortes e, nos últimos 200 anos, tivemos exemplos disso por toda a parte. Até que o homem não saia dessa pré-história e arquive a guerra como recurso quando a política fracassa, essa é a larga marcha e o desafio que temos daqui adiante. E o dizemos com conhecimento de causa. Conhecemos a solidão da guerra. No entanto, esses sonhos, esses desafios que estão no horizonte, implicam lutar por uma agenda de acordos mundiais que comecem a governar nossa história e superar, passo a passo, as ameaças à vida. A espécie como tal deveria ter um governo para a humanidade que superasse o individualismo e primasse por recriar cabeças políticas que acudam ao caminho da ciência, e não apenas aos interesses imediatos que nos governam e nos afogam. Paralelamente, devemos entender que os indigentes do mundo não são da África ou da América Latina, mas da humanidade toda, e esta deve, como tal, globalizada, empenhar-se em seu desenvolvimento, para que possam viver com decência de maneira autônoma. Os recursos necessários existem, estão neste depredador esbanjamento de nossa civilização. Há poucos dias, fizeram na Califórnia, em um corpo de bombeiros, uma homenagem a uma lâmpada elétrica que está acesa há cem anos. Cem anos que está acesa, amigo! Quantos milhões de dólares nos tiraram dos bolsos fazendo deliberadamente porcarias para que as pessoas comprem, comprem, comprem e comprem. Mas esta globalização de olhar para todo o planeta e para toda a vida significa uma mudança cultural brutal. É o que nos requer a história. Nosso dever biológico, acima de todas as coisas, é respeitar a vida e impulsioná-la, cuidá-la, procriá-la e entender que a espécie é nosso “nós”.

Transcrição e tradução do discurso feitas por Kiko Nogueira.

Disponível em: <http://www.diariodocentrodomundo.com.br/>. Acesso em: 26 set. 2013. (Adaptado).

Texto 2

3 3

Os olhos de Sebastião Salgado já viram de tudo neste mundo (e isto talvez não seja exagero). Por oito anos, o fotógrafo mineiro de 69 anos viajou por mais de 30 regiões extremas do globo, coletando imagens de dezenas de tribos, animais em extinção e paisagens raras.

SALGADO, Sebastião. Disponível em: <www.estadao.com.br>. Acesso em: 2 out. 2013. Disponível em: <ww1.folha.uol.com.br/ilustrada>. Acesso em: 2 out. 2013. (Adaptado).

Texto 3

Disponível em: <http://poavive.files.wordpress.com>. Acesso em: 2 out. 2013. O Texto 1 é um trecho do discurso do presidente do Uruguai, José Mujica, na ONU. a) Em relação às categorias de pessoa, tempo e espaço, quais recursos linguísticos marcam enunciativamente o gênero

"discurso" no texto? Dê exemplos. b) Quais recursos linguísticos explicitam a presença do interlocutor no discurso de Mujica, contribuindo para sua inclusão

no plano da enunciação e para sua adesão às teses apresentadas pelo locutor? Exemplifique com uma frase do Texto 1. Resolução: a) O texto é um discurso de cunho político. Representante de um grupo de líderes de países que defendem uma ideologia contrária ao

capitalismo contemporâneo, o presidente uruguaio faz uso da primeira pessoa (singular e plural). Como o ponto de vista é sobre a conjuntura atual, predomina o tempo presente. O espaço é marcado logo no início: “esta assembleia”, fórum internacional de debates, na ONU, em que o discursante expõe argumentativamente suas ideias.

b) Para conseguir adesão de seus pares naquela assembleia da ONU, o presidente Mujica usa a primeira pessoa do plural, aliada aos vocativos “amigos” e “amigo” em: “Ouçam bem, queridos amigos...”

Considerando o trecho "Porque se há uma característica deste bichinho humano é a de que é um conquistador antropológico" (Texto 1), a) explique a função de "porque" para o desenvolvimento da temática explorada por Mujica. b) Além de bichinho, Mujica usa outra palavra no diminutivo. Transcreva-a do texto e explique o sentido que essa palavra

confere aos argumentos do presidente.

Q u e s t ã o 0 1

Q u e s t ã o 0 2

4 4

Resolução: a) O conectivo que abre o parágrafo retoricamente reforça a ideia da contradição que marca a humanidade hoje: a ambição do

homem, que o levou a conquistas na ciência e na tecnologia, leva-o ao “abismo nebuloso”. Atualmente, segundo o discurso, valoriza-se a conquista individual em detrimento do avanço da coletividade.

b) “Historieta” (8º parágrafo) ”e “homenzinho” (10º parágrafo) são exemplos de vocábulos usados no diminutivo, com intenção pejorativa. Assim como “bichinho”, os termos enfatizam a mediocridade da vida contemporânea, caracterizada pela valorização do consumismo, da sociedade de mercado.

Explique por que o modelo de civilização apresentado por Sebastião Salgado (Texto 2) constitui um paradoxo em relação ao modelo de civilização criticado por Mujica (Texto 1). Resolução: O paradoxo consiste na representação, no texto 2, de um modelo de civilização que vai de encontro ao modelo criticado pelo presidente uruguaio. Na tela, os nativos são retratados em um vida em contato harmônico com a natureza, desfrutando coletivamente do tempo livre, com total liberdade e alheios à mentalidade consumista.

O humor da charge (Texto 3) é criado por meio de uma ironia que incide sobre um argumento que não se sustenta. a) Que argumento é esse? Explique por que esse argumento não se sustenta. b) Cite um trecho do Texto 1 em que o presidente do Uruguai apresenta razões para a existência desse tipo de ironia. Resolução: a) A ironia se constrói sobre o argumento de que a perda da moradia seria compensada por um aumento de renda durante a Copa,

quando haveria maior quantidade de latinhas a serem recolhidas. Esse argumento não se sustenta, pois tal vantagem será temporária, ao passo que a perda (da moradia) será definitiva.

b) “Debochada marcha de historieta humana, comprando e vendendo tudo, e inovando para poder negociar de alguma forma o que é inegociável.”

A relação do homem com o tempo e o espaço está presente nos textos 1, 2 e 3. Nesse sentido, responda: a) Como a noção de tempo livre é apresentada em cada um desses textos? b) A palavra "selva" pode ser relacionada aos três textos apresentados, adquirindo diferentes sentidos em cada um deles.

Qual sentido essa palavra adquire em cada texto? Resolução: a) No texto 1, a noção de tempo livre é algo inacessível nos dias de hoje; no texto 2, apresenta-se como a essência de vida daqueles

nativos; e no texto 3, aparece implicitamente como uma referência irônica ao desemprego. b) No texto 1, “selva” significa tanto o espaço natural, “as selvas verdadeiras”, - também representada na imagem do texto 2 -, quanto,

figurativamente, o espaço tomado pela urbanização (“selvas anônimas de cimento”) – ideia reforçada no texto 3.

Leia o poema a seguir.

MEU SONHO Eu Cavaleiro das armas escuras, Onde vais pelas trevas impuras Com a espada sanguenta na mão? Por que brilham teus olhos ardentes E gemidos nos lábios frementes Vertem fogo do teu coração? Cavaleiro, quem és? o remorso? Do corcel te debruças no dorso... E galopas do vale através... Oh! da estrada acordando as poeiras Não escutas gritar as caveiras E morder-te o fantasma nos pés?

Onde vais pelas trevas impuras, Cavaleiro das armas escuras, Macilento qual morto na tumba?... Tu escutas... Na longa montanha Um tropel teu galope acompanha? E um clamor de vingança retumba? Cavaleiro, quem és? - que mistério, Quem te força da morte no império Pela noite assombrada a vagar? O FANTASMA Sou o sonho de tua esperança, Tua febre que nunca descansa, O delírio que te há de matar!...

AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. São Paulo: FTD, 1994. p. 209.

Q u e s t ã o 0 3

Q u e s t ã o 0 4

Q u e s t ã o 0 5

Q u e s t ã o 0 6

5 5

O poema transcrito emprega um recurso estrutural típico do gênero dramático e é representativo dos questionamentos ultrarromânticos recorrentes nas faces Ariel/Caliban da poesia de Álvares de Azevedo. Considerando essa afirmação e a análise do poema, responda: a) que recurso estrutural típico do gênero dramático é utilizado no poema? b) Que tema recorrente na obra de Álvares de Azevedo é abordado no poema? Resolução: a) A divisão do texto em duas falas representando o diálogo entre o “Eu” e o “Fantasma”. O nome que antecipa o discurso é uma

representação da estrutura dramática. b) A evasão, o escapismo, representado no texto por um universo onírico que leva o eu-lírico a sonhar com um cavaleiro o qual

representa a proximidade da morte, revelada pela própria voz do Fantasma.

Leia o trecho a seguir.

Enquanto mamãe fazia os curativos eu só pensava no cavalinho que eu ia ganhar. Todos os dias quando acordava, a primeira coisa que eu fazia era olhar se o pé estava desinchado. Seria uma maçada se vovô chegasse com o cavalinho e eu ainda não pudesse montar [...].

Mas quando a gente é menino parece que as coisas nunca saem como a gente quer. Por isso é que eu acho que a gente nunca devia querer as coisas de frente por mais que quisesse, e fazer de conta que só queria mais ou menos. Foi de tanto querer o cavalinho, e querer com força, que eu nunca cheguei a tê-lo.

VEIGA, José J. Os cavalinhos de Platiplanto. In: Melhores contos J. J. Veiga. Seleção de J. Aderaldo Castello. 4. ed. São Paulo: Global, 2000. p. 30-31.

O trecho transcrito relata uma experiência vivida pelo protagonista do conto "Os cavalinhos de Plati-planto", da qual decorre um sentimento negativo que será superado por meio da fusão entre os planos da realidade e da fantasia. Considerando o trecho transcrito no contexto geral do conto, responda: a) qual a experiência vivida pelo protagonista e o sentimento negativo dela decorrente? b) Qual a estratégia utilizada para fundir os planos da realidade e fantasia e por que essa estratégia promove a superação

do sentimento negativo do protagonista? Resolução: a) O avô do protagonista lhe promete um cavalinho com arreio mexicano para que a criança deixe que seu pé seja lancetado. Com a

morte do avô, tal promessa não pode ser cumprida, gerando a frustração na criança. b) A estratégia utilizada foi fugir da realidade por meio do sonho. Nesse a frustração de não ter o cavalinho prometido pelo avô, no

plano da realidade, acaba levando a criança a transpor para um universo mágico e imaginário o recebimento de vários cavalinhos coloridos.

Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, é uma peça que tematiza a restrição da liberdade no Brasil após o golpe militar de 1964. Em sua composição, utilizam-se diversos gêneros textuais como canções, poemas, discursos políticos. Considerando o exposto, responda: a) no que se refere à temática, o que é discutido e o que é proposto a respeito da atitude política da sociedade brasileira? b) No que se refere à composição, qual técnica artística e recurso de intertextualidade são empregados na peça? Resolução:

a) A discussão gira em torno do posicionamento da sociedade brasileira vitimada pela opressão e a necessidade de buscar a liberdade.

A proposta é, por meio do teatro, despertar, alertar, discutir o papel do artista e da plateia em relação ao posicionamento político. b) Quanto à composição, temos a originalidade de fundir personagem e atores por seus nomes unindo o plano da ficção ao da

realidade, um jogo de anti-ilusionismo. O recurso da intertextualidade é constituído a partir da bricolagem, recortando e montando trechos de outras peças dentro da própria peça, além do emprego da polifonia e do pastiche a partir de trechos da história.

Q u e s t ã o 0 7

Q u e s t ã o 0 8

6 6

Leia o poema e o trecho a seguir.

EU POSSO TRANSFORMAR O MUNDO Tudo que está fora de mim é mais, muito mais do que eu. Eu vi tudo, sem poder, eu vi sem alcançar seu vigor simples, sua despojada beleza terrena. Passaram por mim o dia, a luz, o tédio, a dignidade. Eu estive sempre aquém de toda a beleza que cerca a vida. Mas eu sou um homem, algo feito pelo que está aí fora e por minha ideia e minhas mãos. E posso transformar o mundo.

GARCIA, José Godoy. Poesias. Brasília: Thesaurus, 1999. p. 36.

[...] Em 1935, quatro anos depois de nossa chegada a Porto Alegre, eclodiu o fracassado levante que depois ficaria conhecido como Intentona Comunista, dirigido contra o governo de Getúlio e chefiado por Luís Carlos Prestes. [...] Quatro anos depois, em 1939, era assinado, pela União Soviética e pela Alemanha nazista, o pacto de não agressão que deixou perplexos e confusos, quando não revoltados, os comunistas no mundo todo. E depois veio a denúncia dos crimes de Stálin por Kruschev, a queda do muro de Berlim...

Muita gente nunca perdoou as mentiras, os enganos, a perda de seus sonhos. Não é meu caso. Na verdade, tenho mais saudades do que rancores. Tenho saudades não do comunismo, que nunca cheguei a viver na prática, mas da visão do comunismo que me animava, a visão de um mundo justo, igualitário.

SCLIAR, Moacyr. Eu vos abraço, milhões. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 246. O eu lírico do poema e o protagonista do romance, nas obras citadas, distinguem-se tanto pela expectativa sobre o futuro quanto pela forma de recomposição de suas memórias. Considerando o exposto, responda: a) em relação à expectativa de futuro, em que se diferem os posicionamentos do eu lírico e do protagonista do romance? b) Em relação às formas de recomposição da memória, em que se diferem as escolhas do eu lírico e do protagonista do

romance? Resolução:

a) A expectativa de futuro do eu-lírico é positiva. Ele crê na capacidade própria de poder transformar o mundo com as próprias mãos. O

protagonista do romance, já velho, percebe que os sonhos adolescentes não foram transformadores para ele nem para o mundo. b) O eu-lírico recompõe suas memórias a partir da ênfase dada mais ao social do que de si mesmo “tudo que está fora de mim é mais,

muito mais do que eu.” Enquanto o protagonista do romance recompõe a memória por um posicionamento mais pessoal do que social. “Tenho saudades não do comunismo, que nunca chequei a viver na prática.”

Leia o trecho a seguir. Mas o cortiço já não era o mesmo; estava muito diferente; mal dava ideia do que fora. O pátio, como João Romão

havia prometido, estreitara-se com as edificações novas; agora parecia uma rua, todo calçado por igual e iluminado por três lampiões grandes simetricamente dispostos. [...] notavam-se por último na estalagem muitos inquilinos novos, que já não eram gente sem gravata e sem meias. A feroz engrenagem daquela máquina terrível, que nunca parava, ia já lançando os dentes a uma nova camada social que, pouco a pouco, se deixaria arrastar inteira lá para dentro.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 20. ed. São Paulo: Ática, 1997. p. 181-182. O trecho transcrito ilustra as transformações física e social ocorridas no cortiço, que se relacionam com os novos rumos estabelecidos por João Romão em sua vida. Considerando esse episódio no contexto geral do romance, responda: a) que transformação física foi essa e qual sua causa imediata? b) Que relação direta se estabelece entre as mudanças ocorridas na vida de João Romão e a transformação social dos

novos moradores do cortiço? Resolução:

a) A transformação física foi a reconstrução do cortiço que foi iniciada após o segundo incêndio, provocado pela personagem Paula

(Bruxa) b) A relação que se estabelece é a ascensão social e econômica de João Romão, que substitui, aos poucos, a forma da exploração para

atrair operários assalariados. Os novos moradores irão ocupar os mais de quatrocentos e cinquenta cômodos, configurando a nova forma de exploração, a imobiliária.

Q u e s t ã o 0 9

Q u e s t ã o 1 0

7 7

1º DIA - GRUPO 2 Os campos magnéticos produzidos pelo corpo humano são extremamente tênues, variando tipicamente entre -1510 T e -910 T . O neuromagnetismo estuda as atividades cerebrais, registrando basicamente os sinais espontâneos do cérebro e as respostas aos estímulos externos. Para obter a localização da fonte dos sinais, esses registros são feitos em diversos pontos. Na região ativa do cérebro, um pequeno pulso de corrente circula por um grande número de neurônios, o que gera o campo magnético na região ativa. As dificuldades em medir e localizar esse campo são inúmeras. Para se compreender essas dificuldades, considere dois fios muito longos e paralelos, os quais são percorridos por correntes de mesma intensidade i , conforme ilustrado no arranjo da figura acima. Desconsidere o campo magnético terrestre. Com base no exposto,

i

60º

60º

Detector

h

i

a) calcule o módulo do campo magnético gerado pela corrente de cada fio no ponto em que se encontra o detector, em função de h , i e 0 .

b) determine a intensidade da corrente i , em função de h , de 0 e do módulo do campo magnético B medido pelo detector.

Resolução:

hd

d

d

i1 = i i2 = i

60º

30º30º

30º 30º30º

30º30º

B2

B1

Detector

sen 60º

1 sen 60ºsen 60º

CO

hip

h

d d h

1 3

2d h

a) 1 2 ' B B B

0

0

'2

3'

4

iB

d

iB

h

Q u e s t ã o 1 1

8 8

b)

B1

B2

BR

1 2

RB B B 2 2 2

1 2 1 22 cos60º RB B B B B

2 2 2 21 2

1' ' 2 3 '

2 RB B B B B B

' 3 RB B

0 33

4

i

Bh

0

4

3

B hi

Os peixes da família Toxotidae, pertencentes à ordem dos Perciformes, naturais da Ásia e da Austrália, são encontrados em lagoas e no litoral. Eles são vulgarmente chamados de peixes-arqueiros pela peculiar técnica de caça que utilizam. Ao longo da evolução, tais peixes desenvolveram a extraordinária habilidade de atingir suas presas, geralmente insetos que descansam sobre ramos ou folhas próximos à superfície da água, por meio de um violento jato de água disparado pela boca. Para acertar seus alvos com tais jatos de água, instintivamente os peixes levam em conta tanto a retração da água quanto o ângulo de saída do jato em relação à superfície da água. Conforme o exposto, considere um peixe-arqueiro que aviste um inseto a uma distância d d e uma altura h , como indicado na figura.

Para os casos em que h d , a) calcule a distância horizontal aparente, ou seja, a distância da presa percebida pelo peixe-arqueiro devido à refração,

supondo que a água possua um índice de retração 2n ; b) determine uma expressão para o módulo da velocidade inicial 0v do jato de água emitido pelo peixe-arqueiro em função de

d e da aceleração da gravidade g , supondo que a velocidade inicial forme um ângulo 60º com a superfície da água. Resolução: a)

45°

x

d

h

Q u e s t ã o 1 2

9 9

sen 45º sen ar a

21 2 sen

2

1sen

2

30º

tg30ºx

h

tg30ºx h

3

3x h

b)

60°

V0y

V0x

V

V0

1

cos60º2

OX O OV V V

2 O

OX

VV

3sen 60º

2 OY O OV V V

3

2 O

OY

VV

Horizontal (mu) OS S Vt

H xS V t

2 OV

d t

2

O

dt

V

Vertical (muv) 21

2 O OtS S V at

21

2

VV o VS V t a t

2

3 2 1 2

2 2

O

O O

V d dd g

V V

2

2

23

O

gdd d

V

2

23 1

O

gdd

V

2 2

3 1

O

gdV

22 3 1

2

O

gdV

3 1 OV gd

10 10

A hibernação ou letargia é um mecanismo fisiológico utilizado por diferentes animais em condições climáticas adversas e em caso de disponibilidade escassa de alimentos. As características da hibernação do urso-polar (Ursus Maritimus) tem sido intensamente estudadas nos últimos 40 anos. Medidas realizadas por meio de técnicas de calorimetria indireta têm demostrado que, no período de hibernação, os processos metabólicos, responsáveis pela produção da energia necessária à sobrevivência do urso-polar, se reduzem essencialmente ao catabolismo de lipídios. Considere um urso-polar que imediatamente antes do período de hibernação pese 600 kg e que perca 25% de sua massa corpórea ao final desse período. De acordo com o exposto, a) determine a quantidade de energia em calorias consumida pelo urso-polar durante a fase letárgica, sabendo que a

oxidação de 1 g de lipídios produz uma energia de aproximadamente 36 kJ e considerando que 1cal 4J ; b) o quociente respiratório QR de um organismo vivo é definido como a razão entre os volumes, por unidade de tempo, de

2CO produzido e 2O absorvido. Diferentes estudos apontam que o QR é igual a 0,7 no caso de ursos-polares em hibernação. Sabendo que é produzida uma energia de aproximadamente 5 kcal por litro de oxigênio absorvido, determine o volume total em 3m de 2CO produzido pelo urso-polar durante sua hibernação.

Resolução:

lip 25%m de total lip

1600

4 m m

lip 150kgm

a)

3

1g 9kcal

150 10 g Q

36kJ 9kcal 91,35 10 calQ

b)

2

6

5kcal 1L

1,35 10 kcal

OV

2

60,27 10 L OV

2

52,7 10 LOV

2

2

CO

O

VQR

V

2 2

50,7 0,7 2,7 10 CO OV V

2 2

2

5 5 3 3

3

1,89 10 L 1,89 10 10

189

CO CO

CO

V V m

V m

Leia o fragmento a seguir.

Após anos de resultados pouco expressivos, os números das exportações do setor automotivo voltaram a chamar a atenção nos dados da indústria. De acordo com a Anfavea, as vendas para o exterior atingiram $ 1,67US bilhão em agosto. Este valor apresenta um crescimento de 21,7% em comparação ao mesmo mês de 2012.

FOLHA DE S. PAULO. São Paulo. 6 set. 2013, p. B1. (Adaptado).

De acordo com essas informações, calcule o valor das exportações do setor automotivo em agosto de 2012.

Resolução: • 2013 (Agosto) 1,67 bilhõesV

21,7% • 2012 (Agosto) ?V

Temos: 1,217V V 1,67

1,217V

1,37 bilhõesV

Q u e s t ã o 1 3

Q u e s t ã o 1 4

11 11

Na figura a seguir, as circunferências 1C , 2C , 3C e 4C , de centros 1O , 2O , 3O e 4O , respectivamente, e mesmo raio r , são tangentes entre si e todas são tangentes à circunferência C de centro O e raio R .

Considerando o exposto, calcule em função de R , a área do losango cujos vértices são os centros 1O , 2O , 3O e 4O .

Resolução:

1 Como as diagonais 1 2 2 2d d R r o losango é um quadrado.

2 2 2 2 2 2r R r

2R r r

2 2 1R r r r

2 1

2 1 2 1

Rr

2 1

2 1

Rr

2 2 2 1r R (Lado)

22

2 2 2 1S r R (Área)

24 2 2 2 1S R

24 3 2 2S R

Candidatos inscritos ao vestibular da UFG/2014-1 leram o livro O cortiço, com 182 páginas, de uma determinada edição, iniciando-se na página 1 . Considere que dois desses candidatos leram o livro do seguinte modo: o primeiro leu duas páginas no primeiro dia e, em cada um dos dias seguintes, leu mais duas páginas do que no dia anterior, enquanto o segundo leu uma página no primeiro dia e, em cada um dos dias seguintes, leu o dobro do número de páginas do dia anterior. Admitindo-se que os dois candidatos começaram a ler o livro no mesmo dia e que o primeiro acabou a leitura no dia 26 de outubro, determine em qual dia o segundo candidato acabou de ler o livro. Dado: 2log 183 7,6

Resolução:

• 1 2;4;6;....... { 2L PA r

• 2 1;2;4;8;....... { 2L PG q

Q u e s t ã o 1 5

Q u e s t ã o 1 6

12 12

1 1 182S PA * 1 1na a n r

2 1 2 2na n n

1 1822

na a n

2 2182

2

n n

2 14182 0

13

n Fn n

n

2 2 182S PG

1 1182

1

na q

q

2 11 182

2 1

n

2 1 182n 2 183n log 2 log183n

log 2 log183n

2log 183n

7,6 8n

1 138

( )L2 ( )L1

–5d

x 26 outubro

26 5x 21 outubrox

1º DIA - GRUPO 1 O grafeno (forma alotrópica do carbono) é considerado um material de elevada transparência devido à baixa absorção de luz ( 2% ) por monocamada formada. Em um experimento, várias camadas de grafeno foram depositadas sobre uma placa de vidro conforme apresentado na figura a seguir. Em uma das extremidades, um feixe de luz foi incidido na placa. A parte não absorvida pelo material foi transmitida e detectada com uso de um sensor posicionado acima da placa, conforme ilustrado na figura.

Com base nas informações fornecidas, a) esboce um gráfico que represente a porcentagem de luz transmitida em função da quantidade de camadas de grafeno

quando a placa de vidro é deslocada conforme indicado na figura. Desconsidere qualquer interferência do vidro; b) cite outras três formas alotrópicas do carbono.

Q u e s t ã o 1 1

13 13

Resolução: a)

100%

98%

96%

94%

92%

90%

88%

86%1 2 3 54 6

nº de monocamadasde Grafeno

% de Luztransmitida

b) Grafite

Diamante Fulereno (buckyball)

Em um laboratório, um analista misturou 1 L de uma solução de ácido clorídrico 0 1 mol L, / com 1 L de uma solução de hidróxido de sódio 0 2 mol L, / . A partir das informações fornecidas, a) escreva a equação química balanceada. b) calcule a concentração molar e o valor do pH da solução resultante. Use log 5 0 70, . Resolução:

a) 2aq aq aq lHCl NaOH NaCl H O

b) Cálculo das quantidades de ácido e base que foram misturadas.

1L 0 1mol 1L 0 2mol

HCl NaOH, ,

2

Início: 0 1mol 0 2mol 0 0

Reage0 1mol 0 1mol 0 1mol 0 1mole Forma:

Final: 0 0 1mol 0 1mol 0 1mol

HCl NaOH NaCl H O

, ,

, , , ,

, , ,

Cálculo da concentração do reagente em excesso.

2

2

0 15 10 mol/L log

2

log5 10

1 3

,NaOH pOH OH

pOH

pOH ,

Admitindo 25°C : 14 12 7pH pOH pH ,

Q u e s t ã o 1 2

14 14

Reações de Grignard com compostos carbonílicos, em que o carbono da carbonila apresenta hibridização 2sp , com geometria trigonal planar, podem gerar isômeros ópticos como produtos, uma vez que o ataque do reagente pode ocorrer por um lado 1 , ou outro 2 , da molécula, conforme esquema simplificado a seguir.

Diante do exposto, escolha um grupo alquila R do reagente de Grignard, de modo que os produtos apresentem atividade

óptica e um grupo alquila para que os produtos da reação não apresentem atividade óptica. Resolução:

Para que o composto apresente atividade óptica o carbono da hidroxila deve apresentar quatro ligantes diferentes. Portanto, se escolhermos como o grupo alquila R os substituintes metil 3CH ou etil 2 3CH CH .

O produto não apresentará atividade óptica. Qualquer outro substituinte alquila implicará em atividade óptica. Exemplo: propil 3 2 2CH CH CH

A equação da lei dos gases ideais, P V n R T , é uma equação de estado que resume as relações que descrevem a resposta de um gás ideal a mudanças de pressão, volume, temperatura e quantidade de moléculas. Considerando o exposto,

demonstre, por meio de equações matemáticas, como a densidade de um gás qualquer varia em função da temperatura e determine a massa molar de um gás considerando os dados a seguir.

Dados: 1 1 10 97 g L 210 C 0 25 atm 62 36 L.torr.mol K 1 atm 760 torrd , ;T ; P , ; R , . ; .

Resolução:

P V n R T

m mP V R T P M R T

M VPM

dRT

Observa-se, nessa equação, que a densidade do gás é inversamente proporcional à temperatura. 190

0 9762 36 483

153 77g/mol

PM Md ,

RT ,

M ,

A variação de entalpia H é uma grandeza relacionada à variação de energia que depende apenas dos estados inicial e

final de uma reação. Analise as seguintes equações químicas:

i) 3 8 2 2 25 3 4C H g O g CO g H O l 2 220oH . kJ

ii) 2 2grafiteC O g CO g 394oH kJ

iii) 122 2 2H g O g H O l 286oH kJ

Q u e s t ã o 1 3

Q u e s t ã o 1 4

Q u e s t ã o 1 5

15 15

Ante o exposto, determine a equação global de formação do gás propano e calcule o valor da variação de entalpia do processo. Resolução:

A reação de formação do propano é:

32 83 graf 4 g gC H C H

Tal equação pode ser obtida invertendo-se a equação (i), multiplicando-se a equação (ii) por três, a equação (iii) por quatro e somando-se as etapas:

2 32 8 2

2 2

2 2 2

3 4 50 2220kJ

3 graf 3 3 1182kJ

4 2 4 1144kJ

g l g g

g g

g l

CO H O C H H

C O CO H

H g O H O H

2 3 83 graf 4 106kJg gC H C H H

O ácido tereftálico é um composto orgânico formado de átomos de C, H e O. Ele é utilizado como precursor na síntese do polímero polietileno tereftalato (PET), matéria-prima para a produção de garrafas plásticas. Esse ácido, também chamado de p-dicarboxilbenzeno 1 , é produzido pela oxidação catalítica do p-dimetilbenzeno 2 com o oxigênio.

A partir das nomenclaturas, a) desenhe as fórmulas estruturais planas dos compostos 1 e 2 ;

b) represente a fórmula estrutural plana do monômero de adição formado pela reação de esterificação do ácido tereftálico com 1,2-etanodiol.

Resolução:

C

O

HO

C

O

OH

a)

CH3CH3

p – dimetilbenzenop – dicarboxilbenzeno

C

b)O

C

O

O CH2 CH2 O

n

NOTA: O polímero obtido é de condensação e não de adição 1º DIA - GRUPO 3 e 4

O projeto Icedream é uma iniciativa que tem como meta levar um iceberg das regiões geladas para abastecer a sede de países áridos. A ideia do projeto é amarrar a um iceberg tabular uma cinta e rebocá-lo com um navio. A figura a seguir representa a forma que o iceberg tem no momento em que é amarrada à cinta para rebocá-lo.

18

12

56

16

52

Considerando que o iceberg é formado somente por água potável e que, após o deslocamento, 10% do volume do bloco foi perdido, determine qual a quantidade de água obtida transportando-se um iceberg com as dimensões, em metros, indicadas na figura apresentada.

Q u e s t ã o 1 6

Q u e s t ã o 1 1

16 16

Resolução:

12

12

56

c

18

b

12

16

52

1 56 16 40b

52 18 34c

2 1V (volume inicial)

1

40 3456 52 12 12

2V

3

1 26.784V uc

3 Como ocorre 10% de perda, temos:

2V (volume final)

2 1 1 110% 90%V V V V

3

2

9026.784 24.105,6

100V uc

Um empresário mantém uma rotina diária repleta de atividades. Para gerenciar a sua agenda de eventos, ele controla o tempo de forma meticulosa, chegando pontualmente aos seus compromissos e executando as suas tarefas em um tempo determinado. Por exemplo: • 7 horas diárias de sono • 15 minutos destinados a higiene matinal (escovar os dentes etc.) • 18 minutos para tomar café da manhã • 14 minutos para deslocar-se até o escritório Para ajudá-lo a controlar o tempo meticulosamente, além do seu smartphone, todos os seus utensílios domésticos e o seu automóvel estão conectados à internet e podem trocar informações entre si. Em um determinado dia, o gerenciador da agenda de eventos do smartphone recebeu as seguintes informações: i) o seu primeiro compromisso, a reunião das 8 horas, foi remarcado para as 8 horas e 45 minutos; ii) ocorreu um acidente na estrada e o trajeto para o escritório levará 23 minutos;e iii) o automóvel acusou que precisa ser abastecido e que serão necessários 15 minutos para o abastecimento. Considerando o exposto, determine o horário em que o empresário terá de acordar e calcule, em relação ao tempo de sono diário, o porcentual de sono ganho ou perdido com a remarcação da reunião. Resolução: I) Diariamente 8h (Início do trabalho)

Como: 15 18 14 47min It (Tempo gasto após despertar)

8h – 47min 7h 13minID

(Horário máximo, para acordar e realizar toda atividade) II) Dia com imprevistos 8h 45 min (Início)

Como: 23 15 15 18 71min IIt (Tempo após despertar)

8h 45min – 71min 8h 45min –1h 11minIID

7h 34minIID

(Horário máximo para despertar e chegar no compromisso.) Pelos valores ID e IID , observamos um ganho de 21min , portanto:

21min 210,05 5%

7 60min 420

P

Q u e s t ã o 1 2

17 17

Um quebra-cabeça de 100 peças mede 26 cm por 36 cm , enquanto outro quebra-cabeça de 2.000 peças mede 48 cm por 136 cm . Nessas condições, a) calcule a razão entre a área média de uma peça do quebra-cabeça de 100 peças e do quebra-cabeça de 2.000 peças,

nessa ordem. b) Se uma pessoa gastou 10 horas para montar o quebra-cabeça de 100 peças e 360 horas para montar o quebra-

cabeça de 2.000 peças, calcule a diferença entre a quantidade média de peças que ela colocou, por hora, para montar cada um dos quebra-cabeças.

Resolução:

a) • 21

26 369,36 cm

100x

1

2

xr

x

• 22

48 1363,264 cm

2000x

2

2

9,36 cm2,87

3,264 cmr r

b) • 11

10010

10P peças h

• 12

20005,6

360P peças h

10 5,6D 14,4D peças h

Um navio, que possui 20 m de altura sobre a água, passa por um canal e, em certo momento, o capitão da embarcação avista uma ponte plana sobre o canal, a qual ele desconhece as dimensões e tem de decidir se o navio pode passar sob a ponte. Para isso, ele inicia uma série de cálculos e medições. A primeira constatação que ele faz é a de que, a uma certa distância, d , da projeção da base da ponte, a inclinação do segmento que une a parte retilínea inferior da ponte e o ponto mais avançado do navio, que está a 4 m de altura sobre a água, é de 7 . Percorridos 102 m em linha reta em direção à ponte, ele volta a medir a inclinação, obtendo um ângulo de 10 , e verifica que a distância entre a parte retilínea inferior da ponte e o ponto mais avançado do navio é de 100 m , como ilustra a figura a seguir.

10°7°100

102

Ponte

h

d

204

Diante do exposto, admitindo que a superfície do rio é plana, determine a altura da ponte e conclua se esta é suficiente para que o navio passe sob ela. Dados: tg 7 0,12 e cos 10 0,98

Resolução: Temos: 20 mH (altura total do navio com nível d’água)

h100

4

102 x

10º7º

H

Q u e s t ã o 1 3

Q u e s t ã o 1 4

18 18

1 cos10 100 0,98 98 m100

xx x

2 tg7102 200

h h

x

200 0,12 24 mh

3 4 24 4H h

28 mH

Resposta: A ponte tem uma altura, aproximada, de 28 m e é suficiente para o navio passar.

Os gráficos a seguir apresentam os dados referentes ao comércio eletrônico no Brasil em 2013.

13,7 12,3 12,2

9 8,9

Roupas eacessórios

Utensíliosdomésticos

Cosméticos Eletrônicos Livros erevistas

Evolução das vendas, em R$ bilhões

18,722,5

28

2011 2012 2013*

R$ 12,74 bilhões foi o total vendido noprimeiro semestre de 2013.

*Projeção

Os produtos mais vendidos no primeiro semestre de 2013, em %

FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 21 set. 2013, p. 1. (Adaptado). De acordo com os dados apresentados nesses gráficos, considerando que os produtos mais vendidos no segundo semestre mantenham o mesmo porcentual de vendas do primeiro semestre de 2013, calcule o valor correspondente às vendas de produtos eletrônicos no segundo semestre de 2013. Resolução:

22,5 28

1 SEM 2 SEM

2012 2013

VE(1) VE(2)

● 1

912,74 1,15 Bilhões

100 EV

● 9

28 2,52 Bilhões100

FV

Como: 1 2 FE EV V V

2 2,52 1,15 EV

2 1,37 BilhõesEV . (Montante de vendas no 2º semestre para atingir projeção)

Q u e s t ã o 1 5

19 19

As tabelas a seguir apresentam os casos de dengue no Brasil e na região Centro-Oeste, no período de 1o de janeiro a 16 de fevereiro de 2013.

Casos de dengue por região Casos de dengue na região Centro-Oeste Região 2013 Unidade Federativa 2013 PopulaçãoSudeste 80.876 MS 42.015 2.587.269

Sul 12.420 MT 10.765 3.182.113Centro-Oeste 80.976 GO 27.376 6.434.048

Norte 18.435 DF 820 2.789.761Nordeste 11.943

Brasil 204.650

Disponível em: <www.ibge.gov.br> e <g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/02/casos-de-dengue- no-pais-190-no-comeco-de-2013-dizgoverno.html>. Acesso em: 20 out. 2013. (Adaptado).

De acordo com essas informações, a) calcule a diferença entre a média dos casos de dengue por unidade federativa da região Centro-Oeste e a média dos

casos de dengue por unidade federativa do Brasil no período considerado. b) Sabendo que é considerado estado de epidemia quando há incidência maior do que 300 casos para cada 100 mil

habitantes, determine em quais unidades federativas da região Centro-Oeste ocorreu estado de epidemia de casos de dengue no período considerado.

Resolução: a)

8097620244

4COx

204 650

27204650

2024427

546588 204650

27341938

2712664

F

CO F

.x

D x x

D

D

D

b) Taxa epidêmico = 300

0,003100.000

i

• 42.015

0,0162.587.269MSi i

• 10.765

0,00343.182.113MTi i

• 27.376

0,00436.434.048GOi i

• 820

0,00032.789.761DFi i

Ocorreu estado de epidemia em MS, MT, GO.

Q u e s t ã o 1 6

20 20

Professores:

Física Bruno Steger

Vinícius Miranda

Matemática Luis Henrique

Química

Gildão Thé

Everton

Literatura Ádino

Julio César César

Português Zé Laranja Argemiro

Divina

Colaboradores Aline Alkmin

Carolina Chaveiro José Diogo

Moisés Humberto Leonardo Prudente

Ricardo Vilela

Digitação e Diagramação Daniel Alves

Érika Rezende João Paulo

Desenhistas Luciano Barros Rodrigo Ramos Vinícius Ribeiro

Projeto Gráfico Vinicius Ribeiro

Assistente Editorial

Valdivina Pinheiro

Supervisão Editorial José Diogo

Rodrigo Bernadelli Marcelo Moraes

Copyright©Olimpo2013

A Resolução Comentada das provas da UFG poderá ser obtida diretamente no

OLIMPO Pré-Vestibular, ou pelo telefone (62) 3088-7777

As escolhas que você fez nessa prova, assim como outras escolhas na vida, dependem de conhecimentos, competências, conhecimentos e habilidades específicos. Esteja preparado.

www.grupoolimpo.com.br