arqueologia do rádio

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Sonora Revista Sonora - IA ISSN 1809-1652 Nº 8 - V. 4 - 2013 sonora.iar.unicamp.br 1 Introdução A palavra arqueologia vem do grego ARCHAÎOS (antigo) + LOGOS (conhecimento, estudo), ou seja, o estudo do que é antigo. Com o desenvolvimento das ciências humanas, o conceito tornou-se mais amplo. Hoje, essa área do conhecimento pode ser entendida como aquela que estuda as sociedades atuais ou passadas através da cultura material, ou seja, através de objetos e vestígios materiais. Com base na análise minuciosa desses vestígios, é possível obter informações, reconstituindo aspectos socioculturais e ambientais. Algumas vezes, são estranhos sinais, gravados ou pintados nas pedras. Outras vezes, misturados com a terra, surgem pedaços de objetos, ossos de animais ou mesmo esqueletos humanos e até fragmentos de pedra, que parecem iguais a todas as outras, mas são especiais. A forma como o homem as lascou vai expor uma parte dos acontecimentos que ocorreram no local onde os vestígios foram encontrados. Michel Foucault enveredou-se pelos caminhos da arqueologia. Mas não escavou a terra. Dois de seus livros, de maneira mais específica, despertaram o mundo para esta perspectiva: Arqueologia do Saber (1972) e As Palavras e as Coisas (1990). Neste último, Foucault analisa as mais diversas áreas do conhecimento de uma forma diversa das que os outros pensadores costumam fazer. Assim como na arqueologia tradicional, ele “escava” os elementos que compõem a estrutura das ciências, da mesma forma como o arqueólogo escava os sítios. Depois da triagem dos materiais ele selecionou e registrou uma amostra, fazendo esforços no sentido de estabelecer uma articulação entre os dados que achou mais relevantes. Sob um primeiro olhar, poderia haver quem não encontrasse uma relação, mas por meio de uma análise efetivamente arqueológica é possível reconstituir ou “intuir” – uma configuração de mundo, das ciências e, mais tarde, da loucura. No caso da obra As palavras e as Coisas, o que Michel Foucault procurou responder foi como se dá a representação e conformação de saberes. Em primeiro lugar, determinou os “sítios arqueológicos”, os campos onde acreditava estarem os pressupostos, os marcos teóricos para a sua articulação filosófica. Nesse processo, envolveu, ainda, discursos de pensadores proeminentes destas áreas delimitadas e desenhou um panorama bem estruturado do cenário das ciências. É esta perspectiva de análise que mais se aproxima da metodologia que este artigo procura compreender a fundo. Chamada de Arqueologia da Mídia, foi cunhada ARQUEOLOGIA DO RÁDIO Ana Paula Machado Velho 1 Natália Beságio 2 Sônia Cristina Dias Vermelho 3 Resumo Este artigo visa utilizar as propostas de investigação e análise da Arqueologia da Mídia, que procura recuperar o fluxo continuado da História, seus eventos e fenômenos, a fim de compreender a produção dos meios de comunicação, além estabelecer uma ligação com a Ecologia da Mídia, na busca de entender o modo como os veículos afetam a percepção humana. Essa perspectiva de pesquisa explora o material mais variado possível, podendo ser ele bibliográfico, sonoro ou visual, com o objetivo de dar vida a novas propostas, novas mensagens, enfim, novos produtos. Neste artigo, apresenta-se uma viagem “anarqueológica” ao universo do rádio, como sugere Siegfried Zielinski. Palavras-chave Arqueologia da Mídia; Rádio; Ecologia da Mídia; 1 Mestre (2001) e doutora (2007) em Comunicação e Semiótica, pelo Programa de Pós-Graduação da PUC / SP; professora do Mestrado em Promoção da Saúde, do Centro Universitário de Maringá; jornalista da Universidade Estadual de Maringá (UEM ). 2 Graduada em História na Universidade Estadual de Maringá (2008) e em Jornalismo da Centro Universitário de Maringá (2010). Professor de História do Ensino Fundamental e produtora/apresentadora de um programa de rádio, chamada História Oral, na Rádio Universitária Cesumar. Tem experiência em pesquisa teórica e metodológica em Comunicação Social e Educação. 3 Mestre (1998) e doutora (2003) em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; coordenadora mestrado em Promoção da Saúde e professora titular do Centro Universitário de Maringá. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação e Comunicação, atuando principalmente em: educação e comunicação, redes sociais digitais e saúde, sociologia da educação, formação de professores, mídia educação, pesquisa social e metodologia de pesquisa interdisciplinar.

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    ISSN 1809-1652N 8 - V. 4 - 2013

    sonora.iar.unicamp.br 1

    Introduo

    A palavra arqueologia vem do grego ARCHAOS (antigo) + LOGOS (conhecimento, estudo), ou seja, o estudo do que antigo. Com o desenvolvimento das cincias humanas, o conceito tornou-se mais amplo. Hoje, essa rea do conhecimento pode ser entendida como aquela que estuda as sociedades atuais ou passadas atravs da cultura material, ou seja, atravs de objetos e vestgios materiais. Com base na anlise minuciosa desses vestgios, possvel obter informaes, reconstituindo aspectos socioculturais e ambientais. Algumas vezes, so estranhos sinais, gravados ou pintados nas pedras. Outras vezes, misturados com a terra, surgem pedaos de objetos, ossos de animais ou mesmo esqueletos humanos e at fragmentos de pedra, que parecem iguais a todas as outras, mas so especiais. A forma como o homem as lascou vai expor uma parte dos acontecimentos que ocorreram no local onde os vestgios foram encontrados.

    Michel Foucault enveredou-se pelos caminhos da arqueologia. Mas no escavou a terra. Dois de seus livros, de maneira mais especfica, despertaram o mundo para esta perspectiva: Arqueologia do Saber (1972) e As Palavras e as Coisas (1990). Neste ltimo, Foucault analisa as mais diversas reas do conhecimento de uma forma diversa das que os outros pensadores costumam fazer. Assim como na arqueologia tradicional, ele escava os elementos que compem a estrutura das cincias, da mesma forma como o arquelogo escava os stios. Depois da triagem dos materiais ele selecionou e registrou uma amostra, fazendo esforos no sentido de estabelecer uma articulao entre os dados que achou mais relevantes. Sob um primeiro olhar, poderia haver quem no encontrasse uma relao, mas por meio de uma anlise efetivamente arqueolgica possvel reconstituir ou intuir uma configurao de mundo, das cincias e, mais tarde, da loucura. No caso da obra As palavras e as Coisas, o que Michel Foucault procurou responder foi como se d a representao e conformao de saberes. Em primeiro lugar, determinou os stios arqueolgicos, os campos onde acreditava estarem os pressupostos, os marcos tericos para a sua articulao filosfica. Nesse processo, envolveu, ainda, discursos de pensadores proeminentes destas reas delimitadas e desenhou um panorama bem estruturado do cenrio das cincias.

    esta perspectiva de anlise que mais se aproxima da metodologia que este artigo procura compreender a fundo. Chamada de Arqueologia da Mdia, foi cunhada

    ARQUEOLOGIA DO RDIO

    Ana Paula Machado Velho1Natlia Besgio2

    Snia Cristina Dias Vermelho3

    Resumo

    Este artigo visa utilizar as propostas de investigao e anlise da Arqueologia da Mdia, que procura recuperar o fluxo continuado da Histria, seus eventos e fenmenos, a fim de compreender a produo dos meios de comunicao, alm estabelecer uma ligao com a Ecologia da Mdia, na busca de entender o modo como os veculos afetam a percepo humana. Essa perspectiva de pesquisa explora o material mais variado possvel, podendo ser ele bibliogrfico, sonoro ou visual, com o objetivo de dar vida a novas propostas, novas mensagens, enfim, novos produtos. Neste artigo, apresenta-se uma viagem anarqueolgica ao universo do rdio, como sugere Siegfried Zielinski.

    Palavras-chave Arqueologia da Mdia; Rdio; Ecologia da Mdia;

    1 Mestre (2001) e doutora (2007) em Comunicao e Semitica, pelo Programa de Ps-Graduao da PUC / SP; professora do Mestrado em Promoo da Sade, do Centro Universitrio de Maring; jornalista da Universidade Estadual de Maring (UEM ).2 Graduada em Histria na Universidade Estadual de Maring (2008) e em Jornalismo da Centro Universitrio de Maring (2010). Professor de Histria do Ensino Fundamental e produtora/apresentadora de um programa de rdio, chamada Histria Oral, na Rdio Universitria Cesumar. Tem experincia em pesquisa terica e metodolgica em Comunicao Social e Educao.3 Mestre (1998) e doutora (2003) em Educao: Histria, Poltica, Sociedade pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo; coordenadora mestrado em Promoo da Sade e professora titular do Centro Universitrio de Maring. Tem experincia na rea de Educao, com nfase em Educao e Comunicao, atuando principalmente em: educao e comunicao, redes sociais digitais e sade, sociologia da educao, formao de professores, mdia educao, pesquisa social e metodologia de pesquisa interdisciplinar.

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    radiofnico, com vistas a propor a produo de um material sonoro diferenciado e apontar o modo como estes novos produtos podem afetar a percepo e compreenso da sociedade, como prope a Ecologia da Mdia.

    Para entender esta perspectiva, necessrio primeiro apresentar reflexes sobre o que mobiliza a presente pesquisa: a produo sonora. As investidas cientficas realizadas nesta rea chamaram ateno para a riqueza esttica e semntica (se que se pode separar esses dois parmetros) da produo radiofnica dos primrdios do rdio alemo. Apesar da tmida bibliografia sobre o tema, pesquisas e seminrios ministrados no mbito da ps-graduao (mestrado e doutorado), fizeram surgir cada vez mais curiosidade sobre esse objeto, a ponto de levar a uma mobilizao efetiva, que propiciou o mergulho neste universo.

    A apresentao dos elementos que construram essa aproximao com o rdio alemo, j so, na verdade, uma pequena amostra do que se entende sobre arqueologia. Foi investigando pequenos traos da histria e da natureza do rdio produzido pelos alemes especialmente pargrafos de artigos, pequenos trechos de peas radiofnica e reflexes entre pesquisadores -, e sob o vis de estudos semiticos, que se percebeu o potencial dele com objeto de estudo e modelo para novas propostas de organizao dos arquivos sonoros. Pode-se dizer que este artigo vai reconstruir um roteiro para uma arqueologia deste meio de comunicao naquele pas, no stio arqueolgico chamado Alemanha, com o objetivo de inter-relacionar essa realidade s demandas atuais da radiodifuso brasileira e inseri-lo nos pressupostos da Arqueologia e da Ecologia da Mdia.

    O rdio alemo sob a perspectiva arqueolgica

    Nos primrdios do rdio na Alemanha, a programao do meio era resultado de um cenrio tcnico e cultural que sustentava as relaes sociais naquele determinado perodo. As produes traduziam o esprito do povo e o modo de vida do pas. Num ambiente onde nasceram os mais famosos compositores clssicos, onde a filosofia preenchia os livros e pensamentos e onde a arte desabrochou com o mecenato dos burgueses de uma das regies mais prsperas da Europa, encontrar espao na mdia para a arte e para a mobilizao intelectual e trabalhadora era mais que uma virtualidade. neste cenrio que a mdia sonora constri-se em uma perspectiva educativo/cultural.

    por Siegfried Zielinski4, pensador polons radicado na Alemanha. Tal metodologia vasculha os arquivos textuais, visuais e auditivos das mdias, sejam elas analgicas ou digitais, enfatizando as manifestaes discursivas e matrias da cultura, como pontua Oliveira (2011).

    Para Irene Machado, que organizou um curso de Zielinski no Programa de Estudos Ps-Graduados em Comunicao e Semitica, na PUC/SP, a Arqueologia da Mdia inaugura uma nova rea de pesquisa no estudo da comunicao mediada e das artes que se servem das mdias para a experimentao de idias ou para a interveno (MACHADO, 2002, p 203). A arqueologia de Zielinski se estrutura como processo de redescoberta no apenas dos objetos tecnolgicos da cultura, mas chama a ateno para os segredos e as surpresas que o mundo esconde (MACHADO, 2002, p. 204). A idia central de Zielinski, que ele denomina de anarqueologia, a recuperao do fluxo continuado da histria, do fluxo entre eventos, fenmenos, descobertas e suas conectividades com o presente. o estudo no dos meios, mas sim de suas inter-relaes. Irene Machado resume que

    O que menos interessa a essa disciplina so os meios. Na verdade, para Zielinski, os meios (veculos) simplesmente no existem [...] mas sim a habilidade de montagem, de edio de textos. [...] As tecnologias e as mdias por elas criadas s podem ser pensadas como [...] operaes cognitivas de sntese entre conhecimento terico e experincia prtica. [...] Nesse contexto, os descobridores so evocados e suas descobertas podem ser apreciadas em toda sua riqueza dialgica, tornando viva a rota prevista para a configurao da anarqueologia (MACHADO, 2002, p. 204-206).

    Perceber o rdio a partir da perspectiva de Zielinski um dos aspectos que motivaram este artigo. A ideia utilizar a Arqueologia da Mdia como uma ferramenta para se pensar a produo radiofnica, alm de apont-la como metodologia de anlise que permite enxergar o veculo rdio sob o aspecto ecolgico. O objetivo final alertar os pesquisadores brasileiros para o estudo do universo

    4 Siegfried Zielinski ocupa a cadeira Michel Foucault, na European Graduate School, com sede na Sua; e a cadeira de Teoria da Mdia, no Instituto de Mdia, da Universidade de Arte de Berlim. diretor da Academia de Mdia Arte (Kunsthochschule fr Medien), da cidade de Colnia, na Alemanha. Alm disso, Zielinski autor de dezenas de artigos e vrios livros, dentre eles Arqueologia da Mdia, lanado no Brasil em 2006. Estudou teatro, artes, literatura moderna alem, lingstica, semitica, sociologia, filosofia e cincia poltica, em Marburg e em Berlim. O principal foco de seus estudos so os avanados meios tcnicos: o rdio, o cinema, o vdeo, os computadores.

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    Os primeiros passos do meio na Alemanha se do com muita vitalidade ainda na fase da radiotelegrafia (em cdigo Morse), pouco depois de 1910. Mas as atividades so interrompidas por causa da I Guerra Mundial. No entanto, ainda antes do fim do conflito, h notcias da existncia do Clube do Rdio Operrio, que incentivava a criao de emissoras e redes para propagar as idias socialistas (MEDITSCH, 2005. p. 100). Segundo Ciro Marcondes Filho (1986), depois da guerra, os movimentos sociais alemes se organizaram em torno do rdio com vistas a vencer a crise econmica e social. As primeiras manifestaes mobilizadoras surgiram com a produo de debates e apresentaes de textos de pensadores engajados politicamente. Em outras palavras, nesse contexto poltico-social, o rdio se transforma em aparelho de aproximao das massas, como expe Gisella Ortriwano (apud MARCONDES FILHO, 1986), criando um esprito de participao no processo comunicativo. Isso vai se refletir nos gneros de programas que vo ocupar o espectro do rdio alemo nas primeiras dcadas. Neste ponto possvel relacionar o veculo rdio ao contexto ecolgico, uma vez que se adapta ao ambiente no qual se encontra inserido, alterando a relao entre o homem e o meio de comunicao, que passa a ser utilizado como elo entre os mais diferentes atores sociais.

    Ainda preciso ressaltar que a primeira transmisso oficial de rdio na Alemanha foi registrada em novembro de 1923 e deu espao para um dos gneros de maior destaque da programao alem: as peas radiofnicas. Neste primeiro momento, foram veiculadas peas teatrais adaptadas para o meio. Porm, em pouco tempo, surgem as famosas hrspiels. Segundo Fernando Peixoto, os produtos deste gnero organizam um universo novo, no qual palavra e som, rudos e silncios, ou mesmo msica, propem, a partir de efeitos tcnicos e/ou humanos, uma realidade criativa surpreendente e, at mesmo, transformadora (apud SPERBER, 1980, p.9), o que mais uma vez demonstra o ambiente modificando o comportamento dos indivduos ou da coletividade. Esta informao est no livro Introduo pea radiofnica, lanado no Brasil, por George Bernard Sperber, em 1980. A obra fruto de um estgio que Sperber realizou na Alemanha, a convite do governo germnico.

    Sob a perspectiva da Arqueologia da Mdia, v-se que os textos citados no livro de Sperber apontam para elementos fundamentais que so responsveis pelo sucesso da produo sonora chamada hrspiel: os elementos tcnicos as diversas possibilidades acsticas do microfone para estruturar as marcas da linguagem acstica; a mesa de mixagem e seus efeitos combinados aos

    elementos semnticos a msica, que substitui elementos ticos, desenha situaes psquicas, dinmica e ritmo; e a palavra, onda sonora portadora de significado, que ganha expresso na fonao. Klippert compe o conceito de paisagens vocais para explicar esse ltimo elemento, lembrando que so essas paisagens que vo contribuir com a construo de imagens mentais (SPERBER, 1980, p.58-76-101).

    Estas proposies se complementam com as reflexes de Hrst Scheffner sobre a capacidade do rdio de fazer ouvir, no sentido proposto por Baitello (apud MENEZES, 2007), porque fala ao sentido interior de cada um. Passa por Richard Kolb que descreve que sons de todas as naturezas falam, se tornam uma ponte entre o espiritual e o material, entre o sujeito do conhecimento, eu, e o mundo que o circunda. o estgio criativo prvio que leva da imaginao para as formas materiais de expresso. Heinz Schwitzke chama esse processo de um preencher-se e esvaziar-se constantemente alternados (SPERBER, 1980, p. 116).

    Enfim, a obra, nica em portugus dedicada produo radiofnica alem, deixa claro que o esprito daquela organizao da mensagem radiofnica, especialmente, o das hrspiels, so fruto da composio do ambiente tcnico, cultural e discursivo de um meio, como prope a Ecologia da Mdia. Em um determinado perodo histrico, a Alemanha deixa transparecer nas produes sonoras do rdio, suas expresses culturais, ou seja, as formas de representao que fazem parte da natureza semitica daquela cultura, que se traduz e se desdobra em tantos produtos mas, especialmente, nas hrspiels. Os produtos passam a funcionar como vnculos sociais. Surgem do inter-relacionamento da realidade das ruas, da tecnologia, da vida. E se alojam no rdio porque a mdia est engajada no cenrio, presena, lastro social naquele determinado momento. Por isso, agrega e carrega especificidades que desenham as bases do pouco que se conhece do criativo rdio alemo.

    O desenvolvimento da hrspiel mostrou como os avanos e a coexistncia de diferentes reas literatura, cinema, teatro, msica, eltroacstica, informtica e tantas outras [vem contribuir para] essa ars acustica, como define Klaus Schning ao se referir a um conjunto de linguagens sonoras autnomas surgidas no sculo XX (apud ALBANO, 2005).

    certo que a radiodifuso alem mais famosa por ter perpetrado uma guerra psicolgica nazista. A estratgia de divulgao do iderio nazista era arrojada. O que demonstra os registros da utilizao do rdio por

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    modelo a ser resgatado na prtica do meio sonoro brasileiro. Os motivos so muitos e as perspectivas de sucesso idem. Para provar isso, preciso perceber o cenrio em que o meio de comunicao est inserido hoje e como ele se configurou, a partir de circunstncias histricas, determinando o perfil para a programao radiofnica brasileira.

    O sambaqui brasileiro

    importante lembrar que o rdio viveu, no Brasil, momentos em que a programao se aproximava do perfil alemo em sua natureza, mas no em sua riqueza discursiva. Isso aconteceu poca da sua estruturao, mas se perdeu quando a poltica e a economia se adaptaram ao perfil capitalista americano. Essa histria vem sendo contada h anos, mas talvez nunca tenha sido analisada sob a perspectiva arqueolgica, vis adotado no presente artigo.

    O precursor do rdio no Pas foi o professor Edgar Roquette Pinto. A primeira rdio brasileira a funcionar nos moldes de programao que conhecemos tinha sua grade estruturada em programas de msica clssica, apresentaes de textos cientficos e um informativo pela manh. Para Roquette Pinto, o rdio tinha a misso de ser um instrumento de educao da populao. Naquele momento, porm, o rdio ainda era um produto pouco difundido no Brasil. A emissora que o professor dirigia era a Rdio Sociedade do Rio de Janeiro, que vivia da mensalidade de poucos scios. Para se ter uma idia da filosofia do precursor do rdio no Brasil, basta lembrar que ele doou a emissora ao governo do Rio de Janeiro, em 1936, para que se tornasse a primeira rdio educativa do Pas, a Rdio MEC.

    Esse perfil se perdeu, no entanto, nas outras centenas de rdios que surgiram no Brasil. O motivo foi poltico. Em 1931, dois anos depois de se tornar presidente, Getlio Vargas, inspirado na utilizao do rdio pelo partido nazista alemo decide ampliar a quantidade de emissoras no Pas. Para isso, assina a liberao da venda de publicidade pelas rdios, que vo crescer em nmero e em tamanho, no mais baseadas nas idias de Roquette-Pinto, mas com vistas ao lucro, enquadrando-se ao modelo publicitrio americano. Desta forma, o rdio brasileiro ganha texto especialmente elaborado a um discurso empobrecedor. A programao se estrutura em espaos modulares financiados por multinacionais s

    Paul Joseph Goebbels, chefe da propaganda nazista. Poucos sabem, no entanto, que pensadores alemes de peso apostaram, criaram e escreveram para este meio, em perspectivas bem diferentes. Walter Benjamin autor da Trilogia berlinense, composta por uma srie radiofnica sobre a cidade de Berlim (1929-1930) e pelos textos Crnica berlinense (1931-1932) e Infncia em Berlim por volta de 1900. Na srie dirigida a adolescentes, Benjamin utiliza uma variante do chamado tableau (crnica), adequando-o ao novo veculo sonoro.

    Joachim-Ernst Berendt, que foi diretor da diviso de peas radiofnicas numa das rdios da regio sul do Estado alemo, teve um programa chamado Nada-Brahma, em que disseminava a filosofia oriental por meio da veiculao de produes musicais carregadas de paisagens sonoras. Este tambm o ttulo de um livro publicado por Berendt, em 1983. Nada-Brahma quer dizer o mundo som, em snscrito clssico. Na obra, reeditada em 1993, pela Pensamento-Cultrix, o alemo procura nos fazer entender que a compreenso de que o mundo som tem implicaes profundas no s para a cincia e a filosofia, mas tambm para a nossa vida cotidiana e a sociedade, o que remete ao seu estreito envolvimento com o meio rdio.

    Meditsch lembra que o primeiro texto didtico do dramaturgo Bertold Brecht foi escrito para o rdio, Um Vo sobre o Oceano. Isso sem contar o famoso texto do autor, a Teoria do Rdio, escrito entre os anos 20 e 30. Eduardo Meditsch destaca ainda Rudolf Arheim, um apaixonado pelo rdio que escreveu o seguinte:

    Os resultados obtidos nestes primeiros anos, graas a essa nova forma de expresso, podem ser considerados realmente sensacionais. Foi revelado um mundo sedutor e excitante, que est de posse no somente do maior estmulo que conhece o homem para os sentidos a msica, a harmonia e o ritmo mas, tambm, ao mesmo tempo, capaz de dar uma descrio da realidade por meio de rudos e com mais amplo e abstrato meio de divulgao que o homem possui: a palavra. [...] Na rdio, os sons e as palavras revelam a realidade com a sensualidade do poeta, e nela se encontram os tons da msica, os sons mundanos e espirituais, fazendo assim a msica penetrar no mundo das coisas; o mundo se enche de msica, e a nova realidade criada pelo pensamento se oferece de modo muito mais imediato mais concreto do que no papel impresso: o que at h pouco havia sido somente idias escritas, passou a ser algo materializado e bastante vivo (Arheim apud MEDITSCH, 2005, p. 101).

    Essa aura da produo radiofnica alem, das primeiras dcadas do sculo passado, proposta como

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    lembrar do Reprter Esso5 , de contedos superficiais. o massacre dos sentidos descrito por Ana Baumworcel (2001, p. 113). Massacre a partir de uma linguagem que controla reduzindo as formas lingsticas e os smbolos de reflexo, abstrao, desenvolvimento e contradio (...) em um processo histrico-poltico silenciador. So sentidos evitados, desmoralizados, inviabilizados, postos fora do discurso, de-significados.

    A riqueza mobilizadora dos programas e arquivos sonoros, objeto de reflexo deste artigo, definitivamente, no o aspecto fundamental da produo radiofnica brasileira. E, mesmo no momento da reestruturao do rdio no Brasil, no foi a qualidade da produo que mudou e garantiu a reconquista do pblico. Com as propostas de entretenimento transferidas para a televiso, o rdio passa a adotar uma programao que rene msica e esporte (entretenimento) e jornalismo (notcias e prestao de servios).

    Ajudado pela miniaturizao e a portabilidade, proporcionadas pelo transistor, o meio se converte no companheiro de todas as horas, por meio do qual algum conta alguma coisa a outro algum. Porm, as mensagens surtiam efeito de vnculo, no por sua profundidade contextual e discursiva, mas pelo poder da fala dos comunicadores. No momento em que o rdio sai do centro da sala e chega ao p do ouvido, o ouvinte ganha um contador de histrias particular, em princpio, com um vis bem popular, nas emissoras de AM. Assim, o rdio vence a derrocada comercial; passa pela ditadura com a explorao do filo da msica de qualidade, trazida pela tecnologia da Freqncia Modula (FM); chega aos anos 80 se fortalecendo, novamente, com o novo perodo de valorizao da informao jornalstica e dos movimentos populares; e todo este processo vai abrir caminho para o surgimento de rdios exclusivamente de notcias, nos anos 90. Mas, os moldes de produo se mantm altamente inspidos, no que diz respeito linguagem radiofnica, sua natureza semitica.

    No se pode negar que houve tentativas significativas para mudar este quadro. Em 1937, o empreendedor e radialista Nilo Ruschel registrou a cidade de Porto Alegre nos programas Ruas da cidade e Bairros em Revista. Eram as primeiras incurses pela rdio reportagem no Rio Grande do Sul. As narrativas construram uma cidade imaginada por meio do lamento e do ufanismo, da sincronia entre

    5 Produo jornalstica da Agncia United Press International, patrocinada pela multinacional do petrleo Esso, que se tornou fonte de disseminao da informao dos aliados, na Segunda Guerra Mundial.

    antigas tradies e os signos da mudana no contexto pr-Estado Novo. Na impossibilidade de captao tcnica, os sons da paisagem urbana eram descritos pelo narrador (GOLIN, 2007).

    Destaca-se, ainda, a srie de reportagens especiais intitulada So Paulo de ponta a ponta, produzida pela jornalista Vera Lcia Fiordoliva e veiculada, em 1999, pela Rdio Eldorado de So Paulo. Na srie, a jornalista assume o papel de narradora que conduz o pblico pelos ouvidos at as paisagens sonoras do centro e dos extremos Leste, Norte, Sul e Oeste do Estado de So Paulo. Percebe-se as paisagens dos diversos locais atravs de sons caractersticos: o crack crack das patas de caranguejos e os sons dos golfinhos da Ilha do Cardoso (Sul) ou o incio de uma cavalgada ao redor do obelisco que, no municpio de Dourado, marca o centro do Estado de So Paulo (MENEZES, s.d).

    mais comum, no entanto, ver essas iniciativas diferenciadas nas rdios e nos projetos das universidades. Um exemplo o projeto Porto Alegre: paisagens sonoras desenvolvido entre 2005 e 2007 pelos alunos do Curso de Jornalismo na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A srie de documentrios e reportagens props outros referenciais de percepo e imaginao da cidade para alm da voz e da palavra, experimentando uma escuta diferenciada do ambiente e a interpretao da cartografia sonora por meio da expresso radiofnica (GOLIM, 2007).

    Estas possibilidades interativas e comunicacionais apresentadas sobre o rdio foram testadas, de forma tmida, tambm num projeto de jornalismo cientfico no rdio. Tratou-se de uma oficina, ministrada pela pesquisadora Ana Paula Machado Velho, no Centro Universitrio de Maring Cesumar, em 2002, que gerou um produto chamado TomeCincia. No ano seguinte, a iniciativa teve a estrutura aperfeioada por dois alunos de Jornalismo da mesma instituio, por meio de um Trabalho de Concluso de Curso (TCC), orientado pela referida pesquisadora. Nessa ocasio, ganhou o nome de Sapincia, visto que j existia um projeto com o antigo nome, na Universidade de So Paulo.

    Eram esquetes de rdio de cinco minutos que apresentavam narraes sobre curiosidades cientficas. Os assuntos eram apresentados propondo dilogos com mdicos e pesquisadores, para estimular a interao emissor/receptor. Estas conversas eram ilustradas por efeitos sonoros, que davam movimento e contextualizao s situaes apresentadas. O resultado foi um programa que mexia com a curiosidade cientfica dos ouvintes, que conseguiam dialogar mentalmente com as idias

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    apresentadas pelos pequenos programas, incentivados por perguntas recheadas de humor, efeitos sonoros e vinhetas com bastante movimento. O Sapincia foi to bem aceito que virou programa na rdio da Universidade Estadual de Maring (UEM), entre 2003 e 2004, instituio na qual a pesquisadora trabalha, numa parceria com o coordenador do Grupo PET de Fsica. E foi o embrio para o surgimento de vrios programas dos PETs da UEM, que esto no ar at hoje.

    Essa experincia um dos exemplos utilizados na prtica da disciplina de radiojornalismo, ministrada por Ana Paula Machado Velho, no Cesumar, como forma de fazer com que os alunos compreendam o papel, a funo de cada um dos elementos na linguagem radiofnica e seu peso na eficincia da mensagem. Os discentes so levados a perceber como o material costurado e, em seguida, solicitado que lancem mo da sua competncia semitica, para embutir nas produes muito mais que palavras, msica e efeitos, mas um sistema complexo de sons, no qual cada um dos elementos utilizados ganha funo de representao, ganha signicidade.

    Consideraes finais

    Acredita-se que necessrio encontrar novas metodologias de anlise, que possam despertar pesquisadores, professores e alunos para uma compreenso maior da realidade de cada meio e todas as suas possibilidades expressivas. O caminho pode ser a insero da pesquisa nos pressupostos fundamentais da Arqueologia da Mdia, proposta pelo professor Zielinski, uma vez que no podemos realizar tais mudanas sem levar em considerao o ambiente em que foram produzidas e o modo como foram recebidas pela sociedade.

    preciso deixar claro, no entanto, que o corpus desta investigao no est na mdia, no suporte, mas nas suas expresses, na mensagem formatada, organizada, veiculada, que carrega a subjetividade do sujeito que a produz, lanando mo das suas possibilidades criativas e da tecnologia disponvel.

    Atualmente, a radiodifuso sonora passa por momentos promissores. A vida urbana exige que o indivduo passe quase o dia todo fora de casa, levando-o a procurar informao e entretenimento no rdio. Ele procura contato com o mundo de uma forma que no precise utilizar as mos, ocupadas com as tarefas profissionais ou com o

    volante; quer ouvir o outro, alm dos barulhos da paisagem sonora da cidade. Ligando-se ao veculo, liga-se vida.

    Neste contexto, o horrio de exposio das pessoas ao rdio se expandiu. Agora, ele mobiliza o ouvinte das 6 s 19 horas, no mais s pela manh, como foi registrado durante dcadas. Uma pesquisa divulgada no texto de Srgio Martins, A nova era do rdio, publicado na Revista Veja, em maro de 2005, mostrou que os jovens, ou a gerao da televiso, vm redescobrindo o rdio. Em 2011, 96% das pessoas que tm entre 21 a 39 anos escutam rdio, segundo o IBOPE. Isso porque, na programao os comunicadores falam de coisas do cotidiano, utilizando o humor e entrevistas informais com celebridades, abrindo espao, ainda, para a participao do ouvinte. a nova era do rdio, que ainda enfrenta o processo de migrao para o ambiente da World Wide Web, onde j se trabalha com novas terminologias para os produtos sonoros, como o podcast.

    Diante disso, no possvel manter as mesmas prticas utilizadas ao longo da histria, no nosso dial analgico e nas pginas da Internet. necessrio propor novas formas de se pensar o rdio, lanando mo das novas tecnologias e de novas narrativas que possam se adequar aos novos tempos da relao da sociedade com os produtos sonoros. A proposio destes novos formatos passam, sem dvida, pelas pesquisas da academia. Os laboratrios das universidades precisam incentivar e possibilitar experimentaes, por meio de intercmbios de experincias de alunos de diferentes reas. Este artigo a proposio de um movimento de integrao de diferentes atores em iniciativas que possam re-significar a produo radiofnica. E esse movimento tem caractersticas que remetem ao processo anarqueolgico, que rev os diferentes aspectos do passado para a descoberta de novas propostas. Modelos efetivamente explosivos, como sugere Zielinski, os quais podem ser chamados de inovadores, no jargo cientfico.

    Zielinski nos alerta de diversas formas sobre essa necessidade. Diz que cultivar dramaturgias da diferena um remdio efetivo contra a crescente ergonomizao dos mundos miditicos tcnicos que est acontecendo sob a bandeira do progresso linear ostensivo (p.283). Mais que no acompanhar as mudanas sociais, imprimindo novas caractersticas aos produtos da mdia, Zielisnki nos alerta para o fato de que no podemos ficar para trs das mquinas. E elas vm se multiplicando em natureza e forma, proporcionando novas possibilidades de narrativas.

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    Ana Baumworcel diz que preciso entender o rdio como meio da expresso artstica, cultural de um povo, aquele que suscita o conflito de idias, pensamentos, opinies de todas as classes sociais, mas tambm os costumes, hbitos, valores, comportamentos, crenas, assim como todas as manifestaes que expressem as sensaes, os sentimentos, a emoo humana (BAUMWORCEL, s.d, p. 9). Isso nos remete Brecht, que l na Alemanha, na dcada de 30 do sculo passado, nos lembrava que os sentidos e a razo no so elaborados como estando em oposio. So foras envolvidas entre si, num jogo social estimulante, que podemos chamar de arte. Para ele, uma espcie de produo criativa, artstica conseguir converter os informes dos governantes em respostas s perguntas dos governados [...] organizar em conjunto as falas entre os ramos do comrcio e os consumidores [...] sobre alta de preos dos pes. [...] Misso formal da radiodifuso [enfim] dar a essas tentativas instrutivas um carter interessante, isto , fazer interessantes os interesses (1932, p.41-42).

    Mais do que isso. Faz-se necessrio estabelecer uma relao entre este processo arqueolgico e a Ecologia da Mdia, que estuda os meios de comunicao como ambiente de interveno humana, incluindo as perspectivas histricas, materiais, econmicas e de interao dos processos comunicacionais, o que leva compreenso das motivaes humanas em um determinado contexto e o modo como este interfere na atual realidade, estabelecendo ligao entre a Arqueologia e a Ecologia.

    Essa a deixa que permite reforar a proposta do presente artigo, sugerir um mergulho em uma metodologia que busca compreender os objetos miditicos e suas expresses sob o vis arqueolgico e ecolgico (tecnolgico + ambiental). A dinmica desta imerso se compara organizao de um diagrama para a explorao de stios arqueolgicos. uma busca por experincias e materiais que devem ser garimpados e selecionados como elementos da anlise arqueolgica. Essas reflexes devem revelar a histria do objeto, mas tambm entend-lo como fruto do trabalho de um produtor, em um determinado momento, em certo lugar. A natureza do material a ser explorado pode ser a mais variada possvel, constituindo-se em bibliografias, sonoras, entrevistas e relatos, com o intuito de dar vida a novas propostas, novas mensagens, enfim, novos produtos.

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