arq. & adm. rio de janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

78
7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006 http://slidepdf.com/reader/full/arq-adm-rio-de-janeiro-v-5-n-2-p-1-76-juldez-2006 1/78 arquvo admnsração PUBLICAÇÃO OFICIAL  DA  ASSOCIAÇÃO  DOS  ARQUIVISTAS  BRASILEIROS V.  5,  n.2  jul./dez.  2006  

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Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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arquvo

admnsração

PUBLICAÇÃO OFICIAL 

DA

 ASSOCIAÇÃO 

DOS

 

ARQUIVISTAS 

BRASILEIROS 

V . 5, n.2  

jul./dez.

 2006 

Page 2: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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arquvo dmnsração

jul./dez.2006

 

.

 

5,

 

n.

 

EDITORIAL

 aulino 

Lemes 

de Sousa

 

Cardoso 

ARTIGOS

 

olíticas públicas arquivísticas: 

princípios,

 atores e

 

processos

 

José

 

Maria 

Jardim

 

17

 

ormação

 

do

 

arquivista

 

contemporâneo

 

numa

 

perspectiva 

histórica:

 mpasses e 

desafios

 

atuais 

Georgete

 

Medleg

 

Rodrigues 

43

 

ois

 aspectos da

 

ormação em preservação

 

documental

 

Ingrid

 Beck

 

53

 

usuários

 

da

 nformação arquivística

 

Lúcia

 

Maria

 Velloso de Oliveira

 

Arq.

 

&

 Adm. 

R io  

de

 

Janeiro

 

v .

 

n. 2  p . -76 

jul./dez.

 2006 

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Copyr ight 

c

 

2004 

by Associação dos 

Arquivis tas

 

Brasi le i ros

 

É  p ro ib ida

 

reprodução total 

o u parc ia l desta

 obra sem autorização expressa 

da 

Edito ra .

 

Coordenação e revisão:

 

aulino

 L em es de Sousa Cardoso 

Catalogação

 

na

 publicação (CIP) 

Arquivo

 

&  

Administ ração/Associação  

do s

 Arquivistas Brasileiros. 

Ano

 1, n.O  

(1972)

 - 

R io

 

de

 

Janei ro:

 

AAB,

 

1972

 -

 

ISSN

 0100-2244 

ASSOCIAÇÃO

 

DOSARQUIVISTAS

 

BRASILEIROS 

Membros da

 Diretoria

 

e

 

do

 

Conselho Editorial

 

Direto r i a

 

Conselho

 Edi to r ia l

 

Presidente: Lúcia

 

Maria Velloso  de Oliveira 

Vice-presidente:

 

Eliana

 Balbina Flora

 

Sales 

1 Tesoureiro:

 Renata 

Silva 

Borges 

2" 

Tesoureiro:

 

Carolina

 da Conceição  Braga Machado 

Paulino

 Lemes

 

de Sousa

 

Cardoso 

José 

Maria

 Jardim  

Lúcia Maria Velloso  de Oliveira 

Maria Odila Fonseca 

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EDITORIAL 

A  Revista  Arquivo  &  Administração  está lançando  o  seu segundo  número  do  ano  de  2006, 

sempre co m  temas atuais e or ig inados da  discussão  acadêmica  em  t o m o  

do

 c a mpo  da  Arquivologia 

Contemporânea

 

O s

 

artigos

 

do s

 

professores

 

José

 

Mar ia

 

Jardim,

 

doutor

 

em

 

Ciência

 

da

 

Informação

 

e

 

professor

 

da

 

Universidade  

Federal

 Fluminense, 

bem

 

com o

 

da  

professora

 Georgete

 Medleg Rodrigues, doutora

 

em  

História

 pela

 Université 

de

 

Paris, 

Arquivista, 

Pesquisadora 

Gerente

 

Cultural

 

do  Arquivo

 Público  

do

 

Distrito

 

Federal, foram

 

apresentados no  

X T V  Congresso  

Brasileiro  

de

 Arquivologia,

 realizado

 

de

 23  a

 

28 

de  abril

 

de

 

2006,

 

na  cidade do

 

R io  

de  

Janeiro,

 

e  q ue  teve  c om o  tema  

"A  

Arquivologia

 e

 

a  Construção

 

Social

 

do  Conhecimento". 

O  art igo  Dois aspectos da formação em preservação documental, de Ingrid Beck, 

museológa

 e  

conservadora,

 

apresenta

 

algumas

 

reflexões

 q ue  fazem  parte  

da

 

dissertação

 

de

 

mestrado

 da 

autora,

 

Ensino

 

da

 

Preservação

 

Documental

 

nos

 

Cursos

 

de

 

Arquivologia

 

Bibl io teconomia:

 

Perspectivas paraf o r m a r  um  

novo

 prof iss ional . A  dissertação  

fo i

 orientada  pela 

Profa.

 Dra. Maria  

Odila

 

Fonseca

 e  

defendida

 junto  à  Universidade 

Federal

 Fluminense  

em

 convênio  co m

 

o

 Instituto  Brasileiro  de  Informação  em  Ciência  e  Tecnologia  

-

 IBICT,  

em

 abril de  

2006. 

Lúcia  Mar ia

 Velloso

 de  

Oliveira, graduada  em

 

História  e

 em

 

Arquivologia,

 

escreveu

 o  artigo 

O s usuários da informação arquivística, tendo  c o m o  base sua dissertação de m est rado, 

usuário

 

c o m o

 

agente o processo 

e

 

transferência

 

dos

 

conteúdos

 

informacionais 

arquivísticos.

 

Sua

 

dissertação

 

fo i

 

elaborada

 

so b

 

a

 

orientação

 

do

 

professor

 

José

 

Mar i a

 

Jardim

 

e

 

dentro

 

do  p rog rama 

de

 pós-graduação  

em

 Ciência  

da

 Informação, convênio  Universidade  Federal  Fluminense e 

IBICT. Adefesa  

da

 dissertação  ocorreu 

em

 agosto  

de

 2006. 

Paulino  Lemes  de  Sousa Cardoso. 

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POLÍTICAS

 

PÚBLICASARQUIVÍSTICAS: 

PRINCÍPIOS,

 

ATORES

 E PROCESSOS

 

José

Maria

 

Jardim

 

Doutor  em  Ciência  

da

 informação

 

Professor

 do  Dept. de  

Ciência  da

 Informação  

da

 

Universidade

 

Federal

 Fluminense 

jardimbr@  gmail.com  

RESUMO 

O  tema  

políticas

 

públicas

 

arquivísticas

 vem  

encontrando

 um  espaço  cada  vez  maio r  como  objeto  de  

pesquisa

 

na  Arqui  

vologia.

 Nesse sentido, 

o

 artigo  aborda  quais seriam  

as

 possíveis razões 

pa ra

 

o

 

crescente

 interesse 

pelas políticas públicas de  informação

 

e

 

pelas políticas públicas arquivísticas, 

o

 

terri tório

 

das

 

políticas 

públicas;

 as

 

políticas

 

públicas

 de  

info rmação;

 

as

 

políticas

 

públicas 

arquivísticas;

 as

 

dimensões

 técnica 

e

 

política;  e 

o s

 l imites

 

e

 

possibilidades

 

de  um a

 

política

 

pública

 

arquivística. 

Palavras-chave:

Política públ ica; Arquivística; 

In f o rmação .

 

Introdução 

Políticas

 

públicas

 

arquivísticas

 

é

 

um

 

tema

 

freqüente

 

num

 

certo

 

discurso

 

oficial

 

presente

 

em

 

vários

 países, 

na  

legislação, no s

 

relatórios,  no s planos 

de  

trabalho

 

de

 

arquivos públicos,

 

etc. De  certa

 

f o rma , 

a

 incidência  

desse

 discurso, 

especialmente

 no s úl t imos 

dez

 

anos,

 p romoveu  

a

 naturalização  

do

 

tema, acirrada  p o r  

um a

 escassez de

 

reflexões

 

mais

 

profundas

 

a

 

respeito.

 

Falamos sobre 

a

 

necessidade

 de  políticas 

públicas

 arquivísticas, 

procuramos

 ensinar  

a

 respeito, 

m as  encontramos  este  tema  

pouco

 aprofundado  na  literatura  arquivística. O u  então  tendemos

 

a  

reconhecê-

 

lo

 

associado

 

a  um  conjunto

 

de

 

prescrições

 

q ue

 

colidem

 

diretamente

 

co m

 

a  dinâmica  

do

 

mundo

 

político. 

Nessas circunstâncias, a  polít ica

 

arquivística  

tende

 

a

 

ser

 

muito

 

m a i s

 

um a  peça  de

 

retórica  do

 

q ue

 

um a 

realidade

 

q ue

 se  

plasma

 

a

 

partir

 

de

 princípios,  

ações

 

e

 

atores

 concretos. 

Apesar

 

disso,

 

ainda

 

q ue

 

t imidamente,

 

o

 

tema

 

políticas

 

públicas

 

arquivísticas

 

vem

 

encontrando

 

um  

espaço

 cada  vez

 

m a i o r  c om o  

objeto

 

de  pesquisa

 na  Arquivologia.

 

A  política 

arquivística,  reconhecida 

na

 

sua  complexidade  e  

variadas  fo rmas  de  

ser  conceituada  e  

operacionalizada,

 está  

presente

 não

 apenas

 

no 

cotidiano  de  nossas instituições  

e

 

serviços

 

arqui

 vísticos, 

m as

 

também

 

-e

 

cada

 vez 

mais

 -  no  ensino, 

na

 

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procuram  

novos

 

parâmetros

 para  seus 

norteamentos

 polít icos em  

curso

 o u voltam-se para  o  

tema  

pela

 

pr imei ra

 

vez.

 

Quais

 

as

 possíveis razões  para

 

este interesse 

crescente

 pelas políticas 

públicas

 

de

 informação

 

e,

 

no

 

nosso

 

caso,

 

pelas

 

políticas

 

públicas

 

arqui

 

vísticas?

 

De

 

um

 lado, como  

sugere

 a

 UNESCO

 

desde o s

 anos

 80,  o

 insucesso

 do s

 

mega-sistemas

 

nacionais

 

de

 informação. Do  outro, 

a  

comprovação  de

 

q ue  sistemas,  p rogramas o u  

ações

 informacionais tendem  

melhores resultados  quando  precedidos pela  formulação

 e

 implementação  de  políticas informacionais.

 

Nos anos 90,  dois fenômenos talvez  tenham  contribuído  também  para  

um a

 

ma io r

 

preocupação

 

co m  as 

políticas

 

públicas

 informacionais.

 

Um  deles  

é

 

a

 ampliação  do s novos m o do s de  produção,  conservação  e uso  da  informação  so b  

crescente  utilização  das  tecnologias da  

informação

 de  comunicação. Me s m o  

em

 

países

 do  capitalismo 

periférico,

 

co m  maiores  

dificuldades 

de  acesso

 às

 

tecnologias 

da

 

informação  

e

 

comunicação, 

há  um

 profundo 

impacto  nas organizações  e,  é claro, nas administrações públicas.  Não

 p o r  

acaso, o

 

tema  do s  documentos

 

eletrônicos 

e

 das novas f o rmas  de

 

uso

 da

 informação  arquivística  no  ambiente w eb  tem  ocupado  tanto  

agenda  

arquivística

 internacional. 

Um  

outro

 aspecto  

a

 

influir

 

na  ampliação

 

do

 

debate sobre as políticas públicas  informacionais

 

refere-se, no s  últimos anos, ao s novos parâmetros  de  gestão  política  e  científica  da  informação  mostraram-

 

se  necessários. Esses  novos  delineamentos vêm  emergindo,  entre outros  exemplos, a

 

partir

 

de

 

experiências 

recentes

 

de

 

governo

 

eletrônico,

 

gestão

 

do

 

conhecimento

 

e

 

gestão

 

da

 

inteligência

 

nas

 

administrações

 

públicas, 

além  das  pesquisas acadêmicas sobre o  

tema. 

Um  outro  

aspecto

 

impor tante

 nas novas 

abordagens

 do  tema  

são

 as 

t ransformações

 

q ue

 vê m  

ocorrendo  no  Estado, especialmente na  

Amér ica

 

Latina.

 A  part i r  do s anos 90, vivenciamos o  modelo

 

neoliberal

 c om o  norteador

 

das políticas  de

 

diminuição  do

 

Estado

 e

 de  novos métodos de  gerenciamento

 

-  nem  sempre

 

eficientes 

-

 das  organizações 

públicas. 

Esse  modelo, caracterizado  pela  vilanização  

do

 Estado 

e

 

o

 

endeusamento

 

do

 

mercado

 

c om o

 

regulador  das  relações 

sociais,

 comprometeu  fortemente

 

as políticas

 

públicas

 

em

 

geral.

 

Ma i s

 

recentemente,

 

constatamos

 

o

 

reconhecimento,

 

até

 

mesmo

 

pelos

 

o rgan ismos

 

internacionais, q ue  o  

modelo

 neoliberal  esgotou-se.

 O  q ue  er a

 antes  

consenso,

 

 não  

o  é

 

mais . 

O

 

saldo  

informacional

 resultante da  

privatização

 de  

funções, q ue

 até  

então

 

eram

 consideradas 

estratégicas  nas administrações 

públicas,

 ampl iou o  

débito

 histórico  do  Estado  em  relação  à  sociedade. 

Ainda no  caso  da  Amér ica Latina, o  

reencontro

 co m  a  democracia  e discussão  do  direito  à 

informação  favoreceu  

em

 alguns  casos um  debate

 

renovador  sobre 

a

 função  do s arquivos c om o  recurso

 

social .

 

C o m o

 

tal,

 

as

 

políticas

 

púb l i cas

 

arquivísticas

 

ganharam

 

m a i o r  

espaço

 

de

 

reflexão 

e  

concretização. 

Vale

 

lembrar  q ue

 

em

 diversos  outros aspectos 

da

 vida social, constata-se  

recentemente

 um a

 

m a io r  preocupação  co m  as políticas públicas. Essa tendência  

reflete

 

a

 emergência  de  novos 

valores

 na

 

cultura  política  c o m o  a  busca  pela  

transparência

 nas

 decisões

 

e

 

a

 ma i o r  

distinção

 

entre 

o  

público

 

e

 o

 

privado

 (Melo, 1999). 

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 erritório das políticas públicas 

Análise  de  Políticas Públicas  é

 

um a  área

 de  

conhecimento, 

de

 matr iz  anglo-saxônica

 

e  oriunda 

 

Ciência  Política, co m  caráter

 

multidisciplinar. Para Bardach (1998), trata-se

 de

 um  

"conjunto

 

de

 

 p ropo rc ionado  pordiversas

 

disciplinas

 

das

 

ciências

 

humanas utilizados  para buscar 

 

o u

 

analisar  

p roblemas

 

concretos

 em

 política  

(policy)

 

pública". 

Segundo  Dye  (apud

 

Dagnino,

 

2002),  

fazer  

"Análise

 

de  

Política

 

é  

descobrir  

o

 q ue  

o s  

governos

 

 po r que

 

fazem

 

e

 

q ue

 

diferença  isto

 

faz... é

 

a

 

descrição  

e

 

explicação  

das causas

 

e

 

conseqüências

 

da 

 

do  governo". 

A

 

análise

 

de

 

políticas

 

públicas,

 

conforme

 

Wildavsky

 

(apud

 

Dagnino,

 

2002),

 

visa

 

"interpretar

 

as

 

 e  conseqüências da  ação  do  governo, em  particular,  ao  

voltar

 sua  

atenção

 ao  processo  de  formulação 

 política". 

As 

políticas

 públicas 

tendem

 

a

 

serem

 

compreendidas

 

como

 o  

"Estado

 

em  ação",

 

o u

 

seja, 

o  

Estado 

 

um

 projeto

 de

 

governo. 

Trata-se

 de  ações

 procedentes  

de

 

um a

 autoridade 

dotada  de

 

poder 

 e  de  

legitimidade

 governamental q ue  afeta  um  o u ma i s setores da  sociedade. 

Muller  e  Surel (2004, p .

 

11),  numa

 

perspectiva

 

cognitiva, 

entendem

 a

 

ação

 

do

 

Estado

 

co m o  um  

 

privilegiado

 

"

 

no

 

qual

 

as

 

complexas

 

sociedades

 

modernas

 

"vão

 

colocar

 

o

 

problema

 

crucial

 

de

 

sua

 

 

co m

 

o

 

mundo

 através 

da

 

construção

 

de

 

paradigmas  

o u

 

de

 

referenciais". O s instrumentos

 

q ue  

da í 

 favorecem  a  ação  social "e  o s espaços  de  

sentido

 

no

 inter ior  das quais o s  grupos sociais vão 

 

Confo rme 

Dagnino  (2002), um a  política

 é  

constituída

 

de

 

um  conjunto

 

de  

medidas  

concretas 

ue

 

f o rmam

 

a

 

sua

 "substância"  

e

 anuncia

 

claramente

 seus

 objetivos

 e  

metas. "Normalmente 

impl ica

 

em  

a

 série  de  decisões. 

Decidir  q ue

 

existe

 um  problema. 

Decidir

 

q ue

 

se

 deve  tentar

 

resolver.

Decidir  a

 

 maneira  de

 

resolver"

 

(Subirats,

 

J.

 

in

 

Ferr i

 

Dura,

 

2004). 

Po r

 isso,

 

um a

 política  pública  deve

 

ser

 

mplamente

 identificada

 

enquanto

 

tal

 

e

 comunicada  

à

 sociedade  

civil. 

A  relação

 

entre

 

sociedade

 e  

Estado, o

 grau  

de

 

distanciamento  o u ap rox imação , as

 f o r m a s

 

de

 

utilização  

o u

 

não  de  canais  de  comunicação  entre  o s  

diferentes

 grupos  da

 sociedade  

e o s 

órgãos  públ icos-que  refletem

 

e incorporam

 

fatores

 

culturais

 

[...]-estabelecem

 contornos

 

p r ó p r i o s

 para 

as

 polít icas  

pensadas

 para a  sociedade. Indiscutivelmente, as

 f o r m a s  de

 

organização,

 

o

 

pode r

 

de

 

pressão

 

e

 

articulação

 

de

 

diferentes

 

grupos

 

sociais

 

no

 

processo

 

de

 

estabelecimento  e reivindicação  de  demandas  sã o

 

fatores

 

fundamentais na  conquista de 

novos 

e

 mais

 amp lo s 

direitos  sociais,

 inco rpo rados ao  exercício  da

 

cidadania. ( H O F U N Q 

2001,

 

p . 39). 

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Um a  política  pública  é  

necessariamente

 

um

 

processo

 dinâmico  sujeito  a  alterações 

diversas.

 

Po r  isso

 

a  impo r t ânc ia  da

 

sua  

avaliação

 

p o r  distintos

 

atores,

 

de

 

f o r m a  a  

favorecer

 as inevitáveis 

modificações 

q ue

 sobre 

ao  longo  do

 

tempo. 

Dagnino

 

(2002,

 

p .

 

3)

 

aponta

 

alguns

 

elementos

 

q ue

 

no s

 

auxiliam

 

compreendermos

 

a

 

amplitude

 

do  conceito  

de

 políticas  públicas:

 

l -adist inçãoentrepolí t icaedecisão:apolí t icaégeradapor

 um a série de  interações entre 

decisões

 

mais  

o u  

menos  conscientes  de

 

diversos  atores

 sociais (e

 

não  somente

 

do s

 tomadores 

de  

decisão)

 

2

 -

 

a

 

distinção  

entre  

política

 e

 

administração 

3

 

-

 

q ue

 

política

 

envolve

 

tanto

 

intençõesquanto

 

compor tamentos

 

4

 -  tanto  ação

 

co mo

 

não-ação

 

5 -  q ue

 pode  

determinar

 

impactos não

 

esperados 

6

 

-

 q ue  

o s

 propós i tos podem  

ser

 

definidos

 

ex

 post , racionalização 

7  -  q ue  

ela

 é  um  processo  q ue se  

estabelece

 ao  longo  do  tempo 

8  -  q ue  envolve

 

relações  intra  e  inter

 

organizações

 

9

 

-

 

q ue

 

é

 

estabelecida

 

no

 

âmbito

 

governamental,

 

m as

 

envolve

 

múlt iplos

 

atores

 

10 

-

 q ue  é  definida  

subjetivamente

 

segundo

 

as

 

visões

 

conceituais

 

adotadas.

 

Da

 m e sm a  

fo rma ,

 

vale

 

ressaltar

 

alguns

 pontos 

destacados

 p o r  Muller  (2004,  p . 22): 

.  a

 

existência  de  um  

conjunto

 de  medidas concretas; 

.

 a

 

inserção  

da  

política

 

pública

 

num

 

um  quadro  

geral

 

de

 

ação,

 o

 

q ue  significa

 

af i rmar

 

q ue  nunca 

é

 um a  

ação

 isolada; 

.  toda  

política

 pública  possui sempre um  

público

 e  objetivos definidos. 

Algumas  políticas 

são

 mais explícitas 

o u

 

latentes

 

o u

 

tomam

 a

 

f o rma  

de

 um a  "não-decisão".  Po r 

isso  o  

estudo

 de  

políticas

 

deve

 deter-se, também, no

 exame

 de  não-decisões. 

Em  

alguns

 casos, a

 

não-tomada  de

 decisão  assume

 a

 f o rma  

de  

decisão.  

Analisando  políticas 

públicas

 

de

 

informação

 

no

 

Brasil,

 

chama-nos

 

a

 

atenção,

 

preliminarmente,

 

a

 

aparente

 

falta

 

de

 

decisão.

 

A

 

"não-decisão",  po rém ,  é

 

um  

ato  de  poder. 

É  

diferente da

 decisão

 

q ue  não  se

 t o ma  

p o r

 falta  de  poder  

o u p o r

 

inércia  

o u

 p o r  inépcia. 

A  análise 

de

 

polít icas

 tende a  se r  a  se r

 

dividida  

em

 t rês fases

 

sucessivas  -F o r m u l a ç ã o , 

Imp lemen t ação  e

 Avaliação

 

-

q ue con fo rmam  

um

 ciclo

 

q ue se

 real imenta.

 

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públicas

 

de

 informação

 

A  literatura  voltada  

ao s 

estudos

 

da  informação

 

não  dispõe  de  um  quadro  conceituai mais denso 

sobre

 

polít icas

 

públicas

 

de

 

i n f o rmação .

 

Normalmente

 

essa

 

literatura

 

ignora

 

o s

 

aspectos

 

teór icos

 

e

 

metodológicos da  análise de  políticas 

públicas.

 

A

 

noção  de "polít ica

 

de

 

i n fo rmação"

 

tende 

a ser

 

naturalizada e a  designar  

diversas

 

ações e 

processos

 do  

campo

 

informacional: arquivos,

 

bibliotecas,

 

internet,

 

tecnologia

 

da

 

informação,

 

governo 

eletrônico,  

sociedade

 da  

informação,

 

informação

 

científica

 e  

tecnológica,

 etc. 

Um  conjunto  de  decisões  governamentais  no  campo  da  informação  não  resulta  necessariamente 

na

 

constituição

 de  

um a

 

política

 

pública

 de  informação. Um a  

política

 de  

informação

 é  

mais

 

q ue

 

a

 

s oma

 de

 

um

 

determinado

 

número

 

de

 

programas

 

de

 

trabalho,

 

sistemas

 

e

 

serviços.

 

É  necessário  q ue  se  defina  o  universo  geográfico, administrativo,  econômico,  temático, social 

e  

informacional

 a  

ser

 

contemplado

 

pela

 

política

 

de

 informação. 

Da

 

mes ma

 

f o rma ,

 

devem

 

ser

 

previstos

 o s

 

diversos atores do  

Estado

 e  da  

sociedade

 

envolvidos

 na  

elaboração,

 

implantação,

 

controle

 e 

avaliação

 

dessas

 

políticas.

 

Políticas  

públicas

 

de

 

informação

 

são

 

norteadas

 

p o r

 

um

 

conjunto

 de  

valores

 

políticos

 

q ue

 

atuam  

como

 

parâmetros

 

balizadores

 à  

sua

 

formulação

 e  

execução.

 

Podem

 estar  "difusas"  no  âmbito  de  

outras 

políticas

 

públicas,

 

m as

 

não

 

implícitas.

 

O

 

Estado

 

democrático

 

é,

 

p o r

 

pr incípio,

 

incompatível

 

co m

 

políticas

 

públicas

 

de

 

saúde,

 

educação,

 

habitação

 o u  

informação,

 

q ue

 

não

 

sejam  explícitas. 

Alguns  elementos 

tendem

 a  estar  presente  

nas

 políticas públicas de  

informação:

 

a)

 

O

 

alcance

 e

 o

 

conceito

 

de

 

informação

 

identifica

 

a

 política  de

 

informação  

b)

 O  

alcance

 de  

ações

 da  

política

 de  informação: 

Ações

 

no

 

Estado

 

Ações 

na

 Sociedade

 

Ações Estado-Sociedade 

Ações

 Sociedade-Estado

 

c)

 

O

 

equilíbrio

 

entre

 

atividades

 normativas e  operacionais  

na

 

sua

 

execução; 

d)  A

 

relação

 

da

 

polí t ica  da in fo rmação  co m

 

as demais polít icas

 

públ icas ,

 o u seja, 

a

 

sua

 

transversalidade: 

Políticas

 

de

 

cultura

 

Políticas de  saúde 

Políticas

 de  educação

 

Políticas

 de  transportes 

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e)

 

A  part icipação  do s diversos atores 

sociais

 q ue  são

 

contemplados  

p o r  

essas polít icas de

 

informação 

Políticas

 

públicas

 

arquivísticas

 

De  

f o r ma

 

sintética, entende-se p o r  políticas públicas arquivísticas o  conjunto  de

 

premissas, 

decisões  

e

 ações -  produzidas  

pelo

 Estado  

e

 inseridas 

nas

 agendas 

governamentais

 

em

 

n o me

 

do

 interesse 

social - q ue

 

contemplam  o s diversos  aspectos (administrativo,  legal, 

científico,

 cultural, tecnológico, 

etc.) relativos  

à

 produção, uso  e  preservação  

da

 informação  arquivística  de  

natureza

 

pública

 

e

 privada. 

Políticas

 

públicas

 

arquivísticas

 

podem  ser  setoriais

 

(em

 

função

 

das

 características

 de

 

produção 

do s

 

arquivos,

 

tipologia,

 

utilização,

 

demarcaçãQ.administrativa,

 

etc.)

 

e

 

podem

 

apresentar

 

um a

 

configuração

 

nacional,

 regional

 

o u

 

local.

 

Espera-se, em

 

qualquer  

circunstância,

 q ue  apresentem

 

alto

 

grau

 

de  transversalidade

 

o u seja, 

intersecção  

co m

 outras políticas públicas,  tendo  em  vista  

a

 importância  

da

 informação  para  

a

 execução  de 

cada  

um a

 delas. Em  outras palavras,  políticas  públicas, nas áreas de saúde, ciência  o u habitação, contam  

-

 

co mo

 

um

 

do s fatores

 

a  

influenciar

 

seus

 

resultados -

 

co m  o s

 diversos impactos  

das

 

políticas

 

arquivísticas 

na  

atuação

 das

 organizações

 

governamentais  naquelas  

áreas.

 

Um

 aspecto  muito  freqüente  

é

 

confundir

 legislação  arquivística 

co m

 política  

arquivística.

 

A  legislação

 

arquivística

 

fornece

 

elementos normalizadores à  política

 

arquivística, m as não

 

é 

em  

si

 m e sm a  

um a

 política. 

Muitas 

vezes 

a

 

legislação

 

arquivística

 tende 

a

 ser  

considerada

 

o

 

marco

 

zero

 de  um a  nova  

er a

 

arquivística. 

É  compreensível

 

tal

 expectativa  

já  q ue  um a  

legislação  

adequadamente concebida pode

 

ser  um

 

poderoso

 

instrumento

 

a

 

favor

 da  gestão, uso  e

 

preservação  do s

 arquivos.

 

A

 

viabilidade dessa

 

legislação

 

toma-se comprometida

 

se

 

não  fo r  

simultaneamente 

instrumento 

e

 

objeto

 

de

 

um a

 

política

 

arquivística.

 

C o m o

 

assinala

 

Couture

 

(1998),

 

"a

 

existência

 

da

 

lei

 

não

 

garante

 a 

sua

 

aplicação...  A 

legislação

 

não

 pode

 

ser  confundida 

co m

 

aação

 

concreta". 

A s 

políticas

 arquivísticas

 no 

quadro das políticas públicas

 de 

informação

 

Políticas  públicas arquivísticas constituem  um a  

das

 

dimensões

 da s polí t icas públicas

 

informacionais.  

Em

 função  da  

realidade

 observada,  

é

 

possível

 

detectar

 situações 

nas

 

quais

 

políticas

 

públicas

 

arquivísticas

 

são

 

concebidas

 

e

 

implementadas

 

-

 

normalmente

 

sem

 

muito

 

sucesso

 

-

 

ignorando-se

 

as

 

demais

 

políticas

 

públicas

 

de

 infonnação

 existentes. Da  mesma  fo rma , são

 

freqüentes

 

situações

 

nas  quais

 

políticas 

públicas

 

de  informação

 

- muitas vezes em  nível 

nacional

 - desconhecem  p o r  completo  as  peculiaridades 

do

 

universo

 

arquivístico. Em  alguns 

casos,

 p o r  exemplo, políticas arquivísticas e

 

políticas de  

governo

 

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 perdem  

co m

 

essa

 

ausência

 de  

interfaces,

 

especialmente

 

o

 

campo

 

arquivístico,

 

normalmente 

 

visível

 q ue  aquele 

relacionado

 co m  

as

 questões 

inerentes

 

ao s

 projetos  de  

governo

 eletrônico. 

s

 

dimensões

 

écnica

 

e

 

política

 

As 

ações

 

resultantes

 

das

 

decisões

 

q ue

 

constituem

 

as

 

políticas

 

públicas

 

arquivísticas

 

revestem- 

 

na

 maio r i a  

do s

 

casos,

 de  

um

 

caráter

 

técnico-científico. N o

 entanto, políticas 

arquivísticas

 

existem  

 

responder

 

a

 problemas polít icos do  campo  

do s

 arquivos. Isto  pressupõe, inicialmente, 

a

 

necessidade

 

 

identificar

 

e  

analisar

 

estes

 

problemas. 

Reconhecê-los 

exige

 

um

 conjunto  de  

conhecimentos

 simultaneamente técnico-científicos e 

 

Assim,

 

a

 

demanda

 

p o r

 

um

 

plano

 

de

 

classificação

 

de

 

documentos

 

pa ra

 

ampl ia r

 

a

 

qualidade

 

da

 

 de  um  organismo  governamental 

é

 um  

problema

 

político.

 

As

 decisões de  produzir  

e

 implantar  o 

 

de

 

classificação

 de  

documentos

 

também.

 

Este,

 

po rém ,

 é  

um

 

recurso

 

técnico-científico,

 

referido

 à

 

 arquivística, 

cuja

 qualidade  na  

concepção

 

pode

 

comprometer

 

sua

 aplicabilidade técnica  

co m

 graves 

onseqüências

 

políticas.

 As  dimensões  

política  e  

técnica

 encontram-se, 

portanto,

 visceralmente

 

associadas

 

esde

 a  

concepção

 à  

execução

 

das

 suas 

diversas

 

facetas. 

H á

 freqüentes associações  

entre

 as  

concepções

 

de

 políticas arquivísticas  e  

sistema

 nacional 

(ou

 

local

 

e

 

regional)

 

de

 

arquivos.

 

A

 

Fundación

 

Histórica

 

Tavera

 

recomenda,

 

p o r

 

exemplo ,

 

q ue

 

países

 

c o m o

 

Chile, 

Paraguai

 e  

Uruguai

 

adotem

 

um

 

"Sistema

 

Nacional

 de  

Arquivos

 

q ue

 

articule

 e  

normal ize

 a  

política 

arquivística  nacional". 

So b

 

tal

 concepção, o  sistema  é  anterior  à  política  e  

esta

 é  um a  instância  controlável 

pelo

 Sistema.

 Num  plano

 

mais 

geral, a  

mesma  perspectiva

 

é  

assumida

 

p o r

 

Molino

 

ao

 

anahsar

 

políticas

 

de 

informação

 

na

 

Amér ica

 

Latina

 o u no  

Caribe,

 o u 

seja,

 a  

compreensão

 

teórica

 e  operacional 

da

 polít ica

 

informacional

 

parece

 

inevitavelmente

 

associada,

 

sem

 

justificativa

 pa ra  tal, a  um a  concepção  sistêmica. 

Neste sentido, diversas iniciativas

 

têm  

fracassado

 

po rque sistemas 

arquivísticos

 são

 

produtos 

e

 

não

 

causas

 

de

 

políticas

 

arquivísticas.

 

A

 

política

 

arquivística

 

tende,

 

po rém,

 

a

 

ser

 

influenciada

 

pelo

 

sistema

 

arquivístico,  

desde

 

q ue

 este efetivamente  

funcione.

 

O

 sistema,  

neste

 caso,  é  

um

 

modelo

 

de

 gerenciamento,

 

entre

 outros q ue  podem  

ser

 tomados 

c o m o

 ferramenta  na  

condução

 de  políticas 

arquivísticas.

Seja  qual 

fo r  a  

anatomia

 do  sistema, da  rede  

o u

 do s programas de  ação, 

sua

 

concepção

 e  operacionalização  

decorrem  

da  política arquivística.

 

Levando  

todos

 

esses

 aspectos em  conta  

e,

 sobretudo, tentando  

transcender

 

a

 

dicotomia

 

entre

 as 

dimensões

 

política

 e  

técnico-científica,

 

p o r

 

q ue

 

políticas

 

públicas

 

arquivísticas

 exigem  

tantos

 

esforços 

na  sua  formulação,  implementação  

e

 avaliação? 

Alguns aspectos 

merecem

 serem  contemplados  

se

 

quisermos

 no s  

ap rox ima r

 de  um a  resposta  

a

 

essa

 

questão. 

De

 imediato,

 um  aspecto

 

relevante

 é a  relação  Estado  e 

Sociedade

 

no  

âmbi to  

da

 qual

 são 

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porém  

parece

 

favorecida  pela  

visibilidade

 do  universo  de

 

questões

 envolvidas. 

È

 

o  caso  

das 

políticas

 

públicas  de

 

saúde,

 

educação,

 

emprego,  etc. No  caso  das  políticas

 

informacionais,

 

o  alcance  do s

 

intentos

 

de  políticas públicas mostra-se visceralmente  associado  a  aspectos  tais como: 

• o  

compromet imento

 do  Estado  co m  o  uso  adequado  

-

em  todos  o s

 

sentidos  -  da  informação

 

pela  administração  pública e  pela  sociedade 

 

as

 condições da  

sociedade

 

civil

 

em

 

reconhecer  a

 

informação  governamental co mo  

direito, 

utilizá-la  e  gerar  novas  demandas

 

a  part ir  dessa  utilização

 

Verticalizando  essa

 

percepção  pa ra

 o

 

universo  

arquivístico,

 

alguns 

obstáculos

 tendem  a

 

serem

 

freqüentes:

 

 

grau

 

de

 reconhecimento  

da

 

importância  

da

 informação

 arquivística

 

e  

das

 instituições

 

e

 

serviços arquivísticos pelo  Estado  e  a sociedade civil 

 capacidade

 

polí t ica

 e técnico-científica  

da s

 instituições arquivísticas  públicas 

identificarem

 e  lograrem

 formular ,

 executar

 

e  

avaliar  políticas

 públicas 

arquivísticas. 

Os

 imites e 

possibilidades

 de uma política pública 

arquivística 

Considerando

 tais

 

aspectos,

 parece

 

evidente

 q ue

 as  

políticas

 públicas  

arquivísticas

 

pressupõem  

profundo  conhecimento  político, gerencial e  técnico-científico  p o r  parte  do s seus formuladores. 

Trata-se

 

de

 um  

conhecimento  q ue

 

emerge

 

de

 

olhar  multidisciplinar,

 

a

 

part i r  não

 apenas 

da

 

Arquivologia,

 

m as  também  da  Análise  das Políticas

 

Públicas, da  Ciência

 

Política

 e  da  Administração.

 

Além

 

disso,

 requer  um  

conhecimento

 

extensivo

 

da

 realidade 

sobre

 a  

qual

 

o

 Estado  -

na

 

f igura

 da s 

instituições 

arquivísticas  -pretende

 agir  em

 relação

 ao s arquivos. 

Nessa

 

realidade

 

incluem-se

 

as

 

f o rmas

 

de

 

produção,

 

uso

 

e

 

conservação

 

do s

 

arquivos

 

públicos

 

e

 

privados  q ue  se  inserem  

no

 raio  de  alcance da  política  buscada,  bem  

co mo

 o s atores  que, no  Estado  e  na 

sociedade,  podem  

ser

 tocados direta  o u  

indiretamente

 p o r

 

essa  política. Po r   isso, instituições arquivísticas 

abertas à

 realidade

 

social

 

q ue  as envolve  

f o rmam

 

um a

 condição  fundamental

 pa ra

 o s intentos

 de

 

políticas

 

arquivísticas.

 

Do  

ponto

 

de

 vista  democrático, 

diversos

 

setores

 

devem

 estar  envolvidos  também  

na

 formulação, 

implantação  e 

avaliação

 

da s

 políticas públ icas arquivísticas.

 

Supõe-se  q ue mecanismos legais 

e

 

institucionais

 

sejam

 

foijados

 

e

 

concretizados

 

de

 

f o rma

 

a

 

garantir

 

a

 

representati

 

vidade

 

de

 

agentes

 

do

 

Estado

 

e  da  Sociedade 

Civil

 nesse processo. 

Prevê-se

 a  presença, nesse processo, de  agentes 

públicos

 das áreas  de 

ciência,

 

tecnologia,

 

administração,

 

educação  e  cultura,

 

bem  c om o  do s  poderes

 

Executivo,

 

Legislativo  e

 

Judiciário  em  distintos níveis  

de

 governo. Numa  cultura política 

permeada

 p o r  valores 

co mo

 participação  

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quantitativamente,

 

em

 

grau

 

q ue

 

impeça  a

 

hipertrof ia a

 

favor

 do

 Estado  no  processo  político  decisório. 

Agentes

 representantes do s  diversos t ipos 

de

 usuários do s arquivos, 

bem

 

c omo

 do s  arquivos  privados,  

de

 

instituições

 de  ensino

 e  

pesquisa

 

fo ra  do  

aparelho  

de  Estado

 e

 de  

organizações

 

profissionais

 

arquivísticas 

devem

 

ter

 

assegurado

 

a

 

sua

 

participação.

 

Entre  o  desenho  político-juridico  ideal  e  a  sua  realização  há  distâncias maiores ou  menores  q ue 

são  identificadas ao  longo  de

 tempo.

 A

 

superação

 

da

 

retórica

 

participativa

 

p o r  um a

 

prática

 efetiva,

 capaz 

de  legitimar  um a  propos ta  

de

 política  

arquivística,

 

é  em  si  um  terri tório  

de

 

ação

 

política.

 

Enfim,

 se  é 

preciso

 avaliar  freqüentemente  o  alcance das  políticas executadas, mostra-se  

também

 relevante  a  análise 

do  processo

 

de  formulação

 

das políticas,  procurando-se

 

a

 

correção  de  

aspectos

 q ue

 

possam

 

comprometê- 

l o .

 

Instituições

 

arquivísticas,

 

cujo

 

modelo

 

organizacional

 

ressalta

 

a

 

sua

 

invisibilidade

 

política

 

e

 

social, são

 

incompatíveis

 

co m  

políticas

 

públicas

 

arquivísticas.

 Isto

 

não  

significa

 necessariamente  q ue 

tais

 

instituições

 

gozem

 

de  excelentes

 

condições

 

de  

infra-estrutura

 tecnológica, legal, 

física

 

o u  

humana.

 

No

 entanto,

 é

 necessário  que,

 mesmo  não  dispondo

 

do

 

melhor

 nesse

 sentido, o s  

arquivos

 

públicos

 tenham  

um  mín imo  

de

 

norteamentos

 

políticos

 e  científicos 

sobre

 suas  funções  contemporâneas.. 

Face ao

 

expos to , ao  ana l i sa rmos um a

 

polít ica

 públ ica

 

arquivíst ica,

 alguma

 perguntas

 

fundamentais merecem  ser

 

respondidas: 

'

 

xiste  um a  

política

 arquivística?

 

'

 

enãoexisteumapolítica,porquetalocoire?Foifonnulada,publicizadaenãoexecutada?

 

• 

Não  fo i

 

formulada?  Fo i

 anunciada, 

m as  não

 

formulada? 

> e  existe  um a  

política

 arquivística,

 

o

 q ue

 faz

 a

 administração

 pública

 federal, estadual

 

o u  municipal em  

te rmos

 da  

execução

 dessa  

política?

 

r

 

uais

 

o s

 

atores,

 

do

 

Estado

 

e

 

da

 

sociedade

 

civil,

 

envolvidos

 

na

 

formulação,

 

execução

 

e

 

avaliação  dessa

 

política?

 

r

 

uais

 

o s

 

atores

 

do  Estado

 e

 

da

 sociedade 

civil

 

q ue

 

são  objeto  

da

 política

 

arquivística? 

'

 

uais

 são  as  conseqüências 

dessa

 

política  

junto  à  

administração  

pública  e

 

à

 sociedade?

 

'

 

ua l

 

a

 

pr incipal

 

autoridade,

 

do  Estado,

 

envolvida

 

nessa

 

política?

 

uais

 as  

medidas

 

concretas

 q ue  

expressam

 a  política  

arquivística?

 

Quais

 e  como  são 

comunicados

 

seus  objetivos

 

ao

 

conjunto  da  sociedade?

 

'

 

uais

 as  

ações

 

potencialmente

 

relacionadas

 

co m

 a  política  arquivística e  q ue  não  são 

objeto  de  decisões  p o r

 

parte da

 

autoridade 

governamental?

 

Quais

 

os

 

textos

 

legais  

q ue

 

constituem

 referências  pa ra

 

essa  política?

 Além  do

 aspecto

 

Page 15: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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'

 

uais

 

os

 

conceitos

 

q ue  norteiam

 

a  formulação,

 

execução  e  avaliação  da  política

 

arquivística? 

>

 o m o  a  

política

 arquivística  expressa  

transversalidade

 em  relação  ao  outras políticas 

públicas

 

no

 

campo

 

da

 

informação

 

e

 

de

 

outros

 

setores

 

do

 

Estado?

 

Essas

 

e

 

outras

 

perguntas, além  de

 

várias

 

possibilidades

 

de  respostas, sugerem

 

q ue

 

o

 

debate

 

sobre  políticas  públicas arquivísticas ainda  merece um a  ma io r  verticalização  seja  p o r  parte  das instituições 

arquivísticas 

o u

 do  mundo  acadêmico.

 

O s

 

atores

 

públicos

 

e

 privados

 envolvidos  em

 processos

 de  

formulação,

 execução

 

e

 avaliação  

de

 

políticas arquivísticas 

necessitam

 ampl ia r  

ainda

 ma is 

o

 

espaço

 

público

 sobre 

o

 tema. 

Trata-se

 

de

 

um a

 

demanda

 

polít ica

 

e

 

científica

 

que,

 

exercida

 

pelo

 

Estado

 

e

 

a

 

sociedade

 

civil,

 

pode

 

favorecer

 

e

 

ampl ia r

 

nossas 

experiências

 

em

 

te rmos

 de  políticas 

públicas arquivísticas.

 O

 

q ue

 não

 

podemos , 

definitivamente,

 

é

 

no s

 

da rmos

 

ao  luxo  de

 

não  conta rmos

 

co m  

políticas

 

públicas arquivísticas

 

regidas

 

pelos

 

parâmet ros

 

polít icos

 e  

científicos

 da  contemporaneidade na  qual 

o s

 

arquivos

 

se

 inserem  (o u 

deveriam

 se  

inserir)

 

co mo  recurso  fundamental à  construção  

social

 

do

 

conhecimento.

 

Referências

 

AMARAL,

 Ana  

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Maia  do .

 

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A

 FORMAÇÃO

 DO

 

ARQUIVISTA

 

CONTEMPORÂNEONUMA 

PERSPECTIVA

HISTÓRICA:

 

IMPASSES E DESAFIOSATUAIS. 

Georgete  Medleg  Rodr igues 

Doutora em  

H i s t ó r i a .

 

Professora  

do

 Cureo  

de

 

Aiquivologiaedo

 

Programa  de  P ó s - g r a d u a ç ã o  em  C i ê n c i a  

da

 I n f o r m a ç ã o  

da

 

Univerádade  

de

 B r a s í l i a  (UnB). 

g e c rg e £ @ u n b . b r 

RESUMO 

Co m

 

base  

na  

literatura

 

e  

em  

pesquisas empíricas, traça-se o

 

percurso

 

histórico  internacional da  fo rmação 

do

 arquivista, desde  o  

surgimento

 

do s

 pr ime i ros cursos voltados pa ra  essa  fo rmação  específica, 

a

 busca 

de  

um a  harmonização

 do s  currículos  

de

 arquivologia, 

ciência da

 

informação

 

e

 biblioteconomia

 apoiada

 

pela

 

Unesco.

 

F az

 

um a descrição  da s

 

disciplinas

 

de

 

f o rmação  do  

arquivista , 

segundo  a l i teratura 

especializada

 

em  língua

 

inglesa

 

e  francesa,  e,

 

especificamente, 

essa  formação

 

no s

 países de

 língua  francesa

 

da

 

Europa

 

e

 

no

 

Canadá,

 

na

 

atualidade.

 

Aborda

 

a

 

formação

 

em

 

arquivística

 

no s

 

Programa

 

de

 

Pós-graduação

 

no

 Brasil, o  

seu

 percurso  da  graduação  

à

 pesquisa  

e

 discute  

as

 perspectivas da  profissão  

e

 da  disciplina 

contemporaneamente  no  Brasil  

e  no

 mundo. 

Palavras-chave:Arquivologia  

-

 Aspectos históricos; 

Arquivologia

 

-

 Brasil;  Arquivista; Fo rmação  

profissional; Pesquisa. 

Introdução 

As

 pr imeiras  

escolas

 de

 

Arquivologia  surgem  no  

século

 X IX  na  Europa. 

Dessas

 escolas, 

umas

 

têm  

c om o

 eixo  um  ensino  voltado  para  

a

 erudição  histórica, c o m o  

a

 École Nationale des  Chartes,  França, 

enquanto  

outras

 são  prior i ta r iamente ligadas 

à

 administração  do s 

arquivos

 estatais,  c om o  

é

 o  caso  das 

escolas

 italianas 

(EVANS,

 1988  apud

 

COUTURE, 2000)

1

. N o  geral, a

 

história

 

domina 

o s

 currículos 

dessas

 

escolas

 

e

 

é,

 

portanto,

 

esse

 

modelo

 

de

 

ensino

 

q ue

 

se

 

expandirá

 

pa ra

 

outros

 

países,

 

incluindo

 

o s

 

Estados Unidos 

(LAJEUNESSE,

 1986 

e

 

E A S T W O O D ,

 1988 apud COUTURE , 2000). Devemos 

1

 

No

 

éculo

 

X IX 

ssiste-se 

ambém

 

criação

 

as

 

eguintes escolas

 a

 Europa: 854

 

Escola 

Page 19: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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lembrar  

q ue

 esse vínculo  estreito  entre a história  e 

o

 ensino  de  arquivologia  é, em  certa medida, 

conseqüência do  forte  empi r i smo,  apoiado  em  fontes  documentais,  predominante na  historiograf ia do  

século  

XK.

 

No

 

século

 

X X ,

 

sobretudo

 

a

 

part i r

 

do s

 

anos

 

30,

 

assiste-se

 

a

 

inúmeras

 

mudanças

 

econômicas,

 

técnicas

 e  

científicas

 q ue  repercutem  

na

 Arquivologia, quais sejam: maio r  intervenção  do  

Estado

 resultando 

numa  produção  massiva  de  documentos; aceleração  do s  desenvolvimentos 

tecnológicos,

 desenvolvimento 

da

 

teoria

 

arquivística  e a  expansão  das

 atividades

 do s 

serviços

 de  arquivo  (EVANS,

 

1988

 e DELMAS, 

1988a

 

apud

 COUTURE  2000).

 O s 

fundamentos

 da  

Arquivologia  

tradicional  

ampl iam-se e  

tem-se, agora,

 

um a  formação  

dita

 "multifiincional"  

(MENNE-HARTTZ,

 1992  apud  COUTURE,  

2000).

 A  partir  

do s

 anos 

1940,

 - em  função  da  

realidade

 descrita  anteriormente -tem  início  um  questionamento  sobre  o  lugar  da 

história

 na  

f o rmação

 

do s arquivistas. Em

 

1975, 

Hugh

 Taylor  desenvolve

 o  

seu conceito

 de

 "abordagem  

contextual",  o  qual requer

 

do  arquivista  um

 

saber

 

histórico  específico

2

;

 em  1993,

 

um

 grupo

 

de

 estudos

 

questiona-se

 sobre

 

o

 

papel do

 conhecimento  

histórico

 

na

 formação  arquivística  

(NESMTTH,

 

1992

 e  

H A M ,

 

1993

 

apud

 

COUTURE, 2000). Um  debate sobre

 a

 f o rmação  

de  

um

 "arquivista-historiador"  

o u

 um  

"arquivista  profissional  da  informação" 

começa

 a  delinear-se. Na  verdade, três disciplinas apresentam-se, 

então, 

c om o

 

responsáveis

 pela  formação  de  

profissionais da

 informação:  

Arquivologia,

 Biblioteconomia

 

eCiência

 da  Informação.

 AUnesco  entra

 em  

cena, 

na  

década

 de

1970,no  

sentido  de

 

buscar

 um a  

harmonização

 

das três formações.

 

De

 

fato,

 

em

 

1974,

 

a

 

Unesco,

 

co m

 

o

 

apo io

 

do

 

Conselho

 

Internacional

 

de

 

Arquivos

 

(CIA),

 

da

 

Federação  Internacional  de  Informação  e  documentação  (FID)  e  da  Federação  Internacional  

das  

Associações 

de  

bibliotecários

 

e

 de

 bibliotecas (IFLA), patrocinaria inúmeros

 

encontros

 

e

 

estudos

 co m  o  

objetivo

 

de 

estabelecer  p r inc íp ios 

q ue

 orientassem  um  conceito  de  harmonização  

e

 orientasse estratégias 

q ue

 

favorecessem  sua

 

implementação

 ( C O O K,

 1986 ;BOWDON, 

1987;TEES,

 1988  

apud  COUTURE  

2000). 

Esse

 

movimento  culminaria  co m

 o

 Colóquio  

de  

Londres,

 em  1987, 

organizado

 

pelas

 

instituições

 citadas

 

acima, 

tendo

 

c o m o  

tema  a  questão  

da

 harmonização

 das  três 

formações. 

Paralelamente,

 

um a

 

formação

 

específica

 

e

 

harmonizada

 

do s

 

arquivistas

 

começaria

 

a

 

ser

 

objeto

 

de  preocupação  da  Unesco  no s anos 1970. Co m  a  

finalidade

 de  entender  esse  processo, examinamos  o s 

estudos

 publicados  pela  Unesco  no  âmbito  

do

 

Prog ramme

 

géneral

 d' information  (PGI). Isso  

no s

 most rou 

que,

 desde o  final do s 

anos

 1970, aquela  organização  internacional  preocupava-se  co m  o  tipo  de  formação 

desses

 prof issionais. O  britânico  Michael

 

Cook  (1979) e  o  francês Bruno  Delmas 

(1979)

 -este  últ imo

 

professor  

na

 

École Nationale

 

des  Chartes 

-

 

foram  

o s  

autores

 p ionei ros nesse sentido. Em  1980, a  

Unesco, 

finalmente, lançaria  um  

relatório

 

de  

síntese

 

sobre  a  harmonização  

da

 formação  

do s

 

arquivistas  (UNESCO,

 

2

 Esse onceito  ecuperado  em 

NESMITH,Tom. 

Hugh Taylor's ontextual dea o r archives 

and

 

he

 

oundation f graduate education n rchival

 

tudies.

 

n:

 

CRAIG,

 Barbara 

L., diteur

 

. he rchival magination: ssays n 

onour

 

f

 Hugh 

.

 aylor. ttawa: ssociation f 

Canadian Archivists,

 

992b. 

.

 3-37 . 

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1980). 

Entretanto, 

no  bojo  do  movimento  em  

t om o

 

da

 harmonização  

da

 formação  envolvendo  

as

 

três 

áreas 

citadas, a  Unesco  patrocinaria, a  partir  

de

 meados  do s  anos

 

1980, 

estudos

 sobre  a  aprox imação  

entre

 

o s

 

arquivistas  e  outros profissionais 

da

 informação. É  nesse contexto  q ue  são  publicados, so b  o s auspícios 

da

 

Unesco,

 

em

 

1985,

 

dois

 

do s

 

mais

 

importantes

 

estudos

 

sobre

 

o

 

tema:

 

o

 

de

 

Aurélio

 

Tanodi

 

(1985)

 

pa ra

 

a

 

América Latinae  o  de  Jacques  d'Orleans  

(1985), 

pa ra  a  África.

 

Em

 1988, 

co mo  

conseqüência

 do s  

estudos

 

anteriores,

 

a

 Unesco  finalmente publicaria  

-sempre

 

no  âmbito  do  PG I  -

um a

 espécie  de  manual  

de

 orientação  pa ra  

o

 ensino  

de

 

Biblioteconomia,

 de  Ciências 

da  Informação  e  de  Arquivologia.

 

De  autoria  de  

France

 

Fontaine

 e  Paulette Bemhard

3

,  o  estudo  -  intitulado

 

Príncipes  

directeurs

 p o u r  la  rédaction  d   'objectifs d'apprentissage en  bibliothéconomie, 

en

 sciences

4

 

de

 

I 'i n fo rm ati on e t 

en

 archivistique (Pr incíp ios diretores pa ra  

a

 redação  de objet ivos 

de

 ensino  de 

Biblioteconomia,

 

de

 

Ciências

 

da

 

Informação

 

e

 

de

 

Arquivologia)

 

-

 

fo i

 

produzido

 

no

 

quadro

 

de

 

um

 

acordo

 

entre

 a  Unesco  e  o  

Serviço

 

Pedagógico

 da  

Universidade

 de  Montreal (FONTAINE; BERNHARD, 1988).

 

No  prefácio  da  

obra

 é possível vislumbrar, 

na

 perspectiva da  Unesco, a  possibilidade  

de

 

fo rmação

 de 

"especialistas  da  informação":

 

Sabe-se

 

q ue

 a

prá t ica

 pro f i ss ional

 

em  Arquivologia,

 

em  

Ciências

 da  In fo rmação  

e

 em  

Biblioteconomia  evolui

 

rapidamente  e  

as novas 

especialidades

 

q ue  

devem

 

ser  

doravante

 

ensinadas se  multiplicam

 (...).

 É

 

p a r a

 facili tar

 

a introdução

 desses  domínios  q ue

 

esta  série

 

p r o p õ e

e

cont inuará

 

a

 

propor

 

títulos

 

sobre

t emas

 

especial izados

 

da

 

f o r m a ç ã o

 

do s

 

especialistas 

da

 

informação

 

(FONTAINE ;

 

B E RN HARD, 19 88 ,

 

p .  , tradução

 

grifas

 

nossos).

 

O

 f i rme engajamento

 da  Unesco

 

na  

aprox imação  

entre  as  

três 

áreas  é

 anunciado  

também  

no 

prefácio  da  referida  obra: 

A

 

única

 

orientação

 

importante

 

q ue

 

será

 

mant ida

 

em

 

todas

 

as

 

obras

 

da

 

série

 

diz

 

respeito

 

à

 

harmonização

 da  

f o r mação . Isso

 

significa

 

q ue  na

 

medida

 

do

 

possível, 

a

f o r m a ç ã o  do s

 

arquivistas, do s

 

bibliotecários

 

e  do s

 

especialistas

 

da  

in fo rmação

 deve  

ser

 concebida  de

 

mane i ra  

concertada

 pelas  

diferentes

 

instâncias

 encarregadas  

dessa

 f o rmação . As 

razões

 

teóricas

 

e

 

as vantagens 

prát icas

 dessa  abordagem  f o ram  estudadas e 

reconhecidas

 não  

apenas  durante o s  trabalhos  

empreendidos

 pela Unesco, m as igualmente  pelas  organizações

 

não

 governamentais  co mo  

a

 

IFLA,

 a F ID e o  

CIA

 (FONTAINE;  

BERNHARD, 1988,

 p .

 i i ,

 

tradução  e  grifas  nossos). 

1

 A

 

p r imei ra ,

 

ocente

 a

 Escola de

 

Biblioteconomia   e

 

Ciências da  Informação 

da

 Universidade 

de

 Montreal  egunda, 

onselheira

 edagógica 

a

 

mesma

 niversidade.

 

4

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Couture

 

(2000)  -  co m  base  em  estudos de  Lajeunesse 

(1986), 

Couture (1988)

 

Unesco  

(1984),

 

Blouin (1986),  Warner  (1986)  e Saunders (1987)  

sobre

 o  

movimento

 de  harmonização  

da

 formação  

da s 

três

 

áreas

 

-

 

sintetiza 

assim

 

o s

 

rumos

 

do s

 

debates: 

Nessa

 data  [anos 1980]  certas  

noções

 teóricas  

sã o

 consenso. 

A

 concepção  integrada  da 

Arquivística 

defendida  pela Unesco

 é ,

 

geralmente,

 

admitida, assim  como  

o  

pr incíp io  

de 

inscrever

 a  

Arquivística

 no

 

domínio

 

das  disciplinas

 da

 in fo rmação . O

 

conjunto

 

dessas 

disciplinas  enfrenta, de  fato, o s  mesmos  problemas: aumento  do  volume de  mater ial a tratar, 

diversificação  do s

 

usuários, 

adaptação

 às  mesmas  

novas

 

tecnologias  e

 

o

 

número  restrito 

de

 

prof issionais. 

A

 harmonização  

da s  

fo rmações 

permit i r ia ,

 então, evitara  duplicação  

do s 

recursos 

e

 

da s

 infra-estruturas. (COUTURE, 

2000).

 

Apesar

 

desse

 aparente  

consenso,  

o  pesquisador  canadense  no s

 

lembra  q ue  

autores

 como  

Michael

 

Cook , 

um

 

defensor  da

 

harmonização,  

mostrava-se,

 

à  

época,

 

reticente

 

sobre

 

o

 

verdadeiro

 

alcance

 desse

 

movimento. "O  

respeito  à

 

especificidade 

das

 

profissões,

 a

 inevitável

 resistência

 

à

 mudança  

e  a

 adaptação  

às

 condições históricas e sociais 

nacionais"

 seriam, 

dentre

 

outros

 aspectos, barreiras à  aplicação  

"cega" 

do

 

conceito

 de  harmonização. 

( C O O K ,

 1986;

 SAUNDERS,

 1987;

 COURRIER ,

 1988

 apud

 COUTURE, 

2000). 

Entretanto,

 

independentemente

 dessas

 

reticências, 

prossegue

 

Couture,

 

organizações

 e 

pessoas

 

envolvidas

 no  

movimento

 pela  

harmonização

 

elaboram

 um a  lista 

das

 disciplinas 

curriculares

 q ue

 

poderiam

 

se

 

constituir

 

num

 

tronco

 

comum

 

das

 

três

 

formações.

 

Inicialmente,

 

foram

 

definidas,

 

no

 

âmbito

 

da  

Unesco, 

três  

disciplinas

 curriculares comuns  às  três; 

gestão,

 tecnologia 

e

 estudos  de  usuários,

 

às  quais 

seriam  acrescentadas,  nos  anos seguintes,

 dentre

 

outras: conservação/preservação,

 

análise

 

documentária,

 

metodologia da  pesquisa e  uso  da  informação  (LAJEUNESSE, 

1986;

 W A R N ER , 

1986;

 UNESCO,

 

1987;

 

VALLEJO,

 1987; C O UR R I E R , 1988  

apud 

COUTURE, 2000).

 

Ao

 

final da

 

década

 

de 1980,

 

continua 

Couture, 

obtém-se

 

um

 

consenso

 sobre as disciplinas curriculares  

-

e  o s seus respectivos 

conteúdos

 - do  

tronco  comum  das  três  

formações,

 reconhecendo-se,  contudo, q ue  a  "importância relativa das

 matérias

 

e

 

o

 

nível

 

de

 

aprofundamento

 

de

 

seu

 

estudo

 

deveria

 

variar

 

segundo

 

a

 

especificidade

 

de

 

cada

 

disciplina"

 

(TEES,

 1987; 

SAUNDERS,

 1987  apud COUTURE,

 

2000). 

Em

 termos práticos, 

observa

 

Couture,

 

somente

 

duas

 

escolas

 

adotaram

 o  

modelo

 de  

formação

 

harmonizada: um a

 

no

 

Senegal

 e  

outra  

em  

Gana.

 

Aparentemente,

 

o

 

debate

 

produzira

 

muitos

 frutos,

 m as 

apenas no  nível 

das

 

propos ições

 teóricas. Isso  ficaria evidente, 

prossegue

 o  autor, no  

X II

 Congresso 

Internacional de  Arquivos,

 

realizado

 em  

Montreal,

 

Canadá,

 em  

1992. Um  

trabalho  

apresentado

 p o r  

Menne-

 

Haritz (1992  apud  COUTURE,  2000) demonstra  q ue  "o  movimento  pela  harmonização  das  três formações 

se

 enfraquecia  

em  

função

 

de

 

um a

 

busca

 

pela

 

identidade

 

profissional

 

específica  da  Arquivística". Nessa 

direção, Schaeffer  

(1994

 apud COUTURE,  

2000)

 argumentaria  

q ue

 somente depois  q ue  a  "base teórica  da 

Arquivística

 

fosse

 

definida

 é 

q ue

 a  fo rmação  

acadêmica

 poderia  

se

 integrar

 judiciosamente

 

às

 outras

 

disciplinas  da  informação".

 

Out ros autores,  p o r  outro  lado, defendiam

 

um a  abordagem  convergente  

das

 

disciplinas

 

da

 

informação

 e,  

nesse

 

caso,

 

a  formação

 passaria

 p o r

 

um a

 

base

 

teórica  comum

 a  

todas,

 

cuja 

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pedra

 

de

 

toque

 

seria  o  conceito  abrangente 

de

 

in fo rmação  ta l

 

c o m o

 

desenvolvido,

 dentre 

outros,

 

p o r

 Paul 

Otlet

 (DESCHATELETS, 

1995;

 

PEMBERTON,

 

1995; 

PIGGOTT, 

1995 

apud  

COUTURE,

 

2000). 

As disciplinas 

formativas

 

do

 

arquivista

 

segundo

 a literatura especializada 

em íngua nglesa 

e

 francesa 

Num

 

estudo

 

desenvolvido

 

p o r

 

nós

 

no  âmbi to

 

do  Programa  

de

 

Bolsas

 

de

 

Iniciação

 

científica 

(PIBIC)  -

cujos resultados 

fo ram

 

apresentados no  V

 

Encontro  

Nacional

 

de  Pesquisa

 

em  

Ciência da 

Informação  

(ENANCIB)

 e publicado  

no s

 

Anais

 do  

referido

 congresso  (SOUSA;  RODRIGUES,  

2003)

 - 

buscamos identificar  o s 

conteúdos

 

curriculares

 

e

 as definições 

do s

 papéis 

e

 funções 

da

 prof issão  

de

 

arquivista na

 

literatura em

 língua  inglesa

 e  francesa  no

 

período

 compreendido  entre

1960

 

e  2000

5

.  Nessa 

pesquisa,  partia-se  

da

 premissa  segundo  

a

 

qual

 um a  

mudança

 

radical

 vinha  ocorrendo  quanto  

às

 

exigências

 

informacionais  da  

sociedade

 

contemporânea,

 

seja no  

âmbi to

 

de

 empresas  

e

 instituições públicas o u 

privadas 

o u  simplesmente

 

do s

 

cidadãos

 e  

que, conseqüentemente,

 

essas mudanças

 

teriam

 repercussão  nos

 

t i pos

 

de

 funções 

atividades

 exigidas

 

do s profiss ionais da

 

área

 

de

 info rmação,

 part icularmente

 

do s 

arquivistas. Havia  também  o  pressuposto  

de

 

q ue

 as

 novas

 necessidades  

de

 

tratamento,

 recuperação  

e

 

disseminação

 

das informações  teriam

 

implicações no s  conteúdos

 

curriculares 

e,

 até

 

mesmo ,  na

 

definição 

e

 objetivos 

da  Arquivologia,

 tanto  no  seu 

campo

 

teórico

 

c om o

 prático. 

A  bibliografia  analisada  

fo i

 

considerada

 qualitativamente  relevante  

p o r

 trazer  um a  série  

de

 

valiosas  reflexões acerca  da  profissão  de  arquivista  no s  países desenvolvidos,  bem  

c om o

 as  reflexões de 

organismos internacionais 

(Conselho

 Internacional  

de

 Arquivos  

e

 UNESCO) .

 Po r

 

outro

 lado, convém  

esclarecer

 q ue

 

grande

 parte 

do s

 

periódicos

 

pesquisados

 tem

 

c o m o  origem  

a

 Sociedade 

do s  

Arquivistas 

do s  Estados Unidos.

 

Do s 

textos

 

inicialmente  

levantados 

(132),  

foram

 

selecionados  

32  textos

 

agrupados 

confo rme 

os

 

países

 

e

 

instituições

 

internacionais

 

(UNESCO

 

e

 

Conselho

 

Internacional

 

de

 

Arquivos

 

-

 

CIA)

 

e

 

as

 

décadas

 

de  publicação.  Optou-se 

p o r  

dividir

 

os

 

quadros  do s  

EUA  em

 arquivista

 e

 records 

manager  

tendo

 em  

vista 

as

 especificidades  

da  

profissão  naquele país. N o s  

EU  A,

 existe 

a  

profissão  

de

 arquivista (archivist)  

e

 

a  de

 

records

 manager,

 

sendo  q ue  

as

 duas  profissões 

têm

 

o

 

mesmo

 objeto  

de

 estudo  (o s arquivos) co m  a  

diferença

 

de  

q ue  a

 

p r ime i r a

 

trata

 

do s

 

arquivos

 

na

 fase 

permanente

 e 

a

 segunda,

 do s 

arquivos 

na

 fase  corrente 

e

 

intermediária.

 A  maior i a  do s

 textos 

consultados

 origina-se,  portanto,

 

do s  

Estados

 Unidos  

e  

concentra-se

 

na

 década  de

 

1980.0  

Conselho

 Internacional

 

de  Arquivos/UNESCO  

vem

 logoem

 

seguida,

 co m

 12,50%, 

o

 

Canadá

 

co m

 

9,37%

 

e

 

o

 

Reino

 

Unido

 

co m

 

6,25%.

 

Em

 

termos

 

de

 

t ipos

 

de

 

publicação,

 

tem-se

 

q ue

 

56%

 

do s

 

textos 

foram

 

publicados em

 periódicos

 

(90%

 desses

 periódicos  

pertencem

 

à

 

Sociedade do s  

Arquivistas

 

1

 O s uadros etalhados 

om

 

s

 

esultados

 

a

 esquisa 

encontram-se

 m 

ousa

 

e

  odrigues 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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do s Estados 

Unidos),

 22%  em

 

livros;

 as

 

teses

 

e as

 

publicações

 

da

 

UNESCO  tiveram

 

participação

 

de 

12,50%  da  amostra. 

O s 

resultados

 

da

 

década

 

de  

1960, 

para

 as  

publicações

 

do s

 

Estados 

Unidos,

 apontaram

 

para

 

seguinte:

 

as

 

funções

 

delineadas

 

são

 

de

 

caráter

 

técnico,

 

englobam

 

um

 

conjunto

 

de

 

habilidades

 

intelectuais

 

gerais (gosto  pelo  detalhe, senso  de  ordenamento, 

gosto

 pela  precisão, pensamento  analítico, dentre 

outras).

 

Dentre

 

as  habilidades tratadas,  citam-se

 o

 atendimento  ao

 

usuário, a

 

criação

 

de  instrumentos

 

de  

pesquisa, 

as  operações técnicas ( remoção  de  clips, alfinetes, g rampos e  adesivos), as  operações de  arquivamento  e 

acompanhamento de  

trâmite,

 a  

verificação

 

das

 características 

diplomáticas

 

do s

 

documentos.

 

Não

 

há 

propostas

 

de

 

disciplinas

 

para  a  fo rmação

 

do

 

arquivista. Em

 

relação

 

às

 

publicações

 

da

 

UNESCO/ CIA, 

aparecem

 

co mo

 

funções

 

o

 

tratamento  

das

 

massas

 

documentais,

 

a  conservação

 

das

 

fontes históricas,

 

acesso

 

e  a  

conservação

 do s 

documentos

 

do

 país. As  disciplinas  

tratam

 

da  formação

 cultural,  

o  estudo  da 

his tór ia ,

 

o

 

trabalho

 

prático,

 

o

 

estudo

 da

 teoria arquivística

 

e

 

a

 

restauração 

e

 

conservação

 

do s

 

documentos.

 

Para  a  década  de 1970,

 

o s  resultados apresentaram-se  da  seguinte  

maneira:

 

a)

 EUA: as

 

funções

 

tratadas

 

relacionam-se

 

às

 

atividades

 

arquivísticas

 

típicas

 

(classificação, 

avaliação,  preservação,  acesso,  custódia), ao

 

atendimento

 

ao

 usuário,

 à

 

realização

 

de

 

exposições

 

e

 

de

 

publicações.

 

As

 

disciplinas

 

recomendadas

 

não

 

chegam

 

a

 

ter

 

diferenças

 

significativas

 

daquelas 

que,

 tradicionalmente, 

fazem  

parte

 do  cuirículo

 do  arquivista.

 

b) 

França:

 o  per f i l q ue se  delineia

 é

 resultado  de  um a  f o r mação  

altamente

 

erudita.

 As 

disciplinas 

tratam

 

do s

 

diversos

 

níveis

 

de

 estudo  

da

 

história

 (regional, local e  

nacional)

 e suas

 

ciências

 

auxiliares

 

(inclusive

 

co m

 

o  

estudo

 

do  latim  

do

 

latim

 

medieval), 

a

 teoria  

técnica 

arquivísticas,

 

a

 

arqueologia,

 a  

legislação

 

arquivística

 e  

o

 trabalho  

co m

 

material audiovisual. 

Ressalte-se

 

que,

 

neste

 

caso

 

específico,

 

trata-se

 

da

 

fo rmação

 

clássica

 

na

 

École

 

Nationale

 

des

 

Chaites.

 

Para  a  

década

 de  1980, o  

quadro

 configurava-se da  seguinte  maneira: 

a)

 EUA: a  maior ia  (61,90%)  do s  

textos

 concentra-se nessa  década. Analisando-se  

as

 disciplinas 

recomendadas 

pelos

 especialistas,

 verifica-se

 a  

predominância

 

da s 

funções

 

voltadas 

para

 

o  

atendimento  ao  usuário  de  arquivos, pa ra  a 

pesquisa

 e pa ra  a  

gestão

 de  recursos 

humanos

 e 

materiais.

 

As

 

disciplinas

 

recomendadas

 

seguem

 

essa  tendência,

 

inclusive  co m

 a

 orientação  de 

se incluir  um a  disciplina voltada  exclusivamente pa ra  o  atendimento  de  genealogistas. A 

novidade

 

fica  p o r  conta  da  pesquisa  on-line

 

(o  q ue

 

indica  o

 interesse  

despertado

 

pela  Internet). 

O s títulos do s artigos 

indicam  o

 interesse

 pelo

 

debate

 sobre  a

 teoria  

arquivística, 

a  

importância

 

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da

 

pesquisa

 no s arquivos, 

o s

 p r oblemas 

relacionados

 co m  o  direito  autoral, o 

papel

 da s

 

associações profissionais

 

e  a  formação

 

do  arquivista. Quanto  

ao s

 textos

 

q ue

 tratam

 da  

profissão

 

de

 

records

 

manager,

 verifica-se

 a

 

preocupação  co m  a  

gestão

 e

 

recuperação  de

 

documentos e

 

gestão  

de

 

equipamentos

 e  

de

 tecnologia. O s 

textos

 não  p ropõem  

novos

 

papéis

 

pa ra

 o  records

 

manager  

subtendendo-se

 

q ue  

a  

profissão  

está

 mais  consolidada

 

se  comparada  

à  

de  arquivista. 

b)

 

U N E S C O / CIA: semelhantemente  ao  q ue  acontece  co m  as

 

publicações originárias  do s

 

EUA, a  maio r ia

 

do s  textos  concentra-se nessa  

década

 (75%),  m as  tratam  mais especificamente

 

da  

profissão  

de

 arquivista.

 De

 todos 

os

 

textos

 estudados,

 

o  

de

 Michael 

Cook,

 

encomendado

 

pela 

UNESCO / CIA  

{Guidelines  

fo r  curriculum, 1982),  é

 o  único  

q ue  

apresenta

 um

 

currículo

 global

 

para

 

a

 

formação  dearquivistasedo  records 

manager.

 O  autor

 não

 faz

 

um a  separação  

rígida  

entre

 

as

 

funções

 

de

 

arquivista

 

e

 

de

 

records

 

manager ,

 

critica

 

a

 

existência

 

de

 

duas

 

profissões

 

q ue

 

tratam  

do

 mesmo  objeto  (o s 

arquivos)

 e  p ropõe a

 

fusão  das  duas  profissões em  um a  só. 

Um a

 das

 

disciplinas

 

propos tas

 e q ue  

merece

 

destaque

 é a  "ciência  da  in fo rmação" o  q ue  demonstra  a

 

preocupação  

de

 Cook  em  

incluir

 a  

Arquivologia

 no  ro l das  Ciências 

da

 Informação.

 

As  outras

 

disciplinas

 sugeridas no s  demais  textos  

também

 

destacam

 a  necessidade  da  pesquisa, introduz

 

o

 

controle

 

de

 

qualidade

 

no s arquivos

 

e

 

traz 

preocupações  co m

 

a  gestão

 

do s

 

documentos

 

eletrônicos

 e o  uso  de 

sistemas

 automatizados de  recuperação  da  

informação.

 As 

disciplinas 

relacionadas

 

à

 

ética

 

profissional

 

são

 

bastante

 

recomendadas. O

 

estudo

 

da

 

História

 

em

 

vários

 

níveis

 

(regional,

 local e  nacional) e

 

t ipos (história  administrativa) é

 

objeto  de

 

preocupação  do s 

especialistas

 bem  c om o  as  disciplinas

 

voltadas  pa ra  o  atendimento  ao  

usuário.

 

Verifica-se a

 

preocupação  

co m

 o  estudo  das 

fontes

 

orais

 de  

informação

 e

 

co m

 o s direitos, a

 

preservação

 da

 

memór ia 

nacional 

ou

 institucional; a  

proteção

 

aos  

direitos, a  

posse da

 terra  e

 

a  

delimitação  das 

fronteiras.

 

c)

 

Reino

 

Unido:

 

as

 

disciplinas

 

tradicionais

 

do

 

currículo

 

de

 

arquivista

 

são

 

basicamente

 

as

 

mesmas sugeridas

 no s  EUA

 e

 pela

 

UNESCO/

 CIA. 

Destacam-se

 

as

 disciplinas

 

relacionadas

 às 

técnicas 

de

 

exposição

 

e

 ao  

estudo

 

de

 usuários. A

 

recomendação  

de

 novas disciplinas limita-se

 

àquelas

 relativas ao

 market ing, 

o

 

q ue  pode

 sugerir  o

 interesse 

em

 se

 divulgar  o s serviços 

arquivísticos

 

e  

o

 prof iss ional

 

de

 

arquivos. 

Quanto  ao s  resultados 

pa ra

 a  

década

 

de

 1990, obteve-se  o  seguinte:

 

a)

 

EUA:

 

as

 

preocupações

 

fundamentais

 

são

 

a

 

busca

 

de

 

um a

 

garantia

 

da

 

autenticidade

 

do s

 

documentos

 de

 arquivo

 q ue

 

possibilitem  determinar  

quais

 

atividades

 

organizacionais

 

serão 

documentadas;

 

garantam  

a  

criação

 e

 

a  retenção  de  

documentos  

autênticos

 

e  

providenciem

 

seu 

uso,

 

possibilitem  o  acesso  e criem  me ios alternativos  pa ra  a  conservação  de  

documentos.

 As

 

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discipl inas recomendadas focalizam  a  operacional ização  de

 

um  conjunto  de  regras e 

procedimentos

 

q ue

 

visam

 a  

manter

 a

 capacidade

 

de

 

o

 

documento

 

servir  de

 

p rova

 

de

 

ações

 e

 

garantia

 

de

 direitos. 

Assim, o

 

arqui  vista

 deve criar  

um

 

conjunto

 

de

 

regras

 pa ra  a  

criação

 

de 

documentos  e  estabelecer  as  atividades  da  organização  

q ue

 serão  documentadas. Além  disso, 

recomenda

 

q ue

 o  arqui  vista  deve  

prestar

 assessoria às  organizações  no  q ue  diz  respeito  à  

adoção

 

de  políticas 

de

 

segurança

 

na

 

criação  de

 

documentos

 

de

 arquivo. 

Outras

 disciplinas  tratam  

do s 

dados

 

comunicados

 

nas

 redes e 

da

 

necessidade

 de

 

se  

criarem

 

regras

 

para

 

o

 

arquivamento

 

o u 

retenção  automáticos  

desses

 dados. 

H á

 

um a

 inovação  

quanto

 à  

função

 "descrição"  um a  vez  

q ú e

 

se  recomenda  a  descrição  das atividades  geradoras e  não  

apenas

 do s  documentos resultantes. O  

atendimento

 ao  usuário

 

completa-se

 co m  o  

papel proposto  ao  

arquivista  

de

 criar  

serviços de

 

fax

 

e  de  sites de  ftp  

q ue

 possam  entregar  o s documentos eletronicamente ao  usuário  conforme  suas 

necessidades.

 

Procura-se,

 

nesse

 

contexto,

 

entender

 

o s

 

diversos

 

usos

 

do s

 

arquivos

 

para

 

facilitar

 

a produção  

do s

 instrumentos de  pesquisa. A  produção  de  metadados é um a 

das

 disciplinas 

citadas 

para

 facilitar

 o

 acesso.

 

b)  Canadá: a  disciplina  

ciência

 da  informação  faz  parte do s  currículos  de  formação, a  influência 

das

 

tecnologias

 

da

 informação  faz-se  sentir

 nas

 

práticas

 

arquivísticas

 e  

as

 

disciplinas

 

da  história 

continuam

 a  

fazer  parte

 

do  

currículo.

 O

 perf il 

delineado

 

indica

 

um

 

arquivista  preocupado

 

em  

integrar  o

 

valor  pr imár io  

e

 o

 valor

 

secundário

 

do s  documentos  de  arquivo

 

e  capaz de  

intervir  em  

todos

 o s  

estágios

 

do

 ciclo  

de

 vida  documental.  

A

 avaliação  

da

 informação  continua  sendo  

um a

 

preocupação, 

incluindo-se  

a

 avaliação  da  informação  administrativa. 

Quanto  aos resultados  relacionados  à  bibliografia  produzida  no  ano  de  2000, obteve-se o  seguinte 

quadro: 

a)  

EUA:

 não  há  recomendações  para  um a  formação  futura para  o s  profissionais de  arquivo.

 

O s 

textos

 

limitam-se

 

a

 

descrever

 

as

 

disciplinas

 

q ue

 

tradicionalmente

 

fazem

 

parte

 

do

 

currículo.

 

As

 

disciplinas citadas most ram  um  

prof iss ional

 voltado  pa ra  o s 

métodos

 

de

 preservação  

e

 

conservação

 de  documentos  

de

 arquivo, o s 

métodos

 de  

arquivamento ,

 

o

 

uso

 do  

computador 

c o m o  instrumento

 

de  trabalho, 

a  

avaliação, o  

desenvolvimento  

de

 

coleções  

e

 

a  

gestão  de 

documentos  de  arquivo. 

Além

 disso,  o  profissional 

é

 treinado  para  enfrentar  desastres  q ue  

possam

 

afetar  o  acervo. 

b)  Canadá:

 

há  

indicações

 

de

 

um

 

interesse

 crescente em  se  

discutir

 a  

ciência

 e o  

prof iss ional 

de

 

Arquivologia.

 

O

 

perf il

 

definido

 

mostra

 

um

 

prof issional

 

q ue

 

preserva

 

o

 

autêntico

 

registro

 

da

 

me mó r i a  da  sociedade, serve  de  mediador  entre o  

criador

 e o  pesquisador  de  

documentos

 de 

arquivo, administra

 

pessoas

 

e

 

recursos

 

de

 

todos

 o s

 t i pos—tais

 

co mo

 restauradores, 

estatísticos

 

e

 

projetores

 

de

 

bancos

 

de

 

dados—e

 

preserva

 

o s

 

documentos

 

de

 

arquivo

 

autênticos

 pa ra  

as 

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próx imas

 gerações. Além  dessa  formação  

acadêmica,

 

delineia-se

 q ue  

o

 arquivista  deva  ser  

neutro

 

e  

objetivo,

 

não

 aderindo  

a

 

qualquer

 ideologia  

o u

 

a

 

quaisquer

 interesses  pessoais.

 

O

 

quadro

 

atual

 da

 

formação

 nos

 

países

 

de 

língua

 

francesa

 da

 

Europa 

e

 

no

 

Canadá 

Nesta  seção, apresentaremos 

um

 

panorama

 

de

 

um a

 pesquisa  

ainda

 

em

 fase 

de

 levantamento.

 

Buscamos traçar  

um

 panorama  

de

 com o  se  encontra  distribuída, 

atualmente,

 

a

 

fo rmação

 

do

 

arquivista,

 

em  

nível universitário,

 

na  Europa  de  língua  

francesa

 

e

 no  Canadá  e  quais

 

são

 

as suas características

 

principais. 

Esse 

recorte

 -

ainda

 

prel iminar

 

-

 é 

parte

 

de

 

um a

 pesquisa  

m a i o r

 sobre a  

constituição

 da  Arquivologia 

como

 

disciplina

 

científica

 

q ue

 

inclui

 

a

 

sua

 

institucionalização

 

na

 

Academia,

 

portanto

 

a

 

formação

 

acadêmica.

 

Para

 

tanto,

 

real izamos

 

um a

 

pesquisa

 bibliográfica 

sobre

 

o

 tema  

em

 

língua

 

francesa, selecionando

 

as 

indicações

 

de

 

instituições de  ensino  e  um

 

levantamento

 

na

 Internet

 utilizando  com o  descritores

 

o s

 

termos 

archivistique,

 

enseignement,  fo rmat i on ,

 

universités;  archival science; archival  training;  archivist; 

universities. Para  o  levantamento  das informações sobre 

as

 universidades de  língua  inglesa  

do

 Canadá, 

utilizamos também  dados 

da  

Associação  do s  

Arquivistas

 

do

 Quebec. O s  resultados foram  

sintetizados

 em  

quadros

6

,  co m  a  seguinte 

estrutura:

 país,  universidade/outros  (para  contemplar  a  formação  q ue  se  dá  

numa

 

parceria

 

entre

 

a

 

universidade

 

e

 

associações

 

de

 

classe,

 

p o r

 

exemplo),

 

data

 

de

 

criação

 

do

 

curso,

 

unidade

 

acadêmica  de  vinculação, duração

 

do

 

curso, t ipo  de

 

d ip loma

 

oferecido, características

 

do

 

curso

 (projeto

 

pedagógico, objetivos, etc.).

 

Pode-se

 constatar,

 

co m  base  no  

levantamento,  que,

 hoje, a  formação  em

 

arquivística  

rià  

França, 

Bélgica,

 

Suíça

 

e

 

Canadá

 

é

 

um a

 responsabilidade  

das

 universidades,  

seja

 

em

 

nível

 

de

 

especialização

 

o u

 de

 

ensino

 

profissionalizante.

 

Em  te rmos de

 

um a

 

fo rmação  voltada mais para  a  pesquisa, tem-se, tanto  na 

França, c o m o

 

no

 

Canadá, 

a

 possibil idade de

 

se  desenvolver

 

um

 

mestrado  e/ou doutorado  co m

 

temas

 

arquivísticos.

 

Observa-se

 

um a

 

forte

 

influência

 

da s

 

associações

 

de

 

arquivistas

 

nacionais

 

no

 

sentido

 

de

 

incentivar

 

um a

 

f o rmação

 

nas

 

universidades,

 

seja

 de f o r m a isolada  

o u

 

em

 parcer ia  

co m

 

as

 

p r óp r i a s 

associações.

 

A

 configuração da pesquisa em Arquivística no plano internacional

Um  do s  estudos 

mais

 

importantes

 

sobre

 

o

 estado  

atual

 da  pesquisa  

em

 Arquivística  

no

 mundo 

é

 

o

 

do s

 

professores

 

e

 

pesquisadores

 

canadenses

 

Couture,

 

Martineau

 

e

 

Ducharme

 

(1999),

 

da

 

Universidade

 

de

 

Montreal .

 O  p r og rama  

de

 pesquisa  - financiado  pelo  Conseil Nat ional  de  Recherche 

en

 Sciences 

'Por 

uestão

 

e

 spaço, s 

uadros

 

ão

 ão 

presentados

 este 

exto.

 

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Humaines  du  Canada  (CRSHC)  -  tinha, 

na

 verdade, c om o  objetivo  geral, traçar  um  amplo  panorama  da 

Arquivística  

no

 

mundo,  

estruturado  em  

três 

etapas, 

executadas

 em  tempos  diferentes:

 

legislação  e  políticas 

nacionais  

arquivísticas, realizada  entre 1988  e 1991; 

o s

 

princípios  

e

 as

 

funções

 arquivísticas, o u seja, o s 

fundamentos  da  disciplina,

 

de

 1 9 9 1  a

 

1994

 

e, 

de

 

1994

 

a  2000, fo i

 

realizado

 

um  

estudo  sobre

 a

 

situação  do  

ensino  e  

da

 pesquisa  

em

 arquivística  

(COUTURE,

 2001-2002). 

Um a

 parte importante da  pesquisa  

consistiu

 

numa

 revisão  

da

 literatura

 

co m  

o

 objetivo  

de  

mapea r

 o

 estado  

da

 

arte sobre

 

o

 

tema

 

da

 

"pesquisa  

em

 

arquivística". 

Das

 

conclusões

 

anunciadas

 -

tanto

 

na obra  t raduzida no

 

Brasil,

 

em  1999

 

(COUTUftE;

 

DUCHARME; MARTINEAU)  -  quanto  

no

 

artigo

 de  Couture  (2001-2002),  destacaremos  alguns  aspectos 

relacionados

 

especificamente  à  

pesquisa

 em  Arquivística. O  pr imeiro  diz  

respeito

 à

 

importância  atribuída 

à  

pesquisa

 

pela

 maior ia  do s

 

autores  

referenciados: 

A

 

pesquisa em

 

arquivística

 

se

 

desenvolve

 pouco  apouco,

ao

 m od o  

da  

disciplina.  A m a i o r 

par te  

do s

 autores  

está

 

de

 

acordo

 paraa f i rma r  

q ue

 

ela

 é

essencial

 

ao

 

seu

 

desenvolvimento. 

[...]

 

demo-nos 

conta

 

da  im po r tâ nci a

 q ue 

se  reveste

 a

f o r m a ç ã o

 

e

 a

pesquisa

 

para

 a

 

arquivística

 contemporânea (COUTURE; 

MARTINEAU;

 

DUCHARME, 1999,

 p .

 71-72). 

Dois

 

outros

 aspectos,

 bastante

 

interessantes,

 

apontados

 

no  artigo  de

 síntese

 de  Couture

 (2001- 

2002) sinalizam

 

pa ra  

dois

 

problemas que, 

parece-nos, 

estão

 

bem  p róx imos  

da  

realidade  brasileira, isto  é,

 

a

 deficiência numérica  

de

 

pesquisadores,

 além  da  natureza  ainda  

marginal

 das atividades de  pesquisa  e  das 

dificuldades 

de

 se  obter  f inanciamento institucional  

para

 

desenvolver

 pesquisas: 

Do

 ponto  de  vista  

da

 pesquisa, aameaça

 é

 

igualmente

 

de  ordem

 

quantitativa. 

O

 

leque  de 

temas 

a

 ser

 

estudado  é

 

de ta l

 m on ta

 

q ue  

um  núme ro

 restrito

 

de  

pesquisadores  trabalha

 

sobre 

cada  

um

 deles. A

 isso  se

 

acrescentam  out ros  fatores

 de  precariedade,

 

tais

 

c om o

 

natureza  marg ina l

 

das 

atividades

 de  

pesquisa

 e

 

as dificuldades  de  seu  f inanciamento. 

(COUTURE, 2001-2002, p . 

43-44,

 

tradução

 nossa). 

Outro

 

estudo

 

q ue

 

deve

 

ser

 

destacado,

 

po is

 

também

 

buscou

 

compreender

 

o

 

desenvolvimento

 

da

 

Arquivística  

no

 âmbito  acadêmico,

 na

 Espanha,

 

é  o  

de

 Bonal

 Zazo

 (2003)

8

.

 

Embo ra

 

co m

 objetivos

 

ma is 

l imitados

 

q ue

 o s 

de

 Couture e sua  

equipe, 

esse

 

trabalho  é

 

interessante

 

po rque

 

buscou

 "identificar  

as

 

universidades

 

espanholas

 mais produtivas  

na

 

área,

 

os

 

principais

 temas de  

interesse

 de  pesquisa  e  a  evolução

 

cronológica  da  

produção" 

(p .

 

351, 

tradução  

nossa).

 Algumas

 de  

suas

 conclusões,

 

c o m o

 

veremos

 

a

 

seguir, 

vão  

ao

 encontro  de  

algumas

 

de

 

nossas

 hipóteses co m  relação  a algumas características  da  disciplina 

arquivística

 

no

 

Brasil.

 

Bonal 

Zazo  parte 

do

 pressuposto  

de

 

q ue

 

a

 Arquivística,

 c o m o

 disciplina  científica, 

sofreu

 

um a

 

transformação

 

radical 

na  

Espanha

 nos 

últimos

 anos 

e

 

ocupa, naquele

 

país,

 um  lugar  

"adequado" 

no

 

cenário

 

nacional

 

das

 

ciências

 

da

 

documentação. 

O

 autor

 atribui  

essa

 

situação

 favorável 

a

 

alguns

 

fatores,

 

Trabalho 

presentado

 o  r ime r Congreso Universitário e Ciências e a 

Documentación

 

.Espanha,

 

003.

 

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tais co mo :

 

legislação  do s 

arquivos, 

desde 1985;

 

o

 

elevado

 

grau de

 

associativismo

 

profissional,

 

co m

 

surgimento,

 

em

 

meados

 

do s

 

anos

 

1980,

 

início

 

do s

 

90,

 

de

 

novas

 

associações;

 

a

 constituição  

de

 inúmeros

 

grupos 

de

 trabalho. Mas, destaca, fo i 

a

 introdução  

da

 disciplina  

no

 

meio

 acadêmico,  

no

 início  do s anos 

1980,

 

no

 

contexto

 

do s

 

estudos

 

universitários

 

de

 

Biblioteconomia

 

e

 

Documentação

 

que,

 

de

 

fato,

 

prop ic iou

 

o

 

seu

 desenvolvimento  (BONAL 

Z A Z O ,

 2003, 

p .

 

351).

9

 

O s

 

estudos

 arquivístícos, 

na

 

Espanha,

 estão, 

na

 

verdade,

 distribuídos  

entre

 várias  universidades, m as  ainda  sem  diploma 

específico

 

em

 

nível

 

de

 

graduação 

(RODRÍGUEZ  

B

 ARREDO, 2001;  VERHELST;  SCHEEUNGS,  2000). 

Dentre  as  conclusões  do

 

estudo  de  Bonal

 

Zazo,

 dois 

aspectos

 

se

 

destacam.

 

Um

 deles,  relacionado 

diretamente

 

à

 

natureza

 

das

 

pesquisas

 

desenvolvidas

 

em

 

Arquivística

 

nas

 

universidades

 

espanholas;

 

outro, diz  respeito  às diferenças 

de

 enfoque do s trabalhos originados nas universidades  e aqueles 

cuja

 

origem

 

encontra-se

 

no

 

meio

 

profissional.

 

Quanto

 

ao

 

p r ime i ro

 

aspecto,

 

o

 

autor

 

constatou

 

q ue

 

 

um a

 

predominância

 da  

multidisciplinaridade

 

nesses

 

estudos.

 Segundo  ele, a  maio r ia  das  pesquisas

 

produzidas 

nas  universidades procede 

do

 campo  das  humanidades 

e

 são  também  inúmeros os estudos  procedentes  de 

disciplinas

 

como  

o

 

direito, 

a  info rmát ica  e 

as

 

ciências

 da  

i n fo rmação ,

 dentre outras.

 Um a

 segunda 

característica  geral desses trabalhos acadêmicos é 

a

 

presença

 

de  um a

 

diversidade  de  metodologias de 

pesquisa  e de  enfoques

 

de

 

análise. O

 

autor

 

conclui ser  isso  resultante  do

 

caráter  

multidisciplinar  

da 

disciplina. 

Em

 relação  

ao s

 

art igos

 publicados  

p o r

 prof issionais 

f o ra

 

das

 universidades, 

ele

 

constata

 

q ue 

estes

 

úl t imos

 

estão

 

mais

 

preocupados

 

co m

 

questões

 

pontuais

 

e

 

técnicas.

 

Em  linhas gerais, há , segundo  Bonal Zazo,  uma: 

[...]  notável diferença 

de

 interesse 

entre

 

o s

 temas  

de  

pesquisa  universitários  e  o s realizados 

p o r

 profissionais:  enquanto  

o s  

p r ime i ros  

se

 orientam

 p a r a

 questões  

teóricas

 

relacionadas,

 

sobretudo, co m  

o

 estudo  

do

 

pat r imônio

 documental, 

o s

 segundos 

centram

 sua  atenção  

no

 

estudo  de

 

temas de

 

caráter

 

prát ico,

 

relacionados

 

co m

 

o  desenvolvimento  

do

 

exercício  

profissional. (BONAL

 

ZAZO, 2003,

 

p .

 

358 ,

 tradução

 

nossa). 

O percurso da formação 

em 

Arquivologia no 

Brasil: 

da graduação à pesquisa

 

A

 fo rmação  

de

 

nível

 superior  

em

 Arquivologia, 

no

 

Brasil,

 ocorreu 

na

 

década

 

de

 

70

 

do

 século 

X X

10

,

 

quando  da

 

criação  do s p r ime i ros 

cursos

 de  

graduação

 nas

 

universidades

 públicas:

 em

 

1977,

 

na 

Universidade

 

Federal

 

de

 Santa  

M ar i a

 e na  

Universidade

 

do

 R io  

de

 

Janeiro

 -

UNIRIO

 e,  

em  1979,

 na

 

Universidade Federal Fluminense 

-

 UFF. Além  disso, é 

naquela

 década  q ue  o  

movimento

 associativo 

congregando

 

os

 

profissionais

 

da

 

área

 

tem

 

início,

 

co m

 

a

 

criação

 

da

 

Associação

 

do s

 

Arquivistas

 

Brasileiros,

 

utor

 observa, 

contudo, 

ue

 

ntes

 

a

 

ntrodução da Arquivística como disciplina,

 

lgumas 

universidades

 spanholas á 

aviam

 

ncorpo rado

 

studos

 

elacionados

 om 

s

 rquivos 

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em

 20

 

de

 

outubro

 

de  

1971

 (BOTTINO, 1994, 

p . 12). 

No  

início  

do s 

anos 2000, o  Brasil  já

contabilizava 

nove cursos  de  

graduação

 

em

 Arquivologia  

(RODRIGUES;

 MARQUES,

 2005). 

Até  

a

 criação  do s

 

cursos

 

de  graduação  

em

 

Arquivologia, 

as  

reflexões 

sobre a  área  or ig inavam-

 

se

 basicamente nas

 

instituições

 

arquivísticas e

 

estavam  estreitamente vinculadas  às

 

necessidades

 

de 

resolução

 

do s problemas q ue  

se

 impunham  

no  

cotidiano

 

dessas instituições

 

quanto  ao  tratamento  

do s

 

seus

 acervos arquivísticos.

 Nesse

 aspecto,

 o  

Arquivo

 

Nacional desempenhou um

 

papel fundamental: 

f o rmou

 

técnicos

 

de

 alto  

nível, 

produziu  

um a

 

bibliograíia

 

técnica

 

importante; traduziu

 

e  

divulgou 

autores 

essenciais

 

para

 

a  Arquivologia

11

. Entretanto,  c o m o

 

destacado  p o r  Rousseau

 

e

 

Couture (1998, p .

 257),

 a 

formação  

e

 

a  pesquisa  em  Arqui  vística

 não

 é

 

a  

finalidade  do s  

Arquivos

 

Nacionais.

 

À

 semelhança

 de

 outras

 

discipl inas,

 prosseguem

 

o s

 autores, 

é essencial

 

q ue

 

tanto

 

a

 

f o rma ção  

quanto

 a

 

pesquisa

 

em  

Arquivística  devam  ser  confiadas

 

"às

 

instituições  q ue

 

sã o  

as

 

únicas 

a

 dispo r  de  exper iência, do s 

instrumentos

 

e

 

da

 

credibilidade

 

social

 

pa ra

 

o

 

fazerem,

 

isto

 

é,

 

o s

 

estabelecimentos

 

de

 

ensino

 

superior,

 

universidades  o u

 instituições

 do  me smo  

t ipo ,

 

con fo rme  

o s

 países".

 

Da  m e s m a f o rma ,

 

ponderam  

o s 

autores, 

essas 

não

 

sã o  

tarefas 

das

 

associações  pro f i ss iona is .  Pelo

m e n o s

 

não

 

i so ladamente, 

acrescentaríamos.

 

As  raízes

 essencialmente

 práticas

 da

 disciplina,  

mesmo  no

 

plano

 internacional,

 c o m o  alguns

 

autores  jádemonstraram  (ROUSSEAU; COUTURE,

 

1998;SILVAetal,

 1999), 

pode  

ser

 

um a

 das  razões 

que, 

no

 caso  brasileiro, explicaria  o

 fato

 

de

 

a  

pesquisa

 em  

Arquivística

 

ainda  ser

 

pouco  

desenvolvida. Po r 

outro

 

lado,

 

a

 

criação

 

e

 

a

 

ampliação

 

do s

 

cursos

 

de

 

graduação

 

em

 

Arquivologia

 

são

 

um

 

do s

 

fatores

 

q ue

 

podem  

explicar  a  existência, sobretudo  a  part ir  

do s

 anos

 1990,

 

de

 

pesquisas 

na

 área, 

pela

 

presença

 de, p o r 

exemplo , 

professores

 

do s

 

Cursos 

de  

Arquivologia  no s

 

Programas

 de

 Pós-graduação  em  

Ciência

 da

 

Informação.

 

O s

 

prof iss ionais

 

co m

 

graduação

 

em

 

outras disciplinas (história,  na sua

 

grande

 maio r ia ) 

e

 

co m

 destacada

 

atuação  na prát ica 

arquivística,

 

também

 

se

 

sentiram

 mot ivados 

a

 apro fundar

 

suas 

experiências

 

na

 Academia, agora

 

na

 Pós-graduação.

 O

 

documento  Avaliação  &  Perspectivas

1 2

 

(CNPq, 

1978,

 p .

 

57)

 já

constatava:

 

Reconhece-se,  

po rém , que

 

o

 desenvolvimento  

da

 

pós-graduação

 

está

 

diretamente

 

ligado

 

ao

 

ensino  da  

graduação,

 p o i s  

é

 a

necessidade

 

deformação

 

de

 docentes  

qualif icados

 

em

 nível 

(1988,

 . 

7),

 

m

 

972,

 

ntão Conselho

 

ederal

 

e

 

ducação oncedeu

 

s

 

niversidades 

brasileiras 

oder

 e rganizar 

rogramas

 e raduação 

m

 

rquivologia,

 o r eio o 

Decreto 

12, e

 

e março , ue 

ugere  r iação 

m a Escola 

uperior

 

de

 

Arquivo. 

"

 Dois

 o s

 mais 

mpor tantes

 esquisadores

 ras i lei ros

 

a

 

rea 

êm ua rigem rof iss ional

 

no  Arquivo

 

Nacional  azem tualmente arte

 

o

 

o r p o

 

ocente

 

o

 

Curso

 

e Arquivologia 

e o rograma e ós-graduação 

m

 Ciência a 

nformação

 a UFF. 

11

 

Trata-se

 

e

 

m

 

ocumento

 

ublicado

 

elo

 

CNPq,

 

esultado

 

a

 

valiação

 

e

 

rupos

 

e

 

trabalhos 

ompos t o s

 e specialistas 

as

 

iversas

 

reas

 o onhecimento. Todas s i tações 

às uais os efe r imos 

q ui

 stão o apítulo Ciência a nformação , ibl ioteconomia 

Arquivologia" CNPq, 

978,

 . 6-67).

 

articiparam  da laboração  do 

documento

 

os

 eguintes 

especialistas:

 Abigail e  liveira Carvalho

 

Coordenadora,

 CNPq),

 Afrânio

 

Carvalho Aguiar 

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de  mestrado  

q ue

 tem  

atuado,

 principalmente, como  motivação  

p a r a

 criação  

do s

 

cursos

 de

 

pós-graduação.

 

E,  

mais

 adiante, 

o

 documento  ressaltava  que: 

Entre o s obstáculos à  pesquisa  

e

 ao  desenvolvimento  destaca-se a carência de  recursos 

humanos especializados, tanto

 em  

termos

 

de  qualidade  quanto

 

de

 

quantidade (...).

 

No  caso

 

da  Arquivologia, o  quadro  é  muito  nutis  grave,  

po i s

 somente ago ra  se  inicia  o   processo  de

 

implantação

 

do s 

cursos  

de  

graduação

 em

 

instituições

 

universitárias.

 

(CNPq, 1978, p . 63 ,

 

grifos nossos).

 

O

 

m e s m o

 

estudo,

 

nas

 

suas

 

recomendações

 

finais,

 

indicava

 

a

 

necessidade

 

de

 

se

 

implanta r

 

p rogramas de  doutoramento  

q ue

 atraíssem  candidatos  co m  

"graduação

 diversificada", 

m as

 

q ue

 tivessem  

"condições e interesse em  voltar-se pa ra  pesquisa  em  Bibl ioteconomia , Arquivologia e 

Ciência

 da 

Informação" 

(CNPq, 1978,

 

p .

 66). 

Gostaríamos,

 ainda, 

de

 destacar  

q ue

 essas 

recomendações

 alertavam, 

também, 

para

 

a

 necessidade 

de

 se  "desenvolver  

um

 projeto  específico  

para

 formação  de  mestres e  doutores 

em

 Arquivologia" (p . 

66). 

Em

 outro

 

volume de

 

Avaliação  &

 

Perspectivas

 

(CNPq, 1983), novo

 

Grupo

 

de

 

Trabalho

1 3

 traçou o  

percurso

 e  tentou esboçar  um  retrato  

das

 Ciências da  

Informação

 

no

 Brasil. 

Num

 

intervalo

 

de

 

cinco

 

anos

 

desde

 

a

 

publicação

 

da

 

primeira

 

avaliação

 

das

 

áreas,

 

novamente,

 

no

 

q ue

 

diz

 

respeito

 

a

 

Arqu ivo log ia ,

ressaltou-se

 

a  ba ixa

 f o r m a ção  de 

especial istas

 no  

âmbi t o

 da pós-graduação

 

e

 

pesquisa.

 

Assim, do  q ue  

fo i dito

 anteriormente,

 

pode-se observar

 

q ue  o s

 

diagnósticos

 

apontam

 

pá ra

 

um

 

vínculo

 entre

 

a  

graduação

 e a  

pós-graduação, fato

 q ue

 gostar íamos de

 destacar

 no  caso

 

particular

 

da

 

Arquivologia. 

Então,

 a  

criação  do s

 

cursos de  

graduação

 talvez

 

seja

 

o  grande marco  definidor

 

do s  rumos

 

da  

pesquisa

 

em

 

Arquivística

 no  País.

 O u,

 segundo  Garon (1990, apud COUTURE; MARTINEAU;

 

D UCHARME ,

 1999, p . 51) isso  

p rop ic iou

 

a

 

emergência  

de 

um a  "cultura  

de

 pesquisa"

 na

 

área. 

De 

(Programa

 e nformação m iência ecnologia undação entro ecnológico e

 

Minas

 

erais),

 na aria thayde olke Escola e ib l io teconomia/UFMG), ntônio

 

Agenor riquet e 

emos

 

Redator ,

 nB, poca epartamento e 

ibl ioteconomia/ 

Faculdade e  studos 

ociais

 Aplicados), annice e Mello Monte-Mór 

(Biblioteca

 Nacional/

 

MEC), Mar ia Lúcia Andrade Garcia Index

 

- nformações ientíficas écnicas /C, 

G),

 erezine 

rantes

 erraz Divisão e

 

Informação

 

Documentação

 

Científica/Instituto

 

nergia

 

Atômica), 

ila

 

a

 

Costa

 

Mamede 

(Biblioteca

 

Central/UFRN). Deve-se otar 

ue

 a ompos ição

 

esse Grupo

 

Trabalho

 

ão

 

havia

 

inguém

 

a

 

Arquivologia ,

 

ato,

 

liás,

 

ssinalado

 

o

 

ocumento

 

p .

 

1).

 

ntretanto,

 

ressaltamos

 

ue,

 

pesar 

disso,

 

ntendimento

 

a

 

rea,

 

e

 

eu

 

bjeto,

 

eus

 

roblemas

 

uas

 

perspectivas

 stão em 

valiados.

 esmo 

orque

 

Grupo

 tilizou ocumento 

s

 

mpor tantes

  undamentais 

roduzidos

 

ela

 Unesco obre  ema.

 

1 1

 

s

 

edatoras 

essa 

valiação 

o ram:

 rofessora uzana  inheiro Machado 

Mueller 

UnB, 

do

 

ntão

 epartamento 

e

 Bibl ioteconomia ,

 

o je epartamento

 e

 

Ciência 

a

 nformação

 

Documentação) ilza eixeira oares à poca, 

ervidora

 

a

 âmara 

o s

 eputados/

 

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fato, 

para

 esses

 

autores,

 

a

 pesquisa  

é

 um a  atividade 

q ue

 

necessita

 

não

 

apenas

 de

 

"dinheiro

 

e

 

cérebros", 

m as "ex ige 

também

 

um a

 cultura, 

um a

 amb iênc ia  

e

 

um

 m e i o  

q ue

 favoreça  

ao

 

m á x i m o

 seu

 

resplendoi". 

Na  verdade, Couture,

 

Martineau e  

Ducharme

 (1999,  p .

 51)

 

corroboram

 o  q ue  já  é  consenso  entre 

o s

 

cientistas, isto  

é,  o

 

de

 q ue

 "a

 pesquisa  tem  a  necessidade  de

 

q ue

 

se  

registrem

 seus

 

resultados,

 

q ue sejam  

transmitidos,  

difundidos co m

 

a  

ajuda  

de  

diferentes meios,

 

tais 

como

 

revistas 

especializadas, 

o s  congressos, 

o s

 

encontros

 

e  o  ensino

 

universitário". Quanto

 a isso,

 não  é  p o r  acaso  q ue  a  produção  científica  

a

 

sua 

comunicação

 é um

 

do s 

objetos  de  

estudo

 da  

Ciência

 da  Informação

 

( M E A D O W S , 1999;

 MUELLER; 

PASSOS,

 

2000).

 

N o

 

caso

 

da

 

Arquivologia,

 

pelas

 

razões  jáapontadas

 anteriormente, 

as

 

publicações

 

especializadas 

têm  sua  origem

 nas

 

instituições arquivísticas  

e

 servem, 

co m

 

poucas  exceções,

 

para

 

divulgar 

os trabalhos desenvolvidos

 

na  própr ia  instituição,

 incluindo-se

 

avaliações

 relacionadas 

aos seus

 usuários. 

São

 

essas

 

instituições

 

q ue

 

publicam

 

periódicos

 

especializados,

 

como

 

é

 

o

 

caso

 

da

 

revista

 

Acervo,

 

editada

 

pelo

 

Arquivo  Nacional o u

 de  

publicações de associações 

profissionais,

 

a  

exemplo  

da

 revista  Arquivo  < 6  

Administração,  

publicada  pela

 Associação  

do s

 Arquivistas  

Brasileiros  (AAB), apenas

 

para

 

lembrar

 duas

 

das 

publicações 

mais  antigas.

 

Nesse aspecto,  

precisamos 

lembrar

 

o  

trabalho

 de  Jardim  (1998) o

 

qual,

 

pela 

pr imei ra

 

vez, buscou sistematizar

 

e

 

analisar

 

a  produção  e  comunicação  

do  conhecimento  arqui  

vístico

 no

 

Brasil,

 p o r  meio  

de

 

um

 levantamento  do s 

art igos

 

publicados

 

no

 

País

 

em

 per iódicos de

 Ciência 

da 

Informação, Biblioteconomia,  Administração  e  História. 

Reconhecida,

 

no

 plano

 

da

 fo rmação

 

acadêmica,

 

c o m o

 um

 

bacharelado,

 

a

 

Arquivologia

 

seria 

poster io rmente

 

também  reconhecida  p o r  um a  

Agência

 nacional

 

de

 

fomento

 

à  pesquisa. Co m  efeito,

 

o  

Conselho  Nacional 

de

 Desenvolvimento  

Científico

 

e

 

Tecnológico

 

(CNPq) 

incluiria, 

em  1981 , a

 

Arquivologia

 c o m o

 

um a

 

subárea  da

 

área

 

de

 

Ciência  

da

 Informação,

 

ambas

 

abrigadas

 

na  

grande 

área

 

"Ciências

 Sociais

 Aplicadas"

14

 

contribuindo,

 dessa

 f o rma ,

 

no  

processo

 

de

 reconhecimento

 institucional 

da  

disciplina. Tal decisão  seguia  a  tendência  preconizada  internacionalmente  pela  Unesco  no s anos 

1980,

 

c o m o

 

assinalado

 

anteriormente.  Sinal

 

do s novos

 

tempos, hoje, a  Tabela  de

 

Classificação  das

 

áreas

 

do  

CNPq

 

está

 

sendo

 

revista p o r  um a

 

comissão

 

específica

 

para

 

esse

 

f im. 

Na  proposta  

preliminar

 do  

CNPq

15 

a

 

Arqui

 

vologia

 

passa

 

a

 

ser

 

um a

 

área

 

independente,

 

vinculada

 

à

 

grande

 

área

 

"Ciências

 

socialmente

 

aplicáveis"

 

(terminologia

 controversa, criada

 

nessa

 

nova

 

tabela), 

ficando  

assim

 

subdividida: 

11. Área - Arquivologia: 

Fundamentos da  

Arquivologia 

14

 essa

 

rea

 

ncont ram-se

 

lassificados: i reito, conomia ,

 rquitetura rbanismo,

 

Planejamento

 

egional

 

rbano;

 

emograf ia ,

 

iência

 

a

 

nfo rmação ,

 

useologia,

 

Comunicação,

 erviço

 

ocial,

 

conomia

 oméstica,

 esenho ndustrial

 

ur i smo . m  

Ciência

 a 

nfo rmação ,

 ncontram-se eoria a nfo rmação , 

ibl ioteconomia

 

Arqu ivologia .

 

"Acessível m t tp://www.cnpq.br/areas/cee/proposta.htm  

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Gestão  

Arquivística

 

Técnicas

 Arquivísticas 

Arquivologia

 

Especializada

 

Dessa  

f o rma ,

 

considerando-se

 

a

 situação  

atual

 da

 Arquivologia

 no

 Brasil

 

-

 

q ue  já  

conta  co m

 9

 

 de

 graduação,  co m  

pesquisadores

 

e

 estudos

 nas

 universidades  

e

 

um a

 crescente 

presença

 profissional 

o

 

mercado

 

de

 

trabalho,

 

além

 

de  um a  

forte participação  das

 instituições arquivísticas  

no s debates 

e  

reflexões

 

 q

 

fazer

 

da

 área  -  

acredita-se 

q ue

 

é

 

o

 

momento

 

de

 

um a  reflexão

 

mais aprofundada  

sobre

 a

 

sua  

trajetória

 

o  q ue  

diz

 

respeito

 à

 pesquisa,

 part icularmente

 

aquela

 

realizada  

no

 

âmbito  

do s 

Programas

 de

 Pós-

 

 É  

o  momento  buscarmos  desvincular

 

a

 

imagem

 

q ue  normalmente  se  tem  da

 

disciplina,

 isto  

é,

 

 

sendo

 

eminentemente

 

técnica

1 6

.

 

Nesse

 

sentido,

 

convém

 

evocar

 

novamente

 

o

 

documento

 

do

 

CNPq

 

 &

 

Perspectivas  (CNPq,

 

1978, p . 52): 

O

 

fato  de  

a  Biblioteconomia 

eaA

  rquivologia  

estarem

 voltadas  pa r a

 

a

aplicação  de

 técnicas

 

não

 quer

 

dizer

 

q ue  no  seu âmbi t o  

não

 se realizem  pesquisas o u se  produzam  novos 

conhecimentos, da

 

mesma  f o r m a

 

q ue

 

a

 

Ciência

 

da

 

Informação

 

não

 

é  

exclusivamente

 teórica 

e  

desvinculada

 

de

 

aplicações

 

práticas  

(gr i fos 

nossos). 

 ormação

 

Arquivística

 

os 

Programa e 

ós-graduação

 

 

Brasil

 

Segundo  

González

 

de  

Gomes

 

(2003,

 p . 41), a  partir  das

 

reflexões

 

de

 

Lenoir

 (1997), o s

 

programas 

 

pesquisa  -q ue

 

se

 

concentram  na

 

resolução

 

de  problemas, são

 

atrelados a  nichos institucionais

 

de 

 

possuem  

grande

 

influência  de  

técnicas

 e  

descobertas

 de  outras

 

áreas,

 

são  

fortemente

 

associados

 

 

um a

 

base

 

instrumental

 

e

 

têm

 

seu

 

sucesso

 

explicado

 

somente

 

em

 

parte

 

pelo

 

poder

 

cognitivo

 

da

 

base

 

de

 

 

desenvolvida

 

-

constituem

 "uma

 complexa  ecologia 

de  

agentes,

 instituições, 

processos 

e

 

 do s

 

conhecimentos". Nesse

 

sentido,  

julgamos 

pertinente  eleger

 

c o m o  universo  

de

 pesquisa  - 

ara  

compreender

 o

 

status  da  Arquivologia como

 

um a  disciplina  também

 

voltada

 

para

 

a  pesquisa  científica, 

logo, 

pa ra 

a  

produção  de conhecimento

 

-

o s 

espaços

 

institucionais

 universitários. Deve-se

 ressaltar, 

também,

 

q ue  

essa

 

opção  passa

 pelo  conceito  

de

 

"campo

 científico"

 de

 Bourdieu

 

(1983), isto  é,

 estamos 

inscrevendo  a  nossa  análise

 

partindo  

do  

pressuposto  de  q ue

 

a  Arquivologia

 

passou

 

-e  passa  -p o r

 

um a 

A  formulação 

o

 

r incípio

 e espeito os undos m 841, a rança, 

i r ia

  demonstrar 

que,

 e ato,  Arquivologia oderia e onstituir um a disciplina específica, 

esvinculando-

 

se

 os r incíp ios ib l io teconômicos. ela 

r ime i ra

 ez, e f i rmava ue 

s

 ocumentos e 

arquivos ram roduzidos  cumulados e o r m a

 

totalmente

 

iferente e utros

 

documentos, 

inclusive

 s 

iblioteca. sso eria

 epercussões

 

a

 bordagem o s

 

rquivos,

 a 

ua 

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"luta

 

pela  autoridade  

científica"

 (BOURDIEU, 1983, p . 127).

 

O  acalorado  debate  recentemente veiculado  

na  Internet

 sobre  

se

 

a  Arquivologia  deveria se

 t omar  

o u

 

não

 independente  da  Ciência  da  Informação

 é  um  

indicador  dessa

 premissa. 

Em  últ ima  

instância,

 dentre

 

outros

 aspectos,

 é  a

 

disputa

 pelos

 recursos financeiros 

das

 

agências

 

financiadoras

 

q ue

 

está

 

em

 

jogo.

 

No

 

nosso

 recorte

 

metodológico,

 

portanto , identif icamos

 

inicialmente  o s

 

p rogramas

 

de  

pós -

 

graduação  

no

 Brasil q ue  poderiam,  

em  

princípio,  

abrigar  linhas

 

de  pesquisa

 

o u

 temáticas próx imas da 

Arquivística, distribuídos em  universidades  federais.

 

De  antemão,  esclarecemos 

que,

 embora

 

o s  cursos  dê  

pós-graduação  

lato

 

sensu

 

pareçam

 

ocupar  

um  

papel

 considerável  

na  

fo rmação  do s 

arquivistas,

 

não  o s

 

consideramos,  p o r  enquanto,

 

no

 

universo

 

pesquisado

 

pela  

dificuldade

 

de

 

mapeá- los

 

e

 

qualificá-los,

 

particularmente quanto  às  monograf ias produzidas

 

nesses  cursos

1 7

.  Alguns aspectos

 

abordados

 

no  

nosso

 

p rog rama

 

de  pesquisa  já  

foram  

recentemente  objeto  

de

 um a  

tese

 de  doutorado  cujos  

resultados 

também

 

foram  publicados  

em

 livro  (FONSECA,

 2005).

 

Para  a

 

nossa  pesquisa, identificamos

 

o s seguintes

 

Programas

 

de

 

Pós-graduação: Ciência da 

Info rmação ,

 

Comunicação,

 Biblioteconomia

 

e

 

História,

 

num

 

total

 de  1 3  Programas.

 

A  

inclusão

 

do  

Programa

 de  Pós-graduação  em  História  

Social da

 

US P

 

deve-se

 

à  

representatividade  

da  

Arquivística  

numa

 

linha  

de

 pesquisa  desse

 

Programa. Po r

 

outro  lado, 

numa

 

etapa

 posterior

 da

 pesquisa,  identificamos mais 

um

 Programa  

-

o  

mestrado  em

 

Administração

 da

 UFSC  -q ue

 também

 se

 

enquadrava  

no  

tema  pelas suas 

linhas

 

de

 

pesquisa.  É  

importante ressaltar

 

q ue  

o  locus  institucional  da  Arquivística,  o

 

porquê

 de

 

a  

disciplina

 

estar

 

num

 

o u

 

noutro

 

departamento

 

o u

 

faculdade/instituto

 

é

 

um

 

debate

 

em

 

aberto,

 

como

 

nos

 

lembra

 

Couture,

 

Martineau

 

e  Ducharme

 

(1999, p . 

33):

 

[...]

 

aquestão  da  instituição  

de

 vinculação

 

-departamento  

de

 

história,

 bibliotecono m ia/ciências 

da

 in formação  -fez

 

co m  q ue

 se

 

gastasse bastante  tinta  desde 

o  

início  do  século

 X X . 

Na  

década 

de

 

80,

 chegou-se 

a

um   'consenso  apáticooqual  consiste

 em  

aceitar, 

indiferentemente,

 todas  as 

fó rmulas

 possíveis. 

A

 

constatação

 

ac ima

 

fo i

 

apresentada

 

de

 

um a

 

maneira

 

mais

 

detalhada

 

pelo

 

Coordenador

 

da

 

pesquisa,

 

Couture

 

(2001-2002),

 

num

 

artigo  

publicado  

na  revista  

Archives. Nesse texto, 

o  autor  most ra

 

q ue  das  67

 

instituições  pesquisadas

 

(7 0  países),  cujas  respostas

 ao s

 questionários  puderam  

ser

 analisadas 

quanto

 ao  

vínculo

 

departamental

 

e  

de  

Escolas

 

q ue

 ofereciam  fo rmação

 em  Arquivística,

 

percebeu-se,

 

de 

fato,

 

um a  dispersão  da  fo rmação  entre

 diferentes  

departamentos/Escolas.

 

M as

 f icou 

claro,

 

pelos  

dados, 

"

 

ela

 

ua

 

egularidade,

 

ntigüidade,

 

ínculo

 

nstitucional

 

erfil

 

o

 

o rpo

 

ocente,

 

Curso

 

specialização

 

m

 

Arquivos

 

a

 

Universidade

 

e ão

 

aulo,

 

ue

 unciona

 

esde

 

1986, o EB Instituto e  studos Brasileiros), everá 

er

 ncluído o niverso  da 

pesquisa,

 

assim om o  mestrado rof issionalizante a FGV/CPDOC ue briga m a 

inha

 

de

 esquisa 

denominada

 acervo  nformação" , uja escrição emonst ra laramente 

ue

 

eu

 bjeto

 

são s

 rquivos .

 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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que  essa

 formação  

se  

concentra

 em :

 Biblioteconomia

 

e

 em

 

Ciência  da  Informação

 

(17=25%);  Arquivística 

( 21=31

 

% ) e  História  ( 1 3 =19%) '

8

Esse

 resultado  fez  o  autor  tecer  as  seguintes considerações: 

Defendida

 

por

 

vários

 

autores,

 

a

 

cor rente

 

q ue

 

apó i a

 

a

 

integração

 

[da

 

arquivíst ica]

 

às

 

ciências 

da  i n fo rmação  é

 majo r i t á r i a

 em  relação  às 

out ras

 tendências

 e

 se

 

assiste 

p ro gressivam ente, nesses últ imos

 

anos, à 

inserção

 do  termo  

arquivística

 na

 

denominação

 

desses

 

departamentos. (COUTURE, 2001-2002,  p . 23 , tradução  nossa) 

Para

 

nós, parece evidente q ue  o  vínculo  institucional  da

 Anquivologia,

 como  curso  de  graduação, 

num  ou noutro  departamento/instituto/faculdade, pode  ter

 

implicações no  tipo  de  desenvolvimento  das 

pesquisas  na  

Pós-graduação:

 

os temas, t ipos de 

abordagem,

 o s 

métodos,

 os autores, etc.

 Parte do  

nosso 

p r og r am a

 

de

 

pesquisa

 

precisa

 

identificar,

 

então,

 

o

 

locus

 

institucional

 

da

 

Arquivologia

 

e,

 

pa ra

 

isso,

 

elaboramos

 

um a

 pr ime i ra planilha  

q ue  identifica

 esses espaços,  

co m

 

base

 

no

 

mapeamento

 

do s 

seguintes

 

dados:

 

a)  identificação

 

do s cursos

 

de  Arquivologia

 

no

 

Brasil, o s  departamentos  

e  

os  institutos/faculdades/ 

centros  de  vinculação,  o  ano  de  criação  do  curso  e  o  estado  da  federação  

onde

 se  encontra  a  

universidade.

 

Em

 seguida, 

buscou-se

 

verificar  

se  

 ou não  

programa

 

de

 pós-graduação  

no

 departamento  

ao

 qual o  curso

 

de  

Arquivologia

 está

 

vinculado

 e  a  participação,  

em

 número , 

de

 

docentes

 

de  

Arquivologia  

no s

 respectivos

 

Programas

 de  Pós".

 

Foram  mapeados  o s 

Programas

 de  Pós-graduação

20

, o s  níveis do s cursos (mestrado 

/

 

doutorado),

 

an o

 

de

 

criação,

 

área

 

de

 

concentração

 

e

 

as

 

linhas

 

de

 

pesquisa.

 

A

 

identificação

 

das

 

linhas

 

de

 

pesquisa  tem

 

c o m o  objetivo

 

verificar  se  elas

 sugerem, 

pelo

 

título, 

a  

possibilidade 

de

 pesquisas

 

co m  

temas arquivísticos

2 1

. Embo ra

 

co m

 

algumas

 

ressalvas, consideramos q ue  

as

 

in fo rmações

 

levantadas 

espelham  

a

 inserção  do s Programas em  determinada  área

 

do

 

conhecimento  e, dentro

 

desta, 

co m

 recortes 

específicos.

 

Po r

 outro  lado,  pensa-se q ue  ao  longo  da  pesquisa  será  necessário  ampliar

 

o  levantamento  de 

dados, 

p o r  exemplo,

 para

 

todos os 

p rogramas

 de Pó s em  

Comunicação, 

se

 

quisermos

 ter  

um  pano rama 

mais 

real

 

da

 

produção

 

científica  em  Arquivística

 

na

 

Pós-graduação.

 

De

 

toda

 fo rma,  é  importante  

destacar 

q ue

 

as

 

informações

 

relacionadas

 

ao

 

enquadramento

 

das

 

teses

 

e

 

dissertações

 

ainda

 

devem

 

ser

 

relativizadas,

 

embora

 

sejam  bastante  próx imas

 

da

 realidade. 

Um

 

do s problemas 

é

 

a

 dificuldade

 

de

 

classificá-las  apenas 

pelos

 títulos

22

"

  s 

utros o r a m :

 Documentação 

4

 

% ); 

at r imônio

 1  % ) 

o ra 

e

 

epartamentos 

(3

 

% ).

  utor explica q ue stes l t imos ão iretamente igados 

um a

 

aculdade

 u 

Direção 

a

 Universidade. 

1 9

 Como sses ados inda ão muito nconsistentes,

 p t amos

 o r

 

ão ncluí-los qui . 

2 0

 ar a 

dentificação

 nicial os rogramas 

e

 ós-graduação m Ciência 

a

 nformação 

fo i

 

mpor tante

 

esquisa

 

e

 

oblación

 

2005),

 

uando

 

oram

 

dentificados

 

ove

 

ursos:

 

IBICT/UFRJ, 

UCCAMP,

 FBA, 

FMG,

 FPB, FSC, nB, NESP

 

SP. embramos 

q ue urso 

o

 

B1CT

 

gora

 

stá

 

a

 

niversidade

 

ederal

 

luminense

  FF, 

on f o rm e

 

convênio i rmado 

m

 

003. 

2 1

 

s

 

uadros ão  constam

 este

  texto

 

o r alta 

de

 espaço. ara

 

maiores detalhes,

 

onsultar 

Rodrigues  Marques 2005). 

2 2

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Considerações

 

inais

 

A  fo rmação  do  arquivista

 

passou 

p o r

 

mudanças significativas

 e  

fundamentais,  

desde o  século

 

XIX. Estas transformações

 

passam  seja  pelo  deslocamento  o u

 

pela  ampliação  do s

 

locais

 

de  fo rmação , 

assim  

como

 

pelas

 

disciplinas

 

e

 

conteúdos curriculares

 

exigidos.

 

Ainda

 

q ue

 

permaneça

 

um

 

"núcleo"

 

erudito

 

na  

fo rmação , 

o

 

advento

 das 

novas

 

tecnologias

 

da

 

informação  e  comunicação

 

(TIC)

 

e

 as  exigências 

da

 

denominada

 

sociedade  

da  

informação

 

parecem

 ter

 um

 papel

 decisivo

 

nessas

 transformações.

 

A  pesquisa

 

na  

literatura  especializada  da  área,

 em  

língua

 

inglesa  e

 

francesa, apontou

 para  algumas 

questões

 

interessantes. O  profissional

 

de  

Arquivologia  teve

 

seu  papel, sua  denominação  e

 

sua  fo rmação 

revistos 

confo rme

 

as  

influências 

das 

mudanças

 

ocorridas

 nas  teorias 

da  

administração

 

e no s 

problemas

 

surgidos

 

co m

 

a

 maio r

 difusão

 

douso

 

da

 

informática

 

e

 do  registro  

da

 

in formação

 em

 

suporte

 eletrônico.

 

Contudo,

 

a

 

base

 

fundamental

 

sobre

 

a

 

qual

 

está

 

assentada

 

a

 

Arquivologia

 

e

 

o

 

papel

 

de

 

seu

 

profissional

 

continua

 co m  o  mesmo  núcleo  

central:

 fornecer

 

a  informação  orgânica

 

e  registrada  ao  

seu

 

usuário

 gerador 

(n a

 fase

 

corrente

 e 

intermediária)

 e 

t omá- la

 acessível 

ao

 usuário  pesquisador

 (n a  fase

 permanente  

o u

 

histórica), 

além

 

da

 

manutenção  da

 

integridade

 

e

 

segurança dessa

 

informação

 

co m

 o s 

menores

 

custos

 

possíveis.  A  tendência

 

apontada  para  o

 

futuro, 

segundo

 

a  literatura

 

pesquisada,

 

é

 

a  de

 

q ue

 

o

 

arquivista

 

deveria  

ser

 um  profissional co m  

competência

 

para

 

organizar

 cientificamente e  tomar  acessível um  

conjunto

 

dinâmico  de  informações  

registradas em  suportes

 diversos—sejam  

eles

 

o s 

suportes

 tradicionais

 

(papel 

micro f i lme)

 

o u

 

o s

 

suportes

 

surgidos

 

co m

 

a

 

informát ica

 

( C D -R O M ,

 

disquete,

 

DV D

 

etc.)

 

— ;

 

tenha

 

capacidade  de  lidar  co m  o  usuário  final

 

e  seja  capaz de  elaborar  projetos e  calcular  o s  custos do s

 

serviços 

arquivísticos  e

 

trabalhar  

em  

equipe

 

junto

 co m  

outros especialistas.

 Além  

dessas características, espera- 

se

 q ue  

o

 profissional

 

exerça

 

suas 

funções de  modo  ético, 

neutro  

e

 

transparente

 

e

 garanta  

a  

salvaguarda  do s 

direitos autorais

 

e  

da  privacidade

 e

 

a

 

acessibilidade

 

ao s documentos

 

cuja

 

consulta

 

é

 franqueada

 ao  público. 

Examinando-se

 a  maior ia  

das  

descrições

 do s  

cursos  

nas universidades européias estudadas

 neste 

t rabalho,

 

constata-se  q ue há  um a 

tentativa

 

de

 

responder

 

ao s

 

desafios  i mpo s t o s à  Arquivolog ia

 

contemporânea,

 

o  

q ue

 inclui

 

as  

demandas 

do  mundo

 

do

 trabalho, 

às  

expectativas

 

do s

 

profissionais

 

p o r

 um

 

ensino

 

técnico

 

q ue

 

alie

 

tradição

 

e

 

modernidade.

 

A

 

razoável

 

oferta

 

de

 

cursos

 

abordando

 

temáticas

 

arquivísticas

 

demonstra, 

de  

fato,

 

um a  expansão  da  profissão. Um

 

outro

 

aspecto  interessante é

 

a  

preocupação 

co m  o  tema  da  

memór ia  

q ue  

também

 

contribui

 para

 

esse  florescimento  

da  profissão,  

ao

 

qual

 se  

acrescentam  

as

 

necessidades da  "sociedade da  informação". À

 

profissão  associam-se,

 

ainda,

 

responsabilidades  c o m o 

procedimentos 

de

 certificação  e 

de  qualidade

 nas  organizações, implicando  numa

 

gestão  

r igorosa  

do s 

documentos

 

e

 

de

 

seu

 

arquivamento.

 

O s

 

arquivistas,

 

pela

 

p róp r i a

 

descrição

 

de

 

suas

 

atividades, são

 

responsáveis  pela  memór i a  futura.

 

O  desenvolvimento  acelerado  da  informática  nas  organizações  e  nas 

instituições 

leva  

a

 um a  obsolescência

 sem  

precedentes

 do s 

suportes

 

tradicionais  o  

q ue  traz 

problemas

 

contraditórias.

 uitas nformações oram omplementadas o r 

eio

 e 

elefonemas

 s

 

inst i tuições. 

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cruciais

 

pa ra

 o  arquivista: autenticidade  da  info rmação, 

domín io

 

do

 fluxo  do s 

documentos

 e de sua 

transmissão, perenidade do s

 

dados. 

Nesse

 sentido, 

a

 

formação

 

do

 arquivista, 

hoje,

 

deveria

 

estar

 

centrada

 

no

 

domínio

 

de

 

um

 

saber 

q ue

 

o

 

habilite

 

a

 

se

 

desincumbir

 

de

 

suas

 

funções

 

tradicionais,

 

m as

 

também

 

q ue

 

o

 

prepare

 

para

 

enfrentar

 

o s

 

desafios

 

do

 

século

 

X X I .

 

Essa

 

fo rmação,

 

p o r

 

outro

 

lado,

 

não

 

deve

 

se

 

restringir

 

a

 

preparar

 

"técnicos"

 

em  

arquivos, m as também  

para

 

a  

pesquisa, 

ou

 

seja,

 

f o rma r  

pessoas 

críticas.

 Percebe-se, 

nas

 universidades  

q ue 

têm

 

graduação

 

em

 

Arquivologia,

 

um a

 

tendência

 

ao

 

desenvolvimento

 

de

 

pesquisas

 

em

 

arquivística

 

nos 

programas

 

de

 pós-graduação.  

O u

 

mesmo  -c omo

 

é

 

o

 caso, 

p o r

 exemplo, 

da

 École  

Nationale

 

des

 Chartes

 

-

 

de  

encaminhar

 

o s alunos q ue  obtêm  o  

dip loma

 

a

 

prosseguir

 

o s

 seus 

estudos

 

pós-graduados

 em  outras 

universidades,  

co m

 as  quais 

aquela

 

Escola

 

 

estabeleceu

 parceria.

 

De

 

toda

 

maneira,

 

se

 

 

um

 

consenso

 

quanto

 

à

 

formação

 

do

 

arquivista

 

pelas

 

universidades,

 

não

 

se 

pode

 

dizer

 o  

mes mo

 

quanto

 ao s vínculos institucionais da  

disciplina,

 

sobre

 a  sua  inserção  em  

qual

 

campo

 

disciplinar

 e  

quais

 

diálogos

 

privilegiar.

 

N o

 caso  

do

 Brasil, a  maior ia  

do s

 

cursos

 de

 Arquivologia

 

(6 )

 está 

vinculada

 

ao s

 departamentos 

de

 

Ciência

 da Informação, o  q ue parece, de  

fato, 

indicar 

um a

 

acomodação  acadêmica  

(o u

 o  "consenso  apático" ao  qual se  refere Couture) 

da  Arquivologia

 

c omo

 

um a

 

subárea  da  

Ciência

 da  

Informação. Podemos  observar

 

também  q ue  os cursos  

de

 graduação

 em   Arquivologia

 

estão

 

distribuídos

 

em

 

duas

 

grandes

 

áreas

 

do

 

conhecimento

 

(conforme

 

classificação

 

do

 

CNPq

 

ainda

 

em

 

vigor):

 

Ciências

 

Humanas

 

e

 

Ciências

 

Sociais

 

Aplicadas.

 

Esse

 

dado

 

parece

 

refletir

 

o u

 

um a

 

busca

 

de

 

i r l p n f i r l a r t p

 

da

 área  

ou,

 

ainda,

 

um a

 

reafirmação

 

do

 caráter

  interdisciplinar/multidisciplinar da  

Arquivologia,

 

o  q ue  nos 

remete

 às  conclusões 

da

 

pesquisa

 de  Bonal Zazo, apresentadas anteriormente.  Po r  

outro

 lado, 

segue

 

de

 certa 

f o rma ,

 

a

 

tendência

 

apontada

 p o r  

Couture

 (2001  -2002), de 

um a

 ap rox imação  entre a 

Arquivística

 e  a  Ciência  

da

 

Informação.

 

Entretanto,

 

como  

já  

indicado

 

anteriormente,

 

do

 

ponto

 de  

vista

 

das

 agências  financiadoras estatais (CNPq  e  CAPES)

2 3

 caminha-se  

para

 um a  desvinculação  "automática" 

entre  a

 

Arquivologia

 

e  

a

 Ciência  

da

 Informação. 

Isso,

 p o r  

si

 só ,  

não

 seria

 

ruim,  pois , 

c o m o

 

vimos

 também, 

esse

 

vínculo

 

decorreu,

 

de

 

certa

 

fo rma ,

 

de

 

um a

 

inércia,

 

apesar

 

de

 

refletir

 

um a

 

tendência

 

e

 

um a

 

recomendação

 

de  

órgãos

 

c omo

 a  Unesco  e  

o

 própr io  Conselho  

Internacional

 

de  Arquivos.

 Em  contrapartida, 

do

 

ponto

 

de

 

vista  prático, 

vemos

 q ue  

a

 profissão  

de

 arquivista, segundo  a  

últ ima

 

edição

 

da

 Classificação  

Brasileira  

de 

Ocupações 

(CBO),

 

não  está  entre 

o s 

"prof issionais  de 

i n f o rmação" , c o m o

 o  são  o  bibliotecário , o 

documentalista

 e  o  

analista

 

de

 

informação

2 4

 

Quanto  

à

 inserção  da

 Arquivologia

 

nos

 

Programas

 

de

 

Pós-graduação

 

stricto

 

sensu, 

pode-se 

constatar  

q ue  

do s

 

nove

 

Cursos

 

de  

Arquivologia, 

quatro

 

estão

 

em

 

departamentos

 q ue  têm  

Pós-graduação

 

em

 

Ciência

 

da

 

In fo rmação .

 

Supõe-se

 

então

 

q ue

 

a

 

trajetória

 

natural

 

do s

 

docentes

 

da

 

graduação

 

em

 

Arquivologia ,

 

desde

 

q ue

 

tenham

 

doutorado,

 

seja

 o  

seu

 

credenciamento

 

nesses

 

Programas.

 Do s  

outros 

2 3

 

Isso 

ale,

 videntemente, 

ar a

 

utras

 

gências

 

inanciadoras 

que eguem 

abela

 

e

 

reas

 

do

 

NPq, 

om o

 INEPm

 

NDES, 

lém 

as gências 

staduais

 

FAPESP,

 AP-DF, 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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cinco  restantes, um  deles  está  num  departamento  q ue  tem  um  p rog rama  co m  afinidade co m  a  Ciência  

da

 

Informação, a  Pó s  em  Comunicação  e Informação  da  UFRGS em  q ue  a  linha de  pesquisa  "Informação, 

Tecnologias

 

e  

Práticas

 

Sociais ermite  perfeitamente

 

desenvolver

 

pesquisas

 

co m  temas 

arquivísticos  e

 

q ue

 

tem

 

um  docente

 do

 Curso

 

de  

Arquivologia

 

credenciado. Dois

 

outros

 

c imos (UELe  UFES)

 

ainda

 

estão

 

em  

departamentos

 q ue

 

não  

têm

 p rograma de  

Pós-graduação  stricto   sensu.  

Finalmente,  

o  

curso

 

da

 

UNIRIO  

q ue

 

estó  num  departamento  cujo

 Programa

 

de

 

Pós-graduação

 está

 

classificado

 

c o m o  sendo  

de

 natureza 

multidisciplinar.  

neste Programa  

foram

 identificadas 

dissertações

 co m  temas 

arquivísticos,

 

embora ,

 na

 

ocasião

 

do

 

levantamento

 

de

 

dados, não

 

tenhamos

 

identificado

 

professores

 do  Curso  

de  

Arquivologia

 

credenciados  

no  

Programa.

 

Quanto

 

ao s

 

vínculos, um a

 

variável

 

a

 

ser

 

investigada

 

é

 

a  razão

 

histórica de

 

o s

 

Cursos

 

de

 

Arquivologia  estarem  num  o u noutro  departamento , nas  

ciências

 

humanas

 

o u

 nas 

ciências

 

sociais

 

aplicadas.

 

Para

 

isso

 

seria

 

necessário

 

pesquisar

 

no s

 

documentos

 

de

 

criação

 

e

 

implantação

 

desses

 

cursos.

25

 

A

 

esse núme ro ,

 

poder-se-ia acrescentar

 ma i s

 um ,

 

po i s o

 

departamento

 

de

 

vinculação

 

do  

Curso

 

da

 

Universidade

 

Federal 

de

 

Santa  

Mar ia

 

denomina-se  "Documentação".

 

Fo i  possível 

constatar,

 também, q ue  as linhas de  

pesquisa,

 cujos títulos indicam  ser  possível 

produzir  

teses

 

ou

 

dissertações

 

co m

 temas  arquivísticos, 

concentram-se

 

majori tar iamente

 

no s

 

p rogramas 

de

 pós-graduação

 em

 

Ciência

 

da

 

Informação

 

(IBICT/UFRJ,

UNESP,

 

UFMG/ECI,

 

PUCCAMP/FABI,

 

UFPB/CCS/DBD

 

UnB/FACE/CID).

 As  universidades q ue  possuem  o  ma i o r  número  de  dissertações  e 

teses

 

co m

 

temáticas

 

voltadas

 pa ra  

a

 Arquivologia 

são

 a  USP/História/ECA

 

(16)  e a  

UFRJ/IBICT

 

(14). 

Examinando-se

 

os  títulos das pesquisas

2 6

,

 observou-se

 

q ue  a  maior ia  dessas  teses

 

e

 

dissertações

 

relaciona-

 

se  aos  

temas

 

clássicos

 da  Arquivística, 

tais

 

como:

 

o

 

tratamento/organização

 de  documentos  

(classificação,

 

avaliação,

 t ipologia  documental,  elaboração  

de

 

instrumentos

 

de

 pesquisa, recuperação  

da

 informação/

 

acesso)  

e  

co m  

as

 novas 

tecnologias

 

da

 

in formação

 

(principalmente

 

documentos

 

eletrônicos).

 

Temas

 

relacionados à  memór i a e  à  

história

 

de

 

instituições

 

arquivísticas

 também  foram

 identificados. 

Esses

 dados  parecem

 

indicar  um

 

delineamento  

de  

um  espaço  

de  

pesquisa  

co m  

temas

 

propr iamente

 

arquivísticos.  M as  

isso  pode  ser

 

explicado  também

 pelo  

fato  de  

a  

Arquivologia

 

se r

 um a

 disciplina  

ainda,

 

digamos,

 

em

 

construção,

 

cuja

 

identidade

 

parece

 

não

 

se r

 

muito

 

clara.

 

Evidentemente

 

,

 

não

 

estamos

 

defendendo  aqui  q ue  essa  

identidade

 se  

faça

 às  

custas

 do  

seu

 isolamento. Ao  q ue  tudo  indica, 

hoje,

 mesmo 

para  as ciências

 consolidadas,

 

isso

 não  é  

mais possível. 

As  questões

 postas  

pela

 sociedade 

contemporânea 

exigem  cada  vez

 

mais 

olhares 

múlt ip los e,

 

no  caso  

da  

Arquivologia, suas relações

 tradicionais

 co m  a 

2 5

 No aso 

specífico

 

o

 

Curso

 e Arquivologia a 

Universidade

 e Brasília, 

m a 

pesquisa

 

realizada

 

para 

produção  do  Manual

 

do

 Curso 

evelou

 ue s 

egociações

 

niciais

 ar a  ua

 

criação correram om 

epartamento

 e istória, 

as

 ão 

iveram

 rosseguimento,

 

aparentemente ela alta 

de

 entusiasmo  

da

 Histór ia . Fo i 

justamente

 pelo   fato  

de

  Curso  

de 

Arquivologia

 

er

 

ido

 

mplementado

 

o

 

Departamento

 

e

 

Bibl ioteconomia

 

ue

 

ste

 

eve

 

ua

 

denominação

 lterada ar a Ciência

 

a

 nformação ocumentação".

 

u

 Numa etapa

 

poster ior 

pretende-se

 

consultar

 o

 

texto  integral

 das

 teses

 

dissertações

 ou o

 

menos

 s esumos. 

Page 38: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

http://slidepdf.com/reader/full/arq-adm-rio-de-janeiro-v-5-n-2-p-1-76-juldez-2006 38/78

 

depo is 

co m

 

a  

Ciência

 

da

 

Info rmação , 

a  

Bibl io teconomia,  

a  Info rmát ica ,

 

o  

Direito, 

a

 

 p o r  

exemp lo ,

 

demonst ram  

q ue

 a  abordagem  

da

 

i n f o rmação

 

orgânica

 

-

objeto  

da 

 

-

 

não

 

se

 pode  fazer  co m  apenas 

um

 

viés

 de  análise. 

O s

 

resultados

 

obtidos

 

até

 

o

 

momen to

 

no s

 

permitem

 

concluir

 

que,

 

no

 

Brasil,

 

a

 

Arquivologia,

 

 

disciplina  do  conhecimento, 

já  

começa  

a

 delinear

 

um a  "comunidade 

científica".

 

Aidentificação

 de 

 de  

pesquisa

 congregando  pesquisadores da  área  poderá 

no s

 apontar  se  caminhamos pa ra  um a 

 

dessa

 comunidade. 

O  número  de  dissertações  

e

 

teses,

 co m

 

temática

 

propr iamente  arquivística, num  total de  73 

 

pode

 parecer  insignificante  

apenas

 

se

 este 

fo r

  comparado  

ao

 de  

outras

 disciplinas  

 consolidadas.

 

 

tratando-se

 de  um  

campo

 recente na  área  

acadêmica,

 esse 

resultado

 

adquire

 outra  dimensão. 

O s

 

 

no s

 

apontam

 

também  pa ra  outra  reflexão. A

 

maior ia  do s

 

Cursos

 

de

 

Arquivologia

 

funciona apenas 

o  horário  

noturno

 e  

isso

 provavelmente 

se

 

reflete

 no  

número

 

de

 

estudantes

 

q ue

 

podem,

 

futuramente,

 

se 

 à  

pesquisa.

 

Esse

 

fato

 

no s

 

leva

 a  

pensar

 se,  

num

 

p r ime i ro

 

momento ,

 

as

 

Pós-graduações

 

tenham  

traído

 prioritariamente  

prof issionais

 

q ue

 játrabalham  em  

instituições

 

arquivísticas

 

o u

 similares. Além

 

isso, devido  

à

 graduação  em  Arquivologia ser  recente, 

podemos

 avançar  

a

 hipótese segundo  

a

 qual os 

alunos  fo rmados na  

área

 ainda  estão  

em

 fase de  amadurecimento.  

Outro

 

aspecto

 a  

ser

 apontado  

diz

 respeito 

às

observações de Couture

 

(2001-2002)

 

segundo  as 

quais

 

ainda

 

 um a  

deficiência

 de docentes 

e

 

pesquisadores 

em

 Arquivologia. A

 

realidade

 

do  Brasil parece

 cor robora r  

isso.

 

O s resultados,  embora 

parciais,

 demonstraram  a  

existência

 

de

 

docentes

 

vinculados,

 

de

 

fato,

 

ao s

 

Cursos

 

de

 

Arquivologia

 

m as 

também

 

ao s

 Programas de  

Pó s

 de  

seus

 

departamentos,

 

po rém

 em  número  

ainda

 

pequeno.

 Além  

disso, 

deve-se

 

considerar

 

q ue

 

as

 

pesquisas

 em

 Arquivística

 

parecem

 

se

 

desenvolver

 

independentemente

 

da 

existência

 

de  docentes  da  

Arquivologia

 nos Programas,  o u seja, há  orientadores  capazes  de  orientar

 

teses 

e dissertações

 co m

 

temáticas 

arquivísticas o

 

que,

 

c o m o

 já

havíamos

 

destacado

 

anteriormente,

 

pode 

repercutir  

nos

 recortes  temáticos  

e

 nos métodos. Futuramente, quando  

ciuzarmos

 o  perfil  

do s

 

orientadores

 

co m  o

 

do s

 

orientandos,

 

quem  sabe

 

poderemos

 

concluir  que, muitas

 

vezes,

 

os

 

orientandos

 

co m  graduação 

o u especialização  em  

Arquivística

 

- o u

 

prof iss iona is

 

da

 área  

-estariam

 influenciando  o s p r ó p r i o s

 

orientadores

 e até, 

confo rme

 o  

caso,

 

redirecionando

 o u  

ampliando

 o s  

interesses

 

destes

 

últimos. 

Gostaríamos,

 

ainda,

 de

 destacar  

q ue

 a  formação  

do  arquivista,

 no

 

Brasil,

 parece seguir,

 

em  grandes 

linhas,

 o

 

modelo

 

internacional 

guardando,

 é  

claro, certas

 

particularidades. O  q ue

 

há  em

 

c omum,

 

parece- 

nos,  é  o  deslocamento  do s locais  

de

 formação: 

das

 instituições  arquivísticas públicas para  as  universidades. 

A

 

particularidade

 

brasileira

 

deve-se

 

ao

 

fato

 

de

 

q ue

 

-

 

ao

 

contrário

 do  

q ue

 

ocorreu

 e  

ocor re

 

na

 

maio r ia

 

do s 

países  pesquisados 

-

 a   formação  universitária  

no

 Brasil priorizou  

um a

 formação  acadêmica  integral,  segundo

 

o

 

modelo  tradicional

 do  

bacharelado.

 

São  poucas

 

as

 

fo rmações

 

profissionalizantes

 

o u  de

 

especialização 

oferecidas pelas universidades. N as  universidades públicas  temos  o  já  tradicional curso  

de

 especialização 

do  Instituto

 

de

 

Estudos 

Brasileiros

 (IEB)

 

da

 

USP.

 

Um

 

levantamento

 

prel iminar  

-

 realizado

 

p o r  nós

 

pa ra 

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criado  

em

 2003

27

 e  

um

 na  

Universidade

 Federal da  

Bahia,

 

onde

 se  encontra  

em

 

fase

 de  

tramitação

 

um a

 

proposta  de  um  

curso

 de  especialização 

intitulado  Atualização

 em  Informação  arquivística

2

* . 0mesmo 

levantamento  most rou 

a  

criação

 de

 um  M BA  em

 

Arquivologia  e 

Gestão  

Documental na

 

Universidade

 

Paulista

 

(Unip),

 

numa

 

parceria

 

co m

 

a

 

Fundação

 

Arquivo

 

e

 

Me m ór i a

 

de

 

Santos

 

(FAMS).

 

Esse

 

curso,

 

de

 

fato,  já

está

 no  

site

 da  Unip,

 

co m  o s objetivos,  carga  horár ia

 e

 grade curricular

2 9

. Ainda  nas faculdades

 

privadas, um  curso  

de  especialização

 

(MBA)

 

é

 oferecido  pelo

 

CPDOC/FGV  co m  

o

 título  

de  M BA

 Bens

 

culturais:

 

cultura,  

economia

 

gestão

 

q ue  possui na

 

sua

 grade 

curricular

 

disciplinas

 

relacionadas  à 

Arquivologia,

 

embora

 

a

 terminologia não  apareça.

 

Finalmente, 

a

 título

 

de

 síntese,

 poderíamos

 

dizer  

que,

 

hoje,

 

alguns  aspectos 

devem  ser  destacados

 

quanto  

à

 situação  

da

 Arquivologia  -no  Brasil 

e

 no  m undo: a) 

assist imos

 

ao

 nascimento

 e

 consolidação

 

de  um a  profissão, subjacente  àquela  de  arqüivista,  

q ue

 é  a  do  "professor

 

de  

Arquivologia"

 

-

profissão  

esta

 

que,

 

aliás,

 

consta

 

na

 

CBO

 

de

 

2002

 

o s

 

p rogramas

 

de

 

pós-graduação

 

das

 

universidades

 

contribuirão

 

cada

 

vez

 

mais

 

para

 

consolidá-la

 

também  no

 

campo

 científico;

 b)  há, de

 

certa

 

fo rma , um a

 

demanda  -ainda

 

q ue

 

difusa

 

-  da  sociedade pelo

 

trabalho  do  Arqüivista.

 

No

 

caso

 

brasileiro,  bastaria

 

fazer  um  levantamento

 

do s concursos pa ra  arqüivista realizados no s úl t imos anos: constata-se  

a

 necessidade do  prof issional,

 

m as  a  "oferta

 

de

 emprego  

é  ainda

 comumente

 

m al

 definida"

 

[vide

 o s

 editais,

 

às

 vezes

 

confusos  

na

 definição

 

do

 prof iss ional]

 e,

em  

certas

 ocasiões,

 

ainda se  

quer  

um

 

simples técnico,

 fato

 lembrado,

 no

 plano 

internacional,

 p o r

 Elisabeth

 Verry

 (2003); 

c)

 

a

 institucionalização acadêmica  da  Arquivologia parece

 

contr ibui r

 

f i rmemente

 

pa ra

 

credenciar

 

o

 

pro f i ss ional

 

f o rmado

 

na

 

disciplina

 

a

 

disputar

 

o s

 

espaços

 

intelectuais

 

legit imados 

para

 

analisar

 questões  

complexas,

 

c o m o

 

aquelas

 

relacionadas

 

à

 memór i a ,

 ao 

pa t r imôn io  

documental 

e

 à

 gestão

 documental , enfim  

às

 

políticas

 

públ icas de

 

gestão  e

 acesso

 às 

informações. 

Pensamos  

q ue

 a  Universidade  tem  um  papel fundamental a  desempenhar  nesse processo  de 

reconhecimento  de  

fato  -

e de

 

direito

 -

 da

 

Arquivologia

 

e do s

 arquivistas, 

mediante 

pesquisas

 

q ue

 

identifiquem

 as

 demandas sociais, analisem

 

o s currículos

 e  

o s métodos  de

 

ensino

 

no s cursos  de  graduação,

 

dentre

 outros. 

Além

 

disso,

 é  na  universidade,

 como

 no s

 lembra

 

Co x  

(1998)  

q ue

 

se

 

encontram  

as  

palavras-

 

chave 

para

 a  formação  de  um  profissional 

crítico:

 

"ensino

 

-

pesquisa  -quest ionamento" (COX,

 

1998, p . 

61). Paralelamente, as associações prof iss ionais também  poder iam  colaborar, no  sentido  de  q ue  elas, 

hoje,  compõem-se,  em  

sua

 

grande

 

m a io r i a -  refer imo-nos 

aqui  

especialmente

 ao  Brasil

 

-  

de

 

egressos

 

do s

 

cursos

 

de  graduação

 em  

Arquivologia,

 

ao

 

me n o s em

 

suas 

diretorias. 

Percebe-se,

 

igualmente,

 

um  

amadurecimento

 da

 categoria  -

a

 

exemplo  

do

 

q ue

 

ocor re

 

no

 

plano

 internacional

 -

 no  sentido  de  

considerar

 

importante  

um a  

parceria  co m  as  

universidades. 

"Con fo rme

 

esolução

 

CONSEPE

 

0

 

94/03

 

a

 

UFMA

 

disponível

 

m

 

ttp://www.ufma.br/)

 

2 1

 Confo rme 

nfo rmações

 o 

ite a UFBA

 

em :

 

t tp : //ww w .prp p g.ufba.br/especializacao.htm l 

.Acesso m 

bril

 

e

 006.

 

"Disponível m ttp://www3.unip.br/ensino/pos_graduacao/latosensu/index.asp. cesso m

 

abril e 

006.

 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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O s  debates sobre  o  papel do  arquivista  -ainda  q ue  este papel não  seja  claramente  

explicitado

 

são

 

cada

 

vez

 

mais

 

freqüentes

 

no s

 

jornais:

 

quando

 

se

 

discute

 

o

 

acesso

 a  

documentos

 sigilosos; 

quando 

 

noticiam

 

sinistros

 

q ue

 destroem  arquivos  da  administração  pública;  quando  

se

 

fala

 

em

 

terceirização

 

o s

 

serviços

 

de

 

arquivo

 

nas

 

instituições

 

públicas;

 

quando

 

se

 

privatizam

 

estatais;

 

quando

 as

 

CPIs

 

 documentos c o m o  prova, etc.

 

Em  todas essas circunstâncias, um  arquivista

 

co m

 

um a

 

bo a 

 

de

 

base

 universitária,  fo rmado  no  

espírito

 

crítico

 e  investigativo, será  

um

 profissional 

capaz

 de

 

 

ações,

 assessorar  

e

 p r o p o r  polít icas de t ratamento, preservação  

e

 acesso  às 

in formações

 

e

 

 

arquivísticos.

 

eferências

 

ASSOCIATION  

DES

 ARCHIVISTES

 

SUISSES.

 

La f o r m a t i o n  des  archivistes.

 

Disponível 

em :

 

http ://ww w .vsa-aas.o rg/Zeller_Structure.267.0.htm l?&L= l.

 Acesso  em :  

jan.

 2006.

 

B O N A L Z A Z O , 

José

 Luis.

 

La

 

investigación

 

universitária

 

sobre

 

archives

 

y

 

archivística 

en  Espana

 

a

 

través

 de Ias 

tesis

 

doctorales. Disponível em : 

http://www.ucm.es/info/multidoc/multidoc/revista/numlO/paginas/pdfs/Jlbonal.pdf.  Acesso  em : dez.

 

2003. 

B O r r i N O ,

 

Mariza.

 

Panorama

 

do s

 

cursos

 

de

 

Arquivologia

 

no

 

Brasil:

 

graduação

 

e

 

pós-graduação.

 

Arquivo

 

&  Admin i s t r ação ,

 

v . 15, 

n. 23 , p . 

12-18,1994. 

BR l l

 

l  

O ,

 Mar i a  Teresa Navarro  de.  

Cartografia

 

do

 Ensino  Universitário  de  Arquivologia  

nas

 Américas. 

In:

J A R D IM , José 

Mar ia ; F O NS E C A , 

M a r i a

 Odi la  (Org.) . A

 

f o r maç ã o

 

do  

arquivista

 no

 

Brasil

Niterói:

 

EdUFF,

 

1999, p . 

9-30.

 

B U RG Y ,

 

Franço i s . Archivistique

 

et

 

p o ly  valence

 

professionnelle: 

dix  

ans

 de 

f o rma t i on

 

em

 

archivistique

 à  

Genève.

 

Disponível

 em : 

http://www.hesg.ch/heg/prestations_recherche/doc/fb_archiv- 

polyv.pdf.

 

Acesso

 

em :

 

jan.

 

2006.

 

C O O K , M ichael. The

 

education

 

and

 

training

 

of

 

archivists

 -

 status

 

report

 of

 

archival 

training

 

programmes

 

and

 

assessment

 

of 

manpower 

needs.

 (PGI-79/CNF.604/COL.2) . 

Paris: 

UNESCO, 1979.71

p .

 

CASTRO,  A. de  Moraes ; CASTRO,  Andresa de  Moraes ; GASPARIAN, 

D.

 M . 

Castro.

 Arquivist ica, 

arquivolog ia . R io

 de  

Janeiro:

 Ao  Livro  Técnico,

 

1988.

 

CNPq. Avaliação

 e pe rspect ivas .

 

Brasília,

 

1978.

 

v .

 

9. 

CNPq.

 

Avaliação

 

e

 

perspect ivas:

 

ciências

 

sociais

 

aplicadas.

 

Brasília,

 

1983. 

v .

 

8 .

 

COUTURE, Carol.

 

La  f o rma t i on et la  recherche  en  archivistique:

 

éléments  révélateurs de Tétat  de 

développement  de  

1 '

 

archivistique

 

contem po raine: synthèse

 

d'un

 

projet

 de  recherche. Archives,  v . 33 , n.

 

2,p.21-51,2001-2002. 

Page 41: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

http://slidepdf.com/reader/full/arq-adm-rio-de-janeiro-v-5-n-2-p-1-76-juldez-2006 41/78

COUTURE,

 Carol; M A R H N E A U , Jocelyne. La  

fo rmat ion

 en  

archivistique

 et  le 

pro f i l

 de  I'archiviste 

contemporain .

 Archivum. 

International

 o n  

Council

 

Archives,

  v . 

45 ,

 p .

 

19-37,2000. 

COUTURE, 

Carol;

 MARTINEAU, Jocelyne;  DUC H AR M E , 

Daniel.

 A  

f o rma ção

 e a pesquisa em  

arquivistica 

no

 

m u n d o

 

c o n t e m p o r â n e o .

 Trad. Luis Carlos Lopes. Brasília; FINATEC,

 

1999. 

C O X ,

 Richard. 

A

 

advocacia

 no s  currículos 

de

 graduação  em  arquivologia:

 um a

 perspectiva  norte-americana. 

Arquivo  &  

Admin i s t ração ,

 R io  de  

Janei ro, 

v .

 

l,n. l,p.

 59-70,

 jan./jun. 

1998.

 

DELMAS, Bruno . The training ofarchivists: analysis of

th e

 

study

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Príncipes

 

directeurs

 

pour

la

 

rédact ion

 

d'objecti fs

 

d apprentissage 

en

 

bibliothéconomie,

 

en

 ciences 

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  information et 

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GONZÁLEZ

 

DE

 

GÓMEZ,

 

Mar ia

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 Escopo

 

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da

 ciência  

da

  informação

 e

 

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 pós-graduação 

na área:

anotações

 pa ra  um a  

reflexão.

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15, 

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JARDIM,

 

José

 Mar ia . A

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de

 

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Visibilidade 

da

 

produção

 

científica

 

gerada

 

pelos

 

docentes

 e  

egressos

 

do s 

programas  

de  

pós-graduação

 em

 ciência

 da

 informação

 

e

 

as  interfaces

 co m

 o s  grupos de  pesquisa

 da  área, 

constantes

 

do  

diretório

 do  

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jan./

 

jun.

 

2002. 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

http://slidepdf.com/reader/full/arq-adm-rio-de-janeiro-v-5-n-2-p-1-76-juldez-2006 42/78

 Georgete  Medleg;  APARÍCIO, 

Mar i a  Alexandra

 

Miranda.

 

Apesquisa

 

em

 arquivística  

na 

 

no

 

Brasil:

balanço

 

e

 

perspectivas. Páginas

 

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 Georgete Medleg;  CUNHA,  

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Apesquisa

 

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 arquivística  nas  universidades

 

rasileiras:

 

um

 

estudo

 

da

 

produção

 

científica

 

no

 

âmbito

 

do s

 

p rogramas

 

de

 

pós-graduação

 

e

 

de

 

iniciação

 

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NACIONAL

 

DE

 

PESQUISA

 

EM

 

CIÊNCIA

 

DA

 

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Horizonte,

 10-14  

de

 novembro  

de

 2003. 

Anais. 

RODRIGUES, Georgete 

Medleg;

 

CUNHA,

 

Angelica

 

Alves.

 

A

 pesquisa  

em

 arquivística no  Brasil: 

um  

estudo

 da  

produção

 

científica

 

no s

 

programas

 

de  

pós-graduação

 e  de

 

iniciação

 

científica  e  do

 

papel

 

das

 

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RODRIGUES,

 

Georgete Medleg;  MARQUES,

 

Angelica  Alves da

 

Cunha. Ainserção

 

da

 

arquivística

 

nos 

cursos

 

de  pós-graduação  stricto

 

sensu

 

no  Brasil.

 

R B P G ,

 v .

2,

 

n.

 

3,

 

p .

 

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B  AR R E DO , Julia

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propuesta

 

para

 

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siglo

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R A M O S ,

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SOUSA,

 

Marcos

 

Aurélio

 

Lopes

 

de;

 

RODRIGUE S ,

 

Georgete

 

Medleg.

 

O

 

arquivista

 

c o m o

 

cientista

 

da

 

in fo rmação: 

f o rmação

 

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experts on he harmonization of 

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programmes:

 

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november ,

 

Paris,

 

1979:

 

f inal

 

repor t .

 

Paris,

 

UNE S CO,

 

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de  

I ' emplo i .

 

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p .

 

117-122,2003. 

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DOIS 

ASPECTOS DA

 

FORMAÇÃO 

EM

 

PRESERVAÇÃO DOCUMENTAL 

BECK,

 

ngrid 

Museóloga,  

Mestre

 

em

 Ciência 

da

 

M o r m a ç ã o 

Consultora

 

pa ra

 

projetos  de  preservação

 

documental 

[email protected] 

 

Apresenta

 

o s

 

resultados

 

de

 

um a

 

pesquisa

 

sobre

 

o

 

ensino

 

da

 

discipl ina

 

de

 

Preservação

 

 

no

 

campo

 

da

 

Ciência

 

da

 

Informação.

 

Identifica

 a  

necessidade

 

da

 

atuação

 interdisciplinar  

do s 

 

de

 informação.

 Propõe

 

um

 

novo

 

modelo

 

de

 disciplina  

de

 Preservação  

Documental

 pautado

 

a  conservação  preventiva  do s

 

diferentes

 

suportes documentais  e  enfatiza a  necessidade  de  formação  de 

 para  

o

 

ensino

 desta  disciplina  

dentro

 de  

linhas

 de  pesquisa  da  Ciência  da  

Informação. 

 Preservação  documental;  

Formação

 

profissional;

 

Suporte

 

de

 informação;  

Nova

 

mídia. 

 

O

 

presente  estudo

 

subsidiou

 

a

 

pesquisa  de

 

Mestrado  da  autora,

 

defendida

 

em

 

abril

 

de

 

2006, 

 à  

Universidade

 

Federal

 Fluminense  

em

 

convênio

 co m  o  

Instituto

 Brasileiro  de  

Informação,

 

Ciência 

 

Tecnologia

 

-

 IBICT.

 Teve

 

c o m o

 

objetivo

 

refletir

 

sobre

 a  

atualidade

 da  

disciplina

 

de

 

Conservação

 

 de  Documentos,

 

oferecida no s cursos de

 

Arqui  vologia

 e Biblioteconomia,

 considerando  as 

 

conceituais

 

q ue

 

redirecionaram

 

a

 

preservação

 

documental

 

na s

 

últimas

 

décadas.

 

Este  processo  de  mudanças  

está

 relacionado  

às

 constatações alarmantes sobre a  fragilidade 

do s

 

 

recentes

 

suportes

 

documentais

 

e

 

o

 

conseqüente

 

risco  de  

perda

 de

 

grandes 

massas

 

de

 

in fo rmação 

 

Nu m a

 tentativa

 de

 

anteceder-se à  perda, a

 

conservação

 

preventiva

 

assume  um

 

caráter  gerencial, 

 a  gestão  documental e  a  gerência  

de

 

coleções.

 

Ao

 lado  de  ações 

estratégicas,

 iniciadas 

na

 década 

 1990, para

 

salvar  

em

 microf i lme

 

a

 

informação  

em

 risco  sobre

 

papéis

 

quebradiços, 

surgem

 questões 

 sobre

 

o  acesso  à  informação,  cada  vez

 

mais

 

requisitado  pela

 

sociedade da  informação. 

Po r

 

outro

 

lado,

 

o

 

uso

 

cada

 

vez

 

ma is

 

corriqueiro

 

das

 

tecnologias

 

de

 

informação

 

na

 

produção

 

e

 

 da

 

informação  passou

 a

 requerer

 

procedimentos

 

padronizados

 

para  preservar  

a

 integridade 

 e 

probatór ia

 

do s

 

documentos

 

em

 

mídias

 

ainda

 

ma i s

 

vulneráveis

 

ao

 uso  e à  

obsolescência 

 

Terry 

Cook

 most ra

 

q ue  neste processo

 

de

 

mudanças

 

se  faz  necessária

 

um a

 

nova  atitude

 

em  

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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A  

noção

 

confortável

 de  valor  permanente  de  documentos  arquivísticos 

únicos,

 ao  longo  do

 

tempo, precisa  se r

 modificada,

 simplesmente  po rque  o  

documento

 eletrônico

 

f icará  ilegível 

ou 

incompreensível,

 se  

não

 fo r  copiado  e  q ue  sua  estrutura  efuncionalidade 

re-configurada

 

em  um  

novo

 

software, a

 cada  curto  p razo  

de

 poucos  

anos.

 

Isto

 

substitui

 

a

preservação

 

arquivística

 

tradicional,

 q ue

 

indica

 

procedimentos

 

adequados 

ao

 

reparo,

 à

 

restauração  e

 

ao  armazenamento, e  uso

 

do

 meio

 físico

 

q ue  fo i  o

 

documento. 

(COOK,

 2000,

 

p .

 

10).

 

O  

fato

 é  q ue  o s  

documentos

 em  papel, quando  bem  organizados e  acondicionados  em  

ambientes 

adequados à

 preservação

 podem  

permanecer

 inalterados p o r

 

décadas,

 

sem  exigir

 

um a  intervenção  

ativa

 

para  q ue  se  mantenham  íntegros em  seu  conteúdo. 

Po r

 outro  lado, o s  documentos eletrônicos  dependem

 

de  atenção  

permanentemente

 e  de  ações  reiteradas contra  a  

obsolescência

 do s  

p rog ramas

 e  do s sistemas

 

onde

 

estão

 

armazenados.

 

No s

 

dois

 

casos

 

a

 

conservação

 

preventiva

 

é

 

mais

 

eficaz

 

e

 

racionaliza

 

custos,

 

desde

 

q ue  integrada  

no  processo  de  

gestão, 

q ue  permi te  

planejar, 

estabelecer

 prioridades e, 

de

 acordo

 

co m  a

 

temporalidade

 

de

 

cada

 conjunto  documental, estabelecer  o s prazos 

de

 custódia  

e

 acessibilidade.

 

Desta

 f o rma , tão  importante  

c o m o

 

resguardar

 a  

evidência

 

do s

 registros do  passado  em  seus

 

suportes de  papel, 

de

 f i lme o u de  material fotográfico  é assegurar  a  sobrevida  do s registros em  mídias

 

magnéticas e  

digitais.

 

Po r

 esta  razão,  preservar  informação  relevante  

requer

 

o

 envolvimento  

de

 equipes

 

multidisciplinares  

na

 seleção  de  

preservação,

 

no

 estabelecimento  

de

 prioridades  

co m

 base 

no

 valor

 

informacional,

 

na

 

demanda

 

de

 

uso

 

e

 

na

 

vulnerabilidade

 

de

 

cada

 

t ipo

 

de

 

suporte.

 

A

 

part i r

 

destes

 

dados

 

podem  ser  

definidas

 

políticas

 de  custódia  e  acesso.

 

A

 

interlocução interdisciplinar  é

 

ampl iada. Já

 

não  são

 

apenas

 

o s conservadores

 

em  suas

 

especialidades

 q ue  decidem  o

 

que,  

c om o

 e 

quando

 

preservar. 

As

 

equipes  de  gestão, acesso

 e

 preservação  

devem  estabelecer  

conjuntamente

 as  prerrogativas  de  valor  e  temporalidade, c om o  elementos  essenciais

 

no  processo  decisório, q ue  levam  em  conta  

questões

 de  

custo-beneficio

 para  definir  o s investimentos de

 

conservação  preventiva, objetivando  assegurar  a  integridade e  acessibilidade  do  conteúdo  informacional.

 

Esta

 

nova

 

postura

 

também

 

ap rox ima

 

a

 

Preservação

 

Documental

 

da

 

Ciência

 

da

 

Informação.

 

De  acordo

 co m

 Fonseca

 

(2005),

 "a  

part ir

 

de

 um

 novo  paradigma

 

na  

Arquivologia 

toma-se mais 

visível  a  aproximação  do  

campo

 co m  a  Ciência  da  

Informação",

 no  momento  em  q ue  hoje  a  informação  se

 

refere

 

à

 "análise das  relações

 

entre  o s documentos  e

 

seus

 geradores",  

visando

 

"a  autenticidade,

 

a  segurança

 

a

 fidedignidade desses

 

documentos".

 

(FONSECA, 2005, p .

 

59). Este 

é também  

mais

 

um

 

ponto  de 

interseção  destes  

campos

 co m

 

o  da

 Preservação

 

Documental:

 

O s 

métodos

 

t radicionais

 de

 preservação

 de  

documentos

 de  arquivo  baseados  em

 padrões

 

ap rop r i ados

 

de

 

restauração,

 

armazenagem

 

e

 

uso

 

do s

 

suportes

 

físicos

 

tomam-se

 

irrelevantes

 

na

 

medida

 

em  q ue  o s  documentos  devem  

migra r

 seus conteúdos  muito  antes  da  deterioração  física  de  suportes, o

 

q ue  

está  

p romovendo  um a impor tante reformulação  no s

 pressupostos

 

de  

proveniência, originalidade  e

 

funcionalidade 

do s

 documentos. (FONSECA, 2005, p . 62)

 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

http://slidepdf.com/reader/full/arq-adm-rio-de-janeiro-v-5-n-2-p-1-76-juldez-2006 46/78

O  

profissional 

de

 informação

 de  

hoje

 

agrega

 

conhecimentos

 

e

 

responsabilidades,  interagindo

 

o  processo  decisório  de  

gerência

 e  preservação.

 

Sua  

participação

 no  

planejamento

 de  

preservação

 não  

 ser  confundida  co m  

as

 

atividades

 

específicas

 do s 

profissionais

 de  

conservação,

 entretanto  precisa 

 

o s

 

diferentes

 

suportes

 

documentais

 

e

 

o s

 

meios

 

necessários

 

pa ra

 

assegurar

 

sua

 

integridade

 

e

 

 associados a  um  coerente  plano  de  gestão  documental. 

 

aspecto

 gerencial 

da

 

preservação

 

-  Neste 

processo

 de  

mudanças, 

a

 

relação  de  

custo-benefício

 em  décadas

 

passadas,

 

de  restaurar 

 únicas,

 levando-se 

em

 

conta

 

o  valor

 

de

 

artefato

 e  a  

antigüidade histórica,

 

deu  lugar

 a  um a  

leitura

 q ue 

 

o

 

documento

 

dentro

 

de

 

seu

 

contexto

 

informacional.

 

O s

 

programas

 

passam

 

a

 

ser

 

redirecionados,

 

 ações 

abrangentes de

 conservação  

preventiva,  

contemplando  

o s  acervos

 

de

 

f o r ma

 

global.

 

Fo i  Gael

 

de 

 quem  definiu  da  melhor  manei ra  

o

 

q ue

 pode ser  considerada um a verdadeira mudança  de 

 no  cam po

 da  preservação

 do  

patr imônio  

cultural c omo  um  

todo.

 

A  conservação

 

preventiva  

é

 um  velho  conceito  no  mundo  do s  museus, m as  só  no s  últ imos 10 

anos

 

q ue

 ela  

começou

 

a

 

se

 

t o m a r

 

reconhecida

 

e

 

organizada. 

Ela

 

requer

 um a

 

mudança 

profunda  

de

 mentalidade. Onde ontem

 se

 viam

 artefatos,

 

hoje

 devem  

se r

 vistas coleções. 

Onde 

se

 viam  

depósitos

 devem  ser  vistos  edifícios. Onde se  pensava  em  dias, agora  

se

 deve 

pensar

 

em  anos. Onde 

se  

via um a  pessoa,

devem

 ser  vistas 

equipes.

 O nde se

 

via

 

um a  despesa 

de  

curto

 p razo ,

 

deve-se

 ver  um  investimento  de longo  p razo . Onde se  most r am  ações 

cotidianas,

 

devem  

ser

 

vistos

 

p r o g r a m a s e  prior idades.

 A 

conservação

 preventiva 

significa

 

assegurar

 a sobrevida  das  coleções. (GUICHEN,

 

1995,  p . 4). 

Esta  mudança  está  associada  à  visão  de

 

q ue

 

a  preservação

 

só  é

 

eficiente  quando  envolve

 

um  

 

de

 

ações

 

planejadas

 

q ue

 

contribuem

 

para

 

a

 

salvaguarda

 

das

 

coleções

 

co mo

 

um

 

todo.

 

Quanto

 

mais

 

 

e

 vulneráveis 

o s acervos, maio r  a  prioridade 

de

 

preservação.

 

A  

vulnerabilidade do s

 

novos

 suportes

 

 

informação

 

redireciona

 

prioridades

 

e

 

passa  a  exigir  ações

 

preventivas

 

contra

 

a  perda

 da  

informação. 

O  gerenciamento

 

no

 desenvolvimento  das coleções deve  

fazer

 

pa r te  

do s  planejamentos de 

 

[...]A  

escolha

 

política

 

e

 

tecnológica

 

q ue

 

éfeita  agora , 

direcionada

 apenas

 

paraatender 

 um a   possibilidade

 

futura, é

 

determinada

 poresses mes mo s valores de  

relativismo

 ético, humanístico 

epistemológico

 vigentes. (ALBITE  S I L V A ,  1998, 

p .

 9). 

A  

preservação

 

passa

 

assim

 a  

assumir

 um a  função  

gerencial

 central,  junto  ao  processo  de  gestão 

 Helen  Forde recomenda  o  fortalecimento  de  um a  consciência política sobre  a  importância

 

da 

 

de

 

preservação.

 

"A  administração

 

estratégica

 

de

 

um

 arquivo  

tem

 

q ue

 

incluir

 a  

administração 

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O ensino de preservação 

na

 formação do profissional de 

nformação 

O  vertiginoso  avanço  das novas tecnologias  

permeando

 todas as áreas relacionadas co m  a 

informação

 

justificou

 

um a

 

verdadeira

 

revolução

 

nos

 

p rog ramas

 

de

 

ensino

 

em

 

vários

 

países.

 

A

 

part ir

 

da

 

década  de

 

1990  foram  

realizados

 

estudos 

e  

pesquisas 

no  

campo

 da  Ciência  da  M o rmaç ã o ,

 para

 avaliar  a 

adequação

 do s currículos  acadêmicos,  condizentes  

co m

 o  novo  o

 novo

 perfil 

do

 profissional 

de

 

informação

 

do  século  XXI . 

Um  importante  

exemplo

 destas 

iniciativas

 fo i  o  

Projeto

 

KELLOGG-ALISE,

 realizado  entre o s 

anos 1998

 

a

 2000, 

q ue

 avaliou 

r e f o rm a  

educacional

 

de

 p r o g r amas curriculares de 

26

 cursos

 

Bibl ioteconomia  e Ciência  

da

 Info rmação  do s Estados Unidos e no  Canadá. "Entre as tendências 

identi f icadas, 

nota -se

 u m a m a i o r  flexibilidade nos currículos  dos

cursos

 

e

 

a

 

a mp l i a ção

 da

 

interdisciplinaridade".

 

(P EHG R EW;

 

DURRANCE,

 

2001,

 

p .

 

170).

 

No

 Brasil,

 realizou-se um a

 

pesquisa  entre

 

novembro

 

de  2005 

e  

março

 

de  2006  (BECK,  2006, 

p . 

78-89) 

junto

 

ao s

 

coordenadores

 do s cursos de  Bibl ioteconomia

 

e

 

de  Arquivologia, p o r

 

meio  de  um  

questionário

 encaminhado

 

o n  

line

 (p .

 109-110).

 Esta

 

pesquisa

 objetivou

 avaliar  

o  conteúdo,

 

a

 

bibliografia 

recomendada,

 

a

 

carga

 horária

 e  a

 

obrigatoriedade,

 colhendo

 

também

 

relatos  sobre

 

mudanças

 

q ue

 

ocorreram

 

nestes aspectos,

 

no s

 

úl t imos anos. O s dados

 

foram  complementados 

p o r

 um a

 outra

 

coleta

 nas  páginas

 

virtuais do s  cursos,

 na

 Internet.

 

A

 

consulta

 

às

 

pág inas

 

virtuais

 

objet ivou

 

identificar

 

o s

 

cursos

 

de

 

Bibl io teconomia

 

e

 

de

 

Arquivologia

 q ue  oferecem  a 

disciplina

 de  Preservação  Documental , e identificar  as diferentes 

nomenclaturas. O s dados quantitativos colhidos a  part i r  das consultas às páginas  destes cursos foram

 

fundamentais 

neste

 caso. São  eles: 

• Número  de  cursos de  Biblioteconomia em  funcionamento: 24

 

 

Oferecem  

a

 Disciplina  de  Conservação: 

J L Q  

• 

Obrigatoriedade:

 

 Número

 

de

 cursos 

de  

Arquivologia  

em

 

funcionamento:

 2

 

• Oferecem  a  

Disciplina

 de  

Preservação

 Documental: 2 

 

Obrigatoriedade: 2  (BECK, 2006, p . 79)

 

O s dados colhidos puderam  ainda  ser

 

respaldados 

e

 confrontados co m  a  pesquisa

 

de  mestrado

 

de

 

Neide

 

G o m es 

(UNB,

 

2000), 

q ue  

mapeou

 

as  

condições

 

de

 

ensino

 em  

conservação

 

e

 

restauração

 

de 

documentos no  país,

 levantou

 dados sobre  

a  disciphna  

de  Preservação  Documental oferecida

 na  

época,

 

no s

 

cursos

 

de

 

Biblioteconomia

 

e

 

Arquivologia.

 

Estas

 

fontes

 pe rmi t i ram  

estabelecer

 um a  

relação

 

entre

 

o s cursos

 

e

 

a

 

oferta

 

da

 

disciplina

 

de 

Preservação  Documental, entre 

2000

 e  2005. O s  cursos de

 Arquivologia

 

mantiveram

 sua  

taxa

 (6/6  e  9/9) 

de 100%. Já  

no s

 de  

Biblioteconomia,

 

a

 

relação

 caiu da  

anterior

 (19/12) de  63%  para  

(34/10)

 29 % . 

O  

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impressionante

 

decréscimo  

desta relação

 

pode estar  

relacionado  

a  vários

 

fatores. O

 

fator  central

 

é 

cer tamente 

o

 impac to  q ue  as novas 

tecnologias

 vêm  

causando

 sob re 

o

 currículo  do s 

cursos

 de 

Biblioteconomia,

 fazendo  co m  q ue  muitas disciplinas desaparecessem,  

dando

 

lugar

 a  

um

 

novo

 

conteúdo. 

Alguns cursos de  Biblioteconomia  também  mudaram  a sua  

denominação

 

p a r a

 Ciência  da 

Info rmação  e outros 

se

 t ransfo rmaram  em  cursos  

de

 Ciência 

da

 Computação .

 Surgem

 

disciplinas 

co m

 diferentes 

nomes:

 

"Tecnologia

 da

 In fo rmação" ;

 "Gestão  

de

 

Sistemas

 

Informacionais Planejamento  de  Sistemas de  Informação Produção  de  Documentos 

Eletrônicos" e 

ainda

 "Produção, Armazenamento , Conservação  e Disseminação  de 

Documentos

 Eletrônicos ntre

 outros. 

As grades

 

curriculares destes cursos  parecem  

atender  à

forte

 pressão  

do  mercado  

de  

trabalho.

 Em

 

sua

 maio r ia ,

 entretanto, deixam  

de

 

te r

 

um

 

compromisso

 

co m

 

a

questão

 

da

 

preservação,

 e

 

isto

 

é

 

muito

 

preocupante.

 

(BECK,

 

2006,

 

p.93). 

Do  

questionário

 encaminhado  

o n

 Une  ao s coordenadores do s 34  cursos  

de

 Biblioteconomia  e 

9  de  Arquivologia, retomaram: 

 Biblioteconomia:  (1 0  respondentes,

 

29%): 3  

do

 Nordeste,

 

4  

do

 Centro-Oeste

 

e

 

3  

do  

Sudeste, 

faltando

 

respostas

 

das

 

regiões

 

Norte

 

e

 

Sul.

 

 

Arquivologia:  

(4  

respondentes,  44%): 1

 

do

 Nordeste, 

1

 

do

 Centro-Oeste, 

1

 

do  

Sudeste

 e

 

1  

do 

Sul.

 

As

 

amostras

 

obtidas

 podem  

ser

 

consideradas

 

adequadas,

 considerando-se 

o

 objetivo, q ue  

fo i

 a

 

busca  

de

 tendências. 

O

 questionário  encaminhou

 9

 perguntas.  

As

 duas

 

pr imeiras  perguntas identificaram  o s  cursos

 

e

 

seus

 

coordenadores.

 

As

 

respostas

 

das

 

outras

 

7

 

perguntas

 

forneceram

 

importantes

 

indicadores.

 

Co m  relação  ao s fatores  q ue  

dificultam

 a  implantação  

da

 Disciplina  

de

 Preservação  Documental, 

o s  respondentes indicaram, 

em

 p r imei ro  lugar, a  falta  

de

 professores habilitados 

ao

 ensino  da  disciplina. 

Nota-se

 também  um a

 falta  

de  

clareza  sobre  qual

 deveria  ser

 o

 conteúdo  da

 disciplina,

 podendo-se

 chegar 

ainda  mais longe: ainda  

não

 há  um a  

compreensão

 da  

importância

 da  

conservação

 

preventiva

 

para

 

assegurar 

o  

acesso

 

continuado

 à  informação,  em

 

seus diferentes suportes. 

A

 nomenclatura  

adotada

 

para  

a  

disciplina,

 bastante

 diferenciada,

 denota  

q ue  

também

 não  

há  

um  

consenso

 

em

 

relação

 

ao

 

seu

 

conteúdo.

 

Além

 

do

 

conteúdo,

 

cada

 

curso

 

estabelece

 

seus

 

própr i os

 

parâmetros

 

em

 relação

 

à

 carga

 horária , 

à  relação

 entre

 teor ia

 e

 

prát ica, e

 

à  obrigatoriedade

 

da  disciplina. 

Este

 

descompasso  já  fo i

 

notado  p o r  

Gomes  

(2000).  

Além

 disto,

 

persiste ainda  o  

ensino

 

de

 práticas  

de

 restauração  

sem  um a  fundamentação  teórica adequada,  

considerando

 as limitações da  

carga

 horária  de  

60

 horas. Po r 

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Cresceu, desde G o m e s 

(2000),

 

a

 tendência da  adoção, parcial o u total, da  bibl iografia

 

disponibilizada  

pelo  projeto  Cooperativo

 

Conservação  Preventiva em  Bibliotecas  

e

 Arquivos - CPB  

A. 

O

 

Projeto

 Conservação  

Preventiva 

em  

Bibliotecas

 

e

 Arquivos 

q ue

 

dissemina  in fo rmações 

técnicas

 

através

 

da

 

distribuição

 

de

 

textos

 

traduzidos

 

às

 

instituições

 

cadastradas

 

no

 

projeto.

 

Apesar

 

de

 

sua

 impor tância  

e  

de

 

ser  o  único  trabalho

 

no

 gênero

 desenvolvido  no

 

país,

 

apenas 

quatro

 universidades

 

responderam  

q ue

 mantêm  a cooperação  co m  o  projeto  e/ou

 usa

 

o s

 textos  

divulgados

 pela  comissão.

 

(GOMES,

 2000, 

p .

 

59).

 

Esta

 

bibliografia,

 

abordando  

as

 questões 

centrais

 

do

 planejamento

 de

 

preservação

 

do s 

diferentes 

suportes documentais  e

 

de

 microfilmagem  

e

 

digitalização, 

vem  complementando  o u

 

mesmo  

redirecionando 

os

 

conteúdos

 desta

 

disciplina

 

no s ú l t imos 

anos, 

m as não

 

alcança

 

ainda

 

um a

 

unanimidade  sobre um  

p rograma

 condizente

 

co m

 as  necessárias  mudanças. 

Um  

outro

 conjunto

 

de

 

dados fundamentais, para

 

o

 

estudo

 em

 questão, fo i  coletado  paralelamente 

utilizando  o  

mesmo

 instrumento  de  pesquisa, junto  ao s coordenadores  do s cursos de  pós-graduação  

Lato

 

e Stricto  Sensu  em  Ciência

 

da

 

Informação  para  levantar

 

a  ocorrência

 

de

 

disciplinas  o u  de  linhas de  pesquisa 

em  Preservação  Documental. Note-se 

q ue

 a  Ciência  da  

Informação  

já  

aparece

 na  

denominação

 da  

grande

 

maior ia  do s 

Departamentos

 ao s 

quais

 estão  

vinculados

 o s  

cursos

 de  Biblioteconomia  

e

 Arquivologia.

 

Esta  pesquisa  fo i  encaminhada  a  8  instituições  de  ensino  q ue  mantêm  cursos de  especialização, 

mestrado

 

e

 

doutorado. Das

 

quatro

 

respostas,

 

apenas

 

um

 

curso

 

de

 

especialização

 

em

 

Gestão

 

de

 

Arquivos

 

respondeu positivamente.

 

As  três

 

respostas negativas  justificaram:

 

1 )

 

"a  

falta

 

de  linhas de

 

pesquisa, apesar

 

da

 

possibilidade de  o  tema  ser

 

verticalizado

 em

 alguma

 

delas";

 2)

 "a

 

desvinculação  do  tema  à

 Ciência

 da

 

Informação"; 

e

 

3)

 

"a  

ausência  de  professores

 

capacitados

 

para

 

oferecer  tal conteúdo". (BECK, 2006,

 

p  

89). 

A

 

ormação

 

profissional

 

de

 

preservação documental 

Nos

 

Estados

 

Unidos

 

o s

 

programas

 

dirigidos

 

à

 

formação

 

em

 

preservação

 

documental

 

enfrentam

 

o s

 novos desafios do  ensino

 

de  preservação

 

do s meios audiovisuais

 e

 digitais, enquanto  q ue

 é

 observada

 

um a

 

queda

 

de  interesse

 

pelos

 

cursos

 conservação-restauração.

 Note-se

 

q ue

 

o s

 

cursos  são

 

de

 

pós-graduação,

 

o  

q ue

 

favorece a

 

concentração

 

de

 

disciplinas

 

e

 

de

 

linhas

 

de

 pesquisa  

específicas, 

pa ra  

a

 

fo rmação

 de

 

conservadores  

e

 gerentes de  preservação

 

dentro

 

do

 

campo

 

da

 Ciência  

da  Informação.

 

Gracy 

e

 Crof t 

realizaram  entre

 1999

 e

 2003  um a  pesquisa  

abrangente  a

 

todos 

o s

 cursos

 de

 

Biblioteconomia 

e  de  

Ciência

 da  

Informação  (LIS), co m

 o

 

apoio  da

 

Universidade de

 

Pittsburg.

 Apesquisa

 

objetivou

 levantar  as 

condições

 

atuais

 do  ensino  de  preservação  

no s

 Estados Unidos e  avaliar  se  estes 

cursos

 

preparam

 

conservadores

 

e

 

gerentes

 

de

 

preservação

 

de

 

f o r m a

 

adequada,

 

contemplando

 

o s

 

acervos

 

digitais  e audiovisuais. 

A  pesquisa  procurou  

obter,

 entre  outras informações, respostas sobre  o s  cursos, 

a  

compos ição

 

do s 

currículos

 e

 

c o m o  o s currículos

 

mudaram  na

 

úl t ima

 

década.

 Apesquisa

 

fo i

 

dirigida 

a

 

todas as 

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instituições  acadêmicas q ue  

fornecem

 estes cursos. N o  total, 

foram

 enviadas

 

102  pesquisas e  a  taxa  

de

 

resposta  fo i  de  71.9%. A  análise do s  dados mostrou  

o

 crescente interesse 

em

 preservação, pelo  aumento  

do

 

nú me ro

 de  

matrículas

 no s 

cursos,

 em  especial no s de preservação  de novos 

suportes

 documentais. 

(GRACY;

 

CROFT,

 

2005a,

 

p .

 

1 ) .

 

Já  

no s

 cursos 

de

 

conservação-restauração

 ocorreram  quedas  

de

 interesse em  relação  

ao s

 

demais 

cursos. 

Enrollment

 m  Conservation Courses. 

1999-2003

 

K :

 

o . i f

 

n o ;

 

a > .

 

Fig.

 

1 :

 

Gráfico

 

indicando

 

o

 número  de  

matrículas

 

nos

 cursos  de  

Conservação-Restauração

 

(EUA), 

entre

 

1999

 e  2003. 

(GRACY;

 

CROFT, 

2005b, slide 15).

 

No s

 cursos  

Gerência  

de

 

Preservação

 (PM) 

houve

 um a  

recuperação,

 a  

part i r  de  um a

 

tendência

 

anterior

 de  decréscimo. 

Enrollment

 

i n

 

P M  

Courses.

 

1999-2003

 

t i

 

:  u 

M i 

s

;

> ,

H I <  

' .

I . li 

Fig. 2: Gráfico  indicando  

o

 número  

de

 matrículas no s  cursos 

de

 Gerência  

de

 Preservação  (EUA), 

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O

 interesse 

pelos

 

cursos

 de  

preservação

 

digital fez

 co m  

q ue

 o  

número

 de  

cursos 

dobrasse  e  

as

 

matrículas triplicassem, 

em

 apenas  4  anos.

 

Enrollment  i n  Digital Preservation

 

Courses.

 

999-2003

 

i

 

o : » o

 

r c i

 

x .

 

3 0 ;

 

Fig.

 3: 

Gráf ico  indicando  o  núme ro  

de

 matrículas no s cursos  

de

 Preservação  Digital

 

(EUA),

 

entre 1999  

e

 

2003. 

(GRACY; CROFT, 

2005b, 

süde 13).

 

Também

 

o s

 

cursos

 

direcionados à  preservação

 

audiovisual 

(AV)

 

tiveram  um a  

taxa

 

de

 crescimento

 

semelhante.

 

De

 

nenhum

 

curso

 

em

 

1999,

 

o

 

número

 

saltou

 

para

 

5

 

cursos,

 

até

 

2003.

 

Enrollment  i n  Photographic

 

and

 

A V  Preservation

 

Courses,  '99- '03 

\

 

W *

 

O C O

 

r i f V .

 

X i .

 

l \ t i

 

Fig. 4:

 

Gráfico  indicando  

o

 núme ro  de  

matrículas

 no s  cursos  de  Preservação

 de  

Fotograf ias 

Material

 Audiovisual

 (EUA),  

entre 

1999  e  2003. 

(GRACY;

 CROFT, 2005b, slide

 

14). 

Sobre

 

o

 

futuro

 

do

 

ensino

 

de

 

preservação

 

na

 

perspectiva

 

acadêmica,

 

o s

 

entrevistados

 

indicaram

 

prior itar iamente

 a  

necessidade

 

de  

ma io r

 concentração

 

de

 

conteúdos  de  preservação

 

em

 

cursos de

 

Ciência

 

da

 

Info rmação

 

e

 

Tecnologia  

da  

Info rmação  e a

 

necessidade

 de 

estimular  estudos de

 doutorado  em

 

preservação. 

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No  Brasil,  o  ensino  acadêmico  

em

 preservação  tem  preocupado  a  classe  

profissional

 

 décadas. 

Apesar  de  várias  tentativas  para  implantar  programas regulares  de  pós-graduação,  

o

 único  

p rog rama

 de

 

especialização

 

q ue

 se  

mantém,

 desde 1978,

 

é 

o

 curso  

do

 Centro  de  Conservação  e 

Restauração

 de

 

Bens

 

M ó v e i s

 

-

 C EC O R ,

 

da

 

Univers idade

 

Federal

 

de

 

M i n a s

 

Gera is .

 

Este

 

curso

 

especializa

 

prof issionais

 em

 conservação-restauração  

de

 

pintura  

e  imaginár ia,

 

e  

em

 

conservação-restauração

 

de 

papel

 

Conclusão 

A

 preservação

 deve  

estar

 

presente 

em  todas as

 

atividades

 

do s

 

profissionais

 de  

informação.  

O s

 

cursos

 

q ue

 

f o rmam

 

esses

 

pro f i ss iona is

 

no

 

Brasil

 

ainda

 

se

 

encontram

 

defasados

 

em

 

relação

 

a

 

esta

 

necessidade. Deveriam  ser  reavaliados, tanto  o s conteúdos do s cursos, c o m o  a  distribuição  destes na

 

grade

 

curricular

  de  ensino, para  abranger  o s  diferentes suportes  documentais. O  

planejamento

 de  

preservação

 

poderia  

ser

 

integrado

 

ao

 processo  de  

gestão

 

documental.

 Fica  também  cada  

vez

 mais  visível a  

necessidade 

da  f o rmação  acadêmica  

específica

 de  prof iss iona is pa ra  a  preservação  do s suportes tradicionais 

o u

 

digitais.

 

Um a outra questão  crucial é a  f o rmação  de professores 

pa ra

 o  ensino  acadêmico  destes 

conteúdos,

 

no s

 

cursos

 

de

 

graduação

 

e

 

pós-graduação.

 

Atualmente,

 

analisando

 

o

 

conteúdo

 

das

 

disciplinas

 

oferecidas no s cursos de  pós-graduação  em  Ciência  da  Informação  no  Brasil, a  preservação  documental só 

é

 

contemplada

 tangencialmente  nas  questões relacionadas à  

produção

 e  recuperação  da  informação  em

 

ambiente  digital. Estes  p rogramas

 

precisam  estabelecer  

linhas de

 pesquisa  

específicas,  

tal 

com o

 

acontece

 

nas  

instituições

 

acadêmicas  de  

outros 

países.

 

Nota-se  ainda  um a  falta  

de

 

consenso

 

no

 encaminhamento  das t ransformações metodológicas 

q ue  se  fazem  necessárias 

no

 ensino  

de

 preservação  documental. Arazão  pode  estar  ligada  ao  fato  de  esta 

disciplina

 

ainda

 

não

 

ser

 

suficientemente

 compreendida  pelos

 

p róp r i os

 

prof issionais

 

da  

área,

 

enquanto 

q ue

 há  

mais

 de  um a

 década  o

 mundo  

vem

 

assistindo

 

a

 um a

 

verdadeira

 

revolução

 

conceituai

 no s

 

campo s 

da  informação  e  da  preservação.  M es mo  considerando  q ue  em  alguns  cursos  já  ocorrem  mudanças, co m  a 

adoção

 

da  

conservação  

preventiva  no  conteúdo

 

da  disciplina  de

 

preservação

 

e

 

abordando  a  preservação

 

de

 

meios não  textuais,  co mo  fotografias, filmes  e  magnéticos. 

 co m  relação  à  preservação  digital  ainda  não 

fo i 

integrada  

ao s

 programas  

do s 

cursos.

 

Permanece certa  imobilidade 

frente

 

às

 mudanças q ue  precisam  acontecer  contra  

o

 risco  de  se

 

criar  

um a

 

lacuna

 intransponível,  

co m

 o  passar  

do

 tempo,

 

em  relação

 

às  perdas q ue  estão  p o r  

vi r

 em  nossos 

acervos, 

especialmente o s  

digitais. 

Para  q ue  as  mudanças se  concretizem  no  conteúdo  desta  disciplina  é  preciso  q ue  se  construa  um  

consistente 

referencial

 

teórico,

 q ue  deve  i r  

além

 

do

 conhecimento  do s materiais e  das  diferentes mídias,

 

fundamentado

 

na

 construção  

do

 pensamento

 

atual,

 

q ue

 orienta

 a  Preservação

 

Documental  para  o  contexto 

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Referências

 

ALBITE  SILVA, 

Sérgio

 Con de de. 

Algumas

 reflexões sobre preservação de acervos em

 

a rqu ivos  e bibliotecas. R io  de  Janeiro: Academia Brasileira  de  Letras,

 

1998 .19 p . 

Disponível

 

em :

 

<http://www.cpba.net>.  Acesso  em :

 10

 fev. 2006. 

B E CK , 

Ingr id.

 O

 ensino da preservação documental

 

nos cursos 

de

 arquivologia e 

bibl ioteconomia: 

perspectivas para  f o rma r

 

um

 

novo  profissional.

2006.118  

f.

 

Dissertação  (Mestrado

 

em

 

Ciência  da

 

Informação)-  Universidade

 

Federal 

Fluminense 

em

 

convênio

 

co m

 

o

 

Instituto  Brasileiro

 

de

 

Informação  em  Ciência

 

e  

Tecnologia, 2006.

 

C O O K ,

 

Terry. Archival 

science  and pos tmodern ism: new  

formulat ions fo r  

o ld

 

concepts.

 Archival

 

Science, v . 1 ,  p . 13-24,2000. Disponível na  Base  de  Dados  Capes: <http://www.mybestdocs.com/cook-

 

t -postmod-pl-00.htm>.

 

Acesso

 

pelo

 

Portal

 

de

 

Periódicos

 

Capes,

 

em :

 

12

 

out.

 

2005.

 

FONSECA,

 M a r i a

 Odila. Arquivologia

 e

 ciência  da i n f o rm ação . 

R io

 de  Janeiro: FGV, 

2005.121 

p .

 

Originalmente tese

 de  

doutorado

 

em  Ciência  

da

 Informação,

 

IBICT/UFRJ.

 

FORDE,  Helen. 

Preservation

 

as

 

a  strategic

 function

 

and

 

an

 

integrated

 component

 

o f

 

archives 

management:

 

o r, 

can

 

w e

 cope

 

without

 

i t?  In:

 

INTERNATIONAL  C O NF ER ENC E

 

O F  TH E

 

R O U N D  

TABLE 

O N 

ARCHIVE S ,  34., 1999,

 

Budapest . Proceedings. Disponível em : 

<ht tp / /www. ica .org/c i t ra / 

citra.budapest. 1999.eng/forde.pdí>.  

Acesso

 em : 

05  

out. 2005. 

G O M E S ,

 

Neide

 

Aparecida.

 

O

 

ensino

 

de

 

conservação ,

 

preservação

 

e

 

restauração

 

de

 

acervos

 

documentais

 

no

 

Brasil. 

2000.98  f.

 

Dissertação  (Mestrado  

em

 

Ciência  da

 

Info rmação) -

 Universidade

 

de  Brasília.

 

G R A C Y , 

Karen

 F.; C R O F T , Jean  

Ann.

 Preservation

 

education needs

 

for the

 

next

 

generation

 

ofinformation

 

profess ionals .

 

Chicago:

 

American  Library

 Associat ion, 

2005a. 

2

 

p .

 Disponível 

em : 

<http://www2.sis.pitt.edu/~kgracy/ALA_handout.pdf

 >. Acesso  em :

 

1 2  out. 2005. 

G R A C Y ,

 

Karen 

F.; 

C R O F T , Jean  Ann. 

Preservation

 education needs for the next generation 

o f

 

i n f o r m a t i o n

 professionals .

 Chicago: 

American

 Library

 Association,

 2005b.

 

49  transparências. 

Disponível  em : 

<http://www2.sis.pitt.edu/~kgracy/pres-education-ALA2005b.pdf  

>.  Acesso  em : 29  

abr.

 

2006. 

GUICHEN,

 

Gael

 de. La  

conservation

 préventive: un  changement  

p rofond

 de  mentalité. Study  

series,

 

Bruxelas: IC OM-C C /ULB,

 

v. 1,

 

n.

 

1 ,

 

p .

 

4-5,

 

1995.

 

Disponíve l

 em : <ht tp : / / i com.museum/

 

study_series_pdf/l_ICOM-CC.pdf>.  Acesso  em :

 5 set. 2005. 

PETIGREW,

 Karen 

E.;

 

DURRANCE,

 Joan  C. Kaliper: Introduction an d 

Owerview

 o f  results. Journa l 

of Education 

for

 

Library

 

and Information

 

Science, v. 42, n.

 

3,170-180,2001.

 

Page 54: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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OS USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA 

Lucia

 

Maria

 

Velloso

 

de

 

Oliveira

 

Mestre  

em

 Ciência  

da

 

Informação, Programa

 

de

 Pó s

 

-

 

graduação

 em

 Ciência  

da  

Informação 

UFF/IBICT, graduada  

em

 História  e  

em

 Arquivologia. 

Chefe do  Serviço  de  Arquivo  Histórico  e Institucional  da  Fundação  Casa  de  R ui  Barbosa 

RESUMO

 

As

 

inovações

 em  tecnologia  da  

informação

 

e

 comunicação  propic iam  novos meios de  

intermediação

 entre

 

as

 

unidades

 

arquivísticas

 

e

 

seus

 

usuários.

 

Para

 

q ue

 

o s

 

serviços

 

arquivísücos

 

possam

 

atender

 

às

 

demandas

 

de  seus usuários 

em

 consonância  co m  a  

contemporaneidade,

 é  necessário  q ue  estes sejam  reconhecidos 

c o m o  agentes no  processo  e a  pluralidade  

de

 

suas

 necessidades  de  informação  analisadas co m  um a 

abordagem  flexível, capaz de atender  às demandas ma i s tradicionais e às novas necessidades de 

informação.

 

PalavrasChave: Info rmação  

arquivística;

 

Usuário;

 

Uso

 da  

in fo rmação;

 Acesso  à  

in fo rmação.

 

As inovações tecnológicas

 

de  informação  e

 

comunicação, em

 

especial

 

o  ambiente

 

W EB  provocam 

no s

 

serviços 

arquivísticos  

um a

 ampliação  de  

suas 

perspectivas,

 para

 além  de

 seus 

depósitos

 e 

salas

 

de

 

consulta.

 

Inserem-se

 nesse 

contexto

 os usuários  tradicionais  e  

ocasionais

 

destes

 

serviços,

 

co m

 

expectativas 

e

 demandas  inerentes à  contemporaneidade.

 

M e s m o  não  

adotando

 um a  

percepção

 determinista  em  relação  ao  impacto  da s inovações 

tecnológicas no s processos de  gestão  e  de  comunicação  na  prática  arquivística,  devemos  reconhecer  q ue 

tais fatores  t rouxeram  um a  nova  problemática  no  q ue  se  

refere

 ao s procedimentos da  área  e à  produção 

científica. 

Para

 Rousseau e Couture, as inovações tecnológicas e o s novos suportes 

t rouxeram

 novos

 

desafios

 

para

 

o s

 arquivos

 

e

 para  

o s arquivistas: 

[...]  

As

 tecnologias  da  informação  desenvolvem-se para 

responder

 às  novas  necessidades

 

de  troca,

 

de  

acesso

 e  de  difusão.

 As 

telecomunicações  

simplificam-se  e

 popularizam-se.

 A 

velocidade

 

de

 

transmissão

 

aumenta.

 Novos

 

suportes

 

vão

 

surgindo.

 

O s

 

arquivos

 

mudam

 

de

 

f o rma . 

A

 

arquivística

 

situa-se

 

no

 

cruzamento

 

de

 

novos

 

contextos culturais, 

do s  novos m od os 

de  

gestão  ta l

 

co mo

 

das

 

novas 

tecnologias. 

Ela  está  na  confluência

 

de vár ias

 

disciplinas: 

informát ica, ciências  

da

 in fo rmação , história, lingüística, arqueologia , etnologia, etc. 

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Partimos  

do

 pressuposto  

de

 

q ue

 

o s 

usos

 da

 

informação

 arquivística

 

e  

as

 

relações

 

entre

 o  

usuário

 

e o s serviços  

arquivísticos

 vê m  sendo  modificados,  especialmente  

a  

partir

 

do s anos 90,  co m

 a

 introdução

 

de  

novos

 recursos tecnológicos de  mediação

 

c om o  

a

 Internet

 e

 

a  

comunicação

 

eletrônica.  

A

 inserção

 

do

 

universo  

W EB

 ao

 

cotidiano,  apesar

 

de  não  retratar

 

um a  realidade única, produz  um  novo  

fluxo

 e novos

 

usos 

indicando  

ao s

 

serviços arquivísticos

 

e

 

ao s

 

prof iss ionais  q ue

 

reconstruam  o s instrumentos de 

recuperação  

da  

informação, as

 

representações do s

 conteúdos 

do s 

seus  acervos e  as

 fo rmas

 de  comunicação 

co m  seu

 

usuário.

 

As possíveis 

conexões

 

entre

 o s usuários,

 

o s arquivistas 

e

 o s

 

acervos 

passam

 

a

 ser  objeto  

de 

interesse do s serviços arquivísticos. A  transferência

 

do  conteúdo  informacional assume 

relevância,

 na

 

medida

 

em

 q ue  o  processo  

tende

 a se r  

mais

 au tônomo , sem  o  

contato

 presencial e imediato  

co m

 

o

 

profissional.

 

O

 

relacionamento

 

remoto

 

entre

 

o s

 

agentes

 

arquivista

 

e

 

usuário

 

também

 

possibilita

 

ao

 

segundo

 

um a  condição  de  interferência 

na  

comunicação,

 

sem  

a

 inibição  

q ue

 o

 

contato

 

direto  co m  o  prof issional

 

pode

 provocar . 

O

 usuário  nesse contexto

 assume

 

um  papel 

central: de  receptor  para  co-produto r  da

 

infonnação  e  agente  no  processo  de  transferência  da  informação.

 

Fonseca

 

e

 Jardim

 

(2004),

 

ao  analisarem  

a

 terminologia arquivística, constatam  

q ue

 o  

termo 

usuário  é  pouco  contemplado. 

De

 maneira  

geral,

 

o s

 

conceitos

 

de 

"usuário

 "  encontrados

 não  se  

colocam

 distantes  

daquele

 

difundido  

pelo

 Conselho

 

Internacional

 

de  Arquivos:

 

"An 

individual

 who  consults 

records 

(1)/archives

 ( ),  usually 

in

 a search

 r o om .

 Also  

called

 reader, 

researcher,

 searcher".

 

Nesta

 

perspectiva, o  

usuário

 é  um  

indivíduo

 q ue  busca  a informação  e ,  portanto , a comunicação  

arquivo-usuár io  só  se  

manifesta

 quando  este últ imo, pora lguma razão, p r o v o ca esse

 

processo.

 (FONSECA; JARDIM, 

2004,

 p.5). 

N o  Dicionário Brasileiro 

de

 

Terminologia Arquivística, 

p ublicado p e lo

 Arqu ivo 

Nacional em  

2005,

 o  termo  usuário  é  definido  c o m o  "pessoa  física  o u  jurídica  q ue  consulta 

arquivos.

 

Também

 

chamada  

consulente,

 

leitor

 o u

 

pesquisador".

 

(DICIONÁRIO... ,  

2005,

 

p.169). 

Estamos 

adotando  

o

 conceito  de  usuário

 

propos to  p o r  Le

 

Coadic: 

o

 usuário  da  

informação  

é 

"aquele  

q ue

 

busca

 um a  

informação

 

para

 

suprir  

um a

 demanda  

de  

informação".

 (LECOADIC,

 

1997, p.59, 

tradução  nossa). 

O  processo  

de

 

comunicação

 

do s conteúdos in fo rmaciona is arquivísticos 

se

 dá

 

a

 part i r  da

 

descrição  arquivística

 

consolidada  

em

 instrumentos  de  recuperação  da  in fo rmação , 

c o m o

 inventários

 

analíticos,

 sumár ios , catálogos, bases  de  dados, etc. N a  elaboração  desse  conteúdo, o  arquivista  

segue

 

procedimentos

 

q ue

 

visam

 

contemplar

 

o s

 

aspectos

 

documentários

 

e

 

contextuais

 

da

 

unidade

 

de

 

descrição

 

de  

f o r m a  a

 possibilitar  

a  

difusão  do s  conteúdos 

e

 do s 

documentos.

 

Entendemos

 

q ue  um

 

do s  fundamentos  para  o

 

desenvolvimento

 

desse

 

processo

 

de

 

comunicação

 

deve  

prever  

a

  inserção

 do  

usuário

 não  só

 c om o

 um  

receptor  

do s  

conteúdos

 elaborados pelo  arquivista, m as 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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co mo

 

um  agente

 

essencial, co m

 a  

possibilidade

 

de

 

interferir

 

inclusive

 na  política  de  

descrição

 e  difusão

 

adotadas  nas

 

unidades

 

organizacionais arquivísticas. 

Segundo

 Gagnon-Arguin

 

(1998),

 a

 

análise

 do  processo  

de

 

pesquisa

 

do s acervos

 

arquivísticos

 

pode

 

acrescentar

 

ao

 

tratamento

 

arquivístico,

 

e

 

em

 

especial,

 

à

 

descrição

 

e

 

à

 

análise,

 

e

 

q ue

 

o s

 

usuários

 

tem

 

adquir ido

 

m a i o r  independência  pa ra

 

a

 realização

 de  

suas

 pesquisas co m  a

 

utilização  do s 

recursos 

tecnológicos. Ressalta  q ue  

esse

 fator, p o r

 

um  lado,

 

impl ica

 

em  revisão  

de

 práticas arquivísticas. 

O s usuários

 

adquirem

 m a i o r

 

independência  em  seu trabalho  

de  

pesquisa. Porum  lado, 

se

 

t o m a m  

m a i s

 

dependentes

 das

 estruturas

 

subjacentes  às

 bases

 

de  

dados disponíveis.

 

qualidade 

de

 

respostas

 q ue  eles  obtêm  

é

 

condicionada  pela  organização  do  acesso  

e

 pela 

indexação  

das

 descrições  fornecidas. 

Daí

 

a

 

necessidade 

do s

 arquivistas modelarem

 

o s

 

processos

 

de

 

busca

 

defo rma

 

mais

 

produtiva

 

de

 

m od o

 

a

ajustar,

 

de

 

um a

 

parte,

 

o

 

tratamento

 

do s

 fundos arquivísticos  descritos  

e,

 por

outro,

 

de

 cr iar

 as

 estruturas  

de

 acesso

 

p r ó p r i a s 

p a r a  

pesquisa.

 (GAGNON-ARGUIN,

 

1998,

 

p .  87, tradução

 nossa).

 

Gagnon-Arguin

 (1998)  afi rma

 

q ue

 

o

 

uso  das

 

perguntas

 

do s 

usuários

 

ao

 arquivista

 

de

 

referência 

apresenta  

vantagens

 

metodológicas,

 

po i s

 são  

fáceis

 de  recolher,

 

não  

é

 necessária  utilização  de 

infra-

 

estrutura  complexa

 

para  

compilá-las, a

 validade  do

 

uso

 

das

 informações 

independe das

 condições  

de

 

coleta,

 

as  

informações  

 

são

 

conhecidas

 pelos arquivistas  

de

 

referênciae

 

é

 

um

 

material vasto

 

e  

significativo.

 Em  

sua  

perspectiva,

 a  ligação  

entre

 o  arquivista  

de

 referência  e  o  arquivista  responsável 

pela

 

descrição,

 

deve

 

ser  sistematizada, 

um a

 

vez

 

q ue

 pode  orientar  a  política  

de

 

descrição

 e  

de

 acesso. 

No

 processo  

de

 comunicação  

das

 

informações

 arquivísticas,  

em

 geral, elaboramos  

instrumentos 

de

 

pesquisa

 

assumindo

 

q ue

 o  

usuário

 

está

 

familiarizado

 

co m

 

te rmos

 

c o m o

 

proveniência,

 

fundos, série, 

etc.

 

H á

 

casos

 

em

 

q ue

 

no s

 atemos

 

às  

considerações sobre

 a  

f o rm a

 

do

 

documento

 

em

 

detrimento

 

às

 

outras 

possibil idades

 

de pon tos

 

de

 

acesso  q ue podem

 

ser  oferecidas. Enquanto

 

existe

 a

 perspectiva  de um  

atendimento

 

presencial,

 

essas

 

questões

 

podem  ser  supridas

 

co m

 a

 

negociação  entre  o

 

arquivista  

e  

o

 

usuário. 

Contudo,  

ao

 

configurarmos

 a

 pesquisa

 

remota  p o r  meio

 

de

 

ferramenta

 

para

 

WEB,

 

faz-se

 

necessário

 

olhar 

de  maneira  distinta  esse processo. 

Duff  e Stoyanova (1998)

 

publicaram  artigo

 no  

periódico

 da  

área

 

editado

 

pela  Associação

 

do s 

Arquivistas  

Canadenses,  Archivaria , apresentando

 

resultados de

 

estudos

 

feitos co m

 

grupo

 

de

 

usuários 

sobre

 

conteúdos

 e  

fo rmatos

 

de

 

visualização

 

em

 

bases

 

de

 

dados, em

 relação  

ao

 

R AD

 

-Rules  forArchival 

Description. O

 

R AD

 

fo i

 

amplamente

 

utilizado

 

na

 

década

 

de

 

90

 pelos arquivistas 

canadenses

 e  

tinha

 

co mo 

objetivos  normalizar

 

a

 

prática

 de  

descrição  e

 capacitar  

usuários  a

 

ter

 

acesso  à

 

informação.

 

Iniciam  o

 trabalho

 

reconhecendo

 

que:

 

o  objetivo  da

 

descrição  é

 

multifacetada. A

 descrição

 tem  

pape l  

impor tante

 no  

controle

 

de

 

um

 arquivo,

 

emfunções 

de

 suporte  

como

 acesso,  

processamento, [...].Descrição

 oferece ao s 

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entenda

 

e  use  o s  arquivos

 

em

 

todas  as  etapas  de

 

trabalho

 

de  pesquisa.

 

(DUFF;  

S T O Y A N O V A , 

1998,  p . 45,

 

tradução  nossa). 

Duff

 e Stoyanova (1998)  

concluem

 q ue  o s usuários  preferem  q ue  a  f o r m a  de  visualização  das 

informações

 

sobre

 

o s

 

acervos

 

arquivístícos,

 

seja

 

desenvolvida

 

especificamente

 

para

 

esse

 

f im,

 

em

 

vez

 

de

 

se  

utilizar

 um  

produto

 já  

disponível

 e  

adaptado

 às  

especificidades

 da  

informação

 arquivística. 

De

 

acordo

 

co m

 

o s 

autores,

 

o s

 pesquisadores 

sabem  

quais  

os

 conteúdos 

e  

fo rmatos  para

 

t omar

 as 

informações

 arquivísticas  disponíveis. 

Ainda,

 apesar

 

do s modelos  existentes  e  jáutilizados atenderem

 

em

 sua m a i o r i a às 

necessidades

 do s usuários, o s usuários gostariam  q ue fossem  incluídos outros

 

disposit ivos

 c om o  "glossários, 

funções

 de  ajuda  on-line, 

instrumentos

 de  busca  

eletrônicos,

 e índices, 

q ue  são

 

comumente

 

ausentes

 

em  

sistemas

 descritivos" (DUFF; STOYANOVA,

 1998,

 

p .

 66,  tradução

 

nossa).

 

Munn

 

e

 

Rioux

 

(1998)

 

apresentam

 

um a

 

síntese

 

das

 

discussões

 

q ue

 

surgiram

 

durante

 

um a

 

jornada

 

organizada

 

pela  

Divisão  de  

Serviços  

ao s

 Pesquisadores do s  

Arquivos

 

Nacionais

 

do

 

Canadá

1

,  

Les  archivistes 

et

 leurs  publics. Nouveaux

 moyens,

 nouvelksapproches,  em  1997.Foi  

constatado

 no  

decorrer

 do

 

evento  que:

 

Deve-se reconhecer  q ue  o s  centros  arquivísticos estão  vivendo  um  per íodo  de  transição

 

impor tante  

t ratando-se

 das

 

fe r ramentas  de  busca, 

seja

 pormeio  

da

 normal ização  das 

descrições,

 

da  elaboração  

de

 sistemas de

 

indexação  

m a i s

 

precisos ,

 

de 

um a grande 

informatização

 

o u  

pela  m a i o r

 

colaboração

 

entre  

prof iss ionais .

 

E  a

 

ocasião

 

é

 

favorável 

para

 

se

 

engajar

 

o s

 

debates

 

necessários

 

para

 

melhor

 

definir

 

o

 

pape l

 

da

 

referência

 

e

 

das

 

necessidades  

do s

 

pesquisadores,

 

prel iminarmente

 ao  desenvolvimento

 de  

melhores

 

meios

 

de

 acesso  

ao s

 

documentos

 

de  arquivo. (MUNN;  

RIOUX,

 1998, p . 110, tradução

 

nossa).

 

Na  percepção

 

de

 Aubin

 

(1999-2000),

 

as

 inovações

 tecnológicas

 de

 

informação  

e

 

de

 comunicação

 

provocam

 

no s

 arquivistas

 um

 desafio

 em  

suas  

práticas

 

de

 difusão  

do s

 acervos 

q ue

 

gerenciam. "Nós

 

devemos

 

simplif icar

 

o  acesso  ao s instrumentos  de  pesquisa  

e

 ao  seu conteúdo, po i s toda  pessoa  deverá sentar-se

 

diante de  seu  terminal

 e

 ser  

capaz

 de  lidar  co m  facilidade

 e  

rapidamente

 

co m

 

o  menu

 

q ue  lhe

 

fo r

 

oferecido,

 

[...]".(AUBIN,

 

1999-2000,

 

p .

 

1 5 ,

 

tradução

 

nossa).

 

Segundo

 M c 

Laughlin 

(2003), diretor

 

de  Desenvolvimento

 e  

Acesso  do

 

Arquivo  Nacional 

da 

Austrália,

 

o s usuários do  Arquivo  Nacional querem  utilizar

 

o  catálogo  on-line 

da  

m es m a  f o r m a

 

em  

q ue 

navegam

 

na

 

WEB,

 sem

 

fazer  uso

 

de

 

manuais.

 

Co m  base  

em

 três 

anos

 de  observação  do s usuários  da  

instituição

 fo i possível estabelecer, no

 

caso  do

 

Arquivo  Nacional da  Austrália, dez  regras 

básicas

 

para

 o  desenho  de  

interface

 de  bases de  dados, 

a saber:

 

1

 Canadá

 ossui o is 

Arquivos 

acionais 

efletindo

  rocesso 

istórico

 nvolvendo 

colonização 

nglesa

 

rancesa. 

s o is 

aíses

 utaram o r 

erca

 

no s

 

elo

 

aís.

 

Inglaterra aiu i tor iosa , 

as

 os 

o lonos

 ranceses o i ermitido 

reservar 

íngua, 

costumes 

ei s

 

ivis,

 

e

 cordo 

o m

  Lei Québec. 

Disponível

 

m :

 

www.histor ianet .com.br . 

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1 -  Conhecer  

o

 usuário  e 

o

 

q ue

 

ele

 

deseja.

 Observa  

q ue

 apesar  

do

 ambiente W EB estar 

relacionado  à

 ampliação  

e  a

 

um

 atendimento

 mais abrangente,

 

a

 

tendência

 

é

 

o

 

desenvolvimento 

de

 

pesquisas

 

personalizadas

 

e

 individualizadas.  Cita  recente 

estudo

 

do

 

For reste r

 Research

 

(USA)

 

q ue

 

"aconselha

 

a

 

construção

 

de

 

um

 

perfil

 

fictício

 

de

 

usuário

 

baseado

 

em

 

extensas

 

entrevistas co m  usuários reais" (M C  LAUGHLIN,  2003,  

p .

 

2,

 tradução  nossa); 

2-  N ão  pressupor  q ue  ocorreu  

o

 entendimento. Nesse sentido, a  língua  pode ser  um a  barreira 

no  processo  de  comunicação,  especialmente se  a  interface fizer  uso  de  termos  especializados 

da  área  e  q ue  não  são  parte  do  vocabulário  do  pesquisador; 

3-  Assumir  q ue  

o

 usuário  pode  não  conhecer  as  coleções; 

4-  Simplicidade. 

Segundo

 M c  Laughlin, a  maio r ia  do  público  não  gosta  de  

ler

 

instruções

 

para  operar  um  

sistema;

 

5-

 

As  pessoas  devem  

ser  ajudadas

 em  

suas

 

pesquisas

 

e,

 assim,

 o

 

custo  

co m

 

viagens pode  

não 

mais se  justificar  

co m  

a

 utilização  

da  

tecnologia  

da

 Internet;

 

6-  

Criar

 mecanismos de  

busca

 adequados a  diferentes usuários. "O s  usuários gostam  de 

pesquisar

 

pelo

 nome, lugar, 

evento

 o u  

pessoas.

 

Eles

 também  se  interessam  pelos  temas. C o m o

 

podemos

 t omar  

isso

 possível 

em

 um a  coleção  arquivística?"  (M C  LAUGHLIN, 

2003,

 

p.5, 

tradução

 

nossa). Para  tal,

 

é  importante q ue  o  thesaurus  elaborado  retrate  o s te rmos relevantes 

pa ra  a  coleção; 

7- O  usuário  deve ser  

auxiliado

 a  navegar, e  de acordo  co m  M c  Laughlin  muitas opções e

 

muitos

 

campos

 

podem

 

se  

t omar

 

dificultadores

 

durante

 

a

 

navegação;

 

8- O  usuário  deve ser  capaz de  

solicitar

 

o

 item  pa ra  

consulta

 o u imp r im i - l o  p o r  

me io

 

do

 

sistema. Exclusão  de  lápis e papel 

com o

 meios para  efetuar-se  

o

 pedido  a  consulta; 

9-

 Um a  bo a  interface  não  resolve 

o

 problema  de  falta  de  qualidade do s dados disponíveis;

 

1 0 -  

O s

 

usuários

 

devem

 

se

 

sentir

 

capazes

 

e

 

confiantes

 

em

 

lidar

 

co m

 

as

 

bases

 

de

 

dados.

 

Na  perspectiva  de  Craig (1998), o  documento  arquivístico  deve ser  colocado  

à

 disposição  do s

 

usuários,

 

seja  c o m o  fonte de  in fo rmação  dentro  de  um  contexto  social mais am p lo , 

o u

 c o m o  fonte de

 

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M as

 

quem

 

são

 esses 

usuár ios?  Cer tamente

 essa

categor ia

 

deve

 

incluir

 

pessoas  

 

habitualmente  consumidoras  de  nossos 

serviços 

-genealogistas, estudantes, acadêm ico s,

 

servidores

 públicos. 

Usuários  podem

 também  legit imamente incluir, outros clientes em

 

potencial, p o r

 

exemplo, pessoas  

q ue

 trabalhem  em  redes  de  

difusão

 o u  em  

novas

 indústrias 

culturais.

 

O u

 

pode

 

serum

 

tipo

 

de

 

usuário

 

completamente

 

novo

 

q ue

 

nós

 

tenhamos

 

encontrado

 

muito

 raramente

 

no  passado, um  visitante recreador

 

q ue

 

chega  eletronicamente, 

talvez

 p a r a

 

visitar  o  site oufazer  um a  

pergunta

 

eletronicamente.

 De  

fato,

 no  

futuro

 todas  as  

categorias 

de  

usuários,

 real

 

o u  virtual, atual

 

o u  potencial, necessitarão  se r

 

incluídos  em  nossa  equação 

de  

serviço

 

ao  público. (CRAIQ1998, 

p .

 

122,

 

tradução

 nossa).

 

Craig (1998) destaca  q ue  as expectativas do s usuários  em  relação  ao s serviços  remotos do s

 

arquivos receberão  influências de  sua  relação-com  a  Internet  e  co m  

bibliotecas,

 q ue  

em

 grande 

parte

 já  

oferecem

 

serviços

 

automatizados.

 

Considera

 

q ue

 

a

 

Internet

 

e

 

a

 

W EB

 

possibilitam

 

ao s

 

serviços

 

de

 

arquivos

 

oportunidade

 

para

 

o

 atendimento  

ao s usuários

 

ma is

 

tradicionais

 

do s arquivos

 e  

ao s

 usuários  

remotos, 

de 

modo  

mais

 diversificado. 

Assinala,  também

 

q ue  essa  

realidade  

pode

 facilitar

 

a  transformação  

do s

 usuários 

ocasionais  

em

 usuários 

regulares. 

Mart in 

(2001)

 publica  no  periódico  The  American  Archivist,

 

editado  pela

 

Associação  do s 

Arquivistas  

Americanos,  artigo

 q ue  

analisa

 o

 atendimento

 

remoto

 no  Southern  Histor ical

 Collection

 e 

General  

and

 Literacy  Manuscr ipts

 

na

 

Universidade

 do  Norte Carolina, no  período

 de  

1995

 a

 

1999. 

O

 

artigo

 

q ue

 

recebeu

 o  

p rêmio  

Theodore

 Calvin  Pease  Award

2

,

 em  2000, apresenta  

resultado  da 

pesquisa  realizada  para  

a

 conclusão

 

do

 

mestrado

 

da

 autora,

 na

 

Escola  de

 

Informação

 

Biblioteconomia  

da

 

Universidade 

de

 Norte 

da

 Carolina. 

Foram  

quatro  as  principais  conclusões  

do

 trabalho:

 

o  

e-mail

 

tomou-se

 o  pr inc ipal

 

meio  de  demanda, 

m a i s  

perguntas  

sã o

 feitas  

porusuários 

casuais em  busca de respos tas  para q uestões pessoa is ,

 

m a i s usuár ios  se  utilizam

 

de  

in f o rmações

 on- l ine  

para

 m o l d a r  suas  perguntas de referência, e a 

proporção 

de 

usuár ios

 

r emo t o s

 visitarem

 o

 

local

 diminuiu. 

(MARTIN, 

2001, p . 17,

 

tradução 

nossa). 

A

 

escolha

 

do

 

campo  empírico

 

para

 

a  realização

 

da  pesquisa

 

da

 

autora  deveu-se

 

ao

 

fato

 

da

 

instituição 

te r  sido  um a  das p r ime i ras 

a

 

fazer

 uso  da  tecnologia  da  Internet, 

a

 ma i o r  parte de  suas coleções possui

 

instrumentos  de  recuperação  da  informação  

na  

rede  

e

 também

 p o r

 ser  

um a

 instituição  de  referência

 em  

especial para  o s  pesquisadores  da  História

 

do  Sul.

 

A

 pesquisa  part iu  de  quatro  hipóteses: o  

e-mail

 tomou-se  o  principal veículo  de  atendimento

 

r emo to ; o s 

usuários

 q ue  fazem  uso  do  recurso  do  e-mai l não  

são

 especializados e sim  pessoas q ue

 

simplesmente

 

estão

 

navegando

 

no

 

ambiente

 

WEB,

 

sem

 

um

 

objetivo

 

específico

 

de

 

pesquisa;

 

as

 

perguntas

 

J

 

rSmio ease

 

Award

 

ado o melhor rabalho laborado o r studantes  ecidido 

p o r 

comitê

 residido pelo  editor da 

evista

 American Archivist.

 

Page 60: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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formuladas pelos usuários, na  medida  q ue  mais informações são  disponibilizadas  na  

W EB,

 t omam-se 

mais

 

específicas;

 

e

 

a

 Internet

 

favoreceu

 a  

ampliação  do  interesse

 

pelos

 

arquivos.

 

Segundo

 Martin  (2001, 

p .

 

24),

 além  

das

 vantagens  popularmente  conhecidas na  utilização  de  

e- 

mai l

 

co mo

 

canal

 

de

 

comunicação:

 

velocidade,

 

acesso

 

à

 

outra

 

ponta

 

24

 

horas

 

p o r

 

dia,

 

permite

 

a

 

construção

 

de  bases de  dados  de  perguntas  mais freqüentes, 

etc,

 aponta  q ue  a  consulta  p o r  e-mail permite ao  arquivista 

tempo  para  elaborar  um a  resposta  ao  usuário  mais  completa. 

A

 pesquisa 

se

 baseou 

em

 

quatro

 categorias de  usuários

3

: usuários pessoais o u  p o r  recreação,

 

co m

 

intèresses

 

referentes

 

ao

 p róp r i o  

o u

 a  alguma

 

curiosidade;  usuários 

prof issionais ,

 

o s

 jornalistas, 

advogados, cineastas,  q ue  

recortem

 ao s  arquivos  co m  vistas  ao  

atendimento

 de  um a  necessidade de  trabalho; 

pesquisadores acadêmicos, q ue  

desenvolvem

 pesquisas co m  temáticas  mais amplas, podem  ser  estudantes 

ou

 

membr o s

 

das

 

Universidades;

 

e

 

os

 

q ue

 

pesquisam

 

p o r

 

hobby.

 

De

 acordo  co m  o s resultados, as  categorias  q ue  mais utilizam  

o

 e-mai l c o m o  instrumento  de

 

comunicação  

são

 

os

 

usuários

 

pessoais

 

o u p o r  recreação

 

e  

o s  

pesquisadores

 

acadêmicos, 

nesta

 ordem. 

O  estudo  

apresentado

 sinalizou  algumas  tendências: 

o

 uso  do  e-mail como  meio  

para

  comunicação 

tende

 

a  

crescer

 

em  

relação  à  

correspondência

 tradicional; a

 tecnologia

 da

 Internet

 e

 o  

uso

 

de

 e-mails 

permitem  q ue

 pessoas

 q ue

 

nunca  

utilizaram  

arquivos entrem  em

 

contato  co m  esse  contexto;  

o

 usuário

 

remoto  

tende

 cada  vez mais a  

refinar

 sua  

pesquisa

 

no

 

ambiente

 W EB 

antes

 de  recorrer  ao s arquivos; o  

usuário  r emo to  tende a  diminui r  suas visitas ao s arquivos ; e devido  à  info rmal idade peculiar  da 

comunicação  p o r  e-mail , o  usuário  r emoto  

fornecerá

 informações  insuficientes pa ra  

o

 arquivista  de 

referência  ao  efetuar  um a  

consulta. 

O

 crescimento  da  

variedade

 de  usuários  q ue  descobrem  o s  arquivos  

pelos

 

Websites

 

cria

 um  

novo

 

conjunto  

de  desafios.

 Se

 

um

 repositório  W e b

 

representa  

o

  pr ime i ro  

contato  

do

 

usuário

 

co m

 

o s

 

arquivos,

 o

Website deve

 fornecer  

informações sobre o s  arquivos,

 sua missão,

 

para 

atender

 ao  usuário  

iniciante.

 

O

 repositório  deve também  oferecer  ao s  usuários experientes

 

um a

 

valiosa

 

visão

 

da s

 

coleções

 

de

 

f o r m a

 

a

ajudá-los

 

a

definir

 

quais

 

coleções

 

correspondem

 

ao s  seus interesses. (MARTIN, 2001, p.40, tradução  nossa). 

O  estudo  de  Martin  (2001)  corrobora  co m  a  tendência  observada  na  revisão  de  literatura sobre 

o

 

processo

 de  

comunicação

 entre  

o

 

usuário  e

 o s

 

serviços  arquivísticos,

 no

 

sentido  em

 

q ue

 

as  

inovações,

 

uso  

do

 

e-ma i l

 e da  Internet, impelem  mudanças no s 

procedimentos

 de 

atendimento

 ao  

usuário

 e na 

construção

 do s 

discursos

 

do

 

arquivista

 para  potencializar  esse  atendimento  

cada

 vez  menos presencial. 

Para  Duff  e  

Johnson,

 "o  conteúdo  e  o s  meios de  acesso  às  

descrições

 arquivísticas eram  baseadas 

nas

 

percepções

 

e

 

modelos

 

do s

 arquivistas

 e

 

não  

no

 

ponto  de  

vista  

do  

usuário"  (DUFF;

 

J O H N S O N ,

 

2001, 

3

Em eu r t igo, Mart in 2001), 

i ta

 ue tilizou s ategorias efinidas

 

o r ONWAY, 

Paul.

 

artners

 

n esearch:

 mprov ing

 

ccess 

o he

 

ation's rchive.Pittsburgh: 

Page 61: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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p .

 

43 ,

 

tradução

 

nossa).

 O s autores também

 concordam  

q ue

 o

 ambiente

 W EB a p r o x i m a

 

usuários 

inexperientes

 

do s arquivos, e 

para  

q ue

 

estes usuários possam

 te r  suas expectativas

 atendidas  faz-se 

necessário

 

q ue

 

o s 

mesmos  tornem-se  

independentes

 e  autônomos

 face

 à  informação  arquivística. 

Bons

 

sistemas

 

de

 

arqu ivos

 

devem

 

responder

 

às

 

demandas

 

do s

 

usuários

 

sem

 

q ue

 

haja

 a

 

intervenção

 do  arquivista. 

Para  

isto, o s  

arquivistas

 devem  

conhecer

 

quais

 as informações

 

o  

usuário

 

considera

 impor tante

 

ao  elaborar  a  

pesquisa

 no  sistema, 

assegurando

 q ue  esses

 

elementos 

estejam  incluídos

 

na

 descrição  do s  mater ia is 

e

 nas

 

interfaces de  

busca.

(DUFF; 

JOHNSON, 

2001,  

p . 44, tradução

 

nossa).

 

O s autores

 (2001,

 p .

 

58-59), co m  base 

em

 sua

 

pesquisa, 

constataram

 q ue  o s  usuários efetuam

 

suas

 pesquisas utilizando  c om o

 

pontos  de

 

acesso  nomes, datas, 

assuntos,

 f o r m a  

e  

eventos,  desta

 

f o r m a

 o s 

sistemas

 

de

 

recuperação

 

da

 

informação

 

devem

 

possibilitar

 

a

 

busca

 

a

 

part ir

 

destes

 

elementos.

 

Blais

 

(1995)

 analisa

 a

 utilização

 do s

 

arquivos

 

pelos

 histor iadores 

no s 

países

 da  Europa , 

principalmente

 após  o  século  X I X ,  e  progressivamente  p o r  outros 

usuários

 denominados  

c om o

 

usuários-

 

cidadãos,  exemplificando-os  c om o  o s  genealogistas, 

jornalistas,

 

magistrados,

 

q ue

 

buscam

 no s arquivos 

respostas  a  

questões

 

muito

 específicas  

o u

 particulares 

a

 

q ue

 

raramente

 

r e tomam,

 e  também  pelos 

usuários

 

amadores

4

,

co m

 demandas 

variadas

 e  em  

busca

 de  respostas 

para

 

atender

 sua  

curiosidade.

 

De

 

acordo  co m

 

Blais

 

(1995),

 parte

 do  

conjunto

 de  usuários  

do s 

arquivos

 constitui-se

 

pelos 

p róp r ios

 

arquivistas,

 

q ue

 

fazem

 

uso

 

do s

 

acervos

 

para

 

a

 

realização

 

de

 

seu

 

trabalho.

 

Ao  

fazer

 um a 

retrospectiva

 

de  iniciativas

 

de

 

estudos

 sobre 

usuários,  a

 

autora

 

indica

 

q ue

 

o s 

arquivistas americanos são

 

o s  precursores na

 

temática,  contudo

 

cita

 

o  trabalho

 

do s  Arquivos  Nacionais  do

 

Canadá,  realizado

 em

 

1984,

 c om o  trabalho  de  grande

 relevância. 

As 

pesquisas  

apontaram

 

para  questões

 pertinentes 

co m

 esse estudo,

 como

 a  prática

 de

 

elaboração

 

de  instrumentos de  busca  q ue

 

atendem  às necessidades do

 

processo

 

de

 

pesquisa, desde

 

q ue

 

oco r r a

 

intermediação

 do  

arquivista

 e  a  

gradual

 

modif icação

 das 

modalidades

 da  pesquisa  arquivística. 

Cada

 

vez

 

mais ,

 

o s

 

usuários

 

preferem

 

consultar

 

o s

 

fundos

 a

partir

de

 

seu

 

domicíl io .

 

Em

 

certos

 casos,

a

 utilização  

de

 instrumentos

 de

 telecomunicação  

é  necessária; 

em  outros,

as 

técnicas  

clássicas 

do

 

recurso

 da s  micro fo rmas pode

 

atender  

essas  necessidades.

 

De

 qualquer 

modo ,

 o s  pesquisadores

 gostariam

 de  pode r  l imitar  aduração

 de

 

sua 

visita  ao  

arquivo

 ao

 

mín imo  e de  prepará-la .

 

Certos 

usuários

 se  preocupam  menos em  consultar

 

o s 

documentos

 do  

q ue

 acessar  a  

informação

 

q ue  o s documentos contém. Nesses casos, o s serviços  do s arquivos são  chamados  pa ra manipular  a 

informação  

para

 se  

adaptar

 às 

necessidades

 do  pesquisador. (BLAIS, 

1995,

 p .

 1 1 ,

 tradução  

nossa).

 

4

Assim

 

omeados

 

o r

 

aul

 Conway. 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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Christopher

 J.

 

Prom  

publicou

 

os

 resultados de  pesquisa  desenvolvida 

co m

 

objetivo

 de  analisar 

a  interação

 

do

 

usuário  co m  bases

 

de

 

dados

 

on-line,

 

no

 

âmbito  do

 

Arquivo

 

da

 

Universidade de

 

Illinois, 

durante o  

verão

 

de

 2003. 

A

 

pesquisa

 

demonstrou,

 

dentre

 

outros

 

resultados,

 

q ue

 

as

 

bases

 

de

 

dados

 

on-l ine

 

são

 

m a i s

 

eficientes  

para

 

o s

 arquivistas  e  

para

 

o s

 especialistas  

em

 

computação.

 

Este

 dado  

remonta

 

para

 a  necessidade

 

de

 conhecermos 

os

 usuários, estabelecer  

um

 canal de  comunicação  viável e,  conseqüentemente,  atingirmos 

a

 

meta

 

de

 

potencializar

 

o

 

acesso

 às  

informações

 arquivísticas.

 

De  acordo

 

co m

 

Fox,

 

os

 usuários  

do  sistema

 

americano  "esperam  

q ue

 

a   informação

 esteja  

on-line 

e

 

à

 

sua

 

disposição

 

imediata"

 ( F O X , 

2003,

 p .

 

3, 

tradução

 nossa);  e  

o s

 

sistemas

 

deveriam

 

levar

 o  

usuário 

direto

 

ao

 

seu  ponto  de   interesse,

 

evitando-se um a

 

navegação  em  círculos. 

Tibbo

 

e

 

Meho

 

(2001,

 

p .

 

61)

 

elaboram

 

um

 

estudo

 

sobre

 

mecanismos

 

de

 

buscas

 

em

 

ambiente

 

W EB

 

e

 

escolhem:

 

Alta

 

Vista,

 

Excite, 

Fast  Search,

 

Google, 

Hotbot

 

e Northern  

Light.

 

A  

escolha  deveu-se, 

dentre  outros aspectos, 

ao

 

bo m

 nível 

de

 

resultados

 

q ue

 essas ferramentas  apresentam  e  à  

sua

 

popularidade. 

O s  pesquisadores

 

assumiram

 

que,

 

devido

 

às

 

iniciativas

 

muito  recentes de  disponibilização  de 

informações  arquivísticas na

 

WEB,

 

ainda

 

não  há

 

produção

 

de

 

conhecimento  

significativa

 sobre

 

a

 

eficácia 

do s

 

buscadores

 

para

 

o s

 materiais  

arquivísticos.

 Além  

disso,

 constatam  

q ue

 apesar  

do s

 avanços tecnológicos

 

os 

serviços

 

arquivíst icos

 

ainda

 

tê m  um

 

longo

 

caminho

 

a  

seguir

 

em  direção

 

à

 

divulgação  de

 

seus 

instrumentos 

de

 

pesquisa. 

Enquanto

 perto  

de

 

dois

 

m il

 

reposi tór ios

 

de

 

arquivos

 na  

América

 

do

 

Norte

 

tenham

 páginas

 

na 

W E B ,

de

 

acordo

 

co m

 

os

 

dados

 levantados, 

até  fevereiro

 

de

 

2000,

 

aproximadamente

 

oito 

porcento

 

o u

 

cento

 e  sessenta, 

possuem

 

número

 significativo  

de

 

instrumentos

 de

 pesquisa 

completos em  

seus

 

sites. 

(TIBBO; 

M E H O , 

2001,  

p .

 7 0 ,

 

tradução  nossa).

 

O s autores,

 

Tibbo

 e 

Meho  (2001, p . 77) , recomendam

 

ao s arquivistas q ue

 coloquem

 o s 

instrumentos

 

de

 

pesquisa

 

na

 

W EB

 

e

 

q ue

 

se

 

t omem

 

especialistas

 

em

 

pesquisas,

 

assegurando

 

a

 

elaboração

 

de  instruções

 

para

 busca  

q ue

 atendam  ao s  usuários. 

Jardim

 

(2003)

 

indica  

a  

necessidade

 

de  pesquisas  constantes

 

sobre  usuários  de  arquivos  dentro 

de  um a

 

perspectiva

 

estratégica. 

O

 

envolvimento

 

do s

 usuários da  

in fo rmação

 arquivística nas  políticas  

arquivísticas

 

é

 de

 

fundamental

 importância, 

embora

 

nem

 sempre

 fácil

 

de

 

ser

 

construído.

 

Isso

 

requer,

 

p o r  

par te

 

do s

 

agentes  

públicos, 

p r omo to res

 da  

legislação

 

arquivística,

não  

apenas

 

um

 conhecimento

 

extensivo  do  universo  

do s

 usuários  do s  

arquivos, 

c om o  

também

 

a

 

oferta

 

de

 

mecanismos

 

acessíveis  de

 

comunicação

 

entre

 

ambas

 

as  partes.

 

As

 

instituições

 e  serviços  arquivíst icos 

devem

 manter  atualizadas  

as

 

informações

 

não

 apenas sobre  o s  

seus

 

usuários, bem

 c om o

 

sobre 

aparcela

 da  

sociedade

 

que,

 

p o r  diversas

 razões,

 não

 usufrui  

os

 serviços 

arquivísticos. 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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devem  

serestimulados

 a

 

atuarna

 

definição

 e

 

desenvolvimento

 das

 

polít icas

 

públ icas

 

arquivísticas.

(JARDIM,

 2003, p . 43). 

Dollar

 

(2005),

 ao  

apontar

 as  mudanças 

q ue

 o s  recursos tecnológicos 

provocam

 no  âmbito  

do s

 

serviços de  referência  do s arquivos, 

enumera

 as  perguntas 

q ue

 

o

 arquivista deve  responder

 para  q ue

 o s

 

usuários tenham  

suas

 demandas atendidas: 

"Quais

 

são

 as características  comuns 

ao s

 g rupos 

de 

pesquisadores?

 

Quais elementos do  serviço  

de

 

referência  

são

 

de

 

maio r   importância  para  eles?"  

(DOLLAR, 

2005,  p . 16). 

Tibbo  (2003) apresenta  resultados sobre c om o  historiadores 

q ue

 

ensinam

 Histór ia  

Americana

 

em  sessenta

 

e

 

oito  instituições 

buscam

 as fontes  

pr imár ias

 para

 

a

 

realização  de  suas pesquisas. Este trabalho 

faz  parte  do  

Projeto

 The

 

Pr imar i ly History   . ~  

Segundo

 

o s

 

resultados

 

obtidos,

 

o s

 

histor iadores

 

amer icanos

 

estão

 

utilizando

 

o s

 

recursos

 

eletrônicos para  localizar

 

as  fontes primárias, priorizam  as  visitas  ao s  W EB  sites de

 

repositórios  conhecidos 

(em  busca  de

 

informações

 

como

 

telefone

 e

 horár io  de

 

funcionamento), m as

 

ao  

mesmo

 

tempo  fazem

 

uso  de

 

instrumentos

 de  pesquisa  tradicionais. 

A

 

mensagem  para bibliotecas 

e

 

arqu ivos

 é  clara. O s arquivistas 

e

 

bibliotecários

 devem

 

manter  o  

acesso

 ao s  meios tradicionais de  localização  de  fontes  enquanto  constroem W EB 

sites mais  fáceis  de  navegar  co m  informações úteis.fTIBBO, 2003,  p . 28 ,

 

tradução

 nossa).

 

Também

 indica

 q ue  

o  material

 

ma is utilizado  

e

 ma is impor tante são  o s

 jornais

 e, 

em

 

seguida, 

a

 

correspondência

 

não  publicada, o s

 diários  

e

 

os  manuscritos. Esta  informação

 

deve ser  considerada

 

ao  se

 

estabelecer

 

um a

 

polít ica

 

de  mic ro f i lmagem

 

o u de

 

digitalização,  tendo  em  vista

 a

 ampl iação

 

de

 

possibilidades  de  acesso.

 

O s historiadores

 

q ue

 part iciparam  da  

pesquisa

 

responderam

 

q ue

 

ainda

 utilizam  

o s meios mais

 

tradicionais para  a  realização  de  suas  

pesquisas,

 apesar  de  

utilizarem

 as  

possibilidades

 eletrônicas. 

Noventa e oito  por

cento

 do s  histor iadores 

indicaram

 

q ue

 

acham

 

o s

 mater ia i s 

seguindo 

indicações

 

e  

citações

 

em  fontes

 

impressas; 79  p o r

 cento  

buscam

 

em

 

bibliografias  publicadas;

 

57porcento  consultam  edições documentárias 

impressas;

 76  porcento  pesquisam  em

 

instrumentos

 

de  busca  impressos; 65  porcento  

usam

 

arquivos

 

de  jornais  p a r a  achar  outros

 

materiais;  

[...]

 (TIBBO,

 

2003,

 

p . 

20 , 

tradução

 nossa).

 

5

 

Projeto

 

ue

 

nalisa

 

ompor tamento

 

os

 

istor iadores

 

ara

 

esquisar

 

s

 

ontes

 

r imár ias

 

co m

 dvento 

a

 

WEB,

 nstrumentos 

e

 

ecuperação

 letrônicos oleções igitais. 

projeto nvolve  olaboração a  scola e nformação  Bibl ioteconomia a Universidade 

da arolina 

o

 

orte

  nstituto 

e

 umanidades Alta ecnologia nformação a

 

Universidade e Glasgow Escócia). 

Page 64: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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O  projeto  demonstrou  q ue  63%  do s  historiadores americanos visitam  repositórios 

em

 ambiente 

W EB e

 44

 %

fazem  uso  

de

 fe r ramentas

 

de

 busca. M as , 

pa r a

 a

 

autora, a

 

navegação

 

em  

ambiente

 

W EB 

não

 significa a  recuperação  de  

informações

 

significativas

 

sobre

 

coleções

 e 

materia is

 

m e n o s 

visíveis.

 

Visitar

 coleções 

em

 W EB sites 

e

 

seus

 instrumentos  de busca, não

 representa

 

o

 pode r  da

 

W E B ,  po r que  apenas  apresenta  

em

 

conjunto

 

de

 materiais  de  diversos 

lugares,

 e  

simplesmente 

t o m a

 mais  acessíveis materiais  

q ue

 

o

 historiador  acharia  de  

qualquer

 f o r ma  

co m

 

um

 pouco

 

mais  de  esforço. (TIBBO, 2003, p . 23 , tradução  nossa). 

O s

 

historiadores

 antecedem

 suas

 

visitas

 

aos arquivos

 utilizando  

o s meios 

de

 comunicação:

na

 

categoria

 

solicitação

 

de

 

assistência,

 

50

 

%

 

do s

 

participantes

 

usa

 

o

 

e-mail,

 

44%

 

o

 

telefone,

 

e

 

40

 

%

 

o

 

correio.

 

Ainda, no  

local

 da  

consulta,

 90  %  

pesquisam

 

em

 instrumentos  impressos, enquanto  

menos

 de  55  %  

utilizam 

instrumentos  de  recuperação  da  

informação

 

eletrônicos. 

O  historiador  Georges 

Duby

 em  sua  obra, A  Histó r ia  

contínua

 (1993), relata  a  elaboração 

de  sua  tese  

de

 doutoramento. Para  fins  desse trabalho  

de

 pesquisa,  é  relevante  perceber  as  

impressões

 

do

 

historiador, enquanto

 

usuário

 

da  informação  arquivística,  seja  em  sua  percepção

 acerca

 

do  profissional

 

responsável 

pela  guarda  e  acesso  

aos

 

documentos,

 

seja

 p o r  

sua

 

relação

 co m  a  própr ia  

fonte. 

A

 

questão

 

q ue

 se

coloca,

 

no

 

quadro

 

apresentado

 

p o r

 

Duby,

 

refere-se

 

à

 

relevância,

 

q ue

 

a

 

contraposição  q ue  a  pesquisa  

em

 bases

 

de

 

dados-  arquivos  

digitalizados-

 

e  

o  

acesso  ao  

documento 

digital podem  

gerar

 

no

 processo  da  

pesquisa

 do  usuário  em  si, bem  co mo  em  

suas

 

relações

 co m  

o s

 

acervos 

arquivísticos. 

Ao  narrar  a  etapa  de  consulta ao s 

manuscr i tos

 

de

 documentos transcritos,  etapa  essa  

q ue

 se 

desenvolveu

 

na  Biblioteca  

Nacional,

 

em

 

Dijon, 

menciona

 a

 

imagem

 

do

 

guardião

 

do s 

documentos  

e sua 

pouca

 disposição

 em  dar

 acesso

 

ao s 

mesmos.

 

A í  peças originais, 

muito

 ma i s raras, estão  em  sua  m a i o r i a recolhidas  ao s  arquivos  de 

Saône-et-Loire. 

Seu

 conservador  julgava-se então,

 

como  acontece às  

vezes,

 

prop r ie tár io

 do

 

depósito  do  qual tinha  a guarda, e tratava  de  afastar  co mo  pod i a  o s intrusos. [...]

 

Eu estava 

sozinho.

 Conseguira  finalmente  q ue  trouxessem  um a 

caixa

 de  

papelão,

 q ue  fo i

 

depositada  

sobre

 um a mesa. Abri-a.que encontrar ia lá  dentro?  Retirei 

um

 

p r ime i ro

 maço

 

de

 documentos.

 

Desamarrei-o,

 

enfiando  

a

m ão  

p o r

 entre  as  peças  de  pergaminho. 

Tomando 

um a

 delas,

 desenrolei-a,

e  toda  esta  

operação

 

implicava  

um

 certo  prazer : 

não

 r a r o  essas

 

peles

 

sã o

 

de

 

contato

 

extraordinar iamente

 

suave.

 

Soma-se

 

a

 

impressão

 

de

 

estar

 

entrando

 

num

 local  reservado,

secreto.

 (DUBY, 1993, p . 

27).

 

Segue 

em

 suas  

impressões,

 agora

 

sobre

 o

 processo

 

de  busca  e  

o

 

impacto

 

q ue  p rovoca

 no  

usuário, 

Page 65: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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Quem  mais  terá

 

posto  

o s

 olhos

 nessas  

palavras  desde então? Quatro  o u cinco

 

pessoas, 

no 

máx imo . H a p p y  few. Outro  prazer, este excitante: o  

prazer  

de  decifrar, q ue  não  passa  na

 

verdade

 de  um

 

jogo  de  paciência.

 

Terminada a 

tarde, 

um

 

punhado  de  dados,

 

quase  nada. 

M as

 sã o  

exclusivamente

 

nossos,

 de  quem  

soube

 

ir

a

seu

 encontro,

 e

 acaçada

 

fo i

 

muito  

ma is

 

impor tante

 

q ue

 

o

 

animal

 

capturado.

 

( D U B Y ,

 

1993,

 

p .

28).

 

Continuando  

co m  

a  

linha  

de  

considerarmos 

a  

perspectiva  do s  

usuários

 

de  arquivos,

 

recorremos 

ao s 

relatos 

de

 Sônia

 

C o m b e

 e

 Aríete 

Farge, amb as

 histor iadoras , sobre 

suas

 exper iências 

c o m o 

pesquisadoras  

do s 

arquivos franceses.

 O s

 relatos

 

fo ram

 

publicados, respectivamente, em

 

Archives 

interdites:

 les 

peurs

 f rança ises

 

face à

 

I histoire

 

con tempo ra i ne

6

, e m  La atracción

 

dei 

archivo

7

.

 

Combe

 

(1994,

 

p .

 

16-17),

 

ao

 

descrever

 

sua

 

compreensão

 

sobre

 

as

 

características

 

do

 

trabalho

 

para

 

t om a r  o s

 documentos arquivísticos disponíveis, menciona

 

q ue

 o s

 arquivos 

demandam  

um

 trabalho

 

delicado

 

de

 

identificação

 e  

organização

 de  

dossiês

 e  reconhece 

q ue

 

sua

 natureza  oficial

 im p õ e

 

q ue  sejam

 

liberados

 

ao  

público  após  

a  

conclusão

 

do  período

 de

 uso  no  

âmbito

 

administrativo.

 

Tal

 questão  

se

 

coloca, 

po is o  

trabalho

 da  

autora

 

apresenta

 sua  trajetória  

pelos

 arquivos  

departamentais

 da  França, em  busca  de 

material sobre 

a

 ocupação  durante 

a

 Segunda  

Guerra

 Mundial.

 

A pesquisa

 

fo i 

marcada  p o r

 dificuldade

 

de 

acesso

 

ao s

 documentos arquivíst icos  

e

 

ao s 

instrumentos 

de

 pesquisa. No s

 

arquivos

 

departamentais de  Gard,

 a

 autora  

tem

 acesso

 a

 um  inventário

 

sumário

 

da

 

série

 W H, m as  c o m o  

a

 

pessoa

 

encarregada

 

da  

série

 

passa  

o

 

di a

 

todo

 

em

 

reunião

 ela  

f icou 

impossibilitada

 de  consultar  

outros

 inventários. "Em  Lyon, 

capital

 da  

Resistência,

 o  

presidente

 da  

sala

 

não  se  preocupa

 

co m  precauções de  oratória: o  acesso  aos  arquivos  da

 

Ocupação

 

é

 proibido. Inútil  

pedir 

o  

inventário,

 ele  não  

existe".

 (COMBE,1994,  p . 39). 

[ . . . ]

 no s vinte

 

centros

 de  arquivos  

departamentais visitados, 

um  

apenas coloca

 a  disposição  de 

seus

 leitores o s 

inventários

 

da

 série 

W

 sobre  o s arquivos 

da

 

Ocupação,

 enquanto  isso  deveria  ser

 a  

regra

 

para

 

todos o s  

centros.

 

Lembremo-nos

 q ue  não  

estamos

 

falando

 da

 consulta

 ao  conteúdo  do s arquivos, m as 

ao

 

direito

 

de

 

conhecer

 

a

 

sua

 

existência. (COMBE,

 

1994,

 

p .

 

43 ,

 

tradução

 

nossa).

 

A  expectativa do  

usuário

 de  obter  

livre

 

acesso

 às 

informações

 arquivísticas  se  

confronta

 co m  

questões

 

regidas

 

pela

 

legislação

 

c om o

 proteção  à  intimidade  e  

as

 

categorias

 de

 sigilo,

 

q ue

 

não  

são  

objeto

 

de

 detalhamento  

nessa

 

pesquisa, 

m as  

q ue

 

devem

 ser  mencionadas. Outras questões  

c o m o

 agilidade 

na 

organização  de  acervos,  recursos humanos, infra-estrutura  

para

 

atendimento

 local e  à  

distância,

 

também

 

são

 

relevantes

 

para

 

se

 

considerar

 a

 capacidade

 

de

 

um  serviço

 

arquivístico

 

em  acompanhar

 

as  demandas de

 

seus 

usuários.

 

'Trabalho  que narra sua pesquisa sobre  a  ocupação  francesa durante  a  Segunda Guerra Mundial.

 

'A utora

 

escreve ua xperiência om o esquisadora

 

o s rqu ivos udiciais eunidos 

o

 

Arquivo 

Nacional,

 a

 

Biblioteca do  Arsenal

 

a

 

Biblioteca

 

Nacional

 

a

 

rança, o período 

do 

éculo

 XVIII.

 

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A  inserção  de  informações sobre  o s  acervos  na

 

rede  tende  

a

 criar

 

no  usuário  

um a

 

indicação  de 

possibilidade

 

de  acesso

 

ilimitado, o  q ue

 

pode

 

não

 

traduzir  

a

 

realidade. 

As

 instituições, ao

 tomarem  

públicas 

inframaçoes

 

sobre  

seus

 

acervos,geram  um

 aumento

 de  demanda

 

e,nesse

 

caso,devem  

estar  

prqa radas

 

para

 

o

 

enfientamento

 

em

 

relação

 

às

 

expectativas

 

criadas.

 

da  história

 e,

 

nesse

 sentido, sem  restrições

 

de

 

acesso

 

às

 

informações,

 

me smo

 tratando-se de

 

documentos 

judiciais.

 

"E n

 el  siglo  

XVHI,

 el  archivo  no  falta, crea  un  vacío  y  una  carência  q ue  ningún saber  puede 

colmar. 

Utilizar

 

ho y  el  

archivo

 

significa  

traducir

 esa  carência,

 

significa  

en

 

principio

 

examinarlo".

 (FARGE, 

1991, 

p .

 46). 

Farge 

(1991)

 relata

 

um  fato  q ue  demonstra

 um  

certo  distanciamento  entre o  arquivista

 de

 

referência

 

e

 

um

 

usuário

 

do

 

serviço.

 

A

 

narrativa

 

evoca

 

um

 

certo

 

receio

 

p o r

 

parte

 

do

 

usuário

 

em

 

aprox imar -

 

se do  arquivista. É  interessante o b s e r va r m o s esse quadro c o m o  um a representação do  

distanciamento

 entre esses

 dois agentes 

do

 processo  

de 

comunicação  

do s

 conteúdos  

do s 

acervos 

arquivísticos.

 

Hoje, um  

jovem

 intimidado  pede conselho  ao  

arquivista

 de  

serviço

 na  sala. Deseja realizar, 

para

seu  

pai enfermo,

 a

 genealogia  famil ia r .  [...] O

 

arquivista  falamuito

 baixo,

 pega  um  

registro

 e

 co m  a

pon t a

 do s 

dedos

 

segue

 as

 

l inhas

 

impressas  em  q ue

 

estão  escritos  un s 

números

 

precedidos

 

de

 

um a

 

letra

 

maiúscula.

 

Depois,

 

suavemente,

 

conduz

 

o

 

jovem

 

a

umafi la

 

m a i o r  

onde

 

estão

 

ordenados

 

o s

 registros. 

Pega

 

seis

 

o u

 

sete,

 escolhidos

 

sem

 

vacilar. 

Abre 

suavemente, 

segue

 co m

 

o s  

dedos

 as  largas colunas

 

de  cifras,  fecha-os, coloca  o s  livros, pega 

outros, explica, volta a

sua

 mesa  

para

consultar

 

acaixa  de  fichas  em  um a  caixa  de  

sapatos

 

bege.

 (FARGE, 

1991, 

p . 

89-90,

 tradução

 

nossa). 

A

 inserção  

das  tecnologias 

de  informação  e  

comunicação

 tende

 

a  

oferecer  

um a

 

perspectiva  de 

q ue  esse  distanciamento, representado  na  citação  acima, será  suprido  co m  a

 

inclusão  das  informações  

em

 

bases

 

de

 

dados

 

na

 

WEB,

 

um a

 

vez

 

q ue

 

as

 

ferramentas

 

oferecem

 

um a

 

certa

 

interatividade.

 

Contudo,

 

devemos

 

reconhecer

 

que, 

assim  

c om o  

no

 ato  

do

 atendimento  local,  pode-se

 

configurar  

um a

 

distancia

 

entre esses 

agentes  

(arquivista

 e  usuáno),  co mo  citado  

acima,

 o  me smo  pode  acontecer

 

co m  o  uso  da  tecnologia  

c om o

 

mediação, 

um a

 vez q ue  seu uso  não  assegura  soluções de  comunicabilidade de  

conteúdos. Esse

 é  

um

 

trabalho  q ue  deve 

se r

 desenvolvido  

co m

 

um a

 

m a i o r

 part ic ipação  do s  

usuários,

 e  

pa ra

 ta l 

prec isamos

 

identificá-los,

 assim  c o m o  

suas

 expectativas. 

Um

 

do s 

fatores

 

a

 

se  

considerar

 

durante 

a

 

elaboração  

e

 

implantação

 

de

 

bases de

 

dados para  

o

 

acesso

 

às

 

informações

 

arquivísticas

 

refere-se

 

ao

 

quanto

 

do

 

conhecimento

 

arquivístico

 

o s

 

prof issionais

 

continuam  

a

 exigir  do s usuários. A  linguagem  utilizada  

permi te

 

um a

 ma i o r  comunicabilidade 

entre

 o  

usuário

 e

 

o

 

sistema  de

 recuperação

 

da  

informação

 adotado.

 

M as  

efetivamente  quantos  usuários 

entendem

 o  

conceito

 do  termo

 

fundo?  O u

 

de  instrumentos 

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de

 

um a  área  de

 

conhecimento,  q ue  reflete  a  cientificidade

 

da  Arquivologia  

é  fundamental 

para

 

o

 

resultado

 

de  um a  pesquisa?

 

N o  entanto, no  ambiente W EB o s usuários são  distintos, especialistas 

em

 diversas áreas, 

usuários

 

q ue  navegam  movidos

 

p o r  curiosidade,

 

etc.

 

Ao  utilizarmos

 

a  

linguagem

 

especializada, 

co m  vistas

 

a  divulgar

 

o s  acervos,

 

devemos

 

pensar  em  construir

 

mecanismos  q ue  facilitem

 

a

 

comunicação  e

 

aprox imem 

o

 

usuário. 

Thomassen

 (2004)  aponta  o  q ue  

considera

 ser  o  principal aspecto  a  ser

 observado

 no  contexto  

dedefinição  de  estratégias de  acesso  ao s arquivos: 

A  

questão

 central  não  écomo  o s  

arquivistas

 

podem

 auxiliar  o s 

usuários

 aencontrar  o  q ue

 

buscam

 o

 

mais  

rápido  

possível. 

Aquestão

 

central

 écomo

 

eles

 

devem  

oferecer

 

ao s

 

usuários 

as

 

fe r ramentas

 

para

 

q ue

 

façam

 

su a

 

pesquisa

 

de

 

seu

 

modo ,

 

para

 

q ue

 

achem

 

o

 

q ue

 

estão

 

buscando  assim  como

 o

 q ue  

não

 

estão

 buscando  

e

 q ue  

possam

 interpretar

 

seus  achados

 

de

 

acordo

 co m  

sua

 vontade. 

O  

discurso  ésobre

 

af o r m a  mais  eficiente  de  p r ove r   informação,

 

m as  deveria

 

se r  mais

 

sobre  

a

liberdade

 de

 pesquisa

 e

 

de

 interpretação.

 

(THOMASSEN,

 2004, 

p . 36,

 

tradução

 nossa).

 

As

 impressões

 descritas  pelo  

historiador  Duby,

 

carregadas 

co m  

a

 emoção  da

 busca,  

da  descoberta,

 

do  encontro

 co m

 a

 

informação

 

e  também

 co m  

o  documento, suas

 

características,  seus  detalhes,  

dificilmente

 

poderão

 

ser

 

substituídas

 

pela

 

interação

 

co m

 

sistemas

 

informat izados

 

de

 

in fo rmação .

 

Estes

 

sistemas

 

produzem

 

emoções  

e  encontros

 

distintos

 

mediados

 na  virtualidade.

 

O s historiadores,  genealogistas, administradores,  cidadãos 

em

 busca

 de  documentos  probatórios 

são  usuários

 

jáconhecidos  do s serviços 

arquivísticos.

 A  

utilização

 da  tecnologia  W EB pa ra  difusão  de

 

informações  

sobre

 

o s

 acervos

 

arquivísticos  

possibilita

 um a  

ampliação

 

nesse

 

espectro

 

de

 usuários.

 

O s

 

serviços  e  os arquivistas precisam  conhecer  esse  novo  visitante do s 

arquivos.

 Menou (1999) a f i rma

 

q ue 

é  

muito

 

difícil

 

a  definição

 

do

 perf il  

do

 usuário  da

 

Internet.

 

N ão

 

fossem

 

as

coisas

 

suficientemente

 

complicadas,

 

identificar

 

e

 

rastrear

 

o s

 

usuários

 

da

 

Internet  é  tudo, 

menos

 um a tarefa  fácil. Muitos estudos  opta ram  porconsiderar  usuários

 

pertencentes a um a

 

configuração

 

institucional  part icular ,

 porexemplo,  faculdades

 

estudantes de

 instituições

 acadêmicas.  

Out ros

 se  vinculam  a

 

um  serviço  particular, por

 

exemplo,

 visitantes

 de

 um

 

certo  

website

 o u  

assinantes  de

 um

 grupo  

part icular

 de  

notícias

 

o u

 

de  discussão. Poder íamos

 

tentar

 

observar  um a

 

comunidade m a i s

 

aberta, 

isando  o s 

assinantes  

de

 um  serviço  

de

 

acesso

 

à

 Internet, o u  

pelo

 

tratamento

 

de

 um a  

amostragem

 

de 

pessoas o u instituições

 

em  um a  área

 geográfica

 o u  setor  particular. 

Pode-se  

mesmo  tentar

 

observar  o s

 usuár ios

 

em  um

 país o u

 região 

específica

 em

 qualquer  

combinação  

das 

abordagens

 

ac ima

 

(MENOU,

 

1999,

 

p .

 

9).

 

Thomassen

 (2004) 

a f i rma  

q ue  o  usuário  -  o  historiador  

-

até  

então

 adotado  c om o  modelo  pelos 

arquivistas 

para

 a

 elaboração  

de  instrumentos de  pesquisa,  

modif icou

 

sua  opinião

 em

 relação

 ao s arquivos. 

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Destaca

 o  

historiador

 

pós-modemista,

 q ue  já

 

"não

 considera

 mais

 

o s arquivos

 

co mo  um a  

reflexão  

direta 

do s 

eventos

 

passados" 

(THOM AS S E N ,

 2004,

 p . 3 8 , 

tradução

 

nossa). Prossegue

 indicando  

q ue

 

agora

 

dividem  o s espaços  de  pesquisa  co m  outros pesquisadores, inclusive os amadores.

 

O

 auto r

 

insere

 

a

 

questão  

da

 

compe tênc ia

 

i n f o rmac i on a l

 

do

 

usuár io

 

c o m o

 

um

 

aspecto  a se r  considerado  c o m o  alternativa  

pa r a

 a  ampl iação  de frontei ras entre as categor ias de 

usuários. 

Um  

usuário  

somente

 

consegue

 

efetivamente 

consultar  e

 interpretar

 

o s  

arquivos quando 

conhece algo  e  quando  pode  

fazer

 algo. O  q ue  exatamente ele  deve saber  é  em  q ue  ele  precisa 

se r

 capacitado  depende  do  arquivo  q ue  quer  consultar,

apergunta

 q ue  fo rmula  e  

o

 suporte

 

q ue   precisa. 

(THOMASSEN,

 2004,

 

p . 39, tradução

 

nossa). 

A  abordagem  do  autor, 

sem

 dúvida,  é  pertinente, 

m as

 

está

  inserida  

em

  um  contexto  de  competência 

informacional 

excluindo  do

 

âmbito  

do s 

arquivos: 

o

 

usuário  

ocasional;

 o

 curioso  do  ambiente  WEB;  e

 o 

cidadão  q ue  apresenta  restrições informacionais e  q ue  busca, no s arquivos, p o r  exemplo , 

informações

 

para  fins  probatórios. 

C o m o

 

em

 um  país 

ainda

 co m  alta  incidência  de  analfabetos 

podemos

 

vislumbrar

 um  serviço 

arquivístico  

q ue

 exclua  

esse

 usuário?

 

No

 nosso

 

entendimento

 o s

 

serviços

 

arquivísticos

 e

 

o s arquivistas 

devem  buscar  oferecer

 serviços q ue atendam

 tanto

 

ao  usuário  especializado,

 fami l ia r izado

 co m

 

instrumentos  

de

 busca, sistemas informatizados, m as  também  deve incluir  

o

 cidadão  comum  q ue  recorre 

ao s

 serviços, seja  pa ra  fins  de  p rova  o u informacional.

 

Alguém  q ue  quer  

efetivamente

 

consultar

 e interpretar  um  arquivo  deve 

ser

 competente em  

diferentes campos . 

Deve

 te r  um

 determinado  

nível

 

educacional  e 

às

 vezes

 

em

 determinado

 

campo

 

relevante.

 

Deve

 

te r

 conhecimento

 

suficiente

 

sobre

 

o

 

campo

 de

 pesquisa  em

 questão

 

para

f o rmula r

 

perguntas

relevantes,

 

aval iar

 

o s

 

resultados

 

de

 

sua

 

pesquisa

 e

 

esboçar

 

conclusões 

a  

partir

disso.

 Ele 

deve

 

saber

 

com o  recuperar

 

o s

 

documentos

 relevantes  do 

arquivo.(THOMASSEN, 

2004,

 p . 39, tradução  nossa). 

Na

 perspectiva de  Thomassen,  

o

 arquivista  deve  prover  a  autonomia  do  usuário  para  q ue  realize 

sua  pesquisa  e  produza 

suas

 interpretações. 

Toma r

 

o s arquivos

 mais 

acessíveis

 

pa ra 

o s

 usuários 

significa:

 preencher

 

o  espaço

 

entre 

as

 

competências gerais q ue  os  usuários possuem  e as  competências  específicas eles  precisam  pa ra  consultar 

o  material arquivístico. (THOMASSEN, 2004, 

p .

 

40 ,

 tradução  nossa).

 

O

 Conselho

 Internacional 

de

 Arquivos 

(2005,

 p . 66), em  sua

 recente

 publicação, Electronic 

Records: a  workbook  fo r  archivists, dedica  quatro  páginas co m  diretrizes  para  

o

 atendimento  ao  usuário 

de  documentos eletrônicos. Inicia  estabelecendo  quais  elementos  devem  ser  considerados para  a  definição 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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atendimento  ao

 

usuário, relacionando-os  às suas necessidades; e

 

definir  o s

 

custos relacionados ao s 

diferentes

 serviços de  

atendimento

 a  ele  

prestado.

 

Co m  base  nesses  elementos,  a  instituição  custodiadora  deve desenvolver  um a  estratégia  de 

serviço,

 

equilibrando

 

as

 

necessidades

 

do s

 

usuários,

 

co m

 

o s

 

serviços

 

e

 

o s

 

custos.

 

A

 

seguir,

 

identifica

 

o s

 

usuários 

em

 potencial  do s documentos eletrônicos  de  longa

 

durabilidade:

 

administrações

 

municipais

 

o u

 

governamentais

 

em

 busca  

de

 documentos pa r a  

fins

 

de

 

memór ia 

corporat iva

 o u  de  contabilidade;

 

p r o mo t o r i a  o u

 advogados

 

q ue

 

precisem

 de  

documentos

 como  

p r ova

 para seus  clientes

 

o u

 

casos; 

alunos

 paraf ins  de  pesquisa  c o m p o s e em  fontes  históricas; 

professores

 

q ue

 

utilizem

 fontes  

históricas

 em  

suas

 aulas;

 

estudantes; 

p rof i ss iona is 

atuando

 em  pro jetos 

culturais

 

-

incluindo  empregados  de  instituições  

de

 

cultura; 

jornalistas; 

genealogistas  e; 

pessoas  q ue

 

precisam  do s  documentos  

c om o

 p r ova  de  seus  

direitos,

 o u

 

para documentar 

eventos 

ligados  

diretamente aelas. 

(CONSELHO

 

INTERNACIONAL  DE  ARQUIVOS, 2005, 

p . 66, 

tradução

 nossa).

 

Le

 

Coadic 

(1997)  

dedica-se

 a  

analisar

 

questões

 relativas  ao s 

usos

 e  

usuários

 da  

informação. 

Em  

seu

 trabalho  não

 

centraliza

 a  

problemática

 arquivística  especificamente,

 m as  c om o

 

entendemos 

o

 serviço

 

arquivístico  c om o  um a

 

unidade  de  informação,

 

suas  reflexões são  pertinentes 

a  

esse  estudo.

 

Um

 centro  de  

documentação, um a

 biblioteca,

 

um  museu,

 

um  host, sófunciona  se

 

funciona 

para o  usuár io . Se 

o s

 procedimentos , 

as

 técnicas, 

as

ferramentas q ue

 dão  

acesso

 

à

 

informação  não  podem  se r  utilizadas 

corretamente

 p o r  

outro

 q ue  não  seja  o  documentalista,

 

o  

bibliotecário,

 o  conservador

 

o u o

 

informata , então  po d e mo s  assumir

 q ue

 a

 instituição 

não

 funciona.

 

Coloca ra  usuário  no  centro  de  todo  dispositivo  exige  

q ue  

façamos 

um a

 

idéia

 clara  de  quem  

eleé.

 (LE  

COADIC, 1997,

 

p . 

59, 

tradução

 nossa).

 

A

 

temática, gradualmente,  

vem

 se  

colocando

 c om o  objeto  de  estudo  na  área  da

 Arqui  vologia,

 

seja  

c o m o

 iniciativa  do s arquivos

8

,

instituições

 arquivísticas  

e

 p rog ramas 

acadêmicos.

 

Em

 

levantamento

 

de

 

número

 

de

 

dissertações

 

de

 

mestrado

 

e

 

de

 

doutorado

 

do

 

Programa

 

de

 

Ciência

 

da

 

Informação,  do  IBICT, no

 

período

 

de 1997  

a  

2004, fo i

 

possível identificar

 

apenas

 

duas  dissertações  q ue

 

'Unidade 

rganizacional

 om  missão 

e

 estio 

ifusão

 

e

 

cervos

 

rquivfsticos 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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traziam  em  seu título  o  te rmo  usuário. É  curioso  salientar

 

q ue

 

as

 duas traziam  a  questão  inserida

 

no 

contexto  da  comunicação  

eletrônica.'

 

Em

 2005,

 é 

defendida  

um a  

dissertação

 

estabelecendo

 a

 relação

 entre

 

o  

ambiente  W EB e  o s

 

serviços

 

arquivísticos.

10

 

Em

 

2006,

 

é

 

defendida

 

dissertação

 

de

 

mestrado

 

em

 

Ciência

 

da

 

Informação,

 

q ue

 

analisa  especificamente  

o

 usuário  co mo  agente  no  

processo

 de  transferência  do s  conteúdos informacionais 

arquivísticos.

 

M as

 

o

 

q ue  está

 

se  

modificando

 

no  

cenário  da  relação

 

entre

 

o  usuário, o

 

arquivista e

 

o  conteúdo 

infomiacional arquivístico, um a  vez inserida  em  um  contexto  tecnológico? 

A  resposta  para  esta  questão  deve  seguir  três  abordagens.  O  

arquivista

 não  pode  mais desenvolver 

o  seu 

trabalho,

 

supondo  estar  lidando  

co m

 

um  

perf i l

 

único  de  usuário  

para  a

 in fo rmação

 

arquivística.

 

Quando

 

os

 

conteúdos

 

informacionais

 

arquivísticos

 

encontram-se

 

disponíveis

 

em

 

ambiente

 

WEB,

 

o

 

perfil

 

do  usuário  se  diversifica. Esta  nova  perspectiva  pressupõe a  elaboração  de  instrumentos de  recuperação 

da

 

informação

 

co m

 um a

 certa  flexibilidade e

 

diversidade 

de

 

informações.

 

As instituições arquivísticas 

o u  o s

 setores

 

de

 arquivo  

das instituições, 

usualmente,

 

definiam

 

o s  modelos  de  descrição  de  

seus

 acervos  em  consonância  co m  

o

 usuário  mais  freqüente  e  de  acordo  co m  

a

 

especificidade do s

 

acervos. 

A  realidade q ue  

se

 apresenta  

é

 

diferente.  

O s  instrumentos  de  

pesquisa

 devem  

oferecer

 

informações

 

ao

 

usuário,

 

q ue

 

o

 

habilite

 

a

 

realizar

 

sua

 

pesquisa

 

e

 

estabelecer

 

as

 

conexões

 

necessárias

 

entre

 

as

 

temáticas

 

e  o

 

acervo, preferencialmente

 

sem

 

a  

intervenção

 

direta

 do

 arquivista.

 

A

 

difusão  

de 

conteúdos 

in fo rmaciona is de  

acervos arquivísticos

 

na

 

rede

 

possibili ta

 

um a 

diversidade  de  

perfis

 

de

 usuários e  

de

 

demandas

 

de

 informações. Um  serviço  de  

arquivo

 pode  atender 

tanto  um  historiador  

q ue

 está  desenvolvendo  um  trabalho  acadêmico, o  

produtor

 cultural 

q ue

 

busca

 a

 

informação  arquivística,

 ta l 

c o m o  um

 

produto  

de

 mercado

 o u

 o  cidadão  q ue

 

navega  

na

 Internet

 

e

 se

 

surpreende co m  um a  determinada  informação  e  se  permite  saciar  um a  curiosidade. 

O s 

usuários  buscam  distintas

 

informações

 

pa ra  atender  múlt ip los

 

objetivos  de  pesquisa.

 Um  

serviço  de  

arquivo

 

q ue

 

anteriormente

 er a  

considerado

 especializado  em  atender  a  

um

 

perfil

 

de

 pesquisador

 

co m  objeto  

de

 pesquisa  centrado  

em

 

um a

 área  específica  do  conhecimento,  

co m

 a  

utilização

 da  WEB,  p o r 

parte de um  conjunto  variado  e não  

identificável

 de  usuários,  pode surpreender-se  co m  demandas  

até 

então

 inusitadas. 

'NATHANSONN,

 Bruno- Estudo

 

de

 

usuár ios o n Une: arreiras o 

rocesso 

de 

nteratividade,

 

dissertação

 

submetida

 

e

 aprovada e m  

2003;

 

e

 

ALVES,

 Nadir Ferreira- Análise do  compor tamento

 

de

 

usuários

 

do

 

serviço

 

de

 

acesso

 ao  

texto

 

completo

 

de

 

documento

 

(SERVIR)

 

do

 

Centro

 

de

 

Informações

 

Nucleares - 

CIN,

 efendida 

provada

 

em

 

998.

 

1 0

 

SÁ ,

 

vone

 Pereira defendeu

 

dissertação de

 mestrado,

 A

 faceoculta

 da 

interface:Serviços

 de

 

Informação Arquivística a 

W e b

 Centrados o 

Usuário, 

presentada o Curso e Mestrado

 

Prof issional

 m Gestão a nformação  a Comunicação

 

aúde

 o rog rama

 

ós- 

Graduação 

m

 aúde ública

 

da

 

Escola Nacional e aúde ública érgio  Arouca ENSP) a 

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7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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O  arquivista

 ao  

realizar  

o

 

tratamento

 intelectual de  acervos  deve  

perguntar-se

 incessantemente

 

para

 

quem

 

está

 

organizando

 o s acervos, 

qual a

 

f o r m a

 ma is

 

acessível

 

de  

difundir

 o s 

conteúdos

 

desses 

acervos 

pa ra  o

 ma i o r

 núme ro

 possível

 de  usuários

 

e  quais 

o s

 

possíveis

 

usos 

desses acervos.

 

Cada  um  

desses

 aspectos

 refere-se 

ao

 contexto  histórico  

em

 q ue  o  arquivista 

está

 realizando  o  seu 

trabalho. 

Dez

 

anos

 

mais

 

tarde,

 

possivelmente

 

novas

 

versões

 

pa ra

 

o s

 

conteúdos

 

podem

 

ser

 

inscritas,

 

um a

 

vez

 

q ue

 

o

 

contexto

 social  jáse  modificou. 

Um a

 vez  identificados o s possíveis 

usos

 das 

informações

 

sobre

 o s acervos, 

o

 arquivista  deve 

ater-se

 

em

 relação

 a

 

qual versão  

poderá

 produzir  sobre o s conteúdos informacionais  do s  arquivos.

 

A

 

versão 

do

 

arquivista  

é

 

resultado  

de

 

um

 

trabalho

 

investigativo

 

acerca  do

 

produtor  do  acervo

 

em  q ue

 

está  

trabalhando 

e do  contexto  social,

 histórico

 

e

 

cultural

 em  

q ue

 esse  

produto r

 

desenvolveu 

suas

 atividades,

 além  

da 

análise  do s

 

documentos.

 

M as

 

c om o

 

chamar

 

o

 

usuário

 

para

 

o

 

jogo

 

da

 

difusão

 

do s

 

conteúdos

 

informacionais

 

arquivísticos?

 

Podemos  enumerar

 

alguns  elementos fundamentais:

 

O  p r ime i ro  elemento  está

 

centrado  no

 

reconhecimento  do  papel do  usuário

 

c om o  produtor

 

de

 

conhecimento  em  um a  determinada  

especialidade,

 

e

 que,  portanto, 

pode

 fornecer  elementos reveladores

 

para

 o  trabalho  do  

arquivista.

 

O

 

segundo

 

elemento  está  relacionado

 

ao  estabelecimento  

e  

manutenção

 

de

 

um

 

canal permanente

 

de

 

comunicação

 

co m  o  usuário  

sobre suas

 

demandas.

 H á

 

ainda

 

que  se

 

considerar

 

o

 

quanto  o  arquivista, o u

 

o  serviço  de  arquivo, o u 

a

 instituição  arquivística

 

podem  contribuir

 

para  q ue  o  usuário  atinja  

suas

 

metas. 

Outro  

elemento

 

relevante

 

inscreve-se

 na  

interação

 

entre

 o  

usuário

 e  o  

arquivista

 

no

 decorrer

 

do  

processo  de  pesquisa. Esta  interação  pode 

fornecer  

dispositivos q ue  produzam  

um a

 avaliação  do  

processo

 

de  transferência  da  informação  em  todo  o  seu  escopo. 

O

 

acompanhamento  da  produção  de  conhecimento

 

gerada  pela  consulta  ao s

 

acervos

 

arquivísticos

 

pode  contribuir

 

para  o s  processos  de  organização,  tratamento  

e

 difusão  do s acervos.

 

O  

cenário  q ue  buscamos 

apresentar

 é

 

constituído  de  situações ambivalentes entre o s q ue 

part icipam  

do

 

processo

 

de

 

comunicação

 

e

 

uso

 

do s

 

acervos

 arquivísticos. 

É

 um  

cenário

 

em

 

q ue

 velhos

 

hábitos

 

de

 

pesquisa

 

convivem

 

co m

 

novas

 

comodidades

 

tecnológicas.

 

O

 

aprendizado

 

acontece

 

no

 

cotidiano

 

do s usuários, no  cotidiano  do s arquivistas, nas instituições  

e

 serviços arquivísticos.

 

O  

uso

 

da

 informação  arquivística também  sofre modif icações. Antes

 

utilizada apenas

 

para  

processo

 de

 t omada  de  decisão, para  fins  probatór ios  

e

 para  fins acadêmicos,  

a

 informação  arquivística

 

adquire novas funções 

sociais. 

O s arquivistas devem  

realizar

 seu trabalho  de  f o r m a a  atender  esta  realidade 

multifacetária.

 

Isto,

 contudo,  não

 

quer  

dizer

 q ue

 

o s  Arquivos  não  serão  mais

 

especializados

 em

 um a  área  e

 

conseqüentemente 

consultados

 

p o r

 

um a

 

categoria

 

potencial

 

de

 

usuário.

 

Esta

 

realidade

 

ainda

 

permanecerá.

 

O  q ue  se  pretende  é  um a  

m a i o r

 

democratização

 

do s

 

conteúdos 

informacionais

 

arquivísticos e 

ampl iação  

do s usos da s

 

in fo rmações

 

arquivísticas.

 

E

 este 

processo  de  democrat ização

 

passa pelo 

reconhecimento  do  usuário  c om o  um  agente  no

 

processo  de  transferência

 

da  

in formação. 

Page 72: Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

7/21/2019 Arq. & Adm. Rio de Janeiro v. 5 n. 2 p. 1-76 jul./dez. 2006

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DITORA

 

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Janeiro

 

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